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APRESENTAÇÃO

Um bom planejamento é determinante para a sua preparação


de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro foi
organizado de acordo com os itens mais relevantes e principais
atualizações do último edital para o cargo de Técnico Bancário
da Caixa Econômica Federal – CAIXA.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do último edital e reorganizando-os
quando necessário, de uma maneira didática para que você
realmente consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca CESGRANRIO, organizadora responsável pelo
último certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time e da vasta experiência de nossos professores e
autores parceiros. Nosso time faz tudo pensando no seu sonho
de ser aprovado em um concurso público.

Agora é com você!


SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA .................................................................................. 11


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ...................................................................... 11

TIPOLOGIA TEXTUAL.......................................................................................................................... 13

ORTOGRAFIA OFICIAL ....................................................................................................................... 17

ACENTUAÇÃO GRÁFICA ........................................................................................................................................ 17

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS........................................................................................ 18

COLOCAÇÃO DO PRONOME ÁTONO ................................................................................................................. 27

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.............................................................................. 37

SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO ............................................................................................ 38

PONTUAÇÃO ........................................................................................................................................... 47

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL ......................................................................................... 50

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL ..................................................................................................... 54

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS ....................................................................................................... 55

MATEMÁTICA FINANCEIRA ........................................................................ 63


CONCEITOS GERAIS............................................................................................................................. 63

O CONCEITO DO VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO ..................................................................................... 63

FLUXOS DE CAIXA E DIAGRAMAS DE FLUXO DE CAIXA ............................................................................ 64

EQUIVALÊNCIA FINANCEIRA .............................................................................................................................. 64

SEQUÊNCIAS ........................................................................................................................................... 65

LEI DE FORMAÇÃO DE SEQUÊNCIAS E DETERMINAÇÃO DE SEUS ELEMENTOS .............................. 65

PROGRESSÕES ARITMÉTICAS ............................................................................................................................. 66

PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS ............................................................................................................................ 67

JUROS SIMPLES...................................................................................................................................... 68

CÁLCULO DO MONTANTE, DOS JUROS, DA TAXA DE JUROS, DO PRINCIPAL E DO PRAZO DA


OPERAÇÃO FINANCEIRA ....................................................................................................................................... 68

JUROS COMPOSTOS .............................................................................................................................. 74


CÁLCULO DO MONTANTE, DOS JUROS, DA TAXA DE JUROS, DO PRINCIPAL E DO PRAZO DA
OPERAÇÃO FINANCEIRA ...................................................................................................................................... 74

DESCONTOS............................................................................................................................................ 84

CÁLCULO DO VALOR ATUAL, DO VALOR NOMINAL E DA TAXA DE DESCONTO .............................. 84

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO ......................................................................................................... 85

SISTEMA PRICE (MÉTODO DAS PRESTAÇÕES CONSTANTES) E SISTEMA SAC (MÉTODO DAS
AMORTIZAÇÕES CONSTANTES) ........................................................................................................................ 85

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS.................................................................. 91
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ................................................................................................ 91

MERCADO FINANCEIRO E SEUS DESDOBRAMENTOS (MERCADOS MONETÁRIO,


DE CRÉDITO, DE CAPITAIS E CAMBIAL) ....................................................................................... 99

OS BANCOS NA ERA DIGITAL: ATUALIDADE, TENDÊNCIAS E DESAFIOS ....................... 101

INTERNET BANKING ............................................................................................................................................ 101

FINTECHS E STARTUPS ....................................................................................................................................... 101

MOBILE BANKING ................................................................................................................................................. 101

OPEN BANKING ...................................................................................................................................................... 102

O DINHEIRO NA ERA DIGITAL: BLOCKCHAIN, BITCOIN E DEMAIS CRIPTOMOEDAS 104

SISTEMA DE PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS (PIX) .................................................................................... 106

SISTEMA DE BANCOS-SOMBRA (SHADOW BANKING) .............................................................................. 107

BIG TECHS ................................................................................................................................................................ 107

NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS .................................................................................................. 108

CORRESPONDENTES BANCÁRIOS ................................................................................................ 109

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO SISTEMA FINANCEIRO ..................................................... 110

MOEDA E POLÍTICA MONETÁRIA ................................................................................................ 110

POLÍTICAS MONETÁRIAS CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS (QUANTITATIVE EASING) 110

TAXA SELIC E OPERAÇÕES COMPROMISSADAS ........................................................................................ 111

O DEBATE SOBRE OS DEPÓSITOS REMUNERADOS DOS BANCOS COMERCIAIS NO


BANCO CENTRAL DO BRASIL ........................................................................................................ 112

ORÇAMENTO PÚBLICO, TÍTULOS DO TESOURO NACIONAL E DÍVIDA PÚBLICA......... 112

PRODUTOS BANCÁRIOS: PROGRAMAS SOCIAIS E BENEFÍCIOS DO TRABALHADOR 114


NOÇÕES DE MERCADO DE CAPITAIS .......................................................................................... 115

NOÇÕES DE MERCADO DE CÂMBIO ............................................................................................. 125

INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A OPERAR E OPERAÇÕES BÁSICAS .................................................... 125

REGIMES DE TAXAS DE CÂMBIO FIXAS, FLUTUANTES E REGIMES INTERMEDIÁRIOS ................ 126

TAXAS DE CÂMBIO NOMINAIS E REAIS ......................................................................................................... 126

IMPACTOS DAS TAXAS DE CÂMBIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES;


DIFERENCIAL DE JUROS INTERNO E EXTERNO .......................................................................................... 127

PRÊMIOS DE RISCO; FLUXO DE CAPITAIS E SEUS IMPACTOS SOBRE AS TAXAS DE CÂMBIO..... 128

DINÂMICA DO MERCADO: OPERAÇÕES NO MERCADO INTERBANCÁRIO ..................... 128

MERCADO BANCÁRIO: OPERAÇÕES DE TESOURARIA, VAREJO BANCÁRIO E


RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO .......................................................................................................... 130

CONSÓRCIOS ............................................................................................................................................................ 130

INVESTIMENTOS E SEGUROS, CAPITALIZAÇÃO ......................................................................................... 130

PREVIDÊNCIA E POUPANÇA .............................................................................................................................. 132

CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR ............................................................................................................... 134

NOÇÕES DE CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO ............................................................................................ 137

CRÉDITO RURAL .................................................................................................................................................... 139

TAXAS DE JUROS NOMINAIS E REAIS .......................................................................................... 142

TAXAS DE JUROS DE CURTO PRAZO E A CURVA DE JUROS ................................................. 143


TAXA DE JUROS DE CURTO PRAZO .................................................................................................................. 143

CURVA DE JUROS ................................................................................................................................................... 143

GARANTIAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ............................................................... 144

AVAL, FIANÇA, PENHOR MERCANTIL, ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, HIPOTECA E


FIANÇAS BANCÁRIAS ............................................................................................................................................ 144

PREVENÇÃO E COMBATE AO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO................................... 148

CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO: CONCEITO E ETAPAS .................................................................... 148

LEI Nº 9.613, DE 1998 E SUAS ALTERAÇÕES ..................................................................................................... 149

CIRCULAR Nº 3.978, DE 23 DE JANEIRO DE 2020............................................................................................. 156

CARTA CIRCULAR Nº 4.001, DE 29 DE JANEIRO DE 2020 E SUAS ALTERAÇÕES .................................. 159

AUTORREGULAÇÃO BANCÁRIA .................................................................................................... 163

SIGILO BANCÁRIO: LEI COMPLEMENTAR Nº 105, DE 2001 E SUAS ALTERAÇÕES .......... 164
LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD): LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO
DE 2018 E SUAS ALTERAÇÕES ......................................................................................................... 166

LEGISLAÇÃO ANTICORRUPÇÃO: LEI Nº 12.846, DE 2013 E DECRETO Nº 11.129,


DE 11 DE JULHO DE 2022.................................................................................................................... 174

ÉTICA APLICADA: ÉTICA, MORAL, VALORES E VIRTUDES ................................................ 183

NOÇÕES DE ÉTICA EMPRESARIAL E PROFISSIONAL ............................................................ 185

A GESTÃO DA ÉTICA NAS EMPRESAS PÚBLICAS E PRIVADAS ............................................................. 186

LEI Nº 7.998, DE 1990 (PROGRAMA DESEMPREGO E ABONO SALARIAL - BENEFICIÁRIOS


E CRITÉRIOS PARA SAQUE) ........................................................................................................... 187

ARTIGO 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE,
MORALIDADE, PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA)........................................................................... 193

LEI COMPLEMENTAR Nº 7, DE 1970 (PIS) ..................................................................................... 195

LEI Nº 8.036, DE 1990 (FGTS): POSSIBILIDADES E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO/SAQUE;


CERTIFICADO DE REGULARIDADE DO FGTS; GUIA DE RECOLHIMENTO (GRF) ......... 197

PRODUTOS: ABERTURA E MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS: DOCUMENTOS BÁSICOS .. 203

PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA: CAPACIDADE E INCAPACIDADE CIVIL,


REPRESENTAÇÃO E DOMICÍLIO................................................................................................... 205

SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO .................................................................................. 206

CÓDIGO DE ÉTICA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL; CÓDIGO DE CONDUTA DA


CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E A POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ......................................................... 211

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA .................................... 217


REPRESENTAÇÃO TABULAR E GRÁFICA................................................................................... 217

MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL (MEDIDAS DE POSIÇÃO: MÉDIA, MEDIANA,


MODA, MÍNIMO E MÁXIMO) E DE DISPERSÃO (AMPLITUDE, AMPLITUDE
INTERQUARTIL,
VARIÂNCIA, DESVIO PADRÃO E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO) ........................................ 219

CÁLCULO DE PROBABILIDADE...................................................................................................... 223

TEOREMA DE BAYES E PROBABILIDADE CONDICIONAL .................................................... 229

POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................................................ 230

CORRELAÇÃO LINEAR SIMPLES .................................................................................................. 231


CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA.................................................... 237
EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT
OFFICE - WORD, EXCEL E POWERPOINT - VERSÃO O365)..................................................... 237

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO..................................................................................................... 256

FUNDAMENTOS, CONCEITOS E MECANISMOS DE SEGURANÇA........................................................... 256

SEGURANÇA CIBERNÉTICA: RESOLUÇÃO CMN Nº 4893, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2021 ............... 267

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES,


ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS ............................................................................................. 272

REDES DE COMPUTADORES ........................................................................................................... 280

CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................................................................... 280

FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE INTERNET E INTRANET .......................... 281

NAVEGADOR WEB (MICROSOFT EDGE VERSÃO 91 E MOZILLA FIREFOX VERSÃO 78 ESR) ....... 283

CORREIO ELETRÔNICO, GRUPOS DE DISCUSSÃO, FÓRUNS E WIKIS .................................................. 285

REDES SOCIAIS.................................................................................................................................... 289

LINKEDIN ................................................................................................................................................................. 290

FACEBOOK ............................................................................................................................................................... 290

TWITTER .................................................................................................................................................................. 292

INSTAGRAM ............................................................................................................................................................. 293

WHATSAPP ............................................................................................................................................................... 293

YOUTUBE .................................................................................................................................................................. 295

TELEGRAM .............................................................................................................................................................. 296

VISÃO GERAL SOBRE SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO E INTELIGÊNCIA DE


NEGÓCIO ............................................................................................................................................... 296

CONCEITOS DE TECNOLOGIAS E FERRAMENTAS MULTIMÍDIA, DE REPRODUÇÃO DE


ÁUDIO E VÍDEO ................................................................................................................................... 300

FERRAMENTAS DE PRODUTIVIDADE E TRABALHO A DISTÂNCIA ................................... 303

ATENDIMENTO BANCÁRIO ...................................................................... 309


NOÇÕES DE ESTRATÉGIA EMPRESARIAL: ANÁLISE DE MERCADO, FORÇAS
COMPETITIVAS, IMAGEM INSTITUCIONAL E IDENTIDADE E POSICIONAMENTO ..... 309

SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ...................................................................................................... 312

AÇÕES PARA AUMENTAR O VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE ..................................... 314


GESTÃO DA EXPERIÊNCIA DO CLIENTE .................................................................................... 315

APRENDIZAGEM E SUSTENTABILIDADE ORGANIZACIONAL ............................................ 316

CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS: INTANGIBILIDADE, INSEPARABILIDADE,


VARIABILIDADE E PERECIBILIDADE .......................................................................................... 318

GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS ..................................................................................... 318

TÉCNICAS DE VENDAS: DA PRÉ ABORDAGEM AO PÓS-VENDAS ....................................... 319

NOÇÕES DE MARKETING DIGITAL: GERAÇÃO DE LEADS, TÉCNICA DE


COPYWRITING, GATILHOS METAIS E INBOUND MARKETING .......................................... 321

ÉTICA E CONDUTA PROFISSIONAL EM VENDAS ..................................................................... 322

PADRÕES DE QUALIDADE NO ATENDIMENTO AOS CLIENTES ........................................... 323

UTILIZAÇÃO DE CANAIS REMOTOS PARA VENDAS .............................................................. 324

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E SUA RELAÇÃO COM VENDAS E


NEGOCIAÇÃO ...................................................................................................................................... 324

POLÍTICA DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE: RESOLUÇÃO CMN Nº 4.949, DE 30


DE SETEMBRO DE 2021...................................................................................................................... 325

RESOLUÇÃO CMN Nº 4860, DE 23 DE OUTUBRO DE 2020.......................................................... 327

RESOLUÇÃO CMN Nº 3.694, DE 2009, E ALTERAÇÕES ............................................................... 331

LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (ESTATUTO DA PESSOA


COM DEFICIÊNCIA): LEI Nº 13.146, DE 06 DE JULHO DE 2015 ................................................. 332

CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR: LEI Nº 8.078. DE 1990 (VERSÃO


ATUALIZADA) ...................................................................................................................................... 346
Dica
Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do texto nas
linhas apresentadas.

LÍNGUA PORTUGUESA Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras”


para se buscar essas pistas.
A primeira e mais importante delas é identificar a
orientação do pensamento do autor do texto, que fica
perceptível quando identificamos como o raciocínio
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
DE TEXTOS da análise de dados, informações com fontes confiáveis
ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
A interpretação e a compreensão textual são aspec- das consequências, a fim de se identificar as causas.
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- Por isso, é preciso compreender como podemos
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
a aprovação.
A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
Além disso, seja a compreensão textual, seja a
que focam nas formas de inferência sobre um texto.
interpretação textual, ambas guardam uma relação de
proximidade com um assunto pouco explorado pelos Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- o processo de inferência, que se dá por dedução ou
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
linguística pode assumir. O marido da minha chefe parou de beber.
Portanto, neste material você encontrará recursos Observe que é possível inferir várias informa-
para solidificar seus conhecimentos em interpretação ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
e compreensão textual, associando a essas temáticas enunciador é casada (informação comprovada pela
as relações semânticas que permeiam o sentido de expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
todo amontoado de palavras, tendo em vista que qual- dor está trabalhando (informação comprovada pela
quer aglomeração textual é, atualmente, considerada expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
texto e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada
ser reconhecido por quem o lê. pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma contextuais do próprio texto que induzem o leitor a
breve diferença entre os termos compreensão e interpretar essas informações.
interpretação textual. Tratando-se de interpretação textual, os processos
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
material, ainda que existam relações de sinonímia interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor texto junto da articulação com as informações acessa-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido das pelo leitor do texto.
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
interpretação realiza ligações com o texto a partir senta como ocorre a relação desses processos:
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- INFERÊNCIA
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos
INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
essencialmente relacionados à significação das palavras
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica.
Sabendo disso, é importante separarmos os con- A partir desse esquema, conseguimos visualizar
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
compreensivo. iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra-
Esses assuntos completam o estudo basilar de tégias que compõem cada maneira de inferir informa-
semântica com foco em provas e concursos, sempre ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento
praticar seus conhecimentos realizando a seleção de de mundo na interpretação de textos.
PORTUGUESA

exercícios finais, selecionados especialmente para


que este material cumpra o propósito de alcançar sua A INDUÇÃO
LÍNGUA

aprovação.
As estratégias de interpretação que observam
INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
INTERPRETAÇÃO oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus-
A inferência é uma relação de sentido conhecida car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no
desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre texto e que variam conforme o tipo textual. 11
interpretação de texto.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos Fique atento a essa informação, pois é uma das
identificar uma organização cronológica e espacial no primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, pretação textual: formular hipóteses, a partir da
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado entre outras informações que podem vir como “aces-
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
ideia/ponto de vista. leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
No processo interpretativo indutivo, as ideias são tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
organizadas a partir de uma especificação para uma pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
generalização. Vejamos um exemplo: um objetivo mais definido.
O processo de interpretação por estratégias de dedu-
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-  conhecimento linguístico;
te para não os amar, nem os imitar. São em geral  conhecimento textual;
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de  conhecimento de mundo.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos
detalhados e impotentes para generalizar, cur- O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21) Conhecimento Linguístico

O trecho em destaque na citação do escritor Lima Esse é o conhecimento basilar para compreensão
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
indutivo compõe a interpretação e decodificação de uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- nhecimento das regras de uma língua.
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, É importante salientar que as regras de reconhe-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- cimento sobre o funcionamento da língua não são,
necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
ção cronológica de um texto.
que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
A propriedade vocabular leva o que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
cérebro a aproximar as pa- bo-objeto (SVO) etc.
PROCURE SINÔNIMOS Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
lavras que têm maior asso-
ciação com o tema do texto linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
sobre como pronunciar português, passando pelo conheci-
Os conectivos (conjunções, mento de vocabulário e regras da língua, chegando até o
ATENÇÃO
preposições, pronomes) são conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
marcadores claros de Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
AOS
opiniões, espaços físicos e dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
CONECTIVO
localizadores textuais
S

A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo


temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possível
estrutura textual; na predição ele estará ativando
seu conhecimento prévio, e na testagem ele estará
enriquecendo, refinando, checando esse conheci-
mento. (KLEIMAN, 2016, p. 47)
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22 set. 2020.
12
Como é possível notar, o texto é uma peça publici-
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores TIPOLOGIA TEXTUAL
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que Tipos ou sequências textuais são unidades que estru-
podemos usar métodos dedutivos. turam o texto. Para Bronckart1, “são unidades estrutu-
rais, relativamente autônomas, organizadas em frases”.
Conhecimento Textual Os tipos textuais marcam uma forma de organiza-
ção da estrutura do texto, que se molda a depender
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- do gênero discursivo e da necessidade comunicativa.
mento linguístico e se desenvolve pela experiência Por exemplo, há gêneros que apresentam a predomi-
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de nância de narrações (contos, fábulas, romances, his-
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- tória em quadrinhos etc.). Já em outros, predomina a
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque argumentação (redação do Enem, teses, dissertações,
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que artigos de opinião etc.).
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a
reportagem como se lê um poema. seguinte figura, que demonstra como podemos identi-
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- ficar os tipos textuais e suas principais características,
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de tendo em vista que cada sequência textual apresenta
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. características próprias que pouco ou nada sofrem em
alterações, mantendo uma estrutura linguística quase
Conhecimento de Mundo rígida que nos permite classificar os tipos textuais em
cinco categorias (narrativo, descritivo, expositivo,
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental instrucional e argumentativo).
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
importante que o candidato a cargos públicos reserve
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes GÊNERO TEXTUAL
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tar seu conhecimento de mundo.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
conhecimento de mundo que é relevante para a com-
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso
cérebro associar informações, a fim de compreender
o novo texto que está em processo de interpretação. A partir dessa imagem, podemos identificar que a
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- orientação gramatical mantida pelas frases apresenta
cício para atestarmos a importância da ativação do marcas linguísticas, assinalando o tipo textual predo-
conhecimento de mundo em um processo de interpre- minante que o texto deve manter, organizado pelas
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: marcas do gênero textual ao qual o texto pertence.

Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- TIPO TEXTUAL


fiou valentemente todos os risos desdenhosos que Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- texto. Também é chamado de sequência textual
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam GÊNERO TEXTUAL
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
Uma última informação muito importante sobre tipos
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos. (KLEIMAN, 2016, p. 24) textuais que devemos considerar é que nenhum texto é
composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a
Agora tente responder as seguintes perguntas existência de predominância de algumas sequências em
sobre o texto: detrimento de outras, de acordo com o texto.
Quem é o herói de que trata o texto? A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe
Quem são as três irmãs? de tipos textuais, reconhecendo suas principais carac-
Qual é o planeta inexplorado? terísticas e marcas linguísticas.
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
PORTUGUESA

afetada. O texto se chama “A descoberta da América


por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque Narrativo
LÍNGUA

responder às questões; certamente você não terá mais


as mesmas dificuldades. Os textos compostos predominantemente por
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar sequências narrativas cumprem o objetivo de contar
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do uma história, narrar um fato. Por isso, precisam man-
que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré- ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão
vio que é essencial para a interpretação de questões. de algumas estratégias, como a organização dos fatos a

1 Bronckart, 1999 apud Cavalcante, 2013. 13


partir de marcadores temporais e espaciais, a inclusão Importante!
de um momento de tensão (chamado de clímax) e um
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Os gêneros textuais que são predominantemen- te
narrativos apresentam outras tipologias tex- tuais em
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
sua composição, tendo em vista que nenhum texto é
vo pode ser caracterizado por sete aspectos. São eles:
composto exclusivamente por uma sequência textual.
Por isso, devemos sem- pre identificar as marcas
 Situação inicial: envolve a “quebra” de um equilí-
linguísticas que são pre- dominantes em um texto, a
brio, o que demanda uma situação conflituosa;
fim de classificá-lo.
 Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
sentada inicialmente;
 Ações (para o clímax): acontecimentos que am-
Para sua compreensão, também é necessário saber
pliam a tensão;
o que são marcadores temporais e espaciais. São
 Resolução: momento de solução da tensão;
formas linguísticas como advérbios, pronomes, locu-
 Situação final: retorno da situação equilibrada;
ções etc. utilizadas para demarcar um espaço físico
 Avaliação: apresentação de uma “opinião” sobre
ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos,
a resolução;
esses elementos são essenciais para marcar o equi-
 Moral: apresentação de valores morais que a his- líbrio e a tensão da história, além de garantirem a
tória possa ter apresentado. coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais
e espaciais: atualmente, naquele dia, nesse momento,
Esses sete passos podem ser encontrados no aqui, ali, então...
seguinte exemplo, a canção “Era um garoto que como Outro indicador do texto narrativo é a presença do
eu...” Vamos lê-la e identificar essas características, narrador da história. Por isso, é importante apren-
bem como aprender a identificar outros pontos do dermos a identificar os principais tipos de narrador
tipo textual narrativo. de um texto:

Era um garoto que como eu Amava os Narrador: também conhecido como foco narrativo, é o
Beatles e os Rolling Stones responsável por contar os fatos que compõem o texto
Girava o mundo sempre a cantar As
coisas lindas da América Não era Situação inicial: Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pes- soa. O
belo, mas mesmo assim Havia mil predomínio de narrador participa dos fatos
garotas a fim equilíbrio
Cantava Help and Ticket to Ride Oh Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pessoa. O
Lady Jane e Yesterday Cantava viva narrador tem propriedade dos fatos contados, porém, não
à liberdade participa das ações
Mas uma carta sem esperar Da Narrador onisciente: os fatos podem ser contados na 3ª ou
sua guitarra, o separou Fora 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não participa
chamado na América Stop! Com Complicação: início
da tensão
das ações, porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser
Rolling Stones Stop! Com exposto, levando o texto para a 1ª pessoa
Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã Lutar
Clímax
com vietcongs
Alguns gêneros conhecidos por suas marcas pre-
Era um garoto que como eu dominantemente narrativas são notícia, diário, conto,
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo, mas acabou Fazendo a
Resolução fábula, entre outros. É importante reafirmar que o
guerra no Vietnã fato de esses gêneros serem essencialmente narrati-
vos não significa que não possam apresentar outras
Cabelos longos não usa mais Não
toca a sua guitarra e sim Um sequências em sua composição.
instrumento que sempre dá A Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
mesma nota, classificação correta, é sempre essencial atentar-se às
ra-tá-tá-tá Situação final /
Avaliação
marcas que predominam no texto.
Não tem amigos, não vê garotas Só Após demarcarmos as principais características do
gente morta caindo ao chão Ao seu
país não voltará tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Pois está morto no Vietnã [...] cas mais importantes da sequência textual classifica-
da como descritiva.
No peito, um coração não há
Moral
Mas duas medalhas sim
Descritivo

Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do- O tipo textual descritivo é marcado pelas formas


hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021. nominais que dominam o texto. Os gêneros que uti-
lizam esse tipo textual geralmente utilizam a sequên-
Essas sete marcas que definem o tipo textual nar- cia descritiva como suporte para um propósito maior.
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza- São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
ção linguística que são caracterizadas por: te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
classificados, lista de compras.
 presença de marcadores temporais e espaciais; Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha,
 verbos, predominantemente, utilizados no que relata, no ano de 1500, suas impressões a respeito
passado; de alguns aspectos do território que viria a ser chama-
14  presença de narrador e personagens. do de Brasil.
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de
quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele
que, certo, assim pareciam bem. Também andavam está organizado de forma esquematizada em seções
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a
assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava facilitar a leitura (o pedido, no caso) do cliente.
uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a
nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo
o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os Expositivo
joelhos com as curvas assim tintas, e também os
colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a
tanta inocência assim descobertas, que não havia fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo
nisso desvergonha nenhuma. textual, é muito comum a presença de dados, informa-
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero- ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem
vaz-de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021. para embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilus-
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
Note que apesar da presença pontual da sequência
narrativa, há predominância da descrição do cenário
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
bertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
de relato descritivo utilizado para manter a comuni-
cação entre a Corte Portuguesa e os navegadores.
Considerando as emergências comunicativas do
mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos
usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros,
como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar
de forma esquemática em alguns gêneros, como pode-
mos ver no cardápio a seguir:

Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-
dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua

O infográfico acima apresenta as informações per-


tinentes sobre o panorama mundial da situação da
água no ano de 2016. O gênero foi construído com o
objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
gir esse objetivo.
Assim como os tipos textuais apresentados ante-
riormente, os textos expositivos também apresentam
uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
outras sequências textuais, tendo em vista que, para
PORTUGUESA

apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-


Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/ vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
LÍNGUA

noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para- divulgar- É importante destacar que os textos expositivos


cardapio-e-ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso
em: 30 ago. 2021. podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
Note que há a presença de muitos adjetivos, locu- mentativos que são classificados como expositivos,
ções, substantivos, que buscam levar o leitor a ima- pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
ginar o objeto descrito. O gênero mostrado apresenta argumentação.
a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne 15
Outra importante diferença entre a sequência Como faço para criar uma conta do Instagram? Para
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem 1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) ou
para a argumentação, uma vez que o fato exposto Google Play Store (Android).
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento 2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
sobre uma questão não é posto em debate. para abri-lo.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte- 3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões. telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira seu
Marcas linguísticas do texto expositivo: endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi- rá um
código de confirmação), toque em Avançar. Tam- bém é
 apresenta informações sobre algo ou alguém, pre- possível tocar em Entrar com o Facebook para se cadastrar
sença de verbos de estado; com sua conta do Facebook.
 presença de adjetivos, locuções e substantivos que 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te- lefone,
organizam a informação; crie um nome de usuário e uma senha, preencha as
 desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos; informações do perfil e toque em Avançar. Se você se
 presença de figuras de linguagem como metáfora cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
e comparação; conta do Facebook, caso tenha saído dela.
 pode apresentar um pensamento contrastivo ao
final do texto. Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acesso em: 07
set. 2020.
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi- No exemplo acima, podemos destacar a presença
dade nos leitores, como o exemplo a seguir: de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai-
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo,
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE como: instalar, cadastrar, avançar. Outra caracte-
REVOLUCIO- NARAM O MUNDO rística dos textos injuntivos é a enumeração de passos
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43 a serem cumpridos para a realização correta da tare-
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais
Hedy Lamarr - conexão wireless didática.
É importante lembrar que a principal marca
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” linguística dessa tipologia é a presença de verbos
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy Lamarr
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
foi a inventora de uma tecnologia que permitia controlar
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar
torpedos à distância, durante a Segunda Guer- ra Mundial,
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio-
alterando rapidamente os canais de frequên- cia de rádio para
nadas pelo gênero.
que não fossem interceptados pelo ini- migo. Esse conceito de
transmissão acabou, mais tarde, permitindo o
desenvolvimento de tecnologias como o Wi-Fi e o Argumentativo
Bluetooth.
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj. Acesso em: 07 set. 2020. Adaptado. complexo e, por vezes, pode apresentar maior dificul-
dade na identificação, bem como em sua análise.
Instrucional ou Injuntivo O texto argumentativo tem por objetivo a defesa
O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri- de um ponto de vista, portanto, envolve a defesa
zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL- de uma tese e a apresentação de argumentos que
CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a visam sustentar essa tese. Alguns exemplos de tex-
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante tos argumentativos são artigos, monografias, ensaios
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet, científicos e filosóficos, dentre outros.
horóscopos e também nos manuais de instrução. Outro aspecto importante dos textos argumentati-
A principal marca linguística dessa tipologia é a vos é que eles são compostos por estruturas linguís-
presença de verbos conjugados no modo imperati- ticas conhecidas como operadores argumentativos,
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve que organizam as orações subordinadas, estruturas
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e mais comuns nesse tipo textual.
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. A seguir, apresentamos um quadro sintético com
Para que possamos identificar corretamente essa algumas estruturas linguísticas que funcionam como
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o a leitura de textos argumentativos:
exemplo a seguir:
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
É incontestável que...
Tal atitude é louvável / repudiável / notável... É
mister / é fundamental / é essencial...

Observe o exemplo a seguir:

“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais


no tratamento das mais diversas doenças relacio-
nadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos
16
nem de longe compensam o dinheiro gasto com  Verbos terminados em: -ger e -gir. Ex.: proteger;
essas doenças. Além disso, as empresas têm gran- fugir.
des prejuízos por causa de afastamentos de tra-
balhadores devido aos males causados pelo fumo. Usamos J em:
Portanto, é mister que sejam proibidas quaisquer
propagandas de cigarros em todos os meios de  Formas verbais terminadas: em -jar ou -jer. Ex.:
comunicação.”
viajar; lisonjear;
Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/ texto-
 Termos derivados do latim escritos com j. Ex.:
argumentativo/argumentacao.html. Acesso em: 30 ago. 2021. majestade; jejum.
Adaptado.
 É com Ç ou S?
Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen-
te no texto argumentativo, expõem a opinião do autor,  Após ditongos, usamos, geralmente, Ç quando
ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin- houver som de S. Ex.: eleição;
do a estrutura argumentativa desse tipo textual.  Escrevemos S quando houver som de Z. Ex.:
Neusa; coisa.

 É com S ou com Z?
ORTOGRAFIA OFICIAL
 Palavras que designam nacionalidade ou títu-
ORTOGRAFIA los de nobreza e terminam em -ês e -esa devem
ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; inglês;
As regras de ortografia são muitas e, na maioria marquesa; duquesa;
dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a  Palavras que designam qualidade, cuja ter-
lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas minação seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
vezes, é derivada de processos históricos de evolução embriaguez; lucidez; acidez.
da língua.
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra- Essas regras para correção ortográfica das pala-
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é
leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra- importante ficar atento e manter uma rotina de leitu-
fia das palavras. ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática.
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir
parte das regras não são efêmeras, porém, são em da leitura e da escrita de textos, por isso, recomenda-
grande número. mos que se mantenha atualizado e leia fontes confiá-
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu- veis de informação, pois, além de contribuir para seu
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras conhecimento geral, sua habilidade em língua portu-
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto guesa também aumentará.
à escrita correta. Veja:
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
 É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos.
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe. Muitas são as regras de acentuação das palavras
da língua portuguesa; para compreender essas regras,
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
USAMOS X: USAMOS CH: respeitar a sua divisão.
 Depois da sílaba en, se a  Depois da sílaba en, se a
palavra não for deri- vada palavra for derivada de Regras de Acentuação
de palavras inicia- das por palavras iniciadas por CH:
CH: enxerido, enxada encher, encharcar  Palavras monossílabas: acentuam-se os monossí-
 Depois de ditongo: cai-  Em palavras derivadas de labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá,
xa, faixa vocábulos que são chá; pé, fé, mês; nó, pó, só;
 Depois da sílaba inicial grafados com CH: re-  Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
me, se a palavra não for cauchutar, fechadura nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
derivada de vocábulo raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns;
iniciado por CH: mexer,  Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
mexilhão nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
abdômen, hímen.
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10 out. 2020.
PORTUGUESA

 É com G ou com J?
Importante!
LÍNGUA

Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongo. Ex.:


Usamos G em: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, rádio etc.

 Substantivos terminados em: -agem; -igem;


-ugem. Ex.: viagem, ferrugem;  Palavras proparoxítonas: a regra mais simples
 Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, e fácil de lembrar — todas as proparoxítonas
-úgio. Ex.: sacrilégio; pedágio; devem ser acentuadas!
17
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê- NUMERAIS
mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por- São palavras que se relacionam diretamente ao
substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi-
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
ção. Os numerais podem ser:
ou proparoxítona.
São as chamadas proparoxítonas aparentes. Essas  Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois
palavras apresentam um ditongo crescente no final de potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou pode ser meninos eram bons em português;
considerado hiato. É o que ocorre com as palavras:  Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-
 his-tó-ria/ his-tó-ri-a; gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
 vá-cuo/ vá-cu-o;  Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:
 pá-tio/ pá-ti-o.
Ele ganha o triplo no novo emprego;
 Fracionários: indicam frações, divisões ou dimi-
Antes de concluir, é importante mencionar o uso nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou
do acento nas formas verbais ter e vir: um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele
recebeu metade do pagamento.
 Ele tem / Eles têm;
 Ele vem / Eles vêm. Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
Perceba que, no plural, essas formas admitem o quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
Dúzia: conjunto de doze unidades;
uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
Novena: período de nove dias;
cia verbal quando usar esses verbos. Década: período de dez anos;
Século: período de cem anos;
Bimestre: período de dois meses.

EMPREGO DAS CLASSES DE Um: Numeral ou Artigo?

PALAVRAS A forma um pode assumir na língua a função de


artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
ARTIGOS podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso. Observe:
Os artigos devem concordar em gênero e número
com os substantivos. São, por isso, considerados deter-  Durante a votação, houve um deputado que se
minantes dos substantivos. posicionou contra o projeto;
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti-  Durante a votação, apenas um deputado se posi-
cionou contra o projeto.
gos indefinidos. Os definidos funcionam como deter-
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os
Na primeira frase, podemos substituir o termo um
indefinidos funcionam como determinantes imprecisos. por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
um — variam em gênero e número, tornando-se “os, der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
indefinidos. Assim, temos: por exemplo.
Já na segunda oração, a alteração do gênero não
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
 Artigos definidos: o, os; a, as;
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por um
 Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. deputado, marcando a quantidade.
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
Os artigos podem ser combinados às preposições. atentos com a aparição das expressões adverbiais, o
São as chamadas contrações. Algumas contrações que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
comuns na língua são: Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a
seguir:
 em + a = na;
 a + o = ao;  Sobre o numeral milhão/milhares, é importante
destacar que sua forma é masculina. Logo, a con-
 a + a = à;
cordância com palavras femininas é inaceitável
 de + a = da. pela gramática.
Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
Dica Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se um  A forma 14 por extenso apresenta duas formas
substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc. aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.

18
SUBSTANTIVOS Já os substantivos biformes designam os substan-
tivos que apresentam duas formas para os gêneros
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
característica básica dessa classe é admitir um deter- Destacamos que alguns substantivos apresentam
minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle- formas diferentes nas terminações para designar for-
xionam-se em gênero, número e grau. mas diferentes no masculino e no feminino:
Ex.: ator/atriz; ateu/ ateia; réu/ré.
Tipos de Substantivos Outros substantivos modificam o radical para
designar formas diferentes no masculino e no femini-
A classificação dos substantivos admite nove tipos no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
diferentes. São eles: Ex.: pai/mãe; boi/vaca; genro/nora.

 Simples: formados a partir de um único radical. Gênero e Significação


Ex.: vento, escola;
 Compostos: formados pelo processo de justaposi- Alguns substantivos uniformes podem aparecer
ção. Ex.: couve-flor, aguardente; com marcação de gênero diferente, ocasionando uma
 Primitivos: possibilitam a formação de um novo modificação no sentido. Veja, por exemplo:
substantivo. Ex.: pedra, dente;
 Derivados: são formados a partir de substantivos  A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
primitivos. Ex.: pedreiro (pedra), dentista (dente),  O testemunho: relato de experiência, associado a
florista (flor); religiões.
 Concretos: designam seres com independência
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde- Algumas formas substantivas mantêm o radical e
pendentemente de sua conotação espiritual ou a pequena alteração no gênero do artigo interfere no
real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro; significado:
 Abstratos: indicam estado, sentimento, ação, qua-
lidade. Os substantivos abstratos existem apenas  O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
em função de outros seres. A feiura, por exemplo,  O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
depende de uma pessoa, um substantivo concreto  O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-
gem, liberalismo, feiura; Além disso, algumas palavras na língua causam
 Comuns: designam todos os seres de uma espécie. dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
Ex.: homem, cidade; das em contextos informais com gêneros diferentes.
 Próprios: designam uma determinada espécie. Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;
Ex.: Pedro, Fortaleza; a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
 Coletivos: usados no singular, designam um conjun- fonema; o trema.
to de uma mesma espécie. Ex.: pinacoteca, manada. Algumas formas que não apresentam, necessaria-
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
É importante destacar que a classificação de um masculino quanto no feminino: o personagem / a per-
substantivo depende do contexto em que ele está inse- sonagem; o laringe / a laringe; o xerox / a xerox.
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma Flexão de Número
pessoa = Próprio);
O amigo mostrou-se um judas (judas significando Os substantivos flexionam-se em número, de
traidor = comum). maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.:
casa / casas.
Flexão de Gênero Porém, podem apresentar outras terminações:
males, reais, animais, projéteis etc.
Os gêneros do substantivo são masculino e feminino. Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni- paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
formes. Os substantivos uniformes podem ser: terminada em L e que tem como plural “males”.
Já os substantivos terminados em al, el, ol, ul fazem
 Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma- plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral / corais;
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o papel / papéis; anzol / anzóis.
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma
/ a cliente; o líder / a líder; mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles
 Epicenos: designam geralmente animais que apre- e méis.
PORTUGUESA

sentam distinção entre masculino e feminino, mas Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
a diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
LÍNGUA

ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça Ex.: capelães, capitães, escrivães.
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; Contudo, há substantivos que admitem até três
girafa macho / girafa fêmea; formas de plural, como os seguintes:
 Sobrecomuns: designam seres de forma geral e
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne-  Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:  Ancião: anciãos, anciões, anciães;
a criança; o monstro; a testemunha; o indivíduo.  Vilão: vilãos, vilões, vilães. 19
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas  Nomes de cidades, países, estados, continentes
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,
órgãos; órfão / órfãos. Ceará, Nárnia, Londres;
 Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia
Plural dos Substantivos Compostos das Crianças;
 Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai-
Os substantivos compostos são aqueles formados xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores,
por justaposição. O plural dessas formas obedece às Gabinete da Vice-Presidência, Organização das
seguintes regras: Nações Unidas;
 Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
 Variam os dois elementos: Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
nome próprio, como no exemplo dado, este tam-
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mestres -salas; bém deverá ser escrito com inicial maiúscula;
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-  Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei
das -noturnos; de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);
Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;  Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças -feiras. Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial;
 Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:
 Varia apenas um elemento: Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente,
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra-
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.: fados com maiúsculas apenas quando utilizados
canas-de-açúcar; indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer
Substantivo + substantivo com função adjetiva. o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican-
Ex.: navios-escola. do uma direção, devem ser escritos com minúscu-
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.: las. Ex.: Correu a América de norte a sul;
abaixo-assinados.  Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS,
Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas. Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).
Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos Atente-se: em palavras com hífen, pode-se optar
formados por pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são
verbo + advérbio aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e
verbo + substantivo plural vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha. forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos
por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu-
Variação de Grau las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.

A flexão de grau dos substantivos exprime a varia- ADJETIVOS


ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou
uma diminuição. Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
 Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufixos podem indicar:
aos substantivos indicar um aumento de tamanho.
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,  Qualidade: professor chato;
fogaréu, boqueirão, poetastro;  Estado: aluno triste;
 Grau diminutivo: exprime, ao contrário do aumen-  Aspecto, aparência: estrada esburacada.
tativo, a diminuição do tamanho/proporção do ser.
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, Locuções Adjetivas
pequenina, papelucho.
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
Dica adjetivos, indicando as mesmas características deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo,
O emprego do grau aumentativo ou diminuti- vo dos referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
substantivos pode alterar o sentido das palavras, tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
podendo assumir um valor: A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti-
Afetivo: filhinha / mãezona; vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. estudo:

O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas  voo de águia / aquilino;


 poder de aluno / discente;
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras  conselho de professores / docente;
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da  cor de chumbo / plúmbea;
inicial maiúscula.  luz da lua / lunar;
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as  sangue de baço / esplênico;
inicias das palavras que designam:  nervo do intestino / celíaco ou entérico;
 noite de inverno / hibernal ou invernal.
 Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas reais
20 ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, Cinderela;
É importante destacar que, mais do que “decorar”  Grau comparativo: exprime a característica de
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun- um ser, comparando-o com outro da mesma classe
damental reconhecer as principais características de nos seguintes sentidos:
uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
apresentar valor de posse.  Igualdade: compara elementos colocando-os
Ex.: Viu o crime pela abertura da porta; em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto
A abertura de conta pode ser realizada on-line. quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos
Quando a locução adjetiva é composta pela prepo- quanto simplórios;
sição “de”, pode ser confundida com a locução adver-  Superioridade: compara, evidenciando um
bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante elemento como superior ao outro. Mais do que,
melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente
perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para do que o dinheiro;
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da  Inferioridade: compara, evidenciando um ele-
mento como inferior ao outro. Menos do que,
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
pior do que. Ex.: Homens são menos engajados
zando o substantivo “abertura”.
Já na segunda frase, a locução destacada é adver- do que mulheres.
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução,  Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
vo, é importante considerar que o valor semântico
demonstrando seu caráter adverbial.
desse grau apresenta variações, podendo indicar:
As locuções adjetivas também desempenham fun-
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
 Característica de um ser elevada ao último
numerais e orações substantivas.
grau: superlativo absoluto, que pode ser analí-
Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Já as locuções adverbiais desempenham função de
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e
absoluto analítico).
orações adjetivas com esses valores.
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez. sintético);
Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv.
 Característica de um ser relacionada com
outros indivíduos da mesma classe: superla-
Adjetivo de Relação tivo relativo, que pode ser de superioridade (o
mais) ou de inferioridade (o menos).
No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer
Ex.: O candidato é o mais humilde dos concor-
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de rentes? (Superlativo relativo de superioridade).
relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
O candidato é o menos preparado entre os con-
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
seguintes características: inferioridade).

 Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- Importante! Ao compararmos duas qualidades de
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- (mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
de quem o descreve; Ex.: A modelo é mais alta que magra.
 Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
relação sempre são posicionados após o substanti- Porém, se uma mesma característica referir-se
vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial; a seres diferentes, empregamos a forma sintética
 Derivado do substantivo: derivam-se do substan- (melhor, pior, menor etc.).
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
— pai; mundial — mundo; Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
 Não admitem variação de grau: os graus com-
parativo e superlativo não são admitidos. Ex.: Formação dos Adjetivos
Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco
mundial”. Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
simples ou compostos.
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
te americano (não é subjetivo; posicionado após o  Primitivos: adjetivos que não derivam de outras
substantivo; derivado de substantivo; não existe a
PORTUGUESA

palavras. A partir deles, é possível formar novos


forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;  Derivados: são palavras que derivam de verbos
LÍNGUA

roteiro carnavalesco. ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-


rengo etc.;
Variação de Grau  Simples: apresentam um único radical. Ex.: portu-
guês, escuro, honesto etc.;
O adjetivo pode variar em dois graus: compara-  Compostos: formados a partir da união de dois ou
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,
respectivas categorias. amarelo-ouro etc. 21
Lembre-se: o plural dos adjetivos simples é reali- Novamente, chamamos sua atenção para a função
zado da mesma forma que o plural dos substantivos. que o advérbio deve exercer na oração. Como disse-
mos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo
Plural dos Adjetivos Compostos ou um outro advérbio, por isso, para identificar com
mais propriedade a função denotada pelos advérbios,
O plural dos adjetivos compostos segue as seguin- é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
tes regras: As respostas sempre irão indicar circunstâncias
adverbiais expressas por advérbios, locuções adver-
 Invariável: biais ou orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/
 os adjetivos compostos azul-marinho, azul-ce- função adequada dos advérbios:
leste, azul-ferrete;
 locuções formadas de cor + de + substantivo,  O homem morreu... de fome (causa) com sua famí-
lia (companhia) em casa (lugar) envergonhado
como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
(modo);
 adjetivo + substantivo, como tapetes azul-tur-
 A criança comeu... demais (intensidade) ontem
quesa, camisas amarelo-ouro.
(tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras
(modo).
 Varia o último elemento:
Locuções Adverbiais
 primeiro elemento é palavra invariável, como
em mal-educados, recém-formados; Conjunto de duas ou mais palavras que pode
 adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-cla- desempenhar a função de advérbio, alterando o senti-
ros, cabelos castanho-escuros. do de um verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por
Adjetivos Pátrios uma preposição e um substantivo. Há também as que
são formadas por preposição + adjetivos ou advérbios.
Os adjetivos pátrios, também conhecidos como Veja alguns exemplos:
gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade
de seres e objetos.  Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você pode-
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de ria me explicar de novo? (de novo = novamente);
um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama-  Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve,
zonense, fluminense, cearense. o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
 Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele
 Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é for- foi por ali.
mado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente
usado para designar profissões. O gentílico que As locuções adverbiais são bem semelhantes às
designa nossa nacionalidade teve origem com as locuções adjetivas. É importante saber que as locu-
ções adverbiais apresentam um valor passivo.
pessoas que comercializavam o pau-brasil; esse
Ex.: Ameaça de colapso.
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução
que passou a indicar os nascidos em nosso país. adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se
invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz
ADVÉRBIOS passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Advérbios são palavras invariáveis que modifi- Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo,
cam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente
casos, os advérbios também podem modificar uma é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locu-
frase inteira, indicando circunstância.
ções como esta: “Característica da nação”, o termo
As gramáticas da língua portuguesa apresentam lis- destacado não terá o mesmo valor passivo, pois não
tas extensas com as funções dos advérbios. Porém, deco- aceitará a inserção de um verbo com essa função:
rar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode Nação foi característica*. Essa frase quebra a
não ter o resultado esperado na resolução de questões estrutura gramatical da língua portuguesa, que não
de concurso. admite voz passiva em termos com função de posse
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura
principais funções designadas aos advérbios para, a agramatical; por isso, inserimos um asterisco para
partir delas, conseguir interpretar a função exercida indicar essa característica.
nos enunciados das questões que tratem dessa classe
de palavras. Dica
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algu- Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
mas funções basilares exercidas pelo advérbio: Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

 Dúvida: talvez, caso, porventura, quiçá etc.; Com essas dicas, esperamos que você seja capaz
 Intensidade: bastante, bem, mais, pouco etc.; de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos
 Lugar: ali, aqui, atrás, lá etc.; desenvolver seu aprendizado para que não seja pre-
 Tempo: jamais, nunca, agora etc.; ciso gastar seu tempo decorando listas de locuções
22  Modo: assim, depressa, devagar etc. adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
GRAU Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
COMPARATIVO
Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Superioridade: o
Pouco Pouquíssimo -
menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
PORTUGUESA

não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.


Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
LÍNGUA

isso que as bancas de concurso cobram.

 Eis: sentido de designação;


 Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
 Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
 Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
 Além disso, inclusive: sentido de inclusão. 23
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

 O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
 Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.

PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO


1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.


Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.

 Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
 Já os que se relacionam com o objeto indireto são: lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos — complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.


Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:

 1ª pessoa: mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


 2ª pessoa: ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);
 3ª pessoa: si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).

Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.

24
Pronomes de Tratamento Pronomes Indefinidos

Os pronomes de tratamento são formas que expres- Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis- maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pes-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento soa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar
apresentam algumas peculiaridades importantes: e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela:

 Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à PRONOMES INDEFINIDOS2


2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a Variáveis Invariáveis
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
do singular.
Nenhum, nenhuma, nenhuns,
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição; Ninguém
nenhumas
 Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à
Todo, toda, todos, todas Quem
3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tri- Outro, outra, outros, outras Outrem
bunal, fará um pronunciamento hoje à noite. Muito, muita, muitos, muitas Algo
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hie-
Certo, certa, certos, certas Nada
rarquia social na linguagem, ou seja, a partir das for-
Vários, várias Cada
mas usadas, podemos reconhecer o nível de discurso
e o tipo de poder instituídos pelos falantes. Quanto, quanta, quantos, quantas Que
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem Tanto, tanta, tantos, tantas -
ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam Qualquer, quaisquer -
reconhecidos socialmente por suas funções, como juí-
Qual, quais -
zes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de Um, uma, uns, umas -
tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções
sociais que designam: As palavras certo e bastante serão pronomes
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
 Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquidu- serão adjetivos quando vierem depois.
ques e seus respectivos femininos; Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome indefinido).
 Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais; Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
 Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do gover- A palavra bastante frequentemente gera dúvida
no e das Forças Armadas membros do alto escalão; quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
 Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus do. Por isso, atente-se ao seguinte:
respectivos femininos;
 Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes;  Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
 Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos gra- te ao termo “muito”.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento Ex.: Elas são bastante famosas;
cerimonioso a comerciantes importantes;  Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
 Vossa Santidade (V. S.): papa; ao termo “suficiente”.
 Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev- Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
ma.): bispos. a festa;
 Bastante (pronome indefinido): concorda com
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- o substantivo, indicando grande, porém incerta,
nomes de tratamento e suas respectivas designações quantidade de algo.
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
da Presidência da República. Portanto, essas designa-
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne- Pronomes Demonstrativos
ro textual abordado for um gênero oficial.
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
apontam elementos a que se referem as pessoas do dis-
curso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por
 Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra- eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.
tamento é importante destacar que o plural de
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas,  1ª pessoa: este, estes / esta, estas;
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na  2ª pessoa: esse, esses / essa, essas;
PORTUGUESA

maioria das abreviaturas terminadas com a letra  3ª pessoa: aquele, aqueles / aquela, aquelas;
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V.  Invariáveis: isto, isso, aquilo.
LÍNGUA

Exas.; V. Ema. / V.Emas.;


 O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- Usamos este, esta, isto para indicar:
tíssimo Juiz;
 O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-  Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
blica nunca deve ser abreviado. dade de algo ao falante.
2 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020. 25
Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto São pronomes relativos:
como prova;
 Referência ao tempo presente.  Variáveis: o qual, os quais, cujo, cujos, quan-
Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês, to, quantos / a qual, as quais, cuja, cujas, quanta,
pagarei a última prestação da casa; quantas;
 Referência ao espaço textual.  Invariáveis: que, quem, onde, como;
Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-  Emprego do pronome relativo que: pode ser asso-
curava um presente para o marido (o pronome ciado a pessoas, coisas ou objetos.
refere-se ao último termo mencionado). Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O
cachorro que estava doente morreu. A caneta que
Este artigo científico pretende analisar... (o prono- emprestei nunca recebi de volta.
me “este” refere-se ao próprio texto).  Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
Usamos esse, essa, isso para indicar: relativo “que”.
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer).
 Referência ao espaço físico, indicando o afasta-  Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
mento de algo de quem fala. ser uma pessoa ou objeto personificado.
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você; Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo.
 Indicar distância que se deseja manter.  O pronome relativo quem pode fazer referência
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con- a algo subentendido: quem cala consente (aquele
fia nesses políticos; que cala).
 Referência ao tempo passado.  Emprego do relativo quanto: seu antecedente
Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
estive em São Paulo; vo; pode sofrer flexões.
 Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes-  Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
sa expressão utilizada. para indicar posse e aparecer relacionando dois
termos que devem ser um possuidor e uma coisa
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: possuída.
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi língua portugue-
 Referência ao espaço físico, indicando afastamen- sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
to de quem fala e de quem ouve. matéria (coisa possuída).
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?
 Referência a um tempo muito remoto, um passa- O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
do muito distante. ro com a coisa possuída.
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por- Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
tas abertas. Bons tempos aqueles! cujo: Cujo o, cuja a
 Referência a um afastamento afetivo. Não podemos substituir cujo por outro pronome
Ex.: Não conheço mais aquela mulher; relativo.
 Referência ao espaço textual, indicando o pri- O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
meiro termo de uma relação expositiva. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe- Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
riu beber chá; aquela, refrigerante. gunta: “de quem/do que?”
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
do que? Do filme).
Dica Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun- ção quem? Do rapaz).
demonstrativa referencial. Veja:
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo  Emprego do pronome relativo onde: empregado
esqueceu de preencher o gabarito. para indicar locais físicos.
Correto: O candidato fez a prova, porém esque- ceu Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
de preencher o gabarito.  Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
mindo as formas aonde e donde.
Pronomes Relativos Ex.: Irei aonde você for.
 O relativo “onde” pode ser empregado sem
Uma das classes de pronomes mais complexas, os antecedente.
pronomes relativos têm função muito importante na Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
língua, refletida em assuntos de grande relevância  Emprego de o qual: o pronome relativo “o qual”
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
é essencial conhecer adequadamente a função desses do em substituição a outros pronomes relativos,
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente. sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo guísticos, como o “queísmo”.
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- guém se lembra.
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
26 textual, desfazendo estruturas ambíguas.
Pronomes Interrogativos  Mesóclise: pronome posicionado no meio do ver-
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise:
São utilizados para introduzir uma pergunta ao texto.
Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?  os pronomes devem ficar no meio dos verbos
Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). que estejam conjugados no futuro, caso não
Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:
Quantos anos tem seu pai? Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
O ponto de interrogação só é usado nas interroga- dos nossos estudantes.
tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
interrogativa, indicada por verbos como perguntar,  Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Casos
indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela. que atraem o pronome para ênclise:
Atenção: os pronomes interrogativos que e quem
são pronomes substantivos, pois substituem os subs-  Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
tantivos, dando fluidez à leitura. to honrada com esse título.
Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a  Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
realização da atividade (O tempo não permitiu a reali- favor.
zação da atividade. O tempo estava instável) 3.  Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
quanto sou importante.
Pronomes Possessivos
Casos proibidos:
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
 Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) /
Dá-me esse caderno! (certo).
1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas Teu,
 Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-
SINGULAR 2ª pessoa tua / teus, tuas
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
-se de nada (correto).
1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas  Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas Seu, (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
3ª pessoa sua / seus, suas
VERBOS
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo Certamente, a classe de palavras mais complexa e
a uma coisa. importante dentre as palavras da língua portuguesa é
Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação e os agentes desses atos, além de ser uma importante
do pronome é com o objeto da posse. classe sempre abordada nos editais de concursos; por
Outras funções dos pronomes possessivos: isso, atente-se às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
 delimitam o substantivo a que se referem; em número, pessoa, modo e tempo, além da designação
 concordam com o substantivo que vem depois dele; da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
 não concordam com o referente; As flexões verbais são marcadas por desinências,
 o pronome possessivo que acompanha o substan- que podem ser:
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
 Número-pessoal: indicando se o verbo está no sin-
COLOCAÇÃO DO PRONOME ÁTONO gular ou plural, bem como em qual pessoa verbal
foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª);
Estudo da posição dos pronomes na oração.  Modo-temporal: indica em qual modo e tempo
verbais a ação foi realizada.
 Próclise: pronome posicionado antes do verbo.
Casos que atraem o pronome para próclise: Iremos apresentar essas desinências a seguir.
Antes, porém, de abordarmos as desinências modo-
 Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: -temporais, precisamos explicar o que são modo e
Não me submeto a essas condições. tempo verbais.
 Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex.: Foi ela que me colocou nesse papel. Modos
 Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
apresente como um rico investidor, ele nada tem. Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma
PORTUGUESA

 Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.: relação enunciada pelo verbo.


Em se tratando de futebol, Maradona foi um
ídolo.  Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de
LÍNGUA

 Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na certeza.


esperança de sermos ouvidos, muito lhe Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
agradecemos.  Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude
 Orações interrogativas, exclamativas, opta- de dúvida, desejo ou possibilidade.
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
3 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30 jul. 2021. 27
 Imperativo: o modo imperativo designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido.
Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.

Tempos

O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tem-
po dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe a seguir:

 Presente:

Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no
mesmo horário.
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei).

 Passado:

 Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no passado.


Ex.: Estudei até ser aprovado.
 Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
Ex.: Estudava todos os dias.
 Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à outra mais antiga.
Ex.: Quando notei (passado), a água já transbordara (ação anterior) da banheira.

 Futuro:

 Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.
Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
 Futuro do pretérito: expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado.
Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.

A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar
é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente:

Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples

TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO


Presente * -e (1ª conjugação) e -a (2ª e 3ª conjugações)
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
Pretérito imperfeito -va (1ª conjugação) -ia (2ª e 3ª conjugações) -sse
Pretérito mais-que-perfeito -ra *
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *

*Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais.

Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Indicativo)

 Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.
Ex.: Tenho estudado.
 Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.
Ex.: Tinha passado.
 Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Terei saído.
 Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar: ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no particípio.
Ex.: Teria estudado.

Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Subjuntivo)

 Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter (presente do subjuntivo) + verbo principal particípio.
28 Ex.: (que eu) Tenha estudado.
 Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo  Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis
auxiliar: ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + de compreender, pois apresentam regularidade no
verbo principal no particípio. uso das desinências, ou seja, das terminações ver-
Ex.: (se eu) Tivesse estudado bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
 Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro sim- têm o paradigma morfológico com o radical, que
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. permanece inalterado. Ex.: verbo cantar:
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais — INDICATIVO — INDICATIVO
Eu canto Cantei
As formas nominais do verbo são as formas no
infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em Tu cantas Cantaste
determinados contextos. São chamadas nominais pois Ele/ você canta Cantou
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
Nós cantamos Cantamos
 Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu Vós cantais Cantastes
valor indica duração de uma ação e, por vezes, Eles/ vocês cantam Cantaram
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
compadeceu.  Irregulares: os verbos irregulares apresentam
 Particípio: marcado pelas terminações mais alteração no radical e nas desinências verbais.
comuns -ado, -ido, podendo terminar também em Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação
-do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente ocorre irregularmente, seguindo um paradigma
ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em próprio para cada grupo verbal.
número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses. Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na
Quando cheguei, ela já tinha partido. conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
Ele tinha aberto a janela. plo. Isso é importante para não confundir os verbos irre-
Ela tinha pago a conta. gulares com os verbos anômalos. Ex.: verbo estar:
 Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig- PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
nado. Pode ser pessoal ou impessoal: — INDICATIVO — INDICATIVO
Eu estou Estive
 Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
Tu estás Estiveste
jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.: Ele/ você está Esteve
comer eu. Comermos nós. É para aprenderem Nós estamos Estivemos
que ele ensina;
Vós estais Estivestes
 Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con- Eles/ vocês estão Estiveram
jugação. Ex.: estudar — 1ª conjugação; comer
— 2ª conjugação; partir — 3ª conjugação.
 Anômalos: esses verbos apresentam profundas
alterações no radical e nas desinências verbais,
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
consideradas anomalias morfológicas; por isso,
orações reduzidas.
recebem essa classificação. Um exemplo bem
Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
usual de verbo dessa categoria é o verbo “ser”. Na
bos que funcionam como um verbo.
língua portuguesa, apenas dois verbos são classifi-
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de
cados dessa forma: os verbos ser e ir.
trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos
Vejamos a conjugação o verbo “ser”:
de encontrar uma solução.
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
Dica — INDICATIVO — INDICATIVO
Não confunda locuções verbais com tempos Eu sou Fui
compostos. O particípio formador de tempo
Tu és Foste
composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O
homem teria realizado sua missão. Ele / você é Foi
PORTUGUESA

Nós somos Fomos


Classificação dos Verbos
Vós sois Fostes
LÍNGUA

Os verbos são classificados quanto a sua forma Eles / vocês são Foram
de conjugação e podem ser divididos em: regulares,
irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, prono- Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen-
minais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das
tam uma forma específica de irregularidade que oca-
formas nominais. Vamos conhecer as particularida- siona uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são
des de cada um a seguir:
classificados como anômalos. 29
 Abundantes: são formas verbais abundantes os ver- PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
bos que apresentam mais de uma forma de particí- REGULAR IRREGULAR
pio aceitas pela norma culta gramatical. Geralmente, Quando chegou,
Havia morrido há
apresentam uma forma de particípio regular e outra Morrer encontrou o animal
dias
morto
irregular. Vejamos alguns verbos abundantes:
A bala foi expelida Esta é a bala
Expelir
por aquela arma expulsa
PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO Tinha enxugado a
REGULAR IRREGULAR
Enxugar louça quando o pro- A roupa está enxuta
Absolver Absolvido Absolto grama começou
Abstrair Abstraído Abstrato
Depois de ter fin- dado
Aceitar Aceitado Aceito Findar o trabalho, descansou Trabalho findo!
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto Se tivesse imprimi- do
Onde está o docu-
Imprimir tínhamos como provar
Completar Completado Completo mento impresso?
Confundir Confundido Confuso Eu tinha limpado a
Limpar Que casa tão limpa!
Demitir Demitido Demisso casa
Despertar Despertado Desperto Dados importantes
Informações esta-
Dispersar Dispersado Disperso Omitir tinham sido omiti- dos
vam omissas
por ela
Eleger Elegido Eleito
Após ter submer- Deixe os legumes
Encher Enchido Cheio Submergir gido os legumes, submersos por
Entregar Entregado Entregue reparou no amigo alguns minutos
Morrer Morrido Morto Nunca tinha sus- Você está
Suspender
pendido ninguém suspenso!
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
 Defectivos: são verbos que não apresentam algu-
Findar Findado Findo
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando
Fritar Fritado Frito um “defeito” na conjugação (por isso, o nome).
Ganhar Ganhado Ganho Alguns exemplos de defectivos são os verbos colo-
rir, precaver, reaver etc.
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso Esses verbos não são conjugados na primeira pes-
Inserir Inserido Inserto soa do singular do presente do indicativo, bem como:
aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder,
Isentar Isentado Isento
fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo-
Juntar Juntado Junto rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer.
Limpar Limpado Limpo Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
nos temporais também apresentam essa característi-
Matar Matado Morto
ca, como latir, bramir, chover.
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago  Pronominais: esses verbos apresentam um prono-
Prender Prendido Preso me oblíquo átono integrando sua forma verbal. É
importante lembrar que esses pronomes não apre-
Romper Rompido Roto sentam função sintática. Predominantemente, os
Salvar Salvado Salvo verbos pronominas apresentam transitividade
Secar Secado Seco indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.

Submergir Submergido Submerso PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO


Suspender Suspendido Suspenso — INDICATIVO — INDICATIVO
Tingir Tingido Tinto Eu me sento Sentei-me
Torcer Torcido Torto Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se

PARTICÍPIO PARTICÍPIO Nós nos sentamos Sentamo-nos


INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR Vós vos sentais Sentastes-vos
Eu já tinha aceitado o Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
Aceitar O convite foi aceito
convite
Aviso quando tiver  Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblí-
Entregar entregado a Está entregue! quo átono reflexivo, funcionando sintaticamen-
encomenda
30 te como objeto direto ou indireto. Nesses verbos,
o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (partir,
tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimen- sair).
tamos friamente;
 Impessoais: verbos que designam fenômenos da Dica
natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga- ção,
 o verbo haver, com sentido de existir ou mar- pois origina-se do verbo “poer”.
cando tempo decorrido, também será impes- O mesmo acontece com verbos que deste derivam.
soal. Ex.: Havia muitos candidatos e poucas
vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso Vozes Verbais
público;
As vozes verbais definem o papel do sujeito na
 os verbos ser e estar também são verbos
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
impessoais quando designam fenômeno climá-
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
tico ou tempo. Ex.: Está muito quente! / Era tar-
de quando chegamos;  Ativa: o sujeito é o agente, praticando a ação verbal.
 o verbo ser para indicar hora, distância ou data Ex.: O policial deteve os bandidos;
concorda com esses elementos;  Passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação
 o verbo fazer também poderá ser impessoal, verbal.
quando indicar tempo decorrido ou tempo cli- Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
mático. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui passiva analítica;
faz muito calor;  Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
 os verbos impessoais não apresentam sujei-  Reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo
to; sintaticamente, classifica-se como sujeito tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.
inexistente; Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O
 o verbo ser será impessoal quando o espa- menino se agrediu;
ço sintático ocupado pelo sujeito não estiver  Recíproca: o sujeito é agente e paciente ao mes-
preenchido: “Já é natal”. Segue o mesmo para- mo tempo, porém há uma ação compartilhada
entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
digma do verbo fazer, podendo ser impessoal,
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam
também, o verbo ir: “Vai uns bons anos que
e sofrem a ação.
não vejo Mariana”.
Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga-
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
 Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados cumprimentaram.
nas formas compostas dos verbos e também nas
locuções verbais. Os principais verbos auxiliares A voz passiva é realizada a partir da troca de fun-
dos tempos compostos são ter e haver. ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos
transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e
concordância verbal; porém, o verbo principal deter- indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do
mina a regência estabelecida na oração. objeto direto.
Apresentam forte carga semântica que indica Importante! Não confunda os verbos pronomi-
nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais
modo e aspecto da oração. São importantes na forma-
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei-
ção da voz passiva analítica.
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um
pronome que faz parte integrante do seu significado,
 Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos diferentemente das vozes verbais, que acompanham
três formas nominais dos verbos: o pronome “se” com função sintática própria.

 Gerúndio: terminação -ndo. Apresenta valor Outras Funções do “Se”


durativo da ação e equivale a um advérbio ou
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando; Como vimos, o “se” pode funcionar como item
 Particípio: terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele-
-so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi- mento também acumula outras atribuições:
ficado em particípio regular e irregular, sendo
as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.  Partícula apassivadora: a voz passiva sintética
é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é
ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com designado partícula apassivadora, nesse contexto.
os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par- Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —
PORTUGUESA

ticípio irregular. “Se” (partícula apassivadora).


Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos /
Os traficantes foram expulsos pelos policiais. O “se” exercerá essa função apenas:
LÍNGUA

 Infinitivo: marca as conjugações verbais.  com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
 com verbos que concordam com o sujeito;
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (amar,  com a voz passiva sintética.
passear);
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (comer, Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto dire-
pôr); to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. 31
 Índice de indeterminação do sujeito: o “se” fun- Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
cionará nessa condição quando não for possível ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
identificar o sujeito explícito ou subentendido. preensão dessas conjugações verbais.
Além disso, não podemos confundir essa função O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi- verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
estar na voz ativa.
ção são, predominantemente, regulares.
Outra importante característica do “se” como índi-
PRESENTE — INDICATIVO
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou Eu Crio
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá Tu Crias
estar na 3ª pessoa do singular. Ele/Você Cria
Ex.: Acredita-se em Deus.
Nós Criamos
 Pronome reflexivo: na função de pronome refle- Vós Criais
xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci- Eles/Vocês Criam
procidade, auxiliando a construção dessas vozes
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
cipais características são: Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
mente são irregulares e apresentam alguma modifi-
 sujeito recebe e pratica a ação; cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a
 funcionará, sintaticamente, como objeto direto conjugação do verbo “passear”:
ou indireto;
 o sujeito da frase poderá estar explícito ou PRESENTE — INDICATIVO
implícito. Eu Passeio
Tu Passeias
Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
Ele/Você Passeia
presente de aniversário (implícito).
Nós Passeamos
 Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se” Vós Passeais
será parte integrante dos verbos pronominais,
Eles/Vocês Passeiam
acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-
ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá Conjugação de Alguns Verbos
estar explícito ou implícito.
Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a filha; Vamos agora conhecer algumas conjugações de
 Partícula de realce: será partícula de realce o “se” verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
que puder ser retirado do contexto sem prejuízo to de questões em concursos.
no sentido e na compreensão global do texto. A Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:
partícula de realce não exerce função sintática,
pois é desnecessária. PRESENTE — INDICATIVO
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos; Eu Adiro
 Conjunção: o “se” será conjunção condicional Tu Aderes
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
Ele/Você Adere
“se” exerce função de conjunção integrante, ape-
nas ligando as orações, e poderá ser substituído Nós Aderimos
pela conjunção “caso”. Vós Aderis
Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu- Eles/Vocês Aderem
dar, será aprovado).

Conjugação de Verbos Derivados A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.


São conjugados da mesma forma os verbos dispor,
Verbo derivado é aquele que deriva de um ver- interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
bo primitivo; para trabalhar a conjugação desses entrepor, supor.
verbos, é importante ter clara a conjugação de seus
“originários”. PRESENTE — INDICATIVO
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu- Eu Ponho
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
Tu Pões
relevantes em provas diversas:
Ele/Você Põe
 Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor; Nós Pomos
 Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se; Vós Pondes
 Ver: antever, rever, prever;
Eles/Vocês Põem
32  Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
PREPOSIÇÕES “De”

São palavras invariáveis que ligam orações ou  Causa: Chorar de saudade;


outras palavras. As preposições apresentam funções  Assunto: Falar de religião;
importantes tanto no aspecto semântico quanto no  Matéria: Material feito de plástico;
aspecto sintático, pois complementam o sentido de  Conteúdo: Maço de cigarro;
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado  Origem: Você descende de família humilde;
sem a presença da preposição, modificando a transiti-  Posse: Este é o carro de João;
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de  Autoria: Esta música é de Chopin;
sentido de palavras deverbais4.  Tempo: Ela dorme de dia;
As preposições essenciais são: a, ante, até, após,  Lugar: Veio de São Paulo;
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-  Definição: Pessoa de coragem;
te, por, sem, sob, trás.  Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim  Fim ou finalidade: Carro de passeio;
chamadas pois pertencem a outras classes grama-  Instrumento: Comer de garfo e faca;
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-  Meio: Viver de ilusões;
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando  Medida ou extensão: Régua de 30 cm;
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,  Modo: Olhar alguém de frente;
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto  Preço: Caderno de 10 reais;
(quando equivaler a “por causa de”).  Qualidade: Vender artigo de primeira;
Acompanhe a seguir algumas preposições e exem-  Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa
plos de uso em diferentes situações: corajosa.

“A” “Desde”

 Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças;  Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
 Conformidade: Escrever ao modo clássico;  Tempo: Desde ontem ele não aparece.
 Destino (em correlação com a preposição de): De
Santos à Bahia; “Em”
 Meio: Voltarei a andar a cavalo;
 Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;  Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
 Direção: Levantar as mãos aos céus; dólares;
 Distância: Cair a poucos metros da namorada;  Meio: Pagou a dívida em cheque;
 Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;  Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi
 Lugar: Ir a Santa Catarina; bom;
 Modo: Falar aos gritos;  Forma ou semelhança: As crianças juntaram as
mãos em concha;
 Sucessão: Dia a dia;
 Tempo: Nasci a três de maio;  Transformação ou alteração: Transformou dóla-
res em reais;
 Proximidade: Estar à janela.
 Estado ou qualidade: Foto em preto e branco;
 Fim: Pedir em casamento;
“Após”
 Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba;
 Modo: Escrever em francês;
 Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
 Sucessão: De grão em grão;
 Tempo: Logo após o almoço descansamos.  Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;
 Especialidade: João formou-se em Engenharia.
“Com”
“Entre”
 Causa: Ficar pobre com a inflação;
 Companhia: Ir ao cinema com os amigos;  Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
 Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-  Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;
nos para o futuro;  Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
 Instrumento: Abrir a porta com a chave; discórdia.
 Matéria: Vinho se faz com uva;
 Modo: Andar com elegância; “Para”
 Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
comigo sempre é assim.  Consequência: Você deve ser muito esperto para
não cair em armadilhas;
PORTUGUESA

“Contra”  Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;


 Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
LÍNGUA

 Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;  Proporção: As baleias estão para os peixes assim
 Direção: Olhar contra o sol; como nós estamos para as galinhas;
 Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho  Referência: Para mim, ela está mentindo;
contra o peito.  Tempo: Para o ano irei à praia;
4 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 33
 Destino ou direção: Olhe para frente!  Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa
um short.
“Perante”
Outros exemplos de locuções prepositivas: abai-
 Lugar: Ele negou o crime perante o júri. xo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de;
adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
“Por” junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a
fim de; por meio de; em virtude de.
 Modo ou conformidade: Vamos escolher por sorteio;
 Causa: Encontrar alguém por coincidência;
 Conformidade: Copiar por original;
Importante!
 Favor: Lutar por seus ideais; Algumas locuções prepositivas apresentam seme- lhanças
 Medida: Vendia banana por quilo; morfológicas, mas significados completa- mente
 Meio: Ir por terra; diferentes. Observe estes exemplos5:
 Modo: Saber por alto o que ocorreu; A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-
 Preço: Comprar um livro por vinte reais; jamento inicial = Concordância.
 Quantidade: Chocar por três vezes; As decisões do público foram de encontro à pro-
 Substituição: Comprar gato por lebre; posta do programa = Discordância.
 Tempo: Viver por muitos anos. Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru- tas =
Substituição.
“Sem” Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =
Oposição.
 Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
dinheiro.
Combinações e Contrações
“Sob”
As preposições podem se ligar a outras palavras de
 Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. outras classes gramaticais por meio de dois processos:
Pedro II; combinação e contração.
 Lugar: Ficar sob o viaduto;
 Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.  Combinação: quando se ligam sem sofrer nenhu-
ma redução.
a + o = ao
“Sobre”
a + os = aos
 Contração: quando, ao se ligarem, sofrem redução.
 Assunto: Não gosto de falar sobre política;
 Direção: Ir sobre o adversário;
Veja a lista a seguir6, que apresenta as preposições
 Lugar: Cair sobre o inimigo. que se contraem e suas devidas formas:

Locuções Prepositivas  Preposição “a”:


São grupos de palavras que equivalem a uma  Com o artigo definido ou pronome demonstra-
preposição. tivo feminino:
Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) / a + a= à
Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva) a + as= às
A locução prepositiva na segunda frase substitui  Com o pronome demonstrativo:
perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre- a + aquele = àquele
positivas sempre terminam em uma preposição (há a + aqueles = àqueles
apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti- a + aquela = àquela
do concessivo “não obstante”). a + aquelas = àquelas
Veja alguns exemplos: a + aquilo = àquilo

 Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-  Preposição “de”:


ram logo;
 A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito  Com artigo definido masculino e feminino:
de finanças; de + o/os = do/dos
 Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu de + a/as = da/das
nada grave;  Com artigo indefinido:
 De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, de + um= dum
a língua é indispensável para que possamos pen- de + uns = duns
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos; de + uma = duma
 Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, de + umas = dumas
não passei no exame;  Com pronome demonstrativo:
 Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito de + este(s)= deste, destes
para com os mais velhos; de + esta(s)= desta, destas
5 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020.
34 6 Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm. Acesso em: 20 nov. 2020.
de + isto= disto Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
de + esse(s) = desse, desses complemento nominal).
de + essa(s)= dessa, dessas Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
de + isso = disso gida pelo adjetivo).
de + aquele(s) = daquele, daqueles Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
de + aquela(s) = daquela, daquelas advérbio).
de + aquilo= daquilo Em todos esses casos, a preposição mantém uma
 Com o pronome pessoal: relação sintática com a classe de palavras a qual se
de + ele(s) = dele, deles liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na
de + ela(s) = dela, delas sentença.
 Com o pronome indefinido: De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
de + outro(s)= doutro, doutros nal é preponderante apresentam uma modificação
de + outra(s) = doutra, doutras no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são
 Com advérbio: componentes obrigatórios na construção da senten-
de + aqui= daqui ça, divergindo das preposições de valor relacional.
de + aí= daí As preposições de valor nocional estabelecem uma
de + ali= dali noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
etc. Vejamos algumas na tabela a seguir:
 Preposição “em”:
VALOR NOCIONAL
 Com artigo definido: SENTIDO
DAS
em + a(s)= na, nas PREPOSIÇÕES
em + o(s)= no, nos Posse Carro de Marcelo
 Com pronome demonstrativo:
em + esse(s)= nesse, nesses O cachorro está sob a
Lugar
em + essa(s)= nessa, nessas mesa
em + isso = nisso Votar em branco / Chegar
em + este(s) = neste, nestes Modo
aos gritos
em + esta(s) = nesta, nestas
Causa Preso por agressão
em + isto = nisto
em + aquele(s) = naquele, naqueles Assunto Falar sobre política
em + aquela(s) = naquelas Descende de família
em + aquilo = naquilo Origem
simples
 Com pronome pessoal:
em + ele(s) = nele, neles Olhe para frente! / Iremos a
Destino
Paris
em + ela(s) = nela, nelas

 Preposição “per”: CONJUNÇÕES

 Com as formas antigas do artigo definido (lo, Assim como as preposições, as conjunções também
la): são invariáveis e também auxiliam na organização
per + lo(s) = pelo, pelos das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
per + la(s) = pela, pelas ções. Por manterem relação direta com a organização
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
 Preposição “para” (pra): coordenativas ou subordinativas.

 Com artigo definido: Conjunções Coordenativas


para (pra) + o(s) = pro, pros
para (pra) + a(s)= pra, pras As conjunções coordenativas são aquelas que
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda,
Preposições essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo
da oração. As conjunções coordenadas podem ser:
Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar
o que significa Semântica. Semântica é a área do  Aditivas: somam informações. E, nem, bem como,
conhecimento que relaciona o significado da palavra não só, mas também, não apenas, como ainda,
ao seu contexto. senão (após não só).
É importante ressaltar que as preposições podem Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei.
apresentar valor relacional ou podem atribuir um
O gato era o preferido, não só da filha, senão de
PORTUGUESA

valor nocional.
toda família.
As preposições que apresentam um valor rela-
 Adversativas: colocam informações em oposição,
LÍNGUA

cional cumprem uma relação sintática com verbos


contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre-
ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas).
deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma
relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér- Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
bios, os quais também apresentarão função deverbal. A culpa não foi a população, senão dos vereadores
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida (equivale a “mas sim”).
pela regência do verbo concordar).
35
Importante! A conjunção “e” pode apresentar Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
valor adversativo, principalmente quando é antecedi- Amanhã chove, segundo informa a previsão do
da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho tempo.
não deixava.  Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia
contrária à da oração principal. Embora, conquan-
 Alternativas: ligam orações com ideias que não to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que
acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou, etc.
ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já. Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
Ex.: Estude ou vá para a festa. tivesse gostado.
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la. Trabalhava, por mais que a perna doesse.
 Condicional: iniciam uma oração com ideia de
Importante! A palavra “senão” pode funcionar hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha- que, a menos que, somente se etc.
marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”). Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi-
do sua mensagem.
 Explicativas: ligam orações, de forma que em uma Posso lhe ajudar, caso necessite.
delas explica-se o que a outra afirma. Que, porque,  Proporcional: ideia de proporcionalidade. À pro-
pois, (se vier no início da oração), porquanto.
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a quanto menos...menos etc.
enxada!
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
Viva bem, pois isso é o mais importante. ser aprovado.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
Importante! “Pois” com sentido explicativo ini-
 Final: expressam ideia de finalidade. Final, para
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto
que, a fim de que etc.
saudades.
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado Ex.: A professora dá exemplos para que você aprenda!
entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, Comprou um computador a fim de que pudesse
pois, a subir. trabalhar tranquilamente.
 Temporal: iniciam a oração expressando ideia de
 Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal,
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo, logo que, desde que etc.
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
destarte, pois (deslocado na frase). do Futuro.
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado. Mal cheguei à cidade, fui assaltado.
Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-se.

Lembre-se: Importante!
As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre- Os valores semânticos das conjunções não se
gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que ambas prendem às formas morfológicas desses elemen- tos. O
indicam a mesma relação aditiva, o uso concomitante valor das conjunções é construído contex- tualmente,
acarreta em redundância. por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
estabelecidos no texto.
Conjunções Subordinativas Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a
procura? (Se = causal = já que)
Tais quais as conjunções coordenativas, as subor- Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
puro no campo? (Quando = causal = já que).
apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
para terem o sentido apreendido. Conjunções Integrantes

As conjunções integrantes fazem parte das orações


 Causal: iniciam a oração dando ideia de causa.
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que, subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma
uma vez que, como (equivale a porque) etc. oração principal à outra, subordinada. Existem apenas
Ex.: Como não choveu, a represa secou. dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”.
 Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia
de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de  Quando é possível substituir o “que” pelo pro-
modo que, de forma que, de sorte que etc. nome “isso”, estamos diante de uma conjunção
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça. integrante.
 Comparativa: iniciam orações comparando ações Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que Isso).
nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,  Sempre haverá conjunção integrante em orações
maior), tanto... quanto etc. substantivas e, consequentemente, em períodos
Ex.: Corria como um touro. compostos.
Ela dança tanto quanto Carlos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
 Conformativa: expressam a conformidade de quê? Isso).
uma ideia com a da oração principal. Conforme,  Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
36 como, segundo, de acordo com, consoante etc. bo e uma conjunção integrante.
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
(errado). palavra que não aceita artigo).
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo). Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
INTERJEIÇÕES dam no momento de identificação:

As interjeições também fazem parte do grupo de CASOS CONVENCIONADOS


palavras invariáveis, tal como as preposições e as
conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-  Locuções adverbiais formadas por palavras
to e emoções; por isso, apresentam forte conotação femininas:
semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
uma frase. Ex.: Tchau! Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
As interjeições indicam relações de sentido diversas. Espero vocês à noite na estação de metrô.
A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos Estou à beira-mar desde cedo;
e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:  Locuções prepositivas formadas por palavras
femininas:
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO Ex.: Ficaram à frente do projeto;
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!  Locuções conjuntivas formadas por palavras
femininas:
Alívio Arre! Ufa! Ah!
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva! aumentando;
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!  Quando indicar marcação de horário, no plural
Repulsa Irra! Fora! Abaixo! Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
Fique atento ao seguinte: entre números teremos
Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena! que de = a / da = à, portanto:
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz! Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau! Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase);
 Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh! aquilo:
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
É salutar lembrar que o sentido exato de cada àquele outono.
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- Por favor, entregue as flores àquela moça que está
texto. Por isso, em questões que abordem essa classe sentada.
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a Dedique-se àquilo que lhe faz bem;
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido  Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
expresso no texto.
de:
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati- Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
va que expresse sentimento ou emoção pode funcio- Referimo-nos à de preto;
nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,
 Com o pronome relativo a qual, as quais:
por exemplo, que são interjeições por excelência, mas Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
de sair.
alterado.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
férias.
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
CASOS PROIBITIVOS
Ora bolas! Valha-me Deus!
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor
orientação de quando não usar a crase.

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO  Antes de nomes masculinos


DE CRASE Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
rial agrada a todos.” (MM)
Um assunto que causa grande dúvida é o uso da O carro é movido a álcool.
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção Venda a prazo;
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da  Antes de palavras femininas que não aceitam
junção da preposição a + os pronomes relativos aque- artigos
Ex.: Iremos a Fortaleza.
PORTUGUESA

le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela


marcação (`) + (a) = (à).
Ex.: Entregue o relatório à diretoria. Macete de crase:
LÍNGUA

Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. Se vou a; Volto da = Crase há!
Regra geral: haverá crase sempre que o termo Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
antecedente exija a preposição a e o termo conse- Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
quente aceite o artigo a. Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza;
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-  Antes de forma verbal infinitiva
ge preposição). Ex.: Os produtos começaram a chegar. 37
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
com franqueza, parecem dar a entender que o instrumento).
fazem por exceção de regra.” (MM); Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto).
 Antes de expressão de tratamento Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa instrumento).
Excelência;
 No a (singular) antes de palavra no plural, quando QUANDO USAR OU NÃO A CRASE EM SENTENÇAS
a regência do verbo exigir preposição COM NOMES DE LUGARES
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes;
 Antes dos pronomes relativos quem e cuja  Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
o pacote. moro em Copacabana, passo por Copacabana);
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio;  Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
 Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu- Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha passo pela Bahia).
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
contrato. MACETES
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
suspeita de fraude.  Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
Eles estavam conservando a certa altura. por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
Faremos a obra a qualquer custo. a, com a, à moda de, durante a;
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade;  Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
 Antes de demonstrativos Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa;  Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
 Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
personalidades históricas uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin;  Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
 Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela. por a este, a esta e a isto;
O pacote foi entregue a ti ontem;  Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
 Nas expressões tautológicas (face a face, lado a nomes de cidades quando esses termos estiverem
lado) acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal tância de 200 metros do pico da montanha.
de justiça;
 Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância A compreensão da crase vai muito além da estética
sem determinante gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Astronauta volta a Terra em dois meses. Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Os pesquisadores chegaram a terra depois da pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
expedição marinha. ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
Vocês o observaram a distância. como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
advérbio de instrumento da ação de pintar.
CRASE FACULTATIVA

Nestes casos, podemos escrever as palavras das


duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender SINTAXE DA ORAÇÃO E DO
detalhadamente, observe as seguintes dicas: PERÍODO
CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE
 Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
se tem proximidade Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara; os grandes grupos de palavras existentes na língua,
 Antes de pronomes possessivos no singular como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
Ex.: Iremos a/à sua residência; pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
 Após preposição até, com ideia de limite nós construímos um painel morfológico.
Ex.: Dirija-se até a/à portaria. As palavras normalmente recebem uma dupla
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até classificação: a morfológica, que está relacionada à
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
afeto.” (CBr. 1, 67) cionada à função específica que assumem em deter-
minada frase.
CASOS ESPECIAIS
Frase
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes Frase é todo enunciado com sentido completo.
forem femininos, normalmente a crase não será utili- Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para conjunto de palavras.
evitar ambiguidades. Ex.: Fogo!
38 Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto). Silêncio!
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano  o termo que pode ser substituído por um pronome
Ramos). do caso reto.
(Ela implorou pela compra da vacina da covid-19.)
Oração
Núcleo do Sujeito
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen- porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
tá-lo completo ou incompleto. núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a do determinada função sintática, que atua ou sofre
poluição. a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque). tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
pronome.
Período
 O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Ex.: O povo pediu providências ao governador.
orações. Sujeito: O povo
Classifica-se em: Núcleo do sujeito: povo
 Já no sujeito composto, o núcleo será constituído
 Simples: possui apenas uma oração. de dois ou mais termos.
Ex.: O sol surgiu radiante. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ninguém viu o acidente. Sujeito: As luzes e as cores
Núcleo do sujeito: luzes/cores
 Composto: possui duas ou mais orações.
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque) Dica
Chegou em casa e tomou banho. Para determinar o sujeito da oração, colocam-se as
expressões interrogativas quem? ou o quê? antes do
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao
Os termos que formam o período simples são dis- governador.
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- Quem pediu uma providência ao governador? Resposta:
grantes (complemento verbal, complemento nominal A população (sujeito).
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o outro.
adjunto adverbial e aposto). O que iria de um lado para o outro? Resposta: O
pêndulo do relógio (sujeito).
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
Tipos de Sujeito
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa- Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por Simples
exemplo. São eles: sujeito e predicado. Veremos a
DETERMINADO Composto
seguir cada um deles.
Elíptico
Sujeito Com verbos flexionados na 3ª
pessoa do plural
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada INDETERMINAD Com verbos acompanhados do se
pelo verbo. O (índice de indeterminação do
O sujeito pode ser: sujeito)
Usado para fenômenos da natureza ou
 o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
INEXISTENTE com verbos impessoais
 o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
pelo verbo;
 o termo que pode ser substituído por um pronome
do caso reto;  Determinado: quando se identifica a pessoa, o
 o termo com o qual o verbo concorda.
PORTUGUESA

lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:


Ex.: A população implorou pela compra da vacina
da covid-19.  Simples: quando há apenas um núcleo.
LÍNGUA

Ex.: O [aluguel] da casa é caro.


No exemplo anterior a população é: Núcleo: aluguel
Sujeito simples: O aluguel da casa;
 o elemento sobre o qual se declarou algo (implo-  Composto: quando há dois núcleos ou mais.
rou pela compra da vacina); Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
 o elemento que pratica a ação de implorar; Núcleos: sons, cores.
 o termo com o qual o verbo concorda (o verbo Sujeito composto: Os sons e as cores; 39
implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
 Elíptico, oculto ou desinencial: quando não Predicado
aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu) o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
mos essenciais na oração, há casos em que a oração
 Indeterminado: quando não é possível identificar não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- impossível existir uma oração sem sujeito.
do por um índice de indeterminação do sujeito, a O predicado pode ser:
partícula “se”.
 Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
 colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
(José de Alencar);
não se referindo a nenhuma palavra determi-
Predicado: seguem sua marcha;
nada no contexto.  Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. to (oração sem sujeito):
Entende-se que alguém passou cedo; Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
 colocando-se verbos (intransitivos, transitivos Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
diretos ou de ligação) sem complemento dire-
to na 3ª pessoa do singular acompanhados do Para determinar o predicado, basta separar o
pronome se, pronome que atua como índice de sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
indeterminação do sujeito. do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
Ex.: Não se vê com a neblina. é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Dias)
condição.
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.

Esse tipo de situação ocorre quando uma oração Classificação do Predicado


não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos
são impessoais e normalmente representam fenôme- A classificação do predicado depende do significa-
nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer do e do tipo de verbo que apresenta.
ou haver no sentido de existir.
Geia no Paraná.  Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
Fazia um mês que tinha sumido. nificativo se concentra em um nome (corresponde
Basta de confusão. a um predicativo do sujeito).
Há dois anos esse restaurante abriu. O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
O predicado nominal tem por núcleo um nome
(substantivo, adjetivo ou pronome).
Classificação do Sujeito Quanto à Voz
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
Mendes)
 Voz ativa (sujeito agente) Predicado: são mais bonitas.
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado. Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer- Bilac)
ce a ação na frase; Predicado: estão cheias de calafrios.
 Voz passiva sintética (sujeito paciente)
Ex.: Corta-se cabelo. É importante não confundir:
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do  Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da mas um estado momentâneo ou permanente que
oração. relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
o predicativo do sujeito;
 Predicativo do sujeito: função exercida por subs-
Importante notar que não há preposição entre
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais Ex.: O garoto está bastante feliz.
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. Verbo de ligação: está.
Precisa-se de cabelo. Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, Ex.: Seu batom é muito forte.
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é Verbo de ligação: é.
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina- Predicativo do sujeito: muito forte.
ção “-se”.
Predicado Verbal
 Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Ex.: A minha saia azul está rasgada. Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen- verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
ça da partícula -se. cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
40 demais termos do predicado.
O verbo do predicado pode ser classificado em No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi- um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
concluir que temos um caso de predicativo do obje-
 Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi- to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
ge um complemento não preposicionado, o objeto o sujeito.
direto. O que é o predicativo do objeto?
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” É o termo que confere uma característica, uma
Noel Rosa qualidade, ao que se refere.
Verbo Transitivo Direto: Fazer. A formação do predicativo do objeto se dá por um
Ex.: Ele trouxe os livros ontem. adjetivo ou por um substantivo.
Verbo Transitivo Direto: trouxe; Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
 Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- Predicativo do objeto: proveitoso
vo indireto tem como necessidade o complemen- Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
to acompanhado de uma preposição para fazer Predicativo do objeto: vitoriosa
sentido. Para facilitar a identificação do predicativo do
Ex.: Nós acreditamos em você. objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Verbo transitivo indireto: acreditamos centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Preposição: em fica é relacionar o predicativo ao nome.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. O filme foi proveitoso.
Verbo transitivo indireto: obedeceu Ela era vitoriosa.
Preposição: a (a + os) Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
Ex.: Os professores concordaram com isso. dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Verbo transitivo indireto: concordaram ligação (foi e era, respectivamente).
Preposição: com;
 Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
verbo de sentido incompleto que exige dois com-
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto São vocábulos que se agregam a determinadas
indireto (com preposição). estruturas para torná-las completas. De acordo com
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- a gramática da língua portuguesa, esses termos são
tras.” (Machado de Assis) divididos em:
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Objeto direto 1: anedotas Complementos Verbais
Objeto indireto 1: lhe
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia São termos que completam o sentido de verbos
Objeto direto 2: outras transitivos diretos e transitivos indiretos.
Objeto indireto 2: lhe;
 Verbo intransitivo (VI): é aquele capaz de cons-  Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
truir sozinho o predicado, que não precisa de com- panhado de preposição.
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da Ex.: Examinei o relógio de pulso.
oração. Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
Verbo intransitivo: adormeciam.
aqueles).
Predicado Verbo-Nominal
Pronomes e sua Relação com o Objeto Direto
Ocorre quando há dois núcleos significativos:
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
exercem função de objeto direto, os pronomes oblí-
transitivo, predicativo do objeto).
quos me, te, se, nos, vos também podem exercer essa
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
função sintática.
Verbo intransitivo: parou
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
Predicativo do sujeito: atento
quem? A minha pessoa”)
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
considerado predicativo do sujeito. (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
“Convidaram quem? Ela”)
PORTUGUESA

Verbo intransitivo: marchou


Predicativo do sujeito: desorientado Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi- “Receberam quem? Nós”)
LÍNGUA

ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha- pronome relativo que.
do de Assis) Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
Verbo transitivo direto: achou esse algo é o objeto direto)
Objeto direto: o raciocínio Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
Predicativo do objeto: exato feminino definido) 41
 Objeto direto preposicionado Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
preposição no seu complemento, algumas palavras Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
requerem o uso da preposição para não perder o sen-
tido de “alvo” do sujeito.  Objeto indireto pleonástico: ocorrência repetida
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
facultativos. uma mensagem.
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
 Exemplos com ocorrência obrigatória de
preposição: Complemento Nominal

Não entendo nem a ele nem a ti. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Respeitava-se aos mais antigos. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Amavam-se um ao outro. presença de um complemento nominal nos contextos
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
feita.” (Ciro dos Anjos).
do do nome.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
 Exemplos com ocorrência facultativa de
Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
preposição:
Para melhor identificar um complemento nomi-
nal, siga a instrução:
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
le templo. Nome + preposição + quem ou quê
A escultura atrai a todos os visitantes. Como diferenciar complemento nominal de com-
plemento verbal?
Não admito que coloquem a Sua Excelência num
pedestal. Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
Ao povo ninguém engana. (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. diretamente ao verbo “obedecia”)
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
sente para indicar parte de um todo, quando assim ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
bebeu uma porção da água, e não ela toda. Agente da Passiva

 Objeto direto pleonástico: é a dupla ocorrência É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
dessa função sintática na mesma oração, a fim de lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
enfatizar um único significado. raramente, da preposição de.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
Andrade) ser, estar, viver, andar, ficar.
 Objeto direto interno: representado por palavra
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
mesmo significado.
Ex.: Riu um riso aterrador. Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
Dormiu o sono dos justos. ra básica da oração, são importantes para compreen-
são do enunciado porque trazem informações novas.
Como diferenciar objeto direto de sujeito? Esses termos são chamados acessórios da oração.
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto) Adjunto Adnominal
O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
va analítica e se transforma em sujeito. São termos que acompanham o substantivo,
Os jogos da seleção foram ignorados. núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
especificar o elemento representado pelo substantivo.
 Objeto indireto: é complemento verbal regido de Categorias morfológicas que podem funcionar
preposição obrigatória, que se liga diretamente a
como adjunto adnominal:
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
 artigos;
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
casa 260.  adjetivos;
Gosto de ti, meu nobre.  numerais;
Não troque o certo pelo duvidoso.  pronomes;
Vamos insistir em promover o novo romance de  locuções adjetivas.
ficção.
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
 Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais ficaram esquecidos no quarto.
Iam cheios de si.
Pode ser representado pelos seguintes pronomes Estava conquistando o respeito dos seus.
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro- O novo regulamento originou a revolta dos
nomes o, a, os, as não exercerão essa função. funcionários.
42 Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens. Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
des obras.
 Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto Aposto: Machado de Assis.
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes Classifica-se nas seguintes categorias:
exercem essa função sintática quando assumem
valor de pronomes possessivos.  Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). Separa-se do substantivo a que se refere por uma
 Como diferenciar adjunto adnominal de com- pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
plemento nominal? ou dois-pontos.
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
Quando o adjunto adnominal for representado ontem, acabaram de voltar de férias.
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos;
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga  Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
a dica: foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
 Será adjunto adnominal: se o substantivo ao Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
qual se liga for concreto. riachos.
Ex.: A casa da idosa desapareceu. Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
Se indicar posse ou o agente daquilo que preconceito, antipatia e arrogância;
expressa o substantivo abstrato.  Recapitulativo ou resumidor: é o termo usado
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada; para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
 Será complemento nominal: se indicar o alvo malmente, por um pronome indefinido.
daquilo que expressa o substantivo. Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não estavam empolgados com a feira.
foi respeitada. Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
Notava-se o amor pelo seu trabalho. -Bissau, países africanos onde se fala português;
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:  Comparativo: estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos. Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
rumo;
Adjunto Adverbial  Circunstancial: exprime uma característica
circunstancial.
Termo representado por advérbios, locuções Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio- apropriadas;
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas  Especificativo: é o aposto que aparece junto a um
circunstâncias. substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
 Tempo: Quero que ele venha logo; substantivos próprios.
 Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida; Exs.: O mês de abril.
 Modo: O dia começou alegremente; O rio Amazonas.
 Intensidade: Almoçou pouco; Meu primo José;
 Causa: Ela tremia de frio;  Aposto da oração: é um comentário sobre o
 Companhia: Venha jantar comigo; fato expresso pela oração, ou uma palavra que
 Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as condensa.
roupas; Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
 Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; preocupação.
 Finalidade: Vivia para o trabalho; O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
 Meio: Viajou de avião devido à rapidez; ideia que não me agrada;
 Assunto: Falávamos sobre o aluguel;  Distributivo: dispõe os elementos equitativamente.
 Negação: Não permitirei que permaneça aqui; Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
 Afirmação: Sairia sim naquela manhã; para as perguntas.
 Origem: Descendia de nobres. Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
Não confunda!
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de Dica
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-  O aposto pode aparecer antes do termo a que se
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que refere, normalmente antes do sujeito.
o sentido seja parecido.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen- na
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
é um adjunto adnominal)
marcou uma geração.
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um  Segundo o gramático Cegalla, quando o apos- to se
adjunto adverbial) refere a um termo preposicionado, pode ele vir
PORTUGUESA

igualmente preposicionado.
Aposto Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de tudo
ele tinha medo.
LÍNGUA

Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes  O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Ex.:
ou orações. O aposto tem como propósito explicar, Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. (adjetivos,
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon- apostos do predicativo do sujeito) Falou comigo
tar algo, alguém ou um fato. deste modo: calma e maliciosa- mente. (advérbios,
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma aposto do adjunto adverbial
bicicleta.
de modo). 43
Aposto: filha de D. Raimunda
 Diferença de aposto especificativo e adjunto  Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
adnominal: normalmente, é possível retirar a sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
preposição que precede o aposto. Caso seja um
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura  Por subordinação:
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente.  Orações subordinadas substantivas: subjeti-
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade) vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
O clima de Fortaleza é quente. pletivas nominais, predicativas, apositivas;
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?);  Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
 Diferença de aposto e predicativo do sujeito: o explicativas;
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo  Orações subordinadas adverbiais: causais,
adjetivo. comparativas, concessivas, condicionais, con-
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad- temporais.
jetivo)
Homem desesperado, João sempre perde o con-  Por coordenação e subordinação: orações for-
trole. madas por períodos mistos;
(aposto; núcleo: homem – substantivo).  Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
Vocativo
PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
O vocativo é um termo que não mantém relação
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- As orações são sintaticamente independentes. Isso
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para significa que uma não possui relação sintática com
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
ja se comunicar. É um termo independente, pois período.
não faz parte da estrutura da oração. Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha (Fernando Pessoa)
consulta. Oração coordenada 1: Deus quer
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Oração coordenada 2: o homem sonha
Oração coordenada 3: a obra nasce.
 Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
outro termo da oração. Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
O aposto se relaciona sintaticamente com outro porta da sala de Damasceno
termo da oração. Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
Conjunção adversativa: mas nada
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impe-
cável.
Sujeito: a cozinha de Lufe. Orações Coordenadas Sindéticas
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao
As orações coordenadas podem aparecer ligadas
sujeito).
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
PERÍODO COMPOSTO
sindética. Veremos agora cada uma delas:
Observe os exemplos a seguir:
 Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou
A apostila de Português está completa.
simultaneidade.
Um verbo: Uma oração = período simples
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
Português e Matemática são disciplinas essen-
bém, mas ainda, bem como, como também, se-
ciais para ser aprovado em concursos.
não também, que (= e).
Dois verbos: duas orações = período composto
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
O período composto é formado por duas ou mais
Os convidados não compareceram nem explica-
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
ram o motivo;
períodos simples e período compostos.
 Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior.
PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia,
O povo levantou-se cedo contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
Era dia de eleição tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
para evitar aglomeração
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
Para não esquecer: “A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a
morte.” (Laurindo Rabelo);
Período simples é aquele formado por uma só  Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou
oração. se excluem.
Período composto é aquele formado por duas ou Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ...
mais orações. ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez
Classifica-se nas seguintes categorias: ... talvez).
Ex.: Ora responde, ora fica calado.
44  Por coordenação: orações coordenadas assindéticas; Você quer suco de laranja ou refrigerante?
 Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
sobre um raciocínio. plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- pl. nom.);
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início  Orações subordinadas substantivas predicati-
de frase). vas: funcionam como predicativos do sujeito da
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima oração principal. Sempre figuram após o verbo de
semana. ligação ser.
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Mendes Campos); sujeito)
 Explicativas: justificam uma opinião ou ordem Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.);
porquanto, pois.  Orações subordinadas substantivas apositivas:
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
a “pois”) de dois-pontos ou entre vírgulas.
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
com fome. Só quero uma coisa: que você volte imediata-
mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.);
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
Orações Subordinadas Adjetivas
Formado por orações sintaticamente dependentes,
considerando a função sintática em relação a um ver- Desempenham função de adjetivo (adjunto adno-
bo, nome ou pronome de outra oração. minal ou, mais raramente, aposto explicativo). São
Tipos de orações subordinadas: introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a
qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.)
 substantivas; As orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
 adjetivas; explicativas e restritivas.
 adverbiais.
 Orações subordinadas adjetivas explicativas:
Orações Subordinadas Substantivas não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
tam uma explicação sobre o termo antecedente.
São classificadas nas seguintes categorias: São consideradas termo acessório no período,
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
 Orações subordinadas substantivas conectivas: das por vírgulas.
são introduzidas pelas conjunções subordinativas
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
integrantes que e se. cria trinta gatos;
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de  Orações subordinadas adjetivas restritivas:
impostos.
especificam ou limitam a significação do termo
Não sei se poderei sair hoje à noite;
antecedente, acrescentando-lhe um elemento
 Orações subordinadas substantivas justapostas: indispensável ao sentido. Não são isoladas por
introduzidas por advérbios ou pronomes interrogati-
vírgulas.
vos (onde, como, quando, quanto, quem etc.);
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
 Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias incurável;
roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira;
 Orações subordinadas substantivas reduzidas: Dica
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica Como diferenciar as orações subordinadas adje-
no infinitivo. tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- vas
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras; explicativas?
 Orações subordinadas substantivas subjetivas: Ele visitará o irmão que mora em Recife. (restritiva,
exercem a função de sujeito. O verbo da oração pois ele tem mais de um irmão e vai visitar apenas o
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica que mora em Recife)
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
Ele visitará o irmão, que mora em Recife.
rir a nenhum termo na oração.
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que mora
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
em Recife)
Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
cional) (or. sub. subst. subje.);
Orações Subordinadas Adverbiais
 Orações subordinadas substantivas objetivas
diretas: exercem a função de objeto direto de um Exprimem uma circunstância relativa a um fato
verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
PORTUGUESA

expresso em outra oração. Têm função de adjunto


reto da oração principal.
adverbial. São introduzidas por conjunções subor-
Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
dinativas (exceto as integrantes) e se enquadram nos
LÍNGUA

Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub. seguintes grupos:
subst. obj. dir.);
 Orações subordinadas substantivas completi-
 Orações subordinadas adverbiais causais: são
vas nominais: exercem a função de complemento
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
que, visto que etc.
da oração principal.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por-
Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
que ficamos sem gasolina; 45
mento nominal)
 Orações subordinadas adverbiais comparati-  As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal por pronomes relativos;
qual, como, mais etc.  Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) conectivos;
que a importada;  Podem ser iniciadas por preposição ou locução
 Orações subordinadas adverbiais concessivas: prepositiva.
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, conjunção.
por mais que, se bem que etc. Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restau-
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã; rante. (desenvolvida).
 Orações subordinadas adverbiais condicionais: O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se,
contanto que, a menos que etc. Orações Reduzidas de Infinitivo
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para
tal; Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
 Orações subordinadas adverbiais conformati- Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
do, consoante.
 Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos;
S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
 Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
são introduzidas por: que (precedido na oração
direta reduzida de infinitivo)
anterior de termos intensivos como tão, tanto,
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
que, sem que. predicativa reduzida de infinitivo)
Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou; Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- completiva nominal reduzida de infinitivo)
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles); Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
 Orações subordinadas adverbiais finais: indi- substantiva apositiva reduzida de infinitivo);
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas  Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
por: para que, a fim de que, porque e que (= para pelas mãos.
que) O meu manual para fazer bolos certamente vai
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos agradar a todos;
tivessem bom estudo;  Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
 Orações subordinadas adverbiais proporcio- continua jogando bola.
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro- Sem estudar, não passarão.
porção que, quanto mais, quanto menos etc. Ele passou mal, de tanto comer doces.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
aprecio; Orações Reduzidas de Gerúndio
 Orações subordinadas adverbiais temporais:
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que, Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
depois que, assim que, sempre que, cada vez que, sitivas, adjetivas, adverbiais.
agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.  Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
livre dos juros;
Para separar as orações de um período composto, é  Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
necessário atentar-se para dois elementos fundamen- ajudando um ao outro. (subjetiva)
tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos  Agora ouvimos artistas cantando no shopping.
(conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar (objetiva direta);
esses elementos, deve-se contar quantas orações ele  Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu- coração;
ções verbais. Exs.:
 Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não
[“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
contou a verdade.
[para fixar outros] – 2ª oração
[que os rodeiam] – 3ª oração
Orações Reduzidas de Particípio
[e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
ção (M. de Assis)
Podem ser adjetivas ou adverbiais.
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
basta, pertencente à 1ª (oração principal).
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém  Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração. Nosso planeta, ameaçado constantemente por
nós mesmos, ainda resiste;
Orações Reduzidas  Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
ria problemas. (condicional)
 Apresentam o mesmo verbo em uma das formas Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo); (causal/temporal)
 As que são substantivas e adverbiais: nunca são Comprada a casa, a família se mudou logo.
46 iniciadas por conjunções; (temporal).
O particípio concorda em gênero e número com os Oração subordinada subjetiva da principal: as
termos referentes. penitenciárias cumpram seu papel
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- Oração coordenada sindética adversativa da ante-
quentes em provas de concurso. rior: no entanto a realidade não é assim.

Períodos Mistos

São períodos que apresentam estruturas oracio-


nais de coordenação e subordinação.
PONTUAÇÃO
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
USO DE VÍRGULA
dentro de um conjunto de orações que são subordina-
das a uma oração principal. A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
1ª oração 2ª oração 3ª oração voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
O homem entrou na sala que todos qualquer ambiguidade.
e pediu
calassem. Quando se trata de separar termos de uma mesma
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
verbo verbo verbo
 Para separar os termos de mesma função:
1ª oração: oração coordenada assindética. Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta;
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em  Usa-se a vírgula para separar os elementos de
relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. enumeração:
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
em relação à 2ª oração. arrastado pelo tsunami;
Resumindo: período composto por coordenação e  Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
subordinação. já apareceu na frase) do verbo:
As orações subordinadas são coordenadas entre si, Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
ligadas ou não por conjunção. Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
filmes de terror;
 Orações subordinadas substantivas coordena-  Para separar palavras ou locuções explicativas,
das entre si retificativas:
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
meus pais, nem que culpe meus parentes. anos;
Oração principal: Espero.  Para separar datas e nomes de lugar:
Oração coordenada 1: que você não me culpe. Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais.
Oração coordenada 3: nem que culpe meus parentes.  Para separar as conjunções coordenativas, exceto
e, nem, ou:
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
Importante!
A vírgula também é facultativa quando o termo
O segredo para classificar as orações é per- ceber os que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for
conectivos (conjunções e pronomes relativos). uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos:
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
em casa.
 Orações subordinadas adjetivas coordenadas
Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
entre si
Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
cautelosa, não faz tudo sozinha.
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
 Entre o sujeito e o verbo:
cautelosa;
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
 Orações subordinadas adverbiais coordenadas ram a explicação. (errado)
entre si Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
Ex.: Não só quando estou presente, mas também sertaram minha visão. (errado);
 Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
PORTUGUESA

quando não estou, sou discriminado.


Oração subordinada adverbial 1: quando estou dicativo do sujeito:
presente Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
LÍNGUA

Oração subordinada adverbial 2: quando não ção. (errado)


estou; Os alunos precisam de, que os professores os aju-
 Orações coordenadas ou subordinadas no mes- dem. (errado)
mo período Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram (errado);
seu papel, no entanto a realidade não é assim.  Entre um substantivo e seu complemento nominal
Oração principal: Presume-se ou adjunto adnominal: 47
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida  Serve também para colocar em relevo certas
pelos alunos. (errado); expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
 Entre locução verbal de voz passiva e agente da tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
passiva: colchetes:
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
professor para a feira. (errado); ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
 Entre o objeto e o predicativo do objeto: Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) vamos jantar. (oração intercalada)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado). Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
USO DE PONTO E VÍRGULA
PARÊNTESES
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
e vírgula (;): Têm função semelhante à dos travessões e das
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
 Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas: mos, expressões ou orações.
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
ficou triste; vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
 No lugar das conjunções coordenativas deslocadas: Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan- jantar. (oração intercalada)
to, exausto;
 No lugar do e seguido de elipse do verbo (= PONTO-FINAL
zeugma):
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o É o sinal que denota maior pausa. Usa-se:
ouvinte.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,  Para indicar o fim de oração absoluta ou de
sorvete; período.
 Em enumerações, portarias, sequências: Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: Carlos Drummond de Andrade;
O Procurador-Geral da República;  Nas abreviaturas
O Colégio de Procuradores da República; Ex.: apart. ou apto. = apartamento.
O Conselho Superior do Ministério Público Federal. sec. = secretário.
a.C. = antes de Cristo.
DOIS-PONTOS
Dica
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
não foi concluída. Servem para: Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- tos
químicos não vêm com ponto final: Exemplos: km, m,
 Introduzir uma citação (discurso direto): cm, He, K, C.
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um homem
mais pelas suas perguntas que pelas suas respostas”; PONTO DE INTERROGAÇÃO
 Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
distributivo ou uma oração subordinada substan- Marca uma entonação ascendente (elevação da
tiva apositiva: voz) em tom questionador. Usa-se:
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos;  Em frase interrogativa direta:
 Introduzir uma explicação ou enumeração após Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?;
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a  Entre parênteses para indicar incerteza:
saber, como: Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, que havia palavra melhor no contexto;
Filosofia, Ciências...;  Junto com o ponto de exclamação, para denotar
 Marcar uma pausa entre orações coordenadas surpresa:
(relação semântica de oposição, explicação/causa Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou
ou consequência): !?);
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um  E interrogações retóricas:
homem culto. Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com que não jogaremos comida fora à toa”).
cautela;
 Marcar invocação em correspondências: PONTO DE EXCLAMAÇÃO
Ex.: Prezados senhores:
Comunico, por meio deste, que...  É empregado para marcar o fim de uma frase com
entonação exclamativa:
TRAVESSÃO Ex.: Que linda mulher!
Coitada dessa criança!;
 Usado em discursos diretos, indica a mudança de  Aparece após uma interjeição:
discurso de interlocutor: Ex.: Ex.: Nossa! Isso é fantástico;
— Bom dia, Maria!  Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
48 — Bom dia, Pedro!; Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”;
 É repetido duas ou mais vezes quando se quer  Para indicar os sons da fala, quando se estuda
marcar uma ênfase: Fonologia:
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy];
metros em 20 segundos!!!  Para suprimir parte de um texto (assim como
parênteses):
RETICÊNCIAS Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
desceu as escadas apressadamente.
São usadas para: ou
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
 Assinalar interrupção do pensamento: ceu as escadas apressadamente (caso não preferí-
Ex.: ― Estou ciente de que... vel segundo as normas da ABNT).
— Pode dizer...;
 Indicar partes suprimidas de um texto: ASTERISCO
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode  É colocado à direita e no canto superior de uma
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e palavra do trecho para se fazer uma citação ou
depois desceu as escadas apressadamente.); comentário qualquer sobre o termo em uma nota
 Para sugerir prolongamento da fala: de rodapé:
Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias? Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
— Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...; triste acrescido do sufixo -eza*.
 Para indicar hesitação: *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha vo, o que origina um novo substantivo;
vergonha;  Quando repetido três vezes, indica uma omissão
 Para realçar uma palavra ou expressão, normal- ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
mente com outras intenções: tuição a um substantivo próprio:
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...! Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
nhado aos responsáveis;
USO DAS ASPAS  Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
São usadas em citações ou em algum termo que é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí- Ex.: Parecer, do latim *parescere;
das por itálico ou negrito, que têm a mesma função  Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
de destaque. tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
Usam-se nos seguintes casos: da gramática.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
 Antes e depois de citações:
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, USO DA BARRA
afirma Dad Squarisi, 64;
 Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas:  Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna substituída pela conjunção “ou”:
que desejava. Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Não gosto de “pavonismos”. Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta;
Dê um “up” no seu visual;  Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
 Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, ção das conjunções e/ou:
às vezes com ironia ou malícia: Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. e/ou escritos;
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”  Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
sonoro; ção entre si:
 Para citar nomes de mídias, livros etc.: Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. (plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h;
COLCHETES  Para separar os versos de poesias, quando escritos
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
Representam uma variante dos parênteses, porém barras para indicar a separação das estrofes:
têm uso mais restrito. Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
Usam-se nos seguintes casos: passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
PORTUGUESA

te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-


 Para incluir num texto uma observação de nature- te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles;
za elucidativa:  Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
LÍNGUA

Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de não foi escrita na sua totalidade:
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”; Ex.: a/c = aos cuidados de;
 Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), s/ = sem;
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado  Para separar o numerador do denominador nos
que pareça, o texto original é assim mesmo: números fracionários, substituindo a barra da
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- fração:
do.” (Machado de Assis); Ex.: 1/3 = um terço; 49
 Nas datas:  Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
Ex.: 31/03/1983 sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
 Nos números de telefone: multidão gritou entusiasmada;
Ex.: 225 03 50/51/52;  Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
 Nos endereços: bo posterior ao pronome relativo concorda com o
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232; antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
 Na indicação de dois anos consecutivos: Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?;
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso;  Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
 Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
Ex.: /s/. quem resolveu a questão;

Embora não existam regras muito definidas sobre Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- nós quem resolvemos a questão.
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
 Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
CONCORDÂNCIA NOMINAL E viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
VERBAL essa questão;
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se  Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede- zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
Observe o exemplo: ver artigo definido antes de uma palavra plura-
A pequena garota andava sozinha pela cidade. lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
A: Artigo, feminino, singular; artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
Pequena: Adjetivo, feminino, singular; Unidos continuam uma potência.
Garota: Substantivo, feminino, singular.  Estados Unidos continua uma potência.
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos  Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o de de Santos fica em São Paulo.”)
número (singular) do substantivo.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
cia: verbal e nominal. Importante!
CONCORDÂNCIA VERBAL
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
verbo fica no singular ou no plural.
É a adaptação em número – singular ou plural – Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
sujeito.
 Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmen-
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
te, o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
quais insistem em desmentir que nosso país é cheio
Mais de um aluno compareceu à aula.
de “brasis” – digamos assim –, ganha disparando dos Mais de cinco alunos compareceram à aula.
outros, pois houve influências de todos os povos aqui:
europeus, asiáticos e africanos.
A expressão mais de um tem particularidades:
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
singular. Mais de um irmão se abraçaram.
Destrinchando o período, temos que os termos Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas Mais de um aluno, mais de um professor esta-
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi- vam presentes.
cado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:  Quando o sujeito é formado por um número per-
Ex.: Prefiro natação a futebol. centual ou fracionário, o verbo concorda com o
Verbo bitransitivo: Prefiro numerado ou com o número inteiro, mas pode
Objeto direto: natação concordar com o especificador dele. Se o numeral
Objeto indireto: a futebol vier precedido de um determinante, o verbo con-
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3
Concordância Verbal com o Sujeito Simples das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.

Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
sujeito. viver bem.
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
exorbitante. Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
50 Diferentes situações: Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
 Os verbos bater, dar e soar concordam com o Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não combustíveis aumentaram.
chegou (Duas horas deram...).
Bateu o sino duas vezes (O sino bateu). Concordância Verbal do Verbo Ser
Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez
badaladas soaram).  Concorda com o sujeito
Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio Ex.: Nós somos unha e carne;
da escola soou dez badaladas).  Concorda com o sujeito (pessoa)
 Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o Ex.: Os meninos foram ao supermercado;
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-  Em predicados nominais, quando o sujeito for repre-
dem-se casas de veraneio aqui. sentado por um dos pronomes tudo, nada, isto, isso,
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão aquilo ou “coisas”, o verbo ser concordará com o
interessada; predicativo (preferencialmente) ou com o sujeito
 Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o Ex.: No início, tudo é/são flores;
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa  Concorda com o predicativo quando o sujeito for
Majestade está preocupada? que ou quem
Suas Excelências precisam de algo? Ex.: Quem foram os classificados?
 Em indicações de horas, datas, tempo, distância
 Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
Ex.: São nove horas.
É frio aqui.
Concordância Verbal com o Sujeito Composto
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
 O verbo fica no singular quando precede termos como
 Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, menos
ticais diferentes
etc. junto a especificações de preço, peso, quantidade,
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;
distância, e também quando seguido do pronome o
 Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- Divertimentos é o que não lhe falta.
garam ontem; Dez reais é nada diante do que foi gasto;
 Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada  Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
ou nenhum ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man- ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
ter o espírito esportivo; verbo concordará com o termo não preposiciona-
 Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no do entre eles.
singular Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- São eles que sempre chegam cedo.
davam (preferencialmente no singular); É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
 Gradação entre os núcleos do sujeito trução adequada)
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
me acalmar (preferencialmente no singular); (construção inadequada)
 Núcleos do sujeito no infinitivo
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde; CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
 Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
mitivo (nada, tudo, ninguém) Concordância do Infinitivo
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;
 Sujeito constituído pelas expressões um e outro,  Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
nem um nem outro Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui; to esclarecido)
 Núcleos do sujeito ligados por nem... nem Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu implícito “nós”)
foco nos estudos; Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
 Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras (dois pronomes implícitos: eu, nós)
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões Até me encontrarem, vocês terão de procurar
bem como, assim como, tanto quanto muito. (preposição no início da oração)
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
final; (verbos pronominais)
 Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
PORTUGUESA

aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim indicando tempo)


como; não só... mas também etc.) Estudo para me considerarem capaz de aprova-
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
LÍNGUA

Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua


popularidade em alta; Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
 Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
co núcleo, o verbo fica no singular concordando particípio);
com o núcleo único. Mas, se houver determinante  Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
sujeito passa a ser composto. ção verbal) 51
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
sendo sujeito do infinitivo). atrito. (verbo no singular).

Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo Casos Facultativos


no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.  A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
estádio;
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo  Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
com valor genérico)
fizeram rir;
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-  Fui eu quem faltou/faltei à aula;
dido de preposição de ou para)  Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de  “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
imperativo) brasileira;
 Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
 Concordância do verbo parecer ciência. (1,5% corresponde ao singular);
Flexiona-se ou não o infinitivo.  Chegaram/Chegou João e Maria;
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o  Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
aqui;
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-  Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
vam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexiona-
brasileira;
do de acordo com o sujeito, no plural)  O problema do sistema é/são os impostos;
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,  Hoje é/são 22 de agosto;
logo o infinitivo será impessoal);  Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
 Concordância dos verbos impessoais a aprovação;
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica  Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
sempre na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Havia sérios problemas na cidade. Silepse de Número e de Pessoa
Fazia quinze anos que ele havia se formado.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo Conhecida também como “concordância irregular,
auxiliar fica no singular) ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul;  Silepse de número: usa-se um termo discordando
 Concordância com sujeito oracional do número da palavra referente, para concordar
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
singular. dade: todas as flores);
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.  Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
Ficou combinado que sairíamos à tarde.
diversas etnias, somos multiculturais.
Urge que você estude.
Era preciso encontrar a verdade
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Casos mais Frequentes em Provas
Define-se como a adaptação em gênero e número
que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
em concursos: adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
 Sujeito posposto distanciado gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi- Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
cal brasileira seres estranhos; Muro alto. / Muros altos.
 Verbos impessoais (haver e fazer)
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte. Casos com Adjetivos
Havia problemas no setor.
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir  Com função de adjunto adnominal: quando o
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável); adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
 Verbo na voz passiva sintética ver após os substantivos, poderá concordar com
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta; as somas desses ou com o elemento mais próximo.
 Verbo concordando com o antecedente correto Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
do pronome relativo ao qual se liga Encontrei colégios e faculdades ótimos.
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
tinham experiência; Há casos em que o adjetivo concordará apenas
 Sujeito coletivo com especificador plural com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram; tencer somente a este.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
 Sujeito oracional Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
singular); minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
 Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
52 to ou complemento no plural Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-  Meio
do por dois ou mais adjetivos pode-se: Quando significar “metade”: concordará com o
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad- elemento referente.
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
francesa e alemã.
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora);
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a  Grama
língua inglesa, a francesa e a alemã. Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
do significar unidade de medida, é masculino.
 Com função de predicativo do sujeito Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”;
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
com a soma dos elementos.  É proibido entrada / É proibida a entrada
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. Se o sujeito vier determinado, a concordância do
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos rão com o determinante.
quanto com o nome mais próximo.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
nhada está boa.
vam abandonados a casa e o quintal.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- É proibido entrada de crianças. / É proibida a
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os entrada de crianças.
substantivos por um pronome: Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.  Menos / pseudo
(substitui-se por “eles”) São invariáveis.
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
Ex.: Havia menos violência antigamente.
existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
então é um adjunto adnominal. to é pseudo-objetivo;
 Muito / bastante
 Com função de predicativo do objeto Quando modificam o substantivo: concordam com
ele.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Quando modificam o verbo: invariáveis.
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
dância com o termo mais próximo. Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. irritados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
seus subordinados. tante irritados.
Se ambos os termos puderem ser substituídos por
Algumas Convenções “vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis;
 Obrigado / próprio / mesmo
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.  Tal qual
A própria enfermeira virá para o debate. Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
Elas mesmas conversaram conosco. com o substantivo posterior.
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
Dica pais.
O termo mesmo no sentido de “realmente” será Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
invariável. quais os pais.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.  Silepse (também chamada concordância figurada)
É a que se opera não com o termo expresso, mas o
 Só / sós que está subentendido.
Variáveis quando significarem “sozinho” /
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
“sozinhos”.
linda!)
Invariáveis quando significarem “apenas,
somente”. Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas com o estabelecimento aberto no final de semana.)
PORTUGUESA

apenas queriam ficar sozinhas.) Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-


A locução “a sós” é invariável. leiros, estamos esperançosos.);
LÍNGUA

Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de


 Possível
ficar a sós;
Concordará com o artigo, em gênero e número, em
 Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem. frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
Ex.: Estamos quites com o banco. Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
Seguem anexas as certidões negativas. Conheci crianças as mais belas possíveis.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados; 53
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
indireto)
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- rege apenas objeto direto:
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Ajudaram o ladrão a fugir.
advérbio) exige complemento preposicionado, esse Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
nome é um termo regente, e seu complemento é um direto:
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudei-o muito à noite;
entre o nome e seu complemento.  Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em sitivo direto com sentido de “angustiar”)
forma de pronome oblíquo átono. Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
foram leais. como complemento);
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo  Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
do sujeito (desprovido de preposição) Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
Pronome oblíquo átono: lhe vo direto com sentido de “respirar”)
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
sujeito (desprovido de preposição). indireto no sentido de “desejar”);
 Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
REGÊNCIA VERBAL Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
“prestar assistência”
Relação de dependência entre um verbo e seu
O médico assistia os acidentados.
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
O médico assistia aos acidentados.
retas, isto é, com ou sem preposição.
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Há verbos que admitem mais de uma regência sem
Não assisti ao final da série;
que o sentido seja alterado.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
V. T. D: esquecia
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
Objeto direto: os favores recebidos.
res de pessoas.”
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia
Objeto indireto: dos favores recebidos.  Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que, direto e indireto
mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
seu significado. A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. vo indireto)
(aspiramos = sorvemos) O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
V. T. D.: aspiramos to e indireto);
Objeto direto: ar poluídos.  Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
Os funcionários aspiram a um mês de férias. predicativo do objeto
(aspiram = almejam) Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
V. T. I.: aspiram to com sentido de “convocar”);
Objeto indireto: a um mês de férias Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
A seguir, uma lista dos principais verbos que dicativo do objeto com sentido de “denominar,
geram dúvidas quanto à regência: qualificar”);
 Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
 Abraçar: transitivo direto reto; intransitivo
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço; indireto com sentido de “ser difícil”)
 Agradar: transitivo direto; transitivo indireto A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire- vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
to com sentido de “acariciar”) Este vinho custou trinta reais. (intransitivo);
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto  Esquecer: admite três possibilidades
no sentido de “ser agradável a”); Ex.: Esqueci os acontecimentos.
 Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; Esqueci-me dos acontecimentos.
transitivo direto e indireto Esqueceram-me os acontecimentos;
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não  Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
personificado) transitivo direto e indireto
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
personificado) (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi- Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
reto: refere-se a coisas e pessoas); (transitivo indireto com sentido de “mostrar má
 Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto disposição”)
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
preposição a, rege indiferentemente objeto direto direto e indireto com sentido de envolver-se”);
54 e objeto indireto.  Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à inclusão, inserção em
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou inerente em/a
sobre descrente de/em
Informaram o réu de sua condenação. desiludido de/com
Informaram o réu sobre sua condenação. desesperançado de
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- desapego de/a
sa: objeto indireto, com a preposição a convívio com
Informaram a condenação ao réu; convivência com
 Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- demissão, demitido de
reto, com as preposições em e por
encerrado em
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia;
enfiado em
 Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- imersão, imergido, imerso em
tivo direto e indireto instalação, instalado em
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran- interessado, interesse em
sitivo com sentido de “cortejar”) intercalação, intercalado entre
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo supremacia sobre
indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“encantar-se”); SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
 Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito. Quando escolhemos determinadas palavras ou
Não desobedeçam à sinalização de trânsito; expressões dentro de um conjunto de possibilidades
 Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi- de uso, estamos levando em conta o contexto que
tivo direto e indireto influencia e permite o estabelecimento de diferentes
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto) relações de sentido. Essas relações podem se dar por
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
indireto). mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
direto e indireto);
 Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; Importante!
transitivo direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) Léxico: conjunto de todas as palavras e expres- sões
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) de um idioma.
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e Vocabulário: conjunto de palavras e expressões que
indireto); cada falante seleciona do léxico para se comunicar.
 Suceder: intransitivo; transitivo direto
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
sentido de “ocorrer”).
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido SINONÍMIA
de “vir depois”).
São palavras ou expressões que, empregadas em
REGÊNCIA NOMINAL um determinado contexto, têm significados seme-
lhantes. É importante entender que a identidade dos
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér- sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
bios) exigem complementos preposicionados, exceto uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
quando vêm em forma de pronome oblíquo átono. o que pode não acontecer em outras situações. O
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
Advérbios Terminados em “Mente” exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a de suas significações é diferente.
regência dos adjetivos: O emprego dos sinônimos é um importante recur-
análoga / analogicamente a
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
contrária / contrariamente a
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
compatível / compativelmente com
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
diferente / diferentemente de
favorável / favoravelmente a vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
paralela / paralelamente a do texto.
PORTUGUESA

próxima / proximamente a/de


relativa / relativamente a ANTONÍMIA
LÍNGUA

Proposições Semelhantes a Primeira Sílaba dos Nomes a São palavras ou expressões que, empregadas em
que se Referem um determinado contexto, têm significados opostos.
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
Alguns nomes regem preposições semelhantes a gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
sua primeira sílaba. Vejamos: dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
dependente, dependência de casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: 55
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)

Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acesso em: 17 out. 2020.

PARÔNIMOS

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16 out. 2020.
mos nos exemplos a seguir:

A relação de sentido estabelecida na tirinha é  Absorver/absolver


construída a partir dos sentidos opostos das palavras
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-  Tentaremos absorver toda esta água com
se contexto. esponjas. (sorver)
 Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
HOMONÍMIA de seus pecados (inocentar).

Homônimos são palavras que têm a mesma pro-  Aferir/auferir


núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a  Realizaremos uma prova para aferir seus
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô- conhecimentos (avaliar, cotejar).
nimos importantes:  O empresário consegue sempre auferir lucros
em seus investimentos (obter).
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)  Cavaleiro/cavalheiro
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)  Todos os cavaleiros que integravam a cavala-
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) ria do rei participaram na batalha (homem que
bucho (estômago) buxo (arbusto) anda de cavalo).
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)  Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) sempre as portas para eu passar (homem edu-
sela (forma do verbo selar; cado e cortês).
cela (pequeno quarto)
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)  Cumprimento/comprimento
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)  O comprimento do tecido que eu comprei é de
cerrar (fechar) serrar (cortar) 3,50 metros (tamanho, grandeza).
cervo (veado) servo (criado)  Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação).
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
cheque (ordem de xeque (lance no jogo de  Delatar/dilatar
pagamento) xadrez)
círio (vela) sírio (natural da Síria)  Um dos alunos da turma delatou o colega que
cito (forma do verbo citar) sito (situado) chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)  Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
do seu estômago (alargar, estender).
coser (costurar) cozer (cozinhar)
exotérico (que se expõe em
 Dirigente/diligente
esotérico (secreto)
público)
espectador (aquele que expectador (aquele que tem  O dirigente da empresa não quis prestar decla-
assiste) esperança, que espera) rações sobre o funcionamento da mesma (pes-
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) soa que dirige, gere).
espiar (observar) expiar (pagar pena)  Minha funcionária é diligente na realização de
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
suas funções (expedito, aplicado).
estático (imóvel) extático (admirado)
esterno (osso do peito) externo (exterior)
 Discriminar/descriminar
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo)  Ela se sentiu discriminada por não poder
56 entrar naquele clube (diferenciar, segregar).
 Em muitos países se discute sobre descrimi- mensagem até no escuro. Mas, como a ideia não pegou na
nar o uso de algumas drogas (descriminalizar, tropa, Barbier adaptou o método para a leitura de cegos,
inocentar). com o nome de grafia sonora. O sistema permitia a
comunicação entre os cegos, pois com ele era possível escrever,
Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/. Acesso algo que o método de Haüy não possibilitava. O de Barbier era
em: 17 out. 2020. fonético: registrava sons e não letras. Des- sa forma, as palavras
não podiam ser soletradas. Além disso, o fato de um grande
POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO) número de sinais ser usado para uma única palavra tornava o
sistema muito com- plicado. Apesar dos inconvenientes, foi
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- adotado como método auxiliar por Haüy.
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras Pesquisando a fundo a grafia sonora, Braille percebeu suas
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre limitações e pôs-se a aperfeiçoá-la. Em 1824, seu método
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- estava pronto. Primeiro, eliminou os traços, para evitar erros de
semia é encontrada no exemplo a seguir: leitura: em seguida, criou uma célula de seis pontos,
divididos em duas colunas de três pontos cada, que podem
ser combinados de 63 maneiras dife- rentes. A posição dos
pontos na célula está ao lado.
Em 1826, aos 17 anos, ainda estudante, Braille começou a dar
aulas. Embora seu método fizesse sucesso entre os alunos, não
podia ensiná-lo na sala de aula, pois ainda não era reconhecido
oficialmente. Por isso, Braille dava aulas do revolucionário
sistema escondido no quarto, que logo se transformou numa
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acesso em: 17 out. 2020. segunda sala de aula.
O braile é lido passando-se a ponta dos dedos sobre os sinais de
HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO relevo. Normalmente se usa a mão direita com um ou mais dedos,
conforme a habilidade do leitor, enquanto a mão esquerda
Relação estabelecida entre termos que guardam procura o início da outra linha. Aplica-se a qualquer língua, sem
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- exceção, e também à estenografia, à música – Braille, por sinal,
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos – era ainda exímio pianista – e às notações científicas em geral. A
carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... escrita é feita mediante o uso da reglete, também idealizada por
Braille: trata-se de uma régua especial, de duas linhas, com uma
série de jane- las de seis furos cada, correspondentes às células
braile. Louis Braille morreu de tuberculose em 1852, com
ape- nas 43 anos. Temia que seu método desaparecesse
HORA DE PRATICAR! com ele, mas, finalmente, em 1854 foi oficializado pelo
governo francês. No ano seguinte, foi apresentado ao
Leia o texto a seguir para responder às questões 1 a 3. mundo, na Exposição Internacional de Paris, por ordem do
imperador Napoleão III (1808-1873), que programou ainda
A história do método braile uma série de concertos de piano com ex-alunos de Braille. O
sucesso foi imediato, e o sistema se espalhou pelo mundo. Em
Ler no escuro. Quem já tentou sabe que é impossível. Mas foi 1952, o governo francês transferiu os restos mortais de Braille
exatamente a isso que um francês chamado Louis Braille para o Panthéon, em Paris, onde estão sepultados os heróis
dedicou a vida. Nascido em Coupvray, uma peque- na aldeia nos nacionais.
arredores de Paris, em 1809, desde cedo ele mostrou muito
interesse pelo trabalho do pai. Seus olhos azuis brilhavam da ATANES, Silvio. Super Interessante. Disponível em: https://super
admiração de vê-lo cortar, com extre- ma perícia, selas e arreios. .abril.]com.br/historia/. Acesso em: 23 out. 2022. Adaptado.
Pouco depois de completar 3 anos, o menino começou a brincar
na selaria do pai, cor- tando pequenas tiras de couro. Uma 1. (CESGRANRIO — 2023) O pronome oblíquo átono está
tarde, uma sovela, instrumento usado para perfurar o couro, colocado de acordo com a norma-padrão da língua
escapou-lhe da mão e atingiu o seu olho esquerdo. O resultado portuguesa em:
foi uma infecção que, seis meses depois, afetaria também o olho
direito. Aos 5 anos, o garoto estava completamente cego. A a) Me surpreende a história de vida de Braille.
tragédia não o impediu, porém, de frequentar a escola por dois b) Seu método não trouxe-lhe reconhecimento em vida.
anos e de se tornar ainda um aluno brilhante. Por essa razão, ele c) O menino cego aos cinco anos tornar-se-ia um herói
ganhou uma bolsa de estudos no Insti- tuto Nacional para nacional na França.
Jovens Cegos, em Paris, um colégio interno fundado por d) Quantos impressionaram-nos como Braille?
Valentin Haüy (1745-1822). Além do currículo normal, Haüy e) Braille recebia os alunos e sempre auxiliava-os com o
PORTUGUESA

introduzira um sistema espe- cial de alfabetização, no qual método criado.


letras de forma impressas em relevo, em papelão, eram
reconhecidas pelos contor- nos. Desde o início do curso, Braille 2. (CESGRANRIO — 2023) A frase em que a palavra des-
LÍNGUA

destacou-se como o melhor aluno da turma e logo começou a tacada respeita as regras da concordância nominal de acordo
ajudar os cole- gas. Em 1821, aos 12 anos, conheceu um método com a norma-padrão da língua portuguesa é:
inven- tado pouco antes por Charles Barbier de La Serre, oficial
do Exército francês. a) Hoje, Braille e seu método são muitos conhecidos.
O método Barbier, também chamado escrita noturna, era um b) Depois do acidente, Braille e sua família não ficaram
código de pontos e traços em relevo impressos tam- bém em só.
papelão. Destinava-se a enviar ordens cifradas a sentinelas em 57
postos avançados. Estes decodificariam a
c) Há bastante razões para se considerar Braille um herói a) Poder-se-á levar a educação financeira para as salas
nacional. de aula, o que será muito proveitoso.
d) Os alunos ficavam meio desorientados com o método de b) Nos perguntam sempre sobre como gerir melhor a
Barbier. vida financeira.
e) O sistema de códigos de Braille tinha menas limita- ções c) As famílias nunca preocuparam-se com a educação
que o de Barbier. financeira como parte da formação de seus filhos.
d) Aqueles que relacionam-se bem com o dinheiro têm uma
3. (CESGRANRIO — 2023) A partir da leitura do texto, vida mais organizada.
constata-se que Braille: e) Compreenderia-se melhor o desempenho da empresa, se o
mercado fosse estudado.
a) queria seguir o ofício do pai.
b) estudou com bolsa de estudos. 5. (CESGRANRIO — 2021) No trecho do parágrafo 3 “As
c) trabalhava em selarias quando criança. empresas, não compreendendo a importância de ter seus
d) foi adotado por Valentin Haüy depois da tragédia. funcionários alfabetizados financeiramente, tam- bém não
e) começou a dar aulas quando atingiu a maioridade. investem nessa área”, a oração destacada tem valor semântico
de:
Leia o texto a seguir para responder às questões 4 a 13.
a) causa
Relacionamento com o dinheiro b) proporção
c) alternância
Desde cedo, começamos a lidar com uma série de situações d) comparação
ligadas ao dinheiro. Para tirar melhor proveito do seu dinheiro, e) consequência
é muito importante saber como utili- zá-lo da forma mais
favorável a você. O aprendizado e a aplicação de 6. (CESGRANRIO — 2021) As vírgulas estão plenamente
conhecimentos práticos de educação financeira podem empregadas de acordo com o padrão formal da língua escrita
contribuir para melhorar a gestão de nossas finanças pessoais, em:
tornando nossas vidas mais tranquilas e equilibradas sob o a) Há algumas décadas, se alguém falasse, em educa-
ponto de vista financeiro. Se pararmos para pensar, estamos ção financeira, causaria um certo estranhamento.
sujeitos a um mun- do financeiro muito mais complexo que o b) Relacionar-se bem com o dinheiro de acordo com os
das gerações anteriores. No entanto, o nível de educação especialistas, é uma forma de levar uma vida mais
financeira da população não acompanhou esse aumento de saudável, sem percalços.
com- plexidade. A ausência de educação financeira, aliada à c) É preciso criar uma cultura de discutir, na família, na
facilidade de acesso ao crédito, tem levado muitas pes- soas ao escola, com os amigos, sobre como usar melhor os recursos
endividamento excessivo, privando-as de parte de sua renda financeiros.
em função do pagamento de prestações mensais que d) A educação financeira, apesar de não resolver o pro- blema
reduzem suas capacidades de consumir produtos que lhes da falta de dinheiro pode auxiliar, com um con- trole maior,
trariam satisfação. de seu gasto.
Infelizmente, não faz parte do cotidiano da maioria das e) Não gastar em demasia, não acumular dívidas, refletir sobre
pessoas buscar informações que as auxiliem na gestão de suas seus ganhos, e gastos, poupar são estratégias para gerir
finanças. Para agravar essa situação, não há uma cultura melhor suas finanças.
coletiva, ou seja, uma preocupação da socie- dade organizada em
torno do tema. Nas escolas, pouco ou nada é falado sobre o 7. (CESGRANRIO — 2021) Considerando-se as regras da
assunto. As empresas, não compreendendo a importância de norma-padrão da língua portuguesa, a concordância
ter seus funcionários alfabetizados financeiramente, também nominal da palavra destacada está adequadamente
não investem nessa área. Similar problema é encontrado nas construída em:
famílias, nas quais não há o hábito de reunir os membros para a) Naquela palestra, foram abordadas ensinamentos e
dis- cutir e elaborar um orçamento familiar. Igualmente entre os orientações sobre o bom uso do dinheiro.
amigos, assuntos ligados à gestão financeira pessoal muitas b) Sempre há bastante investidores interessados em dis-
vezes são considerados invasão de privacidade e pouco se cussões que abordam o mercado de ações.
conversa em torno do tema. Enfim, embora todos lidem c) Perderemos menas oportunidades se nos mantiver-
diariamente com dinheiro, poucos se dedi- cam a gerir mos sempre atentos ao mercado financeiro.
melhor seus recursos. d) O mercado está vendo crescer uma tendência de con-
A educação financeira pode trazer diversos benefícios, entre glomerados francos-brasileiros no país.
os quais, possibilitar o equilíbrio das finanças pessoais, e) É proibida a movimentação financeira efetuada por
preparar para o enfrentamento de imprevis- tos financeiros e menores no âmbito do direito financeiro.
para a aposentadoria, qualificar para o bom uso do sistema
financeiro, reduzir a possibilidade de o indivíduo cair em 8. (CESGRANRIO — 2021) Sendo a clareza um requisi- to
fraudes, preparar o caminho para a realização de sonhos, básico da escrita, a seguinte frase NÃO apresen- ta
enfim, tornar a vida melhor. ambiguidade, estando apta a figurar em um texto oficial:

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Caderno de Educação Financeira – a) A empresa que investe em seus funcionários cuida de
Gestão de Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013. p. 12. Adaptado. seu equilíbrio financeiro.
b) O economista discutiu com o presidente da empresa, em
4. (CESGRANRIO — 2021) A colocação do pronome oblí- sua sala, a melhor forma de gerir os negócios.
quo átono está em acordo com a norma-padrão da lín- c) O nível de educação financeira da população, que cresceu
gua portuguesa em: muito nos últimos anos, é o tema da próxima palestra.
58
d) O diretor da escola comunicou ao professor que ele a) Enfim, quando todos lidam diariamente com dinheiro,
ofereceria um curso de educação financeira para a poucos se dedicam a gerir melhor seus recursos.
comunidade escolar. b) Enfim, por todos lidarem diariamente com dinheiro,
e) Depois de ler o edital e seu anexo, o gestor solicitou a poucos se dedicam a gerir melhor seus recursos.
alteração deste. c) Enfim, como todos lidam diariamente com dinheiro,
poucos se dedicam a gerir melhor seus recursos.
9. (CESGRANRIO — 2021) O texto tem o objetivo primor- d) Enfim, apesar de todos lidarem diariamente com dinheiro,
dial de: poucos se dedicam a gerir melhor seus recursos.
e) Enfim, desde que todos lidem diariamente com dinhei- ro,
a) ensinar a gerir as finanças pessoais de maneira eficaz. poucos se dedicam a gerir melhor seus recursos.
b) sensibilizar sobre a importância da educação financeira.
c) prevenir quanto aos perigos do acesso facilitado ao Leia o texto a seguir para responder às questões 14 e 15.
crédito.
d) alertar para a complexidade maior do mundo financei- ro Entenda o que é deep fake e saiba como se proteger
atual.
e) sugerir a incorporação do hábito de elaborar orçamen- to Vídeos que viralizam nas redes sociais mostrando figu- ras
familiar. públicas em situações quase inacreditáveis são
verdadeiros? Afinal de contas tudo parece tão real... A
10. (CESGRANRIO — 2021) Considerando-se a organiza- resposta é não, pois se trata de uma “deep fake”,
ção composicional do texto lido, compreende-se que ele se “falsificação profunda” em português, que, como a tra- dução
classifica como: indica, é tão bem feita que pode enganar até os mais
atentos. Segundo estudo de uma empresa de segurança, 65%
a) argumentativo, pois defende a ideia de que é impor- tante dos brasileiros ignoram a sua existên- cia e 71% não
saber lidar com o dinheiro. reconhecem quando um vídeo foi edita- do digitalmente
b) narrativo, pois relata o episódio de uma conversa usando essa técnica.
sobre gestão financeira entre amigos. O que muita gente não sabe, porém, é que esse tipo de
c) descritivo, pois reproduz uma cena de elaboração de golpe, além de manipular vídeos com celebridades e
orçamento no cotidiano de uma família. políticos famosos, também prejudica empresas e cidadãos
d) expositivo, pois apresenta informações objetivas comuns, que podem ser envolvidos em frau- des de
sobre conceitos da área de educação financeira. identidade e extorsões.
e) injuntivo, pois instrui acerca da elaboração de orça- “Deep fake pode ser definida como a criação de vídeos e
mentos para uma vida financeira mais saudável. áudios falsos por meio de inteligência artificial”, expli- ca um
especialista de segurança cibernética e fraude. A prática
11. (CESGRANRIO — 2021) O paralelismo sintático é uma costuma utilizar um vídeo de referência e a face (ou corpo) de
das convenções estabelecidas para a escrita oficial. A frase outra pessoa, que não fazia parte do vídeo original. Criam-se
cuja organização sintática está plenamente de acordo com áudios falsos, fazendo a inteligência artificial aprender como
essa convenção é: uma pessoa fala e, a partir daí, obter uma montagem com outras
falas, inclusive alteran- do os lábios para acompanhar as palavras
que são ditas. Esse processo vem evoluindo rapidamente,
a) É muito salutar que as pessoas se programem em tornando cada vez mais difícil a sua identificação. Isso
relação à saúde e financeiramente. ocorre porque as novas redes neurais (sistemas de computa-
b) O mundo financeiro, hoje, facilita o acesso ao crédito e ção que funcionam como neurônios do cérebro huma- no), a
leva ao endividamento progressivo. evolução da capacidade de processamento e a redução de
c) Nossa vida financeira é saudável quando possibilita custos da computação em nuvem têm facilitado o acesso a
equilíbrio, segurança e que realizemos nossos sonhos. essa tecnologia, contribuindo para aumentar a qualidade
d) A educação financeira orienta-nos na revisão de gas- tos dos vídeos.
excessivos e que comprometem nosso orçamento. No entanto, os criminosos não precisam de tanto
e) Os especialistas aconselham as escolas a promove- rem conhecimento e tecnologia para aplicar seus golpes. Isso
momentos de discussão sobre educação finan- ceira com os porque deep fakes criadas para serem distribuí- das por apps
pais dos alunos e que ofereçam aulas sobre o tema para os de mensagens não exigem tanta qualida- de. O perigo é que,
alunos. para o cidadão comum, a deep fake pode ser o ponto de
partida para uma fraude financei- ra, entre outros
12. (CESGRANRIO — 2021) Considere a palavra destacada no problemas.
seguinte trecho do parágrafo 2: “A ausência de edu- cação A recomendação para pessoas físicas se protegerem é
financeira, aliada à facilidade de acesso ao crédito, tem levado diminuir a exposição de fotos com rostos e vídeos pes- soais
muitas pessoas ao endividamento excessivo”. na internet. “As redes sociais devem se manter con- figuradas
como privadas, já que fotos, áudios ou vídeos disponíveis
Essa palavra pode, sem prejuízo do sentido desse tre- cho, publicamente podem ser utilizados para ali- mentar a
ser substituída por: inteligência artificial e engendrar deep fakes.” Além disso, ao
receber um vídeo suspeito, observe se o rosto e os lábios da
PORTUGUESA

a) básico pessoa se movem em conjun- to com o que ela diz. Preste


b) essencial atenção se a fala parece contínua ou se em algum momento
c) inevitável apresenta cortes entre uma palavra e outra. E considere o
LÍNGUA

d) desmedido contexto — ainda que tecnicamente o vídeo esteja muito


e) imprescindível bem manipulado, avalie se faz sentido que aquela pessoa
diga o que parece dizer naquele momento.
13. (CESGRANRIO — 2021) A frase que, ao ser reescrita,
Disponível em: https://estudio.folha.uol.com.br/unico. Acesso em:
guarda o mesmo sentido do trecho do parágrafo 3 “Enfim,
embora todos lidem diariamente com dinheiro, poucos se 20 out. 2022. Adaptado. 59
dedicam a gerir melhor seus recursos.” é:
14. (CESGRANRIO — 2023) De acordo com a norma-pa- brasileiros que não têm acesso a serviços bancários. O pouco
drão da língua portuguesa, o emprego da vírgula está de dinheiro que entra no orçamento dessas pes- soas precisa
correto em: ser gasto rapidamente para subsistência. Não há base
financeira suficiente para justificar movi- mentações
a) Os produtos comercializados nos mercados deverão bancárias. Também pesa para o time dos “sem-banco” o
apresentar embalagens adaptadas em seus rótulos até o baixo nível de educação ou a falta de familiaridade com a
próximo ano atendendo, à expectativa do cliente na busca de tecnologia.
uma dieta saudável. O fator cultural também favorece a circulação do dinhei- ro em
b) A tabela de informação nutricional, passará a conter espécie. É provável que você conheça alguém que, mesmo
informações gráficas nítidas e legíveis com o objetivo de tendo boa renda, prefere pagar boletos ou receber
preservar a compreensão das informações. pagamentos com cédulas simplesmente por estar
c) As indústrias alimentícias estão sendo obrigadas, pelos acostumado a elas. Para muita gente que faz parte dessa
órgãos fiscalizadores a se adequarem à legisla- ção em vigor turma, dinheiro vivo é dinheiro recebido ou pago na hora.
para que não sejam multadas. Não é preciso esperar a TED cair ou o dia virar para o boleto
d) A partir da promulgação de lei no próximo ano, os rótulos ser compensado. Isso pesa mais do que a conveniência de se
de alimentos e bebidas deverão esclarecer os livrar da fila da lotérica.
consumidores sobre a existência de substâncias alergênicas. Embora o Brasil tenha um sistema bancário que supor- ta
e) Vários economistas recomendam, que os consumi- dores vários tipos de transações, o país estava ficando para trás
tenham precaução ao utilizar seus cartões de crédito devido no que diz respeito a pagamentos instantâ- neos. O Pix veio
à possibilidade de aumentarem seu endividamento. para preencher essa lacuna.
A modalidade permite transações em qualquer horário
15. (CESGRANRIO — 2023) Na progressão temática do e dia, incluindo finais de semana e feriados.
texto, depois de citar as novas tecnologias que permi- tem a Essa característica, por si só, já é capaz de mudar a forma
produção de vídeos falsificados — as deep fakes como lidamos com o dinheiro, pois implica envio ou
—, desenvolve-se a ideia de que: recebimento imediato: as transações via Pix são concluídas
rapidamente.
a) os usuários devem reduzir a postagem de fotos, áudios ou É o fim do papel-moeda? Não é tão simples assim. O Pix não
vídeos para evitar alimentar a produção de deep fakes. foi idealizado com o propósito exclusivo de acabar com os
b) os vídeos falsificados prejudicam celebridades, mas meios de pagamento e transferência atuais, mui- to menos com o
também trazem efeitos negativos a empresas e cida- dãos papel-moeda, mas para fazer o sistema financeiro do Brasil
comuns. evoluir e ficar mais competitivo.
c) a tecnologia que permite a falsificação de vídeos se utiliza Apesar disso, não é exagero esperar que, à medida que a
de inteligência artificial para criar áudios falsos que população incorpore o sistema à sua rotina, o uso de DOC,
substituem os verdadeiros. TED, boletos e cartões caia. Eventualmente, algum desses
d) mais da metade dos brasileiros não conseguem reco- nhecer meios poderá ser descontinuado, mas isso não acontecerá
se um vídeo foi falsificado por meio da técnica de deep fake. tão cedo — vide o exemplo do cheque, que não “morreu”
e) a “falsificação profunda” é uma expressão para desig- nar o com a chegada do cartão. No caso das cédulas, especialistas
fenômeno das deep fakes na língua portuguesa. do mercado finan- ceiro apontam para uma diminuição de
circulação, mas não para um futuro próximo em que o papel-
Leia o texto a seguir para responder às questões 16 a 18. moe- da deixará de existir. Para que esse cenário se torne
realidade, é necessário, sobretudo, atacar a desban-
Pix: é o fim do dinheiro em espécie? carização. O medo ou a pouca familiaridade com a
tecnologia podem ser obstáculos, mas o Pix é tão inte-
O Pix muda a forma como realizamos transações finan- ceiras. ressante para o país que o próprio comércio incentiva o
Representará realmente o fim do DOC e da TED? O boleto público mais resistente a aderir a ele.
bancário está ainda mais ameaçado de extin- ção? E o velho
ALECRIM, E. Disponível em: https://tecnoblog.net/especiais/ pix-fim-
cheque vai resistir a esses novos tempos? Abrangente como é, dinheiro-especie- brasil/. Publicado em novembro de 2020. Acesso
o Pix pode reduzir ou acabar com a circulação das notas de em: 2 dez. 2022. Adaptado.
real? Essa é uma pergunta sem resposta fácil. O fato é que o
avanço das transa- ções financeiras eletrônicas, em 16. (CESGRANRIO — 2023) A palavra destacada está
detrimento do uso do dinheiro em papel, pode ser benéfico empregada de acordo com as exigências da norma-
para o Brasil, em vários sentidos. O Pix tem tudo para ser o -padrão da língua portuguesa em:
empurrãozi- nho que nos falta para chegarmos a esse
cenário. a) Com a evolução permanente dos recursos tecnológicos,
E por que o dinheiro em espécie resiste? Talvez você este- ja entre identificou-se, na faixa mais jovem da população, proble- mas
aqueles que compram no supermercado com car- tão de crédito psicológicos causados pelo vício da tecnologia.
ou usam QR Code para pagar a farmácia. Mas a feira da b) É necessário que se envie a todo o sistema bancário do país
semana e os churros na esquina você paga com “dinheiro vivo”, vídeos informativos que esclareçam os usuários sobre os
certo? Um dos fatores que escoram a circulação de papel- recentes golpes que envolvem contas de Pix.
moeda no Brasil é a informalidade. Atrelada a isso está a c) É preciso reconhecer que o sistema financeiro e o setor
situação dos desbancarizados. A dificuldade que muita gente produtivo não tem interesse de garantir um projeto bem
teve para receber o auxílio emergencial, durante a pandemia, sucedido de promoção social de comunidades carentes.
jogou luz sobre um d) Informações qualificadas aos usuários do sistema bancário
60 problema notado há tempos: a enorme quantidade de são essenciais para que se reduzam as ten- tativas de fraude
relacionadas ao uso do cartão de cré- dito e demais serviços
bancários.
e) Um conjunto de bancos de investimento, entre os prin- cipais É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os
do país, decidiram que as regras de concessão de dias. Parece coisa de antigamente.
empréstimo para pessoas carentes deveriam ser Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada
relativizadas. placidamente em sua cadeira na calçada, observando as
manhãs, está atrás das grades.
17. (CESGRANRIO — 2023) O objetivo dessa reportagem é Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem
refletir sobre: vir aqui, ao voltar só teve um choque: as grades. Nada mais
o impressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários
a) a necessidade de implantar um sistema mais seguro do que vagos sobre as árvores crescidas no Aterro, sobre o excesso
o cartão de crédito para as transferências do auxílio de gente e carros, tudo sem muita ênfase. Mas e essas
emergencial. grades, me perguntou, por que todas essas grades? E eu,
b) a sobrevivência do dinheiro em espécie frente ao novo espantada com seu espanto, eu que de certa forma já me
mecanismo de transferência eletrônica de valores. acostumara à paisagem gradeada, fiquei sem saber o que
c) as consequências negativas da mudança na cultura popular dizer.
vigente no país sobre a importância da inser- ção no sistema Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora.
bancário. Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadei- ra para que ela
d) os aspectos relevantes da cultura da informalidade no dia a se sente, junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da
dia da economia brasileira e as dificuldades de acesso à proteção do gradil pintado com tinta cor de cobre. E essa
tecnologia. cena tão singela, de sabor tão antigo, se desenrola assim,
e) os impactos dos meios tradicionais de pagamen- to, por trás de barras de ferro, que mesmo sendo de alumínio
como boleto e cartão de crédito, na economia da população. para não enferru- jar são de um ferro simbólico, que prende,
constrange, restringe.
18. (CESGRANRIO — 2023) No trecho “O fato é que o Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras ver- ticais
avanço das transações financeiras eletrônicas, em de metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os
detrimento do uso do dinheiro em papel, pode ser benéfico passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas,
para o Brasil, em vários sentidos. pendurados nas árvores.

O Pix tem tudo para ser o empurrãozinho que nos fal- ta SEIXAS, Heloisa. Contos mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2001.
para chegarmos a esse cenário.”, a segunda frase expressa,
em relação à primeira, a ideia de: 19. (CESGRANRIO — 2022) Esse texto, que se inicia a partir
do cotidiano de uma velha senhora que tem por hábito
a) condição sentar-se na calçada observando as manhãs, constrói uma
b) tempo crítica:
c) contradição
d) finalidade a) ao abandono dos idosos que, na velhice, se veem sozi- nhos,
e) conclusão sem o apoio e o carinho de sua família.
b) ao excesso de pessoas e carros nas ruas, que somen- te é
Leia o texto a seguir para responder às questões 19 e 20. percebido por quem se afasta da cidade por um tempo e
retorna.
Uma cena c) às cenas diárias que repetem costumes do passado, que há
muito já deveriam ter sido abandonados pela população.
É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não d) às grades, que hoje dominam o cenário das cidades e que
numa época qualquer, mas no outono. Outono no Rio. O ar foram sendo colocadas aos poucos ao redor de todos nós.
é fino, quase frio, as pedras portuguesas da calçada estão e) às autoridades de segurança pública, que não atuam em prol
úmidas. No alto, o céu já é de um azul escandaloso, mas o do direito de ir e vir, sem riscos, da população.
sol oblíquo ainda não conseguiu vencer os prédios e arrasta
seus raios pelo mar, pelas praias, por cima das montanhas, 20. (CESGRANRIO — 2022) O texto apresenta-se dividido
longe dali. Não che- gou à rua. E, naquele trecho, onde as em dois momentos: o primeiro, em que o narrador des- creve
amendoeiras trançam suas copas, ainda é quase madrugada. minuciosamente a cena observada; e o segundo, em que o
Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol. narrador se aproxima mais do leitor, estabe- lecendo, com
É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua ele, uma quase conversa e colocando-se explicitamente no
cadeira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco movimento, texto. O início do segundo momento se dá com o trecho:
não passa quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha.
Nem carros, nem pessoas. O que há mais é o movimento a) “Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do
dos porteiros e dos pássaros. Os primeiros, com suas sol.”
vassouras e mangueiras, con- versando sobre o futebol da b) “No braço da cadeira de plástico branco, sua mão repousa,
PORTUGUESA

véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora das mas também parece pronta a erguer-se num aceno, quando
gaiolas. alguém passar.”
c) “É uma cena bonita, eu acho.”
LÍNGUA

Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está


sentada muito ereta, com seu vestido estampado, de corte d) “Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos
simples, suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto sem vir aqui, ao voltar só teve um choque: as grades.”
a cumprimentar quem surja. No braço da cadeira de plástico e) “Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela
branco, sua mão repousa, mas também parece pronta a senhora.”
61
erguer -se num aceno, quan- do alguém passar.
 GABARITO

1 C
2 D
3 B
4 A
5 A

6 C
7 E

8 E
9 B
10 A
11 B

12 D
13 D

14 D
15 A
16 D
17 B
18 E

19 D
20 C

ANOTAÇÕES

62
Por último, tem-se a Taxa de Juros, que é uma por-
centagem fracionária do Juro sobre o Capital, gerada ao
longo do tempo, ou seja, o quociente entre o Juro e Capital.

Fatores que Afetam a Variação do Valor do Dinheiro no


MATEMÁTICA Tempo

FINANCEIRA  Consumo

Como existem preferências, no decorrer do tempo,


para o de uso e consumo de determinados produtos,
o fator “consumo” afeta o valor do dinheiro no tem-
CONCEITOS GERAIS po perante a nossa sociedade. Hoje, por exemplo, um
smartphone é supervalorizado, pois tem um valor
O CONCEITO DO VALOR DO DINHEIRO NO de mercado alto, já que possui uma grande deman-
TEMPO da. Antigamente, entretanto, apesar de não existirem
celulares, existiam outros utensílios que, na época,
O conceito de valor do dinheiro no tempo é muito eram supervalorizados e, por isso, muito custosos.
importante quando estamos estudando matemática
financeira, pois não podemos, de maneira alguma,  Inflação e Deflação
comparar o dinheiro trabalhado na matemática bási-
ca com o dinheiro trabalhado na matemática finan- Primeiro, devemos entender que a inflação é a
ceira, uma vez que, nesse último, o fator tempo será perda do poder de compra, enquanto a deflação é o
primordial. ganho do poder de compra. É muito difícil o dinheiro
Imagine a seguinte situação: ganhar valor com o tempo, pois, geralmente, estamos
Seu primo pede que você o empreste uma quantia em constante evolução da inflação. Mas, se conseguís-
de R$100,00, com a promessa de que, após 1 ano, ele semos viver em uma época com deflação, na qual o
irá devolver os mesmos R$100,00 para você. Será essa poder de compra aumentasse, o dinheiro, com certe-
operação financeira vale a pena? za, ganharia valor com o tempo.
Você precisa analisar alguns pontos antes de tomar
a decisão: o risco, o valor do dinheiro daqui a um  Custo de Oportunidade
ano e, também, o retorno do capital.
Aqui, precisamos salientar que o dinheiro tem Aqui, temos um fator que está diretamente relacio-
diferentes valores conforme o tempo vai passando, nado a algum investimento alternativo que gera resul-
pois os R$ 100,00 de hoje não são os mesmos R$ 100,00 tado futuro. Por exemplo, se temos disponível o valor
de daqui a 5 anos. Diz-se isso, pois há fatores que de R$ 1000,00, hoje, qual o custo de oportunidade desse
modificam o valor do dinheiro no tempo, como, por dinheiro? Caso eu o invista, eu vou ter um resultado no
futuro. Agora, eu preciso ficar atento para saber se o cus-
exemplo, a inflação, o risco de um futuro incerto e as
to de oportunidade é maior que a deflação. Numa situa-
operações financeiras.
ção hipotética, digamos que houve uma deflação de 1%
Resumindo: um produto que, hoje, custa R$ no ano e eu tenho um custo de oportunidade de investir
100,00, daqui cinco anos, muito provavelmente, terá
a 10% no ano. Perceba que o meu dinheiro vai perder o
um valor maior. valor com o tempo se ficar guardado, pois o meu poten-
Em matemática financeira, sempre que quisermos cial de lucro é muito maior, com os 10%, do que com
comparar dois capitais, devemos transportá-los para apenas os 1% da deflação. O risco nada mais é do que a
uma mesma data (a uma mesma taxa de juros). Assim, possibilidade de perda do dinheiro no futuro.
podemos constatar se são iguais (equivalentes), ou
não. Portanto, jamais faça soma, subtração, multipli-  Liquidez
cação, ou qualquer outra operação matemática, com o
valor do dinheiro em datas diferentes. Liquidez é a facilidade com que um investidor
Por fim, para entender melhor o valor do dinheiro consegue se desfazer de um investimento qualquer,
no tempo, é preciso saber algumas definições impor- para voltar a ter dinheiro na mão, sem que, para isso,
tantes, como, por exemplo, que o Capital é sempre precise ter um prejuízo significativo. Por exemplo,
representado em dinheiro atual, ou seja, dinheiro que se, dentro da empresa, eu tenho 20 mil reais e, com
se tem hoje. esse dinheiro, eu resolvo investir na compra de equi-
pamentos sofisticados. Diz-se isso, pois esses equipa-
mentos possuem baixa liquidez, assim, se eu precisar
Dica
me desfazer, de forma urgente, para levantar um
MATEMÁTICA

Vale lembrar que o Capital pode aparecer, na sua capital, provavelmente eu perderei uns 30 a 50% do
FINANCEIRA

prova, como “Valor Presente, Presente Valor ou PV”. valor investido. Por outro lado, se esse dinheiro esti-
vesse na conta corrente, eu teria liquidez absoluta,
Quando falamos de Juros, por sua vez, nos referimos pois bastaria retirar para capitalizar.
ao aumento do capital ao longo do tempo, ou seja, ao Precisa-se, dentro da organização, entender qual a
dinheiro acumulado ao longo do tempo, a partir de um liquidez de cada um dos ativos (estrutura da empresa,
Capital. prédio, maquinário, valor a receber, caixa etc.) para
O Montante, no que lhe diz respeito, é a soma do capi- assim trabalhar com o que é realmente líquido.
tal mais o juro, e pode ser entendido como resgate total do Podemos, então, perceber que a análise da liquidez
investimento, Valor Futuro, Future Value ou FV. é fundamental quando se fala do valor do dinheiro no 63
tempo e de uma real possibilidade de ter que se fazer Exemplo:
um resgate financeiro, por algum motivo, como hon-
rar alguma dívida, por exemplo. Determine o Valor Presente do Fluxo de caixa para
uma taxa de juros simples de 10% ao mês.
FLUXOS DE CAIXA E DIAGRAMAS DE FLUXO DE
CAIXA 2.800

A representação da entrada e saída de capital é fei-


ta pelo Diagrama do Fluxo de Caixa, que é o gráfico
das operações de Capital em uma reta horizontal cres-
cente, estabelecida como o tempo. Neste, constam:
mês
0 1 2 3 4
 Entrada de Capital: representada por uma seta
para cima;
 Saída de Capital: representada por uma seta para Note que para calcular o VP teremos que transpor-
tar essa parcela (Valor Futuro) 4 períodos para trás,
baixo.
isto é, descapitalizá-la. Vamos aplicar a fórmula do
Valor Presente em regime de juros simples e calcular
Observe o seguinte exemplo:
Investimento de R$ 50.000,00 no dia de hoje, para seu valor:
recebimento de R$ 120.000,00 daqui a 10 anos:
VP = VF ÷ (1 + i · t)
VP = 2800 ÷ (1 + 0,1 · 4)
120.000,00 VP = 2800 ÷ 1,4
Hoje VP = 2000
| | | | | | | | | | | ano
5 10 EQUIVALÊNCIA FINANCEIRA
50.000,00
Dois ou mais capitais, resgatáveis em datas distin-
Operações Financeiras tas, são equivalentes quando são transportados para
uma mesma data e com a mesma taxa de juros, resul-
Vamos aprender como “transportar” uma parcela tarem valores iguais.
no tempo, ou seja, como levar uma parcela presente
para o futuro (capitalização), e como trazer uma par-
cela do futuro para o presente (desconto ou descapi- Dica
talização). Aqui, vale lembrar que dependeremos do Para saber se dois capitais são equivalentes:
regime de capitalização, simples ou composto, e, que,  coloque na mesma data;
para cada um deles, teremos uma maneira de calcu-  veja se têm a mesma taxa de juros;
lar. Veja:  resultam no mesmo valor.
Na Capitalização Simples usaremos as seguintes
fórmulas: Propriedade Fundamental da Equivalência de Capitais

VF = VP · (1 + i · t) ou VP = VF ÷ (1 + i · t) A equivalência permanecerá válida para qualquer


data, a partir de uma determinada data focal, quando
Já na Capitalização Composta, as equações serão:
dois capitais forem equivalentes.
VF = VP · (1 + i)t ou VP = VF ÷ (1 + i)t
Em matemática financeira, sempre que quisermos
comparar dois capitais, devemos transportá-los para
Em que,
uma mesma data (a uma mesma taxa de juros), pois,
assim, podemos constatar se são iguais (equivalentes)
VF = Valor Futuro
VP = Valor Presente ou Valor Atual ou não.
i = taxa de juros Vejamos alguns exemplos, a fim de facilitar a com-
t = período preensão do conteúdo:

 Qual a taxa anual de juros de um financiamento


Note que podemos fazer uma analogia com as que cobra juros mensais de 3,5%?
equações do Montante de regime de juros:
Temos que 3,5% = 3,5 ÷ 100 = 0,035
Regime Simples → M = C · (1 + i · t) 1 ano = 12 meses
Regime Composto → M = C · (1 + i)t (1+ia) = (1+im)t
(1 + ia) = (1 + 0,035)12
O Montante será sempre entendido como o Valor 1 + ia = 1,03512
Futuro, e, o Capital, como Valor Presente: 1 + ia = 1,5110
ia = 1,5110 – 1
Montante → Valor Futuro ia = 0,5110
64 Capital → Valor Presente ou Valor Atual ia = 51,10 % ao ano.
 Determine a taxa mensal equivalente a 0,4% ao (1+ia) = (1+is)t
dia. (1 + ia) = (1+is)2
(1 + ia) = (1 + 0,10)²
Sabemos que 0,4% = 0,4 ÷ 100 = 0,004 1 + ia = 1,21
ia = 1,21 – 1 = 0,21
1 mês = 30 dias ia = 21%
(1+im) = (1+id)t Resposta: Letra E.
(1 + im) = (1 + 0,004)30
1 + im = 1,00430
1 + im = 1,1272
im = 1,1272 – 1 SEQUÊNCIAS
im = 0,1272
im = 12,72% ao mês. LEI DE FORMAÇÃO DE SEQUÊNCIAS E
DETERMINAÇÃO DE SEUS ELEMENTOS
Resolva os exercícios a seguir para exercitar seus
conhecimentos: Esse tema é cobrado de uma maneira que pode pare-
cer como também pode ser complicado. Descobrir a lei
1. (NOVA CONCURSOS — 2022) Considere duas taxas de formação ou padrão da sequência é o seu principal
aplicadas sobre um determinado capital, durante o mesmo objetivo, pois nas questões sobre sequências/raciocínio
período, culminando nos mesmos montantes. Para essa
sequencial, você será apresentado a um conjunto de
situação hipotética, estamos nos referindo à taxa:
dados dispostos de acordo com alguma “regra” implíci-
ta, alguma lógica de formação. O desafio é exatamente
a) real.
b) equivalente. descobrir essa “regra” para, com isso, encontrar outros
c) efetiva. termos daquela mesma sequência.
d) nominal. Veja o exemplo abaixo:
e) líquida.
2, 4, 6, 8,...
Taxas equivalentes produzirão o mesmo montante
que a outra operação, contudo em períodos de capi- A primeira pergunta que podemos fazer para
talização diferentes da taxa original. achar a lei de formação é: os números estão aumen-
Resposta: Letra B. tando ou diminuindo?
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
2. (NOVA CONCURSOS — 2022) A taxa trimestral de operações de soma ou multiplicação entre os termos.
juros equivalentes a 2% ao mês é de Veja no exemplo colocado acima: 2, 4, 6, 8,.. Do primei-
ro termo para o segundo, somamos o número dois e
a) 3,36%. depois repetimos isso.
b) 4,50%.
c) 5,57%. 2+2=4
d) 6,00%. 4+2=6
e) 6,12%. 6+2=8

Disponha os dados na fórmula: Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
1 trimestre = 3 meses pois 8 + 2 = 10.
(1+it) = (1+im)t Caso os números estejam diminuindo, você pode
(1+it) = (1+im)3 buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
(1+it) = (1,02)3 entre os termos.
(1+it) = (1,0612) Agora, observe essa outra sequência:
it = 1,0612 - 1
it= 0,0612, transformando em % = 0,0612 · 100 = 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
6,12%
Resposta: Letra E. Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem a
dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo percebido
3. (NOVA CONCURSOS — 2022) Considere uma capitali- que o 9 não está na sequência. A nossa tendência é relevar
zação semestral a uma taxa de juros nominal de 20% anual. esse “probleminha” e marcar logo o valor 15. Muito cui-
Assinale a opção que corresponde a taxa efeti- va anual
dado! Como já disse, o padrão encontrado deve ser capaz
equivalente.
de explicar toda a sequência! Nesse caso, estamos diante
dos números primos! Sim, aqueles números que só podem
a) 5%
MATEMÁTICA

b) 10,5% ser divididos por eles mesmos ou então pelo número 1. No


FINANCEIRA

c) 15% caso, o próximo seria o 17, e não o 15. A propósito, os próxi-


d) 20,25% mos números primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
e) 21%
Sequências Numéricas Alternadas
Capitalização Semestral
Taxa nominal = 20% anual fica 10% semestral É bem comum aparecerem questões que envolvem
Equivalência de taxa: uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
te exemplo: 65
2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ... an = a1 + (n – 1) · r a200
= 1 + (200 – 1) · 2
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
dizer que temos uma sequência que, de um número a200 = 1 + 2 · 199
para outro, devemos somar 2 unidades e também
podemos notar que temos a sequência que, de um a200 = 1 + 398
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas a = 399
200
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
1ª sequência: 2, 4, 6, 8,... Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PA
2ª sequência: 5, 10, 15, 20, ...
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS “n” primeiros termos de uma progressão aritmética:

Uma progressão aritmética é aquela em que os Sn = n · (a1 + an)


termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons- 2
tante, normalmente representada pela letra r.
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
 Termo inicial: valor do primeiro número que lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
compõe a sequência; que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
 Razão: regra que permite, a partir de um termo, Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, neste
obter o seguinte. caso, o termo a7, que observando na sequência é o núme-
ro 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula, temos:
Observe o exemplo abaixo:
Sn = n · (a1 + an)
{1,3,5,7,9,11,13, ...} 2
S7 = 7 · (1 + 13)
Veja que 1 + 2 = 3, 3 + 2 = 5, 5 + 2 = 7, 7 + 2 = 9 e assim 2
sucessivamente. Temos um exemplo nítido de uma Pro-
gressão Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e S7 = 7 · 14
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo progres- 2
sões aritméticas, é importante você saber obter o termo 98
geral e a soma dos termos, conforme veremos a seguir. S7 = = 49
2
Termo Geral da PA
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer  PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
outro termo. Temos a seguinte fórmula: crescente.

an = a1 + (n – 1)r Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3;

Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o  PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em


“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é ordem decrescente.
a posição do termo na PA.
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = –1;
o termo de posição 10. Já temos as informações que
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.  PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
iguais.
 O termo que buscamos é o da décima posição, isto é, a10;
 A razão da PA é 2, portanto r = 2; Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
 O termo inicial é 1, logo a1 = 1;
 n, ou seja, a posição que queremos é a de número Dica
10: n = 10.
PA crescente: se r > 0; PA
Logo, decrescente: se r < 0; PA
constante: se r = 0.
an = a1 + (n – 1) · r
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
a10 = 1 + (10 – 1) · 2 segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
a10 = 1 + 2 · 9 tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:

a10 = 1 + 18 PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3) ÷ 2 PA


a10 = 19 (2, 4, 6)  4 = (2+6) ÷ 2  4 = 4

Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na Exercite seus conhecimentos com as questões
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula, comentadas a seguir.
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
66 posição 200 é:
1. (IBFC — 2015) O total de múltiplos de 4 existentes PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS
entre os números 23 e 125 é:
Observe a sequência a seguir:
a) 25.
b) 26. {2, 4, 8, 16, 32...}
c) 27.
d) 28. Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
e) 24. Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o último do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma PA de mo número, o que chamamos de razão da progressão
razão igual a 4. Então, temos as seguintes informações:
a = 24 geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
1 No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
an = 124 a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
obter os múltiplos).
e a soma dos termos.
Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
an = a1 + (n – 1)r Termo Geral da PG
124 = 24 + (n – 1)4
124 = 24 + 4n – 4 A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
124 – 24 + 4 = 4n termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
104 = 4n primeiro termo (a1) e da razão (q):
n = 26. Resposta: Letra B.
an = a1 · qn-1
2. (FCC — 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em 4
dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá em cada No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
dia será diferente e formará uma progressão aritmética de ser encontrado assim:
razão igual a − 24. A média de quilôme- tros que Rodrigo
percorrerá por dia é igual a 310 km. Desse modo, é correto {2, 4, 8, 16, 32...}
concluir que o número de quilô- metros que Rodrigo
percorrerá em seu quarto e último dia de viagem será igual a a5 = 2 · 25-1
a5 = 2 · 24
a) 334.
b) 280. a5 = 2 · 16
c) 322. a5 = 32
d) 274.
Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PG
e) 310.
Primeiro devemos achar o a para depois acharmos A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
1,
o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para primeiros termos da progressão geométrica:
podermos substituir na média. Usando a fórmula n
do termo geral: a1 · (q - 1)
r = –24 Sn =
q-1
an= a1 + (n – 1) · r
Achando a1: Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a
a1 = a1 + (1–1) · r soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
a1 = a1 16, 32...}.
Colocando a2 em função de a1:
a2= a1+ (2 – 1) · r S4 = 2 · (24 - 1)
a2 = a1 + r 2-1
Colocando a3 em função de a1:
S4 = 2 · (16 - 1)
a3= a1+ (3 – 1) · r
1
a3 = a1 + 2r
Colocando a4 em função de a1: S4 = 2 · 15
a4 = a1 + (4 – 1) · r 1
a4 = a1 + 3r
Substituindo na fórmula da média aritmética: S4 = 30
(a1 + a2 + a3 + a4 ) ÷ 4 = 310
MATEMÁTICA

(a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) ÷ 4 = 310 Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão


FINANCEIRA

4 a1 + 6r = 310 · 4 Geométrica
4 a1 + 6 · (–24) = 1.240
4 a1 – 144 = 1.240 Suponha que você corra 1000 metros, depois, você
a1 = 346 corra 500 metros, depois, você corra 250 metros e,
Encontrando a4: depois, 125 metros — sempre metade do que você
a4= 346 + (4 – 1) · r correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
a4= 346 + 3r Observe que o que temos é exatamente uma progres-
a4= 346 + 3 · (–24) são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente.
a4 = 274. Resposta: Letra D. 67
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto JUROS SIMPLES
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
tanto, substituindo, teremos: CÁLCULO DO MONTANTE, DOS JUROS, DA TAXA DE
JUROS, DO PRINCIPAL E DO PRAZO DA
S∞ = a1 · (0 - 1)
OPERAÇÃO FINANCEIRA
q-1
a1 Para estudarmos Juros, é muito importante que
S∞ = você compreenda que o dinheiro, ao longo do tempo,
1-q muda de valor.
Assim, eu te pergunto:
Dica O que você prefere: receber R$ 1000 reais hoje ou
receber este mesmo valor daqui a 1 ano?
Em uma progressão geométrica, o quadrado do termo do Provavelmente, você vai preferir receber hoje.
meio é igual ao produto dos extremos. Diz-se isso, pois, dentre outros motivos, sabe-se
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 · a3 que, ao longo do tempo, os preços dos produtos ten-
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} dem ao crescimento. A esse processo, dá-se o nome de
82 = 4 · 16 Inflação. Assim, possivelmente, um produto compra-
64 = 64. do hoje, no valor de mil reais, estará mais caro no ano
que vem. Além disso, uma vez recebido o dinheiro,
Revise o conteúdo visto com alguns exercícios mesmo que não imediatamente utilizado, ele pode ser
comentados. colocado em uma aplicação financeira e gerar rendi-
mento, ou seja, ter seu valor inicial ampliado com o
1. (FUMARC — 2018) Se a sequência numérica repre- passar do tempo.
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão Para fins de entendimento da disciplina de Mate-
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR- mática Financeira e, também, para compreendermos
RETO afirmar que o valor de q é igual a: como funciona o valor do dinheiro no tempo, vamos
sempre pensar das seguintes maneiras: pagar a vista
a) 2. ou parcelar, receber agora e fazer outro investimento,
b) 3.
manter na aplicação atual, dentre outras variações.
c) 4.
Tudo isso será demonstrado ao longo desse material.
d) 8.
Seguiremos, abaixo, com alguns conceitos básicos!
Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
JURO
la geral da PG para acharmos a razão:
an = a1 · qn-1
O Juro, conceito basilar da matemática financeira,
é definido das seguintes formas: rendimento de deter-
a6 = a1 · q6-1 minado capital, ganho sobre o capital, remuneração
192 = 6 · q5 do capital ou, ainda, aluguel do capital.
De maneira mais simples, se tenho uma certa
192 ÷ 6 = q5 quantia e permito que alguém use por determinado
32 = q5 tempo, é justo que eu receba um “aluguel” dessa pes-
soa. A esse “aluguel”, dá-se o nome de Juro. Assim, o
5
q= 32 Juro é, portanto, a remuneração pertinente ao uso de
um capital por determinado tempo.
q = 2. Resposta: Letra A.
Além disso, existem duas maneiras principais de
cobrança de juros, chamadas de “Juros simples” e
2. (IBFC — 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
(progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo 12 é “Juros compostos”. O Juro simples, no que lhe diz
igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a: respeito, restringe-se, com mais frequência, às transa-
ções de curto prazo, nas quais os valores resultantes
da aplicação de juros simples, ou compostos, são mui-
a) 324.
b) 36. to próximos entre si.
c) 108.
d) 216. CAPITAL

Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto O Conceito de Capital relaciona-se à quantia ini-
termo, devemos usar a fórmula do termo geral da cial que se tem ou, ainda, que se recebe. Também
PG. Veja: são definições para o mesmo conceito: valor inicial,
a4 = a2 · q4-2 valor aplicado, depósito inicial, valor principal etc. Na
a4 = 12 · 32 matemática financeira, o Capital é representado pela
a4 = 12 · 9 letra C.
a4 = 108. Resposta: Letra C.
MONTANTE

O Montante, por sua vez, é o resultado obtido


a partir da aplicação de determinado capital. De
outro modo, é a quantia que se recebe, ou se paga,
68 pelo empréstimo do Capital. O Montante também é
chamado, comumente, de valor de resgate, capital +
TAXAS DE JUROS
juros, valor final ou valor capitalizado. Na matemá-
tica financeira, ele é representado pela letra M. Forma Para transformar Forma
Percentual na forma unitária Unitária
PERÍODO
20% ao ano 20/100 0,2 ao ano
O Período, no campo matemático aqui estudado, 0,06 ao
define-se como o espaço de tempo no qual o capi- 6% ao trimestre 6/100
trimestre
tal ficou aplicado. Esse dado é representado por um
número que pode determinar dias, meses, trimestres, 2% ao mês 2/100 0,02 ao mês
anos etc. O número de períodos é representado pela
letra N, ou pela letra T, de tempo. Seguem, abaixo, as 0,3% ao dia 0,3/100 0,003 ao dia
siglas para os períodos das taxas:
Inversamente, para transformarmos uma taxa
 Mensal: a.m. (ao mês); unitária em sua forma percentual, devemos multipli-
 Bimestral: a.b. (ao bimestre); cá-la por cem.
 Trimestral: a.t. (ao trimestre);
 Semestral: a.s. (ao semestre); JUROS SIMPLES
 Anual: a.a. (ao ano).
No campo dos Juros Simples, os rendimentos em
TAXA DE JUROS J, em cada período T, sempre serão os mesmos, uma
vez que os juros são calculados, sem exceção, sobre o
Por taxa de juros entendemos a relação entre o capital inicial. Esse regime recebe o nome de capitali-
Juro e o Capital. De outro modo, essa taxa é, na rea- zação simples. Segue a fórmula para realização desse
lidade, o fator que determina qual é a remuneração cálculo:
de determinado capital, em determinado espaço de
tempo. J=C·i·n
A fórmula da taxa de juros, para um período, é a Onde,
seguinte: J: juros

J C: capital
i= C
I: taxa de juros (deverá estar escrita na forma de
número decimal. Para isso, basta dividir o valor dado
Importante! por 100).
Aqui, utilizamos a notação i, que vem do inglês N: tempo (a taxa de juros e o tempo devem se refe-
interest e significa, portanto, taxa. Mas é impor- tante rir à mesma unidade de tempo).
saber que a taxa de juros também pode ser identificada
pela letra J. MONTANTE

Para calcularmos o Montante, ou seja, o Juros


A seguir, observaremos que a taxa de juros pode somado ao valor inicial, no final do período de tempo,
ser representada de duas maneiras. Além disso, per- devemos utilizar a seguinte fórmula:
ceberemos como é fácil passar de uma forma para a
outra! M=C+J
M=C+C·i·n
Taxa Percentual
Da equação acima, temos, portanto, a expressão:
Por Taxa Percentual entende-se a taxa de juros
referente a cem unidades de capital. Interessante M = C · (1 + i · n)
notar que seu próprio nome já demonstra isso, uma
vez que “percentual” significa “por cem”. Pela própria definição, o Montante é:

Ex.: A inflação do ano atingiu 9% (seis por cento). M=C+J

Taxa Unitária Contudo, vimos que:


MATEMÁTICA

A Taxa Unitária, por sua vez, refere-se a uma uni- J=C·i·n


FINANCEIRA

dade de Capital, assim como afirma, também, seu


próprio nome. Atenção: Para os cálculos de juros, Logo, temos que:
montante e capital apresentados na apostila, e tam-
bém existentes na vida real, devemos utilizar, nas fór- M=C+C·i·n
mulas, a taxa unitária. Desse modo, ao encontrarmos
uma taxa percentual, devemos, antes de tudo, trans- Assim, colocando-se C em evidência, obtemos a
formá-la em taxa unitária. Só depois , poderemos inse- fórmula para cálculo do montante em Juros Simples:
ri-la na fórmula. Para tal, basta realizar sua divisão
por cem. Observe a tabela a seguir: M = C · (1 + i · n) 69
Com a fórmula acima, pode-se resolver a maioria TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES
dos problemas de juros simples. Substitua correta-
mente os dados do problema, observando a compati- Para uma aplicação correta da taxa de juros, é
bilidade das unidades e, depois, ache a incógnita. necessário conhecer a unidade de tempo sobre a qual
ela é definida. De outra forma, não adianta saber ape-
O CÁLCULO DE MONTAGEM EM JUROS SIMPLES nas que a taxa de juros é de x%. Mais do que isso, é pre-
ciso saber se essa taxa é anual, bimestral, mensal etc.
Juro J M Montante Agora, serão apresentados dois conceitos muito
Capital
importantes para a resolução dos exercícios, são eles:
C
taxas de juros equivalentes e taxas proporcionais.

