Você está na página 1de 91

ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios constitucionais do Direito Administrativo.................................................................................................................................................. 01


Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classi cação e espécies; atos discricionários e vinculados do administrador
público; controle jurisdicional dos atos administrativos........................................................................................................................................... 03
Processo administrativo......................................................................................................................................................................................................... 12
Regime Jurídico dos Servidores: responsabilidade, penalidades disciplinares e Processo Administrativo Disciplinar.................... 15
Desapropriação por utilidade pública, por necessidade pública, e por interesse social; indenização em caso de desapropriações.... 52
Serviços públicos: concessão e autorização dos serviços públicos. Responsabilidades dos agentes públicos: civil, administrativa
e criminal..................................................................................................................................................................................................................................... 55
Contratos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações e locações com a administração púbica.............................................. 66
Responsabilidade administrativa. Responsabilidade Extracontratual do Estado............................................................................................ 75
Improbidade administrativa: de nição, modalidades, responsabilização.......................................................................................................... 78
Noções gerais sobre as normas para licitações e contratos da Administração Pública (Lei 8.666/1993)............................................. 81
tique atos abusivos. Ao contrário dos particulares,
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO que podem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe,
DIREITO ADMINISTRATIVO a Administração só pode realizar o que lhe é ex-
pressamente autorizado por lei.
2) Impessoalidade: a atividade da Administração Pú-
blica deve ser imparcial, de modo que é vedado
Princípios Básicos da Administração Pública haver qualquer forma de tratamento diferenciado
entre os administrados. Há uma forte relação entre
Os princípios que regem a atividade da Administração a impessoalidade e a nalidade pública, pois quem
Pública são vastos, podendo estar explícitos em norma age por interesse próprio não condiz com a nali-
positivada, ou até mesmo implícitos, porém denotados dade do interesse público.
segundo a interpretação das normas jurídicas. Temos 3) Moralidade: a Administração impõe a seus agen-
princípios gerais de Direito Administrativo, os princípios tes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
constitucionais, e os princípios infraconstitucionais. buscando atuar com base nos valores da moral co-
mum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade.
1. Princípios Gerais da Administração Pública A moralidade não é somente um princípio, mas
também requisito de validade dos atos adminis-
Os princípios gerais de Direito Administrativo, são os trativos.
princípios basilares desse ramo jurídico, sendo aplicáveis 4) Publicidade: a publicação dos atos da Administra-
ante o fato da Administração Pública ser considerada ção promove maior transparência e garante e cá-
pessoa jurídica de direito público. cia erga omnes. Além disso, também diz respeito
O princípio da supremacia do interesse público ao direito fundamental que toda pessoa tem de
é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à obter acesso a informações de seu interesse pe-
Administração Pública. A supremacia do interesse público los órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse
sobre o privado é um aspecto fundamental para o exercício direito ponha em risco a vida dos particulares ou
da função administrativa. Podemos citar como exemplo a o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a
desapropriação de um imóvel pertencente a um particular: vida íntima dos envolvidos.
o particular pode ter interesse em não ter seu bem 5) E ciência: implementado pela reforma adminis-
desapropriado, ou achar o valor da indenização injusto, trativa promovida pela Emenda Constitucional nº
mas ele não pode ter interesse em extinguir o instituto da 19 de 1988, a e ciência se traduz na tarefa da Ad-
expropriação administrativa. Trata-se de um instituto que ministração de alcançar os seus resultados de uma
deve existir, independentemente da sua vontade. forma célere, promovendo melhor produtividade
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com e rendimento, evitando gastos desnecessários no
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso exercício de suas funções. A e ciência fez com que
que ao Estado também lhe incumbe uma série de a Administração brasileira adquirisse caráter ge-
deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilidade rencial, tendo maior preocupação na execução de
do interesse público. Tal princípio pressupõe que o serviços com perfeição ao invés de se preocupar
Poder Público não é dono do interesse público, ele deve com procedimentos e outras burocracias. A ado-
manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe. É por ção da e ciência, todavia, não permite à Adminis-
isso que ele não pode se desfazer de patrimônio público, tração agir fora da lei, não se sobrepõe ao princípio
contratar quem ele quiser, realizar gastos sem prestar da legalidade.
contas a seu superior, etc. Tais atos con guram em desvio
de nalidade, uma vez que o objetivo principal deles não
é de interesse público, mas apenas do próprio agente, ou FIQUE ATENTO!
de algum terceiro bene ciário. Lembre-se da palavra “limpe”, para melhor
memorizar os princípios constitucionais:
2. Princípios Constitucionais da Administração Legalidade
Pública Impessoalidade
Moralidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

São os princípios previstos no Texto Constitucional, Publicidade


mais especi camente no caput do artigo. 37. Segundo E ciência
o referido dispositivo: “A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 3. Princípios Infraconstitucionais
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e e ciência e, também, ao seguinte:”. Assim,
esquematicamente, temos os princípios constitucionais da:
1) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito
Direito, as atividades do gestor público estão sub- constitucional. Existem outros princípios cuja previsão
missas a forma da lei. A legalidade promove maior não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação
segurança jurídica para os administrados, na medi- infraconstitucional. É o caso do disposto no caput do
da em que proíbe que a Administração Pública pra- artigo 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública
obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,

1
nalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, ultrapassar limite de velocidade, a infração é o motivo
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança (ultrapassagem do limite máximo de velocidade); já o
jurídica, interesse público e e ciência”. documento de noti cação da multa é a motivação. A
multa seria, então, o ato administrativo em questão.
3.1 Princípio da Autotutela Quanto ao momento correto para sua apresentação,
entende-se que a motivação pode ocorrer
A autotutela diz respeito ao controle interno que a simultaneamente, ou em um instante posterior a prática
Administração Pública exerce sobre os seus próprios do ato (em respeito ao princípio da e ciência). A motivação
atos. Isso signi ca que, havendo algum ato administrativo intempestiva, isso é, aquela dada em um momento
ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao interesse demasiadamente posterior, é causa de nulidade do ato
público, não é necessária a intervenção judicial para que administrativo.
a própria Administração anule ou revogue esses atos.
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder 3.3 Princípio da Finalidade
Judiciário, quis o legislador que a Administração possa,
dessa forma, promover maior celeridade na recomposição Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da
da ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir Lei nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão
maior proteção ao interesse público contra os atos observados, entre outros, os critérios de: II - atendimento
inconvenientes. a ns de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: de poderes ou competências, salvo autorização em lei”.
“A Administração deve anular seus próprios atos, quando O princípio da nalidade muito se assemelha ao da
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por primazia do interesse público. O primeiro impõe que o
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados Administrador sempre aja em prol de uma nalidade
os direitos adquiridos”. A distinção feita pelo legislador especí ca, prevista em lei. Já o princípio da supremacia
é bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do do interesse público diz respeito à sobreposição do
ato anulatório, e a discricionariedade do ato revogatório. interesse da coletividade em relação ao interesse privado.
A Administração pode revogar os atos inconvenientes, A nalidade disposta em lei pode, por exemplo, ser
mas tem o dever de anular os atos ilegais. justamente a proteção ao interesse público.
A autotutela também tem previsão em duas súmulas Com isso, ca bastante clara a ideia de que todo
do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A ato, além de ser devidamente motivado, possui um m
Administração Pública pode declarar a nulidade de seus especí co, com a devida previsão legal. O desvio de
próprios atos”; e a Súmula nº 473: “A administração pode nalidade, ou desvio de poder, são defeitos que tornam
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os nulo o ato praticado pelo Poder Público.
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 3.4 Princípio da Razoabilidade
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial”. Agir com razoabilidade é decorrência da própria noção
de competência. Todo poder tem suas correspondentes
3.2 Princípio da Motivação limitações. O Estado deve realizar suas funções com
coerência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas
Também pode constar em algumas questões como atender à nalidade prevista na lei, mas é de igual
“princípio da obrigatória motivação”. Trata-se de uma importância o como ela será atingida. É uma decorrência
técnica de controle dos atos administrativos, o qual impõe lógica do princípio da legalidade.
à Administração o dever de indicar os pressupostos de Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracionais
fato e de direito que justi cam a prática daquele ato. e incoerentes, são incompatíveis com o interesse público,
A fundamentação da prática dos atos administrativos podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou pela
será sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da própria entidade administrativa que praticou tal medida.
Lei nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta dela) é mais
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos aparente quando tenta coibir o excesso pelo exercício do
jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par. único, poder disciplinar ou poder de polícia. Poder disciplinar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VII, da mesma Lei: “Nos processos administrativos serão traduz-se na prática de atos de controle exercidos contra
observados, entre outros, os critérios de: VII - indicação seus próprios agentes, isso é, de destinação interna. Poder
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem de polícia é o conjunto de atos praticados pelo Estado
a decisão”. A motivação é uma decorrência natural que tem por escopo limitar e condicionar o exercício de
do princípio da legalidade, pois a prática de um ato direitos individuais e o direito à propriedade privada.
administrativo fundamentado, mas que não esteja
previsto em lei, seria algo ilógico. 3.5 Princípio da Proporcionalidade
Convém estabelecer a diferença entre motivo e
motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida O princípio da proporcionalidade tem similitudes
administrativa, portanto, antecede o ato administrativo. A com o princípio da razoabilidade. Há muitos autores,
motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato inclusive, que preferem unir os dois princípios em uma
ou de direito, que justi ca a prática da referida medida. nomenclatura só. De fato, a Administração Pública deve
Exemplo: na hipótese de alguém sofrer uma multa por atentar-se a exageros no exercício de suas funções.

