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SL-089FV-21

CÓD: 7908433201496

IBGE
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

Agente Censitário Municipal (ACM) e


Agente Censitário Supervisor (ACS)
EDITAL Nº 001/2020
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Domínio da ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de
outros elementos de sequenciação textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Emprego de tempos e modos verbais Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras. . . . . . 15
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. 5.3 Relações de subordinação entre orações e entre termos da
oração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
6. Emprego dos sinais de pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
7. Concordância verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
8. Regência verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
9. Emprego do sinal indicativo de crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
10. Colocação dos pronomes átonos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
11. Reescrita de frases e parágrafos do texto. Significação das palavras. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da
estrutura de orações e de períodos do texto. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. . . . . . . . . . . . . . . 28

Raciocínio Lógico Quantitativo


1. Estruturas lógicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lógica de argumentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Diagramas lógicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Aritmética. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5. Leitura e interpretação de tabelas e gráficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Ética no Serviço Público


1. Código de Ética do IBGE (disponível no endereço eletrônico https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98031.pdf e no http://
www.cebraspe.org.br/concursos/ibge_20_recenseador para download) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 8.112/1990 e suas alterações (art. 116, incisos I a IV, inciso V, alíneas a e c, incisos VI a XII e parágrafo único; art. 117, incisos I a
VI e IX a XIX; art. 118 a art. 126; art. 127, incisos I a III; art. 132, incisos I a VII, e IX a XIII; art. 136 a art. 141; art. 142, incisos I, primeira
parte, II e III, e § 1º a §4º) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03

Noções de Administração/ Situações Gerenciais


1. Aspectos gerais da administração. Organizações como sistemas abertos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Funções administrativas. Planejamento, organização, direção e controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Motivação, comunicação e liderança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4. Processo decisório e resolução de problemas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5. Noções básicas de gerência e gestão de organizações e de pessoas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6. Eficiência e funcionamento de grupos. O indivíduo na organização: papéis e interações. Trabalho em equipe. Equipes de tra-
balho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7. Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e delegação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
8. Avaliação de desempenho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
9. Compromisso com a qualidade nos serviços prestados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

Conhecimentos Técnicos
1. Conhecimentos técnicos aplicados no Censo Demográfico 2021 (Apostila – “Estudos dos Conhecimentos Técnicos” disponível no
endereço http://www.cebraspe.org.br/concursos/ibge_20_recenseador para download . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Domínio da ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de
outros elementos de sequenciação textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Emprego de tempos e modos verbais Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras. . . . . . 15
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. 5.3 Relações de subordinação entre orações e entre termos da
oração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
6. Emprego dos sinais de pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
7. Concordância verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
8. Regência verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
9. Emprego do sinal indicativo de crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
10. Colocação dos pronomes átonos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
11. Reescrita de frases e parágrafos do texto. Significação das palavras. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da
estrutura de orações e de períodos do texto. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. . . . . . . . . . . . . . . 28
LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E com a não-verbal.
GÊNEROS TEXTUAIS

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
Percebeu a diferença? este processo é intertextualidade.

Tipos de Linguagem Interpretação de Texto


Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
facilite a interpretação de textos. uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela de um texto.
pode ser escrita ou oral. A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta-
do, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, - Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto-
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. gráficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po-
lêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa-
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto.

1
LÍNGUA PORTUGUESA
– Separe fatos de opiniões. CACHORROS
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu- Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
tável). espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
– Retorne ao texto sempre que necessário. seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
enunciados das questões. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
– Reescreva o conteúdo lido. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
picos ou esquemas. casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu- Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
distração, mas também um aprendizado. to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. As informações que se relacionam com o tema chamamos de
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
do texto. fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica- capaz de identificar o tema do texto!
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na
prova. Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi- -secundarias/
ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can-
didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca TEXTOS VARIADOS
extrapole a visão dele.
Ironia
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo novo sentido, gerando um efeito de humor.
significativo, que é o texto. Exemplo:
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atra-
ído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia verbal NERO EM QUE SE INSCREVE
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
intenção são diferentes. pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Ironia de situação Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Busca de sentidos
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
morte. os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
apreensão do conteúdo exposto.
Ironia dramática (ou satírica) Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
textos literários quando a personagem tem a consciência de que citadas ou apresentando novos conceitos.
suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- entrelinhas. Deve-seater às ideias do autor, o que não quer dizer
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a Importância da interpretação
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Humor pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- específicos, aprimora a escrita.
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
rer algo fora do esperado numa situação. ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
acessadas como forma de gerar o riso. presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apre-
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em ensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira alea-
tória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
berdade para quem recebe a informação.
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O Fato
leitor tira conclusões subjetivas do texto. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Gêneros Discursivos uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou Exemplo de fato:
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma A mãe foi viajar.
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Interpretação
dárias. É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente sas, previmos suas consequências.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
encaminham-se diretamente para um desfecho. ças sejam detectáveis.

Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- Exemplos de interpretação:


do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tro país.
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um do que com a filha.
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
curto. Opinião
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para que fazemos do fato.
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
como horas ou mesmo minutos. do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de anteriores:
imagens. A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto do que com a filha. Ela foi egoísta.
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
vencer o leitor a concordar com ele. Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas mos expressando nosso julgamento.
de destaque sobre algum assunto de interesse. É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
analisamos um texto dissertativo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: NÍVEIS DE LINGUAGEM
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
com o sofrimento da filha. Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
e o do leitor. o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Parágrafo incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- e caem em desuso.
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- Língua escrita e língua falada
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
sentada na introdução. falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.

Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz Linguagem popular e linguagem culta
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
prova. presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e o diálogo é usado para representar a língua falada.
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até Linguagem Popular ou Coloquial
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto- expressão dos esta dos emocionais etc.
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as A Linguagem Culta ou Padrão
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí- É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
odo, e o tópico que o antecede. se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
para a clareza do texto. escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
sem coerência.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- Gíria
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es- arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
mais direto. gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário comportamentos, nas leis jurídicas.
de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, Características principais:
“mina”, “tipo assim”. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
Linguagem vulgar do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
comida”. Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
Linguagem regional ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
perior para formação de oficiais.
Tipos e genêros textuais
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem Tipo textual expositivo
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou pode ser expositiva ou argumentativa.
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
exemplos e as principais características de cada um deles. sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
Tipo textual descritivo
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo Características principais:
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
um movimento etc. mar.
Características principais: • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função de ponto de vista.
caracterizadora. • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu-
meração. Exemplo:
• A noção temporal é normalmente estática. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
ção. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. terminado tema.
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún-
ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Exemplo:
Era uma casa muito engraçada Tipo textual dissertativo-argumentativo
Não tinha teto, não tinha nada Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Ninguém podia entrar nela, não sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Porque na casa não tinha chão apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Ninguém podia dormir na rede clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Porque na casa não tinha parede tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Ninguém podia fazer pipi (leitor ou ouvinte).
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero
(Vinícius de Moraes)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Características principais: GÊNEROS TEXTUAIS
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté- de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
gestão/solução). síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e ais que neles predominam.
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Descritivo Diário
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Relatos (viagens, históricos, etc.)
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Biografia e autobiografia
Notícia
Exemplo: Currículo
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Lista de compras
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Cardápio
administração política (tese), porque a força governamental certa- Anúncios de classificados
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Injuntivo Receita culinária
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Bula de remédio
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Manual de instruções
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Regulamento
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Textos prescritivos
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Expositivo Seminários
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Palestras
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Conferências
cobrança efetiva (conclusão). Entrevistas
Trabalhos acadêmicos
Tipo textual narrativo Enciclopédia
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Verbetes de dicionários
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Carta de opinião
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Resenha
Artigo
Características principais: Ensaio
• O tempo verbal predominante é o passado. Monografia, dissertação de
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- mestrado e tese de doutorado
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
Narrativo Romance
onisciente).
Novela
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em
Crônica
prosa, não em verso.
Contos de Fada
Fábula
Exemplo:
Lendas
Solidão
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- nitos e mudam de acordo com a demanda social.
rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Nelson S. Oliveira INTERTEXTUALIDADE
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurre- A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
ais/4835684 seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
ambos: forma e conteúdo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
provérbios, charges, dentre outros. mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
Tipos de Intertextualidade domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- enunciador está propondo.
ticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
significa a “repetição de uma sentença”. admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha mento de premissas e conclusões.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) A é igual a B.
e “graphé” (escrita). A é igual a C.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção Então: C é igual a A.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- que C é igual a A.
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Outro exemplo:
“citação” (citare) significa convocar. Todo ruminante é um mamífero.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros A vaca é um ruminante.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Logo, a vaca é um mamífero.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são o Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ARGUMENTAÇÃO a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
propõe. instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir outro fundado há dois ou três anos.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
vista defendidos. pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas der bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
sos de linguagem. na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
escolher entre duas ou mais coisas”. não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
zado numa dada cultura.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Argumento Argumento quase lógico
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
mento. Exemplo: chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
Argumento de Autoridade elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur- Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
dadeira. Exemplo: tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para indevidas.
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
cimento. Nunca o inverso. Argumento do Atributo
Alex José Periscinoto. É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- que é mais grosseiro, etc.
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
acreditar que é verdade. tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
de.
Argumento de Quantidade Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
largo uso do argumento de quantidade. dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
Argumento do Consenso de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não
por bem determinar o internamento do governador pelo período
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
tal por três dias.
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica.
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
Argumento de Existência tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- texto tem sempre uma orientação argumentativa.
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
do que dois voando”. traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser outras, etc. Veja:
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- vam abraços afetuosos.”
vios, etc., ganhava credibilidade.

9
LÍNGUA PORTUGUESA
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
injustiça, corrupção). zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir ver as seguintes habilidades:
o argumento. - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e mente contrária;
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ria contra a argumentação proposta;
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
outros à sua dependência política e econômica”. ta.

A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
o assunto, etc). não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
dades não se prometem, manifestam-se na ação. verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu da verdade:
comportamento. - evidência;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - divisão ou análise;
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- - ordem ou dedução;
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio - enumeração.
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
mica e até o choro. encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse caracteriza a universalidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
pesquisa.
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
Fulano é homem (premissa menor = particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Logo, Fulano é mortal (conclusão) todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o ferro (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O calor dilata o bronze (particular) o relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de lha dos elementos que farão parte do texto.
sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- sabiá, torradeira.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
ados nos sentimentos não ditados pela razão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de dida;d
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é diferenças).
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
(Garcia, 1973, p. 302304.) consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- vra e seus significados.
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
de vista sobre ele. mentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- o termo a ser definido; cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
- o gênero ou espécie; raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- a diferença específica. cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
ma espécie. Exemplo: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
Elemento especiediferença causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
a ser definidoespecífica que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
virtude de, em vista de, por motivo de.
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está assim, desse ponto de vista.
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
ou instalação”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...

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LÍNGUA PORTUGUESA
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos que gera o controle demográfico”.
que, melhor que, pior que. Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- elaboração de um Plano de Redação.
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer tecnológica
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais ta, justificar, criando um argumento básico;
caráter confirmatório que comprobatório. - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
(rever tipos de argumentação);
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
caso, incluem-se
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
mortal, aspira à imortalidade); ência);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
dos e axiomas); argumento básico;
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que mento básico;
parece absurdo). - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- menos a seguinte:
cretos, estatísticos ou documentais.
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se Introdução
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- - função social da ciência e da tecnologia;
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - definições de ciência e tecnologia;
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, Desenvolvimento
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na vimento tecnológico;
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- condições de vida no mundo atual;
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
gumentação:
desenvolvidos;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
sado; apontar semelhanças e diferenças;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- banos;
dadeira; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- mais a sociedade.
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
dade da afirmação; Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- ências maléficas;
ridade que contrariam a afirmação apresentada; - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- apresentados.
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados ção: é um dos possíveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Outros casos
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL 1. Prefixo terminado em vogal:
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
ORTOGRAFIA OFICIAL – Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
• Mudanças no alfabeto:O alfabeto tem 26 letras. Foram rein- semicírculo.
troduzidas as letras k, w e y. – Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O mo, antissocial, ultrassom.
PQRSTUVWXYZ – Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a das.
letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
gui, que, qui. 2. Prefixo terminado em consoante:
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
Regras de acentuação -bibliotecário.
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima persônico.
sílaba) – Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Como era Como fica Observações:


alcatéia alcateia • Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
apóia apoia essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
apóio apoio • Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas • O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento,
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no • Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al-
u tônicos quando vierem depois de um ditongo. mirante.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
Como era Como fica a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
pontapé, paraquedas, paraquedista.
baiúca baiuca • Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
bocaiúva bocaiuva usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar,
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
tuiuiú, tuiuiús, Piauí. muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
vamos passar para mais um ponto importante.
– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
e ôo(s). Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
Como era Como fica indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
Vejamos um por um:
abençôo abençoo
crêem creem Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
aberto.
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ Já cursei a Faculdade de História.
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
fechado.
Atenção: Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. caso afundo mais à frente).
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural Sou leal à mulher da minha vida.
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). As palavras podem ser:
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
palavras forma/fôrma. -já, ra-paz, u-ru-bu...)
– Paroxítonas:quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa-
Uso de hífen
-bo-ne-te, ré-gua...)
Regra básica:
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
mem.

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LÍNGUA PORTUGUESA
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, nentes do texto.
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS,ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
dói, coronéis...) advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais A coesão:
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
nar e fixar as regras. componentes do texto;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL.


EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBS- EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. DOMÍNIO
TITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OU- DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO. EM-
TROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL PREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são As palavras são formadas por estruturas menores, com signifi-
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre- cados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem para
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili- a formação das palavras.
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além
Estrutura das palavras
de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.
As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas
menores - os morfemas, também chamados de elementos mórfi-
Coerência
cos:
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
– radical e raiz;
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
– vogal temática;
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
– tema;
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
– desinências;
outra”).
– afixos;
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se – vogais e consoantes de ligação.
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- Radical: Elemento que contém a base de significação do vocá-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma bulo.
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos Exemplos
elementos formativos de um texto. VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.
elementos textuais.
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante Dividem-se em:
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, Nominais
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
imediato a coerência de um discurso. Exemplos
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
A coerência: pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei- Verbais
tual; Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com Exemplos
o aspecto global do texto; vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)

Coesão Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.


É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, Exemplos
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um víncu- 1ª conjugação: – A – cantAr
lo ou conexão sequencial.Se o vínculo coesivo se faz via gramática, 2ª conjugação: – E – fazEr
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, 3ª conjugação: – I – sumIr
tem-se a coesão lexical.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Observação Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra pri-
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica mitiva.
oposição masculino/feminino. Exemplo
Exemplos Todos ficaram encantados com seu andar: verbo usado com
livrO, dentE, paletó. valor de substantivo.

Tema: União do radical e a vogal temática. Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética
Exemplos de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. Em ge-
CANTAr, CORREr, CONSUMIr. ral de um verbo para substantivo ou vice-versa.
Exemplos
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se inter- combater – o combate
põem aos vocábulos por necessidade de eufonia. chorar – o choro
Exemplos
chaLeira, cafeZal. Prefixos
Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em:
Afixos vernáculos, latinos e gregos.
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois
do radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Divi- Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou fo-
dem-se em: ram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, entre,
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical. mal, menos, sem, sob, sobre, soto.
Exemplos Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como:abordar,
além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição, menos-
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
prezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc.
Sufixo
Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina
Afixo que se coloca depois do radical.
original:
Exemplos a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar.
contentaMENTO, reallDADE, enaltECER. a, ad – aproximação, direção: amontoar.
Processos de formação das palavras ambi – dualidade: ambidestro.
Composição: Formação de uma palavra nova por meio da jun- bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário.
ção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos: centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado.
circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante.
Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na cis – aquem de: cisalpino, cisgangético.
estrutura fonética das primitivas. com, con, co – companhia, concomitância: combater, contem-
Exemplos porâneo.
passa + tempo = passatempo contra – oposição, posição inferior: contradizer.
gira + sol = girassol de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento: de-
crescer, deportar.
Aglutinação:Formação de palavra composta com alteração da des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar.
estrutura fonética das primitivas. dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária: dis-
Exemplos trair, dimanar.
em + boa + hora = embora entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha, en-
vossa + merce = você trevista.
ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade, priva-
Derivação: ção, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor.
Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva. Te- extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraordiná-
mos: rio.
im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar,
Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de ingrato.
um prefixo ao radical da primitiva. inter – no meio de: intervocálico, intercalado.
intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer.
Exemplos
justa – perto de: justapor.
CONter, INapto, DESleal.
multi – pluralidade: multiforme.
ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo.
Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um su-
pene – quase: penúltimo, península.
fixo ao radical da primitiva. per – movimento através de, acabamento de ação; ideia pejo-
Exemplos rativa: percorrer.
cafezAL, meninINHa, loucaMENTE. post, pos – posteridade: postergar, pospor.
pre – anterioridade: predizer, preclaro.
Parassíntese: Formação de palavra derivada com acréscimo de preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural.
um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo tempo. pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir,
Exemplos procurador, pronome.
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR. re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repeti-
ção: regressar, revirar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
retro – movimento para trás: retroceder. CLASSES DE PALAVRAS
satis – bastante: satisdar.
sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, sopé. Substantivo
subter – por baixo: subterfúgio. São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
super, supra – posição superior, excesso: super-homem, super- nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
povoado. timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.
trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor.
tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro. Classificação dos substantivos
ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo.
uni – um: unânime, unicelular.
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
Grego: Os principais prefixos de origem grega são: apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
sua estrutura. macaco/João/sabão
a, an – privação, negação: ápode, anarquia.
ana – inversão, parecença: anagrama, analogia. SUBSTANTIVOS Macacos-prego/
anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro. COMPOSTOS: são formados porta-voz/
anti – oposição: antipatia, antagonista. por mais de um radical em sua pé-de-moleque
apo – afastamento: apólogo, apogeu. estrutura.
arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo. SUBSTANTIVOS Casa/
caco – mau: cacofonia. PRIMITIVOS: são os que dão mundo/
cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia. origem a outras palavras, ou população
deca – dez: decâmetro. seja, ela é a primeira. /formiga
dia – através de, divisão: diáfano, diálogo.
dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia. SUBSTANTIVOS Caseiro/mundano/
en – sobre, dentro: encéfalo, energia. DERIVADOS: são formados populacional/formigueiro
endo – para dentro: endocarpo. por outros radicais da língua.
epi – por cima: epiderme, epígrafe. SUBSTANTIVOS Rodrigo
eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia. PRÓPRIOS: designa /Brasil
hecto – cem: hectômetro. determinado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua
hemi – metade: hemistíquio, hemisfério. da mesma espécie. São da Liberdade
hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole. sempre iniciados por letra
hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia. maiúscula.
homo – semelhança, identidade: homônimo. SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase. referem-se qualquer ser de cachorro/prima
míria – dez mil: miriâmetro. uma mesma espécie.
mono – um: monóculo, monoculista.
neo – novo, moderno: neologismo, neolatino. SUBSTANTIVOS Leão/corrente
para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo. CONCRETOS: nomeiam seres /estrelas/fadas
penta – cinco: pentágono. com existência própria. Esses /lobisomem
peri – em volta de: perímetro. seres podem ser animadoso /saci-pererê
poli – muitos: polígono, polimorfo. ou inanimados, reais ou
pro – antes de: prótese, prólogo, profeta. imaginários.
Sufixos SUBSTANTIVOS Mistério/
Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial. ABSTRATOS: nomeiam bondade/
ações, estados, qualidades confiança/
Nominais e sentimentos que não tem lembrança/
Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama. existência própria, ou seja, só amor/
Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -as- existem em função de um ser. alegria
tro, -az. SUBSTANTIVOS Elenco (de atores)/
Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista. COLETIVOS: referem-se a um acervo (de obras
Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório. conjunto de seres da mesma artísticas)/buquê (de flores)
Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato. espécie, mesmo quando
Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico. empregado no singular e
Origem, procedência: -estre, -este, -esco. constituem um substantivo
comum.
Verbais
Comuns: -ar, -er, -ir. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS
PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI!
Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar.
Incoativos: -escer, -ejar, -itar.
Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar. Flexão dos Substantivos
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi-
Adverbial = há apenas um no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou
MENTE: mecanicamente, felizmente etc. uniformes

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o pre-
sidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariáveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira ma-
cho/palmeira fêmea.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a tes-
temunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, o/a
estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.

• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo.


– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.

Adjetivo
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão compos-
ta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe
de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria japo-
nesa, aluno chorão/ aluna chorona.

• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namoradores,
japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação Pronomes Indefinidos
algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pou-
co, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
Variáveis
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversati-
contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
vas
Alternati-
já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
vas
Conclusi- assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portan-
vas to...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante,
Conformativas
etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor,
Comparativas
etc.
Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que,
Consecutivas
etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO EN-
TRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas
questões importantes:

• Frase:Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo.


Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio!

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção.
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não •
passa no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora
quer comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá in-
de mau humor. veja.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Substantivas
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto indireto
Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de
Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de
Restringem o sentido de um termo quinta terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Causais Estou vestida assim porque vou sair.
Assumem a função de advérbio de
causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Orações Subordinadas Adverbiais Assumem a função de advérbio de previsto.
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de todos tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem
Assumem a função de advérbio de de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a organi-
zar as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as funções da
sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns sinais
gráficos assim distribuídos:os separadores (vírgula [ , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reticências [ ... ]), e
os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], travessão duplo [ — ],
parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).

Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de
oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as reticências.
Estaremos presentes na festa.

Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Você vai à festa?

Ponto de exclamação ( ! )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclamativa.
Ex: Que bela festa!

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LÍNGUA PORTUGUESA
Reticências ( ... ) Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor Mariafoiàpadariaontem.
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. Sujeito VerboObjetoAdjunto
Ex: Essa festa... não sei não, viu.
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
Dois-pontos ( : ) re por alguns motivos:
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. verbo e o adjunto.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
Ponto e vírgula ( ; ) comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o é necessária:
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, Ontem, Maria foi à padaria.
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- Maria, ontem, foi à padaria.
ração (frequente em leis), etc. À padaria, Maria foi ontem.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
bém uma linda decoração e bebidas caras. Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
Travessão ( — ) sário:
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com • Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta- ção.
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter- serem observadas na redação oficial.
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de • Separa aposto.
um diálogo, com ou sem aspas. Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] • Separa termos repetidos.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico Aquele aluno era esforçado, esforçado.
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên- • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo,
aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza- ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com
dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi- efeito, digo.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
rem uma nova inserção.
ou seja, de fácil compreensão.
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
vernador)
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen-
tos).
Aspas ( “ ” )
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula-
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
• Separa orações coordenadas assindéticas.
apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain- Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as
da, para marcar o discurso direto e a citação breve. ideias na cabeça...
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
• Isola o nome do lugar nas datas.
Vírgula Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões
vírgula: conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor-
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti- mações comprovam, etc.
mos” o momento certo de fazer uso dela. Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em nizar o problema.
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
menos importante e que pode ser colocada depois.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A vírgula realmente tem uma quantidade maior de regras, mas
nada impossível de saber, não é?!?! Bom, já vimos muita coisa até REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
aqui e não vamos parar agora.
• Regência Nominal
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
Concordância Nominal mento é estabelecida por uma preposição.
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se • Regência Verbal
referem. A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto- verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).
sa. Isto pertence a todos.

Casos Especiais de Concordância Nominal Regência de algumas palavras


• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam Esta palavra combina com Esta preposição
alerta.
Acessível a
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma- Apto a, para
ção de palavras compostas:
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso. Atencioso com, para com
Coerente com
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de
Conforme a, com
acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Dúvida acerca de, de, em, sobre
Empenho de, em, por
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan- Fácil a, de, para,
do advérbios: Junto a, de
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou
meia dúzia de ovos. Pendente de
Preferível a
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:
Próximo a, de
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
Respeito a, com, de, para com, por
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Situado a, em, entre
substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados. Ajudar (a fazer algo) a
Aludir (referir-se) a
Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa: Aspirar (desejar, pretender) a
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Assistir (dar assistência) Não usa preposição
mes. Deparar (encontrar) com
Concordância ideológica ou silepse Implicar (consequência) Não usa preposição
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Lembrar Não usa preposição
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
contexto. Pagar (pagar a alguém) a
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Precisar (necessitar) de
Blumenau estava repleta de turistas.
Proceder (realizar) a
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con- Responder a
texto. Visar ( ter como objetivo a
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau- pretender)
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes- NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
soa gramatical que está subentendida no contexto. QUE NÃO ESTÃO AQUI!
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
demonstrativo. as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s) não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
dique a eufonia da frase.
• Devemos usar crase:
– Antes palavras femininas: Próclise
Iremos à festa amanhã Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Mediante à situação.
O Governo visa à resolução do problema. Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de” cientemente.
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti- Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Mas... há crase, sim! Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir- posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
– Expressões fixas jam reduzidas: Percebia que o observavam.
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
crase: tudo dá.
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von- Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às tentos são para nos prejudicarem.
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon- Ênclise
didas, à medida que, à proporção que. Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
• NUNCA devemos usar crase:
– Antes de substantivos masculinos: Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a indicativo: Trago-te flores.
pé. Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou posição em: Saí, deixando-a aflita.
plural) usado em sentido generalizador: Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
Depois do trauma, nunca mais foi a festas. outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho- Apressei-me a convidá-los.
mem.
Mesóclise
– Antes de artigo indefinido “uma” Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
– Antes de pronomes futuro do pretérito que iniciam a oração.
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa. Dir-lhe-ei toda a verdade.
Far-me-ias um favor?
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
A quem vocês se reportaram no Plenário? Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico. qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
Eu lhe direi toda a verdade.
– Antes de verbos no infinitivo Tu me farias um favor?
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.

Colocação do pronome átono nas locuções verbais


COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Exemplos:
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma Devo-lhe dizer a verdade.
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou Devo dizer-lhe a verdade.
após o verbo – ênclise.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes - Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
do auxiliar ou depois do principal. do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
Exemplos: mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
Não lhe devo dizer a verdade. - Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
Não devo dizer-lhe a verdade. mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
ma, ou sobre conjuntos generalizados.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, - Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
o pronome átono ficará depois do auxiliar. dificar sua ordem no processo de encadeamento.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Graus de Formalismo
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
auxiliar. como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
do infinitivo. de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
Exemplos: entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
Hei de dizer-lhe a verdade.
Tenho de dizer-lhe a verdade. As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
Observação expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
Devo-lhe dizer tudo. cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
Estava-lhe dizendo tudo. cífico de algum campo científico, por exemplo).
Havia-lhe dito tudo.
Expressões que demandam atenção
– acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO. – aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. SUBSTITUIÇÃO DE PA- aceito
LAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO. REORGANIZAÇÃO – acendido, aceso (formas similares) – idem
DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEX- – à custa de – e não às custas de
TO. REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
NÍVEIS DE FORMALIDADE forme
– na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi- – a meu ver – e não ao meu ver
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos – a ponto de – e não ao ponto de
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que – a posteriori, a priori – não tem valor temporal
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, – em termos de – modismo; evitar
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. – enquanto que – o que é redundância
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois, – entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não – implicar em – a regência é direta (sem em)
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto. – ir de encontro a – chocar-se com
– ir ao encontro de – concordar com
Quando reescrevemos, refazemos nosso texto, é um proces- – se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor parado; quando não se pode, junto
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, – todo mundo – todos
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er- – todo o mundo – o mundo inteiro
ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen- – não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer for substantivo
melhor seus objetivos e razões para a produção de textos. – este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja – esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa (tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
do processo de escrever do aluno.
Expressões não recomendadas
Operações linguísticas de reescrita:
A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope- – a partir de (a não ser com valor temporal).
rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons- Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...
trução do texto escrito.
- Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele- – através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam- Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se-
bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de gundo...
várias frases.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– devido a.
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de.

– dito.
Opção: citado, mencionado.

– enquanto.
Opção: ao passo que.

– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).


Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.

– no sentido de, com vistas a.


Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.

– pois (no início da oração).


Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.

– principalmente.
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular.

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que
compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.

O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado
de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.

Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

EXERCÍCIOS

1. (Prefeitura de Piracicaba - SP - Professor - Educação Infantil - VUNESP - 2020)

Escola inclusiva

É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concordam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos com defi-
ciência.
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma edu-
cação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou lei em
2015 e criou raízes no tecido social.
A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualificados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que dizer
então de alunos com gama tão variada de dificuldades.
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por limita-
ções sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais.
Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, discorda
de que crianças com deficiência devam aprender só na companhia de colegas na mesma condição.
Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com neces-
sidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2 milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o número de
professores com alguma formação em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. Não se concebe
que possa haver um especialista em cada sala de aula.
As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma estrutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao me-
nos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do período
regular nas técnicas pedagógicas.
Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compete ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabeleci-
mentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se confunde
com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo:
pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parênteses, “Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores,
a redação permanece em conformidade com a norma-padrão de sofás e até carcaças de automóveis.”
colocação dos pronomes. III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal:
(A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com “Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se
deficiência. (incluem-se) tornar as salamandras de Čapek.”
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser hu-
mais que 100 mil deles no país. (se contam) mano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e pro-
(C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada duzir um ‘Dom Quixote’”.
sala de aula. (concebe-se)
(D) Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de Está correto apenas o que se afirma em
receber o aluno... (encarrega-se) (A) I e II.
(E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente (B) I e III.
já vamos aprendendo. (confunde-se) (C) II e IV.
(D) III e IV.
2. (Prefeitura de Caranaíba - MG - Agente Comunitário de Saú-
de - FCM - 2019) 3. (Prefeitura de Birigui - SP - Educador de Creche - VUNESP -
2019)
Dieta salvadora
A ciência descobre um micróbio adepto de um Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente bus-
alimento abundante: o lixo plástico no mar. ca indícios de que o problema ambiental seja universal (e de fato
é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável). Algu-
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o ma ingenuidade conceitual poderia marcar o ambientalismo apo-
câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um des- logético; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tempos,
tino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os culturas. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no entanto,
mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-os também como condição de sobrevivência. Há quem tenha encontrado nor-
com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até carcaças mas ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito romano.
de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água, São Francisco de Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo padroeiro
subterrâneo ou a céu aberto, que se encaminha inevitavelmente das causas ambientais; falava com plantas e animais.
para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instintiva,
Guanabara ao Pacífico. predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é o meu
De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália, argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana,
China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gregas um a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resiste
micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico a uma pressão contínua, variável na intensidade. Assim, numa di-
jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado mensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfrentar
pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou duro, como o a questão, que também é cultural. E que culturalmente pode ser
das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios, abordada.
de guardanapo ao pescoço, o decomponham e façam a festa. Os O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O
cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente
eles ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago. passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse
Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco sentido que a chamada internalização da externalidade negativa
Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na exige justificativa para uma atuação contra-fática.
costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam-
pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas que as
bém rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que a prote-
salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se defende-
ção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada no próprio
rem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se re-
homem. Os geocêntricos piamente entendem que a natureza deva
produzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais, aprendem a falar
ser protegida por próprios e intrínsecos fundamentos e característi-
e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo.
cas. Posições se radicalizam.
Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem
A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos o
se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salamandras
“salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Benjamin,
aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios
em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual um tigre
no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo.
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que interessa
Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019. para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo.
(Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https://
Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo, www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado)
possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (no
meio do verbo) e ênclise (depois do verbo). (*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo conhe-
Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos cido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevivência
nos trechos a seguir. na natureza.
I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E
não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus pró-
prios dejetos.”

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LÍNGUA PORTUGUESA
Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados em- De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigração,
pregando pronomes, de acordo com a norma-padrão de regência e tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangeiros dê
colocação. pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los com inte-
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam- ligência, minimizando choques culturais e distribuindo as famílias
bém rondaria a discussão. / Alguma ingenuidade conceitual pode- por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É tudo o que
ria marcar o ambientalismo apologético. não estamos fazendo.
(A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar (Hélio Schwartsman. Disponível em: https://www1.folha.uol.
(B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele com.br/colunas/.28.08.2018. Adaptado)
(C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar Considere as frases:
(D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar • países desenvolvidos que enfrentam o problema do envelhe-
(E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo cimento populacional. (4º parágrafo)
• ... minimizando choques culturais e distribuindo as famílias
4. (Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho - PE - Técnico em por regiões e cidades em que podem ser mais
Saneamento - IBFC - 2019) úteis. (6º parágrafo)

Vou-me embora pra Pasárgada, A substituição das expressões em destaque por pronomes está
lá sou amigo do Rei”. de acordo com a norma-padrão de emprego e colocação em:
(M.Bandeira) (A) enfrentam-no; distribuindo-lhes.
(B) o enfrentam; lhes distribuindo.
Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale a (C) o enfrentam; distribuindo-as.
alternativa correta. (D) enfrentam-no; lhes distribuindo.
(A) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou (E) lhe enfrentam; distribuindo-as.
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto
ao verbo. 6. (Prefeitura de Peruíbe - SP – Secretário de escola - VUNESP
(B) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou - 2019)
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto Considere a frase a seguir. Como as crianças são naturalmente
ao verbo. agitadas, cabe aos adultos impor às crianças limites que garantam
(C) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou às crianças um desenvolvimento saudável. Para eliminar as repeti-
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ções da frase, as expressões destacadas devem ser substituídas, em
ao verbo. conformidade com a norma-padrão da língua, respectivamente, por
(E) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo (A) impor-nas ... lhes garantam
afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao verbo. (B) impor-lhes ... as garantam
(C) impô-las ... lhes garantam
5. (Prefeitura de Peruíbe - SP - Inspetor de Alunos - VUNESP - (D) impô-las ... as garantam
2019) (E) impor-lhes ... lhes garantam
Pelo fim das fronteiras
7. (Prefeitura de Blumenau - SC - Professor - Geografia – Matu-
tino- FURB – 2019)
Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista pura-
mente racional, ela é a solução para vários problemas globais. Mas,
O tradicional desfile do aniversário de Blumenau, que completa
como o mundo é um lugar menos racional do que deveria, pessoas
169 anos de fundação nesta segunda-feira, teve outra data especial
que buscam refúgio em outros países costumam ser recebidas com
para comemorar: os 200 anos de nascimento do Doutor Hermann
desconfiança quando não com violência, o que diminui o valor da
Blumenau. __________ 15 mil pessoas que estiveram na Rua XV de
imigração como remédio multiuso.
No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra se- Novembro nesta manhã acompanhando o desfile, de acordo com
ria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria o PIB estimativa da Fundação Cultural, conheceram um pouco mais da
mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos estejam vida do fundador do município. [...] O desfile também apresentou
inflados, só uma fração de 10% já significaria um incremento da or- aspectos da colonização alemã no Vale do Itajaí. Dessa forma, as
dem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis). bandeiras e moradores das 42 cidades do território original de Blu-
Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do menau, que foi fundado por Hermann, também estiveram repre-
que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob sentadas na Rua XV de Novembro. [...]
sistemas que os impedem de ser produtivos. Um estudo de 2016 Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/desfile-
de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um tra- -em-blumenau-comemora-o-aniversario-da-cidade-e-os-200-anos-
balhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem e -do-fundador>.Acesso em: 02 set. 2019.[adaptado]
transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 mil.
A imigração se torna ainda mais tentadora quando se considera No mesmo excerto “Dessa forma, as bandeiras e moradores
que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que enfrentam das 42 cidades do território original de Blumenau, que foi fundado
o problema do envelhecimento populacional. por Hermann, também estiveram representadas na Rua XV de No-
Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser maltrata- vembro.”, a palavra destacada pertence à classe gramatical:
dos e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especialmente (A) conjunção
se vêm em grandes números. Isso está acontecendo até no Brasil, (B) pronome
que não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que estão em (C) preposição
operação aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que membros (D) advérbio
de outras tribos eram muito mais uma ameaça do que uma solução. (E) substantivo

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LÍNGUA PORTUGUESA
8. (Prefeitura de Blumenau - SC - Professor - Português – Matu- (C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o
tino - FURB – 2019) poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento em
um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revolta que
Determinado, batalhador, estudioso, dedicado e inquieto. Mui- ambos possam suscitar.
tos são os adjetivos que encontramos nos livros de história para (D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po-
definir Hermann Blumenau. Desde os primeiros anos da colônia, es- der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o cor-
teve determinado a construir uma casa melhor para viver com sua po dos supliciados.
família, talvez em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim. (E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
Infelizmente, nunca concretizou este sonho, porém, nunca deixou campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer controle e
de zelar por tudo aquilo que lhe dizia respeito.[...] aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua organização
Disponível em: <https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/ em delinqüência.
fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-ao-comemoraacaao-
-200-anos-dr-blumenau85>. Acesso em: 05 set. 2019. [adaptado] 12. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR
– 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
Sobre a colocação dos pronomes átonos nos excertos: “...talvez
extraordinária de imitar vários estilos musicais.
em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim.” e “...zelar por
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
tudo aquilo que lhe dizia respeito.”, podemos afirmar que ambas
mentos pessoais por meio de sua música.
as próclises estão corretas, pois o verbo está precedido de palavras (C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
que atraem o pronome para antes do verbo. Assinale a alternativa composições do músico na cultura ocidental.
que identifica essas palavras atrativas dos excertos: (D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
(A) palavras de sentido negativo sitor termina em uma cena de reconciliação entre os personagens.
(B) advérbios (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
(C) conjunções subordinativas deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
(D) pronomes demonstrativos
(E) pronomes relativos 13. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
9. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é padrão na seguinte sentença:
a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
se fundamenta em intertextualidade é: (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
há muito tempo.” (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
mete onde não é chamada.”
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente 14. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
mesmo!” DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, pontuação em:
tudo bem.” (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
10. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a teiramente pela porta?
série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco pa- (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
lavras:
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra-
to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os irmãos
-vermelho.
e o mundo mágico dos brinquedos.
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in-
(E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arrepen-
fra-assinado. deria. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria cuidado
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con-
trarregra. 15. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- mente correta a pontuação do seguinte período:
-mencionado. (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de pequenas
11. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – providências que, tomadas por figurantes aparentemente sem im-
2003) Indique o item em que todas as palavras estão corretamente portância, ditam o rumo de toda a história.
empregadas e grafadas. (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas pro-
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de qualquer vidências que tomadas por figurantes, aparentemente sem impor-
excesso e violência. tância, ditam o rumo de toda a história.
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata- (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem su- pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas pro-
boficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo isso, vidências, que, tomadas por figurantes aparentemente, sem impor-
num modo de intervenção específico. tância, ditam o rumo de toda a história.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas pro- em “Elevaram-se”.
vidências, que tomadas por figurantes aparentemente sem impor- (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
tância, ditam o rumo de toda a história. regras de concordância com “economia”.
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de pequenas pro- singular em “fez aumentar”.
vidências, que tomadas por figurantes, aparentemente, sem impor- (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
tância, ditam o rumo de toda a história. com “relevantes”.

16. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do 21. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
(A) pronome; nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
(B) adjetivo; acima, na ordem dada, as expressões:
(C) advérbio; (A) a que – de que;
(D) substantivo; (B) de que – com que;
(E) preposição. (C) a cujas – de cujos;
(D) à que – em que;
17. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação (E) em que – aos quais.
morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
(A) Pronome demonstrativo.
22. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008)
(B) Pronome relativo.
Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
(C) Pronome possessivo.
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
(D) Pronome pessoal.
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fecha o
(E) Pronome indefinido.
ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a maior taxa
registrada na última década.
18. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a conhe-
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
cida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
nhados classificam-se, respectivamente, em
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em que
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. se revela queda no desemprego e até se anuncia a ampliação de
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. nossas reservas monetárias, além da descoberta de novas fontes
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. de petróleo.
(D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
19. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuída a
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor- Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação menor
reta. no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo. (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro da
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que América Latina, o organismo internacional está atribuindo um cres-
35% deles fosse despejado em aterros. cimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do que o do
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo. Brasil.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
de lixo. 23. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
– 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
20. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
de concordância no texto abaixo. (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou (C) Pretendo viajar a Paraíba.
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra- (D) Ele gosta de bife à cavalo.
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de- 24. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan- a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa marcada com o acento, EXCETO em:
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência (A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF. eleitorado pelo resultado final.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de (C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema.
plural em “deflacionados”.

34
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú- 30. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No
vel. trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis- classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como:
tema. “Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia,
mas nunca à custa de nossos filhos...”
25. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração (A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin-
e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um dética adversativa;
(a): (B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex-
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças plicativa;
americanas, entre na fila.” (C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver-
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e bial concessiva;
subordinadas. (D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada
(B) Período, composto por três orações. sindética adversativa;
(C) Oração, pois possui sentido completo. (E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con-
(D) Período, pois é composto por frases e orações. cessiva.

26. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS – 31. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No perí-
2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não dor- odo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um
miu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a
oração. história.”, a oração sublinhada é classificada como:
(A) Oração coordenada assindética aditiva. (A) coordenada assindética;
(B) Oração coordenada sindética aditiva. (B) subordinada substantiva completiva nominal;
(C) subordinada substantiva objetiva indireta;
(C) Oração coordenada sindética adversativa.
(D) subordinada substantiva apositiva.
(D) Oração coordenada sindética explicativa.
(E) Oração coordenada sindética alternativa.
32. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS –
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem,
27. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
o seguinte par de palavras:
a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer
(A) estrondo – ruído;
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas
(B) pescador – trabalhador;
orações.
(C) pista – aeroporto;
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
(D) piloto – comissário;
sativa. (E) aeronave – jatinho.
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi- 33. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA
tiva. PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu- questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
tiva. sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver- tem como antônimo:
bial consecutiva. (A) fortuna;
(B) opulência;
28. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Ana- (C) riqueza;
lise sintaticamente a oração em destaque: (D) escassez;
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen- (E) abundância.
sados” (Machado de Assis).
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. Leia o texto abaixo para responder a questão.
(B) oração subordinada adverbial causal. A lama que ainda suja o Brasil
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
(D) oração coordenada sindética conclusiva.
(E) oração coordenada sindética explicativa. A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
29. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI- ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
nada retratam as necessidades de populações distintas.”. pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
(A) subordinada substantiva predicativa; ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
(B) subordinada adjetiva restritiva; que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
(C) subordinada substantiva subjetiva; funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
(D) subordinada substantiva objetiva direta; coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
(E) subordinada adjetiva explicativa. sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
se tornou uma bomba relógio na região.”

35
LÍNGUA PORTUGUESA
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun- Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
barragens de mineração em todo o País apresentam condições de outros.
insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór- — Mas você é orgulhosa.
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta — Decerto que sou.
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do — Mas por quê?
senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar- ama, quem é que os cose, senão eu?
co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori- — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos que quem os cose sou eu, e muito eu?
judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com daço ao outro, dou feição aos babados…
o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer. — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
34. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido: — Você é imperador?
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
fato. balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
gênero textual editorial. Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
que se trata de uma reportagem. tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
se trata de um editorial. fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
Analise as assertivas e responda: os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
(A) Somente a I é correta. isto uma cor poética. E dizia a agulha:
(B) Somente a II é incorreta. — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
(C) Somente a III é correta Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
(D) A III e IV são corretas. que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
e acima…
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
35. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
ainda suja o Brasil”:
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
no desenvolvimento do assunto.
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro-
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
blemas no uso de conjunções e preposições.
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
de palavras e da ordem sintática.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
temática e bom uso dos recursos coesivos. dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
Analise as assertivas e responda: bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
(A) Somente a I é correta. alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
(B) Somente a II é incorreta. perguntou-lhe:
(C) Somente a III é correta.
(D) Somente a IV é correta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
Leia o texto abaixo para responder as questões. vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
UM APÓLOGO Vamos, diga lá.
Machado de Assis. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
— Deixe-me, senhora. fico.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
der na cabeça. muita linha ordinária!

36
LÍNGUA PORTUGUESA
36. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis 39. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona- metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre-
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os sente no texto:
elementos dos textos: (A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho,
cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente coletivo
de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho,
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.

GABARITO

1 D
2 A
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda
enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02) 3 E
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 4 A
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
5 C
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e 6 E
mando...” (L.14-15) 7 B
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é 8 E
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo 9 E
e acima.” (L.25-26) 10 D
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela
e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de cos- 11 B
tura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me 12 C
espetam, fico.” (L.40-41) 13 B
37. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros 14 E
valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade, 15 A
pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que 16 A
os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi-
nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de: 17 E
(A) dimensão e pejoratividade; 18 B
(B) afetividade e intensidade;
19 E
(C) afetividade e dimensão;
(D) intensidade e dimensão; 20 A
(E) pejoratividade e afetividade. 21 A
22 D
38. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna- 23 A
tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi- 24 D
vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
25 B
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11) 26 C
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 27 C
Agulha não tem cabeça.” (L.06)
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um 28 E
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) 29 A
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi- 30 D
nária!” (L.43)
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?” 31 B
(L.25) 32 E

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LÍNGUA PORTUGUESA
33 D ______________________________________________________

34 C ______________________________________________________
35 D
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36 E
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37 D
38 D ______________________________________________________
39 D
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
1. Estruturas lógicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lógica de argumentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Diagramas lógicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Aritmética. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5. Leitura e interpretação de tabelas e gráficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
6. Tabela-Verdade
ESTRUTURAS LÓGICAS A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógico de
uma proposição composta, sendo que os valores das proposições
1. Proposição simples já são conhecidos. Pois o valor lógico da proposição com-
Proposição ou sentença é um termo utilizado para exprimir posta depende do valor lógico da proposição simples.
ideias, através de um conjunto de palavras ou símbolos. Este con- A seguir vamos compreender como se constrói essas tabelas-
junto descreve o conteúdo dessa ideia. -verdade partindo da árvore das possibilidades dos valores lógicos
São exemplos de proposições: das preposições simples, e mais adiante veremos como determinar
p: Pedro é médico. o valor lógico de uma proposição composta.
q: 5 > 8
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite. Proposição composta do tipo P(p, q)

2. Princípios fundamentais da lógica


Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. O que é,
é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta a Parménides de
Eleia.
Principio da não contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa, ao mesmo tempo.
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só pode ser
verdadeira ou falsa.

3. Valor lógico Proposição composta do tipo P(p, q, r)


Considerando os princípios citados acima, uma proposição é
classificada como verdadeira ou falsa.
Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição verdadeira.
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição falsa.

4. Conectivos lógicos
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar as propo-
sições formando novas sentenças. Proposição composta do tipo P(p, q, r, s)
Os principais conectivos lógicos são: A tabela-verdade possui 24 = 16 linhas e é formada igualmente
as anteriores.
~ não
∧ e
V Ou Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn)
→ se…então
A tabela-verdade possui 2n linhas e é formada igualmente as
↔ se e somente se anteriores.

5. Proposições simples e compostas 7. O conectivo não e a negação


As proposições simples são assim caracterizadas por apresen- O conectivo não e a negação de uma proposição p é outra
tarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras minúsculas: p, proposição que tem como valor lógico V se p for falsa e F se p é
q, r, s, t... verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a negação de p com a
As proposições compostas são assim caracterizadas por apre- seguinte tabela-verdade:
sentarem mais de uma proposição conectadas pelos conectivos ló-
gicos. São indicadas pelas letras maiúsculas: P, Q, R, S, T...
Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando que a P ~P
proposição composta Q é formada pelas proposições simples r, s e t. V F
Exemplo: F V
Proposições simples: Exemplo:
p: Meu nome é Raissa
q: São Paulo é a maior cidade brasileira p = 7 é ímpar
r: 2+2=5 ~p = 7 não é ímpar
s: O número 9 é ímpar
t: O número 13 é primo
P ~P
Proposições compostas V F
P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12.
Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3. q = 24 é múltiplo de 5
R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo. ~q = 24 não é múltiplo de 5

1
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
q ~q 10. O conectivo se… então… e a condicional
A condicional se p então q é outra proposição que tem como
F V valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbolo p → q repre-
senta a condicional, com a seguinte tabela-verdade:
8. O conectivo e e a conjunção
O conectivo e e a conjunção de duas proposições p e q é outra
proposição que tem como valor lógico V se p e q forem verdadeiras, P q p→q
e F em outros casos. O símbolo p Λ q (p e q) representa a conjunção, V V V
com a seguinte tabela-verdade: V F F
F V V
P q pΛq
F F V
V V V
V F F Exemplo:
F V F P: 7 + 2 = 9
Q: 9 – 7 = 2
F F F p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2

Exemplo
P q p→q
p = 2 é par V V V
q = o céu é rosa
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa p=7+5<4
q = 2 é um número primo
P q pΛq p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo.

V F F
P q p→q
p=9<6 F V V
q = 3 é par
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par
p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par.
P q pΛq
F F F P q p→q
V F F

9. O conectivo ou e a disjunção p = 25 é múltiplo de 2


O conectivo ou e a disjunção de duas proposições p e q é outra q = 12 < 3
proposição que tem como valor lógico V se alguma das proposições p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3.
for verdadeira e F se as duas forem falsas. O símbolo p∨ q (p ou q)
representa a disjunção, com a seguinte tabela-verdade: P q p→q
F F V
P q pVq
V V V 11. O conectivo se e somente se e a bicondicional
V F V A bicondicional p se e somente se q é outra proposição que
tem como valor lógico V se p e q forem ambas verdadeiras ou am-
F V V bas falsas, e F nos outros casos.
F F F
O símbolo representa a bicondicional, com a seguinte
Exemplo: tabela-verdade:

p = 2 é par p
q = o céu é rosa P q
↔q
p ν q = 2 é par ou o céu é rosa
V V V

P q pVq V F F

V F V F V F
F F V

2
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Exemplo
p = 24 é múltiplo de 3
q = 6 é ímpar
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar.

p
P q
↔q
V F F

12. Tabela-Verdade de uma proposição composta

Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀ q), onde p e q
são duas proposições simples.
Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo:

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V
V F
F V
F F

Agora veja passo a passo a determinação dos valores lógicos de P.


a) Valores lógicos de p ν q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V
V F V
F V V
F F F

b) Valores lógicos de ~P

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F
V F V F
F V V V
F F F V

c) Valores lógicos de (p V p)→(~p)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F
V F V F F
F V V V V
F F F V V

d) Valores lógicos de p Λ q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V
V F V F F F

3
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
F V V V V F
F F F V V F

e) Valores lógicos de ((p V p)→(~p))→(p Λ q)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V V
V F V F F F V
F V V V V F F
F F F V V F F

13. Tautologia
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre verdadeira,
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.

Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS
• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.
Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai para segunda divisão

Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de “~p” e o conetivo de “V”


Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte forma: p V ~p

Exemplo
A proposição p∨ ♣(~p) é uma tautologia, pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade.

p ~P pVq
V F V
F V V

Exemplo
A proposição (p Λ q) → (pq) é uma tautologia, pois a última coluna da tabela-verdade só possui V.

p q pΛq p↔q (p Λ q)→(p↔q)


V V V V V
V F F F V
F V F F V
F F F V V

14. Contradição
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for sempre falsa, inde-
pendentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem
Exemplos:
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma porcaria
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em Petrópolis

Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativae negativa. Vamos entender isso melhor.

Exemplo:
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente do Brasil
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de “~p” e o conetivo de “^”
Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte forma: p ^ ~p

4
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Exemplo O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e de FV na
A proposição (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, pois o seu va- tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógico de P ↔ Q é
lor lógico é sempre F conforme a tabela-verdade. Que significa que sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.
uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo tempo,
isto é, o princípio da não contradição. Exemplo
A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será:

p ~P
(~q) p q ~q ~p p→q ~q→~p (p→q)↔(~q→~p)
V F F V V F F V V V
F V F V F V F F F V
F V F V V V V
15. Contingência
Quando uma proposição não é tautológica nem contra válida, F F V V V V V
a chamamos de contingência ou proposição contingente ou propo-
sição indeterminada. Portanto, p → q é equivalente a ~q → ~p, pois estas proposi-
A contingência ocorre quando há tanto valores V como F na úl- ções possuem a mesma tabela-verdade ou a bicondicional (p → q)
tima coluna da tabela-verdade de uma proposição. Exemplos: P∧Q ↔ (~q → ~p) é uma tautologia.
, P∨Q , P→Q ... Veja a representação:
(p → q) ⇔ (~q → ~p)
16. Implicação lógica
EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS
Definição
A proposição P implica a proposição Q, quando a condicional P Dizemos que duas proposições são logicamente equivalentes
→ Q for uma tautologia. (ou simplesmente equivalentes) quando os resultados de suas ta-
O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implicação lógica. belas-verdade são idênticos.
Uma consequência prática da equivalência lógica é que ao tro-
Diferenciação dos símbolos → e ⇒ car uma dada proposição por qualquer outra que lhe seja equiva-
O símbolo → representa uma operação matemática entre as lente, estamos apenas mudando a maneira de dizê-la.
proposições P e Q que tem como resultado a proposição P → Q, A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, pode ser
com valor lógico V ou F. representada simbolicamente como: pq, ou simplesmente por p =
O símbolo ⇒ representa a não ocorrência de VF na tabela-ver- q.
dade de P → Q, ou ainda que o valor lógico da condicional P → Q Começaremos com a descrição de algumas equivalências lógi-
será sempre V, ou então que P → Q é uma tautologia. cas básicas.

Exemplo Equivalências Básicas


A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será:
1. p e p = p
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente
p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q)
V V V V V 2. p ou p = p
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cinema
V F F F V
3. p e q = q e p
F V F F V
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte
F F F V V 4. p ou q = q ou p
Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou branco
Portanto, (p Λ q) → (p ↔ q) é uma tautologia, por isso (p Λ q) 5. p ↔ q = q ↔ p
⇒ (p ↔q) Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se amo.

17. Equivalência lógica 6. p ↔ q = (pq) e (qp)


Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e se vivo
Definição então amo
Há equivalência entre as proposições P e Q somente quando a
bicondicional P ↔ Q for uma tautologia ou quando P e Q tiverem
a mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P é equivalente a Q) é o símbolo
que representa a equivalência lógica.

Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔


O símbolo ↔ representa uma operação entre as proposições
P e Q, que tem como resultado uma nova proposição P ↔ Q com
valor lógico V ou F.

5
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo: Outras equivalências
Algumas outras equivalências que podem ser relevantes são as
seguintes:

1) p e (p ou q) = p
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é médico =
Paulo é dentista

2) p ou (p e q) = p
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é médico =
Paulo é dentista

Por meio das tabelas-verdade estas equivalências podem ser


facilmente demonstradas.
Equivalências da Condicional Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela seguinte:

As duas equivalências que se seguem são de fundamental im-


portância. Estas equivalências podem ser verificadas, ou seja, de-
monstradas, por meio da comparação entre as tabelas-verdade.
Fica como exercício para casa estas demonstrações. As equivalên-
cias da condicional são as seguintes:
NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
1) Se p então q = Se não q então não p.
Ex: Se chove então me molho = Se não me molho então não
chove

2) Se p então q = Não p ou q.
Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo ou passo
no concurso
Colocando estes resultados em uma tabela, para ajudar a me-
morização, teremos:
QUESTOES COMENTADAS:

1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em Seguran-


ça do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição “João comprou um
carro novo ou não é verdade que João comprou um carro novo e
não fez a viagem de férias.” é:
A) um paradoxo.
Equivalências com o Símbolo da Negação B) um silogismo.
Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão somen- C) uma tautologia.
te, das negações das proposições compostas! Lembremos: D) uma contradição.
E) uma contingência.

Tautologia é uma proposição composta cujo resultado é sem-


pre verdadeiro para todas as atribuições que se têm, independen-
temente dessas atribuições.
Rodrigo, posso estar errada, mas ao construir a tabela-verdade
com a proposição que você propôs não vamos ter uma tautologia,
mas uma contingência.

É possível que surja alguma dúvida em relação a última linha


da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do que foi aprendido:
p↔q = (pq) e (qp)
(Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equivale a
duas condicionais!)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que negar a
sua conjunção equivalente.
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as duas par-
tes e troca-se o E por OU. Fica para casa a demonstração da negação
da bicondicional. Ok?

6
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v ~(P ^ ~Q), A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente solto, se por
que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria da seguinte forma: outro motivo não estiver preso”, logo se o réu continuar preso sem
outro motivo para estar preso, será descumprida a decisão judicial.
P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q) P V ~(P/\~Q)
5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo outro
V V F F V V motivo para permanecer preso, então, a decisão judicial terá sido
V F V V F V descumprida.
A) Certo
F V F F V V
B) Errado
F F V F V V
P = se houver outro motivo
2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012) Q = será solto
A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho da clas- A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V
se ou Jorge é o mais novo da classe” é A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V
A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o mais Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse V + F = F
velho da classe.
B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais novo 6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro motivo,
da classe. deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for imediatamen-
C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o mais novo te solto, então, ele está preso por outro motivo” são logicamente
da classe. equivalentes.
D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o mais A) Certo
velho da classe. B) Errado
E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais novo da
classe. O réu não estiver preso por outro motivo = ~P
Deve ser imediatamente solto = S
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais novo Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser imedia-
da classe. tamente solto=P S
~p=Pedro não é o mais velho da classe. Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está preso por
~q=Jorge não é o mais novo da classe. outro motivo = ~SP
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe ou Jorge De acordo com a regra de equivalência (AB) = (~B ~A) a questão
não é o mais novo da classe. está correta.

3. (PC-MA - Farmacêutico Legista -FGV/2012) 7. A negação da proposição relativa à decisão judicial estará
Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitura está corretamente representada por “O réu não deve ser imediatamente
fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a britadeira, João sai solto, mesmo não estando preso por outro motivo”.
de casa e Maria não ouve a televisão. Certo dia, depois do almoço, A) Certo
Maria ouve a televisão. B) Errado
Pode-se concluir, logicamente, que
A) João saiu de casa. “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro
B) João não saiu de casa. motivo não estiver preso” está no texto, assim:
C) O operário ligou a britadeira. P = “Por outro motivo não estiver preso”
D) O operário não ligou a britadeira. Q = “O réu deve ser imediatamente solto”
E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa. PQ, a negação ~(PQ) = P e ~Q
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve ser
“Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Maria não imediatamente solto”
ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a britadeira não
pode estar ligada. 8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um antropó-
(TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012) logo estadunidense chega ao Brasil para aperfeiçoar seu conheci-
Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, depois de mento da língua portuguesa. Durante sua estadia em nosso país,
constatado pagamento de pensão alimentícia, o magistrado deter- ele fica muito intrigado com a frase “não vou fazer coisa nenhuma”,
minou: “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro motivo bastante utilizada em nossa linguagem coloquial. A dúvida dele sur-
não estiver preso”. ge porque
Considerando que a determinação judicial corresponde a uma A) a conjunção presente na frase evidencia seu significado.
proposição e que a decisão judicial será considerada descumprida B) o significado da frase não leva em conta a dupla negação.
se, e somente se, a proposição correspondente for falsa, julgue os C) a implicação presente na frase altera seu significado.
itens seguintes. D) o significado da frase não leva em conta a disjunção.
E) a negação presente na frase evidencia seu significado.
4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo outro moti- ~(~p) é equivalente a p
vo para estar preso, então, a decisão judicial terá sido descumprida. Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar.
A) Certo RESPOSTA:“B”.
B) Errado

7
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário - ESAF/2012) 2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, então B”
A negação da proposição “se Paulo estuda, então Marta é atleta” é é equivalente a “~A ou B”
logicamente equivalente à proposição: “Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equivalente
A) Paulo não estuda e Marta não é atleta. a:
B) Paulo estuda e Marta não é atleta. “Ana não é professora ou Camila é médica.”
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta. Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que esta con-
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta. figura no gabarito.
E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta. RESPOSTA:“A”.

A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B” (AB) (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Considerando
será da forma: que P e Q representem proposições conhecidas e que V e F repre-
~(A B)A^ ~B sentem, respectivamente, os valores verdadeiro e falso, julgue os
Ou seja, para negarmos uma proposição composta represen- próximos itens. (374 a 376)
tada por uma condicional, devemos confirmar sua primeira parte
(“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo conectivo conjunção 12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/DF –
(“^”) e negarmos sua segunda parte (“~ B”). Assim, teremos: Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições Q e P(¬ Q) são,
RESPOSTA:“B”. simultaneamente, V se, e somente se, P for F.
()Certo () Errado
10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CETRO/2012) Se Vi-
viane não dança, Márcia não canta. Logo, Observando a tabela-verdade da proposição composta “P(¬
A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia cantar. Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, temos:
B) Viviane não dançar é condição necessária para Márcia não
cantar. P Q ¬Q P→(¬Q)
C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia cantar.
D) Viviane não dançar é condição suficiente para Márcia cantar. V V F F
E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia não can- V F V V
tar.
F V F V
Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na forma de F F V V
condição suficiente e condição necessária:
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima, ―Q‖ e ―P ®
1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição suficiente para (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, ―P‖ for F.
Márcia não cantar. Não há RESPOSTA:para essa possibilidade. Resposta: CERTO.
2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição necessária para
Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA:para essa possibilidade. 13. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A proposi-
Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicional inicial, ção [PvQ]Q é uma tautologia.
transformando-a em outra condicional equivalente, nesse caso uti- ()Certo () Errado
lizaremos o conceito da contrapositiva ou contra posição: pq ~q ~p Construindo a tabela-verdade da proposição composta: [P Ú Q]
“Se Viviane não dança, Márcia não canta”“Se Márcia canta, Vi- ® Q, teremos como solução:
viane dança”
Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane dança” P Q Pv Q (Pv Q)→Q (p^~q)↔(~p v q)
na forma de condição suficiente e condição necessária, obteremos
as seguintes possibilidades: V V V V→V V
1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente para Vi- V F V V→F F
viane dançar. Não há RESPOSTA:para essa possibilidade.
F V V V→V V
2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária para
Márcia cantar. F F F F→F V
RESPOSTA:“C”.
11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012) Considere a P(P;Q) = VFVV
sentença: “Se Ana é professora, então Camila é médica.” A proposi- Portanto, essa proposição composta é uma contingência ou in-
ção equivalente a esta sentença é determinação lógica.
A) Ana não é professora ou Camila é médica. Resposta: ERRADO.
B) Se Ana é médica, então Camila é professora.
C) Se Camila é médica, então Ana é professora. 14. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Se P for F e
D) Se Ana é professora, então Camila não é médica. P v Q for V, então Q é V.
E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica. ()Certo () Errado
Existem duas equivalências particulares em relação a uma con-
dicional do tipo “Se A, então B”. Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P vQ”, será
verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes for verdadeira
1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então B” é (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for verdadeira, então “Q”
equivalente a “Se ~B, então ~A” será, necessariamente, verdadeira.
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equivalente Resposta: CERTO.
a:
“Se Camila não é médica, então Ana não é professora.”

8
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
P4: Há criminosos livres.
C: Portanto a criminalidade é alta.

Considerando o argumento apresentado acima, em que P1, P2,


P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, julgue os itens subse-
quentes. (377 e 378)

15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O argumen-


to apresentado é um argumento válido.
()Certo () Errado Considerando-se como verdadeira (V) a 1ª parte da condicional
em P1, então, deveremos considerar também como verdadeira (V),
Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3 e P4 sus- sua 2ª parte, pois uma verdade sempre implica em outra verdade.
tentam a verdade da conclusão. Nesse caso, devemos considerar Considerando a proposição simples ―a criminalidade é alta‖
que todas as premissas são, necessariamente, verdadeiras. como verdadeira (V), logo a conclusão desse argumento é, de fato,
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta. (V) verdadeira (V), o que torna esse argumento válido.
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.(V) Resposta: CERTO.
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres. (V)
P4: Há criminosos livres. (V) 16. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A negação
Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é verdadeira da proposição P1 pode ser escrita como “Se a impunidade não é
(V), então a 2ª parte da condicional representada pela premissa P3 alta, então a criminalidade não é alta”.
será considerada falsa (F). Então, veja: ()Certo () Errado

Seja P1 representada simbolicamente, por:


A impunidade não é alta(p) então a criminalidade não é alta(q)
A negação de uma condicional é dada por:
~(pq)
Logo, sua negação será dada por: ~P1 a impunidade é alta e a
criminalidade não é alta.
Resposta:ERRADO.

EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
Sabendo-se que a condicional P3 é verdadeira e conhecendo-
-se o valor lógico de sua 2ª parte como falsa (F), então o valor lógico Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente equivalente
de sua 1ª parte nunca poderá ser verdadeiro (V). Assim, a proposi- ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se as tabelas-verdade
ção simples ―a justiça é eficaz‖ será considerada falsa (F). dessas duas proposições são IDÊNTICAS.
Se a proposição simples ―a justiça é eficaz‖ é considerada falsa Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte nota-
(F), então a 2ª parte da disjunção simples representada pela premis- ção:
sa P2, também, será falsa (F). P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..)
Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, mas con-
forme estudamos, vou falando algumas dicas.

Regra da Dupla negação


~~p⇔p

p ~p ~~p
V F V
F V F

São iguais, então ~~p⇔p

Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples) e co- Regra de Clavius


nhecendo-se o valor lógico de uma das partes como falsa (F), então ~p→p⇔p
o valor lógico da outra parte deverá ser, necessariamente, verda-
deira (V). Lembramos que, uma disjunção simples será considerada p ~p ~p→p
verdadeira (V), quando, pelo menos, uma de suas partes for verda- V F V
deira (V). F V F

Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impunidade é Regra de Absorção


alta‖, então, confirmaremos também como verdadeira (V), a 1ª par- p→p∧q⇔p→q
te da condicional representada pela premissa P1.

9
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
p q p∧q p→p∧q p→q F V V V
V V V V V F F F F
V F F F F
F V F V V d) p ↔ q ⇔ q ↔ p
F F F V V
p q p↔q q↔p
Condicional V V V V
V F F F
Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são as mais F V F F
pedidas nos concursos F F V V
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-verdades
idênticas Equivalências notáveis:
1 - Distribuição (equivalência pela distributiva)
p ~p q p∧q p→q ~p∨q a) p ∧ (q∨ ♣r) ⇔ (p ∧ q)∨ ♣(p ∧ r)
V F V V V V
V F F F F F p
q∨ p∧ p (p ∧ q)∨
F V V F V V p q r ∧
♣r (q∨ ♣r) ∧r ♣(p ∧ r)
F V F F V V q
V V V V V V V V
Exemplo V V F V V V F V
p: Coelho gosta de cenoura V F V V V F V V
q: Coelho é herbívoro. V F F F F F F F
F V V V F F F F
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é herbívoro. F V F V F F F F
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é herbívoro F F V V F F F F
F F F F F F F F
A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q
b) p∨ ♣(q ∧ r) ⇔ (p∨ ♣q) ∧ (p∨ ♣r)
p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
V V F F V V q
p∨ ♣(q p∨ p∨ (p∨ ♣q) ∧
p q r ∧
V F F V V V ∧ r) ♣q ♣r (p∨ ♣r)
r
F V V F F F V V V V V V V V
F F V V V V V V F F V V V V
V F V F V V V V
Equivalência fundamentais (Propriedades Fundamentais): a
equivalência lógica entre as proposições goza das propriedades si- V F F F V V V V
métrica, reflexiva e transitiva. F V V V V V V V
F V F F F V F F
1 – Simetria (equivalência por simetria) F F V F F F V F
F F F F F F F F
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
2 - Associação (equivalência pela associativa)
p q p∧q q∧p
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
V V V V
V F F F q p
F V F F p ∧ (q p∧ (p ∧ q) ∧ (p
p q r ∧ ∧
F F F F ∧ r) q ∧ r)
r r
V V V V V V V V
b) p∨ ♣q ⇔ q∨ ♣p V V F F F V F F
V F V F F F V F
p∨ q∨ V F F F F F F F
p q
♣q ♣p F V V V F F F F
V V V V F V F F F F F F
V F V V F F V F F F F F
F V V V F F F F F F F F
F F F F
b) p∨ ♣(q∨ ♣r) ⇔ (p∨ ♣q)∨ ♣(p∨ ♣r)
c) p∨ ♣q ⇔ q p
p∨
p∨ q∨ p∨ p∨ (p∨ ♣q)∨
p q q∨ ♣p p q r ♣(q∨
♣q ♣r ♣q ♣r ♣(p∨ ♣r)
♣r)
V V F F V V V V V V V V
V F V V V V F V V V V V

10
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
V F V V V V V V b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q)
V F F F V V V V
F V V V V V V V p
~q → ~p → (~q → ~p) ∧
F V F V V V F V p q ↔ ~q ~p
~p ~q (~p → ~q)
F F V V V F V V q
V V V F F V V V
F F F F F F F F
V F F V F F V F
3 – Idempotência F V F F V V F F
a) p ⇔ (p ∧ p) F F V V V V V V
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas colunas
com p: c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q)∨ ♣(~p ∧ ~q)

p p ~p
p p p∧p (p ∧ q)∨
p q ↔ ∧ ~p ~q ∧
V V V ♣(~p ∧ ~q)
q q ~q
F F F V V V V F F F V
V F F F F V F F
b) p ⇔ (p∨ ♣p)
F V F F V F F F
F F V F V V V V
p p p∨p
V V V 6 - Pela exportação-importação
F F F [(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]

4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se outra con- p∧ (p ∧ q)


dicional equivalente à primeira, apenas invertendo-se e negando-se p q r q→r p → (q → r)
q →r
as proposições simples que as compõem. V V V V V V V
V V F V F F F
Da mesma forma que vimos na condicional mais acima, temos V F V F V V V
outros modos de definir a equivalência da condicional que são de V F F F V V V
igual importância F V V F V V V
F V F F V F V
1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p) F F V F V V V
F F F F V V V
p q ~p ~q p→q ~q → ~p
V V F F V V Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)
V F F V F F
F V V F V V Chama-se proposições associadas a p → q as três proposições
F F V V V V condicionadas que contêm p e q:

2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p) – Proposições recíprocas: p → q: q → p


– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
p q ~p ~p → q ~q ~q → p – Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p
V V F V F V Observe a tabela verdade dessas quatro proposições:
V F F V V V
F V V V F V q
p→ ~p → ~q →
p q ~p ~q →
F F V F V F q ~q ~p
p
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p) V V F F V V V V
V F F V F V V F
F V V F V F F V
p q ~q p → ~q ~p q → ~p
F F V V V V V V
V V F F F F
V F V V F V Observamos ainda que a condicional p → q e a sua recíproca q
F V F V V V → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO EQUIVALENTES.
F F V V V V

5 - Pela bicondicional
a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição

p q p↔q p→q q→p (p → q) ∧ (q → p)


V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V

11
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
06. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017) Uma propo-
EXERCÍCIOS sição equivalente a Se há fumaça, há fogo, é:

(A) Se não há fumaça, não há fogo.


01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP/2017) (B) Se há fumaça, não há fogo.
Uma afirmação equivalente para “Se estou feliz, então passei no (C) Se não há fogo, não há fumaça.
concurso” é: (D) Se há fogo, há fumaça.
(A) Se passei no concurso, então estou feliz.
(B) Se não passei no concurso, então não estou feliz. 07. (DPE/RR – Técnico em Informática – INAZ DO PARÁ/2017)
(C) Não passei no concurso e não estou feliz. Diz-se que duas preposições são equivalentes entre si quando elas
(D) Estou feliz e passei no concurso. possuem o mesmo valor lógico. A sentença logicamente equivalen-
(E) Passei no concurso e não estou feliz. te a: “ Se Maria é médica, então Victor é professor” é:
(A) Se Victor não é professor então Maria não é médica
02. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere a frase: (B) Se Maria não é médica então Victor não é professor
Se Marco treina, então ele vence a competição. (C) Se Victor é professor, Maria é médica
A frase equivalente a ela é: (D) Se Maria é médica ou Victor é professor
(A) Se Marco não treina, então vence a competição. (E) Se Maria é médica ou Victor não é professor
(B) Se Marco não treina, então não vence a competição.
(C) Marco treina ou não vence a competição. 08. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador – PREF. DO RIO
(D) Marco treina se e somente se vence a competição. DE JANEIRO/2016) Uma proposição logicamente equivalente a “se
(E) Marco não treina ou vence a competição. eu não posso pagar um táxi, então vou de ônibus” é a seguinte:

03. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CESPE/2017) A (A) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
partir da proposição P: “Quem pode mais, chora menos.”, que cor- (B) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
responde a um ditado popular, julgue o próximo item. (C) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é equiva- (D) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
lente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
() Certo 09. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Administração
() Errado – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma proposição logicamente
equivalente a “todo ato desonesto é passível de punição” é a se-
04. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário – FGV/2017) Consi- guinte:
dere a sentença: “Se Pedro é torcedor do Avaí e Marcela não é tor- (A) todo ato passível de punição é desonesto.
cedora do Figueirense, então Joana é torcedora da Chapecoense”. (B) todo ato não passível de punição é desonesto.
Uma sentença logicamente equivalente à sentença dada é: (C) se um ato não é passível de punição, então não é desonesto.
(A) Se Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora do (D) se um ato não é desonesto, então não é passível de puni-
Figueirense, então Joana não é torcedora da Chapecoense. ção.
(B) Se Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torcedora do
Figueirense, então Joana não é torcedora da Chapecoense. 10. (TJ/PI – Analista Judiciário – FGV/2015) Considere a sen-
(C) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora do tença: “Se gosto de capivara, então gosto de javali”.
Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense. Uma sentença logicamente equivalente à sentença dada é:
(D) Se Joana não é torcedora da Chapecoense, então Pedro não (A) Se não gosto de capivara, então não gosto de javali.
é torcedor do Avaí e Marcela é torcedora do Figueirense. (B) Gosto de capivara e gosto de javali.
(E) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora do (C) Não gosto de capivara ou gosto de javali.
Figueirense e Joana é torcedora da Chapecoense. (D) Gosto de capivara ou não gosto de javali.
(E) Gosto de capivara e não gosto de javali.
05. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Considere como
verdadeira a seguinte sentença: “Se todas as flores são vermelhas, GABARITO
então o jardim é bonito”.
É correto concluir que:
(A) se todas as flores não são vermelhas, então o jardim não é 01. Resposta: B.
bonito; p→q⇔~q→~p
(B) se uma flor é amarela, então o jardim não é bonito; p: Estou feliz
(C) se o jardim é bonito, então todas as flores são vermelhas; q: passei no concurso
(D) se o jardim não é bonito, então todas as flores não são ver- A equivalência ficaria:
melhas; Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(E) se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor não é
vermelha. 02. Resposta: E.
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou “~p∨q”
P: Marcos treina
Q: ele vence a competição
Marcos não treina ou ele vence a competição

12
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
03. Resposta: Certo. Não gosto de capivara ou gosto de javali.
Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é condicio-
nal, não é regra, mas acontece quando você não acha o conectivo. Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São
04. Resposta: C. Paulo: Nobel – 2002.
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou “~p∨q” CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu -
~p: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora do Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Figueirense
~q→~p: Se Joana não é torcedora da Chapecoense, então Pe- LEIS DE DEMORGAN
dro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora do Figueirense
~p∨q: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora do Negação de uma proposição composta
Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense. Definição: Quando se nega uma proposição composta primi-
tiva, gera-se outra proposição também composta e equivalente à
05. Resposta: E. negação de sua primitiva.
Equivalência: p→q⇔~q→~p Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual
Para negar Todos: a equivalência da negação para compor uma frase, por exemplo.
Pelo menos faz o contrário, ou seja, no nosso caso, pelo menos
uma flor não é vermelha Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)
~p: Pelo menos uma flor não é vermelha Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o co-
Se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor não é nectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
vermelha. ~(p ∧ q) ⇔ (~p∨ ♣~q)

06. Resposta: C. ~p∨


p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q)
Nega as duas e troca de lado. ♣~q
Se não há fogo, então não há fumaça. V V F F V F F
V F F V F V V
07. Resposta: A. F V V F F V V
Nega as duas e troca de lado. F F V V F V V
Se Victor não é professor, então Maria não é medica.
Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)
08. Resposta: A. Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o co-
Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p nectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
~p∨q ~(p∨ ♣q) ⇔ (~p ∧ ~q)
Nesse caso, como temos apenas condicional nas alternativas.
Nega as duas e troca p∨ ~(p∨
p q ~p ~q ~p ∧ ~q
p: não posso pagar um táxi ♣q ♣q)
q: vou de ônibus V V F F V F F
~p: Posso pagar um táxi V F F V V F F
~q: Não vou de ônibus F V V F V F F
Se não vou de ônibus, então posso pagar um táxi F F V V F V V

09. Resposta: C. Resumindo as negações, quando é conjunção nega as duas e


Vamos pensar da seguinte maneira: troca por “ou”
Se todo ato é desonesto, então é passível de punição Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou “~p∨q” Negação de uma disjunção exclusiva
Nesse caso, as alternativas nos mostram condicional. ~(p∨ ♣q) ⇔ (p ↔ q)
Se um ato não é passível de punição, então não é desonesto.
p q p∨q ~( p∨q) p↔q
10. Resposta: C. V V F V V
Lembra da tabela da teoria?? V F V F F
F V V F F
p q p→q ~p ~p∨q F F F V V
V V V F V
V F F F F Negação de uma condicional
F V V V V Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.
F F V V V
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)
Então
p: Gosto de capivara p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
q: Gosto de javali V V V F F F
V F F V V V
Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p, mas não temos F V V F F V
essa opção. F F V V F F
Portanto, deve ser ~p∨q

13
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Negação de uma bicondicional
~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q)∨ ♣(q ∧ ~p)]

~[(p → q) ∧ [(p ∧ ~q)∨ ♣


P Q p↔q p→q q→p p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p
(q → p)] (q ∧ ~p)]
V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)


De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)
P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte da condicional,
troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2a parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1a vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2a vez: ~(p ∧ ~q) ⇔ ~p∨ ♣q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equivalente à sua proposi-
ção primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p∨ ♣q

EXERCÍCIOS

01. (CORREIOS – Engenheiro de Segurança do Trabalho Júnior – IADES/2017) Qual é a negação da proposição “Engenheiros gostam
de biológicas e médicos gostam de exatas.”?
(A) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(B) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.
(C) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos gostam de exatas.
(D) Engenheiros gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(E) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos não gostam de exatas.

02. (ARTES - Agente de Fiscalização à Regulação de Transporte - Tecnologia de Informação - FCC/2017) A afirmação que corresponde
à negação lógica da frase ‘Vendedores falam muito e nenhum estudioso fala alto’ é:
(A) ‘Nenhum vendedor fala muito e todos os estudiosos falam alto’.
(B) ‘Vendedores não falam muito e todos os estudiosos falam alto’.
(C) ‘Se os vendedores não falam muito, então os estudiosos não falam alto’.
(D) ‘Pelo menos um vendedor não fala muito ou todo estudioso fala alto’.
(E) ‘Vendedores não falam muito ou pelo menos um estudioso fala alto’

03. (IGP/RS – Perito Criminal 0 FUNDATEC/2017) A negação da proposição “Todos os homens são afetuosos” é:
(A) Toda criança é afetuosa.
(B) Nenhum homem é afetuoso.
(C) Todos os homens carecem de afeto.
(D) Pelo menos um homem não é afetuoso.
(E) Todas as mulheres não são afetuosas.

04. (TRT – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma afirmação que corresponda à negação lógica da afirmação: todos os programas foram
limpos e nenhum vírus permaneceu, é:
(A) Se pelo menos um programa não foi limpo, então algum vírus não permaneceu.
(B) Existe um programa que não foi limpo ou pelo menos um vírus permaneceu.
(C) Nenhum programa foi limpo e todos os vírus permaneceram.
(D) Alguns programas foram limpos ou algum vírus não permaneceu.
(E) Se algum vírus permaneceu, então nenhum programa foi limpos.

05. (TRF 1ª REGIÃO – cargos de nível superior – CESPE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação de uma matéria polê-
mica pelo placar de 6 votos a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão
será totalmente modificada.”
Considerando a situação apresentada e a proposição correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
A negação da proposição pode ser corretamente expressa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a decisão não será totalmente
modificada”.

() CERTO() ERRADO

14
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
06. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CESPE/2017) A
partir da proposição P: “Quem pode mais, chora menos.”, que cor- GABARITO
responde a um ditado popular, julgue o próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por “Quem não
pode mais, não chora menos” 01. Resposta: A.
CertoErrado Nega as duas e muda o conectivo para ou
|Engenheiros não gostam de biológicas OU médicos não gos-
07. (CFF – Analista de Sistema – INAZ DO PARÁ/2017) Dizer tam de exatas.
que não é verdade que “Todas as farmácias estão abertas” é logica-
mente equivalente a dizer que: 02. Resposta: E.
Nega as duas e coloca ou.
(A) “Toda farmácia está aberta”. Vendedores não falam muito
(B) “Nenhuma farmácia está aberta”. Para negar nenhum, devemos colocar pelo menos e a afirma-
(C) “Todas as farmácias não estão abertas”. tiva
(D) “Alguma farmácia não está aberta”. Pelo menos um estudioso fala muito.
(E) “Alguma farmácia está aberta”.
OBS: Se fosse Todos a negação seria pelo menos 1 estudioso
08. (TRT 7ª REGIÃO – Conhecimentos básicos cargos 1, 2, 7 e não fala muito.
8 – CESPE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P
A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias, 03. Resposta: D.
mas não apresentou os comprovantes de pagamento; o juiz julgou, Para negar todos, colocamos pelo menos um...
pois, procedente a ação movida pelo ex-empregado. E negamos a frase.
Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obrigações pre- Pelo menos um homem não é afetuoso.
videnciárias, mas não apresentou os comprovantes de pagamento.
A proposição Q, anteriormente apresentada, está presente na 04. Resposta:B.
proposição P do texto CB1A5AAA. Negação de Todos: Pelo menos um (existe um, alguns) e a ne-
A negação da proposição Q pode ser expressa por: gação:
Pelo menos um programa não foi limpo.
(A) A empresa não alegou ter pago suas obrigações previdenci- Negação de nenhum : pelo menos um e a afirmação.
árias ou apresentou os comprovantes de pagamento. Pelo menos um vírus permaneceu.
(B) A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias Ou
ou não apresentou os comprovantes de pagamento. Alguns vírus permaneceram.
(C)A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias 05. Resposta: Errado.
e apresentou os comprovantes de pagamento. CUIDADO!
(D) A empresa não alegou ter pago suas obrigações previdenci- O basta traz sentido de condicional.
árias nem apresentou os comprovantes de pagamento. Se um de nós mudar de ideia, então a decisão será totalmente
modificada.
09. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afirmação: Portanto, mantém a primeira e nega a segunda (MANÈ)
Ontem trovejou e não choveu. Basta um de nós mudar de ideia e a decisão não será totalmen-
Uma afirmação que corresponde à negação lógica desta afir- te modificada.
mação é
(A) se ontem não trovejou, então não choveu. 06. Resposta: Errado.
(B) ontem trovejou e choveu. Negação de uma condicional: mantém a primeira e nega a se-
(C) ontem não trovejou ou não choveu. gunda.
(D) ontem não trovejou ou choveu.
(E) se ontem choveu, então trovejou. 07. Resposta: D.
10. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afirmação: Para negar todos: pelo menos uma, alguma, existe uma
Se sou descendente de italiano, então gosto de macarrão e gos- Alguma farmácia não está aberta.
to de parmesão. 08. Resposta: A.
Uma afirmação que corresponde à negação lógica desta afir- Nega as duas e troca por “e” por “ou”
mação é A empresa não alegou ter pago suas obrigações previdenciárias
(A) Sou descendente de italiano e, não gosto de macarrão ou ou apresentou os comprovantes de pagamento.
não gosto de parmesão.
(B) Se não sou descendente de italiano, então não gosto de ma- 09. Resposta: D.
carrão e não gosto de parmesão. Negação de ontem trovejou: ontem não trovejou
(C) Se gosto de macarrão e gosto de parmesão, então não sou Negação de não choveu: choveu
descendente de italiano. Ontem não trovejou ou choveu.
(D) Não sou descendente de italiano e, gosto de macarrão e
não gosto de parmesão. 10. Resposta: A.
(E) Se não gosto de macarrão e não gosto de parmesão, então Negação de condicional: mantém a primeira e nega a segunda.
não sou descendente de italiano. Negação de conjunção: nega as duas e troca “e” por “ou”
Vamos fazer primeiro a negação da conjunção: gosto de macar-
rão e gosto de parmesão.
Não gosto de macarrão ou não gosto de parmesão.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Sou descendente de italiano e não gosto de macarrão ou não DEDUÇÕES
gosto de parmesão.
ARGUMENTOS DEDUTIVOS E INDUTIVOS
Os argumentos podem ser classificados em dois tipos: Deduti-
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO vos e Indutivos.

1) O argumento será DEDUTIVO quando suas premissas for-


ARGUMENTO necerem informações suficientes para comprovar a veracidade da
conclusão, isto é, o argumento é dedutivo quando a conclusão é
Argumento é uma relação que associa um conjunto de propo- completamente derivada das premissas.
sições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipóteses, e uma
proposição C chamada conclusão. Esta relação é tal que a estrutura EXEMPLO:
lógica das premissas acarretam ou tem como consequência a pro- Todo ser humano têm mãe.
posição C (conclusão). Todos os homens são humanos.
O argumento pode ser representado da seguinte forma: Todos os homens têm mãe.

2) O argumento será INDUTIVO quando suas premissas não


fornecerem o “apoio completo” para ratificar as conclusões. Por-
tanto, nos argumentos indutivos, a conclusão possui informações
que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo assim, não se
aplica, então, a definição de argumentos válidos ou não válidos para
argumentos indutivos.
EXEMPLO:
O Flamengo é um bom time de futebol.
O Palmeiras é um bom time de futebol.
O Vasco é um bom time de futebol.
O Cruzeiro é um bom time de futebol.
Todos os times brasileiros de futebol são bons.
Note que não podemos afirmar que todos os times brasileiros
são bons sabendo apenas que 4 deles são bons.

EXEMPLOS: Exemplo: (FCC) Considere que as seguintes afirmações são ver-


1. Todos os cariocas são alegres. dadeiras:
Todas as pessoas alegres vão à praia “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
Todos os cariocas vão à praia. “Existem crianças que são inteligentes.”
2. Todos os cientistas são loucos. Assim sendo, certamente é verdade que:
Einstein é cientista. (A) Alguma criança inteligente não gosta de passear no Metrô
Einstein é louco! de São Paulo.
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de São
Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico de for- Paulo é inteligente.
ma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos são os argu- (C) Alguma criança não inteligente não gosta de passear no
mentos que têm somente duas premissas e mais a conclusão, e uti- Metrô de São Paulo.
lizam os termos: todo, nenhum e algum, em sua estrutura. (D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo
é inteligente.
ANALOGIAS (E) Toda criança inteligente não gosta de passear no Metrô
de São Paulo.
A analogia é uma das melhores formas para utilizar o raciocí- SOLUÇÃO:
nio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação de uma situação Representando as proposições na forma de conjuntos (diagra-
conhecida com uma desconhecida. Uma analogia depende de três mas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos:
situações: “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
• os fundamentos precisam ser verdadeiros e importantes; “Existem crianças que são inteligentes.”
• a quantidade de elementos parecidos entre as situações deve
ser significativo;
• não pode existir conflitos marcantes.

INFERÊNCIAS

A indução está relacionada a diversos casos pequenos que che-


gam a uma conclusão geral. Nesse sentido podemos definir tam-
bém a indução fraca e a indução forte. Essa indução forte ocorre
quando não existe grandes chances de que um caso discorde da
premissa geral. Já a fraca refere-se a falta de sustentabilidade de um
conceito ou conclusão.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as crianças Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana come-
gostam de passear no metrô e existem crianças inteligentes, então teu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e) Ana não
alguma criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo é in- cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita.
teligente. Logo, a alternativa correta é a opção B.
SOLUÇÃO:
CONCLUSÕES Representando as premissas do enunciado na forma de diagra-
mas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), obteremos:
VALIDADE DE UM ARGUMENTO Premissas:
Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de um argu- “Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita”
mento dedutivo diremos que ele é válido ou inválido. Atente-se = “Toda pessoa que comete um crime perfeito não é suspeita”.
para o fato que todos os argumentos indutivos são inválidos, por- “Ana não cometeu um crime perfeito”.
tanto não há de se falar em validade de argumentos indutivos. Conclusão:
A validade é uma propriedade dos argumentos que depende “Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, apenas as
apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposições (premissas premissas!)
e conclusões) e não do seu conteúdo.