0 1 2 3 n—1 Taxas Proporcionais


n nº de Períodos

As Taxas Proporcionais (ip) definem-se como aque-


Figura 1: Matemática financeira para concurso. Penido, Eduardo. São
Paulo: Atlas, 2007. Pág. 15.
las cujos quocientes, entre elas e seus respectivos perío-
dos de capitalização n, quando colocados na mesma
unidade de tempo, são iguais. Observe a fórmula:
Dica
Memorize as duas fórmulas de Juros Simples: i1 i
= 2
M = C · (1 + i · n) n1 n2
J=C·i·n Vamos verificar, agora, se as seguintes taxas são
E, ainda, lembre-se de verificar, e/ou deixar, a taxa proporcionais:
de juros J sempre na mesma medida de tempo N.
i1 = 10% a.m.
Realize o exercício abaixo para fixar seus
i2 = 20% a.b.
conhecimentos:
i3 = 30% a.t.
1. (FGV — 2022) Marlene comprou uma mercadoria que i4 = 60% a.s.
custava R$ 400,00 e pagou em duas parcelas: R$ 200,00 no ato i5 = 120% a.a.
da compra e R$ 280,00 um mês após a compra.
A taxa de juro mensal paga por Marlene foi de Se estas taxas forem proporcionais entre si, então:

a) 40%. i1 i i i i
= 2 = 3 = 4 = 5
b) 30%. n1 n2 n3 n4 n5
c) 25%.
Substituindo e lembrando que a unidade de tempo
d) 20%.
de n tem que ser a mesma para todas as taxas, trans-
e) 15%.
formamos tudo em meses:
A mercadoria que Maria comprou, custava R$ 10% 20% 30% 60% 120%
400,00. Como ela deu R$ 200,00, no ato da compra, 1 mês = 2 mêses = 3 meses = 6 meses = 12 meses
ela ficou com um saldo devedor de = 10% ao mês.

400 — 200 = 200 reais Confirmamos, portanto, a proporcionalidade entre


estas taxas.
Agora, como ela pagou R$ 280,00, um mês depois,
A fórmula para a obtenção da taxa proporcional,
para liquidar a compra, ela arcou com um juro de
desse modo, é mesmo a seguinte:
280 — 200 = 80 reais
Então, utilizando a fórmula do valor dos juros para i1 i
= 2
n1 n2
o regime simples (tanto faz ser simples ou compos-
to, pois é apenas 1 período), a taxa mensal cobrada Taxas Equivalentes
nessa compra foi:
Tem-se Taxas Equivalentes (ieq) quando as taxas,
J=C·i·n aplicadas sobre o mesmo capital e pelo mesmo pra-
zo, resultam no mesmo montante. De outro modo,
Agora, substituindo os valores, teremos: considerando um mesmo prazo, o rendimento do
capital inicial deve ser igual, independentemente da
80 = 200 · i · 1 taxa equivalente utilizada. Ademais, pela definição
80
i= =
200 0, 4 de taxas equivalentes, sabe-se que o montante será o
mesmo, não importando a taxa utilizada, desde que o
Multiplicando-se um decimal por 100, teremos o seu prazo de aplicação seja o mesmo. Assim, aplicar-se-á
valor em porcentagem! Então, a fórmula para cálculo do montante em juros simples
às duas taxas:
i = 0,4 · 100 Para a taxa i : M = C · (1 + i · n)
i = 40% a.m. Para a taxa ieq : M = C · (1 + ieq · 1)

70 Resposta: Letra A. Como os montantes, pela definição, são iguais:


C · (1 + i · n) = C · (1 + ieq · 1) → 1 + i · n = 1 + ieq · 1 → 2. (FGV — 2008) A taxa de juros simples de 0,05% ao dia
i · n = ieq · 1 equivale à taxa semestral de:

i ieq a) 15,00%.
n = n b) 1,50%.
Constatamos, portanto, que, no regime de juros c) 18,00%.
simples, as taxas equivalentes são, também, propor- d) 9,00%.
cionais entre si. e) 12,00%.
Portanto, para calcular taxas equivalentes no regi-
me simples basta usar regra de três. Em juros simples, para acharmos taxas equivalen-
Lembre-se: no regime de juros simples, taxas de tes, também podemos aplicar a regra de três.
juros proporcionais são, também, taxas de juros equi- Assim, temos que:
valentes. Essa informação é muito importante, pois • um semestre tem 6 meses, cada mês com 30 dias.
simplifica o cálculo de taxas equivalentes no regime • logo, 1 semestre tem 6·30=180 dias.
de juros simples. Assim, nesse regime de juros, 1% ao A regra de três para determinar a taxa semestral
mês, 6% ao semestre, ou 12% ao ano são proporcio- fica:
nais, e, portanto, levarão o mesmo capital C ao mesmo
montante M, após o mesmo período de tempo.
0,05% ---- 1 dia
A fim de verificar seus conhecimentos, resolva,
x ---- 180 dias
agora, o exercício a seguir:
0,05% · 180 = 1 · x
1. (VUNESP — 2020) Um empréstimo de R$ 1.300,00,
x = 9% (ao semestre)
realizado a juros simples, com prazo de 8 meses, teve como
juros total o valor de R$ 260,00. A taxa de juros anual
cobrada nesse empréstimo foi de Resposta: Letra D.

a) 25% TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA


b) 30%
c) 35% Taxa Nominal
d) 40%
e) 45% A Taxa Nominal (in), por sua vez, é uma taxa de
juros na qual a unidade de tempo não coincide com
Segundo o enunciado, o empréstimo de R$ 1.300,00 a unidade de tempo dos períodos de capitalização. De
teve um total de juros de R$ 260,00 em n=8 meses. outra forma, toda vez que, em um negócio, ou em uma
Jogando esses valores na fórmula, encontraremos a operação financeira, a taxa contratada encontra-se
taxa mensal: em uma unidade de tempo diferente da unidade de
tempo dos períodos de capitalização, esta é uma taxa
J=C·i·n nominal.
260 = 1300 · i · 8 O relatado acima é uma convenção que, habitualmen-
260 te, é utilizada no mercado financeiro. Os exemplos mais
i= notórios da mesma são, muito provavelmente, a taxa de
1.300 ·8
260 juros da caderneta de poupança e a taxa over (aplicações
i= = 0,025 de um dia).
10.400
Ademais, sempre que encontrarmos uma taxa
Multiplicando um decimal por 100, teremos o seu nominal, devemos, antes de tudo, calcular a Taxa Efe-
valor em porcentagem! Então: tiva (ief) da operação, obtida a partir da taxa nominal
pelo método da proporcionalidade, visto no tópico
i = 0,025 · 100% = 2,5% a.m. anterior.

Entretanto, o examinador pediu a taxa anual, não a Taxa Efetiva


taxa mensal!
Como o empréstimo foi realizado no regime de juros Por Taxa Efetiva (ief) entende-se a taxa que, real-
simples, a taxa anual (12 meses) desse empréstimo mente, é utilizada nos cálculos, uma vez que sua uni-
pode ser obtida através da seguinte proporção: dade de tempo coincide com a unidade de tempo dos
períodos de capitalização.
ia i Observe o seguinte exemplo: a taxa de juros da
= m
12 1 caderneta de poupança é de 6% a.a., capitalizados todo
mês. Ou seja, a taxa contratada é de 6% ao ano, mas os
Onde: 1 ano tem na = 12 meses
juros são pagos a cada mês. Assim, se in = 6% a.a., com
MATEMÁTICA

Como a taxa mensal foi im = 2,5% a.m., então, substi- capitalização mensal, e a taxa efetiva é a proporcional
FINANCEIRA

tuindo, teremos: mensal que corresponde à taxa nominal, então:


ia 2, 5% 6% a.a. ief 6
=
12 = 0,5% a.
12 1 = → ief · 12 = 6 · 1 → ief =
12 meses 1 mês
2, 5% · 12 m.
ia = = 30%
1
Portanto:
Assim, a taxa anual é de 30% a.a.
Resposta: Letra B. ief = 0,5% a. m. 71
A fórmula para obtenção da taxa efetiva correspondente a uma taxa nominal é a seguinte (lembre-se de que a
unidade de tempo de n tem que ser a mesma):

in ief
=
nn nef

Importante!
Em todos os problemas de matemática financeira, você deverá utilizar, em seus cálculos, sempre, a taxa efe- tiva. Nunca
utilize, nas fórmulas, a taxa nominal!

A fórmula para a obtenção da taxa efetiva é, portanto:

in ief
=
nn nef
Nas aplicações financeiras e, também, em muitos negócios comerciais, é normal que as taxas sejam expressas
em termos anuais, e que os prazos sejam fixados em dias. Entretanto, como para curto prazo o regime de capita-
lização comumente adotado é o de juros simples, é necessário calcular a taxa proporcional referente a um dia.
Assim, existem duas convenções para a contagem de dias:

 Ano Civil: 365 ou 366 (anos bissextos) dias;


 Ano Comercial: 360 dias.

Quando o exercício não mencionar o tipo de ano (civil ou comercial), considera-se ano comercial. Neste, defi-
ne-se que todos os meses têm 30 dias (mês comercial) e que o ano tem, portanto, 360 dias. A contagem de dias, para
anos comerciais, é feita em duas etapas:

 Multiplica-se o número de meses de data a data por 30;


 Acerta-se para mais ou para menos o prazo encontrado, conforme a data final for maior ou menor do que a
data inicial.

Juros Comerciais: contagem de dias como se todo mês tivesse 30 dias. Na hora de fazer a regra de três, con-
sideramos que o ano tem 360 dias.

a taxa i é colocada em termos anuais (a.a.)


e na forma unitária

o prazo n deve ser colocado em dias,


JURO C·i· n seguindo o ano comercial (360 dias)
J=
COMERCIAL 360
o divisor 360 transforma a taxa de
anual (nominal) para diária (efetiva)

Figura 2: Matemática financeira para concurso. Penido, Eduardo. São Paulo: Atlas, 2007. Pág. 28

Juros Exatos: contagem de dias como se estivéssemos olhando em um calendário. Na hora de fazer a regra de
três, consideramos que o ano tem 365 dias (se for bissexto, consideramos 366).

a taxa i é colocada em termos anuais (a.a.) e na forma


unitária

o prazo n deve ser colocado em dias, seguindo o ano civil


JURO C·i· n (365 ou 366 dias)
J=
EXATO 365
o divisor 365 ou 366 transforma a taxa de anual (nominal) para
diária (efetiva)

Figura 3: Matemática financeira para concurso. Penido, Eduardo. São Paulo: Atlas, 2007. Pág. 29.

Juros Bancários: contamos os dias olhando em um calendário. Na hora de fazer a regra de três, consideramos
que o ano tem 360 dias.

CAPITAIS EQUIVALENTES EM JUROS SIMPLES

No dia a dia, é comum precisarmos antecipar, ou prorrogar, títulos e obrigações. Além disso, é comum, também,
que precisemos substituir um título por outro, ou por vários. Além disso, pode acontecer, também, de querermos
substituir vários títulos por apenas um. Esses procedimentos podem ser calculados a partir de determinada taxa
de juros, de maneira que o resultado atenda todas às partes envolvidas, isto é, o devedor e o credor. Entretanto,
para tal, precisamos conhecer o conceito de Data Focal.
72
Por Data Focal se entende a data considerada base de comparação dos valores referidos a datas diferentes, ou seja, a
data para a qual serão transportados os valores de entrada e saída de dinheiro, com o intuito de avaliação. Esta também
pode ser nomeada “data de avaliação” ou “data de referência”. Diante do exposto, vamos à Equivalência de Capitais.

Capitais Equivalentes

Dois, ou mais, capitais serão equivalentes se, resgatados em datas distintas e levados para determinada data
focal, à mesma taxa de juros, resultarem em valores iguais.
Consideremos os seguintes capitais cujos valores e respectivas datas de resgate estão a seguir representados:

EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS EM JUROS SIMPLES

C
Data Focal

—1 0 1 2 3 4 5
1 — (—1) = 2 3—1=2

4—1=3

5—1=4

Figura 4: Livro: Matemática financeira para concurso. Penido, Eduardo. São Paulo: Atlas, 2007. Pág.51.

No regime de juros simples, e considerando a taxa de juros i, estes capitais serão equivalentes na data focal 1 se:
C2 C3 C4
C · (1 + i · 2) = = =
1
1+i·2 1+ i·3 1+i·4
Note que não há novas fórmulas:

 Quando o capital se referir a uma data anterior à data focal, ele será capitalizado, utilizando a fórmula para
cálculo do montante em juros simples;
 Quando o capital se referir a uma data posterior à data focal, ele será atualizado (ou descontado), utilizando a
fórmula para cálculo do valor atual no desconto racional simples (a ser visto mais à frente).

Realize o exercício a seguir para verificar sua compreensão do conteúdo:

1. (VUNESP — 2021) Um produto à vista custa R$ 31.824,00. Esse produto pode ser parcelado em duas vezes, sendo uma par- cela no ato e a
outra três meses depois. O valor da segunda parcela é igual ao saldo devedor acrescido de 4%. Esse produto foi vendido em duas vezes de
maneira que as duas parcelas tivessem o mesmo valor. O valor de cada parcela foi

a) R$ 15.912,00.
b) R$ 15.972,00.
c) R$ 16.048,00.
d) R$ 16.224,00.
e) R$ 16.548,00.

Note que, embora o enunciado mencione um número de meses decorridos após o primeiro pagamento, não há
nenhuma referência a uma taxa de juros. Não precisamos, portanto, considerar o valor do dinheiro no tempo
além do que o enunciado já nos traz.
Chamando de P o valor de cada parcela, temos que (31.824—P) corresponde ao saldo devedor após o pagamento
da primeira parcela. Como a segunda é igual a essa quantia acrescida de 4%, temos:
MATEMÁTICA

P = 1,04 · (31.824 — P)
FINANCEIRA

P = 33.096,96 — 1,04P
(1 + 1,04) P = 33.096,96
33.096, 96
P=
2, 04
P = 16.224

Assim, cada parcela é igual a R$ 16.224,00.


Resposta: Letra D. 73
JUROS COMPOSTOS
CÁLCULO DO MONTANTE, DOS JUROS, DA TAXA DE JUROS, DO PRINCIPAL E DO PRAZO DA
OPERAÇÃO FINANCEIRA

A diferença fundamental entre o regime de juros simples e o regime de juros compostos se refere à forma de
capitalização dos juros:

 Em juros simples, os juros são sempre calculados sobre o capital inicial. Chama-se este regime de capitaliza-
ção simples;
 Em juros compostos, os juros são somados ao capital para cálculo do período seguinte. Chama-se este regime
de capitalização composta.

Contextualizando para você entender:


Suponhamos que você tenha pego um empréstimo de R$ 1.000,00 no banco, o pagamento deste valor deverá
ser realizado após 4 meses, sujeito à taxa de 10% de juros ao valor em cada mês. Ficou acordado que o cálculo de
juros de cada mês será realizado sobre o total da dívida no mês anterior, logo, o valor inicialmente emprestado
não será a única base para o cálculo. Neste caso, estamos diante da cobrança de juros compostos. Por fim, quanto
você deverá pagar ao banco ao final dos 4 meses?
Perceba que neste momento você deverá calcular os juros sobre o total da dívida do mês anterior. Portanto, ao final
do primeiro mês, você deve aplicar a taxa de juros de 10% sobre a dívida que você possuía um mês antes, ou seja, o capital
inicial de R$ 1.000. Como 10% de 1.000 é igual a 100, podemos dizer que ao final deste primeiro mês a dívida subiu para
o valor de R$ 1.100, onde R$ 1.000 corresponde ao capital inicial e R$100 correspondem aos juros percebidos no período.
Até este momento temos os mesmos valores do regime de juros simples. Contudo, no cálculo dos juros do 2º
mês, neste perceberemos uma diferença, pois agora você deve calcular 10% sobre o total da dívida no mês ante-
rior, que agora soma R$ 1.100, e não apenas R$ 1.000, como no primeiro. Calculando 10% de R$ 1.100, você tem R$
110, que são os juros do segundo mês. Portanto, esta dívida soma 1.100 + 110 = R$ 1.210.
Ao final do terceiro mês devemos calcular 10% de R$ 1.210 — dívida do mês anterior —, que é 121 reais, de
modo que a dívida soma 1.210 + 121 = R$ 1.331 reais. No final do 4º mês devemos obter 10% de R$ 1.331, que é R$
133,10, de modo que a dívida soma 1331 + 133,10 = R$ 1.464,10.

Veja de forma mais detalhada na tabela a seguir:

MÊS CAPITAL INICIAL JUROS DO PERÍODO JUROS ACUMULADOS VALOR MONTANTE FINAL
0
R$ 1.000 0,00 0,00 R$ 1.000,00
(início)

R$ 1.000 · 0,10 = R$
1° R$ 1.000 R$ 100,00 R$ 1.100,00
100,00

R$ 1.100 · 0,10 = R$
2° R$ 1.000 R$ 210,00 R$ 1.210,00
110,00

R$ 1.210 · 0,10 = R$
3° R$ 1.000 R$ 331,00 R$ 1.331,00
121,00

R$ 1.331 · 0,10 = R$
4° R$ 1.000 R$ 464,10 R$ 1.464,10
133,10

Concluímos que, ao final dos 4 meses, você deverá ressarcir ao banco o valor de R$ 1.464,10, que é a soma da
dívida inicial (R$ 1.000) e dos juros de R$ 464,10.
No regime de juros compostos, os rendimentos em cada período são somados ao montante anterior para cál-
culo do período seguinte. Assim, os rendimentos crescem, a cada período, em progressão geométrica.

MONTANTE

Para calcular diretamente o valor do montante final (M) devido em uma aplicação do capital inicial (C) por um
determinado prazo (n) a uma determinada taxa de juros (i), basta usar a fórmula:

M = C · (1 + i)n

Na contextualização dada acima, teríamos C = 1.000 reais, n = 4 meses, e i = 10% ao mês. Novamente, observe
que a unidade temporal do prazo (“meses”) é igual a unidade temporal da taxa de juros (“ao mês”), o que nos per-
74 mite aplicar diretamente a fórmula:
M = 1000 · (1 + 10%)4
M = 1000 · (1 + 0,10)4
M = 1000 · (1,10)4
M = 1000 · 1,4641
M = 1.464,10 reais
Muito mais prático. Note que a fórmula para se encontrar o capital a partir do montante é assim deduzida:

M = C · (1 + i)n
M
C= n
(1 + i)
Ou ainda:
1
C=M· n
(1 + i)
Vamos falar um pouquinho sobre o fator (1 + i)n:

 Nós chamamos de an = (1 + i)n o fator de acumulação de capital ou de fator de juros compostos ou, ainda,
de fator de capitalização.

Esse fator é importante, pois pode aparecer em sua prova, veja a tabela abaixo com os valores de alguns deles
para facilitar o cálculo.

TABELA I FATOR DE ACUMULAÇÃO DE CAPITAL - an(1 + i)n

N/I 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10% 12% 15% 18%


1 1,010000 1,020000 1,030000 1,040000 1,050000 1,060000 1,070000 1,08000 1,09000 1,100000 1,120000 1,150000 1,180000
2 1,020100 1,040400 1,060900 1,081600 1,102500 1,102500 1,144900 1,166400 1,188100 1,210000 1,254400 1,32250 1,392400
3 1,030301 1,061208 1,092727 1,124864 1,157625 1,157625 1,225043 1,259712 1,295029 1,331000 1,404928 1,520875 1,643032
4 1,040604 1,082432 1,125508 1,169858 1,215506 1,215506 1,310796 1,360488 1,411581 1,464100 1,573519 1,749006 1,938777
5 1,051010 1,104081 1,159274 1,216652 1,276281 1,276281 1,402552 1,469329 1,538624 1,610510 1,762341 2,011357 2,287758
6 1,061520 1,126162 1,194052 1,265319 1,340095 1,340095 1,500730 1,586874 1,677100 1,771561 1,973822 2,313061 2,699554
7 1,072135 1,148685 1,229873 1,315931 1,407100 1,407100 1,605781 1,713824 1,828039 1,948717 2,210681 2,660020 3,185474
8 1,082856 1,171659 1,266770 1,368569 1,477455 1,477455 1,718186 1,850930 1,992562 2,143588 2,475963 3,059023 3,758859
9 1,093685 1,195092 1,304773 1,423311 1,551328 1,551328 1,838459 1,999004 2,171893 2,357947 2,773078 3,517876 4,435454
10 1,104622 1,218994 1,343916 1,480244 1,628894 1,628894 1,967151 2,158925 2,367363 2,593742 3,105848 4,045558 5,233835
11 1,115668 1,243374 1,384233 1,539454 1,710339 1,710339 2,104852 2,331639 2,580426 2,853116 3,478549 4,652391 6,175926
12 1,126825 1,268242 1,425760 1,601032 1,795856 1,795856 2,252191 2,518170 2,812665 3,138428 3,895975 5,350250 7,287592
13 1,138093 1,293606 1,468533 1,665073 1,885649 1,885649 2,409845 2,719623 3,065804 3,452271 4,363493 6,152787 8,599359
14 1,149474 1,319479 1,512589 1,731676 1,979931 1,979931 2,578534 2,937193 3,341727 3,797498 4,887112 7,075706 10,147244
15 1,160969 1,345868 1,557967 1,800943 2,078928 2,078928 2,759031 3,172169 3,642482 4,177248 5,473565 8,137061 11,973748
16 1,172578 1,372786 1,604706 1,872981 2,182874 2,182874 2,952164 3,425942 3,970306 4,594972 6,130393 9,354621 14,129022
17 1,184304 1,400241 1,652847 1,947900 2,292018 2,292018 3,158815 3,700018 4,327633 5,054470 6,866040 10,761264 16,672246
18 1,196147 1,428246 1,702433 2,025816 2,406619 2,406619 3,379932 3,996019 4,717120 5,559917 7,689966 12,375453 19,673251

Fonte: Aprenda Matemática

Temos como a função principal de uma tabela financeira disponibilizar valores numéricos complicados de
serem calculados à mão, uma vez que contas em juros compostos envolvem sempre exponenciação 1. Saber ler
uma tabela é fácil, basta procurarmos pela linha que corresponde ao prazo e que cruza a coluna da respectiva
taxa de juros que queremos. Ali estará o número determinado, ou melhor, o fator.
Note que a primeira célula da tabela no canto superior esquerdo é: n/i.
Ou seja, na primeira coluna à esquerda (1, 2, 3, 4, ..., 18) temos os respectivos períodos n.
Já na primeira linha temos as respectivas taxas em percentual (1%, 2%, ...18%).
Observe a tabela a seguir, com ela podemos obter rapidamente o valor de (1 + 10%) 4. Basta buscarmos na linha
da taxa i = 10% (pois a taxa também é designada pela letra i) e a coluna de n = 4 períodos (que é a quarta linha,
MATEMÁTICA

pois o prazo também é designado pela letra n). Com isso, encontramos o valor 1,464100:
FINANCEIRA

1 Disponível em: https://aprendamatematica.com/tabelas-financeiras. Acesso em: 11 jul. 2022. 75


TABELA I FATOR DE ACUMULAÇÃO DE CAPITAL - an(1 + i)n

N/I 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10%
1 1,010000 1,020000 1,030000 1,040000 1,050000 1,060000 1,070000 1,08000 1,09000 1,100000
2 1,020100 1,040400 1,060900 1,081600 1,102500 1,102500 1,144900 1,166400 1,188100 1,210000
3 1,030301 1,061208 1,092727 1,124864 1,157625 1,157625 1,225043 1,259712 1,295029 1,331000
4 1,040604 1,082432 1,125508 1,169858 1,215506 1,215506 1,310796 1,360488 1,411581 1,464100
5 1,051010 1,104081 1,159274 1,216652 1,276281 1,276281 1,402552 1,469329 1,538624 1,610510

Simplifica bastante, não é mesmo?


Mas, também, temos um outro fator que é uma derivação do fator anterior:
1 1
Nós chamamos de = o fator de atualização de capital ou de fator de desconto composto. Pode
n
an (1 + i)
ser dado no enunciado alguns de seus valores ou apresentado em uma tabela. Adiante, veremos ainda mais deta-
lhes de como calcular.
Mas, para que você seja mais ágil na resolução de questões no dia da sua prova esqueça a sua calculadora! É recomen-
dado que você memorize pelo menos os 4 primeiros fatores de acumulação de capital, que são os mais frequentes, eles irão
te auxiliar para ter mais velocidade na resolução:

Dica
Memorize:
1,11 = (1 + 10%)1 = 1,10
1,12 = (1 + 10%)2 = 1,21
1,13 = (1 + 10%)3 = 1,331
1,14 = (1 + 10%)4 = 1,4641

Faça sempre os cálculos à mão, pois você precisa praticar bastante para obter velocidade e confiança. A seguir,
pratique com a resolução das questões.

1 (FGV — 2018) Certa empresa financeira do mundo real cobra juros compostos de 10% ao mês para os empréstimos pessoais.
Gustavo obteve nessa empresa um empréstimo de 6.000 reais para pagamento, incluindo os juros, três meses depois. O valor que
Gustavo deverá pagar na data do vencimento é:

a) 6.600 reais;
b) 7.200 reais;
c) 7.800 reais;
d) 7.986 reais;
e) 8.016 reais.

Aqui foram dados C = 6000 reais, i = 10% a.m. e n = 3 meses. Aplicando a fórmula, temos:

M = C · (1 + i)n
M = 6.000 · (1 +10%)3
M = 6.000 (1,1)3
M = 6.000 · 1,331
M = 7.986 reais

Resposta: Letra D.

2. (FGV — 2022) João contraiu um empréstimo de R$10.000,00 a uma taxa de juros de 2% ao mês sobre o saldo devedor.
Ele pretende pagar R$5.000,00 ao final do primeiro mês e quitar a dívida ao final do segundo mês.

Assim, ele terá de pagar, ao final do segundo mês, a quantia de

a) R$5.304,00.
b) R$5.352,00.
c) R$5.408,00.
d) R$5.422,00.
e) R$5.452,00.

O empréstimo contraído foi de R$ 10 mil. Ao final do primeiro mês, calculamos 2% sobre o valor do empréstimo,
e teremos o seguinte saldo devedor:

10.000 · (1 +2%)1 = 10.000 · (1,02)1


76 10.000 · 1,02 = 10.200 reais
Perceba que primeiro calculamos o montante de  já na coluna do regime composto, observe que os
juros sobre os R$ 10.000,00 iniciais. Só depois é que juros são capitalizados (somados ao capital) no
vamos subtrair os 5 mil pagos ao final desse mês. final de cada período, e começam a render juros já
Por isso, o saldo devedor é de R$ 5.200. no período seguinte. Com isso, aqui temos o fenô-
Subtraindo o pagamento de R$ 5 mil, restarão R$ meno dos juros sobre juros;
5.200,00. Por fim, calculamos novamente 2% sobre  em relação aos prazos relativamente curtos (como
essa quantia. O resultado será o saldo devedor ao n = 2 períodos), veja que a diferença entre juros
final do segundo mês: simples e compostos é bem pequena. É possível
fazer até mesmo um cálculo aproximado dos juros
5.200 · 1,021 = 5.304 reais compostos utilizando o regime simples;
 conforme haja aumento no prazo, a diferença se
Resposta: Letra A. torna cada vez maior. Por exemplo, se tivéssemos
n = 20 meses, a dívida no regime simples chega-
ria a R$3.000, e no regime composto chegaria a
Importante! R$6.727 (mais que o dobro).

Memorize as principais fórmulas dos Juros Sintetizando:


Compostos:
M = C · (1 + i)n
JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
J=M—C
Mais onerosos se 0 < n < 1 Mais onerosos se n > 1

COMPARAÇÃO ENTRE OS REGIMES SIMPLES E Mesmo valor se n = 1


COMPOSTO
Juros capitalizados
Juros capitalizados no
periodicamente
Para compararmos o funcionamento dos dois regi- final do prazo
(“juros sobre juros”)
mes, utilizaremos o mesmo exemplo que trabalhamos
anteriormente, ou seja: dívida inicial C = 1000 reais, Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial
prazo de pagamento n = 4 meses, taxa de juros i = 10%
ao mês. Veja o gráfico abaixo:
Reproduzindo em uma tabela os valores que calcu-
lamos anteriormente, veja: M

MONTANTE
MONTANTE
MÊS (JUROS
(JUROS SIMPLES)
COMPOSTOS)

0 1000 1000

1 1000 + 100 1100

2 1000 + 200 1210

3 1000 + 300 1331


1 t
4 1400 1464,10
Figura 1: Gráfico de comparação entre Juros Simples x Compostos

Pontos principais:
A importância de saber essas comparações reside
no fato de que bancas de concurso costumam cobrar
 ao final do primeiro período (1 mês), os valores
questões teóricas sobre matemática financeira, inclu-
devidos nos dois regimes são iguais. Assim, para
sive de assuntos como esta comparação, e não apenas
t = 1, juros simples e compostos geram o mesmo questões de cálculo.
montante; Realize os exercícios a seguir para exercitar seus
 já ao final do prazo total, observe que os juros com- conhecimentos.
postos são mais onerosos, com isso, levam a um
montante superior ao dos juros simples. Isto vale 1. (CEBRASPE–CESPE — 2018) Com relação a matemática
desde n = 2, onde tínhamos uma dívida de 1200 financeira, cada um dos itens a seguir apresenta uma situa- ção
no regime simples e 1210 no regime composto. Ou hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada.
MATEMÁTICA

seja, para n > 1, juros compostos são mais onerosos


FINANCEIRA

que juros simples; Um capital C foi aplicado, no regime de juros simples, à taxa de
 atente-se que para n < 1 (prazos fracionários, como juros i% ao mês, por um período de t meses, em que t > 2. Outro
por exemplo 0,5 mês), juros simples são mais one- capital, de mesmo valor C, foi aplicado, no regime de juros
rosos do que os juros compostos; compostos, também à taxa de i% ao mês, pelo mes- mo período t.
 perceba que na coluna de juros simples foi exposto Nesse caso, o montante auferido no regime de juros compostos
apenas o principal da dívida (1000) separado dos é maior que o montante auferido no regime de juros simples.
juros (100, 200, 300). Isto acontece, pois, no regime
simples, os juros são capitalizados (adicionados ao
( ) CERTO ( ) ERRADO 77
capital) somente no fim do prazo;
Como o prazo é maior do que 1 (na verdade ele é  A unidade de tempo sobre a qual a taxa de juros
até maior do que 2 períodos), podemos garantir que é definida. Ou seja, não adianta saber apenas que
juros compostos vão gerar um montante maior do a taxa de juros é de “10%”. É preciso saber se essa
que juros simples. Resposta: Certo. taxa é mensal, bimestral, anual etc.;
 De quanto em quanto tempo deve haver cálculo de
2. (IDECAN — 2012) Em relação aos conceitos de juros juros e seu valor incorporado no total devido. Trata-se
simples e juros compostos, assinale a alternativa incorreta. do período de capitalização. Por exemplo, se tivermos
juros com capitalização semestral, isso quer dizer que
a) A formação do montante em juros simples é linear. os juros devem ser calculados a cada semestre, e o
b) A formação do montante em juros compostos é valor calculado deve ser acrescido à dívida.
exponencial.
c) Para um mesmo capital, uma mesma taxa e um mes- mo Em regra, a unidade de tempo sobre a qual a
prazo, o montante obtido a juros compostos sem- pre será taxa de juros é definida é a mesma do período de
maior que o montante obtido a juros simples. capitalização. Veja o exemplo:
d) Determinado capital aplicado por 10 meses, à taxa mensal
de juros simples de i%, apresentará o mesmo valor de juros
 10% ao mês com capitalização mensal (isto é, cal-
para cada um dos 10 meses.
e) Determinado capital aplicado por 10 meses, à taxa mensal culados a cada mês);
de juros compostos de i%, apresentará valor diferente para  12% ao ano com capitalização anual etc.
os juros de cada um dos 10 meses.
Quando ocorre assim, temos uma taxa de juros efe-
Vamos resolver essa questão analisando cada tiva, ou seja, uma taxa de juros que efetivamente corres-
alternativa: ponde à realidade da operação. Nestes casos normalmente
Letra A: correta. Basta lembrar que a fórmula do é omitida a informação sobre o período de capitalização,
montante do Juros Simples é dada por: diz-se apenas “10% ao mês” ou “12% ao ano”.
Contudo, há a possibilidade também de ter uma taxa
M=C+C·i·n de juros de 10% ao ano com capitalização semestral.
Neste caso, a unidade de tempo sobre a qual a taxa
Observe que, fixando-se o valor do capital e da taxa de juros é definida (ao ano) é diferente do período de
de juros, o montante cresce linearmente com o pra- capitalização (a cada semestre). Com isso, tem-se a cha-
zo. Quando dizemos “varia linearmente” signifi- mada taxa de juros de nominal, pois ela precisará ser
ca que estamos diante de uma função de primeiro “adaptada” para então ser utilizada nos cálculos.
grau, cujo gráfico é uma reta. Quando temos uma taxa de juros nominal, é
Assim, o montante cresce de forma constante, como necessário obter a taxa efetiva para então efetuar
uma reta crescente. É isso que acontece no regime os cálculos devidos. Isto é algo simples, pois basta uma
de juros simples, como vimos em nosso gráfico. simples divisão, de modo a levar a taxa de juros para a
Letra B: correta. Bata lembrar que a fórmula do mesma unidade de tempo da capitalização.
montante no regime composto é dada por:
Taxas Proporcionais
M = C · (1 + i)n

Em juros compostos, a definição é a mesma que


Fixando-se o capital e a taxa de juros, o montante vimos em juros simples.
cresce exponencialmente com o prazo. Taxas proporcionais (ip) são aquelas cujos quo-
Letra C: incorreta. Esta afirmação só vale para pra- cientes entre seus valores e seus respectivos períodos
zos maiores que 1 (n>1). Isto porque: de capitalização n, colocados na mesma unidade de
• para n=1 os montantes coincidem tempo, são iguais.
Veja a fórmula:
• para 0<n<1 o montante no regime simples é maior i1 i
= 2
que o montante no regime composto n1 n2
• para n=0 os montantes novamente coincidem.
Letra D: correta. No regime simples a taxa de juros Por exemplo, 12% ao ano é proporcional a 6% ao
incide sempre sobre o capital inicial, de modo que o semestre, o qual também é proporcional a 1% ao mês.
valor dos juros realmente é constante em cada mês. Para obter taxas proporcionais com segurança, basta
Letra E: correta. No regime composto temos a cha- efetuar uma regra de três simples.
mada capitalização. Ao final de cada período os
juros se incorporam ao capital (ou seja, capitali-
zam-se), servindo de base para a incidência de juros Importante!
do próximo período. É por isso que popularmente se
fala que temos “juros sobre juros”. Como a base de Quando trabalhamos com juros simples, taxas de
cálculo para incidência da taxa de juros está sem- juros proporcionais são também taxas de juros
pre mudando, o resultado é que os juros também equivalentes.
mudam de um mês para o outro. Resposta: Letra C. Entretanto, isto não é verdade no regime de juros
compostos, ou seja, taxas proporcionais não
TAXAS EM JUROS COMPOSTOS necessariamente são também equivalentes.

Atente-se às seguintes informações pois são impor-


tantes para saber aplicar corretamente uma taxa de Agora, vamos aprender as aplicações dessas taxas
78 juros compostos: em juros compostos.
Vimos anteriormente que o regime de capitaliza- Taxa Nominal
ção composta trabalha com a exponenciação e não
com a proporcionalidade. Qual é, então, a utilidade de Taxa de juros nominal é aquela onde o período
se confirmar se duas ou mais taxas são proporcionais de capitalização é diferente da unidade temporal da
em juros compostos? taxa (10% ao ano, com capitalização bimestral). Note
As taxas nominais também ocorrem no regi- que o conceito de taxa nominal no regime de juros
me de juros compostos e, portanto, a taxa efetiva compostos é o mesmo já enunciado em juros simples.
da operação é obtida a partir da taxa nominal por Sempre que nos deparamos com uma taxa nomi-
proporcionalidade. nal, devemos calcular a Taxa Efetiva da operação,
que é obtida a partir da taxa nominal pelo método da
Taxas Equivalentes proporcionalidade.
É a taxa constante em documentos, como nos con-
A definição de taxas equivalentes (ieq), no regime tratos de financiamento.
de juros compostos, mantém-se a mesma do regime
de juros simples: duas taxas são equivalentes quando, Taxa Efetiva
aplicadas sobre o mesmo capital e pelo mesmo prazo,
resultam no mesmo montante. Taxa de juros efetiva: é aquela onde o período
Por outro lado, existe uma diferença fundamental de capitalização é igual da unidade temporal da taxa
entre as taxas equivalentes no regime de juros sim- (10% ao ano, com capitalização anual).
ples e no regime de juros compostos: Podemos dizer que é a taxa “mais importante”,
pois é essa taxa que será utilizada nas fórmulas.
 em juros simples, taxas equivalentes são propor-
cionais entre si; Dica
 em juros compostos, conforme vamos ver a
seguir, taxas equivalentes não são proporcionais No regime composto, há uma única situação em que
entre si. a regra de 3 é aplicável: na transformação da taxa
nominal em taxa efetiva.
Uma forma mais rápida de calcular taxas equi- Para calcular as taxas efetivas são utilizadas as
valentes é pensando no número de períodos de fórmulas de juros compostos, e estas fórmu- las são
capitalização. todas exponenciais (ou seja, não vale a
Ex.: Calcular a taxa trimestral (it) equivalente à proporcionalidade).
taxa bimestral de ib= 4%. Por isso, tirando o caso excepcional de conver- são
O primeiro passo é tomar um determinado perío- entre taxa nominal e taxa efetiva, nas demais situações
do. Tomamos 6 meses, pois é múltiplo de 3 (trimestre) envolvendo juros compostos não podemos mais usar
e 2 (bimestre). a regra de três.
Em 6 (seis) meses temos:
Lembrando que quando temos uma taxa de juros
 2 trimestres (logo, são duas capitalizações trimestrais); nominal, é necessário obter a taxa efetiva para só
 3 bimestres (logo, são três capitalizações bimestrais). então efetuar os cálculos devidos. Basta uma simples
divisão, de modo a levar a taxa de juros para a mesma
Procuramos taxas equivalentes, ou seja, que pro- unidade de tempo da capitalização. Veja os exemplos:
duzam o mesmo resultado num mesmo período.
Com isso, sabemos que 2 capitalizações trimestrais  Taxa nominal de 10% ao ano com capitalização
semestral: como a taxa é anual, devemos dividi-la
devem corresponder a 3 capitalizações bimestrais,
por 2 (pois 1 ano possui 2 semestres) para chegar à
pois, nos dois casos, temos o mesmo período de 6
taxa efetiva de 5% ao semestre;
meses. E a igualdade fica:
 Taxa nominal de 6% ao semestre com capitaliza-
ção mensal: basta dividir a taxa por 6 (afinal temos
(1 + it)2 = (1 + ib)3
6 meses em 1 semestre) para obter a taxa efetiva
de 1% ao mês.
Substituindo os valores:
Vejamos como este conteúdo é cobrado em provas:
(1 + it)2 = (1 +4%)3
(1 + it)2 = (1,04)3 1. (FGV — 2022) Use o texto a seguir para responder a
questão. Suponha que um banco concedeu um empréstimo
(1 + it) = 1,124864
2
de R$50.000,00 a um cliente, por um pra- zo de um ano, e
1 + it = 1, 124864 que, ao final desse período, o clien- te tenha se
MATEMÁTICA

comprometido a pagar R$65.000,00 pelo empréstimo.


FINANCEIRA

it = 6,06% Suponha ainda que a inflação no perío- do tenha sido de


8%. A taxa nominal de juros desse empréstimo foi de
Atenção! Em relação às taxas equivalentes em
juros compostos:
a) 22%.
b) 25%.
 não admite regra de três; c) 28%.
 deve criar dois investimentos equivalentes, isto é, d) 30%.
que produzem o mesmo montante, a partir de um e) 35%. 79
mesmo capital, sendo este aplicado durante o mes-
mo intervalo de tempo.
A taxa nominal de juros é aquela que não considera Portanto, a taxa trimestral equivalente a uma
os efeitos infiacionários. Por esse motivo, a referên- taxa bimestral de 125% aplicada por 1 trimestre é
cia à infiação de 8% no período é completamente 237,5%. Resposta: Letra C.
irrelevante para a resolução da questão.
Ao final do período, o cliente pagou 65 — 50=15 mil TAXA DE INFLAÇÃO, TAXA REAL E APARENTE
reais de juros. Dividindo essa quantia pelo valor
do empréstimo, encontramos a taxa nominal de Se aplicamos certa quantia em um investimento,
juros: ela renderá juros com o passar do tempo, entretanto,
uma parte deste crescimento é “corroída” pela infla-
15 ção. Isto é, apesar de o investimento ter certo rendi-
= 0,3 = 30%
50 mento nominal, ou aparente, é necessário tirar deste
valor o que foi corroído pela inflação, restando o ren-
O valor da infiação dado foi pegadinha. Como pediu dimento real.
taxa nominal não precisava nem olhar para a infia- Inflação é um aumento na quantidade de dinheiro
ção! Resposta: Letra D. e crédito criado, que tem como resultado um aumen-
to generalizado e persistente no valor dos preços dos
2. (FGV — 2021) No sistema de juros compostos, a taxa de produtos. Ou seja, o aumento generalizado dos preços
125% ao bimestre com capitalizações bimestrais equivale a é uma consequência da inflação, e não sua causa.
uma taxa efetiva trimestral de: Em economias em que existe inflação, o poder de
compra do dinheiro varia ao longo do tempo.
a) 37,5%;
b) 150%; Cálculo da Taxa em Ambiente Inflacionário
c) 237,5%;
d) 250%; Observe que a taxa aparente tem “dentro de si”
e) 337,5%. as outras duas taxas: a taxa de inflação e a taxa real.
A taxa aparente é, portanto, a resultante destas duas
Queremos a taxa efetiva trimestral que teria o taxas:
mesmo resultado/efeito que uma taxa bimestral (2
meses) aplicada em 1 trimestre (3 meses). TAXA APARENTE, TAXA DE INFLAÇÃO E TAXA REAL
Vamos calcular da seguinte forma: M

C ia
1 n
(1 + it ) = (1 + ib )
S S
tx efetiva taxa ii ir
trimestral bimestral

Sabemos que: 0 n
1 bimestre tem 2 meses, logo: quantos bimestres
terão 3 meses? Joga na regra de três! Figura 2: Matemática financeira para concurso. PENIDO, E. São
Paulo: Atlas, 2007. Pág. 83.
1 bimestre ··· 2 meses
x ··· 3 meses Veja a fórmula abaixo onde se relaciona o rendi-
mento nominal, ou aparente (ou taxa de juros nomi-
nal/aparente) com a taxa de juros real “r”, de acordo
Logo:
com a taxa de inflação “i”:
2x = 3 ^ + h
1 a = (1 + r)
3
x=
2 bimestres ^1 + ih
Ou ainda, apenas multiplicando cruzado:
Agora, substituindo os valores, vamos obter a taxa
trimestral. Lembre que 125%=125/100=1,25:
(1 + a) = (1 + i) · (1 + r)
Assim:
3 A seguir explicaremos com mais detalhes cada
(1 + it)1 = (1 + 1,25) 2
uma dessas taxas.
3
1 + it = (2,25) 2 Taxa Aparente
3
1 + it = 2 2, 25 Taxa aparente “a” é a taxa de juros total de deter-
1 + it = 3,375 minada operação financeira, tanto a de empréstimo
quanto a de investimento, nas quais não se desconta-
it = 3,375 — 1 ram os efeitos da inflação que tenha ocorrido entre o
it = 2,375 início e o término desta operação. Portanto, trata-se
de “quanto eu ganhei ou paguei”, em termos de taxa
Multiplicando-se um decimal por 100, teremos o seu de juros, sem qualquer desconto ou dedução dos efei-
valor em porcentagem! Então: tos da inflação.

80 it = 2,375 · 100 = 237,5% a.t.


Taxa de Inflação

A taxa de inflação “i” representa a perda do valor da moeda, ou seja, a diminuição do seu poder de compra
resultante do aumento médio dos preços das coisas.

Taxa Real

Taxa real “r” é a taxa de juros de determinada operação financeira, tanto de empréstimo quanto de investi-
mento, em que são descontados os efeitos da inflação que ocorreu entre o início e o término desta operação.

Agora, vamos resolver algumas questões de provas anteriores para fixar o conteúdo visto.

1. (FGV — 2018) O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) é um indicador auferido mensalmente pelo IBGE que mede
a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços. Esse índice é utilizado pelo Governo como parâmetro para os
reajustes de salários dos trabalhadores brasileiros.

Se, em determinado ano, o salário mínimo nacional for reajustado (aumentado) em 6,89% e, nesse mesmo período, o INPC for de
5%, então o aumento real do poder de compra do salário mínimo será de:

a) 1,78%;
b) 1,80%;
c) 1,85%;
d) 1,89%;
e) 1,90%.

Vamos separar as informações apresentadas.


• a infiação foi de 5%: i=0,05;
• o aumento nominal/aparente foi de 6,89%: a=0,0689;
• o aumento real, dado por r, é desconhecido: r=?
Jogando os valores na fórmula:

(1 + a) = (1 + i) · (1 + r)
(1 + 0,0689) = (1 + 0,05) · (1+r)
(1,0689) = (1,05) · (1+r)

1, 0689
(1 + r) =
1, 05
(1 + r) = 1,018
r = 1,018 — 1 = 0,018
r = 1,8%

Resposta: Letra B.

CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA

Capitalização Contínua: é a capitalização feita a intervalos de tempo infinitesimais e, consequentemente,


com um número de capitalizações tendendo ao infinito.
Considere um capital de R$ 1.000,00 aplicado por um ano a uma taxa de 36% a.a. Observe o que ocorre com o
montante obtido considerando-se as seguintes capitalizações:

MONTANT
TAXA NOMINAL TAXA EFETIVA NO DE
CAPITALIZAÇÃO E M = C · (1
(in) (ief) CAPITALIZA
+ IEF )N
ÇÕES (N)
Anual 36% a.a. 36% a.a. 1 ano R$ 1.360,00
MATEMÁTICA
FINANCEIRA

Semestral 36% a.a. 18% a.s. 2 semestres R$ 1.392,40

Trimestral 36% a.a. 9% a.t. 4 trimestres R$ 1.411,58

Mensal 36% a.a. 3% a.m. 12 meses R$ 1.425,76

Diária 36% a.a. 0,1% a.d. 360 dias R$ 1.433,07

Horária 36% a.a. 0,00417% à hora 8.640 horas R$ 1.433,32

81
A partir destes resultados, podemos chegar a duas conclusões:

 o valor do montante aumenta à medida que aumentam as capitalizações com base em uma mesma taxa nominal;
 a partir de um determinado número de capitalizações, o aumento do montante passa a ser insignificante (de
dias para horas, no exemplo).

Portanto, podemos inferir que o valor do montante tende para um limite máximo quando o número de capi-
talizações se torna muito grande.
Pode-se demonstrar que, no caso da capitalização contínua, o montante é obtido através da seguinte fórmula:

M = C · ei·n

Onde:

 e: base dos logaritmos neperianos (e = 2,71828) também chamado de número de Euler;


 i: taxa efetiva (em sua forma unitária);
 n: número de capitalizações da taxa efetiva.

Como a capitalização contínua considera um número de capitalizações tendendo para o infinito, é indiferente,
para um mesmo prazo de aplicação, se dividimos este prazo em dois, três ou mais períodos.

 os logaritmos neperianos também são conhecidos como logaritmos naturais (símbolo ln);
 o número é irracional e, portanto, sempre será informado como uma aproximação.

Vejamos como este conteúdo pode aparecer em provas:

1. (FCC — 2015) Um capital de R$ 15.000,00 é aplicado, durante 2 anos, à taxa de 5% ao semestre com capitalização contínua.
Dos valores abaixo, o mais próximo do valor dos juros desta aplicação é

Dados: ln(1,051271) = 0,05; ln(1,105171) = 0,10; ln(1,161834) = 0,15 e ln(1,221403) = 0,20; em que ln é o logaritmo
neperiano, tal que ln(e) = 1.

a) R$ 3.076,00
b) R$ 3.155,00
c) R$ 3.321,00
d) R$ 3.487,00
e) R$ 3.653,00

Acabamos de ver que na capitalização contínua temos a seguinte fórmula:

M = C · ei·n

Onde: e: base dos logaritmos neperianos (e = 2,71828); i = 0,05 = 5%: taxa efetiva (em sua forma unitária); e n = 4: núme-
ro de capitalizações da taxa efetiva.
A taxa está ao semestre, então usamos o período em semestres também. Lembrando que 2 anos = 4 semestres.

M = 15.000 · e0,05·4
M = 15.000 · e0,20

Segundo os dados apresentados no enunciado, iremos utilizar o dado ln (1,221403) = 0,20, pois 0,20 é a potência
do número de Euler (e0,20) pois aqui, precisamos aplicar as propriedades de logaritmo nesse dado para achar o
valor do fator e0,20.
Assim:

ln (1,221403) = 0,20

Aplicando as propriedades de logaritmo* de base (logaritmo neperiano) na equação acima, pois sempre que
usamos ln é porque a base do nosso logaritmo é o número . Temos que:

loge 1,221403 = 0,20

Logo, pela definição de logaritmo, podemos concluir que:

e0,20 = 1,221403

Lembrando que logb a = c ↔ bc = a.e que ln (a) = loge (a) .


Agora, voltamos ao cálculo do montante:
82
M = 15.000 · e0,20
M = 15.000 · 1,221403
M = 18.321,05

Finalmente! Para calcular o mais próximo do valor dos juros, fazemos a subtração:

J=M—C
J = 18.321,045 — 15.000 = 3.321,05

Resposta: Letra C.

CAPITAIS EQUIVALENTES

Dois capitais são equivalentes quando, avaliados na mesma data focal, apresentam valores atuais ou montantes
iguais. Note que este conceito é aplicável tanto no caso do regime simples, quanto no regime composto.
Entretanto, no regime composto você pode escolher a data focal que quiser, pois o juro composto sempre guar-
dará correspondência com o desconto racional composto. Não importa a data escolhida. No regime simples, você
precisa adotar a data focal estabelecida pelo enunciado.
No regime de juros compostos e considerando a taxa de juros i, estes capitais serão equivalentes na data focal “1” se:

C2 C3 C4
C1 · (1 +i)2 = 2 + 3 = 4 +
(1 + i) (1 + i) (1 + i)
EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS EM JUROS COMPOSTOS
C4
C2 C3

DATA
C1 FOCAL

—1 0 1 2 3 4 5
1 — (—1) = 2 3—1=2
4—1=3
5—1=4

Figura 3: Matemática financeira para concurso. PENIDO, Eduardo. São Paulo: Atlas, 2007. Pág. 111.

Veja que não há novas fórmulas:

 quando o capital se referir a uma data anterior à data focal, ele será capitalizado, utilizando a fórmula para
cálculo do montante em juros compostos;
 quando o capital se referir a uma data posterior à data focal, ele será atualizado (ou descontado), utilizando a
fórmula para cálculo do valor atual no desconto racional composto

No regime de juros compostos, uma vez verificada a equivalência para uma determinada data focal, ela per-
manecerá válida para qualquer outra data focal. Em outras palavras, a comparação de capitais em juros compos-
tos não depende da data focal considerada.
Para calcular a equivalência de capitais, você pode seguir a seguinte ordem:

 montar o fluxo de caixa;


 transportar todos os valores para a data focal;
 quando transportamos um valor para a direita (avançamos no tempo), há incidência de juros;
 quando transportamos um valor para a esquerda (voltamos no tempo), há incidência de desconto.