2
A proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade 2. (ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO
voltado a controlar a justa medida na prática de atos – FCC – 2018) A Administração pública possui algumas
administrativos. Busca evitar extremos, exageros, pois prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe
podem ferir o interesse público. permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor
Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999, a vontade dos particulares, em prol do atendimento do
deve o Administrador agir com “adequação entre meios interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo
e ns, vedada a imposição de obrigações, restrições dessa prerrogativa o poder de:
e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público”. Na a) revogar licitações, por razões de conveniência e opor-
prática, a proporcionalidade também encontra sua tunidade e para atendimento do interesse público,
aplicação no exercício do poder disciplinar e do poder sempre que se identi car ilegalidades nos procedi-
de polícia. mentos.
Esses não são os únicos princípios que regem as b) limitar o direito de particulares, discricionariamente,
relações da Administração Pública. Porém, escolhemos sempre que a situação de fato demonstrar essa neces-
trazer com mais detalhes os princípios que julgamos sidade, independentemente de previsão legal.
ser mais característicos da Administração. Isso não quer c) alterar unilateralmente os contratos administrativos,
dizer que outros princípios não possam ser estudados ou por motivos de interesse público, mantido o equilíbrio
aplicados a esse ramo jurídico. A Administração também econômico- nanceiro do contrato.
deve atender aos princípios da responsabilidade, d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias
ao princípio da segurança jurídica, ao princípio do em tese, com efeitos gerais e abstratos, diante de la-
contraditório e ampla defesa, ao princípio da isonomia, cunas legais.
entre outros. e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentra-
ção das atividades da Administração pública.

Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ve-


EXERCÍCIOS COMENTADOS ri cada algum vício de ilegalidade em qualquer ato
administrativo, a medida adequada é a anulação, não
1. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO a revogação. A letra B está incorreta, pois a atuação
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Em relação aos princípios que da Administração Pública é sempre subordinada ao
regem a atuação da Administração Pública, é correto comando legal, uma vez que vigora, na atuação dos
a rmar que: agentes públicos, o princípio da legalidade. A letra D
está incorreta pois descreve uma hipótese de compe-
a) em relação ao princípio da legalidade, a Administração tência privativa do Chefe do Poder Executivo. A letra
Pública não é obrigada a fazer ou deixar de fazer algu- E está incorreta, pois a criação de pessoas jurídicas
ma coisa senão em virtude de lei. diversas é característica do fenômeno da descentra-
b) o princípio da e ciência impõe ao agente público um lização.
modo de atuar que produza resultados favoráveis à
consecução dos ns a serem alcançados pelo Estado.
c) o princípio da e ciência, dada a sua natureza nalística,
é prevalente em face do princípio da legalidade. ATO ADMINISTRATIVO: CONCEITO,
d) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente REQUISITOS, ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO
aqueles princípios mencionados no caput do art. 37 E ESPÉCIES; ATOS DISCRICIONÁRIOS
da Constituição da República Federativa do Brasil, que E VINCULADOS DO ADMINISTRADOR
são o da legalidade, da impessoalidade, da moralida- PÚBLICO; CONTROLE JURISDICIONAL DOS
de, da publicidade e da e ciência.
ATOS ADMINISTRATIVOS
e) o princípio da publicidade decorre do direito dos ad-
ministrados em ter acesso a informações de interesse
particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a
existência de informações públicas sigilosas. Conceitos, requisitos, elementos, pressupostos,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

classi cação e espécies


Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois pelo
princípio da legalidade, a Administração Pública é Conceitos e pressupostos
obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sem-
pre em virtude de lei. A letra C está incorreta, pois o O ato administrativo é uma espécie de fato adminis-
princípio da e ciência não pode, jamais, se sobrepor trativo e é em torno dele que se estrutura a base teórica
à legalidade. A letra D está incorreta, pois à Admi- do direito administrativo.
nistração Pública são aplicados diversos princípios, e Por seu turno, “a expressão atos da Administração
não apenas aqueles contidos no caput do artigo 37 da traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que
CF/1988. A letra E está incorreta, pois as informações se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema
sigilosas devem ser resguardadas, e constituem em administrativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade,
uma exceção ao princípio da publicidade. entre os atos da Administração se enquadram atos
que não se caracterizam propriamente como atos ad-

3
ministrativos, como é o caso dos atos privados da Ad- nam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se re etem
ministração. Exemplo: os contratos regidos pelo direito na órbita administrativa. Assim, quando se zer referência
privado, como a compra e venda, a locação etc. No mes- a fato administrativo, deverá estar presente unicamente a
mo plano estão os atos materiais, que correspondem aos noção de que ocorreu um evento dinâmico da Adminis-
fatos administrativos, noção vista acima: são eles atos da tração”3.
Administração, mas não con guram atos administrativos
típicos. Alguns autores aludem também aos atos políti- Requisitos ou elementos
cos ou de governo”1.
Com efeito, a expressão atos da Administração é mais 1) Competência: é o poder-dever atribuído a deter-
ampla. Envolve, também, os atos privados da Adminis- minado agente público para praticar certo ato ad-
tração, referentes às ações da Administração no atendi- ministrativo. A pessoa jurídica, o órgão e o agente
mento de seus interesses e necessidades operacionais e público devem estar revestidos de competência. A
instrumentais agindo no mesmo plano de direitos e obri- competência é sempre xada por lei.
gações que os particulares. O regime jurídico será o de 2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato ad-
direito privado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, compra ministrativo foi abstratamente criado pela ordem
de bens de consumo, contratação de água/luz/internet. jurídica. A lei estabelece que os atos administrati-
Basicamente, envolve os interesses particulares da Admi- vos devem ser praticados visando a um m, nota-
nistração, que são secundários, para que ela possa aten- damente, a satisfação do interesse público. Contu-
der aos interesses primários – no âmbito destes interesses do, embora os atos administrativos sempre tenham
primários (interesses públicos, difusos e coletivos) é que por objeto a satisfação do interesse público, esse
surgem os atos administrativos, que são atos públicos da interesse é variável de acordo com a situação. Se a
Administração, sujeitos a regime jurídico de direito público. autoridade administrativa praticar um ato fora da
Os atos administrativos se situam num plano superior nalidade genérica ou fora da nalidade especí -
de direitos e obrigações, eis que visam atender aos inte- ca, estará praticando um ato viciado que é chama-
resses públicos primários, denominados difusos e coleti- do “desvio de poder ou desvio de nalidade”.
vos. Logo, são atos de regime público, sujeitos a pressu- 3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no
postos de existência e validade diversos dos estabelecidos mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma es-
para os atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na crita. Eventualmente, pode ser praticado por sinais
Lei de Ação Popular e na Lei de Processo Administrati- ou gestos (ex.: trânsito). A forma é sempre xada
vo Federal. Ao invés de autonomia da vontade, haverá por lei.
a obrigatoriedade do cumprimento da lei e, portanto, a 4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato
administração só poderá agir nestas hipóteses desde que administrativo e dela se extrai o motivo, que é o
esteja expressa e previamente autorizada por lei2. acontecimento real que autoriza/determina a prá-
tica do ato administrativo. É o ato baseado em fa-
tos e circunstâncias, que o administrador por esco-
#FicaDica lher, mas deve respeitar os limites e intenções da
Atos da Administração ≠ Atos administrativos. lei. Nem sempre os atos administrativos possuem
Atos privados da Administração = atos da Ad- motivo legal. Nos casos em que o motivo legal
ministração regime jurídico de direito pri- não está descrito na norma, a lei deu competência
vado. discricionária para que o sujeito escolha o motivo
Atos públicos da Administração = atos admi- legal (o motivo deve ser oportuno e conveniente).
nistrativos regime jurídico de direito públi- A teoria dos Motivos Determinantes a rma que os
co. motivos alegados para a prática de um ato admi-
nistrativo cam a ele vinculados de tal modo que
a prática de um ato administrativo mediante a ale-
Fato e ato administrativo gação de motivos falsos ou inexistentes determina
a sua invalidade.
Fato administrativo é a “atividade material no exercí- 5) Objeto (conteúdo): é o que o ato a rma ou de-
cio da função administrativa, que visa a efeitos de ordem clara, manifestando a vontade do Estado. A lei não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos xa qual deve ser o conteúdo ou objeto de um ato
podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrati- administrativo, restando ao administrador preen-
vos voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por cher o vazio nestas situações. O ato é branco/in-
atos administrativos, que formalizam a providência de nido. No entanto, deve se demonstrar que a
desejada pelo administrador através da manifesta- prática do ato é oportuna e conveniente.
ção da vontade; 2ª) por condutas administrativas, que
re etem os comportamentos e as ações administrativas, Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do
sejam ou não precedidas de ato administrativo formal. Já objeto do ato é discricionária não signi ca que seja arbi-
os fatos administrativos naturais são aqueles que se origi- trária, pois deve se demonstrar a oportunidade e a con-
veniência.
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.
2 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri- 3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
ma Cursos Preparatórios, 2004. tivo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.

