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OSASCO - SP
PREFEITURA MUNICIPAL DE OSASCO -
SÃO PAULO

Enfermeiro

CONCURSO PÚBLICO Nº 001/2023

CÓD: SL-123JH-23
7908433237884
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)......................................................................... 7
2. Sinônimos e antônimos. Sentido próprio e figurado das palavras............................................................................................. 9
3. Pontuação................................................................................................................................................................................... 10
4. Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e
sentido que imprimem às relações que estabelecem. . ............................................................................................................. 12
5. Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................. 20
6. Regência verbal e nominal.......................................................................................................................................................... 21
7. Colocação pronominal................................................................................................................................................................ 23
8. Crase........................................................................................................................................................................................... 24

Politica de Saúde
1. Diretrizes e bases da implantação do SUS.................................................................................................................................. 33
2. Constituição da República Federativa do Brasil: Saúde.............................................................................................................. 40
3. Constituição Federal: Título VIII – Da Ordem Social, Cap. II – Da Seguridade Social. . ............................................................... 42
4. Organização e ações da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde......................................................................................... 43
5. Epidemiologia, história natural e prevenção de doenças. ......................................................................................................... 66
6. Reforma Sanitária e Modelos Assistenciais de Saúde – Vigilância em Saúde............................................................................. 74
7. Indicadores de nível de saúde da população.............................................................................................................................. 82
8. Políticas de descentralização e atenção primária à Saúde. . ...................................................................................................... 85
9. Doenças de notificação compulsória no Estado de São Paulo.................................................................................................... 87
10. Doenças de notificação compulsória Estadual e Nacional. ........................................................................................................ 87
11. Calendário Nacional de Vacinação.Programa Nacional de Humanização do SUS. ..................................................................... 93
12. Leis Federais n.º 8.080/1990...................................................................................................................................................... 106
13. LEI n.º 8.142/1990...................................................................................................................................................................... 116
14. Decreto Federal n.º 7.508/2011. ............................................................................................................................................... 116
15. Lei Orgânica do Município de Osasco – capítulo Saúde/Seguridade social: .............................................................................. 120

Conhecimentos Específicos
1. Introdução à enfermagem: fundamentos de enfermagem........................................................................................................ 127
2. Exercício de enfermagem............................................................................................................................................................ 135
3. código de ética dos profissionais de enfermagem. Legislação profissional – COFEN/COREN.................................................... 137
4. Programa Nacional de Imunização: considerações gerais. Calendário de vacinação para o Estado de São Paulo. Vacinação
contra as doenças imunopreveníveis. Cadeia de frio................................................................................................................. 143
5. Meios de desinfecção e esterilização.......................................................................................................................................... 143
6. Administração aplicada à enfermagem: administração em enfermagem.................................................................................. 146
7. Supervisão em enfermagem. ..................................................................................................................................................... 173

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ÍNDICE

8. Enfermagem em pronto-socorro: considerações gerais sobre pronto atendimento: a) definição de urgência e emergência;
b) prioridade no tratamento; c) princípios para um atendimento de urgência e emergência. Assistência de enfermagem nas
urgências: a) do aparelho respiratório; b) do aparelho digestivo; c) do aparelho cardiovascular; d) do aparelho locomotor e
esquelético; e) do sistema nervoso; f) ginecológicas e obstétricas; g) dos distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos; h) psiqui-
átricas; i) do aparelho urinário.................................................................................................................................................... 178
9. Atenção básica à saúde: atenção à criança (crescimento e desenvolvimento, aleitamento materno, alimentação, doenças
diarreicas e doenças respiratórias)............................................................................................................................................. 227
10. Atenção à saúde da mulher (pré-natal, parto, puerpério, prevenção do câncer ginecológico, planejamento familiar)............ 244
11. Atenção à saúde do adulto (hipertensão arterial e diabetes melito)......................................................................................... 275
12. Assistência de enfermagem em queimaduras. Assistência de enfermagem em intoxicações exógenas (alimentares, medica-
mentosas, envenenamentos)...................................................................................................................................................... 277
13. Assistência de enfermagem em picadas de insetos, animais peçonhentos e mordeduras de animais (soros e vacinas)........... 277
14. Assistência de pacientes: posicionamento e mobilização........................................................................................................... 284
15. Organização e Gestão dos Serviços de Saúde............................................................................................................................. 291
16. Sistematização da assistência de enfermagem........................................................................................................................... 303
17. Política Nacional de Humanização (PNH).................................................................................................................................... 304
18. Sistema Único de Saúde: conceitos, fundamentação legal, diretrizes e princípios, participação popular e controle social...... 309
19. Diagnóstico de Saúde na Comunidade....................................................................................................................................... 310
20. Planejamento, organização, direção, controle e avaliação......................................................................................................... 314
21. Indicadores de Saúde.................................................................................................................................................................. 314
22. A integralidade da atenção em Saúde........................................................................................................................................ 314
23. Saúde da Família e atendimento domiciliar. Atenção domiciliar............................................................................................... 315
24. Organização social e comunitária no campo da Saúde Coletiva. Políticas e Práticas em Saúde Coletiva................................... 317
25. Vigilância em Saúde.................................................................................................................................................................... 320
26. Equipe de Saúde......................................................................................................................................................................... 326
27. Educação para a Saúde............................................................................................................................................................... 326
28. O trabalho com grupos............................................................................................................................................................... 328
29. Conhecimentos básicos sobre o Programa de Saúde da Família................................................................................................ 328
30. Conhecimentos básicos sobre o Programa de Agentes Comunitários de Saúde........................................................................ 329
31. Humanização e Saúde................................................................................................................................................................. 334
32. O enfermeiro na Atenção Primária à Saúde................................................................................................................................ 334
33. Prevenção e tratamentos das DCNT........................................................................................................................................... 336
34. Cuidados paliativos na Atenção Primária à Saúde...................................................................................................................... 338

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LÍNGUA PORTUGUESA

A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEX-
TOS (LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS).

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. menos severas.”
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos 1988.
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado severas.
evento. (C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
ou não.
Interpretação de Textos (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os incluídos socialmente.
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar
é decodificar o sentido de um texto por indução. Comentário da questão:
A interpretação de textos compreende a habilidade de se Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade. =
texto, seja ele escrito, oral ou visual. afirmativa correta.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado “deficiências de toda ordem”, não às leis. = afirmativa incorreta.
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/
podendo ser diferente entre leitores. adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à educação,
além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de texto destaca que podem ser “permanentes ou temporárias”. =
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em afirmativa correta.
um texto misto (verbal e visual): Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. =
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe- afirmativa correta.
cial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão,
visto que é a única que contém uma afirmativa incorreta sobre o
texto.

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Compreender um texto trata da análise e decodificação do que Detecção de características e pormenores que identifiquem o
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter- texto dentro de um estilo de época
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha Principais características do texto literário
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto. Há diferença do texto literário em relação ao texto referencial,
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual- sobretudo, por sua carga estética. Esse tipo de texto exerce uma
quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da
principal. Compreender relações semânticas é uma competência linguagem.
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode- Uma constante discussão sobre a função e a estrutura do tex-
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro- to literário existe, e também sobre a dificuldade de se entenderem
fissional, mas também o desenvolvimento pessoal. os enigmas, as ambiguidades, as metáforas da literatura. São esses
elementos que constituem o atrativo do texto literário: a escrita
Busca de sentidos diferenciada, o trabalho com a palavra, seu aspecto conotativo,
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo seus enigmas.
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
apreensão do conteúdo exposto. A literatura apresenta-se como o instrumento artístico de análi-
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma se de mundo e de compreensão do homem. Cada época conceituou
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já a literatura e suas funções de acordo com a realidade, o contexto
citadas ou apresentando novos conceitos. histórico e cultural e, os anseios dos indivíduos daquele momento.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o,
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas recriando-o.
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- Aspecto subjetivo: o texto apresenta o olhar pessoal do artista,
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. suas experiências e emoções.

Importância da interpretação Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário mani-


A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se pula a palavra, revestindo-a de caráter artístico.
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vá-
específicos, aprimora a escrita. rios significados.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- Principais características do texto não literário
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- Apresenta peculiaridades em relação a linguagem literária, en-
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, tre elas o emprego de uma linguagem convencional e denotativa.
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de Ela tem como função informar de maneira clara e sucinta, des-
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais considerando aspectos estilísticos próprios da linguagem literária.
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es- Os diversos textos podem ser classificados de acordo com a
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- linguagem utilizada. A linguagem de um texto está condicionada à
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, sua funcionalidade. Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, textuais, devemos pensar também na linguagem adequada a ser
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. adotada em cada um deles. Para isso existem a linguagem literária
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- e a linguagem não literária.
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Diferente do que ocorre com os textos literários, nos quais há
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você uma preocupação com o objeto linguístico e também com o estilo,
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que os textos não literários apresentam características bem delimitadas
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. para que possam cumprir sua principal missão, que é, na maioria
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, das vezes, a de informar. Quando pensamos em informação, alguns
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. elementos devem ser elencados, como a objetividade, a transpa-
rência e o compromisso com uma linguagem não literária, afastan-
Diferença entre compreensão e interpretação do assim possíveis equívocos na interpretação de um texto.
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
leitor tira conclusões subjetivas do texto.

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Gêneros Discursivos Denotação e conotação


Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou palavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma palavras. Exemplos:
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No “O gato é um animal doméstico.”
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- “Meu vizinho é um gato.”
dárias.
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, a
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
encaminham-se diretamente para um desfecho. Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo,
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O Exemplos:
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- – Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um – Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho.
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
curto. Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que apresentar uma multiplicidade de significados, de acordo com o
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não palavras apresentam apenas um significado. Exemplos:
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos – “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma
como horas ou mesmo minutos. ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin- tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica.
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de Sinonímia e antonímia
imagens. A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem
semelhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto expressam proximidade e contrariedade.
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido =
vencer o leitor a concordar com ele. veloz.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um atrasado.
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas Homonímia e paronímia
de destaque sobre algum assunto de interesse. A homonímia diz respeito à propriedade das palavras
apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as distinção gráfica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas).
os professores a identificar o nível de alfabetização delas. A paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de
forma parecida, mas que apresentam significados diferentes. Veja
Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo os exemplos:
de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li- – Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo
berdade para quem recebe a informação. caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar
(definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS. SENTIDO PRÓPRIO E FIGURA- roxo).
DO DAS PALAVRAS. – Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar);
boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo
chorar) .
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo – Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e
da semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento
palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas. (saudação).
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6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:


PONTUAÇÃO. “Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos
funcionários do setor.”
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”
— Visão Geral
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais 7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:
gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial “Estas alegações, não as considero legítimas.”
de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas
e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias) 8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas
em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os por conjunções)
gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a “Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
compreensão da frase.
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades: 9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos “São Paulo, 16 de outubro de 2022”.
tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados; 10 – Marcar a omissão de um termo:
– Demarcar das unidades de um texto; “Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas. “fazer”).

— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um • Entre as sentenças


enunciado 1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
Vírgula
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado 2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e
para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”:
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, “Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos
se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes ajudasse.”
não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo
tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em 3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a
outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser principal:
empregada: “Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”

• No interior da sentença 4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas


1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição: ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração principal:

ENUMERAÇÃO Por ser sempre assim, ninguém dá


Reduzida
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate. atenção!

Paguei as contas de água, luz, telefone e gás. Porque é sempre assim, já ninguém dá
Desenvolvida
atenção!

REPETIÇÃO 5 – Separar as sentenças intercaladas:


Os arranjos estão lindos, lindos! “Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu
leito, até que você se recupere por completo.”
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
• Antes da conjunção “e”
2 – Isolar o vocativo 1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire
“Crianças, venham almoçar!” valores que não expressam adição, como consequência ou
“Quando será a prova, professora?” diversidade, por exemplo.
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”
3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.” 2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre
que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de destacar
4 – Isolar expressões explicativas: alguma ideia, por exemplo:
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede;
responsabilizado.” e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o
esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)
5 – Separar conjunções intercaladas
“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.” 3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas
apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
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“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”


O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito 3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o
e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome objetivo de prolongar o raciocínio:
e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas
substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).
apositiva nem se apresente inversamente).
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
Ponto “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
1 – Para indicar final de frase declarativa: Raimundo Fagner).
“O almoço está pronto e será servido.”
Ponto de Interrogação
2 – Abrevia palavras: 1 – Para perguntas diretas:
– “p.” (página) “Quando você pode comparecer?”
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor) 2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para
destacar o enunciado:
3 – Para separar períodos: “Não brinca, é sério?!”
“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
Ponto de Exclamação
Ponto e Vírgula 1 – Após interjeição:
1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou “Nossa Que legal!”
orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; 2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
nossa amiga, de praticar esportes.” “Infelizmente!”

2 – Para separar os itens de uma sequência de itens: 3 – Após vocativo


“Os planetas que compõem o Sistema Solar são: “Ana, boa tarde!”
Mercúrio;
Vênus; 4 – Para fechar de frases imperativas:
Terra; “Entre já!”
Marte;
Júpiter; Parênteses
Saturno; a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases
Urano; intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou
Netuno.” a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como
Dois Pontos sempre)
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, quem seria promovido.”
enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem
ideias anteriores. Travessão
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.” 1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela “O rapaz perguntou ao padre:
grande ofensa.” — Amar demais é pecado?”

2 – Para introduzirem citação direta: 2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente “— Vou partir em breve.
muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se — Vá com Deus!”
transforma’.”
3 – Para iniciar fala de personagens: 3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
“Ele gritava repetidamente: “Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”
– Sou inocente!”

Reticências 4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:


1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta “Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”
sintaticamente:
“Quem sabe um dia...” Aspas
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta,
2 – Para indicar hesitação ou dúvida: como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos,
“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar arcaísmos, palavrões, e neologismos.
ainda.” “Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
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“A reunião será feita ‘online’.”


2 – Para indicar uma citação direta:
“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis)

CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL, ARTIGO, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CON-
JUNÇÃO: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM.

— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.

— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.

A classificação dos artigos


Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já ter sido mencionado ou por
ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento não
é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.

Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.

Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse processo
ocorre:

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PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
masculino
plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS
DEFINIDOS singular a da na à pela
feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num
masculino plural uns duns nuns
ARTIGOS
INDEFINIDOS singular uma duma numa
feminino plural umas dumas numas

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os substantivos
se subdividem em:
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) ou lugares
(São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto, caneta, cachorro).
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por outra palavra,
é substantivo derivado (carruagem, planetário).
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que nomeiam
sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.  
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de gado),
constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).  

— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma
qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que quer
que seja nomeado.

Os tipos de adjetivos
Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta mais de um
radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo-limão).  
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo,
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: substantivo morte → adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo
lamentável).
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino).  

O gênero dos adjetivos


Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” / “Ana
é uma amiga leal.”  
Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.” / “Menina
travessa”.

O número dos adjetivos


Por concordarem com o número do substantivo a que se referem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, a sua
composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa instruída → pessoas instruídas; campo formoso → campos formosos.

O grau dos adjetivos


Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo (compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades).

Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quanto o anterior.”  


Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do que Luciana.”
Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento do que a equipe.”   
Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, podendo ser:
– Analítico - “A modelo é extremamente bonita.”
– Sintético - “Pedro é uma pessoa boníssima.”

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Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de: Pronomes pessoais


– Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.” Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso
– Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”   (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
(desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos
Pronome adjetivo (atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses um correspondente oblíquo.
pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim,
esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer CASO RETO CASO OBLÍQUO
concordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é
a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o Eu Me, mim, comigo.
substantivo comum professora). Tu Te, ti, contigo.

Locução adjetiva Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.


Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras, Nós Nos, conosco.
que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
Vós Vos, convosco.
consiste na união preposição + substantivo ou advérbio.
Exemplos: Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.
– Criaturas da noite (criaturas noturnas).
– Paixão sem freio (paixão desenfreada). Observe os exemplos:
– Associação de comércios (associação comercial). – Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível
é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
— Verbo – Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.
fenômeno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em:
Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las,
têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.  
verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
“-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe Pronomes possessivos
o exemplo do verbo “nutrir”: Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu pessoa do discurso.
significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e, PESSOA DO DISCURSO PRONOME
tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singular
ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo 1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
(pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse 2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro; 3 pessoa–
a
Seu, sua, seus, suas
tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o
regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e /ou objeto pertence à 1ª pessoa (nós).
têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma.
Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito Pronomes de tratamento
do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados
vós dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles
conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de apresentar têm a função de promover uma referência direta do locutor para
duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o
fosse regular, sua conjugação no pretérito perfeito do indicativo nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome
seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram. de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução
(diálogo), à qual seria adequado o emprego do pronome na segunda
— Pronome pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem verbos devem ser usados em 3a pessoa.
fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em
número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo
ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e
relativos.

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PRONOME USO ABREVIAÇÕES


Você situações informais V./VV
Senhor (es) e
pessoas mais velhas Sr. Sr.a (singular) e Srs. , Sra.s. (plural)
Senhora (s)
Vossa Senhoria em correspondências e outros textos redigidos V. S.a/V.Sas
altas autoridades, como Presidente da República, senadores,
Vossa Excelência V. Ex.a/ V. Ex.as
deputados, embaixadores
Vossa Magnificência reitores das Universidades V. Mag.a/V. Mag.as
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques V.A (singular) e V.V.A.A. (plural)
Vossa Reverendíssima sacerdotes e religiosos em geral V. Rev. m.a/V. Rev. m. as
Vossa Eminência cardeais V. Ex.a/V. Em.as
Vossa Santidade Papa V.S.

Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


1 pessoa
a
Este, esta, estes, estas, isto. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa que fala.
Os seres ou objetos estão próximos da pessoa com quem se
2a pessoa Esse, essa, esses, essas, isso.
fala.
3a pessoa Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo. Com quem se fala.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS


VARIÁVEIS Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.
INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

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CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


VARIÁVEIS O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.

— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, depressa,
devagar.
“Coloquei-o cuidadosamente no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO Grande parte das palavras terminam em
“Andou depressa por causa da chuva”
“-mente”, como cuidadosamente, calmamente,
tristemente.
“O carro está fora.”
ADVERBIO DE LUGAR Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, lá e atrás. “Foi bem no teste?”
“Demorou, mas chegou longe!”
Antes, depois, hoje, ontem, amanhã sempre, “Sempre que precisar de algo, basta chamar-me.”
ADVÉRBIO DE TEMPO
nunca, cedo e tarde. “Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE Muito, pouco, bastante, tão, demais, tanto. “Elas conversam demais”
“Você saiu muito depressa”
Sim e decerto e palavras afirmativas com o
“Decerto passaram por aqui”
sufixo “-mente” (certamente, realmente).
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
Palavras como claro e positivo, podem ser
“Entendi, sim.”
advérbio, dependendo do contexto.
Não e nem. Palavras como negativo, nenhum, “Jamais reatarei meu namoro com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO nunca, jamais, entre outras, podem ser “Sequer pensou para falar.”
advérbio de negação, conforme o contexto. “Não pediu ajuda.”
Talvez, quiçá, porventura e palavras que “Quiçá seremos recebidas.”
ADVÉRBIO DE DÚVIDA expressem dúvida acrescidas do sufixo “Provavelmente sairei mais cedo.”
“-mente”, como possivelmente. “Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração interrogativa
Quando, como, onde, aonde, donde, por que. direta, que indica causa)
ADVÉRBIO DE Esse advérbio pode indicar circunstâncias de “Quando posso sair?” (oração interrogativa direta,
INTERROGAÇÃO modo, tempo, lugar e causa. É usado somente que indica tempo)
em frases interrogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez isso.”
(oração interrogativa indireta, que indica modo).

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— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão
ao enunciado.

Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


“Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


Estabelecer relação de adição (positiva
“No safári, vimos girafas, leões e zebras.” /
Conjunções coordenativas ou negativa). As principais conjunções
“Ela ainda não chegou, nem sabemos quando vai
aditivas coordenativas aditivas são “e”, “nem” e
chegar.”
“também”.
Estabelecer relação de oposição. As principais
“Havia flores no jardim, mas estavam murchando.” /
Conjunções coordenativas conjunções coordenativas adversativas
“Era inteligente e bom com palavras, entretanto,
adversativas são “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”,
estava nervoso na prova.”
“entretanto”.
Estabelecer relação de alternância. As principais “Pode ser que o resultado saia amanhã ou depois.” /
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, “Ora queria viver ali para sempre, ora queria mudar
alternativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”.. de país.”
Estabelecer relação de conclusão. As principais “Não era bem remunerada, então decidi trocar de
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas conclusivas são emprego.” /
conclusivas
“portanto”, “então”, “assim”, “logo”. “Penso, logo existo.”
Estabelecer relação de explicação. As principais “Quisemos viajar porque não conseguiríamos
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas explicativas são descansar aqui em casa.” /
explicativas
“porque”, “pois”, “porquanto”. “Não trouxe o pedido, pois não havia ouvido.”

Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:  

1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:  
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”   
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:
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CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


São empregadas para introduzir a oração que Que e se. Analise:
cumpre a função de sujeito, objeto direito, “É obrigatório que o senhor compareça na data
Conjunções Integrantes
objeto indireto, predicativo, complemento agendada.” e
nominal ou aposto de outra oração. “Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada que Porque, pois, por isso que, uma vez que, já que, visto
causais denota causa. que, que, porquanto.
Estabelecer relação de alternância. As principais
Conjunções subornativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, Conforme, segundo, como, consoante.
conformativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”..
Introduzem uma oração subordinada em que
Conjunções subornativas é indicada uma hipótese ou uma condição Se, caso, salvo se, desde que, contanto que, dado
condicionais necessária para que seja realizada ou não o fato que, a menos que, a não ser que.
principal.
Mais, menos, menor, maior, pior, melhor, seguidas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração que expressa uma de que ou do que. Qual depois de tal. Quanto depois
comparativas comparação. de tanto. Como, assim como, como se, bem como,
que nem.
Indicam uma oração em que se admite um Por mais que, por menos que, apesar de que,
Conjunções subornativas
fato contrário à ação principal, mas incapaz de embora, conquanto, mesmo que, ainda que, se bem
concessivas
impedí-la. que.
Introduzem uma oração, cujos acontecimentos
Conjunções subornativas são simultâneos, concomitantes, ou seja, À proporção que, ao passo que, à medida que, à
proporcionais ocorrem no mesmo espaço temporal daqueles proporção que.
contidos na outra oração.
Depois que, até que, desde que, cada vez que, todas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada indicadora
as vezes que, antes que, sempre que, logo que, mal,
temporais de circunstância de tempo.
quando.
Introduzem uma oração na qual é indicada a Tal, tão, tamanho, tanto (em uma oração, seguida
Conjunções subornativas
consequência do que foi declarado na oração pelo que em outra oração). De maneira que, de
consecutivas
anterior. forma que, de sorte que, de modo que.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração indicando a finalidade
A fim de que, para que.
finais da oração principal.

— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência. Os
numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos
(dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades:
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo 10).
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo
utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).

Os tipos de numerais
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.  
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas).
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante.
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste,
mas os dois/ambos foram reprovados.

Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de
sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
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– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e Classificação das preposições


feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/ Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto,
trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.   podem assumir essa atribuição.  São elas: afora, como, conforme,
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. durante, exceto, feito, fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre
Exemplo: A carne de segunda está na promoção.   outras.
Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do
Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segundo”, que,
reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao
Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três ser inserida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental,
quartos (¾), 1/12 avos.   por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.  
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino
e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de Locuções prepositivas
leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.    Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e
emprego de uma preposição. As principais locuções prepositivas
Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da
um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma preposição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. prepositivas.
Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.  
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando abaixo de de acordo junto a
atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número
e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, acerca de debaixo de junto de
duplos sentidos. acima de de modo a não obstante

Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem a fim de dentro de para com
quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12 à frente de diante de por debaixo de
unidades).
antes de embaixo de por cima de
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/
unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas. a respeito de em cima de por dentro de
atrás de em frente de por detrás de
— Preposição
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações através de em razão de quanto a
gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e com respeito a fora de sem embargo de
advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas
relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado, — Interjeição
as preposições não possuem significado próprio se isoladas no É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que
discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma
gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical (organização hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc.,
e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que por parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades
gera significado e sentido, esteja presente, possui um valor menor. autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas
Classificação das preposições também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do
Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
propriamente como preposições, sem outra função. São elas: a, – Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras
antes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de
por (ou per, em dadas variantes geográficas ou históricas), sem, mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”.
sob, sobre, trás. – Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em – Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!»
ambas as sentenças, a preposição de manteve-se sempre sendo
preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades Os tipos de interjeição
linguísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas De acordo com as reações que expressam, as interjeições
conforme o contexto. podem ser de:

Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei


o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma ADMIRAÇÃO “Ah!”, “Oh!”, “Uau!”
preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/ ALÍVIO “Ah!, “Ufa!”
instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se
ANIMAÇÃO “Coragem!”, “Força!”, “Vamos!”
que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
valor estrutural (gramática). APELO “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!”

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APLAUSO “Bravo!”, “Bis!” Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos,
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular,
DESPEDIDA/SAUDAÇÃO “Alô!”, “Oi!”, “Salve!”, “Tchau!” tendo em vista que não existe um sujeito.
Observe os casos a seguir:
DESEJO “Tomara!” – Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer,
nevar, amanhecer.
DOR “Ai!”, “Ui!” Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.»
DÚVIDA “Hã?!”, “Hein?!”, “Hum?!”
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas
ESPANTO “Eita!”, “Ué!”
professoras vigiando as crianças.”
IMPACIÊNCIA – O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz
“Puxa!”
(FRUSTRAÇÃO) duas horas que estamos esperando.”
IMPOSIÇÃO “Psiu!”, “Silêncio!”
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes
SATISFAÇÃO “Eba!”, “Oba!” tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância
SUSPENSÃO “Alto lá!”, “Basta!”, “Chega!” verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer
no singular ou no plural:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.”
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
do que ocorreria.”

Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo,
estudam a sintonia entre os componentes de uma oração. ou faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao permanece na 3a pessoa do singular:
sujeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar – “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.»
em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a,
2a, ou 3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo
flexionado para concordar com o sujeito. concorda com o termo que antecede o pronome:
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero – “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
(flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes – “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos
e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas Concordância verbal com a partícula de indeterminação do
formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa do
concordância ocorre em gênero e pessoa singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos
ou por verbos transitivos indiretos:
Casos específicos de concordância verbal – «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três
situações em que o verbo no infinitivo é flexionado: Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo
I – Quando houver um sujeito definido; concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito; paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração – Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
forem distintos.
Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria,
Observe os exemplos: a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.” a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode
“Isto é para nós solicitarmos.” ser empregada:
– “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão entraram.”
verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito – “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das
da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo pessoas entenderam.”
em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos
imperativos. Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve
concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo,
Exemplos: mas também concordar com a forma no masculino plural:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.” – “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
“Foram proibidos de realizar o atendimento.” – “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”

Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo


concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
– “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
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– “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”

Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular, se
houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o substantivo deve estar no plural:

– “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o xadrez.”


– “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e xadrez.”

Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que
houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista esse artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino singular:
– “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É proibido circulação de pessoas não identificadas.”
– “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada de crianças acompanhadas.”
Concordância nominal com menos: a palavra menos permanece é invariável independente da sua atuação, seja ela advérbio ou
adjetivo:
– “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”

Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em gênero e
número com o substantivo quando exercem função de adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.”

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.

Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando, em um enunciado ou
oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina termo determinante, essa relação entre esses
termos denominamos regência.

— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”

Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O mesmo ocorre com os
substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem as preposições de e em para completude de seus
sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição
para que seu sentido seja completo.

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a
avesso a favorável a necessário a

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REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR


admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de
de
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de seguro de
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de sonho de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com

— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos. Um verbo
possui a mesma regência do nome do qual deriva.

Observe as duas frases:


I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica como verbo transitivo direto;
“ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.  
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum lugar), portanto, é verbo
transitivo indireto.  

No sentido de / pela REGE


VERBO EXEMPLO
transitividade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
Assistir ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
pertencer SIM “Assiste aos cidadãos o direito de protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar
desafio, dano, peso moral SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
fundamento / verbo
NÃO “Isso não procede.”
Proceder instransitivo
origem SIM “Essa conclusão procede de muito vivência.”
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finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”


Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar
absorção ou respiração NÃO “Evite aspirar fumaça.”
consequência / verbo
NÃO “A sua solicitação implicará alteração do meu trajeto.”
Implicar transitivo direto
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”
convocação NÃO “Chame todos!”
“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, com “Chamo Talita de Tatá.”
apelido
e sem preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega a algum
Chegar lugar / verbo transitivo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
indireto
quem obedece a algo /
Obedecer SIM “Obedeçam às regras.”
alguém / transitivo indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um
verbo transitivo direito e
Informar complemento sem e “Informe o ocorrido ao gerente.”
indireto, portanto...
outro com preposição
quem vai vai a algum lugar /
Ir SIM “Vamos ao teatro.”
verbo transitivo indireto
Quem mora em algum lugar “Eles moram no interior.”
Morar SIM
(verbo transitivo indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
Namorar verbo transitivio direito NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
verbo bi transitivo (direto e
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
indireto)
quem simpatiza simpatiza
Simpatizar com algo/ alguém/ verbo SIM “Simpatizei-me com todos.”
transitivo indireto

COLOCAÇÃO PRONOMINAL.

A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do pronome
antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou após
o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se inicia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na linguagem
falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas não
forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que prejudique a eufonia da frase.

Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.

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Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
cientemente. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: auxiliar.
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? do infinitivo.
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Exemplos:
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Hei de dizer-lhe a verdade.
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Tenho de dizer-lhe a verdade.
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
jam reduzidas: Percebia que o observavam. Observação
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
tudo dá. Devo-lhe dizer tudo.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in- Estava-lhe dizendo tudo.
tentos são para nos prejudicarem. Havia-lhe dito tudo.

Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. CRASE
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
indicativo: Trago-te flores. Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade! “contração”, e ocorre entre duas vogais, uma final e outra inicial,
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre- em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a
posição em: Saí, deixando-a aflita. (preposição) + a (artigo feminino) = aa à; a (preposição) + aquela
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com (pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) +
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: aquilo (pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção
Apressei-me a convidá-los. das vogais, a crase, como regra geral, ocorre diante de palavras
femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos
Mesóclise aquilo e aquele, que recebem a crase por terem “a” como sua vogal
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno
de união representado pelo acento grave.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no A crase pode ser a contração da preposição a com:
futuro do pretérito que iniciam a oração. – O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não
Dir-lhe-ei toda a verdade. assistiu às aulas.”
Far-me-ias um favor? – O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de “Retorne àquele mesmo local.”
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. – O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às
Eu lhe direi toda a verdade. quais devemos o maior respeito e consideração”.
Tu me farias um favor?
Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de
duas vogais a (preposição + artigo ou preposição + pronome) na
Colocação do pronome átono nas locuções verbais construção sintática.
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- Técnicas para o emprego da crase
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. 1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe
Exemplos: semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocorrerá crase diante da
Devo-lhe dizer a verdade. palavra feminina.
Devo dizer-lhe a verdade. Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes “Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
do auxiliar ou depois do principal. “Comprei o carro / a moto.”
Exemplos: “Irei ao evento / à festa.”
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade. 2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir,
chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se aparecer a preposição da,
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não
o pronome átono ficará depois do auxiliar. deve ser empregado.
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Exemplos: Mas ele prosseguiu indiferente,


“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.” carregando no seu dorso bois e gente,
“Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.” até roçados de arroz e de feijão.
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.” Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
3 – Troque o termo regente da preposição a por um que deixando no percurso mágoa e dor.
estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas preposições não Depois subiu os degraus da igreja santa
se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas e postou-se horas sob os pés do Criador.
pela(s), na(s) ou da(s), a crase não ocorrerá. E desceu devagarinho, até deitar-se
Exemplos: novamente no seu leito.
“Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta Mas toda noite o seu olhar de rio
de estudar / Insiste em estudar.” fica boiando sob as luzes da cidade.
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua
filha / Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.” (Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você /
terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
Gosto de você / Penso em você.”
No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” clas-
4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que
sifica-se como
expressam uma única ideia, a crase somente deve ser empregada
se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como (A) pronome.
núcleo uma palavra feminina, ocorrerá crase. (B) preposição.
Exemplos: (C) artigo.
“Tudo às avessas.” (D) advérbio.
“Barcos à deriva.” (E) conjunção.

5 – Outros casos envolvendo locuções e crase: 2. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Área
Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão Administrativa- Atenção: Para responder à questão, leia a crônica
“moda de”, ficando somente o à explícito. “Tatu”, de Carlos Drummond de Andrade.
Exemplos: O luar continua sendo uma graça da vida, mesmo depois que
“Arroz à (moda) grega.” o pé do homem pisou e trocou em miúdos a Lua, mas o tatu pensa
“Bife à (moda) parmegiana.” de outra maneira. Não que ele seja insensível aos amavios do ple-
nilúnio; é sensível, e muito. Não lhe deixam, porém, curtir em paz
Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso a claridade noturna, de que, aliás, necessita para suas expedições
de horas especificadas e definidas: Exemplos: de objetivo alimentar. Por que me caçam em noites de lua cheia,
“À uma hora.” quando saio precisamente para caçar? Como prover a minha sub-
“Às cinco e quinze”. sistência, se de dia é aquela competição desvairada entre bichos,
como entre homens, e de noite não me dão folga?
Isso aí, suponho, é matutado pelo tatu, e se não escapa do in-
terior das placas de sua couraça, em termos de português, é porque
QUESTÕES
o tatu ignora sabiamente os idiomas humanos, sem exceção, além
de não acreditar em audiência civilizada para seus queixumes. A
armadura dos bípedes é ainda mais invulnerável que a dele, e não
1. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblio- há sensibilidade para a dor ou a problemática do tatu.
teconomia- O rio de minha terra é um deus estranho. Meu amigo andou pelas encostas do Corcovado, em noite de
Ele tem braços, dentes, corpo, coração, prata lunal, e conseguiu, por artimanhas só dele sabidas, capturar
muitas vezes homicida, vivo um tatu distraído. É, distraído. Do contrário não o pegaria. Es-
foi ele quem levou o meu irmão. tava imóvel, estático, fruindo o banho de luz na folhagem, essa ou-
É muito calmo o rio de minha terra. tra cor que as cores assumem debaixo da poeira argentina da Lua.
Suas águas são feitas de argila e de mistérios. Esquecido das formigas, que lhe cumpria pesquisar e atacar, como
Nas solidões das noites enluaradas quem diz, diante de um motivo de prazer: “Daqui a pouco eu vou
a maldição de Crispim desce trabalhar; só um minuto mais, alegria da vida”, quedou-se à mercê
sobre as águas encrespadas. de inimigos maiores. Sem pressentir que o mais temível deles anda-
O rio de minha terra é um deus estranho. va por perto, em horas impróprias à deambulação de um professor
Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole universitário.
para subir as poucas rampas do seu cais. − Mas que diabo você foi fazer naqueles matos, de madru-
Foi conhecendo o movimento da cidade, gada?
a pobreza residente nas taperas marginais. − Nada. Estava sem sono, e gosto de andar a esmo, quando
Pois tão irado e tão potente fez-se o rio todos roncam.
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo. Sem sono e sem propósito de agredir o reino animal, pois é de
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feitio manso, mas o velho instinto cavernal acordou nele, ao sentir uma vez mais um inspirado noturno para piano. Ou seja: os artis-
qualquer coisa a certa distância, parecida com a forma de um bicho. tas melancólicos fazem de sua melancolia a matéria-prima de uma
Achou logo um cipó bem forte, pedindo para ser usado na caça; obra-prima. Sorte deles, nossa e da própria melancolia, que é as-
e jamais tendo feito um laço de caçador, soube improvisá-lo com sim resgatada do escuro do inferno para a nitidez da forma artística
perícia de muitos milhares de anos (o que a universidade esconde, bem iluminada.
nas profundas camadas do ser, e só permite que venha aflorar em Confira: seria possível haver uma história da arte que
noite de lua cheia!). deixasse de falar das grandes obras melancólicas? Por certo se per-
Aproximou-se sutil, laçou de jeito o animal desprevenido. O deria a parte melhor do nosso humanismo criativo, que sabe fazer
coitado nem teve tempo de cravar as garras no laçador. Quando de uma dor um objeto aberto ao nosso reconhecimento prazero-
agiu, já este, num pulo, desviara o corpo. Outra volta no laço. E ou- so. Charles Chaplin, ao conceber Carlitos, dotou essa figura huma-
tra. Era fácil para o tatu arrebentar o cipó com a força que a natu- na inesquecível da complexa composição de fracasso, melancolia,
reza depositou em suas extremidades. Mas esse devia ser um tatu riso, esperteza e esperança. O vagabundo sem destino, que vive a
meio parvo, e se embaraçou em movimentos frustrados. Ou o sere- apanhar da vida, ganhou de seu criador o condão de emocionar o
no narrador mentiu, sei lá. Talvez o tenha comprado numa dessas mundo não com feitos gloriosos, mas com a resistente poesia que o
casas de suplício que há por aí, para negócio de animais. Talvez na faz enfrentar a vida munido da força interior de um melancólico dis-
rua, a um vendedor de ocasião, quando tudo se vende, desde o posto a trilhar com determinação seu caminho, ainda que no rumo
mico à alma, se o PM não ronda perto. a um horizonte incerto.
Não importa. O caso é que meu amigo tem em sua casa um
tatu que não se acomodou ao palmo de terra nos fundos da casa e (Humberto Couto Villares, a publicar)
tratou de abrigar longa escavação que o conduziu a uma pedreira,
e lá faz greve de fome. De lá não sai, de lá ninguém o tira. A noite No terceiro parágrafo, a personagem Carlitos é invocada para
perdeu para ele seu encanto luminoso. A ideia de levá-lo para o (A) dar um sentido de nobreza a todas as experiências de fra-
zoológico, aventada pela mulher do caçador, não frutificou. Melhor casso humano.
reconduzi-lo a seu hábitat, mas o tatu se revela profundamente (B) testemunhar a determinação de um indivíduo em alcançar
contrário a qualquer negociação com o bicho humano, que pensa seus altos objetivos.
em apelar para os bombeiros a fim de demolir o metrô tão rapi- (C) indicar a possibilidade da transformação sistemática da dor
damente feito, ao contrário do nosso, urbano, e salvar o infeliz. O em franca alegria.
tatu tem razões de sobra para não confiar no homem e no luar do (D) personificar a complexa conjunção entre força poética e
Corcovado. marginalidade social.
Não é fábula. Eu compreendo o tatu. (E) promover a felicidade que pode desfrutar quem não está
comprometido com nada.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Os dias lindos. São Paulo:
Companhia das Letras, 2013) 4. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Tecno-
logia da Informação-
No desfecho da crônica, o cronista revela, em relação ao tatu, A independência política em 1822 não trouxe muitas novida-
um sentimento de des em termos institucionais, mas consolidou um objetivo claro,
(A) empatia. qual seja: estruturar e justificar uma nova nação.
(B) desconfiança. A tarefa não era pequena e quem a assumiu foi o Instituto His-
(C) superioridade. tórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que, aberto em 1838, no Rio
(D) soberba. de Janeiro, logo deixaria claras suas principais metas: construir uma
(E) desdém. história que elevasse o passado e que fosse patriótica nas suas pro-
posições, trabalhos e argumentos.
3. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área Para referendar a coerência da filosofia que inaugurou o IHGB,
Administrativa- basta prestar atenção no primeiro concurso público por lá orga-
Melancolia e criatividade nizado. Em 1844, abriam-se as portas para os candidatos que se
Desde sempre o sentimento da melancolia gozou de má dispusessem a discorrer sobre uma questão espinhosa: “Como se
fama. O melancólico é costumeiramente tomado como um ser de- deve escrever a história do Brasil”. Tratava-se de inventar uma nova
sanimado, depressivo, “pra baixo”, em suma: um chato que con- história do e para o Brasil. Foi dado, então, um pontapé inicial, e
vém evitar. Mas é uma fama injusta: há grandes melancólicos que fundamental, para a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde,
fazem grande arte com sua melancolia, e assim preenchem a vida e com grande naturalidade, de “História do Brasil”.
da gente, como uma espécie de contrabando da tristeza que a arte A singularidade da competição também ficou associada a seu
transforma em beleza. “Pra fazer um samba com beleza é preciso resultado e à divulgação do nome do vencedor. O primeiro lugar,
um bocado de tristeza”, já defendeu o poeta Vinícius de Moraes, na nessa disputa histórica, foi para um estrangeiro − o conhecido na-
letra de um conhecido samba seu. turalista bávaro Karl von Martius (1794-1868), cientista de ilibada
Mas a melancolia não para nos sambas: ela desde sempre importância, embora novato no que dizia respeito à história em
anima a literatura, a música, a pintura, o cinema, as artes todas. geral e àquela do Brasil em particular − , o qual advogou a tese de
Anima, sim: tanto anima que a gente gosta de voltar a ver um bom que o país se definia por sua mistura, sem igual, de gentes e po-
filme melancólico, revisitar um belo poema desesperançado, ouvir vos. Utilizando a metáfora de um caudaloso rio, correspondente à
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herança portuguesa que acabaria por “limpar” e “absorver os pe- sa pena é mais terrível que a morte, pois esta só é sentida por um
quenos confluentes das raças índia e etiópica”, representava o país momento”.
a partir da singularidade e dimensão da mestiçagem de povos por Não se trata de discutir qual é a punição mais suave, porém
aqui existentes. a mais útil. O grande objetivo, como já dissemos em outra passa-
A essa altura, porém, e depois de tantos séculos de vigência gem, é servir o público; e, sem dúvida, um homem votado todos os
de um sistema violento como o escravocrata, era no mínimo com- dias de sua vida a preservar uma região da inundação por meio de
plicado simplesmente exaltar a harmonia. Além do mais, indígenas diques, ou a abrir canais que facilitem o comércio, ou a drenar pân-
continuavam sendo dizimados no litoral e no interior do país. tanos infestados, presta mais serviços ao Estado que um esqueleto
Martius, que em 1832 havia publicado um ensaio chamado “O a pendular de uma forca numa corrente de ferro, ou desfeito em
estado do direito entre os autóctones no Brasil”, condenando os pedaços sobre uma roda de carroça.
indígenas ao desaparecimento, agora optava por definir o país por
meio da redentora metáfora fluvial. Três longos rios resumiriam a (VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São
nação: um grande e caudaloso, formado pelas populações brancas; Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 18-20)
outro um pouco menor, nutrido pelos indígenas; e ainda outro,
mais diminuto, alimentado pelos negros. Voltaire acusa o sentido contraditório de um determinado po-
Ali estavam, pois, os três povos formadores do Brasil; todos sicionamento ao referir-se a ele nestes segmentos:
juntos, mas (também) diferentes e separados. Mistura não era (e (A) massacrar habilmente um compatriota / detestar o homi-
nunca foi) sinônimo de igualdade. Essa era uma ótima maneira de cídio
“inventar” uma história não só particular (uma monarquia tropical (B) matem um homem / em grande aparato
e mestiçada) como também muito otimista: a água que corria re- (C) Beccaria está enganado / o grande objetivo é servir o pú-
presentava o futuro desse país constituído por um grande rio cau- blico
daloso no qual desaguavam os demais pequenos afluentes. (D) presta mais serviços ao Estado / trabalhos penosos e úteis
É possível dizer que começava a ganhar força então a la- (E) servir ao público / preservar uma região da inundação
dainha das três raças formadoras da nação, que continuaria encon-
trando ampla ressonância no Brasil, pelo tempo afora. 6. FCC - 2022 - SEDU-ES - Professor MaPB - Ensino Fundamental
e Médio - Língua Portuguesa-
(Adaptado de: SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasilei- Ai de ti, Ipanema
ro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019) Há muitos anos, Rubem Braga começava assim uma de suas
mais famosas crônicas: “Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o si-
O verbo sublinhado no segmento Mistura não era (e nunca foi) nal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste;
sinônimo de igualdade está flexionado nos mesmos tempo e modo porém minha voz te abalará até as entranhas.” Era uma exortação
que o sublinhado em: bíblica, apocalíptica, profética, ainda que irônica e hiperbólica. “En-
(A) a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde, e com gran- tão quem especulará sobre o metro quadrado de teu terreno? Pois
de naturalidade na verdade não haverá terreno algum.”
(B) Três longos rios resumiriam a nação Na sua condenação, o Velho Braga antevia os sinais da
(C) O primeiro lugar, nessa disputa histórica, foi para um es- degradação e da dissolução moral de um bairro prestes a ser tra-
trangeiro gado pelo pecado e afogado pelo oceano, sucumbindo em meio às
(D) A independência política em 1822 não trouxe muitas novi- abjeções e ao vício: “E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a
dades vasa fétida das marés cobrirá tua face”.
(E) a água que corria representava o futuro desse país A praia já chamada de “princesinha do mar”, coitada,
inofensiva e pura, era então, como Ipanema seria depois, a síntese
5. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ci- mítica do hedonismo carioca, mais do que uma metáfora, uma me-
ências Jurídicas- Atenção: Considere o texto abaixo, do pensador tonímia.
francês Voltaire (1694-1778), para responder à questão. No fim dos anos 50, Copacabana era o éden não contami-
O preço da justiça nado ainda pelos plenos pecados, eram tempos idílicos e pastorais,
Vós, que trabalhais na reforma das leis, pensai, assim como a era da inocência, da bossa nova, dos anos dourados de JK, de Gar-
grande jurisconsulto Beccaria, se é racional que, para ensinar os rincha. Digo eu agora: Ai de ti, Ipanema, que perdeste a inocência
homens a detestar o homicídio, os magistrados sejam homicidas e e o sossego, e tomaste o lugar de Copacabana, e não percebeste os
matem um homem em grande aparato. sinais que não são mais simbólicos: o emissário submarino se rom-
Vede se é necessário matá-lo quando é possível puni-lo de ou- pendo, as águas poluídas, as valas negras, as agressões, os assaltos,
tra maneira, e se cabe empregar um de vossos compatriotas para o medo e a morte.
massacrar habilmente outro compatriota. [...] Em qualquer circuns-
tância, condenai o criminoso a viver para ser útil: que ele trabalhe (Adaptado de: VENTURA, Zuenir. Crônicas de um fim de século. Rio de
continuamente para seu país, porque ele prejudicou o seu país. É Janeiro: Objetiva, 1999, p. 166/167)
preciso reparar o prejuízo; a morte não repara nada.
Talvez alguém vos diga: “O senhor Beccaria está enganado: a Ao qualificar a linguagem de Rubem Braga em sua crônica “Ai
preferência que ele dá a trabalhos penosos e úteis, que durem toda de ti, Copacabana”, Zuenir Ventura se vale dos termos exortação e
a vida, baseia-se apenas na opinião de que essa longa e ignominio- condenação, para reconhecer no texto do Velho Braga,
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(A) a tonalidade grave de uma invectiva. 8. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ciên-
(B) a informalidade de um discurso emocional. cias Jurídicas Considere o texto abaixo para responder à questão.
(C) o coloquialismo de um lírico confessional. [Viver a pressa]
(D) a retórica argumentativa dos clássicos. Há uma continuidade entre a lógica intensamente competitiva
(E) a força épica de uma celebração. e calculista do mundo do trabalho e aquilo que somos e fazemos
nas horas em que estamos fora dele.
7. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área O vírus da pressa alastra-se em nossos dias de uma forma tão
Administrativa- epidêmica como a peste em outros tempos: a frequência do acesso
Crimes ditos “passionais” a um website despenca caso ele seja mais lento que um site rival.
A história da humanidade registra poucos casos de mulhe- Mais de um quinto dos usuários da internet desistem de um vídeo
res que mataram por se sentirem traídas ou desprezadas. Não sabe- caso ele demore mais que cinco segundos para carregar.
mos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também esse tipo Excitação efêmera, sinal de tédio à espreita. Estará longe o dia
de igualdade: a igualdade no crime e na violência. Provavelmente, em que toda essa pressa deixe de ser uma obsessão? Será que a
não. O crime dado como passional costuma ser uma reação daque- adaptação triunfante aos novos tempos da velocidade máxima aca-
le que se sente “possuidor” da vítima. O sentimento de posse, por bará por esvaziar até mesmo a consciência dessa nossa degradação
sua vez, decorre não apenas do relacionamento sexual, mas tam- descontrolada?
bém do fator econômico: o homem é, em boa parte dos casos, o
responsável maior pelo sustento da casa. Por tudo isso, quando ele (Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo:
se vê contrariado, repelido ou traído, acha-se no direito de matar. Companhia das Letras, 2016, p. 88)
O que acontece com os homens que matam mulheres quan-
do são levados a julgamento? São execrados ou perdoados? Como Está plenamente adequada a pontuação do seguinte período:
reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da brutalidade que (A) Ao detectar, em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa,
se tenta justificar como resultante da paixão? Há decisões estapa- que contamina não apenas o tempo do trabalho, mas também
fúrdias, sentenças que decorrem mais em função da eloquência dos o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
advogados e do clima emocional prevalecente entre os jurados do que, se assim continuar, nossa civilização se degradará.
que das provas dos autos. (B) Ao detectar em nossos dias, tão agitados o vírus da pressa,
Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos res- que contamina não apenas o tempo do trabalho mas, também,
ponsáveis acabaram sendo inocentados com o argumento de que o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor, de
houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na lei. Os que, se assim continuar, nossa civilização se degradará.
(C) Ao detectar, em nossos dias tão agitados o vírus da pressa,
motivos que levam o criminoso passional a praticar o ato delituoso
que contamina, não apenas o tempo do trabalho mas também
têm mais a ver com os sentimentos de vingança, ódio, rancor, frus-
o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
tração, vaidade ferida, narcisismo maligno, prepotência, egoísmo
que, se assim continuar nossa civilização, se degradará.
do que com o verdadeiro sentimento de honra.
(D) Ao detectar em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa
A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmo- que contamina, não apenas o tempo do trabalho mas, também
ronamento dos padrões patriarcais tiveram grande repercussão nas o tempo, de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes passionais. que, se assim continuar nossa civilização se degradará.
A sociedade brasileira vem se dando conta de que mulheres não (E) Ao detectar em nossos dias tão agitados o vírus, da pressa
podem ser tratadas como cidadãs de segunda categoria, submeti- que contamina não apenas o tempo do trabalho, mas também
das ao poder de homens que, com o subterfúgio da sua “paixão”, o tempo de outras ocupações, o autor mostra, seu temor, de
vinham assumindo o direito de vida e morte sobre elas. que, se assim continuar nossa civilização se degradará.

(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. São 9. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário
Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim) - Área Judiciária
O meu ofício
É inteiramente regular a pontuação do seguinte período: O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo.
(A) A autora do texto reclama, com senso de justiça que não se Espero não ser mal-entendida: não sei nada sobre o valor daquilo
considere passional um crime movido pelo rancor, e pelo ódio. que posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extra-
(B) Como reage, a sociedade, quando se vê diante desses cri- ordinariamente à vontade e me movo num elemento que tenho
mes em que, a paixão alegada, vale como uma atenuante.
a impressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instru-
(C) Tratadas há muito, como cidadãs de segunda classe, as mu-
mentos que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes
lheres, aos poucos, têm garantido seus direitos fundamentais.
em minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se estudo uma lín-
(D) Não é a paixão, mas sim, os motivos mais torpes, que es-
gua estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar
tão na raiz mesma, dos crimes hediondos apresentados como
passionais. uma malha, ou viajar, sofro e me pergunto como é que os outros
(E) Há advogados cuja retórica, encenada em tom emocional, conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e
acaba por convencer o júri, inocentando assim um frio crimi- surda como uma náusea dentro de mim.
noso. Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo
mais correto, do qual os outros escritores se servem. Não me im-

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porta nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escre- via transversal à sua frente. Enquanto espera, olha de um lado a ou-
ver histórias. Se tento escrever um ensaio de crítica ou um artigo tro a vigiar a pista quase livre. Finalmente não avista mais nenhum
sob encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo veículo que poderá atrapalhar seu planejado movimento. É hora de
nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sen- dirigir, mas, no meio da travessia, ele é surpreendido por uma grave
sação de enganar o próximo com palavras tomadas de empréstimo colisão. Uma motocicleta atinge a traseira de seu veículo.
ou furtadas aqui e ali. Eu tomo a defesa do motorista: ele não viu a moto se aproxi-
Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu mar. Presumo que vários dos leitores já passaram por situação se-
país, nas ruas que conhece desde a infância, entre as árvores e os melhante, mas, caso você seja exceção e acredite que enxergaria
muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre a motocicleta, eu o convido a assistir a um vídeo que existe sobre
os cinco e dez anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que isso. O filme prova quão difícil é perceber objetos que de repente
podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar uma nova somem ou aparecem em uma cena.
máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto, Nossa condição humana está casada com uma inabilidade de
um conto curto, de cinco ou seis páginas: saiu de mim como um mi- perceber certas mudanças. Claro que notamos muitas alterações à
lagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta, nossa volta, especialmente se olharmos para o ponto alvo da modi-
atônita, estupefata. ficação no momento em que ela ocorrerá. Assim, se olharmos fixa-
mente para uma janela cheia de vasos de flores, poderemos assistir
(Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurí- à queda de um deles. Mas, se desviarmos brevemente nossos olhos
cio Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p, 72-77, passim) da janela, justamente no momento do tombo, é possível que nem
notemos a falta do enfeite. O fenômeno se chama cegueira para
As normas de concordância verbal encontram-se plenamente mudança: nossa incapacidade de visualizar variações do ambiente
observadas em: entre uma olhada e outra.
(A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam No mundo real, mudanças são geralmente antecedidas por
por identificar o estilo mesmo de quem as escreveu. uma série de movimentos. Se esses movimentos superam um limiar
(B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca atrativo, vão capturar nossa atenção que focará na alteração consi-
falta a espontaneidade dos bons escritos. derada dominante. Por sua vez, modificações que não ultrapassam
(C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a fa- o limiar não provocarão divergência da atenção e serão ignoradas.
cilidade que encontra ela em escrever seus textos. Quando abrimos nossos olhos, ficamos com a impressão de
(D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a au- termos visão nítida, rica e bem detalhada do mundo que se estende
tora, logo se dissipou em sua primeira tentativa. por todo nosso campo visual. A consciência de nossa percepção não
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escri-
é limitada, mas nossa atenção e nossa memória de curtíssimo prazo
tora, do que os que a levaram a imaginar histórias.
são. Não somos capazes de memorizar tudo instantaneamente à
nossa volta e nem podemos nos ater a tudo que nos cerca. Nossa in-
10. SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico em
trospecção da grandiosidade de nossa experiência visual confronta
Nutrição Escolar- Considerando a regência nominal e o emprego do
com nossas limitações perceptivas práticas e cria uma vivência rica,
acento grave, o trecho destacado em “inerentes a esta festa” está
porém efêmera e sujeita a erros de interpretações. Dimensiona um
corretamente substituído em:
gradiente entre o que é real e o que se presume, algo que favorece
(A) inerentes à determinado momento
os acidentes de trânsito.
(B) inerentes à regras de convivência
Podemos interpretar que o acidente do exemplo do início do
(C) inerentes à regulamentos anteriores
texto se deu porque o motorista convergiu sua atenção às partes
(D) inerentes à evidência de incorreções
centrais da pista, por onde os carros preferencialmente circulam
sob velocidade mais ou menos previsível. Assim que o último carro
11. Assinale a frase com desvio de regência verbal.
passou, ficou fácil pressupor que o centro da pista permaneceria
(A) Informei-lhe o bloqueio do financiamento de pesquisas.
vazio por um intervalo de tempo seguro para a travessia. As late-
(B) Avisaram-no a liberação de recursos para ciência e tecno-
rais da pista, locais em que motocicletas geralmente trafegam, não
logia.
(C) Os acadêmicos obedecem ao planejamento estratégico. tiveram a atenção merecida, e a velocidade da moto não estava no
(D) Todos os homens, por natureza, aspiram ao saber. padrão esperado.
(E) Assistimos ao filme que apresentou a obra daquele grande O mundo aqui fora é um caos repleto de acontecimentos, e
cientista. nossos cérebros têm que coletar e reter alguns deles para que pos-
samos compreendê-lo e, assim, agirmos em busca da nossa sobre-
12. FUNCERN - 2019 - Prefeitura de Apodi - RN - Professor de vivência. Mas essas informações são salpicadas, incompletas e mu-
Ensino Fundamental I ( 1º ao 5º ano)- táveis. Traçar uma linha que contextualize todos esses dados não é
Os pontos cegos de nosso cérebro e o risco eterno de aciden- simples. Eventualmente, esse jogo mental de ligar pontinhos cria
tes armadilha para nós mesmos, pois por vezes um ponto que deveria
Luciano Melo ser descartado é inserido em uma lógica apenas por ser chamativo.
O motorista aguarda o momento seguro para conduzir seu E outro, ao contrário, deveria ser considerado, mas é menospreza-
carro e atravessar o cruzamento. Olha para os lados que atravessará do, pois à primeira vista não atendeu a um pressuposto.
e, estático, aguarda que outros veículos deixem livre o caminho pela

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Essas interpretações podem provocar outras tragédias além de Democracia se faz com diálogo e transparência. Sem discus-
acidentes de carro. sões amplas, perdem os cidadãos, que ficam privados de informa-
Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr. ções essenciais para fazer suas escolhas com mais objetividade e
2019. (texto adaptado) menos passionalismo.

No trecho “[...]poderemos assistir à queda de um deles.”, a (A IMPORTÂNCIA dos debates. GaúchaZH, 17 de outubro de 2018. Dis-
ocorrência do acento grave é justificada ponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br. Acesso em: 30 de agosto
(A) pela exigência de artigo do termo regente, que é um ver- de 2022)
bo, e pela exigência de preposição do termo regido, que é um
nome. No segundo parágrafo do texto, há a frase: “Colocados frente
(B) pela exigência de preposição do termo regente, que é um a frente nos microfones da Rádio Gaúcha, ambos tiveram a oportu-
nome, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um nidade de enfrentar questões importantes ligadas ao cotidiano dos
verbo. eleitores.” Conforme se observa, na expressão em destaque, não há
(C) pela exigência de artigo do termo regente, que é um nome, ocorrência da crase.
e pela exigência de artigo do termo regido, que é um verbo. Assim, seguindo a regra gramatical acerca da crase, assinale a
(D) pela exigência de preposição do termo regente, que é um alternativa em que há o emprego da crase indevidamente:
verbo, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um (A) cara a cara; às ocultas; à procura.
nome. (B) face a face; às pressas; à deriva.
(C) à frente; à direita; às vezes.
(D) à tarde; à sombra de; a exceção de.
13. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital
nº 006
A importância dos debates 14. Leia o texto, para responder à questão.
É promissor que os candidatos ao governo gaúcho venham Ainda alcancei a geração que cedia o lugar às senhoras grávi-
dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo de inte- das. Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco jovens se
resse específico dos eleitores arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha seu canto, tinha
O primeiro confronto direto entre os candidatos Eduardo Leite seu espaço. E, quando ia pagar a passagem, dizia o luso condutor
(PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), que disputam o governo do Estado por trás dos bigodões: “Já está paga, já está paga!”.
em segundo turno, reafirmou a importância dessa alternativa de- E assim, num simples gesto, temos o perfil, o retrato, a alma
mocrática para ajudar os eleitores a fazer suas escolhas. Uma das do antigo jovem. Hoje, não. Outro dia, fui testemunha auditiva e
vantagens do sistema de votação em dois turnos, instituído pela ocular de um episódio patético. Vinha eu, em pé, num ônibus api-
Constituição de 1988, é justamente a de propiciar um maior de- nhado. Passageiros amassados uns contra os outros. Essa promis-
talhamento dos programas de governo dos dois candidatos mais cuidade abjeta desumanizava todo mundo. O sujeito perdia a noção
votados na primeira etapa. da própria identidade e tinha uma sensação de bicho engradado.
Foi justamente o que ocorreu ontem entre os postulantes ao Pois bem. E, de repente, o ônibus para, e entra, exatamente, uma
Palácio Piratini. Colocados frente a frente nos microfones da Rá- senhora grávida. Oitavo ou nono mês.
dio Gaúcha, ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes.
importantes ligadas ao cotidiano dos eleitores. A viabilidade de as Imaginei que esses latagões(*) iam dar uns dez lugares à mater
principais demandas dos gaúchos serem contempladas vai depen- recém-chegada. Pois bem. Ninguém se mexeu e, repito, ninguém
der acima de tudo da estratégia de cada um para enfrentar a crise piou. E foi aí que percebi subitamente tudo. Ali estava uma nova
das finanças públicas. geração, sem nenhuma semelhança com as anteriores. Durante
Diferentemente do que os eleitores estão habituados a assistir meia hora a pobre mulher ficou em pé, no meio da passagem. Faço
no horário eleitoral obrigatório e a acompanhar por postagens dos uma ideia das cambalhotas que não virou o filho. Eis o que importa
candidatos nas redes sociais, debates se prestam menos para pro- destacar: – ela viajou e desceu, e não teve a caridade de ninguém.
paganda pessoal, estratégias de marketing e para a disseminação
de informações inconfiáveis e notícias falsas, neste ano usadas lar- (Nelson Rodrigues, Jovens imbecilizados pelos velhos. O óbvio ululante:
gamente em campanhas. Além disso, têm a vantagem de desafiar primeiras confissões. Adaptado)
os candidatos com questionamentos de jornalistas e do público. As
respostas, inclusive, podem ser conferidas por profissionais de im- (*)latagões: homens jovens, robustos e de grande estatura.
prensa, com divulgação posterior, o que facilita o discernimento por A passagem do texto em que todas as palavras estão emprega-
parte de eleitores sobre o que corresponde ou não à verdade. das em sentido próprio é:
O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise fiscal no setor público (A) Ninguém se mexeu e, repito, ninguém piou.
que, se não contar com uma perspectiva de solução imediata, pra- (B) E, quando ia pagar a passagem, dizia o luso condutor por
ticamente vai inviabilizar a implantação de qualquer plano de go- trás dos bigodões…
verno. Por isso, é promissor que, enquanto em outros Estados pre- (C) O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes.
dominam denúncias e acusações, os candidatos ao governo gaúcho (D) Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco jovens
venham dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo se arremessavam.
de interesse específico dos eleitores. (E) E foi aí que percebi subitamente tudo.
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15. Quadrix - 2023 - Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás - GO - Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compe-
Cargos de Nível Fundamental- O vocábulo “probo”, na sentença “Ele te ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabele-
sempre se orgulhou de ser um sujeito probo”, é antônimo de cimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar
(A) desonesto. em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se con-
(B) leal. funde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo.
(C) intolerante.
(D) negligente. (Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado)
(E) justo.
Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do
16. Quadrix - 2023 - Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás - GO - pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parênteses,
Cargos de Nível Fundamental- O termo “efêmeros”, na sentença “É a redação permanece em conformidade com a norma-padrão de
uma pena que momentos como esse sejam efêmeros”, é sinônimo colocação dos pronomes.
de (A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com
(A) desvalorizados. deficiência. (incluem-se)
(B) tênues. (B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito
(C) banais. mais que 100 mil deles no país. (se contam)
(D) insignificantes. (C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada
(E) fugazes. sala de aula. (concebe-se)
(D) Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de
17. (Prefeitura de Piracicaba - SP - Professor - Educação Infantil receber o aluno... (encarrega-se)
- VUNESP - 2020) (E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente
já vamos aprendendo. (confunde-se)
Escola inclusiva
É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros
18. (Prefeitura de Caranaíba - MG - Agente Comunitário de Saú-
concordam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos
de - FCM - 2019)
com deficiência.
Dieta salvadora
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre
A ciência descobre um micróbio adepto de um
os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma
alimento abundante: o lixo plástico no mar.
educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o
perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou
câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um des-
lei em 2015 e criou raízes no tecido social.
tino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os
A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualifi-
mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-os também
cados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que dizer
com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até carcaças
então de alunos com gama tão variada de dificuldades.
de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água,
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o en-
subterrâneo ou a céu aberto, que se encaminha inevitavelmente
frentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por
para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da
limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais.
Guanabara ao Pacífico.
Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para
De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália,
minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, dis-
China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gregas um
corda de que crianças com deficiência devam aprender só na com-
micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico
panhia de colegas na mesma condição.
jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado
Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar
pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou duro, como o
com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com
das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios,
necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2
de guardanapo ao pescoço, o decomponham e façam a festa. Os
milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o
cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que
número de professores com alguma formação em educação espe-
eles ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago.
cial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país.
Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco
Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de
Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na
aula.
costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher
As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma es-
pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas que as
trutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao
salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se defende-
menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno
rem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se re-
e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do
produzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais, aprendem a falar
período regular nas técnicas pedagógicas.
e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo.

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem (A) Em sintese, a ideia principal do projeto equivale a deixar
se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salamandras que as correntes oceânicas furtem-se a quaisquer trabalhos
aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios (B) Para sintetisar, a ideia principal do projeto tem haver com
no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo. deixar que as correntes oceânicas executem o trabalho inte-
gralmente.
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. Paulo. (C) De modo suscinto, a ideia principal do projeto está em dei-
Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019. xar que as correntes oceânicas desempenhem qualquer traba-
lho.
Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo, (D) Em poucas palavras, a ideia principal do projeto consiste
possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (no em deixar que as correntes oceânicas realizem o trabalho com-
meio do verbo) e ênclise (depois do verbo). pleto.
Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos (E) Sem mais delongas, a ideia principal do projeto assemelha-
nos trechos a seguir. -se a deixar que as correntes oceânicas desempenhem hesito-
I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E samente o trabalho.
não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus pró-
prios dejetos.” 20. FCC - 2018 - SABESP - Estagiário - Nível Médio- A concordân-
II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo: cia, a ortografia e a acentuação estão plenamente corretas na
“Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores, frase que se encontra em:
sofás e até carcaças de automóveis.” (A) Falta e ausência têm em quaizquer seres humanos.
III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal: (B) Não hão falta e ausência em uma série de individuos.
“Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se (C) Não existem falta e ausência como sentimentos humanos.
tornar as salamandras de Čapek.”
IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser hu-
mano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e pro- GABARITO
duzir um ‘Dom Quixote’”.
Está correto apenas o que se afirma em
(A) I e II. 1 D
(B) I e III. 2 A
(C) II e IV.
(D) III e IV. 3 D
4 E
19. FCC - 2019 - SANASA Campinas - Técnico de Instrumentação 5 A
- Automação de Processos-
Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o 6 A
problema da poluição oceânica, mas, até o momento, não tomaram 7 E
quaisquer medidas concretas.A organização holandesa The Ocean
8 A
Cleanup resolveu dar um passo à frente e assumir a missão de com-
bater a poluição oceânica nos próximos anos. 9 B
A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar 10 D
os plásticos que poluem os mares do planeta e pretende começar
a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior coleção de detritos 11 B
marinhos do mundo), no Oceano Pacífico Norte, utilizando seu sis- 12 D
tema de limpeza recentemente redesenhado. 13 D
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes
oceânicas fazer todo o trabalho. Uma rede de telas em forma de 14 E
“U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central. O plástico 15 A
concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa maríti-
16 E
ma para fins de reciclagem.
17 D
(Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.com) 18 A
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes 19 D
oceânicas fazer todo o trabalho. (3° parágrafo) 20 C
O conteúdo da frase acima está preservado nesta outra reda-
ção, respeitando-se as regras de ortografia e acentuação:

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Secretaria Estadual de Saúde (SES)

DIRETRIZES E BASES DA IMPLANTAÇÃO DO SUS Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres-
ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e
implementar o plano estadual de saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com-
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e Conselhos de Saúde
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
da saúde. colegiado composto por representantes do governo, prestadores
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan- instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a legalmente constituído em cada esfera do governo.
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológi- Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
ca, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos fins lucrativos.
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben- Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.
Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadu-
Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) al e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades. Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
Ministério da Saúde
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fede-
de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) ral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura:
Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Cona-
federais. sems)

Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar


de matérias referentes à saúde

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa-
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in-
São reconhecidos como entidades que representam os entes telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde.
municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos
à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de
forma que dispuserem seus estatutos. saúde e alguns parlamentares.
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime
Responsabilidades dos entes que compõem o SUS autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons-
União trução de uma nova política de saúde efetivamente democrática,
considerando a descentralização, universalização e unificação como
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da elementos essenciais para a reforma do setor.
Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser-
de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização,
todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil, descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra meta- grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS),
de dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais em 1976.
de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos, Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos
depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -,
empresas, etc.). Também tem a função de planejar, elabirar nor- logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da
mas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple-
mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
Estados e Distrito Federal Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
processo de descentralização da saúde.
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados,
à saúde em seu território. a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri-
tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
Municípios mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
uma política de recursos humanos.
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
no âmbito do seu território.O gestor municipal deve aplicar recur- mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú- todos e dever do Estado” (art. 196).
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para quização, descentralização com direção única em cada esfera de
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
pode oferecer. prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais.
História do sistema único de saúde (SUS) A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor- governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul-
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos 80, Princípios do SUS
o país passou por grave crise na área econômico-financeira.
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS 8.080/1990. Os principais são:
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
à Saúde. distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
sem qualquer custo;

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saú- Responsabilização Macrossanitária


de da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tra- O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus
tamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus-
complexidade; cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a
Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu-
justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações
maior atenção aos que mais necessitam; e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ-
Participação social: é um direito e um dever da sociedade par- nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção
ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par- básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como
ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O
participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri-
Descentralização: é o processo de transferência de responsabi- buições de gestão, incluindo:
lidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações - execução dos serviços públicos de responsabilidade munici-
constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribui- pal;
ções comuns e competências específicas à União, aos estados, ao - destinação de recursos do orçamento municipal e utilização
Distrito Federal e aos municípios. do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini-
das no Plano Municipal de Saúde;
Principais leis - planejamento, organização, coordenação, controle e avalia-
ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e
Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi- - participação no processo de integração ao SUS, em âmbito
to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a servi-
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros ços de maior complexidade, não disponíveis no município.
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder Responsabilização Microssanitária
Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações
e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar- É determinante que cada serviço de saúde conheça o território
quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes, sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de-
atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a
participação da iniciativa privada. ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te-
rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes
Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen- abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá-
ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando
diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de
competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra- outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe-
lização político-administrativa, por meio da municipalização dos rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com- equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade
dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal Instâncias de Pactuação
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
área da saúde e dá outras providências. nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa- do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
ção social em cada esfera de governo. Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
Responsabilização Sanitária A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- existentes no País.
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú-
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
processo de pactuação, no âmbito regional. rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins- estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da
tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde, análise da realidade e dos problemas de saúde locais, assim como
sendo de extrema importância a participação dos gestores locais dos recursos disponíveis.
nesse espaço. No PMS, devem ser descritos os principais problemas da saúde
Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de pública local, suas causas, consequências e pontos críticos. Além
pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma disso, devem ser definidos os objetivos e metas a serem atingidos,
necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais as atividades a serem executadas, os cronogramas, as sistemáticas
devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades espe- de acompanhamento e de avaliação dos resultados.
cíficas em saúde existentes nas regiões.
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS
Descentralização opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla-
O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, espe- nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de
cialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos para saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações
a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica);
político-institucionais dos gestores locais, além de meios adequa- rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local
dos à gestão de redes assistenciais de caráter regional e macror- de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas
regional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a ra- vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor-
cionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami-
para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de
financeira para o processo de municipalização. base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel
Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser- central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de
viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos informações essenciais à gestão da saúde do seu município.
municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida-
des que não possuem em seus territórios condições de oferecer Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saú-
serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem de em níveis de atenção, que são de básica, média e alta complexi-
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se dade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento
polos regionais que garantem o atendimento da sua população e das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém,
de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre- desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à
quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas saúde deve ser integral.
de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten-
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba
ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De-
atendimento e o processo de descentralização. senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá-
ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi- a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res-
ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis- ponsabilidade.
posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple- objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or- e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do-
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
atendimento em um nível mais primário. des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de modo SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
a atender as necessidades da população de seu município com efici- prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
ência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orien- porque possibilita melhor organização e funcionamento também
tar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua execução. dos serviços de média e alta complexidade.
Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal de Saúde corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
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POLÍTICA DE SAÚDE

Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali- e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por
dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios e
em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos re- suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade
cursos existentes. produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo de
integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da
Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados à saú-
da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para de, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abrangendo as
reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças
específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um con- não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância ambiental
junto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enferma- em saúde e a análise de situação de saúde.
gem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com
profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situação de Competências municipais na vigilância em saúde
saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo
2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadas- Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as
trada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das equipes atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias,
atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em
também das condições sociais, ambientais e econômicas em que seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi-
vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objeti- vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças
vo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água
das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos. para o consumo humano; coordenação e execução das ações de
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo-
A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon- queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade
sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços espe- ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló-
cializados (de média e alta complexidade), mesmo quando localiza- gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das
dos fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando atividades de informação, educação e comunicação de abrangência
os resultados obtidos. municipal; participação no financiamento das ações de vigilância
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina em saúde e capacitação de recursos.
a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten- Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis-
ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple- lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação
xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe-
verdade. lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res-
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen-
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio- tais, resguardando suas características, atribuições e competências.
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal,
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direi-
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- to à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o cada estabelecimento, equipe e prática sanitária.
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores É preciso inovar e buscar, coletiva e criativamente, soluções
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá- novas para os velhos problemas do nosso sistema de saúde. A cons-
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando a trução de espaços de gestão que permitam a discussão e a crítica,
realização de ações conjuntas. em ambiente democrático e plural, é condição essencial para que o
SUS seja, cada vez mais, um projeto que defenda e promova a vida.
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
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POLÍTICA DE SAÚDE

estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema
análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa priva-
à população. É um desafio que exige vontade política, propostas da, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser bem fora
inventivas e capacidade de governo. do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar- e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com a parti-
tilham as responsabilidades de promover a articulação e a interação cipação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber
dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso uni- auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a
versal e igualitário às ações e serviços de saúde. possibilidade de o setor participar, complementarmente, do setor
O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado, público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que
que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distri- compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencionado somen-
to Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e compe- te nos arts. 198 e 200.
tências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza os A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com
níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais. a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui que
Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único
Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e pela Lei sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição ga-
nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão rantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde
do Sistema e das transferências intergovernamentais de recursos (segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art.
financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam as 200 e leis específicas.
políticas e ações em cada Subsistema. O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui-
A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja- ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras pode-
mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa rão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem,
participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen- também, de lei para a sua exequibilidade.
tes na União, nos Estados e Municípios. Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor
Níveis de Gestão do SUS explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe-
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da tido os incisos daquele artigo, tão somente).
política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em São objetivos do SUS: a) a identificação e divulgação dos fato-
nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por res condicionantes e determinantes da saúde; b) a formulação de
meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados. políticas de saúde destinadas a promover, nos campos econômico
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - Formu- e social, a redução de riscos de doenças e outros agravos; e c) exe-
lação da política municipal de saúde e a provisão das ações e ser- cução de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
viços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferidos integrando as ações assistenciais com as preventivas, de modo a
pelo gestor federal e/ou estadual do SUS. garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For- O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução
mulação de políticas nacionais de saúde, planejamento, normaliza- de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos.
ção, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
recursos públicos arrecadados. que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis
e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico
somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o
Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é ob-
cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que vio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da saú-
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso de. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade
seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Ministério humana.
e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar
econômica protetivas da saúde. n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu-
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais
área de atuação do Sistema Único de Saúde. clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri- o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fun-
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do dos de saúde. Esses parâmetros também servirão para circunscre-
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e ver o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito
serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o direi- do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham defini-
to e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (público do o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são ações
e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos
de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para a sua
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POLÍTICA DE SAÚDE

e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conse- A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS
lho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também disciplina- incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar [15], ativi-
ram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias). dades complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e
O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE? simples, de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra
forma de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição
De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan- da assistência social ou de outras áreas da Administração Pública
ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores voltadas para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricio-
epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais. nal deve ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos
Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie- e setores governamentais em razão de sua interface com a saúde.
dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população São atividades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como
com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem setor, não as executa. Por isso a necessidade das comissões interse-
obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas toriais previstas na Lei n. 8.080/90.
causas. A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da
Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério
visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (políticas da Saúde: a) política nacional de saúde; b) coordenação e fiscali-
de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela, zação do Sistema Único de Saúde; c) saúde ambiental e ações de
saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva,
e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas. inclusive a dos trabalhadores e dos índios; d) informações em saú-
Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de- de; e) insumos críticos para a saúde; f) ação preventiva em geral,
vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não vigilância e controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos,
porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência fluviais e aéreos; g) vigilância em saúde, especialmente quanto às
Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a- drogas, medicamentos e alimentos; h) pesquisa científica e tecnoló-
limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que gica na área da saúde. Ao Ministério da Saúde compete a vigilância
devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao sobre alimentos (registro, fiscalização, controle de qualidade) e não
qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca- a prestação de serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de
rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca- baixa renda.
rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação
pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde. a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá-
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90, rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do
em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam
da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito
vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que da assistência social [16] ou de outro setor da Administração Pú-
venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia- blica e com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, mais confundir assistência social com saúde. A alimentação interes-
DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde. sa à saúde, mas não está em seu âmbito de atuação.
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe-
o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. 3087- leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
6/600-RJ, aqui mencionado. nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, de- da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comissões
terminando que suas atividades correrão à conta do orçamento do intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas
Fundo Estadual da Saúde [13], vinculado à Secretaria de Estado da de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não com-
Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar preendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13,
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a
da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com “alimentação e nutrição”.
pedido de cautelar. O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta- cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores
ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen- que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos
tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
necessidade básica de alimentar-se. considerados como competência dos órgãos e entidades que com-
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis- põe o Sistema Único de Saúde.
tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si.
A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda
e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio- Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
8.080/90 [14]. art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser
organizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimen-

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to integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente,
devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que
não podem ser prejudicadas. a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti-
A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover-
e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como “o namentais.
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II,
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra-
os níveis de complexidade do sistema”. lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira
A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo
sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano
a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja-
as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser-
do sistema. viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades
Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se de recursos [20], além da necessária observação do que ficou de-
completa num único nível de complexidade técnica do sistema, cidido nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais,
necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de que não contrariem a lei.
serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida- Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon-
dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus
a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente
individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob
patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe- seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar
los entes federativos, responsáveis pela saúde da população. consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados
A integralidade da assistência é interdependente; ela não se em instrumentos jurídicos competentes [21].
completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui-
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações e
traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua indivi-
da assistência dualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e emer-
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe- gência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as demais
deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Fale-
assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de mos dela no tópico seguinte.
saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde.
Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:
saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual SAÚDE
deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas
na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts.
7º VII e 37) [18]. O plano de saúde deve ser a referência para a de- SEÇÃO II
marcação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas DA SAÚDE
dos entes políticos.
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretrizes Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergover- do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
namentais trilaterais [19], principalmente no que se refere à divisão risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-
de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saú-
a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju- de, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa
regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. física ou jurídica de direito privado.
7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto organizado de acordo com as seguintes diretrizes: (Vide ADPF
à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na 672)
maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal- I - descentralização, com direção única em cada esfera de go-
te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses verno;
da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes II - atendimento integral, com prioridade para as atividades
governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre- preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar III - participação da comunidade.
e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos.

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§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos estabelecer, além de outros consectários e vantagens, incentivos,
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o trabalho
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de desses profissionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela 120, de 2022)
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento dos
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apli- agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às ende-
carão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mias serão consignados no orçamento geral da União com dotação
mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) de 2022)
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo § 9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por agentes de combate às endemias não será inferior a 2 (dois) salários
cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados e ao
2015) Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da 2022)
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos § 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de comba-
de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzi- te às endemias terão também, em razão dos riscos inerentes às fun-
das as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; ções desempenhadas, aposentadoria especial e, somado aos seus
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) vencimentos, adicional de insalubridade. (Incluído pela Emenda
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da Constitucional nº 120, de 2022)
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos § 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Esta-
de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. (Inclu- dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para pagamento do ven-
ído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) cimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes comunitários
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada de saúde e dos agentes de combate às endemias não serão objeto
cinco anos, estabelecerá: (Incluído pela Emenda Constitucional de inclusão no cálculo para fins do limite de despesa com pessoal.
nº 29, de 2000) Regulamento (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; § 12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais nacionais
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfer-
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à magem e a parteira, a serem observados por pessoas jurídicas de
saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, direito público e de direito privado. (Incluído pela Emenda Consti-
e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivan- tucional nº 124, de 2022)
do a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído § 13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) até o final do exercício financeiro em que for publicada a lei de que
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe- trata o § 12 deste artigo, adequarão a remuneração dos cargos ou
sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; dos respectivos planos de carreiras, quando houver, de modo a
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) atender aos pisos estabelecidos para cada categoria profissional.
IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucio- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022)
nal nº 86, de 2015) § 14. Compete à União, nos termos da lei, prestar assistência
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às nicípios e às entidades filantrópicas, bem como aos prestadores de
endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% (sessenta
natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específi- por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, para o
cos para sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste artigo.
51, de 2006) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, de 2022)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial § 15. Os recursos federais destinados aos pagamentos da assis-
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a tência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e aos Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos presta-
agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos dores de serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60%
da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao (sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde,
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste
piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, artigo serão consignados no orçamento geral da União com dotação
de 2010) Regulamento própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127,
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º de 2022)
do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de § 1º As instituições privadas poderão participar de forma com-
combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum- plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste,
primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer- mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferên-
cício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) cia as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios
agentes de combate às endemias fica sob responsabilidade da ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
União, e cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas No tocante à Seguridade Social, segue um processo mnemôni-
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos co para ser utilizado como técnica de auxílio no processo de me-
casos previstos em lei. morização:
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili-
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins Seguridade Social
de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces-
samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado P Previdência Social
todo tipo de comercialização. A Assistência Social
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras
atribuições, nos termos da lei: S Saúde
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias
de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen- CAPÍTULO II
tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros in- DA SEGURIDADE SOCIAL
sumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, SEÇÃO I
bem como as de saúde do trabalhador; DISPOSIÇÕES GERAIS
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte-
ações de saneamento básico; grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emen- e à assistência social.
da Constitucional nº 85, de 2015) Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo I - universalidade da cobertura e do atendimento;
humano; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po-
VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans- pulações urbanas e rurais;
porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios
tóxicos e radioativos; e serviços;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen- IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
dido o do trabalho. V - equidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as des-
pesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: TÍTULO VIII – DA ORDEM SO- preservado o caráter contributivo da previdência social; (Redação
CIAL, CAP. II – DA SEGURIDADE SOCIAL. dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VII - caráter democrático e descentralizado da administração,
O Título VIII da Constituição cuida da Ordem Social, elencada mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado-
em seus artigos 193 a 232. res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.
→ Chamamos a atenção para o fato de que referente ao assun- Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie-
to supracitado, os concursos públicos cobram do candidato a litera- dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur-
lidade do texto legal, portanto, é importante conhecer bem todos os sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
artigos deste capítulo em sua integralidade! Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
CF, TÍTULO VIII na forma da lei, incidentes sobre:
DA ORDEM SOCIAL a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste servi-
CAPÍTULO I ço, mesmo sem vínculo empregatício;
DISPOSIÇÃO GERAL b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so-
e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. cial, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de planejamento valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre
das políticas sociais, assegurada, na forma da lei, a participação da aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdên-
sociedade nos processos de formulação, de monitoramento, de con- cia Social; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
trole e de avaliação dessas políticas. (Incluído pela Emenda Consti- 2019)
tucional nº 108, de 2020) III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
a lei a ele equiparar.

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POLÍTICA DE SAÚDE

§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos ORGANIZAÇÃO E AÇÕES DA ATENÇÃO BÁSICA NO SISTE-
orçamentos, não integrando o orçamento da União. MA ÚNICO DE SAÚDE.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será
elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela
saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017
metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,
assegurada a cada área a gestão de seus recursos. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no
social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios. O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Cons-
a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o tituição, e
disposto no art. 154, I. Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, que dis-
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá põe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação
ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon-
custeio total. dentes, e dá outras providências, considerando:
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão Considerando a experiência acumulada do Controle Social da
ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saú-
lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o de no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Es-
disposto no art. 150, III, «b». taduais e Municipais referentes às propostas de composição, orga-
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social nização e funcionamento, conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142,
as entidades beneficentes de assistência social que atendam às de 28 de dezembro de 1990;
exigências estabelecidas em lei. Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006,
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple-
pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam mentares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde;
suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de novembro
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a de 2011, que atualiza a Política Nacional de Alimentação e Nutrição;
aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de janeiro
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no
artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da Considerando as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal;
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, que
também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no 8.745, de 9 de
apenas no caso das alíneas «b» e «c» do inciso I do caput. (Redação dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de julho de 1981;
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de 2011, que
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor
o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planeja-
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os mento da saúde, a assistência à saúde, e a articulação interfede-
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. rativa;
Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência de recur-
superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, sos federais para as ações e serviços de saúde, na forma de blocos
a remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a de financiamento, com respectivo monitoramento e controle;
alínea «a» do inciso I e o inciso II do caput. (Redação dada pela Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, que
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) aprova a Política de Promoção da Saúde;
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010,
quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Aten- ção à
caput, serão não-cumulativas. Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
§ 13. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de 2017
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de Consulta Pública sobre a proposta de revisão da Política Nacional de
contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência Atenção Básica (PNAB). agosto de 2017; e
cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima Considerando a pactuação na Reunião da Comissão Intergesto-
mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento res Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve:
de contribuições. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

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POLÍTICA DE SAÚDE

Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de Atenção Bási- da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho que
ca - PNAB, com vistas à revisão da regulamentação de implantação considerem os determinantes, os riscos e danos à saúde, na pers-
e operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde pectiva da intra e intersetorialidade.
- SUS, estabelecendo-se as diretrizes para a organização do compo- Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações
nente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - RAS. e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com
Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica consi- esta portaria serão denominados Unidade Básica de Saúde - UBS.
dera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde - Parágrafo único. Todas as UBS são consideradas potenciais espaços
APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em
a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste do- serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS.
cumento.
Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde indi- CAPÍTULO I
viduais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, DAS RESPONSABILIDADES
proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos,
cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas de go-
práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com verno:
equipe multiprofissional e dirigida à população em território defini- I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de
do, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária. gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas nesta por-
§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro taria;
de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família
das ações e serviços disponibilizados na rede. - ESF como estratégia prioritária de expansão, consolidação e quali-
§ 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratui- ficação da Atenção Básica;
tamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e III - garantir a infraestrutura adequada e com boas condições
demandas do território, considerando os determinantes e condicio- para o funcionamento das UBS, garantindo espaço, mobiliário e
nantes de saúde. equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com deficiência,
§ 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, de acordo com as normas vigentes;
raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identida- IV - contribuir com o financiamento tripartite para fortaleci-
de de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolari- mento da Atenção Básica;
dade, limitação física, intelectual, funcional e outras. V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e orde-
§ 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão adotadas nado às ações e serviços de saúde do SUS, além de outras atribui-
estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de ções que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores;
modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, Estaduais e
estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na auto- Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e metas para a organi-
nomia e na situação de saúde. zação da Atenção Básica;
Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem ope- VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organiza-
racionalizados na Atenção Básica: cionais de qualificação da força de trabalho para gestão e atenção
I - Princípios: à saúde, estimular e viabilizar a formação, educação permanente e
a) Universalidade; continuada dos profissionais, garantir direitos trabalhistas e previ-
b) Equidade; e denciários, qualificar os vínculos de trabalho e implantar carreiras
c) Integralidade. que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação
II - Diretrizes: dos serviços ofertados às pessoas;
a) Regionalização e Hierarquização: VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissio-
b) Territorialização; nais de saúde para a Atenção Básica com vistas a promover ofertas
c) População Adscrita; de cuidado e o vínculo;
d) Cuidado centrado na pessoa; IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas de In-
e) Resolutividade; formação da Atenção Básica vigentes, garantindo mecanismos que
f) Longitudinalidade do cuidado; assegurem o uso qualificado dessas ferramentas nas UBS, de acor-
g) Coordenação do cuidado; do com suas responsabilidades;
h) Ordenação da rede; e X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para transporte em
i) Participação da comunidade. saúde, compreendendo as equipes, pessoas para realização de pro-
Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritá- cedimentos eletivos, exames, dentre outros, buscando assegurar a
ria para expansão e consolidação da Atenção Básica. resolutividade e a integralidade do cuidado na RAS, conforme ne-
Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de cessidade do território e planejamento de saúde;
Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da Atenção
previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser Básica nos territórios;
estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família. XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, regu-
Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Bá- lação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados
sica é condição essencial para o alcance de resultados que atendam pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de planeja-
às necessidades de saúde da população, na ótica da integralidade mento e programação;

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados pelas Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Distrito
equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização dos Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Aten-
dados para o planejamento das ações; ção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com
XIV - promover o intercâmbio de experiências entre gestores as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsa-
e entre trabalhadores, por meio de cooperação horizontal, e esti- bilidades dos Estados e do Distrito Federal:
mular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Colegia-
aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos do de Gestão no Distrito Federal, estratégias, diretrizes e normas
voltados à Atenção Básica; para a implantação e implementação da Política Nacional de Aten-
XV - estimular a participação popular e o controle social; ção Básica vigente nos Estados e Distrito Federal;
XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados para a for- II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento
mação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a formação tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, pre-
em serviço e para a educação permanente e continuada nas Unida- vendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e
des Básicas de Saúde; investimento das ações e serviços;
XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Aten-
uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e aces- ção Básica nos municípios;
so a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME, IV - analisar os dados de interesse estadual gerados pelos sis-
os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação es- temas de informação, utilizá-los no planejamento e divulgar os re-
pecífica complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito sultados obtidos;
federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integra- V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos sis-
lidade do cuidado; temas de informação enviados pelos municípios, de acordo com
XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo de prazos e fluxos estabelecidos para cada sistema, retornando infor-
ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis mações aos gestores municipais;
com as necessidades de saúde de cada localidade; VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores da
XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto avaliação para Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito fundamental de
as equipes que atuam na Atenção Básica, a fim de fomentar as prá- acesso à informação;
ticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de
XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de Educa- implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e
ção Permanente e gestão da rede assistencial. de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de VIII - definir estratégias de articulação com as gestões munici-
Atenção Básica no âmbito da União, sendo responsabilidades da pais, com vistas à institucionalização do monitoramento e avaliação
União: da Atenção Básica;
I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na Co- IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e peda-
missão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Política Nacio- gógicos que facilitem o processo de formação e educação perma-
nal de Atenção Básica; nente dos membros das equipes de gestão e de atenção;
II - garantir fontes de recursos federais para compor o financia- X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria com
mento da Atenção Básica; as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e garantia de
III - destinar recurso federal para compor o financiamento tri- educação permanente aos profissionais de saúde das equipes que
partite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e automático, atuam na Atenção Básica; e
prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para cus- XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de serviços
teio e investimento das ações e serviços; como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica.
IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, do Distri- Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coorde-
to Federal e dos municípios no processo de qualificação e de conso- nação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de
lidação da Atenção Básica; seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e priori-
V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação junto dades estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios e do
às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas à instituciona- Distrito Federal:
lização da avaliação e qualificação da Atenção Básica; I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Aten-
VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e dis- ção Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as
ponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União;
processo de gestão, formação e educação permanente dos gestores II - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
e profissionais da Atenção Básica; territorial de acordo com as necessidades de saúde identificadas
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias de em sua população, utilizando instrumento de programação nacio-
indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e pós- nal vigente;
graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais e III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de
gestores com perfil adequado à Atenção Básica; e cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com as Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes
Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito Federal, configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logís-
para formação e garantia de educação permanente e continuada tico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado.
para os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com as
necessidades locais.

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POLÍTICA DE SAÚDE

IV -estabelecer e adotar mecanismos de encaminhamento res- ANEXO


ponsável pelas equipes que atuam na Atenção Básica de acordo POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA
com as necessidades de saúde das pessoas, mantendo a vinculação OPERACIONALIZAÇÃO
e coordenação do cuidado;
V - manter atualizado mensalmente o cadastro de equipes, pro- CAPÍTULO I
fissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
outros no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde vigente, conforme regulamentação específica; A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da
VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos his-
atue como a porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS; toricamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema
VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, tra-
para a participação da comunidade no exercício do controle social; balhadores e gestores das três esferas de governo. Esta Portaria,
VIII - destinar recursos municipais para compor o financiamen- conforme normatização vigente no SUS, que define a organização
to tripartite da Atenção Básica; em Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuida-
IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Secreta- do integral e direcionado às necessidades de saúde da população,
ria Estadual de Saúde pelo monitoramento da utilização dos recur- destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta
sos da Atenção Básica transferidos aos município; de entrada preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e
X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de servi- contra fluxos de pessoas , produtos e informações em todos os pon-
ços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica; tos de atenção à saúde.
XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no processo Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Famí-
de implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção Bási- lia sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Aten-
ca e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família; ção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização
XII - definir estratégias de institucionalização da avaliação da da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios
Atenção Básica; e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo
XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover aces- progressivo e singular que considera e inclui as especificidades loco
so aos trabalhadores, para formação e garantia de educação perma- regionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de
nente e continuada aos profissionais de saúde de todas as equipes populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são de
que atuam na Atenção Básica implantadas; responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território, em
XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que consonância com a política de promoção da equidade em saúde.
compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em con- A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e
formidade com a legislação vigente; inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incor-
XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos sufi- porar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo
cientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a execução contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e dissemina-
do conjunto de ações propostas; ção de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa
XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial neces- o planejamento e a implementação de ações públicas para a pro-
sário ao cuidado resolutivo da população; teção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos,
XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a consistência agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde.
dos dados inseridos nos sistemas nacionais de informação a serem Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas,
enviados às outras esferas de gestão, utilizá-los no planejamento nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência
das ações e divulgar os resultados obtidos, a fim de assegurar o di- e a promoção da saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de
reito fundamental de acesso à informação; que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que
XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das re- a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades pas-
ferências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção sa por diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados
Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e na Atenção Básica.
IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos
os profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção 1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA
Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sis- Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de servi-
tema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e ços ofertados na Atenção Básica serão orientadores para a sua orga-
a modalidade de atenção. nização nos municípios, conforme descritos a seguir:
Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de Atenção Bá-
sica está detalhada no Anexo a esta Portaria. 1.1 - Princípios
Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de ou- I - Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a
tubro de 2011. serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. a porta de entrada aberta e preferencial da RAS (primeiro contato),
acolhendo as pessoas e promovendo a vinculação e corresponsabi-
RICARDO BARROS lização pela atenção às suas necessidades de saúde. O estabeleci-
mento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço
de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na
Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e te e plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade
sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas são elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determi-
para suas demandas e necessidades. nantes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado.
II - Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças V - Resolutividade: reforça a importância da Atenção Básica ser
nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuida-
das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas dife- do individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de
renciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando proibida construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente
qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, naciona- efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus
lidade, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de
saúde, condição socioeconômica, escolaridade ou limitação física, resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população,
intelectual, funcional, entre outras, com estratégias que permitam coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quan-
minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que pos- do necessário.
sam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade
impacte na autonomia e na situação de saúde. da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabili-
III - Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela zação entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo
equipe de saúde que atendam às necessidades da população ads- permanente e consistente, acompanhando os efeitos das interven-
crita nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, ções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas , evi-
da prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redu- tando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia
ção de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização que são decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da
pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o re- falta de coordenação do cuidado.
conhecimento adequado das necessidades biológicas, psicológicas, VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar
ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das diversas o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando
tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da como o centro de comunicação entre os diversos pontos de aten-
ampliação da autonomia das pessoas e coletividade. ção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer
destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e inte-
1.2 - Diretrizes grada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da aten-
I - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de atenção da ção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de
RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de comunicação entre saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais.
esses. Considera-se regiões de saúde como um recorte espacial es- VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde
tratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes da população sob sua responsabilidade, organizando as necessi-
de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierar- dades desta população em relação aos outros pontos de atenção
quização como forma de organização de pontos de atenção da RAS à saúde, contribuindo para que o planejamento das ações, assim
entre si, com fluxos e referências estabelecidos. como, a programação dos serviços de saúde, parta das necessida-
II - Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o plane- des de saúde das pessoas.
jamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de IX - Participação da comunidade: estimular a participação das
ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específi- pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção
co, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar
da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele es- sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde
paço e estão, portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria, e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o
considerasse Território a unidade geográfica única, de construção enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, atra-
descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destina- vés de articulação e integração das ações intersetoriais na organi-
das à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da zação e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais
saúde. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saú- centradas nas pessoas e no exercício do controle social.
de pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assisten-
cial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada 2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, define
forma que atendam a necessidade da população adscrita e ou as a organização na RAS, como estratégia para um cuidado integral e
populações específicas. direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS cons-
III - População Adscrita: população que está presente no terri- tituem-se em arranjos organizativos formados por ações e serviços
tório da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões as-
de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, ga- sistenciais, articulados de forma complementar e com base terri-
rantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade torial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado. Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e principal
IV - Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvi- porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar
mento de ações de cuidado de forma singularizada, que auxilie as que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e
pessoas a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competên- atendendo as necessidades de saúde das pessoas do seu território.
cias e a confiança necessária para gerir e tomar decisões embasa- O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta
das sobre sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e orde-
efetiva. O cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas nado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada
necessidades e potencialidades na busca de uma vida independen- do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”.
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POLÍTICA DE SAÚDE

Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é preciso reco- 3.1 Infraestrutura e ambiência
nhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabi- A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quanti-
lidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à tativo de população adscrita e suas especificidades, bem como aos
saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde processos de trabalho das equipes e à atenção à saúde dos usuá-
parta das necessidades das pessoas, com isso fortalecendo o plane- rios. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar em consi-
jamento ascendente. deração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos
A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada pre- de equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a
ferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão do cui- serem realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos
dado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de atenção, e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalha-
servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação dores de saúde de nível médio e superior, para a formação em ser-
da integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica viço e para a educação permanente na UBS.
tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitá-
incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas rias e tendo como referência as normativas de infraestrutura vigen-
e terapêuticas), além da articulação da Atenção Básica com outros tes, bem como possuir identificação segundo os padrões visuais da
pontos da RAS. Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema
Os estados, municípios e o distrito federal, devem articular de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de
ações intersetoriais, assim como a organização da RAS, com ênfase acordo com as normas em vigor para tal.
nas necessidades locorregionais, promovendo a integração das re- As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de
ferências de seu território. populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas
Recomenda-se a articulação e implementação de processos pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, bem como nos
que aumentem a capacidade clínica das equipes, que fortaleçam instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura física dos
práticas de microrregulação nas Unidades Básicas de Saúde, tais pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sa-
como gestão de filas próprias da UBS e dos exames e consultas des- nitária.
centralizados/programados para cada UBS, que propiciem a comu- A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetô-
nicação entre UBS, centrais de regulação e serviços especializados, nico), entendido como lugar social, profissional e de relações inter-
com pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial e/ pessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e huma-
ou a distância, entre outros. na para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho
Um dos destaques que merecem ser feitos é a consideração e dos profissionais de saúde.
a incorporação, no processo de referenciamento, das ferramentas Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componen-
de telessaúde articulado às decisões clínicas e aos processos de re- tes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço, re-
gulação do acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento comenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar
servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuida- ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pes-
do, pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes soa), identificação dos serviços existentes, escala dos profissionais,
quanto se constituem como referência que modula a avaliação das horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmi-
solicitações pelos médicos reguladores. co e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência
Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do cuidado clí- em conformidade com as normativas vigentes.
nico e da resolutividade na Atenção Básica, evitando a exposição
das pessoas a consultas e/ou procedimentos desnecessários. Além Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas,
disso, com a organização do acesso, induz-se ao uso racional dos para a realização da prática profissional na Atenção Básica, é neces-
recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários e traz sário disponibilizar equipamentos adequados, recursos humanos
maior eficiência e equidade à gestão das listas de espera. capacitados, e materiais e insumos suficientes à atenção à saúde
A gestão municipal deve articular e criar condições para que a prestada nos municípios e Distrito Federal.
referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realiza-
dos preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua respon- 3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde
sabilidade: São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âm-
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção bito da Atenção Básica:
da RAS; a) Unidade Básica de Saúde
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de Recomenda-se os seguintes ambientes:
atenção; e Consultório médico e de enfermagem, consultório com sani-
c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das tário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência
pessoas do território. farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala
de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de este-
3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA rilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os
ATENÇÃO BÁSICA profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissio-
Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que objetiva nais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com
adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos humanos das equipo odontológico completo;
UBS às necessidades de saúde da população de cada território a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala mul-
tiprofissional de acolhimento à demanda espontânea , sala de ad-
ministração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre
outros ambientes conforme a necessidade.
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

b) Unidade Básica de Saúde Fluvial Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro popula-
Recomenda-se os seguintes ambientes: cional de responsabilidade da equipe de acordo com especificida-
a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para des territoriais, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária res-
assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de proce- peitando critérios de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir
dimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal, um número inferior de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB)
será necessário consultório odontológico com equipo odontológico e equipe de Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na
completo; qualidade da Atenção Básica.
b. área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atin-
os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente gir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do
para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessi- cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que
dade. permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem
ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessi-
c) Unidade Odontológica Móvel dades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio
Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a finalida- da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de
de de atenção à saúde bucal, equipado com: Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o
Compressor para uso odontológico com sistema de filtragem; cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Essa oferta
aparelho de raios-x para radiografias periapicais e interproximais; de ações e serviços na Atenção Básica devem considerar políticas e
aventais de chumbo; conjunto peças de mão contendo micro-motor programas prioritários, as diversas realidades e necessidades dos
com peça reta e contra ângulo, e alta rotação; gabinete odontológi- territórios e das pessoas, em parceria com o controle social.
co; cadeira odontológica, equipo odontológico e refletor odontoló- As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir padrões
gico; unidade auxiliar odontológica; mocho odontológico; autocla- essenciais e ampliados:
ve; amalgamador; fotopolimerizador; e refrigerador. Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos relaciona-
3.3 - Funcionamento dos a condições básicas/essenciais de acesso e qualidade na Aten-
Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu ção Básica; e
funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais, - Padrões Ampliados -ações e procedimentos considerados es-
no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possi- tratégicos para se avançar e alcançar padrões elevados de acesso e
bilitando acesso facilitado à população. qualidade na Atenção Básica, considerando especificidades locais,
Horários alternativos de funcionamento podem ser pactuados indicadores e parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde.
através das instâncias de participação social, desde que atendam
expressamente a necessidade da população, observando, sempre A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria com o
que possível, a carga horária mínima descrita acima. controle social, pactuada nas instâncias interfederativas, com finan-
Como forma de garantir a coordenação do cuidado, ampliando ciamento regulamentado em normativa específica.
o acesso e resolutividade das equipes que atuam na Atenção Bási- Caberá a cada gestor municipal realizar análise de demanda do
ca, recomenda-se : território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade resoluti-
i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de va, adotando as medidas necessárias para ampliar o acesso, a quali-
Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro dade e resolutividade das equipes e serviços da sua UBS.
do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar dis-
Básica. ponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização,
conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras.
Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão garan-
de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comu- tir a oferta de todas as ações e procedimentos do Padrão Essencial
nitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equi- e recomenda-se que também realizarem ações e serviços do Padrão
pes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de Ampliado, considerando as necessidades e demandas de saúde das
Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de populações em cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais,
responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que bem como os equipamentos e materiais necessários, devem ser ga-
o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do rantidos igualmente para todo o país, buscando uniformidade de
território, assegurando-se a qualidade do cuidado. atuação da Atenção Básica no território nacional. Já o elenco de
ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da ações e procedimentos ampliados deve contemplar de forma mais
Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo. flexível às necessidades e demandas de saúde das populações em
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de cada localidade, sendo definido a partir de suas especificidades lo-
Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os corregionais.
profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito As unidades devem organizar o serviço de modo a otimizar os
Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros processos de trabalho, bem como o acesso aos demais níveis de
específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000. atenção da RAS.
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitan- Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, ofere-
tes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica cendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de
(eAB) seja responsável por toda população; livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. As UBS deverão
assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada das pessoas,
mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com
classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros ser- A distribuição da carga horária dos profissionais é de responsa-
viços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cui- bilidade do gestor, devendo considerar o perfil demográfico e epi-
dado estabelecidas. demiológico local para escolha da especialidade médica, estes de-
Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS: vem atuar como generalistas nas equipes de Atenção Básica (eAB).
- Identificação e horário de atendimento; Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe deve-
- Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe; rá contar também com profissionais de nível médio como técnico
- Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos ou auxiliar de enfermagem.
componentes de cada equipe da UBS; 3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode compor
- Relação de serviços disponíveis; e as equipes que atuam na atenção básica, constituída por um cirur-
- Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe. gião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou auxiliar de saúde
bucal.
3.4 - Tipos de Equipes: Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de
1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia prioritária Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar
de atenção à saúde e visa à reorganização da Atenção Básicano país, vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo
de acordo com os preceitos do SUS. É considerada como estratégia se organizar nas seguintes modalidades:
de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, por Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal
favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior po- (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e;
tencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB.
das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante re-
lação custo-efetividade. Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saú-
Composta no mínimo por médico, preferencialmente da espe- de Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou
cialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferen- equipe de Saúde da Família (eSF), devendo compartilhar a gestão e
cialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária
enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer pela mesma população e território adstrito que a equipe de Saúde
parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os pro- da Família ou Atenção Básica a qual integra.
fissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente es- Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os
pecialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir pela primei-
O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo ra vez os profissionais de saúde bucal numa equipe já implantada,
com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os
socioeconômicos, de acordo com definição local. equipamentos odontológicos, através de doação direta ou o repas-
Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulne- se de recursos necessários para adquiri-los (equipo odontológico
rabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população completo).
com número máximo de 750 pessoas por ACS.
Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga 4 - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica
horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissio- (Nasf-AB)
nais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os profissionais da Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com-
ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da posta por categorias de profissionais da saúde, complementar àse-
Família, no SCNES vigente. quipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocu-
2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade deve aten- pações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de
der aos princípios e diretrizes propostas para a AB. A gestão munici- maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico)
pal poderá compor equipes de Atenção Básica (eAB) de acordo com aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Aten-
características e necessidades do município. Como modelo priori- ção Básica (eAB).
tário é a ESF, as equipes de Atenção Básica (eAB) podem posterior- Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção
mente se organizar tal qual o modelo prioritário. Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando
As equipes deverão ser compostas minimamente por médicos de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais,
preferencialmente da especialidade medicina de família e comu- garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços
nidade, enfermeiro preferencialmente especialista em saúde da diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer
família, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem. e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma vi-
Poderão agregar outros profissionais como dentistas, auxiliares de são comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação,
saúde bucal e ou técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um.
saúde e agentes de combate à endemias.
A composição da carga horária mínima por categoria pro-fis- Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de pro-
sional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de 3 (três) blemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas e grupos
profissionais por categoria, devendo somar no mínimo 40 horas/ sociais em seus territórios, bem como a partir de dificuldades dos
semanais. profissionais de todos os tipos de equipes que atuam na Atenção
O processo de trabalho, a combinação das jornadas de trabalho Básica em suas análises e manejos. Para tanto, faz-se necessário o
dos profissionais das equipes e os horários e dias de funcionamento compartilhamento de saberes, práticas intersetoriais e de gestão do
devem ser organizados de modo que garantam amplamente aces- cuidado em rede e a realização de educação permanente e gestão
so, o vínculo entre as pessoas e profissionais, a continuidade, coor- de coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes.
denação e longitudinalidade do cuidado.
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POLÍTICA DE SAÚDE

Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas regulamenta-
com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre ções vigentes e nesta portaria e ter uma microárea sob sua respon-
acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando ne- sabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas;
cessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Aten- f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamen-
ção Básica). Devem, a partir das demandas identificadas no traba- to do processo de trabalho a partir das necessidades do território,
lho con-junto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade
Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros e de risco epidemiológico;
equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitá- g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à integralida-
rias. de do cuidado no território; e h.cadastrar, preencher e informar os
Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de dados através do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção
Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB): Básica vigente.
a. Participar do planejamento conjunto com as equipes que
atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; 3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA POPULAÇÕES ESPE-
b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do CÍFICAS
SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxi- Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da Atenção
liando no aumento da capacidade de análise e de intervenção so- Básica são responsáveis pela atenção à saúde de populações que
bre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos apresentem vulnerabilidades sociais específicas e, por consequên-
quanto sanitários; e cia, necessidades de saúde específicas, assim como pela atenção
c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compar- à saúde de qualquer outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica
tilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuti- possui responsabilidade direta sobre ações de saúde em determi-
cos, educação permanente, intervenções no território e na saúde nado território, considerando suas singularidades, o que possibilita
de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletivida- intervenções mais oportunas nessas situações específicas, com o
de, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, objetivo de ampliar o acesso à RAS e ofertar uma atenção integral
discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no à saúde.
território. Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar atenção à
saúde de populações específicas. Em algumas realidades, contudo,
Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro ainda é possível e necessário dispor, além das equipes descritas an-
de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assis- teriormente, de equipes adicionais para realizar as ações de saúde
tente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêuti- à populações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem
co; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; atuar de forma integrada para a qualificação do cuidado no terri-
Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Mé- tório. Aponta-se para um horizonte em que as equipes que atuam
dico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico na Atenção Básica possam incorporar tecnologias dessas equipes
Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, específicas, de modo que se faça uma transição para um momento
profissional com formação em arte e educação (arte educador) e em que não serão necessárias essas equipes específicas, e todas as
profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na pessoas e populações serão acompanhadas pela eSF.
área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações
graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa Específicas:
vigente.
A definição das categorias profissionais é de autonomia do ges- 3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
tor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades do 1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da Popu-
territórios. lação Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: Considerando as
especificidades locorregionais, os municípios da Amazônia Legal e
5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS): Pantaneiras podem optar entre 2 (dois) arranjos organizacionais
É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitá- para equipes Saúde da Família, além dos existentes para o restante
rios de Saúde nas UBS como uma possibilidade para a reorganiza- do país:
ção inicial da Atenção Básica com vistas à implantação gradual da a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São equipes
Estratégia de Saúde da Família ou como uma forma de agregar os que desempenham parte significativa de suas funções em UBS
agentes comunitários a outras maneiras de organização da Atenção construídas e/ou localizadas nas comunidades pertencentes à área
Básica. São itens necessários à implantação desta estratégia: adstrita e cujo acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dis-
a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no SC- persão territorial, necessitam de embarcações para atender as co-
NES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de munidades dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma
agentes comunitários de saúde; UBS, que pode estar localizada na sede do Município ou em alguma
b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de comunidade ribeirinha localizada na área adstrita.
acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemioló- A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
gicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente. por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida-
c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas sema- de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
nais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada membro especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor; enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados
no SCNES vigente, vinculados à equipe;
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POLÍTICA DE SAÚDE

da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde Para as comunidades distantes da Unidade Básica de Saúde de
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em referência, a eSFF adotará circuito de deslocamento que garanta o
saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal. atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a cada
Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as ESFR po- 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção
dem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitá- Básica.
rios de Saúde; até 12 (doze) microscopistas, nas regiões endêmicas; Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ribei-
até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) Auxiliar/ rinhas dispersas no território de abrangência, onde a UBS Fluvial
Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, acrescentar até 2 não conseguir aportar, a eSFF poderá receber incentivo financeiro
(dois) profissionais da área da saúde de nível superior à sua com- de custeio para logística, que considera a existência das seguintes
posição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previstos nas estruturas:
equipes de Nasf-AB. a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos de informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi-
enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde bucal cumpri- gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
rão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de trabalho e a atenção de forma descentralizada; e
deverão residir na área de atuação. b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas
As eSFR prestarão atendimento à população por, no mínimo, para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin-
14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente a 8 (oito) culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica.
horas diárias.
Para as comunidades distantes da UBS de referência, as eSFR 1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de saúde com
adotarão circuito de deslocamento que garanta o atendimento a to- composição variável, responsável por articular e prestar atenção in-
das as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dias, tegral à saúde de pessoas em situação de rua ou com características
para assegurar a execução das ações de Atenção Básica. Caso ne- análogas em determinado território, em unidade fixa ou móvel, po-
cessário, poderão possuir unidades de apoio, estabelecimentos que dendo ter as modalidades e respectivos regramentos descritos em
servem para atuação das eSFR e que não possuem outras equipes portaria específica.
de Saúde da Família vinculadas. São itens necessários para o funcionamento das equipes de
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ri- Consultório na Rua (eCR):
beirinhas dispersas no território de abrangência, a eSFR receberá a. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolven-
incentivo financeiro de custeio para logística, que considera a exis- do ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e
tência das seguintes estruturas: também nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do territó-
a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e rio onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi- em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada do território (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção
a atenção de forma descentralizada; e Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos serviços e ins-
b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas tituições componentes do Sistema Único de Assistência Social entre
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- outras instituições públicas e da sociedade civil;
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém
Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações devem seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas
estar devidamente informadas no Cadastro Nacional de Estabeleci- das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diur-
mento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão vinculadas. no e/ou noturno em todos os dias da semana; e
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São equipes que c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais
desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais especificadas em portaria específica.
(UBSF), responsáveis por comunidades dispersas, ribeirinhas e per- Na composição de cada eCR deve haver, preferencialmente, o
tencentes à área adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial. máximo de dois profissionais da mesma profissão de saúde, seja
A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta de nível médio ou superior. Todas as modalidades de eCR poderão
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida- agregar agentes comunitários de saúde.
de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente O agente social, quando houver, será considerado equivalente
especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de ao profissional de nível médio. Entende-se por agente social o pro-
enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte -fissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção,
da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e so-
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em cial, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e
saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal. cultura das pessoas em situação de rua.
Devem contar também, com um (01) técnico de laboratório e/ Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os seguintes
ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, na composição míni- requisitos:
ma, os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista, pre- I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema de Ca-
ferencialmente especialista em saúde da família, e um (01) Técnico dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); e
ou Auxiliar em Saúde Bucal. II - alimentação de dados no Sistema de Informação da Atenção
Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da área Básica vigente, conforme norma específica.
da saúde de nível superior à sua composição, dentre enfermeiros
ou outros profissionais previstos para os Nasf - AB

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POLÍTICA DE SAÚDE

Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua, V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan-
o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sen- do a integralidade por meio da realização de ações de promoção,
do de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica, proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos
incluindo os profissionais de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza-
Saúde da Família e equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do territó- ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e
rio onde estas pessoas estão concentradas. incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas
Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na Rua de Integrativas e Complementares;
cada município, serão tomados como base os dados dos censos po- VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando
pulacionais relacionados à população em situação de rua realizados atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi-
por órgãos oficiais e reconhecidos pelo Ministério da Saúde. ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili-
zando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci-
As regras estão publicadas em portarias específicas que disci- mento do vínculo;
plinam composição das equipes, valor do incentivo financeiro, dire- VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população
trizes de funcionamento, monitoramento e acompanhamento das adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações
equipes de consultório na rua entre outras disposições. de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos,
1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas permitindo a longitudinalidade do cuidado;
por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas,
Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabi- famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam
lidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades
privadas de liberdade. e da própria comunidade;
Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de li- IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a co-
berdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto ordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em ou-
na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva- tros pontos de atenção do sistema de saúde;
das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente
saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão,
de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação
Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e or- dos serviços de saúde;;
denadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas ati- XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir
vidades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais
a que estiver vinculada, conforme portaria específica. na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos
e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos;
4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do
As atribuições dos profissionais das equipes que atuam na encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu-
Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do Ministério lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um
da Saúde, bem como as definições de escopo de práticas, proto- processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon-
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além de outras normativas gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
técnicas estabelecidas pelos gestores federal, estadual, municipal básica;
ou do Distrito Federal. XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de
4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser-
atuam na Atenção Básica: viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra-
- Participar do processo de territorialização e mapeamento da lidade do cuidado;
área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví- XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi-
duos expostos a riscos e vulnerabilidades; das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos;
- Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades
dados de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de infor- nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati-
mação da Atenção Básica vigente, utilizando as informações siste- va vigente;
maticamente para a análise da situação de saúde, considerando as XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no-
características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epide- tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos,
miológicas do território, priorizando as situações a serem acompa- acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor-
nhadas no planejamento local; tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento
- Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita, de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter-
prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saúde, e quando ritório;
necessário, no domicílio e demais espaços comunitários (escolas, XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur-
associações, entre outros), com atenção especial às populações que gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de
apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em me- estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi-
dida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.). nalidade pelas equipes que atuam na AB;
- Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de
saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori-
dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na
oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB;
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POLÍTICA DE SAÚDE

XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma- para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em to aos demais membros da equipe;
seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida- V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces-
des e prioridades estabelecidas; sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela
XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de rede local;
saúde controlados/compensados com algum grau de dependência VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os
Unidade Básica de Saúde; outros membros da equipe;
XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, inte- VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem
grando áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até e ACS;
mesmo outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e
vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de traba- fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e
lho cotidiano para essa integração (realização de consulta compar- IX - Exercer outras atribuições conforme legislação profissional,
tilhada reservada aos profissionais de nível superior, construção e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação.
de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras
estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da 4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem:
população); I - Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro-
XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS
e discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan- espaços comunitários (escolas, associações, entre outros);
do a readequação constante do processo de trabalho; II - Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos,
XXII. Articular e participar das atividades de educação perma- administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para
nente e educação continuada; exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou-
XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads- tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área
trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens de atuação e regulamentação; e
adequadas às necessidades deste público; III - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
XXIV.Participar do gerenciamento dos insumos necessários na sua área de atuação.
para o adequado funcionamento da UBS;
XIV. Promover a mobilização e a participação da comunidade, 4.2.1 - Médico:
estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais, I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res-
profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social na ponsabilidade;
gestão da Unidade Básica de Saúde; II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi-
XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que pos- cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
sam potencializar ações intersetoriais; no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso-
XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes
Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do Programa Bolsa clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es-
Família (PBF), e/ou outros pro-gramas sociais equivalentes, as con- tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito
dicionalidades de saúde das famílias beneficiárias;e Federal), observadas as disposições legais da profissão;
XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
prioridades locais, definidas pelo gestor local. para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
to aos demais membros da equipe;
4.2. São atribuições específicas dos profissionais das equipes IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
que atuam na Atenção Básica: de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa-
bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;
4.2.1 - Enfermeiro: V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
em todos os ciclos de vida; VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar na sua área de atuação.
exames complementares, prescrever medicações conforme proto-
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc- 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão; saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha-
III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua- mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a
lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe- todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em
lecidos; grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou-
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e
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POLÍTICA DE SAÚDE

em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci-
bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor rurgião Dentista;
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e
disposições legais da profissão; esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi- do ambiente de trabalho;
demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
no território; antes e após atos cirúrgicos;
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci- manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases XVII - Processar filme radiográfico;
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses XVIII - Selecionar moldeiras;
dentárias (elementar, total e parcial removível); XIX - Preparar modelos em gesso;
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro- XX - Manipular materiais de uso odontológico.
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais; XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes na sua área de atuação.
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar; 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi-
liar em saúde bucal (ASB); I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e protocolos de atenção à saúde;
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es-
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida- terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, ambiente de trabalho;
junto aos demais membros da equipe; e III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade clínicas,
na sua área de atuação. IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
bucal;
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos ciplinar;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
e legais; lógicos;
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- VII - Processar filme radiográfico;
tos odontológicos; VIII - Selecionar moldeiras;
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à IX - Preparar modelos em gesso;
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi- X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; tenção e conservação dos equipamentos;
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre- XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
venção e promoção da saúde bucal; miológicos, exceto na categoria de examinador; e
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú- XII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à na sua área de atuação.
saúde;
VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
saúde e na prevenção das doenças bucais;
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
miológicos, exceto na categoria de examinador; objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro-
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
bucal; fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi-
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc- pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A
nica definida pelo cirurgião-dentista; inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi- necessidade do território e cobertura de AB.
vamente em consultórios ou clínicas odontológicas; Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre-
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló- ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane-
gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate- jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e
riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista; comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven- e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
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POLÍTICA DE SAÚDE

profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com-
e dentre suas atribuições estão: petências.
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta- 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com-
dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional bate a Endemias (ACE)
de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
de trabalho na UBS; Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós- de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter-
tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian- venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser
saúde, junto aos demais profissionais; integradas.
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da
das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE:
implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem a) Atribuições comuns do ACS e ACE
como para a mediação de conflitos e resolução de problemas; I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental,
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin-
envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela do para o processo de territorialização e mapeamento da área de
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco- atuação da equipe;
rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven-
relacionados à segurança; ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio- regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob- epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou-
tidos; tros profissionais da equipe quando necessário;
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
trabalho em equipe; no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi-
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida- víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
recursos; IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; transmissão de doenças infecciosas e agravos;
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co-
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde letiva;
realizada na UBS; VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- no ambiente para o controle de vetores;
veis; VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia- saúde disponíveis;
da para as vulnerabilidades existentes no território; IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos cas voltadas para a área da saúde;
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção, potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
própria UBS, ou com parceiros; cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa- XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social; gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade;
e

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POLÍTICA DE SAÚDE

b) Atribuições do ACS: bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man- disposições legais da profissão;
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac- no território;
terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio- III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em
lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa- saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci-
nhadas no planejamento local; rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade; dentárias (elementar, total e parcial removível);
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro-
das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e moção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi- à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte- saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar;
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví- VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi-
duos e grupos sociais ou coletividades; liar em saúde bucal (ASB);
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
e exames agendados; ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe;
VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida-
Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território,
que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e junto aos demais membros da equipe; e
exames solicitados; IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- na sua área de atuação.
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. 4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB):
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu- I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das
nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis- famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo
tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi- na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros),
adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o segundo programação e de acordo com suas competências técnicas
paciente para a unidade de saúde de referência. e legais;
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti- II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen-
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; tos odontológicos;
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí- III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
atuam na Atenção Básica; IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; venção e promoção da saúde bucal;
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú-
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e saúde;
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; saúde e na prevenção das doenças bucais;
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e miológicos, exceto na categoria de examinador;
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
na sua área de atuação. bucal;
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc-
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: nica definida pelo cirurgião-dentista;
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi-
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha- vamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló-
todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate-
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou- XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven-
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci-
rurgião Dentista;
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POLÍTICA DE SAÚDE

XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta-
do ambiente de trabalho; dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo
antes e após atos cirúrgicos; de trabalho na UBS;
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
XVII - Processar filme radiográfico; do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
XVIII - Selecionar moldeiras; saúde, junto aos demais profissionais;
XIX - Preparar modelos em gesso; III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
XX - Manipular materiais de uso odontológico. das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
na sua área de atuação. como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco-
para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas
e protocolos de atenção à saúde; relacionados à segurança;
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es- V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas
terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio-
ambiente de trabalho; nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob-
clínicas, tidos;
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o
bucal; trabalho em equipe;
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e
saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica, equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida-
buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis- do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses
ciplinar; recursos;
VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma-
transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto- nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo
lógicos; bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento;
VII - Processar filme radiográfico; IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins-
VIII - Selecionar moldeiras; tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do
IX - Preparar modelos em gesso; território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu- realizada na UBS;
tenção e conservação dos equipamentos; X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em
miológicos, exceto na categoria de examinador; e protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência
XII -. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes
na sua área de atuação. pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá-
veis;
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter-
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia-
objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro- da para as vulnerabilidades existentes no território;
cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi- profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
necessidade do território e cobertura de AB. própria UBS, ou com parceiros;
Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre- XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa-
ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane- ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível
comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade;
e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja e
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com-
e dentre suas atribuições estão: petências.

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POLÍTICA DE SAÚDE

4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com- terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio-
bate a Endemias (ACE) lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa-
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em nhadas no planejamento local;
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter- apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
integradas. outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
a) Atribuições comuns do ACS e ACE rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, duos e grupos sociais ou coletividades;
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin- V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
do para o processo de territorialização e mapeamento da área de e exames agendados;
atuação da equipe; VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no
ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e
território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares exames solicitados;
regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou- gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
tros profissionais da equipe quando necessário;
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu-
no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis-
da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi- tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi-
víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos
condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares; adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das paciente para a unidade de saúde de referência.
doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti-
aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
transmissão de doenças infecciosas e agravos; II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí-
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes
transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co- mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que
letiva; atuam na Atenção Básica;
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami- III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar;
nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com
comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território; material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril,
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me- com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e
didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta adminis-
no ambiente para o controle de vetores; tração da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade.
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos
saúde disponíveis; procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de-
IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas públi- tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal.
cas voltadas para a área da saúde; c) Atribuições do ACE:
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala-
potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da cológica ou coleta de reservatórios de doenças;
qualidade de vida da população, como ações e programas de edu- II - Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter-
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea-
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. indicado;
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as me-
b)Atribuições do ACS: didas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base ações de manejo integrado de vetores;
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man- IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco-
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção nhecimento geográfico de seu território; e
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da V - Executar ações de campo em projetos que visem avaliar
equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac- novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de
doenças; e
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da popu-
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo lação com residência fixa, os itinerantes (população em situação de
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, assentados, etc) ou
mesmo trabalhadores da área adstrita.
O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização é fun-
(eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e serem coordena- damental para a efetivação da Atenção Básica como contato e porta
dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma de entrada preferencial da rede de atenção, primeiro atendimento
compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas às urgências/emergências, acolhimento, organização do escopo de
localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção ações e do processo de trabalho de acordo com demandas e neces-
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se sidades da população, através de estratégias diversas (protocolos e
vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de encaminhamento
(EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi- para os outros pontos de atenção da RAS, etc). Caso o usuário aces-
gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser se a rede através de outro nível de atenção, ele deve ser referencia-
realizada por profissional com comprovada capacidade técnica, do à Atenção Básica para que siga sendo acompanhado, asseguran-
podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da do a continuidade do cuidado.
família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local. IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de
vínculo e responsabilização entre a equipe e a população do seu
5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA território de atuação, de forma a facilitar a adesão do usuário ao
A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na cuidado compartilhado com a equipe (vinculação de pessoas e/ou
rede de atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser re-
SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas. ferência para o seu cuidado).
Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural, V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as pessoas
buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da do seu território de referência, de modo universal e sem diferencia-
saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tra- ções excludentes. Acesso tem relação com a capacidade do serviço
tamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos em responder às necessidades de saúde da população (residente e
que possam comprometer sua autonomia. itinerante). Isso implica dizer que as necessidades da população de-
Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho na vem ser o principal referencial para a definição do escopo de ações
Atenção Básica se caracteriza por: e serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão orga-
I - Definição do território e Territorialização - A gestão deve de- nizados e para o todo o funcionamento da UBS, permitindo diferen-
finir o território de responsabilidade de cada equipe, e esta deve co- ciações de horário de atendimento (estendido, sábado, etc), formas
nhecer o território de atuação para programar suas ações de acordo de agendamento (por hora marcada, por telefone, e-mail, etc), e
com o perfil e as necessidades da comunidade, considerando dife- outros, para assegurar o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda-
rentes elementos para a cartografia: ambientais, históricos, demo- -se evitar barreiras de acesso como o fechamento da unidade du-
gráficos, geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc. rante o horário de almoço ou em períodos de férias, entre outros,
Importante refazer ou complementar a territorialização sempre que impedindo ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que
necessário, já que o território é vivo. Nesse processo, a Vigilância horários alternativos de funcionamento que atendam expressa-
em Saúde (sanitária, ambiental, epidemiológica e do trabalhador) mente a necessidade da população podem ser pactuados através
e a Promoção da Saúde se mostram como referenciais essenciais das instâncias de participação social e gestão local.
para a identificação da rede de causalidades e dos elementos que Importante ressaltar também que para garantia do acesso é
exercem determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando necessário acolher e resolver os agravos de maior incidência no ter-
na percepção dos problemas de saúde da população por parte da ritório e não apenas as ações programáticas, garantindo um amplo
equipe e no planejamento das estratégias de intervenção. escopo de ofertas nas unidades, de modo a concentrar recursos e
Além dessa articulação de olhares para a compreensão do ter- maximizar ofertas.
ritório sob a responsabilidade das equipes que atuam na AB, a inte- VI - O acolhimento deve estar presente em todas as relações de
gração entre as ações de Atenção Básica e Vigilância em Saúde deve cuidado, nos encontros entre trabalhadores de saúde e usuários,
ser concreta, de modo que se recomenda a adoção de um território nos atos de receber e escutar as pessoas, suas necessidades, pro-
único para ambas as equipes, em que o Agente de Combate às En- blematizando e reconhecendo como legítimas, e realizando avalia-
demias trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde ção de risco e vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo
e os demais membros da equipe multiprofissional de AB na identifi- que quanto maior o grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá
cação das necessidades de saúde da população e no planejamento ser a quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção para
das intervenções clínicas e sanitárias. as condições crônicas.
Possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do
território, através de pactuação e negociação entre gestão e equi- Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou me-nos
pes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertu- longo ou permanente que exige resposta e ações contínuas, proati-
ra, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência. vas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de
II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes devem saúde e das pessoas usuárias para o seu controle efetivo, eficiente
assumir em seu território de referência (adstrição), considerando e com qualidade.
questões sanitárias, ambientais (desastres, controle da água, solo, Ressalta-se a importância de que o acolhimento aconteça du-
ar), epidemiológicas (surtos, epidemias, notificações, controle de rante todo o horário de funcionamento da UBS, na organização dos
agravos), culturais e socioeconômicas, contribuindo por meio de fluxos de usuários na unidade, no estabelecimento de avaliações
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POLÍTICA DE SAÚDE

de risco e vulnerabilidade, na definição de modelagens de escuta 2. agendamento de consulta ou procedimento em data futura,
(individual, coletiva, etc), na gestão das agendas de atendimento para usuário do território;
individual, nas ofertas de cuidado multidisciplinar, etc. 3. procedimento para resolução de demanda simples prevista
A saber, o acolhimento à demanda espontânea na Atenção Bá- em protocolo, como renovação de receitas para pessoas com condi-
sica pode se constituir como: ções crônicas, condições clínicas estáveis ou solicitação de exames
a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a equipe para o seguimento de linha de cuidado bem definida;
deve atender todos as pessoas que chegarem na UBS, conforme 4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, median-
sua necessidade, e não apenas determinados grupos populacionais, te contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e
ou agravos mais prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida. 5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com indi-
Dessa forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando cação específica do serviço de saúde que deve ser procurado, no
a agenda programada e a demanda espontânea, abordando as situ- município ou fora dele, nas demandas em que a classificação de
ações con-forme suas especificidades, dinâmicas e tempo. risco não exija atendimento no momento da procura do serviço.
b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se estabelece nas
relações entre as pessoas e os trabalhadores, nos modos de escuta, b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se utiliza cri-
na maneira de lidar com o não previsto, nos modos de construção térios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base
de vínculos (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético si- em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a
tuacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou facilitan- complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de di-
do o acesso sobretudo para aqueles que procuram a UBS fora das ferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir
consultas ou atividades agendadas. na Rede de Atenção à Saúde para um cuidado integral.
c. Dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em A estratificação de risco da população adscrita a determinada
equipe - a implantação do acolhimento pode provocar mudanças UBS é fundamental para que a equipe de saúde organize as ações
no modo de organização das equipes, relação entre trabalhadores que devem ser oferecidas a cada grupo ou estrato de risco/vulne-
e modo de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equi- rabilidade, levando em consideração a necessidade e adesão dos
dade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limita- usuários, bem como a racionalidade dos recursos disponíveis nos
do, nem é possível encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás serviços de saúde.
o acolhimento não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - Considerando a di-
partir do acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto versidade e complexidade das situações com as quais a Atenção Bá-
de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades sica lida, um atendimento integral requer a presença de diferentes
de saúde da população e território. Para isso é importante que a formações profissionais trabalhando com ações compartilhadas,
equipe defina quais profissionais vão receber o usuário que chega; assim como, com processo interdisciplinar centrado no usuário,
como vai avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saú-
encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais para de, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É
o cuidado; etc. possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção.
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir nos
Destacam-se como importantes ações no processo de avalia- riscos, necessidades e demandas de saúde da população, atingindo
ção de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o Acolhimento a solução de problemas de saúde dos usuários. A equipe deve ser
com Classificação de Risco (a) e a Estratificação de Risco (b). resolutiva desde o contato inicial, até demais ações e serviços da
a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta qualificada e AB de que o usuário necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo
comprometida com a avaliação do potencial de risco, agravo à saú- escopo de ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar
de e grau de sofrimento dos usuários, considerando dimensões de recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, encaminhan-
expressão (física, psíquica, social, etc) e gravidade, que possibilita do de forma qualificada o usuário que necessite de atendimento es-
priorizar os atendimentos a eventos agudos (condições agudas e pecializado. Isso inclui o uso de diferentes tecnologias e abordagens
agudizações de condições crônicas) conforme a necessidade, a par- de cuidado individual e coletivo, por meio de habilidades das equi-
tir de critérios clínicos e de vulnerabilidade disponíveis em diretri- pes de saúde para a promoção da saúde, prevenção de doenças e
zes e protocolos assistenciais definidos no SUS. agravos, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. Im-
O processo de trabalho das equipes deve estar organizado de portante promover o uso de ferramentas que apoiem e qualifiquem
modo a permitir que casos de urgência/emergência tenham priori- o cuidado realizado pelas equipes, como as ferramentas da clínica
dade no atendimento, independentemente do número de consul- ampliada, gestão da clínica e promoção da saúde, para ampliação
tas agendadas no período. Caberá à UBS prover atendimento ade- da resolutividade e abrangência da AB.
quado à situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um con-junto
em outros pontos de atenção da RAS. de tecnologias de microgestão do cuidado destinado a promover
As informações obtidas no acolhimento com classificação de uma atenção à saúde de qualidade, como protocolos e diretrizes
risco deverão ser registradas em prontuário do cidadão (físico ou clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos
preferencialmente eletrônico). singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, audi-
toria clínica, indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização
Os desfechos do acolhimento com classificação de risco pode- dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada nas pes-
rão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento imediato; soas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; se-
1. consulta ou procedimento em horário disponível no mesmo gura, que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde;
dia;

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POLÍTICA DE SAÚDE

eficiente, oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma promoção da redução de danos; promoção da mobilidade segura
a reduzir as desigualdades e que a oferta do atendimento se dê de e sustentável; promoção da cultura de paz e de direitos humanos;
forma humanizada. promoção do desenvolvimento sustentável.
VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à popu- XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e
lação adscrita, com base nas necessidades sociais e de saúde, atra- agravos em todos os níveis de acepção deste termo (primária, se-
vés do estabelecimento de ações de continuidade informacional, cundária, terciária e quartenária), que priorizem determinados per-
interpessoal e longitudinal com a população. A Atenção Básica deve fis epidemiológicos e os fatores de risco clínicos, comportamentais,
buscar a atenção integral e de qualidade, resolutiva e que contri- alimentares e/ou ambientais, bem como aqueles determinados
bua para o fortalecimento da autonomia das pessoas no cuidado à pela produção e circulação de bens, prestação de serviços de in-
saúde, estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede teresse da saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalida-
de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do cuidado, a de dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de
equipe deve ter noção sobre a ampliação da clínica, o conhecimen- doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar intervenções
to sobre a realidade local, o trabalho em equipe multiprofissional e desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular o uso racional de
transdisciplinar, e a ação intersetorial. medicamentos.
Para isso pode ser necessário realizar de ações de atenção à Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre Aten-
saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à saúde, no domi- ção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo contínuo e
cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches, sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de da-
praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada. dos sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento
IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada a usu- e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção
ários que possuam problemas de saúde controlados/compensados da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e
e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma doenças, bem como para a promoção da saúde.
Unidade Básica de Saúde, que necessitam de cuidados com menor As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições
frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para famí- de todos os profissionais da Atenção Básica e envolvem práticas e
lias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância em saúde e processos de trabalho voltados para:
realizar o cuidado compartilhado com as equipes de atenção domi- a. vigilância da situação de saúde da população, com análises
ciliar nos casos de maior complexidade. que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e
X - Programação e implementação das atividades de atenção à estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública;
saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a
a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas resposta de saúde pública;
de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e c. vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis;
resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda e
de trabalho compartilhada de todos os profissionais, e recomen- d. vigilância das violências, das doenças crônicas não transmis-
da- se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas síveis e acidentes.
de saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o acesso
dos usuários. Recomenda-se a utilização de instrumentos de plane- A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver ações inte-
jamento estratégico situacional em saúde, que seja ascendente e gradas visando à promoção da saúde e prevenção de doenças nos
envolva a participação popular (gestores, trabalhadores e usuários). territórios sob sua responsabilidade. Todos profissionais de saúde
XI - Implementação da Promoção da Saúde como um princípio deverão realizar a notificação compulsória e conduzir a investigação
para o cuidado em saúde, entendendo que, além da sua importân- dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros
cia para o olhar sobre o território e o perfil das pessoas, conside- eventos de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e
rando a determinação social dos processos saúde-doença para o normas vigentes.
planejamento das intervenções da equipe, contribui também para Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os pro-
a qualificação e diversificação das ofertas de cuidado. A partir do cessos de trabalho de acordo com a realidade local.
respeito à autonomia dos usuários, é possível estimular formas de A integração das ações de Vigilância em Saúde com Atenção
andar a vida e comportamentos com prazer que permaneçam den- Básica, pressupõe a reorganização dos processos de trabalho da
tro de certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável equipe, a integração das bases territoriais (território único), pre-
e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada pessoa. Ain- ferencialmente e rediscutir as ações e atividades dos agentes co-
da, numa acepção mais ampla, é possível estimular a transformação munitários de saúde e do agentes de combate às endemias, com
das condições de vida e saúde de indivíduos e coletivos, através de definição de papéis e responsabilidades.
estratégias transversais que estimulem a aquisição de novas atitu- A coordenação deve ser realizada por profissionais de nível su-
des entre as pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida perior das equipes que atuam na Atenção Básica.
mais saudáveis e sustentáveis. XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte das equi-
Embora seja recomendado que as ações de promoção da saú- pes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de forma que pos-
de estejam pautadas nas necessidades e demandas singulares do sam interferir no processo de saúde-doença da população, no de-
território de atuação da AB, denotando uma ampla possibilidade senvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por
de temas para atuação, destacam-se alguns de relevância geral na qualidade de vida e promoção do autocuidado pelos usuários.
população brasileira, que devem ser considerados na abordagem
da Promoção da Saúde na AB: alimentação adequada e saudável;
práticas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do ta-
baco e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool;
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POLÍTICA DE SAÚDE

XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução com Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços institucio-
escolas, equipamentos do SUAS, associações de moradores, equi- nais em que equipe e gestores refletem, aprendem e transformam
pamentos de segurança, entre outros, que tenham relevância na os processos de trabalho no dia-a-dia, de modo a potencializá-los,
comunidade, integrando projetos e redes de apoio social, voltados tais como Cooperação Horizontal, Apoio Institucional, Tele Educa-
para o desenvolvimento de uma atenção integral; ção, Formação em Saúde.
XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos modelos Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado como
de atenção e gestão, tais como, a participação coletiva nos proces- uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicio-
sos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e protagonismo nal de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação
dos diferentes sujeitos implicados na produção de saúde, autocui- em saúde. Ele deve assumir como objetivo a mudança nas organi-
dado apoiado, o compromisso com a ambiência e com as condi- zações, tomando como matéria-prima os problemas e tensões do
ções de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidários, a cotidiano Nesse sentido, pressupõe-se o esforço de transformar
identificação das necessidades sociais e organização do serviço em os modelos de gestão verticalizados em relações horizontais que
função delas, entre outras; ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos traba-
XVI - Participação do planejamento local de saúde, assim como lhadores e gestores, baseados em relações contínuas e solidárias.
do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da relação entre
e município; visando à readequação do processo de trabalho e do trabalhadores da AB no território (estágios de graduação e residên-
planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e pos- cias, projetos de pesquisa e extensão, entre outros), beneficiam AB
sibilidades analisadas. e instituições de ensino e pesquisa, trabalhadores, docentes e dis-
O planejamento ascendente das ações de saúde deverá ser centes e, acima de tudo, a população, com profissionais de saúde
elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, dos mu- mais qualificados para a atuação e com a produção de conhecimen-
nicípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, partindo-se do to na AB. Para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços
reconhecimento das realidades presentes no território que influen- e comunidade no âmbito do SUS, destaca-se a estratégia de cele-
ciam a saúde, condicionando as ofertas da Rede de Atenção Saúde bração de instrumentos contratuais entre instituições de ensino e
de acordo com a necessidade/demanda da população, com base serviço, como forma de garantir o acesso a todos os estabelecimen-
em parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação tos de saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde
epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território ads- como cenário de práticas para a formação no âmbito da graduação
crito. e da residência em saúde no SUS, bem como de estabelecer atri-
As ações em saúde planejadas e propostas pelas equipes deve- buições das partes relacionadas ao funcionamento da integração
rão considerar o elenco de oferta de ações e de serviços prestados ensino-serviço- comunidade.
na AB, os indicadores e parâmetros, pactuados no âmbito do SUS. Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equi-
As equipes que atuam na AB deverão manter atualizadas as in- pes, de forma complementar, é possível oportunizar processos for-
formações para construção dos indicadores estabelecidos pela ges- mativos com tempo definido, no intuito de desenvolver reflexões,
tão, com base nos parâmetros pactuados alimentando, de forma conhecimentos, competências, habilidades e atitudes específicas,
digital, o sistema de informação de Atenção Básica vigente; através dos processos de Educação Continuada, igualmente como
XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente na AB, estratégia para a qualificação da AB. As ofertas educacionais de-
estimulando prática assistencial segura, envolvendo os pacientes na vem, de todo modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para
segurança, criando mecanismos para evitar erros, garantir o cuida- a Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos profissio-
do centrado na pessoa, realizando planos locais de segurança do nais.
paciente, fornecendo melhoria contínua relacionando a identifica-
ção, a prevenção, a detecção e a redução de riscos. 6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO BÁSICA
XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão local O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e com
e do controle social, participando dos conselhos locais de saúde detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garan-
de sua área de abrangência, assim como, articular e incentivar a tido nos instrumentos conforme especificado no Plano Nacional,
participação dos trabalhadores e da comunidade nas reuniões dos Estadual e Municipal de gestão do SUS. No âmbito federal, o mon-
conselhos locais e municipal; e tante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de
XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, como parte Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Aten-
do processo de trabalho das equipes que atuam na Atenção Básica. ção Básica (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de inves-
Considera-se Educação Permanente em Saúde (EPS) a aprendiza- timento e seus recursos deverão ser utilizados para financiamento
gem que se desenvolve no trabalho, onde o aprender e o ensinar se das ações de Atenção Básica.
incorporam ao cotidiano das organizações e do trabalho, baseando- Os repasses dos recursos da AB aos municípios são efetuados
-se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a
as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é impor- normatização geral de transferências de recursos fundo a fundo do
tante que a EPS se desenvolva essencialmente em espaços institu- Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento
cionalizados, que sejam parte do cotidiano das equipes (reuniões, pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e
fóruns territoriais, entre outros), devendo ter espaço garantido na do Distrito Federal.
carga horária dos trabalhadores e contemplar a qualificação de to- O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deve-
dos da equipe multiprofissional, bem como os gestores. rá ser composto por:
I - Recursos per capita; que levem em consideração aspectos
sociodemográficos e epidemiológicos;

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POLÍTICA DE SAÚDE

II - Recursos que estão condicionados à implantação de estra- 4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os valores dos
tégias e programas da Atenção Básica, tais como os recursos espe- incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Ribeiri-
cíficos para os municípios que implantarem, as equipes de Saúde nhas (eSFR) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica (eAB), as equipes de base o número de equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) re-
Saúde Bucal (eSB), de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dos gistrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior
Núcleos Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), ao da respectiva competência financeira.
dos Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais (eSFF)
e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Programa Aca- O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
demia da Saúde; pes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será publicado em por-
III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de ações taria específica e poderá ser agregado um valor nos casos em que a
e serviços; equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades
IV - Recursos condicionados ao desempenho dos serviços de ribeirinhas adscritas para execução de suas atividades.
Atenção Básica com parâmetros, aplicação e comparabilidade na- 4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores dos
cional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade; incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Fluviais
V - Recursos de investimento; (eSFF) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base
o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) registrados
Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se ajustar no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
conforme a regulamentação de transferência de recursos federais pectiva competência financeira.
para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no âm- O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Uni-
bito do SUS, respeitando especificidades locais, e critério definido dades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria especí-
na LC 141/2012. fica. Assim como, os critérios mínimos para o custeio das Unidades
I - Recurso per capita: preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de
O recurso per capita será transferido mensalmente, de forma Saúde Fluviais.
regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Mu-
nicipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multipli- 4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR)
cado pela população do Município. Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Con-
A população de cada município e do Distrito Federal será a po- sultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a cada mês,
pulação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas
Ministério da Saúde. no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estraté- pectiva competência financeira.
gias e programas da Atenção Básica Os valores do repasse mensal que as equipes dos Consultórios
1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos na Rua (eCR) farão jus será definido em portaria específica.
financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão
prioritário e superior, transferidos a cada mês, tendo como base o 5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NAS-
número de equipe de Saúde da Família (eSF) registrados no sistema F-AB) O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASFAB,
de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com- dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) e será determinado em
petência financeira. portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para os
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi- NASF-AB implantados serão transferidos a cada mês, tendo como
pes de Saúde da Família será publicado em portaria específica base o número de NASF-AB cadastrados no SCNES vigente.
2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos incentivos
financeiros para as equipes de Atenção Básica (eAB) implantadas 6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equi- Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS
pe de Atenção Básica (eAB) registrados no Sistema de Cadastro Na- (EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo como base
cional de Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no
respectiva competência financeira. sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respec-
O percentual de financiamento das equipes de Atenção Básica tiva competência financeira. Será repassada uma parcela extra, no
(eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a depender da dispo- último trimestre de cada ano, cujo valor será calculado com base no
nibilidade orçamentária e demanda de credenciamento. número de Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadas-
1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos incentivos finan- tro de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano
ceiros quando as equipes de Saúde da Família (eSF) e/ou Atenção vigente.
Básica (eAB) forem compostas por profissionais de Saúde Bucal, A efetivação da transferência dos recursos financeiros descritos
serão transferidos a cada mês, o valor correspondente a modali- no item B tem por base os dados de alimentação obrigatória do
dade, tendo como base o número de equipe de Saúde Bucal (eSB) Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja
registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores dos
de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi- estados, do Distrito Federal e dos municípios, estes devem transfe-
nanceira. rir os dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo
1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de com o cronograma definido anualmente pelo SCNES.
Saúde Bucal será publicado em portaria específica.
1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais

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POLÍTICA DE SAÚDE

III - Do credenciamento b. não envio de informação (produção) por meio de Sistema de


Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de todas as Informação da Atenção Básica vigente por três meses consecutivos,
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios e Distrito conforme normativas específicas.
Federal, deve-se obedecer aos seguintes critérios:
I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento das - identificado, por meio de auditoria federal, estadual e munici-
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios/Distrito pal, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos.
Federal; Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes ao item
a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com as II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos
orientações para a elaboração da proposta de projeto, consideran- referentes às equipes e aos serviços citados acima, nos casos em
do as diretrizes da Atenção Básica; que forem constatadas, por meio do monitoramento e/ou da su-
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes que pervisão direta do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual
atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo respectivo de Saúde ou por auditoria do DENASUS ou dos órgãos de controle
Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de Saúde do Distrito Fe- competentes, qualquer uma das seguintes situações:
deral; e I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que receberão in- trabalho das equipes e/ou;
centivo de custeio fundo a fundo devem estar inseridas no plano de II - ausência, por um período superior a 60 dias, de qualquer
saúde e programação anual. um dos profissionais que compõem as equipes descritas no item B,
II - Após o recebimento da proposta do projeto de credencia- com exceção dos períodos em que a contratação de profissionais
mento das eABs, as Secretarias Estaduais de Saúde, conforme prazo esteja impedida por legislação específica, e/ou;
a ser publicado em portaria específica, deverão realizar: III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os
a. Análise e posterior encaminhamento das propostas para profissionais das equipes; e < >- ausência de alimentação regular de
aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e dados no Sistema de Informação da Atenção Básica vigente.
b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da Saúde, Especificamente para as equipes de saúde da família (eSF) e
a Resolução com o número de equipes por estratégia e modalida- equipes de Atenção Básica (eAB) com os profissionais de saúde bu-
des, que pleiteiam recebimento de incentivos financeiros da aten- cal.
ção básica. As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção
Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta de pro- Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, por falta de pro-
jeto de credenciamento das equipes que atuam na Atenção Básica fissional conforme previsto acima, poderão manter os incentivos
deverá ser diretamente encaminhada ao Departamento de Atenção financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de
Básica do Ministério da Saúde. implantação.
III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da Reso- Parágrafo único: A suspensão será mantida até a adequação
lução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto de equipes, das irregularidades identificadas.
critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; e
IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento das no- 6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos suspensos
vas equipes no Diário Oficial da União, a gestão municipal deverá Considerando a ocorrência de problemas na alimentação do
cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de Cadastro Nacional de Esta- SCNES e do sistema de informação vigente, por parte dos estados,
belecimento de Saúde , num prazo máximo de 4 (quatro) meses, a Distrito Federal e dos municípios, o Ministério da Saúde poderá efe-
contar a partir da data de publicação da referida Portaria, sob pena tuar crédito retroativo dos incentivos financeiros deste recurso va-
de descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não seja riável. A solicitação de retroativo será válida para análise desde que
cumprido. a mesma ocorra em até 6 meses após a competência financeira de
suspensão. Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o
Para recebimento dos incentivos correspondentes às equipes Distrito Federal deverão:
que atuam na Atenção Básica, efetivamente credenciadas em por- - preencher o formulário de solicitação, conforme será disponi-
taria e cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabeleci- bilizado em manual específico;- realizar as adequações necessárias
mentos de Saúde, os Municípios/Distrito Federal, deverão alimen- nos sistemas vigentes (SCNES e/ou SISAB) que justifiquem o plei-
tar os dados no sistema de informação da Atenção Básica vigente, to de retroativo; enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado,
comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das atividades. pleiteando o crédito retroativo , acompanhado do anexo referido
1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da Atenção Bá- no item I e documentação necessária a depender do motivo da sus-
sica pensão.
O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos da Parágrafo único: as orientações sobre a documentação a ser
Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Federal, quando: encaminhada na solicitação de retroativo constarão em manual es-
I - Não houver alimentação regular, por parte dos municípios e pecífico a ser publicado.
do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais de informação, As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a docu-
como: mentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao Depar-
a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de Estabele- tamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, Mi-
cimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de profissional, ausên- nistério da Saúde (DAB/SAS/MS), a solicitação de complementação
cia de profissional da equipe mínima ou erro no registro, conforme de crédito dos incentivos tratados nesta Portaria, acompanhada dos
normatização vigente; e documentos referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante
de crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser enca-
minhado diretamente ao DAB/SAS/MS.
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POLÍTICA DE SAÚDE

O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações recebidas, c) Realizar ações, atividades e estratégias de controle, quan-
verificando a adequação da documentação enviada e dos sistemas do pertinente e necessário, de animais peçonhentos, venenosos,
de informação vigentes (SCNES e/ou SISAB), bem como a pertinên- vetores, hospedeiros, reservatórios, amplificadores, portado-
cia da justificativa do gestor, para deferimento ou não da solicitação res, suspeitos ou suscetíveis às zoonoses, quando estes forem de
relevância para a saúde pública.
Animais Sinantrópicos
EPIDEMIOLOGIA, HISTÓRIA NATURAL E PREVENÇÃO DE Animais sinantrópicos são aqueles que se adaptaram a viver
DOENÇAS. junto ao homem, a despeito da vontade deste.
Diferem dos animais domésticos, os quais o homem cria e cui-
da com as finalidades de companhia (cães, gatos, pássaros, entre
Área integrante da Vigilância Epidemiológica do Sistema Úni- outros), produção de alimentos ou transporte (galinha, boi, cavalo,
co de Saúde (SUS), que desenvolve ações, atividades e estratégias porcos, entre outros).
para a vigilância e o controle das zoonoses, das doenças transmiti- Destacamos, dentre os animais sinantrópicos, aqueles que po-
das por vetores e dos agravos causados por animais peçonhentos dem transmitir doenças, causar agravos à saúde do homem ou de
e que têm como enfoque a vigilância e o controle de vetores, hos- outros animais, e que estão presentes na nossa cidade, tais como:
pedeiros, reservatórios, amplificadores, portadores, suspeitos ou •Abelha
suscetíveis às zoonoses e de animais peçonhentos. •Aranha
•Barata
Objetivos da área de vigilância de zoonoses •Carrapato
Realizar ações, atividades e estratégias de vigilância, de pre- •Escorpião
venção, de controle de zoonoses e de acidentes causados por ani- •Formiga
mais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública. •Lacraia ou centopeia
•Morcego
Unidade de Vigilância de Zoonoses – UVZ •Mosca
São estruturas físicas e técnicas, vinculadas ao Sistema Único de •Mosquito
Saúde (SUS), responsáveis pela execução de parte ou da totalidade •Pombo
das atividades, das ações e das estratégias referentes à vigilância, •Pulga
à prevenção e ao controle de zoonoses e de acidentes causados •Rato
por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde •Taturana
pública, previstas nos Planos de Saúde e Programações Anuais de •Vespa
Saúde. Podem estar organizadas de forma municipal, regional e/ou
estadual (Portaria nº 758/MS/SAS, de 26 de agosto de 2014). As Un- Os animais sinantrópicos, como todo ser vivo, necessitam de
idades de Vigilância de Zoonoses (UVZ) são responsáveis por ações três fatores para sua sobrevivência: água, alimento e abrigo.
e serviços de vigilância das populações de animais de relevância A água não é fator limitante no nosso meio, mas podemos in-
para a saúde pública, com o objetivo de identificar oportuna e pre- terferir nos outros dois fatores - alimento e abrigo - de modo que
cocemente o risco, e assim, prevenir e monitorar as zoonoses e os espécies indesejáveis não se instalem ao nosso redor.
acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos. Para tanto, é necessário conhecermos o que serve de alimento
Dos 5.571 municípios do Brasil, 277 possuem UVZ distribuídas e abrigo para cada espécie que se pretende controlar e adotarmos
em 25 Unidades Federadas (UF) (com exceção do Amapá) e nas as medidas preventivas, de forma a alcançar esse controle, man-
Capitais (com exceção de Macapá/AP), (Figura 1) e 5.294 municí- tendo os ambientes que frequentamos mais saudáveis e evitando o
pios devem ter estruturado um serviço específico, denominado uso de produtos químicos (os quais poderão eliminar não somente
área de vigilância de zoonoses, capaz de executar as atividades da espécies indesejáveis, como também espécies benéficas, além de
vigilância de zoonoses definidas na Portaria nº 1.138/GM/MS, de contaminar a água e o solo), que por si só não evitarão novas in-
23 de maio de 2014 e operacionalizadas pelo Manual de Vigilân- festações.
cia, Prevenção e Controle de Zoonoses: Normas Técnicas e Opera-
cionais. Cabe ressaltar que algumas das atividades definidas nesta Vetores e doenças: Fatos principais
portaria só podem ser executadas mediante a existência de uma - Doenças transmitidas por vetores são responsáveis por mais
estrutura física, e para tanto, a área de vigilância de zoonoses pode de 17% de todas as doenças infecciosas, causando mais de um mil-
articular parcerias e meios para a realização dessas atividades. hão de mortes anualmente.
- Mais de 2,5 bilhão de pessoas em mais de 100 países estão
Objetivos Específicos das Unidades de Vigilância de Zoonoses em risco de contrair dengue.
a) Realizar ações, atividades e estratégias de vigilância, de for- - A malária causa mais de 600 mil mortes por ano em todo o
ma contínua e sistemática, de populações de animais potencial- mundo, a maioria delas em crianças menores de cinco anos.
mente ou sabidamente de relevância para a saúde pública. - Outras doenças como a doença de Chagas, leishmaniose e
b) Realizar ações, atividades e estratégias de prevenção, de esquistossomose afeta centenas de milhões de pessoas no mundo.
forma sistemática, de zoonoses e de acidentes causados por ani- - Muitas dessas doenças são evitáveis através de medidas de
mais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública. proteção informadas.

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POLÍTICA DE SAÚDE

Principais vetores e doenças que transmitem transmitidas por vetores mundialmente, como malária, dengue, es-
Os vetores são organismos que podem transmitir doenças in- quistossomose, tripanossomíase africana, leishmaniose, doença de
fecciosas entre os seres humanos ou de animais para humanos. Chagas, febre amarela, encefalite japonesa e oncocercose.
Muitos destes vetores são insetos hematófagos, que ingerem mi- As doenças transmitidas por vetores são responsáveis ​​por mais
cro-organismos produtores de doença durante uma refeição de de 17% de todas as doenças infecciosas.
sangue de um hospedeiro infectado (humano ou animal) e, poste- A distribuição destas doenças é determinada por um complexo
riormente, o injeta em um novo hospedeiro durante a sua subse- dinâmico de fatores ambientais e sociais.
quente refeição de sangue. A globalização das viagens e do comércio, a urbanização não pla-
Os mosquitos são os vetores de doença mais conhecidos. Ou- nejada e os desafios ambientais como as alterações climáticas estão
tros vetores incluem carrapatos, moscas, flebotomíneos, pulgas, tendo um impacto significativo sobre a transmissão das doenças nos
triatomíneos e alguns caracóis aquáticos de água doce. últimos anos. Algumas doenças, como a dengue, chikungunya e o Vírus
do Nilo Ocidental estão surgindo nos países onde eram desconhecidos.
Mosquitos Mudanças nas práticas agrícolas devido à variação de tempe-
- Aedes ratura e precipitação podem afetar a transmissão de doenças por
Chikungunya vetores. Dados climáticos podem ser usados ​​para monitorar e pre-
Dengue ver a distribuição e tendências de longo prazo da malária e outras
Febre do Vale do Rift doenças sensíveis ao clima.
Febre amarela Um elemento crucial em doenças transmitidas por vetores é
Zika a mudança comportamental. A OMS trabalha com parceiros para
fornecer educação e melhorar a sensibilização para que as pessoas
- Anopheles saibam como se proteger e proteger suas comunidades de mosqui-
Malária tos, carrapatos, insetos, moscas e outros vetores.
Para muitas doenças tais como a doença de Chagas, malária,
- Culex esquistossomose e leishmaniose, a OMS iniciou programas de con-
Encefalite japonesa trole usando medicamentos doados ou subsidiados.
Filaríase linfática O acesso à água e ao saneamento é um fator muito importante
Febre do Nilo Ocidental no controle e eliminação da doença. A OMS trabalha em conjunto
com diferentes setores de governo para controlar essas doenças
- Flebotomíneos
Leishmaniose A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocorrên-
Febre de Flebotomíneo cia de doenças em populações humanas e os fatores determinantes
destes padrões (Lilienfeld, 1980). Enquanto a clínica aborda a doença
- Carrapatos em nível individual, a epidemiologia aborda o processo saúde-
Febre hemorrágica da Crimeia Congo doença em grupos de pessoas que podem variar de pequenos gru-
Doença de Lyme pos até populações inteiras. O fato de a epidemiologia, por muitas
Febre recorrente (borreliose) vezes, estudar morbidade, mortalidade ou agravos à saúde, deve-se,
Febre escaronodular simplesmente, às limitações metodológicas da definição de saúde.
Encefalite transmitida por carrapatos
Tularêmia Usos da Epidemiologia
Por algum tempo prevaleceu a ideia de que a epidemiologia
- Triatomíneos restringia-se ao estudo de epidemias de doenças transmissíveis.
Doença de Chagas (tripanossomíase americana) Hoje, é reconhecido que a epidemiologia trata de qualquer evento
relacionado à saúde (ou doença) da população.
- Moscas Tsé-Tsé Suas aplicações variam desde a descrição das condições de
Doença do sono (tripanossomíase africana) saúde da população, da investigação dos fatores determinantes de
doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação
- Pulgas de saúde até a avaliação da utilização dos serviços de saúde, in-
Peste (transmitida por pulgas de ratos para os seres humanos) cluindo custos de assistência.
Rickettsioses Dessa forma, a epidemiologia contribui para o melhor entendi-
mento da saúde da população - partindo do conhecimento dos fa-
- Moscas pretas tores que a determinam e provendo, consequentemente, subsídios
Oncocercose (cegueira dos rios) para a prevenção das doenças.

- Caracóis aquáticos Saúde e Doença


Esquistossomose (bilharziose) Saúde e doença como um processo binário, ou seja, presença/
Doenças transmitidas por vetores ausência, é uma forma simplista para algo bem mais complexo. O
As doenças transmitidas por vetores são causadas por pató- que se encontra usualmente, na clínica diária, é um processo evo-
genos e parasitas em populações humanas. Todos os anos há mais lutivo entre saúde e doença que, dependendo de cada paciente,
de um bilhão de casos e mais de um milhão de mortes por doenças poderá seguir cursos diversos, sendo que nem sempre os limites
entre um e outro são precisos.
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POLÍTICA DE SAÚDE

1. Evolução aguda e fatal . Exemplo: estima-se que cerca de Por último, se a doença não evoluiu para a morte nem foi
10% dos pacientes portadores de trombose venosa profunda aca- curada, ocorrem as sequelas da mesma; ou seja, aquele paciente
bam apresentando pelo menos um episódio de tromboembolismo que iniciou fumando, posteriormente desenvolveu um quadro de
pulmonar, e que 10% desses vão ao óbito (Moser, 1990). DPOC, evoluiu para a insuficiência respiratória devido à hipoxemia
2. Evolução aguda, clinicamente evidente, com recuperação. e passará a apresentar severa limitação funcional fase de incapaci-
Exemplo: paciente jovem, hígido, vivendo na comunidade, com dade residual.
quadro viral de vias aéreas superiores e que, depois de uma se- Conhecendo-se e atuando-se nas diversas fases da história
mana, inicia com febre, tosse produtiva com expectoração puru- natural da doença, poder-se-á modificar o curso da mesma; isso
lenta, dor ventilatória dependente e consolidação na radiografia envolve desde as ações de prevenção consideradas primárias até as
de tórax. Após o diagnóstico de pneumonia pneumocócica e trata- terciárias, para combater a fase da incapacidade residual.
mento com beta-lactâmicos, o paciente repete a radiografia e não
se observa sequela alguma do processo inflamatório-infeccioso (já Prevenção
que a definição de pneumonia implica recuperação do parênquima As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças ou ma-
pulmonar). nutenção da saúde. Exemplo: a interrupção do fumo na gravidez se-
3. Evolução subclínica. Exemplo: primo-infecção tuberculosa: ria uma importante medida de ação primária, já que mães fumantes,
a chegada do bacilo de Koch nos alvéolos é reconhecida pelos lin- no estudo de coorte de Pelotas de 1993, tiveram duas vezes maior
fócitos T, que identificam a cápsula do bacilo como um antígeno e risco para terem filhos com retardo de crescimento intrauterino e
provocam uma reação específica com formação de granuloma; as- baixo peso ao nascer sendo esse um dos determinantes mais im-
sim acontece o chamado complexo primário (lesão do parênquima portantes de mortalidade infantil (Horta, 1997). Após a instalação
pulmonar e adenopatia). Na maioria das pessoas, a primo-infecção do período clínico ou patológico das doenças, as ações secundári-
tuberculosa adquire uma forma subclínica sem que o doente seq- as visam a fazê-lo regredir (cura), ou impedir a progressão para o
uer percebe sintomas de doença. óbito, ou evitar o surgimento de sequelas. Exemplo: o tratamento
4. Evolução crônica progressiva com óbito em longo ou curto com RHZ para a tuberculose proporciona cerca de 100% de cura
prazo. Exemplo: fibrose pulmonar idiopática que geralmente tem da doença e impede sequelas importantes como fibrose pulmonar,
um curso inexorável, evoluindo para o óbito por insuficiência res- ou cronicidade da doença sem resposta ao tratamento de primeira
piratória e hipoxemia severa. As maiores séries da literatura (Turn- linha e a transmissão da doença para o resto da população. A pre-
er-Warwick, 1980) relatam uma sobrevida média, após o surgimen- venção através das ações terciárias procura minimizar os danos já
to dos primeiros sintomas, inferior a cinco anos, sendo que alguns ocorridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica que, usualmente
pacientes evoluem para o óbito entre 6 e 12 meses (Stack, 1972). é um resíduo da tuberculose e pode provocar hemoptises severas,
Já a DPOC serve como exemplo de uma doença com evolução pro- tem na cirurgia seu tratamento definitivo (Hetzel, 2001).
gressiva e óbito em longo prazo, dependendo fundamentalmente
da continuidade ou não do vício do tabagismo. Causalidade em Epidemiologia
5. Evolução crônica com períodos assintomáticos e exacer- A teoria da multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje
bações. Exemplo: a asma brônquica é um dos exemplos clássicos, seu papel definido na gênese das doenças, em substituição à teoria
com períodos de exacerbação e períodos assintomáticos. Hoje, da unicausalidade que vigorou por muitos anos. A grande maioria
sabe-se que, apesar dessa evolução, a função pulmonar de alguns das doenças advém de uma combinação de fatores que interagem
pacientes asmáticos pode não retornar aos níveis de normalidade entre si e acabam desempenhando importante papel na determi-
(Pizzichini, 2001). nação das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas causas chama-
Essa é a história natural das doenças, que, na ausência da inter- das causas contribuintes citaremos o câncer de pulmão. Nem todo
ferência médica, pode ser subdividida em quatro fases: fumante desenvolve câncer de pulmão, o que indica que há outras
a) Fase inicial ou de susceptibilidade. causas contribuindo para o aparecimento dessa doença. Estudos
b) Fase patológica pré-clínica. mostraram que, descendentes de primeiro grau de fumantes com
c) Fase clínica. câncer de pulmão tiveram 2 a 3 vezes maior chance de terem a
d) Fase de incapacidade residual. doença do que aqueles sem a doença na família; isso indica que há
uma suscetibilidade familiar aumentada para o câncer de pulmão.
Na fase inicial, ainda não há doença, mas, sim, condições que Ativação dos oncogenes dominantes e inativação de oncogenes su-
a favoreçam. Dependendo da existência de fatores de risco ou de pressores ou recessivos são lesões que têm sido encontradas no
proteção, alguns indivíduos estarão mais ou menos propensos a DNA de células do carcinoma brônquico e que reforçam o papel de
determinadas doenças do que outros. Exemplo: crianças que con- determinantes genéticos nesta doença (Srivastava, 1995).
vivem com mães fumantes estão em maior risco de hospitalizações A determinação da causalidade passa por níveis hierárquicos
por IRAS no primeiro ano de vida, do que filhos de mães não-fu- distintos, sendo que alguns desses fatores causais estão mais próxi-
mantes (Macedo, 2000). Na fase patológica pré-clínica, a doença mos do que outros em relação ao desenvolvimento da doença. Por
não é evidente, mas já há alterações patológicas, como acontece exemplo, fatores biológicos, hereditários e socioeconômicos podem
no movimento ciliar da árvore brônquica reduzido pelo fumo e con- ser os determinantes distais da asma infantil são fatores a distância
tribuindo, posteriormente, para o aparecimento da DPOC. A fase que, através de sua atuação em outros fatores, podem contribuir para
clínica corresponde ao período da doença com sintomas. Ainda no o aparecimento da doença. Por outro lado, alguns fatores chamados
exemplo da DPOC, a fase clínica varia desde os primeiros sinais da determinantes intermediários podem sofrer tanto a influência dos de-
bronquite crônica como aumento de tosse e expectoração até o terminantes distais como estar agindo em fatores próximos à doença,
quadro de cor pulmonale crônico, na fase final da doença. como seria o caso dos fatores gestacionais, ambientais, alérgicos e
nutricionais na determinação da asma; os fatores que estão próximos
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POLÍTICA DE SAÚDE

à doença os determinantes proximais, por sua vez, também podem - Analogia


sofrer a influência daqueles fatores que estão em nível hierárquico su-
perior (determinantes distais e intermediários) ou agirem diretamente Exemplo: nos países desenvolvidos, a prevalência de fumo au-
na determinação da doença. No exemplo da asma, o determinante mentou significativamente durante a primeira metade do século,
proximal pode ser um evento infeccioso prévio. mas houve um lapso de vários anos até detectar-se o aumento do
número de mortes por câncer de pulmão. Nos EUA, por exemplo,
Determinação de causalidade na asma brônquica. o consumo médio diário de cigarros, em adultos jovens, aumentou
de um, em 1910, para quatro, em 1930, e 10 em 1950, sendo que o
Critérios de causalidade de Hill aumento da mortalidade ocorreu após várias décadas.
- Força da associação Padrão semelhante vem ocorrendo na China, particularmente
- Consistência no sexo masculino, só que com um intervalo de tempo de 40 anos:
- Especificidade o consumo médio diário de cigarros, nos homens, era um em 1952,
- Sequência cronológica quatro em 1972, atingindo 10 em 1992. As estimativas, portanto,
- Efeito dose–resposta são de que 100 milhões dos homens chineses, hoje com idade de
- Plausibilidade biológica 0-29 anos, morrerão pelo tabaco, o que implicará a três milhões
- Coerência de mortes, por ano, quando esses homens atingirem idades mais
- Evidências experimentais avançadas (Liu, 1998).
- Analogia Efeito dose-resposta. O aumento da exposição causa um au-
mento do efeito? Sendo positiva essa relação, há mais um indício
Somente os estudos experimentais estabelecem definitiva- do fator causal. Exemplo: os estudos prospectivos de Doll e Hill
mente a causalidade, porém a maioria das associações encontra- (Doll, 1994) sobre a mortalidade por câncer de pulmão e fumo,
das nos estudos epidemiológicos não é causal. O Quadro mostra nos médicos ingleses, tiveram um seguimento de 40 anos (1951-
os nove critérios para estabelecer causalidade segundo trabalho 1991). As primeiras publicações dos autores já mostravam o efeito
clássico de Sir Austin Bradford Hill. dose-resposta do fumo na mortalidade por câncer de pulmão; os
Força da associação e magnitude. Quanto mais elevada a me- resultados finais desse acompanhamento revelavam que fumantes
dida de efeito, maior a plausibilidade de que a relação seja caus- de 1 a 14 cigarros/dia, de 15 a 24 cigarros/dia e de 25 ou mais cigar-
al. Por exemplo: estudo de Malcon sobre fumo em adolescentes ros/dia morriam 7,5 para 8 vezes mais, 14,9 para 15 e 25,4 para 25
mostrou que a força da associação entre o fumo do adolescente e a vezes mais do que os não-fumantes, respectivamente.
presença do fumo no grupo de amigos foi da magnitude de 17 vez- Plausibilidade biológica. A associação é consistente com outros
es; ou seja, adolescentes com três ou mais amigos fumando têm 17 conhecimentos? É preciso alguma coerência entre o conhecimento
vezes maior risco para serem fumantes do que aqueles sem amigos existente e os novos achados. A associação entre fumo passivo e
fumantes (Malcon, 2000). câncer de pulmão é um dos exemplos da plausibilidade biológica.
Consistência da associação. A associação também é observada Carcinógenos do tabaco têm sido encontrados no sangue e na urina
em estudos realizados em outras populações ou utilizando difer- de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
entes metodologias? É possível que, simplesmente por chance, A associação entre o risco de câncer de pulmão em não-fu-
tenha sido encontrada determinada associação? Se as associações mantes e o número de cigarros fumados e anos de exposição do
encontradas foram consequência do acaso, estudos posteriores fumante é diretamente proporcional (efeito dose-resposta) (Hiray-
não deverão detectar os mesmos resultados. Exemplo: a maioria, ama, 1981).
senão a totalidade dos estudos sobre câncer de pulmão, detectou Coerência. Os achados devem ser coerentes com as tendên-
o fumo como um dos principais fatores associados a esta doença. cias temporais, padrões geográficos, distribuição por sexo, estudos
Especificidade. A exposição está especificamente associada a um em animais etc. Evidências experimentais. Mudanças na exposição
tipo de doença, e não a vários tipos (esse é um critério que pode ser resultam em mudanças na incidência de doença. Exemplo: sabe-se
questionável). Exemplo: poeira da sílica e formação de múltiplos que os alergênios inalatórios (como a poeira) podem ser promo-
nódulos fibrosos no pulmão (silicose). tores, indutores ou desencadeantes da asma; portanto o afasta-
Sequência cronológica (ou temporalidade). A causa precede mento do paciente asmático desses alergênios é capaz de alterar a
o efeito? A exposição ao fator de risco antecede o aparecimento hiperresponsividade das vias aéreas (HRVA), a incidência da doença
da doença e é compatível com o respectivo período de incubação? ou a precipitação da crise.
Nem sempre é fácil estabelecer a seqüência cronológica, nos es- Analogia. O observado é análogo ao que se sabe sobre outra
tudos realizados quando o período de latência é longo entre a ex- doença ou exposição. Exemplo: é bem reconhecido o fato de que a
posição e a doença. imunossupressão causa várias doenças; portanto explica-se a forte
associação entre AIDS e tuberculose, já que, em ambas, a imuni-
Critérios de causalidade de Hill dade está diminuída.
- Força da associação Raramente é possível comprovar os nove critérios para uma
- Consistência determinada associação. A pergunta-chave nessa questão da cau-
- Especificidade salidade é a seguinte: os achados encontrados indicam causalidade
- Sequência cronológica ou apenas associação? O critério de temporalidade, sem dúvida, é
- Efeito dose–resposta indispensável para a causalidade; se a causa não precede o efeito, a
- Plausibilidade biológica associação não é causal. Os demais critérios podem contribuir para
- Coerência a inferência da causalidade, mas não necessariamente determinam
- Evidências experimentais a causalidade da associação.
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POLÍTICA DE SAÚDE

Indicadores de Saúde Intervalo de tempo: é preciso especificar o tempo a que se ref-


Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações erem os coeficientes estudados. Nas estatísticas vitais, esse tempo
na população, utilizam-se os indicadores de saúde. Estes devem re- é geralmente de um ano. Para a vigilância epidemiológica (verifi-
fletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacional. cação contínua dos fatores que determinam a ocorrência e a dis-
É interessante observar que, apesar desses indicadores serem tribuição da doença e condições de saúde), pode decidir-se por um
chamados “Indicadores de Saúde”, muitos deles medem doenças, período bem mais curto, dependendo do objetivo do estudo.
mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil, às vez-
es, medir doença do que medir saúde, como já foi mencionado an- Estabilidade dos coeficientes: quando se calcula um coefi-
teriormente. Esses indicadores podem ser expressos em termos de ciente para tempos curtos ou para populações reduzidas, os coefi-
frequência absoluta ou como frequência relativa, onde se incluem cientes podem tornar-se imprecisos e não ser tão fidedignos. Gut-
os coeficientes e índices. Os valores absolutos são os dados mais ierrez, no capítulo da epidemiologia da tuberculose, exemplifica de
prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na monit- que forma o coeficiente de incidência para tuberculose pode variar,
oração da ocorrência de doenças infecciosas; especialmente em conforme o tamanho da população. Para contornar esse problema,
situações de epidemia, quando as populações envolvidas estão re- é possível aumentar o período de observação (por exemplo, ao in-
stritas ao tempo e a um determinado local, pode assumir-se que a vés de observar o evento por um ano, observá-lo por dois ou três
estrutura populacional é estável e, assim, usar valores absolutos. anos), aumentar o tamanho da amostra (observar uma população
Entretanto, para comparar a frequência de uma doença entre dif- maior) ou utilizar números absolutos no lugar de coeficientes.
erentes grupos, deve-se ter em conta o tamanho das populações a
serem comparadas com sua estrutura de idade e sexo, expressando População em risco: refere-se ao denominador da fração para
os dados em forma de taxas ou coeficientes. o cálculo do coeficiente. Nem sempre é fácil saber o número exa-
to desse denominador e muitas vezes recorre-se a estimativas no
Indicadores de saúde lugar de números exatos.
- Mortalidade/sobrevivência
- Morbidade/gravidade/incapacidade funcional Morbidade
- Nutrição/crescimento e desenvolvimento A morbidade é um dos importantes indicadores de saúde, sen-
- Aspectos demográficos do um dos mais citados coeficientes ao longo desse livro. Muitas
- Condições socioeconômicas doenças causam importante morbidade, mas baixa mortalidade,
- Saúde ambiental como a asma. Morbidade é um termo genérico usado para designar
- Serviços de saúde o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de agravos à
saúde que atingem um grupo de indivíduos. Medir morbidade nem
Coeficientes (ou taxas ou rates). São as medidas básicas da sempre é uma tarefa fácil, pois são muitas as limitações que con-
ocorrência das doenças em uma determinada população e período. tribuem para essa dificuldade.
Para o cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o núme-
ro de casos está relacionado ao tamanho da população que lhes Medidas da morbidade
deu origem. O numerador refere-se ao número de casos detecta- Para que se possa acompanhar a morbidade na população e
dos que se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fatores de traçar paralelos entre a morbidade de um local em relação a outros,
risco etc.), e o denominador refere-se a toda população capaz de é preciso que se tenha medidas-padrão de morbidade. As medidas
sofrer aquele evento - é a chamada população em risco. O denomi- de morbidade mais utilizadas são as que se seguem:
nador, portanto, reflete o número de casos acrescido do número de - Medida da prevalência: a prevalência (P) mede o número
pessoas que poderiam tornar-se casos naquele período de tempo. total de casos, episódios ou eventos existentes em um determi-
Às vezes, dependendo do evento estudado, é preciso excluir algu- nado ponto no tempo. O coeficiente de prevalência, portanto, é a
mas pessoas do denominador. Por exemplo, ao calcular-se o coefi- relação entre o número de casos existentes de uma determinada
ciente de mortalidade por câncer de próstata, as mulheres devem doença e o número de pessoas na população, em um determinado
ser excluídas do denominador, pois não estão expostas ao risco de período. Esse coeficiente pode ser multiplicado por uma constante,
adquirir câncer de próstata. Para uma melhor utilização desses co- pois, assim, torna-se um número inteiro fácil de interpretar (essa
eficientes, é preciso o esclarecimento de alguns pontos: constante pode ser 100, 1.000 ou 10.000).
- Escolha da constante (denominador). O termo prevalência refere-se à prevalência pontual ou in-
- Intervalo de tempo. stantânea. Isso quer dizer que, naquele particular ponto do tempo
- Estabilidade dos coeficientes. (dia, semana, mês ou ano da coleta, por exemplo), a frequência da
- População em risco. doença medida foi de 10%, por exemplo. Na interpretação da me-
dida da prevalência, deve ser lembrado que a mesma depende do
Escolha da constante: a escolha de uma constante serve para número de pessoas que desenvolveram a doença no passado e con-
evitar que o resultado seja expresso por um número decimal de tinuam doentes no presente. Assim, como já foi descrito no início
difícil leitura (por exemplo: 0,0003); portanto faz-se a multiplicação do capítulo, o denominador é a população em risco.
da fração por uma constante (100, 1.000, 10.000, 100.000). A de- Por exemplo, em uma população estudada de 1.053 adultos
cisão sobre qual constante deve ser utilizada é arbitrária, pois de- da zona urbana de Pelotas, em 1991, detectaram-se 135 casos de
pende da grandeza dos números decimais; entretanto, para muitos bronquite crônica; portanto, a prevalência de bronquite crônica,
dos indicadores, essa constante já está uniformizada. Por exemplo: seguindo a equação abaixo, foi de (Menezes, 1994):
para os coeficientes de mortalidade infantil utiliza-se sempre a con-
stante de 1.000 nascidos vivos.
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POLÍTICA DE SAÚDE

Medida da incidência: a incidência mede o número de casos - Coeficiente de mortalidade infantil


novos de uma doença, episódios ou eventos na população dentro - Coeficiente de mortalidade neonatal precoce
de um período definido de tempo (dia, semana, mês, ano); é um dos - Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
melhores indicadores para avaliar se uma condição está diminuin- - Coeficiente de mortalidade perinatal
do, aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número - Coeficiente de mortalidade materna
de pessoas da população que passou de um estado de não-doente - Coeficiente de mortalidade específico por doença
para doente. O coeficiente de incidência é a razão entre o número
de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, Coeficiente de mortalidade geral. Obtido pela divisão do
em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta ao número total de óbitos por todas as causas em um ano pelo núme-
risco de adquirir essa doença no mesmo período. A multiplicação ro da população naquele ano, multiplicado por 1.000. Exemplo: no
por uma constante tem a mesma finalidade descrita acima para o RS, houve 63.961 óbitos e a população estimada era de 9.762.110;
coeficiente de prevalência. A incidência é útil para medir a frequên- portanto o coeficiente de mortalidade geral para o estado, foi de
cia de doenças com uma duração média curta, como, por exemplo, 6,55 (Estatísticas de Saúde).
a pneumonia, ou doença de duração longa. A incidência pode ser
cumulativa (acumulada) ou densidade de incidência. Coeficiente de mortalidade específico por doenças respiratóri-
as. É possível obterem-se os coeficientes específicos por determi-
Incidência Cumulativa (IC). Refere-se à população fixa, onde nada causa, como, por exemplo, o coeficiente por causas externas,
não há entrada de novos casos naquele determinando período. Por por doenças infecciosas, por neoplasias, por AIDS, por tuberculose,
exemplo: em um grupo de trabalhadores expostos ao asbesto, al- dentre outros. Da mesma forma, pode-se calcular os coeficientes
guns desenvolveram câncer de pulmão em um período de tempo conforme a idade e o sexo. Estes coeficientes podem fornecer im-
especificado. portantes dados sobre a saúde de um país, e, ao mesmo, tempo
No denominador do cálculo da incidência cumulativa, estão fornecer subsídios para políticas de saúde. Exemplo: o coeficiente
incluídos aqueles que, no início do período, não tinham a doença. de mortalidade por tuberculose no RS foi de 51,5 por 100.000 hab-
itantes.
Exemplo: 50 pessoas adquiriram câncer de pulmão do grupo
dos 150 trabalhadores expostos ao asbesto durante um ano. In- O coeficiente de mortalidade infantil refere-se ao óbito de cri-
cidência cumulativa = 50/150 = 0,3 = 30 casos novos por 100 hab- anças menores de um ano e é um dos mais importantes indicadores
itantes em 1 ano. de saúde.O coeficiente de mortalidade perinatal compreende os
A incidência cumulativa é uma proporção, podendo ser expres- óbitos fetais (a partir de 28 semanas de gestação) mais os neona-
sa como percentual ou por 1.000, 10.000 etc. (o numerador está tais precoces (óbitos de crianças de até seis dias de vida). Outro
incluído no denominador). A IC é a melhor medida para fazer prog- importante indicador de saúde que vem sendo bastante utilizado,
nósticos em nível individual, pois indica a probabilidade de desen- nos últimos anos, é o coeficiente de mortalidade materna, que diz
volver uma doença dentro de um determinado período. respeito aos óbitos por causas gestacionais (Estatísticas de Saúde).

