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ECONOMIA E FINANÇAS

PÚBLICAS
Tributação

PDF SINTÉTICO

Livro Eletrônico
Presidente: Gabriel Granjeiro
Vice-Presidente: Rodrigo Calado
Diretor Pedagógico: Erico Teixeira
Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi
Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra
Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes

Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais
do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de
uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às
penalidades previstas civil e criminalmente.

CÓDIGO:
240113259055

MANUEL PIÑON

Atualmente, exerce o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e é


Professor, voltado para a área de concursos públicos.
Foi aprovado nos seguintes concursos públicos:
1 – Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB 2009/2010;
2 – Analista de Finanças e Controle – AFC (hoje, Auditor Federal de Finanças e
Controle) da Controladoria-Geral da União – CGU (hoje, Ministério da Transparência)
em 2008; e
3 – Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional – AFTN (Auditor-Fiscal da Receita Federal do
Brasil) em 1998.

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Tributação
Manuel Piñon

SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Tributação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1. Tributação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2. Princípios da Tributação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3. Curva de Laffer. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4. Peso Morto da Tributação x Ótimo de Pareto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5. Natureza Fiscal x Extrafiscal da Tributação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.6. Ônus da Tributação, Elasticidades e Regra de Ramsey. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.7. Carga Tributária e sua Evolução no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.8. Interferência da Tributação na Economia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.9. Efeitos do Crescimento e da Inflação na Carga Fiscal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.10. Classificações e Principais Características dos Tributos. . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.11. Conceitos Avançados de Tributação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2. Federalismo Fiscal no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1. Correntes Teóricas sobre o Federalismo Fiscal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

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APRESENTAÇÃO
APRES ENTAÇÃO
Escrever um livro é algo desafiador. Porém, escrever para o público concurseiro torna
a tarefa ainda mais árdua.
Afinal, há candidatos com diferentes níveis de conhecimento, estudando para seleções
de áreas variadas.
No entanto, existe algo em comum entre aqueles que se preparam para um concurso
público: todos querem a aprovação o mais rápido possível e não têm tempo a perder!
Foi pensando nisso que esta obra nasceu.
Você tem em suas mãos um material sintético!
Isso porque ele não é extenso, para não desperdiçar o seu tempo, que é escasso. De
igual modo, não foge da batalha, trazendo tudo o que é preciso para fazer uma boa prova
e garantir a aprovação que tanto busca!
Também identificará alguns sinais visuais, para facilitar a assimilação do conteúdo. Por
exemplo, afirmações importantes aparecerão grifadas em azul. Já exceções, restrições ou
proibições surgirão em vermelho. Há ainda destaques em marca-texto. Além disso, abusei
de quadros esquemáticos para organizar melhor os conteúdos.
Tudo foi feito com muita objetividade, por alguém que foi concurseiro durante
muito tempo.
Para você me conhecer melhor, comecei a estudar para concursos ainda na adolescência,
e sempre senti falta de ler um material que fosse direto ao ponto, que me ensinasse de um
jeito mais fácil, mais didático.
Enfrentei concursos de nível médio e superior. Fiz desde provas simples, como recenseador
do IBGE, até as mais desafiadoras, sendo aprovado para defensor público, promotor de
justiça e juiz de direito.
Usei toda essa experiência de 16 anos como concurseiro e de outros tantos ensinando
centenas de milhares de alunos de todo o país para entregar um material que possa
efetivamente te atender.
A Coleção PDF Sintético era o material que faltava para a sua aprovação!
Aragonê Fernandes

APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR

Para você me conhecer melhor, sou Administrador de Empresas com especialização em


Finanças pela Fundação Getúlio Vargas-FGV e Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e
Professor desde 2014 nas disciplinas AFO – Administração Financeira e Orçamentária, Direito
Financeiro, Finanças e Economia, além de ter sido Auditor de Finanças e Controle da CGU.

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Como concurseiro fiz meu primeiro concurso e fui aprovado em 1998 para Auditor da
Receita Federal. Trabalhei por dois anos, pedi exoneração e fui trabalhar na iniciativa privada.
Seis anos depois, voltei a estudar para concursos públicos, tive algumas reprovações até
ser aprovado na CGU. Ainda na CGU, continuei os estudos até ser aprovado novamente
como Auditor da Receita Federal em 2010, onde me encontro até hoje, super realizado
profissionalmente.
Assim, venho aprimorando nossos PDFs ao longo desses anos e este material procura
sintetizar toda essa experiência adquirida como concurseiro e como professor.
Espero que goste e que seja decisivo em sua aprovação.

