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TURMA: BANCO DO BRASIL

DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA


PROFESSORA: TULIANI NUNES

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS


Compreender e interpretar textos é essencial para que o objetivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente.
Com isso, é importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o texto pode ser verbal ou não-verbal,
desde que tenha um sentido completo.
 A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e de sua proposta comunicativa, decodificando a
mensagem explícita. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua interpretação.

 A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para
além daquilo que está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpretação é subjetiva, contando
com o conhecimento prévio e do repertório do leitor.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, é necessário fazer a decodificação de códigos
linguísticos e/ou visuais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido de conjunções e preposições,
por exemplo, bem como identificar expressões, gestos e cores quando se trata de imagens.

Dicas práticas para uma boa compreensão e interpretação


1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um conceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados
em cada parágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, adicione também pensamentos e
inferências próprias às anotações.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca por perto, para poder procurar o significado de palavras
desconhecidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fonte de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, questões que esperam compreensão do texto aparecem
com as seguintes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de acordo com o autor... Já as
questões que esperam interpretação do texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto que...; o
texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor quando afirma que...

INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO


 A inferência é uma relação de sentido conhecida desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto. Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do texto, nas linhas apresentadas.

 Apesar de, aparentemente, parecer algo subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas. A primeira e
mais importante delas é identificar a orientação do pensamento do autor do texto, que fica perceptível
quando identificamos como o raciocínio dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir da análise de
dados, informações com fontes confiáveis ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos, das
consequências, a fim de se identificar as causas.

A seguir, apresentamos estratégias de leitura que focam nas formas de inferência sobre um texto. Inicialmente, é
fundamental identificar como ocorre o processo de inferência, que se dá por dedução ou por indução. Para entender
melhor, veja esse exemplo:

O marido da minha chefe parou de beber.

Observe que é possível inferir várias informações a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enunciador é
casada (informação comprovada pela expressão “marido”), a segunda é que o enunciador está trabalhando
(informação comprovada pela expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador bebia
(expressão comprovada pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto que
induzem o leitor a interpretar essas informações.
 Tratando-se de interpretação textual, os processos de inferência, sejam por dedução ou por indução, partem
de uma certeza prévia para a concepção de uma interpretação construída pelas pistas oferecidas no texto
junto da articulação com as informações acessadas pelo leitor do texto. A seguir, observe o fluxograma que
representa como ocorre a relação desses processos:

A INDUÇÃO
 As estratégias de interpretação que observam métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto oferece e,
posteriormente, reconhecem alguma certeza na interpretação. Dessa forma, é fundamental buscar uma
ordem de eventos ou processos ocorridos no texto e que variam conforme o tipo textual.

 Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos identificar uma organização cronológica e espacial no
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição,
podemos organizar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos e demais sintagmas nominais; na
argumentação, esse encadeamento de ideias fica marcado pelo uso de conjunções e elementos que expõem
uma ideia/ponto de vista.

 No processo interpretativo indutivo, as ideias são organizadas a partir de uma especificação para uma
generalização. Vejamos um exemplo:
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no
tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. São em
geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capazes de colher
fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e
antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril e
errôneo critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21)
 O trecho em destaque na citação do escritor Lima Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento indutivo compõe a interpretação e decodificação de
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estratégias usadas para identificar essa forma de interpretar,
deixamos a seguir dicas de como buscar a organização cronológica de um texto.

A DEDUÇÃO
 A leitura de um texto envolve a análise de diversos aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado. Em questões de concurso, as bancas costumam procurar nos enunciados
implícitos do texto aspectos para abordar em suas provas.

 No momento de ler um texto, o leitor articula seus conhecimentos prévios a partir de uma informação que
julga certa, buscando uma interpretação; assim, ocorre o processo de interpretação por dedução. Conforme
Kleiman (2016, p. 47):
Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possível estrutura textual; na predição ele estará ativando
seu conhecimento prévio, e na testagem ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
conhecimento.
Atente-se a essa informação, pois é uma das primeiras estratégias de leitura para uma boa interpretação textual:
formular hipóteses, a partir da macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura inicial, o leitor deve buscar
identificar o gênero textual ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano, entre outras informações que
podem vir como “acessórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a leitura que fará em seguida.

O processo de interpretação por estratégias de dedução envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
1. Conhecimento Linguístico;
2. Conhecimento Textual;
3. Conhecimento de Mundo.

EXERCÍCIO
1. (FGV – 2019) “Quando se julga por indução e sem o necessário conhecimento dos fatos, às vezes chega- -se a ser
injusto até mesmo com os malfeitores”. Indução é um processo lógico que parte do particular para o geral, como
ocorre no seguinte raciocínio:
a) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar também;
b) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter chovido durante toda a noite;
c) A torcida do Corinthians está presente em todos os jogos; domingo não deve ser diferente;
d) O estacionamento do restaurante está cheio de carros; o lucro desse restaurante deve ser alto;
e) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o meu automóvel enguiçou ontem.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Julgue o item, relativo à dedução e indução.


