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ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Conhecimento prévio; Intertextualidade; Gêneros textuais; Tipologia textual; Interpretação e Compreensão de textos;
Variabilidade lingüística;........................................................................................................................................................................................... 01
Semântica: construção de sentido e efeitos de sentido, sinonímia, antonímia, homonímia, polissemia e guras de lin-
guagem;........................................................................................................................................................................................................................... 32
Pontuação e efeitos de sentido;............................................................................................................................................................................. 42
Denotação e conotação;............................................................................................................................................................................................ 32
Relações lexicais;.......................................................................................................................................................................................................... 01
Linguagem verbal e não verbal; tipos de discurso;......................................................................................................................................... 01
Aspectos de textualidade: coesão e coerência................................................................................................................................................. 44
Através do texto, infere-se que...
CONHECIMENTO PRÉVIO; É possível deduzir que...
INTERTEXTUALIDADE; GÊNEROS O autor permite concluir que...
TEXTUAIS; TIPOLOGIA TEXTUAL; Qual é a intenção do autor ao a rmar que...
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE
TEXTOS; VARIABILIDADE LINGUÍSTICA; Compreender signi ca
RELAÇÕES LEXICAIS; LINGUAGEM VERBAL Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
O texto diz que...
E NÃO VERBAL; TIPOS DE DISCURSO
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a a rma-
Interpretação Textual ção...
O narrador a rma...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela-
cionadas entre si, formando um todo signi cativo capaz Erros de interpretação
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi-
car e decodi car).  Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se
sai do contexto, acrescentando ideias que não
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. estão no texto, quer por conhecimento prévio
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com do tema quer pela imaginação.
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para  Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento um texto é um conjunto de ideias), o que pode
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada ser insu ciente para o entendimento do tema
de seu contexto original e analisada separadamente, po- desenvolvido.
derá ter um signi cado diferente daquele inicial.  Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- clusões equivocadas e, consequentemente, er-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de rar a questão.
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
de um texto é a identi cação de sua ideia principal. A uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun- deração é o que o autor diz e nada mais.
damentações), as argumentações (ou explicações), que
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na Coesão e Coerência
prova.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
 Identi car os elementos fundamentais de uma si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
argumentação, de um processo, de uma época um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
os quais de nem o tempo). que se vai dizer e o que já foi dito.
 Comparar as relações de semelhança ou de dife-
renças entre as situações do texto. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
com uma realidade. me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
 Parafrasear = reescrever o texto com outras pa- bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
lavras. semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
tecedente.
Condições básicas para interpretar Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
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tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- cia, a saber:


lidades do texto) e semântico; capacidade de observação que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
e de síntese; capacidade de raciocínio. te, mas depende das condições da frase.
qual (neutro) idem ao anterior.
Interpretar/Compreender quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
Interpretar signi ca: o objeto possuído.
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. como (modo)

1
onde (lugar)
quando (tempo)
quanto (montante) EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto) 1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística –
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria AOCP-2015)
aparecer o demonstrativo O).
O verão em que aprendi a boiar
Dicas para melhorar a interpretação de textos Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca-
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge- éramos
ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
muitos candidatos na disputa, portanto, quanto IVAN MARTINS
mais informação você absorver com a leitura, mais Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-
chances terá de resolver as questões. dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- gosto especial.
rompa a leitura. Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor-
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci-
forem necessárias. dade, minha cidade, mudou de tamanho e de sionomia.
 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
conclusão). diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
 Volte ao texto quantas vezes precisar. as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
 Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as a estrada com os lhos pequenos revelou-se uma delícia
do autor. insuspeitada.
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
 Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me-
ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
lhor compreensão.
mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou in-
 Veri que, com atenção e cuidado, o enunciado de
teiramente.
cada questão.
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu z outra des-
 O autor defende ideias e você deve percebê-las.
coberta temporã.
 Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
fo geralmente mantém com outro uma relação de
num nal de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identi - utuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
que muito bem essas relações. va, sob o olhar risonho da minha mulher, nalmente con-
 Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou segui boiar.
seja, a ideia mais importante. Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
 Nos enunciados, grife palavras como “correto” anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
hora da resposta – o que vale não somente para de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
Interpretação de Texto, mas para todas as demais esqueceram de como tudo isso é bom.
questões! Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
 Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin- ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con- montanhas ao redor, dos sons que chegam ltrados ao
clusão. ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
 Olhe com especial atenção os pronomes relativos, água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, isso, curiosamente, não é fácil.
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
tem a outros vocábulos do texto. bre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
SITES ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- Também somos profundamente modi cados por ele.
-provas> A cada momento da vida, quando achamos que tudo já
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Disponível em: <http://www.portuguesnarede. aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós


com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
html> de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- Suspeito que isso tenha importância também para os re-
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> lacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.

2
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. /
tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra- Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro oresça, melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender).
em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten-
conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com
nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen- mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e
tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia menos medo = correta.
do outro e de si mesmo, no mundo. Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela-
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci- cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam
sam ser aprendidas. = incorreta – o autor propõe viver intensamente.
Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar criterioso com seus relacionamentos, a m de que eles
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode objetivo nos relacionamentos.
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem- Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, rosas = incorreta – ser mais emoção.
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada não pensando em algo ruim.
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for- 2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS –
ma relaxada e consciente um grande amor. ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013)
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra-
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval.
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi- Suas consequências sobre a economia das famílias e das
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos rela-
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações cionam-se em suas operações de compra, venda e troca
de mercadorias e serviços de modo que cada fato econô-
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
mico, seja ele de simples circulação, de transformação ou
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
de consumo, corresponde à realização de ao menos uma
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
operação de natureza monetária junto a um intermediá-
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se
rio nanceiro, em regra, um banco comercial que recebe
aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impos-
um depósito, paga um cheque, desconta um título ou
síveis.
antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilida-
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
de do sistema que intermedeia as operações monetárias,
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra portanto, é fundamental para a própria segurança e esta-
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com bilidade das relações entre os agentes econômicos.
mais prazer, com mais intensidade e menos medo. A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e
O verão, a nal, está apenas começando. Todos os dias se contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os
pode tentar boiar. titulares de ativos nanceiros fujam do sistema nanceiro
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar- e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimônio,
tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos, em
estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se evitar
De acordo com o texto, quando o autor a rma que “To- esse tipo de distorção, é fundamental a manutenção da
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de credibilidade no sistema nanceiro. A experiência bra-
sileira com o Plano Real é singular entre os países que
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar adotaram políticas de estabilização monetária, uma vez
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal- que a reversão das taxas in acionárias não resultou na
ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos fuga de capitais líquidos do sistema nanceiro para os
medo. ativos reais.
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- Pode-se a rmar que a estabilidade do Sistema Financei-
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
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c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio- existe moeda forte sem um sistema bancário igualmente
so com seus relacionamentos, a m de que eles sejam forte. Não é por outra razão que a Lei n.º 4.595/1964, que
vividos intensamente. criou o Banco Central do Brasil (BACEN), atribuiu-lhe si-
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- multaneamente as funções de zelar pela estabilidade da
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. moeda e pela liquidez e solvência do sistema nanceiro.
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém Atuação do Banco Central na sua função de zelar pela
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Internet: <
acontecer. www.bcb.gov.br > (com adaptações).

3
Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
“crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibi- dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po-
lidade de se preverem as consequências de ambos os der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de
fenômenos. 80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1%
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
( ) CERTO ( ) ERRADO [...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventan-
Resposta: Certo. Conclui-se da leitura do texto que do-dinheiro/
a comparação entre “crise bancária” e “vendaval” em- Acessado em 20/03/2018
basa-se na impossibilidade de se preverem as conse- De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-
quências de ambos os fenômenos. rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de
Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser com- a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.
parada a um vendaval. Suas consequências sobre a eco- b) proteger os bens dos clientes de bancos.
nomia das famílias e das empresas são imprevisíveis. c) impedir que os bancos fossem à falência.
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) e) preservar as economias das pessoas.

Lastro e o Sistema Bancário Resposta: Letra D. Ao texto: (...) Com o tempo, os


banqueiros se deram conta de que ninguém estava
[...] interessado em trocar dinheiro por ouro e criaram ma-
Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita- nobras, como a reserva fracional, para emprestar mui-
do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade to mais dinheiro do que realmente tinham em ouro
de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse nos cofres.
metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei- Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = in-
ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros correta
se deram conta de que ninguém estava interessado em Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = in-
trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re- correta
serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises, incorreta
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos, correta
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas Em “e”, preservar as economias das pessoas = incor-
economias seguramente guardadas. reta
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
principalmente de valores em contas bancárias, já não A leitura do texto permite a compreensão de que
tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria-
do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em sua b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imagi-
conta é gerado naquele instante, criado a partir de uma nário.
decisão administrativa, e assim entra na economia. Essa c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
explicação permaneceu controversa e escondida por d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do e) os bancos con scam os bens dos clientes endividados.
Bank of England de 2014.
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é Resposta: Letra A.
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces- Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e bancos = correta
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa imaginário = nem todo
números em uma tabela com meu nome e pede que eu Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou-
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, tros clientes
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
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nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a -mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No m, Em “e”, os bancos con scam os bens dos clientes endi-
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- vidados = desde que não paguem a dívida
do e ainda con scam os bens da pessoa endividada cujo
dinheiro tomei.
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante

4
5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI- surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais
RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge nobres, como o ouro e a prata, os signos monetários pas-
abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati- saram a ser valorizados também pela nobreza dos metais
vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de neles empregados.
2018. Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi-
tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou
suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a as-
sociação dos atributos de beleza e expressão cultural ao
valor monetário das moedas, que quase sempre, na atua-
lidade, apresentam guras representativas da história, da
cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança le-
vou ao surgimento dos bancos. Os negociantes de ouro
e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passa-
ram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de
seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guar-
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO dadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir
pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a como meio de pagamento por seus possuidores, por ser
seguinte informação: mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo. Assim
surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cé-
a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co- dulas de banco; concomitantemente ao surgimento das
metidos no Rio; cédulas, a guarda dos valores em espécie dava origem a
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem- instituições bancárias.
-feita; Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História,
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com 1694/1984.
o interlocutor;
Depreende-se do texto que duas características das
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char-
moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação
ge;
de formas em sua superfície e a associação de seu valor
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
monetário a atributos como beleza.
sença do Exército.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Letra D.
Resposta: Errado. Depreende-se do texto que duas
características das moedas se mantiveram ao longo do
tempo: a veiculação de formas em sua superfície e a
associação de seu valor monetário a atributos como
beleza = errado (é o inverso).
Texto: (...) a associação dos atributos de beleza e ex-
pressão cultural ao valor monetário das moedas, que
quase sempre, na atualidade, apresentam guras re-
presentativas da história, da cultura, das riquezas e do
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se- poder das sociedades.
guinte informação:
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri- 7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo
mes cometidos no Rio = inferência correta Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen- denota, além da agressão física, diversos tipos de impo-
do bem-feita = inferência correta sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de
de com o interlocutor = inferência correta determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
da charge = incorreta manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:
a presença do Exército = inferência correta
a) Presa por mensagem racista na internet;
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6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR – b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
As primeiras moedas, peças representando valores, ge- e) Quatro funcionários caram livres do trabalho escravo.
ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no
século VII a.C. As características que se desejava ressaltar Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra-
eram transportadas para as peças por meio da panca- cista na internet = como a repressão política, familiar
da de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o ou de gênero

5
Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene- Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos.
zuelana = como a repressão política, familiar ou de gê- Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve.
nero = incorreto
Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô- Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem
nico = não consta na Manchete acima devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa
Rússia = como a repressão política, familiar ou de gê- acontecer... = precisa acontecer a punição dos exces-
nero sos.
Em “e”: Quatro funcionários caram livres do trabalho
escravo = o desgaste causado pelas condições de tra- 9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – CES-
balho PE-2018)

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – Texto CG1A1AAA


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)
Oportunismo à Direita e à Esquerda A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in-
Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas religiosa etc. é chamado à criação de um mundo paci ca-
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem Mas, o que signi ca “cultura da paz”?
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças
conforme estabelecido na legislação. e os adultos da compreensão de princípios como liber-
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami- dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância,
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi-
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na
se bene ciar do barateamento do combustível. sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
paz tem de procurar soluções que advenham de dentro
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior.
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
em sentido negativo, quando se traduz em um estado
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
de não guerra, em ausência de con ito, em passividade
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese,
que está delimitado pelo estado democrático de direito,
condenada a um vazio, a uma não existência palpável,
defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público, difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep-
Forças Armadas etc. ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de prática da não violência para resolver con itos, a prática
suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan- do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá-
do, do qual depende a sobrevivência física da população. tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope-
Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as ração planejada e o movimento constante da instalação
autoridades desenvolvam planos de contingência. de justiça.
O Globo, 31/05/2018. Uma cultura de paz exige esforço para modi car o pen-
samento e a ação das pessoas para que se promova a
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca- paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
em se bene ciar do barateamento do combustível.” Se- temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
é vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
c) lastrear leis e regras na Constituição. social. É hora de começarmos a convocar a presença da
d) punirem-se os responsáveis por excessos. paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) concluírem-se as investigações sobre a greve. Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
tão de con itos. Ou seja, prevenir os con itos potencial-
Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre mente violentos e reconstruir a paz e a con ança en-
expressão do pensamento. = incorreto tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
incorreto estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incor- cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par-
reto lamentos e centros de comunicação e associações.

6
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de- d) preservar uma tradição familiar.
sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento e) esquivar-se da sujeira da água.
sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor-
çando as instituições democráticas, promovendo a liber- Resposta: Letra E. Em “a”: demonstrar respeito às re-
dade de expressão, preservando a diversidade cultural e ligiões. = incorreto
o ambiente. Em “b”: realizar um ritual místico. = incorreto
É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento — Em “c”: divertir-se com os amigos. = incorreto
direitos humanos — democracia” que podemos vislum- Em “d”: preservar uma tradição familiar. = incorreto
brar a educação para a paz. Em “e”: esquivar-se da sujeira da água.
Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas: O personagem pula a onda para que não seja atingido
desa os para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc. pelo lixo que se encontra no mar.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adap-
tações). 11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VU-
NESP-2015) Leia a tira.
De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão
de con itos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebi-
dos como

a) obstáculos para a construção da cultura da paz.


b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
d) etapas para a construção da cultura da paz.
e) consequências da construção da cultura da paz.

Resposta: Letra D. Em “a”: obstáculos para a constru- (Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)
ção da cultura da paz. = incorreto Com sua fala, a personagem revela que
Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
paz. = incorreto a) a violência era comum no passado.
Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz. b) as pessoas lutam contra a violência.
= incorreto c) a violência está banalizada.
Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz. d) o preço que pagou pela violência foi alto.
Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
= incorreto Resposta: Letra C. Em “a”: a violência era comum no
Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe- passado. = incorreto
re-se à gestão de con itos. (...) Outro passo é tentar er- Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incor-
radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas reto
para construção da paz. Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
10. (PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VU- incorreto
NESP-2013) Leia o cartum de Jean Galvão Infelizmente, a personagem revela que a violência está
banalizada, nem há mais “punições” para os agressi-
vos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE-


RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

LÍNGUA PORTUGUESA

(https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)
Considerando a relação entre a fala do personagem e a (Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular
a onda é a necessidade de É correto associar o humor da charge ao fato de que

a) demonstrar respeito às religiões. a) os personagens têm uma autoestima elevada e são


b) realizar um ritual místico. otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com-
c) divertir-se com os amigos. pleto con namento.

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b) os dois personagens estão muito bem informados so- Em “b”: as gurinhas da Copa se somaram ao celular e
bre a economia, o que não condiz com a imagem de à carteira como alvo de desejo dos assaltantes;
criminosos. Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos que vendem as gurinhas da Copa; = incorreto
personagens, pois eles demonstram preocupação Em “d”: os ladrões passaram a roubar as gurinhas da
com a aparência. Copa nas bancas de jornais; = incorreto
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende Em “e”: as gurinhas da Copa se transformaram no
os personagens, que estão acostumados a pagar caro alvo principal dos ladrões. = incorreto
por eles nos presídios. O título do texto já nos dá a resposta: além do celular
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes e da carteira, ou seja, as gurinhas da Copa também
para os personagens, dada a condição em que se en- passaram a ser alvo dos assaltantes.
contram.
14. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo
em uma situação de completo con namento. = incor-
reto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
mados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur-
preende os personagens, que estão acostumados a
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em
que se encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o
aumento no preço dos cosméticos não os afeta.

13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-


TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)

Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com


O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
as gurinhas da Copa
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 expectativa, que é:

A febre do troca-troca de gurinhas pode estar atingindo a) o fato de um adulto colecionar gurinhas;
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais b) as gurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor- c) a falta de muitas gurinhas no álbum;
naleiros estão levando seus estoques para casa quando d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo lho;
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
boatos sobre quadrilhas de roubo de gurinha espalha-
dos por mensagens de celular. Resposta: Letra B. Em “a”: o fato de um adulto cole-
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a a rmativa cionar gurinhas; = incorreto
adequada é: Em “b”: as gurinhas serem de temas sociais e não
esportivos;
a) as gurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do Em “c”: a falta de muitas gurinhas no álbum; = incor-
celular e da carteira nos roubos urbanos; reto
b) as gurinhas da Copa se somaram ao celular e à cartei- Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
ra como alvo de desejo dos assaltantes; pelo lho; = incorreto
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con-
vendem as gurinhas da Copa; trário. = incorreto
LÍNGUA PORTUGUESA

d) os ladrões passaram a roubar as gurinhas da Copa O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema
nas bancas de jornais; incomum: assuntos sociais.
e) as gurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cipal dos ladrões.

Resposta: Letra B. Em “a”: as gurinhas da Copa


passaram a ocupar o lugar do celular e da carteira nos
roubos urbanos; = incorreto

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15. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser- 17. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI-
ve a charge abaixo. NISTRATIVA – IBFC-2017)

Texto II

A observação dos elementos não verbais do texto é res-


ponsável pelo entendimento do humor sugerido. Nesse
sentido, a evolução do homem e do computador, através
No caso da charge, a crítica feita à internet é: de tais elementos, deve ser entendida como:

a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva; a) complementar.


b) a falta de exercícios físicos nas crianças; b) semelhante.
c) o risco de contatos perigosos; c) con itante.
d) o abandono dos estudos regulares; d) antitética.
e) a falta de contato entre membros da família. e) idealizada.

16. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV- Resposta: Letra D. As imagens mostram um con-
2018) Observe a charge a seguir: traste entre o desenvolvimento do computador e do
homem; enquanto aquele vai se tornando mais “ no,
elegante”, este ca sedentário, engorda. A palavra
“antitética” signi ca “oposta, oposição”.

18. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)

A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,


destacando o fato de o cientista:

a) ter alcançado o céu após sua morte;


b) mostrar determinação no combate à doença; A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi rea-
c) ser comparado a cientistas famosos; lizada seis anos depois da publicação do romance Vidas
d) ser reconhecido como uma mente brilhante; Secas. Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca clara-
e) localizar seus interesses nos estudos de Física. mente vistas através da representação de uma família de
retirantes, Cândido Portinari
Resposta: Letra D. Em “a”: ter alcançado o céu após
sua morte; = incorreto a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos
Em “b”: mostrar determinação no combate à doença; personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica.
= incorreto b) permite visualizar a degradação da gura humana e
Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incor- o retrato da gura da morte afugentada pelos perso-
LÍNGUA PORTUGUESA

reto nagens.
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante; c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física. dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados
= incorreto à desigualdade social.
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es- d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons-
távamos esperando”. truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fa-
tos da realidade observável.