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TRIBUTAÇÃO

1. TRIBUTAÇÃO

1.1. INTRODUÇÃO

A Tributação (T) compreende:


Impostos Indiretos: aqueles que incidem sobre as transações econômicas de bens
e serviços, a exemplo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISS);
Impostos Diretos: aqueles que incidem sobre o patrimônio e a renda das pessoas,
físicas e jurídicas, como o Imposto de Renda (IR), o Imposto sobre a Propriedade Predial e
Territorial Urbana (IPTU), o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);
Contribuições à Previdência Social: aqui devem ser computadas tanto a parte do
empregador quanto a do empregado.
Outras receitas de governo: aqui entrariam, por exemplo, receitas com taxas e
multas diversas.

Os princípios e classificações dos tributos, na disciplina Economia e Finanças Públicas,


não objetivam substituir os princípios e as classificações doutrinárias presentes na
disciplina Direito Tributário. Nosso foco aqui é voltado para os aspectos econômicos
envolvidos na tributação.

1.2. PRINCÍPIOS DA TRIBUTAÇÃO

1.2.1. PRINCÍPIO DA PRODUTIVIDADE


O volume de arrecadação do tributo deve ser maior do que os custos de sua obtenção.

1.2.2. PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE


O tributo não deve provocar mudança nos preços relativos da economia, de modo a
manter inalterada a alocação dos recursos. Um imposto é considerado neutro à medida
que modifica os preços da economia na mesma proporção.

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1.2.3. PRINCÍPIO DA EQUIDADE

O tributo deve onerar o contribuinte segundo suas posses e de acordo com os benefícios
que cada um recebe pela disponibilidade dos serviços públicos.
A equidade pode ser horizontal, como a isonomia aplicada a agentes econômicos de
mesma renda, ou vertical, em que temos uma tributação distinta para agentes com rendas
diferentes, sendo uma forma de exercício da função distributiva.

1.2.4. PRINCÍPIO DA CAPACIDADE DE CONTRIBUIÇÃO (DE PAGAMENTO)

Cada contribuinte deve pagar segundo seus ganhos e sua propriedade. Expressa o
caráter progressivo do imposto através de incidência de alíquotas crescentes sobre a
base de cálculo. Os exemplos clássicos para esse princípio são os impostos que recaem
sobre a renda e o patrimônio, como o Imposto de Renda e o IPTU.

1.2.5. PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE

O governo deve adotar um sistema tributário de fácil assimilação e gestão, tanto por
sua parte quanto por parte da sociedade.

1.2.6. PRINCÍPIO DA DERIVAÇÃO

A tributação deve incidir no local da origem do fato gerador do tributo, gerando


maior simplicidade na tributação.

1.2.7. PRINCÍPIO DO BENEFÍCIO

Vincula o valor do tributo ao benefício ofertado pelo governo, estando relacionado ao


financiamento de serviços disponibilizados pelo Estado via exercício de sua função alocativa.

1.2.8. PRINCÍPIO DA GENERALIDADE

Com aplicação destacada no Imposto de Renda, a ideia é que deve incidir sobre as
rendas e os proventos de qualquer pessoa. O Imposto de Renda deve incidir e ser cobrado,
tanto quanto possível, de todas as pessoas, mas respeitando o princípio da capacidade
contributiva.

1.3. CURVA DE LAFFER


Consiste num gráfico que demonstra que uma tributação exagerada acaba por ser
ineficaz em termos de receita fiscal.

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Essa conclusão pode ser explicada por diversos motivos, tais como:
1. em uma situação de taxas de imposto progressivas (como acontece com o Imposto
de Renda no Brasil), a partir de certa altura, os trabalhadores preferem não aumentar
o seu nível de atividade profissional e ficar numa taxa de imposto mais baixa;
2. um aumento exagerado das taxas de imposto sobre a despesa poderá desestimular
o consumo e o investimento, levando à redução da receita fiscal em lugar do seu aumento;
3. quanto maior for a carga fiscal, maior é o incentivo às práticas de fuga e
evasões fiscais.

Existe um ponto ótimo para a tributação, o qual é representado no gráfico seguinte


pelo ponto E. Observe que a taxa ótima (te) é responsável pelo maior volume de arrecadação.
Já nos pontos em que a taxa (ou alíquota) de tributação é superior ou inferior a esse ponto
na curva, a arrecadação é menor.