4
Mérito = oportunidade + conveniência Avocação e delegação de competência

Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a


#FicaDica competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
Para memorizar, note que os requisitos do ato administrativos a que foi atribuída como própria, salvo
administrativo se apresentam sob o mnemôni- os casos de delegação e avocação legalmente admi-
co ComFiFoMOb: tidos”.
COMpetência Delegar é atribuir uma competência que seria sua a
FInalidade outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver
FOrma subordinação; ou horizontal, quando não houver subordi-
Motivo nação) – A delegação é parcial e temporária e pode ser
Objeto revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados os
seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato de
Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administrativos.
Competência administrativa: conceito e critérios Avocar é solicitar o que seria de competência de ou-
de distribuição tro para sua esfera de competência. Basicamente, é o
oposto de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior
A Constituição Federal xa atribuições para as diver- pega para si as atribuições do subordinado/órgão infe-
sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impos- rior. Como exige subordinação, toda avocação é vertical.
sível impor que um único órgão as exercesse por com- O silêncio no direito administrativo
pleto. Por isso, tais atribuições são distribuídas entre os Relacionada à questão da forma do ato administrati-
diversos órgãos que compõem a Administração Pública. vo, surge a discussão sobre o silêncio do ato administra-
Esta divisão das atribuições entre os órgãos da Ad- tivo, se esse poderia ou não caracterizar a prática de um
ministração Pública é conhecida como competência. ato válido. Neste sentido:
Conceitua Carvalho Filho4 que “competência é o cír- “Uma questão interessante que merece ser analisada
culo de nido por lei dentro do qual podem os agentes no tocante ao ato administrativo é a omissão da Admi-
exercer legitimamente sua atividade”, a rmando ainda nistração Pública ou, o chamado silêncio administrativo.
que a competência administrativa pode ser colocada em Essa omissão é veri cada quando a administração deve-
plano diverso da competência legislativa e jurisdicional. ria expressar uma pronuncia quando provocada por ad-
A competência é pressuposto essencial do ato admi- ministrado, ou para ns de controle de outro órgão e,
nistrativo, devendo sempre ser xada por lei ou pela não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silên-
Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a cio da administração não é um ato jurídico, mas quando
lei e a CF xam as competências primárias, que abran- produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico ad-
gem o órgão como um todo; podendo existir atos in- ministrativo. [...] Denota-se que o silêncio pode consistir
ternos de organização que xam as divisões de compe- em omissão, ausência de manifestação de vontade, ou
tências dentro dos órgãos, em seus diversos segmentos. não. Em determinadas situações poderá a lei determinar
A competência se reveste de dois atributos essen- a Administração Pública manifestar-se obrigatoriamente,
ciais: inderrogabilidade, pois não se transfere de um quali cando o silêncio como manifestação de vontade.
órgão a outro por mera vontade entre as partes ou por Nesses casos, é possível a rmar que estaremos diante de
consentimento do agente público; e improrrogabili- um ato administrativo. [...] Desta forma, quando o silêncio
dade, pois um órgão competente não se transmuta em é uma forma de manifestação de vontade, produz efeitos
incompetente mesmo diante de alteração da lei super- de ato administrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao
veniente ao fato. silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso de
O ato praticado por sujeito incompetente prescin- certo prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua
de de pressuposto essencial para o ato administrativo, determinado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante
sendo ele considerado inexistente e incapaz de produzir de um fato jurídico administrativo”5.
efeitos.
É possível xar os critérios de competência nos se- Classi cação
guintes moldes:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Quanto à matéria: abrange a especi cidade da a) Classi cação quanto ao seu alcance:
função, por exemplo, entre Ministérios e Secreta- 1) Atos internos: praticados no âmbito interno da
rias de diversas especialidades. Administração, incidindo sobre órgãos e agentes
b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de administrativos.
atividades mais complexas a agentes/órgãos de 2) Atos externos: praticados no âmbito externo da
graus superiores dentro dos órgãos. Administração, atingindo administrados e contra-
c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização ter- tados. São obrigatórios a partir da publicação.
ritorial de atividades.
d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com- b) Classi cação quanto ao seu objeto:
petência por tempo determinado, notadamente 1) Atos de império: praticados com supremacia em
diante de algum evento especí co, como de cala- relação ao particular e servidor, impondo o seu
midade pública. obrigatório cumprimento.
4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 5 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca do silêncio admi-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. nistrativo. Migalhas, 24 jul. 2008.

5
2) Atos de gestão: praticados em igualdade de con- Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos
dição com o particular, ou seja, sem usar de suas administrativos se classi cam em vinculados ou discri-
prerrogativas sobre o destinatário. cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o
3) Atos de expediente: praticados para dar anda- procedimento quase que plenamente delineados em
mento a processos e papéis que tramitam interna- lei, enquanto os discricionários são aqueles em que o
mente na administração pública. São atos de rotina dispositivo normativo permite certa margem de liber-
administrativa. dade para a atividade pessoal do agente público, es-
pecialmente no que tange à conveniência e oportuni-
c) Classi cação dos atos quanto à formação (pro- dade, elementos do chamado mérito administrativo. A
cesso de elaboração): discricionariedade como poder da Administração deve
1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de ser exercida consoante determinados limites, não se
vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou constituindo em opção arbitrária para o gestor público,
agente da Administração. razão porque, desde há muito, doutrina e jurisprudência
2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade repetem que os atos de tal espécie são vinculados em
de mais de um órgão ou agente administrativo. vários de seus aspectos, tais como a competência, forma
3) Ato composto: nasce da manifestação de vonta- e m” 6.
de de um órgão ou agente, mas depende de ou-
tra vontade que o rati que para produzir efeitos e #FicaDica
tornar-se exequível.
Dentre as classi cações, merece destaque
d) Classi cação quanto à manifestação da vonta- aquela que recai sobre o caráter vinculado ou
de: discricionário de um ato administrativo.
1) Atos unilaterais: São aqueles formados pela ma- Ato vinculado – Obrigatório
nifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.: – Não há margem para a Administração cum-
Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem prir de outra forma
os atos administrativos unilaterais. – A lei xa requisitos e pressupostos de forma
2) Atos bilaterais: São aqueles formados pela mani- expressa e clara, rejeitando margem de inter-
festação de vontade de duas pessoas. pretação.
3) Atos multilaterais: São aqueles formados pela Ato discricionário – Facultativo
vontade de mais de duas pessoas. – O administrador decidirá caso a caso confor-
Ex.: Contrato administrativo. me critérios de oportunidade e conveniência
(o denominado mérito do ato administrativo)
e) Classi cação quanto ao destinatário: – Há margem de interpretação que a própria
1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, lei deixa, a nal, a lei não pode tudo regular e
com nalidade normativa, atingindo uma gama de impedir por completo a atuação do adminis-
pessoas que estejam na mesma situação jurídica trador porque se caracterizaria ingerência do
nele estabelecida. O particular não pode impug- Legislativo no Executivo.
nar, pois os efeitos são para todos. – Não signi ca que o administrador pode agir
2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter- de forma arbitrária, se seu ato discricionário
minada, criando situações jurídicas individuais. O não atender a parâmetros de razoabilidade e
particular atingido pode impugnar. proporcionalidade poderá ser questionado.

f) Classi cação quanto ao seu regramento:


1) Atos vinculados: são os que possuem todos os
pressupostos e elementos necessários para sua FIQUE ATENTO!
prática e perfeição previamente estabelecidos em Cabe controle judicial dos atos administrativos
lei que autoriza a prática daquele ato. O adminis- discricionários? Não quanto ao mérito, porém
trador é um “mero cumpridor de leis”. Também se sim no caso de violação de parâmetros gerais
denomina ato de exercício obrigatório. do Direito Administrativo, como os princípios
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

2) Atos discricionários: são os atos que possuem da administração pública.


parte de seus pressupostos e elementos previa-
mente xados pela lei autorizadora. No mínimo,
a competência, a nalidade e a forma estão pre- Atributos
viamente xados na lei – são os pressupostos 1) Imperatividade: em regra, a Administração de-
vinculados. Aquilo que está em branco ou inde- creta e executa unilateralmente seus atos, não de-
nido na lei será preenchido pelo administrador. pendendo da participação e nem da concordância
Tal preenchimento deve ser feito motivadamente do particular. Do poder de império ou extroverso,
com base em fatos e circunstâncias que somente que regula a forma unilateral e coercitiva de agir
o administrador pode escolher. Contudo, tal esco- da Administração, se extrai a imperatividade dos
lha não é livre, os fatos e circunstâncias devem ser atos administrativos.
adequados (razoáveis e proporcionais) aos limites
6 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revis-
e intenções da lei.
ta_artigos_leitura&artigo_id=3741

6
2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração Resposta: Certo. Conceitua-se ato simples como o que
pode concretamente executar seus atos indepen- nasce por meio da manifestação de vontade de um órgão
dente da manifestação do Poder Judiciário, mesmo (unipessoal ou colegiado) ou agente da Administração.
quando estes afetam diretamente a esfera jurídica Já o ato complexo é aquele que nasce da manifestação
de particulares. de vontade de mais de um órgão ou agente adminis-
3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou trativo (o ato é uno, mas ocorrerá a manifestação de
publicado pela Administração é presumivelmente mais de um agente, todas igualmente relevantes). Já o
verdadeiro, seja na forma, seja no conteúdo, o que ato composto nasce da manifestação de vontade de um
se denomina “fé pública”. Evidente que tal presun-
órgão ou agente, mas depende de outra vontade que o
ção é relativa (juris tantum), mas é muito difícil de
rati que para produzir efeitos e tornar-se exequível.
ser ilidida. Só pode ser quebrada mediante ação
declaratória de falsidade, que irá argumentar que
houve uma falsidade material (violação física do 3. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
documento que traz o ato) ou uma falsidade ide- VA - CESPE/2018 ) A respeito do direito administrativo,
ológica (documento que expressa uma inverdade). dos atos administrativos e dos agentes públicos e seu
4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Admi- regime, julgue o item a seguir.
nistração agir se presume que o fez conforme a A licença consiste em um ato administrativo unilateral e
lei. Tal presunção é relativa (juris tantum), podendo discricionário.
contudo ser ilidida por qualquer meio de prova.
( ) CERTO ( ) ERRADO