9
Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática, O discurso em si é uma construção linguística atre-
assim como a descrição dos personagens e do am- lada ao contexto social no qual o texto é desenvolvido.
biente, de forma sutil e dinâmica. Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são
Em “b”: permite visualizar a degradação da gura hu- diretamente determinadas pelo contexto político-social
mana e o retrato da gura da morte afugentada pelos em que vive o seu autor. Mais que uma análise textual, a
personagens. análise do Discurso é uma análise contextual da estrutura
Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no co- discursiva em questão.
tidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos rela- Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso
cionados à desigualdade social. como uma construção de características sociais. A so-
Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo ciedade que promove o contexto do discurso analisado
de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe é a base de toda a estrutura do texto, atrelando, deste
aos fatos da realidade observável. modo, todo e qualquer elemento que possa fazer parte
A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físi- do sentido do discurso. O texto só pode assim ser cha-
cos de uma família vítima da seca. mado se o seu receptor for capaz de compreender o seu
sentido, e isto cabe ao autor do texto e à atenção que o
mesmo der ao contexto da construção de seu discurso. É
Linguagem Verbal e Não Verbal a relação básica para a existência da comunicação verbal:
emissão – recepção – compreensão.
O que é linguagem? É o uso da língua como forma de As práticas discursivas geram também outros âmbitos
expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem de análise do discurso, como o Universo de Concorrên-
não é somente um conjunto de palavras faladas ou es- cias, que consiste na competição entre vários emissores
critas, mas também de gestos e imagens. A nal, não nos para atingir um mesmo público-alvo. A partir disto, os
comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade? emissores precisam inteirar-se do contexto da vida do
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem
seu receptor, para que deste modo possam interpelá-lo
a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem
segundo sua própria ideologia, fazendo com que sua
utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se
mensagem seja recebida e assimilada pelo receptor sem
ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem
verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando que o mesmo perceba que está sendo alvo de uma ten-
se escreve. tativa de convencimento, por assim dizer.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver- Dentro da análise do Discurso há também o discurso
bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada ao
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar seu contexto também. A sensibilidade de um indivíduo
de outros meios comunicativos, como: placas, guras, se de ne a partir do que, ao longo de sua vida, torna-se
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais. importante e desperta-lhe sentimentos. Com isto, pode-
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, mos analisar as artes produzidas em diferentes épocas
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele- da história em todo o mundo e perceber as diferentes
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal! formas de interpelação e contextualidade presentes nas
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de mesmas. O discurso estético tem a mesma capacidade
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, ideológica que o discurso verbal, com a vantagem de
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi- atingir o indivíduo esteticamente, o que pode render
cação de “feminino” e “masculino” através de guras na muito mais rapidamente o sucesso do discurso aplicado.
porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem A partir na análise de todos os aspectos do discurso
não verbal! chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do
discurso não é xo, por vários motivos: pelo contexto,
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma de
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e construção. O sentido do discurso encontra-se sempre
anúncios publicitários. em aberto para a possibilidade de interpretação do seu
Alguns exemplos: receptor. O efeito do discurso é, claramente, transmitir
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. uma mensagem e alcançar um objetivo premeditado
Placas de trânsito. através da interpretação e interpelação do indivíduo alvo.
Imagem indicativa de “silêncio”.
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
1. Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto li-
SITE vre
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda-
1.1. Vozes do Discurso
LÍNGUA PORTUGUESA

cao/linguagem.htm>

Análise e Tipo de Discurso Ao lermos um texto, observamos que há um narrador


- que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode
A Análise do Discurso é uma prática da linguística no introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
campo da Comunicação, e consiste em analisar a estru- Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a
tura de um texto e, a partir disto, compreender as cons- voz principal ou privilegiada - o narrador - usa o que cha-
truções ideológicas presentes no mesmo. mamos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do

10
texto? É a forma como as falas são inseridas na narrativa. espontânea e criativa, a língua popular a gura-se mais
Ele pode ser classi cado em: direto, indireto e indireto expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exem-
livre. pli cação:
Estou preocupado. (norma culta)
A) Discurso direto: reproduz el e literalmente algo Tô preocupado. (língua popular)
dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
são as citações ou transcrições exatas da declaração de
alguém. Não basta conhecer apenas uma modalidade de
 Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala, língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
usando aspas ou travessões para demarcar que espontaneidade, expressividade e enorme criatividade,
está reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
gosto disso” – disse a menina em tom zangado. Podemos, agora, de nir gramática: é o estudo das
normas da língua culta.
B) Discurso indireto: o narrador, usando suas pró-
prias palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Te- 1.4. O conceito de erro em língua
mos então uma mistura de vozes, pois as falas dos per-
sonagens passam pela elaboração da fala do narrador. Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortogra a. O que normalmente se comete são
 Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num
sua própria voz, o que foi dito pela personagem momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele
passa pela elaboração do narrador. Não há uma falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans-
pontuação especí ca que marque o discurso in- gride a norma culta.
direto: A menina disse em tom zangado, que não Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua
gostava daquilo. fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare-
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis-
C) Discurso indireto livre: É um discurso no qual há ta, numa praia, vestido de fraque e cartola.
uma maior liberdade, o narrador insere a fala do perso- Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
nagem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do dis-
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é
curso direto. É necessário que se tenha atenção para não
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre
confundir a fala do narrador com a fala do personagem,
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi-
pois esta surge de repente em meio à fala do narrador: A
deradas perfeitamente normais construções do tipo:
menina perambulava pela sala irritada e zangada. Eu não
Eu não vi ela hoje.
gosto disso! E parecia que ninguém a ouvia.
Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
1.2. Níveis de Linguagem
Eu te amo, sim, mas não abuse!
A língua é um código de que se serve o homem para Não assisti o lme nem vou assisti-lo.
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
funcionais: norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
A) a língua funcional de modalidade culta, língua O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
culta ou língua-padrão, que compreende a lín- é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
gua literária, tem por base a norma culta, forma por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
linguística utilizada pelo segmento mais culto e seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções
in uente de uma sociedade. Constitui, em suma, se alteram:
a língua utilizada pelos veículos de comunicação Eu não a vi hoje.
de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de Deixe-me ver isso!
serem aliados da escola, prestando serviço à socie- Eu te amo, sim, mas não abuses!
dade, colaborando na educação; Não assisti ao lme nem vou assistir a ele.
B) a língua funcional de modalidade popular; lín- Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
gua popular ou língua cotidiana, que apresenta Considera-se momento neutro o utilizado nos veí-
gradações as mais diversas, tem o seu limite na gí- culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal,
ria e no calão. revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou
LÍNGUA PORTUGUESA

transgressões da norma culta na pena ou na boca de


1.3. Norma culta jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve
re etir serviço à causa do ensino.
A norma culta, forma linguística que todo povo ci- O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
vilizado possui, é a que assegura a unidade da língua poética, caracterizado por construções de rara beleza.
nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão im- Vale lembrar, nalmente, que a língua é um costume.
portante do ponto de vista político--cultural, que é ensi- Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
nada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta

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o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico po. Nenhuma re exão, nenhuma análise mais detida será
registro de linguagem de nitivamente consagrado pelo possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: isso mesmo, processam-se lentamente e em número
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) consideravelmente menor, quando cotejada com a mo-
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) dalidade falada.
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos Importante é fazer o educando perceber que o nível
dispersar e Não vamos dispersar-nos) da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho com a situação em que se desenvolve o discurso.
de sair daqui bem depressa) O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro-
seu posto) núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um
padre não fala com uma criança como se estivesse em
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos uma missa, assim como uma criança não fala como um
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso,
exemplos também de transgressões ou “erros” que se ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por- ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível
que a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, de fala no recesso do lar e na sala de aula.
que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bas- Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
tou para se arcaizarem as formas então legítimas impido, esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co-
despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es- tidiano, a que já zemos referência.
colarizada tem coragem de usar.
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário Intertextualidade
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que Imagine a situação: você passa uma tarde lendo o
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases romance Crime e Castigo do escritor russo Fiodor Dos-
da língua popular para a língua culta”. toievski. Tal romance trata da história de um assassinato e
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a do sentimento de culpa gerado por esse ato. Você fecha
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada o livro e liga a televisão. O telejornal está transmitindo a
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a notícia de um crime. Então você lembra o que leu e as-
norma culta. siste ao noticiário in uenciado pelo romance russo. Tenta
veri car, no agressor da vida real, características descritas
1.5. Língua escrita e língua falada - Nível de lin- nas páginas ccionais. Isso nada mais é do que um modo
guagem de leitura muito comum chamado intertextualidade, a
fusão e interferência de um texto lido sobre o outro.
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos Somos seres dotados de memória. Mas a memória
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua humana é menos imparcial do que a dos computadores.
falada. Quando pensamos estar criando algo, muitas vezes não
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação passa de uma lembrança de algo visto em tempo remo-
(melodia da frase), as pausas (intervalos signi cativos no to, atravessada por outras lembranças. No século XIX,
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, período marcado pela estética romântica, encarava-se o
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda- artista enquanto um gênio criador, que criava suas obras
lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e a partir do zero. Entretanto, no século XX, percebeu-se
natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor- que não existe criação pura, qualquer artista ou pessoa
mações e a evoluções. cria in uenciado pelo que já leu, viu e ouviu ao longo da
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor- vida. Somos uma colcha de retalhos, ou seja, somos seres
tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar marcados pela intertextualidade por excelência.
a língua falada com base na língua escrita, considerada
superior. Decorrem daí as correções, as reti cações, as 1 – Conceito de intertextualidade
emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- Intertextualidade é o diálogo estabelecido entre
trando as características e as vantagens de uma e outra, textos, através das referências presentes um no outro.
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida- Segundo a linguista Julia Kristeva, “qualquer texto se
de ou inferioridade, que em verdade inexiste. constrói como um mosaico de citações e é a absorção
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na e transformação de um outro texto.” Isso não quer dizer
LÍNGUA PORTUGUESA

língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação que intertextualidade seja um fenômeno que se apresen-
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de te quando o autor cita diretamente outros autores. Pelo
dialetos, consequência natural do enorme distanciamen- contrário, esse diálogo textual se dá de modo implícito,
to entre uma modalidade e outra. quando as ideias apresentadas numa página sofreram in-
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela- uências de outros autores e pensamentos.
borada que a língua falada, porque é a modalidade que Isso nos faz concluir que não existe texto neutro, nem
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser texto puro. Se toda escrita é um mosaico de citações é
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem- porque escrevemos o que quer que seja auxiliados pela

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memória, que é uma faculdade humana e in uenciável Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu co-
por tudo o que guarda. Quando acreditamos estarmos ração.
criando algo original, fatalmente nos esbarramos nas Porém meus olhos
lembranças das coisas que lemos e ouvimos. Nesse sen- não perguntam nada.
tido, não existe originalidade absoluta, mas modos ori- O homem atrás do bigode
ginais de reorganizar essa colcha de retalhos chamada é sério, simples e forte.
memória. Quase não conversa.
Assim sendo, quando lemos um texto, quantas vozes Tem poucos, raros amigos
estão presentes dentro dele? Somente a daquele que es- o homem atrás dos óculos e do -bigode,
creve ou também de alguns autores que o in uenciaram Meu Deus, por que me abandonaste
até o momento da escrita? O linguista Mikhail Bakthin se sabias que eu não era Deus
usava os conceitos de dialogismo e polifonia (várias vo- se sabias que eu era fraco.
zes) para tratar dessa questão. Segundo o pensador rus- Mundo mundo vasto mundo,
so, um texto sempre lembra outros textos, pois escrever se eu me chamasse Raimundo
é dialogar com o mundo. Para que se entenda melhor tal seria uma rima, não seria uma solução.
questão, atente à música do compositor Chico Buarque Mundo mundo vasto mundo,
“Até o m”: mais vasto é meu coração.
Quando nasci veio um anjo safado Eu não devia te dizer
O chato do querubim mas essa lua
E decretou que eu estava predestinado mas esse conhaque
A ser errado assim botam a gente comovido como o diabo.
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o m Lendo agora o poema de Drummond percebemos
“inda” garoto deixei de ir à escola sua in uência sobre a música de Chico Buarque, agora,
Cassaram meu boletim claro exemplo de intertextualidade. O anjo torno do poe-
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola ma mineiro é transformado em anjo safado e a referência
Nem posso ouvir clarim é clara ao texto poético. Uma forma de intertextualidade
Um bom futuro é o que jamais me esperou bastante usada pelos poetas é a paródia, quando se faz
Mas vou até o m uma explícita menção a um poema conhecido, inverten-
Eu bem que tenho ensaiado um progresso do ou humorizando sua mensagem. Veja os exemplos
Virei cantor de festim abaixo:
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em quixeramobim Canção do exílio – Gonçalves Dias
Não sei como o maracatu começou Minha terra tem palmeiras,
Mas vou até o m Onde canta o Sabiá;
Por conta de umas questões paralelas As aves, que aqui gorjeiam,
Quebraram meu bandolim Não gorjeiam como lá.
Não querem mais ouvir as minhas mazelas Nosso céu tem mais estrelas,
E a minha voz chinfrim Nossas várzeas têm mais ores,
Criei barriga, a minha mula empacou Nossos bosques têm mais vida,
Mas vou até o m Nossa vida mais amores.
Não tem cigarro acabou minha renda Em cismar, sozinho, à noite,
Deu praga no meu capim Mais prazer eu encontro lá;
Minha mulher fugiu com o dono da venda Minha terra tem palmeiras,
O que será de mim ? Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Aqueles que não têm costume de ler poesia podem Que tais não encontro eu cá;
gostar dessa letra de Chico Buarque e classi carem-na Em cismar, sozinho, à noite,
como original, devido ao tema do “anjo safado”. Entre- Mais prazer eu encontro lá;
tanto, quando Chico escreve esse texto dialoga direta- Minha terra tem palmeiras,
mente com o poeta mineiro Carlos Drummond de An- Onde canta o Sabiá.
drade, autor do “Poema de Sete Faces”: Não permita Deus que eu morra,
Quando nasci, um anjo torto Sem que eu volte para lá;
desses que vivem na sombra Sem que disfrute os primores
LÍNGUA PORTUGUESA

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. Que não encontro por cá;
As casas espiam os homens Sem qu’inda aviste as palmeiras,
que correm atrás de mulheres. Onde canta o Sabiá.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.

13
De Primeiros cantos (1847)

Esse é um clássico da poesia romântica, de um perío-


do em que se tentou desenhar a identidade do Brasil a
partir da apresentação de uma natureza paradisíaca. Mais
tarde, vários poetas vão criticar essa postura arti cial do
romantismo usando Canção do Exílio como alvo, recrian-
do-o sob um viés mais crítico e humorístico. É o caso de
Canto de regresso à Pátria, de Oswald de Andrade:

CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA

Minha terra tem palmares


onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Quem nunca ouviu falar da Monalisa, iniciada em
Minha terra tem mais rosas 1503 por Leonardo Da Vinci, e considerada uma das
E quase que mais amores obras mais famosas do mundo? Durante séculos vista
Minha terra tem mais ouro como símbolo de perfeição, tal obra foi relida em 1919
Minha terra tem mais terra pelo artista dadaísta Marcel Duchamp e tomou essa fei-
ção:
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra


Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo

A intertextualidade tecida por Oswald de Andrade se


quer crítica, substituindo as “palmeiras” naturais pelos
“palmares” escravocratas. Esse método é comum no sé-
culo XX, século de releitura da tradição. Um outro modo
de intertextualidade é a paráfrase (do grego, reprodução
de uma sentença), em que se resgata um texto original,
modi cando-o, sem alterar sua mensagem. Veja o exem-
plo:
“Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. Um simples bigode numa musa como Gioconda é
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? bem mais que uma paródia, é também intertextualida-
Eu tão esquecido de minha terra... de crítica. Ao mesmo tempo que Duchamp dialoga com
Ai terra que tem palmeiras Da Vinci, resgatando sua obra máxima, o francês dialo-
Onde canta o sabiá!” ga também com artistas e pensadores do século XX, os
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e quais estão criticando a noção do pintor enquanto gênio
Bahia”) criador.
Há outras formas de intertextualidade. Vejamos:
Notamos acima a intertextualidade oferecida por
Drummond, que dialoga com o poema de Gonçalves - Epígrafe: originalmente “o que está na posição su-
Dias mas, ao contrário de Oswald de Andrade, não des- perior”, a epígrafe é utilizada no início de textos, quando
via o sentido do texto original, antes reforça sua primeira o autor resgata uma citação de outro pensador e a colo-
mensagem. ca como indicação do que será analisado nas linhas que
LÍNGUA PORTUGUESA

Nas artes visuais a intertextualidade também é co- seguem.


nhecida. Vejamos: Exemplo:
Uma análise dos aspectos sociolinguísticos dos falan-
tes do sul do Brasil
Maria Silva
“O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o
que nós mesmos fazemos com aquilo que fazem de nós”
- Jean-Paul Sartre

14
A epígrafe apresentada acima já adianta ao leitor o aquela capaz de depreender tanto um tipo de signi cado
tom que será usado na análise posterior. quanto o outro, o que, em outras palavras, signi ca ler
- Citação: essa palavra, oriunda do latim, signi ca nas entrelinhas. Sem essa habilidade, o leitor passará por
convocação. Utilizada principalmente em textos cientí- cima de signi cados importantes ou, o que é bem pior,
cos e acadêmicos, consiste no resgate da fala de uma concordará com ideias e pontos de vista que rejeitaria se
autoridade do assunto em questão para reforçar os ar- os percebesse.
gumentos apresentados no texto. Os signi cados implícitos costumam ser classi cados
Exemplo: em duas categorias: os pressupostos e os subentendidos.
Diz-se que a racionalidade é o que separa o homem Pressupostos: são ideias implícitas que estão implica-
do seu outro, animal. Como diria Jean-Paul Sartre: “No das logicamente no sentido de certas palavras ou expres-
ponto de partida não pode haver outra verdade além sões explicitadas na superfície da frase. Exemplo:
desta: «penso, logo existo», esta é a verdade absoluta da
consciência alcançando-se a si mesma.” “André tornou-se um antitabagista convicto.”
A informação explícita é que hoje André é um anti-
- Alusão: do latim alludere (para brincar), usado tabagista convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que
quando se faz uma menção direta a algum fato explicita- signi ca “vir a ser”, decorre logicamente que antes An-
do em outro texto. dré não era antitabagista convicto. Essa informação está
Exemplo: E ela ainda diz que não se trata de uma pressuposta. Ninguém se torna algo que já era antes. Se-
Amélia. ria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se um
Na frase acima, faz-se uma alusão à música de Mário vegetal.
Lago, “Amélia”, em que se apresenta a imagem de uma
mulher submissa e do lar. “Eu ainda não conheço a Europa.”
Podemos perceber, portanto, que a intertextualidade A informação explícita é que o enunciador não tem
faz parte da própria cultura diária. A todo momento so- conhecimento do continente europeu. O advérbio ainda
mos in uenciados pelo que lemos e vemos e o reprodu- deixa pressuposta a possibilidade de ele um dia conhe-
zimos de forma criativa. Como diria Julia Kristeva, todos cê-la.
somos um “mosaico de citações”. As informações explícitas podem ser questionadas
pelo receptor, que pode ou não concordar com elas. Os
Pressupostos e subentendidos. pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo
menos, admitidos como tais, porque esta é uma condi-
Texto: ção para garantir a continuidade do diálogo e também
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um para fornecer fundamento às a rmações explícitas. Isso
desses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e signi ca que, se o pressuposto é falso, a informação ex-
Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).” plícita não tem cabimento. Assim, por exemplo, se Ma-
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. ria não falta nunca a aula nenhuma, não tem o menor
sentido dizer “Até Maria compareceu à aula de hoje”. Até
Esse texto diz explicitamente que: estabelece o pressuposto da inclusão de um elemento
I – Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são inesperado.
craques; Na leitura, é muito importante detectar os pressupos-
II – Neto não tem o mesmo nível desses craques; tos, pois eles são um recurso argumentativo que visa a
III – Neto tem muito tempo de carreira pela frente. levar o receptor a aceitar a orientação argumentativa do
emissor. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressu-
O texto deixa implícito que: posto, o enunciador pretende transformar seu interlocu-
I – Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se tor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta em dis-
dos craques citados; cussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem
II – Esses craques são referência de alto nível em sua para con rmá-la. O pressuposto aprisiona o receptor no
especialidade esportiva; sistema de pensamento montado pelo enunciador.
III – Há uma oposição entre Neto e esses craques no A demonstração disso pode ser feita com as “verda-
que diz respeito ao tempo disponível para evoluir. des incontestáveis” que estão na base de muitos discur-
sos políticos, como o que segue:
Todos os textos transmitem explicitamente certas
informações, enquanto deixam outras implícitas. Por “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será
exemplo, o texto acima não explicita que existe a pos- resolvido o problema da seca no Nordeste.”
sibilidade de Neto se equiparar aos quatro futebolistas, O enunciador estabelece o pressuposto de que é cer-
LÍNGUA PORTUGUESA

mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse implí- ta a mudança do curso do São Francisco e, por conse-
cito. Não diz também com explicitude que há oposição quência, a solução do problema da seca no Nordeste. O
entre Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista diálogo não teria continuidade se um interlocutor não
de contar com tempo para evoluir. A escolha do conector admitisse ou colocasse sob suspeita essa certeza. Em ou-
“mas” entre a segunda e a primeira oração só é possível tros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo
levando em conta esse dado implícito. Como se vê, há se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
mais signi cados num texto do que aqueles que apa- “Mas quem disse que é certa a mudança do curso do
recem explícitos na sua superfície. Leitura pro ciente é rio?”