A curva de Laffer, também chamada curva reversa, ocorre em virtude de dois efeitos
contrários:
Efeito-Substituição: conforme diminui a renda líquida do indivíduo em virtude da
tributação, o trabalhador decide trabalhar menos horas e aumentar as horas de lazer. O
efeito-substituição afeta negativamente a oferta de trabalho.
Efeito-Renda: conforme diminui a renda líquida do indivíduo em virtude da tributação,
o trabalhador decide trabalhar mais horas para aumentar a renda líquida. O efeito-renda
afeta positivamente a oferta de trabalho.

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1.4. PESO MORTO DA TRIBUTAÇÃO X ÓTIMO DE PARETO


O “peso morto” da tributação está relacionado ao custo social dos tributos. A ideia
aqui é que quanto maior a tributação, em regra, maior o peso morto, ou seja, a produção
perdida. Trata-se, na verdade, de uma forma de ineficiência econômica.
Essa ineficiência corresponde à perda gerada para a economia como um todo, medida
pela perda de excedente do consumidor e pela perda de excedente do produtor que não
são compensadas pelo ganho de arrecadação tributária do governo.
Em função dessa ineficiência, a quantidade comercializada é menor do que se não
tivessem os respectivos tributos envolvidos, já que o tributo sobre bens e serviços acaba
por reduzir o bem-estar de consumidores e produtores.

E qual o efeito disso, professor?

Queda no mercado como um todo!

Resumo da ópera: o peso morto da tributação está caracterizado quando o ganho


gerado para um agente econômico é menor que a perda causada na economia.
A eficiência de Pareto, no âmbito da Economia, é uma noção de que a eficiência
é considerada ótima se não for possível melhorar a situação sem prejudicar/
degradar a mesma.

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1.5. NATUREZA FISCAL X EXTRAFISCAL DA TRIBUTAÇÃO


Um tributo tem natureza fiscal quando é usado apenas para arrecadar, ou seja, esse foco
em arrecadar se dá tanto para tributos vinculados ou não vinculados. Um tributo é vinculado
quando o Estado arrecada para prestar um serviço em contrapartida à arrecadação, como
no caso das taxas. Já no segundo caso, o Estado arrecada sem qualquer contraprestação
estatal específica à arrecadação, como no caso do Imposto de Renda.
A presença da natureza extrafiscal em um tributo ocorre quando o Estado não visa
apenas à arrecadação, mas também à intervenção na sociedade e na economia. Assim,
poderá lançar-se mão de um tributo extrafiscal, no sentido de evitar que uma atividade
prejudicial à economia aumente sua capacidade.
Já o tributo parafiscal é aquele cujo objetivo é a arrecadação de recursos para o
custeio de atividade que, em princípio, não integra funções próprias do Estado, mas este
as desenvolve através de entidades específicas, a exemplo dos sindicatos, OAB, Sesi, Sesc,
contribuições cobradas de servidores públicos para custeio de sistemas de previdência etc.
Com a existência de externalidade negativa, como indústrias altamente poluidoras ou
produtos que prejudicam a saúde do usuário (cigarros, por exemplo), o governo sente-se
obrigado a elevar a carga tributária desses via aumento do custo de produção e do preço
final (pelo menos parcialmente). A receita proveniente da tributação deve ser aplicada de
modo a amenizar ou eliminar o efeito nocivo sobre a sociedade. A essa receita chamamos
de imposto de Pigou.
Em contraste, temos o subsídio, chamado frequentemente de imposto negativo,
quando o governo desembolsa valores com o objetivo de aumentar a produção e causar a
queda do preço do bem ou serviço para o consumidor. A política de subsídio é utilizada
para mercados com externalidade positiva, como educação e pesquisa, cujos efeitos são
benéficos para toda a sociedade.

1.6. ÔNUS DA TRIBUTAÇÃO, ELASTICIDADES E REGRA DE RAMSEY


O ônus da tributação normalmente é repartido entre consumidores e produtores em
proporções que variam a depender de suas respectivas elasticidades.
A regra é que o lado menos elástico é onerado em maior grau pela tributação,
enquanto o lado mais elástico é menos onerado com a tributação.

Em relação à repartição do ônus tributário entre produtores e consumidores, guarde:


1. Se a demanda for totalmente elástica, os produtores arcam com tudo.
2. Se a demanda for totalmente inelástica, os consumidores arcam com tudo.
3. Se a oferta for totalmente elástica, os consumidores arcam com tudo.
4. Se a oferta for totalmente inelástica, os produtores arcam com tudo.