Acompanhe o seguinte exercício comentado:

1. (FGV — 2021) Jonas pediu um empréstimo de R$ 5000,00 em uma corretora, com juros de 2% ao mês e pagamento em duas partes
(não necessariamente iguais), em 30 e 60 dias do empréstimo. Ao fim de 30 dias, Jonas pagou R$ 2800,00 e, 30 dias depois, pagou o
MATEMÁTICA

restante, liquidando a dívida.


FINANCEIRA

O valor da segunda parcela que Jonas pagou para liquidar o empréstimo foi:

a) R$ 2300,00;
b) R$ 2346,00;
c) R$ 2400,00;
d) R$ 2402,00;
e) R$ 2600,00.
83
Utilizando o conceito de equivalência de capitais, que- VALOR ATUAL (A)
remos que o valor presente de R$ 5.000,00 seja equi-
valente à soma da primeira parcela antecipada em O Valor Atual, por sua vez, também chamado de
30 dias (1 período) com a segunda parcela, de valor x, Valor Descontado ou Valor Presente, é o valor que o
antecipada em 60 dias (2 períodos). Utilizando a taxa titular do direito receberá, antecipadamente, depois
de 2% ao mês, a equação que precisamos resolver é: de efetuar o desconto. Para calcular o Valor Atual do
título, iremos utilizar a seguinte expressão:
2.800 X
5.000 = 1 + 2
(1 + 0, 02) (1 + 0, 02) A = N (1 – i ∙ n)
Desenvolvendo as contas dentro dos parêntesis,
temos: Podemos dizer, então, que o desconto (D) é a dife-
rença entre o Valor Nominal e o Valor Atual.
2.800 + X
5.000 = 1 2 D=N−A
1, 02 (1, 02)
Multiplicando os dois lados da igualdade pelo valor TAXA EFETIVA (IE)
(1,02)2, para eliminar esse denominador na equa-
ção, e fazendo os devidos ajustes. Podemos determinar a Taxa Efetiva através da
2.800 2 X 2
seguinte fórmula:
5.000 · (1,02)2 = · (1, 02) + · (1, 02)
1 2
1, 02 (1, 02) i =i /1–i ·n
e c c

5.000 · 1,04404 = 2.800 · (1,02) + X 1

Em que,
5.202 = 2.800 · 1,02 + X ie = Taxa Efetiva
X = 5.202 — 2.856 = 2346 ic = Taxa do Desconto Comercial Simples
n = Prazo do Desconto
Portanto, a segunda parcela foi de R$ 2.346,00
Resposta: Letra B. Por fim, tenha atenção aos seguintes termos, pois
eles são utilizados nas operações financeiras e aparece-
rão, muito provavelmente, nas provas:

 Duplicata: vendas de mercadorias ou prestação de


DESCONTOS serviços sob prazo, a serem pagos mediante con-
trato firmado entre as partes;
CÁLCULO DO VALOR ATUAL, DO VALOR  Nota promissória: comprovação de uma aplicação
NOMINAL E DA TAXA DE DESCONTO sob um vencimento determinado;
 Letra de câmbio: do mesmo modo que a promissó-
Na matemática financeira, descontar é antecipar o ria, comprova uma aplicação com estabelecimento
valor de um recebível. prévio do vencimento;
Imagine a situação a seguir:  Dia do vencimento: o dia estabelecido para venci-
Você tem um direito monetário de R$ 50.000,00 mento de um título;
para receber em 10 meses. Porém, com a necessida-  Tempo/prazo: diferença estabelecida entre o dia
de de ter esse valor imediatamente, você recorre a da negociação e o dia do vencimento;
um banco para poder antecipar o que irá receber. O  Valor nominal: valor exibido no título, a ser pago
banco, então, propõe o pagamento de um certo valor no dia do vencimento;
por esse direito e, assim, a instituição financeira fica-  Valor atual: valor exibido no título, a ser pago ou
rá com esse título até o vencimento que, como vimos, recebido em data anterior ao vencimento.
ocorrerá em 10 meses. Note que ocorrerá uma mudan-
ça na titularidade do direito. Resolva os exercícios a seguir para exercitar seus
Sendo assim, o banco vai descontar um valor e, por conhecimentos:
isso, não te pagará os R$ 50.000,00. Esse desconto vai
depender da modalidade adotada, da taxa de juros e 1. (NOVA CONCURSOS — 2022) Foi descontada uma
do prazo de antecipação. Ou seja, você, certamente, duplicata em R$ 1400,00, pelos 360 dias de anteci- pação.
receberá menos que o valor que consta no título. Veja- Utilizando-se de uma operação de desconto comercial
mos melhor a seguir. simples, a uma taxa anual de 25%, pode-se dizer que o
valor atual do título era de:
VALOR NOMINAL (N)
a) R$ 4 200,00.
O Valor Nominal é o Valor de Futuro (também b) R$ 5 600,00.
chamado de Valor de Face, Montante e Valor Final) do c) R$ 7 200,00.
título, isto é, o valor declarado com informações a res- d) R$ 9 800,00.
peito de quanto o portador do título terá, para receber, e) R$ 10 500,00.
ao final do prazo de vencimento. No nosso exemplo
hipotético, seriam os R$ 50.000,00 (com prazo de ven- Temos os seguintes dados
cimento em 10 meses). Para calcular o Valor Nominal Desconto comercial = 1400
do título, iremos utilizar a seguinte expressão: N=?
i = 25% a.a
84 N = A (1 + i ∙ n) n = 360 dias = 1 ano
Desconto = Valor Nominal ∙ i ∙ n
1400 = N ∙ 25/100 ∙ 1
1400 = N ∙ 0,25
N = 1400 / 0,25
N = 5600
Logo, o valor atual é:
Valor atual = Valor nominal - desconto
Valor atual = 5600 – 1400
Valor atual = 4200
Resposta: Letra A.

2. (NOVA CONCURSOS — 2022) Camila possui uma dívida no valor nominal de R$ 1200 que pretende quitar pelo menos 2 meses
antes do vencimento; e possui uma outra, no valor nominal de R$ 2.000, com pretensão de quitar 4 meses antes do vencimento.

Considerando que seja utilizado o desconto comercial simples de 10% ao mês nas duas operações, verifique o item a
seguir:

O valor a ser pago por Camila para quitar a dívida de R$ 2.000, com desconto, será inferior a R$ 1050.

CERTO ( ) ( ) ERRADO

Vamos calcular o desconto e depois diminuir do valor nominal.


Desconto comercial simples: D= N ∙ i ∙ t
D= 2000 ∙ 0,1 ∙ 4
D= 2000 ∙ 0,4
D= 800
Agora sabemos que o desconto foi de R$ 800, então o valor que foi pago é de 2000 – 800 = R$ 1200.
Resposta: Errado.

3. (NOVA CONCURSOS — 2022) Considere a operação de crédito contratada à uma taxa nominal de 21% ao ano, com
capitalização quadrimestral. A taxa efetiva anual desse financiamento é, hipoteticamente:

a) inferior a 15%.
b) superior a 15% e inferior a 17%.
c) superior a 17% e inferior a 19%.
d) superior a 19% e inferior a 21%.
e) superior a 21%.

Primeiro vamos transformar a Taxa Nominal para Taxa Efetiva


21% ao ano com capitalização quadrimestral =
21% a.a/q = 21 ÷ 3 (temos 3 quadrimestres no ano) = 7% a.q/q
Aplica na fórmula:
(1+I) = (1+i)n
1+I = (1+0,07)3
1 + I = 1,073
1 + I = 1,2250
I = 1,2250 – 1
I = 0,2250
I = 22,5% a.a
Resposta: Letra E.

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO
MATEMÁTICA

SISTEMA PRICE (MÉTODO DAS PRESTAÇÕES CONSTANTES) E SISTEMA SAC (MÉTODO DAS
FINANCEIRA

AMORTIZAÇÕES CONSTANTES)

Ao financiar o sonho da casa própria, tem-se que escolher um sistema de pagamento. Para isso, existem as
seguintes opções: Tabela Price ou SAC. Aqui, discutiremos um pouco a respeito de tais sistemas, para entender-
mos o que de fato eles são, se há alguma diferença, vantagem e/ou desvantagem entre eles e, também, se um deles
é mais barato/acessível que o outro.
Esses sistemas, basicamente, são formas de amortização e financiamento a longo prazo, acertadas ao banco ou à
construtora, durante o financiamento da compra de um imóvel: a Tabela Price (Sistema Francês de Amortização) e o
SAC (Sistema de Amortização Constante). Ambos, segundo José Mansini planejador financeiro pela Planejar: 85
[...] são dois cálculos distintos que determinam de  Vantagens da tabela Price:
que forma o comprador do imóvel irá pagar [amor-
tizar] o empréstimo que ele fez para este fim. Nestes  oscilações econômicas afetam menos a parcela,
dois sistemas, será definido o valor da parcela men- uma vez que a taxa é fixa;
sal a ser paga2.  parcelas menores no começo do período;
 para quem não possui muito dinheiro guardado, o
Diferenças entre Tabela Price e SAC fato de proporcionar prazos maiores para o paga-
mento do financiamento torna essa opção perfeita.
Há várias diferenças entre esses dois sistemas de amor-
tização, mas a que mais se destaca diz respeito à forma e à  Desvantagens da tabela Price:
rapidez de amortização (diminuição gradativa da dívida).
Tal distinção afeta desde o valor das parcelas até  é um sistema indicado para indivíduos com
a quantidade total de juros. No sistema SAC, tem-se, fonte de renda mais estável e, também, para
inicialmente, prestações com valores mais altos e que financiamentos de automóveis;
ficam menores no final, pois (como dito anteriormen-  embora as parcelas sejam fixas, o prazo mais
te) há amortização mensal do valor financiado. Ou
longo pode ocasionar riscos ao comprador se
seja, da primeira parcela até a última, o valor vai cain-
ele não tiver em mãos o valor para a finalização
do, porque há uma diminuição progressiva dos juros.
do pagamento;
Na Tabela Price, no entanto, as parcelas começam
 o saldo devedor é anulado de maneira mais
mais baixas, mas são estáticas, ou seja, não sofrem
lenta, ocasionando na demora para efetuar a
alteração durante todo o período de financiamento.
amortização.
Vantagens Oferecidas pela Tabela Price E Pelo Sac
Para melhor ilustrar esse comparativo entre as van-
tagens oferecidas por cada um dos Sistemas (SAC e Pri-
A escolha é sempre do comprador. Ou seja, cabe,
ce), veja o quadro abaixo, no qual está representado um
a ele, optar pela forma de pagamento que mais se
financiamento de R$ 200 mil, parcelado em 20 anos, com
adequa a sua realidade financeira A escolha, nota- juros de 7% ao ano e correção pela TR. Perceba que a
damente, deve levar em consideração o fator de cor- prestação do SAC começa a R$ 439 mais cara, mas o valor
reção (TR — Taxa Referencial — ou IPCA — Índice total pago no final é quase R$ 30 mil mais baixo:
de Preços ao Consumidor Amplo) que julgar mais
econômico no momento da assinatura do contrato do
financiamento. — SAC PRICE
Contudo, é válido ressaltar que, quando se neces-
Parcela inicial R$ 1.964,16 R$ 1.524,89
sita de financiamento, optar por um prazo mais curto,
se possível, é sempre o melhor a se fazer. Isso, porque Parcela final R$ 838,05 R$ 1.524,89
em financiamentos imobiliários, paga-se juros sobre
o saldo devedor. Logo, quanto mais amortização hou- Total pago R$ 336.264,90 R$ 365.973,34
ver, menos gastos com juros terá o comprador.
Pensando nisso, o sistema SAC (Sistema de Amorti- OUTRA FORMA DE CORREÇÃO POSSÍVEL DAS
zação Constante) pode ser mais vantajoso que a Tabe- PRESTAÇÕES DE UM FINANCIAMENTO
la Price, porque representa uma economia de cerca de
10%, em média. A Tabela Price possui, como vantagem, A Caixa Econômica Federal divulgou, em agosto
sua parcela inicial, que, normalmente, é bem menor. No de 2019, uma nova linha de crédito para aquisição de
entanto, pelo SAC, apesar de as parcelas serem maiores casa própria, que possui juros entre 2,95% e 4,95% ao
no começo, há uma amortização maior da dívida, que ano, mais a inflação do país, medida pelo IPCA. Dispo-
leva a uma economia significativa no final. nível somente para contratos novos, esse novo mode-
lo pode ser usado para financiar até 80% do valor de
 Vantagens da tabela SAC: imóveis novos e usados, com prazo de até 360 meses.

 os bancos geralmente preferem a metodologia


SAC sobre a Price; Importante!
 as parcelas são decrescentes, isto é, você paga A prestação terá seu valor corrigido mensalmen- te, o
menos mês a mês conforme o tempo passa; que é, geralmente, feito pelo sistema SAC. O valor da
 considerando-se o período todo, os juros são parcela, por sua vez, pode, ou não, dimi- nuir com o
menores, uma vez que a amortização da dívida decorrer do tempo, pois depende da trajetória da
é maior. inflação. Ao passo que, na Tabela Price, a correção
feita por meio do IPCA desca- racteriza totalmente o
 Desvantagens da tabela SAC: conceito de parcelas fixas.

 altas parcelas no início, logo ela é indicada para


quem tem maior renda; A título de exemplo, leve em consideração o mesmo
 de acordo com as mudanças no mercado, podem valor utilizado na situação que vimos anteriormente,
ocorrer variações nos juros e na amortização; de R$ 200 mil, financiado em 20 anos, diferenciando
 existe a chance de uma parcela vir maior do apenas a taxa, que passa a ser de 4,95%, e uma estima-
que a anterior. tiva de IPCA de 4%. Aqui, cabe salientar que se trata
2 CONSULTORIA, 3 Pinheiros. Notícias do Mercado Imobiliário, 2022. Disponível em: https://www.3pinheirosconsultoria.com.br/noticia/tabela-pri-
86 ce-e-sac-qual-e-melhor-para-pagar-menos-financiamento-no-imovel---veja-mais-em-https/28. Acesso em: 25 jul. 2022.
apenas de uma situação hipotética/simulada, já que Vamos calcular a Amortização do SAC:
não é certo a previsão da trajetória da inflação por um Am = Saldo ÷ N° de prestações
período tão longo: Am = 600.000 ÷ 24 = 25.000,00
Saldo devedor da segunda parcela:
Saldo Inicial – Amortização = Saldo Devedor
— SAC PRICE 600.000 – 25.000 = 575.000
Parcela inicial R$ 1.645,56 R$ 1.306,69 Juros da segunda parcela:
2% de 575.000 = 11.500
Parcela final R$ 1.833,30 R$ 2.853,77 Valor da segunda prestação:
Amortização + Juros = 25.000 + 11.500 = 36.500
Total pago R$ 433.014,03 R$ 475.426,66 Resposta: Letra E.

SIMULAÇÃO DE FINANCIAMENTO 3. (NOVA CONCURSOS — 2022) Qual é o sistema de


amortização em que as prestações são decrescentes e os
Para fazer simulações de financiamentos com juros decrescentes?
Tabela Price e/ou com o SAC, basta acessar sites de
bancos, como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e a) Sistema SAC.
Santander e fazer as simulações. b) Sistema Price.
Para verificar seus conhecimentos, resolva os c) Sistema Hamburguês.
exercícios a seguir: d) Sistema Americano.

1. (NOVA CONCURSOS — 2022) Um valor que foi toma- O Sistema SAC, ou também conhecimento como
do como empréstimo deverá ser pago pelo sistema SAC em Sistema de Amortização Constante, é um método
7 parcelas mensais com juros de 2% ao mês. Suponhamos usado onde a principal característica é apresentar
que a terceira parcela do financiamento deste empréstimo amortizações constantes, prestações decrescentes e
seja R$ 31.150,00. O valor total do empréstimo em reais, juros decrescentes.
será de aproximadamente: Resposta: Letra A.

a) 120.525,00
b) 144.000,00
c)
d)
168.350,00
182.800,00
HORA DE PRATICAR!
e) 198.227,00 1. (CESGRANRIO — 2023) No primeiro dia de agosto,
foram registradas 180 reclamações em um órgão de defesa
No Sistema de Amortização Constante (SAC), as do consumidor. No segundo dia, foram regis- tradas 184
prestações decrescentes e os juros decrescentes. reclamações.
Vamos aplicar a seguinte fórmula:
P = Am · [1 + (n - t + 1) i ] Supondo-se que há reclamações todos os dias e que cada
P = Prestação / Am = Amortização / n = período total dia tenha 4 reclamações a mais do que o dia anterior,
/ t = período decorrido / i = taxa durante todos os 31 dias do mês de agosto, o total de
P = 31.150 reclamações registradas será igual a:
n=7
t=3 a) 7.108
i = 0,02 b) 7.440
Am = ? c) 7.860
31.150 = Am · [1 + (7 - 3 + 1) ·0,02] d) 8.184
31.150 = Am · [1 + 5 · 0,02] e) 8.880
31.150 = Am · [1 + 0,1]
31.150 = Am · 1,1 2. (CESGRANRIO — 2021) Preocupado com sua saúde, um
Am = 31.150 ÷ 1,1 professor decidiu começar a correr. O profissional que o
Am = 28318,18 orientou estabeleceu como meta correr 5 km por dia. Entre- tanto,
Como as amortizações são constantes, basta multi- como o professor está fora de forma, terá de seguir um programa
plicar o valor pelo total de parcelas: de treinamento gradual. Nas duas primeiras semanas, ele correrá,
28318,18 · 7 = 198.227 diariamente, 1 km e caminhará 4 km; na terceira e na quarta
Resposta: Letra E. semanas, correrá 1,5 km e caminha- rá 3,5 km por dia. A cada
duas semanas, o programa será alterado, de modo a reduzir a
distância diária caminhada em 0,5 km e a aumentar a corrida
2. (NOVA CONCURSOS — 2022) Uma empresa dispo-
em 0,5 km.
nibilizou um empréstimo de financiamento imobi- liário ao
MATEMÁTICA

cliente através do sistema SAC no valor de R$600.000,00.


FINANCEIRA

Desse modo, se o professor não interromper o programa de


Com prazo de 24 meses e taxa de juros de 2% ao mês, qual
será o valor da segunda prestação a ser paga pelo cliente, treinamento, ele começará a correr 5 km diários na:
em reais?
a) 9a semana
a) 20.000,00 b) 12a semana
c) 17a semana
b) 30.500,00
d) 18a semana
c) 29.900,00
e) 20a semana
d) 35.100,00
e) 36.500,00
87
3. (CESGRANRIO — 2023) Devido a uma queda nas ven- Ao escolher a opção mais lucrativa, ao final de exatos dois anos
das de uma loja em um determinado mês, o setor de de investimento, esse cliente receberá a mais, em rela- ção à opção
pagamentos de uma empresa vai precisar quitar duas menos lucrativa, uma quantia, em R$, igual a
duplicatas vencidas, em uma mesma data, sendo uma no
valor de face de R$ 30.000,00, com atraso de 10 dias, e a) 624,00
outra no valor de face de R$ 15.000,00, com atraso de 20 b) 824,00
dias. Nesse caso, para pagamentos com até 30 dias após o c) 1.524,00
vencimento, são cobrados juros simples à taxa de 4,5% ao d) 2.940,00
mês, mais uma multa de 2% sobre o valor de face. e) 4.440,00

Considerando-se um mês com 30 dias, o valor total pago, 7. (CESGRANRIO — 2023) Uma empresa tomou um
em reais, pelas duas duplicatas, será igual a, empréstimo de R$ 50.000,00 em janeiro de 2022, a uma taxa
de juros compostos de 5% ao mês. Para amorti- zar parte da
a) 45.675,00 dívida, a empresa pagou R$ 30.000,00 em março de 2022, e
b) 45.825,00 R$ 20.000,00 em abril de 2022.
c) 45.900,00
d) 46.500,00 No que se refere a esse empréstimo, o valor, em R$, do saldo
e) 46.800,00 devedor dessa empresa, em maio de 2022, era,
aproximadamente,
4. (CESGRANRIO — 2021) Um cliente pagou, via inter- net
banking, quatro duplicatas vencidas com exata- mente 12 a) 3.625,00
dias de atraso, cujos valores de face são de R$4.200,00; b) 3.806,00
R$3.800,00; R$2.600,00 e R$7.400,00. c) 6.381,00
Nesse caso, para pagamentos até 30 dias após o ven- d) 6.700,00
cimento, são cobrados juros simples à taxa de 6% ao mês, e) 7.201,00
mais uma multa de 2% sobre o valor de face de cada
duplicata. 8. (CESGRANRIO — 2023) O valor de uma criptomoeda Z
passou de R$ 15.000,00 para R$ 21.000,00 no pri- meiro
Considerando-se o mês comercial (30 dias), o valor total bimestre de 2021. A taxa de juros bimestral, proporcionada
pago, em reais, por essas quatro duplicatas ven- cidas foi de: por esse criptoativo nesse 1o bimestre, manteve-se a mesma
ao longo do ano de 2021, sem- pre na comparação com o
a) 18.432,00 bimestre anterior, ou seja, no regime de juros compostos.
b) 18.792,00 Além disso, o valor do criptoativo no final de um bimestre
c) 18.872,00 era igual ao valor do mesmo criptoativo no início do
d) 18.912,00 bimestre seguinte.
e) 18.982,00
Considerando-se as condições apresentadas, o valor, em
5. (CESGRANRIO — 2023) Um investidor planeja ter um reais, de uma Z, ao final do 4o bimestre de 2021, era de,
montante superior a 600 mil reais e, para isso, aplicou uma aproximadamente,
única quantia de 200 mil reais, em janeiro de 2023, a uma taxa
fixa de 12% ao ano, no regime de juros compos- tos, conforme a) 57.600,00
orientação do consultor financeiro indica- do pelo gerente do b) 59.400,00
banco. Supondo-se que ele não faça mais nenhum aporte no c) 61.600,00
investimento, o número mínimo de anos, para ser atingida a d) 80.700,00
meta, por meio, exclusiva- mente, desse investimento, é e) 82.400,00
igual a
9. (CESGRANRIO — 2021) Para ampliar o capital de giro
Dado: de um novo negócio, um microempreendedor tomou um
log 1,12 = 0,049; empréstimo no valor de R$20.000,00, em janeiro de 2021, a
log 3 = 0,477 uma taxa de juros de 5% ao mês, no regime de juros
compostos. Exatamente dois meses depois, em março de
a) 8 2021, pagou 60% do valor do emprés- timo, ou seja, dos
b) 10 R$20.000,00, e liquidou tudo o que devia desse empréstimo
c) 12 em abril de 2021.
d) 14
e) 17 A quantia paga, em abril de 2021, que liquidou a referi- da
dívida, em reais, foi de
6. (CESGRANRIO — 2023) Um cliente tem duas opções
para investir R$ 100.000,00 em um prazo de 2 anos. A a) 11.352,50
primeira opção oferece um retorno de 12% ao ano no b) 11.152,50
regime de juros compostos, mas há cobrança de 15% de c) 10.552,50
imposto sobre os juros proporcionados pelo inves- timento. d) 10.452,50
Já a segunda opção oferece um retorno de 10% ao ano no e) 10.152,50
regime de juros compostos, mas sem qualquer cobrança de
imposto. 10. (CESGRANRIO — 2021) Uma pessoa tem uma dívida no
88 valor de R$2.000,00, vencendo no dia de hoje. Com
dificuldade de quitá-la, pediu o adiamento do paga- mento
para daqui a 3 meses.
Considerando-se uma taxa de juros compostos de 2% a.m., 14. (CESGRANRIO — 2023) Um empréstimo de R$ 24.000,00
qual é o valor equivalente, aproximadamente, que o gerente deverá ser pago de acordo com o Sistema de Amortiza- ção
do banco propôs que ela pagasse, em reais? Constante (SAC) em 6 parcelas mensais.

a) 2.020,40 Se o valor da 4a parcela for de R$ 4.240,00, então a taxa de


b) 2.040,00 juros mensal do empréstimo é de:
c) 2.080,82
d) 2.120,20 a) 1,0%
e) 2.122,42 b) 1,5%
c) 2,0%
11. (CESGRANRIO — 2023) Um cliente tem duas opções de d) 2,5%
empréstimo no valor de R$ 70.000,00, para prazos de até e) 3,0%
dois meses, considerando- se sempre meses com 30 dias.
15. (CESGRANRIO — 2023) Uma família deseja comprar
 1ª opção: taxa de juro de 4% ao mês, em regime de um imóvel, cujo valor à vista é de R$ 500.000,00. Para isso,
juros compostos. fará um financiamento a uma taxa de juros de 1% ao mês, no
 2ª opção: taxa de juro de 4,2% ao mês, em regime de sistema de amortização constante (SAC), em 360 parcelas
juros simples. mensais, com a primeira parcela a ser paga um mês após a
assinatura do contrato. Visando reduzir a quantia a ser
Se o cliente tomar essa quantia emprestada e pagar 15 dias financiada, precisa- se determi- nar o valor mínimo da
após, escolhendo a opção mais econômica, dentre as duas entrada, a ser paga na data da assinatura do contrato, de
oferecidas, economizará Dado: modo que a primeira presta- ção seja, no máximo, de R$
4.700,00. Cada prestação mensal será composta de três
1, 04 = 1, 0198 partes: amortização constante, juros sobre o saldo devedor
do mês ante- rior e custos fixos mensais de R$ 100,00
referentes a seguro e a taxas administrativas.
a) R$ 12,00
b) R$ 21,20
c) R$ 84,00 Considerando-se as informações e as condições apre-
d) R$ 121,20 sentadas, o valor, em reais, que a família precisa dar como
e) R$ 198,00 entrada, para atingir sua meta, é igual a:

12. (CESGRANRIO — 2021) Um banco possui, atualmente, a) 100.000,00


um modelo de financiamento em regime de juros com- b) 125.000,00
postos, em que as parcelas são pagas, mensalmente, a uma c) 140.000,00
taxa de juros de 2% ao mês. Para um certo perfil de clientes, d) 155.000,00
o banco pretende possibilitar o pagamen- to da dívida a e) 180.000,00
cada três meses, a uma taxa de juros trimestral equivalente
à praticada no modelo atual. 16. (CESGRANRIO — 2021) Um banco oferece a um clien- te
um empréstimo de financiamento imobiliário pelo sistema
A melhor aproximação para o valor da taxa de juros SAC, no valor de R$120.000,00, pelo prazo de 12 meses,
trimestral desse novo modelo de financiamento é: com taxa de juros de 1% ao mês.

a) 2,48% Qual é o valor da segunda prestação, em reais, a ser paga


b) 6,00% pelo cliente?
c) 6,12%
d) 7,28% a) 10.000,00
e) 8,00% b) 10.500,00
c) 10.900,00
13. (CESGRANRIO — 2023) Para fugir dos riscos da pande- d) 11.100,00
mia, uma família comprou um terreno na serra, por meio de um e) 11.200,00
financiamento realizado em 120 parcelas mensais, no sistema
SAC (Sistema de Amortização Constante), a uma taxa de juro 17. (CESGRANRIO — 2021) Um empréstimo deve ser pago
de 0,8% ao mês, sendo a primeira presta- ção paga um mês após a pelo sistema SAC em 5 parcelas mensais com juros de 3% ao
assinatura do contrato. Do valor do terreno, a família optou por mês. Se a terceira parcela paga no financiamen- to do
financiar 240 mil reais. empréstimo for igual a R$26.160,00, o valor total do
empréstimo, em reais, será de:
Assim, considerando-se apenas as premissas forneci- das, o
MATEMÁTICA

saldo devedor da família, imediatamente após as 12 a) 120.000,00


FINANCEIRA

primeiras prestações pagas, será, em reais, de, b) 124.000,00


aproximadamente, c) 128.500,00
d) 132.800,00
a) 215.000,00 e) 135.600,00
b) 216.000,00
c) 228.000,00 18. (CESGRANRIO — 2023) Um empresário pegou um
d) 238.000,00 empréstimo de 500 mil reais, a uma taxa de juro de 5% ao
e) 239.000,00 mês, no sistema de juros compostos. Após 6 meses,
sem pagar absolutamente nada do empréstimo, 89
resolveu renegociar a dívida com o banco, que lhe
7 D
concedeu um desconto de 10% sobre o saldo deve-
dor, financiando os 90% restantes em 24 prestações 8 A
mensais e iguais, com a primeira a ser paga um mês
após a data da renegociação, a uma taxa de juro de 3% 9 C
ao mês. O valor da prestação mensal, em milhares de
reais, que o empresário devedor vai pagar, nessa nova 10 E
negociação, é de, aproximadamente, 11 C

Dado: 12 C

13 B
1,056 = 1,34;
1,0324 = 2,03 14 C

a) 35,6 15 C
b) 37,8 16 D
c) 39,6
d) 40,8 17 A
e) 42,8
18 A
19. (CESGRANRIO — 2021) Um cliente de um banco está 19 A
tentando simular o valor de financiamento imobiliário que
pode conseguir para adquirir uma casa. Fazendo seu 20 E
orçamento, estabeleceu que poderia pagar uma prestação
inicial (1º mês) de R$2.669,33.

Sabendo-se que o banco utiliza o sistema Price em seus


financiamentos, uma taxa de juros de 1% a.m., um prazo de ANOTAÇÕES
60 meses e uma amortização inicial (1º mês) de
R$1.469,33, qual o valor máximo aproximado, em reais,
que ele pode receber?

a) 120.000,00
b) 146.933,00
c) 160.159,80
d) 266.933,00
e) 413.866,00

20. (CESGRANRIO — 2021) Um imóvel pode ser comprado à


vista pelo valor de R$240.000,00 ou pode ser financia- do em
24 prestações mensais, a serem pagas de acordo com o sistema
Price de amortização. Um potencial com- prador, ciente da taxa
de juros do financiamento, calculou quanto seria a soma das 24
prestações, encontrando, corretamente, o valor de
R$272.331,64.

A melhor aproximação para o valor da terceira parcela


do financiamento, em reais, é de:

a) 10.200,00
b) 10.240,00
c) 10.460,08
d) 11.124,12
e) 11.347,15

 GABARITO

1 B
2 C

3 E
4 B

5 B
6 A
90
várias vezes ao longo da História brasileira. A modifi-
cação de uma moeda nacional é, em qualquer circuns-
tância, algo que causa muitas mudanças, mas no caso
da mudança para a atual moeda (real), essa transfor-
mação foi grandiosa.
CONHECIMENTOS Em uma época em que a inflação era um grande
terror para economia brasileira, essa mudança, cha-
BANCÁRIOS mada de plano real, conseguiu frear a inflação e nor-
malizar os preços do comércio interno. Isso, seguido
de uma valorização da moeda nacional, resultou em
uma recuperação rápida da economia brasileira.
Quem manuseia dinheiro todos os dias, paga suas
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL contas, recebe seu salário, nem pensa no grande siste-
ma que há por trás dessas operações. Na verdade, os
Uma das engrenagens mais importantes, se não a salários são do valor que são para que a atual quanti-
mais importante, para que o mundo seja do jeito que dade de dinheiro circule no país, para que a economia
é, o dinheiro. Ele compra carros, casas, roupas, título brasileira seja como é. Assim, o Sistema Financeiro
e, segundo alguns, só não compra a felicidade. Sen- Nacional toma decisões todos os dias que são refleti-
do o dinheiro carregado com toda essa importância, das na nossa realidade.
cada país, estado e cidade organiza-se de forma a ter O Sistema Financeiro Nacional é um conjunto de
seu próprio modo de ganhar dinheiro. Essa organi- instituições, órgãos e afins que controlam, fiscalizam
zação, aliás, é formada de um jeito em que a maior e fazem as medidas que dizem respeito à circulação
quantidade possível de dinheiro possa ser adquirida. da moeda e de crédito dentro do país. O Brasil, em
sua Constituição Federal de 1988, em seu art. 192, cita
Há muito tempo, o mundo funciona dessa forma. Por
qual o intuito do sistema financeiro nacional: o Siste-
isso, todos os países já conhecem muitos caminhos e ma Financeiro Nacional, estruturado de forma a pro-
atalhos para que sua organização seja elaborada para mover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir
seu benefício. aos interesses da coletividade, em todas as partes que o
Essa organização que busca o maior número possí- compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será
vel de riquezas é definida por uma série de importan- regulado por leis complementares que disporão, inclu-
tes órgãos do estado. No Brasil, esse órgão formador sive, sobre a participação do capital estrangeiro nas
da estratégia econômica do país é chamado de Sis- instituições que o integram.
tema Financeiro Nacional. Ele tem, basicamente, a O Sistema Financeiro Nacional pode ser divido em
função de controlar todas as instituições que são liga- duas partes distintas: subsistema normativo e sub-
das às atividades econômicas dentro do país, e mui- sistema operativo ou operador. O de normas res-
tas outras funções. Tem também muitos componentes ponsabiliza-se por fazer regras para que se definam
que o formam. parâmetros para transferência de recursos entre uma
Existem grupos dentro do grupo do Sistema Finan- parte e outra, além de supervisionar o funciona-
ceiro Nacional. O mais importante dentro desse siste- mento de instituições que façam atividade de inter-
mediação monetária. Já o subsistema operativo ou
ma é o Conselho Monetário Nacional. Esse conselho
operador torna possível que as regras de transferên-
é essencial por tomar as decisões mais importantes cia de recursos, definidas pelo subsistema de supervi-
para a que o país funcione de forma eficiente e eficaz. são, sejam possíveis.
O Conselho Monetário Nacional tem sob seu O subsistema normativo é formado por: Conselho
comando muitos integrantes que são importantes, Monetário Nacional, Conselho de Recursos do Sis-
cada um na sua função. No entanto, o mais importan- tema Financeiro Nacional, Banco Central do Brasil,
te desses membros é o Banco Central do Brasil. Comissão de Valores Mobiliários, Conselho Nacional
O Banco Central do Brasil é o responsável pela de Seguros Privados, Superintendência de Seguros Pri-
emissão de papel-moeda e de moeda metálica, dinhei- vados, Conselho Nacional da Previdência Complemen-
ro que circula no país. Ele exerce, junto ao Conselho tar e Superintendência da Previdência Complementar.
Monetário Nacional, um trabalho de fiscalização nas O outro subsistema, o operativo ou operador, é
instituições financeiras do país. Além disso, tem diver- composto por: Instituições Financeiras Bancárias, Sis-
sas utilidades, como realizar operações de emprés- tema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, Sistema de
timos e cobrança de créditos junto às instituições Pagamentos, Instituições Financeiras Não Bancárias,
financeiras. O Banco Central é considerado o banco Agentes Especiais, Sistema de Distribuição de TVM. As
mais importante do Brasil, acima de todos os outros, partes integrantes do subsistema operativo, citadas
uma espécie de “Banco dos Bancos”. acima, são grupo que compreendem instituições que
O Sistema Financeiro Nacional, então, é uma for- são facilmente achadas em nosso dia a dia. As Institui-
ma de várias entidades se organizarem de modo a ções Financeiras Bancárias, por exemplo, representam
CONHECIMENTOS

manter a máquina do governo funcionando. Sua utili- as Caixas Econômicas, Bancos Comerciais, Cooperati-
dade é o acompanhamento e também a coordenação vas de Crédito e Bancos Cooperativos. As instituições
de todas as atividades financeiras que acontecem no Financeiras Não Bancárias são, por exemplo, Socieda-
BANCÁRIOS

Brasil. Esse acompanhamento acontece na forma de des de Crédito ao Microempreendedor, Companhias


fiscalização. Já a coordenação está na parte em que Hipotecárias, Bancos de Desenvolvimento.
funcionários do Banco Central agem segundo suas
As autoridades do Sistema Financeiro Nacional
responsabilidades, no cenário financeiro.
também podem ser divididas em dois grupos: Autori-
Esse sistema já sofreu várias mudanças ao longo
dades Monetárias e Autoridades de Apoio.
dos anos. O próprio Banco Central era outra entidade,
As autoridades monetárias são as responsáveis
com nome diferente: Superintendência da Moeda e do
por normatizar e executar as operações de produção
Crédito. A mudança ocorreu por meio do art. 8º da Lei
de moeda. São elas o Banco Central do Brasil (Bacen)
nº 4.595, de 1964. As moedas do Brasil já mudaram
e o Conselho Monetário Nacional (CMN). 91
Já as autoridades de apoio são instituições que auxiliam as autoridades monetárias na prática da política
monetária. Outro tipo de autoridade de apoio são instituições que têm poderes de normatização limitada a um
setor específico. O exemplo desse tipo de autoridade é a Comissão de Valores Mobiliários.
As instituições financeiras, termo muito usado para definir algumas empresas, são definidas como as pes-
soas jurídicas, públicas ou privadas e que tenham sua função principal ou secundária de guardar, intermediar
ou aplicar os recursos financeiros (tanto dos próprios recursos como recursos de terceiros), que sejam em
moeda de circulação nacional ou de fora do país e também a custódia de valor de propriedade de outras pessoas.
Pessoas físicas que façam atividades paralelas às características acima descritas também são consideradas ins-
tituições financeiras, sendo que essa atividade pode ser de maneira permanente ou não. No entanto, exercer essa
atividade sem a prévia autorização devida do estado pode acarretar ações contra essa pessoa. Essa autorização deve ser
dada pelo Banco Central e, no caso de serem estrangeiras, a partir de um decreto do Presidente da República. Entre-
tanto, em 2020 o presidente editou o Decreto nº 10.029 que delegou ao Bacen o poder de autorizar o funcionamento de
instituições financeiras estrangeiras; todavia, deve-se levar em consideração que se trata de uma delegação que pode
ser avocada a qualquer momento, e trata-se de um decreto, que pode ser, também, revogado.
As decisões tomadas pelo Conselho Monetário Nacional têm total ligação com o estado da economia do país.
Suas mudanças são determinantes para o funcionamento do mercado financeiro. A chamada bolsa de valores
(mercado no qual as mercadorias são ações ou outros títulos financeiros) tem empresas, produtos e ações que
variam de acordo com o que esse sistema faz. Considerando o alto valor de dinheiro investido nesse mercado, a
bolsa de valores é um espelho das grandes proporções com as quais as decisões tomadas por esse sistema podem
afetar a vida de todas as esferas da sociedade.

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


ENTIDADES
ÓRGÃOS NORMATIVOS OPERADORES
SUPERVISORAS
Instituições Financeiras
Conselho Monetário Nacional – Banco Central Do Brasil – Bolsa de Mercadorias e
Capatdoras de Depósitos à
CMN BACEN Futuros
Vista
Conselho Nacional de Superintendência De
Demais Instituições
Previdência Complementar – Seguros Privados Resseguradores
Financeiras
CNPC – SUSEP
Superintendência Nacional
Conselho Nacional de
de Seguro Complementar – Bancos de Câmbio Bolsa de Valores
Seguros Privados – CNSP
PREVIC
Comissão de Valores
Sociedades e Capitalização Sociedades Seguradoras
Mobiliários – CVM
Intermediários E
Entidades Abertas de
Administradores De Recursos
Previdência Complementar
De Terceiros
Fundos de Pensão

ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; ÓRGÃOS NORMATIVOS E INSTITUIÇÕES


SUPERVISORAS, EXECUTORAS E OPERADORAS

Lei n° 4.595, de 1964

Art. 17 Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas
públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação
de recursos fiwawceiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de
propriedade de terceiros.
Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pes-
soas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual.
Art. 18 As instituições financeiras somente poderão funcionar no País mediante prévia autorização do
Banco Central da República do Brasil ou decreto do Poder Executivo, quando forem estrangeiras.

Basicamente, uma instituição financeira tem como objetivo a intermediação dos recursos de clientes que tem
dinheiro sobrando (agentes superavitários), para os clientes que precisam de dinheiro (agentes deficitários). Ou
seja, pega-se de quem tem sobrando e empresta-se à quem está precisando.
Entretanto, quando a instituição busca captar dinheiro, ela oferece aos clientes uma recompensa para que eles
aceitem assumir os riscos de emprestar dinheiro, essa recompensa nós chamamos de remuneração por aplicação,
e esta operação, para a instituição, é uma operação passiva.
Já quando o cliente necessita de dinheiro, a instituição financeira busca emprestar o dinheiro captado, mas
cobra do cliente uma taxa de juros, que nada mais é do que o preço do dinheiro emprestado, mais o seu lucro. Esta
92 operação, para a instituição financeira, é chamada ativa.
Estas atividades realizadas pelas Instituições Fi- Taxa de Juros do Mercado x Taxa Selic
nanceiras levam ao desenvolvimento dos produtos
financeiros ou bancários, que estudaremos mais à A taxa de juros chamada Selic, que é a taxa que
frente. remunera os títulos públicos e que falaremos bastante
ainda no decorrer da matéria, serve como balizadora
FORMAÇÃO DAS TAXAS DE JUROS das taxas de juros cobradas pelos bancos, ou seja, se a
taxa de juros Selic subir, as taxas de juros dos bancos
Muitas pessoas se perguntam: como um banco sobem também, e vice-versa.
determina uma taxa de juros? Tem-se, portanto, a formação das taxas de juros,
Para estabelecer uma taxa de juros, os bancos onde os bancos levam em consideração:
seguem o mesmo raciocínio de um vendedor de qual-
quer produto ou serviço. Para estabelecer esta taxa  custos administrativos (salários, inadimplência,
o banco busca saber a quantidade de demanda pelo indenizações etc.;
produto financeiro, bem como os custos para vendê-lo  custo da captação (pago aos poupadores);
e a sua margem de lucro.  tendência da taxa Selic (determinada pelo governo).
Para se construir esta taxa os bancos levam em
consideração: Desta forma, temos a taxa de juros de uma institui-
ção financeira, que será cobrada em muitas operações
 custo da captação do dinheiro (valor que irá ser de crédito.
pago ao cliente que deposita os recursos no banco); Mais à frente entenderemos como o governo deter-
 custos administrativos do banco como: salários, mina esta taxa Selic e como ela influencia de forma
impostos, água, luz, telefone, despesas judiciais etc.; abrangente a formação das taxas de juros.
 custos com recolhimento compulsório, pois os
valores que ficam retidos no banco central, mes- PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
OFICIAIS FEDERAIS
mo sendo remunerados, não tem o mesmo ganho
que teriam se estivessem sendo emprestados aos
Caixas Econômicas
clientes;
 inadimplência do produto, uma vez que quanto A Caixa Econômica Federal, criada em 1.861, está
maior for a inadimplência, maior será o risco de regulada pelo Decreto-Lei n° 759, de 12 de agosto de
prejuízo, e este prejuízo é repassado aos clientes 1969, como empresa pública vinculada ao Ministé-
com aumentos de taxas e tarifas; rio da Economia. Trata-se de instituição assemelha-
 margem de lucro desejada. da aos bancos comerciais, podendo capta depósitos
à vista, realizar operações ativas e efetuar prestação
Quando os bancos avaliam as taxas de juros cobra-
de serviços. Uma característica distintiva da Caixa é
das, levam em consideração uma equação matemáti- que ela prioriza a concessão de empréstimos e finan-
ca simples: Receita de Crédito – Custo da Captação. ciamentos a programas e projetos nas áreas de assis-
Esta equação mostra o lucro bruto da liberação dos tência social, saúde, educação, trabalho, transportes
créditos, uma vez que apenas deduziu o custo da cap- urbanos e esporte. Pode operar com crédito direto ao
tação, e como vimos ali em cima, este não é o único consumidor, financiando bens de consumo durá-
custo que o banco possui. veis, emprestar sob garantia de penhor industrial
O resultado desta equação chama-se spread. Este e caução de títulos, bem como tem o monopólio do
termo nada mais é do que a diferença entre a receita empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob con-
das taxas de juros que o banco recebe, e as despesas signação e tem o monopólio da venda de bilhetes de
que o banco tem para captar os recursos que serão loteria federal. Além de centralizar o recolhimento
emprestados. e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), inte-
gra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
Juro pago ao Juro pago pelo banco (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
SPREAD
banco por seus a seus credores
BANCÁRIO
devedores
Banco do Brasil S/A

O BB é uma S/A, Múltipla, Pública, de capital


aberto, onde o Governo Federal é o acionista majori-
Importante! tário, portanto é uma Sociedade de Economia Mista,
onde existe capital público e privado, juntos.
CONHECIMENTOS

Este spread não pode ser confundido com lucro do


banco, pois se considerarmos que o spread é o lucro, É o principal executor da política oficial de cré-
estamos afirmando que a única despesa que o banco dito rural.
BANCÁRIOS

possui é o custo de captação, o que não é verdade! Tem algumas funções atípicas, pois ainda é um
O spread bancário funciona como um lucro bru- to, grande parceiro do Governo Federal, são elas:
do qual ainda serão deduzidas as despesas
administrativas, as provisões de devedores duvi- dosos  Executar e administrar os serviços da câmara de
(inadimplência) e despesas gerais, fican- do o que compensação de cheques e outros papéis;
 Efetuar os pagamentos e suprimentos necessários
sobrar depois destas deduções o real lucro do banco.
à execução do Orçamento Geral da União;
 Aquisição e financiamento dos estoques de produ-
ção exportável; 93
 Agenciamento dos pagamentos e recebimentos crédito contingenciado, conforme parâmetros defi-
fora do País; nidos pelo CMN, e o restante são os recursos livres
 Operador dos fundos setoriais, como Pesca e para aplicações, pelo banco.
Reflorestamento; A movimentação das contas correntes, cujos recur-
 Captação de depósitos de poupança, com direcio- sos são de livre movimentação pelos seus titulares,
namento para o crédito rural, e operacionalização são movimentadas por meio de depósitos, cheques,
do FCO – Fundo Constitucional do Centro-Oeste; ordens de pagamento, documentos de créditos (DOC),
 Execução dos preços mínimos dos produtos transferências eletrônicas disponíveis (TED) e outros.
agropastoris; A abertura e movimentação de contas correntes
 Execução dos serviços da dívida pública consolidada; são normatizadas pelo CMN, por meio das Resoluções
 Realizar, por conta própria, operações de compra n° 2.025 e 2.747 e dispositivos complementares.
e venda de moeda estrangeira e, por conta do De regra todo depósito é feito no Caixa do Banco,
BACEN, nas condições estabelecidas pelo CMN; que recebe o dinheiro e autentica a ficha de depósito,
 Arrecadação dos tributos e rendas federais, a que vale como prova de que foi feito o depósito e que
critério do Tesouro Nacional; o cliente entregou tal dinheiro ao Banco.
 Executor dos serviços bancários para o Gover- As fichas de depósitos devem ser preenchidas pelo
no Federal, e suas autarquias, bem como de todo cliente ou por funcionário do Banco, constando, espe-
os Ministérios e órgãos acessórios. cificamente, os valores em cheque e em dinheiro, sen-
do que uma das vias da ficha será entregue ao cliente
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento e a outra será o documento contábil do caixa.
Econômico e Social O depósito tanto pode ser feito em dinheiro cor-
rente, como em cheques, que serão resgatados pelo
Criado em 1952 como autarquia federal, foi enqua- Banco depositário junto ao serviço de compensação
drado como uma empresa pública federal, com de cheques, ou pelo serviço de cobrança.
personalidade jurídica de direito privado e patri- Os depósitos em dinheiro produzem o imediato
mônio próprio, pela Lei n° 5.662, de 21 de junho de crédito na conta corrente em que foi depositado, mas
1971. O BNDES é uma Empresa Pública vinculada ao os depósitos em cheque só terão o crédito liberado
Ministério da Economia e tem como objetivo: após seu resgate.
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO
 Apoiar empreendimentos que contribuam para o
desenvolvimento do país. É importante mencionar que o depósito à vista é
uma das principais formas que as Instituições Finan-
Suas linhas de apoio contemplam financiamentos ceiras têm de criar moeda escritural, ou seja, moedas
de longo prazo e custos competitivos, para o desen- que são dados em um computador, que não existem
volvimento de projetos de investimentos e para materialmente. Logo, só os captadores de depósito à
a comercialização de máquinas e equipamentos vista criam moeda escritural.
novos, fabricados no país, bem como para o incre-
mento das exportações brasileiras. Contribui, tam-  Depósito a prazo ou depósito a prazo fixo:
bém, para o fortalecimento da estrutura de capital das
empresas privadas e desenvolvimento do mercado de São depósitos em que o cliente dá ao banco um
capitais. A BNDESPAR, subsidiária integral, investe prazo para sacar o dinheiro, ou seja, o cliente não
em empresas nacionais através da subscrição de ações poderá sacar sem prévio aviso ao banco. Com isso, o
e debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de banco fica mais seguro para emprestar esse dinheiro
fundamental importância, na execução de sua política captado, portanto, paga uma remuneração, em forma
de apoio, a observância de princípios ético-ambientais de taxa de juros, pelo prazo que o dinheiro permane-
e assume o compromisso com os princípios do desen- cer aplicado.
volvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro Com esses valores o banco empresta-os para os
e os programas do BNDES atendem às necessidades deficitários e nesta ponta realiza uma operação ativa,
de investimentos das empresas de qualquer porte pois está em posição superior, uma vez que o cliente
e setor, estabelecidas no país. A parceria com ins- agora deverá devolver o dinheiro ao banco.
tituições financeiras, com agências estabelecidas em
todo o país, permite a disseminação do crédito, pos-
sibilitando um maior acesso aos recursos do BNDES.
Importante
Operações Passivas de uma Instituição Financeira Se sua prova pedir para você definir se tal opera- ção é
ativa ou passiva, atente para um referencial que a
 Depósitos à vista ou depósitos em conta corren- questão estiver indicando, caso contrário, poderá se
te ou depósitos a Custo Zero: confundir. Nosso referencial acima foi o BANCO.

São a captação de recursos junto ao público em


geral, pessoas físicas e jurídicas. Os depósitos à vis-
ta têm como características não são remunerados Os Depósitos a Prazo Mais Comuns São o CDB e o RDB
e permanecem no banco por prazo indeterminado,
sendo livres as suas movimentações. O CDB e o RDB nada mais são do que, como vimos
Para o banco, geram fundos (funding) para lastrear acima, o cliente superavitário emprestando dinheiro
operações de créditos de curto prazo, porém, uma ao banco, para que este empreste dinheiro aos defi-
parte deve ser recolhida ao BACEN, como depósito citários. O CDB – Certificado de Depósito Bancário é
compulsório, servindo portando como instrumen- materializado quando o cliente faz um depósito, em
94 to de política monetária. Outra parte destina-se ao
um banco comercial e o banco entrega um certificado de que o cliente depositou aquele dinheiro, e pagará uma
remuneração em forma de taxa de juros, geralmente atrelada a outro certificado de depósito, chamado CDI – Cer-
tificado de Depósito Interfinanceiro.
A vantagem deste papel é que pode ser “passado para frente”, ou seja, pode ser endossado (para quem nunca
viu este termo, nada mais é do que poder passar para frente). O CDB possui duas modalidades:

 Pré-fixado, quando determinamos a remuneração do cliente no momento da contratação;


 Pós-fixado quando a remuneração do cliente está atrelada a um índice futuro.

Na modalidade pós-fixada, há uma sub modalidade chamada flutuante, esta modalidade permite que a remu-
neração varie todo dia, ou seja, o cliente será remunerado por período que deixar o dinheiro aplicado. Neste caso
dizemos que o CDB possui liquidez diária, pois após o primeiro dia de aplicação já é possível resgatar os valores
obtendo juros proporcionais ao período aplicado. O RDB – Recibo de Depósito Bancário é materializado quando
o cliente faz uma entrega de dinheiro a uma Instituição Financeira, mas esta não pode emitir um certificado, pois
não capta em contas correntes. A instituição, então, emite apenas um recibo, um simples recibo, que diz: “este
cliente deixou comigo um valor e eu remunerarei por uma taxa de juros”, geralmente, também, o CDI.
O problema deste papel é que, por não ser um certificado, e sim apenas um recibo, não pode ser passado
para frente, ou seja, não pode ser endossado. As instituições são as Sociedades de Crédito e as Cooperativas de
Crédito, pois só podem captar depósito a prazo sem emissão de certificado, ou seja, apenas RDB. O RDB possui
duas modalidades: Pré-fixado e Pós-fixado, entretanto o RDB não possui liquidez diária, visto que não pode ser
resgatado, sob hipótese alguma, enquanto não acabar o prazo acordado com a instituição financeira.

Caderneta de Poupança

As instituições financeiras captadoras de poupança são geralmente as que aplicam em financiamentos habi-
tacionais, ou seja, pegam o valor arrecadado na poupança e emprestam boa parte do valor em financiamentos
habitacionais. Existem, no entanto, as poupanças rurais que são captadas pelos bancos comerciais, para emprés-
timos no setor rural.
As instituições que captam poupança no País são: Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI), Associações de Pou-
pança e Empréstimo (APE) e a Caixa Econômica Federal (CEF), além de outras instituições que queiram captar,
mas deverão assumir o compromisso de emprestar parte dos recursos em financiamentos habitacionais.
A caderneta de poupança constitui um instrumento de aplicação de recursos muito antigo, que visa, entre
outras coisas, a aplicação com uma rentabilidade razoável para o cliente. Esta rentabilidade é composta por duas
parcelas sendo uma básica e a outra variável. A parcela básica chamamos de TR ou Taxa de referência, que nada
mais é do que a média das Letras do Tesouro Nacional (tipo de título público federal pré-fixado) negociadas no
mercado secundário e registradas na Selic. Já a parcela Variável é a remuneração adicional, que pode ser de 0,5%
ao mês, aproximadamente 6,17% ao ano; ou 70% da Meta da taxa Selic.

CONHECIMENTOS
BANCÁRIOS

Para que você possua direito à rentabilidade da poupança, existem algumas regrinhas que você deve obede-
cer, conforme a Lei n° 8.177, de 1991, que é a lei que determinar remuneração da poupança e suas regras.

 1ª A remuneração será calculada sobre o menor saldo apresentado em cada período de rendimento. Mas o que
é um período de rendimento?