15
A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emis- II – Os brasileiros que não se importam com a coleti-
sor permite levar adiante o debate; sua negação compro- vidade só se preocupam com seu bem-estar e, por isso,
mete o diálogo, uma vez que destrói a base sobre a qual jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
se constrói a argumentação, e daí nenhum argumento Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasilei-
tem mais importância ou razão de ser. Com pressupostos ros não se importam com a coletividade.
distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido. No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo,
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas
pode ser embaraçosa ou não, dependendo do que está expressam se refere à totalidade dos elementos de um
pressuposto em cada situação. Para alguém que não faz conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne
segredo sobre a mudança de emprego, não causa o me- apenas a parte dos elementos de um conjunto. O produ-
nor embaraço uma pergunta como esta: tor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa
segundo o pressuposto que quiser comunicar.
“Como vai você no seu novo emprego?” Subentendidos: são insinuações contidas em uma fra-
O efeito da mesma pergunta seria catastró co se ela se ou um grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa
se dirigisse a uma pessoa que conseguiu um segundo estivesse em visita à casa de outra num dia de frio glacial
emprego e quer manter sigilo até decidir se abandona e que uma janela, por onde entravam rajadas de vento,
o anterior. O adjetivo novo estabelece o pressuposto de estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio terrí-
que o interrogado tem um emprego diferente do ante- vel”, poderia estar insinuando que a janela deveria ser
rior. fechada.
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o su-
Marcadores de Pressupostos bentendido. O primeiro é uma informação estabelecida
como indiscutível tanto para o emissor quanto para o
1. Adjetivos ou palavras similares modi cadoras receptor, uma vez que decorre necessariamente do sen-
do substantivo tido de algum elemento linguístico colocado na frase. Ele
pode ser negado, mas o emissor coloca o implicitamente
Exemplo: para que não o seja. Já o subentendido é de responsa-
I – Julinha foi minha primeira lha; bilidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás
“Primeira” pressupõe que tenho outras lhas e que as do sentido literal das palavras e negar que tenha dito
outras nasceram depois de Julinha. o que o receptor depreendeu de suas palavras. Assim,
II – Destruíram a outra igreja do povoado. no exemplo dado acima, se o dono da casa disser que é
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma muito pouco higiênico fechar todas as janelas, o visitante
igreja além da usada como referência. pode dizer que também acha e que apenas constatou a
intensidade do frio.
2. Certos verbos O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor
I – Renato continua doente; se proteger, para transmitir a informação que deseja
O verbo “continua” indica que Renato já estava doen- dar a conhecer sem se comprometer. Imaginemos, por
exemplo, que um funcionário recém promovido numa
te no momento anterior ao presente.
empresa ouvisse de um colega o seguinte:
II – Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra
“Competência e mérito continuam não valendo nada
copydesk;
como critério de promoção nesta empresa...”
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de
que copidesque não existia em português.
Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:
“Você está querendo dizer que eu não merecia a pro-
3. Certos advérbios
moção?”
I – A produção automobilística brasileira está total-
mente nas mãos das multinacionais; Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um su-
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Bra- bentendido, poderia responder:
sil indústria automobilística nacional. “Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”
II – Você conferiu o resultado da loteria?
Hoje não. ARGUMENTAÇÃO.
A negação precedida de um advérbio de tempo de
âmbito limitado estabelece o pressuposto de que apenas O ato de comunicação não visa apenas transmitir
nesse intervalo (hoje) é que o interrogado não praticou o uma informação a alguém. Quem se comunica pretende
ato de conferir o resultado da loteria. criar uma imagem positiva de si mesmo por exemplo, a
LÍNGUA PORTUGUESA

de um sujeito educado, ou inteligente, ou culto; quer ser


4. Orações adjetivas aceito, deseja que o que diz seja admitido como verda-
deiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja,
I – Os brasileiros, que não se importam com a coleti- tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e
vidade, só se preocupam com seu bem-estar e, por isso, faça o que ele propõe.
jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc. Se essa é a nalidade última de todo ato de comuni-
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se im- cação, todo texto contém um componente argumentati-
portam com a coletividade. vo. A argumentação é o conjunto de recursos de nature-

16
za linguística destinados a persuadir a pessoa a quem a real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendonos que um
comunicação se destina. Está presente em todo tipo de banco com quase dois séculos de existência é sólido e,
texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de por isso, con ável. Embora não haja relação necessária
vista defendidos. entre a solidez de uma instituição bancária e sua anti-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja guidade, esta tem peso argumentativo na a rmação da
apenas uma prova de verdade ou uma razão indiscutível con abilidade de um banco. Portanto é provável que se
para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é creia que um banco mais antigo seja mais con ável do
mais que isso: como se disse acima, é um recurso de lin- que outro fundado há dois ou três anos.
guagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma ta-
que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que refa quase impossível, tantas são as formas de que nos
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao do- valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a
mínio da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante outra. Por isso, é importante entender bem como eles
o uso de recursos de linguagem. funcionam.
Para compreender claramente o que é um argumen- Já vimos diversas características dos argumentos. É
to, é bom voltar ao que diz Aristóteles, lósofo grego preciso acrescentar mais uma: o convencimento do in-
do século lV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argu- terlocutor, o auditório, que pode ser individual ou co-
mentos são úteis quando se tem de escolher entre duas ou letivo, será tanto mais fácil quanto mais os argumentos
mais coisas”. estiverem de acordo com suas crenças, suas expectativas,
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e seus valores. Não se pode convencer um auditório per-
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não preci- tencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele
samos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenha- abomina. Será mais fácil convencêlo valorizando coisas
mos de escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da
a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar cerveja vem com frequência associada ao futebol, ao gol,
sobre qual das duas é mais desejável. O argumento pode à paixão nacional. Nos Estados Unidos, essa associação
então ser de nido como qualquer recurso que torna uma certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol não é
coisa mais desejável que outra. Isso signi ca que ele atua valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder per-
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o in- suasivo de um argumento está vinculado ao que é valo-
terlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais prová- rizado ou desvalorizado numa dada cultura.
vel que a outra, mais possível que a outra, mais desejável
que a outra, é preferível à outra. Tipos de Argumento
O objetivo da argumentação não é demonstrar a ver-
dade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como Já veri camos que qualquer recurso linguístico des-
verdadeiro o que o enunciador está propondo. tinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argu- enunciador é um argumento. Exemplo:
mentação. O primeiro opera no domínio do necessário,
ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva 1. Argumento de Autoridade
necessariamente das premissas propostas, que se deduz
obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocí- É a citação, no texto, de a rmações de pessoas reco-
nio lógico, as conclusões não dependem de crenças, de nhecidas pelo auditório como autoridades em certo do-
uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- mínio do saber, para servir de apoio aquilo que o enun-
mento de premissas e conclusões. ciador está propondo. Esse recurso produz dois efeitos
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte en- distintos: revela o conhecimento do produtor do texto a
cadeamento: respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer
A é igual a B. do texto um amontoado de citações. A citação precisa
A é igual a C. ser pertinente e verdadeira. Exemplo:
Então: C é igual a A. “A imaginação é mais importante do que o conheci-
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obriga- mento.”
toriamente, que C é igual a A.
Outro exemplo: Quem disse a frase não fui eu, foi Einstein. Para ele,
Todo ruminante é um mamífero. uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
A vaca é um ruminante. conhecimento. Nunca o inverso.
Logo, a vaca é um mamífero. Alex José Periscinoto.
In: Folha de S. Paulo. 30 ago.1993, p. 5-2.
LÍNGUA PORTUGUESA

Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a


conclusão também será verdadeira. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é
No domínio da argumentação, as coisas são diferen- mais importante do que o conhecimento. Para levar o
tes. Nele, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. auditório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais
Por isso, devese mostrar que ela é a mais desejável, a célebres cientistas do mundo. Se um físico de renome
mais provável, a mais plausível. Se o Banco do Brasil - mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que
zer uma propaganda dizendose mais con ável do que os é verdade.
concorrentes porque existe desde a chegada da família

17
2. Argumento de Quantidade contradição, tirar conclusões que não se fundamentam
nos dados apresentados, ilustrar a rmações gerais com
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair genera-
maior número de pessoas, o que existe em maior núme- lizações indevidas.
ro, o que tem maior duração, o que tem maior número
de adeptos etc. O fundamento desse tipo de argumento 6. Argumento do Atributo
é que mais melhor. A publicidade faz largo uso do argu-
mento de quantidade. É aquele que considera melhor o que tem proprie-
dades típicas daquilo que é mais valorizado socialmente,
3. Argumento do Consenso por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que
é mais re nado é melhor que o que é mais grosseiro etc.
É uma variante do argumento de quantidade. Fun- Por esse motivo, a publicidade usa, com muita fre-
damentase em a rmações que, numa determinada épo- quência, celebridades recomendando prédios residen-
ca, são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam ciais, produtos de beleza, alimentos estéticos etc., com
comprovações, a menos que o objetivo do texto seja base no fato de que o consumidor tende a associar o
comprovar alguma delas. Parte da ideia de que o consen- produto anunciado com atributos da celebridade.
so, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscutível, Uma variante do argumento de atributo é o argu-
ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que mento da competência linguística. A utilização da varian-
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por te culta e formal da língua que o produtor do texto co-
exemplo, as a rmações de que o meio ambiente precisa nhece a norma linguística socialmente mais valorizada e,
ser protegido e de que as condições de vida são piores por conseguinte, deve produzir um texto em que se pode
nos países subdesenvolvidos. Ao con ar no consenso, con ar. Nesse sentido é que se diz que o modo de dizer
porém, correse o risco de passar dos argumentos válidos dá con abilidade ao que se diz.
para os lugarescomuns, os preconceitos e as frases ca- Imaginese que um médico deva falar sobre o estado
de saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fa-
rentes de qualquer base cientí ca.
zêlo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira
seria in nitamente mais adequada para a persuasão do
4. Argumento de Existência
que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e
não criaria uma imagem de competência do médico:
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais
Para aumentar a con abilidade do diagnóstico e
fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe do que
levando em conta o caráter invasivo de alguns exa-
aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. A
mes, a equipe médica houve por bem determinar o
sabedoria popular enuncia o argumento de existência no internamento do governador pelo período de três
provérbio “Mais vale um pássaro na mão do que dois dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
voando”. Para conseguir fazer exames com mais cuidado e
Nesse tipo de argumento, incluemse as provas docu- porque alguns deles são barras-pesadas, a gente
mentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações etc.) botou o governador no hospital por três dias.
ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma a r-
mação genérica. Durante a invasão do Iraque, por exem- Como dissemos antes, todo texto tem uma função
plo, os jornais diziam que o exército americano era muito argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado
mais poderoso do que o iraquiano. Essa a rmação, sem a sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em
ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista todo ato de comunicação deseja-se in uenciar alguém.
como propagandística. No entanto, quando documenta- Por mais neutro que pretenda ser, um texto tem sempre
da pela comparação do número de canhões, de carros de uma orientação argumentativa.
combate, de navios etc., ganhava credibilidade. A orientação argumentativa é certa direção que o
falante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista,
5. Argumento quase lógico ao falar de um homem público, pode ter a intenção de
criticálo, de ridicularizálo ou, ao contrário, de mostrar sua
É aquele que opera com base nas relações lógicas, grandeza.
como causa e efeito, analogia, implicação, identidade etc. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu
Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, di- texto dando destaque a uns fatos e não a outros, omi-
versamente dos raciocínios lógicos, eles não pretendem tindo certos episódios e revelando outros, escolhendo
estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas determinadas palavras e não outra. Veja:
sim instituir relações prováveis, possíveis, plausíveis. Por “O clima da festa era tão pací co que até sogras e
exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, noras trocavam abraços afetuosos.”
LÍNGUA PORTUGUESA

“então A é igual a C”, estabelecese uma relação de iden- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de
tidade lógica. Entretanto, quando se a rma “Amigo de que noras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não
amigo meu é meu amigo” não se institui uma identidade teria escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa
lógica, mas uma identidade provável. nem teria utilizado o termo até que serve para incluir no
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais argumento alguma coisa inesperada.
facilmente aceito do que um texto incoerente. Vários são Além dos defeitos de argumentação mencionados
os defeitos que concorrem para desquali car o texto do quando tratamos de alguns tipos de argumentação, va-
ponto de vista lógico: fugir do tema proposto, cair em mos citar outros:

18
Uso sem delimitação adequada de palavra de sen- que a outra é informativa, apresenta dados sem a inten-
tido tão amplo, que serve de argumento para um ção de convencer. Na verdade, a escolha dos dados le-
ponto de vista e seu contrário. São noções confu- vantados, a maneira de expôlos no texto já revelam uma
sas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser usa- “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na
da pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode
democracia) ou vir carregadas de valor negativo ser de nida como discussão, debate, questionamento, o
(autoritarismo, degradação do meio ambiente, in- que implica a liberdade de pensamento, a possibilida-
justiça, corrupção). de de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
Uso de a rmações tão amplas, que podem ser der- de questionar é fundamental, mas não é su ciente para
rubadas por um único contraexemplo. Quando organizar um texto dissertativo. É necessária também a
se diz “Todos os políticos são ladrões”, basta um exposição dos fundamentos, os motivos, os porquês da
único exemplo de político honesto para destruir o defesa de um ponto de vista.
argumento. Podese dizer que o homem vive em permanente ati-
Emprego de noções cientí cas sem nenhum rigor, tude argumentativa. A argumentação está presente em
fora do contexto adequado, sem o signi cado qualquer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo
apropriado, vulgarizandoas e atribuindolhes uma que ela melhor se evidencia.
signi cação subjetiva e grosseira. É o caso, por
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indús- Para discutir um tema, para confrontar argumentos
trias não permite que outras cresçam”, em que o e posições, é necessária a capacidade de conhecer ou-
termo imperialismo é descabido, uma vez que, a ri- tros pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma
gor, signi ca “ação de um Estado visando a reduzir discussão impõe, muitas vezes, a análise de argumentos
outros à sua dependência política e econômica”. opostos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade
aprendese com a prática. Um bom exercício para apren-
A boa argumentação é aquela que está de acordo der a argumentar e contraargumentar consiste em de-
com a situação concreta do texto, que leva em conta os senvolver as seguintes habilidades:
componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa I – argumentação: anotar todos os argumentos a fa-
a quem se dirige a comunicação, o assunto, por exem- vor de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor
plo).
que adote a posição totalmente contrária;
Convém ainda alertar que não se convence ninguém
II – contraargumentação: imaginar um diálogodebate
com manifestações de sinceridade do autor (como eu,
e quais os argumentos que essa pessoa imaginária
que não costumo mentir...) ou com declarações de certe-
possivelmente apresentaria contra a argumenta-
za expressas em fórmulas feitas (como estou certo, creio
ção proposta;
rmemente, é claro, é óbvio, é evidente, a rmo com toda
III – refutação: argumentos e razões contra a argu-
a certeza etc). Em vez de prometer, em seu texto, since-
mentação oposta.
ridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador
deve construir um texto que revele isso. Em outros ter-
mos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se A argumentação tem a nalidade de persuadir, por-
na ação. tanto, argumentar consiste em estabelecer relações para
A argumentação é a exploração de recursos para fa- tirar conclusões válidas, como se procede no método
zer parecer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, dialético. O método dialético não envolve apenas ques-
com isso, levar a pessoa a que texto é endereçado a crer tões ideológicas, geradoras de polêmicas. Tratase de um
naquilo que ele diz. método de investigação da realidade pelo estudo de sua
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e ex- ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em
pressa um ponto de vista, acompanhado de certa funda- questão e da mudança dialética que ocorre na natureza
mentação, que inclui a argumentação, questionamento, e na sociedade.
com o objetivo de persuadir. Argumentar é o processo Descartes (15961650), lósofo e pensador francês,
pelo qual se estabelecem relações para chegar à conclu- criou o método de raciocínio silogístico, baseado na de-
são, com base em premissas. Persuadir é um processo de dução, que parte do simples para o complexo. Para ele,
convencimento, por meio da argumentação, no qual se verdade e evidência são a mesma coisa, e pelo raciocínio
procura convencer os outros, de modo a in uenciar seu tornase possível chegar a conclusões verdadeiras, desde
pensamento e seu comportamento. que o assunto seja pesquisado em partes, começandose
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persua- pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
são válida, expõemse com clareza os fundamentos de de deduções, a conclusão nal. Para a linha de raciocínio
uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questio- cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-
LÍNGUA PORTUGUESA

nar cada passo do raciocínio empregado na argumen- lo em partes, ordenar os conceitos, simpli candoos, enu-
tação. A persuasão não válida apoiase em argumentos merar todos os seus elementos e determinar o lugar de
subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- cada um no conjunto da dedução.
tais, com o emprego de “apelações”, como a in exão de A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental
voz, a mímica e até o choro. para a argumentação dos trabalhos acadêmicos. Des-
Alguns autores classi cam a dissertação em duas mo- cartes propôs quatro regras básicas que constituem um
dalidades, expositiva e argumentativa. Esta exige argu- conjunto de re exos vitais, uma série de movimentos su-
mentação, razões a favor e contra uma ideia, ao passo cessivos e contínuos do espírito em busca da verdade:

19
I – evidência; Exemplos de so smas:
II – divisão ou análise; I – Dedução:
III – ordem ou dedução; Todo professor tem um diploma (geral, universal);
IV – enumeração. Fulano tem um diploma (particular);
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa);
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: II – Indução:
a omissão e a incompreensão. Qualquer erro na enume- O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Reden-
ração pode quebrar o encadeamento das ideias, indis- tor. (particular);
pensável para o processo dedutivo. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor.
A forma de argumentação mais empregada na re- (particular);
dação acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
regras cartesianas, que contém três proposições: duas Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Reden-
premissas, maior e menor, e a conclusão. As três propo- tor. (geral – conclusão falsa).
sições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é
deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa Notase que as premissas são verdadeiras, mas a con-
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois al- clusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm
guns não caracteriza a universalidade. diploma são professores; nem todas as cidades têm uma
estátua do Cristo Redentor. Cometese erro quando se faz
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedu- generalizações apressadas ou infundadas. A “simples ins-
ção (silogística), que parte do geral para o particular, e a peção” é a ausência de análise ou análise super cial dos
indução, que vai do particular para o geral. A expressão fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados
formal do método dedutivo é o silogismo. A dedução é nos sentimentos não ditados pela razão.
o caminho das consequências, baseiase em uma cone- Existem, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
xão descendente (do geral para o particular) que leva à fundamentais, que contribuem para a descoberta ou
conclusão. Segundo esse método, partindose de teorias comprovação da verdade: análise, síntese, classi cação
gerais, de verdades universais, podese chegar à previsão e de nição. Além desses, existem outros métodos parti-
ou determinação de fenômenos particulares. O percurso culares de algumas ciências, que adaptam os processos
do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, uni- ticular. Podese a rmar que cada ciência tem seu método
versal) próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A aná-
Fulano é homem (premissa menor = particular) lise, a síntese, a classi cação e a de nição são chamadas
Logo, Fulano é mortal (conclusão) métodos sistemáticos, porque pela organização e orde-
A indução percorre o caminho inverso ao da dedu- nação das ideias visam sistematizar a pesquisa.
ção, baseiase em uma conexão ascendente, do particu- Análise e síntese são dois processos opostos, mas
lar para o geral. Nesse caso, as constatações particulares interligados; a análise parte do todo para as partes, a sín-
levam às leis gerais, ou seja, parte de fatos particulares tese, das partes para o todo. A análise precede a síntese,
conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O per- porém, de certo modo, uma depende da outra. A análi-
curso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: se decompõe o todo em partes, enquanto a síntese re-
O calor dilata o ferro (particular); compõe o todo pela reunião das partes. Sabese, porém,
O calor dilata o bronze (particular); que o todo não é uma simples justaposição das partes.
O calor dilata o cobre (particular); Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não
O ferro, o bronze, o cobre são metais; signi ca que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um
Logo, o calor dilata metais (geral, universal). amontoado de partes. Só reconstruiria todo se as par-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode tes estivessem organizadas, devidamente combinadas,
ser válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais,
duas premissas também o forem. Se há erro ou equívo- então, o relógio estaria reconstruído.
co na apreciação dos fatos, pode-se partir de premissas Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do
verdadeiras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, todo por meio da integração das partes, reunidas e re-
desse modo, o so sma. Uma de nição inexata, uma di- lacionadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma re-
visão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia construção, pressupõe a análise, que é a decomposição.
são algumas causas do so sma. O so sma pressupõe A análise, no entanto, exige uma decomposição organi-
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; zada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
quando o so sma não tem essas intenções propositais, operações que se realizam na análise e na síntese podem
costuma-se chamar esse processo de argumentação de ser assim relacionadas:
LÍNGUA PORTUGUESA

paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de so s- - Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.


ma no seguinte diálogo: - Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
Você concorda que possui uma coisa que não per-
deu? A análise tem importância vital no processo de coleta
– Lógico, concordo. de ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobra-
Você perdeu um brilhante de 40 quilates? mento e da criação de abordagens possíveis. A síntese
– Claro que não! também é importante na escolha dos elementos que fa-
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... rão parte do texto.

20
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser de nição é um dos mais importantes, sobretudo no âm-
formal ou informal. A análise formal pode ser cientí ca bito das ciências. A de nição cientí ca ou didática é de-
ou experimental; é característica das ciências matemáti- notativa, ou seja, atribui às palavras seu sentido usual ou
cas, físico-naturais e experimentais. A análise informal é consensual, enquanto a conotativa ou metafórica empre-
racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos ga palavras de sentido gurado. Segundo a lógica tradi-
distintos da atenção os elementos constitutivos de um cional aristotélica, a de nição consta de três elementos:
todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenôme- I – o termo a ser de nido;
no. II – o gênero ou espécie;
A análise decompõe o todo em partes, a classi cação III – a diferença especí ca.
estabelece as necessárias relações de dependência e hie-
rarquia entre as partes. Análise e classi cação ligam-se O que distingue o termo de nido de outros elemen-
intimamente, a ponto de se confundir uma com a outra, tos da mesma espécie. Veja a classi cação dos termos da
contudo são procedimentos diversos: análise é decom- frase a seguir:
posição e classi cação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classi cam-se os seres, fatos
e fenômenos por suas diferenças e semelhanças; fora
das ciências naturais, a classi cação pode-se efetuar por
meio de um processo mais ou menos arbitrário, em que
os caracteres comuns e diferenciadores são empregados
de modo mais ou menos convencional. A classi cação,
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
gêneros e espécies, é um exemplo de classi cação na-
tural, pelas características comuns e diferenciadoras. A
classi cação dos variados itens integrantes de uma lista
mais ou menos caótica é arti cial.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, É muito comum formular de nições de maneira de-
caminhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintas- feituosa, por exemplo: Análise é quando a gente decom-
silgo, queijo, relógio, sabiá, torradeira. põe o todo em partes. Esse tipo de de nição é gramati-
I – Aves, Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá; calmente incorreto; quando é advérbio de tempo, não
II – Alimentos, Batata, Leite, Pão, Queijo; representa o gênero, a espécie, a gente é forma coloquial
III – Mecanismos, Aquecedor, Barbeador, Relógio, não adequada à redação acadêmica. Tão importante é
Torradeira; saber formular uma de nição, que se recorre a Garcia
IV – Veículos, Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. (1973, p.306), para determinar os “requisitos da de nição
denotativa”. Para ser exata, a de nição deve apresentar
Os elementos desta lista foram classi cados por os seguintes requisitos:
ordem alfabética e pelas a nidades comuns entre eles. I – o termo deve realmente pertencer ao gênero ou
Estabelecer critérios de classi cação das ideias e argu- classe em que está incluído: “mesa é um móvel” (classe
mentos, pela ordem de importância, é uma habilidade in- em que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é
dispensável para elaborar o desenvolvimento de uma re- um instrumento ou ferramenta ou instalação”;
dação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais II – o gênero deve ser su cientemente amplo para in-
importante para o menos importante, ou decrescente, cluir todos os exemplos especí cos da coisa de nida,
primeiro o menos importante e, no nal, o impacto do e su cientemente restritos para que a diferença possa
mais importante; é indispensável que haja uma lógica na ser percebida sem di culdade;
classi cação. A elaboração do plano compreende a clas- III – deve ser obrigatoriamente a rmativa: não há, em
si cação das partes e subdivisões, ou seja, os elementos verdade, de nição, quando se diz que o “triângulo não
do plano devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, é um prisma”;
1973, p. 302304.) IV – deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, constitui de nição exata, porque a recíproca, “Todo ser
logo na introdução, os termos e conceitos sejam de - vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo
nidos, pois, para expressar um questionamento, devese, e não é homem);
de antemão, expor clara e racionalmente as posições as- V – deve ser breve (contida num só período). Quando
sumidas e os argumentos que as justi cam. É muito im- a de nição, ou o que se pretenda como tal, é muito
portante deixar claro o campo da discussão e a posição longa (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também explicação, e também de nição expandida;
LÍNGUA PORTUGUESA

os pontos de vista sobre ele. VI – deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito
A de nição tem por objetivo a exatidão no emprego (o termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo
da linguagem e consiste na enumeração das qualidades (o gênero) + adjuntos (as diferenças).
próprias de uma ideia, palavra ou objeto. De nir é clas-
si car o elemento conforme a espécie a que pertence, As de nições dos dicionários de língua são feitas por
demonstra: a característica que o diferencia dos outros meio de paráfrases de nitórias, ou seja, uma operação
elementos dessa mesma espécie. metalinguística que consiste em estabelecer uma relação
Entre os vários processos de exposição de ideias, a de equivalência entre a palavra e seus signi cados.