#FicaDica Resposta: Errado. Licença é o ato administrativo uni-


Todo ato administrativo tem presunção de lateral e vinculado pelo qual a Administração faculta
veracidade e de legitimidade, mas nem todo àquele que preencha os requisitos legais o exercício
ato administrativo é imperativo (pode precisar de uma atividade.
da concordância do particular, a exemplo dos
atos negociais).
Atos administrativos em espécie

1) Atos normativos: são atos gerais e abstratos vi-


EXERCÍCIOS COMENTADOS sando a correta aplicação da lei. São exemplos:
decretos, regulamentos, regimentos, resoluções,
1. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - deliberações, entre outros.
CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito dos A Administração, por intermédio da autoridade que
atos da administração pública. tem o poder de editá-los, elabora normativas buscando
Todos os fatos alegados pela administração pública são explicar e especi car um comando já contido em lei. Não
considerados verdadeiros, bem como todos os atos ad- cabe inovar nestas normativas, pois não cabe ao Executi-
ministrativos são considerados emitidos conforme a lei, vo legislar. Caso o Executivo transcenda seus poderes, o
em decorrência das presunções de veracidade e de legiti- Legislativo poderá sustar o ato.
midade, respectivamente. Surge neste ponto a discussão sobre Decretos autô-
nomos. A Constituição Federal prevê a competência do
( ) CERTO ( ) ERRADO Presidente da República para dispor sobre a organiza-
ção e o funcionamento da administração pública federal,
Resposta: Certo. Conforme a presunção de veracida- conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV -
de, todo ato editado ou publicado pela Administração sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
é presumivelmente verdadeiro, seja na forma, seja no
expedir decretos e regulamentos para sua el execução;
conteúdo, o que se denomina “fé pública”. Já de acor-
[...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização
do com a presunção de legitimidade, sempre que a
Administração agir se presume que o fez conforme a e funcionamento da administração federal, quando não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lei. Ambas presunções são relativas (juris tantum). implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públi-
2. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - cos, quando vagos”. Assim o Executivo desempenha seu
CONHECIMENTOS GERAIS - CESPE/2018) No que se poder regulamentar: regulando para buscar a el execu-
refere a atos administrativos, julgue o item que se segue. ção de uma lei especí ca ou para organizar a adminis-
Na classi cação dos atos administrativos, um critério co- tração sem ônus (no último caso, estaríamos diante dos
mum é a formação da vontade, segundo o qual, o ato chamados decretos autônomos7).
pode ser simples, complexo ou composto. O ato comple-
xo se apresenta como a conjugação de vontade de dois 2) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento
ou mais órgãos, que se juntam para formar um único ato da Administração e a conduta de seus agentes.
com um só conteúdo e nalidade. Possuem, assim, um caráter interno.

( ) CERTO ( ) ERRADO 7 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.

7
Se ligam ao aspecto do poder hierárquico, notada- Quanto à responsabilização daquele que emitiu o
mente, os poderes de ordenar, comandar, scalizar e parecer, deverá ser considerada a natureza do parecer
corrigir as condutas. Tais atos envolvem delegação de para determinar se há ou não responsabilidade solidá-
competência, avocação de competência, expedição de ria. No caso em que o parecer não vincula o adminis-
ordem de serviço e instruções especí cas (de caráter não trador, podendo este praticar o ato seguindo ou não o
normativo). posicionamento defendido e sugerido por quem emitiu
São exemplos: instruções, circulares, avisos, portarias, o parecer, este não pode ser considerado responsável
ofícios, despachos administrativos, decisões administra- solidariamente com o agente que possui a competência
tivas. e atribuição para o ato administrativo decisório. Contu-
do, no caso de parecer vinculante, há responsabilidade
3) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre solidária8.
Administração e administrado em consenso. Em
suma, o particular solicita e a Administração res-
ponde – daí haver uma certa bilateralidade, que,
contudo, se difere da típica bilateralidade de negó- EXERCÍCIOS COMENTADOS
cios jurídicos de natureza civil, pois não existe uma
relação de contraprestação usual nos contratos.
1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA - CES-
Como são solicitados pelo particular, estes atos não
são dotados do atributo da imperatividade. Geralmente, PE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos adminis-
o poder público terá discricionariedade em atender ou trativos.
não a solicitação (mas a negativa deve ser razoável). São exemplos de atos administrativos normativos os decre-
São exemplos: licenças, autorizações, permissões, tos, as resoluções e as circulares.
aprovações, vistos, dispensa, homologação, renúncia.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4) Atos enunciativos: são aqueles em que a Admi-
nistração certi ca ou atesta um fato sem vincular ao Resposta: Errado. Os atos normativos são aqueles que
seu conteúdo. São atos administrativos apenas no tem por objetivo de nir os parâmetros de execução
sentido formal, pois não manifestam uma vontade da lei e, como ela, possuem generalidade e abstração.
da Administração, mas sim apenas declaram certa in- Consideram-se atos normativos os decretos e as reso-
formação. Não possuem conteúdo decisório. luções. Contudo, as circulares, cujo propósito é circular
São exemplos: atestados, certidões, pareceres. uma informação interna importante ao desempenho
das funções do órgão, orientando seus servidores, ca-
5) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições recem de generalidade e abstração, inserindo-se na ca-
aos servidores. Se insere no campo do poder disci- tegoria de atos ordinatórios, cujo propósito é viabilizar
plinar. o exercício do poder hierárquico, disciplinando o fun-
São exemplos: advertências, suspensões, cassações e cionamento da administração e a atuação dos agentes.
destituições.
2. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
Parecer: responsabilidade do emissor BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Julgue o
item a seguir, relativo a atributos, espécies e anulação
Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por dos atos administrativos.
um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles Regulamento e ordem de serviço são exemplos, respec-
que exteriorizam uma declaração de vontade do Estado,
tivamente, de ato administrativo normativo e de ato ad-
estariam em regra excluídos os atos de juízo, conheci-
ministrativo ordinatório.
mento e opinião; por outro lado, se os atos administrati-
vos abrangem toda declaração do Estado, teoricamente
poderiam ser englobados os atos de juízo, conhecimento ( ) CERTO ( ) ERRADO
e opinião. Os pareceres nada mais são do que atos que
exteriorizam juízos, conhecimentos ou opiniões. Resposta: Certo. Regulamento tem por m disciplinar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É possível classi car os pareceres em: parecer facul- o cumprimento de uma lei, possuindo generalidade e
tativo, quando faculta algo a alguém (geralmente auto- abstração, sendo assim um ato normativo. Já a ordem
ridade superior a inferior), não sendo obrigatória nem a de serviço visa determinar a um servidor que exerça
sua solicitação e nem que se siga a opinião emanada; determinada atividade de sua alçada, caracterizando-
parecer técnico, que se diferencia do facultativo apenas -se por sua especi cidade e pela relevância no exer-
no aspecto de emanar de um agente especializado, com cício do poder hierárquico pela Administração, sendo
habilidade técnica especí ca, sem relação de hierarquia; assim um ato ordinatório.
parecer obrigatório, cuja lei obriga a sua solicitação, mas
não há obrigação em se seguir a opinião emanada; pare-
cer normativo, cujo caráter se torna genérico e abstrato
como uma lei; parecer vinculante, que nada mais é do 8 CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, Charliane. O parecer
que um parecer de solicitação obrigatória e cuja opinião jurídico e a atividade administrativa: Aspectos destacados acerca da
natureza jurídica, espécies e responsabilidade do parecerista. Âmbi-
necessariamente deve ser seguida.
to Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun. 2012.