95
I - para os depósitos de pessoas físicas e entida- Bancos Comerciais
det tem fiwt lucrativot, o período de rendimento
é o mês corrido, a partir da data de aniversário Os bancos comerciais são instituições financeiras
da conta de depósito de poupança; privadas ou públicas que têm como objetivo princi-
II - para os demais depósitos, o período de ren- pal proporcionar suprimento de recursos necessários
dimento é o trimestre corrido a partir da data para financiar, a curto e médio prazo, o comércio, a
de aniversário da conta de depósito de poupança. indústria, as empresas prestadoras de serviços, as
pessoas físicas e terceiros em geral. Deve ser cons-
E essa tal data de aniversário? O que é? tituído sob a forma de sociedade anônima e na sua
denominação social deve constar a expressão “Ban-
A data de aniversário da conta de depósito de co”, vedado à palavra Central (Resolução CMN 2.099,
poupança será o dia do mês de sua abertura, consi- de 1994). Captam depósitos à vista, como atividade
derando-se a data de aniversário das contas abertas típica, abrindo contas-correntes e criando moeda
nos dias 29, 30 e 31 como o dia 1° do mês seguinte. escritural, mas, também podem captar deposito a
prazo fixo (CDB/RDB).
 2ª O crédito dos rendimentos será efetuado:
Caixas Econômicas
I - mensalmente, na data de aniversário da conta,
para os depósitos de pessoa física e de entidades A Caixa Econômica Federal, criada em 1.861, está
tem fiwt lucrativot; e regulada pelo Decreto-Lei n° 759, de 12 de agosto de
II - trimestralmente, na data de aniversário 1969, como empresa pública vinculada ao Ministé-
no último mês do trimestre, para os demais rio da Economia. Trata-se de instituição assemelhada
depósitos. aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à
vista, realizar operações ativas e efetuar prestação
Resumindo, para você receber o rendimento da de serviços. Uma característica distintiva da Caixa é
sua poupança, é preciso deixar o recurso depositado que ela prioriza a concessão de empréstimos e finan-
até a data de aniversário da poupança, e no aniversá- ciamentos a programas e projetos nas áreas de assis-
tência social, saúde, educação, trabalho, transportes
rio dela quem ganha o presente (os juros) é você! Note
urbanos e esporte. Pode operar com crédito direto ao
que para isso você deve deixar o valor depositado até
consumidor, financiando bens de consumo durá-
que o valor complete o aniversário, mas há, neste pon-
to, uma confusão entre a interpretação da lei e ques- veis, emprestar sob garantia de penhor industrial
tões de prova, pois a lei é bem clara ao afirmar que a e caução de títulos. Conta, também, com o monopólio
do empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob con-
data de aniversário é o dia da abertura da conta e não
signação e tem o monopólio da venda de bilhetes de
o dia do depósito do recurso.
loteria federal. Além de centralizar o recolhimento
Entretanto, as bancas examinadoras de concursos
e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do
de bancos vêm afirmando que a conta poupança pode
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), inte-
ter 28 aniversários, ou seja, um para cada dia de depó-
gra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
sitos, uma vez que posso realizar depósitos todo dia, (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
e que os depósitos nos dias 29,30 e 31 são contabiliza-
dos como efetivamente realizados no dia 01 do mês Cooperativas de Crédito
seguinte.
Desta forma, para conciliar os dois pensamen- A cooperativa de crédito é uma instituição finan-
tos, podemos consolidar que a poupança só rende- ceira formada por uma associação autônoma de pes-
rá se completar aniversário, e este aniversário é do soas unidas voluntariamente, com forma e natureza
mês corrido para pessoas físicas e entidades sem fins jurídica próprias, de natureza civil, sem fins lucra-
lucrativos; e para os demais será o trimestre corrido. tivos, constituída para prestar serviços a seus as-
Para pessoas físicas e pessoas jurídicas sem sociados. Deve Constar a expressão “cooperativa de
fins lucrativos, não há incidência de tributação de crédito”.
imposto de renda, entretanto devem ser declarados
no imposto de renda; mas declarar é diferente de  Singulares: mínimo de 20 PF (algumas PJ podem
pagar imposto, ok? Para as pessoas jurídicas com desde que sejam de atividades correlatas, pareci-
fins lucrativos há incidência de imposto de renda das, e que não tenham fins lucrativos)
nos rendimentos trimestrais da poupança, a alíquota
Resolução n° 4.434, de 2015 As cooperativas
a ser cobrada será de 22,5% sobre os rendimentos.
de crédito singulares passam a ser classificadas nas
OPERADORES DO SFN seguintes categorias:

I. Plenas – podem praticar todas as operações


Instituições Financeiras Monetárias ou Bancárias
autorizadas às cooperativas de crédito;
II. Clássicas – vedada a realização de opera-
São instituições que captam basicamente depósi-
ções que geram exposição vendida ou comprada
tos à vista, abrindo contas correntes e criando moeda em ouro, moeda estrangeira, variação cambial,
escritural. Relembrando, essas moedas escriturais são variação no preço de mercadorias, ações ou em
números virtuais em computador, o dinheiro físico/ iwstrumewtos fiwawceiros derivativos, bem como a
material não existe. aplicação em títulos de securitização, empréstimos
de ativos, operações compromissadas e em cotas de
96 fundos de investimento; e
III. Capital e Empréttimo – vedada a capta- Essas operações estão sujeitas às mesmas normas
ção de depósitos e a realização de operações que legais e regulamentares aplicáveis às instituições sin-
geram exposição vendida ou comprada em ouro, gulares correspondentes às suas carteiras. A carteira
moeda estrangeira, variação cambial, variação no de desenvolvimento somente poderá ser operada
preço de mercadorias, ações ou em instrumentos
por banco público. O banco múltiplo deve ser cons-
fiwawceiros derivativos, bem como a aplicação em
títulos de securitização, empréstimos de ativos, tituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma
operações compromissadas e em cotas de fundos delas, obrigatoriamente, comercial ou de investi-
de investimento. mento, e ser organizado sob a forma de sociedade
anônima. As instituições com carteira comercial
 Centrais: mínimo de 3 cooperativas singulares. podem captar depósitos à vista. Na sua denomina-
ção social deve constar a expressão “Banco” (Resolu-
Características: ção CMN 2.099, de 1994).
Como você percebe, este banco múltiplo tem tudo
 são equiparadas às Instituições Financeiras (Lei a ver com Banco Comercial, e mais na frente você per-
7492, de 1986); ceberá que existe o Banco de Investimentos, que é não
 atuam principalmente no setor primário da monetário, e que também forma um Banco Múltiplo,
economia (rural). mas sem carteira comercial, ou seja, não poderá cap-
tar depósitos à vista.
Operações mais comuns:
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO
 captam depósitos à vista e a prazo somente de MONETÁRIAS OU NÃO BANCÁRIAS
associados, sem emissão de certificado – “RDB”,
além de poderem, desde 2020, captar Caderne- São instituições que não captam depósitos à vis-
ta de Poupança e realizar operações de finan- ta, ou seja, não abrem contas correntes e não criam
ciamento habitacional; moeda escritural. Estas instituições não lidam com
 obter empréstimos ou repasses de instituições dinheiro em espécie, mas sim com papéis que valem
financeiras nacionais ou estrangeiras, inclusive dinheiro e saldos eletrônicos, que representam valo-
por meio de depósitos interfinanceiros. (Reso- res em dinheiro.
lução 3.859, de 2010);
 receber recursos de fundos oficiais;
Bancos de Investimento
 doações;
 conceder empréstimos e financiamentos ape- Os bancos de investimento são instituições
nas aos associados;
 aplica no mercado financeiro. financeiras privadas especializadas em operações
de participação societária de caráter temporário, de
Banco Cooperativo financiamento da atividade produtiva para supri-
mento de capital fixo e de giro e de administração
Banco comercial ou banco múltiplo constituído, obri- de recursos de terceiros. Devem ser constituídos
gatoriamente, com carteira comercial. É uma socie- sob a forma de sociedade anônima e adotar, obri-
dade anônima e se diferencia dos demais por ter como gatoriamente, em sua denominação social, a expres-
acionistas controladores as cooperativas CENTRAIS são “Banco de Investimento”. Não possuem contas
de crédito, as quais devem deter no mínimo 51% das correntes e captam recursos via depósitos a prazo,
ações com direito a voto (Resolução 2.788, de 2000). repasses de recursos externos, internos e venda de
Principais características: cotas de fundos de investimento por eles adminis-
trados. As principais operações ativas são financia-
 captam depósitos à vista e a prazo (CDB e RDB) mento de capital de giro e capital fixo, subscrição ou
somente de associados; aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos
 captam recursos dentro do país e no exterior atra- interfinanceiros e repasses de empréstimos externos
vés de empréstimos; (Resolução CMN 2.624, de 1999).
 os recursos por eles captados ficam na região onde
o Banco atua, e onde os recursos foram gerados;
 podem ter Conta desde que: não remunerada e
 emprestam através de linhas de crédito em geral
não movimentada por cheque nem por meio ele-
somente aos associados;
trônicos pelo cliente;
 prestam serviços também aos não cooperados.
 administra fundos de investimento;
Note que não há obrigatoriedade de a constitui-  são Agentes Underwriters e auxiliam na oferta
ção do Banco Cooperativo ser uma S/A fechada, pois a pública inicial de papéis de companhias abertas.
CONHECIMENTOS

Resolução cita apenas uma S/A, deixando a critério da


instituição essa decisão. Bancos Múltiplos com Carteira de Investimentos
BANCÁRIOS

Bancos Múltiplos com Carteira Comercial Para fixar, relembremos a definição de Bancos
Múltiplos citada anteriormente: os bancos múltiplos
Os bancos múltiplos são instituições financeiras são instituições financeiras privadas ou públicas que
privadas ou públicas que realizam as operações ati- realizam as operações ativas, passivas e acessórias
vas, passivas e acessórias das diversas instituições das diversas instituições financeiras, por intermédio
financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: das seguintes carteiras: comercial, de investimento
comercial, de investimento e/ou de desenvolvimen- e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário,
to, de crédito imobiliário, de arrendamento mer- de arrendamento mercantil e de crédito, financia-
cantil e de crédito, financiamento e investimento. mento e investimento. 97
Essas operações estão sujeitas às mesmas normas  Captação: captam através de empréstimos em outras
legais e regulamentares aplicáveis às instituições sin- instituições financeiras nacionais ou estrangeiras.
gulares correspondentes às suas carteiras. A carteira
de desenvolvimento somente poderá ser operada Como sua principal atividade ativa é o Leasing ou
por banco público. O banco múltiplo deve ser cons- arrendamento mercantil (aluguel), passa a ser consi-
tituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma derada uma prestadora de serviços, logo sobre suas
delas, obrigatoriamente, comercial ou de investi- operações não incide o Imposto sob Operações
mento, e ser organizado sob a forma de sociedade
Financeiras (IOF), mas sim Imposto Sob prestação de
anônima. As instituições com carteira comercial
Serviços.
podem captar depósitos à vista. Na sua denomina-
Dentro do SFN funciona um subsistema dos cap-
ção social deve constar a expressão “Banco” (Resolu-
ção CMN 2.099, de 1994). tadores de poupança que direcionam estes recursos
para financiamentos habitacionais, o SISTEMA BRA-
Bancos de Desenvolvimento SILEIRO DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMOS (SBPE). Nele
operam a Caixa (CEF), as Associações de Poupança e
Constituídos sob a forma de sociedade anônima, Empréstimo (APE) e as Sociedades de Crédito Imo-
com sede na capital do Estado que detiver seu con- biliário (SCI) e as demais instituições que desejem
trole acionário, devendo adotar, obrigatória e priva- captar poupança para emprestar em financiamentos
tivamente, em sua denominação social, a expressão habitacionais.
“Banco de Desenvolvimento”, seguida do nome do Associações de Poupança e Empréstimos:
Estado em que tenha sede (Resolução CMN 394, de São constituídas sob a forma de sociedade civil,
1976).
sendo de propriedade comum de seus associados.
Empréstimos direcionados principalmente para
Suas operações ativas são, basicamente, direcionadas
Empresas do setor Privado. Exemplos: BDMG, BRDE.
ao mercado imobiliário e ao Sistema Financeiro da
Bancos de desenvolvimento são exclusivamente
bancos públicos. O BNDES não é um banco de desen- Habitação (SFH). As operações passivas são cons-
volvimento, é uma empresa pública. tituídas de emissão de letras e cédulas hipotecárias,
depósitos de cadernetas de poupança, depósitos
Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento interfinanceiros e empréstimos externos. Os deposi-
tantes dessas entidades são considerados acionistas
Constituídas sob a forma de sociedade anônima e da associação e, por isso, não recebem rendimentos,
na sua denominação social deve constar a expressão mas dividendos. Os recursos dos depositantes são,
“Crédito, Financiamento e Investimento”. Tais enti- assim, classificados no patrimônio líquido da associa-
dades captam recursos por meio de aceite e colocação ção e não no passivo exigível (Resolução CMN 52, de
de Letras de Câmbio (Resolução CMN 45, de 1966), 1967).
Certificados de Depósitos Bancários e Recibos de
Depósitos Bancários (Resolução CMN 3.454, de 2007).
 Sociedade Civil sem fins Lucrativos;
São as famosas financeiras, geralmente ligadas
 Os clientes que abrem poupança tornam-se asso-
a algum Banco Comercial. Têm capacidade para rea-
ciados e recebem dividendos (remuneração da
lizar operações até 12 vezes o seu patrimônio e prati-
ca altas taxas de juros devido à alta inadimplência de poupança).
suas operações. Exemplo: Fininvest, Losango.
 Captação: Poupança; Letra de Crédito Hipotecá-
Sociedades de Arrendamento Mercantil ria; Letra Financeira; Repasse da Caixa Econômica
Federal e de outras instituições financeiras cap-
Sociedade de arrendamento mercantil (SAM) rea- tadoras de poupança que não desejam operar no
liza arrendamento de bens móveis e imóveis adquiri- SFH
dos por ela, segundo as especificações da arrendatária
(cliente), para fins de uso próprio desta. Assim, os con- Sociedades de Crédito Imobiliário
tratantes deste serviço podem usufruir de determina-
do bem sem serem proprietários dele. São instituições financeiras criadas pela Lei 4.380,
Embora sejam fiscalizadas pelo Banco Central do de 21 de agosto de 1964, para atuar no financiamento
Brasil e realizem operações com características de habitacional. Constituem operações passivas dessas
um financiamento, as sociedades de arrecadamento
instituições os depósitos de poupança, a emissão de
mercantil não são consideradas instituições finan-
letras e cédulas hipotecárias e depósitos interfinan-
ceiras, mas sim entidades equiparadas a instituições
ceiros. Suas operações ativas são: financiamento para
financeiras.
construção de habitações, abertura de crédito para
Constituídas sob a forma de sociedade anônima,
devendo constar obrigatoriamente na sua denomina- compra ou construção de casa própria, financiamen-
ção social a expressão “Arrendamento Mercantil”. to de capital de giro a empresas incorporadoras, pro-
Operam na forma Ativa: dutoras e distribuidoras de material de construção.
Devem ser constituídas sob a forma de sociedade
 Leasing – Locação de bens Móveis, nacionais ou anônima, adotando obrigatoriamente em sua deno-
estrangeiros e Bens Imóveis adquiridos pela enti- minação social a expressão “Crédito Imobiliário”.
dade arrendadora para fins de uso próprio do (Resolução CMN 2.735, de 2000).
98 arrendatário;
AS Sociedades Corretoras de Títulos e Valores lucrativos, estas bolsas têm por finalidade oferecer
Mobiliários (CTVM) um ambiente seguro para que os investidores rea-
lizem suas operações de compra e venda de capitais,
São constituídas sob a forma de sociedade anôni- gerando fluxo financeiro no mercado futuro.
ma ou por quotas de responsabilidade limitada. As bolsas de Mercadorias e de Futuros são ins-
Dentre seus objetivos estão: operar em bolsas tituições que viabilizam a negociação de contratos
de valores, subscrever emissões de títulos e valores futuros, opções de compra, derivativos e o mer-
mobiliários no mercado; comprar e vender títulos e cado a termo. Neste segmento operam investidores
valores mobiliários por conta própria e de terceiros; interessados nas variações futuras de preços dos
encarregar-se da administração de carteiras e da produtos e ativos.
custódia de títulos e valores mobiliários; exercer Atualmente no Brasil, estas duas bolsas se uni-
funções de agente fiduciário; instituir, organizar e ram formando a BM&F Bovespa, que é uma fusão das
administrar fundos e clubes de investimento; emitir atividades das duas bolsas anteriores, ou seja, hoje
certificados de depósito de ações; intermediar opera- a BM&F Bovespa, opera tanto no mercado à vista de
ções de câmbio; praticar operações no mercado de ações ou no mercado de balcão, como no mercado a
câmbio; praticar determinadas operações de conta termo ou de futuros.
margem; realizar operações compromissadas; pra-
Em 2016 a BM&F Bovespa comprou todos os direi-
ticar operações de compra e venda de metais pre- tos e carteiras da maior administradora de mercado
ciosos, no mercado físico, por conta própria e de de balcão do Brasil, a CETIP S/A, que estudaremos
terceiros; operar em bolsas de mercadorias e de futu- mais à frente, desta forma a atual BM&F Bovespa é
ros por conta própria e de terceiros. São supervisio-
uma S/A com fins lucrativos, e recebe o nome de B3
nadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN
1.655, de 1989). (Bolsa, Brasil, Balcão), visando o lucro através da
prestação de serviços gerando um ambiente salutar
As Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores para as negociações do mercado de capitais, que pode
Mobiliários (DTVM) ser um ambiente físico onde ocorrem as negociações,
ou um ambiente Eletrônico onde ocorrem os Pregões.
São constituídas sob a forma de sociedade anô-
nima ou por quotas de responsabilidade limitada,
devendo constar na sua denominação social a expres-
são “Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários”. MERCADO FINANCEIRO E SEUS
Algumas de suas atividades: intermedeiam a oferta DESDOBRAMENTOS (MERCADOS
pública e distribuição de títulos e valores mobiliá-
rios no mercado; administram e custodiam as car-
MONETÁRIO, DE CRÉDITO, DE
teiras de títulos e valores mobiliários; instituem, CAPITAIS E CAMBIAL)
organizam e administram fundos e clubes de inves-
timento; operam no mercado acionário, comprando, Em uma economia de mercado, há diversos agen-
vendendo e distribuindo títulos e valores mobiliá- tes econômicos — governos, empresas e famílias —
rios, inclusive ouro financeiro, por conta de tercei- tomando a todo momento decisões relacionadas à
ros; fazem a intermediação com as bolsas de valores produção e ao consumo.
e de mercadorias; efetuam lançamentos públicos de Enquanto alguns consomem menos do que pro-
ações; operam no mercado aberto e intermedeiam duzem, e conseguem formar uma poupança dispo-
operações de câmbio. São supervisionadas pelo Ban- nível para a utilização de terceiros, outros consomem
co Central do Brasil (Resolução CMN 1.120, de 1986).
mais do que conseguem produzir em determinado
período, e precisam utilizar os recursos daqueles
 Fiscalizadas pelo BACEN e CVM;
que pouparam.
 São intermediadores. (investidor – Bolsa); Independente das razões que motivam cada uma
 Intermediam operações de câmbio até o limite de dessas decisões individuais, de alguma maneira essa
100 mil dólares por operação, nas operações de
transferência de recursos dos poupadores para os
compra e venda de moeda à vista (cambio pronto);.
tomadores precisa ser viabilizada.
 São, juntamente com os Bancos de Investimento,
Se cada poupador tivesse que encontrar um toma-
os underwriters.
dor de recursos com as mesmas necessidades de volu-
me e prazo, para a realização de um empréstimo,
muito provavelmente nenhum negócio se concretiza-
Importante!
ria, já que as demandas dos agentes podem ser bem
O acordo BACEN CVM nº17 autorizou a DTVM a distintas.
CONHECIMENTOS

operar no ambiente da Bolsa de Valores, acaban- do, Com o tempo, e para suprir essa demanda do mer-
assim, com uma grande diferença existente entre as cado, foram nascendo instituições para intermediar
BANCÁRIOS

CTVM e DTVM. essas operações, ou seja, pegar emprestado daqueles


que poupam e emprestar para os demais, atendendo,
ao mesmo tempo, às necessidades de volume financei-
Bolsas de Valores e Bolsas de Mercadorias e de Futuros ro e prazo de cada um.
Da mesma forma, desenvolveram-se instrumen-
As bolsas de valores são um mercado organi- tos e também sistemas, regras e procedimentos para
zado que pode ser constituído sob a forma de Socie- organizar, controlar e desenvolver esse mercado. A
dade Civil sem fins lucrativos, ou S/A Com fins todo esse sistema, chamamos de Sistema Financeiro.
99
Assim, o Sistema Financeiro pode ser caracteri- pode não encontrar uma contraparte (um agente defi-
zado como o conjunto de instituições e instrumentos citário) que deseje obter um empréstimo com as mes-
que possibilitam e facilitam o fluxo financeiro entre os mas condições.
poupadores e os tomadores de recursos na economia. Com o papel desempenhado pela instituição finan-
Não é difícil perceber a importância desse siste- ceira, esse problema se reduz. Se o sistema financei-
ma para o correto funcionamento e crescimento eco- ro inexiste ou existe de forma ineficiente, muitas das
nômico de um país. Se, por exemplo, determinada necessidades de aplicações e empréstimos de recur-
empresa, que necessita de recursos para a realização sos ficam sem atendimento, ou seja, não são atendi-
de investimentos para a produção, não conseguir cap- das pelo mercado, o que inevitavelmente causa uma
tá-los de forma eficiente, provavelmente ela não rea- freada brusca na economia. Quantas vezes você já
lizará o investimento, deixando de empregar e gerar viu reportagens com empreendedores reclamando da
renda. dificuldade no acesso ao crédito?
Esse fluxo, todavia, não ocorre sempre entre os Entretanto, em alguns casos, o mercado de crédi-
mesmos tipos de agentes e com as mesmas caracterís- to não é capaz de suprir as necessidades de financia-
ticas operacionais. Ele pode diferir em razão do pra- mento dos agentes. Isso pode ocorrer, por exemplo,
zo, do tipo de instrumento utilizado para formalizar a quando um determinado agente, em geral uma empre-
operação, da assunção de riscos, entre outros aspectos sa, deseja um volume de recursos muito superior ao
que, com o passar do tempo, foram delimitando o que que uma instituição poderia, sozinha, emprestar.
se convencionou chamar de mercados financeiros. Além disso, pode acontecer de os custos dos
A classificação dos mercados (mercados monetá- empréstimos no mercado de crédito (juros) serem
rio, de crédito, de câmbio e de capitais) ajuda a com- demasiadamente altos, de forma a inviabilizar os
preender um pouco mais cada um desses mercados e investimentos pretendidos. Surgiu, com isso, o que é
suas peculiaridades, seus riscos e suas vantagens. conhecido como Mercado de Capitais, ou Mercado
As transferências de recursos a curtíssimo pra- de Valores Mobiliários.
zo, em geral de apenas um dia, como, por exemplo, No Mercado de Valores Mobiliários, em geral, os
as realizadas entre as próprias instituições financei- investidores emprestam recursos diretamente aos
ras ou entre elas e o Banco Central, são realizadas no agentes deficitários, quase sempre empresas. Caracte-
chamado mercado monetário. Trata-se de um mer- riza-se por negócios de médio e longo prazo, nos quais
cado utilizado basicamente para controle da liquidez são negociados títulos chamados de Valores Mobiliários.
da economia, no qual o Banco Central intervém para Como exemplo, podemos citar as ações, que repre-
condução da Política Monetária. sentam parcela do capital social de Sociedades Anôni-
Já o mercado de câmbio opera em um nicho espe- mas, e as debêntures, que representam títulos de dívida
cífico, em que agentes têm a necessidade de contra- dessas mesmas sociedades.
tar operações que envolvem moedas estrangeiras, ou Nesse mercado, as instituições financeiras atuam,
porque compram ou vendem de/para outros países, basicamente, como prestadoras de serviços, assesso-
ou porque procuram proteção. rando as empresas no planejamento das emissões de
Há também as operações em que as instituições valores mobiliários, ajudando na colocação deles para
financeiras captam recursos dos agentes superavitá- o público investidor, facilitando o processo de formação
rios e, por sua conta e risco, emprestam esses recursos de preços e a liquidez, assim como criando condições
para os agentes deficitários, característica do chama- adequadas para as negociações secundárias.
do mercado de crédito. As instituições financeiras não assumem a obriga-
Esse mercado é o mais tradicional, e é utilizado ção pelo cumprimento das obrigações estabelecidas e
pelas pessoas físicas e empresas, quando utilizam formalizadas nesse mercado. Assim, a responsabilidade
os bancos para realizar empréstimos e financiamen- pelo pagamento dos juros e principal de uma debênture,
tos diversos. Quando uma pessoa (física ou jurídica) por exemplo, é da empresa emissora, e não da institui-
utiliza recursos do cheque especial, financia um car- ção financeira que a tenha assessorado ou participado
ro, uma máquina ou um imóvel, ela está operando no do processo de colocação dos títulos no mercado.
mercado de crédito. São participantes desse mercado, por exemplo, os
Nele, as instituições financeiras participantes têm Bancos de Investimento, as Corretoras e Distribuidoras
como atividade principal a intermediação financei- de Títulos e Valores Mobiliários, as entidades adminis-
ra propriamente dita. Essas operações caracterizam- tradoras de mercado de bolsa e balcão, além de diversos
-se, em geral, por operações de curto e médio prazo, outros prestadores de serviços.
formalizadas por contratos e nas quais as instituições No que diz respeito ao Mercado de Valores Mobiliá-
financeiras assumem os riscos de inadimplência da rios, com o passar do tempo, foi sendo criada toda uma
operação. São exemplos de instituições participantes estrutura normativa e operacional para permitir que as
desse mercado os bancos comerciais e as sociedades operações fossem realizadas cada vez mais com segu-
de crédito, financiamento e investimento, as conheci- rança, transparência e eficiência. Nesse sentido, foram
das “financeiras”. editadas, em 1976, a Lei nº 6.385, que disciplina o merca-
O mercado de crédito é fundamental para o bom do de capitais e cria a Comissão de Valores Mobiliários,
funcionamento da economia, na medida em que as e a Lei nº 6.404, que disciplina as Sociedades Anônimas,
instituições financeiras assumem dois papéis decisi- conhecida como Lei das S.A.
vos. De um lado, atuam como centralizadoras de ris- Evidentemente, essas leis foram sofrendo alterações
cos, reduzindo a exposição dos aplicadores a perdas no decorrer dos anos, de forma que o arcabouço jurídico
e otimizando as análises de crédito. De outro, fun- do mercado fosse se adaptando à nova realidade em que
100 cionam como um elo entre milhões de agentes com ele se inseria. Da mesma forma, foram sendo criados
expectativas muito distintas em relação a prazos e outros mecanismos que acabaram por contribuir com o
volumes de recursos. Um agente pode, por exemplo, desenvolvimento, como o novo Sistema de Pagamentos
querer aplicar R$ 1.000,00 por um ano. Entretanto, Brasileiro.
Ainda, algumas instituições privadas, em um esforço FINTECHS E STARTUPS
de autorregulação, também criaram regras que colabo-
raram fundamentalmente para o que hoje é o Mercado Relação entre Bancos Digitais e FinTechs ou Startups
de Valores Mobiliários.
Fintechs são as startups que criam inovações no
setor financeiro, baseados em tecnologia. Elas têm
sido uma aposta dos bancos tradicionais para acele-
rar a inovação tecnológica e se inserir na era digital.
OS BANCOS NA ERA Os bancos beneficiam-se da interação com essas
DIGITAL: ATUALIDADE, empresas disruptivas pela facilidade e agilidade na
criação e aprimoramento de produtos e serviços.
TENDÊNCIAS E DESAFIOS Enquanto as FinTechs veem nessa parceria, uma
maneira de validar o negócio, receber investimentos
INTERNET BANKING e ganhar experiência.
Além disso, os bancos possuem uma base ampla,
Home/Office Banking, Remote Banking, Banco consolidada e crescente de clientes e oferecem estabi-
Virtual lidade, confiança e experiência em atender à regula-
mentação do Sistema Financeiro Nacional.
A ligação entre o computador do cliente e o com- No Brasil, diversas instituições financeiras têm
putador do banco é o que basicamente se define como promovido programas que dialogam com as FinTechs.
Home Banking. O Bradesco, por exemplo, criou em 2014 o programa
Para que houvesse uma redução de custos de inter- InovaBra, que promove a interação do banco com
mediação financeira, os bancos concluíram que havia startups com potencial de desenvolvimento de negó-
cios e produtos relacionados a serviços financeiros.
necessidade de reduzir o trânsito e a fila de clientes
Dentro desse ecossistema, foi criado, em 2017, o Ino-
nas agências.
vaBra habitat, do qual a Simply é uma das empresas
Esse é o motivo para o aprimoramento dos Bancos participantes. Um espaço onde empresas, startups,
24 horas, onde se dá o atendimento remoto – fora das investidores, mentores e empreendedores geram
agências – da clientela. novos negócios e buscam soluções inovadoras com
Esse tipo de atendimento se utiliza da rede ban- base no wetworkiwg e na colaboração.
co 24 horas (saques, depósitos, pagamento de con- Outro exemplo dessa interação é o Cubo, um espa-
tas, solicitação de entrega de talões de cheques etc.), ço de coworkiwg lançado pelo Itaú em parceria com
empresas tipo balcão eletrônico, cartões magnéticos a Redpoint, localizado na zona sul de São Paulo. Ele
em redes de postos de gasolina, redes de lojas. comporta e apoia até cinquenta startups, sendo seis
delas, FinTechs.
Pode-se, então, obter uma integração dos requisi-
O banco digital representa uma evolução na for-
tos de conveniência, segurança, eficácia e relaciona-
ma de se relacionar com o cliente tendo como base
mento, exigidos pelo conceito de remote bank. a inovação tecnológica. Ou seja, busca uma relação
A segurança na transmissão de dados é garan- mais personalizada e próxima do consumidor a fim
tia pelo perfil que o banco, concede por meio de de atender uma nova geração de clientes mais exigen-
uma palavra-chave-password que limita o acesso às tes e conectados.
informações. Fonte: http://blog.simply.com.br/banco-digital-desafio-setor-
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/ financeiro/
contabilidade/remote-banking-(banco-virtual)/24984
Startup
BANCO DIGITAL
Startup significa o ato de começar algo, normal-
Muito além de oferecer serviços por internet ban- mente relacionado com companhias e empresas que
king ou aplicativos que auxiliem clientes a realizar estão no início de suas atividades e que buscam explo-
rar atividades inovadoras no mercado.
suas transações financeiras, o banco digital se carac-
Empresas startup são jovens e buscam a inovação
teriza por apresentar uma proposta de valor onde a
em qualquer área ou ramo de atividade, procurando
maioria dos seus produtos e serviços sejam oferecidos desenvolver um modelo de negócio escalável e que
de forma digital. seja repetível.
É um modelo operacional com infraestrutura Um modelo de negócio é a forma como a empre-
capaz de responder às interações de seus clientes em sa gera valor para os clientes. Um modelo escalável
tempo real e criar uma cultura que se adeque às ino- e repetível significa que, com o mesmo modelo eco-
vações tecnológicas de forma ágil. nômico, a empresa vai atingir um grande número de
clientes e gerar lucros em pouco tempo, sem haver um
CONHECIMENTOS

De acordo com a pesquisa FEBRABAN de tec-


nologia bancária 2014, o Banco digital possui um aumento significativo dos custos.
processo não presencial no momento da abertu-
BANCÁRIOS

ra de contas, com captura digital de documentos MOBILE BANKING


e informações e coleta eletrônica de assinatura.
Com relação à consulta e resolução de problemas, Banco móvel (às vezes utilizado o termo em inglês
mobile banking) são ferramentas que disponibilizam
o banco digital possui acesso a canais eletrônicos
alguns serviços tipicamente bancários através de dis-
para todas as consultas e contratação de produtos. positivos móveis, como um celular.
A resolução de problemas é feita por múltiplos canais “Mobile Banking (operação bancária móvel) refere-
sem a necessidade da ida à agência. -se à disposição e vantagem dos serviços da operação
101
bancária e financeiros com a ajuda dos dispositivos A geração digital deseja ser localizada por seus
móveis da telecomunicação. A variedade de serviços interesses específicos e características peculiares e
oferecidos pode incluir facilidades para realizar ope- não ser somente um número em amplos dados demo-
rações bancárias e transações do mercado acionário, gráficos. Ela é composta por clientes participativos e
para administrar clientes e para ter acesso a informa- que desejam ser questionados sobre os produtos e ser-
ções personalizadas.” viços que o banco oferece.
Serviços de informação, por outro lado, pode ser São consumidores que esperam que o banco tenha
oferecido como um módulo independente. uma visão ampla de seu relacionamento, atuando de
forma antecipatória, observando possíveis problemas
OPEN BANKING e criando soluções. Eles querem ser surpreendidos
com serviços especiais em momentos inesperados
Se fôssemos traduzir ipsis litteris, Open Banking e esperam que a instituição financeira esteja ao seu
significaria Banco Aberto. Mas esse é um termo que lado no longo prazo, nos diversos momentos da sua
remete aos métodos de Inovação Aberta pensados vida.
exclusivamente para o setor bancário. Estes clientes também esperam que o banco tenha
Dentro do que chamamos de Open Banking está a caráter informativo e orientador. Além de terem inte-
prática da colaboração entre instituições bancárias resse em assuntos financeiros, querem que a institui-
tradicionais com startups, fiwtechs e empresas de tec- ção os eduque através de dicas e canais on-line, assim
nologia. Essas parcerias resultam em soluções e apli- como os informe sobre o atual cenário econômico,
cações inovadoras. alertando-os sobre mudanças financeiras.
E isso só acontece por que as Interfaces de Progra- Desejam sentir que estão seguros e protegidos, que
mação de Aplicativos (APIs) permitem que terceiros podem escolher os melhores canais para interagir
acessem informações financeiras com eficiência, o com o banco.
que promove o desenvolvimento de novos aplicativos Fonte: http://blog.simply.com.br/banco-digital-desafio-setor-
e serviços. Elas também facilitam a coleta e a análises financeiro/
sofisticadas de volumes exponenciais de dados.
APIs abertas são ótimas oportunidades para criar SEGMENTAÇÃO E INTERAÇÕES DIGITAIS
novos modelos de negócios bancários, iniciando o tão
necessário processo de Transformação Digital, res- O marketing digital é essencial para a comunicação
ponsável por tirar as instituições financeiras da área das atividades de uma marca, afinal neste ambiente é
de conforto e guiá-las rumo a estratégias fundamenta- possível se posicionar e garantir uma audiência quali-
das em user-centric. ficada. Neste sentido, a estratégia é ainda mais asser-
O Open Banking propõe elaboração de produtos e tiva quando as ações e campanhas de marketing são
serviços online, 100% digitais que geram vantagens personalizadas de acordo com o público e comparti-
para o usuário final. Sim, a ideia não é resolver o pro- lhadas no momento certo para atingir o cliente.
blema do banco e de seus desenvolvedores, mas o do Ao estabelecer um planejamento para a divul-
seu consumidor. gação de uma campanha no Facebook é necessário
Idealmente, uma estratégia de Open Banking deve selecionar, dentre os diversos filtros demográficos e
resultar em uma melhor experiência para os consu- perfis de interação, quem deverá ser impactado por
midores. A diferença entre o conceito e outras estra- sua publicação. Saiba como começar:
tégias rotineiras no mercado é o novo cenário criado
por ele, em que correntistas acessam serviços e fun-  Crie “personas”
cionalidades do banco a partir de sites e aplicativos
terceiros. Definir as características da pessoa que você quer
A instituição financeira deixa de existir apenas atingir por meio da associação com seus valores e
em seus próprios domínios e passa a ter contato com informações facilita a seleção de interesses que con-
seu cliente em outros espaços digitais, ampliando sua tribuam para uma segmentação eficaz. Selecione fato-
atuação, público, portfólio de serviços e tempo de res como idade, profissão, hobbies, gostos culturais e
contato. atividades praticadas regularmente;
A plataforma de API aberta do banco deve ser
capaz de conectar o correntista, mais especificamente  Utilize a mídia correta
os dados dele, à outras plataformas de sua escolha. O
poder de escolha é do usuário, o de conexão de dados Saber quem é o seu público-alvo ideal é a chave
é da instituição financeira. para descobrir onde o seu cliente está e, a partir dis-
Fonte: https://www.mjvinnovation.com/pt-br/blog/open-banking/ so, estabelecer qual a mídia deve ser prioritária na
ação. Conhecer as opções de segmentação, uso e perfis
O Comportamento do Consumidor na Relação com o existentes em cada ambiente é essencial para que sua
Banco campanha tenha bom desempenho;

O perfil do cliente de serviços bancários tem muda-  Teste variáveis


do nos últimos anos. Bancos tradicionais já não conse-
guem suprir as necessidades de clientes que nasceram Durante a publicação da campanha é fundamental
mergulhados na era digital, como a geração Y. criar variantes de público para entender a receptivida-
Por isso, a fim de oferecer um relacionamento de de cada um. Segmentações diferentes influenciam
mais personalizado, é essencial compreender quais resultados diferentes, por isso ter públicos segmenta-
102
são os interesses e necessidades dessa nova geração dos permite elevar seu entendimento da audiência a
de consumidores, assim como o que eles esperam dos cada interação da campanha, permitindo resultados
serviços financeiros. cada vez melhores;
 Mensure os resultados Conexão emocional é barata de criar e difícil de ser
quebrada — duas características que qualquer empre-
Acompanhar os dados de demografia, renda, enga- sa busca em suas campanhas de marketing. Segmen-
jamento, tempo de visita e conversão, disponibiliza- tar seu público é a forma mais eficiente de alcançar
dos ao analisar as campanhas, possibilita que a cada esse resultado.
publicação você conheça melhor seu público. A partir
disso é possível ajustar a nova etapa da ação e seg- Marketing Digital e a Estratégia de Segmentação
mentar de forma ainda mais precisa, provocando
impacto na hora certa e na pessoa certa. Agora que a importância da segmentação de públi-
co ficou clara, é hora de entender melhor como o
Fonte: https://infographya.com.br/segmentacao-de-publico-no-
ambiente-digital/ Marketing Digital pode fazer isso na prática. São bene-
fícios que vão muito além da mensagem em si e sua
plataforma de divulgação, mas também estratégias
A Importância da Segmentação Pública
de Business Intelligence para garantir que seu inves-
timento em divulgação seja feito de forma assertiva:
É difícil até hoje mensurar o quanto a internet está
transformando a humanidade em todos os aspectos:
Entendendo o seu Público
social, cultural, econômico, mas, algumas caracterís-
ticas dessa nova era digital já são bastante evidentes, O primeiro passo para uma divulgação adequada
mensuráveis e aplicáveis em estratégias de marketing. a esse novo público é entender quem são seus clientes
Na época de ouro da TV aberta, o grande público potenciais. Por meio de pesquisas e aplicação de téc-
geral era o objetivo final de qualquer campanha. Ven- nicas de prospecção, é possível identificar nichos de
dia mais quem tinha mais espaço publicitário, quem mercado potenciais para divulgar e engajar.
conseguia anunciar nos programas de maior audiên- A prática de mais sucesso atualmente é a criação
cia. Essa realidade mudou completamente desde que de buyer personas, perfis fictícios que representam
a internet se popularizou, principalmente com o uso seus consumidores e ajudam a elaborar e implementar
em massa de redes sociais. campanhas de marketing mais segmentadas e focadas.

Direcionando Investimento e Mensagem Criando Campanhas em Plataformas Unificadas

Hoje, a grande oportunidade de consolidação no Parte de entender seu público passa também por
mercado e fortalecimento de marca não está mais na mapear seu comportamento na internet e hábitos ao
divulgação para grandes públicos, mas na identificação consumir conteúdo digital. Para aproveitar informa-
e foco em nichos de mercado onde se concentram as ções valiosas como essas, é preciso criar ou contratar
pessoas com mais potencial de compra e fidelização. plataformas que unifiquem e automatizem a sua pre-
sença nesses ambientes.
A segmentação é uma forma de otimizar investi-
Hoje o Marketing Digital é obrigatoriamente mul-
mentos por meio de uma mensagem mais objetiva e
ticanal e só é possível mensurar resultados e adaptar
com escopo mais bem definido. Se por um lado gasta-se estratégias se todos os dados coletados em diversas
menos com tempo de exibição em horário nobre, por fontes estiverem centralizados em um bom sistema
outro ganha-se mais relevância em campanhas dese- de monitoramento.
nhadas para atrair organicamente. É uma forma única
no mundo corporativo de fazer mais com muito menos. Economia de Dinheiro

Criando uma Identidade O resultado mais relevante que o Marketing Digi-


tal traz para a segmentação do público é otimizar a
O Marketing Digital surgiu dessa necessidade de taxa de conversão — como dissemos, fazer mais com
aproximar marca e público de forma como nunca antes menos. Ao entender os hábitos e gostos do seu públi-
foi possível. O termo do momento em divulgação publi- co e ter um sistema integrado de monitoramento, a
citária é “conexão emocional”. Campanhas segmenta- divulgação se torna mais barata e eficiente.
das e que se apoiam em redes sociais para passar uma Imagine uma campanha em TV aberta que atinja
mensagem tornam a empresa mais próxima do público, um milhão de pessoas, sendo que apenas 10 mil sejam
como mais uma amiga em sua rede de relacionamentos. seu público-alvo. Ao aplicar técnicas de Marketing
Dessa forma, é possível criar uma identidade bem Digital à mesma campanha, é possível conseguir o
definida para o negócio e seus produtos. A marca é mesmo resultado, 10 mil, em um grupo segmentado
personificada em uma mensagem e é muito mais fácil de entusiastas com 20 mil pessoas. Você gasta apenas
uma fração do dinheiro em um ambiente muito mais
se relacionar afetivamente com uma persona do que
propício ao engajamento.
CONHECIMENTOS

apenas um nome na tela.


Segmentando de Forma Inteligente
Aumentando Taxas de Conversão
BANCÁRIOS

E a segmentação do Marketing Digital, principal-


Ou seja, a segmentação de público é hoje a fórmu- mente utilizando Big Data, não se resume apenas ao
la mais rápida e eficiente para aumentar a sua taxa gosto de um público. Com a captação de mais infor-
de conversão (a porcentagem de pessoas atingidas mações sobre clientes e visitantes por meio de site e
pela mensagem que realmente fazem uma compra ou redes sociais, é possível segmentar com muito mais
assinam um serviço), além de necessitar de um custo precisão. Pode-se criar campanhas específicas, por
menor para manter esse cliente fidelizado. exemplo, para uma única cidade, uma faixa etária ou
até um horário do dia.
103
Retendo Clientes Através de Relacionamento É Possível Realizar Compras de Bens ou Serviços no
Brasil Utilizando “Moedas Virtuais”?
Por último, uma das grandes vantagens do Marke-
ting Digital na segmentação de público é a capacidade A compra e venda de bens ou de serviços depende
de separar a aquisição da fidelização de clientes. de acordo entre as partes, inclusive quanto à forma
Em campanhas de massa, não há como fazer essa de pagamento. No caso de utilização de “moedas vir-
diferenciação — a mesma mensagem é divulgada tuais”, as partes assumem todo o risco associado.
para clientes e não clientes. Já o Marketing Digital
possibilita campanhas específicas de remarketing e Qual o Risco para o Cidadão se as Moedas Virtuais
Forem Utilizadas para Atividades Ilícitas?
relacionamento que tratem apenas sua base já con-
quistada, otimizando o investimento menor na manu-
Se utilizada em atividades ilícitas, o cidadão pode
tenção desse público fidelizado com engajamento e a
estar sujeito à investigação por autoridades públicas.
tão desejada conexão emocional.
Fonte: https://2dcb.com.br/blog/como-o-marketing-digital-ajuda- As “Moedas Virtuais” Podem ser Utilizadas como
na-segmentacao-de-publico
Investimento?

A compra e a guarda de “moedas virtuais” estão


sujeitas aos riscos de perda de todo o capital investido,
O DINHEIRO NA ERA DIGITAL: além da variação de seu preço. O cidadão que investir
BLOCKCHAIN, BITCOIN E DEMAIS em “moedas virtuais” deve também estar ciente dos
riscos de fraudes.
CRIPTOMOEDAS
É Permitido Realizar Transferência Internacional Utilizando
Moedas Virtuais “Moedas Virtuais”?

As chamadas “moedas virtuais” ou “moedas crip- Não. Transferências internacionais devem ser fei-
tográficas” são representações digitais de valor que tas por instituições autorizadas pelo Banco Central a
não são emitidas por Banco Central ou outra autorida- operar no mercado de câmbio, que devem observar as
de monetária. O seu valor decorre da confiança depo- normas cambiais.
sitada nas suas regras de funcionamento e na cadeia Fonte: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/
perguntasfrequentes-respostas/faq_moedasvirtuais
de participantes.
Veremos agora algumas perguntas quando fala- BlockChain
mos de moedas virtuais:
O BlockChain é uma espécie de banco de dados,
O Banco Central do Brasil Regula as “Moedas onde ficam armazenadas todas as informações sobre
Virtuais”? as transações de Bitcoins. O mais legal é que este gran-
de arquivo é acessível a todos os usuários.
Não. As “moedas virtuais” não são emitidas, garan- Dessa forma, você pode acessar essa base de dados
tidas ou reguladas pelo Banco Central. Possuem for- pelo seu computador e ver uma negociação que ocor-
ma, denominação e valor próprios, ou seja, não se reu entre duas pessoas: uma na China e outra na Ale-
trata de moedas oficiais, a exemplo do real. manha, por exemplo.
As “moedas virtuais” não devem ser confundidas Os detalhes sobre quem são os envolvidos não é
com “moedas eletrônica”, prevista na legislação. Moe- possível saber, pois tudo é criptografado. Mas você
das eletrônicas se caracterizam como recursos em sabe que aquela transação ocorreu e que ela está gra-
reais mantidos em meio eletrônico que permitem ao vada na blockchain para sempre.
usuário realizar pagamentos. E falamos para sempre no sentido literal. Afinal,
não é possível desfazer ou alterar uma transação após
ela ser inserida no sistema. Ou seja, não dá para voltar
O Banco Central do Brasil Autoriza o Funcionamento
atrás caso tenha se arrependido de vender seus Bit-
das Empresas que Negociam “Moedas Virtuais” e/ ou
coins. Ficou mais claro agora o que é blockchain?
Guardam Chaves, Senhas ou Outras Informações
Cadastrais dos Usuários, Empresas Conhecidas como
“Exchanges”? Dica
Blockchain é uma cadeia de blocos, daí o nome, que
Não. Essas empresas não são reguladas, autoriza- fazem parte de um sistema de registro cole- tivo. Isso
das ou supervisionadas pelo Banco Central. Não há quer dizer que as informações não estão guardadas
legislação ou regulamentação específica sobre o tema em um lugar só, pois em vez de estarem armazenadas
no Brasil. em um único compu- tador, todas as informações da
O cidadão que decidir utilizar os serviços presta- blockchain estão distribuídas entre os diversos
dos por essas empresas deve estar ciente dos riscos computadores ligados a ela.
de eventuais fraudes ou outras condutas de negó- Fonte: https://blog.toroinvestimentos.com.br/bitcoin-blockchain-
o-que-e
cio inadequadas, que podem resultar em perdas
104 patrimoniais.
Mineração de Criptomoeda o que acontece quando o cliente usa uma bandeira de
cartão de crédito numa compra que só é possível por-
Na rede Bitcoin, cada bloco possui diversas transa- que o vendedor aceita receber daquela bandeira.
ções e sua transmissão acontece a cada dez minutos Os arranjos podem se referir, por exemplo, aos pro-
quando alguém descobre um “quebra-cabeças”. cedimentos utilizados para realizar compras com car-
O sistema Bitcoin utiliza o “Secure Hashing Algori- tões de crédito, débito e pré-pago, em moeda nacional
thm 256” (ou SHA-256), algoritmo que fornece valores ou estrangeira. Os serviços de transferência e remes-
a partir de um conjunto alfanumérico, usando uma sas de recursos também são arranjos de pagamentos.
função matemática e criptográfica. As pessoas jurídicas não financeiras que executam os
São cálculos quase impossíveis de se realizar, pois serviços de pagamento no arranjo são chamadas de ins-
exigem uma rapidez além do normal. Assim, foram tituições de pagamento e são responsáveis pelo relacio-
criados hardwares de mineração para solucionar namento com os usuários finais do serviço. Instituições
esses cálculos. financeiras também podem operar com pagamentos.
O objetivo desses hardwares é solucionar os algo- A instituição é chamada de Instituidor de Arranjo
ritmos matemáticos e, assim, conseguir um espaço de Pagamento quando é a pessoa jurídica responsável
no blockchain para registrar suas transações com as pela criação do arranjo de pagamento e pela manu-
bitcoins. tenção do seu funcionamento. A ele cabe o papel de
Blockchains são conhecidos por serem extrema- organizar e criar regras para o funcionamento do
mente seguros e praticamente não hackeáveis. Isso arranjo, observada a regulamentação do Banco Cen-
porque usam “mecanismos de consenso” que, basica- tral, e de monitorar se os participantes dos arranjos
mente, são regras que definem a forma (justa) em que estão seguindo as regras e os procedimentos estabele-
uma rede cripto deve funcionar. cidos. As bandeiras de cartão de crédito são exemplos
Os dois principais mecanismos de consenso exis- de instituidor de arranjo. O Banco Central é o institui-
tentes em blockchains são proof-of-work (PoW) e proo- dor dos arranjos TED, DOC, boleto e Pix, por exemplo.
f-of-stake (PoS). Alguns tipos de arranjo de pagamentos não estão
O algoritmo proof-of-work garante a segurança da sujeitos à regulação do BCB, tais como os cartões pri-
rede blockchain pela mineração de criptomoedas — vate label – emitidos por grandes varejistas e que só
processo em que poder computacional é aplicado para podem ser usados no estabelecimento que o emitiu
encontrar uma solução matemática complicada que ou em redes conveniadas. Também não são sujeitos
dá o direito de transmissão de um bloco de transações. à supervisão do BC os arranjos para pagamento de
Esse é o algoritmo de consenso utilizado pelas serviços públicos (como provisão de água, energia
redes Bitcoin, Ethereum (por enquanto), Bitcoin elétrica e gás) ou carregamento de cartões pré-pagos
Cash, Monero e demais blockchains que utilizam a de bilhete de transporte. Incluem-se nessa categoria,
mineração cripto para garantir sua segurança. ainda, os cartões de vale-refeição e vale-alimentação.
Assim, aqueles que tiverem as máquinas de mine- O BR Code, que é um exemplo de arranjo de paga-
ração mais potentes têm mais chances de encontrar mento, passará a ser o padrão único para QR Codes
essa solução matemática mais rápido e garantir a (código de barras bidimensional) a serem utilizados
segurança e confiabilidade do blockchain. para a iniciação de transações em arranjos de paga-
Porém, PoW é criticado, pois a mineração cripto mento. A Resolução BCB nº 10, que entrou em vigor
não é algo sustentável, já que milhares de máqui- em 20/08/2020, estabelece que os arranjos de paga-
nas precisam estar ligadas ao mesmo tempo, em mentos terão até 21/04/2021 para adaptarem os QR
uma grande competição tecnológica, a fim de obter Codes ao BR Code.
a recompensa fornecida pelo protocolo a cada trans- Com esse novo padrão, o usuário pagador poderá
missão de bloco (atualmente, de 6,25 BTC). E isso custa utilizar o mesmo QR Code para iniciar uma transação
muita energia elétrica, que polui o meio ambiente. em diferentes arranjos – a depender do aplicativo
Outro mecanismo muito conhecido e que visa subs- escolhido, de acordo com suas preferências. Os pres-
tituir o insustentável modelo PoW é proof-of-stake. tadores de serviço de pagamento devem informar ao
Em vez de solucionar um quebra-cabeça matemá- usuário qual o arranjo de pagamento está sendo utili-
tico, um nó (participante da rede) garante o direito de zado naquela transação.
transmitir o bloco de transações à rede com base na A legislação proíbe que instituições de pagamento
quantia que está “bloqueada” (aplicada) na rede, ou prestem serviços privativos de instituições financeiras,
seja, a quantia em staking de seus criptoativos. como a concessão de empréstimos e financiamentos ou
Quando soluciona o quebra-cabeça da rede, recebe a disponibilização de conta bancária e de poupança.
uma recompensa na forma do token principal da rede. Não são regulados e supervisionados pelo BC os
Porém, se fizer algo de errado, uma parte de seus crip- seguintes arranjos de pagamento:
toativos em staking pode ser “queimada”, como um
tipo de punição para maus agentes.  Que apresentem volumetria inferior a:
CONHECIMENTOS

(Fonte: moneytimes.com.br-Daniela do Nascimento)


 R$ 500 milhões de valor total das transações,
BANCÁRIOS

Arranjos de Pagamento acumulado nos últimos doze meses; e


 25 milhões de transações, acumuladas nos últi-
Um arranjo de pagamento é o conjunto de regras e mos doze meses.
procedimentos que disciplina a prestação de determi-
nado serviço de pagamento ao público. As regras do  Cujos cartões sejam emitidos para uso exclusivo
arranjo facilitam as transações financeiras que usam em uma rede de estabelecimento de um gran-
dinheiro eletrônico. Diferentemente da compra com de comerciante, como lojas de departamento, ou
dinheiro vivo entre duas pessoas que se conhecem, o em estabelecimentos pertencentes a uma rede de
arranjo conecta todas as pessoas que a ele aderem. É franquia ou de licenciados; 105
 Exclusivos para pagamento de serviços públicos, Além desses pontos, o Pix pode:
como água, luz e transporte;
 Baseados em moedas virtuais, como programas de alavawcar a competitividade e a eficiêwcia do
benefícios, como de milhagem aérea e outros pro- mercado;
gramas que tenham como objetivo incentivar uso baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar
e a fidelidade do cliente por meio de prêmios; a experiência dos clientes;
 Decorrentes de programas governamentais de incentivar a eletronização do mercado de paga-
benefícios, a exemplo de vale-alimentação, vale- mentos de varejo;
-refeição e vale-cultura; promover a iwclusão fiwawceira; e
 De saque e aporte, nos quais as condições de pres- preencher uma série de lacunas existentes na cesta
tação desses serviços são estabelecidas por meio de instrumentos de pagamentos disponíveis atual-
de contratos comerciais entre as operadoras de mente à população.1
caixas eletrônicos e as instituições financeiras e de
pagamento, e que, atualmente, não são submeti- Resolução BCB nº 1, de 12 de Agosto de 2020
dos à aprovação do BC; e
 Destinados ao recebimento de doações eleitorais. A participação no Pix é obrigatória para as insti-
tuições financeiras e para as instituições de pagamen-
to autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Importante! Brasil com mais de quinhentas mil contas de clientes
O Banco Central (BC) supervisiona todos os arranjos ativas, consideradas as contas de depósito à vista, as
de pagamento que não se enquadrem nas condições contas de depósito de poupança e as contas de paga-
descritas acima. mento pré-pagas.
Consideram-se contas de clientes ativas as contas
de depósito à vista, as contas de depósito de poupança
Ainda, segundo a Lei n° 12.865, de 2013, em seu e as contas de pagamento pré-pagas não encerradas.
art. 7º, os arranjos de pagamento e as instituições de É facultada a adesão ao Pix:
pagamento observarão os seguintes princípios, con-
forme parâmetros a serem estabelecidos pelo Banco I - das demais iwstituições fiwawceiras e iwstituições
Central do Brasil, observadas as diretrizes do Conse- de pagamento
lho Monetário Nacional: II - da Secretaria do Tesouro Nacional, na condição
de ente governamental.
I - Interoperabilidade ao arranjo de pagamento e
entre arranjos de pagamento distintos; Atenção! As instituições de pagamento que opta-
II - Solidez e eficiêwcia dos arranjos de pagamen- rem por aderir ao Pix, e não se enquadrarem nos
to e das instituições de pagamento, promoção da
critérios previstos na regulamentação em vigor para
competição e previsão de transferência de saldos
serem autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
em moeda eletrônica, quando couber, para outros
arranjos ou instituições de pagamento; Brasil, serão consideradas integrantes do Sistema
III - Acesso não discriminatório aos serviços e às de Pagamentos Brasileiro (SPB) a partir do momento
infraestruturas necessários ao funcionamento dos em que apresentarem pedido de adesão ao Pix.
arranjos de pagamento; Os processos e estruturas de governança do PIX
IV - Atendimento às necessidades dos usuários devem garantir:
fiwais, em especial liberdade de escolha, segurawça,
proteção de seus interesses econômicos, tratamen- I - a representatividade e a pluralidade de institui-
to não discriminatório, privacidade e proteção de ções e de segmentos participantes;
dados pessoais, transparência e acesso a informa- II - o acesso não discriminatório; e
ções claras e completas sobre as condições de pres- III - a mitigação de cowfiitos de iwteresse.
tação de serviços; O Fórum Pix é um comitê consultivo permanente
V - Cowfiabilidade, qualidade e segurança dos ser- que tem como objetivo subsidiar o Banco Central do
viços de pagamento; e
Brasil wa defiwição das regras e dos procedimewtos
VI - Iwclutão fiwawceira, observados os padrões que disciplinam o funcionamento do Pix.
de qualidade, segurança e transparência equivalen- O Fórum Pix é integrado por:
tes em todos os arranjos de pagamento.
I - participantes do arranjo, individualmente ou
por meio de associações representativas de âmbito
SISTEMA DE PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS nacional;
(PIX) II - provedores e potenciais provedores de serviços
de tecnologia da informação,
Pix é o pagamento instantâneo brasileiro, segundo III - usuários pagadores e recebedores, por meio de
o Bacen. O Banco Central criou esse meio de pagamen- associações representativas de âmbito nacional; e
to no qual se transfere cursos entre contas em poucos IV - câmaras e prestadores de serviços de compen-
segundos, em qualquer dia ou hora, incluindo fins de sação e de liquidação que ofertem mecanismos de
semana e feriados. provimento de liquidez no âmbito do Pix.
O Pix é seguro, prático e rápido e é realizado a par-
tir de conta corrente, poupança ou de pagamento pré- A Coordenação do Fórum Pix será Exercida pelo
-paga. Ele é uma forma de pagamento como boleto, Banco Central do Brasil
TED, DOC, transferências entre contas de uma mesma
instituição e cartões de pagamento (débito, crédito e Compete ao Coordenador do Fórum Pix:
pré-pago).
106
ponível em: https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noti- cias/2022/novembro/pix-em-2-anos-foram-registradas-285-bilhoes-de-transacoes. Acesso em: 23 fev.
1P 2023.
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I - apresentar, por iniciativa própria ou a partir de Por que o Shadow Banking Existe?
sugestão de participante, propostas de acréscimos
ou de alterações de regras que possam ensejar a Instituições que praticam o shadow bawkiwg geral-
necessidade de alteração no Regulamento do Pix, mente servem como intermediários entre credores
quando referentes a temas que impactem a atuação e tomadores de empréstimos, fornecendo crédito e
dos participantes e seus correspondentes modelos
capital para investidores e corporações.
de negócio;
II - analisar e responder as contribuições dos parti-
Mas como essas instituições não são bancárias, elas
cipantes do Fórum Pix acerca das propostas de que não recebem depósitos tradicionais como um banco
trata o inciso I; tradicional. Por isso, muitas operações feitas por essas
III - defiwir os temas a serem discutidos pelo Fórum instituições possuem maiores riscos de mercado, de
Pix; crédito e de liquidez, além de não possuir uma reser-
IV - defiwir a periodicidade das reuwiões do Fórum va de capital para servir como garantia.
Pix; Mas com o desenvolvimento dos mercados glo-
V - decidir sobre a constituição de grupos de tra- bais e a estruturação de operações cada vez mais
balho temáticos, com objeto delimitado, de forma complexas, o shadow bawkiwg passou a desempenhar
permanente ou por prazo determinado, e sobre a
um papel cada vez mais relevante em todo o sistema
composição, a coordenação, os produtos, os prazos
e as diretrizes de atuação desses grupos; financeiro. De acordo com estudos da área, estima-se
VI - decidir sobre a constituição de comitês, inclu- que em 2015 existiam 92 trilhões de dólares em os ati-
sive de autorregulação, sua composição e objeto de vos financeiros não bancários circulando pelo mundo.
atuação; e
VII - coordenar a atuação das entidades envolvidas BIG TECHS
no encaminhamento das soluções aprovadas.
As Big Techs são as grandes empresas de tecnologia
Os clientes que desejarem usar o sistema PIX pre- que desenvolveram serviços inovadores e disruptivos
cisam cadastrar uma chave de acesso a uma conta e, com isso, puderam crescer de uma forma muito ágil
específica em uma ou mais instituições financeiras. e dinâmica, o que lhes atribuiu um amplo domínio do
No total existem 5 chaves possíveis: mercado em que atuam.
Estamos falando de empresas como Facebook, Ama-
 Seu CPF ou CNPJ; zon, Apple, Netfiix e Google. Nos últimos anos, as Big
 Seu número de telefone; Techs passaram a fazer parte do dia a dia de praticamen-
 Seu e-mail; te todos nós. Conectando usuários e/ou criando platafor-
 Chave aleatória;
mas de serviços, essas empresas transformaram nosso
 Pix Copia e Cola.
cotidiano. E, naturalmente, elas não vão parar por aí.
Uma tendência já observada é a atuação das Big
Eu posso ter várias chaves cadastradas na mesma
Techs no setor financeiro. A entrada dessas grandes
conta, mas nunca várias contas vinculadas a mesma
empresas de tecnologia nesse nicho pode gerar ganhos
chave, pois a chave só poderá abrir uma conta de
de eficiência e fomentar a inclusão social, além de tra-
cliente.
zer novos e complexos trade-offs (trocas) entre esta-
bilidade financeira, competição e proteção de dados.
SISTEMA DE BANCOS-SOMBRA
Cumpre destacar que essa tendência está ocorren-
(SHADOW BANKING)
do de forma rápida. Iniciando-se pela área de paga-
O shadow banking, também conhecido em portu- mentos, deve expandir-se para empréstimos, seguros
guês como “sistema bancário sombra”, é um con- e outros produtos financeiros, diretamente ou em par-
junto de operações e intermediários financeiros que ceria com instituições financeiras.
fornecem crédito em todo o sistema financeiro glo- As Big Techs possuem uma grande base de consumi-
bal de forma “informal”. dores, fácil acesso a informações e modelos de negócio
Ou seja, por meio de uma série de atividades robustos. Essas diferenças podem ser um grande desafio
paralelas ao sistema bancário, algumas instituições para a regulação de seus serviços, em comparação com o
e agentes conseguem realizar financiamentos de for- que hoje se faz em relação aos bancos por exemplo.
ma indireta, sem passar por nenhuma supervisão ou O fato é que todo esse processo de transformação
regulação. digital pelo qual estamos passando abre espaço para que
Dentre os intermediários não regulamentados que provedores de busca na internet, serviços de telecomu-
podem fazer parte do shadow bawkiwg estão os: nicação, mídias sociais, e-commerce, armazenamento
e soluções tecnológicas e entrega e transporte por apli-
CONHECIMENTOS

 Bancos de investimento; cativo possam, também, oferecer produtos e serviços


 Fundos de hedge; financeiros, seja associando-se a instituições financeiras
 Operações com derivativos e títulos securitizados; autorizadas ou pleiteando a própria autorização.
BANCÁRIOS

 Fundos do mercado monetário; Recentemente, o Banco Central autorizou, oficial-


 Companhias de seguros; mente, o funcionamento do Facebook Pay, sistema
 Fundos de capital privado; de pagamentos por meio do WhatsApp. As operado-
 Fundos de direitos creditórios; ras Visa e Mastercard receberam autorizações de dois
 Factorings e fomentadoras mercantis; arranjos de pagamentos, para transferências e depó-
 Empréstimos descentralizados (peer-to-peer lending). sitos e para operações pré-pagas, em que o cliente
abastece uma carteira virtual com dinheiro para, pos-
teriormente, gastá-lo. 107
NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS
Já há algum tempo, com o surgimento de bancos digitais e fiwtechs, o sistema financeiro vem passando por
uma revolução, com uso intenso de tecnologia, e inovando no oferecimento de produtos e serviços e na forma de
se relacionar com os clientes.
A atuação do Banco Central tem se pautado em criar condições propícias para a evolução do mercado de paga-
mentos e o desenvolvimento de novos modelos de negócios. Isso envolve considerar os impactos tanto sobre as
instituições que já estão no mercado quanto sobre o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional e do Sistema de
Pagamentos Brasileiro, demandando a adequação do ambiente regulatório e da supervisão.
Uma pluralidade de modelos de negócio de Instituições de Pagamento já se encontra no mercado e, dentre
eles, destacam-se os que atuam como centralizadores financeiros, os focados em nichos e os que agregam valor
ao serviço financeiro.
No modelo de negócio que atua como centralizador financeiro, busca-se agregar produtos ao serviço original
de acordo com as necessidades de seus clientes. Entre as soluções oferecidas, estão a conta digital, a automatização
de operações financeiras, a conciliação de pagamentos, a verificação de recebimentos e os serviços de transferência.
O objetivo principal da instituição com esse modelo é estabelecer-se como uma prestadora de serviços, solu-
ções e plataformas, de maneira que ela possa se manter como gestora financeira central de seus clientes. A renta-
bilidade dessas instituições está atrelada à capacidade de diferenciação dos produtos e serviços complementares
aos de pagamento, fidelizando e obtendo receitas adicionais correspondentes aos serviços prestados.
Por sua vez, as instituições que usam os modelos de negócio focados em nichos buscam direcionar seus pro-
dutos e serviços de acordo com delineamentos demográficos específicos. A viabilidade desses modelos baseia-se
no desenvolvimento de novas tecnologias e de configurações regulamentares favoráveis ao oferecimento de
serviços em menor escala, tais como a interoperabilidade.
Por fim, os modelos que utilizam os serviços financeiros como agregação de valor permitem a adição de ser-
viços tipicamente bancários — como serviços de pagamento, cartões de crédito e aplicativos de gestão financeira
— à prestação dos serviços principais de um determinado ramo econômico não financeiro, como aplicativos de
transporte, comércios ou serviços de entrega.
Dessa forma, ramos que operavam necessariamente com a contratação de uma instituição financeira atualmen-
te já começam a oferecer meios de pagamento fornecidos por instituições de pagamento. Constata-se que, para atin-
gir esse objetivo, as instituições de pagamento geralmente optam por realizar parcerias com instituições financeiras
ou, alternativamente, constituem instituições financeiras, que podem realizar operações de crédito, formando um
conglomerado prudencial liderado pela instituição de pagamento.
Além disso, nos últimos meses, com a implementação do PIX, em novembro de 2020, e com o início do processo de
implantação do Open Banking, a partir de fevereiro de 2021, essas mudanças vêm se tornando cada vez mais profundas.
De acordo com o Banco Central, o Open Banking incentivará a inovação e o surgimento de novos modelos de
negócio que ofereçam aos clientes uma experiência mais fácil, ágil, segura e conveniente, processo que deverá
favorecer a inclusão e educação financeiras da população.
Espera-se que o fluxo mais transparente de informações entre as instituições favoreça a definição de melho-
res políticas de crédito e a oferta de serviços mais adequados aos diferentes perfis de clientes e de segmentos da
sociedade. Também é esperado que as inovações que vão surgir facilitem a comparação de produtos e serviços
ofertados pelas diferentes instituições participantes e a programação financeira das pessoas.
Em paralelo a todas essas transformações, o Banco Central também instituiu o Sandbox Regulatório, que é
um ambiente no qual entidades são autorizadas pelo BC a testar, por período determinado, projetos e soluções
inovadoras na área financeira ou de pagamento, observando um conjunto específico de disposições regulamenta-
res que amparam a realização controlada e delimitada de suas atividades.
Os objetivos do Sandbox Regulatório são estimular a inovação e a diversidade de modelos de negócio, incen-
tivar a concorrência entre os fornecedores de produtos e serviços financeiros e atender às diversas necessidades
dos usuários, no âmbito do Sistema Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos Brasileiro, assegurando a
higidez (segurança) desses sistemas.
Além do Sandbox, na área de fomento à inovação o Banco Central também possui outro projeto de extrema
importância: o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT). Observe as diferenças entre o
Sandbox e o LIFT na tabela a seguir:

Diferenças entre o Sandbox Regulatório e o LIFT

SANDBOX LIFT
Acompanha projetos inovadores já amadurecidos, mas nos quais há a
Acompanha o desenvolvimento da aplicação da tecnolo- gia ou
necessidade de validar o modelo de negócio por meio de sua
do modelo de negócio de projetos em maturação
implementação efetiva

Possibilita aos participantes fornecer produtos e servi- ços a Não permite que os participantes forneçam produtos ou
clientes reais serviços a clientes reais no ambiente do laboratório

O projeto deve ser apresentado por pessoa jurídica formal- mente O projeto pode ser apresentado também por pessoas físicas
constituída
108
Parágrafo único. Cabe à instituição contratante
CORRESPONDENTES BANCÁRIOS garawtir a iwtegridade, a cowfiabilidade, a seguraw-
ça e o sigilo das transações realizadas por meio do
Primeiramente, é muito importante conhecermos contratado, bem como o cumprimento da legislação
a definição de correspondente bancário. Vejamos: e da regulamentação relativas a essas transações.