21
A força do texto dissertativo está em sua fundamen- sequência de tempo, em que são frequentes as
tação. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma expressões: primeiro, segundo, por último, antes,
razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto depois, ainda, em seguida, então, presentemente,
de vista deve ser demonstrada com argumentos válidos. antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje,
O ponto de vista mais lógico e racional do mundo não no passado, sucessivamente, respectivamente. Na
tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- enumeração de fatos em uma sequência de espa-
mentação coerente e adequada. ço, empregamse as seguintes expressões: cá, lá,
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de,
lógica clássica, que foram abordados anteriormente, au- no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes
xiliam o julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a ar- cidades, no sul, no leste.
gumentação é clara e pode reconhecerse facilmente seus
elementos e suas relações; outras vezes, as premissas e e) Comparação
as conclusões organizamse de modo livre, misturandose Analogia e contraste são as duas maneiras de se es-
na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a tabelecer a comparação, com a nalidade de com-
reconhecer os elementos que constituem um argumen- provar uma ideia ou opinião. Na analogia, são co-
to: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, veri car muns as expressões: da mesma forma, tal como,
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, tanto quanto, assim como, igualmente. Para es-
avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há tabelecer contraste, empregamse as expressões:
coerência e adequação entre seus elementos, ou se há mais que, menos que, melhor que, pior que.
contradição. Para isso é que se aprendem os processos
de raciocínio por dedução e por indução. Admitindose Entre outros tipos de argumentos empregados para
que raciocinar é relacionar, concluise que o argumento aumentar o poder de persuasão de um texto dissertativo
é um tipo especí co de relação entre as premissas e a encontram-se:
conclusão.
Argumento de autoridade: O saber notório de uma
a) Procedimentos Argumentativos autoridade reconhecida em certa área do conhecimen-
Constituem os procedimentos argumentativos mais to dá apoio a uma a rmação. Dessa maneira, procura-se
empregados para comprovar uma a rmação: trazer para o enunciado a credibilidade da autoridade ci-
exempli cação, explicitação, enumeração, compa- tada. Lembre-se que as citações literais no corpo de um
ração. texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela con-
b) Exempli cação tidos na linha de raciocínio que ele considera mais ade-
Procura justi car os pontos de vista por meio de quada para explicar ou justi car um fato ou fenômeno.
exemplos, hierarquizar a rmações. São expressões
Esse tipo de argumento tem mais caráter con rmatório
comuns nesse tipo de procedimento: mais im-
que comprobatório.
portante que, superior a, de maior relevância que.
Apoio na consensualidade: Certas a rmações dispen-
Empregamse também dados estatísticos, acom-
sam explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é
panhados de expressões: considerando os dados;
aceito como válido por consenso, pelo menos em de-
conforme os dados apresentados. Fazse a exempli-
terminado espaço sociocultural. Nesse caso, incluem-se:
cação, ainda, pela apresentação de causas e con-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o
sequências, usandose comumente as expressões:
porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, homem, mortal, aspira à imortalidade);
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
de. postulados e axiomas);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é
c) Explicitação de natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem
O objetivo desse recurso argumentativo é explicar ou razões que a própria razão desconhece); implica
esclarecer os pontos de vista apresentados. Podese apreciação de ordem estética (gosto não se discu-
alcançar esse objetivo pela de nição, pelo teste- te); diz respeito à fé religiosa, aos dogmas (creio,
munho e pela interpretação. Na explicitação por ainda que parece absurdo).
de nição, empregamse expressões como: quer di-
zer, denominase, chamase, na verdade, isto é, haja Comprovação pela experiência ou observação: A ver-
vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as dade de um fato ou a rmação pode ser comprovada por
expressões: conforme, segundo, na opinião de, no meio de dados concretos, estatísticos ou documentais.
parecer de, consoante as ideias de, no entender de, Comprovação pela fundamentação lógica: A com-
LÍNGUA PORTUGUESA

no pensamento de. A explicitação se faz também provação se realiza por meio de argumentos racionais,
pela interpretação, em que são comuns as seguin- baseados na lógica: causa/efeito; consequência/causa;
tes expressões: parece, assim, desse ponto de vista. condição/ocorrência.
Fatos não se discutem; discutemse opiniões. As decla-
d) Enumeração rações, julgamento, pronunciamentos, apreciações que
Fazse pela apresentação de uma sequência de ele- expressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter
mentos que comprovam uma opinião, tais como sua validade comprovada, e só os fatos provam. Em re-
a enumeração de pormenores, de fatos, em uma sumo toda a rmação ou juízo que expresse uma opinião

22
pessoal só terá validade se fundamentada na evidência Introdução:
dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade I – função social da ciência e da tecnologia;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio II – de nições de ciência e tecnologia;
da contraargumentação ou refutação. São vários os pro- III – indivíduo e sociedade perante o avanço tecno-
cessos de contraargumentação: lógico.
Refutação pelo absurdo: refutase uma a rmação de-
monstrando o absurdo da consequência. Exemplo clás- Desenvolvimento:
sico é a contraargumentação do cordeiro, na conhecida I – apresentação de aspectos positivos e negativos
fábula “O lobo e o cordeiro”; do desenvolvimento tecnológico;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hi- II – como o desenvolvimento cientí co-tecnológico
póteses para eliminá-las, apresentandose, então, aquela modi cou as condições de vida no mundo atual;
que se julga verdadeira; III – a tecnocracia: oposição entre uma sociedade
Desquali cação do argumento: atribuise o argumen- tecnologicamente desenvolvida e a dependência
to à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringin- tecnológica dos países subdesenvolvidos;
dose a universalidade da a rmação; IV – enumerar e discutir os fatores de desenvolvi-
Ataque ao argumento pelo testemunho de autorida- mento social;
de: consiste em refutar um argumento empregando os V – comparar a vida de hoje com os diversos tipos de
testemunhos de autoridade que contrariam a a rmação vida do passado; apontar semelhanças e diferenças;
apresentada; VI – analisar as condições atuais de vida nos grandes
Desquali car dados concretos apresentados: consiste centros urbanos;
em desautorizar dados reais, demonstrando que o enun- VII – como se poderia usar a ciência e a tecnologia
ciador baseouse em dados corretos, mas tirou conclusões para humanizar mais a sociedade.
falsas ou inconsequentes. Por exemplo, se na argumen- Conclusão:
tação a rmouse, por meio de dados estatísticos, que “o VIII – a tecnologia pode libertar ou escravizar: bene-
controle demográ co produz o desenvolvimento”, a r- fícios/consequências malé cas;
ma-se que a conclusão é inconsequente, pois se baseia IX – síntese interpretativa dos argumentos e contra-
em uma relação de causaefeito difícil de ser comprovada. -argumentos apresentados.
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa:
“o desenvolvimento é que gera o controle demográ co”. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor pla-
Apresentamse aqui sugestões possíveis para desen- no de redação: é um dos possíveis.
volver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
ao desenvolvimento de outros temas. Elegese um tema,
e, em seguida, sugeremse os procedimentos que devem TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
ser adotados para a elaboração de um Plano de Redação.
A todo o momento nos deparamos com vários tex-
O homem e a máquina: necessidade e riscos da tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a
evolução tecnológica presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência
Questionar o tema, transformálo em interrogação, daquilo que está sendo transmitido entre os interlocuto-
responder a interrogação (assumir um ponto de vista); res. Estes interlocutores são as peças principais em um
dar o porquê da resposta, justi car, criando um argu- diálogo ou em um texto escrito.
mento básico; É de fundamental importância sabermos classi car
Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento os textos com os quais travamos convivência no nosso
básico e construir uma contra argumentação; pensar a dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
forma de refutação que poderia ser feita ao argumento textuais e gêneros textuais.
básico e tentar desquali cá-la (rever tipos de argumen- Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
tação); fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
Re etir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
de ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
tema (as ideias podem ser listadas livremente ou organi- guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
zadas como causa e consequência); nessas situações corriqueiras que classi camos os nossos
Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição
e com o argumento básico; e Dissertação.
Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo
as que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias As tipologias textuais se caracterizam pelos as-
LÍNGUA PORTUGUESA

transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam pectos de ordem linguística


e corroboram a ideia do argumento básico;
Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando Os tipos textuais designam uma sequência de nida
uma sequência na apresentação das ideias selecionadas, pela natureza linguística de sua composição. São obser-
obedecendo às partes principais da estrutura do texto, vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
que poderia ser mais ou menos a seguinte: ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.

23
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de SITE
ação demarcados no tempo do universo narrado, http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
como também de advérbios, como é o caso de an- tual.htm
tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
sa, resolveram...
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, EXERCÍCIO COMENTADO
descrevem características tanto físicas quanto psi-
cológicas acerca de um determinado indivíduo ou 1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO
objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os 2015)
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por nalidade explicar um Ouro em Fios
assunto ou uma determinada situação que se almeje
desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,
acontecer, como em: O cadastramento irá se prorro- como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
gar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se esque- O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
ça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício. Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
modalidade na qual as ações são prescritas de for- - Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos iluminação natural.
no imperativo, in nitivo ou futuro do presente: - Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
Misture todos os ingrediente e bata no liquidi cador - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
até criar uma massa homogênea. biente.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- - Utilize o computador no modo espera.
cam-se pelo predomínio de operadores argumen- Fique ligado! Evite desperdícios.
tativos, revelados por uma carga ideológica cons- Energia elétrica.
tituída de argumentos e contra-argumentos que
A natureza cobra o preço do desperdício.
justi cam a posição assumida acerca de um deter-
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
no mercado de trabalho, o que signi ca que os gê-
positiva e injuntiva.
neros estão em complementação, não em disputa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
GÊNEROS TEXTUAIS

São os textos materializados que encontramos em Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
nosso cotidiano; tais textos apresentam características aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
sócio-comunicativas de nidas por seu estilo, função, apresenta tal característica.
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
receita culinária, e-mail, reportagem, monogra a, poema,
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, Norma Culta
blog, etc.
A escolha de um determinado gênero discursivo de- Norma culta ou linguagem culta é uma expressão
pende, em grande parte, da situação de produção, ou empregada pelos linguistas brasileiros para designar o
seja, a nalidade do texto a ser produzido, quem são os conjunto de variedades linguísticas efetivamente faladas,
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei- na vida cotidiana, pelos falantes cultos, sendo assim clas-
cular o texto, etc. si cados os cidadãos nascidos e criados em zona urbana
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a e com grau de instrução superior completo.
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por O Instituto Camões entende que a “noção de cor-
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- reção está [...] baseada no valor social atribuído às [...]
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul- formas [linguísticas]”. Ainda assim, informa que a nor-
gação cientí ca são comuns gêneros como verbete de ma-padrão do português europeu é o dialeto da região
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio cientí co, que abrange Lisboa e Coimbra; refere também que se
seminário, conferência. aceita no Brasil como norma-padrão a fala do Rio e de
LÍNGUA PORTUGUESA

São Paulo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- 1. Aquisição da linguagem
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Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- tato com a família, que é o primeiro círculo social para
tica – volume único / Samira Yousse Campedelli, Jésus uma criança, imitando o que se ouve e aprendendo, aos
Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. poucos, o vocabulário e as leis combinatórias da língua.

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Um jovem falante também vai exercitando o aparelho fo- 5. Graus de formalismo
nador, ou seja, a língua, os lábios, os dentes, os maxilares,
as cordas vocais para produzir sons que se transformam, São muitos os tipos de registros quanto ao formalis-
mais tarde, em palavras, frases e textos. mo, tais como: o registro formal, que é uma linguagem
Quando um falante entra em contato com outra pes- mais cuidada; o coloquial, que não tem um planejamen-
soa, na rua, na escola ou em qualquer outro local, per- to prévio, caracterizando-se por construções gramaticais
cebe que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas mais livres, repetições frequentes, frases curtas e conec-
que falam de forma diferente por pertencerem a outras tores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso de
cidades ou regiões do país, ou por terem idade diferente ortogra a simpli cada, construções simples e usado en-
da nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe tre membros de uma mesma família ou entre amigos.
social. Essas diferenças no uso da língua constituem as As variações de registro ocorrem de acordo com o
variedades linguísticas. grau de formalismo existente na situação de comunica-
ção; com o modo de expressão, isto é, se trata de um
2. Variedades linguísticas registro formal ou escrito; com a sintonia entre interlo-
cutores, que envolve aspectos como graus de cortesia,
Variedades linguísticas são as variações que uma lín- deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário es-
gua apresenta, de acordo com as condições sociais, cul- pecí co de algum campo cientí co, por exemplo).
turais, regionais e históricas em que é utilizada.
Todas as variedades linguísticas são adequadas, des- Atitudes não recomendadas
de que cumpram com e ciência o papel fundamental de
uma língua, o de permitir a interação verbal entre as pes- 1. Expressões condenáveis
soas, isto é, a comunicação. - A nível de, ao nível. Opção: em nível, no nível;
Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta - Face a, frente a. Opção: ante, diante, em face de, em
ou norma padrão, tem maior prestígio social. É a varieda- vista de, perante;
de linguística ensinada na escola, contida na maior parte - Onde (quando não exprime lugar). Opção: em que,
dos livros e revistas e também em textos cientí cos e di- na qual, nas quais, no qual, nos quais;
dáticos, em alguns programas de televisão etc. As demais - (Medidas) visando... Opção: (medidas) destinadas a;
variedades, como a regional, a gíria ou calão, o jargão - Sob um ponto de vista. Opção: de um ponto de vis-
de grupos ou pro ssões (a linguagem dos policiais, dos ta;
jogadores de futebol, dos metaleiros, dos sur stas), são - Sob um prisma. Opção: por (ou através de) um pris-
chamadas genericamente de dialeto popular ou lingua- ma;
gem popular. - Como sendo. Opção: suprimir a expressão;
- Em função de. Opção: em virtude de, por causa de,
3. Propósito da língua em consequência de, por, em razão de.

A língua que utilizamos não transmite apenas nossas 2. Expressões não recomendadas
ideias, transmite também um conjunto de informações - A partir de (a não ser com valor temporal). Opção:
sobre nós mesmos. Certas palavras e construções que com base em, tomando-se por base, valendo-se
empregamos acabam denunciando quem somos social- de;
mente, ou seja, em que região do país nascemos, qual - Através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio
até nossos valores, círculo de amizades e hobbies, como de, segundo;
skate, rock, surfe, entre outros. O uso da língua também - Devido a. Opção: em razão de, em virtude de, graças
pode informar nossa timidez, sobre nossa capacidade de a, por causa de;
nos adaptarmos e situações novas, nossa insegurança. - Dito. Opção: citado, mensionado
A língua é um poderoso instrumento de ação social. - Enquanto. Opção: ao passo que;
Ela pode tanto facilitar quanto di cultar o nosso relacio- - Fazer com que. Opção: compelir, constranger, fazer
namento com as pessoas e com a sociedade em geral. que, forçar, levar a.
- Inclusive (a não ser quando signi ca incluindo-se).
4. Língua culta na escola Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
- No sentido de, com vistas a. Opção: a m de, para,
O ensino da língua culta na escola não tem a nali- com o to (ou objetivo, ou intuito) de, com a na-
dade de condenar ou eliminar a língua que falamos em lidade de, tendo em vista.
nossa família ou em nossa comunidade. Ao contrário, o - Pois (no início da oração). Opção: já que, porque,
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domínio da língua culta, somado ao domínio de outras uma vez que, visto que.
variedades linguísticas, torna-nos mais preparados para - Principalmente. Opção: especialmente, mormente,
nos comunicarmos. Saber usar bem uma língua equivale notadamente, sobretudo, em especial, em particu-
a saber empregá-la de modo adequado às mais diferen- lar.
tes situações sociais de que participamos. - Sendo que. Opção: e.

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3. Expressões que demandam atenção procurar o caminho do amanhã e encontrar as
- A caso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se; perspectivas que nos acompanham para sempre
- Aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com na estrada da vida”. Você pode ter conhecimento
ser e estar, aceito; do vocabulário e das regras gramaticais e, assim,
- Acendido, aceso (formas similares) – idem; construir um texto sem erros. Entretanto, se você
- À custa de – e não às custas de; reproduz sem nenhuma crítica ou re exão expres-
- À medida que – à proporção que, ao mesmo tem- sões gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo. A boa
po que, conforme; qualidade do texto ca comprometida.
- Na medida em que – tendo em vista que, uma vez 4) Tema: Para você, as experiências genéticas de clona-
que; gem põem em xeque todos os conceitos humanos
- A meu ver – e não ao meu ver; sobre Deus e a vida? “Bem a clonagem não é tudo,
- A ponto de – e não ao ponto de; mas na vida tudo tem o seu valor e os homens a
- A posteriori, a priori – não tem valor temporal; todo momento necessitam de descobrir todos os
- De modo (maneira, sorte) que – e não a; mistérios da vida que nos cerca a todo instante”.
- Em termos de – modismo; evitar; É importante você escrever atendendo ao que foi
- Em vez de – em lugar de; proposto no tema. Antes de começar o seu texto
- Ao invés de – ao contrário de; leia atentamente todos os elementos que o exami-
- Enquanto que – o que é redundância; nador apresentou para você utilizar. Esquematize
- Entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não suas ideias, veja se não há falta de correspondência
a; entre o tema proposto e o texto criado.
- Implicar em – a regência é direta (sem em); 5) Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu
- Ir de encontro a – chocar-se com; primo (...) mostrou que ele não era maligno”. Esta
- Ir ao encontro de – concordar com; frase está ambígua, pois não se sabe se o pronome
- Junto a – usar apenas quando equivale a adido ou ele refere-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a
similar; ambiguidade, você deve observar se a relação en-
- O (a, s) mesmo (a, s) – uso condenável para substi- tre cada palavra do seu texto está correta.
tuir pronomes; 6) “Ele me tratava como uma criança, mas eu era ape-
- Se não, senão – quando se pode substituir por caso nas uma criança”. O conectivo mas indica uma cir-
não, separado; quando não se pode, junto; cunstância de oposição, de ideia contrária a. Assim,
- Todo mundo – todos; a relação adversativa introduzida pelo “mas” no
- Todo o mundo – o mundo inteiro; fragmento acima produz uma ideia absurda.
- Não-pagamento = hífen somente quando o se- 7) “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da
gundo termo for substantivo; tempestade sempre vem a bonança. Após longo
- Este e isto – referência próxima do falante (a lugar, suplício, meu coração apaziguava as tormentas e
a tempo presente; a futuro próximo; ao anunciar e a sensatez me mostrava que só estaríamos separa-
a que se está tratando); das carnalmente”. Não utilize provérbios ou ditos
- Esse e isso – referência longe do falante e perto do populares. Eles empobrecem a redação, pois fazer
ouvinte (tempo futuro, desejo de distância; tempo parecer que seu autor não tem criatividade ao lan-
passado próximo do presente, ou distante ao já çar mão de formas já gastas pelo uso frequente.
mencionado e a ênfase). 8) “Estou sem inspiração para fazer uma redação. Es-
crever sobre a situação dos sem-terra? Bem que o
4. Erros Comuns professor poderia propor outro tema”. Você não
A seguir listamos mais de 100 erros comuns. deve falar de sua redação dentro do próprio texto.
1) “Hoje ao receber alguns presentes no qual com- 9) “Todos os deputados são corruptos”. Evite pensa-
pleto vinte anos tenho muitas novidades para con- mentos radicais. É recomendável não generalizar e
tar”. Temos aí um exemplo de uso inadequado do evitar, assim, posições extremistas.
pronome relativo. Ele provoca falta de coesão, pois 10) “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer
não consegue perceber a que antecedente ele se essas coisas. Olhe, acho que ele não vai concor-
refere, portanto nada conecta e produz relação ab- dar com a decisão que você tomou, quero dizer,
surda. os fatos levam você a isso, mas você sabe - todos
2) “Tenho uma prima que trabalha num circo como sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pen-
mágica e uma das mágicas mais engraçadas era sar como vai fazer para, en m, para ele entender
uma caneta com tinta invisível que em vez de tinta a decisão”. Não se esqueça que o ato de escrever
havia saído suco de lima”. Você percebe aí a inca- é diferente do ato de falar. O texto escrito deve se
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pacidade do concursando ou vestibulando organi- apresentar desprovido de marcas de oralidade.