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A chamada “regra de Ramsey” faz um link entre as teorias de tributação e a


elasticidade. Ao desejar a neutralidade, privilegiando a eficiência econômica, de modo a
intervir o mínimo possível na alocação de recursos, sem causar ineficiências, o governo
deve tributar bens de demanda/oferta inelástica, já que, dessa forma, o peso morto
será menor (regra do inverso das elasticidades).

1.7. CARGA TRIBUTÁRIA E SUA EVOLUÇÃO NO BRASIL

Carga Fiscal ou Carga Tributária Bruta: relação entre a totalidade de tributos pagos
pela sociedade e o Produto Interno Bruto (PIB).
Carga Tributária Líquida: relação entre a carga tributária bruta, menos as transferências
correntes às famílias e os subsídios, e o PIB.
Carga Tributária Efetiva: carga tributária recolhida aos cofres públicos.

Uma carga fiscal é considerada progressiva quando o resultado, após cobrança dos
tributos, gera uma melhor distribuição de renda na sociedade. Já uma carga fiscal regressiva
é aquela que, após a tributação, provoca uma maior concentração de renda na sociedade.
Resumo da ópera: a progressiva melhora, desconcentra, distribui a renda, e a regressiva
piora, concentra a renda.
Uma carga fiscal neutra ou proporcional não altera a distribuição de renda da sociedade.
A carga fiscal é chamada de ótima quando o sistema tributário é equitativo e neutro, isto é,
obedece aos princípios da neutralidade e da equidade, o que, na prática, é quase impossível.

1.8. INTERFERÊNCIA DA TRIBUTAÇÃO NA ECONOMIA


A interferência dos tributos na alocação de recursos na economia ocorre pelo fato de
o sistema tributário não ser neutro, fato que gera um custo de eficiência conhecido como
excesso de gravame, que corresponde à diferença entre o custo econômico (perda total
do bem-estar) e o montante arrecadado pelo governo.

Os tributos podem interferir no mercado de três maneiras diferentes:


a) tornando o mercado ineficiente: na escolha dos bens a serem consumidos ou
produzidos;
b) na escolha do momento para consumo ou produção; e
c) na escolha entre trabalho e lazer.

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1.9. EFEITOS DO CRESCIMENTO E DA INFLAÇÃO NA CARGA FISCAL


O principal efeito do crescimento econômico na carga fiscal é o seu aumento, pois,
com o crescimento econômico, ocorre uma elevação da renda dos indivíduos, e uma parcela
maior da renda será tributada pelas maiores alíquotas do imposto sobre a renda.
No que tange à distribuição da carga fiscal, o crescimento da economia pode ter diversos
efeitos dependendo da forma desse crescimento: maior concentração ou maior distribuição
de renda em relação à situação anterior ao crescimento.

1.9.1. EFEITOS DA INFLAÇÃO


Também conhecido como “efeito tabela”, nada mais é do que o efeito da inflação
na distribuição da carga fiscal. É a distorção na distribuição da carga fiscal causada por
diferenças entre as variações na renda dos indivíduos e no reajuste das tabelas de tributação
do imposto de renda.

1.9.2. IMPOSTO INFLACIONÁRIO


É a desvalorização contínua dos recursos em poder dos contribuintes (que não estão
aplicados em nenhum investimento), como, por exemplo, o dinheiro depositado em conta
corrente, visto que, ao longo do tempo, devido à alta dos preços, passam a ter um poder
de compra cada vez menor.
Uma característica importante do imposto inflacionário é o seu caráter altamente
regressivo, pois as classes com renda mais baixa são as mais prejudicadas, por possuírem
poucas possibilidades de aplicar seus escassos recursos no mercado financeiro para se
proteger da inflação.
Como o imposto inflacionário acaba sendo uma tributação indireta, não pode ter sua
“alíquota” aumentada indiscriminadamente (grandes taxas de inflação), pois isso causaria
uma retração da demanda por depósitos em conta corrente, que não são indexados (encaixes
bancários) e, consequentemente, o governo perderia uma de suas fontes de financiamento
(emissão de moeda).

1.9.3. RECEITA DE SEIGNIORAGE


É o lucro do governo decorrente do monopólio da emissão de moeda (aumento da base
monetária). A seigniorage (ou receita de senhoria) é necessária, pois, com a inflação e o
consequente aumento generalizado de preços, torna-se necessário aumentar o volume de
dinheiro no mercado, o que é feito através da emissão de moeda.

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1.9.4. EFEITO TANZI


O Efeito Tanzi é a perda real do valor da arrecadação tributária em virtude da inflação
quando ocorre inflação no interregno entre a ocorrência do fato gerador do tributo e o seu
recolhimento aos cofres governamentais.