Densidade de Incidência (DI). A densidade de incidência é uma Letalidade


medida de velocidade (ou densidade). Seu denominador é expresso A letalidade refere-se à incidência de mortes entre portado-
em população-tempo em risco. O denominador diminui à medida res de uma determinada doença, em um certo período de tempo,
que as pessoas, inicialmente em risco, morrem ou adoecem (o que dividida pela população de doentes. É importante lembrar que, na
não acontece com a incidência cumulativa). letalidade, o denominador é o número de doentes.
Relação entre incidência e prevalência
A prevalência de uma doença depende da incidência da mesma Padronização dos coeficientes
(quanto maior for a ocorrência de casos novos, maior será o núme- Como, na maioria das vezes, a incidência ou prevalência de
ro de casos existentes), como também da duração da doença. A uma doença varia com o sexo e o grupo etário, a comparação das
mudança da prevalência pode ser afetada tanto pela velocidade da taxas brutas de duas ou mais populações só faz sentido se a dis-
incidência como pela modificação da duração da doença. Esta, por tribuição por sexo e idade das mesmas for bastante próxima. Sen-
sua vez, depende do tempo de cura da doença ou da sobrevivência. do essa uma situação absolutamente excepcional, o pesquisador
A relação entre incidência e prevalência segue a seguinte fór- frequentemente vê-se obrigado a recorrer a uma padronização (ou
mula (Vaughan, 1992): ajustamento), a fim de eliminar os efeitos da estrutura etária ou do
sexo sobre as taxas a serem analisadas.
Prevalência = Incidência X Duração Média da Doença Para um melhor entendimento, examinemos, por exemplo, os
índices de mortalidade da França e do México. Caso a análise lim-
Mortalidade ite-se à comparação das taxas brutas - 368 e 95 por 100.000 hab-
O número de óbitos (assim como o número de nascimentos) é itantes/ano, respectivamente, pode parecer que há uma grande
uma importante fonte para avaliar as condições de saúde da pop- diferença entre os padrões de mortalidade dos dois países. Entre-
ulação. tanto, ao considerar-se a grande diferença na distribuição etária
dos mesmos, com o predomínio no México de grupos com menor
Medidas de Mortalidade. Os coeficientes de mortalidade são idade, torna-se imprescindível a padronização. Uma vez efetuada
os mais tradicionais indicadores de saúde. a padronização por idade, o contraste entre os dois países desapa-
Principais coeficientes de mortalidade: rece, resultando taxas de 164 e 163 por 100.000 habitantes/ano,
- Coeficiente de mortalidade geral respectivamente.
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Esses índices ajustados são na verdade fictícios, prestando-se Nos estudos observacionais, a alocação de uma determinada
somente para fins de comparação. Há duas maneiras de realizar-se exposição está fora do controle do pesquisador (por exemplo, ex-
a padronização. posição à fumaça do cigarro ou ao asbesto). Eles compreendem:
- Estudo transversal.
Método direto: este método exige uma população padrão que - Estudo de coorte.
poderá ser a soma de duas populações a serem comparadas (A e B) - Estudo de caso-controle.
ou uma população padrão. É obtido multiplicando-se a distribuição - Estudo ecológico.
da população padrão conforme a idade pelos coeficientes de mor-
talidade (por exemplo) de cada uma das populações a serem estu- A seguir, cada um desses estudos serão abordados nos seus
dadas (A e B). principais pontos.

Método indireto: utiliza-se o método indireto quando os co- Estudo Transversal (Cross-Sectional)
eficientes específicos por idade da população que se quer estudar É um tipo de estudo que examina as pessoas em um determi-
não são conhecidos, embora se saiba o número total de óbitos. Em- nado momento, fornecendo dados de prevalência; aplica-se, par-
pregando-se uma segunda população (padrão) - semelhante à pop- ticularmente, a doenças comuns e de duração relativamente longa.
ulação que se quer estudar - cujos coeficientes sejam conhecidos, Envolve um grupo de pessoas expostas e não expostas a determi-
multiplica-se o coeficiente por idades da população padrão pelo nados fatores de risco, sendo que algumas dessas apresentarão o
número de óbitos de cada categoria de idade, chegando, assim, ao desfecho a ser estudado e outras não. A ideia central do estudo
número de mortes que seria esperado na população que está sen- transversal é que a prevalência da doença deverá ser maior en-
do estudada. O número total de mortes esperado dessa população tre os expostos do que entre os não-expostos, se for verdade que
é confrontado com o número de mortes efetivamente ocorridas aquele fator de risco causa a doença.
nessa população, resultando no que se convencionou chamar de As vantagens do estudo transversal são a rapidez, o baixo custo,
razão padronizada de mortalidade (RPM). a identificação de casos e a detecção de grupos de risco. Entretanto
Rpm = Óbitos Observados/Óbitos Esperados algumas limitações existem, como, por exemplo, a da causalidade
reversa – exposição e desfecho são coletados simultaneamente e
A RPM maior ou menor do que um indica que ocorreram mais frequentemente não se sabe qual deles precedeu o outro. Nesse
ou menos mortes do que o esperado, respectivamente. Resumin- tipo de estudo, episódios de doença com longa duração estão so-
do, as taxas brutas são facilmente calculadas e rapidamente dis- bre-representados e doenças com duração curta estão sub-repre-
poníveis; entretanto são medidas difíceis de interpretar e de serem sentadas (o chamado viés de sobrevivência). Outra desvantagem
comparadas com outras populações, pois dependem das variações é que se a prevalência da doença a ser avaliada for muito baixa, o
na composição da população. Taxas ajustadas minimizam essas lim- número de pessoas a ser estudado precisará ser grande.
itações, entretanto são fictícias e sua magnitude depende da pop- O meio ambiente é o local onde se desenvolve a vida na terra,
ulação selecionada. ou seja, é a natureza com todos os seres vivos e não vivos que nela
habitam e interagem.
Tipologia dos Estudos Epidemiológicos Em resumo, o meio ambiente engloba todos os elementos vi-
Os estudos epidemiológicos constituem um ótimo método vos e não-vivos que estão relacionados com a vida na Terra. É tudo
para colher informações adicionais não-disponíveis a partir dos aquilo que nos cerca, como a água, o solo, a vegetação, o clima, os
sistemas rotineiros de informação de saúde ou de vigilância. Os animais, os seres humanos, dentre outros.
estudos descritivos são aqueles em que o observador descreve as
características de uma determinada amostra, não sendo de grande Planeta Terra
utilidade para estudar etiologia de doenças ou eficácia de um trata-
mento, porque não há um grupo-controle para permitir inferências Preservação Ambiental
causais. Como exemplo podem ser citadas as séries de casos em A preservação do meio ambiente faz parte dos temas transver-
que as características de um grupo de pacientes são descritas. En- sais presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s).
tretanto os estudos descritivos têm a vantagem de ser rápidos e O seu objetivo é incitar nos estudantes a importância de
de baixo custo, sendo muitas vezes o ponto de partida para um preservar o meio ambiente e os problemas causados pela inter-
outro tipo de estudo epidemiológico. Sua grande limitação é o fato venção humana na natureza.
de não haver um grupo-controle, o que impossibilita seus achados
serem comparados com os de uma outra população. É possível que Qual a diferença entre Preservação e Conservação Ambiental?
alguns desses achados aconteçam simplesmente por chance e, por- Os termos preservação e conservação ambiental são constan-
tanto, também aconteceriam no grupo-controle. temente confundidos. Porém, cada um deles possui um significado
Já os estudos analíticos pressupõem a existência de um grupo e objetivos diferentes.
de referência, o que permite estabelecer comparações. Estes, por
sua vez, de acordo com o papel do pesquisador, podem ser: Preservação Ambiental: É a proteção sem a intervenção huma-
- Experimentais (serão discutidos no capítulo epidemiologia na. Significa a natureza intocável, sem a presença do homem e sem
clínica). considerar o valor utilitário e econômico que possa ter.
- Observacionais. Conservação Ambiental: É a proteção com uso racional da
natureza, através do manejo sustentável. Permite a presença do
homem na natureza, porém, de maneira harmônica.

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POLÍTICA DE SAÚDE

Um exemplo de áreas de conservação ambiental são as uni- Acordos Internacionais


dades de conservação. Elas representam espaços instituídos por lei Dada a urgência e a preocupação mundial com os problemas
que objetivam proteger a biodiversidade, restaurar ecossistemas, ambientais e os impactos dele decorrentes, surgiram vários acor-
resguardar espécies ameaçadas de extinção e promover o desen- dos e tratados internacionais. Eles propõem novos modelos de
volvimento sustentável. desenvolvimento, redução da emissão de gases poluentes e con-
servação ambiental.
Meio Ambiente e Sustentabilidade A preocupação ambiental vem sendo tratada no âmbito inter-
Atualmente, as questões ambientais envolvem a sustentab- nacional desde a realização da Conferência de Estocolmo, em 1972.
ilidade. A sustentabilidade é um termo abrangente, que envolve Após isso, ganhou novamente destaque na Conferência das Nações
também o planejamento da educação, economia e cultura para or- Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92 ou ECO-
ganização de uma sociedade forte, saudável e justa. 92), com a aprovação da Agenda 21.
A sustentabilidade econômica, social e ambiental é um dos Outros importantes tratados e acordos internacionais voltados
grandes desafios da humanidade. ao meio ambiente são:
O termo sustentabilidade surge da necessidade de aliar o Protocolo de Montreal: objetivo de reduzir a emissão de pro-
crescimento econômico com a preservação ambiental. dutos que causam danos à camada de ozônio
A essa nova forma de desenvolvimento, damos o nome de Protocolo de Kyoto: objetivo de mitigar o impacto dos proble-
desenvolvimento sustentável. Ele tem como conceito clássico ser mas ambientais, por exemplo, das mudanças climáticas do planeta
aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer terra.
a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias Rio +10 - Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentáv-
necessidades. el: definição de ações voltadas para a preservação ambiental e as-
Para que o desenvolvimento sustentável seja uma realidade é pectos sociais, especialmente de países mais pobres.
necessário o envolvimento de todas as pessoas e nações do plan- Rio +20 - Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sus-
eta. As ações vão desde atitudes individuais até acordos internac- tentável: reafirmação do desenvolvimento sustentável aliado à
ionais. preservação ambiental.
Acordo de Paris: objetivo de conter o aquecimento global e re-
Meio Ambiente no Brasil duzir as emissões de gases do efeito estufa.
No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938, Agenda 2030: objetiva orientar as nações do planeta rumo ao
de 31 de Agosto de 1981, define os instrumentos para proteção do desenvolvimento sustentável, além de erradicar a pobreza extrema
meio ambiente. É considerada o marco inicial das ações para con- e reforçar a paz mundial.
servação ambiental no Brasil.
Através dela, o meio ambiente é definido como: “o conjunto de Educação Ambiental
condições, leis, influências e interações de ordem física e biológica, A educação ambiental corresponde aos processos por meio
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas à
A Política Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo conservação do meio ambiente.
a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental O seu objetivo é a compreensão de conceitos sobre o meio am-
propícia à vida. biente, sustentabilidade, preservação e conservação.
Também visa assegurar condições ao desenvolvimento socio- Além da construção de novos valores sociais, aquisição de con-
econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da hecimentos, atitudes, competências e habilidades para a conquista
dignidade da vida humana. e a manutenção do direito ao meio ambiente equilibrado.
A Constituição Federal Brasileira também possui um artigo que
trata exclusivamente do Meio Ambiente. O artigo 225 cita que: Problemas Ambientais
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili- Nas últimas décadas, o meio ambiente vem sofrendo cada
brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade vez mais com a ação humana, uma delas é a prática da queimada.
de vida...” Como essa intervenção nem sempre é harmônica e de forma sus-
Outras leis ambientais importantes que protegem os recursos tentável, surgem os problemas ambientais.
naturais brasileiros e promovem ações voltadas à conservação e Os principais problemas ambientais da atualidade são:
melhoria da qualidade de vida são: Mudanças Climáticas
- Política Nacional da Educação Ambiental - Lei nº 9.795 de Efeito Estufa
1999. Aquecimento Global
- Lei de Crimes Ambientais - Lei n.º 9.605 de 1998. Poluição da água
- Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei nº 9.433 de 1997. Poluição do ar
Destruição da Camada de Ozônio
O órgão responsável pelas ações e políticas ambientais no Bra- Extinção de espécies
sil é o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Chuva Ácida
Desflorestação
Desertificação
Poluição

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POLÍTICA DE SAÚDE

Conceitos Relacionados ao Meio Ambiente


Alguns conceitos importantes relacionados ao meio ambiente
são:
Ecossistema: Conjuntos de seres vivos (Bióticos) e não vivos
(Abióticos).
Seres Bióticos: Seres autótrofos (produtores) e heterótrofos
(consumidores), ou seja, as plantas, os animais e os microrganis-
mos. 5) medicalização dos problemas;
Seres Abióticos: São os fatores físico-químicos presentes num 6) privilégio da medicina curativa;
ecossistema, como a água, os nutrientes, a umidade, o solo, os 7) estímulo ao consumismo médico;
raios solares, ar, gases, temperatura, etc. 8) participação passiva e subordinada dos consumidores (Me-
Biomas: Conjunto de Ecossistemas. Vale lembrar que os bio- nédez,1992). Como integrantes do modelo médico hegemônico,
mas que compõem o Brasil são: Biomas Amazônia, Bioma Caatinga, podem ser mencionados o Modelo Médico Assistencial Privatista e
Bioma Cerrado, Bioma Mata Atlântica, Bioma Pantanal e o Bioma o Modelo de Atenção Gerenciada (Managed Care).
dos Pampas.

REFORMA SANITÁRIA E MODELOS ASSISTENCIAIS DE SAÚ- Modelo Sanitarista


DE – VIGILÂNCIA EM SAÚDE. b) O Modelo Sanitarista pode ser reconhecido como predomi-
nante no Brasil no que se refere às formas de intervenção sobre
problemas e necessidades de saúde adotadas pela saúde pública
Modelos de atenção à saúde no Brasil convencional. Como exemplos do modelo sanitarista cabem ser ci-
Podemos dizer que embora iniciantes na jornada do conheci- tados os programas especiais,inclusive o Programa de Agentes Co-
mento, temos a oportunidade através da disciplina de Introdução munitários de Saúde (Pacs), o Programa de Saúde da Família (PSF),
à Psicologia da Saúde, ministrada pelo Prof. Me. Douglas,ingres- as campanhas sanitárias e as vigilâncias sanitárias e epidemiológi-
sarmos no universo da Atenção à Saúde. Assim com o intuito de cas, etc. Esta é uma pequena contribuição trazida através do texto
promover a busca e a adesão de todos que desejam conhecer este de Jairnilson Silva Paim (Modelos de atenção à saúde no Brasil).
universo apresentamos uma breve descrição sobre Atenção à Saú-
de e seus modelos no Brasil. O Modelo de Atenção à Saúde se Fundamenta em Três Pila-
– Atenção à saúde é tudo que envolve o cuidado com a saúde res: Rede, Regionalização e Hierarquização
do ser humano, incluindo ações de promoção, proteção, reabilita- A organização do SUS em nosso país está assentada em três
ção e tratamento às doenças.(portal.saude.gov.br) pilares: rede (integração dos serviços interfederativos), regionali-
– Atenção à saúde designa a organização estratégica do siste- zação (região de saúde) e hierarquização (níveis de complexidade
ma e das práticas de saúde em resposta às necessidades da po- dos serviços). Estes são os pilares que sustentam o modelo de aten-
pulação. É expressa em políticas, programas e serviços de saúde ção à saúde, conforme dispõem o art. 198 da CF. A Constituição ao
consoante os princípios e as diretrizes que estruturam o Sistema estatuir que o SUS é um sistema integrado, organizado em rede
Único de Saúde (SUS). (www.epsjv.fiocruz.br) regionalizada e hierarquizada, definiu o modelo de atenção à saúde
e a sua forma organizativa.
Modelos de atenção á saúde no Brasil O modelo do sistema de saúde brasileiro é centrado na hierar-
Considerando a conformação histórica do sistema de serviços quização das ações e serviços de saúde por níveis de complexidade.
de saúde no país, podem ser identificados modelos de atenção Isto significa dizer que ele se estrutura em níveis de maior ou me-
predominantes ou hegemônicos e propostas alternativas. Desse nor complexidade de ações e serviços de saúde, conforme dispõe,
modo, no Brasil, dois modelos convivem historicamente de forma ainda, os arts. 8º e 7º, II, da Lei 8.080/90.
contraditória ou complementar: O Modelo Médico Hegemônico e Nesse sentido, o modelo de atenção à saúde, que se centra
o Modelo Sanitarista. em níveis de complexidade dos serviços, deve ser estruturado pela
atenção básica, principal porta de entrada no sistema, a qual deve
ser a sua ordenadora. A hierarquização se compõe da atenção pri-
mária ou básica; atenção secundária e terciária ou de média e alta
complexidade (ou densidade tecnológica).
A atenção primária deve atuar como se fora um filtro inicial,
Modelo Médico Hegemônico resolvendo a maior parte das necessidades de saúde (por volta de
O conceito de hegemonia aqui empregado para qualificar os 85%) dos usuários e ordenando a demanda por serviços de maior
modelos de atenção diz respeito à capacidade de direção política e complexidade, organizando os fluxos da continuidade da atenção
cultural para a obtenção do consenso ativo de segmentos da popu- ou do cuidado. Este papel essencial da atenção primária, tanto na
lação. (Gruppi,1978). resolução dos casos, quanto no referenciamento do usuário para
a) Assim o Modelo Médico Hegemônico apresenta os seguintes outros níveis, torna-a a base estruturante do sistema e ordenadora
traços fundamentais: de um sistema piramidal.
1) individualismo; O importante a destacar é que a forma organizativa e o modelo
2) saúde/doença como mercadoria; de atenção à saúde não podem ser escolhas da autoridade pública
3) ênfase no biologismo; de saúde. Elas estão definidas constitucionalmente no art. 198, e
4) a historicidade da prática médica; legalmente nos arts. 8º e 7º,II, da Lei 8.080/90 que determina a in-
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

tegração dos serviços públicos dos entes federativos em redes de atenção à saúde. Estas redes devem ser regionalizadas, o que pressupõe
um relevante papel do Estado, ente competente para definir as regiões de saúde a partir de aglomerados de municípios limítrofes com
características que importem à organização de rede de atenção à saúde, conforme determina a CF.
Este modelo piramidal, de base alargada, densa, em razão de a atenção primária ser a principal porta de entrada do sistema e respon-
sável pela resolução da maioria da necessidade de saúde da população, deve ser estruturada qualitativamente, com fixação de metas e a
atribuição de garantir o acesso do usuário ou o seu caminhar na rede de atenção à saúde. Os serviços denominados de ‘regulação’ devem
ser, na realidade, serviços que se integram à atenção primária, ordenadora de todo o modelo assistencial do SUS.
Região de saúde deve, por sua vez, fundar-se na sua capacidade de concentrar num aglomerado de territórios municipais contíguos,
serviços de saúde capazes de resolver entre 60 a 70% das demandas dos usuários. A região de saúde deve ser dotada de características
culturais, sociais, demográficas, viárias que possibilitem a organização de rede de atenção à saúde. Esta forma de organização do SUS –
integração (rede) de todas as ações e serviços de saúde dos entes federativos daquela região – impõe aos municípios, articulados com o
Estado e com a União, a necessidade de permanente interação com vistas a garantir uma gestão compartilhada.
Sendo os entes autônomos, é necessário que esta articulação seja negociada para se obter consensos em nome do interesse público.
As responsabilidades, atribuições, metas, recursos financeiros, monitoramento, avaliação, controle devem ser definidos pelos entes en-
volvidos e consubstanciados em contratos que possam consagrar os consensos, gerando, assim, um ambiente de respeito às autonomias
e segurança jurídica nos acordos firmados.
Há uma discussão a respeito da denominação da atenção à saúde: primária ou básica. Na Europa, a denominação que prevalece é
atenção primária que dá ensejo a pensar em prioritária, em essencial. Na Constituição, tanto quanto na Lei 8.080/90, não há qualquer
referencia a um ou outro nome. Contudo, a EC 29/2000, dispõe que 15% dos recursos das transferências da União para os demais entes
federativos deve ser para o custeio de ações e serviços básicos de saúde. Se entender serviços básicos como atenção básica, esta, então,
seria a denominação a ser utilizada.

Modelo de Saúde Alternativos


• Surgem na década de 1970 - debate internacional sobre a separação dos modelos tradicionais;
• Pautados em princípios e diretrizes do SUS (hierarquização e regionalização dos serviços de saúde, atendimento universal e integral,
territorialização, humanização, acolhimento e ações programadas de saúde);
• São direcionados para atendimento ao indivíduo na sua singularidade, à família e à comunidade, levando-se em conta seus aspectos
socioeconômicos, culturais e políticos.
• Centrados nas ações programáticas de saúde, ESF, acolhimento, vigilância da saúde, movimento Cidades Saudáveis e promoção e
prevenção da saúde.

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Processo de trabalho em saúde


A organização e a gestão dos processos de trabalho em saúde, em especial do trabalho de uma equipe na atenção básica, constituem
um dos eixos centrais da reordenação da atenção à saúde no SUS. Por isso, julgamos necessário aprofundar o nosso conhecimento sobre
o processo de trabalho em geral e do processo de trabalho na atenção básica em particular. Nesta unidade abordaremos um conceito e
os componentes do processo de trabalho.
Esta unidade tem como objetivo principal a discussão do processo de trabalho na Atenção Básica à Saúde e como objetivos específi-
cos:
Identificar as especificidades do processo de trabalho em saúde no âmbito de prestação de serviços;
Compreender as implicações dessas especificidades no trabalho das equipes de saúde;
Compreender o papel do profissional de saúde nas especificidades do processo de trabalho em saúde.
Buscaremos identificar, articular e contextualizar os elementos do processo de trabalho na realidade da prestação de serviços de
saúde e suas particularidades, refletindo, ainda, sobre o conceito de território.
Vimos que a cultura institucional é um aspecto importante a ser considerado em processos em que queremos que ocorra mudança
de comportamento: é preciso compreendê-la para modificála. O modo como organizamos o processo de trabalho é uma expressão desta
cultura e para compreendê-lo é preciso identificar: quem faz, como faz, com o que faz, por que faz e quais os resultados alcançados com
o trabalho.
Nessa unidade, pretendemos que você compreenda ou consolide os seus conhecimentos sobre os elementos que compõem um pro-
cesso de trabalho, tendo como referência o seu cotidiano e as possibilidades de transformá-lo, sempre que necessário.

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Processo de trabalho dutivas diretas. Quem define as finalidades são, geralmente, grupos
O modo como desenvolvemos nossas atividades profissionais, restritos que realizam as atividades produtivas diretas. Quem define
o modo como realizamos o nosso trabalho, qualquer que seja, é as finalidades são, geralmente, grupos restritos que ocupam os níveis
chamado de processo de trabalho. Dito de outra forma pode-se di- mais elevados da hierarquia institucional. Talvez, por isso, seja comum
zer que o trabalho, em geral, é o conjunto de procedimentos pelos o fato das análises dos processos de trabalho omitirem esse compo-
quais os homens atuam, por intermédio dos meios de produção, nente – o objetivo – em seus esquemas analíticos, tratando-o como
sobre algum objeto para, transformando-o, obterem determinado um dado externo ao próprio trabalho. Essa é, em nosso entendimento,
produto que pretensamente tenha alguma utilidade. uma visão equivocada e viciada, que pressupõe a impossibilidade de os
A reflexão crítica e contínua sobre o processo de trabalho e sua trabalhadores deliberarem sobre o conjunto da produção social.
transformação é uma característica marcante da humanidade e cons-
titui uma parte central do processo de desenvolvimento humano. Meios e condições
O grau de dificuldade dessa reflexão aumenta com a comple- Todo processo de trabalho é desenvolvido com o uso de meios
xidade e com a indeterminação dos processos de trabalho. Quanto específicos para cada condição particular. Os meios e condições de
mais complexo o processo de trabalho e quanto menos sistemati- trabalho se combinam na realização do trabalho, por meio da ativi-
zado ele for, mais difícil será refletir sobre ele. dade produtiva. Eles abrangem um espectro muito amplo:
Essas são características muito presentes na ABS e no PSF. Por As ferramentas e estruturas físicas para o trabalho, como má-
isso, é fundamental que os profissionais aí inseridos desenvolvam quinas, equipamentos, instrumentos, edificações e o ambiente,
habilidades para a aplicação de instrumentos que possibilitem a re- que permitem que o trabalho se realize.
flexão crítica e a transformação do seu processo de trabalho. Os conhecimentos, sistematizados ou não, e as habilidades uti-
Em um processo de trabalho, as finalidades ou objetivos são lizadas no processo de trabalho, comumente chamados de meios
projeções de resultados que visam a satisfazer necessidades e ex- intangíveis (ou tecnologias leves, na terminologia cunhada por
pectativas dos homens, conforme sua organização social, em dado Merhy (2002), para a análise dos processos de trabalho em saúde).
momento histórico. Por fim, podemos considerar, também, as próprias estruturas
Os objetos a serem transformados podem ser matérias-primas sociais, que são determinantes, por exemplo, para as relações de po-
ou materiais já previamente elaborados ou, ainda, certos estados der no trabalho e para a remuneração dos diversos tipos de trabalho.
ou condições pessoais ou sociais
Os meios de produção ou instrumentos de trabalho podem ser Objeto
máquinas, ferramentas ou equipamentos em geral, mas também, Todo processo de trabalho se realiza sobre algum objeto, com
em uma visão mais ampla, podem incluir conhecimentos e habili- ação transformadora e com o uso de meios e em condições deter-
dades. minadas. Elementos físicos e biológicos, ou mesmo elementos sim-
Os homens são os agentes de todos os processos de trabalho bólicos, assim como subjetividades ou complexos sociais, podem
em que se realiza a transformação de objetos ou condições para se ser objetos nos diversos processos de trabalho.
atingir fins previamente estabelecidos.
O conceito e o esquema geral dos processos de trabalho são Agente ou sujeito
oriundos da economia e ganharam utilidade especial na análise de Todo processo de trabalho tem um sujeito – ou conjunto de
processos de trabalho específicos na ergonomia e saúde do traba- sujeitos – que executa as ações, estabelece os objetivos e as rela-
lhador, na engenharia de produção e na administração. ções de adequação dos meios e condições para a transformação
dos objetos.
Componentes do processo de trabalho Deve-se considerar o agente do trabalho na complexidade de
sua existência real. Nos processos de trabalho em geral, muitas ve-
Objetivos ou finalidades zes a atividade é realizada por apenas um indivíduo, embora rara-
Todo processo de trabalho é realizado para se atingir alguma(s) mente isso ocorra em todo o processo de trabalho. Trata-se, então,
finalidade(s) determinada(s) previamente. Pode-se dizer, portanto, de um sujeito individual exercendo uma atividade ou um conjunto
que a finalidade rege todo o processo de trabalho e é em função dado de atividades. Frequentemente, no entanto, encontramos,
dessa finalidade que se estabelecem os critérios ou parâmetros de nos processos de trabalho, atividades coletivas, conjuntas ou com-
realização do processo de trabalho. plementares de vários indivíduos. Nesse caso falamos, normalmen-
O objetivo do processo de trabalho é produzir um dado objeto te, em trabalho de grupo ou de equipe.
ou condição que determina um produto específico. Com esse pro- A maior parte dos processos de trabalho, individuais ou de
duto, por sua vez, pretende-se responder a alguma necessidade ou equipe, realiza-se dentro de organizações sociais ou instituições
expectativa humana, determinadas ou condicionadas pelo desen- especialmente constituídas para um determinado fim. Além disso,
volvimento histórico das sociedades. deve-se considerar, ainda, que todos esses sujeitos são formados e
Deve-se destacar que, como todo processo de trabalho é regi- desenvolvem suas atividades em uma sociedade determinada. As-
do pelos fins estabelecidos, a escolha e o estabelecimento desses sim, os objetivos, bem como os procedimentos analíticos e opera-
fins ou objetivos são uma atividade de crucial importância. cionais de adequação de meios, condições e fins, são estabelecidos
É aí que se localizam, mesmo que não explicitamente, as gran- e realizados em todos esses níveis (social, institucional, de equipe
des questões sociais e de poder na determinação dos processos de ou grupo e individual).
trabalho. Portanto, dependendo da perspectiva de análise, o agente do
Atualmente, em nossa sociedade, em quase todas as instituições, trabalho pode e deve ser visto como um indivíduo, um grupo ou
a definição das finalidades está quase completamente alienada, fora equipe, uma instituição ou uma sociedade.
do poder de decisão dos trabalhadores que realizam as atividades pro-
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Objetivos existenciais ou sociais nos processos de trabalho Quando atua na atenção básica, onde promover saúde tem
Até este ponto do texto, consideramos os objetivos dos pro- como finalidade a melhoria da qualidade de vida das pessoas, é es-
cessos de trabalho sob um ângulo predominantemente técnico, da sencial que o profissional se coloque no lugar do outro e o ajude a
finalidade imediata do trabalho (produzir uma mesa, aplicar uma ser protagonista; socialize saberes que forneçam subsídios para a
vacina, preparar uma comida, etc.). Porém, todo processo de tra- tomada de decisão.
balho realiza também objetivos existenciais e sociais dos sujeitos
nele envolvidos, objetivos esses que podem estar claros ou não Especificidades do processo de trabalho na prestação de ser-
para esses sujeitos. viços
Em primeiro lugar, o processo de trabalho é um momento pri- Em uma prestação de serviços o que se pretende como produ-
vilegiado de exercício de capacidades, de manifestação ativa dos to não é a modificação de matérias -primas ou de matérias pré-ela-
indivíduos e, por isso, podemos dizer que a realização em si dessas boradas que resultem em objetos úteis para o consumo individual
individualidades é também um objetivo de todo trabalho. Dito de ou coletivo. Essa é a imagem que mais imediatamente vem à nossa
outra forma, desenvolver a capacidade e a possibilidade de realizar mente quando pensamos no processo de trabalho em geral, ligado
um trabalho pode ser, em si mesmo, um objetivo. à produção de bens de consumo. Por exemplo: transformar a ma-
Aqui se incluem potencialidades e expectativas individuais que deira em uma mesa.
são sempre formadas ou desenvolvidas socialmente. Mas deve-se Na prestação de serviços em geral, o objetivo ou finalidade é
destacar que parte não desprezível dessa realização, assim como a criação ou produção de certas condições ou estados para os indi-
da produtividade do trabalho, deve-se às relações interpessoais nas víduos demandantes dos serviços. Por exemplo: prestar uma infor-
equipes de trabalho. Dessa interrelação também emergem objeti- mação, cortar o cabelo, passar uma roupa.
vos diversos daqueles relacionados à realização dos produtos que Em alguns desses casos realizam-se, portanto, modificações
tecnicamente são o fim do trabalho da equipe. nos próprios consumidores do serviço. Nessas situações, é preciso
Em segundo lugar, é claro que as instituições apresentam obje- considerar que os consumidores do serviço são, também, sujeitos
tivos que vão muito além da simples realização dos produtos para os ou agentes do processo de trabalho e são, ainda, em alguma di-
quais elas são designadas. Esses objetivos variam, certamente, com mensão de seu ser, objetos desse mesmo processo de trabalho.
o caráter das instituições em questão. Um exemplo clássico é aquele Esses são os casos, por exemplo, da saúde e da educação.
das empresas privadas dentro das relações sociais capitalistas. Por fim, deve-se considerar que, nos processos de trabalho em
Nessas condições, as instituições sempre têm como objetivo fi- geral, também os agentes são modificados pelo exercício de sua
nal não apenas a fabricação de um produto, mas, também, produzir atividade produtiva e pelos resultados de sua produção. Esse fato
certo volume ou percentual de lucro ou conquistar certa posição no se apresenta ainda mais intenso e diretamente na prestação de ser-
mercado. A realização de seus produtos ou serviços é, de fato, meio viços, que se baseia em relações interpessoais entre o prestador de
para atingirem tal fim. Do mesmo modo, dentro das instituições serviço e o usuário ou cliente e cujo objetivo é alguma modificação
públicas por meio das quais se realizam, por exemplo, os serviços sobre esse usuário ou cliente.
públicos de saúde e educação no Brasil, há objetivos de interesse O profissional não pode estar alheio a essa dimensão de seu
dos representantes políticos, tais como a conquista e a manuten- trabalho. Por um lado, porque ela é um de seus objetivos centrais
ção de posições de poder nos diversos níveis institucionais: local, e, por outro, porque a sua própria subjetividade também se forma
municipal, regional, estadual e nacional. e se transforma durante esse processo. A atividade produtiva é aí,
Por fim, todos esses objetivos ou expectativas individuais, então, direta e intensamente, produção de sujeitos, envolvendo
grupais ou institucionais se dão numa determinada sociedade que os dois lados da relação: o usuário e o profissional. Assim é, como
também produz (de uma maneira ou de outra) objetivos ou expec- dissemos, na prestação de serviços em educação e saúde. Nesses
tativas, expressos, mais ou menos claramente, em padrões, valores casos, podemos dizer, portanto, que o próprio profissional é, tam-
e metas. bém, de modo direto, objeto no processo de trabalho.
Nos níveis institucional e social é que se definem, também, as Esperamos ter ficado claro que o processo de trabalho na pres-
retribuições, as recompensas (salário, por exemplo) atribuídas aos tação de serviços se diferencia, em alguns aspectos, do processo de
diversos indivíduos, conforme suas posições na divisão do trabalho. trabalho na produção de bens (produtos). Agora, veremos as espe-
Essas recompensas representam parcela significativa das condições cificidades da prestação de serviços na saúde e particularmente na
de trabalho e, ao mesmo tempo, certamente, constituem parte dos Atenção Básica à Saúde. Vamos aplicar ao processo de trabalho em
objetivos dos agentes individuais nos processos de trabalho. atenção à saúde o esquema geral dos processos de trabalho, com a
característica específica de ser uma produção de serviços e não de
Pode-se concluir que todos os objetivos dos processos de bens de consumo.
trabalho são, portanto, estabelecidos por subjetividades ou com- Entre as peculiaridades dos processos de trabalho na pres-
plexos de subjetividades em diversos níveis de estruturação, que, tação de serviços, conforme exposto anteriormente, destacamos
como tal, funcionam como agentes, em sentido amplo, nos proces- uma que é pertinente ao trabalho em saúde: o usuário é o objeto
sos de trabalho (Merhy, 2002). no processo de trabalho, mas é também um agente. Isso porque é
em sua existência que as alterações buscadas irão ou não ocorrer.
Componentes do processo de trabalho em saúde Por isso, é evidente que ele deve estar ativamente envolvido para
Imerso na cultura de modelo à saúde instituído, com foco na que elas ocorram, por exemplo, fornecendo informações ou cum-
doença, é comum que um profissional de saúde veja a situação vi- prindo recomendações que implicam, muitas vezes, mudanças de
venciada por uma pessoa da comunidade de uma perspectiva bem hábitos de vida (parar de fumar, emagrecer, etc.). Ou seja, o objeto
diferente da dela. Veja como esta situação está representada na da ação também age.
charge (imagem) apresentada a seguir.
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Na prática clínica, isso quer dizer que, muitas vezes, as pres- Os objetivos e as finalidades
crições e orientações dos profissionais de saúde sempre passarão A pluralidade de agentes anteriormente referidos – institui-
pelo crivo do usuário, que é, enfim, quem decidirá o que será ou ções, equipes, gestores, comunidade/ sociedade – define objetivos
não feito. Podemos dizer que este fato é: menos importante ou e finalidades distintos e por vezes contraditórios, conforme mos-
desprezível em urgências e emergências e essencial em atenção traremos a seguir.
básica; menos presente nas doenças e eventos agudos, sendo de-
terminante no acompanhamento de casos crônicos. Objetivos dos indivíduos adscritos
Os indivíduos adscritos têm como objetivo principal a resposta
Os agentes e sujeitos às suas necessidades e expectativas que são socialmente considera-
Na apresentação dos elementos do processo de trabalho, co- das como próprias para os serviços de saúde. O alívio de suas dores
meçamos pelos objetivos porque eles funcionam como projeções e sofrimentos e a recuperação de sua capacidade psicofisiológica
que dirigem toda a realização dos processos de trabalho. No entan- são demandas que os indivíduos mais frequentemente apresentam
to, vimos que esses objetivos são formulados por pessoas, grupos, às equipes. A proteção e até a promoção de sua saúde são também
instituições ou sociedades que atuam, direta ou indiretamente, so- demandas apresentadas aos profissionais, desde que sejam social-
bre os processos de trabalho e, por isso, devem ser considerados mente reconhecidas como apropriadas para os serviços de saúde.
como seus sujeitos ou agentes. Como primeiro passo, vamos iden- Assim, a vacinação de crianças e idosos, a realização de alguns
tificar, no caso da estratégia de Saúde da Família, esses agentes. exames preventivos ou o tradicional check-up, o acompanhamento
de pré-natal ou de hipertensos são demandas postas pelos indiví-
O agente institucional: o sistema de saúde duos em algumas circunstâncias. Raramente veremos, no entanto,
No caso do PSF, trata-se de uma estratégia do sistema público usuários requisitando práticas educacionais e atividades para a mu-
de saúde, desenvolvida, portanto, dentro de um organismo estatal. dança de comportamentos, ou a modificação do padrão de suas
O sistema público de saúde brasileiro é estruturado nas três esferas relações sociais e profissionais, em função de impactos esperados
administrativas do estado nacional: união, estados e municípios. em sua saúde.
Todos os elementos institucionais aí envolvidos, nos diversos ní- Portanto, a maioria das expectativas e necessidades apresen-
veis, são agentes dos processos de trabalho do PSF, pois estabele- tadas pelos indivíduos aos profissionais de saúde compõe o que tra-
cem objetivos para as atividades das equipes. dicionalmente se chama de demanda espontânea. Algumas poucas
estão dentro de ações programáticas ou demanda estruturada da
As equipes de Saúde da Família Atenção Básica à Saúde.
As equipes de saúde formalmente constituídas são os agentes Em geral, a relação estabelecida é aquela característica da
ou sujeitos grupais imediatos dos processos de trabalho em Aten- prestação de serviços, cujo critério de eficácia é, fundamentalmen-
ção Básica à Saúde no SUS. te, a satisfação dos usuários, ou seja, o nível de atendimento de
Os profissionais que compõem as equipes de Saúde da Família: suas expectativas. Outra característica fundamental da demanda
São os agentes ou sujeitos individuais imediatos dos processos de em ABS é que parte significativa das necessidades e expectativas
trabalho realizados pelas equipes de Saúde da Família (eSF). apresentadas pelos usuários dos serviços não se limita às condições
Os indivíduos adscritos às equipes de Saúde da Família: Cada e sofrimentos biológicos, ao contrário, é diretamente derivada de
indivíduo adscrito a uma eSF é, pelo menos potencialmente, de- condições psicossociais
mandante de seus serviços e, também, como comentado anterior- Todos que trabalham com ABS sabem que os objetivos dos
mente, objeto e sujeito imediato em sua atuação. usuários para e em relação aos serviços de atenção básica impli-
cam potenciais contradições em si mesmas (e também em relação
A sociedade aos objetivos institucionais do sistema de saúde, das equipes e dos
Por se tratar de componente de um sistema público de saúde, profissionais envolvidos, como veremos adiante). Por um lado, estão
a atenção realizada pela equipe de SF atende, de um modo ou de relacionados à realização de consultas e exames e à medicalização dos
outro, também a objetivos da população brasileira em seu conjun- problemas e, por outro, ultrapassam as possibilidades de uma solução
to, na forma em que ela está organizada. O estado, que foi acima apenas biomédica. Para a resolução dessas contradições e a superação
considerado como agente no nível institucional, tanto serve como das tensões que elas produzem, é necessário o desenvolvimento e uti-
mediador como é componente relevante da organização social e lização de tecnologias próprias à Atenção Básica à Saúde.
certamente também tem objetivos específicos que podem ser dis- Essas tecnologias devem, necessariamente:
tintos dos objetivos sociais. Considerar a necessidade de atenção e cuidado para com todas
Além disso, conhecimentos, técnicas, valores e padrões de as demandas dos usuários;
comportamento que se desenvolvem na prática das equipes de SF Ampliar a capacidade dos profissionais para lidar com as di-
são produzidos socialmente. Também sob esse aspecto a sociedade mensões psíquica e social (cultural, profissional, econômica, etc.)
é agente nos processos de trabalho em saúde. dos indivíduos, inclusive as suas próprias, que interagem;
Cada ESF, por seu turno, deve também atender a objetivos que Ampliar as capacidades comunicativas e gerenciais dos profis-
porventura sejam postos pela população local e, em muitos casos, sionais, necessárias para a atuação comunitária e para a organiza-
essa mesma população, ou parcelas dela, é objeto e agente ime- ção da assistência.
diato nas ações desenvolvidas. Comumente, chamamos a esse sub-
conjunto populacional (a população local) de comunidade. Deve-se Objetivos coletivos locais
destacar que, também nesse nível, conhecimentos, valores e pa- A “comunidade” local, na forma real em que está estruturada,
drões de comportamento são formados e os membros das equipes apresenta demandas correspondentes a necessidades e expectati-
de SF com eles interagem, de um modo ou de outro. vas de grupos constituídos, formal ou informalmente, no território
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

da equipe. Associações comunitárias, grupos de correligionários O objetivo geral do SUS no âmbito nacional é replicado aos ní-
políticos com influência local, grupos religiosos e de várias outras veis estaduais e municipais, assim como nos distritos, áreas e micro-
naturezas coexistem nas áreas das equipes de SF. Esses coletivos áreas das equipes de Saúde da Família, correspondendo aos diversos
apresentam demandas grupais ou de seus representantes, com al- níveis de responsabilização do sistema com a saúde da população.
guma capacidade de pressão junto às equipes. Do mesmo modo que Entre as estratégias para se atingirem esses objetivos podemos
no caso dos indivíduos adscritos, essas demandas frequentemente destacar: a devida gestão dos recursos disponíveis; a regionalização
têm o foco na assistência individual (acesso a consultas, exames, e hierarquização dos serviços; a estruturação das redes de serviços
especialistas, etc.). Portanto, as potenciais contradições apresen- a partir da atenção primária, que exerce função coordenadora; a
tadas na análise dos objetivos individuais também se apresentam adoção de diretrizes clínicas e tecnologias mais eficientes e eficazes
aqui e, do mesmo modo, também aqui se apresenta a necessidade (destacando-se as ações de prevenção e, principalmente, de pro-
do desenvolvimento e da implantação de tecnologias próprias para moção à saúde) em cada nível do sistema, etc.
a atenção básica. Essas tecnologias devem permitir tanto o diag- No entanto, não se deve esquecer, também, que o sistema públi-
nóstico quanto a abordagem das demandas e, principalmente, das co de saúde é parte do estado nacional e, como tal, é organizado sob a
necessidades das comunidades. No nível comunitário, destaca-se o lógica política, respondendo, portanto, também aos objetivos políticos
diagnóstico local e, principalmente, a capacidade dos profissionais que se apresentam em cada nível do Estado. No caso da Atenção Bá-
para identificar e lidar com as influências políticas e com as diversas sica à Saúde e da equipe de Saúde da Família, em especial, dada sua
redes sociais locais, ativando as suas potencialidades para ampliar forte inserção comunitária, os interesses e objetivos políticos locais e
a atenção às necessidades de saúde. municipais têm certamente forte influência sobre a sua atuação.
Também aqui é necessário ter claro que esses objetivos po-
Objetivos institucionais dem estar em contradição com os objetivos gerais do sistema de
Várias dimensões institucionais se entrecruzam na composição saúde. Como apontado na análise dos objetivos coletivos locais, a
de sistemas de saúde públicos em geral e na atenção básica em capacidade de mapear e ativar as diversas influências políticas que
particular. Em primeiro lugar, vamos considerar os objetivos do sis- atuam localmente, no sentido de atender às necessidades de saúde
tema de saúde em geral, os objetivos do SUS. da população, é uma das habilidades que se requerem em Atenção
Esses objetivos estão determinados constitucionalmente e nas Básica à Saúde.
leis orgânicas do SUS e se consolidam em suas normas operacionais
e portarias técnicas. No entanto, não cabe aqui detalhar os princí- Objetivos da sociedade
pios e as diretrizes do SUS, que serão objeto de texto específico na A sociedade, considerada um sujeito coletivo, depende das ca-
sequência desta unidade. pacidades gerais dos seus indivíduos, inclusive as psicofisiológicas,
No contexto da análise do processo de trabalho em ABS, po- para se desenvolver. A proteção e a promoção da saúde do conjun-
demos afirmar que o objetivo geral do SUS, como de todo sistema to dos indivíduos são, portanto, necessidades de toda sociedade.
público nacional e universal de saúde, deve ser a melhoria do nível No entanto, as demandas sociais para o sistema de saúde,
de saúde da população do país, dentro de limites éticos e econômi- muitas vezes, não correspondem a essa necessidade geral. Por um
cos que são estabelecidos socialmente. lado, isso ocorre porque não se tem o conhecimento necessário so-
Esse é o objetivo central de todo sistema nacional de saúde. Tal bre o que realmente protege e promove a saúde da maioria dos
objetivo está claramente expresso em dois relatórios de ministros indivíduos em uma determinada sociedade ou esse conhecimento
da Saúde do Canadá, que são marcos fundamentais para a institu- não é suficientemente difundido. Por outro lado, isso ocorre por-
cionalização da promoção da saúde (LALONDE, 1974; EPP, 1986). que as demandas sociais são apresentadas por grupos de pressão,
De acordo com Lalonde o objetivo do sistema canadense deve com interesses próprios.
atender a um: Os interesses de profissionais de saúde ou de grupos de presta-
[...] completo bem-estar para todos pode estar além do nosso dores de serviços, por exemplo, frequentemente são apresentados
alcance, dada a condição humana, mas muito mais pode ser feito como demandas de toda a sociedade. Sob esse aspecto, merece
para aumentar a liberdade de afastar-se da doença e da deficiência, destaque o fato de que o complexo médico-industrial, desde a for-
bem como para promover um estado de bem-estar suficiente para mação dos profissionais e ao longo de toda a sua carreira, consegue
atuar em um nível adequado de atividade física, mental e social, apresentar os seus interesses como imprescindíveis para se atingi-
tomando em consideração a idade (LALONDE, 1974, p. 6). rem os objetivos sociais.
Discernir o que legitimamente atende às necessidades sociais
Já nas palavras de Jake Epp do que interessa somente aos interesses corporativos e empresa-
Nossa maior responsabilidade é garantir que a saúde dos cana- riais é tarefa difícil. A própria pesquisa médica e as entidades pro-
denses seja preservada e ampliada, um objetivo que somente pode fissionais estão, frequentemente, comprometidas com esses inte-
ser atingido se a cada um de nós puder ser garantido acesso equita- resses. Apesar das dificuldades, esse discernimento é fundamental
tivo à saúde (EPP, 1986, sp.) para a escolha das alternativas de menor relação custo-- efetivi-
dade e que realmente atendam às necessidades da população. O
Não é de se estranhar que esses objetivos estejam claros para acesso atualizado e a avaliação sem preconceitos das evidências
os ministros da saúde do Canadá, já que naquele país o sistema de advindas da epidemiologia e da clínica, da história e dos outros
saúde é completamente público e de acesso universal, o que impli- campos do conhecimento social são recursos que podem contribuir
ca a responsabilização institucional do Ministério da Saúde com a para tal discernimento.
saúde de toda a população.

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POLÍTICA DE SAÚDE

Objetivos dos profissionais e das equipes de saúde


Como todas as pessoas e grupos de trabalho, os profissionais e as equipes de saúde têm seus objetivos profissionais e existenciais,
suas necessidades e expectativas, de condições de trabalho e renda, de realização e desenvolvimento de suas capacidades, de reconheci-
mento, etc. Esses objetivos têm muita importância nos processos de trabalho e, portanto, devem ser considerados, de modo preciso, em
sua gestão. Dessa forma, a constituição de uma equipe e seu funcionamento depende da interação de vários sujeitos que têm objetivos e
perspectivas às vezes muito diferentes.
Provavelmente, o envolvimento de um profissional que “está de passagem” pelo PSF será diferente de outro que “veste a camisa”
da atenção básica.

Os meios e as condições

Os equipamentos e suplementos técnicos, as edificações das unidades de saúde e outros equipamentos sociais utilizados na ABS são
condições que permitem ou não que alguns dos objetivos do trabalho em Atenção Básica à Saúde sejam atingidos. Por exemplo: ter ou
não ter uma mesa ginecológica na unidade de saúde, ter ou não ter uma balança, ter ou não ter espaço para reunião, ter ou não ter con-
dições para a realização de uma cirurgia ambulatorial, ter ou não ter acesso à base de dados dos sistemas de informação em saúde são
condições que podem contribuir, pelo menos em parte, para o sucesso ou não de uma atividade, de um programa ou projeto.
Além desses meios físicos, devemos considerar, também, os conhecimentos e habilidades dos profissionais e os meios constituídos
pela interação dos profissionais entre si e destes com os usuários e a comunidade como condições para a realização do trabalho.

Os objetos e os produtos
O objeto no processo de trabalho em saúde está constituído por processos ou estados sociais, psíquicos ou biológicos cuja altera-
ção pode ter impacto positivo sobre a saúde de indivíduos, grupos de pessoas ou comunidades. Como indicado anteriormente, em se
tratando de Atenção Básica à Saúde, as condições sociais e psíquicas têm muita relevância na determinação das condições de saúde e
nos resultados das intervenções dos profissionais e, portanto, constituem objetos fundamentais das intervenções, requerendo, para isso
capacidades, habilidades e tecnologias específicas.
Podemos concluir que, apesar de não resultar em um produto de consumo determinado, como no caso da produção industrial, nem
por isso o trabalho nos serviços de saúde deixa de ter um produto definido, aqui entendido como o efeito positivo de tais alterações sobre
a saúde das pessoas.

Figura 1 - Processo de trabalho em saúde: agentes, meios, objetos e finalidades

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POLÍTICA DE SAÚDE

INDICADORES DE NÍVEL DE SAÚDE DA POPULAÇÃO.

Indicadores
Indicadores são aproximações quantificadoras de um determinado fenômeno. Podem ser usados para ajudar a descrever determina-
da situação e para acompanhar mudanças ou tendências em um período de tempo. Os indicadores de saúde permitem a comparabilidade
entre diferentes áreas ou diferentes momentos e fornecem subsídios ao planejamento das ações de saúde. Os indicadores para o monito-
ramento da hanseníase constam na Portaria SVS/SAAS/MS nº 125, de 26 de março de 2009.

Classificação dos indicadores


Podem ser classificados em dois grandes grupos, de acordo com o tipo de avaliação a que se destinam: epidemiológicos e operacio-
nais.

Indicadores epidemiológicos – medem a magnitude ou transcendência do problema de saúde pública. Referem-se, portanto, à situa-
ção verificada na população ou no meio ambiente, num dado momento ou determinado período. Ex: coeficiente de detecção de casos e
proporção de casos com deformidades detectados no ano.
Podem ser classificados em dois grandes grupos, de acordo com o tipo de avaliação a que se destinam: epidemiológicos e operacio-
nais, medem a magnitude ou transcendência do problema de saúde pública. Referem-se, portanto, à situação verificada na população ou
no meio ambiente, num dado momento ou determinado período. Ex: coeficiente de detecção de casos e proporção de casos com defor-
midades detectados no ano.

Indicadores operacionais – medem o trabalho realizado, seja em função da qualidade ou quantidade. Ex: proporção de examinados
entre os contatos intra domiciliares registrados dos casos novos de hanseníase no ano.

Notas
- Para monitorar a ocorrência de recidiva, recomenda-se que as gerências estaduais e municipais investiguem as entradas por recidiva
no Sinan e a utilização do formulário de intercorrências após a alta.
- Todos os indicadores listados devem ser calculados utilizando-se dados de casos residentes na unidade federada, independente do local
de detecção e/ou tratamento.
- Além dos indicadores listados, as variáveis da ficha de notificação/investigação também devem ser analisadas, inclusive quanto à com-
pletitude e consistência.
- O planejamento das atividades de controle da hanseníase é um instrumento de sistematização de nível operativo que perpassa todas as
ações, que vão do diagnóstico situacional, estratégia de intervenção e monitorização à avaliação dos resultados alcançados.
- O conhecimento de dados básicos é indispensável ao planejamento. Dentre outros, destacam-se:
- população alvo (da unidade de saúde, município ou estado);
› número de casos de hanseníase em registro ativo;
› número de contatos intra domiciliares de casos novos;
› casos de hanseníase com incapacidades físicas.

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Os indicadores nos traz a situação de uma área ou sistemas em


construção e nos mostra a realidade momentânea de uma área,
pois as modificações são constantes sejam elas no teor social, físico,
epidemiológico, político ou de qualquer outra natureza, pois tudo
está em constante renovação, no intuito de buscar melhorias e isso
faz com que estejamos sempre em movimento construtivo.
Para avaliarmos os fatores que orientam na melhoria dos
serviços de saúde, é que são dispostos os indicadores, os quais atu-
am como mediadores em nossa busca e tomada de decisões frente
à ações que viabilizem a promoção da qualidade de vida.
Os indicadores socioeconômicos, culturais e epidemiológicos
exercem influência direta na saúde pública, como vimos nas aulas
anteriores. Todos eles estão fortemente ligados ao bem estar pre-
conizado pela Constituição Federal de 1988 através das leis n. 8080
e 8142, estão intrínsecos na promoção da saúde. Com base nas
leis citadas, SILVEIRA et al. faz a seguir a definição de promoção da
saúde:
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação Para entendermos melhor, numa visão micro regional, o indica-
da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida dor socioeconômico nos da uma melhor percepção das condições
e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste pro- geopolítica e social, em que vivem cada indivíduo na comunidade
cesso. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental onde iremos atuar dando-nos a possibilidade de construir medidas
e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, que reduzam os impactos de forma equânime.
satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambi-
ente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não -Indicador cultural:
como objetivo de viver. (SILVEIRA et al. 2001. p. 14) Aranha nos traz um conceito sobre cultura, no qual podem-
A repercussão de cada um desses indicadores é sentida de os encontrar vários significados, estes vão variar de acordo com o
acordo com a organização espacial, sua intensidade irá variar de meio em que vivemos e estão em constante mutação como afirma.
acordo com a demografia de cada território, ou seja, os impactos A palavra cultura também tem vários significados, tais como o
variarão com as classes sociais, prevalecendo a capacidade política, de cultura da terra ou cultura de um homem letrado. Em antropo-
econômica, cultural e epidemiológica da população existente em logia, cultura significa tudo que o homem produz ao construir sua
cada área. existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais
e espirituais. Se o contato que o homem tem com o mundo é interme-
-Indicador socioeconômico: diado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de símbolos elabora dos
Faz referência aos pontos críticos ou favoráveis, socialmente e por um povo em determinado tempo e l ugar. Dada a infinita possib-
economicamente falando, de uma população, apontando para as ilidade de simbolizar, as culturas dos povos são múltiplas e variadas
condições de vida de cada grupo social. Esse indicador possibilita . A cultura é, portanto, um processo de autoliberação progressiva do
medirmos os avanços ou retrocessos sociais e colaboram para me- homem, o que o caracteriza como um ser de mutação, um ser de, que
didas como planejamento e execução das políticas públicas como ultrapassa a própria experiência. (ARANHA, 1993. p.6)
faz referência Soligo (2012, p. 16): “Cada vez mais, estados e mu- Esse conceito de Aranha traz uma visão da cultura que é seguida
nicípios fazem uso de uma série de indicadores no planejamento e em cada sociedade e está diretamente relacionada com os fatores dis-
execução de políticas públicas, constituindo um aporte de grande cutidos aqui. É visto como a capacidade de criar e transmitir valores
utilidade e considerável aceitabilidade.” que norteiam uma sociedade. Indicando quais os meios de acesso à
Esse indicador é uma ferramenta que nos possibilita entender informação e o impacto que gerado nos costumes de cada um.
as diversas questões que envolvem uma sociedade no ponto de vista Façamos uma análise dessa figura e observem como a cultura é
econômico (emprego, desemprego, renda e ocupações/profissões), a união de vários fatores, tais como princípios, valores éticos e mo-
bem como o ponto de vista dos níveis de escolaridade, saneamento rais, hábitos e comportamentos, crenças, entre outros. Observamos
básico (água, esgoto e lixo), condições das moradias, etc. Ele nos como o modo de vida está diretamente relacionado como a soma
traz, ainda, a possibilidade de avaliar o índice de desigualdade e de todos esses fatores.
exclusão social para a tomada de decisões que busquem minimizar O meio cultural, em que vive um indivíduo, exerce sobre ele
essa condição, pois, ao longo do nosso estudo, tivemos a chance de a mesma influência que os indicadores socioeconômicos, políticos,
verificar o quanto as questões sociais estão intrínsecas com o fator epidemiológicos, pois estão intimamente relacionados e deve ser
saúde e a interligação entre os indicadores. Barcellos et al. (2002. visto como uma questão de política pública como afirma CALABRE:
p. 130) coloca que “a análise de situação de saúde tem uma lógica Desde 2005, o Ministério da Cultura está se debruçando sobre
territorial, porque no espaço se distribuem populações humanas as propostas de construção de um Plano Nacional de Cultura, de
segundo similaridades culturais e socioeconômicas.” E reforça ain- um Sistema Nacional de Cultura e de um Sistema Nacional de Infor-
da que “a análise de fenômenos de saúde no espaço serve antes de mações Culturais. As questões das desigualdades regionais, sociais
tudo para a síntese de indicadores epidemiológicos, ambientais e e econômicas afetam o campo da cultura de maneira idêntica ao
sociais,” os quais nortearam o nosso serviço. conjunto das políticas públicas. (CALABRE, 2009).

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

Calabre (2009) ainda reforça a necessidade de criar outros indicadores que possibilitem a elaboração, acompanhamento e a avaliação
das políticas públicas dentro da cultura no intuito de acoplar as ações que visam medidas que deverão ser adotadas também pelas demais
áreas que geram indicadores sociais, os quais auxiliarão na tomada de decisões de uma forma mais ampliada.

-Indicador epidemiológico:
COSTA et al. reflete quanto à definição da importância do indicador epidemiológico para as ações que circundam a saúde coletiva:
[...] a formulação e seleção de indicadores epidemiológicos constituem atividade essencial para representar os efeitos da insuficiência
das ações de saneamento sobre a saúde humana e, portanto, como ferramenta para a vigilância e orientação de programas e planos de
alocação de recursos em saneamento. (COSTA et al. 2005. p. 118).
Essa colocação nos dá o entendimento de como esse indicador é relevante às questões acerca da saúde, pois é através dele que ter-
emos acesso à realidade epidemiológica da área onde atuaremos. Será ferramenta imprescindível ao nosso trabalho, pois é a partir desse
indicador que teremos condições de identificar, analisar e elaborar meios de intervir junto à comunidade, nos fatores condicionantes e
determinantes à saúde coletiva.
Através desse indicador, poderemos avaliar as condições sanitárias do meio, bem como o processo saúde-doença. Essa ferramenta nos
possibilita a elaboração de ações que busquem a solução para os agravos de acordo com as ocorrências. É capaz de retratar os pontos mais
vulneráveis de uma comunidade. Barcellos faz uma reflexão acerca da importância dos indicadores para a promoção de saúde a seguir.
Uma das questões importantes para o diagnóstico de situações de saúde, nesse sentido, é o desenvolvimento de indicadores capazes
de detectar e refletir condições de risco à saúde advindos de condições ambientais e sociais adversas. Esses indicadores devem permitir
a identificação dos lugares, suas relações com a região, bem como a relação entre a população e seu território. É nessas relações que se
desenvolvem meios propícios para o desenvolvimento de doenças e também para seu controle. (BARCELLOS, 2002. p. 130).
Através desse indicador, poderemos implementar ações de promoção e prevenção de doenças, aplicando medidas que visam diag-
nosticar o padrão e a frequência de agravos que colocam em risco a saúde de uma determinada população. Ações como, por exemplo,
imunização de doenças sazonais através da vacinação dos indivíduos.
Com base na figura que segue, reflita sobre o conceito de epidemiologia e responda o que se pede.

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

A acessibilidade possibilita que os cidadãos cheguem aos ser-


POLÍTICAS DE DESCENTRALIZAÇÃO E ATENÇÃO PRIMÁRIA viços, ou seja, é o elemento estrutural necessário para a primei-
À SAÚDE. ra atenção. Portanto, o local de atendimento deve ser facilmente
acessível e disponível para não postergar e afetar adversamente o
diagnóstico e manejo do problema de saúde.
O conceito de Atenção Primária Para Donabedian (1973), o acesso pode ser classificado em só-
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS, 2004, cio-organizacional e geográfico. O primeiro diz respeito aos recursos
p. 7) de ne [...] a Atenção Primária é um conjunto de intervenções que facilitam ou atrapalham (barreiras) os esforços dos cidadãos de
de saúde no âmbito individual e coletivo que envolve: promoção, chegarem ao atendimento. O segundo envolve as características re-
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. É desenvolvida lacionadas à distância e ao tempo necessário para alcançar e obter
por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráti- os serviços.
cas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a A acessibilidade pode ser analisada através da disponibilidade,
populações de territórios (território processo) bem delimitadas, das comodidade e aceitabilidade do serviço pelos usuários:
quais assumem responsabilidade. Utiliza tecnologias de elevada • a disponibilidade diz respeito à obtenção da atenção necessá-
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas ria ao usuário e sua família, tanto nas situações de urgência/emer-
de saúde de maior frequência e relevância das populações. É o con- gência quanto de eletividade.
tato preferencial dos usuários com o sistema de saúde. Orienta-se • a comodidade está relacionada ao tempo de espera para o
pelos princípios da universalidade, acessibilidade (ao sistema), con- atendimento, a conveniência de horários, a forma de agendamento,
tinuidade, integralidade, responsabilização, humanização, vínculo, a facilidade de contato com os profissionais, o conforto dos ambien-
equidade e participação social. A Atenção primária deve considerar tes para atendimento, entre outros.
o sujeito em sua singularidade, complexidade, integralidade e inser- • a aceitabilidade está relacionada à satisfação dos usuários
ção sociocultural, e buscar a promoção de sua saúde, a prevenção quanto à localização e à aparência do serviço, a aceitação dos usu-
e tratamento das doenças e a redução dos danos ou sofrimentos ários quanto ao tipo de atendimento prestado e, também, a aceita-
que possam estar comprometendo suas possibilidades de viver de ção dos usuários quanto aos profissionais responsáveis pelo aten-
modo saudável. dimento.
Para Star eld (2002, p. 28) O acesso à atenção é importante na redução da morbidade e
A Atenção Primária é aquele nível de um sistema de serviços mortalidade. Evidências demonstram que o primeiro contato, pelos
de saúde que oferece a entrada no sistema para todas as novas profissionais da APS, leva a uma atenção mais apropriada e melhor
necessidades e problemas, fornece atenção sobre a pessoa (não resultados de saúde e custos totais mais baixos.
direcionada para a enfermidade) no decorrer do tempo, fornece
atenção para todas as condições, exceto as muito incomuns e raras, A longitudinalidade
e coordena ou integra a atenção fornecida em outro lugar ou por A longitudinalidade deriva da palavra longitudinal e é de nida
terceiros. como “lidar com o crescimento e as mudanças de indivíduos ou gru-
pos no decorrer de um período de anos” (STARFIELD, 2002).
As funções É uma relação pessoal de longa duração entre profissionais de
A Atenção Primária à Saúde deve cumprir três funções espe- saúde e usuários em suas unidades de saúde, independente do pro-
ciais (MENDES, 2002): blema de saúde ou mesmo da existência de algum problema.
• Resolução: visa resolver a grande maioria dos problemas de Está associada a diversos benefícios: menor utilização dos ser-
saúde da população; viços; melhor atenção preventiva; atenção mais oportuna e ade-
• Organização: visa organizar osuxos e os contra uxos dos usu- quada; menos doenças preveníveis; melhor reconhecimento dos
ários pelos diversos pontos de atenção à saúde, no sistema de ser- problemas dos usuários; menos hospitalizações; custos totais mais
viços de saúde; baixos.
• Responsabilização: visa responsabilizar-se pela saúde dos Os maiores benefícios estão relacionados ao vínculo com o
usuários em quaisquer pontos de atenção à saúde em que estejam. profissional ou equipe de saúde e ao manejo clínico adequado dos
problemas de saúde, através da adoção dos instrumentos de gestão
Os princípios da clínica – diretrizes clínicas e gestão de patologias.
A Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser orientada pelos se-
guintes princípios (STARFIELD, 2002): primeiro contato; longitudi- A integralidade da Atenção
nalidade; integralidade; coordenação; abordagem familiar; enfoque A integralidade exige que a APS reconheça as necessidades de
comunitário. saúde da população e os recursos para abordá-las.
A APS deve prestar, diretamente, todos os serviços para as
Primeiro contato necessidades comuns e agir como um agente para a prestação de
Para Star eld (2002), a APS deve ser a porta de entrada, ou seja, serviços para as necessidades que devem ser atendidas em outros
o ponto de entrada de fácil acesso ao usuário para o sistema de pontos de atenção.
serviços de saúde. A integralidade da atenção é um mecanismo importante por-
O acesso foi de nido por Millman (1993) como “o uso oportuno que assegura que os serviços sejam ajustados às necessidades de
de serviços de saúde para alcançar os melhores resultados possíveis saúde da população. Para tanto, faz-se necessário:
em saúde”. • o diagnóstico adequado da situação de saúde da população
adscrita;

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POLÍTICA DE SAÚDE

• o atendimento pela unidade básica de saúde, prevenção de A abordagem familiar deve ser empregada em vários momen-
doenças e agravos, restauração e manutenção da saúde – para dar tos, por exemplo, na realização do cadastro das famílias, quando
conta dos problemas mais comuns ou de maior relevância; das mudanças de fase do ciclo de vida das famílias, do surgimento
• A organização das redes de atenção à saúde, para prestar de doenças crônicas ou agudas de maior impacto. Essas situações
atendimento às demais necessidades: a identi cação de outros permitem que a equipe estabeleça, de forma natural, um vínculo
pontos de atenção necessários, o sistema de apoio (diagnóstico e com o usuário e sua família, facilitando a aceitação da investigação
terapêutico), o sistema logístico (transporte sanitário, central de e da intervenção, quando necessária.
agendamento de consultas e internamentos, prontuário eletrônico, A associação da equipe com o usuário e sua família é um requi-
etc.). sito básico para a abordagem familiar e fundamenta-se no respeito
à realidade e às crenças da família, por parte da equipe de saúde.
A Coordenação
Coordenação é, portanto, um estado de estar em harmonia A orientação comunitária
numa ação ou esforço comum. (STARFIELD, 2002). A APS com orientação comunitária utiliza habilidades clínicas,
É um desa o para os pro ssionais e equipes de saúde da APS epidemiológicas, ciências sociais e pesquisas avaliativas, de forma
pois, nem sempre têm acesso às informações dos atendimentos de complementar para ajustar os programas para que atendam as ne-
usuários realizados em outros pontos de atenção e, portanto, há cessidades especí cas de saúde de uma população de nida.
dificuldade de viabilizar a continuidade do cuidado. Para tanto, faz-se necessário:
A essência da coordenação é a disponibilidade de informação a • de nir e caracterizar a comunidade;
respeito dos problemas de saúde e dos serviços prestados. Os pron- • identi car os problemas de saúde da comunidade;
tuários clínicos eletrônicos e os sistemas informatizados podem • modicar programas para abordar esses problemas;
contribuir para a coordenação da atenção, quando possibilitam o • monitorar a efetividade das modi cações do programa.
compartilhamento de informações referentes ao atendimento dos
usuários nos diversos pontos de atenção, entre os profissionais da No Brasil, os agentes comunitários de saúde reforçam a orien-
APS e especialistas. tação comunitária e possibilitam maior vínculo entre as equipes de
saúde e as respectivas comunidades.
A centralização na família A orientação comunitária diz respeito também ao envolvi-
Remete ao conhecimento, pela equipe de saúde, dos membros mento da comunidade na tomada de decisão em todos os níveis
da família e dos seus problemas de saúde. de atenção. No país, este princípio tem se viabilizado através do
Na história da humanidade, as organizações familiares vêm se controle social, com instituição de conselhos locais e municipais de
diferenciando por meio dos tempos (dependendo do contexto so- saúde, além das conferências de saúde.
cioeconômico, dos valores, dos aspectos culturais e religiosos da
sociedade, em que se encontram inseridos) fazendo com que haja As condições crônicas
mudanças no conceito, na estrutura e na composição das famílias. Um dos problemas centrais da crise dos modelos de atenção à
No Brasil, atualmente, tem-se adotado um conceito ampliado, saúde contemporâneos consiste no enfrentamento das condições
e a família é reconhecida como um grupo de pessoas que convi- crônicas na mesma lógica das condições agudas, ou seja, por meio
vam sob o mesmo teto, que possuam entre elas uma relação de de tecnologias destinadas a responder aos momentos agudos dos
parentesco primordialmente pai e/ou mãe elhos consanguíneos ou agravos – normalmente, momentos de agudização das condições
não, assim como as demais pessoas significativas que convivam na crônicas, autopercebidos pelas pessoas – através da atenção à de-
mesma residência, qualquer que seja ou não o grau de parentesco. manda espontânea, principalmente, em unidades de pronto atendi-
Para o Ministério da Saúde, a família é entendida como o con- mento ou de internações hospitalares de urgência ou emergência. E
junto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência do- desconhecendo a necessidade imperiosa de uma atenção contínua
méstica ou normas de convivência, que residem na mesma unidade nos momentos silenciosos dos agravos quando as condições crôni-
domiciliar. Inclui empregado (a) doméstico (a) que reside no domi- cas, insidiosamente, evoluem.
cílio, pensionistas e agregados (BRASIL, 1998). Segundo a Organização Mundial de Saúde (ORGANIZAÇÃO
No Brasil, a centralização na família é implementada com base MUNDIAL DE SAÚDE, 2003), um sistema de Atenção Primária inca-
na estratégia de Saúde da Família, desde 1994. Essa estratégia é paz de gerenciar, com eficácia, o HIV/Aids, o diabetes e a depressão,
entendida como uma reorientação do modelo assistencial, opera- vai tornar-se obsoleto em pouco tempo.
cionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais Hoje, as condições crônicas são responsáveis por 60% de todo
em unidades básicas de saúde. o ônus decorrente de doenças no mundo. No ano 2020, será res-
Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um ponsável por 80% da carga de doença dos países em desenvolvi-
número de nido de famílias, localizadas em uma área geográfica mento e, nesses países, a aderência aos tratamentos chega a ser
delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, apenas de 20% (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2003)
prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais Por esse motivo, no sistema integrado, a Atenção Primária deve
frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. A cen- estar orientada para a atenção às condições crônicas, com o objeti-
tralização na família requer mudança na prática das equipes de vo de controlar as doenças/agravos de maior relevância, através da
saúde, através da abordagem familiar. A equipe de saúde realiza adoção de tecnologias de gestão da clínica, tais como as diretrizes
várias intervenções personalizadas ao longo do tempo, partindo da clínicas e a gestão de patologias.
compreensão da estrutura familiar.

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POLÍTICA DE SAÚDE

aos gestores do Sistema a articulação com os diversos órgãos que


DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA NO ESTADO os produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo re-
DE SÃO PAULO gular de informação em cada nível do setor saúde.
Oportunidade, atualidade, disponibilidade e cobertura são
características que determinam a qualidade da informação, fun-
damentais para que todo o Sistema de Vigilância Epidemiológica
Notificação Compulsória: comunicação obrigatória à autorida-
apresente bom desempenho. Dependem da concepção apresenta-
de de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou res-
da pelo Sistema de Informação em Saúde (SIS), e sua sensibilidade
ponsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados,
para captar o mais precocemente possível as alterações que podem
sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo
ocorrer no perfil de morbimortalidade de uma área, e também da
ou evento de saúde pública, descritos no anexo, podendo ser ime-
organização e cobertura das atividades desenvolvidas pela vigilân-
diata ou semanal.
cia epidemiológica.
As principais doenças e agravos na cidade de São Paulo são:
Entende-se sistema como o “conjunto integrado de partes que
se articulam para uma finalidade comum.” Para sistema de informa-
- Acidente de trabalho
ção existem várias definições, tais como:
- Aids
• “conjunto de unidades de produção, análise e divulgação de
- Coqueluche
dados que atuam integradas e articuladamente com o propósito de
- Meningites
atender às demandas para o qual foi concebido”;
- Sarampo e rubéola (doenças exantemáticas)
• “reunião de pessoas e máquinas, com vistas à obtenção e
- Síndrome Gripal (com dados COVID19)
processamento de dados que atendam à necessidade de informa-
- Síndrome Respiratória Aguda Grave (com dados COVID19)
ção da instituição que o implementa”;
- Surtos Notificados (incluindo Síndrome Gripal)
• “conjunto de estruturas administrativas e unidades de produ-
- Planilha de Acompanhamento de Surtos (incluindo Síndrome
ção, perfeitamente articuladas, com vistas à obtenção de dados me-
Gripal)
diante o seu registro, coleta, processamento,análise, transformação
- Tuberculose
em informação e oportuna divulgação”.
- Violência e Acidentes
Em síntese, um sistema de informação deve disponibilizar o su-
Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/
porte necessário para que o planejamento, decisões e ações dos
saude/tabnet/doencas_e_agravos/index.php. Acesso em: 23.jun.2023.
gestores, em determinado nível decisório (municipal, estadual e
federal), não se baseie em dados subjetivos, conhecimentos ultra-
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA ESTADUAL E passados ou conjecturas.
NACIONAL. O SIS é parte dos sistemas de saúde; como tal, integra suas
estruturas organizacionais e contribui para sua missão. É constitu-
ído por vários sub sistemas e tem como propósito geral facilitar a
Notificação Compulsória de Doenças
formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde,
A informação é instrumento essencial para a tomada de de-
subsidiando o processo de tomada de decisões. Para tanto, deve
cisões. Nesta perspectiva, representa imprescindível ferramenta à
contar com os requisitos técnicos e profissionais necessários ao
vigilância epidemiológica, por constituir fator desencadeador do
planejamento, coordenação e supervisão das atividades relativas à
processo “informação-decisão-ação”, tríade que sintetiza a dinâ-
coleta, registro, processamento, análise, apresentação e difusão de
mica de suas atividades que, como se sabe, devem ser iniciadas a
dados e geração de informações.
partir da informação de um indício ou suspeita de caso de alguma
Um de seus objetivos básicos, na concepção do Sistema Único
doença ou agravo.
de Saúde (SUS), é possibilitar a análise da situação de saúde no ní-
Dado − é definido como “um valor quantitativo referente a
vel local tomando como referencial microrregiões homogêneas e
um fato ou circunstância”, “o número bruto que ainda não sofreu
considerando, necessariamente, as condições de vida da população
qualquer espécie de tratamento estatístico”, ou “a matéria-prima
na determinação do processo saúde-doença. O nível local tem, en-
da produção de informação”.
tão, responsabilidade não apenas com a alimentação do sistema de
Informação − é entendida como “o conhecimento obtido a par-
informação em saúde mas também com sua organização e gestão.
tir dos dados”, “o dado trabalhado” ou “o resultado da análise e
Deste modo, outro aspecto de particular importância é a concepção
combinação de vários dados”, o que implica em interpretação, por
do sistema de informação, que deve ser hierarquizado e cujo fluxo
parte do usuário. É “uma descrição de uma situação real, associada
ascendente dos dados ocorra de modo inversamente proporcional
a um referencial explicativo sistemático”.
à agregação geográfica, ou seja, no nível local faz-se necessário dis-
por, para as análises epidemiológicas, de maior número de variá-
Não se deve perder de vista que a informação em saúde é o
veis.
esteio para a gestão dos serviços, pois orienta a implantação, acom-
Felizmente, os atuais recursos do processamento eletrônico es-
panhamento e avaliação dos modelos de atenção à saúde e das
tão sendo amplamente utilizados pelos sistemas de informação em
ações de prevenção e controle de doenças. São também de inte-
saúde, aumentando sua eficiência na medida em que possibilitam a
resse dados/informações produzidos extra-setorialmente, cabendo
obtenção e processamento de um volume de dados cada vez maior,
além de permitirem a articulação entre diferentes subsistemas.

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POLÍTICA DE SAÚDE

Entre os sistemas nacionais de informação em saúde existen- canismos de transmissão da doença. Os dados, gerados nas áreas
tes, alguns se destacam em razão de sua maior relevância para a de abrangência dos respectivos estados e municípios, devem ser
vigilância epidemiológica: consolidados e analisados considerando aspectos relativos à organi-
zação, sensibilidade e cobertura do próprio sistema de notificação,
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) bem como os das atividades de vigilância epidemiológica.
O mais importante sistema para a vigilância epidemiológica foi
desenvolvido entre 1990 e 1993, visando sanar as dificuldades do Além notificação compulsória;
Sistema de Notificação Compulsória de Doenças (SNCD) e substituí- • casos agregados das doenças constantes da lista de notifica-
-lo, tendo em vista o razoável grau de informatização disponível no ção compulsória, mas cujo volume.
país. O Sinan foi concebido pelo Centro Nacional de Epidemiologia, • acompanhamento de surtos, reproduzidos pelos municípios,
com o apoio técnico do Datasus e da Prefeitura Municipal de Belo e os boletins de acompanhamento de hanseníase e tuberculose,
Horizonte para ser operado a partir das unidades de saúde, con- emitidos pelo próprio sistema.
siderando o objetivo de coletar e processar dados sobre agravos
de notificação em todo o território nacional, desde o nível local. A impressão, distribuição e numeração desses formulários é de
Mesmo que o município não disponha de microcomputadores em responsabilidade do estado ou município. O sistema conta, ainda,
suas unidades, os instrumentos deste sistema são preenchidos nes- com dessas fichas, o sistema também possui planilha e boletim de
te nível e o processamento eletrônico é feito nos níveis centrais das constantes da lista de módulos para cadastramento de unidades
secretarias municipais de saúde (SMS), regional ou secretarias esta- notificadoras, população e logradouros, dentre outros.
duais (SES). É alimentado, principalmente, pela notificação e inves- Após o preenchimento dos referidos formulários, as fontes
tigação de casos de doenças e agravos constantes da lista nacional notificadoras deverão encaminhá-los para o primeiro nível informa-
de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados tizado. A partir daí, os dados serão enviados para os níveis hierár-
e municípios incluir outros problemas de saúde regionalmente im- quicos superiores por meio magnético (arquivos de transferência
portantes Por isso, o número de doenças e agravos contemplados gerados pelo Sistema).
pelo Sinan, vem aumentando progressivamente desde seu proces- Casos de hanseníase e tuberculose, além do preenchimento
so de implementação, em 1993, sem relação direta com a compul- da ficha de notificação/investigação, devem constar do boletim de
soriedade nacional da notificação, expressando as diferenças regio- acompanhamento, visando a atualização de seu acompanhamento
nais de perfis de morbidade registradas no Sistema. até o encerramento para avaliação da efetividade do tratamento,
No Sinan, a entrada de dados ocorre pela utilização de alguns de acordo com as seguintes orientações:
formulários padronizados: • o primeiro nível informatizado deve emitir o Boletim de
Ficha Individual de Notificação (FIN) − é preenchida para cada Acompanhamento de Hanseníase e Tuberculose, encaminhando-o
paciente, quando da suspeita de problema de saúde de notificação às unidades para complementação dos dados;
compulsória (Portaria GM nº 2.325, de 8 de dezembro de 2003) ou • os meses propostos para a alimentação da informação são,
de interesse nacional, estadual ou municipal, e encaminhada pelas no mínimo: janeiro, abril, julho e outubro, para a tuberculose; janei-
unidades assistenciais aos serviços responsáveis pela informação e/ ro e julho, para a hanseníase.
ou vigilância epidemiológica. • cabe ao 1º nível informatizado emitir o boletim de acompa-
nhamento para os municípios não-informatizados;
É também utilizada para a notificação negativa. • após retornar das unidades os boletins devem ser analisados
Notificação negativa − é a notificação da não-ocorrência de do- criticamente e as correções devem ser solicitadas de imediato à uni-
enças de notificação compulsória na área de abrangência da unida- dade de saúde;
de de saúde. Indica que os profissionais e o sistema de vigilância da • a digitação das informações na tela de acompanhamento e
área estão alertas para a ocorrência de tais eventos. arquivamento dos boletins deve ser realizada no 1º nível informa-
A notificação de surtos também deve ser feita por esse instru- tizado.
mento, obedecendo os seguintes critérios:
• casos epidemiologicamente vinculados de agravos inusitados. Preconiza-se que em todas as instâncias os dados aportados
Sua notificação deve estar consoante com a abordagem sindrômica, pelo Sinan sejam consolidados e analisados e que haja uma retroali-
de acordo com as seguintes categorias: síndrome diarreica aguda, mentação dos níveis que o precederam, além de sua redistribuição,
síndrome ictérica aguda, síndrome hemorrágica febril aguda, sín- segundo local de residência dos pacientes objetos das notificações.
drome respiratória aguda, síndrome neurológica aguda e síndrome No nível federal, os dados do Sinan são processados, analisados jun-
da insuficiência renal aguda, dentre outras; tamente com aqueles que chegam por outras vias e divulgados pelo
• casos agregados, constituindo uma situação epidêmica de Boletim Epidemiológico do SUS e informes epidemiológicos eletrô-
doenças não de notificações operacionalmente inviabiliza o seu re- nicos, disponibilizados no site www.saude.gov.br.
gistro individualizado. Ao contrário dos demais sistemas, em que as críticas de con-
sistência são realizadas antes do seu envio a qualquer outra esfera
Ficha Individual de Investigação (FII) − na maioria das vezes de governo, a necessidade de desencadeamento imediato de uma
configura-se como roteiro de investigação, distinto para cada tipo ação faz com que, nesse caso, os dados sejam remetidos o mais
de agravo, devendo ser utilizado, preferencialmente, pelos serviços rapidamente possível, ficando a sua crítica para um segundo mo-
municipais de vigilância ou unidades de saúde capacitadas para a mento − quando do encerramento do caso e, posteriormente, o da
realização da investigação epidemiológica. Esta ficha, como referido análise das informações para divulgação. No entanto, apesar desta
no tópico sobre investigação de surtos e epidemias, permite obter peculiaridade, esta análise é fundamental para que se possa garan-
dados que possibilitam a identificação da fonte de infecção e me-
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POLÍTICA DE SAÚDE

tir uma base de dados com qualidade, não podendo ser relegada a as secretarias municipais se responsabilizarem por seu controle e
segundo plano, tendo em vista que os dados já foram encaminha- distribuição entre os profissionais médicos e instituições que a utili-
dos para os níveis hierárquicos superiores. zem, bem como pelo recolhimento das primeiras vias em hospitais
A partir da alimentação do banco de dados do Sinan, pode-se e cartórios.
calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, bem
como realizar análises de acordo com as características de pessoa, O preenchimento da DO deve ser realizado exclusivamente por
tempo e lugar, particularmente no que tange às doenças transmis- médicos, exceto em locais onde não existam, situação na qual po-
síveis de notificação obrigatória, além de outros indicadores epide- derá ser preenchida por oficiais de Cartórios de Registro Civil, as-
miológicos e operacionais utilizados para as avaliações local, muni- sinada por duas testemunhas. A obrigatoriedade de seu preenchi-
cipal, estadual e nacional. mento, para todo óbito ocorrido, é determinada pela Lei Federal n°
As informações da ficha de investigação possibilitam maior co- 6.015/73. Em tese, nenhum sepultamento deveria ocorrer sem pré-
nhecimento acerca da situação epidemiológica do agravo investi- via emissão da DO. Mas, na prática, sabe-se da ocorrência de sepul-
gado, fontes de infecção, modo de transmissão e identificação de tamentos irregulares, em cemitérios clandestinos (e eventualmente
áreas de risco, dentre outros importantes dados para o desenca- mesmo em cemitérios oficiais), o que afeta o conhecimento do real
deamento das atividades de controle. A manutenção periódica da perfil l de mortalidade, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
atualização da base de dados do Sinan é fundamental para o acom- O registro do óbito deve ser feito no local de ocorrência do
panhamento da situação epidemiológica dos agravos incluídos no evento. Embora o local de residência seja a informação comumente
Sistema. Dados de má qualidade, oriundos de fichas de notificação mais utilizada, na maioria das análises do setor saúde a ocorrência é
ou investigação com a maioria dos campos em branco, inconsistên- fator importante no planejamento de algumas medidas de contro-
cias nas informações (casos com diagnóstico laboratorial positivo, le, como, por exemplo, no caso dos acidentes de trânsito e doenças
porém encerrado como critério clínico) e duplicidade de registros, infecciosas que exijam a adoção de medidas de controle no local
entre outros problemas frequentemente identificados nos níveis de ocorrência. Os óbitos ocorridos fora do local de residência serão
estadual ou federal, apontam para a necessidade de uma avalia- redistribuídos, quando do fechamento das estatísticas, pelas secre-
ção sistemática da qualidade da informação coletada e digitada no tarias estaduais e Ministério da Saúde, permitindo, assim, o acesso
primeiro nível hierárquico de entrada de dados no Sistema, que aos dados tanto por ocorrência como por residência do falecido.
torna possível a obtenção de dados confiáveis, indispensáveis para O SIM constitui importante elemento para o Sistema Nacional
o cálculo de indicadores extremamente úteis, tais como as taxas de Vigilância Epidemiológica, tanto como fonte principal de dados,
de incidência, letalidade, mortalidade e coeficiente de prevalência, quando há falhas de registro de casos no Sinan, quanto como fonte
entre outros. complementar, por também dispor de informações sobre as carac-
Roteiros para a realização da análise da qualidade da base de terísticas de pessoa, tempo e lugar, assistência prestada ao pacien-
dados e cálculos dos principais indicadores epidemiológicos e ope- te, causas básicas e associadas de óbito, extremamente relevantes e
racionais estão disponíveis para os agravos de notificação compul- muito utilizadas no diagnóstico da situação de saúde da população.
sória, bem como toda a documentação necessária para a correta As informações obtidas pela DO também possibilitam o deline-
utilização do Sistema (dicionário de dados e instrucionais de preen- amento do perfil de morbidade de uma área, no que diz respeito às
chimento das fichas Manual de Normas e Rotinas e Operacional). doenças mais letais e às doenças crônicas não sujeitas à notificação
Para que o Sinan se consolide como a principal fonte de infor- compulsória, representando, praticamente, a única fonte regular
mação de morbidade para as doenças de notificação compulsória, de dados. Para as doenças de notificação compulsória, a utilização
faz-se necessário garantir tanto a cobertura como a qualidade das eficiente desta fonte de dados depende da verificação rotineira da
informações. Sua utilização plena, em todo o território nacional, presença desses agravos no banco de dados do SIM. Deve-se tam-
possivelmente possibilitará a obtenção dos dados indispensáveis bém checar se as mesmas constam no Sinan, bem como a evolução
ao cálculo dos principais indicadores necessários para o monitora- do caso para óbito.
mento dessas doenças, gerando instrumentos para a formulação e Uma vez preenchida a DO, quando se tratar de óbitos por cau-
avaliação das políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o sas naturais, ocorridos em estabelecimento de saúde, a primeira
processo de tomada de decisões e contribuindo para a melhoria da via (branca) será da secretaria municipal de saúde (SMS); a segunda
situação de saúde da população. (amarela) será entregue aos familiares do falecido, para registro em
Indicadores são variáveis susceptíveis à mensuração direta, Cartório de Registro Civil e emissão da Certidão de Óbito (ficando
produzidos com periodicidade definida e critérios constantes. A retida no cartório); a terceira (rosa) ficará arquivada no prontuário
disponibilidade de dados, simplicidade técnica, uniformidade, sin- do falecido. Nos óbitos de causas naturais ocorridos fora do esta-
teticidade e poder discriminatório são requisitos básicos para sua belecimento de saúde, mas com assistência médica, o médico que
elaboração. Os indicadores de saúde refletem o estado de saúde da fornecer a DO deverá levar a primeira e terceira vias para a SMS,
população de determinada comunidade. entregando a segunda para os familiares do falecido. Nos casos de
óbitos de causas naturais, sem assistência médica, em locais que
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) disponham de Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), estes serão
Criado em 1975, este sistema iniciou sua fase de descentraliza- responsáveis pela emissão da DO, obedecendo o mesmo fluxo dos
ção em 1991, dispondo de dados informatizados a partir de 1979. hospitais. Em lugares onde não exista SVO, um médico da localida-
Seu instrumento padronizado de coleta de dados é a Declara- de deverá preencher a DO obedecendo o fluxo anteriormente refe-
ção de Óbito (DO), impressa em três vias coloridas, cuja emissão e rido para óbitos ocorridos fora do estabelecimento de saúde, com
distribuição para os estados, em séries prénumeradas, é de compe- assistência médica.
tência exclusiva do Ministério da Saúde. Para os municípios, a dis-
tribuição fica a cargo das secretarias estaduais de saúde, devendo
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POLÍTICA DE SAÚDE

Nos óbitos por causas naturais em localidades sem médicos, Cartórios de Registro Civil, na presença de duas testemunhas, quan-
o responsável pelo falecido, acompanhado de duas testemunhas, do o nascimento ocorre em domicílio sem assistência de profissio-
comparecerá ao Cartório de Registro Civil onde será preenchida a nal de saúde. Desde 1992 sua implantação ocorre de forma gradual.
DO. A segunda via deste documento ficará retida no cartório e a Atualmente, vem apresentando em muitos municípios um volume
primeira e terceira vias serão recolhidas pela secretaria municipal maior de registros do que o publicado nos anuários do IBGE, com
de saúde. Nos óbitos por causas acidentais ou violentas, o médico base nos dados dos Cartórios de Registro Civil.
legista do Instituto Médico-Legal (IML) deverá preencher a DO (nos
locais onde não exista IML um perito é designado para tal finalida- A DN deve ser preenchida para todos os nascidos vivos no país,
de), seguindo-se o mesmo fluxo adotado para os hospitais. o que, segundo conceito definido pela OMS, corresponde a “todo
As SMS realizarão a busca ativa dessas vias em todos os hos- produto da concepção que, independentemente do tempo de ges-
pitais e cartórios, evitando a perda de registro de óbitos no SIM, tação ou peso ao nascer, depois de expulso ou extraído do corpo da
com consequente perfil irreal da mortalidade da sua área de abran- mãe, respire ou apresente outro sinal de vida tal como batimento
gência. Nas SMS, as primeiras vias são digitadas e enviadas em dis- cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos
quetes para as Regionais, que fazem o consolidado de sua área e o músculos de contração voluntária, estando ou não desprendida a
enviam para as secretarias estaduais de saúde, que consolidam os placenta”. A obrigatoriedade desse registro é também dada pela Lei
dados estaduais e os repassam para o Ministério da Saúde. n° 6.015/73. No caso de gravidez múltipla, deve ser preenchida uma
Em todos os níveis, sobretudo no municipal, que está mais pró- DN para cada criança nascida viva.
ximo do evento, deve ser realizada a crítica dos dados, buscando a
existência de inconsistências como, por exemplo, causas de óbito É sabida a ocorrência de uma proporção razoável de subnotifi-
exclusivas de um sexo sendo registradas em outro, causas perina- cação de nascimentos, estimada em até 35% para alguns estados,
tais em adultos, registro de óbitos fetais com causas compatíveis em 1999, particularmente nas regiões Norte e Nordeste − que nes-
apenas com nascidos vivos e idade incompatível com a doença. se ano apresentaram cobertura média em torno de 80% do número
A análise dos dados do SIM permite a construção de importan- de nascidos vivos estimado para cada região, motivo que levou as
tes indicadores para o delineamento do perfil de saúde de uma re- áreas responsáveis pelas estatísticas vitais a realizarem uma busca
gião. Assim, a partir das informações contidas nesse Sistema, pode- ativa nas unidades emissoras de DNs. Entretanto, nesse mesmo pe-
-se obter a mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, ríodo, a captação de nascimentos pelo Sinasc encontrava-se igual
local de ocorrência e residência e letalidade de agravos dos quais ou superior a 100% em relação às estimativas demográficas nas re-
se conheça a incidência, bem como taxas de mortalidade geral, in- giões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com índices mínimos de 87%,
fantil, materna ou por qualquer outra variável contida na DO, uma 90% e 96% em três estados. Tais dados revelam progressiva melho-
vez que são disponibilizadas várias formas de cruzamento dos da- ria da cobertura desse sistema, o que favorece sua utilização como
dos. Entretanto, em muitas áreas, o uso dessa rica fonte de dados é fonte de dados para a confecção de alguns indicadores.
prejudicada pelo não preenchimento correto das DO, com omissão Igualmente à DO, os formulários de Declaração de Nascido Vivo
de dados como, por exemplo, estado gestacional ou puerperal, ou são pré numerados, impressos em três vias coloridas e distribuídos
pelo registro excessivo de causas mal defi nidas, prejudicando o uso às SES pela SVS/MS. As SES encarregavam se, até recentemente, e
dessas informações nas diversas instâncias do sistema de saúde. sua distribuição aos estabelecimentos de saúde e cartórios. Apesar
Estas análises devem ser realizadas em todos os níveis do sistema, da preconização de que as SMS devem assumir esse encargo, isto
sendo subsídios fundamentais para o planejamento de ações dos ainda não está acontecendo em todo o território nacional.
gestores. Nos partos ocorridos em estabelecimentos de saúde, a pri-
meira via (branca) da DN preenchida será para a SMS; a segunda
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) (amarela) deverá ser entregue ao responsável pela criança, para a
O número de nascidos vivos constitui relevante informação obtenção da Certidão de Nascimento no Cartório de Registro Civil,
para o campo da saúde pública, pois possibilita a constituição de onde ficará retida; a terceira (rosa) será arquivada no prontuário
indicadores voltados para a avaliação de riscos à saúde do segmen- da puérpera. Para os partos domiciliares com assistência médica, a
to materno-infantil, a exemplo dos coeficientes de mortalidade primeira via deverá ser enviada para a SMS e a segunda e terceira
infantil e materna, nos quais representa o denominador. Antes da vias entregues ao responsável, que utilizará a segunda via para re-
implantação do Sinasc, em 1990, esta informação só era conhecida gistro do nascimento em cartório e a terceira para apresentação em
no Brasil por estimativas realizadas a partir da informação censitá- unidade de saúde onde realizar a primeira consulta da criança. Nos
ria. Atualmente, são disponibilizados pela SVS, no site www.data- partos domiciliares sem assistência médica, a DN será preenchida
sus.gov.br, dados do Sinasc referentes aos anos de 1994 em diante. no Cartório de Registro Civil, que reterá a primeira via, a ser reco-
Entretanto, até o presente momento, só pode ser utilizado como lhida pela SMS, e a segunda, para seus arquivos. A terceira via será
denominador, no cálculo de alguns indicadores, em regiões onde entregue ao responsável, que a destinará à unidade de saúde do
sua cobertura é ampla, substituindo deste modo as estimativas cen- primeiro atendimento da criança.
sitárias. Também nesses casos as primeiras vias da DN deverão ser
recolhidas ativamente pelas secretarias municipais de saúde, que
O Sinasc tem como instrumento padronizado de coleta de da- após digitá-las envia o consolidado para as SES, onde os dados são
dos a Declaração de Nascido Vivo (DN), cuja emissão, a exemplo processados e distribuídos segundo o município de residência e, a
da DO, é de competência exclusiva do Ministério da Saúde. Tanto a seguir, enviados para o MS, que os reagrupa por estados de residên-
emissão da DN como o seu registro em cartório serão realizados no cia, sendo disponibilizados pela SVS através do site www.datasus.
município de ocorrência do nascimento. Deve ser preenchida nos gov.br e em CD-ROM. Em todos os níveis do sistema, os dados de-
hospitais e outras instituições de saúde que realizam parto, e nos verão ser criticados. As críticas realizadas visam detectar possíveis
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erros de preenchimento da Declaração de Nascido Vivo ou da di- Os números de AIHs têm validade de quatro meses, não sendo
gitação de dados. Sua validação é feita pelo cruzamento de variá- mais aceitos pelo sistema.
veis para verificação de consistência, como, por exemplo, o peso do Tal regra permite certa compensação temporal naqueles es-
bebê com o tempo de gestação ou a idade da mãe com a paridade. tados em que a sazonalidade da ocorrência de doenças influencia
A utilização dos dados deste sistema para o planejamento e to- fortemente o número de internações.
mada de decisões nas três esferas de governo ainda é incipiente. Na O banco de dados, correspondente ao cadastro de todas as uni-
maioria das vezes, como denominador para o cálculo de taxas como dades prestadoras de serviços hospitalares ao SUS credenciadas, é
as de mortalidade infantil e materna, por exemplo. Apesar disso, permanentemente atualizado sempre que há credenciamento, des-
alguns indicadores vêm sendo propostos − a grande maioria voltada credenciamento ou qualquer modificação de alguma característica
à avaliação de risco da mortalidade infantil e a qualidade da rede de da unidade de saúde.
atenção à gravidez e ao parto. Os dados produzidos por este Sistema são amplamente dis-
Entre os indicadores de interesse para a atenção à saúde ma- ponibilizados pelo site. datasus.gov.br e pela BBS (Bulletin Board
terno-infantil, são imprescindíveis as informações contidas na DN: System) do Ministério da Saúde, além de CDROMcom produção
proporção de nascidos vivos de baixo peso, proporção de nasci- mensal e anual consolidadas. Os arquivos disponibilizados podem
mentos prematuros, proporção de partos hospitalares, proporção serde dois tipos: o “movimento”, em que constam todos os dados,
de nascidos vivos por faixa etária da mãe, valores do índice Apgar e o “reduzido”, em que nãoaparecem os relativos aos serviços pro-
no primeiro e quinto minutos, número de consultas pré-natal rea- fissionais.
lizadas para cada nascido vivo, dentre outros. Além desses, podem O SIH/SUS foi desenvolvido para propiciar a elaboração de al-
ainda ser calculados indicadores clássicos voltados à caracterização guns indicadores de avaliação de desempenho de unidades, além
geral de uma população, como a taxa bruta de natalidade e a taxa do acompanhamento dos números absolutos relacionados à fre-
de fecundidade geral. quência de AIHs e que vêm sendo cada vez mais utilizados pelos
gestores para uma primeira aproximação da avaliação de cobertura
Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) de sua rede hospitalar, e até para a priorização de ações de caráter
O SIH/SUS, que possui dados informatizados desde 1984, não preventivo.
foi concebido sob a lógica epidemiológica, mas sim com o propósi- Entre suas limitações encontram-se a cobertura dos dados (que
to de operar o sistema de pagamento de internação dos hospitais depende do grau de utilização e acesso da população aos serviços
contratados pelo Ministério da Previdência. Posteriormente, foi es- da rede pública própria, contratada e conveniada ao SUS), ausên-
tendido aos hospitais filantrópicos, universitários e de ensino e aos cia de críticas informatizadas, possibilidade das informações pouco
hospitais públicos municipais, estaduais e federais. Nesse último confiáveis sobre o endereço do paciente, distorções decorrentes de
caso, somente aos da administração indireta e de outros ministé- falsos diagnósticos e menor número de internamentos que o ne-
rios. cessário, em função das restrições de recursos federais – problemas
Reúne informações de cerca de 70% dos internamentos hospi- que podem resultar em vieses nas estimativas.
talares realizados no país, tratando-se, portanto, de grande fonte Contudo, ao contrário do que ocorre nos bancos de dados dos
das enfermidades que requerem internação, importante para o co- sistemas descritos anteriormente, os dados do SIH/SUS, não podem
nhecimento da situação de saúde e gestão de serviços. Ressalte-se ser corrigidos após terem sido enviados, mesmo após investigados
sua gradativa incorporação à rotina de análise e informações de al- e confirmados erros de digitação, codificação ou diagnóstico. O
guns órgãos de vigilância epidemiológica de estados e municípios. Sistema também não identifica reinternações e transferências de
Seu instrumento de coleta de dados é a Autorização de Inter- outros hospitais, o que, eventualmente leva a duplas ou triplas con-
nação Hospitalar (AIH), atualmente emitida pelos estados a partir tagens de um mesmo paciente.
de uma série numérica única definida anualmente em portaria mi- Apesar de todas as restrições, essa base de dados é de extrema
nisterial. Este formulário contém, entre outros, os dados de aten- importância para o conhecimento do perfil dos atendimentos na
dimento, com os diagnósticos de internamento e alta (codificados rede hospitalar. Adicionalmente, não pode ser desprezada a agilida-
de acordo com a CID), informações relativas às características de de do Sistema. Os dados por ele aportados tornam-se disponíveis
pessoa (idade e sexo), tempo e lugar (procedência do paciente) das aos gestores em menos de um mês, e cerca de dois meses para a
internações, procedimentos realizados, valores pagos e dados ca- disponibilização do consolidado Brasil. Para a vigilância epidemioló-
dastrais das unidades de saúde, que permitem sua utilização para gica, avaliação e controle de ações, esta é uma importante qualida-
fins epidemiológicos. de para o estímulo à sua análise rotineira.
As séries numéricas de AIHs são mensalmente fornecidas pelo
Ministério da Saúde às secretarias estaduais de saúde , de acordo Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS)
com o quantitativo anual estipulado para o estado, que desde o iní- Em 1991, o SIA/SUS foi formalmente implantado em todo o
cio de 1995 é equivalente ao máximo de 9% da população residente território nacional como instrumento de ordenação do pagamento
(estimada pelo IBGE). dos serviços ambulatoriais (públicos e conveniados), viabilizando
Quando se trata de município em gestão plena do sistema, a aos gestores apenas a informação do gasto por natureza jurídica do
cota de AIH definida pela Programação Pactuada e Integrada (PPI) é prestador. O total de consultas e exames realizados era fornecido
repassada diretamente pelo Ministério da Saúde para o município. por outro sistema, de finalidade puramente estatística, cujo docu-
O banco de dados do prestador envia as informações para o Data- mento de entrada de dados era o Boletim de Serviços Produzidos
sus, com cópia para a secretaria estadual de saúde. Nos municípios (BSP) e o único produto resultante, a publicação INAMPS em Dados.
em gestão plena de atenção básica, é o estado que faz a gestão da Embora tenha sofrido algumas alterações com vistas a um
rede hospitalar. melhor controle e consistência de dados, o SIA/SUS pouco mudou
desde sua implantação. Por obedecer à lógica de pagamento por
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procedimento, não registra o CID do(s) diagnóstico(s) dos pacien- Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional
tes e não pode ser utilizado como informação epidemiológica, ou (Sisvan) – instrumento de políticas federais, focalizadas e compen-
seja, seus dados não permitem delinear os perfis de morbidade da satórias. Atualmente, encontra-se implantado em aproximadamen-
população, a não ser pela inferência a partir dos serviços utilizados. te 1.600 municípios considerados de risco para a mortalidade in-
Entretanto, como sua unidade de registro de informações é o fantil.
procedimento ambulatorial realizado, desagregado em atos profis- Disponibiliza informações sobre o programa de recuperação de
sionais, outros indicadores operacionais podem ser importantes crianças desnutridas e gestantes sob risco nutricional.
como complemento das análises epidemiológicas, por exemplo: nú-
mero de consultas médicas por habitante/ano; número de consul- Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização
tas médicas por consultório; número de exames/terapias realizados (SI-PNI) – implantado em todos os municípios brasileiros, fornece
pelo quantitativo de consultas médicas. dados relativos à cobertura vacinal de rotina e, em campanhas, taxa
Desde julho de 1994 as informações relacionadas a esse siste- de abandono e controle do envio de boletins de imunização. Além
ma estão disponíveis no site www.datasus.gov.br e por CD-ROM. do módulo de avaliação do PNI, este Sistema dispõe de um subsis-
Ressalte-se como importante módulo o cadastramento de uni- tema de estoque e distribuição de imunobiológicos.
dades ambulatoriais contratadas, conveniadas e da rede pública Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água
própria dos estados e municípios, bem como as informações sobre para Consumo Humano(Siságua) – fornece informações sobre a
profissionais por especialidade. qualidade da água para consumo humano, proveniente dos siste-
Quando da análise de seus dados, deve-se atentar para as mas público e privado, e soluções alternativas de abastecimento.
questões relativas à cobertura, acesso, procedência e fluxo dos usu- Objetiva coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineira-
ários dos serviços de saúde. mente, de forma a produzir informações necessárias à prática da
vigilância da qualidade da água de consumo humano (avaliação da
Outras importantes fontes de dados problemática da qualidade da água e definição de estratégias para
A depender das necessidades dos programas de controle de prevenir e controlar os processos de sua deterioração e transmissão
algumas doenças, outros sistemas de informação complementares de enfermidades) por parte das secretarias municipais e estaduais
foram desenvolvidos pelo Cenepi, tais como o FAD (Sistema de in- de saúde, em cumprimento à Portaria nº 36/90, do Ministério da
formação da febre amarela e dengue), que registra dados de infes- Saúde.
tação pelo Aedes aegypti, a nível municipal, e outros dados opera- Além das informações decorrentes dos sistemas descritos exis-
cionais do programa. tem outras grandes bases de dados de interesse para o setor saúde,
Outros sistemas de informação que também podem ser úteis à com padronização e abrangência nacionais. Entre elas destacam-se:
vigilância epidemiológica, embora restritos a uma área de atuação Cadernos de Saúde e Rede Interagencial de Informação para a Saú-
muito específica, quer por não terem uma abrangência nacional ou de/ Ripsa, da qual um dos produtos é o IDB/Indicadores e Dados Bá-
por não serem utilizados em todos os níveis de gestão, são: sicos para a Saúde (acesso via www.datasus.gov.br ou www.saude.
gov.br), além daquelas disponibilizadas pelo IBGE (particularmente
Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab) – sistema no que se refere ao Censo Demográfico, à Pesquisa Brasileira por
de informação territorializado que coleta dados que possibilitam Amostragem de Domicílios – Pnad e Pesquisa Nacional de Sanea-
a construção de indicadores populacionais referentes a áreas de mento Básico 2000). É também importante verificar outros bancos
abrangência bem delimitadas, cobertas pelo Programa de Agentes de dados de interesse à área da saúde, como os do Ministério do
Comunitários de Saúde e Programa Saúde da Família. Trabalho (Relação Anual de Informações Sociais/Rais) e os do Sis-
Sua base de dados possui três blocos: o cadastramento fami- tema Federal de Inspeção do Trabalho (informações sobre riscos
liar (indicadores sociodemográficos dos indivíduos e de saneamen- ocupacionais por atividade econômica), bem como fontes de dados
to básico dos domicílios); o acompanhamento de grupos de risco resultantes de estudos e pesquisas realizados por instituições como
(menores de dois anos, gestantes, hipertensos, diabéticos, pessoas o Ipea e relatórios e outras publicações de associações de empresas
com tuberculose e pessoas com hanseníase); e o registro de ativida- que atuam no setor médico supletivo (medicina de grupo, segura-
des, procedimentos e notificações (produção e cobertura de ações doras, autogestão e planos de administração).
e serviços básicos, notificação de agravos, óbitos e hospitalizações). A maioria dos sistemas de informação ora apresentados possui
Os níveis de agregação do SIAB são: microárea de atuação do manual instrucional e modelos dos instrumentos de coleta (fichas e
agente comunitário de saúde (território onde residem cerca de 150 declarações) para implantação e utilização em computador – dispo-
famílias), área de abrangência da equipe de Saúde da Família (terri- nibilizados pela Secretaria de Vigilância em Saúde.
tório onde residem aproximadamente mil famílias), segmento, zo- A utilização dos sistemas de informações de saúde e de outras
nas urbana e rural, município, estado, regiões e país. Assim, o Siste- fontes de dados, pelos serviços de saúde e instituições de ensino
ma possibilita a microlocalização de problemas de saúde como, por e pesquisa, dentre outras, pode ser viabilizada via Internet, propi-
exemplo, a identificação de áreas com baixas coberturas vacinais ou ciando o acesso a dados nas seguintes áreas:
altas taxas de prevalência de doenças (como tuberculose e hiper- • demografia – informações sobre população, mortalidade e
tensão), permitindo a espacialização das necessidades e respostas natalidade;
sociais e constituindo-se em importante ferramenta para o planeja- • morbidade – morbidade hospitalar e ambulatorial, registros
mento e avaliação das ações de vigilância da saúde. especiais, seguro social, acidentes de trânsito, de trabalho, etc.;
meio ambiente: saneamento básico, abastecimento de água, des-
tino dos dejetos e lixo, poluição ambiental, condições de habitação,
estudo de vetores;

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POLÍTICA DE SAÚDE

• recursos de saúde e produção de serviços – recursos físicos,


humanos, financeiros, produção na rede de serviços básicos de saú- CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO.PROGRAMA NA-
de e em outras instituições de saúde, vigilância sanitária; no âmbito CIONAL DE HUMANIZAÇÃO DO SUS.
documental e administrativo: legislação médico-sanitária, referên-
cias bibliográficas e sistemas administrativos.
Conceito e Tipo de Imunidade
Existem outros dados necessários ao município e não coletados
regularmente, que podem ser obtidos mediante de inquéritos e es- Programa de Imunização
tudos especiais, de forma eventual e localizada.
Contudo, é preciso haver racionalidade na definição dos dados Programa de imunização e rede de frios, conservação de va-
a serem coletados, processados e analisados no SIS, para evitar des- cinas
perdício de tempo, recursos e descrédito no sistema de informação, PNI: essas três letras inspiram respeito internacional entre es-
tanto pela população como pelos técnicos. pecialistas de saúde pública, pois sabem que se trata do Programa
Nacional de Imunizações, do Brasil, um dos países mais populosos
Divulgação das informações e de território mais extenso no mundo e onde nos últimos 30 anos
A retroalimentação dos sistemas deve ser considerada um dos foram eliminadas ou são mantidas sob controle as doenças prevení-
aspectos fundamentais para o contínuo processo de aperfeiçoa- veis por meio da vacinação.
mento, gerência e controle da qualidade dos dados. Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Or-
Tal prática deve ocorrer nos seus diversos níveis, de forma siste- ganização Mundial de Saúde (OMS), o PNI brasileiro é citado como
mática, com periodicidade previamente definida, de modo a permi- referência mundial. Por sua excelência comprovada, o nosso PNI or-
tir a utilização das informações quando da tomada de decisão e nas ganizou duas campanhas de vacinação no Timor Leste, ajudou nos
atividades de planejamento, definição de prioridades, alocação de programas de imunizações na Palestina, na Cisjordânia e na Faixa
recursos e avaliação dos programas desenvolvidos. Adicionalmente, de Gaza. Nós, os brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos
a divulgação das informações geradas pelos sistemas assume valor no Suriname, recebemos técnicos de Angola para serem capacita-
inestimável como instrumento de suporte ao controle social, práti- dos aqui. Estabelecemos cooperação técnica com Estados Unidos,
ca que deve ser estimulada e apoiada em todos os níveis e que deve México, Guiana Francesa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela,
definir os instrumentos de informação, tanto para os profissionais Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas. Fizemos doações
de saúde como para a comunidade. para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina.
A razão desse destaque internacional é o Programa Nacional
Perspectivas atuais de Imunizações, nascido em 18 de setembro de 1973, chega aos 30
Desde 1992, a SVS vem desenvolvendo, de forma descentrali- anos em condições de mostrar resultados e avanços notáveis. O que
zada, uma política de estímulo ao uso da informação e da informá- foi alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito além do que
tica como subsídio à implantação do SUS no país. foi conseguido por qualquer outro país de dimensões continentais
Para isso, adotou iniciativas junto aos estados e municípios, vi- e de tão grande diversidade socioeconômica.
sando a descentralização do uso do SIM, Sinan e Sinasc, financiou No campo das imunizações, somos vistos com respeito e admi-
cursos de informação, epidemiologia e informática, e divulgou os ração até por países dotados de condições mais propícias para esse
programas EPI-Info e Epimap. trabalho, por terem população menor e ou disporem de espectro
social e econômico diferenciado. Desde as primeiras vacinações,
Este processo vem avançando, particularmente, a partir da im- em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos de imunizações, sendo
plantação da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde que nos últimos 30 anos, com a criação do PNI, desenvolveu ações
(NOB 01/96) e da instituição da transferência de recursos, fundo a planejadas e sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas, var-
fundo, para o desenvolvimento de atividades na área de epidemio- reduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela urbana em
logia (Portaria MS nº 1.399/99). 1942, a varíola em 1973 e a poliomielite em 1989, controlaram o
Considerações finais sarampo, o tétano neonatal, as formas graves da tuberculose, a dif-
A compatibilidade das principais bases de dados dos diversos teria, o tétano acidental, a coqueluche. Mais recentemente, imple-
sistemas de informações em saúde, com vistas à sua utilização con- mentaram medidas para o controle das infecções pelo Haemophilus
junta, é meta há algum tempo buscada pelos profissionais que tra- influenzae tipo b, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita,
balham com a informação no setor saúde. A uniformização de con- da hepatite B, da influenza e suas complicações nos idosos, também
ceitos e definições do Sinan, Sinasc e SIM é exemplo das iniciativas das infecções pneumocócicas.
adotadas no sentido de obter a compatibilização destes sistemas Hoje, os quase 180 milhões de cidadãos brasileiros convivem
que, entretanto, até o momento ainda não foi totalmente atingida. num panorama de saúde pública de reduzida ocorrência de óbitos
, por doenças imuno preveníveis. O País investiu recursos vultosos na
adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adversos
pós-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus sistemas
de informação, descentralizou as ações e garantiu capacitação e
atualização técnico-gerencial para seus gestores em todos os âm-
bitos. As campanhas nacionais de vacinação, voltadas em cada oca-
sião para diferentes faixas etárias, proporcionaram o crescimento
da conscientização social a respeito da cultura em saúde.

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Antes, no Brasil, as ações de imunização se voltavam ao contro- 5.560 municípios, numa vasta extensão territorial, cobrindo uma
le de doenças específicas. Com o PNI, passou a existir uma atuação população de 174 milhões de habitantes, entre crianças, adolescen-
abrangente e de rotina: todo dia é dia de estar atento à erradicação tes, mulheres, adultos, idosos, indígenas e populações especiais.
e ao controle de doenças que sejam possíveis de controlar e erra- Enquanto diversidades culturais, demográficas, sociais e am-
dicar por meio de vacina, e nas campanhas nacionais de vacinação bientais são suplantadas para a realização de atividades de vacina-
essa mentalidade é intensificada e dirigida à doença em foco. O ção de campanha e rotina, novas iniciativas e desafios vão sendo
objetivo prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle da lançados. Desses, vale a pena citar alguns: Programas regionais do
poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da difteria, do tétano, da continente americano – Os programas de erradicação da poliomie-
coqueluche e manter erradicada a varíola. lite, eliminação do sarampo, controle da rubéola e prevenção da
Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para os próximos síndrome da rubéola congênita e a prevenção do tétano neonatal
cinco anos, estão fixadas as seguintes metas: são programas regionais que requerem esforços conjuntos dos paí-
- ampliação da auto-suficiência nacional dos produtos adquiri- ses da região, com definição de metas, estratégias e indicadores,
dos e utilizados pela população brasileira; envolvendo troca contínua e oportuna de informações e realização
- produção da vacina contra Haemophilus influenzae b, da va- periódica de avaliações das atividades em âmbito regional.
cina combinada tetravalente (DTP + Hib), da dupla viral (contra sa- O PNI tem desempenhado papel de destaque, sendo pioneiro
rampo e rubéola) e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxum- na implementação de estratégias como a vacinação de mulheres
ba), da vacina contra pneumococos e da vacina contra influenza e em idade fértil contra a rubéola e o novo plano de controle do téta-
da vacina antirrábica em cultivo celular. no neonatal. Além disso, em 2003 foi iniciada a estratégia de multi-
vacinação conjunta por todos os países da América do Sul, durante
As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº a Semana Sul-Americana de Vacinação. Atividades de busca ativa de
78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo que o institucionalizou), casos, vigilância epidemiológica e vacinação nas fronteiras de todo
são ainda válidas até hoje: o Brasil foram executadas com sucesso. Essa iniciativa se repetirá
- implantar e implementar as ações relacionadas com as vaci- nos próximos anos, contando já com a participação de um núme-
nações de caráter obrigatório; ro ainda maior de países da América Central, América do Norte e
- estabelecer critérios e prestar apoio técnico a elaboração, im- Espanha.
plantação e implementação dos programas de vacinação a cargo
das secretarias de saúde das unidades federadas; Quantidades de imuno biológicos: A cada ano são incorpora-
- estabelecer normas básicas para a execução das vacinações; dos novos imuno biológicos ao calendário do PNI, que são ofere-
- supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações cidos gratuitamente à população, durante campanhas ou na rotina
no território nacional, principalmente o desempenho dos órgãos do programa, prezando pelos princípios do SUS de universalidade,
das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacina- equidade e integralidade.
ção; Campanhas de vacinação: São extremamente complexas a
- centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao coordenação e a logística das campanhas de vacinação. As campa-
PNI. nhas anuais contra a poliomielite conseguem o feito de vacinar 15
milhões de crianças em um único dia. A campanha de vacinação de
A institucionalização do Programa se deu sob influência de vá- mulheres em idade fértil conseguiu vacinar mais de 29 milhões de
rios fatores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam mulheres em idade fértil em todo o País, objetivando o controle da
os seguintes: rubéola e a prevenção da síndrome da rubéola congênita.
- fim da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) no Brasil, Rede de Frio: A rede de frio do Brasil interliga os municípios
com a certificação de desaparecimento da doença por comissão da brasileiros em uma complexa rede de armazenamento, distribuição
OMS; e manutenção de vacinas em temperaturas adequadas nos níveis
- a atuação da Ceme, criada em 1971, voltada para a organiza- nacional, estadual e municipal e local.
ção de um sistema de produção nacional e suprimentos de medica- Autossuficiência na produção de imuno biológicos: O PNI pro-
mentos essenciais à rede de serviços públicos de saúde; duz grande parte das vacinas utilizadas no País e ainda fornece va-
- recomendações do Plano Decenal de Saúde para as Améri- cinas com qualidade reconhecida e certificada internacionalmente
cas, aprovado na III Reunião de Ministros da Saúde (Chile, 1972), pela Organização Mundial da Saúde, com grande potencial de ex-
com ênfase na necessidade de coordenar esforços para controlar, portação de um número maior de vacinas produzidas no País. O
no continente, as doenças evitáveis por imunização. Brasil tem a meta ousada de ter auto-suficiência na produção de
Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a vacina é o imuno biológicos para uso na população brasileira.
único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas Cooperação internacional: O PNI provê assistência técnica com
doenças imuno preveníveis. O controle das doenças só será obti- envio de profissionais para apoiar atividades de imunizações e vi-
do se as coberturas alcançarem índices homogêneos para todos os gilância epidemiológica em outros países das Américas. Ainda, por
subgrupos da população e em níveis considerados suficientes para meio da OPAS, são inúmeros os termos de cooperação entre países
reduzir a morbimortalidade por essas doenças. Essa é a síntese do do qual o Brasil participa, firmados com o intuito de transferir expe-
Programa Nacional de Imunizações, que na realidade não pertence riências e conhecimentos entre os países.
a nenhum governo, federal, estadual ou municipal. É da sociedade Sendo assim, um dos programas de imunizações mais ativos na
brasileira. Novos desafios foram sucessivamente lançados nestes 30 região das Américas, o PNI brasileiro tem exportado iniciativas, his-
anos, o maior deles sendo a difícil tarefa de manejar um programa tórias de sucesso e experiência para diversos países do mundo. É,
que trabalha articulado com os 26 estados, o Distrito Federal e os portanto, um exemplo a ser seguido, de ousadia, de determinação
e de sucesso.”
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Rede de Frio ras” – apenas um recipiente isolado por meio de placas de cortiça,
A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de recebimento, onde eram colocadas pedras de gelo. Essa geladeira ganhou ares
armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e trans- domésticos em 1913.
porte dos imuno biológicos do Programa Nacional de Imunizações e Em 1918, após a invenção da eletricidade, a Kelvinator Co. in-
devem ser mantidos em condições adequadas de refrigeração, des- troduziu no mercado o primeiro refrigerador elétrico com o nome
de o laboratório produtor até o momento de sua utilização. de Frigidaire. Esses primeiros produtos foram vendidos como apa-
O objetivo da Rede de Frio é assegurar que todos os imuno relhos para serem colocados dentro das “caixas de gelo”.
biológicos mantenham suas características iniciais, para conferir Uma das vantagens era não precisar tirar o gelo derretido. O
imunidade. slogan do refrigerador era “mais frio que o gelo”. Na conservação
Imuno biológicos são produtos termolábeis, isto é, se deterio- dos alimentos, a utilização da refrigeração destina-se a impedir a
ram depois de determinado tempo quando expostos a temperatu- multiplicação de microrganismos e sua atividade metabólica, redu-
ras inadequadas (inativação dos componentes imunogênicos). O zindo, consequentemente, à taxa de produção de toxinas e enzimas
manuseio inadequado, equipamentos com defeito ou falta de ener- que poderiam deteriorar os alimentos, mantendo, assim, à qualida-
gia elétrica podem interromper o processo de refrigeração, com- de dos mesmos.
prometendo a potência e eficácia dos imuno biológicos. Com a criação do Programa Nacional de Imunizações no Brasil
São componentes da Rede de Frio: equipe qualificada e equi- surge a necessidade de equipamento de refrigeração para a con-
pamentos adequados. servação dos imuno biológicos e inicia-se o uso do refrigerador
Sistema de Refrigeração: é composto por um conjunto de com- doméstico para este fim, adotando-se algumas adaptações e/ou
ponentes unidos entre si, cuja finalidade é transferir calor de um modificações que serão demonstradas no capítulo referente aos
espaço, ou corpo, para outro. Esse espaço pode ser o interior de equipamentos da rede de frio.
uma câmara frigorífica de um refrigerador, ou qualquer outro espa- Para os imuno biológicos, a refrigeração destina-se exclusiva-
ço fechado onde haja a necessidade de se manter uma temperatura mente à conservação do seu poder imunogênico, pois são produtos
mais baixa que a do ambiente que o cerca. termolábeis, isto é, que se deterioram sob a influência do calor.
O primeiro povo a utilizar a refrigeração foi o chinês, muitos
anos antes de Cristo. Os chineses colhiam o gelo nos rios e lagos Princípios Básicos de Refrigeração
durante a estação fria e o conservavam em poços cobertos de palha Calor: é uma forma de energia que pode ser transmitida de
durante as estações quentes. um corpo a outro em virtude da diferença de temperatura existente
Este primitivo sistema de refrigeração foi também utilizado de entre eles. A transmissão da energia se dá a partir do corpo com
forma semelhante por outros povos da antiguidade. Servia basica- maior temperatura para o de menor temperatura. Um corpo, ao
mente para deixar as bebidas mais saborosas. Até pelo menos o fim receber ou ceder calor, pode sofrer dois efeitos diferentes: variação
do século XVII, esta seria a única aplicação do gelo para a humani- de temperatura ou mudança de estado físico (fase). A quantidade
dade. de calor recebida ou cedida por um corpo que sofre uma variação
Em 1683, Anton Van Leeuwenhoek, um comerciante de tecidos de temperatura é denominada calor sensível. E, se ocorrer uma mu-
e cientista de Delft, nos Países Baixos, que muito contribuiu para o dança de fase, o calor é chamado latente (palavra derivada do latim
melhoramento do microscópio e para o progresso da biologia ce- que significa escondido).
lular, detectou microrganismos em cristais de gelo e a partir dessa Diz-se que um corpo é mais frio que o outro quando possui
observação constatou-se que, em temperaturas abaixo de +10ºC, menor quantidade de energia térmica ou, temperatura inferior ao
estes microrganismos não se multiplicavam, ou o faziam mais vaga- outro. Com base nesses princípios são, a seguir, apresentadas algu-
rosamente, ocorrendo o contrário acima dessa temperatura. mas experiências onde os mesmos são aplicados à conservação de
A observação de Leeuwenhoek continuou sendo alvo de pes- imuno biológicos.
quisa no meio científico e no século 18, descobertas científicas rela-
cionaram o frio à inibição do processo dos alimentos. Além da neve Transferência de Calor: É a denominação dada à passagem da
e do gelo, os recursos eram a salmoura e o ato de curar os alimen- energia térmica (que durante a transferência recebe o nome de ca-
tos. Também havia as loucas de barro que mantinham a frescura lor) de um corpo com temperatura mais alta para outro ou de uma
dos alimentos e da água, fato este já observado pelos egípcios antes parte para outra de um mesmo corpo com temperatura mais baixa.
de Cristo. Mas as dificuldades para obtenção de gelo na natureza Essa transmissão pode se processar de três maneiras diferentes:
criava a necessidade do desenvolvimento de técnicas capazes de condução, convecção e radiação.
produzi-lo artificialmente.
Apenas em 1824, o físico e químico Michael Faraday descobriu Condução: É o processo de transmissão de calor em que a
a indução eletromagnética – o princípio da refrigeração. Esse prin- energia térmica passa de um local para outro através das partículas
cípio seria utilizado dez anos depois, nos Estados Unidos, para fabri- do meio que os separa. Na condução a passagem da energia de uma
car gelo artificialmente e, na Alemanha em 1855. local para outro se faz da seguinte maneira: no local mais quente, as
Mesmo com o sucesso desses modelos experimentais, a pos- partículas têm mais energia, vibrando com mais intensidade; com
sibilidade de produção do gelo para uso doméstico ainda era um esta vibração cada partícula transmite energia para a partícula vizi-
sonho distante. nha, que passa a vibrar mais intensamente; esta transmite energia
Enquanto isso não ocorria, a única possibilidade de utilização para a seguinte e assim sucessivamente.
do frio era tentando ampliar ao máximo a durabilidade do gelo na-
tural. No início do século XIX, surgiram, assim, as primeiras “geladei- Convecção: Consideremos uma sala na qual se liga um aque-
cedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do aquecedor é
aquecido, tornando-se menos denso. Com isso, o ar aquecido sobe
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e o ar frio que ocupa a parte superior da sala, e portanto, mais dis- produto em baixa temperatura, só estará recebendo calor do am-
tante do aquecedor, desce. A esse movimento de massas de fluido biente através da radiação e não pela saída do ar frio existente, uma
chamamos convecção e as correntes de ar formadas são correntes vez que este, sendo mais denso, permanece no fundo da caixa.
de convecção. Portanto, convecção é um movimento de massas de Ao se abrir a porta de uma geladeira vertical ocorrerá a saída
fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem signifi- de parte do volume de ar frio contido dentro da mesma, com sua
cado falar em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convec- consequente substituição por parte do ar quente situado no am-
ção só ocorre nos fluidos. Exemplos ilustrativos: biente mais próximo do refrigerador. O ar frio, por ser mais denso,
- Os aparelhos condicionadores de ar devem sempre ser insta- sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiente (com calor
lados na parte superior do recinto a ser resfriado, para que o ar frio e umidade). Os equipamentos utilizados para a conservação de
refrigerado, sendo mais denso, desça e force o ar quente, menos sorvetes e similares são predominantemente freezers horizontais,
denso, para cima, tornando o ar de todo o ambiente mais frio e com várias aberturas pequenas na parte superior, visando a maior
mais uniforme. eficiência na conservação de baixas temperaturas. Um exemplo do
- Os aparelhos condicionadores de ar modernos possuem refri- princípio da densidade é observado quando os evaporadores ou
geração e aquecimento, mas também devem ser instalados na par- congeladores dos refrigeradores, os aparelhos de ar-condicionado
te superior da sala, pois o período de tempo de maior uso será no e centrais de refrigeração são instalados na parte superior do local
modo ‘refrigeração’, ou seja, no período de verão. Contudo, quando a ser refrigerado Assim o ar frio desce e refrigera todo o ambiente
o equipamento for utilizado no modo ‘aquecimento’, durante o in- mais rapidamente. Já os aquecedores devem ser instalados na par-
verno, as aletas do equipamento deverão estar direcionadas para te inferior. Desta forma, o ar quente sobe e aquece o local de forma
baixo, forçando o ar quente em direção ao solo. mais rápida. Agindo destas formas, garantimos o desempenho cor-
- Os aquecedores de ar, por sua vez, deverão ser sempre insta- reto dos aparelhos e economizamos energia através da utilização da
lados na parte inferior do recinto a ser aquecido, pois o ar quente, convecção natural
por ser menos denso, subirá e o ar que está mais frio na parte supe-
rior desce e sofre aquecimento por convecção. Temperatura: O calor é uma forma de energia que não pode ser
medida diretamente. Porém, por meio de termômetro, é possível
Radiação: É o processo de transmissão de calor através de on- medir sua intensidade. A temperatura de uma substância ou de um
das eletromagnéticas ondas de calor). A energia emitida por um corpo é a medida de intensidade do calor ou grau de calor existente
corpo (energia radiante) se propaga até o outro, através do espaço em sua massa. Existem diversos tipos e marcas de indicadores de
que os separa. Raios infravermelhos; Sol; Terra; O Sol aquece a Terra temperatura. Para seu funcionamento, aproveita-se a proprieda-
através dos raios infravermelhos. Sendo uma transmissão de calor de que alguns corpos têm para dilatar-se ou contrair-se conforme
através de ondas eletromagnéticas, a radiação não exige a presença ocorra aumento ou diminuição da temperatura. Para esse funcio-
do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e namento utilizam-se, também, as variações de pressão que alguns
também em meios materiais. fluidos apresentam quando submetidos a variações de temperatu-
Nem todos os materiais permitem a propagação das ondas de ra. Os líquidos mais comumente utilizados são o álcool e o mercú-
calor através dele com a mesma velocidade. A caixa térmica, por rio, principalmente por não se congelarem a baixas temperaturas.
exemplo, por ser feita de material isolante, dificulta a entrada do Existem várias escalas para medição de temperatura, sendo
calor e o frio em seu interior, originário das bobinas de gelo reutili- que as mais comuns são a Fahrenheit (ºF), em uso nos países de
zável, é conservado por mais tempo. Toda energia radiante, trans- língua inglesa, e a Celsius (ºC), utilizada no Brasil.
portada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta, luz visível, Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centígrados, o pon-
raios X, raio gama, etc, pode converter-se em energia térmica por to de congelamento da água é 0ºC e o seu ponto de ebulição é de
absorção. Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de 100ºC, ambos medidos ao nível do mar e à pressão atmosférica.
ondas de calor. Um corpo bom absorvente de calor é um mal refle- Fatores que interferem na manutenção da temperatura no in-
tor. Um corpo bom refletor de calor é um mal absorvente. Exemplo: terior das caixas térmicas:
Corpos de cor negra são bons absorventes e corpos de cores claras - Temperatura ambiente: Quanto maior for a temperatura am-
são bons refletores de calor. biente, mais rapidamente a temperatura do interior da caixa tér-
mica se elevará, em virtude da entrada de ar quente pelas paredes
Relação entre temperatura e movimento molecular: Inde- da caixa.
pendentemente do seu estado, as moléculas de um corpo encon- - Material isolante: O tipo, a qualidade e a espessura do mate-
tram-se em movimento contínuo. Na figura a seguir, verifica-se o rial isolante utilizado na fabricação da caixa térmica interferem na
comportamento das moléculas da água nos estados sólido, líquido penetração do calor. Com paredes mais grossas, o calor terá maior
e gasoso. À medida que sofrem incremento de temperatura, essas dificuldade para atravessá-las. Com paredes mais finas, o calor pas-
moléculas movimentam-se com maior intensidade. A liberdade sará mais facilmente. Com material de baixa condutividade térmica
para se movimentarem aumenta conforme se passa do estado sóli- (exemplo: poliuretano ao invés de poliestireno expandido), o calor
do para o líquido; e deste, para o gasoso não penetrará na caixa com facilidade.
Convecção Natural – Densidade: Uma mesma substância, em - Bobinas de Gelo Reutilizável – Quantidade e Temperatura: A
diferentes temperaturas, pode ficar mais ou menos densa. O ar quantidade de bobinas de gelo reutilizável colocada no interior da
quente é menos denso que o ar frio. Assim, num espaço determi- caixa é importante para a correta conservação. A transferência do
nado e limitado, ocorre sempre uma elevação do ar quente e uma calor recebido dos imuno biológicos, do ar dentro da caixa e atra-
queda (precipitação) do ar frio. Sob tal princípio, uma caixa térmica vés das paredes fará com que o gelo derreta (temperatura próxima
horizontal aberta, contendo bobinas de gelo reutilizável ou outro de 0ºC, no caso de as bobinas de gelo serem constituídas de água
pura). Otimizar o espaço interno da caixa para a acomodação de
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maior quantidade de bobinas de gelo fará com que a temperatura Compressor: É um conjunto mecânico constituído de um motor
interna do sistema permaneça baixa por mais tempo. Dispor as bo- elétrico e pistão no interior de um cilindro. Sua função é fazer o flui-
binas de gelo reutilizável nos espaços vazios no interior da caixa, de do refrigerante circular dentro do sistema de refrigeração.. Durante
modo que circundem os imuno biológicos serve ao propósito men- o processo de compressão, a pressão e a temperatura do fluido re-
cionado acima. Ao dispor de certa quantidade de bobinas de gelo frigerante se elevam rapidamente
reutilizável nas paredes laterais da caixa térmica, formamos uma
barreira para diminuir a velocidade de entrada de calor, por um pe- Condensador: É o elemento do sistema de refrigeração que se
ríodo de tempo. O calor vai continuar atravessando as paredes, e encontra instalado e conectado imediatamente após o ponto de
isso ocorre porque não existe material perfeitamente isolante. Con- descarga do compressor. Sua função é transformar o fluido refri-
tudo, o calor que adentra a caixa atinge primeiro as bobinas de gelo gerante em líquido. Devido à redução de sua temperatura, ocorre
reutilizável, aumentando inicialmente sua temperatura, e, somente mudança de estado físico, passando de vapor superaquecido para
depois, altera a temperatura do interior da caixa. líquido saturado. São constituídos por tubos metálicos (cobre, alu-
mínio ou ferro) dispostos sobre chapas ou fixos por aletas (arame
A temperatura das bobinas de gelo reutilizável também deve de aço ou lâminas de alumínio), tomando a forma de serpentina.
ser rigorosamente observada. Caso sejam utilizadas bobinas de A circulação do ar através do condensador pode se dar de duas
gelo reutilizável, em temperaturas muito baixas (-20ºC) e em gran- maneiras: a) Por circulação natural (sistemas domésticos) b) Por cir-
de quantidade, há o risco de, em determinado momento, que a culação forçada (sistemas comerciais de grande capacidade). Como
temperatura dos imuno biológicos esteja próxima à dessas bobinas. o condensador está exposto ao ambiente, cuja temperatura é infe-
Por consequência, os imuno biológicos serão congelados, o que rior à temperatura do refrigerante em circulação, o calor vai sendo
para alguns tipos, pode comprometer a qualidade, por exemplo: a dissipado para esse mesmo ambiente. Assim, na medida em que o
vacina contra DTP. fluido refrigerante perde calor ao circular pelo condensador, ele se
Além desses fatores, as experiências citadas permitem lembrar converte em líquido.
alguns pontos importantes: Nos refrigeradores tipo doméstico e freezers utilizados pelo
- o calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes PNI, são predominantemente utilizados os condensadores estáti-
da caixa com maior ou menor facilidade, em função das caracterís- cos, nos quais o ar e a temperatura ambiente são os únicos fatores
ticas do material utilizado e da espessura das mesmas; de interferência. As placas, ranhuras e pequenos tubos incorpora-
- a temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme. dos aos condensadores, visam exclusivamente facilitar a dissipação
Num determinado momento podemos encontrar temperaturas di- do calor, aumentando a superfície de resfriamento.
ferentes em vários pontos (a, b e c). O procedimento de envolver Olhando-se lateralmente um refrigerador tipo doméstico verifi-
os imuno biológicos com bobinas de gelo reutilizável é entendido ca-se que o condensador está localizado na parte posterior, afasta-
como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais do do corpo do refrigerador. O calor é dissipado para o ar circulante
quente para o mais frio, mas que afeta a temperatura dos corpos que sobe em corrente, dos lados do evaporador. Para que este ciclo
pelos quais se propaga; seja completado com maior facilidade e sem interferências desfavo-
- no acondicionamento de imuno biológicos em caixas térmicas ráveis, o equipamento com sistema de refrigeração por compressão
é possível manter ou reduzir a temperatura das mesmas durante (geladeira, freezers, etc.) deve ficar afastado da parede, instalado
um tempo determinado utilizando-se, para tal, bobinas de gelo reu- em lugar ventilado, na sombra e longe de qualquer fonte de calor,
tilizável em diferentes temperaturas e quantidade. para que o condensador possa ter um rendimento elevado. Não co-
locar objetos sobre o condensador. Periodicamente, limpar o mes-
Tipos de Sistema mo para evitar acúmulo de pó ou outro produto que funcione como
Compressão: São sistemas que utilizam a compressão e a ex- isolante.
pansão de uma substância, denominada fluido refrigerante, como
meio para a retirada de energia térmica de um corpo ou ambiente. Alguns equipamentos (geladeiras comerciais, câmaras frigorífi-
Esses sistemas são normalmente alimentados por energia elétrica cas, etc.) utilizam o conjunto de motor, compressor e condensador,
proveniente de centrais hidrelétricas ou térmicas. Alternativamen- instalado externamente.
te, em regiões remotas, tem-se usado o sistema fotovoltaico como
fonte geradora de energia elétrica. Filtro desidratador: Está localizado logo após o condensador.
Consiste em um filtro dotado de uma substância desidratadora que
Componentes e elementos do sistema de refrigeração por retém as impurezas ou substâncias estranhas e absorve a umidade
compressão: Componentes: compressor, condensador e controle residual que possa existir no sistema.
do líquido refrigerante. Elementos: evaporador, filtro desidratador,
gás refrigerante e termostato. Os componentes acima descritos es- Controle de expansão do fluido refrigerante: A seguir está lo-
tão unidos entre si por meio de tubulações, dentro das quais cir- calizado o controlador de expansão do fluido refrigerante. Sua fina-
cula um fluido refrigerante ecológico (R-134a - tetrafluoretano, é o lidade é controlar a passagem e promover a expansão (redução da
mais comum). A compressão e a expansão desse fluido refrigerante, pressão e temperatura) do fluido refrigerante para o evaporador.
dentro de um circuito fechado, o torna capaz de retirar calor de Este dispositivo, em geral, pode ser um tubo capilar usado em pe-
um ambiente. Esse circuito deve estar hermeticamente selado, não quenos sistemas de refrigeração ou uma válvula de expansão, usual
permitindo a fuga do refrigerante. Nos refrigeradores e freezers, em sistemas comerciais e industriais.
o compressor e o motor estão hermeticamente fechados em uma
mesma carcaça

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Evaporador: É a parte do sistema de refrigeração no qual o ratura é controlada manualmente através do ajuste da chama do
fluido refrigerante, após expandir-se no tubo capilar ou na válvula querosene. O sistema por absorção não é tão eficiente e difere da
de expansão, evapora-se a baixa pressão e temperatura, absorven- configuração do sistema por compressão. Seu funcionamento de-
do calor do meio. Em um sistema de refrigeração, a finalidade do pende de uma mistura de água e amoníaco, em presença de um
evaporador é absorver calor do ar, da água ou de qualquer outra gás inerte (hidrogênio). Requer atenção constante para garantir o
substância que se deseje baixar a temperatura. Essa retirada de desempenho adequado.
calor ou esfriamento ocorre em virtude de o líquido refrigerante,
a baixa pressão, se evaporar, absorvendo calor do conteúdo e do Funcionamento do sistema por absorção: A água tem a pro-
ambiente interno do refrigerador. À medida que o líquido vai se priedade de absorver amônia (NH3) com muita facilidade e através
evaporando, deslocando-se pelas tubulações, este se converte em desta, é possível reduzir e manter baixa a temperatura nos sistemas
vapor, que será aspirado pelo compressor através da linha de baixa de absorção. A aplicação de calor ao sistema faz com que a solubi-
pressão (sucção). Posteriormente, será comprimido e enviado pelo lidade da amônia na água, libere o gás da solução. Assim, a amônia
compressor ao condensador fechando o ciclo. purificada, em forma gasosa, se desloca do separador até o con-
densador, que é uma serpentina de tubulações com um dispositivo
Alimentação elétrica dos sistemas de refrigeração por com- de aletas situado na parte superior do circuito. Nesse elemento, a
pressão: Pode ser convencional, quando é proveniente de centrais amônia se condensa e, em forma líquida, desce por gravidade até
hidrelétricas ou térmicas, ou fotovoltaica, quando utiliza a energia o evaporador, localizado abaixo do condensador e dentro do gabi-
solar. A alimentação elétrica convencional dispensa maiores co- nete.
mentários, pois é de uso muito comum e conhecida por todos. O esfriamento interno do equipamento ocorre pela perda de
Atualmente, muitos países em desenvolvimento estão usando calor para a amônia, que sofre uma mudança de fase da amônia,
o sistema fotovoltaico na rede de frio para conservação de imuno- passando do estado líquido para o gasoso.
biológicos. É, algumas vezes, a única alternativa em áreas onde não A presença do hidrogênio mantém uma pressão elevada e uni-
existe disponibilidade de energia elétrica convencional confiável. forme no sistema. A mistura amônia-hidrogênio varia de densidade
A geração de energia elétrica provém de células fotoelétricas ou ao passar de uma parte do sistema para outra, o que resulta em
fotovoltaicas, instaladas em painéis que recebem luz solar direta, um desequilíbrio que provoca a movimentação da amônia até o
armazenando-a em baterias próprias através do controlador de car- componente absorvente (água). Ao sair do evaporador, a mistura
ga para a manutenção do funcionamento do sistema, inclusive no amônia-hidrogênio passa ao absorvedor, onde somente a amônia é
período sem sol. retida. Nesse ponto, o calor aplicado permitirá novamente a libera-
O sistema utilizado em refrigeradores para conservação de ção da amônia até o condensador, fechando o ciclo continuamente.
imuno biológicos é dimensionado para operação contínua do equi- Os sistemas de absorção apresentam algumas desvantagens:
pamento (carregado e incluindo as bobinas de gelo reutilizável) - os equipamentos que utilizam combustível líquido na alimen-
durante os períodos de menor insolação no ano. Se outras cargas, tação apresentam irregularidade da chama e acúmulo de carvão ou
como iluminação, forem incluídas no sistema, elas devem operar fuligem, necessitando regulagem sistemática e limpeza periódica
através de um banco de baterias separado, independente do que dos queimadores;
fornece energia ao refrigerador. O projeto do sistema deve permitir
uma autonomia de, no mínimo, sete dias de operação contínua. - a manutenção do equipamento em operação satisfatória
Em ambientes com temperaturas médias entre +32ºC e +43ºC, apresenta maior grau de complexidade em relação aos sistemas de
a temperatura interna do refrigerador, devidamente carregado, compressão;
quando estabilizada, não deve exceder a faixa de +2ºC a +8ºC. A - a qualidade e o abastecimento constante dos combustíveis
carga recomendada de bobinas de gelo reutilizável contendo água a dificulta o uso de tal equipamento.
temperatura ambiente deve ser aquela que o equipamento é capaz
congelar em um período de 24 horas. Controle de temperatura conforme o tipo de sistema, proce-
Em virtude de seu alto custo e necessidade de treinamento der das seguintes maneiras: a) aqueles que funcionam com com-
especializado dos responsáveis pela manutenção, alguns critérios bustíveis líquidos. O controle é efetuado através da diminuição ou
são observados para a escolha das localidades para instalação desse aumento da chama utilizada no aquecimento do sistema, por meio
tipo de equipamento: de um controle que movimenta o pavio do queimador; b) aqueles
que funcionam com combustíveis gasosos. Nestes sistemas, o con-
- remotas e de difícil acesso, isoladas com inexistência de fonte trole é feito por um elemento termostático que permite aumentar
de energia convencional; ou diminuir a vazão do gás que alimentará a chama do queimador,
- que por razões logísticas se necessite dispor de um refrigera- provocando as alterações de temperatura desejadas; c) aqueles
dor para armazenamento; que funcionam com eletricidade. O controle é feito através de um
- que, segundo o Ministério de Minas e Energia, não serão al- termostato para refrigeração simples, que conecta ou desconecta
cançadas pela rede elétrica convencional em, pelo menos, 5 anos; a alimentação da resistência elétrica, do mesmo tipo utilizado nos
refrigeradores à compressão.
Absorção: Funciona alimentado por uma fonte de calor que Temperatura: controle e monitoramento
pode ser uma resistência elétrica, gás ou querosene. Em opera-
ção com gás ou eletricidade, a temperatura interna é controlada O controle diário de temperatura dos equipamentos da Rede
automaticamente por um termostato. Nos equipamentos a gás, o de Frio é imprescindível em todas as instâncias de armazenamento
termostato dispõe de um dispositivo de segurança que fecha a pas- para assegurar a qualidade dos imuno biológicos. Para isso, utili-
sagem deste quando a chama se apaga; com querosene, a tempe- zam-se termômetros digitais ou analógicos, de cabo extensor ou
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não. Quando for utilizado o termômetro analógico de momento, termômetro de cabo extensor. Se não houver o restabelecimento
máxima e mínima, a leitura deve ser rápida, a fim de evitar variação da energia, no prazo máximo de 2 horas ou quando a temperatura
de temperatura no equipamento. O termômetro de cabo extensor estiver próxima a + 8 C proceder imediatamente a transferência dos
é de fácil leitura e não contribui para essa alteração porque o visor imuno biológicos para outro equipamento com temperatura reco-
permanece fora do equipamento. mendada (refrigerador ou caixa térmica).
O mesmo procedimento deve ser adotado em situação de falha
Termômetro digital de momento, máxima e mínima: É um equi- no equipamento.
pamento eletrônico de precisão constituído de um visor de cristal O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reutilizá-
líquido, com cabo extensor, que mensura as temperaturas (do mo- vel congeladas para serem usadas no acondicionamento dos imuno
mento, a máxima e a mínima), através de seu bulbo instalado no biológicos em caixas térmicas.
interior do equipamento, em um período de tempo. Também existe No quadro de distribuição de energia elétrica da Instituição,
disponível um modelo deste equipamento que permite a leitura das é importante identificar a chave especifica do circuito da Rede de
temperaturas de momento, máxima, mínima e do ambiente exter- Frio e/ou sala de vacinação e colocar um aviso em destaque - “Não
no, com dispositivo de alarme que é acionado quando a variação Desligar”. Estabelecer uma parceria com a empresa local de energia
de temperatura ultrapassa os limites configurados, ou seja, +2º e elétrica, a fim de ter informação prévia sobre interrupções progra-
+ 8º C (set point) ou sem alarme. Constituído por dois visores de madas no fornecimento. Nas situações de emergência é necessário
cristal líquido, um para temperatura do equipamento e outro para a que a unidade comunique a ocorrência à instância superior imedia-
temperatura do ambiente ta para as devidas providências.
Termômetro analógico de momento, máxima e mínima (Ca- Observação: Recomenda-se a orientação dos agentes respon-
pela): Este termômetro apresenta duas colunas verticais de mer- sáveis pela vigilância e segurança das centrais de rede de frio na
cúrio com escalas inversas e é utilizado para verificar as variações identificação de problemas que possam comprometer a qualidade
de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período dos imuno biológicos, comunicando imediatamente o técnico res-
de tempo, fornecendo três tipos de informação: a mais fria; a mais ponsável, principalmente durante finais de semana e feriados.
quente e a do momento.
Termômetro linear: Esse tipo de termômetro só nos dá a tem- Equipamentos da Rede de Frio
peratura do momento, por isso seu uso deve ser restrito às caixas O PNI utiliza equipamentos que garantem a qualidade dos imu-
térmicas de uso diário. no biológicos: câmara frigorífica, freezers ou congeladores, refri-
Colocá-lo no centro da caixa, próximo às vacinas e tampá-la; geradores tipo doméstico ou comercial, caminhão frigorífico entre
aguardar meia hora para fazer a leitura da temperatura, verificando outros. Considerando as atividades executadas no âmbito da cadeia
a extremidade superior da coluna. de frio de imuno biológicos, algumas delas podem apresentar um
- Na caixa térmica da sala de vacina ou para o trabalho extra- potencial de risco à saúde do trabalhador. Neste sentido, a legisla-
muro, a temperatura deverá ser controlada com frequência, subs- ção trabalhista vigente determina o uso de Equipamentos de Pro-
tituindo-se as bobinas de gelo reutilizável quando a temperatura tecão Individual (EPI), conforme estabelece a Portaria do Ministério
atingir +8ºC. do Trabalho e Emprego n. 3.214, de 08/06/1978 que aprovou, den-
- O PNI não recomenda a compra deste modelo de termôme- tre outras normas, a Norma Regulamentadora nº 06 - Equipamento
tro, porém onde de Proteção Individual - EPI. Segundo esta norma, considera-se EPI,
- O PNI espera cada vez mais que todas as instâncias invistam “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra-
na aquisição de termômetros mais precisos e de melhor qualidade balhador, destinado á proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
(digital de momento, máxima e mínima). segurança e a saúde no trabalho”.
Termômetro analógico de cabo extensor: Este tipo de termô-
metro é utilizado para verificar a temperatura do momento, no Câmaras Frigoríficas: Também denominadas câmaras frias. São
transporte, no uso diário da sala de vacina ou no trabalho extra- ambientes especialmente construídos para armazenar produtos em
muro. baixas temperaturas, tanto positivas quanto negativas e em gran-
des volumes. Para conservação dos imuno biológicos essas câmaras
Termômetro a laser: É um equipamento de alta tecnologia, uti- funcionam em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20°C, de acordo
lizado principalmente para a verificação de temperatura dos imuno com a especificação dos produtos. Na elaboração de projetos para
biológicos nos volumes (caixas térmicas), recebidos ou expedidos construção, ampliação ou reforma, é necessário solicitar assessoria
em grandes quantidades. Tem a forma de uma pistola, com um ga- do PNI considerando a complexidade, especificidade e custo deste
tilho que ao ser pressionado aciona um feixe de raio laser que ao equipamento.
atingir a superfície das bobinas de gelo, registra no visor digital do O seu funcionamento de uma maneira geral obedece aos prin-
aparelho a temperatura real do momento. Para que seja obtido um cípios básicos de refrigeração, além de princípios específicos, tais
registro de temperatura confiável é necessário que sejam observa- como:
dos os procedimentos descritos pelo fabricante quanto à distância - paredes, piso e teto montados com painéis em poliuretano
e ao tempo de pressão no gatilho do termômetro injetado de alta densidade revestido nas duas faces em aço inox/
Situações de Emergência alumínio;
Os equipamentos de refrigeração podem deixar de funcionar - sistema de ventilação no interior da câmara, para facilitar a
por vários motivos. Assim, para evitar a perda dos imuno biológicos, distribuição do ar frio pelo evaporador;
precisamos adotar algumas providencias. Quando ocorrer interrup- - compressor e condensador dispostos na área externa à câma-
ção no fornecimento de energia elétrica, manter o equipamento ra, com boa circulação de ar;
fechado e monitorar, rigorosamente, a temperatura interna com
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- antecâmara (para câmaras negativas), com temperatura de luminárias com pano seco e usando luvas de borracha para preven-
+4°C, objetivando auxiliar o isolamento do ambiente e prevenir a ção de choques elétricos. Recomenda-se a limpeza antes da repo-
ocorrência de choque térmico aos imuno biológicos; sição de estoque.
- alarmes audiovisual de baixa e alta temperaturas para aler- - recomenda-se, a cada 6 (seis) meses, proceder a desinfecção
tar da ocorrência de oscilação na corrente elétrica ou de defeito no geral das paredes e teto das câmaras frias;
equipamento de refrigeração; - semanalmente a Coordenação Estadual receberá do respon-
- alarme audiovisual indicador de abertura de porta; sável pela Rede de Frio o gráfico de temperatura das câmaras e dará
- dois sistemas independentes de refrigeração instalados: um o visto, após análise dos mesmos.
em uso e outro em reserva, para eventual defeito do outro;
- sistema eletrônico de registro de temperatura (data loggers); A manutenção preventiva e corretiva é indispensável para
- Lâmpada de cor amarela externamente à câmara, com acio- a garantia do bom funcionamento da câmara. Manter o contrato
namento interligado à iluminação interna, para alerta da presença atualizado e renovar com antecedência prevenindo períodos sem
de pessoal no seu interior e evitar que as luzes internas sejam dei- cobertura. As orientações técnicas e formulários estão descritos no
xadas acesas desnecessariamente. manual específico de manutenção de equipamentos.
Freezers ou Congeladores: São equipamentos destinados, pre-
Algumas câmaras, devido ao seu nível de complexidade e di- ferencialmente, a estocagem de imuno biológicos em temperaturas
mensões utilizam sistema de automação para controle de tempera- negativas (aproximadamente a -20ºC), mais eficientes e confiáveis,
tura, umidade e funcionamento. principalmente aquele dotado de tampas na parte superior. Estes
Organização Interna: As câmaras são dotadas de prateleiras va- equipamentos devem ser do tipo horizontal, com isolamento de
zadas, preferencialmente metálicas, em aço inox, nas quais os imu- suas paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes (contato
no biológicos são acondicionados de forma a permitir a circulação interno) e condensador/compressor em áreas projetadas no corpo,
de ar entre as mesma e organizados de acordo com a especificação abaixo do gabinete. São também utilizados para congelar as bobi-
do produto laboratório produtor, número do lote, prazo de validade nas de gelo reutilizável e nesse caso, a sua capacidade de armaze-
e apresentação. namento é de até 80%.
As prateleiras metálicas podem ser substituídas por estrados Não utilizar o mesmo equipamento para o armazenamento
de plástico resistente (paletes), em função do volume a ser armaze- concomitante de imuno biológicos e bobinas de gelo reutilizável.
nado. Os lotes com menor prazo de validade devem ter prioridade Instalar em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta
na distribuição, Cuidados básicos para evitar perda de imuno bio- e distante, no mínimo, 40cm de outros equipamentos e 20cm de
lógicos: paredes, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para o
- na ausência de controle automatizado de temperatura, reco- ambiente. Colocar o equipamento sobre suporte com rodinhas para
menda-se fazer a leitura diariamente, no início da jornada de traba- evitar a oxidação das chapas da caixa em contato direto com o piso
lho, no início da tarde e no final do dia, com equipamento disponí- úmido e facilitar sua limpeza e movimentação.
vel e anotar em formulário próprio;
- testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de trabalho; Programa Nacional de Imunização
- usar equipamento de proteção individual;
- não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao colocar Vacinação e atenção básica
ou retirar imuno biológico e somente abrir a câmara depois de fe- A Política Nacional de Atenção Básica, estabelecida em 2006,
chada a antecâmara; caracteriza a atenção básica como “um conjunto de ações de saúde,
- somente entrar na câmara positiva se a temperatura interna no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a prote-
registrada no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa conduta impede que ção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento,
a temperatura interna da câmara ultrapasse +8ºC com a entrada de a reabilitação e a manutenção da saúde”. A Estratégia de Saúde da
ar quente durante a abertura da porta; Família (ESF), implementada a partir de 1994, é a estratégia adota-
- verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta da câmara da na perspectiva de organizar e fortalecer esse primeiro nível de
está em boas condições, isto é, se a borracha (gaxeta) não apresen- atenção, organizando os serviços e orientando a prática profissional
ta ressecamento, não tem qualquer reentrância, abaulamento em de atenção à família. No contexto da vacinação, a equipe da ESF
suas bordas e se a trava de segurança está em perfeito funciona- realiza a verificação da caderneta e a situação vacinal e encaminha
mento. O formulário para registro da revisão mensal encontra-se a população à unidade de saúde para iniciar ou completar o esque-
em manual específico de manutenção de equipamentos; ma vacinal, conforme os calendários de vacinação. É fundamental
- observar para que a luz interna da câmara não permaneça que haja integração entre a equipe da sala de vacinação e as de-
acesa quando não houver pessoas trabalhando em seu interior. A mais equipes de saúde, no sentido de evitar as oportunidades per-
luz é grande fonte de calor; didas de vacinação, que se caracterizam pelo fato de o indivíduo
- ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz interna ser atendido em outros setores da unidade de saúde sem que seja
foi apagada; de que todas as pessoas saíram e de que a porta da verificada sua situação vacinal ou haja encaminhamento à sala de
câmara foi fechada corretamente; vacinação.
- a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita sempre
com pano úmido, e se necessário, utilizar sabão. Adotar o mesmo Calendário Nacional de Vacinação
procedimento nas paredes e teto e finalmente secá-los. Remover As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de saúde são defi-
as estruturas desmontáveis do piso para fora da câmara, lavar com nidas nos calendários de vacinação, nos quais estão estabelecidos:
água e sabão, enxaguar, secar e recolocar. Limpar o piso com pano • os tipos de vacina;
úmido (pano exclusivo) e sabão, se necessário e secar. Limpar as • o número de doses do esquema básico e dos reforços;
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POLÍTICA DE SAÚDE

• a idade para a administração de cada dose; e para a equipe de vacinação. Para tanto, é necessário cumprir as se-
• o intervalo entre uma dose e outra no caso do imunobioló- guintes especificidades e condições em relação ao ambiente e às
gico cuja proteção exija mais de uma dose. Considerando o risco, a instalações:
vulnerabilidade e as especificidades sociais, o PNI define calendá- • Sala com área mínima de 6 m2 . Contudo, recomenda-se uma
rios de vacinação com orientações específicas para crianças, adoles- área média a partir de 9 m2 para a adequada disposição dos equi-
centes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. As vacinas recomen- pamentos e dos mobiliários e o fluxo de movimentação em condi-
dadas para as crianças têm por objetivo proteger esse grupo o mais ções ideais para a realização das atividades.
precocemente possível, garantindo o esquema básico completo no • Piso e paredes lisos, contínuos (sem frestas) e laváveis.
primeiro ano de vida e os reforços e as demais vacinações nos anos • Portas e janelas pintadas com tinta lavável.
posteriores. • Portas de entrada e saída independentes, quando possível.
• Teto com acabamento resistente à lavagem.
Os calendários de vacinação estão regulamentados pela Por- • Bancada feita de material não poroso para o preparo dos in-
taria ministerial nº 1.498, de 19 de julho de 2013, no âmbito do sumos durante os procedimentos.
Programa Nacional de Imunizações (PNI), em todo o território na- • Pia para a lavagem dos materiais.
cional, sendo atualizados sistematicamente por meio de informes e • Pia específica para uso dos profissionais na higienização das
notas técnicas pela CGPNI. Nas unidades de saúde, os calendários e mãos antes e depois do atendimento ao usuário.
os esquemas vacinais para cada grupo-alvo devem estar disponíveis • Nível de iluminação (natural e artificial), temperatura, umida-
para consulta e afixados em local visível. de e ventilação natural em condições adequadas para o desempe-
nho das atividades.
Fatores que influenciam a resposta imune • Tomada exclusiva para cada equipamento elétrico
• Equipamentos de refrigeração utilizados exclusivamente para
Fatores relacionados ao vacinado conservação de vacinas, soros e imunoglobulinas, conforme as nor-
-Idade mas do PNI nas três esferas de gestão.
-Gestação • Equipamentos de refrigeração protegidos da incidência de
-Amamentação luz solar direta.
-Reação Anafilática • Sala de vacinação mantida em condições de higiene e lim-
-Paciente Imunodeprimido peza.
-Uso de Antitérmico Profilático.
Administração dos imunobiológicos
Equipe de vacinação e funções básicas Na administração dos imunobiológicos, adote os seguintes pro-
As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equi- cedimentos:
pe de enfermagem treinada e capacitada para os procedimentos de • Verifique qual imunobiológico deve ser administrado, confor-
manuseio, conservação, preparo e administração, registro e descar- me indicado no documento pessoal de registro da vacinação (cartão
te dos resíduos resultantes das ações de vacinação. ou caderneta) ou conforme indicação médica.
A equipe de vacinação é formada pelo enfermeiro e pelo téc- • Higienize as mãos antes e após o procedimento
nico ou auxiliar de enfermagem, sendo ideal a presença de dois
vacinadores para cada turno de trabalho. O tamanho da equipe Examine o produto, observando a aparência da solução, o esta-
depende do porte do serviço de saúde, bem como do tamanho da do da embalagem, o número do lote e o prazo de validade.
população do território sob sua responsabilidade.
Tal dimensionamento também pode ser definido com base na Cuidados com os resíduos da sala de vacinação
previsão de que um vacinador pode administrar com segurança cer- O resíduo infectante deve receber cuidados especiais nas fases
ca de 30 doses de vacinas injetáveis ou 90 doses de vacinas adminis- de segregação, acondicionamento, coleta, tratamento e destino fi-
tradas pela via oral por hora de trabalho. nal. Para este tipo de resíduo, o trabalhador da sala de vacinação
A equipe de vacinação participa ainda da compreensão da si- deve:
tuação epidemiológica da área de abrangência na qual o serviço de • Acondicionar em caixas coletoras de material perfurocortan-
vacinação está inserido, para o estabelecimento de prioridades, a te os frascos vazios de imunobiológicos, assim como aqueles que
alocação de recursos e a orientação programática, quando neces- devem ser descartados por perda física e/ou técnica, além dos ou-
sário. tros resíduos perfurantes e infectantes (seringas e agulhas usadas).
O enfermeiro é responsável pela supervisão ou pelo monito- O trabalhador deve observar a capacidade de armazenamento da
ramento do trabalho desenvolvido na sala de vacinação e pelo pro- caixa coletora, definida pelo fabricante, independentemente do nú-
cesso de educação permanente da equipe. mero de dias trabalhados.
Organização e funcionamento da sala de vacinação • Acondicionar as caixas coletoras em saco branco leitoso.
• Encaminhar o saco com as caixas coletoras para a Central de
Especificidades da sala de vacinação Material e Esterilização (CME) na própria unidade de saúde ou em
A sala de vacinação é classificada como área semicrítica. Deve outro serviço de referência, conforme estabelece a Resolução nº
ser destinada exclusivamente à administração dos imunobiológicos, 358/2005 do Conama, a fim de que os resíduos sejam inativados
devendo-se considerar os diversos calendários de vacinação exis- • A Rede de Frio refere-se à estrutura técnico-administrativa
tentes. Na sala de vacinação, é importante que todos os procedi- (normatização, planejamento, avaliação e financiamento) direcio-
mentos desenvolvidos promovam a máxima segurança, reduzindo nada para a manutenção adequada da Cadeia de Frio. Esta, por sua
o risco de contaminação para os indivíduos vacinados e também vez, representa o processo logístico (recebimento, armazenamento,
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POLÍTICA DE SAÚDE

distribuição e transporte) da Rede de Frio. A sala de vacinação é a Nota:


instância final da Rede de Frio, onde os procedimentos de vacina- • A administração de soros por via endovenosa requer o uso
ção propriamente ditos são executados mediante ações de rotina, de luvas, assim como a assepsia da pele do usuário.
campanhas e outras estratégias. • Na sala de vacinação, todas as va-
cinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal +5ºC. Via intradérmica (ID) Na utilização da via intradérmica, a vacina
Organização dos imunobiológicos na câmara refrigerada é introduzida na derme, que é a camada superficial da pele. Esta
via proporciona uma lenta absorção das vacinas administradas. O
O estoque de imunobiológicos no serviço de saúde não deve volume máximo a ser administrado por esta via é 0,5 mL. A vacina
ser maior do que a quantidade prevista para o consumo de um mês, BCG e a vacina raiva humana em esquema de pré-exposição, por
a fim de reduzir os riscos de exposição dos produtos a situações que exemplo, são administradas pela via intradérmica. Para facilitar a
possam comprometer sua qualidade. Os imunobiológicos devem identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vaci-
ser organizados em bandejas sem que haja a necessidade de dife- na BCG seja administrada na inserção inferior do músculo deltoide
renciá-los por tipo ou compartimento, uma vez que a temperatura direito. Na impossibilidade de se utilizar o deltoide direito para tal
se distribui uniformemente no interior do equipamento. Entretan- procedimento, a referida vacina pode ser administrada no deltoide
to, os produtos com prazo de validade mais curto devem ser dispos- esquerdo.
tos na frente dos demais frascos, facilitando o acesso e a otimização Via subcutânea (SC) Na utilização da via subcutânea, a vacina é
da sua utilização. Orientações complementares sobre a organização introduzida na hipoderme, ou seja, na camada subcutânea da pele.
dos imunobiológicos na câmara refrigerada constam no Manual de O volume máximo a ser administrado por esta via é 1,5 mL. São
Rede de Frio (2013). Abra o equipamento de refrigeração com a exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo,
menor frequência possível. caxumba e rubéola e vacina febre amarela (atenuada). Alguns locais
são mais utilizados para a vacinação por via subcutânea: a região do
Procedimentos segundo as vias de administração dos imuno- deltoide no terço proximal;
biológicos - a face superior externa do braço;
Os imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e bastante - a face anterior e externa da coxa; e
custo-efetivos em saúde pública. Sua eficácia e segurança, entretan- - a face anterior do antebraço.
to, estão fortemente relacionadas ao seu manuseio e à sua adminis-
tração. Portanto, cada imunobiológico demanda uma via específica Via intramuscular (IM) Na utilização da via intramuscular, o
para a sua administração, a fim de se manter a sua eficácia plena. imunobiológico é introduzido no tecido muscular, sendo apropria-
do para a administração o volume máximo até 5 mL. São exemplos
Via oral A via oral é utilizada para a administração de substân- de vacinas administradas por essa via: vacina adsorvida difteria,
cias que são absorvidas no trato gastrintestinal com mais facilidade tétano, pertussis, Haemophilus influenzae b (conjugada) e hepa-
e são apresentadas, geralmente, em forma líquida ou como drá- tite B (recombinante); vacina adsorvida difteria e tétano adulto;
geas, cápsulas e comprimidos. O volume e a dose dessas substân- vacina hepatite B (recombinante); vacina raiva (inativada); vacina
cias são introduzidos pela boca. São exemplos de vacinas adminis- pneumocócica 10 valente (conjugada) e vacina poliomielite 1, 2 e
tradas por tal via: vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada) e vacina 3 (inativada). As regiões anatômicas selecionadas para a injeção in-
rotavírus humano G1P1[8] (atenuada). tramuscular devem estar distantes dos grandes nervos e de vasos
sanguíneos, sendo que o músculo vasto lateral da coxa e o músculo
Via parenteral A maior parte dos imunobiológicos ofertados deltoide são as áreas mais utilizadas.
pelo PNI é administrada por via parenteral. As vias de administração
parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o imuno- Notas:
biológico será administrado. Tais vias são as seguintes: intradérmi- • A região glútea é uma opção para a administração de deter-
ca, subcutânea, intramuscular e endovenosa. minados tipos de soros (antirrábico, por exemplo) e imunoglobuli-
Esta última é exclusiva para a administração de determinados nas (anti-hepatite B e varicela, como exemplos).
tipos de soros. Para a administração de vacinas, não é recomendada • A área ventroglútea é uma região anatômica alternativa para
a assepsia da pele do usuário. Somente quando houver sujidade a administração de imunobiológicos por via intramuscular, devendo
perceptível, a pele deve ser limpa utilizando-se água e sabão ou ser utilizada por profissionais capacitados.
álcool a 70%, no caso de vacinação extramuros e em ambiente hos-
pitalar
Nota: • Quando usar o álcool a 70% para limpeza da pele, fric- Calendários de Vacinação
cione o algodão embebido por 30 segundos e, em seguida, espere O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo
mais 30 segundos para permitir a secagem da pele, deixando-a sem Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/
vestígios do produto, de modo a evitar qualquer interferência do MS) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interes-
álcool no procedimento. se prioritário à saúde pública do país. Atualmente é constituído por
A administração de vacinas por via parenteral não requer para- 12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até a
mentação especial para a sua execução. A exceção se dá quando o terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação
vacinador apresenta lesões abertas com soluções de continuidade da rede pública.
nas mãos. Excepcionalmente nesta situação, orienta-se a utilização Lembramos que estes calendários de vacina são do Ministério
de luvas, a fim de se evitar contaminação tanto do imunobiológico da Saúde e corresponde a todo o Território Nacional. Mas determi-
quanto do usuário. nados Estados do Brasil, acrescentam outras vacinas e outras doses,
devido a necessidade local.
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POLÍTICA DE SAÚDE

Calendário Nacional de Vacinação 6 meses

Criança Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec-


ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 3ª dose
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) - (previne polio-
mielite) – 3ª dose
9 meses

Febre Amarela – uma dose (previne a febre amarela)

12 meses

Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose


Para vacinar, basta levar a criança a um posto ou Unidade Bási- Pneumocócica 10 Valente (conjugada) - (previne pneumonia,
ca de Saúde (UBS) com o cartão/caderneta da criança. O ideal é que otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) –
cada dose seja administrada na idade recomendada. Entretanto, se Reforço
perdeu o prazo para alguma dose é importante voltar à unidade de Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
saúde para atualizar as vacinas. A maioria das vacinas disponíveis pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Reforço
no Calendário Nacional de Vacinação é destinada a crianças. São 15
vacinas, aplicadas antes dos 10 anos de idade. 15 meses

Ao nascer DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço


Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) - (previne poliomie-
BCG (Bacilo Calmette-Guerin) – (previne as formas graves de lite) – 1º reforço
tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única - dose Hepatite A – uma dose
única Tetra viral – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/ca-
Hepatite B–(previne a hepatite B) - dose ao nascer tapora) - Uma dose

2 meses 4 anos

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- DTP (Previne a difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – (previne poliomie-
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- lite) - 2º reforço
mielite) – 1ª dose Varicela atenuada (previne varicela/catapora) – uma dose
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia, Atenção: Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos 11 meses e 29
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dias) de idade deverão tomar uma ou duas doses da vacina influen-
dose za durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe.
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
Adolescente
3 meses

Meningocócica C (conjugada) - (previne Doença invasiva causa-


da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 1ª dose

4 meses

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec-


ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 2ª dose
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- A caderneta de vacinação deve ser frequentemente atualiza-
mielite) – 2ª dose da. Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne pneumonia, precisam de reforço nessa faixa etária. Além disso, doses atrasadas
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª também podem ser colocadas em dia. Veja as vacinas recomenda-
dose das a adolescentes:
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose
Meninas 9 a 14 anos
5 meses
HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e
Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)
pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 2ª dose

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POLÍTICA DE SAÚDE

Meninos 11 a 14 anos Idoso


HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e
verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

11 a 14 anos

Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada


por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou reforço
(a depender da situação vacinal anterior)
São quatro as vacinas disponíveis para pessoas com 60 anos ou
10 a 19 anos mais, além da vacina anual contra a gripe:

Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) 60 anos ou mais


Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal ante-
rior) Hepatite B - 3 doses (verificar situação vacinal anterior)
Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada Febre Amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior)
10 anos Dupla Adulto (dT) - (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses 10 anos
(de acordo com a situação vacinal anterior) Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço (a de-
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin- pender da situação vacinal anterior) - A vacina está indicada para
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (a de- população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com
pender da situação vacinal anterior) - (está indicada para população 60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em insti-
indígena e grupos-alvo específicos) tuições fechadas.
Influenza – Uma dose (anual)
Adulto
Gestante

É muito importante que os adultos mantenham suas vacinas


em dia. Além de se proteger, a vacina também evita a transmissão A vacina para mulheres grávidas é essencial para prevenir doen-
para outras pessoas que não podem ser vacinadas. Imunizados, fa- ças para si e para o bebê. Veja as vacinas indicadas para gestantes.
miliares podem oferecer proteção indireta a bebês que ainda não Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
estão na idade indicada para receber algumas vacinas, além de ou- Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – 3 doses (a de-
tras pessoas que não estão protegidas. Veja lista de vacinas disponi- pender da situação vacinal anterior)
bilizadas a adultos de 20 a 59 anos: dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne dif-
teria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada gestação a partir da
20 a 59 anos 20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto).
Influenza – Uma dose (anual)
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas
anterior)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Verificar Criança
a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20
a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (Está
indicada para população indígena e grupos-alvo específicos)

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POLÍTICA DE SAÚDE

Ao nascer 4 anos

BCG – dose única - (previne as formas graves de tuberculose, DTP (previne difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço
principalmente miliar e meníngea) Vacina Oral Poliomielite (VOP) – (poliomielite ou paralisia in-
Hepatite B – dose única fantil) - 2º reforço
Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose
2 meses
5 anos
Pentavalente (Previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B
e Meningite e infecções por HiB) – 1ª dose Pneumocócica 23 v – uma dose – A vacina está indicada para
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (poliomielite ou paralisia in- grupos-alvo específicos, como a população indígena a partir dos 5
fantil) – 1ª dose (cinco) anos de idade
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose 9 anos
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
3 meses HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
Meningocócica C (previne a doença meningocócica C) – 1ª dose anos)

4 meses Adolescente

Pentavalente (previne difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B


e Meningite e infecções por Haemóphilus influenzae tipo B) – 2ª
dose
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in-
fantil) – 2ª dose
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª dose
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose

5 meses 10 e 19 anos

Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – 2ª dose Meningocócica C (doença invasiva causada por Neisseria me-
ningitidis do sorogrupo C) – 1 reforço ou dose única de 12 a 13 anos
6 meses - verificar a situação vacinal
Febre Amarela – dose única (verificar a situação vacinal)
Pentavalente (previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses, a
e meningite e infecções por HiB) – 3ª dose depender da situação vacinal anterior
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in- HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
fantil) – 3ª dose genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
anos)
9 meses Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
Febre Amarela – dose única (previne a febre amarela) der da situação vacinal
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
12 meses anos
Hepatite B – (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose situação vacinal
Pneumocócica 10 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Reforço Adulto
Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – reforço
20 a 59 anos
15 meses
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-
DTP (Difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço tuação vacinal
Vacina Oral Poliomielite (VOP) - (poliomielite ou paralisia infan- Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar
til) – 1º reforço situação vacinal
Hepatite A – dose única Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – se nunca
Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéo- vacinado: 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
la, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose
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POLÍTICA DE SAÚDE

Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi- DISPOSIÇÃO PRELIMINAR


te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
der da situação vacinal Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações
Dupla adulto (DT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca-
10 anos ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de
direito Público ou privado.
Idoso
TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de-


vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula-
ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-
60 anos ou mais ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
tuação vacinal § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar empresas e da sociedade.
situação vacinal Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e eco-
nômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionan-
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi- tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço a depen- meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
der da situação vacinal - A vacina está indicada para grupos-alvo o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Re-
específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que dação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
vivem acamados e/ou em instituições fechadas. Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
anos pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
social.
Gestante TÍTULO II
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por


órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po-
der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade,
tuação vacinal pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san-
Dupla Adulto (DT) (previne difteria e tétano) – 3 doses, de acor- gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.
do com a situação vacinal § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de
dTpa (previne difteria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada Saúde (SUS), em caráter complementar.
gestação a partir da 20ª semana

CAPÍTULO I
LEIS FEDERAIS N.º 8.080/1990 DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES

Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:


LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
terminantes da saúde;
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu- II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º
correspondentes e dá outras providências. do art. 2º desta lei;
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: das ações assistenciais e das atividades preventivas.
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS):
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POLÍTICA DE SAÚDE

I - a execução de ações: V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi-


a) de vigilância sanitária; cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença
b) de vigilância epidemiológica; profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
c) de saúde do trabalhador; e avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;
II - a participação na formulação da política e na execução de VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos
ações de saneamento básico; serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú-
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de blicas e privadas;
saúde; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre- das entidades sindicais; e
endido o do trabalho; VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
participação na sua produção; iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân-
cias de interesse para a saúde; CAPÍTULO II
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
para consumo humano;
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri-
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati- vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único
vos, tóxicos e radioativos; de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre-
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos
científico e tecnológico; seguintes princípios:
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de- I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
rivados. níveis de assistência;
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar-
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ- individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da de complexidade do sistema;
saúde, abrangendo: III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- integridade física e moral;
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri-
processos, da produção ao consumo; e vilégios de qualquer espécie;
II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
ou indiretamente com a saúde. VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi-
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e VIII - participação da comunidade;
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. IX - descentralização político-administrativa, com direção única
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, em cada esfera de governo:
um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi- a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú-
da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi- de;
litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am-
advindos das condições de trabalho, abrangendo: biente e saneamento básico;
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate-
ou portador de doença profissional e do trabalho; riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po-
de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos pulação;
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra- XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis
balho; de assistência; e
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli-
de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con- cidade de meios para fins idênticos.
dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri- XIV – organização de atendimento público específico e especia-
buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar-
12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de
de 2017) 2011).
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi-
CAPÍTULO III nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro-
vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema 2011).
Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu-
complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re- nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de
gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela
acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo Lei nº 12.466, de 2011).
exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos: III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário,
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; integração de territórios, referência e contrarreferência e demais
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en-
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
Saúde ou órgão equivalente. nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes
correspondam. à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- 2011).
rão sobre sua observância. § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po- geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
saúde. § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
Art. 11. (Vetado). são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466,
da sociedade civil. de 2011).
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja CAPÍTULO IV
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
Único de Saúde (SUS).
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das SEÇÃO I
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati- DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
vidades:
I - alimentação e nutrição; Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
II - saneamento e meio ambiente; exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
IV - recursos humanos; I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
V - ciência e tecnologia; e e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
VI - saúde do trabalhador. II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- destinados, em cada ano, à saúde;
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde
sional e superior. da população e das condições ambientais;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- IV - organização e coordenação do sistema de informação de
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e saúde;
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. sistência à saúde;
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde VII - participação de formulação da política e da execução das
(SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
ção do meio ambiente;
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POLÍTICA DE SAÚDE

VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde; VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con-
IX - participação na formulação e na execução da política de trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de
formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; consumo e uso humano;
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis-
Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; calização do exercício profissional, bem como com entidades repre-
XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi- sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução
XII - realização de operações externas de natureza financeira de da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a
interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência
transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca- nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência
lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com- à saúde;
petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo- cias de interesse para a saúde;
-lhes assegurada justa indenização; XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen- Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua
tes e Derivados; atuação institucional;
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- tência à saúde;
ção e recuperação da saúde; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva-
exercício profissional e outras entidades representativas da socie- mente, de abrangência estadual e municipal;
dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes- XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
quisa, ações e serviços de saúde; nal de Sangue, Componentes e Derivados;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- trito Federal;
tratégicos e de atendimento emergencial. XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
SEÇÃO II em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
DA COMPETÊNCIA ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
§ 1º A União poderá executar ações de vigilância epidemioló-
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) gica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência
compete: de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que repre-
II - participar na formulação e na implementação das políticas: sentem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo
a) de controle das agressões ao meio ambiente; único pela Lei nº 14.141, de 2021)
b) de saneamento básico; e § 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên-
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica-
III - definir e coordenar os sistemas: do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021)
b) de rede de laboratórios de saúde pública; § 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro-
c) de vigilância epidemiológica; e duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri-
d) vigilância sanitária; mônio genético de que trata o § 2º deste artigo serão repartidos
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- nos termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído pela
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele Lei nº 14.141, de 2021)
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para compete:
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
a política de saúde do trabalhador; e das ações de saúde;
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
epidemiológica; Sistema Único de Saúde (SUS);
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu-
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- tar supletivamente ações e serviços de saúde;
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
serviços:
a) de vigilância epidemiológica;
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

b) de vigilância sanitária; CAPÍTULO V


c) de alimentação e nutrição; e DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA
d) de saúde do trabalhador; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.836, DE 1999)
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana; Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten-
VI - participar da formulação da política e da execução de ações dimento das populações indígenas, em todo o território nacional,
de saneamento básico; coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In-
VII - participar das ações de controle e avaliação das condições cluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
e dos ambientes de trabalho; Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- 9.836, de 1999)
al e regional; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- nº 9.836, de 1999)
nização administrativa; Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen-
e substâncias de consumo humano; te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária 1999)
de portos, aeroportos e fronteiras; § 1º A União instituirá mecanismo de financiamento específi-
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica- co para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que
dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. houver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos ter-
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com- ritórios indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
pete: § 2º Em situações emergenciais e de calamidade pública: (In-
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços cluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não
II - participar do planejamento, programação e organização previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais In-
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde dígenas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Inclu-
(SUS), em articulação com sua direção estadual; ído pela Lei nº 14.021, de 2020)
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla-
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
IV - executar serviços: tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as
a) de vigilância epidemiológica; referências para o atendimento em tempo oportuno. (Incluído pela
b) vigilância sanitária; Lei nº 14.021, de 2020)
c) de alimentação e nutrição; Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
d) de saneamento básico; e realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
e) de saúde do trabalhador; e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
equipamentos para a saúde; plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- 1999)
lá-las; Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- 9.836, de 1999)
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de § 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi-
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
dos de saúde; saúde. § 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- da rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde
cos de saúde no seu âmbito de atuação. Indígena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva-
das aos Estados e aos Municípios.
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POLÍTICA DE SAÚDE

§ 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
gena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) CAPÍTULO VIII
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de (INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.401, DE 2011)
Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA
na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po- INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE”
pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere
Lei nº 9.836, de 1999) a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao 12.401, de 2011)
SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor- I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra-
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no
território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
CAPÍTULO VI Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota-
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO das as seguintes definições:
E INTERNAÇÃO DOMICILIAR I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.424, DE 2002) coletoras e equipamentos médicos;
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
pela Lei nº 10.424, de 2002) produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi- a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de-
em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424, e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
de 2002) vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
CAPÍTULO VII para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.108, DE 2005) tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de
2011)
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) 2011)
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos di- pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
reitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído
ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
pela Lei nº 11.108, de 2005) III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu-
local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu-
estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
2013) de 2011)
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POLÍTICA DE SAÚDE

Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica-
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental,
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí- II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
do pela Lei nº 12.401, de 2011) so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no na Anvisa.”
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (Incluí-
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo do pela Lei nº 14.312, de 2022)
Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis-
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído pela tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso
Lei nº 12.401, de 2011) tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí- as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
do pela Lei nº 12.401, de 2011) a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti- Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad-
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais,
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos suas entidades vinculadas, nos termos do § 5º do art. 8º da Lei nº
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que 9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei nº 14.312, de
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, 2022)
quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de
§ 3º As metodologias empregadas na avaliação econômica a medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen-
que se refere o inciso II do § 2º deste artigo serão dispostas em tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges-
regulamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
indicadores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em com-
binação com outros critérios. (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022) TÍTULO III
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re- DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces-
so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen- CAPÍTULO I
to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido, DO FUNCIONAMENTO
admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando
as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, promoção, proteção e recuperação da saúde.
de 2011) Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa- de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art. pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) condições para seu funcionamento.
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) 2015)
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
nº 12.401, de 2011) de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- 2015)
petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluído II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
pela Lei nº 14.312, de 2022) explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei nº a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado,
14.312, de 2022) policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nº 13.097, de 2015)
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: Lei nº 13.097, de 2015)
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)

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POLÍTICA DE SAÚDE

III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por VIII - estrita observância das atribuições legais de cada profis-
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, são; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº IX - responsabilidade digital. (Incluído pela Lei nº 14.510, de
13.097, de 2015) 2022)
IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído Art. 26-B. Para fins desta Lei, considera-se telessaúde a moda-
pela Lei nº 13.097, de 2015) lidade de prestação de serviços de saúde a distância, por meio da
utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que en-
CAPÍTULO II volve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas
adequadas. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes Parágrafo único. Os atos do profissional de saúde, quando pra-
para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter- ticados na modalidade telessaúde, terão validade em todo o terri-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos tório nacional. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
serviços ofertados pela iniciativa privada. Art. 26-C. Ao profissional de saúde são asseguradas a liberdade
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços e a completa independência de decidir sobre a utilização ou não da
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa- telessaúde, inclusive com relação à primeira consulta, atendimento
das, a respeito, as normas de direito público. ou procedimento, e poderá indicar a utilização de atendimento pre-
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró- sencial ou optar por ele, sempre que entender necessário. (Incluído
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do pela Lei nº 14.510, de 2022)
Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 26-D. Compete aos conselhos federais de fiscalização do
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços exercício profissional a normatização ética relativa à prestação dos
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela serviços previstos neste Título, aplicando-se os padrões normati-
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no vos adotados para as modalidades de atendimento presencial, no
Conselho Nacional de Saúde. que não colidirem com os preceitos desta Lei. (Incluído pela Lei nº
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de 14.510, de 2022)
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio- Art. 26-E. Na prestação de serviços por telessaúde, serão ob-
nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato servadas as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua- Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento,
lidade de execução dos serviços contratados. observada a competência dos demais órgãos reguladores. (Incluído
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- pela Lei nº 14.510, de 2022)
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único Art. 26-F. O ato normativo que pretenda restringir a prestação
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do de serviço de telessaúde deverá demonstrar a imprescindibilidade
contrato. da medida para que sejam evitados danos à saúde dos pacientes.
§ 3° (Vetado). (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- Art. 26-G. A prática da telessaúde deve seguir as seguintes de-
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou terminações: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). I - ser realizada por consentimento livre e esclarecido do pa-
ciente, ou de seu representante legal, e sob responsabilidade do
TÍTULO III-A profissional de saúde; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 14.510, DE 2022) II - prestar obediência aos ditames das Leis nºs 12.965, de 23
DA TELESSAÚDE de abril de 2014 (Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de julho
de 2013 (Lei do Ato Médico), 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei
Art. 26-A. A telessaúde abrange a prestação remota de serviços Geral de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de setembro de 1990
relacionados a todas as profissões da área da saúde regulamenta- (Código de Defesa do Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos
das pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal e obede- ditames da Lei nº 13.787, de 27 de dezembro de 2018 (Lei do Pron-
cerá aos seguintes princípios: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) tuário Eletrônico). (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
I - autonomia do profissional de saúde; (Incluído pela Lei nº Art. 26-H. É dispensada a inscrição secundária ou complemen-
14.510, de 2022) tar do profissional de saúde que exercer a profissão em outra juris-
II - consentimento livre e informado do paciente; dição exclusivamente por meio da modalidade telessaúde. (Incluído
III - direito de recusa ao atendimento na modalidade telessaú- pela Lei nº 14.510, de 2022)
de, com a garantia do atendimento presencial sempre que solicita-
do; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) TÍTULO IV
IV - dignidade e valorização do profissional de saúde; (Incluído DOS RECURSOS HUMANOS
pela Lei nº 14.510, de 2022)
V - assistência segura e com qualidade ao paciente; (Incluído Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será
pela Lei nº 14.510, de 2022) formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas
VI - confidencialidade dos dados; (Incluído pela Lei nº 14.510, de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos:
de 2022)
VII - promoção da universalização do acesso dos brasileiros às
ações e aos serviços de saúde; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
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POLÍTICA DE SAÚDE

I - organização de um sistema de formação de recursos huma- § 4º (Vetado).


nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além § 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
pessoal; Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
II - (Vetado) recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
III - (Vetado) externa e receita própria das instituições executoras.
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema § 6º (Vetado).
Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema CAPÍTULO II
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e DA GESTÃO FINANCEIRA
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
com o sistema educacional. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora- (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
exercidas em regime de tempo integral. lhos de Saúde.
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos de, através do Fundo Nacional de Saúde.
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- § 2º (Vetado).
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. § 3º (Vetado).
Art. 29. (Vetado). § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
entidades profissionais correspondentes nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re-
TÍTULO V ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao
DO FINANCIAMENTO Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do-
CAPÍTULO I tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
DOS RECURSOS e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- e projetos:
nientes de: I - perfil demográfico da região;
I - (Vetado) II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis- III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
tência à saúde; na área;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; anterior;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e duais e municipais;
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual outras esferas de governo.
será destinada à recuperação de viciados. § 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen- serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula-
tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas. cional, em especial o número de eleitores registrados.
§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas § 3º (Vetado).
supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia- § 4º (Vetado).
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, § 5º (Vetado).
Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro
da Habitação (SFH).
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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe- vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
na gestão dos recursos transferidos. das.
Art. 44. (Vetado).
CAPÍTULO III Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- jam vinculados.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
da União. do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
tária. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento esse fim, for firmado.
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde
função das características epidemiológicas e da organização dos nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
lucrativa. de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS epidemiológicas e de prestação de serviços.
Art. 48. (Vetado).
Art. 39. (Vetado). Art. 49. (Vetado).
§ 1º (Vetado). Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
§ 2º (Vetado). celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali-
§ 3º (Vetado). zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
§ 4º (Vetado). sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 51. (Vetado).
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri-
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe-
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven- nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único
tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção Art. 53. (Vetado).
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
mediante simples termo de recebimento. pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
§ 7º (Vetado). de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro- Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de
contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições
médico-hospitalares. em contrário.
Art. 40. (Vetado)
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
humanos e para transferência de tecnologia.
Art. 42. (Vetado).