zar sintaticamente o período. Selecionar as frases 11) “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se à bem
e organizar as ideias é necessário. Escrever com e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-
clareza é muito importante. -humorado (bem-humorado). Igualmente: mau hu-
3) “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, mor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar;
piloto de cart, moreno, 20 anos, com olhos cor 12) “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tem-
de mel”. “Tudo começou naquele baile de quin- po, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois sécu-
ze anos”, “...é aos dezoito anos que se começa a los. / Fez 15 dias;

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13) “Houveram” muitos acidentes. Haver, como exis- 26) Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e
tir, também é invariável: Houve muitos acidentes. eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-
/ Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos -o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos
iguais; entrar, viu-a, mandou-me;
14) “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, 27) Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e
restar e sobrar admitem normalmente o plural: a vocês e por isso não pode ser usado com objeto
Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o
Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. deixou. / Ela o ama;
/ Sobravam ideias; 28) “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito:
15) Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim
ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. /
eu trazer; Procuram-se empregados;
16) Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se 29) “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição
mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti; não varia nesses casos: Trata-se dos melhores pro-
17) “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado ssionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se
na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás; para todos. / Conta-se com os amigos;
18) “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras 30) Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimen-
to exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai
redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação,
amanhã ao cinema. / Levou os lhos ao circo;
monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis,
31) Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto
viúva do falecido;
no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implica-
19) “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra
rá punição. / Promoção implica responsabilidade;
masculina, a menos que esteja subentendida a pa- 32) Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do
lavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais pai. Use também em via de, e não “em vias de”:
casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de
caráter; conclusão;
20) “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou 33) Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é
implícita a palavra razão, use por que separado: cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), ju-
Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) niores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres;
ele faltou. / Explique por que razão você se atra- 34) O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é
sou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o
porque o trânsito estava congestionado; acento não existe e só indica a letra tônica). Da
21) Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presen- mesma forma: úido, condôr, recórde, aváro, ibé-
ciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. ro, pólipo;
Outros verbos com a: A medida não agradou (de- 35) A última “seção” de cinema. Seção signi ca divi-
sagradou) à população. / Eles obedeceram (de- são, repartição, e sessão equivale a tempo de uma
sobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes,
diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de
Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes; pancadas, sessão do Congresso;
22) Preferia ir “do que” car. Prefere-se sempre uma 36) Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é pa-
coisa a outra: Preferia ir a car. É preferível segue lavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de
a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agra-
glória; vante, a atenuante, a alface, a cal;
23) O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa 37) “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repen-
com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resul- te e a partir de;
38) Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qual-
tado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito
quer”, que se emprega depois de negativas: Não
prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal en-
viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum repa-
tre o predicado e o complemento: O prefeito pro-
ro. / Nunca promoveu nenhuma confusão;
meteu novas denúncias;
39) A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se
24) Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã;
Veja outras gra as erradas e, entre parênteses, a 40) Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai
forma correta: “paralizar” (paralisar), “bene ciente” o pronome: Soube que os homens se feriram. / A
(bene cente), “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilé- festa que se realizou. O mesmo ocorre com as ne-
gio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinquenta), gativas, as conjunções subordinativas e os advér-
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“zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “calcáreo” (cal- bios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes
cário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vin- se pronunciou. / Quando se falava no assunto... /
do), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impe- Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz,
cilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro); aqui se paga. / Depois o procuro;
25) Quebrou “o”óculos. Concordância no plural: os 41) O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha.
óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus pa- Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível)
rabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo”
felizes núpcias; (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho);

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42) Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sa- 57) As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo ter-
biam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de mina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as
movimento, apenas: Não sei aonde ele quer che- tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas es-
gar. / Aonde vamos?; peravam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos,
43) “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda impõem-nos;
com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obriga- 58) Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa prono-
do pela atenção. / Muito obrigados por tudo; me átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois
44) O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo
Assim: O governo interveio. Da mesma forma: in- condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam
tervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos
verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, conhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos
pressupusesse, predisse, conviesse, per zera, en- nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / Ten-
trevimos, condisser; do-me formado (e nunca tendo “formado-me”);
45) Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: 59) Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco
meio louca, meio esperta, meio amiga; minutos. Há indica passado e equivale a faz, en-
46) “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome quanto a exprime distância ou tempo futuro (não
tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é que: Fique você pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas
comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minu-
aqui; tos. / O atirador estava a (distância) pouco menos
47) A questão não tem nada “haver” com você. A de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de
questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada dez dias;
que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com 60) Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para de nir
você; o material de que alguma coisa é feita: Blusa de
48)- A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua
regular: A corrida custa 5 reais; de madeira;
48) Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não 61) A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à
tomar por empréstimo: Vou pegar o livro empres- luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também
tado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu é errado dizer: Deu “a luz a” gêmeos;
irmão. Repare nesta concordância: Pediu empres- 62) Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe:
tadas duas malas; Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos
49) Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que signi ca acu- cinco na sala;
sar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de le- 63) Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sen-
viano; tar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sen-
50) Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que tou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à
faz a concordância no plural: Ele foi um dos que máquina, ao computador;
chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi 64) Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu.
um). / Era um dos que sempre vibravam com a vi- Embora popular, a locução não existe. Use porque:
tória; Ficou contente porque ninguém se feriu;
51) “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de in- 65) O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O
dica arredondamento e não pode aparecer com time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por
números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram; e perde por. Da mesma forma: empate por;
52) Ministro nega que “é” negligente. Negar que in- 66) À medida “em” que a epidemia se espalhava... O
troduz subjuntivo, assim como embora e talvez: certo é: À medida que a epidemia se espalhava.
Ministro nega que seja negligente. / O jogador Existe ainda na medida em que (tendo em vista
negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o que): É preciso cumprir as leis, na medida em que
convide para a festa. / Embora tente negar, vai dei- elas existem;
xar a empresa; 67) Não queria que «receiassem» a sua companhia.
53) Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O O i não existe: Não queria que receassem a sua
certo: Tinha chegado atrasado; companhia. Da mesma forma: passeemos, enfea-
54) Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quan- ram, ceaste, receeis (só existe i quando o acento
do expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, cai no e que precede a terminação ear: receiem,
blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso passeias, enfeiam);
de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, cane- 68) Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com
tas pretas, tas amarelas; acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocor-
55) Queria namorar “com” o colega. O com não exis- re com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm;
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te: Queria namorar o colega; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem;
56) O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo 69) A moça estava ali «há» muito tempo. Haver con-
dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi con- corda com estava. Portanto: A moça estava ali ha-
tratado do (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu via (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao lho
muito o prestígio do jornal entre os (e não “junto havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir
aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando
não “junto ao”) banco. / A reclamação foi apresen- o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito
tada ao (e não “junto ao”) PROCON; do indicativo.);

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70) Não «se o» diz. É errado juntar o se com os prono- existem as formas “precavejo”, “precavês”, “preca-
mes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, vém”, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”;
não se o diz (não se diz isso), vê-se-a; 84) Governo “reavê” con ança. Equivalente: Governo
71) Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos recupera con ança. Reaver segue haver, mas ape-
compostos, só o último elemento varia: acordos nas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos,
político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem
verde-amarelas, medidas econômico- nanceiras, “reavejo”, “reavê”;
partidos social-democratas; 85) Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas
72) Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que sig- pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram,
ni ca inteiro: Andou por todo o país (pelo país in- quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, pusés-
teiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi semos;
demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: 86) O homem “possue” muitos bens. O certo: O ho-
Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação mem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a
(qualquer nação) tem inimigos; terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar
73) “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exi- é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue;
ge os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil 87) A tese “onde”. Onde só pode ser usado para lu-
apontar todas as contradições do texto; gar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as
74) Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse crianças brincam. Nos demais casos, use em que:
sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A de- A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em
cisão favoreceu os jogadores; que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista
75) Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto em que...;
equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) 88) Já «foi comunicado» da decisão. Uma decisão é
arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à comunicada, mas ninguém «é comunicado» de al-
polícia; guma coisa. Assim: Já foi informado (cienti cado,
76) Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode avisado) da decisão. Outra forma errada: A dire-
empregar o mesmo no lugar de pronome ou subs- toria «comunicou» os empregados da decisão.
tantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcio- Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão
nários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país aos empregados. / A decisão foi comunicada aos
conhecerá a decisão dos servidores (e não “dos empregados;
mesmos”); 89) “In ingiu” o regulamento. Infringir é que signi ca
transgredir: Infringiu o regulamento. In igir (e não “in-
77) Vou sair “essa” noite. É este que designa o tempo
ingir”) signi ca impor: In igiu séria punição ao réu;
no qual se está o objeto próximo: Esta noite, esta
90) A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de
semana (a semana em que se está), este dia, este
pose). Quem pousa é ave, avião, viajante. Não con-
jornal (o jornal que estou lendo), este século (o sé-
funda também iminente (prestes a acontecer) com
culo 20);
eminente (ilustre). Nem trá co (contrabando) com
78) A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica
tráfego (trânsito);
singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero
91) Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o
hora; substantivo: Minha viagem. A forma verbal é via-
79) Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de in- jem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite tam-
dica substituição: Comeu frango em vez de peixe. bém “comprimentar” alguém: de cumprimento
Ao invés de signi ca apenas ao contrário: Ao invés (saudação), só pode resultar cumprimentar. Com-
de entrar, saiu; primento é extensão. Igualmente: Comprido (ex-
80) Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, tenso) e cumprido (concretizado);
previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; 92) O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado
se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não
impuser; se ele zer (de fazer), des zer; se nós dis- disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer
sermos (de dizer), predissermos; nos avisar;
81) Ele “intermedia” a negociação. Mediar e interme- 93) Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Com-
diar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou prou uma TV em cores (não se diz TV “a” preto e
medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar branco). Da mesma forma: Transmissão em cores,
também seguem essa norma: Remedeiam, que desenho em cores;
eles anseiem, incendeio; 94) “Causou-me” estranheza as palavras. Use o cer-
82) Ninguém se “adequa”. Não existem as formas to: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado,
“adequa”, “adeque”, por exemplo, mas apenas pois é comum o erro de concordância quando o
LÍNGUA PORTUGUESA

aquelas em que o acento cai no a ou o: adequa- verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo:
ram, adequou, adequasse; Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi ini-
83) Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as ciado” esta noite as obras);
pessoas em que depois do “d” vêm “e” e “i”: Ex- 95) A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuida-
plode, explodiram. Portanto, não escreva nem fale do: palavra próxima ao verbo não deve in uir na
“exploda” ou “expluda”, substituindo essas formas concordância. Por isso: A realidade das pessoas
por rebente, por exemplo. Precaver-se também pode mudar. / A troca de agressões entre os fun-
não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não cionários foi punida (e não “foram punidas”);

29
96) O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
fato passou despercebido, não foi notado. Desa- gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as
percebido signi ca desprevenido; quais representam as variações de acordo com as con-
97) “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja dições sociais, culturais, regionais e históricas em que é
vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja utilizada. Dentre elas destacam-se:
vista seus esforços. / Haja vista suas críticas; A) Variações históricas: Dado o dinamismo que a
98) A moça «que ele gosta». Como se gosta de, o língua apresenta, a mesma sofre transformações ao lon-
certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O di- go do tempo. Um exemplo bastante representativo é a
nheiro de que dispõe, o lme a que assistiu (e não questão da ortogra a, se levarmos em consideração a
que assistiu), a prova de que participou, o amigo a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com
que se referiu, são alguns exemplos; “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a
99) É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a con- qual se fundamenta pela supressão dos vocábulos. Ana-
tração da preposição com artigo ou pronome, nos lisemos, pois, o fragmento exposto:
casos seguidos de in nitivo: É hora de ele chegar. Antigamente
/ Apesar de o amigo tê-lo convidado. / Depois de
esses fatos terem ocorrido; “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles
100) Vou “consigo”. Consigo só tem valor re exivo e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam
(pensou consigo mesmo) e não pode substituir anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os ja-
com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, notas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes,
vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor arrastando a asa, mas cavam longos meses debaixo do
(e não “para si”); balaio.”
101) Já «é» 8 horas. Horas e as demais palavras que Carlos Drummond de Andrade
de nem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não
«são») 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite; Comparando-o à modernidade, percebemos um vo-
102) A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sis- cabulário antiquado.
tema métrico decimal não têm plural nem ponto.
Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg; B) Variações regionais: São os chamados dialetos,
103) “Dado” os índices das pesquisas... A concordân- que são as marcas determinantes referentes a diferen-
cia é normal: Dados os índices das pesquisas... / tes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca
Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...; que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais
104) Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que como: macaxeira e aipim. Figurando também esta moda-
signi ca debaixo de: Ficou sob a mira do assaltan- lidade estão os sotaques, ligados às características orais
te. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em da linguagem.
cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. /
Falou sobre a in ação. E lembre-se: O animal ou o C) Variações sociais ou culturais: Estão diretamente
piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e tam-
alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás; bém ao grau de instrução de uma determinada pessoa.
105) “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expres- Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar
sões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver. caipira.
As gírias pertencem ao vocabulário especí co de cer-
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS tos grupos, como os sur stas, cantores de rap, tatuadores,
entre outros. Os jargões estão relacionados ao pro ssio-
A linguagem é a característica que nos difere dos de- nalismo, caracterizando um linguajar técnico. Represen-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tando a classe, podemos citar os médicos, advogados,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opi- pro ssionais da área de informática, dentre outros.
nião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano Vejamos um poema sobre o assunto:
e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio
social. Dentre os fatores que a ela se relacionam desta- Vício na fala
cam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: o ní-
vel de formalidade e o de informalidade. Para dizerem milho dizem mio
O padrão formal está diretamente ligado à lingua- Para melhor dizem mió
gem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de Para pior pió
um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da Para telha dizem teia
mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante Para telhado dizem teiado
LÍNGUA PORTUGUESA

para a que a mesma pudesse exercer total soberania so- E vão fazendo telhados.
bre as demais. Oswald de Andrade
Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o
estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem ge- SITE
rado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve tica/variacoes-linguisticas.htm>
de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se
desta forma um estigma.

30
FUNÇÕES DA LINGUAGEM Na poesia acima “Epitá o para um banqueiro”, José
de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que pas-
Função referencial ou denotativa: transmite uma in- sa a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com
formação objetiva, expõe dados da realidade de modo o poeta.
objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmen-
te, o texto se apresenta na terceira pessoa do singular VÍCIOS DE LINGUAGEM
ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem
é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra in- Todo desvio das normas gramaticais provoca um vício
terpretação além da que está exposta. Em alguns textos de linguagem. São incorreções e defeitos no uso da lín-
é mais predominante essa função, como nos cientí cos, gua falada ou escrita. Origina-se do descaso ou do des-
jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências preparo linguístico de quem se expressa. Os principais
comerciais. vícios de linguagem são:
Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emis- A) Barbarismo: todo desvio na gra a, na exão ou
sor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade na pronúncia de uma palavra constitui um barba-
é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a men- rismo. Existem quatro tipos:
sagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, A.1 Cacoepia: é a má pronúncia de uma palavra.
apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de Exemplos: compania (em vez de companhia), gor
exclamação, interrogação e reticências) é uma caracterís- (em vez de gol), cadalço (em vez de cadarço);
tica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da A.2 Silabada: é a troca de acentuação prosódica de
mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é uma palavra: récorde (em vez de recorde), rúbrica
comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou (em vez de rubrica), íbero (em vez de ibero);
romântico. A.3 Cacogra a: é a má gra a ou má exão de uma
palavra: maizena (em vez de maisena), cidadões
Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in- (em vez de cidadãos), interviu (em vez de interveio);
uenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio A.4 Deslize: é o mau emprego de uma palavra: mala
de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou leviana (por mala leve), peixe com espinho (por
apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar peixe com espinha), vultuosa quantia (por vultosa
no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2.ª ou quantia).
3.ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu
desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em Comete Barbarismo ainda quem abusa do emprego
textos publicitários, em discursos políticos ou de auto- de palavras estrangeiras, grafando-as como na língua
ridade. de origem. Por princípio, todo estrangeirismo que não
possuir equivalente adequado em nossa língua deve ser
Função metalinguística: Essa função se refere à me- aportuguesado. Portanto, convém grafar: abajur, boate,
talinguagem, que é quando o emissor explica um códi- garagem, coquetel, checape, xampu, xortes, e não abat-
go usando o próprio código. Quando um poema fala da -jour, boite, garage, cocktail, check-up, shampoo, shorts.
própria ação de se fazer um poema, por exemplo: Tão usadas entre nós são algumas gra as estrangei-
“Pegue um jornal ras, que a estranheza por algumas formas aportuguesa-
Pegue a tesoura. das é natural. Incluem-se ainda como barbarismo todas
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você de- as formas de estrangeirismo, isto é, uso de palavras ou
seja dar a seu poema. expressões de outras línguas:
Recorte o artigo.”
Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poe- Galicismo (do francês): Mise-en-scène em vez de en-
ma dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o cenação, Parti pris em vez de opinião preconcebida.
próprio ato de fazer um poema.
Anglicismo (do inglês): Weekend em vez de m de
Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer semana.
uma relação com o emissor, um contato para veri car
se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a B) Solecismo: Todo desvio sintático provoca um sole-
conversa. Quando estamos em um diálogo, por exemplo, cismo. Existem três tipos:
e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, esta- 1. de concordância: houveram eleições (por houve
mos utilizando este tipo de função; ou quando atende- eleições), o pessoal chegaram (por o pessoal che-
mos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”. gou);
2. de regência: assisti esse lme (por assisti a esse l-
LÍNGUA PORTUGUESA

Função poética: O objetivo do emissor é expressar me), ter ódio de alguém (por ter ódio a alguém), não
seus sentimentos através de textos que podem ser enfa- lhe conheço (por não o conheço);
tizados por meio das formas das palavras, da sonoridade, 3. de colocação: darei-lhe um abraço (por dar-lhe-ei
do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de com- um abraço), tenho queixado-me bastante (por te-
binações dos signos linguísticos. É presente em textos nho me queixado bastante).
literários, publicitários e em letras de música. C) Cacófato: Todo som obsceno resultante da união
Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0 de sílabas de palavras diferentes provoca um cacó-
fato: preciso ir-me já, vaca gaúcha, etc.

31
O cacófato só existe quando a união das sílabas ex- Observação:
prime obscenidade. Portanto, ela tinha, boca dela, alma A contribuição greco-latina é responsável pela
minha e outras uniões semelhantes não constituem ca- existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
cófatos, mas simples cacofonias, de menor importância. antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
D) Ambiguidade ou An bologia: todo duplo sen- contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
tido, causado pela má construção da frase, é uma transformação e metamorfose; oposição e antítese.
ambiguidade: Beatriz comeu um doce e sua irmã
também. (por: Beatriz comeu um doce, e sua irmã Antônimos
também); Mataram o porco do meu tio. (por: Mata-
ram o porco que era de meu tio). São palavras que se opõem através de seu signi cado:
E) Redundância: Toda repetição de uma ideia me- ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
diante palavras ou expressões diferentes provoca mal - bem.
uma redundância ou pleonasmo vicioso: subir lá
em cima, descer lá embaixo, entrar pra dentro, sair Observação:
pra fora, novidade inédita, hemorragia de sangue, A antonímia pode se originar de um pre xo de
pomar de frutas, hepatite do fígado, demente men- sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
tal, e tantas outras. simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e
F) Arcaísmo: Consiste no emprego de palavras ou ex- discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
pressões antigas que já caíram de uso: asinha em e anticomunista; simétrico e assimétrico.
vez de depressa, antanho em vez de no passado. Homônimos e Parônimos
G) Neologismo: Emprego de palavras novas que,
apesar de formadas de acordo com o sistema da  Homônimos = palavras que possuem a mesma
língua, ainda não foram incorporadas pelo idioma: gra a ou a mesma pronúncia, mas signi cados
As mensagens telecomunicadas foram vistas por diferentes. Podem ser
poucas pessoas.
H) Eco: Ocorre quando há palavras na frase com ter- A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e
minações iguais ou semelhantes, provocando dis- diferentes na pronúncia:
sonância: A divulgação da promoção não causou rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
comoção na população. (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia
I) Hiato: Ocorre quando há uma sequência de vogais, (subst.) e denuncia (verbo); providência (subst.) e
provocando dissonância: Eu a amo; Ou eu ou a ou- providencia (verbo).
tra ganhará o concurso.
J) Colisão: Ocorre quando há repetição de consoan- B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e
tes iguais ou semelhantes, provocando dissonân- diferentes na escrita:
cia: Sua saia sujou. acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmonizar)
e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela
(arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço
(palácio) e passo (andar).
SEMÂNTICA: CONSTRUÇÃO DE SENTIDO C) Homógrafas e homófonas simultaneamente
E EFEITOS DE SENTIDO, SINONÍMIA, (ou perfeitas): São palavras iguais na escrita e na
ANTONÍMIA, HOMONÍMIA, POLISSEMIA E pronúncia:
FIGURAS DE LINGUAGEM; DENOTAÇÃO E caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
CONOTAÇÃO; cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).

 Parônimos = palavras com sentidos diferentes,


Semântica é o estudo da signi cação das palavras porém de formas relativamente próximas. São
e das suas mudanças de signi cação através do tempo palavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta
ou em determinada época. A maior importância está em (receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte)
distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e sesta (descanso após o almoço), eminente
e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). (ilustre) e iminente (que está para ocorrer), osso
(substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo
Sinônimos e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo),
comprimento (medida) e cumprimento (saudação),
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto autuar (processar) e atuar (agir), in igir (aplicar
LÍNGUA PORTUGUESA

- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - pena) e infringir (violar), deferir (atender a) e
abolir. diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emitir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar;
são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto apropriar-se de), trá co (comércio ilegal) e
(cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato
quando, ocasionalmente, podem ser substituídas, (procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à
uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e superfície) e imergir (mergulhar, afundar).
esperar).