Veja algumas soluções adotadas no Brasil, em períodos de inflação, para atenuar o


efeito Tanzi:
• Redução do prazo de recolhimento dos tributos;
• Indexação da base de cálculo e do imposto a recolher (o valor a ser cobrado do
imposto era expresso em UFIR – Unidade Fiscal de Referência, cujo valor se alterava
de acordo com a inflação).

1.10. CLASSIFICAÇÕES E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS TRIBUTOS

1.10.1. IMPOSTOS DIRETOS X IMPOSTOS INDIRETOS

Impostos Diretos – são tributos que incidem sobre a pessoa do contribuinte, e não
sobre os bens ou serviços consumidos. O exemplo clássico de um imposto direto é o
Imposto de Renda, cuja incidência ocorre diretamente sobre a remuneração do contribuinte.
Impostos Indiretos – referem-se aos tributos que incidem sobre os bens e serviços
consumidos pelo contribuinte. Os exemplos de impostos indiretos clássicos são o ICMS,
o ISS e o IPI.

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1.10.2. IMPOSTOS PROGRESSIVOS X IMPOSTOS REGRESSIVOS

Impostos Progressivos – são aqueles cuja alíquota eleva-se à medida que o valor de
referência aumenta. Podemos citar como exemplo o Imposto de Renda, cujas alíquotas
são estabelecidas de forma crescente, por faixa de renda, ou seja, quanto maior a renda
de uma pessoa física, maior a alíquota do IR.
Impostos Regressivos – são aqueles impostos cuja alíquota diminui à medida que
o valor de referência aumenta.
O imposto proporcional é aquele imposto em que os contribuintes com altas rendas
e aqueles com rendas menores pagam a mesma fração de sua renda, ou seja, pagam
na mesma proporção da sua renda.

1.10.3. IMPOSTO SOBRE O CONSUMO: EM CASCATA X SOBRE O VALOR ADICIONADO

O imposto que incide sobre o consumo se aplica sobre bens selecionados consumidos
dentro de um país. O imposto pode ser recolhido do produtor, do fabricante, do atacadista,
do importador ou no ponto de venda final ao consumidor.

Os impostos incidentes sobre o consumo podem ser de dois tipos, de acordo com
a base da tributação: específicos ou ad valorem.
Os impostos de consumo específicos são aplicados por quantidade, tal como no caso
do cigarro, o maço ou o quilo (exemplo: $ 1,50 por maço, independentemente do preço).
Também são denominados ad rem (sobre a coisa).
Já os impostos de consumo ad valorem são aplicados como uma porcentagem do
valor do produto. Podemos exemplificar com o valor do produto medido pelo preço do
fabricante (exemplo: 30% do preço do fabricante), ou pelo preço pago pelos consumidores
(exemplo: 20% do preço de varejo). É a situação mais comum que vemos no nosso dia a dia.

1.10.3.1. IMPOSTO SOBRE CONSUMO CHAMADO DE “EM CASCATA”

Um imposto sobre consumo chamado de “em cascata” é aquele imposto que incide
sobre todas as etapas de fabricação de um produto, de modo cumulativo. Ao incidir
sobre cada etapa da cadeia produtiva, esse imposto acaba sendo incidido sobre o próprio
imposto que foi pago na etapa anterior — daí o famoso efeito cascata.
Em contraste, temos os chamados impostos monofásicos, que não geram efeito
cascata, normalmente incidindo apenas sobre o consumo final. Tivemos nesses moldes o
IVV – Imposto sobre Vendas a Varejo, o qual não existe mais em nosso País.

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1.10.3.2. IMPOSTO SOBRE VALOR ADICIONADO


Por definição, valor adicionado bruto é a diferença entre o valor da produção de uma
unidade produtiva e o valor do seu consumo intermediário.
O valor do consumo intermediário consiste no valor dos bens e serviços consumidos
como elementos de um processo de produção, excluindo os ativos fixos, mas incluídos os
bens e serviços consumidos em atividades auxiliares — como, por exemplo, compra, venda,
armazenamento, contabilidade, manutenção e marketing —, ou seja, o que na literatura
sobre o ICMS convencionou-se chamar de bens de uso e consumo.
Caso se subtraia do valor da produção também o valor do consumo de capital fixo,
que é o declínio no valor do estoque de ativos fixos durante o período de produção devido
à deterioração física, obsolescência ou dano acidental, obtém-se o conceito de valor
adicionado líquido.
O exemplo clássico de imposto sobre o valor adicionado é o famoso IVA – Imposto sobre
Valor Adicionado, que ainda não foi implantado no Brasil, mas que existe em muitos países.