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a solução para o seu concurso!
POLÍTICA DE SAÚDE

§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios


previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
LEI N.º 8.142/1990 será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990. § 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sis- aos Estados.
tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergoverna- § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu-
mentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras pro- ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas
vidências. de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: com:
I - Fundo de Saúde;
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go- com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se- III - plano de saúde;
guintes instâncias colegiadas: IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o
I - a Conferência de Saúde; e § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
II - o Conselho de Saúde. V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça-
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos mento;
com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si- VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa-
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação.
de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu- Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos
tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe- artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis-
rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro
formulação de estratégias e no controle da execução da política de de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô- lei.
micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e
terão representação no Conselho Nacional de Saúde. 102° da República.
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
mentos. DECRETO FEDERAL N.º 7.508/2011.
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen- DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011
to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para
alocados como: dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o pla-
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus nejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfede-
órgãos e entidades, da administração direta e indireta; rativa, e dá outras providências.
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis-
da Saúde; posto na Lei no 8.080, 19 de setembro de 1990,
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple- DECRETA:
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti- CAPÍTULO I
go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se- Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de se-
rão repassados de forma regular e automática para os Municípios, tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único
Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a
art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. articulação interfederativa.
Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se:

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POLÍTICA DE SAÚDE

I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no
por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de mínimo, ações e serviços de:
identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunica- I - atenção primária;
ção e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalida- II - urgência e emergência;
de de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações III - atenção psicossocial;
e serviços de saúde; IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo V - vigilância em saúde.
de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará
de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regio- cronograma pactuado nas Comissões Intergestores.
nalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi- Art. 6o As Regiões de Saúde serão referência para as transfe-
cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, rências de recursos entre os entes federativos.
recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle Art. 7o As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas
e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à no âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em conso-
implementação integrada das ações e serviços de saúde; nância com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores.
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde
do usuário no SUS; Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes
IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consen- elementos em relação às Regiões de Saúde:
sual entre os entes federativos para definição das regras da gestão I - seus limites geográficos;
compartilhada do SUS; II - população usuária das ações e serviços;
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e
recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e
SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instala- escala para conformação dos serviços.
da existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos
indicadores de saúde do sistema; SEÇÃO II
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços DA HIERARQUIZAÇÃO
de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a
finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde; Art. 8o O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se com-
específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo pleta na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a com-
ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e plexidade do serviço.
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que Art. 9o São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde
estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à nas Redes de Atenção à Saúde os serviços:
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais I - de atenção primária;
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- II - de atenção de urgência e emergência;
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e III - de atenção psicossocial; e
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos IV - especiais de acesso aberto.
gestores do SUS. Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com
o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos po-
CAPÍTULO II derão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde,
DA ORGANIZAÇÃO DO SUS considerando as características da Região de Saúde.
Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais
Art. 3o O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser- especializados, entre outros de maior complexidade e densidade
viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que
pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a trata o art. 9o.
participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
de forma regionalizada e hierarquizada. de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado
na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério
SEÇÃO I cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas
DAS REGIÕES DE SAÚDE com proteção especial, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A população indígena contará com regramen-
Art. 4o As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em tos diferenciados de acesso, compatíveis com suas especificidades
articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pac- e com a necessidade de assistência integral à sua saúde, de acordo
tuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o com disposições do Ministério da Saúde.
inciso I do art. 30. Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado
§ 1o Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais, em saúde, em todas as suas modalidades, nos serviços, hospitais e em
compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec- outras unidades integrantes da rede de atenção da respectiva região.
tivos Estados em articulação com os Municípios. Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as re-
§ 2o A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de gras de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde na
fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem respectiva área de atuação.
as relações internacionais.
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POLÍTICA DE SAÚDE

Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário SEÇÃO I


e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes DA RELAÇÃO NACIONAL DE AÇÕES E SERVIÇOS DE
federativos, além de outras atribuições que venham a ser pactua- SAÚDE - RENASES
das pelas Comissões Intergestores:
I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde - RE-
acesso às ações e aos serviços de saúde; NASES compreende todas as ações e serviços que o SUS oferece ao
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de usuário para atendimento da integralidade da assistência à saúde.
saúde; Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES em
III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela CIT.
IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde. Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde conso-
Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, diretri- lidará e publicará as atualizações da RENASES.
zes, procedimentos e demais medidas que auxiliem os entes federa- Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
tivos no cumprimento das atribuições previstas no art. 13. pactuarão nas respectivas Comissões Intergestores as suas respon-
sabilidades em relação ao rol de ações e serviços constantes da RE-
CAPÍTULO III NASES.
DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
adotar relações específicas e complementares de ações e serviços
Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente de saúde, em consonância com a RENASES, respeitadas as respon-
e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Con- sabilidades dos entes pelo seu financiamento, de acordo com o pac-
selhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas tuado nas Comissões Intergestores.
de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros.
§ 1o O planejamento da saúde é obrigatório para os entes pú- SEÇÃO II
blicos e será indutor de políticas para a iniciativa privada. DA RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS
§ 2o A compatibilização de que trata o caput será efetuada no ESSENCIAIS - RENAME
âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planeja-
mento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RE-
saúde. NAME compreende a seleção e a padronização de medicamentos
§ 3o O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito
a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo do SUS.
com as características epidemiológicas e da organização de serviços
nos entes federativos e nas Regiões de Saúde. Parágrafo único. A RENAME será acompanhada do Formulário
Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços e Terapêutico Nacional - FTN que subsidiará a prescrição, a dispensa-
as ações prestados pela iniciativa privada, de forma complementar ção e o uso dos seus medicamentos.
ou não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde regio- Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão competente para dis-
nal, estadual e nacional. por sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêu-
Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das ticas em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela
necessidades de saúde e orientará o planejamento integrado dos CIT.
entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas Parágrafo único. O Ministério da Saúde consolidará e publicará
de saúde. as atualizações: (Redação dada pelo Decreto nº 11.161, de 2022)
Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser Vigência
realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades dos I - da RENAME, a cada dois anos, e disponibilizará, nesse prazo,
Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saúde. a lista de tecnologias incorporadas, excluídas e alteradas pela CONI-
Art. 19. Compete à Comissão Intergestores Bipartite - CIB de TEC e com a responsabilidade de financiamento pactuada de forma
que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas do processo e os tripartite, até que haja a consolidação da referida lista; (Incluído
prazos do planejamento municipal em consonância com os planeja- pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigência
mentos estadual e nacional. II - do FTN, à medida que sejam identificadas novas evidências
sobre as tecnologias constantes na RENAME vigente; e (Incluído
CAPÍTULO IV pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigência
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE III - de protocolos clínicos ou de diretrizes terapêuticas, quando
da incorporação, alteração ou exclusão de tecnologias em saúde no
Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se SUS e da existência de novos estudos e evidências científicas identi-
completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante referenciamento ficados a partir de revisões periódicas da literatura relacionada aos
do usuário na rede regional e interestadual, conforme pactuado nas seus objetos. (Incluído pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigên-
Comissões Intergestores. cia
Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão ado-
tar relações específicas e complementares de medicamentos, em
consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos
entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pac-
tuado nas Comissões Intergestores.

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POLÍTICA DE SAÚDE

Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêu- V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de aten-
tica pressupõe, cumulativamente: ção à saúde para o atendimento da integralidade da assistência.
I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do SUS; Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a pac-
II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde, tuação:
no exercício regular de suas funções no SUS; I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES;
III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e os II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e ser-
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação es- viços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento
pecífica complementar estadual, distrital ou municipal de medica- da gestão; e
mentos; e III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões
IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela di- operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou-
reção do SUS. tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem
§ 1o Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuário as relações internacionais.
à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública o
justifiquem. SEÇÃO II
§ 2o O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen- DO CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA
ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado. SAÚDE
Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar es-
tadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos
conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sa- para a organização da rede interfederativa de atenção à saúde será
nitária - ANVISA. firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú-
de.
CAPÍTULO V Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços de
saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região
SEÇÃO I de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistên-
DAS COMISSÕES INTERGESTORES cia aos usuários.
Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública da
Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes fede-
o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em re- rativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento as
des de atenção à saúde, sendo: pactuações estabelecidas pela CIT.
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde de-
para efeitos administrativos e operacionais; finirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fede-
II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual rativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores
de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os
III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regio- recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de controle
nal, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos adminis- e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à
trativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB. implementação integrada das ações e serviços de saúde.
Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de § 1o O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de ga-
saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre- rantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do SUS, a
tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Saúde.
Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de Se- § 2o O desempenho aferido a partir dos indicadores nacionais
cretarias Municipais de Saúde - COSEMS. de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação do de-
Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão: sempenho da prestação das ações e dos serviços definidos no Con-
I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges- trato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as Regiões
tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política de de Saúde, considerando-se as especificidades municipais, regionais
saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de e estaduais.
saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde; Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde con-
II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de limi- terá as seguintes disposições essenciais:
tes geográficos, referência e contrarreferência e demais aspectos I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais;
vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os en- II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo-
tes federativos; ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter-
III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interes- -regional;
tadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde, III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe-
principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das rante a população no processo de regionalização, as quais serão
ações e serviços dos entes federativos; estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a
IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten- organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços
ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen- de cada ente federativo da Região de Saúde;
volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili- IV - indicadores e metas de saúde;
dades individuais e as solidárias; e V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde;

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POLÍTICA DE SAÚDE

VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monitora- Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as ações
mento permanente; e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto são
VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, de
em relação às atualizações realizadas na RENASES; forma direta ou indireta.
VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas respon- Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretri-
sabilidades; e zes de que trata o § 3o do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a
IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada partir da publicação deste Decreto.
um dos partícipes para sua execução. Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir formas
de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das
ações e serviços de saúde. LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE OSASCO – CAPÍTULO
Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde ob- SAÚDE/SEGURIDADE SOCIAL:
servará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da ges-
tão participativa:
I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação
do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me- LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE OSASCO/SP.
lhoria;
II - apuração permanente das necessidades e interesses do CAPÍTULO II
usuário; e DA PROMOÇÃO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em
todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas Art. 159 As ações do Poder Público, por meio de programas e
que dele participem de forma complementar. projetos na área de promoção social, serão organizadas com base
Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator nas seguintes diretrizes:
determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas I - participação da comunidade;
no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde. II - descentralização administrativa;
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Organi- III - integração - das ações dos órgãos e administração em geral,
zativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT, cabendo compatibilizando programas e recursos para evitar a duplicidade de
à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua implementação. atendimento entre as esferas estadual e municipal.
Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS, § 1º O Município subvencionará os programas desenvolvidos
por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscalização do por entidades assistenciais e filantrópicas, mediante convênios
Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde. aprovados por Lei.
§ 1o O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4o § 2º Os auxílios e subvenções do Município às instituições par-
da Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá seção espe- ticulares e assistência social serão concedidas de acordo com um
cífica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do Contrato plano geral, estabelecido por lei, que promoverá a articulação, a
Organizativo de Ação Pública de Saúde. harmonização e a fiscalização de todas as instituições subvencio-
§ 2o O disposto neste artigo será implementado em conformidade nadas.
com as demais formas de controle e fiscalização previstas em Lei. Art. 160 Compete ao Município suplementar os planos de pre-
Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução vidência social estabelecidos na Lei federal.
do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação § 1º O Município destinará recursos para a promoção social,
ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à além dos previstos no Art. 195, da Constituição Federal.
aplicação dos recursos disponibilizados. § 2º São isentas de contribuições para a seguridade social, ou
Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Contrato de qualquer taxa ou tributo municipal, as entidades beneficentes
Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de informações de assistência social.
em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará ao § 3º A receita do Município destinada à seguridade social cons-
respectivo Conselho de Saúde para monitoramento. tará do orçamento, que será elaborado de forma integrada pelos
órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência so-
CAPÍTULO VI cial, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus
recursos.
Art. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Minis- § 4º O Município estabelecerá, através de lei, a implantação de
tério da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo: estrutura que viabilize o sistema único de previdência social para os
I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na servidores públicos.
prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre- CAPÍTULO III
vistas neste Decreto; DA SAÚDE
II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere o
inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990; Art. 161 A saúde é direito de todos e dever do Estado, asse-
III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos finan- gurado mediante políticas econômicas e ambientais que visem a
ceiros; e prevenção, a eliminação e o risco de doença e outros agravos, e ao
IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento. acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promo-
ção, proteção e recuperação.
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POLÍTICA DE SAÚDE

Art. 162 As ações e serviços de saúde são de natureza pública, V - oferecer ao seu usuário, através de equipes multi-profissio-
dispondo o Município, nos termos da lei, sobre a regulamentação nais, todas as formas de tratamento e assistência, incluindo-se prá-
e controle. ticas alternativas reconhecidas, garantindo-lhe a efetiva liberdade
Art. 163 As ações e serviços de saúde são prestados através do de escolha;
sistema único de saúde, respeitadas as seguintes diretrizes: VI - garantir, no que diz respeito a rede conveniada ou contra-
I - descentralização, com direção única; tada:
II - integração das ações e serviços de saúde adequada às diver- a) a responsabilidade pela qualidade dos serviços prestados;
sas realidades epidemiológicas; b) que a assistência prestada seja progressivamente substituída
III - universalização da assistência de igual qualidade, com ins- pela rede pública.
talação e acesso a todos os níveis de serviços de saúde à população; VII - desenvolver política de recursos humanos que garanta:
IV - participação de entidades representativas, trabalhadores a) plano único de cargos, carreiras e salários para todos os ser-
de saúde e prestadores de serviços na formulário, gestão e controle vidores do sistema, extensivo aos inativos;
da política e das ações de saúde; b) desenvolvimento do servidor na carreira, mediante progra-
V - participação direta do usuário e dos trabalhadores da saú- ma de capacitação permanente;
de a nível das unidades prestadoras de saúde, no controle de suas c) isonomia salarial e de jornada de trabalho por nível de es-
áreas e serviços. colaridade e natureza da função, entre as categorias de servidores
Art. 164 O sistema único de saúde será financiado com recur- do sistema;
sos do orçamento do Município, do Estado, da seguridade social e d) valorização por dedicação exclusiva ao serviço público;
da União, além de outras fontes. e) ingresso na carreira exclusivamente por concurso público;
§ 1º Os recursos financeiros do sistema municipal de saúde se- f) publicação anual do quadro de funcionários e servidores,
rão administrados pela Secretaria Municipal de Saúde, com asses- constando o número e distribuição por regimes de contratação, por
soria do Conselho Municipal de Saúde. cargos e funções exercidas.
§ 2º É vedada a nomeação ou designação, para cargo ou função VIII - estabelecer normas, fiscalizar e controlar edificações, ins-
de chefia ou assessoramento na área de saúde, em qualquer nível, talações, estabelecimentos, atividades, procedimentos, produtos,
de pessoa que participe de direção, gerência ou administração de substâncias e equipamentos que interfiram individual e coletiva-
entidades que mantenham contratos ou convênios com o sistema mente, incluindo os referentes à saúde do trabalhador;
único de saúde ou sejam por ele credenciados. IX - propor atualizações periódicas do código sanitário;
Art. 165 As instituições privadas poderão participar, em caráter X - prestação de serviços de saúde, de vigilância sanitária e epi-
supletivo, do sistema de saúde do Município, segundo as diretrizes demiológica, incluindo os relativos à saúde do trabalhador, além de
deste, mediante contrato, com preferência às entidades filantrópi- outros de responsabilidade do sistema de saúde;
cas e as sem fins lucrativos. XI - participar do controle e da fiscalização da produção, trans-
§ 1º Ficam vedados quaisquer incentivos fiscais e a transferên- porte, guarda e utilização de substâncias de proteção ao meio am-
cia de recursos públicos para investimento e custeio às instituições biente, inclusive o do trabalho, garantindo:
privadas com fins lucrativos. a) medidas que visem a eliminação de risco de acidentes e do-
§ 2º O Poder Público poderá intervir ou desapropriar os ser- enças do trabalho, de modo a garantir a saúde física e mental e a
viços de natureza privada necessários ao alcance dos objetivos do vida dos trabalhadores;
sistema, em conformidade com a Lei. b) informação aos trabalhadores a respeito de atividades que
Art. 166 É de responsabilidade do sistema Único de saúde comportem riscos à saúde e dos resultados das avaliações realiza-
do Município garantir o cumprimento das normas legais que dis- das;
puserem sobre as condições e requisitos que facilitem a remoção c) participação dos trabalhadores, através de seus sindicatos,
de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, no controle das atividades das instituições que desenvolvam ações
pesquisa ou tratamento, bem como a coleta, o processamento e relativas à saúde;
transfusão de sangue e seus derivados, vetado todo tipo de comer- d) nos ambientes de trabalho com riscos à vida e à saúde e em
cialização. desacordo com o código sanitário, que seja assegurado o direito de
Parágrafo Único - Ficará sujeito à penalidade, na forma da lei, o recusa ao trabalho, sem perda do emprego e sem redução salarial;
responsável pelo não cumprimento da legislação relativa à comer- e) participação dos sindicatos dos trabalhadores nas ações de
cialização do sangue e seus derivados, dos órgãos, tecidos e subs- vigilância sanitária desenvolvidas no local de trabalho;
tâncias humanas. f) estabilidade, com readaptação, se necessário, àquele que so-
Art. 167 Ao sistema único de saúde do Município compete, frer acidente de trabalho com perda irreparável e aos portadores de
além de outras atribuições, nos termos da Lei: doenças do trabalho;
I - assessoria, controle e avaliação da política de saúde; g) transferência de função das trabalhadoras gestantes quando
II - garantir aos usuários o conjunto das informações referentes houver risco ao desenvolvimento da gestação.
às atividades por ele desenvolvidas, assim como os agravos indivi- XII - formulação e implantação. com programa e verba orça-
duais ou coletivos identificados; mentária própria, de política de atendimento à saúde da mulher,
III - garantir assistência integral à saúde, respeitadas as necessi- garantindo o direito de auto-regulação da fertilidade, vedado qual-
dades específicas de todos os segmentos da população; quer forma coercitiva ou de indução por parte do serviço público
IV - participar da formulário da política e da execução das ações ou privado;
de saneamento básico e proteção ao meio ambiente;

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POLÍTICA DE SAÚDE

XIII - formulação e implantação de política de atendimento à 2. Quadrix - 2018 - FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE - Enfermeiro do
saúde das pessoas portadoras de deficiência, de modo a garantir Trabalho- Em relação às diretrizes e bases da implantação do SUS,
a prevenção de doenças ou condições que favoreçam o seu surgi- incluindo a organização da atenção básica, às políticas de descen-
mento, assegurando o direito à habilitação e à reabilitação com to- tralização e atenção primária à saúde, à reforma sanitária, aos mo-
dos os recursos necessários, visando: delos assistenciais de saúde – Vigilância em Saúde, e às doenças de
a) a criação de condições que garantam às pessoas deficientes notificação compulsória, julgue o item que se segue.
o acesso aos materiais e equipamentos de reabilitação; A rede de atenção à saúde consiste na disponibilização de um
b) garantir a democratização das instituições de reabilitação ou conjunto de serviços e ações de distintas densidades tecnológicas,
das entidades prestadoras de serviços. organizadas em regiões de saúde, que são um espaço geográfico
XIV - formulação e implantação de ações em saúde mental, que contínuo, não necessariamente com limites nos municípios.
obedecerão os seguintes princípios: ( ) CERTO
a) rigoroso respeito aos direitos do doente mental, inclusive ( ) ERRADO
quando internado;
b) a decisão sobre diagnóstico, tratamento e regime à de com- 3. Quadrix - 2018 - FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE - Enfermeiro do
petência coletiva dos serviços de saúde, podendo ser legalmente Trabalho- Em relação às diretrizes e bases da implantação do SUS,
questionada pelo usuário, familiares ou entidades civis; incluindo a organização da atenção básica, às políticas de descen-
c) a internação é de responsabilidade do serviço de saúde e tralização e atenção primária à saúde, à reforma sanitária, aos mo-
não deverá ser ato compulsório do tratamento psiquiátrico, deven- delos assistenciais de saúde – Vigilância em Saúde, e às doenças de
do ser assegurados mecanismos e recursos legais que garantam o notificação compulsória, julgue o item que se segue.
direito individual de acesso a essa modalidade terapêutica. As evidências de que a atenção primária à saúde é o melhor
XV - promover, semestralmente, inspeção médica e odontoló- modelo de organização dos sistemas e serviços de saúde são inú-
gica nos estabelecimentos de ensino municipal; meras e inequívocas, sendo uma delas a baixa complexidade do
XVI - formular e implantar um plano de saúde municipal, com trabalho desenvolvido por equipes multidisciplinares, com metodo-
prioridade para ações que visem: logias já estabelecidas, nas unidades de atenção básica.
a) prevenção da desnutrição; ( ) CERTO
b) avaliação da acuidade visual; ( ) ERRADO
c) erradicação da cárie dentária e das doenças infecto-conta-
giosas. 4. Unesc - 2023 - Prefeitura de Criciúma - SC - Profissional em
XVII - formular programas de detecção de problemas oftalmo- Educação Física- Segundo a Constituição da República Federativa do
lógicos dos alunos do ensino municipal pré-escolar; Brasil de 1988, ao sistema único de saúde compete, além de outras
XVIII - criação de postos zonais, que terão a finalidade de infor- atribuições, nos termos da Lei:
mar sobre atendimentos de emergência, definidos na Lei. (A) Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
Parágrafo Único - A Lei criará o Conselho Municipal de Saúde, exceto as de saúde do trabalhador.
definindo sua composição e atribuições, bem como as normas para (B) Colaborar na proteção do meio ambiente, nele não compre-
seu funcionamento. endido o do trabalho.
Art. 168 As instituições de prestação de saúde receberão tra- (C) Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
tamento diferenciado, visando seu desenvolvimento e aperfeiçoa- cias de interesse ou não para a saúde.
mento das técnicas científicas necessárias aos cuidados e preven- (D) Participar da produção de medicamentos, equipamentos,
ção da saúde humana, através da simplificação de lançamento de imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos.
tributos. (E) Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
Parágrafo Único - As instituições que mantiverem leitos para de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consu-
indigentes e carentes terão tratamento jurídico diferenciado. mo humano e animal.
Art. 169 É vedado o transporte de trabalhadores no Município
em carrocerias de caminhões e caminhonetas, sem a devida segu- 5. Prefeitura de Coração de Jesus - MG - 2023 - Prefeitura de
rança, conforme legislação federal. Coração de Jesus - MG - Agente de Combate às Endemias- As ações
e os serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados
ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são
QUESTÕES desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no Art. 198 da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Qual alter-
1. Quadrix - 2018 - FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE - Enfermeiro do nativa a seguir obedece aos princípios do SUS:
Trabalho- Em relação às diretrizes e bases da implantação do SUS, (A) Organização de acesso aos serviços de saúde em todos os
incluindo a organização da atenção básica, às políticas de descen- níveis de assistência.
tralização e atenção primária à saúde, à reforma sanitária, aos mo- (B) Integralidade de assistência, entendida como conjunto arti-
delos assistenciais de saúde – Vigilância em Saúde, e às doenças de culado e contínuo das ações e serviços preventivos, curativos,
notificação compulsória, julgue o item que se segue. individuais e coletivos, em todos os níveis de complexidade do
Os casos de tuberculose, influenza, tétano e acidentes de tra- sistema.
balho com exposição a material biológico são casos de notificação (C) Preservação do controle sobre as pessoas na defesa de sua
compulsória. integridade física e moral.
( ) CERTO (D) Direito aos serviços de saúde para as pessoas em situação
( ) ERRADO de vulnerabilidade social, psicológica e financeira, caracterizan-
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POLÍTICA DE SAÚDE

do um processo de proteção ao ser humano. (C) Mapa de saúde refere-se ao agrupamento de municípios
(E) Direito à informação exclusivo para as pessoas em situação limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econô-
de risco ou morte eminente. micas e sociais, cuja finalidade é integrar a organização, o pla-
nejamento e a execução de ações e serviços de saúde.
6. Prefeitura de Coração de Jesus - MG - 2023 - Prefeitura de (D) Região de saúde diz respeito ao conjunto de ações e servi-
Coração de Jesus - MG - Agente de Combate às Endemias- Conside- ços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente,
re as afirmativas a seguir sobre os Artigos 196-200 da Constituição com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à
da República Federativa do Brasil de 1988, que tratam da saúde. saúde.
I - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido me- (E) O Decreto n.º 7.508/2011 traz definições acerca da organi-
diante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco zação do SUS, do planejamento da saúde, da assistência e da
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário. articulação interfederativa e ressalta a regionalização da saúde.
II - Os direitos fundamentais e as noções de constituição e esta-
do de direito são indissociáveis. 9. FADCT - 2022 - Prefeitura de Ibema - PR - Enfermeiro- De
III - A Constituição Federal (1988), também conhecida como acordo com a Lei nº 8080/90, a saúde é um direito fundamental do
“Constituição Cidadã”, inaugura um novo cenário político no Brasil ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis
ao consolidar o estado democrático de direito e definir políticas de ao seu pleno exercício. Desta maneira, o Estado:
proteção social. I- Formula e executa políticas econômicas e sociais que visem à
IV - As ações e os serviços públicos de saúde integram uma redução de riscos de doenças.
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único II- Mantém estabelecimentos com condições que assegurem
de proteção e promoção à saúde dos animais de rua. acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua pro-
V - As ações e os serviços de saúde são de relevância pública e moção, proteção e recuperação.
cabe ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regula- (A) I e II estão corretas
mentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita (B) Apenas a I está correta.
diretamente por pessoa jurídica. (C) Apenas a II está correta.
Estão CORRETAS as afirmativas (D) I e II estão incorretas.
(A) I, II e III, apenas.
(B) I, II e IV, apenas. 10. UNIOESTE - 2022 - Prefeitura de Ramilândia - PR - Enfer-
(C) II e III, apenas. meiro- Assinale a alternativa que indica a Lei que “Dispõe sobre a
(D) II, IV e V, apenas. participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde
(E) IV e V, apenas. (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos fi-
nanceiros na área da saúde e dá outras providências”.
7. VUNESP - 2018 - Prefeitura de Sertãozinho - SP - Técnico em (A) Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990.
Enfermagem- Considere os aspectos relacionados à epidemiologia (B) Lei n.º 540, de 27 de outubro de 1997.
e à história natural e prevenção de doenças, e relacione as colunas (C) Lei n.º 2.914, de 12 de dezembro de 2011.
do quadro a seguir de forma a tornar verdadeira a associação entre (D) Lei gm/ms n.º 888, de 4 de maio de 2021.
os níveis de aplicação das medidas preventivas e as ações de pre- (E) Lei n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990.
venção.
Níveis de aplicação das medidas preventivas a Prevenção pri- 11. UFSC - 2022 - UFSC - Enfermeiro- O Programa Nacional de
mária b Prevenção secundária c Prevenção terciária Imunização (PNI) vem contribuindo para a redução da morbimorta-
Ações I Fisioterapia, reabilitação, terapia ocupacional. II Trata- lidade causada pelas doenças imunopreveníveis, buscando a quali-
mento para evitar a propagação de doenças; inquéritos para a des- dade e a segurança dos produtos oferecidos para a manutenção e
coberta de casos na comunidade; exames periódicos e individuais, a disponibilidade, em tempo oportuno, dos imunobiológicos preco-
para a detecção precoce de casos. III Moradia adequada, imuniza- nizados nos calendários e nas campanhas nacionais de vacinação
ção, controle de vetores. para a população brasileira. Sobre a administração das vacinas, é
Assinale a alternativa correta. correto afirmar que:
(A) a-I; b-II; c-III. (A) são alguns exemplos de situações que caracterizam a ocor-
(B) a-III; b-I.; c-II. rência de contraindicações: diagnósticos clínicos prévios de do-
(C) a-II; b-III; c-I. ença, tais como tuberculose, coqueluche, tétano, difteria, po-
(D) a-III; b-II; c-I. liomielite, sarampo, caxumba e rubéola; história de alergia não
(E) a-I; b-III; c-II. específica, individual ou familiar; convalescença de doenças
agudas; usuários em profilaxia pós-exposição e na reexposição
8. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Maringá - PR - Mé- com a vacina raiva (inativada).
dico- Em relação às leis orgânicas do SUS e aos decretos aplicáveis, (B) a presença da cicatriz vacinal após BCG é considerada como
assinale a opção correta. dose para efeito de registro, independentemente do tempo
(A) A Lei n.º 8.142/1990 regulamenta e orienta o que deve ser transcorrido desde a vacinação até o aparecimento da cicatriz.
assegurado pelo SUS e como as ações e os serviços de saúde Para crianças que foram vacinadas com a vacina BCG e que não
devem ser organizados em todo o território nacional. apresentem cicatriz vacinal após 6 meses, deve-se revacinar
(B) A Lei n.º 8.080/1990 dispõe acerca das transferências de re- mais duas vezes.
cursos financeiros na área da saúde entre as diferentes esferas
de governo, e dá outras providências.
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POLÍTICA DE SAÚDE

(C) a imunidade adquirida passivamente é imediata e perma- 14. ADM&TEC - 2022 - Prefeitura de Lajedo - PE - Enfermeiro-
nente. É conferida a um indivíduo mediante a: passagem de Analise as afirmativas a seguir:
anticorpos maternos por via transplacentária, por intermédio I. O processo de notificação compulsória consiste na comuni-
da amamentação pelo colostro e pelo leite materno (imunida- cação obrigatória à autoridade sanitária da ocorrência de determi-
de passiva natural) ou por administração parenteral de soro he- nada doença ou agravo à saúde ou surto. Os profissionais de saúde
terólogo/homólogo ou de imunoglobulina de origem humana podem realizar essa notificação, visando à adoção das medidas de
(imunidade passiva artificial) ou de anticorpos monoclonais. intervenção pertinentes.
(D) a vacinação simultânea consiste na administração de duas II. A vigilância em saúde tem por objetivo a observação e a
ou mais vacinas no mesmo momento em diferentes regiões análise permanentes da situação de saúde da população com o
anatômicas e vias de administração. De um modo geral, as va- objetivo de reunir dados pertinentes para a definição de ações e
cinas dos calendários de vacinação podem ser administradas estratégias que permitam a prevenção ou o tratamento de doenças
simultaneamente sem que ocorra interferência na resposta e agravos, por exemplo.
imunológica, exceto as vacinas da febre amarela, tríplice viral, Marque a alternativa CORRETA:
contra varicela e tetra viral, que devem ser administradas com (A) As duas afirmativas são verdadeiras.
intervalo de 30 dias. (B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
(E) na sala de vacinação, todas as vacinas devem ser armazena- (C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
das entre +2 ºC e +5 ºC, sendo ideal +3 ºC. (D) As duas afirmativas são falsas.

12. FADENOR - 2022 - Prefeitura de Dores de Guanhães - MG 15. FCM - 2022 - Prefeitura de Timóteo - MG - Enfermeiro- É
- Enfermeiro- Em relação às doenças ou vacinas descritas abaixo, correto afirmar que, de acordo com o Decreto nº 7.508, de 28 de
contidas no Programa Nacional de Imunização do Brasil, correlacio- junho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro
ne a primeira coluna com a segunda coluna. de 1990, as Regiões de Saúde devem
1- Bacilo Calmette-Guérin (BCG) 2- Hepatite B 3- Influenza 4- (A) respeitar as relações internacionais, quando instituídas em
HPV áreas de fronteiras com outros países.
( ) De acordo com o Calendário Nacional de Imunização, deve (B) conter, exclusivamente, a atenção primária à saúde entre
ser administrada anualmente em pessoas acima de 60 anos, crian- suas ações e serviços como critério para serem instituídas.
ças de 6 meses a 5 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias) de idade, (C) ser instituídas pelo município, respeitando-se as diretrizes
gestantes e profissionais específicos. gerais pactuadas na Comissão Intergestores Regional (CIR).
( ) De acordo com o calendário Nacional de Imunização, deve (D) seguir os elementos definidos pela participação social em
ser administrada em meninas de 9-14 anos e em meninos de 11-14 relação aos seus limites geográficos, rol de ações e serviços
anos. ofertados e respectivas responsabilidades, critérios de acessi-
( ) Aplica-se uma dose ao nascer, contida na pentavalente (2, 4 bilidade e escala para conformação dos serviços.
e 6 meses), e as demais doses ao longo da vida dependendo da situ-
ação vacinal (11-19 anos, 20-59 anos, gestantes e 60 anos ou mais). 16. COPESE - UFPI - 2022 - Prefeitura de União - PI - Enfermeiro
( ) Aplica-se a vacina para prevenir as formas graves de tuber- (Plantonista)- De acordo com o Decreto Federal nº 7.508/2011, na
culose. Seção I, que trata das Regiões de Saúde e, de acordo com o Art.
Após analisar as informações descritas, a alternativa que con- 5º, para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo,
tém a sequência CORRETA, de cima para baixo, é: ações e serviços abaixo, EXCETO:
(A) 3, 2, 1, 4. (A) Atenção primária.
(B) 4, 3, 2 ,1. (B) Urgência e emergência.
(C) 3, 4, 2, 1. (C) Especiais de acesso aberto.
(D) 2, 1, 3, 4. (D) Atenção psicossocial.
(E) 2, 4, 1, 3. (E) Atenção ambulatorial especializada e hospitalar.

13. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de São Miguel do Passa Qua- GABARITO


tro - GO - Enfermeiro- Em conformidade com a Portaria de Consoli-
dação nº 4/2017, são considerados doenças, agravos e eventos de
saúde pública de notificação compulsória:
I. Acidente de moto durante um passeio. II. Violência sexual. III. 1 ERRADO
Óbito por varicela.
Estão CORRETOS: 2 CERTO
(A) Todos os itens. 3 ERRADO
(B) Somente os itens I e II. 4 D
(C) Somente os itens I e III.
(D) Somente os itens II e III. 5 B
6 A
7 D
8 E

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POLÍTICA DE SAÚDE

9 A ______________________________________________________
10 E ______________________________________________________
11 D
______________________________________________________
12 C
13 D ______________________________________________________

14 A ______________________________________________________
15 A ______________________________________________________
16 C
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
Enfermeiro

O plano descreve os cuidados que devem ser dados ao pacien-


INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM: FUNDAMENTOS DE EN- te (prescrição de enfermagem) e implementados pela equipe de
FERMAGEM enfermagem, com a participação de outros profissionais de saúde,
sempre que necessário.
Fundamentos de Enfermagem Na etapa de avaliação verifica-se a resposta do paciente aos
cuidados de enfermagem a ele prestados e as necessidades de mo-
A assistência da Enfermagem baseia-se em conhecimentos dificar ou não o plano inicialmente proposto.
científicos e métodos que definem sua implementação. Assim, a O hospital, a assistência de enfermagem e a prevenção da in-
sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma forma fecção
planejada de prestar cuidados aos pacientes que, gradativamente, O termo hospital origina-se do latim hospitium, que quer dizer
vem sendo implantada em diversos serviços de saúde. Os compo- local onde se hospedam pessoas, em referência a estabelecimentos
nentes ou etapas dessa sistematização variam de acordo com o fundados pelo clero, a partir do século IV dC, cuja finalidade era prover
método adotado, sendo basicamente composta por levantamento cuidados a doentes e oferecer abrigo a viajantes e peregrinos.
de dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, Segundo o Ministério da Saúde, hospital é definido como esta-
plano assistencial e avaliação. belecimento de saúde destinado a prestar assistência sanitária em
Interligadas, essas ações permitem identificar as necessidades regime de internação a uma determinada clientela, ou de não-inter-
de assistência de saúde do paciente e propor as intervenções que nação, no caso de ambulatório ou outros serviços.
melhor as atendam - ressalte-se que compete ao enfermeiro a res- Para se avaliar a necessidade de serviços e leitos hospitala-
ponsabilidade legal pela sistematização; contudo, para a obtenção res numa dada região faz-se necessário considerar fatores como
de resultados satisfatórios, toda a equipe de enfermagem deve en- a estrutura e nível de organização de saúde existente, número de
volver-se no processo. habitantes e frequência e distribuição de doenças, além de outros
Na fase inicial, é realizado o levantamento de dados, mediante eventos relacionados à saúde. Por exemplo, é possível que numa
entrevista e exame físico do paciente. Como resultado, são obtidas região com grande população de jovens haja carência de leitos de
importantes informações para a elaboração de um plano assistencial maternidade onde ocorre maior número de nascimentos. Em outra,
e prescrição de enfermagem, a ser implementada por toda a equipe. onde haja maior incidência de doenças crônico-degenerativas, a ne-
A entrevista, um dos procedimentos iniciais do atendimento, é cessidade talvez seja a de expandir leitos de clínica médica.
o recurso utilizado para a obtenção dos dados necessários ao tra- De acordo com a especialidade existente, o hospital pode ser
tamento, tais como o motivo que levou o paciente a buscar aju- classificado como geral, destinado a prestar assistência nas quatro
da, seus hábitos e práticas de saúde, a história da doença atual, de especialidades médicas básicas, ou especializado, destinado a pres-
doenças anteriores, hereditárias, etc. Nesta etapa, as informações tar assistência em uma especialidade, como, por exemplo, materni-
consideradas relevantes para a elaboração do plano assistencial de dade, ortopedia, entre outras.
enfermagem e tratamento devem ser registradas no prontuário, Um outro critério utilizado para a classificação de hospitais é
tomando-se, evidentemente, os cuidados necessários com as con- o seu número de leitos ou capacidade instalada: são considerados
sideradas como sigilosas, visando garantir ao paciente o direito da como de pequeno porte aqueles com até 50 leitos; de médio porte,
privacidade. de 51 a 150 leitos; de grande porte, de 151 a 500 leitos; e de porte
O exame físico inicial é realizado nos primeiros contatos com o especial, acima de 500 leitos.
paciente, sendo reavaliado diariamente e, em algumas situações, Conforme as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), os
até várias vezes ao dia. serviços de saúde em uma dada região geográfica - desde as unida-
Como sua parte integrante, há a avaliação minuciosa de todas des básicas até os hospitais de maior complexidade - devem estar
as partes do corpo e a verificação de sinais vitais e outras medidas, integrados, constituindo um sistema hierarquizado e organizado de
como peso e altura, utilizando-se técnicas específicas. acordo com os níveis de atenção à saúde. Um sistema assim constituí-
Na etapa seguinte, faz-se a análise e interpretação dos dados do disponibiliza atendimento integral à população, mediante ações de
coletados e se determinam os problemas de saúde do paciente, promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde.
formulados como diagnóstico de enfermagem. Através do mesmo As unidades básicas de saúde (integradas ou não ao Programa Saú-
são identificadas as necessidades de assistência de enfermagem e a de da Família) devem funcionar como porta de entrada para o sistema,
elaboração do plano assistencial de enfermagem. reservando-se o atendimento hospitalar para os casos mais complexos
- que, de fato, necessitam de tratamento em regime de internação.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

De maneira geral, o hospital secundário oferece alto grau de Visando evitar a ocorrência de infecção hospitalar, a equipe
resolubilidade para grande parte dos casos, sendo poucos os que deve realizar os devidos cuidados no tocante à sua prevenção e
acabam necessitando de encaminhamento para um hospital terciário. controle, principalmente relacionada à lavagem das mãos, pois os
O sistema de saúde vigente no Brasil agrega todos os serviços públicos microrganismos são facilmente levados de um paciente a outro ou
das esferas federal, estadual e municipal e os serviços privados, cre- do profissional para o paciente, podendo causar a infecção cruzada.
denciados por contrato ou convênio. Na área hospitalar, 80% dos es-
tabelecimentos que prestam serviços ao SUS são privados e recebem Atendendo o paciente no hospital
reembolso pelas ações realizadas, ao contrário da atenção ambulato- O paciente procura o hospital por sua própria vontade (neces-
rial, onde 75% da assistência provém de hospitais públicos. sidade) ou da família, e a internação ocorre por indicação médica
Na reorganização do sistema de saúde proposto pelo SUS o ou, nos casos de doença mental ou infectocontagiosa, por processo
hospital deixa de ser a porta de entrada do atendimento para se legal instaurado.
constituir em unidade de referência dos ambulatórios e unidades A internação é a admissão do paciente para ocupar um leito
básicas de saúde. O hospital privado pode ter caráter beneficente, hospitalar, por período igual ou maior que 24 horas. Para ele, isto
filantrópico, com ou sem fins lucrativos. No beneficente, os recur- significa a interrupção do curso normal de vida e a convivência tempo-
sos são originários de contribuições e doações particulares para a rária com pessoas estranhas e em ambiente não-familiar. Para a maioria
prestação de serviços a seus associados - integralmente aplicados das pessoas, este fato representa desequilíbrio financeiro, isolamento
na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais. O hos- social, perda de privacidade e individualidade, sensação de inseguran-
pital filantrópico reserva serviços gratuitos para a população caren- ça, medo e abandono. A adaptação do paciente a essa nova situação é
te, respeitando a legislação em vigor. Em ambos, os membros da marcada por dificuldades pois, aos fatores acima, soma-se a necessidade
diretoria não recebem remuneração. de seguir regras e normas institucionais quase sempre bastante rígidas
Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessi- e inflexíveis, de entrosar-se com a equipe de saúde, de submeter-se a
ta durante sua internação hospitalar, faz-se necessário que tenha à inúmeros procedimentos e de mudar de hábitos.
sua disposição uma equipe de profissionais competentes e diversos O movimento de humanização do atendimento em saúde pro-
serviços integrados - Corpo Clínico, equipe de enfermagem, Serviço cura minimizar o sofrimento do paciente e seus familiares, buscan-
de Nutrição e Dietética, Serviço Social, etc., caracterizando uma ex- do formas de tornar menos agressiva a condição do doente institu-
tensa divisão técnica de trabalho. cionalizado. Embora lenta e gradual, a própria conscientização do
Para alcançar os objetivos da instituição, o trabalho das equi- paciente a respeito de seus direitos tem contribuído para tal inten-
pes, de todas as áreas, necessita estar em sintonia, haja vista que to. Fortes aponta a responsabilidade institucional como um aspecto
uma das características do processo de produção hospitalar é a in- importante, ao afirmar que existe um componente de responsabili-
terdependência. Uma outra característica é a quantidade e diversi- dade dos administradores de saúde na implementação de políticas
dade de procedimentos diariamente realizados para prover assis- e ações administrativas que resguardem os direitos dos pacientes.
tência ao paciente, cuja maioria segue normas rígidas no sentido Assim, questões como sigilo, privacidade, informação, aspectos que
de proporcionar segurança máxima contra a entrada de agentes o profissional de saúde tem o dever de acatar por determinação
biológicos nocivos ao mesmo. do seu código de ética, tornam-se mais abrangentes e eficazes na
O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho in- medida em que também passam a ser princípios norteadores da
salubre, onde os profissionais e os próprios pacientes internados organização de saúde.
estão expostos a agressões de diversas naturezas, seja por agentes Tudo isso reflete as mudanças em curso nas relações que se
físicos, como radiações originárias de equipamentos radiológicos e estabelecem entre o receptor do cuidado, o paciente, e o profis-
elementos radioativos, seja por agentes químicos, como medica- sional que o assiste, tendo influenciado, inclusive, a nomenclatura
mentos e soluções, ou ainda por agentes biológicos, representados tradicionalmente utilizada no meio hospitalar.
por microrganismos. O termo paciente, por exemplo, deriva do verbo latino patisce-
No hospital concentram-se os hospedeiros mais susceptíveis, re, que significa padecer, e expressa uma conotação de dependên-
os doentes e os microrganismos mais resistentes. O volume e a cia, motivo pelo qual cada vez mais se busca outra denominação
diversidade de antibióticos utilizados provocam alterações impor- para o receptor do cuidado. Há crescente tendência em utilizar o
tantes nos microrganismos, dando origem a cepas multirresisten- termo cliente, que melhor reflete a forma como vêm sendo estabe-
tes, normalmente inexistentes na comunidade. A contaminação de lecidos os contatos entre o receptor do cuidado e o profissional, ou
pacientes durante a realização de um procedimento ou por inter- seja, na base de uma relação de interdependência e aliança. Outros
médio de artigos hospitalares pode provocar infecções graves e de têm manifestado preferência pelo termo usuário, considerando que
difícil tratamento. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos inva- o receptor do cuidado usa os nossos serviços. Entretanto, será man-
sivos, como diálise peritonial, hemodiálise, inserção de cateteres e tida a denominação tradicional, porque ainda é dessa forma que a
drenos, uso de drogas imunossupressoras, são fatores que contri- maioria se reporta ao receptor do cuidado.
buem para a ocorrência de infecção. Ao receber o paciente na unidade de internação, o profissional
Ao dar entrada no hospital, o paciente já pode estar com uma de enfermagem deve providenciar e realizar a assistência neces-
infecção, ou pode vir a adquiri-la durante seu período de interna- sária, atentando para certos cuidados que podem auxiliá-lo nessa
ção. Seguindo-se a classificação descrita na Portaria no 2.616/98, fase. O primeiro contato entre o paciente, seus familiares e a equi-
do Ministério da Saúde, podemos afirmar que o primeiro caso re- pe é muito importante para a adaptação na unidade. O tratamento
presenta uma infecção comunitária; o segundo, uma infecção hos- realizado com gentileza, cordialidade e compreensão ajuda a des-
pitalar que pode ter como fontes a equipe de saúde, o próprio pa- pertar a confiança e a segurança tão necessárias. Assim, cabe au-
ciente, os artigos hospitalares e o ambiente. xiliá-lo a se familiarizar com o ambiente, apresentando-o à equipe
presente e a outros pacientes internados, em caso de enfermaria,
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

acompanhando-o em visita às dependências da unidade, orientan- ambiente, motivo pelo qual a orientação da enfermagem é impor-
do-o sobre o regulamento, normas e rotinas da instituição. É tam- tante. Quando do transporte a outro setor ou à ambulância, o pa-
bém importante solicitar aos familiares que providenciem objetos ciente deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, junto
de uso pessoal, quando necessário, bem como arrolar roupas e va- com seus pertences, prontuário e os devidos registros de enferma-
lores nos casos em que o paciente esteja desacompanhado e seu gem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento, en-
estado indique a necessidade de tal procedimento. viar os relatórios médico e de enfermagem.
É importante lembrar que, mesmo na condição de doente, a
pessoa continua de posse de seus direitos: ao respeito de ser cha- Sistema de informação em saúde
mado pelo nome, de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cui- Um sistema de informação representa a forma planejada de re-
dados, de ser informado sobre os procedimentos e tratamento que ceber e transmitir dados. Pressupõe que a existência de um número
lhe serão dispensados, e a que seja mantida sua privacidade física e cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas (inter-
o segredo sobre as informações confidenciais que digam respeito à net, arquivos, formulários) apropriadas que possibilitem o acesso
sua vida e estado de saúde. e processamento de forma ágil, mesmo quando essas informações
O tempo de permanência do paciente no hospital dependerá dependem de fontes localizadas em áreas geográficas distantes.
de vários fatores: tipo de doença, estado geral, resposta orgânica No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de infor-
ao tratamento realizado e complicações existentes. Atualmente, há mações através de um sistema informatizado é muito útil porque
uma tendência para se abreviar ao máximo o tempo de internação, agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de ad-
em vista de fatores como altos custos hospitalares, insuficiência de missão e alta de pacientes, a marcação de consultas e exames, o
leitos e riscos de infecção hospitalar. Em contrapartida, difundem- processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas
-se os serviços de saúde externos, como a internação domiciliar, a outras ações frequentemente realizadas. Também influencia favo-
qual estende os cuidados da equipe para o domicílio do doente, ravelmente na área gerencial, disponibilizando em curto espaço de
medida comum em situações de alta precoce e de acompanhamen- tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsi-
to de casos crônicos - é importante que, mesmo neste âmbito, se- diam as ações administrativas, como recursos humanos existentes
jam também observados os cuidados e técnicas utilizadas para a e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e
prevenção e controle da infecção hospitalar e descarte adequado orçamentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição,
de material perfurocortante. manutenção de equipamentos e fornecedores), produção (número
O período de internação do paciente finaliza-se com a alta hos- de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à
pitalar, decorrente de melhora em seu estado de saúde, ou por mo- taxa de nascimentos, óbitos, infecção hospitalar, média de perma-
tivo de óbito. Entretanto, a alta também pode ser dada por motivos nência, etc.
tais como: a pedido do paciente ou de seu responsável; nos casos As informações do paciente, geradas durante seu período de
de necessidade de transferência para outra instituição de saúde; internação, constituirão o documento denominado prontuário,
na ocorrência de o paciente ou seu responsável recusar(em)-se a o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº
seguir o tratamento, mesmo após ter(em) sido orientado(s) quan- 1.331/89), consiste em um conjunto de documentos padronizados
to aos riscos, direitos e deveres frente à terapêutica proporcionada e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro
pela equipe. dos cuidados profissionais prestados ao paciente.
Na ocasião da alta, o paciente e seus familiares podem necessi- O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são
tar de orientações sobre alimentação, tratamento medicamentoso, registradas todas as informações relativas ao paciente, como histó-
atividades físicas e laborais, curativos e outros cuidados específicos, rico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico,
momento em que a participação da equipe multiprofissional é im- diagnóstico, evolução clínica, descrição de cirurgia, ficha de anes-
portante para esclarecer quaisquer dúvidas apresentadas. tesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complemen-
Após a saída do paciente, há necessidade de se realizar a limpe- tares de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente
za da cama e mobiliário; se o mesmo se encontrava em isolamento, ter suas informações adequadamente registradas, como também
deve-se também fazer a limpeza de todo o ambiente (limpeza ter- acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que
minal): teto, paredes, piso e banheiro. necessário.
As rotinas administrativas relacionadas ao preenchimento e Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos
encaminhamento do aviso de alta ao registro, bem como às per- de saúde e após a alta do paciente fica sob os cuidados da institui-
tinentes à contabilidade e apontamento em censo hospitalar, de- ção, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização,
veriam ser realizadas por agentes administrativos. Na maioria das há iniciativas em andamento em diversos hospitais brasileiros, haja
instituições hospitalares, porém, estas ações ainda ficam sob o en- vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de agilizar
cargo dos profissionais de enfermagem. informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir a pri-
O paciente poderá sair do hospital só ou acompanhado por fa- vacidade e sigilo dos dados pessoais.
miliares, amigos ou por um funcionário (assistente social, auxiliar,
técnico de enfermagem ou qualquer outro profissional de saúde Sistema de informação em enfermagem
que a instituição disponibilize); dependendo do seu estado geral, Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, no
em transporte coletivo, particular ou ambulância. Cabe à enfer- prontuário do paciente, de todas as observações e assistência pres-
magem registrar no prontuário a hora de saída, condições gerais, tada ao mesmo, ato conhecido como anotação de enfermagem. A
orientações prestadas, como e com quem deixou o hospital. importância do registro reside no fato de que a equipe de enferma-
Um aspecto particular da alta diz respeito à transferência para gem é a única que permanece continuamente e sem interrupções
outro setor do mesmo estabelecimento, ou para outra instituição. ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas as ocor-
Deve-se considerar que a pessoa necessitará adaptar-se ao novo rências clínicas. Para maior clareza, recomenda-se que o registro
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

das informações seja organizado de modo a reproduzir a ordem - indicar o horário de cada anotação realizada;
cronológica dos fatos, isto permitirá que, na passagem de plantão, - ler a anotação anterior, antes de realizar novo registro;
a equipe possa acompanhar a evolução do paciente. - como não se deve confiar na memória para registrar as infor-
Um registro completo de enfermagem contempla as seguintes mações, considerando-se que é muito comum o esquecimento de
informações: detalhes e fatos importantes durante um intensivo dia de trabalho,
- Observação do estado geral do paciente, indicando manifesta- o registro deve ser realizado em seguida à prestação do cuidado,
ções emocionais como angústia, calma, interesse, depressão, eufo- observação de intercorrências, recebimento de informação ou to-
ria, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alterações mada de conduta, identificando a hora exata do evento;
relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade cutâ- - quando do registro, evitar palavras desnecessárias como, pa-
neo-mucosa, oxigenação, postura, sono e repouso, eliminações, ciente, por exemplo, pois a folha de anotação é individualizada e,
padrão da fala, movimentação; existência e condições de sondas, portanto, indicativa do referente;
drenos, curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso; - jamais deve-se rasurar a anotação; caso se cometa um en-
- A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para gano ao escrever, não usar corretor de texto, não apagar nem ra-
verificação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de de- surar, pois as rasuras ou alterações de dados despertam suspeitas
terminado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: de que alguém tentou deliberadamente encobrir informações; em
alergia após a administração de medicamentos, diminuição da tem- casos de erro, utilizar a palavra, digo, entre vírgulas, e continuar a
peratura corporal após banho morno, melhora da dispneia após a informação correta para concluir a frase, ou riscar o registro com
instalação de cateter de oxigênio; uma única linha e escrever a palavra, erro; a seguir, fazer o registro
- A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que correto - exemplo: Refere dor intensa na região lombar, administra-
permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa- da uma ampola de Voltaren IM no glúteo direito, digo, esquerdo..
ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso Ou: .... no glúteo esquerdo; em caso de troca de papeleta, riscar um
o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo, traço em diagonal e escrever, Erro, papeleta trocada;
por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re- - distinguir na anotação a pessoa que transmite a informação;
gistrar esse fato e o motivo da negação. Procedimentos rotineiros assim, quando é o paciente que informa, utiliza-se o verbo na ter-
também devem ser registrados, como a instalação de solução ve- ceira pessoa do singular: Informa que ...., Refere que ...., Queixa-se
nosa, curativos realizados, colheita de material para exames, enca- de ....; já quando a informação é fornecida por um acompanhante
minhamentos e realização de exames externos, bem como outras ou membro da equipe, registrar, por exemplo: A mãe refere que a
ocorrências atípicas na rotina do paciente; criança .... ou Segundo a nutricionista ....;
- A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências - atentar para a utilização da sequência céfalo-caudal quando
observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen- houver descrições dos aspectos físicos do paciente. Por exemplo: o
tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de paciente apresenta mancha avermelhada na face, MMSS e MMII;
decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres- - organizar a anotação de maneira a reproduzir a ordem em
tadas ao paciente e familiares; que os fatos se sucedem. Utilizar a expressão, entrada tardia. Ou
- As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da em tempo, para acrescentar informações que porventura tenham
equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o sido anteriormente omitidas;
paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde. - utilizar a terminologia técnica adequada, evitando abreviatu-
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua ras, exceto as padronizadas institucionalmente. Por exemplo: Apre-
visita, a enfermagem faz o registro correspondente. Para o registro senta dor de cabeça cont..... por, Apresenta cefaléia contínua ....;
das informações no prontuário, a enfermagem geralmente utiliza - evitar anotações e uso de termos gerais como, segue em ob-
um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por ser um impor- servação de enfermagem, ou, sem queixas, que não fornecem ne-
tante instrumento de comunicação para a equipe, as informações nhuma informação relevante e não são indicativos de assistência
devem ser objetivas e precisas de modo a não darem margem a prestada;
interpretações errôneas. Considerando-se sua legalidade, faz-se - realizar os registros com frequência, pois se decorridas várias
necessário ressaltar que servem de proteção tanto para o paciente horas nenhuma anotação foi feita pode-se supor que o paciente fi-
como para os profissionais de saúde, a instituição e, mesmo, a so- cou abandonado e que nenhuma assistência lhe foi prestada;
ciedade. - registrar todas as medidas de segurança adotadas para prote-
ger o paciente, bem como aquelas relativas à prevenção de compli-
A seguir, destacamos algumas significativas recomendações cações, por exemplo: Contido por apresentar agitação psicomotora;
para maior precisão ao registro das informações: - assinar a anotação e apor o número de inscrição do Conselho
- os dados devem ser sempre registrados a caneta, em letra le- Regional de Enfermagem (em cumprimento ao art. 76, Cap. VI do
gível e sem rasuras, utilizando a cor de tinta padronizada no estabe- Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem).
lecimento. Em geral, a cor azul é indicada para o plantão diurno; a
vermelha, para o noturno. Não é aconselhável deixar espaços entre Assistência de enfermagem aos pacientes graves e agonizan-
um registro e outro, o que evita que alguém possa, intencionalmen- tes e preparo do corpo pós morte
te, adicionar informações. Portanto, recomenda-se evitar pular li- O paciente pode passar por cinco estágios psicológicos em pre-
nha(s) entre um registro e outro, deixar parágrafo ao iniciar a frase, paração para morte. Apesar de serem percebidos de forma diferen-
manter espaço em branco entre o ponto final e a assinatura; te em cada paciente, e não necessariamente na ordem mostrada
- verificar o tipo de impresso utilizado na instituição e a rotina o entendimento de tais sentimentos pode ajudar a satisfação dos
que orienta o seu preenchimento; identificar sempre a folha, preen- pacientes. As etapas do ato de morrer são:
chendo ou completando o cabeçalho, se necessário;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Negação: quando o paciente toma conhecimento pela primeira Esse processo é organizado em cinco etapas relacionadas, in-
vez de sua doença terminal, pode ocorrer uma recusa em aceitar o terdependentes e recorrentes. Seu objetivo é garantir que o acom-
diagnóstico. panhamento dos pacientes seja prestado de forma coesa e preci-
Ira: uma vez que o paciente parando de negar a morte, é possí- sa. Com a utilização desta metodologia, consegue-se analisar as
vel que apresente um profundo ressentimento em relação aos que informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das
continuarão vivos após a morte, ao pessoal do hospital, a sua pró- condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser
pria família etc. devidamente registrados no Prontuário do Paciente.
Barganha: apesar de haver uma aceitação da morte por parte Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM
do paciente, pode haver uma tentativa de negociação de mais tem- 1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um
po de vida junto a Deus ou com o seu destino. conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a
Depressão: é possível que o paciente se afaste dos amigos, da partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa-
família, dos profissionais de saúde. È possível que venha sofrer de ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e
inapetência, aumento da fadiga e falta de cuidados pessoais. científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe
Aceitação: Nessa fase, o paciente aceita a inevitabilidade e multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indi-
a iminência de sua morte. È possível que deseje simplesmente o víduo”. Ele poderá ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia
acompanhamento de um membro da família ou um amigo em papel não garante uma uniformidade nas informações e permi-
te possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão
Semiologia e Semiotécnica aplicadas em Enfermagem do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade.
A Semiologia da enfermagem pode ser chamada também de Devido à uma necessidade cada vez maior de atenção com a
propedêutica, que é o estudo dos sinais e sintomas das doenças Segurança do Paciente há uma necessidade crescente das Institui-
humanas. A palavra vem do grego semeion = sinal + lógos = tratado, ções de saúde buscarem sistemas de gestão informatizado que tra-
estudo). A semiologia é muito importante para o diagnóstico e pos- zem o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) em sua composição.
teriormente a prescrição de patologias. Essas ferramentas digitais permitem:
A semiologia, base da prática clínica requer não apenas habi- –ampliar o acesso às informações dos pacientes de forma ágil e
lidades, mas também ações rápidas e precisas. A preparação para atualizada, com conteúdo legível;
o exame físico, a seleção de instrumentos apropriados, a realização –criar aletras sobre interações medicamentosas, alergia e in-
das avaliações, o registro de achados e a tomada de decisões tem consistências;
papel fundamental em todo o processo de assistência ao cliente. –estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos
A equipe de enfermagem deve utilizar todas as informações terapêuticos;
disponíveis para identificar as necessidades especiais em um con- –realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de ges-
junto variado de clientes portadores de diversas patologias. tão e assistenciais.
A semiologia geral da enfermagem busca é ensinar aos alunos
as técnicas (semiotécnicas) gerais que compõem o exame físico. Para entender melhor esse processo explicamos abaixo como
O exame físico, por sua vez, compõe-se de partes que incluem a funciona a metodologia.
anamnese ou entrevista clínica, o exame físico geral e o exame físico
especializado. As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Siste-
O exame físico é a parte mais importante na obtenção do diag- matização da Assistência de Enfermagem:
nóstico. Alguns autores estimaram que 70 a 80 % do diagnóstico se
baseiam no exame clínico bem realizado. 1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma-
Cumprir todas essas etapas com resolutividade, mantendo o gem
foco nas necessidades do cliente é realmente um desafio. Esses O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca
fatores, a complexidade que cerca a semiologia e muitas decisões por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe de
que precisam ser tomadas torna necessário que o enfermeiro tenha enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático
domínio de diversas informações. e contínuo na qual haverá a coleta de dados que serão passados pe-
Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as los próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envolvidas.
mais diversas técnicas realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfer- Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de
magem e auxiliar de enfermagem. Enfermagem dentro da abordagem da Sistematização da Assistên-
Procedimentos como: realização de curativos, sondagens ve- cia de Enfermagem (SAE).
sical e gástrica, preparo dos mais diversos tipos de cama, aspira- Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até
ção entre outras. A fundamentação científica na aplicação de cada mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, que
técnica é muito importante, inclusive para noções de controle de pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao pa-
infecções. ciente. Este processo pode ser otimizado com a utilização de PEP,
com formulários específicos que direcionam o questionamento da
Sistematização da Assistência em Enfermagem enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessa-
Em todas as instituições de saúde é crucial ter o controle e en- dos por todos da Instituição, até mesmo de forma remota. Assim,
tender o fluxo de trabalho das equipes. Um exemplo prático é a é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos
aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). cuidados ao paciente, com maior segurança e agilidade.
Ela organiza o trabalho quanto à metodologia, à equipe e os instru-
mentos utilizados, tornando possível a operacionalização do Pro-
cesso de Enfermagem.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2. Diagnóstico de Enfermagem Observação do estado geral do paciente, indicando manifes-


Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamen- tações emocionais como angústia, calma, interesse, depressão,
to dos dados coletados, conduzindo a tomada de decisão sobre os euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alte-
diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e rações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade
intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados espe- cutâneo-mucosa, oxigenação, postura
rados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a Ordem cronológica – seqüência em que os fatos acontecem,
taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas correlacionados com o tempo, sono e repouso, eliminações, padrão
levantados no histórico de enfermagem. Com isso, se faz a elabora- da fala, movimentação; existência e condições de sondas, drenos,
ção de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa. curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
Tudo que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para veri-
do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre que necessário. ficação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de determi-
nado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: alergia
3. Planejamento de Enfermagem após a administração de medicamentos, diminuição da temperatu-
De acordo com a Sistematização da Assistência de Enferma- ra corporal após banho morno, melhora da dispnéia após a instala-
gem (SAE), que organiza o trabalho profissional quanto ao método, ção de cateter de oxigênio;
pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que
para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde. permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa-
É aqui que se determinam os resultados esperados e quais ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso
ações serão necessárias. Isso será realizado a partir nos dados co- o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
letados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re-
de saúde do paciente e suas intervenções. São informações que, gistrar esse fato e o motivo da negação.
igualmente, devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições Procedimentos rotineiros também devem ser registrados,
checadas e o registro das ações que foram executadas. como a instalação de solução venosa, curativos realizados, colheita
de material para exames, encaminhamentos e realização de exames
4. Implementação externos, bem como outras ocorrências atípicas na rotina do pa-
A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da ciente; n A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a equipe rea- observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen-
lizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Plane- tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de
jamento de Enfermagem. São atividades que podem ir desde uma decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres-
administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados espe- tadas ao paciente e familiares;
cíficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da
vitais específicos e acrescentá-los no Prontuário Eletrônico do Pa- equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o
ciente (PEP). paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde.
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua
5. Avaliação de Enfermagem (Evolução) visita, a enfermagem faz o registro correspondente.
Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no Para o registro das informações no prontuário, a enfermagem
Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por
e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para ser um importante instrumento de comunicação para a equipe, as
determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança- informações devem ser objetivas e precisas de modo a não darem
ram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira margem a interpretações errôneas.
terá como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar
etapas do Processo de Enfermagem. Além de proporcionar infor- que servem de proteção tanto para o paciente como para os profis-
mações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na sionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade.
tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta.
Sinais Vitais
Sistema de informação em enfermagem (Registro em Enfer-
magem) Pulso
Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, São sinais de vida: Normalmente, a temperatura, pulso e respi-
no prontuário do paciente, de todas as observações e assistência ração permanecem mais ou menos constantes. São chamados “Si-
prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de enferma- nais Vitais”, porque suas variações podem indicar enfermidade. De-
gem. A importância do registro reside no fato de que a equipe de vido à importância dos mesmos a enfermagem deve ser bem exata
enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter- na sua verificação e anotação.
rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas
as ocorrências clínicas. Pulso: É o nome que se dá à dilatação pequena e sensível das
artérias, produzida pela corrente circulatória. Toda vez que o san-
Para maior clareza, recomenda-se que o registro das informa- gue é lançado do ventrículo esquerdo para a aorta, a pressão e o
ções seja organizado de modo a reproduzir a ordem cronológica dos volume provocam oscilações ritmadas em toda a extensão da pa-
fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe possa rede arterial, evidenciadas quando se comprime moderadamente a
acompanhar a evolução do paciente. Um registro completo de en- artéria contra uma estrutura dura.
fermagem contempla as seguintes informações:
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Locais onde pode ser verificado: Normalmente, faz-se a veri- - Colocá-lo em posição confortável, de preferência deitado ou
ficação do pulso sobre a artéria radial. Quando o pulso radial se sentado com o braço apoiado e a palma da mão voltada pra baixo.
apresenta muito filiforme, artérias mais calibrosas como a carótida - Colocar as polpas dos três dedos médios sobre o local escolhi-
e femoral poderão facilitar o controle. Outras artérias, como a bra- do pra a verificação;
quial, poplítea e a do dorso do pé (artéria pediosa) podem também - Pressionar suavemente até localizar os batimentos;
ser utilizadas para a verificação. - Procurar sentir bem o pulso, pressionar suavemente a artéria
e iniciar a contagem dos batimentos;
Frequência Fisiológica: - Contar as pulsações durante um minuto (avaliar frequência,
Homem 60 a 70 tensão, volume e ritmo);
Mulher 65 a 80 - Lavar as mãos;
Crianças 120 a 125 - Registrar, anotar as anormalidades e assinar.
Lactentes 125 a 130
Observação: Existem fatores que alteram a frequência normal Pulso apical: Verifica-se o pulso apical no ápice do coração à
do pulso: altura do quinto espaço intercostal.
Fatores Fisiológicos:
Emoções - digestão - banho frio - exercícios físicos (aceleram) Observações importantes:
Certas drogas como a digitalina (diminuem) - Evitar verificar o pulso em membros afetados de paciente com
lesões neurológicas ou vasculares;
Fatores Patológicos: - Não verificar o pulso em membro com fístula arteriovenosa;
Febre - doenças agudas (aceleram) - Nunca usar o dedo polegar na verificação, pois pode confun-
Choque - colapso (diminuem) dir a sua pulsação com a do paciente;
- Nunca verificar o pulso com as mãos frias;
Regularidade: - Em caso de dúvida, repetir a contagem;
Rítmico - bate com regularidade - Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir
Arrítmico - bate sem regularidade de sentir o batimento do pulso.
O intervalo de tempo entre os batimentos em condições nor-
mais é igual e o ritmo nestas condições é denominado normal ou Temperatura
sinusal. O pulso irregular é chamado arrítmico. A temperatura corporal é proveniente do calor produzido pela
atividade metabólica. Vários processos físicos e químicos promo-
Tipos de Pulso: vem a produção ou perda de calor, mantendo o nosso organismo
Bradisfigmico – lento com temperatura mais ou menos constante, independente das va-
Taquisfígmico – acelerado riações do meio externo. O equilíbrio entre a produção e a perda
Dicrótico - dá a impressão de dois batimentos de calor é controlado pelo hipotálamo: quando há necessidade de
perda de calor, impulsos nervosos provocam vasodilatação perifé-
Volume: cheio ou filiforme. rica com aumento do fluxo sanguíneo na superfície corporal e esti-
mulação das glândulas sudoriporas, promovendo a saída de calor.
Observação: o volume de cada batimento cardíaco é igual em Quando há necessidade de retenção de calor, estímulos nervosos
condições normais. Quando se exerce uma pressão moderada so- provocam vaso constrição periférica com diminuição do sangue cir-
bre a artéria e há certa dificuldade de obliterar a artéria, o pulso culante local e, portanto, menor quantidade de calor é transporta-
é denominado de cheio. Porém se o volume é pequeno e a artéria da e perdida na superfície corpórea.
fácil de ser obliterada tem-se o pulso fino ou filiforme.
Alterações Fisiológicas da Temperatura
Tensão ou compressibilidade das artérias Fatores que reduzem ou aumentam a taxa metabólica levam
Macio – fraco respectivamente a uma diminuição ou aumento da temperatura
Duro – forte corporal:
- sono e repouso
Terminologia: - idade
- Nomocardia: frequência normal - exercícios físicos
- Bradicardia: frequência abaixo do normal - emoções
- Bradisfigmia: pulso fino e bradicárdico - fator hormonal
- Taquicardia: frequência acima do normal - em jovens, observam-se níveis aumentados de hormônios.
- Taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico - desnutrição
- banhos a temperaturas muito quentes ou frias podem provo-
Material para verificação do pulso: car alterações transitórias da temperatura
- Relógio com ponteiro de segundos. - agasalhos
- fator alimentar
Procedimento:
- Lavar as mãos; Temperatura Corporal Normal: Em média, considera-se a tem-
- Explicar o procedimento ao paciente; peratura oral como a normal 37ºC, sendo a temperatura axilar
0,6ºC mais baixa e a temperatura retal 0,6ºC mais alta.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Terminologia: Valores Normais


Hipotermia: temperatura abaixo do valor normal. Caracteriza- Em indivíduo adulto, são considerados normais os seguintes
-se por pele e extremidades frias, cianoses e tremores; parâmetros:
- pressão sistólica: de 90 a 140 mmhg
Hipertermia: aumento da temperatura corporal. É uma condi- - pressão diastólica: de 60 a 90 mmhg
ção em que se verifica: pele quente e seca, sede, secura na boca, Terminologia
calafrios, dores musculares generalizadas, sensação de fraqueza, - hipertensão arterial: significa pressão arterial elevada;
taquicardia, taquipneia, cefaleia, delírios e até convulsões. - hipotensão arterial: pressão arterial abaixo do normal
Avaliação da Temperatura Corporal: O termômetro deve ser
colocado em local onde existam rede vascular intensa ou grandes Locais para verificação da Pressão Arterial
vasos sanguíneos, e mantido por tempo suficiente para a correta - nos membros superiores, através da artéria braquial;
leitura da temperatura. Os locais habitualmente utilizados para a - nos membros inferiores, através da artéria poplítea.
verificação são: cavidade oral, retal e a região axilar.
Tempo de Manutenção do Termômetro no Paciente Mensuração da Altura e do Peso
- oral: 3 minutos A altura e o peso normalmente são verificados quando existe
- axilar: 03 a 05 minutos solicitação médica, não sendo incluídos como medidas de rotina na
- retal: 3 minutos maioria das unidades de internação. A verificação da altura e do
peso é muito importante, em pediatria, endocrinologia, nefrologia.
Respiração Em certas condições patológicas, como no edema, o controle de
Por meio da respiração é que se efetua a troca de gases dos peso é fundamental para subsidiar a conduta terapêutica.
alvéolos, transformando o sangue venoso rico em dióxido de carbo-
no e o sangue arterial rico em oxigênio. O tronco cerebral é a sede Terminologia
do controle da respiração automática, porém recebe influencias Obesidade: aumento de tecido adiposo devido ao excessivo ar-
do córtex cerebral, possibilitando também, em parte, um controle mazenamento de gordura;
voluntário. Certos fatores, como exercícios físicos, emoções, choro, - caquexia: estado de extrema magreza, desnutrição.
variações climáticas, drogas podem provocar alterações respirató- Observações
rias. - pesar, de preferência sempre no mesmo horário;
- pesar com mínimo de roupa;
Valores Normais - pesar, se possível, antes do desjejum.
Recém nascido: 30 a 40 por minuto
Adulto: 14 a 20 por minuto Sinais Iminentes de Falecimentos:
- Sistema Circulatório: hipotensão, extremidades frias, pulso ir-
Terminologia regular, pele fria e úmida, hipotermia, cianose, sudorese, sudorese
- bradpneia: frequência respiratória abaixo do normal; abundante;
- taquipneia: frequência respiratória acima do normal; - Sistema Respiratório: dificuldade para respirar, a respiração
- dispneia: dificuldade respiratória; torna-se ruidosa (estertor da morte), causada pelo acúmulo de se-
- ortopneia: respiração facilitada em posição vertical; creção;
- apneia: parada respiratória; - Sistema Digestório: diminuição das atividades fisiológicas e
- respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gra- do reflexo de deglutição para o perigo de regurgitação e aspiração,
dual na profundidade, seguido por decréscimo gradual na profundi- incontinência fecal e constipação.
dade das respirações e, após, segue-se um período de apneia. - Sistema Locomotor: ausência total da coordenação dos mo-
- respiração estertorosa: respiração ruidosa. vimentos;
- Sistema Urinário: retenção ou incontinência urinária;
Pressão Arterial - Sistema Neurológico: diminuição dos reflexos até o desapare-
A pressão arterial reflete a tensão que o sangue exerce nas cimento total, sendo que a audição é o último a desaparecer.
paredes das artérias. A medida da pressão arterial compreende a - Face: pálida ou cianótica, olhos e olhar fixo, presença de lágri-
verificação da pressão máxima ou sistólica e a pressão mínima ou ma, que significa perda do tônus muscular.
diastólica.
A pressão sistólica é a maior força exercida pelo batimento car- Sinais Evidentes:
díaco; e a diastólica, a menor. Talvez seja mais sensato caracterizar a morte pelo somatório de
uma série de fenômenos:
A Pressão Arterial depende de: - Perda da consciência;
- Débito cardíaco: representa a quantidade de sangue ejetado - Ausência total de movimentos;
do ventrículo esquerdo para o leito vascular em um minuto. - Parada Cardíaca e respiratória sem possibilidades de ressus-
- Resistência vascular periférica: determinada pelo lúmen (cali- citação;
bre), pela elasticidade dos vasos e pela viscosidade sanguínea. - Perda da ação reflexiva a estímulos;
- Viscosidade do sangue: decorre das proteínas e elementos - Parada das funções cerebrais;
figurados do sangue. - Pupilas dilatadas (midríase) não reagindo à presença da luz.
A pressão sanguínea varia ao longo do ciclo vital, assim como
ocorre com a respiração, temperatura e pulso.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como esses fatos podem ocorrer isoladamente é fundamental Art. 5º - (vetado)


a coincidência deles para se confirmar à morte. Como após a morte, § 1º (vetado)
alguns tecidos podem manter a vitalidade e mesmo servirem para § 2º (vetado)
transplantes, exige-se hoje, como prova clínica definitiva da morte, Art. 6º - São enfermeiros:
a parada definitiva das funções cerebrais, documentada clinicamen- I - o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição
te e por eletroencefalograma. de ensino, nos termos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfer-
A tanatologia é o ramo da patologia que estuda a morte. meira obstétrica, conferidos nos termos da lei;
Morte Aparente: O termo morte aparente é a denominação III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular
aplicada ao corpo, o qual parece morto, mas tem condições de ser do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz,
reanimado. ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do
Alterações cadavéricas: São alterações que ocorrem após a país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou
constatação da sua morte clínica. Após a morte existe uma série revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira
de alterações sequenciais previstas que podem ser modificadas nas Obstétrica ou de Obstetriz;
dependências das condições fisiológicas pré-morte, das condições IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obti-
ambientais e do tipo morte, se intencional, natural ou acidental. verem título de Enfermeiro conforme o disposto na alínea “”d”” do
Algor mortis (frigor mortis, frio da morte): é o resfriamento Art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.
do corpo em função da parada dos processos metabólicos e perda Art. 7º - São técnicos de Enfermagem:
progressiva das fontes energéticas. I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enferma-
Livor Mortis (livores ou manchas cadavéricas): é o apareci- gem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo órgão
mento de manchas inicialmente rosadas ou violetas pálidas, tor- competente;
nando-se progressivamente arroxeadas. II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido
Putrefação: Estado de grande proliferação bacteriana (putrefa- por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo
ção). Há liberação de enzimas proteolíticas produzidas pelas bacté- de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
rias. Os órgãos irão apresentar como uma massa semissólida, odor Técnico de Enfermagem.
muito forte e mudanças de coloração. Art. 8º - São Auxiliares de Enfermagem:
Redução esquelética: nela há a completa destruição da pele e I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido
musculatura, ficando somente ossos. por instituição de ensino, nos termos da Lei e registrado no órgão
Assistência de enfermagem a pacientes graves e agonizantes: competente;
A assistência de enfermagem são as mesmas medidas do paciente II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de
em estado de coma. junho de 1956;
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III
do Art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955, expedido até
a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de
Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscaliza-
LEI Nº 7.498, DE 25 DE JUNHO 1986 ção da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão
congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do De-
dá outras providências. creto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10
de outubro de 1959;
O presidente da República. V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos
termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou
seguinte Lei: curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de
acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certifi-
Art. 1º - É livre o exercício da Enfermagem em todo o território cado de Auxiliar de Enfermagem.
nacional, observadas as disposições desta Lei. Art. 9º - São Parteiras:
Art. 2º - A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente I - a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº
podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº
no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde 3.640, de 10 de outubro de 1959;
ocorre o exercício. II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equiva-
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo lente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do
Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enferma- país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado
gem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação. no Brasil, até 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certi-
Art. 3º - O planejamento e a programação das instituições e ficado de Parteira.
serviços de saúde incluem planejamento e programação de Enfer- Art. 10 - (Vetado)
magem. Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enferma-
Art. 4º - A programação de Enfermagem inclui a prescrição da gem, cabendo-lhe:
assistência de Enfermagem. I - privativamente:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura bá- Art. 13 - O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível
sica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de
de unidade de enfermagem; Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe espe-
atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses cialmente:
serviços; § 1º Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avalia- § 2º Executar ações de tratamento simples;
ção dos serviços da assistência de enfermagem; § 3º Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
d) (Vetado); § 4º Participar da equipe de saúde.
e) (Vetado); Art. 14 - (Vetado)
f) (Vetado); Art. 15 - As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta Lei,
g) (Vetado); quando exercidas em instituições de saúde, públicas e privadas, e
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria em de saúde, somente podem ser desempenhadas sob orientação
de enfermagem; e supervisão de Enfermeiro.
i) consulta de enfermagem; Art. 15-A. O piso salarial nacional dos Enfermeiros contratados
j) prescrição da assistência de enfermagem; sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprova-
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com ris- da pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, será de R$
co de vida; 4.750,00 (quatro mil setecentos e cinquenta reais) mensais. (In-
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica cluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de to- Parágrafo único. O piso salarial dos profissionais celetistas de
mar decisões imediatas; que tratam os arts. 7º, 8º e 9º desta Lei é fixado com base no piso
II - como integrante da equipe de saúde: estabelecido no caput deste artigo, para o Enfermeiro, na razão de:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da pro- (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
gramação de saúde; I - 70% (setenta por cento) para o Técnico de Enfermagem;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
assistenciais de saúde; II - 50% (cinquenta por cento) para o Auxiliar de Enfermagem e
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em de saúde pú- para a Parteira. (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
blica e em rotina aprovada pela instituição de saúde; Art. 15-B. O piso salarial nacional dos Enfermeiros contratados
d) participação em projetos de construção ou reforma de uni- sob o regime dos servidores públicos civis da União, das autarquias
dades de internação; e das fundações públicas federais, nos termos da Lei nº 8.112, de 11
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de de dezembro de 1990, será de R$ 4.750,00 (quatro mil setecentos e
doenças transmissíveis em geral; cinquenta reais) mensais. (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser Parágrafo único. O piso salarial dos servidores de que tratam os
causados à clientela durante a assistência de enfermagem; arts. 7º, 8º e 9º desta Lei é fixado com base no piso estabelecido no
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puér- caput deste artigo, para o Enfermeiro, na razão de: (Incluído pela
pera; Lei nº 14.434, de 2022)
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; I - 70% (setenta por cento) para o Técnico de Enfermagem;
i) execução do parto sem distocia; (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
j) educação visando à melhoria de saúde da população. II - 50% (cinquenta por cento) para o Auxiliar de Enfermagem e
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. para a Parteira. (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
6º desta lei incumbe, ainda: Art. 15-C. O piso salarial nacional dos Enfermeiros servidores
a) assistência à parturiente e ao parto normal; dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de suas autar-
b) identificação das distócias obstétricas e tomada de provi- quias e fundações será de R$ 4.750,00 (quatro mil setecentos e cin-
dências até a chegada do médico; quenta reais) mensais. (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anes- Parágrafo único. O piso salarial dos servidores de que tratam os
tesia local, quando necessária. arts. 7º, 8º e 9º desta Lei é fixado com base no piso estabelecido no
Art. 12 - O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível caput deste artigo, para o Enfermeiro, na razão de: (Incluído pela
médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de Lei nº 14.434, de 2022)
Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da I - 70% (setenta por cento) para o Técnico de Enfermagem;
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
§ 1º Participar da programação da assistência de Enfermagem; II - 50% (cinquenta por cento) para o Auxiliar de Enfermagem e
§ 2º Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as pri- para a Parteira. (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
vativas do Enfermeiro, observado o disposto no Parágrafo único do Art. 15-D. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)
Art. 11 desta Lei; Art. 16 - (Vetado)
§ 3º Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfer- Art. 17 - (Vetado)
magem em grau auxiliar; Art. 18 - (Vetado)
§ 4º Participar da equipe de saúde. Parágrafo único. (Vetado)
Art. 19 - (Vetado)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 20 - Os órgãos de pessoal da administração pública direta e normas nacionais de pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de
indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e dos Territó- Saúde – CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolução nº 466/2012,
rios observarão, no provimento de cargos e funções e na contratação e as normas internacionais sobre pesquisa envolvendo seres huma-
de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos desta Lei. nos;
Parágrafo único - Os órgãos a que se refere este artigo promo- CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de Éti-
verão as medidas necessárias à harmonização das situações já exis- ca dos Profissionais de Enfermagem, consolidada na 1ª Conferência
tentes com as diposições desta Lei, respeitados os direitos adquiri- Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª CONEENF, ocorrida no perí-
dos quanto a vencimentos e salários. odo de 07 a 09 de junho de 2017, em Brasília – DF, realizada pelo
Art. 21 - (Vetado) Conselho Federal de Enfermagem e Coordenada pela Comissão
Art. 22 - (Vetado) Nacional de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de
Art. 23 - O pessoal que se encontra executando tarefas de En- Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen nº 1.351/2016;
fermagem, em virtude de carência de recursos humanos de nível CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei
médio nesta área, sem possuir formação específica regulada em lei, Maria da Penha) que cria mecanismos para coibir a violência do-
será autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer méstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226
atividades elementares de Enfermagem, observado o disposto no da Constituição Federal e a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de
Art. 15 desta Lei. 2003, que estabelece a notificação compulsória, no território na-
Parágrafo único. É assegurado aos atendentes de enfermagem, cional, nos casos de violência contra a mulher que for atendida em
admitidos antes da vigência desta lei, o exercício das atividades ele- serviços de saúde públicos e privados;
mentares da enfermagem, observado o disposto em seu artigo 15. CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que
(Redação dada pela Lei nº 8.967, de 1986) dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente;
Art. 24 - (Vetado) CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003,
Parágrafo único - (Vetado) que dispõe sobre o Estatuto do Idoso;
Art. 25 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001, que
120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua publicação. dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de
Art. 26 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
Art. 27 - Revogam-se (Vetado) as demais disposições em con- mental;
trário. CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM. dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera-
LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL – COFEN/COREN ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor-
respondentes;
CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia Ex-
traordinária de Presidentes dos Conselhos Regionais de Enferma-
gem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito Federal, no dia
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM 18 de julho de 2017, e
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Fede-
RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 ral de Enfermagem em sua 491ª Reunião Ordinária,
RESOLVE:
Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enferma- Art. 1ºAprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de En-
gem fermagem, conforme o anexo desta Resolução, para observância e
respeito dos profissionais de Enfermagem, que poderá ser consulta-
O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atri- do através do sítio de internet do Cofen (www.cofen.gov.br).
buições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de julho Art. 2ºEste Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de En-
de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela Resolução fermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras, bem
Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e como aos atendentes de Enfermagem.
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da Lei Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Fede-
5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao Cofen elaborar o Código ral de Enfermagem.
de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário, ou- Art. 4ºEste Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal
vidos os Conselhos Regionais; de Enfermagem, por proposta de 2/3 dos Conselheiros Efetivos do
CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enfermagem Conselho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos Conselhos Re-
deve submeter-se aos dispositivos constitucionais vigentes; gionais.
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Parágrafo Único.A alteração referida deve ser precedida de am-
promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948) e ado- pla discussão com a categoria, coordenada pelos Conselhos Regio-
tada pela Convenção de Genebra (1949), cujos postulados estão nais, sob a coordenação geral do Conselho Federal de Enfermagem,
contidos no Código de Ética do Conselho Internacional de Enfer- em formato de Conferência Nacional, precedida de Conferências
meiras (1953, revisado em 2012); Regionais.
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Direi- Art. 5ºA presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e vin-
tos Humanos (2005); te) dias a partir da data de sua publicação no Diário Oficial da União,
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem do revogando-se as disposições em contrário, em especial a Resolução
Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Código de Ética dos Pro- Cofen nº 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.
fissionais de Enfermagem (1993, reformulado em 2000 e 2007), as Brasília, 6 de novembro de 2017.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 Art. 2ºExercer atividades em locais de trabalho livre de riscos
PREÂMBULO e danos e violências física e psicológica à saúde do trabalhador, em
respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profis-
O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de sionais de enfermagem.
Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, norteou-se por prin- Art. 3ºApoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dig-
cípios fundamentais, que representam imperativos para a conduta nidade profissional, do exercício da cidadania e das reivindicações
profissional e consideram que a Enfermagem é uma ciência, arte e por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração,
uma prática social, indispensável à organização e ao funcionamento observados os parâmetros e limites da legislação vigente.
dos serviços de saúde; tem como responsabilidades a promoção e a Art. 4ºParticipar da prática multiprofissional, interdisciplinar e
restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o alívio transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade, ob-
do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à cole- servando os preceitos éticos e legais da profissão.
tividade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo, Art. 5ºAssociar-se, exercer cargos e participar de Organizações
ou em colaboração com outros profissionais da área; tem direito a da Categoria e Órgãos de Fiscalização do Exercício Profissional,
remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possi- atendidos os requisitos legais.
bilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos. Sobretudo, Art. 6ºAprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, éti-
esses princípios fundamentais reafirmam que o respeito aos direi- co-políticos, socioeducativos, históricos e culturais que dão susten-
tos humanos é inerente ao exercício da profissão, o que inclui os tação à prática profissional.
direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à igualdade, à segu- Art. 7ºTer acesso às informações relacionadas à pessoa, família
rança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser tratada sem distin- e coletividade, necessárias ao exercício profissional.
ção de classe social, geração, etnia, cor, crença religiosa, cultura, in- Art. 8ºRequerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for-
capacidade, deficiência, doença, identidade de gênero, orientação ma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de desagravo
sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou condição social. público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional
Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Fede- ou que atinja a profissão.
ral de Enfermagem, no uso das atribuições que lhe são conferidas Art. 9ºRecorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for-
pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, apro- ma fundamentada, quando impedido de cumprir o presente Códi-
va e edita esta nova revisão do CEPE, exortando os profissionais de go, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões
Enfermagem à sua fiel observância e cumprimento. e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos
Regionais de Enfermagem.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 10Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, às di-
retrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, bem como
A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do participar de sua elaboração.
cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais e cultu- Art. 11Formar e participar da Comissão de Ética de Enferma-
rais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade. gem, bem como de comissões interdisciplinares da instituição em
O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em que trabalha.
consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-científico e Art. 12Abster-se de revelar informações confidenciais de que
teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional.
promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os Art. 13Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quan-
Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante da do o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exer-
equipe de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, cício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas
com ênfase nas políticas de saúde que garantam a universalidade as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imedia-
de acesso, integralidade da assistência, resolutividade, preservação tamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrôni-
da autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierar- co à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem.
quização e descentralização político-administrativa dos serviços de Art. 14Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento
saúde. metodológico para planejar, implementar, avaliar e documentar o
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento cuidado à pessoa, família e coletividade.
próprio da profissão e nas ciências humanas, sociais e aplicadas e é Art. 15Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no âm-
executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de assis- bito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente relacio-
tir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar. nada ao exercício profissional da Enfermagem.
Art. 16Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão
CAPÍTULO I que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua responsabili-
DOS DIREITOS dade profissional.
Art. 17Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e
Art. 1ºExercer a Enfermagem com liberdade, segurança técni- extensão, respeitando a legislação vigente.
ca, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem discrimi- Art. 18Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesqui-
nação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos sa, extensão e produção técnico-científica.
legais, éticos e dos direitos humanos. Art. 19Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais e
meios eletrônicos para conceder entrevistas, ministrar cursos, pa-
lestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou di-
vulgar eventos com finalidade educativa e de interesse social.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 20Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha Art. 37Documentar formalmente as etapas do processo de En-
habilidades e competências técnico-científicas e legais. fermagem, em consonância com sua competência legal.
Art. 21Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mídias Art. 38Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e
sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais. fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança
Art. 22Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua do paciente.
competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam Art. 39Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito
segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade. dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistên-
Art. 23Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação cia de Enfermagem.
profissional/usuários quando houver risco à sua integridade física Art. 40Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios,
e moral, comunicando ao Coren e assegurando a continuidade da riscos e consequências decorrentes de exames e de outros proce-
assistência de Enfermagem. dimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu re-
presentante legal.
CAPÍTULO II Art. 41Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação
DOS DEVERES de qualquer natureza.
Art. 42Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou
Art. 24Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, de seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclarecida,
resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, honesti- sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar, realizan-
dade e lealdade. do ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais.
Art. 25Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa
respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição no que concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos que de-
ideológica. seja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de
Art. 26Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos expressar, livre e autonomamente, suas vontades.
Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema Co- Art. 43Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pes-
fen/Conselhos Regionais de Enfermagem. soa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-morte.
Art. 27Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de Art. 44Prestar assistência de Enfermagem em condições que
Enfermagem no desempenho de atividades em organizações da ca- ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das atividades
tegoria. profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da cate-
Art. 28Comunicar formalmente ao Conselho Regional de Enfer- goria.
magem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dispositivos Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos
éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e a de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão ser prestados
segurança à saúde da pessoa, família e coletividade. os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, confor-
Art. 29Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de En- me a complexidade do paciente.
fermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de cargo, Art. 45Prestar assistência de Enfermagem livre de danos decor-
função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em rentes de imperícia, negligência ou imprudência.
cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional. Art. 46Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Mé-
Art. 30Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notifi- dica na qual não constem assinatura e número de registro do pro-
cações, citações, convocações e intimações do Sistema Cofen/Con- fissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência.
selhos Regionais de Enfermagem. § 1ºO profissional de Enfermagem deverá recusar-se a executar
Art. 31Colaborar com o processo de fiscalização do exercício prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identificação de
profissional e prestar informações fidedignas, permitindo o acesso erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o pres-
a documentos e a área física institucional. critor ou outro profissional, registrando no prontuário.
Art. 32Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, § 2ºÉ vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento
com jurisdição na área onde ocorrer o exercício profissional. de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergên-
Art. 33Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conse- cia e regulação, conforme Resolução vigente.
lho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. Art. 47Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competen-
Art. 34Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao tes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quan-
Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. do houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e
Art. 35Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e
número e categoria de inscrição no Conselho Regional de Enferma- coletividade.
gem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício Art. 48Prestar assistência de Enfermagem promovendo a
profissional. qualidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, viver,
§ 1ºÉ facultado o uso do carimbo, com nome completo, núme- morrer e luto.
ro e categoria de inscrição no Coren, devendo constar a assinatura Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e ter-
ou rubrica do profissional. minais com risco iminente de morte, em consonância com a equipe
§ 2ºQuando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura de- multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis
verá ser certificada, conforme legislação vigente. para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respei-
Art. 36Registrar no prontuário e em outros documentos as tada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.
informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de Art. 49Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade
forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras. em casos de emergência, epidemia, catástrofe e desastre, sem plei-
tear vantagens pessoais, quando convocado.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 50Assegurar a prática profissional mediante consentimen- CAPÍTULO III


to prévio do paciente, representante ou responsável legal, ou deci- DAS PROIBIÇÕES
são judicial.
Parágrafo único.Ficam resguardados os casos em que não haja Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de
capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na ausência do re- Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem.
presentante ou responsável legal. Art. 62Executar atividades que não sejam de sua competência
Art. 51Responsabilizar-se por falta cometida em suas ativida- técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao
des profissionais, independentemente de ter sido praticada indi- profissional, à pessoa, à família e à coletividade.
vidual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência, Art. 63Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou jurí-
desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato. dicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o
Parágrafo único.Quando a falta for praticada em equipe, a res- exercício profissional de Enfermagem.
ponsabilidade será atribuída na medida do(s) ato(s) praticado(s) Art. 64Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de
individualmente. qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e cole-
Art. 52Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em tividade, quando no exercício da profissão.
razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos na legis- Art. 65Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência
lação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito de fatos que envolvam recusa ou demissão motivada pela necessi-
da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal. dade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do
§ 1ºPermanece o dever mesmo quando o fato seja de conheci- exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego
mento público e em caso de falecimento da pessoa envolvida. ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal.
§ 2ºO fato sigiloso deverá ser revelado em situações de ameaça Art. 66Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal de
à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade multiprofis- qualquer instituição ou estabelecimento congênere, quando, nes-
sional, quando necessário à prestação da assistência. tas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na legisla-
§ 3ºO profissional de Enfermagem intimado como testemunha ção.
deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, declarar Art. 67Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa,
suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional. família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de
§ 4ºÉ obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de res- garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de
ponsabilização criminal, independentemente de autorização, de ca- qualquer natureza para si ou para outrem.
sos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e pessoas Art. 68Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanis-
incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento. mos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídi-
§ 5ºA comunicação externa para os órgãos de responsabili- cas, para conseguir qualquer tipo de vantagem.
zação criminal em casos de violência doméstica e familiar contra Art. 69Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para
mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autori- impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas ou qualquer
zação, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profis- tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da
sional e com conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável. pessoa humana, bem como dificultar o exercício profissional.
Art. 53Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão Art. 70Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para prati-
quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes meios de car atos tipificados como crime ou contravenção penal, tanto em
comunicação e publicidade. ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não
Art. 54Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento a exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais.
técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos pro- Art. 71Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difa-
fissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação. mação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem
Art. 55Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético- e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras
-políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da pessoa, fa- áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional.
mília e coletividade e do desenvolvimento da profissão. Art. 72Praticar ou ser conivente com crime, contravenção pe-
Art. 56Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvi- nal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais, no
mento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente exercício profissional.
aprovados nas instâncias deliberativas. Art. 73Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a in-
Art. 57Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolvendo terromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação
seres humanos. vigente.
Art. 58Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no Parágrafo único.Nos casos permitidos pela legislação, o profis-
processo de pesquisa, em todas as etapas. sional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua
Art. 59Somente aceitar encargos ou atribuições quando se jul- participação, desde que seja garantida a continuidade da assistên-
gar técnica, científica e legalmente apto para o desempenho seguro cia.
para si e para outrem. Art. 74Promover ou participar de prática destinada a antecipar
Art. 60Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente a morte da pessoa.
relativa à preservação do meio ambiente no gerenciamento de resí- Art. 75Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergên-
duos de serviços de saúde. cia ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, desde
que possua competência técnica-científica necessária.
Art. 76Negar assistência de enfermagem em situações de ur-
gência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde que não
ofereça risco a integridade física do profissional.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 77Executar procedimentos ou participar da assistência à Art. 94Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel,
saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu represen- público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade em razão
tante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte. do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em pro-
Art. 78Administrar medicamentos sem conhecer indicação, veito próprio ou de outrem.
ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respeitados Art. 95Realizar ou participar de atividades de ensino, pesqui-
os graus de formação do profissional. sa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa, família e
Art. 79Prescrever medicamentos que não estejam estabeleci- coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de
dos em de saúde pública e/ou em rotina aprovada em instituição de riscos ou danos previsíveis aos envolvidos.
saúde, exceto em situações de emergência. Art. 96Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança
Art. 80Executar prescrições e procedimentos de qualquer natu- da pessoa, família e coletividade.
reza que comprometam a segurança da pessoa. Art. 97Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem
Art. 81Prestar serviços que, por sua natureza, competem a ou- como usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente esta-
tro profissional, exceto em caso de emergência, ou que estiverem belecidos.
expressamente autorizados na legislação vigente. Art. 98Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o
Art. 82Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profis- participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autoriza-
sionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da le- ção prévia.
gislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização Art. 99Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico-
humana, reprodução assistida ou manipulação genética. -científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha
Art. 83Praticar, individual ou coletivamente, quando no exer- participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores.
cício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza, Art. 100Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não pu-
contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equi- blicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização.
pe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por Art. 101Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas,
consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e das quais tenha ou não participado como autor, sem concordância
constrangedoras. ou concessão dos demais partícipes.
Art. 84Anunciar formação profissional, qualificação e título que Art. 102Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer constar
não possa comprovar. seu nome como autor ou coautor em obra técnico-científica.
Art. 85Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patri-
mônio das organizações da categoria. CAPÍTULO IV
Art. 86Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional.
Parágrafo único.Fazer referência a casos, situações ou fatos, e Art. 103A caracterização das infrações éticas e disciplinares,
inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições sem bem como a aplicação das respectivas penalidades regem-se por
prévia autorização, em qualquer meio de comunicação. este Código, sem prejuízo das sanções previstas em outros dispo-
Art. 87Registrar informações incompletas, imprecisas ou inverí- sitivos legais.
dicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa, família Art. 104Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omis-
ou coletividade. são ou conivência que implique em desobediência e/ou inobser-
Art. 88Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não vância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfer-
executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por magem, bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/
outro profissional. Conselhos Regionais de Enfermagem.
Art. 89Disponibilizar o acesso a informações e documentos a Art. 105O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infra-
terceiros que não estão diretamente envolvidos na prestação da ção ética e/ou disciplinar, que cometer ou contribuir para sua prá-
assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo tica, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício.
paciente, representante legal ou responsável legal, por determina- Art. 106A gravidade da infração é caracterizada por meio da
ção judicial. análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s) omissivo(s),
Art. 90Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações e do(s) resultado(s).
sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conselho Re- Art. 107A infração é apurada em processo instaurado e con-
gional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem. duzido nos termos do Código de Processo Ético-Disciplinar vigente,
Art. 91Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a ou- aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem.
tro membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emer- Art. 108As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/
gência. Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o que determina o
Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes:
outros membros da equipe de saúde. I – Advertência verbal;
Art. 92Delegar atribuições dos(as) profissionais de enferma- II – Multa;
gem, previstas na legislação, para acompanhantes e/ou responsá- III – Censura;
veis pelo paciente. IV – Suspensão do Exercício Profissional;
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos V – Cassação do direito ao Exercício Profissional.
da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado. § 1ºA advertência verbal consiste na admoestação ao infrator,
Art. 93Eximir-se da responsabilidade legal da assistência pres- de forma reservada, que será registrada no prontuário do mesmo,
tada aos pacientes sob seus cuidados realizados por alunos e/ou na presença de duas testemunhas.
estagiários sob sua supervisão e/ou orientação.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2ºA multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua es-
(um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional pontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as consequ-
à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento. ências do seu ato;
§ 3ºA censura consiste em repreensão que será divulgada nas II – Ter bons antecedentes profissionais;
publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de En- III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave ame-
fermagem e em jornais de grande circulação. aça;
§ 4ºA suspensão consiste na proibição do exercício profissio- IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
nal da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias e será V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Re- VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos
gionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada fatos.
aos órgãos empregadores. Art. 113São consideradas circunstâncias agravantes:
§ 5ºA cassação consiste na perda do direito ao exercício da I – Ser reincidente;
Enfermagem por um período de até 30 anos e será divulgada nas II – Causar danos irreparáveis;
publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem III – Cometer infração dolosamente;
e em jornais de grande circulação. IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
§ 6ºAs penalidades aplicadas deverão ser registradas no pron- V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunida-
tuário do infrator. de ou a vantagem de outra infração;
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
§ 7ºNas penalidades de suspensão e cassação, o profissional VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação
terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as categorias do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profissional;
em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena VIII – Ter maus antecedentes profissionais;
e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação. IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstru-
Art. 109As penalidades, referentes à advertência verbal, multa, ção de fato que se relacione com o apurado na denúncia durante a
censura e suspensão do exercício profissional, são da responsabili- condução do processo ético.
dade do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas no
prontuário do profissional de Enfermagem; a pena de cassação do CAPÍTULO V
direito ao exercício profissional é de competência do Conselho Fe- DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
deral de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo
primeiro, da Lei n° 5.905/73. Art. 114As penalidades previstas neste Código somente pode-
Parágrafo único.Na situação em que o processo tiver origem rão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração a mais
no Conselho Federal de Enfermagem e nos casos de cassação do de um artigo.
exercício profissional, terá como instância superior a Assembleia de Art. 115A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de
Presidentes dos Conselhos de Enfermagem. infrações ao que está estabelecido nos artigos:, 26, 28, 29, 30, 31, 32,
Art. 110Para a graduação da penalidade e respectiva imposição 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, 53, 54,
consideram-se: 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, 81, 82, 83,
I – A gravidade da infração; 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, 101 e 102.
II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração; Art. 116A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao
III – O dano causado e o resultado; que está estabelecido nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39,
IV – Os antecedentes do infrator. 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,
Art. 111As infrações serão consideradas leves, moderadas, gra- 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85,
ves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102.
cada caso. Art. 117A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações
§ 1ºSão consideradas infrações leves as que ofendam a inte- ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51,
gridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75,
debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da ca- 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95,
tegoria ou instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou 97, 99, 100, 101 e 102.
financeiros. Art. 118A pena de Suspensão do Exercício Profissional é aplicável
§ 2ºSão consideradas infrações moderadas as que provoquem nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: 32, 41,
debilidade temporária de membro, sentido ou função na pessoa ou 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74,
ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou finan- 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 94 e 95.
ceiros. Art. 119A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional
§ 3ºSão consideradas infrações graves as que provoquem peri- é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos arti-
go de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou fun- gos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97.
ção, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem
danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
§ 4ºSão consideradas infrações gravíssimas as que provoquem
a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função,
dano moral irremediável na pessoa.
Art. 112São consideradas circunstâncias atenuantes:

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Áreas críticas: são os ambientes onde existem riscos aumen-


PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO: CONSIDERA- tados de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos
ÇÕES GERAIS. CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA O ES- de risco, com ou sem paciente ou onde se encontram pacientes
TADO DE SÃO PAULO. VACINAÇÃO CONTRA AS DOENÇAS imunodeprimidos
IMUNOPREVENÍVEIS. CADEIA DE FRIO A CME é uma área crítica e o seu planejamento de fluxo dos
materiais e roupas é: recebimento de roupa limpa/material - des-
contaminação de material Æ separação e lavagem de material pre-
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado na ma- paro de roupas e material Æ esterilização Æ guarda e distribuição, a
téria de “POLIÍTICA DE SAÚDE” barreira física que delimita a área suja e contaminada da área limpa
minimizando a entrada de microorganismos externos.

MEIOS DE DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO RECURSOS HUMANOS


A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta
uma assistência indireta ao paciente, tão importante quanto à as-
A CME é uma unidade de apoio técnico dentro do estabele- sistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem que
cimento de saúde destinada a receber material considerado sujo atende ao paciente. O quadro de pessoal de uma CME deve ser
e contaminado, descontaminá-los, prepará-los e esterilizá-los, bem composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de
como, preparar e esterilizar as roupas limpas oriundas da lavande- enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções estão des-
ria e armazenar esses artigos para futura distribuição. No quadro critas nas práticas recomendadas da SOBECC, cujas funções estão
descritas abaixo:
atual, a CME não atende às normas necessárias para um funciona-
mento eficaz.
Enfermeiro Supervisor
Na busca por racionalizar os gastos e otimizar os recursos dos
• Atua na coordenação do setor;
serviços decorrentes do custo x benefício de equipamentos, pessoal
• Prever os materiais necessários para prover as unidades con-
e investimento na estrutura física, a CME do HRFS se transformará sumidoras;
numa Central de Materiais de esterilização da Microrregião aten- • Elaborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo quan-
dendo a um total de 173 leitos, prestando apoio técnico ao centro to de produtividade;
cirúrgico, obstétrico, ambulatório, semi-intensivo e ao atendimento • Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com ante-
de ência deste estabelecimento de saúde, além dos serviços solici- cedência de 04 a 6 meses
tados pelo SAMU-192, que na proposta, terá uma base descentra- • Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas e
lizada. procedimentos do CME, que deve estar disponível para a consulta
A partir do processo de estruturação do HRFS, propõe-se um dos colaboradores.
novo espaço para a CME, contendo os fluxos necessários para um • Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contribuam
bom funcionamento do setor e, após sua concretização, a amplia- para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem, participando
ção do atendimento a outros serviços de saúde. Para tanto, foram de tais projetos e colaborando com seu andamento.
pesquisados livros e manuais, sites, bem como, foram realizadas • Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e cien-
visitas e entrevistas ao hospital em questão e ao setor da CME de tíficas relacionadas com o controle de infecção hospitalar e com o
outros hospitais. uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem
artigos processados pelo CME.
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR • Participar de comissões institucionais que interfiram na dinâ-
Segundo QUELHAS, “existem regiões onde os serviços de saú- mica de trabalho do CME.
de são limitados ou inexistentes, onde as infecções são, por muitas
vezes, não tratadas. As taxas de morte e a incidência de doenças PROCESSOS DESENVOLVIDOS
infecciosas estão crescendo. Em países mais pobres, 50% de todas Limpeza: A limpeza consiste na remoção da sujidade visível –
as mortes são derivadas das infecções.” É importante ressaltar: orgânica e inorgânica – mediante o uso da água, sabão e detergente
• A padronização de normas e rotinas técnicas e na validação neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies. Se um ar-
dos processamentos dos materiais e superfícies é essencial no con- tigo não for adequadamente limpo, isto dificultará os processos de
trole de infecção. desinfecção e de esterilização. As limpezas automatizadas, realiza-
• É de extrema importância a atuação dos órgãos de fiscaliza- das através das “lavadoras termodesifectadoras” que utilizam jatos
ções para o controle e avaliação das normas e processos de traba- de água quente e fria, realizando enxágüe e drenagem automatiza-
lho. da, a maioria, com o auxilio dos detergentes enzimáticos, possui a
• A capacitação profissional. vantagem de garantir um padrão de limpeza e enxágüe dos artigos
processados em série, diminuem a exposição dos profissionais aos
De acordo com a RDC nº. 50 (ANVISA, 2004, pág. 112), as con- riscos ocupacionais de origem biológica, que podem ser decorren-
dições ambientais necessárias ao auxilio do controle da infecção de tes dos acidentes com materiais perfuro- cortantes. As lavadoras
serviços de saúde dependem de pré-requisitos de diferentes am- ultra-sônicas, que removem as sujidades das superfícies dos artigos
bientes do EAS, quanto ao risco de transmissão da mesma. Nesse pelo processo de cavitação, são outro tipo de lavadora para comple-
sentido, eles podem ser classificados: mentar a limpeza dos artigos com lumens.
Descontaminação: É o processo de eliminação total ou parcial
da carga microbiana de artigos e superfícies.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Desinfecção: A desinfecção é o processo de eliminação e des- Processos Químicos e Físicos- Químicos: Esterilizantes químicos
truição de microorganismos, patogênicos ou não em sua forma ve- cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria nº. 930/92 do
getativa, que estejam presentes nos artigos e objetos inanimados, Ministério da Saúde são: aldeídos, ácido peracético e outros, desde
mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, chamados de que atendam a legislação especifica.
desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses agentes em
um intervalo de tempo operacional de 10 a 30 min3 . Alguns prin- O Peróxido de hidrogênio (na forma gásplasma) e o óxido de etile-
cípios químicos ativos desinfetantes têm ação esporicida, porém o no são processos físicoquímicos gasosos automatizados em baixa tem-
tempo de contato preconizado para a desinfecção não garante a peratura Validação dos processos de esterilização de artigos:
eliminação de todo o s esporos. São usados os seguintes princípios A validação é o procedimento documentado para a obtenção
ativos permitidos como desinfetantes pelo Ministério da Saúde: al- de registro e interpretação de resultados desejados para o estabe-
deídos, compostos fenólicos, ácido paracético. lecimento de um processo, que deve consistentemente fornecer
Preparo: As embalagens utilizadas para o acondicionamento dos produtos, cumprindo especificações predeterminadas. A validação
materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo estéril após o da esterilização precisa confirmar que a letalidade do ciclo seja su-
reprocessamento, garante a integridade do material Esterilização: ficiente para garantir uma probabilidade de sobrevida microbiana
É o processo de destruição de todos os microorganismos, a não superior a 10º.
tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes Controles do processo de esterilização
microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril quando a Testes Químicos: Os testes químicos podem indicar uma falha
probabilidade de sobrevivência dos microorganismos que o conta- em potencial no processo de esterilização por meio da mudança de
minavam é menor do que 1:1.000.000. sua coloração.
Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esterilização Teste Bowie e Dick são realizados diariamente no primeiro ciclo
disponíveis para processamento de artigos no seu dia a dia são o de esterilização em autoclave fria, auto-vácuo, com câmara fria e
calor, sob a forma úmida e seca, e os agentes químicos sob a forma vazia.
líquida, gasosa e plasma Testes Biológicos: Os testes biológicos são os únicos que con-
sideram todos os parâmetros de esterilização. A esterilização moni-
Processos físicos torada por indicadores biológicos utilizam monitores e parâmetros
Calor Seco: Este processo realizado pelo calor seco é realizado críticos, tais como temperatura, pressão e tempo de exposição e,
em estufas elétricas. De acordo com Moura (1990), “a estufa, da cuja leitura é realizada em incubadora com método de fluorescên-
forma como é utilizada nas instituições brasileiras, não se mostra cia, obtendo resultado para liberação dos testes em três horas, tra-
confiável, uma vez que, em seu interior, encontram–se temperatu- zendo maior segurança na liberação dos materiais. Os produtos são
ras diferentes das registradas no termômetro. O centro da câmara liberados quando os indicadores revelarem resultados negativos.
apresenta “pontos frios”, nos quais a autora constatou, por meio de
testes biológicos, a presença de formas esporuladas. Limpeza, desinfecção e esterilização
Dessa maneira, é necessário manter espaço suficiente entre Limpeza: remoção de sujidade de um artigo. É de suma impor-
os artigos e, no caso do processamento de instrumental cirúrgico, tância na redução da carga microbiana de um artigo, favorecendo a
no máximo, em torno de 30 peças. Contudo, a SOBECC recomenda eficácia do processo. É a remoção de sujidade visível aderida nas su-
abolir o uso da esterilização por calor seco.” (Práticas Recomenda- perfícies, nas fendas, nas serrilhas, nas articulações e lúmens de ins-
das- SOBECCSociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúr- trumentos, dispositivos e equipamentos, por meio de um processo
gico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização. manual, realizando fricção com escovas apropriadas e por meio de
4ª edição – 2007, pág. 78). Vapor saturado sob pressão: Este pro- enxágue utilizando água sob pressão. Ou de forma mecânica utili-
cesso está relacionado com o mecanismo de calor latente e o con- zando detergente e água em lavadoras com ou sem ultrassom. Em
tato direto com o vapor, promovendo a coagulação das proteínas. ambos são utilizados detergentes ou produtos enzimáticos.
Realizando uma troca de calor entre o meio e o objeto a ser esteri- Alguns fatores interferem na efetividade da limpeza, como a
lizado. Existe uma constante busca por modelos de autoclaves que qualidade da água, tipo e qualidade dos agentes e acessórios de
permitam a máxima remoção do ar, com câmaras de auto-vácuo, limpeza, manuseio e preparação dos materiais para a limpeza, mé-
totalmente automatizadas. Entretanto, esses equipamentos sofis- todo manual ou mecânico usado. Além do tempo-temperatura dos
ticados necessitam de profissionais qualificados, pois estes são, e equipamentos de limpeza mecânica, posicionamento do material e
continuarão sendo, o fator de maior importância na segurança do a configuração da carga das máquinas.
processo de esterilização. No final de qualquer processo é recomendado uma observação
Autoclave Pré-Vácuo: Por meio da bomba de vácuo contida no criteriosa do processo de limpeza para garantir que o protocolo foi
equipamento, podendo ter um, três ou cinco ciclos pulsáteis, o ar seguido completamente; realizar validação; e aplicar metodologias
é removido dos pacotes e da câmara interna, permitindo uma dis- de verificação que garantam a limpeza.
persão e penetração uniforme e mais rápida do vapor em todos os Importante lembrar: os resíduos orgânicos tais como sangue,
pacotes que contém a respectiva carga. Após a esterilização, a bom- soro, lípides, fragmentos de tecido e sais inorgânicos, se não forem
ba a vácuo faz a sucção do vapor e da umidade interna da carga, tor- retirados adequadamente durante o processo de limpeza, podem
nando a secagem mais rápida e completando o ciclo. Os materiais impedir a desinfecção e a esterilização, uma vez que limitarão a di-
submetidos à esterilização a vapor são liberados após checklist feito fusão dos agentes esterilizantes ou inativarão a ação dos desinfe-
pelo auxiliar de enfermagem da área. tantes.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Desinfecção: é o processo aplicado a um artigo ou superfície que visa a eliminação de microrganismos, exceto esporos, das superfícies
fixas de equipamentos e mobílias utilizadas em assistência à saúde. A desinfecção é indicada para artigos semicríticos que entram em con-
tato com membranas mucosas ou pele não íntegra. Sendo os mais comuns: acessórios para assistência respiratória, diversos endoscópios,
espéculos, lâminas para laringoscopia, entre outros.
Os métodos de desinfecção podem ser físicos, por ação térmica, ou químicos, pelo uso de desinfetantes. Os físicos são os equipa-
mentos de pasteurização como desinfetadoras e lavadoras de descarga. Os desinfetantes mais utilizados são a base de aldeídos, ácido
peracético, soluções cloradas e álcool. Podem, também, ser utilizados produtos à base de quaternário de amônia e peróxido de hidrogênio.

Esterilização: é o processo que utiliza agentes químicos ou físicos para destruir todas as formas de vida microbiana, sendo aplicada
especificamente a objetos inanimados. O processo de esterilização de artigos hospitalares que oferece maior segurança é o vapor saturado
sob pressão, realizado em autoclave. Este processo tem como parâmetros: o vapor, a pressão, a temperatura e o tempo.
Há, porém, no mercado, uma gama de artigos utilizados no cuidado à saúde que são produzidos com materiais complexos e que não
suportam a termo desinfecção ou a umidade do vapor, exigindo uma esterilização com métodos de baixa temperatura como: óxido de
etileno (ETO), plasma, ozônio, radiação gama entre outros. A seguir, o fluxo de processamento de artigos médicos cirúrgicos:

Lembramos que os métodos de esterilização à baixa temperatura normalmente não estão disponíveis nos serviços de saúde. Entre os
agentes químicos esterilizantes, ressaltamos o glutaraldeído e o ácido peracético:

Glutaraldeído: é um dialdeído saturado que reúne muitas vantagens como desinfetante de alto nível e esterilizante, devido ao seu am-
plo espectro de ação, bem como a estabilidade e a compatibilidade com as mais diversas matérias primas dos materiais e equipamentos
médico-hospitalares, pois não é corrosivo a metal e não danifica equipamentos ópticos, borracha ou plástico. Utiliza-se o glutaraldeído a
2% como agente químico desinfetante de alto nível ou esterilizante.
Sua utilização foi condenada por força de lei pela Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA nº 8 de 2009. Sua toxicidade também foi
questionada em 2004 pela Associação Americana de Enfermeiros de Centro Cirúrgico –AORN, que recomendou três enxágues assépticos
com revezamento, para cada material por ele processado. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo publicou a resolução SS nº 27 em
2007 referente as medidas de controle sobre o uso do glutaraldeído, com foco na segurança ocupacional.

Ácido peracético: tem uma rápida ação microbicida e age pela desnaturação das proteínas, ruptura da parede celular e oxidação de
proteínas, enzimas e outros metabólicos. É essencial que o usuário conheça as vantagens e as desvantagens de cada formulação para,
junto com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH, façam a melhor escolha baseada no custo-efetividade, uma vez que há
no mercado diferentes formulações.
Independentemente do método a ser utilizado, o monitoramento e validação de cada processo é imprescindível para um melhor
controle e segurança.
Outra preocupação que deve haver nos estabelecimentos de saúde é sobre a reutilização de artigos de uso único que, embora venham
de fábrica contendo a identificação de “uso único”, ainda são reutilizados. O reuso destes artigos envolve questões legais, médicas, éticas e
econômicas, sendo amplamente discutido. As normas brasileiras que regulam o reuso de artigos são a Resolução da Diretoria Colegiada nº
156, a Resolução 2605 e a Resolução 2606, publicadas em 2006, que obrigam a instituição de saúde a realizar, por meio de um instrumento
normativo interno do estabelecimento, todo e qualquer processo de reuso dos artigos a ser realizado e dispõe sobre as diretrizes para
elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos e dá outras providências.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nos dias atuais, o marco tradicional da administração aplicada


ADMINISTRAÇÃO APLICADA À ENFERMAGEM: ADMINIS- a enfermagem vem sendo substituído por um novo marco
TRAÇÃO EM ENFERMAGEM. progressista, através de concepções que passam pela sensibilidade,
criatividade, iniciativa, visão estratégica, participação e liderança
integrativa, caminhando para um referencial humanístico da
Processo Gerencial de Enfermagem administração das organizações e dentre elas da enfermagem
Na enfermagem, como em outras profissões, o enfermeiro (ERDMANN, et al.).
incorpora, em sua formação profissional, o saber de várias ciências. Antes de qualquer coisa, toda enfermeira é uma administradora,
Dentre elas, a ciência da administração contribui com uma parcela de sua própria vida e dos cuidados de seus pacientes. Assim ela
que se concretiza, principalmente, na administração do pessoal de tem que desenvolver a capacidade de administração (KRON; GRAY).
enfermagem. Administração em enfermagem é uma função inerente ao trabalho
Para CHIAVENATO (1993) administrar nos dias de hoje significa do enfermeiro, ou seja, não dá pra fazer enfermagem sem utilizar os
fazer uma leitura dos objetivos propostos pelas instituições e conhecimentos da administração.
empresas e transformá-los em ação organizacional partindo das Do mesmo modo a Administração em Enfermagem pode ser
funções administrativas, ou seja, do planejamento, organização, pensada a partir de dois momentos: a gerência do cuidado e a
direção e controle através do esforço de todos, realizado em todas gerência da unidade, sendo que nos dois momentos o enfermeiro
as áreas e em todos os níveis da organização, a fim de alcançar os assiste e administra em níveis diferentes.
objetivos propostos da maneira mais adequada à situação.
A administração coordena as ações de todas as áreas de uma Em síntese, pode-se dizer que na enfermagem, a função
organização, “é a área de atividade humana que se ocupa de administrativa, consiste no planejamento da assistência, no
conseguir fazer coisas com e através de pessoas” (FONSECA). provimento de recursos físicos, humanos, materiais e financeiros,
A enfermagem moderna surgiu na segunda metade do século bem como a tomada de decisão, na supervisão e na liderança
XIX, com Florence Nightingale, sendo que seu início como profissão da equipe de enfermagem, provisão de recursos necessários à
científica se deu juntamente com o surgimento da administração implantação do plano terapêutico de Enfermagem, utilizando
como ciência. no decorrer desse processo ações de comando, coordenação,
A utilização dos conhecimentos administrativos pela acompanhamento, orientação e avaliação da equipe de trabalho
enfermagem parte da necessidade de organizar um ambiente (VICENTIN et al.).
terapêutico nos hospitais, constituindo um saber de administração
em enfermagem cuja gênese se deu juntamente com a organização Sabe-se que a enfermagem é uma profissão que tem evoluído
das técnicas, instrumentos de trabalho para o cuidado (ALMEIDA; muito nos últimos anos, em decorrência do acompanhamento da
ROCHA). tecnologia e de seu aproveitamento no desenvolvimento de sua
Assim, pode-se dizer que o trabalho da enfermagem se prática profissional.
organizou em três direções: Por se constituir num conjunto de ciências humanas e sociais,
1. Organização do cuidado ao doente, através da buscou na administração a utilização do método científico capaz de
sistematização das técnicas de enfermagem; tornar o trabalho operacionalmente racional, com o único propósito
2. Organização do ambiente terapêutico através da discussão de prestar assistência ao paciente, à família e à comunidade, de
das condições de trabalho e do meio ambiente; modo que pudesse atender as suas necessidades.
3. Organização da equipe de enfermagem, através do Portanto, somente conhecendo os princípios em que se
treinamento e desenvolvimento do pessoal (GOMES, et al.). fundamentam a administração e possuindo habilidades para tomar
decisões, é que o enfermeiro pode escolher o método para planejar,
Com o desenvolvimento do capitalismo industrial, a executar e avaliar as ações na prática do serviço de enfermagem.
administração científica se difundiu, consolidando a divisão técnica Convém lembrar que as teorias da administração são universais
do trabalho, o que vem influenciar a enfermagem que incorpora os e facilmente absorvidas em qualquer área do conhecimento. Em
princípios de controle, hierarquia e disciplina, por exemplo (FELLI; particular, na enfermagem, sua influência foi relevante, devido
PEDUZZI). à própria natureza e filosofia do serviço de enfermagem que
A partir da década de 70, a enfermagem passou a ser obrigatoriamente faz uso dos princípios administrativos propostos
compreendida como parte do processo de produção em saúde, por Taylor, Fayol, Maslow e outros.
como uma prática social e não apenas técnica, pois ao inserir-se
na sociedade brasileira, historicamente estruturada, estabelece Dentre as inúmeras contribuições das teorias de administração
relações sociais com outros trabalhos, não devendo ser definida para enfermagem, podem-se destacar as seguintes:
como uma profissão isolada dos outros trabalhos da saúde, uma vez a) Administração científica de Taylor: organização racional do
que ela complementa e é interdependente dos demais processos trabalho.
de trabalho, tanto no modelo individual como no de saúde coletiva b) Teoria clássica de Fayol: princípios gerais de administração
(ALMEIDA et al.). (planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar).
Assim, ela é marcada por determinações sociais, econômicas c) Teoria das relações humanas: humanização da organização,
e políticas, e consequentemente, pelo modo de organização do liderança, comunicação e dinâmica de grupo.
processo de produção em saúde e das instituições de saúde de d) Teoria comportamental: motivação humana, estilos de
modo geral. administração e o processo decisório.
e) Teoria sistêmica: visão sistêmica das organizações.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por tudo isso, o enfermeiro necessita, além dos conhecimentos É necessário também que o enfermeiro esteja sempre
específicos, conhecer o processo administrativo e suas teorias, buscando atualização dos seus conhecimentos e técnicas de traba-
para aplicá-los nas decisões de sua competência, com habilidade, lho, que seja capaz de atuar em diferentes campos de ação, ofere-
confiança em si e eficácia. cendo uma assistência de excelência em todos os setores em que
A administração pode ser considerada a base de todo o processo atuar.
de enfermagem. Portanto, não é um privilégio exclusivo do gerente, Segundo Arone e Cunha, são atribuição do enfermeiro prestar
mas uma função de cada componente da equipe de enfermagem ao cliente uma assistência satisfatória e isenta de riscos a fim de
distribuída gradativamente, conforme o nível de responsabilidade passar confiança e desta forma contar com a colaboração do cliente
e hierarquia. para todo tipo e assistência que for necessária ao mesmo.
Em qualquer trabalho que o enfermeiro desenvolva, três fatores
estão presentes: Decisão - Organização - Execução. Liderança em Enfermagem
Arndt e Huckabay lembram que a prática eficaz da administração
depende de uma síntese de conhecimento das quatro escolas de Considerando que o enfermeiro é o principal responsável por
pensamento administrativo, consideradas como a base da teoria sua equipe e tem como objetivo a realização de determinadas ati-
em administração e aplicadas aos objetivos e problemas das ações vidades pelas quais depende do desempenho de sua equipe para
de assistência à saúde e às áreas de interesses mais amplos nos a realização de uma forma eficiente, entende-se que é necessário
assuntos de saúde da comunidade. que haja no enfermeiro o perfil de líder, para que assim estimule e
A Organização compõe mais uma função do processo influencie sua equipe a alcançar os objetivos.
administrativo. Consiste num agrupamento de atividades Segundo Trevizan a palavra liderar vem do verbo inglês to lead
necessárias para alcançar os objetivos. Os Instrumentos técnicos e significa, conduzir, dirigir, guiar, comandar, persuadir, encaminhar.
relacionados com a organização são gráficos, fluxograma, O primeiro registro dessa palavra foi no ano 825 d.C. Os diversos
cronograma, organograma, sociograma e layout. Outros conceitos ligados a ele estão ligados ao latim, ducere, que no por-
instrumentos: regimento, normas, rotinas e manual. tuguês significa conduzir. Entre as décadas de 30 e 40 a palavra lead
A direção também faz parte do processo administrativo. foi adaptada ao português significando líder, liderança, liderar.
Consiste em integrar o elemento humano e material de forma Os primeiros estudos realizados sobre liderança têm a tendên-
sistemática, a fim de alcançar os objetivos preestabelecidos. As cia de classificá-la como a capacidade de influenciarem seus respec-
funções básicas da direção são: delegação, motivação, liderança, tivos liderados em prol de um objetivo comum, assim sendo lide-
supervisão, coordenação e controle. Os estilos de chefia são iguais rança pode ser definida como o processo de coordenar e influenciar
aos de liderança: democrático, autocrático e liberal. determinadas tarefas de membros de grupos variados.
O controle pode ser considerado como a quarta função do É comum o uso do termo liderança para definir a pessoa que
processo administrativo. As funções do controle são: controle está no comando, ou seja que está à frente de uma equipe e junto
de pré-ação, controle concorrente e controle por feedback. O a ela busca um objetivo único. Enquanto que Mendes, liderança é o
mecanismo de controle é determinado pelo objetivo traçado no processo de condução de pessoas, é a capacidade de influenciar e
planejamento, sendo, portanto, muito diversificado. motivar as pessoas lideradas a realização de uma tarefa da melhor
O controle no serviço de enfermagem envolve: controle de maneira possível de acordo com os objetivos do grupo ou da orga-
qualidade e controle de quantidade. O processo de avaliação é a nização.
última etapa do processo administrativo. Consiste em determinar A liderança é fator capaz de harmonizar a exigência das organi-
até que ponto está sendo atingido os objetivos. Tipos de avaliação: zações com a necessidade das equipes. É um processo que abrange
avaliação formativa e somativa, auto avaliação e auditoria. todos os departamentos da vida, sejam eles familiares, acadêmicos,
trabalhistas, sociais e muitos outros mais. A liderança é manifestada
Administração em Enfermagem todas as vezes que é aplicada a influência sobre outras pessoas a
fim de se realizar algum objetivo.
A prática de enfermagem é uma das principais atividades pro- Segundo Kotter, em quanto à visão do administrador é focada
fissionais da área de saúde, onde se abrange diversos departamen- para o resultado final, a do líder é voltada para o objetivo inicial,
tos de atuação. Em função do desenvolvimento técnico-científico inspirando as pessoas a traçar seus objetivos. Para Kotter o sucesso
e de sua prática profissional, a enfermagem é uma profissão que dos líderes estão entrelaçados ao sucesso das pessoas ao seu redor,
vem evoluindo muito ao longo dos anos. Para esses dois autores havendo uma atuação harmônica entre eles.
a enfermagem é um conjunto de ciências humanas e sociais, uma Segundo Souza e Soares, o exercício da liderança é uma das
profissão que vem evoluindo consideravelmente ao longo dos anos principais responsabilidades do enfermeiro tendo em vista que ser
e vem sendo estudada e através disto observa-se uma grande con- líder e saber administrar são condições absolutamente necessárias
tribuição de sua parte para o desenvolvimento de seu pessoal. para o eficiente desenvolvimento do trabalho do profissional de en-
Rothbarth, Wolff e Peres entendem que a mais importante res- fermagem.
ponsabilidade do enfermeiro é a assistência em saúde e tem como Assim sendo podemos observar a importância da realização de
foco a excelência de atendimento buscando o bem estar do cliente. liderança nos serviços de enfermagem. Ainda Hunter, afirma que
A profissão de enfermagem exige de eu profissional um perfil que ser líder não é apenas influenciar, mas sim ter a capacidade de ser-
agregue um conjunto de características que o capacite para exercer vir ao próximo. O autor acreditar que quando a pessoa se disponibi-
sua profissão da melhor e mais adequada maneira possível, sendo liza a serviço de um outro alguém, isso causa um impacto profundo,
algumas delas: agilidade, decisões assertivas, criatividade e agrega- onde a satisfação é o retorno.
ção de valores à instituição onde trabalha.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Processo Gerencial do Enfermeiro Imagine uma empresa, onde as pessoas se encontram trabalhando
desordenadamente, cada uma fazendo uma determinada tarefa
A seguir apresenta-se a definição comum de administração sem obedecer a uma sequência ou regras definidas.
como sendo o processo que inclui o administrar na esfera do traba- Por exemplo, um chefe que dá ordens e recebe ordens dos em-
lho do enfermeiro: pregados. Realmente, seria muito confuso. É necessário, portanto,
- Planejamento: planejar se consiste em arquitetar um plano, organizar o trabalho, definir funções e cargos, estabelecer normas e
analisar recursos, criar uma estratégia para realização de um obje- padrões, estruturar formalmente o comportamento dos indivíduos
tivo. na instituição.
- Organização: este processo se dá logo após o planejamento e A administração de uma organização, qualquer que seja seu
se consiste em colocar cada etapa do planejamento em seu devido tipo ou objetivo de sua atividade, depara-se com duas situações
lugar, ou seja, juntar as informações e colocá-las de forma orde- distintas, mas interdependentes. De um lado, está a organização
nadas, delegar funções e atribuir responsabilidade e autoridade a formal que compreende a estrutura organizacional, a política, as
pessoas. diretrizes, as normas e regulamentos da empresa.
- Liderança: após o planejamento e a organização, é necessário Enfim, todos os aspectos relacionados com os órgãos, cargos e
que haja uma influência sobre as pessoas que irão realizar determi- ocupantes, a fim de que seus objetivos sejam alcançados. Do outro
nadas tarefas, motivando-as a realizarem o trabalho de uma forma lado, está a organização informal, que são as pessoas associadas
eficaz. em obediência às leis naturais, onde prevalecem os objetivos indi-
- Execução: é o processo de realizar tarefas e consumir recursos viduais.
cuja sua eficácia depende da forma pela qual a motivação e influên-
cia foi exercida através do líder. Normas, Rotinas e Manuais são consideradas ferramentas bá-
- Controle: é onde se realiza o feedback da realização de um sicas relacionadas com a Organização do Serviço de Enfermagem
objetivo, onde se verifica a mudança de estratégia, ou seja, é a aná- As Normas são estabelecidas com o propósito de orientar o de-
lise do decorrer e da conclusão de uma determinada tarefa. senvolvimento dos indivíduos na busca dos objetivos determinados
pela administração superior.
Acima foi apresentado de forma breve o conceito dos termos De acordo com Holle e Blatchley citados por Kron e Gray, as
chaves que caracterizam a definição da administração. Por outro normas são guias para auxiliar no alcance seguro e eficiente dos
lado, não deixa de se fazer presente no processo gerencial do enfer- objetivos organizacionais. As normas têm como finalidade fornecer
meiro. Na enfermagem, planejar e executar atividades são impres- informações gerais do trabalho (o que deve ser feito e como deve
cindíveis para garantir assistência com qualidade. ser feito) e dos padrões comportamentais.
A função de planejamento costuma figurar como uma das ati- Feldmann citado por Hendrikx, afirma que, na enfermagem, as
vidades desenvolvidas predominantemente pela enfermeira, dada normas são técnicas, padrões ou métodos costumeiros para condu-
a divisão social e técnica do trabalho. Costuma também, ser asso- zir e guiar a vasta complexidade de funções.
ciado imediatamente ao planejamento da assistência de enferma- São baseadas em princípios estabelecidos por autoridade, dan-
gem ou ainda, como uma função das enfermeiras que desenvolvem do segurança ao pessoal do serviço de enfermagem e ao paciente.
predominantemente o processo de trabalho de gerenciamento do Assim, as normas no serviço de enfermagem precisam ser específi-
serviço ou da unidade assistencial. cas e completas com diretrizes que delineiam o seu campo de ação.
A fase de planejamento do processo administrativo é um ele- Seus programas devem estar de acordo com as leis e os regula-
mento essencial que antecede todas as demais funções. Sem pla- mentos da organização.
nejamento adequado, ocorre fracasso no processo administrativo,
considera Marquis. Desse modo, planejar pode ser considerado As normas são classificadas por muitos autores em:
como uma função proativa, necessária a todos os enfermeiros para - Normas administrativas (o que deve ser feito).
que as necessidades e os objetivos pessoais e organizacionais pos- - Normas técnicas (como deve ser feito).
sam ser alcançados.
A partir do planejamento, ocorre a organização, execução do Para elaboração das normas, devem ser considerados os se-
trabalho, podendo incluir os demais dois elementos: a liderança e o guintes critérios:
controle. Essas funções coexistem no desempenho do trabalho do - As normas devem ser estabelecidas de acordo com os objeti-
enfermeiro. vos e a filosofia do serviço de enfermagem.
Determinar quem faz o que e onde nas organizações, assim - Devem deixar claras as funções dos serviços de enfermagem.
como evidenciar as relações de autoridade e poder existentes entre - Devem proporcionar meios para economizar tempo e esforço,
os componentes organizacionais. A organização é um dos meios de garantindo a eficiência no trabalho.
que se utilizam as organizações para atingirem eficientemente seus - Devem ser elaboradas, visando ao conforto e à segurança do
objetivos. E, nesse processo, o controle essencial de horas, custos, paciente.
salários, horas extras, ausência de doença, patrimônio, suprimen- - Devem oferecer condições para a segurança e satisfação do
tos, etc. pessoal.

Normas, Rotinas e Manuais - Elaboração e Utilização na As normas, geralmente, apresentam características peculiares,
Enfermagem quanto as suas formulações, destacando-se:
Organização é uma palavra que tem diversos significados, tais - Linguagem simples e de fácil compreensão.
como: arrumação, ordem, instituição, empresa e outros. Mas, orga- - Abordagem resumida.
nização será situada neste trabalho sob o prisma da administração. - Enunciado apresentado no modo indicativo.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Flexibilidade e atualização. Há várias formas para a elaboração de rotinas, destacando-se


- Necessidade de avaliação contínua. duas delas:
a) Elaboração em colunas: nessa forma, a rotina explica a ação
Exemplos de normas: do operante e a própria operação. Ou seja, a primeira coluna apre-
- Funcionário deve bater o seu cartão de ponto sempre unifor- senta o agente e a segunda cada etapa da operação até alcançar o
mizado. seu objetivo ou destino final.
- Serviço de enfermagem deve encaminhar o orçamento à ad- b) Elaboração textual: nessa forma, o assunto da rotina é divi-
ministração superior. dido em três itens:
- Introdução: é a abordagem geral sobre o tipo de rotina e seus
Em todo o serviço de enfermagem devem existir rotinas de ser- objetivos.
viço, elaboradas com redação clara, de fácil acesso ao funcionário, - Competência: é a designação das pessoas envolvidas na roti-
possibilitando um melhor desempenho do pessoal em suas atribui- na e suas funções quanto à execução.
ções. Hendrikx conceitua rotina como a descrição sistemática dos - Normas a seguir: são os procedimentos sistematizados com
passos a serem dados para a realização das ações componentes de ações, material/equipamentos e riscos.
uma atividade. Ou seja, a rotina estabelece as tarefas em forma sis-
temática e na sequência em que devem ser executadas. Manual: o Ministério da Saúde, através da Coordenadoria de
Basicamente, as rotinas são guias para a execução de tarefas, Assistência Médica e Hospitalar, definiu o manual como uma cole-
proporcionando um melhor e mais rápido andamento de qualquer ção sistematizada de instrumentos normativos e atos de interesse
serviço. As rotinas são fundamentadas no estudo e na vivência ad- de consulta de setores ou de ocupante de cargos e funções, poden-
quirida no dia - a - dia do trabalho. Dessa forma, uma comissão do ser mais ou menos detalhados, de acordo com o fim a que se
designada pela chefia de enfermagem elabora textos que devem destina.
constituir a realidade do trabalho planejado, contendo orientações Portanto, o manual é um guia, um orientador escrito, que traz
acerca da execução de tarefas, facilitando o treinamento dos fun- instruções gerais e específicas do funcionamento do serviço; é um
cionários. instrumento básico para uma boa organização e indispensável em
qualquer serviço. A utilização do manual de serviço possibilita as
A confecção de rotinas tem como finalidade guiar e fornecer seguintes vantagens:
dados, visando: - Orienta no desenvolvimento das atividades do serviço.
- Estabelecer com precisão de que forma o trabalho deve ser - Proporciona segurança para o funcionário.
desenvolvido. - Protege os serviços e a administração contra possíveis equí-
- Incluir os padrões ou métodos de procedimento. vocos.
- Prestar orientação segura aos funcionários. - Evita desordens no trabalho.
- Racionalizar o trabalho. - Minimiza o desperdício de material e de energia.
- Diminuir erros e acidentes. - Protege o paciente.
- Proporcionar segurança aos pacientes.
O manual deve ser elaborado por uma comissão designada
No serviço de enfermagem podem ser destacadas as seguintes pela administração superior do hospital. No caso da enfermagem
rotinas mais usadas nos hospitais: essa comissão poderá ser composta pelos seguintes profissionais:
- Rotina para uso dos impressos. chefe do serviço de enfermagem, enfermeiro assistencial, supervi-
- Rotinas gerais. sor e enfermeiro - chefe.
- Rotinas específicas para cada especialidade.
- Rotinas administrativas. A composição do manual, geralmente, segue os seguintes itens:
- Planta física do serviço de enfermagem e das unidades de tra-
Ainda com referência às rotinas, devem ser observados alguns balho.
princípios técnicos de elaboração, visando proporcionar um melhor - Regimento do serviço de enfermagem.
e mais rápido andamento do serviço. Apesar de serem guias orien- - Organograma do serviço de enfermagem: hierárquico e das
tadoras flexíveis e estarem sujeitas a modificações no decorrer do áreas de trabalho.
andamento dos trabalhos, as rotinas se destinam a todos os fun- - Descrição de cargos e funções.
cionários, sendo extensa a sua atuação. Daí a exigência de flexibi- - Normas e rotinas.
lidade. - Técnicas de enfermagem.
- Descrição do funcionamento e manuseio dos aparelhos ou
Assim, quem elabora rotinas deve ter em mente os seguintes equipamentos usados pelo serviço de enfermagem.
requisitos: - Inventário do material permanente e equipamentos.
- Ser sintético, porém elucidativo. - Mapas da cota de material de consumo.
- Usar linguagem simples e acessível a todos os funcionários. - Impressos usados pelo serviço de enfermagem.
- Tornar as rotinas de fácil manuseio e protegê-las em folhas - Direitos, deveres, proibições referentes aos funcionários.
plásticas. - Modelo do uniforme usado pelo pessoal de enfermagem.
- Manter as rotinas em processo de revisão contínua e atualiza-
da, com folhas de fácil substituição.
- Utilizar desenhos e esquemas ou impressos, quando neces-
sário.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Considerando-se que o serviço de enfermagem é um proces- Em uma era de constantes mudanças e imprevisibilidade, o re-
so dinâmico, sujeito as reavaliações no desenvolvimento de suas crutamento e a seleção de pessoal não podem mais ser concebidos
atividades, o manual assume um caráter flexível, quanto à sua ela- como processos de escolha da pessoa certa para o lugar certo. Na
boração. Portanto. Alguns esclarecimentos devem ser observados atualidade, devem ser enxergados como um processo complexo,
durante a sua elaboração e montagem: atrelado a propostas, políticas e objetivos organizacionais, ao mer-
- Cada folha deve versar sobre um único assunto. cado de trabalho, à situação social, política e econômica vigente, e
- As folhas devem ser destacáveis de maneira que, ao se modi- às necessidades individuais.
ficar uma rotina, rotina, técnica, etc. a folha correspondente à mu- Para Covey (2002), o grande desafio das empresas de hoje é
dança possa ser simplesmente substituída. atrair e reter pessoas talentosas, que detenham conhecimento e
- As folhas devem ser devidamente protegidas em folha plás- agreguem valores com suas potencialidades, habilidades e saberes.
tica. Para o autor, as empresas devem proporcionar condições para que
as pessoas expressem seus talentos, articulando as necessidades
Processos de Recursos Humanos próprias e das pessoas.
O ponto chave do processo de recrutamento e seleção é cons-
A administração de recursos humanos é um sistema constituí- truir um relacionamento em que ambas as partes se sintam com-
do de várias especialidades devido às características de sua princi- preendidas e atendidas em suas necessidades econômicas, sociais
pal entrada (input): o ser humano. Em uma organização, podemos e psicológicas, identificando oportunidades de mútua contribuição
encontrar como especialidades de recursos humanos: planejamen- e fazendo uma diferença real para a organização e para o indivíduo.
to, recrutamento e seleção, remuneração, treinamento e desenvol- O problema é que esta não tem sido a abordagem nas insti-
vimento, avaliação de desempenho, saúde e segurança etc. tuições de saúde; ela ainda é centrada exclusivamente no enfoque
Os processos de recursos humanos que serão responsáveis das necessidades da empresa, desconsiderando os indivíduos. As
pela concretização da estratégia da área de RH que estudaremos organizações buscam encontrar as pessoas com o máximo de talen-
têm duas vertentes: uma operacional e outra estratégica. A seguir tos, sem considerar, no entanto, suas necessidades e expectativas, e
vamos apresentar essas vertentes a cada um deles. negligenciando o desenvolvimento dos potenciais que inicialmente
A conclusão do processo de planejamento de recursos huma- foram tão exigidos.
nos é o início do processo de recrutamento e seleção. O processo Vários autores, ao analisarem o contexto institucional e a gê-
de recrutamento e seleção pode ser analisado sob dois aspectos: nese das políticas de RH, conferem importância ímpar ao processo
o primeiro como um processo operacional e o segundo como um de recrutamento e seleção de pessoal como uma ferramenta de
processo estratégico. manutenção ou mudança da cultura organizacional, na medida em
Como processo operacional é composto por uma série de eta- que atrai seletivamente as pessoas com perfis compatíveis com a
pas cujo objetivo principal é recrutar e selecionar trabalhadores transformação ou com o reforço dos pressupostos e valores organi-
que estejam o mais próximo possível dos perfis definidos. A com- zacionais (Chiavenato, 1999a; Lucena, 1991; Lodi, 1992).
plexidade, o tempo e as técnicas de recrutamento e seleção utiliza- Lodi (1992) chama a atenção para a importância social do
das variam de acordo com a situação do mercado de trabalho (se processo, considerando essencial direcionar os recursos humanos
está em procura ou em oferta) e de acordo com o perfil ou cargo (pessoas empregadas) para posições em que farão o melhor uso
para o qual está́ se procurando um funcionário. de seus talentos; caso contrário, as pessoas serão incentivadas a se
Ele pode ser interno (recruta e seleciona trabalhadores da orga- empregarem em lugares onde se sentirão frustradas, desencoraja-
nização) ou externo (recruta e seleciona profissionais do mercado). das e insatisfeitas, o que contribuirá para a desorganização social.
Como processo estratégico, tem a finalidade de manter ou de Na realidade hospitalar, sob o ponto de vista da gestão de RH,
alterar os valores da organização. Buscar atender a uma dessas são poucos os hospitais que mantêm uma política de pessoal desa-
possibilidades é uma decisão estratégica que é tomada no início do lienadora, voltada para o desenvolvimento das potencialidades dos
processo seletivo e está́ consoante às diretrizes e aos objetivos es- indivíduos e que contemple de maneira integrada a captação e a
tratégicos da organização. retenção de pessoal.
Quando, estrategicamente, uma organização decide por man- Em sua maioria, eles não estão preocupados em estabelecer
ter seus valores organizacionais, o processo de recrutamento e uma política efetiva de valorização dos recursos humanos internos,
seleção tem como resultado a escolha de candidatos cujos valores acreditando, ainda, que o pessoal pode ser substituído facilmente
pessoais são muito próximos dos valores da organização. Por outro e supervalorizando a tecnologia para melhoria da qualidade da as-
lado, se se quer alterar os valores organizacionais, o processo de sistência.
recrutamento e seleção buscará indivíduos cujos valores pessoais Na enfermagem, o processo seletivo é reflexo da política vi-
são diferentes dos valores organizacionais. gente nos hospitais; portanto, ele é conduzido com a simplicidade
de apenas preencher os cargos existentes na instituição de saúde e
Recrutamento e Seleção de Pessoal de Enfermagem voltado exclusivamente para a atuação em procedimentos burocrá-
ticos e discriminatórios, decorrentes do vínculo empregatício (Pe-
Historicamente, os processos de recrutamento e seleção de reira e Leite, 1991).
pessoal nas organizações mostram supervalorização do suprimen- No entanto, para Peres (1995), o recrutamento e a seleção em
to das necessidades da instituição. Assim, consistem em processos enfermagem são percebidos como um processo complexo, deter-
mecânicos que visam apenas captar a melhor mão de obra disponí- minado pelas relações entre homem, organização e sociedade. Por-
vel no mercado, sem a preocupação com o humano, o que caracte-
riza uma abordagem tecnicista e burocrática.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tanto, são um fenômeno dinâmico que se concretiza nas relações interpessoais, podendo ser analisado com base nas constantes mudan-
ças de cenários do mundo moderno, em que o homem adquire experiências e redefine seus esquemas de ação em constante construção
do conhecimento.
Nessa perspectiva, o diagnóstico situacional do processo seletivo deve estar fundamentado nas necessidades do homem, da organiza-
ção e da sociedade, caracterizadas pelos múltiplos determinantes que atuam como facilitadores ou dificultadores.
Os fatores determinantes são: as políticas social, econômica, cultural, educacional, trabalhista e de saúde vigentes no país; a cultura,
os pressupostos e os objetivos organizacionais; as peculiaridades da profissão; e as características pessoais e profissionais do pessoal de
enfermagem.
A etapa inicial do processo seletivo é a construção do perfil profissional com base em tal diagnóstico, considerando objetivos, pers-
pectivas e pontos críticos da área, além do relacionamento interpessoal, das características e expectativas do grupo e do modelo gerencial.
O perfil profissional é um conjunto constituído pelas atribuições profissionais, pelas competências indispensáveis e também pelas
desejáveis para o desempenho da função ou cargo, representando claramente as exigências pessoais e profissionais. Considerando que
as competências para os cargos sofrem mudanças, o perfil deve ser constantemente ajustado às necessidades do trabalho e do indivíduo.
Para que a organização selecione profissionais que correspondam ao perfil estabelecido, visando ao alcance dos resultados esperados
e à integração ao grupo de trabalho, devem ser elaborados critérios de seleção.
Esses critérios têm por finalidade propiciar a comparação entre o perfil estabelecido e o perfil do candidato, identificando as compe-
tências indispensáveis (sem as quais não seria possível contratar o profissional) e as competências desejáveis (que, mesmo não estando
presentes, poderão ser desenvolvidas posteriormente).
Os critérios devem ser flexíveis e compatíveis com o mercado de trabalho. Assim, quando a oferta de candidatos for grande, os crité-
rios poderão ser mais rigorosos; em contrapartida, quando a oferta for baixa, esse rigor poderá fazer com que um cargo permaneça vago
por longo tempo. Assim, os critérios devem ser adequados ao mercado e às possibilidades de capacitação e desenvolvimento da instituição
e do indivíduo.
Peres (1995), em estudo sobre o processo seletivo de enfermeiros, visando à adequação dos profissionais às características e aos pres-
supostos organizacionais, verificou que, nos critérios seletivos do pessoal de enfermagem, as competências pessoais, como atributos psi-
cológicos e atitudinais dos candidatos, predominavam em relação ao conhecimento técnico específico. Assim, a capacitação técnico-espe-
cífica era prescindível na aprovação do candidato, pelo fato de o mesmo ter a possibilidade de suprir suas deficiências com treinamentos.
O estabelecimento de critérios seletivos remete à reflexão sobre o caráter discriminatório inerente ao processo de recrutamento e
seleção de pessoal, por se tratar de julgamento e avaliação de candidatos. Entretanto, a construção dos mesmos deve contemplar os as-
pectos éticos e legais, assegurando a justiça do processo.
Os critérios devem fundamentar a escolha de técnicas de seleção para proporcionar o levantamento de informações específicas sobre
os candidatos, com o objetivo de medir e avaliar a capacidade técnica e as competências pessoais.
Assim, técnicas como análise de currículo, prova situacional, prova teste, prova prática, prova dissertativa, entrevista, testes de per-
sonalidade, testes psicométricos, técnicas de simulação, dinâmica de grupo, entre outras, são adotadas nos processos seletivos. Há ainda
a adoção de métodos menos convencionais e polêmicos, como grafologia, mapa astral e numerologia, que ainda não tiveram sua eficácia
comprovada cientificamente.
Cada técnica apresenta vantagens e desvantagens. Além da observância aos critérios, é indispensável uma análise de custo-benefício;
afinal, quanto maior o número de técnicas de seleção aplicadas, maior a oportunidade de informações para análise, embora também seja
maior o custo operacional e o tempo despendido na realização do processo.
A avaliação do processo seletivo, tanto quantitativa quanto qualitativa, não tem sido realizada sistematicamente nas organizações
de saúde. O que se apreende é que o processo tem sido desgastante e estressante para a empresa e para os candidatos, diminuindo sua
eficiência e eficácia.
Uma forma de avaliar o processo é o índice de rotatividade de seleção (IRS), que representa a relação entre o número de admissões
e o de desligamentos de profissionais de determinado processo seletivo em dado período. A avaliação deve ser estabelecida para curto e
médio prazo, de acordo com os ambientes interno e externo à instituição, pois geram diferentes significados.

Essa relação expressa um parâmetro relevante para a análise do processo. Um alto IRS a curto prazo sugere problemas de adaptação
dos recém-admitidos à organização, que podem ser decorrentes da inadequação do perfil estabelecido ou dos critérios e/ou técnicas
seletivas adotadas. Um alto IRS em médio prazo pode traduzir, por exemplo, problemas na EC ou desequilíbrio em relação ao mercado na
dimensão oferta e procura.
Diante disso, enfermeiros que trabalham nessa área, ao analisarem o recrutamento e a seleção de pessoal, revelam que o processo
representa um grande desgaste para os profissionais em decorrência das políticas de RH adotadas e das condições de trabalho inadequa-
das (Silva et al., 1989; Peres, 1995; Pereira e Leite, 1991).
Essas autoras constataram que a participação do enfermeiro no processo de recrutamento e seleção de pessoal de enfermagem é res-
trita, e que grande parte da responsabilidade cabe ao departamento de pessoal, o qual desconhece as reais necessidades da enfermagem.
Entretanto, julgam ser fundamental a participação do enfermeiro, principalmente, no estabelecimento de critérios seletivos e na
tomada de decisão dos candidatos que devem ser admitidos. Para tanto, eles devem ter consciência da importância do papel que desem-
penham como responsáveis pelo processo de recrutamento e seleção em enfermagem, como agentes propulsores de mudanças na cultura
das organizações de saúde, não referendando apenas valores, crenças e pressupostos organizacionais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nesse contexto, é importante considerar que o processo seletivo não pode ser um fim, mas sim a porta de entrada dos recursos hu-
manos e, desse modo, um meio para alimentar outros processos gerenciais, como liderança, supervisão, treinamento e desenvolvimento
e avaliação de desempenho, imprescindíveis à gestão de pessoal e às propostas de mudança, que integram as políticas de RH.

Dimensionamento do Pessoal de Enfermagem

O serviço de enfermagem constitui cerca de 60% a 70% do pessoal hospitalar. É, portanto, a principal categoria profissional em termos
quantitativos que faz a instituição de saúde produzir serviços.
O termo dotação de pessoal é utilizado com referência ao número necessário de pessoas para o serviço de enfermagem, pois repre-
sentaria um caos sob o ponto de vista técnico, financeiro e social, trabalhar com um número insuficiente de pessoas, isso acarretaria sobre-
carga de trabalho que traria consequências graves como por exemplo: esgotamento físico, fadiga e estresse, além de baixa produtividade
e aumento no índice de absenteísmo.
O outro extremo da questão é o excesso de pessoal no serviço, fato que pode provocar má distribuição de tarefas, conflitos pessoais
e ociosidade. Portanto, em se tratando de administrar recursos humanos, não se pode utilizar o empirismo para definir o quantitativo de
pessoal.
É necessário um estudo profundo que indique, matematicamente, o número ideal de pessoas para o trabalho, a fim de possibilitar
condições satisfatórias para uma boa assistência e um bom relacionamento em equipe.
A dotação de pessoal pode ser definida como sendo uma estimativa da quantidade necessária de recursos humanos, que possibilite
a adequação entre o volume de trabalho (necessidade de assistência de enfermagem) e a força de trabalho (pessoal de enfermagem).
Mas, para se definir o quantitativo de pessoal devem ser levadas em consideração algumas informações, tais como: as características
da instituição, do serviço de enfermagem e da clientela. Qualquer que seja a fórmula o método aplicado, essas variáveis devem ser obser-
vadas.
O Conselho Federal de Enfermagem, no uso de suas atribuições, estabeleceu parâmetros para melhor dimensionar o quadro de pro-
fissionais de enfermagem nas instituições de saúde, após vários estudos e discussões realizadas sobre a matéria com segmentos represen-
tativos da Enfermagem do País.
Assim, para garantir maior segurança e qualidade da assistência ao cliente, a continuidade ininterrupta da atuação da Enfermagem,
os avanços tecnológicos e a complexidade dos cuidados ao cliente, compete ao Enfermeiro estabelecer o quadro quanti-qualitativo de
profissionais, necessários a prestação da Assistência de Enfermagem.

Conceitos e Metodologia de Cálculo de Pessoal de Enfermagem

I - Unidade de Internação
1 - Unidade de internação (UO): local com infraestrutura adequada para a permanência do paciente em um leito hospitalar por 24
horas ou mais.

2 - Sistema de classificação de pacientes (SCP): forma de determinar o grau de dependência de um paciente em relação à equipe de
enfermagem. Objetivando estabelecer o tempo dispendido no cuidado direto e indireto, bem como o qualitativo de pessoal para atender
às necessidades biopsicossocioespirituais do paciente

2.1 - Paciente de cuidados mínimos (PCM): paciente estável sob o ponto de vista clínico e de enfermagem e autossuficiente quanto ao
atendimento das necessidades humanas básicas

;
2.2 - Paciente de cuidados intermediários (PC I): paciente estável sob o ponto de vista clínico e de enfermagem. Com parcial depen-
dência dos profissionais de enfermagem para o atendimento das necessidades humanas básicas

;
2.3 - Paciente de cuidados de alta dependência (PCAD): paciente crônico, incluindo o de cuidado paliativo. Estável sob o pon-
to de vista clinico. Porém com total dependência das ações de enfermagem para o atendimento das necessidades humanas básicas
;
2.4 - Paciente de cuidados semi-intensivo (PCSI): paciente passível de instabilidade das funções vitais, recuperável, sem risco iminente
de morte, requerendo assistência de enfermagem e médica permanente e especializada

2.5 - Paciente de cuidados intensivos (PCIt): paciente grave e recuperável, com risco iminente de morte, sujeito à instabilidade das
funções vitais. Requerendo assistência de enfermagem e médica permanente e especializada

. Nota: Sugere-se utilizar os seguintes instrumentos de Classificação de Pacientes - SCP:


Dini (2014);
Fugulin, Gaidzinski e Kurcgant (2005); Martins (2007);
Perroca e Gaidzinski (1998) Perroca (2011).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3 - Total de horas de enfermagem (THE): somatório das cargas médias diárias de trabalho necessárias para assistir os pacientes com
demanda de cuidados mínimos, intermediários, alta dependência. semi-intensivos e intensivos.

4 - Dias da semana (OS): 7 dias completos.

5 - Carga horária semanal (CHS): assume os valores de 20h.; 24h.; 30h.; 36h.; 40h. ou 44h. nas unidades assistenciais.

6 - Índice de segurança técnica (1ST): percentual a ser acrescentado ao quantitativo de profissionais para assegurar a cobertura de
férias e ausências não previstas.

7 - Constante de Marinho (KM): coeficiente deduzido em função do tempo disponível do trabalhador e cobertura das ausências.

8- Constante de Marinho para Unidade de Assistência Ininterrupta (KMuai): funcionamento 24 horas.

Onde:

KM(UAI) = Constante de Marinho de Unidade Assistencial lninterrupta (24 h)


DS = Dias da semana (7dias)
(1 + 1ST) = Fator de ajuste do Índice de segurança técnica

Exemplo - utilizando - se o 1ST igual a 15 (15/100 = 0,15), teremos 1 + 1ST = 1,15.

Para o cálculo da KM, substitui-se a CHS por 20h.; 24h.; 30h.; 36h.; 40h. ou 44h., assumindo-se os seguintes valores:

9 - Quantitativo de pessoal (QP): número de profissionais de enfermagem necessário na UI, com base nas horas de assistência, segun-
do o SCP.

10 - Quantidade de profissionais (QP) para Unidade de Internação (UI) com base na relação de proporção profissional/pacientes (PPP)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Onde:
PF = período de funcionamento da unidade (24 horas);
OS = dias da semana (7 dias);
CHS = carga horária semanal.
(1 + IST) = Fator de ajuste do Índice de segurança técnica.

II - Unidades Assistenciais, de Apoio. Diagnóstico e Terapêutica (UA): locais onde são desenvolvidos procedimentos, intervenções/
atividades de enfermagem e que não é possível aplicar o método de dimensionamento baseado no SCP, mas há estudos/pesquisas com
referência de tempo médio de procedimento, intervenções/atividades, tais como: Central de Material (CME) e Centro de Diagnóstico por
Imagem (CDI).
1 - Atividade: ações especificas realizadas pela enfermagem para implementar uma intervenção que auxilie o paciente a obter o
resultado desejado, conforme definição da Nursing Intorvention Classification

2 - Intervenção: tratamento que o enfermeiro realiza para melhorar os resultados do paciente, com base no julgamento e no conhe-
cimento clínico, de acordo com Nursing Intervention Classification(17)

Equação para cálculo do total de horas de enfermagem:

Onde:

THE= total de horas de enfermagem


NMP1;2;3 = número médio diário de procedimentos1 ou intervenção/atividade1;
TMP1;2;3 = tempo médio do procedimento1 ou intervenção/atividade 1.

3 - Quantitativo de pessoal (QP): número de profissionais de enfermagem necessário na UA com base no tempo médio de procedi-
mento, intervenções I atividades.

Onde:
KM(UAI) - Constante de Marinho para Unidades de Assistência Ininterrupta
KM(UAD) - Constante de Marinho para Unidades de Assistência Descontinuada

4 - Constante de Marinho para Unidade de Assistência Descontinuada (KM (UAD)):


Unidades que não funcionam 24 horas.

Nota: O DS será 5 (segunda a sexta) ou 6 dias (segunda a sábado)

- Porte 1 - Cirurgias com tempo de duração de até 2 horas;


- Porte 2 - Cirurgias com tempo de duração entre 2 e 4 horas;
- Porte 3 - Cirurgias com tempo de duração entre 4 e 6 horas;
- Porte 4.- Cirurgias com tempo de duração superior a 6 horas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cálculo do THE para procedimentos (Intervenções/atividade)

Onde:
THE: total de horas de enfermagem para realização da programação cirúrgica;
P(1,2,3.4)= número médio de cirurgias segundo o porte cirúrgico.
H(1.2.3.4): tempo médio por cirurgia segundo porte, tempo de limpeza e de espera.

O tempo médio, por cirurgia, segundo o porte cirúrgico. é calculado por meio da equação:

Onde:
H = tempo médio total;
hso = Tempo de uso de sala operatória segundo porte cirúrgico;
hL = Tempo de limpeza (padrão 30 minutos = 0,5 h);
hE = Tempo de espera (padrão 12 minutos = 0,2 h);

Exemplo:
H1 = 1,4 + 0,5 + 0,2 = 2,1 horas;
H2 = 2,9 + 0,5 + 0,2 = 3,6 horas;
H3 = 4,9 + 0,5 + 0,2 = 5,6 horas;
H4 = 8,4 + 0,5 + 0,2 = 9,1 horas.

a) Caso o instrumentador cirúrgico, além do circulante, pertencer à equipe de enfermagem, usar a equação:

Onde:
H = tempo médio total;
n = número de profissionais necessários (instrumentador e circulante), dependendo do porte cirúrgico.
hSO = Tempo de uso de sala operatória segundo porte cirúrgico;
hL = Tempo de limpeza (padrão 30 minutos = 0,5 h);
hE = Tempo de espera (padrão 12 minutos = 0,2 h);

Equação para cálculo de cirurgias eletivas:

IV - Área de Saúde Mental


1 - CAPS lII (ADULTO E CAPS ÁLCOOL E DROGAS), UTI PSIQUIÁTRICA, OBSERVAÇÃO DE PACIENTES EM PRONTO SOCORRO (PS) PSIQUIÁ-
TRICO E ENFERMARIA PSIQUIÁTRICA.
Equação para o cálculo quadro de pessoal

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Equação para o cálculo do total de horas de enfermagem

(*) Oriundo do SCP ou das horas estabelecidas na alínea “a” do Art. 4° da presente Resolução

2 - CAPS I, CAPS li, CAPS 111, CAPS INFANTIL E ADOLESCENTE.


Equação para o cálculo:

3 - Quantidade de profissionais (QP) com base na relação de proporção profissional/paciente - PPP

Onde:
NMPA= somatório do número médio de pacientes assistidos;
PPP= proporção profissional/paciente;
PF = período de funcionamento da unidade (8 ou outras horas de funcionamento);
OS = dias da semana em funcionamento;
CHS = Carga horária semanal.

Unidades Assistenciais Especiais (UAE): locais onde são desenvolvidas intervenções/atividades de enfermagem que não é possível
aplicar o método de dimensionamento baseado no SCP e não há referência/estudos de horas de intervenção/atividade, por exemplo:
Pronto Socorro, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Centro Obstétrico, Ambulatório, Hematologia, etc.

1 - Sitio funcional (SF): unidade de medida baseada na experiência profissional, que considera a(s) atividade(s) desenvolvida(s), a área
operacional ou local da atividade e a carga semanal de trabalho.

2 - Espelho semanal padrão (ESP): representação gráfica da distribuição das áreas operacionais com dias da semana, turnos de traba-
lho e categoria profissional.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nota 1: Sugere-se a utilização de uma série histórica de espelhos semanais, com a capacidade instalada e demandas atendidas, por
no mínimo 4 a 6 semanas.

3 - Área Operacional: local onde são realizadas as intervenções/atividades de enfermagem (consultórios, sala de procedimento, sala
de vacina, sala de medicação, sala de inalação, sala de curativo, etc.).

4- Período de tempo (PT): tempo da jornada que varia de acordo com a Carga horária diária, para realizar os procedimentos da área
operacional.

5 - Total de sítios funcionais (TSF), por semana:

Onde: SF1= SF de segunda; SF2= SF de terça, etc.

6 - Quantidade de profissionais para Sítios Funcionais (QP(SF))

7 - Constante de Marinho (KM(SF/CHS)) para Unidades Assistenciais Especiais (UAE).