32
Hiperonímia e Hiponímia O passarinho foi atingido no bico.
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
o hipônimo uma palavra de sentido mais especí co; o de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
hiperônimo, mais abrangente. que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
hipônimo, criando, assim, uma relação de dependência é o formato quadriculado que têm.
semântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de
hiperonímia com carros, já que veículos é uma palavra de Polissemia e homonímia
signi cado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
Veículos é um hiperônimo de carros. A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em comum. Quando a mesma palavra apresenta vários
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A signi cados, estamos na presença da polissemia. Por
utilização correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, outro lado, quando duas ou mais palavras com origens
evita a repetição desnecessária de termos. e signi cados distintos têm a mesma gra a e fonologia,
temos uma homonímia.
Parônimos: São palavras parecidas na escrita e na A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e imi- signi car uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
nente, tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e de- é polissemia porque os diferentes signi cados para a
gredar, cético e séptico, prescrever e proscrever, descri- palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
ção e discrição, in igir (aplicar) e infringir (transgredir), palavra polissêmica: pode signi car o elemento básico
osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo ceder), do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligra a de
comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar de- um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes
ferimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), rati car signi cados estão interligados porque remetem para o
(con rmar) e reti car (tornar reto, corrigir), vultoso (volu- mesmo conceito, o da escrita.
moso, muito grande: soma vultosa) e vultuoso (congestio-
nado: rosto vultuoso). Polissemia e ambiguidade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza interpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à
Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. colocação especí ca de uma palavra (por exemplo, um
– São Paulo: Saraiva, 2010. advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Pessoas que têm uma alimentação equilibrada
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. frequentemente são felizes.
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Neste caso podem existir duas interpretações
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. diferentes:
As pessoas têm alimentação equilibrada porque
SITE são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação
Disponível em: <http://www.coladaweb.com/ equilibrada.
portugues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e- De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,
paronimos> ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito
POLISSEMIA importante saber qual o contexto em que a frase é
proferida.
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, comicidade. Repare na gura abaixo:
mas que abarca um grande número de signi cados
dentro de seu próprio campo semântico.
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo
percebemos que o pre xo “poli” signi ca multiplicidade
de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
LÍNGUA PORTUGUESA

se em consideração as situações de aplicabilidade. Há


uma in nidade de exemplos em que podemos veri car a
ocorrência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-cabelo-e-
sobrevivência pinto. Acesso em 15/9/2014).

33
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, numa linguagem poética e na literatura, mas também
mas duas seriam: ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em
Corte e coloração capilar anúncios publicitários, entre outros. Exemplos:
ou Você é o meu sol!
Faço corte e pintura capilar Minha vida é um mar de tristezas.
Você tem um coração de pedra!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. #FicaDica
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Procure associar Denotação com Dicionário:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. trata-se de de nição literal, quando o termo
é utilizado com o sentido que consta no di-
SITE cionário.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
gramatica/polissemia.htm>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Exemplos de variação no signi cado das palavras: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
literal) Paulo: Saraiva, 2010.
Ele cou uma fera quando soube da notícia. (sentido
gurado) SITE
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido gurado) http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
As variações nos signi cados das palavras ocasionam cao/
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A) Denotação
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
apresenta seu signi cado original, independentemente
ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu signi ca-
“Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
do mais objetivo e comum, aquele imediatamente reco-
Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radi-
nhecido e muitas vezes associado ao primeiro signi cado
cal-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do
que aparece nos dicionários, sendo o signi cado mais li-
meio ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo ra-
teral da palavra.
dical, que tem seu signi cado corretamente indicado é:
A denotação tem como nalidade informar o recep-
tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo a) Antropologia: estudo do homem como representante
um caráter prático. É utilizada em textos informativos, do sexo masculino;
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bu- b) Etimologia: estudo das raças humanas;
las de medicamentos, textos cientí cos, entre outros. A c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre
palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é a Terra;
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das mu-
O elefante é um mamífero. lheres;
As estrelas deixam o céu mais bonito! e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.

B) Conotação Resposta: Letra D. Em “a”: Antropologia: Ciência que


Uma palavra é usada no sentido conotativo quando se dedica ao estudo do homem (espécie humana) em
apresenta diferentes signi cados, sujeitos a diferentes sua totalidade
interpretações, dependendo do contexto em que esteja Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem das
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que palavras procurando determinar as causas e circuns-
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua tâncias de seu processo evolutivo
LÍNGUA PORTUGUESA

signi cação mediante a circunstância em que a mesma Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos atmosfé-
é utilizada, assumindo um sentido gurado e simbólico. ricos e das suas leis, principalmente com a intenção de
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co- prever as variações do tempo.
notativo ela pode signi car castigo (dar-lhe um pau), re- Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das
provação (tomei pau no concurso). mulheres = correta
A conotação tem como nalidade provocar sentimen- Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções orgâ-
tos no receptor da mensagem, através da expressividade nicas pelas quais a vida se manifesta
e afetividade que transmite. É utilizada principalmente

34
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS- jornalismo quanto na literatura não pode haver censura
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, todos os prévia. Publicada a reportagem (ou biogra a), os que
anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis números se sentirem atingidos que recorram à justiça. É preciso
da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” equivale seguir o padrão existente em muitos países, em que há
ao “que não se aceita”. A equivalência correta abaixo in- biogra as “autorizadas” e “não autorizadas”.
dicada é: Reclamações posteriores, quando existem, são
encaminhadas ao foro devido, os tribunais.
a) tinta indelével / que não se apaga; O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil
b) ação impossível / que não se possui; para justi car o veto a que a historiogra a do país seja
c) trabalho inexequível / que não se exempli ca; enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder
d) carro invisível / que não tem vistoria; de censura concedido a biografados e herdeiros ser um
e) voz inaudível / que não possui audiência. atentado à Constituição.
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações).
Resposta: Letra A. Em “a”: tinta indelével / que não se
apaga = correta A palavra “sonegado” está sendo empregada com o
Em “b”: ação impossível = que não é possível sentido de reduzido, diminuído.
Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Em “d”: carro invisível = que não se vê ( ) CERTO ( ) ERRADO
Em “e”: voz inaudível = que não se ouve
Resposta: Errado. (...) Permite-se a interdição de regis-
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) tros de época, em prejuízo dos historiadores e pesqui-
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon- sadores do futuro.
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o rela-
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das to da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas de “impedido”.
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O
crianças e adolescentes a participarem do processo de termo destacado na passagem do primeiro parágrafo –
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de da compra. – tem sentido equivalente a
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil a) impetuosidade.
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, b) empatia.
ele continua sendo grave problema nos países mais po- c) relutância.
bres. d) consentimento.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com e) segurança.
adaptações).
A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida Resposta: Letra C. Mesmo com tantas opções, ainda
social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a há resistência na hora da compra.
“pobreza”. Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto
Em “b”: empatia = incorreto
( ) CERTO ( ) ERRADO Em “c”: relutância (resistência).
Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto
Resposta: Errado. (...) É o caso do trabalho infantil. Em “e”: segurança = incorreto
A chaga encontra terreno = refere-se a “trabalho in- A substituição que manteria o sentido do período é
fantil”. “ainda há relutância”.

4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-


GO 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio –
CESPE-2013)
Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edi-
ção de biogra as à autorização do biografado ou des-
cendentes. As consequências da norma são negativas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar


para a posteridade a vida de personagens importantes
na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
Permite-se a interdição de registros de época, em prejuí-
zo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo,
o relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos
escritores Mário de Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no

35
FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO

Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com.br/ guras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso abr, 2018.

A gura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego gurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o signi cado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.

1. Tipos de Figuras de Linguagem

1.1. Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensi cação do ritmo ou como efeito sonoro
signi cativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
blem, blem, blem.
Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra)

1.2. Figuras de Palavras ou de Pensamento

1.2.1. Metáfora

Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
palavra fora de seu sentido normal.
Observação:
Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Seus olhos são como luzes brilhantes.
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como.
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, qua-
LÍNGUA PORTUGUESA

lidade do que é semelhante.


Por m, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta é
a verdadeira metáfora.

Outros exemplos:
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio sub-
terrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a uidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

36
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar 1.2.4. Perífrase ou Antonomásia
algum.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustia- um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
damente inútil), há uma comparação subentendida: Mi- por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
nha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma ti que:
estrada de terra que leva a lugar algum. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
atraindo visitantes do mundo todo.
A Amazônia é o pulmão do mundo. A Cidade-Luz (=Paris)
Em sua mente povoa só inveja. O rei das selvas (=o leão)

1.2.2. Metonímia (ou sinédoque) Observação:


Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
É a substituição de um nome por outro, em virtude de nome de antonomásia. Exemplos:
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
pode acontecer dos seguintes modos: cando o bem.
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). jovem.
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
As lâmpadas iluminam o mundo).
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da 1.2.4. Sinestesia
cruz. (= Não te afastes da religião).
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
Havana. (= Fumei um saboroso charuto). sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócra- cruzamento de sensações distintas.
tes tomou veneno). Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu auditivo; áspero = tátil)
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro- No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
duzo). cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones 1.2.5. Antítese
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
dos jogadores). Consiste no emprego de palavras que se opõem
Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada- quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse dos mesmos. Observe os exemplos:
mundo). “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir O corpo é grande e a alma é pequena.
às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram “Quando um muro separa, uma ponte une.”
chamadas, não apenas uma mulher). Não há gosto sem desgosto.
Marca pelo produto: Minha lha adora danone. (=
Minha lha adora o iogurte que é da marca Danone). 1.2.6. Paradoxo ou oximoro
Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Al-
guns astronautas foram à Lua). É a associação de ideias, além de contrastantes, con-
Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá traditórias. Seria a antítese ao extremo.
para teu lado. (= A justiça cará do teu lado). Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
Ouvimos as vozes do silêncio.
1.2.3. Catacrese
1.2.7. Eufemismo
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, É o emprego de uma expressão mais suave, mais no-
LÍNGUA PORTUGUESA

por falta de um termo especí co para designar um con- bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa
ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a áspera, desagradável ou chocante.
empregar algumas palavras fora de seu sentido original. Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se-
Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do nhor. (= morreu)
rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do aba- O prefeito cou rico por meios ilícitos. (= roubou)
caxi”. Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
Faltar à verdade. (= mentir)

37
1.2.8. Ironia “Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
amor”. (Olavo Bilac)
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito
bem construída para que cumpra a sua nalidade; mal 1.3.3. Elipse
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à
desejada pelo emissor. Consiste na omissão de um ou mais termos numa
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota oração e que podem ser facilmente identi cados, tanto
mínima. por elementos gramaticais presentes na própria oração,
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos quanto pelo contexto.
que estão por perto. A catedral da Sé. (a igreja catedral)
O governador foi sutil como um elefante. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
tádio)
1.2.9. Hipérbole
1.3.4. Zeugma
É a expressão intencionalmente exagerada com o in-
tuito de realçar uma ideia. Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) Ele gosta de geogra a; eu, de português. (eu gosto de
O concurseiro quase morre de tanto estudar! português)
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
1.2.10. Prosopopeia ou Personi cação modernos. (só havia móveis)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
mados a seres inanimados, ou características humanas a
1.3.5. Silepse
seres não humanos. Observe os exemplos:
As pedras andam vagarosamente.
A silepse é a concordância que se faz com o termo
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
cego que guia.
É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
A oresta gesticulava nervosamente diante da serra.
com um termo oculto, facilmente identi cado. Há três ti-
Chora, violão.
pos de silepse: de gênero, número e pessoa.
1.3. Figuras de Construção ou de Sintaxe
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-
1.3.1. Apóstrofe minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân-
cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi-
sa personi cada, de acordo com o objetivo do discurso, A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza- calor intenso.
-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr (a cidade de Porto Velho).
em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do B) Vossa Excelência está preocupado.
vocativo. Exemplos: O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
Moça, que fazes aí parada? soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
“Pai Nosso, que estais no céu” sa Excelência.
Deus, ó Deus! Onde estás?
Silepse de Número - Os números são singular e
1.3.2. Gradação (ou clímax) plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da
Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni- oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
LÍNGUA PORTUGUESA

dente (anticlímax). Observe este exemplo: de Salvador.


Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
com seus olhos claros e brincalhões... Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se tos das orações (que se encontram no singular, procissão
refere ao céu, à terra, às pessoas e, nalmente, a Joana e e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos: isso que os verbos estão no plural.

38
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Vi aquela cena com meus próprios olhos.
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles Vamos subir para cima.
(as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há Ele desceu pra baixo.
um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não
concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa 1.3.8. Anáfora
que está inscrita no sujeito. Exemplos:
O que não compreendo é como os brasileiros persista- É a repetição de uma ou mais palavras no início de
mos em aceitar essa situação. várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau-
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar- sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar
dins públicos.” (Machado de Assis) determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
dem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
Observe que os verbos persistamos, temos e somos Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos nhecia.
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os ba.” (Padre Vieira)
brasileiros, os agricultores e os cariocas).
1.3.9. Anacoluto
1.3.6. Polissíndeto / Assíndeto
Consiste na mudança da construção sintática no meio
Para estudarmos as duas guras de construção é ne- da frase, cando alguns termos desligados do resto do
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
período composto. No período composto por coordena- introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A ligação sintática com as demais.
oração coordenada ligada por uma conjunção (conecti- Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
vo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é Morrer, todo haveremos de morrer.
assindética. Recordado esse conceito, podemos de nir as Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
duas guras de construção:
A) Polissíndeto - É uma gura caracterizada pela re- A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
petição enfática dos conectivos. Observe o exem- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
plo: O menino resmunga, e chora, e grita, e nin- interrupção da frase e esta expressão ca à parte, não
guém faz nada. exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto tam-
B) Assíndeto - É uma gura caracterizada pela au- bém é chamado de “frase quebrada”, pois corresponde
sência, pela omissão das conjunções coordenati- a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.
vas, resultando no uso de orações coordenadas
assindéticas. Exemplos: Observação:
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. O anacoluto deve ser usado com nalidade expressi-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) va em casos muito especiais. Em geral, evite-o.

1.3.7. Pleonasmo 1.3.10. Hipérbato / Inversão

Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
mesmas palavras ou não. A nalidade do pleonasmo é ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
realçar a ideia, torná-la mais expressiva. sujeito venha depois do predicado:
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
Nesta oração, os termos “o problema da violência” amor venceu ao ódio)
e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o Eu cuido dos meus problemas)
pronome “lo” classi cado como objeto direto pleonástico.
Outro exemplo:
#FicaDica
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto O nosso Hino Nacional é um exemplo de hi-
pérbato, já que, na ordem direta, teríamos:
LÍNGUA PORTUGUESA

Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- brado retumbante de um povo heroico”.
nástico.

Observação:
O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonas-
mo vicioso:

39
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO-


TECONOMIA SUPERIOR – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, faz-se o uso de um tipo
de linguagem gurada denominada

a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.

Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de signi cação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora- gura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)

2. (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – SUPERIOR - CONPASS/2014)


Identi que a gura de linguagem presente na tira seguinte:

a) metonímia
b) prosopopeia
c) hipérbole
d) eufemismo
e) onomatopeia

Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas
vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.

3. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE – SUPERIOR - COPEVE/UFAL/2014)


Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma gura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, horário
do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma gura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual gura de linguagem?
LÍNGUA PORTUGUESA

a) Eufemismo.
b) Hipérbole.
c) Paradoxo.
d) Metonímia.
e) Hipérbato.

40
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser- Galicismo (do francês): Mise-en-scène em vez de en-
ve apenas para representar o calor excessivo que está cenação, Parti pris em vez de opinião preconcebida.
fazendo. A gura que é utilizada “mil vezes” (!) para
atingir tal objetivo é a hipérbole. Anglicismo (do inglês): Weekend em vez de m de
semana.
B) Solecismo: Todo desvio sintático provoca um sole-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS cismo. Existem três tipos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa 1. de concordância: houveram eleições (por houve
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. eleições), o pessoal chegaram (por o pessoal che-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- gou);
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. 2. de regência: assisti esse lme (por assisti a esse l-
– São Paulo: Saraiva, 2010. me), ter ódio de alguém (por ter ódio a alguém), não
CAMPEDELLI, Samira Yousse . Português – Literatura, lhe conheço (por não o conheço);
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira 3. de colocação: darei-lhe um abraço (por dar-lhe-ei
Yousse Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – um abraço), tenho queixado-me bastante (por te-
São Paulo: Saraiva, 2002. nho me queixado bastante).

SITES C) Cacófato: Todo som obsceno resultante da união


Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- de sílabas de palavras diferentes provoca um cacó-
coes/estil/estil8.php> fato: preciso ir-me já, vaca gaúcha, etc.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- O cacófato só existe quando a união das sílabas ex-
coes/estil/estil5.php> prime obscenidade. Portanto, ela tinha, boca dela,
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- alma minha e outras uniões semelhantes não
coes/estil/estil2.php> constituem cacófatos, mas simples cacofonias, de
menor importância.

VÍCIOS DE LINGUAGEM D) Ambiguidade ou An bologia: todo duplo sen-


tido, causado pela má construção da frase, é uma
Todo desvio das normas gramaticais provoca um vício ambiguidade: Beatriz comeu um doce e sua irmã
de linguagem. São incorreções e defeitos no uso da lín- também. (por: Beatriz comeu um doce, e sua irmã
gua falada ou escrita. Origina-se do descaso ou do des- também); Mataram o porco do meu tio. (por: Mata-
preparo linguístico de quem se expressa. Os principais ram o porco que era de meu tio).
vícios de linguagem são:
E) Redundância: Toda repetição de uma ideia me-
A) Barbarismo: todo desvio na gra a, na exão ou diante palavras ou expressões diferentes provoca
na pronúncia de uma palavra constitui um barba- uma redundância ou pleonasmo vicioso: subir lá
rismo. Existem quatro tipos: em cima, descer lá embaixo, entrar pra dentro, sair
A.1 Cacoepia: é a má pronúncia de uma palavra. pra fora, novidade inédita, hemorragia de sangue,
Exemplos: compania (em vez de companhia), gor pomar de frutas, hepatite do fígado, demente men-
(em vez de gol), cadalço (em vez de cadarço); tal, e tantas outras.
A.2 Silabada: é a troca de acentuação prosódica de
uma palavra: récorde (em vez de recorde), rúbrica F) Arcaísmo: Consiste no emprego de palavras ou ex-
(em vez de rubrica), íbero (em vez de ibero); pressões antigas que já caíram de uso: asinha em
A.3 Cacogra a: é a má gra a ou má exão de uma vez de depressa, antanho em vez de no passado.
palavra: maizena (em vez de maisena), cidadões
(em vez de cidadãos), interviu (em vez de interveio); G) Neologismo: Emprego de palavras novas que,
A.4 Deslize: é o mau emprego de uma palavra: mala apesar de formadas de acordo com o sistema da
leviana (por mala leve), peixe com espinho (por língua, ainda não foram incorporadas pelo idioma:
peixe com espinha), vultuosa quantia (por vultosa As mensagens telecomunicadas foram vistas por
quantia). poucas pessoas.

Comete Barbarismo ainda quem abusa do emprego H) Eco: Ocorre quando há palavras na frase com ter-
de palavras estrangeiras, grafando-as como na língua minações iguais ou semelhantes, provocando dis-
de origem. Por princípio, todo estrangeirismo que não sonância: A divulgação da promoção não causou
possuir equivalente adequado em nossa língua deve ser comoção na população.
LÍNGUA PORTUGUESA

aportuguesado. Portanto, convém grafar: abajur, boate,


garagem, coquetel, checape, xampu, xortes, e não abat- I) Hiato: Ocorre quando há uma sequência de vogais,
-jour, boite, garage, cocktail, check-up, shampoo, shorts. provocando dissonância: Eu a amo; Ou eu ou a ou-
Tão usadas entre nós são algumas gra as estrangei- tra ganhará o concurso.
ras, que a estranheza por algumas formas aportuguesa-
das é natural. Incluem-se ainda como barbarismo todas J) Colisão: Ocorre quando há repetição de consoan-
as formas de estrangeirismo, isto é, uso de palavras ou tes iguais ou semelhantes, provocando dissonân-
expressões de outras línguas: cia: Sua saia sujou.

41
D) Ponto de Exclamação (!)
PONTUAÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO  Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle-
ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
casar com você!
Os sinais de pontuação são marcações grá cas que  Depois de interjeições ou vocativos
servem para compor a coesão e a coerência textual, além Ai! Que susto!
de ressaltar especi cidades semânticas e pragmáticas. João! Há quanto tempo!
Um texto escrito adquire diferentes signi cados quando
pontuado de formas diversi cadas. O uso da pontuação E) Ponto de Interrogação (?)
depende, em certos momentos, da intenção do autor do  Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen- “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
te relacionados ao contexto e ao interlocutor. vedo)

1. Principais funções dos sinais de pontuação F) Reticências (...)


 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
A) Ponto (.) pis, canetas, cadernos...
 Indica o término do discurso ou de parte dele, en-  Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
cerrando o período. dizer... é verdad... Ah!”
 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-  Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em nal mal... pega doutor?
de período, este não receberá outro ponto; neste  Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o m xa, depois, o coração falar...
de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
ca, constitucional, etc. (e não “etc..”) G) Vírgula (,)
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
Não se usa vírgula
ponto, assim como após o nome do autor de uma
Separando termos que, do ponto de vista sintático,
citação:
ligam-se diretamente entre si:

1. Entre sujeito e predicado:
Haverá eleições em outubro
Todos os alunos da sala foram advertidos.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
Sujeito predicado
leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
 Os números que identi cam o ano não utilizam 2. Entre o verbo e seus objetos:
ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os O trabalho custou sacrifício aos
números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.
B) Ponto e Vírgula (;)
 Separa várias partes do discurso, que têm a mes- Usa-se a vírgula:
ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos 1. Para marcar intercalação:
generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí- A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) abundância, vem caindo de preço.
 Separa partes de frases que já estão separadas por B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou- produzindo, todavia, altas quantidades de alimen-
tros, montanhas, frio e cobertor. tos.
 Separa itens de uma enumeração, exposição de C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
motivos, decreto de lei, etc. trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto
Ir ao supermercado; é, não querem abrir mão dos lucros altos.
Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia; 2. Para marcar inversão:
Reunião com amigos. A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
C) Dois pontos (:) portas fechadas.
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
Coutinho trata este assunto: pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
LÍNGUA PORTUGUESA

 Antes de um aposto = Três coisas não me agra- C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. maio de 1982.
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo 3. Para separar entre si elementos coordenados
a rotina de sempre. (dispostos em enumeração):
 Em frases de estilo direto Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
Maria perguntou: A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
- Por que você não toma uma decisão? mais.