Argumento Válido
Um argumento será válido quando a sua conclusão é uma con-
sequência obrigatória de suas premissas. Em outras palavras, po-
demos dizer que quando um argumento é válido, a verdade de suas
premissas deve garantir a verdade da conclusão do argumento. Isso
significa que, se o argumento é válido, jamais poderemos chegar a
uma conclusão falsa quando as premissas forem verdadeiras.

Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual as premis-


sas sejam as proposições I e II abaixo.
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz.
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não cometeu
Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulheres desem- um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita ou não. Por isso te-
pregadas vivem pouco”, tem-se um argumento correto. mos duas possibilidades (ver bonecos). Logo, a questão está errada,
pois não podemos afirmar, com certeza, que Ana é suspeita. Logo,
SOLUÇÃO: o argumento é inválido.
Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver artigo
sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução, teremos: EXERCÍCIOS
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz. =
Toda mulher desempregada é infeliz.
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda mu- (TJ-AC - Analista Judiciário - Conhecimentos Básicos - Cargos 1
lher infeliz vive pouco. e 2 - CESPE/2012) (10 a 13)

Considerando que as proposições lógicas sejam representa-


das por letras maiúsculas, julgue os próximos itens, relativos a ló-
gica proposicional e de argumentação.

1. A expressão é uma tautologia.


A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Fazendo a tabela verdade:

P Q P→Q (P→Q) V P [(P→Q) V P]→Q


Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das desem-
pregadas (ver boneco), automaticamente estará no conjunto das V V V V V
mulheres que vivem pouco. Portanto, se a conclusão for a proposi- V F F V F
ção “Mulheres desempregadas vivem pouco”, tem-se um argumen-
F V V V V
to correto (correto = válido!).
F F V V F
Argumento Inválido
Dizemos que um argumento é inválido, quando a verdade das Portanto não é uma tautologia.
premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão, ou
seja, quando a conclusão não é uma consequência obrigatória das
premissas.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é alto” e F V V F
“Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete” são logicamente
equivalentes. F V F V
A) Certo F F V F
B) Errado
F F F V
Resposta: A.
São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz não joga
TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática -CESPE/2012)
basquete” nega as duas partes da proposição, a deixando equiva-
lente a primeira.

3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam pelos mes-


mos caminhos” pode ser representada simbolicamente por PΛQ,
em que as proposições P e Q são convenientemente escolhidas.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado para
unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser considerada uma
proposição, pois não pode ser considerada verdadeira ou falsa.

4. Considere que a tabela abaixo representa as primeiras colu-


nas da tabela-verdade da proposição

Com base na situação descrita acima, julgue o item a seguir.

5. O argumento cujas premissas correspondem às quatro afir-


mações do jornalista e cuja conclusão é “Pedro não disputará a
eleição presidencial da República” é um argumento válido.
A) Certo
Logo, a coluna abaixo representa a última coluna dessa tabe-
B) Errado
la-verdade.
Resposta: A.
Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir das
premissas, considerando que as premissas são verdadeiras então
tenho que:
Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;

Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;


Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do partido
e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará
a presidência.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
Fazendo a tabela verdade:

P Q R (P→Q)^(~R)
V V V F
V V F V
V F V F
V F F F

18
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
(PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos - CESPE/2012)
Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argumentação: “Mãe, se
tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha
idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não tenho um mínimo
de maturidade. Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança. Se não tenho um mínimo de maturidade, sou
tratado como criança. Logo, se sou tratado como criança, mereço ganhar um novo smartphone no dia das crianças”.
Com base nessa argumentação, julgue os itens a seguir..
6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não tenho
um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade, então não estou há 7 anos na faculdade e tenho
capacidade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: B.
Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P
Negação de Proposição: ~ (P ^ Q)=~ P v ~ Q

P Q R ¬P ¬Q ¬R P^¬Q (P^¬Q) → ¬R ¬P^Q R→ (¬P^Q)


V V V F F F F V F F
V V F F F V F V F V
V F V F V F V F F F
V F F F V V V V F V
F V V V F F F V V V
F V F V F V F V V V
F F V V V F F V F F
F F F V V V F V F V

Portanto não são equivalentes.


7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e “Dependo de mesa-
da”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas
a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha idade”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto que trata-se da
conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.

8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um mínimo de maturidade,
sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou não tenho um mínimo de maturidade, sou
tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade

A B C ~A ~C (~A → B) (~C → B) (~A v ~ C) (~A→ B) ^ (~ C→ B) (~A v ~ C)→ B


V V V F F V V F V V
V V F F V V V V V V
V F V F F V V F V V
V F F F V V F V F F
F V V V F V V V V V
F V F V V V V V V V
F F V V F F V V F F
F F F V V F F V F F

De acordo com a tabela verdade são equivalentes.

19
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Todo A é B é necessariamente falsa.
DIAGRAMAS LÓGICOS Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?
Algum A é B é necessariamente falsa.
Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.
As questões de Diagramas lógicos envolvem as proposições ca-
tegóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução requer que desenhe- Algum A não é B necessariamente verdadeira.
mos figuras, os chamados diagramas. Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos não sejam
Definição das proposições mas, se já está dizendo algum vou concordar.

Todo A é B. Algum A é B.

O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo elemento Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em comum com
de A também é elemento de B. o conjunto B.

Podemos representar de duas maneiras: Temos 4 representações possíveis:

a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elementos em


comum.

Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como ficam os


valores lógicos das outras?
Pensemos nessa frase: Toda criança é linda.

Nenhum A é B é necessariamente falsa.


Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar que TODA b) Todos os elementos de A estão em B.
criança é linda? Por isso é falsa.

Algum A é B é necessariamente verdadeira


Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são lindas.

Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está contido


em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos impossível,
pois todas são.

Nenhum A é B.

A e B não terão elementos em comum.

c) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como ficam


os valores lógicos das outras?

Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase extrema,


mas assim é bom para entendermos..hehe)

20
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
d) O conjunto A é igual ao conjunto B. b) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como ficam os


valores lógicos das outras? c) Não há elementos em comum entre os dois conjuntos
Frase: Algum copo é de vidro.

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né? Porque
assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de falar que algum
copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos 1 copo de vidro.

Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo ser verda-


deira ou falsa (podemos analisar também os diagramas mostrados
nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.

Algum A não é B não conseguimos determinar, podendo ser Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver como ficam
verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d) os valores lógicos das outras?
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se todos os Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
copos são de vidros, pode ser verdadeira. Frase: Algum copo não é de vidro.

Algum A não é B. Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as figuras a


O conjunto A tem pelo menos um elemento que não pertence e b)
ao conjunto B. Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se todos
não são de vidro.
Aqui teremos 3 modos de representar:
Todo A é B , é necessariamente falsa
a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elementos em Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo não era.
comum
Algum A é B é indeterminada
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem algum
de vidro ou não.

Quantificadores são elementos que, quando associados às sen-


tenças abertas, permitem que as mesmas sejam avaliadas como
verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser qualificadas como sen-
tenças fechadas.

O quantificador universal

O quantificador universal, usado para transformar sentenças


(proposições) abertas em proposições fechadas, é indicado pelo
símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”, “para todo”, “para
cada”.

21
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Exemplo: É CORRETO afirmar que no grupo
(∀x)(x + 2 = 6)
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (falsa). (A) todas as pessoas que praticam natação também praticam
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a afirmação tênis.
ser verdadeira. (B) todas as pessoas que praticam futebol também praticam
tênis.
O quantificador existencial (C) algumas pessoas que praticam natação não praticam fute-
bol.
O quantificador existencial é indicado pelo símbolo “∃” que se (D) algumas pessoas que praticam natação não praticam tênis.
lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe um”. (E) algumas pessoas que praticam tênis não praticam futebol.

Exemplos: 02. (TRT - 20ª REGIÃO /SE - Técnico Judiciário – FCC/2016) que
(∃x)(x + 5 = 9) todo técnico sabe digitar. Alguns desses técnicos sabem atender
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verdadeira). ao público externo e outros desses técnicos não sabem atender ao
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro que existe público externo. A partir dessas afirmações é correto concluir que:
algum número que essa afirmação será verdadeira.
(A) os técnicos que sabem atender ao público externo não sa-
Ok?? Sem maiores problemas, certo? bem digitar.
(B) os técnicos que não sabem atender ao público externo não
Representação de uma proposição quantificada sabem digitar.
(C) qualquer pessoa que sabe digitar também sabe atender ao
(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15) público externo.
Quantificador: ∀ (D) os técnicos que não sabem atender ao público externo sa-
Condição de existência da variável: x ∈ N . bem digitar.
Predicado: x + 3 > 15. (E) os técnicos que sabem digitar não atendem ao público ex-
terno.
(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)]
Quantificador: ∃ 03. (COPERGAS – Auxiliar Administrativo – FCC/2016) É verda-
Condição de existência da variável: não há. de que existem programadores que não gostam de computadores.
Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”. A partir dessa afirmação é correto concluir que:

Negações de proposições quantificadas ou funcionais


Seja uma sentença (∀x)(A(x)). (A) qualquer pessoa que não gosta de computadores é um pro-
Negação: (∃x)(~A(x)) gramador.
(B) todas as pessoas que gostam de computadores não são pro-
Exemplo gramadores.
(∀x)(2x-1=3) (C) dentre aqueles que não gostam de computadores, alguns
Negação: (∃x)(2x-1≠3) são programadores.
(D) para ser programador é necessário gostar de computador.
Seja uma sentença (∃x)(Q(x)). (E) qualquer pessoa que gosta de computador será um bom
Negação: (∀x)(~Q(x)). programador.
(∃x)(2x-1=3)
Negação: (∀x)(2x-1≠3) 04. (COPERGAS/PE - Analista Tecnologia da Informação
- FCC/2016) É verdade que todo engenheiro sabe matemática.
EXERCÍCIOS É verdade que há pessoas que sabem matemática e não são enge-
nheiros. É verdade que existem administradores que sabem mate-
mática. A partir dessas afirmações é possível concluir corretamente
01. (UFES - Assistente em Administração – UFES/2017) Em um que:
determinado grupo de pessoas:
(A) qualquer engenheiro é administrador.
• todas as pessoas que praticam futebol também praticam na- (B) todos os administradores sabem matemática.
tação, (C) alguns engenheiros não sabem matemática.
• algumas pessoas que praticam tênis também praticam fute- (D) o administrador que sabe matemática é engenheiro.
bol, (E) o administrador que é engenheiro sabe matemática.
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam natação.

22
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
05. (CRECI 1ª REGIÃO/RJ – Advogado – MSCONCURSOS/2016) 09. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2015)
Considere como verdadeiras as duas premissas seguintes: Considere verdadeira a seguinte afirmação: “Todos os primos de
Mirian são escreventes”.
I – Nenhum professor é veterinário;
II – Alguns agrônomos são veterinários. Dessa afirmação, conclui­se corretamente que
(A) se Pâmela não é escrevente, então Pâmela não é prima de
A partir dessas premissas, é correto afirmar que, necessaria- Mirian.
mente: (B) se Jair é primo de Mirian, então Jair não é escrevente.
(A) Nenhum professor é agrônomo. (C) Mirian é escrevente
(B) Alguns agrônomos não são professores. (D) Mirian não é escrevente.
(C) Alguns professores são agrônomos. (E) se Arnaldo é escrevente, então Arnaldo é primo de Mirian
(D) Alguns agrônomos são professores.
06. (EMSERH - Auxiliar Administrativo – FUNCAB/2016) Consi- 10. (DPE/MT – Assistente Administrativo – FGV/2015) Consi-
dere que as seguintes afirmações são verdadeiras: dere verdadeiras as afirmações a seguir.

“Algum maranhense é pescador.” • Existem advogados que são poetas.


“Todo maranhense é trabalhador.” • Todos os poetas escrevem bem.

Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que: Com base nas afirmações, é correto concluir que
(A) se um advogado não escreve bem então não é poeta.
(A) Algum maranhense pescador não é trabalhador (B) todos os advogados escrevem bem.
(B) Algum maranhense não pescar não é trabalhador (C) quem não é advogado não é poeta.
(C) Todo maranhense trabalhadoré pescador (D) quem escreve bem é poeta.
(D) Algum maranhense trabalhador é pescador (E) quem não é poeta não escreve bem.
(E) Todo maranhense pescador não é trabalhador.

07. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Assistente Administrativo GABARITO


– PREF. DO RIO DE JANEIRO/2015) Em certa comunidade, é verda-
de que:
01. Resposta: E.
- todo professor de matemática possui grau de mestre;
- algumas pessoas que possuem grau de mestre gostam de em-
padão de camarão;
- algumas pessoas que gostam de empadão de camarão não
possuem grau de mestre.
Uma conclusão necessariamente verdadeira é:

(A) algum professor de matemática gosta de empadão de ca-


marão.
(B) nenhum professor de matemática gosta de empadão de ca-
marão.
(C) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão gosta de
matemática. 02. Resposta: D.
(D) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão não é Podemos excluir as alternativas que falam que não sabem digi-
professor de matemática. tar, pois todos os técnicos sabem digitar.

08. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2015) Se


todo estudante de uma disciplina A é também estudante de uma
disciplina B e todo estudante de uma disciplina C não é estudante
da disciplina B, e ntão é verdade que:

(A) algum estudante da disciplina A é estudante da disciplina C.


(B) algum estudante da disciplina B é estudante da disciplina C.
(C) nenhum estudante da disciplina A é estudante da disciplina
C.
(D) nenhum estudante da disciplina B é estudante da disciplina
A.
(E) nenhum estudante da disciplina A é estudante da disciplina
B.

23
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
03. Resposta: C. 07. Resposta: D.

Podemos ter esses dois modelos de diagramas:

(A) não está claro se os mestres que gostam de empadão são


professores ou não.
(B) podemos ter o primeiro diagrama
04. Resposta: E. (C) pode ser o segundo diagrama.

08. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante de C não
é da disciplina B, ou seja, não tem ligação nenhuma.

05. Resposta: B.
Alguns agrônomos são veterinários e podem ser só agrônomos.

Assim, os estudantes da disciplina A, também não fazem disci-


plina C e vice-versa.

09. Resposta: A.

06. Resposta: D.

Como Pâmela não é escrevente, ela está em um diagrama a


parte, então não é prima de Mirian.
Analisando as alternativas erradas:

(B) Todos os primos de primo são escrevente.


(C) e (D) Não sabemos se Mirian é escrevente ou não.
(E) Não necessariamente, pois há pessoas que são escreventes,
mas não primos de Mirian.

24
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
10. Resposta: A. Exemplo 1
Se o advogado não escreve bem, ele faz parte da área hachura-
da, portanto ele não é poeta. 10 + 12 – 6 + 7
22 – 6 + 7
16 + 7
23

Exemplo 2

40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27
Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25

Referências Números Inteiros


Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Provas e Con- Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
cursos, 2010. naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
Este conjunto pode ser representado por:
ARITMÉTICA Z={...-3, -2, -1, 0, 1, 2,...}
Subconjuntos do conjunto :
1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero
Números Naturais
Os números naturais são o modelo matemático necessário Z*={...-2, -1, 1, 2, ...}
para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade, 2) Conjuntos dos números inteiros não negativos
obtemos o conjunto infinito dos números naturais
Z+={0, 1, 2, ...}

3) Conjunto dos números inteiros não positivos


- Todo número natural dado tem um sucessor
a) O sucessor de 0 é 1. Z-={...-3, -2, -1}
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20. Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
São exemplos de números racionais:

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces- -12/51


sor (número que vem antes do número dado). -3
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero.
a) O antecessor do número m é m-1. -(-3)
b) O antecessor de 2 é 1. -2,333...
c) O antecessor de 56 é 55.
d) O antecessor de 10 é 9. As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
portanto são consideradas números racionais.
Expressões Numéricas Como representar esses números?

Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul- Representação Decimal das Frações
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili- Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
zamos alguns procedimentos:
1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações, cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub-
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são
resolvidos primeiro.

25
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas Subtraindo:
lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio- 100x-x=112,1212...-1,1212...
nal 99x=111
OBS: período da dízima são os números que se repetem, se não X=111/99
repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que tra-
taremos mais a frente. Números Irracionais
Identificação de números irracionais

- Todas as dízimas periódicas são números racionais.


- Todos os números inteiros são racionais.
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
- Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um número
Representação Fracionária dos Números Decimais racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na forma ,
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o com a e b inteiros e b≠0.
denominador seguido de zeros.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa, Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.
um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.
- O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme-
ro racional.

Exemplo: : = = 2e 2 é um número racional.

- O produto de dois números irracionais, pode ser um número


racional.

Exemplo: . = = 7 é um número racional.

Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um número natu-


ral, se não inteira, é irracional.

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como Números Reais


podemos transformar em fração?

Exemplo 1

Transforme a dízima 0, 333... .em fração


Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...
Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por
10.

10x=3,333...

E então subtraímos:

10x-x=3,333...-0,333...
9x=3 Fonte: www.estudokids.com.br
X=3/9
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.


Exemplo 2

26
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Representação na reta Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores


que a.

Intervalo:]a,+ ∞[
INTERVALOS LIMITADOS Conjunto:{x∈R|x>a}
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a
e menores do que b ou iguais a b. Potenciação
Multiplicação de fatores iguais

2³=2.2.2=8
Intervalo:[a,b]
Conjunto: {x∈R|a≤x≤b} Casos
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que
b.

Intervalo:]a,b[
Conjunto:{x∈R|a<x<b}
2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.
Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou
iguais a a e menores do que b.

Intervalo:{a,b[
Conjunto {x∈R|a≤x<b} 3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta
Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e em um número positivo.
menores ou iguais a b.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}
4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resul-
INTERVALOS IIMITADOS ta em um número negativo.

Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me-


nores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b] 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o si-


Conjunto:{x∈R|x≤b} nal para positivo e inverter o número que está na base.

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me-


nores que b.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}
6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor
Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores do expoente, o resultado será igual a zero.
ou iguais a a.

27
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Propriedades Técnica de Cálculo
A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais
1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos.
base, repete-se a base esoma os expoentes. Veja:

Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

2)(am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.


Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94

64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um


3)(am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se e multiplica.
os expoentes.
Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56
Observe:
1 1 1
3.5 = (3.5) 2 = 3 2 .5 2 = 3. 5
4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um
expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente. De modo geral, se
(4.3)²=4².3²

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos


a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,
elevar separados.
então:

n
a.b = n a .n b
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é
igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
cando.

Raiz quadrada de frações ordinárias

1 1
2  2 2 22 2
Observe:
=  = 1 =
3 3 3
32

De modo geral,

a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * ,
se

então:

a na
n =
b nb

28
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Raiz quadrada números decimais

2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.

Operações
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de
quadrados no denominador:

Operações

Multiplicação EXERCÍCIOS

01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível Superior II


Exemplo - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há 150 candidatos em ape-
nas duas categorias: nível superior e nível médio.
Sabe-se que:

Divisão • dentre os candidatos, 82 são homens;


• o número de candidatos homens de nível superior é igual ao
de mulheres de nível médio;
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres.

Exemplo O número de candidatos homens de nível médio é


(A) 42.
(B) 45.
(C) 48.
(D) 50.
Adição e subtração (E) 52.

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-


CURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e José foram
Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20. a uma prova de hipismo, na qual ganharia o competidor que obti-
vesse o menor tempo final. A cada 1 falta seriam incrementados 6
segundos em seu tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria
Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni
fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a colo-
cação, é correto afirmar que o vencedor foi:
(A) José
(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni
Caso tenha:
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-
CURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
(A) 0,2222...
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo. (B) 0,6666...
(C) 0,1616...
Racionalização de Denominadores (D) 0,8888...
Normalmente não se apresentam números irracionais com
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador.
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela

29
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) Se, (A) 1.
numa divisão, o divisor e o quociente são iguais, e o resto é 10, sen- (B) 2.
do esse resto o maior possível, então o dividendo é (C) 4.
(A) 131. (D) 8.
(B) 121. (E) 16.
(C) 120.
(D) 110. 08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)
(E) 101.
Qual o resultado de ?
05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expressões nu-
méricas abaixo apresentam resultados que seguem um padrão es- (A) 3
pecífico: (B) 3/2
(C) 5
1ª expressão: 1 x 9 + 2 (D) 5/2

2ª expressão: 12 x 9 + 3 09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –


FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .
3ª expressão: 123 x 9 + 4
Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:
... (A) 1;
(B) 2;
7ª expressão: █ x 9 + ▲ (C) 3;
(D) 4;
Seguindo esse padrão e colocando os números adequados no (E) 6.
lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª expressão será
10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –
(A) 1 111 111. FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de determinada empresa
(B) 11 111. tem o mesmo número de mulheres e de homens. Certa manhã, 3/4
(C) 1 111. das mulheres e 2/3 dos homens dessa equipe saíram para um aten-
(D) 111 111. dimento externo.
(E) 11 111 111.
Desses que foram para o atendimento externo, a fração de mu-
06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um trei- lheres é
namento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio comercial (A) 3/4;
informou que, nos cinquenta anos de existência do prédio, nunca (B) 8/9;
houve um incêndio, mas existiram muitas situações de risco, feliz- (C) 5/7;
mente controladas a tempo. Segundo ele, 1/13 dessas situações (D) 8/13;
deveu-se a ações criminosas, enquanto as demais situações haviam (E) 9/17.
sido geradas por diferentes tipos de displicência. Dentre as situa-
ções de risco geradas por displicência, GABARITO
− 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inadequada-
mente; 01.Resposta: B.
− 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas; 150-82=68 mulheres
− 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são de
− as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar. nível médio.
Portanto, há 37 homens de nível superior.
De acordo com esses dados, ao longo da existência desse pré- 82-37=45 homens de nível médio.
dio comercial, a fração do total de situações de risco de incêndio
geradas por descuidos ao cozinhar corresponde à 02. Resposta: D.
(A) 3/20. Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o vencedor.
(B) 1/4.
(C) 13/60. 03. Resposta: B.
(D) 1/5. Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
(E) 1/60. X=0,4444....
10x=4,444...
07. (ITAIPU BINACIONAL -Profissional Nível Técnico I - Técnico 9x=4
em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a alternativa que apresen-
ta o valor da expressão

30
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
04. Resposta: A.
Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número 11 que LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS
é igua o quociente.
11x11=121+10=131
Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre dois da-
05. Resposta: E. dos relacionados entre si.
A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111 A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre vão de-
pender do contexto, mas de uma maneira geral um bom gráfico
06. Resposta: D. deve:
-Mostrar a informação de modo tão acurado quanto possível.
-Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar claro o con-
texto, o conteúdo e a mensagem.
-Complementar ou melhorar a visualização sobre aspectos des-
Gerado por descuidos ao cozinhar: critos ou mostrados numericamente através de tabelas.
-Utilizar escalas adequadas.
-Mostrar claramente as tendências existentes nos dados.
Tipos de gráficos
Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-1/13)

07.Resposta: C.

Barras- utilizam retângulos para mostrar a quantidade.

Barra vertical
08. Resposta: D.

Fonte: tecnologia.umcomo.com.br

Barra horizontal

09. Resposta: C.
2-2(1-2N)=12
2-2+4N=12
4N=12
N=3

10. Resposta: E.
Como tem o mesmo número de homens e mulheres:

Dos homens que saíram:

Saíram no total
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br

31
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Histogramas Pictogramas – são imagens ilustrativas para tornar mais fácil a
compreensão de todos sobre um tema.
São gráfico de barra que mostram a frequência de uma variável
específica e um detalhe importante que são faixas de valores em x.

Da mesma forma, as tabelas ajudam na melhor visualização de


dados e muitas vezes é através dela que vamos fazer os tipos de
gráficos vistos anteriormente.

Podem ser tabelas simples:

Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa?

aparelho quantidade
televisão 3
celular 4
Geladeira 1
Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e queremos
demonstrar cada parte, separando cada pedaço como numa pizza. Até as tabelas que vimos nos exercícios de raciocínio lógico

EXERCÍCIOS

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na Pesquisa Na-


cional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram obtidos os dados
da taxa de desocupação da população em idade para trabalhar. Es-
ses dados, em porcentagem, encontram-se indicados na apresenta-
ção gráfica abaixo, ao longo de trimestres de 2014 a 2017.

Fonte: educador.brasilescola.uol.com.br

Linhas- É um gráfico de grande utilidade e muito comum na


representação de tendências e relacionamentos de variáveis

Dentre as alternativas abaixo, assinale a que apresenta a me-


lhor aproximação para o aumento percentual da taxa de desocupa-
ção do primeiro trimestre de 2017 em relação à taxa de desocupa-
ção do primeiro trimestre de 2014.
(A) 15%.
(B) 25%.
(C) 50%.
(D) 75%.
(E) 90%.

32
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) A 04. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) Uma
tabela seguinte, incompleta, mostra a distribuição, percentual e professora elaborou um gráfico de setores para representar a distri-
quantitativa, da frota de uma empresa de ônibus urbanos, de acor- buição, em porcentagem, dos cinco conceitos nos quais foram agru-
do com o tempo de uso destes. padas as notas obtidas pelos alunos de uma determinada classe em
uma prova de matemática. Observe que, nesse gráfico, as porcen-
tagens referentes a cada conceito foram substituídas por x ou por
múltiplos e submúltiplos de x.

O número total de ônibus dessa empresa é


(A) 270.
(B) 250.
(C) 220
(D) 180.
(E) 120.

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) O


gráfico mostra o número de carros vendidos por uma concessio- Analisando o gráfico, é correto afirmar que a medida do ângulo
nária nos cinco dias subsequentes à veiculação de um anúncio pro- interno correspondente ao setor circular que representa o conceito
mocional. BOM é igual a
(A) 144º.
(B) 135º.
(C) 126º
(D) 117º
(E) 108º.

05. (TCE/PR – Conhecimentos Básicos – CESPE/2016)

O número médio de carros vendidos por dia nesse período foi


igual a
(A) 10.
(B) 9.
(C) 8.
(D) 7.
(E) 6.

Tendo como referência o gráfico precedente, que mostra os va-


lores, em bilhões de reais, relativos à arrecadação de receitas e aos
gastos com despesas do estado do Paraná nos doze meses do ano
de 2015, assinale a opção correta.
(A) No ano considerado, o segundo trimestre caracterizou-se
por uma queda contínua na arrecadação de receitas, situação que
se repetiu no trimestre seguinte.
(B) No primeiro quadrimestre de 2015, houve um período de
queda simultânea dos gastos com despesas e da arrecadação de
receitas e dois períodos de aumento simultâneo de gastos e de ar-
recadação.
(C) No último bimestre do ano de 2015, foram registrados tanto
o maior gasto com despesas quanto a maior arrecadação de recei-
tas.

33
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
(D) No ano em questão, janeiro e dezembro foram os únicos 2,5 8
meses em que a arrecadação de receitas foi ultrapassada por gastos
com despesas. 3,0 5
(E) A menor arrecadação mensal de receitas e o menor gasto 5,0 4
mensal com despesas foram verificados, respectivamente, no pri-
meiro e no segundo semestre do ano de 2015. 8,0 2
15,0 1
06. (BRDE – Assistente Administrativo – FUNDATEC/2015) As-
sinale a alternativa que representa a nomenclatura dos três gráficos Pode-se concluir que
abaixo, respectivamente. (A) o total da folha de pagamentos é de 35,3 salários.
(B) 60% dos trabalhadores ganham mais ou igual a 3 salários.
(C) 10% dos trabalhadores ganham mais de 10 salários.
(D) 20% dos trabalhadores detêm mais de 40% da renda total.
(E) 60% dos trabalhadores detêm menos de 30% da renda total.

08. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) Considere a


tabela de distribuição de frequência seguinte, em que xi é a variável
estudada e fi é a frequência absoluta dos dados.

xi fi
30-35 4
35-40 12
40-45 10
45-50 8
50-55 6
TOTAL 40

Assinale a alternativa em que o histograma é o que melhor re-


presenta a distribuição de frequência da tabela.

(A)

(B)

(A) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de Linha. (C)


(B) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de Tendência.
(C) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de Linha.
(D) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de Barras.
(E) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico de Li-
nha.

07. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) A distribui- (D)


ção de salários de uma empresa com 30 funcionários é dada na ta-
bela seguinte.

Salário (em salários mínimos) Funcionários


1,8 10
(E)

34
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
09. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CESPE/2015)

Ministério da Justiça — Departamento Penitenciário Nacional ( ) Certo( ) Errado


— Sistema Integrado de Informações Penitenciárias – InfoPen, Rela-
tório Estatístico Sintético do Sistema Prisional Brasileiro, dez./2013
GABARITO
Internet:<www.justica.gov.br>(com adaptações)

A tabela mostrada apresenta a quantidade de detentos no 01. Resposta: E.


sistema penitenciário brasileiro por região em 2013. Nesse ano, o 13,7/7,2=1,90
déficit relativo de vagas — que se define pela razão entre o déficit Houve um aumento de 90%.
de vagas no sistema penitenciário e a quantidade de detentos no
sistema penitenciário — registrado em todo o Brasil foi superior a 02. Resposta:D
38,7%, e, na média nacional, havia 277,5 detentos por 100 mil ha- 81+27=108
bitantes. 108 ônibus somam 60%(100-35-5)
Com base nessas informações e na tabela apresentada, julgue 108-----60
o item a seguir. x--------100
Em 2013, mais de 55% da população carcerária no Brasil se en- x=10800/60=180
contrava na região Sudeste.
03. Resposta: C.
( )certo( ) errado

10. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CESPE/2015)

04. Resposta: A.

X+0,5x+4x+3x+1,5x=360
10x=360
X=36
Como o conceito bom corresponde a 4x: 4x36=144°

05. Resposta: B.
Analisando o primeiro quadrimestre, observamos que os dois
primeiros meses de receita diminuem e os dois meses seguintes
aumentam, o mesmo acontece com a despesa.

A partir das informações e do gráfico apresentados, julgue o


item que se segue.
Se os percentuais forem representados por barras verticais,
conforme o gráfico a seguir, então o resultado será denominado
histograma.

06. Resposta: C.

35
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Como foi visto na teoria, gráfico de barras, de setores ou pizza ______________________________________________________
e de linha
______________________________________________________
07. Resposta: D.
(A) 1,8x10+2,5x8+3,0x5+5,0x4+8,0x2+15,0x1=104 salários ______________________________________________________
(B) 60% de 30=18 funcionários e se juntarmos quem ganha
______________________________________________________
mais de 3 salários (5+4+2+1=12)
(C)10% de 30=0,1x30=3 funcionários ______________________________________________________
E apenas 1 pessoa ganha
(D) 40% de 104=0,4x104= 41,6 ______________________________________________________
20% de 30=0,2x30=6
5x3+8x2+15x1=46, que já é maior. ______________________________________________________
(E) 60% de 30=0,6x30=18
30% de 104=0,3x104=31,20da renda: 31,20 ______________________________________________________

______________________________________________________
08. Resposta: A.
Colocando em ordem crescente: 30-35, 50-55, 45-50, 40-45, ______________________________________________________
35-40,
______________________________________________________
09. Resposta: CERTA.
555----100% ______________________________________________________
x----55%
x=305,25 ______________________________________________________
Está correta, pois a região sudeste tem 306 pessoas.
______________________________________________________
10. Resposta: ERRADO.
______________________________________________________
Como foi visto na teoria, há uma faixa de valores no eixo x e não
simplesmente um dado. ______________________________________________________

Referências ______________________________________________________
http://www.galileu.esalq.usp.br
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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______________________________________________________
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36
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
1. Código de Ética do IBGE (disponível no endereço eletrônico https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98031.pdf e no http://
www.cebraspe.org.br/concursos/ibge_20_recenseador para download) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 8.112/1990 e suas alterações (art. 116, incisos I a IV, inciso V, alíneas a e c, incisos VI a XII e parágrafo único; art. 117, incisos I a
VI e IX a XIX; art. 118 a art. 126; art. 127, incisos I a III; art. 132, incisos I a VII, e IX a XIII; art. 136 a art. 141; art. 142, incisos I, primeira
parte, II e III, e § 1º a §4º) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Código de Ética Profissional do Servidor Público do IBGE
CÓDIGO DE ÉTICA DO IBGE (DISPONÍVEL NO ENDEREÇO
ELETRÔNICO HTTPS://BIBLIOTECA.IBGE.GOV.BR/VISUA- CAPÍTULO I
LIZACAO/LIVROS/LIV98031.PDF E NO HTTP://WWW.CE-
BRASPE.ORG.BR/CONCURSOS/IBGE_20_RECENSEADOR SEÇÃO I
PARA DOWNLOAD) DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS

Código de Ética Profi ssional do Servidor Público do IBGE I - A dignidade, o decoro, o zelo, a efi cácia, a efi ciência e a
consciência dos princípios morais são primados maiores que devem
Apresentação nortear o servidor público do IBGE, seja no exercício do cargo ou
Todo trabalho realizado no IBGE, seja ele de natureza fi nalís- função, ou fora dele, já que refl etirá o exercício da vocação do pró-
tica, seja ele de natureza administrativa, está pautado pela compe- prio poder estatal.
tência e pela excelência técnica adquiridas ao longo desses quase Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para
80 anos em que vimos servindo aos cidadãos brasileiros, sem qual- a preservação da honra e da tradição do serviço público, como um
quer espécie de discriminação. todo, e, em especial, das pesquisas estatísticas e geocientífi cas ofi
Considero importante que os princípios éticos sejam mais co- ciais, cujas fontes de dados escolhidas devem contemplar a qualida-
nhecidos por todos os servidores para orientar suas condutas no de, a oportunidade, os custos e o ônus para os cidadãos.
trabalho diário. Foi com essa ideia em mente que reconstituímos, II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
em 2013, a Comissão de Ética do IBGE, a qual vem agora apresen- ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
tar-nos importante documento: o Código de Ética do IBGE. legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
Tenho a convicção de que todo servidor do IBGE contribui so- o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto
bremaneira para que diariamente cumpramos nossa missão institu- e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e §
cional, de todos bem conhecida. A expectativa da Direção do IBGE é 4°, da Constituição Federal. Por se integrar à condição de servidor
a de que nossa missão, no que diz respeito ao ambiente de trabalho do IBGE, o elemento ético da conduta abrange, além dos primados
profi ssional, seja agora aperfeiçoada pela presença ainda mais in- maiores, a adoção dos melhores princípios, métodos e práticas, de
tensa da ética em todos os setores da Casa. acordo com considerações estritamente profi ssionais, incluídos os
Agradeço, por fi m, a todos os servidores a seriedade e a ex- princípios técnicos, científi cos e a ética profi ssional.
tremada dedicação com que realizam seu trabalho. São vocês que III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
fazem do IBGE uma das instituições mais respeitadas do País. tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que
o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a fi
Introdução nalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a
Na Administração Pública brasileira, a ética tem assumido rele- moralidade do ato administrativo. Para melhor exercício de sua fun-
vante papel. O IBGE, como não poderia deixar de ser, vem fomen- ção pública no IBGE, o servidor deve ter consciência da relevância
tando e instigando a disseminação daquilo que se entende por ética das informações estatísticas e geocientífi cas, a fi m de atender ao
no âmbito administrativo federal. Para tanto, a Presidência da Casa, direito à informação pública de modo imparcial e com igualdade de
entre outras medidas, delegou à Comissão de Ética do IBGE a elabo- acesso. É imprescindível que o servidor do IBGE zele pela qualidade
ração de dois documentos essenciais: o Código de Ética Profi ssional dos processos de produção das informações ofi ciais, adotando cri-
do Servidor Público do IBGE, que ora apresentamos nesta singela térios de boas práticas tanto nas atividades fi nalísticas quanto nas
publicação em papel, e o Regimento Interno da Comissão de Ética atividades de apoio.
do IBGE (disponível somente em formato digital, no seguinte ende- IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
reço eletrônico: http://w3.presidencia.ibge.gov.br/etica). tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
O Código de Ética Profi ssional do Servidor Público do IBGE visa por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
a estabelecer, fundamentalmente, os princípios de natureza deon- trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
tológica, os deveres e as vedações a que estão sujeitos os agentes aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em
públicos lotados no Instituto. Documento de imprescindível leitura fator de legalidade.
para todos nós, o Código foi construído, naturalmente, a partir do V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
Código de Ética Profi ssional do Servidor Público Civil do Poder Exe- comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
cutivo Federal (Decreto n° 1.171/1994), agregando a ele, contudo, bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
algumas particularidades do trabalho realizado no IBGE. desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
VI - A função pública deve ser tida como exercício profi ssional e,
O Regimento Interno da Comissão de Ética do IBGE, por sua portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim,
vez, delimita e defi ne as competências e atribuições da Comissão os fatos e atos verifi cados na conduta do dia a dia em sua vida privada
de Ética do IBGE, cuja função primeira – ressalte-se – é a de orientar poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
e educar cotidianamente o agente público para a ética. O Regimen- VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
to também estabelece, não obstante, o rito processual pelo qual se ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,
orienta a Comissão quando provocada por denúncia ou, ainda, ex a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,
offi cio, nos Processos de Apuração Ética, e segue de maneira estrita nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
a Resolução nº 10/2008 da Comissão de Ética Pública, vinculada à constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
Presidência da República. comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a
A Comissão de Ética do IBGE está à disposição de todos no negar. Entretanto, os dados individuais de pessoas físicas ou jurídi-
e-mail etica@ibge.gov.br. cas coletados pelo IBGE são estritamente confi denciais e exclusiva-
mente utilizados para fins estatísticos. Ademais, leis, regulamentos
e medidas que regem a operação dos sistemas estatístico e carto-
gráfi co no Instituto devem ser de conhecimento público.

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de
pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es-
do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes- sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu
mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. cargo;
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica- e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan-
dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar do o processo de comunicação e contato com o público;
mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente f ) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
signifi ca causarlhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú-
qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, blicos;
por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuá-
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas rios do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou
esperanças e seus esforços para construí-los. distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo dano moral;
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re-
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu-
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos ra em que se funda o Poder Estatal;
usuários dos serviços públicos. i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa-
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso imorais, ilegais ouaéticas e denunciá-las;
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe-
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função cífi cas da defesa da vida e da segurança coletiva;
pública. l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua au-
XII - Toda ausência injustifi cada do servidor de seu local de sência provoca danos ao trabalho ordenado, refl etindo negativa-
trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase mente em todo o sistema;
sempre conduz à desordem nas relações humanas. m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or- quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora dências cabíveis;
e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
da Nação. O caráter colaborativo e participativo deve estar presen- ção;
te nas atividades estatísticas e cartográfi cas, privilegiando-se, as- o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
sim, um contato estreito e harmonioso entre ambas as atividades a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
– contato essencial para melhorar a qualidade, comparabilidade e zação do bem comum;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
coerência dos dados produzidos. Esse espírito colaborativo e parti-
exercício da função;
cipativo deve estender-se à coordenação dos sistemas estatísticos
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
e cartográficos nacionais de responsabilidade do IBGE. Portanto,
viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
compete ao Instituto propor, discutir e estabelecer, em conjunto
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
com as demais instituições nacionais, diretrizes, planos e progra-
superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
mas para a produção estatística e cartográfi ca – processo que deve
vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
irradiar-se à esfera internacional, especialmente na cooperação bi-
boa ordem;
lateral e multilateral, a fim de melhorar as informações estatísticas s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
e geocientíficas oficiais em todos os países, por meio da utilização direito;
de conceitos, classifi cações e métodos que promovam a coerência t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
e a efi ciência entre os diversos sistemas estatísticos e cartográfi que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
cos. aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
dicionados administrativos;
SEÇÃO II u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO DO IBGE ou autoridade com fi nalidade estranha ao interesse público, mes-
mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
XIV - São deveres fundamentais do servidor do IBGE: quer violação expressa à lei;
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou v) apresentar, nas análises estatísticas e geográfi cas, infor-
emprego público de que seja titular; mações que estejam de acordo com as normas científi cas sobre
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen- fontes, métodos e procedimentos, bem como comentar as inter-
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações pretações errôneas e o uso indevido de informações estatísticas e
procrastinatórias, principalmente diante de fi las ou de qualquer geocientífi cas;
outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em x) zelar pela qualidade dos processos de produção das infor-
que exerça suas atribuições, com o fi m de evitar dano moral ao mações estatísticas e geocientífi cas ofi ciais, adotando critérios de
usuário; boas práticas tanto nas atividades fi nalísticas quanto nas atividades
de apoio;

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
z) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so- XVII - À Comissão de Ética do IBGE incumbe fornecer, quando
bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral necessário e a quem de direito, os registros sobre a conduta ética
cumprimento. A conduta ética do servidor do IBGE deve respeitar dos servidores da Casa, para o efeito de instruir e fundamentar pro-
a legislação e as normatizações do Ministério do Planejamento, Or- moções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira
çamento e Gestão, assim como as normas internas desta Fundação, de servidor público no âmbito do IBGE.
expressas em suas Resoluções, Ordens de Serviço, Portarias, Nor- XVIII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de
mas de Serviço e Memorandos. Ética do IBGE é a de censura e sua fundamentação constará do res-
pectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciên-
SEÇÃO III cia do faltoso.
DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO DO IBGE XIX - Para fins de apuração do comprometimento ético, en-
tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei,
XV - É vedado ao servidor público do IBGE: contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po- permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição
sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou fi nanceira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
para outrem; órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas,
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido- as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de
res ou de cidadãos que deles dependam; economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente do Estado.
com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
de sua profissão;
d) usar de artifícios para procrastinar ou difi cultar o exercício
regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral LEI 8.112/90 (ART.116, INCISOS I A V, ALÍNEAS A E C, VI A
ou material; XII E PARÁGRAFO ÚNICO; 117, INCISOS I A VI E IX A XVIII;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al- 118 A 126; 127, INCISOS I, II E III, A 132, INCISOS I A VII, E
cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; IX A XIII; 136 A 142, INCISOS I, PRIMEIRA PARTE, A III, E
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, §§ 1º A 4º)
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie- LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
rarquicamente superiores ou inferiores;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da
de ajuda fi nanceira, gratifi cação, prêmio, comissão, doação ou van- União, das autarquias e das fundações públicas federais.
tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEM-
para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi- BRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART.13 DA LEI Nº 9.527, DE 10
dor para o mesmo fim; DE DEZEMBRO DE 1997.
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-
nhar para providências; TÍTULO IV
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten- DO REGIME DISCIPLINAR
dimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti- CAPÍTULO I
cular; DOS DEVERES
l) retirar da Instituição, sem estar legalmente autorizado, qual-
quer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público; Art. 116.São deveres do servidor:
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in- I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos II - ser leal às instituições a que servir;
ou de terceiros; III - observar as normas legais e regulamentares;
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual- IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
mente; mente ilegais;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra [...]
a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
p) exercer atividade profi ssional aética ou ligar o seu nome a ressalvadas as protegidas por sigilo;
empreendimentos de cunho duvidoso. [...]
q) disponibilizar informações de caráter sigiloso e confidencial c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
sobre pessoas físicas ou jurídicas, bem como antecipar resultados VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
de pesquisas à sua divulgação oficial, exceto quando autorizado. cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
CAPÍTULO II dade competente para apuração;(Redação dada pela Lei nº 12.527,
DA COMISSÃO DE ÉTICA DO IBGE de 2011)
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri-
XVI – A Comissão de Ética do IBGE está encarregada de orientar mônio público;
e aconselhar sobre a ética profi ssional dos servidores da Casa, no VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin- IX - manter conduta compatível com a moralidade administra-
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento tiva;
susceptível de censura. X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Art. 119.O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
Parágrafo único.A representação de que trata o inciso XII será comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o,
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su- nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação
perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre- coletiva.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
sentando ampla defesa. Parágrafo único.O disposto neste artigo não se aplica à remu-
neração devida pela participação em conselhos de administração e
CAPÍTULO II fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas
DAS PROIBIÇÕES subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou enti-
dades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participa-
Art. 117.Ao servidor é proibido:(Vide Medida Provisória nº ção no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legisla-
2.225-45, de 4.9.2001) ção específica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- de 4.9.2001)
torização do chefe imediato; Art. 120.O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de
qualquer documento ou objeto da repartição; provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe-
III - recusar fé a documentos públicos; tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades
e processo ou execução de serviço; máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.(Redação dada pela
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto Lei nº 9.527, de 10.12.97)
da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- CAPÍTULO IV
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon- DAS RESPONSABILIDADES
sabilidade ou de seu subordinado;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou- Art. 121.O servidor responde civil, penal e administrativamente
trem, em detrimento da dignidade da função pública; pelo exercício irregular de suas atribuições.
X - participar de gerência ou administração de sociedade priva- Art. 122.A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou
na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;(Redação dada a terceiros.
pela Lei nº 11.784, de 2008 § 1oA indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti- somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de
ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou § 2oTratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
companheiro; servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- § 3oA obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
quer espécie, em razão de suas atribuições; e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece-
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran- bida.
geiro; Art. 123.A responsabilidade penal abrange os crimes e contra-
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; venções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
XV - proceder de forma desidiosa; Art. 124.A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun-
serviços ou atividades particulares; ção.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo Art. 125.As sanções civis, penais e administrativas poderão
que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; cumular-se, sendo independentes entre si.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis Art. 126.A responsabilidade administrativa do servidor será
com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici- fato ou sua autoria.
tado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil,
penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior
CAPÍTULO III ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autori-
DA ACUMULAÇÃO dade competente para apuração de informação concernente à prá-
tica de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda
Art. 118.Ressalvados os casos previstos na Constituição, é ve- que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pú-
dada a acumulação remunerada de cargos públicos. blica.(Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011)
§ 1oA proibição de acumular estende-se a cargos, empregos Art. 127.São penalidades disciplinares:
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, I - advertência;
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos II - suspensão;
Estados, dos Territórios e dos Municípios. III - demissão;
§ 2oA acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
à comprovação da compatibilidade de horários. V - destituição de cargo em comissão;
§ 3oConsidera-se acumulação proibida a percepção de venci- VI - destituição de função comissionada.
mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina- Art. 128.Na aplicação das penalidades serão consideradas a
tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remune- natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
rações forem acumuláveis na atividade.(Incluído pela Lei nº 9.527, provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
de 10.12.97) atenuantes e os antecedentes funcionais.

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único.O ato de imposição da penalidade mencionará a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.(Incluído período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) trinta dias;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 129.A advertência será aplicada por escrito, nos casos de b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior
de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamenta- a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze me-
ção ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade ses;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mais grave.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará rela-
Art. 130.A suspensão será aplicada em caso de reincidência das tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do ser-
faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições vidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o
que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de
podendo exceder de 90 (noventa) dias. cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a
§ 1oSerá punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ser- trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
vidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspe- julgamento.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ção médica determinada pela autoridade competente, cessando os Art. 141.As penalidades disciplinares serão aplicadas:
efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do
§ 2oQuando houver conveniência para o serviço, a penalidade Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral
de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin- da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposen-
qüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando tadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Po-
o servidor obrigado a permanecer em serviço. der, órgão, ou entidade;
Art. 131.As penalidades de advertência e de suspensão terão II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou- tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
Parágrafo único.O cancelamento da penalidade não surtirá respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
efeitos retroativos. ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
Art. 132.A demissão será aplicada nos seguintes casos: IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
I - crime contra a administração pública; tratar de destituição de cargo em comissão.
II - abandono de cargo; Art. 142.A ação disciplinar prescreverá:
III - inassiduidade habitual; I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
IV - improbidade administrativa;
são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
cargo em comissão;
VI - insubordinação grave em serviço;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
em legítima defesa própria ou de outrem;
§ 1oO prazo de prescrição começa a correr da data em que o
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
fato se tornou conhecido.
cargo;
§ 2oOs prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na-
cional; infrações disciplinares capituladas também como crime.
XI - corrupção; § 3oA abertura de sindicância ou a instauração de processo dis-
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- ciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
cas; autoridade competente.
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. § 4oInterrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
Art. 136.A demissão ou a destituição de cargo em comissão, correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponi-
bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
penal cabível. EXERCÍCIOS
Art. 137.A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-ser-
vidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 01. Com relação aos deveres do servidor, conforme estabelece
5 (cinco) anos. a lei do regime jurídico dos servidores públicos federais, está IN-
Parágrafo único.Não poderá retornar ao serviço público federal CORRETO afirmar que é dever do servidor:
o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por A. Observar as normas legais e regulamentares.
infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. B. Definir seu horário de entrada e saída do serviço.
Art. 138.Configura abandono de cargo a ausência intencional C. Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo.
do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos. D. Guardar sigilo sobre assunto da repartição.
Art. 139.Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser- E. Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
durante o período de doze meses. 02.O Regime Jurídico, dispõe sobre os deveres e proibições ine-
Art. 140.Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade rentes ao servidor. Desta forma, considera-se DEVER do servidor:
habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se A. Opor resistência injustificada ao andamento de documento
refere o art. 133, observando-se especialmente que:(Redação dada e processo ou execução de serviço.
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) B. Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
I - a indicação da materialidade dar-se-á:(Incluído pela Lei nº da repartição.
9.527, de 10.12.97)

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
C. Utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi- D. Atuar, como procurador de parentes, junto à repartição pú-
ços ou atividades particulares. blica para tratar de benefício previdenciário.
D. Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder
e manter conduta compatível com a moralidade administrativa. 06. A lei 8.112/1990 traz o elenco de proibições impostas ao
E. Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que servidor público. Diante desse contexto, é INCORRETO afirmar que
ocupa. é proibido ao servidor:
A. opor resistência injustificada ao andamento de documento e
03. Segundo o art. 121 da Lei 8.112/90, “O servidor responde processo ou execução de serviço.
civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas B. cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
atribuições”. vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon-
Segundo as responsabilidades imputadas ao servidor, marque sabilidade ou de seu subordinado.
a alternativa correta: C. recusar fé a documentos públicos.
A. Tratando-se de dano causado a terceiros, o servidor respon- D. levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
derá perante ao terceiro e a Administração cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
B. O servidor somente responde civil, penal e administrativa- suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
mente pelo exercício irregular de suas atribuições se cometer atos dade competente para apuração.
em benefício próprio E. ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
C. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal torização do chefe imediato.
ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou,
quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade
competente para apuração de informação concernente à prática de
crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em GABARITO
decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública
D. A responsabilidade civil decorre somente de ato comissivo e 1 B
doloso, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. A omissão,
tal como a culpa não geram responsabilidade civil 2 D
E. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular- 3 C
-se, sendo independentes entre si. Assim, a responsabilidade ad-
ministrativa do servidor não será afastada no caso de absolvição 4 E
criminal que negue a existência do fato ou sua autoria 5 B
6 D
04. De acordo com a Lei 8.112 de 1990, analise as afirmações:
( ) É proibido ao servidor, proceder de forma desidiosa.
( ) É vedado ao servidor representar contra ilegalidade, omis-
são ou abuso de poder. ANOTAÇÕES
( ) O servidor pode manter sob sua chefia imediata, em cargo
ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o se-
______________________________________________________
gundo grau civil.
( ) O servidor deve cumprir as ordens superiores, exceto quan- ______________________________________________________
do manifestamente ilegais.
( ) A ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo ______________________________________________________
em legítima defesa própria ou de outrem é um caso passível de sus-
pensão. ______________________________________________________
( ) A demissão será aplicada ao servidor público que utilizar
pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou ativida- ______________________________________________________
des particulares.
______________________________________________________
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de
______________________________________________________
cima para baixo.
A. V, F, V, F, F, V ______________________________________________________
B. F, V, V, F, V, F
C. F, V, F, V, V, F ______________________________________________________
D. F, F, V, V, F, V
E. V, F, F, V, F, V ______________________________________________________

05. Nos termos da Lei n.º 8.112/1990, que dispõe sobre o re- ______________________________________________________
gime jurídico dos servidores públicos civis federais, ao servidor é
______________________________________________________
PROIBIDO:
A. Manter amigo íntimo, sob sua chefia imediata, em cargo ou ______________________________________________________
função de confiança.
B. Participar de gerência ou administração de sociedade priva- ______________________________________________________
da, personificada ou não personificada.
C. Convidar os demais servidores de sua repartição a filiarem- ______________________________________________________
-se a associação profissional ou sindical.

6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
1. Aspectos gerais da administração. Organizações como sistemas abertos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Funções administrativas. Planejamento, organização, direção e controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Motivação, comunicação e liderança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4. Processo decisório e resolução de problemas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5. Noções básicas de gerência e gestão de organizações e de pessoas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6. Eficiência e funcionamento de grupos. O indivíduo na organização: papéis e interações. Trabalho em equipe. Equipes de traba-
lho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7. Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e delegação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
8. Avaliação de desempenho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
9. Compromisso com a qualidade nos serviços prestados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO. ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS

ADMINISTRAÇÃO GERAL
DEFINIÇÃO E VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO

Administração é, segundo o Dicionário Houaiss, “ato, processo ou efeito de administrar”. E este verbo etmologicamente vem do latim
“administrare”, significando “ajudar em alguma coisa, servir alguém, ocupar-se de, dirigir, governar, regrar, executar, administrar”. Na
mesma linha, “a palavra administração deriva da expressão latina “administratio” e significa a ação de governar, de dirigir, de supervisionar,
de gerir os negócios próprios ou de terceiros” (CASSIANO, BARRETTI, 1980, p.18).
O Professor Natanael C. Pereira descreve as habilidades do administrador em seu trabalho no Instituto Federal de São Paulo (2014)1:
Segundo Katz, existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade técnica, ha-
bilidade humana e habilidade conceitual. Habilidade é o processo de visualizar, compreender e estruturar as partes e o todo dos assuntos
administrativos das empresas, consolidando resultados otimizados pela atuação de todos os recursos disponíveis. A seguir é apresentado
a definição das três habilidades e na Fig. 3 é apresentado os níveis organizacionais e a três habilidades do administrador segundo Katz.
- habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização de tarefas
específicas por meio da experiência profissional;
- habilidade humana: consiste na capacitação e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e
motivações e desenvolver uma liderança eficaz;
- habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar com ideias e conceitos abstratos. Essa habilidade permite que a pessoa faça
abstrações e desenvolva filosofias e princípios gerais de ação.
A adequada combinação dessas habilidades varia à medida que um indivíduo sobe na escala hierárquica, de posições de supervisão
a posição de alta direção.
A TGA (Teoria Geral da Administração) se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, ou seja, a desenvolver a capacidade de pensar,
de definir situações organizacionais complexas, de diagnosticar e de propor soluções.
Contudo essas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colocadas
em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou
problemas. O administrador para ser bem sucedido profissionalmente precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento,
a perspectiva e a atitude.

Figura – Níveis Organizacionais e as três Habilidades do Administrador segundo Katz.

• Conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador possui a
respeito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que ocorrem com inten-
sidade cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renova-lo continuamente. Isso significa aprender a aprender,
a ler, a ter contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo reciclar-se continuamente para não tornar-se obsoleto e ultrapassado;
• Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação. Em saber transformar a teoria em prática. Em aplicar o
conhecimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. É a perspectiva que dá autonomia e
independência ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades;
• Atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de levar as
coisas para frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito empreendedor, o
inconformismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas.
1. Introdução à Administração – Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São
Paulo – Campus São Carlos. Obtido em http://www.cefetsp.br/edu/natanael/Apostila_ADM_parte1.pdf

1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Conforme o Art. 2º da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, que regulamentou a profissão de administrador, sua atividade profis-
sional será exercida, como profissão liberal ou não, mediante:
a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior;
b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da
Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração
financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se
desdobrem ou aos quais sejam conexos.
Assim, o administrador deve ocupar diversas posições estratégicas nas organizações e desenvolver papéis essenciais à sustentabilida-
de e crescimento dos negócios.

Figura – As competências essenciais do administrador, segundo Chiavenato

De acordo com o Professor Natanael C. Pereira, citando Mintzberg, é possível identificar dez papéis específicos do administrador divi-
didos em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. “Papel significa um conjunto de expectativas da organização a respeito
do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para cumprir as funções de planejar,
organizar, dirigir e controlar.” (PEREIRA, 2014).

Figura – Papéis do administrador segundo Mintzberg (apud Pereira, 2014)

2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Teoria dos Sistemas Segundo Chiavenato (2003), os principais representantes da
Teoria dos sistemas, foram:
A Teoria dos Sistemas foi introduzida na Administração, a partir • Edgar H. Schein – publicou Organizational Psychology,
da década de 1960. A necessidade de síntese e integração das te- em que propõe aspectos que a Teoria dos Sistemas considera na
orias anteriores, que possuíam poucas variáveis da situação como definição de organização, que são: sistema aberto em constante
um todo, as fragilidades das outras teorias que tinham uma abor- alteração, objetivos ou funções múltiplas, conjunto de subsiste-
dagem mínima, causando pouca importância para a Administração, mas interagindo dinamicamente e mutuamente dependentes e
e os resultados bem sucedidos da aplicação da Teoria de Sistemas múltiplos elos entre organização e seu meio ambiente desfizeram
nas outras ciências, foram alguns dos fatores que colaboraram para fronteiras organizacionais.
a introdução dessa teoria na Ciência Administrativa (CHIAVENATO, • Daniel Katz e Robert L. Kahn – em 1972, publicaram
2003). “Psicologia Social das Organizações”, em que desenvolveram um
Na abordagem administrativa da Teoria sistêmica, as orga- modelo de organização por meio da aplicação da Teoria dos Siste-
nizações atuam como um sistema, em que o estudo do geral se mas à Teoria Administrativa, com as características abaixo:
sobrepuja ao particular, privilegiando uma visão mais abrangente e – A organização como um sistema aberto e que possui:
permitindo uma análise, ao mesmo tempo profunda e mais ampla importação (entrada), transformação (processamento), exporta-
das organizações. ção (saídas), ciclos de eventos que se repetem, entropia negativa
Nessa teoria, “as organizações são abordadas como sistemas (formas organizadas que chegam à desintegração), informação
abertos, com interação e independência entre as partes e com o como insumo, retroação negativa e processo de codificação, estado
ambiente que o envolve, tendo várias entradas e saídas para ga- firme e homeostase dinâmica, diferenciação, equifinalidade (vários
rantir o intercâmbio com o meio” (CHIAVENATO, 2003, p. 496). Por caminhos, e mesmo resultado final), limites ou fronteiras (barreiras
conceituação, os sistemas são conjuntos de partes ou elementos, entre o sistema e o ambiente).
interdependentes, que formam um todo complexo, unitário e – Características de primeira ordem – características das
organizado, no sentido de alcançar um objetivo, anteriormente organizações como sistemas sociais e que: não têm limitação de
proposto. amplitude; necessitam de entradas de manutenção e de produção;
A partir da Teoria dos Sistemas, passa-se a compreender melhor têm sua natureza planejada; apresentam maior variabilidade
o universo de outras ciências. Surgiram então novas denominações que outros sistemas; as funções, as normas e os valores são os
como sistema solar em Astronomia, sistema social em sociologia, principais componentes do sistema social; constituem um sistema
sistema monetário em Economia, sistema nervoso, digestório e res- formalizado por funções; conceito de inclusão parcial à relação com
piratório em Fisiologia e, assim por diante. “O conceito de sistemas seu meio ambiente.
passou a dominar as ciências, e principalmente, a Administração” – Cultura e clima organizacional – cada organização cria
(CHIAVENATO, 2003, p. 474). sua própria cultura e os valores inerentes. As organizações pos-
Da definição de sistema como conjunto de unidades inti- suem padrões distintos de crenças culturais e coletivas, que são
mamente relacionadas, decorrem duas características básicas: transmitidas às novas gerações.
propósito ou objetivo – definem um arranjo que visa uma finalidade – Dinâmica de Sistemas – as organizações sociais criam
a alcançar; e globalismo ou totalidade – reação global a qualquer mecanismos de recompensas a fim de vincular seus membros ao
estímulo produzido em parte ou na unidade (CARVALHO, 2008). sistema, estimulam as atividades requeridas e as estruturas de au-
Segundo Chiavenato (2003), as características das organizações toridade para controlar e dirigir o comportamento organizacional.
como sistemas abertos são: – Conceito de eficácia organizacional – as organizações
• Comportamento probabilístico e não determinístico – sobrevivem enquanto forem capazes de manter a importação de
significa que as organizações são afetadas por variáveis externas, quantidades cada vez maiores de energia do que possam devolver
desconhecidas e imprevisíveis no seu comportamento. ao ambiente como produto.
• As organizações como partes de uma sociedade maior, – Organização como sistema de papéis – a organização
constituídas de partes menores – são vistas como sistemas dentro consiste em papéis ou aglomerados de atividades esperadas aos
de sistemas. indivíduos. É uma estrutura de papéis.
• Interdependência das partes – sistema social cujas partes A Teoria dos Sistemas trouxe para a ciência administrativa, uma
são interdependentes, mas inter-relacionadas. ampliação na visão dos problemas organizacionais se contrapondo
• Homeostase – a organização alcança um “estado firme” às abordagens mais antigas de sistemas fechados. A concepção
ou equilíbrio quando satisfaz dois requisitos: a unidirecionalidade de homem funcional, com desempenho de vários papéis e seus
e o progresso. conflitos somados aos da organização (mistos) compõem o quadro
• Fronteiras ou limites – os sistemas sociais (organizações) organizacional dessa abordagem, que necessita de melhor sistema-
têm fronteiras que não existem fisicamente. Um mesmo indivíduo tização e possui pouca aplicação prática (CHIAVENATO, 2003).
pode pertencer a duas organizações.
• Morfogênese – o sistema organizacional tem a capacidade FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS. PLANEJAMENTO, ORGA-
de modificar a si próprio e à sua estrutura básica. NIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE
• Resiliência – é a capacidade de superar o distúrbio impos-
to por um fenômeno externo.
Funções da Administração
Planejamento

O Planejamento deve ser visto como o processo desenvolvido


para o alcance de uma situação desejada de um modo mais efi-
ciente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e
recursos da empresa (OLIVEIRA, 1999, p.33). Planejar não é prever
o futuro! É preparar-se para um futuro desejado.

3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Antecede a decisão e a ação, em organizações públicas ou exercício sistemático do planejamento tende a provocar aumento
privadas. da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios estabelecidos
para a empresa. Para este autor, planejamento organizacional é a
Com a ação de planejar, busca-se: esquematização dos requisitos organizacionais para poder realizar
• Eficiência: medida do rendimento individual dos componen- os meios propostos. Como exemplo, cita a estruturação da empresa
tes do sistema. É fazer certo o que está sendo feito. Refere-se à em unidades estratégicas de negócios.
otimização dos recursos utilizados para a obtenção dos resultados. A administração estratégica se ocupa com o futuro da orga-
• Eficácia: medida do rendimento global do sistema. É fazer nização, assumindo uma filosofia da adaptação, buscando como
o que é preciso ser feito. Refere-se à contribuição dos resultados resultado a efetividade por meio da inovação ou diversificação
obtidos para alcance dos objetivos globais da empresa. visando o desenvolvimento sustentado com atitudes pró-ativas
• Efetividade: refere-se à relação entre os resultados alcança- (auto-estimulação...) com posturas de crescimento (conjuntura de
dos e os objetivos propostos ao longo do tempo. oportunidades × fraquezas) ou de desenvolvimento (conjuntura de
No setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efetivi- oportunidades × forças).
dade são assim resumidos por Oliveira (1999): Seu grande foco é a estruturação da organização com o
objetivo de instalar as condições exigidas no esforço de um plane-
Eficiência jamento estratégico que promoverá a organização à níveis de maior
• fazer as coisas de maneira adequada; competitividade e consequente vantagem no mercado de inserção.
• resolver problemas; Começando com as premissas básicas (negócio, missão, visão,
objetivos permanentes), diretrizes, políticas, análise do ambiente
• salvaguardar os recursos aplicados;
externo (oportunidades, fraquezas, concorrência...), do ambiente
• cumprir o seu dever; e=
interno (forças, fraquezas), enfim todas as variáveis relevantes para
• reduzir os custos.
a formulação do plano estratégico (HERRERA, 2007).
Eficácia GLOSSÁRIO
• fazer as coisas certas;
• produzir alternativas criativas; Análise crítica – avaliação global de um projeto, serviço,
• maximizar a utilização de recursos; produto, processo ou informação da organização, com relação a
• obter resultados; e requisitos, objetivando a identificação de problemas e a proposição
• aumentar o lucro. de soluções.
Alta administração – corpo dos dirigentes máximos da orga-
Efetividade nização, conforme definição normativa ou decisão consensual.
• manter-se no ambiente; e Geralmente abrange o principal dirigente, o seu substituto imediato
• apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo e o seu staff.
(permanentemente) Alto desempenho institucional – corresponde ao nível de
excelência no exercício da ação pública que se objetiva alcançar, ca-
Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na racterizado pelo pleno atendimento às necessidades dos cidadãos
execução de um procedimento ou na prestação de um serviço. usuários e pela imagem positiva de organização pública e por ser
Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resultados referência em práticas de gestão e resultados.
institucionais da organização. Benchmark – prática ou resultado considerado um referencial
Efetividade – eliminar ou reduzir sensivelmente o problema ou padrão de excelência, utilizado para efeito de comparação de
que afeta a sociedade, alcançando a satisfação do cidadão. desempenho. O melhor da classe. Dependendo da abrangência do
conjunto de empresas considerado para sua seleção, o benchmark
Importância do planejamento pode ser internacional, nacional, regional ou setorial.
Benchmarking – procedimento de comparar processos, prá-
A organização pode ser entendida como uma série de com- ticas, funções e resultados com benchmarkings, para identificar
ponentes – tarefas, indivíduos, organização formal e organização as oportunidades para melhoria do desempenho. Trata-se de um
informal – cuja natureza de interação e relação entre si afeta a processo contínuo. Essa comparação pode ser feita inclusive com
resultados coletados em ramos de atuação diferentes do setor em
combinação para se chegar ao produto, definindo o tipo de sistema
que atua a organização.
organizacional. Planejamento, por sua vez, é uma metodologia de
Cargo público – ocupação instituída na estrutura do serviço
administração que consiste em determinar os objetivos a alcançar
público, com denominação própria, atribuições e responsabilidades
e as ações a serem realizadas, compatibilizando-as com os meios
específicas e estipêndio correspondente, a ser provido por um
disponíveis para sua execução. titular.
Na esfera das organizações o planejamento pode ser conceitu- Carreira – no setor público é um conjunto de cargos sujeito a
ado como um processo de gestão desenvolvido para o alcance de regras específicas de ingresso, promoção, atuação, lotação e remu-
uma situação desejada com o máximo de eficiência, eficácia e efe- neração, cujos integrantes detêm um repertório comum de quali-
tividade, buscando a melhor concentração de esforços e recursos. ficações e habilidades. A carreira é criada por lei e deve aplicar-se
O propósito do planejamento, conforme Djalma P.R. Oliveira às atividades típicas de Estado. O cargo público pode ser isolado ou
(1999), pode ser definido como o desenvolvimento de processos, de carreira.
técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma Ciclo para aprendizado – conjunto de atividades visando avaliar,
situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões melhorar e/ou inovar as práticas de gestão e os respectivos padrões
presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão de trabalho. As organizações devem possuir eventos específicos e
a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, pró-ativos para reflexão e questionamento das práticas e padrões
eficiente e eficaz. Dentro deste raciocínio, pode-se afirmar que o existentes e buscar a sua melhoria contínua.

4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Ciclo para controle – conjunto de atividades visando verificar requisitos legais, o nível de desempenho de concorrentes, informa-
se os padrões de trabalho das práticas de gestão estão sendo cum- ções comparativas pertinentes, normas nacionais e internacionais
pridos, estabelecendo prioridades, planejando e implementando, etc.
quando necessário, as ações de correção e/ou prevenção. Parceria institucional – relação de trabalho estabelecida entre
Controle social – acompanhamento e fiscalização das ativi- duas ou mais organizações públicas e/ou privadas, por meio da qual
dades de uma organização, exercidos pelas partes interessadas, cada uma desenvolve um conjunto de ações que, integradas, tem a
pela comunidade, pela sociedade como um todo e pelos meios de finalidade de atingir a objetivos comuns.
comunicação social. Partes interessadas – são as pessoas físicas ou jurídicas envol-
Definição dos rumos – procedimento de projetar o estado fu- vidas ativa ou passivamente no processo de definição, elaboração,
turo desejado da organização, partindo da sua missão institucional. implementação e prestação de serviços e produtos da organização,
Desempenho global – desempenho da organização como um na qualidade de clientes, agentes, fornecedores ou parceiros.
todo, explicitado por meio de resultados que refletem as neces- Podem ser servidores públicos, organizações públicas, instituições
sidades de todas as partes interessadas. Está relacionado com os privadas, cidadãos, grupos de interesse, associações e a sociedade
resultados planejados pela estratégia da organização. como um todo.
Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resultados Pessoal do Quadro Próprio – Pessoal vinculado ao Regime
institucionais da organização. Jurídico Único ou à CLT, pertencente ao quadro de pessoal do órgão
Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na ou de outros órgãos públicos.
execução de um procedimento ou na prestação de um serviço. Pessoal Terceirizado – Pessoal oriundo de empresa contratada
Fatores Críticos de Sucesso – são condições fundamentais que para prestação de serviços especializados.
precisam ser satisfeitas para que a instituição ou a estratégia tenha Práticas de gestão – atividades executadas sistematicamente
sucesso. com a finalidade de gerenciar uma organização, consubstanciadas
Fornecedor – aquele que fornece insumos para os processos nos padrões de trabalho. São também chamadas de processos,
da organização, seja um produto, seja um serviço, seja informação métodos ou metodologias de gestão.
ou orientação. No setor público, as relações entre organização Pró-atividade – capacidade de antecipar-se aos fatos com
e fornecedor, que envolvam a aquisição de bens ou serviços, são ações preventivas e de promover a inovação e o aperfeiçoamento
regulamentadas por lei e regidas por um contrato administrativo de processos, serviços e produtos.
com características distintas das observadas em contratos privados, Processo – conjunto de recursos e atividades inter-relacionadas
tais como a exigência de licitação, só dispensável em determinadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em produtos/
situações previstas em lei. serviços (saídas). Esses processos são geralmente planejados e
Função – atribuição conferida a uma categoria profissional ou realizados para agregar valor aos produtos/serviços.
atribuída a um colaborador para a execução de serviços eventuais. Processo crítico – processo de natureza estratégica para o
Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. As sucesso institucional.
funções do cargo são definitivas, as funções autônomas são tran- Processos de apoio – processos que dão suporte a alguma
sitórias. atividade-fim da organização, tais como a gestão de pessoas, a ges-
Indicador – dado que representa ou quantifica um insumo, um tão de compras, o planejamento e o acompanhamento das ações
resultado, uma característica ou o desempenho de um processo, institucionais etc.
de um serviço, de um produto ou da organização como um todo. Processo finalístico – processo associado às atividades-fim da
Pode ser simples (decorrente de uma única medição) ou composto; organização ou diretamente envolvido no atendimento às necessi-
direto ou indireto em relação à característica medida; específico dades dos seus usuários.
(atividades ou processos específicos) ou global (resultados preten- Qualidade – adequação para o uso (Juran). Fazer certo a coisa
didos pela organização como um todo); e direcionadores (indicam certa já na primeira vez, com excelência no atendimento. Totalidade
que algo pode ocorrer) ou resultantes (indicam o que aconteceu). de características de uma organização que lhe confere a capacidade
Indicadores de processo – representação objetiva de caracterís- de satisfazer as necessidades explícitas e implícitas dos clientes.
ticas do processo que devem ser acompanhadas ao longo do tempo Referenciais comparativos adequados – indicadores, práticas
para avaliar e melhorar o seu desempenho. Medem a eficiência e a ou resultados desenvolvidos ou alcançados por organização pública
eficácia dos processos. ou privada, que possam ser usados para fins de comparação ou
Informações relevantes – informações que a organização benchmarking.
necessariamente tem que conhecer e manter atualizadas como Requisitos – condições que devem ser satisfeitas, exigências
subsídio ao seu processo decisório. legais ou particulares essenciais para o sucesso de um processo,
Necessidades – conjunto de requisitos, expectativas e prefe- serviço ou produto. São as necessidades básicas dos usuários ou
rências dos cidadãos usuários ou das demais partes interessadas. das demais partes interessadas, explicitadas por eles, de maneira
Organização do trabalho – maneira pela qual as pessoas formal ou informal, e essenciais e importantes para sua satisfação.
são organizadas ou se organizam em áreas formais ou informais, Responsabilidade pública – consiste na responsabilidade dos
temporárias ou permanentes, tais como: equipes, áreas funcionais, administradores e dos servidores públicos em promover e disse-
times, grupos de trabalho, comissões, forças-tarefa e outras. minar os valores e os princípios fundamentais da Administração
Padrões de trabalho – qualquer meio que oriente o funciona- Pública e apresentar comportamentos éticos, exercendo um estilo
mento das práticas de gestão, podendo estar na forma de diretrizes de administração transparente, voltada para a prestação de contas,
organizacionais, procedimentos, rotinas de trabalho, normas admi- procurando estar continuamente consciente dos impactos públicos
nistrativas, fluxogramas, quantificação dos níveis que se pretende potenciais relacionados com sua atuação.
atingir ou qualquer meio que permita orientar a execução das prá- Resultados da organização – são os resultados institucionais
ticas. O padrão de trabalho pode ser estabelecido utilizando como obtidos pela organização pública, no exercício de suas principais
critérios as necessidades das partes interessadas, as estratégias, atividades, de acordo com suas atribuições e áreas de competência.

5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Resultados orçamentários/financeiros – são os resultados
relacionados com a utilização eficiente e eficaz dos recursos orça-
mentários/financeiros da União ou oriundos de receita própria, me-
didos, entre outros, por meio da redução de custos dos processos,
pela relação entre o orçamento aprovado e projetos realizados etc.
Sinergia – coordenação de um ato ou esforço simultâneo de
várias organizações, unidades ou pessoas na realização de uma
atividade ou projeto. Combinação da ação de dois ou mais agentes
que usualmente gera resultados superiores quando comparado à
ação individual desses agentes.
Sistema de liderança – refere-se à forma como a liderança é
exercida por toda a organização, de modo a captar as necessidades
das partes interessadas e usar as informações para a tomada de
decisão e a sua comunicação e condução em todos os níveis.
Usuários atuais – todos os cidadãos efetivamente atendidos
pela organização ou que têm acesso garantido ao serviço quando
dele necessita.
Usuários potenciais – todos os cidadãos com direito a receber
o serviço prestado pela organização e que não consegue obtê-lo.
Valores organizacionais – entendimentos e expectativas que
descrevem como todos os profissionais da organização se compor- Figura – Pensamento estratégico
tam e sobre os quais todas as relações e decisões organizacionais Fonte: LONA, Miriam, 2009.
estão baseadas.
Visão de futuro – representação do que a organização espera Percebe-se que o planejamento estratégico tem, na atualida-
de si mesma e de seu desempenho dentro de um cenário futuro. É de, um amplo leque de definições, especialmente no que tange a
uma projeção de si mesma, com base em suas expectativas. abrangência e aplicabilidade (esse conceito refere-se ao processo
de planejar como um todo). O plano, por sua vez, refere-se ao
Estrutura do planejamento (estratégico, tático, operacional) documento que consolida e contempla os resultados das atividades
O Planejamento Estratégico fundamenta-se nos princípios da desenvolvidas durante o processo de planejamento que, por si só,
prevenção de problemas e na visão de longo alcance como estraté- tem importância secundária, já que o processo de planejamento
gia para o progressivo desenvolvimento institucional. Como se esta- promove o amadurecimento e desenvolvimento efetivo das
belecem as diretrizes estratégicas, os fatores críticos para o sucesso pessoas envolvidas e, consequentemente, das empresas. O plano
e os principais planos estratégicos, e como são desdobrados em estratégico tem como fim ser o roteiro que deve ser seguido pelos
planos e metas para todas as áreas, para os fornecedores e parcei- envolvidos na implementação das estratégias e táticas desenvol-
ros da organização, considerando-se os objetivos da organização. vidas durante o planejamento. “Os movimentos estratégicos das
O planejamento estratégico consiste em definir-se de maneira empresas referem-se às constantes buscas por vantagens compe-
clara, participativa e com base em um diagnóstico atual e futuro dos titivas no ambiente econômico onde se desenrola o processo de
ambientes interno e externo, a direção que se quer dar à organiza- concorrência.” (ANGELONI e MUSSI, 2008).
ção, formulando missão, visão e valores, e ainda programar e con-
trolar os objetivos, as estratégias2 e os planos de ações definidos. É Os três níveis de decisão em uma organização correspondem
o modelo de gestão que pauta a administração pública gerencial.3 aos três tipos de planejamento: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO,
PLANEJAMENTO TÁTICO e PLANEJAMENTO OPERACIONAL.

Planejamento Visão, arquitetura,


3 a 5 anos
Estratégico objetivos do negócio
Planejamento Alocação de recursos,
1 a 2 anos
Tático seleção de projetos
Planejamento 6 meses a Atendimento de
2. “Caminho, maneira ou ação formulada e adequada para Operacional 1 ano prazos e orçamento
alcançar, preferencialmente, de maneira diferenciada, os objetivos
e desafios, estabelecidos, no melhor posicionamento da empresa Figura – Tempos e conteúdo do planejamento
perante seu ambiente” (Djalma Oliveira). “A estratégia consiste de
ações e abordagens comerciais que a gerência emprega para atingir
os objetivos de desempenho da empresa. “ (Arthur Thompson).
3. A administração pública gerencial caracteriza-se, entre outras
coisas, pela descentralização política (os recursos são transferidos
para os níveis regionais e locais) e administrativa, em que os admin-
istradores públicos são transformados em gerentes autônomos.
Organizações que adotam esse modelo gerencial contam com
poucos níveis hierárquicos, e nelas existe confiança limitada, em
substituição à desconfiança total, em relação aos funcionários e
dirigentes. Trata-se de administração voltada para o atendimento
do cidadão e aberta ao controle social.

6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

Nível
Estratégico
o

Nível
Tático

Nível
operacional

Figura – Níveis de planejamento

O Planejamento Estratégico está relacionado com os objetivos de longo prazo e com as ações que afetarão a organização como um
todo. Deve-se privilegiar a eficácia, a eficiência e a efetividade. “O processo administrativo que proporciona sustentação metodológica
para se esclarecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de
forma inovadora e diferenciada” (OLIVEIRA, 2002).
O plano que ocupa a categoria “Estratégica” tem como foco a empresa ou unidade de negócios como um todo. Ele aborda todos os
aspectos diretos e indiretos vinculados aos negócios, tendo como horizonte temporal o longo prazo, ou seja, tem como objetivo preparar
a empresa para o futuro. O mesmo serve, adicionalmente, como orientador para que os planos de nível hierárquico inferior (táticos e ope-
racionais) possam ser elaborados, criando, assim, uma consonância de pensamento entre os diversos níveis de colaboradores da empresa.
Esse é, usualmente, desenvolvido pela alta administração (presidência, diretoria e alta gerência) enquanto que, empresas pequenas e
médias empresas, pelos proprietários, diretores e gerentes (Marcos Dortes, 2009).
Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo estratégico e envolve toda a organização; é direcionado a longo prazo; foca o
futuro e o destino; tem ação global. É o resultado de análises dos ambientes externos e internos à empresa cujos cenários podem mudar a
qualquer momento. Por isso, deve ser sempre monitorado para que os ajustes sejam feitos periodicamente, deixando-os atualizados. Está
associado a uma linha de atuação de forma a atingir objetivos de longo prazo.
Define qual o negócio da organização, onde ela está hoje e onde quer chegar. Para isso, fixa macro-objetivos que necessitam ser
detalhados e compatibilizados com as possibilidades a cada ponto de sua execução. É o caminho a ser seguido pela organização, como
forma de responder às mudanças do ambiente. Deve levar em conta:

• Ameaças e Oportunidades do ambiente externo


• Expectativas da sociedade
• Valores (princípios, motivações)
• Pontos Fortes e Fracos da Organização

No Planejamento Estratégico, premissas são os grandes balizamentos que mediante análise do ambiente interno e externo orientarão
as ações da empresa. Servem para comunicar os princípios éticos e as intenções maiores da empresa. As premissas são compostas de:
• Missão: Razão de ser da Instituição, do grupo ou organização que planeja.
• Visão de Futuro: Situação desejada onde se pretende chegar.
• Valores: São crenças, normas, princípios ou padrões que orientam a atuação da organização. Também expressam motivações e
necessidades dos componentes das organizações.

7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

Figura – Esquema do planejamento estratégico


Fonte: Chiavenato, 2005.

A situação futura será diferente da situação atual. É fundamental buscar reduzir incertezas e riscos. O planejamento deve ser sistê-
mico, único e integrado. A instituição deve estar permanentemente buscando competitividade. As etapas do planejamento estratégico
envolvem:
• Tendências de mercado
• Potencial de mercado
• Análise da concorrência
• Análise SWOT
• Segmentação
• Visão (Obstáculos/Resoluções)
• Objetivos numéricos de longo prazo
• Estratégias para atingir a visão
• Pessoas/Pensamento
• Execução/Controle

No entanto, a realização de um planejamento estratégico, por si só, não garante os resultados. É necessário desenvolver o planeja-
mento tático e o planejamento operacional, de modo que sejam elaborados os planos de ação de cada item sugerido e implementado com
o seu devido acompanhamento.
As organizações planejam a fim de identificar o que deve ser feito. Para saber qual a direção a ser tomada, é a questão do foco. Não há
como identificar necessidades sem ter conhecimento do meio social em que está inserido e de sua realidade interna. Segundo Mintzberg
(1994), a organização precisa planejar porque:
• necessita coordenar suas atividades de modo integrado
• necessita considerar o futuro:
• Preparar-se para o inevitável;
• Ter opções frente ao indesejável;
• Controlar o controlável.
• precisa de racionalidade através da adoção de procedimentos formalizados, padronizados e sistemáticos;
• necessita exercer controle.

8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A questão do que fazer é a fixação dos objetivos que poderão Vale a pena observar que deve ser apenas um roteiro, poden-
ser desenvolvidos em um planejamento. Planeja-se: do-se acrescentar variáveis e alterando o que pensar ser interes-
1. Para verificar prioridades – por que fazer? sante, a fim de adaptá-lo à realidade da organização na qual está
2. Para estabelecer metas – quando fazer? sendo desenvolvido o diagnóstico estratégico. Para poder otimizar
3. Para definir estratégias e ações – como fazer? os resultados de qualquer diagnóstico é sempre bom considerar os
4. Para estabelecer responsabilidades – quem fará? conceitos de ponto forte, ponto fraco, oportunidade e ameaça:
5. Para delinear recursos – qual o custo? • Ponto Forte: é uma diferenciação da organização que lhe
6. Para executar e acompanhar. proporciona uma vantagem competitiva;
• Ponto Fraco: é um aspecto negativo da organização que lhe
Antes de desenvolver um planejamento estratégico é impor- proporciona uma desvantagem competitiva;
tante saber que existem muitas metodologias para essa finalidade. • Oportunidade: é uma força ambiental externa que pode criar
Desde a década de 1970, autores clássicos como Ansoff e Steiner uma situação favorável para a organização;
passaram a ver a formulação de estratégias como um processo • Ameaça: é uma força ambiental externa que cria uma situa-
formal, separado e sistemático. O modelo básico de planejamento, ção de risco para a organização e que não pode ser evitada.
desenvolvido por Steiner surgiu dividido em seis etapas: Um roteiro no estilo de lista de verificação ou check list pode
• Fixação de objetivos; ser utilizado para o desenvolvimento estratégico.
• Auditoria Externa;
• Auditoria Interna; Etapa 4 – Definição da base estratégica corporativa
• Avaliação da Estratégia; Esta etapa consiste em definir missão, visão, negócio e con-
• Operacionalização da Estratégia e sequentemente slogan, valores e objetivos para a organização.
• Programar o processo. Abordando os temas separadamente, temos que:
– A missão deve representar o que a organização quer ser.
A direção do planejamento estratégico, o nível hierárquico de Tem uma conotação futura. Da mesma forma que a etapa de
início, pode ser uma opção. Existem organizações que preferem sensibilização, a definição da missão pode ser feita a partir de uma
desenvolvê-la a partir do nível estratégico em direção ao nível ope- reunião com a cúpula da organização, com as pessoas-chave ou até
racional. A duplicidade de escolhas tem seus aspectos negativos e mesmo com todos os colaboradores.
positivos: Há várias maneiras de se desenvolver uma missão, se tivermos
• A primeira demanda maior envolvimento da cúpula e pode em mão algumas perguntas, esse processo ficará mais simples. As
acarretar falta de comprometimento do nível operacional. Este pro- questões que devem ser colocadas:
blema pode ser sanado se a questão motivacional e de explicitação
dos benefícios for bem trabalhada.
• O que devemos fazer?
• A segunda busca uma visão geral do que a maior parte dos
• Qual o perfil de nosso “cliente”?
colaboradores (servidores) deseja. Mas pode não ter nada a ver
• Como devemos atender nossos “clientes”? Quais meios
com o que a cúpula almeja para a organização.
devem ser escolhidos?
Uma forma eficiente de desenvolver um planejamento estraté-
• Qual a responsabilidade social que devemos ter?
gico pode se dar em etapas:
– A visão deve representar um sonho a ser perseguido.
Etapa 1 – Pré-diagnóstico
Em uma organização esta etapa é visualizada como um “pri- Há organizações que querem sobressair pelo tamanho (porte)
meiro olhar” sobre ela e seu ambiente externo, conversas informais e outras pela qualidade de seus produtos e serviços, e há ainda as
com os dirigentes nos dirão se: que querem as duas coisas. Cabe a cada organização, e a seu gestor
• a organização precisa de um planejamento; ou gestores, escolher o caminho e o seu sonho.
• quem poderia desenvolver esse planejamento; A partir da definição de negócio, pode-se formular um slogan
• quais as expectativas dos dirigentes com relação aos resul- para a organização, que poderá e deverá ser usado como marketing
tados. institucional.
Esta etapa é fundamental para que não se inicie o processo de – Os valores devem representar a forma de conduta de todas as
planejamento estratégico em momento errado. Esta avaliação pode pessoas da organização.
ser feita em uma reunião ou em circulação pela organização. Após a apresentação dos valores de uma organização, desen-
volve-se uma justificativa, no sentido de explicar por que aquele
Etapa 2 – Sensibilização valor é importante para a organização.
Uma vez identificada a necessidade de se desenvolver um – Os objetivos estratégicos representam um resultado a ser
planejamento estratégico, é fundamental sensibilizar os integrantes atingido.
de toda a organização para a importância do planejamento, desmis-
tificando os “fantasmas” que existem em torno de qualquer ação Etapa 5 – Definição de estratégias
que provoque mudança. Para cada estratégia definida, deve-se atribuir uma nota aos
fatores. Quanto maior o valor atribuído, maior será o nível de gravi-
Etapa 3 – Diagnóstico Estratégico dade, urgência ou tendência. A matriz GUT entra em ação.
Após a etapa da sensibilização, o próximo passo a ser dado é
o desenvolvimento de um diagnóstico estratégico mais detalhado Etapa 6 – Definição de Planos de Ação
da real situação da organização e de seu ambiente externo – meio Para cada estratégia definida, um conjunto de ações, para cada
social. É também chamado de análise situacional. ação uma meta e um responsável em administrá-la. Envolvendo
todos os níveis hierárquicos no planejamento elaborado dentro de
um cronograma de execução.

9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Etapa 7 – Definição de recursos
Todos os gastos devem ser calculados, mesmo que a organização não vá gastar além dos desembolsos normais, tendo em vista que a
partir do momento que as pessoas estão envolvidas com qualquer tipo de atividade, isso representa gasto para a organização.
Etapa 8 – Implementação
Nesta etapa, pode-se definir como será deflagrado o processo de implementação do planejamento e deve-se desenvolver um rela-
tório detalhado do que foi planejado e distribuído aos responsáveis pelos objetivos, estratégias e ações. E mais, um relatório resumido e
personalizado para as outras pessoas.