Onde:
PT = Período de tempo de trabalho

Exemplo: utilizando - se o 1ST igual a 15 (15/100 = 0,15), teremos 1 + 1ST = 1,15. Substituindo PT pelos valores dos diferentes períodos
de trabalho e CHS por 20h.; 24h.; 30h.; 36h.; 40h. ou 44h., a KM(PT/CHS) assumirá os seguintes valores:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

8 - Índice de segurança técnica (IS1): o mínimo a ser acrescido, 2) Desenvolvimento de habilidades: principalmente habilida-
recomendado por esta Resolução é o percentual de 15 % des e conhecimentos diretamente relacionados com o desempenho
do cargo atual ou de possíveis ocupações futuras. Trata-se de um
Prezado estudante, o Anexo II desta Resolução COFEN n° treinamento comumente orientado diretamente para o trabalho;
543/2017 “Parâmetros para Dimensionar os profissionais de en- 3) Desenvolvimento ou modificação de atitudes: em geral, mu-
fermagem na Atenção Primária à Saúde”, tem por objetivo, for- dança de atitudes negativas para atitudes mais favoráveis, aumento
necer um método de dimensionamento, baseado em evidências da motivação para o trabalho, desenvolvimento da sensibilidade
científicas, para dimensionar os profissionais de enfermagem na dos supervisores quanto aos sentimentos e reações dos outros. A
atenção primária à saúde, de acordo com o perfil do território e a maioria das organizações defronta-se com o problema da necessi-
proposta assistencial de cada unidade de saúde. Segue o Link com a dade de renovação constante em uma época de intensa mudança
Resolução na íntegra e com o Anexo II disponível: e inovação. A autoanálise é a maneira mais eficaz para alcançar a
renovação ou mudança planejada. Nesse sentido, o treinamento é
http://www.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/RESOLU%- considerado como uma das principais forças capazes de mudar a
C3%87%C3%83O-COFEN-N%C2%BA-543-2017-completa.pdf atitude das pessoas e a natureza da sociedade;
4) Desenvolvimento de conceitos: o treinamento pode ser con-
Treinamento duzido no sentido de elevar o nível de abstração e conceituação de
ideias e de filosofias, seja para facilitar a aplicação de conceitos na
O treinamento é um processo educacional de curto prazo que prática administrativa, seja para elevar o nível de generalização para
utiliza procedimentos sistemáticos e organizados pelos quais as que os gerentes pensem em termos globais e amplos.
pessoas de nível não gerencial aprendem conhecimentos e habili-
dades técnicas para um propósito definido. Objetivos do treinamento
O treinamento não pode ser feito ao acaso ou simplesmente
Por outro lado, o desenvolvimento é um processo educacional para zerar carências imediatas de conhecimentos, habilidades ou
de longo prazo que utiliza procedimento sistemático e organizado atitudes. Todo treinamento deve pautar por objetivos claros e ex-
pelo qual o pessoal gerencial aprende conhecimentos conceptuais plícitos. Os principais objetivos do treinamento são:
e teóricos para propósitos genéricos. Assim, treinamento e desen- 1) Preparar as pessoas para execução imediata das tarefas pe-
volvimento diferem em quatro sentidos: culiares à organização por meio da transmissão de informações e
1) O que é aprendido; desenvolvimento de habilidades;
2) Como é aprendido; 2) Proporcionar oportunidades para o contínuo desenvolvi-
3) Como a aprendizagem ocorre; mento pessoal, não apenas em seus cargos atuais, mas também
4) Quando a aprendizagem ocorre. para outras funções para as quais a pessoa pode ser considerada;
3) Mudar a atitude das pessoas no sentido de criar um clima
Cada vez mais o treinamento está se restringindo unicamente mais satisfatório entre elas, aumentar a sua motivação e torná-las
à instrução de operações técnicas e mecânicas, enquanto o desen- mais receptivas às técnicas de supervisão e gerência.
volvimento se refere mais aos conceitos educacionais filosóficos e
conceituais. Levantamento de necessidades de treinamento
O treinamento é projetado para as pessoas de nível não ge- É a primeira etapa do treinamento e corresponde ao diagnósti-
rencial, enquanto o desenvolvimento objetiva as pessoas de nível co preliminar do que deve ser feito. Trata-se de localizar e identifi-
gerencial. Os cursos de treinamento são projetados para o curto car as necessidades ou carências de treinamento, seja na organiza-
prazo, em função de um propósito definido e específico, como ope- ção como um todo, seja em uma unidade organizacional ou ainda
ração de uma máquina ou execução de uma determinada atividade, em determinada e específica atividade. Assim, o levantamento das
enquanto o desenvolvimento envolve uma educação mais ampla necessidades de treinamento pode ser efetuado em três diferentes
para propósitos genéricos e de longo prazo. níveis de análise.
Treinamento consiste em um processo educacional que é apli- 1) Análise da organização total: o sistema organizacional;
cado de maneira sistemática e organizada e pelo qual as pessoas 2) Análise dos recursos humanos: o sistema de treinamento;
adquirem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de ob- 3) Análise das operações e tarefas: o sistema de aquisição de
jetivos definidos. habilidades.
No sentido usado em administração, treinamento envolve a Os principais meios utilizados para o levantamento de necessi-
transmissão de conhecimentos específicos relativos ao trabalho, dades de treinamento são:
atitudes diante de aspectos da organização, da tarefa e do ambien- 1) Avaliação do desempenho: permite monitorar o desempe-
te, e desenvolvimento de habilidades. nho das pessoas, identificar as necessidades de treinamento ou
aconselhamento e averiguar as áreas da empresa que reclamam
O conteúdo do treinamento pode envolver quatro tipos de mu- atenção imediata em relação ao desempenho ou resultados alcan-
dança de comportamento: çados;
1) Transmissão de informações: o elemento essencial em 2) Observação: verificar onde ocorre evidência de trabalho ine-
muitos programas de treinamento é o conteúdo, isto é, repartir ficiente, como excessiva quebra de equipamento, atraso em relação
informações entre os treinandos como um corpo integrado de co- ao cronograma, gargalos de produção, perda excessiva de matéria-
nhecimentos. Normalmente, as informações são genéricas, como -prima, número acentuado de problemas disciplinares, alto índice
informações sobre a empresa, seus produtos e serviços, sua organi- de ausências, rotatividade elevada, etc.;
zação e políticas, etc.;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3) Questionários: pesquisas por meio de questionários e listas Depois de muitas dificuldades surgidas de todos os lados para
de verificação (checklists) que identifiquem problemas de produção as empresas que começaram a utilizá-la, ficou claro que se trata-
que evidenciem necessidades de treinamento; va de um procedimento delicado e que merecia atenção especial
4) Solicitação de supervisores e gerentes: os próprios gerentes quanto ao seu planejamento e uso.
e supervisores podem averiguar e localizar necessidades de treina- Um dos maiores temores que surgiram nesse momento foi o
mento de suas equipes de trabalho; fato de que ela representava uma lista negra que continha o nome
5) Entrevistas com supervisores e gerentes: contatos diretos daqueles empregados que seriam cortados em um futuro breve.
com supervisores e gerentes para solucionar problemas por meio Aqueles que ocupavam postos de liderança e que deveriam emitir
de treinamento; seu parecer como avaliadores ficaram revoltados com a introdução
6) Reuniões interdepartamentais: discussões interdepartamen- da avaliação feita por escrito. Eles disseram que conheciam bem
tais acerca de assuntos concernentes aos objetivos organizacionais, seus funcionários e o valor de cada um – esses avaliadores se ne-
problemas operacionais, planos para determinados objetivos e ou- garam a fazê-lo por escrito, defendendo que não havia necessida-
tros assuntos administrativos podem indicar necessidades de trei- de de nenhuma documentação a respeito do que pensavam sobre
namento; seu pessoal. Estavam sobrecarregados de trabalho e preencher as
7) Exame de funcionários: testes sobre o conhecimento do tra- fichas de avaliação seria perda de tempo.
balho de funcionários que executam determinadas funções ou tare- O fato de receberem um envelope no qual estava escrito confi-
fas para verificar carências de conhecimentos específicos ao cargo; dencial com as fichas de avaliação de cada subordinado trouxe-lhes
8) Mudanças no trabalho: sempre que modificações totais ou o temor de ter que assumir a responsabilidade pelo desempenho
parciais nas rotinas de trabalho sejam introduzidas, é necessário o de seus funcionários. Seria melhor não colocar o “preto sobre o
treinamento prévio dos empregados nos novos métodos e proces- branco”, nada poderia ser escrito a respeito.
sos de trabalho; Pagar por desempenho é considerado como uma obrigação da
9) Entrevistas de saída: quando o funcionário está deixando a empresa, mas cortar esse procedimento tem o efeito de criar inter-
empresa, é o momento mais apropriado para conhecer, não ape- pretações negativas sobre todos os aspectos e em todos os níveis
nas sua opinião sincera sobre a organização, mas também as razões hierárquicos da organização.
que motivaram sua saída. É possível que, na entrevista de saída, De acordo com a análise feita por Kanter, R. M. (2005, p. 48-52),
várias deficiências da organização passíveis de correção venham à “o mundo era bem diferente naquela época, com uma ordem es-
superfície; tabelecida” tudo se passava como se “as burocracias e hierarquias
10) Análise e descrição de cargos: para permitir informação so- ainda não haviam sido postas em dúvida”. Nesse contexto, “espe-
bre a natureza e composição de cada cargo ou atividade; rava-se que as pessoas soubessem bem qual era seu lugar”. Não se
11) Relatórios periódicos: relacionados com a produção ou com cogitava do inesperado na vida das organizações, havia oportunida-
os resultados da empresa para indicar possíveis ineficiências, pro- de e tempo suficiente para se planejar o futuro com tranquilidade.
blemas e identificação de necessidades de treinamento. Como propõe Maciel, A. (2017, p. 88-90), no decorrer da Re-
volução Industrial a realidade das organizações não trazia um clima
Treinamento é um tipo de educação profissional mais especí- de conforto para quem estava envolvido nesse ambiente, em que a
fico do que formação profissional e aperfeiçoamento profissional. incessante corrida pelo poder é “alienamento de uma desumanida-
O treinamento é, portanto, um processo educacional para gerar de que produz ambientes tóxicos, muitas vezes perversos hipnotiza-
mudanças de comportamento. Seu conteúdo pode incluir transmis- dos por esse poder pela autoridade”. Muitos daqueles que chefiam
são de informações e desenvolvimento de habilidades, atividades pessoas, diz o autor, “estão a um passo de se tornar executivos sem
e conceitos. alma” – o que facilitará a geração de ambientes em que os funcioná-
rios passam a se sentir “oprimidos, tensos, confusos, angustiados”.
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO A avaliação de desempenho permite que se faça um levanta-
mento de tudo aquilo que possa estar ajudando ou comprome-
O uso da Avaliação de Desempenho remonta a um passado tendo o uso dos recursos comportamentais que se tenha. A revista
distante, tendo sido instrumento básico sobre o qual se apoiavam Você RH de fevereiro-março de 2017 (p. 12-16) traz uma interessan-
a premiação ou a punição do comportamento no trabalho ou fora te entrevista com Fernando Teles, presidente da Visa Brasil, sobre
dele. a mais atual tendência de gestão de pessoas na empresa. Como diz
Interromper a avaliação, depois de usá-la, poderá criar um cli- Tatiana Sendim, autora do artigo, coloca-se “o indivíduo no centro
ma negativo que certamente gerará uma situação na qual os funcio- de tudo. É a tecnologia a serviço das pessoas”. Para tanto, as empre-
nários poderão se voltar uns contra os outros, minando a confiança sas têm “de mudar internamente”. Com essa visão, a empresa con-
no “trabalho em equipe”. Para aquele que trabalha, o pagamento segue que seus funcionários se sintam mais autônomos. As áreas
por desempenho é considerado obrigatório por parte da empresa. falam mais entre si e as soluções nascem integradas, contribuindo
Qualquer procedimento a respeito da perda daquilo que já foi con- para a chegada aos grandes objetivos.
quistado soa como negativo e perigoso. Ela também leva o avaliado a compreender melhor sua posi-
Logo no início do seu uso, avaliava-se desorganizadamente o ção na empresa, bem como o valor que ele tem. Todos precisam
comportamento no trabalho, sendo utilizado apenas como prêmio ser minuciosamente esclarecidos para conseguir fazer dessa en-
ou punição, o que lhe rendeu o colorido de um ajuste de contas. trevista um recurso produtivo e enriquecedor. Todos devem estar
Quase ninguém se sentiu confortável ao recebê-la pela primeira vez, de comum acordo sobre os benefícios que podem auferir, dando à
sendo, por isso, muitas vezes temida. Sabe-se hoje que a avaliação avaliação o verdadeiro valor que ela merece. Ser bom ou ruim de-
serve para muita coisa, menos para calcular a retribuição salarial. pende do uso que se está fazendo desse recurso, que foi escolhido

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

para ajudar a administrar melhor o potencial de pontos fortes tanto está aberto a críticas nem sugestões. Essa abordagem cria surpresas
de avaliadores quanto de avaliados, repercutindo positivamente na desagradáveis, que solapam a confiança que o subordinado depo-
organização. sita no gerente.
Chole, F. (2007, p. 139) chama de inovação aquilo que é conce- Esses setores variam de denominação de empresa para em-
bido como criatividade, que “é a capacidade de funcionar ou combi- presa, mas, em linhas gerais, pode-se falar em vendas, produção,
nar diferentes tipos de conhecimento para fazer deles qualquer coi- administração e finanças. Um clima de harmonia faz com que a or-
sa de novo, de original, de inédito, que tem valor”; aquele que cria ganização se defina como uma entidade integrada na qual todos se
sente “um grande prazer e uma satisfação profunda a ponto de es- voltam para o bem de um objetivo maior.
quecer o tempo passar”, desbloqueando o seu potencial intrínseco Bossidy, L. (2005, p. 40-43), em sua palestra apresentada no
de motivação. Para o autor, o fato de “criar é tanto nascimento de Word Business Forum, diz que julga “lamentável que uma pessoa
um projeto como o nascimento de si próprio. É um ato íntimo” (p. perca a oportunidade de crescer em sua carreira profissional”. Para
87). Trata-se de um “caminho de vida que exprime a personalidade tanto, é necessário salientar “seus sucessos e suas limitações” –
profunda da pessoa”. A avaliação de desempenho bem-feita leva quando propõe que “a avaliação transparente promove o desenvol-
ao autoconhecimento e, como consequência, facilita a autogestão. vimento do indivíduo”. Para o autor, a “cultura organizacional não
Marsalis, B. (2005, p. 136) acredita que, para ser criativo, é in- muda com discursos, cartazes ou quadros. Muda com fatos”. Essa
dispensável desafiar a rotina, uma vez que a inovação exige muito cultura precisa ter “líderes com energia suficiente para motivar a si
de cada um. Para ele, isso requer “larga experiência, capacidade de próprios e entusiasmar os outros”, transmitindo o sentido do traba-
antecipação e reflexão”. Sendo um célebre saxofonista, ele acredi- lho assumido. Portanto, é preciso ser autêntico e, “para que a au-
ta que “viver é nossa verdadeira profissão nela é que esta nossa tenticidade prevaleça, ela tem que ser uma preocupação de área”,
inovação”. Quanto mais amplos forem os horizontes, maior será o não se pode esmorecer ou ser desvalorizada.
potencial para inovar de cada um, a rotina deve ser considerada
como avessa ao processo de criação. A Avaliação de Desempenho foi concebida para atender a obje-
Tapscott, D. (2017, p. 8-9) analisa a realidade atual propondo tivos especiais, que são:
que tem a convicção “de que o mundo de hoje é totalmente insus- • Ajudar cada um a se conhecer, promovendo o uso de seus
tentável, desigual, conflituoso e injusto”. Dentro desse ambiente, pontos fortes;
os líderes assumem um papel importante e virtualmente delicado • Ser fonte de informação, permitindo o planejamento da car-
para neutralizar o desconforto trazido pela globalização e pelo gran- reira;
de avanço tecnológico. Recompensas materiais pouco significam. • Promover a melhoria da eficácia do quadro de liderança;
Como diz o entrevistado: “agora temos outra oportunidade para • Readaptar profissionalmente os colaboradores;
melhorar radicalmente o mundo”, exigindo muito de todos, princi- • Levantar as principais características do quadro de pessoal;
palmente usando o seu potencial de criatividade. • Melhorar os níveis de competência da liderança;
Hallowell, E. M. (2005, p. 46-53) fala da importância de se ti- • Planejar um futuro melhor.
rar partido da avaliação de desempenho, principalmente quando
oferece informações sobre como adaptar-se melhor em situações A revista Você RH considera a entrevista de avaliação um “ba-
de trabalho. Hallowell chama isso de conexão. O autor sugere vá- te-papo, uma ferramenta importante para melhorar o processo de
rias perguntas que cada um deve fazer a si mesmo: em que você avaliação dos funcionários”, por isso, a “conversa constrangedora
mais se destaca, qual é a coisa que mais gosta de fazer, que talentos que antes ocorria uma vez por ano passa a ocorrer com mais frequ-
seus ainda não foram explorados, de quais habilidades se orgulha, ência e às vezes até a toda hora” (Adames, Y., 2017, p. 50-52). Esse é
pontos fortes, aspectos que conseguiu melhorar, aquilo que mais o quadro característico do bom uso das informações auferidas pela
detesta fazer, tipos de pessoas com quem trabalha melhor, tipo de sistemática de avaliação das pessoas.
cultura organizacional que mais combina com a pessoa, aquilo que Não se pode administrar os recursos de quem trabalha sem
era feito no momento mais feliz da vida profissional, melhor utiliza- avaliá-los. Tudo aquilo que não esteja dentro do correto corolário
ção do tempo atual para somar valor à organização. desses procedimentos pode ser considerado como abuso da cren-
Grandes e boas organizações não continuam vivas e não conse- dice no uso da avaliação, como é o caso da premiação monetária
guem chegar mais à frente sem a avaliação de desempenho. pelo desempenho, que é a obrigação para quem trabalha. Não é
Revendo a história de vida de quem quer que seja, logo se per- nada bom dar uma mesada para quem faz aquilo que deve ser feito.
cebe que em situações normais existe e sempre existirá um objeti- Adames, Y. (2017, p. 50-52) considera que “o feedback se tor-
vo a ser colimado com relação ao trabalho em si, ou com relação nou uma importante ferramenta no processo de avaliação de de-
aos benefícios que se pode usufruir desse trabalho. É por isso que sempenho, todavia os avaliadores precisam estar treinados para
as pessoas defendem sua filosofia de vida como o caminho para o esse bate-papo”. As pessoas, em sua maneira normal de ser, lutam
comportamento em busca daquilo que é realmente importante e por “minimizar as ameaças e maximizar as recompensas”, pois nin-
dá sentido à própria vida, fortificando, assim, a autoestima. guém gosta de se sentir punido ou agredido.
Kaplan, R. (2016, p. 141-163) escreve um interessante artigo Nesse encontro, o avaliador deve estar propenso a ouvir mais
que foi publicado com o título “O que perguntar à pessoa no es- e falar menos, por isso, diz o autor, o diálogo precisa ser “genuíno,
pelho”, como consequência dessa forma de pensar. Muitos líderes imparcial e explicativo” – isso significa adotar uma atitude equili-
esperam pela avaliação de desempenho de fim de ano. Esse docu- brada que não retrate “elogiar ou repreender os demais”, o que não
mento é o veredito do ano e, portanto, não constitui uma orienta- é oportuno nesse tipo de encontro. O elogio deve confirmar um
ção construtiva, pois em geral o subordinado fica na defensiva e não comportamento adequado para levar a pessoa a continuar fazen-
do o que está certo e reflete positivamente na motivação para o
trabalho.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O feedback negativo coloca o avaliado na defensiva, fazendo Precisa o tempo todo motivar a equipe, e fazer com que o tra-
com que ele tente fugir da situação em um tipo de atitude carac- balho seja algo gratificante e que toda equipe o execute com amor,
terística de não envolvimento. A avaliação de desempenho é um com isto não será necessário criar gratificações ou instituir punições
processo que precisa ser levado a efeito como algo que se realiza para que as tarefas sejam cumpridas com qualidade, tornando o
com naturalidade. ambiente de trabalho mais ameno onde todos possam contribuir
A Avaliação de Desempenho não pode deixar de existir no con- com as suas ideias, em busca de uma melhor assistência de enfer-
texto organizacional da atualidade. Essa é a via pela qual ela atinge magem.
um melhor diferencial competitivo, independentemente de seu ta-
manho e complexidade. Liderança em Enfermagem

LIDERANÇA EM ENFERMAGEM A liderança é um tema bem discutido atualmente, principal-


mente dentro da Enfermagem, já que nesta fazem-se e encontram-
Enfermeiro como Líder e Agente de Mudança -se líderes de vários tipos e estilos, além de características pessoais
Introdução que os diferem entre si.
O enfermeiro na sua prática diária depara-se com situações di-
Os conceitos sobre liderança e as características do líder sofre- versas que exigem tomada de decisão, flexibilidade, resolução de
ram diversas alterações e que muitos autores a conceituam como problemas, mediação de conflitos, coordenação da equipe e plane-
influência sobre outra pessoa para atingir-se objetivos. jamento para atingir objetivos da organização e dos clientes. Carac-
Na década de 1970 ela era confundida como chefia e supervi- teriza-se por estilo de liderança a forma como os líderes conseguem
são, como algo próprio do enfermeiro e considerada uma forma de influenciar as pessoas para que desempenhem suas atividades para
dominação e de influência. As dificuldades neste período estavam a consecução de um objetivo comum. Vai desde o controle total à
relacionadas ao enfermeiro manter a produção e não ser agente de permissividade completa.
mudanças. Assim como na administração, a liderança em enfermagem
Na década de 1980 autores defendiam ainda a ideia de que passou por transformações. Segundo o modelo Nightgaleano, pro-
a liderança estava relacionada à influência que uma pessoa exerce posto no século XIX, a liderança consistia no poder centralizador,
sobre outras pessoas. Porém começava-se a perceber que o líder autoritário descendente, adquirindo, pois, um caráter controlador
para obter sucesso precisava cada vez mais inteirar-se com a equipe do processo decisório, além da fiscalização de ações desenvolvidas
e não apenas comandá-la, começando assim a dar valor ao relacio- pela equipe de enfermagem.
namento entre o líder e o liderado. Entretanto, observa-se a existência, na idade contemporânea,
As dificuldades do enfermeiro neste período não são aponta- de um novo modelo de liderança: descentralização do processo de-
das, mas percebe-se que parecem estar relacionadas à subordina- cisório, ênfase das relações interpessoais, comunicação, disposição
ção deste à equipe de saúde e a delegação do cuidado aos auxiliares para assumir riscos, motivação e valorização do indivíduo.
de enfermagem. Diante desse contexto de transformação que se percebe, tam-
Na década de 1990 a preocupação maior está voltada para a bém a mudança de papéis no âmbito da enfermagem, ou seja, de
formação do enfermeiro, pois começa-se a defender a ideia de que uma função de supervisão do serviço de enfermagem e prestação
a pessoa não nasce com características de líder, mas que a liderança de cuidados aos casos mais complexos, passou-se a ocupar cargos
pode ser aprendida. Apesar disso ainda é vista pela equipe como gerenciais atrelados à capacidade de liderança, acreditando-se que,
prerrogativa do enfermeiro. assim como a gerência, a liderança se inclui num processo de apren-
O grande desafio do líder parece ser ter flexibilidade para lidar dizado, sendo que a coexistência das duas características no pessoal
com os problemas e a equipe. As dificuldades do enfermeiro neste de enfermagem contribui para que assim possa ocorrer o sucesso
período estão relacionadas a integrar administração e assistência, a organizacional mediante o alcance dos objetivos da Instituição pelo
estabelecer relacionamentos efetivos com a equipe e a delegação profissional de saúde.
de tarefas. Muitas teorias sobre liderança foram criadas, entre elas pode-
Já neste século, a partir de 2000 o desafio da liderança e do lí- mos citar a situacional, a democrática, a permissiva e a autocrática,
der é desenvolver-se a si próprio e levar sua equipe ao crescimento. cada uma com suas características próprias podendo funcionar bem
A liderança é vista não mais como característica individual, mas um com um grupo e não com outro.
recurso organizacional. As dificuldades dos enfermeiros parecem Diante de diferentes estilos de liderança, percebe-se a impos-
apontar para seu preparo no sentido de desenvolver competências sibilidade de classificar qual seria a melhor forma de liderar, tendo
necessárias à gestão e em especial à liderança. ainda em vista que cada um deles pode abordar o grupo de acordo
O enfermeiro, enquanto líder da equipe de enfermagem so- com suas características, desempenho, maturidade dos componen-
bressair-se-á se apresentar alguns requisitos indispensáveis para tes, disponibilidade de tempo, demanda de liderados e outros.
atuar no contexto do mundo globalizado e de mudanças em que Outro problema na caracterização do tipo de liderança ideal
vivemos: procurar o autodesenvolvimento, desenvolver um relacio- para determinado setor é o fato de que nem sempre teremos total
namento interpessoal amigável e baseado na confiança da equipe e satisfação dos participantes com o processo escolhido para a orga-
buscar o trabalho integrado. nização, mas, nem por isso, a forma de administrar tendo sido mais
Acredita-se, ainda, que para ser um bom líder e exercer uma bem aceita pela maioria e atingindo a satisfação da empresa deve
liderança eficaz é necessário conhecer-se muito bem, pois é preciso ser abandonada.
estar atento às limitações e a como lidar com os sentimentos, para O enfermeiro é fundamental na engrenagem de uma institui-
poder crescer junto com a equipe. ção de saúde, seja no ambiente hospitalar ou na saúde pública. No
exercício da liderança, o profissional deve propiciar um ambiente
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

favorável para a execução das atividades em seu cotidiano de tra- A nova proposta atual de gerenciamento exige do enfermeiro
balho. Esse profissional assume a difícil tarefa de coordenar a equi- inúmeras habilidades intimamente influenciadas pela sua capacida-
pe de enfermagem, e por isso necessita desenvolver habilidades de de liderança: dar crédito a quem merece, correr riscos, determi-
que favoreçam a condução equilibrada de um grupo heterogêneo, nar um objetivo, desempenhar o papel, ser competente, fomentar
transmitindo segurança na tomada de decisões. o entusiasmo, cultivar a fé e delegar são características que podem
Levando em consideração um líder gerente, indagamos até que ser adquiridas pelo enfermeiro no dia-a-dia de seu trabalho, através
ponto pode este utilizar o poder a ele concedido. Segundo Kurc- de empenho e confiança em suas habilidades. Num mercado, cada
gant, o poder tem conotações de submissão e domínio, de controle vez mais competitivo, o enfermeiro precisa estar preparado para as-
e consentimento. Assim, tendências construtivas seriam neutraliza- sumir as inúmeras funções a ele atribuídas. Sendo assim, entende-
das por dois elementos: o direito de admissão e demissão por parte mos que é de fundamental importância o preparo dos profissionais
desse líder gerente e a busca constante de lucro pela instituição. de enfermagem no que concerne às habilidades de liderança, para
De fato, o enfermeiro líder exerce poder, mas este deve ser do- que as ações de enfermagem atrelada à liderança sejam encaradas
sado tendo em vista as relações interpessoais e o desenvolvimento de forma natural e encorajadora.
de cada um dentro da organização, fatores determinantes de me-
lhor prática assistencial e a consequente satisfação do cliente e da Enfermagem na Gestão e Organização dos Serviços de Saúde
instituição de saúde.
A liderança é exigida nas mais diversas atuações de enferma- Diversos estudos científicos trazem como função característica
gem. Um exemplo é a gerência de caso, uma forma de organização do enfermeiro o gerenciamento das unidades de saúde. Em seu es-
do trabalho utilizado pela enfermagem que associa ações adminis- tudo bibliográfico sobre as funções do enfermeiro, Carrasco (1987)
trativas e assistenciais. Nessa gerência, a responsabilidade por toda encontrou que “ele executa predominantemente as administrativas
atenção ao paciente durante todo o processo clínico é do enfer- e estas são mais voltadas para os aspectos gerenciais e de controle
meiro, que utiliza a liderança em todas as fases do processo que da unidade”.
incluem análise, tomada de decisão e resolução de problemas. Mendes (1985) também encontrou que nos hospitais privados
O mercado necessita do líder flexível, dinâmico e disposto a da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o enfermeiro ocupa a
assumir riscos, negando a liderança que controla, dita as regras e maior parte do seu tempo com as funções administrativas.
normas. Recentemente, a liderança é marcada pelo fortalecimento Trevizan (1978) trabalhou com os enfermeiros-chefes e encon-
do grupo, valorização das competências individuais, descentralizan- trou que as atividades administrativas desses profissionais foram as
do o poder e possibilitando que cada membro reconheça o propósi- que ocuparam a maior parte do tempo gasto no período de tra-
to e o significado de seu trabalho. Perfil desafiador e questionador balho e, num outro estudo, a autora procurou analisar as funções
enquadram-se nas características do enfermeiro líder contemporâ- administrativas do enfermeiro e encontrou que este profissional re-
neo. aliza, com predominância, estas funções, principalmente as do tipo
O enfermeiro é um formador de opiniões, um importante agen- burocrático.
te de mudanças e um educador por excelência, por isso deve sem- Nos estudos de revisão com o objetivo de identificar funções
pre se embasar teórica e cientificamente para transmitir a outrem, desempenhadas pelo enfermeiro, Angerami e Almeida (1983) con-
informações fidedignas e ser capaz de imprimir questionamentos e cluíram que, apesar da utilização de vários critérios de classificação
propor mudanças em busca de melhorias na sua assistência. das funções, as que prevaleceram foram às administrativas.
Frente ao exposto, entendemos que, na enfermagem, torna- Com o intuito de apreender o cotidiano do trabalho do enfer-
-se cada vez mais urgente a necessidade de enfrentar as mudanças, meiro de Saúde Pública, Vaz (1989), em seu estudo também encon-
de serem criadas novas perspectivas de trabalho, com aquisição trou que as ações administrativas são predominantes no dia-a-dia
de novos conhecimentos e habilidades, a fim de que o enfermeiro desse profissional. Portanto, deve-se entender que as ações assis-
apresente um melhor desempenho de suas funções, sejam elas as- tenciais e gerenciais do enfermeiro se complementam no desempe-
sistenciais ou administrativas. nho de sua função.
Nessa perspectiva, o enfermeiro deve estar orientado para Assim, compreende-se que a função administrativa realizada
as possibilidades de desempenhar esse novo papel de líder, mais pelo enfermeiro constitui o instrumento do seu trabalho e não um
orientado para o futuro, mais flexível, dinâmico e disposto a assu- desvio de função. O profissional no seu dia a dia realiza, junto a sua
mir riscos, em contraposição ao papel controlador, ditador de re- equipe, funções de Liderança, Planejamento, Organização, Direção
gras, normas e procedimentos, ou seja, o “sucesso de liderança” e Controle.
requer uma planificação racional da ação, uma habilidade para mo- O trabalho de enfermagem como instrumento do processo de
bilizar as pessoas em torno de um projeto coletivo, um sistema de trabalho em saúde, subdivide-se ainda em vários processos de tra-
valores que permitam promover o essencial e uma energia psíquica balho como cuidar/assistir, administrar/gerenciar, pesquisar e en-
que inicie a ação das pessoas. sinar. Dentre esses, o cuidar e o gerenciar são os processos mais
As mudanças que estão ocorrendo no processo do cuidar como, evidenciados no trabalho do enfermeiro.
por exemplo, a busca por menores custos da assistência, exige que O gerenciamento realizado pelo enfermeiro resulta da compo-
os líderes sejam cada vez mais fortes e eficientes para lidarem com sição histórica da força de trabalho em enfermagem que sempre
essas constantes mudanças no setor saúde. Essas transformações promoveu sua divisão técnica e social.
se refletirão em uma assistência de qualidade e na satisfação do A gerência configurada como ferramenta/instrumento do pro-
cliente, somando-se ao reconhecimento e cooperação do grupo de cesso do “cuidar” pode ser entendida como um processo de traba-
trabalho. lho específico e assim, decomposto em seus elementos constituin-
tes como o objeto de trabalho (recursos humanos e organização
do trabalho), tendo como finalidade recursos humanos qualificados
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e trabalho organizado para assim, obter as condições adequadas valores e atores envolvidos, com vistas à elaboração de propostas
de assistência e de trabalho, buscando desenvolver a “atenção à que possam ser, de fato, estruturantes e coerentes para a garantia
saúde”. e ampliação do acesso à população usuária dos serviços do SUS.
Desse modo, os objetos de trabalho do enfermeiro no processo O debate atual sobre a situação da Atenção Hospitalar no Brasil
de trabalho gerencial são a organização do trabalho e os recursos está marcado pela percepção de algumas dificuldades que possuem
humanos de enfermagem. Os meios/instrumentos são: recursos várias dimensões conjunturais e que interagem entre si. Coexistem
físicos, financeiros, materiais e os saberes administrativos que uti- aspectos estreitamente vinculados aos fatores financeiros, assisten-
lizam ferramentas específicas para serem operacionalizados. Esses ciais, organizacionais, políticos e sociais, além de outros que direta
instrumentos/ferramentas específicos compreendem o planeja- ou indiretamente interferem no setor, como por exemplo, o ensino
mento, a coordenação, a direção e o controle. e a pesquisa.
Essas funções gerenciais apontadas como responsabilidade Na dimensão Financeira, destacam-se os aspectos relacionados
do enfermeiro, permitem vislumbrar caminhos para compreender com as opções em termos de mecanismos de custeio das unidades,
com maior clareza que “gerenciar” é uma ferramenta do processo bem como aspectos relacionados com a geração de investimentos
de trabalho “cuidar” ao exemplificar como o enfermeiro pode fazer necessários para a construção, ampliação e reforma das unidades
uso dos objetos de trabalho “organização” e “recursos humanos” existentes.
no processo gerencial que por sua vez, insere-se no processo de tra- Na dimensão Política, pode-se destacar a opção por uma dada
balho “cuidar” que possui como finalidade geral a atenção à saúde direcionalidade, seja por privilegiar o modelo hospitalocêntrico
evidenciada na forma de assistência (promoção, prevenção, prote- como proposta hegemônica para a sociedade, seja inversamente,
ção e reabilitação). para fortalecer a atenção primária como vem sendo denominada
no Brasil, aí incluídas as ações de promoção da saúde, prevenção
Modelos de Gestão Contemporâneos em Organizações Hos- de riscos e agravos e a assistência, essa última redefinida a partir da
pitalares ênfase na assistência ambulatorial, em busca de maior cobertura,
efetividade e satisfação da população.
Serviços Hospitalares no Sistema Único de Saúde Do ponto de vista político-gerencial essa dimensão inclui o es-
tabelecimento de mecanismos de regulação do sistema hospitalar o
Atenção Hospitalar qual contribui para a dimensão Organizacional que trata de definir o
Há muito se diz sobre a necessidade de se implementar polí- lugar ocupado pelo hospital no conjunto da rede de serviços, tema
ticas específicas para o setor hospitalar brasileiro que induzam a que tem sido objeto de amplo debate internacional, em torno das
uma reestruturação capaz de responder às efetivas necessidades alternativas de construção de redes assistenciais voltadas à presta-
de saúde da população de forma integrada à rede de serviços de ção de serviços específicos, como é o caso das redes de serviços de
saúde local e regional. urgência e emergência, as UTIs, os serviços de atenção ao parto e
A Atenção Hospitalar tem sido, ao longo de décadas, um dos à gestação de alto risco, os serviços de assistência oncológica, etc.
principais temas de debate acerca da assistência no Sistema Único A questão que se coloca é se a organização dessas redes leva
de Saúde. É indiscutível a importância dos hospitais na organização ou não em conta o princípio da integralidade, que preconiza a im-
da rede de saúde, seja pelo tipo de serviços ofertados e sua grande plantação e articulação de serviços em vários níveis de complexida-
concentração de serviços de média e alta complexidade, seja pelo de, orientando, portanto, a constituição de sistemas de referência
considerável volume de recursos consumido por esse nível de aten- e contra referência de informações e pessoas, usuários, em algum
ção. momento, das diversas redes assistenciais.
Segundo a OMS, o conceito de hospital é aplicado para todos Na dimensão propriamente assistencial pode-se enfatizar o
os estabelecimentos com pelo menos cinco leitos para a internação modo de organização tecnológica do trabalho desenvolvido no âm-
de pacientes que garantam um atendimento básico de diagnóstico bito hospitalar à saúde, o que põe em questão o modelo clínico e
e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admis- seus desdobramentos na moderna medicina tecnológica, espaço de
são e assistência permanente prestada por médicos. fragmentação do objeto de trabalho (doença e doentes) e divisão
Na prática, estas instituições agregam uma série de funções técnica do trabalho médico em especialidades e subespecialidades.
que as caracterizam como as organizações mais complexas do setor O desafio é resgatar a integralidade do cuidado ao indivíduo,
Saúde. Suas funções têm atravessado um período de rápidas mu- promovendo a rearticulação do trabalho parcelado, ao tempo em
danças que envolvem questões sociais, emprego, ensino e pesqui- que se promove a humanização do cuidado, em verdade uma re-
sa, assistenciais e de apoio aos serviços de saúde. qualificação das relações entre equipe de saúde e usuários do siste-
Hoje, o Brasil conta com uma rede de serviços hospitalares ma, com base em valores como respeito às singularidades e defesa
construídos e legitimados historicamente, detentora de uma reali- dos direitos dos usuários.
dade concreta sendo operacionalizada dentro de um novo cenário A dimensão do Ensino, por sua vez, aparece nos hospitais que
sanitário e com diretrizes gerais que apontam para a busca de uma se constituem em espaço de ensino-aprendizagem das diversas
maior inserção na rede de serviços de saúde. São mais de 7,5 mil profissões de saúde, tendendo a reproduzir um modelo médico-as-
instituições que produzem mais de 11 milhões de internações por sistencial hegemônico, com todos os seus corolários em termos da
ano, segundo dados do DATASUS/MS (ano base 2008). divisão técnica do processo de trabalho, fragmentação dos objetos
Assim, ao se discutir a necessidade de (re) construção de um e dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos, emoldurados
novo papel dos hospitais brasileiros dentro da rede de serviços do pela perda da qualidade na relação dos profissionais de saúde com
SUS é preciso apreender sua historicidade, seus determinantes, os os pacientes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nessa dimensão situa-se o enorme desafio de mudança na for- Outro elemento central na elaboração e implementação de po-
mação do pessoal de saúde, que vem sendo problematizado de di- líticas na área de atenção hospitalar é o claro entendimento de que
versas formas, desde o debate sobre as reformas curriculares até a os hospitais não constituem ilhas de excelência, à parte da rede de
introdução de inovações pedagógicas no processo de ensino-apren- serviços. É de extrema importância que todas as medidas adotadas
dizagem. considerem os hospitais e a sua inserção na rede.
Tudo isso tem implicações, evidentemente, na dimensão So- Essas instituições devem ser vistas, planejadas e avaliadas en-
cial, na medida em que a população usuária da atenção hospitalar quanto determinantes e determinadas do sistema de saúde como
sofre os efeitos das políticas e dos processos referidos acima, quer um todo. Vale aqui destacar o papel dos gestores locais do SUS na
se evidenciem na dificuldade de acesso a determinados serviços, discussão das necessidades de saúde, da demanda de serviços e da
quer na baixa qualidade da assistência hospitalar ou mesmo na falta efetiva condução e controle das ações implementadas.
de atenção a que são sujeitados, o que contribui para a insatisfa- Nesse sentido, tem-se trabalhado considerando as diferentes
ção e elevação das pressões sociais e políticas por mudança, ainda realidades da rede hospitalar brasileira. O resultado deste esforço
que grande parte da população desconheça as alternativas que vêm tem proporcionado, além do diagnóstico e da análise, a possibilida-
sendo discutidas no âmbito dos serviços e da academia. de de melhor compreensão e caracterização dos problemas e das
A formulação e implementação de políticas e estratégias de re- dificuldades atuais, definindo, assim, as diretrizes para as ações da
forma da atenção hospitalar no SUS são, sem dúvida, um dos maio- área e a priorização de segmentos hospitalares estratégicos.
res, senão o maior desafio da atual gestão ministerial. Na busca de novas perspectivas para o setor hospitalar brasilei-
Assim, é impossível pensar a problemática hospitalar de forma ro, tem-se apontado para algumas estratégias comuns ao conjunto
isolada, sendo necessário projetar as decisões a serem adotadas e dos hospitais de forma a induzir maior eficiência sistêmica ao SUS.
as políticas que se pretenda formular, no cenário mais amplo de São elas a garantia de acesso, a humanização dos serviços, a inser-
um sistema de saúde complexo e submetido a um conjunto de va- ção na rede SUS, a democratização da gestão e a contratualização
riáveis. hospitalar.
A propósito, a literatura internacional tem privilegiado a temá- Neste momento, destaca-se o desafio de promover uma maior
tica da integração de sistemas de saúde como um dos grandes de- inserção dos hospitais no SUS, entendido como um princípio que
safios contemporâneos, e a redefinição do papel do hospital é parte permite a integração funcional na rede de serviços disponíveis para
importante nesse processo. a população, com ampla participação do gestor local para a discus-
O entendimento deste contexto sob a ótica da proposta de ges- são das necessidades de saúde, da demanda de serviços e da efetiva
tão impõe um (re) ordenamento e uma redefinição de ações para a condução e controle das ações implementadas em prol do sistema.
atenção hospitalar no Brasil, tendo como princípios básicos a busca Outra questão relevante e que avança na área hospitalar, in-
contínua da maior eficiência; a participação ampla de todos os in- duzida por políticas específicas do Ministério da Saúde é a da con-
teressados, inclusive usuários; e a total transparência na condução tratualização dos serviços de saúde definida como um mecanismo
dos trabalhos e tomadas de decisão. de planejamento para a organização da gestão local, com definição
de metas quanti e qualitativas, e ênfase na relação entre gestores e
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2000), o novo papel prestadores na busca de resultados.
dos hospitais exige deles um conjunto de características: Atualmente, são mais de 1.327 hospitais contratualizados por
- Ser um lugar para manejo de eventos agudos; intermédio de ações específicas do Ministério da Saúde, sendo 432
- Deve ser utilizado exclusivamente em casos que haja possibi- hospitais de pequeno porte, 756 hospitais filantrópicos e 139 hos-
lidades terapêuticas; pitais de ensino. Essa nova lógica de relacionamento entre gestores
- Deve apresentar uma densidade tecnológica compatível com e prestadores tem contribuído para a discussão do novo papel dos
suas funções, o que significa ter unidades de tratamento intensivo hospitais na rede de serviços do SUS integrados e participantes den-
e semi-intensivo; unidades de internação; centro cirúrgico; unidade tro do seu espaço na linha de atenção integral aos usuários do SUS.
de emergência; unidade de apoio diagnóstico e terapêutico; unida- Na procura de sistemas de saúde equitativos, solidários e efi-
de de atenção ambulatorial; unidade de assistência farmacêutica; cientes, surge a necessidade de estruturar a diversidade. Com tal
unidade de cirurgia ambulatorial; unidade de hospital dia; unidade fim, têm sido propostas as atuais políticas na área hospitalar, como
de atenção domiciliar terapêutica, etc.; forma de organizar estrategicamente segmentos específicos, mas
- Deve ter uma escala adequada para operar com eficiência e apostando nas redes integradas de atenção à saúde, onde os hos-
qualidade; pitais, mesmo sendo as estruturas mais complexas do setor Saúde,
desempenham e assumem seu papel peculiar.
Deve ter um projeto arquitetônico compatível com as suas fun- A rede hospitalar no SUS enfrenta uma nova situação de exer-
ções e amigável aos seus usuários. cer a prática cooperativa. O centrismo do hospital e a sua depar-
A rede hospitalar brasileira caracteriza-se pela existência de tamentalização/fragmentação excessiva devem ceder espaço ao
inúmeros estabelecimentos de saúde que não atendem a maioria hospital que dê valor ao conjunto da rede de serviços e coopere,
dessas características. eficazmente, com seus usuários (internos e externos) antes e de-
Pelo contrário, essa rede é bastante heterogênea do ponto de pois da hospitalização. Esta evolução é necessária para melhorar a
vista de incorporação tecnológica e complexidade de serviços, com organização da atenção, responder às necessidades da população
grande concentração de recursos e de pessoal em complexos hospi- e aproximar-se dela, bem como para eliminar os gastos desneces-
talares de cidades de médio e grande porte, com claro desequilíbrio sários.
regional e favorecimento das regiões Sul e Sudeste do país.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A necessidade de potencializar a rede de serviços faz com que Assim, o hospital produz e convive com relações de poder que
os hospitais já não se situem na cúspide do sistema sanitário. Deba- conformam uma realidade paradoxal, pois enquanto alguns são
tes recentes indicam que os hospitais estão perdendo suas frontei- bem remunerados, outros nem tanto; para alguns os espaços de
ras tradicionais e mudando sua posição no sistema de saúde. autonomia e liberdade são amplos, para outros - maioria - a força
Já não é possível concebê-lo senão como integrante de uma do poder administrativo e seus instrumentos de controle e submis-
rede de serviços de saúde, um conceito que ganha protagonismo são são a principal forma de interação com a organização.
no Brasil com o avanço da atenção primária como porta de entra- Não bastasse isto, a relação com os usuários/pacientes e sua
da reorientadora de todo o modelo de saúde. Ao formar parte de rede sociofamiliar tem sido marcada pela pouca participação destes
uma rede de serviços de saúde, o hospital amplia o seu horizonte de na definição do cuidado, com restrições importantes no acesso a
atuação, enfrenta as relações mais diversas e persegue um objetivo informações e mesmo aos profissionais, sobretudo médicos.
mais preciso: a efetividade social. Outra característica importante dos hospitais no Brasil é sua
Vivemos um momento em que é preciso em muito avançar grande liberdade e autonomia de inserção nas redes/sistemas lo-
na direção de uma maior resolutividade dos serviços prestados. corregionais de saúde, não sendo infrequentes movimentos de
Por um lado, há a necessidade da melhoria organizativa do siste- resistência a processos de definição de corresponsabilidades nos
ma como um todo, ampliando o acesso, facilitando a utilização dos territórios sanitários.
serviços de saúde através da articulação responsável e racional dos Nesta direção, não tem sido incomum no Brasil hospitais exer-
serviços, da desburocratização e descentralização das ações. cerem funções tipicamente gestoras, definindo clientela, modos de
De outro lado, é preciso haver mudanças conceituais no foco financiamento e ação no sistema de saúde e sua rede de serviços.
da atenção prestada, deslocando-a da ótica privilegiada da doença Diante dessa complexa situação, as perspectivas de mudança
e a centrada na disponibilidade dos serviços e dos profissionais de nos hospitais impõem a necessidade de se produzir planos de inter-
saúde, para um modelo de cuidado centrado nas efetivas necessi- venção que incidam sobre os elementos que decisivamente interfe-
dades de saúde do usuário, contemplando suas relações e espaços rem na produção de seus principais problemas. Ou seja, é necessá-
de vida, bem como a sua qualidade. rio o enfrentamento daquelas questões que efetivamente originam
Assim, a discussão sobre o papel da atenção hospitalar na rede os problemas, notadamente sua arquitetura organizacional e seus
de serviços de saúde ganha concretude ao alinhar a questão hospi- arranjos de trabalho, que informam a sistemática de definição de
talar ao cumprimento de sua missão institucional que é a da efetivi- quem faz o que, para que e quem, e sob quais condições.
dade social, onde essas instituições constituintes da rede de servi- Antes de se entrar nesta discussão é necessário dizer que algu-
ços do SUS devem disponibilizar e entregar todos os seus processos mas questões macro políticas, como o financiamento dos hospitais,
produtivos às novas exigências epidemiológicas e às crescentes ex- não foram ainda totalmente resolvidas no SUS. E isso exigirá, dora-
pectativas dos usuários, entendidos neste contexto como a razão vante, atenção especial de gestores e formuladores, pois a inversão
maior de todos os esforços. do modelo de atenção à saúde exige o reposicionamento da função
Os hospitais são estruturas hipercomplexas e uma das institui- e lugar dos hospitais na rede, processo já em curso no Brasil.
ções contemporâneas mais impermeáveis a mudanças (CAMPOS). Nesse sentido, é fundamental que os hospitais tenham uma
Logo, mexer em sua organização e em seus modos de gestão, to- política adequada de financiamento a qual necessita superar a lógi-
mando por princípio o método da Política de Humanização, é uma ca ainda hegemônica de compra de serviços sem contratualização
tarefa que exige preparação e acompanhamento avaliativo (SAN- e baixa regulação. Essas questões, embora importantes, não serão
TOS-FILHO). tratadas de forma direta nas reflexões que seguem.
A estrutura organizativa e a tradição gerencial dos hospitais Gastão Campos, no final dos anos 1990, publica um importan-
brasileiros os têm tornado organizações burocráticas, autoritárias te artigo: O anti-Taylor (CAMPOS), que estabelece um importante
e centralizadoras (CAMPOS; ARAÚJO; RATES). Estas características mote para a problematização da gestão nas instituições de saúde,
têm sido apontadas como relevantes na produção de uma série de sobretudo os hospitais, propondo a combinação entre um novo mé-
problemas, como a oferta de assistência impessoal e fragmentada, todo de governar e uma nova geometria para as organizações de
a indefinição de vínculos entre usuários e profissionais, o que pro- saúde.
duz baixa responsabilização e descompromisso, fragmentação do Democracia institucional, produção de sujeitos mais livres e
trabalho e insatisfação dos trabalhadores, e também dos usuários. comprometidos, acionados e fazendo funcionar um dispositivo ori-
A estas características têm sido agregados como problemas fre- ginal: a roda. A partir de então, temas como a gestão compartilha-
quentes nos hospitais brasileiros a existência de sistemas de gestão da do trabalho, a reconstrução da clínica, ampliação dos vínculos
centralizados, com baixa participação dos trabalhadores; organiza- terapêuticos e da responsabilização, entre outros, são tratados de
ção do trabalho por categorias profissionais, o que dificulta o tra- forma inédita, questões que o autor desenvolve na sequência em
balho em equipe; segmentação do cuidado pela lógica da seção, da vários textos, conteúdos que se encontram de forma articulada no
unidade, com fragmentação dos processos de trabalho. livro Método da Roda (CAMPOS, 2000).
Além disto, a estrutura interna de poder tem sido marcada O contexto destas formulações incluía-se naquilo que Gastão
pelo excessivo poder técnico-burocrático, em geral colonizado pela Campos havia anunciado como a reforma da reforma (CAMPOS,
tradição médica, que tem ação disciplinadora, de ordenamento e 1992). Que reforma seria esta e quais as suas direções? Buscar arti-
controle do conjunto dos processos de trabalho. cular os serviços de saúde em rede sob a ótica da gestão pública; re-
Isso tem produzido relações de trabalho bastante hierarquiza- criar/reinventar os serviços de saúde, democratizando-os e permi-
das, com divisão desigual do poder e, desta maneira, a vida cotidia- tindo a expressão dos interesses e necessidades de trabalhadores
na para os trabalhadores dos hospitais tem sido experimentada de e usuários, de tal forma que fosse possível tornar as organizações
forma bastante diversa, considerando a posição que se ocupa na
estrutura organizativa do trabalho.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de saúde ao mesmo tempo produtoras de valor de uso (de serviços - A horizontalização da estrutura organizacional e, consequen-
com utilidade para a sociedade) e se constituírem em espaços privi- temente, das relações de poder (tendência de “achatamento” das
legiados de produção de novos sujeitos. organizações), e o acionamento da função de matriciamento espe-
Lançava a discussão, nesta via, sobre as finalidades das organi- cializado como garantia de acesso aos trabalhadores das unidades/
zações, que não se restringiam, como se advogava predominante- setores de referências técnicas;
mente, à produção de serviços e bens, incluindo entre seus fins a - O entendimento de que todo trabalho em saúde se sustenta
produção de sujeitos. em determinados modos de conversação (TEIXEIRA, 2003) e intera-
As organizações de saúde passam a ser compreendidas, desta ção (PEDUZZI, 2001; 2007), que reafirmam ou retificam modos de
forma, também como máquinas de produção subjetiva (GUATARRI; comunicação mais ou menos potentes para a produção de trabalho
ROLNIK, 2000), ou seja, exercem função ontogenética: produzem em equipe;
gente. Isto faz compreender que determinados modos de gestão in- - A compreensão de que as organizações de saúde conformam
cidem diretamente na conformação de processos de subjetivação. realidades hipercomplexas, produtoras de uma grande variabilida-
Nesta perspectiva, uma gestão mais democrática das organiza- de de conexões internas invisíveis e muitas vezes opacificadas, o
ções, que desafia os sujeitos à criação e ao uso de recursos dialógi- que pressupõe a necessidade de construção de linhas dialógicas e
cos para a produção do comum, mais flexíveis à composição entre espaços coletivos para a produção de consensos internos;
distintos interesses e necessidades, entre outros, tendem também - Tomar o adoecimento humano como fenômeno complexo, o
a produzir sujeitos mais livres e autônomos, efeitos que se esten- que exige ação articulada e integrada entre múltiplos territórios de
dem para além do local de trabalho, interferindo, então, nas demais saberes e práticas;
esferas da vida, incidindo sobre o conjunto das relações socioafeti- - Acolher a diversidade, a pluralidade e a multiplicidade social
vas dos sujeitos. e subjetiva dos sujeitos em relação como requisito e insumo para a
Assim, as mudanças na gestão nas organizações de saúde não composição de projetos terapêuticos (não reduzir os sujeitos à sua
seriam motivadas apenas para ‘conformar’ sujeitos mais aptos e efi- dimensão biológica, nem tampouco infantilizá-los com atitudes pie-
cazes à produção de bens e serviços, mas também por orientação dosas e não acionadoras de sua potência renormalizadora da vida);
ético-política: a gestão pode ser espaço importante para a produ- - Compreender que a produção de saúde se afirmar como um
ção de novos sujeitos, mais livres, mais criativos, mais solidários, projeto de produção e ampliação da autonomia com o outro (usuá-
mais capazes de se deslocarem de interesses imediatos, portanto rio, família, comunidade);
mais capazes de suportar a existência em contextos mais hetero- - Compreender que o cuidado em saúde é sempre singular e
gêneos, onde a expressão do humano como força social e política sua capacidade de produzir e qualificar a vida decorre da qualidade
é mais diversa. dos encontros entre os sujeitos.
A gestão teria, nesta direção, a capacidade de produzir sujeitos
melhores. Essas compreensões têm orientado uma vasta gama de expe-
A problematização dos modos de organização dos serviços de riências na rede SUS, permitindo a emergência de novas relações
saúde, dos hospitais em particular, sobretudo pelos efeitos nega- sociais no trabalho, mais afirmativas do cuidado digno e de qualida-
tivos que produzem nos sujeitos e nas práticas de cuidado, tem de, valorizando o conjunto das profissões que compõem o campo
propiciado a emergência de novas concepções sobre a gestão em da saúde.
saúde, que passa a ser compreendida como um campo de experi- Na perspectiva da Política de Humanização, a reorganização da
mentação de novos processos de comunicação e de interação entre arquitetura das organizações de saúde e o reordenamento dos pro-
sujeitos, ampliando sua lateralidade na direção da construção de cessos de trabalho e da ação dos hospitais na rede SUS deveriam
um plano comum de ação. decorrer desde a ativação e experimentação de processos coletivos,
Esse movimento tem favorecido a produção de uma série de favorecendo a emergência de novos sujeitos capazes de sustentar
inovações em toda a rede SUS como a introdução de mudanças da um conjunto de valores ético-políticos, os quais tomam concretude
arquitetura dos serviços de saúde e a reorganização de seus proces- na forma de novas práticas de cuidado.
sos de trabalho. Essa compreensão permite inferir que os problemas apontados
como ‘desumanização’ dos e nos hospitais têm estreita relação com
Essas experiências, diversas e heterogêneas por certo, reúnem as formas de organização e de gestão dos processos de trabalho, o
um conjunto de pressupostos teóricos e metodológicos, os quais que impõe a necessária tarefa de alterá-los. Nesta mesma direção,
podem ser compreendidos como princípios e diretrizes para uma advoga-se que as mudanças que se apontam como necessárias nos
gestão inovadora dos hospitais. Entre esses, tem ganhado desta- hospitais serão mais efetivas e mais resolutivas se forem capazes de
que: alterar a lógica da organização do poder nas organizações.
- A inclusão das finalidades da instituição e/ou do setor/área Estas questões apontam para a necessidade de se produzir mu-
(seus objetivos finalísticos que legitimam e justificam sua existên- danças na gestão e modos de se organizar o trabalho nos hospitais,
cia) nos processos de reorganização do trabalho dos profissionais alterando-se tanto sua dinâmica interna de funcionamento, como
e equipes, ampliando a construção de sentido às práticas de saúde sua relação com os demais serviços da rede de saúde.
(afinal, se trabalha para quê?); Tomando a humanização da saúde como referência para estas
- A gestão compartilhada do trabalho envolvendo todos os su- mudanças, algumas pistas metodológicas podem ser apontadas na
jeitos que compartilham situações singulares de trabalho, o que fa- definição de estratégias para enfrentamento dos desafios da ges-
vorece a recriação dos processos de gestão do trabalho a partir de tão hospitalar. Essas pistas se desdobram em quatro grandes linhas
definições mais coletivas sobre os modos de fazer e de organizar o de intervenção e como indicativo metodológico para a ação não
trabalho;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

podem ser tomadas como suficientes e independentes de outras Assim, pode-se concluir que a atividade da AM realizada pelo
linhas de ação, a exemplo da gestão de custos, a adoção de progra- enfermeiro deve ter como objetivo a melhoria da assistência à saú-
mas de racionalização do uso de insumos, entre outros. de de indivíduos e comunidade bem como as condições de trabalho
das equipes de enfermagem e de saúde.
Gerenciamento de Recursos Materiais em Enfermagem Entretanto, o enfermeiro deve ter o cuidado de não transfor-
mar a AM por ele desenvolvida em uma atividade burocrática que
A Administração de Recursos Materiais pode ser definida como vise unicamente a manutenção dos interesses financeiros da insti-
um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, tuição (CASTILHO; LEITE 1991).
de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas uni- O gerenciamento de recursos materiais é definido como o fluxo
dades, com os materiais necessários ao desempenho normal das de atividades de programação (classificação, padronização, especi-
respectivas atribuições. ficação e previsão de materiais), compra (controle de qualidade e
A importância da Administração de Materiais pode ser de- licitação), recepção, armazenamento, distribuição e controle, com
monstrada, por exemplo, quando se observa o quanto os materiais o objetivo de garantir que a assistência aos usuários não sofra inter-
representam em termos de destinação de recursos nas organiza- rupções por insuficiência na quantidade ou na qualidade de mate-
ções. Em uma empresa os recursos materiais chegam a representar riais, deste modo, o gerenciamento de recursos materiais torna-se
75% do capital, e em instituições de saúde significam cerca de 45% fundamental para garantir a qualidade da assistência (CASTILHO;
das despesas (CASTILHO; LEITE 1991). GONÇALVES, 2005).
Atualmente a administração de recursos materiais tem sido
motivo de preocupação nas instituições de saúde, tanto na rede pú- Os materiais em unidades hospitalares usualmente são classifi-
blica como na privada, que complementam o SUS. As organizações cados segundo a duração sendo agrupados em: materiais de consu-
privadas, sujeitas às regras de mercado precisam gerenciá-los com mo e permanentes (PATERNO, 1987; CASTILHO; LEITE 1991):
preços competitivos em relação ás demais instituições. Em contra-
partida, temos o setor público, que com orçamento restrito, precisa Materiais permanentes:
de maior controle do consumo e dos custos para que sua escassez - Não são estocáveis, ou que permitem apenas uma estocagem
não reflita na privação dos funcionários e pacientes ao acesso a es- temporária, transitória;
ses materiais e consequentemente à uma assistência de qualidade - Apresentam um tempo de vida útil igual ou superior a dois
(CASTILHO; GONÇALVES, 2005). anos;
Portanto, para que não haja falta de material que leve ao preju- - Constituem o patrimônio da instituição;
ízo da assistência à saúde, e tão pouco para que não haja excessos - Exemplo: mobiliários, equipamentos, instrumentais e outros.
que elevem os custos, os materiais devem ter as suas quantidades e
qualidades planejadas e controladas (PATERNO, 1991). Materiais de consumo:
Dessa forma, “a administração de materiais (AM) consiste em - São estocados e com o uso acabam perdendo suas proprie-
ter os materiais necessários na quantidade certa, no local certo e dades;
no tempo certo à disposição dos órgãos que compõem o processo - São consumíveis, tendo uma duração de no máximo dois anos;
produtivo...” (CHIAVENATO, 1991). - Exemplo: esparadrapos, extensões para oxigênio, inaladores,
A Enfermagem tem como objeto de seu trabalho o processo seringas, agulhas e outros.
saúde-doença de indivíduos e coletividades e como finalidade a
transformação desse processo saúde-doença, o que pode ser ex- Mas, existem ainda outras classificações para os materiais:
presso através da assistência à saúde (QUEIROZ; SALUM, 1996). segundo o uso a que se destinam (oxigenoterapia, cateterismo e
Os enfermeiros ao prestar a assistência à saúde utilizam recur- outros), porte (pequeno, médio e grande), custo, matéria-prima
sos materiais, cabendo historicamente a eles a responsabilidade (plásticos, silicone, metais, cerâmica, vidro, tecido e outros), função
pela previsão, provisão, organização e controle desses materiais em do controle (material fixo, móvel ou circulante) e função da guar-
suas unidades de trabalho (CASTILHO; LEITE 1991). da (perecível, inflamável, frágil, pesado, tóxico, irradiante) (BARA,
Segundo FONSECA (1995), “o fato de o enfermeiro participar 1997; CASTILHO; LEITE 1991).
da implementação de grande parte dos procedimentos diagnósti- A competência e responsabilidade pela AM nas unidades de
cos e terapêuticos no hospital, coloca-o na condição de desempe- enfermagem é do enfermeiro, que para realizar essa atividade de-
nhar papel importante na AM. A introdução de novas tecnologias, senvolve as funções de: previsão, provisão, organização e controle
novos materiais e equipamentos na prática assistencial, tem exigi- através da determinação e especificação dos materiais e equipa-
do dos profissionais de saúde, em particular do enfermeiro, a ado- mentos; estabelecimento da quantidade de material e equipamen-
ção de um esquema que permita o conhecimento e avaliação dos to; análise da qualidade dos materiais e equipamentos; determi-
materiais e equipamentos disponíveis no mercado, no sentido de nação dos produtos a serem adquiridos; estabelecimento de um
garantir uma opção que colabore com a manutenção/elevação da sistema de controle e avaliação; acompanhamento do esquema de
qualidade da assistência.” manutenção adotado pela instituição; adoção de um programa de
A esse respeito ainda BARA (1997) coloca que “não se pode orientação da equipe de enfermagem, sobre o manuseio e conser-
pensar que a efetividade da AM é garantia para uma assistência de vação de materiais e equipamentos e atualização de conhecimen-
qualidade, mas principalmente a forma como o enfermeiro se res- tos sobre os produtos utilizados na assistência à saúde e lançados
ponsabiliza e gerência os recursos materiais vai repercutir na quali- no mercado (FONSECA, 1995).
dade da assistência”.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ETAPAS DA ADMINISTRAÇÃO DOS MATERIAIS Nas instituições públicas o processo de compra de materiais
não é uma atividade simples, e as especificações dos produtos são
Previsão muito importantes para que se possa garantir a aquisição de pro-
Prever significa “conhecer com antecipação; antever” (PESTA- dutos de qualidade, elas são utilizadas na elaboração do edital de
NA, 1994). E para realizar essa função em uma unidade de enfer- compra, e quanto mais detalhada facilitará o contato do setor de
magem o enfermeiro deve definir através de um levantamento as compras com os fornecedores.
necessidades de recursos materiais da unidade, identificando as
quantidades e especificidades dos mesmos. Segundo GRECO (2010), o sistema de reposição pode ser reali-
Neste levantamento deve-se considerar: especificidade da uni- zado de quatro formas:
dade; características da clientela; frequência no uso dos materiais, - Sistema de reposição por tempo: em épocas predetermina-
número de leitos na unidade; local de guarda; durabilidade do ma- das as cotas são repostas integralmente. É a forma mais utilizada
terial e periodicidade da reposição do material (CASTILHO; LEITE na enfermagem, porém propicia a formação de grandes estoques
1991). na unidade.
A estimativa do quantitativo de material necessário pode ser - Sistema de reposição por quantidade: quando o estoque
obtida através do consumo médio mensal (CMM) que consiste na chega a um nível mínimo, denominado de estoque de reposição,
observação do consumo por um período de tempo, que geralmente é feita a reposição do material tendo por base a cota predetermi-
é de três meses, dividido pelo número de meses mais uma margem nada, independente de um prazo estipulado. Esse sistema, se bem
de segurança (ES) definindo-se assim uma cota de material (CM). utilizado, pode revelar-se bastante vantajoso, mas pode ocasionar
Um instrumento que auxilia nessa observação é o mapa de falta de material caso não seja observado, constantemente o nível
consumo de material, onde normalmente consta tipo de material, mínimo de estoque.
cota mensal e gastos (CASTILHO; LEITE 1991). - Sistema de reposição por quantidade e tempo: é estabe-
lecida uma cota para um determinado tempo, e em uma época
Provisão predeterminada, é feita a solicitação de materiais na quantidade
A provisão diz respeito a reposição de materiais na unidade de necessária para repor o estoque. Esse sistema colabora para o não-
enfermagem. Para desempenhar essa função o enfermeiro deve -esquecimento da emissão de solicitação de material e evita o au-
realizar a rotina de requisição de materiais, que pode sofrer peque- mento de estoque, sua realização depende de que se disponha de
nas alterações de acordo com a instituição, mas de modo geral, se- estudo frequente da previsão de materiais.
gue os seguintes passos: - Sistema de reposição imediata por quantidade: os mate-
- Descrição do material em ordem alfabética com especificação riais são encaminhados diariamente ou com uma frequência ainda
do tipo, dimensão e quantidade; maior, para a unidade, de acordo com o consumo. Um inconvenien-
- Verificação do estoque existente; te nesta forma de reposição é quando ocorre o esquecimento do
- Solicitação semanal, quinzenal ou mensal em impresso pró- débito de material, ficando a unidade desfalcada.
prio, em duas vias ou mais;
- Envio à Chefia do SE - quando necessário; Organização e Guarda de Material
- Encaminhamento da requisição ao almoxarifado de acordo Após prever e prover os materiais e equipamentos é necessá-
com as normas do serviço, recebimento do material do almoxari- rio que estes sejam organizados e guardados em locais e de modo
fado sendo que nesse momento deve-se conferir e guardar e por adequado.
fim controlar os gastos (FONSECA, 1995). O mapa de consumo de Segundo BARA (1997), “armazenar ou estocar materiais é dis-
material auxilia, também, na realização dessa etapa. por de forma racional e técnica cada produto em seus depósitos
(almoxarifado). O material deve ser acondicionado em estantes,
Exemplo da especificação do material a ser pedido: Sonda ve- armários, estrados, prateleiras, gavetas ou em pilhas seguindo nor-
sical de marca XYZ: Sonda vesical de 2 vias, calibre número 18, de mas técnicas para evitar riscos de queda, achatamento, deteriora-
látex, com cuff de 5ml, balão de formato simétrico ao ser inflado, ção, perda e outros.
esterilizado, código 03029 ou similar. Deve-se guardar o material observando a facilidade de visuali-
A especificação técnica dos materiais consiste na descrição zação para o pessoal, evitar riscos de contaminação (poeira, umida-
minuciosa das características do material, pois representa com de, luz), facilidade de realização de inventários, reposição e controle
precisão aquilo que se deseja adquirir. Além disso, a especificação (uso de fichas por nº e espécie). A guarda nas unidades deve ser
técnica representa um meio de comunicação entre a área técnica e feita pelo enfermeiro com rigoroso controle, mas ao mesmo tempo
administrativa (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). garantindo à equipe de enfermagem o acesso aos materiais confor-
Na descrição deverão constar: me as necessidades do Serviço de Enfermagem (SE). Deve ser evita-
- Nome do produto; do subestoque, guarda descentralizada, o que dificulta o controle e
- Indicação de uso; favorece o desvio”.
- Desempenho técnico;
- Matéria-prima de fabricação; Controle e Manutenção
- Dimensões; O controle é uma função ampla, não se limitando apenas a
- Acabamento; quantidade, mas diz respeito também a qualidade dos materiais,
- Embalagem; auxiliando no desenvolvimento das demais funções, pois “a rea-
- Propriedades físico-químicas; lização de um controle adequado fornece dados para a previsão,
- Método de esterilização; propicia informações sobre a qualidade e a durabilidade do mate-
- Prazo de validade. rial, diminui o extravio, aumenta a eficiência dos equipamentos - e
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

assim garante uma utilização apropriada dos recursos materiais, a - Controles burocráticos: que agem sobre os instrumentos,
continuidade da assistência ao paciente e a diminuição dos custos particularmente naqueles de caráter econômico, levando à des-
relacionados aos materiais. valorização das ações executadas e invertendo o referencial das
O controle dos materiais pode ser feito de diversas maneiras organizações. É importante lembrar que não basta fazer as coisas
através do método ABC (classifica os materiais segundo custo para corretamente: deve-se também fazer as coisas certas. A burocracia
a instituição); sistema de duas gavetas; sistema de troca/reposição; somente se preocupa com o rito - a ela não interessa o produto
uso de cadernos com o número de patrimônio e quantidade; fi- final.
chas técnicas e atualmente o uso do computador (CASTILHO; LEITE - Centralização excessiva: produz danos imensos na área de
1991). materiais. Compras centralizadas e baseadas exclusivamente em
É preciso analisar o comportamento do consumo mensal de menores preços são exemplos que devem ser evitados.
cada serviço, observando as razões que justificam as variações de
consumo, tais como as alterações no número de atendimento ou na Causas Organizacionais
taxa de ocupação, as ocorrências sazonais das doenças e o número - Falta de objetivos: quando os objetivos não estão claros, cada
de alunos, entre outros (CASTILHO; GONÇALVES, 2005). unidade cria seu próprio sistema de referência. Como consequên-
Através do inventário tem-se dados corretos e precisos sobre cia, pode ocorrer uma dissociação entre a área fim e as áreas meio.
o patrimônio do hospital, o que é necessário para que se possa - Falta de profissionalismo da direção.
realizar planejamentos objetivos e para evitar gastos e desperdícios - Falta de capacitação e de atualização do pessoal.
desnecessários. - Falta de recursos financeiros.
Os inventários podem ser gerais - realizados no final do exer- - Falta de controles.
cício fiscal da empresa, através da contagem de todos os itens do - Corrupção.
estoque, não possibilitando reconciliações ou ajustes, nem a aná- - Falta de planejamento.
lise das causas das diferenças - e os rotativos - realizados através - Rotinas e normas não estabelecidas adequadamente.
de uma programação mensal para determinados itens a cada mês,
sem necessidade de paralisação do serviço, possibilitando a análise Causas Individuais
das causas e diferenças e, portanto, um melhor controle (CHIAVE- - Diretores Improvisados: inseguros ou incapazes de inovar,
NATO, 1991). sem condições de manter um diálogo adequado com a área fim.
No SE para que o enfermeiro possa ter um controle mais efeti- - Funcionários desmotivados: sem compromisso com a institui-
vo, o inventário pode ser realizado, através da verificação semanal ção. Seu principal objetivo é a manutenção do emprego.
e de necessidade de manutenção dos materiais e equipamentos A administração de materiais, equipada de tecnologia adequa-
(GAMA, 1998). da, poderá evitar, em parte, a falta de materiais, porém essa ação
Existem dois tipos de manutenção: a preventiva que é reali- isolada não é suficiente sem a eliminação das causas. A administra-
zada periodicamente nos equipamentos com o objetivo de se de- ção de materiais isoladamente não é capaz de evitar as faltas.
tectar e evitar que o mesmo venha a apresentar defeitos ou mau
funcionamento e a reparadora que é realizada após o aparelho ter Apêndice
apresentado algum problema tendo como objetivo restaurar, corri- Para a elaboração de um catálogo de materiais, devem-se se-
gindo o defeito apresentado pelo mesmo (CASTILHO; LEITE 1991). guir os seguintes passos:
- Obter apoio técnico e político para seu uso.
Gestão de Recursos Materiais - Criar um grupo responsável pela padronização de materiais,
O Objetivo Básico da Administração de Materiais consiste em ligado ao nível político da organização e cujos membros sejam res-
colocar os recursos necessários ao processo produtivo com qualida- peitados pelos seus conhecimentos técnicos e tenham capacidade
de, em quantidades adequadas, no tempo correto e com o menor de diálogo com seus pares.
custo. Materiais são produtos que podem ser armazenados ou que - Obter informações a respeito da morbidade prevalente, da
serão consumidos imediatamente após a sua chegada. complexidade da rede, dos materiais utilizados, das características
Baseado nesse conceito, estão excluídos os materiais consi- de demanda e do modelo assistencial, da capacitação profissional
derados permanentes, como equipamentos médico-hospitalares, do pessoal da área de saúde, das características do mercado forne-
mobiliário, veículos e semelhantes, e incluídos, portanto, os demais cedor; avaliar catálogos de organizações semelhantes e dos even-
produtos, como medicamentos, alimentos, material de escritório, tuais problemas de logística.
de limpeza, de conservação e reparos, de uso cirúrgico, de radiolo- - Decidir a estrutura do catálogo, os critérios de seleção, a clas-
gia, de laboratório, reagentes químicos, vidraria, etc. sificação e a codificação dos produtos, bem como a classificação por
nível de uso.
Falta de Material - Selecionar os materiais.
O diagnóstico inadequado leva a uma ação que não produzi- - Definir os níveis de utilização dos itens.
rá os efeitos desejados. As causas da falta de materiais podem ser - Difundir o catálogo.
identificadas em três diferentes grupos: - Divulgar normas de utilização do catálogo.
- Atualizar o catálogo conforme a necessidade.
Causas Estruturais - Revisar o catálogo periodicamente.
- Falta de prioridade política para o setor: baixos investimentos,
baixos salários, corrupção, serviços de baixa qualidade, etc.
- Clientelismo político: diretores incompetentes, fixação de
prioridades sem a participação da sociedade, favorecimentos, etc.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Subsistema de Controle Assim, se um hospital consome 200 caixas de seringas de 10


Suas funções são gestão e valoração de estoques. Utiliza como ml por mês e possui um estoque médio de 400 caixas, o giro desse
entradas do processo as normas contábeis da organização para de- item será 0,5. Isso significa que o estoque do produto girou meia
terminar o valor dos estoques, os objetivos definidos em relação vez em um mês.
aos níveis de estoques a serem mantidos, os catálogos existentes, O inverso do giro (ou antigiro) indica o número de períodos ne-
as relações de entrada e saída de materiais. cessários para o consumo do estoque. No caso acima, dois perío-
O ideal é a existência de áreas distintas para compras e arma- dos, que equivalem a dois meses.
zenamento. Essa medida permite um duplo controle dos estoques Valores elevados de giro indicam a necessidade de compras fre-
existentes, além do controle físico financeiro. quentes; por outro lado, valores baixos revelam um volume elevado
de estoque e, portanto, grandes valores monetários imobilizados.
Valoração de Estoques A monitoração de preços e quantidades adquiridas são ferra-
Determinar o valor dos estoques é uma tarefa que depende de mentas importantes para o administrador de materiais. O estudo
vários fatores, e existem diversos métodos para sua execução. Ao desses parâmetros fornece indicações acerca de variações percen-
analisar-se o custo de um produto na entrada do estoque, devemos tuais de preços em determinado período, variações de quantidades
considerar todos os valores envolvidos na sua aquisição, que vão em estoque ou aumento de consumo.
além do simples custo do produto em si. Devem ser observados os
gastos com fretes, seguros e impostos, que afetam enormemente o Apêndice
custo do material em estoque. A definição do momento da compra depende do modelo ado-
Por essa razão, prefere-se determinar o valor do produto na tado para a renovação dos estoques. Assim, como foi visto, pode-se
saída do estoque, e há três possibilidades de fazê-lo: comprar quando o estoque chega ao ponto considerado mínimo ou
1. Método PEPS ou FIFO (FIRST IN FIRST OUT): o primeiro a en- aguarda-se o período preestabelecido para que seja feita a avalia-
trar é o primeiro a sair do estoque. Esse método proporciona maior ção dos estoques. Um sistema híbrido utiliza períodos de revisão
lucro para a empresa. associados ao conceito de estoques mínimos, e as compras serão
2. Método UEPS ou LIFO (LAST IN FIRST OUT): o último a entrar feitas ao se atingir o prazo de renovação ou o estoque mínimo. Os
é o primeiro a sair. A empresa registra menor lucro contábil. modelos citados indicam as quantidades a serem adquiridas no mo-
3. Método do Custo Médio Ponderado: fornece um resulta- mento do pedido.
do mais real. Cada método apresenta vantagens e desvantagens. As quantidades a serem compradas podem ser dimensionadas
A escolha depende dos objetivos de cada empresa. No Brasil, a Lei também por outros métodos. Entre os mais utilizados, está o cha-
4.320/69, em seu art. 106, determina que os órgãos públicos façam mado lote econômico de compra, que busca reduzir os custos de
uso do custo médio ponderado. obtenção e de posse do material. A expressão matemática utilizada
Indicadores de Gestão para o cálculo do LEC é:
A literatura apresenta vários dados que funcionam como indi-
cadores da gestão de materiais. Alguns deles são citados a seguir: LEC = 2 x C1 x b , em que C2 x I
- Porcentagem de funcionários de compras: no máximo, 2% do
total de funcionários do hospital. C1 = custos envolvidos na aquisição, tais como custo do pessoal
- Número de compras por comprador ao mês: aproximadamen- de compras, custo de editais, publicidade, etc.;
te 200 aquisições por comprador/mês. b = demanda média anual prevista para o item (em unidades);
- Custo de um pedido: divide-se o custo do setor de compras C2 = custo unitário final do item;
pelo número total de aquisições efetuadas no período. O resultado I = taxa (e, portanto, um valor percentual) que exprime o custo
não deve ser superior a 10 dólares. de manutenção do estoque.
- Nível de serviço: é uma relação expressa em porcentagem - Nessa taxa encontram-se os custos de seguro, juros sobre o
divisão do número total de pedidos atendidos pelo número de soli- material imobilizado, custo do espaço físico, etc.
citações recebidas, multiplicada por 100. O ideal é que essa relação Exemplo: se o custo de aquisição de um item (C1) é 6 dólares; a
seja o mais próximo de 100%. demanda média anual (b) é de 800 unidades; o custo unitário final
- Tempo médio de abastecimento: o tempo decorrido entre a (C2) é de 10 dólares, e o custo de manutenção do estoque é 30%, o
solicitação de compra e a entrega do produto. É importante que se lote econômico de compra será:
monitore esse período, o que pode ser feito por amostragem.
- Giro de estoque ou rotatividade: um indicador que reflete o LEC = 2 x 6 x 800
número de vezes que o estoque roda em um determinado período. 10 x 0,3
A expressão matemática para calculá-lo é: Efetuando-se os cálculos, chegamos a um valor de LEC = 57 uni-
dades.
Giro =Consumo no período (em unidades) Existem outros índices que podem ser calculados para auxiliar
Estoque médio no período (em unidades) a realizar a melhor compra. Tais fórmulas de cálculo são encontra-
das na literatura especializada.
Consumo no Período (em Unidades)
O dado referente ao estoque médio de um determinado item Subsistema de Compras
é obtido calculando-se a média dos estoques diários do produto no A venda de materiais por uma empresa pública é feita seguin-
período considerado. Uma forma simplificada de cálculo substitui o do-se determinados princípios legais. Tal venda é desempenhada
estoque médio do período pelo número de unidades em estoque pela função de alienação de materiais e a frequência com que ocor-
no último dia do período considerado. re é muito baixa.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A razão para que não existam muitos casos de alienação reside - Igualdade entre os Licitantes
no fato de que a atividade de compra e venda com características O processo não pode conter cláusulas que possam favorecer
comerciais não é objetivo principal de órgãos públicos e é, portanto, ou eliminar determinados fornecedores, desde que qualificados, e
uma ocorrência fortuita. Importa saber que a função existe e per- o tratamento dispensado aos participantes deve ser igual. Convém
mite a transferência de um bem (ou serviço) público para terceiros. lembrar que é permitido estabelecer critérios mínimos para que um
Por outro lado, a função de aquisição reveste-se de características fornecedor participe do processo. Esses critérios visam garantir o
próprias do setor público. cumprimento do contrato, e não estabelecer diferenças de trata-
Comprar é buscar o atendimento às necessidades de produtos mento entre os proponentes.
(ou serviços), conforme os requisitos de qualidade estabelecidos
pelo processo produtivo, no tempo correto, com os melhores pre- - Sigilo na Apresentação de Propostas
ços e condições de pagamento. A organização é responsável pela manutenção do sigilo das
Cada organização, seja pública, seja privada, realiza essa função propostas até o momento da abertura delas. A quebra do sigilo
segundo as normas internas, quase sempre controlada pela admi- promoverá desigualdade entre os participantes, ferindo o princípio
nistração superior. Nas empresas particulares, dependendo de sua acima.
complexidade, existem diferentes graus de controle do processo de
compra, diversos graus de complexidade e instâncias do processo. -Vinculação ao Edital
Em empresas públicas, as normas estão estabelecidas em dis- O edital serve para mostrar aos participantes os bens, serviços
positivos legais, cuja complexidade varia conforme o valor do com- ou produtos que serão adquiridos e as regras utilizadas durante o
promisso financeiro envolvido. processo. Estas não podem ser alteradas durante o certame, assim
Denomina-se licitação o processo formal de aquisição executa- como não devem ser elaborados contratos para aquisição de itens
do por órgãos públicos, desenvolvido conforme os preceitos esta- diferentes daqueles estabelecidos ao início dos trabalhos e consig-
belecidos para tal fim, com o objetivo de atender às necessidades nados no edital. Vale dizer que, no caso de materiais de consumo,
da organização quanto à compra de produtos, bens ou serviços des- a descrição dos produtos, em geral, reproduz a especificação do
tinados ao processo produtivo. As licitações no Brasil estão regula- material, sendo esta mais uma razão para que se tenha cuidado ao
mentadas pela Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, atualizada pelas elaborar a descrição dos produtos, conforme foi ressaltado quando
leis 8.883 de 8 de junho de 1994 e 9.648 de 27 de maio de 1998. se abordou a função de normalização.
Todo administrador público deve necessariamente tê-las, lê-las e
conhecê-las. -Julgamento Objetivo
O julgamento das propostas deve ser feito com base em crité-
As entradas principais do sistema são a legislação (princípios da rios objetivos, se possível mensuráveis, observando-se a qualidade,
licitação), o mercado, as empresas assemelhadas (verificar como, o rendimento do produto, os preços, os prazos de pagamento e en-
de quem, a que preço estão comprando instituições semelhantes), trega, e outros que possam ser solicitados, integrantes do edital,
solicitações fora do catálogo, relatórios de movimentação de esto- sendo vedada a introdução de parâmetros arbitrários e não consig-
que, catálogo de especificações. nados no edital. Aqui também será possível verificar a importância
Licitação de uma especificação correta.
A lei recomenda que se dê prioridade ao critério de menor pre-
1. Princípios da Licitação ço quando do julgamento das propostas. Pode-se dizer que a espe-
As licitações possuem determinados princípios básicos que de- cificação feita com cuidado levará à aquisição do material correto
vem ser observados para que ao final do processo este seja válido e ao menor preço. Opiniões técnicas devem ser solicitadas sempre
atenda aos objetivos da compra (ver definição acima). que necessário, convocando-se os usuários para que participem da
tomada de decisão.
- Procedimento Formal
Os regulamentos internos das organizações tratam de estabe- - Adjudicação Compulsória
lecer as regras que nortearão as relações entre os licitantes e a ad- A adjudicação é um ato do processo em que a organização de-
ministração, adequando o processo licitatório aos diplomas legais fine que o vencedor da licitação vai fornecer o produto. Um proce-
obrigatórios. O estabelecimento de regras claras, sem aumento da dimento licitatório sem vícios gera, após o julgamento, o direito de
burocracia, e o cumprimento da legislação são os objetivos a serem o vencedor estabelecer o contrato com a instituição. Só se admite
perseguidos no momento da definição do regulamento interno. que seja adjudicado a quem perdeu nos casos em que o vencedor
Considerando-se que a licitação, por definição, é um processo não puder fornecer, seja por desistência expressa, seja por outros
público, não se pode imaginar que os diversos passos de seu de- casos previstos na legislação.
senvolvimento não o sejam. Não existe licitação secreta. A todos os
interessados deve ser garantido o acesso a informações, desde que 2. As Fases do Processo Licitatório
cumpridas as formalidades exigidas por lei. A publicidade dos atos
licitatórios varia conforme o tipo de processo e sua importância, - Requisição de Compra e Abertura do Processo
podendo ser apenas uma publicação interna ou efetuada por um Para que se inicie um procedimento de compra, há a necessi-
meio de divulgação de grande alcance. dade de uma requisição de compra. Sua emissão ocorre de forma
automática quando existe um sistema eletrônico, ou é gerada ma-
nualmente na ausência deste. O momento da emissão da requisição
depende do modelo de gestão de estoques adotado. A requisição
de compra é o documento inicial para a montagem do processo.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Autorização de Compra e Reserva de Verba Essa é a fase de qualificação. Definidos os participantes, a co-
Uma vez tomadas as providências preliminares, o processo é missão designada para efetuar o julgamento poderá solicitar de es-
remetido à autoridade maior da organização que detém a compe- pecialistas um laudo técnico que auxilie o julgamento das propostas
tência para aprovar a despesa. apresentadas.
Após essa etapa, o responsável pela área financeira tem a obri- Deve-se ressaltar que esse passo não é obrigatório. Sempre
gação de reservar o recurso para efetuar a aquisição. Definição da que a comissão tenha segurança e conhecimento para emitir o seu
modalidade, edital e convocação de fornecedores o edital é peça julgamento, deve fazê-lo, só recorrendo ao parecer para esclare-
fundamental em um processo de compra (ver Princípios da licita- cimento dos casos que suscitem dúvidas. O julgamento é tornado
ção). público e formalizado mediante a adjudicação

Deve Conter de Forma Clara: -Recurso


- Descrição do objeto a ser adquirido; O recurso pode ser interposto até cinco dias após o ato que o
- Informações sobre prazos e condições do processo licitatório; motivou. Tão logo seja recebido, os demais participantes devem ser
- Solicitação de garantias; notificados da existência do fato.
- Forma de pagamento e reajustes, se for o caso; O recurso deve ser dirigido à autoridade superior por intermé-
- Solicitação de descrição das condições especiais para o rece- dio da autoridade que praticou o ato que gerou o recurso proposto.
bimento dos produtos;
- Critérios para que o fornecedor participe da licitação; - Homologação e Contrato
- Critérios a serem utilizados no julgamento; A homologação só pode ser feita após decorrido o prazo legal
- Informações gerais a respeito do processo em questão; para a apresentação de recursos contra a adjudicação. É um ato da
- Indicações específicas, quando necessário; autoridade superior da instituição e na prática significa a autoriza-
- Normas internas da organização. ção para que o proponente ao qual foi adjudicado o fornecimento
possa, finalmente, celebrar o contrato com a entidade compradora
Em geral, a área de compras responde pelos dados referentes do produto, bem ou serviço.
à estimativa de preços, além de inserir no processo as normas que O setor administrativo recebe o processo devidamente homo-
o regerão, bem como o regulamento interno de licitações. A Instru- logado, procedendo à confecção do contrato e cuidando dos passos
ção Normativa nº 18/1997 do Ministério da Administração Federal para sua assinatura. Somente após esse procedimento é que será
e Reforma do Estado, publicada no Diário Oficial de 29 de dezembro emitido o empenho, com a autorização para a entrega do material
de 1997, disciplina a contratação de serviços de vigilância e limpeza. ou a prestação do serviço. No caso de compras, a lei define as hi-
O HCFMUSP coloca em seus editais de registro de preços para póteses em que há a obrigatoriedade do contrato; do contrário, o
aquisição de medicamentos alguns itens importantes, como a apre- empenho é considerado documento equivalente.
sentação pelos licitantes de: “Carta de credenciamento expedida
pelo fabricante, garantindo qualitativa e quantitativamente o for- 3. O Fornecedor
necimento, quando a proposta for apresentada por representante Segundo a legislação, as empresas que participam de determi-
ou distribuidor.” nadas modalidades de licitação devem apresentar documentos que
“O não cumprimento desta exigência obrigará o fornecedor a forneçam provas da capacidade jurídica e de regularidade fiscal da
apresentar em no máximo 72 (setenta e duas) horas o documento empresa. Os primeiros são documentos que toda empresa legal-
solicitado, sob pena de desclassificação do item cotado.” mente estabelecida possui. Os demais servem para comprovar que
“Se necessário, poderá ser solicitado às empresas participantes a empresa cumpre as obrigações fiscais.
a apresentação de trabalhos clínicos científicos, nacionais ou inter- Dependendo dos valores do contrato, os dispositivos legais
nacionais, a respeito do princípio ativo produzido pelo laboratório.” podem requerer que o fornecedor demonstre sua idoneidade fi-
nanceira. Podem ser solicitados também atestados que contenham
- Recebimento de Propostas informações acerca de desempenho no fornecimento de produtos,
A modalidade escolhida depende dos valores envolvidos. A le- bens ou serviços semelhantes a outras instituições. É a chamada
gislação define para cada modalidade o prazo durante o qual pode- capacitação técnica.
rá ser feito o recebimento de propostas por meio de protocolo geral Cabe à organização executar ações para aumentar as possibi-
da instituição. Decorrido esse tempo, pode-se proceder à abertura lidades de fornecimento por meio da manutenção de um cadastro
delas. atualizado de fornecedores, com anotações de eventuais ocorrên-
cias e avaliações.
- Abertura, Qualificação, Opinião Técnica, Julgamento e Ad- Quando houver falhas por parte do fornecedor, deve-se aplicar
judicação as penalidades previstas. Para tal aplicação, é importante que haja
Em geral, as aberturas são marcadas com antecedência, de registro formal das falhas atribuídas ao fornecedor. Por outro lado,
acordo com os prazos legais. A abertura é feita por funcionários a organização deve manter as suas obrigações em dia para com os
designados para tal finalidade, em local claramente identificado no fornecedores, se quiser conservá-los.
edital. Após a abertura, os fornecedores que cumpriram as exigên-
cias do edital continuam a participar do processo e aqueles que não
o fizeram são excluídos.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

4. Revogação e Anulação - Concorrência


No transcurso de um procedimento licitatório podem ocorrer Usada para contratos de maior valor. Podem participar pro-
atos que o embarguem, parcial (alguns itens) ou totalmente. Tanto ponentes cadastrados ou não, desde que atendam aos requisitos
a REVOGAÇÃO quanto a ANULAÇÃO levam ao mesmo resultado, ou solicitados pelo edital para a qualificação dos participantes. Inde-
seja, a suspensão do trâmite; porém, existem diferenças entre os pendentemente dos valores envolvidos, é obrigatório seu uso para
dois conceitos. os casos de alienação (venda) de bens imóveis, concessão de direito
A REVOGAÇÃO é um ato que a administração pode tomar no de uso, obras públicas e para o registro de preços. A publicidade é
interesse público, desde que justifique devidamente a sua necessi- feita com antecedência de trinta dias em jornal de grande circula-
dade. Assim, é possível revogar determinados itens ou mesmo todo ção e no Diário Oficial.
o processo. Suponhamos que determinado item de consumo regu-
lar, específico para certo procedimento, esteja sendo adquirido pela - Leilão
emissão de um pedido de suprimento regular. Ocorre com a participação de qualquer interessado na aquisi-
Durante a tramitação do processo, ocorre uma decisão de ção dos bens móveis que não servem mais à administração. Seu
transferir tal tipo de serviço para outra instituição. Nesse caso, é prazo de publicação é de quinze dias anteriores à data estipulada
aplicável a revogação, que se justifica pela alteração do perfil de para o evento.
atendimento. Enquanto a revogação é uma medida que pode ser
tomada visando ao interesse da administração, a ANULAÇÃO cons- - Concurso
titui, na realidade, um dever do administrador. É a forma disposta para escolher um trabalho artístico,
Caso não o faça, haverá a possibilidade de que o Judiciário científico ou semelhantes.
tome essa providência. A anulação é determinada por alguma ile- Podem participar quaisquer interessados. São instituídos prê-
galidade existente no processo que obriga a sua interrupção. mios aos vencedores que atendam aos critérios estipulados no edi-
tal. O edital deve ser publicado com antecedência de 45 dias.
5. Julgamento Considerando-se a situação de estabilidade econômica, mere-
É o ato que seleciona a proposta mais vantajosa, que atenda aos ce um detalhamento maior a modalidade de concorrência median-
critérios especificados no edital, e fatores a serem considerados. te o registro de preços. Ao final deste capítulo há um modelo de
O parecer técnico, quando solicitado, pode ser referido como proposta de edital com comentários e outro de contrato.
elemento levado em consideração para a escolha da proposta
vencedora. - Pregão
Entre os fatores que podem ser comparados para o julgamento O pregão é uma modalidade de licitação de uso exclusivo da
e que devem constar do edital podem-se citar: qualidade, rendi- Administração Pública Federal. Os editais são publicados na inter-
mento, preços, condições de pagamento, prazos, etc. net e, dependendo dos valores envolvidos, na imprensa oficial e
Na licitação do tipo “menor preço”, esse critério deve prevale- jornais de grande circulação. Pode ser usado para qualquer valor
cer sobre os demais. estimado de contratação.
Nos casos de melhor técnica e preço, há a necessidade de apre- As propostas são entregues à Comissão de Licitação. A de me-
sentação de cada uma dessas propostas em envelopes separados nor preço e as ofertas até 10% acima dela são selecionadas para os
para que se proceda à qualificação técnica antes do julgamento fi- lances verbais.
nal.
6. Modalidades de Licitação
As modalidades de licitação, como foi visto anteriormente, são SUPERVISÃO EM ENFERMAGEM.
definidas pelos limites de valores fixados pela legislação. Torna-se
importante, portanto, a pesquisa de preços tanto para reservar-se
a verba (compromisso) quanto para definição da modalidade a ser O processo de supervisão tem a finalidade de construir um
adotada. caráter educativo e contínuo. Destarte, pode-se perceber que o
supervisor assume uma postura na qual as principais ações são a
- Convite motivação, orientação e instrução dos trabalhos que são exercidos
Modalidade utilizada para valores menores, em que os prazos pela equipe a qual está responsável. Assim sendo, esta equipe deve
de recebimento das propostas são menores (cinco dias). É um expe- respeitar e executar as normatizações estabelecidas contribuindo
diente mais ágil que permite a contratação de fornecedores cadas- para que os serviços prestados sejam realizados de forma adequada
trados ou não. O convite é válido desde que sejam apresentadas no e com excelência.
mínimo três propostas lícitas. Deste modo, a supervisão possui um aspecto administrativo, no
qual é considerado não apenas o serviço, mas os recursos humanos
- Tomada de Preços que irão viabilizar atividade, passando a oferecer boas condições de
Nessa modalidade só podem participar fornecedores devida- trabalho. É essencial que o supervisor possua saberes técnicos, que
mente cadastrados, podendo fazê-lo até três dias antes da data es- facilitem o relacionamento interpessoal da equipe, podendo esta-
tipulada para o recebimento das propostas. As tomadas de preços belecer uma ferramenta de identificação de necessidades e priori-
devem ser publicadas em órgãos da imprensa oficial de modo resu- dades para executar as ações propostas.
mido, com indicação do local onde o edital completo pode ser ob-
tido. As propostas podem ser entregues num prazo de quinze dias
após a data da publicação.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim, a supervisão deve ser primordialmente utilizada como no artigo 13º do Decreto que as atividades referidas nos artigos 10º
instrumento para o controle e organização daquilo que denomina- e 11º, relacionadas ao técnico de enfermagem e auxiliar de enfer-
mos processo de trabalho, possuindo um caráter multiprofissional, magem somente poderão ser desenvolvidas sob supervisão do en-
no qual propicie a realização de ações mais completas. fermeiro.
Consoante o exposto, é essencial que todas as áreas façam usu- Para o desenvolvimento da supervisão, o profissional de enfer-
fruto ou estejam atentos à possibilidade de utilização desta estraté- magem dispõe de ferramentas como: dados estatísticos, relatórios
gia administrativa a fim de aperfeiçoar o modelo de trabalho a ser de serviço, fichas de clientes (avaliação e acompanhamento), ma-
adotada no serviço. nuais, rotinas, mapas e roteiros.
Na enfermagem, esse processo visa melhorar a qualidade da Para que o Enfermeiro, enquanto profissional de saúde, possa
assistência estimulando o desenvolvimento do trabalho além de desenvolver atividades de supervisão, faz-se necessário domínio de
permitir a satisfação pessoal e profissional de quem realiza estas habilidades técnicas (observação, orientação e avaliação das técni-
atividades. É preciso compreender a supervisão como um processo cas de assistência) e administrativas (planejamento, organização,
administrativo essencial para o enfermeiro gestor, sendo impres- coordenação, direção e controle), caso contrário, será mais difícil
cindível para melhorar a qualidade da assistência, estimulando o cumprir os objetivos da supervisão.
desenvolvimento do trabalho e o bem-estar do pessoal. Nesse sentido, o processo de supervisão realizado pelo enfer-
A supervisão em enfermagem compreende a capacidade que meiro envolve as etapas de planejamento, organização, direção e
estes profissionais devem ter em avaliar o desempenho da equi- controle do trabalho desenvolvido por toda equipe de enfermagem.
pe e coordenar os trabalhos advindos da assistência de saúde, que A implementação da supervisão torna-se apropriada quando se
mediante a elaboração de etapas e instrumentos adequados são adapta à realidade local por meio de uma política institucional que
primordiais para realização destas atividades. O profissional é res- auxilia o supervisor no alcance de metas e padrões de atendimento.
ponsável pela avaliação do desempenho da equipe de enfermagem, Também constitui uma responsabilidade do supervisor incentivar a
portanto, o mesmo deve estar capacitado para desenvolver este equipe a participar da organização e produção dos serviços de saú-
trabalho. de de maneira que as reais dificuldades do usuário sejam sanadas. É
Por conseguinte, pode-se afirmar que o principal interesse da exigido da equipe de saúde um posicionamento ético e profissional
supervisão é estimular as pessoas a trabalharem com prazer atra- visando uma assistência integral e humanizada.
vés de processos educativos de caráter coletivo que objetivam Para que o trabalho transcorra de forma organizada é impor-
melhorar os conceitos acerca da importância da atuação de cada tante dedicação e atenção no processo comunicativo, seja por meio
profissional que compõe a equipe de trabalho. Dessa maneira, a de expressão oral ou escrita, o que permitirá o alcance de melhores
supervisão é implementada pela direção ou chefia e compreende a respostas do ponto de vista do atendimento às necessidades e da
motivação e o desempenho máximo dos profissionais, criando um repercussão social.
ambiente favorável para a liderança. Os enfermeiros responsáveis pela direção da equipe devem
O processo de supervisão do enfermeiro, visto como instru- promover técnicas que estabeleçam comunicação, educação e rela-
mento gerencial, ancora-se em normas e diretrizes preconizados ções interpessoais para que as metas estabelecidas pela instituição
pelo Ministério da Saúde (MS), orientando o tratamento oferecido possam ser alcançadas de forma coerente. Portanto, seja qual for o
nos serviços de Atenção Primária, Secundária e Terciária conduzin- propósito da instituição, o supervisor deve gerar metas para que os
do a prática da supervisão à qualidade dos serviços que são ofereci- objetivos sejam conseguidos e que o desempenho da equipe pro-
dos à comunidade, além de pontuar questionamentos que inserem mova a satisfação dos profissionais no trabalho que realizam.
a importância da avaliação de desempenho, dinâmica organizacio- Algumas dificuldades são encontradas em meio ao desenvol-
nal e aperfeiçoamento dos profissionais da saúde. vimento da supervisão, neles estão inclusos a filosofia, política de
Dessa maneira, estas ações administrativas envolvem orienta- trabalho, inadequação de recursos humanos, materiais, físicos e
ção continuada, a qual possibilita o desenvolvimento e capacitação financeiros, despreparo dos enfermeiros e falha no planejamento.
dos profissionais para realização dos serviços de saúde. O supervi- O processo de supervisão deve ser contínuo, pois permite mo-
sor traz medidas importantes para os processos de trabalho no âm- tivação e orientação para os supervisionados possibilitando esta-
bito hospitalar, permitindo assim, que as atividades aconteçam de bilidade da qualidade dos serviços oferecidos. Dessa forma, esse
forma dinâmica e idealmente preconizada perante a missão que foi processo é responsável pelo bom funcionamento das atividades
estabelecida pela instituição. Perante isto, observamos a relevância dentro de uma instituição através da motivação dos profissionais e
da implantação do processo de supervisão não somente na insti- do desencadeamento de ações que proporcionam uma rotina favo-
tuição hospitalar, mas em todas as áreas administrativas de saúde. rável aos trabalhadores e aos usuários do serviço.
O processo de supervisão pode ser definido como instrumento
que qualifica a enfermagem por meio do estímulo de cada profis- Processo de Supervisão e Instrução dos Auxiliares de Enfer-
sional aperfeiçoando os cuidados prestados aos indivíduos e não magem e Agentes Comunitários de Saúde
apenas como uma inspeção ou até mesmo vigilância, como muitos
profissionais acreditam ser. A supervisão deve ser vista como um A educação permanente dos profissionais de saúde vem ga-
método para ajudar o processo de trabalho dos indivíduos, pois, a nhando cada vez mais relevância no país, fato decorrente das de-
partir disso, os supervisores podem observar e orientar a equipe, mandas efetivas geradas com a consolidação do Sistema Único de
tentando manter a estima dos profissionais bem como a sua satis- Saúde (SUS) e a partir do redesenho oriundo da Reforma da Educa-
fação. ção Brasileira. As mudanças ocorridas na saúde pública nos últimos
Perante o aspecto legislativo, a supervisão do enfermeiro é anos no Brasil, com forte descentralização dos serviços e desloca-
respaldada pelo Decreto de Lei 94.406/87 que regulamenta a Lei mento da responsabilidade de execução e oferta da atenção à saú-
7.498/86 do Exercício Profissional da Enfermagem, a qual afirma
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de para o nível local, apoiada na reorientação do modelo assisten- Com este novo dimensionamento em relação às realidades lo-
cial, obrigatoriamente forçam mudanças no processo de formação cais, o PROFAE estendeu sua atuação ao oferecer seus cursos de
dos profissionais de saúde. forma descentralizada, ofertando turmas em 2.617 municípios bra-
A formação de recursos humanos é uma questão estratégica sileiros, atendendo trabalhadores oriundos de 5.077 municípios e,
não só no Brasil, mas em países que tem uma política voltada para com isso, se aproximando o máximo possível do trabalhador a ser
processos de formação vinculada às necessidades apontadas pelo qualificado.
sistema de saúde, que exige profissionais com capacidade de atuar Para o desenvolvimento das classes descentralizadas o proje-
nos diferentes subsetores, áreas e serviços, de forma a contribuir to estabeleceu parcerias com os gestores do SUS, no nível federal,
para promover a melhoria dos indicadores sociais e de saúde, em estadual e municipal, buscando condições para a implementação
qualquer nível do Sistema. das turmas nos municípios e, também, com os sistemas estaduais
Neste cenário de transformações, no ano 2000, é criado o Pro- de regulação da educação para que reconhecessem o espaço extra-
jeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área da Enferma- muros da escola, como espaços passíveis de desenvolvimento de
gem (PROFAE) como uma estratégia do Ministério da Saúde para processo educativos.
melhorar a qualidade da assistência prestada pelos trabalhadores
de enfermagem nas unidades do Sistema Único de Saúde. Qualificação Profissional
Três fatores foram decisivos para que a implementação do PRO- A busca pela qualidade na atenção à saúde formação dos re-
FAE fosse reconhecida, no circuito acadêmico e de serviços, como cursos humanos do SUS, em sintonia com os princípios e as dire-
uma iniciativa de grande significado social: falta de qualificação trizes assegurados constitucionalmente, expressa, historicamente,
dos trabalhadores que atuavam nos múltiplos espaços e ações de um dos principais desafios no campo da saúde pública, sendo um
Saúde, no campo da Enfermagem, risco de desemprego em conse- destes a formação profissional que atenda às necessidades do SUS.
quência do exercício ilegal da profissão e o risco a que a população Existe um grande leque de frentes de trabalho nas unidades bá-
estava submetida pela baixa qualidade das ações desempenhadas sicas de saúde e unidades de média e alta complexidade. Este cená-
por estes trabalhadores. rio crescente, principalmente na última década, coloca na agenda
Foi desenvolvido com recursos oriundos de empréstimo jun- das políticas públicas a certeza de que é preciso atuar na formação
to ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Tesouro profissional.
Nacional e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A Unesco, Or- O PROFAE faz parte deste mosaico de ações na área da forma-
ganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, ção dos trabalhadores de nível médio no universo de profissionais
oferece suporte e cooperação técnica como agência de cooperação inseridos nos serviços de saúde, na qualificação do quadro de do-
internacional. centes envolvidos no processo e, também, incentivando a articula-
ção das escolas com os gestores do SUS para o atendimento de suas
Metas do profae acordadas com o bid demandas.
- Qualificação de 180 mil Auxiliares de Enfermagem dos 225 mil O Ministério da Saúde com o estabelecimento desta política
trabalhadores cadastrados; incorporou definitivamente a formação profissional à sua pauta de
- Formação de 72 mil Técnicos em Enfermagem dos 90 mil Au- prioridades, sendo o PROFAE um bom exemplo de implementação
xiliares de Enfermagem cadastrados; dessa estratégia de descentralização estabelecida pelo SUS.
- Formação Pedagógica de 12 mil enfermeiros para atuar como O modelo operacional adotado incluiu uma gestão centraliza-
docentes dos cursos de educação profissional; da, com execução descentralizada, além das outras estruturas de
- Fortalecimento e modernização de Escolas Técnicas do SUS e gerenciamento também descentralizadas. Esse desenho de gestão
apoio à criação de novas Escolas. buscou garantir qualidade aos cursos, com reflexos significativos na
Técnicas humanização e qualificação da assistência à saúde.
- Investimento em estrutura física e equipamentos; Sinal eloquente da importância dos profissionais de enferma-
- Criação de escolas técnicas em 11 estados; gem no Sistema Único de Saúde: a categoria responde por 25,7 %
- Fortalecimento gerencial; do total de 2.180.568 trabalhadores da área de saúde que reúne 45
- Investimento em sistemas de informação. profissões de nível técnico e superior atuantes em todos os níveis
de atenção à saúde.
Implantação de Estações de Trabalho para desenvolvimento de
estudos e pesquisas para Acompanhamento de Sinais de Mercado Enfermeiros: São os principais agentes envolvidos no processo
de Trabalho do Setor Saúde, com foco em Enfermagem. de supervisão do trabalho dos auxiliares e técnicos em enferma-
gem, nos serviços de saúde e no processo de ensino-aprendizagem
Execução nas instituições formadoras de recursos humanos. Exercem um pa-
Envolvimento das três esferas de governo desde a instituição pel de liderança indiscutível.
do Sistema Único de Saúde, em 1988, a descentralização é a palavra
de ordem para os serviços e a gestão do sistema. Este princípio nor- Técnicos em Enfermagem: Formados por escolas profissiona-
teador do SUS é realidade tanto nos grandes centros urbanos como lizantes de ensino médio, os técnicos em enfermagem atuam prin-
nos menores municípios brasileiros. cipalmente nos serviços de saúde de média e alta complexidade.
Este novo paradigma tem gerado necessidades em relação à
profissionalização dos trabalhadores nos inúmeros postos de traba- Auxiliares de Enfermagem: Constituem o esteio de todo o tra-
lho distribuídos pelo país, especialmente na área da atenção básica balho de enfermagem no Brasil. São formados por escolas de edu-
à saúde. cação profissional e são os profissionais que assumem o cuidado
direto ao paciente no dia a dia dos serviços de saúde.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Organização É desta relação, isto é, da violação dos mínimos preceitos ético


- deontológicos que nasce a noção de responsabilidade ética. No
Gerência de Escolarização e Profissionalização plano ético responde pela transgressão dos preceitos estabelecidos
- Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem; no Código de Ética e no plano normativo legal pelo prejuízo causado
- Complementação da Qualificação de Auxiliar de Enfermagem ao cliente. Isto significa que o dever ético de prudência e diligência
para Técnico em Enfermagem; na prestação da assistência à saúde poderá ter consequências tam-
- Complementação do Ensino Fundamental. bém no âmbito normativo legal, independente ou não de absolvi-
ção do respectivo Órgão de Fiscalização Profissional.
Gerência de Fortalecimento Institucional Essa característica é observada em todos os Códigos de ética, a
- Formação Pedagógica de Docentes; começar pela longa anunciação das vedações. A observância do de-
- Sistema de Certificação de Competências; ver de zelo e diligência é evidenciada em todos os preceitos éticos.
- Sistema de Acompanhamento de Sinais de Mercado de Traba-
lho do Setor Saúde, com foco em Enfermagem; A Relação entre Cliente e Profissional2
- Fortalecimento das Escolas Técnicas de Saúde do SUS. É na prática cotidiana em saúde que se integram os elementos
próprios da conduta moral profissional; é onde nos deparamos com
Responsabilidade Profissional1 a finalidade e o sentido da vida humana, obrigações e deveres; e
nos posicionamos acerca do bem e do mal.
A responsabilidade profissional de um modo geral reflete um E mais, é nessa prática que, cotidianamente, nos é imposto de-
sentido jurídico, sentido moral e sentido ético. No âmbito jurídico cidir como devemos viver nossa vida, em relação a nós mesmos e
se fundamenta na responsabilidade civil e penal, no âmbito moral em relação aos outros; e como devemos ser enquanto profissionais
na obrigação natural com base na consciência individual e no terre- de saúde. Por este motivo, não posso finalizar este artigo sem des-
no ético-profissional, encontra a sua lógica na deontologia. Sendo, crever alguns elementos acerca dessa relação.
portanto, esse sistema adotado pelo Código de ética das profissões Numa situação ideal, a relação cliente/profissional deve ser
no campo da saúde, fundamentado na responsabilidade deôntica, compreendida já como um modo de intervenção ou tratamento e
isto é, em um conjunto de deveres e obrigações. não como um mero instrumento de coleta de informações neces-
Embora, essas esferas da responsabilidade sejam autônomas sárias a um diagnóstico X. Enquanto conversam, cliente, familiares
elas se interpenetram. A responsabilidade ética na verdade é sub- e profissional, expõem suas perspectivas acerca de uma situação,
jacente as demais, uma vez que está sempre presente nas infrações concordam, discordam, enfrentam conflitos e aliviam tensões, num
penais e civis. Ou seja, não pode haver uma infração penal ou res- esforço para a fusão de horizontes, a compreensão mútua e a deci-
sarcimento de um dano a vítima sem haver também a falta ética. são compartilhada.
Hoje, parece haver uma maior consciência entre os profissio- No entanto, entre o real e o ideal o caminho é no mínimo lon-
nais da área da saúde que a lógica da ética deontológica sozinha go, senão infinito.
não é mais suficiente para legitimar a prática científica. Há um cha- Uma caracterização de três modos de relação profissional em
mado ao Direito para definir com segurança o que é lícito e o que saúde, denominado de “experiência hermenêutica”, foi encontrada
é ilícito. por um dos autores ao estudar a obra “Verdade e Método”. São
A responsabilidade profissional significa o encargo de assumir eles: objetificação do outro; compreensão precipitada do outro e
o ônus decorrente da violação do dever ético de prudência e dili- abertura para o outro.
gência na prestação da assistência à saúde. É ainda o conhecimento
do que é justo e necessário, não só no sentido ético ou moral, mas Objetificação do Outro
também dentro de um sistema de obrigações e deveres, diante do Neste modo de relação profissional, o outro - Thou - é compre-
que é lícito e devido eticamente. endido de maneira semelhante a eventos ou objetos, às custas da
Quando o médico, o enfermeiro, o dentista ou outro profissio- fé ingênua no método - como recurso neutro; e, na objetividade -
nal atende a um cliente que o procurou, espontaneamente, estabe- verdade objetiva - que pode ser adquirida.
lece-se de imediato uma obrigação contratual tácita inquestionável. O fato é que, independentemente do quão sofisticado possa
Portanto, a responsabilidade é contratual, porque está baseada na ser um método, ele sempre trará um determinado tema à luz de
confiança que inspira no profissional. sua limitada perspectiva, não importando se este método é ou não
A partir deste momento o profissional se obriga a usar de pru- científico. No entanto, uma característica geral da compreensão hu-
dência e diligência na prestação da assistência à saúde visando atin- mana é depender das pressuposições que trazemos conosco quan-
gir um resultado, sem, contudo, se vincular a obrigação de obtê-lo. do tentamos compreender qualquer coisa. Estas pressuposições
É o que se denomina de obrigação de meios. culturais, pessoais - moldadas pela história individual de cada um;
A normatização da responsabilidade ético-disciplinar seguiu e, teóricas - alimentadas pela comunidade científica, constituem o
esse sistema de positivação deontológica nos Códigos de Ética das horizonte no qual nossa compreensão é adquirida e sem o qual não
Profissões liberais, isto é, a inobservância das normas éticas pode poderíamos compreender coisa alguma. Em outras palavras, nossas
também envolver aspectos legais pertinentes as ações impruden- limitadas perspectivas são as condições para nossa compreensão.
tes, negligentes ou imperitas. Dificilmente os profissionais que atu-
am na área da saúde serão penalizados se suas ações não envolve-
rem algumas destas modalidades de culpa.
1 BARBOSA, Antonio Vitor Costa. A responsabilidade civil do médico cirurgião
plástico. Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes Pós-Graduação 2 BUB, Maria Bettina Camargo. Ética e prática profissional em saúde. Texto
“Lato Sensu” Faculdade Integrada Avm. Rio de Janeiro, 2011 contexto - enferm. Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 65-74, Mar. 2005.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

São estas pressuposições que carregamos conosco que nos fa- ensão do outro, de tal forma que sua subjetividade é ocultada. A
zem ter certas antecipações e pré- -julgamentos sobre diferentes única solução é estar consciente do papel que estes fatores têm
aspectos da realidade. Se não estivermos conscientes disto e agir- sobre nossos julgamentos e percepções.
mos irrefletidamente, nós estaremos sendo preconceituosos, no
exato sentido do termo. Abertura para o outro
O perigo das pressuposições teóricas ou metodológicas, quan- A experiência hermenêutica de abertura para o outro é a chave
do comparadas às culturais e pessoais, é que elas não são tão pron- para o bom relacionamento e se desdobra em quatro aspectos de
tamente reconhecidas como tendenciosas ou limitantes. Pelo con- abertura: abertura para si mesmo; abertura para o outro; abertura
trário, há a crença de que um método verdadeiramente científico para a questão-problema; e abertura para a tradição.
não é afetado por preconceitos. Isto é agravado no caso das ciências
humanas, onde a exclusão dos aspectos subjetivos distorce a expe- Abertura para si mesmo
riência hermenêutica, não havendo compreensão dialógica e fusão Esse modo é pré-condição para todos os outros tipos de aber-
de horizontes. tura. É preciso que a pessoa afrouxe os vínculos com seus pre-
Além disso, esse modo de experiência conduz mais facilmente conceitos a fim de estar livre para a experiência, caso contrário, a
à manipulação das pessoas.19 Isto significa que o comportamen- pessoa percebe somente aquilo que confirma suas expectativas e
to dos clientes pode ser facilmente considerado apenas um meio preconceitos.
como qualquer outro para atingir determinados fins. Quando uma pessoa reconhece sua finitude e o fato de que
O conhecimento objetivo é mais uma forma de observação do ele ou ela é dominado por preconceitos, então é alguém que, pe-
que interação e comunicação. Um dos autores afirma que é prová- las muitas experiências que já teve e o conhecimento que adquiriu
vel que seja este o motivo pelo qual os clientes comumente se quei- delas, está bem preparado para ter novas experiências e aprender
xam: “o médico não me escuta”. E complementa, “o médico está com elas. A experiência é um processo dialético de construção e
tão preocupado em fazer predições sobre a pessoa e sua condição desconstrução de expectativas. Quando nossas expectativas são
de saúde - mais doença do que saúde - que o cliente como pessoa frustradas provavelmente nós adquirimos mais experiência, do que
não é levado a sério”. quando elas são confirmadas, pois, neste caso nossas experiências
nos remetem às nossas limitações. O diálogo confrontamos com
A Compreensão Precipitada do outro nossos preconceitos e nos dá uma chance de escapar das conces-
A diferença desse modo de experiência em relação ao anterior sões dogmáticas. E, mais, somente aqueles que são abertos para si
é que o outro - thou - é compreendido como uma pessoa. Neste mesmos podem genuinamente “escutar outras pessoas”.
modo eu reconheço o outro como um semelhante, e a importância Aqui o desafio é conseguir uma abertura suficiente para acei-
de compreendê-lo como um sujeito com necessidades e preferên- tar coisas que são contra as próprias crenças e convicções. Não é
cias que podem ser levadas em consideração e serem respeitadas. possível ter uma aceitável compreensão do outro desconsiderando
O problema como este modo de experiência é que eu procuro o próprio emaranhado de crenças, nem transcender o próprio hori-
absorver o outro de uma forma aparentemente empática, a tal pon- zonte e, muito menos se projetar por inteiro no horizonte do outro.
to, que eu imagino expressar pelo outro melhor que ele mesmo. Só é possível escutar genuinamente o outro quando conseguimos
Esta sobreposição e envolvimento com outro com o propósito de reconhece-lo na sua diferença.
defender os interesses dele ou dela, não é uma forma adequada de Esta experiência pode ser conseguida por meio do diálogo
conseguir uma compreensão mútua. Muito pelo contrário, ao invés aberto com o outro e pode, na melhor das hipóteses, favorecer um
de conduzir à decisão pode constituir-se em uma forma de domina- novo exame das próprias crenças e horizonte particular. É impos-
ção, denominada de paternalismo benevolente. sível compreender totalmente o outro, porque a compreensão é
Esta atitude é considerada mais perigosa do que a indiferença. sempre um processo em movimento.
A manipulação do observador científico pode ser facilmente evita- Compreender o outro é reconhecer a irredutibilidade de sua
da porque ele ou ela não tem interesse nenhum na subjetividade individualidade, e isto é mais um requerimento moral do que uma
do outro. questão de conhecimento.
Ao contrário, o profissional que seduz e tenta prematuramente Numa relação cliente, familiares e profissional de saúde, o que
compreender, procura estabelecer uma forma diferente de autori- deve ser compreendido com o outro é a questão ou o problema
dade que pode fazer com que o outro se torne mais dependente do que temos nas mãos, como por exemplo: decidir se uma determi-
relacionamento. nada cirurgia terá mais benefícios do que malefícios; decidir com o
Isto implica numa interpretação das necessidades e interesses cliente se é melhor manter uma veia puncionada ou se deveríamos
que “são para o bem”; naturalmente conforme a compreensão do realizar duas punções ao dia para administrar um certo medicamen-
profissional. Do ponto de vista hermenêutico, tanto a compreensão to, e assim por diante.
profissional metodológica quanto a precipitada sofrem de limita- O que realmente conta não é o que o profissional tenta proje-
ções semelhantes, pois em ambas o profissional imagina que está tar na mente do cliente, mas o que profissional e cliente focalizam
livre de preconceitos. juntos sobre a questão-problema.
Nos dois modos de experiência, os profissionais são incons-
cientemente dominados por seus preconceitos, o que os impede Abertura para a questão-problema
de se abrir para si e para a outra pessoa. Não há uma reflexão que A chave da experiência desse modo de abertura é deixar-se
conduza a compreensão de que todos nós pertencemos a tradições conduzir, por meio da conversação, pela questão-problema para a
culturais que moldam e alimentam nossas percepções e a compre- qual cliente e profissional estão empenhados em obter uma deci-
são compartilhada. Este fenômeno combina e dá a direção concreta
para a abertura para si e para o outro.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Se cliente e profissional estiverem genuinamente voltados para


a questão-problema, ambos se renderão ao diálogo, num movimen- ENFERMAGEM EM PRONTO-SOCORRO: CONSIDERAÇÕES
to dialético de perguntas e respostas, com a intenção de definir o GERAIS SOBRE PRONTO ATENDIMENTO: A) DEFINIÇÃO
que é mesmo que incomoda o cliente, quais as consequências para DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA; B) PRIORIDADE NO TRATA-
a saúde e para a vida dele ou dela e quais as decisões que podem MENTO; C) PRINCÍPIOS PARA UM ATENDIMENTO DE UR-
ser compartilhadas. O sucesso de tal diálogo é atingir um julgamen- GÊNCIA E EMERGÊNCIA. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
to comum ou um consenso sobre a questão-problema. NAS URGÊNCIAS: A) DO APARELHO RESPIRATÓRIO; B) DO
APARELHO DIGESTIVO; C) DO APARELHO CARDIOVASCU-
Abertura à tradição LAR; D) DO APARELHO LOCOMOTOR E ESQUELÉTICO; E)
“A tradição é essencialmente conservação [...]”, pois dada a li- DO SISTEMA NERVOSO; F) GINECOLÓGICAS E OBSTÉ-
mitação das nossas perspectivas, nós só conseguimos realizar bons TRICAS; G) DOS DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E
julgamentos escutando a voz da tradição cultural. A tradição preser- METABÓLICOS; H) PSIQUIÁTRICAS; I) DO APARELHO
va a sabedoria das gerações. Abrir-se à tradição implica na modu- URINÁRIO
lação da questão-problema pelos significados culturais e históricos,
e, nesse sentido, nós somos radicalmente dependentes da nossa
cultura, uma vez que é ela que nos permite decifrar nossas raízes. Enfermagem em emergência e cuidados intensivos:
Mesmo quando há mudanças radicais na vida de uma pessoa,
como por exemplo aquelas consequentes a um acidente grave ou a. Assistência de enfermagem em situações de urgência e
uma doença como o Infarto Agudo do Miocárdio, as pessoas con- emergência:
servam muito mais do seu modo de vida anterior ao problema de A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve ser
saúde do que o profissional pode imaginar. resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter imedia-
Portanto, abrir-se à tradição é fundamental para que o profis- tista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode ser
sional de saúde compreenda o comportamento dos clientes numa planejada para que este paciente não corra risco de morte.
situação de má-saúde à luz da história e da cultura de cada um, e
considere isto como ponto de partida na abordagem da questão- A emergência é uma situação gravíssima que deve ser tratada
-problema. imediatamente, caso contrário, o paciente vai morrer ou apresenta-
Refletir sobre nosso modo de agir e ser profissional de saúde rá uma sequela irreversível.
requer, por um lado, conhecimento do que precisa ser feito como Neste contexto, a enfermagem participa de todos os processos,
técnica e como arte, e, por outro, conhecer as perspectivas éticas tanto na urgência quanto na emergência. São diversos locais onde
que podem fundamentar a moralidade profissional. os profissionais de enfermagem podem atuar como, por exemplo:
Neste sentido, a compreensão da moralidade como uma ques- • Unidades de atendimento pré-hospitalar;
tão de consulta a razão, pesando os interesses de cada um que será • Unidades de saúde 24 horas;
afetado pela conduta tomada é fundamental. Porém, é preciso evi- • Pronto socorro;
tar cair na ingenuidade acerca do papel da percepção, dos senti- • Unidades de terapia intensiva;
mentos e da tradição na modulação da conduta moral. • Unidades de dor torácica;
Também, é preciso considerar a importante função exercida • Unidade de terapia intensiva neo natal
pela ética principialista na história recente da pesquisa envolvendo • E até mesmo em unidades de internação.
seres humanos e da prática assistencial de saúde, sem esquecer que
ela não é abrangente o suficiente para dar conta da complexidade Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e prepa-
da moralidade do cotidiano profissional em saúde, nem mesmo rados para atuarem em situações de urgência e emergência, pois a
quando agregamos outros conceitos como tolerância, equidade, capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento teórico e
solidariedade e responsabilidade, pois sabemos que um aparato prático, irão fazer a diferença no momento crucial do atendimento
conceitual nos ajuda a agir de acordo com o pensamento crítico, ao paciente.
mas também temos consciência de que ele por si só não substitui a Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando
inteligência crítica e a ação virtuosa. ocorre a situação de emergência, o que vemos são profissionais
Finalmente, gostaria de reforçar a valiosa contribuição da expe- correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificulda-
riência hermenêutica de abertura para o outro como possibilidade des para atender o paciente e ainda com medo de aproximar-se da
de melhoramento da conduta moral nos relacionamentos profissio- situação.
nais, considerando igualmente todos os modos de abertura. Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capacitada
Porém, não posso deixar de destacar a abertura para si mes- e motivada, o atendimento é realizado muito mais rapidez e eficiên-
mo como um imperativo para o autoconhecimento e a inclusão do cia, podendo na maioria das vezes, salvar muitas vidas.
profissional como um igual - ao outro - em dignidade, assegurando A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco
simetria a conversação e ao diálogo que uma relação de interação de morte e que dependem deste cuidado para que mantenham
exige. suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à as-
sistência ao paciente da melhor forma possível, expressando assim,
a qualidade e a importância da nossa profissão.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o desenvolvimento profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enferma-
gem, portanto estar preocupado com as ações desenvolvidas no dia a dia de trabalho é fundamental.
Os serviços de Urgência e Emergência podem ser fixos a exemplo da Unidades de Pronto Atendimento e as emergências de hospitais
ou móveis como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Ainda, podem ter diferentes complexidades para atendimento de
demandas urgentes e emergentes clínicas e cirúrgicas em geral ou específicas como unidades cardiológicas, pediátricas e traumatológicas.
O importante é que, independente da complexidade ou da classificação do serviço, existem 5 coisas imprescindíveis que todo Enfer-
meiro de Urgência e Emergência deve saber.

1. Acolhimento e Classificação de Risco


O acolhimento do paciente e família na prática das ações de atenção e gestão nas unidades de saúde tem sido importante para uma
atenção humanizada e resolutiva.
A classificação de risco vem sendo utilizada em diversos países, inclusive no Brasil. Para essa classificação foram desenvolvidos di-
versos protocolos, que objetivam, em primeiro lugar, não demorar em prestar atendimento àqueles que necessitam de uma conduta
imediata. Por isso, todos eles são baseados na avaliação primária do paciente, já bem desenvolvida para o atendimento às situações de
catástrofes e adaptada para os serviços de urgência¹. O Enfermeiro deve estar além de acolher o paciente e família, estar habilitado a aten-
dê-los utilizando os protocolos de classificação de risco.

2. Suporte Básico (SBV) e Avançado de Vida (SAV)


A parada cardiorrespiratória é um dos eventos que requerem atenção imediata por parte da equipe de saúde e o Enfermeiro tanto dos
serviços móveis quanto dos fixos de urgência e emergência devem estar aptos.
O protocolo American Heart Association (AHA) é a referência de SBV e SAV utilizado no Brasil. A AHA enfatiza nessa nova diretriz sobre
a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR². O SBV é uma sequência de etapas de atendimento ao paciente em risco iminente de morte
sem realização de manobras invasivas e o SAV requer procedimentos invasivos e de suporte ventilatório e circulatório³.

3. Atendimento à Vítima de Trauma


Os acidentes automobilísticos e a violência são as maiores causas de morte de indivíduos entre 15 e 49 anos na população das regiões
metropolitanas, superando as doenças cardiovasculares e neoplasias4.
Por isso, o enfermeiro vai se deparar com vítimas de trauma nas urgências e emergências e deverá estar habilitado a agir de acordo
com os protocolos de Atendimento Pré-Hospitalar e Hospitalar ao Trauma.

4. Assistência ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e ao Acidente Vascular Encefálico (AVE)


As doenças cardiovasculares representam uma das maiores causas de mortalidade em todo o mundo e O IAM é uma das principais
manifestações clínicas da doença arterial coronária5.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das maiores causas de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo. Estatísticas bra-
sileiras indicam que o AVC é a causa mais frequente de óbito na população adulta (10% dos óbitos) e consiste no diagnóstico de 10% das
internações hospitalares públicas. O Brasil apresenta a quarta taxa de mortalidade por AVC entre os países da América Latina e Caribe6.
Então, o Enfermeiro precisa estar apto a realização da avaliação clínica para identificação e atendimento precoce do IAM e AVE ou AVC
e prevenção de complicações.

5. Assistência às Emergências Obstétricas


As principais causas de morte materna no Brasil são por hemorragias e hipertensão7. O Enfermeiro precisa saber como identificar pre-
cocemente a pré-eclâmpsia e eclampsia, bem como as hemorragias gestacionais e uterinas, pois é uma demanda constante dos serviços
de urgência e emergência e até mesmo os que não são referência em atendimento gestacional.

1) suporte de vida em situações de traumatismos em geral;


Tem por objetivo identificar graves lesões e instituir medidas terapêuticas e emergenciais que controlem e restabeleçam a vida.
Consiste em:
- Preparação
- Triagem
- Avaliação primária
- Reanimação
- Avaliação secundária
- Monitorização e reavaliação contínua
- Tratamento definitivo

Triagem
É utilizado para classificar a gravidade dos problemas. Existe um método de cores para definir:
-VERMELHO
- LARANJA
- AMARELO
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- VERDE
- AZUL

* Indica-se sempre do paciente/cliente mais grave para o menos grave.

No caso com ônus de muitos acidentados e pouca equipe/profissional; dar-se a preferência aos graves com maior chance de vida,
dentre estes o que menos utilizará material, tempo, equipamento e pessoal.

Avaliação Primária
Tem por finalidade verificar o estado da vitima e suas condições físicas /emocionais/ neurológicas.
Verifica-se:
- Obstrução das vias aéreas
- Insuficiência Respiratória
- Alterações Hemodinâmicas
- Déficit Neurológico

Usam-se os métodos das seguintes formas: A, B, C, D e E (casos sem comprometimento circulatório).


C, A, B, D e E (casos com comprometimentos circulatórios).

Significados:
A- Vias aéreas e proteção da coluna cervical
B- Respiração e ventilação
C- Circulação
D- Incapacidade neurológica
E- Exposição e controle da temperatura

Letra A: Deve-se aproximar da vitima e verificar se há alguma obstrução das vias aéreas, “a melhor forma é verbalmente, quando você
conversa e a vitima consegui te responder”. Em caso contrário deve fazer da seguinte maneira:
1- Elevação do queixo
2- Elevação da mandíbula
3- Elevação da testa (somente em casos sem trauma)

Existe uma forma mais segura e eficaz, que consiste em realizar a inspeção com cânulas (Guedell) (nasofaringe ou orofaringe).
Deve se atentar quanto o risco de lesão na coluna cervical, faça a devida imobilização.

Letra B: Manter a oxigenação adequada. Pode ser necessário de apoio:


1- Máscara facial ou tubo endotraqueal e insuflador manual.
2 - Ventilação Mecânica
Em caso de dificuldade considerar:
. Obstrução de via aérea – considerar cricotireoidotomia se outras opções falharem.
. Pneumotórax: drenar rapidamente em caso de compromisso respiratório.
. Hemotórax (ver protocolo: trauma torácico)
. Retalho costal: imobilizar rapidamente (ver protocolo: trauma torácico)
. Lesão diafragmática com herniação.

Letra C: Avaliar:
- Pulso: valorizar taquicardia como sinal precoce de hipovolemia
- Temperatura e coloração da pele: hipotermia, sudorese e palidez.
- Preenchimento capilar: leito ungueal
- Pressão arterial: inicialmente estará normotenso
- Estado da consciência: agitação como sinal de hipovolémia
Considerar relação entre % de hemorragia e sinais clínicos:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Letra E:
1- Despir e avaliar possíveis lesões que possam ter passado
despercebidas, mantendo cuidados de imobilização da coluna ver-
tebral. Utilizar técnicas de rolamento.
2- Evitar a hipotermia. Utilizar manta isotérmica.

Manter:
1- Vigilância parâmetros vitais e imobilização.
2- Analgesia de acordo com as necessidades.
Reanimação = ações para restabelecer as condições vitais do
paciente.

Avaliação secundária

Exploração detalhada da cabeça aos pés, antecedentes pesso-


ais se possível. Esta deverá ser completada no hospital com reava-
liação e exames radiológicos pertinentes.
Muito importante: Pesquisar e presumir lesão associada em
Atuação: função do mecanismo da lesão, ex. queda sobre calcâneo com fra-
1- RCP, se necessário. tura da coluna vertebral.
2- Controle de hemorragia com compressão externa.
3- Reposição de volume, sendo necessários adequados acessos Tipos de trauma
venosos, O traumatizado deve ter 2 acessos e com catéteres G14, O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanis-
«nunca» com menos do que G16. Eventualmente, poderá ser colo- mo, este pode ser contuso ou penetrante, mas a transferência de
cado um catéter numa jugular externa ou utilizada a via intra-¬ós- energia e a lesão produzida são semelhantes em ambos os tipos de
sea (a considerar também no adulto). trauma. A única diferença é a perfuração da pele.
4- Em caso de trauma torácico ou abdominal grave: um acesso Alguns exemplos:
acima e outro abaixo do diafragma. . Trauma crânio encefálico (TCE) . Trauma Abdominal
5- A escolha entre cristalóides e colóides não deve basear-se . Trauma Raquimedular (medula) . Pneumotórax
necessariamente no grau de choque, não estando provada qual- . Trauma Facial
quer diferença de prognóstico na utilização de um ou outro. O volu- . Trauma Torácico (pneumotórax)
me a infundir relaciona-se com as perdas e a resposta clínica. Uma
relação de 1:3 e 1:1 no caso de perdas/cristalóides a administrar e Trauma contuso (fechado)
perdas/colóides a administrar, respectivamente. O trauma contuso ocorre quando há transferência de energia
6- Atenção aos TCE, TVM e grávida Politraumatizada sendo à em uma superfície corporal extensa, não penetrando a pele. Exis-
partida, ainda que discutível, de privilegiar colóides. tem dois tipos de forças envolvidas no trauma contuso: cisalhamen-
7- Regra geral, não utilizar soros glicosados no traumatizado, to e compressão.
existindo apenas interesse destes no diabético ou na hipoglicemia.
Por norma, os soros administrados na fase pré-hospitalar num adul- O cisalhamento acontece quando há uma mudança brusca de
to politraumatizado não são suficientes para originar um edema velocidade, deslocando uma estrutura ou parte dela, provocando
pulmonar, mesmo em doentes cardíacos. Não se deve insistir tanto sua laceração. É mais encontrado na desaceleração brusca do que
na recomendação de cuidado com a possibilidade de sobrecarga na aceleração brusca.
numa situação de hipovolémia, mas sim tratar esta última agressi- A compressão é quando o impacto comprime uma estrutura
vamente. ou parte dela sobre outra região provocando a lesão. É freqüente-
8- Vigiar estado da consciência e perfusão cutânea, avaliando mente associada a mecanismos que formam cavidade temporária.
parâmetros vitais de forma seriada.
Trauma penetrante (aberto)
Letra D: Normalmente corrido em trauma direto no crânio ou O trauma penetrante tem como característica a transferência
estado de choque. de energia em uma área concentrada, com isso há pouca dispersão
de energia provocando laceração da pele.
Avaliar: Podemos encontrar objetos fixados no trauma penetrante, as
- GCS (Escala Coma Glasgow) de uma forma seriada lesões não incluem apenas os tecidos na trajetória do objeto, de-
- Tamanho simetria/assimetria pupilar e reatividade à luz ve-se suspeitar de movimentos circulares do objeto penetrante. As
- Função motora (estímulo à dor) lesões provocadas por transferência de alta energia, por exemplo,
arma de fogo, não se resumem apenas na trajetória do PAF (projétil
Atuação: de arma de fogo), mas também nas estruturas adjacentes que so-
1- Administrar Oxigênio 10 -12 l/min e atuação de acordo com freram um deslocamento temporário.
protocolo específico. VERIFICAR ANTES DE TRANSPORTAR
2-Imobilização da coluna vertebral com colar cervical, imobili- • Via aérea com imobilização cervical
zadores laterais da cabeça, com plano duro ou maca de vácuo. • Ventilação (com tubo orotraqueal se GCS <8) e oxigenação
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Acessos venosos e fluidoterapia EV (soro não glicosado) - Frascos de soro fisiológico.


• Avaliação seriada da GCS
• Equipamentos necessários na ambulância. PROCEDIMENTO DA ENFERMAGEM

Tratamento Definitivo Na Sala de Cirurgia


Caracterizado pela estabilização do paciente/ cliente/ vitima, Aplicar imediatamente sedativo sob prescrição médica, com a
será procedido se necessário tratamento após diagnóstico médico finalidade de diminuir a dor, de preferência por via intra-venosa.
e controle de todos os sinais vitais. Ao aplicar o medicamento por esta via, deve-se aproveitar para
colher amostra de sangue para tipagem, assim como procurar man-
2) suporte de vida em situações de queimaduras; ter a veia com perfusão de soro fisiológico para posterior transfusão
O queimado necessita boa assistência de enfermagem para de sangue ou outros líquidos.
que tenha uma recuperação física, funcional e psico-social, precoce Retirar a roupa do paciente e colocá-lo na mesa sobre campos
A equipe de enfermagem trabalhando paralelamente à equipe esterilizados e cobrir as lesões também com campos esterilizados.
médica, deve ter conhecimentos especializados sobre cuidados a Preparar material para dissecção de veia ou cateterismo trans-
serem prestados aos queimados. cutâneo “intra-cat”, e auxiliar o médico nestas operações.
Esses cuidados iniciam-se com atitude correta ao receber os Auxiliar ou executar com supervisão médica, tratamento local
pacientes que chegam agitados devido à dor ou ao trauma psíquico, de remoção de tecidos desvitalizados, limpeza sumária das áreas
devendo continuar no decorrer de todo o tratamento até a ocasião queimadas, oclusão das lesões, ou ainda, preparo das mesmas para
da alta, quando os doentes e familiares são orientados quanto aos mantê-las expostas (método de exposição).
cuidados a serem seguidos.

Assistência Imediata Unidade de Internação


A assistência inicial deve ser prestada em ambiente que pro- - Colocar o paciente no leito preparado com campos e arcos de
porcione condições perfeitas de assepsia, tal como uma sala cirúr- proteção esterilizados, e também sobre coxim preparado com vá-
gica, tendo sempre presente a importância do problema do contro- rias camadas de ataduras de gaze e revestido com rayon, conforme
le da infecção, desde o início e no decorrer do tratamento. Para o a localização das queimaduras. Isto quando o método de tratamen-
primeiro atendimento, um mínimo de material e equipamento se to é o de exposição.
fazem necessários na sala: Controle de diurese e outras perdas de líquidos: executar cate-
terismo vesical com sonda de demora (sonda de Foley), anotando o
EQUIPAMENTO E MATERIAL PERMANENTE: volume urinário. Esta sonda é mantida ocluída, sendo aberta a cada
- Torpedo de oxigênio, se não contar com o sistema canalizado. hora para verificar o aspecto, volume e densidade de urina. Além
- Aspirador de secreção. da diurese, controlar as demais perdas líquidas, tais como: vômito,
- Mesa estofada ou com coxim para receber o paciente. sudorese, exsudatos e evacuações, observando em cada caso o as-
- Mesa auxiliar para colocar material de curativo (tipo Mayo). pecto, a freqüência e o volume.
- Suporte de soro. Esses dados devem ser anotados em folha especial do prontu-
- Caixa com material de pequena cirurgia. ário do paciente (Anexo I).
- Caixa com material de traqueostomia. - Controle de Sinais Vitais: a temperatura, o pulso, a respiração,
- Caixa com material de dissecção de veia. devem ser controlados e anotados cada 4 horas ou mais freqüente-
- Material para intubação endotraqueal. mente se o caso exigir.
- Aparelho ressuscitador “Air-viva”. Num grande queimado, dificilmente conseguimos adaptar o
- Pacotes de curativo (com tesoura, pinça anatômica, pinça manguito do aparelho de pressão, mas esta, deve ser determinada,
dente de rato e pinça de Kocher). sempre que possível.
Além desses sinais vitais, a pressão venosa central, deve ser
MATERIAL DE CONSUMO controlada através do cateter venoso.
- Compressa de gaze de 7,5 cm x 7,5 cm. - Controle de Administração Parenteral de Líquidos: deve ser
- Atadura de gaze de 90 x 120 cm com 8 dobras longitudinais. exercida vigilância constante da permeabilidade da veia, do goteja-
- Ataduras de rayon e morim. mento e da quantidade dos líquidos em perfusão.
- Atadura de gaze de malha fina impregnada em vaselina. O paciente deve receber exatamente as soluções prescritas
- Algodão hidrófilo. dentro dos horários estabelecidos. Este controle, é facilitado pelo
- Ataduras de crepe. uso do esquema adotado pelo Serviço de Queimados do H. C. da
- Luvas. F.M.U.S.P. (Anexo II).
- Alimentação: não havendo contra-indicação, oferecer ao pa-
Pacotes de campos cirúrgicos e aventais. ciente uma dieta fracionada, iniciando com líquido em pequena
- Fita adesiva e esparadrapo. quantidade. Se o paciente não apresentar vômitos, aumentar gra-
- Máscara e gorro. dativamente a quantidade. Os líquidos podem ser oferecidos em
- Medicamentos de emergência. forma de suco, caldo de carne e dieta especial de soja (leite, ovos,
- Antissépticos. caseinato de cálcio e farinha de soja). Desde que haja tolerância por
- Seringas de vários tamanhos. parte do paciente, passar a oferecer progressivamente dietas mais
- Agulhas e catéteres de vários calibres. consistentes até chegar à dieta geral.
- Tubos para tipagem de sangue e outras análises laboratoriais.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Higiene: proceder a limpeza diária das áreas não lesadas, com Também nos membros inferiores o curativo oclusivo é freqüen-
água e sabão neutro. Manter o couro cabeludo limpo e cortar os temente utilizado, visando facilitar a movimentação do paciente e
cabelos, principalmente em caso de queimadura na cabeça.Aparar atuação da enfermagem.
as unhas e mantê-las limpas.A tricotomia pubiana e axilar deve ser Um dos cuidados fundamentais de enfermagem é a mobiliza-
feita semanalmente, como medida de higiene ção do doente no leito, mudança repetida de decúbito, qualquer
que seja a localização das lesões.
Cuidados Especiais Dependentes da Localização da Queima-
dura Cuidado Relacionado ao Ambiente
- UNIDADE DO PACIENTE E MATERIAIS DE USO PRIVATIVO:
CABEÇA: Limpar diariamente a unidade do paciente (cama, colchão,
- Crânio: proceder a tricotomia total do couro cabeludo. criado mudo e cadeira) com água, sabão, solução de-sinfetante
- Face: proceder a tricotomia do couro cabeludo, nas áreas pró- (hipoclorito de sódio a 3%) e solução aromatizante (álcool, essên-
ximas às lesões. Manter decúbito elevado, para auxiliar a regressão cia de pinho 1%, essência de alfazema a 1% e essência de lavanda
do edema. 1%). Esterilizar semanalmente todos os materiais de uso pessoal do
- Olhos: limpar com “cotonetes” umedecidos em água boricada paciente, tais como: comadre, bacia, cuba rim, copos, garrafas, e
a 3% e após proceder a instilação de colírio antibiótico. outros.
- Ouvidos: limpar conduto auditivo externo com “cotonetes” e - PISO:
soro fisiológico. O único tipo de limpeza permitido é a limpeza úmida. Esta é
- Orelhas: utilizar travesseiro baixo e não muito macio para não facilitada quando o piso é de material lavável. Se o piso for de ma-
comprimir as cartilagens a fim de prevenir deformidades. deira, deve ser feita a lavagem semanal, após a qual deve-se proce-
- Narinas: limpar com “cotonetes” e soro fisiológico. der a aplicação de vaselina, para a fixação das partículas de poeira
- Boca: limpar com espátula montada com algodão ou gaze em- no chão.
bebida em água bicarbonatada a 2%.
- Lábios: passar vaselina para remoção de crostas. - JANELAS:
As janelas devem ser amplas para possibilitar iluminação e ae-
- PESCOÇO: ração natural, protegidas com telas para prevenir penetração de in-
Manter em extensão, com auxílio de coxim no dorso. A presen- setos. Devem ser lavadas semanalmente com água, sabão e solução
ça de necrose seca ou lesões profundas, poderá provocar compres- desinfetante.
são e garroteamento, com perturbações respiratórias. Nestes casos
o médico executará a escarotomia. - RESÍDUOS E ROUPAS SUJAS:
Devem ser embalados em sacos e transportados em carros fe-
- MEMBROS SUPERIORES: chados.
Os curativos oclusivos dos membros superiores, têm a finali-
dade de proporcionar conforto ao paciente e facilitar atuação de Medidas Gerais para o Controle de Infecção:
enfermagem. Os membros devem ser mantidos em abdução parcial - Pesquisa de germens do ambiente, e uso de desinfetantes es-
e em ligeira elevação. pecíficos.
- Controle de focos de infecção do pessoal da unidade (médi-
- TRONCO: cos, enfermeiros e outros).
Visando evitar os fatores mecânicos, que possam reduzir a - Rigoroso controle de circulação do pessoal (parentes e visi-
expansibilidade do tórax, o método mais indicado é a posição de tantes).
Fowler e semi-Fowler. Entretanto a escolha de decúbito será feita - Utilização de aventais como meio de proteção ao paciente e
também de acordo com a área menos atingida. Se a lesão for prin- visitantes.
cipalmente face posterior, o decúbito será ventral, sobre um coxim, - Supervisão e controle do uso da técnica asséptica.
que será trocado todas as vezes que se fizer necessário. Portanto, o atendimento imediato do paciente queimado, visa
primeiramente, salvar a sua vida, e concomitantemente, deve-se
- PERÍNEO: trabalhar com o objetivo de evitar infecções, deformidades e mi-
Para as lesões desta região, o tratamento por exposição é uti- norar os traumas psíquicos. Estes objetivos devem estar sempre
lizado sistematicamente, devendo as coxas serem mantidas em ab- presentes em todos os momentos. O primeiro consegue-se com
dução parcial. A higiene íntima deve ser feita com água morna e a presença de espírito, presteza, controle e eficiência. O segundo,
sabão neutro, ou com solução oleosa. Em nosso serviço utilizamos trabalhando sempre com técnica asséptica. O terceiro, pensando
a seguinte fórmula de solução oleosa: na recuperação dos movimentos normais do paciente, os quais ele
-Cloroxilenol 0.1%. necessitará para a sua futura reintegração à sociedade. E o último,
-Essência de alfazema 1%. dando-lhe ânimo, carinho e apoio
-Óleo de amendoim q.s.p. 100 ml.
3) suporte de vida em situações de dores torácica-abdomi-
- MEMBROS INFERIORES: nais;
Manter os membros em posição anatômica, evitar a rotação Desde os anos 60 que as unidades coronarianas tornaram-se o
das pernas, e prevenir o pé eqüino. local ideal para investigar e tratar os pacientes com IAM. Os exce-
lentes resultados observados nestas unidades, em especial através
do reconhecimento precoce e do tratamento eficaz das arritmias e
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da parada cardíaca, fizeram com que os médicos começassem a internar também os pacientes com suspeita clínica de isquemia miocárdica
aguda. O resultado desta atitude mais liberal foi que mais da metade dos pacientes internados nas unidades coronarianas não tinham, na
verdade, síndrome coronariana aguda. Consequentemente, esses leitos de alta complexidade e alto custo passaram a ser ocupados tam-
bém por pacientes de baixa probabilidade de doença e baixo risco, resultando não somente em aumento da demanda desses leitos, com
consequente saturação das unidades coronarianas, mas também numa utilização sub-ótima dos recursos.
As Unidades de Dor Torácica foram criadas em 1982, e desde então vêm sendo reconhecidas como um aprimoramento da assistência
emergencial. Essas unidades visam a:
1) prover acesso fácil e prioritário ao paciente com dor torácica que procura a sala de emergência; e
2) fornecer uma estratégia diagnóstica e terapêutica organizada na sala de emergência, objetivando rapidez, alta qualidade de cuida-
dos, eficiência e contenção de custos.
As Unidades de Dor Torácica podem estar localizadas dentro ou adjacente à Sala de Emergência, com uma verdadeira área física e
leitos demarcados, ou somente como uma estratégia operacional padronizada, utilizando protocolos assistenciais específicos, algoritmos
sistematizados ou árvores de decisão clínica por parte da equipe dos médicos emergencistas. Entretanto, é necessário que a equipe de
médicos e enfermeiros esteja treinada e habituada com o manejo das urgências e emergências cardiovasculares.

Causas de dor torácica e diagnóstico diferencial: A variedade e possível gravidade das condições clínicas que se manifestam com dor
torácica faz com que seja primordial um diagnóstico rápido e preciso das suas causas. Esta diferenciação entre as doenças que oferecem
risco de vida (dor torácica com potencial de fatalidade), ou não, é um ponto crítico na tomada de decisão do médico emergencista para
definir sobre a liberação ou admissão do paciente ao hospital e de iniciar o tratamento, imediatamente.
Como a síndrome coronariana aguda (infarto agudo do miocárdico e angina instável) representa quase 1/5 das causas de dor torácica
nas salas de emergência, e por possuir uma significativa morbi-mortalidade, a abordagem inicial desses pacientes é sempre feita no senti-
do de confirmar ou afastar este diagnóstico.
Vários estudos têm sido realizados para determinar a acurácia diagnóstica e a utilidade da história clínica e do ECG em pacientes ad-
mitidos na sala de emergência com dor torácica para o diagnóstico de infarto agudo do. A característica anginosa da dor torácica tem sido
identificada como o dado com maior poder preditivo de doença coronariana aguda.
O exame físico no contexto da doença coronariana aguda não é expressivo. Entretanto, alguns achados podem aumentar a sua pro-
babilidade, como a presença de uma 4ª bulha, um sopro de artérias carótidas, uma diminuição de pulsos em membros inferiores, um
aneurisma abdominal e os achados de seqüela de acidente vascular encefálico. Da mesma forma, doenças não-coronarianas causadoras
de dor torácica podem ter o seu diagnóstico suspeitado pelo exame físico, como é o caso do prolapso da válvula mitral, da pericardite, da
embolia pulmonar, etc.
A figura 1 descreve as principais causas de dor torácica e que devem ser consideradas no seu diagnóstico diferencial, na dependência
das informações da história clínica, do exame físico e dos dados laboratoriais.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A descrição clássica da dor torácica na síndrome coronariana As doenças do esôfago podem mimetizar a doença coronariana
aguda é a de uma dor ou desconforto ou queimação ou sensação crônica e aguda. Pacientes com refluxo esofagiano podem apresen-
opressiva localizada na região precordial ou retroesternal, que pode tar desconforto torácico, geralmente em queimação (pirose), mas
ter irradiação para o ombro e/ou braço esquerdo, braço direito, que às vezes é definido como uma sensação opressiva, localizada
pescoço ou mandíbula, acompanhada frequentemente de diafore- na região retroesternal ou subesternal, podendo se irradiar para
se, náuseas, vômitos, ou dispnéia. A dor pode durar alguns minu- o pescoço, braços ou dorso, às vezes associada à regurgitação ali-
tos (geralmente entre 10 e 20) e ceder, como nos casos de angina mentar, e que pode melhorar com a posição ereta ou com o uso de
instável, ou mais de 30min, como nos casos de infarto agudo do antiácidos, mas também com nitratos, bloqueadores dos canais de
miocárdio. O paciente pode também apresentar uma queixa atípica cálcio ou repouso.
como mal estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese, sem dor. A dor da úlcera péptica geralmente se localiza na região epigás-
Pacientes idosos e mulheres frequentemente manifestam dispnéia trica ou no andar superior do abdômen mas às vezes pode ser refe-
como queixa principal no infarto agudo do miocárdio, podendo não rida na região subesternal ou retroesternal. Estas dores geralmente
ocorrem após uma refeição, melhorando com o uso de antiácidos.
ter dor ou mesmo não valorizá-la o suficiente.
Na palpação abdominal geralmente encontramos dor na região epi-
A dissecção aguda da aorta ocorre mais frequentemente em
gástrica.
hipertensos, em portadores de síndrome de Marfan ou naqueles
A ruptura do esôfago é uma doença grave e rara na sala de
que sofreram um traumatismo torácico recente. Estes pacientes se
emergência. Pode ser causada por vômitos incoersíveis, como na
apresentam com dor súbita, descrita como “rasgada”, geralmente síndrome de Mallory-Weiss. Encontramos dor excruciante em 83%
iniciando-se no tórax anterior e com irradiação para dorso, pescoço dos casos, de localização retroesternal ou no andar superior do ab-
ou mandíbula. No exame físico podemos encontrar um sopro de dômen, geralmente acompanhada de um componente pleurítico à
regurgitação aórtica. Pode haver um significativo gradiente de am- esquerda. Apresenta alta morbi-mortalidade e é de evolução fatal
plitude de pulso ou de pressão arterial entre os braços. se não tratada. O diagnóstico é firmado quando encontramos à ra-
A embolia pulmonar apresenta manifestações clínicas muito diografia de tórax um pneumomediastino, ou um derrame pleural à
variáveis e por isso nem sempre típicas da doença. O sintoma mais esquerda de aparecimento súbito. Enfisema subcutâneo é visto em
comumente encontrado é a dispnéia, vista em 73% dos pacientes, 27% dos casos.
sendo a dor torácica (geralmente súbita) encontrada em 66% dos Em avaliação prospectiva em pacientes com dor torácica não
casos. Ao exame clínico, o paciente pode apresentar dispnéia, ta- relacionada a trauma, febre ou malignidade, 30% tiveram o seu
quipnéia e cianose. diagnóstico firmado como decorrente de costo-condrites. Geral-
A dor torácica no pneumotórax espontâneo geralmente é lo- mente esta dor tem características pleuríticas por ser desencadeada
calizada no dorso ou ombros e acompanhada de dispnéia. Grande ou exacerbada pelos movimentos dos músculos e/ou articulações
pneumotórax pode produzir sinais e sintomas de insuficiência res- produzidos pela respiração. Palpação cuidadosa das articulações ou
piratória e/ ou colapso cardiovascular (pneumotórax hipertensivo). músculos envolvidos quase sempre reproduz ou desencadeia a dor.
Ao exame físico podemos encontrar dispnéia, taquipnéia e ausência A dor psicogênica não tem substrato orgânico, sendo gerada
de ruídos ventilatórios na ausculta do pulmão afetado. por mecanismos psíquicos, tendendo a ser difusa e imprecisa . Ge-
O sintoma clínico mais comum da pericardite é a dor torácica, ralmente os sinais de ansiedade são detectáveis e com freqüência
geralmente de natureza pleurítica, de localização retroesternal ou no se observa utilização abusiva e inadequada de medicações analgé-
hemitórax esquerdo, mas que, diferentemente da isquemia miocárdi- sicas.
ca, piora quando o paciente respira, deita ou deglute, e melhora na
posição sentada e inclinada para frente. No exame físico podemos en- O papel do eletrocardiograma e do monitor de tendência do
contrar febre e um atrito pericárdico (que é um dado patognomônico). segmento ST
O prolapso da válvula mitral é uma das causas de dor torácica O eletrocardiograma - O eletrocardiograma (ECG) exerce papel
fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica, tanto pelo
frequentemente encontrada no consultório médico e, também, na
seu baixo custo e ampla disponibilidade como pela relativa simplici-
sala de emergência. A dor tem localização variável, ocorrendo geral-
dade de interpretação.
mente em repouso, sem guardar relação nítida com os esforços, e
Um ECG absolutamente normal é encontrado na maioria dos
descrita como pontadas, não apresentando irradiações. O diagnós-
pacientes que se apresenta com dor torácica na sala de emergência.
tico é feito através da ausculta cardíaca típica, na qual encontramos
A incidência de síndrome coronariana aguda nesses pacientes é de
um clique meso ou telessistólico seguido de um sopro regurgitante
cerca de 5%..
mitral e/ou tricúspide.
Diversos estudos têm demonstrado que a sensibilidade do ECG
A estenose aórtica também produz dor torácica cujas caracte-
de admissão para infarto agudo do miocárdio varia de 45% a 60%
rísticas se assemelham à da doença coronariana. A presença de um
quando se utiliza o supradesnível do segmento ST como critério
sopro ejetivo aórtico e hipertrofia ventricular esquerda no ECG indi-
diagnóstico, indicando que perto da metade dos pacientes com
ca a presença da estenose aórtica mas não afasta a possibilidade de
infarto agudo do miocárdio não são diagnosticados com um único
síndrome coronariana aguda.
ECG realizado à admissão. Esta sensibilidade poderá ser aumentada
Na miocardiopatia hipertrófica a dor torácica ocorre em 75%
para 70%-90% se utilizarmos as alterações de infradesnível de ST
dos pacientes sintomáticos, e pode ter características anginosas. No
e/ou alterações isquêmicas de onda T, e para até 95% quando se
exame físico podemos encontrar uma 4 bulha e um sopro sistólico
realizam ECGs seriados com intervalos de 3-4h nas primeiras 12h
ejetivo aórtico. O diagnóstico é feito pelo ecocardiograma transto-
pós-chegada ao hospital.
rácico. O ECG geralmente mostra hipertrofia ventricular esquerda,
com ou sem alterações de ST-T.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A especificidade do ECG de admissão para ausência de IAM va- 4) Se disponível, o monitor de tendência do segmento ST deve
ria de 80 a 95% 15,31,47-49. Seu valor preditivo positivo para IAM ser utilizado, simultaneamente, ao ECG em pacientes com dor torá-
está ao redor de 75-85% quando se utiliza o supradesnível do seg- cica e suspeita clínica de síndrome coronariana aguda sem supra-
mento de ST como critério diagnóstico, e o valor preditivo negativo desnível do segmento ST para fins diagnóstico e prognóstico (Grau
é de cerca de 85-95%. Embora a probabilidade de infarto agudo do de Recomendação I , Nível de Evidência B);
miocárdio em pacientes com ECG normal seja pequena (5%), o diag- 5) Para pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST
nóstico de angina instável é um fato possível (e estes pacientes têm que tenham recebido terapia de reperfusão coronariana o monitor
uma taxa de 5 a 20% de evolução para infarto agudo do miocárdio do segmento ST poderá ser utilizado para detectar precocemente a
ou morte cardíaca ao final de 1 ano). ocorrência de recanalização ou o fenômeno de reoclusão coronaria-
Se o método não tem acurácia diagnóstica suficiente para IAM na (Grau de Recomendação IIb, Nível de Evidência
ou angina instável, ele por si só é capaz de discriminar os pacien-
tes de alto risco daqueles de não-alto risco de complicações car- Papel diagnóstico e prognóstico dos marcadores de necrose
díacas, inclusive em pacientes com síndrome coronariana aguda miocárdica
sem supradesnível de ST. Mesmo em pacientes com supradesnível Os marcadores de necrose miocárdica têm um papel importan-
do segmento ST na admissão, subgrupos de maior risco podem ser te não só no diagnóstico como também no prognóstico da síndrome
identificados pelo ECG. coronariana aguda.
Monitorização da tendência do segmento ST - Em virtude da Mioglobina - Esta é uma proteína encontrada tanto no múscu-
natureza dinâmica do processo trombótico coronariano, a obten- lo cardíaco como no esquelético, que se eleva precocemente após
ção de um único ECG geralmente não é suficiente para avaliar um necrose miocárdica, podendo ser detectada no sangue de vários
paciente no qual haja forte suspeita clínica de isquemia aguda do pacientes, já na primeira hora pós-oclusão coronariana.
miocárdio. O recente desenvolvimento e adoção da monitorização A mioglobina tem uma sensibilidade diagnóstica para o IAM
contínua da tendência do segmento ST têm sido demonstrados significativamente maior, que a da creatinofosfoquinase-MB (CK-
como de valiosa importância na identificação precoce de isquemia -MB) nos pacientes que procuram a sala de emergência com me-
de repouso. nos de 4h de início dos sintomas. Estudos têm demonstrado uma
Em pacientes com dor torácica, sua sensibilidade para detectar sensibilidade para a mioglobina de 60-80% imediatamente após a
pacientes com IAM foi significativamente maior do que a do ECG de chegada do paciente ao hospital 60-62. Sua relativamente baixa es-
admissão (68% vs 55%, p<0,0001), com uma elevadíssima especifici- pecificidade (80%), resultante da alta taxa de resultados falso-posi-
dade (95%), o mesmo se observando para o diagnóstico de síndrome tivos, encontrados em pacientes com trauma muscular, convulsões,
coronariana aguda (sensibilidade = 34%, especificidade = 99,5%). cardioversão elétrica ou insuficiência renal crônica, limitam o seu
A acurácia diagnóstica do monitor de ST também tem se mos- uso isoladamente. Entretanto, um resultado positivo obtido 3-4h
trado muito boa para detectar reoclusão coronariana pós-terapia após a chegada ao hospital sugere fortemente o diagnóstico de IAM
de reperfusão, com sensibilidade de 90% e especificidade de 92%. (valor preditivo positivo ³ 95%). Da mesma forma, um resultado ne-
Além disso, a demonstração de estabilidade do segmento ST mos- gativo obtido 3-4h após a chegada torna improvável o diagnóstico
trou 100% de sensibilidade e especificidade para detecção de obs- de infarto (valor preditivo negativo ³ 90%), principalmente em pa-
trução coronariana subtotal em relação à obstrução total. ciente com baixa probabilidade pré-teste de doença (valor preditivo
O monitor de ST também tem-se mostrado como método de negativo ³ 95%).
grande utilidade para estratificação de risco em pacientes com angi-
na instável ou mesmo com dor torácica de baixo risco e de etiologia Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB) - A creatinofosfoquinase é
a ser esclarecida, constituindo-se num preditor independente e al- uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta energia
tamente significativo de morte, infarto agudo do miocárdio não-fa- e, por isso, encontrada em tecidos que as consomem (músculos car-
tal ou isquemia recorrente. díaco e esquelético e tecido nervoso).
Assim é recomendado: A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente na
1) Todo paciente com dor torácica visto na sala de emergência chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o diagnós-
deve ser submetido imediatamente a um ECG, o qual deverá ser tico de IAM é baixa (30-50%). Já a sua utilização dentro das primei-
prontamente interpretado (Grau de Recomendação I, Nível de Evi- ras 3h de admissão aumenta esta sensibilidade para cerca de 80 a
dência B e D); 85%, alcançando 100% quando utilizada de forma seriada, a cada
2) Um novo ECG deve ser obtido no máximo 3h após o 1º em 3-4h, desde a admissão até a 9ª hora (ou 12h após o início da oclu-
pacientes com suspeita clínica de síndrome coronariana aguda ou são coronariana) 17,63-66.
qualquer outra doença cardiovascular aguda, mesmo que o ECG ini- Da mesma forma, o valor preditivo negativo da CK-MB obtida
cial tenha sido normal, ou a qualquer momento em caso de recor- até a 3ª hora pós-admissão ainda é sub-ótimo (95%), apesar de
rência da dor torácica ou surgimento de instabilidade clínica (Grau subgrupos de pacientes com baixa probabilidade de IAM já terem
de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); este valor preditivo ³ 97% neste momento 16,17,66. Pacientes com
3) Devido à sua baixa sensibilidade para o diagnóstico de sín- média e alta probabilidade só alcançam 100% de valor preditivo
drome coronariana aguda, o ECG nunca deve ser o único exame negativo ao redor da 9 à 12ª hora. Estes dados apontam para a ne-
complementar utilizado para confirmar ou afastar o diagnóstico cessidade de uma avaliação por pelo menos 9h para confirmar ou
da doença, necessitando de outros testes simultâneos, como mar- afastar o diagnóstico de IAM nestes pacientes. A especificidade da
cadores de necrose miocárdica, monitor do segmento ST, ecocar- CK-MB de 95% decorre de alguns resultados falso-positivos encon-
diograma e testes de estresse (Grau de Recomendação I, Nível de trados principalmente quando a metodologia é a da atividade da
Evidência B e D); CK-MB e não da massa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Troponina - As troponinas cardíacas são proteínas do comple- o início da dor torácica, como é o caso da mioglobina ou da CK-MB)
xo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco. Devido e um marcador definitivo tardio (com alta sensibilidade e especifici-
à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compatíveis com dade global, a ser medido após 6h _ como é o caso da CK-MB ou das
pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da troponinas) (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
CK-MB. Por este motivo tem-se recomendado que as troponinas 4) Idealmente, a CK-MB deve ser determinada pelo método
sejam atualmente consideradas como o marcador padrão-ouro que mede sua massa (e não a atividade) enquanto a troponina deve
para o diagnóstico de IAM. Entretanto, é preciso frisar que a tro- ser pelo método quantitativo imunoenzimático (e não qualitativo)
ponina miocárdica pode ser também liberada em situações clínicas (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B e D);
não-isquêmicas, que causam necrose do músculo cardíaco, como 5) As amostras de sangue devem ser referenciadas em relação
miocardites, cardioversão elétrica e trauma cardíaco. Além disso, as ao momento da chegada do paciente ao hospital e, idealmente, ao
troponinas podem se elevar em doenças não-cardíacas, tais como momento do início da dor torácica (Grau de Recomendação I, Nível
as miosites, a embolia pulmonar e a insuficiência renal. de Evidência D);
A técnica mais apropriada para a dosagem quantitativa das tro- 6) O resultado de cada dosagem dos marcadores de necrose
poninas cardíacas é o imunoensaio enzimático (método ELISA) mas miocárdica deve estar disponível e ser comunicado ao médico do
técnicas qualitativas rápidas usadas à beira do leito também têm paciente poucas horas após a colheita do sangue para que sejam
sido utilizadas com boa acurácia diagnóstica. tomadas as medidas clínicas cabíveis (Grau de Recomendação I, Ní-
A sensibilidade global das troponinas para o diagnóstico de vel de Evidência B e D);
IAM depende do tipo de paciente estudado e da sua probabilidade 7) Em pacientes com dor torácica e supradesnivelamento do
pré-teste de doença, da duração do episódio doloroso e do ponto segmento ST na admissão a coleta de marcadores de necrose mio-
de corte de anormalidade do nível sérico estipulado, variando de cárdica é desnecessária para fins de tomada de decisão terapêutica
85 a 99%. (p. ex., quando se vai utilizar fibrinolítico ou não) (Grau de Reco-
Como as troponinas são os marcadores de necrose miocárdica mendação I, Nível de Evidência B).
mais lentos para se elevarem após a oclusão coronariana, sua sen-
sibilidade na admissão é muito baixa (20-40%), aumentando lenta e O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos
progressivamente nas próximas 12h. Sua especificidade global varia Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas de
de 85 a 95%, e o seu valor preditivo positivo de 75 a 95%. Os resul- emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica, são o
tados falso-positivos encontrados nesses estudos decorrem da não teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardiograma.
classificação de angina instável de alto risco, como IAM, de níveis Estes testes são usados com finalidade diagnóstica - para identifi-
de corte inapropriadamente baixos e de outras doenças que afe- car os pacientes que ainda não têm seu diagnóstico estabelecido
tam sua liberação e/ou metabolismo. Devido à baixa sensibilidade na admissão ou que tiveram investigação negativa para necrose e
das troponinas nas primeiras horas do infarto, o seu valor preditivo isquemia miocárdica de repouso, mas que podem ter isquemia sob
negativo na chegada ao hospital também é baixo (50-80%), não per- estresse - e também prognóstica.
mitindo que se afaste o diagnóstico na admissão. Os protocolos ou algoritmos que recomendam o uso de mé-
Além da sua importância diagnóstica, as troponinas tem sido todos de estresse precocemente, antes da alta hospitalar, o fazem
identificadas como um forte marcador de prognóstico imediato e para um subgrupo de pacientes com dor torácica considerados de
tardio em pacientes com síndrome coronariana aguda sem supra- baixo a moderado risco. A seleção destes pacientes baseia-se na
desnível do segmento ST. Esta estratificação de risco tem importân- inexistência de dor recorrente, na ausência de alterações eletrocar-
cia também para definir estratégias terapêuticas médicas e/ou in- diográficas e de elevação de marcadores de necrose miocárdica à
tervencionistas mais agressivas a serem utilizadas nestes pacientes. admissão e durante o período de observação.
A baixa sensibilidade diagnóstica da troponina obtida nas primeiras Teste ergométrico - No modelo das Unidades de Dor Torácica o
horas também não permite a avaliação do risco destes pacientes na teste ergométrico tem sido o mais recomendado e utilizado devido
admissão hospitalar, além do que resultados negativos não excluem a seu baixo custo e sua ampla disponibilidade nos hospitais, quando
a ocorrência de eventos imediatos. comparado aos outros métodos. Além disso, a segurança do exame
é muito boa quando realizado em uma população de pacientes cli-
Assim sendo, esta diretriz recomenda: nicamente estáveis e de baixo a moderado risco, apresentando bai-
1) Marcadores bioquímicos de necrose miocárdica devem ser xíssima taxa de complicações. Um grupo tem inclusive preconizado
mensurados em todos os pacientes com suspeita clínica de síndro- o seu uso já na primeira hora após a chegada ao hospital em pa-
me coronariana aguda, obtidos na admissão à sala de emergência ou cientes com baixa probabilidade de doença coronariana, até mes-
à Unidade de Dor Torácica e repetidos, pelo menos, uma vez nas pró- mo sem a avaliação prévia de marcadores bioquímicos de necrose
ximas 6 a 9h (Grau de Recomendação Classe I e Nível de Evidência B e miocárdica 86. Para estes pacientes a sensibilidade do teste para
D). Pacientes com dor torácica e baixa probabilidade de doença podem diagnóstico de doença é pequena (baixa probabilidade pré-teste)
ter o seu período de investigação dos marcadores séricos reduzido a 3h mas o valor preditivo negativo é elevadíssimo (³ 98%).
(Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B); Além da sua importância na exclusão de doença coronariana,
2) CK-MB massa e/ou troponinas são os marcadores bioquí- o principal papel do teste ergométrico é estabelecer o prognóstico
micos de escolha para o diagnóstico definitivo de necrose miocárdica dos pacientes onde diagnósticos de IAM e angina instável de alto
nesses pacientes (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); risco já foram afastados durante a investigação na Unidade de Dor
3) Embora a elevação de apenas um dos marcadores de ne- Torácica. A sensibilidade e a especificidade do teste positivo ou in-
crose citado seja suficiente para o diagnóstico de IAM, pelo menos conclusivo para eventos cardíacos está em torno de 75%, sendo que
dois marcadores devem ser utilizados no processo investigativo: um estes resultados identificam um subgrupo de pacientes com maior
marcador precoce (com melhor sensibilidade nas primeiras 6h após
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

risco de IAM, necessidade de revascularização miocárdica e de re- Deste modo, recomenda-se:


admissão hospitalar 5,50,88,89. O valor preditivo negativo do teste 1) Nos pacientes com dor torácica inicialmente suspeita de
para eventos também é elevadíssimo (³ 98%). etiologia isquêmica, que foram avaliados na sala de emergência e
nos quais já se excluem as possibilidades de necrose e de isquemia
Embora o uso do teste ergométrico possa abreviar o tempo de miocárdica de repouso, um teste diagnóstico pré-alta deverá ser re-
hospitalização de pacientes com dor torácica ao identificar aqueles alizado para afastar ou confirmar a existência de isquemia miocár-
de baixo risco (ausência de isquemia miocárdica) a relativamente dica esforço-induzida (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
alta taxa de resultados falso-positivos nesta população pode levar à B e D);
realização de outros exames para confirmar a positividade, encare- 2) Por ser um exame de ampla disponibilidade, fácil execução
cendo o processo diagnóstico. seguro e de baixo custo, o teste ergométrico é o método de estres-
se de escolha para fins diagnóstico e/ou prognóstico em pacientes
Cintilografia miocárdica de repouso - A cintilografia de perfu- com dor torácica e com baixa/média probabilidade de doença coro-
são miocárdica de repouso, realizada imediatamente após a chega- nária (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
da à sala de emergência, também tem se mostrado uma ferramenta 3) O ecocardiograma de estresse ou a cintilografia de estresse
importante na avaliação dos pacientes com dor torácica e ECG não- poderá ser realizado em pacientes nos quais o teste ergométrico foi
-diagnóstico, com sensibilidade variando entre 90 e 100% e espe- inconclusivo ou quando não se pôde realizá-lo (incapacidade moto-
cificidade entre 65 e 80% para IAM. Uma cintilografia de repouso ra, distúrbios da condução no ECG, etc) (Grau de Recomendação I,
negativa praticamente exclui este diagnóstico nestes pacientes com Nível de Evidência B e D);
baixa probabilidade de doença (valor preditivo negativo ³ 98%).
Além da excelente acurácia diagnóstica a cintilografia fornece 4) A cintilografia miocárdica imediata de repouso poderá ser
importantes informações prognósticas. Aqueles pacientes com per- realizada em pacientes com dor torácica com baixa probabilidade
fusão miocárdica normal apresentam baixíssima probabilidade de de doença coronariana com o objetivo de identificar ou afastar IAM,
desenvolvimento de eventos cardíacos sérios nos próximos meses sendo que aqueles com teste negativo poderão ser liberados para
45,91. casa sem necessidade de dosagem seriada de marcadores bioquí-
A larga utilização da cintilografia miocárdica imediata de re- micos de necrose miocárdica (Grau de Recomendação IIa, Nível de
pouso é limitada pela indisponibilidade do método nas salas de Evidência B).
emergência, pela demora na sua realização após um episódio de
dor torácica e pelos seus custos. Entretanto, alguns grupos têm O papel dos métodos de imagem na dor torácica de origem
preconizado a realização do exame para pacientes com média ou não-coronariana
baixa probabilidade de IAM, já que um exame negativo praticamen- Esta Diretriz somente contemplará a embolia pulmonar e a dis-
te afasta este diagnóstico 45,93, permitindo a liberação imediata secção aguda da aorta no diagnóstico da dor torácica de origem
destes pacientes com conseqüente redução dos custos hospitalares não-coronariana devido às suas elevadas mortalidades, apesar da
94,95. baixíssima incidência em pacientes com dor torácica na sala de
emergência.
Ecocardiograma - O papel do ecocardiograma de repouso na 3.5.1 Embolia pulmonar - Em virtude das múltiplas formas de
avaliação de pacientes na sala de emergência com dor torácica se apresentação clínica da embolia pulmonar, da variabilidade da acu-
alicerça em poucos estudos publicados. Para o diagnóstico de IAM rácia diagnóstica dos vários métodos de imagem (de acordo com a
a sensibilidade varia de 70 a 95%, mas a grande taxa de resultados forma de apresentação) e da complexidade de realização da arte-
falso-positivos torna o valor preditivo positivo baixo. Já o valor pre- riografia pulmonar (método padrão-ouro), esta diretriz não classifi-
ditivo negativo varia de 85 a 95%. cará os graus de recomendação e seus respectivos níveis de evidên-
Quando se busca também o diagnóstico de angina instável cia para a realização destes métodos.
(além de infarto) em pacientes com dor torácica e ECG inconclusi- As alterações radiológicas mais frequentemente encontradas
vo, a sensibilidade do ecocardiograma passa a variar de 40 a 90%, na embolia pulmonar são as áreas de atelectasia, a elevação da he-
sendo que o valor preditivo negativo fica entre 50 e 99%. Nesses micúpula diafragmática, o derrame pleural e a dilatação do tronco
pacientes, um ecocardiograma normal não parece agregar informa- e dos ramos da artéria pulmonar. Áreas de hipofluxo pulmonar seg-
ções diagnósticas significativas, além daquelas já fornecidas pela mentar (sinal de Westmark) e infiltrado pulmonar de forma trian-
história e ECG. gular com a base voltada para a pleura (sinal de Hampton) são os
Estudos sobre a utilização do ecocardiograma de estresse com achados mais específicos da embolia pulmonar mas, infelizmente,
dobutamina na avaliação de uma população heterogênea com dor são pouco sensíveis.
torácica ainda são pequenos e escassos. Sua sensibilidade para o A ecocardiografia pode contribuir com importantes informa-
diagnóstico de doença coronariana ou isquemia miocárdica detec- ções na suspeita de embolia pulmonar 105. O ecocardiograma
tada por outros métodos é de 90%, com especificidade variando de transtorácico informa o tamanho das cavidades cardíacas, a função
80 a 90% e valor preditivo negativo de 98%. Para fins prognósticos, ventricular direita e esquerda, e a presença de hipertensão pulmo-
a sensibilidade do teste para a ocorrência de eventos cardíacos tar- nar. O ecocardiograma transesofágico, ao permitir visualizar o trom-
dios em pacientes com dor torácica varia de 40 a 90%, mas o valor bo na artéria pulmonar, é capaz de estabelecer o diagnóstico. Sua
preditivo negativo é excelente (97%) 101,102, conferindo segurança sensibilidade nesta situação é de 80% para pacientes com trombo
ao médico emergencista em dispensar a realização de outros testes localizado em tronco da artéria pulmonar e/ou seu ramo direito,
e liberar imediatamente o paciente para casa. com especificidade de 100% 105. É considerado o método de es-
colha para a avaliação inicial dos pacientes hemodinamicamente
instáveis.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão é o método Dissecção aguda da aorta - Quando há suspeita clínica de dis-
não-invasivo, classicamente utilizado para a estratificação da proba- secção aguda da aorta a confirmação diagnóstica deve ser rápida e
bilidade de embolia pulmonar ao analisar o número de segmentos precisa já que a doença tem elevada mortalidade imediata e o trata-
pulmonares acometidos, permitindo classificar a probabilidade de mento definitivo é, geralmente, cirúrgico. A decisão de utilização de
doença em ausente (normal), baixa, média ou alta 106. Pacientes um determinado método de imagem na dissecção aguda da aorta
com alta probabilidade à cintilografia e alta suspeita clínica devem deve ser baseada não só na sua acurácia diagnóstica mas também
ser tratados como tendo embolia pulmonar, pois essa associação na sua disponibilidade imediata e na experiência dos emergencistas
apresenta uma sensibilidade de 96%. A cintilografia normal prati- e ecocardiografistas/radiologistas com este(s) método(s).
camente afasta o diagnóstico de embolia pulmonar em face de seu O alargamento do mediastino superior é o achado mais fre-
valor preditivo negativo ser muito alto (pouquíssimos casos falso- qüentemente encontrado na radiografia de tórax (60 a 90% dos
-negativos). O grupo de pacientes com baixa e intermediária proba- casos). No entanto é importante frisar que a normalidade deste
bilidade necessita da realização de outro método de imagem para exame não exclui o diagnóstico de dissecção aórtica (valor preditivo
definição do diagnóstico. negativo de 88%).
A angiotomografia computadorizada do tórax tem mostrado A aortografia já foi considerada como método padrão-ouro
boa acurácia diagnóstica para a embolia pulmonar, com sensibilida- para confirmação do diagnóstico da dissecção aguda da aorta. Com
de de 90% e especificidade de 80% 107. Entretanto, o método não o aparecimento dos métodos de imagem não-invasivos, como a
apresenta boa acurácia diagnóstica, quando a embolia acomete ecocardiografia transtorácica e transesofágica, a angiotomografia e
somente vasos pulmonares de menor diâmetro (subsegmentares). a angiorressonância de tórax, a estratégia diagnóstica desta doença
Apesar dos recentes avanços no diagnóstico da embolia pul- vem mudando. Com eles procuramos confirmar o diagnóstico, clas-
monar, a arteriografia pulmonar permanece como método padrão- sificar o tipo da dissecção, diferenciar a verdadeira e a falsa luz aór-
-ouro; entretanto, sua indicação deve ser reservada para pacientes tica, localizar os sítios de entrada e reentrada, distinguir dissecção
cujos testes diagnósticos não-invasivos foram inconclusivos 106. O comunicante e não-comunicante, avaliar o envolvimento dos ramos
exame permite uma adequada visualização das artérias pulmonares aórticos, detectar e graduar a regurgitação valvar aórtica, e avaliar
e seus ramos, apresentando baixa taxa de morbimortalidade, e é a existência de extravasamento sanguíneo para pericárdio, pleura,
custo-eficiente quando outras estratégias diagnósticas não conse- mediastino e estruturas peri-aórticas.
guem definir a suspeita clínica. A utilização do ecocardiograma transtorácico para o diagnósti-
Desta forma, recomendações para a realização de métodos de co da dissecção aguda da aorta está limitada pela sua baixa sensibili-
imagem para o diagnóstico da embolia pulmonar são: dade (60%) e especificidade (70%). Devido à alta taxa de resultados
1) A radiografia de tórax deve ser solicitada a todos os pacien- falso-positivos e falso-negativos, este método não é utilizado para
tes com suspeita clínica de embolia pulmonar. estabelecer o diagnóstico final, apesar de informar acuradamente a
2) O ecocardiograma transtorácico deve ser solicitado a todos presença de insuficiência aórtica e a função sistólica do ventrículo
os pacientes com suspeita clínica com os objetivos de avaliação da esquerdo. O ecocardiograma transesofágico mostra sensibilidade
função do ventrículo direito e para a possível visualização do trom- de 99%, especificidade de 90%, valor preditivo positivo de 90% e
bo. negativo de 99%, entretanto seu uso é limitado pela dificuldade de
3) Os pacientes clinicamente estáveis podem ser submetidos à visualização de pequenos segmentos de dissecção na parte distal da
cintilografia pulmonar de ventilação/perfusão, tomografia compu- aorta ascendente e na porção anterior do arco aórtico.
tadorizada ou ressonância magnética para definição diagnóstica, na A angiotomografia computadorizada helicoidal possui sensibi-
dependência da sua disponibilidade na instituição. lidade > 90% e especificidade > 85%. Determina a extensão, locali-
4) Nos pacientes clinicamente instáveis, particularmente na- zação e envolvimento dos ramos arteriais na dissecção aórtica. Tem
queles em suporte ventilatório mecânico, o ecocardiograma tran- como limitações a impossibilidade de detectar o envolvimento das
sesofágico deve ser realizado em face de sua alta acurácia diagnós- artérias coronárias pela dissecção, além de não poder ser utilizada
tica, principalmente naqueles cuja possibilidade de trombo central em pacientes com intolerância ao contraste iodado.
é elevada. A angiorressonância tem alta acurácia diagnóstica para detec-
5) A tomografia computadorizada e a ressonância magnética ção de todas as formas de dissecção aórtica, com sensibilidade e
são utilizados preferencialmente em pacientes estáveis, havendo especificidade em torno de 100%. Seu uso é limitado pela presença
limitação diagnóstica para trombos localizados nos ramos subseg- de instabilidade hemodinâmica e agitação psicomotora devido ao
mentares. tempo prolongado para aquisição de imagens.
6) A indicação de arteriografia pulmonar fica reservada para A aortografia, apesar de ter sido considerada classicamente
pacientes com alta suspeita clínica onde os métodos diagnósticos como o método padrão-ouro para diagnosticar dissecção aórtica,
não-invasivos foram inconclusivos. com especificidade > 95%, tem sido menos utilizada nos últimos
anos em virtude dos novos métodos não-invasivos apresentarem
Estas estratégias, excetuando-se a radiografia de tórax, visam maior sensibilidade para o diagnóstico definitivo. Atualmente, com
exclusivamente à confirmação da existência de trombo na circula- a tendência de utilização das endopróteses vasculares na fase agu-
ção pulmonar, não se contemplando nesta diretriz os métodos in- da da dissecção, sua importância diagnóstica está sendo reavaliada.
diretos, como o Doppler venoso de membros inferiores, a dosagem
do D-dímero e a gasometria arterial. Uma abordagem diagnóstica
mais abrangente de embolia pulmonar poderá ser encontrada na
diretriz da SBC sobre este tema.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim, recomenda-se para pacientes com suspeita clínica de dissecção aguda da aorta e que estejam estáveis o uso da angiotomografia
computadorizada helicoidal ou da angiorressonância magnética como o exame padrão-ouro (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
C e D). Para pacientes instáveis recomenda-se o uso do ecocardiograma transesofágico (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D).

Árvores neurais e fluxogramas diagnósticos


Algoritmos diagnósticos computadorizados, modelos matemáticos probabilísticos usando regressão logística, árvores de decisão clíni-
ca e redes neurais são metodologias atualmente disponíveis aos médicos e que têm aumentado a sensibilidade e a especificidade diagnós-
tica na avaliação de pacientes que se apresentam na sala de emergência com dor torácica. Alguns desses instrumentos têm sido validados
prospectivamente, mostrando uma redução nas internações nas unidades coronarianas de até 30%. Por outro lado, trabalhos indicam
que programas computadorizados validados retrospectivamente se comparam, quando aplicados prospectivamente, à alta sensibilidade
e especificidade dos médicos 122.
Além disso, sistematizações das condutas médicas (protocolos assistenciais), sejam elas diagnósticas ou terapêuticas, quando apli-
cadas de maneira lógica e coerente, em casos previamente definidos, resultam num poderoso e eficiente instrumento de otimização da
qualidade e da relação custo-benefício.
Esta diretriz apresenta os principais modelos diagnósticos preconizados para pacientes com dor torácica na sala de emergência e que
podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às características assistenciais de cada instituição.
O modelo Heart ER do Centro Médico da Universidade de Cincinnati é utilizado para pacientes com dor torácica considerados de baixa
a média probabilidade de síndrome coronariana aguda (dor suspeita e ECG não-diagnóstico). A avaliação diagnóstica consiste na realização
de cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI naqueles pacientes em que a dor ainda esteja presente e haja condição
de se administrar o fármaco radionúcleo imediatamente na sala de emergência. Se o mapeamento no laboratório de medicina nuclear for
negativo para isquemia miocárdica, o paciente é liberado para casa sem mesmo realizar dosagens seriadas dos marcadores de necrose
miocárdica. Se o resultado for positivo, o paciente é hospitalizado e tratado apropriadamente. Se o exame cintilográfico não puder ser
realizado, o paciente é investigado na Unidade de Dor Torácica através da determinação de níveis plasmáticos de CK-MB e de troponina
I obtidos na chegada, na 3ª e 6ª horas seguintes, enquanto o paciente é mantido sob monitorização eletrocardiográfica contínua da ten-
dência do segmento ST. Teste ergométrico ou cintilografia miocárdica de esforço com SESTAMIBI são realizados naqueles sem evidência de
necrose ou isquemia miocárdica persistente (fig. 2).

SINTOMAS SUSPEITOS DE SINDROME CORONARIANA AGUDA


ALTERAÇÕES DE IAM OU AL NO ECG ECG NÃO-DIAGNÓSTICO



CONSIDERAR CINTILOGRAFIA DE
POSITIVO
HOSPITALIZAR E TRATAR REPOUSO EM PACIENTE PASSIVEL
DE SER INJETADO DURANTE DOR
NEGATIVO

ALTA E SEGUIMENTO

INVESTIGAR POR 6H NA UDT


POSITIVO
• MNM SERIADOS (0-3-6H)
• MONITOR ST

NEGATIVO

POSITIVO
TESTE ERGOMÉTRICO
NEGATIVO

ALTA

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O modelo sistematizado de atendimento de pacientes com dor torácica da Clínica Mayo 124 classifica inicialmente os pacientes em
subgrupos de probabilidade baixa, moderada e alta para doença coronariana aguda, de acordo com as diretrizes da Agency of Health Care
Policy Research (AHC PR) 125. Os pacientes de risco moderado são avaliados através de dosagens de CK-MB na chegada, 2 e 4h depois,
enquanto são submetidos à monitorização contínua do segmento ST e ficam em observação durante 6h na Unidade de Dor Torácica. Se a
avaliação resultar negativa, é realizado teste ergométrico, cintilografia de estresse ou ecocardiograma de estresse. Pacientes com resulta-
do positivo ou inconclusivo são internados, enquanto os que têm avaliação negativa são liberados para a residência com acompanhamento
em 72h (fig. 3).

AVALIAÇÃO DE ACORDO COM A DIRETRIZ DA AHCPR


BAIXO RISCO MÉDIO RISCO ALTO RISCO


ALTO • CK-MB SERIADA (0-2-4H) HOSPITALIZAR


• MONITOR ST
• OBSERVAÇÃO POR 6H

NEGATIVO

POSITIVO TESTE DE ESTRESSE


NEGATIVO



POSITIVO
HOSPITALIZAR ALTA SEGUIMENTO
EM 72H

O modelo diagnóstico da Faculdade de Medicina da Virgínia estratifica inicialmente os pacientes com dor torácica na sala de emer-
gência em cinco níveis distintos de risco. Os pacientes do nível 1 apresentam elevadíssima probabilidade de IAM pelo critério do ECG, ao
passo que os do nível 5 têm desconforto no peito de origem nitidamente não-cardíaca. Os pacientes dos níveis 2, 3 e 4 correspondem
aos de probabilidade pré-teste de doença alto, médio e baixo, respectivamente. Pacientes com alta probabilidade de angina instável ou
baixa probabilidade de IAM (nível 3) passam por dosagens seriadas de biomarcadores de necrose miocárdica ou são submetidos a uma
cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI. Pacientes com média ou baixa probabilidade de angina instável (nível 4) são
submetidos somente à cintilografia imediata de repouso que, se negativa, determina a alta do paciente para casa (fig. 4).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

DOR TORÁCICA

HISTÓRIA E ECG

NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4 NIVEL 5




•CRITÉRIO ECG •Alta • Alta • Baixa a •Dor não- car-
DE IAM probabilidade probabilidade moderada diaca
•REPERFUSÃO pré-teste de pré-teste AI probabilidade •Diagnóstic
•UC IAM-NQ e AI • Baixa pré-teste de AI o claro de
• Infradenivel p ro b a b i l i d a d e • Dor típica doença não-
de ST ou pré-teste de <30 min ou dor cardiaca
inversão de T IAM-NQ atípica • Alta
sintomas •Dor tipica prolongada.
tipicos >30 min. ECG nao
•Heparina, ECG não- diagnóstico
aspirina, diagnóstico, sem DAC
nitrato sem DAC prévia
• UC prévia • Cintilografia
de repouso
imediata
• Alta e teste
ergométrico
ambulatorial

AL = ANGINA INSTÁVEL; DAC = DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA; ECG = ELETROCARDIOGRAMA; IAM=


INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: NQ=SEMONDA Q; UC=UNIDADE CORONARIANA

FIGURA 4 - ESTRATÉGIA DO MODELO DIAGNÓSTICO DA FACULDADE DE MEDICINA DA VIRGINIA (ADAPTADO DA REFS.45, 126).

O modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco usado em sua Unidade de Dor Torácica estratifica a probabilidade pré-teste de síndro-
me coronariana aguda de acordo com o tipo de dor torácica e o ECG de admissão. A dor é classificada em 4 tipos: definitivamente e prova-
velmente anginosa, e provavelmente e definitivamente não-anginosa. Além disso, para pacientes com bloqueio de ramo esquerdo no ECG,
procura-se avaliar se a dor tem ou não características de IAM. A classificação do tipo de dor teve uma sensibilidade e um valor preditivo ne-
gativo para IAM de 94% e 97%, respectivamente, valores estes significativamente melhores que os do ECG (49% e 86%, respectivamente). A
associação do tipo de dor torácica e do ECG de admissão permite a estratificação da probabilidade pré-teste de síndrome coronariana agu-
da e a alocação dos pacientes em diferentes rotas diagnósticas (fig. 5). Enquanto os da rota 1 têm elevadíssima probabilidade de IAM (75%)
os da rota 5 têm dor não-cardíaca e são liberados. Os pacientes das rotas 2 e 3 têm probabilidade de síndrome coronariana aguda de 60%
e 10%, respectivamente 15 e são avaliados com dosagens de CK-MB seriadas e de troponina I: na rota 2, por 9h; na rota 3, por 3h. O teste
ergométrico é o método de estresse utilizado para avaliação de pacientes sem evidência de necrose miocárdica ou isquemia de repouso.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

DOR TORÁCICA (DT) A/B/C/D

ECG: ECG: ECG: ECG:


ST: ↑ BRE ST↓/T↓ NL/NS

DT: DT: DT: DT: DT:


IAM NÃO -lAM A/B C D

▶ ▶



Rota 1 ▶ Rota 2 Rota 3 Alta


UC/Cat PROTOCOLO UDT 9H MNM SERIADO PROTOCOLO UDT 3H


0-3-9H. ECO .MNM SERIADO 0-3H

POSITIVO ECG SERIADO .ECG SERIADO

POSITIVO POSITIVO
NEGATIVO
NEGATIVO POSITIVO




Ergo tardia UC
Ergo imediata
NEGATIVO ▶
▶ Alta
NEGATIVO
DT-A=DOR TORÁCICA DEFINITIVAMENTE ANGINOSA; DT-B=DOR TORÁCICA PROVAVELMENTE ANGINOSA; DT-C=
DOR TORÁCICA PROVAVELMENTE NÃO-ANGINOSA; DT-D=DOR TORÁCICA DEFINITIVAMENTE NÃO-ANGINOSA

A árvore neural de Goldman é um algoritmo diagnóstico criado para identificar pacientes com IAM utilizando características da dor
torácica e do ECG, que estratifica os pacientes em probabilidades de doença (variando de 1% a 77%) e apresenta sensibilidade e especifi-
cidade de 90% e 50-95%, respectivamente, com um valor preditivo negativo > 98%, quando se aplica um ponto de corte de 7% na proba-
bilidade do paciente ter ou não IAM. Entretanto, o modelo não faz recomendações quanto às estratégias diagnósticas a serem utilizadas
nos diversos subgrupos probabilísticos de doença.
Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégica trazem um grande benefício para a prática médica
emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem implantados em todas as salas de emergência, com ou sem
Unidades de Dor Torácica (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
A escolha do modelo a ser utilizado dependerá das características funcionais de cada instituição.

Tratamento

Tratamento inicial da síndrome coronariana aguda


A abordagem do paciente com suspeita de síndrome coronariana aguda (SCA) na sala de emergência inicia-se pela rápida avaliação
das características da dor torácica e de outros sintomas concomitantes, pelo exame físico e pela imediata realização do ECG (em 5-10min
após a chegada ao hospital).
Se o paciente estiver em vigência de dor e o ECG evidenciar supradesnível do segmento ST deve-se iniciar imediatamente um dos
processos de recanalização coronariana: trombolítico ou angioplastia primária. Se o ECG não evidenciar supradesnível do segmento ST mas
apresentar alguma alteração compatível com isquemia miocárdica iniciamos o tratamento anti-isquêmico usual e estratificamos o risco de
complicações, que orientará o tratamento adequado a seguir.
Se o ECG for normal ou inespecífico, mas a dor torácica for sugestiva ou suspeita de isquemia miocárdica, o tratamento anti-isquêmico
pode ser iniciado ou então protelado (principalmente se a dor não mais estiver presente na admissão), mas o uso de aspirina está indicado.
O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e com-
preende:
1) contenção ou controle da isquemia miocárdica;
2) recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esta diretriz somente abordará os primeiros passos terapêuti- riano. (Grau de recomendação IIb, Nível de Evidência A). Podem ser
cos a serem tomados na sala de emergência. Para condutas seguin- uma alternativa quando houver contra-indicação ao uso de beta-
tes, realizadas geralmente na unidade coronariana, o leitor deve se bloqueador ou nitrato (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
dirigir à diretriz de IAM ou de síndrome coronariana aguda da SBC. B e D).
As doses a serem utilizadas são de 60mg via oral 3 a 4 vezes/
Contenção ou controle da isquemia miocárdica dia para o diltiazem e 80mg via oral 3 vezes/dia para o verapamil.
Oxigenioterapia - Pacientes com SCA em vigência de dor ou sin-
tomas e sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio Recanalização coronária e controle do processo aterotrombó-
suplementar, principalmente se medidas objetivas da saturação de tico
O2(oximetria de pulso ou gasometria arterial) forem < 90% 129- Fibrinolíticos - Pacientes com dor torácica prolongada sugestiva
133. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D). de isquemia miocárdica aguda e que apresentam supradesnível do
segmento ST no ECG (ou um padrão de bloqueio de ramo esquer-
Analgesia e sedação - Para o controle da dor (se a mesma já do) são candidatos à terapia de recanalização coronariana visto que
não foi aliviada com o uso de nitrato sublingual ou endovenoso) mais de 75% desses pacientes têm IAM e mais de 85% têm oclusão
e sedação utiliza-se o sulfato de morfina EV na dose de 1 a 5mg, de uma artéria coronária.
podendo-se repetir 5-30min após se não houver alívio (Grau de Re- Diversos estudos já demonstraram que quanto mais preco-
comendação I, Nível de Evidência C e D). cemente a terapêutica fibrinolítica é iniciada em relação ao início
Nitratos - O uso dos nitratos baseia-se não só no seu mecanis- da dor (e, conseqüentemente, do fenômeno oclusivo coronariano)
mo de ação e experiência clínica mas também numa meta-análise maiores são os benefícios em relação à taxa de recanalização, de
de 22 estudos (incluindo o ISIS-4 e o GISSI-3) que demonstrou uma preservação do miocárdio agudamente isquêmico, de redução de
redução significativa de 5,5% na mortalidade hospitalar. Existem mortalidade hospitalar e tardia, e de complicações intra-hospitala-
poucos e pequenos estudos clínicos comprovando seu benefício no res. Pacientes tratados dentro da 1ª hora obtêm uma redução da
alívio dos sintomas. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência mortalidade hospitalar ao redor de 50%.
A e D). Na sala de emergência os pacientes devem ser rapidamente
A dose é de 5mg do dinitrato de isossorbida por via SL, poden- avaliados quanto aos critérios de inclusão e exclusão para o uso
do ser repetido 5-10min após se não houver alívio da dor, até o de fibrinolíticos, principalmente os relacionados às complicações
máximo de 15mg. Para a nitroglicerina, pode-se utilizar o spray na- hemorrágicas atribuídas às drogas. Pacientes com mais de 12h de
sal, ou a via parenteral na dose de 10 a até 200 microgramas/min início da dor ininterrupta geralmente não se beneficiam do uso de
em infusão contínua EV, ajustando-se a mesma a cada 5-10min de fibrinolíticos. O tratamento deve ser iniciado na própria sala de
acordo com a pressão arterial. Para o mononitrato de isossorbida a emergência (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
dose é de 2,5 mg/kg/dia em infusão contínua. A droga de escolha (pela maior rapidez de ação e mais eleva-
da taxa de recanalização) é o rt-PA, usada na dose de 15mg EV em
Betabloqueadores - Existem alguns grandes ensaios clínicos bolus seguida de infusão inicial de 0,75mg/kg (máximo de 50mg)
randomizados que demonstraram o benefício da utilização imedia- durante 30min, e de outra infusão de 0,50mg/kg (máximo de 35mg)
ta dos betabloqueadores no IAM com supradesnível do segmento durante 60min. Heparinização plena concomitante é necessário por
ST (redução de mortalidade imediata e tardia, de reinfarto e de is- 48h. A outra droga disponível é a estreptoquinase, administrada na
quemia recorrente) 138-140. São utilizados na SCA sem suprades- dose de 1,5 milhão de unidades em infusão EV durante 30 a 60min,
nível do segmento ST baseados em pequenos estudos e numa me- não requerendo uso concomitante de heparina.
ta-análise. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A e D). Angioplastia coronariana percutânea primária - Com o aperfei-
Os betabloqueadores não podem ser utilizados em pacientes çoamento da técnica e dos stents coronarianos, não parece haver
com sinais e/ou sintomas de insuficiência ventricular esquerda maiores dúvidas de que a angioplastia coronariana percutânea é o
(mesmo incipiente), com bloqueio AV, com broncoespasmo ou his- método de eleição para a recanalização coronariana em pacientes
tória de asma brônquica. com IAM com supradesnível do segmento ST, desde que o procedi-
Metoprolol é dado na dose de 5mg EV em 1 a 2min e repetido, mento possa ser realizado dentro dos primeiros 60 a 90min após
se necessário, a cada 5min até completar 15mg (objetivando alcan- a chegada do paciente à sala de emergência e por uma equipe ex-
çar uma frequência cardíaca 60), passando-se a seguir para a dose periente 129,155. Fator tempo que deve ser cuidadosamente con-
oral de 25 a 50mg de 12/12h. O atenolol é administrado na dose siderado pelo médico emergencista na tomada de decisão quanto
de 5mg EV e repetido em 5min (completando 10mg), seguido da ao uso de uma estratégia alternativa de recanalização coronariana
dose oral de 50-100mg/dia. Quando administrado por via EV é im- (fibrinolíticos) na eventualidade da indisponibilidade ou inexistên-
prescindível uma cuidadosa monitorização da freqüência cardíaca, cia do laboratório de cateterismo cardíaco em seu hospital (Grau de
pressão arterial, ausculta pulmonar e ECG. Recomendação I e Nível de Evidência A e D).
Para pacientes com SCA sem supradesnível de ST uma condu-
Antagonistas dos canais de cálcio - Os benzotiazepínicos (dil- ta invasiva imediata (cinecoronariografia seguida de recanalização
tiazem) parecem ter um efeito benéfico no IAM com e sem supra- ou desobstrução) ainda permanece como uma questão em aberto
desnível do segmento ST e sem insuficiência cardíaca (redução de devido aos resultados divergentes dos 4 ensaios clínicos e um regis-
mortalidade e reinfarto) e na angina instável, o mesmo se obser- tro disponíveis 83,157-160 mas parece haver um certo consenso de
vando com as fenilalquilaminas (verapamil) 145,147,151,152. Já os que pacientes classificados como de alto risco de eventos 161,162
dihidropiridínicos (nifedipina, amlodipina) só podem ser utilizados devem ser submetidos à estratégia invasiva imediata enquanto que
concomitantemente com os betabloqueadores, pois isoladamente os de baixo risco devem ser submetidos à estratégia conservadora
aumentam o consumo de O2 miocárdico e causam roubo corona-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(tratamento farmacológico seguido de avaliação funcional de exis- atitude invasiva imediata planejada, independentemente do risco
tência de isquemia miocárdica residual) 130,131,163 (Grau de Re- (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). Os pacientes que
comendação IIa e Nível de Evidência A e D). inicialmente utilizarem o tirofiban e na evolução optar pela conduta
Aspirina - Não havendo contra-indicação (alergia, intolerância invasiva, deverão continuar seu uso durante e após o cateterismo
gástrica, sangramento ativo, hemofilia ou úlcera péptica ativa) a as- ou intervenção (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A).
pirina deve ser sempre utilizada em pacientes com suspeita de SCA Os benefícios obtidos com o uso destas drogas devem ser sempre
imediatamente após a chegada na sala de emergência. Tem com- analisados diante de seu alto custo.
provação de seu benefício na redução da mortalidade imediata e Os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa podem ser usados, con-
tardia, infarto e reinfarto na SCA através de vários estudos clínicos comitantemente, com a aspirina, o clopidogrel e a heparina.
randomizados. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D). O tirofiban é administrado na dose de 0,4 microgramas/kg/min
A dose inicial é de 200-300mg por via oral mastigada, seguida EV por 30min, seguida de 0,1 microgramas/kg/min por 48 a 96h. O
de uma dose de manutenção de 100 a 200mg/dia. abciximab é administrado em bolus EV na dose de 0,25mg/kg, se-
guida de 0,125 microgramas/kg/min (máximo de 10 microgramas/
Tienopiridínicos (clopidogrel, ticlopidina) - Até recentemente min) por 12 a 24h.
a ticlopidina era o antiplaquetário recomendado em caso de con-
tra-indicação para o uso da aspirina ou na intervenção coronária Tratamento inicial da embolia pulmonar
percutânea 168. Uma vez diagnosticada a embolia pulmonar ou havendo evi-
Atualmente, o clopidogrel é a droga de primeira escolha na dências consistentes de sua provável existência, o tratamento deve
substituição ou no uso concomitante com a aspirina em pacientes ser iniciado imediatamente devido à sua elevada mortalidade hos-
com SCA sem supradesnível do segmento ST que irão ou não à in- pitalar - cerca de 1/3 para os não tratados e de 10% para os trata-
tervenção coronariana percutânea, devendo ser iniciada logo após dos.
a chegada ao hospital ou quando o diagnóstico de SCA for estabele- A terapêutica inicial visa a estabilidade clínica oferecendo, se
cido. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). necessário, suporte hemodinâmico e ventilatório. O tratamento es-
Para o clopidogrel, a dose inicial é de 300-600mg VO, seguida sencial da embolia pulmonar é feito com o uso do anticoagulante
da dose de manutenção de 75mg/dia. Para a ticlopidina, a dose ini- venoso, heparina. Tem como objetivo prevenir a formação de no-
cial é de 500mg VO, seguida de dose de manutenção de 250mg de vos trombos e diminuir a ação de substâncias vasoativas, como a
12/12h. serotonina e o tromboxane-A2, liberadas pelas plaquetas ativadas
Anticoagulantes (heparina não-fracionada, heparina de baixo encontradas no trombo original. A dose de ataque da heparina
peso molecular). não-fracionada é de 80 U/kg em bolus EV seguida por uma infusão
Vários ensaios clínicos e metanálises demonstram o indiscutí- contínua de 18 U/kg/h por 5 a 7 dias, incluindo o período de uso
vel benefício do uso das heparinas na SCA. combinado com o anticoagulante oral (Grau de Recomendação I,
A heparina não-fracionada requer monitorização laboratorial Nível de Evidência C e D)
constante do tempo de tromboplastina parcial ativado (PTTa), de-
vendo ser utilizados regimes terapêuticos ajustados ao peso do pa- A utilização das heparinas de baixo peso molecular na embo-
ciente. Já as heparinas de baixo peso molecular não necessitam de lia pulmonar vem se ampliando nos últimos anos, possuindo uma
controle do PTTa. maior ação sobre o fator de coagulação Xa do que sobre o fator IIa
A heparina não-fracionada é administrada como bolus EV de quando comparada com a heparina não-fracionada e possibilitando
60-70 U/kg (máximo de 5.000 U) seguido de infusão de 12-15 U/ maior atividade antitrombótica com menor risco de sangramentos.
kg/h (máximo de 1.000 U/h), mantendo-se o PTTa entre 1,5-2 vezes A enoxaparina deve ser usada por via subcutânea na dose de 1 mg/
o controle. kg a cada 12h ou 1,5 mg/kg, uma vez ao dia; a nadroparina na dose
As heparinas de baixo peso molecular não equivalem entre si de 85 U/kg a cada 12h ou 170 U/kg, uma vez ao dia; e a daltepari-
em relação às doses. Assim, a enoxaparina é administrada na dose na na dose de 200 U/kg/dia. (Grau de Recomendação IIa, Nível de
de 1mg/kg SC de 12/12h ou 1,5mg/kg uma vez ao dia; a dalteparina Evidência C).
na dose de 200 U/kg/dia SC; e a nadroparina na dose de 85U/kg SC Nos pacientes clinicamente instáveis, nos quais a probabilidade
de 12/12 h ou 170 U/kg uma vez ao dia. de embolia pulmonar maciça é grande, deve-se utilizar as drogas
Tanto a heparina não-fracionada como as heparinas de baixo trombolíticas que permitam lise mais rápida do trombo, promoven-
peso molecular têm Grau de Recomendação I e Nível de Evidência do uma melhora clínica mais efetiva. Utiliza-se a estreptoquinase
A e D para uso na SCA. por via EV na dose de 250.000 U em bolus seguida de uma infusão
de 100.000 U/h durante 24 a 72h, ou o rt-PA na dose de 100 U EV
Bloqueadores dos receptores da glicoproteína IIb/IIIa (abcixi- em infusão durante 2h (Grau de Recomendação I, Nível de Evidên-
mab, tirofiban) - Diversos ensaios clínicos têm demonstrado efei- cia C). A trombólise na embolia pulmonar, como em qualquer ou-
tos benéficos com o uso dos bloqueadores da glicoproteína IIb-II- tra situação clínica, apresenta uma série de contra-indicações que
Ia em pacientes com SCA em relação à redução de IAM, reinfarto, devem ser respeitadas. Além dos pacientes clinicamente instáveis,
isquemia miocárdica recorrente e necessidade de revascularização um subgrupo de pacientes com estabilidade hemodinâmica e venti-
miocárdica, não se observando, entretanto, redução da mortalida- latória, porém com disfunção do ventrículo direito ao ecocardiogra-
de 182-188. Firma-se a indicação do tirofiban quando não há uma ma, pode também se beneficiar do uso de trombolíticos. (Grau de
atitude invasiva planejada em pacientes com alto ou médio risco, Recomendação IIa, Nível de Evidência C).
ou seja, com persistência da isquemia, troponina elevada outras
variáveis de risco (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência
A). Já o abciximab parece ser melhor indicado quando houver uma
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Tratamento inicial da dissecção aguda da aorta Sallum (2013) salienta que a causa mais comum do EAP é in-
No caso de suspeita clínica de dissecção aguda da aorta a te- suficiência ventricular esquerda, onde há uma incapacidade desta
rapêutica farmacológica deve ser instituída o mais rápido possível cavidade em bombear o sangue para fora do coração. Esta pode
com objetivo de estabilizar a dissecção e evitar complicações ca- ocorrer por diversos motivos, entre eles estão à hipertensão arte-
tastróficas, como a ruptura da aorta. Para isso o tratamento padrão rial, doenças das válvulas cardíacas, doenças do músculo cardíaco,
é feito através do uso de vasodilatadores, como o nitroprussiato arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração,
de sódio, em associação com betabloqueadores (propranolol, me- entre outras doenças cardíacas. Sendo que em algumas situações, a
toprolol, esmolol ou atenolol) (preferencialmente venoso), visando infusão excessiva de líquidos, pode acarretar um quadro de edema
a redução do cronotropismo e do inotropismo, ou utilizar o labeta- agudo de pulmão.
lol que possui ambos os efeitos (Grau de Recomendação I e Nível A formação de edema nos pulmões ocorre do mesmo modo
de Evidência C e D). Nos pacientes com contra-indicação ao uso de que em outras partes do corpo. Qualquer fator que faça com que a
betabloqueadores podemos utilizar o enalaprilato venoso. O con- pressão do líquido intersticial pulmonar passe de negativa para po-
trole da dor deve ser feito com sulfato de morfina, que também sitiva, provoca uma súbita inundação dos espaços intersticiais e dos
auxilia na redução da pressão arterial e estabilização da dissecção. alvéolos, com grande quantidade de líquido livre, tendo como cau-
Os pacientes deverão ser submetidos à monitorização oxi-dinâmica, sas mais comuns a insuficiência cardíaca esquerda ou doença valvu-
do débito urinário e da pressão arterial, e encaminhados à unida- lar mitral com consequente aumento na pressão capilar pulmonar e
de de terapia intensiva e/ou ao centro cirúrgico tão logo indicado inundação dos espaços intersticiais e alveolares. Também a lesão da
e possível. Aqueles com instabilidade hemodinâmica deverão ser membrana dos capilares pulmonares, causada por infecções como
colocados em suporte ventilatório e submetidos a monitorização pneumonias ou pela inalação de substâncias nocivas como os gases
invasiva da pressão arterial e das pressões do coração direito para cloro ou dióxido de enxofre, acarreta a rápida saída de líquido e
melhor controle das pressões de enchimento e do débito cardíaco, de proteínas plasmáticas de dentro dos capilares. (GUYTON, 2006).
além das variáveis de oxigenação tissular.
O tratamento cirúrgico imediato é reservado para as dissecções EDEMA AGUDO DE PULMÃO
agudas que envolvam a aorta ascendente ou o arco aórtico (tipo O edema pulmonar uma condição definida pelo acúmulo anor-
A de DeBakey) e para dissecções distais complicadas (oclusão de mal de líquido no tecido pulmonar, no espaço alveolar ou em am-
um ramo aórtico importante, extensão da dissecção e evidências bos, se apresentando como uma condição grave. Ocorre, na maioria
de ruptura aórtica) ou não estabilizadas com o tratamento clínico. dos casos, em consequência do aumento da pressão microvascular
(Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D). Em pacien- proveniente da função ventricular esquerda inadequada, o que leva
tes com dissecção não complicada que poupem a aorta ascendente ao refluxo de sangue para dentro da vasculatura pulmonar (BRUN-
(tipo B) e com dissecção crônica da aorta o tratamento clínico é o NER &SUDDARTH, 2009).
passo inicial. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D).
PRINCIPAIS SINTOMAS
4) suporte de vida em situações de edema agudo de pulmão; As principais manifestações clínicas do edema agudo de pul-
O edema agudo de pulmão (EAP) é um evento que acontece e mão são: dispnéia intensa, ortopnéia, tosse, escarro cor de rosa e
forma clínica, e que é caracterizado por um acúmulo súbito e anor- espumoso. Em geral o paciente apresenta-se ansioso, agitado,sen-
mal de líquido nos espaços extra vasculares do pulmão, que repre- tado com membros inferiores pendentes e utilizando intensamente
senta uma das mais dolorosas e dramáticas síndromes cardiorres- a musculatura respiratória acessória. Há dilatação das asas do nariz,
piratórias, e que ocorre de maneira muito frequente nas unidades retração intercostal e da fossa supraclavicular. A pele e as mucosas
de emergência e de terapia intensiva. Na maioria das vezes é con- tornam-se frias, acinzentadas, às vezes pálidas e cianóticas, com
sequência da insuficiência cardíaca esquerda, onde a elevação da sudorese fria sistêmica. Pode haver referência de dor subesternal
pressão no átrio esquerdo e capilar pulmonar é o principal fator irradiada para o pescoço, mandíbula ou face medial do braço es-
responsável pela transpiração de líquido para o interstício e interior querdo em casos de isquemia miocárdica ou IAM. No exame físico,
dos alvéolos, com interferência nas trocas gasosas pulmonares e pode-se constatar taquicardia, ritmo de galope, B2hiperfonética,
redução da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (TARAN- pressão arterial elevada ou baixa (IAM, choque cardiogênico), es-
TINO, 2007). tertores subcreptantes inicialmente nas bases, tornando-se difusos
O fluxo aumentado de líquidos, que são provenientes dos capi- com a evolução do quadro. Roncos e sibilos difusos indicam qua-
lares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acu- se sempre broncoespasmo secundário. O quadro clínico agrava-se
mulam nessas regiões ao ultrapassarem a capacidade de drenagem progressivamente, culminando com insuficiência respiratória, hipo-
dos vasos linfáticos, promovendo uma troca alvéolo-capilar de for- ventilação, confusão mental e morte por hipoxemia (PORTO, 2005).
ma inadequada (FARIA ET AL, 2010). Deve-se basear no achado das seguintes alterações: pacien-
Com base nestes contextos, analisar a participação da equipe te com queixa de dispnéia, geralmente de início súbito, associada
de enfermagem no sentido de reabilitação do paciente no decorrer à tosse e a sinais de liberação adrenérgica (taquicardia, palidez
deste acontecimento que ocorre de forma frequente, embora seja cutânea, sudorese fria, hipertensão e ansiedade). Sinais de esfor-
ele um evento que requer cuidados minuciosos é imprescindível. ço da musculatura inspiratória, com uso dos músculos acessórios
Segundo Marsella (2012), as principais patologias que determinam da respiração, tiragem intercostal e batimento de asas de nariz.
o EAP são: Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio), Taquipnéia e expiração forçada, inclusive com presença de respira-
hipertensão arterial sistêmica, doença valvar, doença miocárdica ção abdominal. Ausculta pulmonar variada, podendo-se encontrar,
primária, cardiopatias congênitas e arritmias cardíacas, principal- mais comumente, estertores inspiratórios e expiratórios de médias
mente as de frequência muito elevada. e grossas bolhas. Também é comum o encontro de murmúrio vesi-
cular mais rude, com roncos e sibilos. Outros achados que podem
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ajudar a definir etiologia do EAP são: presença de dor torácica com- Sistêmica; estudos mostram que emergências hipertensivas ocor-
patível com insuficiência coronariana, galope cardíaco (B3 e/ou B4), rem em menos de 1% dos pacientes hipertensos, esses pacientes
sopros cardíacos e deslocamento da posição do ictus cardíaco (sinal desenvolverão um ou mais episódio de emergência hipertensiva.
de aumento da área cardíaca) (MASELLA, 2012). O mecanismo responsável pela elevação da PA não é clara-
mente conhecido, no entanto, elevações dos níveis de renina, adre-
ACHADOS DIAGNÓSTICOS nomodulina e peptídeo atrial natriurético foram encontrados em
Através da ausculta pulmonar revela-se presença de estertores alguns pacientes com emergências hipertensivas. Uma elevação
nas bases pulmonares, que progridem para os ápices dos pulmões, súbita da PA secundária a um aumento da resistência vascular peri-
sendo estes causados pela movimentação de ar através do líqui- férica parece estar envolvida nos momentos iniciais; o fumo, possi-
do alveolar. Pode ocorrer de o paciente apresentar taquicardia, e velmente mediando lesão endotelial, é um antigo suspeito de estar
queda nos valores da oximetria de pulso, e quando analisada a ga- envolvido na gênese das emergências hipertensivas (fumantes têm
sometria verifica-se o agravamento da hipoxemia (BRUNNER &SU- 5x mais chances de desenvolver hipertensão maligna); fatores ge-
DDARTH, 2009). néticos e imunológicos também podem ter papel importante.
Os pacientes portadores de feocromocitoma ou hipertensão
TRATAMENTO renovascular apresentam uma incidência de elevações abruptas de
Consiste de medidas medicamentosas como a oxigenioterapia pressão arterial mais alta do que o esperado para outras causas de
para melhora da saturação de oxigênio, de diuréticos (como a furo- hipertensão arterial. Alguns autores acreditam que a ativação do
semida) que é fundamental na redução da pré-carga, opióides (sen- sistema renina-angiotensina esteja envolvida no desenvolvimento
do o mais utilizado a morfina) sendo de extrema eficácia na redução das emergências hipertensivas, assim a redução do volume circu-
do retorno venoso e na diminuição no consumo de oxigênio pelo lante causada, entre outros motivos, pela ação de diuréticos de alça
miocárdio, vasodilatador coronariano (dobutamina normalmente é – como a furosemida – pode estar associada a elevações abruptas
a droga de escolha) pelo efeito inotrópico positivo, vasodilatador de pressão arterial e à lesão endotelial dos quadros de emergência
venoso e arterial (como o nitroprussiato de sódio) oferece rápida hipertensiva.
e segura redução da pressão arterial, e medidas mecânicas como a Uma vez iniciado o processo lesivo vascular, surge um ciclo vi-
ventilação mecânica invasiva e não invasiva e a intubação (SALLUM cioso com secreção de substâncias vasoconstritoras e vasotóxicas,
E PARANHOS, 2013). como o TNFa, que perpetuam o processo.
Porém Carvalho (2008), demonstra que o tratamento de EAP
busca diminuir a pressão de preenchimento ventricular e melhorar Sintomas e sinais de alerta na crise hipertensiva
o fornecimento de oxigênio, baseando-se na administração de ni- Neurológicos: Relaxamento da Consciência, Sinais Focais (loca-
tratos, diuréticos e oxigênio. lizatórios), Cefaleia Súbita Intensa, Presença de Sinais Meníngeos e
Alterações agudas no fundo do olho;
CUIDADOS DE ENFERMAGEM Cardiológicos: Dor Torácica Isquêmica, Dor Torácica Intensa,
Conforme Sallum e Paranhos (2013) as ações de enfermagem Congestão Pulmonar e Presença de 3ª Bulha;
incluem organização e provimento de recursos materiais e huma- Renais: Presença de edema recente, diminuição do volume uri-
nos, mas também descrevem outros cuidados como: nário, hematúria, proteinúria e elevação dos níveis de creatinina;
Na abordagem do paciente hipertenso grave na emergência
Posicionar o paciente sentado, elevando a cabeceira a 60° ou médica é necessária uma história e um exame físico direcionados,
90° deixando os membros inferiores pendentes, assim reduzindo porém acurados na busca da presença de lesão de órgão-alvo, par-
retorno venoso e propiciando máxima expansão pulmonar; ticularmente na busca de sintomas e sinais de alerta, são cruciais
Posicionar em Fowler alto. para a segurança do paciente e para a boa prática clínica; a história
Instalar máscara facial de oxigênio com reservatório, selecio- deve investigar as características dos sintomas do paciente. Muitos
nando um fluxo de 10 L/min; pacientes apresentam-se na emergência apenas após a constata-
Aspirar às secreções se necessário para manter as vias aéreas ção da elevação dos níveis pressóricos em uma medida rotineira de
permeáveis; pressão arterial.
O exame físico deve incluir a pesquisa da presença de sinais
5) suporte de vida em situações de crise hipertensiva; de irritação meníngea, fundo de olho para buscar edema de papi-
Crise Hipertensiva é uma condição clínica caracterizada por la, hemorragias e exsudatos; o exame neurológico deve procurar a
elevação aguda ou crônica da PA (Níveis de Pressão Diastólica su- presença de rebaixamento de nível de consciência, confusão men-
perior a 130 mmHg) em associação ou não com manifestações de tal ou agitação psicomotora, presença de sinais neurológicos focais,
comprometimento de órgãos-alvo (cardiovasculares, neurológicas particularmente os sinais deficitários; a ausculta cardíaca deve bus-
e renais). As manifestações clínicas das crises hipertensivas depen- car a presença de 3ª ou 4ª bulha e sopro de insuficiência aórtica; a
dem do grau de disfunção dos órgãos-alvo. Os níveis pressóricos ausculta pulmonar deve procurar a presença de sinais de congestão
absolutos podem não ter importância, mas sim a velocidade de ele- pulmonar; o exame físico deve incluir, ainda, a palpação da aorta
vação que esta ocorreu. abdominal e a pesquisa de pulsos periféricos, incluindo o pulso ca-
Pacientes com hipertensão de longa data podem tolerar pres- rotídeo.
sões sistólicas de 200 mm Hg e diastólicas superiores a 150 mm É importante avaliar a presença de deterioração da função re-
Hg, entretanto crianças ou gestantes podem desenvolver encefa- nal, buscando a presença de edema, diminuição de volume urinário
lopatia com pressões diastólicas de 100 mm Hg. Cerca de 10 a 20% e hematúria; em pacientes com pressão arterial diastólica superior
da população adulta em nosso país apresenta Hipertensão Arterial a 130 mmHg, impõe-se a dosagem de creatinina sérica e a análise
urinária para pesquisar a presença de hematúria e proteinúria; a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

estratificação de risco desses pacientes está na confirmação ou na em pacientes com infarto do miocárdio, ocasionando melhora no
exclusão de existência de lesão aguda (em curso) de um órgão-alvo. desempenho cardíaco, que é acompanhado pelo aumento do volu-
Caso não seja possível excluir a existência de lesão, deve-se assumir me urinário e excreção de sódio.
a presença de lesão aguda e tratar conforme o órgão lesado. A toxidade aguda do Nitroprussiato é secundária à vasodila-
tação excessiva e à hipotensão. Podem ocorrer náuseas, vômitos,
A Crise Hipertensiva é dividida em urgência hipertensiva e sudorese, agitação, cefaleia, palpitação, apressão subesternal e sín-
emergência hipertensiva: cope, devido ao deslocamento da massa sanguínea para as áreas
• Urgência Hipertensiva: não existe o comprometimento ins- esplênicas e periféricas, com possível hipóxia cerebral.
talado dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins). Após a
avaliação médica o paciente geralmente recebe medicações por via .Os principais cuidados de enfermagem na administração desta
oral ou sublingual e é tratado ambulatorialmente e em domicílio; o medicação são:
controle da Pressão Arterial é feito em até 24 horas; • Preparo e diluição da medicação conforme padronização e/
• Emergência Hipertensiva: existe o comprometimento insta- ou prescrição médica (geralmente é diluído em 250 ml de solução
lado e iminente dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins); fisiológica ou glicose 5%);
após a avaliação médica é indicado tratamento hospitalar em CTI’s • Controle rigoroso de gotejamento, instalar preferencialmente
e administração de vasodilatadores endovenosos. Essa crise é em bomba de infusão e verificar continuamente a infusão correta
acompanhada por sinais que indicam as lesões nos órgãos-alvo, tais do medicamento;
como: encefalopatia hipertensiva, edema agudo de pulmão, aci- • Controle da pressão arterial do paciente (algumas bibliogra-
dente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio ou dissecção fias indicam controle a cada cinco minutos, outras a cada 15 a 30
aguda da aorta, nestes casos há o risco iminente de morte; minutos. É importante seguir as orientações do enfermeiro na ob-
servação e aferição da pressão arterial, uma vez que nas primeiras
Segundo Uenishi (1994), os principais cuidados de enferma- horas de infusão da medicação será necessária a verificação em in-
gem no tratamento das crises hipertensivas são: tervalos menores e/ou conforme a apresentação de sinais e sinto-
• Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo; mas no paciente); o mais indicado é que o paciente esteja monito-
• Puncionar veia periférica; rizado com monitor multiparâmetros, que verifica constantemente
• Monitorizar adequadamente (PA, ECG e Débito Urinário); o pulso, pressão arterial e oximetria;
• Instalar medicação prescrita anti-hipertensiva em bombas de Observação: todos os sinais e resultados obtidos devem obri-
infusão; gatoriamente ser anotados no prontuário do paciente, bem como
• Para pacientes com infusão intravenosa de vasodilatadores, os horários de instalação da medicação e possíveis mudanças em
obter parâmetros de sinais vitais a cada cinco minutos até a redu- gotejamentos, conforme a orientação médica.
ção desejada da pressão arterial.
6) suporte de vida em situações de infarto agudo do miocár-
Um dos principais medicamentos vasodilatadores utilizados dio;
nas emergências hipertensivas é o nitroprussiato de sódio, que é As doenças cardiovasculares (DCV) atualmente estão entre as
um potente vasodilatador. Sua ação é semelhante ao nitrito, que principais causas de morbidade, incapacidade e morte no Brasil e
atua diretamente sobre o músculo liso dos vasos sanguíneos, pro- no mundo, sendo responsáveis por 39% das mortes registradas em
vavelmente por causa da porção nitrosa. O metabolismo inicial do 2008. Os gastos com estes pacientes totalizaram 1,2 milhões em
nitroprussiato envolve a liberação não enzimática de cianogênio, o 2009 e, com envelhecimento da população e mudança dos hábitos
qual é rapidamente convertido em tiocinato, por meio de uma ação de vida, a prevalência desta doença tende a aumentar ainda mais
catalisadora por enzima hepática. futuramente (BRASIL, 2008). A Organização Pan-americana de Saú-
Embora essa reação seja irreversível, o tiocinato pode ser de de (OPAS) reconhece a necessidade de uma ação integrada contra
forma lenta convertido em cianeto pela ação de uma tiocinato oxi- as Doenças cardíacas e irá propor aos países membros que estabe-
dase presente nos eritrócitos. (GUERRA et al.,1988). Muitos dos leçam a meta global de reduzir a taxa de mortalidade por esta em
efeitos tóxicos que se observam durante o uso do nitroprussiato são 20% na década de 2011-2020 em relação à década precedente. En-
notados em envenenamento por cianeto e tem sido sugerido que tre as causas de morte e hospitalização, destacam-se as síndromes
esse último composto seria responsável pelos efeitos tóxicos pelo coronarianas agudas (SCA), incluindo o infarto agudo do miocárdio
uso prolongado da droga em pacientes. O início da ação do nitro- (IAM) e a angina instável (AI) (ESCOSTEGUY et al., 2005). Em situa-
prussiato de sódio é imediato e persiste enquanto perdura a infusão ções de emergências, ao admitir um paciente grave, o enfermeiro
da droga, atua tanto nos vasos de capacitância como nos vasos de é o profissional que realizará a triagem em serviço de emergência,
resistência. Produz redução muito rápida nas pressões arterial e ve- cabe a ele avaliar o paciente, determinar as necessidades de prio-
nosa central e um aumento moderado na frequência cardíaca. ridade e encaminhá-lo para a área de tratamento. Sendo assim, o
Também é potente vasodilatador cerebral, causando aumento enfermeiro é o profissional da equipe de emergência a ter o primei-
da pressão intracraniana responsável pela cefaleia pulsátil experi- ro contato com o paciente, cabendo-lhe o papel de orientador nos
mentada por alguns pacientes. Os vasos da retina podem relaxar-se procedimentos que serão prestados.
e aumentar a pressão intraocular, o que favorece a crise aguda do
glaucoma. O nitroprussiato de sódio é indicado nas crises hiperten- Importância dos atendimentos de emergência
sivas e também é útil para produzir hipotensão em alguns procedi- A emergência é uma propriedade que uma dada situação as-
mentos cirúrgicos, assim como para diminuir a resistência periférica sume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A assis-
tência em situações de emergência e urgência se caracteriza pela
necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espa-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ço de tempo. A emergência é caracterizada como sendo a situação O infarto do miocárdio pode também ocorrer em pessoas que
onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo têm as artérias coronárias normais. Isso acontece quando as co-
deve ser imediato (CINTRA, 2003). Ressalta este autor, que neces- ronárias apresentam um espasmo, contraindose violentamente e
sidade da formação do enfermeiro em atuação nas unidades emer- também produzindo um déficit parcial ou total de oferecimento de
genciais apresenta a importância dos procedimentos teóricos que sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso contraído (MALVES-
aprendemos como enfermeiros que o socorro nos momentos após TIO, 2002).
um acidente, principalmente as duas primeiras horas são os mais
importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das Segundo o autor acima os sinais e sintomas do IAM:
pessoas feridas. • Dor intensa e prolongada no peito;
Os casos de urgência se caracterizam pela necessidade de tra- • Dor que se irradia do peito para os ombros, pescoço ou bra-
tamento especifico, o paciente será encaminhado para a especiali- ços;
dade necessária, ortopedia, cirurgia geral, neurologia e clínica mé- • Dor prolongada na “boca do estômago”;
dica. Neste caso o risco de vida é pouco provável. Quanto à atenção • Desconforto no tórax e sensação de enfraquecimento;
hospitalar às vítimas de acidentes e violências reúne-se de forma • Respiração curta mesmo no estado de repouso;
complexa a estrutura física, a disponibilidade de insumos, o aporte • Sentir tonteira;
tecnológico e os recursos humanos especializados para intervir nas • Náusea, vômito e intensa sudorese;
situações de emergência decorrentes dos acidentes e violências. • Ataques de dor no peito que não são causados por exercício
As emergências são as principais portas de entrada desses pacien- físico.
tes no hospital; considerando a gravidade das lesões, a assistência
demandará ações de diferentes serviços e poderá exigir um tempo Contudo, há de ser levado em consideração que existem em
considerável de internação, acarretando um custo elevado. muitos indivíduos um componente genético importante na susce-
Os autores Tacsi e Vendruscolo (2004) consideram que o en- tibilidade individual para o desenvolvimento da arteriosclerose,
fermeiro no setor de emergência deve adotar estilos de liderança embora sua natureza até o momento não seja entendida, essa sus-
participativa e compartilhar e/ou delegar funções. São as principais cetibilidade genética pode interferir nas características bioquímicas
habilidades, para o gerenciamento da assistência: a comunicação, o e fisiológicas, acelerando o processo da doença. Esse componente
ao paciente, em casos de emergência, seja direcionado, planejado genético é definido como herança genética ou características não
e livre de quaisquer danos. modificáveis.
O Infarto do Miocárdio Segundo Lima (2007), o termo infarto A assistência da equipe de enfermagem no atendimento à ví-
designa a necrose do miocárdio que se instala secundariamente à tima de infarto agudo do miocárdio O enfermeiro tem um papel
interrupção aguda do fornecimento de sangue através das coroná- importante na assistência, tem sido discutido políticas e estratégias
rias. A destruição do músculo do coração é motivada, geralmente, de saúde em relação a doenças cardiovasculares, para que a en-
por depósitos de placas de ateroma nas artérias coronárias. fermagem atue na promoção e recuperação da saúde através de
Desse modo, essas placas nada mais são do que o amontoado intervenções as quais objetiva alcançar os resultados esperados, es-
de células no interior dos vasos sanguíneos. Lesões dos próprios tabelecendo protocolos que consiste em passos a serem dados para
vasos, assim como depósitos de gordura que vão desenvolvendo-se a realização de suas ações sistemática na sequência que devem ser
com o tempo, constituem-se verdadeiras “rolhas” no interior das executado. O enfermeiro, por meio de seus cuidados, é um profis-
artérias do coração. O infarto do miocárdio está mais repetidamen- sional essencial na assistência e recuperação da saúde da vítima de
te unido a uma causa mecânica, ou seja, suspensão do fluxo sanguí- IAM (BRANDÃO, 2003).
neo para uma área específica por causa da obstrução total parcial O atendimento de emergência nas Unidades Hospitalares tem
da artéria coronária responsável por sua irrigação. A dimensão da importante papel na recuperação e manutenção da saúde do indi-
necrose depende de muitos fatores que possam ter ocorrido tais víduo. Recuperar a saúde e mantê-la se estabelece com uma assis-
como o tamanho da artéria lesada, tempo de desenvolvimento da tência à saúde de qualidade e equipe multidisciplinar voltada para
obstrução e desenvolvimento da circulação colateral (CHIAVENATO, o indivíduo como um todo na sua integralidade, atentando para as-
2010). pectos que envolvem a atuação eficaz, eficiente, rápida e com bom
O infarto significa a morte de uma parte do músculo cardía- conhecimento clínico e científico. A atuação do enfermeiro encaixa-
co (miocárdio), por falta de oxigênio e irrigação sanguínea. A oxi- -se naquela equipe supracitada e é primordial para os serviços de
genação necessária ao funcionamento do coração sucede por um saúde no tocante à promoção à saúde dos clientes/pacientes que
conjunto de vasos sanguíneos, as chamadas artérias coronárias. são assistidos em serviços de Urgência e Emergência.
Quando uma dessas artérias que irrigam o coração impede o abas-
tecimento de sangue e oxigênio ao músculo, redundando em um 7. suporte de vida em situações de acidente vascular encefá-
processo de destruição irreversível, podem ocasionar parada car- lico;
díaca (morte súbita), morte tardia ou insuficiência cardíaca com sé- As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem a
rias limitações de atividades físicas (TEIXEIRA, 2010). primeira causa de mortalidade na população mundial (CRUZ, 2015).
Os pacientes que passam por um infarto, são comumente do São responsáveis por um elevado número de mortes prematuras,
sexo masculino, pois são mais facilmente vulneráveis que as mulhe- diminuição da qualidade de vida e impactos socioe¬conômicos, en-
res. Isso porque, acredita-se que as mulheres possuam uma eficácia volvendo a taxa de mortalidade, os custos do tratamento, déficit
protetora que é a produção de hormônios (estrógeno), tanto que motor e redução cognitiva dos pacientes (STONE, 2013; MALTA et
após a menopausa, pela falta de produção desse hormônio, a cir- al., 2015).
cunstância de infarto na mulher cresce de sobremaneira (SILVEIRA,
2006).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As DCNT incluem neoplasias, doenças respiratórias crônicas, ministração do t-PA dentro das primeiras 3 horas do início do qua-
diabetes mellitus e doenças do aparelho circulatório. O Acidente dro em uma dose de 0,9 mg/kg proporciona melhora na perfusão
Vascular Encefálico (AVE) é classificado nesta última, sendo um dis- cerebral e reduz significati¬vamente a incapacidade sem aumento
túrbio neurológico no qual ocorre perda da função ence¬fálica em no risco de morte do paciente.
decorrência da ruptura do aporte sanguíneo para uma região do As princiais dificuldades para implementação de protocolos
encéfalo com instalação súbita de causa vascular (CARNEIRO et al., são: falta de adesão pela equipe multiprofissional, conhecimento
2015; OLIVEIRA et al., 2016). deficiente, ausência de estrutura física no ambiente de assistência
O AVE é mais frequente após os 60 anos, sendo responsável por e falta de investimento em equipamentos e tecnologia avançada
847.694 interna¬ções hospitalares no Brasil nos últimos cinco anos, (FRANGIONE-EDFORT, 2014).
por 27,6% (234.326) na região Nordeste do país e 0,46% (3.969) em Moura e Casulari (2015) defendem que o uso de protocolos no
Sergipe (BRASIL, 2016). Nos anos de 2012, 2013 e 2014 corres¬pon- atendimento ao paciente com AVE melhora o atendimento signi-
deu a 249.470 óbitos no Brasil, 28,5% (71.279) na região Nordeste e ficativamente. Corroborando com a afirmativa, Donnellan, Sweet-
1,02% (2.565) em Sergipe (BRASIL, 2016). Dos sobreviventes, cerca man e Shelley (2013b) afirmam que a adesão aos proto¬colos é as-
de 50% necessitam de cuidados espe¬ciais e auxílios para desenvol- sociada a desfechos favoráveis no tratamento ao AVE, aumentando
vimento de suas atividades em longo prazo (CRUZ, 2015). a sobre¬vida e reduzindo os custos hospitalares.
O Ministério da Saúde (MS), baseado na linha do cuidado do
AVC, instituída pela Portaria MS/GM nº 665 de 12 de abril de 2012, Atuação do enfermeiro no manejo do AVE
instituiu o Manual de rotinas de atenção ao AVE, o qual tem como Durante o período de permanência em internação hospitalar,
objetivo apresentar protocolos, escalas e orientações aos profissio- o paciente acometido por AVE recebe a assistência de uma equipe
nais de saúde no manejo clínico ao paciente acometido pela doen- multidisciplinar que desenvolve ações com o objetivo de melhorar
ça, garan¬tindo assistência de qualidade nos serviços de saúde na- o estado de saúde e consequente alta hospitalar. O enfermeiro,
cionais (BRASIL, 2013). du¬rante o seu turno de trabalho, é o profissional que possui maior
A utilização de protocolos institucionais pré-definidos de aten- contato com o paciente, sendo responsável pela maior parte dos
dimento a pa¬cientes com AVE requer a participação de uma equipe cuidados e procedimentos (SOUZA et al., 2014).
multidisciplinar. Nesta, o en¬fermeiro está inserido como respon- No processo de cuidado ao paciente com AVE, o enfermeiro
sável direto na assistência prestada, permitindo o reconhecimento deve atuar com o objetivo de minimizar as sequelas provenientes
precoce de sinais e sintomas sugestivos da doença e uma conduta da doença, além de desenvolver uma assistência com foco no esta-
diagnóstica ou terapêutica de forma segura (MONTEIRO, 2015). do físico, espiritual e mental. Para isso, esse profissional deve iden-
Em estudo realizado por Donnellan, Sweetman e Shelley tificar as principais necessidades do paciente, elaborar um plano de
(2013a), no qual foi avaliada a implementação de diretrizes nacio- cuida¬dos individualizado e garantir que o mesmo seja implemen-
nais de AVE, foi observado que o instru¬mento consiste em um tado de maneira eficaz (BARCELOS et al., 2016).
conjunto de orientações específicas à conduta terapêutica, con- Hinkle (2014) destaca que estes profissionais devem realizar e
templando o que, quem, quando, onde e como a assistência deve registrar um exame físico eficiente pactuado na escala de AVE dos
ser realizada, porém ressalta que deverá ser adaptado ao uso no Institutos Nacionais de Saúde (NIHSS). Afirma ainda que este ins-
ambiente clínico. trumento deva ser empregado continuamente na fase aguda do
Os resultados encontrados por Oostema e outros autores AVEi, em pacientes pós-AVEh ou com suspeita de Ataque Isquêmico
(2014) dão suporte às afirmativas da literatura. Os autores obser- Transitório (AIT) a fim de identificar o estado neurológico, avaliar
varam que a eficiência dos cuidados hos¬pitalares aos pacientes eficácia do trata¬mento e prever um desfecho para conduta clínica.
esteve relacionada à utilização das recomendações das dire¬trizes A escassez de neurologistas prontamente disponíveis em servi-
nacionais, visto que proporcionou chegada em cena precoce, ava- ços hospitalares dos Estados Unidos favoreceu o desenvolvimento
liação mais rápida, utilização aumentada da terapia trombolítica e de práticas avançadas de enferma¬ gem. Estas práticas evidencia-
a tempos de porta-agulha re¬duzidos para a administração trom- das pelo autor contemplam a atuação dos enfermeiros na identifi-
bolítica. cação, tomada de decisão de tratamento e gestão contínua de pa-
Ao ser admitido no serviço de emergência, o paciente deve ser cientes com AVE (BRETHOUR, 2012).
avaliado com base em protocolos que definem as principais ma- Em estudo de Blomberg e colaboradores (2014) foi avaliado o
nifestações clínicas da doença e indicam o melhor tratamento no nível de con¬cordância entre enfermeiros e médicos na condução
melhor tempo resposta, reduzindo as complicações provenientes clínica do AVE, evidenciando similaridade entre os profissionais de
do AVE e melhorando o prognóstico do paciente (SANDER, 2013). 78% na decisão de monitorização e intervenção precoce e 74% na
Blomberg e outros autores (2014) constataram que a utiliza- realização da Tomografia Computadorizada (TC) de crânio, porém
ção de algoritmo específico no atendimento pré-hospitalar (APH) os enfermeiros apresentaram nível de precisão em 84%.
permitiu uma alta precisão no diag¬nóstico do AVE e eficácia na Bergman e outros autores (2012) defendem que os enfermei-
corrente de sobrevivência. Destacaram a utilização de intervenções ros devem ser ca¬pacitados para reconhecer as manifestações clíni-
específicas, incluindo suporte de oxigênio, inserção de cateteres ve- cas de um AVE, visto que esses pro¬fissionais, na maioria das vezes,
no¬sos periféricos, exame neurológico e reação pupilar, transporte são responsáveis pelo acolhimento e avaliação pri¬mária desses
imediato com elevada prioridade médica e comunicação precoce à pacientes no serviço de urgência. O reconhecimento precoce e es-
instituição que receberá o paciente. colha da terapêutica adequada são fatores positivos para o prog-
As diretrizes da Associação Americana de AVE recomendam nóstico do paciente.
que a avaliação e o diagnóstico rápidos dos pacientes devem pro- Yang e outros autores (2015), ao questionarem 331 enfermei-
porcionar um tempo de porta-agulha não superior a 60 minutos ros e médicos sobre a capacidade de reconhecimento de um AVE,
(BRETHOUR, 2012). Associado a isto, o autor evidenciou que a ad- 48% referiram aptidão para reconhecer e gerenciar a situação. Em
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

seu estudo, Adelman e colaboradores (2014), ao entrevis¬tarem Caracterizado por uma síndrome que ocasiona a redução da
875 enfermeiros sobre os sinais de alerta para o AVE, evidenciaram perfusão tecidual sistêmica, o choque leva o corpo a uma disfunção
que 87% dos entrevistados reconheceram dois ou mais sinais da orgânica. Os órgãos deixam de receber suporte, podendo entrar em
doença. falência.
Conforme afirmam Barcelos e outros autores (2016), as limi- Nesse cenário, a atuação da enfermagem tem papel funda-
tações físicas e cog¬nitivas impostas pelo AVE são agravantes que mental, sendo importante desde a assistência emergencial até a
podem interferir durante a realização dos cuidados pelo enfermeiro execução do plano de cuidados.
aos pacientes. Por este motivo, o profissional deve ser capacitado
para atuar diante das dificuldades que podem surgir durante a as- A abordagem do enfermeiro inclui, pelo menos, sete procedi-
sistência, utilizando estratégias de cuidado que visem proporcionar mentos:
uma comunicação tera-pêutica efetiva. - Controlar a glicemia capilar
Souza e outros autores (2014) evidenciaram em estudo a im- - Verificar o monitor multiparamêtrico
- Coletar exames laboratoriais
portância da comu¬nicação verbal e não verbal entre o enfermeiro
- Realizar oxigenoterapia
e o paciente afásico, a fim de manter uma relação de confiança. No
- Verificar a dor e realizar o controle
estudo, os enfermeiros relataram usar os gestos (100%), comunica-
- Determinar o decúbito, sempre de acordo com o tipo de cho-
ção verbal (33,3%), comunicação escrita (29,6%) e toque (18,5%).
que (hipovolêmico, cardiogênico e circulatório)
Nesta pers¬pectiva, é essencial que o enfermeiro esteja preparado - Realizar acesso venoso calibroso
para realizar uma comunicação terapêutica efetiva, com o objetivo
de prestar assistência adequada e de qualidade. No choque hipovolêmico, que é o tipo mais frequente, há uma
diminuição no volume intravascular. O problema pode ser ocasio-
8) suporte de vida em situações de estados de choque; nado pela perda de líquido externa ou, ainda, por deslocamento de
líquidos internos. Aqui, os objetivos da enfermagem no tratamento
concentram-se em três etapas:
- Restaurar o volume intravascular
- Redistribuir o volume de líquidos corporais
- Reparar a causa originária da perda de líquido ao lado da equi-
pe médica tão logo for possível.

Para restaurar a saúde do paciente, a atuação da enfermagem


consiste em avaliação sistemática do paciente, seja monitorando os
índices glicêmicos ou realizando exames periodicamente. O enfer-
meiro é, ainda, o profissional que executa o tratamento prescrito,
monitora o paciente e o protege de eventuais complicações.
Ao longo da rotina, o profissional deve conservar a atuação
humanizada, que considera a questão emocional como parte inte-
grante do processo de cuidar. Vale ressaltar que a assistência da
enfermagem não se resume à saúde física.
A atuação do enfermeiro no estado de choque deve ser capaz
de promover o bem-estar integral do paciente. Além disso, a apro-
ximação com o enfermo potencializa o próprio tratamento, propi-
ciando controle e monitorização constantes.
Tipos de choque
- Hipovolêmico – depleção do volume intravascular efetivo. 9) suporte de vida em situações de parada cardiorrespiratória;
- Cardiogênico – falha primária da função cardíaca. Parada cardiorrespiratória (PCR) consiste na cessação de ativi-
dades do coração, da circulação e da respiração, reconhecida pela
- Distributivo – alterações do tônus/permeabilidade vascular.
ausência de pulso ou sinais de circulação, estando o paciente in-
- Obstrutivo – obstrução mecânica ao enchimento do coração.
consciente (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017). Para Nasser e Barbie-
ri (2015), a parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória
O paciente em estado de choque exige atenção total da equi-
(PCR) é definida como a ausência de atividade mecânica cardíaca,
pe médica, devido ao risco iminente de morte. Em casos assim, a que é confirmada por ausência de pulso detectável, ausência de
intervenção deve ser imediata. Isso porque o tempo de ação e de responsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante.
resposta exerce influência direta na recuperação do paciente. Já para Zanini, Nascimento e Barra (2006), a PCR é definida
O procedimento vai na contramão da premissa básica da enfer- como o súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, asso-
magem, que preza sempre a prevenção primária. No atendimento ciada à ausência de respiração. Como podemos observar diferentes
ao estado de choque, entretanto, o profissional é impelido a agir autores se comunicam com a mesma definição para PCR, utilizam
rapidamente, a fim de evitar danos estruturais ao enfermo. palavras diferentes com mesmos significados. De acordo com Silva

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(2004) arada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação súbita e inesperada das funções cardíaca e respiratória. Também pode ser descrita
como a inadequação do débito cardíaco que resulta em um volume sistólico insuficiente para a perfusão tecidual decorrente da interrup-
ção súbita da atividade mecânica ventricular .
Para Guimarães (2005) a RCP é o conjunto de procedimentos destinados a manter a circulação de sangue oxigenado ao cérebro e a
outros órgãos vitais, permitindo a manutenção transitória das funções sistêmicas até que o retorno da circulação espontânea possibilite o
restabelecimento da homeostase. A PCR ocorre com maior frequência em UTI, uma vez que essas unidades assistem pacientes gravemente
enfermos. Os profissionais de Enfermagem devem estar aptos para reconhecer quando um paciente está em PCR ou prestes a desenvolver
uma.
A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segundos (ZANINI; NASCIMENTO E BARRA, 2006). Vários estudos têm demonstrado
que quanto menor o tempo entre a parada cardiorrespiratória e o atendimento, maior a chance de sobrevida da vítima (GOMES et al.,
2005 apud MADEIRA E GUEDES, 2010).

Para que o Suporte Básico de Vida (SBV) seja concretizado com eficiência é necessário o reconhecimento rápido e a realização das ma-
nobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), utilizando de compressões torácicas de boa qualidade (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
Com o objetivo de reverter este colapso foi desenvolvido o método de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) que refere-se à tentativas
de recuperar a circulação espontânea, sendo sua aplicação universal (o que independe da causa base da PCR), com atualizações protoco-
lares sistemáticas (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
A reanimação cardiopulmonar (RCP) é definida como o conjunto de manobras realizadas após uma PCR com o objetivo de manter
artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e a outros órgãos vitais, até que ocorra o retorno da circulação espontânea (RCE) (NASSER E BAR-
BIERI, 2015). Para Madeira e Guedes (2010), a reanimação cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas diagnósticas
e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada cardiorrespiratória. A RCP tem por finalidade fazer com que o coração e o pulmão
voltem a funcionar de acordo com seu padrão de normalidade, e por ser entendida como um conjunto de manobras destinadas a garantir
a oxigenação para todos os órgãos e tecidos, principalmente ao coração e cérebro.
O enfermeiro é vital nos esforços para reanimar um paciente, sendo ele, frequentemente, quem avalia primeiro o paciente e inicia as
manobras de RCP e aciona a equipe (ARAÚJO et al., 2012). Cabe ao enfermeiro e sua equipe assistir esses pacientes, oferecendo circulação
e ventilação até a chegada da assistência médica, para tanto esses profissionais devem adquirir habilidades para prestar adequadamente
a assistência necessária.
A enfermagem tem papel extremamente importante no atendimento à PCR, evento em que são imprescindíveis a organização, o
equilíbrio emocional, o conhecimento teóricoprático da equipe, bem como a correta distribuição das funções por parte destes profissio-
nais, que representam, muitas vezes, a maior parte da equipe nos atendimentos de RCP (SILVA, 2006). Silva (2006) relata que na maioria
das vezes, o enfermeiro é o membro da equipe de saúde que primeiro se depara com o paciente/cliente em situação de PCR, devendo,
portanto estar preparado para concentrar esforços e atuar nos acontecimentos que precedem o evento da PCR, e consequentemente, na
sua identificação precoce, no seu atendimento e nos cuidados pós-reanimação.
Para Silva (2017), se a manobra não for realizada corretamente, poderá haver uma necrose nos tecidos musculares do coração, a dimi-
nuição ou ausência de oxigenação no cérebro, levando assim o paciente a óbito ou até lesões irreversíveis cerebrais.

Segundo a American Heart Association 2015, o atendimento à PCR em Suporte Básico de Vida (SBV), compreende:
Um conjunto de técnicas sequenciais caracterizadas por compressões torácicas, abertura das vias aéreas, respiração artificial e des-
fibrilação ao considerar a PCR como uma emergência clínica, na qual o objetivo do tratamento consiste em preservar a vida, restabelecer
a saúde, aliviar o sofrimento e diminuir incapacidades, o atendimento deve ser realizado por equipe competente, qualificada e apta para
realizar tal tarefa. Neste contexto destaca-se a figura do enfermeiro, profissional muitas vezes responsável por reconhecer a PCR, iniciar
o SBV.
De acordo com as novas recomendações da American Heart Association o correto é que os socorristas aplique uma frequência mínima
de 100 a 120 compressões torácicas por minutos (AHA, 2015). Sendo este um fator determinante do retorno da circulação espontânea.
Desta forma, a pesquisa tem o intuito de identificar a frequência com que os profissionais se atualizam quanto as novas recomendações
da AHA em relação a PCR e aos métodos de RCP, contribuindo para a formulação de estratégias eficazes de incentivos a capacitação em
saúde aos profissionais enfermeiros.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

10) suporte de vida em situações de intoxicações exógenas;


Intoxicação é o prejuízo causado em sistemas orgânicos (nervoso, respiratório, cardiovascular, etc.) devido à absorção de alguma subs-
tância nociva. “Todas as coisas são venenosas, é a dose que transforma algo em veneno”. (Paracelso, século XVI)
• A maior parte das intoxicações ocorre na faixa-etária de 1 – 4 anos.
• Adultos – medicamentos e drogas lícitas/ilícitas.
t
Conduta:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Estado geral
• ABCDE
• Sinais Vitais
• Anamnese – 5 Ws (Quem, o que, onde, quando, por que?)
• Antídoto
• Diluição?
• Êmese
• Lavagem Gástrica

Diluição:

Imediatamente
- Álcalis
- Ácidos fracos
- Hidrocarbonetos

Nunca
- Ácidos concentrados
- Substâncias cáusticas
- Inconsciência
- Reflexo da deglutição diminuído
- Depressão respiratória
- Dor abdominal

Lavagem Gástrica:
• Recém-Nascido: 500 ml
• Lactentes: 2 a 3 litros
• Pré-Escolares: 4 a 5 litros
• Escolares: 5 a 6 litros
• Adultos: 6 a 10 litros.

Solução utilizada: Soro Fisiológico a 0,9%.


• Volume por Vez
Crianças: 5ml/Kg •Adultos: 250ml.

Carvão ativado
• Crianças < 12 anos = 1g/kg
• Adultos até 1g/kg
• Dose de ataque = 50 a 60g em 250ml SF
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Manutenção = 0,5g/kg – 4 a 6h

Monóxido de Carbono
• Gás inodoro
• Incolor.
• Tem de 200 a 300 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio.
• Satura a hemoglobina, impede a chegada de oxigênio em nível celular.

Conduta:
• Retirar do ambiente nocivo
• O2 em alta concentração
- O2 a 100% diminui a meia vida da COHb em cerca de 4 vezes em pressão atmosférica normal - Câmara hiperbárica a 3 atm diminui a
meia vida da COHb em cerca de 13 vezes.
Meia vida da COHb = 5 horas

11) suporte de vida em situações de acidente ofídico.


Acidente por animais por animais peçonhentos é considerado um problema de saúde pública em países tropicais. O aumento do
número de notificações tem sido registrado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Animais peçonhentos são
descritos pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicos (SINTOX) como o segundo maior agente de intoxicação humana
no Brasil, suplantado apenas por medicamentos1 . Animais peçonhentos são caracterizados como aqueles que possuem glândulas produ-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

toras de veneno ou substância tóxica e um aparelho especializado ou Oxacilina. O atendimento deve incluir a avaliação cardiorrespi-
utilizado na inoculação do veneno. Dessa forma, no mundo existem ratória e identificação de fatores de risco, reconhecendo precoce-
cerca de 100.000 espécies peçonhentas. Sendo que no Brasil os ani- mente a gravidade e agir de forma rápida para garantir a sobrevida.
mais peçonhentos mais comuns são escorpiões, aranhas, abelhas, Concluímos que o intervalo de tempo entre o acidente por ani-
arraias, serpentes e vespas. O atendimento médico pré-hospitalar mal peçonhento e o atendimento de um acidente é um fator re-
foi criado devido ao aumento exacerbado de enfermidades relacio- lacionado a gravidade e prognóstico. Dessa forma, medidas como
nados a situações de urgência e emergência, com o objetivo de uma a soroterapia devem ser instituídas o mais precoce possível. No
intervenção precoce atendimento pré-hospitalar pode ser realizado a monitorização dos
A atenção primária às urgências e emergências era considera- dados vitais, classificação da gravidade, medidas gerais da ferida,
da um problema para o SUS, devido a isso, em 2000 foi instituída a identificação do tipo de acidente e principalmente a administração
Política Nacional de Atendimento às Urgências (PNAU), tendo como precoce da soroterapia para uma melhor sobrevida. Os acidentes
componente o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foi instituído por animais ofídicos apresentam maiores taxas de casos com o in-
pela portaria n. 1.863/03 sendo posteriormente fonte da portaria tervalo mais longo entre o acidente e o atendimento, esse tipo de
1.864/0. Os pilares da PNAU foram fundamentados na promoção da acidente também foi o que mais apresentou classificação de gravi-
qualidade de vida, operação de centrais de regulação, capacitação dade com taxa moderada e grave. Dessa forma, com o tratamento
e educação continuada, humanização da atenção e organização em instituído no atendimento préhospitalar móvel pode proporcionar
rede. As intoxicações representam grande volume dos atendimen- menor taxa do intervalo entre o acidente e o atendimento e, con-
tos da emergência tanto de adultos quanto pediátricos. sequentemente, menores índice de notificações de classificação de
Os acidentes por animais peçonhentos também são descritos gravidade moderada e grave. Maiores estudos são necessários para
como acidentes domésticos em que crianças constituem a parce- avaliar a significância dessa relação e se zonas rurais e urbanas in-
la da população mais acometida de acordo com Mota e Andrade fluenciam no tempo entre o acidente e o atendimento.
(2014). Pacientes que sofreram acidentes por animais peçonhentos
devem ser atendidos por unidade especializada em urgência clínica Atuação do Enfermeiro no atendimento pré-hospitalar.
devido à necessidade de rapidez para neutralização das toxinas ino- O atendimento pré-hospitalar (APH) é destinado às vítimas de
culadas durante o acidente e introdução de medidas de sustentação trauma, violência urbana, mal súbito e distúrbios psiquiátricos. Visa
das condições. O tempo decorrido entre o acidente e o atendimen- estabilizar o paciente de forma eficaz, rápida e com equipe prepa-
to médico é condicionante para a recuperação das vítimas e deter- rada para atuar em qualquer ambiente e remover o paciente para
mina a evolução para um quadro mais leve ou mais grave.. Ainda uma unidade hospitalar.
há um déficit em relação à presença de um perfil nacional confiável Em 2002, tendo em vista o crescimento da demanda por ser-
devido ao grande número de subnotificações. Dessa forma, a admi- viços de urgência e emergência e ao real aumento do número de
nistração da soroterapia é necessária ser realizada o mais precoce acidentes e da violência urbana, o Ministério da Saúde aprovou
possível. Para que isso ocorra é imprescindível o conhecimento da a regulamentação técnica dos sistemas estaduais de Urgência e
forma de identificação do animal peçonhento principalmente pelos Emergência, por meio da Portaria 2048, ratificando que esta área
profissionais de atendimento préhospitalar móvel, que tem o con- constitui-se em um importante componente da assistência à saúde.
tato mais precoce com esse paciente. No ano seguinte, a Portaria1864/GM deu início à implantação do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) nas mo-
Atendimento Pré Hospitalar dalidades suporte básico e avançado de vida, atuação desenvolvi-
O intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento é da em todo o território brasileiro pelos Estados em parceria com o
descrito como estar relacionado diretamente com a gravidade e Ministério da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde. A Enfer-
prognóstico do acidente . O acidente ofídico apresenta maior pre- magem ainda conta com a Resolução Cofen 375/2011, que dispõe
valência de complicações entre os tipos de acidentes peçonhentos, sobre a presença do enfermeiro no Atendimento Pré-Hospitalar e
dependendo do quadro do paciente, pode evoluir com complica- Inter-Hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido.
ções como, necrose tecidual, síndrome compartimental, insuficiên- No Brasil, o APH envolve o Corpo de Bombeiros, o SAMU (Ser-
cia renal aguda, choque. Estudo realizado por Ribeiro et al. (1998). viço de Atendimento Móvel de Urgência) e também as empresas
Ao analisar os óbitos evidenciou que foram pacientes atendidos particulares. A enfermagem participa em todas essas vertentes e
mais tardiamente. A soroterapia é o único tratamento indicado para como em qualquer outra área do cuidar, deve estar alicerçada em
neutralizar a ação dos venenos dos animais peçonhentos, o soro conhecimento, capacitação técnica e humanização.
contém anticorpos específicos para cada tipo de acidente. Quando A enfermeira Adriana Mandelli Garcia tem em seu currículo a
aplicados corretamente e em tempo hábil pode evitar e até reverter experiência em atendimento a vítimas de urgências clínicas e trau-
a maioria dos efeitos dos envenenamentos por esses animais. No máticas. Em mais de uma década de atuação no APH, é ela quem
atendimento dessa urgência clínica tem que ser realizada a manu- nos relata nessa entrevista a atividade prestada pela enfermagem,
tenção dos dados vitais e manobras de suporte básico. Os cuidados a importância da equipe nas ruas e os avanços neste serviço. Hoje,
gerais do local da ferida são recomendados. Sendo a reposição hi- Adriana Mandelli é enfermeira do Corpo de Bombeiros do Estado
droeletrolítica, monitorização e observação da função neurológica de São Paulo e também é gerente de Enfermagem da BEM Emer-
imprescindível em casos graves. A antibioticoterapia não é usual, gências Médicas, estando diariamente no serviço público e privado
mas pode ser utilizada em acidentes botrópico ou laquético com do APH.
presença de necrose extensa, podendo por optar por penicilina G

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No que consiste o serviço de atendimento pré-hospitalar “A primeira equipe a chegar ao local posiciona a central sobre a
(APH)? atual realidade e as necessidades para o bom andamento”
O nome pré-hospitalar caracteriza-se pelo atendimento à víti-
ma antes da mesma chegar ao hospital, podendo ser em locais ha- Como é dividido o atendimento?
bitados normalmente (ruas, residências, comércios etc.), locais de Básico e avançado. O atendimento básico envolve as mano-
difícil acesso como buracos, galerias fluviais, escombros e outros, bras/técnicas iniciais de atendimento necessárias e fundamentais
além do atendimento aquático; logicamente, para isso, a equipe até que se determine a necessidade ou não de acessar o paciente
requer treinamento. Nestes locais iniciamos a prestação do serviço com maior “invasão”, seja ela intubação, acesso venoso, adminis-
de saúde básico ou avançado. Após estabilização, a vítima é encami- tração de drogas e outras que se fazem necessárias para um bom
nhada para o hospital por meio do melhor recurso disponível, entre prognóstico. Todos os estados brasileiros deveriam proporcionar à
eles ambulância, helicóptero ou lancha. população as duas opções, porém a realidade atual não é esta. Qual
serviço será enviado ao local de atendimento é determinado no
momento da triagem, diante da gravidade da situação e o número
Quais as principais atribuições do enfermeiro que atua nesta
de vítimas envolvidas. Assim, feita a triagem, determina-se o me-
área?
lhor recurso a ser enviado, se o básico ou o avançado.
A atribuição do enfermeiro dependerá da unidade em que ele
estiver atuando, porém, para que os internautas do Portal tenham
Existe um protocolo nacional de atendimento?
uma ideia do que o enfermeiro desenvolve na área de APH, apre- O Brasil segue é o modelo americano, criado em 1990 por re-
sento algumas atribuições da minha vivência. presentantes da American Heart Association (AHA), da European
- Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no Resuscitation Council (ERC), da Heart and Stroke Foundation of Ca-
atendimento Pré-Hospitalar Móvel; nada (HSFC) e da Australian Resuscitation Council (ARC). Ele nasceu
- Prestar cuidados de enfermagem de qualquer complexidade da necessidade de se criar nomenclatura na ressuscitação e pela
técnica a pacientes com ou sem risco de vida, que exijam conhe- falta de padronização de linguagem nos relatórios relativos à pa-
cimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões rada cardíaca em adultos em ambiente extra-hospitalar. Em 1992,
imediatas; durante a conferência internacional “Resuscitation 92”, Brighton, na
- Ministrar treinamento e/ou participar dos programas de trei- Inglaterra, propôs-se uma cooperação internacional contínua por
namento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências e meio de um comitê de ligação permanente, multidisciplinar, para
emergências; diretrizes na área. Assim, ficou determinado que o “LS” life support
- Fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos direcio- seria a maneira de disseminar e padronizar os atendimentos no
nados a pessoas e equipamentos inerentes à profissão, estabele- APH. Nos dias atuais são esses protocolos que vigoram pelas Amé-
cendo e controlando indicadores. ricas e Europa, claro que cada local com suas peculiaridades. No
Dentro da área de APH, quais os segmentos possíveis de atu- Brasil, em 1976, o médico Ari Timerman despertou interesse sobre
ação do profissional de enfermagem? ressuscitação e teve acesso aos protocolos da AHA. Logo depois,
O mercado de trabalho está cada vez mais diversificado e ele John Cook Lane trouxe ao Brasil os primeiros cursos de ressuscita-
pode atuar em transporte aéreo, terrestre - que são os mais co- ção e publicou os primeiros livros na língua portuguesa. Em segui-
muns - além de estádio esportivo, shopping center, academia, re- da, os cursos começaram a ser ministrados no Brasil em parceria
sort, parque de diversões, grupo de turismo de aventura com raf- com o Hospital Albert Einstein. Os protocolos estão disponíveis para
ting, arvorismo, escaladas, além de comunidades desenvolvendo acesso no site da AHA - www.heart.org .
o treinamento da pessoa leiga que gostaria de ser treinada para
iniciar o atendimento de uma vítima, até mesmo em companhias Como é realizado o registro de Enfermagem dos atendimen-
aéreas para desenvolvimento da equipes de voo. Ressalto ainda a tos prestados?
importância da presença do APH em eventos futebolísticos. A Lei Ao final do atendimento o registro deve ser feito por todos os
10671/03, conhecida como Estatuto do Torcedor, determina a pre- profissionais envolvidos no caso. Durante a entrega do paciente,
sença de dois enfermeiros e um médico presentes no local de jogo orienta-se colher assinatura do profissional que dará continuidade
a cada dez mil torcedores. ao atendimento à vítima. Este prontuário deve ser preenchido em
duas vias, no mínimo, permitindo que uma fique para a instituição
Como acontece o chamado do APH? de APH e a segunda via siga para o destino do paciente.
O fluxo basicamente parte do solicitante, que liga para uma Com relação aos pertences do paciente, vale acrescentar que
central (192 ou 193) contando o motivo e descrevendo a localização documentos, dinheiro, joias etc. deverão ser relacionados e trans-
do atendimento a ser prestado. No momento do contato com a cen- feridos a um familiar ou à enfermagem que irá receber o paciente.
tral segue-se um questionário de perguntas necessárias para enviar No momento do socorro o enfermeiro é o responsável em cuidar
o recurso mais indicado. Simultaneamente, um médico poderá ini- dos pertences do paciente e esse “rol de valores” deve ser feito por
ciar uma conversar com o solicitante, em paralelo ao serviço indica- duas pessoas, o profissional da enfermagem e uma testemunha.
do estar a caminho do atendimento. A primeira equipe a chegar ao
local posiciona a central sobre a atual realidade e as necessidades Como deve ser composta uma unidade de APH?
para o bom andamento (seja para a suspensão de luz no local, por O mínimo que a unidade deve ter é o que está previsto na
exemplo, ou uma solicitação de policiamento ou mesmo de trânsi- Portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, e serve para todas as
to). A partir daí, inicia-se o atendimento da vítima determinando à modalidades, o que difere é a tipo de ambulância que determina o
central qual o recurso necessário, se hospital primário ou terciário, que a mesma deve conter, sendo Ambulância de Transporte (Tipo
de acordo com a condição e necessidade da mesma.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A), Ambulância de Suporte Básico (Tipo B), Ambulância de Resgate Quais são as dificuldades vivenciadas pelo serviço?
(Tipo C), Ambulância de Suporte Avançado (Tipo D), Aeronave de Elas se iniciam, em algumas vezes, no próprio endereço da ví-
Transporte Médico (Tipo E), Embarcação de Transporte (Tipo F). tima, devido ao crescimento descontrolado, prejudicando o plane-
Porém, existem peculiaridades tanto no perfil de pacientes que jamento viário e, consequentemente, retardando a chegada do so-
atendemos como em inovações da indústria farmacológica, de ma- corro no endereço. Outra dificuldade é o acesso à vítima em locais
teriais em saúde e tecnologias que facilitam as técnicas aplicadas inóspitos, onde lançamos mão de equipamentos para salvamento
e garantem maior segurança para ambos os lados, agregando na em altura ou água, ou mesmo necessitamos ter um condicionamen-
eficácia e no sucesso do atendimento. to físico para transpor as barreiras encontradas. No destino final do
paciente, encontramos dificuldades no treinamento das equipes,
Como você iniciou a sua atividade profissional e por que par- disponibilidades de leitos e recebimento adequado do paciente.
tiu para esta especialização?
A formação de enfermeira foi praticamente uma escolha dos O que de novidade e inovação está surgindo direcionado ao
meus pais. Realizei teste de aptidão e também segui a opinião de- atendimento de emergência?
les. Finalizei a graduação ainda muito nova e iniciei na área hospi- As máscaras laríngeas são dispositivos que agregam no aten-
talar. Certa vez, fui com minha mãe em uma consulta médica e no dimento, o DEA (desfibrilador externo automático) está cada vez
meio da consulta, o médico deixou de nos atender e iniciou o so- mais sedimentado no mercado, e as drogas, como a vasopressina,
corro a uma paciente de parada cardiorrespiratória. Como a equipe que têm um efeito espetacular na parada cardiorrespiratória, além
estava um tanto atrapalhada, eu me ofereci para ajudar. Coinciden- de materiais hemostáticos e dispositivos tecnológicos que facilitam
temente, a paciente voltou a viver. Eu me senti extremamente satis- a comunicação.
feita e surpresa, pois eu ainda não havia passado por esta situação.
Decidi, aí, que queria atuar em pronto-socorro. Fui em busca do Como é a relação e a atuação da equipe de atendimento pré-
meu desejo. Após alguns anos nesta atividade, percebi que eu que- -hospitalar e intra-hospitalar?
ria mais do que esperar, eu queria chegar na pior situação em que Infelizmente, não é muito boa. Os motivos são diversos, e de
um indivíduo possa estar. Conclui mestrado na USP voltado para ambos os lados. Creio que o maior ‘tendão de Aquiles’ seja a lota-
parada cardiorrespiratória e busquei, incansavelmente, o concurso ção dos hospitais públicos e falta de mão-de-obra para atender toda
do GRAU (vinculado ao Corpo de Bombeiros), cujo trabalho faço a demanda. Acredito que melhor remuneração, redução da jornada
há oito anos. Além disso, também atuo junto à BEM Emergências e melhores condições de trabalho no serviço público são fatores
Médicas há 13 anos. que podem, e muito, contribuir para um atendimento público de
“percebi que eu queria mais do que esperar, eu queria chegar maior qualidade e melhor entrosamento entre os serviços.
na pior situação em que um indivíduo possa estar”
Os riscos ocupacionais estão muito presentes no cotidiano in-
Como está a especialização em Emergência atualmente no tra e extra-hospitalar. Como evitar possíveis riscos no APH?
Brasil? Você considera esta uma área promissora? Quanto aos riscos, realmente são muitos. As instituições de-
As universidades estão evoluindo e este tema atualmente é de- senvolvem treinamentos relacionados e orientações formais, além,
senvolvido em sua maioria. Existem já muitos cursos lato sensu de é claro, da entrega do equipamento quando o mesmo é individual.
especialização na área. Inclusive os enfermeiros já se mobilizaram e As medidas de segurança na saúde estão contempladas na NR-32,
criaram uma associação específica que se chama COBEEM – Colégio e em situações específicas, como salvamento na água, devemos
Brasileiro de Enfermagem em Emergência, da qual fui presidente. contar com equipamentos próprios de segurança, como apito, boia,
Noto que aumentou a procura pelo campo de estágio nesta área e corda etc. Outro exemplo, para salvamento em altura, é necessário
há muitos profissionais que se identificam com a atuação no APH. O contar com mosquetões, cordas, fita, baudrier(cadeirinha), descen-
Brasil tem se adaptado rotineiramente aos protocolos americanos, sor etc.
temos legislação aplicável, relativamente atualizada, e órgãos de
fiscalizações atuantes neste mercado. Após um resgate, é necessário reposição do material, limpeza
e higienização do veículo. Como se dá este processo?
Quais são os principais cursos que enfermeiros e técnicos em Esse processo geralmente tem início no hospital de destino
Enfermagem devem ter em seus currículos? do paciente. Ele é executado pela equipe da ambulância. A repo-
Os cursos para enfermeiros mais recomendados para APH e co- sição é necessária e fundamental para que o veículo esteja no QRV
nhecidos pela sua qualidade são os LS (life support): BLS (basic life (linguagem de rádio que caracteriza que a equipe está pronta para
support), ACLS (Advanced life support), PHTLS (pré-hospital life su- próximo atendimento). A limpeza geralmente é realizada pela en-
pport) e PALS (pediatric advanced life support). Eles são desenvol- fermagem, porém o motorista e o médico muitas vezes colaboram.
vidos em vários sítios de treinamento e na sua maioria em grandes A técnica utilizada é a mesma praticada em hospitais e os produtos
hospitais como o Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor, em São Paulo, também são os mesmos. Nós seguimos o procedimento conforme
por exemplo, e em universidades como Anhembi Morumbi e outras Portaria 2048 do Ministério da Saúde, que diz:
instituições que se vincularam a AHA, pois é ela quem controla a
qualidade dos cursos. O Funcor, por exemplo, que é credenciado na Limpeza e desinfecção da Ambulância
AHA, oferece esses cursos. Limpeza
a) Remover todos os materiais utilizados no atendimento ao
paciente;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b) Desprezar gazes, ataduras úmidas e contaminadas com san- CAPÍTULO I


gue e/ou outros fluídos corporais em sacos plásticos branco, des- DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
cartando o mesmo no lixo hospitalar;
c) Materiais perfurocortante eventualmente utilizados devem SEÇÃO I
ser desprezados em recipiente adequado; OBJETIVO
d) Sangue e demais fluídos devem ser cobertos com uma ca-
mada de organoclorado em pó, removendo-se, após 10 minutos de Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões
contato, com papel toalha; mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva,
e) Lavar as superfícies internas com água e sabão neutro ini- visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais
ciando sempre pelo teto, indo para as paredes, mobílias e piso, da e meio ambiente.
frente do compartimento de transporte de pacientes em direção à
porta traseira. SEÇÃO II
Desinfecção ABRANGÊNCIA
a) Friccionar, por três vezes, álcool etílico 70% nas superfícies
não sujeitas à corrosão, exceto superfícies acrílicas ou envernizadas, Art. 3º Esta Resolução se aplica a todas as Unidades de Terapia
ou utilizar outro produto disponível para a completa desinfecção; Intensiva gerais do país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas;
b) Periodicamente a cada sete dias realizar uma limpeza e des- civis ou militares.
contaminação mais ampla; Parágrafo único. Na ausência de Resolução específica, as UTI
c) Quando efetuar o transporte de pacientes com doenças in- especializadas devem atender os requisitos mínimos dispostos nes-
fectocontagiosas (Aids, hepatite, Tuberculose, Meningites etc) re- te Regulamento, acrescentando recursos humanos e materiais que
alizar, obrigatoriamente, a completa desinfecção da ambulância, se fizerem necessários para atender, com segurança, os pacientes
materiais e equipamentos utilizados. que necessitam de cuidados especializados.

Quais competências devem ter os profissionais que estão co- SEÇÃO III
meçando a atuar em APH? DEFINIÇÕES
Eles devem ter competências de aspecto cognitivo, técnico, so-
cial e afetivo necessários para a execução desta atividade, além de Art. 4º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes
equilíbrio emocional e autocontrole para atuar frente aos desafios. definições:
O enfermeiro, principalmente, para liderar uma equipe em APH, I – Alvará de Licenciamento Sanitário: documento expedido
em minha opinião, deve ser participativo, presente e flexível, mas pelo órgão sanitário competente Estadual, do Distrito Federal ou
não perder o foco dos resultados qualitativos e quantitativos, bem Municipal, que libera o funcionamento dos estabelecimentos que
como utilizar criatividade para inovar e se atualizar. exerçam atividades sob regime de Vigilância Sanitária.
II – Área crítica: área na qual existe risco aumentado para de-
c. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Inten- senvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja
siva. pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou material
biológico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela pre-
RESOLUÇÃO ANVISA Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010 sença de pacientes com susceptibilidade aumentada aos agentes
DOU 25.02.2010 infecciosos ou portadores de microrganismos de importância epi-
demiológica.
Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de III – Centro de Terapia Intensiva (CTI): o agrupamento, numa
Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. mesma área física, de mais de uma Unidade de Terapia Intensiva.
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitá- IV – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH: de
ria, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art.11 do Re- acordo com o definido pela Portaria GM/MS nº 2616, de 12 de maio
gulamento aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999, de 1998.
e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do Art. 54 V – Educação continuada em estabelecimento de saúde: pro-
do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria cesso de permanente aquisição de informações pelo trabalhador,
nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U., de todo e qualquer conhecimento obtido formalmente, no âmbito
de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro institucional ou fora dele.
de 2010; adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, VI – Evento adverso: qualquer ocorrência inesperada e indese-
Diretor-Presidente, determino sua publicação: jável, associado ao uso de produtos submetidos ao controle e fisca-
Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funciona- lização sanitária, sem necessariamente possuir uma relação causal
mento de Unidades de Terapia Intensiva, nos termos desta Resolu- com a intervenção.
ção. VII – Gerenciamento de risco: é a tomada de decisões relativas
aos riscos ou a ação para a redução das conseqüências ou probabi-
lidade de ocorrência.
VIII – Hospital: estabelecimento de saúde dotado de interna-
ção, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar
assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de
atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de
urgência/emergência e de ensino/pesquisa.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IX – Humanização da atenção à saúde: valorização da dimen- XXIV – Sistema de Classificação de Severidade da Doença: sis-
são subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão tema que permite auxiliar na identificação de pacientes graves por
da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão, meio de indicadores e índices de gravidade calculados a partir de
destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, reli- dados colhidos dos pacientes.
gião, cultura, orientação sexual e às populações específicas.
X – Índice de gravidade ou Índice prognóstico: valor que reflete XXV – Teste Laboratorial Remoto (TRL): Teste realizado por
o grau de disfunção orgânica de um paciente. meio de um equipamento laboratorial situado fisicamente fora da
XI – Médico diarista/rotineiro: profissional médico, legalmente área de um laboratório clínico. Também chamado Teste Laboratorial
habilitado, responsável pela garantia da continuidade do plano as- Portátil – TLP, do inglês Point-of-care testing – POCT. São exemplos
sistencial e pelo acompanhamento diário de cada paciente. de TLR: glicemia capilar, hemogasometria, eletrólitos sanguíneos,
XII – Médico plantonista: profissional médico, legalmente habi- marcadores de injúria miocárdia, testes de coagulação automatiza-
litado, com atuação em regime de plantões. dos, e outros de natureza similar.
XIII – Microrganismos multirresistentes: microrganismos, pre- XXVI – Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destina-
dominantemente bactérias, que são resistentes a uma ou mais da à internação de pacientes graves, que requerem atenção pro-
classes de agentes amtimicrobianos. Apesar das denominações de fissional especializada de forma contínua, materiais específicos e
alguns microrganismos descreverem resistência a apenas algum tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia.
agente (exemplo MRSA – Staphylococcus aureus resistente à Oxaci- XXVII – Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A): UTI des-
lina; VRE – Enterococo Resistente à Vancomicina), esses patógenos tinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18
frequentemente são resistentes à maioria dos agentes antimicro- anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas
bianos disponíveis. normas da instituição.
XIV – Microrganismos de importância clínico-epidemiológica: XXVIII – Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI des-
outros microrganismos definidos pelas CCIH como prioritários para tinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença
monitoramento, prevenção e controle, com base no perfil da mi- ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre
crobiota nosocomial e na morbi-mortalidade associada a tais mi- outras.
crorganismos. Esta definição independe do seu perfil de resistência XXIX – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI des-
aos antimicrobianos. tinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28
XV – Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como dias.
base a ser seguida. XXX – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI des-
XVI – Paciente grave: paciente com comprometimento de um tinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18
ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto- anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da ins-
regulação, necessitando de assistência contínua. tituição.
XVII – Produtos e estabelecimentos submetidos ao controle e XXXI – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm):
fiscalização sanitária: bens, produtos e estabelecimentos que envol- UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátri-
vam risco à saúde pública, descritos no Art.8º da Lei nº. 9782, de 26 cos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os
de janeiro de 1999. ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
XVIII – Produtos para saúde: são aqueles enquadrados como
produto médico ou produto para diagnóstico de uso “in vitro”. CAPÍTULO II
XIX – Queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de al- DAS DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS AS UNIDADES DE
teração ou irregularidade de um produto ou empresa relacionada TERAPIA INTENSIVA
a aspectos técnicos ou legais, e que poderá ou não causar dano à
saúde individual e coletiva. SEÇÃO I
XX – Regularização junto ao órgão sanitário competente: com- ORGANIZAÇÃO
provação que determinado produto ou serviço submetido ao con-
trole e fiscalização sanitária obedece à legislação sanitária vigente. Art. 5º A Unidade de Terapia Intensiva deve estar localizada em
XXI – Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um um hospital regularizado junto ao órgão de vigilância sanitária mu-
dano e a gravidade de tal dano. nicipal ou estadual.
XXII – Rotina: compreende a descrição dos passos dados para Parágrafo único. A regularização perante o órgão de vigilância
a realização de uma atividade ou operação, envolvendo, geralmen- sanitária local se dá mediante a emissão e renovação de alvará de
te, mais de um agente. Favorece o planejamento e racionalização licenciamento sanitário, salvo exceções previstas em lei, e é condi-
da atividade, evitam improvisações, na medida em que definem cionada ao cumprimento das disposições especificadas nesta Reso-
com antecedência os agentes que serão envolvidos, propiciando- lução e outras normas sanitárias vigentes.
-lhes treinar suas ações, desta forma eliminando ou minimizando Art. 6º O hospital no qual a Unidade de Terapia Intensiva está
os erros. Permite a continuidade das ações desenvolvidas, além de localizada deve estar cadastrado e manter atualizadas as informa-
fornecer subsídios para a avaliação de cada uma em particular. As ções referentes a esta Unidade no Cadastro Nacional de Estabeleci-
rotinas são peculiares a cada local. mentos de Saúde (CNES).
XXIII – Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados Art. 7º A direção do hospital onde a UTI está inserida deve ga-
de Enfermagem: índice de carga de trabalho que auxilia a avaliação rantir:
quantitativa e qualitativa dos recursos humanos de enfermagem I – o provimento dos recursos humanos e materiais necessá-
necessários para o cuidado. rios ao funcionamento da unidade e à continuidade da atenção, em
conformidade com as disposições desta RDC;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II – a segurança e a proteção de pacientes, profissionais e visi- Art. 14 Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser de-
tantes, inclusive fornecendo equipamentos de proteção individual signada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual
e coletiva. deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo
Art. 8º A unidade deve dispor de registro das normas institucio- com o perfil assistencial, a demanda da unidade e legislação vigen-
nais e das rotinas dos procedimentos assistenciais e administrativos te, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os se-
realizados na unidade, as quais devem ser: guintes profissionais:
I – elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assis- I – Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos
tência ao paciente grave, no que for pertinente, em especial com a ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especia-
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. lista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilitação
II – aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos co- em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica;
ordenadores de enfermagem e de fisioterapia; título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neona-
III – revisadas anualmente ou sempre que houver a incorpora- tologia para atuação em UTI Neonatal;
ção de novas tecnologias; II – Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10
IV – disponibilizadas para todos os profissionais da unidade. (dez) leitos ou fração, em cada turno.
Art. 9º A unidade deve dispor de registro das normas institucio-
nais e das rotinas relacionadas a biossegurança, contemplando, no III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 10
mínimo, os seguintes itens: (dez) leitos ou fração, em cada turno; (Redação dada pela Resolu-
I – condutas de segurança biológica, química, física, ocupacio- ção - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012)
nal e ambiental; IV – Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) lei-
II – instruções de uso para os equipamentos de proteção indivi- tos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazen-
dual (EPI) e de proteção coletiva (EPC); do um total de 18 horas diárias de atuação;
III – procedimentos em caso de acidentes; V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02
IV – manuseio e transporte de material e amostra biológica. (dois) leitos em cada turno; (Redação dada pela Resolução - RDC nº
26, de 11 de maio de 2012)
SEÇÃO II VI – Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo
INFRAESTRUTURA FÍSICA da unidade;
VII – Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unida-
Art. 10 Devem ser seguidos os requisitos estabelecidos na RDC/ de, em cada turno.
Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. Art. 15 Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisio-
Parágrafo único. A infraestrutura deve contribuir para manu- terapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em
tenção da privacidade do paciente, sem, contudo, interferir na sua tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI,
monitorização. durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI.
Art. 11 As Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Pediátricas e Art. 16 Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados
Neonatais devem ocupar salas distintas e exclusivas. contra tétano, difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de
§ 1º Caso essas unidades sejam contíguas, os ambientes de acordo com a NR 32. Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços
apoio podem ser compartilhados entre si. de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º 485, de 11 de no-
§ 2º Nas UTI Pediátricas Mistas deve haver uma separação físi- vembro de 2005.
ca entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal. Art. 17 A equipe da UTI deve participar de um programa de
educação continuada, contemplando, no mínimo:
SEÇÃO III I – normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade;
RECURSOS HUMANOS II – incorporação de novas tecnologias;
III – gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvol-
Art. 12 As atribuições e as responsabilidades de todos os pro- vidas na unidade e segurança de pacientes e profissionais.
fissionais que atuam na unidade devem estar formalmente desig- IV – prevenção e controle de infecções relacionadas à assistên-
nadas, descritas e divulgadas aos profissionais que atuam na UTI. cia à saúde.
Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Téc- § 1º As atividades de educação continuada devem estar regis-
nico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enferma- tradas, com data, carga horária e lista de participantes.
gem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia, § 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber
assim como seus respectivos substitutos. capacitação para atuar na unidade.
§ 1º O Responsável Técnico médico, os coordenadores de en-
fermagem e de fisioterapia devem ter título de especialista, con- SEÇÃO IV
forme estabelecido pelos respectivos conselhos de classe e asso- ACESSO A RECURSOS ASSISTENCIAIS
ciações reconhecidas por estes para este fim. (Redação dada pela
Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro de 2017) Art. 18 Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceiriza-
§ 2º (Revogado pela Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro dos, os seguintes serviços à beira do leito:
de 2017) I – assistência nutricional;
§ 3º É permitido assumir responsabilidade técnica ou coorde- II – terapia nutricional (enteral e parenteral);
nação em, no máximo, 02 (duas) UTI. III – assistência farmacêutica;
IV – assistência fonoaudiológica;
V – assistência psicológica;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VI – assistência odontológica; Art. 23 As assistências farmacêutica, psicológica, fonoaudioló-


VII – assistência social; gica, social, odontológica, nutricional, de terapia nutricional enteral
VIII – assistência clínica vascular; e parenteral e de terapia ocupacional devem estar integradas às
IX – assistência de terapia ocupacional para UTI Adulto e Pedi- demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discu-
átrica tidas conjuntamente pela equipe multiprofissional.
X – assistência clínica cardiovascular, com especialidade pediá- Parágrafo único. A assistência prestada por estes profissionais
trica nas UTI Pediátricas e Neonatais; deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do paciente,
XI – assistência clínica neurológica; de forma legível e contendo o número de registro no respectivo
XII – assistência clínica ortopédica; conselho de classe profissional.
XIII – assistência clínica urológica; Art. 24 Devem ser assegurados, por todos os profissionais que
XIV – assistência clínica gastroenterológica; atuam na UTI, os seguintes itens:
XV – assistência clínica nefrológica, incluindo hemodiálise; I – preservação da identidade e da privacidade do paciente, as-
XVI – assistência clínica hematológica; segurando um ambiente de respeito e dignidade;
XVII – assistência hemoterápica; II – fornecimento de orientações aos familiares e aos pacientes,
XVIII – assistência oftalmológica; quando couber, em linguagem clara, sobre o estado de saúde e a
XIX – assistência de otorrinolaringológica; assistência a ser prestada desde a admissão até a alta;
XX – assistência clínica de infectologia; III – ações de humanização da atenção à saúde;
XXI – assistência clínica ginecológica; IV – promoção de ambiência acolhedora;
XXII – assistência cirúrgica geral em caso de UTI Adulto e cirur- V – incentivo à participação da família na atenção ao paciente,
gia pediátrica, em caso de UTI Neonatal ou UTI Pediátrica; quando pertinente.
XXIII – serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e Art. 25 A presença de acompanhantes em UTI deve ser norma-
hemogasometria; tizada pela instituição, com base na legislação vigente.
XXIV – serviço de radiografia móvel; Art. 26 O paciente consciente deve ser informado quanto aos
XXV – serviço de ultrassonografia portátil; procedimentos a que será submetido e sobre os cuidados requeri-
XXVI – serviço de endoscopia digestiva alta e baixa; dos para execução dos mesmos.
XXVII – serviço de fibrobroncoscopia; Parágrafo único. O responsável legal pelo paciente deve ser in-
XXVIII – serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsória formado sobre as condutas clínicas e procedimentos a que o mes-
de morte encefálica. mo será submetido.
Art. 19 O hospital em que a UTI está inserida deve dispor, na Art. 27 Os critérios para admissão e alta de pacientes na UTI
própria estrutura hospitalar, dos seguintes serviços diagnósticos e devem ser registrados, assinados pelo Responsável Técnico e divul-
terapêuticos: gados para toda a instituição, além de seguir legislação e normas
I – centro cirúrgico; institucionais vigentes.
II – serviço radiológico convencional; Art. 28 A realização de testes laboratoriais remotos (TLR) nas
III – serviço de ecodopplercardiografia. dependências da UTI está condicionada ao cumprimento das dispo-
Art. 20 Deve ser garantido acesso aos seguintes serviços diag- sições da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC nº 302,
nósticos e terapêuticos, no hospital onde a UTI está inserida ou em de 13 de outubro de 2005.
outro estabelecimento, por meio de acesso formalizado:
I- cirurgia cardiovascular, SEÇÃO VI
II – cirurgia vascular; TRANSPORTE DE PACIENTES
III – cirurgia neurológica;
IV – cirurgia ortopédica; Art. 29 Todo paciente grave deve ser transportado com o acom-
V – cirurgia urológica; panhamento contínuo, no mínimo, de um médico e de um enfer-
VI – cirurgia buco-maxilo-facial; meiro, ambos com habilidade comprovada para o atendimento de
VII – radiologia intervencionista; urgência e emergência.
VIII – ressonância magnética; Art. 30 Em caso de transporte intra-hospitalar para realização
IX – tomografia computadorizada; de algum procedimento diagnóstico ou terapêutico, os dados do
X – anatomia patológica; prontuário devem estar disponíveis para consulta dos profissionais
XI – exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico. do setor de destino.
Art. 31 Em caso de transporte inter-hospitalar de paciente gra-
SEÇÃO V ve, devem ser seguidos os requisitos constantes na Portaria GM/MS
PROCESSOS DE TRABALHO n. 2048, de 05 de novembro de 2002.
Art. 32 Em caso de transferência inter-hospitalar por alta da
Art. 21 Todo paciente internado em UTI deve receber assistên- UTI, o paciente deverá ser acompanhado de um relatório de trans-
cia integral e interdisciplinar. ferência, o qual será entregue no local de destino do paciente;
Art. 22 A evolução do estado clínico, as intercorrências e os cui- Parágrafo único. O relatório de transferência deve conter, no
dados prestados devem ser registrados pelas equipes médica, de mínimo:
enfermagem e de fisioterapia no prontuário do paciente, em cada I – dados referentes ao motivo de internação na UTI e diagnós-
turno, e atendendo as regulamentações dos respectivos conselhos ticos de base;
de classe profissional e normas institucionais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II – dados referentes ao período de internação na UTI, incluindo Art. 41 A CCIH deve divulgar os resultados da vigilância das in-
realização de procedimentos invasivos, intercorrências, infecções, fecções e perfil de sensibilidade dos microrganismos à equipe mul-
transfusões de sangue e hemoderivados, tempo de permanência tiprofissional da UTI, visando a avaliação periódica das medidas de
em assistência ventilatória mecânica invasiva e não-invasiva, reali- prevenção e controle das IRAS.
zação de diálise e exames diagnósticos; Art. 42 As ações de prevenção e controle de IRAS devem ser
III – dados referentes à alta e ao preparatório para a transferên- baseadas na avaliação dos indicadores da unidade.
cia, incluindo prescrições médica e de enfermagem do dia, especi- Art. 43 A equipe da UTI deve aderir às medidas de precaução
ficando aprazamento de horários e cuidados administrados antes padrão, às medidas de precaução baseadas na transmissão (conta-
da transferência; perfil de monitorização hemodinâmica, equilíbrio to, gotículas e aerossóis) e colaborar no estímulo ao efetivo cumpri-
ácido-básico, balanço hídrico e sinais vitais das últimas 24 horas. mento das mesmas.
Art. 44 A equipe da UTI deve orientar visitantes e acompanhan-
SEÇÃO VII tes quanto às ações que visam a prevenção e o controle de infec-
GERENCIAMENTO DE RISCOS E NOTIFICAÇÃO DE ções, baseadas nas recomendações da CCIH.
EVENTOS ADVERSOS Art. 45 A equipe da UTI deve proceder ao uso racional de anti-
microbianos, estabelecendo normas e rotinas de forma interdisci-
Art. 33 Deve ser realizado gerenciamento dos riscos inerentes plinar e em conjunto com a CCIH, Farmácia Hospitalar e Laboratório
às atividades realizadas na unidade, bem como aos produtos sub- de Microbiologia.
metidos ao controle e fiscalização sanitária. Art. 46 Devem ser disponibilizados os insumos, produtos, equi-
Art. 34 O estabelecimento de saúde deve buscar a redução e pamentos e instalações necessários para as práticas de higienização
minimização da ocorrência dos eventos adversos relacionados a: de mãos de profissionais de saúde e visitantes.
I – procedimentos de prevenção, diagnóstico, tratamento ou § 1º Os lavatórios para higienização das mãos devem estar dis-
reabilitação do paciente; ponibilizados na entrada da unidade, no posto de enfermagem e
II – medicamentos e insumos farmacêuticos; em outros locais estratégicos definidos pela CCIH e possuir dispen-
III – produtos para saúde, incluindo equipamentos; sador com sabonete líquido e papel toalha.
IV – uso de sangue e hemocomponentes; § 2º As preparações alcoólicas para higienização das mãos de-
V – saneantes; vem estar disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e
VI – outros produtos submetidos ao controle e fiscalização sa- em outros locais estratégicos definidos pela CCIH.
nitária utilizados na unidade. Art. 47 O Responsável Técnico e os coordenadores de enfer-
Art. 35 Na monitorização e no gerenciamento de risco, a equipe magem e de fisioterapia devem estimular a adesão às práticas de
da UTI deve: higienização das mãos pelos profissionais e visitantes.
I – definir e monitorar indicadores de avaliação da prevenção
ou redução dos eventos adversos pertinentes à unidade; SEÇÃO IX
II – coletar, analisar, estabelecer ações corretivas e notificar AVALIAÇÃO
eventos adversos e queixas técnicas, conforme determinado pelo
órgão sanitário competente. Art. 48 Devem ser monitorados e mantidos registros de avalia-
Art. 36 Os eventos adversos relacionados aos itens dispostos ções do desempenho e do padrão de funcionamento global da UTI,
no assim como de eventos que possam indicar necessidade de melho-
Art. 35 desta RDC devem ser notificados à gerência de risco ria da qualidade da assistência, com o objetivo de estabelecer me-
ou outro setor definido pela instituição, de acordo com as normas didas de controle ou redução dos mesmos.
institucionais. § 1º Deve ser calculado o Índice de Gravidade / Índice Prognós-
tico dos pacientes internados na UTI por meio de um Sistema de
SEÇÃO VIII Classificação de Severidade de Doença recomendado por literatura
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À científica especializada.
ASSISTÊNCIA À SAÚDE § 2º O Responsável Técnico da UTI deve correlacionar a morta-
lidade geral de sua unidade com a mortalidade geral esperada, de
Art. 37 Devem ser cumpridas as medidas de prevenção e con- acordo com o Índice de gravidade utilizado.
trole de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) defini- § 3º Devem ser monitorados os indicadores mencionados na
das pelo Programa de Controle de Infecção do hospital. Instrução Normativa nº 4, de 24 de fevereiro de 2010, da ANVISA
Art. 38 As equipes da UTI e da Comissão de Controle de Infec- §4º Estes dados devem estar em local de fácil acesso e ser dis-
ção Hospitalar – CCIH – são responsáveis pelas ações de prevenção ponibilizados à Vigilância Sanitária durante a inspeção sanitária ou
e controle de IRAS. quando solicitado.
Art. 39 A CCIH deve estruturar uma metodologia de busca ativa Art. 49 Os pacientes internados na UTI devem ser avaliados por
das infecções relacionadas a dispositivos invasivos, dos microrga- meio de um Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados de
nismos multirresistentes e outros microrganismos de importância Enfermagem recomendado por literatura científica especializada.
clínico-epidemiológica, além de identificação precoce de surtos. §1º O enfermeiro coordenador da UTI deve correlacionar as
Art. 40 A equipe da UTI deve colaborar com a CCIH na vigilância necessidades de cuidados de enfermagem com o quantitativo de
epidemiológica das IRAS e com o monitoramento de microrganis- pessoal disponível, de acordo com um instrumento de medida uti-
mos multirresistentes na unidade. lizado.
§2º Os registros desses dados devem estar disponíveis mensal-
mente, em local de fácil acesso.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SEÇÃO X III – oftalmoscópio;


RECURSOS MATERIAIS IV – otoscópio;
V – negatoscópio;
Art. 50 A UTI deve dispor de materiais e equipamentos de acor- VI – máscara facial que permite diferentes concentrações de
do com a complexidade do serviço e necessários ao atendimento Oxigênio: 01 (uma) para cada 02 (dois) leitos;
de sua demanda. VII – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
Art. 51 Os materiais e equipamentos utilizados, nacionais ou fechado;
importados, devem estar regularizados junto à ANVISA, de acordo VIII – aspirador a vácuo portátil;
com a legislação vigente. IX – equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/
Art. 52 Devem ser mantidas na unidade instruções escritas cânula endotraqueal (“cuffômetro”);
referentes à utilização dos equipamentos e materiais, que podem X – ventilômetro portátil;
ser substituídas ou complementadas por manuais do fabricante em XI – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
língua portuguesa. XII – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
Art. 53 Quando houver terceirização de fornecimento de equi- para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi-
pamentos médico-hospitalares, deve ser estabelecido contrato for- pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor, cada equipa-
mal entre o hospital e a empresa contratante. mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos,
Art. 54 Os materiais e equipamentos devem estar íntegros, lim- XIII – equipamento para ventilação pulmonar mecânica não
pos e prontos para uso. invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pul-
Art. 55 Devem ser realizadas manutenções preventivas e corre- monar mecânico microprocessado não possuir recursos para reali-
tivas nos equipamentos em uso e em reserva operacional, de acor- zar a modalidade de ventilação não invasiva;
do com periodicidade estabelecida pelo fabricante ou pelo serviço XIV – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
de engenharia clínica da instituição. não invasiva 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos;
Parágrafo único. Devem ser mantidas na unidade cópias do ca- XV – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
lendário de manutenções preventivas e o registro das manutenções XVI – materiais para traqueostomia;
realizadas. XVII – foco cirúrgico portátil;
XVIII – materiais para acesso venoso profundo;
CAPÍTULO III XIX – materiais para flebotomia;
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA XX – materiais para monitorização de pressão venosa central;
INTENSIVA ADULTO XXI – materiais e equipamento para monitorização de pressão
arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
SEÇÃO I com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
RECURSOS MATERIAIS (dez) leitos;
XXII – materiais para punção pericárdica;
Art. 56 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI XXIII – monitor de débito cardíaco;
Adulto, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária XXIV – eletrocardiógrafo portátil: 01 (um) equipamento para
e biotipo do paciente. cada 10 (dez) leitos;
Art. 57 Cada leito de UTI Adulto deve possuir, no mínimo, os XXV – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais para
seguintes equipamentos e materiais: atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos
I – cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e ro- ou fração;
dízios; XXVI – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria:
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos;
to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com XXVII – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos;
III – estetoscópio; XXVIII – equipamento para aferição de glicemia capilar, especí-
IV – conjunto para nebulização; fico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos;
V – quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro- XXIX – materiais para curativos;
lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de XXX – materiais para cateterismo vesical de demora em sistema
01 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos: fechado;
VI – fita métrica; XXXI – dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente;
VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização XXXII – poltrona com revestimento impermeável, destinada à
contínua de: assistência aos pacientes: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração.
a) freqüência respiratória; XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, suporte
b) oximetria de pulso; para soluções parenterais e suporte para cilindro de oxigênio: 1
c) freqüência cardíaca; (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
d) cardioscopia; XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti-
e) temperatura; plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva;
f) pressão arterial não-invasiva. cardioscopia; freqüência respiratória) específico(s) para transporte,
Art. 58 Cada UTI Adulto deve dispor, no mínimo, de: com bateria: 1 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
I – materiais para punção lombar; XXXV – ventilador mecânico específico para transporte, com
II – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; bateria: 1(um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa- d) cardioscopia;


cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi- e) temperatura;
mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; f) pressão arterial não-invasiva.
XXXVII – cilindro transportável de oxigênio; Art. 63 Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de:
XXXVIII – relógios e calendários posicionados de forma a permi- I – berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cin-
tir visualização em todos os leitos. co) leitos;
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de II – estadiômetro;
uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e III – balança eletrônica portátil;
registro de temperatura. IV – oftalmoscópio;
Art. 59 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os V – otoscópio;
listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada VI – materiais para punção lombar;
sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela VII – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;
Anvisa. VIII – negatoscópio;
Art. 60 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos IX – capacetes ou tendas para oxigenoterapia;
incisos XXV e XXXVI do Art 58, devem conter, no mínimo: ressusci- X – máscara facial que permite diferentes concentrações de
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ- XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
nulas de Guedel e fio guia estéril. fechado;
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits XII – aspirador a vácuo portátil;
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados XIII – equipamento para mensurar pressão de balonete de
pela unidade e baseados em evidências científicas. tubo/cânula endotraqueal (“cuffômetro”);
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits XIV – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. XV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi-
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo- pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipa-
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e XVI – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva:
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar mi-
prontos para uso. croprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de
ventilação não invasiva;
CAPÍTULO IV XVII – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos;
DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICAS XVIII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
XIX – materiais para traqueostomia;
SEÇÃO I XX – foco cirúrgico portátil;
RECURSOS MATERIAIS XXI – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
rização venosa central de inserção periférica (PICC);
Art. 61 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Pe- XXII – material para flebotomia;
diátrica, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e XXIII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
biotipo do paciente. XXIV – materiais e equipamento para monitorização de pressão
Art. 62 Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
seguintes equipamentos e materiais: com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
I – berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e (dez) leitos;
rodízios; XXV – materiais para punção pericárdica;
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- XXVI – eletrocardiógrafo portátil;
to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei-
III – estetoscópio; tos ou fração;
IV – conjunto para nebulização; XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria,
V – Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro- na unidade;
lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de XXIX – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
01 (um) para cada 03 (três) leitos; 01 (um) equipamento para a unidade;
VI – fita métrica; XXX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específico
VII – poltrona removível, com revestimento impermeável, des- para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração;
tinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito; XXXI – materiais para curativos;
VIII – equipamentos e materiais que permitam monitorização XXXII – materiais para cateterismo vesical de demora em siste-
contínua de: ma fechado;
a) freqüência respiratória; XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, com suporte
b) oximetria de pulso; para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para
c) freqüência cardíaca; cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti- III – estetoscópio;


plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; IV – conjunto para nebulização;
cardioscopia; freqüência respiratória) específico para transporte, V – Dois (02) equipamentos tipo seringa para infusão contínua
com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva opera-
XXXV – ventilador pulmonar específico para transporte, com cional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; VI – fita métrica;
XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa- VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi- contínua de:
mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; a) freqüência respiratória;
XXXVII – cilindro transportável de oxigênio; b) oximetria de pulso;
XXXVIII – relógio e calendário de parede; c) freqüência cardíaca;
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de d) cardioscopia;
uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e e) temperatura;
registro de temperatura. f) pressão arterial não-invasiva.
Art. 64 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os lis- Art. 69 Cada UTI Neonatal deve dispor, no mínimo, de:
tados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada sua I – berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos;
eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela Anvisa. II – equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três)
Art. 65 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos leitos;
incisos XXVII e XXXVI do Art 63, devem conter, no mínimo: ressusci- III – estadiômetro;
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, IV – balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez)
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ- leitos;
nulas de Guedel e fio guia estéril. V – oftalmoscópio;
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits VI – otoscópio;
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados VII – material para punção lombar;
pela unidade e baseados em evidências científicas. VIII – material para drenagem liquórica em sistema fechado;
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits IX – negatoscópio;
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. X – capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipa-
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa mento para cada 03 (três) leitos, com reserva operacional de 1 (um)
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo- para cada 5 (cinco) leitos;
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e fechado;
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre XII – aspirador a vácuo portátil;
prontos para uso. XIII – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
XIV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
SEÇÃO II para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi-
UTI PEDIÁTRICA MISTA pamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipa-
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
Art. 66 As UTI Pediátricas Mistas, além dos requisitos comuns XV – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva:
a todas as UTI, também devem atender aos requisitos relacionados 01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o ventilador pulmonar
aos recursos humanos, assistenciais e materiais estabelecidos para microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade
UTI pediátrica e neonatal concomitantemente. de ventilação não invasiva;
Parágrafo único. A equipe médica deve conter especialistas em XVI – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
Terapia Intensiva Pediátrica e especialistas em Neonatologia. não invasiva (máscara ou pronga): 1 (um) por leito.
XVII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
CAPÍTULO V XVIII – material para traqueostomia;
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA XIX – foco cirúrgico portátil;
INTENSIVA NEONATAIS XX – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
rização venosa central de inserção periférica (PICC);
SEÇÃO I XXI – material para flebotomia;
RECURSOS MATERIAIS XXII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
XXIII – materiais e equipamento para monitorização de pressão
Art. 67 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Ne- arterial invasiva;
onatal, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e XXIV – materiais para cateterismo umbilical e exsanguíneo
biotipo do paciente. transfusão;
Art. 68 Cada leito de UTI Neonatal deve possuir, no mínimo, os XXV – materiais para punção pericárdica;
seguintes equipamentos e materiais: XXVI – eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital;
I – incubadora com parede dupla;
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au-
to-inflável com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais §1º Para cumprimento dos artigos 13, 14 e 15 da Seção III - Re-
para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei- cursos Humanos, assim como da Seção I - Recursos Materiais dos
tos ou fração; Capítulos III, IV e V, estabelece-se o prazo de 03 anos, ressalvados os
XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, incisos III e V do art. 14, que terão efeitos imediatos. (Redação dada
na unidade; pela Resolução - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012)
XXIX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específi- § 2º A partir da publicação desta Resolução, os novos estabele-
co para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração, cimentos e aqueles que pretendem reiniciar suas atividades devem
sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos; atender na íntegra às exigências nela contidas, previamente ao iní-
XXX – materiais para curativos; cio de seu funcionamento.
XXXI – materiais para cateterismo vesical de demora em siste- Art. 73 O descumprimento das disposições contidas nesta Re-
ma fechado; solução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de
XXXII – incubadora para transporte, com suporte para equipa- 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, ad-
mento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de ministrativa e penal cabíveis.
oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; Art. 74 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
XXXIII – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti- ção.
plos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para
transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; d. Condutas de enfermagem para o paciente grave e em fase
XXXIV – ventilador pulmonar específico para transporte, com terminal.
bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; Mesmo sabendo que a morte é algo que faz parte do ciclo na-
XXXV – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacien- tural de vida, os mesmo ainda não conseguem lidar com isso no
tes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento dia-a-dia. Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis pela
às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração. manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por encarar a
XXXVI – cilindro transportável de oxigênio; morte como resultado acidental diante do objetivo da profissão,
XXXVII – relógio e calendário de parede; sendo esta considerada como insucesso de tratamentos, fracasso
XXXVIII – poltronas removíveis, com revestimento impermeá- da equipe, causando angústia àqueles que a presenciam.A sensa-
vel, para acompanhante: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração; ção de fracasso diante da morte não é atribuída apenas ao insuces-
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de so dos cuidados empreendidos, mas a uma derrota diante da morte
uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01 (um) por unidade, e da missão implícita das profissões de saúde: salvar o indivíduo,
com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos diminuir sua dor e sofrimento, manter-lhe a vida.
de 24 horas. Não podemos falar da morte, da formação de um cadáver, sem
Art. 70 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os antes entendermos claramente sobre o que seja a vida.
listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada O conhecimento de vida pressupõe processos químicos com-
sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela plicados, processos que se desenrolam nos limites de uma cela,
ANVISA. perfeitamente organizada. No centro desses processos acham-se
Art. 71 Os kits para atendimento às emergências referidos nos as substâncias protéicas; a seguir vêm os elementos graxos e os
incisos XXVII e XXXV do Art 69 devem conter, no mínimo: ressusci- hidratos de carbonos. Toda vida tem por condição indispensável
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, que na célula se desenvolvam determinadas alterações químicas,
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ- os verdadeiros fenômenos bioquímicos; essas alterações, por usa
nulas de Guedel e fio guia estéril. vez se combinam com o consumo de oxigênio, pois que há dentro
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits da célula um “combustão”. Contudo, a célula não morre no decorrer
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados desse processo, porque de fora se recebem continuamente novas
pela unidade e baseados em evidências científicas. substâncias que se transformam em substância celular no pequeno
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits laboratório da própria célula. Desta maneira, há no interior da cé-
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. lula um perene metabolismo: as substâncias vivas da célula desin-
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa tegram-se por combustão e eliminam-se os produtos metabólicos;
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo- do exterior, recebe a célula, novas substâncias que servem de subs-
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); tituto. Toda vida, movimento, alimentação, propagação, o sentir e
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e o pensar, se ligam intimamente ao metabolismo; assim. A biologia
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre deve desvendar o problema do metabolismo das células.
prontos para uso. Ora, se toda vida está ligada ao metabolismo da célula viva,
a morte da célulaou o aniquilamento de sua vida significa, indubi-
CAPÍTULO VI tavelmente, a cessação do metabolismo da célula. Um cadáver é
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS portanto, uma célula que deixou de revelar o metabolismo caracte-
rístico. (LIPSCHUTZ 1933).
Art. 72 Os estabelecimentos abrangidos por esta Resolução Para caracterizar o cadáver, é oportuno falar de algumas expe-
têm o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data riências que nos permitem um olhar mais fundo em tudo quanto se
de sua publicação para promover as adequações necessárias do relaciona com a morte e o cadáver.
serviço para cumprimento da mesma. Tiramos de um aquário uma gota de água com alguns Infusó-
rios, minúsculos microscópios seres de uma única célula. Coloca-
mos essa gota numa placa de cristal dentro de uma câmara decristal
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

por sob o microscópio. Em seguida, fazemos passar sobre a gota Reforça-se ainda que a morte não é somente um fato biológico,
vapores de álcool. Os animálculos unicelulares, que até então se mas um processo construído socialmente, que não se distingue das
agitavam em vivíssimo movimento, correndo para todos os lados outras dimensões do universo das relações sociais. Assim, a morte
como flechas, ao cabo de poucos minutos detêm-se. Logo se imo- está presente em nosso cotidiano e, independente de suas causas
bilizam, estão paralisados, entretanto, não se acham mortos; basta ou formas, seu grande palco continua sendo os hospitais e institui-
que se deixe penetrar ar fresco na câmara, para que de novo voltem ções de saúde. BRETAS (2006)
os Infusórios á atividade anterior. A morte propriamente dita é a cessação dos fenômenos vitais,
Acontece, pois que envenenamos ou narcotizamos os bichi- por parada das funções cerebral, respiratória e circulatórias, com
nhos com álcool. Devemos supor que a intoxicação consiste num surgimento dos fenômenos abióticos, lentos e progressivos, que
transtorno do metabolismo. O sintoma exterior dessa perturbação causam lesões irreversíveis nos órgãos e tecidos.
do metabolismo é a paralisação da célula, porém se, como vimos, É um tema controverso que suscita nos enfermeiros sentimen-
essa paralisação tem em certas condições experimentais, um efeito tos e atitudes diversas. Embora faça parte do ciclo natural da vida,
apenas transitório, é de supor que o metabolismo sob a influência a morte é, ainda, nos dias de hoje, um assunto polémico, por vezes
do álcool não se extinguiria; apenas sofrerá uma alteração, talvez evitado e por muitos não compreendido, gerando medo e ansieda-
um desvio do seu curso normal. Assim justamente é que podemos de. Uma vez que a enfermagem tem nos seus ideais o compromisso
distinguir a narcose de que acabamos de falar, da morte: o primeiro com a vida, lidar com a morte pode torna-se um acontecimento difí-
caso pode-se reparar o mal, ao passo que no segundo já não há cil e penoso, gerando uma multiplicidade de atitudes por parte dos
remédio. profissionais de enfermagem. Neste contexto, devido à necessidade
de melhor compreender este fenómeno com que os enfermeiros
De maneira ainda mais clara se nos revelam as coisas em outro se confrontam no quotidiano, realizou-se um estudo de investiga-
exemplo, Lipschutz e Veshnjakoff fizeram estudos sobre o metabo- ção relacionado com as atitudes do enfermeiro perante a morte e
lismo do ovário dos mamíferos fora do organismo, a várias tempe- circunstâncias determinantes, com vista a uma reflexão acerca do
raturas. tema e consequentemente a uma melhor prática profissional.
Ao examinar o consumo de oxigênio do tecido ovariano do por- Para melhor entendimento dos vários fatores que interferem
quinho das índias á temperatura de 38,5 graus, que é a temperatura no enfrentamento da morte/morrer, tanto pelos profissionais quan-
normal nessa espécie, é a 1 grau e até abaixo disso, verificaram que to pacientes e familiares, é preciso que antes saibamos um pouco
o tecido continuava a consumir oxigênio no frio, porém, a tão baixa mais sobre as fases da morte e suas possíveis reações causadas pelo
temperatura, o tecido ovariano consome vinte mesmo quarenta ve- impacto da notícia.
zes menos oxigênio do que a 38,5 graus. A temperaturabaixa, pois o Kübler-Ross (1994), em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, re-
metabolismo é diminuído de um modo assombroso. Não obstante, alizou um trabalho com pacientes terminais onde analisou os senti-
essa diminuição do metabolismo é responsável. Basta trasladar o mentos do paciente e da família no processo e morrer. Ele esclarece
mesmo tecido para uma câmara com a temperatura do corpo, para que passamos por vários estágios quando nos deparamos com a
constatar-se imediatamente que o seu consumo de oxigênio cres- morte, sendo que a negação é o primeiro estágio.
ce de novo. Mas, setraslada o tecido por alguns minutos para uma A 1° faseé a negação – é caracterizada como defesa temporária,
câmara com temperatura de alguns graus abaixo de zero para ser onde a maioria das vezes o discurso pronunciado é “isso não está
examinado depois á temperatura do corpo, então já não se resta- acontecendo comigo” ou “não pode ser verdade”. Outro compor-
belece mais, nunca mais, o metabolismo primitivo, o tecido morreu tamento comum nessa fase é o agir como se nada estivesse acon-
por refrigeração. A uma temperatura de alguns décimos de grau tecendo.
acima de zero, o metabolismo alterou-se de maneira reparável; “Evidentemente, se negamos a morte, se nos recusarmos a en-
a uma temperatura abaixo de zero, o metabolismo alterou-se de trar em contato com nossos sentimentos, o luto será mal elaborado
maneira irreparável.Muito interessante é o fato de que, em certos e teremos uma chance maior de adoecermos e cairmos em me-
animais, se observa uma vida latente em que permanecem anos lancolia ou em outros processos substitutivos.” (CASSAROLA 1991).
e anos, como nos tardígrados e outras espécies estudadas já por Outros mecanismos de defesa que utilizamos inconsciente-
Leuwenhook e Spallanzani no século XVIII. mente ainda citando Kübler-Ross (1994), são:
Não podemos falar da morte sem antes tentar conceituá-la. A 2° fase, a ira – nesta fase prevalece a revolta, o ressentimen-
Para Vieira (2006, p.21) “a pergunta ‘o que é morte’ tem múltiplas to, e o doente passa a atacar a equipe de saúde e as pessoas mais
respostas e nenhuma delas conclusiva, pois a questão transcende próximas a ele. Questionam procedimentos e tratamentos e a per-
os aspectos naturais ou materialistas e, até biologicamente, é difícil gunta mais comum é “porque eu?” .Podem ainda nesta fase, surgir
uma resposta unânime”. períodos de total descrença.
Morrer, cientificamente, é deixar de existir; quando o corpo A 3° fase é a barganha – o doente faz acordos em troca de mais
acometido por uma patologia ou acidente qualquer tem a falência um tempo de vida. Nessa fase são comuns as promessas, Deus se
de seus órgãos vitais, tendo uma parada progressiva de toda ati- torna presente em sua vida, faz promessas de mudança se for cura-
vidade do organismo, podendo ser de uma forma súbita (doenças do.
agudas, acidentes) ou lenta (doenças crônico-degenerativas), segui- A depressão – após a fase da barganha, o doente percebe sua
da de uma degeneração dos tecidos.MOREIRA (2006), doença como incurável e ciente da impossibilidade ou dificuldade
“A situação de óbito hospitalar, ocorrência na qual se dá a ma- de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir no tratamen-
terialização do processo de morrer e da morte, é, certamente, uma to, relaciona-se pouco com outras pessoas.
experiência impregnada de significações cientificas, mas também
de significações sociais, culturais e principalmente subjetivas.” (DO-
MINGUES DO NASCIMENTO, 2006)
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A 4° fase é a depressão – após a fase da barganha, o doente aceitação do doente, ter respeito pela diferença, cada doente têm o
percebe sua doença como incurável e ciente da impossibilidade ou seu modo de estar na vida, o doente raramente esta isolado, os fa-
dificuldade de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir miliares podem ajudar ou perturbar, compartilhar, deixar a pessoa
no tratamento, relaciona-se pouco com outras pessoas. expressar os seus temores e desejos, diminuir a dor, o sofrimento e
A 5° fase é a aceitação – o paciente entende e aceita sua situa- a angustia, auxiliar corretamente o doente a assumir a morte como
ção e tenta dar um sentido para sua vida. experiência que só ele pode viver, toda a equipa deve ter um com-
Segundo Bosco (2008), esses são estágios que sucedem, porém portamento idêntico, linguagem, em relação à informação dada ao
podem não aparecer necessariamente nessa ordem ou alguns indi- doente para não existir contradições, promover a vivência da fase
víduos não passam por todos eles. Podem inclusive voltar a qual- final de vida no domicilio sempre que possível.
quer fase mais de uma vez. É um processo particular, onde muitos O apoio da família também é muito importante Apoio da famí-
sentimentos estão envolvidos e que dependem de vários fatores, lia, já que a família sempre está presente. A definição de família tem
como religiosidade, estrutura familiar, cultura, por exemplo. As ati- evoluído ao longo dos tempos, de acordo com vários paradigmas,
tudes face à morte diferem de cultura para cultura, de país para no entanto aqui adaptar-se-á a definição de“ Família refere-se a
país, de região para região e, até, de pessoa para pessoa. Tal facto, dois ou mais indivíduos que dependem um do outro para dar apoio
permite concluir que a forma como reagimos à morte está depen- emocional, físico e econômico. Os membros da família são auto-
dente de uma multiplicidade de factores que se relacionam princi- -definidos.” (Hanson, 2005). A família é, ou devia de ser, a unidade
palmente com aspectos pessoais, educacionais, sócio-económicos primária dos cuidados de saúde.
e espacio-temporais. Além de proporcionar o acompanhamento adequado ao doen-
Os profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros, te em fase terminal, deve se insere a família neste processode apoio
enfrentam todos os dias a morte e, independentemente da ex- para que assim o doente possa usufruir de uma melhor qualidade
periência profissional e de vida, quase todos a encaram com um de vida, do ponto emocional e afetivo, assim como na diminuição
certo sentimento de incerteza, desespero e angústia. Incerteza por- da dor e angústia. O familiar do paciente crítico ao ter consciência
que não sabe se está a prestar todos os cuidados possíveis para o da situação concreta e da possibilidade de morte do seu enfermo
bem-estar do doente, para lhe prolongar a vida e para lhe evitar a que está na UTI, expressa o vazio existencial através de sentimentos
morte; desespero porque se sente impotente para fazer algo que o como: tristeza, frustração, pessimismo, desorientação, angústia e
conserve vivo; angústia porque não sabe como comunicar efectiva- falta de sentido para viver.
mente com o doente e seus familiares. Todos estes factores oneram Para entender a tríade, é necessário definir cada familiar do pa-
severamente o enfermeiro que procura cuidar aqueles cuja morte ciente crítico como uma pessoa constituída de unidade e totalidade
está eminente. em três dimensões: corpo, alma e espírito. (LIMA 2008).
Alguns sentimentos como empatia e afeto são necessário para
“O enfermeiro reage a estes sentimentos desligando-se do que ao entrar em contato comopaciente e sua família, seja possível
doente e da própria morte e, consciente ou inconscientemente, abordá-lo e compreendê-lo com a sua doença em toda sua peculia-
concentra a sua atenção no seu trabalho, no material, no processo ridade. Também consideramos ser de fundamental que na interdis-
da doença, talvez até em conversas superficiais, com o intuito de ciplinaridade haja o psicólogo para estruturar o trabalho de psicote-
afastar expressões de temor e de morte”. Outras vezes, o enfermei- rapia breve, enfatizando-se o momento, na busca de proporcionar
ro perante o processo de morte decide evitar todo e qualquer con- um espaço de reflexão e expressão dos sentimentos, angústias, me-
tacto com o doente. Nesta perspectiva, o mesmo autor afirma que dos, fantasias, a fim de minimizar o impacto emocional e o estresse
“afastando-se do doente através de subterfúgios, o que o enfermei- vivenciado pelos familiares, pacientes e outros profissionais nesse
ro faz é escudar-se contra sentimentos que lhe lembrem a morte e momento da internação. Aprendemos que, o momento de hospita-
que lhe causem mal-estar”. Rees (1983), lização significa uma crise para a família, o que causa uma ruptura
Deste modo, sendo a morte inevitável e frequente nos serviços daquilo que é esperado na dinâmica familiar. Tanto a família quanto
de saúde, nem todos os enfermeiros a compreendem, a acolhem e o paciente que entra no hospital para qualquer tipo de intervenção,
reagem a ela da mesma maneira.Confrontados com a doença grave não serão mais os mesmo após a sua alta. Eles tomam contato com
e com a morte, os enfermeiros tentam proteger-se da angústia que seu limite, com sua fragilidade, com sua impotência, mas também
estas situações geram, adoptando estratégias de adaptação, cons- é um momento que poderá emergir a sua força e capacidade.Não
cientes ou inconscientes designadas: mecanismos de defesa. podemos negar que aprendemos muito sobre a vida, doença e mor-
De acordo com Rosado (1991), do confronto com a morte sur- te com nossos pacientes, pois a cada momento vamos aos leito ao
gem frequentemente mais problemas psicológicos do que físicos. encontro de pessoas diferentes, o que acaba por exigir criatividade
Entre os últimos, fadiga, enxaqueca, dificuldades respiratórias, em nossa prática diária. Cada casa é um casa e vem revestido de
insónias e anorexia são alguns dos reconhecidos. No entanto, os particularidades e, é este o nosso lugar, nosso espaço e nossa fun-
mais citados são: pensamentos involuntários dedicados ao doente, ção na equipe que requer um exercício de criatividade contínua e,
sentimentos de impotência, choro e sensação de abatimento, sen- especialmente, de escuta. Em cada leito com cada doente, com as
timento de choque e de incredibilidade perante a perda, dificulda- diferentes doenças e com as diversas famílias, podemos dizer que
des de concentração, cólera, ansiedade e irritabilidade. Decorren- crescemos.
tes destas atitudes, registam-se: absentismo, desejo de mudança A diferença do outro, de cada indivíduo, relança uma nova pos-
de serviço, isolamento, entre outras práticas e atitudes revelado- tura de percepção do mundo, pela qual o nosso convívio e aprendi-
ras da situação e de insegurança.Para que o fenômeno da Morte zado mútuo são capazes de reconstruir nossas próprias percepções
seja encarado com serenidade pelo enfermeiro, este deve prevê-la e, consequentemente nossas representações. (VALENTE 2008)
como inevitável. Assim deve ter como atitudes, como: comunicar a
situação terminal do doente, conforme a vontade e capacidade de
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e. Atendimento de urgência e emergência em desastres naturais e catástrofes.


Vários eventos que ocorreram no Brasil e no mundo, como o ataque com armas químicas na Síria, o tornado no interior do estado de
São Paulo e o incêndio numa fábrica de fertilizantes em Santa Catarina, que produziu uma volumosa fumaça tóxica, surgem questionamen-
tos sobre a atuação dos profissionais de saúde nestes casos emergenciais e diferenciados, por sua natureza e repercussão.
Acidentes em massa podem ter variadas causas, por fenômenos naturais como, inundações, tornados, terremotos, avalanches, erup-
ções vulcânicas, entre outros; por ação humana em forças naturais ou materiais como, acidentes rodoviários, ferroviários, aeroviários
e marítimos, por radiação nuclear, desabamentos, incêndios e explosões, eletrocussão, entre demais exemplos; e outras origens como,
causas combinadas e pânico generalizado com pisoteamento.
A preocupação com tais situações torna-se emergente, mediante os fatos ocorridos recentemente e os grandes eventos que estão
programados para os próximos meses no Brasil.
Os profissionais e instituições de saúde brasileiros estão prontos para agir com eficácia e rapidez em casos com estas naturezas e
magnitudes?
O papel dos Enfermeiros é indispensável e crucial nestes casos, considerando as especificidades que competem a sua profissão.
Nestas situações de desastre, com envolvimento de muitas vítimas, um plano de emergência diferenciado precisa ser implementado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O ideal é que as instituições de saúde construam e treinem perior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos
seus funcionários, para que nestes casos cada profissional saiba pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das
como atuar e gerenciar. queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para
Em situações de desastre com múltiplas vítimas, o cliente com o atendimento” (BRASIL, 2002).
alta prioridade no atendimento é diferente do cliente prioritário O Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR - se mostra
de situações emergenciais. Em acidentes catastróficos os insumos como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na
e recursos podem ter disponibilidade limitada, fazendo com que tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde. Vai
a triagem e classificação das prioridades mudem. As decisões ba- estabelecer mudanças na forma e no resultado do atendimento do
seiam-se na probabilidade da sobrevida e no consumo dos recursos usuário do SUS. Será um instrumento de humanização. A estratégia
disponíveis. O princípio fundamental que direciona o uso dos recur- de implantação da sistemática do Acolhimento com Classificação
sos é o bem máximo para o máximo de pessoas. de Risco possibilita abrir processos de reflexão e aprendizado ins-
A triagem deve ser rapidamente realizada na cena do desastre, titucional de modo a reestruturar as práticas assistenciais e cons-
sendo imediatamente identificadas as vítimas prioritárias e inicia- truir novos sentidos e valores, avançando em ações humanizadas
das as intervenções necessárias, com posterior encaminhamento e compartilhadas, pois necessariamente é um trabalho coletivo e
para as unidades de emergência. cooperativo. Possibilita a ampliação da resolutividade ao incorporar
critérios de avaliação de riscos, que levam em conta toda a comple-
xidade dos fenômenos saúde/ doença, o grau de sofrimento dos
Nos Estados Unidos é utilizado um sistema de triagem com
usuários e seus familiares, a priorização da atenção no tempo, di-
cores para classificação da prioridade de atendimento das pessoas
minuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e internações. A
acidentadas (Tabela 1). Conforme a classificação, as pessoas rece-
Classificação de Risco deve ser um instrumento para melhor orga-
bem uma pulseira colorida que identifica seu nível de atenção e fa- nizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de entrada de
cilita a implementação das medidas de preservação da vida. urgência/emergência, gerando um atendimento resolutivo e huma-
nizado.
O Enfermeiro pode desempenhar diferentes funções em even-
tos catastróficos, sendo seu papel definido mediante as necessida- MISSÕES DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
des específicas que a instituição de saúde e equipes de trabalho 1 - Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um
apresentam, bem como as particularidades que o desastre gerou. melhor acesso aos serviços de urgência/emergência;
Por exemplo, o Enfermeiro pode atuar na triagem principal das ví- 2 - Humanizar o atendimento;
timas, realizar procedimentos avançados, caso possua capacitação 3 - Garantir um atendimento rápido e efetivo.
para tal e respaldo da instituição, dar assistência no luto as famílias
com a identificação dos entes queridos, gerenciar e/ou fornecer as OBJETIVOS
atividades de cuidado em hospitais de campanha (provisórios) ou •Escuta qualificada do cidadão que procura os serviços de ur-
mesmo coordenar a distribuição dos recursos materiais e humanos gência/emergência;
entre as equipes de atendimento. • Classificar, mediante protocolo, as queixas dos usuários que
Estes são apenas alguns exemplos das atividades que podem demandam os serviços de urgência/emergência, visando identificar
ser realizadas, mas não contemplam todas as atividades desempe- os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato;
nhadas nestes eventos. Há ainda as ações voltadas para o controle • Construir os fluxos de atendimento na urgência/emergência
e divulgação de informações à mídia e às famílias, o gerenciamento considerando todos os serviços da rede de assistência à saúde;
de possíveis conflitos internos, como o uso dos recursos disponí- • Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação
veis; de origem étnica/cultural, referente aos hábitos e costumes da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda dos ser-
particulares dos acidentados e familiares; e de cunho religioso, re- viços de urgência/emergência
lacionado às crenças e costumes específicos das vítimas envolvidas,
principalmente nos casos de óbito. EQUIPE
Estes exemplos ilustram algumas situações possíveis em casos Equipe multiprofissional: enfermeiro, auxiliar de enfermagem,
serviço social, equipe médica, profissionais da portaria/recepção e
de acidentes em massa, devendo ser considerados pelos profissio-
estagiários.
nais de saúde das equipes de atendimento. São casos que podem
acontecer em eventos que envolvam um grande número de turis-
PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO
tas, sendo do próprio país ou estrangeiros.
É a identificação dos pacientes que necessitam de intervenção
Concluindo esta primeira parte do artigo, os Enfermeiros de- médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial
vem estar preparados para atuar em novos ambientes e em papéis de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um pro-
atípicos em casos de desastre. O princípio que deve nortear suas cesso de escuta qualificada e tomada de decisão baseada em pro-
ações é o de fazer o bem ao maior número de pessoas que for pos- tocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência do
sível. enfermeiro. A - Usuário procura o serviço de urgência. B - É acolhido
pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e encami-
f. Acolhimento com avaliação e classificação de risco nhado para confecção da ficha de atendimento. C - Logo após é en-
A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implanta- caminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido pelo
ção nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e a auxiliar de enfermagem e enfermeiro que, utilizando informações
“triagem classificatória de risco”. De acordo com esta Portaria, este da escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no pro-
processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de nível su- tocolo e classifica o usuário.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO O que é doação de órgãos?


1 - Apresentação usual da doença;
2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, des-
maio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.);
3 - Situação – queixa principal;
4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais – Sat. de
O2 – escala de dor - escala de Glasgow – doenças preexistentes –
idade – dificuldade de comunicação (droga, álcool, retardo mental,
etc.);
5 - Reavaliar constantemente poderá mudar a classificação.

AVALIAÇÃO DO PACIENTE (Dados coletados em ficha de aten- Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas ve-
dimento) zes, o transplante de órgãos pode ser única esperança de vida ou a oportu-
• Queixa principal nidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação. É preciso
• Início – evolução – tempo de doença que a população se conscientize da importância do ato de doar um órgão.
• Estado físico do paciente Hoje é com um desconhecido, mas amanhã pode ser com algum amigo,
• Escala de dor e de Glasgow parente próximo ou até mesmo você. Doar órgãos é doar vida.
• Classificação de gravidade O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que consiste
• Medicações em uso, doenças preexistentes, alergias e vícios na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim) ou
• Dados vitais: pressão arterial, temperatura, saturação de O2 tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (recep-
tor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo ou morto.

O que é morte encefálica?


A morte encefálica é a perda completa e irreversível das fun-
ções encefálicas (cerebrais), definida pela cessação das funções
corticais e de tronco cerebral, portanto, é a morte de uma pessoa.
Após a parada cardiorrespiratória, pode ser realizada a doação
de tecidos (córnea, pele, musculoesquelético, por exemplo). A Lei
9.434 estabelece que doação de órgãos pós morte só pode ser feita
quando for constatada a morte encefálica.
Como é feito o diagnóstico de morte encefálica?
O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Con-
selho Federal de Medicina. Em 2017, o CFM retirou a exigência do
médico especialista em neurologia para diagnóstico de morte ence-
fálica, assunto amplamente debatido e acordado com as entidades
médicas.
Deste modo, a constatação da morte encefálica deverá ser feita
por médicos com capacitação específica, observando o protocolo
estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, são utilizados
critérios precisos, padronizados e passiveis de serem realizados em
todo o território nacional.

Quero ser doador de órgãos. O que fazer?


Se você quer ser doador de órgãos, primeiramente avise a sua
família. Os principais passos para doar órgãos são:

Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o


seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares,
devem autorizar a doação de órgãos.
No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização
familiar.
Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a
vontade do doador, no entanto, observa-se que, na grande maioria
dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar
do parente falecido, esse desejo é respeitado. Por isso a informação
g. Captação, Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e o diálogo são absolutamente fundamentais, essenciais e necessários. Essa é a modalidade de consentimento que mais se adapta à rea-
lidade brasileira. A previsão legal concede maior segurança aos envolvidos, tanto para o doador quanto para o receptor e para os serviços
de transplantes.
A vontade do doador, expressamente registrada, também pode ser aceita, caso haja decisão judicial nesse sentido. Em razão disso
tudo, orienta-se que a pessoa que deseja ser doador de órgãos e tecidos comunique sua vontade aos seus familiares.
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de
Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Existem dois tipos de doador.


1 - O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde.
O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e
cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.
2 - O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como trau-
matismo craniano ou AVC (derrame cerebral).

Qual tempo de isquemia de cada órgão?


O tempo de isquemia é o tempo de retirada de um órgão e transplante deste em outra pessoa. A tabela abaixo demonstra o tempo de
isquemia aceitável para cada órgão a ser considerado para transplante:

Órgão Tempo de isquemia


Coração 04 horas
Pulmão 04 a 06 horas
Rim 48 horas
Fígado 12 horas
Pâncreas 12 horas

Estatísticas
As estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) são a consolidação dos dados sobre transplantes, com informações cole-
tadas das diversas partes que compõem o SNT. O fornecimento dos dados é de responsabilidade das secretarias de saúde dos estados e
do Distrito Federal. Os dados estatísticos são essenciais para que o Ministério da Saúde possa tomar conhecimento, registrar e divulgar
a produção das cirurgias realizadas, bem como sistematizar índices que demonstrem o desempenho do setor nas unidades federativas,
regiões e no país como um todo.

Quais são os primeiros socorros em caso de afogamento?


Em caso de afogamento, a primeira coisa a fazer é tirar a vítima da água.
O ideal é socorrer a pessoa que está se afogando sem entrar na água, utilizando uma boia, tábua, colete salva-vidas, corda, galho ou
qualquer outro objeto que a faça flutuar ou lhe permita agarrar para não afundar.
A seguir, providencie um cabo para rebocar a vítima no objeto flutuante. O cabo deve ter um laço para que a pessoa possa prendê-lo
ao corpo, já que a correnteza pode impedi-la de segurar no cabo.
Após retirá-la da água, mantenha-a aquecida e peça ajuda ligando para o número 193. Se a vítima estiver consciente, deixe-a sentada
enquanto aguarda pela chegada da ambulância. Se estiver inconsciente, siga os seguintes primeiros socorros:
1) Deite a vítima de lado e mantenha-a aquecida;
2) Observe se ela está respirando;
3) Ligue e siga as instruções dadas pelo atendente do 193 (leve a vítima ao hospital ou espere pela chegada do socorro).

Se a pessoa não estiver respirando, é necessário fazer a reanimação cardiopulmonar:


1) Posicione a vítima deitada de barriga para cima sobre uma superfície plana e firme (a cabeça não deve estar mais alta que os pés
para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral);
2) Ajoelhe-se ao lado da vítima, de maneira que os seus ombros fiquem diretamente sobre o meio do tórax dela;
3) Com os braços esticados, coloque as mãos bem no meio do tórax da pessoa (entre os dois mamilos), apoiando uma mão sobre a
outra;
4) Inicie as compressões torácicas, que devem ser fortes, ritmadas e não podem ser interrompidas;
5) Evite a respiração boca a boca se estiver sozinho, não interrompa as compressões cardíacas;
6) O melhor é revezar nas compressões com outra pessoa, mas a troca não deve demorar mais de 1 segundo;
7) A reanimação cardiorrespiratória só deve ser interrompida com a chegada do socorro especializado ou com a reanimação da vítima.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não tente fazer a ressuscitação dentro da água. Sempre que possível, retire a vítima da água na posição horizontal.
Nunca tente salvar uma vítima de afogamento se não tiver condições para o fazer, mesmo que saiba nadar. É preciso ser um bom
nadador e estar preparado para salvar indivíduos em pânico.

Principais causas de afogamentos


Os afogamentos são comuns durante o verão, época em que as pessoas mais frequentam áreas de rios e mares. Desconhecimento das
condições do local e falta de habilidade do nadador estão entre as principais causas de afogamento.
Além disso, podemos citar como causas de afogamento o mergulho em áreas rasas, que pode levar a traumatismo seguido da aspira-
ção de água, ingestão de bebidas alcoólicas, crises convulsivas, doenças cardiorrespiratórias e câimbras. Em afogamentos em residências,
destacam-se os de crianças que se afogam em banheiras e outros recipientes com água por ficarem sem a supervisão de um adulto.
Denominamos de afogamento primário aquele em que não se observa nenhum fator que levou ao afogamento. Este ocorre natural-
mente em virtude da falta de habilidade da vítima, por exemplo. Já o secundário está relacionado com alguma patologia que dificulte que
a vítima mantenha-se na superfície.

Como ocorre o afogamento?


Quando uma pessoa entra em contato com a água e percebe que sofrerá o afogamento, ela geralmente se desespera e inicia uma luta
para manter-se na superfície. Quando ocorre a submersão, instantaneamente a pessoa prende a respiração. Essa parada da respiração
depende da capacidade física de cada indivíduo.
Quando a pessoa não consegue mais segurar a respiração, uma aspiração de líquido pode ocorrer. Em algumas pessoas, isso é um
estímulo para que haja um reflexo natural que contrai as vias respiratórias e impede que mais água entre no organismo. Essa contração
pode levar à morte por asfixia, um caso que chamamos de afogamento do tipo seco.
Na maioria das pessoas, no entanto, não ocorre esse reflexo e o que acontece é uma grande aspiração de água por causa de movimen-
tos respiratórios involuntários. Isso faz com que a água chegue aos pulmões, levando à perda da substância que promove a abertura dos
alvéolos (surfactante), mudanças na permeabilidade dos capilares e surgimento de edema pulmonar. Com o tempo, o pulmão enche-se
completamente de água, o indivíduo perde a consciência, sofre parada respiratória e morre.

Primeiros socorros em caso de afogamento


Em casos de afogamento, é importante ser muito cauteloso ao tentar salvar a vítima. Quando uma pessoa está se afogando, sua tendência
é desesperar-se e segurar na pessoa que está tentando salvá-la, podendo ocasionar outro afogamento. Nesses casos, portanto, é fundamental
jogar algo para que ela se segure, como boias e pneus.
Nesses casos, é fundamental também chamar bombeiros ou uma ambulância, pois a vítima terá atendimento especializado. Em pes-
soas desacordadas e sem sinais de respiração, recomenda-se a respiração boca a boca e, quando estiver sem pulso, a massagem cardíaca.
Quando acordada, é importante manter a vítima deitada de lado e aquecida.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O que fazer em caso de choque elétrico? bilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente
Em caso de choque elétrico, os primeiros socorros devem ser facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno de-
prestados rapidamente, pois os primeiros 3 minutos após o choque senvolvimento.
são vitais para socorrer e salvar a vítima. Os princípios que orientam esta política afirmam a garantia do
A primeira coisa a fazer é interromper o contato da pessoa com direito à vida e à saúde, o acesso universal de todas as crianças à
a fonte de eletricidade sem encostar diretamente nela. O ideal é saúde, a equidade, a integralidade do cuidado, a humanização da
desligar a chave geral de força. Se não for possível, afaste a vítima atenção e a gestão participativa. Propõe diretrizes norteadoras para
utilizando algum material que não conduza corrente elétrica, como a elaboração de planos e projetos de saúde voltados às crianças,
objetos de borracha ou madeira. como a gestão interfederativa, a organização de ações e os servi-
A seguir, chame o resgate através do número 192 e verifique ços de saúde ofertados pelos diversos níveis e redes temáticas de
se a pessoa está respirando, se consegue se mexer ou emitir algum atenção à saúde; promoção da saúde, qualificação de gestores e
som. Caso não verifique nenhum desses sinais, é provável que a trabalhadores; fomento à autonomia do cuidado e corresponsabili-
vítima tenha sofrido uma parada cardíaca ou cadiorrespiratória. zação de trabalhadores e familiares; intersetorialidade; pesquisa e
Nesse caso, inicie imediatamente a reanimação cardíaca, en- produção de conhecimento e monitoramento e avaliação das ações
quanto espera pela ambulância: implementadas. Os sete eixos estratégicos que compõem a políti-
ca têm a finalidade de orientar gestores e trabalhadores sobre as
Reanimação cardíaca ações e serviços de saúde da criança no território, a partir dos de-
Deite a vítima em local seguro, com a barriga para cima; terminantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida e
Com uma mão sobre a outra, faça 30 compressões fortes e rit- à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam a integrali-
madas no meio do tórax da vítima. Em cada compressão, o peito da dade da atenção e o pleno desenvolvimento da criança e a redução
vítima deve afundar cerca de 5 cm. Para isso, recomenda-se usar o de vulnerabilidades e riscos. Suas ações se organizam a partir das
peso do próprio corpo para fazer a compressão; Redes de Atenção à Saúde (RAS), com ênfase para as redes temá-
Tentando manter um ritmo de aproximadamente 100 a 120 ticas, em especial à Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil
compressões por minuto e tendo a Atenção Básica (AB) como ordenadora e coordenadora
Após as 30 compressões observe se a pessoa está respondendo das ações e do cuidado no território, e servirão de fio condutor do
ou se encontra algum pulso, no punho ou pescoço da vítima; se não cuidado, transversalizando a Rede de Atenção à Saúde, com ações e
volte às compressões; estratégias voltadas à criança, na busca da integralidade, por meio
Se houver mais alguém, o mais adequado é revezar a massa- de linhas de cuidado e metodologias de intervenção, o que pode
gem a cada 2 minutos, para manter uma compressão eficaz e me- se constituir em um grande diferencial a favor da saúde da criança.
lhor resultado; A normativa busca integrar diversas ações já existentes para
Mantenha as compressões até a pessoa retomar a consciência atendimento a essa população. O objetivo é promover o aleitamen-
ou até à chegada do socorro. to materno e a saúde da criança, a partir da gestação aos nove anos
Quanto mais rápido for o atendimento à vítima de uma parada de vida, com especial atenção à primeira infância (zero a cinco anos)
cardiorrespiratória, por choque elétrico, menores são os danos cau- e às populações de maior vulnerabilidade, como crianças com defi-
sados ao organismo. ciência, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, e em situação de rua.
Estudos recentes comprovam que a realização de massagem
cardíaca nos primeiros socorros, possibilita a manutenção do fluxo Eixos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
sanguíneo e, portanto, oxigenação dos tecidos, inclusive pulmonar Criança
e cerebral, mesmo sem mais a indicação de respiração boca-a-boca, Os sete eixos estratégicos da Política são: atenção humanizada
salvado muitas vidas. e qualificada à gestação, parto, nascimento e recém-nascido; aleita-
Se o choque elétrico provocar queimaduras, lave a área afetada mento materno e alimentação complementar saudável; promoção
com água corrente à temperatura ambiente, até esfriar o local. Se e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral;
puder mergulhar a queimadura na água, melhor. atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com do-
enças crônicas; atenção à criança em situação de violências, pre-
venção de acidentes e promoção da cultura de paz; atenção à saúde
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE: ATENÇÃO À CRIANÇA (CRESCI- de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulne-
MENTO E DESENVOLVIMENTO, ALEITAMENTO MATERNO, rabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno.
ALIMENTAÇÃO, DOENÇAS DIARREICAS E DOENÇAS RESPI- A Política considera como criança a pessoa na faixa etária de
RATÓRIAS) zero a nove anos e a primeira infância, de zero a cinco anos. Para
atendimento em serviços de pediatria no Sistema Único de Saúde
(SUS), são contempladas crianças e adolescentes menores de 16
SAÚDE DA CRIANÇA anos, sendo que este limite etário pode ser alterado conforme as
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo
A PNAISC está estruturada em princípios, diretrizes e eixos atendimento.
estratégicos. Tem como objetivo promover e proteger a saúde da
criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados in- Dos princípios:
tegrais e integrados, da gestação aos nove anos de vida, com espe- 1) Direito à vida e à saúde – Princípio fundamental garantido
cial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnera- mediante o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
para a promoção, proteção integral e recuperação da saúde, por
meio da efetivação de políticas públicas que permitam o nascimen-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

to, crescimento e desenvolvimento sadios e harmoniosos, em con- cooperação e a participação coletiva, fomentando a transversalida-
dições dignas de existência, livre de qualquer forma de violência de e a grupalidade, assumindo a relação indissociável entre atenção
(BRASIL, 1988; 1990b). e gestão no cuidado em saúde (BRASIL, 2006a).
2) Prioridade absoluta da criança – Princípio constitucional que 8) Gestão participativa e controle social – Preceito constitucio-
compreende a primazia da criança de receber proteção e cuidado nal e um princípio do SUS, com o papel de fomentar a democracia
em quaisquer circunstâncias, ter precedência de atendimento nos representativa e criar as condições para o desenvolvimento da cida-
serviços de saúde e preferência nas políticas sociais e em toda a dania ativa. São canais institucionais, de diálogo social, as audiên-
rede de cuidado e de proteção social existente no território, assim cias públicas, as conferências e os conselhos de saúde em todas as
como a destinação privilegiada de recursos em todas as políticas esferas de governo que conferem à gestão do SUS realismo, trans-
públicas (BRASIL, 1988; 1990b). parência, comprometimento coletivo e efetividade dos resultados.
3) Acesso universal à saúde – Direito de toda criança receber No caso da saúde da criança, o Brasil possui um extenso leque de
atenção e cuidado necessários e dever da política de saúde, por entidades da sociedade civil que militam pela causa da infância e do
meio dos equipamentos de saúde, de atender às demandas da aleitamento materno e que podem potencializar a implementação
comunidade, propiciando o acolhimento, a escuta qualificada dos deste princípio (BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS
problemas e a avaliação com classificação de risco e vulnerabilida- MUNICIPAIS DE SAÚDE, 2009; MARTINS, 2010).
des sociais, propondo o cuidado singularizado e o encaminhamento
responsável, quando necessário, para a rede de atenção (BRASIL, Das Diretrizes:
2005a). 1) Gestão interfederativa das ações de saúde da criança – Fo-
4) Integralidade do cuidado – Princípio do SUS que trata da mento à gestão para implementação da Pnaisc, por meio da viabili-
atenção global da criança, contemplando todas as ações de promo- zação de parcerias e articulação interfederativa, com instrumentos
ção, de prevenção, de tratamento, de reabilitação e de cuidado, de necessários para fortalecer a convergência dela com os planos de
modo a prover resposta satisfatória na produção do cuidado, não saúde e os planos intersetoriais e específicos que dizem respeito à
se restringindo apenas às demandas apresentadas. Compreende, criança.
ainda, a garantia de acesso a todos os níveis de atenção, mediante 2) Organização das ações e dos serviços em Redes de Atenção
a integração dos serviços, da Rede de Atenção à Saúde, coordenada à Saúde – Fomento e apoio à organização de ações e aos serviços
pela Atenção Básica, com o acompanhamento de toda a trajetória da Rede de Atenção à Saúde, com a articulação de profissionais e
da criança em uma rede de cuidados e proteção social, por meio de serviços de saúde, mediante estratégias como o estabelecimento
estratégias como linhas de cuidado e outras, envolvendo a família e de linhas de cuidado, a troca de informações e saberes, a tomada
as políticas sociais básicas no território (BRASIL, 2005a). horizontal de decisões, baseada na solidariedade e na colaboração,
5) Equidade em saúde – Igualdade da atenção à saúde, sem garantindo a continuidade do cuidado com a criança e a completa
privilégios ou preconceitos, mediante a definição de prioridades resolução dos problemas colocados, de forma a contribuir para a
de ações e serviços de acordo com as demandas de cada um, com integralidade da atenção e a proteção da criança.
maior alocação dos recursos onde e para aqueles com maior neces- 3) Promoção da Saúde – Reconhecimento da Promoção da
sidade. Dá-se por meio de mecanismo de indução de políticas ou Saúde como conjunto de estratégias e forma de produzir saúde na
programas para populações vulneráveis, em condição de iniquida- busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e saúde, com
des em saúde, por meio do diálogo entre governo e sociedade ci- ações intrassetoriais e intersetoriais, voltadas para o desenvolvi-
vil, envolvendo integrantes dos diversos órgãos e setores da Saúde, mento da pessoa humana, do ambiente e hábitos de vida saudáveis
pesquisadores e lideranças de movimentos sociais (BRASIL, 2005a; e o enfrentamento da morbimortalidade por doenças crônicas não
BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE transmissíveis, envolvendo o trabalho em rede em todos os espaços
SAÚDE, 2009). de produção de saberes e práticas do cuidado nas dimensões indivi-
6) Ambiente facilitador à vida – Princípio que se refere ao es- duais, coletivas e sociais (BRASIL, 2014h).
tabelecimento e à qualidade do vínculo entre criança e sua mãe/ 4) Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família –
família/cuidadores e também destes com os profissionais que atu- Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família, princípio
am em diferentes espaços que a criança percorre em seus territó- constitucional, que deve ser estimulado e apoiado pelo poder pú-
rios vivenciais para a conquista do desenvolvimento integral (PE- blico, com informações qualificadas sobre os principais problemas
NELLO, 2013). Esse ambiente se constitui a partir da compreensão de saúde e orientações sobre o processo de educação dos filhos,
da relação entre indivíduo e sociedade, interagindo por um desen- o estabelecimento de limites educacionais sem violência e os cui-
volvimento permeado pelo cuidado essencial, abrangendo toda dados com a criança, com especial foco nas etapas iniciais da vida,
a comunidade em que vive. Este princípio é a nova mentalidade para a efetivação de seus direitos.
que aporta, sustenta e dá suporte à ação de todos os implicados na 5) Qualificação da força de trabalho – Qualificação da força de
Atenção Integral à Saúde da Criança. trabalho para a prática de cuidado, da cogestão e da participação
7) Humanização da atenção – Princípio que busca qualificar as nos espaços de controle social, do trabalho em equipe e da arti-
práticas do cuidado, mediante soluções concretas para os proble- culação dos diversos saberes e intervenções dos profissionais, efe-
mas reais vividos no processo de produção de saúde, de forma cria- tivando-se o trabalho solidário e compartilhado para produção de
tiva e inclusiva, com acolhimento, gestão participativa e cogestão, resposta qualificada às necessidades em saúde da família.
clínica ampliada, valorização do trabalhador, defesa dos direitos dos 6) Planejamento no desenvolvimento de ações – Aperfeiçoa-
usuários e ambiência, estabelecimento de vínculos solidários entre mento das estratégias de planejamento na execução das ações da
humanos, valorização dos diferentes sujeitos implicados, desde eta- Pnaisc, a partir das evidências epidemiológicas, definição de indi-
pas iniciais da vida, buscando a corresponsabilidade entre usuários, cadores e metas, com articulação necessária entre as diversas po-
trabalhadores e gestores neste processo, a construção de redes de
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

líticas sociais, iniciativas de setores e da comunidade, de forma a sional bem treinado pode fazer avaliações e elaborar intervenções
tornar mais efetivas as intervenções no território, que extrapolem durante a experiência da internação. O uso do brincar terapêutico,
as questões específicas de saúde. atividades de recreação, atividades escolares, visitas hospitalares
7) Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento – Incen- e grupos de apoio podem fornecer medidas criativas para guiar a
tivo à pesquisa e à produção de conhecimento para o desenvolvi- criança e a família para longe da experiência negativa e em direção
mento de conhecimento com apoio à pesquisa, à inovação e à tecnolo- à experiência benéfica. (BOWDEN; GREENBERG, 2005)
gia no campo da Atenção Integral à Saúde da Criança, possibilitando a
geração de evidências e instrumentos necessários para a implementa- Cuidados com as medicações
ção da Pnaisc, sempre respeitando a diversidade étnico-cultural, apli- Medicamento é toda a substância que, introduzida no organis-
cada ao processo de formulação de políticas públicas. mo, previne e trata doenças, alivia e auxilia no diagnóstico. As ações
8) Monitoramento e avaliação – Fortalecimento do monitora- de enfermagem relativas aos medicamentos dizem respeito ao pre-
mento e avaliação das ações e das estratégias da Pnaisc, com apri- paro, à administração e a observação das reações da criança que se
moramento permanente dos sistemas de informação e instrumen- submeteu a este procedimento.
tos de gestão, que garantam a verificação a qualquer tempo, em Considerar os seis certos tradicionais da administração de me-
que medida os objetivos estão sendo alcançados, a que custo, quais dicamentos (registro certo, dose certa, via certa, droga certa, hora
os processos ou efeitos (previstos ou não, desejáveis ou não), indi- certa e paciente certo) e de checar o procedimento realizado, em
cando novos rumos, mais efetividade e satisfação. pediatria a equipe de enfermagem tem de levar em consideração
9) Intersetorialidade – Promoção de ações intersetoriais para a certas peculiaridades durante o procedimento, tais como, a criança
superação da fragmentação das políticas sociais no território, me- sentir-se insegura durante a hospitalização e ter medo do que lhe
diante a articulação entre agentes, setores e instituições para am- vai acontecer, não aceitando, muitas vezes, as medicações, princi-
pliar a interação, favorecendo espaços compartilhados de decisões, palmente as injetáveis. (COLLET; OLIVEIRA, 2002)
que gerem efeitos positivos na produção de saúde e de cidadania. Observam-se os seguintes cuidados para administração do me-
dicamento em pediatria segundo Collet e Oliveira 2002:
Marcos do crescimento e do desenvolvimento - ler cuidadosamente os rótulos dos medicamentos;
O desenvolvimento da criança é o aumento da capacidade do -questionar a administração de vários comprimidos ou frascos
indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas. Para para uma única dose;
uma definição mais completa e necessário diferenciar as noções re- -estar alerta para medicamentos similares;
ferentes ao crescimento e desenvolvimento: -verificar a vírgula decimal;
crescimento e o aumento do corpo, de ponto de vista físico. -questionar aumento abrupto e excessivo nas doses;
Ele pode ser aumento de estatura ou de peso. A unidade de medida -quando um medicamento novo for prescrito, buscar informa-
dele vai ser o cm ou a grama. Os processos básicos dele: aumento ções sobre ele;
de tamanho celular (chamado de hipertrofia) ou aumento do nu- -não administrar medicamentos prescritos por meio de apeli-
mero das células (hiperplasia); dos ou símbolos;
maturação e uma noção bem diferente – nesse caso, trata-se -não tentar decifrar letras ilegíveis;
de organização progressiva das estruturas morfológicas. Aqui entra: -procurar conhecer crianças que tem o mesmo nome ou so-
crescimento e diferenciação celular, mielinização, especialização brenome.
dos aparelhos e sistemas;
desenvolvimento: e um ponto de visto holístico, integrante dos Cuidados prévios para a administração de medicamentos:
processos do crescimento e maturação, mas que junta a isto o im- - orientar a criança e a mãe/acompanhante por meio do brin-
pacto e o aprendizagem sobre cada evento, e, também, a integra- quedo terapêutico;
ção psíquicos e sociais; -lavar as mãos;
o desenvolvimento psicossocial – e, de fato a integração do -reunir o material;
aspecto humano – o ser aprende a interagir e mover, respeitar as -lero rótulo da medicação (observar validade, cor, aspecto, dosagem)
regras da sociedade, a rotina diária –praticamente, a criança vai -preparar o medicamento na dose certa;
seguir os passos que vão ter como finalidade a convivência com a -identificar a medicação a ser ministrada – nome da criança,
sociedade cuja pertence. nº do leito, nome da medicação, a via de administração, a dose e o
O recém-nascido e a criança hospitalizada horário e a assinatura de quem prepararam;
As crianças tendem a responder à hospitalização com um dis- -não deixar ao alcance das crianças os medicamentos;
túrbio emocional, estas respostas geralmente manifestam-se atra- -explicar a criança que entende a relação do medicamento com
vés de comportamentos agressivos, como choro, retraimento, chu- a doença;
te, mordida, tapas, resistência física aos procedimentos, ou ignora -restringir a criança quando necessário, para garantir a admi-
as solicitações. As internações são consideradas ameaças ao desen- nistração correta e segura.
volvimento da criança e a união familiar.
Vários são os sinais dos transtornos que a criança possa apre- FARMACOCINETICA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
sentar dentre eles destacam-se: Ansiedade de Separação; Perda de Fatores que Afetam a Absorção dos Medicamentos
controle e Medos. - Gastrintestinal
A unidade de internação é um ambiente ocupado e barulhento, O pH gástrico é alto em neonatos, atingindo os valores de adul-
cheio de eventos imprevistos e geralmente sem prazer para crianças to por volta da idade de 2 anos. Os medicamentos ácidos são mais
e seus pais. É responsabilidade de todos os membros da equipe de biodisponíveis; os medicamentos-base apresentam menor biodis-
saúde estar atenta e sensível a esses problemas em geral. O profis- ponibilidade.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A motilidade gástrica e intestinal (tempo de transito) esta dimi- Vias de Administração de Medicação Infantil
nuída nos neonatos e lactentes menores, mas aumenta nos lacten- Via Oral: Formas Farmacêuticas: cápsulas, comprimidos, xaro-
tes maiores e crianças. pes e drágeas.
A quantidade de ácido biliar e o funcionamento estão diminu- A administração de medicamentos por via oral consiste no
ídos nos recém-nascidos e atingem a sua capacidade máxima ao preparo ideal, escolher o material de administração de acordo com
longo dos primeiros meses de vida. a idade da criança (colher ou copo de medidas, conta-gotas, seringa,
copo descartável, fita crepe ou etiqueta de identificação); orientar a
- Retal criança e o acompanhamento se preciso por intermédio do brinquedo
Somente alguns medicamentos são adequados para adminis- terapêutico, sentar a criança semi-sentada no colo do acompanhante
tração retal. Além disso, o tamanho da exposição na mucosa retal ou decúbito dorsal elevado no leito; administra-se o medicamento cer-
afeta a absorção. tificando-se de que a criança engoliu; oferecer líquidos após o medica-
mento, registrar aceitação e se houver reação comunicar.
- Intramuscular
Variável no grupo pediátrico secundário a (a) fluxo sanguíneo e Vantagens:
instabilidades vasomotoras, (b) contração e tônus muscular insufi- Autoadministração, econômica e fácil;
cientes e (c) oxigenação muscular diminuída. Confortável, indolor;
Forma Farmacêutica de fácil conservação
- Percutâneo Possibilidade de remover o medicamento
Diminuído com espessura aumentada do estrato córneo e dire-
tamente relacionado à hidratação da pele. Desvantagens:
Os neonatos e os lactentes tem a permeabilidade da pele au- Absorção variável;
mentada, permitindo maior penetração da medicação e uma rela- Período de latência médio a longo;
ção maior de área de superfície – peso corporal com potencial para Ação dos sucos digestivos;
toxicidade. Interação com alimentos;
Pacientes não colaboradores (inconscientes), com náuseas e
- Intraocular vômitos o incapazes de engolir;
As mucosas de neonatos e lactentes são particularmente finas; pH do trato gastrintestinal
os medicamentos oftalmológicos podem causar efeitos sistêmicos
nos recém-nascidos e nas crianças jovens. Via Retal: A administração consiste na administração de medi-
Fatores que Afetam a Distribuição camentos do tipo supositório ou enema no reto. O volume de líqui-
- Os neonatos têm uma maior proporção de água corporal total do a ser administrado varia conforme a idade da criança: em lacten-
que rapidamente de reduz durante o primeiro ano de vida. Valores tes, de 150 a 250 ml; em pré-escolar, de 250 a 350ml; em escolar, de
de adultos são gradualmente alcançados por volta de 12 anos de 350 a 500ml e em adolescentes, de 500 a 750ml.
idade. Este fator é uma consideração importante relacionado à so- Vantagens:
lubilidade do medicamento na água. Fármacos não são destruídos ou desativados no Trato Gastro
- As crianças têm uma proporção mais baixa de gordura corpo- Intestinal-TGI;
ral que os adultos. Preferível quando a VIA ORAL está comprometida
- A capacidade de ligação das proteínas depende da idade. Pacientes que não cooperam, inconscientes ou incapazes de
aceitar medicação por via oral .
A concentração de proteína total ao nascimento corresponde Desvantagens:
a somente 80% dos valores de um adulto, o que leva a uma maior Lesão da mucosa ;
fração livre ou ativa da droga na circulação com um maior potencial Incômodo
para toxicidade. Expulsão
- A albumina fetal no período imediato após o parto tem a ca- Absorção irregular e incompleta
pacidade de ligação a drogas limitada. Adesão
- Uma barreira hemato-encefálica imatura durante o período
logo após o parto pode levar a altas concentrações de medicamen- Via oftalmológica: A administração de medicamentos nos
tos no cérebro do que em outras idades. olhos se dá na presença de infecções oculares ou para realizações
de exames de pequenas cirurgias. Deixar a criança em decúbito dor-
Fatores que Afetam o Metabolismo sal elevado; realizar higiene ocular com gaze estéril e soro fisiológi-
- O sistema microssomal enzimático do recém-nascido é menos eficaz. co; separar as pálpebras para expor o saco conjuntival e instilar as
- A maturação varia entre as pessoas; cada enzima hepática tor- gotas prescritas neste local, mantendo-se o conta-gotas a 3 cm de
na-se funcional a uma frequência diferente. distância e soltar as pálpebras, secando-se a medicação excedente
no sentido do canto interno para o externo e de cima para baixo.
Fatores que Afetam a Eliminação
- A filtração glomerular e a secreção tubular estão reduzidas no ATENÇÃO: Ao utilizar mais de um tipo de colírio no mesmo olho
nascimento. é necessário aguardar pelo menos 10 minutos entre as aplicações.
- Existe um aumento gradual na função renal, com os valores
de adultos sendo alcançados nos(s) primeiro(s) 1-2 anos de vida.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Via Inalatória: Este método utiliza o trato respiratório para Virar a seringa com a agulha para cima, em posição vertical e
transportar o medicamento através da inalação ou da administra- expelir o ar que tenha penetrado;
ção direta para dentro da árvore respiratória através do tubo endo- Desprezar a agulha usada para aspirar o medicamento;
traqueal. O medicamento, depois de inalado ou infundido, se move Escolher, para a aplicação, uma agulha de calibre apropriado à
para dentro dos brônquios e, em seguida, atinge os alvéolos do solubilidade da droga e à espessura do tecido subcutâneo do indi-
paciente, sendo difundidos para os capilares pulmonares. Os me- víduo;
dicamentos fornecidos através da via respiratória podem produzir Manter a agulha protegida com protetor próprio.
efeitos locais ou sistêmicos.
Via Intradérmica: Consiste na aplicação de solução na der-
Vantagens me(área localizada entre a epiderme e o tecido subcutâneo) Via uti-
Rápido contato com o fármaco. lizada para realizar testes de sensibilização e vacina BCG é de fácil
Utilizada principalmente por pacientes com distúrbios respi- acesso, restrita a pequenos volumes
ratórios Os efeitos adversos da injeção intradérmica são decorrentes de: fa-
Pode ser administrada em pacientes inconscientes. lha na administração como aplicação profunda subcutânea; da dosagem
A principal vantagem é administrar pequenas doses para ação incorreta com maior volume que o necessárioe contaminação.
rápida e minimizar os efeitos adversos sistêmicos
Via subcutânea: Consiste na aplicação de solução na tela sub-
Via Tópica: É a via através da qual os medicamentos são admi- cutânea, na hipoderme (tecido adiposo abaixo da pele), Via utili-
nistrados e absorvidos através da pele ou mucosas. zada principalmente para drogas que necessitam ser lentamente
absorvidas, vacinas como a antirrábica, a insulina têm indicação es-
Vantagens: pecífica para esta via. Os locais recomendados para aplicação são:
É uma via prática; parede abdominal (hipocôndrio, face anterior e externa da coxa,
Não é dolorosa; face anterior e externa do braço, a região glútea, e a região dorsal,
É a única via que pode garantir o efeito apenas no local da apli- abaixo da cintura)
cação (evita efeito sistêmico). Ex.: Uso de pomada ou gel.
Via intramuscular: Consiste na aplicação de solução no tecido
Desvantagens: muscular. Procedimento muito comum 46% dos casos atendidos no
Pode causar irritação na pele ou mucosas; PS e no ambulatório resultam em administração de medicamentos
Estímulo a automedicação; por esta via. A escolha do local deve respeitar os seguintes critérios:
Ocorre perda do medicamento para o meio ambiente - Quantidade e característica da droga
- Condição da massa muscular
Via Parenteral (injetáveis): Este tipo de procedimento é consi- - Quantidade de injeções prescritas
derado pela criança como um ato agressivo contra si, pois na maio- - Locais livres de grandes vasos e nervos em camadas superfi-
ria das vezes é acompanhado de dor ou medo, o que se traduz no ciais
choro e na ansiedade. Existem quatro meios comuns para adminis- - Acesso ao local e risco de contaminação
trar medicamentos por esta via: via endovenosa; via subcutânea; a -Inserção, tamanho da agulha e ângulo apropriado para apli-
intradérmica e a intramuscular. cação.

Vantagens: Locais de aplicação ,os mesmos do adulto : Vasto lateral; Ven-


Efeito farmacológico imediato; troglútea; Dorsoglútea; Deltoide.
Evitar a inativação por ação enzimática; O risco da aplicação intramusculares em Pediatria: Trauma ou
Administração a pacientes inconscientes compressão aacidental de nervos; Injeção acidental em veia ou
artéria; Injeção em músculo contraído; Lesão do músculo por so-
Desvantagens: luções irritantes; Pode provocar dano celular, abscessos e alergias.
Toxicidade local ou sistêmica (alergias, erros) Via endovenosa: Via de ação rápida, pois o medicamento é mi-
Resistência do paciente (Psicológico) nistrado diretamente no plasma,com ação imediata.
Pureza e esterilidade dos medicamentos (Custo) Tipo de medicamento injetado na veia: Solução solúvel no san-
gue; Não oleosos;Não devem conter cristais visíveis.
Preparo do medicamento em ampola:
Abrir a embalagem da seringa; A administração da medicação ocorre por meio de um dispo-
Adaptar a agulha ao bico da seringa, zelando para não conta- sitivo intravenoso instalado por punção,podendo ser um procedi-
minar as duas partes; mento repetitivo,no qual a criança revive as angústias geradas por
Certificar-se do funcionamento da seringa, verificando se a essa experiência,que pode resultar em traumas.
agulha está firmemente adaptada; A equipe deve preparar adequadamente a criança para esse
Manter a seringa com os dedos polegar e indicador e segurar a procedimento para minimizar as consequências e os traumas gera-
ampola entre os dedos médio e indicador da outra mão; das pela hospitalização.
Introduzir a agulha na ampola e proceder a aspiração do con-
teúdo, invertendo lentamente a agulha, sem encostá-la na borda Locais mais utilizados: Dorso da mão (veias metacarpianas
da ampola; dorsais, arco venoso dorsal) Antebraço (cefálica acessória, cefálica
e basílica), Braço (mediana cubital, mediana antebraqueal, basíli-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ca e cefálica),Dorso do pé: último recurso devido às complicações Não golpear o local da punção, pode causar dor e medo
tromboembólicas (arco venoso dorsal, mediana marginal),tornoze- - Garrotear o local;
lo (safena interna), Pescoço (jugular externa e interna). - Fazer antissepsia do local com álcool 70%,seguindo a direção
As Indicações para administração endovenosas: da corrente sanguínea;
- Manter e repor eletrólitos, vitaminas e líquidos; - Solicitar ajuda para restrição dos movimentos;
- Restabelecer o equilíbrio ácido-básico; - Fazer tricotomia;
- Restabelecer o volume sanguíneo; - Preparar material para fixação (micropore,esparadrapo e
- Ministrar medicamentos; tala);
- Induzir e manter sedações e bloqueios neuromusculares;
- Manter estabilidade hemodinâmica por infusões contínuas de Distender a pele com uma das mãos e com a outra introduzir
drogas vasoativas a agulha com o bisel voltado pra cima e paralelo à veia; Verificar
refluxo de sangue
As soluções utilizadas: - Retirar o garrote
- Isotônicas-concentração semelhante ao plasma(S.G.5% e - Conectar equipo de soro, verificar o fluxo do gotejamento
S.F.0,9%) fornecem água e calorias utilizadas para repor perdas - Fixar e imobilizar a extremidade com tal;
anormais e corrigir desidratação; - Controlar gotejamento
- Hipertônicas-concentração maior que a do plasma (S.G.10 % -Identificar na fixação a data da punção, o horário e o nome do
,25% e 50%) indicado para hipoglicemia, combate ao edema e ao responsável;
aumento da pressão intracraniana; - Encaminhar a criança para o leito, organizar o ambiente;
- Hipotônicas-concentração menor que a do plasma(ringer lac- - Observar e anotar a normalidade da infusão e o local, estar
tato) indicado para tratamento de desidratação, alcalose branda,hi- atento aos sinais flogísticos, obstrução e presença de ar no equipo;
pocloremia,correção de desidratação; - Trocar o equipo de acordo com as normas da instituição 24
- Fluidos derivados do sangue: sangue total,plasma,papa de he- a 72h;
mácias,expansoresplasmáticos; - Fazer anotações sobre o procedimento, o local e as ocorrên-
- Nutrição parenteral. cias.