42
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que- Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, lhas,
remos comer pizza; e vocês, churrasco. esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co-
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
5. Para isolar: casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para es-
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra- sas mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
sileira, possui um trânsito caótico. Quando nalmente chegavam ao Judiciário e se sen-
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. tavam à minha frente, os relatos se transformavam em
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi-
Observações: car e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas.
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
são latina et coetera, que signi ca “e outras coisas”, seria culpa por não ter sido boa o su ciente, a culpa por não
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o ter conseguido manter a família. Sempre a culpa.
acordo ortográ co em vigor no Brasil exige que empre- Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política, ça externa como se somente nós, juízes, promotores e
futebol, lazer, etc. advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
As perguntas que denotam surpresa podem ter com- de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: violência invisível.
Você falou isso para ela?! Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias além das
quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com adaptações).
Temos, ainda, sinais distintivos: O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- tido de “nós”.
ração de siglas (IOF/UPC);
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas ( ) CERTO ( ) ERRADO
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
opção aos parênteses, principalmente na matemá- Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che-
tica; gavam à Justiça buscando uma força externa como se
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse-
uma nota de rodapé ou no m do livro, para subs- mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os
tituir um nome que não se quer mencionar.
termos entre vírgulas servem para exempli car quem
são os “nós” citados pela autora (juízes, promotores,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
advogados).
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária –
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Cespe – 2017 – adaptada)
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Texto 1A1AAA
SITE
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ Após o processo de redemocratização, com o m da di-
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir- tadura militar, em meados da década de 80 do século
gula.htm passado, era de se esperar que a democratização das
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
EXERCÍCIOS COMENTADOS sociais. Sobressaem, porém, problemas que con guram
mais desa os para a cidadania brasileira, como a violên-
1. (STJ – Conhecimentos Básicos para o Cargo 1 – Ces- cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
pe – 2018 – adaptada) desemprego — que ameaça os direitos sociais.
No Brasil, o crime aumentou signi cantemente a partir
Texto CB1A1CCC de 1980, impacto do processo de modernização pelo
qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re- colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi-
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transporta- ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
vam da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para mi- social mais anônimo, menos supervisionado.
LÍNGUA PORTUGUESA

nha cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles re- Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
latos sofridos, a itos. As angústias dos que se sentavam dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
à minha frente, por diversas vezes, me escoltaram até O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me-
minha casa e passaram a ser companheiras de noites de nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor-
insônia. Não havia outra solução a não ser escrever. Era tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do
pessoas que, mesmo ao m do processo e com a senten- risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém
ça prolatada, não me deixavam esquecê-las. não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de

43
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário 4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho –
dividir as tarefas de controle com organizações locais e cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre-
com a comunidade. cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pública e ga- mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso
rantia dos direitos individuais: os desa os da polícia em sociedades se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.
democráticas. In: Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo,
ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. 84-5 (com adaptações). ( ) CERTO ( ) ERRADO

No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre
introduzem sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos-
to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que
a) uma enumeração das “categorias de direitos”. requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O
b) resultados da “consolidação da cidadania”. Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa!
c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como Os meninos, ansiosos (2), chegaram!
algo “amplo”.
d) uma generalização do termo “direitos”.
e) objetivos do “processo de redemocratização”. ASPECTOS DE TEXTUALIDADE: COESÃO E
COERÊNCIA
Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso
SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
encontrar as respostas para as questões!): (...) abran- 1. COESÃO E COERÊNCIA
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos Na construção de um texto, assim como na fala,
direitos; apresenta-os. usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a
compreensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos
linguísticos que estabelecem a coesão e retomada do
3. (Aneel – Técnico Administrativo – cespe – 2010) Vão
que foi escrito - ou falado - são os referentes textuais,
surgindo novos sinais do crescente otimismo da indús-
que buscam garantir a coesão textual para que haja
tria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se
coerência, não só entre os elementos que compõem
às exportações. “O comércio mundial já está voltando a
a oração, como também entre a sequência de orações
se abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de
dentro do texto. Essa coesão também pode muitas vezes
pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
se dar de modo implícito, baseado em conhecimentos
Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expec-
anteriores que os participantes do processo têm com o
tativas dos industriais com relação ao mercado externo. tema.
Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria Numa linguagem gurada, a coesão é uma linha
não se modi caram. Mas isso não é um mau sinal, pois imaginária - composta de termos e expressões - que
elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a une os diversos elementos do texto e busca estabelecer
pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010, relações de sentido entre eles. Dessa forma, com o
registra grande otimismo da indústria com relação à de- emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais
manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado. (repetição, substituição, associação), sejam gramaticais
Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos (emprego de pronomes, conjunções, numerais, elipses),
entrevistados acredita no aumento das vendas internas. constroem-se frases, orações, períodos, que irão
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações). apresentar o contexto – decorre daí a coerência textual.
O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas Um texto incoerente é o que carece de sentido ou
por tratar-se de um vocativo. o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa
incoerência é resultado do mau uso dos elementos
( ) CERTO ( ) ERRADO de coesão textual. Na organização de períodos e de
parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de gramaticais e lexicais prejudica o entendimento do texto.
fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o Construído com os elementos corretos, confere-se a ele
gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio- uma unidade formal.
nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o
a melhora das expectativas. O termo em destaque não enunciado não se constrói com um amontoado de
está exercendo a função de vocativo, já que não é uti- palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios
lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo. gerais de dependência e independência sintática e
LÍNGUA PORTUGUESA

Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas
executivo da CNI. que sedimentam estes princípios”.
Não se deve escrever frases ou textos desconexos
– é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que
as frases estejam coesas e coerentes formando o texto.
Relembre-se de que, por coesão, entende-se ligação,
relação, nexo entre os elementos que compõem a
estrutura textual.

44
Formas de se garantir a coesão entre os elementos A coerência de um texto está ligada:
de uma frase ou de um texto: 1. à sua organização como um todo, em que devem
estar assegurados o início, o meio e o m;
- Substituição de palavras com o emprego de sinô- 2. à adequação da linguagem ao tipo de texto.
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo Um texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
associativo. fundamentada em comprovações, apresentação de
- Nominalização – emprego alternativo entre um ver- estatísticas, relato de experiências; um texto informativo
bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente apresenta coerência se trabalhar com linguagem objetiva,
(desgastar / desgaste / desgastante). denotativa; textos poéticos, por outro lado, trabalham
- Emprego adequado de tempos e modos verbais: com a linguagem gurada, livre associação de ideias,
Embora não gostassem de estudar, participaram da palavras conotativas.
aula.
- Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
posições, artigos: CAMPEDELLI, Samira Yousse , SOUZA, Jésus Barbosa.
- O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasilei- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática –
ra, Sua Santidade participou de uma reunião com volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
a Presidente Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa
cumprimentava as pessoas. Estas tiveram a certeza SITE
de que ele guarda respeito por elas. Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.
- Uso de hipônimos – relação que se estabelece com br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/
base na maior especi cidade do signi cado de um Paacutegina1.html>
deles. Por exemplo, mesa (mais especí co) e móvel
(mais genérico).
- Emprego de hiperônimos - relações de um termo
de sentido mais amplo com outros de sentido mais EXERCÍCIOS COMENTADOS
especí co. Por exemplo, felino está numa relação
de hiperonímia com gato. 1. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
- Substitutos universais, como os verbos vicários. GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018)

Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado Texto 2


no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque “A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a
preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”, circulação de carros a diesel no centro a partir de 2024. O
evitando repetição desnecessária. objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão
dos monumentos”. (Veja, 7/3/2018)
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co-
nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad- A ordem cronológica dos fatos citados no texto 2 é:
verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
ti ca-se quando, ao remeter a um enunciado anterior, a) redução da poluição / banimento da circulação de car-
a palavra elidida é facilmente identi cável (Exemplo.: O ros / erosão dos monumentos;
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas b) banimento da circulação de carros / erosão dos monu-
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, mentos / redução da poluição;
assim, estabelece a relação entre as duas orações). c) erosão dos monumentos / redução da poluição / bani-
mento da circulação de carros;
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a d) redução da poluição / erosão dos monumentos / ba-
propriedade de fazer referência ao contexto situacional nimento da circulação de carros;
ou ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa e) erosão dos monumentos / banimento da circulação de
função de progressão textual, dada sua característica: são carros / redução da poluição.
elementos que não signi cam, apenas indicam, remetem
aos componentes da situação comunicativa. Resposta: Letra E. “A prefeitura da capital italiana
Já os componentes concentram em si a signi cação. anunciou que vai banir a circulação de carros a diesel
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: no centro a partir de 2024. O objetivo é reduzir a po-
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais luição, que contribui para a erosão dos monumentos”.
indicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes Primeiro ocorreu a erosão dos monumentos (=1) de-
LÍNGUA PORTUGUESA

demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, vido à poluição; optou-se pelo banimento da circula-
bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento ção dos carros (=2) para que a poluição diminua (=3),
da enunciação, podendo indicar simultaneidade, o que preservará os monumentos.
anterioridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje,
neste momento (presente); ultimamente, recentemente,
ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em
diante, no próximo ano, depois de (futuro).”

45
2. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford
CESGRANRIO-2018) A ideia a que o pronome destaca- (Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada”
do se refere está adequadamente explicitada entre col- por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo
chetes em: evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu
a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a
a) “Ela é produzida de forma descentralizada por mi- perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e sta-
lhares de computadores, mantidos por pessoas que tus social.
‘emprestam’ a capacidade de suas máquinas para criar Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica
bitcoins” [computadores] atende a essa última necessidade citada: nós nos senti-
b) “No processo de nascimento de uma bitcoin, que é mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen-
chamado de ´mineração´, os computadores conecta- te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um
dos à rede competem entre si” [bitcoin] produto que quase ninguém ainda possui.
c) “O nível de di culdade dos desa os é ajustado pela Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que
rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativa-
limitada, que é de até 21 milhões de unidades” [rede] vam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativa-
d) “Elas são guardadas em uma espécie de carteira, que das quando uma pessoa muito religiosa se depara com
é criada quando o usuário se cadastra no software.” um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que
[espécie ] o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião
e) “Críticos a rmam que a moeda vive uma bolha que em para os mais entusiastas.
algum momento deve estourar.” [bolha] O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais
novo lançamento tecnológico dispara em nosso cére-
Resposta: Letra E. Em “a”: “Ela é produzida de forma bro a liberação de um hormônio chamado dopamina,
descentralizada por milhares de computadores, man- responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
tidos por pessoas que (= as quais – retoma o termo liberado quando nosso cérebro identi ca algo que repre-
“pessoas”) sente uma recompensa.
Em “b”: “No processo de nascimento de uma bitcoin, O grande problema é que a busca excessiva por recom-
que é chamado de ‘mineração’ (= o qual - retoma o pensas pode resultar em comportamentos impulsivos,
termo “processo de nascimento”) que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes
Em “c”: “O nível de di culdade dos desa os é ajustado sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo,
pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma podemos observar a situação problematizada aqui: gasto
faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades” = excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem
retoma o termo “faixa limitada” sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos
Em “d”: “Elas são guardadas em uma espécie de cartei- de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes
ra, que é criada (= a qual – retoma “carteira”) apresentam poucas mudanças em relação ao modelo
Em “e”: “Críticos a rmam que a moeda vive uma bolha anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros
que (= a qual) em algum momento deve estourar.” casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho
[bolha] = correta novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou
inovadora no cotidiano.
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- No m das contas, vale um lembrete que pode ajudar a
GRANRIO-2018-ADAPTADA) conter os impulsos na hora de comprar um novo smart-
phone ou alguma novidade de mercado: compare o efei-
O vício da tecnologia to momentâneo da dopamina com o impacto de imagi-
nar como carão as faturas do seu cartão de crédito com
Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os a nova compra.
O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode
olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô-
ser su ciente para que você decida pensar duas vezes a
nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre
respeito da aquisição.
as inovações, estavam produtos relacionados a experiên-
DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan.
cias de realidade virtual e à utilização de inteligência ar-
2018. Adaptado.
ti cial — que hoje é um dos temas que mais desperta
interesse em pro ssionais da área, tendo em vista a am-
A ideia a que a expressão destacada se refere está expli-
pliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diver-
citada adequadamente entre colchetes em:
sos segmentos.
a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à
Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no utilização de inteligência arti cial — que hoje é um
LÍNGUA PORTUGUESA

evento, vale re etir sobre o motivo que nos leva a uma dos temas que mais desperta interesse em pro ssio-
ansiedade tão grande para consumir produtos que pro- nais da área” [experiências de realidade virtual]
metem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dis- b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec-
põe a dormir em las gigantescas só para ser um dos nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência
primeiros a comprar um novo modelo de smartphone? arti cial]
Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa
comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que última necessidade citada” [segurança]
serão realmente úteis em nossas rotinas?

46
d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa- bebidas.
mina” [mapeamento cerebral] A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identi ca algo de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
que represente uma recompensa.” [impulso cerebral] ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
Resposta: Letra B. Ao texto: cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir- signi cativo de patrícios e algumas associações de por-
tual e à utilização de inteligência arti cial — que hoje te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
é um dos temas que mais desperta interesse em pro- Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
ssionais da área” [experiências de realidade virtual] de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in- da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
teligência arti cial como a Casa de Portugal e um grande número de casas
Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli- periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
gência arti cial] formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona- bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
dos a experiências de realidade virtual e à utilização de vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
inteligência arti cial — que hoje é um dos temas que área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
mais desperta interesse em pro ssionais da área, tendo preferida pelos mais abastados.
em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
nos mais diversos segmentos.= correta ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten- Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
de a essa última necessidade citada” [segurança] de Janeiro: O cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.
Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi-
vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se-
“No Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos
gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de
um grupo signi cativo de patrícios e algumas associações
uma novidade tecnológica atende a essa última neces-
de porte”. No trecho acima, a autora usou em itálico a
sidade citada... = status social
palavra destacada para fazer referência aos
Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com-
prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em
nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado a) luso-brasileiros
dopamina” [mapeamento cerebral] b) patriotas da cidade
(...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re- c) habitantes da cidade
ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse d) imigrantes portugueses
impulso cerebral e comprar e) compatriotas brasileiros
Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi-
ca algo que represente uma recompensa.” [impulso Resposta: Letra D. Ainda hoje é o utilizado o termo
cerebral] “patrício” para se referir aos portugueses. “Patrício”
(...) a liberação de um hormônio chamado dopamina, signi ca “da mesma pátria”.
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
liberado = dopamina 5. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) To-
das as frases abaixo apresentam elementos sublinhados
4. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN- que estabelecem coesão com elementos anteriores (aná-
TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) fora); a frase em que o elemento sublinhado se refere a
um elemento futuro do texto (catáfora) é:
Texto I
a) “A civilização converteu a solidão num dos bens mais
Portugueses no Rio de Janeiro preciosos que a alma humana pode desejar”;
b) “Todo o problema da vida é este: como romper a pró-
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu- pria solidão”;
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa- c) “É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do viver com alguém que saiba pensar”;
LÍNGUA PORTUGUESA

mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo d) “O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas
de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam- a de uma vela que queima”;
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, e) “As pessoas que nunca têm tempo são aquelas que
como os cafés, as pani cações, as leitarias, os talhos, produzem menos”.
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais Resposta: Letra B. Em “a”: “A civilização converteu a
variadas pro ssões, como atividades domésticas ou as de solidão num dos bens mais preciosos que a alma hu-
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais mana pode desejar” = retoma “bens preciosos”

47
Em “b”: “Todo o problema da vida é este: como romper 7. (IBGE – RECENSEADOR – FGV-2017)
a própria solidão” = o pronome se refere ao período
que virá (= catáfora) Texto 3 – “Silva, Oliveira, Faria, Ferreira... Todo mundo tem
Em “c”: “É sobretudo na solidão que se sente a vanta- um sobrenome e temos de agradecer aos romanos por
gem de viver com alguém que saiba pensar” = retoma isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos ergueu um
“solidão” império com a conquista de boa parte das terras banhadas
Em “d”: “O homem ama a companhia, mesmo que seja pelo Mediterrâneo, o inventor da moda. Eles tiveram a ideia
apenas a de uma vela que queima” = retoma “com- de juntar ao nome comum, ou prenome, um nome.
panhia” Por quê? Porque o império romano crescia e eles preci-
Em “e”: “As pessoas que nunca têm tempo são aque- savam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar
las que produzem menos” = retoma “pessoas” onde tinha nascido”. (Ciência Hoje, março de 2014)

6. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – “Todo mundo tem um sobrenome e temos de agradecer
FGV-2018) aos romanos por isso”. (texto 3) O pronome “isso”, nesse
segmento do texto, se refere a(à):
NÃO FALTOU SÓ ESPINAFRE
a) todo mundo ter um sobrenome;
A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. b) sobrenomes citados no início do texto;
Mostrou também danos morais. c) todos os sobrenomes hoje conhecidos;
Aconteceu num mercadinho de bairro em São Paulo. A d) forma latina dos sobrenomes atuais;
dona, diligente, havia conseguido algumas verduras e e) existência de sobrenomes nos documentos.
avisou à clientela. Formaram-se uma pequena la e uma
grande discussão. Uma senhora havia arrematado todos Resposta: Letra A. Todo mundo tem um sobrenome
os dez maços de espinafre. No caixa, outras freguesas e temos de agradecer aos romanos por isso = ter um
sobrenome.
perguntaram se ela tinha restaurante. Não tinha. Obser-
varam que a verdura acabaria estragada. Ela explicou que
8. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010)
ia cozinhar e congelar. Então, foram ao ponto: caramba,
Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a
havia outras pessoas na la, ela não poderia levar só o
e ciência, a produtividade e a competitividade nos pro-
que consumiria de imediato?
cessos gerenciais e nos produtos e serviços das organi-
“Não, estou pagando e cheguei primeiro”, foi a resposta.
zações. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico
Compras exageradas nos supermercados, estoques do-
e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, ca-
mésticos, las nervosas nos postos de combustível – teve pacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas
muito comportamento na base de cada um por si. tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respos-
Cabem nessa categoria as greves e manifestações opor- tas originais e pertinentes em situações com as quais ele
tunistas. Governo, cedendo, também vou buscar o meu se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as
– tal foi o comportamento de muita gente. coisas novas, pois a novidade é catastró ca para os mais
Carlos A. Sardenberg, in O Globo, 31/05/2018. céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um
percurso de difícil travessia para a maioria das institui-
“A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. ções. Inovar signi ca transformar os pontos frágeis de
Mostrou também danos morais”. A palavra ou expressão um empreendimento em uma realidade duradoura e lu-
do primeiro período que leva à produção do segundo crativa. A inovação estimula a comercialização de produ-
período é tos ou serviços e também permite avanços importantes
para toda a sociedade. Porém, a inovação é verdadeira
a) a crise. somente quando está fundamentada no conhecimento.
b) não trouxe. A capacidade de inovação depende da pesquisa, da ge-
c) apenas. ração de conhecimento. É necessário investir em pesqui-
d) danos sociais. sa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No
e) (danos) econômicos. entanto, os resultados desse tipo de investimento não
são necessariamente recursos nanceiros ou valores eco-
Resposta: Letra C. 1.º período: A crise não trouxe ape- nômicos, podem ser também a qualidade de vida com
nas danos sociais e econômicos. justiça social.
2.º período: Mostrou também danos morais. Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Dar-
A expressão que nos dá a ideia de que haverá mais cy. Revista de jornalismo cientí co e cultural da Univer-
informações que complementarão a primeira “tese” sidade de Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37
LÍNGUA PORTUGUESA

apresentada é “apenas”. (com adaptações).