8
Validade, vícios, convalidação e extinção do ato O ato inexistente é aquele que não reúne os elemen-
administrativo tos necessários à sua formação e, assim, não produz
qualquer consequência jurídica. Já o ato nulo é o ato que
Validade, e cácia e autoexecutoriedade do ato ad- embora reúna os elementos necessários a sua existência,
ministrativo foi praticado com violação da lei, da ordem pública, dos
bons costumes ou com inobservância da forma legal10.
Destaca-se esquemática trazida por Baldacci9:
- Quando todos os pressupostos especiais exigidos por Atos administrativos nulos e anuláveis/Teoria das
lei estiverem presentes, falamos que o ato é perfeito nulidades
(P).
- Quando estes pressupostos preenchidos respeita- “Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável, nor-
rem o que a lei exige, falamos que é válido (V). malmente resultante da ausência de um de seus elementos
- Quando está apto a surtir seus efeitos próprios fala- constitutivos, ou de defeito substancial em algum deles (por
mos que é e caz (E). exemplo, o ato com motivo inexistente, o ato com objeto
não previsto em lei e o ato praticado com desvio de nalida-
1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são e cazes de). O ato nulo está em desconformidade com a lei o com os
em regra. princípios jurídicos (é um ato ilegal e ilegítimo) e seu defeito
2) P + V = ine caz. Os atos perfeitos e válidos po- não pode ser convalidado (corrigido). O ato nulo não pode
dem não ser e cazes se estiver pendente o imple- produzir efeitos válidos entre as partes. [...] Ato inexistente
mento de condição. é aquele que possui apenas aparência de manifestação de
3) P + inválido = ine caz. O ato perfeito e inválido vontade da administração pública, mas, em verdade, não se
é, em regra, ine caz. origina de um agente público, mas de alguém que se pas-
4) P + inválido = e caz. O ato perfeito e inválido sa por tal condição, como o usurpador de função. [...] Ato
pode ser e caz se já tiver gerado efeitos próprios e anulável é o que apresenta defeito sanável, ou seja, passível
for relevante para a segurança jurídica manter tais de convalidação pela própria administração que o praticou,
efeitos. desde que ele não seja lesivo ao interesse público, nem cau-
5) Imperfeito = inválido + ine caz. O ato imperfei- se prejuízo a terceiros. São sanáveis o vício de competência
to não é válido e nem e caz. quanto à pessoa, exceto se se tratar de competência exclusi-
va, e o vício de forma, a menos que se trate de forma exigida
6) Imperfeito = inválido + e caz. O ato imperfei-
pela lei como condição essencial à validade do ato”11.
to pode gerar efeitos impróprios, que não depen-
dem da execução do ato, como o efeito impróprio
Vícios do ato administrativo
re exo (repercussão em outros atos ou situações
jurídicas) e o efeito impróprio prodrômico (efeito
Os vícios dos atos administrativos podem se referir
de natureza procedimental que implica numa pro-
a sujeitos, notadamente: a) Vícios de incompetência do
vidência ou etapa necessária para aperfeiçoamen- sujeito – pode restar caracterizado o crime de usurpação
to do ato, como a manifestação de um segundo de função (artigo 328, CP), gerando ato inexistente; pode
agente ou órgão). caracterizar excesso de poder, quando excede os limites
7) Imperfeito = válido + ine caz. O ato imperfeito da competência que tem, o sujeito pode incidir no crime
pode preencher os requisitos de validade, mas se de abuso de autoridade; pode se detectar função de fato,
lhe faltar um pressuposto especial será imperfeito quando quem pratica o ato está irregularmente investido
e, logo, ine caz. no cargo, emprego ou função – situação com aparên-
cia de legalidade – ato considerado válido; b) Vícios de
Quanto à autoexecutoriedade, atributo do ato ad- incapacidade do sujeito – pode haver impedimento ou
ministrativo, em regra, a Administração pode concreta- suspeição, ambos casos de anulabilidade.
mente executar seus atos independente da manifestação Os vícios dos atos administrativos também podem se
do Poder Judiciário, mesmo quando estes afetam direta- referir ao objeto, quando ele for proibido por lei – ato
mente a esfera jurídica de particulares. ilegal = nulo; diverso do previsto legalmente para o caso
concreto; impossível (exemplo: a nomeação para cargo
Ato administrativo inexistente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que não existe); imoral; indeterminado (desapropriação


de bem não de nido com precisão).
A doutrina, de forma amplamente majoritária, nega Os vícios podem atingir a forma, quando a lei ex-
relevância jurídica aos chamados atos administrativos pressamente exige e não é respeitada, e ainda o motivo,
inexistentes sob o fundamento de que seriam equivalen- quando pressupostos de fato e/ou de direito não existem
tes aos atos nulos. e/ou são falsos.
Feita a ressalva, coloca-se a lição de Celso Antonio Por m, tem-se os vícios relativos à nalidade, que
Bandeira de Melo ao discorrer sobre os atos administra- são desvio de poder ou desvio de nalidade, quando o
tivos inexistentes no sentido de que “consistem em com- agente pratica ato administrativo sem observar o inte-
portamentos que correspondem a condutas criminosas, resse público e/ou o objetivo ( nalidade) previsto em lei.
portanto, fora do possível jurídico e radicalmente veda- 10 http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/auditor- scal-do-
das pelo Direito”. -trabalho-2009/direito-administrativo-ato-administrativo-inexis-
tente.htm
9 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri- 11 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo
ma Cursos Preparatórios, 2004. descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

9
Teoria dos motivos determinantes ção do ato; contraposição ou derrubada, que é a
retirada do ato administrativo em decorrência de
“A teoria dos motivos determinantes está relaciona- ser expedido outro ato fundado em competência
da a prática de atos administrativos e impõe que, uma diversa da do primeiro, mas que projeta efeitos
vez declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado. antagônicos ao daquele, de modo a inibir a con-
Esta teoria vincula o administrador ao motivo declarado. tinuidade da sua e cácia; caducidade, que é a re-
Para que haja obediência ao que prescreve a teoria, no tirada do ato administrativo em decorrência de ter
entanto, o motivo há de ser legal, verdadeiro e compa- sobrevindo norma superior que torna incompatível
tível com o resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos a manutenção do ato com a nova realidade jurídica
determinantes não condiciona a existência do ato, mas instaurada.
sim sua validade”12. 4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo e caz
Convalidação do ato administrativo em virtude de seu bene ciário não mais desejar a
sua continuidade. A renúncia só tem cabimento
em atos que concedem privilégios e prerrogativas.
Convalidação é o ato administrativo que, com efeitos
5) Recusa: É a extinção do ato administrativo ine -
retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a tor-
caz em decorrência do seu futuro bene ciário não
ná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato pos-
manifestar concordância, tida como indispensável
terior que sana um vício de um ato anterior, transforman- para que o ato pudesse projetar regularmente seus
do-o em válido desde o momento em que foi praticado. efeitos. Se o futuro bene ciário recusa a possibili-
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dade da e cácia do ato, esse será extinto.
dos atos, sustentando que os atos administrativos so-
mente podem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam Cassação
à convalidação seriam os atos anuláveis.
Cassação é a retirada do ato administrativo em de-
Existem três formas de convalidação: corrência do bene ciário ter descumprido condição tida
- Rati cação: é a convalidação feita pela própria auto- como indispensável para a manutenção do ato. Embora
ridade que praticou o ato; legítimo na sua origem e na sua formação, o ato se torna
- Con rmação: é a convalidação feita por autoridade ilegal na sua execução a partir do momento em que o
superior àquela que praticou o ato; destinatário descumpre condições pré-estabelecidas. Por
- Saneamento: é a convalidação feita por ato de ter- exemplo, uma pessoa obteve permissão para explorar o
ceiro, ou seja, não é feita nem por quem praticou o serviço público, porém descumpriu uma das condições
ato nem por autoridade superior. para a prestação desse serviço. Vem o Poder Público e, a
Não se deve confundir a convalidação com a con- título de penalidade, procede a cassação da permissão.
versão do ato administrativo. Há um ato viciado e, para
regularizar a situação, ele é transformado em outro, de Anulação
diferente tipologia. O ato nulo, embora não possa ser
convalidado, poderá ser convertido, transformando-se Anulação é a retirada do ato administrativo em decor-
em ato válido. rência de sua invalidade, reconhecida judicial ou admi-
nistrativamente, preservando-se os direitos dos terceiros
Extinção dos atos administrativos de boa-fé. Trata-se da supressão do ato administrativo,
com efeito retroativo, por razões de ilegalidade e ilegiti-
midade. Cabe o exame pelo Poder Judiciário (razões de
Pode se dar nas seguintes situações:
legalidade e legitimidade) e pela Administração Pública
1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos
(aspectos legais e no mérito). Gera efeitos retroativos (ex
os seus efeitos, não terá mais razão de existir sob o
tunc), invalida as consequências passadas, presentes e
ponto de vista jurídico. futuras.
2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do
Ato: Se o sujeito ou o objeto perecer, o ato será Revogação
considerado extinto.
3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico Revogação é a retirada do ato administrativo em de-
que elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

corrência da sua inconveniência ou inoportunidade em


a retirada do ato administrativo em decorrência de face dos interesses públicos, sendo o ato válido e pratica-
sua invalidade, reconhecida judicial ou administra- do dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via admi-
tivamente, preservando-se os direitos dos terceiros nistrativa. Trata-se da extinção de um ato administrativo
de boa-fé; por revogação, que é a retirada do ato legal e perfeito, por razões de conveniência e oportuni-
administrativo em decorrência da sua inconveni- dade, pela Administração, no exercício do poder discri-
ência ou inoportunidade em face dos interesses cionário. O ato revogado conserva os efeitos produzidos
públicos, sendo o ato válido e praticado dentro da durante o tempo em que operou. A partir da data da
Lei, efetuando-se a revogação na via administrati- revogação é que cessa a produção de efeitos do ato até
va; cassação, que é a retirada do ato administrati- então perfeito e legal. Só pode ser praticado pela Ad-
vo em decorrência do bene ciário ter descumprido ministração Pública por razões de oportunidade e con-
condição tida como indispensável para a manuten- veniência, não cabendo a intervenção do Poder Judiciá-
rio. A revogação não pode atingir os direitos adquiridos,
12 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2605114/em-que-consiste- logo, produz efeitos ex nunc, não retroage.
-a-teoria-dos-motivos-determinantes-aurea-maria-ferraz-de-sousa

10
#FicaDica

Anulação Revogação Convalidação


Correção de atos com vícios que
Retirada de atos válidos e não
Retirada de atos inválidos podem ser sanados, respeitado
viciados, respeitado o direito
eivados por vícios ilegais o interesse público e preservado
adquirido
o direito de terceiros
Efeitos ex tunc Efeitos ex nunc Efeitos ex tunc
Cabe por parte da Administração Cabe apenas por parte da Cabe apenas por parte da
e do Judiciário Administração Administração
Incide sobre atos vinculados e Incide apenas atos Incide sobre atos vinculados ou
discricionários discricionários discricionários
Se o vício for insanável a Sempre será um ato
anulação é um ato vinculado; Sempre será um ato discricionário, pois o
se o vício for sanável é um ato discricionário, pois apenas se administrador pode optar
discricionário (pode optar por revogam atos com esta natureza entre anulação e convalidação
convalidar) quando o vício for sanável
Justi cativa - conveniência e Justi cativa - supremacia do
Justi cativa - ilegalidade
oportunidade interesse público
Prazo - 5 anos Não há prazo Não há prazo

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos
administrativos.
No caso de vício de competência, cabe a revogação do ato administrativo, desde que sejam respeitados eventuais
direitos adquiridos de terceiros e não tenha transcorrido o prazo de cinco anos da prática do ato.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Em se tratando de vício de competência, cabe anulação, pois a revogação incide sobre o mérito
do ato administrativo, já a competência vem de nida em lei, o que torna o ato de sua de nição vinculado. Sendo
vinculado o ato, a existência de vício poderá gerar anulação ou convalidação, sendo que a segunda apenas será
possível se o vício de competência for sanável e a critério discricionário do administrador.

2. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos
administrativos.
O ato administrativo praticado com desvio de nalidade pode ser convalidado pela administração pública, desde que
não haja lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros.

( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Resposta: Errado. Para que um ato possa ser convalidado, é necessário observar se o vício é sanável. Não são sa-
náveis os vícios que afetam diretamente um dos elementos do ato administrativo – e a nalidade é um deles. Sem a
devida nalidade, nenhum ato atende seu preceito máximo, a legalidade.

3. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito dos
atos da administração pública.
A motivação do ato administrativo pode não ser obrigatória, entretanto, se a administração pública o motivar, este
cará vinculado aos motivos expostos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. O enunciado descreve a clássica teoria dos motivos determinantes, segundo a qual, uma vez exa-
rado o motivo do ato, este vinculará o administrador. Neste sentido, por exemplo, se forem resolvidos os problemas
expostos no motivo para a negação de uma solicitação, a decisão deverá mudar.

11
Com base nessas considerações, passemos a desta-
car alguns pontos importantes da referida legislação. De
PROCESSO ADMINISTRATIVO início, o art. 1º, § 2º da Lei nº 9.784/1999 procura deli-
mitar três importantes conceitos. Órgão é a unidade de
atuação integrante da estrutura da Administração direta
PROCESSO ADMINISTRATIVO e da estrutura da Administração indireta; entidade é a
unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; e
A necessidade de se instaurar um processo, isso é, autoridade é o servidor ou agente público dotado de
uma sequência de atos para o exercício da jurisdição, poder de decisão.
tem seu fundamento no princípio constitucional do
devido processo legal. O devido processo legal pode 1.1 Princípios do processo administrativo:
ser compreendido como o “escudo da humanidade” O caput do art. 2º da Lei nº 9.784/1999 elenca os princípios
contra a prática de atos abusivos por parte do Estado. pelos quais a Administração Pública tem o dever de obedecer
Seu fundamento legal está previsto no art. 5º, LIV, da e que regem o processo administrativo. São eles:
A) Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e
Constituição Federal, o qual assegura que ninguém será
o direito positivado.
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
B) Impessoalidade: tem por objetivo vedar a
processo legal. promoção pessoal de agentes e autoridades
A obrigatoriedade do devido processo legal não se C) Finalidade: a persecução do interesse público é
aplica somente à seara judicial, mas também vincula a primordial na conduta dos agentes administrativos,
Administração Pública e o Poder Legislativo, pois no pois é o seu objetivo maior.
moderno Estado de Direito, a validade das decisões D) Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve
praticadas por órgãos e agentes governamentais está seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé.
condicionada ao cumprimento de um rito procedimental E) Publicidade: o dever de transparência que resulta
previamente estabelecido. Por isso, é de grande a publicação dos atos administrativos de relevante
importância o estudo do processo administrativo interesse para a população.
disciplinar, que visa a dar maior transparência e garantia F) Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma
do exercício de uma boa Administração para os linha lógica e adequação entre o m almejado e o
particulares. meio utilizado para tal m, abstendo-se de praticar
exageros.
G) Obrigatória motivação: as decisões tomadas
#FicaDica pelas autoridades devem conter pressupostos de
Processo ou procedimento administrativo? fato e de direito que justi quem as mesmas.
Apesar de não serem a mesma coisa, ambos H) Segurança jurídica: exige que a interpretação das
possuem uma forte relação intrínseca. “Pro- normas administrativas seja sempre a que melhor
cesso” é o termo utilizado para designar a re- atenda aos interesses dos administrados, sendo
lação jurídica estabelecida entre as partes e, vedada sua aplicação retroativa, pois isso feriria o
por isso, denomina-se processo administrativo ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
o vínculo estabelecido entre o Poder Público julgada.
I) Contraditório e ampla defesa: para cada ato e
e o particular para a tomada de uma decisão.
cada alegação feita no processo em questão, é
“Procedimento”, por sua vez, refere-se a uma
assegurado o direito de manifestação da parte
sequência ordenada de atos que culminam na contrária, principalmente nos processos em que
tomada da decisão. Procedimento é o meio resultem em sanções e nas situações de litígio.
pelo qual se atende aos ns do processo.
1.2 Direitos e deveres dos administrados
1. Processo Administrativo e a Lei nº 9.784/1999 O termo “administrado”, hoje com pouca utilização,
é usado na referida Lei para designar o usuário ou ci-
Com o objetivo de regulamentar a disciplina dadão que é administrado pelo Poder Público. A Lei nº
constitucional do processo administrativo, a Lei
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

9.784/1999 elenca uma série de direitos e deveres aos


nº 9.784/1999, denominada “Lei do Processo referidos administrados.
Administrativo”, dispõe sobre normas básicas sobre o Assim, os usuários e cidadãos possuem as seguintes
referido processo no âmbito da Administração Federal garantias (art. 3º): a) ser tratado com respeito pelas auto-
direta e indireta, visando a proteção dos direitos dos ridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de
administrados e ao melhor cumprimento dos ns da seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; b) ter
Administração Pública. Trata-se de lei federal, aplicável ciência da tramitação dos processos administrativos em
somente no âmbito da União, com incidência no Poder que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos,
Executivo, e também nos Poderes Legislativo e Judiciário, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer
no exercício de suas funções atípicas. Entretanto, o STJ as decisões proferidas; c) formular alegações e apresen-
paci cou entendimento de que a referida Lei de Processo tar documentos antes da decisão, os quais serão obje-
Administrativo pode ser aplicável, subsidiariamente, às to de consideração pelo órgão competente; d) fazer-se
demais entidades federais que não possuam lei própria assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando
versando sobre o tema. obrigatória a representação, por força de lei.

12
Por outro lado, o art. 4º da Lei de Processo Adminis- É ônus da parte apresentar provas sobre os fatos
trativo elenca os deveres a ser cumpridos pelos adminis- alegados pela mesma, na forma do artigo 36 da
trados no decurso do processo: a) expor os fatos con- referida Lei, independentemente de atuação sem
forme a verdade; b) proceder com lealdade, urbanidade prejuízo da atuação do órgão competente e o dever
e boa-fé; c) não agir de modo temerário; e d) prestar as deste providenciar os documentos oriundos da
informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o própria Administração. Com isso, procura-se atribuir a
esclarecimento dos fatos. Administração Pública o exercício de suas funções de
modo adequado e correto, não podendo se prender ao
1.3 Instauração e legitimidade ônus da prova para escusar-se de promover uma má-
administração. Importante ressaltar também a vedação
A Administração Pública apresenta uma dinamicidade
a da produção e utilização de provas obtidas por meios
muito maior do que o Judiciário, uma vez que pode agir
de ofício, isso é, sem a provocação do interessado. É ilícitos (art. 30, Lei nº 9.784/1999).
possível, evidentemente, que o processo administrativo É possível, também, a instauração de medida cautelar,
possa ser instaurado a requerimento, o qual deverá ser na forma do artigo 45 da Lei nº 9.784/1999, podendo ser
formulado por escrito e constar os seguintes elementos: instaurada sem a prévia manifestação do interessado, em
a) órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; b) caso de risco iminente que possa prejudicar o objeto do
identi cação do interessado ou de quem o represente; processo.
c) domicílio do requerente ou local para recebimento de
comunicações; d) formulação do pedido, com exposição 1.5 Dever de decidir e desistência
dos fatos e de seus fundamentos; e e) data e assinatura
do requerente ou de seu representante. Na verdade, a A Administração Pública tem o dever de emitir decisão
instauração do processo pode ser de ofício, ainda que (art. 48, Lei nº 9.784/1999) expressa nos processos
haja provocação de uma das partes. administrativos e sobre as solicitações e reclamações
Quanto à legitimidade para a instauração do que receber, uma vez que faz parte de sua competência.
processo, o art. 9º da mesma Lei elenca um rol taxativo de Trata-se de uma consequência lógica do direito de
interessados: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem petição, constitucionalmente garantido a todo cidadão.
como titulares de direitos ou interesses individuais ou no Encerrada a instrução, terá o prazo de até 30 (trinta)
exercício do direito de representação; II - aqueles que,
dias para decidir, salvo prorrogação por igual período
sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses
expressamente motivada.
que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativas, no Admite-se a desistência do processo, por parte do
tocante a direitos e interesses coletivos; IV - as pessoas interessado, nos termos do art. 51 da referida Lei. Para
ou as associações legalmente constituídas quanto a tanto, deverá o interessado manifestar-se por escrito,
direitos ou interesses difusos. Em termos de capacidade com o pedido de desistência total ou parcial do pleito,
processual, o art. 10 dispõe que são considerados capazes ou ainda renunciar direitos disponíveis. A desistência ou
os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica
em ato normativo próprio. o prosseguimento do processo, se a Administração
considerar que o interesse público assim o exige.
1.4 Competência, forma, tempo e lugar
1.6 Recursos administrativos
Nos termos do art. 11 da Lei de Processo Adminis-
trativo, a competência é irrenunciável e se exerce pelos Todas as decisões adotadas em processo administrativo
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, são passíveis de recurso, caso em que haverá um reexame
salvo os casos de delegação e avocação legalmente ad- quanto a questões de legalidade e de mérito dos atos
mitidos. A delegação é o fenômeno pelo qual uma au- administrativos objeto do litígio. O recurso deve ser
toridade distribui suas competências para uma entidade dirigido à autoridade que proferiu a decisão para que, no
ou órgãos distintos, podendo estar na mesma linha hie-
prazo de 5 dias, tenha a oportunidade de reconsiderar sua
rárquica ou não, embora haja alguns casos em que a de-
decisão. Se não o zer, encaminhará a peça recursal para
legação é legalmente vedada, como a edição de atos de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