Guarde que os métodos de cálculo do IVA podem ser resumidos em 3: o da adição


(direto), o da subtração (indireto) e o do crédito.
De acordo com o método da adição, o IVA é calculado somando-se todos os pagamentos
a fatores de produção, incluindo lucros auferidos no período, e pela aplicação da alíquota
devida ao resultado.
Usando o método da subtração, o IVA é calculado pela subtração do total das vendas
pelo total das compras, aplicando-se sobre esse resultado a alíquota do IVA, que resulta
no imposto a pagar.
Por fim, no método do crédito fiscal, o IVA é calculado aplicando-se ao total das
vendas do período a alíquota do IVA, e reduzindo-se desse resultado o valor resultante da
aplicação da alíquota no total de compras executadas no mesmo período, funcionando,
assim, como crédito.

É importante saber que o ICMS também é considerado um imposto sobre o valor


adicionado, já que o valor do consumo intermediário gera créditos na sua entrada para
serem deduzidos dos débitos decorrentes das vendas. Mas isso é assunto para o Direito
Tributário, ou melhor, para a legislação específica do ICMS.
No que diz respeito à disputa acerca de quem fica com o ônus sobre um eventual
aumento da alíquota de um tributo, se o produtor ou o consumidor, de uma maneira
geral, a direção e o grau de transferência de impostos indiretos dependem da tecnologia
de produção, das elasticidades da oferta e da demanda para o bem tributado e da
estrutura do mercado onde os impostos são cobrados.

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1.10.4. BASE DE INCIDÊNCIA DA TRIBUTAÇÃO

No que diz respeito à Base de Incidência, os tributos incidem sobre a renda, incluindo
o salário que é a renda do trabalho e a renda de juros, lucros e aluguéis, sobre o consumo
e sobre o patrimônio.
Importante registrar que a tributação sobre o consumo onera mais os contribuintes
de menor renda, pois um consumidor pobre que compra uma mercadoria paga o mesmo
tributo que um consumidor rico. O Brasil é um país injusto em que a sua maior base de
tributação é o consumo, enquanto os países desenvolvidos, em regra, concentram a
tributação sobre a renda, o lucro e o patrimônio, de modo proporcional, ou seja, a população
de renda mais alta tem maior carga tributária.

Uma diferença crucial entre os impostos diretos e os indiretos em relação à maneira


pela qual afetam o contribuinte: os diretos seriam os tributos cujos contribuintes arcam
por si mesmos com o ônus compulsório da respectiva contribuição; e os indiretos, os
tributos para os quais os contribuintes poderiam transferir, total ou parcialmente, o
ônus da contribuição para terceiros.

Vale destacar também que, frequentemente, impostos indiretos são arrecadados em


vários estágios do processo de produção e venda, de forma que seus efeitos sobre os
preços pagos pelo consumidor final da cadeia de transações não são facilmente mensuráveis.

1.10.5. IMPOSTO REAL X IMPOSTO PESSOAL

O imposto pessoal leva em consideração a qualidade individual do contribuinte, sua


capacidade contributiva, enquanto o imposto real leva em consideração apenas a matéria
tributável, com total abstração das condições individuais de cada contribuinte.

1.10.6. TRIBUTO DO TIPO EXCISE TAX X TRIBUTO LUMP SUM

Um tributo do tipo excise tax é aquele em que temos a aplicação de uma sobretaxa
tributária acrescentada ao preço de cada unidade de um produto. Normalmente são
aplicados sobre bens supérfluos e/ou nocivos à saúde, como cigarros.
Já um imposto do tipo lump sum é um imposto fixo per capita, que por ser entendido
como tributo de soma fixa, correspondendo a um valor fixo que não depende da quantidade
produzida ou vendida. É considerado como regressivo, sendo maior, proporcionalmente,
para aqueles que produzem e vendem menos.