Etapa 9 – Monitoração, Avaliação e Controle


Como as mudanças ambientais não param somente porque estamos implementando um planejamento, deve-se definir o responsável
pelo monitoramento, isto é, quem irá refazer o diagnóstico estratégico e com qual periodicidade.
Segundo Dortes (2009), a atividade de planejamento estratégico não é uma atividade estática, que uma vez realizada termina em si
própria. Planejamentos estratégicos devem ser realizados e revisados periodicamente, de forma que as diversas mudanças ambientais
possam ser devidamente tratadas, no sentido de que a empresa continue ou efetue ajustes de rota para se manter sempre no melhor
caminho que a leve a seus objetivos e consequentemente a seu sucesso. Neste sentido o processo de planejamento estratégico torna-se
uma atividade cíclica, com periodicidade de revisão anual ou de bienal. A figura abaixo ilustra um ciclo típico de planejamento.

Figura – Dinâmica de planejamento


Fonte: Marcos Dortes, 2009.

No conjunto “Ambiente Interno”, encontram-se todos os elementos pertencentes ao ambiente interno da empresa, foco do pla-
nejamento, que por sua vez não só a influenciam como também interferem direta ou indiretamente no processo de planejamento. Os
elementos ambientais internos: pontos fortes e fracos, aspectos dos produtos, aspectos da área comercial (estrutura, experiência, número
de funcionários, grau de atuação e agressividade, maturidade, política comercial, canais de distribuição etc.), área de marketing, área
produtiva, área de logística, dentre outros diversos.
Já no conjunto “Ambiente Externo”, encontram-se todos os elementos pertencentes ao ambiente da empresa foco do planejamento,
que por sua vez não só a influenciam como também interferem direta ou indiretamente no processo de planejamento. Os elementos am-
bientais externos: riscos, oportunidades, mercados alvo, perfil dos consumidores, hábitos de compra e consumo, concorrência (número de
concorrentes, distribuição, grau de agressividade, grau de experiência, posicionamento etc.), aspectos macroeconômicos, político-sociais,
tecnológicos, reguladores, dentre outros (DORTES, 2009).
A ferramenta mais utilizada para a definição de cenários é a matriz de análise SWOT. O termo vem do inglês e representa as iniciais
das palavras Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Assim, a análise estratégica
da organização se divide em:

10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Análise do Ambiente Externo – Permite construir uma visão integrada das principais tendências de curto, médio e longo prazos do
contexto de atuação, sinalizando as oportunidades4 e ameaças5, no cumprimento de sua Missão e na construção de sua Visão de Futuro.
• Análise do Ambiente Interno – Análise das características internas da organização vai revelar, sob um ponto de vista estratégico, as
forças6 e fraquezas7, bem como, permite identificar as suas causas.

O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da empresa, uma vez que ele é resultado das estratégias de atuação definidas
pelos próprios membros da organização. Desta forma, durante a análise, quando for percebido um ponto forte, ele deve ser ressaltado ao
máximo; e quando for percebido um ponto fraco, a organização deve agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito.
Já o ambiente externo está totalmente fora do controle da organização. Mas, apesar de não poder controlá-lo, a empresa deve
conhecê-lo e monitora-lo com frequência, de forma a aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças. Evitar ameaças nem sempre é
possível, no entanto pode-se fazer um planejamento para enfrentá-las, minimizando seus efeitos (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA).

Análise AMBIENTE INTERNO


A Situacional
Predominância de Predominância de
M Pontos Fracos Pontos Fortes

B Postura Estratégica: Postura Estratégica:


Predominância de Sobrevivência Manutenção
I Ameaças

E
- Redução de - Estabilidade
custos
- Nicho
N - Desinvestimento
- Especialização
T - Liquidação

E
Predominância de Postura Estratégica: Postura Estratégica:
Oportunidades Crescimento Desenvolvimento

E - Inovação - De produção
X
- Parcerias
- De usuários
T -
-
De capacidade
Expansão
E - De estabilidade
R - De diversificação
N
O

Figura – Análise estratégica da organização

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um processo de planejamento estratégico é basicamente um processo de mudança.
Ele visa reduzir a lacuna existente entre o ganho de desempenho incremental, decorrente de uma evolução “natural” da situação atual, e
o desempenho necessário. Superar essa lacuna demanda alteração do status quo, o que gera processos comuns de reação.
A reação diante da mudança tem fonte nas incertezas, novas condições de prestação de contas, alteração nos hábitos profissionais
estabelecidos, mudanças técnicas e sociais. Há quatro grupos de posicionamento tipicamente identificados em pessoas envolvidas em
processos de mudança. Esses grupos podem ser agregados em dois conjuntos de características comportamentais. O processo de comu-
nicação da estratégia precisa levar as pessoas do primeiro grupo ao segundo.

4. Oportunidades são situações, tendências ou fenômenos externos à organização, atuais ou potenciais, que podem contribuir em
grau relevante e por longo tempo para a realização de sua missão e objetivos e/ou para o alcance de um bom desempenho.
5. Ameaças são situações, tendências ou fenômenos externos à organização, atuais ou potenciais, que podem prejudicar substancial-
mente e por longo tempo para a realização de sua missão e objetivos e/ou para o alcance de um bom desempenho.
6. Forças (pontos fortes) são fenômenos ou condições internas capazes de auxiliarem, por longo tempo, o desempenho ou o cumpri-
mento da missão e dos objetivos.
7. Fraquezas (pontos fracos) são situações, fenômenos ou condições internas, que podem dificultar a realização da missão e o cum-
primento dos objetivos.

11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

Figura – conjuntos de características comportamentais


Fonte: Conselho Nacional de Justiça-CNJ

Os processos de planejamento estratégico definem três graus de intensidade de mudanças nas organizações:
• Satisfação = é encontrada nos processos em que os aspectos financeiros relacionados são preocupações básicas, não possuindo,
assim, outros desdobramentos tais como expansão, refinamento operacional, melhoria de qualidade ou outros.
• Otimização = pode ser considerada um avanço da “Satisfação”, pois busca também, além da otimização e maximização dos aspectos
financeiros, a otimização dos processos diversos da organização, porém atêm-se, somente, ao ambiente interno da empresa.
• Adaptação = pode ser considerada um avanço da “Otimização”, pois, por ser mais abrangente, estabelece o equilíbrio entre o
ambiente interno e externo como preocupação, promovendo, assim, a melhoria constante do processo, independente das alterações do
ambiente externo.
O Processo de Gestão da Estratégia (PGE) enfatiza três elementos gerenciais, quais sejam:
• O ciclo de gestão da operação: diz respeito ao planejamento, organização, liderança e avaliação das operações;
• A gestão de projetos: diz respeito ao planejamento, organização, liderança e avaliação da execução da carteira de projetos necessá-
rios à implementação de uma dada estratégia (ou, à entrega de uma missão); e,
• O ciclo de aprendizado estratégico: diz respeito à avaliação da execução da estratégia escolhida pela organização (ou, à entrega de
sua missão).

Na análise do ambiente externo, a análise PEST é uma ferramenta do planejamento estratégico, consistindo na análise de quatro
variáveis do ambiente externo: Político-legal, Econômico, Sócio-cultural e Tecnológico.
Uma ferramenta utilizada para a prospecção de cenários é a análise PEST. Segundo Castor (2000, p. 05) “O acrônimo PEST é utilizado
para identificar quatro dimensões de análise ambiental de natureza qualitativa de fenômenos dificilmente quantificáveis: a Política, a
Econômica, a Social e a Tecnológica”. O mesmo afirma que essa ferramenta torna-se mais útil quando utilizada conjuntamente com outros
instrumentos de análises, e a limitação quanto à quantidade de variáveis a ser investigadas tem uma razão de ser. Pois, quando há um
excesso de informações, uma empresa pode ficar imobilizada, com receio de deixar uma variável importante de lado, perdendo o foco e
deixando de agir tempestivamente. Contudo, mesmo sendo uma ferramenta de análise qualitativa, Castor (2000) afirma que a utilização
de métodos quantitativos seja importante, onde são atribuídas probabilidades a cada uma das variáveis, e feitas avaliações sobre os
impactos das mesmas sobre a capacidade da empresa de alcançar seus objetivos corporativos (SOBER, 2010).8
Na análise do ambiente interno, recomenda-se a Cadeia de valor, que consiste na análise de adequação e suficiência do sequencia-
mento dos processos necessários ao fornecimento dos serviços aos clientes.
Segundo Kaplinsky e Morris (2000), a cadeia de produção é chamada de cadeia de valor, que consiste no arranjo das atividades
necessárias para produzir um bem ou serviço, desde a sua concepção, passando pelas diferentes fases da produção até a entrega para
o consumidor final. Sob esse enfoque, os agentes presentes em cada um dos elos da cadeia de produção dão a sua contribuição para
aumentar o valor do produto final. Vale ressaltar que o produto que chega ao consumidor final é a soma dos valores adicionados por
cada um dos elos ao longo da cadeia produtiva, resultado da ação dos agentes e da coordenação entre eles (BESANKO et al., 2004). Sendo
assim, as condições em que o produto chega ao consumidor final depende tanto das atividades internas à organização quanto da sua
coordenação com os outros elos da cadeia produtiva da qual faz parte.
Vale ressaltar que as relações entre os diferentes elos de uma cadeia produtiva geralmente são desiguais, o que revela a presença de
agentes que capturam maior valor do que outros ao longo da cadeia (Roberta de Castro Souza e João Amato Neto, 2005).9
A abordagem do planejamento estratégico e o desdobramento dos planos da organização incluem o desenvolvimento, a tradução
e o desdobramento eficaz dos requisitos globais de desempenho (operacional e em relação aos clientes), provenientes da estratégia.
Enfatizam, portanto, que a qualidade centrada no cliente e a excelência do desempenho operacional são questões estratégicas críticas
que, obrigatoriamente, precisam ser partes integrantes do planejamento da organização.

8. Obtido em http://www.sober.org.br/palestra/15/744.pdf
9. Obtido em ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/asp1-2-05.pdf

12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Deste modo, a melhoria e a aprendizagem devem fazer parte Organização
das atividades diárias de todas as unidades de trabalho. O papel
fundamental do planejamento estratégico é direcionar o trabalho O Prof. Antonio C. A. Maximiano define organização como “um
cotidiano, alinhando-o com as diretrizes estratégicas da organização sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo
e assegurando, dessa forma, que a melhoria reforce as prioridades (ou conjunto de objetivos). Além de objetivos e recursos, as orga-
da organização. nizações têm dois outros componentes importantes: processos de
O Planejamento Tático são os objetivos de médio prazo. É o transformação e divisão do trabalho” (2010, p.3).
planejamento dos subsistemas organizacionais.
O plano que ocupa a categoria “Tático” tem como foco os Maximiano explica:
departamentos operacionais da empresa. Com base na visão, ob- • Objetivos – o principal é fornecer alguma combinação de
jetivos e metas preestabelecidas pelo plano estratégico, os planos produtos e serviços, do qual decorrem outros objetivos, tais como
táticos tratam de estabelecer seus próprios objetivos e metas que, satisfazer clientes, gerar lucros para sócios, gerar empregos, promo-
sendo cumpridos, colaborarão para o cumprimento dos objetivos e ver bem-estar social etc.
metas maiores (Marcos Dortes, 2009). • Recursos – as pessoas são o principal recurso tangível das
Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo organizações; além dos recursos humanos são necessários recur-
gerencial e envolve cada departamento; é direcionado a médio sos materiais, recursos financeiros e recursos intangíveis (tempo,
prazo; foca o mediato; tem Ação departamental. Tem por objetivo conhecimentos, tecnologias).
otimizar determinada área de resultado e não a empresa como • Processos de transformação – os processos viabilizam o alcan-
um todo. Trabalha com decomposições dos objetivos, estratégias ce dos resultados, pois são um conjunto ou sequência de atividades
e políticas fixadas no planejamento estratégico. Desenvolve-se em interligadas com início, meio e fim, combinando os recursos para
níveis organizacionais inferiores e busca a utilização eficiente dos fornecer produtos ou serviços. É a estrutura de ação de um sistema,
recursos disponíveis para a consecução de objetivos previamente
sendo os mais importantes: processo de produção (transformação
estabelecidos, segundo uma estratégia predeterminada. Visa às
de matérias-primas) e processo de administração de recursos
políticas orientativas para o processo decisório da empresa. Pode
humanos (transformação de necessidades de mão-de-obra em
ser: mercadológico, financeiro, de recursos humanos, de produção,
pessoas capacitadas e motivadas para atuarem na organização).
organizacional etc.
Enquanto o planejamento estratégico relaciona-se com obje- • Divisão do trabalho – cada pessoa e cada grupo de pessoas
tivos de longo prazo (institucionais) e com maneiras e ações para são especializadas em tarefas necessárias ao alcance dos objetivos
alcançá-los que afetam a empresa como um todo, o planejamento da organização, sendo que a especialização faz superar limitações
tático relaciona-se a objetivos de mais curto prazo e com maneiras individuais. A soma das especializações de cada um produz sinergia,
e ações que geralmente, afetam somente uma parte da empresa. um resultado maior que o trabalho individual.
O Planejamento Operacional está relacionado com os objetivos
a curto prazo e com os níveis hierárquicos mais baixos da organi- Para Robbins, Decenzo e Wolter (2012, p.127), organização “é
zação. Consiste nos planos de ação ou planos operacionais, que a ordenação e agrupamento de funções, alocação de recursos e
formalizam o processo de planejamento. “É a formalização, prin- atribuição de trabalho em um departamento para que as atividades
cipalmente através de documentos escritos, das metodologias de possam ser realizadas conforme o planejado”.
desenvolvimento e implantação estabelecidas” (OLIVEIRA, 2002). Segundo Chiavenato (2009), a organização é um sistema de
O plano que ocupa a categoria “Operacional” ou de “Ação” atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas,
nada mais é do que um desdobramento dos planos táticos que que cooperam entre si, comunicando-se e participando em ações
contempla o detalhamento de ações, recursos, tempos, prazos, conjuntas a fim de alcançarem um objetivo comum. Continua o
enfim, todo o necessário ao cumprimento dos objetivos e metas es- autor em uma abordagem mais ampla:
tabelecidas nos planos táticos. Usualmente, são desenvolvidos por As organizações são unidades sociais (ou agrupamentos huma-
chefes de departamento, supervisores ou outros níveis próximos do nos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir
escalão executivo(Marcos Dortes, 2009). objetivos específicos. Isso significa que as organizações são constru-
Este tipo de planejamento exige também maior atuação do ídas de maneira planejada e elaboradas para atingir determinados
grupo gerencial e envolve cada tarefa/atividade; é direcionado objetivos. Elas também são reconstruídas, isto é, reestruturadas e
a curto prazo; foca o imediato/presente; tem ação específica. É a redefinidas, na medida em que os objetivos são atingidos ou que se
formalização das metodologias de desenvolvimento e implantação descobrem meios melhores para atingi-los com menor custo e me-
estabelecidas. Apresenta-se principalmente através de documentos nor esforço. Uma organização nunca constitui uma unidade pronta
escritos. São os planos de ação ou planos operacionais, que corres- e acabada, mas um organismo social vivo e sujeito a constantes
pondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento
mudanças (CHIAVENATO, 2009, p.12-13).
tático. Seu conteúdo abrange:
Uma organização é a coordenação de diferentes atividades de
• Recursos necessários para desenvolvimento e implantação
contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações
• Procedimentos básicos a serem adotados
planejadas com o ambiente. Esse conceito utiliza a noção tradicio-
• Produtos ou resultados finais esperados
• Prazos estabelecidos nal de divisão de trabalho ao se referir às diferentes atividades e
• Responsáveis pela sua execução e implantação à coordenação existente na organização e aos recursos humanos
como participantes ativos dos destinos dessa organização.
No que se refere à importância econômica e social, a organi-
zação permite o emprego dos fatores de produção (terra, capital,
trabalho, tecnologia etc.) para satisfazer necessidades humanas de
modo racional e sustentável, uma vez que os bens são escassos e as
necessidades são ilimitadas.

13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Com a transformação de recursos em produtos e serviços, a O grau de complexidade/diferenciação estrutural do núcleo
sociedade se beneficia com a geração de renda, empregos, tributos, operacional está relacionado predominantemente aos seguintes
infra-estrutura, serviços públicos e o equilíbrio do mercado. fatores (definidores de critérios de departamentalização): a) dife-
Quanto aos tipos de organização, as organizações podem ser renciação de produtos/serviços/áreas de resultado; b) segmentos
públicas ou privadas; com fins econômicos (lucrativos) ou não. de beneficiários; c) regiões de atuação; d) temas ou questões re-
Como pessoas jurídicas, sua tipologia segue o Código Civil (Lei levantes (vínculos institucionais, assuntos sensíveis que envolvem
10.406, de 2002): riscos, regulações governamentais etc.); etc. (MARTINS, 2010).
• Pessoas jurídicas de direito público interno – União, Estados, Idalberto Chiavenato, em sua obra Introdução à Teoria Geral
Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (inclusive as da Administração, apresenta os seguintes tipos de departamenta-
associações públicas) e demais entidades de caráter público criadas lização:
por lei (art. 41); 1. Por funções (ou funcional).
• Pessoas jurídicas de direito público externo – Estados estran- 2. Por produtos ou serviços.
geiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público 3. Por localização geográfica.
(art. 42); 4. Por clientes.
• Pessoas jurídicas de direito privado – associações, socieda- 5. Por fases do processo.
des, fundações, organizações religiosas e partidos políticos (art. 44). 6. Por projetos.
Destas, somente as sociedades possuem fins econômicos.
Departamentalização por Funções
Funções organizacionais são as tarefas especializadas que Características: Agrupamento das atividades de acordo com as
ocorrem nos processos da organização, resultando em produtos e funções principais da empresa.
serviços. De acordo com Maximiano, as funções mais importantes
Vantagens:
são:
• Agrupa especialistas comuns em uma única chefia.
• Operações – também chamada de produção, é a responsável
• Garante plena utilização das habilidades técnicas das pessoas.
pelo fornecimento do produto ou serviço, por meio da transforma-
• Permite economia de escala pela utilização integrada de
ção dos recursos. pessoas e produção.
• Marketing – seu objetivo básico é estabelecer e manter a • Orienta as pessoas para uma única e específica atividade.
ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários • Indicada para condições de estabilidade.Reflete auto-orienta-
ou público-alvo, realizando atividades de desenvolvimento de pro- ção e introversão administrativa.
dutos, definição de preços, propaganda e vendas etc. É uma função • Desvantagens:
que ocorre tanto em organizações lucrativas como naquelas que • Reduz a cooperação interdepartamental.
não visam lucro em suas operações. • Inadequada quando a tecnologia e ambiente são mutáveis.
• Finanças – responsável pelo dinheiro da organização, busca • Dificulta adaptação e flexibilidade a mudanças externas.
a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros, inclusive • Faz com que pessoas focalizem sub objetivos de suas espe-
a maximização do lucro quando se trata de empresas. Preocupa-se cialidades.
com a liquidez para saldar obrigações da organização e abrange
financiamento (busca de recursos financeiros), investimento Departamentalização por Produtos/Serviços
(aplicação), controle do desempenho financeiro e destinação dos Características: Agrupamento das atividades de acordo com
resultados. o resultado da organização, ou seja, de acordo com o produto ou
• Recursos humanos – também chamada de gestão de pessoas, serviço realizado.
busca encontrar, atrair e manter as pessoas de que a organização Vantagens:
necessita, envolvendo atividades anteriores à contratação do fun- • Fixa a responsabilidade dos departamentos para um produto
cionário e posteriores ao seu desligamento, tais como: planejamen- ou serviço.
to de mão-de-obra, recrutamento e seleção, treinamento, avaliação • Facilita a coordenação interdepartamental.
de desempenho e remuneração etc. • Facilita a inovação, que requer cooperação e comunicação de
• Pesquisa e Desenvolvimento – busca transformar as informa- vários grupos.
ções de marketing, as ideias originais e os avanços da ciência em • Indicada para circunstâncias externas mutáveis.
produtos e serviços. Identifica e introduz novas tecnologias, bem • Permite flexibilidade.
como melhora os processos produtivos para redução de custos.
Desvantagens:
• Dispersa os especialistas em subgrupos orientados para
1.5.2.1. Departamentalização
diferentes produtos.
• Contra-indicada para circunstâncias externas estáveis.
A departamentalização é uma forma de fracionar a estrutura
• Provoca problemas humanos de temores e ansiedades com
organizacional (divisões, seções, diretorias, departamentos, co- a instabilidade.
ordenações, serviços etc.), objetivando agrupar as atividades que • Enfatiza a coordenação em detrimento da especialização.
possuem uma mesma linha de ação, de forma a aumentar a eficiên-
cia, o controle, e descentralizar a autoridade e a responsabilidade. Departamentalização Geográfica
Representa a divisão do trabalho no sentido horizontal, ou seja, Características: Agrupamento das atividades de acordo com o
em sua variedade de tarefas, uma vez que a divisão do trabalho no território, região ou área geográfica.
sentido vertical refere-se aos níveis de autoridade.
Surge diante da necessidade de se aumentar a perícia, a efici- Vantagens:
ência e a melhor qualidade do trabalho em si, correspondendo a • Assegura o sucesso da organização pelo ajustamento às
uma especialização de atividade e de conhecimentos. condições locais.

14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Fixa a responsabilidade de desempenho e lucro em cada local • Facilita o planejamento detalhado para a execução de produ-
ou região. tos de grande porte.
• Encoraja os executivos a pensar em termos de sucesso no • Adapta a empresa aos projetos que ela pretende construir.
território. • Unidades e grupos são destacados e concentrados durante
• Indicada para empresas de varejo. longo tempo.
• Indicada para condições de estabilidade. • É uma departamentalização temporária por produto.
• Permite acompanhar variações locais e regionais.
Desvantagens:
Desvantagens: • O projeto tem vida planejada. É descontínuo.
• Reduz a cooperação interdepartamental. • Quando ele termina a empresa pode desligar pessoas ou
• Ocorre principalmente nas áreas de marketing e produção. paralisar equipamentos.
• Inadequada para a área financeira. • Produz ansiedade e angústia nas pessoas pela sua desconti-
nuidade.
Departamentalização por Clientes
Características: Agrupamento das atividades de acordo com os Maximiano acrescenta a departamentalização por Áreas do
tipos de clientes servidos. Conhecimento, ou seja, linhas de produto – comum em escolas,
laboratórios e institutos de pesquisa. Nessas organizações, os
Vantagens: departamentos são criados para realizar atividades especializadas
• Quando a satisfação do cliente é o aspecto mais crítico da nas diferentes áreas do conhecimento, por exemplo: contabilidade,
organização. economia, engenharia elétrica etc. “Este tipo de organização pro-
• Quando o negócio depende de diferentes tipos de clientes. move a concentração de pessoas com as mesmas competências e
• Predispõe os executivos a pensar em satisfazer as necessida- que normalmente têm interesses similares de estudo e ensino. Por
des dos clientes. isso, facilita o desenvolvimento da competência técnica e a acumu-
• Permite concentrar competências sobre distintas necessida- lação de conhecimentos” (MAXIMIANO, 2010, p.155).
des dos clientes. Chiavenato, fazendo uma apreciação crítica da departamen-
talização, destaca os seguintes pontos: a) constitui ainda hoje o
Desvantagens: critério básico de estruturação das empresas; b) apesar de crité-
• As demais atividades da organização – produção, finanças – rios mais recentes, não se descobriu ainda uma melhor maneira
tornam-se secundárias ou acessórias face à preocupação exclusiva de organizar empresas; c) mesmo a organização por equipes e o
com o cliente. modelo adhocrático não conseguiram substituir inteiramente os
• Os demais objetivos da organização – como lucratividade, critérios de departamentalização; d) o departamento (ou unidade
produtividade, eficiência – podem ser sacrificados em função da organizacional) ainda prevalece apesar de todo o progresso na
satisfação do cliente. teoria administrativa.
Pinheiro et al (2012) relatam que o Modelo Adhocrático (la-
Departamentalização por Processo tim ad hoc = para este fim) surgiu como resposta a um ambiente
Características: Agrupamento das atividades de acordo com o dinâmico e mutável, onde as organizações necessitam de modelos
fluxo do processo produtivo. inovadores que rompam com padrões pré-estabelecidos. De
acordo com Mintzberg, o modelo Adhocrático propõe um sistema
Vantagens: gerencial baseado em projetos, ou seja, sistema provisório, variável
• Muito utilizada no nível operacional de áreas de produção ou e adaptável, no qual as equipes precisam ser enxutas e multidisci-
de operações. plinares e ter um objetivo específico. Tal formato reduz burocracias,
• Garante plena utilização e vantagens econômicas do equipa- possibilitando maior troca de informações, criando equipes coesas
mento ou tecnologia. e comprometidas, nas quais os níveis hierárquicos tornam-se
• A tecnologia passa a ser o foco e o ponto de referência para horizontalizados, pois cada projeto terá um líder que possua as
o agrupamento. habilidades necessárias para cumprir os objetivos específicos de
• Enfatiza o processo. cada projeto (MINTZBERG, 2000).10
• Permite ações de reengenharia dos processos e de enxuga- No artigo “Bases Conceituais de um Modelo de Gestão para Or-
mento. ganizações Baseadas no Conhecimento”, o Prof. Heitor José Pereira
fala das vantagens do modelo adhocrático:
Desvantagens: MINTZBERG (1998) cita que as formas organizacionais tradi-
• Inadequada quando a tecnologia e ambiente são mutáveis. cionais não são capazes de introduzir “sofisticação inovadora”. O
• Pouca flexibilidade a mudanças internas ou externas. modelo adhocrático é o que melhor responde a essa necessidade.
• Centraliza demasiadamente a atenção no processo produtivo. Numa adhocracia, os gerentes “raramente gerenciam no sentido
usual de dar ordens; em vez disso, passam boa parte do tempo
Departamentalização por Projetos agindo na forma de elemento de ligação, para coordenar o trabalho
Características: Agrupamento das atividades de acordo com os lateralmente, entre as diversas equipes que executam seu trabalho”
projetos planejados pela empresa. (MINTZBERG, 1998, p. 239)
Vantagens: QUINN (1998) destaca que as grandes companhias inovadoras
• Agrupa equipes multifuncionais em projetos específicos de tentam manter toda a organização horizontal e as equipes de proje-
grande porte. tos pequenas, constituindo-se de seis a sete pessoas, que segundo
• Ideal para empresas cujos produtos envolvam concentração o autor, propiciam massa crítica de habilidades e o máximo de
de recursos e tempo. comunicação e comprometimento entre os membros.
• Ideal para estaleiros, obras de construção civil ou industrial,
10. Obtido em http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/
hidroelétricas.
resultado/trabalhosPDF/925.pdf

15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Grupos de pequenas equipes multidisciplinares reunidos sem A descentralização administrativa acarreta a especialização
barreiras organizacionais ou físicas para o desenvolvimento de no- na prestação do serviço descentralizado, o que é desejável em
vos produtos, utilizados por grandes empresas, imita as práticas das termos de técnica administrativa. Por esse motivo, já em 1967, ao
pequenas empresas, o que o autor se refere como “abordagem vale disciplinar a denominada – Reforma Administrativa Federal –, o
tudo”. Essa abordagem elimina as burocracias, permite comunica- Decreto-Lei nº 200, em seu artigo 6º, inciso III, elegeu a – descen-
ções rápidas e diretas para experiências e incute um alto grau de tralização administrativa – como um dos princípios fundamentais
identidade grupal e lealdade. Esse ambiente é altamente interativo da Administração Federal.
e inovador (PEREIRA, 2002).11 Afirmativa de MELLO (2009), é que no processo de descen-
tralização de atividades do Estado para o particular, aquele deve
Delegação demonstrar a regularidade do instituto. “O Estado tanto pode
desenvolver por si mesmo as atividades administrativas que tem
As delegações são frequentes no âmbito administrativo. O con- constitucionalmente a seu encargo, como pode prestá-las através
ceito de delegação é exposto por Hely Lopes Meirelles da seguinte de outros sujeitos.” Da mesma forma ensinava MEIRELLES (2003):
forma: “Descentralizar, em sentido jurídico-administrativo, é atribuir a
Delegar é conferir a outrem atribuições que originariamente outrem poderes da Administração.”
competiam ao delegante. As delegações dentro do mesmo Poder O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, foi o mais
são, em princípio, admissíveis, desde que o delegado esteja em
sistemático e ambicioso empreendimento para a reforma da ad-
condições de bem exercê-las. O que não se admite, no nosso sis-
ministração federal. Esse dispositivo legal era uma espécie de lei
tema constitucional, é a delegação de atribuições de um Poder a
orgânica da administração pública, fixando princípios, estabelecen-
outro, como também não se permite delegação de atos de natureza
do conceitos, balizando estruturas e determinando providências.
política, como a do poder de tributar, a sanção e o veto de lei (MEI-
RELLES, 1998, p. 107). Apoiava-se numa doutrina consistente e definia preceitos claros
Meirelles (1998) destaca as seguintes restrições à delegação: de organização e funcionamento da máquina administrativa, eis
• Como emanam do poder hierárquico, não podem ser recusa- que prescrevia que a administração pública deveria se guiar pelos
das pelo inferior, como também não podem ser subdelegadas sem princípios do planejamento, da coordenação, da descentralização,
expressa autorização do delegante. da delegação de competência e do controle; estabelecia a distinção
• A delegação de atribuição conferida pela lei especificamente entre a administração direta e a indireta, constituída pelos órgãos
a determinado órgão ou agente. descentralizados; fixava a estrutura do Poder Executivo federal, indi-
cando os órgãos de assistência imediata do presidente da República
“Delegáveis, portanto, são as atribuições genéricas, não e distribuindo os ministérios entre os setores político, econômico,
individualizadas nem fixadas como privativas de certo executor social, militar e de planejamento, além de apontar os órgãos es-
(Meirelles, 1998, p.107). senciais comuns aos diversos ministérios; desenhava os sistemas de
Vale destacar a delegação de competência, que o Decreto-lei n. atividades auxiliares (pessoal, orçamento, estatística, administração
200 de 1967 considera como princípio autônomo, mas Hely Lopes financeira, contabilidade e auditoria e serviços gerais); definia as
Meirelles entende ser uma forma de aplicação do princípio da bases do controle externo e interno; indicava diretrizes gerais para
descentralização. um novo plano de classificação de cargos; e ainda, estatuía normas
de aquisição e contratação de bens e serviços.
1.5.2.3 Centralização, descentralização e desconcentração Do ponto de vista da gestão pública, a Carta de 1988, no
De acordo com o Manual de Orientação para Arranjo Institucio- anseio de reduzir as disparidades entre a administração central
nal de Órgãos e Entidades do Poder Executivo Federal (Ministério e a descentralizada, acabou por eliminar a flexibilidade com que
do Planejamento, Orçamento e Gestão-MP, 2008), o princípio da contava a administração indireta que, apesar de casos de inefici-
descentralização de processos de trabalho deve ser aplicado para ência e abusos localizados em termos de remuneração, constituía
descongestionar o núcleo central de atuação do Estado. o setor dinâmico da administração pública. Ela foi equiparada,
Ana Patricia da Cunha Oliveira comenta no artigo Administra- para efeito de mecanismos de controle e procedimentos, à admi-
ção Gerencial o processo de descentralização no Brasil: nistração direta. A aplicação de um regime jurídico único (RJU) a
A Constituição de 1988, em seu artigo 175, até hoje não
todos os servidores públicos abruptamente transformou milhares
alterado por emendas constitucionais, é categórica ao atribuir ao
de empregados celetistas em estatutários, gerando um problema
Poder Público, (União, dos Estados, dos Municípios ou do Distrito
ainda não solucionado para a gestão da previdência dos servidores
Federal), conforme a repartição administrativa de competências
públicos, pois assegurou aposentadorias com salário integral para
plasmada nos artigos 21, 23, 25, 30 e 32 da Carta Política, que a
prestação de serviços públicos, de ser realizada por meio de órgãos, todos aqueles que foram incorporados compulsoriamente ao novo
agentes e pessoas jurídicas e sua organização encontra-se calcada regime sem que nunca tivessem contribuído para esse sistema.
em três situações fundamentais: centralização, descentralização e Apesar do propalado retrocesso em termos gerenciais, a
desconcentração. Constituição de 1988 não deixou de produzir avanços significativos,
[...] particularmente no que se refere à democratização da esfera públi-
A existência da centralização e da descentralização, é o que fun- ca. Atendendo aos clamores de participação nas decisões públicas,
damenta a estrutura da Administração Pública, em Direta (União, os foram institucionalizados mecanismos de democracia direta, favo-
Estados, os Municípios e o Distrito Federal) e Indireta (Autarquias, recendo um maior controle social da gestão estatal, incentivou-se a
Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista), descentralização político-administrativa e resgatou-se a importân-
possuindo por excelência uma função executiva de governo. cia da função de planejamento (OLIVEIRA, 2011).12

12. II Ciclo de Debates Direito e Gestão Pública – Ano 2011; III


11. Obtido em http://www.sincor-pr.org.br/arquivos_pdf/ Seminário Democracia, Direito e Gestão Pública, Edição Brasília-DF,
bases_ conceituais_para_um_modelo_de_gestao.pdf 24 e 25 de novembro de 2011.

16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O Manual do MP esclarece que descentralizar processos No processo de desconcentração não se verifica de maneira
organizacionais significa deslocar competências do núcleo central preocupante a desestabilização das estruturas da organização uma
da Administração Pública para uma outra pessoa jurídica. No Poder vez que não implica em uma alteração mais importante da distri-
Executivo Federal, verifica-se a descentralização administrativa por buição do poder.
serviços, funcional ou técnica – que ocorre quando o Poder Públi- O termo desconcentração pode ser compreendido então como
co cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela a relação de competências sendo distribuídas no âmbito da organi-
atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público. zação, mantendo-se o vínculo da hierarquia administrativa.
Dá-se por lei e corresponde às figuras das autarquias, fundações, A desconcentração é a simples distribuição de funções a órgãos
sociedades de economia mista e empresas públicas. Também pode que continuam ligados ao poder central do qual são somente dele-
ocorrer a descentralização por colaboração, que se verifica quando, gados (CUNHA, 2009).
por meio de contrato ou ato administrativo unilateral, se transfere a O Manual do MP ensina que o princípio da desconcentração
execução de determinado serviço público a pessoa jurídica de direito aplica-se na organização de sistemas de trabalho que têm atuação
privado, conservando o Poder Público a titularidade do serviço. No local.
Poder Executivo Federal, podem ser mencionados como exemplos A desconcentração de processos de trabalho é um mecanismo
desse tipo de descentralização de serviços as organizações sociais, utilizado para organizar o Nível Técnico dos órgãos e entidades
as OSCIPs13 e os serviços sociais autônomos. com atuação direta junto ao cidadão ou a instituições do mercado
Organizações com processos de alta complexidade ou alto nível e da sociedade civil organizada, como é o caso do Ministério do
de diferenciação tendem a dispor de estruturas com alto grau de Trabalho; da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda, do
descentralização ou de atomização. Essas estruturas necessitam de Instituto Nacional do Seguro Social, dentre outros.
mecanismos integradores, tais como comitês, grupos ou forças-ta- Desconcentrar significa distribuir competências entre as unida-
refa, equipes de projeto, gerentes integradores etc., que garantam a des administrativas do próprio órgão ou entidade, ou seja, dentro
sinergia entre os seus processos institucionais (MP, 2008). da mesma pessoa jurídica, com o objetivo de descongestionar ou
O estabelecimento de cotas de provimento exclusivo para desconcentrar atividades do centro e permitir seu mais adequado
servidores de carreira favorece, ainda, o pacto federativo e a polí- e racional desempenho, próximo do usuário final da atividade,
tica de descentralização da ação pública, ao permitir a mobilidade seja ele o cidadão ou outras organizações públicas, privadas ou da
entre servidores dos órgãos da administração pública direta e das sociedade civil organizada.
suas entidades vinculadas e entre servidores das três esferas de A desconcentração de processos públicos é realizada no Poder
Governo, para ocupação de cargos comissionados de direção e Executivo Federal por meio da criação das “unidades descentra-
assessoramento superiores (MP, 2008). lizadas” que são órgãos de execução em nível local e, portanto,
Paulo Adriano Cunha (2009) explica, em sua monografia sobre compõem o Nível Técnico da organização. A desconcentração de
a análise do modelo de organização do Comando Operacional dos atribuições deve decorrer da análise dos sistemas de trabalho e das
bombeiros militares, que os termos “descentralização e desconcen- necessidades do sistema de liderança (MP, 2008).
tração têm sido tratados muitas vezes como sinônimos, causando
um certo desconforto para muitos autores que consideram haver Estruturas organizacionais
uma distinção formal entre essas acepções.”
Ambos os modelos (desconcentração e descentralização), en- O Professor Humberto Martins, da Universidade de Brasília,
quanto técnicas de descongestionamento administrativo, revelam citando Donaldson (1999), esclarece que estrutura organizacional
processos distintos, havendo uma notória diferença nas consequ- é “o conjunto recorrente de relacionamentos entre os membros da
ências da implantação de um ou de outro. organização [....] o que inclui (sem se restringir a isto) os relaciona-
[...] mentos de autoridade e de subordinação como representados no
A desconcentração não ameaça tanto as estruturas consolida- organograma, os comportamentos requeridos pelos regulamentos
das, quanto a descentralização. Esta sim, em seu sentido real, sig- da organização e os padrões adotados na tomada de decisão, como
nifica uma alteração profunda na distribuição do poder. Quando se descentralização, padrões de comunicação e outros padrões de
pretende transformar um aparato políticoinstitucional consolidado comportamento. [...]
em bases centralizadoras, em uma estrutura descentralizada, de- Martins acrescenta que um desenho estrutural apresenta 5
ver-se-á mexer em núcleos de poder bastante fortes. (LOBO, 1989). blocos lógicos, cada um deles requerendo uma modelagem especí-
Quanto ao significado de desconcentração Brooke (1989, p.28) fica e uma “montagem final”:
diz que ela é: a) cúpula, onde se inclui a estrutura de governança corporativa
Mais o remanejamento de determinadas atividades do que (as instâncias máximas deliberativas que controlam a organização);
uma descentralização propriamente dita. Para que haja uma b) núcleo operacional, o espaço onde os processos de traba-
desconcentração de um nível governamental para outro, ou mais lho finalísticos operam para produzir os resultados definidos pela
comumente, para um órgão local expressamente criado para esta estratégia;
finalidade, deve haver uma relação hierárquica entre eles, permi- c) suporte administrativo, onde se situam os processos de
tindo que o ônus dos encargos remanejados seja assumido sem a gestão de insumos (recursos humanos, financeiros, logísticos, ma-
parcela de poder de decisão que as acompanha. teriais etc) que serão aplicados nos processos finalísticos;
Mello (1968, p.27) acrescenta que “[...] a desconcentração d) suporte técnico-corporativo, onde se incluem os processos
pode ser entendida como o fenômeno da distribuição dentro de de definição de requisitos técnicos, desenvolvimento de produtos,
uma hierarquia administrativa.” planejamento corporativo e desenvolvimento institucional; e
Ao desconcentrar suas atividades, a organização burocrática e) linha intermediária, a estrutura de coordenação que deve
visa descongestionar sua administração, mantendo o vínculo hie- proporcionar integração horizontal (entre os processos finalísticos
rárquico para que os subalternos fiquem adstritos a um dever legal e entre estes e os de suporte) e vertical (entre o nível operacional,
de obediência. finalístico e de suporte, e a cúpula.
13. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, cria-
das pela Lei Federal nº 9.790 de 1999.

17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

Figura – Níveis hierárquicos


Fonte: Idalberto Chiavenato, Introdução à Teoria Geral da Administração

Conforme explica Duarte (2011), estrutura organizacional é a maneira pela qual as atividades da organização são divididas, organiza-
das e coordenadas. Constitui a arquitetura ou formato organizacional que assegura a divisão e coordenação das atividades dos membros
da organização. Nesse sentido, a estrutura organizacional costuma apresentar uma natureza predominantemente estática.
A estrutura organizacional é o resultado das decisões sobre a divisão do trabalho e sobre a atribuição de autoridade e de respon-
sabilidades a pessoas e unidades de trabalho. É também o mecanismo de coordenação das pessoas e unidades de trabalho. A estrutura
organizacional é representada pelo gráfico chamado organograma (MAXIMIANO, 2010, p.141).

Figura – Os fatores envolvidos no desenho organizacional.


Fonte: CHIAVENATO, 2004.

A estrutura organizacional pode ser definida como:


a) O conjunto de tarefas formais atribuídas às unidades organizacionais – divisões ou departamentos – e às pessoas.
b) As relações de subordinação, incluindo linhas de autoridade, responsabilidade pelas decisões, número de níveis hierárquicos e
amplitude do controle administrativo.
c) As comunicações para assegurar coordenação eficaz entre órgãos e pessoas ao longo das unidades organizacionais.
A tarefa básica da organização, enquanto função administrativa, é estabelecer a estrutura organizacional. Existem dois caminhos para
se abordar a estrutura organizacional: a especialização vertical e a especialização horizontal.

18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
ESTRUTURA VERTICAL decisões. Quanto maior o nível hierárquico dentro de uma empresa,
mais lentamente as decisões são tomadas e as situações resolvidas,
Refere-se ao aparato que envolve três fatores principais: a pois sempre precisam passar por consultas e avaliação de vários
hierarquia administrativa, a amplitude e o grau de centralização executivos que têm suas agendas cheias de compromissos.
ou descentralização do processo de tomada de decisões da orga- O organograma horizontal para as empresas, portanto, está en-
nização. Esses três fatores são estreitamente relacionados entre tre as principais tendências do mundo corporativo. Sua estrutura se
si. Se uma organização adiciona mais um nível administrativo, sua destaca porque toda sua organização se dá em torno dos processos
amplitude de controle fica mais estreita, a estrutura administrativa e do gerenciamento dos projetos em equipe, gerando recompensa
mais elevada e o grau de centralização/descentralização é afetado. e estímulo. Essa forma de trabalho proporciona mais satisfação dos
Se ela reduz um nível administrativo, sua amplitude de controle fica envolvidos e, nesse cenário, todos podem contribuir diretamente
mais larga, sua estrutura administrativa mais achatada e o grau de para o crescimento da companhia onde atuam (PEREZ, 2011).14
centralização/descentralização também é afetado. São três fatores De acordo com o Guia de Modelagem de Estruturas Organiza-
interligados que precisam ser considerados de maneira interdepen- cionais elaborado pelo governo paulista15, a definição do novo mo-
dente (DUARTE, 2011). delo de gestão e da nova estrutura organizacional devem abordar,
Sobre a estrutura horizontal, que busca simplificar as relações necessariamente:
internas e é bastante diferente do tradicional modelo verticalizado • o diagnóstico do modelo de gestão vigente e da estrutura a
de organização, vale apreciar os comentários de Marcos Perez ele associada;
(2011), presidente da Digisystem: • as razões que levaram à escolha da alternativa proposta de
(re)modelagem organizacional;
ESTRUTURA HORIZONTAL: SONHO OU REALIDADE? • uma análise das vantagens e dificuldades previstas na imple-
mentação da alternativa escolhida (destacando aquelas relaciona-
Hierarquia faz parte do mundo corporativo e a falta dela afeta das ao critério de departamentalização, ao modelo de centralização
diretamente a rotina de trabalho. Porém, muitas empresas têm ou descentralização, à comunicação interna e ao alinhamento entre
apostado em um novo formato de RH, diferente do convencional, os macroprocessos);
que segue um organograma vertical. Ao contrário deste, baseado • a definição do papel de cada gestor nas decisões organiza-
em uma hierarquia larga, com vários diretores, gerentes e subge- cionais;
rentes, a estrutura horizontal busca simplificar as relações internas, • a definição das principais competências das unidades e dos
diminuindo as barreiras entre a alta direção e o restante da equipe. cargos da nova estrutura; e
A grande dúvida que paira entre os gestores é se realmente • os ganhos esperados com a mudança (não só de natureza
as empresas estão preparadas para esse novo modelo, que garante financeira, mas também operacional e estratégica).
mais liberdade aos colaboradores. Uma definição possível de estrutura organizacional é: “o
Um dos principais diferenciais de uma empresa horizontal é conjunto recorrente de relacionamentos entre os membros da
o fato de as relações hierárquicas serem mais amenas, ou seja, o organização [...], o que inclui (sem se restringir a isto) os relaciona-
cargo mais baixo na hierarquia não está numa posição abaixo dos mentos de autoridade e de subordinação como representados no
outros (o que pode ser avaliado como menos importante), mas sim organograma, os comportamentos requeridos pelos regulamentos
ao lado dos demais. Essa eliminação de camadas intermediárias de da organização e os padrões adotados na tomada de decisão, como
gerência aproxima o principal executivo dos subordinados. descentralização, padrões de comunicação e outros padrões de
Além disso, várias pessoas passam a responder para um único comportamento” (Donaldson, 1999 : 105).
representante – normalmente o presidente ou o country manager. Embora obedeçam a múltiplos determinantes, as estruturas
A estrutura horizontal mescla a centralização e a descentralização organizacionais são um ingrediente essencial da própria arquitetura
de suas operações, pois as decisões deixam de vir de cima e passam organizacional – o conjunto de princípios e padrões que orientam
a ser delegadas. Por um lado, temos o diretor executivo conectado como as atividades devem se organizar para implementar uma
diretamente com os níveis mais baixos na organização, em uma estratégia.
forma de centralização, mas, por outro, a autoridade para tomada Com efeito, distintos determinantes da estrutura organizacio-
de decisões está sendo delegada para os níveis mais baixos, des- nal (e, consequentemente, distintas concepções de modelagem
centralizando. organizacional) têm sido tratados de forma diferenciada por todo o
O trabalho em uma empresa com RH horizontal é um desafio pensamento gerencial.
diário, pois o perfil de profissional indicado para atuar nessas com-
panhias precisa acumular características de líder e gerente, ter foco, É o campo da Teoria Estruturalista, que tem como objetivo
clareza e entender que o negócio tem que gerar resultado sempre. principal o estudo das organizações, fundamentalmente na es-
Paralelamente, a estrutura tem que ser leve e deve dar feedback trutura interna e na interação com outras organizações, que são
aos colaboradores em tempo real. as unidades sociais e são concebidas para cumprir e atingir obje-
A grande verdade é que não existe estrutura melhor ou pior. tivos específicos, mantendo relações estáveis a fim de viabilizar o
Tudo depende do perfil da empresa e, principalmente, dos seus conjunto de metas propostas.[...] A análise é feita dentro de uma
executivos, do quanto eles estão maduros para lidar com a abertura abordagem global e com a dualidade que sua origem compreende;
dada aos funcionários para a troca de ideias e contribuições. Em a organização que pode ser formal e informal e abrange os mais
uma empresa horizontal, todos são líderes e se sentem à vontade diversos tipos de organizações, com o sistema de recompensa e
para expor suas vontades e projetos. sanções, materiais e sociais, centradas no comportamento orga-
Antes de optar por essa forma de trabalho, a companhia nizacional [...] O sistema social é intencionalmente construído e
precisa ser minuciosamente analisada quanto ao seu negócio, reconstruído porque as organizações são sistemas em constante
perfil de produto, público, etc. A tendência é que, naturalmente,
14. Obtido em http://www.abrhnacional.org.br/component/
as empresas com RH mais avançados se tornem horizontais, pois
content/article/121-estrutura-horizontal-sonho-ou-realidade-.html
essa forma de trabalho encurta as distâncias, reduz as operações
15. Obtido em <www.gestaopublica.sp.gov.br/conteudo/guia/
burocráticas e aumenta a velocidade das informações e tomada de
Guia_Modelagem.pdf>. Acesso em 31 jul 2012.

19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
mutação e a concepção é de homem organizacional que vive dentro • Personalidade;
das organizações, onde os conflitos são inevitáveis. O estruturalis- • Comunicação;
mo ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais para as • Dentre várias outras situações.
interações entre as organizações sociais, que passaram a interagir
entre si mesmas (CARVALHO, 2008). Algumas vezes, a estrutura informal se torna uma força
Segundo Chiavenato (2003), o foco é o homem organizacional, negativa dentro da empresa, porém se a administração conseguir
que desempenha diferentes papéis em várias organizações e que, conciliar e/ou integrar os grupos formais com os informais haverá
para ser bem sucedido, necessita possuir as seguintes caracterís- uma harmonização nas tarefas, e se torna uma condição favorável
ticas: de rendimento e produção (CURTO JÚNIOR, 2011).
• Flexibilidade – para enfrentar as mudanças bruscas e a diver-
sidade de papéis/ funções bem como novos relacionamentos. Vantagens Desvantagens
• Tolerância emocional – por causa do desgaste do enfrenta-
mento dos conflitos gerados por necessidades individuais e orga- • Rapidez no processo; • Desconhecimento
nizacionais. • Redução de comunicação de chefia;
• Capacidade de adiar as recompensas – compensar o trabalho entre chefe e empregado; • Dificuldade de controle;
rotineiro em detrimento de preferências e vocações pessoais. • Motiva e integra os • Atrito entre pessoas.
• Permanente desejo de realização – garantir a conformidade grupos de trabalho.
das normas que controlam e asseguram o acesso às posições de Figura – Vantagens e desvantagens da organização informal
carreira dentro da organização. Fonte: Renato Curto Júnior, 2011
Os principais autores e expoentes da Teoria Estruturalista são:
James D. Thompson; Victor A. Thompson; Amitai Etzioni; Peter M. A Profa. Ana Flávia de Moraes Moraes (2013) alinha vários
Blau; David Sills; Burston Clarke e Jean Viet. Os autores da Teoria aspectos das organizações informais:
da Burocracia, também são considerados estruturalistas – Weber, Os grupos informais não têm chefes, mas é possível que te-
Merton, Selznick e Gourdner. nham líderes. Resultam da interação espontânea dos membros da
organização.
Modelos de organização O grupo informal tem sua origem na necessidade do indivíduo
de conviver com os demais seres humanos.
A análise das organizações do ponto de vista estruturalista é Não existe organização formal sem sua informal contrapartida.
feita a partir de uma abordagem múltipla e envolve: Existem padrões de relações encontrados na empresa mas que
• Organização formal e informal – como ponto de equilíbrio não aparecem no organograma.
entre os clássicos mecanicistas (formais) e sócio-humanistas (infor- Encontramos amizades, indivíduos que se identificam com
mais). outros, grupos que se afastam de outros e uma variedade de rela-
• Recompensas materiais e sociais – significa o uso de recom- ções no trabalho ou fora dele e que constituem o chamado grupo
pensas salariais e sociais e tudo que possa ser incluído nos símbolos informal. Esse grupo se desenvolve a partir da interação imposta e
de posição/status. determinada pela organização formal.
• Os diferentes enfoques da organização – as organizações
segundo duas diferentes concepções: modelo racional e modelo do CARACTERÍSTICAS DO GRUPO INFORMAL
sistema natural. • Relação de coesão ou antagonismo;
• Os níveis da organização – as organizações caracterizam-se • Colaboração espontânea;
por uma hierarquia de autoridade, pela diferenciação de poder e • A possibilidade de oposição à organização formal;
desdobram-se em três níveis: institucional (mais elevado), gerencial • A organização informal transcende a organização formal.
(intermediário) e técnico ou operacional (mais baixo).
• A diversidade de organizações – ampliação do campo da aná- ORIGENS DO GRUPO INFORMAL
lise das organizações com a finalidade de expandir a classificação
que existia nas teorias anteriores. • Interesses comuns;
• Análise interorganizacional – a análise interorganizacional • A interação provocada pela própria organização formal;
tornou-se significativa a partir da crescente complexidade ambien- • A flutuação do pessoal dentro da empresa;
tal e da interdependência das organizações. • Os períodos de lazer (os chamados “tempos livres”).

O Professor Renato Curto Júnior (2011) define que a organiza- No texto de Lima e Albano (2002), estes autores concluem que
ção informal é o resultado da interação social entre seus membros muitas vezes tenta-se encontrar soluções mágicas para uma melhor
com o objetivo de atender a suas necessidades. Estas são encontra- administração das organizações, mas na verdade não há. Todas as
das em todos os níveis da sociedade. propostas de gestão devem estar embasadas em um conhecimento
No Modelo de organização informal, a sua liderança é uma e compreensão mais profundos da organização a intervir. Deve
concessão do grupo, apresenta uma autoridade mais instável, pois ficar claro que quando se fala em organizações, as mudanças
está sujeita aos sentimentos pessoais dos seus membros. As orga- significativas não ocorreram a curto prazo. Isto acontece devido à
nizações informais podem existir como entidades independentes. dificuldade natural de não só mudar a cultura vigente como con-
seguir administrar as forças e influências externas à organização.
Os líderes dos grupos informais surgem por várias causas, Portanto, refletir sobre clima e cultura organizacional significa rever
como por exemplo: vários fatores internos e externos que influenciam diretamente no
• Idade; desenvolvimento das organizações. E, por isso, volta-se a afirmar
• Competência; que é inviável adotar um modelo de gestão, medidas em relação
• Localização de trabalho; às políticas de recursos humanos ou promover qualquer mudança
• Conhecimento; organizacional se os gestores não tiverem conhecimento de que

20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
todo o investimento pode ser em vão se essa premissa não for relacionamentos sedimentados e se tornar uma fachada de confor-
considerada. Não há como negar que a investigação da cultura e do midade, e que a adoção de determinadas concepções estruturais
clima organizacional é tarefa árdua e os profissionais da área devem pode estar relacionada à dependência da organização por recursos
fazê-lo com muita seriedade, coerência, prudência e bom senso, num contexto que impõe requisitos para acessa-los. Segundo
através de uma metodologia adequada à realidade para, com isso, esta concepção, estruturas não são arranjos tão “racionais” (ou
evitar erros e descrédito das novas propostas. Portanto, justifica-se ao menos, a racionalidade das escolhas das opções estruturais é
novamente a impossibilidade de se adotar um modelo de gestão altamente limitada), possuem uma função simbólica (sinalizar,
pronto, como esses “pacotes” importados, sem considerar a com- aparentar e fazer sentido para os integrantes) e sua dinâmica está
plexidade das organizações e o contexto sócio-político-econômico e relacionada a processos institucionais (de dependência, identidade,
cultural em que elas estão inseridas. pertencimento e legitimação).
Entretanto, não há definição de estrutura organizacional que 4) (neo) institucionalismo econômico – põe-se em relevo,
circunscreva firmemente seu objeto a priori; mas cada [abordagem numa perspectiva normativa, a eficiência das estruturas, definidas
teórica] focaliza vários aspectos diferentes da estrutura organizacio- em sentido análogo às instituições como conjunto de regras e
nal, sem pretender que seu foco esgote as questões” (Donaldson, incentivos que buscam guiar o comportamento de distintos atores
1999: 105). O Professor Humberto Martins destaca ainda que (dotados de interesses não necessariamente convergentes) para
distintos determinantes da estrutura organizacional (e, consequen- a produção de resultados. Destacam-se, nessa abordagem, três
temente, distintas concepções de modelagem organizacional) são perspectivas: escolha racional (institutional rational choice), teoria
tratados de forma diferenciada ao longo do pensamento gerencial, da firma (e custos de transação) e teoria da agência. A abordagem
podendo-se perceber cinco principais enfoques: da escolha racional destaca a relação entre estruturas e resultados
1) Clássico – a modelagem da estrutura deve obedecer a em pelo menos dois sentidos: resultados são produtos de estru-
aplicação de princípios universalmente válidos, dentre os quais turas e a estrutura mais eficiente é a que promove os melhores
destacam-se os seguintes: divisão do trabalho, autoridade, dis- resultados com menos recursos – o que só pode ser identificado
ciplina, unidade de comando, unidade de direção, amplitude de de forma comparativa. (Ostrom, Gardner & Walker, 1994). A teoria
comando, especialização, diferenciação, amplitude de controle, da firma (Coase, 1937; Williamson (1963, 1985 e 1986) parte de
homogeneidade, delegação e responsabilidade. Este enfoque está uma comparação entre a eficiência de formas organizacionais e a
amparado nas formulações de Fayol (1916), Gulick (1937), Urwick eficiência do mercado (que, em abstrato, prescindiria de estruturas
(1937), Mooney (1937) e Graicunas (1937). Segundo esta concep- organizacionais) para denunciar o caráter estruturalmente inefi-
ção, estruturas são arranjos racionais (deliberadamente concebidos ciente das estruturas (um custo de transação a ser adicionado aos
para promover resultados pré-estabelecidos), ordenados segundo custos de produção), tornando-as, na melhor das hipóteses, segun-
padrões “científicos” (mediante a aplicação invariável de princípios das melhores (second best) escolhas racionais (Gibbons, 1999). A
universais de modelagem), altamente formalizados (implantados e teoria da agencia destaca a insuficiência e a inconfiabilidade das
controlados segundo regras formais) e relativamente estáveis (es- estruturas, uma vez que as relações definidas estão sempre sujeitas
tabelecidos em bases fixas ou rígidas para durar, sendo a mudança a diversos problemas (de agência) tais como seleção adversa (baixo
considerada uma perturbação da ordem). padrão produtivo), risco moral (auto-orientação) e assimetria de
2) Contingencial – a funcionalidade dos desenhos estruturais informações etc. Daí, a necessidade de se estabelecerem arranjos
está correlacionada à variáveis tais como porte e dinâmica ambien- contratuais mediante incentivos. (Arrow, 1991; Alchian & Demsetz,
tal (covariação estrutural). Este enfoque se estabeleceu a partir 1972, e Ross, 1973)
das formulações de Burns & Stalker (1961), Woodward (1965), 5) Novo contingencialismo (Morgan, 1997) – uma expansão
Lawrence & Lorsh (1967), Pugh et al (1968), Perrow (1967), Thomp- (incorporando variáveis do ambiente institucional e do imaginário
son (1967), Trist (1981) e Chandler (1962). A dinâmica ambiental organizacional) dinamizada (incorporando elementos da teoria
está relacionada a fatores contingenciais externos e/ou internos de avançada de sistemas) do enfoque contingencial. Por um lado, este
mercado e tecnologia (competição, novos produtos e inovação), enfoque, menos “racional” e normativo que o contingencialismo
que impõem um determinado grau de incerteza da tarefa e, por sua original, busca investigar a correlação entre estruturas e ambien-
vez, determinam arranjos mais ou menos descentralizados e/ou fle- tes institucionais, valores, estruturas de dominação e elementos
xíveis. Nesse sentido, a proposição central da teoria da contingência do imaginário (tais como estruturas de personalidade e mitos
estrutural é de que o desempenho organizacional depende de uma organizacionais). A exemplo do enfoque institucional, as estruturas
lógica de contínuo ajustamento estrutural (ou structural adaptation aparecem como arranjos cuja definição sujeita-se a fatores culturais
to regain fit – SARFIT). Segundo esta concepção, estruturas são e intrapsíquicos. Por outro lado, o novo contingencialismo baseia-se
arranjos altamente específicos (cada configuração representa uma numa visão sistêmica avançada (valendo-se de elementos da deno-
posição peculiar de ajustamento ao longo do tempo) e dinâmicos, minada “teoria do caos”, paradigma da complexidade e sistemas
sujeitos a contínuos e deliberados ajustamentos em razão da dinâ- dinâmicos) que incorpora dois elementos essenciais: complexidade
mica ambiental (determinismo ambiental). e autopoiese. A complexidade está relacionada a altas doses de
incerteza, ambiguidade, pluralidade e interconexão de eventos
3) Institucionalismo sociológico, que considera que as organi- em ambientes externo e interno hiperdinâmicos (Morgan, 1997;
zações estão sujeitas a elementos simbólicos, sociais e culturais do Beinhocker, 1997), impondo às estruturas formas e lógicas fluídas
seu macro-ambiente institucional (o conjunto de regras sedimen- e virtuais e padrões orgânicos de organização (rede, estruturas ce-
tadas que a circunda e penetra) em relação aos quais a adaptação lulares, holográficas etc.). A noção de autopoiese está relacionada
é muito mais um processo de legitimação que de promoção do a um padrão autoreferenciado e circular de organização (estruturas
desempenho. Neste enfoque, destacam-se as proposições de auto-produtivas, auto-organizadas e auto-mantidas) (Luhmann,
Powell & DiMaggio (1991), Meyer & Rowan (1991) e Pfeffer & 1990; 1995), a partir de interações internas que se constituem
Salancik (1998), que argumentam, respectivamente, que o desenho relações suficientes para a reprodução e renovação organizacional
da estrutura é altamente sujeito a mimetismo e conformação a (por meio das quais o ambiente, que não se define a priori, é “cria-
padrões consagrados (isomorfismo institucional), que a estrutura do” pela organização, refletindo muito mais o que a organização é)
formal pode de descolar (loose-coupling) do conjunto de práticas e (Morgan, 1997; Dissanayake, 2004).

21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O novo contingencialismo não valida nem invalida incondicionalmente a perspectiva funcionalista do ajustamento estrutural, consi-
derando-o limitado por fatores institucionais, pela complexidade ambiental e pela natureza autopoiética (em alguma extensão aplicável
a qualquer organização), mas baseia-se numa visão mais eclética e abrangente segundo a qual as estruturas são complexas e instáveis
definições que atendem a condicionantes tanto externos quanto internos (e, por conseguinte, qualquer definição ótima de arranjo estru-
tural deveria levá-los explicitamente em conta).
O Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais oferece elementos importantes para entendimento da estruturação organizacio-
nal no setor público, inspirado nas bases administrativas das organizações privadas:
A questão central da arquitetura organizacional é orientar-se para os resultados da organização, servindo de ponte entre a estratégia e
os processos que a implementam. Nesse sentido, é fundamental atender ao princípio da congruência (Nadler & Tushman, 1997), segundo
o qual quanto maior for o grau de congruência ou alinhamento dos vários componentes da arquitetura organizacional, maior será o
desempenho da organização.
Em linha com esta função-ponte (entre estratégia e plataforma implementadora) da arquitetura organizacional propõe-se uma meto-
dologia de definição da estrutura organizacional. Esta metodologia busca, em última análise, integrar o planejamento (a agenda estratégica
dos governos, usualmente expressa em programas) e a gestão (a arquitetura organizacional ou as estruturas implementadoras), a partir
da definição de uma matriz de programas e organizações. Essa definição é necessária porque programas não são auto-executáveis nem
organizações são auto-orientadas para resultados.
A metodologia matricial busca, nesse sentido, equacionar uma questão crítica da gestão pública contemporânea (e dos modelos de
gestão por programas, em particular), que é a seguinte: como assegurar que o desenho das estruturas organizacionais seja congruente
com a agenda prioritária de governo, expressa nos programas?
Para que isso ocorra, é necessário que se estabeleça um alinhamento entre programas e organizações (não apenas as organizações
da estrutura do governo, mas também outras, tais como: entes federativos, organizações não-governamentais, organismos internacionais,
parcerias público-privada etc.). O que se pretende com isso é verificar a convergência (ou não) entre as agendas de governo (expressa
nos programas prioritários) e as das organizações implementadoras – que normalmente possuem agenda própria. Embora os resultados
estejam previstos nos programas, é na arquitetura organizacional que eles se realizam, pois é nela que estão alocados os recursos e a
estrutura de poder. Daí por que é preciso construir dois alinhamentos: um horizontal (alinhar os pontos de implementação das distintas
organizações no âmbito de cada programa, definindo-se arranjos específicos de coordenação); e um vertical (alinhar as organizações com
os resultados dos programas que as perpassam). A figura a seguir ilustra este alinhamento matricial.

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais

A construção de uma arquitetura matricial consiste, assim, no desenho de uma rede que considera a matriz de relações entre progra-
mas e organizações. Os passos a serem seguidos são:
• o estabelecimento das relações (a plotagem dos nós) entre as unidades programáticas de resultado (os programas do PPA) e as
respectivas plataformas implementadoras (as organizações);
• a elaboração da arquitetura organizacional dos programas, ou o modelo de gestão das redes de governança, formadas pelos nós das
respectivas organizações implementadoras; e, finalmente,
• a elaboração da arquitetura organizacional, propriamente dita, das organizações implementadoras dos programas, a partir (1) do
alinhamento de suas agendas, de modo a incorporar as contribuições dadas para a promoção dos resultados dos programas a que estão
submetidas, e (2) do traçado de uma estrutura condizente com a promoção dos resultados visados.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A rede obtida resulta na sobreposição (integradora) de dois tipos de arquitetura: (1) uma delas orgânica, fluida, virtual, em rede, vin-
culada aos programas (elementos da estratégia); e (2) a outra mais concreta, uma vez que “fixamente associada” a uma dada organização.
Com efeito, nenhuma das duas arquiteturas é capaz de gerar per se o necessário alinhamento para que os resultados programados
aconteçam.

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais


Um modelo de gestão adequado, coerente, é aquele em que o sistema de liderança está estruturado com o objetivo de promover
o alinhamento entre seus elementos essenciais: estratégia (ou conjunto de propósitos e resultados visados) e sistemas de trabalho e os
sistemas informacionais (conjunto de dados e informações necessárias ao processo decisório e os recursos informacionais de software e
hardware necessários).
Nesse caso, a estratégia é a variável ordenadora e o sistema de liderança, os sistemas de trabalho e os recursos informacionais devem
ser “formatados” para colocar em ação opções estratégicas específicas.

Sistemas de Liderança Burocrático-Mecanicista

Os Sistemas de Liderança com características burocrático-mecanicista são próprios de organizações que atuam em contextos de baixa
complexidade, onde há maior previsibilidade e estabilidade de demandas, ou seja, baixa variabilidade nas necessidades dos beneficiários
e, por conseguinte, nos produtos/serviços e estabilidade nas ofertas tecnológicas (baixo grau de inovação do produto e do processo).
Geralmente, são organizações de grande porte; com um grande universo de usuários/beneficiários potenciais e reais; baixa varia-
bilidade em seus processos e relativa estabilidade no formato final dos seus serviços e produtos. Esse é o caso dos órgãos e entidades
que prestam serviços direto à sociedade civil organizada e/ou ao cidadão, como, por exemplo, aqueles que atuam na área social, como
educação, saúde e previdência.
Para essas organizações é recomendável, em nome da eficiência, um desenho organizacional mais rígido e programável, o que conduz
a um sistema de liderança mais hierarquizado.
Os modelos de gestão mecanicistas possuem as seguintes características:
• a estratégia é mais estável e reativa;
• o conjunto de produtos (bens ou serviços) é mais padronizado, menos ou pouco diferenciado;
• os processos de trabalho são mais rotinizados, programáveis, regulamentados e autônomos (circunscritos dentro da organização);
• os quadros funcionais são mais fixos – com carreiras estruturadas e com mais servidores do quadro que colaboradores, com compe-
tências pré-definíveis e capacitação orientada por conhecimentos disponíveis no setor;
• a cultura organizacional tende a destacar valores tais como disciplina e impessoalidade;
• a liderança emana mais da autoridade do cargo formal;
• a comunicação é mais formal e tende a seguir a hierarquia; e
• os sistemas de informação são centralizados e herméticos.
O modelo de gestão mecanicista proporciona maior eficiência em ambientes estáveis. Seu sistema de liderança é constituído por es-
truturas rígidas, verticalizadas e que reproduzem uma alta separação entre direção e execução, demarcando de forma muito contundente
instâncias de decisão e planejamento/formulação (uma Alta Administração pensante) e instâncias de execução (uma base operacional).

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Sistemas de Liderança Orgânicos

Os sistemas de liderança orgânicos são típicos de organizações que atuam em contextos de alta complexidade, caracterizados pela in-
certeza, ambiguidade, pluralidade e instabilidade das demandas (alta variabilidade nas necessidades dos beneficiários e, por conseguinte,
nos produtos/serviços) e ofertas tecnológicas (alta inovação do produto e do processo).
Os ambientes instáveis ou turbulentos proporcionam alta incerteza da tarefa, que, nesse caso, impõe, em nome da efetividade (o
impacto necessário, a partir dos produtos necessários), um desenho organizacional mais flexível e capaz de se reprogramar para atender
rapidamente às variações do contexto.
Os modelos de gestão orgânicos possuem as seguintes características:
• a estratégia mutante, emergente e proativa, voltada, inclusive, para criação do futuro em bases autopoiéticas (na qual a organização
passa a modelar o ambiente mais que este modela a organização);
• o conjunto de serviços/produtos é mais diversificado, mais ou muito diferenciado, podendo, no limite, ser totalmente customizado;
• os processos de trabalho são estruturados, mas menos rotinizados, menos programáveis e menos regulamentados e sujeitos a
constantes inovações e integrações laterais com organizações parceiras;
• os quadros funcionais são mais variáveis (com maior número de colaboradores), algumas competências são pré-definíveis, mas há
competências emergentes e conhecimentos gerados exclusivamente dentro da organização;
• a cultura organizacional tende a destacar valores tais como iniciativa, capacidade de empreender e sensibilidade;
• a liderança emana da capacidade de resolver problemas e lidar com pessoas e situações difíceis sob pressão;
• a comunicação é mais informal e multidirecional; e
• os sistemas informacionais são descentralizados e acessíveis a todos.
Um modelo de gestão com estas características proporciona melhor capacidade de resposta em ambientes instáveis. Seu sistema de
liderança constitui-se por estruturas mais flexíveis, horizontalizadas (menos níveis hierárquicos e eliminação de “intermediários” na média
gerência) e que buscam uma integração entre direção e execução (a Alta Administração se envolve em questões operacionais e a base
operacional pensa estrategicamente e ganha maior autonomia/empowerment).
Modelos mecanicistas ou orgânicos não são bons nem maus a priori, sua adequação é sempre contingente, embora todas as organi-
zações tenham traços de ambos (é muito usual que áreas como produção ou operações e área administrativa sejam mais mecanicistas; ao
passo que áreas de pesquisa e desenvolvimento sejam mais orgânicas).16

16. Obtido em <www.gestaopublica.sp.gov.br/conteudo/guia/Guia_Modelagem.pdf>. Acesso em 31 jul 2012

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais

Direção

Clezio Saldanha dos Santos cita Amato (1971) para dizer que direção é a função que se refere às relações interpessoais dos admi-
nistradores em todos os níveis de organização e seus respectivos subordinados. “É o processo administrativo que conduz e coordena o
pessoal na execução das tarefas antecipadamente planejadas. Dirigir uma organização pública significa conseguir que os agentes públicos
executem as tarefas pelas quais respondem” (Santos, 2006, p.51).
Ainda segundo Santos, os meios de direção são: ordens e instruções; motivação; comunicação; liderança.
Um dos fundamentos da Teoria Comportamental da Administração é a motivação humana, onde a teoria administrativa recebeu
vultosa contribuição.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Segundo Chiavenato (2003), a teoria comportamental • Comparação e ação corretiva – na etapa final do processo de
fundamenta-se no comportamento individual das pessoas, para controle, a informação sobre o desempenho real é comparada com
explicar o comportamento organizacional. Os autores dessa Teoria os objetivos ou padrões, resultando em medidas de correção ou de
verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades reforço da atividade ou desempenho.
humanas, para conhecer melhor o seu comportamento e poder • Recomeço do ciclo de planejamento – tomada de decisões
usar a motivação como meio para melhorar a qualidade de vida sobre novos objetivos e novos padrões de controle; o controle
dentro das organizações. complementa o planejamento e vice-versa, pois é comum o plane-
A Teoria Comportamental tem seus principais fundamentos a jamento depender muito mais de informações de controle do que
partir dos estudos e abordagem das ciências do comportamento de projeções ou previsões sobre o futuro, segundo Maximiano.
humano individual, para explicar como as pessoas se comportam
organizacionalmente. Esta Teoria, também conhecida como Teoria O processo de controle envolve todos os aspectos de uma
Behaviorista (behaviorial sciences approach), por causa dos estudos organização, abrangendo seus três níveis hierárquicos principais:
sóciopsicológicos feitos por seus autores, a maioria norte-america- • Controle estratégico – complementa o planejamento estraté-
nos, aprofundou os estudos no campo da motivação humana, na gico (sua definição e redefinição), monitorando: grau de realização
qual prestou muitas contribuições à teoria administrativa (CARVA- das missões, estratégias e objetivos estratégicos, a adequação dos
LHO, 2008). mesmos às ameaças e oportunidades do ambiente; concorrência e
Nesta abordagem, Chiavenato (2003) explica que os estudiosos outros fatores externos; eficiência e outros fatores internos.
verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades • Controles administrativos – produzem informações especia-
humanas para entender o seu comportamento e utilizar a moti- lizadas e possibilitam a tomada de decisão em cada uma das áreas
vação como meio para melhorar a qualidade de vida, dentro das operacionais: produção, marketing, finanças, recursos humanos
organizações. A Teoria Comportamental tem abordagem explicativa etc.
e descritiva, atuando nas organizações, formal e informalmente. • Controle operacional – focaliza as atividades e o consumo de
Possui ênfase nas pessoas e no ambiente. Sua concepção é de um recursos em qualquer nível da organização, notadamente por meio
homem administrativo, tomador de decisões quanto à participação de cronogramas, diagramas de precedência e orçamentos.
nas organizações.
Sobre a motivação organizacional, destacam-se estudos de É preciso eficácia na definição dos procedimentos e das
Abraham Maslow (1908-1970), segundo os quais as necessidades ferramentas para produção, processamento e apresentação das
humanas estão organizadas em níveis, numa hierarquia de impor- informações necessárias ao desempenho do sistema de controle.
tância e de influência. Segundo Maslow, “as necessidades estão Maximiano (2010) destaca as principais características de um siste-
classificadas em fisiológicas (mais baixas na hierarquia piramidal), ma de controle eficaz:
de segurança, sociais, de estima e de auto-realização (mais elevadas • Foco nos pontos estratégicos – são aqueles em que há maior
na hierarquia). As necessidades assumem formas que variam de probabilidade de ocorrência de algum desvio em relação aos resul-
acordo com o indivíduo” (MASLOW apud CHIAVENATO, 2003, p. tados esperados; os desvios provocariam os maiores problemas; as
330). atividades, operações ou processos são críticos para o desempenho
da organização. Podem ser detectados nas atividades de trans-
Controle formação ou nos elementos mais significativos de determinada
operação.
Para Maximiano (2010), controle é o processo de produzir • Precisão – informação precisa para permitir a decisão ade-
informações para tomar decisões sobre a realização de objetivos, quada, caso contrário será difícil ou impossível decidir.
permitindo manter a organização orientada para os mesmos atra- • Rapidez – o encaminhamento rápido da informação permite
vés de monitoramento ou acompanhamento contínuo sobre: que a ação corretiva ou de reforço possa ser posta em prática a
• Quais objetivos devem ser atingidos por uma organização ou tempo de produzir os efeitos esperados. A demora poderá gerar
sistema. uma decisão tardia.
• Desempenho da organização ou sistema em comparação com • Objetividade – informações claras sobre o desempenho e
os objetivos. indicação qual o desvio em relação ao objetivo.Economia – o sis-
• Riscos e oportunidades no trajeto desde o início das ativida- tema de controle eficaz tem custo menor que seus benefícios, por
des até o objetivo. exemplo, a fiscalização não pode custar mais que a arrecadação.
• O que deve ser feito para assegurar a realização dos objetivos. • Aceitação pelas pessoas – para enfrentar a resistência e a
• Necessidade de mudar o objetivo. sabotagem dos sistemas de controle, as pessoas precisam entender
as razões do controle; perceber o controle como processo impor-
O processo de controle se divide em outros processos, tais tante para seu trabalho ou sua segurança; enxergar o controle como
como: monitoramento ou acompanhamento (buscar informações evidência de sua importância como indivíduos.
sobre o desempenho), avaliação (comparar e tirar conclusões sobre • Ênfase na exceção – diante da impossibilidade de controlar
o desempenho). O objetivo é o critério ou padrão de controle e tudo, o controle enfatiza as exceções e seu sistema procura foca-
avaliação do desempenho da organização ou sistema. lizar a atenção da administração no que é essencial em termos de
desvios.
Os componentes de um sistema de controle são:
• Padrões de controle – informações que permitem avaliar o
desempenho e tomar decisões; são extraídos dos objetivos, das
atividades e dos planos de aplicações de recursos.
• Aquisição de informações – sobre o andamento das ati-
vidades e o progresso em direção aos objetivos; é o processo de
monitoramento ou acompanhamento, que define qual informação
deve ser produzida, os meios e o momento de sua obtenção.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Os aspectos humanos do processo de controle, segundo Maxi- • a organização precisa saber como as pessoas desempenham
miano (2010), são: suas atividades (para fundamentar aumentos salariais, promoções,
• Tipos de controle sobre as pessoas – para que as pessoas transferências, demissões).
comportem-se de acordo com padrões definidos por outras pes- A avaliação de desempenho traz benefícios para as organiza-
soas, existem os seguintes tipos: controle formal (utilização da ções, pois:
autoridade formal para induzir ou inibir algum comportamento), • abarca o desempenho do funcionário dentro do cargo ocupa-
controle social (aceitação das crenças, valores e normas sociais de do, o alcance das metas estabelecidas e objetivos;
um grupo = conformidade social), controle técnico (exercido por • enfatiza o indivíduo no cargo;
sistemas e não por pessoas, como ocorre com o relógio de ponto, a • melhora a produtividade do indivíduo à medida em que é
velocidade das máquinas, o orçamento disponível). aceita pelo funcionário e pela organização (MENEZES).
• Resistência ao controle – para combater o sentimento de per-
da da liberdade e serem eficazes, os sistemas de controle devem: A avaliação permite identificar os aspectos menos desen-
ter legitimidade (reconhecidos como necessários); ser participati- volvidos (pontos fracos) em relação ao modelo, que devem ser
vos (promover a participação das pessoas na definição e avaliação considerados como oportunidades de melhoria da organização, ou
de seu próprio desempenho); ser flexíveis (para possibilitar o erro). seja, aspectos que devem ser, prioritariamente, objeto de ações de
• Avaliação do desempenho – todo sistema de controle deve melhoria. Se realizada de forma sistemática, a avaliação da gestão
dar feed-back aos integrantes da equipe do gerente, informando- institucional funciona como forma de aprendizado sobre a própria
-os qual é seu desempenho, para reforçá-lo (feed-back positivo) organização e como instrumento de internalização dos princípios,
ou inibi-lo (feed-back negativo). As características do feed-back valores e práticas da gestão pela excelência.
eficaz são: rapidez (o intervalo entre a observação do desempenho
do desempenho e a aplicação do reforço ou correção deve ser o ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
menor possível, sob pena de esquecimento e ineficácia); descrição E TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO
em lugar de julgamento (quando se trata de ações corretivas, ao
invés de julgar os atos ou motivos do avaliado, o avaliador descreve Para administrar nos mais variados níveis de organização é
as expectativas ou objetivos, o desempenho observado que deve necessário ter habilidades, estas são divididas em três grupos: as
ser feito para igualar os dois); administração de recompensas (os Habilidades Técnicas são habilidades que necessitam de conheci-
princípios do behaviorismo mostram que recompensas incentivam mento especializado e procedimentos específicos e pode ser obtida
o bom desempenho e são mais eficazes que as punições, que ape- através de instrução. As Habilidades Humanas envolvem também
nas suprimem temporariamente o comportamento indesejado). aptidão, pois interage com as pessoas e suas atitudes, exige com-
• Autocontrole – o compromisso e a disciplina interior é o preensão para liderar com eficiência. As Habilidades Conceituais
melhor substituto para a obediência ditada pelos controles, o que englobam um conhecimento geral das organizações, o gestor pre-
faz o autocontrole substituir os sistemas formais e ser uma das
cisa conhecer cada setor, como ele trabalha e para o que ele existe.
ferramentas da autogestão. Maximiano ressalta que criar uma
De acordo com Chiavenato a estrutura garante a totalidade de
cultura orientada para o compromisso e a disciplina interior é um
um sistema e permite sua integridade, assim são as organizações,
dos principais desafios da moderna administração.
diversos órgãos agrupados hierarquicamente, os sistemas de res-
ponsabilidade, sistemas de autoridade e os sistemas de comunica-
Avaliação e feed-back
ções são componentes estruturais.
Existem vários modelos de organização, Organização Empre-
A Avaliação de Desempenho é um processo que tem como ob-
sarial, Organização Máquina, Organização Política entre outras. As
jetivo conseguir que os membros da equipe de trabalho orientem
organizações possuem seus níveis de influência. O nível estratégico
seus esforços no sentido dos objetivos da organização. Os gestores
utilizando de instrumento específico identificam habilidades e é representado pelos gestores e o nível tático, representado pelos
competências dos funcionários que precisam ser mantidas e as que gerentes. Eles são importantes para manter tudo sob controle. O
necessitam ser desenvolvidas. A avaliação de desempenho é parte gerente tem uma visão global, ele coordena, define, formula, esta-
atuante da estratégia gerencial e orientam as ações e decisões dos belece uma autoridade de forma construtiva, competente, enérgica
gestores relacionadas a promoções, transferências, treinamentos, e única. Fayol nomeia 16 diferentes atribuições dos gerentes. Os ge-
desligamentos (ROBBINS, 2005). rentes são responsáveis pelo elo entre o nível operacional, onde os
colaboradores desenvolvem os produtos e serviços da organização.
Pode-se definir desempenho como a forma como os recursos As Organizações formais possuem uma estrutura hierárquica
se organizam, interagem e atuam para atingir um objetivo expresso com suas regras e seus padrões. Os Organogramas com sua estru-
ou tácito, segundo um roteiro e sequência de passos formal ou tura bem dimensionada podem facilitar a autonomia interna, agi-
informalmente estabelecidos. O grau de eficácia com que são lizando o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O
atingidos os objetivos realmente pretendidos, associado ao grau de mundo empresarial cada vez mais competitivo e os clientes a cada
eficiência na utilização dos recursos, determina o nível de desem- dia mais exigentes levam as organizações a pensar na sua estrutura,
penho. Mede-se o desempenho através de indicadores diversos. O para se adequar ao que o mercado procura. Com os órgãos bem
resultado das medidas permite interpretar o nível do desempenho. dispostos nessa representação gráfica, fica mais bem objetivada a
hierarquia bem como o entrosamento entre os cargos.
Menezes define que é uma apreciação sistemática do desem- As organizações fazem uso do organograma que melhor repre-
penho de cada pessoa em função das atividades que ela desempe- senta a realidade da empresa, vale lembrar que o modelo piramidal
nha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial ficou obsoleto, hoje o que vale é a contribuição, são muitas pessoas
de desenvolvimento, sendo justificável porque: empenhadas no desenvolvimento da empresa, todos contribuem
• toda pessoa precisa receber retroação a respeito de seu com ideias na tomada de decisão.
desempenho (chefe e funcionário);

28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Com vistas às diversidades de informações, é preciso estar Benefícios de uma estrutura adequada.
atento para sua relevância, nas organizações as informações são
importantes, mesmo em tomada de decisões. É necessário avaliar a - Identificação das tarefas necessárias;
qualidade da informação e saber aplicar em momentos oportunos. - Organização das funções e responsabilidades;
Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que - Informações, recursos, e feedback aos empregados;
se definir qual informação e como ela vai ser mantida no sistema, - Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos;
deve haver um estudo no organograma da empresa verificando as- - Condições motivadoras.
sim quais os dados e quais os campos vão ser necessários para essa
implantação. Cada empresa tem suas características e suas neces- Estrutura:
sidades, e o sistema de informação se adéqua a organização e aos Toda empresa possui dois tipos de estrutura: Formal e informal.
seus propósitos.
Para as organizações as pessoas são as mais importantes, por Formal: Deliberadamente planejada e formalmente represen-
isso tantos estudos a fim de sanar interrogações a respeito da com- tada, em alguns aspectos pelo seu organograma.
plexidade do ser humano. Maslow diz que em primeiro na base da
pirâmide vem às necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono, - Ênfase a posições em termos de autoridades e responsabili-
sexo, depois ele nomeia segurança como o segundo item mais im- dades.
portante, estabilidade no trabalho, por exemplo, logo depois ne- - É estável.
cessidade afetivo sociais, como pertencer a um grupo, ter amigos, - Está sujeita a controle.
família; necessidades de status e estima, aqui podemos dar como - Está na estrutura.
exemplo a necessidade das pessoas em ter reconhecimento, por - Líder formal.
seu trabalho por seu empenho, no topo Maslow colocou as neces-
sidades de autorrealização, em que o indivíduo procura tornar-se ESTRUTURA FORMAL
aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades.
O raciocínio de Viktor Frankl “vontade de sentido” também - É representada pelo organograma da empresa e seus aspec-
écoerente, ele nos atenta para o fato de que nem sempre a pirâmi- tos básicos.
de de Maslow ocorre em todas as escalas de uma forma sequencial, - Reconhecida juridicamente de fato e de direito.
de acordo com ele, o que nos move é aquilo que faz com que nossa - É estruturada e organizada.
vida tenha sentido, nossas necessidades aparecem de forma alea-
tória, são nossas motivações que nos levam a agir. Os colaboradores ESTRUTURA INFORMAL
são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam mais Surge da interação social das pessoas, o que significa que se
tempo nas atividades em que estão motivados. Sendo assim um desenvolve espontaneamente quando as pessoas se reúnem. Re-
funcionário trabalhando em uma determinada tarefa, pode sentir presenta relações que usualmente não aparecem no organograma.
autorrealização sem necessariamente ter passado por todas as es- São relacionamentos não documentados e não reconhecidos
calas da pirâmide. Mas o que é realização para um, não é realização oficialmente entre os membros de uma organização que surgem
para todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando realiza inevitavelmente em decorrência das necessidades pessoais e gru-
algo que desejou intensamente, logo cobiçara outras coisas. pais dos empregados.
O comportamento das pessoas nas organizações afeta dire- - Está nas pessoas.
tamente na imagem, no sucesso ou insucesso da mesma, o com- - Sempre existirão.
portamento dos colaboradores refletem seu desempenho. Há uma - A autoridade flui na maioria das vezes na horizontal.
necessidade das pessoas de ter incentivos para que o trabalho flua, - É instável.
a motivação é intrínseca, mas os estímulos são imprescindíveis para - Não está sujeita a controle.
que a motivação pelo trabalho continue gerando resultados para a - Está sujeita aos sentimentos.
empresa. Os lideres são importantes no processo de sobrevivência - Líder informal.
no mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de exer- - Desenvolve sistemas e canais de comunicação.
cer, função, tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo
grupo. Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir con- Vantagens da estrutura informal.
quistar e conhecer as pessoas, ter habilidades e intercalar objetivos
pessoais e organizacionais. O estilo do líder Democrático contribui - Proporciona maior rapidez no processo.
na condução das organizações, ele delega não só tarefas, mas pode- - Complementa e estrutura formal.
res, isso é importante para estimular os mais diversos profissionais - Reduz a carga de comunicação dos chefes.
dentro da organização. - Motiva e integra as pessoas na empresa.
No processo de centralização a tomada de decisões é unilate-
ral, deixando os colaboradores travados, sem poder de opinião.Já Desvantagens:
no processo de descentralização existe maior estimulo por parte
dos funcionários, podendo opinar eles se sentem parte ativa da - Desconhecimento das chefias.
empresa. - Dificuldade de controle.
Existem benefícios assegurados por leis e benefícios espontâ- - Possibilidade de atritos entre pessoas
neos. Um bom plano de benefícios motivam os colaboradores. O - Fatores que condicionam o aparecimento da estrutura infor-
funcionário hoje com todo seu conhecimento adquirido na empresa mal.
tem sido tratado como ativo não mais como recurso. Dar estímulos - Interesses comuns
como os benefícios contribuem para a permanência do funcionário - Interação provocada pela própria estrutura formal.
na organização.São inúmeras vantagens tanto para o empregado - Defeitos na estrutura formal.
quanto para o empregador. Reduzindo insatisfações e aumentando - Flutuação do pessoal dentro da empresa.
a produção, gerando assim resultados satisfatórios. - Períodos de lazer.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
- Disputa do poder. Implantação / Ajustes
- Participação dos funcionários
Fatores que condicionam o aparecimento da estrutura infor- - Motivar
mal.
Avaliar
- Interesses comuns - Quanto ao alcance dos objetivos
- Interação provocada pela própria estrutura formal. - Influencia dos aspectos formais e informais
- Defeitos na estrutura formal. Componentes da estrutura organizacional
- Flutuação do pessoal dentro da empresa.
- Períodos de lazer. ⇒ Sistema de responsabilidade, constituído por:
- Disputa do poder.
- Departamentalização;
A estrutura informal será bem utilizada quando: - Linha e assessoria; e
- Especialização do trabalho.
- Os objetivos da empresa forem idênticos aos objetivos dos
indivíduos. ⇒ Sistema de autoridade, constituído por:
- Existir habilidade das pessoas em lidar com a estrutura infor-
mal. - Amplitude administrativa ou de controle;
- Níveis hierárquicos;
Elaboração da estrutura organizacional - Delegação;
- Centralização/descentralização.
É o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, co-
municações e decisões das unidades organizacionais de uma em- ⇒ Sistema de comunicações (Resultado da interação das unida-
presa. des organizacionais), constituída por:
- O que,
- Como,
- Não é estática. - Quando,
- É representada graficamente pelo organograma. - De quem,
- É dinâmica. - Para quem.
- Deve ser delineada de forma a alcançar os objetivos institu-
cionais. Condicionantes da estrutura organizacional.
- (Delinear = Criar, aprimorar).
- Deve ser planejada. São Quatro:
- Objetivos e estratégias,
O Planejamento deve estar voltado para os seguintes objetivos: - Ambiente,
- Tecnologia,
- Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser de- - Recursos humanos.
sempenhadas.
- Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem desempe- Níveis de influência da estrutura organizacional.
nhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas ou grupos.
- Proporcionar aos empregados de todos os níveis: São três:
-- Informação. - Nível estratégico,
-- Recursos para o trabalho. - Nível tático,
-- Medidas de desempenho compatíveis com objetivos e me- - Nível operacional.
tas.
-- Motivação. Níveis de abrangência da estrutura organizacional.