caráter normativo, a decisão de recursos administrativos, a autoridade hierarquicamente superior, se for recurso
e as matérias de competência exclusiva da autoridade. A hierárquico próprio, ou para a entidade que exerce tutela
avocação, por sua vez, traduz-se na absorção de compe- sobre a que proferiu a decisão, tratando-se de recurso
tências, hipótese em que o órgão ou o titular chama para hierárquico impróprio. O prazo para a interposição do
si atribuições de competência de órgão hierarquicamen- recurso cabível é de 10 (dez) dias, contados a partir da
te inferior. divulgação o cial da decisão administrativa. Vejamos, em
Em relação a forma, a lei citada não atribui nenhum detalhes, os principais recursos administrativos:
requisito solene para o processo administrativo, apenas A) Representação: é uma denúncia formal de
exige que os atos processuais deverão ser produzidos irregularidade, feita por qualquer indivíduo, com
por escrito, em vernáculo, com data e local de sua rea- previsão no art. 37, § 3º, III, da CF/1988, e que
lização e assinatura da autoridade responsável. Os atos gera à Administração o dever-poder de apurar a
são realizados em dias úteis, no horário de funcionamen- irregularidade, se houver. Trata-se, por isso, de ato
to da repartição na qual tramita o processo. vinculado.

13
B) Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o b) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
administrado, particular ou servidor público, deduz de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
uma pretensão perante a administração pública, cultativamente, por advogado, salvo quando obriga-
visando obter o reconhecimento de um direito ou a tória a representação, por força de lei.
correção de um ato que lhe cause ou na iminência c) não pode ter vista dos autos, tampouco obter cópias
de causar lesão. A interposição da reclamação não de documentos nele contidos sem a assistência obri-
impede a apreciação do pleito pelo Judiciário, gatória de um advogado, já que para tais atos é sem-
mas a reclamação interposta dentro do prazo de pre necessária a representação.
1 ano, contado da ocorrência do ato, suspende a d) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
prescrição quinquenal deste. de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
C) Pedido de reconsideração: é uma solicitação cultativamente, por advogado, ressalvado o direito de
feita à autoridade que já expediu o ato, para que o conhecer as decisões proferidas, ato este que obriga
modi que ou o invalide, nos moldes do requerente. sempre a assistência de um advogado, por meio de
A reconsideração não suspende a prescrição do
representação.
Judiciário.
e) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
D) Recurso hierárquico próprio: é aquele endereçado
de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
a autoridade superior à que praticou o ato
recorrido. Pode ser interposto sem a necessidade cultativamente, por advogado, sem, contudo, poder
de previsão legal, uma vez que a revisão dos formular alegações e apresentar documentos antes
atos pela autoridade hierarquicamente superior da decisão, já que para tanto é sempre obrigatória a
àquela que praticou o ato é uma de suas tarefas assistência de um advogado, por meio de represen-
inerentes. Vale ressaltar que o recurso hierárquico tação.
independe de caução ou qualquer tipo de garantia
em dinheiro, conforme dispõe a Súmula Vinculante Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois o di-
nº 21 do STF. reito à assistência de um advogado para acompanhar
E) Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido os atos processuais é uma mera faculdade, na forma
a autoridade que não ocupa posição de hierarquia do art. 3º, IV, da Lei nº 9.784/1999. A letra C está in-
em relação ao ente que praticou o ato. É o caso, correta, pois o administrado tem direito de ter vista
por exemplo, de recurso interposto para o ente dos autos, trata-se de garantia prevista no art. 3º, II,
federativo membro da Administração Direta, da referida Lei. As letras D e E estão incorretas, pois
sobre alguma entidade da Administração Indireta. o administrado também tem o direito de conhecer as
Esse tipo de recurso deve possuir previsão legal, decisões proferidas, bem como formular alegações e
uma vez que os poderes inerentes à tutela não se apresentar documentos antes da decisão, indepen-
presumem. dentemente de estar acompanhado de advogado.

Detalhe importante que merece destaque é o exposto 2. (DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) O
no art. 64 da Lei nº 9.784/1999: “O órgão competente recurso administrativo é meio hábil para propiciar o re-
para decidir o recurso poderá con rmar, modi car, anular exame da atividade da Administração por razões de le-
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se galidade ou de mérito. O recurso hierárquico impróprio
a matéria for de sua competência”. Logo, percebe-se que é aquele dirigido:
o referido dispositivo legal permite a reformatio in pejus
da decisão administrativa, o que pode acarretar em uma
a) à autoridade ou instância superior do mesmo órgão
decisão que agrave ainda mais a situação do recorrente.
administrativo, pleiteando revisão do ato recorrido
Todavia, o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que
por terceiro interessado.
o recorrente, nessa hipótese, deverá ser cienti cado para
que formule suas alegações antes da decisão. b) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti-
ção que expediu o ato recorrido, mas com competên-
cia julgadora expressa.
c) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção que expediu o ato recorrido, sem a necessidade
de competência julgadora expressa, bastando estar,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL – de alguma forma, em posição hierárquica superior em


TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) Plínio, adminis- relação à autoridade recorrida.
trado que se encontra em condição de interessado em d) à mesma autoridade que expediu o ato, para que o
processo administrativo, deseja ver referido processo no invalide ou o modi que, e, por isso, apesar de consistir
qual consta como réu, bem como tirar cópia dos autos. em reanálise é imprópria, pois não é dirigida à autori-
Em conformidade com a Lei Federal no 9.784/1999, que dade ou órgão hierarquicamente superior.
regula o Processo Administrativo no âmbito da Adminis- e) em forma de denúncia formal, à autoridade superior,
tração Pública Federal, Plínio dando conta de irregularidades internas ou abuso
de poder na prática de atos da Administração, feita
a) possui direito de ter vista dos autos, porém, para obter pela parte atingida diretamente pela irregularidade ou
cópias de documentos neles contidos, faz-se obriga- abuso de poder.
tória a assistência por advogado, já que para tal ato é
sempre necessária a representação

14
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois há um rol de legitimados para a interposição do recurso hierárquico
próprio, o que signi ca que não pode ser pleiteado por terceiro. A letra C está incorreta, pois o endereçamento do
recurso hierárquico próprio é feito à autoridade que se situa na mesma linha organizacional da autoridade recorrida,
em posição hierarquicamente superior. A letra D está incorreta, pois o recurso hierárquico impróprio é aquele dirigi-
do ao ente da Administração Direta que exerce poder de tutela sobre a autoridade ente da Administração Indireta.
A letra E está incorreta pois o recurso hierárquico traduz-se em um pedido, um pleito. A denúncia forma é caracte-
rística da representação administrativa.

3. (TRT 14ª REGIÃO-RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2018) No que concerne à competência dos órgãos
públicos, na forma disciplinada pela Lei no 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administra-
ção pública federal, existe expressa vedação quanto à:

a) delegação parcial ou temporária de competência, somente sendo admissível delegação em caráter integral e de -
nitivo.
b) avocação de competências, ainda que em caráter temporário e excepcional por motivos relevantes e justi cados
pelo órgão superior.
c) delegação da competência de um órgão a outro quando este não lhe seja direta e imediatamente subordinado
hierarquicamente.
d) delegação ou avocação de competência para decisão de recursos administrativos, salvo em caráter temporário e
devidamente justi cado do ponto de vista técnico.
e) delegação de competência de determinado órgão a outro, subordinado hierarquicamente ou não, para edição de
atos de caráter normativo.

Resposta: Letra D. Segundo o disposto no artigo 13 da Lei de Processos Administrativos (Lei nº 9.784/1999), não po-
dem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES: RESPONSABILIDADE, PENALIDADES


DISCIPLINARES E PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

Das Disposições Preliminares

Título I
Capítulo Único
Das Disposições Preliminares

Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
especial, e das fundações públicas federais.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ser cometidas a um servidor.


Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e
vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o conjunto de regras referentes a todos os aspectos da relação
entre o servidor público e a Administração. Envolve tanto questões inerentes à ocupação do cargo quanto direitos e
deveres, entre outras.
Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração direta quanto para a indireta.
A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo, caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em
comissão, quando por uma relação de con ança o superior puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupando
aquela posição de che a.
Todo serviço público será remunerado pelos cofres públicos.