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1.11. CONCEITOS AVANÇADOS DE TRIBUTAÇÃO


Cunha Fiscal – é a diferença decorrente da tributação dos salários, ou seja, corresponde
ao “tamanho” do tributo incidente sobre a folha de pagamentos, considerando que o salário
que o empregador paga é superior ao que o funcionário recebe.
Flat Tax – é um termo em inglês que se refere a um tributo fixo, um imposto com taxa
única sobre a matéria tributável, ou seja, sua incidência é uniforme, padrão.
IVA Dual – Imposto Sobre Valor Agregado Dual – vem sendo debatido no Congresso
Nacional no âmbito da Reforma Tributária, estando prevista uma Contribuição sobre Bens
e Serviços (CBS), federal, substituindo PIS e Cofins, e um Imposto sobre Bens e Serviços
(IBS), subnacional, em substituição ao ICMS (estadual) e ao ISS (municipal). A implantação
do IVA Dual visa unificar a cadeia de impostos, sendo uma forma de tributação de bens
e serviços de forma proporcional ao preço oferecido, ou seja, uma porcentagem aplicada
sobre o valor.
Imposto de Renda Dual – note que, de forma similar ao IVA, no âmbito do Imposto de
Renda, já temos a presença dessa dualidade quando existe uma separação bem definida entre
o IRPF – Imposto de Renda da Pessoa Física e o IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.
Transferências dos impostos para frente – deve-se partir da perspectiva do produtor
de determinado bem ou serviço. Ocorre quando um produtor consegue transferir a maior
parte do tributo para o comprador final.
Transferências dos impostos para trás – ocorre quando o produtor não consegue
transferir a maior parte do imposto para o comprador final, em função da elasticidade.
Nessas situações, o produtor tenta transferir o ônus tributário para seus fornecedores,
prestadores de serviços e funcionários, de modo a reduzir seus custos para que possa
sacrificar seu lucro o mínimo possível.
Alíquota marginal e alíquota média de tributos – basicamente a alíquota média é
o tributo total pago dividido pela renda total, enquanto a alíquota marginal é o tributo
adicional pago sobre cada valor adicional da renda.
Tarifa (Preço Público) e sua distinção da taxa (tributo) – taxa (tributo) e preço público
(ou tarifa) não se confundem, pois enquanto a taxa é, de fato, uma espécie tributária
constitucionalmente definida, se submetendo, assim, às regras do Direito Público, o preço
público é regido por um regime de natureza contratual, passível de flexibilização e de
pagamento facultativo.
Praticabilidade Tributária – técnicas de aplicação/criação de normas tributárias pelo
Estado que focam na eficiência procedimental da máquina pública arrecadatória, incluindo
a delegação, a generalização e a sintetização.
Bracket Creep – termo australiano utilizado para significar um processo em que a inflação
empurra salários para faixas de impostos mais altas, levando ao aumento da tributação.

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Podemos identificar essa situação no Brasil dos últimos anos, quando a tabela do Imposto
de Renda da Pessoa Física ficou congelada por muitos anos, enquanto a reposição das
perdas inflacionárias fez com que os valores nominais dos salários subissem.
Teoria do Sacrifício Tributário – a ideia dessa construção teórica é a de que o ônus de
sustentar o Estado deve ser compartilhado de forma proporcional, ou seja, o sacrifício de
pagar tributos deve ser o mesmo para quem ganha um salário mínimo e para quem ganha
um milhão de reais por mês. Nesse sentido, a progressividade da tributação e a capacidade
contributiva se mostram como instrumentos adequados para alcançar a justiça fiscal,
pois, através dos elementos de mensuração de capacidade contributiva, é possível que se
estabeleça uma progressividade nos tributos, fazendo com que quem ganha mais suporte
uma parcela maior de ônus e pague um valor maior de tributo.

2. FEDERALISMO FISCAL NO BRASIL


O federalismo fiscal no Brasil está intimamente relacionado à nossa estrutura
tributária.
Vivemos em uma República Federativa e, nesse sentido, o aspecto tributário é muito
relevante no que diz respeito à repartição das competências tributárias, bem como das
respectivas fontes de receita entre os entes federados.

O chamado Pacto Federativo é um acordo firmado entre a União e os estados federados


no qual estão estabelecidas as funções, os direitos e os deveres dos entes, especialmente
a repartição das receitas e das responsabilidades entre os entes.
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A repartição das competências tributárias e das receitas está regulada no texto da


nossa Constituição Federal de 1988, nos arts. 145 a 162.
Na prática, o Pacto Federativo brasileiro centralizou o poder na capital federal e distribuiu
os recursos arrecadados de maneira questionada, gerando guerras fiscais entre os estados.
Os estados são obrigados a reduzir arrecadação para atrair empresas, em contraste com
a majoração frequente dos tributos.
Diante desse quadro, a Emenda Constitucional n. 132/2023, que instituiu a Reforma
Tributária, modificou bastante a nossa Constituição Federal de 1988, com forte impacto
no Federalismo Fiscal brasileiro.