Tipos de estrutura organizacional Três níveis podem ser considerados quando do desenvolvimen-
to e implantação da estrutura organizacional:
- Funcional. - Nível da empresa,
- Clientes. - Nível da UEN – Unidade Estratégica de Negócio
- Produtos. - Nível da Corporação.
- Territorial.
- Por projetos. Condicionantes da estrutura organizacional.
- Matricial.
- Fator humano
Desenvolvimento, implantação e avaliação de estrutura orga- A empresa funciona por meio de pessoas, a eficiência depende
nizacional. da qualidade intrínseca e do valor e da integração dos homens que
ela organiza.
No desenvolvimento considerar: Ao desenvolver uma estrutura organizacional deve-se levar em
- Seus componentes. consideração o comportamento e o conhecimento das pessoas que
- Condicionantes. irão desempenhar funções.
- Níveis de influência. Não podemos nos esquecer da MOTIVAÇÃO.
- Níveis de abrangência.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
- Fator ambiente externo • Equipes de alto desempenho – as organizações estão migran-
Avaliação das mudanças e suas influências. do velozmente para o trabalho em equipe, visando obter a partici-
pação das pessoas na busca de respostas rápidas às mudanças no
- Fator sistema de objetivos e estratégias ambiente de negócios.
Quando os objetivos e estratégias estão bem definidos e claros, • Gestão de projetos – todas as organizações desempenham
é mais fácil organizar. Sabe-se o que se espera de cada um. algum tipo de trabalho e este envolve operações e projetos. O fim
de um projeto é alcançado quando os objetivos do projeto são atin-
- Fator tecnologia gidos ou quando fica claro que seus objetivos não podem ser atin-
Conhecimentos gidos.
Equipamentos As tendências organizacionais no mundo moderno se caracte-
rizam por:
Implantação da estrutura organizacional • Cadeias de comando mais curtas (enxugar níveis hierárqui-
cos).
Três aspectos devem ser considerados: • Menos unidade de comando (a subordinação ao chefe está
sendo substituída pelo relacionamento horizontal em direção ao
- A mudança na estrutura organizacional. cliente).
- O processo de implantação; e • Maior responsabilidade e autonomia às pessoas.
- As resistências que podem ocorrer. • Ênfase nas equipes de trabalho.
• Organizações estruturadas sobre unidades autônomas e au-
Avaliação da estrutura organizacional tossuficientes, com metas e resultados a alcançar.
• Infoestrutura (permite uma organização integrada sem ne-
cessariamente estar concentrada em um único local).
• Levantamento
• Preocupação maior com o alcance dos objetivos e metas do
• Análise
que com o comportamento variado das pessoas.
• Avaliação
• Foco no negócio básico e essencial (enxugamento e terceiriza-
• Políticas de avaliação de estruturas.
ção visando reorientar a organização para aquilo que ela foi criada).
• As pessoas deixam de ser fornecedoras de mão de obra para
Tendências e Práticas Organizacionais serem fornecedoras de conhecimentos capazes de agregar valor ao
Visando oferecer soluções práticas e que atendam às emergên- negócio.
cias impostas pelas mudanças e transformações, ao final da era ne-
oclássica surgiram algumas técnicas de intervenção: DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Melhoria contínua – os processos de mudança devem começar
pequenos e sempre de baixo para cima, ou seja, da base para a É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estru-
cúpula. A filosofia da melhoria contínua deriva do Kaizen (palavra tura organizacional da empresa.
japonesa). As melhorias não precisam ser grandes, mas devem ser Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um cri-
contínuas e constantes. tério específico de homogeneidade, das atividades e corresponden-
• Qualidade total – qualidade é o atendimento das exigências te recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em
do cliente. O tema central da qualidade total está nas pessoas que a unidades organizacionais.
produzem sendo os funcionários e não os gerentes os responsáveis Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organizações
pelo elevado padrão de qualidade. Para isso devem-se proporcionar decidem sobre a configuração organizacional que será usada para
aos funcionários habilidades e a autoridade para tomar decisões agrupar as várias atividades. O processo organizacional de deter-
que tradicionalmente eram dadas aos gerentes. O gerenciamento minar como as atividades devem ser agrupadas chama-se Depar-
da qualidade total trouxe técnicas conhecidas, tais como o enxuga- tamentalização.
mento, a terceirização e a redução do tempo do ciclo de produção. Formas de Departamentalizar:
• Reengenharia – para reduzir a enorme distância entre a ve-
locidade das mudanças ambientais e a permanência das organiza- - Função
ções tratou-se de aplicar um remédio forte e amargo. Reengenharia - Produto ou serviço
significa fazer uma nova engenharia da estrutura organizacional, ou - Território
seja, é uma reconstrução e não apenas uma reforma total ou par- - Cliente
cial da empresa. A reengenharia não se confunde com a melhoria - Processo
- Projeto
contínua, pois pretende criar um processo inteiramente novo e não
- Matricial
o aperfeiçoamento gradativo e lento do processo atual. A reenge-
- Mista
nharia trás consequência para a organização: os departamentos
tendem a desaparecer; estrutura organizacional horizontalizada;
Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações usa
atividades baseadas em equipe; a avaliação deixa de ser a atividade uma abordagem da contingência à Departamentalização: isto é, a
e passa a ser os resultados alcançados; os gerentes passam a ficar maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em algumas
mais próximo das operações e das pessoas e passam a ser educado- das maiores organizações. A maioria usa a abordagem funcional na
res dotados de habilidades interpessoais. cúpula e outras nos níveis mais baixos.
• Benchmarking – é um processo contínuo de avaliar produtos,
serviços e práticas dos concorrentes mais fortes e daquelas empre-
sas que são reconhecidas como líderes empresariais. Isso permite
comparações entre empresas para identificar o “melhor do melhor”
e alcançar um nível de superioridade ou vantagem competitiva.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES: A Departamentaliza- DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL: Algumas vezes men-
ção funcional agrupa funções comuns ou atividades semelhantes cionadas como regional, de área ou geográfica. É o agrupamento
para formar uma unidade organizacional. Assim todos os indivíduos de atividades de acordo com os lugares onde estão localizadas as
que executam funções semelhantes ficam reunidos, todo o pessoal operações. Uma empresa de grande porte pode agrupar suas ativi-
de vendas, todo o pessoal de contabilidade, todo o pessoal de se- dades de vendas em áreas do Brasil como a região Nordeste, região
cretaria, todas as enfermeiras, e assim por diante. Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as filiais de bancos são estabe-
A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer lecidas desta maneira.
nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula.
Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional As vantagens e desvantagens da Departamentalização territo-
são: rial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de pro-
- Mantém o poder e o prestígio das funções principais duto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as necessida-
- Cria eficiência através dos princípios da especialização. des singulares de sua área, mas exige coordenação e controle da
- Centraliza a perícia da organização. administração de cúpula em cada região.
- Permite maior rigor no controle das funções pela alta admi-
nistração. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE: A Departamentalização
- Segurança na execução de tarefas e relacionamento de cole- de cliente consiste em agrupar as atividades de tal modo que elas
gas. focalizem um determinado uso do produto ou serviço. A Departa-
- Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de mentalização de cliente é usada principalmente no grupamento de
produtos. atividade de vendas ou serviços.
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abor-
dagem funcional. A principal vantagem:
Entre elas podemos dizer: - a adaptabilidade uma determinada clientela.
- A responsabilidade pelo desempenho total está somente na
cúpula. Desvantagens:
- Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita - Dificuldade de coordenação.
- O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é - Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
limitado. para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.
- A coordenação entre as funções se torna complexa e mais di-
fícil quanto à organização em tamanho e amplitude. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU EQUIPAMENTO: É
- Muita especialização do trabalho. o agrupamento de atividades que se centralizam nos processos de
produção ou equipamento. É encontrada com mais frequência em
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO: É feito de acordo com produção. As atividades de uma fábrica podem ser grupadas em
as atividades inerentes a cada um dos produtos ou serviços da em- perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e acabamento,
presa. cada qual em seu departamento.
Exemplos de Departamentalização de produto:
1- Lojas de departamentos Vantagens:
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mercury - Maior especialização de recursos alocados.
e Lincoln Continental. - Possibilidade de comunicação mais rápida de informações
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, técnicas.
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana.
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização de Desvantagens:
produtos são: - Possibilidade de perda da visão global do andamento do pro-
- Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos ou cesso.
serviços. - Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
- A coordenação de funções ao nível da divisão de produto tor-
na-se melhor. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO: Aqui as pessoas rece-
- Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro. bem atribuições temporárias, uma vez que o projeto tem data de
- Facilita a coordenação de resultados. inicio e término. Terminado o projeto as pessoas são deslocadas
- Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo para outras atividades. Por exemplo: uma firma contábil poderia
de produto. designar um sócio (como administrador de projeto), um conta-
- Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade. dor sênior, e três contadores juniores para uma auditoria que está
Desvantagens: sendo feita para um cliente. Uma empresa manufatureira, um es-
- Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí resul- pecialista em produção, um engenheiro mecânico e um químico
tar duplicação desnecessária de recursos e equipamento. poderiam ser indicados para, sob a chefia de um administrador de
- Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de projeto, completar o projeto de controle de poluição. Em cada um
atividade nos vários grupos de produtos. destes casos, o administrador de projeto seria designado para che-
- Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se fiar a equipe, com plena autoridade sobre seus membros para a
tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da atividade específica do projeto.
empresa.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ: A Departamentalização A organização informal designa o conjunto de relações ou inte-
de matriz é semelhante à de projeto, com uma exceção principal. rações que surgem espontaneamente entre os seus membros e que
No caso da Departamentalização de matriz, o administrador de pro- não são previstas ou formalizadas pela organização formal.
jeto não tem autoridade de linha sobre os membros da equipe. Em Apesar da organização formal possuir um grau de percepção e
lugar disso, a organização do administrador de projeto é sobreposta de compreensão mais elevado e imediato, pois é esta que explica o
aos vários departamentos funcionais, dando a impressão de uma que se faz e como se faz, as relações informais entre os membros da
matriz. organização assumem uma importância fundamental pois é delas
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que res- que, em grande parte, depende o ambiente de trabalho, o qual,
ponde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipica- por sua vez, constitui uma das mais importantes condicionantes da
mente encontrada em organização de orientação técnica, também motivação e dos níveis de produtividade dos trabalhadores. É de-
é usada por empresas com projetos de construção complexos vido a esta importância das relações informais que cada vez mais
os responsáveis pelas organizações se debruçam sobre o estudo
Vantagens: das suas causas e consequências bem como na procura de formas
- Permitem comunicação aberta e coordenação de atividades adequadas de as facilitar e fomentar. É com esse objetivo que são
entre os especialistas funcionais relevantes. organizados ou apoiados os convívios informais entre os membros
- Capacita a organização a responder rapidamente à mudança. da organização tais como as festas, as jornadas desportivas, as via-
- São abordagens orientadas para a tecnologia. gens, entre outros.
A própria organização formal tem uma forte influência quer
Desvantagens: quantitativa quer qualitativa sobre a organização informal, daí que
- Pode haver choques resultantes das prioridades. a estrutura organizacional, assim como as regras, políticas e proce-
dimentos devam ser definidas por forma a facilitar e incentivar as
DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA - É o tipo mais frequente, cada relações informais e assim proporcionarem um melhor ambiente de
parte da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua trabalho e uma maior motivação dos trabalhadores.
realidade organizacional. As organizações, apesar de sua natureza lógica e racional, não
são entidades totalmente mecânicas. Elas são dotadas de pessoas
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR que, embora ocupem posições dentro da organização formal e rea-
Para evitar problemas na hora de decidir como departamenta- lizem o trabalho através da tecnologia, desenvolvem o que chama-
lizar, pode-se seguir certos princípios: mos de organização informal. Existem padrões de comportamentos
- Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso de e relacionamentos que não constam no organograma. Existem ami-
uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição. zades e antagonismos, indivíduos que se identificam com outros,
- Principio do maior interesse – o departamento que tem maior grupos que se afastam de outros e uma grande variedade de rela-
interesse pela atividade deve supervisiona-la. ções no trabalho ou fora dele, que constituem a chamada organiza-
- Principio da separação e do controle – As atividades do con- ção informal.
trole devem estar separadas das atividades controladas. A organização informal é a rede de relacionamentos e intera-
- Principio da supressão da concorrência – Eliminar a concor-
ções que se desenvolve espontaneamente entre as pessoas que
rência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no
ocupam posições na organização formal.
mesmo departamento.
Em outras palavras, a organização informal compõe-se de senti-
Outro critério básico para departamentalização está baseado
mentos de afeição ou rejeição entre pessoas, de atitudes favoráveis
na diferenciação e na integração, os princípios são:
e desfavoráveis em relação as práticas administrativas, de coope-
Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades dife-
ração ou hostilidade entre grupos. Envolve uma complicada trama
rentes devem ficar em departamentos separados. A diferenciação
de processos espontâneos relativos ao campo comportamental que
ocorre quando:
surge, desenvolve-se e predomina sobre as relações que teorica-
- O fator humano é diferente,
mente e são formais.
- A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes,
- Os ambientes externos são diferentes, Analisando a organização informal, vemos que também nela
- Os objetivos e as estratégias são diferentes. existe sanção social, expectativa de comportamento, autoridade,
Integração – Quanto mais atividades trabalham integradas, comunicação e percepção da consequência de determinada forma
maior razão para ficarem no mesmo departamento. Fator de inte- de agir.
gração:
- Necessidade de coordenação. As principais características da organização informal são:
- Grupos informais que se desenvolvem de acordo com os inte-
ORGANIZAÇÃO INFORMAL resses comuns e a identificação entre as pessoas. Podem ser blocos
de interesses, círculos de amizades, “panelas” etc.
Ao lado da organização formal, reconhece-se hoje a existên- - Atitudes e comportamentos que manifestam percepções fa-
cia de uma organização informal bastante influente nos destinos de voráveis ou desfavoráveis as práticas administrativas.
qualquer instituição. Há uma série de semelhanças entre os dois - Normas de trabalho que os diversos grupos estabelecem
tipos de instituição, merecendo destaque a estrutura de relacio- como padrão de desempenho aceitável nas suas atividades e que
namentos, os sistemas de controle e comunicação, a existência de são impostas a todos os seus membros, independentemente das
pessoas com autoridade, a permanência relativa de seus membros normas formais e oficiais da organização.
e a possibilidade de representação gráfica. Como essa organização - Padrões de liderança que podem conferir autoridade informal
informal é indestrutível, recomenda-se seja ela utilizada pela for- e certas pessoas, independentemente de sua posição na organiza-
mal, o que, além de viável, é altamente vantajoso para a instituição ção formal.
como um todo.

33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O desafio para a administrador é conciliar a harmonizar as ca- [...] Por isso entendo ser urgente encontrar um novo estilo de
racterísticas desses dois fenômenos, ou seja, adequar o perfil da administração, voltado para o trabalho em equipe e o desenvolvi-
organização formal e da organização informal para obter efeito de mento das potencialidades humanas, acabando, de vez, com feudos
sinergia e eliminar qualquer tipo de dissonância entre ambas. e grupos parasitários que se apossam de bens e serviços públicos
como se fossem coisas pessoais. Gente que age dessa forma deve-
MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO E LIDERANÇA ria ser penalizada, perder o emprego, ir para uma clínica, hospício
etc. O serviço público, como o nome diz, existe para servir o público
e servir bem, sem cara feia. E qual solução se tem para este quadro
Relações interpessoais e motivação lastimável? É urgente que ele seja melhorado. E, para tanto, devem-
-se analisar alguns aspectos do ser humano, como por exemplo, a
As teorias administrativas bem como as vivências de gestão de personalidade dos indivíduos; as habilidades sociais e técnicas; as
pessoas, têm trabalhado com ênfase no indivíduo e nas relações atitudes; os processos de comunicação, percepção, feedback, entre
pessoais que estes têm no âmbito profissional. No setor público outros. São aspectos fundamentais ao sucesso do serviço público.
a abordagem é a mesma. Neste contexto, são importantes os Entendo que a base para a melhoria das relações interpessoais é a
esclarecimentos pertinentes para que as relações interpessoais se compreensão de que cada pessoa tem uma personalidade própria,
desenvolvam de forma a agregar valor ao setor. Justifica-se pela que precisa ser respeitada. Cada ser humano traz consigo necessi-
necessidade urgente do estímulo das relações interpessoais sem dades sociais, materiais e psicológicas, que precisam ser satisfeitas,
detrimento da ética profissional e também pelo relacionamento pois elas influenciam o seu comportamento e, consequentemente,
que os cargos e áreas devem ter entre si.17 os resultados na produção das tarefas executadas. Mas há pessoas
Um dos pilares que sustentam a gestão pública de excelência é que precisam ser tratadas com psicólogos, psiquiatras, analistas.
o envolvimento de todos os servidores na busca do alto desempe- Há gente que não gosta de si mesma, então, como vai gostar dos
nho da organização, por meio de estímulo à colaboração e ao com- outros e tratá-los bem?
promisso de atingir os seus objetivos. Aqui abordamos o grande
Por isso tudo entendo que as relações interpessoais atuam como
desafio de gerenciar talentos, de gerir pessoas. Afinal, o bom clima
uma disposição interior, uma aceitação do outro, que transparece
organizacional tem forte influência sobre os resultados institucio-
no modo de falar, de olhar, na conduta com o outro e, sobretudo,
nais, isto é, sobre o desempenho da organização, uma vez que está
na forma de agir educadamente.
diretamente relacionado com o comprometimento profissional de
seus colaboradores, in casu , os servidores. As práticas de gestão Assim, os líderes, os chefes de setores, os governantes, adminis-
de pessoas devem, portanto, garantir um ambiente de trabalho tradores, precisam conhecer aqueles que os cercam e desenvolver
seguro, saudável e propício ao desenvolvimento, ao bem estar, à a coragem de intervir com sinceridade, firmeza, clareza, determi-
motivação e à satisfação dos colaboradores. nação, no sentido de coibir abusos, incentivar boas condutas, que
É imprescindível que os gestores de pessoas sejam capacitados cada pessoa faça a aquilo que lhe compete, da melhor forma possí-
para melhor: vel. Trabalhar não é um favor que se faz a alguém, é uma obrigação,
• Compreender a importância das pessoas para a realização dos um dever social, cívico de cada pessoa.
objetivos organizacionais. O psicólogo e educador francês Pierre Weil (1971), estudioso
• Estabelecer a relação entre o planejamento estratégico e o das relações interpessoais, propõe dez mandamentos a serem
planejamento de pessoas. observados pelos membros de um grupo:
• Desenvolver habilidades fundamentais no relacionamento 1º) Respeitar o próximo como ser humano; 2º) Evitar cortar a
interpessoal (TRT 14ª Região).18 palavra a quem fala, esperar sua vez;
O estudo das relações interpessoais pode ter vários objetivos, 3º) Controlar as suas reações agressivas, evitando ser indelica-
como por exemplo: do ou irônico;
• Trabalhar a auto-motivação dos servidores; 4º) Evitar o “pular” por cima de seu chefe imediato, quando o
• Desenvolver espírito de cooperação e trabalho em equipe; fizer dar explicação;
• Propor reflexões sobre o clima e cultura organizacionais. 5º) Procurar conhecer melhor os membros de seu grupo, a fim
Tais objetivos não excluem os fatores éticos e devem ser traba- de compreendê-los;
lhados em caráter de equipe. É preciso demonstrar aos servidores 6º) Evitar o tomar a responsabilidade atribuída a outro, a não
públicos o quanto uns podem precisar dos outros e o quanto alguns ser a pedido deste ou em caso de emergência;
podem auxiliar, mesmo que indiretamente, no desenvolvimento do 7º) Procurar a causa das suas antipatias a fim de vencê-las;
trabalho de outros tantos. Alguns tópicos que podem otimizar tais 8º) Estar sempre sorridente;
estudos são: 9º) Procurar definir bem o sentido das palavras no caso de
• Auto-motivação; discussões em grupo, para evitar mal entendido;
• Inteligência emocional;
10º) Ser modesto nas discussões, pensar que talvez o outro
• Equipes de trabalho;
tenha razão e, senão, procurar compreender-lhe as razões.
• Código de Ética.
As sugestões aqui postas, se colocadas em prática, podem mu-
dar o quadro das relações interpessoais tanto no setor de trabalho
A colunista Luisa Lessa faz em seu artigo “A Importância das
Relações Interpessoais no Mundo do Trabalho” interessantes con- quanto no seio de uma família. A questão da comunicação entre as
siderações sobre as relações interpessoais no serviço público, cujos pessoas é hoje um aspecto que ganha destaque por sua relevância
trechos mais relevantes são destacados a seguir: na qualidade de vida. Não raras vezes, assistimos, assustados, epi-
sódios nos telejornais, expondo situações corriqueiras, próprias do
17. Obtido em http://www.cascavel.pr.gov.br/portal_serv- cotidiano, que terminam em ações violentas, chegando, por vezes,
às ultimas consequências. Do mesmo modo assistimos conflitos que
idor/projeto-capacitacao.php?id=25
envolvem até os órgãos responsáveis, eles próprios, pela segurança
18. Obtido em http://www.trt14.jus.br/Qualidade/ProjImplan-
das pessoas.
tacao.htm

34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Todos esses sintomas vão delineando um formato social pre- ninguém. Nós é que nos motivamos, ou não. Tudo o que os de fora
ocupante, onde o imediatismo, a intolerância com a dificuldade, podem fazer é estimular, incentivar, provocar nossa motivação.
seja em que grau for, vai assumindo a tonalidade predominante nas Motivação no contexto do trabalho é satisfazer aspirações. É a
relações pessoais. Nos setores onde houver necessidade, estas são importância de identificar o que é importante para as pessoas e
algumas sugestões que podem ser observadas, analisadas e aplica- gerenciar levando em conta essas aspirações.
das dentro das organizações, repartições públicas, enfim, entidades Motivação é um tema que sempre despertou muita atenção,
governamentais ou não governamentais. É preciso trabalhar com dada a sua relação com o comprometimento, o reconhecimento e
qualidade, atender com qualidade e viver com qualidade. as recompensas nas suas mais diversas modalidades.
Então, se desejarmos uma sociedade diferente, teremos que Devido a esse interesse pelo tema, várias pesquisas e teorias
mudar as pessoas, a maneira de pensar e sentir, para que se possa foram desenvolvidas para a explicação desse assunto. As principais
alterar a conduta, já que são essas maneiras de ser que determinam teorias motivacionais, segundo Vergara (2003), são: Teoria de
o comportamento do ser humano. Relacionar-se é dar e receber ao Maslow, Teoria de Herzberg, Teoria de McClelland, Teoria ERC e a
mesmo tempo, ou seja, é estar aberto para o novo. É a capacidade Teoria da Equidade.
de escolher, de desenvolver uma visão para si mesmo, reescreven- I. Hierarquia das necessidades de Maslow
do a vida, iniciando um novo hábito ou abandonando um antigo em As necessidades humanas estão organizadas e dispostas em
prol da felicidade. E a felicidade é democrática, todos têm o direito níveis, numa hierarquia de importância e de influência. A Teoria de
a ela.19 Maslow ou teoria das necessidades é a mais importante das expli-
Maximiano (2010) diz que o desempenho na realização de cações modernas sobre o conteúdo da motivação estabelece que
qualquer tipo de tarefa ou objetivo é influenciado pelos motivos, as pessoas sejam motivadas essencialmente pelas necessidades
que são forças que produzem a motivação para o trabalho. Esta humanas.
motivação é um estado psicológico de disposição, interesse ou von- • Quanto mais forte a necessidade, mais intensa é a motivação.
tade de perseguir ou realizar uma tarefa ou meta, onde a pessoa Abraham Maslow (1908-1970), psicólogo estudioso das necessida-
apresenta disposição favorável ou positiva para realizar o trabalho. des humanas, dividiu essas necessidades em cinco grupos:
Motivação é induzir uma pessoa ou grupo de pessoas, cada • Necessidades Básicas: relacionam-se com a sobrevivência –
qual com suas necessidades e personalidades distintas, a trabalhar alimento, roupa, abrigo e conforto material;
para atingir os objetivos da organização, ao mesmo tempo em que • Necessidade de Segurança: relacionam-se com garantias, com
trabalha para alcançar os seus próprios objetivos (Pietri, Moley e evitar danos e perdas e manter aquilo que se conquistou;
Megginson, 1986, p.307). • Necessidade Sociais: relacionam-se com o de ser aceito como
O comportamento humano é sempre motivado, resultante de membro de um grupo;
uma interação complexa entre os motivos internos (da pessoa) e • Necessidade de Estima: relacionam-se com o ser reconhecido
externos (estímulos da situação ou ambiente): e recompensado por habilidades especiais, capacidade de desem-
Motivos internos – são impulsos interiores, de natureza penho;
fisiológica e psicológica, afetados por fatores sociológicos, que se • Necessidades de Auto-realização: relacionam-se com a liber-
traduzem em necessidades, aptidões, interesses, valores e habili- dade pessoal, a criatividade e a autonomia.
dades das pessoas. Determinam a capacidade de fazer, de se sentir
atraída, de valorizar certos comportamentos, ou o inverso de tudo
isso.
Motivos externos – são estímulos ou incentivos que o ambiente auto-realização
oferece ou objetivos que a pessoa persegue, satisfazendo neces-
sidades, despertando sentimentos de interesse ou representando estima
recompensas desejadas, como por exemplo: o trabalho que a pes-
soa faz, o ambiente no qual o trabalho é feito, as recompensas, os
padrões estabelecidos pelo grupo de colegas e os valores do meio sociais
social.
Motivação é o desejo de exercer altos níveis de esforço em
segurança
direção a determinados objetivos organizacionais, tendo como
condição a satisfação de necessidades. Está relacionada a alguns
aspectos: básicas
• Objetivos: direção do comportamento;
• Esforços: força e intensidade do comportamento;
• Necessidades: duração e persistência do comportamento. Figura – A hierarquia das necessidades, segundo Maslow
A motivação procura explicar por que as pessoas se comportam.
O homem é motivado não só por estímulos econômicos e salariais, Destacam-se os seguintes aspectos da Teoria das Necessidades
mas também por recompensas sociais e simbólicas. de Maslow:
Ciclo motivacional é a sequência de eventos que vão desde a • Quando uma necessidade de nível mais baixo é atendida,
carência de uma necessidade até a satisfação e retorno ao estágio deixa de ser motivadora;
anterior de equilíbrio. • Nem todos conseguem chegar ao topo da pirâmide de neces-
Motivação é o “motivo” que nos leva à “ação”. A motivação sidades;
ativa o comportamento do indivíduo. É uma força, uma energia que • Quando as necessidades mais baixas estão razoavelmente
os impulsiona na direção de alguma coisa. Ela é intrínseca, isto é, satisfeitas, as mais elevadas começam a dominar;
está dentro de nós, nasce de nossas necessidades. Ninguém motiva • Um comportamento motivado é como um canal pelo qual-
19. Obtido em http://www.gostodeler.com.br/mate- muitas necessidades podem ser expressas ou satisfeitas;
ria/12930/a_importancia_das_relacoes_interpessoais_no_mun- • Qualquer frustração da satisfação passa a ser considerada
ameaça psicológica.
do_do_trabalho.html

35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
II. Teoria dos dois fatores de Herzberg O papel dos fatores higiênicos é criar um clima psicológico e
A Teoria de Herzberg estabeleceu que a motivação resulta de material saudável e influenciar a satisfação com as condições
fatores que podem ser divididos em duas categorias principais. É a dentro das quais o trabalho é realizado. Por exemplo, quanto me-
também chamada de teoria dos dois fatores, criada por Frederick lhores as relações entre colegas e o trabalho recebido pelo chefe
Herzberg, que são: ou gerente, melhor será esse clima; ou quanto mais contente com
seu salário, menor será a disposição do funcionário pêra reclamar
1- Fatores Motivacionais que estão relacionados ao próprio desse aspecto na empresa. Tudo isso leva a uma maior satisfação
trabalho: do trabalhador com o ambiente de trabalho.
• trabalho criativo e desafiante; O papel dos fatores motivacionais é motivar as pessoas por
• sentido de realização, de algo importante; meio de um trabalho que as pessoas exercitem suas habilidades,
• exercício de responsabilidade; criatividade e possam desenvolver suas aptidões. As condições
• possibilidade de crescimento; ambientais (fatores higiênicos) não são suficientes para induzir o
• orgulho e sentimentos de prestígio decorrente da profissão. estado de motivação nas pessoas. Apenas o trabalho em si e seu
2- Fatores Higiênicos que estão relacionados às condições de conteúdo produzem motivação para o trabalho.
trabalho: Tanto Maslow quanto Herzberg concordam em que as necessi-
• estilo de supervisão do chefe; dades de nível mais baixo, e os fatores higiênicos precisam ser aten-
• relações pessoais com os colegas; didos primeiro, mas o comportamento motivado e a produtividade
• salário; alta só podem ser obtidos quando se satisfazem as necessidades
• política de administração de pessoal; das pessoas de fazer o tipo de trabalho que aumente o seu senso
• condições físicas e segurança do trabalho. de contribuição, realização e crescimento.
III. Teoria das necessidades aprendidas de McClelland
Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos Criada por David McClelland, está ligada aos conceitos de
aprendizagem. Focaliza três necessidades básicas:
Conteúdo do cargo Contexto do cargo • Necessidade de realização: desejo de ser excelente, mais
• O trabalho em si • As condições de trabalho eficiente, resolver problemas e tarefas complexas.
• Necessidade de poder: desejo de controlar os outros, de ser
• Realização • Administração da empresa
responsável pelos outros ou influenciar seu comportamento.
• Reconhecimento • Salário • Necessidade de afiliação: reflete o desejo de interação social,
• Progresso profissional • Relações com o supervisor de estabelecer amizades e relações interpessoais.
McClelland também tomou como eixo da sua teoria a questão
• Responsabilidade • Benefícios e serviços sociais
das necessidades. Identificou três: poder, afiliação e realização.
Ele argumenta que não nascemos com tais necessidades; elas são
Figura – Fatores da Teoria de Herzberg
adquiridas socialmente. Poder refere-se a relações com pessoas,
status, prestígio, posições de influência. Afiliação diz respeito ao
Para situações de trabalho existem dois fatores que orientam o
que Maslow chamou de afeto. Realização refere-se à auto-estima
comportamento das pessoas:
e à auto-realização.
Fatores higiênicos ou extrínsecos: localizam-se no ambiente e
Uma constatação interessante feita por McClelland é que admi-
abrangem as condições de trabalho
nistradores bem-sucedidos nos níveis institucionais (estratégicos)
Fatores motivacionais ou intrínsecos: relacionam-se com o
possuem uma combinação de alta necessidade de poder (vontade
cargo e a natureza das tarefas e estão sob o controle do indivíduo
de influenciar os demais) e baixa necessidade de afiliação (isenção
Frustrações podem ser derivadas de:
para tomar decisões desagradáveis).
Auto-realização: insucesso na profissão, desprazer no trabalho
Estima: baixo status, baixo salário
IV. Teoria ERC de Alderfer
Sociais: baixa interação e relacionamento com colegas, chefia
e subordinados
Alderfer reduz os níveis a apenas três:
Segurança: tipo e ambiente de trabalho mal-estruturados,
Existência: necessidade de bem estar físico; incluem as necessi-
políticas imprevisíveis da empresa
dades fisiológicas e de segurança de Maslow
Fisiológicas: confinamento do local de trabalho, remuneração
Relacionamento: necessidades de relações interpessoais
inadequada.
Crescimento: necessidades de desenvolvimento do potencial
humano; incluem as necessidades de estima e auto-realização de
Satisfações podem ser derivadas de:
Maslow.
Defende que a frustração de uma necessidade superior pode
Auto-realização: sucesso na profissão, prazer no trabalho;
aumentar o desejo de satisfazer uma necessidade inferior. Ex.
Estima: interação facilitada pelo arranjo físico, prestígio na
pessoas que comem muito quando tem uma necessidade superior
profissão;
não-atendida.
Sociais: elevada interação e relacionamento com colegas, che-
Contraria a teoria de Maslow de focalização em uma necessi-
fia e subordinados;
dade só, defende que as pessoas podem estar orientadas para a
Segurança: tipo e ambiente de trabalho bem-estruturados,
satisfação de mais de uma necessidade ao mesmo tempo.
políticas estáveis e previsíveis da empresa;
Fisiológicas: remuneração adequada para a satisfação das
necessidades básicas.

36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
V. Teoria da Equidade É interpretado como uma recompensa e reconhecimento de
confiança pelo funcionário.
Segundo a Teoria da Equidade, as pessoas se sentirão mais MACEDO (2000) explica que, para estimular a motivação dos
ou menos motivadas para o trabalho à medida que percebem, ou quadros, o órgão deverá investir na valorização das pessoas e no
não, a presença da justiça, da igualdade nas relações de trabalho. clima organizacional, reforçando a auto-estima dos servidores,
Favoritismo, por exemplo, seria considerado iníquo, injusto; logo, a fazendo com que possam superar seus limites e vencer suas bar-
pessoa que a percebesse se sentiria desmotivada. reiras. Neste contexto, o líder exerce um papel fundamental no
Você compara a relação entre sua contribuição e recompensas compromisso com metas, acompanhamento e incentivo na busca
com a relação obtida pelos outros. Por contribuição entende-se de resultados, atuando como um verdadeiro “coach”, ou treinador,
o seu esforço, tempo, talento e nível de desempenho, enquanto na medida em que a preocupação não se restringe ao trabalho,
nas recompensas incluem-se os reconhecimentos, pagamentos, mas também à pessoa, dando-lhe suporte nos momentos difíceis e
benefícios, elogios e até punições que você recebe da empresa ou estimulando para a mudança.20
da chefia. As práticas motivacionais “compreendem todos os tipos de in-
Ao perceber uma injustiça, o funcionário tenderá a buscar centivos e recompensas que as organizações oferecem a seus em-
reequilibrar a relação, “aumentando” ou “diminuindo” as razões pregados na tentativa de conseguir o desempenho que possibilite
citadas a seguir: a realização de seus objetivos” (Maximiano, 2010, p.189). São elas:
• diminuindo sua contribuição; Enriquecimento de cargos – consiste em aumentar os
• pedindo para aumentar sua recompensa; fatores motivacionais de um cargo ou de um grupo de trabalho,
• solicitando o aumento de esforços dos outros; iniciando-se com o alargamento de suas tarefas e seguindo com
• modificando a situação, transferindo-se ou saindo da organi- o empowerment (atribuir poderes a alguém). Este fortalecimento
zação. de poder envolve a transferência de atribuições de planejamento,
As teorias sugerem que o administrador deve criar um ambien- organização e controle de um gestor para uma pessoa ou grupo,
te de trabalho que responda positivamente às necessidades dos tornando-o autogerido.
subordinados, isto é, criar modelos integrados de motivação. Programas de incentivos – têm o objetivo de estimular ou
Os aspectos básicos para obter desempenho excelente são: premiar o desempenho, estando normalmente associados a uma
conhecimento da motivação humana; capacitação das pessoas; campanha, competição interna ou programa de recompensa do
oportunidades e desafios para que possam aplicar suas habilidades desempenho. As categorias mais comuns são: programas de reco-
e conhecimentos no trabalho. nhecimento, incentivos monetários, mercadorias e viagens.
Participação nos lucros e resultados – assegurada pela lei
10.101, de 19 de dezembro de 2000, norma que obriga ser a PLR
negociada entre empresa e empregados através de uma comissão
tripartite (um representante da empresa, um representante dos
empregados e um representante do sindicato ou com a represen-
tação direta do sindicato).

Liderança

O Professor Idalberto Chiavenato diz que “a liderança não deve


ser confundida com direção, nem com gerência. Um bom admi-
nistrador deve ser necessariamente um bom líder. Por outro lado,
nem sempre um bom líder é um bom administrador. Na verdade, os
líderes devem estar presentes no nível institucional, intermediário
Figura – Dinâmica motivacional e operacional das organizações. Todas as organizações precisam de
lideres em todos os seus níveis e em todas as áreas de atuação”
Quanto às aplicações práticas das Teorias da Motivação, des- (CHIAVENATO, 1999, p.558).
tacam-se: A liderança é uma competência que estabelece uma relação de
Recompensas Monetárias: satisfaz as necessidades de níveis influência, pois o administrador desempenha o papel de líder e com
mais baixos. Funciona também como redutor de ansiedade, conso- isso influencia o comportamento de um ou mais liderados. O líder
lidando a autoconfiança. entende as motivações das pessoas que pretende liderar, como
Enriquecimento de tarefas: forma de construir motivadores ensina Maximiano (2010). Entretanto, adverte que liderança é mais
intrínsecos ao próprio trabalho, ajustando as tarefas ao progresso que uma competência que uns têm e outros não: os liderados, a
do funcionário. As tarefas podem ser enriquecidas vertical ou tarefa e a conjuntura são fatores a considerar também no conceito
horizontalmente. de liderança.
No que se refere à flexibilização do horário de trabalho, a partir
de um horário-núcleo que deve ser respeitado, os funcionários LIDERANÇA: CONCEITO E DEFINIÇÕES
escolhem horários de entrada e saída do trabalho (respeitando Ao longo dos anos, diversas pesquisas têm enfocado o tema
a carga horária normal), ou carga maior em alguns dias para não Liderança, buscando conceituar esse fenômeno; relacionar caracte-
trabalhar em outros. rísticas e habilidades presentes nas pessoas que se destacam como
líderes; diferenciar estilos comportamentais, valorizar aspectos
situacionais, enfim, ressaltar as diferentes variáveis que podem
intervir nesse processo.

20. MACEDO, op.cit., p.68.

37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Em 1976, a partir de uma síntese de vários conceitos, a lide- O reconhecimento é uma consequência (RODRIGUES, 2010).21
rança foi definida como o processo de exercer influência sobre um
indivíduo ou um grupo, em uma dada situação, nos esforços para a) Liderança como processo social
a consecução de objetivos comuns. (HERSEY P, BLANCHARD 1976).
Motta (1998) ressalta que numa perspectiva contemporânea, Maximiano explica que a liderança não é apenas um atributo
há uma concordância em que a liderança seja um fenômeno grupal da pessoa, mas também um processo social complexo, no qual
e que envolve um sistema de influência social de um indivíduo interagem quatro variáveis ou componentes:
sobre os demais; e, ainda, ser um processo coletivo, compartilhado As motivações dos liderados – há uma relação de influência re-
entre os elementos de um grupo. cíproca entre líder e liderados, de dependência mútua; a liderança
Liderança é o processo pelo qual um indivíduo influencia outros é legitimada pelo atendimento das expectativas do grupo de lide-
a realizar os objetivos desejados. Dentro da organização de uma rados, sejam eles “fiéis” (movidos por ideologia) ou “mercenários”
empresa, o processo de liderança tem a forma de um gerente que (movidos por interesse).
influencia os subordinados a realizarem os objetivos definidos pela A tarefa ou missão – sem missão não há liderança, apenas in-
alta gerência. Existem dois tipos diferentes de liderança em qual- fluência ou popularidade, pois a missão deve estar em sintonia com
quer organização: aqueles que são definidos, ou líderes formais, as motivações dos liderados. Há dois tipos de missão, correspon-
e aqueles que agem como líderes de maneira informal. Embora dentes aos dois tipos de liderados: missão moral (liderados fiéis) e
diferentes, ambos os tipos exercem comportamentos de liderança missão calculista (liderados mercenários).
para influenciar os outros. (LARA; LUCCA, PIVA, 2000) O líder – precisa dirigir os esforços dos outros para realizar ob-
Rodrigues (2010) cita alguns aspectos que comumente encon- jetivos da organização, atingir metas com a colaboração de grupos.
tramos em diversos líderes: A liderança pode se estudada a partir dos traços de personalidade
O que as pessoas observam em um líder; dos líderes (determinação, iniciativa nas relações pessoais, vontade
• Competência no que faz: um líder precisa ser competente na de liderar, autoconfiança – contudo, ter os mesmos traços não
sua área. Isso não quer dizer que ele tem que ser o melhor opera- significa necessariamente que a pessoa será um líder), das moti-
dor ou o melhor vendedor. Mas tem que ter visão ampla da área, vações isoladas de outros traços de personalidade (necessidade de
passar confiança de que conhece a operação tanto no específico poder, segundo McClelland, manifestada pela busca da satisfação
como no contexto geral. pessoal por meio da influência sobre o comportamento alheio =
• Ambição positiva: um líder quer mais, busca mais e as pessoas líder dominante e que cobra submissão, lealdade e inspiração dos
querem ir no vácuo. Portanto, líderes devem buscar seu crescimen- liderados; e pela busca das satisfações coletivas por meio da ênfase
to e o de sua equipe. dada ao poder social ou institucional, mobilizando esforços alheios
• Seriedade pessoal e profissional: os líderes devem dar exem- para realizar a missão do grupo) e da habilidade que pode ser
plo de seriedade, honestidade e transparência de princípios, tanto desenvolvida (segundo Mintzberg, a liderança é um complexo de
na vida profissional como na social. As pessoas acompanham o que habilidades, sendo a principal delas a comunicação = capacidade de
acontece com seus líderes e sabem o que se passa na vida deles transmitir sua mensagem de modo a persuadir, inspirar ou motivar
muito mais do que se imagina. Existe uma autoridade moral a ser os liderados).
conquistada e mantida e isso passa seguramente por esse item. A conjuntura ou contexto dentro do qual ocorre a relação en-
(RODRIGUES, 2010) tre o líder e os liderados – é o meio organizacional e social onde se
dá a liderança, influenciando líder e liderados e definindo o modelo
O que o líder transmite à sua volta; de liderança a ser seguido. “Todo administrador deve ter profundo
entendimento da conjuntura de liderança, em particular em seus
• Crença no que ele diz e faz: um líder passa confiança em seus aspectos culturais” (MAXIMIANO, 2010, p.195).
atos e suas palavras, na medida em que põe em prática o que diz. b) Estilos de liderança
Se ele é competente, ambicioso e sério, irá transmitir essa crença. Autocracia e democracia são termos que definem dois estilos
• Direção: mesmo quando não está dando ordens diretamente, básicos de liderança, conforme Maximiano (2010):
um líder está transmitindo direção. Ele é o timoeiro e as pessoas Liderança orientada para a tarefa – autocracia, liderança dire-
vão segui-lo, fazer as coisas que irão se encaixar direta ou indire- tiva e liderança orientada para a tarefa são nomes que comumente
tamente nos planos gerais e isso, muitas vezes, é até inconsciente indicam estilos em que o poder de tomar decisões está concentrado
nos indivíduos. no líder. O excesso da autocracia é a tirania (abuso de autoridade).
• Esperança de melhoria: é o conceito do “Estou com ele, estou
bem”. Bons líderes transmitem uma sensação de conforto, segu- LIDERANÇA AUTOCRÁTICA
rança, aliada sempre a uma expectativa até inconsciente de que as • Apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação
coisas irão melhorar. (RODRIGUES, 2010) do grupo;
É relevante ressaltar que Liderança é algo que se conquista e • O líder determina as providências e as técnicas para a execu-
para muitas pessoas, há um esforço a ser feito, uma vez que preci- ção das tarefas, cada uma pôr vez, na medida em que se tornam
sarão modificar muitas coisas na vida. Isso significa que o candidato necessárias e de modo imprevisível para o grupo;
à líder deve se perguntar: “Eu quero isso?”. • O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e
O verdadeiro líder acredita nesses aspectos e os internaliza de qual o seu companheiro de trabalho;
forma natural e as pessoas à sua volta percebem isso. A artificia- • O líder é Dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao
lidade e a superficialidade nessas práticas podem dar margem a trabalho de cada membro (www.administradores.com).
uma interpretação de falsidade e arrogância, e isso não é nada bom
se queremos cultivar uma imagem de liderança. Então, é preciso
internalizar, acreditar e assumir a postura verdadeiramente. Isso
não significa, entretanto, que as pessoas irão passar a reconhecer o
indivíduo como líder num piscar de olhos. É preciso paciência. 21. Obtido em http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.
php?idc_cad=mpiz8nggo

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Liderança orientada para as pessoas – democracia, liderança O interesse pela produção é representado no eixo horizontal,
participativa e liderança orientada para as pessoas são nomes que a importância se torna maior para o líder quando caminha na es-
designam estilos onde há algum grau de participação dos funcio- cala horizontal (se estivesse no nível 9, no eixo horizontal, o líder
nários no poder do chefe ou em suas decisões e, quanto maior se mostra com interesse máximo na produção). O interesse pelas
for essa influência dos liderados, mais democrático é o comporta- pessoas esta no eixo vertical, a importância se torna maior para o
mento do líder. O excesso da democracia é a demagogia (buscar a líder quando caminha na escala vertical (se estiver no nível 9, no
popularidade com os governados). eixo vertical, o líder se mostra com interesse máximo nas pessoas).
LIDERANÇA DEMOCRÁTICA A localização de qualquer gerente nessas células, resulta de men-
• As diretrizes são debatidas pelo grupo, estimulado e assistido surações e avaliações da maneira pela qual ele pensa sobre o papel
pelo líder; gerencial e o leva a efeito. Os gerentes podem ser diagnosticar e
• O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para buscarem assim um posicionamento melhor na grade.
atingir o alvo solicitando aconselhamento técnico ao líder quando
necessário, passando este a sugerir duas ou mais alternativas para
o grupo escolher. As tarefas ganham nova perspectivas com os
debates;
• A divisão das tarefas fica a critério do próprio grupo e cada
membro tem liberdade de escolher seus companheiros de trabalho;
• O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito,
sem encarregar-se muito de tarefas;
• O líder é “objetivo” e limita-se aos “fatos” em suas críticas e
elogios (www.administradores.com).
Os dois estilos básicos (autocrático e democrático) se desdo-
bram em outros, existindo uma escala ou régua dos estilos de
liderança, proposta por Tannenbaum e Schmidt para explicar
a combinação entre a autoridade do gerente e a autonomia dos
liderados. O aumento da autoridade gerencial diminui a autonomia
dos liderados (mais autocracia); o inverso faz aumentar o grau de
democracia.
Maximiano (2010) esclarece que o líder pode ser autocrático e
democrático ao mesmo tempo: os dois estilos não são mutuamen-
te excludentes ou ideias em conflito, o que traz a ideia da liderança
bidimensional – que gera quatro estilos de liderança (muita ênfase
para a tarefa, pouca ênfase para a tarefa, muita ênfase para as
pessoas, pouca ênfase para as pessoas).
Figura – Grade gerencial de Blake e Mouton
Fonte: Maximiano, 2010, p. 199

De acordo com Maximiano (2010, p.200), os valores são


atribuídos da seguinte maneira: Líder-tarefa, orientado para a pro-
dução (9,1). Líder-pessoas, orientado para as pessoas (1,9). Líder
negligente, que não se preocupa com tarefas nem pessoas (1,1).
Líder equipe, orientado simultaneamente para pessoas e tarefas
(9,9). Líder “meio-termo”, medianamente preocupando-se com
resultados e pessoas (5,5).

c) Relação entre liderança e motivação


Outros modelos de liderança deixam de considerar a divisão
do poder de decisão entre o líder e os liderados, como explica
Maximiano (2010), para focalizar o tipo de recompensa que o líder
oferece. Assim, os dois estilos motivacionais são: o carismático e o
transacional.

Liderança Carismática – A liderança carismática tem como


Figura – Estilo de liderança da Universidade de Ohio essência a premiação por parte do líder à realização da própria
Fonte: SILVA, Reinaldo Oliveira da. 2001, p. 259. tarefa; os liderados recebem recompensas de conteúdo moral, o
líder empenha-se em fazer com que os seus liderados atinjam suas
O modelo de Blake e Mouton combina os dois estilos e propõe metas superando os seus interesses individuais com o máximo de
cinco estilos. comprometimento, tornando-se assim fiéis seguidores. Para tanto,
Robert Blake e Jane Mouton imaginaram uma grade gerencial os líderes carismáticos atentam-se para as necessidades e poten-
que descreve as combinações possíveis entre a preocupação com cialidades dos liderados, trabalham com a emoção e coragem dos
as pessoas e as tarefas. Esta grade possui 81 células. seguidores, trazendo inspiração para que ofereçam o máximo de
si, ou seja, criam meios de motivar e guiar os liderados, a partir de
valores e padrões estabelecidos, aos objetivos estabelecidos.

39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Alguns exemplos de recompensas carismáticas são: satisfação Frequentemente a liderança é definida como uma forma de do-
e oportunidade de crescimento pessoal, possibilidade de participar minação, ou controle, baseada no prestígio e aceito pelo dirigido.
de projetos desafiadores, agradecimentos pelo desempenho, pro- Mas, com a evolução das teorias que estudam a liderança, levan-
messa de desenvolvimento de competências, dentre outras. do-se em consideração as situações, a figura do líder, e mesmo
Liderança Transacional – Na liderança transacional, para atingir as relações entre líder e liderados, este conceito vem mudando e
os objetivos propostos, o líder utiliza os interesses dos liderados, liderança passa a ser não apenas dominação ou controle, mas um
recompensando-os, materialmente ou emocionalmente, pelo papel assumido, conscientemente ou não, pela pessoa do líder.
alcance das metas. Maximiano explica a liderança transacional: A A liderança pode funcionar de duas formas: ela pode ser uma
liderança transacional baseia-se no principio de que o desempe- autoridade delegada, quando o líder é aquele que possui um cargo
nho e a competência devem ser recompensados segundo algum de liderança, mas não necessariamente lidera, ou influencia, sua
critério. O líder transacional estabelece metas e oferece incentivos equipe; ou a liderança pode ser uma autoridade natural, quando o
para sua realização. Tanto o gerente quanto o funcionário (ou líder líder é aquele que consegue influenciar ou direcionar a equipe sem,
e liderado), em uma relação transacional, enxergam o trabalho necessariamente, possuir um cargo de liderança.
como um sistema de trocas entre contribuições e recompensas. A A teoria que define os tipos de liderança de acordo com a
troca tende a ser racional, sem o fundo emocional que caracteriza personalidade e características do líder é chamada de Teoria dos
a liderança carismática. Traços e foi a primeira a ser desenvolvida a esse respeito. Segundo
ela existem os seguintes tipos de líder: o “líder executivo”, o “líder
coercitivo”, o “líder distributivo”, o “líder educativo” e o “líder
inspirador”. Mas, esta teoria se baseia no pressuposto de que a
liderança é uma característica nata do líder. Ela não considera os
aspectos referentes às diversas situações enfrentadas pelo líder e
sua equipe, quando os variados tipos de liderança podem se suce-
der (o líder coercitivo, é sempre coercitivo, nunca será educativo,
etc.).
Atualmente liderança é encarada não mais como uma caracte-
rística apenas, mas como um comportamento e, como tal, é algo
que poderia ser aprendido. A “Teoria do Enfoque Situacional”, a
Figura – Dois estilos de liderança baseados no estimo motivacional mais recente, além de abranger essa nova visão de liderança,
Fonte: Maximiano (2010, p.204) ainda vai um pouco além, encarando-a como algo que deve ser
considerado dentro de um contexto integrado. Não se deve mais
Maximiano demonstra algumas recompensas que podem ser focar apenas, o líder, o subordinado e sua relação com aquele, ou
oferecidas pelo líder transacional, como: promoções, aumentos mesmo, apenas as situações em que a liderança se insere. Mas
salariais, autonomia e liberdade no uso do tempo, atendimento todos estes fatores conjuntamente.
às solicitações, dentre outras. Os dois tipos de recompensa, psi- De acordo com a nova abordagem da liderança foram traçados
cológica e material, devem ser equilibrados. Em certas situações, estilos de liderança que refletem alguns padrões:
a recompensa material é mais eficaz e em outras a psicológica. A O “Líder carismático”: carisma é uma palavra grega que significa
figura aponta as características das lideranças carismáticas e tran- “dom de inspiração divina”. Ou seja, o líder carismático é aquele
sacionais. que inspira em seus liderados a confiança, aceitação incondicional,
De acordo com o SEBRAE, “mais do que simplesmente chefiar, obediência espontânea e envolvimento emocional. O líder carismá-
liderar é fazer com que um grupo de pessoas trabalhem em equipe tico é visto por seus liderados como alguém que possui qualidades
e gerem os resultados desejados pela empresa. Para isto, um líder excepcionais. “Carismáticas” em sua acepção original. Um exemplo
deve possuir habilidades como capacidade de motivar e influenciar deste tipo de líder são os líderes religiosos como Jesus Cristo ou
as pessoas que trabalham com ele e qualidades como dedicação, Gandhi;
equilíbrio e vocação.22 Significa dizer que o líder é um agente O “Líder executivo”: é aquele que surgiu por causa da busca das
estratégico dentro da organização, pois responde em grande parte organizações pela obtenção da ordem, ele costuma possuir muitas
pelos bons resultados e o crescimento do negócio, sempre bus- habilidades técnicas, competência;
cando novas formas de aprimorar o relacionamento com os seus “Líder coercitivo”: aquele que exerce a liderança através da
colaboradores. coerção, violência, que pode ser verbal ou física. Neste estilo de
Chefiar, segundo o Corpo de Bombeiros do Estado Rio de Ja- liderança a relação entre líder e liderado é instável;
neiro, “é simplesmente, fazer um grupo funcionar para que sejam O “Líder distributivo”: aquele que apenas delega tarefas, sem-
atingidos determinados objetivos, enquanto, que liderar, é mais do pre controlando, acompanhando de perto e cobrando resultados. É
que isso, é a habilidade de exercer influência e ser influenciado pelo o líder que não constrói nem destrói mantendo um posicionamento
grupo, através de um processo de relações interpessoais adequa- de “posições e papéis”;
das para a consecução de um ou mais objetivos comuns a todos O “líder educativo”, aquele que costuma dar o exemplo, seus
os participantes”. Para este órgão, liderar é engajar-se em um ato liderados tem uma relação de responsabilidade com o trabalho.
que inicia uma estrutura nas interações como parte do processo de É onde existe abertura para troca de conhecimentos não apenas
solucionar um problema mútuo. técnicos, mas também humanos;
O “Líder inspirador”, aquele que raramente precisa dar ordens
a seus liderados, eles se sentem atraídos pela figura do líder e estão
dispostos a fazer o que é necessário.23

36. http://www.sebrae.com.br/momento/quero-mel- 23. INFOESCOLA. Tipos de liderança. Obtido em http://www.


horar-minha-empresa/comece-por-voce/lider anca infoescola.com/administracao_/tipos-de-lideranca/

40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Comunicação gerencial Comunicação não-verbal
A expressão não-verbal é um poderoso complemento, e às
A comunicação é a utilização de qualquer meio pelo qual uma vezes um substituto, para a mensagem verbal. Apesar da expressão
mensagem é transmitida. Podemos dizer que a comunicação é a corporal assumir até mais importância do que a expressão verbal
transmissão de um modo de pensar, de ser e de sentir. Seu objetivo ela é comumente posta em segundo plano. Quando você estiver
é influenciar com o objetivo de se obter uma reação específica de se comunicando com seu cliente preste atenção nos sinais que
quem recebe a mensagem. seu corpo e o do seu cliente estão emitindo. Saiba ler nestas entre
É através da comunicação que as pessoas conseguem expressar linhas e garanta melhores negócios. Seja simples e natural.
suas emoções, motivar outras pessoas, transmitir fatos, opiniões e A comunicação, quando eficaz, se dá através de atos simples
experiências. É preciso que se tenha um bom conhecimento sobre e naturais, resultados de treino e observação. A simplicidade e a
como bem utilizar esta ferramenta. Saber comunicar é um atributo naturalidade estão presentes quando identificamos e afastamos os
que todos nós possuímos, porém, alguns sabem utiliza-la melhor obstáculos que interferem na comunicação.
do que os outros.
É preciso que a comunicação, como ferramenta, seja usada em O que é comunicação?
benefício do indivíduo e da empresa. É uma busca de entendimento, de compreensão. É uma liga-
Um grande engano ocorre quando se confunde comunicação ção, transmissão de sentimentos e de ideias. Ao se comunicar o
com falar. Comunicação é muito mais do que simplesmente o ato indivíduo coloca em ação todos os seus sentidos com o objetivo de
da fala. Ela envolve outros sentidos que, na maioria das vezes, transmitir ou receber de forma adequada a mensagem.
não são considerados como importantes. Ver, ouvir, sentir são, A comunicação na Administração Pública volta-se à:
constantemente, esquecidos quando se discute o processo de • Comunicação assertiva – utiliza técnicas que desenvolvem
comunicação. Muitas pessoas falam, e por não saber COMUNICAR uma linguagem corporal e verbal capaz de garantir segurança e cre-
provocam danos irreparáveis na sua rede de relações humanas, dibilidade em reuniões e contato com clientes internos e externos,
principalmente na rede de relacionamentos profissionais. além de contribuir para a adequada transmissão de informações
Muitas pessoas escutam mas não ouvem, muitas olham mas perante as equipes de trabalho;
não vêem. Ouvir requer muita prática e paciência. Requer a ca- • Comunicação eficaz para multiplicadores internos – foca o
pacidade de saber segurar o impulso da impaciência para deixar corpo técnico do órgão público, com o objetivo de potencializar
a outra pessoa se expressar. Quando realmente estamos ouvindo, a comunicação dos colaboradores, aprimorando a sua atuação
uma forte conexão é estabelecida entre nós e o outro. Uma ligação
em reuniões e contato com clientes por meio de uma linguagem
invisível que nos conecta e nos permite ocuparmos o lugar do
dinâmica, segura e objetiva.
outro, e com isso conseguimos entender melhor que esta outra
Barreiras ocorrem quando a comunicação se estabelece mal
pessoa é e o que ela deseja. Quando você estiver ouvindo, foque
ou não se estabelece entre pessoas ou entre grupos. Daí resultam
sua atenção somente na outra pessoa. Escute, veja, sinta o que ela
tem a dizer. Escute não somente o que está sendo dito, mas preste alguns fenômenos psíquicos (CIEE, 2013):
atenção principalmente no que não está sendo dito. Ruído é a interrupção da comunicação através de mecanismos
‘Leia’ a expressão corporal, sinta a energia transmitida, veja a externos, sons estranhos à comunicação, visualizações que com-
luz que brilha no olhar do outro. Quando você realmente souber prometem a comunicação, ou mecanismos utilizados pelo locutor,
ouvir um mundo de oportunidades surgirá. Ouça seus clientes, sua que seja incompreendido pelo interlocutor. A partir do momento
família, seus amigos e você aprenderá muito com eles; principal- em que se elimina o ruído a comunicação tende a se estabelecer.
mente a ouvir você mesmo. Ouça, pergunte, compreenda e, só Bloqueio é a interrupção total ou provisória da comunicação
então, dê a sua resposta. e paradoxalmente parecem comprometer menos a evolução da
comunicação do que a filtragem.
Saber ouvir Filtragem é o mecanismo de seleção, danosa, dos aspectos da
Um ouvinte eficiente é aquele que ‘ouve’ com todos os seus comunicação que erroneamente interessam aos interlocutores.
sentidos, emoções e sentimentos. Um bom ouvinte deve ser capaz De acordo com o CIEE, o surgimento de um bloqueio obriga os
de pensar rapidamente para sintetizar e encontrar prontas respos- interlocutores a questionar suas comunicações e geralmente lhes
tas para aquilo que o transmissor está comunicando. Saber ouvir permite reatá-las e restabelecê-las em clima mais aberto e em uma
exige reflexão, questionamento e poder de síntese sobre aquilo base mais autêntica. Desde que cada interlocutor, tenha tomado
que está acontecendo. consciência de que neles, e entre eles, existam obstáculos às suas
trocas. Em caso de filtragem, a comunicação tende a acompanhar-
Empatia e a Comunicação -se de reticências e de restrições mentais, degradando-se pouco a
A empatia é uma forma de compreensão definida como: capaci- pouco em mensagens cada vez mais ambíguas e equivocadas.
dade de perceber e de compreender os sentimentos de uma outra Alguns aspectos podem ser refletidos com a finalidade de mini-
pessoa. Uma condição psicológica que permite a uma pessoa sentir mizar as barreiras na comunicação, segundo o CIEE:
o que sentiria caso estivesse na situação e circunstância experimen- Comunicação é sempre uma via de mão dupla. Uma das
tada por outra pessoa. melhores maneiras de fortalecer a comunicação é desenvolver
Um olhar, um tom de voz um pouco diferente, um levantar de a habilidade não apenas de falar, mas de ouvir também. Dar a
sobrancelhas, podem comunicar muito mais do que está contido
atenção completa, inclusive com os olhos e as expressões faciais.
em uma mensagem manifestada através das palavras.
Quando concentramos nossa atenção, mostrando que não estamos
apenas escutando com os ouvidos, poderemos nos identificar com
o que a outra pessoa está sentindo ou experimentando. Conse-
quentemente, a pessoa que nos fala também nos dará a atenção
que desejamos quando formos nós os locutores.

41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
É preciso o momento certo para se comunicar. Às vezes pas- 4. A comunicação como base de cidadania
samos por cima dos sentimentos das pessoas, sem observarmos se Função: direito à informação. A comunicação deve ser enten-
estão preparadas para ouvirem determinadas coisas ou se aquele dida como um dever da administração pública e um direito dos
momento é adequado para uma conversa mais séria. É preciso boa usuários e consumidores serviços. Sonegar tal dever e negar esse
vontade e discernimento para saber qual a melhor ocasião para direito é um grave erro das entidades públicas. Os comunicadores
que o diálogo seja eficaz. precisam internalizar esse conceito, na crença de que a base da
cidadania se assenta também no direito à informação.
A precipitação ao responder pode ser prejudicial. Esperar o
outro terminar de dizer o que pensa, para que então se possa emitir 5. A comunicação como função orientadora do discurso dos
o próprio pensamento, pode ser uma grande arma para resolver dirigentes
uma barreira de comunicação. Às vezes pensamos que sabemos o Função: assessoria estratégica. Essa é uma das mais relevantes
que o outro vai dizer e, sem vacilar, cortamos o seu momento na funções da comunicação. Trata-se de elevar o status do sistema de
conversa. Somente depois descobrimos que não era nada daquilo comunicação ao patamar estratégico de orientação das cúpulas
que iria falar, correndo o risco de criarmos uma barreira ainda dirigentes. Essa função exige dos comunicadores boa bagagem
maior. conceitual e cultural.

É preciso estar aberto à cordialidade. Nunca será demais 6. A comunicação como forma de mapeamento dos interesses
estarmos dispostos a desejar um bom dia, pedir desculpas, dizer sociais
obrigado, pedir por favor... e a sorrir. Às vezes, gestos como estes Função: pesquisa. Há de se considerar a prospecção ambiental
desarmam mecanismos de defesa e formas de ser não muito dadas como ferramenta importante do planejamento estratégico de
ao contato pessoal, ao diálogo e à interação. comunicação. Afinal de contas, a pesquisa é que detecta o foco,
O exercício de se colocar no lugar do outro (empatia) permite os eixos centrais e secundários, as demandas e expectativas dos
fazer da comunicação um importante instrumento de fortalecimen- receptores.
to das relações interpessoais.
Gaudêncio Torquato destaca as funções da comunicação na 7. A comunicação como forma de orientação aos cidadãos
Administração Pública: Função: educativa. Nesse aspecto, a comunicação assume o
Um dos modos eficientes de planejar a comunicação na ad- papel da fonte de educação, pela transmissão de valores, ideias e
ministração púbica é espelhar seus programas em um leque de cargas informativas que sedimentarão a bagagem de conhecimen-
funções. A seguir, um pequeno roteiro com 10 funções. to dos receptores.
1. A comunicação como forma de integração interna – diapa- 8. A comunicação como forma de democratização do poder
são Função: política. Compartilhar as mensagens é democratizar o
Função: ajustamento organizacional. Os ambientes internos, poder. Pois a comunicação exerce um poder. Assim, detém mais
alimentados por eficientes fontes de comunicação, motivam-se e
poder quem tem mais informação. Nas estruturas administrativas,
integram-se ao espírito organizacional, contribuindo de forma mais
tal poder é maior nas altas chefias. E quando se repartem as infor-
eficaz para a consecução das metas.
mações por todos os ambientes e categorias de públicos, o que se
está fazendo, de certa forma, é uma repartição de poderes.
2. A comunicação como forma de expressão de identidade –
9. A comunicação como forma de integração social
tuba de ressonância
Função: social. A comunicação tem o dom de integrar os grupos
Função: Imagem e credibilidade. O Poder Executivo sofre cons-
pelo elo informativo. Ou seja, quem dispõe das mesmas informa-
tantemente da desintegração das estruturas e equipes, o que acaba
ções pode entender melhor seus semelhantes, dialogar, colocar-se
gerando dissonância na comunicação. E dissonância fragmenta a
identidade governamental. A comunicação integrada e comandada no lugar do interlocutor. A comunicação, como a língua, exerce o
por um polo central tem condições de equacionar esse problema. extraordinário poder de integrar as comunidades, unindo-as em
O poder legislativo carece de um planejamento de comunica- torno de um ideal.
ção externa, voltado para traduzir todas as funções e atividades,
salvaguardando a imagem da instituição. O poder judiciário, o mais 10. A comunicação como instrumento a serviço da verdade
fechado, carece da mesma intensificação de programas de comu- Função: ética. Não se deve transigir. A verdade deve ser a fonte
nicação externa. de inspiração da comunicação pública. Até porque a mentira e as
falsas versões acabam sendo desmascaradas. A comunicação preci-
3. A comunicação como base de lançamento de valores sa servir ao ideário da ética, valor básico dos cidadãos.24
Função: expressão de cultura. O sistema de comunicação é A comunicação pode ser formal e informal. A comunicação
fonte de irradiação de valores. No planejamento, um conjunto de institucional é formal e diz respeito a qualquer tipo de informação
princípios valorativos se faz necessário para alimentar a cultura que tenha caráter oficial de uma instituição pública ou privada.
interna e projetar o conceito junto aos diversos públicos-alvo. Os
valores devem estar centrados no interesse e no papel da institui- De acordo com Aluízio Ferreira (1997, 236), “é toda informação
ção, não nos interesses do dirigente. É claro que ele irá imprimir a cuja fonte ou proveniência seja uma entidade ou órgão estatal, ou
sua marca, mas a identidade institucional é o foco principal. um ente privado que realize atividades que tenha caráter público”.
Em Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada,
Margarida Maria Krohiling Kunsch (2003, 165) afirma que “a co-
municação institucional é a responsável direta, por meio da gestão
estratégica das relações públicas, pela construção e formação de
24. Obtido em http://votoemarketing.blogspot.com.
br/2010/02/funcoes-da-comunicacao-na-administracao_28.html

42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
uma imagem e identidade corporativas fortes e positivas de uma • minimizar perdas;
organização. A comunicação institucional está diretamente ligada • maximizar ganhos; e
aos aspectos corporativos institucionais que explicitam o lado • alcançar uma situação em que, comparativamente, o gestor
público das organizações, constrói uma personalidade creditiva or- julgue que haverá um ganho entre o estado em que se encontra a
ganizacional e tem como proposta básica a influência político-social organização e o estado em que irá se encontrar depois de imple-
na sociedade onde está inserta”. Uma definição objetiva e simples mentada a decisão.
de comunicação institucional é a de Abílio da Fonseca (1999, 140),
professor e especialista em relações públicas de Portugal, que Para que se tome a melhor decisão em determinadas situações
a designa “como conjunto que é de procedimentos destinados a de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão elaborar to-
difundir informações de interesse público sobre as filosofias, as das as alternativas possíveis sobre o problema em questão, visan-
políticas, as práticas e os objetivos das organizações, de modo a do escolher o melhor caminho para otimizar a opção pela qual se
tornar compreensíveis essas propostas”. Para Gaudêncio Torquato decidiu, possibilitando à empresa crescer e desenvolver-se nesse
do Rego (Apud Kunsh, 2003), “a comunicação institucional objetiva contexto de competitividade tão agressiva.
conquistar simpatia, credibilidade e confiança, realizando, como O que significa decidir
meta finalista, a influência político-social, a partir da utilização • “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um
de estratégias de relações públicas, tanto no campo empresarial conjunto de alternativas.”(Caravantes)
como no governamental, de imprensa, publicidade, até as técnicas
• “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como
e práticas do lobby”. Em última instância, Margarida Kunsh conclui
uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo de
que a comunicação institucional,através das relações públicas,
resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” (Sobral).
destaca os aspectos relacionados com a missão, os valores e a
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, isto
filosofia da organização e soma para o desenvolvimento do que
chama de subsistema institucional, compreendido pela “junção é, existe uma discrepância entre o estado atual das coisas e o esta-
desses atributos.” Como comunicadores e formadores de opinião do desejável que exige uma consideração sobre cursos de ação al-
que somos, com a utilização dessa importante ferramenta, temos o ternativos. (...) O conhecimento sobre a existência de um problema
poder de passar a informação de forma positiva sem nos esquecer, e sobre a necessidade de uma decisão depende da percepção da
entretanto, de que a comunicação institucional deve passar veraci- pessoa.” (Robbins).
dade e confiabilidade. • “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envolva
Por sua vez, a comunicação interpessoal é informal e acontece a tomada de decisões, isso não significa que todas as decisões se-
quando pessoas trocam informações entre si, troca que pode ser jam complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões estratégi-
direta e imediata ou pode ser indireta e mediada, conforme Dante cas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam muitas
Diniz Bessa (2006). No primeiro caso, as pessoas estão cara a cara pequenas decisões todos os dias. Aliás, quase sempre as decisões
e se relacionam, principalmente, por meio da fala e da gesticula- gerenciais são de rotina. No entanto, é o conjunto dessas decisões
ção, como, por exemplo, quando conversam em algum ambiente que permite à organização resolver problemas, aproveitar oportu-
informal (em uma festa ou no intervalo do trabalho, por exemplo) nidades e, com isso, alcançar seus objetivos.” (Sobral)
e contam histórias; relatam acontecimentos; descrevem pessoas;
dizem o que leram no jornal; avisam da chegada de alguém, contam Administrar é, em última análise, tomar decisões.
piadas, entre outros. Para atingir os resultados organizacionais de forma eficiente e
Já a comunicação indireta e mediada acontece quando as pes- eficaz, é preciso fazer escolhas.
soas estão distantes e não podem se enxergar nem escutar uma Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai ser utiliza-
a outra. Nessa situação, elas precisam usar algum meio que lhes da? Qual tecnologia vai ser empregada? Que fonte de recursos fi-
possibilite a troca de informações, transportando a voz ou os gestos nanceiros vai ser utilizada? A máquina será comprada ou alugada?
que uma faz até a outra. Os meios utilizados podem ser variados Estas e inúmeras outras perguntas precisam ser respondidas duran-
(telefone, carta, computador), mas uma vez usado um meio, ele te a gestão de uma organização. Para respondê-las é preciso fazer
estará mediando (intermediando) a comunicação entre as pessoas escolhas, é preciso decidir!
(BESSA, 2006).
Conforme Bessa (2006), “há uma semelhança fundamental
Técnicas de análise e solução de problemas
entre os dois tipos de comunicação: ambos são relações sociais
que colocam as pessoas em interação no próprio ato da troca de
O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um
informações”
método gerencial que é utilizado para a criação, manutenção ou
melhoria de padrões. É uma metodologia para se manter e contro-
PROCESSO DECISÓRIO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS lar a qualidade, e deve ser de amplo conhecimento de todos, ou
seja, deve ser dominada por todas as partes envolvidas dentro de
Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez mais acir- uma organização.
rada entre as organizações, a todo momento necessitamos tomar Esse método apresenta duas grandes vantagens:
decisões sempre que estamos diante de um problema que apresen- • permite a solução de problemas de modo eficaz;
ta mais de uma alternativa de solução. Mesmo quando possuímos • permite que os indivíduos de uma organização se capacitem
uma única opção para solucioná-lo, poderemos ter a alternativa de de maneira a solucionar os problemas que sejam de sua responsa-
adotar ou não essa opção. bilidade.
O processo de escolher o caminho mais adequado para a em-
presa, naquela circunstância, também é conhecido como tomada
de decisão.
Os administradores devem ter como objetivo em suas tomadas
de decisão:

43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e • avaliação ou estudo de opções/alternativas: aqui temos que
subpassos pré-definidos para a escolha de um problema, análise nos preocupar em identificar as possíveis soluções ao problema ou
de suas causas, determinação e planejamento de um conjunto de tema, assim como suas prováveis consequências;
ações que consistem uma solução, verificação do resultado da solu- • seleção da melhor opção: uma vez analisadas todas as op-
ção e realimentação do processo para a melhoria do aprendizado e ções, devemos escolher a que nos parece mais conveniente e ade-
da própria forma de aplicação em ciclos posteriores. quada;
Partindo também do pressuposto de que em toda solução há • colocar em prática as medidas tomadas: uma vez tomada a
um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aquela decisão, devemos levá-la à prática e observar sua evolução; e
que maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos. • avaliação dos resultados: nessa última fase temos que consi-
Há, portanto, um ponto ideal para a solução, em que se pode derar se o problema foi resolvido conforme o previsto, analisando
obter o maior benefício para o menor esforço, o que pode ser defi- os resultados para conseguir o objetivo pretendido.
nido como decisão ótima (BAZERMAN).
A construção do MASP como método destinado a solucionar Segundo Cassarro (2003, p. 75-81), uma vez vistos os passos
problemas dentro das organizações passou pela idealização de um distintos e elementos que temos que considerar no processo de
conceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de ideias in- tomada de decisões, relacionamos as possíveis falhas ou erros em
ter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a formulação que se pode incorrer na forma de tomar decisões, como:
e comprovação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenôme- • não realizar um bom estudo da situação. Falta de informação
nos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico. (falta de dados);
Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não • falta de decisão porque não se tem a informação completa;
se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz, • resolver os sintomas em vez das causas;
ele procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com • demora nas decisões por temer o equívoco. Extrema meti-
menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem como ca- culosidade;
racterística a racionalidade utilizando lógica e dados. • mudança constante de prioridades, indefinição. Falta de ob-
jetivos;
O MASP é formado por oito etapas: • decisões extremamente rápidas, quase compulsivas, para
acabar quanto antes com o problema;
• considerar só a primeira alternativa de que se dispõe;
• decidir entre as alternativas por intuição sem elaborar crité-
rios;
• acomodar-se aos critérios tradicionais ou convencionais na
tomada de decisões;
• pretender resolver um excessivo número de problemas e to-
mar, simultaneamente, muitas decisões; e
• falta de antecipação de riscos. Falta de previsão.
Todo o processo de tomada de decisões deve assumir riscos,
porque qualquer decisão, embora planejada cuidadosamente, im-
plica um risco em si.
Acrescenta-se, também, a necessidade de renúncia, isto é, ao
mesmo tempo que se opta por uma alternativa (decisão), renuncia-
-se aos benefícios potenciais de outras opções e, finalmente, com
responsabilidade, pois quem toma uma decisão deve aceitar a res-
ponsabilidade das consequências. Se não compartilhamos a toma-
da de decisões, não é justo dividir a responsabilidade

1. Identificação do problema
A identificação do problema é a primeira etapa do processo de
O processo de tomada de decisões melhoria em que o MASP é empregado. Se feita de forma clara e
A necessidade de tomar decisões rapidamente em um mun- criteriosa pode facilitar o desenvolvimento do trabalho e encurtar o
do cada vez mais complexo e em contínua transformação, pode ser tempo necessário à obtenção do resultado.
desconcertante, pela impossibilidade de assimilar toda a informa- A identificação do problema tem pelo menos duas finalidades:
ção necessária para adotar a decisão mais adequada. O importante (a) selecionar um tópico dentre uma série de possibilidades,
é adotar um enfoque proativo de tomada de decisões, ou seja, de- concentrando o esforço para a obtenção do maior resultado pos-
vemos tomar decisões sem esperar que os outros o façam por nós, sível; e
ou mesmo sem esperar a nos ver forçados a fazê-lo. (b) aplicar critérios para que a escolha recaia sobre um proble-
Resumidamente, tudo isso nos leva a pensar que tomar deci- ma que mereça ser resolvido.
sões supõe um processo mental que considera os seguintes passos
(CASSARRO, 2003, p. 67-72): O que é um problema?
• identificação do problema: temos que reconhecer quando Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas,
estamos ante um problema para buscar alternativas a ele. Nesse de maneira geral, podemos dizer que é uma questão que nos pro-
primeiro escalão, temos que perguntar: o que decidir? pomos resolver. Perceba que solucionar um problema não significa,
• análise do problema: nesse passo, devemos identificar as necessariamente, ter-se um método para solucioná-lo.
causas do problema e suas consequências e recolher a máxima in- Exemplo:
formação sobre ele. Nessa ocasião, a questão a resolver é identifi- – Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objeti-
car as opções possíveis; vos e não sabe que ações deve tomar para conseguir solucioná-los.

44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas que estão
componentes: ocorrendo, que estão sendo causadas pelo problema em questão,
• um objetivo a ser alcançado; assim como os potenciais ganhos que o MASP pode trazer. O item
• um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e “quanto” da fase anterior pode subsidiar a presente. Falconi afirma
• a situação inicial do problema. que nesta fase se deve responder, basicamente, a duas coisas: o
que se está perdendo e o que é possível ganhar.
Outro exemplo: Lembramos que quando nos referirmos a perdas de natureza
Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal qualitativa temos grande dificuldade para medir seu custo para a
a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos fabricados. Ad- organização ou até mesmo podemos dizer que isso seja impossível.
mite-se a ocorrência de um problema apenas quando for consta- Quais podem ser os custos do aumento do número de ocorrências
tado um número de defeitos que ultrapasse a razão de mais de 10 de reclamações dos clientes? Quais serão os custos para a imagem
parafusos defeituosos por milhão produzido. da organização, provocados pela perda de credibilidade em decor-
Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indese- rência de algum defeito existente em um determinado produto?
jável (Falconi), mas geralmente a solução implica o retorno a um
desempenho anterior aceitável. Passos da Etapa 3 –
Na abordagem do autor Maximiano, “um problema é uma si- Análise
tuação que exige uma decisão ou solução, e para tanto oferece um - Levantamento das variáveis que influenciam no problema
conjunto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher - Escolha das causas mais prováveis (hipóteses)
uma ou mais”. Na abordagem desse autor, os problemas podem ser - Coleta de dados nos processos
caracterizados por: - Análise das causas mais prováveis; confirmação das hipóteses
(a) diferença entre situação real e ideal; - Teste de consistência da causa fundamental
(b) situação adversa; - Foi descoberta a causa fundamental?
(c) missões e objetivos;
(d) situação que oferece escolhas;
4. Plano de Ação
(e) obstáculos ao tentar atingir metas; e
Uma vez que as verdadeiras causas do problema foram iden-
(f) desvios do comportamento esperado.
tificadas, ou pelo menos as causas mais relevantes entre várias, as
Passos da Etapa 1 – formas de eliminá-las devem então ser encontradas Para Hosotani
Identificação do problema esta etapa consiste em definir estratégias para eliminar as verda-
- Identificação dos problemas mais comuns deiras causas do problema identificadas pela análise e então trans-
- Levantamento do histórico dos problemas formar essas estratégias em ação. Conforme a complexidade do
- Evidência das perdas existentes e ganhos possíveis processo em que o problema se apresenta, é possível que possa
- Escolha do problema existir um conjunto de possíveis soluções. As ações que eliminam as
- Formar a equipe e definir responsabilidades causas devem, portanto, ser priorizadas, pois somente elas podem
- Definir o problema e a meta evitar que o problema se repita novamente.
Passos da Etapa 4:
2. Observação Plano de ação
A observação do problema é a segunda etapa do MASP e con- - Definir estratégia de ação.
siste averiguar as condições em que o problema ocorre e suas ca- - Elaborar plano de ação.
racterísticas específicas do problema sob uma ampla gama de pon-
tos de vista. Essa fase consiste no estabelecimento de metas a atingir, isto
O ponto preponderante da etapa de Observação é coletar in- é, elas devem ser alcançadas com o método MASP. Na maioria dos
formações que podem ser úteis para direcionar um processo de MASPs de manutenção, o objetivo é, de maneira geral, o retorno às
análise que será feito na etapa posterior. Kume compara esta etapa condições ideais anteriores à ocorrência do problema.
com uma investigação criminal observando que “os detetives com- 5. Ação
parecem ao local do crime e investigam cuidadosamente o local Na sequência da elaboração do plano de ação, está o desen-
procurando evidências” o que se assemelha a um pesquisador ou volvimento das tarefas e atividades previstas no plano. Esta etapa
equipe que buscam a solução para um problema. do MASP consiste em nomear os responsáveis pela sua execução,
3. Análise iniciando-se por meio da comunicação do plano com as pessoas en-
A etapa de análise é aquela em que serão determinadas as volvidas, passando pela execução propriamente dita, e terminando
principais causas do problema. Se não identificamos claramente as com o acompanhamento dessas ações para verificar se sua execu-
causas provavelmente serão perdidos tempo e dinheiro em várias
ção foi feita de forma correta e conforme planejado.
tentativas infrutíferas de solução. Por isso ela é a etapa mais impor-
Passos da Etapa 5 –
tante do processo de solução de problemas. Para Kume a análise se
Ação
compõe de duas grandes partes que é a identificação de hipóteses e
- Divulgação e alinhamento
o teste dessas hipóteses para confirmação das causas. A identifica-
ção das causas deve ser feita de maneira “científica” o que consiste - Execução das ações
da utilização de ferramentas da qualidade, informações, fatos e da- - Acompanhamento das ações
dos que deem ao processo um caráter objetivo.

45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
6. Verificação
Essa etapa do MASP representa a fase de check do ciclo PDCA e consiste na coleta de dados sobre as causas, sobre o efeito final
(problema) e outros aspectos para analisar as variações positivas e negativas possibilitando concluir pela efetividade ou não das ações de
melhoria (contramedidas). É nesta etapa que se verifica se as expectativas foram satisfeitas, possibilitando aumento da autoestima, cresci-
mento pessoal e a descoberta do prazer e excitação que a solução de problemas pode proporcionar às pessoas (HOSOTANI).
Parker observa que “nenhum problema pode ser considerado resolvido até que as ações estejam completamente implantadas, ela
esteja sob controle e apresente uma melhoria em performance”. Assim, o monitoramento e medição da efetividade da solução implantada
são essenciais por um período de tempo para que haja confiança na solução adotada. Hosotani também enfatiza este ponto ao afirmar
que os resultados devem ser medidos em termos numéricos, comparados com os valores definidos e analisados usando ferramentas da
qualidade para ver se as melhorias prescritas foram ou não atingidas.

Passos da Etapa 6 –

Verificação
- Comparar resultados obtidos com os previstos.
- Listar efeitos colaterais não previstos.
- Verificar nível do bloqueio observado (grau de eficácia do plano de ação)

7. Padronização
Uma vez que as ações de bloqueio ou contramedidas tenham sido aprovadas e satisfatórias para o alcance dos objetivos ela podem ser
instituídas como novos métodos de trabalho. De acordo com Kume existem dois objetivos para a padronização. Primeiro, afirma o autor,
sem padrões o problema irá gradativamente retornar à condição anterior, o que levaria à reincidência. Segundo, o problema provavelmen-
te acontecerá novamente quando novas pessoas (empregados, transferidos ou temporários) se envolverem com o trabalho. A preocupa-
ção neste momento é, portanto, a reincidência do problema, que pode ocorrer pela ação ou pela falta da ação humana. A padronização
não se faz apenas por meio de documentos.

Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma dos pensamentos e hábitos dos trabalhadores” (KUME), o que inclui a edu-
cação e o treinamento.
Passos da Etapa 7 –
Padronização
- Elaboração ou alteração de documentos
- Registro e comunicação
- Definir mudanças que devem ser incorporadas ao Procedimento Padrão Operacional — PPO.
- Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
- Treinar pessoal (no PPO revisado).
- Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento.
- Auditar cumprimento do padrão

8. Conclusão
A etapa de Conclusão fecha o método de análise e solução de problemas. Os objetivos da conclusão são basicamente rever todo o
processo de solução de problemas e planejar os trabalhos futuros. Parker reconhece a importância de fazer um balanço do aprendizado,
aplicar a lições aprendidas em novas oportunidades de melhoria.
Passos da Etapa 8 –
Conclusão
- Identificação dos problemas remanescentes
- Planejamento das ações antirreincidência
- Balanço do aprendizado
- Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.

O MASP é um método que permanece atual e em prática contínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a da Gestão da Qua-
lidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamente por organizações de todos os portes e ramos.

46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
FATORES QUE AFETAM A DECISÃO

São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais como custos envolvidos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assu-
midos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponíveis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilidade do
tomador de decisão, estrutura de poder da organização etc.
Chiavenato destaca três condições sob as quais a decisão pode ser tomada:

CERTEZA RISCO INCERTEZA

Certeza: É a situação em que temos sob controle todos os fatores que afetam a tomada de decisão. Sabemos quais são os riscos e
probabilidades de ocorrência de eventos, temos informações sobre custos, sabemos quais são os fatores potencializadores e restritores,
temos estudos de viabilidade das alternativas etc.
Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade de ocorrência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de acordo
com os riscos que estamos dispostos a assumir.
Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem pouca ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência de
cada evento futuro.

Tipos de decisões

Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha entre alternativas ou possibilidades.
As decisões são escolhas necessárias para a resolução de problemas ou aproveitamento de oportunidades, sejam elas relativas a as-
pectos operacionais, como comprar ou alugar uma máquina, ou estratégicos, como entrar ou não no mercado internacional.
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões tomadas nas organizações afetam todo o seu contexto, podendo influenciar es-
tratégias organizacionais, políticas ou até mesmo uma determinada parcela da sociedade onde elas estejam inseridas.