A conclusão de um argumento dedutivo é uma consequência necessária da verdade da conjunção das premissas, o
que significa que, sendo verdadeiras as premissas, é impossível a conclusão ser falsa. ( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (UFPE – 2018 - Adaptada) Na temática da Lógica, leia o texto a seguir sobre os tipos de inferência:
A dedução e a indução são conhecidas com o nome de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir de outra já
conhecida. Sobre a indução e a dedução, entende-se como inferências mediatas.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1996, p. 68.) Adaptado.
A autora acima enfatiza a singularidade dos tipos de inferência no âmbito da razão discursiva. Sobre isso, observe a
seguinte inferência:
Sócrates é homem e mortal
Platão é homem e mortal Aristóteles é homem e mortal
Logo, todos os homens são mortais.
A inferência expressa o raciocínio:
a) Dialético.
b) Disjuntivo.
c) Indutivo.
d) Conjuntivo.
e) Argumentativo.

4. CESGRANRIO – 2019) Leia o texto para responder às questões.


Texto II
Serviu suas famosas bebidas para Vinicius, Carybé e Pelé
Os pedaços de coco in natura são colocados no liquidifica- dor e triturados. O líquido resultante é coado com uma
peneira de palha e recolocado no aparelho, onde é batido com açúcar e leite condensado. Ao fim, adiciona-se
aguardente. A receita de Diolino Gomes Damasceno, ditada à Folha por seu filho Otaviano, parece trivial, mas a
conhecida batida de coco resultante não é. Afinal, não é possível que uma bebida qualquer tenha encantado um
time formado por Jorge Amado (diabético, tomava sem açúcar), Pierre Verger, Carybé, Mussum, João Ubaldo
Ribeiro, Angela Rô Rô, Wando, Vinicius de Moraes e Pelé (tomava dentro do carro).
Baiano nascido em 1931 na cidade de Ipecaetá, interior do estado, Diolino abriu seu primeiro estabelecimento em
1968, no bairro do Rio Vermelho, reduto boêmio de Salvador. Localizado em uma garagem, ganhou o nome de
MiniBar.
O Texto II diz que o principal motivo do sucesso da vendagem no estabelecimento de Diolino Damasce- no foi
a) a receita secreta de sua batida de limão.
b) seu jeito peculiar de combinar os ingredientes.
c) a clientela de grandes nomes da cultura e do esporte.
d) fazer uma bebida que podia ser ingerida por diabéticos.
e) o sistema original de atendimento direto aos veículos.

5 (CESGRANRIO – 2018) Leia o texto para responder às questões.


Texto II
O Brasil na memória
A viagem tem uma estruturalidade típica. Há a escolha do destino, uma finalidade antevista, uma partida e um
retorno, um trajeto por lugares, um tempo de duração. Há situações iniciais e finais, outras intermediárias, numa
dimensão linear, e há atores, um dos quais o viajante, que serve de fio condutor entre pessoas, acontecimentos,
locais e deslocamentos. Supõe uma subjetividade que se abre ao desconhecido, a perda de referências familiares, o
abandono do mesmo pelo diferente, o encontro com o outro e o reencontro consigo mesmo. Em contrapartida, a
narrativa de viagem depende em primeiro lugar da memória e de anotações. Seleciona experiências, pre- cisa
estabelecer um projeto de narração, não necessariamente cronológico ou causal, torna-se, mesmo sem intenção,
um tes- temunho. E é orientada por perspectivas do narrador-viajante, que incluem seu estilo de vida, sua
mentalidade, assim como sua visão de mundo e sua posição de sujeito, ou seja, o local cultural de onde fala.
BORDINI, Maria da Glória. In: Descobrindo o Brasil. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011, p. 353.

Objetivamente, entende-se a partir da


leitura do Texto II que uma viagem tem
a) sentimento de fuga
b) começo, meio e fim
c) planejamento fortuito
d) imprevistos e percalços
e)data de ida, mas não de volta

6. (CESGRANRIO – 2018) Texto II


O amor é valente
Mesmo que mil tipos(A) De ódio o mal invente(B),
O amor, mesmo sozinho, Será sempre mais valente. Valente, forte, profundo Capaz de mudar o mundo(C) Acalmar
qualquer dor Vivemos nesse conflito(D). Mas confio e acredito(E)
Na valentia do amor.
BESSA, Bráulio. Poesia com rapadura. Fortaleza: Editora CENE, 2017.
No Texto , percebemos claramente a grande capacidade que tem o amor.
Que trecho comprova essa afirmação?
a) “Mesmo que mil tipos”
b) “De ódio o mal invente”
c) “Capaz de mudar o mundo”
d) “Vivemos nesse conflito”
e) “Mas confio e acredito”

7. (CESGRANRIO – 2012) Science fiction


O marciano encontrou-me na rua
e teve medo de minha impossibilidade humana. Como pode existir, pensou consigo, um ser
que no existir põe tamanha anulação de existência?
Afastou-se o marciano, e persegui-o. Precisava dele como de um testemunho. Mas, recusando o colóquio,
desintegrou- -se no ar constelado de problemas.
E fiquei só em mim, de mim ausente.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Science fiction. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p. 330-331.
De acordo com a primeira estrofe do poema, o medo do marciano origina-se no fato de que
a) a aparência do homem em conflito consigo mesmo o apavora.
b) as contradições existenciais do homem não lhe fazem sentido.
c) o homem tinha atitudes de ameaça ao marciano.
d) o homem e o marciano não teriam chance de travar qual- quer tipo de interação.
e) o encontro na rua foi casual, tendo o marciano se assustado com a aparência física do homem.

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