REFORMA TRIBUTÁRIA – EC 132/2023


• Inovou ao agregar a sustentabilidade ambiental e a defesa do meio ambiente, com
menção expressa à redução das emissões de carbono em seu art. 43, § 4º.
• Reforçou princípios da tributação: simplicidade, transparência, justiça tributária
e cooperação.
• No que diz respeito ao federalismo fiscal, gradual extinção dos tributos repartíveis
(IPI e ICMS), novas regras foram estabelecidas.
• Da parte do IBS – Imposto sobre Bens e Serviços, que é distribuído aos estados
e ao DF, 25% (vinte e cinco por cento) devem ser distribuídos aos municípios de
acordo com critérios (art. 158, IV e § 2º) baseados na proporção da população, em
indicadores de aprendizagem e equidade, em indicadores de preservação ambiental
e em partes iguais para todos os municípios.
• 10% (dez por cento) do IBS devem ser destinados aos estados e ao DF, proporcionalmente
ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. Desse valor, 25%
(vinte e cinco por cento) devem ser distribuídos aos municípios (art. 59, II).
• Foi criado o chamado “conselhão”, apelido dado ao comitê gestor do IBS, que terá
representação paritária entre estados, DF e municípios.
• Também foi criado o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (art. 159-A),
cujo foco é reduzir as desigualdades regionais, mediante a entrega de recursos da
União aos estados e DF.

2.1. CORRENTES TEÓRICAS SOBRE O FEDERALISMO FISCAL

2.1.1. NORMATIVA
É a favor do governo local e prefere os possíveis defeitos das instituições locais ao
centralismo, o que implica o estabelecimento de um sistema de arrecadações próprias e
partilhadas.
O foco é distribuir racionalmente, entre os entes, as competências tributárias e as
responsabilidades no tocante à provisão de bens públicos. Da diferença entre a capacidade
de tributar e a de gastar surgem as transferências intergovernamentais.

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2.1.2. FLYPAPER EFFECT


Sistema estruturado na arrecadação centralizada de tributos, com posterior
redistribuição mediante transferências do governo nacional para os governos subnacionais,
podendo ocasionar gastos excessivos.
Existe a possibilidade de o governo local aumentar seus dispêndios sem que ocorra
elevação na tributação, tendo em vista que os recursos arrecadados – para viabilizar as
transferências – provêm de uma base que engloba todo o País.
Assim, o crescimento no gasto será maior para um aumento das transferências
intergovernamentais comparativamente ao crescimento decorrente de majoração da
arrecadação tributária local.

2.1.3. MARKET PRESERVING FEDERALISM


Abordagem neoliberal e é sinônimo de federalismo competitivo, pois encara a “competição”
como instrumento de eficiência no gasto público.
Isso requer a efetivação de programas de investimentos e implica uma “competição”
intrínseca às ações governamentais e, não raro, “guerras” fiscais.

2.1.4. CHARLES TIEBOUT


O autor dessa corrente constatou que o nível de gasto e a sua composição diferem
entre localidades. Logo, as pessoas escolherão residir nos locais em que a oferta de bens
públicos satisfaça as suas preferências.
O modelo presume que as pessoas têm a liberdade de se locomover entre as municipalidades
e que possuem completo conhecimento da estrutura tributária dos diversos municípios.

Os pressupostos do modelo de Tiebout são:


1. O equilíbrio é atingido quando as pessoas decidem residir nas comunidades que
melhor satisfazem as suas preferências.
2. Nenhuma externalidade é produzida a partir do comportamento dos governos locais.
3. Há mobilidade total dos indivíduos e perfeita informação dos agentes no tocante
às comunidades.
4. Há um número considerável de localidades para que a pessoa possa encontrar
alguma que satisfaça plenamente suas demandas por bens públicos.
5. Se a quantidade de serviços públicos aumenta, seu custo aumenta na mesma
proporção.
6. Os serviços públicos são financiados mediante tributação direta.

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2.1.5. TEORIA DE OATES


O federalismo funciona como instrumento de cooperação entre níveis de governo.
Assim, a divisão de tarefas deveria ser de acordo com a abrangência territorial do bem
público. Dessa forma, os governos locais conheceriam melhor as preferências de seus
cidadãos do que o governo central.
Enquanto Tiebout se apoiava na mobilidade como mecanismo para revelar as preferências
dos indivíduos, Oates defende que o governo local possui melhores condições de conhecer
tal preferência.
– Dilema da descentralização fiscal: jurisdições grandes são capazes de gerar ganhos
de escala em termos de benefícios, porém as jurisdições pequenas podem oferecer
bens públicos mais próximos da preferência cidadão.

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