47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm se apoian- sam ser aplicados à situação, mas sempre levando em consideração
do em diversos fatores para que a tomada de decisão seja o mais que as metodologias de solução de problemas passados podem não
assertiva possível e o tomador de decisão possa estar mais seguro ser aplicáveis no caso em questão.
diante de possíveis e prováveis problemas que possam surgir. Pelo fato de as decisões não programadas serem tão importan-
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no momen- tes para as empresas e tão comuns para a gerência, a eficiência de
to da tomada de decisão, poderão se defrontar com dois tipos de um gerente muitas vezes será julgada de acordo com a qualidade de
situação que, de acordo com sua natureza, terão e abordagem dife- sua tomada de decisão.
rente para se alcançar as soluções adequadas.
O processo de tomar decisões, ou processo decisório, se com- Também há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em
põe de uma sequência de etapas, que vão da identificação da ques- que ela é tomada. Assim, decisões estratégicas são aquelas mais
tão a ser resolvida até a ação, quando uma alternativa de solução é amplas, referentes à organização como um todo e sua relação com
colocada em prática. o ambiente. São tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e pos-
As decisões nas organizações se dividem em duas categorias suem consequências de longo prazo.
principais: as programadas e as não programadas. As decisões táticas ou administrativas são tomadas nos níveis
das unidades organizacionais ou departamentos.
Podemos considerar decisões programadas aquelas que toma- Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas tomadas no
mos quando percebemos os problemas como bem compreendidos, dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realida-
altamente estruturados, rotineiros, repetitivos e para cuja solução de organizacional. Vimos, nos elementos da decisão, a definição de
podemos utilizar procedimentos e regras sistemáticos. Essas deci- tomador da decisão. Maximiano nos ensina uma outra tipologia,
sões são sempre semelhantes. referente a quem é o tomador de decisões:
As decisões programadas ou estruturadas compõem o acervo, Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem discussões,
o estoque de soluções armazenadas pela organização, com base acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou
nas experiências anteriores por que passou. alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que já foram rápida de tomada de decisão e não deve ser questionada. Muitas
enfrentados antes e que possuem um comportamento semelhante. vezes, são decisões de cunho estritamente técnico.
Para estes tipos de problemas, não há necessidade de criação Decisões compartilhadas: São aquelas decisões tomadas de
de alternativas de solução e escolha da mais adequada. Basta seguir forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características
as ações que já foram exercidas com sucesso nas ocasiões anterio- marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso.
res. Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consul-
da pirâmide hierárquica. ta,ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
Como exemplo, podemos citar uma situação de incêndio, onde Decisões delegadas: “São tomadas pela equipe ou pessoa que
já há um roteiro de etapas a serem seguidas, já se sabe qual ca- recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam ser
minho os ocupantes de cada andar do prédio devem seguir, pois aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo assu-
todo o estudo da melhor rota de fuga já foi feito com antecedência. me plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a infor-
Esses são exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas mação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes para
e rotineiras. decidir da melhor maneira possível”.
Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base
da pirâmide hierárquica. Identificamos ainda, dentro do conceito de elementos da de-
cisão o item de: Certeza, risco e incerteza - Podemos chamar de
As decisões não programadas ou não estruturadas são neces- incerteza aquela situação que, muitas vezes, se configura por existi-
sárias em situações em que as decisões programadas não conse- rem informações insuficientes e dúbias para os tomadores de deci-
guem resolver. são. Isso certamente inviabiliza a clareza das alternativas e traz con-
Quando nos referimos a decisões não programadas nos referi- sigo riscos inerentes, fazendo com que a decisão tomada se torne
mos àquelas que resultam de problemas que não são bem compre- mais difícil de ser operacionalizada.
endidos, são “pobres” de estruturação, tendem a ser singulares e Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de ser neces-
não se prestam aos procedimentos sistêmicos ou rotineiros. sário identificar claramente qual é o problema e de se ter em mãos
São situações inesperadas, que a organização está enfrentando informações de qualidade, o gestor precisa possuir também um co-
pela primeira vez e que admitem diferentes formas de resolução, nhecimento aprofundado do mercado em que atua, conhecendo
cada uma com suas vantagens e desvantagens. seus concorrentes e a capacidade organizacional deles. É assim que
Estas situações exigem uma análise mais profunda, um diag- são geridas empresas bem estruturadas e administradas. Esse gru-
nóstico para o perfeito entendimento do problema até a tomada po é composto especialmente pelas organizações de grande porte.
de decisão que vai levar à ação. Por este motivo são mais comuns É importante que o gestor decida com rapidez e que reduza
no nível institucional ou estratégico da organização, no topo da pi- a incerteza. Agindo assim poderá planejar de maneira estratégica
râmide hierárquica. possíveis ações futuras que poderão dar à sua empresa vantagem
competitiva em relação às concorrentes.
Os problemas que exigem esse tipo de decisões serão solucio- • decisão em condições de certeza – ocorre quando há total
nados a partir da habilidade dos gerentes em tomar decisões, já conhecimento de todos os estados da natureza do processo deci-
que não existem soluções rotineiras. sório.
Como exemplo, podemos citar os gerentes, principalmente
nos níveis mais altos da organização, que muitas vezes necessitam Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação que está
tomar decisões não programadas durante o curso de definição de ocorrendo no instante em que se está tomando a decisão.
metas e estratégias de uma empresa e em suas atividades diárias. • decisão em condições de risco – ocorre quando não são co-
Em muitas ocasiões eles utilizam sua própria experiência na solução nhecidas as probabilidades associadas a cada um dos estados da
desse tipo de problema, procurando princípios e soluções que pos- natureza do processo decisório.

48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A situação é pouco conhecida. Para a tomada de decisão em Essas mudanças na área de RH espelharam-se nas mudanças
condições de risco, a certeza irá variar entre 0% e 100%. Sob con- do mercado de trabalho e das rupturas verificadas no pensamento
dições de risco, o gestor utiliza a experiência pessoal, sua intuição relacionado às estratégias de negócios, notadamente na discussão
ou informações secundárias para mensurar as chances de acerto de que se fez relacionada à competitividade e ao desenvolvimento de
alternativas ou resultados. competências essenciais para o negócio.
• decisão em condições de incerteza ou em condições de igno-
rância – ocorre quando não se obtiveram informações e dados so- ANTES AGORA
bre as circunstâncias do processo decisório ou em relação à parcela
dessa situação. Para decidir numa situação dessas deve-se recorrer • operacional • estratégica
à intuição e à criatividade. • foco no curto prazo • foco no longo prazo
• decisão em condições de competição ou em condições de • papel administrativo • papel consultivo
conflito – ocorre quando a estratégia e a situação em si do processo • ênfase na função • ênfase no “negócio”
de tomada de decisão são determinadas pela ação de competido- • foco no público interno • foco públicos interno e
res. Quando ocorre de um gestor, ao tomar uma decisão, prever • reativa/solucionadora de • externo
que não haverá nenhum resultado não previsto, classificamos essa problemas • proativa e preventiva
decisão como uma decisão programada. • foco no processo e atividades • foco nos resultados

NOÇÕES BÁSICAS DE GERÊNCIA E GESTÃO DE Figura – Síntese das mudanças na função de RH


ORGANIZAÇÕES E DE PESSOAS Fonte: Helena Tonet

Enquanto as estratégias funcionais prendiam-se às funções


Administração de recursos humanos clássicas da área de RH, voltadas para atender a alguma demanda,
Finalidades da gestão de pessoas as capacidades estratégicas tinham como foco o estudo da cultura,
das competências e do desenvolvimento do comprometimento dos
Gestão de Pessoas ou Administração de Recursos Humanos empregados para que a empresa alcançasse seus objetivos.
(ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir A visão atual pressupõe que a área de RH dê conta: da atração,
os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou provimento e retenção de pessoas; do alinhamento, mensuração
recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, e remuneração alinhada à performance da empresa e dos empre-
recompensa e avaliação de desempenho. É o conjunto de decisões gados; do controle de investimento em pessoas, de acordo com as
integradas sobre as relações de emprego que influencia a eficácia demandas da empresa (GUBMAN, 2004). Dentro desta nova visão,
dos funcionários e das organizações (CHIAVENATO, 1999, p.8). Seus estratégica, o foco da área de RH é móvel, conforme as mudanças
objetivos são: no cenário no qual a organização está imersa, mudanças estas que
• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua podem interferir no mercado de trabalho ou no resultado da em-
missão; presa. Assim, dá-se importância a ações diferentes dentro da área,
• Proporcionar competitividade à organização; dependendo das exigências da organização para um determinado
• Proporcionar à organização, empregados bem treinados e momento.25
bem motivados; Ashton et al. (2004) apontam que a área de RH tem três capa-
• Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados cidades-chave que devem atuar de maneira simultânea para ajudar
no trabalho; as empresas a serem competitivas: em primeiro lugar, distribuir
• Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho; os serviços relacionados a processos de RH, de modo que todos
• Administrar a mudança; os empregados possam ter acesso aos canais internos ou externos
• Manter políticas éticas e comportamento socialmente res- a eles relacionados. Em segundo lugar, estabelecer serviços de
ponsável. consultoria de gestão de RH que funcionem como parceiros para
Durante muito tempo as organizações consideraram o capital executivos, unidades de negócio e gestores de linha; esse tipo de
financeiro como a principal fonte de desenvolvimento. Todavia atu- consultoria deve estar ligado às necessidades específicas de cada
almente percebe-se que a força para o desenvolvimento das orga- área, oferecendo serviços ligados às competências essenciais da
nizações está nas pessoas. Empresas tiveram seu desenvolvimento área e aos aspectos de diferenciação que sejam chave para o ne-
comprometido pela inabilidade na seleção de pessoas; por falta de gócio. Em terceiro lugar, a área deve oferecer mais apoio e serviços
boas ideias; por falta de potencial criativo; falta de entusiasmo e estratégicos para a direção da organização. Esta terceira opção é
motivação da equipe; falta de conhecimentos e competências e vista pelos autores como o futuro da área e envolve significativas
não pela falta de recursos financeiros (Chiavenato, 2005). mudanças, que devem ser feitas na mesma velocidade e às mesmas
No trabalho de César et. al. (2006), destaca-se que a estratégia condições de custo exigidos para o negócio em si. Além disto, Ash-
e o planejamento de RH têm mudado e crescido significativamente ton et al. (2004) propõem seis características para que a área de RH
nos últimos vinte e cinco anos (GUBMAN, 2004), fato revelado pe- seja estratégica:
las mudanças da área de RH no período. Viu-se uma evolução desde I – Foco na estratégia do negócio, baseada na compreensão do
o pensamento pouco estratégico (anterior aos anos da década de negócio em si;
1980 e que resumia a área de RH ao DP – Departamento Pessoal), o II – medidas de desempenho dos objetivos que sejam alinhadas
aparecimento de estratégias funcionais (década de 80), a proposta aos objetivos do negócio;
de desenvolvimento de capacidades estratégicas (nos anos iniciais
da década de 90) até a visão atual, de busca de alinhamento da área
aos resultados estratégicos.
25. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA;
Mauro Neves GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação e o pa-
pel da área de RH em organizações brasileiras. FACEF PESQUISA –
v.9 – n.2 – 2006.

49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
III – alta competência na análise de causa e efeito, priorização II – Busca da melhoria da eficiência dos grupos, calcada nos
e execução de programas da área, o que envolve habilidades ana- atributos pessoais, cooperação intra e interequipes, capacidade de
líticas; adaptação e desenvolvimento de compromisso entre colaborado-
IV – excelência em serviços de relacionamento e competências res e empresa.
para desenvolver o nível de tecnologia da informação; III – Livre fluxo de informações, tendo cada componente do
V – atuação na estrutura da organização e no desenvolvimento grupo plena consciência da relação de causa e efeito existente nas
de capacidades que estejam alinhadas a ambientes que exigem alto tarefas executadas.
desempenho; IV – Treinamento e reciclagem constantes, permitindo que os
VI – oferta de gestão de relacionamentos de modo a equilibrar colaboradores incorporem novos conhecimentos que permitam
oferta, demanda e expectativas de clientes internos, escolhendo analisar criticamente o seu trabalho e seu ambiente, permitindo
prioridades e alterando alvos, sempre que necessário. Em outras que busquem a melhoria contínua como indivíduo.
palavras, é preciso que gestores da área de RH pensem como ges- V – Cenário propício para o desenvolvimento de estruturas
tores do negócio o que, segundo os autores, tradicionalmente não auto-reguladoras a partir de indivíduos autônomos e participantes.
ocorre, vez que gestores de RH não adotam as crenças dos outros Desta forma, as equipes possuem a capacitação necessária para
altos gestores e não atuam como tal. gerir seus próprios recursos de forma otimizada.
Percebe-se que os gestores e áreas de RH precisam migrar Nesta escala, a gestão de RH está plenamente disseminada
de um modelo mais transacional para atuarem como parceiros pela empresa, sendo cada líder um gestor das pessoas sob a sua
estratégicos do negócio. Esta visão estratégica da área de Recursos responsabilidade. A área de recursos humanos atua então como
Humanos é essencial para que uma empresa se expanda global- órgão consultivo, constantemente sintonizado com as tendências
mente. Globalização, tecnologia e mudanças sociais têm contribu- do mercado e introduzindo novas ideias à estrutura vigente. Assim,
ído para a emergência de mercados e competidores, crescentes os profissionais de Recursos Humanos devem evitar os vícios inter-
pressões de acionistas e desafios crescentes em relação a custos, nos, buscando sempre novos patamares de desempenho através
tempo de desenvolvimento de produtos e serviços, e qualidade. As da aplicação de “benchmarkings” (SOLEDADE, 2007).
organizações precisam que as funções de RH estejam alinhadas ao A moderna Gestão de Pessoas, segundo Chiavenato (2005),
propósito da organização, de modo que as mesmas dêem suporte à baseia-se em três aspectos:
estratégia do negócio (ASHTON et al., 2004). I – tratar as pessoas como seres humanos que possuem
A questão é ser estratégico quando se tem tempo e recursos conhecimentos, competências, com uma história pessoal que os
apenas para o operacional, desafiando a área de RH a estruturar-se torna únicos, diferentes entre si e não como recursos necessitando
para criar maior valor às organizações. David Ulrich (1988) sugere que alguém as administre pois são sujeitos passivos das ações das
cinco ações para que RH crie valor para a organização: organizações;
I. Entender o mundo externo; II – tratar como talentos que impulsionam a organização,
II. Definir e atender os stakeholders (funcionários, clientes, dotando-a de dinamismo, de conhecimento para continuar com-
investidores e gerentes de linha); petitiva;
III. Atualizar e inovar as práticas de RH (pessoas, performance, III – tratar as pessoas como parceiros que investem na orga-
informação e trabalho); nização através de seus esforços, dedicação, comprometimento,
IV. Reger a organização de RH e definir uma estratégia de responsabilidade tendo como expectativa o retorno deste investi-
recursos humanos; mento traduzidos em autonomia, desenvolvimento, remuneração,
V. Assegurar o profissionalismo dos funcionários de RH por reconhecimento, dentre outros.
meio de suas atuações e competências. Os programas de RH devem ser desenhados de modo a ofe-
Estas ações nada mais são do que parte das competências recer benefícios e oportunidades de crescimento profissional aos
de qualquer gestor de área de uma organização Assim, Wessling empregados. A função de administrar Recursos Humanos é das
(2008) defende que a área de RH deve olhar o negócio com lente lideranças (supervisores/gerentes) das organizações. A função
estratégica e realizar mudanças profundas e significativas no modo dos profissionais de Recursos Humanos é de buscar ferramentas e
de operar, alinhando seu novo papel junto aos clientes internos; práticas modernas de gestão de pessoas para facilitar, dar suporte
definir, remanejar e treinar suas competências, e adequar os sis- e apoiar as lideranças na fixação das estratégias, na implementação
temas de RH com foco nos resultados, uma vez que a Gestão de dos processos de mudança organizacional, e nos processos de
Pessoas contribui com o dinamismo, a agilidade e a competitivida- aprendizagem e desenvolvimento das pessoas; estimular o autode-
de próprias das organizações de sucesso. senvolvimento das pessoas; manter os referenciais da organização
A área de RH deve estar totalmente alinhada à cultura da transparente.
empresa, pois a compreensão dos vínculos construídos dentro do As organizações necessitam de profissionais de RH que tenham
ambiente de trabalho é a etapa inicial para o desafio de gerir as perfil generalista e não mais de especialistas, dando maior abran-
pessoas. Para Soledade (2007), é através do entendimento dos gência às atividades e responsabilidades, devendo possuir maior
elementos constituintes da cultura que é possível compreender qualificação e capacitação profissional (Resende e Takeshima,
os mecanismos de interação entre os colaboradores e as tarefas 2000). Deve-se atentar para:
que executam, sendo possível destacar ainda os seguintes fatores a) GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH: Integrar-se com os objetivos
críticos de sucesso: maiores da organização e como suporte mais efetivo às áreas pro-
I – Desenvolvimento de lideranças capazes de alinhar as expec- dutivas e de negócios, favorecendo o cumprimento de suas metas
tativas do grupo com os objetivos da empresa, criando as condições (Resende e Takeshima, 2000)
de reciprocidade essenciais para atingir um desempenho que aten- b) GESTÃO INTEGRADA DE RH: Entrosar as atividades, os pro-
da às pressões internas e externas da organização. As lideranças jetos, planos e sistemas para garantir que a missão e objetivo da
devem ser legitimadas tanto pelo enfoque do empregado quanto área sejam cumpridos, obtendo sinergia nas funções principais de
pelo da empresa, para que possam efetivamente atuar como elos recursos humano(Resende e Takeshima, 2000).
entre estes dois polos, buscando atuar de maneira conciliatória na
resolução dos conflitos surgidos.

50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• conceitual- saber o porquê – entender as razões, estabelecer
relações, know-why
• interpessoal – saber ser – entender as pessoas, estabelecer
relacionamentos convergentes, estimular motivações, decodificar
emoções, perceber perfis
• sobre o negócio – saber realizar – agir consoante demandas
organizacionais – competências distintivas, essenciais, básicas
Soledade (2007) diz que tradicionalmente são atribuídos 4
objetivos à área de RH: a) recrutamento e seleção de indivíduos
capazes de atender aos desejos e expectativas da empresa; b) ma-
nutenção dos colaboradores na empresa; c) desenvolvimento das
pessoas; d) folha de pagamento, admissão, demissão.26
Entretanto, o passar das últimas décadas mostra uma mudança
neste cenário, com a gestão de RH sendo exercida não mais por uma
área específica, por haver se tornado um atributo de qualquer líder
de equipe. Esta mudança de perspectiva levou à descentralização
dos objetivos acima citados, que passaram a ser absorvidos pelas
diversas áreas da empresa, sendo responsabilidade de cada líder, a
Figura – Gestão Integrada de RH gestão dos colaboradores sob a sua responsabilidade. Cabe então
Fonte: Tania Del Tedesco- 2007 à nova área de RH, atuar como um agente facilitador do processo
de gestão de pessoas, propiciando as áreas da empresa os recursos
Das mudanças organizacionais em curso, destacam-se: e instrumentos necessários a este novo desafio (SOLEDADE, 2007).
• Horizontalização das estruturas, redução de níveis hierárqui- Menezes acrescenta que a Gestão de Pessoas é contingencial
cos, estruturas em rede; e situacional por ser dependente da cultura da organização, da
• Equipes multifuncionais com bastante autonomia e com o estrutura organizacional adotada, das características do contexto
compromisso de agregar valor; ambiental, do negócio da organização, da tecnologia adotada,
• Visão e ação estratégica fazendo parte do cotidiano das entre outros fatores. Seus objetivos são:
pessoas e orientando resultados; • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua
• Necessidade da organização aprender continuamente (lear- missão;
ning organization). • Proporcionar competitividade à organização;
As tendências relacionadas à estrutura de RH são: • Proporcionar à organização, empregados bem treinados e
• formações diversas – predomínio administração e psicologia bem motivados;
– também pedagogia e engenharias consoantes com o negócio. • Aumentar a auto-realização e a satisfação dos empregados
• ênfase no papel consultivo/parceria com as áreas da empre- no trabalho;
sa – maior exigência de competências conceituais e interpessoais • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• por projetos – redução de funções • Administrar a mudança;
• com poucas pessoas •Manter políticas éticas e comportamento socialmente res-
• atuação em comissões internas ponsável.
• comitês suprassistema As novas ideias de gestão de pessoas no serviço público
Já a síntese das principais tendências nas ações de gestão de começam a se consolidar a partir do movimento de Reforma do
pessoas identifica: Estado e surgimento do movimento da Nova Gestão Pública ou
• foco nas lideranças Gerencialismo. A reforma é gerencial porque busca inspiração
• ênfase no trabalho em equipe na administração de empresas privadas, e porque visa dar ao
• exigência de multiqualificação administrador público profissional condições efetivas de gerenciar
• rodízio na execução de tarefas (BRESSER-PEREIRA, 1998). As mudanças na Administração pública
• interesse relaçãopessoal/profissional se refletem na Administração de Recursos Humanos (ARH), espe-
• ênfase em pesquisa cialmente no estilo de lidar com as pessoas.
• aprendizagem de ferramentas
• treinamento à distância
• formação in company
• gestão do conhecimento
• compartilhamento de conhecimento
• T&D estratégico: programas mais voltados para estratégia de
negócio
• aprendizado × performance: maior foco no aumento de
performance
• e-learning × presencial: o crescimento dos programas blen-
ded
• liderança e coaching: transformação dos modelos de lideran-
ça
• diversidade: inserção e valorização das diferenças 26. Adilson Silva Soledade. O Novo Papel da Área de Recur-
• saberes mais demandados:
sos Humanos (2007). Obtido em http://www.ogerente.com.br/
• técnico – saber fazer – domínio processos de trabalho, nor-
novo/artigos_sug_ler.php?canal=16&canallocal=48&canalsub-
mas, tecnologia, know-how
2=154&id=453

51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Diferenças de Administração de Recursos Humanos Tratar pessoas Tratar pessoas
como recursos como parceiros
Estilo Tradicional Estilo Flexível – As pessoas são fornece-
• Paradigma burocráti- doras de conhecimentos,
• Preocupação desloca-se
co-mecanicista – ênfase nas competências, habilidades
da estrutura organizacional
tarefas e na estrutura e visão e inteligência. Constituem o
para os processos e a dinâmi-
da organização percebida capital intelectual da organ-
ca organizacional.
como “máquina”. ização.
• Estilo aberto, flexível e – Nesta concepção, as
• Estilo de administração
participativo, que dá opor- pessoas são vistas como
rígido e autocrático, baseado – As pessoas são vistas
tunidades de crescimento seres humanos, dotadas de
em padrões inflexíveis. como recursos de produção,
individual. personalidade, possuem uma
• As pessoas são preguiço- ao lado dos recursos financei-
• Descentralização e par- história de vida particular,
sas por natureza e só são ros e materiais.
ticipação nas decisões e del- são diferentes e singulares e
motivadas por recompensas – Como recursos, elas
egação de responsabilidades possuem necessidades que
materiais. precisam ser administradas,
motivam seu comportamen-
• Enriquecimento do car- o que envolve planejamento,
• Paradigma burocráti- to.
go, substituindo a especial- organização, direção e con-
co-mecanicista - ênfase nas – São elementos impul-
ização estrita pela ampliação trole de suas atividades, já
tarefas e na estrutura e visão sionadores e dinamizadores
de tarefas e responsabili- que são sujeitos passivos da
da organização percebida da organização e capazes
dades. ação organizacional.
como “máquina”. de dotá-la de inteligência,
• Estilo de administração • O ser humano não talento e aprendizados in-
rígido e autocrático, baseado tem desprazer inerente em dispensáveis à sua constante
em padrões inflexíveis. trabalhar, nem uma natureza renovação e adequação a um
intrínseca de passividade e mundo em mudanças.
• As pessoas são preguiço- resistência.
– Deve haver recipro-
sas por natureza e só são
• As pessoas têm moti- cidade entre expectativas
motivadas por recompensas
vação, potencial de desen- pessoais e organizacionais
materiais.
volvimento e capacidade de
• As pessoas não querem assumir responsabilidades. Assim sendo, o órgão de gestão de pessoas deve apresentar 3
responsabilidades e preferem momentos de atuação:
ser dirigidas e dependentes. Falta de ambição, fuga 1º Momento: departamentos de pessoal, destinados a fazer
à responsabilidade e pre- cumprir as exigências legais com relação ao emprego – admissão,
• Por sua natureza ocupação excessiva com
anotações cadastrais, controle de frequência, aplicação de penali-
intrínseca, o ser humano é segurança são, muitas vezes,
dades, férias etc.
resistente à mudança. conseqüências de experiên- 2º Momento: departamento de recursos humanos, responsá-
As atividades devem ser cias negativas. vel pelas funções clássicas de RH.
padronizadas e as pessoas 3º Momento: gestão de pessoas, responsável por um conjunto
• Para que as poten-
devem ser persuadidas, cialidades intelectuais não mais complexo de funções, assumindo papel estratégico.
controladas, recompensadas fiquem subutilizadas, deve Segundo Brito (2008), há uma tendência para entender que a
e coagidas para cumprir seu ser estimulada a criatividade gestão de pessoas deve ser compartilhada com os gerentes que li-
papel. dam cotidianamente com os próprios subordinados. Neste sentido,
para a solução de problemas o RH passa a funcionar como prestador de serviços especializados
• A remuneração é vista organizacionais. de gestão de pessoas, no âmbito interno, fornecendo assessoria e
como meio de recompensa, • As pessoas podem atin- consultoria às demais áreas:
uma vez que o homem é gir objetivos pessoais ao mes- • Recrutamento e seleção: previsão constitucional para, de
motivado por incentivos um lado, concurso público e, de outro, livre nomeação para cargos
mo tempo que perseguem os
econômicos comissionados.
objetivos organizacionais.
• Desenho de cargos e avaliação de desempenho: algumas
vezes a criação de cargos não atende a critérios técnicos. Dificul-
Fonte: Marcilio de Medeiros Brito, 2008.
dade de implementar programa de avaliação e mensuração de
Outra distinção é tratar as pessoas
desempenho.
como recursos ou como parceiros.
• Remuneração e benefícios: dificuldade de recompensar os
bons funcionários.

52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Treinamento e desenvolvimento de carreiras: ausência de O foco nas competências busca destacar e desenvolver os dife-
planejamento, principalmente de médio e longo prazos, e descon- renciais de capacitação, desempenho, resultado e competitividade
tinuidade administrativa prejudicam desenvolvimento consistente das pessoas, funções, áreas e organizações. O sistema de gestão
e contínuo das pessoas, com foco em competências. por competência leva inevitavelmente à necessidade de valorizar
• Banco de dados e Sistema de Informações Gerenciais (SIG): o conhecimento e habilidades humanas e destacar as qualificações
ausência de bases de dados e falta de compreensão da importância e os atributos pessoais que fazem a diferença nos resultados dos
de informações que subsidiem o planejamento e a tomada de processos, as áreas e da organização como um todo (Fleury, 2002).
decisão. Este sistema de gestão conduz a importante mudança de
Gestão por competências paradigma relacionado a seleção – treinamento – desempenho
– remuneração – carreira, pois passam a ser mais objetivamente
O Conceito de competência vai além do conceito de qualifi- centrados nas pessoas. Favorece o aperfeiçoamento das áreas de
cação como um saber acumulado, classificado e certificado pelo RH (Gestão de Pessoas), no sentido de atuar maior integração.
sistema educacional. Implica saber como mobilizar, integrar e As competências da organização são as estratégias formuladas
transferir conhecimentos, recursos e habilidades, agregando valor pelas organizações que determinarão as competências necessárias
à organização e aos indivíduos. Segundo Dutra (2004), as pessoas para alcançar suas metas e objetivos (FAISSAL et al, 2006). Segundo
concretizaram as competências organizacionais, ao colocarem em Resende (2000), envolvem:
pratica o “patrimônio de conhecimentos da organização validando • Processos – ter excelência nos processos de produção, ven-
ou implementando modificações para aprimorá-lo”. das e serviços, estratégias de marketing, excelência e investimento
“COMPETÊNCIA É UM SABER AGIR RESPONSÁVEL E RECO- na gestão de pessoas, logística, etc.
NHECIDO, QUE IMPLICA EM MOBILIZAR, INTEGRAR, TRANSFERIR • Foco na Inovação e Qualidade: desenvolver novos produtos,
CONHECIMENTOS, RECURSOS, HABILIDADES E ATITUDES QUE investindo em tecnologia e garantindo a qualidade.
AGREGUEM VALOR ECONÔMICO À ORGANIZAÇÃO E VALOR SOCIAL • Orientação para Clientes: gerar impacto positivo, estabele-
AO INDIVÍDUO.”(Fleury, 2002) cendo parcerias e conhecendo a satisfação dos seus clientes.
“COMPETÊNCIAS HUMANAS SÃO ENTENDIDAS COMO COMBI- • Social: garantir uma imagem positiva perante a sociedade e
NAÇÕES SINÉRGICAS DE CONHECIMENTOS, HABILIDADES E ATITU- clientes, saber ser, incluindo autonomia, flexibilidade, responsabi-
DES, EXPRESSAS PELO DESEMPENHO PROFISSIONAL, DENTRO DE lidade e comunicação.
DETERMINADO CONTEXTO OU ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL.” A descrição de cargo tradicionalmente utilizada prevê a
(CARBONE E COLABORADORES, 2005). descrição as funções e atividades que compõem o cargo, indepen-
Exemplos de algumas Competências: dentemente das estratégias da organização (Faissal et al, 2006). A
Orientação para resultados: age para melhorar a performan- identificação do perfil de competências prevê o mapeamento das
ce, com maior agilidade e qualidade. Compete contra padrões de competências que estão alinhadas com as estratégias e conheci-
desempenho, buscando sempre mais. Busca Inovações. mentos definidos pela organização.
Iniciativa: assume fazer mais do que é esperado ou solicitado; As pessoas deverão alcançar resultados através destas
age antes de ser solicitado (antecipa-se aos problemas); cria novas competências, de forma a contribuir com a competitividade da
oportunidades. organização.
Construção de relacionamentos: constrói e mantém contatos
dentro e fora da organização, trazendo conhecimentos. Articula O levantamento do perfil de competências deverá ser realizado
relacionamentos voltados para o alcance de objetivos. com o gestor da área e de gestores de áreas afins da organização;
Flexibilidade: pensa por diferentes estratégias e por diferentes através de entrevista e observação de profissionais considerados
padrões de raciocínio. Considera diferentes pontos de vista. Aceita com melhor desempenho, indicado pelo requisitante da vaga.
mudança com naturalidade. Exemplos de perguntas para identificar as competências (Rabaglio,
Pensamento Estratégico: Habilidade em analisar a posição 2005):
competitiva, tendências de mercado, clientes potenciais, novas • Defina os conhecimentos, atitudes e habilidades para reali-
tecnologias, visão a médio/longo prazo, análise da concorrência. zação do trabalho;
Foco no Cliente: Identifica o que os clientes precisame valori- • O que torna um candidato perfeito para este cargo?
zam. Prevê e antecipa-se a atender as necessidades com agilidade • O que torna um candidato inadequado para este cargo?
e com qualidade visando lucro econômico. • Desafios que este cargo apresenta e as habilidades que o can-
didato deverá demonstrar para enfrentar e superar estes desafios.
• Resultados esperados para o desenvolvimento desta posição
• SER FLEXÍVEL E NÃO ESPECIALISTA DEMAIS na organização.
• TER MAIS INOVAÇÃO DO QUE INFORMAÇÃO Após o levantamento das competências, há necessidade de
• ESTUDAR DURANTE TODA A VIDA agrupar e definir as competências; de uma análise alinhando com
• ADQUIRIR HABILIDADES SOCIAIS E CAPACIDADE DE as estratégias da organização e definindo os indicadores e por fim,
EXPRESSÃO validar com o gestor solicitante da posição. Exemplos de perguntas
para identificar as competências na entrevista de seleção (Bruno,
• ASSUMIR RESPONSABILIDADES 2000):
• SER EMPREENDEDOR PENSAMENTO ESTRATÉGICO
• ENTENDER E LIDAR COM DIVERSIDADE CULTURAL
• ADQUIRIR INTIMIDADE COM NOVAS TECNOLOGIAS • O que sua área está fazendo (ou fez) para garantir o sucesso
do plano estratégico da empresa atual?
• O que você faz para conseguir analisar informações estraté-
Figura – Competências essenciais do profissional no Século gicas?
XXI • Como você avaliaria nossos produtos em relação aos produ-
Fonte: UNESCO tos do concorrente?

53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
INOVAÇÃO • Passagem do foco nos instrumentos para o foco no processo.
• Foco no interesse conciliado em vez do foco no interesse da
• O que fez de inovador na última empresa (ou atual)? organização, esse foco caracteriza-se pela busca de desenvolvi-
• Quais os recursos que utilizou para elaborar essa proposta? mento mútuo de forma dinâmica, na qual e a negociação torna-se
• Dê exemplos de pessoas bem-sucedidas. Qual foi sua contri- imprescindível.
buição? • Foco no modelo integrado e estratégico em vez de foco no
modelo construído por partes desarticuladas entre si.
FLEXIBILIDADE
Gestão por Competências
• O que você faz quando tem de enfrentar obstáculos em
momentos de mudança? Outputs
• O que faz quando discorda de alguém com relação a uma
Integração com demais sistemas de RH
política, projeto etc?
• Fale sobre uma situação que teve que abrir mão de suas
ideias a favor da equipe Alinhamento Estratégico
Recrutamento e Seleção

FOCO NO CLIENTE Remuneração Sucessão e


e Incentivo Seleção Interna
• Como você identifica tarefas que estejam prejudicando um GESTÃO POR
bom atendimento ao cliente? COMPETÊNCIA
• Dê exemplo de uma situação onde antecipou possíveis pro-
blemas para seu cliente e qual foi a solução recomendada Educação Corporativa
• Fale sobre o feedback recebido de seus clientes no último
ano Gestão do Desempenho
Carreira e Sucessão

ORIENTAÇÃO PARA RESULTADOS Maria Cecilia Araujo – 06.05.2004

Figura – Gestão por Competências – integração com demais


• O que você fez para atingir um ou dois resultados notáveis? sistemas de RH
• Como você organiza seu dia-a-dia? Fonte: Maria Cecilia Araújo, 2004
• Qual sua avaliação de seu comportamento numa situação de
pressão e prazos O sistema de gestão por competência leva inevitavelmente à
Nos modelos de competência, há necessidade de identificar os necessidade de valorizar o conhecimento e habilidades humanas
conhecimentos e experiências para o desenvolvimento das ativi- e destacar as qualificações e os atributos pessoais que fazem a
dades. Após o levantamento das competências, há necessidade de diferença nos resultados dos processos, as áreas e da organização
agrupar e definir as competências; de uma análise alinhando com como um todo (Fleury, 2002). Este sistema de gestão conduz a
as estratégias da organização e definindo os indicadores e por fim, importante mudança de paradigma relacionado a seleção – treina-
validar com o gestor solicitante da posição. mento – desempenho – remuneração – carreira, pois passam a ser
mais objetivamente centrados nas pessoas. Favorece o aperfeiço-
Gestão por Competências amento das áreas de RH (Gestão de Pessoas), no sentido de atuar
Missão, Estratégias,
Objetivos e Metas maior integração.
Análise das Valorização Identificação
Competências das Pessoas dos Gaps
Identificação e Mudanças no mundo do trabalho que geraram a necessi-
definição de Gestão por dade de adotar o modelo de gestão por competência
competências Competências
essenciais, grupais e • Eventos: ocorrem de forma imprevista, afetando o
individuais equilíbrio ou a normalidade da organização, ultrapassando
Adequação
de Perfil
Envolvimento
Gerencial
Coerência com
o negócio
as habilidades rotineiras para solução dos problemas. A
Formulação do Perfil
competência não está contida nas precondições das tarefas,
de Competências Ideal o profissional precisa mobilizar recursos para dar respostas a
individual e grupal, Plano de Ação estas situações;
segmentados por Área
Hierárquica ou por • Noção de serviço: as pessoas produzem algo destinado
Sistemas Operacionais Formais Não-Formais aos outros, portanto o conceito de cliente externo e interno
Maria Cecilia Araujo – 06.05.2004
deve estar sempre presente nos processos de trabalho;
Figura – Gestão por Competências • Comunicação: as organizações devem ter fronteiras
Fonte: Maria Cecilia Araújo, 2004 flexíveis, com comunicação fácil em todos os níveis, partil-
hando conhecimentos sobre a organização vinculados as
O conceito de competência emerge na década de 90, com o estratégias, procedimentos e outros.
desenvolvimento de capacidades que podem ser mobilizadas em
situações pouco previsíveis, relacionadas a novos usos e novos
processos que fazem parte da organização. Segundo Dutra (2002), Figura – Mudanças geradoras da gestão por Competências
as premissas para a gestão por competências são: Fonte: Fleury (2002)
• Passagem do foco no controle para o foco no desenvolvimen-
to.

54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Na gestão de pessoas, a abordagem de competências tem se Destarte, a presença de indivíduos extremamente qualificados
mostrado uma forma avançada e inovadora: na identificação dos no âmbito de uma empresa não é garantia de rendimento superior
conhecimentos requeridos pela organização; na flexibilização do frente aos concorrentes.
conceito de posto de trabalho; no envolvimento e responsabiliza- Paralelamente, é fundamental que cada integrante de uma
ção permanente do indivíduo em seu desenvolvimento. organização tenha uma atitude favorável à aplicação destes conhe-
Esse modelo tem por objetivos planejar, captar, desenvolver cimentos em situações concretas de trabalho para gerar resultados
e avaliar, nos diferentes níveis da organização pública, as compe- cada vez melhores.
tências necessárias à consecução dos objetivos organizacionais. O Dessa forma, não se pode confundir potencial com competên-
conceito se baseia em três dimensões: conhecimento (saber o quê, cia. A competência é a “forma como a pessoa mobiliza seu estoque
saber o porquê); habilidade (saber como fazer); atitude (querer e repertório de conhecimentos e habilidades em um determinado
fazer). contexto, de modo a agregar valor para a organização no qual está
Vale salientar a importância do mapeamento das competências inserida (competência em ação). Esta agregação de valor implica
visando identificar e gerenciar as lacunas (gaps) de competências em uma contribuição efetiva da pessoa ao patrimônio de conheci-
eventualmente existentes na organização. Essa lacuna diz respeito mento da organização”. (DUTRA, 2004).
à discrepância entre as competências necessárias à consecução dos Um dos mecanismos mais eficazes para conseguir que o indiví-
objetivos organizacionais e àquelas de que a organização dispõe. duo contribua para a consolidação da visão de futuro de sua insti-
Brandão (2008 apud Mauger et al) relaciona a avaliação de tuição é incentivar e valorizar suas competências, direcionando-as
desempenho com a gestão por competências, afirmando que os re- e desenvolvendo-as de forma alinhada aos objetivos estratégicos
sultados alcançados na avaliação são comparados com os que eram organizacionais.
esperados, gerando informações para retroalimentar o processo de Nesse sentido, diversos foram os modelos desenvolvidos, e o
gestão por competências. E completa, afirmando que qualquer que que parece melhor responder às novas necessidades organizacio-
seja o modelo de avaliação de desempenho adotado em uma or- nais parece ser o modelo de gestão de pessoas por competências,
ganização, é imprescindível a descrição do perfil de competências que define quais são os conhecimentos, habilidades e atitudes
básicas que sirvam de paradigma para uma comparação com as necessários aos indivíduos.
existentes.27 O grande apelo à adoção da gestão de competências pelas
A gestão de pessoas por competências tem sido empregada organizações pode ser entendido quando se compreende o ciclo
nas organizações como importante ferramenta por incentivar a virtuoso que a mesma tende a gerar principalmente no que diz
criação de soluções que agreguem valor aos seus produtos e/ou respeito ao processo de inovação e aprendizagem organizacional.
serviços por parte de seus colaboradores. O pressuposto é o de que as pessoas, vendo suas diferentes entre-
Sua premissa é a de que, se os funcionários realizarem suas gas reconhecidas pela empresa, passem a produzir cada vez mais,
atividades de forma crítica e inovadora, alinhados ao planejamento gerando maiores benefícios para a organização, que reconhecerá
estratégico da organização em que atuam, haverá benefícios a as novas tecnologias e processos de produção propiciados pela
serem desfrutados por ambas as partes. Por um lado, a instituição iniciativa de cada indivíduo ou equipe, passando a valorizá-las ainda
terá sua marca solidificada no mercado através de vantagens mais (OLIVEIRA, DIAS, ROQUETTE).
competitivas criadas pela atuação de sua força de trabalho, que
por sua vez passará a ser mais valorizada pelo seu desempenho. 1.6.3 Recrutamento e seleção
Condições estas altamente desejadas em um contexto de grande
competitividade e instabilidade no qual as organizações estão O contexto de Gestão de Pessoas, mais conhecido como
inseridas atualmente. Recursos Humanos, é formado, por pessoas e organização, esta-
Para o correto entendimento do modelo de gestão por belecendo uma relação de dependência mútua para o alcance das
competências, faz-se necessário melhor delimitar o conceito de metas e objetivos (CHIAVENATO 2005). Para que exista esta relação
“competência” empregado no presente trabalho/artigo. Apesar entre pessoas e organização, há necessidade de que as organiza-
de ter sido estudado ao longo das últimas três décadas, o conceito ções escolham as pessoas que desejam como empregados e que
de competência tem sido utilizado em diferentes formatos e ainda as pessoas escolham onde pretendem trabalhar. Este processo de
permanece em evolução. A corrente mais difundida tem origens escolha mútua ocorre quando as organizações divulgam suas vagas
nos trabalhos de Le Boterf (1994) e Zarifian (2001) e caracteriza no mercado de trabalho e as pessoas interessadas, candidatam-se
a competência dos indivíduos como decorrente da articulação de as vagas disponíveis (TEDESCO, 2009).
seus conhecimentos, habilidades e atitudes nas situações enfren- Em termos tradicionais, a seleção busca entre os candidatos
tadas no trabalho. recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes na em-
O conhecimento é o conjunto de saberes acumulados por uma presa, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho
pessoa durante sua trajetória pessoal e profissional, seja através de do pessoal, bem como a eficácia da organização (CHIAVENATO,
ações formais ou informais de aprendizagem, é o domínio técnico 2009, p.172).
sobre determinados conteúdos. A seleção é um processo de comparação entre duas variáveis:
A habilidade está relacionada com a execução de alguma ati- de um lado, os critérios da organização (como requisitos do cargo a
vidade que envolva instauração dos conhecimentos armazenados ser preenchido ou as competências individuais necessárias à orga-
durante a vida por parte de um indivíduo. Ter esse recurso indica nização) e, de outro lado, o perfil das características dos candidatos
que o indivíduo sabe como fazer uma determinada tarefa, trabalho, que se apresentam. A primeira variável é fornecida pela descrição
etc., dentro de um determinado processo. Por fim, a atitude diz e análise do cargo ou das competências requeridas, enquanto a
respeito à conduta das pessoas no interior de uma organização. seguida é obtida por meio de aplicação das técnicas de seleção
Trata-se do comportamento assumido diante dos aspectos sociais (CHIAVENATO, 2009, p.173).
e afetivos presentes no contexto da organização.
27. Obtido em <http://www.servidor.gov.br/sad/biblioteca/
artigos/ad_como_ferramenta_de_gestao-Mauger-clad-nov2010.
pdf> Acesso em 3 jul 2012.

55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Existem dois tipos de mercado: o Mercado de Trabalho onde Mas, para que o recrutamento e seleção sejam considerados
são divulgadas as oportunidades de emprego e o Mercado de estratégicos, eles precisam atender a três condições primárias in-
Recursos Humanos, caracterizado pelo conjunto de candidatos que dependentes: integração estratégica; foco no longo prazo; e meca-
estão em busca das oportunidades oferecidas pelas organizações. nismo para transformar demandas estratégicas em especificações
Tanto no mercado de trabalho quanto no mercado de recursos apropriadas para recrutamento e seleção. Sob esta perspectiva, o
humanos, existem constantes alterações, que influenciam nas papel das funções de recrutamento e seleção está no provimento
práticas das organizações no que se refere as gestão de pessoas e de pessoas com as competências vistas como críticas para o futuro
no comportamento das pessoas que estão disponíveis no mercado ou, em outras palavras, em saber escolher as pessoas que “tocarão”
ou que pretendem buscar outro emprego. a gestão da empresa no futuro.
Quando o mercado tem mais ofertas do que procura, os O termo “recrutamento” pode facilmente ser encontrado em
candidatos podem escolher as organizações que oferecem me- dicionários, como por exemplo, na versão on line do http://www.
lhores condições e oportunidades, aumentando assim seu poder priberam.pt/ como ato ou efeito de recrutar uma leva de recrutas.
de negociação. As organizações por outro lado, investem mais Sua morfologia e significado teve origem, praticamente nos exérci-
em benefícios sociais e salariais, em treinamento e programas de tos, pois estava vinculado a prática de captar recrutas para vagas
desenvolvimento, dentre outras, para atrair e reter os candidatos. de futuros soldados ou postos de guerrilha. Rapidamente o termo,
Geralmente os critérios de seleção são mais flexíveis e as pessoas bem como seu objetivo (captação de pessoas) foi ampliado para
sentem-se mais propensas a lançar-se no mercado. o sistema de RH, em especial, ao subsistema de Recrutamento e
Quando a situação é inversa, existe mais procura por emprego Seleção de Pessoal.29
do que ofertas de vagas diminui o poder de negociação por parte O papel do recrutamento é ser o elo entre a organização e o
dos candidatos, sentem-se inseguros em deixar seu emprego, mercado de trabalho. Recrutamento e Seleção é um processo que
aumenta a competição entre os candidatos. Há pouco ou nenhum procura integrar pessoas e trabalho, através do estudo das dife-
investimento salarial, benefícios, treinamento e a ênfase acaba renças individuais das pessoas que se apresentam às vagas, com
sendo no recrutamento externo para melhorar o potencial interno. a finalidade de prognosticar, através da utilização das técnicas de
Vários são os fatores que interferem tanto no mercado de seleção, quais estariam capacitadas para ocupar um cargo dentro
recursos humanos quanto no mercado de trabalho. Um deles está de uma organização (Bruno, 2000).
relacionado ao desenvolvimento tecnológico que aumentou a O processo de Recrutamento e Seleção terá um resultado
sofisticação do trabalho, demandando habilidades e competências positivo, quando atender as necessidades com rapidez; com
mais variadas dos trabalhadores, automatizando os processos, quantidade suficiente de candidatos considerados potencialmente
aumentando a produtividade, gerando novos empregos, eliminan- capacitados; com custo adequado despendido no processo e que
do postos de trabalho. A intensificação da tecnologia possibilitou haja permanência dos candidatos na organização. O resultado
ofertas de produtos mais acessíveis, aumentando o consumo o que será negativo quando ocorrer um alto turnover (rotatividade)
pode ser um fator gerador de emprego. no período experimental, poucos candidatos potenciais para o
O mercado está cada vez mais competitivo fazendo com que as processo seletivo, alto custo do recrutamento;poucos funcionários
organizações criem estratégias para gestão de pessoas mais eficien- qualificados o que poderá comprometer a eficiência e eficácia da
tes para atrair e reter pessoas. A responsabilidade por pesquisar organização.
interna e externamente os candidatos potenciais para preencher as O papel primordial do selecionador de pessoal é garantir,
vagas existentes na organização, cabe ao Recrutamento e Seleção. enquanto estratégia de gestão de Recursos Humanos, a eficiência
Portanto, o processo de recrutamento e seleção desempenha um das atividades mediadas por organismos dentro das organizações
papel essencial. mantendo ou elevando a produtividade via seleção de perfil psico-
Para se alcançar a integração estratégica entre a área de lógico. Tal qualidade está automaticamente vinculada a prática de
Recursos Humanos e os negócios da empresa, é preciso que cada recrutamento, compreendida como as seguintes etapas:
atividade de RH seja integrada verticalmente, de modo a se alinhar
aos imperativos da estratégia da empresa (MILLMORE, 2003). a) Recebimento da Vaga
Recrutamento e seleção são práticas que se mantiveram relativa-
mente imutáveis ao longo do tempo, sendo ainda frequentemente O trabalho de recrutamento inicia-se no momento em que
relacionadas aos modelos psicossomáticos, abordagens padroniza- se recebe a liberação da vaga, solicitação de pessoal, perfil profis-
das onde se procurava a pessoa certa para o lugar certo. Hoje o siográfico ou afim. Embora a nomenclatura deste documento se
enfoque dessas práticas tem se tornado mais orientado estrategi- diferencie de empresa para empresa, o objetivo é único: munir a
camente, buscando-se pessoas para a organização e não mais para divisão de recrutamento e seleção sobre os dados e critérios que
um cargo específico. O que importa é a busca de capital humano, servirão de base para preterir ou aprovar currículos.
que se revela pelo conjunto de competências que as pessoas têm e Em algumas empresas, o RH atua como staff ou Consultoria In-
que se alinham às competências essenciais da empresa.28 terna junto aos departamentos requisitantes no desenho do perfil
Se o comportamento estratégico exige que a organização de uma vaga. Em agências de emprego e Consultoria de RH, quando
combine seus recursos no longo prazo, às demandas de mudanças recebemos uma vaga, ligamos para os clientes para confirmar o
ambientais, as organizações consideram que o capital humano recebimento e automaticamente, aproveitamos a contingência
seja uma das principais fontes de vantagem competitiva; sob este para esclarecer ou flexibilizar os requisitos para o desempenho de
aspecto, recrutamento e seleção são funções essenciais dentro da um cargo vago. Negligenciar quaisquer informações a respeito do
área de RH para dar suporte à execução da estratégia da corpora- perfil de um cargo é sinônimo de comprometer o recrutamento e,
ção, o que já vinha sendo percebido há cerca de quinze anos atrás portanto, o processo seletivo como um todo.
(HENDRY, PETTIGREW; SPARROW, 1988).
28. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto
CODA;Mauro Neves GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação e 29. Eduardo Alencar, Camilla Pauferro, Alcimar Fraga, Érica
o papel da área de RH em organizações brasileiras. FACEF PESQUI- Soares e Tatiane Rosa. Introdução ao Recrutamento de Pessoal
SA – v.9 - n.2 – 2006. (2008)

56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Assim, o processo de recrutamento e seleção tem início Assim, o Recrutamento Interno é fundamentado na movimen-
quando houver disponibilidade de vaga motivada por substituição tação dos funcionários seja através de transferências, promoções,
em função de desligamentos por aposentadoria, promoções, baseados geralmente nos programas de desenvolvimento de
afastamentos, dentre outros ou por necessidade de aumentar a Recursos Humanos.
quantidade de pessoas em virtude do aumento da produção, novos Este tipo de recrutamento apresenta como vantagens a rapi-
produtos, ampliações da organização, aquisição de novos maquiná- dez, economia, conhecimento, aumento da motivação, utilização
rios, dentre outros. dos investimentos em treinamento e como limitações a frustração
Quando surge a vaga, a área requisitante deve encaminhar dos candidatos não selecionados; a demora na liberação do candi-
a solicitação para recursos humanos, que iniciará o processo de dato pela supervisão atual, a quantidade insuficiente de candidatos
recrutamento e seleção. para o processo de seleção.
Geralmente o processo tem início com a Análise da Descrição Os meios para divulgação das vagas internamente podem ser
de Cargo e/ou Definição do Perfil de competências, que pode o quadro-de-avisos; intranet; consulta aos gestores (gerentes /
ser feita através da leitura da Descrição do Cargo que está sendo supervisores); consulta aos planos de desenvolvimento de recursos
solicitado ou entrevistando o requisitante para conhecer quais humanos.
requisitos são necessários para este cargo. II – Recrutamento Externo: Consiste nas práticas empregadas
São necessárias as seguintes definições: requisitos mínimos im- à divulgação de vagas em aberto para o mercado de mão de obra
prescindíveis para ocupar o cargo, que se o candidato não possuir, externo à organização/empresa, como por exemplo, anúncios em
não poderá ser indicado para a vaga e os requisitos considerados jornais, contratação de agências de emprego, consultorias de RH e
como adequados, que se o candidato não possuir, poderão ser afins. As vantagens consistem em uma gama diversificada de perfis
desenvolvido posteriormente e/ou podem servir como diferencial para proceder com seleção de pessoal e agilidade na captação de
no momento da decisão. pessoas. As desvantagens são geralmente, custo e desmotivação de
As informações que o recrutamento e seleção necessita para colaboradores internos ao não serem considerados para processos
iniciar o processo são as seguintes: atividades que a pessoa irá seletivos da empresa.
desempenhar; responsabilidades e autonomia; posição do cargo na Assim, o Recrutamento Externo é caracterizado pela identi-
hierarquia; Conhecimentos e habilidades técnicas necessárias para ficação de candidatos no mercado externo. Apresenta como van-
desenvolver as funções e atividades; Os comportamento, habilida- tagens a geração de novas ideias trazidas pelos candidatos; maior
des e atitudes para o desenvolvimento das funções e atividades; diversidade nos recursos humanos da organização, aproveitamento
Desafios e dificuldades características deste cargo; Relações diretas dos treinamentos de outras empresas; e outros e como limitações,
e indiretas, tanto internas quanto externas; Horário de trabalho; a falta de candidatos potenciais; a demora dos contratados para
Oportunidades de desenvolvimento que esta função gera; dentre conhecer os processos e procedimentos da organização; maior
outras. tempo despendido no processo; custo mais alto do que no processo
Atualmente os processos estão voltados para a Seleção por interno, e a possibilidade de gerar insatisfações internamente pelo
Competências, mapeando-se as competências da organização e a não aproveitamento dos funcionários.
que a organização necessita para cada cargo: Os meios para identificação dos candidatos externos podem
a) técnicas que são os pré-requisitos do cargo, conhecimentos ser a consulta ao Banco de Candidatos; a Indicação de Funcionários;
e habilidades especificas para atribuições ou funções específicas e; a colocação das oportunidades em Agências de Empregos, Consul-
b) comportamentais que são as atitudes e comportamentos torias; Intercâmbio entre Empresas, os Grupos de Profissionais;
compatíveis com as atribuições a serem desempenhadas, por as Apresentações espontâneas; Associação de Classes, Sindicatos,
exemplo comunicação, liderança, negociação, persuasão, flexibili- Universidades; Jornais, Revistas, Internet, e outros.
dade, etc., como vimo anteriormente (para maiores conhecimentos A decisão sobre qual o melhor meio para divulgação das vagas
consulte livro “Seleção por Competência” de Maria Odete Rabaglio, está relacionada ao custo operacional, retorno rápido; e a eficiência
2005). e eficácia do processo.
Por exemplo, os anúncios nos jornais, revistas e internet, têm
b) Anúncio ou divulgação de vagas em como vantagens, além de ser uma fonte para atrair candidatos
fontes e parceiros de recrutamento potenciais, é um meio para propaganda da organização, se bem
elaborados. Os anúncios nos jornais e revistas têm como desvanta-
Na etapa de anúncios, pode-se proceder com três condutas: gens, o alto custo e o retorno demorado para receber os candidatos
I – Recrutamento Interno: Consiste nas práticas empregadas e/ou currículos.
à divulgação de vagas em aberto dentro das empresas ou orga- Após a divulgação da(s) vaga(s) e o recebimento dos currículos
nizações, focando o mercado de mão de obra interno, como por ou dos candidatos, inicia-se o processo de Triagem que compreen-
exemplo, um teaser, anúncio na copa, e-mail, comunicado formal de a análise do currículo ou da ficha de solicitação de emprego e
ou semelhante, com o intuito de recrutar colaboradores de outros uma entrevista inicial.
departamentos que tenham interesse em mudar de área a título Na análise do currículo ou da Ficha de Solicitação devemos
de promoção, interesse profissional ou semelhante. A grande van- considerar: as realizações profissionais; os projetos desenvolvidos e
tagem de um recrutamento interno é o baixo custo com fontes de implantados; a formação acadêmica; os cursos realizados; a experi-
recrutamento. A desvantagem, é que ingressamos em um circulo ência profissional observando a compatibilidade com os requisitos
vicioso, ou como diríamos no senso comum, “cobre um santo e solicitados; a compatibilidade entre a formação e as funções ou
descobre outro”. Caso um colaborador venha ser aprovado para cargos ocupados pelo candidato; as datas de admissões e demis-
um processo de recrutamento e seleção interno, a vaga dele no sões; o local onde reside, dentre outros, considerando sempre os
seu antigo cargo, provavelmente abrirá junto ao subsistema de requisitos definidos pelo requisitante.
recrutamento e seleção de pessoal.

57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Após a triagem, os candidatos deverão ser convocados para Lay-out: O segredo é nada muito extravagante, com português
o processo de seleção. Esta convocação pode ser feita através de correto, objetivo, claro, conciso.
mensagens eletrônicas, telegramas, telefonemas, cartas, recados Tendo o currículo em mãos, o recrutador/selecionador de
através de funcionários, dentre outros. Deve-se informar horário e pessoal verificará se o candidato tem os pré-requisitos da vaga
local. Na convocação via telefone ou correio eletrônico é possível em aberto, em caso de afirmativo, abordará o candidato para uma
esclarecer algumas condições de trabalho tais como: horários da entrevista, em caso de negativo, o candidato fica preterido nesta
empresa; fases do processo de seleção; faixa salarial; a área em que etapa da seleção.
a vaga está disponível e outras. Particularmente, em processos de recrutamento em agências e
Devem-se preparar o local, materiais e todos meios que serão consultorias de RH, onde a demanda de currículos é muito grande,
utilizados no processo de seleção. qualquer detalhe do candidato que não esteja compatível com
III – Recrutamento Misto: Consiste nas práticas empregadas o perfil da vaga, o retira do processo. No caso de recrutamento
à divulgação de vagas em aberto para o mercado de mão de obra interno, é possível levar em consideração outros dados além do
interno e externo. As vantagens concentram uma flexibilidade de currículo, como por exemplo, a avaliação de seu gestor imediato.
cenário e vantagens estratégicas mencionadas nos itens anteriores, Outro aspecto a ser considerado é a fidedignidade das infor-
bem como a flexibilidade para com as consequências negativas. mações mencionadas no currículo. Se o candidato coloca cursos, o
ideal é que traga na entrevista, cópia destes. Se coloca informações
– Instituições de Ensino (Técnico, Médio, Graduação, Pós sobre experiência, o ideal é que traga na entrevista sua carteira de
Graduação, Profissionalizante, Qualificação profissional e trabalho e assim por diante. Como o agendamento de entrevistas é
afins); a ponte entre o recrutamento e a seleção de pessoal propriamente
dita, é necessário estes cuidados metodológicos para não incluir-
– Sites;
mos candidatos negligentes ou inadimplentes com as informações
– Jornais (Locais, Nacionais, regionais) e Mídias; mencionadas em seus currículos.
– Instituições diversas (Ongs, Associações, Igrejas, even-
tos, etc); D) Convocação de candidatos para processos seletivos
– Anúncio(s) na porta da empresa ou consultoria;
O Processo de Seleção tem como objetivo identificar e avaliar
– Agência de Emprego, Consultoria de RH; Outplacement
o perfil de competências das pessoas no que se referem às habi-
e afins;
lidades cognitivas, os conhecimentos técnicos, a comunicação, a
– Indicação de candidatos ou funcionários; criatividade, a iniciativa, o trabalho em equipe, a liderança, as for-
– Indicação de empresas parceiras, fornecedores e cli- mas de lidar com situações de pressão, os conflitos, as mudanças,
entes; a flexibilidade, a tomada de decisão, a capacidade para solução de
– Internet e seus recursos; problemas, o comportamento ético, a negociação, e outros, confor-
me solicitação do requisitante (BRUNO, 2000).
– Etc
O sucesso do processo de seleção depende fundamentalmente
da definição clara e objetiva do perfil de competências. A definição
deve estar voltada não só ao cargo em aberto, mas também a
Figura – Algumas fontes e parceiros de recrutamento carreira, objetivos da posição e perspectivas da organização.
Devem-se estabelecer os requisitos que se o candidato não
Em aspectos gerais, a escolha de fontes de recrutamento possuir, terá pouca probabilidade de sucesso na posição.
varia conforme perfil da vaga, criatividade do recrutador e recursos Deve-se tomar cuidado com a supervalorização da pessoa em
financeiros e institucionais da empresa. detrimento do cargo efetivo.
As técnicas utilizadas na Seleção são identificadas a partir dos
C) Análise e triagem de currículos oriundos destas ações requisitos definidos no início do processo. Identificamos algumas
delas: 1) Entrevista; 2) Dinâmica de Grupo; 3) Provas Situacionais;
O currículo é praticamente o “cartão de visita” dos candidatos 4) Teste Psicológico; 5) Testes Técnicos ou Prova de conhecimentos
recrutados ou interessados em oportunidades de trabalho junto a e de capacidades, dentre outras técnicas.
uma empresa. Não há uma “fórmula” mágica ou modelo padrão,
devido à grande diversidade na conduta de confeccionar este “car- Entrevista
tão de visita”. Entretanto, sugere-se:
Origem: A palavra Curriculum Vitae é de origem latina e traduz- É uma forma de coleta de dados e também o recurso mais
-se como “trajetória de vida”. Hoje em dia, não utilizamos mais esta eficiente do processo seletivo, se bem elaborada. Portanto não
nomenclatura e nem é necessário colocar “Currículo”. Indica-se deve ser substituída por outra técnica. Os tipos de entrevistas são:
como título, o nome do candidato. a) individual, quando o entrevistador e candidato estão face
Abas: é necessário dados pessoais (endereço, telefone, bairro, a face;
CEP, estado civil, nacionalidade e e-mail), Objetivo (Departamento b) em Grupo envolvendo vários candidatos e entrevistadores;
e cargo de interesse), Experiência profissional (Empresas onde já c) Por Banca envolvendo dois entrevistadores e um entrevis-
trabalhou, tempo que permaneceu, destacando cargo, data de tado;
entrada, saída e síntese de atividades desenvolvidas), escolaridade d) o Painel de Entrevista envolvendo grupo de entrevistadores,
(técnico, médio, graduação, pós-graduação e afins), idiomas (em geralmente 3, que entrevistam individualmente o candidato.
caso de tê-los, indicar nível e instituição onde cursou), Informática
(Indicar softwares que sabe operacionalizar, caso tenha feito curso,
adicionar a escola e período), Atividades extra-curriculares (em
caso de estágios supervisionados, atividades filantrópicas e afins).

58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A entrevista por banca, painel ou grupo, em relação à entre- Parecer da Seleção: relatar os principais atributos e os aspec-
vista individual apresenta algumas vantagens tais como: a redução tos que não atendem a necessidade. Indicar se está:
do tempo tanto dos profissionais envolvidos quanto dos entre- • acima do esperado.
vistadores; evitam repetições de perguntas ou temas; permitem • se é favorável ou atende as expectativas.
o confronto de percepções dos entrevistadores aumentando a • se é Favorável, porém com restrições.
objetividade e permitem a participação de profissionais de áreas • se é inaceitável ou desfavorável.
diferentes, porém interdependentes. Com relação às características do entrevistador, destacam-se:
Podemos ter indicar como desvantagens que alguns dados atenção concentrada, capacidade analítica, receptividade, neutrali-
pessoais ou referentes ao emprego anterior não podem ser pesqui- dade; mobilidade, empatia, sensibilidade, equilíbrio, dentre outras.
sados para não expor os entrevistados, pois estes podem perder a • Algumas perguntas que podem ser feitas na entrevista:
espontaneidade ou sentir-se constrangidos. • Descreva suas tarefas e responsabilidades mais importantes.
A utilização da técnica de entrevista prevê a preparação dos • Relate duas ou Três situações que experimentou ou projetos
entrevistadores para que não ocorram perguntas repetidas, que que realizou no último(s) trabalho(s) que representaram realização.
não façam perguntas dirigidas apenas para um candidato, para não • Relate situações/atividades/projetos que representaram
demonstrar falta de planejamento. O método de entrevista pode frustração e como lidou com estas situações.
ser: • Na sua vida profissional, qual ou quais metas ou situações
a) Diretivo – baseia-se em um roteiro planejado, permite que foram as mais desafiadoras – as mais frustrantes e as mais
manter o controle da situação quanto ao tempo a ser utilizado e estressantes.
perguntas a serem feitas, é recomendado quando se dispõe de • Quais expectativas para esta posição, nesta empresa.
pouco tempo para coleta de dados; quando os dados a serem • Como espera contribuir para com esta empresa.
pesquisados são objetivos. • Os objetivos para daqui a dois e cinco anos e o que está
b) Não Diretivo – enfatiza-se a relação entrevistado e entre- fazendo para alcançá-los.
vistador , assim como suas expressões verbais e não verbais, é • O que te levou a deixar a(s) ou que te faz pensar em deixar
adequado para situações onde o entrevistado apresenta acentuada a(s) empresa(s) anterior(es).
tensão emocional; apresenta recursos intelectuais satisfatórios. • Quais as decisão mais difícil que você já tomou.
O responsável pelo processo de recrutamento e seleção deve • Qual situação faria você desrespeitar alguma norma da
preparar-se para a entrevista através da elaboração do Roteiro da empresa.
Entrevista; ler novamente o currículo ou Ficha de Solicitação de Em- • Dê exemplo de uma situação onde antecipou possíveis pro-
prego; preparação dos outros entrevistadores; preparação do local blemas para seu cliente e qual foi à solução recomendada.
de atendimento garantindo privacidade e outras características • Exemplifique um trabalho/projeto/nova tecnologia e qual
que permitam condições éticas e pessoais mínimas; evitar que haja metodologia usaria para implementação.
interrupções, que a sala seja fechada, iluminada e arejada. Existem outras questões relevantes dependo da área / cargo/
No início da entrevista, deve estabelecer o rapport, quebrar o perfil estabelecido.
gelo através de um conversa informal criando um ambiente des- Além disso, podem-se criar situações relacionadas à área/em-
contraído e cordial, falar sobre a empresa, seu histórico, missão, va- presa/atividades e solicitar para que o candidato relate como agiria
lores, produtos, perspectivas, organograma, benefícios, motivo da ou o que pensa a respeito da situação ou problemática abordada.
abertura da vaga, dentre outras. Deve-se tomar cuidado para não Ao convocar candidatos para fase de entrevistas, o ideal é
superdimensionar a organização, falar sobre o cargo, o motivo da utilizar uma abordagem que perpasse os seguintes itens:
abertura da vaga, principais atividades, responsabilidades, perspec- • Empatia;
tivas, fornecer ao candidato as informações sobre o perfil esperado • Clareza;
e como será o processo seletivo. Isto possibilita que o candidato • Apresentação da empresa;
analise se atende suas expectativas e se deseja continuar. • Apresentação da Vaga, focando condições de trabalho;
O candidato é cliente da seleção e deve ser tratado com consi- Etc.
deração, ética e respeito. Pode-se utilizar o período de contato telefônico com os recru-
O fechamento da entrevista deve dar oportunidade ao candi- tados para analisar:
dato para expressar opiniões ou fazer alguma pergunta; devem-se • Fluência verbal;
dar explicações sobre as próximas fases e comprometer-se com o • Expectativas;
retorno. • Motivação para participar do processo;
A duração da entrevista é de 45 a 60 minutos. Este tempo é • Desenvoltura;
utilizado para: Introdução – Informações Pessoais e Profissionais – • Etc.
Informações sobre Perfil de Atribuições e Competências.
Após a entrevista, deve-se analisar se o perfil do candidato é Dinâmica de Grupo
compatível com o solicitado pela organização e preencher imedia-
tamente o relatório com as devidas avaliações e parecer da seleção Técnica que integra o processo seletivo através da aplicação
(RABAGLIO, 2005). de exercícios, jogos e simulações. Ela dá aos examinadores a pos-
Analisando a Entrevista: sibilidade de observar as pessoas exercendo diversos papéis onde
• Correlação entre o que foi narrado e as competências – pos- são encontrados os requisitos básicos exigidos para o cargo a ser
tura e estilo pessoal do candidato e a adequação com a empresa; preenchido. Faz parte de um conjunto de instrumentos para avaliar
• Competências que não atendem as exigências, se são passí- o candidato. Sua finalidade é auxiliar a revelar ao selecionador se
veis de treinamento e a viabilidade para a empresa. o candidato apresenta as características profissionais e pessoais
• Se as expectativas e reivindicações do candidato vão ao que a empresa está buscando. Esta técnica consiste em oferecer
encontro às da empresa; algumas situações que possam colocar o grupo em funcionamento,
• Contribuições que serão efetivas para a empresa (RABAGLIO, a fim de que se estabeleça uma dinâmica, de tal forma que os
2005). candidatos venham a se expor.

59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Embora as etapas e propostas das dinâmicas mudem de uma As empresas podem manter um contato mais personalizado
empresa para outra, de modo geral, elas consistem de três etapas: com os candidatos, enviando mensagens de atualização, agrade-
Estas atividades grupais possibilitam que algumas características cimento, informando sobre os processos seletivos etc., podendo
dos candidatos se revelem e, assim, permitam ao selecionador atingir um grande público individualmente, melhorando a sintonia
avaliar a compatibilidade entre o candidato e a vaga oferecida. com todos os profissionais. Por outro lado, beneficia também os
Observa-se como cada pessoa se comporta em grupo, como é a candidatos às futuras vagas, pois eles podem manter seus dados
comunicação, o nível de iniciativa, a liderança, o processo de pen- atualizados – entrando com login e senha na área destinada a eles,
samento, o nível de frustração, se aceita bem o fato de não ter sua no site – facilitando futuros contatos Rapidez e baixo custo caracte-
ideia levada em conta, dentre outros. riza o processo virtual.
Parecer da Seleção após aplicação das técnicas
Provas situacionais Deve-se relatar os principais atributos e os aspectos que não
São simulações de problemas rotineiros e/ou de situações do atendem a necessidade.
dia-a-dia ocorridos nas organizações onde os candidatos devem Indicar se o parecer é favorável ou desfavorável
posicionar-se apresentando soluções para estas situações, de- a) Está acima do esperado
monstrando suas capacidades para percepção, análise e solução b) atende as expectativas/requisitos definidos
de um problema concreto. As situações problema permitem c) Favorável com restrições (citar em quais requisitos)
mais de um caminho ou forma para solução do problema, pois o d) desfavorável
objetivo é avaliar como o candidato aplica seus conhecimentos, Finalização do Processo Seletivo: Após o parecer da seleção
como toma decisões muitas vezes colocando-se no lugar do gestor, indicando ou não o(s) candidato(s) e a decisão do requisitante
suas atitudes diante das situações. Portanto dependendo de como pela aprovação ou não, o recrutamento e seleção deverá tomar as
formularem esta prova, é possível avaliar a ética, a prioridade que seguintes ações:
o candidato estabelece em relação às pessoas e a organização, a) Retorno aos Candidatos não aprovados: deve ocorrer logo
avaliação da relação custo benefício de suas decisões, se consegue após a conclusão do processo através de e-mail, carta, telegrama,
enxergar um mesmo problema sob diversos ângulos, dentre outros telefonema ou outra forma julgar conveniente.
Geralmente são aplicadas individualmente e podem ser utilizadas b) Retorno ao candidato aprovado: encaminhando para exa-
para discussão em grupo. Quanto mais alto o cargo, menor a possi- me médico admissional; entrega de documentação para processar
bilidade da utilização desta técnica. a contratação; Integração de Novos Funcionários.
c) Após o período de experiência ou outro período designado
Testes Psicológicos pela empresa, deverá haver um acompanhamento do novo fun-
Os testes avaliam principalmente aptidões, interesses, ati- cionário objetivando verificar sua adaptação, se suas expectativas
tudes personalidade com a finalidade de identificar o perfil e as estão sendo atendidas, dificuldades que está encontrando e como
características e prognosticar o comportamento em determinadas está resolvendo, além de outras e a avaliação do gestor sobre o
formas de trabalho bem como o potencial de desenvolvimento do desenvolvimento do funcionário.
candidato. A escolha de um teste psicológico deve ser feita pelo psi- 1.6.4 Análise e descrição de cargos
cólogo e este deve observar determinados fatores como atributos e Segundo Joelson Matoso, técnico da Secretaria de Adminis-
características que serão avaliadas. tração do Estado de Mato Grosso, em um modelo de gestão por
Os testes são ferramentas auxiliares no processo de decisão, processos a quantidade de cargos se dá em função da quantidade
nunca podem ser vistos como fim. Eles complementam as impres- de processos e das demandas de trabalho. O conjunto de cargos
sões que são colhidas nas entrevistas, dinâmicas de grupos e nas responsáveis por um número específico de processos (sistemas)
provas. Os testes psicológicos para serem usados devem passar por compõe a estrutura organizacional.
um crivo científico que comprovem sua validade (capacidade de A análise e descrição de cargos é uma ferramenta gerencial
medir aquilo a que se propõe), precisão e fidedignidade (consis- muito eficiente para a uma organização, principalmente pela gran-
tência dos resultados e estabilidade das respostas, comparando-se de quantidade de informações que gera e que servem de subsídios
grupos de pesquisa e instrumentos similares) e padronização para diversos processos de gestão de pessoas.
(instruções normativas para aplicação dos testes) e a existência de Como qualquer outra ferramenta de gestão, possui fundamen-
normas específicas e atualizadas para a população brasileira. to teórico, base desse artigo, que objetiva de maneira clara e obje-
tiva fornecer alguns conceitos e orientações para a sua aplicação.
Testes Técnicos ou Prova de É um documento formal, geralmente um formulário ou
conhecimentos e de capacidades relatório com o detalhamento do que um cargo exige em termos
de conhecimentos, habilidades e capacidades para que possa ser
São instrumentos utilizados para avaliar o nível de conheci- desempenhada determinada função. A descrição e análise de
mentos gerais e específicos dos candidatos exigidos pelo cargo a cargos tende a otimizar o desenvolvimento de outras atividades,
ser preenchido. Podem ser orais ou escritas, através de perguntas e tais como: recrutamento, seleção, treinamentos, planejamento de
respostas ou de realização, aplicadas por meio de execução de uma cargos e salários, avaliação de desempenho e segurança no traba-
tarefa (CHIAVENATO, 2005). lho (MATOSO, 2008).30
Algumas empresas estão utilizando o recrutamento on-line. Matoso explica que, dentro da estrutura, cada cargo está
Existe uma série de funcionalidades de e-Recruitment que orga- direta ou indiretamente responsável por um ou mais processos, de
nizam cada processo seletivo de modo que cada candidato em forma que estes (os processos) requerem profissionais com carac-
cada vaga mantenha seu status atualizado, tal como: avaliações terísticas específicas, daí a necessidade de se fazer a descrição e
do recrutador – entrevistas e dinâmicas, testes on-line etc. Isso análise dos cargos dos Núcleos Sistêmicos com o objetivo de alocar
facilita o trabalho dos recrutadores, consultores, assistentes e das as pessoas certas nos cargos adequados. Destaca-se aqui as ideias
áreas coligadas como: Administração de Pessoal, Cargos e Salários, deste servidor público sobre análise e descrição de cargos:
Treinamento e Desenvolvimento, Planejamento de Carreira, já que 30. Obtido em http://gestaocomaspessoas.blogspot.com.
todas as informações podem ser compartilhadas.
br/2008/01/anlise-e-descrio-de-cargos.html

60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Além disso, a descrição e análise de cargos oferece: • Quais as principais complexidades do seu cargo?
• Insumo para nomear pessoas para os cargos existentes: Uma • Que tipos de obstáculos ou de oportunidades exigem o máxi-
vez que o perfil do cargo já está descrito, basta encontrar a pessoa mo de sua habilidade para atingir seus objetivos?
que melhor preencha os requisitos exigidos. • Como o seu superior pode saber se você está tendo um
• Insumo para avaliação de desempenho: O desempenho do desempenho satisfatório em relação aos objetivos estabelecidos
ocupante do cargo pode e deve ser avaliado com base nas caracte- para o seu cargo?
rísticas que o cargo requer. • Quais os principais objetivos que poderiam ser tomados
• Insumo para levantar necessidades de capacitação: A análise como representativos para o seu cargo?
e descrição do cargo contém o perfil de profissional ideal para ocu- • Qual a medida (quantitativa ou qualitativa) poderia ser utili-
par aquele cargo. Se o ocupante não possui certa habilidade ou co- zada para descrever ou medir o seu desempenho?
nhecimento requerido pelo cargo, deve desenvolver tal habilidade
ou conhecimento para desempenhar de maneira satisfatória suas Sugestão de verbos para iniciar as fra-
funções. A necessidade de capacitação é, portanto, a diferença en- ses de descrição das atividades
tre a descrição do cargo e a avaliação de desempenho do servidor.
• Insumo para ações de segurança no trabalho, porque identi- Aconselhar, adotar, ajustar, ajudar, analisar, apoiar, apre-
fica os cargos em que os riscos a saúde do trabalhador são maiores. sentar, aprovar, aprimorar, avaliar, aferir, conduzir, consultar,
• Insumo para revisão de leis de carreira: Na medida em que contatar, controlar, desenvolver, determinar, dirigir, elaborar,
a descrição dos cargos é analisada periodicamente e sofre mudan-
especificar, estabelecer, estudar, examinar, executar, facilitar,
ças devido as novas demandas dos processos (leia-se sociedade),
informar, liderar, manter, motivar, orientar, organizar, participar,
aumentando a complexidade das atividades pode-se propor al-
pesquisar, planejar, preparar, prever, receber, recomendar, repor-
terações nas leis de carreira objetivando adequar o salário/carga
tar, representar, rever, selecionar, supervisionar, treinar, verificar.
horária as exigências do cargo.
• Clareza para os ocupantes dos cargos sobre as atividades, Sugestão de verbos para descrever a missão do cargo
responsabilidades e a importância do seu trabalho para a melhoria Verbos para você usar no meio da frase, depois de palavras
dos serviços públicos. como “visando a”, “afim de”, “para”, “com o objetivo de” etc.
• Etapas da realização da descrição e análise de cargos (Como) Alcançar, apoiar, aprimorar, assegurar, assistir, atingir, au-
• Objetivamente a descrição de cargos é realizada nas seguin- mentar, auxiliar, conseguir, contribuir, controlar, coordenar, criar,
tes etapas: cumprir, desenvolver, estabelecer, estimular, facilitar, formular,
• Elaboração de formulário implementar, manter, maximizar, minimizar, motivar, obter, otimi-
• Elaboração de manual de instrução de preenchimento do zar, preservar, promover, proteger, reduzir.
formulário e/ou treinamento dos facilitadores.
• Preenchimento dos formulários (pode ser por meio de Treinamento
entrevista de um facilitador ao ocupante do cargo, ou o próprio
ocupante preenchendo o formulário) O Treinamento e Desenvolvimento (T&D) pode ser definido de
• Validação/correção dos formulários preenchidos modo amplo como um processo educacional aplicado de maneira
• Revisão periódica da descrição para adequação do cargo às organizada e sistemática, que visa mudança de atitudes e compor-
mudanças nos processos/atividades tamentos. De modo mais específico:
Entrevista de levantamento de dados para elaboração da Desenvolvimento profissional: é a educação profissional que
descrição e análise de cargos. aperfeiçoa a pessoa para uma carreira dentro de uma profissão. É a
A entrevista é uma das formas de coleta de dados com educação profissional que visa ampliar, desenvolver e aperfeiçoar a
maior potencial para refletir de maneira fidedigna a realidade da pessoa para seu crescimento profissional em determinada carreira
organização. Tanto o entrevistador quanto o entrevistado têm na organização ou para que se torne mais eficiente e produtiva no
oportunidades de refletir sobre o cargo de uma forma sistemática. seu cargo. Seus objetivos são menos amplos que os da formação e
A entrevista levanta pontos e questões que normalmente passam situados no médio prazo, visando proporcionar conhecimentos que
despercebidos no dia a dia da organização. transcendem o que é exigido no cargo atual, preparando-a para
A entrevista deve iniciar com o entrevistado dando uma visão assumir funções mais complexas. É dado nas organizações ou em
geral do cargo, em termos de objetivos e responsabilidades. A seguir
firmas especializadas em desenvolvimento de pessoal.
o entrevistador deve iniciar as perguntas diretivas que propiciarão
Treinamento: é a educação profissional que adapta a pessoa
as respostas para preencher o formulário. As respostas devem
para um cargo ou função. Seus objetivos situados no curto prazo
contemplar os itens de um plano de ação: O que faz? Quando faz?
são restritos e imediatos, visando dar ao homem os elementos
Como faz? Onde faz? Porque faz?
Algumas perguntas que o entrevistador pode fazer: essenciais para o exercício de um cargo, preparando-o adequada-
• Qual o objetivo central que o seu cargo deve alcançar? mente para ele. É dado nas empresas ou em firmas especializadas
• Quais são as principais atividades que você dirige, supervi- em treinamento. Nas empresas, é delegado geralmente ao chefe
siona ou controla? (Esta pergunta pode gerar muitas outras. Pode imediato da pessoa que está trabalhando. Obedece a um programa
tomar algum tempo para cobrir todas as atribuições do cargo). preestabelecido e atende a uma ação sistemática visando à adapta-
• Qual a participação do seu cargo na definição de políticas, ção do homem ao trabalho. Pode ser aplicado a todos os níveis ou
objetivos, normas e procedimentos para sua área? setores da empresa (CHIAVENATO, 2009, pp.388-389).
• Como são estabelecidos os objetivos e metas de curto/longo O papel de T&D é o de coordenar e apoiar os processos de
prazos para o seu cargo? mudança, contribuindo para conquista equilibrada e simultânea
• Como é feito o planejamento, o acompanhamento e as corre- dos resultados das pessoas e das organizações (BOOG, 2005). As
ções dos planos e objetivos do seu trabalho? funções de treinamento e desenvolvimento têm um papel essencial
• Como você planeja, acompanha, controla e avalia o resultado no crescimento de uma organização.
do trabalho dos membros da sua equipe?

61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Vários estudos mostram isto. Pettigrew et al. (1988) já
discutiam, há quase vinte anos, que a função de treinamento PROCESSO DE TREINAMENTO E

podia ir além de promover treinamento técnico ou desenvolver DESENVOLVIMENTO

capacidades alinhadas ao mercado. Para esses autores, há quatro *OBJET IVO


*População

aspectos relacionados ao crescimento da atividade de treinamento


Envolvida

*Diagnóstico

e desenvolvimento em uma empresa: fatores estratégicos, política das


Necessidades

e personalidade da empresa, restrições de tempo e mobilização *PROGRAMA


para mudanças. *T REINAMENTOS INTERNOS DE
TREINAMENT O
T REINAMENT OS EXTERNOS

Os fatores estratégicos relacionam-se às mudanças tecnoló- Implementação


das ações de
Implementação
das ações de

gicas ou às mudanças que ocorrem no mercado e que provocam treinamento


interno*
treinamento
externo*

gaps de habilidades; isto é especialmente sério em empresas com


AVALIAÇÕES

base tecnológica onde treinamento em alto nível, às vezes, é uma REGIST ROS E CONT ROLES

das únicas opções viáveis para a empresa manter competitividade.


Quanto aos aspectos relacionados à política e à personalidade da
empresa, Pettigrew et al. (1988) comentam a necessidade de uma Figura – Processo de Treinamento e Desenvolvimento
filosofia que seja apoiadora de treinamento e que seja traduzida
em níveis de responsabilidade da companhia no tocante à criação Existem diversas oportunidades e meios para identificar as
de estruturas para identificação de necessidades, criação e compar- necessidades de treinamento e desenvolvimento. É necessário
tilhamento de treinamento. O aspecto relacionado às restrições de que haja clareza do por que, para quê, quem e em quanto tempo
tempo refere-se mais a questões operacionais do que estratégicas, precisamos treinar. É fundamental para o Planejamento, definir
pois envolve ações de apoio para cobertura temporária de postos objetivamente quais habilidades e competências que precisam ser
de trabalho, uma barreira frequentemente apresentada pelos desenvolvidas e as prioridades para este desenvolvimento (BOOG,
gestores de linha. Quanto à mobilização para mudança, os autores 2002). É fundamental o alinhamento com as Estratégias e metas da
comentam a necessidade de alinhamento dos programas de mu- organização.
dança propostos pela área de RH e as demandas por mudanças nas As necessidades apontadas devem ser analisadas considerando
demais áreas da empresa. os requisitos mínimos da função; as perspectivas para o(s) funcio-
Mas como fazer para verificar se o investimento em desen- nário(s); as estratégias e metas da organização; dentre outras.
volvimento de pessoas representa uma estratégia de intervenção O Diagnóstico de Treinamento e Desenvolvimento compreen-
efetiva para a aprendizagem organizacional, tema essencial quando de o levantamento e a análise das adequações ou inadequações
o assunto é competitividade? Berry e Grieves (2003) apontam que das Necessidades de treinamento que pode ser feito através:
o caminho para a verificação está na extensão em que esse inves- a) Pesquisa junto ao gestor: que pode ser feita através de en-
timento é capaz de promover a transferência de aprendizagem, trevista, questionário ou utilizando outros instrumentos abordando
desenvolver a capacidade de treinamento e encorajar o desenvol- os tipos de necessidades, por exemplo, fortalecer o relacionamento
vimento de um RH estratégico. Para os autores, a transferência de e a comunicação na equipe de trabalho; justificativa; prioridade
aprendizagem é avaliada pela capacidade que as pessoas têm de que deve ser estabelecida em função da necessidade, por exemplo,
transferir para suas situações reais de trabalho o que aprenderam capacitar operadores para operar a máquina X que deverá estar
em programas de treinamento. A capacidade de treinamento é instalada em três meses. Neste caso a prioridade é alta devendo ser
vista como a habilidade que as organizações têm para promover, atendida em no máximo dois meses; identificar os funcionários que
desenvolver continuamente e sustentar as habilidades para apren- deverão ser treinados; etc.
der e criar novos conhecimentos aplicáveis. b) Avaliação de Desempenho: resultado da avaliação das
Esta capacidade é uma mistura de recursos aplicados pela or- competências, habilidades e desempenho e da identificação
ganização para alcançar um determinado fim e o desenvolvimento das ações que podem ser resolvidas através de treinamento e
de competências essenciais à empresa que garantem à mesma desenvolvimento, como por exemplo: baixa produtividade e erros
sua vantagem competitiva. Quanto ao desenvolvimento de um RH frequentes em função de despreparo para efetuar determinadas
estratégico, os autores apontam que este se relaciona à capacidade análises laboratoriais. Envolve ação de treinamento técnico ou uma
que a organização tem de operacionalizar sua missão através de recomendação para promoção em função de bom desempenho,
fatores de sucesso críticos; de criar indicadores de desempenho da envolve ações de treinamento para identificar os gaps e preparar o
área que sejam adequados; do desenvolvimento da habilidade para funcionário para ocupar a posição indicada.
fazer diagnósticos; da aplicação de conhecimentos no processo de c) Introdução de novas tecnologias ou Mudanças: fornece
transformação cultural; da capacidade de aplicação de competên- demanda para que treinamento e desenvolvimento capacitem
cias para relacionar o processo de mudança em curso com o pro- as pessoas para operar os novos equipamentos ou processos,
cesso planejado. Segundo os autores, todas estas ações, embora desenvolver novos produtos; efetuar processos de transferências
não exatamente alocadas na área de RH, dependem do suporte da de tecnologias, dentre outros.
mesma para que a vantagem competitiva se consolide. d) Entrevista de Desligamento: quando o funcionário desli-
O Processo de T&D prevê as seguintes etapas: gar-se da empresa, efetua-se a entrevista para verificar as razões
1) Diagnóstico das Necessidades: efetuando o levantamento e do desligamento; dificuldades que encontrou no desempenho de
análise das necessidades de Treinamento e desenvolvimento; suas funções, estilo de liderança, ações para que melhorasse seu
2) Elaboração e Implementação do Programa de Treinamento desempenho, dentre outras.
e Desenvolvimento;
3) Avaliações: compreende avaliações de reação; de acompa-
nhamento e de conhecimento, quando prevista.
4) Registros e Controles.