De acordo com o Banco Central do Brasil (Bacen), O art. 4º informa quem/quais indivíduos e/ou orga-
correspondentes bancários são empresas (Pes- nizações podem ser contratados. Vejamos.
soas Jurídica) que prestam serviço para instituições
fiwawceiras e demais iwstituições autorizadas pelo Art. 4º Podem ser contratados, na qualidade de
Bacen2. correspondente:
I - as sociedades, os empresários e as associações
De outro modo, podemos dizer que se tratam de II - os prestadores de serviços notariais e de registro
empresas não bancárias responsáveis por interme- III - as empresas públicas.
diar transações e operações financeiras entre as ins-
tituições e os clientes finais. As lotéricas e o Banco O art. 5º, ao contrário, determina vedações às
postal (justamente uma parceria entre os Correios e contratações.
uma instituição financeira) são exemplos de corres- Nos termos da lei:
pondentes bancários.
Além disso, dentre os propósitos de um agente Art. 5º É vedada a celebração de contrato de
bancário, seus objetivos principais são: correspondente no País com:
I - entidade cuja atividade principal seja a presta-
 levar os produtos e serviços para mais pessoas; ção de serviços de correspondente
 facilitar a concessão de crédito; II - entidade cujo controle seja exercido por admi-
 estender o atendimento para áreas ainda não aten- nistrador da instituição contratante ou por admi-
nistrador de entidade controladora da instituição
didas pela instituição principal.
contratante.
Como essas empresas podem atuar com mais de
Segundo o art. 6°, qualquer celebração de contra-
uma instituição financeira ao mesmo tempo, permi-
to de correspondente que configure contrato de fran-
tem que os serviços bancários atinjam regiões mais
quia não é admitida.
ermas e distantes. Assim, podemos dizer que:
Ademais, em conformidade com o art. 8º, da pre-
sente resolução:
[...] o represewtawte bawcário facilita, e muito, a
vida do cowsumidor. Isso, porque ter esses serviços
em seus próprios bairros evita que os consumido- Art. 8º depende de prévia autorização do Ban-
res se desloquem para os centros urbanos, desafo- co Central do Brasil a celebração de contrato de
gando agências e economizando tempo 3. correspondente com entidade não integran-
te do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cuja
Ademais, a partir da Resolução CMN nº 3954, o denominação ou nome fantasia empregue termos
característicos das denominações das instituições
Bacen regulamenta as atividades e serviços financeiros
do SFN, ou de expressões similares em vernáculo ou
dos correspondentes bancários.
em idioma estrangeiro.
A Resolução CMN nº 4.935, por sua vez, dispõe
sobre a contratação de correspondentes no País pelas De acordo com o art. 11, por seu turno:
instituições financeiras e pelas demais instituições auto-
rizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, além Art. 11 É vedada à instituição contratante:
de determinar algumas limitações para essa atividade. I - a cobrança de clientes atendidos pelo cor-
Vejamos algumas das informações de seus dispositivos. respondente de tarifa, comissão, valores refe-
De acordo com § 1º, art. 2º, da Resolução CMN nº rentes a ressarcimento de serviços prestados por
4.935, a prestação de serviços retratada nesta Resolução, terceiros ou qualquer outra forma de remuneração,
de forma pessoal ou por meio de plataforma eletrônica, pelo fornecimento de produtos ou serviços de res-
só pode ser contratada com correspondente no País. ponsabilidade da referida instituição, ressalvadas
O § 2º, do mesmo artigo, por sua vez, determina, as tarifas constantes da tabela adotada pela insti-
como ‘’plataforma eletrônica’’, qualquer sistema eletrô- tuição contratante, de acordo com a regulamenta-
nico que, operado pelo correspondente no país, permite ção em vigor; e
a realização das atividades via online, isto é, através de II - a prestação de serviços por correspondente
sites, aplicativos ou outras plataformas de comunicação no recinto de suas dependências.
em rede.
CONHECIMENTOS

Determina-se, no art. 3º, da resolução supracitada, Por fim, consoante ao art. 12, são serviços presta-
que: dos pelos correspondentes:
BANCÁRIOS

Art. 3º O correspondente atua por conta e sob I - recepção e encaminhamento de propostas de


as diretrizes da instituição contratante, que abertura de contas de depósitos e de pagamento
assume inteira responsabilidade pelo atendimen- mantidas pela instituição contratante;
to prestado aos clientes e usuários por meio do II - realização de recebimentos, pagamentos e trans-
contratado ferências eletrônicas visando à movimentação de
2 BANCO BARI. Como ser correspondente bancário: tudo que você deve saber sobre a profissão, 2021. Disponível em: https://bancobari.com.br/
blog/correspondente-bancario. Acesso em: 24 nov. 2022.
3 Ibid. 109
contas de depósitos e de pagamento de titularidade mínimos de PR, de Nível I e de Capital Principal ou a
de clientes mantidas pela instituição contratante; não obrigatoriedade de apuração de PR, ambos na
III - recebimentos e pagamentos de qualquer data de publicação desta Resolução
natureza, e outras atividades decorrentes da exe-
cução de contratos e convênios de prestação de O Banco Central (BC) tem um projeto em andamen-
serviços mantidos pela instituição contratante com to para digitalizar o real, possibilitando aos clientes
terceiros; a escolha entre manter o dinheiro no formato con-
IV - execução ativa e passiva de ordens de paga- vencional ou digital. Essa proposta visa trazer mais
mento cursadas por intermédio da instituição con- liberdade de decisão aos usuários em relação às ins-
tratante por solicitação de clientes e usuários;
tituições financeiras.
V - recepção e encaminhamento de propostas de
A moeda digital teria uma jornada semelhante ao
operações de crédito e de arrendamento mercantil
concedidas pela instituição contratante, bem como dinheiro em papel, com a emissão pelo Banco Central
outros serviços prestados para o acompanhamento e transferência pelos membros do Sistema de Paga-
da operação; mentos Brasileiro (SPB) para os usuários finais. Em
VI - recebimentos e pagamentos relacionados a uma entrevista para a Valor, Alexandre Chaia, eco-
letras de câmbio de aceite da instituição contratan- nomista e professor do Insper (Instituto de Ensino
te; e e Pesquisa), afirmou que a moeda digital teria mais
VII - realização de operações de câmbio de respon- liquidez e poderia impulsionar a economia.
sabilidade da instituição contratante, observado o Dentre as principais vantagens da digitalização do
disposto no art. 13. real, estão:
Parágrafo único. Pode ser incluída no contrato a
prestação de serviços complementares de coleta de  a inclusão financeira dos usuários;
informações cadastrais e de documentação, bem  facilidade de pagamentos para o exterior;
como controle e processamento de dados.  redução de gastos com a confecção do dinheiro
físico;
 maior eficiência nos sistemas financeiros e de
pagamento do país.
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO
SISTEMA FINANCEIRO
Os bancos tradicionais têm utilizado tecnologia MOEDA E POLÍTICA MONETÁRIA
para oferecer serviços e conveniências aos clientes
há algum tempo, seja através de internet banking ou A política monetária relaciona-se à moeda, mais
mobile banking. No entanto, esses bancos precisam especificamente a sua circulação. O Comitê de Política
inovar tecnologicamente rapidamente, caso contrá- Monetária (Copom) e o Banco Central (Bacen) têm o
rio, serão superados pelos bancos digitais. poder de influenciar na oferta e demanda de moeda,
Para atrair mais clientes, os bancos digitais estão criando condições para diminuir ou aumentar a moe-
cada vez mais inovando em tecnologia e solucionando da em circulação.
problemas de forma rápida e simplificada, proporcio- Vale lembrar que, quanto mais moeda circula na eco-
nando um valor e utilidade aos seus usuários. Essas nomia, mais ela se desvaloriza, o que gera o fenômeno da
instituições têm identificado oportunidades para inflação. Ou seja, uma política monetária expansiva tem
incluir produtos e serviços financeiros para aque- o objetivo de aumentar a moeda em circulação na econo-
les que não têm vínculo com os bancos tradicionais, mia, o que, sem dúvida, acaba por aumentar a renda em
como o cartão de crédito pré-pago. geral, mas, como consequência, aumenta a inflação.
O segmento de clientes dos bancos digitais é muito
variado, embora os mais jovens sejam os mais atraí- POLÍTICAS MONETÁRIAS CONVENCIONAIS E
dos pelos serviços virtuais, que oferecem rapidez, ino- NÃO CONVENCIONAIS (QUANTITATIVE EASING)
vação e linguagem mais fácil de entender. Para além
da qualidade dos serviços oferecidos, os bancos digi- Objetivos da Política Monetária
tais atraem seus clientes com tarifas mais baixas em
comparação aos bancos tradicionais, bem como a sim- Pode-se dizer que a política monetária tem 3 obje-
plicidade e conveniência de ter um banco acessível a tivos diretos, sendo eles:
qualquer momento e lugar.
Conforme o Banco Central do Brasil, o enquadra-  controle da quantidade de moeda em circulação;
mento inicial de cada instituição em funcionamento  determinação da taxa de juros;
obedece aos termos do art. 10 da Resolução nº 4.553,  variação da renda da economia (PIB).
de 30 de janeiro de 2017.
Política Monetária Expansiva
Art. 10 O Banco Central do Brasil deve divulgar na
data de publicação desta Resolução o enquadra- Para uma política expansiva podem ser utilizados
mento inicial de cada instituição em funcionamen- os seguintes métodos:
to, considerando:
I - para o S1, S2, S3 ou S4, os valores dos parâmetros
 Bacen diminuir a exigência de reservas com-
de apuração relativos à database de 30 de junho de
pulsórias: quando o Banco Central diminui essa
2016 para defiwição do porte e da relevâwcia da ati-
exigência, sobra mais dinheiro depositado em con-
vidade internacional;
II - para o S5, a utilização de metodologia faculta- ta nos bancos, aumentando o poder de multiplica-
110 tiva simplificada para apuração dos requerimewtos dor monetário;
 Copom diminuir a taxa de juros da economia: RELAÇÃO DA TAXA SELIC COM AS OPERAÇÕES
diminuindo a taxa de juros básica, menos moeda COMPROMISSADAS
será usada com fins de especulação, o que acaba
por aumentar a moeda em circulação; A taxa Selic, que indica a taxa de juros básica no
 Governo comprar títulos bancários ou títulos Brasil, é calculada diariamente e utilizada como refe-
privados (open market): o governo está pegando rência para as ações de política monetária.
um título do banco e entregando valores monetá- Para seu cálculo, é feita a média ponderada do
rios, o que aumenta a capacidade financeira do volume financeiro das taxas de juros de operações
banco e, consequentemente, sua capacidade de compromissadas com títulos públicos, no prazo de
multiplicar a moeda; um dia útil.
Assim, lembre-se de que a taxa Selic tem relação
 Bacen diminuir a taxa de redesconto: taxa de
redesconto é a “taxa de empréstimo” do Bacen para direta com as operações compromissadas.
os bancos em geral. Quando essa taxa é menor, os
bancos pegam mais dinheiro junto ao Bacen, o que DEPÓSITOS COMPULSÓRIOS
deixa mais moeda disponível no mercado.
Depósitos compulsórios são recolhimentos que as
instituições financeiras fazem ao Banco Central, rela-
Política monetária restritiva
tivos aos recursos captados com suas atividades. Esses
depósitos têm como finalidade fornecer ao Banco
Um dos principais objetivos de uma política mone-
Central uma forma de controlar, mesmo que indireta-
tária restritiva é conter a inflação. Para isso, o gover-
mente, a oferta de moeda na economia.
no usa instrumentos para diminuir a oferta de moeda,
Desse modo, caso o Bacen deseje aumentar a quan-
ou seja, tirar moeda de circulação e deixar com o pró-
tidade de moeda na economia, pode reduzir as taxas
prio governo.
de depósito compulsório. De maneira inversa, caso o
O pensamento aqui é inverso ao da política expan-
Bacen deseje reduzir a quantidade de moeda, pode
siva. Assim, são exemplos de políticas restritivas:
aumentar as taxas de depósito compulsório.
 copom aumentar a taxa Selic;
REDESCONTO
 venda de títulos públicos no mercado;
 aumento da exigência de reservas pelo Bacen; Redescontos são os empréstimos concedidos pelo
 aumento das taxas de redesconto. Bacen às instituições financeiras. O Bacen funciona
como o “banco dos bancos”, “socorrendo” estes com
QUANTITATIVE EASING liquidez nos momentos necessários. O objetivo do
Bacen nessas operações, em suma, é não deixar que
Quantitative easing (QE) pode ser definido como os bancos quebrem, preservando os depósitos da
transações de compra de ativos, tanto públicos quan- sociedade.
to privados, em larga escala, executadas pelo Banco
Central com o objetivo de estimular a demanda agre- OPERACIONALIZAÇÃO DO REDESCONTO
gada, seja por meio da ampliação das reservas ban-
cárias, seja por meio da injeção de liquidez direta no A operação de redesconto estabelece-se através
setor privado. da compra com compromisso de revenda, de títulos
Após a crise de 2008, o QE ganhou grande espaço e valores mobiliários, de créditos e de direitos dos
na política monetária mundial. bancos em geral. Ou seja, o Banco Central empres-
O quantitative easing tem o objetivo de atuar sobre ta os recursos às instituições financeiras mediante a
a taxa de juros de longo prazo. Assim, tecnicamente, compra de títulos de sua posse com o compromisso de
o QE é a compra de títulos de longo prazo pelo Banco revendê-los às mesmas instituições no encerramento
Central com o objetivo de atuar diretamente sobre a da operação.
taxa de juros de longo prazo.
Isso acontece quando o Banco Central perde a
capacidade de atuar sobre as taxas de curto prazo Importante!
a fim de afetar as de longo prazo com o objetivo de,
assim, gerar algum estímulo na economia. O Bacen compra os títulos e os revende aos pró- prios
detentores desses títulos.
TAXA SELIC E OPERAÇÕES COMPROMISSADAS
CONHECIMENTOS

As operações compromissadas podem ser enten- É importante salientar que quando a instituição
didas como uma dinâmica de compra e recompra de financeira não exerce a opção de recompra do título
BANCÁRIOS

ativos. Isso porque elas são um empréstimo que tem no prazo (que pode ser no mesmo dia, ou não), a ope-
como garantia um título de renda fixa e possuem pra- ração será considerada inadimplida e o título coloca-
zo determinado para a devolução. do como garantia da operação fará parte da carteira
As operações compromissadas possuem como do Banco Central e vendido em leilão.
garantia um título de renda fixa. Um dos agentes Caso o Bacen apresente um resultado negativo
mais comuns nas operações compromissadas é o Ban- nesse leilão, a instituição financeira deverá ressarcir
co Central. essa diferença. Sendo assim, o Banco Central nunca
fica com o risco da operação de redesconto. 111
operações compromissadas com títulos de emissão do
O DEBATE SOBRE OS DEPÓSITOS Tesouro Nacional. Elas continuarão a ser o principal
REMUNERADOS DOS BANCOS instrumento utilizado pelo Banco Central na gestão da
liquidez.
COMERCIAIS NO BANCO CENTRAL No entanto, alguns analistas criticam a criação dos
DO BRASIL depósitos voluntários a prazo argumentando de que
o mesmo permitiria uma redução artificial, puramen-
No último mês de julho, foi sancionada a Lei nº te contábil, na dívida bruta do governo. Isso porque,
14.185, de 2021, que autoriza o Banco Central a conforme a metodologia de cálculo da dívida adotada
receber depósitos voluntários remunerados das pelo Bacen, a chamada “carteira livre de títulos”, ou
instituições financeiras. Objetiva dar ao Bacen uma seja, os títulos da dívida pública que não estão sen-
nova ferramenta para o controle da moeda, que tenha do utilizados pelo Banco Central nas operações com-
impacto menor sobre o montante da dívida pública. promissadas, não são contabilizados como parte da
A operação com depósitos voluntários a prazo é dívida.
realizada para enxugar a liquidez de moeda na econo- Quando o BC precisa enxugar liquidez do mercado
mia, e assim não permitir que as taxas de juros cobra- interbancário, ou seja, absorver as reservas em exces-
das nos empréstimos interbancários sejam menores so dos bancos comerciais, ele vende os títulos da car-
do que a taxa básica de referência da economia, a teira livre para os bancos comerciais por intermédio
Taxa Selic. O depósito voluntário a prazo, portanto, das operações compromissadas, que nada mais são do
pode ser considerado um novo instrumento de exe- que uma venda de títulos de sua própria carteira com
cução da política monetária. compromisso de recomprar os mesmos títulos ao final
Primeiramente, vamos entender o motivo da cria- de um determinado período de tempo. Sendo assim,
ção dos depósitos remunerados. ao vender os títulos por intermédio de operações
Quando há excesso de liquidez (dinheiro em circu- compromissadas, o Banco Central está aumentando
lação) no mercado, e essa liquidez se mostra superior a quantidade de títulos da dívida pública nas mãos
à demanda por recursos existentes, o BC tem que ope- do mercado financeiro e, dessa forma, aumentando a
rar sobre esse excesso de oferta de moeda. Não atuar dívida bruta do governo.
nesse manejo da liquidez permitiria que as taxas das Com o Banco Central podendo substituir as ope-
operações interbancárias caíssem abaixo do patamar rações compromissadas pelos depósitos voluntários,
da Selic, o que levaria o Banco Central a perder seu então as reservas (recursos) excedentes dos bancos
poder de determinar a taxa real de juros. comerciais poderão ser depositadas diretamente no
Para que, cotidianamente, as taxas de juros convir- próprio Bacen sem que seja necessária a venda de títu-
jam para o patamar estipulado na Taxa Selic, o Ban- los da dívida pública para arrecadá-las, ou seja, sem
co Central “enxuga” essa liquidez, vendendo títulos que ocorra um aumento da Dívida bruta do governo.
da dívida pública do Tesouro Nacional e recolhendo, Desta forma, as operações de regulação de liquidez
como pagamento esse recurso excedente dos bancos. do Banco Central não terão nenhum impacto na dívi-
Lembre-se: como o Banco Central não pode emitir da pública, cuja dinâmica passará a depender exclusi-
títulos, ele utiliza títulos do Tesouro Nacional para vamente do déficit do Tesouro Nacional.
isso. São as chamadas “operações compromissadas”.
No entanto, ao fazer isso, o estoque da dívida públi-
ca brasileira eleva-se. Isso porque nosso indicador de
dívida é incapaz de separar o que são títulos públi- ORÇAMENTO PÚBLICO,
cos lançados para o Estado financiar suas despesas
correntes e o que são lançamentos de títulos públicos TÍTULOS DO TESOURO
para o exercício da política monetária. NACIONAL E DÍVIDA PÚBLICA
Até o advento dos depósitos voluntários a prazo, o
Banco Central administrava a quantidade de dinheiro Segundo o site do Ministério da Economia:
no sistema bancário exclusivamente por meio da ven-
da com compromisso de recompra dos títulos públicos O orçamento público é o instrumento de planeja-
de sua carteira, as operações compromissadas. Com os mento que estima as receitas que o governo espe-
depósitos voluntários, o BC ganha maior autonomia, ra arrecadar ao longo do próximo ano e, com base
uma vez que deixa de depender exclusivamente des- nelas, autoriza um limite de gastos a ser realizado
sas operações, para regular a liquidez bancária e, con- com tais recursos.
sequentemente, manter a taxa básica de juros (Selic) Essa programação orçamentária consta na Lei
próxima da meta fixada pelo Comitê de Política Mone- Orçamentária Anual (LOA), elaborada com base
tária (Copom). was metas e prioridades do Goverwo defiwidas wa
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Não se trata de uma inovação brasileira. Bancos
É a LDO que estabelece a ligação entre o Plano Plu-
Centrais de reconhecida reputação técnica, como o
rianual (PPA) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
Federal Reserve Bank dos Estados Unidos, o Banco da Ao englobar receitas e despesas, o orçamento é peça
Inglaterra e o Banco Central Europeu, contam com fundamental para o equilíbrio das contas públicas
depósitos remunerados entre seus instrumentos de e iwdica para a sociedade as prioridades defiwidas
administração da liquidez. pelo governo, como, por exemplo, gastos com edu-
Os depósitos voluntários têm diversas caracte- cação, saúde e segurança pública.
rísticas favoráveis, como efetividade na absorção de
112 recursos livres no sistema bancário, simplicidade, Ou seja, o que acontece no Brasil não é diferente
baixo custo operacional e fácil entendimento pelos do que acontece em uma família, é necessário definir
agentes financeiros. No entanto, as facilidades dos o orçamento e planejar os gastos de acordo com suas
depósitos voluntários não significam o abandono das prioridades.
DÍVIDA PÚBLICA  A maneira mais óbvia de financiar este déficit é
tomando recursos emprestados do setor privado,
Para entendermos corretamente o conceito de por meio da venda de títulos públicos;
Dívida Pública, temos que entender o conceito de Défi-  Os títulos públicos não podem ser adquiridos dire-
cit Público, sendo: tamente pelo BACEN;
 Os Títulos Públicos são referenciados pela taxa
Déficit Público SELIC;
 Quando o governo precisa de financiamento, nor-
O governo, como toda família, possui receitas e
malmente sobe a taxa SELIC, o que causa um maior
despesas, e, como toda família, geralmente o gover-
interesse por títulos públicos;
no apresenta mais Despesas do que Receitas, dessa
 Um Aumento da Taxa SELIC, tira moeda da Eco-
maneira tem-se:
nomia, já que os investidores tendem a preferir
comprar títulos.
DÉFICIT = GASTOS - RECEITAS
Lembre-se que um aumento da taxa Selic tende a
Quanto maior o gasto em relação às receitas, diminuir a inflação e vice-versa.
maior o Déficit, de maneira contrária, quanto maior
as Receitas em relação aos gastos, tem-se Superávit. CRESCIMENTO DAS DESPESAS PÚBLICAS
O Déficit Público tem relação direta com a Dívida
Pública, sendo assim: De maneira geral, os gastos públicos podem ser
subdivididos em quatro categorias, sendo elas:
Quanto MAIS ELEVADO o déficit público, MAIOR o
aumento da dívida  Consumo do Governo: Salários do Funcionalis-
mo, Consumo Corrente etc.;
 Investimento do Governo;
MANEIRAS DE MENSURAÇÃO DO DÉFICIT
PÚBLICO  Transferências ao Setor Privado: Como Subsídios
às Empresas;
De maneira geral, existem três maneiras de se  Juros da Dívida.
medir o déficit público. Vamos analisar as 3 de forma
resumida: De forma geral, a Dívida Pública consiste no esto-
que total de recursos de terceiros utilizados para
Déficit Nominal financiar o déficit público.

Todas as despesas e receitas incorridas pelo gover- TÍTULOS PÚBLICOS


no em determinado período. Como o próprio nome
diz, o cálculo é feito pelo valor nominal, ou seja, não São títulos emitidos pelo próprio governo para
há o cálculo da inflação. Lembre-se, o Déficit Nomi- angariar recursos, na prática é a forma do governo “te
nal não considera a inflação do período. pedir dinheiro emprestado”. Para que você empres-
te esse recurso ao governo é necessário que o mesmo
Déficit Primário te garanta alguma vantagem financeira na forma de
juros.
Para se medir o Déficit Primário, os pagamentos e Os títulos públicos não possuem garantia do FGC,
recebimentos de juros são excluídos da Medida. Lem- porém são considerados muito seguros, pois o gover-
bre-se, no cálculo do Déficit Primário não se conside-
no brasileiro costuma honrar sua dívida atualmente.
ram as despesas com juros, amortizações da dívida
Lembre-se que os Títulos Públicos não contam com a
pública, entre outras despesas e receitas financeiras.
Garantia do FGC.
O principal motivo de retirar as despesas financei-
Entre os títulos públicos existem duas modalida-
ras é evidenciar de forma concreta a fonte primária de
des: os títulos sem cupom e os títulos com cupom.
aumento da dívida pública. É necessário saber que o
Títulos sem cupom pagam seus juros apenas no
Déficit Primário é a fonte primária da dívida pública.
vencimento dos títulos; enquanto títulos com cupom
Déficit Operacional pagam no vencimento e juros periódicos (trimestrais,
semestrais etc.).
É o “Déficit Real” por assim dizer, neste cálculo, é
CONHECIMENTOS

deduzido do déficit efeitos da inflação e do pagamento


de juros da dívida. Lembre-se que o Déficit Operacio- Importante!
BANCÁRIOS

nal deduz a Inflação e o Pagamento de Juros de seu Títulos Sem Cupom pagam juros Apenas no ven-
cálculo. cimento dos títulos.
Títulos Com Cupom pagam juros Periódicos.
NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO

Como uma família, o Brasil também necessita de A rentabilidade de títulos com o sem cupom costu-
financiamento para suas atividades, a maneira mais mam ser bem parecidas, mudando apenas a frequên-
usual de País financiar suas atividades é por meio da
cia de pagamento. 113
Emissão de Títulos Públicos, em resumo:
Títulos sem Cupom banco responsável pela administração dessas contas
e pelos saques autorizados de acordo com as regras
São títulos públicos sem cupom: estabelecidas.

 LFT – Letra Financeira do Tesouro (Tesouro Dire- PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS)
to Selic): Pós Fixado, atrelado à SELIC. Por ser pós
fixado é recomendado em cenários de alta de SELIC;
O PIS é um benefício pago aos trabalhadores que
 LTN – Letra do Tesouro Nacional: Pré Fixado, o
investidor já sabe no momento da contratação a estão cadastrados no programa e atendem aos crité-
rentabilidade do papel; rios estabelecidos. A Caixa é a instituição responsável
 NTN-B (Principal): Notas do Tesouro Nacional Série por realizar os pagamentos do PIS aos trabalhadores.
B. Título atrelado à inflação (IGPM ou IPCA) bom
para o investidor que quer proteger seu ganho real. SEGURO-DESEMPREGO

Títulos com Cupom O seguro-desemprego é um benefício concedido


aos trabalhadores que foram demitidos sem justa cau-
São títulos públicos com cupom: sa. A Caixa é responsável pelo pagamento do seguro-
-desemprego, de acordo com as regras estabelecidas
 NTN-B: Atrelada a Inflação (IPCA ou IGPM);
pelo governo.
 NTN F: Pré-Fixado. Além desses programas, a Caixa também oferece
outros benefícios e serviços financeiros, como linhas
de crédito para microempreendedores individuais
(MEIs), cartões de crédito e débito, empréstimos,
PRODUTOS BANCÁRIOS: investimentos, dentre outros.
PROGRAMAS SOCIAIS E
BENEFÍCIOS DO TRABALHADOR BENEFÍCIO EMERGENCIAL DE MANUTENÇÃO
DO EMPREGO E DA RENDA
A Caixa Econômica Federal não se limita a apenas
realizar à oferta de produtos e serviços bancários, O BEm é um benefício financeiro concedido pelo
ela também é responsável pela operação de diversos Governo Federal aos trabalhadores que tiveram redu-
benefícios, programas sociais e trabalhistas, como ção de jornada de trabalho e de salário ou suspensão
o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o temporária do contrato de trabalho em função da cri-
Seguro Desemprego, o Programa Bolsa Família e o se causada pela pandemia do Coronavírus – COVID-19.
Minha Casa Minha Vida, que também compõem o
O BEm 2021 se destina ao trabalhador que, em fun-
quadro de atividades da CAIXA.
A CAIXA opera mais de 30 programas voltados ção da crise causada pela pandemia do Coronavírus,
à inclusão social, à cidadania e à proteção ao traba- se enquadre em uma das seguintes situações:
lhador nas três esferas governamentais. Como prin-
cipal agente de políticas públicas do governo federal,  acordo para redução da jornada de trabalho e do
a CAIXA contribui ativamente para a erradicação da salário;
pobreza e a melhoria na distribuição de renda junto à  acordo para suspensão temporária do contrato de
população brasileira. trabalho.

PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA


A redução da jornada e salário poderá ser de 25%,
É um programa de transferência de renda direta do 50% ou 70%, salvo se combinado de forma diversa em
governo federal que visa ajudar famílias em situação negociação coletiva, com prazo máximo de 120 dias.
de pobreza e extrema pobreza. A Caixa é responsável A suspensão dos contratos de trabalho coberta
pela operacionalização do Bolsa Família, realizando o pelo benefício tem prazo máximo de 120 dias.
pagamento dos benefícios aos beneficiários. A primeira parcela é disponibilizada 30 dias após
a formalização do acordo e as parcelas subsequentes
PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA são liberadas a cada período de 30 dias4.

É um programa habitacional do governo federal


Caro Aluno,
que oferece condições facilitadas para a aquisição da
casa própria. A Caixa é o agente financeiro responsá- Vale ressaltar que as informações sobre os programas
vel por disponibilizar o financiamento para os benefi- sociais e benefícios do trabalhador da Caixa podem
ciários do programa. ser atualizadas e é importante consultar diretamente o
site oficial da Caixa ou entrar em contato com a
FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO instituição para obter informações atualizadas e
(FGTS)
detalhes sobre cada programa específico.
O FGTS é um benefício do trabalhador que con-
siste em um depósito mensal feito pelo empregador
em uma conta vinculada ao trabalhador. A Caixa é o
4 CAIXA. Programa Sociais. Disponível em: https://www.caixa.gov.br/sustentabilidade/investimentos-socioambientais/programas-sociais/Pagi- nas/default.aspx.
114 Acesso em: 23 jun. 2023.
 Debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição;
NOÇÕES DE MERCADO DE  Commercial papers ou Notas Promissórias Comer-
CAPITAIS ciais, que permitem a circulação de capital para
O mercado de capitais é um sistema de distri- custear o desenvolvimento econômico.
buição de valores mobiliários que tem o propósito
de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de O mercado de capitais abrange, ainda, as nego-
empresas e viabilizar seu processo de capitalização. É ciações com direitos e recibos de subscrição de valo-
constituído pelas bolsas de valores, sociedades cor- res mobiliários, certificados de depósitos de ações e
retoras distribuidoras e outras instituições finan- demais derivados autorizados à negociação pela CVM.
ceiras autorizadas. Esses títulos são papéis que valem dinheiro, ou seja,
Anteriormente, quando falamos de autoridades
são uma forma de uma empresa ou companhia arreca-
monetárias, vimos uma delas como principal supervi-
dar dinheiro, na forma de aquisição de novos sócios ou
sora e reguladora do mercado de valores mobiliários,
credores. Isso decorre do fato de que, muitas vezes,
a CVM.
A CVM é a principal autarquia responsável por arrecadar dinheiro através da emissão de títulos é
garantir o adequado funcionamento do mercado de mais barato para a empresa do que contratar emprés-
valores mobiliários. Logo, para que qualquer compa- timos em instituições financeiras.
nhia possa operar nesse mercado, dependerá de auto-
rização prévia da CVM para realizar suas atividades. EMPRESAS E COMPANHIAS

Para que Serve o Mercado de Valores Mobiliários? As Companhias são as empresas que são emissoras
dos papéis negociados no mercado de capitais. Essas
Em alguns casos, o mercado de crédito não é empresas têm um objetivo em comum: captar recur-
capaz de suprir as necessidades de financiamento sos em larga escala e de forma mais lucrativa. Para
dos agentes ou das empresas. Isso pode ocorrer, por que isso ocorra, as empresas devem solicitar à CVM
exemplo, quando um determinado agente, em geral autorização para emitir e comercializar seus papéis.
uma empresa, deseja um volume de recursos muito Essas empresas são chamadas Sociedades Anôni-
superior ao que uma instituição poderia, sozinha, mas ou, simplesmente, S/A. Ao adotarem esse tipo de
emprestar. Além disso, pode acontecer de os custos constituição, elas passam a ter uma quantidade de
dos empréstimos no mercado de crédito, em virtude sócios maior do que teriam se fossem empresas de
dos riscos assumidos pelas instituições nas operações, responsabilidade limitada – LTDA, por exemplo.
serem demasiadamente altos, de forma a inviabilizar Estas S/As podem ser constituídas de forma aberta
os investimentos pretendidos. Surgiu, com isso, o que
ou fechada. Vejamos as diferenças:
é conhecido como Mercado de Capitais, ou Mercado
As S/A abertas admitem negociação dos seus
de Valores Mobiliários.
títulos nos mercados abertos, como Bolsa e Balcão
No Mercado de Valores Mobiliários, em geral, os
investidores emprestam recursos diretamente aos Organizado; já as fechadas só podem ter seus papéis
agentes deficitários, como as empresas. Caracteriza-se negociados restritamente entre pessoas da própria
por negócios de médio e longo prazo, nos quais são empresa ou próximas à empresa.
negociados títulos chamados de Valores Mobiliários.
Como exemplo, podemos citar as ações, que repre- COMPANHIAS
sentam parcela do capital social de sociedades anô- Abertas Fechadas
nimas, e as debêntures, que representam títulos de
dívida dessas mesmas sociedades.
Nesse mercado, as instituições financeiras atuam,
basicamente, como prestadoras de serviços, assesso-
rando as empresas no planejamento das emissões de Características
valores mobiliários, ajudando na colocação deles para Atuam nas bolsas de valo- res Nº de cotistas limitados a 20
o público investidor, facilitando o processo de forma- ou mercados de balcão patrimônio pequeno não
ção de preços e a liquidez, assim como criando condi- organizados operam em bolsas de valo- res
ções adequadas para as negociações secundárias. ou balcões organizados
Elas não assumem a obrigação pelo cumprimen-
to das obrigações estabelecidas e formalizadas nesse
NEGOCIAÇÕES DE PAPÉIS
mercado. Assim, a responsabilidade pelo pagamento
dos juros e principal de uma debênture, por exemplo,
Para as Companhias Abertas, que admitem nego-
é da emissora, e não da instituição financeira que a
ciação de seus papéis no mercado público, há distri-
tenha assessorado ou participado do processo de colo-
CONHECIMENTOS

buição em dois tipos de mercados: o primário e o


cação dos títulos no mercado. São participantes desse
mercado, como exemplo, os Bancos de Investimen- secundário.
Oferta pública de distribuição, primária ou secun-
BANCÁRIOS

to, as Corretoras e Distribuidoras de títulos e Valores


Mobiliários, as entidades administradoras de merca- dária, é o processo de colocação, junto ao público, de cer-
do de bolsa e balcão, além de diversos outros presta- to número de títulos e valores mobiliários para venda.
dores de serviços. Envolve desde o levantamento das intenções do mer-
No mercado de capitais, os principais títulos nego- cado em relação aos valores mobiliários ofertados até
ciados são: a efetiva colocação junto ao público, incluindo a divul-
gação de informações, o período de subscrição, entre
 Ações – ou de empréstimos tomados, via merca- outras etapas.
do, por empresas; 115
As ofertas podem ser primárias ou secundárias. Essas instituições integrantes do Sistema de Dis-
Quando a empresa vende novos títulos e os recursos tribuição de Valores Mobiliários são os chamados
dessas vendas vão para o caixa da empresa, as ofer- agentes subscritores ou agentes underwhiters. Esses
tas são chamadas de primárias. agentes realizam a subscrição dos títulos, ou seja, assi-
Por outro lado, quando não envolvem a emissão nam embaixo atestando a procedência dos papéis, por
de novos títulos, caracterizando apenas a venda de isso o nome uwderwhitiwg.
ações já existentes – em geral dos sócios que querem Esse evento pode ser dividido em 3 tipos:
“desinvestir” ou reduzir a sua participação no negócio
– e os recursos vão para os vendedores e não para o
caixa da empresa, a oferta é conhecida como secun-  Underwhiting Firme: modalidade de lançamen-
to na qual a instituição financeira, ou consórcio
dária (block trade).
Além disso, quando a empresa está realizando a de instituições, subscreve a emissão total, encar-
sua primeira oferta pública, ou seja, quando está regando-se, por sua conta e risco, de colocá-la
abrindo o seu capital, a oferta recebe o nome de ofer- no mercado junto aos investidores individuais
ta pública inicial ou IPO (do termo em inglês, Inicial (público) e institucionais. Nesse tipo de operação,
Public Offer). no caso de um eventual fracasso, a empresa já
Quando a empresa já tem o capital aberto e já rea- recebeu integralmente o valor correspondente às
lizou a sua primeira oferta, as emissões seguintes são ações emitidas. O risco é inteiramente do under-
conhecidas como ofertas subsequentes ou, no termo writer (intermediário financeiro que executa uma
em inglês, follow on. operação de uwderwritiwg).

 Mercado Primário O fato de uma emissão ser colocada por meio de


uwderwritiwg firme oferece uma garantia adicional ao
 Oferta Pública Inicial – IPO (títulos novos); investidor, porque, se as instituições financeiras do
 Sensibilizam o caixa da empresa; consórcio estão dispostas a assumir o risco da opera-
 Pode ter valor nominal ou valor de mercado.
ção, é porque confiam no êxito do lançamento, uma
vez que não há interesse de sua parte em imobilizar
 Mercado Secundário
recursos por muito tempo;
 Negociação dos títulos já emitidos anteriormente;
 Não sensibiliza o caixa da empresa;  Uwderwhitiwg Bett Efforcet (Melhores Esfor-
 Os papéis terão seu valor apenas pelo valor de ços): modalidade de lançamento de ações na qual
mercado. a instituição financeira assume apenas o com-
promisso de fazer o melhor esforço para colocar
A Lei 6385, de 1976, que disciplina o mercado de o máximo de uma emissão junto à sua clientela,
capitais, estabelece que nenhuma emissão pública de nas melhores condições possíveis e em um deter-
valores mobiliários poderá ser distribuída no mer- minado período de tempo. As dificuldades de colo-
cado sem prévio registro na Comissão de Valores cação das ações irão se refletir diretamente na
Mobiliários, apesar de lhe conceder a prerrogativa de empresa emissora. Nesse caso, o investidor deve
dispensar o registro em determinados casos, e delega proceder a uma avaliação mais cuidadosa, tanto
competência para a CVM disciplinar as emissões. das perspectivas da empresa quanto das institui-
Além disso, exemplifica algumas situações que ções financeiras encarregadas do lançamento;
caracterizam a oferta como pública, por exemplo: a  Residual ou stand-by underwriting: nessa for-
utilização de listas ou boletins, folhetos, prospectos ou ma de subscrição pública, a instituição financeira
anúncios destinados ao público; a negociação feita em não se responsabiliza, no momento do lançamen-
loja, escritório ou estabelecimento aberto ao público,
entre outros. to, pela integralização total das ações emitidas.
Em regra, toda oferta pública deve ser registrada Há um comprometimento, entre a instituição e a
na CVM. Porém, o registro poderá ser dispensado empresa emitente, de negociar as novas ações jun-
considerando as características específicas da ofer- to ao mercado durante certo tempo findo, no qual
ta em questão, como, por exemplo, a oferta pública poderá ocorrer a subscrição total, por parte da ins-
de valores mobiliários de emissão de empresas tituição, ou a devolução, à sociedade emitente, das
ações que não foram absorvidas pelos investidores
de pequeno porte e de microempresas, assim defi-
nidas em lei, que são dispensadas automaticamente individuais e institucionais;
do registro para ofertas de até R$ 2.400.000,00 (Dois  Aspectos Operacionais do underwriting: a deci-
milhões e quatrocentos mil reais) em cada período de são de emitir ações, seja pela oferta pública, seja
12 meses, desde que observadas as condições estabe- para abertura ou aumento do capital, pressupõe
lecidas nos §§ 4º ao 8º, do art. 5º, da instrução CVM que a sociedade ofereça certas condições de atra-
400/03. tividade econômica, bem como supõe um estudo
As ofertas públicas devem ser realizadas por inter- da conjuntura econômica global a fim de evitar
médio de instituições integrantes do sistema de dis- que não obtenha êxito por falta de senso de opor-
tribuição de valores mobiliários, como os bancos tunidade. É preciso que se avaliem, pelo menos, os
de investimento, corretoras ou distribuidoras. Essas
seguintes aspectos: existência de um clima de con-
instituições poderão se organizar em consórcios com
o fim específico de distribuir os valores mobiliários no fiança nos resultados da economia, estudo setorial,
mercado e/ou garantir a subscrição da emissão, sem- estabilidade política, inflação controlada, mercado
116 pre sob a organização de uma instituição líder, que secundário e motivações para oferta dos novos
assume responsabilidades específicas. Para participar títulos.
de uma oferta pública, o investidor precisa ser cadas-
trado em uma dessas instituições.
MERCADOS DE ATUAÇÃO DAS COMPANHIAS O Mercado de Balcão Organizado é um ambien-
te administrado por instituições autorreguladoras,
No mercado organizado de valores mobiliários, que propiciam sistemas informatizados e regras
temos a criação de mecanismos, sistemas e regulamen- para a negociação de títulos e valores mobiliários.
tos que propiciam a existência de um ambiente segu- Essas instituições são autorizadas a funcionar pela
ro para que os investidores negociem seus recursos e CVM e por ela são supervisionadas.
movimentem a economia do país. No Brasil, existem Atualmente, a maior administradora de balcão
dois tipos de mercado organizado, que são as Bolsas organizado do país era a CETIP. Atualmente, ela foi
de Valores e os Balcões Organizados de negociação. comprada pela BM & F Bovespa e, hoje, compõe a
B3 (Brasil, Bolsa, Balcão).
 Bolsas de Valores:
Quais os Títulos Negociados no Mercado de Balcão
 ambiente no qual se negociam os papéis das Organizado?
S/A abertas;
 podem ser Sociedades civis sem fins lucrativos O Mercado de Balcão Organizado pode admitir a
ou S/A com fins lucrativos; negociação somente as ações de companhias aber-
 opera via pregão eletrônico, não havendo mais tas com registro para negociação em mercado de
o pregão viva voz, que era chamado presen- balcão organizado. As debêntures de emissão de
cial. Agora, as transações são feitas por telefone companhias abertas podem ser negociadas simulta-
através dos escritórios das instituições finan- neamente em Bolsa de Valores e Mercado de Bal-
cão Organizado desde que cumpram os requisitos de
ceiras autorizadas;
ambos os mercados.
 registra, supervisiona e divulga as execuções
Conforme vimos, antes de ter seus títulos nego-
dos negócios e as suas liquidações.
ciados no mercado primário, a companhia deverá
requerer o registro de companhia aberta junto à
Em resumo, as Bolsas de Valores compreendem
CVM e, neste momento, deverá especificar onde seus
um ambiente que pode ser físico ou eletrônico.
títulos serão negociados no mercado secundário, se
Nele, são realizadas negociações entre investidores e em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.
entre companhias e investidores. Entretanto, pelo fato Essa decisão é muito importante, pois, uma vez
de as empresas que operam na Bolsa serem grandes concedido o registro para negociação em mercado
demais e possuírem uma tradição, aquelas que estão de balcão organizado, este só pode ser alterado com
começando têm dificuldade para serem tão atrativas um pedido de mudança de registro junto à CVM.
quanto elas. A companhia aberta é responsável por divulgar
Pensando nisso, a CVM autorizou a criação de para a entidade administradora do Mercado de Bal-
Mercados de Balcão, que são, também, ambientes cão Organizado todas as informações financeiras e
virtuais nos quais empresas menores podem nego- atos ou fatos relevantes sobre suas operações. A enti-
ciar seus títulos com mais facilidade. Vale dizer que dade administradora do Mercado de Balcão Organi-
o Mercado de Balcão pode ser Organizado ou Não zado, por sua vez, irá disseminar essas informações
Organizado. através de seus sistemas eletrônicos ou impressos
para todo o público.
No Mercado de Balcão Organizado, a companhia
aberta pode requerer a listagem de seus títulos atra-
ORGANIZADO NÃO ORGANIZADO
vés de seu intermediário financeiro ou este poderá
requerer a listagem independentemente da vontade
da companhia. Por exemplo, se o intermediário pos-
suir uma grande quantidade de ações de uma deter-
Utiliza exclusivamente o
Não existe sistema minada companhia, ele poderá requerer a listagem da
Sistema Eletrônico de
padrão mesma e negociar esses ativos no Mercado de Balcão
Negociação
Organizado. Nesse caso, a entidade administradora do
Mercado de Balcão Organizado disseminará as infor-
mações que a companhia aberta tiver encaminhado
Supervisiona a Não existe padrão na
à CVM.
Liquidação dos papéis supervisão dos papéis
Além de ações e debêntures, no mercado de balcão
organizado, são negociados diversos outros títulos,
tais como:
Em resumo, o Mercado de Balcão Organizado tem
normas e é bastante confiável. Já o Não Organizado é  bônus de subscrição;
CONHECIMENTOS

uma verdadeira bagunça.  índices representativos de carteira de ações;


Tradicionalmente, o Mercado de Balcão é um mer-  opções de compra e venda de valores mobiliários;
cado de títulos sem local físico definido para a reali- 
BANCÁRIOS

direitos de subscrição;
zação das transações que são feitas por telefone entre  recibos de subscrição;
as instituições financeiras. Ele é chamado de Organiza-  quotas de fundos fechados de investimento, incluin-
do quando se estrutura como um sistema de negociação do os fundos imobiliários e os fundos de investimen-
de títulos e valores mobiliários, podendo estar organi- to em direitos creditórios;
zado como um sistema eletrônico de negociação por  certificados de investimento audiovisual;
terminais, que interliga as instituições credenciadas  certificados de recebíveis imobiliários.
em todo o Brasil, processando suas ordens de compra e
venda e fechando os negócios eletronicamente. 117
Sistemática do Mercado Organizado Uma segunda diferença refere-se aos procedi-
mentos especiais que as bolsas de valores devem
1ª Etapa 2ª Etapa 3ª Etapa adotar no caso de variação significativa de preços
ou no caso de uma oferta, representando uma quanti-
A empresa decide Busca autorização A empresa decide dade significativa de ações. Nesses casos, as bolsas de
tornar-se Companhia – junto à CVM, para em qual mercado de
se S/A aberta ou S/A entrar nos mercados de atuação deseja estar
valores devem interromper a negociação do ativo.
fechada atuação Para as companhias, a regra para se tornar uma
companhia aberta é a mesma, independentemente de
buscar uma listagem em bolsa de valores ou no mer-
cado de balcão organizado.
Atenção! Não pode haver negociação simultânea
de uma mesma ação de uma mesma companhia em
CVM Autoriza Mercado de Balcão
bolsa de valores e em instituições administradoras do
Se S/A Aberta
ou não Organizado Mercado de Balcão Organizado.

MERCADO DE AÇÕES
Vale destacar que a companhia pode trocar de
mercado. Todavia, como se trata de uma grande buro- Dentro do Mercado de Capitais, está o mercado
cracia que envolve recomprar todos os papéis em mais procurado e utilizado, que é o Mercado de Ações.
circulação em um mercado para poder migrar para Nele, são comercializados os papéis mais conhecidos
o outro, a CVM editou a IN CVM 400, a qual dita as no mundo dos negócios, os quais tornam o seu possui-
regras para a mudança de mercado de atuação. dor um sócio da companhia emitente.
Para as ações, é proibida a comercialização em O mercado de ações consiste na negociação, em
ambos os mercados simultaneamente. Já para as mercado primário ou secundário, das ações geradas
debêntures, é permitida a negociação simultânea nos por empresas que desejam captar dinheiro de uma
dois mercados. forma mais barata. Neste sentido, ação pode ser
entendida como a menor parcela do capital social
Qual a Diferença Entre uma Bolsa de Valores e as das companhias ou sociedades anônimas. É, por-
Entidades que Administram o Mercado de Balcão tanto, um título patrimonial e, como tal, concede aos
Organizado? seus titulares, os acionistas, todos os direitos e deve-
res de um sócio no limite das ações possuídas.
As Bolsas de Valores também são responsáveis por Uma ação é um valor mobiliário expressamen-
administrar o mercado secundário de ações, debêntu- te previsto no inciso I, do art. 2º, da Lei n° 6.385, de
res e outros títulos e valores mobiliários. Na verdade, 1976. No entanto, apesar de todas as companhias ou
ainda que não haja nenhum limite de quantidade ou sociedades anônimas terem o seu capital dividido em
tamanho de ativos para uma companhia abrir o capi- ações, somente as ações emitidas por companhias
tal e listar seus valores para negociação em bolsas de registradas na CVM, chamadas companhias abertas,
valores, em geral, as empresas listadas em bolsas de podem ser negociadas publicamente no mercado de
valores são companhias de grande porte. valores mobiliários.
Isso prejudica a “visibilidade” de empresas de Atualmente, as ações são predominantemente
menor porte e, de certa forma, a própria liquidez dos escriturais, mantidas em contas de depósito, em nome
ativos emitidos por essas companhias. Por isso, em dos titulares, sem emissão de certificado, em instituição
muitos países, há segmentos especiais e/ou mercados contratada pela companhia para a prestação desse ser-
segregados especializados para a negociação de ações viço, em que a propriedade é comprovada pelo “Extra-
e outros títulos emitidos por empresas de menor porte. to de Posição Acionária”. As ações devem ser sempre
Ao mesmo tempo, no Brasil, no Mercado de Balcão nominativas, não mais sendo permitida a emissão e a
Organizado é admitido um conjunto mais amplo de negociação de ações ao portador ou endossáveis.
intermediários do que em Bolsas de Valores, o que
pode aumentar o grau de exposição de companhias Espécies de Ações
de médio porte ou novas empresas ao mercado.
As ações podem ser de diferentes espécies, con-
Assim, o objetivo da regulamentação do mercado
forme os direitos que concedem a seus acionistas. O
de balcão organizado é ampliar o acesso ao mer-
Estatuto Social das Companhias, que é um conjunto de
cado para novas companhias, criando um segmento regras que deve ser cumprido pelos administradores
voltado à negociação de valores emitidos por empre- e acionistas, define as características de cada espécie
sas que não teriam, em bolsas de valores, o mesmo
de ações, que podem ser:
grau de exposição e visibilidade.
Para os investidores, a principal diferença entre
as operações realizadas em bolsas de valores e aque-  Ação Ordinária (sigla ON – Ordinária Nominativa)
las realizadas no mercado de balcão organizado é
que, nesse último, não existe um fundo de garantia Sua principal característica é conferir ao seu titu-
que respalde suas operações. lar o direito a voto nas Assembleias de acionistas;
O fundo de garantia é mantido pelas bolsas com a
finalidade exclusiva de assegurar aos investidores o  Ação Preferencial (sigla PN – Preferencial
ressarcimento de prejuízos decorrentes de execução Nominativa)
infiel de ordens por parte de uma corretora membro,
entrega de valores mobiliários ilegítimos ao investi- Normalmente, o Estatuto retira dessa espécie
dor, decretação de liquidação extrajudicial da corre- de ação o direito de voto. Em contrapartida, con-
118 tora de valores, entre outras. cede outras vantagens, tais como prioridade na
distribuição de dividendos ou no reembolso de capital, podendo, ainda, possuir prioridades específicas se
admitidas à negociação no mercado.
As ações preferenciais podem ser divididas em classes, tais como, classe “A”, “B” etc. Os direitos de cada classe
constam do Estatuto Social.
As ações preferenciais têm o direito de receber dividendos ao menos 10% a mais que as ordinárias. Vale
observar que, em regra, elas não possuem direito a voto ou, quando o tem, ele é restrito. Isso porque existem dois
casos em que as ações preferenciais adquirem direito a voto temporário, quais sejam:

 quando a empresa passar mais de três anos sem distribuir lucros;


 quando houver votação para eleição dos membros do Conselho Administrativo da companhia.

ORDINÁRIAS PREFERENCIAIS FRUIÇÃO OU GOZO


Lucro Ex.: Ações
 Pelo menos, 10% maior que as ordinárias Ações que foram compradas de volta pelo
Voto  Se a empresa passar mais de 3 anos sem dar emitente, mas que o titular recebeu um novo título
51% controlador
lucro, essas ações adquirem o direito ao representativo do valor que é negociável e
voto endossável

Características das Ações

 Quanto ao valor:

 Nominais: o valor da ação vai descrito na escritura de emissão no momento do lançamento;


 Não nominais: o valor da ação será dito pelo mercado, mas não pode ser inferior ao valor dado na emissão
das ações (essa manobra é mais arriscada, porém pode dar maior retorno).

 Quanto à forma:

 Nominativas: há o registro do nome do proprietário no cartório de registro de valores mobiliários e a


emissão física do certificado;
 Nominativas Escriturais: não há a emissão física do certificado, mas apenas o registro no Livro de Regis-
tros de Acionistas; as ações são representadas por um saldo em conta.

Obs.: ações ao portador não são mais permitidas no Brasil desde 1999, pois eram alvo de muita lavagem de
dinheiro.

Importante!
Termo que pode aparecer na prova:
 Blue Chips: ações de primeira linha, de grandes empresas e, por isso, possuem muita segurança e tradição. São ações
usadas como referência para índices econômicos.

 Quanto à remuneração das ações:

Elas podem ser remuneradas de quatro formas:

 Dividendos: compreendem a parcela do lucro líquido que, após a aprovação da Assembleia Geral Ordi-
nária, será alocada aos acionistas da companhia. O montante dos dividendos deverá ser dividido entre as
ações existentes, para sabermos quanto será devido aos acionistas a cada ação por eles detida.