Subentende-se da argumentação do texto que o pro-


nome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investi-
mento”, refere-se à ideia de “fermento do crescimento
econômico e social de um país”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

48
Resposta: Errado. Ao trecho: (...) É necessário inves- 10. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLAS-
tir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios SE – NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado
à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo de sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, é
investimento = investir em pesquisa / desse tipo de promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias,
investimento. é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser
companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor vi-
9. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015) vemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros-
peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é
Texto I decidir fazer parte dele.
Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra
Na organização do poder político no Estado moderno, Dele retoma, textualmente,
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir a) ciclo.
a desordem do estado de natureza, que, em virtude do b) Alguém.
risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, c) padrinho.
exige a existência de um poder institucional. Mas a con- d) grupo.
quista da liberdade humana também reclama a distri- e) apaixonado.
buição do poder em ramos diversos, com a disposição
de meios que assegurem o controle recíproco entre eles Resposta: Letra A. Voltemos ao período:
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im-
nas sociedades estatais. A concentração do poder em um portante é decidir fazer parte dele.
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai
até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o
poder limite o poder”.
Até Montesquieu, não eram identi cadas com clareza
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
de origem baconiana, não abandonando o rigor das
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
idealidade, serviram aos lósofos do pacto social para a
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
Ministério Público em função da proteção dos direitos
humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p.
18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz


referência a “ramos diversos”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Ao período: (...) reclama a distribui-


ção do poder em ramos diversos, com a disposição de
meios que assegurem o controle recíproco entre eles
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia.
LÍNGUA PORTUGUESA

49
c) a dispersão e a menor capacidade de conservar con-
teúdos.
HORA DE PRATICAR! d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
colegas e chefes.
(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
- VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res- constante dos chefes.
ponder às questões de 1 a 7.
2. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executi- DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a
vos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará-
sua equipe para um chamado escritório aberto, sem pa- grafo apresenta concordância de acordo com a norma-
redes e divisórias. -padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo - a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro. para o chamado escritório aberto, como feito por Ch-
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove ris Nagele.
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
chefe. pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um c) O que muitos executivos zeram, transferindo suas
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es- equipes para escritórios abertos, também foi feito por
paço, com portas e tudo.
Chris Nagele, faz cerca de quatro anos.
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni-
feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram
transferido por muitos executivos.
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até
que já tinham sido feitos por outros executivos do se-
15% da produtividade, desenvolver problemas graves
tor.
de concentração e até ter o dobro de chances de car
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de 3. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
organização. DIO - VUNESP – 2017) É correto a rmar que a expressão
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele – até então –, em destaque no início do segundo pará-
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir grafo, expressa um limite, com referência
falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri- a) temporal ao momento em que se deu a transferência
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é da equipe de Nagele para o escritório aberto.
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele. b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava a
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em equipe de Nagele antes da mudança para locais aber-
desuso, mas algumas rmas estão seguindo o exemplo tos.
de Nagele e voltando aos espaços privados. c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem-
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escri-
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade tório que adotou.
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do
tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias.
por até 20 minutos. e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem-
Retemos mais informações quando nos sentamos em um poral às mudanças favoráveis à integração.
local xo, a rma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
design de interiores. 4. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos podem DIO - VUNESP – 2017) É correto a rmar que a expressão
ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1. – contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece
folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado) uma relação de sentido com o parágrafo

1. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- a) anterior, con rmando com estatísticas o sucesso das
DIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos empresas que adotaram o modelo de escritórios aber-
LÍNGUA PORTUGUESA

desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos compar- tos.


tilhados b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção
do modelo de escritórios abertos.
a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri- c) anterior, atestando a e ciência do modelo aberto com
ção à criatividade. base em resultados de pesquisas.
b) a di culdade de propor soluções tecnológicas e a d) anterior, introduzindo informações que se contra-
transferência de atividades para o lar. põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos.

50
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- patinadores, maracatus, big bands, corredores evangé-
mato tradicional de escritório fechado. licos, góticos satanistas, praticantes de ioga, dançarinos
de tango, barraquinhas de yakissoba e barris de cerveja
5. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- artesanal.
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a frase do texto em que Tenho estado atento às agruras e oportunidades da ci-
se identi ca expressão do ponto de vista do próprio au- dade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja
tor acerca do assunto de que trata. Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no m da
tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de patos
a) “Nunca se consegue terminar as coisas e é preciso levar e assustando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Pau-
mais trabalho para casa”, diz ele. (6.º parágrafo). lista ou Minhocão e, durante a semana, venho testando
b) Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório diferentes percursos.
aberto... (4.º parágrafo). Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério da
c) Retemos mais informações quando nos sentamos em Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas en-
um local xo, a rma Sally Augustin... (último parágra- costas do Sumaré, até que, na última terça, sem querer,
fo). descobri um insuspeito parque noturno com bastante
d) Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas gente, quase nenhum carro e propício a todo tipo de ati-
ele queria que todos estivessem juntos... (2.º parágra- vidades: o estacionamento do estádio do Pacaembu.
fo). (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
e) É improvável que o conceito de escritório aberto caia lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
em desuso... (7.º parágrafo). em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
13.04.2017. Adaptado)
6. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) Na frase – É improvável que o É correto a rmar que, do ponto de vista do autor, o pau-
conceito de escritório aberto caia em desuso... (7.º pará- listano
grafo) – a expressão em destaque tem o sentido de
a) busca em Ipanema o contato com a natureza exube-
a) sofra censura. rante que não consegue achar em sua cidade.
b) torne-se obsoleto. b) sabe como vencer a rudeza da paisagem de São Paulo,
c) mostre-se alterado. encontrando nesta espaços para o lazer.
d) mereça sanção. c) se vê impedido de realizar atividades esportivas, no
e) seja substituído. mar de asfalto que é São Paulo.
d) tem feito críticas à cidade, porque ela não oferece ati-
7. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- vidades recreativas a seus habitantes.
DIO - VUNESP – 2017) O trecho destacado na passagem e) toma Ipanema como um símbolo daquilo que se pode
– Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove alcançar, apesar de muito andar e andar.
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio
chefe.– tem sentido de: 9. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2015)
a) até mesmo o próprio chefe.
b) apesar do próprio chefe. Ser gentil é um ato de rebeldia. Você sai às ruas e insis-
c) exceto o próprio chefe. te, briga, luta para se manter gentil. O motorista quase
d) diante do próprio chefe. te mata de susto buzinando e te xingando porque você
e) portanto o próprio chefe. usou a faixa de pedestres quando o sinal estava fechado
para ele. Você posta um pensamento gentil nas redes so-
8. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- ciais apesar de ler dezenas de comentários xenofóbicos,
DIO - VUNESP – 2017) homofóbicos, irônicos e maldosos sobre tudo e todos.
O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você Inclusive você. A nal, você é obviamente um idiota gentil.
anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomar- Há teorias evolucionistas que defendem que as socieda-
mos “Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômi- des com maior número de pessoas altruístas sobrevive-
ca. Tomando “Ipanema” como um símbolo, no entanto, ram por mais tempo por serem mais capazes de manter
como um exemplo de alívio, promessa de alegria em a coesão. Pesquisadores da atualidade dizem, baseados
meio à vida dura da cidade, a frase passa a ser de um tris- em estudos, que gestos de gentileza liberam substâncias
te realismo: o problema de São Paulo é que você anda, que proporcionam prazer e felicidade.
anda, anda e nunca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o Mas gentileza virou fraqueza. É preciso ser macho pacas
LÍNGUA PORTUGUESA

parque do Estado, o Jardim da Luz são uns raros respiros para ser gentil nos dias de hoje. Só consigo associar a
perdidos entre o mar de asfalto, a oresta de lajes bati- aversão à gentileza à profunda necessidade de ser – ou
das e os Corcovados de concreto armado. parecer ser – invencível e bem-sucedido. Nossas fragili-
O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere dades seriam uma vergonha social. Um empecilho à car-
estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois reira, ao acúmulo de dinheiro.
metros quadrados de chão. É o que vemos nas aveni- Não ter tempo para gentilezas é bonito. É justi cável
das abertas aos pedestres, nos ns de semana: basta li- diante da eterna ambivalência humana: queremos ser
berarem um pedacinho do cinza e surgem revoadas de bons, mas temos medo. Não dizer bom-dia signi ca que

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você é muito importante. Ou muito ocupado. Humilhar 12. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
os que não concordam com suas ideias é coisa de gente As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam
forte. E que está do lado certo. Como se houvesse um diferentes graus de di culdade ortográ ca e estão corre-
lado errado. Porque, se nenhum de nós abrir a boca, nin- tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a gra a
guém vai reparar que no nosso modelo de felicidade tem da palavra sublinhada está igualmente correta.
alguém chorando ali no canto. Porque ser gentil abala
sua autonomia. En m, ser gentil está fora de moda. Estou a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
sempre fora de moda. Querendo falar de gentileza, ima- b) A paralização da equipe técnica demorou bastante.
ginem vocês! Pura rebeldia. Sair por aí exibindo minhas c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
vulnerabilidades e, em ato de pura desobediência civil, d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
esperar alguma cumplicidade. Deve ser a idade. e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
(Ana Paula Padrão, Gentileza virou fraqueza. Disponível
em: <http://www.istoe.com.br>. Acesso em: 27 jan 2015. 13. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
Adaptado) I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da
É correto inferir que, do ponto de vista da autora, a gen- língua portuguesa é:
tileza
a) admissão, infração, renovação
a) é prerrogativa dos que querem ter sua importância re- b) diversão, excessão, sucessão
conhecida socialmente. c) extenção, eleição, informação
b) é uma via de mão dupla, por isso não deve ser pratica- d) introdução, repreção, intenção
da se não houver reciprocidade. e) transmissão, conceção, omissão
c) representa um hábito primitivo, que pouco afeta as
relações interpessoais. 14. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
d) restringe-se ao gênero masculino, pois este represen- FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e
ta os mais fortes. econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em
um só vocábulo, a forma adequada será
e) é uma qualidade desvalorizada em nossa sociedade
nos dias atuais.
a) sociais-econômicos.
b) social-econômicos.
10. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
c) sociais-econômico.
DIO - VUNESP – 2015) No nal do último parágrafo, a
d) socioeconômicos.
autora caracteriza a gentileza como “ato de pura desobe-
e) socioseconômicos.
diência civil”; isso permite deduzir que
15. (IBGE – ANALISTA CENSITÁRIO – AGRONOMIA –
a) assumir a prática da gentileza é rebelar-se contra có- FGV-2017) “É preciso levar em conta questões econô-
digos de comportamento vigentes, mesmo que não micas e sociais”; se juntássemos os adjetivos sublinha-
declarados. dos em forma de adjetivo composto, a forma correta, no
b) é inviável, em qualquer época, opor-se às práticas e contexto, seria:
aos protocolos sociais de relacionamento humano.
c) é possível ao sujeito aderir às ideias dos mais fortes, a) econômicas-sociais;
sem medo de ver atingida sua individualidade, no b) econômico-social;
contexto geral. c) econômica-social;
d) há, nas sociedades modernas, a constatação de que d) econômico-sociais;
a vulnerabilidade de alguns está em ver a felicidade e) econômicas-social.
como ato de rebeldia.
e) obedecer às normas sociais gera prazer, ainda que isso 6. (PC-RS – ESCRIVÃO E INSPETOR DE POLÍCIA – FUN-
signi que seguir rituais de incivilidade e praticar a in- DATEC-2018 - ADAPTADA) Sobre os vocábulos expan-
tolerância. sível, fácil, considerável, arti cial, multiplicável e acessível,
a rma-se que:
11. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA-
TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em I. Todos são exionados da mesma forma quando no plural.
relação à ortogra a dos pares. II. Apenas um assume forma diferente dos demais quan-
do exionado no plural.
a) Atenção – atenciozo. III. Todos devem ser acentuados em sua forma plural.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Aprender – aprendizajem.
c) Simples – simplissidade. Quais estão corretas?
d) Fúria – furiozo.
e) Sensação – sensacional. a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

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17. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL
MILITAR – VUNESP-2010)

__________ moro fora do Brasil. Sou baiana e, cada vez que volto a Salvador, co chocada, constrangida e enojada com
essa prática _________ e, _________ não dizer, machista dos meus conterrâneos – não se veem mulheres fazendo xixi na
rua. Mas, antes de prender os___________, tente encontrar um banheiro público em Salvador. Se encontrar, tente entrar –
normalmente estão trancados –, e tente então não passar __________. Vamos copiar a Europa na proibição, mas também
na infraestrutura.
(Seção “Leitor”, Veja, 14.07.2010. Adaptado)

Os espaços do texto devem ser preenchidos, correta e respectivamente, com:

a) A dez anos … sub-desenvolvida … por quê … cidadões … mau


b) Há dez anos … subdesenvolvida … por que … cidadãos … mal
c) Fazem dez anos que … subdesenvolvida … porque … cidadões … mau
d) São dez anos que … sub desenvolvida … porquê … cidadãos … mal
e) Faz dez anos que … sub-desenvolvida … porque … cidadães … mau

18. (PM-SP - TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL MILITAR – VUNESP-2014) Leia a tira de Hagar, por Chris
Browne, e assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, em conformidade com as regras
de ortogra a.

(Folha de S.Paulo, 08.02.2014, http://zip.net/bdmBgf)

a) porque ... por que ... porque ... atraz


b) por que ... por quê ... por que ... atraz
c) por que ... por que ... porque ... atráz
d) porque ... porquê ... por que ... atrás
e) por que ... por quê ... porque ... atrás

19. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)

LÍNGUA PORTUGUESA

A frase do menino na charge – “naum eh verdade” – mostra uma característica da linguagem escrita de internautas que é:

a) a sintetização exagerada;
b) o desrespeito total pela norma culta;
c) a criação de um vocabulário novo;
d) a tentativa de copiar a fala;
e) a gra a sem acentos ou sinais grá cos.

53
20. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013) 23. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
A Polícia Militar prendeu, nesta semana, um homem de Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,
37 anos, acusado de ____________ de drogas e ____________ os termos destacados são, respectivamente,
à avó de 74 anos de idade. Ele foi preso em __________
com uma pequena quantidade de drogas no bairro Ira- a) artigo e pronome.
puá II, em Floriano, após várias denúncias de vizinhos. De b) artigo e preposição.
acordo com o Comandante do 3.º BPM, o acusado era c) preposição e artigo.
conhecido na região pela atuação no crime. d) pronome e artigo.
(www.cidadeverde.com/ oriano. Acesso em 23.06.2013. e) preposição e pronome.
Adaptado)
24. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, – FGV-2017)
as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectiva-
mente, com: Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo-
roso e independente. A agenda pública é determinada
a) trá co … mal-tratos … agrante pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele-
b) tráfego … maltratos … fragrante vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo
c) tráfego … maus-trato … agrante de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as
d) trá co … maus-tratos … agrante redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as-
e) trá co … mau-trato … fragrante sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é
sempre das empresas de conteúdo independentes”.
21. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS (O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo
com seu signi cado, o conjunto de características for- O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras a) independente = com dependência;
em destaque). b) pública = de publicidade;
c) relevante = de relevância;
(1) advérbio d) sociais = de associados;
(2) pronome e) mobilizador = de motivação.
(3) conjunção
(4) substantivo 25. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modi ca
( ) “Não há prisão pior [...]” o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
( ) “O lugar de estudo era isso.” ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
( ) “E o olho sem se mexer [...]” um adjetivo.
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]”
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan- a) ... um câncer de boca horroroso, ...
tou.” b) Ele tem dezesseis anos...
c) Eu queria que ele morresse logo, ...
A sequência está correta em d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
mílias.
a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2 e) E o inferno não atinge só os terminais.
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2 26. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3 NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
“que” em destaque funciona como pronome relativo.
22. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
pronome inde nido. tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
a) “Ele não exige fatos...”. c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) “Era um ídolo para mim.”. d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
c) “Discordo dele.”. in uenciar futuramente na vida de seus lhos e netos”.
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”. e) “O idoso a rma que sempre incentivou sua família a
e) “O bom humor está disponível a todos...”. votar”.

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27. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR- 31. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis empregado de acordo com a norma-padrão da língua
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e portuguesa em:
das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior
como ocorre em: no campo da política: é menor nas publicações rela-
cionadas às catástrofes naturais.
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura. os usuários compartilham informações com as quais
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem concordam: pois não veri cam as fontes antes.
que índio não sabe nada. c) As informações enganosas são mais difundidas do que
c) O branco está preocupado que não chove mais em as verdadeiras: de acordo com estudo recente feito
alguns lugares. por um instituto de pesquisa.
d) Gravou 15 tas em que narrou também sua própria d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o
trajetória. uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono. quase impossível.
e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
28. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí-
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) De acordo com cias sem fonte con ável.
as normas da linguagem padrão, a colocação pronominal
está INCORRETA em: 32. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
a) Virgínia encontrava-se acamada há semanas. retamente em:
b) A ferida não se curava com os remédios.
c) A benzedeira usava uma peruca que não favorecia-a. a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
d) Imediatamente lhe deram uma caneta-tinteiro verme- cias reais desastrosas: prejuízos, nanceiros e cons-
lha. trangimentos às empresas.
e) Enquanto se rezavam Ave-Marias, a ferida era circun- b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
dada. quem está conectado de quem não faz parte do mun-
do digital.
29. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) A c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações que
frase em que se deveria usar a forma EU em lugar de con rmam aquilo que corresponde, às suas crenças.
MIM é: d) Os jornalistas devem veri car as fontes citadas, cruzar
dados e checar se as informações re etem a realidade.
a) Um desejo de minha avó fez de mim um artista; e) Os consumidores de notícias não agem como cientis-
b) Há muitas diferenças entre mim e a minha futura mu- tas porque não estão preocupados em conferir, pon-
lher; tos de vista alternativos.
c) Para mim, ver lmes antigos é a maior diversão;
d) Entre mim viajar ou descansar, pre ro o descanso; 33. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
e) Separamo-nos, mas sempre de mim se lembra. GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
30. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE- portuguesa em:
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA) O
segmento em que a substituição do termo sublinhado a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí-
por um pronome pessoal foi feita de forma adequada é: ca, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis-
positivos móveis dos passageiros.
a) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência” / dei- b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
xou de ser-lhe; grande, porém não é capaz de absorver uma presença
b) “podemos de nir violência” / podemos de ni-la; maior de produtos vindos do exterior.
c) “Hoje, esse termo denota, além de agressão física, di- c) Depois de chegarem às telas dos computadores e ce-
versos tipos de imposição” / denota-los; lulares, as notícias estarão disponíveis em voos inter-
d) “Consideremos o surgimento das desigualdades” / nacionais.
consideremos-lo; d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
LÍNGUA PORTUGUESA

e) “ao nos referirmos à violência” / ao nos referirmo-la. apresentam crescimento e in ação baixa, fazendo
com que os juros cresçam pouco.
e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
ver, se a importação vale a pena.

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34. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) também o desa o de o leitor divisar e compartilhar as
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e escolhas produzidas pelo escritor.
tra cantes que possam ser encontrados em uma rua es- d) Para Edward Said a linguagem é o terreno, de onde
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os partem os humanistas, uma vez que é nela que se
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan- estabelecem não apenas as relações de sentido mas,
do comparados com os de criminosos respeitáveis, que também, o desa o de o leitor divisar, e compartilhar
vestem colarinho branco e trabalham para as organiza- as escolhas produzidas pelo escritor.
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca- e) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde
das por violações das leis antitrust — apenas um item de partem os humanistas, uma vez que é nela que se
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran- estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos também o desa o de o leitor divisar e compartilhar as
crimes noti cados à polícia em mais de uma década, e escolhas produzidas pelo escritor.
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime
apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in- 37. (TRF-3.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados ADMINISTRATIVA – FCC-2016-ADAPTADA) Sem que
por seus produtos provavelmente custou tantas vidas se altere o sentido da frase, todas as vírgulas podem ser
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos substituídas por travessão, EXCETO em:
nos Estados Unidos da América durante uma década in-
teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam- a) Não se trata de defender a tradição, família ou pro-
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. priedade...
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São b) Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do meu
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). amigo, um homem...
c) Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa...
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto d) ... como precipitada, entre nós, de que estaria morto...
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada e) Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes,
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para já traz...
imediatamente depois de “e”.
38. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-
( ) CERTO ( ) ERRADO MÁTICA – FCC-2014-ADAPTADA)
... a resposta a um problema que sempre atormentou ad-
35. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VU- ministradores: o recrutamento e a retenção de talentos.
NESP-2014) Assinale a alternativa cuja frase está correta O segmento introduzido pelos dois-pontos apresenta
quanto à pontuação. sentido

a) O médico, solidário e comovido, apertou minha mão e a) restritivo.


entendeu o pedido de minha mãe. b) explicativo.
b) A diferença entre parada cardíaca e morte, não é ensi- c) conclusivo.
nada, aos médicos nas faculdades. d) comparativo.
c) Prof. Alvariz, chefe da clínica sabia qual a diferença en- e) alternativo.
tre, parada cardíaca e morte.
d) O aborto de fetos anencéfalos motivo de muita revol- 39. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
ta, foi bastante contestado. DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
e) Iniciei assim que o velhinho teve uma parada cardíaca, - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010 - ADAP-
os processos de reanimação. TADA) “– Mas não é minha cabeça que eles querem de-
golar a cada jogo, François.” O uso da vírgula destacada
36. (TRF-4.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA neste trecho tem a função de:
ADMINISTRATIVA – FCC-2014) Quanto à pontuação, a
frase inteiramente correta é: a) Separar o aposto.
b) Delimitar o sujeito.
a) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde c) Delimitar uma nova oração.
partem os humanistas uma vez que, é nela, que se d) Separar o vocativo.
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas e) Marcar uma pausa forte.
também o desa o de o leitor divisar e compartilhar, as
escolhas produzidas pelo escritor.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde


partem os humanistas uma vez que é nela, que se
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
também o desa o, de o leitor divisar e compartilhar,
as escolhas produzidas pelo escritor.
c) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde
partem os humanistas, uma vez que é nela que se es-
tabelecem, não apenas as relações de sentido, mas

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40. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- 22 E
GO 33 – NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013)
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- 23 A
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada 24 C
por processos que culminaram na sua formalização insti-
25 A
tucional e na ampliação de sua área de atuação.
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito 26 A
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. 27 D
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena-
28 C
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
de justiça, atribuindo a eles o papel de scalizar a lei e 29 D
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de 30 B
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de
procurador da Fazenda (defensor do sco). 31 E
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi- 32 D
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à 33 C
Justiça. De ne as funções institucionais, as garantias e as
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui- 34 CERTO
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade 35 A
brasileira. 36 E
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
37 A
Em “No período colonial, o Brasil foi orientado”, a vírgula 38 B
após “colonial” é utilizada para isolar aposto. 39 D
( ) CERTO ( ) ERRADO 40 ERRADO

GABARITO

1 C
2 C
3 A
4 D
5 E
6 B
7 A
8 B
9 E
10 A
11 E
12 E
13 A
14 D
15 D
LÍNGUA PORTUGUESA

16 B
17 B
18 E
19 E
20 D
21 A

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