62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
e) Pesquisa de Clima Organizacional: avaliar a percepção dos e) Programas de Trainees ou estagiários: desenvolvimento de
funcionários relacionadas com as práticas e políticas da organização recém-formados ou no caso de estagiários, de estudantes de cursos
relacionadas ao sistema de gestão; capacitação; oportunidades de técnico ou superior, objetivando que ocupem funções superiores
desenvolvimento; relações interpessoais, processo de comunica- na organização.
ção; imagem da organização; dentre outros, avaliando quais ações f) Outdoor training: realizado em ambiente aberto, utilizando
de treinamento e desenvolvimento pode contribuir para melhorar técnicas vivenciais em situações planejadas, possibilitando fixar
o nível de satisfação ou insatisfação dos funcionários. conceitos importantes na realidade das organizações e de funções
f) Os processos de Qualidade, Segurança e Meio ambiente, específicas.
devem indicar necessidades de treinamento e desenvolvimento g) Integração de Novos funcionários: indicado para preparar
em função de implementação de políticas, certificações, auditorias, os funcionários recém admitidos através de orientações sobre
exigências legais, ou aumento de índices de acidentes, não cumpri- políticas, procedimentos, estrutura, valores, produtos, histórico,
mento das normas e procedimentos, dentre outros. dentre outros, sempre com a utilização de um bom planejamento
g) Pesquisa com Clientes ou Reclamações de Mercado: se a para impactar de forma positiva no funcionário podendo estabele-
organização adota esta prática, deve identificar quais ações de trei- cer clima de confiança e relação duradoura.
namento e desenvolvimento que contribuem para sanar problemas No que se refere aos métodos e técnicas de treinamento, os
indicados pelos clientes ou para prevenir possíveis reclamações. mais usuais são:
A elaboração de um programa de treinamento deve levar em a) Palestras – apresentação de curta duração – atualização
consideração o Estágio de desenvolvimento da organização; deve- b) Workshops – tem caráter de formação – exercício do co-
-se dimensionar o custo e como pode ser otimizado; cronograma nhecimento
dos treinamentos, conforme prioridades estabelecidas; os recursos c) Multiplicadores – profissionais da própria empresa treina-
necessários; as instituições ou instrutores que estarão capacitados dos para reproduzir treinamentos
para atender a demanda da organização; análise dos conteúdos e d) Seminários – conceituais – indicados para aperfeiçoamento
metodologias; quais e quantas pessoas serão treinadas; e outras. e) Job Rotation – deslocamento de pessoas de uma função
A implementação requer que os profissionais de treinamento e para outra, para aprender exercitando.
desenvolvimento cuidem da logística para viabilizar a execução de f) On the job – treinamento no local de trabalho
todos os treinamentos programados, verificando com antecedên- g) Coaching – orientação personalizada para questões especí-
cia o local cuidando do acesso, verificando iluminação, ventilação, ficas
espaço, ruído; a data, horários; materiais e equipamentos; convites, h) Mentoring – orientação personalizada que visa estimular o
certificados, crachás; alimentação, dentre outros. crescimento e resolução de problemas
Quando o treinamento for ministrado por instrutores internos, i) Vivencial – reprodução de uma situação similar a do dia a dia,
deve-se elaborar o Plano de treinamento que deve abranger os através de dramatizações, rol playng, Jogos de Empresa, Dinâmicas
seguintes tópicos: de Grupo -.
• Título; j) À Distância – (E-Learning) realizado por algum meio de
• Objetivo a ser atingido; comunicação, internet, intranet, fitas e vídeo e outros.
• População alvo (quem participará do treinamento); k) Estudo de casos – pode ser usado casos reais ou fictícios
• Carga horária;
• Período ou data para realização; Quanto aos recursos didáticos, salientam-se: datashow, multi-
• Local; mídia, flip-chart, filmadoras, gravadores, televisor, vídeos, blu-ray,
• Conteúdo a ser ministrado; DVD, livros, apostilas, projetores, dentre outros.
• Recursos instrucionais;
• Metodologia; EFICIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DE GRUPOS. O IN-
• Avaliações. DIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO: PAPÉIS E INTERAÇÕES.
TRABALHO EM EQUIPE. EQUIPES DE TRABALHO
Cabe aos profissionais de treinamento e desenvolvimento a
responsabilidade de treinar os instrutores internos para garantir a
eficácia dos treinamentos. As organizações contemporâneas têm percebido a importância
Com relação aos tipos de treinamento, pode-se fazer a seguin- do comportamento organizacional como fator competitivo nos úl-
te divisão: timos tempos.
a) Formação: programas desenvolvidos com a finalidade de Atualmente, devido aos avanços em tecnologia e informação,
instalar competências ou habilidades básicas e necessárias para as pessoas têm tido maiores oportunidades de se desenvolver e se
o exercício da função atual ou futura, fornecer uma formação ao tornar diferenciais no mercado de trabalho em termos de conheci-
treinando. Podemos incluir idiomas, programas em universidades, mento técnico, por exemplo.
cursos técnicos, dentre outros. Porém, o conhecimento técnico não é o único responsável por
b) Aperfeiçoamento ou atualização: indicado para melhorar gerar diferencial no mercado de trabalho. É possível o trabalhador
o padrão de desempenho na própria função. Pode-se citar como de forma geral ter muito conhecimento sobre o que faz, ter habili-
exemplo, uma selecionadora com experiência no cargo que irá dade para realizar, mas não ter atitude para fazer, o que depende
fazer um curso sobre técnicas inovadoras na área de seleção. da decisão do mesmo.
c) Gerenciais: indicados para desenvolver ou aperfeiçoar as As empresas por sua vez, têm uma importante tarefa neste con-
habilidades de lideranças, de gestão de pessoas. texto. Cada empresa tem seu grupo de crenças, valores e princípios
d) Técnicos: indicados para estabelecer novas metodologias, que formam sua cultura organizacional. Esta cultura é demonstrada
novas tecnologias ou técnicas de trabalho. a partir do comportamento das pessoas dentro da organização.

63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A tarefa das empresas diante desta realidade, geralmente do Impressões
setor de RH ou gestão de pessoas, é de alinhar o mais próximo pos- Este processo é o primeiro que temos no primeiro contato com
sível, o comportamento do colaborador dentro da empresa e até alguém que não conhecemos, construímos uma ideia/imagem, so-
fora dela, em atuação pelo trabalho, ao comportamento esperado bre essa pessoa a partir de algumas características. Isto também
pela organização de acordo com sua cultura organizacional. acontece com os objetos com que contatamos. Contudo, há dife-
Comportamento organizacional é o estudo do comportamento renças assinaláveis quando se trata de pessoas: a produção da im-
dos indivíduos e grupos em situação de trabalho e seus impactos pressão é mútua (o outro também tem impressões); por outro lado,
no ambiente empresarial. O estudo desses comportamentos está a minha impressão afeta o meu comportamento e por tanto, o seu
relacionado a fatores de grande influência nos resultados alcan- comportamento para comigo.
çados pelas empresas como: liderança, estruturas e processos de Um dos aspectos mais importantes das impressões é a relação
grupo, percepção, aprendizagem, atitude, adaptação às mudanças, interpessoal que se estabelecerá no futuro. Se, alguma das primei-
conflito, dimensionamento do trabalho, entre outros que afetam os ras impressões for modificada, temos tendência a rejeitar a nova
indivíduos e as equipes organizacionais. informação, mantendo a que ficou no primeiro encontro.
Os relatórios gerados pelo estudo do comportamento organiza- Impressão e categorização
cional geram para os gestores, poderosas ferramentas que auxiliam Para se simplificar o armazenamento de toda a informação,
na melhor administração diante da complexidade existente devido procedemos a um processo de categorização, ou seja, reagrupamos
à diversidade, globalização, contínuas mudanças, aumento dos pa- os objetos, as pessoas, as situações, a partir daquilo que considera-
drões de qualidade, ou seja, consequências dos avanços de modo mos serem as suas diferenças e semelhanças.
geral. No caso das impressões classificamos a pessoa em categorias,
Os setores responsáveis por lutarem por esse alinhamento esta ideia global vai orientar o nosso comportamento, porque nos
tão importante usam diversas ferramentas e estratégias para pro- fornece um esboço psicológico da pessoa em questão. A caracte-
porcionar os resultados esperados, dente eles estão programas de rização permite simplificar a complexidade do mundo social. Esta
coaching, questionários de perfis comportamentais, BSC com foco categorização contempla três tipos de avaliação:
pessoal, PDCA também com foco pessoal, mapeamento de compe- - Afetiva
tências, dentre muitas outras. - Moral
Neste processo é necessário que a empresa consiga o máximo - Instrumental
possível, compartilhar com os colaboradores de todos os níveis es-
tratégicos sua cultura com clareza, de modo que os colaboradores A categorização inerente à formação das impressões orienta
possam entender e participar praticando a mesma com responsabi- o nosso comportamento. Ao desenvolvermos expectativas sobre o
lidade e convicção.31 comportamento dos outros a partir das impressões que formamos,
isso possibilita-nos planear as nossas ações, o que é um facilitador
Indivíduos e grupos do processo das interações sociais.
Fundamentalmente a partir da aprendizagem, o comporta-
mento apresenta uma enorme complexidade e diversidade nas A formação das impressões
mais diferentes relações que se estabelece com o meio. As intera- Na base da formação das impressões está a interpretação. A
ções sociais são aquilo que nos separam dos animais. maneira como formamos uma impressão tem como base quatro
Grande parte da nossa vida gira à volta de instituições sociais indícios:
que orientam um novo comportamento. Para além disso, a maior - Físicos – aparência, expressões sociais e gestos. Ex.: se a pes-
parte das interações sociais são orientadas por fatores de ordem soa for magra posso associar a uma personalidade irritável.
cognitiva, este fatores de carácter cognitivo levam-nos a interpretar - Verbais – exemplo: o modo como a pessoa fala, surge como
as situações e a organizar as respostas mais adequadas. um indicador de instrução
- Não - verbais – exemplo: vestuário, o modo como a pessoa se
Cognição social – conjunto de processos que estão adjacentes senta ou gesticula enquanto fala.
ao modo como encaramos os outros, a nós próprios e à forma como - Comportamentais – conjunto de comportamentos. Ex.: o
interagimos. modo como os comportamentos são interpretados remete para as
A cognição social refere-se, assim, ao papel desempenhado experiências passadas. Daí que o mesmo comportamento possa ter
por fatores cognitivos no nosso comportamento social, procurando significados diferentes para diferentes pessoas.
conhecer o modo como os nossos pensamentos são afetados pelo
contexto social. Este processo é uma forma de conhecimento e de Teoria implícita da personalidade
relação com o mundo dos outros. Todos nós a partir de poucas informações estamos preparados
Como temos uma capacidade limitada de processos de infor- para inferir a personalidade geral de uma pessoa, basta dar duas
mação relativa do mundo social, recorremos a esquemas que repre- informações e deduzir algo da pessoa.
sentam o nosso conhecimento sobre nos, sobre os outros e sobre
o nosso papel no mundo. É a partir desses esquemas que processa- O efeito das primeiras impressões
mos a informação sobre o mundo social e que formamos opiniões A primeira informação é a que tem maior influência sobre as
sobre nós e sobre os outros. nossas impressões. Por tanto, a ordem com que conhecemos as ca-
Processos de cognição social: racterísticas de uma pessoa não é indiferente para a formação de
- Impressões impressões sobre ela.
- Expectativas Uma das características das primeiras impressões é a sua per-
- Atitudes sistência, dado que, a partir de algumas informações constituímos
- Representações sociais uma ideia geral sobre a pessoa, é muito difícil alterarmos a nossa
percepção, mesmo que, recebamos informações que contradizem
a nossa impressão inicial. Á como uma rejeição a entregar novas
31 Fonte: www.administradores.com.br – Texto adaptado de
informações.
Deyviane Teixeira

64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Efeito de Halo – se as primeiras impressões forem positivas,
temos tendência a criar algo de bom sobre a pessoa, a idealizar uma Componentes das atitudes
boa relação, sendo que o contrário também se verifica. Construídas ao longo da vida, mas com especial incidência na
Todos nós tendemos a fazer perdurar no tempo as primeiras infância e na adolescência, as atitudes envolvem diferentes compo-
impressões que obtemos de alguém, sendo que essas persistem no nentes interligadas. Nas atitudes, podem distinguir-se três compo-
tempo, sendo que tendemos sempre a crer que novas informações nentes:
contraditórias sejam submetidas ao crivo (separação das primeiras - Componente cognitiva – é construída pelo conjunto de ideias,
impressões). de informações, de crenças que se têm sobre um dado objeto so-
Expectativas cial. É o que consideramos como verdadeiro acerca do objeto.
Podemos definir as expectativas como modos de categorizar - Componente afetiva - conjunto de valores e emoções, positi-
as pessoas através dos indícios e das informações, prevendo o seu vas ou negativas, relativamente ao objeto social. Está ligada ao sis-
comportamento e as suas atitudes. As expectativas são mútuas, isto tema de valores, sendo a sua direção emocional.
é, o outro com quem interagimos desenvolve também expectativas - Componente comportamental – conjunto de reações, de
relativamente a nós. respostas, face ao objeto social. Esta disposição para agir de de-
Exemplo: ao entrar num tribunal vimos um homem de toga terminada maneira depende das crenças e dos valores que se têm
preta e deduzimos que seja um advogado ou um juiz. Isto funciona relativamente ao objeto social.
como um indício que me permitiu incluí-lo numa determina da
categoria social. É a partir de uma informação ou convicção a que se atribui um
Na categorização estão envolvidas duas operações básicas: sentimento que desenvolvo um conjunto de comportamentos.
indução e a dedução. É pela indução que passamos da percepção Por exemplo, uma atitude negativa relativamente ao tabaco
da toga preta à inclusão daquela categoria. É pela dedução que, a pode basear-se numa crença de que há uma relação entre o taba-
partir do momento em que reconhecemos a categoria a que uma co e o cancro (componente cognitiva). A pessoa que partilha desta
pessoa pertence, passamos a atribuir-lhe determinadas caracterís- crença não gosta do fumo e experimenta sentimentos desagradá-
ticas. Podemos afirmar que, tal como outros processos de cognição veis em ambientes onde as pessoas fumam (componente afetiva).
social, as expectativas formam-se no processo de socialização por
A esta atitude estão, associados alguns destes comportamentos: a
influência da família, da escola, do grupo de pares, da comunidade
pessoa não fuma, tenta convencer os outros a não fumar (compo-
social. Estão, portanto, marcadas pelos valores, crenças, atitudes e
nente comportamental).
normas de um dado contexto social, bem como pela história pesso-
al. O facto de não conhecermos o desconhecido leva-nos a construir
esquemas interpretativos que organizam a informação que capta- Atitudes e comportamentos
mos e que estão na base das impressões e das expectativas. As atitudes não são diretamente observáveis: inferem-se dos
Nós comportamo-nos de acordo com aquilo que pensamos que comportamentos. Também é possível, a partir de um comporta-
os outros pensam de nós. mento, inferir a atitude que esteve na sua origem. Assim, se sou-
bermos que uma pessoa tem uma atitude negativa face ao tabaco,
Expectativas, estatuto e papel podemos prever a forma como se comportará face a uma campa-
Um exemplo muito claro das expectativas na vida social é por nha antitabaco, ou como reagirá se fumarmos junto a ela.
exemplo uma relação entre marido mulher, pais e filhos. De igual modo, as reações de uma pessoa face a uma situação
Ao exercer as funções respectivas, há um conjunto de expecta- podem permitir prever a atitude que lhe está subjacente.
tivas mútuas que regulam as relações. As atitudes são o suporte intencional de grande parte dos nos-
A cada estatuto corresponde um papel, isto é, um conjunto de sos comportamentos.
comportamentos que esperados de um individuo com determinado
estatuto. No caso de uma professora nós esperamos que ela ensi- Formação e mudança de atitudes
ne bem. Existe, portanto, uma complementaridade entre estatuto As atitudes não nascem conosco, formam-se e aprendem-se no
e papel. processo de socialização. São vários os agentes sociais responsáveis
Numa sociedade, os papeis sociais prescrevem todos um con- pela formação das atitudes: os pais e a família, a escola, o grupo de
junto de comportamentos, possuem padrões de comportamentos amigos, a imprensa.
próprios, de tal forma institucionalizados que os seus membros sa- São sobretudo os pais que exercem um papel fundamental na
bem quais as reações que um seu comportamento pode provocar formação das primeiras atitudes nas crianças. A educação escolar
– expectativa de conduta. desempenha, na nossa sociedade, um papel central na formação
Estas experiências (experiência do telefone) mostraram que as das atitudes. Na adolescência, tem particular relevo o grupo de
expectativas positivas geram comportamentos positivos e as expec- amigos.
tativas negativas geram comportamentos negativos. Atualmente, os meios de comunicação, têm grande influência
na formação de novas atitudes ou no reforço das que já existem.
Atitudes
É através da observação, identificação e imitação dos modelos
Uma atitude é uma tendência para responder a um objeto so-
que se aprendem, que se formam as atitudes. Esta aprendizagem
cial – situação, pessoa, grupo, acontecimento – de modo favorável
ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência na infância
ou desfavorável. A atitude não é, portanto, um comportamento
e na adolescência. Há, contudo, uma tendência para a estabilidade
mas uma predisposição. É uma tomada de posição intencional de
um indivíduo face a um objeto social. As atitudes desempenham das atitudes.
um papel importante no modo como processamos a informação do
mundo social em que estamos inseridos. Permitem-nos interpretar,
organizar e processar as informações. É este processo que explica
que, face a uma mesma situação, diferentes pessoas a interpretem
de formas distintas.

65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Apesar da relativa estabilidade das atitudes, estas podem mu- - Esquematização figurativa – as informações selecionadas são
dar ao longo da vida. As experiências vividas pelo próprio podem organizadas num «núcleo figurativo», ou seja, são convertidas num
conduzir à alteração das atitudes. Por exemplo, uma pessoa é a fa- esquema figurativo simples.
vor da pena de morte pode mudar de atitude porque viu um filme - Naturalização – a representação é materializada, o abstrato
que a comoveu, um documentário impressionante. Várias pesqui- torna-se concreto.
sas levadas a cabo por psicólogos sociais nas últimas décadas per- - Ancoragem – corresponde à assimilação das imagens criadas
mitem identificar situações ou fatores que favorecem a mudança pela objetivação. As novas representações juntam-se às anteriores
de atitude. formando o «universo de opiniões».
Uma vez ancorada, uma representação social desempenha um
Dissonância cognitiva papel de filtro cognitivo, isto é, as informações novas são interpre-
Leon Festinger, psicólogo social, levou a cabo uma investigação tadas segundo os quadros de representação preexistentes. Estão
a partir da qual elaborou a teoria da dissonância cognitiva. muito marcadas pela cultura e pela sociedade: a cada época, a cada
Sempre que uma informação ou acontecimento contradiz o sis- sociedade correspondem representações próprias.
tema de representações, as convicções, a atitude de uma pessoa,
Funções das Representações Sociais
gera-se um mal – estar e uma inquietação que têm de ser resolvi-
- Função de saber – as representações dão um sentido à re-
dos: ou se muda o sistema de crenças, ou se reinterpreta a informa-
alidade: servem para os indivíduos explicarem, compreenderem e
ção que a contradiz, ou se reformulam as crenças anteriores.
desenvolverem ações concretas sobre o real.
A dissonância cognitiva é um sentimento desagradável que - Função de orientação – são um guia dos comportamentos.
pode ocorrer quando uma pessoa sustenta duas atitudes que se Prescrevem práticas na medida em que precedem o desenvolvi-
opõem, quando estão presentes duas cognições que não se ade- mento de uma ação.
quam ou duas componentes de atitude que se contradizem. Por - Função Identitária – permitem ao indivíduo construir uma
exemplo: a pessoa que gosta de fumar e que sabe que o tabaco identidade social, posicionando-se em relação aos outros grupos
pode provocar cancro está perante uma dissonância cognitiva que sociais de pertença ou não-pertença.
lhe pode provocar sentimentos de angústia de contradição ou in- - Função de justificação – permitem explicar e justificar as opi-
consistência. Poderá atenuar a situação: niões e comportamentos dos indivíduos.
- Mudando as duas convicções;
- Alterando a percepção da importância de uma delas; Influência Social
- Acrescentando uma outra informação; Pelo processo de socialização, integramos normas, valores,
- Negando a relação entre as duas convicções/informações. atitudes, comportamentos considerados desejáveis na sociedade a
A opção por qualquer uma delas conduz a dissonância cogni- que pertencemos. Todas as pessoas que vivem em sociedade são
tiva. influenciadas pelas outras, mesmo que não tenham consciência
Quanto mais fracas forem as razões para o comportamento dis- disso.
crepante, maior é o sentimento de dissonância e maior a motivação Podemos definir influência social como o processo pelo qual
para se modificar a atitude que provoca a inconsistência. as pessoas modificam, afetam os pensamentos, os sentimentos, as
emoções e os comportamentos de outras pessoas. Este processo
Representações sociais decorre da própria interação social, não tendo de ser intencional ou
É através das representações que somos capazes de evocar deliberado. Segundo o psicólogo social W. Doise, influência é: “um
uma pessoa, uma ideia e/ou um objeto, na sua ausência. O conceito conjunto de processos que modificam as percepções, juízos, atitu-
de representação foi alargado por Serge Moscovici, que o caracte- des ou comportamentos de um indivíduo a partir do conhecimento
rizou como um conhecimento que se distingue do conhecimento das percepções, juízos e atitudes dos outros.”
científico, elaborado a partir de modelos sociais e culturais e que
Processos de influência entre indivíduos
dão quadros de compreensão e de interpretação do real.
A influência social manifesta-se em três grandes processos que
Assim, podemos definir as representações sociais como o con-
vamos analisar para compreender o seu efeito no comportamento:
junto das explicitações, das crenças e das ideias que são partilhadas
normalização, conformismo, obediência.
e aceites coletivamente numa sociedade e são produto das intera-
ções sociais. Correspondem a determinadas épocas, decorrendo de Normalização
um conjunto de circunstâncias socioeconómicas, políticas e cultu- Através do processo de socialização, integramos um conjunto
rais, podendo, assim, alterar-se. de regras, de normas vigentes na sociedade em que estamos inseri-
dos e que regulam os comportamentos, dos mais simples aos mais
A Elaboração das Representações Sociais complexos. As normas estruturam as interações com os outros e
As representações são indispensáveis nas relações humanas, são aprendidas nos vários contextos sociais, na sua prática.
uma vez que fazem parte do processo de interação social. Moscovci As normas são regras sociais básicas que estabelecem o que
identificou dois processos que estão na sua origem: as pessoas podem ou não podem fazer em determinadas situações
- Objetivação – processo através do qual as representações que implicam o seu cumprimento. As normas são uma expressão
complexas e abstratas se tornam simples e concretas. Neste pro- de influência social. A sua interiorização progressiva ao longo do
cesso alguns elementos são excluídos/esquecidos e outros valori- processo de socialização torna-as tão naturais que não nos aperce-
zados/desenvolvidos, de forma a explicar a realidade de um modo bemos da forma como influenciam os nossos pensamentos e com-
mais simples. Envolve também o reagrupamento das ideias e ima- portamentos.
gens. As normas, que regulam as relações interpessoais e que refle-
- Construção seletiva – os elementos do objeto de uma repre- tem o que é socialmente desejável, orientam o comportamento.
sentação são selecionados e descontextualizados, sendo que ape- Definem o que é ou não é desejável, o que é conveniente num dado
nas a parte mais importante da informação é mantida. grupo social, apresentando modelos de conduta.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
É graças ao conjunto de normas que os comportamentos dos Processos de relação entre indivíduos e grupos.
indivíduos de um dado grupo social são uniformizados (toda a gen-
te lava os dentes de manha; toda a gente usa talheres para comer, Atração
etc), o que é uma vantagem, porque sabemos o que podemos es- A psicologia social procura compreender o que está na base
perar dos outros e o que os outros esperam de nós (prever o com- destes processos que explicam a atração interpessoal (não é atração
portamento dos outros). erótica). É um tema importante porque, compreender-se a atração
As normas traduzem os valores dominantes de uma sociedade interpessoal, é compreender também o funcionamento dos grupos
ou de um grupo, constituindo elementos de coesão grupal, dado sociais: como se originam, desenvolvem, evoluem e rompem as re-
que estabelecem um sistema de referência comum: atitudes e pa- lações interpessoais no interior dos grupos.
drões de comportamentos. As normas são facilitadoras do processo Podemos definir atração interpessoal como a avaliação cogniti-
de adaptação, pois mantêm-se estáveis no tempo, asseguram ao va e efetiva que fazemos dos outros e que nos leva a procurar a sua
grupo uma identidade. companhia. Manifesta-se pela preferência que temos por determi-
Na ausência de normas explícitas, reconhecidas coletivamente, nadas pessoas que nos levam a gostar de estar com elas, a partilhar
os indivíduos que constituem um grupo tentam elaborá-las influen- confortavelmente a sua presença.
ciando-se uns aos outros. A este processo dá-se o nome de norma- Fatores que influenciam a atração (além da história pessoal):
lização. Esta necessidade decorre do facto de a ausência de normas 1. Proximidade – a proximidade geográfica é um fator pode-
ser geradora de desorientação e angústia nos membros do grupo. roso na medida em que são as pessoas mais próximas aquelas por
A vida em sociedade seria impossível se não houvesse normas: as quem poderemos sentir-nos mais atraídas (também são aquelas
interações sociais seriam imprevisíveis, o que comprometeria a vida com quem poderemos ter mais conflitos)
social. É pelas normas que prevemos o comportamento dos outros 2. Familiaridade – relaciona-se também com a proximidade; a
e que orientamos o nosso comportamento. São as normas que as-
atração relativamente a uma pessoa pode aumentar se estivermos
seguram a estabilidade do nosso viver social.
frequentemente com ela. São as pessoas com quem lidamos com
A falta de cumprimento das normas leva a sanções/castigos,
mais frequência que nos são mais acessíveis.
que são aplicados da sociedade ao individuo.
3. Atração física – as pessoas fisicamente mais bonitas (segun-
Conformismo do os padrões culturais) causam melhores impressões iniciais, o
O conformismo é uma forma de influência social que resulta que incentiva a atração por essa pessoa.
do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas 4. Semelhanças interpessoais – sentimo-nos atraídos por pes-
atitudes por efeito da pressão do grupo. soas que têm sentimentos, comportamentos, atitudes, opiniões,
Existem factos que influenciam e explicam o conformismo: interesses e valores semelhantes aos nossos
- A unanimidade do grupo – o conformismo é maior nos gru- 5. Qualidades positivas - gostamos mais de pessoas que apre-
pos em que há unanimidade. Basta haver no grupo um aliado que sentam características que consideramos agradáveis do que com
partilhe uma opinião diferente (pode ser igual à nossa ou não!), características que consideramos desagradáveis.
para os efeitos do conformismo serem menores. Na experiência de 6. Complementaridade – Há autores que consideram que, em-
Asch, bastava um dos indivíduos respondesse corretamente, que o bora, numa primeira fase, as semelhanças interindividuais sejam
nível de conformismo baixa de forma significativa. um fator de aproximação, no desenvolvimento de uma relação, as
- A natureza da resposta – o conformismo aumenta quando a pessoas são atraídas por características que elas não possuem; são
resposta é dada publicamente: a resistência à aceitação da opinião as assimetrias das características que tornam o outro atraente, na
da maioria é maior quando a privacidade é assegurada (ex. mesas medida em que se complementam.
de voto). 7. Reciprocidade – gostamos de pessoas que nos apreciam, que
- A ambiguidade da situação – a pressão de grupo aumenta gostam de nós: simpatizamos mais com quem simpatiza conosco.
quando não estamos certos do que é correto. Por isso, é maior o
conformismo quando as tarefas ou as questões são ambíguas, não Existem muitos fatores que influenciam a atração interpessoal,
sendo clara e inequívoca a opção (ex. nos testes quando não sabe- existem outros fatores que se interligam com os anteriores e entre
mos a resposta, metemos o que nos disserem, mesmo que discor- si:
des parcialmente). - Respeito – quando valorizamos a competência, capacidade
- A importância do grupo – quanto mais atrativo for o grupo ou talento do outro
para a pessoa maior é a probabilidade de ela se conformar. A ne- - Aceitação – pela compreensão e disponibilidade demonstra-
cessidade de pertença ao grupo implica, por parte do individuo, a da pelo outro
adoção de comportamentos, normas e valores do grupo.
- Estima – a simpática da outra pessoa aumenta a atração que
- A autoestima – as pessoas com um nível mais elevado de au-
sinto por ela.
toestima são mais independentes do que as que têm uma autoes-
- Gratidão – pelo bem que o outro propicia.32
tima mais baixa.
O conformismo está ligado às normas do grupo, pois o indivi-
duo conforma-se em relação às normas do grupo. Trabalho em equipe
As razoes que leva uma pessoa a conformar-se são as mesmas Cada vez mais, as equipes se tornam a forma básica de trabalho
que a levam a fazer parte de grupos: a necessidade de ser aceite, nas organizações do mundo contemporâneo. As evidências suge-
de interagir com os outros, e de o fazer de forma a terem sentido. rem que as equipes são capazes de melhorar o desempenho dos
indivíduos quando a tarefa requer múltiplas habilidades, julgamen-
tos e experiências. Quando as organizações se reestruturaram para
competir de modo mais eficiente e eficaz, escolheram as equipes
como forma de utilizar melhor os talentos dos seus funcionários.
32 Fonte: www.notapositiva.com - Texto adaptado de Claudia
Fernandes

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
As empresas descobriram que as equipes são mais flexíveis e re- - Demonstram confiança em seus líderes, tornando a equipe
agem melhor às mudanças do que os departamentos tradicionais disposta a aceitar e a se comprometer com as metas e as decisões
ou outras formas de agrupamentos permanentes. As equipes têm do líder;
capacidade para se estruturar, iniciar seu trabalho, redefinir seu - Flexibilidade permitindo que os membros da equipe possam
foco e se dissolver rapidamente. Outras características importantes completar as tarefas uns dos outros.
é que as equipes são uma forma eficaz de facilitar a participação Isso deixa a equipe menos dependente de um único membro;
dos trabalhadores nos processos decisórios aumentar a motivação - Conflitos são analisados e resolvidos;
dos funcionários. - Há uma preocupação / ação contínua em busca do autode-
senvolvimento.
Diferença entre Grupo e Equipe O desempenho de uma equipe não é apenas a somatória das
Grupo e equipe não é a mesma coisa. Grupo é definido como capacidades individuais de seus membros.
dois ou mais indivíduos, em interação e interdependência, que se Contudo, estas capacidades determinam parâmetros do que os
juntam para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é aquele membros podem fazer e de quão eficientes eles serão dentro da
que interage basicamente para compartilhar informações e tomar equipe. Para funcionar eficazmente, uma equipe precisa de três ti-
decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua pos diferentes de capacidades. Primeiro, ela precisa de pessoas com
área de responsabilidade. conhecimentos técnicos. Segundo, pessoas com habilidades para
Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportunidade solução de problemas e tomada de decisões que sejam capazes de
de se engajar em um trabalho coletivo que requeira esforço conjun- identificar problemas, gerar alternativas, avaliar essas alternativas
to. Assim, seu desempenho é apenas a somatória das contribuições e fazer escolhas competentes. Finalmente, as equipes precisam de
individuais de seus membros. Não existe uma sinergia positiva que pessoas que saibam ouvir, deem feedback, solucionem conflitos e
possa criar um nível geral de desempenho maior do que a soma das possuam outras habilidades interpessoais.
contribuições individuais.
Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio
Tipos de Equipe
do esforço coordenado. Os esforços individuais resultam em um ní-
As equipes podem realizar uma grande variedade de coisas.
vel de desempenho maior do que a soma daquelas contribuições
Elas podem fazer produtos, prestar serviços, negociar acordos, co-
individuais. O quadro abaixo ressalta as diferenças entre grupos de
trabalho e equipes de trabalho. ordenar projetos, oferecer aconselhamentos ou tomar decisões.
Equipe de soluções de problemas: Neste tipo de equipe, os
Transformando indivíduos em membros de equipe membros trocam ideias ou oferecem sugestões sobre os processos
- partilham suas ideias para a melhoria do que fazem e de todos e métodos de trabalho que podem ser melhorados. Raramente, en-
os processos do grupo; tretanto, estas equipes têm autoridade para implementar unilate-
- respeitam as individualidades e sabem ouvir; ralmente suas sugestões.
- comunicam-se ativamente; Equipes de trabalho auto gerenciadas: São equipes autôno-
- desenvolvem respostas coordenadas em benefícios dos pro- mas, que podem não apenas solucionar os problemas, mas tam-
pósitos definidos; bém implementar as soluções e assumir total responsabilidade pe-
- constroem respeito, confiança mútua e afetividade nas rela- los resultados. São grupos de funcionários que realizam trabalhos
ções; muito relacionados ou interdependentes e assuem muitas das res-
- participam do estabelecimento de objetivos comuns; ponsabilidades que antes eram de seus antigos supervisores.
- desenvolvem a cooperação e a integração entre os membros. Normalmente, isso inclui o planejamento e o cronograma de
trabalho, a delegação de tarefas aos membros, o controle coletivo
Fatores que interferem no trabalho em equipe sobre o ritmo de trabalho, a tomada de decisões operacionais e a
- Estrelismo; implementação de ações para solucionar problemas. As equipes de
- Ausência de comunicação e de liderança; trabalho totalmente auto gerenciadas até escolhem seus membros
- Posturas autoritárias; e avaliam o desempenho uns dos outros.
- Incapacidade de ouvir; Consequentemente, as posições de supervisão perdem a sua
- Falta de treinamento e de objetivos; importância e até podem ser eliminadas.
- Não saber “quem é quem” na equipe. Equipes multifuncionais: São equipes formadas por funcio-
nários do mesmo nível hierárquico, mas de diferentes setores da
São características das equipes eficazes: empresa, que se juntam para cumprir uma tarefa. As equipes de-
- Comprometimento dos membros com um propósito comum sempenham várias funções (multifunções), ao mesmo tempo, ou
e significativo;
seja, não há especificação para cada membro. O sentido de equipe
- O estabelecimento de metas específicas para a equipe que
é exatamente esse, os membros compensam entre si as competên-
conduzam os indivíduos a um melhor desempenho e também ener-
cias e as carências, num aprendizado contínuo.
gizam as equipes. Metas específicas ajudam a tornar a comunicação
As equipes multifuncionais representam uma forma eficaz de
mais clara. Ajudam também a equipe a manter seu foco sobre o
obtenção de resultados; permitir que pessoas de diferentes áreas de uma empresa (ou até
- Os membros defendem suas ideias, sem radicalismo; de diferentes empresas) possam trocar informações, desenvolver
- Grande habilidade para ouvir; novas ideias e solucionar problemas, bem como coordenar projetos
- Liderança é situacional; ou seja, o líder age de acordo com o complexos. Evidentemente, não é fácil administrar essas equipes.
grau de maturidade da equipe; de acordo com a contingência; Seus primeiros estágios de desenvolvimento, enquanto as pessoas
- Questões comportamentais são discutidas abertamente, prin- aprendem a lidar com a diversidade e a complexidade, costumam
cipalmente as que podem comprometer a imagem da equipe ou ser muito trabalhosos e demorados. Demora algum tempo até que
organização se desenvolva a confiança e o espírito de equipe, especialmente en-
- O nível de confiança entre os membros é elevado; tre pessoas com diferentes históricos, experiências e perspectivas.

68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados até agora rea- A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmativa ava-
lizam seu trabalho face a face. As equipes virtuais usam a tecnologia liadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude. Ela
da informática para reunir seus membros, fisicamente dispersos, e estabelece a base para a parte mais crítica de uma atitude: o seu
permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas permitem que componente afetivo. O afeto é o segmento da atitude que se refere
as pessoas colaborem on-line utilizando meios de comunicação ao sentimento e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto
como redes internas e externas, videoconferências ou correio ele- de João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sentimento
trônico – quando estão separadas apenas por uma parede ou em pode provocar resultados no comportamento. O componente com-
outro continente. São criadas para durar alguns dias para a solução portamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar
de um problema ou mesmo alguns meses para conclusão de um de determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. En-
projeto. Não são muito adequadas para tarefas rotineiras e cíclicas. tão, para continuar no exemplo, posso decidir evitar a presença de
João por causa dos meus sentimentos em relação a ele.
Em todo processo onde haja interação entre as pessoas vamos Encarar a atitude como composta por três componentes – cog-
desenvolver relações interpessoais. nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreender
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e compor-
são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser tamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos estáveis.33
alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional
de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respeito, TRABALHO EM EQUIPE - A COMPETÊNCIA COMPORTAMEN-
amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, os TAL MAIS VALORIZADA
sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados ini-
cialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influenciarão O trabalho em equipe nos revela algo belo que é chegar aon-
as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos positivos de sozinhos não chegaríamos. Consiste ainda em mostrar para nós
de simpatia e atração provocarão aumento de interação e coopera- mesmos que precisamos cocriar e estabelecer conexão uns com os
ção, repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior outros. Estar inserido em grupo em busca de um resultado é um re-
produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos de antipatia e lacionamento que assemelha a um conjunto de engrenagens inter-
rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento nas ligadas: os atritos são naturais, mas o importante é que a máquina
atividades, com provável queda de produtividade. continue funcionando.
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relaciona Segundo pesquisa da consultoria Manpowergroup, realizada
diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissio- no Brasil e noutros 40 países, com cerca de 60 mil empresas, de
nais competentes individualmente podem render muito abaixo de diferentes segmentos, para 17% dos entrevistados a Colaboração e
sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho. o Trabalho em grupo é a competência comportamental mais rele-
Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma vante em um profissional, e também a mais rara de se encontrar no
base interna de diferenças que englobam valores, atitudes, conhe- mercado atualmente.
cimentos, informações, preconceitos, experiência anterior, gostos, Portanto, saber trabalhar em equipe é essencial para a sua car-
crenças e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças reira! E apesar de estarmos expostos a isso por toda a nossa vida,
em várias empresas esse tipo trabalho é prejudicado por colabora-
de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação
dores que não preferem trabalhar individualmente a unir suas for-
compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório
ças e atuar em grupo.
novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são
Para te ajudar a desenvolver esta competência, apresento duas
encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento
dicas importantes para quem trabalha em equipe:
entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subor-
Use o bom senso – Procure sempre o bom senso em tudo. Pen-
dinados. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do ou-
se bem antes de falar e esteja pronto a ouvir o outro. E sempre
tro, se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se uma
que for emitir alguma opinião, feedback que possa envolver alguma
modalidade de relacionamento diferente daquela em que não há
crítica aos seus companheiros de equipe escolha bem as palavras,
respeito pela opinião do outro, quando ideias e sentimentos não
seja assertivo para não ferir ninguém.
são ouvidos, ou ignorados, quando não há troca de informações. A Compartilhe a responsabilidade – O trabalho em equipe, às ve-
maneira de lidar com diferenças individuais criam certo clima entre zes, sofre de um fenômeno chamado “Preguiça Social”. A “Preguiça
as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, prin- Social” é quando membros do grupo não se esforçam ao máximo,
cipalmente nos processos de comunicação, no relacionamento in- pois têm a sensação de não “ser tão responsável pelo resultado”.
terpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade. Evite este comportamento, pois a partir do momento que você está
Valores: Representa a convicções básicas de que um modo es- trabalhando em grupo, não importa que o erro não seja diretamen-
pecífico de conduta ou de condição de existência é individualmente te seu, se alguém falhar a culpa também é sua. Então, assuma a
ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto de conduta responsabilidade, seja leal aos seus colegas e honre o sentimento
ou de existência. Eles contêm um elemento de julgamento, baseado de grupo.34
naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável. Os
valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros. Muitas pessoas dizem que trabalhar em equipe é mais diver-
tido e fácil do que trabalhar individualmente, pois contribui muito
Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis para melhorar o desempenho de todos. Um exemplo de trabalho
ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Refle- em equipe é o das formigas e gafanhotos, que se dividem para pe-
tem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Quan- gar alimentos e se um não faz a sua parte, todo o resto fica compro-
do digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha atitude metido, dando um modelo de união e força.
em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo-
33 Texto adaptado de Marcel Rodrigues
res, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três componen-
34 Fonte: www.coachingconsultores.com.br – Texto adaptado
tes: cognitivo, afetivo e comportamental.
de Jose Roberto Marques

69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Segundo Paula Caproni, os times de alta performance têm seis Assim, as organizações se empenham em aprimorar suas práti-
características básicas: cas de gestão em caminhos estratégicos que as auxiliam a oferecer
1-Limites precisos – Todos sabem quem pertence ou não ao respostas a tais demandas.
time. Da mesma maneira, a equipe é reconhecida pelos outros O envolvimento das organizações em problemáticas de cunho
como uma unidade organizacional. socioambiental pode transformar-se em uma oportunidade de
2-Objetivos comuns – As metas dizem respeito à equipe, e negócios, contribuindo para a melhoria de qualidade de vida dos
todos reconhecem e assumem a responsabilidade por seu cumpri- stakeholders e a sustentabilidade dos recursos naturais. Para Cla-
mento. ro, Claro e Amâncio (2008), a preocupação de muitas organizações
3- Papéis diferenciados – Cada membro do time deve dar sua com o problema da poluição, por exemplo, tem feito com que elas
contribuição individual à equipe. reavaliem o processo produtivo, buscando a obtenção de tecnolo-
4- Autonomia – A liberdade para realizar o trabalho é uma mar- gias limpas e o reaproveitamento dos resíduos. Isso gera grandes
ca registrada das equipes. economias de recursos, que não seriam viabilizadas se elas não ti-
5-Dependência dos recursos externos – Os membros da equi- vessem tratado dessa situação. Os benefícios econômicos podem
pe sabem que dependem de outras equipes ou indivíduos para con- resultar de economia de custos ou incremento de receitas. Os be-
seguir informações, recursos e apoio. Enfim, eles valorizam tudo o nefícios estratégicos resultam de melhoria da imagem institucional,
que possa ajudá-los a cumprir seus objetivos. renovação da carteira de produtos, aumento da produtividade, alto
6 -Responsabilidade coletiva – Recompensas e feedbacks são comprometimento do pessoal, melhoria nas relações de trabalho,
uma constante, principalmente para o time como um todo.35 melhoria da criatividade para novos desafios e melhoria das rela-
ções com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambien-
Sustentabilidade organizacional. talistas.
Com o intuito de compreender o desenvolvimento sustentável
O tema sustentabilidade está cada vez mais em evidência, tan- de organizações produtivas, Savitz e Weber (2007) conceituam essa
to no contexto acadêmico como no empresarial e governamental. expressão como a busca de um equilíbrio entre o que é socialmente
A aproximação entre organizações e princípios da sustentabilidade desejável, economicamente viável e ambientalmente sustentável. A
ganha gradativa relevância na academia e no mercado em escala organização sustentável seria aquela que consegue, efetivamente,
global. Entende-se por atividade sustentável aquela que é executa- gerar lucro para proprietários e acionistas, protege o meio ambien-
da levando em conta a proteção ambiental, a atenção às necessida- te e melhora a vida das pessoas com as quais mantém interações
des sociais e a minimização dos custos. Desta forma, a busca pela (LÉON-SORIANO, MUNÕZ-TORRES e CHALMETA-ROSALEN, 2010).
sustentabilidade organizacional torna-se um diferencial para uma Ainda de acordo com os autores, a sustentabilidade organizacional
pode ser tomada como a capacidade de as organizações alavanca-
organização.
rem seu capital econômico, social e ambiental a fim de contribuir
A sustentabilidade aplicada ao contexto das organizações en-
para o desenvolvimento sustentável em seu domínio político.
volve relações múltiplas de troca entre o aspecto social, econômico
As ações organizacionais sustentáveis são, conforme argumen-
e ambiental, almejando a seguridade e o bem-estar das gerações
tação de Munck e Souza (2009), as que causam o menor impacto
presentes e futuras a partir do uso racional e consciente dos recur- ambiental possível por meio de atividades operacionais preocupa-
sos disponíveis (BRUNSTEIN, SCARTEZINI e RODRIGUES, 2012). Nes- das em simultaneamente promover um desenvolvimento socioe-
se cenário, as empresas desempenham um papel de fundamental conômico que propicie a sobrevivência das gerações presentes e
importância, sobretudo pelo comprometimento da gestão voltada futuras. A implicação do fomento a esse desenvolvimento, segundo
aos valores sustentáveis e às práticas de desenvolvimento produ- os autores, deve dar-se de maneira articulada com os indivíduos
tivo, de competição e de tecnologias aplicadas na minimização da inseridos em ambientes sociais e organizacionais, uma vez que é
ação empresarial no meio. por meio deles que são estabelecidas as decisões finais validadoras
A articulação entre práticas de gestão sustentáveis e os mode- de todas essas proposições.
los de competências adotados pelas organizações tendem a resul- Assim, objetivando que uma organização se torne realmente
tar em procedimentos benéficos para a sociedade, a economia e o sustentável, é necessário que haja integração de ações com foco
meio ambiente. O conhecimento suficientemente claro a respeito nos aspectos econômico, social e ambiental, os quais compõem um
das estratégias empresariais, anseios pessoais e interesses da so- constructo maior, que é a sustentabilidade organizacional. A con-
ciedade permite maior participação dos diversos stakeholders em cepção baseada nos três aspectos fundamentais do ser sustentá-
situações envoltas por condicionantes sustentáveis. vel assegura tanto o crescimento econômico quanto a atenção à
As organizações envolvidas ativamente no debate sobre a sus- qualidade ambiental e à justiça social (JAMALI, 2006). Aproximan-
tentabilidade buscam constantemente identificar maneiras pelas do, portanto, a sustentabilidade do contexto empresarial, busca-se
quais possam desenvolver novas formas de produção e de gestão compreender e criar meios de promover a sustentabilidade econô-
de recursos que confluam para o aprimoramento de práticas rela- mica, ao mesmo tempo que há preocupação com as dimensões da
cionadas com cada um dos pilares que a fundamentam. É neces- eficiência social e da justiça ambiental. Nesse ponto, a sustentabi-
sário reconhecer que o comportamento das organizações, refletin- lidade organizacional assume um caráter complexo, podendo ser
do as demandas de movimentos internos e externos ao ambiente segmentada na sustentabilidade organizacional econômica, susten-
empresarial, suscita o reposicionamento e a reconsideração de tabilidade organizacional ambiental e sustentabilidade organizacio-
atitudes e comportamentos. Tais atitudes procuram estar inseridas nal social (CALLADO, 2010).
no posicionamento estratégico que direciona o comportamento A sustentabilidade econômica, conforme afirmam Lorenzetti,
Cruz e Ricioli (2008), diz respeito à atuação da empresa, influen-
socioeconômico dessas empresas, motivo pelo qual a sucessão de
ciando as condições econômicas, o sistema econômico em seus
mudanças, na busca de alinhamento com os anseios da sociedade,
diversos níveis, a geração de riquezas para a sociedade e o forneci-
governo e demais entidades, se torna um desafio na busca de um
mento de bens e serviços.
desenvolvimento sustentável (MUNCK e SOUZA, 2009).

35 Texto adaptado de Ana Carolina Novaes

70
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A viabilidade econômica é o argumento central do desenvolvimento sustentável, uma vez que é por meio da circulação de riquezas e
da geração de lucros que são providos os empregos e proporciona-se à comunidade a possibilidade de melhoria de suas condições de vida
(AUTIO, KENNEY, MUSTAR et al., 2014). Os autores atestam que a sustentabilidade econômica de uma organização mensura a capacidade
de desenvolver suas atividades de maneira responsável, com lucratividade suficientemente atrativa para proprietários e investidores.
A sustentabilidade ambiental refere-se ao uso racional dos recursos naturais, como energia e materiais, bem como à preservação e
à recomposição dos espaços naturais (fauna, flora e recursos hídricos) (KRAJNC e GLAVIC, 2005). Faz-se indispensável que a organização,
sob a perspectiva dos impactos de suas operações e produtos sobre os sistemas naturais vivos e não vivos, objetive reduzir os impactos
negativos e amplificar os positivos, desenvolvendo tecnologias com o intuito de melhorar o desempenho de produção, ao mesmo tempo
que se preservam os recursos naturais.
Portanto, a responsabilidade sobre o espaço natural compreende preocupações além do simples cumprimento da lei, ou iniciativas
como reciclagem ou uso eficiente de recursos energéticos, envolvendo um tratamento que, efetivamente modifique as operações organi-
zacionais (PETRINI e POZZEBON, 2010).
A sustentabilidade social remete ao estímulo da igualdade e à participação de todos os grupos sociais na construção e manutenção do
equilíbrio do sistema, compartilhando direitos e responsabilidades (GREENWOOD, 2007). O aspecto social, para as empresas, refere-se a
seu impacto na sociedade, comunidade local e entornos em que operam, sendo o desempenho social abordado por meio dessa análise,
considerando os diversos níveis de alcance como local, nacional e global. Para Krajnc e Glavic (2005), o aspecto social da sustentabilidade,
se analisado sob o prisma das empresas, refere-se às atitudes organizacionais em relação aos próprios colaboradores, fornecedores, con-
tratados e consumidores, além de impactos na sociedade em geral, para além de seus domínios.
Os três aspectos da sustentabilidade organizacional (social, ambiental e econômica) devem ser trabalhados de forma conjunta, obje-
tivando o alcance de uma instância maior e mais complexa, que é o desenvolvimento sustentável (CALLADO, 2010). Assim, aponta-se que,
em um contexto no qual se busca o equilíbrio sistêmico entre as dimensões da sustentabilidade, é indispensável compreender a urgência
em fazer uso dos recursos que a natureza oferece para garantir às gerações futuras uma sociedade de prosperidade e justiça, com melhor
qualidade ambiental e de vida.

Sustentabilidade e Competências
A sustentabilidade organizacional pode ser desenvolvida, também, mediante as competências individuais sob a ótica do saber agir,
assumir responsabilidades e ter iniciativa (DUTRA, 2012; FLEURY e FLEURY, 2004). A competência voltada para a sustentabilidade deve
agregar valor à organização, ao indivíduo, à sociedade e ao meio ambiente. Entretanto, estudos sobre competências individuais ou coleti-
vas voltadas à sustentabilidade ainda não são muito numerosos, embora pesquisas recentes tenham tratado da temática.
A pesquisa de Wiek, Withycombe e Redman (2011), de cunho bibliográfico, resultou em uma profunda revisão com as sínteses das
principais contribuições da literatura sobre o tema. O quadro abaixo apresenta um resumo detalhado das competências para a sustenta-
bilidade apontadas pelos autores, evidenciando suas principais características e definições.36
Competências para a sustentabilidade e características

Competência para a sustentabili-


Definição/característica
dade
Capacidade de analisar coletivamente sistemas complexos em diferentes domínios (socie-
dade, meio ambiente, economia etc.) e em diferentes escalas (local a global), considerando-se,
assim, feedback e outras recursos relacionados com questões de sustentabilidade e quadros
de resolução de problemas sustentáveis. A capacidade de analisar sistemas complexos inclui
Foco em pensamento sistêmico
compreender e verificar empiricamente, articulando sua estrutura, os principais componentes
e sua dinâmica. A capacidade de analisar se baseia no conhecimento sistêmico adquirido, in-
cluindo conceitos como estrutura, função, relações de causa e efeito, mas também percepções,
decisões e regulamentos.
Capacidade de, coletivamente, analisar e avaliar o cenário futuro relacionado com ques-
tões de sustentabilidade e de cenários de resolução de problemas de sustentabilidade. A capa-
Preventiva cidade de analisar cenários futuros inclui ser capaz de compreender e articular sua estrutura; a
capacidade de avaliar se refere às habilidades comparativas que se relacionam com o “estado
da arte”; finalmente, a capacidade de criar integra habilidades criativas e construtivas.
Capacidade de especificar, aplicar, conciliar e negociar valores de sustentabilidade, princí-
pios, objetivos e metas. Essa capacidade permite, primeiro, avaliar coletivamente a sustentabi-
lidade dos estados atuais e/ou futuros de sistemas organizacionais e, em seguida, criar coletiva-
Normativa mente as visões de sustentabilidade para esses sistemas. Baseia-se no conhecimento adquirido
normativo, incluindo conceitos de justiça, equidade, integridade socioecológica e ética. Essas
habilidades são adaptadas para abordar questões-chave da sustentabilidade socioecológica,
incluindo integridade, sistemas lógicos e equidade organizacional.

36 Fonte: www.scielo.br – Por Edson Luis Kuzma/Sérgio Luis Dias Doliveira/Adriana Queiroz Silva

71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

Capacidade de implementar intervenções, transições e estratégias de governança de trans-


formação em direção à sustentabilidade. Essa capacidade requer uma compreensão profunda
Estratégica de conceitos estratégicos, como intencionalidade, inércia sistêmica, dependências de caminho,
barreiras, transportadoras, alianças etc.; conhecimento sobre viabilidade, eficácia, eficiência de
intervenções sistêmicas, bem como o potencial de consequências não intencionais etc.
Capacidade de motivar, possibilitar e facilitar a colaboração e a pesquisa sobre sustenta-
bilidade participativa e resolução de problemas. Inclui habilidades avançadas na comunicação,
tomada de decisão e de negociação, colaboração, liderança, pluralista e pensamento cultu-
Interpessoal
ral, e empatia. A capacidade de compreender, aceitar e fomentar a diversidade entre culturas,
grupos sociais, comunidades e indivíduos é reconhecida como um componente-chave dessa
competência.

Clima e cultura organizacionais e aprendizagem nas empresas.

Nesse tópico abordaremos sobre a cultura e o clima organizacional, enquanto que, o conteúdo referente à aprendizagem nas empre-
sas, pela correlação do assunto, será abordado no tópico 12. Gestão do Conhecimento.
A cultura organizacional é um conceito desenvolvido por pesquisadores para explicar os valores e as crenças de uma organização. De
um modo geral, ela é vista como as normas e atitudes comuns de indivíduos e grupos dentro de uma organização. Através deste conjunto
de entendimentos mútuos, a Cultura Organizacional controla a maneira como os indivíduos interagem uns com os outros dentro do am-
biente laboral, bem como com clientes, fornecedores e outras partes interessadas existentes fora dos limites da empresa.
Todas as empresas, independentemente do tamanho, do segmento em que atuam e dos bens ou serviços que produzem, possuem
cultura organizacional, formalmente instituída ou não. Assim, cultura organizacional é um sistema de valores compartilhados pelos seus
membros, em todos os níveis, que diferencia uma organização das demais. Em última análise, trata-se de um conjunto de características-
-chave que a organização valoriza, compartilha e utiliza para atingir seus objetivos e adquirir a imortalidade.
A título organizacional, várias pesquisas sugerem que uma Cultura Organizacional saudável e vigorosa é capaz de proporcionar vários
benefícios, incluindo os seguintes:
- Vantagem competitiva derivada de inovação e serviço ao cliente;
- Maior desempenho dos empregados;
- Coesão da equipe;
- Alto nível de alinhamento na busca da realização de objetivos.

Características
De acordo com pesquisadores do assunto, existem sete características básicas que, em conjunto, capturam a essência da cultura de
uma organização:
Inovação e assunção de riscos: o grau em que os funcionários são estimulados a inovar e assumir riscos.
Atenção aos detalhes: o grau em que se espera que os funcionários demonstrem precisão, análise e atenção aos detalhes.
Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes focam mais os resultados do que as técnicas e os processos empregados
para seu alcance.
Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos dirigentes levam em consideração o efeito dos resultados sobre as pessoas
dentro da organização.
Orientação para as equipes: o grau em que as atividades de trabalho são mais organizadas em termos de equipes do que de indivíduos.
Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e agressivas em vez de dóceis e acomodadas.
Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais enfatizam a manutenção do status quo em contraste com o crescimento.

Tipos de cultura:
Culturas adaptativas: Caracterizam-se pela sua maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para a inovação e a mudança. São organi-
zações que adotam e fazem constantes revisões e atualizações, em suas culturas adaptativas se caracterizam pela criatividade, inovação e
mudanças. De um lado, a necessidade de mudança e a adaptação para garantir a atualização e modernização, e de outro, a necessidade
de estabilidade e permanência para garantir a identidade da organização. O Japão, por exemplo, é um país que convive com tradições
milenares ao mesmo tempo em que cultua e incentiva a mudança e a inovação constantes.
Culturas conservadoras: Se caracterizam pela manutenção de idéias, valores, costumes e tradições que permanecem arraigados e que
não mudam ao longo do tempo. São organizações conservadoras que se mantêm inalteradas como se nada tivesse mudado no mundo ao
seu redor.
Culturas fortes: Seus valores são compartilhados intensamente pela maioria dos funcionários e influencia comportamentos e expec-
tativas.
Culturas fracas: São culturas mais facilmente mudadas. Como exemplo, seria uma empresa pequena e jovem, como está no início,
é mais fácil para a administração comunicar os novos valores, isto explica a dificuldade que as grandes corporações tem para mudar sua
cultura.
Com base nesse conjunto, pode-se dizer que a cultura organizacional onde você está inserido é representada pela forma como os
colaboradores em geral percebem as características da cultura da empresa.
Por que é importante entender a cultura organizacional? Aceitar melhor a sua existência, compreender os seus meandros, entender
como ela é criada, sustentada e aprendida, pode melhorar a sua capacidade de sobrevivência na empresa, além de ajudá-lo a explicar e
prever o comportamento dos colegas no trabalho.

72
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Clima organizacional E o que é uma Pesquisa de Clima Organizacional? É um ins-
O clima organizacional pode ser definido como os reflexos de trumento voltado para análise do ambiente interno a partir do
um conjunto de valores, comportamentos e padrões formais e in- levantamento de suas necessidades. Objetiva mapear ou retratar
formais que existem em uma organização (cultura) e, representa a os aspectos críticos que configuram o momento motivacional dos
forma como cada colaborador percebe a empresa e sua cultura, e funcionários da empresa através da apuração de seus pontos fortes,
como ele reage a isso. Resumindo, clima organizacional é a percep- deficiências, expectativas e aspirações.
ção coletiva que as pessoas têm da empresa. Mas por que pesquisar? Porque cria uma base de informações,
Essa percepção pode ser boa ou ruim de acordo com a inter- identifica e compreende os aspectos positivos e negativos que im-
pretação pessoal que cada colaborador faz das políticas, normas e pactam no Clima e orienta a definição de planos de ação para me-
conduta da empresa frente às diversas questões, tanto referentes lhoria do clima organizacional e, consequentemente, da produtivi-
ao mercado em que ela atua, como com relação às pessoas e a so- dade da empresa.
ciedade. Esta atitude da empresa eleva bastante o índice de motivação,
O clima organizacional influi diretamente na motivação da pois dentro desta ação está intrínseco a frase «estamos querendo
equipe, no seu grau de satisfação e, conseqüentemente, na quali- ouvir você», «você e sua opinião são muito importantes para nós».
dade de seu trabalho. Por isso, é tão importante para as empresas A crença na empresa se eleva sensivelmente.
mensurar essa percepção que os colaboradores têm dela, ou seja, A Pesquisa de Clima é uma forma de mapear o ambiente inter-
o clima organizacional. no da empresa para assim atacar efetivamente os principais focos
Através de uma pesquisa de clima organizacional busca-se ob- de problemas melhorando o ambiente de trabalho.
ter repostas que auxiliem as empresas a identificar possíveis falhas Hoje, neste mundo tão cheio de transformações, em meio à
ou oportunidades de melhoria. globalização, fusões e aquisições, as empresas devem, cada vez
Esse tipo de pesquisa tem se tornado mais comum, devido aos mais, melhorar seus índices de competitividade e para isso ela de-
cada vez mais utilizados processos de automação, que reduzem o pende quase que única e exclusivamente de seus Seres Humanos
quadro de funcionários, ao chamado “downsizing”, às fusões e pri- - motivados, felizes e orgulhosos dos valores compartilhados com
vatizações que misturam culturas organizacionais completamente a organização.
diferentes gerando, todos eles, muitas vezes, instabilidade e insegu- Pesquisas indicam que colaboradores com baixos índices de
rança aos funcionários o que prejudica seu desempenho e, conse- motivação, utilizam somente 8% de sua capacidade de produção.
quentemente o desempenho da organização como um todo. Por outro lado, em setores/áreas/empresas onde encontramos co-
O clima organizacional então age como um indicador de como
laboradores motivados este mesmo índice pode chegar a 60%.
as mudanças estão afetando a organização.
As empresas precisam manter o índice de motivação de seus
Outro ponto que favorece a realização da pesquisa de clima
colaboradores o mais elevado nível possível de forma que este valor
organizacional é a questão da imagem da empresa. Os colabora-
passe a ser um dos seus indicadores de resultado.
dores são os primeiros clientes que a empresa precisa conquistar
É importante dizer que a Pesquisa de Clima deve sempre estar
para que, depois possa conquistar o mercado. De nada adianta,
coerente com o planejamento estratégico da organização e deve
por exemplo, uma empresa fazer uma campanha publicitária milio-
contemplar questões de diferentes variáveis organizacionais, tais
nária a respeito da sua responsabilidade social ou ambiental para
como:
os clientes externos, se seus clientes internos não estão satisfeitos
com as condições de trabalho ou não sabem de nada que empresa
realiza a respeito destas questões. - O trabalho em si – com base nesta variável procura-se co-
O clima organizacional pode ser medido, também, através nhecer a percepção e atitude das pessoas em relação ao trabalho,
da percepção e alguns “sintomas”: quando o clima é bom, existe horário, distribuição, suficiência de pessoal, etc;
alegria no ambiente de trabalho, aplicação e surgimento de ideias - Integração Setorial e Interpessoal – avalia o grau de coopera-
novas, os funcionários se sentem confiáveis, engajados, e predomi- ção e relacionamento existente entre os funcionários e os diversos
nam atitudes positivas; já quando o clima é ruim, existe tensão, ri- departamentos da empresa;
validades, desinteresse, erros constantes, desobediência às ordens, - Salário – analisa a existência de eventuais distorções entre
falta de comunicação, alto índice de absenteísmo, greves, desper- os salários internos e eventuais descontentamentos em relação aos
dício de materiais e turnover alto (rotatividade de funcionários).37 salários pagos por ouras empresas;
Atualmente torna-se cada vez mais necessário à área de Recur- - Estilo Gerencial – aponta o grau de satisfação do funcionário
sos Humanos mensurar suas ações através de procedimentos que com a sua chefia, analisando a Qualidade de supervisão em termos
possam respaldar ao máximo sua atuação nas organizações. de competência, feedback, organização, relacionamento, etc;
O objetivo é transformar a área num RH estratégico cuja atu- - Comunicação – buscar o conhecimento que os funcionários
ação está alinhada aos planos de negócios. Mas como fazer? Como têm sobre os fatos relevantes da empresa, seus canais de comuni-
criar um RH que funcione como agente de mudanças e que vai além cação, etc;
do simples gerenciamento do capital humano, apoiando iniciativas - Desenvolvimento Profissional – avalia as oportunidades de
e planos de ação que contribuem para a execução das estratégias treinamento e as possibilidades de promoções e carreira que a em-
do negócio. presa oferece;
Contamos com algumas ferramentas que podem nos ajudar - Imagem da empresa – procura conhecer o sentimento das
neste objetivo, mas é sobre o Clima Organizacional que vou dar al- pessoas em relação a empresa;
guns “insight” de como podemos realizar este trabalho. - Processo decisório – esta variável revela uma faceta da super-
Mas afinal o que é Clima? Clima é a percepção coletiva que as visão, relativa à centralização ou descentralização de suas decisões;
pessoas têm da empresa, através da experimentação de práticas, - Benefícios – apura o grau de satisfação com relação aos dife-
políticas, estrutura, processos e sistemas e a consequente reação a rentes benefícios oferecidos pela empresa;
esta percepção. - Condições físicas do trabalho – verifica a Qualidade das con-
dições físicas de trabalho, as condições de conforto, instalações em
37 Fonte: www.infoescola.com – Texto adaptado deCaroline
geral, riscos de acidentes de trabalho e doenças profissionais;
Faria

73
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
- Trabalho em equipe – Mede algumas formas de participação - Modelo de Kolb et al. (Kolb et al, 1986:78-80)
na Gestão da empresa; A partir das dimensões do clima organizacional propostas por
- Orientação para resultados – Verifica até que ponto a em- Litwin e Stringer, Kolb et al propõem um novo modelo/escala com
presa estimula ou exige que seus funcionários se responsabilizem sete fatores de clima:
efetivamente pela consecução de resultados. 1) Conformismo - o sentimento de que existem muitas limi-
tações externamente impostas na organização; o grau em que os
Além de ouvir seus funcionários sobre o que pensam em re- membros sentem que há inúmeras regras, procedimentos, políticas
lação a essas variáveis, as empresas deveriam também conhecer e práticas às quais devem-se amoldar ao invés de serem capazes de
a realidade familiar, social e econômica em que os mesmos vivem. fazer seu trabalho como gostariam de fazê-lo;
Somente assim poderão encontrar outros fatores do clima organi- 2) Responsabilidade - dá-se responsabilidade pessoal aos
zacional que justificam o ambiente da empresa. membros da organização para realizarem sua parte nos objetivos
Não existe uma Pesquisa de Clima padrão. Cada empresa da organização; o grau em que os membros sentem que podem to-
adapta o questionário a sua realidade, linguagem e cultura de seus mar decisões e resolver problemas sem terem de verificar com os
funcionários. superiores cada etapa;
Para que a empresa tenha sucesso na mensuração do clima 3) Padrões - a ênfase que a organização coloca na qualidade
organizacional é necessário: credibilidade no processo, sigilo e con- do desempenho e na produção elevada, incluindo o grau em que
fiança. os membros da organização sentem que ela coloca objetivos esti-
As principais contribuições que podemos obter da Pesquisa de mulantes, comunicando-lhes o comprometimento com esses obje-
Clima são: tivos;
- O alinhamento da cultura com as ações efetivas da empresa; 4) Recompensas - o grau em que os membros sentem que estão
- Promover o crescimento e desenvolvimento dos colaborado- sendo reconhecidos e recompensados por bom trabalho, ao invés
res; de serem ignorados, criticados ou punidos quando algo sai errado;
- Integrar os diversos processos e áreas funcionais; 5) Clareza Organizacional - o sentimento, entre os membros,
- Otimizar a comunicação; de que as coisas são bem organizadas e os objetivos claramente
- Minimizar a burocracia; definidos, ao invés de serem desordenados, confusos ou caõticos;
- Identificar necessidades de treinamento e desenvolvimento; 6) Calor e apoio - o sentimento de que a amizade é uma forma
- Enfocar o cliente interno e externo; valorizada na organização, onde os membros confiam uns nos ou-
- Otimizar as ações gerenciais, tornando-as mais consistentes; tros e oferecem apoio mútuo. O sentimento de que boas relações
- Aumentar a produtividade; prevalecem no ambiente de trabalho;
- Diminuir o índice de rotatividade; 7) Liderança - a disposição dos membros da organização para
- Criar um ambiente de trabalho seguro; aceitar a liderança e a direção de outros qualificados. Quando sur-
- Aumentar a satisfação dos clientes internos e externos.38 gem necessidades de liderança, os membros sentem-se livres para
assumi-la e são recompensados por uma liderança bem sucedida.
Modelos de estudo de clima organizacional A liderança é baseada na perícia. A organização não é domina-
Os instrumentos utilizados para avaliar o clima de uma organi- da por uma ou duas pessoas ou depende delas.
zação caracterizam-se como “pesquisas de clima”. De acordo com
- Modelo de Sbragia (Sbragia, 1983:30)
Coda (1997:99), a pesquisa de clima organizacional “é um levanta-
Roberto Sbragia, num estudo sobre o clima organizacional em
mento de opiniões que caracteriza uma representação da realidade
instituição de pesquisa, utiliza uminstrumento de coleta de dados
organizacional consciente” .
contendo vinte indicadores de clima (variáveis):
A seguir, são apresentados alguns modelos desenvolvidos para
1) Estado de Tensão: descreve o quanto as ações das pessoas
o estudo de clima organizacional, os quais propõem diferentes fato-
são dominadas por lógica e racionalidade antes do que por emo-
res e/ou variáveis para mensuração de clima:
ções;
- Modelo de Lítwin e Stringer (apud Santos, 1983:31-32)
2) Conformidade exigida: descreve o quanto as pessoas têm
O modelo proposto por Litwin e Stringer para medir o clima flexibilidade de ação dentro do contexto organizacional; descreve
organizacional apresenta os seguintes fatores: o quanto a organização conscientiza a necessidade de obediência a
1) Estrutura: o sentimento dos trabalhadores sobre as restri- normas e regulamentos formais;
ções em sua situação de trabalho, com muitas regras, regulamen- 3) Ênfase na Participação: descreve o quanto as pessoas são
tos, procedimentos; consultadas e envolvidas nas decisões; o quanto suas idéias e su-
2) Responsabilidade: o sentimento de ser seu próprio chefe; gestões são aceitas;
não haver dupla verificação em suas decisões; 4) Proximidade da Supervisão: descreve o quanto a adminis-
3) Riscos: o senso de arriscar e de desafio no cargo e na situa- tração deixa de praticar um controle cerrado sobre as pessoas; o
ção de trabalho; quanto as pessoas têm liberdade para fixar seus métodos de traba-
4) Recompensa: o sentimento de ser recompensado por um lho; o quanto as pessoas têm possibilidade de exercitar a iniciativa;
trabalho bem feito; a ênfase na recompensa versus criticismo e pu- 5) Consideração Humana: descreve o quanto as pessoas são
nições; tratadas como seres humanos; o quanto recebem de atenção em
5) Calor e apoio: o sentimento de boa camaradagem geral e de termos humanos;
ajuda mútua que prevalece na organização; 6) Adequação da Estrutura: descreve o quanto o esquema or-
6) Conflito: o sentimento de que a administração não teme ganizacional facilita as ações das pessoas’ e o quanto existe de prá-
diferentes opiniões ou conflitos, a ênfase calcada sobre diferentes tica, normas, procedimentos e canais de comunicação consistentes
aqui e agora. com os requisitos de trabalho;
7) Autonomia Presente: descreve o quanto as pessoas se sen-
tem como seus próprios patrões; o quanto não precisam ter suas
38 Fonte: www.guiarh.com.br/ Texto adaptado de Washington
decisões verificadas;
Sorio

74
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
8) Recompensas Proporcionais: descrevem quão bem as pesso- 3) Maturidade empresarial; fornecimento de informações à co-
as são recompensadas pelo trabalho que fazem; o quanto de ênfase munidade sobre as atividades e objetivos da organização; compre-
édada em recompensas positivas antes do que em punições; o quão ensão adequada pelos membros da organização sobre as pressões
justas são as políticas de pagamento e promoções; exercidas pelo mercado, concorrentes e expectativas dos clientes;
9) Prestígio Obtido: descreve a percepção das pessoas sobre real consideração das pessoas como o maior patrimônio e compor-
sua imagem no ambiente externo pelo fato de pertencerem à or- tamento compatível com essa crença; valorização de elevados pa-
ganização; o quanto a organização projeta seus membros no am- drões de desempenho;
biente; 4) Colaboração entre áreas funcionais; existência de respeito e
10) Cooperação Existente: descreve o quanto a amizade e as integridade entre as diferentes áreas funcionais; estreita colabora-
boas relações sociais prevalecem na atmosfera de trabalho da or- ção entre os departamentos para atingir os objetivos da empresa;
ganização; o grau de confiança de uns nos outros; o grau com que a 5) Valorização profissional; estímulo à formação e ao desen-
interação entre as pessoas é sadia; volvimento de talentos internos; oportunidades de crescimento e
11) Padrões Enfatizados: descrevem o grau de importância atri- de avanço profissional oferecidas; atendimento de aspirações e de
buída pelas pessoas às metas e padrões de desempenho: a ênfase expectativas de progresso; qualidade da desempenho apresentado
dada à realização de um bom trabalho; como o critério de maior ponderação nas promoções; prioridade do
12) Atitude Frente a Conflitos; descreve o quanto as pessoas recrutamento interno para posições de chefia;
estão dispostas a servir e considerar diferentes opiniões; a ênfase 6) Identificação com a empresa; motivação da equipe e busca
relativa dada pelas pessoas em “levantar o problema” antes do que de objetivos mútuos; sentimento de pertencer a ‘uma grande famí-
em ignorá-lo; lia’; confiança recebida; compatibilidade da filosofia administrativa
13) Sentimento de Identidade: descreve o quanto as pessoas ao porte da empresa;
manifestam um sentimento de pertencer à organização; o quantoas 7) Processo de comunicação: decisões anunciadas prontamen-
pessoas dão valor à organização da qual fazem parte; te; adequação das informações recebidas ao correto desempenho
14) Tolerância Existente: descreve o grau com que os erros das das atividades; instrumento facilitador da integração da empresa;
pessoas são tratados de forma suportável e construtiva antes do clareza e compreensibilidade das Informações transmitidas;
que punitiva; 8) Sentido de trabalho: importância atribuída ao que acontece
15) Clareza Percebida: descreve o grau de conhecimento das com a organização; utilidade e importância do trabalho realizado no
pessoas relativamente aos assuntos que lhes dizem respeito; o contexto organizacional; firmeza nas ações e empreendimento das
quanto a organização informa às pessoas sobre as formas e condi- mesmas até o final por parte da alta direção;
ções de progresso; 9) Política global de recursos humanos: importância atribuída
16) Justiça Predominante: descreve o grau com que predomi- à área de RH diante das demais áreas funcionais existentes; apoio
nam nos critérios de decisão as habilidades e desempenhos antes fornecido pelas políticas de RH ao desenvolvimento do trabalho;
do que os aspectos políticos, pessoais ou credenciais; disponibilidade para ouvir e considerar a diversidade de opiniões;
17) Condições de Progresso: descreve a ênfase com que a or- 10) Acesso: continuidade de realização do mesmo tipo de tra-
ganização provê a seus membros oportunidades de crescimento e balho até o final da carreira.
avanço profissional; o quanto à organização atende suas aspirações Segundo Coda (1997:101), “uma investigação adequada sobre
e expectativas de progresso; Clima Organizacional começa exatamente pela escolha e definições
18) Apoio Logístico Proporcionado: descreve o quanto a organi- operacionais das variáveis formadoras desse conceito”. São indica-
zação provê às pessoas as condições e os instrumentos de trabalho dores que traduzem a realidade organizacional em um determinado
necessários para um bom desempenho; o quanto a organização fa- momento.
cilita seus trabalhos principais;
19) Reconhecimento Proporcionado: descreve o quanto a orga- Clima organizacional e satisfação do cliente externo
nização valoriza um desempenho ou uma atuação acima do padrão Só recentemente, como já vimos neste e no capítulo anterior
por parte de seus membros; o quanto os esforços individuais dife- deste estudo, os desafios da competitividade globalizada vieram a
renciados são reconhecidos; ser aceitos como intrinsecamente ligados aos valores e atitudes das
20) Forma de Controle: descreve o quanto a organização usa pessoas que trabalham e da qualidade de vida dos ambientes em
custos, produtividade e outros dados de controle para efeito de que elas atuam. Hoje, de acordo com Barçante e Castro (1995:XIII),
autoorientação e solução de problemas antes do que para policia- “há uma demanda crescente por níveis razoáveis de autonomia, por
mento e castigo. perspectivas mais sólidas de realização pessoal, e pelo clima da or-
ganização”.
- Modelo de Coda (Coda, 1997:101-103) Humanizar as organizações significa interessar-se pelas pessoas
Este autor realizou cinco estudos de clima organizacional rea- não apenas como “recursos humanos”, mas como pessoas integrais
lizados em diferentes organizações brasileiras de grande porte do na sua totalidade e personalidade, mesmo que tal processo seja
setor público e privado. Os principais fatores obtidos a partir dos complexo, demorado e muito difícil. Uma vez que são as pessoas
indicadores utilizados foram: que fazem a organização ser dinâmica, elas possuem potencial ines-
1) Liderança: encorajamento pelo chefe para o desenvolvimen- gotável para o progresso, eficiência e mudança organizacional. O
to e crescimento profissional; grau de feedback oferecido pelo che- desafio dos dirigentes/gerentes, é fazer com que as pessoas contri-
fe aos subordinados sobre assuntos que afetam o trabalho na área; buam com seus esforços de maneira organizada para o desempe-
discussão sobre os resultados de desempenhos individuais, tendo nho da atividade a partir de suas personalidades tão diversas. Para
em vista melhor orientação no trabalho; Gretz (1996:19),
2) Compensação: balanceamento das diferentes formas de
remuneração adotadas pela empresa; amplitude do programa de
benefícios; pagamento acima do mercado para os melhores profis-
sionais à disposição da empresa; concessão de aumentos por de-
sempenho e realização de metas;

75
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
“toda empresa funciona como um sistema, que tem componen- fonte importante, e muitas vezes subestimada, de conhecimento
tes humanos e técnicos. Esses subsistemas, técnico e humano, são sobre as exigências deles. Esta equipe possui uma idéia mais exata
como pratos de uma balança. O equilíbrio dessa balança é funda- do que está acontecendo e provavelmente tem excelentes idéias, e
mental para que toda a organização tenha um bom desempenho. mais exatas, do que está acontecendo.
Muitos empresários e executivos pensam assim: primeiro o lado téc- O desempenho humano é afetado de forma crítica pela forma
nico, depois as pessoas”. como as pessoas se sentem, especialmente se estiverem satisfeitos
Não se trata de privilegiar o lado humano em detrimento do ou insatisfeitos com seu trabalho, o tratamento que recebem, o che-
técnico, mas promover uma equiparação. A diferença é que os seres fe, a política da empresa, e outros fatores. Segundo Eltz (1994:67),
humanos precisam ser analisados, percebidos e geridos de forma “as organizações de vanguarda criaram a figura do cliente in-
diferente. As suas peculiaridades precisam ser respeitadas e res- terno, com intuito de educar seus funcionários para o cliente ex-
saltadas. Moura (apud Barçante e Castro, 1995:XIV) afirma que o terno. Passaram a divulgar a importância da prestação de serviços
desejo e a demanda pela participação “se impõem cada vez mais internos. Cada área da empresa está ligada a uma outra, formando
fortemente como sendo o exercício da cidadania corporativa”. uma engrenagem que é a organização”.
A opinião do empregado (cliente interno) é de extrema impor- A parte mais difícil de transformar a cultura de uma organização
tância para o aprimoramento da qualidade na empresa. Se a opinião de indiferente para orientada para o cliente é resolver os problemas
do cliente externo pode ser obtida pelo oferecimento de produtos que se enfrenta atualmente. A delegação de autoridade simplifica
ou serviços de qualidade, isto só poderá ocorrer se o cliente interno e acelera o processode solução de problemas e faz os empregados
estiver igualmente satisfeito com suas condições de trabalho. Não concentrarem-se em evitar problemas futuros, ao mesmo tempo
se pode pretender que alguém insatisfeito com o seu ambiente de em que aprimora continuamente a qualidade dos serviços do ponto
trabalho se dedique na elaboração de suas tarefas, de modo a obter de vista do cliente. A delegação de autoridade força a tomada de
um produto ou serviço de qualidade. Segundo Cannie (1994:28), decisão e a solução de reclamações para os níveis hierárquicos mais
“nunca esqueça que os serviços são um relacionamento entre baixos. Dá-se às pessoas que lidam com os clientes, a autoridade
seus funcionários e seus clientes. Se você deprecia os funcionários, para tomar decisões em benefício deles e resolverem os problemas
eles irão transm itir essa a mensagem aos clientes. o mais rápido possível. Com isso, se conquista a participação e a
Para ajudar a garantir a excelência dos serviços, trate bem contribuição das pessoas que melhor conhecem os clientes.
aqueles que lidam com seus clientes: desenvolva o respeito próprio, A empresa é o local onde as pessoas passam a maior parte do
valorize-os, dê atenção a seus sucessos do dia-a-dia. tempo de suas vidas. O ambiente de trabalho deve ser estável e
Reconheça, recompense e comemore tanto os esforços quanto assegurar a harmonia e a amizade entre as pessoas. Somente serão
as reclamações”. alcançados bons resultados quando as pessoas passarem a traba-
Ouvir a voz do cliente interno é mais que um simples processo, lhar juntas, num ambiente trabalho considerado prazeroso. Segun-
é um indicador de mudança de mentalidade da empresa, em que o do Scott (1995:01),
empregado passa a ser visto não como alguém que deve simples- “sem o apoio e a cooperação de pessoas internas, é difícil satis-
mente cumprir ordens, mas como um aliado, de cuja competência fazer àqueles que comumente vemos como nossos clientes reais (os
e empenho dependem o bom resultado do negócio. que compram nossos produtos). A satisfação dos clientes internos
As empresas modernas facilmente atentaram para a impor- constitui um elo vital na cadeia que conduz à satisfação de clientes
tância do cliente externo, mas a conscientização de que o cliente externos. ”
interno é um parceiro nas mãos do qual, em grande parte, está o Há uma forte correlação entre as percepções dos funcionários
sucesso do negócio, é ainda uma barreira que deve ser quebrada sobre como são tratados, e as percepções dos clientes sobre a qua-
pelas empresas. Segundo Barçante e Castro (1995:66), lidade dos serviços que recebem. Segundo Santos (1995:64), “as
“uma empresa que se proponha a trabalhar com qualidade duas maiores riquezas de uma empresa, registradas em seu ativo
total tem que apresentar evidências objetivas de que centra suas são constituídas de duas medalhas de ouro, uma de louvor à cartei-
ações nos clientes. De acordo com esta nova visão, o foco no cliente ra dos clientes felizes e satisfeitos e a outra em honra ao quadro de
é o cartão de embarque para o processo de busca da qualidade to- funcionários”.
tal, e compreende tanto o cliente externo quanto o interno”.
Olhar o cliente interno como um “parceiro” traz resultados al- Pesquisa de clima
tamente compensadores para a empresa. Se a empresa consegue Toda organização passa por momentos de conflito ou um clima
unir resultados, pessoas e clientes externos, estará traçando seu de baixo astral. Mas o que leva as pessoas a passar por situações
próprio caminho rumo ao sucesso. Segundo os estudos de Barçante como essas e qual o impacto disso na produtividade e nos resulta-
e Castro (1995:67), “ouvira voz do cliente interno não é um processo dos da empresa? Por vezes esses momentos se estendem por mais
que se propõe a garantir a sobrevivência, trazendo inegáveis vanta- tempo do que o esperado gerando sérias consequências.
gens competitivas àquelas que oimplementam”. Para identificar e melhorar o ambiente de trabalho, uma das
O vínculo estreito entre a satisfação dos funcionários e a satis- alternativas é aplicar uma pesquisa de clima organizacional. Ela é
fação dos clientes cria uma relação de co-responsabilidade entre uma ferramenta poderosa que possibilita visualizar o panorama das
as empresas e os funcionários. Segundo Eltz (1994:88), “os fun- percepções dos colaboradores sobre a companhia para criar uma
cionários servem de elo entre empresa e cliente. Na verdade, eles estratégia de RH mais eficaz.
se comunicam com o cliente a todo instante”. Em função disso, a Uma boa analogia é entender o resultado da pesquisa de clima
medida da satisfação dos funcionários proporciona um importante como uma fotografia, que representa o pensamento e o sentimento
indicador dos esforços da empresa no sentido de melhorar a satis- daquelas pessoas.
fação dos clientes e o desempenho operacional. Segundo Cannie A pesquisa deve ser feita sempre de forma anônima e as per-
(1994:27), “é necessário o esforço de todos na organização para guntas devem abordar temas concretos como ambiente físico, po-
que se possam alcançar 100% de satisfação do cliente”. A equipe lítica de benefícios, comunicação interna, ações de qualidade de
de funcionários que está em contato direto com os clientes é uma vida.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Temas mais subjetivos como: trabalho em equipe, relaciona- Outro aspecto que deve ser levado em consideração é que,
mento com a liderança, segurança do emprego, diversidade e res- quando não há um canal de comunicação efetivo, a pesquisa de
peito também precisam ser levados em consideração, mesmo que clima serve como repositório de toda insatisfação das pessoas.
os resultados não sejam conclusivos em curto espaço de tempo. A falta de reconhecimento e feedback rotineiro geram uma
As perguntas escolhidas para a abordagem variam conforme a insatisfação generalizada com a empresa, mesmo que ela oferece
intenção da organização. É preciso ter um planejamento muito cla- bons benefícios e salário acima da média. Quando a empresa envol-
ro para saber o que pretende-se analisar com a pesquisa de clima. ve os colaboradores para buscar juntos soluções, ela se depara com
Pense na seguinte situação: a empresa está passando por uma colaboradores satisfeitos e se torna atraente para novos talentos.
crise e os gestores não conseguem detectar exatamente em qual
setor está o problema. Nesse caso, uma queda na produtividade, Existe uma frequência ideal para aplicar?
por exemplo, pode estar relacionada a um ambiente de trabalho Quando falamos sobre o que é pesquisa de clima, é importante
hostil ou até mesmo a falhas na forma como as informações são ter em mente que a sua eficácia depende de uma boa implemen-
repassadas. tação. Além do planejamento, os indicadores devem ser objetivos
Conhecendo o grau de satisfação dos colaboradores, é possível e focados em questões que realmente podem ser modificadas, de
encontrar o problema e pensar em soluções para que o trabalho modo a causar impacto no ambiente de trabalho.
volte a fluir. Isso pode ser feito abordando no questionário pontos É importante, inclusive, que se estabeleça uma periodicidade
relevantes para entender o contexto. para desenvolvê-la – que dependerá do cenário de cada empresa e
setor. Assim, você terá informações em mãos para ajudar na reali-
Qual o objetivo da pesquisa? zação de melhorias constantes, evitando problemas e atuando para
Ao decidir pela realização da pesquisa de clima, surge a dúvida aumentar o desempenho da equipe.
mais comum: o que levar em consideração durante o processo? O A periodicidade com a qual a pesquisa será aplicada é um pon-
objetivo deve estar relacionado aos principais pontos de atenção to crucial. O ideal é que se tenha um tempo para analisar as respos-
levantados pela gestão e pelo RH. Com a volatilidade das relações tas, avaliar as mudanças propostas e colocá-las em prática. Cabe
humanas e trabalhistas, o cenário e ações propostas há três anos então aos profissionais de RH e gestores decidirem qual é a melhor
podem já não fazer mais sentido. opção, mas muitas empresas optam por realizar o questionário se-
Vale ressaltar que, para a pesquisa trazer informações relevan- mestral ou anual.
tes e significativas, ela deve contar com um bom planejamento. Uma vez cumprido o cronograma, é interessante arquivar as
Para que isso aconteça, é essencial ter em mente que é necessário enquetes para acompanhar a evolução e as mudanças. Um grande
envolver a liderança e toda a empresa deve ter acesso aos resulta- benefício da pesquisa de clima para as empresas é a integração da
dos para melhor clareza e credibilidade. equipe e o desenvolvimento de um ambiente favorável à produtivi-
É importante lembrar que a pesquisa é uma ferramenta de mo- dade e à inovação.
nitoramento do ambiente, então certas perguntas são imprescindí- Da mesma forma que a pesquisa de mercado tem importância
veis. Você deve avaliar, por exemplo, o relacionamento dos colabo- para o setor de marketing, uma pesquisa de clima organizacional
radores com o ambiente, com os colegas, com os líderes e com o deve ser vista como um investimento estratégico com foco no cola-
trabalho desenvolvido. borador e em seu desempenho.
A estrutura da pesquisa fica a critério da empresa. Perguntas Preocupar-se com os responsáveis por todo o processo de fun-
abertas ou fechadas, de múltipla escolha com campos abertos des- cionamento da empresa e não apenas com o produto ou serviço
tinados a comentários e sugestões. Deve-se deixar a pessoa livre final pode trazer um retorno muito mais efetivo do que o esperado.
para acrescentar algo que não havia sido pensado pelos gestores, Mostrar que os colaboradores são importantes para o funcio-
essa autonomia é essencial. namento da empresa e têm espaço para falar sobre seu contenta-
Aplicar a pesquisa de clima envolve sapiência da área de Re- mento e suas angústias, fará com que eles apresentem maior enga-
cursos Humanos já que a comunicação e a sensibilização bem-feita jamento. Consequentemente, haverá mais motivação na entrega de
contribuem para que os colaboradores entendam qual a razão e a resultados e na manutenção de um ambiente de trabalho agradável
importância desse processo. Deve-se garantir o sigilo das respostas e colaborativo.
evitando que elas não condizam com a realidade por deixar a pes- Por isso, entender o que é pesquisa de clima organizacional e
soa inibida. colocá-la em prática de forma eficiente é fundamental para empre-
Levando em consideração que cada indivíduo tem seu mapa sas de todos os segmentos e dos mais diversos tamanhos, desde
de mundo e suas percepções, o RH pode encontrar soluções para startups até grandes companhias que buscam uma comunicação
conflitos e melhorar a relação pessoal entre colaboradores. Tornan- direta e sincera entre os envolvidos.
do a convivência mais tranquila e o dia a dia de trabalho menos
estressante. Dessa forma, a pesquisa possibilita ser um dos principais meios
Mais importante do que obter as respostas, a organização deve para avaliar o seu desempenho, planejar ações e sempre trabalhar
gerar ações relevantes para criar um ambiente de trabalho saudá- em busca de um processo de melhoria contínua, proporcionando
vel. Quando a organização opta por realizar uma pesquisa de clima um ambiente agradável para todos diariamente. E você, na sua em-
organizacional e não agir em nenhum aspecto, o processo cai em presa ou na empresa em que trabalha, possui uma pesquisa de cli-
descrédito. Na aplicação seguinte, as respostas podem não ser tão ma organizacional?
verdadeiras. A aplicação da sua pesquisa de clima organizacional
Divulgar os resultados para todos — mesmo que eles não se- Primeiro decida o meio pelo qual a pesquisa de clima será apli-
jam favoráveis — é parte do processo. Mas somente publicar os cada: pessoalmente com cada funcionário ou a partir de um ferra-
percentuais obtidos em cada aspecto questionado não é suficiente menta online, como o Google Forms? Lembre-se de que esta deci-
para uma mudança, nem nas atitudes das equipes ou na cultura são influenciará na tabulação e análise dos dados colhidos.
institucional.