Para garantir a efetividade do direito do acionista ao recebimento de dividendos, a Lei das S.A. prevê o sistema
do dividendo obrigatório, de acordo com o qual as companhias são obrigadas a, havendo lucro, destinar parte
dele aos acionistas a título de dividendo. Porém, a referida Lei confere às companhias liberdade para estabelecer,
CONHECIMENTOS

em seus estatutos sociais, o percentual do lucro líquido do exercício, que deverá ser distribuído anualmente aos
acionistas, desde que o faça com “precisão e minúcia” e não sujeite a determinação do seu valor ao exclusivo
arbítrio de seus administradores e acionistas controladores.
BANCÁRIOS

Caso o Estatuto seja omisso, os acionistas terão direito a recebimento do dividendo obrigatório equiva-
lente a 50% do lucro líquido ajustado nos termos do art. 202, da Lei das S.A.;

 Ganhos de Capital: ocorrem quando um investidor compra uma ação por um preço baixo e vende a mesma
ação por um preço mais alto, ou seja, realiza um ganho;
 Bônus de Subscrição: quando alguém adquire ações, passa a ser titular de uma fração do capital social de
uma companhia. Todavia, quando o capital é aumentado e novas ações são emitidas, as ações até então deti-
das por tal acionista passam a representar uma fração menor do capital, ainda que o valor em moeda seja o
mesmo. 119
Para evitar que ocorra essa diminuição na partici- Dividendo mínimo é aquele também previamen-
pação percentual detida pelo acionista no capital da te quantificado no Estatuto, seja com base em montan-
companhia, a Lei assegura a todos os acionistas, como te certo em moeda corrente, seja em percentual certo
um direito essencial, a preferência na subscrição do capital, do valor nominal da ação ou, ainda, do
das novas ações que vierem a ser emitidas em um valor do patrimônio líquido da ação. Porém, ao con-
aumento de capital (art. 109, inciso IV, da Lei das S.A.), trário das ações com dividendo fixo, as que fazem jus
na proporção de sua participação no capital, anterior- ao dividendo mínimo participam dos lucros remanes-
mente ao aumento proposto. centes após assegurado às ordinárias dividendo igual
Da mesma forma, os acionistas também terão ao mínimo. Assim, após a distribuição do dividendo
direito de preferência nos casos de emissão de títu- mínimo às ações preferenciais, às ações ordinárias
los conversíveis em ações, tais como debêntures caberá igual valor. O remanescente do lucro distribuí-
conversíveis e bônus de subscrição. do será partilhado entre ambas as espécies de ações
Neste período, o acionista deverá manifestar sua em igualdade de condições.
intenção de subscrever as novas ações emitidas no O dividendo fixo ou mínimo assegurado às ações
âmbito do aumento de capital ou dos títulos conver- preferenciais pode ser cumulativo ou não. Sendo
síveis em ações, conforme o caso. Caso não o faça, o cumulativo, no caso de a companhia não ter obtido
direito de preferência caducará. lucros durante o exercício em montante suficiente
Alternativamente, caso não deseje participar do para pagar integralmente o valor dos dividendos fixos
aumento, o acionista pode ceder seu direito de prefe- ou mínimos, o valor faltante será acumulado para os
exercícios posteriores. Essa prerrogativa depende de
rência (§ 6º, art. 171, da Lei das S.A.). Da mesma forma
expressa previsão estatutária.
que as ações, o direito de subscrevê-las pode ser livre-
No caso das companhias abertas que tenham ações
mente negociado, inclusive em Bolsa de Valores;
negociadas no mercado, as ações preferenciais deve-
rão conferir aos seus titulares ao menos uma das
 Bonificação: ao longo das atividades, a Com-
vantagens a seguir (§ 1º, art. 17, da Lei nº 6.404, de
panhia poderá destinar parte dos lucros sociais
1964, Lei das S.A.):
para a constituição de uma conta de “Reservas”
(termo contábil). Caso a companhia queira, em
 Direito a participar de uma parcela correspon-
exercício social posterior, distribuir aos acio-
dente a, no mínimo, 25% do lucro líquido do
nistas o valor acumulado na conta de Reservas,
exercício, sendo que, desse montante, garante-
poderá fazê-lo na forma de Bonificação, poden- -se um dividendo prioritário de, pelo menos, 3%
do efetuar o pagamento em espécie ou com a do valor do patrimônio líquido da ação e, ainda,
distribuição de novas ações. É importante des- o direito de participar de eventual saldo desses
tacar que, atualmente, as empresas não mais lucros distribuídos, em igualdade de condições
distribuem bonificação na forma de dinheiro, com as ordinárias, depois de ter sido assegurado a
pois preferem fidelizar ainda mais os sócios, elas dividendo igual ao mínimo prioritário;
dando-lhes mais ações.  Direito de receber dividendos, pelo menos, 10%
maiores que os pagos às ações ordinárias;
Ações Preferenciais e Distribuição de Dividendos  Direito de serem incluídas na oferta pública em
decorrência de eventual alienação de controle.
A Lei das S.A. permite que uma sociedade emita ações
preferenciais, que podem ter seu direito de voto suprimi- Com relação aos direitos dos acionistas, existem
do ou restrito por disposição do estatuto social da compa- algumas situações que as bancas de concursos gostam
nhia. Em contrapartida, tais ações deverão receber uma de cobrar em prova e, por isso são importantes.
vantagem econômica em relação às ações ordinárias. Quando a empresa realiza Sobra no Caixa, ou seja,
Além disso, a Lei permite que as companhias aber- Lucro, ela pode comprar ações de acionistas mino-
tas tenham várias classes de ações preferenciais, que ritários, pois, assim, concentrará mais o valor das
conferirão a seus titulares vantagens diferentes entre ações. A esse evento chamamos de amortização de
si. Nesse caso, os titulares de tais ações poderão com- ações. O personagem que mais ganha nessa história é
parecer às Assembleias Gerais da companhia, bem o Controlador, pois, como ele detém 51% das ações,
como opinar sobre as matérias objetos de deliberação, seu poder ficará maior, já que o número de acionistas
mas não poderão votar. ou de ações diminui, aumentando seu percentual.
As vantagens econômicas a serem conferidas às A CVM, vendo esse aumento de poder do contro-
ações preferenciais em troca dos direitos políticos lador, baixou a Instrução Normativa nº 10, que, em
suprimidos, conforme dispõe a Lei, poderão consis- outras palavras, diz que a recompra de ações, uma
tir em prioridade de distribuição de dividendo, fixo vez feita, finda por aumentar o poder do controlador
ou mínimo, prioridade no reembolso do capital, com da empresa. Entretanto, essas ações que foram recom-
prêmio ou sem ele, ou a cumulação dessas vantagens pradas devem permanecer em tesouraria por, no
(caput e incisos I a III, do art. 17, da Lei das S.A.). máximo, 90 dias e, depois, devem ser revendidas
Dividendos fixos são aqueles cujo valor se encon- ou canceladas.
tra devidamente quantificado no Estatuto, seja em Ou seja, a CVM está limitando esse aumento de
montante certo em moeda corrente, seja em percen- poder do controlador, para evitar que os acionistas
tual certo do capital, do valor nominal da ação ou, minoritários percam sua participação na administra-
ainda, do valor do patrimônio líquido da ação. Nessa ção da empresa.
hipótese, tem o acionista direito apenas a tal valor, ou Quanto à mudança de controlador – o acionista
seja, uma vez atingido o montante determinado no majoritário, que detém 51% das ações – a CVM tam-
120 Estatuto, as ações preferenciais com direito ao divi- bém edita norma que regula essa troca, para evitar
dendo fixo não participam dos lucros remanescentes, prejuízos aos acionistas minoritários. É a IN CVM 400
que serão distribuídos entre ações ordinárias e prefe- que diz que, para a troca do controlador, o novo
renciais de outras classes se houver. controlador deve garantir que, caso queira fechar o
capital da S/A, deverá comprar as ações dos minoritários por, ao menos, 80% do valor pago pelas ações
do controlador anterior. Fazendo isso, a CVM garante que os acionistas minoritários não terão prejuízos, pois
o novo controlador poderia comprar as ações a um preço bem mais baixo do que pagou pelas do controlador
anterior. É preciso dizer que, para que isso ocorra, deve haver uma concordância mínima entre os acionistas
gerais. A esse princípio chamamos de tag along.
Existem, ainda, manobras que o mercado de capitais faz, as quais geram impacto sobre o valor das ações no
mercado e sua capacidade de comercialização. Vejamos:

 Desdobramento ou Split

É uma estratégia utilizada pelas empresas com o principal objetivo de melhorar a liquidez de suas ações.
Acontece quando as cotações estão muito elevadas, o que dificulta a entrada de novos investidores no mercado.
Imagine que uma ação é cotada ao valor de R$ 150, com lote padrão de 100 ações. Para comprar um lote des-
sas ações, o investidor teria que desembolsar R$ 15.000, que é uma quantia considerável para a maior parte dos
investidores (pessoa física).
Desdobrando suas ações na razão de 1 para 3, cada ação dessa empresa seria multiplicada por 3. Assim, quem
possuísse 100 ações, passaria a possuir 300 ações. O valor da cotação seria dividido por 3, ou seja, passaria de R$
150 para R$ 50.
Na prática, o desdobramento de ações não altera, de forma alguma, o valor do investimento ou o valor da
empresa. É apenas uma operação de multiplicação de ações e divisão dos preços, para aumentar a liquidez das
ações.
Agora, depois do desdobramento, o investidor que quisesse adquirir um lote de ações da empresa, gastaria
apenas R$ 5.000. Note que o investidor que possuía 100 ações cotadas a R$ 150, com um valor total de R$ 15.000,
ainda possui os mesmos R$ 15.000, porém distribuídos em 300 ações cotadas a R$ 50.
Com as ações mais baratas, mais investidores se interessam em comprá-las. Isso pode fazer com que as cota-
ções subam em curto prazo, devido à maior entrada de investidores no mercado, porém não há como prever se
isso irá ou não acontecer. A companhia também pode utilizar os desdobramentos como parte de sua estratégia de
governança corporativa, para mostrar atenção e facilitar a entrada de novos acionistas minoritários.
Os desdobramentos podem acontecer em qualquer razão. No entanto, as mais comuns são de 1 para 2, de 1
para 3 e de 1 para 4 ações.

 Grupamento ou Inplit

Exatamente oposto ao desdobramento, o grupamento serve para melhorar a liquidez e os preços das ações
quando estão cotadas a preços muito baixos no mercado.
Imagine uma empresa com ações cotadas na bolsa a R$ 10, com lote padrão de 100 ações. A empresa julga,
baseada em seu histórico e seu posicionamento estratégico, que suas ações estão cotadas por um valor muito bai-
xo no mercado e aprova, em assembleia geral, que fará um grupamento na razão de 5 para 1. Ou seja, cada cinco
ações passarão a ser apenas uma ação e os preços serão multiplicados por 5.
Antes do grupamento, o investidor que possuísse 100 ações cotadas a R$ 10 teria o valor total de R$ 1.000. Após
o grupamento, o mesmo investidor passaria a ter 20 ações (100/5) cotadas a R$ 50, ou seja, continuaria possuindo
os mesmos R$ 1.000 investidos. O grupamento, assim como o desdobramento, não altera em absolutamente nada
o valor do investimento.
Um dos objetivos do grupamento de ações é tentar diminuir a volatilidade dos ativos. Assim, R$ 1,00 de varia-
ção em um ativo cotado a R$ 10,00 significa 10% de variação. Já em um ativo cotado a R$ 50,00, representa apenas
2%. É importante ressaltar que nada garante se isso irá ou não acontecer.
Outro objetivo do grupamento pode estar atrelado ao planejamento estratégico da companhia e a suas práticas
de governança corporativa. As cotações de suas ações podem estar intimamente ligadas à percepção de valor da
empresa por parte dos investidores.

DESDOBRAMENTO OU SPLIT GRUPAMENTO OU INPLIT


 Manobra feita para tornar as ações mais baratas e
atrativas para novos investidores  Manobra feita para tornar as ações mais caras e, apa-
 Diminui o valor das ações, mas mantém o valor aplica- do rentemente, elevar seu valor
pelo investidor  Aumenta valor das ações, mas mantém o valor aplica- do do
 Aumenta a quantidade de ações investidor
CONHECIMENTOS

 Não altera o capital do investidor  Diminui a quantidade de ações


 Aumenta a liquidez das ações, pois ficam mais baratas  Não altera o capital do investidor
e fáceis de serem comercializadas
BANCÁRIOS

Mercado à Vista de Ações

O mercado à vista de ações é aquele no qual ocorrem as negociações deste papel de forma imediata, ou seja,
nele, você pode comprar e vender uma ação no mesmo dia. O comprador realiza o pagamento (liquidação
financeira) e o vendedor entrega as ações objeto da transação (liquidação física) em D+2 (dois dias) – liqui-
dação física e financeira –, ou seja, no segundo dia útil após a realização do negócio. Nesse mercado, os preços
são formados em pregão em negociações realizadas no sistema eletrônico de negociação. 121
No mercado à vista de ações, temos:

 operações imediatas ou de curto prazo;


 operacionalizado na Bolsa de Valores;
 sistema eletrônico de negociação;
 câmara de liquidação de ações – antiga CBLC.

Hoje, o mercado à vista de ações é coordenado pela B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Dentro dele, temos a compra
e venda de ações quase que instantaneamente, pois é nele que ocorrem as negociações diárias do mercado de
capitais.
Durante o dia, temos o pregão que, atualmente, é eletrônico, funcionando das 10h às 18h. Ele nada mais é do
que a B3 coordenando a compra e venda dessas ações.
Após seu fechamento, que ocorre às 18h, não se pode mais realizar nenhuma transação no ambiente.

Importante!
Até 2019, existia o After Market, que era um curto espaço de tempo em que os investidores poderiam realizar negociações
fora do horário regular da Bolsa. Todavia, com a modificação do horário de fechamento para 18h, em 2020, o After
Market foi extinto.

Quando funcionava, o After Market era uma reabertura para que as pessoas que não pudessem negociar no
mercado no horário regular conseguissem participar, assegurando práticas equitativas ao mercado. Das 17h30
às 17h45, ocorria a pré-abertura desse mercado, no qual só podiam ser canceladas operações feitas no horário
normal. Das 17h45 às 18h, podiam ser feitas transações no mercado, mas somente com papéis que já haviam
sido comercializados no dia, então não se podia lançar títulos novos no After Market.
Existia, ainda, um limite máximo e mínimo para as operações – 2% para mais ou para menos, além de limite
de valor. Nele, eram executadas ordens simples tais como compra e venda, execução ou cancelamento de compra
ou venda, além de dar ordem a mercado.
As ordens podiam ser dadas:

 A Mercado: quando especifica a quantidade e as características do que vai ser comprado ou vendido (exe-
cutar na hora);
 Limitada: executar a preço igual ou melhor do que o especificado;
 Administrada: a mesma a mercado, mas, nesse caso, fica a critério da intermediadora decidir o melhor
momento;
 ON-STOP: define o nível de preço a partir do qual a ordem deve ser executada;
 Casada: ordem de venda de um e compra do outro (ambas executadas ao mesmo tempo).

DÁ A ORDEM
 Investidor

EXECUTA A ORDEM

 CTVM
 DTVM
 Banco de Investimentos

REALIZA A ORDEM
 After Market
 Sistema de negociação eletrônico

As ordens diurnas que estivessem no sistema pendentes, sujeitavam-se aos limites de negociação do After
Market. O sistema rejeitava ordens de compra superiores ao limite e ordens de venda a preço inferior ao limite.
A variação permitida era de 2% para mais ou para menos, além de ter um limite de operações de R$ 100 mil por
investidor (já somado ao que ele havia feito no pregão regular).
Os negócios feitos na B3 devem ser divulgados em D+1. A liquidação física das compras e vendas de ações
deve ser até D+2, a qual ocorre quando o vendedor entrega as ações à Câmara de liquidação de ações.
A liquidação financeira das ações compradas ou vendidas é, também, em D+2. Esta ocorre quando é feito o
débito na conta do comprador e, ao mesmo tempo, é entregue a ação fisicamente ao comprador.
122
LEI N° 6.404 (ART. 64) – DEBÊNTURES

O que são Debêntures?

São valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazo, que asseguram a seus detentores
(debenturistas) o direito de crédito contra a companhia emissora. Essa companhia emissora pode ser uma S/A
aberta ou fechada, mas somente as abertas podem negociar suas debêntures no mercado das bolsas ou bal-
cão, pois nas fechadas, as debêntures nem precisam de registro na CVM, pois é algo fechado, restrito. Lembre-
-se de que, para operar na Bolsa ou no Mercado de Balcão, as coisas precisam vir a público. Então, uma empresa
fechada não tem vontade de vir a público, somente as abertas.
Até agora, você já sabe que existem duas pessoas nesse processo de debêntures. Vejamos:

Agente fiduciário viabiliza

Investidor do Mercado que deseja


Companhia que emite a Debênture e
emprestar seu dinheiro ao emissor
deseja captar recursos
em troca de juros previamente pactuados
(Envia a Debênture)
(Envia o Dinheiro)

Agente underwritter

Para essa debênture ter validade, ela precisa apresentar alguns requisitos legais, pois, acima de tudo, se trata
de um contrato e, como tal, precisa de algumas especificações. Vejamos quais são elas:

 Deve constar o nome debênture com a indicação da espécie e suas garantias;


 Nº de emissão, série e ordem;
 Data da emissão;
 Vencimento (determinado ou indeterminado – perpétua – e se poderá ou não ter seu prazo de vencimento
antecipado);
 O índice que vai ser usado para corrigir o valor da debênture. (ex.: CDI, IPCA, IGP-M);
 Quantidade de debêntures que irão ser emitidas (limitada ao capital próprio da empresa);
 Valor nominal da debênture (ou valor de face);
 As condições para conversão ou permuta e seus respectivos prazos;
 Se a debênture terá garantias ou não (e, se tiver, quais serão). Tais garantias podem ser:

 Real: a mais valiosa, pois a garantia existe fisicamente (hipoteca, penhor, caução, bens determinados);
 Flutuante: não existe um bem específico; a garantia é uma parte do patrimônio da empresa (até 70% do
valor do capital social);
 Quirografária: nenhuma garantia ou privilégio (a garantia em caso de falência será o que sobrar e se
sobrar alguma coisa);
 Subordinada: em caso de falência, oferece preferência apenas sobre o crédito dos acionistas.

Agora, você já sabe o que é necessário para fazer uma debênture, quem pode emitir e quais as garantias que
podem ser usadas ou não. Porém, de que forma é possível materializar, ou seja, transformar essa debênture
em algo que se possa ver? Existem duas formas para isso. Vejamos o esquema a seguir:

 Nominativas
CONHECIMENTOS

 Título físico;
 Registrado na CETIP;

BANCÁRIOS

Emite o certificado;
 Registro no Livro de Registro de Debêntures Nominativas.

 Nominativas Escriturais

 Informação Eletrônica;
 CETIP registra e custodia;
 Não emite certificado;
 Registro no Livro de Registro de Debêntures Nominativas. 123
 Existe prazo máximo para que o debenturista
Importante! decida se irá querer converter em ações ou não e,
nesse prazo, a empresa não pode mudar nada
 A escritura da debênture é obrigatória, mas a nos seus papéis;
emissão do certificado é facultativa;  Permutáveis ou não conversíveis: é a opção que
 Não é comum o debenturista solicitar o certifi- cado o debenturista tem de trocar as debêntures por
da debênture, mas, se solicitá-lo, a empresa deve emiti- ações de outras companhias, depois de haver
lo;
 As Debêntures só podem ser emitidas por ins- passado um prazo mínimo.
tituições que não sejam instituições financeiras.
Já quanto à remuneração, pode-se ter:

Quanto aos prazos das debêntures, que devem  Juros (fixos ou variáveis);
constar na escritura da emissão, podem ser:
Aqui, atente-se ao fato de que as Sociedades de
 Determinado: prazo fixado na emissão da debênture; Arrendamento Mercantil e as Companhias Hipote-
 Indeterminado ou perpétua: via de regra, não cárias só podem remunerar a juros pela TBF – Taxa
tem prazo de vencimento, mas esse prazo pode ser Básica Financeira;
decretado pelo agente fiduciário quando ocorrer
inadimplência no pagamento dos juros ou dissolu-  Participação nos Lucros;
ção do emitente, a empresa;  Prêmio de Reembolso: não pode ser atrelado, inde-
 Antecipado: xado a TR, TBF ou TJLP.

 Antes do resgate: deve constar na escritura o Medição dos Riscos nas Debêntures
prazo para resgate e a possibilidade de isso
ocorrer;  Alta qualidade: baixa taxa de retorno;
 Antes do vencimento: quando ocorrer um  Baixa qualidade: alta taxa de retorno.
colapso no mercado ou o agente fiduciário vir
que o debenturista corre algum risco. Basta lembrar que quanto mais risco, mais grana;
quanto menos risco, menos grana.
Agente Fiduciário
As Ofertas das Debêntures
A Lei n° 6.404, de 1976 estabelece que a escritura
de emissão, por instrumento público ou particular, de  Pública
debêntures distribuídas ou admitidas à negociação
no mercado terá, obrigatoriamente, a intervenção de  Público em geral;
agente fiduciário dos debenturistas. O agente fiduciá-  Há registro na CVM;
rio é quem representa a comunhão dos debenturistas  Assembléia Geral ou Conselho Administrativo
perante a companhia emissora, com deveres específi- decidem;
cos de defender os direitos e interesses dos debentu-  Agente Fiduciário;
ristas, entre outros citados na Lei.
Para tanto, possui poderes próprios também atri-  Privada
buídos pela Lei para, na hipótese de inadimplência
da companhia emissora, declarar, observadas as
condições da escritura de emissão, antecipadamen-  Grupo restrito de investidores;
te, vencidas as debêntures e cobrar o seu principal e  Não há registro na CVM.
acessórios, executar garantias reais ou, se não existi-
rem, requerer a falência da companhia, entre outros. Os Mercados das Debêntures
Esse personagem viabiliza a operação de compra
das debêntures, por parte do debenturista, e a venda,
por parte da empresa emissora, ou seja, ele interme-
dia a situação. Além disso, o agente fiduciário deve, PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
 Debêntures já
acima de tudo, proteger o debenturista. Para isso, ele existentes
 Emissão pela 1ª vez
representa o debenturista em caso de colapso do  Compra e venda por
investidores
mercado, ou para:

 proteção do debenturista;  Balcão Organizado


(Sistema Nacional
 executar garantias reais da emissora;  Influi no caixa da
de Debêntures -
empresa
 requerer falência da emissora. administrado pela
CETIP S/A)

Vale dizer que o agente fiduciário pode reque-


rer essas situações para garantir ao debenturista o Commercial Papers
recebimento dos créditos.
São Agentes Fiduciários os Bancos Múltiplos, os
Bancos de Investimento, CTVM e DTVM. Commercial Papers são títulos, papéis que
Quanto aos tipos ou classes de debêntures, po- valem dinheiro. São uma aplicação. Parecem muito
dem ser: com as debêntures e com as notas promissórias que
estudamos no tópico sobre Títulos de Crédito (a famo-
 Simples: um simples direito de crédito contra a sa amarelinha).
emissora ou empresa; São títulos de curto prazo, que têm prazo míni-
 Conversíveis: podem ser trocadas por ações da mo de 30 dias e máximo de 360 dias, emitidos por
empresa emitente das debêntures; instituições não financeiras, ou seja, as instituições
financeiras estão fora, pois podem captar recursos
124
de outras maneiras. Então, o Commercial Paper serve  Bancos de Desenvolvimento;
para captar recursos no mercado interno, pois cons-  Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento;
titui uma promessa de pagamento na qual incidem  Agências de Fomento.
juros a favor do investidor.
Atenção! As debêntures podem ser emitidas para Com exceção dessas três, as demais podem reali-
fora do país com garantia real de bens situados no Bra- zar todas as operações do Mercado de Câmbio, embo-
sil. Já os Commercial Papers não podem. Eles podem ra algumas tenham restrições de valor, mas não de
ser emitidos apenas para dentro do Brasil. operações. As sociedades corretoras de títulos e valo-
res mobiliários, as sociedades distribuidoras de títu-
los e valores mobiliários e as sociedades corretoras de
câmbio têm algumas restrições quanto ao valor das
operações:
NOÇÕES DE MERCADO DE CÂMBIO
 operações de câmbio com clientes para liquidação
O QUE É CÂMBIO?
pronta de até US$ 300 mil ou o seu equivalente em
Câmbio é a operação de troca de moeda de um outras moedas;
 operações no mercado interbancário (arbitra-
país pela moeda de outro país. Por exemplo, quando
gens no país) e por meio de banco autorizado a
um turista brasileiro vai viajar para o exterior e pre-
operar no mercado de câmbio (arbitragem com o
cisa de moeda estrangeira, o agente autorizado pelo
exterior).
Banco Central a operar no mercado de câmbio recebe
do turista brasileiro a moeda nacional e entrega-lhe
Além desses agentes, o Banco Central também con-
(vende-lhe) a moeda estrangeira. Já quando um turis-
cedia autorização para agências de turismo e meios
ta estrangeiro quer converter moeda estrangeira em
de hospedagem de turismo para operarem no Merca-
reais, o agente autorizado a operar no mercado de
do de Câmbio. Atualmente, não se concede mais auto-
câmbio compra a moeda estrangeira do turista estran-
rização para esses agentes, permanecendo, ainda,
geiro, entregando-lhe os reais correspondentes.
apenas aquelas agências de turismo cujos proprietá-
No Brasil, o mercado de câmbio é o ambiente
rios pediram ao Banco Central autorização para cons-
no qual se realizam as operações de câmbio entre
tituírem instituição autorizada a operar em câmbio.
os agentes autorizados pelo Banco Central e entre
Enquanto o Banco Central está analisando tais pedi-
estes e seus clientes, diretamente ou por meio de
dos, as agências de turismo ainda autorizadas podem
seus correspondentes. Esse mercado é regulamen-
continuar a realizar operações de compra e venda de
tado e fiscalizado pelo Banco Central e compreen-
moeda estrangeira em espécie, cheques e cheques de
de as operações de compra e de venda de moeda
viagem relativamente a viagens internacionais.
estrangeira, as operações em moeda nacional entre Em resumo:
residentes, domiciliados ou com sede no país e resi-
dentes, domiciliados ou com sede no exterior e as
 os meios de hospedagem não podem mais operar
operações com ouro-instrumento cambial realiza-
câmbio de jeito nenhum;
das por intermédio das instituições autorizadas a
 as agências de turismo que pediram autorização
operar no mercado de câmbio pelo Banco Central,
ao BACEN continuam até que ele decida se elas
diretamente ou por meio de seus correspondentes.
ficam efetivamente ou não.
Incluem-se, no mercado de câmbio brasileiro, as
operações relativas aos recebimentos, pagamentos e
Ainda, as Instituições Financeiras podem contratar
transferências do e para o exterior, mediante a utili-
correspondentes para operar câmbio por elas. Nesse
zação de cartões de uso internacional, bem como as
caso, teríamos um plano B para as agências de Turis-
operações referentes às transferências financeiras
mo que tiverem seus pedidos negados pelo BACEN,
postais internacionais, inclusive vales postais e reem-
pois, se elas se filiarem a uma Instituição Financeira,
bolsos postais internacionais.
não mais precisarão da autorização deste.
À margem da lei, funciona um segmento denomi- Pela Resolução nº 4.811, de 2020, as operações
nado Mercado Paralelo. São ilegais os negócios rea- realizadas pelos correspondentes são de total respon-
lizados nesse mercado, bem como a posse de moeda
sabilidade da instituição contratante, devendo ela
estrangeira oriunda de atividades ilícitas.
estabelecer as regras e condutas que os corresponden-
tes deverão seguir, quais sejam:
INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A OPERAR E
OPERAÇÕES BÁSICAS
 Execução ativa ou passiva de ordem de pagamento
relativa à transferência unilateral (ex.: manuten-
Quem Opera no Mercado de Câmbio? ção de residentes, transferência de patrimônio,
CONHECIMENTOS

prêmios em eventos culturais e esportivos) do ou


Bancos Múltiplos, Comerciais, de Investimentos, para o exterior, limitada ao valor equivalente a
de Desenvolvimento, CEF, SCFI, CTVM, DTVM, Agên-
BANCÁRIOS

U$$ 3 mil dólares dos Estados Unidos, em espé-


cias de Fomento e Corretoras de Câmbio são institui-
cie e 1 mil dólares por operação;
ções habilitadas a operarem no Mercado de Câmbio.
 Compra e venda de moeda estrangeira em espécie,
Cabe destacar que apenas os Bancos e a CEF, cheque ou cheque de viagem, bem como carga de
exceto os Bancos de Desenvolvimento, podem operar moeda estrangeira em cartão pré-pago, limitada ao
livremente nele. Já algumas instituições operam com valor equivalente a US$ 3 mil dólares dos Estados
restrições, ou seja, não podem fazer qualquer opera- Unidos, por operação e em espécie 1 mil dólares;
ção, mas somente as especificadas pelo BACEN. São  Recepção e encaminhamento de propostas de
elas:
operações de câmbio. 125
A ECT – Empresa de Correios e Telégrafos do Bra- REGIMES DE TAXAS DE CÂMBIO FIXAS,
sil – também é autorizada pelo Banco Central a realizar FLUTUANTES E REGIMES INTERMEDIÁRIOS
operações com vales postais internacionais, emissi-
vos e receptivos, destinadas a atender compromissos Banda Cambial no Brasil
diversos, tais como: manutenção de pessoas físicas, con-
tribuições previdenciárias, aposentadorias e pensões, Uma Banda Cambial é a forma como um país defi-
aquisição de medicamentos para uso particular, paga- ne suas taxas de câmbio, quer sejam fixas ou livres,
mento de aluguel de veículos, multas, doações. Por meio ou, até mesmo, flutuantes. Até 2005, existiam duas
bandas cambiais, a Livre e a Flutuante. A primeira,
dos vales postais internacionais, a ECT também pode dar
por exemplo, vinha dos empréstimos e envios de
curso a recebimentos ou pagamentos conduzidos sob a
dinheiro do Brasil para fora e vice-versa.
sistemática de câmbio simplificado de exportação ou de No entanto, operar com duas bandas cambiais era
importação, observado o limite de US$ 50 mil, ou seu muito burocrático, pois cada uma tinha suas especi-
equivalente em outras moedas, por operação. ficações. Então, em 2005, ficou instituída, no Brasil, a
banda cambial, que foi resultante da junção das ban-
 Memorize os limites elencados pelo resumo a das Livre e Flutuante. Aqui, vale lembrar que, como
seguir: o Governo intervém indiretamente no mercado, com-
prando e vendendo moeda, essa flutuação recebeu o
 CTVM, DTVM e Corretoras de Câmbio: 300 mil nome de flutuação suja.
dólares por operação;
 Empresa de Correios e Telégrafos: 50 mil dóla- As Operações no Mercado de Câmbio
res por operação;
 Correspondentes Bancários e Agências de As operações mais comuns são:
Turismo ainda em operação: 1 mil dólares por
operação – em contrapartida, em espécie – e 3  Compra e Venda de moeda estrangeira;
mil dólares em operações escriturais (Resolu-  Arbitragem (operação em que há a compra de
ção nº 4.811/20). moeda estrangeira com outra moeda estrangeira);
 Exportação e Importação.

Importante! Como se Efetivam as Trocas de Moedas?


As instituições são obrigadas a informar o VET –
As trocas de moedas podem ser:
Valor Efetivo Total nas operações.
Isso deve-se ao fato de que nas operações de câmbio
 Manuais: em espécie;
há custos embutidos como:
 Sacadas: quando não existe o dinheiro vivo, mas,
 Tarifa de Conversão das moedas
sim, papéis que valem dinheiro.
 IOF – Imposto sobre Operações Financeiras Vale
destacar que o IOF é um imposto que incide sobre Quando falamos de câmbio, pensamos, também,
quase todas as operações financeiras. nas taxas cambiais, ou seja, nas taxas que revelam
quanto uma moeda vale em relação a outra moeda.
Entre elas, as mais comuns são:
Resolução nº 3.568, de 2008 com Alterações Posteriores
pela Resolução nº 4.811, de 2020  Taxa Repasse ou Cobertura: feita entre os Bancos
e o BACEN;
Art. 8º As pessoas Físicas e Jurídicas podem
 Dólar Pronto: para as operações com entrega em
comprar e vender moeda estrangeira ou realizar
até 48 horas ou D+2;
transferências internacionais em reais, de qualquer
 PTAX: média das compras e vendas de moedas
natureza, sem limitação de valor, sendo contra-
estrangeiras entre as Instituições Financeiras den-
parte na operação agente autorizado a operar
no mercado de cambio, observada a legalidade da tro do país – sempre em dólar americano. Essa é a
transação, tendo como base a fundamentação eco- taxa de câmbio que é divulgada diariamente pelo
wômica e as respowsabilidades defiwidas wa respec- Banco Central e serve de referência para várias
tiva documentação. operações no mercado cambial.

Neste sentido, pode-se dizer que qualquer pessoa TAXAS DE CÂMBIO NOMINAIS E REAIS
física ou jurídica pode comprar e vender moeda
estrangeira desde que a outra parte na operação de A Taxa de Câmbio Nominal indica o preço do ati-
câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a vo financeiro, enquanto a Taxa de Câmbio Real indi-
operar no Mercado de Câmbio (ou seu corresponden- ca o preço relativo entre duas moedas, o que permite
te para tais operações) e que seja observada a regu- medir a competitividade relativa entre os dois países
lamentação em vigor, incluindo a necessidade de em questão.
identificação em todas as operações. Em resumo, a taxa nominal é o preço de um ativo
É dispensado o respaldo documental das opera- limpo e seco, sem nenhuma interferência. Já o valor
126 real é o preço do ativo comparado entre duas moedas
ções de valor até o equivalente a US$ 10 mil, preser-
vando-se, no entanto, a necessidade de identificação – dessa forma, é possível saber quanto aquele deter-
do cliente. minado ativo vale em um país e noutro.
IMPACTOS DAS TAXAS DE CÂMBIO SOBRE AS  ACE – Adiantamento Sobre Cambiais Entregues: O
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES; DIFERENCIAL ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues – é
DE JUROS INTERNO E EXTERNO um mecanismo similar ao ACC, só que contratado
na fase de comercialização ou pós-embarque.
A Forma de Materializar as Operações de Câmbio: O
Contrato de Câmbio
Após o embarque dos bens, o exportador entrega
Contrato de câmbio é o documento que formaliza a os documentos da exportação e as cambiais (saques)
operação de compra ou de venda de moeda estrangeira. da operação ao banco e celebra um contrato de câm-
Nele, são estabelecidas as características e as condi- bio para liquidação futura. Então, o exportador pede
ções sob as quais se realiza a operação de câmbio, reve- ao banco o adiantamento do valor, em reais, corres-
lando informações relativas à moeda estrangeira que pondente ao contrato de câmbio. Assim, além de obter
um cliente está comprando ou vendendo, à taxa con- um financiamento competitivo para conceder prazo
tratada, ao valor correspondente em moeda nacional e de pagamento ao importador, o exportador também
aos nomes do comprador e do vendedor. Os contratos de fixa a taxa de câmbio da sua operação.
câmbio devem ser registrados no Sistema Câmbio pelo O ACE pode ser contratado com prazo de até 390
agente autorizado a operar no mercado de câmbio. dias após o embarque da mercadoria. A liquidação
Nas operações de compra ou de venda de moeda da operação ocorre com o recebimento do pagamen-
estrangeira de até US$ 10 mil, ou seu equivalente em
to efetuado pelo importador, acompanhado do paga-
outras moedas estrangeiras, não é obrigatória a for-
mento dos juros devidos pelo exportador.
malização do contrato de câmbio. O agente do merca-
do de câmbio deve identificar seu cliente e registrar a
operação no Sistema Câmbio.
O Contrato de Câmbio deve conter alguns requisitos ADIANTAMENTO SOB
ADIANTAMENTO
SOB CONTRATO
legais para ter validade, devendo ser registrado no CONTRATO DE CÂMBIO
DE EXPORTAÇÃO
SISBACEN, constando:

 qual a moeda em questão;


Pré-Embarque Pós-Embarque
 a taxa cobrada;
 o valor correspondente em moeda nacional;  Financia a mercadoria a ser  Antecipa os recursos a serem
exportada recebidos do Comprador
 nome do comprador e do vendedor.  Deve ser contratado até 360  Deve ser feito até 390 dias
dias antes do embarque da posteriores ao embarque da
mercadoria mercadoria

Importante!
Até 10 mil dólares não é necessário o Contrato de
O pagamento é feito quando
Câmbio. No entanto, o registro da operação é no embarque da mercadoria ou
O pagamento da operação
deverá ser feito quando o
obrigatório (Circular Bacen nº 3.825/17). no ingresso do dinheiro pago
pelo importador
importador enviar os recursos

Existem 10 (dez) tipos de Contratos de Câmbio. A Tanto no ACC quanto no ACE, os limites de finan-
seguir, listaremos os que são mais comumente cobra- ciamento são de até 100% do valor das mercadorias e
dos em prova. Vejamos: não incidem IOF sobre essas operações, por se trata-
rem de incentivos à exportação.
 ACC – Adiantamento Sobre Contrato De Câmbio As operações de Exportação e Importação devem
ser registradas em um sistema chamado SISCOMEX –
O ACC é um dos mais conhecidos e utilizados meca- Sistema de Comércio Exterior. Esse Sistema é utiliza-
nismos de financiamento à exportação. Trata-se de do em conjunto pela SECEX (Secretaria de Comércio
financiamento na fase de produção ou pré-embarque.
Exterior), pela Secretaria da Receita Federal e pelo
Para realizar um ACC, o exportador deve procurar um
banco comercial autorizado a operar em câmbio. Tendo BACEN, para fiscalizar a entrada e a saída de recursos
limite de crédito com o banco, o exportador celebra com do Brasil para o exterior e vice-versa, trazendo vários
este um contrato de câmbio no valor correspondente às benefícios aos processos de exportação e importação,
exportações que deseja financiar, ou seja, o contrato de quais sejam:
câmbio é celebrado antes mesmo do exportador receber
do importador o pagamento de sua venda.  harmonização de conceitos e uniformização de
Neste sentido, o exportador pede ao banco o adian- códigos dos processos;
tamento do valor, em reais, correspondente ao contra-  ampliação de pontos de atendimento;
CONHECIMENTOS

to de câmbio. Assim, além de obter um financiamento  eliminação de coexistências de controles e siste-


competitivo para a produção da mercadoria a ser mas paralelos de coleta de dados;
exportada, o exportador também fixa a taxa de câm-  diminuição, simplificação e padronização de docu-
BANCÁRIOS

bio da sua operação.


mentos;
Cabe destacar que o ACC pode ser realizado em
 agilidade nos processos e diminuição dos custos
algumas exportações de serviços e, ainda, em até 360
dias antes do embarque da mercadoria. A liquidação administrativos.
da operação ocorre com o recebimento do pagamen-
to efetuado pelo importador, acompanhado do paga- O SISCOMEX é um sistema e, como tal, é neces-
mento dos juros devidos pelo exportador, ou pode sário que as pessoas se cadastrem nele para operar.
ser feita com encadeamento com um financiamento Existem 4 (quatro) tipos de cadastros para o seu aces-
pós-embarque. so. Vejamos: 127
 Habilitação ordinária: destinada à pessoa jurí- para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu-
dica que atue habitualmente no comércio exte- los e documentos que as representem e de ouro-ins-
rior. Nesta modalidade, a empresa está sujeita ao trumento cambial em valores superiores às compras.
acompanhamento da Receita Federal com base
na análise prévia da sua capacidade econômica e O que é Prêmio de Risco?
financeira;
Para melhor explicar isso, retomaremos alguns
Obs.: essa é a modalidade mais completa de habi- conceitos já estudados.
litação, a qual permite aos operadores realizar qual- Sabemos que a taxa de câmbio é livremente pac-
quer tipo de operação. Quando o volume de suas tuada entre os agentes autorizados a operar no mer-
operações for incompatível com a capacidade econô- cado de câmbio ou entre estes e seus clientes, podendo
mica e financeira evidenciada, a empresa estará sujei- as operações de câmbio ser contratadas para liquida-
ta a procedimento especial de fiscalização. ção pronta ou futura. Neste sentido, temos a possibi-
lidade de realizar operações com vencimento futuro,
 Habilitação simplificada: destinada às pessoas ou seja, a operação só será finalizada em uma data
físicas, às empresas públicas e às sociedades de previamente acordada entre as partes.
economia mista – entidades sem fins lucrativos; Ocorre que, no caso de operações interbancárias,
 Habilitação especial: destinada aos órgãos da a termo (contrato), as partes devem observar que, nas
Administração Pública direta, autarquias, fun- operações para liquidação pronta ou futura, a taxa de
dações públicas, órgãos públicos autônomos e câmbio deve refletir exclusivamente o preço da moe-
organismos internacionais; da negociada para a data da contratação da operação
 Habilitação restrita: destinada à pessoa física ou de câmbio, sendo facultada a pactuação de prêmio ou
jurídica que tenha operado anteriormente no bonificação nas operações para liquidação futura. Esse
comércio exterior exclusivamente para realização prêmio a que o Banco Central se refere no Capítulo 1,
de consulta ou retificação de declaração. da série “Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais
Internacionais”, é o Prêmio de Risco. Ele nada mais é
No mercado de Câmbio temos, também, as ope-
que um viés (uma tendência) entre a taxa de câmbio no
rações de Remessas. As remessas são operações de
mercado futuro e a esperança do câmbio no futuro.
envio de recursos para o exterior, por meio de ordens
de pagamento (cheque, ordem por conta, fax, internet, Por fim, vale lembrar que podemos analisar o Prê-
cartões de crédito). Em suma, são formas de enviar mio de Risco, comparando a paridade coberta dos
dinheiro para fora do país através de instituições. juros à paridade descoberta destes.
Existem remessas do Exterior para o Brasil e vice-
-versa. Elas podem ser:

 Em espécie: por Instituição Financeira ou pelo DINÂMICA DO MERCADO:


ECT; OPERAÇÕES NO MERCADO
 Via cartão de crédito: seguem a mesma lógica da
remessa em espécie, entretanto o pagamento é fei-
INTERBANCÁRIO
TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA DE FUNDOS
to por cartão de crédito.
Há um tipo bastante comum de prestação de ser-
PRÊMIOS DE RISCO; FLUXO DE CAPITAIS E SEUS
viços bancários que é o de realizar transferências
IMPACTOS SOBRE AS TAXAS DE CÂMBIO
eletrônicas de fundos. Estas transferências podem
ocorrer entre contas da própria instituição financeira
O que é Posição de Câmbio?
ou entre contas de diferentes instituições.
A posição de câmbio é representada pelo saldo Quando a transferência ocorre entre contas da
das operações de câmbio (compra e venda de moeda mesma instituição financeira, ou banco, chamamos
estrangeira, de títulos e documentos que os represen- de Transferência Eletrônica de Valores (TEV), pois
tem e de ouro-instrumento cambial) prontas ou para os recursos não saem da instituição, apenas saem de
liquidação futura realizadas pelas instituições autori- uma conta para outra, não fazendo uso do sistema de
zadas pelo Banco Central do Brasil a operar no merca- pagamentos brasileiro.
do de câmbio. Se a transferência envolve contas de diferentes
bancos, neste caso há a necessidade de utilizar o sis-
O que é Posição de Câmbio Comprada? tema de pagamentos brasileiro. Este é um sistema ele-
trônico criado e administrado pelo Banco Central do
A posição de câmbio comprada é o saldo em moe- Brasil, conforme consta na Lei n° 10.214, de 2001, para
da estrangeira registrado em nome de uma instituição que haja uma interligação mais segura para os clien-
autorizada que tenha efetuado compras, prontas ou tes, entre as diferentes instituições financeiras.
para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu- É através desta segurança que os clientes conse-
los e documentos que as representem e de ouro-ins- guem transitar seus recursos de um banco para outro
trumento cambial em valores superiores às vendas. sem correr grandes riscos, como por exemplo, de não
ter seu dinheiro enviado pelo banco de origem por fal-
O que é Posição de Câmbio Vendida? ta de recursos.
Existem, hoje, 4 formas de se transferir recursos
128 A posição de câmbio vendida é o saldo em moeda entre bancos utilizando o SPB (Sistema de Pagamen-
estrangeira registrado em nome de uma instituição tos Brasileiro). Veremos um pouco sobre cada um
autorizada que tenha efetuado vendas, prontas ou deles a seguir.
DOC é através do PIX (pagamento instantâneo), que será
visto posteriormente.
O Documento de Ordem de Crédito (DOC), é um
método de envio de recursos entre bancos que leva 24 ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS E TARIFAS
horas para ser compensado, ou seja, para ser proces-
sado e creditado na conta do destinatário. Um serviço encontrado com bastante frequência
Este método de transferência tem sido desencora-
nas instituições financeiras é o serviço de arrecada-
jado pelo Banco Central do Brasil (BACEN), pelo fato
ções de tributos e tarifas públicas, ele é composto de
de acarretar o risco de o banco emissor do DOC não
possuir recursos no fim do dia para honrar o com- convênios criados entre uma ou várias instituições e
promisso, pois para haver liquidação dessa operação um ou vários órgãos públicos a fim de que os boletos
no fim do dia, depende que o banco emissor possua gerados por estes órgãos sejam recebidos por uma ou
recursos disponíveis para tanto. mais dessas instituições financeiras.
Alguns impostos e tributos podem ter sua arreca-
TED dação restringida a uma instituição se, por conveniên-
cia do poder público, um acordo para exclusividade
A Transferência Eletrônica Disponível (TED) é a de arrecadação for fechado.
forma mais segura e moderna de fazer transferência Temos como exemplo de arrecadação centraliza-
de recursos entre bancos, pois a TED é operada atra-
da, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),
vés de um sistema que liquida as operações em tempo
real, ou seja, a TED é a conhecida transferência que que é arrecadado exclusivamente pela Caixa Econô-
“cai na hora”. mica ou os DARF (Documentos de Arrecadação Fiscal)
Vale destacar que esse “cai na hora” não é exata- que são centralizados pelo Banco do Brasil.
mente na mesma hora, pois uma TED pode demorar É importante compreender que arrecadar e cen-
até 1 hora e 30 minutos para ser creditada na conta tralizar podem ter significados diferentes, pois a cen-
do destinatário no outro banco, e caso não aconteça tralização do FGTS na Caixa está prevista na Lei n°
neste intervalo de tempo, o banco central notifica o 8.036, de 1990, que regulamenta o FGTS, já quanto ao
banco emissor da TED, que fica na responsabilidade Banco do Brasil, centraliza os DARF porque é o centra-
de devolve o recurso para a conta do cliente emitente. lizador do caixa do Governo Federal e o documento é
para arrecadação de tributos federais.
Importante!
DEPÓSITO INTERFINANCEIRO
Nenhum banco é obrigado a oferecer o serviço de
TED, mas caso haja essa oferta, deve garantir ao Negociado exclusivamente entre instituições finan-
cliente emissor da TED que o valor chegará na conta ceiras, o Depósito Interfinanceiro (DI) é um título priva-
do destinatário em até 1 hora e 30 minutos, caso do de Renda Fixa que auxilia no fechamento de caixa
contrário, o emissor receberá uma notifica- ção de dos bancos, como instrumento de captação de recursos
impossibilidade e o valor será devolvido em sua ou de aplicação de recursos excedentes. Não é permiti-
conta.
da a venda de Depósito Interfinanceiro a outros inves-
tidores, assim como não há incidência de impostos
sobre a rentabilidade. Os títulos têm elevada liquidez
Transferências TED são mais seguras, pois como o
sistema de liquidação é em tempo real (LBTR – Liqui- e embutem um baixíssimo risco, normalmente associa-
dação Bruta em Tempo Real), o banco emissor somen- do à solidez dos bancos que participam do mercado.
te poderá emitir a TED para o destinatário caso possua Essas negociações geram uma Taxa TI, sobre isso
fundos disponíveis para enviar. veja:

TEC As negociações entre os bancos geram a Taxa DI,


referência para a maior parte dos títulos de renda
A Transferência Eletrônica de Créditos (TEC) foi fixa ofertados ao iwvestidor. É hoje o priwcipal bew-
criada e aperfeiçoada para ser a forma como os ban- chmark do mercado. A Taxa DI é obtida ao se cal-
cos fazem transferências de compromissos agendados cular a média ponderada das taxas das transações
entre si, como por exemplo, pagamento de folha de prefixadas, extragrupo e com prazo de um dia efe-
salário dos empregados de uma empresa. tuadas wa B3 ewtre iwstituições fiwawceiras. Como
Quando a empresa tem convênio com um banco e a taxa para o prazo de um dia é muito pequena,
o empregado faz a portabilidade de seu salário para convencionou-se divulgá-la de forma anualizada.
CONHECIMENTOS

uma conta em outra instituição, ficaria oneroso para Essas transações são fechadas por meio eletrônico
o empregado fazer o pagamento mensal de uma tarifa
e registradas na B3.5
realizando um DOC e ou uma TED. Para evitar este tipo
BANCÁRIOS

de morosidade e gastos a mais, os bancos utilizam-se


da TEC, pois com ela, o custo das transferências de cré- Além do DI tradicional, fontes registram diversas
dito é diluído, de forma a possibilitar a portabilidade modalidades do ativo, como Depósito Interfinanceiro
do salário sem ônus para o empregado da empresa. vinculado a Micro finanças – DIM, Depósito Interfi-
Atualmente a principal forma de transferências nanceiro Rural – DIR, e Depósito Interfinanceiro Imo-
entre contas do mesmo banco ou de diferentes bancos biliário – DII.
5 B3. Captação Bancária. Depósito Interfinanceiro. Disponível em: https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/registro/renda-fixa-e-valo- res-
mobiliarios/deposito-interfinanceiro.htm. Acesso em: 24 nov. 2022. 129
Outros serviços, como estéticos e de saúde, por
MERCADO BANCÁRIO: OPERAÇÕES exemplo, também podem ser considerados nessa lista.
DE TESOURARIA, VAREJO O contrato deve prever as condições para concor-
rer à contemplação por sorteio, bem como as regras
BANCÁRIO E RECUPERAÇÃO DE da contemplação por lance.
CRÉDITO O BCB é o responsável pela normatização, autoriza-
Temos, por varejo bancário, um conjunto de ope- ção, supervisão e controle das atividades do sistema de
ração e serviços que os bancos prestam à maioria de consórcios, com foco na eficiência e solidez das adminis-
seu público. Os segmentos mais específicos de merca- tradoras e cumprimento da regulamentação específica.
do chamamos de PRIVATE ou Alta Renda, que costu-
mam ter seus produtos e serviços customizados. Para INVESTIMENTOS E SEGUROS, CAPITALIZAÇÃO
o segmento de varejo, temos produtos padronizados e
amplos, como explicitaremos mais à frente. Sistema de Seguros Privados: O Subsistema Normativo
As operações de tesouraria são nada mais nada
menos que as operações administrativas de manu- Dentro do sistema de seguros privados, nós temos,
tenção de numerário (dinheiro físico) nas agências, e assim como no sistema financeiro que vimos anterior-
a guarda ou custódia de garantias das operações de mente, uma estrutura composta por órgão normativo,
crédito ou de valores de terceiros, como penhores de entidade supervisora e operadores.
joias e metais preciosos. Nesse sistema, nós temos como órgão normativo
Confira alguns produtos de varejo bancário abaixo. o Conselho Nacional de Seguros Privados, o CNSP,
responsável por fixar as diretrizes e normas da políti-
CONSÓRCIOS ca de seguros privados. Ele é composto pelo Ministro
da Economia (Presidente), pelo Superintendente da
O Sistema de Consórcios se destina a propiciar o Superintendência de Seguros Privados e pelos repre-
acesso de integrantes de grupos de consórcio ao con- sentantes do Ministério da Justiça, da Secretaria da
sumo de bens e serviços. O sistema é constituído por Previdência Social, do Banco Central do Brasil e da
administradoras de consórcio e por grupos de consór- Comissão de Valores Mobiliários.
cio e é regulamentado pela Lei nº 11.795, de 8 de outu- São algumas atribuições do CNSP, de acordo com o
bro de 2008. Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966:
Consórcio são pessoas naturais e jurídicas que se
reúnem, com prazo definido e número de cotas pre-  fixar diretrizes e normas da política de seguros
viamente determinado, por meio de uma adminis- privados;
tradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a  regular a constituição, organização, funcionamen-
seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de to e fiscalização dos que exercem atividades subor-
bens ou serviços, através de autofinanciamento. dinadas ao Sistema Nacional de Seguros Privados,
A administradora de consórcios é a pessoa jurídica bem como a aplicação das penalidades previstas;
que presta serviços e tem objeto social principal vol-  fixar as características gerais dos contratos de
tado à administração de grupos de consórcio, consti- seguro, previdência privada aberta, capitalização
tuída sob a forma de sociedade limitada ou sociedade e resseguro;
anônima.  estabelecer as diretrizes gerais das operações de
resseguro;
No sistema de consórcios, os grupos têm patrimô-  conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do
nio próprio e são independentes entre si, de modo IRB;
que os recursos de um grupo não podem ser trans-  prescrever os critérios de constituição das Socie-
feridos para outro nem se confundem com o patri- dades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de
mônio das administradoras. Além disso, o interesse Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com
do grupo de consórcio prevalece sobre o interesse fixação dos limites legais e técnicos das respectivas
individual do consorciado. operações;
A adesão de um consorciado a um grupo de consór-  disciplinar a corretagem do mercado e a profissão
cio se dá mediante assinatura de contrato de parti-
de corretor.
cipação. Nesse contrato, devem estar previstos os
direitos e os deveres das partes, tais como a descri-
ção do bem a que o contrato está referenciado e seu Para auxiliar o CNSP, foi criada a SUSEP (Superin-
respectivo preço (que será adotado como referência tendência de Seguros Privados), que é a autarquia
para o valor do crédito e para o cálculo das parce- responsável pelo controle e fiscalização dos mercados
las mensais do consorciado). de seguro, previdência privada aberta, capitalização
O contrato de participação em grupo de consórcio, e resseguro. A autarquia, vinculada ao Ministério da
por adesão, poderá ter como referência um bem Economia, foi criada pelo Decreto-Lei nº 73, de 21
móvel, um bem imóvel ou um serviço de qualquer de novembro de 1966, e sua missão é desenvolver os
natureza. mercados supervisionados, assegurando sua estabili-
Os bens móveis podem ser dos seguintes dade e os direitos do consumidor.
subsegmentos: Portanto, são atribuições da SUSEP:
 veículos pesados e outros;
 automóveis (incluindo utilitários e caminhonetes);  fiscalizar a constituição, organização, funciona-
 motocicletas (incluindo motonetas, ciclomotores, mento e operação das Sociedades Seguradoras, de
triciclos e quadriciclos); Capitalização, Entidades de Previdência Privada
130
 outros bens móveis duráveis (eletroeletrônicos Aberta e Resseguradores, na qualidade de execu-
e eletrodomésticos, incluindo móveis e mobílias) tora da política traçada pelo CNSP;
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2020).
 atuar no sentido de proteger a captação de pou- Prazo de Carência: é o período em que o subscri-
pança popular que se efetua através das operações tor não pode solicitar o resgate da capitalização, mes-
de seguro, previdência privada aberta, de capitali- mo com perdas. Esse prazo é máximo de 24 meses
zação e resseguro; em qualquer modalidade.
 zelar pela defesa dos interesses dos consumidores Quanto à forma de pagamento, ela pode ser por
dos mercados supervisionados; mês (PM) — é um título que prevê um pagamento a
 promover o aperfeiçoamento das instituições e dos cada mês de vigência do título; por período (PP) —
instrumentos operacionais a eles vinculados, com é um título em que não há correspondência entre
vistas à maior eficiência do Sistema Nacional de Segu- o número de pagamentos e o número de meses de
ros Privados e do Sistema Nacional de Capitalização; vigência do título; ou por pagamento único (PU) — é
 promover a estabilidade dos mercados sob sua um título em que o pagamento é realizado uma úni-
jurisdição, assegurando sua expansão e o funcio- ca vez, tendo sua vigência estipulada na proposta
namento das entidades que neles operem; (no mínimo 12 meses).
 zelar pela liquidez e solvência das sociedades que
integram o mercado;
 disciplinar e acompanhar os investimentos daque- Importante!
las entidades, em especial os efetuados em bens
garantidores de provisões técnicas; Note que nem sempre os prazos de vigência e
 cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e pagamento vão coincidir, mas o prazo de paga-
exercer as atividades que por este forem delegadas; mento jamais será maior que o prazo de vigên- cia;
 prover os serviços de Secretaria Executiva do no máximo, pode ser igual ao de vigência, mas nunca
CNSP. maior!

O Subsistema Operador do Sistema de Seguros


Privados Já as modalidades são:

As instituições a seguir são subordinadas ao CNSP Modalidade tradicional: define-se como Moda-
e à SUSEP, que regulamentam seu funcionamento e lidade Tradicional o Título de Capitalização que tem
fiscalizam suas atuações neste mercado. por objetivo restituir ao titular, ao final do prazo de
vigência, no mínimo, o valor total dos pagamentos
 Sociedades de Capitalização efetuados pelo subscritor, desde que todos os paga-
mentos previstos tenham sido realizados nas datas
Constituídas sob a forma de sociedades anônimas programadas. Deve possuir prazo de vigência míni-
que negociam contratos (títulos de capitalização), têm mo de 12 meses, e ter carência mínima de 30 dias
por objeto o depósito periódico de prestações pecu- para resgate e remuneração mínima de 0,35% AM.
niárias pelo contratante, o qual terá, depois de cum- Modalidade Compra-Programada: define-se
prido o prazo contratado, o direito de resgatar parte como Modalidade Compra-Programada o Título de
dos valores depositados corrigidos por uma taxa de Capitalização em que a sociedade de capitalização
juros estabelecida contratualmente. Pode conferir,
garante ao titular, ao final da vigência, o recebimen-
ainda, quando previsto, o direito de concorrer a sor-
to do valor de resgate em moeda corrente nacional,
teios de prêmios em dinheiro.
sendo disponibilizada ao titular a faculdade de optar,
se este assim desejar e sem qualquer outro custo,
 O Título de Capitalização (Circular 576, de
pelo recebimento do bem ou serviço referenciado na
2018)
ficha de cadastro, subsidiado por acordos comerciais
celebrados com indústrias, atacadistas ou empresas
É um produto em que parte dos pagamentos
comerciais. Devem ser estruturados na forma PM (Por
realizados pelo subscritor(adquirente) é usada
Mês) ou PP (Por Período), possuir prazo de vigência
para formar um capital mínimo, segundo cláusulas
mínimo de 6 meses, e mínimo de 30 dias de carência
e regras aprovadas e mencionadas no próprio título
(Condições Gerais do Título), que será pago em moe- para resgate e remuneração mínima de 0,35% AM.
Modalidade Popular: define-se como Modalidade
da corrente nacional em um prazo máximo esta-
Popular o Título de Capitalização que tem por objeti-
belecido no contrato, dando também ao adquirente/
subscritor o direito de participação em sorteios. vo propiciar a participação do titular em sorteios, sem
Os prazos dos títulos de capitalização são: que haja devolução integral dos valores pagos. Tem
Prazo de Pagamento: é o período durante o qual vigência mínima de 12 meses, carência mínima de 60
o subscritor se compromete a efetuar os pagamentos dias para resgate e remuneração mínima de 0,16% AM.
que, em geral, são mensais e sucessivos. Outra possi- A Tele Sena é um ótimo exemplo desta modalidade.
CONHECIMENTOS

bilidade, como colocada acima, é a de o título ser de Modalidade Incentivo: entende-se por Modalida-
Pagamento Periódico (PP) ou de Pagamento Único de Incentivo o Título de Capitalização que está vincu-
BANCÁRIOS

(PU). lado a um evento promocional de caráter comercial


Prazo de Vigência: é o período durante o qual o instituído pelo Subscritor para alavancar as vendas de
Título de Capitalização está sendo administrado pela seus produtos ou serviços ou para fidelizar seus clien-
Sociedade de Capitalização, sendo o capital relativo ao tes. O subscritor, nesse caso, é a empresa que compra
título, em geral, atualizado monetariamente pela TR e o título e o cede total ou parcialmente (somente o
capitalizado pela taxa de juros informada nas Condi- direito ao sorteio) aos clientes consumidores do pro-
ções Gerais. É o prazo que compreende o início e o fim duto utilizado no evento promocional. Tem prazo de
do título, ou seja, o prazo em que o cliente ou subscri- vigência mínimo de 60 dias, prazo de 60 dias de carên-
tor concorre aos sorteios. cia para resgate e remuneração mínima de 0,16% AM. 131

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