As complicações causadas pela administração de medicamen- Contenção para procedimentos: É necessária para garantir
tos por via endovenosa: Infiltrações locais; Reações pirogênicas; segurança à criança e facilitar o procedimento, podendo ser feita
trombose venosa e flebite (ações irritantes dos medicamentos ou manualmente ou com dispositivos físicos. Os pais e a criança devem
formação de coágulos); Hematomas e necrose. ser orientados sobre a sua finalidade e objetivo. Pode ser manual,
executada com o auxílio de outra pessoa ou com a ajuda de lençóis
Fatores Contribuintes para extravasamento ou infiltração En- e faixas de contenção.
dovenosa:
Má perfusão periférica-propicia o extravasamento da solução; Sinais Vitais
Visualização inadequada do local da inserção do cateter;
Não observação de sinais flogísticos precoce e frequentemente Sinais Vitais: Avaliação da Dor

Sinais de Extravasamento ou Infiltração: Diretrizes Clínicas


Edema local que pode se estender por toda extremidade afe- - Avaliar o nível de dor na primeira hora após a internação na
tada; unidade de cuidados agudos ou durante a consulta ambulatorial,
Perfusão local diminuída para obter dados de referencia sobre o conforto da criança.
Extremidades afetadas frias - No caso de uma criança com dor crônica, a frequência de ava-
Coloração da pele alterada(escura sugere necrose) liações da dor baseia-se na condição da criança, mas é realizado ao
Bolhas no local. menos uma vez por mês.
- Avaliar o nível da dor a cada 8 a 12 horas em uma criança com
Cuidados importantes: Antes da infusão, verificar a permea- doença aguda e com maior frequência, segundo a indicação clinica.
bilidade do acesso; Não infundir medicação associada a hemode- A avaliação da dor é um processo continuo; cada cuidador realiza
rivados; Fazer controle de gotejamento, respeitando o tempo e o uma avaliação ampla da dor ao assumir os cuidados com a criança.
volume prescritos. Após a avaliação inicial, se a condição da criança mudar, se a crian-
ça apresentar sinais de dor ou for submetida a um procedimento
Técnica e procedimento de cateterização venosa periférica: provavelmente doloroso, ou se houver modificação da velocidade
- Realizar a seleção da veia; de infusão de medicamentos sedativos, analgésicos ou anestésicos,
- Escolher uma veia visível e que permita a mobilidade da crian- realizar outra avaliação ampla da dor. Se a criança estiver confortá-
ça vel, não é necessário realizar uma avaliação ampla da dor com cada
- Selecionar o dispositivo para punção; grupo de sinais vitais; entretanto, procure conhecer a legislação do
- Preparar todo material (soro, equipo ou bureta, cateter de seu estado, porque alguns exigem que a avaliação da dor seja regis-
dupla via) e retirar o ar do equipo; trada toda vez que são registrados os sinais vitais.
- Utilizar foco de 30cm de distância do local da punção para
facilitar a visualização epromover a vasodilatação;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Avaliar o nível de dor dentro de 1 hora antes e após as inter- - Realizar ampla reavaliação do nível da dor:
venções para seu alivio em criança com doença aguda (o intervalo - Se houver indicadores clínicos de dor.
depende da intervenção especifica) para avaliar a resposta aos es- - Após implementação de intervenções para alivio da dor, com
quemas de tratamento. modificação da velocidade de infusão de medicamentos sedativos,
- Os profissionais são responsáveis pela avaliação da dor. analgésicos ou anestésicos; a avaliação deve ser realizada em 1 hora
- O médico, a enfermaria, a técnica ou auxiliar de enfermagem após a intervenção, mas pode ser realizada mais cedo dependendo
podem obter relatos subjetivos de dor. Quando a determinação é da intervenção (p. ex., 5 a 20 minutos após injeção em bolo intra-
realizada por técnico ou auxiliar, qualquer variação em relação aos venosa).
valores de referencia deve ser comunicada ao profissional. - Lavar as mãos.

Procedimento Dicas para verificação dos Sinais Vitais na Pediatria


Passos Ordem para Verificação dos Sinais Vitais:
- Rever a história da dor inicial da criança e o nível anterior de Frequência Respiratória – FR: Uma maneira prática para se ve-
dor, quando possível. rificar a frequência respiratória é colocando-se a mão levemente
- Observar o diagnóstico médico e a história de eventos consi- sobre o tórax da criança e contando quantas vezes a mão sobe du-
derados dolorosos ou causadores de traumatismo tecidual. rante um minuto.
- Determinar se a criança esta tomando quaisquer medicamen- Frequência cardíaca – FC: Procure verificar a FC , quando a
tos que possam afetar a percepção da dor ou a capacidade de co- criança estiver dormindo ou em repouso. Quando o paciente for
municar que esta com dor. lactente, dê preferência ao pulso apical. A frequência apical é ve-
- Lavar as mãos. rificada colocando-se o estetoscópio próximo ao mamilo esquerdo
- Avaliar a presença de indicadores de dor, considerando a ida- por um minuto.
de da criança e o estado de sono: Temperatura – T – considera-se febre: acima de 37,8ºC
Pressão arterial – PA – a PA deverá estar solicitada na prescri-
Dor Aguda ção médica e verificada quando necessário.
- Subjetiva: declaração de dor; se for incapaz de relatar, per- Variação Normal dos Sinais Vitais em Crianças
guntar aos pais.
- Fisiológica: aumento da frequência respiratória ou frequência Frequência da Pulsação, Respiração
cardíaca, respirações superficiais, diminuição da saturação de oxi-
gênio, diaforese, dilatação da pupila. Idade Pulso Respiração
- Comportamental: choro, gemido, inquietação, ansiedade,
raiva, diminuição do nível de atividade, alteração do sono, posição Recém-natos 70 -170 30 – 50
assumida pela criança (p. ex., deitada imóvel, posição fetal, mem- 11 meses 80 -160 26 – 40
bro fletido ou rígido) careta facial, posição antálgica, tocar a área
dolorosa. 2 anos 80 -130 20 – 30
4 anos 80 -120 20 – 30
Dor Crônica
6 anos 75 -115 20 – 26
- Sinais vitais estáveis.
- Interrupção do sono. 8 anos 70 -110 18 – 24
- Regressão do desenvolvimento. 10 anos 70 -110 18 – 24
- Alteração dos padrões alimentares.
- Problemas de comportamento ou escolares. Adolescentes 60 -120 12 – 20
- Afastamento de atividades em grupo.
- Depressão. Pressão Arterial
- Agressão.
Idade Pressão Pressão
No caso de uma criança submetida a bloqueio neuromuscu- Sistólica Diastólica
lar:
- Avaliar parâmetros fisiológicos. 6m - 1 ano 90 61
- Avaliar o tamanho da pupila. 2 - 3 anos 95 61
- Interromper agentes paralisantes por um curto período para
4 - 5 anos 99 65
avaliar os comportamentos da dor.
- Avaliar o nível de dor utilizando um instrumento de avaliação 6 anos 100 65
valido, apropriado para o desenvolvimento; usar sempre o mesmo 8 anos 105 57
instrumento para comparar a adequação do controle da dor (p. ex.,
o mesmo instrumento ensinado previamente à criança e à família). 10 anos 109 58
- Realizar o exame físico da área dolorosa. 12 anos 113 59
- Determinar o nível de dor da criança e as intervenções apro-
priadas; considerar a situação especifica (idade, estilo de adapta- Temperatura (T)
ção, ambiente) e o tipo e a intensidade da dor. Implementar inter- Oral 35,8º - 37,2º C
venções de controle da dor.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Retal 36,2º C – 38º C Determinação da Frequência Cardíaca por Palpação de Pulsos


Axilar 35,9º C – 36.7º C Periféricos

Sinais Vitais: Frequência Cardíaca Passos


- Identificar o local; os pulsos radial e branquial são usados com
Diretrizes clínicas maior frequência.
- A frequência cardíaca é determinada para avaliar o estado ge- - Localizar o pulso da criança e palpar com seus dois ou três
ral de cada paciente na primeira hora após a internação na unidade primeiros dedos; não usar pressão excessiva. Observar o ritmo.
de cuidados agudos.
- Monitorar a frequência cardíaca a cada 4 a 8 horas durante - Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e
a fase aguda da doença se o paciente estiver na unidade de inter- multiplicar por 2. Se for irregular, contar durante 1 minuto comple-
nação clínica e a cada 1 a 2 horas na unidade de terapia intensiva. to.
- A frequência cardíaca é reavaliada para monitorar a resposta - Lavar as mãos.
aos esquemas de tratamento e conforme indicado pela avaliação de - Registrar a frequência cardíaca, a região usada e o nível de
enfermagem ou médica. atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta)
- O técnico ou auxiliar de enfermagem e/ou a enfermeira po- no prontuário.
dem verificar a frequência cardíaca. Quando a frequência cardíaca
é verificada pelo auxiliar, qualquer variação em relação a medidas Sinais Vitais: Frequência Respiratória
anteriores deve ser comunicada à enfermeira.
Diretrizes clínicas
Determinação da Frequência Cardíaca - Os movimentos respiratórios são medidos inicialmente para
se obter os dados de referência para avaliar o estado geral de cada
Passos paciente dentro da primeira hora da admissão em um ambiente de
- Rever no prontuário do paciente os dados de referencia sobre cuidado agudo.
a frequência de pulso conhecer a variação para a idade. - As respirações são medidas antes e imediatamente após as
- Determinar o pulso: intervenções respiratórias para avaliar a resposta aos esquemas te-
- Nas crianças com menos de 2 anos de idade, é mais fácil rea- rapêuticos.
lizar a ausculta apical. - A mensuração das respirações é feita a cada 4 ou 8 horas em
- Em crianças maiores, pode ser realizada ausculta apical ou uma criança agudamente doente e mais frequentemente conforme
palpado o pulso periférico. indicado clinicamente.
- Acalmar a criança, se necessário. Sempre que possível, fazer a - Uma auxiliar ou técnica de enfermagem ou enfermeira podem
medida quando a criança estiver tranquila. verificar a frequência respiratória. Quando a mensuração é encami-
- Lavar as mãos. nhada à enfermeira ou ao médico.
Determinação da Frequência Cardíaca por Ausculta do Pulso
Apical Verificação da Frequência Respiratória

Passos Passos
- Limpar o diafragma e as olivas do estetoscópio com um lenço - Rever a frequência respiratória anterior da criança, quando
embebido em álcool antes e depois do exame. possível.
- Introduzir os olivas nos ouvidos com as extremidades curvas - Observar o diagnostico médico da criança e a historia de pro-
para a frente em direção à face. blemas e dificuldades respiratórias.
- Identificar o pulso. Palpar a parede torácica para determinar o - Determinar se a criança esta tomando alguma medicação que
ponto de impulso máximo (PIM): possa afetar a frequência e a profundidade respiratória.
- Em crianças menores de 7 anos – imediatamente à esquerda - Lavar as mãos.
da linha hemiclavicular no quarto espaço intercostal. - Contar as respirações:
- Em crianças maiores de 7 anos – linha hemiclavicular esquer- - Observar o movimento abdominal quando for lactentes e
da no quinto espaço intercostal. crianças pequena.
- Colocar o diafragma do estetoscópio sobre o PIM e contar a FC: - Observar os movimentos torácicos nas crianças mais velhas.
- Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e - Se as respirações forem regulares, contar o numero de res-
multiplicar por 2. pirações em 30 segundos e multiplicar por dois. Se as respirações
- Se o pulso for irregular, contar por 1 minuto completo. forem irregulares, contar o numero de respirações em um minuto
- Lavar as mãos. inteiro. Contar as respirações nos lactentes durante 1 minuto.
- Registrar a frequência cardíaca, o pulso usado e o nível de - Observar a profundidade e o padrão das respirações, ocor-
atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta) rência de ansiedade, irritabilidade e posição de conforto. Observar
no prontuário. a coloração da criança, incluindo extremidades.
- Lavar as mãos.
- Registrar os resultados; a frequência respiratória é registrada
por respirações por minuto.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sinais Vitais: Pressão Arterial - Centralizar a câmara do manguito na extremidade proximal


do pulso (p, ex., na área branquial, posição cerca de 2,5 a 5 cm aci-
Diretrizes clínicas ma da fossa antecubial), e prender o manguito de forma bem justa.
- A pressão arterial é verificada inicialmente para se obter um Não posicionar o manguito sobre a roupa.
dado de referencia para avaliar o estado hemodinâmico geral de - Verificar a PA após 3 a 5 minutos de repouso, quando possí-
cada paciente dentro da primeira hora de admissão em um ambien- vel. Posicionar o braço (extremidade) da criança ao nível do coração
te de cuidado agudo. durante o repouso.
- A pressão arterial é verificada para avaliar a resposta aos es- - Localizar a posição exata do pulso. Coloque o diafragma do
quemas terapêuticos. estetoscópio onde o pulso é sentido, abaixo da borda do manguito.
- Durante a doença aguda, verifique a pressão arterial a cada - Fechar a válvula do diafragma e inflar o manguito a uma pres-
4 ou 8 horas, ou mais frequentemente se houver indicação clínica. são de 30mmHg acima do ponto em que a pulsação da artéria é
- Nos neonatos, verifique a pressão arterial se houver suspeita obstruída. Estabilizar a extremidade durante a verificação.
de doença renal ou coarctação da aorta ou se estiverem presentes - Desinflar o manguito a uma velocidade de 2 a 3 mmHg por
sinais clínicos de hipotensão. Não é recomendada uma triagem uni- segundo.
versal dos neonatos. - Observe os sons de Korotkoff:
- Para a manutenção da saúde, a pressão arterial deveria ser - Inicio do som de pancada.
verificada: - Abafamento do som, se aplicado.
- Uma vez ao ano nas crianças com idade superior a 3 anos. - Desaparecimento do som.
- Em criança de qualquer idade com sintomas de hipertensão, - Não inflar novamente o manguito durante a desinsuflação.
hipotensão, ou doença renal ou cardíaca. Dar alguns minutos entre as verificações da PA.
- Um técnico ou auxiliar de enfermagem ou uma enfermeira - Desinflar o manguito completamente e removê-lo do braço.
podem verificar a pressão arterial. Quando a pressão arterial for ve- - Lavar as mãos.
rificada por um auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer varia- - Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar
ção das medidas anteriores é informada ao enfermeiro ou médico. também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama-
- Use o braço direito sempre que possível para haver consistên- nho do manguito, nível de atividade (p. ex., 90/50 mmHg, supina,
cia das aferições e comparação com as normas padronizadas. braço direito, branquial, manguito infantil, calma). Se a PA estiver
- A ausculta é o método de escolha para a verificação da pressão muito alta ou baixa, verificar também a frequência cardíaca.
arterial nas crianças, porque é necessária uma frequente calibração
dos equipamentos automáticos e existe uma falta de padrões de Método com Equipamento Automático
referencia estabelecidos para as crianças. Os equipamentos auto-
máticos são aceitos quando a ausculta for difícil (p.ex., em crianças Passos
pequenas) ou quando forem necessárias verificações frequentes. - Seguir os 6 primeiros itens no procedimento anterior (Méto-
do de Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e
Método de Ausculta colocação.
- Seguir as instruções do fabricante para o uso da maquina.
Passos - Estabilizar a extremidade durante a verificação.
- Rever as leituras da pressão arterial prévias da criança, se dis- - Lavar as mãos.
poníveis. - Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar
- Analisar o diagnostico da criança e as medições atuais que também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama-
provocam efeito sobre a pressão arterial. nho do manguito, nível de atividade.
- Lavar as mãos. Limpar o diafragma do estetoscópio.
- Selecionar o local: Método da Palpação
- Usar o braço direito quando possível.
- Verificar no mesmo local e posição das verificações anterio- Passos
res, quando possível. - Seguir os 7 primeiros itens no procedimento anterior (Méto-
- Não usar a extremidade que tiver uma lesão ou equipamen- do de Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e
tos estranhos (p. ex., punção venosa, fistula de diálise arterioveno- colocação.
sa ou renal). - Palpar a artéria à medida que infla o manguito.
- Não usar a extremidade com circulação alterada (p. ex., deri- - Inflar o manguito 30mmHg acima do ponto em que você per-
vação de Blalock-Taussig, coarctação). cebeu o pulso da ultima vez.
- Selecionar manguito de tamanho apropriado: - Lentamente desinflar o manguito e perceber o ponto em que
- A largura da câmara deve ser cerca de 40% da circunferência o pulso volta a ser sentido.
do braço e estar a meio caminho entre o olecrânio (cotovelo) e o - Desinflar completamente o manguito e removê-lo da extre-
acrômio (ombro). midade.
- geralmente isto corresponde a um manguito que cobre cerca - Lavar as mãos.
de 80% a 100% da circunferência do braço. - Registrar os achados no prontuário do paciente como leitura
- Usar a linha do manguito do fabricante como um guia para a da sistólica por palpação (p. ex., 100/p). Registrar também a posi-
seleção do manguito. ção da criança, extremidade e local utilizado, tamanho do mangui-
- Se não for possível obter o manguito do tamanho apropriado, to, nível de atividade.
escolha um que seja maior, em vez de um muito pequeno.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sinais Vitais: Temperatura - Remover o cabo da boca e observar a temperatura do mostra-


dor; observar se é em Celsius ou Fahrenheit.
Diretrizes clínicas - Jogue fora o protetor do cabo.
- A temperatura é verificada para avaliar o estado de referencia - Retornar a unidade para carregar na base.
de cada paciente dentro da primeira hora após a admissão e para - Lavar as mãos.
detectar a mudança no estado do paciente (p. ex., hipotermia, pre-
sença de infecção, ou outras mudanças na condição do paciente). Verificação da Temperatura Timpânica em Criança com Idade
- A temperatura é avaliada de novo 30 minutos a 1 hora após a Superior a 3 meses
intervenção para medir a resposta ao esquema terapêutico.
- A temperatura deve ser verificada a cada 4 ou 8 horas, ou Passos
mais frequentemente quando instável ou quando a criança estiver - Lavar as mãos.
agudamente doente ou com problemas de termorregulação. - Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
- Quando utilizar um equipamento para regular a temperatura mostrador se a unidade está carregada.
(p. ex., incubadora, cobertor para hipotermia, luz de aquecimento - Garantir que o mostrador indica modo timpânico (as unidades
suspenso), a temperatura da criança deve ser verificada a cada 1 a podem avaliar temperatura de superfície, retal, central e timpâni-
3 horas. ca).
- Os termômetros de mercúrio não devem ser usados (Gold- - Colocar o protetor descartável na ponta do cabo.
man, Shannon & o Committe on Environmental Health, 2001). - Puxar a orelha – retrair a pina posteriormente (empurrar para
cima e para trás).
- A via oral deve ser usada em crianças com idade superior a 5 - Inserir o cabo no conduto auditivo enquanto pressiona o bo-
anos a não ser que seja contraindicado pelas condições médicas ou tão do scan; cheque para garantir que o conduto auditivo esteja
de desenvolvimento (convulsões, atraso no desenvolvimento, nível fechado.
de consciência alterado). - Liberar o botão do scan.
- A mensuração timpânica (infravermelha) não é recomendada - Remover o cabo quando o termômetro emitir sinal. Observar
para ser usada em crianças com idade inferior a 3 meses. Os estu- o mostrador de leitura se a leitura é em Celsius ou Fahrenheit.
dos mostram que as mensurações timpânicas não são tão exatas - Jogar fora o protetor do cabo pressionando o botão de liberar.
quanto outras formas de mensuração de temperatura e mostram - Retornar a unidade para carregar na base.
uma grande variedade. - Lavar as mãos.
- Os termômetros descartáveis (p. ex., Tempa – DOT) são mais Verificação da Temperatura Retal com Termômetro Eletrônico
exatos para as crianças com idade inferior a 5 anos.
- verificar a temperatura retal dos lactentes após o parto ime- Passos
diato. Após essa verificação de temperatura retal, usar a via axilar - Lavar as mãos, colocaras luvas de procedimento.
nos lactentes e nas crianças pequenas. A temperatura retal está - Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
contraindicada nas crianças que se submeteram a cirurgia retal e mostrador se o termômetro está carregado.
intestinal, com neutropenia, ou trompocitopenia. - Selecionar o cabo apropriado: vermelho-retal.
- O auxiliar ou técnico de enfermagem ou a enfermeira podem - Colocar o protetor do cabo no cabo.
verificar a temperatura. Quando a temperatura for verificada pelo - Lubrificar a ponta com gel hidrossolúvel.
auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer variação do referen- - Gentilmente abra as pregas interglúteas da criança e introdu-
cial, ou desvio da mensuração anterior, deve ser relatada ao médico za o cabo 1,7 cm no lactente e 2,5 cm na criança maior.
ou enfermeira. - Manter as pregas interglúteas fechadas com uma das mãos e
manter o cabo no lugar com a outra.
Verificação da Temperatura Corporal - Monitorar a mudança de temperatura no mostrador até que a
unidade emita um som. Observar a temperatura no mostrador e se
Passos a mensuração é em Celsius ou Fahrenheit.
- Rever o prontuário da criança quanto a: - Jogue fora o protetor do cabo apertando o botão de liberar.
- Sinais vitais das ultimas 24 horas. - Retornar a unidade para carregar na base.
- Avaliação dos problemas médicos atuais. - Lavar as mãos.
- Parâmetros de temperatura desejados
Verificação da Temperatura Axilar com Termômetro Eletrô-
Verificação da Temperatura Oral de uma Criança com Idade nico
Superior a 5 Anos com Termômetro Eletrônico
Passos
Passos - Lavar as mãos.
- Lavar as mãos - Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no mostrador se o termômetro esta carregado.
mostrador se o termômetro esta carregado. - Selecionar o cabo apropriado: azul-oral.
- Selecionar o cabo apropriado: azul-oral. - Colocar o protetor do cabo no cabo.
- Colocar o protetor do cabo no cabo. - Colocar o cabo protegido na axila da criança e segurar o braço
- Gentilmente inserir o cabo com o protetor no saco sublingual dela firmemente na lateral.
posterior da criança até que a unidade emita um sinal.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Observar a temperatura quando o mostrador digital estabili- problemas como a desnutrição e/ou socioeconômicos, entretanto
zou e a unidade emitiu um som; observar se a mensuração foi em quando estes déficits tornarem-se muito elevados é importante a
Celsius ou Fahrenheit. investigação de um especialista para detectar a real causa.
- Retornar a unidade para carregar na base. 3 – Peso/Estatura: a relação entre o peso e a estatura da crian-
- Lavar as mãos. ça é utilizada e recomendada pela Organização Mundial da Saúde
para detectar sobrepeso; também deve ser utilizado para detectar
Verificação da Temperatura com Termômetro Descartável precocemente perdas de peso que indiquem a desnutrição aguda,
ou o risco desta.
Passos O enfermeiro enquanto integrante da equipe de saúde par-
- Lavar as mãos. ticipa do processo de avaliação do crescimento da criança, sendo
- Remover uma única unidade do pacote. importante salientar que todas as funções do processo avaliativo
- Retirar a fita protetora do termômetro descartável. são delegadas a diferentes profissionais, conforme a especialidade
- Colocar a fita de temperatura segundo as instruções de uso de cada um.
do fabricante: Desta forma, quando se fala em desnutrição e/ou obesidade e
- Pressionar a fita firmemente na testa ou axila da criança. obtenção de valores fidedignos é sempre de grande valia a inserção
- Colocar no saco sublingual. do nutricionista, já que o mesmo possui a responsabilidade de ins-
- Usar a fita para monitorar a temperatura assim que a cor para truir sobre a alimentação da criança e realizar demais testes antro-
de mudar. pométricos necessários para uma análise mais detalhada.
- Ler a temperatura de acordo com as instruções do fabricante, Referências:
por exemplo: ORLANDI, O. V.; SABRÁ, A. O Recém-Nascido a Termo. In: FILHO, J. R.
- Ler o bloco indicado pela mudança de cor; verde indica tem- Obstetrícia. 10º ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2005
peratura registrada. Se o verde não aparecer, a temperatura está a FERNANDES, K.; KIMURA, A. F. Práticas assistenciais em reanimação
meio caminho entre o indicado pelo marrom e o azul. do recém-nascido no contexto de um centro de parto normal. Rev. Esc.
- O numero de pontos que mudaram de cor. Enferm. USP, São
- Se for registrada uma temperatura acima de 37°C, confirmar Paulo, v.39.n.º 4, p.383-390, 2005.
com a temperatura oral ou retal. WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica elementos essências à interven-
- Lavar as mãos. ção efetiva. 5ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999

Medidas Antropométricas Higiene


A antropometria é importante ferramenta para avaliação do A higiene da criança hospitalizada é um cuidado de necessi-
crescimento infantil e aceita universalmente. Vantagens como baixo dade básica, objetiva-se prevenir doenças, proporcionar conforto
custo, facilidade de execução e relativa sensibilidade e especificida- e bem estar a criança e ainda provocar a recuperação de sua en-
de levam à elaboração de índices de crescimento fáceis de serem fermidade.
avaliados. Esse método pode ser aplicado em todas as fases do ciclo Possibilita a avaliação do exame físico e promove a educação
de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo em saúde aos acompanhantes.
seu estado nutricional. Entre os procedimentos de higiene os mais utilizados são: ba-
As medidas antropométricas consistem nos dados sobre peso, nho; higiene das unhas; troca de fraldas; higiene oral e nasal e hi-
altura, perímetros cefálico e torácico. Sua verificação objetiva o giene perineal.
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança,
vem como a base para a prescrição médica e de enfermagem. Banho: È um procedimento de rotina no momento da admis-
É importante que o enfermeiro ao participar do processo de são, diariamente e sempre que necessário. O banho diário é indis-
avaliação do crescimento da criança tenha o conhecimento de que pensável a saúde, proporciona bem-estar, estimula a circulação san-
os principais aspectos que englobam uma avaliação eficiente e efi- guínea e protege a pele contra diversas doenças.
caz ao paciente são: O momento do banho deve ser aproveitado para estimular a
-Medição dos valores antropométricos de maneira padronizada; criança com (ou através de) estímulos psicoemocionais (acariciar),
-Relação dos valores encontrados conforme o sexo e a idade, auditivos (conversar e cantar) e psicomotores (inclusive movimen-
comparando-os com os valores da população de referência; tos ativos com os membros).
-Verificação da normalidade dos valores encontrados. - Banho: neste momento pode-se estimular o sistema senso-
rial, afetivo da criança. Nele deve-se conversar, dar-lhe brinquedos,
1 – Peso/Idade: as relações entre o peso da criança e sua idade estimular o tato e sempre incentivando o acompanhante a acompa-
são de vital importância para uma identificação precoce de casos nhar este momento. Existem vários tipos de banhos: o de chuveiro,
de desnutrição ou obesidade, ou riscos para ambos. Esta relação de leito e de banheira.
também poderá alertar o enfermeiro quanto a outros problemas
relacionados que estejam ocasionando tais perdas ou ganhos anor- Tipos de Banho:
mais de peso. Banho de chuveiro: Normalmente é indicado para crianças na
2 – Estatura/Idade: a mensuração da estatura da criança é de faixa etária pré-escolar, escolar e adolescente, que consigam deam-
suma importância para o acompanhamento do crescimento con- bular, sem exceder sua capacidade em situação de dor. Sempre que
siderado dentro dos padrões da normalidade; como foi visto an- possível incentivar a criança a banhar-se sozinha, sob supervisão,
teriormente nos fatores que influenciam o crescimento é possí- em caso de adolescentes permitir que tomem banho sozinhos.
vel verificar que o déficit de crescimento pode estar associado a
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Incentivar a criança a banhar-se sob supervisão ou, em caso de -A pega errada vai prejudicar o esvaziamento total da mama,
adolescente, que queiram privacidade, permitir que tome banho impedindo que o bebê mame o leite posterior (leite do final da ma-
sozinho. mada) que é rico em gordura, interferindo na saciedade e encurtan-
- Quando for possível, ao término, verificar a limpeza da região do os intervalos entre as mamadas. Assim, a mãe pode pensar que
atrás do pavilhão auditivo, mãos, pés e genitais. seu leite é insuficiente e fraco.
-Se as mamas não são esvaziadas de modo adequado ficam in-
Higiene do Coto Umbilical gurgitadas, o que pode diminuir a produção de leite. Isso ocorre
Tem como objetivo prevenir infecções e hemorragias, além de devido ao aumento da concentração de substâncias inibidoras da
acelerar o processo de cicatrização. produção de leite.
-Manter o coto posicionado para cima, evitando contato com -Em média a produção de leite é de um litro por dia, assim é
fezes e urina; efetuar higiene na inserção e em toda extensão do necessário que a mãe reponha em seu organismo a água utilizada
coto umbilical, evitando que o excesso de álcool escorra pelo ab- no processo de lactação. É importante que a mãe tome mais água
dômen. (filtrada e fervida) e evite a ingestão de líquidos com calorias como
-Fazer curativo com álcool a 70% até a queda do coto umbilical refrigerantes e refrescos.
ou de acordo coma rotina da unidade. -As mulheres que precisam se ausentar por determinados perí-
-Observar e registrar as condições do coto (presença de secre- odos, por exemplo, para o trabalho ou lazer, devem ser incentivadas
ção ou sangramento) e região peri umbilical (hiperemia e calor .). a realizar a ordenha do leite materno e armazená-lo em frasco de
vidro, com tampa plástica de rosca, lavado e fervido. Na geladeira,
Higiene Nasal pode ser estocado por 12 horas e no congelador ou freezer por no
É a remoção de excesso de secreção (cerúmen) do conduto au- máximo 15 dias. O leite materno deve ser descongelado e aquecido
ditivo externo e a remoção da sujeira do pavilhão auricular. em banho Maria e pode ser oferecido ao bebê em copo ou xícara,
Fazer higiene com cotonete embebido em SF 0,9% ou água des- pequenos. O leite materno não pode ser descongelado em micro-
tilada, observar e registrar o aspecto da secreção retirada. -ondas e não deve ser fervido.

Higiene Ocular É importante que a mãe seja orientada sobre:


É a retirada de secreções localizadas na face interna do globo O leite materno contém a quantidade de água suficiente para
ocular. as necessidades do bebê, mesmo em climas muito quentes.
-Fazer higiene ocular com SF 0,9 % ou água destilada, observar A oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou
e registrar o aspecto da secreção retirada. líquido, aumenta a chance do bebê adoecer, além de substituir o
-Proceder à limpeza do ângulo interno do olho ao externo, uti- volume de leite materno a ser ingerido, que é mais nutritivo.
lizando o lado do cotonete somente uma vez. O tempo para esvaziamento da mama depende de cada bebê;
há aquele que consegue fazê-lo em poucos minutos e aquele que o
Aleitamento Materno faz em trinta minutos ou mais.
Para que o aleitamento materno exclusivo seja bem sucedi- Ao amamentar:
do é importante que a mãe esteja motivada e, além disso, que o a) a mãe deve escolher uma posição confortável, podendo
profissional de saúde saiba orientá-la e apresentar propostas para apoiar as costas em uma cadeira confortável, rede ou sofá e o bebê
resolver os problemas mais comuns enfrentados por ela durante a deve estar com o corpo bem próximo ao da mãe, todo voltado para
amamentação. ela. O uso de almofadas ou travesseiros pode ser útil;
Por que as mães oferecem chás, água ou outro alimento? Por- b) ela não deve sentir dor, se isso estiver ocorrendo, significa
que acham que a criança está com sede, para diminuir as cólicas, que a pega está errada.
para acalmá-la a fim de que durma mais, ou porque pensam que
seu leite é fraco ou pouco e não está sustentando adequadamen- A mãe que amamenta precisa ser orientada a beber no mínimo
te a criança. Nesse caso, é necessário admitir que as mães não es- um litro de água filtrada e fervida, além da sua ingestão habitual
tão tranquilas quanto a sua capacidade para amamentar. É preciso diária, considerando que são necessários aproximadamente 900 ml
orientá-las: de água para a produção do leite. É importante também estimular
-Que o leite dos primeiros dias pós-parto, chamado de colostro, é o bebê a sugar corretamente e com mais frequência (inclusive du-
produzido em pequena quantidade e é o leite ideal nos primeiros dias rante a noite)
de vida, inclusive para bebês prematuros, pelo seu alto teor de proteínas.
- Que o leite materno contém tudo o que o bebê necessita até o Sinais indicativos de que a criança está mamando de forma
6º mês de vida, inclusive água. Assim, a oferta de chás, sucos e água adequada
é desnecessária e pode prejudicar a sucção do bebê, fazendo com
que ele mame menos leite materno, pois o volume desses líquidos Boa posição:
irá substituí-lo. Água, chá e suco representam um meio de contami- - O pescoço do bebê está ereto ou um pouco curvado para trás,
nação que pode aumentar o risco de doenças. A oferta desses líqui- semestar distendido
dos em chuquinhas ou mamadeiras faz com que o bebê engula mais - A boca está bem aberta
ar (aerofagia) propiciando desconforto abdominal pela formação de - O corpo da criança está voltado para o corpo da mãe
gases, e consequentemente, cólicas no bebê. Além disso, pode-se - A barriga do bebê está encostada na barriga da mãe
instalar a confusão de bicos, dificultando a pega correta da mama - Todo o corpo do bebê recebe sustentação
e aumentar os riscos de problemas ortodônticos e fonoaudiólogos. - O bebê e a mãe devem estar confortáveis

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Boa pega: dendo apresentar também: cefaléia, dores abdominais, vômitos,


- O queixo toca a mama diarréia, artralgias e mialgia, associados a prostração e sonolência,
- O lábio inferior está virado para fora quadro que pode dar a impressão de doença grave. Um sinal pa-
- Há mais aréola visível acima da boca do que abaixo tognomônico da doença é o aparecimento das manchas de Koplick
- Ao amamentar, a mãe não sente dor no mamilo - pontos azulados na mucosa bucal que tendem a desaparecer.
Manifestações Clínicas: as lesões cutâneas, aparecem no 14º
Produção versus ejeção do leite materno dia de contágio, são máculo-papulosas avermelhadas, isoladas uma
A produção adequada de leite vai depender, predominante- das outras e circundadas por pele não comprometida, podendo
mente, da sucção do bebê (pega correta, frequência de mamadas), confluir. Começam no início da orelha, após 24 horas são encontra-
que estimula os níveis de prolactina (hormônio responsável pela das em: face, pescoço, tronco e braços ,e após 2 ou 3 dias: membros
produção do leite). inferiores e desaparecendo no 6º dia. As lesões evoluem para man-
Entretanto, a produção de ocitocina, hormônio responsável chas pardas residuais com descamação leve. A temperatura tende a
pela ejeção do leite, é facilmente influenciada pela condição emo- se normalizar no quarto dia de exantema.
cional da mãe (autoconfiança). A mãe pode referir que está com Período de Transmissibilidade: começa 2 a 4 dias antes do pe-
pouco leite. Nesses casos, geralmente, o bebê ganha menos de 20 g ríodo prodrômico e vai até o 6º dia do aparecimento do exantema.
e molha menos de seis fraldas por dia. O profissional de saúde pode
contribuir para reverter essa situação orientando a mãe a colocar Rubéola
a criança mais vezes no peito para amamentar inclusive durante a Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas
noite, observando se a pega do bebê está correta. contaminadas
Período de Incubação: 14 a 21 dias
Puericultura Manifestações Prodrômicas: em crianças não existem pródromos da
Puericultura é a arte de promover e proteger a saúde das crian- doença, mas em adolescentes e adultos, o exantema pode ser precedido
ças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança por 1 ou 2 dias de mal-estar, febre baixa, dor de garganta e coriza discreta.
como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. É Manifestações Clínicas: 7 dias antes da erupção cutânea, perce-
uma especialidade médica contida na Pediatria que leva em conta be-se um aumento dos gânglios cervicais, retroauriculares e occip-
a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico- tais. As lesões cutâneas são máculo-papulosas, de coloração rósea
-sócio-cultural. e às vezes confluentes. Iniciam na face, pescoço, tronco, membros
Nas consultas periódicas, o pediatra observa a criança, inda- superiores e inferiores em menos de 24 horas. Na maioria dos ca-
ga aos pais sobre as atividades do filho, reações frente a estímulos sos, a erupção permanece por 3 dias. Existem muitos indivíduos
e realiza o exame clínico. Quanto mais nova a criança, mais frágil que apresentam a infecção inaparente.
e vulnerável, daí a necessidade de consultas mais frequentes. Em Período de Transmissibilidade: começa 1 semana antes do apa-
cada consulta o pediatra vai pedir informações de como a criança se recimento de exantema até 5 dias após o início da erupção cutânea.
alimenta, se as vacinas estão em dia, como ela brinca, condições de Importante: por ser uma doença teratogênica, recomenda-se
higiene, seu cotidiano. O acompanhamento do crescimento, atra- que os indivíduos acometidos fiquem em casa evitando o contágio
vés da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro cefálico de mulheres grávidas.
e sua análise em gráficos, são indicadores das condições de saúde
das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês, pré-escolares, esco- Catapora (varicela)
lares e jovens devem ter seu crescimento e seu desenvolvimento Via de Transmissão: por contato direto, por meio de gotículas
avaliado. Crescimento é o ganho de peso e altura, um fenômeno infectadas, mas em curtas distâncias. Também pode ser transmitido
quantitativo, que termina ao final da adolescência. Por outro lado, por via indireta, através de mãos e roupas.
o desenvolvimento é qualitativo, significa aprender a fazer coisas, Período de Incubação: 14 a 17 dias
evoluir, tornar-se independente e geralmente é um processo con- Manifestações Prodrômicas: curto (24 horas), constituído de
tínuo. febre baixa e discreto mal-estar.
doenças infecto contagiosas na infância (Atenção integrada às Manifestações Clínicas: exantema é a primeira manifestação da
doenças prevalentes na infância - AIDPI) doença. As lesões evoluem em menos de 8 horas: máculas > pápu-
Doenças de etiologia viral que costumam deixar imunidade las > vesículas > formação de crosta. As crostas costumam cair em 7
permanente, sendo a maior incidência na primavera e inverno. Não dias até 3 semanas, se houver contaminação. Neste caso ou se hou-
existe tratamento específico, apenas a administração de medica- ver remoção prematura da crosta deixa cicatriz residual. As lesões
ções para aliviar sintomas, como a febre. porém é importante ficar acometem predominantemente tronco, pescoço, face, segmentos
atento à criança. Se ela apresentar: sonolência incomum, recusar proximais dos membros, poupando palma das mãos e planta dos
beber líquidos, dor de ouvido, taquipnéia, respiração ruidosa ou ce- pés. Aparecem em surtos de 3 a 5 dias, por isso pode-se visualizar
faléia intensa faz-se necessário procurar um médico, pois estes são em uma mesma área a presença de todos os estágios de lesão. A
alguns sinais de alerta para possíveis complicações dessas doenças. intensidade varia de poucas lesões, surgidas de um único surto, a
inúmeras lesões que cubram todo corpo, surgidas em 5 ou 6 surtos,
Sarampo no decurso de 1 semana. A febre costuma ser baixa e sua intensida-
Via de Transmissão: aérea, pela mucosa respiratória ou conjuntival de acompanha a intensidade da erupção cutânea.
Período de Incubação: 8 a 12 dias Período de Transmissibilidade: desde 1 dia antes do apareci-
Manifestações Prodrômicas: febre (geralmente elevada, alcan- mento de exantema até 5 dias após o aparecimento da última ve-
çando o máximo no aparecimento do exantema), manifestações sícula.
sistêmicas, coriza, conjuntivite, tosse, exantema característico, po-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Importante: evite que a criança coce as lesões, evitando a con- geral, são doenças autolimitadas com duração de até 14 dias. Em al-
taminação local e cicatrizes residuais. Se a coceira for muita, procu- guns casos, há presença de muco e sangue, quadro conhecido como
re um médico que indicará métodos para aliviar o prurido. disenteria. A depender do agente causador da doença e de caracte-
rísticas individuais dos pacientes, as DDA podem evoluir clinicamen-
Caxumba (Parotidite Epidêmica) te para quadros de desidratação que variam de leve a grave.
Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas A diarreia pode ser de origem não infecciosa podendo ser cau-
contaminadas e contato oral com utensílios contaminados sada por medicamentos, como antibióticos, laxantes e quimiote-
Período de Incubação: 14 a 21 dias rápicos utilizados para tratamento de câncer, ingestão de grandes
Manifestações Prodrômicas: passa desapercebido, só se notan- quantidades de adoçantes, gorduras não absorvidas, e até uso de
do a doença quando aparecem dor e edema da glândula. bebidas alcoólicas, por exemplo. Além disso, algumas doenças não
Manifestações Clínicas: aumento das parótidas, que é uma infecciosas também podem desencadear diarreia, como a doen-
glândula situada no ramo ascendente da mandíbula. Pode afetar ça de Chron, as colites ulcerosas, a doença celíaca, a síndrome do
um ou ambos os lados do rosto. Irá se apresentar mole, dolorosa intestino irritável e intolerâncias alimentares como à lactose e ao
a palpação, sem sinais inflamatórios e sem limites nítidos. Com o glúten.
edema da parótida há uma elevação da febre e dor de gargganta.
Período de Transmissibilidade: 3 dias antes do edema da paró- O que causa as doenças diarreicas agudas?
tida, até 7 dias depois do inchaço ter diminuído. As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por
Importante: recomenda-se o repouso, sendo obrigatório para diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros
adolescentes e adultos, principalmente do sexo masculino. parasitas, como os protozoários) que geram a gastroenterite – in-
Doença infecciosa endêmica e epidêmica, de origem bacteria- flamação do trato gastrointestinal – que afeta o estômago e o in-
na, sendo uma importante causa de morbi-mortalidade em crianças testino. A infecção é causada por consumo de água e alimentos
de baixa idade, principalmente em crianças não-imunizadas. Sua contaminados, contato com objetos contaminados e também pode
imunidade, também, parece ser permanente após a doença e não ocorrer pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos conta-
há influência sazonal evidente nos picos de incidência. minadas, e contato de pessoas com animais.

Coqueluche Quais são os fatores de risco para doenças diarreicas agudas?


Via de Transmissão: contato direto através da via respiratória. Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e gênero, pode ma-
Período de Incubação: varia entre 6 e 20 dias nifestar sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas após a con-
Manifestações Clínicas: dura de 6 a 8 semanas, sendo que o taminação. No entanto, alguns comportamentos podem colocar as
quadro clínico depende da idade e grau de imunização do indivíduo. pessoas em risco e facilitar a contaminação como:
É dividida em estadios: - Ingestão de água sem tratamento adequado;
(1) Estádio catarral - dura de 1 a 2 semanas e é o período de - Consumo de alimentos sem conhecimento da procedência,
maior contagiosidade. Caracterizado por secreção nasal, lacrimeja- do preparo e armazenamento;
mento, tosse discreta, congestão conjutival e febre baixa. - Consumo de leite in natura (sem ferver ou pasteurizar) e de-
(2) Estádio paroxístico - dura de 1 a 4 semanas (ou mais). Há rivados;
uma intensificação da tosse manifestada em crises, frequentemen- - Consumo de produtos cárneos e pescados e mariscos crus ou
te mais numerosas durante a noite. malcozidos;
(3) Estádio de convalescença - acessos são menos intensos e - Consumo de frutas e hortaliças sem higienização adequada;
menos frequentes. - Viagem a locais em que as condições de saneamento e de
higiene sejam precárias;
Importante: por ser uma patologia bacteriana faz-se necessário - Falta de higiene pessoal.
a introdução de antibioticoterapia e isolamento respiratório por 5
dias após o início da administração medicamentosa, ou por 3 sema- ATENÇÃO ESPECIAL: Crianças e idosos com DDA correm risco
nas após o começo do estádio paroxístico, se a antibioticoterapia de desidratação grave. Nestes casos, a procura ao serviço de saúde
for contra-indicada. deve ser realizada em caráter de urgência.
Faz-se necessário a hospitalização de lactentes com problemas
importantes na alimentação, crises de apnéia e cianose, e pacientes Quais são os sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas?
com complicações graves. Ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda no
Procurar evitar fatores desencadeantes de crises como temor, período de 24hrs (diminuição da consistência das fezes – fezes líqui-
decúbito baixo, permanência em recintos fechados e exercícios físi- das ou amolecidas – e aumento do número de evacuações) poden-
cos. Procurar manter nutrição e hidratação adequada. do ser acompanhados de:
doenças diarreicas agudas (DDA) - Cólicas abdominais.
- Dor abdominal.
O que é são doenças diarreicas agudas? - Febre.
As doenças diarreicas agudas (DDA) correspondem a um gru- - Sangue ou muco nas fezes.
po de doenças infecciosas gastrointestinais. São caracterizadas por - Náusea.
uma síndrome em que há ocorrência de no mínimo três episódios - Vômitos.
de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da consistência
das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode
ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como diagnosticar as doenças diarreicas agudas (diarreia)? Retorno do paciente ao serviço, caso não melhore em 2 dias ou
O diagnóstico das causas etiológicas, ou seja, dos microrganis- apresente piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa
mos causadores da DDA é realizado apenas por exame laboratorial de alimentos, sangue nas fezes ou diminuição da diurese;
por meio de exames parasitológicos de fezes, cultura de bactérias Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re-
(coprocultura) e pesquisa de vírus. O diagnóstico laboratorial é im- conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e
portante para determinar o perfil de agentes etiológicos circulantes administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal
em determinado local e, na vigência de surtos, para orientar as me- e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
didas de controle. Em casos de surto, solicitar orientação da equipe higienização dos alimentos);
de vigilância epidemiológica do município para coleta de amostras. Administração de Zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias.
IMPORTANTE: As fezes devem ser coletadas antes da adminis-
tração de antibióticos e outros medicamentos ao paciente. Reco- Plano B
menda-se a coleta de 2 a 3 amostras de fezes por paciente. O Plano B consiste em três etapas direcionadas ao paciente
O diagnóstico etiológico das Doenças Diarreicas Agudas nem COM DESIDRATAÇÃO, porém sem gravidade, com capacidade de in-
sempre é possível, uma vez que há uma grande dificuldade para a gerir líquidos, que deve ser tratado com SRO na Unidade de Saúde,
realização das coletas de fezes, o que se deve, entre outras ques- onde deve permanecer até a reidratação completa.
tões, à baixa solicitação de coleta de amostras pelos profissionais Ingestão de solução de SRO, inicialmente em pequenos volu-
de saúde e à reduzida aceitação e coleta pelos pacientes. mes e aumento da oferta e da frequência aos poucos. A quantidade
Desse modo, é importante que o indivíduo doente seja bem a ser ingerida dependerá da sede do paciente, mas deve ser admi-
esclarecido quanto à relevância da coleta de fezes, especialmente nistrada continuamente até que desapareçam os sinais da desidra-
na ocorrência de surtos, casos com desidratação grave, casos que tação;
apresentam fezes com sangue e casos suspeitos de cólera a fim de Reavaliação do paciente constantemente, pois o Plano B ter-
possibilitar a identificação do microrganismo que causou diarreia. mina quando desaparecem os sinais de desidratação, a partir de
Essa informação será útil para prevenir a transmissão da doença quando se deve adotar ou retornar ao Plano A;
para outras pessoas. Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re-
A coleta de fezes para análise laboratorial é de grande impor- conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e
tância para a identificação de agentes circulantes e, especialmente administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal
em caso de surtos, para se identificar o agente causador do surto, e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
bem como a fonte da contaminação. higienização dos alimentos);

Como tratar as doenças diarreicas agudas? Plano C


O tratamento das doenças diarreicas agudas se fundamenta na O Plano C consiste em duas fases de reidratação endovenosa
prevenção e na rápida correção da desidratação por meio da inges- destinada ao paciente COM DESIDRATAÇÃO GRAVE. Nessa situação
tão de líquidos e solução de sais de reidratação oral (SRO) ou fluidos o paciente deverá ser transferido o mais rapidamente possível. Os
endovenosos, dependendo do estado de hidratação e da gravidade primeiros cuidados na unidade de saúde são importantíssimos e já
do caso. Por isso, apenas após a avaliação clínica do paciente, o tra- devem ser efetuados à medida que o paciente seja encaminhado ao
tamento adequado deve ser estabelecido, conforme os planos A, B serviço hospitalar de saúde.
e C descritos abaixo. Realizar reidratação endovenosa no serviço saúde (fases rápida
Para indicar o tratamento é imprescindível a avaliação clínica e de manutenção);
do paciente e do seu estado de hidratação. A abordagem clínica O paciente deve ser reavaliado após duas horas, se persistirem
constitui a coleta de dados importantes na anamnese, como: início os sinais de choque, repetir a prescrição; caso contrário, iniciar ba-
dos sinais e sintomas, número de evacuações, presença de muco lanço hídrico com as mesmas soluções preconizadas;
ou sangue nas fezes, febre, náuseas e vômitos; presença de doen- Administrar por via oral a solução de SRO em doses pequenas e
ças crônicas; verificação se há parentes ou conhecidos que também frequentes, tão logo o paciente aceite. Isso acelera a sua recupera-
adoeceram com os mesmos sinais/sintomas. ção e reduz drasticamente o risco de complicações.
O exame físico, com enfoque na avaliação do estado de hidra- Suspender a hidratação endovenosa quando o paciente estiver
tação, é importante para avaliar a presença de desidratação e a ins- hidratado, com boa tolerância à solução de SRO e sem vômitos.
tituição do tratamento adequado, além disso, o paciente deve ser Para tratamento detalhado acesse aqui o Manejo do Paciente
pesado, sempre que possível. com Diarreia.
Se não houver dificuldade de deglutição e o paciente estiver
consciente, a alimentação habitual deve ser mantida e deve-se au- OBSERVAÇÃO: O Tratamento com antibiótico deve ser reserva-
mentar a ingestão de líquidos, especialmente de água. do apenas para os casos de DDA com sangue ou muco nas fezes (di-
senteria) e comprometimento do estado geral ou em caso de cólera
Plano A com desidratação grave, sempre com acompanhamento médico.
O plano A consiste em cinco etapas direcionadas ao paciente
HIDRATADO para realizar no domicílio: Quais são as possíveis complicações das doenças diarreicas
Aumento da ingestão de água e outros líquidos incluindo so- agudas?
lução de SRO principalmente após cada episódio de diarreia, pois A principal complicação é a desidratação, que se não for corri-
dessa forma evita-se a desidratação; gida rápida e adequadamente, em grande parte dos casos, especial-
Manutenção da alimentação habitual; continuidade do aleita- mente em crianças e idosos, pode causar complicações mais graves.
mento materno;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O paciente com diarreia deve estar atento e voltar imediata- Evite o desmame precoce. Manter o aleitamento materno au-
mente ao serviço de saúde se não melhorar ou se apresentar qual- menta a resistência das crianças contra as diarreias.
quer um dos sinais e sintomas: Situação epidemiológica das doenças diarreicas agudas (diar-
- Piora da diarreia. reia aguda)
- Vômitos repetidos. Os casos individuais de DDA são de notificação compulsória em
- Muita sede. unidades sentinelas para monitorização das DDA (MDDA). O prin-
- Recusa de alimentos. cipal objetivo da Vigilância Epidemiológica das Doenças Diarreicas
- Sangue nas fezes. Agudas (VE-DDA) é monitorar o perfil epidemiológico dos casos,
- Diminuição da urina. visando detectar precocemente surtos, especialmente os relacio-
nados a: acometimento entre menores de cinco anos; agentes etio-
Como ocorre a transmissão das doenças diarreicas agudas? lógicos virulentos e epidêmicos, como é o caso da cólera; situações
A transmissão das doenças diarreicas agudas pode ocorrer pe- de vulnerabilidade social; seca, inundações e desastres. Os casos
las vias oral ou fecal-oral. de DDA são notificados no Sistema de Informação de Vigilância
Transmissão indireta -Pelo consumo de água e alimentos con- Epidemiológica das DDA (SIVEP_DDA) e o monitoramento é reali-
taminados e contato com objetos contaminados, como por exem- zado pelo acompanhamento contínuo dos níveis endêmicos para
plo, utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos verificar alteração do padrão da doença em localidades e períodos
hospitalares. de tempo determinados. Diante da identificação de alterações no
Transmissão direta -Pelo contato com outras pessoas, por meio comportamento da doença, deve ser realizada investigação e ava-
de mãos contaminadas e contato de pessoas com animais. liação de risco para subsidiar as ações necessárias.
Os manipuladores de alimentos e os insetos podem contami- Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças diar-
nar, principalmente, os alimentos, utensílios e objetos capazes de reicas constituem a segunda principal causa de morte em crianças
absorver, reter e transportar organismos contagiantes e infecciosos. menores de cinco anos, embora sejam evitáveis e tratáveis. As DDA
Locais de uso coletivo, como escolas, creches, hospitais e penitenci- são as principais causas de morbimortalidade infantil (em crianças
árias apresentam maior risco de transmissão das doenças diarreicas menores de um ano) e se constituem um dos mais graves proble-
agudas. mas de saúde pública global, com aproximadamente 1,7 bilhão de
O período de incubação, ou seja, tempo para que os sintomas casos e 525 mil óbitos na infância (em crianças menores de 5 anos)
comecem a aparecer a partir do momento da contaminação/infec- por ano. Além disso, as DDA estão entre as principais causas de des-
ção, e o período de transmissibilidade das DDA são específicos para nutrição em crianças menores de cinco anos.
cada agente etiológico. Uma proporção significativa das doenças diarreicas é transmi-
tida pela água e pode ser prevenida através do consumo de água
Como prevenir as doenças diarreicas agudas? potável, condições adequadas de saneamento e hábitos de higiene.
As intervenções para prevenir a diarreia incluem ações institu- No Brasil, segundo estatísticas do IBGE, em 2016, 87,3% dos do-
cionais de saneamento e de saúde, além de ações individuais que micílios ligados à rede geral tinham disponibilidade diária de água,
devem ser adotadas pela população: percentual que era de 66,6% no Nordeste, onde em 16,3% dos do-
Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente micílios o abastecimento ocorria de uma a três vezes por semana
antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após e em 11,2% dos lares, de quatro a seis vezes. A região Norte apre-
utilizar transporte público ou tocar superfícies que possam estar sentava o menor percentual de domicílios em que a principal forma
sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e de abastecimento de água era a rede geral de distribuição (59,8%).
depois de amamentar e trocar fraldas. Por outro lado, a região se destacava quando se tratava de abaste-
Lave e desinfete as superfícies, os utensílios e equipamentos cimento através de poço profundo ou artesiano (20,3%); poço raso,
usados na preparação de alimentos. freático ou cacimba (12,7%); e fonte ou nascente (3,1%).
Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, ani- Outra preocupação é a ocorrência de inundações e secas indu-
mais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em reci- zidas por mudanças climáticas, que podem afetar as condições de
pientes fechados). acesso de muitas famílias aos serviços de abastecimento de água
Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas e saneamento, expondo populações a riscos relacionados à saúde.
gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de Além disso, as inundações podem dispersar diversos contaminan-
água, aguardar por 30 minutos antes de usar). tes fecais, aumentando os riscos de surtos de doenças transmitidas
Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo pela água. No caso da escassez de água devido à seca, a utilização
a “boca” estreita para evitar a recontaminação; de fontes alternativas de água sem tratamento adequado, incluindo
Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contami- água de caminhão pipa, também aumenta os riscos de adoecimen-
nados para banhar ou beber. to por doenças diarreicas.
Evite o consumo de alimentos crus ou malcozidos (principal- A seca e a estiagem são, entre os tipos de desastre, os que mais
mente carnes, pescados e mariscos) e alimentos cujas condições afetam a população brasileira (50,34%), por serem mais recorren-
higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias. tes, atingindo mais fortemente as regiões Nordeste, Sul e parte do
Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando Sudeste. As inundações são a segunda tipologia de desastres de
não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado em local apro- maior recorrência no Brasil e atingem todas as regiões do país, cau-
priado. sando impactos significativos sobre a saúde das pessoas e a infra-
Use sempre o vaso sanitário, mas se isso não for possível, en- estrutura de saúde.
terre as fezes sempre longe dos cursos de água;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nesse cenário diversificado das regiões do país, relacionado ao estridor, sibilância, gemido, períodos de apnéia ou guinchos (tosse
desenvolvimento socioeconômico, às condições de saneamento, ao da coqueluche), cianose, batimentos de asa de nariz, distensão ab-
clima e às situações adversas, como os desastres, ocorrem anual- dominal, e febre ou hipotermia (podendo indicar infecção).
mente, mais de 4 milhões de casos e mais de 4 mil óbitos por DDA,
registrados por meio da vigilância epidemiológica em unidades sen- AMIGDALITES
tinelas e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
Muito frequente na infância, principalmente na faixa etária de
Doenças respiratória na infância 3 a 6 anos (ALCÂNTARA, 1994). Seu quadro clínico assemelha-se a
São as doenças mais frequentes durante a infância, acometen- um resfriado comum. Principais sinais e sintomas: febre, mal estar,
do um número elevado de crianças, de todos os níveis sócio-econô- prostração ou agitação, anorexia em função da dificuldade de de-
micos e por diversas vezes. Nas classes sociais mais pobres, as in- glutição, presença de gânglios palpáveis, mau hálito, presença ou
fecções respiratórias agudas ainda se constituem como importante não de tosse seca, dor e presença de pus na amigdala.
causa de morte de crianças pequenas, principalmente menores de Às orientações de enfermagem acrescentaria-se estimular a fa-
1 ano de idade. Os fatores de risco para morbidade e mortalidade mília a ofertar à criança uma alimentação mais semi-líquida, a base
são baixa idade, precárias condições sócio-econômicas, desnutri- de sopas, papas ...
ção, déficit no nível de escolaridade dos pais, poluição ambiental e
assistência de saúde de má qualidade (SIGAUD, 1996). OTITE
A enfermagem precisa estar atenta e orientar a família da Caracterizada por dor, febre, choro frequente, dificuldade para
criança sobre alguns fatores: sugar e alimentar-se e irritabilidade, sendo o diagnóstico confirma-
- preparar os alimentos sob a forma pastosa ou líquida, ofere- do pelo otoscópio. Possui como fatores predisponentes:
cendo em menores quantidades e em intervalos mais curtos, res-
peitando a falta de apetite e não forçando a alimentação; - alimentação em posição horizontal, pois propicia refluxo ali-
- aumentar a oferta de líquidos: água, chás e suco de frutas, mentar pela tuba, que é mais curta e horizontal na criança, levando
levando em consideração a preferência da criança; à otite média;
- manter a criança em ambiente ventilado, tranquilo e agasa- - crianças que vivem em ambiente úmido ou filhas de pais fu-
lhada se estiver frio; mantes;
- fluidificar e remover secreções e muco das vias aéreas supe- - diminuição da umidade relativa do ar;
riores frequentemente; - limpeza inadequada, com cotonetes, grampos e outros, pre-
- evitar contato com outras crianças; judicando a saída permanente da cera pela formação de rolhas obs-
- havendo febre: até 38,4ºC dar banho, de preferência de imer- trutivas, ou retirando a proteção e facilitando a evolução de otites
são, morno (por 15 minutos); aplicar compressa com água morna micóticas ou bacterianas, além de poder provocar acidentes.
e álcool nas regiões inguinal e axilar; retirar excessos de roupa. Se
ultrapassar este valor oferecer antitérmico recomendado pelo pe- Orientar sobre a limpeza que deve ser feita apenas com água,
diatra. sabonete, toalha e dedo.

RESFRIADO SINUSITE
Inflamação catarral da mucosa rinofaríngea e formações lin- “Desencadeada pela obstrução dos óstios de drenagem dos
fóides anexas. Possui como causas predisponentes: convívio ou seios da face, favorecendo a retenção de secreção e a infecção bac-
contágio ocasional com pessoas infectadas, desnutrição, clima frio teriana secundária” (LEÃO, 1989). Caracteriza-se por tosse noturna,
ou úmido, condições da habitação e dormitório da criança, quedas secreção nasal e com presença ou não de febre, sendo que rara-
bruscas e acentuadas da temperatura atmosférica, susceptibilida- mente há cefaléia na infância (SAMPAIO, 1994). Casos recidivantes
de individual, relacionada à capacidade imunológica (ALCÂNTARA, são geralmente causados por alergia respiratória. Possui como fato-
1994). res predisponentes:
Principais sinais e sintomas: febre de intensidade variável, cor- - episódios muito frequentes de resfriado;
rimento nasal mucoso e fluido (coriza), obstrução parcial da respi- - crianças que vivem em ambiente úmido ou flhas de pais fu-
ração nasal tornando-se ruidosa (trazendo irritação, principalmente mantes;
ao lactente que tem sua alimentação dificultada), tosse (não obri- - diminuição da umidade relativa do ar.
gatória), falta de apetite, alteração das fezes e vômitos (quando a
criança é forçada a comer). RINITE
Não existindo contra-indicações recomenda-se a realização de Apresenta como manifestações clínicas a obstrução nasal ou
exercícios rrespiratórios, tapotagem e dembulação. Se o estado for coriza, prurido e espirros em salva; a face apresenta “olheiras”; du-
muito grave, sugerindo risco de vida para a criança se ela continuar pla prega infra-orbitária; e sulco transversal no nariz, sugerindo pru-
em seu domicílio, recomenda-se a hospitalização. rido intenso. Pode ser causada por alergia respiratória, neste caso
faz-se necessário afastar as substâncias que possam causar alergia.
PNEUMONIA
Inflamação das paredes da árvore respiratória causando au-
mento das secreções mucosas, respiração rápida ou difícil, dificul-
dade em ingerir alimentos sólidos ou líquidos; piora do estado ge-
ral, tosse, aumento da frequência respiratória (maior ou igual a 60
batimentos por minuto); tiragem (retração subcostal persistente),
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

BRONQUITE – A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mu-


Inflamação nos brônquios, caracterizada por tosse e aumento lheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades
da secreção mucosa dos brônquios, acompanhada ou não de febre, das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais
predominando em idades menores. Quando apresentam grande (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais,
quntidade de secreção pode-se perceber ruído respiratório (“chia- residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidi-
do” ou “ronqueira”) (RIBEIRO, 1994). árias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).
Propicia que as crianças portadoras tenham infecções com – A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde
maior frequência do que outras. Pode se tornar crônica, levando da mulher deverão nortear-se pela perspectiva de gênero, de raça e
a anorexia a uma perda da progressão de peso e estatura (RIBEI- de etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as
RO, 1994). Recomenda-se afastar substâncias que possam causar fronteiras da saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcan-
alergias. çar todos os aspectos da saúde da mulher.
– A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer
ASMA uma dinâmica inclusiva, para atender às demandas emergentes ou
Doença crônica do trato respiratório, sendo uma infecção mui- demandas antigas, em todos os níveis assistenciais.
to frequente na infância. A crise é causada por uma obstrução, de- – As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas
vido a contração da musculatura lisa, edema da parede brônquica e em sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação
infiltração de leucócitos polimorfonucleares, eosinófilos e linfócitos das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja
(GRUMACH, 1994). no âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com
Manifesta-se através de crises de broncoespasmo, com outros setores governamentais, com destaque para a segurança, a
dispnéia, acessos de tosse e sibilos presentes à ausculta pulmonar. justiça, trabalho, previdência social e educação.
São episódios auto-limitados podendo ser controlados por medica- – A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto
mentos com retorno normal das funções na maioria das crianças. de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saú-
Em metade dos casos, os primeiros sintomas da doença sur- de, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica
gem até o terceiro ano de vida e, em muitos pacientes, desapare- à alta complexidade).
cem com a puberdade. Porém a persistência na idade adulta leva a – O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis
um agravo da doença. de atenção à saúde, no contexto da descentralização, hierarquiza-
Fatores desencadeantes: alérgenos (irritantes alimentares), ção e integração das ações e serviços. Sendo responsabilidade dos
infecções, agentes irritantes, poluentes atmosféricos e mudanças três níveis gestores, de acordo com as competências de cada um,
climáticas, fatores emocionais, exercícios e algumas drogas (ácido garantir as condições para a execução da Política de Atenção à Saú-
acetil salicílico e similares). de da Mulher.
É importante que haja: – A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendi-
- estabelecimento de vínculo entre paciente/ família e equipe mento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contex-
de saúde; to de vida, do momento em que apresenta determinada demanda,
- controle ambiental, procurando afastar elementos alergêni- assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto su-
cos; jeito capaz e responsável por suas escolhas.
- higiene alimentar; – A atenção integral à saúde da mulher implica, para os pres-
- suspensão de alimentos só deverá ocorrer quando existir uma tadores de serviço, no estabelecimento de relações com pessoas
nítida relação com a sintomatologia apresentada; singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais,
- fisioterapia respiratória a fim de melhorar a dinâmica respira- de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nor-
tória, corrigir deformidades torácicas e vícios posturais, aumentan- tear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de
do a resistência física. qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais.
Durante uma crise o paciente precisa de um respaldo medica- Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibiliza-
mentoso para interferir na sintomatologia e de uma pessoa segura ção e capacitação para humanização das práticas em saúde.
e tranquila ao seu lado. Para tanto a família precisa ser muito bem – As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da
esclarecida e em alguns casos faz-se necessário encaminhamento humanização, aqui compreendido como atitudes e comportamen-
psicológico tos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter
da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informa-
ção das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saú-
ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER (PRÉ-NATAL, PARTO,
de, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu
PUERPÉRIO, PREVENÇÃO DO CÂNCER GINECOLÓGICO,
contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das de-
PLANEJAMENTO FAMILIAR)
mandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que busquem
o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o
Saúde da mulher interesse em resolver problemas e diminuir o sofrimento associado
Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus familiares.
Mulher – No processo de elaboração, execução e avaliação das Política
– O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado de Atenção à Saúde da Mulher deverá ser estimulada e apoiada a
para a atenção integral à saúde da mulher, numa perspectiva que participação da sociedade civil organizada, em particular do movi-
contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da po- mento de mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição téc-
pulação feminina, o controle de patologias mais prevalentes nesse nica e política no campo dos direitos e da saúde da mulher.
grupo e a garantia do direito à saúde.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– Compreende-se que a participação da sociedade civil na im- – qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de
plementação das ações de saúde da mulher, no âmbito federal, es- abortamento;
tadual e municipal requer – apoiar a expansão da rede laboratorial; – garantir a oferta de
– cabendo, portanto, às instâncias gestoras – melhorar e qualificar ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes;
os mecanismos de repasse de informações sobre as políticas de saúde da – melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da
mulher e sobre os instrumentos de gestão e regulação do SUS. mortalidade materna
– No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactua- -Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação
da entre todos os níveis hierárquicos, visando a uma atuação mais de violência doméstica e sexual:
abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes re- – organizar redes integradas de atenção às mulheres em situa-
alidades regionais. ção de violência sexual e doméstica;
– As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde – articular a atenção à mulher em situação de violência com
das mulheres deverão ser executadas de forma articulada com se- ações de prevenção de DST/aids
tores governamentais e não-governamentais; condição básica para – promover ações preventivas em relação à violência domés-
a configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a ob- tica e sexual.
tenção dos resultados esperados.
Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o
Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo
Saúde da Mulher HIV/aids na população feminina:
– Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mu- – prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;
lheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente cons- – ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo
tituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, com HIV e aids. Reduzir a morbimortalidade por câncer na popula-
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território ção feminina:
brasileiro. – organizar em municípios pólos de microrregiões redes de re-
– Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade femi- ferência e contra-referência para o diagnóstico e o tratamento de
nina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ci- câncer de colo uterino e de mama;
clos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação – garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de
de qualquer espécie. reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastectomia;
– Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da – oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas
mulher no Sistema Único de Saúde. no Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnóstico
de DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/ câncer invasor.
Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de Aten- Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob
ção Integral à Saúde da Mulher o enfoque de gênero:
Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive – melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de
para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST: transtornos mentais no SUS;
– fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher; – qualificar a atenção à saúde mental das mulheres; – incluir o
– ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres portadoras de
na rede SUS. Estimular a implantação e implementação da assistên- transtornos mentais e promover a integração com setores não-go-
cia em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e vernamentais, fomentando sua participação nas definições da polí-
adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde: tica de atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais. Im-
– ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, in- plantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério:
cluindo a assistência à infertilidade; – ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no cli-
– garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a popu- matério na rede SUS. Promover a atenção à saúde da mulher na
lação em idade reprodutiva; terceira idade:
– ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as op- – incluir a abordagem às especificidades da atenção a saúde da
ções de métodos anticoncepcionais; mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; – incentivar
– estimular a participação e inclusão de homens e adolescen- a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à Saúde do Idoso
tes nas ações de planejamento familiar. Promover a atenção obsté- no SUS. Promover a atenção à saúde da mulher negra:
trica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência
ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adoles- – melhorar o registro e produção de dados; – capacitar pro-
centes: fissionais de saúde; – implantar o Programa de Anemia Falciforme
– construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional (PAF/MS), dando ênfase às especificidades das mulheres em idade
pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; – qualificar a fértil e no ciclo gravídico-puerperal; – incluir e consolidar o recorte
assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios; racial/étnico nas ações de saúde ;
-organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal, -estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da
garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de mulher das SES e SMS com os movimentos e entidades relaciona-
urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e con- dos à saúde da população negra.
tra-referência; – fortalecer o sistema de formação/capacitação de
pessoal na área de assistência obstétrica e neonatal; – elaborar e/
ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da A determinação do período fértil baseia-se em três princípios
cidade: científicos, a saber:
– implementar ações de vigilância e atenção à saúde da traba- A ovulação costuma acontecer 14 dias antes da próxima mens-
lhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal; truação (pode haver uma variação de 2 dias, para mais ou para me-
– introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a nos);
noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à saúde. O óvulo, após a ovulação, tem uma vida média de 24 horas;
Promover a atenção à saúde da mulher indígena: O espermatozoide, após sua deposição no canal vaginal, tem
– ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher in- capacidade para fecundar um óvulo até o período de 48-72 horas.
dígena. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de Os métodos naturais, de acordo com o Ministério da Saúde,
prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle são:
de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids
nessa população: a) Método de Ogino-Knaus
– ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidi- Esse método é também conhecido como tabela, que ajuda a
árias. Fortalecer a participação e o controle social na definição e mulher a descobrir o seu período fértil através do controle dos dias
implementação das políticas de atenção integral à saúde das mu- do seu ciclo menstrual. Logo, cada mulher deverá elaborar a sua
lheres: própria tabela.
– promover a integração com o movimento de mulheres femi- Sabemos que a tabela foi vulgarizada, produzindo a formulação
nistas no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde de tabelas únicas que supostamente poderiam ser utilizadas por
da mulher, no âmbito do SUS; qualquer mulher. Isto levou a um grande número de falhas e con-
sequente descrédito no método, o que persiste até os dias de hoje.
Assistência aos Casais Férteis Para fazer a tabela deve-se utilizar o calendário do ano, anotan-
É o acompanhamento dos casais que não apresentam dificul- do em todos os meses o 1º dia da menstruação. O ciclo menstrual
dades para engravidar, mas que não o desejam. Desta forma, estu- começa no 1º dia da menstruação e termina na véspera da mens-
daremos os métodos contraceptivos mais conhecidos e os ofereci- truação seguinte, quando se inicia um novo ciclo.
dos pelas instituições. A primeira coisa a fazer é certificar-se de que a mulher tem os
Durante muitos anos, a amamentação representou uma alter- ciclos regulares. Para tal é preciso que se tenha anotado, pelo me-
nativa exclusiva e eficaz de espaçar as gestações, pois as mulheres nos, os seis últimos ciclos.
apresentam sua fertilidade diminuída neste período, considerando
que, quanto mais frequentes são as mamadas, mais altos são os ní- Como identificar se os ciclos são regulares ou não?
veis de prolactina e consequentemente menores as possibilidades Depois de anotados os seis últimos ciclos, deve-se contá-los,
de ovulação. anotando quantos dias durou cada um. Selecionar o maior e o me-
Os fatores que determinam o retorno da ovulação não são pre- nor dos ciclos.
cisamente conhecidos, de modo que, mesmo diante dos casos de Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for igual
aleitamento exclusivo, a partir do 3º mês é recomendada a utiliza- ou superior a 10 dias, os ciclos desta mulher serão considerados
ção de um outro método. Até o 3º mês, se o aleitamento é exclusivo irregulares e, portanto, ela não deverá utilizar este método. Além
e ainda não ocorreu menstruação, as possibilidades de gravidez são do que, devem procurar um serviço de saúde, pois a irregularidade
mínimas. menstrual indica um problema ginecológico que precisa ser inves-
Atualmente, com a descoberta e divulgação de novas tecnolo- tigado e tratado.
gias contraceptivas e a mudança nos modos de viver das mulheres em Se a diferença entre eles for inferior a 10 dias, os ciclos são
relação a sua capacidade de trabalho, o seu desejo de maternidade, a considerados regulares e esta mulher poderá fazer uso da tabela.
forma como percebe seu corpo como fonte de prazer e não apenas de
reprodução foram fatores que incentivaram o abandono e o descrédito Como fazer o cálculo para identificar o período fértil?
do aleitamento como método capaz de controlar a fertilidade. Subtrai-se 18 dias do ciclo mais curto e obtém-se o dia do início
Outro método é o coito interrompido, sendo também uma do período fértil.
maneira muito antiga de evitar a gravidez. Consiste na retirada do Subtrai-se 11 dias do ciclo mais longo e obtém-se o último dia
pênis da vagina e de suas proximidades, no momento em que o ho- do período fértil.
mem percebe que vai ejacular. Desta forma, evitando o contato do Após a determinação do período fértil, a mulher e seu compa-
sêmen com o colo do útero é que se impede a gravidez. nheiro que não desejam obter gravidez, devem abster-se de rela-
Seu uso está contraindicado para os homens que têm ejacu- ções sexuais com penetração, neste período, ou fazer uso de outro
lação precoce ou não conseguem ter controle sobre a ejaculação. método. Caso contrário, devem-se intensificar as relações sexuais
neste período.
Os métodos naturais ou de abstinência periódica são aqueles
que utilizam técnicas para evitar a gravidez e se baseiam na auto- Recomendações Importantes:
-observação de sinais ou sintomas que ocorrem fisiologicamente no O parceiro deve sempre ser estimulado a participar, ajudando
organismo feminino, ao longo do ciclo menstrual, e que, portanto, com os cálculos e anotações.
ajudam a identificar o período fértil. Após a definição do período fértil, a mulher deverá continuar
Quem quer ter filhos, deve ter relações sexuais nos dias férteis, anotando os seus ciclos, pois poderão surgir alterações relativas ao
e quem não os quer, deve abster-se das relações sexuais ou nestes tamanho do maior e menor ciclo, mudando então o período fértil,
dias fazer uso de outro método – os de barreira, por exemplo.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

bem como poderá inclusive surgir, inesperadamente, uma irregu- Durante estes 3 meses, enquanto estiver aprendendo a usar a
laridade menstrual que contraindique a continuidade do uso do tabela da temperatura, deverá utilizar outro método contraceptivo,
método. com exceção do contraceptivo hormonal.
Não se pode esquecer que o dia do ciclo menstrual não é igual A ocorrência de qualquer fator que pode vir a alterar a tempe-
ao dia do mês. ratura deve ser anotada no gráfico. Como exemplo, tem-se: mudan-
Cada mulher deve fazer sua própria tabela e a tabela de uma ça no horário de verificação da temperatura; perturbações do sono
mulher não serve para outra. e/ou emocionais; algumas doenças que podem elevar a temperatu-
No período de 6 meses em que a mulher estiver fazendo as ra; mudanças de ambiente e uso de bebidas alcoólicas.
anotações dos ciclos, ela deverá utilizar outro método, com exceção Esse método é contraindicado em casos de irregularidades
da pílula, pois esta interfere na regularização dos ciclos. menstruais, amenorreia, estresse, mulheres com períodos de sono
Os ciclos irregulares e a lactação são contraindicações no uso irregular ou interrompido (por exemplo, trabalho noturno).
desse método. Assim como no método do calendário, para a construção do
Os profissionais de saúde deverão construir a tabela junto com gráfico ou tabela de temperatura, a mulher e/ou casal deverá con-
a mulher e refazer os cálculos todas as vezes que forem necessárias, tar com a orientação de profissionais de saúde e neste caso em
até que a mulher se sinta segura para tal, devendo retornar à unida- especial, no decorrer dos três primeiros meses de uso, quando, a
de dentro de 1 mês e, depois, de 6 em 6 meses. partir daí, já se poderá predizer o período da ovulação. O retorno
da cliente deverá se dar, pelo menos, em seis meses após o início do
b) Método da Temperatura Basal Corporal uso do método. Em seguida, os retornos podem ser anuais.
É o método que permite identificar o período fértil por meio
das oscilações de temperatura que ocorrem durante o ciclo mens- c) Método da ovulação ou do muco cervical ou Billings
trual, com o corpo em repouso. É o método que indica o período fértil por meio das caracterís-
Antes da ovulação, a temperatura do corpo da mulher perma- ticas do muco cervical e da sensação de umidade por ele provocada
nece em nível mais baixo. Após a ovulação, com a formação do cor- na vulva.
po lúteo e o consequente aumento da produção de progesterona, O muco cervical é produzido pelo colo do útero, tendo como
que tem efeito hipertérmico, a temperatura do corpo se eleva ligei- função umidificar e lubrificar o canal vaginal. A quantidade de muco
ramente e permanece assim até a próxima menstruação. produzida pode oscilar ao longo dos ciclos
Para evitar a gravidez, é preciso conhecer as características do
Como construir a Tabela ou Gráfico de Temperatura? muco. Isto pode ser feito observando-se diariamente a presença ou
A partir do 1º dia do ciclo menstrual, deve-se verificar e anotar ausência do muco através da sensação de umidade ou secura no
a temperatura todos os dias, antes de se levantar da cama, depois canal vaginal ou através da limpeza da vulva com papel higiênico,
de um período de repouso de 3 a 5 horas, usando-se sempre o mes- antes e após urinar. Esta observação pode ser feita visualizando-se a
mo termômetro. presença de muco na calcinha ou através do dedo no canal vaginal.
A temperatura deve ser verificada sempre no mesmo local: na Logo após o término da menstruação, tem-se, em geral, uma
boca, no reto ou na vagina. A temperatura oral deve ser verificada fase seca (fase pré-ovulatória). Quando aparece muco nesta fase,
em um tempo mínimo de 5 minutos e as temperaturas retal e vagi- geralmente é opaco e pegajoso.
nal, no mínimo 3 minutos, observando-se sempre o mesmo horário Na fase ovulatória, o muco, que inicialmente era esbranqui-
para que não haja alteração do gráfico de temperatura. çado, turvo e pegajoso, vai-se tornando a cada dia mais elástico e
Caso a mulher esqueça-se de verificar a temperatura um dia, lubrificante, semelhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio.
deve recomeçar no próximo ciclo. Isto ocorre porque neste período os níveis de estrogênio estão ele-
Registrar a temperatura a cada dia do ciclo em um papel qua- vados e é nesta fase que o casal deve abster-se de relações sexuais,
driculado comum, em que as linhas horizontais referem-se às tem- com penetração, pois há risco de gravidez.
peraturas, e as verticais, aos dias do ciclo. Após a marcação, ligar os O casal que pretende engravidar deve aproveitar este período
pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do1º ao para ter relações sexuais.
2º, do 2º ao 3º, do 3º ao 4ºdia e daí por diante. O último dia de muco lubrificante, escorregadio e com elastici-
Em seguida, verificar a ocorrência de um aumento persistente dade máxima, chama-se dia ápice, ou seja, o muco com a máxima
da temperatura basal por 3 dias seguidos, no período esperado da capacidade de facilitar a espermomigração. Portanto, o dia ápice só
ovulação. pode ser identificado a posteriori e significa que em mais ou menos
O aumento da temperatura varia entre 0,2ºC a 0,6ºC. A diferen- 48 horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer.
ça de no mínimo 0,2ºC entre a última temperatura baixa e as três Na fase pós-ovulatória, já com o predomínio da progesterona,
temperaturas altas indica que a ovulação ocorreu e a temperatura o muco forma uma verdadeira rolha no colo uterino, impedindo
se manterá alta até a época da próxima menstruação. que os espermatozoides penetrem no canal cervical. É um muco
O período fértil termina na manhã do 3º dia em que for observa- pegajoso, branco ou amarelado, grumoso, que dá sensação de se-
da a temperatura elevada. Portanto, para evitar gravidez, o casal deve cura no canal vaginal.
abster-se de relações sexuais, com penetração, durante toda a primeira No 4º dia após o dia ápice, a mulher entra no período de infer-
fase do ciclo até a manhã do 3º dia de temperatura elevada. tilidade.
Após 3 meses de realização do gráfico da temperatura, pode-se As relações sexuais devem ser evitadas desde o dia em que
predizer a data da ovulação e, a partir daí, a abstinência sexual po- aparece o muco grosso até quatro dias depois do aparecimento do
derá ficar limitada ao período de 4 a 5 dias antes da data prevista da muco elástico.
ovulação até a manhã do 3º dia de temperatura alta. Os casais que
quiserem engravidar devem manter relações sexuais neste período.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No início, é bom examinar o muco mais de uma vez ao dia, fa- A colocação pode ser feita pelo homem ou pela mulher. Sua
zendo o registro à noite, preferencialmente, no mesmo horário. É manipulação deve ser cuidadosa, evitando-se unhas longas que po-
importante anotar as características do muco e os dias de relações dem danificá-la. Deve-se observar se o canal vaginal está suficien-
sexuais. temente úmido para permitir uma penetração que provoque pouca
Quando notar, no mesmo dia, mucos com características dife- fricção, evitando- se assim que o condom se rompa.
rentes, à noite, na hora de registrar, deve considerar o mais indica- Lubrificantes oleosos como a vaselina não podem ser utiliza-
tivo de fertilidade (mais elástico e translúcido). dos. Caso necessário, utilizar lubrificantes a base de água. Cremes,
No período de aprendizagem do método, para identificar os geleias ou óvulos vaginais espermicidas podem ser utilizados em
dias em que pode ou não ter relações sexuais, o casal deve observar associação com a camisinha. Após a ejaculação, o pênis deve ser re-
as seguintes recomendações: tirado ainda ereto. As bordas da camisinha devem ser pressionadas
Só deve manter relações sexuais na fase seca posterior à mens- com os dedos, ao ser retirado, para evitar que o sêmen extravase
truação e, no máximo, dia sim, dia não, para que o sêmen não in- ou que o condom se desprenda e fique na vagina. Caso isto ocorra,
terfira na avaliação. é só puxar com os dedos e colocar espermaticida na vagina, com
um aplicador. Caso não consiga retirar a camisinha, coloque esper-
Evitar relações sexuais nos dias de muco, até três dias após o micida e depois procure um posto de saúde para que a mesma seja
dia ápice. retirada. Nestes casos, não faça lavagem vaginal pois ela empurra
É importante ressaltar que o muco não deve ser examinado no ainda mais o espermatozoide em direção ao útero. Após o uso, de-
dia em que a mulher teve relações sexuais, devido à presença de ve-se dar um nó na extremidade do condom para evitar o extrava-
esperma; depois de utilizar produtos vaginais ou duchas e lavagens samento de sêmen e jogá-lo no lixo e nunca no vaso sanitário. O uso
vaginais; durante a excitação sexual; ou na presença de leucorreias. do condom é contraindicado em casos de anomalias do pênis e de
É recomendável que durante o 1º ciclo, o casal se abstenha de alergia ao látex.
relações sexuais. Os profissionais de saúde devem acompanhar se-
manalmente o casal no 1º ciclo e os retornos se darão, no mínimo, f) Condom feminino ou camisinha feminina
uma vez ao mês do 2º ao 6º ciclo e semestral a partir daí. Feita de poliuretano, a camisinha feminina tem forma de saco,
de aproximadamente 25 cm de comprimento, com dois anéis flexí-
d) Método sinto-térmico veis, um em cada extremidade. O anel menor fica na parte fechada
Baseia-se na combinação de múltiplos indicadores de ovula- do saco e é este que, sendo introduzido no canal vaginal, irá se en-
ção, conforme os anteriormente citados, com a finalidade de deter- caixar no colo do útero. O anel maior fica aderido às bordas do lado
minar o período fértil com maior precisão e confiabilidade. aberto do saco e ficará do lado de fora, na vulva. Deste modo, a ca-
Associa a observação dos sinais e sintomas relativos à tempera- misinha feminina se adapta e recobre internamente toda a vagina.
tura basal corporal e ao muco cervical, levando em conta parâme- Assim, impede o contato com o sêmen e consequentemente
tros subjetivos (físicos ou psicológicos) que possam indicar ovula- tem ação preventiva contra as DST.
ção, tais como sensação de peso ou dor nas mamas, dor abdominal, Já está sendo disponibilizada em nosso meio. Sua divulgação
variações de humor e da libido, náuseas, acne, aumento de apetite, tem sido maior em algumas regiões do país, sendo ainda pouco co-
ganho de peso, pequeno sangramento intermenstrual, dentre ou- nhecida em outras.
tros.
Os métodos de barreira são aqueles que não permitem à entra- g) Espermaticida ou Espermicida
da de espermatozoides no canal cervical. São produtos colocados no canal vaginal, antes da relação
sexual. O espermicida atua formando uma película que recobre o
e) Condom Masculino canal vaginal e o colo do útero, impedindo a penetração dos esper-
Também conhecido como camisinha, camisa de vênus ou pre- matozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou
servativo, é uma capa de látex bem fino, porém resistente, descar- destruindo os espermatozoides, impedindo desta forma a gravidez.
tável, que recobre o pênis completamente durante o ato sexual. Podem se apresentar sob a forma de cremes, geleias, óvulos e
Evita a gravidez, impedindo que os espermatozoides penetrem espumas.
no canal vaginal, pois retém o sêmen ejaculado. O condom protege Cada tipo vem com suas instruções para uso, as quais devem
contra as doenças sexualmente transmissíveis e por isso seu uso ser seguidas. Em nosso meio, a geleia espermicida é a mais conheci-
deve ser estimulado em todas as relações sexuais. da. A geleia espermicida deve ser colocada na vagina com o auxílio
Deve ser colocado antes de qualquer contato do pênis com os de um aplicador. A mulher deve estar deitada e após a colocação
genitais femininos, porque alguns espermatozoides podem escapar do medicamento, não deve levantar-se mais, para evitar que esta
antes da ejaculação. escorra. O aplicador, contendo o espermaticida, deve ser inserido
Deve ser colocado com o pênis ereto, deixando um espaço de o mais profundamente possível no canal vaginal. Da mesma forma,
aproximadamente 2 cm na ponta, sem ar, para que o sêmen seja quando os espermaticidas se apresentarem sob a forma de óvulos,
depositado sem que haja rompimento da camisinha. estes devem ser colocados com o dedo ou com aplicador próprio no
As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, seco e de fundo do canal vaginal. É recomendável que a aplicação da geleia
fácil acesso ao casal. Não deve ser esticada ou inflada, para efeito seja feita até, no máximo, 1 hora antes de cada relação sexual, sen-
de teste. Antes de utilizá-la, certifique-se do prazo de validade. Mes- do ideal o tempo de 30 minutos para que o agente espermaticida
mo que esteja no prazo, não utilizá-la quando perceber alterações se espalhe adequadamente na vagina e no colo do útero. Deve-se
como mudanças na cor, na textura, furo, cheiro diferente, mofo ou seguir a recomendação do fabricante, já que pode haver recomen-
outras. A camisinha pode ou não já vir lubrificada de fábrica. dação de tempos diferentes de um produto para o outro. Os es-
permicidas devem ser colocados de novo, se houver mais de uma
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ejaculação na mesma relação sexual. Se a ejaculação não ocorrer vaginais, tônus muscular vaginal deficiente, cervicites e outras pato-
dentro do período de segurança garantido pelo espermicida, deve logias do colo do útero, leucorreias abundantes, alterações psíqui-
ser feita outra aplicação. Deve-se evitar o uso de duchas ou lava- cas graves, que impeçam o uso correto do método.
gens vaginais pelo menos 8 horas após o coito. Caso se observe
algum tipo de leucorréia, prurido e ardência vaginal ou peniana, i) Os contraceptivos hormonais orais
interromper o uso do espermaticida. Este é contraindicado para Constituem um outro método muito utilizado pela mulher bra-
mulheres que apresentem alto risco gestacional sileira; são hormônios esteroides sintéticos, similares àqueles pro-
duzidos pelos ovários da mulher.
h) Diafragma Quando a mulher faz opção pela pílula anticoncepcional, ela
É uma capa de borracha que tem uma parte côncava e uma deve ser submetida a uma criteriosa avaliação clínico-ginecológica,
convexa, com uma borda de metal flexível ou de borracha mais durante a qual devem ser realizados e solicitados diversos exames,
espessa que pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo para avaliação da existência de possíveis contraindicações.
necessária avaliação pelo médico e/ou enfermeiro, identificando a O contraceptivo hormonal oral só impedirá a gravidez se toma-
medida adequada a cada mulher do adequadamente. Cada tipo de pílula tem uma orientação espe-
A própria mulher o coloca no canal vaginal, antes da relação cífica a considerar.
sexual, cobrindo assim o colo do útero, pois suas bordas ficam situ-
adas entre o fundo de saco posterior da vagina e o púbis. j) DIU (Dispositivo Intrauterino)
Para ampliar a eficácia do diafragma, recomenda-se o uso as- É um artefato feito de polietileno, com ou sem adição de subs-
sociado de um espermaticida que deve ser colocado no diafragma tâncias metálicas ou hormonais, que tem ação contraceptiva quan-
em quantidade correspondente a uma colherinha de café no fundo do posto dentro da cavidade uterina.
do mesmo, espalhando-se com os dedos. Depois, colocar mais um Também podem ser utilizados para fins de tratamento, como é
pouco por fora, sobre o anel. o caso dos DIUs medicados com hormônios.
O diafragma impedirá, então, a gravidez por meio da barreira Podem ser classificados em DIUs não medicados aqueles que
mecânica e, ainda assim, caso algum espermatozoide consiga esca- não contêm substâncias ativas e, portanto, são constituídos apenas
par, se deparará com a barreira química, o espermaticida. de polietileno; DIUs medicados que além da matriz de polietileno
Para colocar e retirar o diafragma, deve-se escolher uma posi- possuem substâncias que podem ser metais, como o cobre, ou hor-
ção confortável (deitada, de cócoras ou com um pé apoiado sobre mônios.
uma superfície qualquer), colocar o espermaticida, pegar o diafrag- Os DIUs mais utilizados são os T de cobre (TCu), ou seja, os DIUs
ma pelas bordas e apertá-lo no meio de modo que ele assuma o que têm o formato da letra T e são medicados com o metal cobre.
formato de um 8. O aparelho vem enrolado em um fio de cobre bem fino.
Com a outra mão, abrir os lábios da vulva e introduzi-lo profun- A presença do DIU na cavidade uterina provoca uma reação in-
damente na vagina. Após, fazer um toque vaginal para verificar se flamatória crônica no endométrio, como nas reações a corpo estra-
está bem colocado, ou seja, certificar-se de que está cobrindo todo nho. Esta reação provavelmente determina modificações bioquími-
o colo do útero. cas no endométrio, o que impossibilita a implantação do ovo. Outra
Se estiver fora do lugar, deverá ser retirado e recolocado até ação do DIU é o aumento da contratilidade uterina, dificultando o
acertar. Para retirá-lo, é só encaixar o dedo na borda do diafragma e encontro do espermatozoide com o óvulo. O cobre presente no dis-
puxá-lo para fora e para baixo. positivo tem ação espermicida.
É importante observar os seguintes cuidados, visando o melhor A colocação do DIU é simples e rápida. Não é necessário anes-
aproveitamento do método: urinar e lavar as mãos antes de colocar tesia. É realizada em consultório e para a inserção é utilizado técni-
o diafragma (a bexiga cheia poderá dificultar a colocação); antes do ca rigorosamente asséptica.
uso, observá-lo com cuidado, inclusive contra a luz, para identificar A mulher deve estar menstruada. A menstruação, além de ser
possíveis furos ou outros defeitos; se a borracha do diafragma ficar uma garantia de que não está grávida, facilita a inserção, pois neste
enrugada, ele deverá ser trocado imediatamente. período o canal cervical está mais permeável. Após a inserção, a
O espermaticida só é atuante para uma ejaculação. Caso acon- mulher é orientada a verificar a presença dos fios do DIU no canal
teça mais de uma, deve-se fazer uma nova aplicação do espermati- vaginal.
cida, por meio do aplicador vaginal, sem retirar o diafragma. Na primeira semana de uso do método, a mulher não deve ter
O diafragma só deverá ser retirado de 6 a 8 horas após a última relações sexuais. O Ministério da Saúde recomenda que após a in-
relação sexual, evitando-se o uso de duchas vaginais neste período. serção do DIU a mulher deva retornar ao serviço para revisões com
O período máximo que o diafragma pode permanecer dentro do ca- a seguinte periodicidade: 1 semana, 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12
nal vaginal é de 24 horas. Mais que isto, poderá favorecer infecções. meses. A partir daí, se tudo estiver bem, o acompanhamento será
Após o uso, deve-se lavá-lo com água fria e sabão neutro, enxáguar anual, com a realização do preventivo.
bem, secar com um pano macio e polvilhar com amido ou talco neutro. O DIU deverá ser retirado quando a mulher quiser, quando ti-
Não usar água quente. Guardá-lo em sua caixinha, longe do calor e da luz. ver com a validade vencida ou quando estiver provocando algum
Será necessário reavaliar o tamanho do diafragma depois de problema.
gravidez, aborto, ganho ou perda de peso (superior a 10 kg) e cirur- A validade do DIU varia de acordo com o tipo. A validade do DIU
gias de períneo. Deverá ser trocado rotineiramente a cada 2 anos. Tcu, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, varia de 3 a 7 anos.
As contraindicações para o uso desse método ocorrem no
caso de mulheres que nunca tiveram relação sexual, configuração
anormal do canal vaginal, prolapso uterino, cistocele e/ou retocele
acentuada, anteversão ou retroversão uterina acentuada, fístulas
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os problemas que indicam a retirada do DIU são dor severa, De acordo com o Ministério da Saúde, para esta classificação
sangramento intenso, doença pélvica inflamatória, expulsão par- não são consideradas as gestações ou os filhos vivos que qualquer
cial, gravidez (até a 12ª semana de gravidez, se os fios estiverem dos membros do casal possa ter tido com outro(a) parceiro(a).
visíveis ao exame especular, pois indica que o saco gestacional está A esterilidade/infertilidade, com frequência, impõe um estres-
acima do DIU, e se a retirada não apresentar resistência). se e tensão no inter-relacionamento. Os clientes costumam admitir
sentimentos de culpa, ressentimentos, suspeita, frustração e ou-
Assistência aos Casais Portadores de Esterilidade e Infertili- tros. Pode haver uma distorção da autoimagem, pois a mulher pode
dade considerar-se improdutiva e o homem desmasculinizado.
A esterilização cirúrgica foi maciçamente realizada nas mulhe- Portanto, na rede básica caberá aos profissionais de saúde dar
res brasileiras, a partir das décadas de 60 e 70, por entidades que orientações ao casal e encaminhamento para consulta no decorrer
sob o rótulo de “planejamento familiar” desenvolviam programas da qual se iniciará a investigação diagnóstica com posterior encami-
de controle da natalidade em nosso país. O reconhecimento da im- nhamento para os serviços especializados, sempre que necessário.
portância e complexidade que envolve as questões relativas à este-
rilização cirúrgica tem se refletido no âmbito legal. A Lei do Planeja- Assistência de Enfermagem á Gestante
mento Familiar de 1996 e as Portarias 144/97 e 48/99 do Ministério Diagnosticando á Gravidez
da Saúde normatizam os procedimentos, permitindo que o Sistema Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, mais
Único de Saúde (SUS)os realize, em acesso universal. Os critérios fácil será o acompanhamento do desenvolvimento do embrião/feto
legais para a realização da esterilização cirúrgica pelo SUS são: ter e das alterações que ocorrem no organismo e na vida da mulher,
capacidade civil plena; ter no mínimo 2 filhos vivos ou ter mais de possibilitando prevenir, identificar e tratar eventuais situações de
25 anos de idade, independente do número de filhos; manifestar, anormalidades que possam comprometer a saúde da grávida e de
por escrito, a vontade de realizar a esterilização, no mínimo 60 dias sua criança (embrião ou feto), desde o período gestacional até o
antes da realização da cirurgia; ter tido acesso a serviço multidis- puerpério.
ciplinar de aconselhamento sobre anticoncepção e prevenção de Este diagnóstico também pode ser feito tomando-se como
DST/AIDS, assim como a todos os métodos anticoncepcionais rever- ponto de partida informações trazidas pela mulher. Para tanto, fa-
síveis; ter consentimento do cônjuge, no caso da vigência de união z-se importante sabermos se ela tem vida sexual ativa e se há refe-
conjugal. rência de amenorreia (ausência de menstruação). A partir desses
No caso do homem, a cirurgia é a vasectomia, que interrompe dados e de um exame clínico são identificados os sinais e sintomas
a passagem, pelos canais deferentes, dos espermatozoides produ- físicos e psicológicos característicos, que também podem ser iden-
zidos nos testículos, impedindo que estes saiam no sêmen. Na mu- tificados por exames laboratoriais que comprovem a presença do
lher, é a ligadura de trompas ou laqueadura tubária que impede o hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos espe-
encontro do óvulo com o espermatozoide. cíficos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
O serviço que realizar o procedimento deverá oferecer todas Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três catego-
as alternativas contraceptivas visando desencorajar a esterilização rias que, quando positivas, confirmam o diagnóstico. É importante
precoce. lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem
também aparecer em outras circunstâncias. Visando seu maior co-
Deverá, ainda, orientar a cliente quanto aos riscos da cirurgia, nhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacio-
efeitos colaterais e dificuldades de reversão. A lei impõe restrições nais mais comuns e que auxiliam o diagnóstico.
quanto à realização da laqueadura tubária por ocasião do parto ce-
sáreo, visando coibir o abuso de partos cirúrgicos realizados exclu- Sinais de presunção – são os que sugerem gestação, decorren-
sivamente com a finalidade de realizar a esterilização. tes, principalmente, do aumento da progesterona:
A abordagem desta problemática deve ser sempre conjugal. a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal que alerta
Tanto o homem quanto a mulher podem possuir fatores que contri- para uma possível gestação. É uma indicação valiosa para a mulher
buam para este problema, ambos devem ser investigados. que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser re-
A esterilidade é a incapacidade do casal obter gravidez após sultado de condições como, por exemplo, estresse emocional, mu-
pelo menos um ano de relações sexuais frequentes, com ejaculação danças ambientais, doenças crônicas, menopausa, uso de métodos
intravaginal, sem uso de nenhum método contraceptivo. Pode ser contraceptivos e outros;
classificada em primária ou secundária. A esterilidade primária é b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais
quando nunca houve gravidez. Já a secundária, é quando o casal já frequente pela manhã, é denominada “enjoo matinal”, mas pode
conseguiu obter, pelo menos, uma gravidez e a partir daí passou a ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e,
ter dificuldades para conseguir uma nova gestação. normalmente, não persiste após 16 semanas;
A infertilidade é a dificuldade de o casal chegar ao final da gra- c) Alterações mamárias – caracterizam-se pelo aumento da
videz com filhos vivos, ou seja, conseguem engravidar, porém as sensibilidade, sensação de peso, latejamento e aumento da pig-
gestações terminam em abortamentos espontâneos ou em nati- mentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as ma-
mortos. mas começam a aumentar de tamanho;
A infertilidade também pode ser classificada em primária ou d) Polaciúria – é o aumento da frequência urinária. Na gravi-
secundária. A infertilidade primária é quando o casal não conseguiu dez, especialmente no primeiro e terceiro trimestre, dá-se o preen-
gerar nenhum filho vivo. A secundária é quando as dificuldades em chimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez,
gerar filhos vivos acontecem com casais com filhos gerados ante- pressiona a bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a
riormente. função de reservatório. A esta alteração anatômica soma-se a alte-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais
um relaxamento da musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua ca- intensa; outras, de forma mais leve - o que pode estar associado às
pacidade de armazenamento; particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos
e) Vibração ou tremor abdominal – são termos usados para observar as perversões alimentares decorrentes de carência de mi-
descrever o reconhecimento dos primeiros movimentos do feto, nerais no organismo (ferro, vitaminas), tais como o desejo de ingerir
pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana. barro, gelo ou comidas extravagantes.
Por serem delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundi- Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar
dos com gases intestinais. a evolução da gestação por meio do pré-natal, identificando e anali-
Sinais de probabilidade – são os que indicam que existe uma sando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repas-
provável gestação: sando informações que podem indicar mudanças próprias da gravi-
a) Aumento uterino – devido ao crescimento do feto, do útero dez. Nos casos em que esta sintomatologia se intensificar, indica-se
e da placenta; a referência a algumas medidas terapêuticas.
b) Mudança da coloração da região vulvar – tanto a vulva
como o canal vaginal torna-se bastante vascularizados, o que altera Assistência Pré-Natal
sua coloração de rosa avermelhado para azul escuro ou vinhosa; A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vivência da
c) Colo amolecido – devido ao aumento do aporte sanguíneo gestação, parto e nascimento saudável e humanizado. Todas as
na região pélvica, o colo uterino torna-se mais amolecido e embe- mulheres têm o direito constitucional de ter acesso ao pré-natal e
bido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, en- informações sobre o que está ocorrendo com o seu corpo, como mi-
rugadas, amolecidas e embebidas. nimizar os desconfortos provenientes das alterações gravídicas, co-
d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina nhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mesmos, quando
coriônica é produzido durante a implantação do ovo no endomé- a eles estiver exposta.
trio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hor- O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe
mônio aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecunda- a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem
ção, podendo ser identificado mediante exame específico; com as mulheres durante todo o processo gestacional, de parturi-
e) Sinal de rebote – é o movimento do feto contra os dedos do ção e puerpério, mediante um conjunto de condutas, procedimen-
examinador, após ser empurrado para cima, quando da realização tos e atitudes que permitem à mulher expressar livremente seus
de exame ginecológico (toque) ou abdominal; sentimentos.
f) Contrações de Braxton-Hicks – são contrações uterinas in- Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto promover um
dolores, que começam no início da gestação, tornando-se mais no- parto e nascimento saudáveis como prevenir qualquer intercorrên-
táveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um cia clínico-obstétrica que possa levar à morbimortalidade materna
aperto no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, e perinatal.
podendo ser confundidas com as contrações do parto. A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo de pro-
mover a saúde no período reprodutivo; prevenir a ocorrência de
Sinais de certeza – são aqueles que efetivamente confirmam fatores de risco; resolver e/ou minimizar os problemas apresenta-
a gestação: dos pela mulher, garantindo-lhe a aderência ao acompanhamento.
a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscó- Assim, quando de seu contato inicial para um primeiro atendimento
pio de Pinard, pode ser ouvido, frequentemente, por volta da 18a no serviço de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e
semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador resolvidas, tais como, dentre outras: a certeza de que está grávi-
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência da o que pode ser comprovado por exame clínico e laboratorial;
cardíaca fetal é rápida e oscila de 120 a 160 batimentos por minuto; inscrição/registro no pré-natal; marcação de nova consulta com a
b) Contornos fetais – ao examinar a região abdominal, fre- inscrição no pré-natal e encaminhamento ao serviço de nutrição,
quentemente após a 20ª semana de gestação, identificamos algu- odontologia e a outros como psicologia e assistência social, quando
mas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal); necessários.
c) Movimentos fetais ativos – durante o exame, a atividade Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem pode mi-
fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª semana de gestação. nimizar-lhe a ansiedade e/ou temores fazendo com que a mulher,
A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce seu companheiro e/ou família participem ativamente do processo,
desses movimentos; em todos os momentos, desde o pré-natal até o pós-nascimento.
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia – Visando promover a compreensão do processo de gestação, infor-
pode mostrar o produto da concepção (embrião) com quatro se- mações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as
manas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa mulheres e os profissionais de saúde. Ressalte-se, entretanto, que
mesma época. Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia as ações educativas devem ser prioridades da equipe de saúde.
apresenta grande precisão diagnóstica. Durante a evolução da ges-
tação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que Durante o pré-natal, os conteúdos educativos importantes
indicam alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos para serem abordados, desde que adequados às necessidades das
já descritos, frequentemente encontrados no primeiro trimestre gestantes, são:
gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialor- - Pré-natal e Cartão da Gestante – apresentar a importância,
reia) e sangramentos gengivais, decorrentes do edema da mucosa objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas e ansiedades das mulheres;
gengival, em vista do aumento da vascularização. - Desenvolvimento da gravidez – apresentar as alterações emo-
cionais, orgânicas e da autoimagem; hábitos saudáveis como ali-
mentação e nutrição, higiene corporal e dentária, atividades físicas,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sono e repouso; vacinação antitetânica; relacionamento afetivo e Quando a data da Última Menstruação é Desconhecida pela
sexual; direitos da mulher grávida/direitos reprodutivos – no Siste- Gestante
ma de Saúde, no trabalho e na comunidade; identificação de mitos Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da idade
e preconceitos relacionados à gestação, parto e maternidade – es- gestacional é a verificação da altura uterina, ou a realização de ul-
clarecimentos respeitosos; vícios e hábitos que devem ser evitados trassonografia.
durante a gravidez; preparo para a amamentação; Geralmente, essa medida equivale ao número de semanas ges-
Tipos de parto – aspectos facilitadores do preparo da mulher; tacionais, mas só deve ser considerada a partir de um exame obs-
exercícios para fortalecer o corpo na gestação e para o parto; pre- tétrico detalhado.
paro psíquico e físico para o parto e maternidade; início do trabalho Outro dado a ser registrado no cartão é a situação vacinal da
de parto, etapas e cuidados; gestante. Sua imunização com vacina antitetânica é rotineiramente
-Participação do pai durante a gestação, parto e maternidade/ feita no pré-natal, considerando-se que os anticorpos produzidos
paternidade – importância para o desenvolvimento saudável da ultrapassam a barreira placentária, vindo a proteger o concepto
criança; contra o tétano neonatal - pois a infecção do bebê pelo Clostridium
-Cuidados com a criança recém-nascida, acompanhamento do tetani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o período
crescimento e desenvolvimento e medidas preventivas e aleita- de cicatrização do coto umbilical, se não forem observados os ade-
mento materno; quados cuidados de assepsia.
-Anormalidades durante a gestação, trabalho de parto, parto e Ressalte-se que este procedimento também previne o tétano
na amamentação – novas condutas e encaminhamentos. na mãe, já que a mesma pode vir a infectar-se por ocasião da epi-
O processo gravídico-puerperal é dividido em três grandes fa- siotomia ou cesariana.
ses: a gestação, o parto e o puerpério. Cada uma das quais possui A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina dupla
peculiaridades em relação às alterações anátomo-fisiológicas e psi- tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com o toxóide tetânico (TT).
cológicas da mulher.
Gestante Vacinada
O Primeiro Trimestre da Gravidez Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas do-
No início, algumas gestantes apresentam dúvidas, medos e an- ses da vacina contra o tétano (DPT, TT, dT, ou DT), deverão ser apli-
seios em relação às condições sociais. Será que conseguirei criar cadas mais uma ou duas doses da vacina dupla tipo adulto (dT) ou,
este filho? na falta desta, o toxoide tetânico (TT), para se completar o esquema
Como esta gestação será vista no meu trabalho? Conseguirei básico de três doses.
conciliar o trabalho com um futuro filho?) e emocionais (Será que Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser an-
esta gravidez será aceita por meu companheiro e/ou minha famí- tecipada se, após a aplicação da última dose, ocorrer nova gravidez
lia?) que decorrem desta situação. Outras, apresentam modificação em cinco anos ou mais.
no comportamento sexual, com diminuição ou aumento da libido, O auxiliar de enfermagem deve atentar e orientar para o sur-
ou alteração da autoestima, frente ao corpo modificado. gimento das reações adversas mais comuns, como dor, calor, rubor
Essas reações são comuns, mas em alguns casos necessitam e endurecimento local e febre. Nos casos de persistência e/ou rea-
de acompanhamento específico (psicólogo, psiquiatra, assistente ções adversas significativas, encaminhar para consulta médica.
social). A única contraindicação é o relato, muito raro, de reação ana-
Confirmado o diagnóstico, inicia-se o acompanhamento da ges- filática à aplicação de dose anterior da vacina. Tal fato mostra a im-
tante através da inscrição no pré-natal, com o preenchimento do portância de se valorizar qualquer intercorrência anterior verbaliza-
cartão, onde são registrados seus dados de identificação e socio- da pela cliente.
econômicos, motivo da consulta, medidas antropométricas (peso, Na gestação, a mulher tem garantida a realização de exames
altura), sinais vitais e dados da gestação atual. laboratoriais de rotina, dos quais os mais comuns são:
Visando calcular a idade gestacional e data provável do parto(- Segundo o Ministério da Saúde, os exames laboratoriais abai-
DPP), pergunta-se à gestante qual foi à data de sua última menstru- xo devem ser solicitados de rotina no pré-natal de baixo risco para
ação.(DUM), registrando-se sua certeza ou dúvida. todas as gestantes, não fazendo distinção em suas recomendações
Existem diversas maneiras para se calcular a idade gestacional, entre a gestante atendida no setor público ou privado (1):
considerando-se ou não o conhecimento da data da última mens- - Tipagem sanguínea: Solicitar na primeira consulta. Quando o
truação. pai é Rh positivo e a mãe é Rh-negativo, deve-se solicitar Coombs
indireto na primeira consulta e mensalmente a partir de 24 sema-
Quando a data da Última Menstruação é Conhecida pela Ges- nas. A positivação do teste de Coombs requer manejo em serviço
tante. de referência.
a) Utiliza-se o calendário, contando o número de semanas a - Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht): na primeira consulta.
partir do 1º dia da última menstruação até a data da consulta. A - VDRL: na primeira consulta (repetir no terceiro trimestre).
data provável do parto corresponderá ao final da 40ª semana, con- - Glicemia de jejum: solicitar na primeira consulta de pré-natal
tada a partir do 1º dia da última menstruação; (se normal, repetir na 20ª semana).
b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro - EQU e urocultura: solicitar na primeira consulta (repetir na
dia da última menstruação e adicionar nove meses ao mês em que 30ª semana).
ela ocorreu. -Anti-HIV: deve ser oferecido na primeira consulta pré-natal
(realizar aconselhamento pré e pós-teste). Quando o resultado é
negativo e a paciente se enquadra em uma situação de risco (por-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou parceira c) Fraqueza, vertigens e desmaios - verificar a ingesta e fre-
de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetido no in- quência alimentar; orientar quanto à dieta fracionada e o uso de
tervalo de três meses. chá ou café com açúcar como estimulante, desde que não estejam
- HBsAg: deve ser realizado na primeira consulta para possibi- contraindicados; evitar ambientes mal ventilados, mudanças brus-
litar a identificação das gestantes soropositivas cujos bebês, logo cas de posição e inatividade. Explicar que sentar- se com a cabeça
após o nascimento, podem se beneficiar do emprego profilático de abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e
imunoglobulina e vacina específica. pausadamente, minimiza o surgimento dessas sensações;
- Sorologia para toxoplasmose: na primeira consulta, IgM para d) Corrimento vaginal - geralmente, a gestante apresenta-se
todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para rea- mais úmida em virtude do aumento da vascularização. Na ocorrên-
lização. cia de fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido, com
- Citopatológico de colo uterino: deve ser colhido, quando não prurido ou não, agendar consulta médica ou de enfermagem. Nessa
foi realizado durante o ano precedente. circunstância, consultar condutas no Manual de Tratamento e Con-
trole de Doenças Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS;
Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° trimestre e) Polaciúria – explicar porque ocorre, reforçando a importân-
de gravidez, objetivam avaliar as condições de saúde da gestante, cia da higiene íntima; agendar consulta médica ou de enfermagem
ajudando a detecção, prevenindo sequelas, complicações e a trans- caso exista disúria (dor ao urinar) ou hematúria (sangue na urina),
missão de doenças ao RN, possibilitando, assim, que a gestante seja acompanhada ou não de febre;
precocemente tratada de qualquer anormalidade que possa vir a f) Sangramento nas gengivas - recomendar o uso de escova de
apresentar. dente macia e realizar massagem na gengiva. Agendar atendimento
A enfermagem deve informar acerca da importância de uma odontológico, sempre que possível.
alimentação balanceada e rica em proteínas, vitaminas e sais mi-
nerais, presentes em frutas, verduras, legumes, tubérculos, grãos, Os principais microrganismos que, ao infectarem a gestante,
castanhas, peixes, carnes e leite - elementos importantes no supri- podem transpor a barreira placentária e infectar o concepto são:
mento do organismo da gestante e na formação do novo ser. -vírus: principalmente nos três primeiros meses da gravidez, o
A higiene corporal e oral deve ser incentivada, pois existe o risco vírus da rubéola pode comprometer o embrião, causando má for-
de infecção urinária, gengivite e dermatite. Se a gestante apresen- mação, hemorragias, hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepati-
tar reações a odores de pasta de dente, sabonete ou desodorante, te, encefalite e outras. Outros vírus que também podem prejudicar
entre outros, deve ser orientada a utilizar produtos neutros ou mes- o feto são os da varicela, da varíola, do herpes, da hepatite, do sa-
mo água e bucha, conforme permitam suas condições financeiras. rampo e da AIDS;
É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das -bactérias: as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a infecção
mamas para o aleitamento materno, banho de sol nas mamas é ocorra a partir do quinto mês de gestação, há o risco de óbito fetal,
uma orientação eficaz. aborto e parto prematuro;
Outras orientações referem-se a algumas das sintomatologias -protozoários:causadores da toxoplasmose congênita. A dife-
mais comuns, a seguir relacionadas, que a gestante pode apresen- rença da toxoplasmose para a rubéola e sífilis é que, independente-
tar no primeiro trimestre e as condutas terapêuticas que podem ser mente da idade gestacional em que ocorra a infecção do concepto,
realizadas. os danos podem ser irreparáveis.
Essas orientações são válidas para os casos em que os sintomas Considerando-se esses problemas, ressalta-se a importância dos
são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo doenças exames sorológicos pré-nupcial e pré-natal, que permitem o diagnóstico
clínicas mais complexas. Entretanto, a maioria das queixas diminui precoce da(s) doença(s) e a consequente assistência imediata.
ou desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser utiliza-
dos apenas com prescrição. O segundo trimestre da gravidez
No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a 27ª semana
a) Náuseas e vômitos - explicar que esses sintomas são muito de gestação, a grande maioria dos problemas de aceitação da gra-
comuns no início da gestação. Para diminuí-los, orientar que a dieta videz foi amenizada ou sanada e a mulher e/ou casal e/ou família
seja fracionada (seis refeições leves ao dia) e que se evite o uso de entram na fase de “curtir o bebê que está por vir”. Começa então a
frituras, gorduras e alimentos com odores fortes ou desagradáveis, preparação do enxoval.
bem como a ingestão de líquidos durante as refeições (os quais de- Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de estresse e
vem, preferencialmente, ser ingeridos nos intervalos). Comer bola- encontra- se com mais harmonia e equilíbrio. Os questionamen-
chas secas antes de se levantar ou tomar um copo de água gelada tos estão mais voltados para a identificação do sexo (“Menino ou
com algumas gotas de limão, ou ainda chupar laranja, ameniza os menina?”) e condições de saúde da futura criança (“Meu filho será
enjoos. perfeito?”).
Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta médica ou A mulher refere percepção dos movimentos fetais, que já po-
de enfermagem para avaliar a necessidade de usar medicamentos; dem ser confirmados no exame obstétrico realizado pelo enfermei-
b) Sialorreia – é a salivação excessiva, comum no início da ges- ro ou médico.
tação. Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio de Pinnard,
Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada para náu- pode-se auscultar os batimentos fetais (BCF). Nesse momento, o
seas e vômitos; que é importante tomar líquidos (água, sucos) em auxiliar de enfermagem deve colaborar, garantindo a presença do
abundância (especialmente em épocas de calor) e que a saliva deve futuro papai ou acompanhante. A emoção que ambos sentem ao
ser deglutida, pois possui enzimas que auxiliarão na digestão dos escutar pela primeira vez o coração do bebê é sempre muito gran-
alimentos; de, pois confirma-se a geração de uma nova vida.
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A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos estão di- e) Desconforto mamário - recomendar o uso constante de su-
ferenciados e o feto começa o amadurecimento de seus sistemas. tiã, com boa sustentação; persistindo a dor, encaminhar para con-
Reagem ativamente aos estímulos externos, como vibrações, luz sulta médica ou de enfermagem;
forte, som e outros. f) Lombalgia - recomendar a correção de postura ao sentar-se
Tendo em vista as alterações externas no corpo da gestante – e ao andar, bem como o uso de sapatos com saltos baixos e confor-
aumento das mamas, produção de colostro e aumento do abdome táveis.
- a mulher pode fazer questionamentos tais como: “Meu corpo vai A aplicação de calor local, por compressas ou banhos mornos, é
voltar ao que era antes? Meu companheiro vai perder o interesse recomendável. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode
sexual por mim? fazer uso de medicamentos;
Como posso viver um bom relacionamento sexual? A penetra- g) Cefaleia - conversar com a gestante sobre suas tensões, con-
ção do pênis machucará a criança?”. Nessas circunstâncias, a equi- flitos e temores, agendando consulta com o psicólogo, se necessá-
pe deve proporcionar- lhe o apoio devido, orientando-a, esclare- rio.
cendo-a e, principalmente, ajudando-a a manter a autoestima. Verificar a pressão arterial, agendando consulta médica ou de
A partir dessas modificações e alterações anátomo-fisiológicas, enfermagem no sentido de afastar suspeita de hipertensão arterial
a gestante pode ter seu equilíbrio emocional e físico comprometi- e pré-eclâmpsia (principalmente se mais de 24 semanas de gesta-
dos, o que lhe gera certo desconforto. Além das sintomatologias ção);
mencionadas no primeiro trimestre, podemos ainda encontrar h) Varizes - recomendar que a gestante não permaneça muito
queixas frequentes no segundo (abaixo listadas) e até mesmo no tempo em pé ou sentada e que repouse por 20 minutos, várias ve-
terceiro trimestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orien- zes ao dia, com as pernas elevadas, e não use roupas muito justas e
tações e condutas terapêuticas são de grande importância no senti- nem ligas nas pernas - se possível, deve utilizar meia-calça elástica
do de minimizar essas dificuldades. especial para gestante;
a) Pirose (azia) - orientar para fazer dieta fracionada, evitando i) Câimbras – recomendar, à gestante, que realize massagens
frituras, café, qualquer tipo de chá, refrigerantes, doces, álcool e no músculo contraído e dolorido, mediante aplicação de calor local,
fumo. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso e evite excesso de exercícios;
de medicamentos; j) Hiperpigmentação da pele - explicar que tal fato é muito co-
b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal e cóli- mum na gestação mas costuma diminuir ou desaparecer, em tempo
cas – nos casos de flatulências (gases) e/ou constipação intestinal, variável, após o parto. Pode apresentar como manchas escuras no
orientar dieta rica em fibras, evitando alimentos de alta fermenta- rosto (cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ainda, escureci-
ção, e recomendar aumento da ingestão de líquidos (água, sucos). mento da linha alva (linha nigra). Para minimizar o cloasma gravídi-
Adicionalmente, estimular a gestante a fazer caminhadas, movi- co, recomenda-se à gestante, quando for expor-se ao sol, o uso de
mentar-se e regularizar o hábito intestinal, adequando, para ir ao protetor solar e chapéu;
banheiro, um horário que considere ideal para sua rotina. Agendar l) Estrias - explicar que são resultado da distensão dos tecidos
consulta com nutricionista; se a gestante apresentar flacidez da pa- e que não existe método eficaz de prevenção, sendo comum no ab-
rede abdominal, sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica); dome, mamas, flancos, região lombar e sacra. As estrias, que no
em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de início apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de
medicamentos para gases, constipação intestinal e cólicas. Nas si- cor semelhante à da pele;
tuações em que a dor abdominal ou cólica for persistentes e o ab- m) Edemas – explicar que são resultado do peso extra (placen-
dome gravídico apresentar-se endurecido e dolorido, encaminhar ta, líquido amniótico e feto) e da pressão que o útero aumentado
para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais breve possível; exerce sobre os vasos sanguíneos, sendo sua ocorrência bastante
c) Hemorroidas – orientar a gestante para fazer dieta rica em comum nos membros inferiores. Podem ser detectados quando,
fibras, visando evitar a constipação intestinal, não usar papel higi- com a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias, se pres-
ênico colorido e/ou muito áspero, pois podem causar irritações, e siona a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna,
realizar após defecar, higiene perianal com água e sabão neutro. no nível do seu terço médio, na face anterior (região prétibial).
Agendar consulta médica caso haja dor ou sangramento anal per- O edema fica evidenciado mediante presença de uma depres-
sistente; se necessário, agendar consulta de pré-natal e/ou com o são duradoura (cacifo) no local pressionado. Nesses casos, reco-
nutricionista; mendar que a gestante mantenha as pernas elevadas pelo menos
d) Alteração do padrão respiratório - muito frequente na 20 minutos por 3 a 4 vezes ao dia, quando possível, e que use meia
gestação, em decorrência do aumento do útero que impede a ex- elástica apropriada.
pansão diafragmática, intensificada por postura inadequada e/ou
ansiedade da gestante. Nesses casos, recomendar repouso em de- O terceiro trimestre da gravidez
cúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de travesseiros altos que Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos precoce-
possibilitem elevação do tórax, melhorando a expansão pulmonar. mente devido a vários fatores (social, econômico, biológico, psicoló-
Ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, agendando con- gico), nos quais se destacam estilos de vida (urbano ou rural), tipos
sulta com o psicólogo, quando necessário. Estar atento para asso- de ocupação (horário e distância do trabalho), estrutura de apoio
ciação com outros sintomas (ansiedade, cianose de extremidades, ao aleitamento (creches, tempo de licença-aleitamento) e mitos ou
cianose de mucosas) ou agravamento da dificuldade em respirar, ausência de informação.
pois, embora não frequente, pode tratar-se de doença cardíaca ou Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz ainda no
respiratória; nessa circunstância, agendar consulta médica ou de pré-natal, que pode ser desenvolvido individualmente ou em gru-
enfermagem imediata; po. As orientações devem abranger as vantagens do aleitamento
para a mãe (prático, econômico e não exige preparo), relacionadas
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à involução uterina (retorno e realinhamento das fibras musculares Destacamos que no final desse período o feto diminui seus mo-
da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-relação afeti- vimentos pois possui pouco espaço para mexer-se. Assim, a mãe
va entre mãe-filho. Para o bebê, as vantagens relacionam-se com deve ser orientada para tal fenômeno, mas deve supervisionar dia-
a composição do leite, que atende a todas as suas necessidades riamente os movimentos fetais – o feto deve mexer pelo menos
nutricionais nos primeiros 6 meses de vida, é adequada à digestão e uma vez ao dia. Caso o feto não se movimente durante o período
propicia a passagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da mãe; de 24 horas, deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar
além disso, o ato de sugar auxilia a formação da arcada dentária, o com urgência.
que facilitará, posteriormente, a fala. Como saber quando será o trabalho de parto? Quais os sinais
No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve receber várias de trabalho de parto? O que fazer? Essas são algumas das pergun-
orientações: este deve ocorrer sempre que a criança tiver fome e tas que a mulher/casal e família fazem constantemente, quando
durante o tempo que quiser (livre demanda). Para sua realização, aproxima-se a data provável do parto.
a mãe deve procurar um local confortável e tranquilo, posicionar a A gestante e/ou casal devem ser orientados para os sinais de
criança da forma mais cômoda - de forma que lhe permita a aboca- início do trabalho de parto. O preparo abrange um conjunto de cui-
nhar o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do nariz dados e medidas de promoção à saúde que devem garantir que a
da criança com o auxílio dos dedos – e oferecer-lhe os dois seios mulher vivencie a experiência do parto e nascimento como um pro-
em cada mamada, começando sempre pelo que foi oferecido por cesso fisiológico e natural.
último (o que permitirá melhor esvaziamento das mamas e maior A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve ser
produção de leite, bem como o fornecimento de quantidade cons- orientada para identificar os sinais que indicam o início do trabalho
tante de gordura em todas as mamadas). de parto.
Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto pode cau- Para tanto, algumas orientações importantes devem ser ofere-
sar rachadura ou fissura. Como prevenção, deve-se orientar a mãe cidas, como:
a introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e, quando ele suga-lo, -a bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero (bolsa de
soltar o mamilo. líquido amniótico) pode ou não romper-se;
Em virtude da proximidade do término da gestação, as expec- -a barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma dor tipo
tativas estão mais voltadas para os momentos do parto (“Será que cólica que a fará endurecer e que será intermitente, iniciando com
vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e de ver o bebê (“Será que é per- intervalos maiores e diminuindo com a evolução do trabalho de
feito?”). parto;
Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão da ges- -no final do terceiro trimestre, às vezes uma semana antes do
tante. parto, ocorre a saída de um muco branco (parecendo “catarro”) o
No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecarga dos sis- chamado tampão mucoso, o qual pode ter sinais de sangue no mo-
temas cardiovascular, respiratório e locomotor desencadeiam alte- mento do trabalho de parto;
rações orgânicas e desconforto, pois o organismo apresenta menor -a respiração deve ser feita de forma tranquila (inspiração pro-
capacidade de adaptação. Há aumento de estresse, cansaço, e sur- funda e expiração soprando o ar).
gem as dificuldades para movimentar-se e dormir.
Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica e consti- A gestante e seu acompanhante devem ser orientados a pro-
pação intestinal, decorrentes tanto da diminuição da área gástrica curar um serviço de saúde imediatamente ao perceberem qualquer
quanto da diminuição da peristalse devido à pressão uterina sobre intercorrência durante o período gestacional, como, por exemplo,
os intestinos, levando ao aumento da absorção de água no intesti- perda transvaginal (líquido, sangue, corrimento, outros); presença
no, o que colabora para o surgimento de hemorroidas. É comum de dores abdominais, principalmente tipo cólicas, ou dores locali-
observarmos queixas em relação à digestão de alimentos mais pe- zadas; contração do abdome, abdome duro (hipertônico); parada
sados. Portanto, é importante orientar dieta fracionada, rica em da movimentação fetal; edema acentuado de membros inferiores e
verduras e legumes, alimentos mais leves e que favoreçam a diges- superiores (mãos); ganho de peso exagerado; visão turva e presen-
tão e evitem constipações. O mais importante é a qualidade dos ça de fortes dores de cabeça (cefaleia) ou na nuca.
alimentos, e não sua quantidade. Enfatizamos que no final do processo gestacional a mulher
pode apresentar um quadro denominado “falso trabalho de parto”,
Observamos que a frequência urinária aumenta no final da caracterizando por atividade uterina aumentada (contrações), per-
gestação, em virtude do encaixamento da cabeça do feto na cavi- manecendo, entretanto, um padrão descoordenado de contrações.
dade pélvica; em contrapartida, a dificuldade respiratória se ame- Algumas vezes, estas contrações são bem perceptíveis. Contu-
niza. Entretanto, enquanto tal fenômeno de descida da cabeça não do, cessam em seguida, e a cérvice uterina não apresenta alterações
acontece, o desconforto respiratório do final da gravidez pode ser (amolecimento, apagamento e dilatação). Tal situação promove alto
amenizado adotando a posição de semi fowler durante o descanso. grau de ansiedade e expectativa da premência do nascimento, sen-
Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais varizes do um dos principais motivos que levam as gestantes a procurar o
e edema de membros inferiores, tanto pela compressão do útero hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar a clientela e estar
sobre as veias ilíacas, dificultando o retorno venoso, quanto por atento para tais acontecimentos, visando evitar uma admissão pre-
efeitos climáticos, principalmente climas quentes. É importante ob- coce, intervenções desnecessárias e estresse familiar, ocasionando
servar a evolução do edema, pesando a gestante e, procurando evi- uma experiência negativa de trabalho de parto, parto e nascimento.
tar complicações vasculares, orientando seu repouso em decúbito Para amenizar o estresse no momento do parto, devemos
lateral esquerdo, conforme as condutas terapêuticas anteriormente orientar a parturiente para que realize exercícios respiratórios, de
mencionadas. relaxamento e caminhadas, que diminuirão sua tensão muscular e
facilitarão maior oxigenação da musculatura uterina. Tais exercícios
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proporcionam melhor rendimento no trabalho de parto, pois pro- Algumas condições favorecem o aborto, entre elas: fatores
piciam uma economia de energia - sendo aconselháveis entre as ovulares (óvulos ou espermatozoides defeituosos); diminuição do
metrossístoles. hormônio progesterona, resultando em sensibilidade uterina e con-
Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma inspira- trações que podem levar ao aborto; infecções como sífilis, rubéola,
ção abdominal lenta e profunda, e uma expiração como se a ges- toxoplasmose; traumas de diferentes causas; incompetência istmo
tante estivesse soprando o vento (apagando a vela), principalmente cervical; mioma uterino; “útero infantil”; intoxicações (fumo, álco-
durante as metrossístoles. Na primeira fase do trabalho de parto, ol, chumbo e outros); hipotireoidismo; diabetes mellitus; doenças
são muito úteis para evitar os espasmos dolorosos da musculatura hipertensivas e fatores emocionais.
abdominal. Os tipos de aborto são inúmeros e suas manifestações clínicas
estão voltadas para a gravidade de cada caso e dependência de
Assistência de Enfermagem em Situações Obstétricas de Risco uma assistência adequada à mulher. Os tipos de aborto são11:
Na América Latina, o Brasil é o quinto país com maior índice de -Ameaça de aborto: situação em que há a probabilidade do
mortalidade materna, estimada em 134 óbitos para 100.000 nasci- aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-se por sangramento mo-
dos vivos. derado, cólicas discretas e colo uterino com pequena ou nenhuma
No Brasil, as causas de mortalidade materna se caracterizam dilatação;
por elevadas taxas de toxemias, outras causas diretas, hemorragias -Espontâneo: pode ocorrer por um ovo defeituoso e o subse-
(durante a gravidez, descolamento prematuro de placenta), compli- quente desenvolvimento de defeitos no feto e placenta. Dependen-
cações puerperais e abortos. Essas causas encontram-se presentes do da natureza do processo, é considerado:
em todas as regiões, com predominância de incidência em diferen- a) Evitável: o colo do útero não se dilata, sendo evitado através
tes estados. de repouso e tratamento conservador;
A consulta de pré-natal é o espaço adequado para a prevenção b) Inevitável: quando o aborto não pode ser prevenido, acon-
e controle dessas intercorrências, como a hipertensão arterial asso- tecendo a qualquer momento. Apresenta-se com um sangramento
ciada à gravidez (toxemias), que se caracteriza por ser fator de risco intenso, dilatação do colo uterino e contrações uterinas regulares.
para eclampsia e outras complicações. Pode ser subdivido em aborto completo (quando o feto e todos
Denomina-se fator de risco aquela característica ou circunstân- os tecidos a ele relacionados são eliminados) e aborto incompleto
cia que se associa à probabilidade maior do indivíduo sofrer dano (quando algum tecido permanece retido no interior do útero);
à saúde. Os fatores de risco são de natureza diversa, a saber: bioló- -Habitual: quando a mulher apresenta abortamentos repetidos
gicos (idade – adolescente ou idosa; estatura - baixa estatura; peso (três ou mais) de causa desconhecida;
– obesidade ou desnutrição), clínicos (hipertensão, diabetes), am-
bientais (abastecimento deficiente de água, falta de rede de esgo- -Terapêutico: é a intervenção médica aprovada pelo Código Pe-
tos), relacionados à assistência (má qualidade da assistência, cober- nal Brasileiro (art. 128), praticado com o consentimento da gestante
tura insuficiente ao pré-natal), socioculturais (nível de formação) e ou de seu representante legal e realizado nos casos em que há risco
econômicos (baixa renda). de vida ou gravidez decorrente de estupro;
Esses fatores, associados a fatores obstétricos como primeira -Infectado: quando ocorre infecção intra-útero por ocasião do
gravidez, multiparidade, gestação em idade reprodutiva precoce ou abortamento. Acontece, na maioria das vezes, durante as manobras
tardia, abortamentos anteriores e desnutrição, aumentam a proba- para interromper uma gravidez. A mulher apresenta febre em grau
bilidade de morbimortalidade perinatal. variável, dores discretas e contínuas, hemorragia com odor fétido
Devemos considerar que a maioria destas mortes maternas e e secreção cujo aspecto depende do microrganismo, taquicardia,
fetais poderiam ter sido prevenidas com uma assistência adequada desidratação, diminuição dos movimentos intestinais, anemia, peri-
ao pré-natal, parto e puerpério - “98% destas mortes seriam evi- tonite, septicemia e choque séptico.
tadas se as mulheres tivessem condições dignas de vida e atenção Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebite e em-
à saúde, especialmente pré-natal realizado com qualidade, assim bolia pulmonar;
como bom serviço de parto e pós-parto”.
Entretanto, há uma pequena parcela de gestantes que, por Provocado - é a interrupção ilegal da gravidez, com a morte do
terem algumas características ou sofrerem de alguma patologia, produto da concepção, haja ou não a expulsão, qualquer que seja o
apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tan- seu estado evolutivo. São praticados na clandestinidade, em clínicas
to para elas como para o feto. Essa parcela é a que constitui o grupo privadas ou residências, utilizando-se métodos anti-higiênicos, ma-
chamado de gestantes de risco. teriais perfurantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode levar
Dentre as diversas situações obstétricas de risco gestacional, à morte da mulher ou evoluir para um aborto infectado;
destacam-se as de maior incidência e maior risco, como aborta- Retido – é quando o feto morre e não é expulso, ocorrendo
mento, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) e sofri- a maceração. Não há sinais de abortamento, porém pode ocorrer
mento fetal. mal-estar geral, cefaleia e anorexia.
O processo de abortamento é complexo e delicado para uma
Abortamento mulher, principalmente por não ter podido manter uma gravidez,
Conceitua-se como abortamento a morte ovular ocorrida an- sendo muitas vezes julgada e culpabilizada, o que lhe acarreta um
tes da 22ª semana de gestação, e o processo de eliminação deste estigma social, afetando-lhe tanto do ponto de vista biológico como
produto da concepção é chamado de aborto. O abortamento é dito psicoemocional.
precoce quando ocorre até a 13ª semana; e tardio, quando entre a
13ª e 22ª semanas.

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Independente do tipo de aborto, cada profissional tem papel fetais e características do sangramento (quantidade e frequência).
importante na orientação, diálogo e auxílio a essa mulher, diante A conduta na evolução do trabalho de parto dependerá do quadro
de suas necessidades. Assim, não deve fazer qualquer tipo de jul- clínico de cada gestante, avaliando o bem-estar materno e fetal.
gamento e a assistência deve ser prestada de forma humanizada e
com qualidade - caracterizando a essência do trabalho da enferma- Prenhez Ectópica ou Extrauterina
gem, que é o cuidar e o acolher, independente dos critérios pesso- Consiste numa intercorrência obstétrica de risco, caracterizada
ais e julgamentos acerca do caso clínico. pela implantação do ovo fecundado fora do útero, como, por exem-
Devemos estar atentos para os cuidados imediatos e media- plo, nas trompas uterinas, ovários e outros.
tos, tais como: controlar os sinais vitais, verificando sinais de cho- Como sinais e sintomas, tal intercorrência apresenta forte dor
que hipovolêmico, mediante avaliação da coloração de mucosas, no baixo ventre, podendo estar seguida de sangramento em grande
hipotensão, pulso fraco e rápido, pele fria e pegajosa, agitação e quantidade.
apatia; verificar sangramento e presença de partes da placenta ou O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro trimestre gesta-
embrião nos coágulos durante a troca dos traçados ou absorventes cional, através de ultrassonografia. A equipe de enfermagem de-
colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do sangramento verá estar atenta aos possíveis sinais de choque hipovolêmico e de
pelo volume do sangue e número de vezes de troca do absorvente); infecção.
controlar o gotejamento da hidratação venosa para reposição de A conduta obstétrica é cirúrgica.
líquido ou sangue; administrar medicação (antibioticoterapia, soro
antitetânico, analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) confor- Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação (DHEG)
me prescrição médica; preparar a paciente para qualquer procedi- A hipertensão na gravidez é uma complicação comum e poten-
mento (curetagem, microcesariana, e outros); prestar os cuidados cialmente perigosa para a gestante, o feto e o próprio recém-nasci-
após os procedimentos pós-operatórios; procurar tranquilizar a do, sendo uma das causas de maior incidência de morte materna,
mulher; comunicar qualquer anormalidade imediatamente à equi- fetal e neonatal, de baixo peso ao nascer e prematuridade. Pode
pe de saúde. apresentar-se de forma leve, moderada ou grave.
Nosso papel é orientar a mulher sobre os desdobramentos do Existem vários fatores de risco associados com o aumento da
pós-aborto, como reposição hídrica e nutricional, sono e repouso, DHEG, tais como: adolescência/idade acima de 35 anos, conflitos
expressão dos seus conflitos emocionais e, psicologicamente, faze- psíquicos e afetivos, desnutrição, primeira gestação, história fa-
-la acreditar na capacidade de o seu corpo viver outra experiência miliar de hipertensão, diabetes mellitus, gestação múltipla e poli-
reprodutiva com saúde, equilíbrio e bem-estar. drâmnia.
É fundamental a observação do sangramento vaginal, atentan- A DHEG aparece após a 20a semana de gestação, como um
do para os aspectos de quantidade, cor, odor e se está acompanha- quadro de hipertensão arterial, acompanhada ou não de edema
do ou não de dor e alterações de temperatura corporal. As mamas e proteinúria (pré-eclâmpsia), podendo evoluir para convulsão e
precisarão de cuidados como: aplicar compressas frias e enfaixá-las, coma (DHEG grave ou eclampsia).
a fim de prevenir ingurgitamento mamário; não realizar a ordenha Durante uma gestação sem intercorrências, a pressão perma-
nem massagens; administrar medicação para inibir a lactação de nece normal e não há proteinúria. É comum a maioria das gestantes
acordo com a prescrição médica. apresentarem edema nos membros inferiores, devido à pressão do
No momento da alta, a cliente deve ser encaminhada para útero grávido na veia cava inferior e ao relaxamento da musculatura
acompanhamento ginecológico com o objetivo de fazer a revisão lisa dos vasos sanguíneos, não sendo este um sinal diferencial.
pós-aborto; identificar a dificuldade de se manter a gestação se for Já o edema de face e de mãos é um sinal de alerta diferencial,
o caso; e receber orientações acerca da necessidade de um período pois não é normal, podendo estar associado à elevação da pressão
de abstinência sexual e, antes de iniciar sua atividade sexual, esco- arterial. Um ganho de peso de mais de 500 g por semana deve ser
lher o método contraceptivo que mais se adeque à sua realidade. observado e analisado como um sinal a ser investigado.
O exame de urina, cujo resultado demonstre presença de pro-
Placenta Prévia (PP) teína, significa diminuição da função urinária. A elevação da pres-
É uma intercorrência obstétrica de risco caracterizada pela im- são sistólica em mais de 30 mmhg, ou da diastólica em mais de 15
plantação da placenta na parte inferior do útero. Com o desenvol- mmhg, representa outro sinal que deve ser observado com aten-
vimento da gravidez, a placenta evolui para o orifício do canal de ção. A gestante o companheiro e a família devem estar convenien-
parto. temente orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG.
Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre parte do Todos esses sinais são motivos de preocupação, devendo ser
orifício, ou total (oclusiva), quando cobre totalmente o orifício. Am- pesquisados e avaliados através de marcação de consultas com
bas as situações provocam risco de vida materna e fetal, em vista da maior frequência, para evitar exacerbação dessa complicação em
hemorragia – a qual apresenta sangramento de cor vermelho vivo, uma gravidez de baixo risco, tornando-a de alto risco – o que fará
indolor, constante, sem causa aparente, aparecendo a partir da 22a necessário o encaminhamento e acompanhamento pelo pré-natal
semana de gravidez. de alto risco.
Após o diagnóstico de PP, na fase crítica, a internação é a con- A pré-eclâmpsia leve é caracterizada por edema e/ou proteinú-
duta imediata com a intenção de promover uma gravidez a termo ria, e mais hipertensão. À medida que a doença evolui e o vaso es-
ou o mais próximo disso. A supervisão deve ser constante, sendo a pasmo aumenta, surgem outros sinais e sintomas. O sistema ner-
gestante orientada a fazer repouso no leito com os membros discre- voso central (SNC) sofre irritabilidade crescente, surgindo cefaleia
tamente elevados, evitar esforços físicos e observar os movimentos occipital, tonteiras, distúrbios visuais (moscas volantes). As mani-
festações digestivas - dor epigástrica, náuseas e vômitos - são sinto-
mas que revelam comprometimento de outros órgãos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Com a evolução da doença pode ocorrer a convulsão ou coma, Durante a internação hospitalar a equipe de enfermagem deve
caracterizando a DHEG grave ou eclampsia, uma das complicações estar atenta aos agravos dos sinais e sintomas da DHEG. Portanto,
obstétricas mais graves. Nesta, a proteinúria indica alterações re- deve procurar promover o bem-estar materno e fetal, bem como
nais, podendo ser acompanhada por oligúria ou mesmo anúria. proporcionar à gestante um ambiente calmo e tranquilo, manter a
Com o vaso espasmo generalizado, o miométrio torna-se hi- supervisão constante e atentar para o seu nível de consciência, já
pertônico, afetando diretamente a placenta que, dependendo da que os estímulos sonoros e luminosos podem desencadear as con-
intensidade, pode desencadear seu deslocamento prematuro. Tam- vulsões, pela irritabilidade do SNC. Faz-se necessário, também, con-
bém a hipertensão materna prolongada afeta a circulação placen- trolar a pressão arterial e os batimentos cardiofetais (a frequência
tária, ocorrendo o rompimento de vasos e acúmulo de sangue na será estabelecida pelas condições da gestante), bem como pesar a
parede do útero, representando outra causa do deslocamento da gestante diariamente, manter-lhe os membros inferiores discreta-
placenta. mente elevados, providenciar a colheita dos exames laboratoriais
Um sinal expressivo do descolamento da placenta é a dor ab- solicitados (sangue, urina), observar e registrar as eliminações fisio-
dominal súbita e intensa, seguida por sangramento vaginal de co- lógicas, as queixas álgicas, as perdas vaginais e administrar medica-
loração vermelha-escuro, levando a uma movimentação fetal au- ções prescritas, observando sua resposta.
mentada, o que indica sofrimento fetal por diminuição de oxigênio Além disso, deve-se estar atento para possíveis episódios de
(anoxia) e aumento excessivo das contrações uterinas que surgem crises convulsivas, empregando medidas de segurança tais como
como uma defesa do útero em cessar o sangramento, agravando o manter as grades laterais do leito elevadas (se possível, acolcho-
estado do feto. Nesses casos, indica-se a intervenção cirúrgica de adas), colocar a cabeceira elevada a 30° e a gestante em decúbi-
emergência – cesariana -, para maior chance de sobrevivência ma- to lateral esquerdo (ou lateralizar sua cabeça, para eliminação das
terna e fetal. secreções); manter próximo à gestante uma cânula de borracha
Os fatores de risco que dificultam a oxigenação dos tecidos e, (Guedel), para colocar entre os dentes, protegendo- lhe a língua de
principalmente, o tecido uterino, relacionam-se à: superdistensão um eventual traumatismo. Ressalte-se que os equipamentos e me-
uterina (gemelar, polidrâmnia, fetos grandes); aumento da tensão dicações de emergência devem estar prontos para uso imediato, na
sobre a parede abdominal, frequentemente observado na primeira proximidade da unidade de alto risco.
gravidez; doenças vasculares já existentes, como hipertensão crô- Gestantes que apresentam DHEG moderada ou grave devem
nica, neuropatia; estresse emocional, levando à tensão muscular; ser acompanhadas em serviços de obstetrícia, por profissional mé-
alimentação inadequada. dico, durante todo o período de internação. Os cuidados básicos in-
A assistência pré-natal tem como um dos objetivos detectar cluem: observação de sinais de petequeias, equimoses e/ou sangra-
precocemente os sinais da doença hipertensiva, antes que evolua. mentos espontâneos, que indicam complicação séria causada por
A verificação do peso e pressão arterial a cada consulta servirá para rompimento de vasos sanguíneos; verificação horária de pressão
a avaliação sistemática da gestante, devendo o registro ser feito no arterial, ou em intervalo menor, e temperatura, pulso e respiração
Cartão de Pré-Natal, para acompanhamento durante a gestação e de duas em duas horas; instalação de cateterismo vesical, visando
parto. O exame de urina deve ser feito no primeiro e terceiro tri- o controle do volume urinário (diurese horária); monitoramento de
mestre, ou sempre que houver queixas urinárias ou alterações dos balanço hídrico; manutenção de acesso venoso para hidratação e
níveis da pressão arterial. administração de terapia medicamentosa (anti-hipertensivo, anti-
A equipe de enfermagem deve orientar a gestante sobre a im- convulsivos, antibióticos, sedativos) e de urgência; colheita de exa-
portância de diminuir a ingesta calórica (alimentos ricos em gordu- mes laboratoriais de urgência; instalação de oxigeno terapia confor-
ra, massa, refrigerantes e açúcar) e não abusar de comidas salgadas, me prescrição médica, caso a gestante apresente cianose.
bem como sobre os perigos do tabagismo, que provoca vasoconstri- Com a estabilização do quadro e as convulsões controladas,
ção, diminuindo a irrigação sanguínea para o feto, e do alcoolismo, deve-se preparar a gestante para a interrupção da gravidez (cesá-
que provoca o nascimento de fetos de baixo peso e abortamento rea), pois a conduta mais eficaz para a cura da DHEG é o término
espontâneo. da gestação, o que merece apreciação de todo o quadro clínico e
O acompanhamento pré-natal deve atentar para o apareci- condição fetal, considerando-se a participação da mulher e família
mento de edema de face e dos dedos, cefaleia frontal e occipital e nesta decisão.
outras alterações como irritabilidade, escotomas, hipersensibilida- É importante que a puérpera tenha uma avaliação contínua nas
de a estímulos auditivos e luminosos. A mulher, o companheiro e a 48 horas após o parto, pois ainda pode apresentar risco de vida.
família devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG
e suas implicações, observando, inclusive, a dinâmica da movimen- Sofrimento Fetal Agudo (SFA)
tação fetal. O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a saúde e a vida do
A gestante deve ser orientada quanto ao repouso no leito em feto estão sob-risco, devido à asfixia causada pela diminuição da
decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circulação, tanto renal chegada do oxigênio ao mesmo, e à eliminação do gás carbônico.
quanto placentária, reduzindo também o edema e a tensão arterial, As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno e o
bem como ser encorajada a exteriorizar suas dúvidas e medos, vi- fetal, realizadas pela circulação placentária, são indispensáveis para
sando minimizar o estresse. manter o bem-estar do feto. Qualquer fator que, por um período
As condições socioeconômicas desfavoráveis, dificuldade de provisório ou permanente de carência de oxigênio, interfira nessas
acesso aos serviços de saúde, hábitos alimentares inadequados, trocas será causa de SFA.
entre outros, são fatores que podem vir a interferir no acompanha- O sofrimento fetal pode ser diagnosticado através de alguns
mento ambulatorial. Sendo específicos à cada gestante, fazem com sinais, como frequência cardíaca fetal acima de 160 batimentos ou
que a eclampsia leve evolua, tornando a internação hospitalar o tra- abaixo de 120 por minuto, e movimentos fetais inicialmente au-
tamento mais indicado. mentados e posteriormente diminuídos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Durante essa fase, o auxiliar de enfermagem deve estar atento e até mesmo aceitando sua recusa a condutas que lhe causem cons-
aos níveis pressóricos da gestante, bem como aos movimentos fe- trangimento ou dor; além disso, deve-se oferecer espaço e apoio para
tais. Nas condutas medicamentosas, deve atuar juntamente com a a presença do(a) acompanhante que a parturiente deseja.
equipe de saúde. Qualquer indivíduo, diante do desconhecido e sozinho, tende
Nos casos em que se identifique sofrimento fetal e a gestante a assumir uma postura de defesa, gerando ansiedade e medos. A
esteja recebendo infusão venosa contendo ocitocina, tal fato deve gestante não preparada desconhece seu corpo e as mudanças que
ser imediatamente comunicado à equipe e a solução imediatamen- o mesmo sofre.
te suspensa e substituída por solução glicosada ou fisiológica pura. O trabalho de parto é um momento no qual a mulher se sente
A equipe responsável pela assistência deve tranquilizar a ges- desprotegida e frágil, necessitando apoio constante.
tante, ouvindo-a e explicando - a ela e à família - as característi- O trabalho de parto e o nascimento costumam desencadear
cas do seu quadro e a conduta terapêutica a ser adotada, o que excitação e apreensão nas parturientes, independente do fato de a
a ajudará a manter o controle e, consequentemente, cooperar. A gestante ser primípara ou multípara. É um momento de grande ex-
transmissão de calma e a correta orientação amenizarão o medo e pectativa para todos, gestante, acompanhante e equipe de saúde.
a ansiedade pela situação. O início do trabalho de parto é desencadeado por fatores ma-
A gestante deve ser mantida em decúbito lateral esquerdo, ternos, fetais e placentários, que se interagem.
com o objetivo de reduzir a pressão que o feto realiza sobre a veia Os sinais do desencadeamento de trabalho de parto são:
cava inferior ou cordão umbilical, e melhorar a circulação mater- - eliminações vaginais, discreto sangramento, perda de tampão
no-fetal. Segundo prescrição, administrar oxigênio (O2 úmido) para mucoso, eliminação de líquido amniótico, presente quando ocorre
melhorar a oxigenação da gestante e do feto e preparar a parturien- a ruptura da bolsa amniótica - em condições normais, apresenta- se
te para intervenção cirúrgica, de acordo com a conduta indicada claro, translúcido e com pequenos grumos semelhantes a pedaços
pela equipe responsável pela assistência. de leite coalhado (vérnix);
- contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena inten-
Parto e Nascimento Humanizado sidade, com duração variável de 20 a 40 segundos, podendo chegar
Até o século XVIII, as mulheres tinham seus filhos em casa; o a duas ou mais em dez minutos;
parto era um acontecimento domiciliar e familiar. A partir do mo- - desconforto lombar;
mento em que o parto tornou-se institucionalizado (hospitalar) a - alterações da cérvice, amolecimento, apagamento e dilatação
mulher passou a perder autonomia sobre seu próprio corpo, dei- progressiva;
xando de ser ativa no processo de seu parto. - diminuição da movimentação fetal.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que ape-
nas 10% a 20% dos partos têm indicação cirúrgica. Isto significa que A duração de cada trabalho de parto está associada à parida-
deveriam ser indicados apenas para as mulheres que apresentam de (o número de partos da mulher), pois as primíparas demandam
problemas de saúde, ou naqueles casos em que o parto normal tra- maior tempo de trabalho de parto do que as multíparas; à flexibili-
ria riscos ao recém-nascido ou a mãe. Entretanto, o que verificamos dade do canal de parto, pois as mulheres que exercitam a muscula-
é a existência de um sistema de saúde voltado para a atenção ao tura pélvica apresentam maior flexibilidade do que as sedentárias;
parto e nascimento pautado em rotinas de intervenções, que favo- às contrações uterinas, que devem ter intensidade e frequência
rece e conduz ao aumento de cesáreas e de possíveis iatrogenias apropriadas; à boa condição psicológica da parturiente durante o
que, no pós-parto, geram complicações desnecessárias. trabalho de parto, caso contrário dificultará o nascimento do bebê;
Nós, profissionais de saúde, devemos entender que o parto ao estado geral da cliente e sua reserva orgânica para atender ao
não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um recém-nascido esforço do trabalho de parto; e à situação e apresentação fetais
de dentro”, afastá-lo da “mãe”para colocá-lo num berço solitário, (transversa, acromial, pélvica e de face).
enquanto a mãe dorme sob o efeito da anestesia.
A enfermagem possui importante papel como integrante da Admitindo a Parturiente
equipe, no sentido de proporcionar uma assistência humanizada e O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma ma-
qualificada quando do parto, favorecendo e estimulando a partici- ternidade deve ter como preocupação principal uma recepção aco-
pação efetiva dos principais atores desse fenômeno – a gestante, lhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assis-
seu acompanhante e seu filho recém-nascido. tência na maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento:
Precisamos valorizar esse momento pois, se vivenciado har- acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao pré-parto; colher os
moniosamente, favorece um contato precoce mãe-recém-nasci- exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exa-
do, estimula o aleitamento materno e promove a interação com o mes, caso não os tenha realizado durante o pré-natal); promover
acompanhante e a família, permitindo à mulher um momento de um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a evolução do
conforto e segurança, com pessoas de seu referencial pessoal. trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.
Os profissionais devem respeitar os sentimentos, emoções, ne-
cessidades e valores culturais, ajudando-a a diminuir a ansiedade e Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural
insegurança, o medo do parto, da solidão do ambiente hospitalar e O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto
dos possíveis problemas do bebê. percorre ao nascer, desde o útero à abertura vulvar. É formado pelo
A promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a peque-
longo do processo de parto e nascimento ocorre mediante informa- na bacia pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos te-
ções e orientações permanentes à parturiente sobre a evolução do cidos moles (parte inferior do útero, colo uterino, canal vaginal e
trabalho de parto, reconhecendo-lhe o papel principal nesse processo períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de
trajeto mole.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve prepa-
útero; amolecimento do colo para a dilatação e apagamento; hiper- rar o material necessário para o exame, que inclui luvas, gazes com
vascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando solução anti séptica e comadre.
sua distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o tra- A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para o
jeto do parto. exame.
No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilida- Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite
de nas articulações (sacroilíaca, sacrococcígea, lombo-sacral, sínfise permanecer no leito durante o trabalho de parto, devido às compli-
púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina. cações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição
O feto tem importante participação na evolução do trabalho de decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível.
de parto: realiza os mecanismos de flexão, extensão e rotação, per-
mitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão
facilitado pelo cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do
redução do diâmetro da cabeça e facilitando a passagem pela pelve colo uterino e termina com o nascimento do bebê.
materna. Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangra-
mento aumenta com a laceração dos capilares no colo uterino. Náu-
O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação seas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A partu-
Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação, as con- riente refere pressão no reto e urgência urinária. Ocorre distensão
trações uterinas progridem e aos poucos aumentam a intensidade, dos músculos perineais e abaulamento do períneo (solicitação do
o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino. períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente.
Como resultado, a cabeça do feto vai gradualmente descendo no Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo au-
canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente. Essa descida, xiliar de enfermagem e comunicados à enfermeira obstétrica e ao
auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão obstetra.
maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagando. Para O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação
possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por volta de total, o auxiliar de enfermagem deve encaminhar a parturiente à
9,5 cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10 cm. Este é o pe- sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando.
ríodo em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturien-
dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como exaustão, te deve ser orientada para respirar tranquilamente e não fazer for-
impaciência, irritação ou apatia, entre outras. ça. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com se-
Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar gurança e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical,
do trabalho de parto, o feto também se adapta a esse processo: sua semiverticalizada ou horizontal. Qualquer procedimento realizado
cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante.
entrar dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsável
com mais mobilidade. pela condução do parto deve fazer a escovação das mãos e se pa-
Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam ramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a antis-
uns dos outros e podem acavalar, reduzindo o tamanho do crânio e, sepsia vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos esterili-
assim, facilitar a passagem pela pelve materna. zados sobre a parturiente. Na necessidade de episiotomia, indica-se
Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alterna- a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo, o auxiliar
tivas que possam amenizar-lhe o desconforto. O cuidar envolve pre- de enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).
sença, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da cliente, Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias
estimulando- a adotar posições alternativas como ficar de cócoras, cinco contrações num período de 10 minutos e com intensidade
de joelho sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde que de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que
escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero, a parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as
tornam as contrações mais eficazes, ampliam o canal do parto e contrações, repousando nos intervalos para conservar as energias.
facilitam a descida do feto pela ação da gravidade. Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante
A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de assistir ao desprendimento fetal espontâneo. Caso esse desprendi-
chuveiro, bem como estimulada a fazer uma respiração profunda, mento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para
realizar massagens na região lombar – o que reduz sua ansiedade e baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da ca-
tensão muscular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do beça e ombros, o corpo desliza facilmente, acompanhado de um
feto na bacia materna. jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido,
Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o
enfermeiro ou médico, a ausculta dos batimentos cardiofetais, sem- faça, se a posição do parto favorecer esta prática. Neste momento,
pre que houver avaliação da dinâmica uterina (DU) antes, durante o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do
e após a contração uterina. O controle dos sinais vitais maternos é recém-nascido.
contínuo e importante para a detecção precoce de qualquer altera- O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o
ção. A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de quatro em recém-nascido estiver respirando. A laqueadura é feita com mate-
quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais frequen- rial adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importan-
temente, se indicado. te manter o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermeira, campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve
e tem a finalidade de verificar a dilatação e o apagamento do colo
uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. Para a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após Caso ocorra alguma intercorrência obstétrica (alteração do
o parto, o que facilita a saída da placenta e estimula a involução do BCF; a dinâmica uterina, dos sinais vitais maternos; perda trans-
útero, diminuindo o sangramento pós-parto. vaginal de líquido com presença de mecônio; período de dilatação
cervical prolongado) que indique necessidade de parto cesáreo, a
O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação equipe responsável pela assistência deve comunicar o fato à mu-
Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da pla- lher/ família, e esclarecer- lhes sobre o procedimento.
centa e membranas (amniótica e coriônica). Recebe o nome de de- Nesta intervenção cirúrgica, as anestesias mais utilizadas são a
livramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão raquidiana e a peridural, ambas aplicadas na coluna vertebral.
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é
importante atentar para as perdas sanguíneas, que não devem ser A anestesia raquidiana tem efeito imediato à aplicação, levan-
superiores a 500 ml. do à perda temporária de sensibilidade e movimentos dos mem-
As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor bros inferiores, que retornam após passado seu efeito. Entretanto,
quantidade e intensidade. A placenta deve ser examinada com re- tem o inconveniente de apresentar como efeito colateral cefaleia
lação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção intensa no período pós-anestésico - como prevenção, deve-se man-
do cordão, bem como verificação do número de vasos sanguíneos ter a puérpera deitada por algumas horas (com a cabeceira a zero
deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e tumorações. Exami- grau e sem travesseiro), orientando- a para que não eleve a cabeça
na-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, com e estimulando-a à ingestão hídrica.
vistas à identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido re- A anestesia peridural é mais empregada, porém demora mais
alizada episiotomia, proceder à sutura do corte (episiorrafia) e/ou tempo para fazer efeito e não leva à perda total da sensibilidade
das lacerações. dolorosa, diminuindo apenas o movimento das pernas – como van-
tagem, não produz o incômodo da dor de cabeça.
A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde Na recuperação do pós-parto normal, a criança pode, nas pri-
ocorrerão contrações que permitirão reduzir o volume uterino, meiras horas, permanecer com a mãe na sala de parto e/ou alo-
mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que jamento conjunto- dependendo da recuperação, a mulher pode
irrigavam a placenta. deambular, tomar banho e até amamentar. Tal situação não aconte-
Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve veri- cerá nas puérperas que realizaram cesarianas, pois estarão com hi-
ficar a tensão arterial da puérpera, identificando alterações ou não dratação venosa, cateter vesical, curativo abdominal, anestesiadas,
dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro. sonolentas e com dor – mais uma razão que justifica a realização do
Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve-se, parto cesáreo apenas quando da impossibilidade do parto normal.
utilizando luvas estéreis, realizar-lhe antissepsia da área pubiana, A equipe deve esclarecer as dúvidas da parturiente com relação
massagear-lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe um aos procedimentos pré-operatórios, tais como retirada de próteses
absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou en- e de objetos (cordões, anéis, roupa íntima), realização de tricoto-
fermeiro avalie que a puérpera esteja em boas condições clínicas, mia em região pubiana, manutenção de acesso venoso permeável,
será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o aloja- realização de cateterismo vesical e colheita de sangue para exames
mento conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescrições laboratoriais (solicitados e de rotina).
e pertences pessoais. Após verificação dos sinais vitais, a parturiente deve ser enca-
minhada à sala de cirurgia, onde será confortavelmente posicio-
O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg nada na mesa cirúrgica, para administração da anestesia. Durante
Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que toda a técnica o auxiliar de enfermagem deve estar atento para a
ocorre a loquiação e se avalia a involução uterina e recuperação segurança da parturiente e, juntamente com o anestesista, ajudá-
da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido -la a se posicionar para o processo cirúrgico, controlando também
ao risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no a tensão arterial. No parto, o auxiliar de enfermagem desenvolve
centro obstétrico, para criterioso acompanhamento. ações de circulante ou instrumentador. Após o nascimento, presta
os primeiros cuidados ao bebê e encaminha-o ao berçário.
Assistência de Enfermagem Durante o Parto Cesáreo A seguir, o auxiliar de enfermagem deve providenciar a transfe-
O parto cesáreo ou cesariana é um procedimento cirúrgico, in- rência da puérpera para a sala de recuperação pós-anestésica, pres-
vasivo, que requer anestesia. Nele, realiza-se uma incisão no abdo- tando- lhe os cuidados relativos ao processo cirúrgico e ao parto.
me e no útero, com exposição de vísceras e perda de sangue, por
onde o feto é retirado. Ressalte-se que esse procedimento expõe Puerpério e suas Complicações
o organismo às infecções, tanto pela queda de imunidade em vista Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre alterações
das perdas sanguíneas como pelo acesso de microrganismos atra- gradativas - as mais marcantes envolvem o órgão reprodutor. O
vés da incisão cirúrgica (porta de entrada), além de implicar maior puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fi-
tempo de recuperação. siologia materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode
A realização do parto cesáreo deve ser baseada nas condições perdurar por 6 semanas ou ter duração variável, principalmente nas
clínicas - da gestante e do feto - que contraindiquem o parto normal, mulheres que estiverem amamentando.
tais como desproporção cefalopélvica, discinesias, apresentação O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico
anômala, descolamento prematuro da placenta, pós-maturidade, e psicológico.
diabete materno, sofrimento fetal agudo ou crônico, placenta pré-
via total ou parcial, toxemia gravídica, prolapso do cordão umbilical.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras presentes no reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as regiões
condições desencadeadas pelo nascimento podem causar compli- da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido
cações – sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser da vulva para o ânus.
prestada. Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período puérpera a limpar a região com antisséptico, bem como estimular-
de transição, ficando vulnerável às pressões emocionais. Problemas -lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme pres-
que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansio- crição, visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos
sa em vista das responsabilidades com o novo membro da famí- de curetagem, preparar a sala para o procedimento.
lia (“Será que vou conseguir amamentá-lo? Por que o bebê chora A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a
tanto?”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o perda sanguínea. Nesse período, é comum a mulher referir cólicas.
bebê?”), o companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro
a atenção entre ele e o bebê?”) e a família (“Como dividir a atenção e globoide pela contração, formando o globo de segurança de Pi-
com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa?”). nard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura.
Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional, A total involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rá-
somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tris- pida na mulher sadia que teve parto normal e está em processo de
teza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e amamentação.
de si mesma - que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou
manifestações podem acontecer sem causa aparente, com dura- pequeno), aspecto (coloração, presença de coágulos, restos placen-
ção temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno tários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos,
requer a intervenção de profissionais capazes de sua detecção e deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação
tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera e e deambulação precoces.
proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados
orientações à família acerca da importância de seu apoio na supe- como sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro – até quatro dias);
ração deste quadro. serosanguinolentos (acastanhado – de 5 a 7 dias) e serosos (seme-
De acordo com as alterações físicas, o puerpério pode ser clas- lhantes à “salmoura” – uma a três semanas).
sificado em quatro fases distintas: imediato (primeiras 2 horas pós- A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência
-parto); mediato (da 2ª hora até o 10º dia pós-parto); tardio (do 11º de mortalidade materna, tendo como causas a atonia uterina, la-
dia até o 42º dia pós-parto) e remoto (do 42º dia em diante). cerações do canal vaginal e retenção de restos placentários. É im-
O puerpério imediato, também conhecido como quarto perío- portante procurar identificar os sinais de hemorragia – de quinze
do do parto, inicia-se com a involução uterina após a expulsão da em quinze minutos – e avaliar rotineiramente a involução uterina
placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa
infecção. complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo),
A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes lóquios em quantidades excessivas (contendo coágulos e escorren-
complicações. do num fio constante) e aumento das frequências respiratória e car-
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resis- díaca, com hipotensão.
tência à infecção causada por microrganismos encontrados no cor-
po. Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de in- deve avisar imediatamente a equipe, auxiliando na assistência para
fecções: o trabalho de parto prolongado com a bolsa amniótica reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilida-
rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioe- de de choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso
conômicas desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e venoso permeável para a administração de infusão e medicações;
história de doenças sexualmente transmissível não tratada. O parto bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massa-
cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal, geando-o suavemente para estimular as contrações, colher sangue
pois durante seu procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguí- para exames laboratoriais e prova cruzada, certificar-se de que no
neos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias existentes banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o
na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e da mulher - em caso de reposição - e preparar a puérpera para a
consequente diminuição da resistência favorecem o surgimento de intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário.
infecções. Complementando esta avaliação, também há verificação dos
Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da sinais vitais, considerando-se que a frequência cardíaca diminui
infecção, porém a hipertermia é frequente - em torno de 38º C ou para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto,
mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não involução ute- em vista da redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode
rina e alteração das características dos lóquios, com eliminação de indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor e até ansiedade.
secreção purulenta e fétida, e diarreia. A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva estar relacionada à perda de sangue excessivo e seu aumento é su-
identificar restos ovulares; nos casos necessários, deve-se proceder gestivo de hipertensão. É também importante observar o nível de
à curetagem. consciência da puérpera e a coloração das mucosas.
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avalian-
puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica correta de lavagem do a integridade, o edema e a episiorrafia; aplicar compressas de
das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. gelo nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo
Além disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os horas); e a alternar as mamas em cada mamada, retirando cuidado-
membros inferiores (edema e varizes) e oferecer líquidos e alimen- samente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas con-
tos sólidos à puérpera, caso esteja passando bem. dutas adotadas para o ingurgitamento mamário.
Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um -mastite - é um processo inflamatório que costuma se desen-
parto normal e mais os cuidados de um pós-operatório, observando volver após a alta e no qual os microrganismos penetram pelas
as características do curativo operatório. Se houver sangramento e/ rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é
ou queixas de dor, comunicar tal fato à equipe. dor, hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A
No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamento puérpera deve ser orientada a realizar os mesmos cuidados adota-
conjunto até a alta hospitalar. Neste setor, inicia os cuidados com o dos nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras.
bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enfermagem – o
que lhe possibilita uma assistência e orientação integral. Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada
No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar de às orientações sobre o retorno à atividade sexual, planejamento
enfermagem baseia-se em observar e registrar o estado geral da familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua
puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério vínculo empregatício) e importância da consulta de revisão de pós-
imediato, em intervalos mais espaçados. Deve também estimular -natal e puericultura.
a deambulação precoce e exercícios ativos no leito, bem como ob- A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencial-
servar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido mente, junto com a primeira avaliação da criança na unidade de
(incentivando o aleitamento materno), a aceitação da dieta e as ca- saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a as-
racterísticas das funções fisiológicas, em vista da possibilidade de sistência pré-natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto.
retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao
higiene íntima após cada eliminação e enfatizando a importância feto com base nos conhecimentos acumulados nos campos da obs-
da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne in- tetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessá-
fecções. rios os conhecimentos de um outro ramo do saber – a neonatologia.
O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente
de enfermagem desenvolver ações educativas, buscando valorizar definida como um ramo da medicina especializado no diagnóstico
as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange
atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa mais do que isso — engloba também o conhecimento da fisiologia
metodologia propicia a detecção de problemas diversos (emocio- dos neonatos e de suas características.
nais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera
e/ou família para uma tentativa de solução. Classificação dos Recém-Nascidos (RNS)
O profissional deve abordar assuntos com relação ao relaciona- Os RNs podem ser classificados de acordo com o peso, a idade
mento mãe-filho-família; estímulo à amamentação, colocando em gestacional (IG) ao nascer e com a relação entre um e outro.
prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e do A classificação dos RNs é de fundamental importância pois ao
bebê; curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, alimen- permitir a antecipação de problemas relacionados ao peso e/ou à
tação e hidratação adequada para a nutriz; uso de medicamentos IG quando do nascimento, possibilita o planejamento dos cuidados
nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo; im- e tratamentos específicos, o que contribui para a qualidade da as-
portância da deambulação para a involução uterina e eliminação de sistência.
flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.
A mama é o único órgão que após o parto não involui, enchen- Classificação de Acordo com o Peso
do- se de colostro até trinta horas após o parto. A apojadura, que A Organização Mundial de Saúde define como RN de baixo-pe-
consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto. so todo bebê nascido com peso igual ou inferior a 2.500 gramas.
A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos Como nessa classificação não se considera a IG, estão incluídos tan-
mamilos pelo bebê. to os bebês prematuros quanto os nascidos a termo.
As mamas também podem apresentar complicações:
-ingurgitamento mamário - em torno do 3º ao 7º dia pós-parto, Em nosso país, o número elevado de bebês nascidos com peso
a produção láctea está no auge, ocasionando o ingurgitamento ma- igual ou inferior a 2.500 gramas - baixo peso ao nascimento - cons-
mário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguin- titui- se em importante problema de saúde. Nesse grupo há um ele-
tes condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição vado percentual de morbimortalidade neonatal, devido à não dis-
adequada do recém-nascido durante a mamada; o uso do sutiã fir- ponibilidade de assistência adequada durante o pré-natal, o parto e
me e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre o puerpério e/ou pela baixa condição socioeconômica e cultural da
que as mamas estiverem cheias; família, o que pode acarretar graves consequências sociais.
-rachaduras e/ou fissuras - podem aparecer nos primeiros dias
de amamentação, levando a nutriz a parar de amamentar. Classificação de Acordo com a IG
Considera-se como IG ao nascer, o tempo provável de gestação
Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem até o nascimento, medido pelo número de semanas entre o primei-
deve orientar a mãe a manter a amamentação; incentivá-la a não ro dia da última menstruação e a data do parto.
usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas O tempo de uma gestação desde a data da última menstruação
ao sol por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15 até seu término é de 40 semanas. Sendo assim, considera-se:
a) RN prematuro - toda criança nascida antes de 37 semanas
de gestação;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b) RN a termo - toda criança nascida entre 37 e 42 semanas de rem dentro dos parâmetros de normalidade, temos a indicação de
gestação; que a criança se encontra em boas condições no que se refere a
c) RN pós-termo - toda criança nascida após 42 semanas de esses sistemas.
gestação. Os RNs são extremamente termolábeis, ou seja, têm dificulda-
de de manter estável a temperatura corporal, perdendo rapidamen-
Quanto menor a IG ao nascer, maior o risco de complicações e te calor para o ambiente externo quando exposto ao frio, molhado
a necessidade de cuidados neonatais adequados. ou em contato com superfícies frias. Além disso, a superfície corpo-
Se o nascimento antes do tempo acarreta riscos para a saúde ral dos bebês é relativamente grande em relação ao seu peso e eles
dos bebês, o nascimento pós-termo também. Após o período de têm uma capacidade limitada para produzir calor.
gestação considerado como fisiológico, pode ocorrer diminuição da A atitude e a postura dos RNs, nos primeiros dias de vida, re-
oferta de oxigênio e de nutrientes e os bebês nascidos após 42 se- fletem a posição em que se encontravam no útero materno. Por
manas de gestação podem apresentar complicações respiratórias e exemplo, os bebês que estavam em apresentação cefálica tendem a
nutricionais importantes no período neonatal. manter-se na posição fetal tradicional - cabeça fletida sobre o tron-
co, mãos fechadas, braços flexionados, pernas fletidas sobre as co-
Classificação de Acordo com a Relação Peso/IG xas e coxas, sobre o abdômen.
Essa classificação possibilita a avaliação do crescimento intrau- A avaliação da pele do RN fornece importantes informações
terino, uma vez que de acordo com a relação entre o peso e a IG os acerca do seu grau de maturidade, nutrição, hidratação e sobre a
bebês são classificados como: presença de condições patológicas.
a) adequados para a idade gestacional (AIG) – são os neonatos A pele do RN a termo, AIG e que se encontra em bom estado de
cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram entre as duas hidratação e nutrição, tem aspecto sedoso, coloração rosada (nos
curvas do gráfico. Em nosso meio, 90 a 95% do total de nascimentos RNs de raça branca) e/ou avermelhada (nos RNs de raça negra), tur-
são de bebês adequados para a IG; gor normal e é recoberta por vernix caseoso.
b) pequenos para a idade gestacional (PIG) - são os neonatos Nos bebês prematuros, a pele é fina e gelatinosa e nos bebês
cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram abaixo da primei- nascidos pós-termo, grossa e apergaminhada, com presença de
ra curva do gráfico. Esses bebês sofreram desnutrição intrauterina descamação — principalmente nas palmas das mãos, plantas dos
importante, em geral como consequência de doenças ou desnutri- pés — e sulcos profundos. Têm também turgor diminuído.
ção maternas. Das inúmeras características observadas na pele dos RNs desta-
c) grandes para a idade gestacional (GIG) - são os neonatos camos as que se apresentam com maior frequência e sua condição
cujas linhas referentes ao peso e a IG se encontram acima da se- ou não de normalidade.
gunda curva do gráfico. Frequentemente os bebês grandes para a a) Eritema tóxico - consiste em pequenas lesões avermelhadas,
IG são filhos de mães diabéticas ou de mães Rh negativo sensibili- emelhantes a picadas de insetos, que aparecem em geral após o 2º
zadas. dia de vida. São decorrentes de reação alérgica aos medicamentos
usados durante o trabalho de parto ou às roupas e produtos utiliza-
Características Anatomofisiológicas dos RNS dos para a higienização dos bebês.
Os RNs possuem características anatômicas e funcionais pró- b) Millium - são glândulas sebáceas obstruídas que podem es-
prias. tar presentes na face, nariz, testa e queixo sob a forma de pequenos
O conhecimento dessas características possibilita que a assis- pontos brancos.
tência aos neonatos seja planejada, executada e avaliada de for- c) Manchas mongólicas - manchas azuladas extensas, que apa-
ma a garantir o atendimento de suas reais necessidades. Também recem nas regiões glútea e lombossacra. De origem racial – apare-
permite a orientação aos pais a fim de capacitá-los para o cuidado cem em crianças negras, amarelas e índias - costumam desaparecer
após a alta. com o decorrer dos anos.
O peso dos bebês é influenciado por diversas condições asso- d) Petequeias - pequenas manchas arroxeadas, decorrentes de
ciadas à gestação, tais como fumo, uso de drogas, paridade e ali- fragilidade capilar e rompimento de pequenos vasos. Podem apare-
mentação materna. cer como consequência do parto, pelo atrito da pele contra o canal
do parto, ou de circulares de cordão — quando presentes na re-
Os RNs apresentam durante os cinco primeiros dias de vida uma gião do pescoço. Estão também associadas a condições patológicas,
diminuição de 5 a 10% do seu peso ao nascimento, chamada de perda como septicemia e doenças hemolíticas graves.
ponderal fisiológica, decorrente da grande eliminação de líquidos e re- e) Cianose - quando localizada nas extremidades (mãos e pés)
duzida ingesta.. Entre o 8º (RN a termo) e o 15º dia (RNs prematuros) de e/ ou na região perioral e presente nas primeiras horas de vida, é
vida pós-natal, os bebês devem recuperar o peso de nascimento. considerada como um achado normal, em função da circulação pe-
Estudos realizados para avaliação do peso e estatura dos RNs riférica, mais lenta nesse período. Pode também ser causada por
brasileiros, indicam as seguintes médias no caso dos neonatos a ter- hipotermia, principalmente em bebês prematuros. Quando genera-
mo: 3.500g/ 50cm para os bebês do sexo masculino e 3.280g/49,- lizada é uma ocorrência grave, que está em geral associada a distúr-
6cm para os do sexo feminino. Tais estudos mostraram também que bios respiratórios e/ou cardíacos.
a média do perímetro cefálico dos RNs a termo é de 34-35 cm. Já f) Icterícia - coloração amarelada da pele, que aparece e evo-
o perímetro torácico deve ser sempre 2- 3cm menor que o cefálico lui no sentido craniocaudal, que pode ter significado fisiológico ou
(Navantino, 1995). patológico de acordo com o tempo de aparecimento e as condições
Os sinais vitais refletem as condições de homeostase dos be- associadas. As icterícias ocorridas antes de 36 horas de vida são em
bês, ou seja, o bom funcionamento dos seus sistemas respiratório, geral patológicas e as surgidas após esse período são chamadas de
cardiocirculatório e metabólico; se os valores encontrados estive- fisiológicas ou próprias do RN.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

g) Edema - o de membros inferiores, principalmente, é encon- O tórax, de forma cilíndrica, tem como características principais
trado com frequência em bebês prematuros, devido as suas limi- um apêndice xifoide muito proeminente e a pequena espessura de
tações renais e cardíacas decorrentes da imaturidade dos órgãos. sua parede.
O edema generalizado (anasarca) ocorre associado à insuficiência Muitos RNs, de ambos os sexos, podem apresentar hipertrofia
cardíaca, insuficiência renal e distúrbios metabólicos. das glândulas mamárias, como consequência da estimulação hor-
monal materna recebida pela placenta. Essa hipertrofia é bilateral.
Os cabelos do RN a termo são em geral abundantes e sedosos; Quando aparece em apenas uma das glândulas mamárias, em
já nos prematuros são muitas vezes escassos, finos e algodoados. geral é consequência de uma infecção por estafilococos.
A implantação baixa dos cabelos na testa e na nuca pode estar
associada à presença de malformações cromossômicas. O abdômen também apresenta forma cilíndrica e seu diâmetro
Alguns bebês podem também apresentar lanugem, mais fre- é 2-3 cm menor que o perímetro cefálico. Em geral, é globoso e suas
quentemente observada em bebês prematuros. paredes finas possibilitam a observação fácil da presença de hérnias
As unhas geralmente ultrapassam as pontas dos dedos ou são umbilicais e inguinais, principalmente quando os bebês estão cho-
incompletas e até ausentes nos prematuros. rando e nos períodos após a alimentação.
Ao nascimento os ossos da cabeça não estão ainda completa- A distensão abdominal é um achado anormal e quando ob-
mente soldados e são separados por estruturas membranosas de- servada deve ser prontamente comunicada, pois está comumente
nominadas suturas. Assim, temos a sagital (situada entre os ossos associada a condições graves como septicemia e obstruções intes-
parietais), a coronariana (separa os ossos parietais do frontal) e a tinais.
lambdoide (separa os parietais do occipital). O coto umbilical, aproximadamente até o 4º dia de vida, apre-
Entre as suturas coronariana e sagital está localizada a grande senta- se com as mesmas características do nascimento - coloração
fontanela ou fontanela bregmática, que tem tamanho variável e só branca- azulada e aspecto gelatinoso. Após esse período, inicia-se
se fecha por volta do 18º mês de vida. Existe também outra fonta- o processo de mumificação, durante o qual o coto resseca e passa
nela, a lambdoide ou pequena fontanela, situada entre as suturas a apresentar uma coloração escurecida. A queda do coto umbilical
lambdoide e sagital. É uma fontanela de pequeno diâmetro, que em ocorre entre o 6° e o 15º dia de vida.
geral se apresenta fechada no primeiro ou segundo mês de vida. A observação do abdômen do bebê permite também a avalia-
A presença dessas estruturas permite a moldagem da cabeça ção do seu padrão respiratório, uma vez que a respiração do RN é
do feto durante sua passagem no canal do parto. Esta moldagem do tipo abdominal.
tem caráter transitório e é também fisiológica. Além dessas, outras A cada incursão respiratória pode-se ver a elevação e descida
alterações podem aparecer na cabeça dos bebês como consequên- da parede abdominal, com breves períodos em que há ausência de
cia de sua passagem pelo canal de parto. Dentre elas temos: movimentos.
a) Cefalematoma - derrame sanguíneo que ocorre em função Esses períodos são chamados de pausas e constituem um acha-
do do normal, pois a respiração dos neonatos tem um ritmo irregular.
Rompimento de vasos pela pressão dos ossos cranianos contra Essa irregularidade é observada principalmente nos prematuros.
a Estrutura da bacia materna. Tem consistência cística (amolecida A genitália masculina pode apresentar alterações devido à pas-
com a sensação de presença de líquidos), volume variável e não sagem de hormônios maternos pela placenta que ocasionam, com
atravessa as linhas das suturas, ficando restrito ao osso atingido. frequência, edema da bolsa escrotal, que assim pode manter-se até
Aparece com mais frequência na região dos parietais, são dolorosos vários meses após o nascimento, sem necessidade de qualquer tipo
à palpação e podem levar semanas para ser reabsorvidos. de tratamento.
A palpação da bolsa escrotal permite verificar a presença dos
b) Bossa serossanguínea - consiste em um edema do couro ca- testículos, pois podem se encontrar nos canais inguinais. A glande
beludo, com sinal de cacifo positivo cujos limites são indefinidos, está sempre coberta pelo prepúcio, sendo então a fimose uma con-
não respeitando as linhas das suturas ósseas. Desaparece nos pri- dição normal. Deve-se observar a presença de um bom jato urinário
meiros dias de vida. no momento da micção.
A transferência de hormônios maternos durante a gestação
Os olhos dos RN podem apresentar alterações sem maior signi- também é responsável por várias alterações na genitália feminina.
ficado, tais como hemorragias conjuntivais e assimetrias pupilares. A que mais chama a atenção é a genitália em couve-flor. Pela esti-
As orelhas devem ser observadas quanto à sua implantação mulação hormonal o hímen e os pequenos lábios apresentam-se
que deve ser na linha dos olhos. Implantação baixa de orelhas é um hipertrofiados ao nascimento não sendo recobertos pelos grandes
achado sugestivo de malformações cromossômicas. lábios. Esse aspecto está presente de forma acentuada nos prema-
No nariz, a principal preocupação é quanto à presença de turos.
atresia de coanas, que acarreta insuficiência respiratória grave. A É observada com frequência a presença de secreção vaginal, de
passagem da sonda na sala de parto, sem dificuldade, afasta essa aspecto mucoide e leitoso. Em algumas crianças pode ocorrer tam-
possibilidade. bém sangramento via vaginal, denominado de menarca neonatal
A boca deve ser observada buscando-se avaliar a presença de ou pseudomenstruação.
dentes precoces, fissura labial e/ou fenda palatina. Em relação ao ânus, a principal observação a ser feita diz res-
O pescoço dos RNs é em geral curto, grosso e tem boa mobi- peito à permeabilidade do orifício. Essa avaliação pode ser realizada
lidade. pela visualização direta do orifício anal e pela eliminação de me-
Diminuição da mobilidade e presença de massas indicam pato- cônio nas primeiras horas após o nascimento. Outro ponto impor-
logia, o que requer uma avaliação mais detalhada. tante refere-se às eliminações vesicais e intestinais. O RN elimina
urina várias vezes ao dia. A primeira diurese deve ocorrer antes de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

completadas as primeiras 24 horas de vida, apresentando, como a um novo epitélio, situado entre os epitélios originais, chamado
características, grande volume e coloração amarelo-clara. As pri- de terceira mucosa ou zona de transformação. Nessa região, pode
meiras fezes eliminadas pelos RNs consistem no mecônio, formado ocorrer obstrução dos ductos excretores das glândulas endocervi-
intrauterinamente, que apresenta consistência espessa e coloração cais subjacentes, dando origem a estruturas císticas sem significado
verde-escura. Sua eliminação deve ocorrer até às primeiras 48 ho- patológico, chamadas de Cistos de Naboth. É nessa zona em que
ras de vida. Quando a criança não elimina mecônio nesse período é se localizam mais de 90% das lesões cancerosas do colo do útero.
preciso uma avaliação mais rigorosa pois a ausência de eliminação
de mecônio nos dois primeiros dias de vida pode estar associada História Natural da Doença
a condições anormais (presença de rolha meconial, obstrução do O câncer do colo do útero é uma afecção progressiva iniciada
reto). com transformações intra-epiteliais progressivas que podem evo-
Com o início da alimentação, as fezes dos RNs vão assumindo luir para um processo invasor num período que varia de 10 a 20
as características do que se costuma denominar fezes lácteas ou anos.
fezes do leite. O colo do útero é revestido por várias camadas de células epi-
As fezes lácteas têm consistência pastosa e coloração que pode teliais pavimentosas, arranjadas de forma bastante ordenada. Essa
variar do verde, para o amarelo esverdeado, até a coloração ama- desordenação das camadas é acompanhada por alterações nas cé-
relada. Evacuam várias vezes ao dia, em geral após a alimentação. lulas que vão desde núcleos mais corados até figuras atípicas de
divisão celular. Quando a desordenação ocorre nas camadas mais
Referência:Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia
Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Edu- Intraepitelial Cervical Grau I - NIC I – Baixo Grau (anormalidades do
cação na Saúde. Projeto de profissionalização dos Trabalhadores da epitélio no 1/3 proximal da membrana).
Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enferma- Se a desordenação avança 2/3 proximais da membrana esta-
gem: cadernos do aluno: saúde da mulher, da criança e do adoles- mos diante de uma Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau II - NIC
cente / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e II – Alto Grau. Na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III - NIC III
da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação na – Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem
Saúde, Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de romper a membrana basal.
Enfermagem. - 2. Ed., 1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio A coilocitose, alteração que sugere a infecção pelo HPV, pode
de Janeiro: Fiocruz, 2003. estar presente ou não. Quando as alterações celulares se tornam
mais intensas e o grau de desarranjo é tal que as células invadem
Cadernos de Atenção Básica o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio, temos o
carcinoma invasor. Para chegar a câncer invasor, a lesão não tem,
Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama obrigatoriamente, que passar por todas essas etapas.

CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO Fatores de Risco Associados ao Câncer do Colo do Útero
Os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento
Anatomia e Fisiologia do Útero do câncer do colo do útero são:
O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está • Infecção pelo Papiloma Vírus Humano – HPV - sendo esse o
situado no abdome inferior, por trás da bexiga e na frente do reto e principal fator de risco;
é dividido em corpo e colo. Essa última parte é a porção inferior do • Início precoce da atividade sexual;
útero e se localiza dentro do canal vaginal. • Multiplicidade de parceiros sexuais;
O colo do útero apresenta uma parte interna, que constitui o • Tabagismo, diretamente relacionados à quantidade de cigar-
chamado canal cervical ou endocérvice, que é revestido por uma ros fumados;
camada única de células cilíndricas produtoras de muco - epitélio • Baixa condição sócio-econômica;
colunar simples. A parte externa, que mantém contato com a vagi- • Imunossupressão;
na, é chamada de ectocérvice e é revestida por um tecido de várias • Uso prolongado de contraceptivos orais;
camadas de células planas – epitélio escamoso e estratificado. En- • Higiene íntima inadequada
tre esses dois epitélios, encontra-se a junção escamocolunar – JEC -,
que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na endocérvice, Manifestações Clínicas
dependendo da situação hormonal da mulher. • O câncer do colo do útero é uma doença de crescimento len-
Na infância e no período pós-menopausa, geralmente, a JEC to e silencioso;
situa-se dentro do canal cervical. • Existe uma fase pré-clínica, sem sintomas, com transforma-
No período da menacme, fase reprodutiva da mulher, geral- ções intra-epiteliais progressivas importantes, em que a detecção
mente, a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora desse de possíveis lesões precursoras são por meio da realização periódi-
– ectopia ou eversão. ca do exame preventivo do colo do útero.
• Progride lentamente, por anos, antes de atingir o estágio in-
Vale ressaltar que a ectopia é uma situação fisiológica e por vasor da doença, quando a cura se torna mais difícil, se não impos-
isso a denominação de “ferida no colo do útero” é inapropriada. sível. Nessa fase os principais sintomas são sangramento vaginal,
Nessa situação, o epitélio colunar fica em contato com um am- corrimento e dor.
biente vaginal ácido, hostil à essas células. Assim, células subcilín-
dricas, de reserva, bipotenciais, por meio de metaplasia, se trans-
formam em células mais adaptadas – escamosas –, dando origem
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Linha de Cuidado Clínica


DESFECHO
Cura
Sequela
Morte

Informação e comunicação
Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de
trabalho seu papel social também foi se alterando rapidamente. A
mulher passou a ter mais poder, tanto aquisitivo, quanto de deci-
são, dentro da própria sociedade, onde já exercia um papel funda-
mental de modelo de comportamento para seus filhos.
Em decorrência de todas essas mudanças, a mulher tornou-
-se um dos alvos prediletos da publicidade da indústria do tabaco,
Promoção que passou a divulgar o cigarro como símbolo de emancipação e
Incentivo à mulher a adotar hábitos saudáveis de vida, ou seja, independência. Isso fez e continua fazendo com que o número de
estímulo à exposição aos fatores de proteção. Dicas que podem aju- fumantes, principalmente entre o sexo feminino, aumente na Amé-
dar na prevenção de várias doenças, inclusive do câncer: rica Latina.
• Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de cân- A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer
cer em pelo menos 40%. Comer mais frutas, legumes, verduras, ce- de colo de útero, menopausa precoce, em média dois anos antes,
reais e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados. A dieta dismenorréia e irregularidades menstruais.
deveria conter diariamente, pelo menos, cinco porções de frutas,
verduras e legumes. Dar preferência às gorduras de origem vegetal O que acontece?
como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, entre outros, Estatísticas revelam que os fumantes comparados aos não fu-
lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperatu- mantes apresentam um risco de:
ras. Evitar gorduras de origem animal – leite e derivados, carne de • 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão;
porco, carne vermelha, pele de frango, entre outros – e algumas • 5 vezes maior de sofrer infarto;
gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada. • 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pul-
• Atividade física regular, qualquer atividade que movimente monar;
seu corpo; • 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral.
• Evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas;
• Parar de fumar! Além desses riscos as mulheres fumantes devem saber que:
O uso de anticoncepcionais associado ao cigarro aumenta em
Tabagismo e a mulher 10 vezes o risco de sofrer derrame cerebral e infarto.
Uma das principais causas de mortes prematuras e incapacida-
des, o tabagismo representa um problema de saúde pública, não Grávidas fumantes aumentam o risco de:
somente nos países desenvolvidos como também em países em de- • Ter aborto espontâneo em 70%;
senvolvimento, como o Brasil. • Perder o bebê próximo ou depois ao parto em 30%;
O tabaco, em todas as suas formas, aumenta o risco de mortes • O bebê nascer prematuro em 40%;
prematuras e limitações físicas por doença coronariana, hiperten- • Ter um bebê com baixo peso em 200%.
são arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e
câncer. Mais informações sobre Tabagismo está disponível na página
Entre os tipos de câncer relacionados ao uso do tabaco in- eletrônica do Instituto Nacional de Câncer - INCA (www.inca.gov.
cluem-se os de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, br/tabagismo).
fígado, pâncreas, bexiga, rim e colo de útero.
Nascimento Detecção Precoce/Rastreamento
Promoção No Brasil, a principal estratégia utilizada para detecção preco-
Rastreamento, ce/rastreamento do câncer do colo do útero é a realização da coleta
Diagnóstico e de material para exames citopatológicos cervico-vaginal e microflo-
Tratamento ra, conhecido popularmente como exame preventivo do colo do
Precoces útero; exame de Papanicolaou; citologia oncótica; PapTest.
Diagnóstico A efetividade da detecção precoce associado ao tratamento
Tratamento e em seus estádios iniciais tem resultado em uma redução das taxas
Reabilitação de incidência de câncer invasor que pode chegar a 90%. De acor-
Cuidados Paliativos do com a OMS, quando o rastreamento apresenta boa cobertura
Exposição – 80% – e é realizado dentro dos padrões de qualidade, modifica
Amiental efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por esse câncer.
Fase Apesar das ações de prevenção e detecção precoce desenvol-
Pré-clínica vidas no Brasil, dentre elas o Programa Viva Mulher-Programa Na-
Fase cional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama, as taxas
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de incidência e mortalidade têm-se mantido praticamente inalteradas ao longo dos anos. Parte da manutenção das taxas podem estar
associadas ao aumento e a melhoria do diagnóstico que melhora a qualidade da informação e dos atestados de óbitos. Por sua vez, dentre
as causas, o diagnóstico tardio pode estar relacionado com:
1. A dificuldade de acesso da população feminina aos serviços de saúde;
2. A baixa capacitação de recursos humanos envolvidos na atenção oncológica, principalmente em municípios de pequeno e médio
porte;
3. A capacidade do sistema público em absorver a demanda que chega as unidades de saúde;
4. A dificuldade dos gestores municipais e estaduais em definir e estabelecer uma linha de cuidados que perpasse todos os níveis de
atenção - atenção básica, média complexidade e alta complexidade – e de atendimento - promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento,
reabilitação e cuidados paliativos.

Faixa Etária e Periodicidade para Realização do Exame Preventivo do Colo do Útero


A periodicidade de realização do exame preventivo do colo do útero, estabelecida pelo Ministério da Saúde do Brasil, em 1988, per-
manece atual e está em acordo com as recomendações dos principais programas internacionais.
O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25 a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais con-
secutivos negativos, a cada três anos.
Essa recomendação apóia-se na observação da história natural do câncer do colo do útero, que permite a detecção precoce de lesões
pré-malignas ou malignas e o seu tratamento oportuno, graças à lenta progressão que apresenta para doença mais grave.

Os estudos têm demonstrado que, na ausência de tratamento, o tempo mediano entre a detecção de HPV, NIC I e o desenvolvimento
de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para NIC II esse tempo é de 38 meses e, para NIC III, de 12 meses. Em geral, estima-se que
a maior parte das lesões de baixo grau regredirá espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau não tratadas evolui-
rão para câncer invasor em um período médio de 10 anos. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos calcula que
somente 10% dos casos de carcinoma in situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que 30% a 70% terão evoluído
decorridos 10 a 12 anos, caso não seja oferecido tratamento.
Segundo a OMS, estudos quantitativos têm demonstrado que, nas mulheres entre 35 a 64 anos, depois de um exame citopatológico
do colo do útero negativo, um exame subseqüente pode ser realizado a cada três anos, com a mesma eficácia da realização anual. Con-
forme apresentado abaixo, a expectativa de redução percentual no risco cumulativo de desenvolver câncer, após um resultado negativo,
é praticamente a mesma, quando o exame é realizado anualmente – redução de 93% do risco – ou quando ele é realizado a cada 3 anos
– redução de 91% do risco.
Efeito protetor do rastreamento para câncer do colo do útero de acordo com o intervalo entre os exames, em mulheres de 35 a 64
anos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No Brasil observa-se que, a maior parte do exame preventivo do colo do útero, é realizada em mulheres com menos de 35 anos, pro-
vavelmente naquelas que comparecem aos serviços de saúde para cuidados relativos à natalidade. Isso leva a subaproveitar a rede, uma
vez que não estão sendo atingidas as mulheres na faixa etária de maior risco.
A identificação das mulheres na faixa etária de maior risco, especialmente aquelas que nunca realizaram exame na vida, é o objetivo
da captação ativa. As estratégias devem respeitar as peculiaridades regionais envolvendo lideranças comunitárias, profissionais de saúde,
movimentos de mulheres, meios de comunicação entre outros.
Em relação às mulheres acima da faixa etária recomendada, torna–se imperativo que sejam levados em consideração: (1) os fatores
de risco, (2) a freqüência de realização dos exames, (3) os resultados dos exames anteriores. A freqüência do rastreamento deverá ser para
cada caso individualizado. É fundamental que a equipe de saúde incorpore na atenção às mulheres no climatério, orientação sobre o que
é e qual a importância do exame preventivo do colo do útero, pois a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por câncer do
colo do útero na população de risco.

Idade média da incidência máxima das lesões

Situações Especiais
Mulher grávida: não se deve perder a oportunidade para a realização do rastreamaento. Pode ser feito em qualquer período da ges-
tação, preferencialmente até o 7º mês. Não está contra-indicada a realização do exame em mulheres grávidas, a coleta deve ser feita com
a espátula de Ayre e não usar escova de coleta endocervical. Mulheres virgens: a coleta em virgens não deve ser realizada na rotina. A
ocorrência de condilomatose genitália externa, principalmente vulvar e anal, é um indicativo da necessidade de realização do exame do
colo, devendo-se ter o devido cuidado e respeitando a vontade da mulher.

Mulheres submetidas a histerectomia:


• Histerectomia total recomenda–se a coleta de esfregaço de fundo de saco vaginal.
• Histerectomia subtotal: rotina normal

Mulheres com DST: devem ser submetidas à citopatologia mais frequentemente pelo seu maior risco de serem portadoras do câncer
do colo do útero ou de seus precursores. Já as mulheres com condilomas em genitália externa não necessitam de coletas mais freqüentes do que
as demais, salvo em mulheres imunossuprimidas.
Nas ocasiões em que haja mais de 12 meses do exame citopatológico:
• A coleta deverá ser realizada assim que a DST for tratada;
• A coleta também deve ser feita quando a mulher não souber informar sobre o resultado do exame anterior, seja por desinformação
ou por não ter buscado seu resultado. Se possível, fornecer cópia ou transcrição do resultado desse exame à própria mulher. Nos casos
dos serviços que dispuserem de documentos específicos como a Agenda da Mulher, os resultados devem ser registrados nos espaços
indicados.

É necessário ressaltar que a presença de colpites, corrimentos ou colpocervicites pode comprometer a interpretação da citopatologia.
Nesses casos, a mulher deve ser tratada e retornar para coleta do exame preventivo do câncer do colo do útero (conforme exposto na
abordagem sobres as DST).
Se for improvável o seu retorno, a oportunidade da coleta não deve ser desperdiçada. Nesse caso, há duas situações:
1. Quando é possível a investigação para DST, por meio do diagnóstico bacteriológico, por exemplo bacterioscopia, essa deve ser feita inicialmen-
te. A coleta para exame citopatológico deve ser feita por último.
2. Nas situações em que não for possível a investigação, o excesso de secreção deve ser retirado com algodão ou gaze, embebidos em
soro fisiológico e só então deve ser procedida a coleta para o exame citopatológico.

A presença do processo inflamatório intenso prejudica a qualidade da amostra. O tratamento dos processos inflamatórios/DST dimi-
nuem o risco de insatisfatoriedade da lâmina.

Coleta do Material para o Exame Preventivo do Colo do Útero


É uma técnica de coleta de material citológico do colo do útero, sendo coletada uma amostra da parte externa, ectocérvice, e outra
da parte interna, endocérvice. Para a coleta do material, é introduzido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação da
superfície externa e interna do colo por meio de uma espátula de madeira e de uma escovinha endocervical.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Uma adequada coleta de material é de suma importância para • Lâminas de vidro com extremidade fosca;
o êxito do diagnóstico. O profissional de saúde deve assegurar–se • Espátula de Ayre
de que está preparado para realizá-lo e de que tem o material ne- • Escova endocervical
cessário para isso. A garantia da presença de material em quantida- • Par de luvas para procedimento;
des suficientes é fundamental para o sucesso da ação. • Pinça de Cherron;
Recomendações prévias a mulher para a realização da coleta • Solução fixadora, álcool a 96% ou Polietilenoglicol líquido ou
do exame preventivo do colo de útero Spray de Polietilenoglicol;
Para realização do exame preventivo do colo do útero e a fim • Gaze;
de garantir a qualidade dos resultados recomenda-se: • Recipiente para acondicionamento das lâminas, mais ade-
• Não utilizar duchas ou medicamentos vaginais ou exames in- quado para o tipo de solução fixadora adotada pela Unidade, tais
travaginais, como por exemplo a ultrassonografia, durante 48 horas como: frasco porta-lâmina, tipo tubete, ou caixa de madeira ou
antes da coleta; plástica para transporte de lâminas;
• Evitar relações sexuais durante 48 horas antes da coleta; • Formulários de requisição do exame citopatológico;
• Anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anterio- • Fita adesiva de papel para a identificação dos frascos;
res ao exame. • Lápis grafite ou preto nº2;
• O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a pre- • Avental/ camisola para a mulher. Os aventais devem ser, pre-
sença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. Aguarda o 5° ferencialmente, descartáveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser
dia após o término da menstruação. Em algumas situações particula- desprezadas em local apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser
res, como em um sangramento anormal, a coleta pode ser realizada. encaminhados à rouparia para lavagem, segundo rotina da Unidade
Básica de Saúde;
Por vezes, em decorrência do déficit estrogênico, a visibiliza- • Lençóis: Os lençóis devem ser preferencialmente descar-
ção da junção escamo-colunar e da endocérvix pode encontrar-se táveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser desprezados em local
prejudicada, assim como pode haver dificuldades no diagnóstico ci- apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser encaminhados à rou-
topatológico devido à atrofia do epitélio. Uma opção seria o uso de paria para lavagem e esterilização;
cremes de estrogênio intravaginal, de preferência o estriol, devido
à baixa ocorrência de efeitos colaterais, por 07 dias antes do exame, b) Preenchimento dos dados nos formulários para requisição de
aguardando um período de 3 a 7 dias entre a suspensão do creme e exame citopatológico – colo do útero
a realização do preventivo. É de fundamental importância o correto preenchimento do for-
Na impossibilidade do uso do creme, a estrogenização pode ser mulário de requisição do exame citopatológico – colo do útero, pois
por meio da administração oral de estrogênios conjugados por 07 a a falta ou os dados incompletos poderá comprometer por completo
14 dias - 0,3 mg /dia -, a depender da idade, inexistência de contra- a coleta do material, o acompanhamento, o tratamento e outras
-indicações e grau de atrofia da mucosa. ações de controle do câncer do colo do útero, conforme anexo 4.

Fases que antecedem a coleta c) Preparação da Lâmina


a) Organização do material, ambiente e capacitação da equipe A lâmina e o frasco que serão utilizados para colocar o material
de saúde: a ser examinado devem ser preparados previamente:
• O uso de lâmina com bordas lapidadas e extremidade fosca
Equipe de Saúde capacitada é obrigatório;
Além da preocupação inicial com o acolhimento, é fundamen- • Identificar a lâmina escrevendo as iniciais do nome da mulher
tal a capacitação da equipe de saúde para a realização da coleta e e o seu número de registro daUnidade, com lápis preto nº2 ou gra-
no fornecimento das informações pertinentes às ações do controle fite, na extremidade fosca, previamente a coleta;
do câncer do colo do útero. • Identificar a caixa do porta-lâmina.
Consultório equipado para a realização do exame ginecológico: • Não usar caneta hidrográfica, esferográfica, etc., pois leva à
• Mesa ginecológica; perda da identificação do material. Essas tintas se dissolvem duran-
• Escada de dois degraus; te o processo de coloração das lâminas no laboratório
• Mesa auxiliar;
• Foco de luz com cabo flexível; Manter os frascos de acondicionamentos, fechados permanen-
• Biombo ou local reservado para troca de roupa; temente a não ser na hora de inserir as lâminas. No preparo da
• Cesto de lixo; lâmina ver se ela está limpa sem a presença de artefatos, caso ne-
• Espaço físico adequado. cessário limpar com gaze.

Material necessário para coleta CONTROLE DO CÂNCER DA MAMA


Espéculo de tamanhos variados - pequeno, médio, grande e As mamas são constituídas de gordura, tecido conectivo e te-
para virgem - devem ser preferencialmente descartáveis - instru- cido glandular que contém lóbulos e ductos. Os lóbulos são as es-
mental metálico deve ser esterilizado de acordo com as normas truturas anatômicas onde o leite é produzido. Uma rede de ductos
vigentes; conecta os lóbulos ao mamilo.
• Balde com solução desincrostante em caso de instrumental
não descartável;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fatores de Risco
• História familiar é um importante fator de risco para o câncer
de mama, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau
(mãe ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de idade;
Entretanto, o câncer de mama de caráter familiar corresponde
a aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama;
• A idade constitui um outro importante fator de risco, haven-
do um aumento rápido da incidência com o aumento da idade;
• A menarca precoce (idade da primeira menstruação);
• A menopausa tardia (instalada após os 50 anos de idade);
• A ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos;
• A nuliparidade;
• Ainda é controvertida a associação do uso de contraceptivos
orais com o aumento do risco para o câncer de mama, apontando
para certos subgrupos de mulheres como as que usaram contracep-
tivos orais de dosagens elevadas de estrogênio, as que fizeram uso
Raramente uma mama é do mesmo tamanho da outra, po- da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional
dendo apresentar-se de forma diferente de acordo com o período em idade precoce, antes da primeira gravidez.
menstrual. O tecido mamário se estende (sob a pele) até a região
da axila. Um sistema de linfonodos é responsável pela drenagem São definidos como grupos populacionais com risco elevado
linfática da mama, principalmente os linfonodos axilares e da ca- para o desenvolvimento do câncer de mama:
deia mamária interna. • Mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente
de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
Câncer da Mama mama, abaixo dos 50 anos de idade;
O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mu-
lheres, devido à sua alta frequência e, sobretudo pelos seus efeitos • Mulheres com história familiar de pelo menos um parente
psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
imagem pessoal. mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
• Mulheres com história familiar de câncer de mama mascu-
Esse tipo de câncer representa nos países ocidentais, uma das lino;
principais causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam o • Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária
aumento de sua frequência tantos nos países desenvolvidos quanto proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.
nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumen- Sintomas
to de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Re- Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tu-
gistros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes. O mor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir
câncer de mama permanece como o segundo tipo de câncer mais alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou re-
frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres. trações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Podem
Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom também surgir nódulos palpáveis na axila.
prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas
de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil, Prevenção Primária
muito provavelmente porque a doença ainda seja diagnosticada em Embora tenham sido identificados alguns fatores ambientais
estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após ou comportamentais associados a um risco aumentado de desen-
cinco anos é de 61%. volver o câncer de mama, estudos epidemiológicos não fornecem
evidências conclusivas que justifiquem a recomendação de estraté-
História Natural gias específicas de prevenção. É recomendável que alguns fatores
Desde o início da formação do câncer até a fase em que ele de risco, especialmente a obesidade e o tabagismo, sejam alvo de
pode ser descoberto pelo exame físico (tumor subclínico) isto é, a ações visando à promoção à saúde e a prevenção das doenças crô-
partir de 1 cm de diâmetro, passam-se, em média,10 anos. nicas não transmissíveis, em geral.
Estima-se que o tumor de mama duplique de tamanho a cada Não há consenso de que a quimioprofilaxia deva ser recomen-
período de 3-4 meses. No início da fase subclínica (impalpável), dada às mulheres assintomáticas, independente de pertencerem
tem-se a impressão de crescimento lento, porque as dimensões das a grupos com risco elevado para o desenvolvimento do câncer de
células são mínimas. Porém, depois que o tumor se torna palpável, mama.
a duplicação é facilmente perceptível. Se não for tratado, o tumor
desenvolve metástases (focos de tumor em outros órgãos), mais Detecção Precoce
comumente para os ossos, pulmões e fígado. Em 3-4 anos do des- Quanto mais cedo for feito o diagnóstico de câncer maior a
cobrimento do tumor pela palpação, ocorre o óbito. probabilidade de cura. Rastreamento significa detectar a doen-
ça em sua fase pré-clínica enquanto diagnóstico precoce significa
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

identificar câncer da mama em sua fase clínica precoce. As ações palmas das mãos comprimidas umas contra as outras (inspeção di-
de diagnóstico precoce consistem no exame clínico da mama por nâmica). Alguns autores recomendam que se faça a inspeção visual
um profissional de saúde treinado. As ações de rastreamento im- ao mesmo tempo em que se realiza a palpação das mamas.
plementadas no País preconizam a mamografia bilateral em deter- A palpação consiste em utilizar os dedos para examinar todas
minados grupos de mulheres. as áreas do tecido mamário e linfonodos.
Para palpar os linfonodos axilares e supraclaviculares a pacien-
Recomendações para Detecção Precoce te deverá estar sentada. Para palpar as mamas é necessário que a
paciente esteja deitada (decúbito dorsal). Na posição deitada a mão
Recomendações para o rastreamento de mulheres assintomá- correspondente a mama a ser examinada deve ser colocada sobre
ticas a cabeça de forma a realçar o tecido mamário sobre o tórax. Toda
• Exame Clínico das Mamas: para todas as mulheres a partir a mama deve ser palpada utilizando-se de um padrão vertical de
dos 40 anos de idade, com periodicidade anual. palpação.
A palpação deve ser iniciada na axila. No caso de uma mulher
Esse procedimento é ainda compreendido como parte do aten- mastectomizada a palpação deve ser feita na parede do tórax, pele
dimento integral à saúde da mulher, devendo ser realizado em to- e incisão cirúrgica
das as consultas clínicas, independente da faixa etária. Cada área de tecido deve ser examinada e três níveis de pres-
• Mamografia: para mulheres com idade entre 50 a 69 anos de são devem ser aplicados em sequência: leve, média e profunda, cor-
idade, com intervalo máximo de 2 anos entre os exames. respondendo ao tecido subcutâneo, ao nível intermediário e mais
• Exame Clínico das Mamas e Mamografia Anual: para mulhe- profundamente à parede torácica. Devem-se realizar movimentos
res a partir de 35 anos de idade, pertencentes a grupos populacio- circulares com as polpas digitais do 2º, 3º e 4º dedos da mão como
nais com risco elevado de desenvolver câncer de mama. se tivesse contornando as extremidades de uma moeda. A região
• Garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento da aréola e da papila (mamilo) deve ser palpada e não comprimida.
para todas as mulheres com alterações nos exames realizados. Somente descarga papilar espontânea merece ser investigada.
Duas características fundamentais do ECM são a interpretação
Exame Clínico das Mamas (ECM) e a descrição dos achados encontrados. Assim como a realização do
Exame Clínico das Mamas (ECM) é um procedimento realizado ECM, não existe um padrão para interpretar e descrever os acha-
por um médico ou enfermeiro treinado para esta ação. No exame dos do ECM. Esta não uniformização da interpretação e descrição
podem ser identificadas alterações na mama e, se for indicado, se- dos achados limitam o seu potencial em direcionar para novas ava-
rão realizados exames complementares. O ECM é realizado com a liações e proporcionar o tratamento precoce do câncer da mama.
finalidade de detectar anormalidades na mama ou avaliar sintomas Como aconteceu com a mamografia, a padronização da interpre-
referidos por pacientes e assim encontrar cânceres da mama pal- tação e descrição dos achados pode resultar em efeitos positivos
páveis num estágio precoce de evolução. Alguns estudos científicos para o ECM.
mostram que 5% dos cânceres da mama são detectados por ECM De uma forma geral, os resultados do ECM podem ser interpre-
em pacientes com mamografia negativa, benigna ou provavelmente tados de duas formas: normal ou negativo, caso nenhuma anorma-
benigna. O ECM também é uma boa oportunidade para o profissio- lidade seja identificada pela inspeção visual e palpação, e anormal,
nal de saúde educar a população feminina sobre o câncer da mama, caso achados assimétricos necessitem de avaliação posterior e pos-
seus sintomas, fatores de risco, detecção precoce e sobre a compo- sível encaminhamento para especialista (referência). A descrição
sição e variabilidade da mama normal. do ECM deve seguir o mesmo roteiro do exame propriamente dito:
As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus inspeção, palpação dos linfonodos e palpação das mamas.
detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a pal-
pação das mamas e dos linfonodos (axilares e supraclaviculares). Mamografia
Ao contrário das recomendações de como realizar um ECM, poucos A mamografia é a radiografia da mama que permite a detecção
estudos analisam como reportar os achados dos exames. precoce do câncer, por ser capaz de mostrar lesões em fase inicial,
A inspeção visual pretende identificar sinais de câncer da muito pequenas (de milímetros). É realizada em um aparelho de
mama. Sinais precoces do câncer da mama são achatamentos dos raio X apropriado, chamado mamógrafo. Nele, a mama é compri-
contornos da mama, abaulamentos ou espessamentos da pele das mida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor
mamas. capacidade de diagnóstico. O desconforto provocado é discreto e
É importante o examinador comparar as mamas para identificar suportável.
grandes assimetrias e diferenças na cor da pele, textura, tempera- Estudos sobre a efetividade da mamografia sempre utilizam o
tura e padrão de circulação venosa. O acrônimo BREAST (em inglês) exame clínico como exame adicional, o que torna difícil distinguir a
significando B – massa na mama (breast mass), R – retração (re- sensibilidade do método como estratégia isolada de rastreamento.
traction), E-edema (edema), A-linfonodos axilares (axillary nodes), A sensibilidade varia de 46% a 88% e depende de fatores tais como:
S-ferida no mamilo (scaly nipple) e T-sensibilidade na mama (tender tamanho e localização da lesão, densidade do tecido mamário (mu-
breast) podem ajudar na memorização das etapas na inspeção vi- lheres mais jovens apresentam mamas mais densas), qualidade dos
sual. A mulher pode se manter sentada com os braços pendentes ao recursos técnicos e habilidade de interpretação do radiologista. A
lado do corpo, com os braços levantados sobre a cabeça ou com as especificidade varia entre 82%, e 99% e é igualmente dependente
da qualidade do exame.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os resultados de ensaios clínicos randomizados que comparam • Orientação das mulheres com exame clínico das mamas nor-
a mortalidade em mulheres convidadas para rastreamento mamo- mal e de baixo risco para o acompanhamento de rotina.
gráfico com mulheres não submetidas a nenhuma intervenção são
favoráveis ao uso da mamografia como método de detecção preco- Unidade de Referência de Média Complexidade
ce capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama. É a unidade de média complexidade no SUS e funciona como
As conclusões de estudos de meta-análise demonstram que os referência para o encaminhamento das mulheres com resultados
benefícios do uso da mamografia se referem, principalmente, a cer- alterados. Este nível exige a presença de profissionais treinados
ca de 30% de diminuição da mortalidade em mulheres acima dos para realizarem a investigação diagnóstica dos casos suspeitos de
50 anos, depois de sete a nove anos de implementação de ações câncer de mama, tais como, mamografia, biópsia por agulha grossa,
organizadas de rastreamento. punção por agulha fina. Assim como para o tratamento de lesões
benignas mamárias.
Padronização dos laudos mamograficos - BI-RADS
O objetivo do BI-RADS consiste na padronização dos laudos Unidade de Alta Complexidade - UNACON ou CACON
mamográficos levando em consideração a evolução diagnóstica e É a unidade de alta complexidade no SUS que realiza exames
a recomendação da conduta, não devendo se esquecer da história e tratamentos especializados. Neste nível é realizado o tratamento
clínica e do exame físico da mulher. das mulheres diagnosticadas com câncer de mama, assim como o
No Congresso Americano de Radiologia, em dezembro de 2003 tratamento do câncer em estágios que envolvam procedimentos ci-
(RSNA), em Chicago, foi divulgado a 4ª edição do BI-RADS (Breast rúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos.
Imaging and Reporting Data System Mammography). O BI-RADS Com base nas Portarias MS/GM nº 2439 de 08 de dezembro
é um trabalho entre membros de vários Departamentos do Insti- de 2005 que institui a Política Nacional de Atenção Oncológica e a
tuto Nacional do Câncer, de Centros de Controle e Prevenção da Portaria MS/SAS nº 741 de 19 de dezembro de 2005 que defini as
Patologia Mamária, da Administração de Alimentos e Drogas, da Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNA-
Associação Medica Americana, do Colégio Americano de Radiolo- CON), os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncolo-
gia, do Colégio Americano de Cirurgiões e do Colégio Americano de gia (CACON) e os Centros de Referência de Alta Complexidade em
Patologistas, por conseguinte todas essas Instituições ajudaram na Oncologia e suas aptidões e qualidades.
elaboração do BI-RADS.
Considerações Sobre Auto-Exame das Mamas (AEM)
Níveis de Atendimento O Auto-exame das Mamas (AEM) não vem se mostrando efe-
tivo em diminuir a mortalidade nos programas de detecção preco-
Unidade Básica de Saúde ce quando utilizado isoladamente. Este exame, entretanto, ajuda a
A Unidade Básica de Saúde deve estar organizada para receber mulher a conhecer melhor o seu próprio corpo. Uma vez observa-
e realizar o exame clínico das mamas das mulheres, solicitar exames da alguma alteração, a mulher deverá procurar o serviço de saúde
mamográficos nas mulheres com situação de risco, receber resul- mais próximo de sua residência para ser avaliada por um profissio-
tados e encaminhar aquelas cujo resultado mamográfico ou cujo nal de saúde.
exame clínico indiquem necessidade de maior investigação. O AEM sistemático das mamas tem sido recomendado desde a
As atividades abaixo descritas devem ser também realizadas década de 30 e foi incorporado nas políticas da saúde pública norte
nesse nível de atendimento pela equipe de saúde: – americanas desde os anos 50. Considerando-se que até 90% dos
• Reuniões educativas sobre câncer, visando à mobilização e casos de câncer de mama são detectados pelas próprias mulheres,
conscientização para o cuidado com a própria saúde; à importân- pode-se deduzir que a promoção do AEM seja uma estratégia eficaz
cia da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama; à para sua detecção.
quebra dos preconceitos; à diminuição do medo da doença e à im- Embora já tenham sido realizados mais de 30 estudos não ran-
portância de todas as etapas do processo de detecção precoce; não domizados sobre o uso do AEM para o rastreamento do câncer de
deixar de enfatizar o retorno para busca do resultado e tratamentos mama, não há evidências científicas incontestáveis de que sua prá-
necessários; tica promova a redução da mortalidade por este câncer. Diversos
• Busca ativa na população alvo, das mulheres que nunca rea- estudos de tipo caso-controle apontaram para uma leve redução na
lizaram o ECM; mortalidade em pacientes submetidas ao AEM, enquanto estudos
• Busca ativa na população alvo, de mulheres para a realização de coorte e ensaios clínicos não suportaram esses achados.
de mamografia; Em um ensaio clínico não randomizado, iniciado em 1973 na
• Encaminhamento a Unidade de Referência dos casos suspei- Inglaterra pelo “UK Early Detection of Breast Câncer Study Group”,
tos de câncer de mama; não foi constatada redução nas taxas de mortalidade por este cân-
• Encaminhamento das mulheres com exame clínico das ma- cer. Há apenas dois ensaios clínicos randomizados que avaliariam o
mas alterado, para Unidade de Referência; impacto do AEM sobre a mortalidade por câncer de mama. O pri-
• Busca ativa das mulheres que foram encaminhadas a Unidade meiro foi iniciado em 1985, em Moscou e São Petersburgo, enquan-
de Referência e não compareceram para o tratamento; to o segundo teve início em 1989, em Xangai.
• Busca ativa das mulheres que apresentaram laudo mamo-
gráfico suspeito para malignidade e não retornaram para buscar o Ambos envolveram um grande número de mulheres que foram
resultado; meticulosamente treinadas e receberam reforços para garantir o
aprendizado da técnica. Após um seguimento de 5 a 10 anos, am-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

bos apontaram para a ineficácia do AEM em reduzir a mortalidade pelo câncer de mama. Em outubro de 2002, a publicação dos resultados
finais deste último ensaio clínico confirmou as observações anteriores, concluindo-se pela incapacidade do AEM em alterar as taxas de
mortalidade pelo câncer de mama.
Uma síntese destes estudos é apresentada na tabela.

Síntese dos estudos experimentais sobre a eficácia do AEM na redução da mortalidade por câncer de mama:

Embora a sensibilidade do AEM nunca tenha sido formalmente avaliada, estimativas indicam que cada 100 casos de câncer de mama,
o AEM detecta 26, o ECM (Exame Clínico das Mamas) detecta 45 e a MMG (Mamografia) 71.
Apesar de não haver evidência direta de que o AEM efetivamente reduza a mortalidade por câncer de mama, é importante que as
mulheres mantenham-se atentas às alterações em suas mamas e reportem qualquer alteração ao profissional de saúde. Recomenda-se,
desta forma, a efetividade potencial do estímulo à sua prática como estratégia complementar.
Embora as mulheres, individualmente, possam ver a realização do AEM como parte de seu autocuidado, as recomendações para
profissionais de saúde devem enfatizar que não há evidências científicas de que o AEM reduza a mortalidade por câncer de mama e que
do ponto de vista ético deve-se otimizar a utilização dos recursos públicos em ações coletivas de eficácia comprovada”- (Revista Brasileira
de Cancerologia, 2003, 49 (4): 227-238).

Linfedema
O linfedema é a principal complicação decorrente do tratamento cirúrgico para o câncer de mama, acarretando importantes altera-
ções físicas, psicológicas e sociais, que comprometem a qualidade de vida das mulheres. Pode ser definido como todo e qualquer acúmulo
de líquido, altamente protéico, nos espaços interticiais, seja ele devido à falhas de transporte, por alterações da carga linfática, por defi-
ciência de transporte ou por falha da proteólise extralinfática (Mayall,2000).
Local do Estudo
Ano do Início Faixa Etária Número de
Mulheres % de Participação
Tempo de Seguimento
RR de morte por Câncer de mama (IC 95%)
INGLATERRA 1979 45-64 anos 253.219 30-53% 9 a 9,8 anos 1,07 (0,93-1,22)
XANGAI 1989 31-64 anos 266.064 98% 5 anos 1,04 (0,82-1,33)
RÚSSIA 1985 40-64 anos 120.310 76,4% 10 anos 0,95 (0,76 – 1,19)

Prevenção
A prevenção do linfedema pode ser conseguida por meio de uma série de cuidados, que se iniciam a partir do diagnóstico de câncer
de mama. As cirurgias devem ser o mais conservadoras possíveis, e o linfonodo sentinela pode representar um importante aliado na di-
minuição do linfedema. A radioterapia axilar deve ser restrita a casos em que há um extenso comprometimento ganglionar, sendo a dose
limitada a 45 – 50 Gy. As pacientes obesas devem ser incentivadas a restringir o peso corporal.
Após o tratamento cirúrgico, as pacientes devem ser orientadas sobre os cuidados com a pele e o membro superior homolateral ao
câncer de mama, a fim de evitar possíveis traumas e ferimentos. Os cuidados, entretanto, devem ser repassados de forma bastante tran-
qüila para que não haja um sentimento de incapacidade e impotência física. As orientações com relação à vida doméstica, a profissional
e de lazer devem ser direcionadas às rotinas das pacientes e condutas alternativas devem ser ensinadas quando forem realmente neces-
sárias.
As mulheres devem ter conhecimento sobre os sinais e sintomas iniciais dos processos infecciosos e do linfedema, para que comuni-
quem o profissional assistente e uma correta conduta terapêutica seja implantada. A equipe de saúde deve estar preparada para diagnos-
ticar e intervir precocemente.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Orientações após linfadenectomia axilar


As mulheres devem ser informadas em relação aos cuidados com o membro superior homolateral à cirurgia, visando prevenir qua-
dros infecciosos e linfedema. Entretanto, deve-se tomar o cuidado para não provocar sensação de incapacidade e impotência funcional.
Elas devem ser encorajadas a retornarem as atividades de vida diária e devem ser informadas sobre as opções para os cuidados pessoais.
Recursos fisioterapêuticos que produzam calor, tais como infravermelho, ultra-som, ondas curtas, microondas, forno de Bier, compres-
sas quentes, turbilhão, parafina entre outros, devem ser evitados nas áreas de drenagem para a axila homolateral, devido ao aumento do
risco de desenvolvimento de linfedema. Nas regiões distantes, desde que não haja neoplasia em atividade, os recursos podem ser reali-
zados seguindo as devidas precauções.

Procedimentos após linfadenectomia axilar

EVITAR
• Micoses nas unhas e no braço;
• Traumatismos cutâneos (cortes, arranhões, picadas de inseto, queimaduras, retirar cutícula e depilação da axila);
• Banheiras e compressas quentes, saunas e exposição solar;
• Apertar o braço do lado operado (blusas com elástico; relógios, anéis e pulseiras apertadas; aferir a pressão arterial);
• Receber medicações por via subcutânea, intramuscular e endovenosa e coleta de sangue;
• Movimentos bruscos, repetidos e de longa duração;
• Carregar objetos pesados no lado da cirurgia.
• Deitar sobre o lado operado

FAZER
• Manter a pele hidratada e limpa;
• Usar luvas de proteção ao fazer as atividades do lar (cozinhar, jardinagem, lavar louça e contato com produtos químicos);
• Durante a execução de atividades, promova intervalos para descanso;
• Ao fazer a unha do lado operado, utilize removedor de cutículas;
• Para retirada de pelo da axila do lado operado, utilize cremes depilatórios, tesoura ou máquina de cortar cabelo;
• Ficar atenta aos sinais de infecção no braço (vermelhidão, inchaço, calor local);
• Durante viagens aéreas, usar malha compressiva.

Diagnóstico
Na maioria das vezes, a presença do linfedema é verificada por intermédio do diagnóstico clínico.
Os exames complementares como tonometria, ressonância magnética, ultra-sonografia e linfocintigrafia, são utilizados quando se
objetiva verificar a eficácia de tratamentos ou para analisar patologias associadas.

Tratamento fisioterapêutico
O tratamento do linfedema está baseado em técnicas já bem aceitas e descritas na literatura mundial.
Este tratamento consiste de várias técnicas que atuam conjuntamente, dependendo da fase em que se encontra o linfedema, incluin-
do: cuidados com a pele, drenagem linfática manual (DLM), contenção na forma de enfaixamento ou por luvas/braçadeiras e cinesiotera-
pia específica. Outros tratamentos têm sido descritos na literatura, porém, seus resultados não são satisfatórios quando comparados ao
tratamento supra citado:

ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO (HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELITO)

Saúde do Adulto

ADULTO SAUDÁVEL
Os serviços e ações de saúde que estão mais próximos dos indivíduos, famílias e coletividades, são de responsabilidade da Atenção Bá-
sica, particularmente do nível primário, com a proposta de ser o primeiro elemento de um processo permanente de assistência sanitária.
Nesta estratégia é proposto o aumento da disponibilidade e acessibilidade dos mesmos para a melhoria da qualidade de vida da
população.
A rede de Atenção Básica do Município de São Paulo oferece, dentre outros, serviços programáticos, assistência à mulher, à criança/
adolescente, à Pessoa Idosa e ao adulto.
Assim, assume a questão básica do atendimento integral.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As diretrizes do trabalho voltado à saúde do adulto são organizadas mediante os indicadores de morbimortalidade e os de riscos
para a saúde neste período da vida. As ações são programadas para uma ampla aplicação no sistema básico de assistência, alta eficácia
na resolução de problemas específicos de saúde, baixos custos e complexidade tecnológica, considerando a característica de cada região.
Para a normatização dos serviços de enfermagem na Atenção Básica quanto a Saúde do Adulto, é imprescindível que seja organizada
em caráter multidisciplinar, que reconheça o adulto saudável, os fatores de risco, o grau de vulnerabilidade e a partir deste ponto planejar
ações e serviços a serem prestados.
A vigilância é uma ação fundamental para promoção da saúde. Detectar condições de falta de saúde no adulto perpassa pelo enten-
dimento da rotina dele, como: atividade física (sedentarismo), cultura, alimentação, abuso de álcool, tabaco e outras drogas, trabalho,
moradia, nível educacional e condições socioeconômicas. Dentre estes elementos é necessário estar alerta aos fatores de risco para a
saúde, para identificá-los e buscar modificá-los evitando o aparecimento de doenças.

HIPERTENSÃO ARTERIAL

DIABETES MELITO

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM QUEIMADURAS. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM INTOXICAÇÕES EXÓGENAS (ALI-


MENTARES, MEDICAMENTOSAS, ENVENENAMENTOS)

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PICADAS DE INSETOS, ANIMAIS PEÇONHENTOS E MORDEDURAS DE ANIMAIS (SOROS


E VACINAS)

Animais Peçonhentos
Animais peçonhentos são aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em presas ou predadores.
Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas urticantes, nematocistos entre
outros.
Os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil são algumas espécies de:
• serpentes;
• escorpiões;
• aranhas;
• lepidópteros (mariposas e suas larvas);
• himenópteros (abelhas, formigas e vespas);
• coleópteros (besouros);
• quilópodes (lacraias);
• peixes;
• cnidários (águas-vivas e caravelas).
Esses animais possuem presas, ferrões, cerdas, espinhos entre outros, capazes de envenenar as vítimas.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Acidentes por animais peçonhentos


Os acidentes por animais peçonhentos, especialmente os acidentes ofídicos, foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais

Gênero Espécies Informação complementar Sintoma


Grupo que causa maioria dos
A região da picada apresenta dor e inchaço,
acidente com cobras no Brasil,
às vezes com manchas arroxeadas (edemas
Jararaca, com 29 espécies em todo o
Acidente botrópico e equimose) e sangramento pelos pontos
jararacuçu, território nacional, encontradas em
(Bothrops e da picada, em gengivas, pele e urina. Pode
urutu, caiçaca, ambientes diversos, desde beiras
Bothrocophias) haver complicações, como grave hemorragia
comboia de rios e igarapés, áreas litorâneas
em regiões vitais, infecção e necrose na
e úmidas, agrícolas e periurbanas,
região da picada, além de insuficiência renal.
cerrados, e áreas abertas.
Na picada por cascavel, o local da picada
muitas vezes não apresenta dor ou lesão
evidente, apenas uma sensação de
São identificadas pela presença de
formigamento; dificuldade de manter os
um guizo, chocalho ou maracá na
Acidente crotálico olhos abertos, com aspecto sonolento
Cascavel cauda e têm ampla distribuição
(Crotalus) (fácies miastênica), visão turva ou dupla,
em cerrados, regiões áridas e
mal-estar, náuseas e cefaleia são algumas
semiáridas, campos e áreas abertas.
das manifestações, acompanhadas por dores
musculares generalizadas e urina escura nos
casos mais graves.
A pico-de-jaca é a maior serpente Quadro semelhante ao acidente por jararaca,
Acidente laquético Surucucu-pico- peçonhenta das Américas. Seu a picada pela surucucu-pico-de-jaca pode
(Lachesis) de-jaca habitat é a floresta Amazônica e os ainda causar dor abdominal, vômitos,
remanescentes da Mata Atlântica. diarreia, bradicardia e hipotensão.
O acidente por coral-verdadeira não provoca,
no local da picada, alteração importante.
As manifestações do envenenamento
São amplamente distribuídos no
Acidente elapídico caracterizam-se por dor de intensidade
país, com várias espécies que
(Micrurus e Coral-verdadeira variável, visão borrada ou dupla, pálpebras
apresentam padrão característico,
Leptomicrurus) caídas e aspecto sonolento. Óbitos estão
com anéis coloridos.
relacionados à paralisia dos músculos
respiratórios, muitas vezes decorrentes da
demora na busca por socorro médico.

Além disso, devido ao alto número de notificações, esse agravo (acidentes por animais peçonhentos) foi incluído na Lista de Noti-
ficação Compulsória do Brasil, ou seja, todos os casos devem ser notificados ao Governo Federal imediatamente após a confirmação. A
medida ajuda a traçar estratégias e ações para prevenir esse tipo de acidente.

IMPORTANTE: Animais peçonhentos gostam de ambientes quentes e úmidos e são encontrados em matas fechadas, trilhas e próximo
a residências com lixo acumulado. Manter a higiene do local é evitar acúmulo de coisas é a melhor forma de prevenir acidentes.

O que são acidentes ofídicos?


Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da picada de serpentes. No Brasil, as serpentes peçonhentas
de interesse em saúde pública pertencem às Famílias Viperidae e Elapidae.
Os acidentes estão divididos em quatro tipos:
• acidentes botrópicos (acidentes com serpentes dos gêneros Bothrops e Bothrocophias - jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca,
comboia);
• acidentes crotálicos (acidentes com serpentes do gênero Crotalus - cascavel);
• acidentes laquéticos (acidentes com serpentes do gênero Lachesis - surucucu-pico-de-jaca);
• acidente elapídico (acidentes com serpentes dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus - coral-verdadeira).

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O quê cada uma dessas espécies pode causar calor generalizado, pápulas, urticárias, pressão baixa, taquicardia,
Principais animais peçonhentos dor de cabeça, náuseas e/ou vômitos, cólicas abdominais e
broncoespasmos.
ABELHAS Em casos mais graves pode ocorrer choque, insuficiência
Acidente por abelha é o quadro de envenenamento decorrente respiratória aguda, e insuficiência renal aguda. As manifestações
da inoculação de toxinas por meio do ferrão. As manifestações após alérgicas locais são caracterizadas por um inchaço que persiste por
uma ferroada variam de pessoa para pessoa, pela quantidade de alguns dias. As reações alérgicas sistêmicas podem variar de urticária
veneno aplicada e se o indivíduo tem reação alérgica ao veneno. generalizada e mal-estar até edema de glote, broncoespasmos,
Uma pessoa pode ser picada por uma ou centenas de abelhas. choque anafilático, queda da pressão arterial, colapso, perda da
No caso de poucas picadas, o quadro clínico pode variar de uma consciência, incontinência urinária e fecal, e cianose.
inflamação local até uma forte reação alérgica, o que também é
conhecido como choque anafilático. No caso de múltiplas picadas Por que as abelhas atacam?
pode ocorrer também uma manifestação tóxica mais grave e, às O ferrão dos abelhas, vespas e formigas (himenópteros sociais)
vezes, até mesmo fatal. exerce um papel essencial para a defesa de suas colônias. As abelhas
geralmente formam sociedades com apenas uma rainha, vários
Como prevenir acidentes com abelhas zangões e operárias, sendo estas as responsáveis pelas picadas.
• A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares Elas perdem o ferrão ao picar, morrendo em seguida. Como
públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais possui músculos próprios, o ferrão continua a injetar a peçonha
devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou mesmo após a separação do resto do corpo. Ao atacar nas
ao entardecer, quando os insetos estão calmos; proximidades de um enxame, as primeiras abelhas liberam um
• Evite se aproximar de colmeias de abelhas africanizadas feromônio que faz com que outras invistam contra o mesmo alvo,
Apis mellifera sem estar com vestuário e equipamento adequados podendo ocasionar acidente com centenas de picadas.
(macacão, luvas, máscara, botas, fumigador, etc.); Coloridos, odores e sons as irritam facilmente. Há cerca de
• Evite caminhar e correr na rota de vôo das abelhas; 20 mil diferentes espécies de abelhas. Elas vivem em todos os
• Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor continentes, exceto o Antártico, e são importantes em diversos
do corpo e cores escuras (principalmente preta e azul-marinho) ecossistemas, desempenhando o papel de polinizadoras. O mel
desencadeiam o comportamento agressivo e, consequentemente, produzido nas colmeias é utilizado na alimentação da própria
o ataque de abelhas; colônia.
• Sons de motores de aparelhos de jardinagem, por
exemplo, exercem extrema irritação em abelhas. O mesmo ocorre ÁGUAS VIVAS
com som de motores de popa; O calor do verão brasileiro é um incentivo para o banho de
• No campo, o trabalhador deve ficar atento para a mar. No entanto, é importante que os banhistas sejam cuidadosos
presença de abelhas, principalmente no momento de arar a terra e tentem evitar o contato com águas-vivas e caravelas. Em casos de
com tratores. acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para alívio
da dor inicial, devem ser utilizadas compressas geladas (pacotes
Primeiros socorros no caso de acidentes com abelhas fechados de gelo – “cold packs” –, envoltos em panos, ou água do
Em caso de acidente provocado por múltiplas picadas de mar gelada, se disponível).
abelhas, é preciso levar o acidentado rapidamente ao hospital, Em seguida, o local da lesão deve ser lavado com ácido acético
junto com alguns dos insetos que provocaram o acidente. a 5% (vinagre, por exemplo), sem esfregar a região acometida, e,
A remoção dos ferrões pode ser feita por raspagem com posteriormente, compressa do mesmo produto deve ser aplicada
lâminas, e não com pinças, pois esse procedimento resulta na por cerca de 10 minutos, para evitar o aumento do envenenamen-
inoculação do veneno ainda existente no ferrão. to.
É importante que não seja utilizada água doce para lavagem do
Sintomas - acidentes com abelhas local da lesão, nem para aplicação das compressas geladas, pois a
As reações desencadeadas pela picada de abelhas variam água doce pode piorar o quadro do envenenamento. Em casos de
de acordo com o local e o número de ferroadas, bem como acidentes com águas-vivas e caravelas, os pacientes devem procu-
características e o passado alérgico do indivíduo atingido. As rar assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e,
manifestações clínicas podem ser alérgicas (mesmo com uma só se necessário, realização de tratamento complementar.
picada) e tóxicas (múltiplas picadas). A remoção dos tentáculos aderidos à pele deve ser realizada de
Normalmente, após uma ferroada há dor aguda local, que forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça ou lâmina.
tende a desaparecer espontaneamente em poucos minutos,
deixando vermelhidão, coceira e inchaço por várias horas ou dias. ARANHAS
A intensidade desta reação inicial causada por uma ou múltiplas Os acidentes causados por aranhas são comuns, porém a maio-
picadas deve alertar para um possível estado de sensibilidade às ria não apresenta repercussão clínica. Os gêneros de importância
picadas subsequentes. em saúde pública no Brasil são as seguintes espécies:
Em casos de múltiplas picadas, podem ocorrer manifestações • aranha-marrom (Loxosceles);
sistêmicas, devido à grande quantidade de veneno inoculada. Nesse • aranha-armadeira ou macaca (Phoneutria);
caso, os sintomas são irritação e ardência da pele, vermelhidão, • viúva-negra (Latrodectus).
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, • Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas
porém sem relevância em saúde pública, sendo que os principais de cama e mosquiteiros encostem no chão. Inspecionar sapatos e
grupos pertencem, principalmente, às aranhas que vivem nas casas tênis antes de calçá-los.
ou suas proximidades, como caranguejeiras e aranhas de grama ou • Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas:
jardim. aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos,
galinhas, gansos, macacos, coatis, entre outros (na zona rural).
Três gêneros de aranhas consideradas de importância médica
no Brasil: Sintomas de acidentes com aranhas
1. Aranha-marrom (Loxosceles) - Não é agressiva, pica geral- Acidentes com aranha causam sintomas que podem ser leves
mente quando comprimida contra o corpo. Tem um centímetro de ou severos. Em raros casos, podem levar até mesmo à morte.
corpo e até três de comprimento total. Possui hábitos noturnos, • Aranha-armadeira: causa dor imediata e intensa, com
constrói teia irregular como “algodão esfiapado”. Esconde-se em poucos sinais visíveis no local. Raramente pode ocorrer agitação,
telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, náuseas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea.
rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, • Aranha-marrom: a picada é pouco dolorosa e uma lesão
porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimen- endurecida e escura costuma surgir várias horas após, podendo
tação. evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. Em casos
2. Aranha armadeira ou macaca (Phoneutria) - Bastante agres- raros, pode ocorrer o escurecimento da urina.
siva, assume posição de defesa saltando até 40 cm de distância. O • Viúva-negra: dor na região da picada, contrações nos
corpo pode atingir 4 cm, com 15 cm de envergadura. Ela é caçadora, músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimen-
com atividade noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias tos cardíacos.
e entre folhas de bananeira. Pode se alojar também em sapatos,
atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de con- O que fazer em caso de acidente com aranhas
strução, etc. • Lavar o local da picada.
3. Viúva-negra (Latrodectus) - Não é agressiva. A fêmea pode • Usar compressas mornas, pois ajudam no alívio da dor.
chegar a 2 cm e o macho de 2 a 3 cm. Tem atividade noturna e hábi- • Elevar o local da mordida.
to de viver em grupos. Faz teia irregular em arbustos, gramíneas, • Procurar o serviço médico mais próximo.
cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras. É encontrada • Quando possível, levar o animal para identificação.
próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como
frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. Atenção ao que não deve-se fazer após acidente com aranhas
Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae) - As aranhas ca- • Não fazer torniquete ou garrote.
ranguejeiras, embora grandes e frequentemente encontradas em • Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no
residências, não causam acidentes considerados graves. local da ferida.
• Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar
Como prevenir acidentes com as aranhas infecções.
• Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de • Não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é
entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas costume em algumas regiões do país.
proximidades das casas. ESCORPIÃO
• Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadei- Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o envenenamento
ras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das ca- provocado quando um escorpião injeta veneno através de
sas. Manter a grama aparada. ferrão (télson). Os escorpiões são representantes da classe dos
• Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo aracnídeos, predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do
menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas. mundo, com maior incidência nos meses em que ocorre aumento
• Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas de temperatura e umidade.
e escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimi- No Brasil, os escorpiões de importância em saúde pública são
dos contra o corpo. as seguintes espécies do gênero Tityus:
• Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos po- • Escorpião-amarelo (T. serrulatus) - com ampla distribuição
dres. em todas as macrorregiões do país, representa a espécie de maior
• Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar ac- preocupação em função do maior potencial de gravidade do
identes. envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica
• Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois mui- no país, facilitada por sua reprodução partenogenética e fácil
tos desses animais têm hábitos noturnos. adaptação ao meio urbano.
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos • Escorpião-marrom (T. bahiensis) - encontrado na Bahia e
entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
saquinhos de areia nas portas e telas nas janelas. • Escorpião -amarelo -do -nordeste (T. stigmurus) - espécie
• Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. mais comum do Nordeste, apresentando alguns registros nos
• Combater a proliferação de insetos para evitar o apareci- estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
mento das aranhas que deles se alimentam. • Escorpião -preto-da -amazônia (T. obscurus) - encontrado
na região Norte e Mato Grosso.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Atualmente, há 19 famílias de escorpiões distribuídas em todo O que fazer em caso de acidente escorpiônico
o mundo. Os gêneros que causam os mais graves acidentes são: • Limpar o local com água e sabão.
Androctonus e Leiurus (África setentrional), Centruroides (México e • Aplicar compressa morna no local.
Estados Unidos) e Tityus (América do Sul e Ilha de Trinidad). • Procurar orientação imediata e mais próxima do local
Os grupos mais vulneráveis são as trabalhadores da construção da ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de
civil, crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro referência).
de casa ou nos arredores, como quintais (intra ou peridomicílio). • Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual
Ainda nas áreas urbanas, estão sujeitos os trabalhadores de de saúde para saber quais os pontos de tratamento com o soro
madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, específico em sua região.
por manusear objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar • Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de
alojados. saúde.

Sintomas de acidentes com escorpiões O que NÃO fazer em caso de acidente escorpiônico
A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem • Não amarrar ou fazer torniquete.
início rápido e duração limitada. Os adultos apresentam dor • Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da
imediata, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem fazer
piloereção (pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas, cujo curativos que fechem o local, pois isso pode favorecer a ocorrência
tratamento é sintomático. Movimentos súbitos, involuntários de de infecções.
um músculo ou grupamentos musculares (mioclonias) e contração • Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada.
muscular pequena e local (fasciculações) são descritos em alguns • Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros
acidentes por Escorpião-preto-da-Amazônia. Já crianças abaixo de líquidos como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito
7 anos apresentam maior risco de alterações sistêmicas nas picadas contra o veneno e podem agravar o quadro.
por escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem
soroterapia específica em tempo adequado. LAGARTAS
A lagarta (taturana, marandová, mandorová, mondrová,
Como prevenir acidentes com escorpiões ruga, oruga, bicho-peludo) é uma das fases do ciclo biológico de
• Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de mariposas e borboletas (lepidóptero). Os acidentes provocados por
entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas lagartas, popularmente chamados de “queimaduras”, têm evolução
proximidades das casas. benigna na maioria dos casos.
• Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, As lagartas do gênero Lonomia são as que têm maior relevância
arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. para a saúde pública, pois podem ocasionar acidentes graves ou
Manter a grama aparada. mortes, pela inoculação do veneno no organismo, que se dá por
• Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo meio do contato das cerdas urticantes com a pele.
menos, numa faixa de um a dois metros junto às casas. Somente a fase larval (lagartas) desses animais é capaz
• Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as de produzir efeitos sobre o organismo; as demais (pupa, ovo e
aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem adulto) são inofensivas, exceto as mariposas fêmeas adultas do
comprimidos contra o corpo. gênero Hylesia (Saturniidae), que apresentam cerdas no abdômen.
• Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. Em contato com a pele, essas cerdas podem causar dermatite
É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha férrea. papulopruriginosa.
• Usar calçados e luvas de raspas de couro. Estas são as duas espécies de lagartas que mais causam
• Como muitos destes animais apresentam hábitos acidentes no Brasil:
noturnos, a entrada nas casas pode ser evitada vedando-se as • Família Megalopygidae (lagartas “cabeludas”) - são
soleiras das portas e janelas quando começar a escurecer. geralmente solitárias e não-agressivas, de 1 a 8 cm de comprimento,
• Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. possuem “pelos” dorsais longos e sedosos de colorido variado
• Combater a proliferação de insetos, para evitar o (castanho, branco, negro, róseo), que camuflam as verdadeiras
aparecimento dos escorpiões que deles se alimentam. cerdas pontiagudas e urticantes. As cerdas pontiagudas e curtas
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos contêm as glândulas de veneno, entremeadas por outras longas,
entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar coloridas e inofensivas.
saquinhos de areia nas portas, colocar telas nas janelas. • Família Saturniidae (lagartas “espinhudas”) - vivem
• Afastar as camas e berços das paredes. em grupos, possuem cerdas urticantes em forma de espinhos,
• Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem semelhantes a pequenos pinheiros verdes distribuídos no dorso da
no chão. Não pendurar roupas nas paredes; examinar roupas, lagarta, não possuindo pelos sedosos. Têm “espinhos” ramificados
principalmente camisas, blusas e calças antes de vestir. e pontiagudos de aspecto arbóreo, com tonalidades esverdeadas
• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros mimetizando muitas vezes as plantas que habitam. Nesta família
recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, se inclui o gênero Lonomia, com ampla distribuição em todo o País,
moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões. causador de acidentes hemorrágicos.
• Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas:
aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos e sapos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O Brasil é o único país produtor do Soro Antilonômico (SALon)., SERPENTES


específico para o tratamento dos envenenamentos moderados e O envenenamento ocorre quando a serpente consegue injetar
graves causados por essas lagartas. o conteúdo de suas glândulas venenosas, mas nem toda picada leva
Sintomas de acidentes com lagartas ao envenenamento. Isso porque há muitas espécies de serpentes
Normalmente, os acidentes com lagartas ocorrem quando o que não possuem presas ou, quando presentes, estão localizadas
indivíduo toca o animal, geralmente em tronco de árvores ou ao na parte de trás da boca, o que dificulta a injeção de veneno ou
manusear vegetação. O contato com as cerdas pontiagudas faz toxina.
com que o veneno contido nos “espinhos” seja injetado na pessoa.
A dor, na maioria dos casos, é violenta, irradiando-se do local da Como prevenir acidentes com serpentes
“queimadura” para outras regiões do corpo. No caso da Lonomia, • O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas
algumas vezes aparecem complicações como sangramento na e sapatos pode evitar cerca de 80% dos acidentes.
gengiva e aparecimento de sangue na urina. • Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas,
montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em buracos.
Tratamento de acidentes com lagartas Cerca de 15% das picadas atingem mãos ou antebraços.
Dependendo da lagarta, os sintomas podem tratados com • Cobras se abrigam em locais quentes, escuros e úmidos.
medidas para alívio da dor, como compressas frias ou geladas. Nos Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou
casos de suspeita de acidente com Lonomia, o paciente deve ser cana. Cuidado ao revirar cupinzeiros.
levado ao serviço de saúde mais próximo, para que o profissional de • Onde há rato, há cobra. Limpar paióis e terreiros, não
saúde avalie a necessidade de administração do soro antilonômico. deixar lixo acumulado. Fechar buracos de muros e frestas de portas.
• Evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas
Como prevenir acidentes com lagartas e madeiras, bem como não deixar mato alto ao redor das casas.
Ao coletar frutas no pomar, realizar atividades de jardinagem Isso atrai e serve de abrigo para pequenos animais, que servem de
ou em qualquer outra em ambientes silvestres, observar bem o alimentos às serpentes.
local, troncos, folhas, gravetos antes de manuseá-los, fazendo
sempre o uso de luvas para evitar o acidente. A incidência maior O que fazer em caso de acidente com serpentes
de acidentes deve-se ao desmatamento, queimadas, extermínio • Lavar o local da picada apenas com água ou com água e
de predadores naturais, loteamentos sem planejamento e sem sabão.
avaliação do impacto ecológico que isto acarreta, obrigando a • Manter o paciente deitado.
procura destas espécies por outros ambientes para sobreviver, • Manter o paciente hidratado.
onde se dá o contato com o homem. • Procurar o serviço médico mais próximo.
• Se possível, levar o animal para identificação.
O que fazer em caso de acidente com lagartas
• Lavar o local da picada com água fria ou gelada e sabão. O que NÃO fazer em caso de acidente com serpentes
• Levar o indivíduo imediatamente ao serviço de saúde mais • Não fazer torniquete ou garrote.
próximo para que possa receber o tratamento em tempo oportuno. • Não cortar o local da picada.
• A identificação da lagarta causadora do acidente pode • Não perfurar ao redor do local da picada.
ajudar no diagnóstico. Portanto, se for possível, é recomendado • Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes.
levar a causadora ao serviço de saúde. • Não beber bebidas alcoólicas, querosene ou outros
• Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de tóxicos.
saúde para saber quais pontos de tratamento com o soro específico
na sua região. Tratamento em caso de acidentes com serpentes
O tratamento é feito com o soro específico para cada tipo
O que NÃO fazer em caso de acidente com lagartas de envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único
• Não fazer torniquete ou garrote, furar, cortar, queimar, tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados
espremer, fazer sucção no local da ferida e nem aplicar folhas, pó em ambiente hospitalar e sob supervisão médica.
de café ou terra sobre ela, para não provocar infecção.
• Não coçar o local. Como prevenir acidentes com animais peçonhentos
• Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da O risco de acidentes com animais peçonhentos pode ser re-
picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem fazer duzido tomando algumas medidas gerais e bastante simples para
curativos que fechem o local, pois podem favorecer a ocorrência prevenção:
de infecções. • usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardina-
• Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado ou outros gem;
líquidos como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito • examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, an-
contra o veneno e podem causar problemas gastrointestinais na tes de usá-las;
vítima. • afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora
de armários;
• não acumular entulhos e materiais de construção;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de de cimento); transporte de lenhas; movimentação de móveis; ativ-
parede; idades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre
• vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e outras atividades.
rodapés; • Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os camin-
• utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, hos a percorrer.
janelas e ralos; • Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos
• manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quin- de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de
tais, paióis e celeiros; lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares,
• evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas usar um pedaço de madeira, enxada ou foice.
e manter a grama sempre cortada; • Os trabalhadores do campo devem sempre utilizar os
• limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas ou per-
metros junto ao muro ou cercas. neiras, evitar colocar as mãos em tocas, montes de lenha, folhas e
cupinzeiros.
Proteção individual para prevenir acidentes com animais
peçonhentos O que fazer em caso de acidente com animais peçonhentos
• No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da • Procure atendimento médico imediatamente.
vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, • Informe ao profissional de saúde o máximo possível de
pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade. características do animal, como: tipo de animal, cor, tamanho, en-
• Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estejam em tre outras.
áreas de risco de acidente, contatar a autoridade local competente • Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao
para a remoção. atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão (ex-
• Inspecionar calçados, roupas, toalhas de banho e de rosto, ceto em acidentes por águas-vivas ou caravelas), mantenha a vítima
roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los. em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao
• Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar pronto socorro.
roupas fora de armários. • Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços,
mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do
Proteção da população para prevenir acidentes com animais quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados.
peçonhentos • Não amarre (torniquete) o membro acometido e, muito
• Não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substancia (pó de café,
construção junto às habitações. álcool, entre outros) no local da picada.
• Evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que • Especificamente em casos de acidentes com águas-vivas e
folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro. caravelas, primeiramente, para alívio da dor inicial, use compressas
• Não montar acampamento próximo a áreas onde nor- geladas de água do mar (ou pacotes fechados de gelo – “cold packs”
malmente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conse- – envoltos em panos, se disponível). A remoção dos tentáculos ade-
guinte, maior número de serpentes. ridos à pele deve ser realizada de forma cuidadosa, preferencial-
• Evitar piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e mente com uso de pinça ou lâmina. Procure assistência médica para
não encostar-se a barrancos durante pescarias ou outras atividades. avaliação clínica do envenenamento e, se necessário, realização de
• Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de tratamento complementar.
parede e terrenos baldios (sempre com uso de EPI). • Não tente “chupar o veneno”, essa ação apenas aumenta
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e as chances de infecção local.
rodapés.
• Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, Diagnóstico e tratamento de acidentes com animais peço-
janelas e ralos. nhentos
• Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, O diagnóstico é realizado com base na identificação do animal
quintais, paióis e celeiros. causador do acidente. Em alguns casos, há recomendação de
• Controlar roedores existentes na área e combater insetos, exame complementar. O tratamento é sintomático e com soro
principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas). antiveneno, de acordo com cada espécie e com cada situação.
• Caso encontre um animal peçonhento, afaste-se com Todos os tratamentos e atendimentos são oferecidos, de forma
cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
procure a autoridade de saúde local para orientações. Dependendo dos sintomas, podem ser adotadas medidas para
alívio da dor, como compressas mornas (acidentes por aranha-
Orientação ao trabalhador na prevenção de acidentes com armadeira e viúva-negra). Havendo ou não melhora, o paciente
animais peçonhentos deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo para ser avaliada
• Usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre a necessidade de administração de soro específico.
outros equipamentos de proteção individual (EPI), durante o manu- Primeiros socorros em caso de acidentes com animais
seio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos peçonhentos

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lavar o local da picada com água e sabão; não fazer torniquete e outros equipamentos instalados. Também é importante, para
ou garrote, não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no um planejamento cuidadoso do procedimento, uma explicação, ao
local da ferida, nem aplicar folhas, pó de café ou terra para não paciente, do modo como se pretende movê-lo, como pode cooperar,
provocar infecções; não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou para onde será encaminhado e qual o motivo da locomoção. Vale a
fumo, como é costume em algumas regiões do país; levar a vítima pena salientar que o cliente deve ser orientado a ajudar, sempre que
imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa for possível, que não deve ser mudado rapidamente de posição e
receber o tratamento adequado em tempo. tem que estar usando chinelos ou sapatos com sola antiderrapante.
Outro ponto muito importante é que a movimentação e o transporte
de obesos precisam ser minuciosamente avaliados e planejados,
ASSISTÊNCIA DE PACIENTES: POSICIONAMENTO E usando-se, sempre que possível, auxílios mecânicos.
MOBILIZAÇÃO.
Preparo do ambiente e dos equipamentos
Considerando-se que determinados aspectos ergonômicos
Transporte do Paciente do posto de trabalho podem prejudicar atividades ocupacionais,
Grande parte das agressões à coluna vertebral em trabalhadores tais como os procedimentos relacionados com movimentação
da saúde estão relacionadas a condições ergonômicas inadequadas e transporte 5,8,16,19 abordam-se, nessa parte, os principais
de mobiliários, posto de trabalho e equipamentos utilizados nas cuidados que necessitam ser observados: Verificar se o espaço
atividades cotidianas, sendo as dores nas costas causadas por físico é adequado para não restringir os movimentos
traumas crônicos repetitivos, que envolvem muitos outros fatores, • Examinar o local e remover os obstáculos
além da manipulação de pacientes. Dessa forma, as recomendações • Observar a disposição do mobiliário
sobre um aspecto relevante do problema das algias vertebrais, • Obter condições seguras com relação ao piso
que é a prevenção, têm caminhado em direção a uma abordagem • Colocar o suporte de soro ao lado da cama, quando necessário
ergonômica. • Elevar ou abaixar a altura da cama, para ficar no mesmo nível
A literatura tem sugerido a administração de cursos sobre da maca
movimentação e transporte de pacientes como uma das estratégias • Travar as rodas da cama, maca e cadeira de rodas ou solicitar
mais importantes para reduzir a incidência de problemas na auxílio adicional
coluna vertebral entre os trabalhadores da saúde a utilização de • Adaptar a altura da cama ao trabalhador e ao tipo de
equipamentos especiais e auxílios mecânicos também tem sido procedimento que será realizado
indicada para prevenir as dores nas costas9,26. Atualmente sabe-se
que para resolver tais problemas é necessário um amplo estudo do Devem-se, também, utilizar equipamentos auxiliares e adaptar
ambiente, dos equipamentos e dos indivíduos, baseando-se num as condições do ambiente a cada paciente em particular. Neste
enfoque ergonômico. Assim, as habilidades em movimentação de caso, pode ser necessário:
pacientes devem ser complementadas com o estabelecimento de • Colocar barras de apoio em banheiros
práticas seguras de trabalho dentro de uma estrutura ergonômica, • Elevar a altura do vaso sanitário ( compensadores de altura
usando-se, sempre que possível, materiais e equipamentos para vasos convencionais )
auxiliares. O presente trabalho tem por objetivo discutir e descrever • Utilizar cadeira de rodas própria para banho ou higiene
as técnicas de movimentação e transferência de pacientes dentro
de uma estrutura ergonômica e com a utilização de materiais Preparo da equipe
auxiliares que precisam urgentemente ser implementados na Existem algumas orientações, especificamente relacionadas
realidade brasileira. com os princípios básicos de mecânica corporal, que devem ser
utilizadas pelo pessoal de enfermagem durante a manipulação de
MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE PACIENTES pacientes6,10,11,12,16
Os procedimentos que envolvem a movimentação e o transporte • Deixar os pés afastados e totalmente apoiados no chão
de pacientes são considerados os mais penosos e perigosos para • Trabalhar com segurança e com calma
os trabalhadores da saúde. Estudiosos da questão defendem que • Manter as costas eretas
o ensino desses procedimentos deve ser complementado com • Usar o peso corporal como um contrapeso ao do paciente
uma avaliação do local de trabalho e com alternativas para torná- • Flexionar os joelhos em vez de curvar a coluna
los menos prejudiciais. Um cuidadoso planejamento, antes de • Abaixar a cabeceira da cama ao mover um paciente para cima
se iniciarem esses procedimentos, é essencial e imprescindível. • Utilizar movimentos sincrônicos
Dentro deste contexto, desenvolveram-se orientações básicas • Trabalhar o mais próximo possível do corpo do cliente, que
e procedimentos que tiveram um suporte teórico na literatura deverá ser erguido ou movido
internacional16,17,22,23. Considerando-se tais aspectos, dividiu-se • Usar uniforme que permita liberdade de movimentos e
esta fase em cinco partes: sapatos apropriados
• Realizar a manipulação de pacientes com a ajuda de, pelo
Avaliação das condições e preparo do cliente menos, duas pessoas
Inicialmente, deve-se fazer uma avaliação das condições
físicas da pessoa que será movimentada, de sua capacidade de
colaborar, bem como a observação da presença de soros, sondas
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Movimentação de clientes no leito • As duas pessoas devem ficar do mesmo lado da cama, de
Lembrar que o paciente deve ser estimulado a movimentar-se de frente para o paciente
uma forma independente, sempre que não existir contraindicações • Permanecer com uma das pernas em frente da outra, com
nesse sentido. Outro ponto que não pode ser esquecido é procurar os joelhos e quadris fletidos, trazendo os braços ao nível da cama:
ter à disposição camas e colchões apropriados, dependendo das • a primeira pessoa coloca um dos braços sob a cabeça e, o
condições e necessidades do cliente. O ideal são camas com altura outro, na região lombar
regulável, que possam ser ajustadas, dependendo do procedimento • a segunda pessoa coloca um dos braços também sob a região
que será realizado7,16. lombar e, o outro, na região posterior da coxa
Durante a movimentação, deve-se, sempre que possível, • Trazer o paciente, de um modo coordenado, para este lado
utilizar elementos auxiliares, tais como: barra tipo trapézio no da cama
leito, plástico antiderrapante para os pés, plástico facilitador de
movimentos, entre outros. Se for necessário mover o paciente sem ajuda, deve-se fazê-lo
Neste tópico serão apresentados separadamente os principais em etapas, utilizando-se o peso do corpo como um contrapeso e
motivos que levam os trabalhadores de saúde a movimentar os plásticos facilitadores de movimentos.
clientes no leito:
Colocar o cliente em decúbito lateral
Colocar ou retirar comadres Quando o paciente não é obeso, podem-se seguir as seguintes
Quando o paciente pode auxiliar, deve-se utilizar o trapézio, fases (Figura 3):
no leito, e solicitar que eleve o quadril, evitando-se assim, a
necessidade de erguê-lo (Figura 1):

• Permanecer do lado para o qual você vai virar a pessoa


• Cruzar seu braço e sua perna no sentido em que ele vai ser virado,
flexionando o joelho. Observar o posicionamento do outro braço
• Fazer o paciente virar a cabeça em sua direção
Trazer o cliente para um dos lados da cama • Rolar a pessoa gentilmente, utilizando seu ombro e joelho
Lembrar que a movimentação no leito deve ser realizada, como alavancas
preferencialmente, por duas pessoas, seguindo-se os seguintes
passos (Figura 2): Uma outra forma de realizar esse procedimento é usando-se
plásticos deslizantes e resistentes, da seguinte forma (Figura 4):

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Virar o paciente e colocar o plástico sob seu corpo. Voltar o


paciente e puxar o plástico
• Ficar no lado oposto ao que o paciente será virado
• Puxar o plástico, movendo o paciente em sua direção e para
a beira da cama. Manter as costas eretas e utilizar o peso do seu
corpo
• Elevar o plástico, fazendo o paciente virar cuidadosamente.
Manter, no lado oposto da cama, uma grade de proteção

Movimentar o cliente, em posição supina, para a cabeceira


da cama
Se o paciente tem condições físicas, ele pode mover-se sozinho,
com a ajuda de um trapézio. O cliente flexiona os joelhos e dá um
impulso, tendo como apoio um plástico antiderrapante sob seus
pés (Figura 5b) ou uma pessoa segurando -os (Figura 5a). Pode-se
também colocar um plástico deslizante sob as costas e a cabeça do
paciente (Figura 5c).
• Deixar a cama em posição horizontal
• Colocar um travesseiro na cabeceira da cama
• Colocar um lençol ou plástico deslizante sob o corpo do
paciente
• Permanecer duas pessoas, uma de cada lado do leito, e
olhando em direção dos pés da cama
• Segurar firmemente no lençol ou plástico e, num movimento
ritmado, movimentar o paciente

Se a altura da cama for regulável, pode-se proceder da seguinte


maneira (Figura 8):

Uma outra maneira de movimentação independente é colocar


um plástico deslizante sob o corpo do paciente e pedir que ele
realize o mesmo impulso com os pés (Figura 6).

• Abaixar a altura da cama de tal forma que os trabalhadores


de enfermagem possam colocar Um joelho na cama e manter a
outra perna firmemente no chão
• Segurar o plástico e, de ma forma coordenada, sentar sobre
seus calcanhares, movendo ao mesmo tempo o cliente

Movimentar o cliente em posição sentada para a cabeceira


da cama
Quando o paciente não pode colaborar, uma alternativa é O paciente deve ser encorajado a movimentar-se sozinho,
seguir os seguintes passos (Figura 7): com a ajuda de um plástico facilitador de movimentos. Neste caso,
o paciente fica sentado sobre o plástico, podendo deslizar com o
auxílio de blocos de mão antiderrapantes (Figura9).

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• As duas pessoas devem ficar uma de cada lado do leito,


olhando na mesma direção
• Abaixar a altura da cama, de uma forma tal que os
trabalhadores de enfermagem possam colocar um joelho na cama,
Ele pode, também, receber a ajuda de uma pessoa, que segura mantendo a outra perna firmemente no chão
seus pés, estando suas pernas flexionadas. Neste caso, o cliente • Segurar a mão do paciente com uma das mãos e agarrar no
apóia uma mão de cada lado do corpo e ele próprio dá um impulso, local apropriado do plástico com a outra
ao endireitar as pernas (Figura 10). • Usando movimento coordenado, sentar sobre os calcanhares,
movendo, ao mesmo, tempo cliente. Repetir o procedimento, se for
necessário

Sentar o paciente no leito


O cliente deve ser encorajado a sentar-se sozinho, ficando de
lado e levantando-se com a ajuda dos braços. Podem-se, também,
utilizar materiais simples, como uma corda com nós ou uma escada
de cordas que, fixadas nos pés da cama, permitem que o cliente
sente sem ajuda (Figura 12).

Quando o paciente não pode colaborar, duas pessoas devem


realizar o procedimento. Deve-se também usar um plástico
deslizante e procede-se da seguinte maneira (Figuras 11a e 11b):

Quando o cliente é auxiliado por outra pessoa, pode-se fazer


da seguinte forma (Figuras 13a e 13b):

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• A pessoa fica de frente para o paciente, colocando um dos • Colocar o paciente em decúbito lateral, sobre um plástico
seus joelhos ao nível do quadril do paciente sentando-se sobre seu deslizante, e de frente para o lado em que vai se sentar
próprio tornozelo • Elevar a cabeceira da cama
• Segurar no cotovelo do paciente, que também apoia o • Uma pessoa apoia a região dorsal e o ombro do paciente e a
cotovelo da pessoa. O paciente deve se sente apoiando-os na outra segura os membros inferiores
pessoa • De uma forma coordenada, elevar e girar o paciente até ele
ficar sentado paciente e sentando-se sobre seu próprio tornozelo
Se o paciente não consegue auxiliar, uma outra alternativa é
realizar o procedimento com duas pessoas, da seguinte maneira Uma outra alternativa é levantar o paciente, apoiando no
(Figura 14): cotovelo, como descrito anteriormente, estando o cliente sobre um
plástico deslizante. Depois, mover os seus membros inferiores para
fora do leito (Figura 16).

• Permanecer uma pessoa de cada lado da cama, olhando em


direção da cabeceira
• Ficar ajoelhada, mantendo o joelho ao nível do quadril do Transporte de pacientes
cliente O transporte de pacientes deve ser realizado com a ajuda de
• Segurar nos cotovelos e trazer o paciente para frente, elementos auxiliares, tais como cintos e pranchas de transferência,
enquanto senta em seus calcanhares. Pode-se usar, como um discos giratórios e auxílios mecânicos.
auxílio nessa manobra, uma toalha resistente, que é colocada nas
costas do paciente Auxiliar o cliente a levantar de cadeira ou poltrona
Nesse procedimento, é muito importante selecionar cadeiras
Sentar o paciente na beira da cama ou poltronas de acordo com as necessidades de cada pessoa,
No caso do cliente estar deitado, seguir os seguintes passos levando em consideração a promoção de conforto e independência.
(Figura 15): Não se deve esquecer também os equipamentos auxiliares, como
andadores e bengalas.
Quando o paciente necessita de ajuda, deve-se usar um cinto
de transferência e proceder da seguinte maneira (Figuras 17a e
17b):
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Transferir o cliente do leito para uma poltrona ou cadeira de


rodas
O paciente pode executar essa transferência de uma forma
independente ou com uma pequena ajuda, utilizando uma tábua
de transferência, da seguinte maneira (Figuras 19a e 19b):

• Colocar o cliente para a frente da cadeira, puxando-o


alternadamente pelo quadril
• Permanecer ao lado da cadeira, olhando do mesmo lado que
o paciente
• O cliente deve colocar uma mão no braço mais distante
da cadeira e a outra é apoiada pela mão do trabalhador de
enfermagem. Com o outro braço, o trabalhador circunda a cintura
do paciente, segurando no cinto de transferência
• Levantar de uma forma coordenada, com movimentos de
balanço.

Dependendo das condições do cliente, pode ser necessária a


participação de uma outra pessoa, do outro lado da cadeira

Auxiliar o cliente a deambular


É importante fazer uma avaliação cuidadosa para verificar se
o cliente tem condições de deambular. A pessoa deve permanecer
bem próxima do paciente, do lado em que ele apresenta alguma
deficiência, colocando um braço em volta da cintura e o outro
apoiando a mão. O ideal, nestes casos, é utilizar um cinto especial,
colocado na cintura do paciente (Figura 18).

• Posicionar a cadeira próxima à cama. Elas devem ter a mesma


altura

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Travar a cadeira e o leito, remover o braço da cadeira e elevar • Colocar a cadeira ao lado da cama, com as costas para o pé
o apoio dos pés da cama
• Posicionar a tábua apoiada seguramente entre a cama e a • Travar as rodas e levantar o apoio para os pés
cadeira • Sentar o cliente na beira da cama
• Calçar o cliente com sapato ou chinelo antiderrapante
Um outro modo é usar o cinto de transferência, seguindo-se os • Segurar o cliente pela cintura, auxiliando-o a levantar, virar-se
passos(Figuras 20a, 20b, 20c e 20d): e sentar-se na cadeira

Transferir o paciente do leito para um maca


Não existe maneira segura para realizar uma transferência
manual do leito para uma maca. Existem equipamentos que
devem ser utilizados, como as pranchas e os plásticos resistentes
de transferências nesse caso, o paciente deve ser virado para que
se acomode o material sob ele. .Volta-se o paciente para a posição
supina, puxando-o para a maca com a ajuda do material ou do
lençol (Figuras 21a e 21b). Devem participar desse procedimento
quantas pessoas forem necessárias, dependendo das condições e
do peso do cliente. Nunca esquecer de travar as rodas da cama e do
leito e de ajustar sua altura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Organizações e autores internacionais têm procurado
despertar a atenção sobre a importância das orientações,
com um enfoque ergonômico, sobre os procedimentos de
movimentação e transferência. A implementação de treinamentos
e reciclagem é parte obrigatória de programas de prevenção de
lesões musculoesqueléticas entre trabalhadores da saúde. Esses
procedimentos devem ser aprendidos e praticados de uma forma
planejada e sistemática.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dentro deste contexto, procurou-se colaborar apresentando- 2006). Os estudos citados evidenciaram a necessidade de profis-
se orientações básicas sobre a mobilização e a transferência de sionais com personalidade voltada para o acolhimento, que fossem
clientes dentro de uma abordagem ergonômica. sensíveis, demonstrassem envolvimento e comprometimento com
os sujeitos, requerendo profissionais com especificidades de assis-
tência e comunicação para cada um deles.
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Uma boa comunicação auxilia também na organização dos ser-
viços de saúde. Pesquisas revelam que se a população recebesse
informações adequadas acerca da situação em que procurar os ser-
Processo de trabalho em enfermagem e saúde e relação com viços de urgência e emergência, menor seria o tempo de espera nos
o usuário: Gestão do trabalho de enfermagem e Gestão do SUS serviços, e com isso os casos que realmente necessitam do aten-
A comunicação é abordada no sentido de possibilitar a integra- dimento teriam uma disponibilidade melhor da equipe de saúde
lidade da atenção à saúde, pois, numa comunicação em que os su- (Carret, Fassa e Domingues, 2009; Coelho e Jorge, 2009; Oliveira,
jeitos sejam escutados de maneira qualificada e satisfatória, podem Costa e Soares, 2007).
interagir e compartilhar suas vivências. Ela possibilita ainda que as A comunicação com os familiares e acompanhantes também
condutas sejam pautadas e programadas de acordo com o conhe- foi citada entre os trabalhos selecionados. É preciso uma intera-
cimento dos aspectos socioeconômicos e culturais (Oliveira, 2002). ção pacientes-profissionais-familiares, em que sejam fornecidas
Assim, estudos revelam que os usuários dos serviços de saú- informações referentes aos cuidados específicos, pois assim será
de buscam profissionais qualificados, comprometidos, preparados possível fortalecer os cuidadores para a alta hospitalar. Além disso,
para escutá-los e realizar uma comunicação acolhedora, com a va- os familiares devem ser informados quanto às transferências que
lorização dos discursos e que tenha resolutividade para as suas ne- acontecem dentro do hospital. Dessa forma, é possível diminuir a
cessidades (Oliveira et al., 2008; Hoyos, Cardona e Correa, 2008). angústia, a ansiedade e as preocupações entre os familiares (Lima
Outro tema que teve destaque no processo de comunicação foi e Busin, 2008).
a adesão ao tratamento. Pesquisas revelam que tanto a interrup- Uma pesquisa realizada no Reino Unido faz referência aos dois
ção do tratamento como a não adesão estão relacionadas na maior tipos de comunicação, a verbal e a não verbal, realizada durante
parte das vezes à não compreensão das informações sobre o uso atendimentos de fisioterapeutas. Dos sujeitos, 52% conseguiram
adequado dos medicamentos (Assunção e Ursine, 2008; Ganzella e compreender e participaram do processo de comunicação verbal.
Zago, 2008). Em um estudo sobre a não adesão, os autores ressal- No entanto, dentre os sujeitos que não compreenderam a comu-
tam a necessidade de uma abordagem holística, ou seja, é preciso nicação verbal, 84% apenas tiveram respostas por olhares e 54%
que os profissionais da saúde trabalhem de maneira conjunta e vi- responderam a estímulos de toque terapêutico (Roberts e Bucksey,
sualizem os pacientes de forma integral, identificando as condições 2007).
sociais, econômicas e culturais dos indivíduos, para auxiliar no pro- Como fragilidades encontradas nos estudos selecionados, a
cesso de adesão ao tratamento (Moreira e Araújo, 2002). maior parte deles afirma que muitos profissionais utilizam um lin-
Uma dissertação de mestrado constatou que existe uma con- guajar baseado em termos técnicos e científicos; algumas das in-
tradição na comunicação interpessoal aprendida durante a fase de formações deveriam ser por escrito, o que nem sempre acontece
graduação e depois, ao exercer a profissão (Lima, 1993). Foi pos- (Araújo, Rodrigues e Rodrigues, 2008; Queiroz et al., 2007; Victor et
sível confirmar isso com o fazer técnico biologicista priorizado no al., 2003). Além disso, um estudo ressalta que existe negligência nas
cotidiano de trabalho, em lugar de uma assistência prestada e cen- informações e também que algumas destas nem sempre são iguais
trada no sujeito. entre os profissionais, o que acarreta uma variedade de informa-
Quando a comunicação tem como sujeito-salvo os profissionais ções e com desencontros entre elas (Queiroz et al., 2007).
de saúde, apresenta algumas falhas e enfrenta dificuldades. Estu- Uma pesquisa sugere que, no processo de comunicação, os
do revela que um local adequado dentro do ambiente de trabalho, profissionais façam referência aos pacientes pelo nome de cada
para que os profissionais possam se encontrar a fim de discutir e um, que durante o diálogo haja uma relação de ‘olho no olho’, e que
refletir sobre o cotidiano e compartilhar as angústias e satisfações os profissionais estejam dispostos a se comunicar com termos de
é um fator importante para a humanização (Yokaichiya et al., 2006). fácil entendimento e possibilitem uma escuta sensível e qualificada
Além disso, o pouco tempo disponível para as reuniões é um fator (Gomes e Vianna, 2008).
que dificulta os profissionais de estabelecerem o diálogo com cole- É preciso ouvir mais e falar menos, pois assim será possível dar
gas de trabalho, familiares e pacientes (Lima, 1993). ênfase ao processo de diálogo e reduzir a tendência que os profis-
Dentre os estudos analisados, três populações encontraram-se sionais de saúde têm, em especial os médicos, de realizar monólo-
vulneráveis às práticas de saúde fragmentadas: os jovens, as mu- gos (Roter et al., 2008).
lheres que sofrem com violência e os homens que compartilham
experiências com aborto. O processo de comunicação com os ado- Modo de organização das práticas em saúde
lescentes tem como eixo principal os assuntos relacionados com a A criação do Programa de Saúde da Família (PSF) em 1994 e,
iniciação sexual e a sexualidade de modo geral (Nascimento e Go- em 2003, a implantação da Política Nacional de Humanização (PNH)
mes, 2009). Em trabalho realizado com o público feminino, emergiu desencadearam modificações no modo de organização dos serviços
a dificuldade de proporcionar acolhimento e detectar os casos de e da atuação dos profissionais.
violência contra as mulheres (Borsoi, Brandão e Cavalcanti, 2009). Diante dessa realidade, estudos revelam que a implementação
Já com os homens, a pesquisa deu-se em torno daqueles que acom- do PSF aumentou a demanda dos serviços e acarretou mudanças
panharam mulheres em situação de aborto (Rodrigues e Hoga, no modelo de atenção. Isso ocasionou a necessidade de se buscar
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

auxílio em outras áreas do conhecimento, gerando a integração dos em razão das insuficiências da estrutura dos serviços no que cor-
saberes nas práticas assistenciais e formando equipes multiprofis- responde ao processo de escuta qualificada, triagem e referencia-
sionais (Nery et al., 2009; Delfini, Sato e Antoneli, 2009). mento (Leite, Maia e Sena, 1999). Além disso, auxilia na superação
O processo de trabalho dos profissionais da enfermagem preci- do modelo cartesiano, o que permite direcionar o comportamento
sou ser direcionado para um novo posicionamento, ou seja, neces- profissional para uma assistência mais humanizada, possibilitando
sitou ser baseado no processo de humanização, integralidade e na que o período de internação ou enfrentamento de uma patologia
melhora da qualidade de vida dos sujeitos (Bicca e Tavares, 2006). se torne menos sofrido (Silva, Sanches e Carvalho, 2007; Cordeiro,
A referida transformação do posicionamento é condizente com a 2008).
PNH, pois esta tem como princípio a atenção integral, por intermé- Nos serviços especializados, a capacitação também é refe-
dio do acolhimento e do acesso aos usuários (Nascimento, Tesser e renciada. No atendimento às gestantes, ajuda nas formulações de
Poli Neto, 2008). orientações e estratégias de cuidado, obtém maior eficácia na as-
Dentre os achados da pesquisa nesse núcleo de sentido, há sistência e reduz a morbimortalidade materno-infantil (Versiani et
um grande índice de estudos selecionados que fazem referência à al., 2008).
Saúde da Criança. Eles revelam que uma das principais mudanças Em estudo realizado em Taiwan, o apoio social nos atendimen-
no processo de organização é a presença da família ou de cuidado- tos foi diagnosticado como relevante para a organização dos ser-
res com vínculo durante o momento de hospitalização. Esse acom- viços, fazendo com que tanto os gestores como os pacientes de-
panhamento é enfatizado com uma atenção especial da equipe monstrassem maior responsabilização. A autonomia dos sujeitos
de enfermagem, pois ela pode apoderar-se desse momento para também ficou em maior evidência (Hsu et al., 2006).
transmitir e trocar saberes e experiências entre profissionais e fami- Para a atenção humanizada de qualidade, é necessária a inte-
liares - com isso reduzindo o número de intervenções e diminuindo gração dos saberes em todos os níveis de gestão dos serviços de
a frequência de infecções hospitalares - e também para minimizar saúde, ou seja, é preciso que as ações sejam alicerçadas em vários
os traumas ocorridos durante os dias de internação (Andrade, 1993; núcleos de profissões, a fim de planejar uma assistência comparti-
Barrera et al., 1993). lhada (Versiani et al. 2008; Backes, Koerich e Erdmann, 2007).
Outro exemplo dessa temática foi um projeto com mães de O acolhimento é outro fator destacado. Um estudo caracteriza
crianças hospitalizadas que se realizou em São Paulo na década de o acolhimento como uma tecnologia operacional, a qual está em
1980, o qual garantia a permanência das mães ou outro cuidador processo de construção, sofre alterações nos diferentes cenários do
durante as 24 horas do dia, estimulando-os a participarem das prá- SUS e não existe nas UBS, em razão dos níveis de concepções e das
ticas assistenciais e fortalecendo o desenvolvimento e a recupera- maneiras de se reorganizar o cotidiano de serviço (Souza, Elizabe-
ção das crianças (Mora et al., 1991). the et al., 2008).
No Chile, estudo comprova que, com a permanência das mães Um estudo revela que o acolhimento é uma estratégia essen-
na pediatria, há um decréscimo de 20% no tempo de internação cial para a reorganização dos serviços de saúde, porque ocorre uma
(Barrera et al., 1993). Além disso, quando as mães acompanham alteração do foco da assistência somente voltado para o biomédi-
seus filhos, é possível que auxiliem os profissionais nos procedi- co; ele possibilita o trabalho multiprofissional, o acesso igualitário
mentos de menor complexidade (Escobar, 1998). No entanto, para e maior resolutividade das necessidades de saúde, além de se con-
que isso ocorra, é fundamental que a equipe de saúde esteja dis- ciliar com as práticas humanizadas (Silva e Alves, 2008). Além dis-
ponível a também sofrer mudanças, em especial no que diz respei- so, há evidências de que nas unidades de ESF que desenvolvem o
to ao acolher e auxiliar a família nesse período de modificações e acolhimento existe uma adesão maior ao tratamento em razão da
adaptações no ambiente hospitalar (Silveira e Carvalho, 2002). criação de vínculo (Sá et al., 2007).
No âmbito da saúde mental, mesmo a partir da reforma psiqui- As tecnologias das relações, do mesmo modo, são conside-
átrica, observam-se reflexos do período manicomial. Pesquisa reve- radas como alternativas para modificar a organização no serviço
la que a inserção social é um grande desafio para os profissionais, (Schimith, 2002; Martins e Nascimento, 2005; Gama et al., 2009).
tornando-se necessário romper os paradigmas impostos pela socie- Na maior parte dos achados, esse tipo de tecnologia é mais utiliza-
dade, para promover a atenção integral a esses sujeitos (Moraes, do pela equipe de enfermagem (Rossi e Lima, 2005).
2008). Nesse contexto, um estudo salienta que é preciso promover Uma pesquisa realizada nos EUA identificou um considerável
o acolhimento com estratégia clínica, para superar os percalços en- grau de satisfação dos pacientes quando, durante o atendimento,
frentados pela pessoa com transtorno psíquico, e substituir o mo- apareciam nos profissionais da saúde os sentimentos de compreen-
delo hospitalar vigente pela continuidade da assistência em redes são, honestidade e confiança (Stock Keister et al., 2004).
de cuidado em saúde, a qual englobe a comunidade e os ambulató- Cabe ainda destacar um estudo que revela a diferenciação do
rios (França, 2005). modo de organização dos serviços nas instituições públicas e nas
A criação de grupos é um fator destacado dos estudos como privadas. Essas variações englobam a diferença da assistência e o
uma alternativa válida a ser adotada pelos serviços de saúde. Dis- processo de relações entre os profissionais e usuários, a conduta
sertações que tiveram gestantes como sujeitos de pesquisa revelam em relação à dor durante o trabalho de parto, as condições de con-
que, ao participarem de grupos, elas sentem-se acolhidas e seguras tinuidade das consultas de pré-natal e as relações de confiança en-
e conseguem partilhar anseios e inquietações, além de trocar expe- tre os médicos e os pacientes (Gama et al., 2009).
riências (Kesselring, 2001; Pereira, 2006).
O processo de capacitação profissional também é citado como
modelo de organização. A capacitação é vista como fundamental
para superar as dificuldades encontradas no cotidiano de trabalho,
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Gestão do trabalho de enfermagem conjunto de ações que buscam colocar outra ação em prática, já que as
questões ideológicas e de poder intrínsecas ao planejar não são consi-
Atenção à saúde deradas pelos enfermeiros (CIAMPONE & MELLEIRO, 2005).
Conforme descrito no Ministério da Educação (2001), os profis-
sionais de saúde, dentro de seu âmbito, devem estar aptos a desen- Liderança
volver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da A liderança é tida como uma das principais competências a se-
saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional rem adquiridas pelo profissional de saúde. No trabalho em equipe
deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e multiprofissional, os profissionais de saúde deverão estar aptos a
contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo ca- assumir posições de liderança, sempre tendo em vista o bem-estar
paz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilida-
e de procurar soluções para eles. Os profissionais devem realizar de, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e
seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e princí- gerenciamento de forma efetiva e eficaz (FLEURY & FLEURY, 2001).
pios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da Liderança é o processo pelo qual um grupo é induzido a dedi-
atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas, sim, com a car-se aos objetivos defendidos pelo líder ou partilhado pelo líder
resolução do problema de saúde. e seus seguidores. Liderança e administração se sobrepõem, já que
A atenção à saúde não se constitui diretamente como objeto alguns aspectos da liderança poderiam ser descritos como geren-
de trabalho desenvolvido pela gerência, mas pode ser entendida ciamento.
como finalidade indireta do trabalho gerencial em saúde. Para que É preciso lembrar que gênero, poder e liderança estão interligados.
a atenção à saúde seja alcançada, o profissional que exerce a gerên- Pesquisas mostram que as mulheres vêem o poder diferentemente do
cia faz uso de instrumentos do trabalho administrativo como o pla- homem, como forma de dominação em uma relação em que elas são
nejamento, a organização, a coordenação e o controle. A qualidade freqüentemente as subordinadas, o que acarreta muitas dificuldades
da assistência à saúde demanda a existência de recursos humanos para perceberem que também possuem poder. Esses aspectos cultu-
qualificados e recursos materiais compatíveis / adequados com a rais da liderança influenciam também as relações de trabalho de uma
oferta de cuidados orientada pelas necessidades de saúde (SILVA, categoria predominantemente feminina (MARQUIZ & HUSTON, 1999).
2003). Entre os conhecimentos gerenciais que subsidiam o desenvolvimento
da liderança são destacados: planejamento, estratégias gerenciais, es-
Tomada de decisão trutura organizacional, gerência de pessoas, processo decisório, admi-
O trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamen- nistração do tempo, gerenciamento de conflito, negociação, poder e
tado na capacidade de tomar decisões, visando o uso apropriado, comunicação (MARX & MORITA, 2000).
eficácia e custo-efetividade, da força de trabalho, de medicamen-
tos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este Educação permanente
fim, eles devem possuir competências e habilidades para avaliar, A educação permanente é uma das modalidades de educação
sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em no trabalho que se caracteriza por possuir um público-alvo multi-
evidências científicas (FLEURY & FLEURY, 2001). profissional; ser voltada para uma prática institucionalizada; enfo-
A Administração indica que o processo de tomada de decisões car os problemas de saúde e ter como objetivo a transformação das
pode ser desenvolvido pelos gestores com maior qualidade, se es- práticas técnicas e sociais; ser de periodicidade contínua; utilizar
tes seguirem um método. “A análise de problemas constitui-se de metodologia centrada na resolução de problemas e buscar como
uma série de processos, que podem ser aprendidos para serem resultado a mudança (MANCIA et al, 2004).
utilizados como instrumentos do processo de trabalho gerencial e O envolvimento do enfermeiro no processo de educação per-
que ajudam a qualificar as decisões dos profissionais de saúde e manente acontece com a aquisição contínua de habilidades e com-
seus gestores, de modo participativo, ouvindo todos os envolvidos petências que estejam de acordo com o contexto epidemiológico e
na situação e escolhendo ações que obtenham o máximo sucesso com as necessidades dos cenários de saúde, para que resultem em
na resolução do problema, com o menor custo e com o mínimo de atitudes que gerem mudanças qualitativas no processo de trabalho
desvantagens ou riscos para todos os envolvidos” (CIAMPONE & da enfermagem.
MELLEIRO, 2005). Dentre os conhecimentos da área de Administração que per-
Para alcançar a competência de tomar decisões, algumas eta- mitem identificar e acessar informações para desenvolver a com-
pas precisam ser cumpridas. Conhecer a instituição e sua missão, petência de educação permanente, destacam-se os seguintes:
avaliar as reais necessidades dos usuários e realizar o trabalho pau- planejamento, políticas de desenvolvimento de recursos humanos,
tado em um planejamento que contemple o detalhamento de infor- organizações de aprendizagem pautadas em métodos ativos, co-
mações tais como: ideias e formas de operacionalizá-las; recursos nhecimento do processo de trabalho, cultura organizacional, ne-
viáveis; definição dos envolvidos e dos passos a serem seguidos; gociação, trabalho em equipe, comunicação, qualidade de vida no
criação de cronogramas de trabalho e envolvimento dos diversos trabalho, saúde do trabalhador, leis trabalhistas, gerenciamento de
níveis hierárquico (MARX & MORITA, 2000). pessoas e educação continuada (MARX & MORITA, 2000).
O planejamento e a consequente tomada de decisão como fun-
ção específica do enfermeiro que desenvolve o gerenciamento do ser- Comunicação
viço foram reduzidos à dimensão técnica, pois compõem apenas um Comunicação é a troca de informações, fatos, idéias e signifi-
cados. Entre os componentes de uma comunicação estão a men-
sagem, o comunicador, o receptor, e o meio. Nos processos de co-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dificação, decodificação e feed-back são sentidas as influências de Chama a atenção que na área da enfermagem o gerenciamento
seus componentes como: a urgência da mensagem, a experiência foi historicamente incorporado como função do enfermeiro. Por-
e a habilidade do emissor, e a imagem que este tem do receptor. tanto, sempre houve no processo de formação desses profissionais
Mas, a maior interferência na comunicação ocorre por conta dos um preparo “mínimo” para assumir esse papel. Embora não seja
ruídos de interpretação, capazes de distorcer a mensagem durante objeto do presente estudo, empiricamente sabe-se que são poucas
o processo comunicativo (QUINN et al, 2003). as carreiras da área de saúde que incluem disciplinas voltadas ao
Os tipos de comunicação mais conhecidos e estudados são a gerenciamento de serviços de saúde na graduação. Mesmo dentre
comunicação verbal e a comunicação não-verbal. No entanto, outra os atuais gerentes de serviços de saúde, um pequeno percentual se
forma de comunicação surge e domina cada vez mais o ambiente de especializam em gestão.
trabalho é a comunicação virtual. O processo de comunicação das Para o desenvolvimento da competência administração e ge-
informações, organizado em sistemas informatizados e com fun- renciamento são considerados indispensáveis o conjunto de co-
ções diversas, garante que as pessoas recebam informações com nhecimentos identificados para planejar, tomar decisões, interagir,
facilidades para quem as envia, já que o princípio utilizado é o da gestão de pessoal. Assim, com ênfase nas funções administrativas,
inclusão de nomes em listas. Essas inclusões transformam as listas destacam-se o planejamento, organização, coordenação, direção
em verdadeiras redes sociais de informação. e controle dos serviços de saúde, além dos conhecimentos espe-
A competência comunicativa é fundamental para que o enfer- cíficos da área social/ econômica que permitem ao gestor acionar
meiro conquiste relações profissionais e pessoais mais significati- dados e informações do contexto macro e micro organizacional, e
vas, maior autoconsciência e aceitação das diferenças, ampliação analisá-los de modo a subsidiar a gestão de recursos humanos, re-
dos caminhos de ensino e da pesquisa e conquista de um bem-estar cursos materiais, físicos e financeiros (MARX & MORITA, 2000).
(BRAGA, 2004).
Em gestão, a comunicação se trona essencial, pois para que O enfermeiro gestor
haja organização, é indispensável comunicar-se, a fim de estabele- Durante toda a existência da enfermagem, a prática profissio-
cer metas, canalizar energias e identificar e solucionar problemas nal pode ser explicada através de diversos enfoques. Por ser con-
aprender a comunicar-se com eficácia é crucial para incrementar a siderada ciência e arte, ela está sempre ligados aos mais diversos
eficiência de cada unidade de trabalho e da organização como um ramos do conhecimento como a ciência da administração, que con-
todo. tribui com uma parcela que se concretiza, principalmente, na admi-
Os conhecimentos identificados como essenciais para o de- nistração do pessoal de enfermagem.
senvolvimento da competência da comunicação incluem: conheci- Contudo, com a evolução técnico-científica, percebeu-se a in-
mento do próprio estilo de interação, administração de conflitos, serção do enfermeiro no campo da administração de recursos ma-
negociação, escuta ativa, normas e padrões de comunicação Orga- teriais, visando não tornar-se um ser burocrata, mas buscar atender
nizacional, sistemas de informação, trabalho em equipe, metodo- ao seu produto final - o paciente - com um atendimento de quali-
logia da assistência, poder e cultura organizacional (QUINN et al, dade (VITARI, 2006).
2003). O trabalho gerencial na área de saúde apresenta especificida-
des próprias e para isso necessita de um campo de conhecimentos
Administração e gestão também próprios. Nesse sentido, tem buscado discutir questões
O enfermeiro, como o gestor da assistência de enfermagem teóricas relativas à gestão de serviços de saúde que mais se enqua-
prestada ao paciente, requer o conhecimento, as habilidades e as drem a essa modalidade organizacional.
atitudes que possibilitarão com que exerça seu trabalho objetivan- O trabalho em saúde é um trabalho que se baseia em relações,
do resultados com eficiência. Este papel gerencial, amplamente seja profissional/cliente ou profissional/ profissional; que essas re-
discutido desde anos passados, passa pelo próprio desenvolvimen- lações são os produtos do trabalho em saúde e, ainda, este produto
to da enfermagem como ciência. (FORMIGA & GERMANO, 2005). é consumido no exato momento em que é produzido, constituin-
Estudo sobre a prática gerencial e o mundo do trabalho na Enfer- do-se, assim, em um tipo de trabalho portador de potencialidades
magem tem mostrado que as competências constituem um tema auto-analíticas e auto-gestivas (MERHY & ONOCKO, 1997).
de discussão imediata a fim de se dar respostas às necessidades O líder busca e recebe continuamente informações que subsi-
desta prática. Autores têm abordado individualmente competên- diam a compreensão do que ocorre na sua organização. Com base
cias como a interpessoal, a liderança, a motivação da equipe, a nas informações recebidas, de sua organização e de seu ambiente
comunicação, entre outras, também importantes, num claro sinal externo, ele identificará problemas, detectará mudanças que pos-
que discuti–las tem sido uma necessidade percebida e manifestada sam estar acontecendo – ou a necessidade de mudanças a serem
(WITT & ALMEIDA, 2005). implementadas – e tomará decisões (TREVIZAN et al; 1998).
A constituição do saber de administração na enfermagem deu- Líder é aquele que possui seguidores, nem sempre sendo por
-se a partir da necessidade de organizar os hospitais. Em sua di- eles amado e admirado, mas sempre sendo seguido por pessoas
mensão prática, o saber administrativo institucionalizou-se com a que fazem coisas certas. Na análise da liderança importa os resulta-
formação das primeiras alunas da Escola Nightingale, que buscava dos e não a popularidade, pois liderança associa-se com responsa-
suprir a demanda de enfermeiras diplomadas para fundarem novas bilidade (CUNHA, 2008).
escolas, ao serem treinadas para o cargo de superintendente. A for- A liderança voltada para a enfermagem pontua visa descobrir
mação diferenciada as disciplinava para ocuparem a chefia de en- e eliminar as causas de falhas; incentivar o trabalho da equipe e
fermarias e a superintendência de hospitais (GOMES, et al, 1997). a participação efetiva das pessoas; ajudar na realização pessoal e
profissional; preparar novas lideranças; fortalecer os processos de
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tomada de decisão; facilitar a descentralização do comando; gerar No entanto, nem sempre ele se encontra preparado. Os cursos de
comprometimento com as soluções escolhidas e resolver proble- graduação e pós-graduação e até mesmo a imaturidade profissional
mas que não podem ser resolvidos individualmente. apresentam-se como empecilhos. (BALSANELLI et al, 2008).
A isso, forma-se um conjunto de princípios e diretrizes que ba- Certamente, algum avanço aconteceu, seja através da inclusão
lizam decisões e comportamentos do serviço e das pessoas em sua desse tema nos currículos e programas educacionais de treinamen-
relação com a organização. Sendo, portanto, um conjunto de proce- to em serviços, como assunto de palestras, conferência ou outros
dimentos, métodos e técnicas diversas utilizadas para a implemen- eventos científicos, porém, todas estas tentativas ainda são insufi-
tação de decisões e para nortear as ações no âmbito da organização cientes frente à necessidade de uma liderança que realmente cause
em sua relação com o ambiente externo (DUTRA, 2002). impacto em todos os campos da prática profissional.
Aos enfermeiros cabem entre outras, tarefas diretamente re- O trabalho de enfermagem como instrumento do processo de
lacionadas à sua atuação com o cliente, bem como a liderança da trabalho em saúde, subdivide-se ainda em vários processos de tra-
equipe de enfermagem e o gerenciamento dos recursos: físicos, balho como cuidar/assistir, administrar/gerenciar, pesquisar e ensi-
materiais, humanos, financeiros, políticos e de informação – para nar. Dentre esses, o cuidar e o gerenciar são os processos mais evi-
a prestação da assistência de enfermagem. É exigido conhecimento denciados no trabalho do enfermeiro (PERES & CIAMPONE, 2006).
(que conheça o que faz), habilidades (que faça corretamente) e que Essas funções gerenciais apontadas como responsabilidade do
tenha atitudes adequadas para desempenhar seu papel objetivan- enfermeiro, permitem vislumbrar caminhos para compreender com
do resultados positivos. É, portanto, exigido que ele seja compe- maior clareza que o “gerenciar” é uma ferramenta do processo de
tente naquilo que faz, bem como garanta que os membros da sua trabalho do “cuidar”. Para isso, o autor exemplifica que o enfermei-
equipe tenham competência para executarem as tarefas que lhes ro pode fazer uso dos objetos de trabalho, “organização” e “recur-
são destinadas (CUNHA & XIMENEZ, 2006). sos humanos” no processo gerencial que, por sua vez, insere-se no
Na enfermagem nos dias de hoje, gestão de unidade consiste processo de trabalho “cuidar” que possui como finalidade geral a
na previsão, provisão, manutenção, controle de recursos materiais atenção à saúde evidenciada na forma de assistência (promoção,
e humanos para o funcionamento do serviço e, gestão do cuida- prevenção, proteção e reabilitação) (FELLI & PEDUZZI, 2005).
do, consiste no diagnóstico, planejamento, execução e avaliação da O enfermeiro, quanto à gestão com as pessoas, buscará trabalhar
assistência, passando pela delegação das atividades, supervisão e estratégias para conhecer quais são as necessidades que devem ser
orientação da equipe (GRECO, 2004). atendidas no cliente, que procura seu serviço, o qual deve ter suas ex-
Assim, os enfermeiros compreendem que administrar é cuidar pectativas superadas para retornar em outras ocasiões e até mesmo
e quando planejam, organizam, avaliam e coordenam, eles também ajudar no marketing da empresa (BALSANELLI et al; 2008).
estão cuidando (VAGHETTI et al, 2004). A enfermagem como disciplina profissional visa à construção
É necessária uma lapidação no sentido do gerenciamento, pois do conhecimento entendido como gestão em enfermagem, que
os órgãos formadores ainda não proporcionam capacitação aos pode ser expresso pelo processo de trabalho, ou seja, um conjunto
enfermeiros para torná-los aptos para desempenharem a função de atitudes do enfermeiro para manter a coerência entre o discurso
de gestores de saúde. O enfermeiro deverá também ser capaz de e ação (THOFEHRN & LEOPARDI, 2006)
caracterizar a gestão como oportunidade de estabelecer outras re- O conhecimento organizacional necessita de uma gestão e de
lações com os demais profissionais na área de saúde, focando suas uma enfermagem que se situa na interseção dos fluxos de informa-
competências à capacidade de acessar, analisar, estruturar e sinte- ção, contribuindo com a melhoria das práticas de saúde através de
tizar informações de gestão em saúde e em gerir indiretamente re- uma cultura de compartilhamento do conhecimento (SHINYASHIK
cursos e avaliar serviços de saúde e melhoria da qualidade de vida, et al, 2003).
permitindo assim maior integração com a equipe e maior efetivi- Em síntese, podemos dizer que a atuação do enfermeiro como
dade nas relações entre todos os atores envolvidos no processo de gestor depende, primeiramente, do conhecimento que este tem do
gestão (BALSANELLI et al; 2008). processo de gestão em saúde, dos caminhos e da possibilidade de
Trabalhar, aprender e educar estará cada vez mais associado abertura ou desencadeamento de processos sociais e intersubjeti-
e integrado na vida coorporativa e a prática exemplar da liderança vos de criação e recriação constante de acordos, pactos e projetos
educadora será o alicerce da construção do ideal organizacional al- coletivos, como também de criar planos diretores com aplicação co-
mejada (ÉBOLI, 2002). ordenada de recursos e atividades capazes de integrar ações sobre
Os objetos de trabalho do enfermeiro no processo de trabalho o meio ambiente, sobre a coletividade, sobre serviços assistenciais
gerencial são a organização do trabalho e os recursos humanos de (público e privado), os conselhos municipais de saúde, os sistemas
enfermagem. Os meios/instrumentos são: recursos físicos, financei- de informação de interesse em saúde, sua análise, interpretação e
ros, materiais e os saberes administrativos que utilizam ferramentas avaliação de resultados (SÁ, 1999).
específicas para serem operacionalizados. Esses instrumentos/ fer-
ramentas específicas compreendem o planejamento, a coordena- Gestão do SUS
ção, a direção e o controle (FELLI & PEDUZZI, 2005). A saúde tem sido objeto de atenção e discussão de profissio-
Ao graduar-se o enfermeiro assume intrinsecamente o papel nais, comunidades e governos, tanto no que diz respeito à condição
de líder. Esse atributo lhe é imposto pela exigência da lei do exercí- de vida das pessoas quanto no que se refere a um setor da eco-
cio profissional e do código de ética em enfermagem. Espera-se que nomia no qual se produzem bens e serviços. Nesse sentido, cada
ao se inserir no mercado de trabalho, essa competência esteja ple- sociedade organiza o seu sistema de saúde, segundo sua própria
namente passível de ser praticada por esse profissional de saúde. cultura, leis vigentes, panorama político, condição econômica, sob
a influência de determinantes sociais.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No que diz respeito ao setor da economia, responsável pela pactuação, monitoramento e avaliação de políticas que incidem
produção de serviços a uma dada população, pode-se dizer que sobre os serviços de saúde e, portanto, sobre o cuidado, em dife-
as discussões concentram-se em dois grandes temas: a gestão e rentes esferas do sistema de saúde. Contudo, ainda hoje, parece
o financiamento. Quanto à gestão, debate-se sobre aspectos tais ser incipiente o protagonismo do enfermeiro em espaços decisórios
como rede e cobertura assistencial; condições de acesso; prestação com potência para direcionar e consolidar políticas de saúde.
direta de assistência à saúde; qualidade da atenção; participação O papel reservado ao enfermeiro é predominantemente cen-
social; recursos humanos; implicações da transição demográfica e trado em aspectos técnicos assistenciais e gerenciais, reforçan-
epidemiológica para o sistema de saúde; instrumentos de gestão do uma ação coadjuvante, embora seja um profissional presente
tais como o planejamento, o controle, a regulação, a avaliação, e atuante nos diferentes serviços de saúde. Uma possibilidade de
dentre outros. Quanto ao financiamento, o debate concentra-se na superar esse quadro é o investimento ou desenvolvimento de com-
determinação de fontes e na (in)suficiência de recursos financei- petências na área da gestão, sob ótica na qual as atividades tenham
ros; racionalização de gastos; crescente incorporação tecnológica; caráter articulador e integrativo, sendo determinada e determinan-
participação do setor público versus setor privado. Enfim, temas te do processo de organização de serviços e efetivação de políticas
distintos, com interface bastante clara e campo de tensões entre as de saúde.
diferentes esferas administrativas governamentais. Não se trata de discutir, questionar ou colocar em segundo
Os gestores de sistemas de saúde atuam em dois âmbitos bas- plano a centralidade do cuidado no processo de trabalho do enfer-
tante imbricados, o político e o técnico. O político está relaciona- meiro, ao contrário, exatamente por valorizar e priorizar o cuidado
do ao exercício da gestão voltada para o interesse público e para a faz-se necessária atuação política, na esfera da gestão, na dimensão
concretização da saúde como direito de cidadania. A atuação téc- dos sistemas de saúde, perpassando pelos diferentes serviços de
nica fundamenta-se na formulação de políticas e planejamento de saúde com o objetivo de favorecer as melhores práticas de cuidado.
ações; financiamento do sistema; coordenação, regulação, contro- Cabe, ainda, destacar a importância e a opção pelas práticas
le, avaliação de serviços e prestação direta de serviços de saúde. multidisciplinares, sem, contudo, desconsiderar a identidade que
A gestão dos sistemas de saúde é transversalizada por proces- caracteriza cada profissão. Nesse sentido, o enfermeiro pode se
sos permanentes de decisão e de avaliação. Desse modo, é possível apropriar de ferramentas gerenciais com o intuito de instrumentali-
inferir que os processos decisórios deveriam ocorrer fortemente zar sua participação no processo de planejamento e gestão, ou seja,
articulados àqueles de planejamento e avaliação, sustentados em à tomada de decisão. Trata-se de proposta ampla, entretanto, neste
sistemas de informação apropriados. Por exemplo, avaliar mecanis- artigo, o que se pretende é focar a avaliação, enquanto campo de
mos de articulação da atenção básica com os outros níveis do siste- aplicação de conhecimentos, que propicia múltiplas dimensões de
ma de saúde permite identificar fragilidades e potencialidades das participação. Por possibilitar mudanças é que a avaliação se apre-
estratégias de integração adotadas, favorecendo a estruturação de senta como uma atividade essencial nos programas e políticas de
mecanismos inovadores que contribuam para o fortalecimento da saúde.
gestão do sistema de saúde. Considerando o exposto e a experiência profissional, na área
Cabe destacar que, a rigor, os termos gestão e gerência são si- de avaliação, na academia e em sistemas de saúde municipal e esta-
nônimos, tanto no aspecto vernacular quanto conceitual, referem- dual, apresenta-se este artigo com o objetivo de refletir criticamen-
-se à ideia de dirigir e de decidir. Entretanto, no setor saúde, no te acerca da avaliação enquanto ferramenta gerencial que favorece
Brasil, a partir da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), o a inserção do enfermeiro no processo de gestão de sistemas de saú-
termo gestão tem sido empregado para designar as atividades de de. O artigo está estruturado em quatro partes: contextualização do
comando de macroesferas de ação ou decisão no âmbito do siste- tema, o enfermeiro e a gestão em saúde, avaliação na gestão em
ma de saúde municipal, estadual ou nacional, e o termo gerência à saúde e considerações finais.
internalidade das ações em unidades e serviços de saúde. Neste ar-
tigo utiliza-se a palavra gestão como referência ao espaço de articu- O enfermeiro e a gestão em saúde
lação, interação, participação e decisão nas secretarias municipais O contexto socioeconômico, político e cultural do mundo con-
e estaduais da saúde, bem como em nível de ministério da saúde, temporâneo requer constante reflexão acerca do trabalho do enfer-
que desencadeiam ações gerenciais e assistenciais em unidades e meiro, que é influenciado e pode influenciar o cenário que a ele se
serviços de saúde. Ou seja, aqui, refere-se à gestão no âmbito de apresenta. O desenvolvimento de processos de trabalho singulares
sistemas de saúde. com foco na assistência e atribuições gerenciais caracterizam o tra-
Na contemporaneidade, o enfoque multidisciplinar da área da balho do enfermeiro, requerendo conhecimentos e competências
saúde e da gestão ganha reforço, pressupõe uma forma de organi- que o habilitem a assumir papel relevante em instituições de saúde.
zar a dinâmica de trabalho e das relações em bases coletivas sem, O processo de trabalho na enfermagem organiza-se em subpro-
contudo, perder a singularidade de espaços, saberes e profissões. cessos que podem ser denominados cuidar ou assistir, administrar
Particularizando o profissional enfermeiro, entende-se que se trata ou gerenciar, pesquisar e ensinar, sendo que cada um desses possui
de um desafio pensar sob perspectiva ampliada de atuação desse seus próprios objetos, meios/instrumentos e atividades, coexistin-
profissional, para além dos aspectos técnicos assistenciais e geren- do ou não em um mesmo momento e instituição.
ciais da prática profissional, mas, na lógica de inserção na estrutura O exercício da dimensão gerencial do trabalho do enfermeiro
organizacional dos sistemas de saúde, no campo da gestão, em uma varia segundo o contexto socioeconômico de cada época, o modelo
proposta de participação ativa e articulada em processos decisó- clínico de atenção à saúde predominante, as demandas de saúde da
rios. Envidar esforços para inserção nos diferentes espaços da ges- população, o quantitativo e a qualificação dos recursos humanos de
tão permite ao enfermeiro consolidar sua atuação na formulação, enfermagem disponível, da política de saúde, da própria inserção
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do enfermeiro no cenário de saúde e do sistema de saúde vigente. A avaliação não é uma ciência ou área da ciência, mas, sim,
O enfermeiro é o profissional legalmente responsável por assumir a campo de aplicação de conhecimentos de várias áreas, utilizando
atividade gerencial, a quem compete a coordenação da equipe de múltiplos conceitos e enfoques metodológicos que favorecem visão
enfermagem bem como a viabilização do processo cuidativo com as mais abrangente do objeto avaliado.
peculiaridades inerentes a cada serviço de saúde. Trata-se de tarefa complexa conceituar avaliação, termo que
Nos sistemas de saúde, a gestão assume caráter dinâmico, po- possui grande riqueza semântica e aplicável a diferentes áreas do
lêmico e complexo que estimula a reflexão sobre a inserção dos en- saber. A palavra avaliar, em sua raiz latina significa medir, a partir
fermeiros nesse processo. de padrões quantificáveis e em grego, seu radical axiós diz respeito
Os últimos 30 anos representaram um salto para a enferma- à produção de juízos de valor, ligada a medidas qualitativas, etimo-
gem que começou a se estabelecer como protagonista, criando logia que evidencia a contribuição de várias ciências para o campo
condições políticas, éticas, técnicas e humanas para o desenvolvi- da avaliação. No senso comum, a avaliação constitui–se numa ati-
mento da saúde, com destaque para o cuidado humano. Entretan- vidade bastante antiga, processo essencialmente humano e reali-
to, entende-se, aqui, que muito ainda há para ser feito. zado cotidianamente. Em sentido bastante amplo, avaliar consiste
A atuação do enfermeiro precisa superar posições hierárquicas, em julgar, estimar, medir, classificar, analisar criticamente, enfim,
a rigidez de organogramas e as disputas em torno da competência atribuir valor a algo ou a alguém.
disciplinar de cada área profissional, com vistas a estabelecer a re- Avaliação é a determinação do valor ou mérito de um objeto de
lação de interação e construção de competências técnicas, clínicas, avaliação ou, ainda, a identificação, o esclarecimento e a aplicação
políticas e relacionais que preservem a singularidade profissional, de critérios defensáveis para determinar valor ou mérito, a qualida-
mas favoreça a atuação coletiva no âmbito dos sistemas de saúde. de, a utilidade, a eficácia ou a importância do objeto avaliado em
Contudo, não é possível desconsiderar que esse processo articulado relação a estes critérios.
à gestão, cenário de participação política do enfermeiro, envolve É um processo técnico-administrativo destinado à tomada de
competição e disputa de poder. decisão, envolve momentos de medir, comparar e emitir juízo de
As limitações do enfermeiro para identificar aspectos políticos valor, significa expor valor assumido a partir do julgamento realiza-
em sua atuação refletem uma profissão que, historicamente, enfa- do com base em critérios previamente definidos.
tizou a prática de cuidados e a gerência predominantemente cen- Avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento
tradas em conhecimentos biológicos e técnicos, em detrimento dos de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de
aspectos políticos. seus componentes, com o objetivo de ajudar na tomada de deci-
Face à formação acadêmica que contempla além dos conheci- sões. Esse julgamento pode ser resultado da aplicação de critérios e
mentos técnico-científicos, relativos à assistência à saúde, aqueles normas (avaliação normativa) ou se elaborar a partir de um proce-
atinentes ao gerenciamento de serviços, o profissional enfermeiro dimento científico (pesquisa avaliativa).
tem potencial para a participação diferenciada no âmbito dos sis- Nessa definição, percebe-se que a avaliação tem o objetivo de
temas de saúde. Nesse sentido, a reformulação e a implantação de ajudar na tomada de decisões.
sistemas de saúde, associada à incorporação cada vez mais acentu- Na gestão em saúde, a avaliação torna-se fundamental uma vez
ada e rápida de novas tecnologias vêm requerendo do enfermeiro que estabelece um olhar crítico sobre o que está sendo feito e o
um conjunto de conhecimentos políticos, teóricos, técnicos e ope- compara com o que deveria estar ocorrendo, favorecendo a busca
racionais relativos às políticas de saúde, à legislação, à economia por resultados desejáveis. Pode assumir caráter de suporte ao pro-
em saúde e aos processos de gestão propriamente ditos, que lhe cesso decisório na prestação de serviços de saúde, além de auxiliar
permitirão ampliar e consolidar novos espaços de atuação por meio a identificação de pontos frágeis nos serviços instalados, mensurar
da prática profissional crítica e competente. a eficiência e a efetividade das ações assistenciais e verificar o im-
A atuação dos enfermeiros em ações não assistenciais repre- pacto advindos das ações de saúde na condição sanitária da po-
senta desafio crescente às políticas de formação e inserção no pulação. Nesse sentindo, a avaliação pode ter papel de destaque,
mundo do trabalho e destacam-se, particularmente, questões rela- tornando-se ferramenta de grande importância no processo de pla-
tivas à gestão e avaliação de políticas que incidem sobre o sistema nejamento e gestão dos sistemas e serviços de saúde.
de saúde e, portanto, sobre o cuidado individual e coletivo. Nesse Cabe destacar que, no âmbito do SUS, embora a avaliação em
sentido, entende-se que é pertinente discutir a especificidade do saúde seja um pressuposto da condição de gestão do sistema local
campo da avaliação em saúde, com a perspectiva do trabalho do de saúde, previsto desde a Norma Operacional Básica 93 até o Pac-
enfermeiro no âmbito da gestão. to pela Saúde, no nível local, essa ferramenta gerencial ainda não é
utilizada em toda sua potencialidade, sendo pouco incorporada ao
Avaliação na gestão em saúde processo de trabalho cotidiano.
A crescente disputa entre as demandas da população, a incor- A avaliação expandiu-se no final do século XX, tanto em produ-
poração de novos conhecimentos e técnicas, bem como a necessi- ção científica quanto em sua institucionalização. A avaliação pode
dade de controlar os gastos públicos evidenciam a fragilidade dos produzir informação para melhoria das intervenções em saúde e
sistemas de saúde e levam ao questionamento da viabilidade des- também para o julgamento acerca da sua cobertura, acesso, equi-
ses sistemas. Em face dessa crise mundial dos sistemas de saúde, a dade, qualidade técnica, efetividade, eficiência, percepção dos usu-
necessidade da concepção e implantação de verdadeira cultura de ários. Porém, tanto entre os gestores quanto entre profissionais de
avaliação parece ainda mais importante que há dez anos. saúde ainda há importante lacuna relativa à incorporação do co-
nhecimento produzido pelas avaliações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Embora existam diferentes definições e atribuições para a ava- - Paciente de cuidados mínimos (PCM): paciente estável sob o
liação, entende-se que ela deve contribuir para a tomada de de- ponto de vista clínico e de enfermagem e autossuficiente quanto ao
cisão, tendo como compromisso a melhoria das intervenções em atendimento das necessidades humanas básicas;
saúde e, em última análise, a saúde dos usuários. Nessa perspecti- - Paciente de cuidados intermediários (PCI): paciente estável
va, propiciar a participação de diferentes atores sociais envolvidos sob o ponto de vista clínico e de enfermagem, com parcial depen-
na avaliação favorece o desenvolvimento de processo crítico e re- dência dos profissionais de enfermagem para o atendimento das
flexivo sobre as práticas desenvolvidas no âmbito dos sistemas de necessidades humanas básicas
saúde, a fim de tornar a avaliação contínua e sistemática, mediada - Paciente de cuidados de alta dependência (PCAD): paciente
por relações de poder, constituindo função importante da gestão. crônico, incluindo o de cuidado paliativo, estável sob o ponto de vis-
Acredita-se ser pertinente o enfermeiro investir esforços nessa ta clinico, porém com total dependência das ações de enfermagem
área, uma vez que a enfermagem tem demonstrado potencial para para o atendimento das necessidades humanas básicas;
implantação, manutenção e desenvolvimento das políticas de saú- - Paciente de cuidados semi-intensivos (PCSI): paciente passível
de que tenham como objetivo qualificar a assistência. Ou seja, o de instabilidade das funções vitais, recuperável, sem risco iminente
enfermeiro tem assumido papel de executor de políticas de saúde, de morte, requerendo assistência de enfermagem e médica perma-
porém, entende-se que o profissional tem condições de assumir nente e especializada;
posições decisórias e de proposições políticas de saúde, ampliando - Paciente de cuidados intensivos (PCIt): paciente grave e re-
sua participação nos sistemas de saúde. cuperável, com risco iminente de morte, sujeito à instabilidade das
funções vitais, requerendo assistência de enfermagem e médica
Dimensionamento de pessoal permanente e especializada.
Foi desenvolvido um Manual Prático de Dimensionamento de O Manual completo está disponível em:
Pessoal pelo COFEN que tem como objetivo colaborar na aplicação http://edimensionamento.cofen.gov.br/anexos/MANUAL_PRATICO.
dos métodos de Dimensionamento, estabelecidos na Resolução pdf;jsessionid=69D83800EA469BE04657F9DC392E37FB?cid=12675
Cofen nº 543/2017, que atualiza e estabelece parâmetros para o
Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nos Gestão de pessoas
serviços/locais em que são realizadas atividades de enfermagem. Os primórdios da gestão de pessoas perpassa pelo modelo
Os Parâmetros representam normas técnicas mínimas, consti- taylorista-fordista, cuja base era a definição do cargo e de suas fun-
tuindo-se em referências para orientar os gestores e gerentes das ções associadas, que definiam os critérios para a seleção de pes-
instituições de saúde: soas.
- No planejamento das ações de saúde; Segundo Fleury e Fleury (2007, p.89), o lema era “o homem
- Na programação das ações de saúde; certo para o lugar certo”, visando maior produtividade e competi-
- Na priorização das ações de saúde a serem desenvolvidas tividade.
As organizações têm passado por muitas modificações, desde
Para estabelecer o dimensionamento do quadro de profissio- então, e com o passar dos anos elas têm procurado adequar-se às
nais de enfermagem o Enfermeiro deve basear-se nas característi- pessoas. Com estas alterações surge nas organizações um novo de-
cas descritas abaixo: partamento e uma nova filosofia de administrar uma empresa, com
I – Ao serviço de saúde: missão, visão, porte, política de pesso- a valorização das pessoas que são o maior e mais importante pa-
al, recursos materiais e financeiros; estrutura organizacional e física; trimônio a ela incorporados. É preciso agir e pensar diferente, tais
tipos de serviços e/ou programas; tecnologia e complexidade dos condutas se mostram como requisitos indispensáveis para acompa-
serviços e/ou programas; atribuições e competências, específicas e nhar a competitividade.
colaborativas, dos integrantes dos diferentes serviços e programas O contexto em que se situa a Gestão de Pessoas é representado
e requisitos mínimos estabelecidos pelo Ministério da Saúde; pelas organizações e pelas pessoas. As organizações constituem-se
II – Ao serviço de enfermagem: aspectos técnico - científicos de pessoas e dependem delas para atingirem seus objetivos e cum-
e administrativos: dinâmica de funcionamento das unidades nos prir sua missão. Ao ver das pessoas, as organizações constituem o
diferentes turnos; modelo gerencial; modelo assistencial (Processo meio pelo qual elas podem alcançar seus objetivos pessoais com
de Enfermagem - SAE); métodos de trabalho; jornada de trabalho; um mínimo de tempo, esforço e conflito. As organizações surgem
carga horária semanal; padrões de desempenho dos profissionais; então para aproveitar a sinergia dos esforços de várias pessoas que
índice de segurança técnica (IST); proporção de profissionais de en- trabalham em conjunto. Sem organizações e pessoas inexistiria a
fermagem de nível superior e de nível médio e indicadores de qua- Gestão de Pessoas. (CHIAVENATO, 1999).
lidade gerencial e assistencial; Entretanto, isso só é possível se as pessoas que fazem parte da
III – Ao paciente: grau de dependência em relação a equipe de organização estiverem realmente comprometidas em seguir suas
enfermagem (sistema de classificação de pacientes - SCP) e realida- normas, sua missão, sua visão, ou seja, é preciso que elas estejam
de sociocultural. realmente engajadas com o cumprimento dos objetivos e das me-
tas organizacionais.
Para as Unidades Assistenciais Ininterruptas/Internação (UAI) Vislumbra-se, pois, que a Gestão de Pessoas é parte essen-
o Enfermeiro deverá utilizar um sistema de classificação (SCP) que cial em uma organização que busca a excelência e tem a qualidade
estabeleça as categorias do cuidado conforme segue: como premissa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Contudo é importante que a organização desenvolva e valorize mente, o setor é vinculado à direção geral ou gerência administra-
os talentos existentes como forma de motivá-los para um bom de- tiva do órgão em que se situa e, política e tecnicamente, à Diretoria
sempenho, assim como ele se sinta útil no processo administrativo, de Recursos Humanos (DRH) da Secretaria de Estado da Saúde. Já
que venha a conscientizá-lo como colaborador e como ser humano na esfera privada, a maioria dos setores de gestão de pessoas está
da sua importância em determinada empresa. subordinada à gerência administrativa ou à direção-geral da orga-
Para Chiavenato (1999, p. 8) “Gestão de Pessoas ou ARH é o nização. Nesse caso, destaca-se que tais organizações apresentam
conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que uma estrutura típica de empresas privadas, e a área de recursos
influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações”. Ainda, humanos tem um papel estratégico na organização, atuando tanto
segundo o autor (2002, p.20) ”a Gestão de Pessoas se baseia em no nível decisório quanto na implementação das políticas do setor.
três aspectos fundamentais: 1. As pessoas como seres humanos; 2. De acordo com Cornetta (2001), na atividade organizacional
As pessoas são como mero recursos (humanos) organizacionais; 3. moderna, a gestão de pessoas compreende um amplo conjunto de
As pessoas como parceiras da organização”. complexas atividades, todas voltadas para o pleno desenvolvimento
A Administração estratégica de Recursos Humanos deve, as- das tarefas que a organização se propõe a realizar e as metas que pre-
sim, conhecer, analisar e acompanhar a evolução da cultura organi- tende atingir. Ou seja, as instituições devem se reunir, traçar metas, se
zacional da organização pretendida. organizar e por em prática metas de curto, médio e longo prazo.
Conforme Hobbins (2002, p. 240) “a Cultura organizacional se Para DUTRA et al. (2001), a Gestão por Competências procura
refere a um sistema de valores compartilhados pelos membros que orientar esforços para promover o planejamento, a captação, o desen-
difere uma organização da outra”. volvimento e a avaliação nos diferentes níveis organizacionais (indivi-
Shein em sua obra afirma que (apud Chiavenato, 1997, p. 32) dual e coletivamente), fundamentais à concretização de suas ações.
Cultura organizacional é o modelo de pressuposto básico que Neste sentido Cornetta, Vitória K. (2001) aponta:
um grupo assimilou na medida em que resolveu os seus problemas No atual quadro brasileiro de saúde verifica-se a enorme desi-
de adaptação externa e integração interna e que, por ter sido sufi- gualdade social que afeta as regiões [...] tendo como alvo principal,
cientemente eficaz. Foi considerado válido e repassado (ensinado) determinados grupos populacionais. Estas desigualdades resultam, na
aos demais (novos) membros como a maneira correta de perceber, maioria das vezes, do atual modelo de desenvolvimento globalizado.
pensar e sentir em relação àqueles problemas. Para Brand (2008) qualquer que seja a natureza do setor abor-
Chiavenato (1999, p. 172) conceitua Cultura organizacional dado, público ou privado, o que se pode concluir é que há uma
como “o conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos através de enorme carência de profissionalização no gerenciamento dos seto-
normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos res de gestão de pessoas das organizações de saúde.
os membros da organização”. Ademais, a cultura espelha a menta- Para programar essas transformações, os modelos de gestão
lidade que predomina em uma organização e a dos colaboradores precisam também ser modificados, destacando-se que a gestão dos
que ali habitam. Tudo se torna uma coisa só. recursos humanos passa a ser orientada por novas premissas, como
Em prol de ações que dinamizam seus processos, as organiza- referiu Dutra (2002) ao abordar o conceito de gestão de pessoas.
ções dependem cada vez mais das pessoas para executar tais ações Finamor (2010) relata que:
e viabilizar processos de maneira ágil, flexível e eficiente, sendo que Um novo contrato psicológico centrado cada vez mais no de-
as pessoas, dotadas de necessidades e desejos, dispõem de sua senvolvimento mútuo, ou seja, a relação entre pessoa e organiza-
capacidade, habilidade e conhecimento aplicados dentro da orga- ção se mantém na medida em que a pessoa contribui para o desen-
nização para atingirem seus objetivos e satisfazerem suas necessi- volvimento da organização e a organização para o desenvolvimento
dades gerando, portanto, uma contribuição mútua entre pessoas e da pessoa. O desenvolvimento organizacional está cada vez mais
organização. atrelado ao desenvolvimento das pessoas e, ao mesmo tempo, as
pessoas valorizam cada vez mais as condições objetivas oferecidas
Gestão de pessoas e saúde pela empresa para o seu desenvolvimento.
A eficiência dos serviços de saúde é um dever da gestão pú- Para Pereira (2001, p.20),
blica, a quem deve ser imputada a responsabilidade de proteger o desenvolvimento da gestão de pessoas se faz principalmente
e prevenir os problemas que possam atingir a sociedade como um na vivência do cotidiano, acompanhada, supervisionada e trans-
todo, mormente, os usuários diretos do sistema e os profissionais. formada em situações de aprendizagem, cabendo ao gerente des-
De acordo com Bosquetti e Albuquerque (2005) a área de cobrir o que seu grupo pensa ou percebe, e que representações e
Gestão de Pessoas desempenha uma função estratégica nas orga- aspirações tem a respeito de seu próprio desempenho e do papel
nizações. A gestão estratégica de pessoas destaca-se, assim, como que a organização desempenha nesse contexto.
requisito para alinhar as pessoas à estratégia traçada pela organiza- A autora destaca que o gerente de gestão de pessoas não é
ção. Todavia, às vezes essa importância não é devidamente obser- mais aquele técnico responsável apenas por um setor de pesso-
vada pelos profissionais de saúde, seja ele gestor, seja ele colabora- al cujas obrigações restringem-se ao registro de ocorrências nos
dor direto ou indireto. prontuários dos trabalhadores. Ele deve aliar à sua capacidade ad-
Dutra (2002, p.216) em sua obra reafirma a importância na ministrativa e ao seu conhecimento técnico um alto grau de sen-
gestão de profissionais da saúde: sibilidade, que lhe permita enxergar necessidades, expectativas,
Neste sentido, a ação do setor de gestão de pessoas na organi- potencialidades e desejos de seus trabalhadores, bem como as ne-
zação que atua diretamente com os profissionais de saúde se carac- cessidades da realidade social na qual estão inseridos e para qual se
teriza pela pouca autonomia em termos de inovação nas práticas de destina o produto de seu trabalho.
gestão ou mudanças nos modelos de recursos humanos. Estrutural-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Vislumbra-se, pois, que as práticas de gestão de pessoas, prin- A quem cabe o dimensionamento de pessoal dentro de uma
cipalmente, organização, planejamento e instituição?
ação são medidas indispensáveis, e, neste momento, inadiáveis Esta ação é uma atribuição privativa do Profissional
na saúde brasileira. Resgatar o sistema único de saúde e o atendi- Enfermeiro, conferida pelo artigo 8° do Decreto-Lei n.° 94.406/87.
mento particular de doentes deve ser uma meta traçada e perquiri- No Código de Ética em seu Art. 12, enquanto responsabilidade e
da pelas autoridades competentes. deveres: “Assegura à pessoa, família e comunidade assistência de
Por fim, a par de recursos parcos e descomprometimento, o maior enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência
problema da saúde está na omissão dos usuários do sistema. Não há ou imprudência”
reação. A sociedade organizada, politizada e consciente dos seus direi- Trata-se, portanto, de um importante papel gerencial do
tos de cidadania, busca cada vez mais os hospitais privados e planos de Enfermeiro, pois sabe-se que o quantitativo está intimamente
saúde, enquanto que a faixa pobre da população se sente incapaz de relacionado à qualidade e segurança na saúde. Estudos apontam
reivindicar um atendimento com mais dignidade e respeito nos hospi- que o número reduzido na equipe de enfermagem pode resultar
tais e postos de saúde deste país. Não que o serviço privado seja pres- em comprometimento da assistência, pela exposição dos clientes a
tado de forma excelente, mas, é que ao invés de suplementar como riscos de danos e além de aumento do tempo de internação. Verifica-
a constituição prevê, tornou-se uma forma de sobreviver ao precário se também que para o profissional de enfermagem há um potencial
atendimento oferecido pelas constituições públicas.3 prejuízo à saúde pela sobrecarga de trabalho. Para prevenir os
riscos e prejuízos inerentes à inadequação quantitativa de pessoal,
Cálculo, distribuição e dimensionamento de pessoal de o enfermeiro deve estabelecer o quadro quantiqualitativo de
enfermagem nos diferentes setores de um hospital. profissionais necessários à prestação da assistência de enfermagem
Dimensionamento de pessoal é uma ferramenta definida por
Gaidzinski (1991) como um processo sistemático que tem por E do que trata a proposta da Resolução 293/2004.
finalidade a previsão da quantidade e qualidade por categoria A Resolução 293/2004 preconiza que o dimensionamento
(enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem) requerida para e a adequação quantiqualitativa do quadro de profissionais de
atender, direta ou indiretamente, às necessidades de assistência de enfermagem devem basear-se em características relativas à
enfermagem da clientela. instituição/empresa, ao serviço de enfermagem e à clientela.
Os aspectos quantitativos de Profissionais de Enfermagem nas Na prática administrativa, a previsão do quantitativo e do
instituições de saúde são enfatizados para que haja a garantia da qualitativo de pessoal de enfermagem é um processo que depende
segurança e da qualidade da assistência ao cliente e a continuidade do conhecimento do Enfermeiro da carga de trabalho existente
da vigilância perante a diversidade de atuação nos cuidados e na nas unidades e por sua vez, essa carga de trabalho depende das
atenção da equipe de enfermagem. necessidades de assistência dos pacientes e do padrão de cuidado
Para explorar o assunto, a enfermeira Cleide Mazuela Canavesi, a ser realizado. Identificar o grau de complexidade dos cuidados
Especialista em Gerenciamento em Enfermagem, Informática em de enfermagem a ser ministrado aos pacientes é fundamental.
Saúde e Terapias Alternativas; Coordenadora da Câmara Técnica A média de horas de enfermagem, determinado pelo Sistema de
de Legislação e Normas do COFEN e Vice-presidente do COREN-SP Classificação de Pacientes–SCP, monitora e valida as necessidades
conversou com a reportagem do Portal e, ao final, com sua constante de cuidado individualizado. Este instrumento gerencial possibilita
simpatia e bom humor, dispôs para os internautas testes específicos ainda aos enfermeiros avaliar, planejar e distribuir o quantitativo
para treinar a habilidade no Dimensionamento de Pessoal necessário de recursos humanos para uma assistência segura.

O Dimensionamento está respaldado em qual legislação? Na prática, as propostas oriundas da Resolução se aplicam a
Na fundamentação legal do exercício profissional: Lei nº qualquer segmento da saúde?
7.498/86 e Decreto nº 94.406/87; Resolução COFEN Nº 311/2007 - A Resolução 293/2004 fornece ferramentas básicas ao
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem; Resolução COFEN Enfermeiro aplicar a todo e qualquer segmento assistencial. Cabe
nº 293/2004. ao profissional adequar à sua realidade como exemplo o Sistema
de Classificação de Pacientes, pois o constante no Anexo é genérico.
Quais são os componentes essenciais para um cálculo de
dimensionamento de pessoal? Qual é o impacto legal e ético do não cumprimento da Reso-
Considerar as características da Instituição como, por exemplo: lução?
missão, porte, estrutura organizacional, estrutura física, tipos de Tanto a Resolução quanto aos outros métodos existentes,
serviços e programas, tecnologia e complexidade dos serviços, na literatura viabilizam dimensionar o quantitativo de pessoal de
política de pessoal, etc. Considerar ainda as características do enfermagem, de forma científica e sistematizada.
Serviço de Enfermagem: modelo gerencial, modelo assistencial, A falta de incorporação pelo Enfermeiro de um SCP, e da SAE,
métodos de trabalho, jornada de trabalho, carga horária semanal, torna o dimensionamento inconsistente e intuitivo, portanto, sem
taxa de absenteísmo, indicadores de avaliação da qualidade da argumentação relevante no momento de apresentação ao gestor.
assistência. Importante ainda ressaltar que para uma assistência de
Fundamental que a Sistematização da Assistência de enfermagem segura sem riscos, é necessário responder a quesitos
Enfermagem esteja devidamente implantada bem como o Sistema básicos como, por exemplo: De quem eu cuido?; Qual tempo
de Classificação de Paciente. necessário?; A equipe de enfermagem consegue executar os
3 Fonte: www.portaleducacao.com.br/www.portaleducacao.com.br
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cuidados? Só assim, o Enfermeiro estará de fato assumindo sua Visando atender às demandas atuais, estas organizações se
função privativa de “planejamento, organização, execução e viram forçadas a modificar os processos de trabalho, incorporando
avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem” grifos nosso. tecnologia, reduzindo drasticamente o quadro de pessoal não
qualificado ou excedente, fazendo investimentos na qualificação
Falta incluir algo na Resolução, em sua opinião? permanente dos funcionários remanescentes, reduzindo o espaço
Sim, algumas situações já foram apontadas em estudos como, físico de suas instalações, com o objetivo de produzir mais e com
por exemplo, as horas de enfermagem para pacientes crônicos, a qualidade, tendo como foco a satisfação do cliente.
inclusão dos feriados consagrados, etc. Sabemos que as horas de No plano individual, certas competências e habilidades
enfermagem não são estanques, haja vista a evolução ocorrida técnicas somadas a um conhecimento amplo têm sido cada vez
nestes últimos 15 anos. mais desejáveis, englobados sob a ótica da multiespecialização,
responsável por tornar o profissional apto a superar desafios e
Quais as principais iniciativas do COFEN em relação ao estudo romper com uma visão de trabalho linear e previsível, herança de
do Dimensionamento de Pessoal? um processo institucionalizado de organização social de produção,
Sem dúvida, alteração e atualização da presente Resolução, originado nas concepções dos modelos taylorista/fordista, nos
que através de suas Câmaras Técnicas construirão instrumento de quais os profissionais dominavam técnicas parciais, fragmentadas e
pesquisa para todo Brasil e posteriormente colocado os resultados isoladas. A incorporação deste novo modelo capacita o profissional
e Minuta em consulta pública. a ter uma percepção mais abrangente, dinâmica, complementar e
integrada. Juntamente com as habilidades e competências técnicas,
Existe uma Câmara Técnica formada para discutir esta as habilidades relacionais que capacitam o indivíduo a estabelecer
questão? relações interpessoais com base na cooperação, também têm sido
O COFEN atualmente conta com as seguintes Câmaras requeridas. Além disto, é esperado do funcionário um envolvimento
Técnicas: Câmara Técnica de Legislação e Normas, que coordeno; e uma internalização dos objetivos e missão da organização, de
Câmara Técnica Assistencial; Câmara Técnica de Ensino e Pesquisa forma a se tornar um colaborador, um parceiro nos negócios,
e Câmara Técnica de Fiscalização. O Objetivo das Câmaras Técnicas incorporando a idéia de que se a empresa é bem sucedida, ele
é fornecer subsídios através de Pareceres e Minuta de Resoluções também será. A moeda de troca passou a ser a formação de um
ao Presidente do COFEN para as dúvidas técnicas dos Conselhos pacto que atenda simultaneamente aos interesses organizacionais
Regionais e Profissionais, além de proposituras de alterações e pessoais. Estes fatos provocaram a necessidade de substituição
de Resoluções vigentes e incorporação de novas propostas em de uma gestão baseada no desempenho individual para o
função de novas tecnologias e técnicas incorporadas à Equipe de desempenho coletivo. Para superar estes desafios, a delegação de
Enfermagem. Toda produção das Câmaras Técnicas é encaminhada responsabilidades às equipes tem sido a alternativa para alcançar
ao Plenário do COFEN, para conhecimento, análise e posterior resultados rápidos, criativos e acima de tudo eficazes. No entanto,
aprovação. temos que considerar que essas mudanças representam um
grande desafio à convivência social (no ambiente de trabalho),
Além dos cálculos que temos hoje preconizados, quais são pois vários obstáculos dificultam a passagem do desempenho
os outros fatores que influenciam um bom dimensionamento de individual para o desempenho coletivo. Entre estas, podemos
pessoal? citar a contradição existente no discurso organizacional, onde
Não basta o quantitativo de pessoal. Também é necessário que por um lado, o funcionário é levado a se perceber como um elo
se tenha implantada uma política de treinamento e desenvolvimento importante na rede de produção, sob a forte pressão de atender
de pessoal, pois a qualidade deve ser aliada à quantidade. aos interesses organizacionais, enquanto por outro lado percebe a
sua descartabilidade e facilidade de substituição, como uma peça
Trabalho em equipe de uma engrenagem. Diante desta constatação, o pacto torna-se
Atualmente, sob o forte impacto da reestruturação produtiva, frágil na medida em que o outro (o seu companheiro de equipe)
responsável por alterar a organização de processos de trabalho para passa a ser percebido como uma constante fonte de competição e
atender às exigências de um mercado extremamente competitivo ameaça.
e volátil, muitas organizações visando garantir a sua permanência/ O campo dos empreendimentos coletivos na área de saúde,
sobrevivência, têm promovido a busca da qualidade como fator considerado como um setor que enfrenta graves crises no Brasil,
diferencial na manutenção de um espaço cada vez mais concorrido. também sofreu o impacto destas mudanças, principalmente com
Os adventos surgidos com a era da globalização trouxeram novas a introdução do conceito de qualidade, que tendo início na década
formas de se pensar as relações sociais, gerando sistemas abstratos de 70, alcançou seu auge na década de 90, e ainda hoje se constitui
de representação, tais como as noções de tempo/espaço, distância num objeto de discussão e investimento. Esta busca pela qualidade
como meio de estabilizar as relações e promover adaptações, deveu-se, em parte, pela introdução da integralidade da assistência,
num cenário ameaçador regido pela imprevisibilidade e pela na década de 90, “entendida como um conjunto articulado e contínuo
constante eminência de fatores de risco. Neste sentido, assistimos das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
a incorporação de uma mudança valorativa na forma de entender exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do
os fenômenos hipercomplexos que permeiam as relações das sistema” (lei 8080/90), sendo um fator responsável por alterar as
organizações de trabalho com o meio circundante. configurações das interações profissionais. Com isso, um grande
destaque foi concedido ao trabalho em equipe multidisciplinar,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

porque os profissionais de saúde foram levados a reconhecer a Instrumentos e meios de trabalho


necessidade de diferentes contribuições profissionais no cuidado A história da utilização dos instrumentos gerenciais na saúde
ao paciente de maneira eficiente e eficaz. não possui identidade própria. Assim como em diversos ramos da
O trabalho em equipe surge assim como uma estratégia economia e gestão, as experiências bem-sucedidas da indústria
para redesenhar o trabalho e promover a qualidade dos serviços. vêm sendo ajustadas ao dia a dia da rotina gerencial da área de
Entre estes processos podemos citar o planejamento de serviços, saúde. Após um longo período onde a saúde foi tratada e conduzida
o estabelecimento de prioridades, a redução da duplicação dos exclusivamente por ações filantrópicas e casas de caridade, com a
serviços, a geração de intervenções mais criativas, a redução de privatização dos serviços hospitalares, uma nova visão vem sendo
intervenções desnecessárias pela falta de comunicação entre os desenvolvida para aplicação na gestão da saúde que proporcione
profissionais, a redução da rotatividade, resultando na redução de perenidade as instituições com base em resultados obtidos das
custos,com a possibilidade de aplicação e investimentos em outros operações principais.
processos. Entretanto, apesar dos benefícios apontados, algumas Neste sentido, a visão do hospital como empresa, que implica
dificuldades e problemas vêm sendo identificados, tornando-se em eficiência em operação, implica na melhor gestão de diversos
objeto de estudo. Podemos citar inicialmente a intensa divisão componentes diretos e indiretos envolvidos em suas operações,
social e técnica do trabalho na área de saúde, resultado de um com vistas a obtenção de resultados, como recursos humanos,
processo de alta especialização e compartimentalização do saber desempenho e custos. A já complexa estrutura hospitalar vem
na formação acadêmica dos profissionais, gerando uma visão exigindo a adaptação destes modelos de gestão e utilização de
reducionista e fragmentada do ser humano. instrumentos gerenciais já consolidados e de amplo sucesso.
As pesquisas sobre a constituição das equipes na área de saúde Diferentemente destes setores, o de saúde possui
apresentam muitas lacunas pelo fato de nem todos os aspectos especificidades que dificultam a superação da visão do hospital como
listados como facilitadores e limitadores a sua formação, terem sido instituição caritativa, passando a entendê-la como organização com
estudados empiricamente. lógica empresarial.
A responsabilidade médica é inquestionável por tradição, já que Antes de adentrar em algumas ferramentas de gestão, foco
o papel da liderança, existe desde antes da existência dos serviços desta disciplina, é necessário entender que a cultura japonesa do
de saúde. O trabalho em equipe de saúde ainda baseia-se numa combate ao desperdício (Lean/Justin Time/JIDOCA) e predominante
relação de hierarquia e subordinação. Entretanto, a delegação na maioria dos cases de sucesso industriais, possui uma participação
de autoridade ou função, poderá ocorrer quando há trocas de fundamental no novo mundo da gestão da saúde. Criar padrões de
informações que gerem conhecimento e confiança fazendo com organização que permitem conhecer cada detalhe da produção
que surja um líder emergencial, que sendo um membro mais dos serviços, dentro de um contexto mais amplo de eficiência
qualificado da equipe fique sendo o responsável pelas ações de departamental ou da instituição como um todo, onde catalogar,
sua área de competência, mas, sobretudo emergindo de suas bases medir e agir a tempo de que toda e qualquer produção não seja
funcionais, já que pode ser o canal de acesso ao paciente. prejudicada, minimizando eventuais prejuízos, vem tornando-se
Spink (2003: 57-60) apresenta fundamentos para a dificuldade desafiante aos novos gestores de saúde.
de estabelecimento das equipes multidisciplinares, destacando Insumo fundamental para qualquer método de gestão baseado
a posse diferencial do conhecimento científico sobre saúde/ na análise de indicadores e métodos de controle, os dados gerados
doença atribuída a medicina e alegando que várias profissões pelas empresas precisam ser transformados em informações, pois
foram constituídas a partir de um processo de especialização tanto deles são dependentes a aplicação dos instrumentos. A informação
decorrente de avanços tecnológicos como também da ampliação precisa de um conjunto de características para garantir qualidade.
do conceito de saúde, não apresentando, no entanto, um corpo de Deve ser precisa, concisa, simples e oportuna, contudo, não basta
conhecimentos, métodos e técnicas bem delimitadas para propiciar possuir a informação, é preciso torná-la relevantes para tomada de
uma coexistência harmônica. Destaca que para a constituição de decisão.
disciplinas autônomas, deve haver a delimitação de fronteiras A correta atenção aos registros internos de cada uma das
através da definição de procedimentos e adoção de formas de informações referentes as principais etapas do processo e de
argumentação que possam restringir o uso de certas terminologias, seus controles é fundamental para a utilização dos instrumentos
o empréstimo permitido de conhecimentos de outras disciplinas e gerenciais. Sem dados não há informação que subsidie a sabedoria
os contextos legítimos de justificação e descobertas, fazendo com para tomada de decisões.
que controlem inteiramente seus departamentos acadêmicos, seus Apesar da grande variedade de ferramentas e instrumentos
programas de pesquisa e suas linhagens históricas. gerenciais, os mesmos ainda estão subutilizados na área da saúde,
Spink (2003:.60) segue afirmando que a integração não possuindo atualmente, baixa adesão das instituições. A ausência
significa a equalização dos saberes/fazeres e nem a submissão das de conhecimento, dificuldades de utilização pelos indivíduos, a
diferenças a uma verdade única e inequívoca. O problema não está falta de registro dos dados, saber quando e como utilizá-los, são as
em cada um perder a sua competência, e sim em articular com principais causas dessa baixa utilização.
outras competências. Diz que do ponto de vista afetivo a superação
está na aceitação e incorporação da alteridade, entendida como
aquilo que é diferente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de


SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM. Enfermagem dentro da abordagem da Sistematização da Assistên-
cia de Enfermagem (SAE).
Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até
mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, que
Sistematização da Assistência em Enfermagem pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao pa-
Em todas as instituições de saúde é crucial ter o controle e en- ciente. Este processo pode ser otimizado com a utilização de PEP,
tender o fluxo de trabalho das equipes. Um exemplo prático é a com formulários específicos que direcionam o questionamento da
aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessa-
Ela organiza o trabalho quanto à metodologia, à equipe e os instru- dos por todos da Instituição, até mesmo de forma remota. Assim,
mentos utilizados, tornando possível a operacionalização do Pro- é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos
cesso de Enfermagem. cuidados ao paciente, com maior segurança e agilidade.
Esse processo é organizado em cinco etapas relacionadas, in-
terdependentes e recorrentes. Seu objetivo é garantir que o acom- 2. Diagnóstico de Enfermagem
panhamento dos pacientes seja prestado de forma coesa e preci- Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamen-
sa. Com a utilização desta metodologia, consegue-se analisar as to dos dados coletados, conduzindo a tomada de decisão sobre os
informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e
condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados espe-
devidamente registrados no Prontuário do Paciente. rados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a
Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas
1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um levantados no histórico de enfermagem. Com isso, se faz a elabora-
conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a ção de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa.
partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa- Tudo que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico
ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre que necessário.
científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe 3. Planejamento de Enfermagem
multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indi- De acordo com a Sistematização da Assistência de Enferma-
víduo”. Ele poderá ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia gem (SAE), que organiza o trabalho profissional quanto ao método,
em papel não garante uma uniformidade nas informações e permi- pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar
te possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde.
do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade. É aqui que se determinam os resultados esperados e quais
Devido à uma necessidade cada vez maior de atenção com a ações serão necessárias. Isso será realizado a partir nos dados co-
Segurança do Paciente há uma necessidade crescente das Institui- letados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos
ções de saúde buscarem sistemas de gestão informatizado que tra- de saúde do paciente e suas intervenções. São informações que,
zem o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) em sua composição. igualmente, devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições
Essas ferramentas digitais permitem: checadas e o registro das ações que foram executadas.
–ampliar o acesso às informações dos pacientes de forma ágil e
atualizada, com conteúdo legível; 4. Implementação
–criar aletras sobre interações medicamentosas, alergia e in- A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da
consistências; Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a equipe rea-
–estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos lizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Plane-
terapêuticos; jamento de Enfermagem. São atividades que podem ir desde uma
–realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de ges- administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados espe-
tão e assistenciais. cíficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais
vitais específicos e acrescentá-los no Prontuário Eletrônico do Pa-
Para entender melhor esse processo explicamos abaixo como ciente (PEP).
funciona a metodologia.
5. Avaliação de Enfermagem (Evolução)
As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Siste- Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no
matização da Assistência de Enfermagem: Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática
1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma- e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para
gem determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança-
O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca ram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira
por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe de terá como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas
enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático etapas do Processo de Enfermagem. Além de proporcionar infor-
e contínuo na qual haverá a coleta de dados que serão passados pe- mações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na
los próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envolvidas. tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sistema de informação em enfermagem (Registro em Enfer- O processo de enfermagem proposto por Horta (1979), é o
magem) conjunto de ações sistematizadas e relacionadas entre si, visando
Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, principalmente a assistência ao cliente. Eleva a competência técni-
no prontuário do paciente, de todas as observações e assistência ca da equipe e padroniza o atendimento, proporcionando melhoria
prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de enferma- das condições de avaliação do serviço e identificação de problemas,
gem. A importância do registro reside no fato de que a equipe de permitindo assim os estabelecimentos de prioridade para interven-
enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter- ção direta do enfermeiro no cuidado. O processo de enfermagem
rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas pode ser denominado como SAE (Sistematização da Assistência de
as ocorrências clínicas. Enfermagem) e deve ser composto por Histórico de Enfermagem,
Para maior clareza, recomenda-se que o registro das informa- Exame Físico, Diagnóstico e Prescrição de Enfermagem. Assim, a
ções seja organizado de modo a reproduzir a ordem cronológica dos Evolução de Enfermagem, é efetuada exclusivamente por enfermei-
fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe possa ros. O relatório de enfermagem, que são observações, podem ser
acompanhar a evolução do paciente. Um registro completo de en- realizados por técnicos de enfermagem. Em unidades críticas como
fermagem contempla as seguintes informações: uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a evolução de enfermagem
Observação do estado geral do paciente, indicando manifes- deve ser realizada a cada turno do plantão, contudo em unidades
tações emocionais como angústia, calma, interesse, depressão, semi-críticas, como uma Clínica Médica e Cirúrgica, o número exi-
euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alte- gido de evolução em vinte e quatro horas é de apenas uma, já os
rações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade relatórios, devem ser redigidos á cada plantão.
cutâneo-mucosa, oxigenação, postura
Ordem cronológica – seqüência em que os fatos acontecem,
correlacionados com o tempo, sono e repouso, eliminações, padrão POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH).
da fala, movimentação; existência e condições de sondas, drenos,
curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para veri- A Política Nacional de Humanização (PNH) é outra proposta
ficação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de determi- implantada pelo SUS que vem para contribuir para que se consiga
nado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: alergia reorganizar o sistema a partir da sua consolidação e visa assegurar
após a administração de medicamentos, diminuição da temperatu- a atenção integral à população como estratégia de ampliação do
ra corporal após banho morno, melhora da dispnéia após a instala- direito e cidadania das pessoas. Formulada e lançada pelo Ministé-
ção de cateter de oxigênio; rio da Saúde em 2003, apresentada ao Conselho Nacional de Saúde
A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que (CNS) em 2004, protagoniza propostas de mudança dos modelos de
permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa- gestão e de atenção no cotidiano dos serviços de saúde, propondo-
ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso -os indissociáveis.
o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo, Segundo Benevides e Passos (2005), o conceito de humaniza-
por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re- ção expressava, até então, as práticas de saúde fragmentadas liga-
gistrar esse fato e o motivo da negação. das ao voluntarismo, assistencialismo e paternalismo, com base na
Procedimentos rotineiros também devem ser registrados, figura ideal do “bom humano”, metro-padrão, que não coincide
como a instalação de solução venosa, curativos realizados, colheita com nenhuma existência concreta.
de material para exames, encaminhamentos e realização de exames Para os formuladores da PNH, humanização não se restringe
externos, bem como outras ocorrências atípicas na rotina do pa- a “ações humanitárias” e não é realizada por seres humanos im-
ciente; n A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências buídos de uma “bondade supra-humana” na feitura de “serviços
observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen- ideais”.
tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de Portanto, a Política assume o desafio de ressignificar o termo
decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres- humanização e, ao considerar os usos anteriores, identifica o que
tadas ao paciente e familiares; recusar e o que conservar. Segundo Campo (2003):
As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da
equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o Todo pensamento comprometido com algum tipo de prática
paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde. (política, clínica, sanitária, profissional) está obrigado a reconstruir
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua depois de desconstruir. Criticar, desconstruir, sim; mas, que sejam
visita, a enfermagem faz o registro correspondente. explicitadas as sínteses. Sempre há alguma síntese nova, senão se-
Para o registro das informações no prontuário, a enfermagem ria a repetição do mesmo.
geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por
ser um importante instrumento de comunicação para a equipe, as Daí, a necessidade de ressignificar a humanização em saúde
informações devem ser objetivas e precisas de modo a não darem através de novas práticas no modo de se fazer o trabalho em saúde
margem a interpretações errôneas. - levando-se em conta que: sujeitos engajados em práticas locais,
Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar quando mobilizados, são capazes de, coletivamente, transformar
que servem de proteção tanto para o paciente como para os profis- realidades transformando-se a si próprios neste mesmo processo.
sionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade. Trata-se, então, de investir, a partir desta concepção de humano,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

na produção de outras formas de interação entre os sujeitos que danças nos processos, organização, resolubilidade e qualidade) e
constituem os sistemas de saúde, deles usufruem e neles se trans- da produção de sujeitos, mobilização, crescimento, autonomia dos
formam. (BENEVIDES e PASSOS, 2005, p.390) trabalhadores e usuários (SANTOS, 2007)
Avançando na perspectiva da transdisciplinaridade, a PNH
propõe uma atuação que leve à “ampliação da garantia de direi- No eixo da gestão buscam-se ações para articular a PNH com
tos e o aprimoramento da vida em sociedade”. Com isso, já deixa áreas do Ministério da Saúde (MS) e com demais esferas do SUS.
vislumbrar a complexidade acerca do que se pode constituir como Neste eixo destaca-se o apoio institucional, focado na gestão do
âmbito de monitoramento e avaliação da humanização em saúde, processo de produção de saúde, base estruturante da PNH. Para
desafiando para a necessidade de “inventar” indicadores capazes Campos (2003), apoiar é:
de dimensionar e expressar não somente mudanças nos quadros de Articular os objetivos institucionais aos saberes e interesses
saúde-doença, mas provocar e buscar outros reflexos e repercus- dos trabalhadores e usuários. Indica uma pressão de fora, implica
sões, em outros níveis de representações e realizações dos sujeitos trazer algo externo ao grupo que opera os processos de trabalho
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). ou que recebem bens ou serviços. Quem apoia, sustenta e empurra
o outro sendo, em decorrência, também sustentado e empurrado
A Política de Humanização parte de conceitos e dispositivos pela equipe “objeto” da intervenção. Tudo misturado e ao mesmo
que visam à reorganização dos processos de trabalho em saúde, tempo. (CAMPOS, 2003, p.87)
propondo centralmente transformações nas relações sociais, que Quanto à atenção propõe uma Política de Atenção à Saúde “in-
envolvem trabalhadores e gestores em sua experiência cotidiana de centivadora de ações integrais, promocionais e intersetoriais, ino-
organização e condução de serviços; e transformações nas formas vando nos processos de trabalho que buscam o compartilhamento
de produzir e prestar serviços à população. Pelo lado da gestão, dos cuidados, resultando em aumento de autonomia e protagonis-
busca-se a implementação de instâncias colegiadas e horizontaliza- mo dos sujeitos envolvidos” (BRASIL, 2006a, p.22).
ção das “linhas de mando”, valorizando a participação dos atores,
o trabalho em equipe, a chamada “comunicação lateral”, e demo- A PNH investe em alguns parâmetros para orientar a implanta-
cratizando os processos decisórios, com corresponsabilização de ção de algumas ações de humanização; oferta dispositivos/modos
gestores, trabalhadores e usuários. de fazer um “SUS que dá certo”, com apoio às equipes que atuam
na atenção básica, especializada, hospitalar, de urgência e emer-
No campo da atenção, têm-se como diretrizes centrais a acessi- gência e alta complexidade.
bilidade e integralidade da assistência, permeadas pela garantia de
vínculo entre os serviços/trabalhadores e população, e avançando No eixo da formação, propõe que a PNH passe a compor o con-
para o que se tem nomeado como “clínica ampliada”, capaz de me- teúdo profissionalizante na graduação, pós-graduação e extensão
lhor lidar com as necessidades dos sujeitos. em saúde, vinculando-se aos processos de educação permanente e
às instituições formadoras de trabalhadores de saúde.
Para propiciar essas mudanças, almejam-se também trans- No eixo da informação/comunicação, prioriza incluir a PNH na
formações no campo da formação, com estratégias de educação agenda de debates da saúde, além da articulação de atividades de
permanente e de aumento da capacidade dos trabalhadores para caráter educativo e formativo com as de caráter informativo, de
analisar e intervir em seus processos de trabalho (MINISTÉRIO DA divulgação e sensibilização para os conceitos e temas da humani-
SAÚDE, 2004). zação.

Ao considerar que humanização implica produzir sujeitos no Coordenação Nacional – Tem a função de promover a articu-
processo de trabalho, a PNH está alicerçada em quatro eixos estru- lação técnico-política da Secretaria Executiva/MS, objetivando a
turantes e intercessores: atenção, gestão, formação e comunicação, transversalização da PNH nas demais políticas e programas do MS;
estes eixos concebidos no referencial teórico-político do Humaniza representar o MS na difusão e sensibilização da PNH nas várias
SUS, apontam para marcas e objetivos centrais que deverão perme- instâncias do SUS, Conselho Nacional de Secretarias Estaduais (CO-
ar a atenção e a gestão em saúde. NASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais (CONASEMS),
Como exemplos dessas marcas desejadas para os serviços, po- CNS, Instituições Formadoras de Saúde e Congresso Nacional; coor-
dem-se destacar: a responsabilização e vínculo efetivos dos profis- denar a construção das ações e o processo de implementação nas
sionais para com o usuário; o seu acolhimento em tempo compa- diversas instâncias do SUS (MORI, 2009).
tível com a gravidade de seu quadro, reduzindo filas e tempo de
espera para atendimento; a garantia dos direitos do código dos usu- Consultores - Tem a função de realizar apoio institucional
ários do SUS; a garantia de gestão participativa aos trabalhadores e compreendido em: Divulgação e sensibilização para implantação
usuários; estratégias de qualificação e valorização dos trabalhado- da PNH no SUS, realizando reuniões com Gestores Estaduais, das
res, incluindo educação permanente, entre outros. macrorregiões e dos Municípios; Superintendentes/Diretores de
Hospitais (Federais, Estaduais e Municipais), Conselhos de Saúde,
Como uma estratégia de qualificação da atenção e gestão do Movimentos Sociais e Instituições Formadoras, abertas à partici-
trabalho, a humanização almeja o alcance dos usuários e também pação dos trabalhadores e usuários do Sistema; Divulgação, sen-
a valorização dos trabalhadores; seus indicadores devem, portanto, sibilização, formação e capacitação de trabalhadores, extensivas a
refletir as transformações no âmbito da produção dos serviços (mu- gestores e usuários do SUS, para implementação das diretrizes e
dos dispositivos da PNH, com base no Plano de Ação; Participação
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

em Eventos do MS, da PNH ou outros públicos; Produção de Conhe- Pensar no PSF como estratégia de reorganização do modelo
cimento: elaboração teórico-metodológica na/da PNH; Construir assistencial sinaliza a ruptura com práticas convencionais e hege-
interfaces com outras áreas técnicas do MS; Participar de reuniões mônicas de saúde, assim como a adoção de novas tecnologias de
pautando a divulgação da Política (MORI, 2009). trabalho. Uma compreensão ampliada do processo saúde-doença,
assistência integral e continuada a famílias de uma área adscrita são
Núcleo Técnico - Tem a função de apoiar a implementação da algumas das inovações verificadas no PSF.
PNH desenvolvendo ações técnico-político-administrativas intrami-
nisterial e interministeriais; articular a sociedade civil e assessorar a Ayres (1996) observa que o reconhecimento de sujeitos está
coordenação nacional e consultores. no centro de todas as propostas renovadoras identificadas no setor
saúde, dentre as quais se encontram a estratégia do PSF.
Concomitante à reconstrução dos pilares teórico-políticos e Os objetivos do programa, entre outros, são: a humanização
abertura de várias frentes de trabalho, a PNH reconhece a necessi- das práticas em saúde por meio do estabelecimento de vínculo en-
dade de que todos incorporem “olhar avaliativo” nos processos de tre os profissionais e a população, a democratização do conheci-
trabalho em desenvolvimento e, portanto, acorda-se o desafio de mento do processo saúde-doença e da produção social da saúde,
que a avaliação se constitua como um dispositivo da Política (MORI, desenvolvimento da cidadania, levando a população a reconhecer
2009). a saúde como direito, estimulação da organização da comunidade
Além da clínica ampliada e implantação da PNH, o Programa para o efetivo exercício do controle social (BRASIL, 1997).
de Saúde da Família (PSF), no contexto da política de saúde brasilei-
ra, também vem contribuindo para a construção e consolidação do Nota-se a partir destes objetivos, a valorização dos sujeitos e
SUS. Tendo em sua base os pressupostos do SUS, a estratégia do PSF de sua participação nas atividades desenvolvidas pelas unidades de
traz no centro de sua proposta a expectativa relativa à reorientação saúde da família, bem como na resolutividade dos problemas de
do modelo assistencial a partir da atenção básica (BRASIL, 1997). saúde identificados na comunidade.
Para entendermos o alcance e os limites desta proposta, é es-
sencial entendermos o que traduz um modelo assistencial e, sobre- Quanto à reorientação das práticas de saúde, o PSF preten-
tudo, o que implica sua reorientação. Segundo Paim (2003, p.568), de oferecer uma atuação centrada nos princípios da vigilância da
o modelo de atenção ou modo assistencial: saúde, o que significa que a assistência prestada deve ser integral,
... é uma dada forma de combinar técnicas e tecnologias para abrangendo todos os momentos e dimensões do processo saúde-
resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e -doença (MENDES, 1996).
coletivas. É uma razão de ser, uma racionalidade, uma espécie de
lógica que orienta a ação. Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfer-
magem/politica-nacional-de-humanizacao/43954
Esta concepção de modelo assistencial fundamenta a consi-
deração de que o fenômeno isolado de expansão do número de Acessibilidade
equipes de saúde da família implementadas até então não garante O Sistema Único de Saúde (SUS) é alicerçado em princípios
a construção de um novo modelo assistencial. fundamentais para que o direito à saúde aconteça como direito de
A expansão do PSF tem favorecido a equidade e universalidade cidadania e dever do Estado. Há quase uma década, nas discussões
da assistência, uma vez que as equipes têm sido implantadas priori- sobre organização e gestão da política de saúde, é imprescindível
tariamente, em comunidades antes restritas, quanto ao acesso aos acrescentar às premissas básicas do SUS – universalidade, integrali-
serviços de saúde. dade, equidade e garantia de acesso -, a acessibilidade.
Para a reorganização da atenção básica, a que se propõe a es- A acessibilidade deve ser explicitada como exigência e com-
tratégia do PSF, reconhece-se a necessidade de reorientação das promisso do SUS a ser respeitado pelos gestores de saúde nas três
práticas de saúde, bem como de renovação dos vínculos de com- esferas de gestão. Isso é fundamental para que pessoas com defici-
promisso e de corresponsabilidade entre os serviços e a população ência não passem por constrangimentos, como ao serem atendidas
assistida. nos corredores por não puderem adentrar os consultórios em suas
cadeiras de rodas.
Cordeiro (1996) avalia que o desenvolvimento de um novo Mas acessibilidade é mais que a superação de barreiras arqui-
modelo assistencial baseado nos princípios do PSF não implica um tetônicas. É uma mudança de percepção que exige de nós, Estado e
retrocesso quanto à incorporação de tecnologias avançadas, con- sociedade, um novo olhar sobre as barreiras atitudinais, estas sim,
forme a compreensão inicial de que o PSF corresponderia a uma de maior complexidade e mais difícil superação.
medicina simplificada destinada para os pobres; antes disso, tal
proposta demanda a reorganização dos conteúdos dos saberes e Humanização do cuidado
práticas de saúde, de forma que estes reflitam os pressupostos do No campo das políticas públicas de saúde ‘humanização’ diz
SUS no fazer cotidiano dos profissionais. Admite-se, nesta perspec- respeito à transformação dos modelos de atenção e de gestão nos
tiva, que o PSF “requer alta complexidade tecnológica nos campos serviços e sistemas de saúde, indicando a necessária construção de
do conhecimento e do desenvolvimento de habilidades e de mu- novas relações entre usuários e trabalhadores e destes entre si.
danças de atitudes (BRASIL, 1997, p.9).