77
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Fazendo a pesquisa ao vivo, o ideal é que seja contratado al- A quantificação, nesse caso, se dá tanto na forma de coleta
guém de fora da empresa para realizar essa tarefa, já que as respos- dos dados via questionário quanto na análise dos resultados e sua
tas devem ser 100% anônimas, buscando a confiança e sinceridade apresentação posterior. Pesquisas quantitativas são usadas em situ-
dos respondentes. Porém, com este meio de coleta, e garantindo ações nas quais você pretende validar estatisticamente uma hipó-
a confiança dos colaboradores no anonimato, você pode ter maior tese. Isso sem, necessariamente, entender as motivações por trás
veracidade dos dados, uma vez que alguém parou com seu funcio- das respostas.
nário para que ele respondesse e realmente entendesse o conteúdo Uma pesquisa de mercado quantitativa deve, então, seguir um
da pesquisa de clima. modelo estruturado de questionário e entrevista.
Já se você optar por aplicar a pesquisa online, a confiabilida- Nessa modalidade de pesquisa, o respondente tem acesso a hi-
de no anonimato das respostas para os colaboradores tende a ser póteses já formuladas e, com sua opinião, pode comprovar ou der-
maior. Porém, se aplicada online, a pesquisa de clima organizacional rubar essas hipóteses – ou mesmo formular novas. O questionário,
deve ser muito bem comunicada antes do colhimento das respos- nesse caso, deve seguir um ou mais caminhos pré-determinados.
tas, explicando o que é uma pesquisa de clima e por que deve ser As informações obtidas em uma pesquisa quantitativa vêm em
respondida com atenção e seriedade. As perguntas online correm o formato de números ou de dados que possam ser “transformados”
risco, também, de não serem entendidas por completo, indicando em números. Pegando como exemplo a metodologia de NPS (Net
um ponto forte da pesquisa aplicada por meio de entrevistas pes- Promoter Score), por exemplo, podemos identificar a abordagem
soais mesmo. quantitativa na pergunta padrão da pesquisa. “Em uma escala de
Procure por 100% das respostas entre seus colaboradores! 0 a 10, o quanto você indicaria a nossa empresa para um amigo?”.
Quanto mais respostas, mais percepções e mais próximos da reali- No caso do NPS, o respondente dá uma nota na escala pro-
dade os planos de ação serão traçados. Para isso, estipule um prazo posta, que posteriormente é agrupada em 3 grupos distintos. Os
para o preenchimento da pesquisa e crie senso de urgência em seus grupos representam os clientes promotores da marca avaliada, os
funcionários. clientes neutros e os detratores da marca.
É comum na implementação de pesquisas de clima que os fun- Utilizando de uma pesquisa quantitativa, seu projeto terá resul-
cionários desacreditem na efetividade do resultado e nos benefícios tados uniformes, que facilitarão um entendimento mais padroniza-
que a pesquisa pode trazer. Por isso, tona-se essencial que enten- do dos dados obtidos. Os resultados de pesquisas quantitativas, a
dam a relevância da pesquisa de clima organizacional não só para propósito, são facilmente traduzidos em gráficos e tabelas.
a sua empresa, mas também para a melhoria do seu próprio am-
biente de trabalho. A intenção é que levem a sério as respostas que O que é pesquisa qualitativa
darão, já que são anônimas e são um meio essencial para que suas Basicamente – e diferente das pesquisas quantitativas -, uma
percepções sejam ouvidas dentro de uma organização. pesquisa qualitativa explora informações mais subjetivas e em pro-
fundidade. A pesquisa qualitativa leva em consideração as particu-
Análise dos dados e estratégias de melhoria laridades dos entrevistados em uma análise ampla e não-mensurá-
Após a aplicação do instrumento de coleta, concentre-se em vel ou quantificável.
tabular os dados obtidos e transformá-los em informações úteis Esse tipo de pesquisa é conduzido de forma exploratória, em
para as tomadas de decisão da sua empresa. Agrupe os dados com que o entrevistado é estimulado a opinar mais livremente, nem
as frequências das respostas e faça a análise e interpretação esta- sempre de forma que pode ser expressada em números ou mesmo
tística das respostas. em palavras. Isso porque pesquisas qualitativas, mais do que seguir
Esta etapa é essencial para validar as percepções qualitativas um questionário, seguem um roteiro, conferindo mais liberdade e
colhidas nos questionários, a partir da frequência das respostas em participação opinativa do entrevistado.
alternativas positivas ou negativas no questionário. A condução de uma pesquisa qualitativa, portanto, é mais livre
A partir dos resultados obtidos na pesquisa, reúna-se com os e pode vir em formatos diversos, como entrevistas de profundidade
tomadores de decisão da sua empresa e trace planos de ação para ou mesmo os conhecidos grupos focais – técnica de marketing que
os resultados mais críticos. Procure resolver os problemas trazidos reúne um grupo de pessoas para discutir determinados assuntos
pela visão dos seus colaboradores e faça com que se sintam ouvidos com a presença de um moderador. Opte por realizar uma pesquisa
e importantes dentro da empresa. qualitativa, por exemplo, quando seu objetivo incluir uma contex-
A elaboração de um relatório com os resultados estatísticos, tualização mais profunda das respostas para validar o teste de um
qualitativos e com as análises e planos de ação elaborados é essen- produto, conceito ou campanha.
cial para a divulgação correta dos resultados, buscando manter seus Depois de coletados os dados, o resultado de uma pesquisa
funcionários informados, alinhados e reconhecendo a importância qualitativa também é apresentado de forma diferente. Ao invés
da pesquisa de clima organizacional em seu ambiente de trabalho. de gerar números, traduzidos em gráficos e tabelas, a pesquisa é
Caso já tenha sido feita uma pesquisa de clima na sua empresa, apresentada em forma de relatórios aprofundados. Esses relatórios
busque trazer o relatório passado para a análise atual. Compare os destacam trechos de entrevistas, frases e opiniões mais relevantes
resultados e planos de ação. Procure razões para ações que deram encontrados durante a pesquisa.
ou não certo e tente corrigir e melhorar os planos de ação de um
período para outro. Pesquisa quantitativa ou qualitativa: qual das duas fazer?
Com a continuidade das perguntas e análises comparativas, as Como qualquer decisão de um projeto, a escolha entre uma
avaliações serão cada vez mais profundas e sua empresa caminhará pesquisa quantitativa ou uma pesquisa qualitativa será diferente
para um clima organizacional cada vez melhor, com colaboradores para cada situ ação.
mais engajados, satisfeitos e motivados.

O que é pesquisa quantitativa


Como o próprio nome diz, uma pesquisa quantitativa quantifi-
ca os dados para responder um questionamento, um problema de
pesquisa.

78
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Dessa forma, antes de definir o tipo de abordagem que seu projeto pede, é preciso ter em mente claramente o seu problema, seu ob-
jetivo e a forma como seus dados deverão ser apresentados após a coleta, para tomar a decisão mais acertada. Simplificando, você precisa
pensar se o que você precisa para aquele projeto é validar estatisticamente uma hipótese, saber a opinião geral de um grupo de pessoas
homogêneo, ou entender em profundidade a opinião de um grupo de pessoas.
Quando falamos em desenvolvimento profissional, as ferramentas de avaliação de desempenho são elementos essenciais à melhoria
contínua dos processos de gestão do capital humano nas organizações. Na prática, além de trazer um mapeamento completo sobre o esta-
do atual da empresa no que tange diferentes aspectos relacionados aos seus trabalhadores, é algo que ajuda a potencializar os resultados
individuais e coletivos dos funcionários, líderes e a maximizar seu desempenho.
Neste sentido, não por acaso a avaliação de desempenho é um método bastante aplicado para identificar, de forma concreta: gaps na
gestão, os talentos, pontos de atenção e as oportunidades de crescimento nas empresas. Como tal, é importante entender quais são os
diferentes tipos de avaliações e como elas podem ser utilizadas para melhorar os resultados do negócio.39

O papel das pessoas na organização e a nova organização empreendedora


Essa evolução natural percebida pelas organizações trouxe mudanças também na denominação e na forma como se enxerga essa área.
Enquanto por muito tempo as organizações consideravam a pessoas como um dos recursos necessários para a existência da organiza-
ção, hoje essa compreensão envolve um conceito diferenciado, onde as pessoas não são vistas como um recurso e, sim, como parceiro e
colaborador na busca pelos resultados desejados.

Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A interação da gestão de
pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais e individuais.

A seguir, temos três aspectos que dão sustentação à essa colocação do papel das pessoas hoje nas organizações:

As pessoas como seres humanos


- O indivíduo é visto como um ser dotados de personalidade própria , diferentes uns dos outros, possuidores de conhecimentos, habi-
lidades, e capacidades indispensáveis à adequada gestão dos recursos organizacionais. Pessoas como pessoas e não como meros recursos
da organização

As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais


- O indivíduo passa a colaborar como elemento impulsionador e da organização, que aplica à esta sua inteligência, talento e conheci-
mento , garantindo a renovação e competitividade no mercado. As pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e
não como agentes passivos, inertes e estáticos

As pessoas como parceiras da organização


- Nesse ponto, o índivíduo é visto como o responsável e capaz de conduzir a organização à um nível de excelência e, alcançando assim
o sucesso.
Como parceiros, as pessoas fazem investimentos na organização — como esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento,
riscos etc. — na expectativa de colher retornos desses investimentos — como salários, incentivos financeiros, crescimento profissional,
carreira etc. Daí o caráter de reciprocidade na interação entre pessoas e organizações, que provoca na prática uma postura de atividade
e autonomia e não mais de passividade e inércia das pessoas. Pessoas como parceiros ativos da organização e não como meros sujeitos
passivos.

Como vimos acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem sucedidas e pelo aporte de
capital intelectual que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação e do Conhecimento.
Como pudemos perceber, existe um processo evolutivo na forma como se trata as pessoas dentro da organização, saindo de um con-
ceito onde pessoas eram consideradas recursos até chegar no conceito de pessoas como parceiros, sendo nessa transição, as mudanças
práticas são bem claras, conforme vemos a seguir;

Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros


Colaboradores agrupados em equipes
Horário rigidamente estabelecido
Metas negociadas e compartilhadas
Preocupação com normas e regras
Preocupação com resultados
Subordinação ao chefe
Satisfação do cliente
Fidelidade à organização
Vinculação à missão e à visão
Dependência da chefia
Interdependência entre colegas
Alienação em relação à organização
Participação e comprometimento
Ênfase na especialização
Ênfase na ética e responsabilidade
Executoras de tarefas
Fornecedores de atividade
Ênfase nas destrezas manuais
Ênfase no conhecimento
Valorização da mão de obra
Inteligência e talento
Valorização do intelecto

39 Fonte: www.blog.opinionbox.com/www.blog.solides.com.br/www.repositorio.ufsc.br/ www.esagjr.com.br

79
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Uma característica essencial das organizações é que elas são Segundo Barçante e Castro (1995, p. 20),
sistemas sociais, com divisão de tarefas, sendo que nesse contexto, Ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos funcionários, a
a Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social. empresa estará tratando-o como um aliado e não só como um mero
Dentre os demais sistemas organizacionais, destacamos o sub- cumpridor de ordens, estará vendo que dele dependem os seus re-
sistema técnico e, é essa interação entre Gestão de pessoas com sultados.
outros subsistemas, especialmente o técnico, que trabalho para o Mas para obter bons resultados, a empresa precisa abrir mão
alinhamento entre os objetivos organizacionais e os objetivos in- de alguns paradigmas e criar um cenário onde o colaborador possa
dividuais. por em prática toda uma experiência profissional já vivenciada ou
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, praticada em outras ocasiões. O que nem sempre se sucede tor-
mais especialmente sobre as analises de comportamento que pro- nando um profissional “cumpridor de tarefas” ao invés de um pro-
duzem a cooperação por parte dos indivíduos. fissional “construtor de cenários e estratégias de desenvolvimento”.
Essa teoria resume a relação entre pessoas e organização As virtudes e os infortúnios das empresas estão relacionados
como sendo um sistema onde a organização recebe cooperação dos diretamente a maneira como as lideranças atuam no sentido de ca-
colaboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em troca pacitar, estimular e principalmente motivar as pessoas a adquirirem
oferece vantagens e incentivos, dentre os quais podemos citar os cada vez mais habilidades e atitudes vencedoras para que toda a
salários, prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunida- proposta de negócios atinja grandes resultados e com isso tudo que
des, etc. ficou determinado pelas organizações sejam cumpridos.
Essa troca mútua cria uma harmonia no ambiente organizacio- A Gestão Estratégica de Pessoas nas organizações é um elo en-
nal, permitindo assim que se alcance o equilíbrio organizacional. tre metas organizacionais e individuais permitindo a colaboração
e participação eficaz de todas as pessoas envolvidas. Para isso as
Já há algum tempo, a sociedade tem vivido uma transição de- etapas Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar deve ser bem traba-
nominada “Era da Informação e Conhecimento”, no qual as pessoas lhado pelas lideranças e gerencias da empresa conduzindo todos
precisam ser consideradas parte essencial desse processo para que num único objetivo.
as organizações obtenham êxito em suas operações. No âmbito em- Nessa abordagem, faz-se necessário a compreensão e o enten-
presarial são fundamentais que todos os colaboradores engajados dimento sobre Planejamento Estratégico e conseguintemente o pa-
nos processos assimilem a missão e os objetivos da organização, pel potencial das pessoas.
como elementos norteadores na formulação e planejamento de É primordial nas organizações estabelecerem alguns critérios
estratégias. Por outro lado, os gerentes devem desenvolver uma para que a gestão de pessoas tenha importância significativa, tais
atuação que possibilite a ênfase nos focos de aprendizagem da or- como:
ganização. 1. Motivar e Reconhecer os esforços de todos os envolvidos;
Nessa 3ª fase da globalização em que vivemos, é viável que as 2. As lideranças precisam transmitir suas ideias e saber exercer
organizações que almejam crescimento e melhoria contínua invis- suas influências;
tam em treinamento e qualificação e requalificação de seu pessoal 3. Transformar Grupos em Equipes;
gerando assim uma significativa vantagem competitiva num merca- 4. Pensar, Agir e Solucionar problemas;
do aonde as inovações tecnológicas chegam já com data prevista de 5. Gerar Ambiente Sinérgico;
saída para novos critérios. Todavia, as empresas que entenderem 6. Ter nos conflitos gerados uma oportunidade de fonte de
essa interdependência alcançarão gradualmente soluções compen- aprendizagem;
satórias em seus trâmites e processos. 7. Saber gerenciar o estresse;
Conduzir pessoas numa organização significa disponibilizar o 8. Saber delegar;
capital (materiais, equipamentos, fatores de produção, treinamen- 9. Desenvolver Culturas;
to), para que todos os envolvidos no processo (funcionários e par- 10. Preparar as Pessoas para a Avaliação de Desempenho;
ceiros) sintam sua importância para a organização e se renovem dia 11. Elaborar Planos Individuais de Capacitação por Competên-
após dia no alcance de suas competências profissionais e pessoais cias;
em busca de suas eficiências e eficácias. 12. Fornecer Opinião sobre as competências individuais;
O desempenho das pessoas no processo de tomada de decisão 13. Identificar segundo o perfil traçado pela empresa, as pesso-
nas instituições quando entendido o que é eficiência (defeito zero as que estão acima, na média ou aquém das expectativas;
e qualidade total) e eficácia (alcance das metas empresariais) faz 14. Agregar Pessoas (Valorizar o Capital Intelectual);
com que as empresas entrem no eixo da maturidade mercadológica 15. Desenvolver Pessoas (Integrar e Motivar os Colaboradores);
(posição no qual o produto ou serviço da empresa já é conhecido 16. Adotar Administração Horizontal (Faz com que as lideran-
pelos clientes, mas que pode trazer eventuais problemas caso não ças estejam em maior proximidade dos liderados, privilegiando o
se identifique a necessidade de constantes melhorias nos processos acesso a informação e reduzindo os níveis organizacionais);
que serão sentidos pela clientela). 17. Aplicar Benchmarking para obtenção de vantagem compe-
Justifica-se assim a importância da gestão de pessoas, a espi- titiva;
nha dorsal, a viga, a estrutura desse todo. 18. Desenvolver políticas de parcerias;
19. Manter e Recompensar pessoas;
Segundo Davel e Vergara (2001, p.31), 20. Monitorar as atividades realizadas diariamente;
As pessoas não fazem somente parte da vida produtiva das or- 21. Criar um Canal de Reclamações e Sugestões visando através
ganizações. Elas constituem o princípio essencial de sua dinâmica, de críticas construtivas agregarem valores à organização;
conferem vitalidade às atividades e processos, inovam, criam, re- 22. Divulgar na Intranet da empresa ou divulgar internamente
criam contextos e situações que podem levar a organização a po- o desempenho mensal das equipes de trabalho em comparação a
sicionarem-se de maneira competitiva, cooperativa e diferenciada evolução alcançada com relação às metas estipuladas pela organi-
com os clientes, outras organizações e no ambiente de negócios em zação.
geral.

80
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Os limites da gestão de pessoas no setor público A fim de obter resultados positivos, a área de gestão de pesso-
A atuação estratégica da gestão de pessoas está intimamen- as deve procurar manter um clima positivo e profissional na organi-
te conectada à gestão de competências. Essa moderna abordagem zação, através de práticas de planejamento, gerenciamento, avalia-
volta-se para o desenvolvimento e manutenção das competências ção e recompensas, que conciliem os interesses individuais com os
individuais dos colaboradores, visando ao alcance dos objetivos es- objetivos estratégicos do negócio público. Deve-se buscar um dire-
tratégicos organizacionais. cionamento para resultados nos níveis individual e organizacional,
Do individual parte-se para o coletivo, sem deixar de lado, con- além de preservar a correta e eficaz gestão do bem público.
tudo, a essência e a cultura de cada organização. É como reger uma No setor público, portanto, o papel da área de gestão de pes-
orquestra, em que o talento e o trabalho individual de cada músico soas, no contexto da gestão de competências, deve ser o de facilitar
são incentivados e valorizados, mas cujo desempenho deve se ater o desenvolvimento das competências individuais e consequentes
à proposta melódica a ser executada e à gestão do regente. Na re- entregas, para a implementação da estratégia escolhida, sempre de
gência da orquestra pública, o interesse público deve ser o resulta- acordo com o bem maior, que é o interesse público.
do alcançado por qualquer estratégia organizacional.
O modelo de gestão de competências, apesar de reunir muitas Planejamento de Recursos Humanos
qualidades, é de complexa implementação prática, em sua totali- É o processo de decidir sobre os recursos humanos que serão
dade, no setor público. Diferentemente do setor privado, o gestor necessários para atingir os objetivos empresariais, dentro de um
público se atém a um cabedal de limitações legais que devem ser determinado período de tempo. Trata-se de antecipar quais forças
respeitadas, como a exigência de concurso público para contrata- de trabalho e talentos humanos serão necessários para a realização
ção de novos talentos. de uma ação organizacional futura.
Dentre as dificuldades para a implantação de um modelo de A tarefa de contratar pessoal começa com uma previsão sobre
gestão de competências estão também limitações tecnológicas e quantas pessoas – e de que tipo – serão necessárias para realizar
estruturais, bem como aspectos comportamentais dos servidores o trabalho na empresa. Essa atividade é conhecida como “Planeja-
que, ao serem avaliados para seu ingresso em determinadas fun- mento de Recursos Humanos” e alguns autores o definem como o
ções, mostraram-se capacitados em termos de conteúdo para exer- processo de prever e promover o movimento de pessoas para den-
cê-las, mas não foram, por vezes, avaliados em suas idiossincrasias tro – internamente – ou para fora de uma organização, com o obje-
psicológicas. tivo de apoiar a estratégia de negócios da organização.
A falta de motivação enraizada na cultura organizacional pú- Esse planejamento consiste de quatro fases:
blica, causada, por exemplo, pela dificuldade em implantar políti- - Planejamento para as necessidades futuras: um profissional
cas de recompensa a servidores exemplares, é conhecida de longa de RH estima de quantas pessoas – e com que habilidades – a orga-
data, e constitui um dos entraves para levar a termo um complexo nização irá necessitar para operar num futuro previsível
processo de gestão de pessoas baseado nas suas competências. A - Planejamento para a rotatividade futura: o profissional prevê
quantos funcionários atuais permanecerão na empresa e, a dife-
implementação desse modelo ainda é um grande desafio, uma vez
rença entre este número e o número de empregados necessários, o
que a cultura de gestão pública permanece, na maioria dos casos,
levará à próxima etapa.
voltada para cargos, e não para entregas.
- Planejamento para recrutamento, seleção e demissões: a
As instituições públicas têm a captação de novos talentos limi-
organização precisa se envolver em atividades de recrutamento,
tada legalmente por concurso público; a exceção são os cargos de
seleção e demissões a fim de alcançar o número necessário de em-
confiança comissionados, em número bem menor que o dos ser-
pregados.
vidores concursados. Enquanto as organizações privadas possuem
- Planejamento para treinamento e desenvolvimento: uma em-
inúmeros instrumentos para a melhor escolha, como entrevistas e
presa sempre precisa de trabalhadores experientes e competentes
dinâmicas de grupo, as públicas ficam restritas a esse instrumento e, esta etapa, envolve o planejamento e as providências para pro-
legal, sob pena de serem questionadas judicialmente. No entanto, gramas de treinamento e de desenvolvimento que assegurem o su-
poderão valer-se de outros meios para melhor alocação do candi- primento contínuo de pessoas com habilidades adequadas.
dato aprovado.
Por exemplo, apesar de muitas mudanças dependerem de le- Controle de Recursos Humanos
gislação própria, isso não constitui entrave para que se atue, no se- Controle é a ação que ajusta as operações aos padrões pré-de-
tor público, por meio de outras fontes legais, como concursos com finidos e sua base de ação é a informação de retorno.
áreas específicas de atuação, avaliação do perfil comportamental
dos aprovados para sua melhor alocação, ou ainda, ações de de- Pode ser:
senvolvimento profissional, promovendo educação contínua e não Como função administrativa
apenas treinamentos pontuais - a educação ampla das pessoas é - fazendo parte do processo de planejar, organizar e controlar;
fundamental nesse contexto, englobando o desenvolvimento das
mesmas com foco em sua carreira profissional, e não apenas no Como meio de regulação para manter o funcionamento dentro
treinamento para as funções do cargo atual. de padrões desejados
No que tange ao desligamento de colaboradores, restrições le- - funcionando como um detector de desvios para agir correc-
gais também devem ser obedecidas. Apesar de o ordenamento ju- tivamente
rídico prever que os servidores podem ser demitidos por avaliação
de desempenho insuficiente, essa ainda não é uma prática comum Como função restritiva e limitadora de um sistema
no setor público. Sendo assim, o ideal é motivá-los, de tal forma - mantendo os colaboradores dentro de padrões desejados de
que se sintam parte importante no processo e desejem atingir um conduta
melhor desempenho no trabalho. Afinal de contas, prever prazos,
controles, orçamentos e indicar responsáveis para as atividades faz Etapas do processo de controle:
parte de um planejamento indispensável tanto na gestão privada Podemos citar como exemplo de meios de controle:
como na pública. - Níveis hierárquicos: pressupõe uma relação de obediência;

81
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
- Regras e procedimentos: meio de controle impessoal que 3ª Rentabilizar as tecnologias de informação
guiam o comportamento humano organizacional; Empresas que utilizem um único sistema informático de gestão
- Estabelecimento de objetivos: Servem como guias para a ação de Recursos Humanos, são mais eficientes e efetivas, e mais focadas
das pessoas; estrategicamente, do que empresas com sistemas fragmentados.
- Sistemas de informações verticais: a comunicação chefia-su- Alguns pontos-chave, partilhados por empresas bem geridas
bordinado proporciona a disseminação das informações no sentido do ponto de vista dos Recursos Humanos;
descendente (controle do desempenho do subordinado através de - Otimizar processos e apoio transacional;
comandos, normas, decisões, orientações) e ascendente (retroac- - Fazer o Benchmarking de processos e performance;
ção do subordinado para os níveis mais altos). - Consolidar sistemas;
A característica principal do sistema de monitoramento é o - Adoptar serviços partilhados;
controle, que tem como objetivo assegurar o bom andamento das - Investir nas pessoas e no talento;
atividades. Tudo deve estar como foi planejado, os objetivos prees- - Alinhar politica e estratégia de Recursos Humanos com a polí-
tabelecidos devem ser executados sem falhas ou erros. Qualquer tica e estratégia do negócio;
distorção no processo tem que ser identificado. Quando há peque- - Focar atenção no valor e não no esforço.
nas variações podem ser aceitas como normais.
Caso haja variações muito grande devem ser tratadas com cui-
Gestão empreendedora
dado para serem devidamente corrigidas. Os gerentes nesses casos
Gestão empreendedora é a aplicação da mentalidade empre-
devem voltar sua atenção para as áreas mais críticas, e que neces-
endedora nos processos do dia a dia de uma empresa já estabele-
sitam de apoio para a solução dos problemas (custo - benefício).
cida.
O processo de controle funciona da seguinte maneira: Essa abordagem também pode ser chamada de intraempreen-
Os critérios para um controle ser eficaz: dedorismo, ou seja, o empreendedorismo aplicado dentro de uma
- Processo deve controlar as atividades apropriadas; organização.
- Processo dever ser oportuno; Empreendedorismo é “a capacidade e disposição para conce-
- Processo de controle deve possuir relação favorável de custo/ ber, desenvolver e gerenciar um negócio a fim de obter lucro”.
benefício; Apesar de o termo também estar ligado com a administração
- Controlo dever ser exato; da companhia, é mais usado para se referir à sua criação.
- Controlo deve ser aceito. Não é errado, portanto, dizer que um empreendedor pode ou
não ser um administrador, e um administrador pode ou não ser um
RH e linhas de orientação empreendedor.
Empresas com gestão de recursos humanos eficientes, cons- Qual a diferença? O foco principal do empreendedor é desen-
tantemente reavaliam os seus processos, para conseguirem atingir volver novas soluções, que depois podem ser vendidas, administra-
um equilíbrio na optimização, da eficiência, dos custos e serviços, das por outras pessoas ou por ele próprio.
num meio em constante mudança. Já o administrador pode ser um investidor que adquiriu uma
Para alcançar elevados níveis de performance, as organizações empresa, um profissional contratado para administrá-la ou o pró-
com melhores resultados na gestão de recursos humanos, seguem prio empreendedor.
3 linhas orientadoras: Tanto faz, desde que ele se dedique à gestão do negócio em
seu dia a dia.
1ª Alinhar a politica de recursos humanos com a política de ne- Isso não quer dizer que, com o modelo de gestão empreende-
gócio dora, os funcionários da organização serão estimulados a criar suas
Este “acertar de agulhas”, têm de acontecer a vários níveis. A próprias empresas.
centralização de processos transacionais e processos que requei- Na realidade, eles encontrarão um ambiente que os incentiva a
ram alguma capacidade técnica e talento, num centro de excelên- pensar como empreendedores.
cia, permite a prestação de serviços de qualidade ás várias áreas O que significa que ideias de novos produtos, serviços, proces-
de negocio da empresa. Algumas grandes organizações têm centros
sos e modelos de negócio são muito bem-vindas, partindo de quem
de apoio aos funcionários, para tratar de benefícios, pensões, pa-
quer que seja.
gamentos, processamento de acontecimentos da vida, dar entrada
Em uma empresa tradicional, essas são atribuições de diretores
de dados do funcionário, questionários e processamento de dados,
e outros gestores com incumbências estratégicas.
aumentado a eficiência e satisfação dos mesmos.
Os parceiros das empresas na gestão de recursos humanos, são A gestão empreendedora é mais democrática, no sentido de
responsáveis por desenvolver as relações entre funcionários, lide- que as oportunidades de criar e causar um grande impacto na com-
rar o planeamento da força de trabalho, e prestar apoio a todas as panhia são para todos.
pessoas envolvidas diretamente ou indiretamente com a empresa. Errar não é um problema e sim manter-se estagnado e corren-
2ª Fazer o outsourcing com precauções, assegurando sempre o do o risco de ser ultrapassado
controlo efetivo das operações
As melhores praticas dizem que deve dedicar-se tempo para Principais características da gestão empreendedora
decidir o que centralizar internamente, o que será para outsourcing Empresas com gestão empreendedora têm um nível intenso de
e o que descentralizar. A pratica demonstra que as melhores prati- experimentação, pois estão sempre testando novas soluções.
cas podem não ser usadas em operações subcontratadas, muitas Quem gosta de aprender, criar e encarar novos desafios cos-
vezes são utilizadas internamente pelas empresas, que utilizem por tuma enxergar nelas os ambientes de trabalho perfeitos, pois há
exemplo operações centralizadas, num ambiente de serviços parti- muito estímulo para o desenvolvimento.
lhados. Para que uma companhia seja reconhecida assim, porém, ela
Deve ser feita, por isso, uma analise custo-beneficio, para ava- precisa que sua cultura organizacional reflita esses valores.
liar potenciais alternativas.

82
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Não adianta apenas tentar se vender como uma companhia Como aplicar a gestão empreendedora em seu negócio?
que estimula a inovação e o intraempreendedorismo se, na práti- Para aplicar a gestão empreendedora em uma empresa, trans-
ca, os colaboradores não se sentem seguros para apresentar novas formar sua cultura organizacional é mais importante do que a cria-
ideias (mais adiante, daremos dicas para que isso não aconteça). ção de qualquer processo.
Outra característica da gestão empreendedora é a presença Cultura organizacional é um conceito relacionado ao conjunto
de equipes multidisciplinares, em que pessoas com diferentes for- de valores e comportamentos adotados em uma entidade privada.
mações e especializações trabalham juntas e trocam informações Não confunda com a definição de missão, visão e valores, que
constantemente. são meras palavras para se colocar em um quadro e na página insti-
Além disso, há poucas barreiras para a comunicação entre pro- tucional do site da companhia.
fissionais de qualquer que seja a equipe, em oposição à gestão tra- A cultura organizacional é uma qualidade intangível que não é
dicional, com departamentos autônomos e distantes, um modelo definida de forma arbitrária, e sim percebida por quem tem alguma
propício ao surgimento de silos organizacionais. ligação com o negócio, seja como colaborador, consumidor, forne-
Essa proximidade também é vista entre profissionais de dife- cedor ou parceiro.
rentes níveis hierárquicos, uma situação que permite ao colabo- Tem a ver com a essência, portanto, e não com narrativas de
rador se sentir mais à vontade para sugerir novas ideias aos seus marketing ou storytelling.
superiores. Quando os gestores e demais colaboradores sentem uma cul-
Uma característica comum encontrada em companhias que tura organizacional verdadeiramente voltada para o estímulo do
adotam o intraempreendedorismo é a gestão horizontal, em que os espírito empreendedor, fica muito mais fácil aplicar quaisquer pro-
colaboradores não têm apenas liberdade, mas também autonomia. cessos nesse sentido.
Feedbacks constantes, dinamismo, disposição para correr ris- Por isso, não há como aplicar o intraempreendedorismo sem
cos, prototipagem para testar novas soluções e uso de metodolo- acreditar de fato nesse modelo.
gias ágeis são outras características comuns em empresas que ado- O primeiro passo, portanto, é submeter o negócio a essa tera-
tam a gestão empreendedora. pia e pensar em medidas de comunicação interna e gestão de pes-
soas com o intuito de disseminar a nova mentalidade.
Dar espaço para seus colaboradores e sua criatividade é algo
É possível promover essa transformação mesmo em empresas
necessário
tradicionalmente mais “quadradas” e pouco voltadas à criatividade
e inovação. Pode dar trabalho, mas é possível.
Como funciona a gestão empreendedora?
Depois disso, se o que você quer são dicas mais práticas de pro-
Conforme destacamos no início do texto, não existe uma fór-
cessos para implementar a gestão empreendedora no seu negócio,
mula pronta, uma metodologia fechada a ser aplicada para colocar
veja os conselhos a seguir.
em prática a gestão empreendedora.
É importante que o gestor tome as rédeas e pense em um pla-
Trata-se de um modelo conceitual, uma mentalidade que pode
no para incentivar o intraempreendedorismo
ser colocada em prática de diversas maneiras.
O funcionamento da gestão empreendedora, portanto, depen- 5 dicas para fomentar o intraempreendedorismo
de muito da realidade e estrutura da empresa, e também do estilo As dicas a seguir vão ajudar a difundir a cultura do empreende-
de gestão de seus comandantes. dorismo entre os colaboradores e melhorar a criatividade e inova-
É possível aplicar o intraempreendedorismo em negócios que ção de seu negócio.
ainda têm no organograma uma importante ferramenta de organi-
zação de fluxos de trabalho. 1. Invista em conhecimento
Nesse caso, é comum haver caminhos formais para dar vazão Dentro do possível, proporcione aos colaboradores acesso ao
às ideias dos colaboradores. conhecimento, disponibilizando cursos e palestras, por exemplo.
Por exemplo, um canal para solicitar permissão para o início de Hoje em dia, na Era da Informação, há tanto conteúdo de qua-
um projeto de criação, brainstorms periódicos e definição de crité- lidade disponível que, mais que investir, o gestor deve pensar em
rios para seleção de ideias. estimular essa busca por conhecimento.
Já em companhias que têm a gestão mais horizontal, esse pro- Uma ótima solução é prever um período do dia ou da semana
cesso pode ser completamente diferente, mais orgânico e com au- para os colaboradores estudarem, pesquisarem e debaterem deter-
tonomia para quem quer experimentar. minadas matérias.
Nesse tipo de empresa, o colaborador tem controle sobre a Tenha em mente que criatividade é a capacidade de fazer cone-
gestão de seu tempo, podendo iniciar o novo projeto quando qui- xões entre o que é observado e o conhecimento que se tem.
ser, desde que ele não impacte em suas demais entregas. Quanto mais disciplinas os profissionais dominarem, portanto,
O tipo de produto ou serviço prestado pela companhia tam- mais material para conectar terão e, consequentemente, mais cria-
bém deve ser considerado para definir como vão funcionar os pro- tivos serão.
cessos da gestão empreendedora.
Empresas digitais têm mais facilidade para isso, pois podem ex- 2. Crie espaços para diálogo
perimentar novas soluções com testes A/B, testes de usabilidade e Além dos feedbacks 360 graus, existem metodologias de faci-
outras ferramentas. litação de processos que podem ajudar a fomentar o diálogo entre
No entanto, também há maneiras de testar produtos físicos, profissionais de diferentes áreas e hierarquias.
com o desenvolvimento de um MVP (mínimo produto viável, um Um exemplo é o world café, em que se reúne um grande gru-
lançamento com o menor investimento possível para testar a nova po formado por colaboradores de vários setores, distribuídos em
criação). mesas redondas, no estilo de um café, com quatro ou cinco com-
Criar uma cultura de inovação e experimentação é um impor- ponentes em cada.
tante primeiro passo O facilitador propõe um tema geral que será discutido em to-
dos os grupos, entre as pessoas que estão na mesa.

83
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Um componente da mesa anota os insights gerados e, após 20 Se uma companhia é líder de mercado, têm ótimos resultados
ou 30 minutos, todos os membros vão para outro grupo, exceto ele. há décadas e não enxerga ameaças, uma postura conservadora é
A conversa continua com as novas formações. A ideia é que as possivelmente a ideal.
ideias se cruzem e gerem novos insights. O que acontece é que há cada vez menos segmentos em que é
possível ter tamanha estabilidade, porque a disrupção tecnológica
3. Dê um novo significado ao erro está se espalhando por todo o mercado.
Não há como estimular a criatividade e o espírito empreende- As companhias com modelo de gestão tradicional também têm
dor nos colaboradores de uma empresa se eles tiverem medo de uma maior tendência ao organograma rígido, com hierarquia bem
errar. definida e pouco flexível.
Entenda que os erros são naturais, estarão sempre presentes Dentro dessa abordagem, as tomadas de decisão e criações de
em qualquer empreendimento, especialmente naquele que se pro- novas soluções são atribuições reservadas a determinados profis-
põe a inovar. sionais, e não a qualquer um.
Em vez de se concentrar em punir os erros, o ideal é, além de
corrigir com velocidade, criar processos para aproveitar todo o co- O que podemos aprender com as startups sobre gestão em-
nhecimento que eles trazem. preendedora?
Colocando essa mentalidade em prática, você verá que o erro é As startups são um tipo de empresa totalmente propício para a
uma das principais fontes de aprendizado. adoção do modelo de gestão empreendedora.
Isso não quer dizer que o erro deve ser cultivado (ter manuais e Na realidade, podemos até dizer que nenhuma startup conse-
ensinar o modo correto de fazer as coisas ainda é muito importan- gue se manter em alta com uma gestão tradicional.
te), mas sim ressignificado para resultar em algo positivo. O principal fator que caracteriza esse tipo de empreendimento
é o crescimento rápido – o que se espera de uma startup é que ela
4. Busque a diversidade cognitiva nasça enxuta e ainda em seus primeiros anos cresça vertiginosa-
Já falamos – e voltaremos a falar – neste texto sobre a impor- mente.
tância de ter equipes com profissionais que conhecem disciplinas Para que isso aconteça, sua equipe precisa estar constante-
diferentes. A tal da multidisciplinaridade. mente criando, testando e colocando em prática novas soluções.
A diversidade cognitiva vai um pouco além disso. Ela trata das O objetivo é atender às novas demandas e necessidades, que
diferenças nos modos de processar informações entre as pessoas. surgem a todo momento.
É um fator que costuma ser bastante subestimado, mesmo em Por isso, startups geralmente aplicam vários conceitos de que
empresas modernas, que adotam vários dos preceitos da gestão falamos aqui, como equipes multidisciplinares e trabalho colabo-
empreendedora. rativo.
É tentador ter um time com pessoas que pensam, se expres- O fato de essas empresas terem matriz tecnológica e desenvol-
sam e veem as coisas do mesmo jeito que nós.
verem produtos e serviços escaláveis ajuda muito.
No entanto, há estudos que sugerem que as equipes com gran-
Afinal, essa combinação de fatores permite sustentar o cres-
de diversidade cognitiva resolvem problemas de forma mais rápida,
cimento acentuado sem inflar a estrutura, preservando o caráter
enquanto grupos mais homogêneos têm abordagens limitadas para
colaborativo do trabalho das equipes.
encará-los.
Aceitar o risco não quer dizer negá-lo; dá para fazer um estudo
antes e saber onde está pisando
5. Premie as ideias que deram certo
Uma das principais preocupações do administrador que quer
O que é a análise de riscos na gestão empreendedora?
implementar a gestão empreendedora na sua empresa é a criação
de mecanismos para dar vazão aos projetos dos colaboradores. Conforme observamos antes, empresas com gestão tradicional
Afinal, do que adiantaria estimular os funcionários a compar- geralmente têm menos disposição para correr riscos.
tilharem suas ideias se elas fossem engavetadas sempre? Seria um Isso significa que a gestão empreendedora é tão indômita a
intraempreendedorismo falso. ponto de não haver preocupação alguma com os possíveis riscos
A dica aqui é pensar também na recompensa que os colabora- dos novos projetos?
dores terão por ajudar na criação de um novo produto, serviço ou Não, como qualquer outro negócio, organizações que buscam
processo. inovar através do intraempreendedorismo também adotam práti-
Eles precisam saber a resposta para esta pergunta: “Por que cas para minimizar os riscos de suas empreitadas.
vou trazer minha ideia para a empresa em vez de empreender Aliás, por um certo ponto de vista, até podemos entender que
criando um novo negócio?”. a descentralização da criação ajuda a reduzir certos riscos.
Pense em bônus, promoções, participação nos lucros, enfim, o Para que você entenda, imagine duas situações distintas de
que se encaixar na sua estrutura organizacional. lançamento de um novo produto.
Não fugir do risco e ter rapidez nos processos é fundamental Uma delas é em uma empresa com gestão tradicional, em que
em uma gestão empreendedora meses de trabalho e muito dinheiro foi investido na concepção do
produto.
O que diferencia a gestão empreendedora dos outros mode- Foram estudadas minuciosamente as variáveis do mercado
los de gestão para reduzir os riscos do lançamento.
A gestão tradicional de empresas é muito menos afeita a correr A outra situação é de uma empresa com gestão empreendedo-
riscos. ra, ou seja, com uma cultura mais voltada para a inovação.
Por isso, empresas que adotam esse modelo são consideradas Nela, novos produtos, serviços e funcionalidades são lançados
mais conservadoras que aquelas que optam pela gestão empreen- e testados o tempo todo e possuem um tempo de desenvolvimento
dedora. muito menor.
Aqui, é importante deixar claro que não existe um modelo es- Agora pense: se os dois produtos não derem certo, qual das
sencialmente melhor que o outro. duas empresas terá o maior prejuízo?

84
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A gestão empreendedora é uma modelo moderno que, em- i) Definir plano de amostragem, etc.
bora costume ser vinculado às empresas de tecnologia, é cada vez
mais utilizado em companhias de todos os tamanhos e segmentos. Poder: é a característica inerente ao superior de poder impor
É recomendado especialmente para quem quer estimular a sua opinião ou vontade a um subordinado.
criatividade e inovação em sua empresa. Delegação: é a transferência de determinado nível de autori-
Duas qualidades fundamentais na Era da Informação, em que dade de um chefe para seu subordinado, criando a correspondente
muitos modelos de negócio têm se tornado obsoletos da noite para responsabilidade pela execução da tarefa delegada.
o dia. A delegação é familiar a qualquer pessoa que ocupe posição de
O segredo para não ficar para trás é estar sempre em busca de supervisão. Significa simplesmente confiar parte do trabalho opera-
oportunidades para melhorar os processos, tornando-se mais efi- cional ou administrativo a outros. Todas as vezes que um supervisor
ciente, e atender da melhor maneira possível as necessidades do delega trabalho a um subordinado, três ações estão expressas ou
público consumidor. implícitas, são eles deveres, autoridade e obrigação.

RESPONSABILIDADE, COORDENAÇÃO, AUTORIDADE, Deveres


PODER E DELEGAÇÃO
Os deveres podem ser descritos de duas maneiras. Primeira-
mente, podemos pensar neles em termos de uma atividade, assim
Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e delega- a delegação será um processo pelo qual atribuímos atividades a in-
ção divíduos.
Em segundo lugar, podemos descrever os deveres em termos
A premissa da administração é racionalização da divisão dos dos resultados que queremos conseguir, ou seja, objetivos, assim
trabalhos, de modo a conduzir as atividades organizacionais a fim os deveres serão não apenas em termos de cumprir o estabelecido,
de obter os melhores resultados. O estudo dos processos adminis- mas também em termos de resultados.
trativos trouxe alguns conceitos que regem as bases do funciona- Por causa das diferenças das atividades, podemos fixar metas
mento de uma empresa. tanto a longo quanto a curto prazo, assim o subordinado provavel-
Responsabilidade: é o dever de responder a alguém (que pode mente terá satisfações psicológicas com seu trabalho e saberá os
ser um superior na hierarquia empresarial, um cliente ou mesmo à critérios de avaliação do mesmo.
sociedade), ou sobre os objetivos, o funcionamento ou os resulta- Deveres e autoridade claramente definidos não implicam que
dos de um determinado processo. cada um deva trabalhar isolado em seu próprio canto, pelo contrá-
A responsabilidade consiste numa consequência da autoridade rio deve haver consultas de forma que todos se informem. Algumas
( O termo “autoridade” pode ser definido como “poder legítimo”, empresas enfatizam sua preocupação com a cooperação, dizendo
“direito de mandar”, ou seja, é o direito de mandar e ser obedecido que uma pessoa é responsável tanto pelo seu trabalho como pelo
), atribuindo a obrigação de responder pelas ações próprias e dos trabalho do grupo. A cooperação é definitivamente parte de qual-
outros. quer atividade e deve ser tão clara quanto os demais deveres.
Para determinação da abrangência da responsabilidade indivi-
dual a ser exigida é necessário considerar: Autoridade
a) Organograma;
b) Processos e tarefas; Ao atribuímos a uma pessoa deveres a cumprir, devemos dar a
c) Recursos físicos e humanos necessários, dentre outras. ela a autoridade necessária para que o trabalho seja efetuado, mas
isso não é fácil, pois devemos saber que tipo de autoridade está
Coordenação: é a necessidade de integrar as atividades, de implícita no poder de um administrador para concedê-las.
modo que atuem de forma complementar uma a outra, visando o “Autoridade e responsabilidade devem sempre estar equipa-
objetivo da empresa. radas”. Por trás desta afirmação está a convicção de que se atri-
Autoridade: é o poder de cobrar determinadas ações de um buímos responsabilidades a uma pessoa, devemos fornecer a ela
colaborador, dar a ordem e exigir seu cumprimento. autoridade bastante – nem mais nem menos – para que se possa
Para determinação da abrangência da autoridade individual a cumpri-los. E se damos a essa pessoa autoridade, certamente es-
ser delegada é necessário considerar: peraremos dela a correspondente obrigação de usá-la sabiamente.
a) Função; A autoridade administrativa consiste em certos direitos ou per-
b) Responsabilidade; missões: o direito de agir para a companhia em áreas específicas, o
c) Competência; direito de ser porta-voz e requerer que outros empregados desem-
d) Nível hierárquico; penhem atividades de vários tipos; o direito de impor sanções e
e) Confiabilidade; disciplina se um subordinado desobedecer a suas instruções. Estes
f) Liderança; direitos estão consolidados em uma empresa pela lei e pelo costu-
g) Objetivo da autoridade; me, e são baseados na aprovação moral da sociedade.
h) Postura profissional, dentre outras. A autoridade é um elemento essencial a qualquer empresa
Os objetivos da autoridade podem ser: moderna, mas precisamos não confundi-la com poder ilimitado. Os
a) Aprovar recursos físicos e humanos; direitos que os administradores podem transferir estão mais próxi-
b) Homologar fornecedores de bens e serviços; mos da autorização que do poder.
c) Indicar e aprovar materiais; Ao lado das limitações inerentes à autoridade que um exe-
d) Qualificar serviços; cutivo pode delegar, toda a companhia virtualmente impõe suas
e) Qualificar novos produtos; próprias limitações. Tipicamente é permitido a um executivo agir
f) Aprovação de documentos; estritamente “dentro das políticas da empresa” e “de acordo com
g) Definir plano de controle; os procedimentos estabelecidos”. Um administrador pode teorica-
h) Qualificar processos; mente

85
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Ter uma autoridade formal de promoção e eliminação sobre o Alguns dos princípios fundamentais da boa governança co-
pessoal de sua divisão,mas na realidade, ele tem que seguir uma muns a diversos autores são:
série de procedimentos restritos que requerem dele, por exemplo, - transparência (disclousure): representa o processo de contí-
a apresentação da descrição de tarefas ao departamento de plane- nua demonstração, pelo agente, de que sua gestão está alinhada
jamento antes de preencher uma nova posição. às diretrizes estratégicas previamente fixadas pelo principal. Não é
só limitar-se à “obrigação de informar” (accountability), o agente (a
Obrigação administração) deve cultivar o “desejo de informar”.
- equidade (fairness): tratamento justo e igualitário a todas as
O terceiro aspecto inevitável da delegação é a obrigação – en- partes interessadas, sendo totalmente inaceitáveis atitudes ou polí-
tendermos a compulsão moral sentida por um subordinado para ticas discriminatórias, sob qualquer pretexto.
cumprir os deveres que lhe são atribuídos. - prestação de contas (accountability): os agentes da governan-
Tendo assumido uma tarefa, ele se compromete moralmente ça devem prestar contas de sua atuação a quem os fez delegação
a tentar completá-la e pode-se considerar responsável pelo seus e respondem integralmente por todos os atos que praticarem no
resultados. O senso de obrigação é, portanto, fundamentalmente exercício desse mandato; e
uma atitude da pessoas a quem os deveres são delegados. A con- - responsabilidade (responsability): definição de uma política
fiança se apóia no senso de obrigação e sem confiança nossas em- de responsabilidade que assegure a máxima sustentabilidade dos
presas iriam ao colapso. negócios, incorporando considerações de ordem ética, social e am-
biental em todos os processos e relacionamentos.
AUTORIDADE, RESPONSABILIDADE E COMPETÊNCIA GE-
RENCIAL A administração pública brasileira deve obediência a todos
esses princípios, espalhados que estão por todo o texto constitu-
Nos últimos tempos, a governança tornou-se um conceito-cha- cional, e especificamente aos sintetizados no art. 37 da CF/88, que
ve, que todos utilizam sem saber exatamente o que é. O que tem representam os requisitos de sua atuação.
a ver governança com riscos e controles? Já que se cunhou até um Os agentes da governança institucional de órgãos, entidades,
acrônimo, GRC, para designar e demonstrar a relação Governança, programas e fundos públicos, por subsunção a tais princípios, de-
Riscos e Controles. Expressões como governança corporativa, go- vem contribuir para aumentar a confiança sobre a forma como são
vernança organizacional, governança institucional e governança geridos os recursos colocados à sua disposição, reduzindo a incer-
pública estão por toda parte. teza dos membros da sociedade sobre o que acontece no interior
O uso amplo da expressão exige que se precise o seu significa- da administração pública. Essa contribuição será tanto mais efetiva
do no contexto em que é aplicado. Para este trabalho, interessa-nos quanto melhor for a qualidade dos instrumentos e mecanismos de
a governança das instituições públicas, portanto, no campo da go- governança institucional arregimentados e mantidos pelos agentes
vernança organizacional, em geral, e da governança institucional, responsáveis pela coisa pública.
em particular. Boas estruturas de gestão de riscos e controles internos são
Controles internos e governança são assuntos inter-relacio- pré-requisitos para uma organização bem administrada, e esses
nados, mas não são sinônimos. A estrutura de controles internos, três elementos são pré-requisitos para uma boa governança. Desse
como já vimos, é estabelecida para governar os acontecimentos modo, Governança, Riscos e Controles devem ser geridos de forma
dentro de uma organização que possam impactar na consecução integrada, objetivando o estabelecimento de um ambiente que res-
de seus objetivos, isto é, os riscos. Portanto, controle interno é a peite não apenas os valores, interesses e expectativas da instituição
fiscalização das atividades feita pela própria entidade, ou seja, pela e dos agentes que a compõem, mas também de todas as suas par-
sua própria administração e pelo seu corpo funcional. tes interessadas, tendo o cidadão e a sociedade como os vetores
Mas, e a fiscalização da administração da entidade é feita por principais desse processo.40
quem? Aqui surge o conceito de governança, representado pela Existem muitas definições para o termo Governança Corpora-
adoção de boas práticas, consubstanciadas nos princípios adiante tiva, mas nada melhor do que buscar a definição de um órgão espe-
descritos, que assegurem equilíbrio entre os interesses das diferen- cializado no assunto, certo? Assim, o Instituto Brasileiro de Gover-
tes partes que, no caso do setor público, inclui a sociedade e os seus nança Corporativa (IBGC) define a Governança Corporativa como:
representantes, o parlamento, as associações civis, o mercado, os “Um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitora-
órgãos reguladores e de controle, dentre outros. das, envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de Administra-
A moderna governança surgiu com a necessidade de adminis- ção, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas
trar os chamados conflitos de agência, que aparecem quando o práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o
bem-estar de uma parte (denominada principal) depende das de- valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para
cisões tomadas por outra (denominada agente). Embora o agente a sua perenidade”.
deva tomar decisões em benefício do principal, muitas vezes ocor-
rem situações em que os interesses dos dois são conflitantes, dan- Objetivos da Governança Corporativa
do margem a um comportamento oportunista por parte do agente Em sua essência, a Governança Corporativa tem como princi-
(CARVALHO, 2002, p.19 apud SILVA, 2003). pal objetivo recuperar e garantir a confiabilidade em uma determi-
O conceito não é novo, mas só recentemente tomou corpo. nada empresa para os seus acionistas.
Para Peters (2007, p.27)
“ele já existe desde que as empresas passaram a ser adminis- Criando um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incen-
tradas por agentes distintos dos proprietários [...] há cerca de 100 tivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o compor-
anos. Por essa época, começou a ser delineado o conflito de agên- tamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse
cia, em que o agente recebe uma delegação de recursos [...] e tem, dos acionistas.
por dever dessa delegação, que gerenciar estes recursos mediante
estratégias e ações para atingir objetivos [...], tudo isto mediante Características e ferramentas
uma obrigação constante de prestação de contas.”
40Fonte: www.portal2.tcu.gov.br

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
São 8 as principais características da “boa governança“, veja: rativa e qual o seu impacto quando estes dois conceitos são integra-
1. Participação dos dentro de uma empresa e no tópico final serão apresentadas
2. Estado de direito as considerações finais do estudo onde serão recapitulados todos
3. Transparência os conceitos discutidos e suas implicações para a aplicabilidade de
4. Responsabilidade maneira conjunta dos conceitos expostos.
5. Orientação por consenso
6. Igualdade e inclusividade O Risco
7. Efetividade e eficiência O conceito de risco engloba diversos significados conforme o
8. Prestação de conta (accountability) escopo a ser estudado, já que o risco existe nos mais diversos seto-
É importante destacar, também, as principais ferramentas uti- res econômicos o qual dependendo da ciência que for estudado o
lizadas na Governança Corporativa, que asseguram o controle da risco poderá ter um entendimento diferente do esperado. Portanto,
propriedade sobre a gestão, são elas: o conselho de administração, no presente estudo será apresentado este conceito de uma forma
a auditoria independente e o conselho fiscal. que possa trabalhar o problema levantado o qual será trabalhado
dentro da problemática levantada o conceito de risco com um foco
Benefícios da Governança Corporativa na estratégia e gestão.
A boa Governança Corporativa contribui para um desenvolvi- Segundo a Federação Nacional das Empresas de Seguros Pri-
mento econômico sustentável, proporcionando melhorias no de- vados e de Capitalização – FENASEG [2011?] através do seu glossá-
sempenho das empresas, além de maior acesso a fontes externas rio de seguros disponível na Internet conceitua risco como “evento
de capital. Por estes motivos, torna-se tão importante ter conselhei- incerto ou de data incerta que independe da vontade das partes
ros qualificados e sistemas de Governança Corporativa de qualida- contratantes [...]”. Entende-se que neste conceito, o risco trata-se
de. Evitando-se assim diversos fracassos empresariais decorrentes de um evento incerto porque não é possível ter uma data prová-
de: vel para acontecer, bem como não é fruto de uma das partes para
- Abusos de poder – Do acionista controlador sobre minoritá- sua origem já que o risco entendido nesta definição trata-se de um
rios, da diretoria sobre o acionista e dos administradores sobre ter- evento que poderá vir ou não a acontecer e que a existência do
ceiros; risco leva as organizações a criarem estratégias com o objetivo de
- Erros estratégicos – Resultado de muito poder concentrado adaptar suas operações aos mais diversos cenários econômicos, se-
no executivo principal; jam estes eventos favoráveis ou não.
- Fraudes – Uso de informação privilegiada em benefício pró- O risco possui componentes que fazem com que as organiza-
prio, atuação em conflito de interesses.41 ções estejam mais atentas quando da formulação da sua estratégia
empresarial. De acordo com Dabul e Silva [2011?] ao trazem a luz
as discussões a respeito das características do risco, estes ressaltam
Gestão de riscos; Tipos de riscos; Gerenciamento de risco: O
que o risco possui três características básicas: O risco é possível,
papel do Auditor Interno
futuro e incerto ou aleatório.
As empresas num cenário global cada vez mais em constante
A primeira característica ressaltada pelos autores é que risco
evolução no mundo empresarial fazem uso de técnicas que tem o
seja possível já que as pessoas de maneira de maneira geral estão
objetivo de melhorar e aprimorar sua gestão não só dentro da or-
expostas as mais diversas adversidades de todas as magnitudes
ganização, mas também qual é o impacto que possui na sua relação
sendo estas naturais, atmosféricas ou casuais, ou seja, eventos in-
com a comunidade onde está inserida em que o uso de uma fer-
dependentes a vontade alheia estão suscetíveis de acontecer.
ramenta chamada de governança corporativa visa no alinhamento
A segunda característica é que o evento é futuro, ou seja, os
dessas ideias em que a relação harmônica entre acionistas, stake- eventos não são planejados para acontecer já que os sinistros po-
holders, gestores de cada setor da organização possam ser fatores dem acontecer futuramente e a qualquer momento, ou seja, a pes-
de transparência das informações que são colocadas a público. soa não tem domínio sobre o que irá acontecer num determinado
A busca de melhores resultados unindo os conceitos da gover- intervalo por ser uma variável que foge ao seu controle alheio para
nança corporativa e da gestão de risco são observadas por vários mecanismo de planejamento.
setores da economia e administração por exigir uma postura mais A terceira característica é que o evento é incerto ou aleatório
ética quando do manejo das informações que impactam no merca- onde não se tem o controle das variáveis externas que determina-
do em que normalmente a gestão corporativa depende da analise rão o acontecimento de um evento, ou seja, não há possibilidade de
de risco, tendo este conotação positiva ou negativa já que a estra- conhecer quando um determinado evento adverso poderá ocorrer.
tégia de uma empresa envolve prós e contras quando há um risco O risco diferencia-se da incerteza já que na incerteza existe
para ser gerenciado. uma conotação mais de desconhecido já que diferentemente do
A prática da gestão de riscos aliada à governança corporativa risco que pode ser quantificado, na incerteza já não há tal possibili-
traduz-se num marco em que a transparência empresarial é soma- dade. Knight (2006) faz uma importante distinção entre o risco e a
da com práticas que visam a minimizar eventos que sejam favorá- incerteza uma vez que para este autor são dois eventos totalmente
veis ou desfavoráveis fazendo com que a gestão de riscos seja uma independentes o qual é impossível dizer qual impacto nas finanças
ferramenta útil em que vai requerer dos gestores uma postura mais de uma, ou seja, trata-se de um elemento totalmente desconhecido
ativa no conhecimento das diversas situações em que a organização que as organizações podem ter que enfrentar no dia a dia.
está exposta, ou seja, variáveis econômicas que fazem com que a Portanto,
estratégia precisa ser revista para melhor adequar o gerenciamento A diferença prática entre os conceitos risco e incerteza é que
de risco da empresa. no risco a formação da distribuição do resultado em um grupo num
O objetivo do estudo será o de expor os conceitos de risco e determinado exemplo é conhecido (ou através de cálculos ou de re-
também conceitos básicos de governança corporativa, e como a sultados estatísticos passados), enquanto no caso da incerteza isto
gestão de risco está ligada a uma boa prática de governança corpo- não é verdadeiro porque a situação lidada constitui-se num elevado
grau único. (KNIGHT, 2006, p.233, tradução nossa).
41Fonte: www.sobreadministracao.com – Por Gustavo Periard

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A distinção do conceito de risco e de incerteza torna-se de organização, gerir seus riscos dentro do risco aceito e proporcionar
grande valia uma vez que para existir o risco, este normalmente é uma segurança razoável sobre o alcance dos objetivos (COSO cita-
calculado não só futuramente, mas também registrado em dados dos por DABUL e SILVA [2011], p.5).
passados para que o risco seja devidamente quantificado e mensu- A gestão de riscos trata-se de um macro-processo que afetará
rado. Dabul e Silva [2011?] citam que o risco apresenta caracterís- todo o pessoal da empresa já que o planejamento da gestão de ris-
ticas adicionais indo de encontro ao pensamento de Knight, cujas co engloba os gestores de setores considerados estratégicos para
características são: Ser mensurável, o qual através de modelos es- que estes relatem ao conselho de administração das empresas so-
tatísticos construídos é possível ser quantificado; ter natureza eco- bre a importância, a quantificação e a provável causa que deter-
nômica para que seja estimado o prejuízo que determinado sinistro minado risco poderá ter na condução da empresa já que a decisão
poderá ocorrer para que seja fixado um valor para cliente quando final sobre como o risco deverá ser tratado cabe ao conselho ad-
da contratação de um seguro; e ser independente da vontade das ministrativo da empresa que fará os ajustes necessários para que a
partes o qual o risco deverá existir entre as partes contratadas ao decisão tomada reflita em toda a empresa, procurando gerir o risco
fechar um contrato de seguro. de forma que cada setor faça a sua parte com o objetivo de mini-
O risco quando estudado pelo lado da estratégia das empresas, mizar ou maximizar o risco, dependendo do contexto da situação.
percebe-se que tais empresas estão preparadas em lidar commar- O processo de se avaliar riscos dentro do planejamento deve
gens de incertezas o que faz o planejamento das organizações con- ser entendido como uma “inteligência” a serviço da empresa que
templarem todos os processos dentro de uma empresa já que as visa na adaptação da empresa a situação que podem afetá-la de for-
decisões atingirão todas as esferas cuja importância de tomadas de ma negativa ou positiva. Segundo Cendrowski e Mair (2009, p.4, )
decisões integradas visam na eficiência da gestão, reduzindo even- “o processo de avaliação do risco consiste de 5 etapas: A enu-
tos que sejam classificados como incertezas, sendo de fundamental meração dos riscos, a análise qualitativa, a análise quantitativa, a
importância a existência de uma inteligência que seja capaz de pre- estratégia de implantação de gerenciamento de risco e a avaliação
ver e minimizar eventos que sejam classificados como incertezas. estratégica do gerenciamento risco.”.
A gestão de risco, que será tratado no item posterior com mais A enumeração dos riscos deve-se ao fato de levantar quais se-
detalhes, se faz presente como mecanismo de planejamento para rão as adversidades que serão apontadas dentro da organização
as empresas poder melhor classificar e quantificar se determinado com o objetivo de um melhor planejamento nas suas atividades
risco poderá ou não interferir diretamente nas suas atividades ge- internas o qual esta enumeração abrange os mais diversos setores
renciais já que uma gestão eficaz e eficiente é necessária a integra- dentro de uma organização, ou seja, os auditores internos já irão
ção das esferas mais relevantes das organizações mapeando even- inteirar-se dos processos que regem o funcionamento para verifi-
tuais eventos que poderão existir para que sejam tratados se como car determinadas ineficiências encontradas dentro da organização
risco ou como incerteza as quais variáveis internas (comportamento para que possam repensar numa outra forma trabalho que tenha
e desempenho de cada setor da empresa) e externas (econômicas) um efeito negativo menor para o seu gerenciamento ou maior em
podem interferir nesta classificação por parte das empresas. Neste se tratando de um ganho de oportunidade considerável para a em-
sentido, segundo Zamith diz que presa onde
Os auditores avaliam os riscos quando eles executam um exa-
Pode-se depreender que a simples parametrização do risco
me (geralmente chamada de auditoria quando envolvem demons-
vislumbrará o grau de incerteza que norteia as atividades da ins-
trativos contábeis). Ao executar um exame, o auditor deve sele-
tituição, o que já colabora com o processo decisório, uma vez que
cionar uma combinação de informações de uma grande escala de
delimitam as possibilidades de incertezas que rondam as
evidências que limitam o risco material da distorção. Os gerentes
decisões da organização. Além disso, caracterizando-se como
de operação devem avaliar os riscos associados com as operações
uma vantagem a mais a interdisciplinaridade da análise e o envol-
internas do negócio (CENDROWSKI e MAIR, 2009, p.4)
vimento com outras tarefas gerenciais, mensurarão a capacidade
A análise qualitativa refere-se ao conhecimento destes riscos
interna para admitir e aceitar as consequências das previsões e das
previamente apontados pela auditoria interna ou mesmo pelos ge-
decisões oriundas do tratamento do risco (ZAMITH, 2007, p.48). rentes internos o qual através das enumerações feitas na etapa an-
O item a seguir procurará discutir em detalhes a gestão do risco terior os gestores poderem começar a estruturarem suas decisões
e qual a sua importância dentro das organizações e como ela age no que afetarão todo o comportamento e a postura empresarial da
dia a dia das empresas. empresa reportar todas as informações levantadas ao conselho de
administração para que estes tomem as decisões necessárias que
A gestão do risco afetarão a empresa num todo.
Após definir e expor os ângulos que o risco tem, será dado um A análise quantitativa refere-se a dar valores numéricos que
enfoque neste item sobre a gestão do risco já que por sua vez este é determinado risco poderá ter dentro da empresa o qual o uso da
calculado levando-se em conta fenômenos e registros históricos de estatística e de métodos anteriores de avaliação são fundamentais
determinado evento visto que a importância deste ser classificado para que a empresa esteja preparada nos seus mais diversos seto-
como risco é relevante porque as empresas possuem mecanismos res a lidar com as adversidades do seu negócio o qual todo o risco
nos seus setores para poder minimizar ou dependendo do caso ma- (entendido da parte estratégica) gera uma remuneração extra para
ximizar o risco (quando do caso o risco for entendido como ganho) as pessoas que souberam superar determinado risco.
que neste caso trata-se de uma oportunidade vislumbrada com ob- A estratégia da implantação de gerenciamento de risco está
jetivo de retorno positivo. relacionada com a capacidade de alcançar todas as etapas mape-
O conceito de gerência de risco é conceituado de acordo com adas anteriormente o qual a iminência a existência de um risco já
o Comitee of Sponsoring Organizations of the Treadway Comission- é realidade dentro da organização o qual caberão aos responsáveis
-COSO citado por Dabul e Silva [2011] revelam que de cada setor estratégico da empresa pela formulação de plano, a
A gestão de riscos corporativos é um processo efetuado pelo aprovação do mesmo pelo conselho de administração e a forma
conselho de administração de uma entidade, sua direção e todo o como será implantado para gerir o risco já que a integração dos
pessoal, aplicável à definição de estratégias em toda a empresa e diversos setores seja de produção, administrativo e comercial pro-
desenhado para identificar eventos potenciais que podem afetar a duzirão efeitos globais no desempenho da empresa.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A avaliação estratégica da gestão do risco visa a alimentar as A transparência refere-se a divulgação das informações de tal
eventuais falhas do plano original da estratégia de gerenciamento forma que não exista favorecimentos ou privilégios a determinados
para que o ajuste realizado seja adequado a necessidade da em- setores onde as informações que são disponibilizadas reflitam os
presa, funcionando como uma espécie de feedback ao sistema ela- reais acontecimentos dentro da organizações onde não possa pre-
borado, garantindo o seu pleno funcionamento e a confiabilidade judicar tanto usuários internos (gerentes) quanto externos (inves-
deste quando os gestores a formularam. tidores).
Portanto, a gestão de risco cria um processo de agregação de A responsabilidade corporativa refere-se ao papel social que a
valor à empresa já que faz uso de uma sólida base de informações empresa possui dentro da comunidade onde atua. De acordo com
tanto passadas como futuras com os quais envolvem o conheci- o Consejo Coodirnador Empresarial do México (2006, p.6, tradução
mento de todos os processos intrínsecos levantados via processos nossa8), os elementos básicos que caracterizam uma boa prática da
de auditoria interna da organização dentro da empresa o qual esta Governança Corporativa são dentre os itens mais relevantes:
deve ser entendida como um sistema integrado para que possa ter a) O tratamento igualitário e a proteção dos interesses de todos
uma análise que gere valor ao acionista, garantido solidez da orga- os acionistas; o reconhecimento da existência de terceiros interes-
nização quando da apresentação das suas práticas de gestão já que sados no andamento e a continuidade da sociedade;
segundo Padoveze b) A emissão e a revelação responsável da informação assim
O foco da gestão do risco é manter um processo sustentável de como na transparência na administração;
criação de valor para os acionistas, uma vez que qualquer negócio c) A convicção de que existam guias estratégicas na sociedade,
sempre está exposto a um conjunto de riscos. Para tanto, é necessá- o efetivo monitoramento da administração e a responsabilidade fi-
rio criar uma arquitetura informacional para monitorar a exposição duciária do conselho (que é agir de boa fé com a diligência e cuida-
da empresa ao risco. (PADOVEZE. 2003, p.127) do, sempre buscando os melhores interesses da companhia e seus
No item posterior será realizada uma discussão sobre os prin- acionistas);
cipais conceitos e variáveis da governança corporativa e como esta d) A identificação dos controles e riscos que a sociedade está
sujeita; a declaração de princípios éticos de responsabilidade social
impacta quando existe um gerenciamento de risco ativo dentro de
empresarial (entendido como o equilíbrio e os interesses da socie-
uma entidade.
dade e da comunidade);
e) A prevenção de operações ilícitas e de conflitos de interes-
Governança Corporativa e sua relação com o gerenciamento
ses; a revelação de fatos indevidos com proteção aos usuários;
de risco f) O cumprimento das regulamentações a que a sociedade está
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporati- sujeita e dar a certeza e confiança aos investidores interessados so-
va- IBGC (2009) este é definido como: bre a condução honesta e responsável dos negócios da sociedade.
O sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas A boa prática de uma governança corporativa além de contem-
e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietá- plar um processo disciplinado da sua gestão e alinhando interesses
rios, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle. As dos diversos acionistas da empresa, também é levado em conta o
boas práticas de Governança Corporativa convertem princípio em valor que ela representa dentro de uma sociedade já que uma em-
recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de presa que saiba respeitar o interesse dos acionistas no que tange
preservar e otimizar valor da organização, facilitando seu acesso a a transparência da gestão e o cumprimento das leis societárias e
recursos e contribuindo para sua longevidade. (IBGC, 2009, p.19) regulatórias do setor deverá levar em conta os interesses sociais
A empresa por operar dentro do conceito de sistemas o qual já que uma empresa quando adota práticas de governança corpo-
todos os processos estão interligados entre si há a necessidade de rativa deverá ter em mente que irá gerar valor na medida em que
uma organização entre todos os membros da empresa, principal- exista um ganho não só no meio empresarial, mas também, no es-
mente aqueles que ocupam um posto hierárquico maior de plane- paço onde ela atua já que a empresa deve retornar parte dos lucros
jarem todo o escopo de tal forma que o risco do planejamento da em prol de melhorias que possam alavancar a qualidade de vida
governança corporativa ser o mais minimizado possível para que da comunidade onde está inserida, fazendo com que a governança
as margens de incertezas dentro do processo de planejamento da corporativa não só contemple atos que visem na melhora da gestão
empresa estejam alinhadas com o seu negócio. e da transparência empresarial, mas também esteja inserida em va-
Neste sentido, práticas de governança corporativa devem ser lores que visam na melhora da qualidade de vida das pessoas que
englobadas a princípios básicos para serem seguidos para as de- moram no espaço onde a empresa está inserida.
mais entidades já que uma vez que todos os processos estejam O gerenciamento de risco constitui-se de um processo integra-
interligados pelo fato das decisões se refletirem nas mais diversas do e que a Governança Corporativa possui um fator vital nas toma-
camadas da empresa. Segundo a Organização para Cooperação e das de decisões que virão a afetar o seu desempenho empresarial já
Desenvolvimento Econômico citado por Brasil (2008, p.21) existem que as decisões tomadas pelos gestores afetarão não só no desem-
penho financeiro da empresa, mas também na sua imagem ante ao
quatro princípios básicos para a governança corporativa: A Presta-
público em geral.
ção de Contas ou Accountability; a equidade; a transparência e a
Lam (2003) destaca sete componentes básicos do interrelação
responsabilidade corporativa.
do gerenciamento, que é representado na Figura 01- Componen-
A prestação de contas num conceito amplo refere-se às expli-
tes do Gerenciamento de Risco das organizações, cuja tradução do
cações das informações que são colocadas a disposição ao público original é apresentada no anexo A o qual segundo este autor apre-
no que tange as informações financeiras e empresariais o qual uma senta uma visão mais gestora dos impactos que a gestão de riscos
empresa que possui uma boa controladoria consegue produzir in- aliada a prática de governança corporativa tem na vida da empresa.
formações de qualidade para os usuários destas informações.
A equidade refere-se ao tratamento igual que é dado aos mem-
bros da companhia que optam pela governança corporativa o qual
não há privilégios a serem concedidos para os seus funcionários.

89
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

A governança corporativa é estabelecida de cima para baixo, ou seja, parte dos níveis superiores da organização uma vez que os
formuladores das estratégias e dos riscos que ocorrem quando da implantação de novos mecanismos de controle e de disciplinas na im-
plantação de uma gestão para favorecer as pessoas que num primeiro momento participamdo sistema para que sejam favorecidos outros
membros da empresa.
A linha de gerenciamento deve contemplar as estratégias e riscos que foram formulados para que a governança corporativa seja eficaz
onde os gestores de cada setor responsável tenham um profundo conhecimento da sua realidade já que o alinhamento da estratégia está
diretamente ligado ao conhecimento dos riscos sendo eles de conotação ou negativa ou positiva o qual cada setor em particular contri-
buirá para o risco da empresa.
O gerenciamento do portfólio, ou seja, adequar seus produtos a linha da governança corporativa para que as informações contidas
nele sejam condizentes para a sua oferta onde os riscos envolvidos nele sejam conhecidos e que o gerenciador do portfólio, segundo o
autor, deve agir conforme situações e cenários quando o risco encontra-se numa perspectiva negativa o qual o gerenciador deve estar
mais atento a perdas que determinada carteira pode ocorrer, ou até mesmo num cenário positivo em que o gerenciador pode adotar um
comportamento mais agressivo para maximizar os ganhos, ou seja, neste caso é remunerado positivamente pelo seu risco ao ganhar além
do esperado.
A transferência do risco ocorre quando estudados qualitativa e quantitativamente a realidade da empresa quando na fase do planeja-
mento da governança corporativa o que se reflete nas políticas de formulação do risco executada por cada setor responsável de tal forma
que o risco de cada setor em particular seja agregado ou subtraído no desempenho global da empresa em que quando os relatórios destes
setores encontram-se prontos, os acionistas traçam estratégias num nível macro levando-se em conta cenários externos (entendido aqui
como cenário macroeconômico) para que o risco seja administrado em cada um dos setores.
A análise do risco também se faz necessário o uso de ferramentas analíticas porque é uma forma de auxiliar os gestores na gestão
das informações relacionadas a um determinado risco em particular em que os recursos tecnológicos e de informática poderão propiciar
uma base de informações que possibilite aos usuários dados que possam ser confiáveis quando da gestão do risco, em que é de suma
importância o registro de eventos passados para que seja um instrumento norteador do planejamento visando um gerenciamento de
risco cada vez mais analítico e preciso em que nesta parte do gerenciamento de risco integrado com a governança corporativa, o uso de
ferramentas computacionais aliada ao conhecimento estatístico de eventos passados e a possibilidade de prever eventos futuros farão a
diferença numa análise mais acurada do risco.
O gerenciamento dos stakeholders visa manter um bom relacionamento com os principais gerenciadores e acionistas dentro da
empresa que são os responsáveis pelo fornecimento de informações que visam solidificar todo o gerenciamento corporativo e que serão
eles os principais responsáveis pelas estratégias que determinado risco ao ser gerido deva englobar toda a organização e que as decisões
sejam tomadas levando-se em conta os fatos históricos registrados, o potencial que este risco oferece a empresa, e também os recursos
tecnológicos envolvidos para que a decisão seja uma ferramenta analítica para os acionistas e stakeholders.
O risco pode ser entendido sob diversos contextos sendo que o mesmo apresenta características básicas e que o distingue da incerteza
o qual é um importante divisor de marcos conceitual pelo fato do risco pode ser gerenciado pelas empresas que podem ou não ser uma
ameaça ao seu negócio.

90
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
As empresas procurando melhorar seu relacionamento com Este entendimento é corroborado também pelo COSO – The
a transparência das informações que são disponibilizadas para o committee of sponsoring Organization of the Treadway Commis-
público sobre suas práticas utilizam-se de práticas de governança sion, quando define que:
corporativa o qual visa na apresentação de forma transparente dos “O gerenciamento de riscos corporativos é um processo condu-
dados não só da sua gestão, mas também do relacionamento que a zido em uma organização pelo conselho de administração, diretoria
empresa possui com o meio onde está inserida em que o social se e demais empregados, aplicado no estabelecimento de estratégias,
faz presente através da socialização do seu capital quando negocia formuladas para identificar em toda a organização eventos em po-
ações na bolsa de valores, por exemplo, em que a transparência e tencial, capazes de afetá-la, e administrar os riscos de modo a man-
a prestação de contas são itens fundamentais para a socialização tê-los compatível com o apetite a risco da organização e possibilitar
da empresa. garantia razoável do cumprimento dos seus objetivos.”
As práticas de gestão de riscos quando feita de sob a integra- Notem que é justamente neste ambiente corporativo que o au-
ção de práticas de governança corporativa propiciam uma clareza ditor interno esta inserido sendo requerido dele uma participação
adicional no que tange as suas práticas empresariais já que toda muito mais ativa do que existia em um passado recente, onde ele se
a empresa independente do setor possui um risco se investir nela limitava a avaliar se os procedimentos operacionais estavam sendo
em que agora serão mais detalhadas as formas de como as empre- conduzidos de acordo com as normas e regulamentos, sem se pre-
sas estão gerindo tal risco independente de ter uma conotação po- ocupar com a eficiência e economia.
sitiva ou negativa em que a presença de auditores internos pode Hoje com o advento de um processo de governança corporati-
ser um fator determinante na verificação das atividades e das ro- va melhor estruturado, o auditor interno esta muito mais próximo
tinas das empresas o qual podem ajudar a prevenir determinados da gestão, e isto fica muito claro quando analisamos a definição que
eventos não favoráveis que podem comprometer a sociabilidade o IIA – Institute of Internal Auditors sobre a auditoria interna:
da empresa o qual dentro do gerenciamento quando aplicado fer- “A auditoria interna é uma atividade independente e objetiva,
ramentas avançadas que possibilitem a análise do risco tais como que presta serviços de avaliação e de consultoria, e tem como obje-
eventos estatísticos passados, como ocorrerá a transferência den- tivo adicionar valor e melhorar as operações de uma organização. A
tre os mais diversos setores da organização, e como os acionistas e auditoria auxilia a organização a alcançar seus objetivos adotando
stakeholders irão tratar esta informação para que sejam repassadas uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliação e melho-
as demais pessoas que fazem parte da socialização do capital da ria da eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, de contro-
empresa. le, e governança corporativa.”
O gerenciamento de riscos aliada a práticas de governança cor- Desta forma fica claro que a auditoria interna tem um papel
porativa pode ser considerada uma revolução não só no relaciona- muito importante no mundo corporativo, pois através de suas re-
mento entre a empresa e demais entidades que participam da sua comendações, ela adiciona valor aos diversos processos da organi-
“socialização”, através de uma maciça participação na composição zação, valor este traduzido em melhor eficiência, maior economia e
do seu portfólio, mas também como é apresentado em minúcias a mitigação dos riscos através de um sistema de controles internos
dos efeitos positivos e negativos de determinado risco poderá ter eficazes.
no andamento das atividades da empresa, o qual as pessoas que Não é possível falar em um processo de transparência com go-
investem na capitalização da empresa são os que mais ganham por vernança corporativa sem que exista um departamento de audito-
essa transparência de informações. ria interna atuante e presente no suporte a alta administração e
gestores.42
Ao falarmos da importância da atividade de auditoria interna
na moderna gestão corporativa, precisamos frisar dois aspectos de
Gestão por Processo
gestão que irão direcionar, de forma lógica, o nosso entendimento
Ao analisar um processo, a equipe de projeto deve partir sem-
sobre o assunto,
pre da perspectiva do cliente (interno ou externo), de forma a aten-
O primeiro destes aspectos, e premissa básica de qualquer ati-
der às suas necessidades e preferências, ou seja, o processo começa
vidade empresarial, é que ela somente existe para gerar valor às
e termina no cliente, como sugerido na abordagem derivada da filo-
partes interessadas, seja ela uma entidade com ou sem fins lucrati-
sofia do Gerenciamento da Qualidade Total (TQM). Dentro dessa li-
vos, do setor privado ou governamental.
nha, cada etapa do processo deve agregar valor para o cliente, caso
Em outras palavras, se toda e qualquer empresa tem objetivos contrário será considerado desperdício, gasto, excesso ou perda; o
a serem alcançados, definidos em metas estratégicas que estão in- que representaria redução de competitividade e justificaria uma
timamente ligadas a sua razão de ser, também existem incertezas, abordagem de mudança.
isto é, existe uma grande chance, devido a eventos internos e/ou Entender como funcionam os processos e quais são os tipos
externos, que estas metas não sejam alcançadas. existentes é importante para determinar como eles devem ser ge-
Outro conceito importante, também relacionado às metas es- renciados para obtenção de melhores resultados.
tratégicas, é que a empresa necessita de processos operacionais Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e
para que possa alcançar as metas estratégicas definidas pela alta deve ser gerenciado de maneira específica.
administração. Isto quer dizer que os objetivos de um processo ope- A visão de processos é uma maneira de identificar e aperfeiço-
racional devem estar relacionados a uma ou mais metas estratégi- ar as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho
cas, bem, neste caso, também existem riscos inerentes ao processo, que está sendo realizado é transferido de um setor para o seguinte.
que são os riscos dos objetivos do processo não serem atingidos Nessas transferências é que normalmente ocorrem os erros e a per-
como previamente planejado. da de tempo.
Observem, que em ambos os casos estamos relacionando ob- Todo trabalho realizado numa organização faz parte de um pro-
jetivos com riscos, sejam eles estratégicos ou operacionais, assim, cesso. Não existe um produto ou serviço oferecido sem um proces-
baseado nisto podemos dizer que uma empresa de sucesso será so. A Gestão por Processos é a forma estruturada de visualização
aquela que conseguir minimizar a probabilidade e impacto dos ris- do trabalho.
cos através de um bem estruturado processo de gerenciamento de
riscos. 42Fonte: www.essenciasobreaforma.com.br – Por Eduardo
Pardini

91
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O objetivo central da Gestão por Processos é torná-los mais efi-  Qual o dimensionamento de equipe ideal para a execução e
cazes, eficientes e adaptáveis. o controle dos processos?
Eficazes: de forma a viabilizar os resultados desejados, a elimi-  Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas?
nação de erros e a minimização de atrasos;  Quais os métodos de monitoramento e controle do desem-
Eficientes: otimização do uso dos recursos; penho a serem utilizados?
Adaptáveis: capacidade de adaptação às necessidades variá-  Qual é o nível de integração e interdependência entre pro-
veis do usuário eorganização. cessos?
A resposta a essas questões representa a adoção de uma visão
Deve-se ter em mente que, quando os indivíduos estiverem re- abrangente por parte da organização sobre os seus processos e de
alizando o trabalho através dos processos, eles estarão contribuin- como estão relacionados. Essa “visão” é o que chama de uma abor-
do para que a organização atinja os seus objetivos. dagem de BPM. Sua implantação deve considerar no mínimo cinco
Esta relação deve ser refletida pela equipe de trabalho, através 5 diferentes passos fundamentais:
da consideração de três variáveis de processo:
- Objetivos do processo: derivados dos objetivos da organi- 1.Tradução do negócio em processos: É importante definir
zação, das necessidades dos clientes e das informações de ben- quais são os processos mais relevantes para a organização e aqueles
chmarking disponíveis; que os suportam. Isso é possível a partir do entendimento da Visão
- Design do processo: deve-se responder a pergunta: “Esta é Estratégica, como se pretende atuar e quais os diferenciais atuais
melhor forma de realizar este processo?” e desejados para o futuro. Com isso, é possível construir o Mapa
- Administração do processo: deve-se responder as seguintes Geral de Processos da Organização.
perguntas: “Vocêsentendem os seus processos? Os subobjetivos 2.Mapeamento e detalhando os processos: A partir da defini-
dos processos foram determinados corretamente? O desempenho ção do Mapa Geral de Processos inicia-se a priorização dos proces-
dos processos é gerenciado? Existem recursos suficientes alocados sos que serão detalhados. O mapeamento estruturado com a defi-
em cada processo? As interfaces entre os processos estão sendo nição de padrões de documentação permite uma análise de todo o
gerenciadas?” potencial de integração e automação possível. De forma comple-
Realizando estas considerações, a equipe estabelecerá a exis- mentar são identificados os atributos dos processos, o que permite,
tência da ligação principal entre o desempenho da organização e o por exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que com-
individual no desenvolvimento de uma estrutura mais competitiva, põe o processo, ou ainda dimensionar o tamanho da equipe que
além de levantar informações que servem para comparar as situa- deverá realizá-lo.
ções atuais e desejadas da organização, de forma a impulsionar a 3.Definição de indicadores de desempenho: O objetivo do BPM
mudança. é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar e me-
lhorar! Assim, tão importante quanto mapear os processos é definir
Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, os indicadores de desempenho, além dos modelos de controle a
redução de custos e qualidade, por isso é recorrente na agenda de serem utilizados.
qualquer executivo. O atual dinamismo das organizações, aliado ao 4.Gerando oportunidades de melhoria: A intenção é garan-
peso cada vez maior que a tecnologia exerce nos negócios, vem fa- tir um modelo de operação que não leve a retrabalho, perda de
zendo com que o tema processos e, mais recentemente, gestão por esforço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça riscos
processos (Business Process Management, ou BPM) seja discutido ao negócio. Para tal é necessário identificar as oportunidades de
e estudado com crescente interesse pelas empresas. melhoria, que por sua vez seguem quatro alternativas básicas: in-
Os principais fatores que tem contribuído para essa tendência crementar, simplificar, automatizar ou eliminar. Enquanto que na
são: primeira busca-se o ganho de escala, na última busca-se a simples
 Aumento da demanda de mercado vem exigindo desenvol- exclusão da atividade ou transferência da mesma para terceiros.
vimento e lançamento de novos produtos e serviços de forma mais 5.Implantando um novo modelo de gestão: O BPM não deve
ágil e rápida. ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação
 Com a implantação de Sistemas Integrados de Gestão, os maior é assegurar melhores resultados e nesse caminho trata-se de
chamados ERPs, existe a necessidade prévia de mapeamento dos uma mudança cultural. É necessária maior percepção das relações
processos. Entretanto é muito comum a falta de alinhamento entre entre processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados
processos, mesmo depois da implantação sistema. dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar
 As regras e procedimentos organizacionais se mostram cada fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos.
vez mais desatualizados devido ao ambiente de constante mudan- É por causa desse último passo que a implantação de BPM deve
ça. Em tal situação erros são cometidos ou decisões são posterga- ser tratada de forma planejada e orientada em resultados de curto,
das por falta de uma orientação clara. médio e longo prazo.
 Maior frequência de entrada e saída de profissionais (turno- O BPM representa uma visão bem mais abrangente, onde a
ver) tem dificultado a gestão de conhecimento e a documentação busca por ganhos está vinculada a um novo modelo de gestão. Co-
das regras de negócio, gerando como resultado maior dificuldade locar tal modelo em prática requer uma nova forma de analisar e
como na integração e treinamento de novos colaboradores. decidir como será o dia-a-dia da organização de hoje, amanhã, na
Os efeitos destas e outras situações têm levado um número semana que vem, no próximo ano e assim por diante.
crescente de empresas a buscar uma nova forma de gerenciar seus
processos. Muitas começam pelo desenvolvimento e revisão das Podemos classificar processos de negócio em três tipos dife-
normas da organização ou ainda pelo mapeamento de processos. rentes:
Entretanto, fazer isso de imediato é colocar o “carro na frente dos  Processos primários (ou processos essenciais)
bois”.  Processos de suporte
Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os proces-  Processos de gerenciamento
sos relevantes e como devem ser operacionalizados com eficiência.
Questões que podem ajudar nesta análise são:

92
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Processos primários repensados quanto à administração, visando alcançar metas e obje-
Processos primários são ponta a ponta, interfuncionais e entre- tivos ligados à lucro, produtividade, melhor qualidade de trabalho,
gam valor aos clientes. São frequentemente chamados de proces- erros, acertos, entre outros aspectos relevantes à empresa como
sos essenciais, pois representam as atividades essenciais que uma um todo.
organização desempenha para cumprir sua missão. Esses processos Como base para seus negócios, muitas empresas tomam indi-
formam a cadeia de valor onde cada passo agrega valor ao passo cares de desempenho pré-estabelecidos que as auxiliarão no pro-
anterior conforme medido por sua contribuição na criação ou en- cesso de avaliação e otimização dos processos. No entanto, deve-se
trega de um produto ou serviço, em última instância, gerando valor observar que ainda que um indicador seja previamente estabeleci-
aos clientes. do ou adaptado de outras organizações, ele jamais deverá ser imu-
Michael Porter descreveu cadeias de valor como compostas de tável, pois cada empresa está ambientada em seu próprio contexto
atividades “primárias” e atividades “de suporte”. A cadeia de valor e em sua própria realidade, sendo assim, a flexibilização de indi-
do processo de negócio descreve a forma de contemplar a cadeia cadores e a criação de novos é natural e pode ocorrer alinhados à
de atividades (processos) que fornecem valor ao cliente. Cada uma necessidade de cada empresa.
dessas atividades tem seus próprios objetivos de desempenho vin-
culados a seu processo de negócio principal. Processos primários Os principais tipos de indicadores
podem mover-se através de organizações funcionais, departamen- 1. Lucratividade
tos ou até entre organizações e prover uma visão completa ponta- Apesar de não ser o único e nem o principal, consideramos lu-
-a-ponta de criação de valor. cratividade o primeiro indicador de desempenho a se observar du-
Atividades primárias são aquelas envolvidas com a criação físi- rante a gestão. Há diversos modos de realizar a avaliação dos lucros
ca de um produto ou serviço, marketing e transferência ao compra- de uma organização (planilhas de cálculos, percentuais, cálculos de
dor, e suporte pós-venda, referidos como agregação de valor. lucro operacional etc.)
Processos de suporte Este indicador é responsável por demonstrar se a empresa gera
Esses processos são desenhados para prover suporte a proces- valores maiores do que os iniciais de modo a gerar uma perspectiva
sos primários, frequentemente pelogerenciamento de recursos e de lucratividade para os próximos meses ou anos. Ele ajuda a em-
ou infraestrutura requerida pelos processos primários. O principal presa a se precaver contra riscos e dívidas.
diferenciador entre processos primários e de suporte, é que proces-
sos de suporte não geram valor direto aos clientes, ao passo que os 2. Produtividade
processos primários sim. Como exemplos de processos de suporte O indicador de produtividade avalia a entrega da equipe quan-
têm-se: gerenciamento de tecnologia da informação, de infraestru- to ao serviço que prestam ou produto que confeccionam. Este in-
dicador é útil para que uma organização possa ter um claro pano-
tura ou capacidade, e de recursos humanos.
rama dos tipos de atividades ou comportamentos que aumentam
Cada um desses processos de suporte pode envolver um ciclo
ou diminuem a produtividade, bem como as ações causadoras de
de vida de recursos e estão frequentemente associados a áreas fun-
problemas
cionais. Contudo, processos de suporte podem e geralmente atra-
A baixa produtividade pode estar relacionada a diversos fato-
vessam fronteiras funcionais.
res, como falta de incentivo e benefícios, desmotivação da equipe,
O fato de processos de suporte não gerarem diretamente valor
baixa remuneração, falta de recursos para a execução do trabalho,
aos clientes não significa que não sejam importantes para a organi-
más condições de trabalho. A identificação do motivo por trás de
zação. Os processos de suporte podem ser fundamentais e estraté-
um alto ou baixo índice de produtividade auxilia a empresa a tomar
gicos à organização na medida em que aumentam sua capacidade ações em prol de sua equipe.
de efetivamente realizar os processos primários.
3. Qualidade
Processos de gerenciamento Um importante indicador de desempenho em uma empresa é
São utilizados para medir, monitorar e controlar atividades de o indicador de qualidade. Ele facilita a identificação dos pontos a se-
negócios. Tais processos asseguram que um processo primário, ou rem aprimorados em um produto, serviço ou nos processos produ-
de suporte, atinja metas operacionais, financeiras,regulatórias e tivos. A qualidade é um fator que muito influencia qualquer outro
legais. Os processos de gerenciamento não agregam diretamente ponto do desempenho de uma organização, portanto age como um
valor aos clientes, mas são necessários a fim de assegurar que a indicador crucial para toda e qualquer empresa.
organização opere de maneira efetiva e eficiente.43
4. Estratégia
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Ações em prol de melhorias são estratégias estabelecidas por
um gestor que podem ou não funcionar a curto, médio ou longo
prazo. O indicador de estratégia permite à equipe uma compreen-
Indicadores de desempenho funcionam como um método de são da aplicabilidade e utilidade de determinados procedimentos
avaliação organizacional. Eles são elementos cruciais que agem em estabelecidos no mundo corporativo, ele garante à equipe a vali-
prol do funcionamento adequado de uma empresa. Através dos in- dação da capacidade dos líderes e gestores de porem em prática
dicadores de desempenho, uma organização pode facilmente visua- estratégias eficazes e rentáveis.
lizar e tomar conhecimentos de seus pontos fortes e fracos, a fim de
incentivar e aprimorar a equipe em direção à objetivos concretos. 5. Eficiência
Os fatores que determinam os indicadores de desempenho O indicador de eficiência é estabelecido com o propósito de
estão pautados nas singulares necessidades de cada empresa de averiguar o índice de alcance de metas, ou seja, avalia se os obje-
modo a medir quão bem-sucedido o negócio tem sido em termos tivos propostos estão sendo atingidos do modo como foram esta-
financeiros e administrativos, a fim de implantar melhorias na ges- belecidos, além do lado financeiro. Mede-se a eficiência de uma
tão a partir da identificação de pontos a serem reestruturados e empresa através de comparação direta de metas e prazos, erros e
acertos.
43Fonte: www.siseb.sp.gov.br

93
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
6. Custos fixos
Custos como o salário dos funcionários, impostos, contas de COMPROMISSO COM A QUALIDADE
luz, água, telefonia, matéria-prima, entre outros, são chamados NOS SERVIÇOS PRESTADOS
custos fixos, são os custos com os quais a organização arca mês a
mês. A avaliação por meio deste indicador serve para que o admi-
nistrador saiba quão proporcional é o crescimento da empresa com Diante de um cenário de grande proliferação da concorrência,
relação às suas contas fixas, de modo a precaver-se contra possíveis as empresas têm percebido a necessidade de dar mais atenção à
dívidas e problemas financeiros em geral. qualidade dos produtos ou serviços que oferecem, a fim de obter
vantagem competitiva no mercado. A implantação da gestão de
7. Faturamento qualidade é capaz de promover identificação precisa dos fatores de-
Faturamento se trata da soma de todos os valores obtidos com ficientes que precisam de mudanças e melhoria contínua, por meio
vendas de produtos ou serviços em uma empresa em um período de análises nos processos de produção e consumo, estabelecendo
de tempo (anual, semestral, mensal, semanal). A análise deste in- um panorama focado no produto e em sua relação com o cliente e
dicador é feita por meio de um levantamento de tudo que entrou em sua experiência a fim de o fidelizar.
em caixa e tudo o que saiu durante aquele período de tempo (de- De modo que esta otimização geral seja factível é imprescindí-
terminado de acordo com as necessidades de cada empresa), deste vel conhecer as ferramentas disponibilizadas pela gestão de qua-
modo é possível ter noção se os índices de venda, compra e produ- lidade, ideais para não apenas entender processos referentes ao
ção estão de fato alinhados para que se possa cumprir as metas e serviço ou produto em questão, mas também para fomentar so-
objetivos definidos pela gestão. luções para os problemas analisados através de ações preventivas
que irão evitar que o mesmo problema se repita prejudicando a
8. Recebimento performance da empresa diante do mercado. São sete ferramentas
Recebimento é o indicador de desempenho responsável por úteis e aplicáveis dentro de qualquer organização aptas para bene-
demonstrar se o que a organização recebe é proporcional ao que ficiar equipes inteiras. Observe a seguir:
vende. Pagamentos como cheques e notar promissórias impedem
que as empresas recebam o valor do produto ou serviço imediata- Fluxograma
mente após a compra, o que pode gerar dívidas e inadimplências. O fluxograma, também conhecido como gráfico de procedi-
Algumas soluções, como propor novas formas de pagamento (car- mentos ou fluxograma de processos, tem a função de demonstrar
tões, à vista etc) poderia melhorar o desempenho de uma empresa o percurso existente durante a produção de determinado serviço/
como um todo, bem como outras medidas que podem ser aplicadas produto de modo real, ou seja, da forma como atualmente ocorre,
como alteração no valor do produto, mudança no fornecedor de e de modo ideal, como deveria ocorrer, podendo haver diversas va-
matéria-prima com valor mais barato, entre outras opções que au- riáveis e correlações entre atividades e processos.
mentam o faturamento.