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A ‘humanização’ em saúde volta-se para as práticas concretas cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão
comprometidas com a produção de saúde e produção de sujeitos é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades
(Campos, 2000) de tal modo que atender melhor o usuário se dá em até o limite do que o sistema pode oferecer para todos.
sintonia com melhores condições de trabalho e de participação dos
diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde Universalidade
(princípio da indissociabilidade entre atenção e gestão). Este voltar- Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do
-se para as experiências concretas se dá por considerar o humano sistema, a todo e qualquer cidadão (“A saúde é direito de todos e
em sua capacidade criadora e singular inseparável, entretanto, dos dever do Estado” – Art. 196 da Constituição Federal de 1988).
movimentos coletivos que o constituem. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de aces-
Orientada pelos princípios da transversalidade e da indisso- so a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles con-
ciabilidade entre atenção e gestão, a ‘humanização’ se expressa a tratados pelo poder público de saúde, independente de sexo, raça,
partir de 2003 como Política Nacional de Humanização (PNH) (Bra- renda, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Saú-
sil/Ministério da Saúde, 2004). Como tal, compromete-se com a de é direito de cidadania e dever do Governo: Municipal, Estadual
construção de uma nova relação seja entre as demais políticas e e Federal.
programas de saúde, seja entre as instâncias de efetuação do Siste-
ma Único de Saúde (SUS), seja entre os diferentes atores que cons- Como valorizar participação de usuário, profissionais e gestores
tituem o processo de trabalho em saúde. O aumento do grau de As rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos so-
comunicação em cada grupo e entre os grupos (princípio da trans- ciais e a gestão dos conflitos gerados pela inclusão das diferenças
versalidade) e o aumento do grau de democracia institucional por são ferramentas experimentadas nos serviços de saúde a partir das
meio de processos cogestivos da produção de saúde e do grau de orientações da PNH que já apresentam resultados positivos.
corresponsabilidade no cuidado são decisivos para a mudança que Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que eles,
se pretende. no dia a dia, reinventem seus processos de trabalho e sejam agen-
Transformar práticas de saúde exige mudanças no processo de tes ativos das mudanças no serviço de saúde. Incluir usuários e suas
construção dos sujeitos dessas práticas. Somente com trabalhado- redes sócio-familiares nos processos de cuidado é um poderoso re-
res e usuários protagonistas e co-responsáveis é possível efetivar a curso para a ampliação da corresponsabilização no cuidado de si.
aposta que o SUS faz na universalidade do acesso, na integralidade
do cuidado e na equidade das ofertas em saúde. Por isso, falamos O Humaniza SUS aposta em inovações em saúde
da ‘humanização’ do SUS (HumanizaSUS) como processo de sub- • Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo bra-
jetivação que se efetiva com a alteração dos modelos de atenção sileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de
e de gestão em saúde, isto é, novos sujeitos implicados em novas idade, etnia, origem, gênero e orientação sexual;
práticas de saúde. Pensar a saúde como experiência de criação de si • Estabelecimento de vínculos solidários e de participação co-
e de modos de viver é tomar a vida em seu movimento de produção letiva no processo de gestão;
de normas e não de assujeitamento a elas. • Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas
Define-se, assim, a ‘humanização’ como a valorização dos pro- e subjetivas de saúde;
cessos de mudança dos sujeitos na produção de saúde. • Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de
produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores;
Satisfação do usuário e do trabalhador • Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e
A satisfação no trabalho é a atitude geral da pessoa face ao seu dos coletivos;
trabalho e depende de vários fatores psicossociais. Existem ainda • Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de
outras conceituações que referem-se a satisfação no trabalho como saúde e de sujeitos;
sinônimo de motivação ou como estado emocional positivo. Alguns • Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua indisso-
consideram satisfação e insatisfação como fenômenos distintos, ciabilidade, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a pro-
opostos. dução de saúde e o próprio processo de trabalho em saúde, valori-
Influências na satisfação incluem ambiente, higiene, segurança zando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho;
no trabalho, o estilo de gestão e da cultura, o envolvimento dos • Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais
trabalhadores, capacitação e trabalho autônomo de grupos, entre acolhedor, mais ágil e mais resolutivo;
muitos outros. • Qualificação do ambiente, melhorando as condições de tra-
balho e de atendimento;
Equidade • Articulação dos processos de formação com os serviços e prá-
O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isso não ticas de saúde;
significa que a equidade seja sinônima de igualdade. Apesar de to- • Luta por um SUS mais humano, porque construído com a par-
dos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e por isso ticipação de todos e comprometido com a qualidade dos seus servi-
têm necessidades diferentes. Então, equidade é a garantia a todas ços e com a saúde integral para todos e qualquer um.
as pessoas, em igualdade de condições, ao acesso às ações e servi-
ços dos diferentes níveis de complexidade do sistema.
O que determinará as ações será a prioridade epidemiológica
e não o favorecimento, investindo mais onde a carência é maior.
Sendo assim, todos terão as mesmas condições de acesso, more o
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

DIRETRIZES DO HumanizaSUS Como fazer?


A discussão compartilhada do projeto arquitetônico, das refor-
Acolhimento mas e do uso dos espaços de acordo com as necessidades de usu-
ários e trabalhadores de cada serviço é uma orientação que pode
O que é? melhorar o trabalho em saúde.
Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e sin-
gular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e Clínica ampliada e compartilhada
sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/populações.
Como valor das práticas de saúde, o acolhimento é construído de O que é?
forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho e tem A clínica ampliada é uma ferramenta teórica e prática cuja fi-
como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso nalidade é contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento
e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário e do sofrimento, que considere a singularidade do sujeito e a com-
com sua rede sócio-afetiva. plexidade do processo saúde/doença. Permite o enfrentamento da
fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus res-
Como fazer? pectivos danos e ineficácia.
Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às
necessidades do usuário, é possível garantir o acesso oportuno Como fazer?
desses usuários a tecnologias adequadas às suas necessidades, Utilizando recursos que permitam enriquecimento dos diag-
ampliando a efetividade das práticas de saúde. Isso assegura, por nósticos (outras variáveis além do enfoque orgânico, inclusive a
exemplo, que todos sejam atendidos com prioridades a partir da percepção dos afetos produzidos nas relações clínicas) e a qualifi-
avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco. cação do diálogo (tanto entre os profissionais de saúde envolvidos
no tratamento quanto destes com o usuário), de modo a possibilitar
Gestão Participativa e cogestão decisões compartilhadas e compromissadas com a autonomia e a
saúde dos usuários do SUS.
O que é?
Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos pro- Valorização do Trabalhador
cessos de análise e decisão quanto a ampliação das tarefas da ges-
tão - que se transforma também em espaço de realização de análise O que é?
dos contextos, da política em geral e da saúde em particular, em É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores
lugar de formulação e de pactuação de tarefas e de aprendizado e incluí-los na tomada de decisão, apostando na sua capacidade de
coletivo. analisar, definir e qualificar os processos de trabalho.
Como fazer?
Como fazer? O Programa de Formação em Saúde e Trabalho e a Comunida-
A organização e experimentação de rodas é uma importante de Ampliada de Pesquisa são possibilidades que tornam possível o
orientação da cogestão. Rodas para colocar as diferenças em conta- diálogo, intervenção e análise do que gera sofrimento e adoecimen-
to de modo a produzir movimentos de desestabilização que favore- to, do que fortalece o grupo de trabalhadores e do que propicia os
çam mudanças nas práticas de gestão e de atenção. A PNH destaca acordos de como agir no serviço de saúde. É importante também
dois grupos de dispositivos de cogestão: aqueles que dizem respei- assegurar a participação dos trabalhadores nos espaços coletivos
to à organização de um espaço coletivo de gestão que permita o de gestão.
acordo entre necessidades e interesses de usuários, trabalhadores
e gestores; e aqueles que se referem aos mecanismos que garan- Defesa dos Direitos dos Usuários
tem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das
unidades de saúde. O que é?
Colegiados gestores, Mesas de negociação, Contratos Internos Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os
de Gestão, Câmara Técnica de Humanização (CTH), Grupo de Traba- serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos
lho de Humanização (GTH), Gerência de Porta Aberta, entre outros, e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuida-
são arranjos de trabalho que permitem a experimentação da coges- do, desde a recepção até a alta.
tão no cotidiano da saúde.
Como fazer?
Ambiência Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, de ser
informado sobre sua saúde e também de decidir sobre comparti-
O que é? lhar ou não sua dor e alegria com sua rede social.
Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que res-
peitem a privacidade, propiciem mudanças no processo de trabalho PRINCÍPIOS DO HumanizaSUS
e sejam lugares de encontro entre as pessoas. Transversalidade
A Política Nacional de Humanização (PNH) deve se fazer pre-
sente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. A
PNH busca transformar as relações de trabalho a partir da amplia-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ção do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e gru- Política Nacional de Humanização busca
pos, tirando-os do isolamento e das relações de poder hierarquiza- - Redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do
das. Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e acesso;
práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele que - Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de
é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma risco;
mais corresponsável. - Implantação de modelo de atenção com responsabilização e
vínculo;
Indissociabilidade entre atenção e gestão - Garantia dos direitos dos usuários;
As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à - Valorização do trabalho na saúde;
saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem buscar conhecer - Gestão participativa nos serviços.
como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim
como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas FORMAÇÃO - INTERVENÇÃO
organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo Por meio de cursos e oficinas de formação/intervenção e a
tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às partir da discussão dos processos de trabalho, as diretrizes e dis-
responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua rede sócio- positivos da Política Nacional de Humanização (PNH) são vivencia-
-familiar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si dos e reinventados no cotidiano dos serviços de saúde. Em todo
nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a o Brasil, os trabalhadores são formados técnica e politicamente e
sua saúde e a daqueles que lhes são caros. reconhecidos como multiplicadores e apoiadores da PNH, pois são
os construtores de novas realidades em saúde e poderão se tornar
Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos os futuros formadores da PNH em suas localidades.
e coletivos
Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se REDE HumanizaSUS
construída com a ampliação da autonomia e vontade das pessoas A Rede HumanizaSUS é a rede social das pessoas interessa-
envolvidas, que compartilham responsabilidades. Os usuários não das ou já envolvidas em processos de humanização da gestão e do
são só pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mu- cuidado no SUS. A rede é um local de colaboração, que permite o
danças acontecem com o reconhecimento do papel de cada um. encontro, a troca, a afetação recíproca, o afeto, o conhecimento, o
Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã aprendizado, a expressão livre, a escuta sensível, a polifonia, a arte
de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde. da composição, o acolhimento, a multiplicidade de visões, a arte da
conversa, a participação de qualquer um.
Objetivos do HumanizaSUS Trata-se de um ambiente virtual aberto para ampliar o diálo-
Propósitos da Política Nacional de Humanização da Atenção e go em torno de seus princípios, métodos, diretrizes e dispositivos.
Gestão do SUS Uma aposta na inteligência coletiva e na constituição de coletivos
- Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os inteligentes.
princípios e as diretrizes da humanização; O Coletivo HumanizaSUS se constitui em torno desse imenso
- Fortalecer iniciativas de humanização existentes; acervo de conhecimento comum, que se produz sem cessar nas
interações desta Rede. A grande aposta é que essa experiência co-
- Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento laborativa aumente o enfrentamento dos grandes e complexos de-
das práticas de gestão e de atenção; safios da humanização no SUS.
- Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de
apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de ges- Fonte: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/projeto-lean-nas-e-
tão; mergencias/693-acoes-e-programas/40038-humanizasus
- Implementar processos de acompanhamento e avaliação, res-
saltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-su-
cedidas. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: CONCEITOS, FUNDAMENTA-
ÇÃO LEGAL, DIRETRIZES E PRINCÍPIOS, PARTICIPAÇÃO PO-
Três macro-objetivos do HumanizaSUS PULAR E CONTROLE SOCIAL
- Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos
gestores e aos conselhos de saúde, priorizando a atenção básica/
fundamental e hospitalar, com ênfase nos hospitais de urgência e Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado na matéria
universitários; de “POLÍTICA DE SAÚDE”
- Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS
na agenda dos gestores, dos conselhos de saúde e das organizações
da sociedade civil;
- Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os pro-
cessos de formação e produção de conhecimento em articulação
com movimentos sociais e instituições.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

DIAGNÓSTICO DE SAÚDE NA COMUNIDADE

Nesse contexto, a Atenção Básica tem papel de organizadora e orientadora do cuidado, sendo a base deste Sistema Único de Saúde
que busca uma saúde mais acessível, de qualidade, e que é um direito constitucional em busca de uma realidade social menos desigual
no Brasil.
A Estratégia Saúde da Família tem papel fundamental nesse processo e nós, profissionais, precisamos perceber a nossa atuação como
determinante para melhorar ou piorar a situação de vida e saúde de quem cuidamos.

Como concretizar um processo de trabalho orientado por esses princípios?


• As políticas, princípios e diretrizes do SUS não definem a operacionalização prática das leis.
• Há direcionamentos, mas a gestão local é imprescindível para que se responda às reais necessidades e características da comunida-
de atendida e da equipe de saúde e serviços disponíveis.
• Planejamento é importante para organizar o processo de trabalho e priorizar as ações a serem implementadas.

Para iniciar o planejamento de uma ação, é preciso saber onde queremos chegar e qual nosso objetivo.
Para isso, conhecer o território no qual atuamos é imprescindível!

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Etapas do Planejamento:
O diagnóstico comunitário é uma das etapas estratégicas do
planejamento das ações de saúde.
Sua preocupação está em responder às reais necessidades dos
usuários com a oferta de ações e serviços condizentes e significati-
vos.
Isso é possível a partir do diálogo, vínculo e compartilhamento
de saberes entre a comunidade e os profissionais.

Planejamento Estratégico Situacional

Nossa formação está relacionada à explicação do processo saú-


de-doença por fatores biológicos ou fatores ambientais ou fatores
Diagnóstico Comunitário – de que estamos falando? sociais = desarticulados.
De uma avaliação global do estado de saúde da comunidade Mas eles são conectados.
toda quanto ao seu ambiente social, físico e biológico.
De determinar problemas e estabelecer prioridades para o pla-
nejamento e desenvolvimento de programas de assistência à co-
munidade.
De um processo de diagnóstico dinâmico e de uma experiência
de aprendizado contínuo para profissionais e comunidade.
De ações que requerem a participação de todos e o trabalho
compartilhado.
Como reconhecer as necessidades de saúde da comunidade?
A realização de um diagnóstico em um determinado território
visa conhecê-lo em profundidade, de maneira a problematizar as
principais dimensões de sua realidade social.

Precisamos

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311
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Integralidade • As prioridades para a equipe nem sempre são as mesmas


para a comunidade.

Exemplo • Os ACSs são centrais no processo e fazem a ponte entre a


Uma pessoa que tem contato com o bacilo da tuberculose em equipe e a comunidade.
ambiente propício, adoece ou não dependendo de suas condições
sócio - econômicas: suscetibilidade ou não. Etapas do Diagnóstico Comunitário
• Nossas ações não podem focar só no agente etiológico: recu-
peração e reabilitação; 1. Definição de objetivos:
• Precisamos olhar mais para o ambiente: prevenção; Como desejamos ser?
• E olhar mais para as características sociais: promoção da saú- Como queremos a situação de vida e saúde das pessoas?
de. Quais serviços desejamos?
Onde queremos chegar?
Exemplo:
Nossos serviços de saúde ainda são fortemente orientados 2. Listar informações ou dados a coletar:possíveis de mensu-
pela doença, para a cura e não para o cuidado. rar
Não trabalhamos na lógica da longitudinalidade. Crianças por família
Nossas ações são: Casais que fazem planejamento familiar
• Prioritariamente - curativas Famílias que têm tratamento de água e esgoto
• De forma secundária - preventivas Menores de 5 anos acompanhados por programas
• Talvez - educativas Doenças específicas no território

São ações que focam em indivíduos e não em grupos e popu- 3. Definir métodos:
lação. Fontes de dados
As ações são descontinuadas e não interligadas entre serviços. Forma para coletar
Elaboração de instrumentos se necessário (questionários, en-
Implementar o Diagnóstico Comunitário trevistas, tabelas etc.)
• O Diagnóstico Comunitário permite olhar para a realidade
local e: 4. Coletar os dados:
• Identificar e analisar problemas; Buscar os dados para construir as informações relevantes
• Estabelecer prioridades; Diagnóstico ampliado exige:
• Observar fatores que limitam o desenvolvimento das ativida- • Visita às famílias para conhecê-las antes de iniciar a coleta;
des: necessidades e recursos; • (Informações por visita informal são mais verdadeiras e úteis)
• Instituir diretrizes para definir ações a serem implementadas; • Problemas e sentimentos das pessoas em primeiro lugar;
• Tornar clara a realidade da instituição de forma a possibilitar • Oferta de ajuda e pedir informações depois de estabelecer
que o planejamento seja adequado – ser horizontal. confiança e amizade;
• Feito pela comunidade com a equipe: trabalho coletivo. • Conhecer os sistemas de informação e saber utilizá-los.
• Só será reconhecido se a comunidade se enxergar nele;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5. Analisar e interpretar os dados:


Reflexão sobre os dados para transformá-los em informações úteis
Listagem dos problemas, necessidades e recursos
Identificação dos grupos de risco
Fatores sociais (recursos que a comunidade têm para
implementar as ações: talentos, horta, áreas de lazer etc.)
Crenças, costumes, hábitos

Problemas, relacionamento das pessoas; quem controla o que (distribuição de terras, poder e recursos)
Como as pessoas aprendem (tradição e na escola)

6. Estabelecer prioridades:
Que tipos de problemas são importantes para a comunidade?
Quais problemas são esses?
São só de saúde?

Critérios de priorização
• Priorização dos problemas por critérios subjetivos
• Priorização dos problemas por critérios objetivos
• Magnitude – amplitude da demanda: população ou áreas atingidas, frequência com que ocorre;
• Transcendência – interesse em solucionar o problema: importância política, cultural e técnica que é dada ao problema. Interdepen-
dência de atores;
• Vulnerabilidade – capacidade para enfrentar e resolver o problema ou quanto ele é vulnerável diante das intervenções possíveis;
• Urgência – definida pela gravidade de suas consequências e riscos para os envolvidos: prazo para enfrentar o problema.
• Factibilidade – disponibilidade de recursos para resolver o problema: materiais, humanos, físicos, financeiros e políticos.

Priorizando

Pontuação: 1 a 5 (por exemplo)

7. Organizar as ações a serem desenvolvidas:


Documentar os problemas prioritários e começar a trabalhar com as ações, planejando a sua execução
Construir matrizes de intervenção e listar responsáveis e prazos

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por último, há o conjunto de sentidos sobre a ‘integralidade’


PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO, CONTROLE E e as políticas especialmente desenhadas para dar respostas a um
AVALIAÇÃO. determinado problema de saúde ou aos problemas de saúde que
afligem certo grupo populacional.

Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado na matéria Com a institucionalização do SUS, mediante a lei 8.080-90, def-
de “POLÍTICA DE SAÚDE” lagrou-se um processo marcado por mudanças jurídicas, legais e
institucionais nunca antes observadas na história das políticas de
saúde do Brasil. Com a descentralização, novos atores incorpor-
INDICADORES DE SAÚDE. aram- se ao cenário nacional, e esse fato, junto à universalidade do
acesso aos serviços de saúde, possibilitou o aparecimento de ricas e
diferentes experiências locais centradas na ‘integralidade’.
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado na matéria
de “POLÍTICA DE SAÚDE” A ‘integralidade’ como definição legal e institucional é conce-
bida como um conjunto articulado de ações e serviços de saúde,
preventivos e curativos, individuais e coletivos, em cada caso, nos
A INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO EM SAÚDE. níveis de complexidade do sistema. Ao ser constituída como ato em
saúde nas vivências cotidianas dos sujeitos nos serviços de saúde,
tem germinado experiências que produzem transformações na vida
INTEGRALIDADE COMO PRINCÍPIO DO DIREITO À SAÚDE das pessoas, cujas práticas eficazes de cuidado em saúde superam
A ‘integralidade’ é um dos princípios doutrinários da política os modelos idealizados para sua realização.
do Estado brasileiro para a saúde – o Sistema Único de Saúde (SUS) Milhares de gestores, profissionais e usuários do SUS, na busca
–, que se destina a conjugar as ações direcionadas à materialização pela melhoria de atenção à saúde, vêm apresentando evidências
da saúde como direito e como serviço. Suas origens remontam à práticas do inconformismo e da necessidade de revisão das idéias
própria história do Movimento de Reforma Sanitária brasileira, que, e concepções sobre saúde, em particular dos modelos tecno-assis-
durante as décadas de 1970 e 1980, abarcou diferentes movimen- tenciais. A busca pela implantação de políticas públicas mais justas no
tos de luta por melhores condições de vida, de trabalho na saúde país por esses atores tem-se destacado pela sua ‘ação criativa’, como
e pela formulação de políticas específicas de atenção aos usuários. sujeitos em ação que, na luta pela construção de um sistema de saúde
universal, democrático, acessível e de qualidade, vêm possibilitando o
Mattos (2005a) sistematizou três conjuntos de sentidos sobre surgimento de inúmeras inovações institucionais, seja na organização
a ‘integralidade’ que têm por base a gênese desses movimentos, dos serviços de saúde, seja na incorporação e/ou desenvolvimento de
quais sejam: a ‘integralidade’ como traço da boa medicina, a ‘inte- novas tecnologias assistenciais de atenção aos usuários do SUS.
gralidade’ como modo de organizar as práticas e a ‘integralidade’
como respostas governamentais a problemas específicos de saúde. Essas experiências, fruto de iniciativas municipais e estaduais,
têm implicado o repensar dos aspectos mais importantes do pro-
No primeiro conjunto de sentidos, a ‘integralidade’, um valor a cesso de trabalho, da gestão, do planejamento e, sobretudo, da
ser sustentado, um traço de uma boa medicina, consistiria em uma construção de novos saberes e práticas em saúde, resultando em
resposta ao sofrimento do paciente que procura o serviço de saúde transformações no cotidiano das pessoas que buscam e dos profis-
e em um cuidado para que essa resposta não seja a redução ao apa- sionais e gestores que oferecem cuidado de saúde.
relho ou sistema biológico deste, pois tal redução cria silenciamen-
tos. A ‘integralidade’ está presente no encontro, na conversa em Entende-se que a experiência não é apreendida para ser repeti-
que a atitude do médico busca prudentemente reconhecer, para da simplesmente e passivamente transmitida, ela acontece para
além das demandas explícitas, as necessidades dos cidadãos no que migrar, recriar, potencializar outras vivências, outras diferenças. Há
diz respeito à sua saúde. A ‘integralidade’ está presente também uma constante negociação para que ela exista e não se isole. Apren-
na preocupação desse profissional com o uso das técnicas de pre- der com a experiência é, sobretudo, fazer daquilo que não somos,
venção, tentando não expandir o consumo de bens e serviços de mas poderíamos ser, parte integrante de nosso mundo. A experiên-
saúde, nem dirigir a regulação dos corpos. cia é mais vidente que evidente, criadora que reprodutora.
No segundo conjunto de sentidos, a ‘integralidade’, como
modo de organizar as práticas, exigiria uma certa ‘horizontal- É a partir da experiência que temos as bases de uma ética par-
ização’ dos programas anteriormente verticais, desenhados pelo ticular e concreta, em que a obra e vida se nutrem sem se reduz-
Ministério da Saúde, superando a fragmentação das atividades no irem uma a outra. A partir dela a ética seria o desdobramento da
interior das unidades de saúde. A necessidade de articulação entre politização dos sujeitos em suas lutas e conquistas no presente, no
uma demanda programada e uma demanda espontânea aproveita mundo que vivemos.
as oportunidades geradas por esta para a aplicação de protocolos
de diagnóstico e identificação de situações de risco para a saúde, As experiências de ‘integralidade’ identificam que conceitos,
assim como o desenvolvimento de conjuntos de atividades coleti- definições e noções vêm sendo repensados, reconstruídos, forman-
vas junto à comunidade. do um verdadeiro amálgama dos demais princípios norteadores do
SUS. Pensar o cuidado em saúde como uma tecnologia, por exemp-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

lo, e não somente como objeto de práticas de saúde realizadas em está inserido, bem como “integrar o sistema de cuidado profissional
determinado nível de atenção, e sim nos demais níveis de atenção de saúde com o sistema de cuidado popular exercido pelo grupo
especializada, nos quais a complexidade não seja dada pelo grau familiar ou rede de apoio social deste paciente”.
de hierarquização dos espaços e procedimentos por ela definidos,
mas pelos recursos cognitivos, materiais e financeiros que reúnem. Critérios de elegibilidade do paciente para cuidado domiciliar
Os critérios de elegibilidade de pacientes para serem acompa-
Na experiência a ‘integralidade’ ganha o sentido mais amplia- nhados pelo Programa de Cuidado Domiciliar estão relacionados
do de sua definição legal, ou seja, pode ser concebida como uma com a estabilidade clínica do paciente, dificuldade de locomoção
ação social que resulta da interação democrática entre os atores deste por sofrimento físico ou mental, elevado nível de dependên-
no cotidiano de suas práticas, na oferta do cuidado de saúde, nos cia por ser portador de agravo de longa duração ou aguda incapaci-
diferentes níveis de atenção do sistema. A ‘integralidade’ das ações tante. A estes critérios agregam-se: a condição de ser residente no
consiste na estratégia concreta de um fazer coletivo e realizado por município do prestador deste atendimento, bem como possuir rede
indivíduos em defesa da vida. de suporte social constituída por familiares, amigos, voluntários,
vizinhos, ou seja, ter um cuidador responsável para suprir suas ne-
cessidades diárias relativas à higiene, à alimentação, entre outras.
SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENDIMENTO DOMICILIAR. ATEN-
ÇÃO DOMICILIAR Sistematização do Cuidado Domiciliar
Na sistematização do cuidado domiciliar são abordados os
princípios norteadores e o processo de enfermagem.
O cuidado domiciliar é uma estratégia de atenção à saúde de-
senvolvida desde os tempos mais remotos. No Brasil, tal estratégia Princípios norteadores
esteve quase sempre relacionada à área de Saúde Coletiva, mais Foram encontrados alguns aspectos contributivos à metodolo-
especificamente aos programas materno-infantil e ao controle das gia do cuidado de enfermagem domiciliar, entre eles:
doenças infectocontagiosas. Apenas na última década, o cuidado - A atitude participativa gerada pela aproximação do profissio-
domiciliar está voltando-se para o atendimento, principalmente, de nal de saúde e da família, possibilitando neste contexto um plane-
pacientes portadores de agravos de longa duração, incapacitantes jamento centrado nos cuidados ao paciente. Esta parceria configu-
ou terminais. ra-se numa estratégia atual e menos onerosa com a finalidade de
Atualmente, o cuidado domiciliar está em pauta frente às de- manter e promover a melhoria da capacidade funcional dos pacien-
mandas sociais relacionadas ao perfil demográfico e epidemiológico da tes no contexto domiciliar. Portanto, a valorização da família é uma
população, bem como à organização do sistema de saúde brasileiro. atitude fundamental para estabelecer o vínculo e a confiança.
Enquanto estratégia assistencial, esta vem sendo implantada, paulati- - A integralidade das ações de enfermagem, como a entrevista,
namente, em órgãos públicos e privados. Algumas iniciativas têm de- a observação e a avaliação envolvem o paciente, a família, as rela-
monstrado resultados promissores à medida que identificam necessi- ções e o ambiente. A enfermeira desempenha o papel de mediado-
dades sociais e de saúde da população e contribuem para a diminuição ra e articuladora, propiciando a integração das ações multidiscipli-
do número de complicações clínicas, óbitos e reinternações. nares e intersetoriais.
Esta estratégia vai muito além de um atendimento médico do- - Na educação em saúde dirigida para a capa citação dos cui-
miciliar ao paciente, pois é um método que enfatiza a autonomia do dadores informais quanto aos procedimentos simples para a rea-
paciente, bem como “esforça-se em realçar suas habilidades fun- lização destes a fim de estabelecer maior conforto e segurança ao
cionais dentro de seu próprio ambiente. Envolve o planejamento, a paciente\ bem como para o. s membros de sua família. Assim, as
coordenação e o fornecimento de vários serviços”. ações educativas tornam-se essenciais, pois permitem avaliar as ne-
Assim, nos programas de atenção domiciliar, as ações devem cessidades, sendo que o ambiente familiar é um espaço apropriado
ser desenvolvidas por uma equipe multiprofissional, a partir do para realizar as orientações conforme a disponibilidade dos recur-
diagnóstico da realidade em que o paciente está inserido. Deve-se sos materiais e financeiros do paciente e da família.
considerar as limitações e possibilidades do paciente, pois a aten- - A atitude preventiva tem o propósito de detectar enfermi-
ção no espaço domiciliar visa à promoção, manutenção e/ou reabi- dades precocemente, permitindo a manutenção e avaliação das
litação da saúde e o desenvolvimento e adaptação de suas funções capacidades e habilidades funcionais do paciente no ambiente do-
de maneira a favorecer o restabelecimento de sua independência e miciliar com vistas à prevenção de perda de autonomia e indepen-
sua autonomia. dência. Para isso, faz-se necessária a criação de protocolos próprios
No contexto da Enfermagem, o cuidado domiciliar, conforme para situações comuns, bem como a construção de manuais para
a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN número orientação.
267, consiste “na prestação de serviços de saúde ao cliente, família - A equipe multiprofissional, quando inserida no contexto fami-
e grupos sociais em domicílio”. liar, torna-se a base da promoção do cuidado. As funções dos mem-
O cuidado de enfermagem domiciliar constitui um “serviço de bros devem ser respeitadas, pois a junção de vários profissionais
acompanhamento, tratamento, recuperação e reabilitação de pa- com conhecimentos específicos tem por objetivo a complementari-
cientes, de diferentes faixas etárias, em respostas a sua necessidade dade para fins de tomada de decisões futuras sobre as ações assis-
e de seus familiares, providenciando efetivo funcionamento do con- tenciais no âmbito domiciliar.
texto domiciliar”. A atividade de cuidado domiciliar também deve
considerar a organização familiar e comunitária em que o paciente
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Processo de Enfermagem §2º A atenção domiciliar de enfermagem abrange um conjunto


O cuidado é sistematizado levando em consideração o proces- de atividades desenvolvidas por membros da equipe de enferma-
so de enfermagem que compreende: a avaliação do paciente, da gem, caracterizadas pela atenção no domicílio do usuário do siste-
família e do contexto domiciliar; o levantamento de necessidades ma de saúde que necessita de cuidados técnicos.
afetadas e estabelecimento de diagnóstico de enfermagem; a defi- § 3º A atenção domiciliar de Enfermagem pode ser executada
nição do plano de cuidados junto com o paciente e família; a imple- no âmbito da Atenção Primaria e Secundária, por Enfermeiros que
mentação do cuidado que pode compreender a execução de pro- atuam de forma autônoma ou em equipe multidisciplinar por insti-
cedimentos, orientações, supervisão dos cuidados assumidos pela tuições públicas, privadas ou filantrópicas que ofereçam serviços de
família; o acompanhamento da evolução do paciente e adaptação atendimento domiciliar.
da família à situação vivenciada, que constitui o ato de novamente § 4º O Técnico de Enfermagem, em conformidade com o dispos-
avaliar e desencadear o ciclo de ações da sistematização do cuidar. to na Lei do Exercício Profissional e no Decreto que a regulamenta,
O cuidado de enfermagem é dirigido por diagnósticos de enfer- participa da execução da atenção domiciliar de enfermagem, na-
magem manifestados pelo paciente/família devido ao seu problema quilo que lhe couber, sob supervisão e orientação do Enfermeiro.
de saúde e/ou tratamento médico. A avaliação dos cuidados pres- Art. 2º Na atenção domiciliar de enfermagem, compete ao En-
tados é realizada através da integração entre a promoção da saúde fermeiro, privativamente:
e a abordagem dos fatores ambientais, psicossociais, econômicos, I – Dimensionar a equipe de enfermagem;
culturais e pessoais de saúde que afetam o bem-estar da pessoa e II – Planejar, organizar, coordenar, supervisionar e avaliar a
da família. É imprescindível o registro do atendimento domiciliar prestação da assistência de enfermagem;
no prontuário do paciente. Tanto para fins ético-legais, quanto para III – Organizar e coordenar as condições ambientais, equipa-
fins de contabilidade ou reembolso da assistência prestada. mentos e materiais necessários à produção de cuidado competen-
A atenção domiciliar deve ocorrer por meio de um planejamen- te, resolutivo e seguro;
to durante a intervenção hospitalar através da revisão dos dados do IV- Atuar de forma contínua na capacitação da equipe de enfer-
paciente, possibilitando avaliar as necessidades e começar a desen- magem que atua na realização de cuidados nesse ambiente;
volver um plano de cuidados, o qual sistematicamente sofre modifi- V- Executar os cuidados de enfermagem de maior complexi-
cações e adaptações conforme a avaliação da evolução do paciente dade técnicocientífica e que demandem a necessidade de tomar
e da supervisão dos cuidados assumidos pela família. decisões imediatas;
Art. 3º A atenção domiciliar de enfermagem deve ser executa-
O Serviço de Assistência Domiciliária (SAD) do Hospital do Servi- da no contexto da Sistematização da Assistência de Enfermagem,
dor Público de São Paulo tem um prontuário único, onde são anota- sendo pautada por normas, rotinas, protocolos validados e fre-
dos os procedimentos, intercorrências, orientações no domicílio ou quentemente revisados, com a operacionalização do Processo de
por telefone, empréstimos de material permanente, fornecimento Enfermagem, de acordo com as etapas previstas na Resolução CO-
de material de consumo e outras anotações que forem necessárias. FEN nº 358/2009, a saber:
As famílias também recebem após a orientação domiciliar uma fo- I – Coleta de dados de (Histórico de Enfermagem);
lha de rosto, onde constam todas as informações necessárias para II – Diagnóstico de Enfermagem;
facilitar o atendimento do paciente em algum episódio de urgência. III – Planejamento de Enfermagem;
Resolução COFEN nº 464/2014 - Normatiza a atuação da equi- IV – Implementação; e
pe de enfermagem na atenção domiciliar. V – Avaliação de Enfermagem
Art. 1º Para os efeitos desta norma, entende-se por atenção Art. 4º Todas as ações concernentes à atenção domiciliar de
domiciliar de enfermagem as ações desenvolvidas no domicílio da enfermagem devem ser registradas em prontuário, a ser mantido
pessoa, que visem à promoção de sua saúde, à prevenção de agra- no domicílio, para orientação da equipe.
vos e tratamento de doenças, bem como à sua reabilitação e nos § 1º Deverá ser assegurado, no domicilio do atendimento, ins-
cuidados paliativos. trumento próprio para registro da assistência prestada de forma
§1º A Atenção Domiciliar compreende as seguintes modalida- continua.
des: § 2º O registro da atenção domiciliar de enfermagem envolve:
I – Atendimento Domiciliar: compreende todas as ações, sejam I – Um resumo dos dados coletados sobre a pessoa e família;
elas educativas ou assistências, desenvolvidas pelos profissionais II – Os diagnósticos de enfermagem acerca das respostas da
de enfermagem no domicilio, direcionadas ao paciente e seus fa- pessoa e família à situação que estão vivenciando;
miliares. III – Os resultados esperados;
II – Internação Domiciliar – é a prestação de cuidados sistema- IV – As ações ou intervenções realizadas face aos diagnósticos
tizados de forma integral e contínuo e até mesmo ininterrupto, no de enfermagem identificados;
domicilio, com oferta de tecnologia e de recursos humanos, equipa- V – Os resultados alcançados como consequência das ações ou
mentos, materiais e medicamentos, para pacientes que demandam intervenções de enfermagem realizadas;
assistência semelhante à oferecida em ambiente hospitalar. VI – As intercorrências.
III – Visita Domiciliar: considera um contato pontual da equipe § 3º O registro da atenção domiciliar e as observações efetu-
de enfermagem para avaliação das demandas exigidas pelo usuário adas deverão ser registradas no prontuário, enquanto documento
e/ou familiar, bem como o ambiente onde vivem, visando estabele- legal de forma clara, legível, concisa, datado e assinada pelo autor
cer um plano assistencial, programado com objetivo definido. das ações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 5º Ficam os Conselhos Regionais de Enfermagem respon- As práticas que se esperam do enfermeiro, no contexto da
sáveis para implementar ações fiscalizatórias junto aos profissionais atenção básica, estão claramente descritas nos documentos legais
de enfermagem que atuam em domicilio.4 que regem a profissão e o sistema de saúde, no entanto, neste es-
tudo pretendeu-se aproximar o que está previsto nos documentos
legais e o exercício do trabalho profissional do enfermeiro, ou seja,
ORGANIZAÇÃO SOCIAL E COMUNITÁRIA NO CAMPO DA entre a investigação, o cuidado e as políticas públicas de saúde.
SAÚDE COLETIVA. POLÍTICAS E PRÁTICAS EM SAÚDE CO- Portanto, conduz à problematização das práticas e de seus pressu-
LETIVA postos teóricos e éticos no alcance dos resultados almejados pela
enfermagem, propiciando o debate crítico e propositivo acerca de
suas contribuições e de seus limites. Importa destacar que um dos
Atendimento integral das necessidades de saúde de indivídu- pontos positivos desse tipo de investigação é a amplitude da análise
os, famílias e comunidade em todas as faixas etárias no âmbito de estudos realizados em contextos diversificados e únicos do país,
hospitalar, ambulatorial e domiciliar: Instrumentos básicos do cui- o que pode auxiliar os decisórios políticos, os líderes de saúde e os
dar em Enfermagem próprios profissionais a usarem o conhecimento adquirido para o
As ações de promoção de prevenção e de acesso ao sistema fortalecimento da enfermagem e da atenção básica.
devem se dar de forma privilegiada no âmbito do nível da atenção
básica, sobretudo por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF), Âmbito hospitalar
por meio da qual se torna possível abranger territórios e regiões Os discursos revelam que o cuidado integral pode ser enten-
de maior cobertura populacional. No âmbito assistencial, o cresci- dido como uma interação que envolve os usuários, os profissionais
mento das doenças crônicas e complexas e o envelhecimento da e as instituições; perpassa, inclusive, pelo fruir da cidadania, por-
população também aumentaram significativamente o número de que todos os indivíduos inseridos neste contexto gozam dos seus
atendimentos nos serviços de atenção básica. Vale mencionar que, direitos civis e políticos do Estado. Pinheiro e Guizardi (2004) afir-
em 2010, já havia no Brasil cerca de trinta mil equipes de saúde da mam que a noção de cuidado não é apreendida como um nível de
família atendendo, aproximadamente, noventa e oito milhões de atenção do sistema de saúde ou como um procedimento técnico
pessoas. Nesse cenário, sistemas do mundo inteiro têm investido simplificado. As autoras ressaltam que ele é vivido como uma ação
na remodelagem de suas ações, haja vista o alto custo dos serviços integral, em que os significados e sentidos se voltam “para a com-
de média e de alta complexidade e a pouca resolutividade dessas preensão de saúde como o direito de ser.” (p.21). Essa ação integral
intervenções. na urgência/emergência inicia-se, portanto, no momento em que o
Na gestão e/ou na execução das práticas assistenciais, educati- usuário procura o referido serviço na busca de resoluções das suas
vas e preventivas, no nível da atenção básica, o trabalho do enfer- necessidades de saúde.
meiro é estratégico e indispensável, sendo assegurada sua inserção Nesse sentido, o cuidado ao usuário deve estar permeado pela
nas equipes e nos territórios por meio dos marcos programáticos equidade e universalidade.
e legais do SUS. Não obstante, os aspectos positivos, advindos da Tais princípios, porém, nem sempre verificados no atendimen-
reorientação do modelo assistencial, as requisições sócio-ocupacio- to ao usuário que procura o serviço. O entrevistado afirma que,
nais, nesse espaço de intervenção, são complexos e provocam dile- quando um indivíduo se dirige ou é levado ao pronto-socorro, seja
mas e questões éticas, teórico-metodológicas e técnico-operativas a pé, de ônibus ou por outro meio de transporte particular, ele irá
no interior da própria profissão, uma vez que a demanda cotidiana encontrar resistência quanto ao seu atendimento, já que, nesse
ainda reflete a predominância do modelo biomédico, em que o cui- caso, a pessoa passa por uma triagem realizada na portaria. O mes-
dado se dá mais por meio de medidas e de procedimentos técnicos, mo sujeito da pesquisa relata que se não for um caso de urgência/
de diagnósticos terapêuticos, em geral, em ambiente hospitalar. emergência, “ele é orientado a procurar serviços hospitalares de
Na contramão das práticas executadas, sob a égide de tal mo- médio porte, que é as UPA’s.” Em contrapartida, ele salienta que:
delo, a escuta, o acolhimento, o vínculo e a responsabilização, na “caso seja uma urgência/emergência, ele entra e se dá o direciona-
lógica da clínica ampliada, assim como o matriciamento e a inter- mento aos ambulatórios.” Percebemos que a avaliação é realizada
venção interdisciplinar e intersetorial, sobre os determinantes so- em dados orais fornecidos pelos pacientes e/ou sinais visuais que
ciais da saúde, conglobam exemplos que requerem inovações em ele lê em seu corpo e comportamento, assim como também consta-
processos de trabalho. tado por Jacquemot (2005). É curioso observar, no entanto, que os
Com isso, a mudança paradigmática está em curso e, para sua clientes que chegam por meio do Serviço de Atendimento Móvel de
consolidação, a produção científica pode contribuir com a divul- Urgência (SAMU), pelas ambulâncias de outras instituições, pelas
gação de experiências, a pesquisa e a sistematização do que está viaturas de bombeiros ou de policiais, têm garantida a sua entrada
sendo produzido nacionalmente sobre as pautas interventivas dos no hospital de pronto-socorro, pois, conforme Jacquemot (2005,
enfermeiros e suas instrumentalidades. Assim sendo - e consideran- p.49), “já passaram por várias avaliações de seu estado de saúde”,
do-se a complexidade das requisições demandadas aos enfermei- mesmo que alguns casos não se encaixem no perfil de atendimento
ros, no nível da atenção básica – neste estudo o objetivo foi iden- da instituição.
tificar e categorizar as práticas exercidas pelos enfermeiros junto O cuidado em uma unidade de pronto-socorro também é mar-
às Unidades Básicas e às ESFs, à luz das atribuições previstas pelos cado por um conjunto de práticas imediatas a fim de dar resolu-
marcos legais e programáticos da profissão e do SUS. bilidade às necessidades que o usuário traz consigo. Dessa forma,
há um processo de ansiedade considerado ‘normal’ que envolve
4Fonte: www.scielo.br/www.cofen.gov.br os cuidados prestados, tanto pelos usuários quanto pelos profis-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sionais, já que este espaço é permeado pelo inesperado, onde se de as mesmas atentarem contra ao pudor e a dignidade do ser hu-
devem tomar ações rápidas para amenizar ou sanar consequências mano, além de todo o sofrimento por elas desencadeado ser reco-
futuras indesejáveis. De um lado está o profissional que procura nhecido e compactuado pelo próximo.
aplicar o seu saber com o uso prudente de técnicas assistenciais e, Na urgência/emergência há uma diversidade de trabalho que
do outro, está o usuário ávido pela resolução de suas necessidades permite um trânsito dos atores de saúde em diferentes áreas. Dessa
de saúde em busca de conforto. forma, o cuidado integral se dá por meio de tarefas realizadas em
O cuidado ao usuário é, então, visto como focal, pois há uma várias frentes, com o objetivo de sanar as mais variadas necessida-
preocupação com a queixa imediata. Talvez uma das explicações des dos usuários que procuram o serviço, das mínimas às máximas
seja o número reduzido de funcionários na instituição em relação ações. Para tanto, são disponibilizado todos os serviços de acordo
à alta demanda de usuários, que é uma característica do serviço de com a complexidade que o cuidado demanda.
urgência/emergência apontada nos discursos e também partilhada Em se tratando dos profissionais no espaço hospitalar, temos
por Jacquemot (2005) ao estudar as perspectivas de profissionais e que levar em conta as diferentes visões e formas de execução do
usuários em relação às urgências e emergências de saúde. Em vista trabalho no cotidiano, pois envolve sujeitos singulares, portanto,
disso, o contato é rápido, o que dificulta o conhecimento da estrutu- uma pluralidade de percepções. Constatamos que, no cenário em
ra do indivíduo. Isto implica em um cuidado ‘cauteloso’ dispensado estudo, não há uma uniformidade de atendimento ao usuário, o
por parte dos profissionais, porque os mesmos podem desencadear que permite a realização do cuidado de maneiras diferenciadas e
emoções e sentimentos que alterem ou agravem o quadro de saúde que perpassa pela dedicação, em menor ou maior escala, do profis-
do usuário. Em contrapartida, cuidado ‘cauteloso’ pode remeter à sional. Dessa forma, observa-se um trabalho fragmentado, individu-
ideia de assumir uma postura ‘fria’, pelo não envolvimento em de- alista e pautado, muitas vezes, na inexistência de rotinas. Uma das
masiado dos atores de saúde com o usuário a fim de não mostrar prováveis explicações para isso recai no fato de os próprios atores
as suas fraquezas, mantendo certo distanciamento neste encontro, de saúde se perderem em meio às definições de urgência e emer-
o que ocasiona a negação das subjetividades. Verificamos, então, gência, como observado por Jacquemot (2005). Segundo a autora,
que, em ambos os sentidos, a escuta ‘atenta’ é realizada sobre a há imprecisões quanto às situações e estados de saúde que podem
queixa imediata sem aprofundamentos. Ela é focal, portanto, reso- ser conceituados como urgentes ou emergentes.
lutiva na concepção dos profissionais. Dessa forma, o atendimento
é considerado um acolhimento, no sentido estrito da palavra, que é Âmbito ambulatorial
o da recepção, admitir o usuário. De um modo genérico, pode-se estabelecer certa equivalên-
O ator de saúde pode assumir uma postura apática no sentido cia entre atenção especializada ambulatorial e atenção secundária,
de não se perceber nesse encontro. Não há um ‘sentimento de per- entretanto, notou-se que ações do escopo da atenção secundária,
tença’ como indivíduo confidente; pelo contrário, neste momento frequentemente, estão incorporadas nos serviços hospitalares, exi-
ele é um sujeito destituído de emoções que tem por ação utilizar gindo precaução em estabelecer essa relação como sinônima.
os seus conhecimentos estruturados para dar resolubilidade ao so- Nesse ponto, é útil resgatar as definições contidas no Informe
frimento alheio. Ele também é objetado, já que ‘pertencer a’ ou Dawson, publicado na Inglaterra em 1920, que de modo pioneiro,
‘envolver-se com’ lhe é externo na execução do seu trabalho. Cam- cunhou as expressões atenção primária e secundária, como sendo
pos, Gastão (1994, p.42) amplia tal assertiva ao ressaltar que nos níveis de atenção em um sistema de saúde, necessário para pro-
serviços públicos há ainda “uma nítida separação, um claro distan- porcionar de forma sistemática os serviços de saúde que deveriam
ciamento, entre os profissionais e os pacientes, entre as equipes e estar à disposição dos habitantes de uma determinada região.
a comunidade, entre os trabalhadores e seus meios de trabalho.” No referido trabalho, Lord Dawson, afirmava que a disponibi-
Por meio dessa vivência hospitalar, percebemos que há certo lidade dos serviços médicos, só poderia assegurar, mediante uma
‘controle’, por vezes demasiado, acerca do atendimento realizado organização ampliada e distribuída em função das necessidades da
em uma unidade de urgência/emergência. Esse ‘controle’, que está comunidade e, para tanto, deveriam se estruturar estabelecimen-
baseado em condutas e protocolos de assistência previamente es- tos onde se concentrariam os diversos serviços médicos, tanto pre-
tabelecidos, pode ser visto como um antolho, na medida em que ventivos quanto curativos, podendo ser primários ou secundários:
restringe a visão ao particularizar demais o conhecimento, o que os primeiros prestando ações mais sensíveis e o último mais espe-
faz com que as outras necessidades do usuário possam passar des- cializado.
percebidas. Por outro lado, o uso de protocolos é necessário para A própria indexação de palavras-chave nas bases de dados uti-
sistematizar a assistência. lizadas, remetem ao nível de atenção como parâmetro para busca,
Em face do exposto, o discurso revela um dado preocupante de porém não contem a expressão “atenção especializada” e suas va-
que, após um tempo de exercício da profissão na instituição, as prá- riantes no inglês como termo descritivo catalogado.
ticas assistenciais tendem a tornarem-se corriqueiras e mecânicas. No Brasil, também é corrente o uso das expressões como aten-
Quando o trabalho se dá dessa forma, há um risco de o profissional ção secundária e nível secundário, especialmente em livros texto de
se deter somente à queixa principal do usuário. As demais, julgadas referência da Saúde Coletiva e documentos técnicos de diferentes
erroneamente menos importantes, ou acabam no esquecimento, organizações da área da saúde. Mais recentemente, a utilização do
ou nem são conhecidas. Apesar disso, alguns casos que envolvem termo atenção especializada, torna-se progressivamente mais di-
não só o físico, mas também uma agressão moral, sempre conti- fundida, aparentando se dar em substituição da noção de que esse
nuam a chamar mais atenção que os outros. Essas ocorrências são tipo de cuidado se daria num nível ou lugar.
consideradas as mais ‘chocantes’ pelo entrevistado, talvez pelo fato

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Numa perspectiva sistêmica, a atenção especializada, indepen- bem como pela busca de uma proposta de cuidado que promova
dente do lugar para executar suas ações, mas requerem estrutura maior bem-estar aos usuários e às suas famílias, reduzindo as ini-
organizacional suficiente para executar um conjunto de ações de quidades em saúde.
saúde de maior agregação tecnológica. A AD, como aposta no cuidado de alguns perfis de usuários não
“A Atenção Especializada compreende um conjunto de ações alcançados em outros espaços, tem levado gestores, trabalhado-
e serviços de saúde realizados em ambiente ambulatorial, que in- res, pesquisadores, usuários e famílias a repensarem o modelo de
corporam a utilização de equipamentos médico-hospitalares e pro- atenção à saúde e as ofertas existentes, com vistas à produção da
fissionais especializados para a produção do cuidado em média e integralidade. Além disso, na perspectiva de reorganização da rede
alta complexidade. Essa atenção contempla cirurgias ambulatoriais, de cuidados, tem-se percebido o potencial da AD na articulação dos
procedimentos traumato-ortopédicos, ações especializadas em serviços por meio da comunicação e da discussão de projetos tera-
odontologia, patologia clínica, anatomopatologia e citopatologia, pêuticos compartilhados com os demais pontos da rede.
radiodiagnóstico, exames de ultrassonografia, diagnose, fisiotera- Ademais, pelas características que lhe são inerentes, a AD de-
pia, terapias especializadas, próteses e órteses.” Fonte: Secretaria safia a lógica tradicional de produção do cuidado ao ultrapassar os
Estadual de Saúde de Sergipe - 2013. muros das instituições de saúde e torna-se uma modalidade subs-
Solla e Chioro (2008) exploram o tema delineando: “A área de titutiva ao possibilitar a produção de novos modos de cuidar que
atenção especializada, de uma maneira geral, pode ser conceitua- transcendem o modelo hegemônico medicalizante. Exige, portanto,
da e ao mesmo tempo delimitada pelo território em que é desen- que as equipes trabalhem na complexidade do território da casa, na
volvido um conjunto de ações, práticas, conhecimentos e técnicas multiplicidade de dinâmicas familiares, incorporando seus valores e
assistenciais, caracteristicamente demarcadas pela incorporação de saberes ao cuidado.
processos de trabalho que englobam maior densidade tecnológica, A regulação da AD no Brasil iniciou-se com a publicação da Re-
as chamadas tecnologias especializadas.” solução RDC nº 11/2006 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Discutem o campo da atenção especializada como parte de um (Anvisa)/Ministério da Saúde (MS), que dispunha sobre o funciona-
sistema de cuidados integrais, tendo como objetivo a oferta de reta- mento dos serviços. Contudo, apesar da existência dessa resolução,
guarda técnica, assumindo a responsabilidade pelos usuários, cujo poucas foram as mudanças de fato percebidas no cotidiano dos ser-
processo de diagnóstico e tratamento fundamenta-se num víncu- viços existentes à época.
lo principal a ser preservado com a atenção básica (Solla e Chioro, O ano de 2011 foi profícuo para a expansão da AD, com a cria-
2008). ção, por meio da portaria GM/MS nº 2.029/2011, do Programa Me-
Finalmente, destacamos a formulação recente de Carvalho lhor em Casa e da Política Nacional de AD no âmbito do SUS, que,
Rocha, D. (2014), consoante com as formulações que caracterizam entre outras determinações, estabelecia a participação do gestor
as ações e serviços especializados no âmbito dos sistemas ou das federal no financiamento dos serviços. Essa proposta tinha uma
redes integradas, significa a Atenção Ambulatorial Especializada ação indutora importante para a abertura e ampliação de serviços
como: “um conjunto de ações e serviços de saúde caracteristica- no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a portaria em vigor
mente demar-cadas pela incorporação de tecnologias especializa- é a Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016, que redefine a AD no
das, englobando processos de trabalho de densidade tecnológica âmbito do SUS e atualiza as equipes habilitadas.
intermediária entre a Atenção Básica e a Atenção Hospitalar”. No entanto, apesar dos avanços, tanto com relação à legisla-
Rocha, D.C., com base na construção de Merhy, EE (2002), sig- ção que regulamenta a AD no Brasil quanto à qualidade do cuidado
nifica as tecnologias na atenção especializada, referindo-se ao apa- prestado, sua construção não fez parte do projeto que originou o
rato instrumental específico, os equipamentos, como a tecnologia SUS, assumindo um lugar de modalidade complementar na atenção
dura; aos conhecimentos específicos, como as tecnologias levedu- à saúde. Assim, a sua oferta permanece aquém das necessidades
ras; e compreende as tecnologias relacionais, como as tecnologias no País, e ela encontra-se vulnerável às mudanças governamentais
leves, sendo transversais a todas as modalidades de cuidado em e prioridades econômicas.
saúde. Nesse sentido, e tendo em vista o impacto que os serviços de
Recomenda-se que a Atenção Ambulatorial Especializada, deve AD têm produzido na vida dos usuários que recebem o cuidado das
se coresponsabilizar pelos usuários, cumprindo o objetivo de garan- equipes nessa modalidade de atenção, faz-se necessário aprofun-
tir retaguarda assistencial e consultora aos processos cuidadores, dar o conhecimento acerca da produção do cuidado na AD, buscan-
que se fundamentam num vínculo principal mais frequente com do contemplar seus desafios e potencialidades.
Atenção Básica, articulando-se ainda com a Atenção Hospitalar e Investigações têm sido conduzidas a fim de conhecer e compre-
Atenção às Urgências. ender como a organização das equipes e o cuidado estão ocorrendo
na AD; entretanto, são poucos os estudos de revisão que apresen-
Âmbito domiciliar tam de forma abrangente as evidências produzidas sobre a AD no
A Atenção Domiciliar (AD) é definida como uma modalidade Brasil, no âmbito do SUS.
de atenção à saúde que envolve ações de promoção da saúde, pre- Frente a isso, estabeleceu-se, para este estudo, a seguinte
venção, tratamento, reabilitação e paliação em domicílio, de forma questão norteadora: ‘Sobre quais questões vertem a produção
integrada com as Redes de Atenção à Saúde (RAS). Essa modalida- científica contemporânea acerca da AD no SUS?’. Procurando res-
de tem se expandido em resposta às mudanças demográficas, epi- ponder a essa questão, o objetivo do estudo é conhecer a produção
demiológicas, sociais e culturais que vêm tomando lugar, tanto no científica acerca da AD e discutir as potencialidades e os desafios
Brasil quanto no cenário mundial, para atender à necessidade de dessa modalidade de assistência no âmbito do SUS.
viabilidade e sustentabilidade econômica dos sistemas de saúde,
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

constituída no país, desde a década de 70. Em um grande número


VIGILÂNCIA EM SAÚDE de doenças transmissíveis, para as quais se dispõe de instrumentos
eficazes de prevenção e controle, o Brasil tem colecionado êxitos
importantes.
A Atenção Básica (AB), como primeiro nível de atenção do Esse grupo de doenças encontra-se em franco declínio, com
Sistema Único de Saúde (SUS), caracteriza-se por um conjunto de reduções drásticas de incidência. Entretanto, algumas dessas
ações no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e doenças apresentam quadro de persistência, ou de redução, ainda
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o trat- recente, configurando uma agenda inconclusa nessa área, sendo
amento, a reabilitação e visa à manutenção da saúde. Deve ser necessário o fortalecimento das novas estratégias, recentemente
desenvolvida por equipes multiprofissionais, de maneira a desen- adotadas, que obrigatoriamente impõem uma maior integração
volver responsabilidade sanitária sobre as diferentes comunidades entre as áreas de prevenção e controle e à rede assistencial. Um
adscritas à territórios bem delimitados, deve considerar suas carac- importante foco da ação de controle desses agravos está voltado
terísticas sócio-culturais e dinamicidade e, de maneira programada, para o diagnóstico e tratamento das pessoas doentes, visando à
organizar atividades voltadas ao cuidado longitudinal das famílias interrupção da cadeia de transmissão, onde grande parte das ações
da comunidade. encontra-se no âmbito da Atenção Básica/Saúde da Família. Além
A Saúde da Família é a estratégia para organização da Atenção da necessidade de promover ações de prevenção e controle das
Básica no SUS. doenças transmissíveis, que mantém importante magnitude e/
Propõe a reorganização das práticas de saúde que leve em ou transcendência em nosso país, é necessário ampliar a capaci-
conta a necessidade de adequar as ações e serviços à realidade da dade de atuação para novas situações que se colocam sob a forma
população em cada unidade territorial, definida em função das car- de surtos ou devido ao surgimento de doenças inusitadas. Para o
acterísticas sociais, epidemiológicas e sanitárias. Busca uma práti- desenvolvimento da prevenção e do controle, em face dessa com-
ca de saúde que garanta a promoção à saúde, à continuidade do plexa situação epidemiológica, têm sido fortalecidas estratégias es-
cuidado, a integralidade da atenção, a prevenção e, em especial, a pecíficas para detecção e resposta às emergências epidemiológicas.
responsabilização pela saúde da população, com ações permanen- Outro ponto importante está relacionado às profundas mu-
tes de vigilância em saúde. danças nos perfis epidemiológicos das populações ao longo das
Na Saúde da Família, os profissionais realizam o cadastramento últimas décadas, nos quais se observa declínio das taxas de mortal-
domiciliar, diagnóstico situacional e ações dirigidas à solução dos idade por doenças infecciosas e parasitárias e crescente aumento
problemas de saúde, de maneira pactuada com a comunidade, bus- das mortes por causas externas e pelas doenças crônico-degener-
cando o cuidado dos indivíduos e das famílias. A atuação desses ativas, levando a discussão da incorporação das doenças e agravos
profissionais não está limitada à ação dentro da Unidade Básica de não-transmissíveis ao escopo das atividades da vigilância epidemi-
Saúde (UBS), ela ocorre também nos domicílios e nos demais es- ológica.
paços comunitários (escolas, associações, entre outros). Vigilância Epidemiológica é um “conjunto de ações que pro-
A Vigilância em Saúde, entendida como uma forma de pensar e porciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
agir, tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde in-
da população e a organização e execução de práticas de saúde ade- dividual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as
quadas ao enfrentamento dos problemas existentes. medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”.
É composta pelas ações de vigilância, promoção, prevenção e O propósito da Vigilância Epidemiológica é fornecer orientação
controle de doenças e agravos à saúde, devendo constituir-se em técnica permanente para os que têm a responsabilidade de decid-
um espaço de articulação de conhecimentos e técnicas vindos da ir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos.
epidemiologia, do planejamento e das ciências sociais, é, pois, ref- Sua operacionalização compreende um ciclo completo de funções
erencial para mudanças do modelo de atenção. Deve estar inserida específicas e articuladas, que devem ser desenvolvidas de modo
cotidianamente na prática das equipes de saúde de Atenção Básica. contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o comportamen-
As equipes Saúde da Família, a partir das ferramentas da vigilância, to epidemiológico da doença ou agravo escolhido como alvo das
desenvolvem habilidades de programação e planejamento, de ma- ações, para que as intervenções pertinentes possam ser desen-
neira a organizar ações programadas e de atenção a demanda es- cadeadas com oportunidade e efetividade.
pontânea, que garantam o acesso da população em diferentes ativ- Tem como função coleta e processamento de dados; análise
idades e ações de saúde e, desta maneira, gradativamente impacta e interpretação dos dados processados; investigação epidemi-
sobre os principais indicadores de saúde, mudando a qualidade de ológica de casos e surtos; recomendação e promoção das medi-
vida daquela comunidade. das de controle adotadas, impacto obtido, formas de prevenção
O conceito de Vigilância em Saúde inclui: a vigilância e controle de doenças, dentre outras. Corresponde à vigilância das doenças
das doenças transmissíveis; a vigilância das doenças e agravos não transmissíveis (doença clinicamente manifesta, do homem ou dos
transmissíveis; a vigilância da situação de saúde, vigilância ambi- animais, resultante de uma infecção) e das doenças e agravos não
ental em saúde, vigilância da saúde do trabalhador e a vigilância transmissíveis (não resultante de infecção). É na Atenção Básica /
sanitária. Saúde da Família o local privilegiado para o desenvolvimento da
Este conceito procura simbolizar, na própria mudança de de- vigilância epidemiológica. A Vigilância da Situação de Saúde desen-
nominação, uma nova abordagem, mais ampla do que a tradicio- volve ações de monitoramento contínuo do país/estado/região/
nal prática de vigilância epidemiológica, tal como foi efetivamente município/equipes, por meio de estudos e análises que revelem o

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

comportamento dos principais indicadores de saúde, dando priori- Nesse sentido, a Política Nacional de Promoção da Saúde prevê
dade a questões relevantes e contribuindo para um planejamento que a organização da atenção e do cuidado deve envolver ações
de saúde mais abrangente. e serviços que operem sobre os determinantes do adoecer e que
As ações de Vigilância em Saúde Ambiental, estruturadas a vão além dos muros das unidades de saúde e do próprio sistema
partir do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, es- de saúde. O objetivo dessa política é promover a qualidade de vida
tão centradas nos fatores não-biológicos do meio ambiente que e reduzir a vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus
possam promover riscos à saúde humana: água para consumo hu- determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de
mano, ar, solo, desastres naturais, substâncias químicas, acidentes trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso
com produtos perigosos, fatores físicos e ambiente de trabalho. a bens e serviços essenciais. Tem como ações específicas: alimen-
Nesta estrutura destaca-se: tação saudável, prática corporal/atividade física, prevenção e con-
(1) A Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade trole do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência
da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) consiste no conjun- do uso de álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por
to de ações adotadas continuamente pelas autoridades de saúde acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura
pública para garantir que a água consumida pela população atenda da paz, além da promoção do desenvolvimento sustentável.
ao padrão e às normas estabelecidas na legislação vigente e para Pensar em Vigilância em Saúde pressupõe a não dissociação
avaliar os riscos que a água consumida representa para a saúde hu- com a Vigilância Sanitária. A Vigilância Sanitária é entendida como
mana. Suas atividades visam, em última instância, a promoção da um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir
saúde e a prevenção das doenças de transmissão hídrica; riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do
(2) À Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Potencial- meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de
mente Expostas a Solo Contaminado (VIGISOLO) compete recomen- serviços de interesse da saúde. (BRASIL, 1990)
dar e adotar medidas de promoção à saúde ambiental, prevenção e Abrange:
controle dos fatores de risco relacionados às doenças e outros agra- (1) o controle de bens de consumo que, direta ou indireta-
vos à saúde decorrentes da contaminação por substâncias químicas mente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas
no solo; e processos, da produção ao consumo;
(3) A Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade (2) o controle da prestação de serviços que se relacionam dire-
do Ar (VIGIAR) tem por objetivo promover a saúde da população ta ou indiretamente com a saúde.
exposta aos fatores ambientais relacionados aos poluentes atmos-
féricos - provenientes de fontes fixas, de fontes móveis, de ativi- Neste primeiro caderno, elegeu-se como prioridade o forta-
dades relativas à extração mineral, da queima de biomassa ou de lecimento da prevenção e controle de algumas doenças de maior
incêndios florestais - contemplando estratégias de ações interseto- prevalência, assim como a concentração de esforços para a elim-
riais. inação de outras, que embora de menor impacto epidemiológico,
Outra área que se incorpora nas ações de vigilância em saúde atinge áreas e pessoas submetidas às desigualdades e exclusão.
é a saúde do trabalhador que entende-se como sendo um conjunto O Caderno de Atenção Básica Vigilância em Saúde Volume1,
de atividades que se destina, através das ações de vigilância epide- visa contribuir para a compreensão da importância da integração
miológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde entre as ações de Vigilância em Saúde e demais ações de saúde,
dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da universo do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica/
saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos Saúde da Família, visando a garantia da integralidade do cuidado.
das condições de trabalho, abrangendo entre outros: (1) assistên- São enfocadas ações de vigilância em saúde na Atenção Básica,
cia ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de no tocante aos agravos: dengue, esquistossomose, hanseníase,
doença profissional e do trabalho; (2) participação em estudos, malária, tracoma e tuberculose.
pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à
saúde existentes no processo de trabalho; (3) informação ao tra- Processo De Trabalho Da Atenção Básica E Da Vigilância Em
balhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre Saúde
os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do tra- Apesar dos inegáveis avanços na organização da Atenção Bási-
balho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambi- ca ocorrida no Brasil na última década e a descentralização das
entais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, ações de Vigilância em Saúde, sabe-se que ainda persistem vários
respeitados os preceitos da ética profissional. problemas referentes à gestão e organização dos serviços de saúde
Outro aspecto fundamental da vigilância em saúde é o cuida- que dificultam a efetiva integração da Atenção Básica e a Vigilância
do integral à saúde das pessoas por meio da Promoção da Saúde. em Saúde, comprometendo a integralidade do cuidado.
A Promoção da Saúde é compreendida como estratégia de articu- Para qualificar a atenção à saúde a partir do princípio da inte-
lação transversal, à qual incorpora outros fatores que colocam a gralidade é fundamental que os processos de trabalho sejam or-
saúde da população em risco trazendo à tona as diferenças entre ganizados com vistas ao enfrentamento dos principais problemas
necessidades, territórios e culturas presentes no país. Visa criar de saúde-doença da comunidade, onde as ações de vigilância
mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defen- em saúde devem estar incorporadas no cotidiano das equipes de
dam a equidade e incorporem a participação e o controle social na Atenção Básica/Saúde da Família.
gestão das políticas públicas.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Um dos sentidos atribuídos ao princípio da Integralidade na Faz-se necessário o fortalecimento das estruturas gerenciais
construção do SUS refere ao cuidado de pessoas, grupos e coletiv- dos municípios e estados com vistas não só ao planejamento e pro-
idades, percebendo-os como sujeitos históricos, sociais e políticos, gramação, mas também da supervisão, seja esta das equipes, dos
articulados aos seus contextos familiares, ao meio-ambiente e a so- municípios ou regionais. Instrumentos de gestão como processos
ciedade no qual se inserem. (NIETSCHE EA, 2000) de acompanhamento, monitoramento e avaliação devem ser in-
Para a qualidade da atenção, é fundamental que as equipes stitucionalizados no cotidiano como reorientador das práticas de
busquem a integralidade nos seus vários sentidos e dimensões, saúde.
como: propiciar a integração de ações programáticas e demanda Os Sistemas de Informações de Saúde desempenham papel
espontânea; articular ações de promoção à saúde, prevenção de relevante para a organização dos serviços, pois os estados e os
agravos, vigilância à saúde, tratamento, reabilitação e manutenção municípios de posse das informações em saúde têm condições de
da saúde; trabalhar de forma interdisciplinar e em equipe; coor- adotar de forma ágil, medidas de controle de doenças, bem como
denar o cuidado aos indivíduos-família-comunidade; integrar uma planejar ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
rede de serviços de maior complexidade e, quando necessário, co- subsidiando a tomada de decisões.
ordenar o acesso a esta rede. É fundamental o uso de protocolos assistenciais que prevejam
Para a integralidade do cuidado, fazem-se necessárias mu- ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, que são
danças na organização do processo de trabalho em saúde, pas- dirigidos aos problemas mais frequentes da população. Tais proto-
sando a Atenção Básica/Saúde da Família a ser o lócus principal de colos devem incluir a indicação da continuidade da atenção, sob a
desenvolvimento dessas ações. lógica da regionalização, flexíveis em função dos contextos estadu-
ais, municipais e locais. Alia-se a importância de adotar o processo
O Território de Educação Permanente em Saúde na formação e qualificação das
Os sistemas de saúde devem se organizar sobre uma base ter- equipes, cuja missão é ter capacidade para resolver os problemas
ritorial, onde a distribuição dos serviços segue uma lógica de delim- que lhe são apresentados, ainda que a solução extrapole aquele
itação de áreas de abrangência. nível de atenção (da resolubilidade, da visão das redes de atenção)
O território em saúde não é apenas um espaço delimitado e a necessidade de criar mecanismos de valorização do trabalho na
geograficamente, mas sim um espaço onde as pessoas vivem, es- atenção básica seja pelos incentivos formais, seja pela co-gestão
tabelecem suas relações sociais, trabalham e cultivam suas crenças (participação no processo decisório).
e cultura. Finalmente, como forma de democratizar a gestão e atender
A territorialização é base do trabalho das Equipes de Saúde as reais necessidades da população é essencial a constituição de
da Família (ESF) para a prática da Vigilância em Saúde. O funda- canais e espaços que garantam a efetiva participação da população
mental propósito deste processo é permitir eleger prioridades para e o controle social.
o enfrentamento dos problemas identificados nos territórios de
atuação, o que refletirá na definição das ações mais adequadas, Sistema De Informação De Agravos De Notificação – Sinan
contribuindo para o planejamento e programação local. Para tal, é A informação é instrumento essencial para a tomada de de-
necessário o reconhecimento e mapeamento do território: segun- cisões, ferramenta imprescindível à Vigilância em Saúde, por ser o
do a lógica das relações e entre condições de vida, saúde e acesso fator desencadeador do processo “informação-decisão-ação”.
às ações e serviços de saúde. Isso implica um processo de coleta O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) foi
e sistematização de dados demográficos, socioeconômicos, políti- desenvolvido no início da década de 90, com objetivo de padronizar
co-culturais, epidemiológicos e sanitários que, posteriormente, de- a coleta e processamento dos dados sobre agravos de notificação
vem ser interpretados e atualizados periodicamente pela equipe de obrigatória em todo o território nacional. Construído de maneira
saúde. hierarquizada, mantendo coerência com a organização do SUS, pre-
Integrar implica discutir ações a partir da realidade local; tende ser suficientemente ágil na viabilização de análises de situ-
aprender a olhar o território e identificar prioridades assumindo o ações de saúde em curto espaço de tempo. O Sinan fornece dados
compromisso efetivo com a saúde da população. Para isso, o ponto para a análise do perfil da morbidade e contribui para a tomada
de partida é o processo de planejamento e programação conjunto, de decisões nos níveis municipal, estadual e federal. Seu uso foi
definindo prioridades, competências e atribuições a partir de uma regulamentado por meio da Portaria GM/MS nº. 1.882, de 18 de
situação atual reconhecida como inadequada tanto pelos técnicos dezembro de 1997, quando se tornou obrigatória a alimentação
quanto pela população, sob a ótica da qualidade de vida. regular da base de dados nacional pelos municípios, estados e Dis-
trito Federal, e o Ministério da Saúde foi designado como gestor
Planejamento E Programação nacional do sistema.
Planejar e programar em um território específico exige um O Sinan é atualmente alimentado, principalmente, pela notifi-
conhecimento das formas de organização e de atuação dos órgãos cação e investigação de casos de doenças e agravos que constam
governamentais e não-governamentais para se ter clareza do que da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória em todo
é necessário e possível ser feito. É importante o diálogo permanen- Território Nacional - LDNC, conforme Portaria SVS/MS nº. 05, de
te com os representantes desses órgãos, com os grupos sociais e 21/02/2006, podendo os estados e municípios incluir outros prob-
moradores, na busca do desenvolvimento de ações intersetoriais lemas de saúde pública, que considerem importantes para a sua
oportunizando a participação de todos. Isso é adotar a interseto- região.
rialidade como estratégia fundamental na busca da integralidade
da atenção.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ficha De Notificação Individual o processamento eletrônico de dados pelo Sinan encaminham as


É o documento básico de coleta de dados, que inclui dados fichas de notificação/investigação e seguem o mesmo fluxo descri-
sobre a identificação e localização do estabelecimento notificante, to anteriormente. A SES envia os dados para o Ministério da Saúde,
identificação, características socioeconômicas, local da residência por meio eletrônico, pelo menos uma vez por semana.
do paciente e identificação do agravo notificado. Dentre as atribuições de cada nível do sistema cabe a todos
Essa ficha é utilizada para notificar um caso a partir da sus- efetuar análise da qualidade dos dados, como verificar a duplici-
peição do agravo, devendo ser encaminhada para digitação após o dade de registros, completitude dos campos e consistência dos
seu preenchimento, independentemente da confirmação do diag- dados, análises epidemiológicas e divulgação das informações. No
nóstico, por exemplo: notificar um caso de dengue a partir da sus- entanto, cabe somente ao primeiro nível informatizado a comple-
peita de um caso que atenda os critérios estabelecidos na definição mentação de dados, correção de inconsistências e vinculação/ex-
de caso. clusão de duplicidades e exclusão de registros.
A ficha de investigação contém, além dos dados da notificação, As bases de dados geradas pelo Sinan são armazenadas pelo
dados referentes aos antecedentes epidemiológicos, dados clínicos gerenciador de banco de dados PostgreSQL ou Interbase. Para
e laboratoriais específicos de cada agravo e dados da conclusão da analisá-las utilizando programas informatizados tais como o SPSS,
investigação. o Tabwin e o Epi Info, é necessário exportá-las para o formato DBF.
A impressão, controle da pré-numeração e distribuição das Esse procedimento é efetuado em todos os níveis, utilizando rotina
fichas de notificação e de investigação para os municípios são de própria do sistema.
responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde, podendo ser del- Com o objetivo de divulgar dados, propiciar a análise da sua
egada à Secretaria Municipal de Saúde. qualidade e o cálculo de indicadores por todos os usuários do siste-
Os instrumentos de coleta padronizados pelo Ministério da ma e outros interessados, a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS
Saúde são específicos para cada agravo de notificação compulsória, do Ministério da Saúde criou um site do Sinan que pode ser acessa-
e devem ser utilizados em todas as unidades federadas. do pelo endereço www.saude.gov.br/svs - sistemas de informações
Para os agravos hanseníase e tuberculose são coletados ainda ou www.saude.gov.br/sinanweb. Nessa página estão disponíveis:
dados de acompanhamento dos casos. As notificações de malária • Relatórios gerenciais;
e esquistossomose registradas no Sinan correspondem àquelas • Relatórios epidemiológicos por agravo;
identificadas fora das respectivas regiões endêmicas. Esses agravos • Documentação do sistema (Dicionários de dados - descrição
quando notificados em local onde são endêmicos devem ser regis- dos campos das fichas e das características da variável correspon-
trados em sistemas específicos. dente nas bases de dados);
Dados dos Inquéritos de Tracoma, embora não seja doença de • Fichas de notificação e de investigação de cada agravo;
notificação compulsória no país devem ser registrados no Sinan - • Instrucionais para preenchimento das Fichas;
versão NET, por ser considerada de interesse nacional. • Manuais de uso do sistema;
A população sob vigilância corresponde a todas as pessoas • Cadernos de análise da qualidade das bases de dados e cálcu-
residente no país. Cada município deve notificar casos detectados lo de indicadores epidemiológicos e operacionais;
em sua área de abrangência, sejam eles residentes ou não nesse • Produção - acompanhamento do recebimento pelo Ministério
município. da Saúde dos arquivos de transferência de cada UF;
As unidades notificantes são, geralmente, aquelas que prestam • Base de dados - uso da ferramenta TabNet para tabulação de
atendimento ao Sistema Único de Saúde, incluindo as Unidades dados de casos confirmados notificados no Sinan a partir de 2001.
Básicas de Saúde/Unidades de Saúde da Família. Os profissionais
de saúde no exercício da profissão, bem como os responsáveis por Sinan NET
organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde Novo aplicativo desenvolvido pela SVS/MS em conjunto ao
e ensino, têm a obrigação de comunicar aos gestores do Sistema DATASUS, objetiva modificar a lógica de produção de informação
Único de Saúde a ocorrência de casos suspeito/confirmados dos para a de análise em níveis cada vez mais descentralizados do siste-
agravos listados na LNDC. ma de saúde. Subsidia a construção de sistemas de vigilância ep-
O Sinan permite a coleta, processamento, armazenamento e idemiológica de base territorial, que esteja atento ao que ocorre
análise dos dados desde a unidade notificante, sendo adequado à em toda sua área de atuação. Possibilita ao município que estiver
descentralização de ações, serviços e gestão de sistemas de saúde. interligado à internet, a transmissão dos dados das fichas de no-
Se a Secretaria Municipal de Saúde for informatizada, todos os tificação diariamente às demais esferas de governo, fazendo com
casos notificados pelo município devem ser digitados, independen- que esses dados estejam disponíveis em tempo oportuno, às três
te do local de residência. Contudo, caso as unidades de saúde não esferas de governo.
disponham de microcomputadores, o sistema informatizado pode Já os dados das fichas de investigação somente serão transmit-
ser operacionalizado a partir das secretarias municipais, das region- idos quando for encerrado o processo de investigação, conseguin-
ais e da secretaria de estado de saúde. do dessa forma, separar essas duas etapas.
As unidades notificantes enviam semanalmente as fichas de Outras rotinas, como o fluxo de retorno, serão implementa-
notificação/ investigação ou, se for informatizada, o arquivo de das, permitindo que o município de residência tenha na sua base
transferência de dados por meio eletrônico para as secretarias mu- de dados todos os casos, independentemente do local onde foram
nicipais de saúde, que enviam os arquivos de transferência de da- notificados. A base de dados foi preparada para georreferenciar os
dos, pelo menos uma vez por semana, à regional de saúde ou Sec- casos notificados naqueles municípios que desejem trabalhar com
retaria de Estado da Saúde. Os municípios que não têm implantado geoprocessamento de dados.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A utilização efetiva do Sinan possibilita a realização do diag- • Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni-
nóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população; po- dade relativas ao controle das doenças/agravos em sua área de
dendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de abrangência;
notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as • Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de
pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da proteção individual e familiar para a prevenção de doenças/agra-
realidade epidemiológica de determinada área geográfica. vos;
O desafio não só para o Sinan, mas para todos os demais siste- • Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples
mas de informação de saúde no Brasil, é criar uma interface de de manejo ambiental para o controle de vetores;
comunicação entre si descaracterizando-os como um sistema car- • Articular e viabilizar as medidas de controle vetorial e outras
torial de registro, para se transformar em sistemas ágeis que per- ações de proteção coletiva;
mitam desencadear ações imediatas e realizar análises em tempo • Identificar possíveis problemas e surtos relacionados à qual-
oportuno. idade da água, em nível local como a situação das fontes de abas-
O uso sistemático dos dados gerados pelo Sistema, de forma tecimento e de armazenamento da água e a variação na incidência
descentralizada, contribui para a democratização da informação, de determinadas doenças que podem estar associadas à qualidade
permitindo que todos os profissionais de saúde tenham acesso à da água;
informação e a disponibilize para a comunidade. É, portanto, um in- • Identificar a disposição inadequada de resíduos, industriais
strumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir ou domiciliares, em áreas habitadas; a armazenagem inadequada
prioridades de intervenção, além de possibilitar que sejam avalia- de produtos químicos tóxicos (inclusive em postos de gasolina) e
dos os impactos das intervenções. a variação na incidência de doenças potencialmente relacionadas
a intoxicação;
O Trabalho Da Equipe Multiprofissional • Identificar a poluição do ar derivada de indústrias, au-
Os diferentes profissionais das equipes de saúde da Atenção tomóveis, queimadas, inclusive nas situações intra-domiciliares (fu-
Básica/Saúde da Família têm importante papel e contribuição nas maça e poeira) e as variações na incidência de doenças, principal-
ações de Vigilância em Saúde. As atribuições específicas dos profis- mente as morbidades respiratórias e cardiovasculares, que podem
sionais da Atenção Básica, já estão definidas na Política Nacional de estar associadas à poluição do ar.
Atenção Básica (PNAB). Na organização da atenção, o Agente Comunitário de Saúde
Como atribuição comum a todos os profissionais das equipes, (ACS) e o Agente de Controle de Endemias (ACE) desempenham
descreve-se: papéis fundamentais, pois se constituem como elos entre a comu-
• Garantir atenção integral e humanizada à população adscrita; nidade e os serviços de saúde. Assim como os demais membros
• Realizar tratamento supervisionado, quando necessário; da equipe, tais agentes devem ter co-responsabilização com a
• Orientar o usuário/família quanto à necessidade de concluir saúde da população de sua área de abrangência. Por isso, devem
o tratamento; desenvolver ações de promoção, prevenção e controle dos agra-
• Acompanhar os usuários em tratamento; vos, sejam nos domicílios ou nos demais espaços da comunidade, e
• Prestar atenção contínua, articulada com os demais níveis de embora realizem ações comuns, há um núcleo de atividades que é
atenção, visando o cuidado longitudinal (ao longo do tempo); específico a cada um deles.
• Realizar o cuidado em saúde da população adscrita, no âm- No processo de trabalho, estes dois atores, ACS e ACE, devem
bito da unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços co- ser coresponsáveis pelo controle das endemias, integrando suas
munitários (escolas, associações, entre outros), quando necessário; atividades de maneira a potencializar o trabalho e evitar a duplici-
• Construir estratégias de atendimento e priorização de popu- dade das ações que, embora distintas, se complementam.
lações mais vulneráveis, como exemplo: população de rua, ciganos, Os gestores e as equipes de saúde devem definir claramente os
quilombolas e outras; papéis, competências e responsabilidades de cada um destes agen-
• Realizar visita domiciliar a população adscrita, conforme tes e, de acordo com a realidade local, definir os fluxos de trabalho.
planejamento assistencial; Cada ACE deverá ficar como referência para as ações de vigilância
• Realizar busca ativa de novos casos e convocação dos falto- de um número de ACS. Esta relação entre o número de ACE e de
sos; ACS será variável, pois, se baseará no perfil epidemiológico e nas
• Notificar casos suspeitos e confirmados, conforme fichas demais características locais (como geografia, densidade demográ-
anexas; fica e outras).
• Preencher relatórios/livros/fichas específicos de registro e Na divisão do trabalho entre os diferentes agentes, o ACS,
acompanhamento dos agravos/doenças, de acordo com a rotina da após as visitas domiciliares e identificação dos problemas que não
UBS; poderão ser resolvidos por ele, deverá transmití-las ao ACE, seu
• Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informação em parceiro, que planejará conjuntamente as ações de saúde caso
Saúde – Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), Sistema a caso como, por exemplo, quando o ACS identificar uma caixa
de Informação de Mortalidade (SIM), Sistema de Informação de Na- d’água de difícil acesso ou um criadouro que necessite da utilização
scidos Vivos (SINASC), Sistema de Informação de Agravos de Notifi- de larvicida.
cação (Sinan) e outros para planejar, programar e avaliar as ações O ACE deve ser incorporado nas atividades das equipes da
de vigilância em saúde; Atenção Básica/Saúde da Família, tomando como ponto de partida
sua participação no processo de planejamento e programação. É

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

importante que o ACE esteja vinculado a uma Unidade Básica de - Encaminhar, quando necessário, os casos graves para a uni-
Saúde, pois a efetiva integração das ações de controle está no pro- dade de referência, respeitando os fluxos locais e mantendo-se re-
cesso de trabalho realizado cotidianamente. sponsável pelo acompanhamento;
Um dos fatores fundamentais para o êxito do trabalho é a inte- - Realizar assistência domiciliar, quando necessário;
gração das bases territoriais de atuação dos Agentes Comunitários - Orientar os Auxiliares e técnicos de enfermagem, ACS e ACE
de Saúde (ACS) e Agentes de Controle de Endemias (ACE). O gestor para o acompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamen-
municipal, junto às equipes de saúde, deve organizar seus serviços to supervisionado;
de saúde, e definir suas bases territoriais, de acordo com sua reali- - Contribuir e participar das atividades de educação permanen-
dade, perfil epidemiológico, aspectos geográficos, culturais e soci- te dos membros da equipe quanto à prevenção, manejo do trata-
ais, entre outros. mento, ações de vigilância epidemiológica e controle das doenças;
- Enviar mensalmente ao setor competente as informações ep-
Atribuições Específicas Dos Profissionais Da Atenção Básica/ idemiológicas referentes às doenças/agravo na área de atuação da
Saúde Da Família UBS, analisar os dados para propor possíveis intervenções.
Agente Comunitário de Saúde – ACS
- Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encamin- Enfermeiro
har os casos suspeitos para a Unidade de Saúde; - Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames comple-
- Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-lo quanto mentares e prescrever medicações, conforme protocolos ou outras
à necessidade de sua conclusão; normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, obser-
- Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni- vadas as disposições legais da profissão;
dade relativas ao controle das doenças/agravos, em sua área de - Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvi-
abrangência; das pelos ACS;
- Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteção - Realizar assistência domiciliar, quando necessário;
individual e familiar para a prevenção de doença; - Enviar mensalmente ao setor competente as informações ep-
- Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples idemiológicas referentes às doenças/agravo na área de atuação da
de manejo ambiental para o controle de vetores; UBS e analisar os dados para possíveis intervenções;
- Planejar/programar as ações de controle das doenças/agra- - Orientar os auxiliares/técnicos de enfermagem, ACS e ACE
vos em conjunto ao ACE e equipe da Atenção Básica/Saúde da para o acompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamen-
Família. to supervisionado;
- Contribuir e participar das atividades de educação permanen-
Agente de Controle de Endemias – ACE te dos membros da equipe quanto à prevenção, manejo do trata-
- Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encamin- mento, ações de vigilância epidemiológica e controle das doenças.
har os casos suspeitos para a Unidade de Saúde;
- Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-los quanto Auxiliar/Técnico de Enfermagem
à necessidade de sua conclusão; - Participar das atividades de assistência básica, realizando pro-
- Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni- cedimentos regulamentados para o exercício de sua profissão;
dade relativas ao controle das doenças/agravos, em sua área de - Realizar assistência domiciliar, quando necessária;
abrangência; - Realizar tratamento supervisionado, quando necessário, con-
- Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteção forme orientação do enfermeiro e/ou médico.
individual e familiar para a prevenção de doenças;
- Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples Cirurgião Dentista, Técnico em Higiene Dental – THD e Auxil-
de manejo ambiental para o controle de vetores; iar de Consultório Dentário – ACD
- Realizar, quando indicado a aplicação de larvicidas/molusco- - Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encamin-
cidas químicos e biológicos; a borrifação intradomiciliar de efeito har os casos suspeitos para consulta;
residual; e a aplicação espacial de inseticidas por meio de nebuli- - Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni-
zações térmicas e ultra-baixo-volume; dade relativas ao controle das doenças/agravos em sua área de
- Realizar atividades de identificação e mapeamento de abrangência;
coleções hídricas de importância epidemiológica; - Participar da capacitação dos membros da equipe quanto à
- Planejar/programar as ações de controle das doenças/agra- prevenção, manejo do tratamento, ações de vigilância epidemi-
vos em conjunto ao ACS e equipe da Atenção Básica/Saúde da ológica e controle das doenças;
Família. - Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteção
individual e familiar para a prevenção de doenças
Médico
- Diagnosticar e tratar precocemente os agravos/doenças, con-
forme orientações, contidas neste caderno;
- Solicitar exames complementares, quando necessário;
- Realizar tratamento imediato e adequado, de acordo com es-
quema terapêutico definido neste caderno;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Diante disto, o Técnico de Enfermagem possui o dever inerente de


EQUIPE DE SAÚDE assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas,
por isso, é apto a participar da equipe de saúde, pois exerce a função
importante de promover e praticar cuidado individual e familiar.
Participação na equipe de saúde

A qualidade da assistência à saúde depende muito do trabalho EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE


da Enfermagem, pois representam mais de 50% de uma equipe de
saúde. Portanto, os Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enferma-
gem devem ter em mente essa responsabilidade5. Ações educativas aos usuários dos serviços de saúde
O profissional de Enfermagem (Enfermeiros, Técnicos e Auxi- A educação em saúde surgiu em 1909 nos Estados Unidos da
liares) participam, como integrante da equipe de saúde, das ações América (EUA), como uma estratégia de prevenção das doenças. Os
que visem satisfazer as necessidades de saúde da população e da pressupostos que nortearam essa proposta foram os seguintes:
defesa dos princípios das políticas públicas de saúde e ambientais, (1) os problemas de saúde devem ser prevenidos pelo esforço
que garantam a universalidade de acesso aos serviços de saúde, individual e pela adesão a hábitos corretos de vida;
integralidade da assistência, resolutividade, preservação da auto- (2) os problemas de saúde da população decorrem da falta de
nomia das pessoas, participação da comunidade, hierarquização e informação;
descentralização político-administrativa dos serviços de saúde. (3) a educação deve ser concebida como a transmissão de con-
teúdos neutros e descontextualizados, com instrumentos puramen-
De acordo com a lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986: te médicos6.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enferma-
gem, cabendo-lhe: Verifica-se, assim, que a educação em saúde se fundamentava
(....); na perspectiva de responsabilizar os indivíduos pelos seus proble-
II - como integrante da equipe de saúde: (....). mas de saúde, estando sua atenção voltada para a transmissão do
Art. 12. O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível conhecimento e a domesticação da população, de modo a seguir as
médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de regras impostas pelos trabalhadores da saúde e pelos grupos do-
enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da minantes.
assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente: Até o final da década de 1970 e início dos anos 1980, a educa-
(....); ção em saúde era utilizada para eliminar ou diminuir a ignorância
d) participar da equipe de saúde. da população sobre as causas biológicas das doenças, desconside-
Art. 13. O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível rando-se por completo as culturas das populações ou dos grupos
médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de en- populacionais trabalhados. As ações educativas restringiam-se às
fermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de questões de higiene e conscientização sanitária, assumindo, predo-
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe espe- minantemente, um caráter individualista, autoritário e assistencia-
cialmente: lista.
(....); Desde o início da década de 1980, esses caminhos vêm sendo
d)participar da equipe de saúde. repensados pela Divisão Nacional de Saúde Pública do Ministério
da Saúde (DNSP/MS), que tem procurado reorientar o enfoque das
A equipe de saúde é formada por profissionais de mesma ou ações educativas, estimulando o trabalho participativo e interseto-
diferentes profissões e áreas de atuação, responsáveis pela assis- rial e estabelecendo estratégias para subsidiar os diferentes grupos
tência à saúde de um ou mais indivíduos. De acordo com as neces- sociais na compreensão de suas condições de vida e na reflexão so-
sidades do indivíduo, a equipe se ajusta para assistir melhor à sua bre como transformá-las. Assim, tem sido salientada a importância
situação. do papel do trabalhador em saúde no desenvolvimento de ações
Por exemplo: para prestar assistência a um indivíduo com cân- educativas, uma vez que ele é um facilitador do processo de apren-
cer, a equipe pode ser formada por Enfermeiro, Técnico de Enfer- dizagem na medida em que percebe os conflitos, interesses e visões
magem, Auxiliar de Enfermagem, médico oncologista, fisioterapeu- de mundo que influenciam os modos de vida dos diferentes grupos
ta oncofuncional, psicólogo hospitalar, serviço social entre outros. populacionais.
A Enfermagem é parte integrante da equipe de saúde, pois ela A educação em saúde é uma prática social, devendo ser centra-
mantém o equilíbrio por meio da ciência e a arte de assistir o ser da na problematização do cotidiano, na valorização da experiência
humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo de indivíduos e grupos sociais e na leitura das diferentes realidades.
independente dessa assistência quando possível, pelo ensino do No entanto, apesar dessa indicação do DNSP/MS, o que era pratica-
autocuidado; de recuperar, manter e promover a saúde em colabo- do na rede básica de serviços de saúde continuava reduzido à com-
ração com outros profissionais. plementarização do ato médico, e seu enfoque restrito ao repasse
de conteúdos sobre normas de higiene.
5 Legislação comentada: lei do exercício profissional e código de ética
/ Organização: Helga Regina Bresciani [et al.]. – Florianópolis: Conse-
lho Regional de Enfermagem de Santa Catarina: Letra Editorial, 2016. 6 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
137p. – (Cadernos Enfermagens; v.3). d=S1413-81232011000100034
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sua atenção era dirigida à tentativa de diminuir ou eliminar a A educação popular em saúde
ignorância das causas biológicas das doenças. Vista como prática A educação popular situa-se dentro das teorias sociais, uma vez
social, a educação em saúde passou a ser repensada como um pro- que acredita que a educação pode contribuir para a transformação
cesso capaz de desenvolver a reflexão e a consciência crítica das social, desempenhando papel fundamental na reconstrução da so-
pessoas sobre as causas de seus problemas de saúde, enfatizando ciedade. Essas teorias partem da vida cotidiana das pessoas e levam
o desencadeamento de um processo baseado no diálogo, de modo em conta sua cultura.
que se passe a trabalhar com as pessoas e não mais para as pessoas. Entre essas, a educação popular situa-se entre as pedagogias
Esse diálogo assume o pressuposto de que todos possuem po- da conscientização, tendo Freire e Shor como seus principais repre-
tencial para serem protagonistas de sua própria história, de que es- sentantes. Esses autores afirmam que a educação popular é aquela
tão motivados para se organizarem e de que possuem expectativas que reconhece que os educandos são sujeitos construtores de seus
sobre as possibilidades de mudança. Nesse sentido, se traça as se- conhecimentos e que essas construções partem, necessariamente,
guintes estratégias da ação educativa: de suas vidas e da realidade em que estão inseridos.
→ a participação de todos os profissionais de saúde no pro- Na ótica da educação popular em saúde, as relações entre as
cesso de capacitação de indivíduos e grupos populacionais, para equipes de saúde e os usuários dos serviços são vistas como um
que possam assumir a responsabilidade sobre seus problemas de processo de aprendizagem mútua, que envolve crenças, valores e
saúde; percepções de mundo. Assim, para capacitar a população para o en-
→ o entendimento de que os sujeitos (técnicos e população) frentamento de situações que podem vulnerabilizar sua saúde, os
desse processo têm percepções diferentes sobre a realidade social trabalhadores devem refletir sobre as diferenças culturais e atuar
e que essas devem ser o ponto de partida da ação educativa; na perspectiva de uma educação humanizadora, crítica, reflexiva e
→ a participação popular e o fortalecimento do papel do ser- voltada para a formação do homem integral e autônomo.
viço de saúde. Além disso, é necessário assumir a complexidade da relação
humana e reconhecer a relatividade de cada interpretação, bus-
Como uma prática social, a educação em saúde traz implícita cando o entrelaçamento das perspectivas e contextos de diferentes
uma visão cultural, que consiste em valores, crenças e visões de sujeitos. A educação popular em saúde pretende investir no diálogo
mundo, situados em um tempo e espaço delimitado. Ela se define entre os sujeitos, na educação humanizadora e no trabalho com a
a partir da maneira como as pessoas vivem e entendem a vida e totalidade das dimensões do sujeito.
com negociações cotidianas, nas quais cada um torna a vida social Procura lembrar que o corpo, a palavra, a consciência, os hábi-
possível. tos e o trabalho são eixos temáticos fundamentais, pois são o lugar
Assim, tudo aquilo que é chamado de educação e de saúde de encontro entre a educação e a saúde e devem nortear qualquer
acontece também no âmbito da cultura. Se a cultura é algo que se capacitação dessas áreas do conhecimento.
reproduz, sob determinadas condições, a educação e a saúde tam-
bém estão relacionadas a essas condições e são determinadas pelo A educação popular em saúde e o Sistema Único de Saúde
modelo econômico, político, social e cultural de um país. Com o movimento de Reforma Sanitária os conceitos de saúde
Um dos objetivos da educação é tornar interior às pessoas uma e doença e de educação se modificaram. O Sistema Único de Saúde,
cultura que as antecede. No entanto, essa cultura é colocada no proposto em 1986 e consolidado pela nova Constituição Federal em
singular, como se existisse apenas uma: a dominante. A educação 1988, apresentou uma modificação substancial nas relações entre
em saúde tradicionalmente age nesse sentido, reduzindo os indiví- os setores da sociedade e incluiu entre os seus princípios a parti-
duos a seres que devem se adaptar a essa cultura e às regras que cipação popular, a autonomia e o desenvolvimento da cidadania.
ela impõe. A educação em saúde passou a ser vista como uma importan-
A educação em saúde não deveria ser normativa e centrada te estratégia de transformação social, devendo estar vinculada às
na culpabilização do educando e, sim, deveria estimular a adoção lutas sociais mais simples e ser assumida pela equipe de saúde, re-
voluntária de mudanças de comportamento, sem nenhuma forma orientando as práticas de saúde e as relações que se estabelecem
de coação ou manipulação. Isso significa que as informações sobre entre o cotidiano e o saber da saúde. Ela deve estar voltada para
saúde e doença devem ser discutidas com os indivíduos e grupos entender a educação não só como melhoria pedagógica, necessária
populacionais para, a partir dessa reflexão, ser possível a opção por para desenvolver a reflexão crítica, mas voltada para o compromis-
uma vida mais saudável. so da transformação social.
Essa opção deve estar fundamentada na análise da realidade Dentro dessas premissas, a participação popular passa a ser
que se faz a partir da identificação de problemas e necessidades de uma das mais importantes estratégias do SUS, estando prevista na
saúde da população. A partir de então, deve-se estimular a reflexão Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a parti-
crítica da realidade. cipação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS)
Para tanto, as ações de educação em saúde devem estar volta- e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financei-
das para a melhoria dos determinantes da saúde. Assim, a educa- ros na área da saúde, pois possibilita que múltiplas ações de dife-
ção em saúde, quando trabalhada como uma prática social compro- rentes forças sociais se desenvolvam e influenciem a formulação,
metida com a promoção da saúde, é chamada de educação popular execução, fiscalização e avaliação das políticas públicas.
em saúde.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os processos educativos no contexto das práticas de saúde Os novos protagonistas: a equipe da Estratégia Saúde da Fa-
no SUS mília
O SUS apresenta como um de seus compromissos e desafios As diretrizes da Estratégia Saúde da Família tiveram como ob-
a necessidade permanente de fomento às Políticas de Desenvolvi- jetivo romper com o comportamento passivo das equipes de saúde
mento para os trabalhadores que integram seu cenário, propondo e estender as ações de saúde para toda a comunidade. Suas ações
para tal um processo permanente de aprendizado pelo trabalho, deveriam ser interdisciplinares, sendo as equipes compostas por,
projetando possibilidades de desconstrução/construção de novos no mínimo, um médico, um enfermeiro, dois auxiliares de enferma-
valores, ideais e lutas para produzir mudanças de práticas, de ges- gem e de quatro a seis agentes comunitários para uma população
tão e de participação social7. de, em média, quatro mil pessoas.
O binômio educação e saúde constitui práticas socialmente Na perspectiva da promoção da saúde, as práticas educativas
produzidas em tempos e espaços históricos definidos. A educação assumem um novo caráter, uma vez que seu eixo norteador é o
influencia e é influenciada pelas condições de saúde, estabelecen- fortalecimento da capacidade de escolha dos sujeitos. No entanto,
do um estreito contato com todos os movimentos de inserção nas para que isso ocorra, as informações sobre saúde necessitam ser
situações cotidianas em seus complexos aspectos sociais, políticos, trabalhadas de forma simples e contextualizada, instrumentalizan-
econômicos, culturais, dentre outros. do as pessoas para fazerem escolhas mais saudáveis de vida.
Nesse sentido, é importante notar que não existe dicotomia Nesse sentido, conceitua-se a prática educativa como o proces-
entre educação e saúde e que ambas estão em uma relação dialéti- so de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências cultu-
ca contribuindo para a integralidade do ser humano. rais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo.
Também é importante ressaltar que a prática educativa em Para que as pessoas possam fazer escolhas mais saudáveis de vida,
saúde, além da formação permanente de profissionais para atuar é necessário que haja um processo de interação entre o conteúdo
nesse contexto, tem como eixo principal a dimensão do desenvolvi- teórico e a experiência de vida de cada um e o estabelecimento
mento de capacidades individuais e coletivas visando à melhoria da da confiança e da vinculação do usuário ao serviço de saúde e ao
qualidade de vida e saúde da comunidade assistida pelos serviços, profissional.
tomando por princípio norteador a Política Nacional de Promoção Ao desencadear um diálogo com o usuário, o trabalhador da
da Saúde, conforme as diretrizes também estabelecidas pela Carta saúde deve certificar-se de que ele entenda o conteúdo que está
de Otawa, reforçando que a educação e a saúde são práticas sociais sendo discutido ou informado, pois, caso não isso não ocorra, a sua
inseparáveis e interdependentes que sempre estiveram articuladas, saúde pode estar sendo colocada em risco em razão do não esta-
sendo consideradas elementos fundamentais no processo de traba- belecimento do processo comunicativo. Assim, no processo de co-
lho dos profissionais da saúde. municação, é fundamental que ocorram a escuta, a observação e a
Essa afirmativa nos remete ao consenso de que a formação pro- interação entre as pessoas, sendo imprescindível a disponibilidade
fissional afeta profundamente a qualidade dos serviços prestados interna do trabalhador, a partir de uma ação intencional, orientada
e o grau de satisfação dos usuários quanto ao reconhecimento do por um interesse concreto.
SUS como proposta efetiva pautada nas diretrizes e nos princípios A partir da troca de informações, crenças e valores, podem
organizativos da Constituição Federal de 1988 e nos desdobramen- existir acordos que orientem comportamentos e viabilizem a saúde
tos da lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre e a vida. Nessa perspectiva, surge a educação popular em saúde
as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a (EPS), que propõe refletir sobre os processos de trabalho e a relação
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. do trabalhador da saúde com seu usuário.
Ela auxilia as equipes de saúde e gestores a construir um sis-
Logo, a educação em saúde no contexto dos serviços de saúde tema de saúde em que trabalhadores da saúde e usuários sejam
pública tem importantes dimensões a serem tratadas: a educação atuantes, participativos, autônomos e críticos.
permanente em saúde como política norteadora dos processos
educativos contínuos nos diferentes arranjos assistenciais do SUS,
com suas diversas denominações (capacitações, treinamentos, O TRABALHO COM GRUPOS
cursos, atualizações, aperfeiçoamento entre outros); e a educação
popular em saúde, que reconhece que os saberes são construídos
diferentemente e, por meio da interação entre sujeitos, esses sabe- Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tópicos
res se tornam comuns ao serem compartilhados. anteriores
Atualmente tanto a saúde quanto a educação buscam cami-
nhos para construir um sujeito em estado de permanente aprendi-
zagem, aprendendo a aprender, aprendendo a ensinar e ensinando CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE O PROGRAMA DE SAÚ-
a aprender, conspirando para o contexto da qualificação das práti- DE DA FAMÍLIA
cas de saúde do SUS.

Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tópicos


anteriores

7 https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_
conteudos/unidade09/unidade09.pdf
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gem e seis agentes comunitários de saúde que dariam assistência


CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE O PROGRAMA DE a uma área com 600 a 1000 famílias. A implantação do Programa
AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE Saúde da Família criou o profissional Agente Comunitário de Saú-
de. Contudo, no Ceará, o Programa Agentes de Saúde já havia sido
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) implantado desde 1987. Em 1991 o Ministério da Saúde lançou o
Teve início em 1991 e segundo Viana e Poz (2005) foi o pre- Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e em 1994 o go-
cursor de importantes programas de saúde, dentre eles o Progra- verno estendeu o programa para todo o Brasil, o que fortaleceu o
ma Saúde da Família (PSF). Conforme ressaltado por Oliveira et al Programa saúde da Família (PSF). O agente de saúde representa o
(2007) o PACS foi “ mais uma tentativa de racionalização dos gastos elo entre o sistema de saúde e a comunidade onde atua. Segundo
em saúde, de implementação das diretrizes que deveriam reger o Kluthcovsky; Takayanagui a sua atuação ocorre em três dimensões:
Sistema Nacional de Saúde, e de levar ações de promoção à saúde a técnica, operando com saberes da epidemiologia e clínica; a polí-
às populações de risco”. tica, utilizando saberes da saúde coletiva, e a de assistência social,
O PACS tem na pessoa do agente de saúde o elo entre os ser- possibilitando o acesso com eqüidade aos serviços de saúde. Ape-
viços de saúde e a comunidade. Em 1999 o Ministério da Saúde sar da importância de suas atribuições as autoras colocam que este
lançou um documento que estabelece sete competências para o grupo costuma ser formado pelas pessoas de menor escolaridade
agente de saúde: Dentre as principais funções dos agentes de saúde da equipe e, consequentemente, com menor remuneração.
destacam-se levar à população informações capazes de promover o
trabalho em equipe; visita domiciliar; planejamento das ações de Atribuições do Cargo
saúde; promoção da saúde; prevenção e monitoramento de situa- As atribuições dos profissionais pertencentes às equipes de
ções de risco e do meio ambiente; prevenção e monitoramento de atenção básica, nas quais estão incluídas as Equipes de Saúde da
grupos específicos; prevenção e monitoramento das doenças pre- Família com suas especificidades, são estabelecidas pela disposi-
valentes; acompanhamento e avaliação das ações de saúde (BRA- ções legais que regulamentam o exercício de cada profissão e em
SIL, 1999). Dadas estas competências espera-se que o PACS tenha conformidade com a portaria GM Nº2.488/2011.
um impacto positivo sobre os indicadores de saúde, principalmente
aqueles mais associados às famílias carentes. São atribuições comuns a todos os profissionais:
Segundo Melamedi a proposta básica do PACS “consiste no I - participar do processo de territorialização e mapeamento da
esclarecimento da população sobre cuidados com a saúde e seu área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví-
encaminhamento a postos de saúde ou a serviços especializados duos expostos a riscos e vulnerabilidades;
em caso de necessidade que não possa ser suprida pelos próprios II - manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indi-
agentes. víduos no sistema de informação indicado pelo gestor municipal e
Pretende-se, por meio de uma visitação constante às moradias utilizar, de forma sistemática, os dados para a análise da situação
da região, acompanhar o processo de crescimento das crianças de de saúde considerando as características sociais, econômicas, cul-
0 a 5 anos, verificando-se frequentemente seu peso e, em casos de turais, demográficas e epidemiológicas do território, priorizando as
desnutrição, administrando-se a multi mistura que atua como um situações a serem acompanhadas no planejamento local;
complemento alimentar”. III - realizar o cuidado da saúde da população adscrita, priorita-
Diante do exposto, pretendeu-se neste artigo verificar a im- riamente no âmbito da unidade de saúde, e quando necessário no
portância do PACS na melhoria de alguns indicadores de saúde a domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas, associações,
ele associados. A área de estudo abrangeu os municípios do Ceará, entre outros);
estado tido como referência do Programa para todo o Brasil. Desde IV - realizar ações de atenção a saúde conforme a necessidade
1963 a Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstra a impor- de saúde da população local, bem como as previstas nas priorida-
tância do atendimento médico às famílias, principalmente as mais des e protocolos da gestão local;
carentes. Segundo Vasconcelos (1999) a proposta do médico de fa- V - garantir da atenção a saúde buscando a integralidade por
mília se expandiu inicialmente nos Estados Unidos. Segundo o autor meio da realização de ações de promoção, proteção e recuperação
“em 1969, a medicina familiar foi ali reconhecida como especiali- da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da
dade médica e logo no ano seguinte já haviam sido aprovados 54 demanda espontânea, da realização das ações programáticas, cole-
programas de residência na área e 140 submetiam-se à aprovação”. tivas e de vigilância à saúde;
No Brasil a incorporação da dimensão familiar nos programas VI - participar do acolhimento dos usuários realizando a escuta
de saúde pública ocorreu por volta de 1990. O grande marco neste qualificada das necessidades de saúde, procedendo a primeira ava-
sentido foi a implantação do Programa Saúde da Família (PSF) pelo liação (classificação de risco, avaliação de vulnerabilidade, coleta de
Ministério da Saúde e sob a responsabilidade dos municípios, mas informações e sinais clínicos) e identificação das necessidades de
com apoio das secretarias estaduais de Saúde. O estado do Ceará, intervenções de cuidado, proporcionando atendimento humaniza-
mais especificamente o município de Quixadá, teve um papel pri- do, se responsabilizando pela continuidade da atenção e viabilizan-
mordial no delineamento do novo modelo. do o estabelecimento do vínculo;
A proposta inicial do PSF era desenvolver um modelo de atua- VII - realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notifi-
ção local, porém capaz de influenciar todo o sistema de saúde. A cação compulsória e de outros agravos e situações de importância
ideia consistia na formação de uma equipe de saúde composta de local;
um médico generalista, uma enfermeira, uma auxiliar de enferma-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VIII - responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a ações desenvolvidas pelos ACS, comum aos enfermeiros da estraté-
coordenação do cuidado mesmo quando esta necessita de atenção gia de saúde da família, e deve ainda facilitar a relação entre os pro-
em outros pontos de atenção do sistema de saúde; fissionais da Unidade Básica de Saúde e os ACS contribuindo para a
IX - praticar cuidado familiar e dirigido a coletividades e grupos organização da atenção à saúde, qualificação do acesso, acolhimen-
sociais que visa propor intervenções que influenciem os processos to, vínculo, longitudinalidade do cuidado e orientação da atuação
de saúde doença dos indivíduos, das famílias, coletividades e da da equipe da UBS em função das prioridades definidas equanime-
própria comunidade; mente conforme critérios de necessidade de saúde, vulnerabilida-
X - realizar reuniões de equipes a fim de discutir em conjunto o de, risco, entre outros.
planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização
dos dados disponíveis; Auxiliar e Técnico de Enfermagem:
XI - acompanhar e avaliar sistematicamente as ações imple- I - participar das atividades de atenção realizando procedimen-
mentadas, visando à readequação do processo de trabalho; tos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e, quando
XII - garantir a qualidade do registro das atividades nos siste- indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços co-
mas de informação na Atenção Básica; munitários (escolas, associações etc);
XIII - realizar trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando II - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
áreas técnicas e profissionais de diferentes formações; espontânea;
XIV - realizar ações de educação em saúde a população adstri- III - realizar ações de educação em saúde a população adstrita,
ta, conforme planejamento da equipe; conforme planejamento da equipe;
XV - participar das atividades de educação permanente; IV - participar do gerenciamento dos insumos necessários para
XVI - promover a mobilização e a participação da comunidade, o adequado funcionamento da UBS; e
buscando efetivar o controle social; V - contribuir, participar e realizar atividades de educação per-
XVII - identificar parceiros e recursos na comunidade que pos- manente.
sam potencializar ações intersetoriais; e
XVIII - realizar outras ações e atividades a serem definidas de Médico:
acordo com as prioridades locais. I - realizar atenção a saúde aos indivíduos sob sua responsabi-
lidade;
Outras atribuições específicas dos profissionais da Atenção Bá- II - realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi-
sica poderão constar de normatização do município e do Distrito cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
Federal, de acordo com as prioridades definidas pela respectiva no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso-
gestão e as prioridades nacionais e estaduais pactuadas. ciações etc);
III - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
Atribuições Específicas espontânea;
IV - encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
Enfermeiro: de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sua responsabili-
I - realizar atenção a saúde aos indivíduos e famílias cadastra- dade pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário;
das nas equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ V - indicar, de forma compartilhada com outros pontos de aten-
ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc), em ção, a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, manten-
todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, do a responsabilização pelo acompanhamento do usuário;
idade adulta e terceira idade; VI - contribuir, realizar e participar das atividades de Educação
II - realizar consulta de enfermagem, procedimentos, ativida- Permanente de todos os membros da equipe; e
des em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas VII - participar do gerenciamento dos insumos necessários para
estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito o adequado funcionamento da USB.
Federal, observadas as disposições legais da profissão, solicitar exa-
mes complementares, prescrever medicações e encaminhar, quan- Agente Comunitário de Saúde:
do necessário, usuários a outros serviços; I - trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica de-
III - realizar atividades programadas e de atenção à demanda finida, a micro área;
espontânea; II - cadastrar todas as pessoas de sua micro área e manter os
IV - planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos cadastros atualizados;
ACS em conjunto com os outros membros da equipe; III - orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saú-
V - contribuir, participar, e realizar atividades de educação per- de disponíveis;
manente da equipe de enfermagem e outros membros da equipe; e IV - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
VI - participar do gerenciamento dos insumos necessários para espontânea;
o adequado funcionamento da UBS. V - acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias
e indivíduos sob sua responsabilidade. As visitas deverão ser pro-
Ao enfermeiro da Estratégia Agentes Comunitários de Saú- gramadas em conjunto com a equipe, considerando os critérios de
de, além das atribuições de atenção à saúde e de gestão, comuns risco e vulnerabilidade de modo que famílias com maior necessida-
a qualquer enfermeiro da atenção básica descritas na portaria de sejam visitadas mais vezes, mantendo como referência a média
2488/2011, cabe a atribuição de planejar, coordenar e avaliar as de 1 (uma) visita/família/mês;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VI -desenvolver ações que busquem a integração entre a equi- IV - apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte- venção e promoção da saúde bucal;
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví- V - participar do gerenciamento dos insumos necessários para
duos e grupos sociais ou coletividade; o adequado funcionamento da UBS;
VII - desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- VI - participar do treinamento e capacitação de Auxiliar em
ção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio de vi- Saúde Bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção
sitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos à saúde;
domicílios e na comunidade, como por exemplo, combate à Den- VII - participar das ações educativas atuando na promoção da
gue, malária, leishmaniose, entre outras, mantendo a equipe infor- saúde e na prevenção das doenças bucais;
mada, principalmente a respeito das situações de risco; e VIII - participar na realização de levantamentos e estudos epi-
VIII - estar em contato permanente com as famílias, desenvol- demiológicos, exceto na categoria de examinador;
vendo ações educativas, visando à promoção da saúde, à prevenção IX - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
das doenças, e ao acompanhamento das pessoas com problemas espontânea;
de saúde, bem como ao acompanhamento das condicionalidades X - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
do Programa Bolsa Família ou de qualquer outro programa simi- bucal;
lar de transferência de renda e enfrentamento de vulnerabilidades
implantado pelo Governo Federal, estadual e municipal de acordo XI - fazer a remoção do biofilme, de acordo com a indicação
com o planejamento da equipe. técnica definida pelo cirurgião-dentista;
XII - realizar fotografias e tomadas de uso odontológicos exclu-
É permitido ao ACS desenvolver outras atividades nas unidades sivamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
básicas de saúde, desde que vinculadas às atribuições acima. Deve XIII - inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odonto-
haver a proporção de 01 enfermeiro para até no máximo 12 ACS e lógicos na restauração dentária direta, vedado o uso de materiais e
no mínimo 04, constituindo assim uma equipe de Agentes Comuni- instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
tários de Saúde. XIV - proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
antes e após atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares; e
Cirurgião Dentista: XV - aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, ma-
I - realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epide- nuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos.
miológico para o planejamento e a programação em saúde bucal;
II - realizar a atenção a saúde em saúde bucal (promoção e Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, I - realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
acompanhamento, reabilitação e manutenção da saúde) individual para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, de e protocolos de atenção à saúde;
acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade; II - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
III - realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em espontânea;
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas cirur- III - executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do
gias ambulatoriais e procedimentos relacionados com a fase clínica instrumental, equipamentos odontológicos e do ambiente de tra-
da instalação de próteses dentárias elementares; balho;
IV - realizar atividades programadas e de atenção à demanda IV - auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
espontânea; clínicas;
V - coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promo- V - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
ção da saúde e à prevenção de doenças bucais; bucal;
VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi- saúde bucal com os demais membros da equipe de saúde da famí-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; lia, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multi-
VII - realizar supervisão técnica do Técnico em Saúde Bucal disciplinar;
(TSB) e Auxiliar em Saúde Bucal (ASB); e VII - aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
VIII - participar do gerenciamento dos insumos necessários transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
para o adequado funcionamento da UBS. lógicos;
VIII - processar filme radiográfico;
Técnico em Saúde Bucal (TSB): IX - selecionar moldeiras;
I - realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva a to- X - preparar modelos em gesso;
das as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, segundo progra- XI - manipular materiais de uso odontológico; e
mação e de acordo com suas competências técnicas e legais; X - participar na realização de levantamentos e estudos epide-
II - coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- miológicos, exceto na categoria de examinador.
tos odontológicos;
III - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à Também através da portaria GM 2488/2011, o Ministério da
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi- Saúde recomenta que os profissionais de Saúde Bucal estejam vin-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; culados a uma ESF e que compartilhem a gestão e o processo de
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

trabalho da equipe tendo responsabilidade sanitária pela mesma so de especialização na área da saúde. Esse processo caracteriza-se
população e território que a ESF à qual integra, e com jornada de pelo aprofundamento vertical do conhecimento e da intervenção
trabalho de 40 horas semanais para todos os seus componentes. em aspectos individualizados das necessidades de saúde, sem con-
templar a articulação das ações e dos saberes de forma simultânea.
Como modelo substitutivo da rede básica tradicional, a Estraté- Na literatura encontram-se três concepções distintas sobre tra-
gia de Saúde da Família busca converter o modelo tradicional carac- balho em equipe, onde se destacam: os resultados, as relações e a
terizado por uma assistência à saúde médico centrada com enfoque interdisciplinaridade. Na lógica dos resultados, a equipe é concebi-
curativista, para um modelo mais abrangente, centrado no usuário da como recurso para aumento da produtividade e da racionaliza-
em família, predominantemente voltado à promoção da saúde e ção dos serviços. Nas relações, utilizam-se os conceitos da psicolo-
prevenção de agravos. gia como referência, analisando as equipes com base nas relações
Moura afirma que na organização dos processos de trabalho do interpessoais e nos processos psíquicos. Na perspectiva da inter-
modelo tradicional, predominava a hegemonia do poder técnico e disciplinaridade, situam-se os trabalhos que trazem à discussão a
político dos médicos, havia conflito com os demais profissionais de articulação dos saberes e a divisão do trabalho em saúde. Diante
nível superior, e embora as categorias de nível médio fossem mais da diversidade de conceitos sobre trabalho em equipe, a ideia de
numerosas, eram menos qualificadas e mais desvalorizadas em ter- equipe perpassa duas concepções diferentes: a equipe como agru-
mos salariais. O trabalho, de maneira geral, é feito de forma frag- pamento de agentes e a equipe como integração de trabalhos.
mentada, não se correlacionando ao objetivo do trabalho em saú- A primeira é caracterizada pela fragmentação das ações, e a
de. Para mudar as práticas de saúde é necessário redefinir o modelo segunda pela articulação consoante à proposta da integralidade das
de atenção, abordando o modo como estas práticas são produzidas. ações em saúde e a necessidade atual de recomposição dos sabe-
Para o Ministério da Saúde, uma Equipe de Saúde da Família res e trabalhos especializados. Tomando essa distinção como base,
(ESF) deve ser composta minimamente por médico, enfermeiro, construiu-se uma tipologia referente à duas modalidades de traba-
auxiliar ou técnico de enfermagem e por Agentes Comunitários lho em equipe: equipe agrupamento, em que há justaposição das
de Saúde (ACS), podendo ser incorporados à esta equipe mínima ações e o agrupamento dos agentes, e equipe integração, que de-
o cirurgião dentista e o Auxiliar de Consultório Dentário (ACD), senvolve a articulação das ações e interação dos agentes. Em ambas
que constituem uma Equipe de Saúde Bucal. E define as seguintes se fazem presentes as diferenças técnicas dos trabalhos especializa-
atribuições como comuns a todos os profissionais: participar do dos e a desigualdade de valor atribuído a esses distintos trabalhos.
processo de territorialização; realizar o cuidado em saúde e res- A partir desta perspectiva de mudança de paradigma do siste-
ponsabilizar-se pela população adscrita; garantir a integralidade da ma de saúde, proposta pela Estratégia de Saúde da Família, emerge
atenção; realizar busca ativa e notificação de doenças e agravos de a necessidade de conhecer como estão ocorrendo os processos de
notificação compulsória; realizar a escuta qualificada das necessi- trabalho, verificar como os profissionais de saúde estão organizan-
dades dos usuários, proporcionando atendimento humanizado e do seu trabalho, quem assume as atividades administrativas e de
viabilizando o estabelecimento do vínculo; participar das ativida- coordenação na equipe, bem como, averiguar se há integração no
des de planejamento e avaliação das ações da equipe; promover a planejamento e realização das atividades da ESF.
mobilização e a participação da comunidade; identificar parceiros
e recursos que possam potencializar ações intersetoriais; garantir A Distribuição das Atividades entre os Membros da Equipe
a qualidade do registro das atividades nos sistemas nacionais de Observa-se que o médico e o dentista desenvolvem, principal-
informação na Atenção Básica; participar das atividades de educa- mente, as funções consideradas exclusivas de sua categoria profis-
ção permanente. Além das atribuições comuns, cada profissional sional. O médico executa diariamente consultas médicas aos indiví-
tem suas atribuições específicas, descritas na Política Nacional da duos e famílias em todas as fases do desenvolvimento. O dentista
Atenção Básica. realiza os atendimentos odontológicos, o que sinaliza adequação
O processo de trabalho das ESF é caracterizado, dentre outros ao disposto pelo Ministério da Saúde como atribuições específicas
fatores, pelo trabalho interdisciplinar e em equipe, pela valorização destes profissionais da equipe. No caso do médico, observa-se que
dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem além das consultas clínicas, também efetua pequenos procedimen-
integral e resolutiva, e pelo acompanhamento e avaliação sistemá- tos de sua competência na USF, atende a demanda espontânea e
tica das ações implementadas, visando a readequação do processo programada, realiza encaminhamentos aos serviços de referência
de trabalho. O processo de trabalho possui objeto, instrumentos e e indica internações hospitalares, quando necessário. Verificou-se,
agentes como seus elementos constituintes. O agente é apreendido também, que o dentista realiza atividades de prevenção em saúde
no interior das relações entre objeto de intervenção, instrumentos bucal nas escolas, além do atendimento curativo no consultório.
e atividades, bem como dentro do processo de divisão do trabalho. Conforme verificado, ambos estão cientes das atribuições específi-
Através da realização de atividades próprias de sua área pro- cas de suas categorias.
fissional, cada agente opera a transformação de um objeto em um Quanto aos demais profissionais observados na USF, verifica-se
produto, resultante daquele trabalho específico. A divisão técnica que existe um compartilhamento das atividades desempenhadas
do trabalho, por um lado, introduz o fracionamento de um mesmo pela enfermagem. Observa-se que a enfermeira realiza funções
processo de trabalho originário do qual outros trabalhos parcela- que também são realizadas pela auxiliar de enfermagem, como por
res derivam. Por outro lado, introduz os aspectos de complemen- exemplo, verificação de sinais vitais, curativos, retirada de pontos,
taridade e de interdependência entre os trabalhos especializados dispensação de medicamentos na farmácia, limpeza, preparo e
referentes a uma mesma área de produção. O trabalho em equipe esterilização dos materiais, aplicação de medicamentos e vacinas.
é tido como proposta estratégica para enfrentar o intenso proces- Além de realizar as funções consideradas do auxiliar de enferma-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gem, verifica-se que a enfermeira executa atribuições que são de Quanto às fichas e prontuários odontológicos, a organização do
sua competência, como por exemplo, realização de coleta e acon- consultório do dentista, e o preenchimento dos relatórios da parte
selhamento para exame de HIV, orientações quanto às vacinas e odontológica, verificou-se que são efetuados pelo próprio dentista
consultas de pré-natal para gestantes e a coordenação da sala de e, pela ACD. Outra observação importante nesta categoria de aná-
vacinas. Além destas atividades, somente a enfermeira realiza cole- lise é que a alimentação dos programas do MS, digitação e envio
ta de preventivo do câncer de colo do útero, embora esta não seja dos relatórios do SIAB e do BPA/SIA são efetuados pela enfermeira.
estabelecida como uma função exclusiva deste profissional. Conforme literatura, a garantia da qualidade do registro das ativida-
Ao ser questionados sobre quais seriam as funções desempe- des nos sistemas nacionais de informação na Atenção Básica é uma
nhadas exclusivamente por eles, a enfermeira cita uma série de atri- atribuição comum a todos os profissionais da ESF.
buições que realiza na equipe, mas a grande maioria delas não são É possível verificar, também, que o gestor de saúde geralmente
consideradas exclusivas do enfermeiro. busca a enfermeira para tratar de assuntos relacionados à Secreta-
[...] A parte dos programas, preenchimento dos papéis, coleta ria Municipal da Saúde, como por exemplo, o preenchimento dos
de dados que tem que ser feita [...] coleta de preventivo do câncer, documentos da Pactuação de Saúde e o repasse de boa parte dos
a parte de vigilância epidemiológica; é claro que tem uma equipe ofícios inicialmente destinados ao gestor municipal. Pesquisadores
de vigilância, mas o preenchimento de papéis, a busca de dados, de constataram em estudo realizado com uma ESF de um município
investigação, é da enfermeira [...] vacinas, a coordenação da sala de baiano, que a enfermeira desempenha o papel de mediadora das
vacinas é da minha atribuição [...]. relações da equipe com a coordenação municipal. Esta posição
observada foi reforçada pela coordenação municipal que quase
Verificou-se, também, que a enfermagem realiza o preenchi- sempre direciona para a enfermeira as correspondências e ligações
mento dos receituários de medicação controlada e em seguida en- telefônicas. Concluíram que, de modo geral, este dado pode ser
trega para a médica da equipe carimbar e assinar. Sobre as atribui- entendido pelo fato de que historicamente, o profissional de en-
ções dos ACS todos eles relataram as visitas domiciliares mensais às fermagem tem assumido preferencialmente funções de gerência e
famílias de suas respectivas micro áreas, levantamento de dados e administração nos serviços de saúde.
demandas destas famílias, orientações quanto à utilização dos ser-
viços de saúde disponíveis e o preenchimento do relatório mensal A Coordenação da Equipe
relacionado ao seu trabalho como funções exclusivas de sua cate- Verifica-se que no cotidiano da USF a enfermeira é quem está
goria profissional. O exposto por estes profissionais vai ao encontro mais envolvida na coordenação, tanto das atividades dos ACS como
do que o MS define como funções do ACS na ESF. da auxiliar de enfermagem e demais situações que ocorrem no pos-
Quanto às ações de promoção da saúde e prevenção de agra- to de saúde, bem como no planejamento das atividades da equipe.
vos, que são atribuições comuns a todos os profissionais da equipe, Estudo realizado com enfermeiras de onze USF de um município,
verifica-se que os profissionais desenvolvem grupos de educação identificou a prática gerencial desenvolvida pelas enfermeiras no
em saúde nas comunidades e atividades de prevenção no âmbito Programa Saúde da Família (PSF), destacando a coordenação da
da saúde bucal nas escolas, sendo estas atividades compartilhadas USF, a supervisão aos AE e aos ACS, as ações de vigilância epide-
entre eles. O grupo de saúde é conduzido por um dos profissionais miológica, controle de material, medicamento e pessoal, reunião
da equipe complementar, e tem a participação da enfermeira. As de equipe e programação local.
visitas domiciliares realizadas pelo ACS juntamente com um profis- Almeida e Rocha veem a gerência como um instrumento de tra-
sional da USF, também foram consideradas como atividades com- balho nas práticas sanitárias, sendo inerente ao processo de traba-
partilhadas pelos membros da equipe. lho das ESF, que deveria ser responsabilidade de todos os membros
da equipe, mas que é em geral responsabilidade das enfermeiras
A Realização de Atividades Administrativas que assumem essa atribuição na coordenação das USF. Constatou-
Neste contexto chamaremos de atividades administrativas as -se por meio de uma pesquisa realizada com médicos e enfermeiros
atividades-meio desempenhadas no processo de trabalho da equi- integrantes do PSF dos municípios da 13ª CRS-RS, que uma das difi-
pe, que são: preparo dos materiais em geral, organização das salas culdades encontradas pelo enfermeiro no exercício das atividades,
e consultórios, construção de relatórios, alimentação dos Sistemas que lhe são atribuídas por lei, é o acúmulo de funções que este pro-
de Informação do Ministério da Saúde, organização dos prontuários fissional tem, acarretando outro problema: a falta de tempo para
das famílias, entre outras. Verifica-se que grande parte do tempo exercer suas funções adequadamente. No entanto, o enfermeiro
de serviço dos profissionais é utilizada para o desenvolvimento das tem facilidade em exercer a função de coordenação dentro das USF
referidas atividades administrativas, e que geralmente quem mais por conhecer melhor o seu funcionamento e pelo bom relaciona-
as desempenha é a enfermagem. Observa-se que a enfermeira e mento com toda a equipe.
a auxiliar de enfermagem compartilham as seguintes atividades:
separação dos prontuários médicos e fichas para consulta médica; A Integração Durante as Atividades Realizadas pela Equipe
controle de estoque e distribuição de medicamentos da farmácia; Estudo realizado com profissionais de quatro ESF de um muni-
organização dos prontuários das famílias, organização das salas de cípio de médio porte do RS, identificou nas falas dos entrevistados
curativo, esterilização e consultório médico, e o preenchimento dos o desejo de realizar um bom trabalho, a maior facilidade para solu-
relatórios do SIAB e do Boletim de Produção Ambulatorial (BPA) do cionar os problemas que são discutidos em conjunto e em alcançar
Sistema de Informação Ambulatorial (SIA). objetivos, a busca do bom senso nas decisões, a existência de um

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

bom relacionamento entre os colegas, as metas comuns a todos e a As funções


adaptação de um colega à dinâmica do outro, como possibilidades A Atenção Primária à Saúde deve cumprir três funções espe-
no trabalho em equipe na Estratégia de Saúde da Família. ciais (MENDES, 2002):
No entanto, observa-se que alguns profissionais assumem para - Resolução: visa resolver a grande maioria dos problemas de
si a execução das decisões e ações que foram tomadas em equipe. saúde da população;
Trabalho em equipe de modo integrado significa conectar dife- - Organização: visa organizar os uxos e os contra uxos dos usu-
rentes processos de trabalho envolvidos, com base em certo conhe- ários pelos diversos pontos de atenção à saúde, no sistema de ser-
cimento acerca do trabalho do outro e valorizando a participação viços de saúde;
deste na produção de cuidados; é construir consensos quanto aos - Responsabilização: visa responsabilizar-se pela saúde dos usu-
objetivos e resultados a serem alcançados pelo conjunto de profis- ários em quaisquer pontos de atenção à saúde em que estejam.
sionais, bem como quanto à maneira mais adequada de atingi-los.
Significa, também, utilizar-se da interação entre os agentes envol- Os princípios
vidos, com busca do entendimento e do reconhecimento recíproco A Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser orientada pelos seguin-
de autoridades e saberes e da autonomia técnica. tes princípios (STARFIELD, 2002): primeiro contato; longitudinalidade;
integralidade; coordenação; abordagem familiar; enfoque comunitário.

HUMANIZAÇÃO E SAÚDE Primeiro contato


Para Star eld (2002), a APS deve ser a porta de entrada, ou seja,
o ponto de entrada de fácil acesso ao usuário para o sistema de
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tópicos serviços de saúde.
anteriores O acesso foi de nido por Millman (1993) como “o uso oportuno
de serviços de saúde para alcançar os melhores resultados possíveis
em saúde”.
O ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE A acessibilidade possibilita que os cidadãos cheguem aos ser-
viços, ou seja, é o elemento estrutural necessário para a primei-
ra atenção. Portanto, o local de atendimento deve ser facilmente
O conceito de Atenção Primária acessível e disponível para não postergar e afetar adversamente o
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS, 2004, diagnóstico e manejo do problema de saúde.
p. 7) de ne [...] a Atenção Primária é um conjunto de intervenções Para Donabedian (1973), o acesso pode ser classificado em só-
de saúde no âmbito individual e coletivo que envolve: promoção, cio-organizacional e geográfico. O primeiro diz respeito aos recursos
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. É desenvolvida que facilitam ou atrapalham (barreiras) os esforços dos cidadãos de
por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráti- chegarem ao atendimento. O segundo envolve as características re-
cas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a lacionadas à distância e ao tempo necessário para alcançar e obter
populações de territórios (território processo) bem delimitadas, das os serviços.
quais assumem responsabilidade. Utiliza tecnologias de elevada A acessibilidade pode ser analisada através da disponibilidade,
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas comodidade e aceitabilidade do serviço pelos usuários:
de saúde de maior frequência e relevância das populações. É o con- • a disponibilidade diz respeito à obtenção da atenção necessá-
tato preferencial dos usuários com o sistema de saúde. Orienta-se ria ao usuário e sua família, tanto nas situações de urgência/emer-
pelos princípios da universalidade, acessibilidade (ao sistema), con- gência quanto de eletividade.
tinuidade, integralidade, responsabilização, humanização, vínculo, • a comodidade está relacionada ao tempo de espera para o
equidade e participação social. A Atenção primária deve considerar atendimento, a conveniência de horários, a forma de agendamento,
o sujeito em sua singularidade, complexidade, integralidade e inser- a facilidade de contato com os profissionais, o conforto dos ambien-
ção sociocultural, e buscar a promoção de sua saúde, a prevenção tes para atendimento, entre outros.
e tratamento das doenças e a redução dos danos ou sofrimentos • a aceitabilidade está relacionada à satisfação dos usuários
que possam estar comprometendo suas possibilidades de viver de quanto à localização e à aparência do serviço, a aceitação dos usu-
modo saudável. ários quanto ao tipo de atendimento prestado e, também, a aceita-
Para Star eld (2002, p. 28) ção dos usuários quanto aos profissionais responsáveis pelo aten-
A Atenção Primária é aquele nível de um sistema de serviços dimento.
de saúde que oferece a entrada no sistema para todas as novas O acesso à atenção é importante na redução da morbidade e
necessidades e problemas, fornece atenção sobre a pessoa (não mortalidade. Evidências demonstram que o primeiro contato, pelos
direcionada para a enfermidade) no decorrer do tempo, fornece profissionais da APS, leva a uma atenção mais apropriada e melhor
atenção para todas as condições, exceto as muito incomuns e raras, resultados de saúde e custos totais mais baixos.
e coordena ou integra a atenção fornecida em outro lugar ou por
terceiros. A longitudinalidade
A longitudinalidade deriva da palavra longitudinal e é de nida
como “lidar com o crescimento e as mudanças de indivíduos ou gru-
pos no decorrer de um período de anos” (STARFIELD, 2002).

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É uma relação pessoal de longa duração entre profissionais de No Brasil, atualmente, tem-se adotado um conceito ampliado, e
saúde e usuários em suas unidades de saúde, independente do pro- a família é reconhecida como um grupo de pessoas que convivam sob
blema de saúde ou mesmo da existência de algum problema. o mesmo teto, que possuam entre elas uma relação de parentesco
Está associada a diversos benefícios: menor utilização dos ser- primordialmente pai e/ou mãe e lhos consanguíneos ou não, assim
viços; melhor atenção preventiva; atenção mais oportuna e ade- como as demais pessoas significativas que convivam na mesma resi-
quada; menos doenças preveníveis; melhor reconhecimento dos dência, qualquer que seja ou não o grau de parentesco.
problemas dos usuários; menos hospitalizações; custos totais mais Para o Ministério da Saúde, a família é entendida como o con-
baixos. junto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência do-
Os maiores benefícios estão relacionados ao vínculo com o méstica ou normas de convivência, que residem na mesma unidade
profissional ou equipe de saúde e ao manejo clínico adequado dos domiciliar. Inclui empregado (a) doméstico (a) que reside no domi-
problemas de saúde, através da adoção dos instrumentos de gestão cílio, pensionistas e agregados (BRASIL, 1998).
da clínica – diretrizes clínicas e gestão de patologias. No Brasil, a centralização na família é implementada com base
na estratégia de Saúde da Família, desde 1994. Essa estratégia é
A integralidade da Atenção entendida como uma reorientação do modelo assistencial, opera-
A integralidade exige que a APS reconheça as necessidades de cionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais
saúde da população e os recursos para abordá-las. em unidades básicas de saúde.
A APS deve prestar, diretamente, todos os serviços para as Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um
necessidades comuns e agir como um agente para a prestação de número de nido de famílias, localizadas em uma área geográfica
serviços para as necessidades que devem ser atendidas em outros delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde,
pontos de atenção. prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais
A integralidade da atenção é um mecanismo importante por- frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade.
que assegura que os serviços sejam ajustados às necessidades de A centralização na família requer mudança na prática das equi-
saúde da população. Para tanto, faz-se necessário: pes de saúde, através da abordagem familiar. A equipe de saúde
- o diagnóstico adequado da situação de saúde da população realiza várias intervenções personalizadas ao longo do tempo, par-
adscrita; tindo da compreensão da estrutura familiar.
- o atendimento pela unidade básica de saúde, prevenção de A abordagem familiar deve ser empregada em vários momen-
doenças e agravos, restauração e manutenção da saúde – para dar tos, por exemplo, na realização do cadastro das famílias, quando
conta dos problemas mais comuns ou de maior relevância; das mudanças de fase do ciclo de vida das famílias, do surgimento
- A organização das redes de atenção à saúde, para prestar aten- de doenças crônicas ou agudas de maior impacto. Essas situações
dimento às demais necessidades: a identi cação de outros pontos de permitem que a equipe estabeleça, de forma natural, um vínculo
atenção necessários, o sistema de apoio (diagnóstico e terapêutico), com o usuário e sua família, facilitando a aceitação da investigação
o sistema logístico (transporte sanitário, central de agendamento de e da intervenção, quando necessária.
consultas e internamentos, prontuário eletrônico, etc.). A associação da equipe com o usuário e sua família é um requi-
sito básico para a abordagem familiar e fundamenta-se no respeito
A Coordenação à realidade e às crenças da família, por parte da equipe de saúde.
Coordenação é, portanto, um estado de estar em harmonia
numa ação ou esforço comum. (STARFIELD, 2002). A orientação comunitária
É um desa o para os pro ssionais e equipes de saúde da APS A APS com orientação comunitária utiliza habilidades clínicas,
pois, nem sempre têm acesso às informações dos atendimentos de epidemiológicas, ciências sociais e pesquisas avaliativas, de forma
usuários realizados em outros pontos de atenção e, portanto, há complementar para ajustar os programas para que atendam as ne-
dificuldade de viabilizar a continuidade do cuidado. cessidades especí cas de saúde de uma população de nida.
A essência da coordenação é a disponibilidade de informação a Para tanto, faz-se necessário:
respeito dos problemas de saúde e dos serviços prestados. Os pron- - de nir e caracterizar a comunidade;
tuários clínicos eletrônicos e os sistemas informatizados podem - identi car os problemas de saúde da comunidade;
contribuir para a coordenação da atenção, quando possibilitam o - modicar programas para abordar esses problemas;
compartilhamento de informações referentes ao atendimento dos - monitorar a efetividade das modi cações do programa.
usuários nos diversos pontos de atenção, entre os profissionais da
APS e especialistas. No Brasil, os agentes comunitários de saúde reforçam a orien-
tação comunitária e possibilitam maior vínculo entre as equipes de
A centralização na família saúde e as respectivas comunidades.
Remete ao conhecimento, pela equipe de saúde, dos membros A orientação comunitária diz respeito também ao envolvi-
da família e dos seus problemas de saúde. mento da comunidade na tomada de decisão em todos os níveis
Na história da humanidade, as organizações familiares vêm se de atenção. No país, este princípio tem se viabilizado através do
diferenciando por meio dos tempos (dependendo do contexto so- controle social, com instituição de conselhos locais e municipais de
cioeconômico, dos valores, dos aspectos culturais e religiosos da saúde, além das conferências de saúde.
sociedade, em que se encontram inseridos) fazendo com que haja
mudanças no conceito, na estrutura e na composição das famílias.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As condições crônicas sustentada com as pessoas e comunidades. Estratifica-se este con-


Um dos problemas centrais da crise dos modelos de atenção ceito em quatro princípios ou atributos essenciais e três atributos
à saúde contemporâneos consiste no enfrentamento das condições derivados, apresentando-se como essenciais o primeiro contato, a
crônicas na mesma lógica das condições agudas, ou seja, por meio de integralidade, a longitudinalidade e a coordenação, e como deriva-
tecnologias destinadas a responder aos momentos agudos dos agravos dos, a orientação familiar, a orientação comunitária e a competên-
– normalmente, momentos de agudização das condições crônicas, auto- cia cultural.
percebidos pelas pessoas – através da atenção à demanda espontânea, Diante do exposto, entende-se que a APS deve ser o primeiro
principalmente, em unidades de pronto atendimento ou de internações contato das pessoas com o sistema de saúde, sem restrição de aces-
hospitalares de urgência ou emergência. E desconhecendo a necessida- so, independente de gênero, condições socioculturais e problemas
de imperiosa de uma atenção contínua nos momentos silenciosos dos de saúde; com abrangência e integralidade das ações individuais
agravos quando as condições crônicas, insidiosamente, evoluem. e coletivas; além de implementação de ações contínuas (longitudi-
Segundo a Organização Mundial de Saúde (ORGANIZAÇÃO nalidade) e coordenação do cuidado ao longo do tempo, tanto no
MUNDIAL DE SAÚDE, 2003), um sistema de Atenção Primária inca- plano individual quanto no coletivo, mesmo quando houver neces-
paz de gerenciar, com eficácia, o HIV/Aids, o diabetes e a depressão, sidade de referência dos pacientes para outros níveis e equipamen-
vai tornar-se obsoleto em pouco tempo. tos de atenção do sistema de saúde.
Hoje, as condições crônicas são responsáveis por 60% de todo Sabe-se hoje, por diversos estudos científicos, que um sistema
o ônus decorrente de doenças no mundo. No ano 2020, será res- de saúde com uma estrutura organizada e voltada para a APS é mais
ponsável por 80% da carga de doença dos países em desenvolvi- efetivo, mais satisfatório para as pessoas e comunidades, tem me-
mento e, nesses países, a aderência aos tratamentos chega a ser nores custos, e é mais equitativo, mesmo em localidades ou contex-
apenas de 20% (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2003) tos de grande iniquidade social (STARFIELD, 2005).
Por esse motivo, no sistema integrado, a Atenção Primária deve Assim, a APS vem sendo entendida como estratégia política e
estar orientada para a atenção às condições crônicas, com o objeti- princípio para a organização ou reorganização dos serviços e siste-
vo de controlar as doenças/agravos de maior relevância, através da mas de saúde, sendo o primeiro nível de atenção nos sistemas de
adoção de tecnologias de gestão da clínica, tais como as diretrizes saúde nacionais, regionais e locais.
clínicas e a gestão de patologias. À Atenção Básica no município está dividido em Distritos Sani-
tários, distrito sanitário compreende uma área geográfica que com-
Divisão de Atenção Primária em Saúde porta uma população com características epidemiológicas e sociais
A Atenção Primária em Saúde (APS) é definida como “atenção e com suas necessidades e os recursos de saúde para atendê-la. A
essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos práticos, cien- área geográfica é definida para cada realidade e pode ser constitu-
tificamente comprovados e socialmente aceitos, tornados univer- ída por:
salmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade, a um a) Vários bairros de um município;
custo que tanto a comunidade quanto o país possa arcar em cada b) Vários municípios de uma região.
estágio de seu desenvolvimento. É parte integral do sistema de
saúde do país, do qual é função central, sendo o enfoque principal
do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. É o PREVENÇÃO E TRATAMENTOS DAS DCNT
primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunida-
de com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à saúde o
mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham, Vigilância Epidemiológica de Doenças Crônicas Não-Transmis-
constituindo o primeiro elemento de um processo de atenção con- síveis Acidentes e Violências.
tinuada à saúde” (apud STARFIELD, 1998). O Brasil vem passando por importantes mudanças em sua es-
Elementos essenciais da APS: trutura demográfica e em seu perfil epidemiológico. São determi-
a) Educação em saúde conforme as necessidades locais; nantes dessas mudanças a queda da fecundidade, a persistência
b) Promoção de nutrição adequada; de declínio da mortalidade precoce e da mortalidade por doenças
c) Abastecimento de água e saneamento básico apropriados; infecciosas, o incremento da expectativa de vida ao nascer e o au-
d) Atenção materno-infantil (incluindo o planejamento fami- mento na intensidade e frequência de exposição a modos de vida
liar); pouco saudáveis, contribuindo com o aumento da ocorrência de
e) Imunização; doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Como consequência,
f) Prevenção e controle das doenças endêmicas; a população brasileira envelhece, aumentando a proporção de
g) Tratamento apropriado das doenças comuns e acidentes na idosos e reduzindo a proporção de crianças de 0-4 anos de idade,
comunidade; assim como o perfil de morbimortalidade se altera, ampliando a
h) Distribuição de medicamentos básicos e essenciais. relevância das DCNT.
Como já foi dito anteriormente, um dos aspectos importantes
Pode-se aprimorar a definição e conceito de APS, com base nas nesse processo, que se denomina transição demográfica e epide-
recentes evoluções nas políticas públicas de saúde, aplicando-se a miológica, é a rapidez com que ele vem ocorrendo no país. Enquan-
oferta de ações de atenção à saúde integradas e acessíveis segundo to nos países desenvolvidos foram necessários cerca de 80 a 100
as necessidades locais, desenvolvidas por equipes multiprofissio- anos para que mudanças semelhantes ocorressem, especialmente
nais responsáveis por abordar uma ampla maioria das necessida- em relação à queda da fecundidade, no Brasil tardou cerca de 30
des individuais e coletivas em saúde, desenvolvendo uma parceria anos apenas. Consequentemente, rápida também tem que ser a re-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

organização e adaptação das instituições e processos para atender grande dificuldade em identificar resultados positivos ou negativos
adequadamente aos desafios dessa nova estrutura demográfica e decorrentes de mudanças contemporâneas nos padrões de exposi-
de suas demandas especificas de atenção. ção das populações.
O envelhecimento de uma população é um fator que, por si Para as DCNT, a vigilância da morbimortalidade deve ser reali-
só, contribui para um aumento da carga de DCNT, já que a idade zada, mas não como mecanismo exclusivo de acompanhamento do
é um fator associado ao excesso de ocorrência de muitas dessas perfil de risco das populações. A vigilância da prevalência e caracte-
doenças. No entanto, a persistência e/ou rápida adesão, no mun- rísticas de adesão a fatores protetores e de risco já conhecidos, tem
do contemporâneo, a modos de viver pouco saudáveis – tais como se apresentado como o principal instrumento nessa tarefa, permi-
o sedentarismo crescente, a baixa ingestão de frutas, legumes e tindo aferir as exposições atuais e as tendências futuras, possibi-
verdura, o tabagismo, a prevalência crescente da obesidade, o con- litando a análise e construção de cenários de riscos prospectivos.
sumo excessivo de bebidas alcoólicas e o estresse – condicionados Além disso, alguns dos fatores de risco conhecidos são potencial-
tanto pelas características biológicas inatas quanto pelas culturais, mente modificáveis, o que os tornam alvos importantes de políti-
sociais e econômicas, delineiam um cenário mais complexo. A tran- cas publicas com certo potencial de sucesso. Outra vantagem dessa
sição alimentar e nutricional aliada às mudanças nos padrões de abordagem situa-se no fato de que é uma prática, geralmente, com
atividade física e a adição (especialmente ao álcool e ao tabaco), boa relação custo-efetividade, uma vez que um conjunto limitado
tem sido destacada como fatores mais relevantes na determinação de fatores protetores e de risco está associado a uma grande gama
do atual perfil de morbidade e mortalidade por DCNT nas popula- de desfechos indesejáveis em saúde. Por exemplo, a prevenção do
ções, do que o envelhecimento populacional isoladamente (BAR- tabagismo pode auxiliar na redução da ocorrência de vários desfe-
RETO et al., 2005). chos desfavoráveis em saúde, como cânceres e doenças cardiovas-
A reorganização do setor saúde exigida por esse cenário visa à culares, entre outros.
prevenção da mortalidade precoce e atenuação da carga das DCNT, São características desejáveis de um sistema de vigilância de
com acolhimento das demandas crescentes dos idosos, necessitan- DCNT, a coleta e análise sistemática (contínua e/ou periódica) de
do, para tanto, de adequação dos modelos de vigilância, promoção dados e informações, preferencialmente de base populacional, que
e atenção à saúde. permita estimar a magnitude do problema que está sendo aborda-
Nesse sentido, a prioridade dada pela Secretaria de Vigilância do prevalência de seus fatores de risco, magnitude de sua morbi-
em Saúde, tem sido a estruturação e a descentralização da área de mortalidade, aferir suas tendências no tempo, produzir evidências
vigilância de Dant (agravos e doenças crônicas não transmissíveis), úteis para a tomada de decisão e interferir ativamente na formula-
atuando em três eixos, a saber: ção de políticas e de promoção e atenção à saúde. Esse processo
I) A VIGILÂNCIA DE DCNT E SEUS FATORES PROTETORES E DE deve, ainda, incluir ações de avaliação e monitoramento do impac-
RISCO; to das intervenções implementadas.
II) A VIGILÂNCIA DE ACIDENTES E VIOLÊNCIAS;
III) A PROMOÇÃO DA SAÚDE. Para um conjunto expressivo de determinantes e condicio-
nantes, existem evidências científicas sólidas sobre seu impacto na
A vigilância das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e saúde de indivíduos e populações. Baseado nesse fato e na urgente
seus fatores protetores e de risco. demanda imposta pela ascensão das DCNT, a Organização Mundial
A vigilância de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) da Saúde (OMS) publicou um conjunto de recomendações aos pa-
exige estratégias especificas, integradas e complementares entre íses, denominado Estratégia Global para prevenção e controle das
si, poucas vezes coincidentes com as estratégias tradicionalmente DCNT (EG/OMS) e visa à abordagem dos principais fatores de risco
usadas na vigilância de doenças infecciosas. Isso por que, em geral, modificáveis, em especial a alimentação e a atividade física (WHO
no campo das DCNT, a morbidade e a mortalidade refletem risco 2000). Atendendo a uma demanda do Ministério da Saúde (Portaria
acumulado durante toda a vida, e tendem a mudar lentamente, a GM/MS n. 596, de 8 de abril de 2004), um grupo de pesquisadores
partir de intervenções específicas pois os eventos abordados são revisou as evidências cientificas que apoiavam essas recomenda-
doenças que apresentam longos períodos de indução e latência. Ou ções, identificando que a proposta de promoção da alimentação
seja, a morbidade e mortalidade em um dado ano, reflete sempre a saudável e atividade física contida na EG/OMS serve como um im-
exposição a um ou mais fatores de risco no passado. Por outro lado, portante marco teórico e prático para as ações de promoção da
a exposição atual a estes fatores de risco indicam uma maior ou saúde e prevenção das DCNT, deflagrando oportunidades de ação
menor probabilidade de desenvolver uma doença crônica no futu- com potencial de efetividade.
ro. Entre aqueles já doentes, o perfil de exposição a estes mesmos Ademais da alimentação e da atividade física, merecem des-
fatores de risco no presente influencia o prognóstico destas doen- taque outros importantes fatores de risco comportamentais asso-
ças. Portanto, a modificação do perfil de risco, com a adoção de ciados às DCNT, em especial, o tabagismo e o consumo abusivo de
modos de vida saudável é a estratégia mais importante tanto para bebidas alcoólicas. A abordagem desses fatores de forma integrada
prevenir novos casos de doenças crônicas, e deter o crescimento tem sido recomendada, uma vez que potencializa o impacto para a
das mesmas, quanto para melhorar o prognóstico daqueles que já minimização da carga das DCNT.
estão doentes. Importante destacar que o enfoque nos fatores de risco com-
Nesse contexto, um sistema baseado apenas na vigilância de portamentais não deve levar à culpabilização do sujeito no proces-
casos (novos e/ou prevalentes) e óbitos, resulta, geralmente, em so de exposição, pois a adesão a certos modos de viver, não resulta
um sistema de baixa sensibilidade e especificidade, apresentando apenas de escolha individual, mas é mediada por determinantes
sociais, culturais e econômicos assim como pela herança genética.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Coerente com essa perspectiva, o Pacto pela Vida tem como necessárias. Assim, o idoso permanece em um ambiente familiar,
uma de suas prioridades a promoção, informação e educação em com riscos diminuídos e assistência integral, o que contribui para a
saúde, com ênfase na promoção de atividade física e de hábitos melhorar e manutenção de sua qualidade de vida.
saudáveis de alimentação e vida, controle do tabagismo, controle
do uso abusivo de bebidas alcoólicas e demais cuidados especiais Em relação aos pacientes pediátricos, estes percebem o hospi-
voltados ao processo de envelhecimento. tal como uma experiência misteriosa e aterrorizante, associando-o
com um local estranho, de punição, tristeza e solidão, onde é proi-
bido brincar. Para os pais, ter seu filho hospitalizado é percebido
CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE como falha em relação a maternagem, gerando sintomas de ansie-
dade e culpa. Assim, cuidar de pacientes pediátricos em ambiente
domiciliar pode diminuir a ansiedade do paciente e seus familiares,
A Organização Mundial da Saúde1 (OMS) define cuidados pa- possibilitar o empoderamento dos familiares no cuidado, facilitar
liativos como uma abordagem terapêutica que promove qualidade o uso de ludoterapia e a utilização de brinquedos terapêuticos e
de vida e alívio do sofrimento aos pacientes e seus familiares que promover e/ou reestabelecer o vínculo afetivo emocional entre pais
enfrentam problemas associados às doenças que ameaçam a con- e filhos.
tinuidade da vida. Alguns princípios norteadores da prática em cui- Uma estimativa da OMS (apud Bomfim)8 mostra que, no Brasil,
dados paliativos são destacados por Matsumoto2, sendo que estes entre 521 mil e 536 mil pessoas necessitam de cuidado paliativo, no
foram revistos pela OMS em 2002. Assim, os princípios norteadores entanto, esses tendem a ser indicados somente na fase de final de
dessa abordagem são: vida, restringindo a atuação das equipes especializadas nesta área1.
• Promover o alívio da dor e de outros sintomas; Neste cenário, uma publicação feita em 2015 pelo jornal The Eco-
• Considerar a morte como um processo natural e afirmar a nomist9 mostra o Brasil em 42º lugar em um ranking que mostra a
vida; qualidade de morte entre os países ao redor do mundo, cujo pri-
• Não acelerar nem adiar a morte dos pacientes; meiro lugar é ocupado pelo Reino Unido, com Austrália em segundo
• Integrar os aspectos psicológicos, emocionais e espirituais no e Nova Zelândia em terceiro. O Brasil ocupa o fim da lista, próximo a
cuidado ao paciente; países como Hungria, México, Tailândia e Venezuela.
• Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente Do mesmo modo, o Atlas Global de Cuidados Paliativos no Fim
viver tão ativamente quanto possível até o momento da sua morte; da Vida (Global Atlas of Palliative Care at the End of Life), publi-
• Realizar o acolhimento aos familiares com o intuito de auxi- cado em 2014 pela OMS em conjunto com a Worldwide Palliative
liá-los durante o progresso da doença do paciente e o processo de Care Alliance (WPCA), mostra o Brasil entre um grupo de países que
luto; apresentam o desenvolvimento de iniciativas em cuidados paliati-
• Oferecer abordagem multiprofissional com foco nas necessi- vos ainda muito isoladas e focadas em áreas que oferecem maior
dades dos pacientes e seus familiares; apoio localmente, como em grandes centros urbanos com recursos
• Melhorar a qualidade de vida do paciente e influenciar positi- de profissionais de saúde, materiais e medicamentos mais abun-
vamente o progresso da doença; dantes e de acesso mais facilitado10.
• Iniciar os cuidados paliativos o mais precocemente possível, Uma pesquisa realizada por Othero (apud Gomes e Othero)11
juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, ou identificou que quase metade dos serviços de Cuidados Paliativos
seja, tratamentos curativos como quimioterapia e radioterapia, e do Brasil atuam no estado de São Paulo, com predominância de
incluir todas as investigações necessárias para melhor compreen- atendimento tipo ambulatorial, atendendo pacientes oncológicos
der e controlar situações clínicas estressantes. e não oncológicos, adultos e idosos, em sua maioria com financia-
mento público. Isso demonstra a escassez de serviços específicos
Os cuidados paliativos ainda se encontram em processo de para a modalidade de atenção domiciliar, sobretudo particulares,
construção, motivo pelo qual a maior parte das estratégias de ação mesmo a morte em casa sendo apontada como preferencial para
ainda são desafiadoras e requerem a atenção de uma equipe inter- pacientes e familiares em pesquisa realizada em 2017 pela Kaiser
disciplinar. Por isso, essa abordagem não se restringe à mera execu- Family Foundation em parceria com o jornal The Economist4.
ção de procedimentos em pacientes, mas à propagação da preocu- De acordo com Fripp, a assistência em ambiente domiciliar
pação, interesse, interação e compromisso pelo cuidado3. com o apoio da família favorece a aplicação dos princípios de cuida-
Os cuidados paliativos são realizados em cenários diversos, dos paliativos, integram aspectos psicossociais e espirituais, e dão
como em enfermarias hospitalares, hospices, instituições de longa suporte para que a família possa auxiliar nos cuidados à doença e
permanência, ambulatórios especializados e em domicílio1,3,4. En- trabalhar o luto e a perda.
tre esses, a modalidade focada neste artigo é a atenção domiciliar, Além disso, o cuidado em ambiente domiciliar permite o au-
ainda pouco praticada no Brasil, sobretudo no sistema de saúde su- mento da qualidade do cuidado, bem como, contribui para redu-
plementar. zir a demanda por atendimentos hospitalares, o tempo médio de
A promoção de cuidados paliativos em ambiente domiciliar permanência na internação, os riscos de infecção hospitalar, prin-
permite a pacientes idosos a possibilidade de continuar em seu cipalmente, as infecções cruzadas e os custos associados a estas
contexto familiar e social, com atenção multiprofissional, especiali- situações.
zada e disposta a oferecer suporte e orientação aos familiares e/ou
cuidadores, evitando internações recorrentes e muitas vezes des-

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cuidado paliativo em ambiente domiciliar do ponto de vista de uma empresa que deseja implantar um serviço
Para a implantação de um serviço de cuidados paliativos em de cuidados paliativos domiciliar, é importante considerar os pon-
atenção domiciliar, a OMS1 indica 8 passos: tos seguintes como parte da infraestrutura mínima necessária para
1.Avaliar necessidades dos pacientes e recursos disponíveis; início das atividades:
2.Estabelecer formalização da organização por meio de termos • Central de atendimento e operações 24 horas: disponível
de referência e registro com autoridades; para assistir a família e o paciente no caso de necessidades, bem
3.Criar um plano de ação (quais recursos serão necessários, como, a equipe multiprofissional atuante na casa e as operadoras
como pode-se obtê-los, público alvo e serviços que serão cobertos); de saúde.
4.Recrutar e desenvolver um programa de treinamento contí-
nuo; • Farmácia 24 horas: dispensação de medicamentos em casos
5.Mobilizar recursos; de urgência e emergência e quando não for possível controlar os
6.Integrar dentro do sistema de saúde, associando com a aten- sintomas com os medicamentos já disponibilizados em domicílio.
ção primária e a terciária de referência da operadora; • Transporte: deslocar os profissionais de saúde e os materiais
7. Divulgar o serviço; e medicamentos até os domicílios dos pacientes.
8.Encorajar a participação de associações, grupos e estudantes. • Meios de comunicação: meio de comunicação entre os pro-
fissionais de saúde, pacientes e a central de atendimento e opera-
Em cuidados pediátricos é necessário, além destes passos, ade- ções como, por exemplo, o uso de celulares ou tablets com conexão
quar para o cuidado paliativo em pediatria e revisar a legislação, de videoconferência.
incluindo a proteção e os direitos da criança1. O mesmo é indicado • Equipe multiprofissional: médicos, enfermeiros, auxiliar de
em casos de cuidado a idosos, mantendo a equipe atualizada quan- enfermagem, psicólogo, fisioterapeuta e assistente social compõem
to às principais legislações no que tange à essa faixa etária, sendo a equipe básica. Caso o serviço deseje e a família concorde, tam-
elas a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso. bém pode ser aberta a possibilidade de visitas conjuntas com resi-
dentes médicos ou multiprofissionais na área de cuidados paliativos
Ainda, a OMS1 recomenda que se inicie o serviço focado em visando colaborar com o aprendizado dos futuros profissionais des-
pacientes com câncer terminal, pois mais de 80% desses pacien- ta especialidade. Também é possível incluir na equipe a presença
tes sofrem com dores severas e outros sintomas que necessitam de profissionais que atuem em terapias complementares como acu-
de alívio e conforto imediato e depois, gradualmente, expanda o punturistas, massagistas e musicoterapeutas e, quando os cuidados
serviço para doenças crônicas e outras doenças com tempo de vida forem destinados à pediatria, a presença de um pedagogo.
limitado. • Kit de atenção domiciliar: medicações e materiais médico-
-hospitalares, com o registro diário da quantidade utilizada e res-
Pacientes que necessitam de cuidados paliativos podem ne- tante; equipamentos e documentação. Esse último é composto por:
cessitar de cuidados de complexidades distintas, o que demanda 1.Contrato de prestação de serviços
integração entre os níveis de atenção. Por isso, é preciso articular 2.Termo de aceite de cuidados paliativos
os diferentes componentes do sistema de saúde, criando um meca- 3.Termo de não ressuscitação cardiopulmonar
nismo de referência e contra referência para casos de intercorrência 4.Prontuário clínico contendo histórico anterior à implantação
clínica1. do serviço, anamnese, diagnóstico médico, diagnóstico de enferma-
gem com a utilização da sistematização da assistência de enferma-
Recursos físicos gem (SAE), prescrição medicamentosa, anotações de enfermagem,
É necessário que o ambiente seja seguro e acessível para que evolução médica e da equipe multiprofissional, PPS, ESAS, escalas
a equipe multiprofissional de cuidados paliativos possa planejar e para avaliação de sintomas específicos e gráfico de sinais vitais.
prestar a sua assistência. Nos casos de equipamentos de suporte à
vida que funcionam à base de energia elétrica, é importante dispo- Os suprimentos que serão necessários dependem muito da
nibilizar geradores e/ou entrar em contato com a companhia res- patologia e das condições clínicas do paciente que será atendido,
ponsável pela distribuição de energia elétrica na região, explicando entretanto, podemos citar alguns equipamentos e suprimentos bá-
o caso para prevenir as chances de cortes no fornecimento. sicos elencados pela OMS1:
O local também precisa ser limpo, arejado e com entrada de luz • Equipamentos: estetoscópio (responsabilidade do profissio-
natural, de forma e evitar possíveis infecções. É preciso ter sanea- nal); esfigmomanômetro (responsabilidade do profissional); termô-
mento básico e coleta de lixo, sendo o material perfurocortante re- metro; abaixador de língua; pinça para a realização de curativo.
colhido pelo serviço de atenção domiciliar para o descarte correto. • Equipamentos de suporte: colchão de ar ou água ou casca
Além das questões de estrutura física, também é necessário de ovo; aparelho de sucção; nebulizador; cilindro de oxigênio; oxí-
analisar a estrutura domiciliar no momento de avaliação do pacien- metro.
te, facilitando a classificação do ambiente de cuidado. Tais observa- • Suprimentos: tesoura; algodão; gaze; bandagem e fita micro-
ções podem ser feitas pelo assistente social da equipe multidiscipli- pore; luvas; equipo de soro; cateter venoso central; seringas e agu-
nar. É necessário também que o local respeite as normas propostas lhas; caixa coletora de perfurocortante; cateter de sucção; cateter
pela ANVISA na RDC nº 50/2002. urinário; bolsa coletora de urina; sonda nasogástrica e nasoenteral;
A partir da leitura dos materiais levantados e das informações álcool.
obtidas por meio das reuniões realizadas com especialistas em cui-
dados paliativos e operadoras de saúde foi possível identificar que,
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como principais medicamentos sugeridos pela OMS1 para o fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupa-
controle de sintomas podemos citar: cionais, farmacêuticos, gerontólogos, nutrólogos e profissionais de
• Controle da dor: paracetamol; diclofenaco; fosfato de codeí- práticas complementares, caso necessário.
na; tramadol; morfina e gabapentina. Além disso, é importante identificar familiares que possam
• Controle de sintomas gastrointestinais: metoclopramida; auxiliar no cuidado diário. Esses devem ser devidamente treinados
domperidona; dexametasona; ranitidina; lorapamida; sais de hidra- pela equipe responsável pelo paciente para identificar necessida-
tação oral e bisacodil. des físicas, psicológicas e espirituais do paciente e contribuir para
• Tratamento de Ferida: peróxido de hidrogênio e pomada be- cuidados básicos, de forma a empoderar a família para o cuidado do
tadine. seu familiar. Familiares que atuam ativamente no cuidado se sen-
• Tratamento de sintomas psicológicos: diazepam; haloperidol tem mais satisfeitos, porém estes também precisam de suporte e
e amitriptilina. acolhimento pela equipe de cuidados paliativos.
• Antibióticos e Antifúngicos: ciprofloxaceno; metronidazol;
amoxicilina e fluconazol;
• Suplementos: suplementos com alto ganho calórico e protei- QUESTÕES
co; ferro; vitaminas e minerais.

Vale lembrar que, apesar de os equipamentos, materiais e me- 1. O novo Código de Ética (Resolução COFEN Nº 564/2017) pos-
dicamentos supracitados serem indicados pela OMS, outros itens sui V capítulos. O I descreve os direitos e o II os deveres. Marque a
podem ser adicionados ou retirados dessa lista. Esse ponto varia de alternativa abaixo que descreve sobre os Direitos.
acordo com a disponibilidade local, a política da empresa de aten- (A) Abster-se de revelar informações confidenciais de que te-
ção domiciliar e as necessidades do paciente. nha conhecimento em razão de seu exercício profissional.
Além disso, é importante ressaltar que, conforme dito ante- (B) Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no res-
riormente, uma das principais causas que levam ao paciente optar peito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição
por não se tratar em casa é o medo de não ser possível controlar ideológica.
os sintomas, principalmente, a dor e a dispneia. Assim, a avaliação (C) Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis,
e o controle dos sintomas deve ser o ponto principal de atuação número e categoria de inscrição no Conselho Regional de En-
dos profissionais de cuidados paliativos em atenção domiciliar, de fermagem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no
forma que o manejo dos sintomas seja adequado e evite a reinter- exercício profissional.
nação do paciente em hospitais de transição, hospices ou hospitais (D) Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica
terciários. na qual não constem assinatura e número de registro do profis-
sional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência.
Recursos humanos (E) Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos
A equipe de cuidados paliativos deve possuir habilidades de Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema
manejo de complicações, sejam estas oriundas da doença ou do COFEN/Conselhos Regionais de Enfermagem.
tratamento; habilidades para manejo da dor e outros sintomas;
abordagem centrada no paciente e em seus familiares, capacidade 2. O Código de Ética do Profissional de Enfermagem tem como
de prover acolhimento e humanização no ambiente de cuidado e base a necessidade e o direito assistencial focado na pessoa, na fa-
propiciar cuidado biopsicossocial aos pacientes e seus familiares no mília e na coletividade. Está organizado por assunto e inclui princí-
momento da morte e do luto. pios, direitos, responsabilidades, deveres e proibições. Assinale a
Também é imprescindível possuir habilidades de comunicação, opção correta, de acordo com o disposto na referida legislação.
tomada de decisão de forma rápida e resolutiva e compreensão de (A) É proibido ao profissional de saúde de enfermagem pres-
crever medicamentos e praticar ato cirúrgico, sob qualquer
outras necessidades como as espirituais. Compreender esses pa-
circunstância.
péis e responsabilidade ajuda no funcionamento das equipes, a
(B) Na condição de docente, enfermeiro-responsável ou supervi-
avaliar as necessidades de treinamento, bem como, permite que o
sor, é direito do profissional de enfermagem eximir-se da respon-
cuidado ao paciente ocorra de forma integral e holística. sabilidade por atividades executadas por alunos ou estagiários.
Além disso, as decisões precisam ser tomadas em conjunto e (C) Nos casos de aborto previstos em lei, o profissional deve
é necessário apoio e respeito mútuo entre os profissionais. Reco- decidir, de acordo com a sua consciência, sobre a participação
nhecer e verbalizar a importância das diferentes contribuições dos ou não no ato abortivo.
membros da equipe é essencial, bem como, reconhecer os limites (D) É direito do profissional de enfermagem obter desagravo
de cada membro da equipe, de forma a evitar uma possível sobre- público por ofensa que atinja a profissão, por meio do Conse-
carga emocional, suportando uns aos outros em suas necessidades. lho Federal de Enfermagem.
Para iniciar seu funcionamento, um serviço de cuidados pa- (E) É dever do profissional de enfermagem ter acesso às infor-
liativos em atenção domiciliar deve contar com, no mínimo, dois mações relativas à pessoa, à família e à coletividade, necessá-
enfermeiros que atuariam em escala de 12 horas de trabalho para rias ao exercício profissional.
36 horas de descanso e, atuando em meio período, um médico, um
psicólogo e um assistente social. Apesar disso, uma equipe ideal de
cuidados paliativos deve contar com o suporte de toda uma equipe
multidisciplinar, composta por técnicos/auxiliares de enfermagem,
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3. De acordo com as disposições do Código de Ética do Pro- (D) a consulta de enfermagem.


fissional de Enfermagem, é dever do profissional de enfermagem, (E) a evolução de enfermagem dos pacientes de menor com-
(A) utilizar-se de veículos de comunicação para conceder entre- plexidade.
vistas e divulgar eventos e assuntos de sua competência, com
finalidade educativa e de interesse social. 7. Baseado nas categorias de cirurgias, há aquela que precisa
(B) suspender suas atividades, individual ou coletivamente, ser realizada em primeiro lugar. A este respeito, assinale a alterna-
quando a instituição pública ou privada para a qual trabalhe tiva correta.
não oferecer condições dignas para o exercício profissional ou (A) Necessária
desrespeite a legislação do setor saúde, ressalvadas as situa- (B) Eletiva
ções de urgência e emergência, devendo comunicar, imediata- (C) Urgente
mente e por escrito, sua decisão ao COFEN. (D) Emergencial
(C) estimular, facilitar e promover o desenvolvimento das ativi-
dades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente aprovadas 8. (IF-PE – ENFERMEIRO – IF-PE – 2016) A Resolução COFEN
nas instâncias deliberativas da instituição. 358/2009 dispõe sobre a “Sistematização da Assistência de En-
(D) divulgar e fazer referência a casos, situações ou fatos, de fermagem e a implementação do processo de enfermagem em
forma que os envolvidos possam ser identificados.
ambientes públicos e privados em que ocorre o cuidado de enfer-
(E). realizar e participar de atividades de ensino e pesquisa, res-
magem”. Assinale a alternativa que contempla a fase denominada
peitadas as normas ético-legais.
“Avaliação de Enfermagem”.
(A) Realização das ações ou intervenções determinadas no pla-
4. A notificação compulsória é a obrigação que o hospital tem
nejamento.
de informar a Saúde Pública sobre algumas doenças, para que se- (B) Processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação
jam tomadas rápidas medidas profiláticas junto à comunidade para das mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade
que a cadeia epidemiológica possa ser quebrada. Qual grupo de do- humana, em um dado momento do processo saúde-doença,
enças, abaixo relacionadas, necessita de notificação? para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem
(A) Tétano, Tracoma, Febre Amarela, Pneumonia, Hanseníase, alcançaram o resultado esperado.
entre outras. (C) Determinação dos resultados que se espera alcançar e das
(B) Poliomielite, Esquistossomose, Febre Tifóide, Pancreatite, ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas
Difteria, entre outras. face às respostas da pessoa, família ou coletividade humana
(C) Acidentes por animais peçonhentos, efeitos adversos à va- em um dado momento do processo saúde-doença.
cinação, Gonorréia, Encefalite por Arbovírus, Leishmaniose vis- (D) Processo deliberado, sistemático e contínuo, com o auxílio
ceral, entre outras. de métodos e técnicas variadas, que tem por finalidade a ob-
(D) Sarampo, Tuberculose, Varíola, Raiva Humana, Rubéola, Co- tenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade
queluche, entre outras. e sobre suas respostas em um dado momento do processo saú-
(E) Malária, Dengue, Doença de Chagas (forma aguda), Reuma- de-doença.
tismo, Febre Purpúrica do Brasil, Febre Tifóide, entre outras (E) Processo de interpretação e agrupamento de dados coleta-
dos, que culmina com a tomada de decisão, e que constituem a
5. Com relação às doenças de notificação compulsória pode- base para a seleção das ações ou intervenções ou intervenções.
mos afirmar que:
(A) Diabete Melittus, Sarampo, Aids e Citomegalovírus são do- 9. (EBSERH – ENFERMEIRO – AOCP – 2017) Tomar decisões é
enças de notificação compulsória essencial no processo de gerenciamento em enfermagem. Ao anali-
(B) Aids, Sarampo, Citomegalovírus e Tuberculose podem ser sar um problema tentando estabelecer causas e fatores envolvidos
de notificação compulsória desde que estas doenças ocorram na “situação-problema” e elaborar quais seriam as propostas de so-
em grandes centros populacionais lução, o enfermeiro estará realizando:
(C) Sarampo, Catapora, Diabete Mellitus tipo 3 são doenças de
(A) discussão.
notificação compulsória, mesmo se aparecerem em pequenos
(B) planejamento.
centros populacionais
(C) avaliação.
(D) Tuberculose, Aids, Sarampo e Hantavirus são doenças de
(D) direção.
notificação compulsória.
(E) Hantavírus, Sarampo, Cólera e Tétano não são considerados (E) controle.
doenças de notificação compulsória.
10. (CH-UFPA – ENFERMEIRO – AOCP – 2016) Analisando o
6. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- contexto de concepção de gestão voltada para a Gestão do Sistema
FCC-2018) Com relação à Sistematização da Assistência de Enfer- e das Políticas de Saúde e diante dos avanços e constantes mudan-
magem, considerando as atribuições de cada categoria profissional ças no setor saúde, torna-se imprescindível que o(a) enfermeiro(a)
de enfermagem, compete ao técnico de enfermagem, realizar desenvolva as suas habilidades de:
(A) a prescrição de enfermagem, na ausência do enfermeiro. (A) organização do ambiente de cuidado.
(B) o exame físico. (B) implementação da SAE.
(C) a anotação de enfermagem. (C) domínio técnico.

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(D) liderança. (D) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.


(E) padronização de materiais. (E) São corretas apenas as afirmativas 3, 4 e 5.

11. Consideradas como importante parâmetro dos sinais vitais, 15. Noções de primeiros socorros em ambientes de saúde são
as oscilações da pulsação, verificadas através do controle de pulso, fundamentais.
podem trazer informações significativas sobre estado do paciente. Sobre os cuidados gerais para queimaduras, assinale a alterna-
Assinale a alternativa que indica, corretamente, as alterações do tiva correta.
pulso: (A) Nunca retire adornos como pulseiras e relógios, mesmo
(A) Bradicardia; taquicardia; taquisfigmia; bradisfigmia; filifor- quando não aderidos.
me. (B) Em casos de vestes pegando fogo, permita que a pessoa
(B) .Bradicardineia; taquicardia; taquisfigmia; bradisfigmia; fi- corra para apagar o fogo.
liforme. (C) Deve-se colocar manteiga, pó de café ou creme dental sobre
(C) Bradicardia; taquicardineia; taquisfigmia; bradisfigmia; fili- a queimadura.
forme. (D) Em caso de queimaduras extensas, retire as roupas aderi-
(D) Bradicardia; taquicardia; taquisfigmineia; bradisfigmia; fili- das e coloque a vítima debaixo do chuveiro durante 30 minu-
forme. tos. Após este período, retire as roupas molhadas e proteja seu
(E) Bradicardia; taquicardia; taquisfigmia; bradisfigmia; falcifor- corpo com um lençol ou pano limpo.
me (E) Em queimaduras de pequena extensão: colocar a parte
queimada debaixo da água corrente fria, em jato suave, por
12. Um paciente internado na clínica médica apresentou rom- aproximadamente dez minutos. Compressas úmidas e frias
pimento da superfície da pele na região sacral. também são indicadas.
Essa é uma característica definidora do seguinte diagnostico de
enfermagem 16. Urgência é caracterizada como um evento grave, que deve
(A) risco de lesão. ser resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter ime-
(B) risco de lesão térmica. diatista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode
(C) integridade da pele prejudicada. ser planejada para que este paciente não corra risco de morte.
(D) integridade tissular prejudicada. Neste contexto, a enfermagem participa de todos os processos,
(E) risco de integridade da pele prejudicada. tanto na urgência quanto na emergência. São diversos locais onde
os profissionais de enfermagem podem atuar, como:
13. N.S., sexo feminino, 42 anos de idade, egressa de interna- I. Unidades de atendimento pré-hospitalar.
ção hospitalar de 14 dias, recebe cuidados de enfermagem domi- II. Unidades de saúde 24 horas.
ciliares pelo técnico de enfermagem da Atenção Básica. Ela está III. Pronto socorro.
com uma ferida limpa, resultante da retirada de um cateter venoso IV. Unidades de terapia intensiva.
central de inserção periférica de longa permanência (PICC) na veia V. Unidades de dor torácica. VI. Unidade de terapia intensiva
cefálica, coberto por um curativo de filme de poliuretano (curativo neonatal.
transparente). Esse curativo deverá ser trocado Estão CORRETAS as alternativas:
(A) diariamente, após o banho. (A) Apenas II, IV, V, VI.
(B) quando a ferida cicatrizar completamente. (B) Apenas III, IV, V, VI.
(C) em até sete dias, se permanecer limpo. (C) Apenas II, III, IV, V, VI.
(D) a cada dois dias, após limpeza com soro fisiológico. (D) Apenas IV, V e VI.
(E) a cada 21 dias, se não houver sinais de infeção. (E) I, II, III, IV, V, VI.

14. Para iniciar os primeiros socorros à vítima acidentada ou 17. A avaliação e exame do estado geral de um acidentado
em situação de urgência, o socorrista (aquele que prestará os pri- de emergência clínica ou traumática é a segunda etapa básica na
meiros socorros à vítima) deverá assumir o controle da situação prestação dos primeiros socorros. Ela deve ser realizada simulta-
rapidamente, obtendo todas as informações possíveis do ocorrido. neamente ou imediatamente à “avaliação do acidente e proteção
Para um atendimento tranquilo, o socorrista deverá seguir as do acidentado. O estado de dilatação e simetria do acidentado está
seguintes regras: relacionado a(o):
1. Manter-se calmo. (A) Consciência.
2. Não pedir ajuda. (B) Respiração.
3. Não há necessidade de utilizar luvas para evitar contato dire- (C) Hemorragia.
to com sangue ou outras secreções. (D) Pupila.
4. Trabalhar com segurança. (E) Temperatura do corpo.
5. Usar bom-senso.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
(A) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 5.
(B) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
(C) São corretas apenas as afirmativas 1, 4 e 5.
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18. (PREFEITURA DE VÁRZEA GRANDE-PI – CRESCER CONSUL-


TORIAS – 2019) Em relação ao Programa Nacional de Imunizações GABARITO
(PNI), é incorreto afirmar que:
(A) A vacina BCG é administrada na criança ao nascer.
(B) A Rubéola pode ser prevenida através da imunização.
(C) O PNI oferece vacinas para a prevenção das Hepatites A, B, 1 A
C e D.
(D) No PNI não existe vacina para a prevenção da Sífilis. 2 C
3 C
19. (PREFEITURA DE VITORIA-ES – ENFERMEIRO – AOCP –
4 D
2019) Paciente feminina, 33 anos, é casada e tem dois filhos meno-
res. Semanalmente, procura a Unidade Básica de Saúde com quei- 5 D
xas vagas, sinais de sofrimento psíquico e apresenta lesões físicas 6 E
recorrentes, muitas vezes explicadas como acidentes. O enfermeiro
observa que pode se tratar de um caso de violência doméstica e/ 7 D
ou sexual e, durante o acolhimento, sua observação foi confirmada 8 B
pela paciente. Frente a esse caso, são condutas a serem adotadas, 9 B
EXCETO:
(A) preencher ficha de notificação de violência. 10 C
(B) identificar situações de vulnerabilidade presentes no caso 11 A
e garantir a continuidade do cuidado em outros serviços por
meio do encaminhamento qualificado. 12 C
(C) definir o tipo de violência. 13 C
(D) assegurar-se de que a vítima irá realizar boletim de ocor-
14 C
rência para garantia das questões legais relacionadas ao aten-
dimento. 15 E
16 E

20. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA – MG- ENFERMEIRO-AO- 17 D


CP-2018) O que é vigilância 18 C
(A) Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou preve- 19 D
nir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decor-
rentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e 20 E
da prestação de serviços de interesse da saúde.
(B) Um conjunto de atividades que se destina à promoção e
proteção da saúde, assim como visa à recuperação e reabilita-
ção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agra- ANOTAÇÕES
vos advindos das condições de trabalho.
(C) Um conjunto de ações que proporciona a detecção ou pre-
venção de qualquer mudança da saúde individual ou coletiva, ______________________________________________________
com a finalidade de avaliar o impacto que as tecnologias pro-
______________________________________________________
vocam à saúde.
(D) Um conjunto de atividades que se destina ao controle de ______________________________________________________
bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem
com a saúde. ______________________________________________________
(E) Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores de- ______________________________________________________
terminantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva,
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de pre- ______________________________________________________
venção e controle das doenças ou agravo
______________________________________________________

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