9. Aumento de vendas
Obviamente, o aumento no número de vendas é um ótimo in-
dicador de desempenho para se analisar, pois avalia o sucesso da
empresa baseando-se em atividades que promovem as vendas. O
sucesso neste índice representa um ótimo retorno ao cliente, pois
gera valor ao mercado e incentiva a continuidade expoente do cres-
cimento. Não apenas por uma questão financeira, mas pela qua-
lidade ou pela estratégia no setor de vendas, pela forma como o
serviço é executado ou o profissionalismo dos colaboradores, o au-
mento nas vendas pode ter diversas causas e é sempre um fator
indicador de bom desempenho de uma empresa.
Esta ferramenta possibilita visualizar o início e o fim de um
10. Turnover processo, as atividades pertinentes a ele, os pontos decisivos e o
Para concluir, o último indicador pré-determinado é o turno- fluxo das atividades. Através dele é possível identificar deficiências
ver. Ele está diretamente ligado ao quadro de colaboradores da ou desvios no processo de produção. Sua representação se dá atra-
empresam analisando índices de admissões e demissões de funcio- vés de quadros e formas geométricas que ilustram etapa a etapa o
nários. Quando há muitas demissões em determinado período de processo, além disso ele conta com elementos em símbolos, cuja
tempo, pode-se identificar problemas na empresa, tais como mal representação facilmente identificável permite a equipe uma visua-
recrutamento, técnicas de entrevistas inadequadas, incapacidade lização clara do passo a passo do processo produtivo de modo que
de tomar decisões que sejam pertinentes ao cargo, dificuldades em possam identificar a melhor rota para o produto ou serviço a que se
distribuir tarefas adequadas às funções, entre outros. Estas falhas refere, eliminando ou incluindo novas etapas que possam auxiliar a
são um indicativo do desempenho da empresa, não só selecionar equipe a alcançar melhores resultados.
e contratar, mas reter bons funcionários é sinal de uma empresa
saudável e estável. Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Ishikawa, conhecido como Espinha de Peixe de-
vido sua aparência, é um modo de representação gráfica documen-
tal criado por Kaoku Ishikawa útil para indicar o que possivelmente
seriam as causas de certos problemas na gestão e suas respectivas
repercussões, ele explora com profundidade as possíveis variáveis
que influenciam negativamente o processo de produção de um pro-
duto ou serviço, capazes de interferir em sua qualidade.

94
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

A fim de aplicar o diagrama corretamente, estabelecem-se categorias em nível macro para levantar as possíveis causas de um proble-
ma, ou seja, o seu local de origem. Estes tópicos podem ser divididos em:

1) Mão-de-obra: pode ser a origem de algum problema quando se refere à ação de um funcionário ou colaborador da empresa.
2) Materiais: trata-se de quando o material usado não está adequado e pode se tornar o causador de problemas no trabalho.
3) Máquinas: quando há defeitos no maquinário da empresa.
4) Medidas: trata-se de quando uma medida tomada foi o causador do problema.
5) Métodos: refere-se ao uso de uma metodologia que não está adequada ao e possivelmente causará problemas.
6) Meio ambiente: trata-se de quando problemas no meio ambiente (como, poluição, aquecimento global, mudanças climáticas) são
causadoras de problemas.
A partir da identificação de um ou mais destes itens, é possível tomar medidas para atingir o resultado esperado a partir deste pa-
norama das possíveis causas e consequências que os problemas analisados podem sofrer caso não se tome ação, sendo assim uma útil
ferramenta para se visualizar relações de causa e efeito.

Folhas de verificação
Uma outra ferramenta aplicada em gestão de qualidade são as folhas de verificação, documentos comuns, como planilhas e tabelas,
feitos de modo simples, intuitivo e prático para agilizar a coleta de dados e a confirmação de informações pertinentes ao produto ou ser-
viço. As folhas de verificação servem para facilitar a compreensão da realidade do produto ou serviço, economizando tempo da equipe e
otimizando o entendimento dos processos produtivos no trabalho em prol da resolução de problemas e implementação de ideias e solu-
ções úteis para a otimização do produto.
As informações contidas nos documentos devem ser anteriormente estabelecidas para que nas folhas sejam registrados dados que
serão ticados, como em uma lista, sobre o andamento do processo de produção da empresa. Considere que os pontos mais relevantes a
se analisar quanto a determinado produto sejam seu funcionamento e sua aparência, sendo assim seleciona-se alguns tópicos (eficiência,
agilidade, tempo de uso, ergonomia, facilidade de manejar, entre outros) que poderão auxiliar na melhor visualização de seus pontos
positivos e negativos.

95
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Diagrama de Pareto

Este diagrama em forma de gráfico é capaz de identificar a concentração de uma variável, indicando as causas essenciais de um pro-
cesso. Por meio deste diagrama, o é possível compreender melhor e combater a raiz das causas de certos problemas de modo prioritário
a fim de assegurar alto índice de produção e produtividade.
O diagrama de Pareto baseia-se no princípio de Pareto que explica que 80% das consequências ou efeitos de uma ação tem relação
direta com 20% das causas. O gráfico numérico, então, computa dados precisos que, além de oferecer melhor visualização das relações en-
tre variáveis, facilita a visualização de pontos que precisam de melhoria para aumentar o desempenho da empresa quando aos processos
produtivos, pois redireciona o olhar para campos que de fato precisam de intervenção de modo prioritário.
Os dados do gráfico são específicos para cada empresa ou produto, de modo que não se pode aplicar exatamente os mesmos pontos
do diagrama de um produto a outro, pois cada qual possui suas próprias particularidades e especificidades. Por exemplo, a análise de um
serviço requer a presença de tópicos mais subjetivos como o tempo de permanência do cliente no espaço (caso seja um local), a satisfação
do cliente pós-serviço, relacionamento cliente e fornecedor, entre outros, enquanto um produto precisa incluir uma análise de seus aspec-
tos não apenas financeiros e ligados à experiência, mas a aspectos físicos e cognitivos em relação ao cliente.

Histograma

O histograma é também uma forma de representação gráfica cuja função é representar a distribuição de frequências de alguns dados
em determinado período de tempo, por meio de barras. Este recurso auxilia a compreensão da quantidade ou volume de produtos ina-
dequados, problemas ou conflitos quanto a medidas, entre outros itens como peso, largura, comprimento, tempo, temperatura, volume,
preço, etc.

96
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
De modo claro, um histograma possibilita permite que a empresa saiba o número de vezes que algum dos itens ocorreu ao longo do
processo. Seu propósito está em facilitar a resolução de conflitos através da visualização de uma análise real do processo evolutivo e gra-
dativo de determinado produto ou serviço, identificando suas tendências.

Diagrama de dispersão
O Diagrama de Dispersão ou gráfico de correlação, trata-se de uma ferramenta de representação gráfica dos valores de duas variáveis
relacionadas a um mesmo processo simultaneamente, o que possibilita eliminar interferências e interpretações erradas quanto demais
variáveis ou causas de um problema.

Este diagrama se baseia em variáveis independentes, ou seja, quando ações e situações não tem relação, e variáveis dependentes,
quando uma ação está diretamente ligada a outra; estas variáveis são identificadas e investigadas através de correlações que se estabele-
cem entre elas, podendo ser positivas (quando duas variáveis aumentam na mesma direção no gráfico), negativa (quando diminuem na
mesma direção ou nula (quando não há cruzamento de dados, eles ficam dispersos e, portanto não há correlação).

Cartas de controle
Cartas de controle são ferramentas utilizadas para identificar as estatísticas e tendências de certos desvios e mudanças de comporta-
mento quanto a alguns pontos de observação dentro de determinado tempo e espaço. Esta ferramenta é muito utilizada a fim de observar
se o processo está ocorrendo de maneira controlada e ordenada, sem alterações consideráveis que possam prejudicar o andamento do
processo produtivo.

Os desvios ou alterações podem ser observados em linhas que divergem em pontos específicos e permitem um acompanhamento
geral da equipe quanto aos processos produtivos a fim de identificar pontos que podem ser preocupantes, e que por vezes passariam
despercebidos, e devem ser melhor trabalhados.

97
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
5. O processo administrativo se caracteriza pelo exercício das
EXERCÍCIOS funções da administração nos três níveis organizacionais: tático,
estratégico e operacional. Determinar o desenho de cargos e suas
1. O planejamento, a organização, a direção e o controle são tarefas é atribuição da função administrativa
funções básicas do administrador e constituem o chamado proces- A. liderança, exercida em nível tático.
so administrativo. Com relação às descrições das funções adminis- B. direção, exercida em nível estratégico.
trativas, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa. C. direção, exercida em nível operacional.
( ) Planejamento: formula os objetivos e os meios para alcan- D. organização, exercida em nível operacional.
çálos. E. organização, exercida em nível estratégico.
( ) Organização: desenha o trabalho, aloca os recursos e coor-
dena as atividades. 6. Uma organização pública pode ser considerada como um
( ) Direção: designa pessoas, dirige seus esforços, as motiva e grupo estruturado de pessoas que trabalham juntas para alcança-
lidera. rem objetivos para satisfazer a sociedade. Tais organizações podem
( ) Controle: monitora as atividades e corrige os desafios. variar em diversas maneiras, mas o importante é que procurem tra-
balhar de forma eficaz, eficiente e efetiva.
As afirmativas são, respectivamente, Em relação à eficácia, à eficiência e à efetividade nas organiza-
A. V - V - V - V. ções, é correto afirmar que:
B. V- F - V - V. A. um empregado é considerado eficaz quando sua produtivi-
C. F - V - F - V. dade é alta;
D. V - V - F - F. B. a efetividade está relacionada à minimização dos recursos
E. V - V - F - V. utilizados, sejam eles recursos como tempo, pessoas, capital ou
equipamento;
2. Em relação às funções administrativas planejamento, organi- C. a eficiência está mais relacionada com a escolha dos objeti-
zação, direção e controle, assinale a opção correta. vos mais apropriados e ausência de desperdícios;
A. A finalidade do controle como função administrativa é inibir D. a eficácia tem ênfase nos processos e a eficiência nos resul-
desvios comportamentais indesejáveis e não aceitáveis na organi- tados;
zação. E. a eficiência está relacionada com fazer bem as coisas, utili-
B. A ênfase na qualidade é uma abordagem típica da função zando o mínimo de recursos.
de planejamento, com foco na eficiência requerida nos planos es-
tabelecidos. 7. Os elementos a seguir conformam os conceitos básicos para
C. Todas as funções administrativas “ planejamento, organiza- as boas práticas de governança corporativa, à exceção de um. Assi-
ção, direção e controle “ são interpessoais e se correlacionam entre nale-o.
si, e somente a função de planejamento possui segregações con- A. Compliance.
forme o nível institucional, seja estratégico, tático ou operacional. B. Accountability.
D. A maneira como as atividades de uma organização serão es- C. Transparência.
truturadas, divididas e coordenadas é definida na direção e, quando D. Efetividade.
dessa definição, devem ser direcionados os esforços à orientação E. Equidade.
estratégica.
E. Melhoria no controle e administração do tempo, foco e fle- 8. Eficiência e eficácia são dois critérios básicos de mensuração
xibilidade são benefícios alcançados por meio da elaboração de e avaliação do desempenho organizacional e individual. Relacio-
planos orientados para o alcance de objetivos propostos no plane- nando ambos os critérios para a avaliação da ação administrativa, o
jamento. administrador que escolhe metas certas para alcançar, mas faz mau
uso dos recursos para o alcance das metas apresenta
3. O processo administrativo é utilizado em qualquer situação A. alta eficiência e alta eficácia.
que envolva recursos que procuram atingir algum tipo de objetivo. B. baixa eficiência e baixa eficácia.
Neste sentido, o ato de administrar compreende quatro funções. C. baixa eficiência e alta eficácia.
D. alta eficiência e baixa eficácia.
Assinale a alternativa que corretamente identifica estas fun-
ções. 9. Marque a opção que representa o correto preenchimento da
A. Real, virtual, estoque e logística. lacuna no texto a seguir: Para _______ será necessário estabelecer
B. Input, processo, output e feedback. uma relação em que as ações, pensamentos e intenções de uma
C. Pessoas, dinheiro, materiais e informação. pessoa desencadeiem uma resposta em outra pessoa.
D. Planejamento, organização, direção e controle. A. compreender um ponto de vista;
E. Formalidade, impessoalidade e profissionalismo. B. comunicar com eficácia;
C. gerar satisfação;
4. As funções administrativas foram elaboradas por Henry D. perceber uma falha de informação.
Fayol, considerado o pai da Administração. São elas:
A. Estruturação, Interiorização, Direção, Controle.
B. Internalização, Planejamento, Direção, Ação.
C. Planejamento, Organização, Direção, Controle.
D. Direção, Planejamento, Estruturação, Internalização.
E. Controle, Interiorização, Direção, Ação.

98
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
10. Existe um consenso crescente que a tomada de decisão
deve levar em consideração a natureza complexa dos negócios, re- GABARITO
sultante de ambientes organizacionais modernos que sofrem cons-
tantes transformações. Assim sendo, a abordagem mais contempo-
rânea para a solução de problemas deve buscar o pensamento:
A.Sistêmico, supondo que, uma vez implementada uma solu- 1 A
ção, esta permanecerá válida e deverá ser avaliada apenas em ter- 2 E
mos de quão bem resolve o problema.
B.Linear, supondo que cada problema tem uma solução única, 3 D
e que esta afetará basicamente a área do problema e não o restante
da organização. 4 C
C.Linear, buscando a simplicidade no tratamento das questões 5 D
e considerando que o essencial é que os problemas sejam defini-
dos, e as soluções, implementadas. 6 E
D.Sistêmico, focalizando os problemas como singulares, e abor-
dando isoladamente cada área do problema independente dos in- 07 D
ter-relacionamentos entre os elementos organizacionais. 08 C
E.Sistêmico, supondo que os problemas são complexos, têm
mais de uma causa e mais de uma solução e estão inter-relaciona- 09 B
dos com o restante da organização.
10 E
11. Para uma bem sucedida implantação de planos de ação, 11 C
estes devem buscar alinhamento com a estratégia da organização.
Neste sentido, considere as afirmativas abaixo e assinale a alterna- 12 D
tiva correta.
I. A organização deve manter suas estratégias em segredo,
compartilhando-as apenas com a alta direção. ANOTAÇÕES
II. O alinhamento da organização à estratégia compreende a
utilização de mecanismos como programas de comunicação e edu-
cação, programas de estabelecimento de metas e vinculação dos ______________________________________________________
sistemas de incentivo e compensação.
III. A implementação é feita de modo centralizado, no estilo de ______________________________________________________
comando e controle.
IV. A implementação da estratégia começa pela capacitação e ______________________________________________________
envolvimento das pessoas que devem executá-la.
______________________________________________________
A.Somente as afirmativas I e II estão certas.
B.Somente as afirmativas I e III estão certas. ______________________________________________________
C.Somente as afirmativas II e IV estão certas.
D.Somente as afirmativas III e IV estão certas ______________________________________________________
E.Todas as afirmativas estão certas.
______________________________________________________
12. As frases a seguir indicam aspectos das organizações vistas
como sistemas. Indique se as mesmas são verdadeiras ou falsas e ______________________________________________________
escolha a opção correta.
( ) A organização é um conjunto de subsistemas interligados - ______________________________________________________
unidades e elementos que interagem entre si e se influenciam mu- ______________________________________________________
tuamente.
( ) A organização é um sistema cercado por um ambiente com ______________________________________________________
quem mantém uma relação de troca constante.
( ) A organização é um sistema constituído de unidades inde- ______________________________________________________
pendentes que contribuem para o alcance do objetivo da organi-
zação. ______________________________________________________
( ) A organização é um sistema constituído de um sistema téc-
nico e um sistema social. ______________________________________________________
A.F, V, V, V
______________________________________________________
B.V, F, V, F
C.V, V, V, F ______________________________________________________
D.V, V, F, V
E.V, F, F, F ______________________________________________________

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
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CONHECIMENTOS TÉCNICOS
1. Conhecimentos técnicos aplicados no Censo Demográfico 2021 (Apostila – “Estudos dos Conhecimentos Técnicos” disponível no
endereço http://www.cebraspe.org.br/concursos/ibge_20_recenseador para download . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
• apresenta a evolução da economia a partir de estatísticas
CONHECIMENTOS TÉCNICOS APLICADOS NO CENSO do trabalho e da produção.
DEMOGRÁFICO 2020 (DOCUMENTO “ESTUDO DOS CON- Tais informações, relevantes e confiáveis, são essenciais para
HECIMENTOS TÉCNICOS” DISPONÍVEL NO ENDEREÇO a consolidação de uma sociedade democrática e para o planeja-
ELETRÔNICO HTTP://WWW.CEBRASPE.ORG.BR/CONCUR- mento de políticas públicas.
SOS/IBGE_20_AGENTE, PARA DOWNLOAD)

APRESENTAÇÃO

Quem somos? Como somos? Onde vivemos?


Responder a essas perguntas é fundamental para o Brasil co-
nhecer as características de sua população. Um país sem conhe-
cimento fica à deriva. Por isso, o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística – IBGE realiza o Censo Demográfico a cada década. O
Censo é a única pesquisa que percorre e investiga cada município
do Brasil.
O resultado do Censo é empregado para a gestão de políticas
públicas e de projetos da iniciativa privada. Ele é a única pesquisa
que gera informações atualizadas e confiáveis sobre as caracte-
rísticas da população e de seus domicílios, fornecendo um rico
perfil do país e de suas diversas estruturas territoriais.

OBJETIVO O CENSO
CENSO DEMOGRÁFICO 2021
Apresentar aos candidatos os conteúdos técnicos fundamen-
tais nas áreas de conhecimento do Censo Demográfico 2020 de Entre as principais pesquisas feitas pelo IBGE, encontra-se o
Equipamentos e Sistemas do Censo Demográfico 2020, de forma Censo Demográfico, que é a operação realizada a cada 10 anos
a possibilitar aos interessados a participação no Processo Seletivo para contar a população e obter informações sobre as principais
Simplificado (PSS). características dos habitantes e de seus domicílios. Além disso,
verifica a sua distribuição territorial no país e a evolução de seu
O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA quantitativo ao longo do tempo.
O Censo é a principal fonte de dados sobre a situação de vida
Por mais de 80 anos, o IBGE vem contribuindo para o Brasil da população nos municípios e localidades. Estes dados podem
com as suas pesquisas e mapeamentos. É um instituto de signifi- ser utilizados para a definição de políticas públicas em nível na-
cado ímpar, dada a importância da sua atuação e dos reflexos que cional, estadual e municipal. E também como auxílio para a to-
oferece para a sociedade, especialmente para o fortalecimento mada de decisões na área de investimentos, especialmente em
de políticas públicas. relação ao setor privado.
Esperamos que você queira saber mais e sinta-se motivado a Em 2021, o IBGE realizará o XIII Censo Demográfico, que será
colaborar com essa apaixonante instituição. um “retrato de corpo inteiro” do País, após levantar o perfil da
Por mais de 80 anos, o IBGE vem contribuindo para o Brasil população e das características de seus domicílios. Ou seja, ele
com as suas pesquisas e mapeamentos. É um instituto de signifi- nos dirá como somos, quantos somos e como vivemos.
cado ímpar, dada a importância da sua atuação e dos reflexos que No Censo 2020, o IBGE visitará cerca de 70 milhões de domi-
oferece para a sociedade, especialmente para o fortalecimento cílios brasileiros, espalhados pelos mais de 8,5 milhões de km² do
de políticas públicas. nosso vasto território, para conhecer a situação de vida da popu-
Esperamos que você queira saber mais e sinta-se motivado a lação em cada um dos 5.568 municípios. Um trabalho gigantesco,
colaborar com essa apaixonante instituição. que envolve milhares de pessoas!
A tabela a seguir mostra a variação populacional na pirâmide
• 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados e 1 no etária a partir dos dados coletados no Censo 2010 pelo IBGE:
Distrito Federal);
• 570 Agências de Coleta de Dados nos principais municípios

Atenção
A missão do IBGE é “retratar o Brasil com informações ne-
cessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da ci-
dadania”.
O IBGE oferece um panorama objetivo e atual do país, com
a produção e a disseminação de informações de natureza esta-
tística, geográfica e ambiental. Essa missão se concretiza quando
o IBGE:
• identifica, mapeia e analisa o território;
• irealiza a contagem da população;
• iinforma como a população vive;

1
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Para chegar a um consenso sobre quais questões serão inves- Importante
tigadas no Censo Demográfico 2021, o IBGE promove consultas e O Recenseador é a peça-chave do Censo.
debates amplos: com a sociedade brasileira e órgãos técnico-go-
vernamentais A qualidade dos resultados que serão entregues para o país
.A partir daí, com a conclusão do Censo, o Brasil vai dispor ao final da operação depende diretamente da qualidade do seu
de informações necessárias para conhecer as características das trabalho, do modo como se dedica às atividades em seu dia a dia
pessoas – onde residem, por exemplo –, a fim de planejar políticas
e investimentos públicos. O trabalho do Recenseador
O conjunto de dados coletados trará resultados relacionados O trabalho do Recenseador consiste em obter as informações
a questões fundamentais, como: junto aos moradores de uma determinada área, nos locais onde
• O total da população do País por sexo e faixa etária e como residem.
está distribuída no Território Nacional; O Recenseador contará com a supervisão de um Agente Cen-
• A expectativa de vida da população do País; sitário Supervisor (ACS). O ACS lhe fornecerá as informações, o
• A estimativa de brasileiros que vivem fora do País; material necessário e seus instrumentos de trabalho, assim como
• O número médio de filhos que uma mulher teria ao final do lhe prestará orientação técnica e assistência permanente durante
seu período fértil; o período de realização da coleta de dados. É a ele que o Recense-
• O tipo de habitação em que vive a população do País; ador deve se reportar sempre que encontrar alguma dificuldade.
• A proporção da população que tem acesso ao saneamento
básico; Aproveitamento e escolha do Setor Censitário
• O nível de instrução da população;
• As condições de trabalho e o rendimento da população; O bom desempenho do trabalho do Recenseador está asso-
• Um panorama da diversidade étnico-racial da população ciado ao domínio dos conceitos e dos procedimentos que serão
brasileira, com sua distribuição por cor ou raça; e utilizados no Censo.
• A caracterização dos povos indígenas por etnia e línguas Por isso, é importante que o candidato a Recenseador tenha
um bom aproveitamento no momento de formação, uma vez que
indígenas faladas ou utilizadas nos seus domicílios, além de dados
a escolha da área em que deseja trabalhar dependerá da sua
sobre a população quilombola.
classificação final na avaliação do treinamento. Esta área, cha-
Antes da execução de um censo, é realizado um teste geral
mada pelo IBGE de Setor Censitário, será o local de trabalho do
com objetivo de verificar todas as definições e procedimentos
Recenseador, onde realizará a coleta de dados.
planejados. Para a operação censitária de 2021, foi um realizado
um ensaio – o Censo Experimental 2019. A coleta do Censo Ex-
Atenção
perimental foi realizada no Municipio de Poços de Caldas, Minas
Antes de iniciar a coleta de dados, o candidato a Recenseador
Gerais, no período de 1º de outubro de 2019 a 2 de dezembro de
deve dedicar-se ao treinamento, realizando todas as atividades
2019. propostas, procurando rever e exercitar os conteúdos e procedi-
O Censo Demográfico e o Censo Experimental 2019, assim mentos. Deve utilizar todos os recursos instrucionais disponíveis,
como qualquer censo, têm a coleta de dados como uma das eta- esclarecendo suas dúvidas sempre que necessário.
pas principais. A partir de entrevistas com moradores, o IBGE re-
gistra informações sobre os seus modos de vida. Os dados coleta- Durante o seu trabalho de coleta de dados, o Recenseador
dos são relativos ao estado de coisas em uma data específica, isto ficará lotado em um local físico, chamado de Posto de Coleta, sob
é, a um retrato da situação naquele momento. responsabilidade do IBGE.
É preciso adotar uma data específica como referência para
evitar divergências entre quantitativos e características da popu- Posto de coleta
lação, que se alteram com o tempo: entre o início e o fim do pe- O Posto de Coleta é o local de trabalho criado temporaria-
ríodo da coleta. mente pelo IBGE para dar suporte à operação censitária. Nele,
reúne-se a equipe encarregada do gerenciamento e da coleta de
Atenção dados [Glossário] de uma determinada área.
A coleta do Censo Demográfico 2021 será realizada em todo Sempre que requisitado, o Recenseador deverá comparecer
o Brasil a partir do dia 1º de agosto de 2021, mas a data de refe- ao Posto de Coleta para que o Supervisor possa avaliar o seu tra-
rência do Censo Demográfico 2020 é a meia-noite de 31 de julho balho e corrigir possíveis falhas. Caso a supervisão indique a ne-
para 1º de agosto de 2021. cessidade de corrigir algum dado coletado, o Recenseador deverá
retornar a campo.
Isto significa que os Recenseadores deverão considerar a rea- Resumidamente, o trabalho do Recenseador consiste em per-
lidade desse instante no tempo como referência para a coleta de correr o Setor Censitário sob sua responsabilidade, registrando
dados. endereços e realizando as entrevistas com os moradores.
Para concluir o seu trabalho, o Recenseador deve dirigir-se
ao Posto de Coleta e devolver o material de trabalho ao Instituto
O Recenseado
Quem é? Instrumentos de trabalho do Recenseador
O Recenseador é o responsável por fazer o trabalho da coleta Durante a coleta de dados, o Recenseador terá dois instru-
de dados por meio de entrevistas com os moradores. Estando mentos de trabalho disponíveis: o Mapa do Setor Censitário (em
em contato direto com o público, ele representa o IBGE para a papel) e o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC). O Recenseador
sociedade. será responsável pelo patrimônio público enquanto estiver de
posse dos materiais a ele confiados, devendo zelar por sua con-
servação e pelas boas condições de seu uso e funcionamento.

2
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Além desses dois instrumentos de trabalho, o Recenseador
contará com o Manual do Recenseador e o Manual de Entrevista
(digital), que serão usados como recursos instrucionais durante
seu treinamento, além de fonte de consulta para o seu trabalho
de coleta de dados.
Os Manuais do Recenseador e de Entrevista reúnem os con-
ceitos, as definições, os procedimentos e as orientações neces-
sárias ao desempenho de suas atividades e ao registro das infor-
mações. O treinamento do Recenseador é composto por outros
materiais e recursos de formação, que também servem de su-
porte ao seu trabalho. Estes devem ser consultados sempre que
necessário para garantir maior qualidade na coleta

Vejamos quais são os instrumentos de trabalho:

a) Mapa do Setor Censitário (em papel)


O Mapa do Setor Censitário (em papel) é uma representação
gráfica da área a ser recenseada. Em seu verso, consta a descrição
de seus limites. Eventualmente, a representação do setor ganha
elementos adicionais que facilitam a identificação de sua área
(como a adição da área circundante). 5. Recursos do DMC
Dominar o uso dos aplicativos e funções do DMC é fundamen-
tal para a realização do Censo com a qualidade necessária, pois
esse equipamento será a principal ferramenta de trabalho no co-
tidiano do Recenseador.

Mapa do Setor Censitário


É a representação gráfica do setor censitário. Por fins práti-
cos, costuma retratar alguns outros elementos adicionais para
facilitar o reconhecimento do setor em campo. O DMC exibe o
Mapa por meio de uma imagem, obtida por satélites, da área do
setor e das áreas que o rodeiam. E destaca com uma cor ade-
quada os limites do setor, para diferenciá-lo das áreas restantes.
O Mapa do setor censitário é fundamental para a localização do
Recenseador em campo e para o trabalho de coleta.

b) Dispositivo Móvel de Coleta – DMC


É o equipamento para registro e armazenamento das infor-
mações coletadas em campo.
No DMC, podem-se acessar:
• Mapa do Setor Censitário (digital)
• Lista de Endereços
• Questionários
o Básico
o Amostra
• Manual do Recenseador e de Entrevista

Lista de Endereços
É composta por endereços trabalhados no setor censitário
em pesquisas anteriores. Por isso, é também chamada de “lista
prévia”.
É importante que o Recenseador visite todos os endereços do
setor (mesmo que alguns destes não estejam presentes na lista) e
atualize a relação que carrega em seu DMC.

3
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Para atualizar a lista de endereços (prévia), o Recenseador Atenção
deverá seguir estas orientações: Apenas um modelo de questionário (básico ou amostra) será
a) Confirmar os endereços que continuam presentes em cam- aplicado em cada domicílio.
po, após verificação
b) Incluir os novos endereços que forem encontrados Evitando a perda de informações
c) Excluir os endereços que não forem encontrados em cam- É muito importante tomar providências para evitar a perda
po de informações coletadas, tais como:
• Zelar pelo correto registro das informações;
• Fazer cópias de segurança (backups) regularmente;
• Transmitir as informações sempre que possível;
• Evitar quedas e contato com água e umidade; e
• Adotar cuidados básicos ao circular pelos setores censitá-
rios com o DMC, preservando a segurança de si, dos dados coleta-
dos e do próprio equipamento.

Cálculo da remuneração do Recenseador


A remuneração mensal do Recenseador será por produção,
calculada por Setor Censitário, conforme taxa fixada, de conheci-
mento prévio, com base na quantidade de unidades recenseadas
(domicílios urbanos e/ou rurais), pessoas recenseadas e registro
no controle da coleta de dados.
Em um mês, o Recenseador poderá receber vários pagamen-
tos, de acordo com a liberação dos setores produzidos. Esses se-
tores serão pagos de forma individualizada. Os valores respecti-
vos são acumulados por mês para cálculo dos descontos INSS e
IRPF [Glossário], e para cálculo do recebimento de salário-família
(caso o Recenseador se enquadre nos requisitos desse benefício).

Remuneração bruta e remuneração líquida


É preciso saber diferenciar remuneração bruta do trabalha-
Questionário Básico dor e remuneração líquida para entender o cálculo final da remu-
É o questionário com menor número de quesitos, em que se- neração.
rão registradas as características do domicílio e de seus morado- Os descontos mais comuns que costumam ocorrer da remu-
res na data de referência [Glossário]. Os quesitos desse questio- neração bruta para a remuneração líquida são:
nário serão aplicados a todos os domicílios. • INSS: alíquota de 8%, 9% ou 11%, conforme tabela do INSS
vigente em cada mês;
Questionário da Amostra • IRPF: para aqueles cuja base de cálculo sofra retenção do
Esse questionário é respondido por uma parte da população, imposto, conforme tabela do IRPF vigente em cada mês;
selecionada de forma aleatória por meio de cálculos específicos, • Pensão alimentícia, quando houver; e
formando uma amostra estatística. • Valores de produção recebidos indevidamente.

4
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Remuneração por rescisão
Quando o contrato terminar, o Recenseador terá direito a
receber o pagamento da rescisão, que corresponde à soma dos
valores de 13º salário e de férias indenizadas
Devido ao fato de o Recenseador não possuir um salário fixo,
utiliza-se como base a Remuneração Média Mensal, calculada da
seguinte forma:

A partir dessa Remuneração Média Mensal, são calculados os


seguintes valores:

13º salário
• Gratificação natalina proporcional aos meses de trabalho,
observada a regra de que a fração igual ou superior a 15 (quinze) Importante
dias será considerada como mês integral. Informe ao entrevistado que é possível verificar a identidade
do Recenseador pela internet ou por telefone. Pela Internet, o
Férias indenizadas canal é o site: http://respondendo.ibge.gov.br; e por telefone, o
• Indenização relativa ao período incompleto de férias, na número: 0800 721 8181. Ambos constam do crachá do agente.
proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício, Deve-se fornecer o nome, matrícula e/ou CPF do Recenseador,
ou fração superior a 14 (quatorze) dias, acrescido do adicional de para realizar a confirmação.
1/3 (um terço) da remuneração das férias.
Conduta do Recenseador -Abordagem ao informante
Conduta do Recenseador A abordagem correta contribui para uma resposta mais rá-
Milhares de Recenseadores do IBGE, em todo o Brasil, vão às pida. Garante também uma postura colaborativa, diminuindo a
ruas em busca de informações de qualidade para a coleta do Cen- possibilidade de retrabalho nas etapas posteriores. Por isso, é
so Demográfico 2020. Nesse processo, interagem com diferentes fundamental que o Recenseador consiga construir uma relação
públicos, cada qual com suas características e peculiaridades. de parceria com o informante. Para isso, é importante ter cui-
Face a essa diversidade, é natural que os moradores recebam dado com a forma de se fazer as perguntas do questionário. O
os Recenseadores de maneiras distintas. Ora com receptividade, Recenseador deve ler cada uma delas conforme estão escritas e
ora com desconfiança e resistência. registrar as respostas diretamente no DMC – sem comentários
O tratamento cortês, respeitoso e seguro com o informante adicionais a respeito
é fundamental para estabelecer uma relação de confiança e coo-
peração. Além disso, é importante que o Recenseador apresente
uma postura de trabalho adequada e use sempre o crachá de
identificação.

Conduta do Recenseador - A imagem do IBGE É essencial evitar temas delicados, como política ou religião;
O Recenseador representa a imagem do IBGE no contato com não emitir opiniões; procurar desviar-se de afirmações polêmicas
os informantes. É imprescindível se conscientizar disto. Como o e manter o foco na coleta de dados.
Censo é a operação em que o IBGE percorre todo o país, a inte-
ração de cada Recenseador com cada informante é fundamental Importante
para reforçar a confiança e a credibilidade da população em suas O Recenseador deve explicar para o informante, de forma cla-
pesquisas. ra e segura, a importância do Censo Demográfico 2020.
O Recenseador deve se identificar sempre de forma clara ao
seu interlocutor, deixando seu crachá visível e esclarecendo os
objetivos da operação censitária.

5
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Conduta do Recenseador – Identificação Importante
É preciso vestir-se de forma adequada e discreta, e estar sem- O IBGE não divulga os dados de nenhuma pesquisa, inclusive
pre portando o crachá de identificação. O crachá é o documento do Censo, que possam identificar o informante como nomes, te-
que credencia o funcionário a realizar a pesquisa para o IBGE. lefones, etc.
O Recenseador, assim como o Agente Censitário Municipal A “Lei 5.534”, de 14 de novembro de 1968 assegura o sigilo
(ACM) e o Agente Censitário Supervisor (ACS), deve falar também dessas informações.
corretamente, evitando cometer erros de português ou usar gírias
e palavras inadequadas. Atenção
Durante o trabalho de A violação do sigilo por servidores, agentes de pesquisa e
campo, os entrevistados podem fazer perguntas ao Recense- Recenseadores do IBGE está sujeita a punição de acordo com as
ador e ao supervisor sobre o objetivo da pesquisa e o porquê da normas e a legislação.
visita. Dependendo das respostas, o informante pode fazer um
“julgamento” equivocado do funcionário e do IBGE. Conduta do Recenseador - Informantes resistentes
Os funcionários do Instituto precisam cultivar uma atitude de Em caso de resistência à prestação de informações ao IBGE,
autoconfiança. Isto é, precisam estar cientes do que exatamente é necessário que o Recenseador consiga apresentar argumentos
fazem, transmitindo segurança ao informante sobre a seriedade convincentes ao informante relutante. Exemplificamos dois argu-
da operação. mentos importantes em seguida:
Os dados do Censo são uma importante fonte de estatística
Importante entregue a toda a sociedade. E também para o próprio IBGE, que
A abordagem aos moradores é um momento crítico da coleta, elabora estimativas úteis para a melhoria do País.
em que o informante faz um primeiro “julgamento” do Recense- As informações coletadas são utilizadas exclusivamente para
ador. Portanto: fins estatísticos. O sigilo delas é garantido por lei. Além disso, os
• Demonstre profissionalismo e credibilidade; dados da pesquisa são divulgados de forma agregada, ou seja, de
• Cumprimente o informante e identifique-se, demonstrando forma vinculada a um total (por soma dos valores de cada domicí-
que você é uma pessoa credenciada e treinada para realizar a co- lio aos valores de outros domicílios) e não individualizada. Assim,
leta pelo IBGE; o IBGE divulga apenas o valor total por setor censitário, nunca
• Seja objetivo, fale brevemente o que deseja; por domicílio. Por isso, em hipótese alguma, o sigilo dos dados
• Lembre-se: você está representando o IBGE! individualizados será desrespeitado.

Conduta do Recenseador – Sigilo estatístico Importante


A segurança das informações é também outro aspecto que Se, mesmo assim, a recusa persistir, o Recenseador deve co-
deve ser demonstrado em suas atitudes, com o qual você e o IBGE municá-la ao Supervisor para receber novas orientações.
têm deveres e responsabilidades.
É fundamental garantir o sigilo das informações obtidas pelo Conduta do Recenseador - Procedimentos em campo
Censo Demográfico 2020 (e por quaisquer pesquisas oficiais) tan- Antes de sair para a coleta, prepare com antecedência os
to para os informantes quanto para o próprio instituto. O infor- itens de que você vai precisar. Separe equipamentos e materiais
mante deve ser avisado de que essas informações só poderão ser que serão utilizados, como o DMC (Dispositivo Móvel de Coleta) e
utilizadas para fins estatísticos. o mapa em papel com a descrição do setor. Certifique-se de que o
Os cidadãos só se sentirão seguros em prestar informações DMC está com bateria para que você consiga fazer uso do equipa-
à Instituição se sentirem confiança no IBGE e no funcionário que mento durante todo seu percurso de trabalho. Planeje a melhor
realiza o Censo 2020. Assim, o IBGE toma todas as precauções forma de chegar ao seu Setor Censitário: verifique os meios de
necessárias para garantir que dados individualizados não sejam transporte e o tempo de deslocamento.
divulgados Durante o seu trabalho em campo, observe as seguintes
orientações:
• Não permita que pessoas não autorizadas pelo IBGE o
acompanhem em seu trabalho;
• Não permita que pessoas estranhas ao serviço manuseiem
os equipamentos de coleta;
• Não permita que informações contidas no dispositivo de co-
leta sejam vistas por terceiros;
• Não faça comentários sobre qualquer informação obtida
durante seu trabalho; e
• Não revele fatos ou informações sigilosas sobre os infor-
mantes, domicílios e estabelecimentos pesquisados.

Atenção
Em locais de povos e comunidades tradicionais (indígenas,
quilombolas, povos ciganos, pescadores artesanais, etc.), além
dos cuidados rotineiros de abordagem, previstos para o trabalho
do IBGE para qualquer outro Setor Censitário, devem ser toma-
dos outros cuidados, de acordo com a tradicionalidade dos diver-
sos grupos. Siga as orientações específicas que serão fornecidas
em momento oportuno, antes de entrar nessas áreas especiais.

6
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL A função de Supervisor serve de elo entre aqueles que cole-
O Censo Demográfico 2020 constitui uma grande operação tam as informações (os Recenseadores) e aqueles que gerenciam
estatística, mobilizando centenas de pessoas desde a fase de pla- o Posto de Coleta (responsabilidade do ACM).
nejamento até a divulgação dos resultados.
Para atingir os objetivos da operação, a estrutura organiza- Função do Agente Censitário Supervisor - ACS
cional do Censo Demográfico 2020 definiu-se a partir das repre-
sentações das Unidades Estaduais do IBGE: Sua principal função é acompanhar, avaliar e, sobretudo,
orientar os Recenseadores durante a execução dos trabalhos de
campo. Assim, evitam-se erros no preenchimento dos questioná-
rios e falhas na cobertura do Setor (como a omissão de pessoas
e domicílios)
O ACM é quem irá orientá-lo na correta execução de seu tra-
balho. O ACS deve se reportar ao ACM sempre que houver qual-
quer dúvida ou problema que comprometa a realização de suas
tarefas.
Para que os ACS cumpram com tranquilidade suas funções,
estas foram divididas em duas grandes frentes:
• O treinamento e a contratação dos Recenseadores; e
•O apoio ao Recenseador e a supervisão do seu trabalho de
coleta

QUEM É?
AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL
O Agente Censitária Municipal (ACM) desempenhará a função
de gerente do Posto de Coleta. Isto envolve as seguintes funções:
gerenciar um grupo de supervisores (ACS), distribuir tarefas, zelar
pelos equipamentos de coleta, e acompanhar o desenvolvimento
dos trabalhos. É muito importante que ele garanta que os seus su-
pervisionados cumpram com as normas estabelecidas pelo IBGE.
O Posto de Coleta serve de base física para a equipe da coleta
de dados e da supervisão, ou seja, é o ponto de encontro dos Su-
pervisores e Recenseadores durante as operações do Censo 2020.
Para gerenciar o Posto de Coleta, o ACM utiliza o Sistema Integra-
A fim de que os coordenadores possam exercer os seus pa- do de Gerenciamento e Controle – SIGC.
péis no Censo Demográfico 2020, é necessário que eles conheçam
muito bem as atribuições específicas de suas funções, as quais Função do Agente Censitário Municipal - ACM
serão detalhadas no treinamento presencial. Durante todo o trabalho do Censo 2020, o ACM estará à fren-
te de dois grupos de ação:
QUEM É? • Gerencial – administração da equipe (supervisores e recen-
AGENTE CENSITÁRIO SUPERVISOR seadores), e dos materiais e equipamentos do Posto de Coleta;
• Técnico – acompanhamento técnico e monitoramento à co-
O Agente Censitário Supervisor (ACS) [Glossário] será a pes- leta de dados
soa que supervisionará o trabalho de uma equipe de Recense- O ACM responde técnica e administrativamente ao Coorde-
adores, orientando e corrigindo falhas, assegurando, assim, a nador Censitário de Subárea (CCS), como visto na estrutura cen-
qualidade dos trabalhos. Em linhas gerais, buscará garantir que sitária simplificada.
o projeto Censo Demográfico 2020 se concretize com sucesso.
A primeira atividade do ACS é o reconhecimento do setor CONCEITOS
onde realizará o seu percurso completo, atualizando suas faces FUNDAMENTAIS
e seus logradouros. Concomitante ao reconhecimento do setor, Muitos dos conceitos que apresentaremos (como endereço,
coletará os dados da Pesquisa Urbanística do Entorno dos domi- morador, logradouro e domicílio) fazem parte do nosso cotidia-
cílios. Esta atividade ocorrerá em período anterior à coleta de no. Contudo, a atuação do Recenseador exige o conhecimento
dados realizada pelo Recenseador. específico dos conceitos fundamentais utilizados pelo IBGE, para
O ACS deverá registrar todas as informações encontradas du- colher resultados adequados.
rante o percurso que não estejam atualizadas ou em conformida-
de com os instrumentos de trabalho de campo (DMC, mapa do Divisão político-administrativa do Brasil
setor ou descritivo). Para nos ajudar a compreender o que é o setor censitário,
O ACS exercerá, ainda, as tarefas de supervisão da operação devemos compreender, em primeiro lugar, o que é a divisão polí-
censitária, com atenção às questões técnicas e de informática, tico-administrativa brasileira.
exercendo, quando necessário, tarefas administrativas, como re-
novação de contratos, avaliação de Recenseadores, etc. Estará
subordinado ao Agente Censitário Municipal (ACM).

7
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
A extensão, o conteúdo territorial, o número de domicílios e estabelecimentos presentes no Setor Censitário [Glossário] influen-
ciam a carga de trabalho do Recenseador. Por isso, os setores censitários são planejados para que possuam dimensões adequadas ao
trabalho das pesquisas do IBGE. Além disso, os setores censitários respeitam a divisão político-administrativa do país e outros recortes
geográficos.
O Brasil está dividido, em seu aspecto político-administrativo, nas seguintes unidades territoriais:
• Unidades Federativas,
• Municípios,
• Distritos e
• Subdistritos.
A figura a seguir apresenta um esquema dessas unidades e o número de cada uma delas no País em dezembro de 2019.

Caso necessário, relembre quais são algumas das entidades da Federação (estados, Distrito Federal e as suas respectivas siglas):

Setor Censitário: o local de trabalho do Recenseador


Para estudos estatísticos e geográficos, o IBGE subdivide as unidades territoriais da divisão político-administrativa brasileira em
áreas ainda menores. Cada uma dessas áreas é denominada Setor Censitário.
O Setor Censitário é uma unidade territorial de coleta e de divulgação de dados estatísticos do IBGE. É, na prática, a área de traba-
lho onde se localizam os domicílios e os estabelecimentos que serão visitados pelo Recenseador. O Setor Censitário pode ser urbano
ou rural, e é representado graficamente por um mapa.

8
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
A imagem exemplifica um Setor Censitário, com seus limites assinalados em cor amarela. Isso significa que a área de trabalho
abrange os domicílios e estabelecimentos situados em seu interior.

Situações dos Setores Censitários: áreas urbanas e rurais


Realizar a coleta do Censo em áreas urbanas [Glossário] envolve estratégias distintas das utilizadas em áreas rurais [Glossário].
Por isso, cada Setor Censitário recebe uma classificação de acordo com suas características geográficas. A tabela a seguir apresenta
resumidamente as situações dos Setores Censitários em áreas urbanas e rurais:

Feita a distinção entre urbano e rural, o IBGE identifica outras estruturas territoriais por meio dos tipos de Setores Censitários para
fins de coleta, conforme apresentados a seguir:

9
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

10
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Importante
Cada um desses tipos requer uma abordagem específica do Recenseador.

Setores Censitários de Povos e Comunidades Tradicionais


É importante destacar que o IBGE realiza o Censo em terras indígenas, territórios quilombolas e outras áreas habitadas por povos
e comunidades tradicionais. Estes são grupos culturalmente diferenciados e se reconhecem como tal, e por isso possuem formas pró-
prias de organização social, ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religio-
sa, ancestral e econômica, além de utilizarem conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.
Nessas áreas, as condições de acesso e percurso são negociadas com as lideranças comunitárias, e também com os órgãos que
atuam em parceria com o IBGE na realização do Censo. A necessidade dessa ação é assegurada pelo direito internacional previsto na
Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)*

Por meio dela, cabe ao Estado brasileiro garantir a consulta a esses povos mediante procedimentos apropriados e, particularmen-
te, através de suas instituições representativas, cada vez que se antevejam procedimentos suscetíveis a afetá-los diretamente, tais
como as pesquisas do IBGE.
Em muitas áreas indígenas, o Recenseador precisará ser acompanhado por um guia e/ou um intérprete. De acordo com o Censo
Demográfico 2010, 28,8% dos indígenas residentes em terras indígenas não falavam português no domicílio. A indicação do guia
e/ou intérprete é feita com apoio da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, da Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI como
também através de consulta às lideranças, que têm peso decisivo nessas indicações.
Em algumas áreas quilombolas, o Recenseador também precisará ser acompanhado por um guia comunitário.

Quadra e Face
Para que o Recenseador seja capaz de realizar o seu trabalho corretamente no seu Setor Censitário, é necessário compreender
dois conceitos básicos: Quadra e Face.
A imagem a seguir indica uma quadra padrão composta de 4 faces.

Quadra
É um trecho, geralmente retangular, de uma área urbana ou aglomerado rural, delimitado por elementos como: ruas, estradas,
estradas de ferro, cursos d’água ou encostas. Contudo, pode ter forma irregular. Em alguns locais, a quadra é chamada de quarteirão.

Face
É cada um dos lados da quadra, contendo ou não endereços.

Endereço
O endereço reúne informações que permitem identificar uma unidade construída ou em construção dentro de um município, tal
como uma casa, um prédio, um apartamento, um estabelecimento, etc.
O IBGE adota um Padrão de Registro de Endereços bastante detalhado, que será objeto do treinamento presencial.

11
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Consideram-se como componentes do endereço:
1) Logradouro;
2) Número;
3) Complemento; e
4) Coordenadas Geográficas.
Veremos a seguir como se definem esses componentes.

Logradouro
O logradouro é uma área ou via pública, reconhecida pela comunidade, em que circulam pessoas, veículos e mercadorias. Na maio-
ria das vezes, recebe um nome de conhecimento geral. Um logradouro pode ser uma avenida, uma viela, uma praça, uma estrada, um
acesso ou até mesmo um rio.
Ao se registrar um logradouro, deve-se denominá-lo preferencialmente segundo a forma oficial, sem omissão de termos e sem
abreviações.
Exemplos: Rua Santo Antônio, Avenida Corifeu de Azevedo Marques, Estrada BR 101, Rio Solimões etc.

Número
É o valor numérico propriamente dito que indica a posição da edificação no logradouro

Complemento
Muitas vezes, ao chegar a um número de um logradouro, observamos a existência de várias unidades, cujo acesso se dá pelo
mesmo número (pela mesma posição no logradouro). O complemento é utilizado para identificar cada unidade nesse número. Essa
situação é muito comum em edificações com múltiplas unidades, tais como prédios ou condomínios residenciais. São exemplos de
complemento: bloco, apartamento, casa 1, casa 2, fundos, sobrado etc.
A tabela a seguir apresenta alguns exemplos de endereços, segundo os componentes explicados acima:

12
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Coordenadas Geográficas
As coordenadas geográficas consistem em um dos métodos mais eficientes de localização, pois permitem identificar qualquer
ponto na superfície da Terra por meio de dois valores: latitude e longitude. Essas coordenadas são um importante recurso para o
trabalho nos Setores Censitários. Os valores de latitude e longitude podem ser obtidos através de um receptor de sinais de satélites,
que se encontra integrado ao DMC. Confira abaixo definições mais específicas desses valores:

Essas coordenadas são um importante recurso para o trabalho no Setor Censitário, tendo em vista que as Coordenadas Geográ-
ficas constituem um componente do endereço no IBGE. Durante o treinamento presencial, será realizado um exercício de simulação
sobre como obter as coordenadas no DMC.

Pesquisa Urbanística do Entorno dos domicílios


A Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios (Pesquisa do Entorno ou Entorno) é um levantamento de informações realiza-
do por observação em momento anterior ao da coleta do Censo Demográfico 2020, ou seja, antes da aplicação do questionário aos
informantes. Essa pesquisa é feita pelo Agente Censitária Supervisor (ACS), que preenche o questionário referente às características
urbanísticas do entorno dos domicílios.
Os objetivos da Pesquisa do Entorno 2020 são:
• Coletar dados de infraestrutura urbanística relativa à acessibilidade universal, como circulação de pessoas e veículos, drenagem
pluvial e equipamentos no espaço urbano.
• Fornecer insumos para melhorar a qualidade da cobertura da coleta do Censo 2020.

13
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
As questões são respondidas a partir da observação direta, ou Importante
seja, sem entrevistar ou colocar perguntas a moradores ou tran- Em todas essas situações, é importante certificar-se de que a
seuntes, em todas as faces de quadras urbanas, que são unidades ausência não tenha ultrapassado 12 meses, período considerado
de coleta do levantamento. até a data de referência – à meia-noite do dia 31 de julho para 1º
A área de análise de alguns quesitos levantados será apenas de agosto de 2020.
a Face, enquanto de outros serão a Face e a Face confrontante. O
percurso desta coleta de informações será o mesmo aplicado ao É importante ter atenção a alguns casos especiais, a fim de
questionário e o supervisor deverá percorrê-lo a pé. evitar que uma mesma pessoa seja contada em dois domicílios ou
que não seja contada em nenhum dos dois. Vejamos:
Se, na data de referência, a pessoa se encontrava afastada do
domicílio de origem nas seguintes situações:
• estar internada permanentemente em sanatórios, asilos,
conventos ou estabelecimentos similares;
• estar morando em pensionatos sem ter outro local habitual
de residência;
• ter sido condenada com sentença definitiva declarada; ou
• ter migrado para outras regiões em busca de trabalho e lá
fixou residência.
... ela não será considerada moradora no domicílio de origem,
mas sim no local onde se encontrava, ainda que a ausência seja
inferior a 12 meses.

Quem deve ser recenseado?


Devem ser recenseadas todas as pessoas (inclusive crianças e
idosos) que moravam no domicílio na data de referência: à meia-
-noite do dia 31 de julho para 1º de agosto de 2020.
Logo, de acordo com esse critério, extraímos duas orienta-
ções:
Morador • Não recensear as pessoas que nasceram após essa data.
Para o IBGE, o Morador é a pessoa que: “tem o domicílio • Recensear as pessoas que faleceram após essa data, pois
como local habitual de residência na data de referência”. faziam parte do domicílio na data de referência.

Atenção Morador – com mais de uma residência


A presença ou ausência da pessoa no domicílio na data de No caso de pessoas que ocupam duas ou mais residências,
referência não define se ela é ou não moradora do domicílio. será necessário investigar com a pessoa entrevistada qual era sua
residência principal na data de referência [Glossário], pois ela não
Importante pode ser considerada moradora de duas residências ao mesmo
A data de referência é o parâmetro que indica quem deverá tempo.
ser recenseado. Para determinar qual é a residência principal do morador, de-
Devem ser recenseadas todas as pessoas que moravam no ve-se obedecer ao seguinte procedimento:
domicílio na data de referência: à meia-noite de 31 de julho para • Solicite ao entrevistado que indique qual a sua residência
1º de agosto de 2020 habitual (residência principal).
• Caso o entrevistado não possa indicá-la, considere como
A pessoa pode estar presente e não ser moradora, mas tam- principal a residência em que passa a maior parte do ano.
bém pode estar ausente e ser moradora. • Caso a pessoa ocupe duas residências em períodos iguais
Parece confuso, mas é fácil de explicar. durante o ano, considere a residência principal a que possui há
Morador é a pessoa que: mais tempo.
a. tem o domicílio como local habitual de residência e nele se
encontrava na data de referência; ou Espécie de unidade visitada
b. embora ausente na data de referência, tem o domicílio No dia a dia do trabalho de coleta de dados, poderão ser en-
como local habitual de residência, desde que a ausência não seja contrados três tipos de edificações nos endereços observados em
superior a 12 meses pelos motivos que veremos a seguir: campo. São eles:
b.1) viagem a passeio, a serviço, a negócios, de estudos etc.;
b.2) afastamento de sua comunidade tradicional por motivo • edificações exclusivamente constituídas de unidades resi-
de caça, pesca, extração vegetal, trabalho na roça, participação denciais, que são as casas, apartamentos etc., chamadas de do-
em festas ou rituais; micílios
b.3) internação em estabelecimento de ensino ou hospeda- • edificações exclusivamente constituídas de unidades não
gem em outro domicílio, pensionato, república de estudantes, vi- residenciais, que são as escolas, os postos de saúde, as lojas, de-
sando facilitar a frequência à escola durante o ano letivo; nominadas de estabelecimentos; e
b.4) detenção sem sentença definitiva declarada; • edificações mistas, que podem conter domicílios e estabe-
b.5) internação temporária em hospital ou estabelecimento lecimentos.
similar; e
b.6) embarque a serviço (militares, petroleiros).

14
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
As espécies das unidades visitadas se classificam de forma geral em:

Neste momento, é fundamental conhecer o que são as espécies de estabelecimento e domicílio, bem como duas classificações
mais específicas de domicílio (domicílio particular e domicílio coletivo).
No Censo, deve-se considerar a data de referência [Glossário] para classificar a espécie da unidade visitada encontrada no en-
dereço. Após a confirmação do endereço, o Recenseador identificará a unidade visitada conforme a finalidade de seu uso na data de
referência: à meia-noite do dia 31 de julho para 1º de agosto de 2020.

Importante
A finalidade de uso que se faz da edificação, na data de referência [Glossário], associada a um endereço, caracteriza a espécie da
unidade visitada - domicílio ou estabelecimento.

Estabelecimento
Toda edificação utilizada para fins não domiciliares encontrada nos setores censitários é classificada como estabelecimento.
Exemplos de estabelecimentos encontrados no trabalho de campo: escolas, prédios e lojas comerciais, postos de saúde, templos
religiosos, plantações etc. Existem, ainda, formas mais detalhadas de classificar os estabelecimentos, que serão estudadas no treina-
mento presencial.

Domicílio
Local construído ou utilizado com a finalidade de servir como residência ou moradia. Em geral, não há dificuldade para identificar
um domicílio, já que a maior parte das pessoas reside em apartamento ou casa.
Pode-se encontrar um domicílio em um lugar inesperado ou fora do comum, como, por exemplo, um cômodo que serve de mora-
dia em um prédio exclusivamente comercial ou nos fundos de uma olaria ou, ainda, encontrar domicílios em tendas, barracas, trailers
ou residências flutuantes.
A identificação de um domicílio dependerá da aplicação correta do seu conceito.

Importante
Domicílio é o local, estruturalmente separado e independente, que se destina a servir de habitação a uma ou mais pessoas. É
também domicílio o local que não era destinado originalmente a ser utilizado como tal, mas que passou a sê-lo em momento posterior.

Logo, o Recenseador deve estar sempre atento. Em um primeiro olhar, nem sempre é possível identificar se existe mais de um
domicílio em um mesmo terreno; ou se, além das aparências, existe um domicílio em local inesperado (ou não facilmente identificável).
Vejamos os exemplos dos grupos a seguir:

Primeiro grupo
Fundos de terrenos; andares superiores, inferiores, subsolos e residências de porteiro ou zelador em edifícios residenciais; e
habitações de caseiros em casas de veraneio.

Segundo grupo
Edificações aparentemente não residenciais: edifícios comerciais, estabelecimentos de prestação de serviços, indústrias, estabe-
lecimentos agropecuários etc.

Critérios de separação e independência


Os critérios de separação e independência são essenciais para definir e caracterizar corretamente a existência de um domicílio ou
mais de um em uma mesma propriedade ou terreno. Esses critérios devem ser atendidos simultaneamente.

15
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

Atenção
Um domicílio só será caracterizado corretamente quando forem atendidas, simultaneamente, as condições de separação e inde-
pendência.

Classificação dos domicílios


Os domicílios são classificados em dois grupos: domicílios particulares e domicílios coletivos.
Existem ainda, dentro desses dois grupos, outras classificações derivadas. Por ora, veremos apenas as que caracterizam esses dois
grupos: domicílio particular e domicílio coletivo. As demais classificações de domicílio serão objeto de estudo no treinamento presencial.

Domicílio Particular
É o domicílio que foi construído para habitação ou que é utilizado para esta finalidade, servindo de moradia a uma ou mais pes-
soas. Nele, o relacionamento entre seus ocupantes é ditado por laços de parentesco, de dependência doméstica ou por normas de
convivência.
Exemplos: casas, apartamentos em edifícios ou apart-hotéis, habitações em cortiço, casas de cômodos, habitação indígena sem
paredes ou malocas, e habitações em espaços improvisados (dentro de estabelecimentos sem instalações destinadas à moradia,
grutas, ruínas, tendas improvisadas etc.).

Domicílio Coletivo
É uma instituição ou estabelecimento onde a relação entre as pessoas que nele se encontravam, na data de referência [Glossá-
rio], restringia-se a normas de subordinação administrativa. Note que as pessoas que ali se encontravam podiam ser residentes ou
não. Por isso, o domicílio pode ser caracterizado como coletivo pela presença de moradores ou não na data de referência
Exemplos: abrigos, orfanatos, hotéis, quartéis, penitenciárias etc.

Características do Domicílio
O objetivo de se levantar as características do domicílio é conhecer as condições de moradia da população e os níveis de qualidade
de vida através do acesso a serviços básicos e quantidade de cômodos.

16
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Cômodo Pessoa alfabetizada
Para o IBGE, o conceito de cômodo é todo compartimento A pessoa alfabetizada que se tornou física ou mentalmente
coberto por um teto, limitado por paredes e que seja parte inte- incapacitada de ler ou de escrever, por motivo de acidente ou do-
grante do domicílio, inclusive banheiro e cozinha. Por “parede” ença, deve ser considerada como sabendo ler e escrever.
entende-se aqui a construção vertical que permite limitar, dividir
ou vedar espaços. Pessoa não alfabetizada
Note-se que o cômodo pode existir tanto na parte interna, A pessoa que aprendeu a ler e a escrever, mas que se esque-
quanto na parte externa da edificação principal do domicílio, ain- ceu de como fazê-lo devido a processo de alfabetização precá-
da sendo considerada como parte integrante do domicílio (por rio que não se consolidou, assim como aquela pessoa que nunca
exemplo, um banheiro construído separadamente da construção aprendeu a ler e a escrever, não devem ser consideradas como
principal dentro do mesmo terreno). sabendo ler e escrever.

Importante Deslocamento para Estudo


Banheiro é o cômodo de uso exclusivo dos moradores do do-
micílio, destinado a banho, que possua: chuveiro ou banheira e Dentre as outras questões relativas à educação que o Censo
vaso sanitário ou privada. pesquisa (e de que não trataremos aqui), está o Deslocamento
para Estudo. Para ela, o IBGE considera as seguintes definições:
Atenção • Município ou país estrangeiro em que a pessoa estuda.
Não são considerados cômodos: os corredores de ligação en- • Deslocamento para estudo: é o deslocamento feito pela
tre cômodos, as varandas abertas, garagem, compartimentos não pessoa entre o seu domicílio e o local de estudo.
residenciais, cozinha americana ou mezanino. • Local de estudo: colégio, escola, creche, universidade, ins-
tituto técnico etc.
CARACTERÍSTICAS DOS MORADORES
Para tornar possível o planejamento econômico e social da Atenção
população, é preciso conhecer as características dos moradores Para Ensino à Distância (EAD), considerar como local de estu-
e da população. do o polo físico.
Para compor a relação entre os moradores de um domicílio
é, fundamental que os próprios moradores definam uma pessoa Trabalho
responsável pelo local. Esta será usada como referência para re- O objetivo de se investigar sobre as questões relacionadas ao
gistrar os demais moradores. trabalho é:
Dessa forma, é considerada pessoa responsável homem ou • conhecer a composição da força de trabalho no país; e
mulher com, no mínimo, dez anos de idade, reconhecida como tal • identificar as principais características do trabalho da popu-
pelos demais moradores do domicílio. lação, como ocupação, atividade e rendimento.
Para o levantamento das informações sobre trabalho, as de-
Etnias e migração finições utilizadas pelo IBGE serão esclarecidas no treinamento
No levantamento das informações sobre os moradores, são presencial. Uma dessas definições é sobre deslocamento para o
investigados os seguintes temas: pertencimento étnico-racial, trabalho
imigração internacional e migração interna. Veremos, a seguir,
como eles são definidos pelo IBGE: Importante
• Pertencimento étnico-racial: é o pertencimento declarado O deslocamento para o trabalho é aquele feito pela pessoa
da pessoa a um grupo étnico – indígena ou quilombola – ou a sua entre o seu domicílio e o local de trabalho informado, conside-
classificação declarada em relação às categorias de cor ou raça rando o tempo, a frequência e os meios de transporte utilizados.
do IBGE.
• Imigração Internacional: é o ato de ingressar no Brasil para CONCLUINDO
aqui residir. Chegamos ao final do Estudo dos Conhecimentos Técnicos re-
• Migração Interna: é o ato de deixar um município para mo- ferentes ao Censo Demográfico 2021!
rar em outro município dentro do Território Nacional. Aqui foram apresentados conceitos e informações considera-
dos relevantes pelo IBGE para a qualidade da operação censitária.
Educação Esse conteúdo será objeto de avaliação no Processo Seletivo Sim-
O objetivo do levantamento de informações sobre educação plificado e, posteriormente, será aprofundado no treinamento
é caracterizar a educação da população residente no Brasil, inves- presencial.
tigando o analfabetismo, a frequência escolar, o nível de instru-
ção e a área de formação no ensino superior Atenção
No grupo de quesitos de educação, questiona-se, por exem- É muito importante que você esteja preparado para desem-
plo, sobre a alfabetização do morador, com a seguinte pergunta: penhar bem o seu trabalho com profissionalismo e segurança.
sabe ler ou escrever?
Com isso, busca-se captar se a pessoa sabe ler e escrever pelo GLOSSÁRIO
menos um bilhete simples, no idioma que conhece, independen- Agente Censitário Supervisor (ACS)
temente do fato de estar ou não frequentando escola e já ter con- É a pessoa que supervisionará o trabalho de uma equipe de
cluído períodos letivos Recenseadores, orientando e corrigindo falhas, assegurando, as-
sim, a qualidade dos trabalhos.

17
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Setor Censitário ( )a Sociedade brasileira.
É a unidade territorial de coleta das operações censitárias, ( )os Institutos de pesquisa e estatística privados.
definida pelo IBGE, com limites físicos identificados em áreas con- ( )a Mídia em geral.
tínuas e respeitando a divisão político-administrativa do Brasil. ( ) os Órgãos técnico-governamentais.
Equipe encarregada do gerenciamento, da supervisão e da
coleta de dados Questão 4: Antes da execução de um censo, é realizado um
Equipe formada pelo Agente Censitário Municipal (ACM), ensaio geral com objetivo de testar todas as definições e proce-
pelo Agente Censitário Supervisor (ACS) e pelo Recenseador. dimentos planejados. Para a operação censitária de 2021, esse
ensaio foi o Censo Experimental 2019.
INSS Assinale a opção coerente em relação à essa etapa da opera-
O Instituto Nacional do Seguro Social é um órgão do Ministé- ção censitária:
rio da Previdência ( ) O Censo Experimental, por ser apenas um momento de
Social, ligado diretamente ao Governo. ajuste das questões da pesquisa censitária, não contou com a eta-
IRPF pa de coleta de dados.
Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) é um imposto fede- ( ) Os dados coletados para o Censo Experimental 2019 foram
ral brasileiro que relativos ao estado de coisas para uma data específica ou de refe-
incide sobre todas as pessoas que tenham obtido um ganho rência, e é um retrato da situação naquele momento.
acima de um ( ) Os aspectos quantitativos e características da população
determinado valor mínimo. foram coletados considerando o intervalo entre o censo anterior
Área urbana (2010) e a data de referência do censo atual.
Área interna ao perímetro urbano de uma cidade ou vila, de- ( ) A coleta do Censo Experimental foi realizada no Município
finida por lei de Poços de Caldas, Minas Gerais, considerando o período entre
municipal. Anteriormente, quando não existia legislação que 23 de setembro de 2018 e 22 de novembro de 2019.
regulamentasse as
áreas urbanas de cidades ou vilas, o perímetro urbano foi tra- Questão 5: A data de referência, em um censo, indica o ins-
çado para atender tante no tempo que serve de referência para a coleta de dados.
a finalidade da coleta censitária. Qual é a data de referência do Censo Demográfico 2021?
Área rural Assinale a alternativa que contém a data de referência cor-
É definida pelo IBGE como toda a área externa ao perímetro reta:
urbano. ( )À meia-noite de 31 de julho para 1º. de agosto de 2021.
( )À meia-noite de 31 de agosto para 1º. de setembro 2021.
( )À meia-noite de 31 de março para 1º. de abril de 2021.
EXERCÍCIOS ( )À meia-noite de 31 de dezembro para 1º. de janeiro de
2021.
Questão 1: Julgue a afirmação a seguir:
O IBGE oferece um panorama objetivo e atual do país, com a Questão 6: Durante o seu trabalho de coleta de dados, o Re-
produção e a disseminação de informações de natureza estatísti- censeador ficará lotado em um local físico sob responsabilidade
ca, geográfica e ambiental. do IBGE, chamado: __________________________.
Essa missão se concretiza quando o IBGE: Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna:
1. Identifica, mapeia e analisa o território;
2. Realiza a contagem da população; ( )Setor censitário.
3. Informa como a população vive. ( )Posto de coleta.
Esse conjunto de afirmações é: ( )Polo físico.
( )Falso. ( )Logradouro.
( )Verdadeiro.
Questão 7: Durante a coleta de dados, o Recenseador terá
Questão 2: Julgue a afirmação a seguir: dois instrumentos de trabalho disponíveis.
O Censo Demográfico é a operação realizada a cada 10 anos Marque a opção que indica corretamente esses dois recursos:
para contar a população e obter informações sobre: ( ) Mapa do Setor Censitário (em papel) e Lista de endereços
1. Sua distribuição territorial no país; dos domicílios.
2. Principais características de seus integrantes e de seus do- ( ) Bloco de informações sobre o morador e Dispositivo Móvel
micílios; e de Coleta (DMC).
3. Acompanhar a evolução qualitativa ao longo do tempo. ( ) Mapa do Setor Censitário (em papel) e Dispositivo Móvel
Esse conjunto de afirmações é: de Coleta (DMC).
( )Falso. ( ) Lista de endereços dos domicílios e Bloco de informações
( )Verdadeiro. sobre o morador.

Questão 3: Para chegar a um consenso sobre quais questões Questão 8: O _________________________ é o responsável
serão investigadas no Censo Demográfico 2021, o IBGE promo- por fazer o trabalho da coleta de dados por meio de entrevistas
ve consultas e debates amplos com: ___________________ e com os moradores. Estando em contato direto com o público, ele
______________________. representa o IBGE para a sociedade.
Assinale as alternativas que completam adequadamente as
lacunas anteriores:

18
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Assinale a função que caracteriza adequadamente a definição Questão 14: A abordagem aos moradores é um momento crí-
acima: tico da coleta em que o informante faz um primeiro “julgamento”
( )Recenseador. do Recenseador.
( )Agente Censitário Municipal. Assinale a opção que não contém uma recomendação impor-
( )Agente Censitário Supervisor. tante para o momento da coleta:
( )Coordenador Censitário de Subárea. a) Demonstre profissionalismo e credibilidade.
b) Cumprimente o informante e identifique-se, demonstran-
Questão 9: A seguir são indicadas três situações de endere- do que você é uma pessoa credenciada e treinada para realizar a
ços encontrados em campo. coleta pelo IBGE.
( ) Os novos endereços que foram encontrados em campo de- c) Seja objetivo, fale brevemente o que deseja.
vem ser_____________________________ . d) Em caso de resistência, mostre os dados coletados nos do-
( ) Endereços que continuam presentes em campo, após veri- micílios vizinhos.
ficação devem ser___________________________ .
( ) Endereços que não forem encontrados em campo devem Questão 15: Em relação aos Agentes Censitários (ACM e ACS)
ser____________________________ . associe corretamente as funções com os cargos:
Para cada uma delas o Recenseador deverá atribuir um sta- O ___________________________ exercerá as tarefas de
tus: supervisão da operação censitária, com atenção às questões téc-
1. Confirmados nicas e de informática, exercendo, quando necessário, tarefas ad-
2. Incluídos ministrativas, como renovação de contratos, avaliação da coleta
3. Excluídos de dados etc. Sua principal função é acompanhar, avaliar e, so-
Assinale a opção que indica a ordem correta dos status nas bretudo, orientar os Recenseadores durante a execução dos tra-
três situações respectivamente: balhos de campo. Assim, evitam-se erros no preenchimento dos
( ) 1, 3, 2. questionários e falhas na cobertura do Setor (como a omissão de
( ) 2, 3, 1. pessoas e domicílios).
( ) 1, 2, 3.
( ) 2, 1, 3. ( )Agente Censitário Municipal – ACM.
Questão 10: Julgue a afirmação a seguir: ( )Agente Censitário Supervisor – ACS.
A diferença entre remuneração bruta e remuneração líquida ( )Coordenadores Censitários de Subárea – CCS.
do Recenseador está nos descontos que incidem sobre a primeira, ( )Recenseador.
tais como: INSS, IRPF e pensão alimentícia e valores de produção
recebidos indevidamente. Questão 16: Correlacione os papeis dos profissionais no cen-
( )Falso. so 2021 as suas atribuições:
( )Verdadeiro. 1. Agente Censitário Municipal (ACM)
2. Agente Censitário Supervisor (ACS)
Questão 11: Julgue a afirmação a seguir: 3. Recenseador
É correto afirmar que o tratamento cortês, respeitoso e segu- ( ) Pessoa que supervisionará o trabalho de uma equipe de re-
ro com o informante é fundamental para estabelecer uma relação censeadores, orientando e corrigindo falhas, assegurando, assim,
de confiança e cooperação com o Recenseador. a qualidade dos trabalhos.
( )Falso. ( ) Pessoa responsável por fazer o trabalho da coleta de dados
( )Verdadeiro. por meio de entrevistas com os moradores.
( ) Desempenhará a função de gerente do Posto de Coleta.
Questão 12: Julgue a afirmação a seguir: Realizando as seguintes funções: gerenciar um grupo de super-
A garantia de que as informações obtidas pelo Censo Demo- visores, distribuir tarefas e equipamentos de coleta, assim como
gráfico e por quaisquer outras pesquisas são sigilosas é funda- acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos, e cobrar o cumpri-
mental tanto para os informantes quanto para o IBGE. Por isso, mento das normas estabelecidas pelo IBGE.
o informante deve ser avisado que essas informações poderão Assinale a alternativa que indica a ordem correta do preen-
ser utilizadas por agências de empregos que tenham interesse na chimento da correlação:
pesquisa. ( )2, 1, 3.
( )Falso. ( )3, 2, 1.
( )Verdadeiro. ( )1, 2, 3.
( )2, 3, 1.
Questão 13: Durante o seu trabalho de coleta em campo, o
Recenseador deve seguir rigorosamente as orientações ofereci- Questão 17: A unidade territorial de coleta e divulgação de
das no treinamento do IBGE e a orientação de: dados estatísticos do IBGE que é, na prática, a área de trabalho
a) Permitir que pessoas não autorizadas pelo IBGE o acompa- onde se localizam os domicílios e estabelecimentos que serão vi-
nhem em seu trabalho. sitados pelo Recenseador pode ser chamada de:
b) Fazer comentários sobre informação obtida durante seu a) Posto de coleta.
trabalho. b) Setor Censitário.
c) Permitir que pessoas estranhas ao serviço manuseiem os c) Domicílio.
equipamentos de coleta. d) Unidade de visita.
d) Impedir que fatos ou informações sigilosas sobre os infor-
mantes sejam revelados.

19
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Questão 18: Para o IBGE, cômodo é todo compartimento co- Questão 24: Em Domicílios coletivos, as pessoas que ali se
berto por um teto, limitado por paredes e que seja parte integran- encontravam, na data de referência, tinham a sua relação regida
te do domicílio, mesmo se localizado em sua parte externa. por normas de subordinação administrativa. Essas pessoas po-
Assinale as opções que caracterizam um “cômodo”: diam morar no local ou não, passando apenas parte de seu dia
( )Cozinhas. no recinto.
( )Garagem. A partir da explicação acima, indique a alternativa em que
( )Salas. todas as opções apresentadas representam domicílios coletivos:
( )Recinto com chuveiro e vaso sanitário. a) Abrigos, orfanatos, hotéis e presídios.
( )Varanda aberta. b) Asilo, hospital e domicílio particular.
( )Quartos. c) Casa de detenção, condomínio e apartamento.
( )Corredores entre cômodos. d) Habitações indígenas(malocas), hospital, apartamento e
( )Cozinha americana. quartéis.

Questão 19: Define-se como morador a pessoa que tem o do- Questão 25: No levantamento das informações sobre os mo-
micílio como local habitual de ___________________ e nele se radores são investigados diversos temas como etnia, emigração
encontrava na data de ___________________. internacional, imigração internacional e migração interna. Consi-
( )residência – referência. derando os temas citados, assinale a opção que “É o ato de deixar
( )referência – entrevista. um município para morar em outro município dentro do Territó-
( )residência – entrevista. rio Nacional.”
( )residência – nascimento. ( )Imigração Internacional.
( ) Emigração Internacional.
Questão 20: Marcos Coimbra estava viajando a trabalho na ( ) Migração Interna
data de referência. Sua mãe informou que ele está nos Estados ( )Extradição.
Unidos desde 30 de maio de 2021. Assim, ele deverá ser conside-
rado _________________ em seu _________________ habitual, Questão 26: No levantamento das informações sobre os mo-
e deverá ser incluído na coleta, pois sua ausência não ultrapassou radores são investigados diversos temas. Assinale a alternativa
12 meses. que indica o conceito que descreve adequadamente a definição
( ) recenseador – endereço. a seguir:
( )morador – domicílio. “É uma comunidade humana definida por afinidades linguísti-
( )morador – trabalho. cas, culturais e sociais. Corresponde também a “povo” (no sentido
( )recenseador – trabalho. de conjunto de pessoas que se caracterizam por uma cultura e
forma de vida social própria).”
Questão 21: Alguns critérios são essenciais para definir e ca- a) Identificação étnico-racial.
racterizar corretamente a existência de um domicílio ou mais de b) Domicílio particular.
um em uma mesma propriedade ou terreno. Esses critérios de- c) Logradouro.
vem ser atendidos simultaneamente. d) Domicílio coletivo.
Assinale a alternativa que indica quais critérios atendem a
classificação da existência de um domicílio ou mais de um em uma Questão 27: Para compor a relação entre os moradores de
mesma propriedade ou terreno: um domicílio é fundamental que os próprios moradores definam
( )Independência e Separação. uma pessoa responsável pelo local. Esta pessoa será usada como
( ) Acesso direto e exclusividade referência para registrar os demais moradores. Assim, para o
( ) Independência e simultaneidade. IBGE, é considerada pessoa responsável homem ou mulher com,
( ) Separação e divisão de despesas no mínimo, ____________________ de idade, reconhecida como
tal pelos demais moradores do domicílio.
Questão 22: Os domicílios são classificados em dois grupos: a) 5 anos (cinco).
domicílios particulares e domicílios coletivos. Assinale, nas opções b) 12 anos (doze).
a seguir, apenas os exemplos de domicílios particulares: c) 15 anos (quinze).
( )Casas. d) 18 anos (dezoito).
( ) Habitações em cortiço.
( ) Hotéis. Questão 28: No grupo de quesitos de educação, questiona-
( ) Habitação indígena. -se, por exemplo, sobre a alfabetização do morador, com a se-
( ) Quartéis guinte pergunta: “Sabe ler ou escrever?”. O Recenseador deve
( ) Orfanatos. captar se o respondente:
( ) Tendas improvisadas. a) Frequenta ou frequentou uma escola em algum momento
da vida.
Questão 23: Julgue a afirmação a seguir: Nos domicílios par- b) Sabe escrever seu nome.
ticulares, o relacionamento entre seus ocupantes é ditado por c) Sabe ler e escrever pelo menos um bilhete simples.
laços de parentesco, dependência doméstica ou por normas de d) Tem um certificado de conclusão da classe de alfabetiza-
convivência. ção.
( )Falso.
( )Verdadeiro.

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CONHECIMENTOS TÉCNICOS

GABARITO ANOTAÇÕES
______________________________________________________
1 V
______________________________________________________
2 F
3 “a Sociedade brasileira” e “os Órgãos técnico-governa- ______________________________________________________
mentais”
______________________________________________________
4 2ª. alternativa
______________________________________________________
5 1ª. alternativa
6 Posto de coleta. ______________________________________________________
7 3ª. alternativa ______________________________________________________
8 Recenseador
______________________________________________________
9 2, 1, 3
10 V ______________________________________________________
11 V ______________________________________________________
12 F
______________________________________________________
13 D
14 D ______________________________________________________
15 Agente Censitário Supervisor – ACS. ______________________________________________________
16 2, 3, 1
______________________________________________________
17 Setor Censitário
18 Cozinhas; Salas; Recinto com chuveiro e vaso sanitário; ______________________________________________________
Quartos
______________________________________________________
19 residência – referência.
20 morador – domicílio ______________________________________________________
21 Independência e Separação ______________________________________________________
22 Casas; Habitações em cortiço; Habitação indígena; Ten-
das improvisadas ______________________________________________________

23 V ______________________________________________________
24 A
______________________________________________________
25 Migração Interna
______________________________________________________
26 Identificação étnico-racial
27 12 anos (doze) ______________________________________________________
28 C _____________________________________________________

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______________________________________________________

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CONHECIMENTOS TÉCNICOS
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