15
#FicaDica
Cargo público = atribuições + responsabilidades
Modalidades = efetivo ou em comissão

Formas de provimento e vacância dos cargos públicos

Título II
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição

Basicamente, provimento é a ocupação do cargo por uma pessoa, transformando-a em servidora pública;
enquanto vacância é o que se dá quando um cargo ca livre; remoção é o deslocamento do servidor; redistribuição é
o deslocamento de um cargo para outro órgão; substituição é a mudança de uma pessoa que está ocupando cargo de
che a ou direção por outra.

Capítulo I
Do Provimento

Segundo Hely Lopes Meirelles13, provimento “é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a
designação de seu titular”, podendo ser originário ou inicial se o agente não possui vinculação anterior com a Administração
Pública; ou derivado, que pressupõe a existência de um vínculo com a Administração, o qual pode ser horizontal, sem ascensão
na carreira, ou vertical, com ascensão na carreira.

Seção I
Disposições Gerais

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:


I - a nacionalidade brasileira;
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade de cidadão.
II - o gozo dos direitos políticos;
Direitos políticos são os direitos garantidos ao cidadão que envolvem sua participação direta ou indireta nas decisões
políticas do Estado. No Brasil, se encontram nos artigos 14 e 15 da Constituição Federal.

III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;


IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior, conforme a complexidade das funções do cargo.

V - a idade mínima de dezoito anos;


VI - aptidão física e mental.
§ 1o As atribuições do cargo podem justi car a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.
P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de membros do Ministério Público ou da Magistratura.

§ 2o Às pessoas portadoras de de ciência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de
cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a de ciência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas
até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Cotas para de cientes.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o As universidades e instituições de pesquisa cientí ca e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
Exceção ao inciso I do art. 5°.

Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder.

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.


Por investidura entende-se a instalação formal em um cargo público, o que se dará quando a pessoa for empossada.

Art. 8o São formas de provimento de cargo público:


I - nomeação;
II - promoção;
13 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

16
III e IV - (Revogados) No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
V - readaptação; pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
VI - reversão; concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
VII - aproveitamento; atividade pro ssional também é considerado.
VIII - reintegração; O edital delimita questões como valor da taxa de
IX - recondução. inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
Detalhes adiante. validade.

SEÇÃO II SEÇÃO IV
DA NOMEAÇÃO DA POSSE E DO EXERCÍCIO

Art. 9o A nomeação far-se-á: Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo termo, no qual deverão constar as atribuições, os
isolado de provimento efetivo ou de carreira; deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes
II - em comissão, inclusive na condição de interino, ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados
para cargos de con ança vagos. unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo os atos de ofício previstos em lei.
em comissão ou de natureza especial poderá ser § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
nomeado para ter exercício, interinamente, em outro da publicação do ato de provimento.
cargo de con ança, sem prejuízo das atribuições do § 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data
que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar de publicação do ato de provimento, em licença
pela remuneração de um deles durante o período da prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas
interinidade. hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”,
O cargo em comissão é temporário e não depende de “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do
concurso público. Se o servidor for nomeado para outro término do impedimento.
cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração
interina (temporária), mas somente poderá receber
especí ca.
remuneração por um deles, o que optar.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo
por nomeação.
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração
isolado de provimento efetivo depende de prévia
de bens e valores que constituem seu patrimônio e
habilitação em concurso público de provas ou de
provas e títulos, obedecidos a ordem de classi cação e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
o prazo de sua validade. emprego ou função pública.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste
promoção, serão estabelecidos pela lei que xar as artigo.
diretrizes do sistema de carreira na Administração
Pública Federal e seus regulamentos. O termo de posse é dotado de conteúdo especí co.
É possível tomar posse mediante procuração especí ca.
SEÇÃO III Não há posse nos cargos em comissão. A declaração
DO CONCURSO PÚBLICO de bens e valores visa permitir a veri cação da situação
nanceira do servidor, de forma a perceber se ele
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas enriqueceu desproporcionalmente durante o exercício
e títulos, podendo ser realizado em duas etapas, do cargo.
conforme dispuserem a lei e o regulamento do
respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia
do candidato ao pagamento do valor xado no edital, inspeção médica o cial.
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

hipóteses de isenção nele expressamente previstas. for julgado apto física e mentalmente para o exercício
do cargo.
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2
(dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições
por igual período. do cargo público ou da função de con ança.
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições § 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado
de sua realização serão xados em edital, que será em cargo público entrar em exercício, contados da
publicado no Diário O cial da União e em jornal data da posse.
diário de grande circulação. § 2o O servidor será exonerado do cargo ou será
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver tornado sem efeito o ato de sua designação para
candidato aprovado em concurso anterior com prazo função de con ança, se não entrar em exercício nos
de validade não expirado. prazos previstos neste artigo, observado o disposto no
art. 18.

17
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
para onde for nomeado ou designado o servidor para cargo de provimento efetivo cará sujeito a
compete dar-lhe exercício. estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
§ 4o O início do exercício de função de con ança meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade
coincidirá com a data de publicação do ato de serão objeto de avaliação para o desempenho do
designação, salvo quando o servidor estiver em licença cargo, observados os seguinte fatores:
ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese I - assiduidade;
em que recairá no primeiro dia útil após o término do II - disciplina;
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da III - capacidade de iniciativa;
publicação. IV - produtividade;
Nota-se que para as funções em con ança não há V - responsabilidade.
prazo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não § 1o 4 (quatro) meses antes de ndo o período do
existe nestas funções. Então, o prazo para exercício será estágio probatório, será submetida à homologação da
o do dia da publicação do ato de designação. autoridade competente a avaliação do desempenho
do servidor, realizada por comissão constituída para
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício essa nalidade, de acordo com o que dispuser a lei
do exercício serão registrados no assentamento ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,
individual do servidor. sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
apresentará ao órgão competente os elementos § 2o O servidor não aprovado no estágio probatório
necessários ao seu assentamento individual. será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de anteriormente ocupado, observado o disposto no
exercício, que é contado no novo posicionamento na parágrafo único do art. 29.
carreira a partir da data de publicação do ato que § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer
promover o servidor. quaisquer cargos de provimento em comissão ou
Na promoção não há nova posse. Então, o servidor
funções de direção, che a ou assessoramento no
não tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no
órgão ou entidade de lotação, e somente poderá
dia da publicação do ato.
ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
município em razão de ter sido removido, redistribuído,
Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório
terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, § 4o Ao servidor em estágio probatório somente
contados da publicação do ato, para a retomada do poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96,
nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento bem assim afastamento para participar de curso de
para a nova sede. formação decorrente de aprovação em concurso para
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em outro cargo na Administração Pública Federal.
licença ou afastado legalmente, o prazo a que se § 5o O estágio probatório cará suspenso durante as
refere este artigo será contado a partir do término do licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84,
impedimento. § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos em curso de formação, e será retomado a partir do
estabelecidos no caput. término do impedimento.

Se o servidor estava em exercício em outro município Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a


e é convocado por publicação para retomar a posição disciplina do estágio probatório mudou, notadamente
superior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode aumentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em
desistir, se quiser. vista que a norma constitucional prevalece sobre a lei
federal, mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal:
xada em razão das atribuições pertinentes aos
respectivos cargos, respeitada a duração máxima do Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo
trabalho semanal de quarenta horas e observados os exercício os servidores nomeados para cargo de
limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas provimento efetivo em virtude de concurso público.
diárias, respectivamente. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de I - em virtude de sentença judicial transitada em
con ança submete-se a regime de integral dedicação julgado;
ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo II - mediante processo administrativo em que lhe seja
ser convocado sempre que houver interesse da assegurada ampla defesa;
Administração. III - mediante procedimento de avaliação periódica
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de de desempenho, na forma de lei complementar,
trabalho estabelecida em leis especiais. assegurada ampla defesa.

18
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do SEÇÃO VIII
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual DA REVERSÃO
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
de origem, sem direito a indenização, aproveitado Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
em outro cargo ou posto em disponibilidade com aposentado:
remuneração proporcional ao tempo de serviço. I - por invalidez, quando junta médica o cial declarar
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou
o servidor estável cará em disponibilidade, com II - no interesse da administração, desde que:
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até a) tenha solicitado a reversão;
seu adequado aproveitamento em outro cargo. b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, c) estável quando na atividade;
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
comissão instituída para essa nalidade. anteriores à solicitação;
e) haja cargo vago.
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
SEÇÃO V
resultante de sua transformação.
DA ESTABILIDADE § 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício
será considerado para concessão da aposentadoria.
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá cargo, o servidor exercerá suas atribuições como
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) excedente, até a ocorrência de vaga.
anos de efetivo exercício. § 4o O servidor que retornar à atividade por interesse
da administração perceberá, em substituição aos
ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo
Constituição Federal (artigo 41 retrocitado). que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em natureza pessoal que percebia anteriormente à
virtude de sentença judicial transitada em julgado ou aposentadoria.
de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja § 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os
assegurada ampla defesa. proventos calculados com base nas regras atuais se
permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
Seção VI § 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
Da Transferência artigo.

Art. 23. (Execução suspensa) Art. 26. (Revogado)


Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver
SEÇÃO VII completado 70 (setenta) anos de idade.
DA READAPTAÇÃO
Merece destaque a impossibilidade de cumulação
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em da aposentadoria com a remuneração caso o servidor
cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis retorne às funções.
com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
física ou mental veri cada em inspeção médica.
SEÇÃO IX
DA REINTEGRAÇÃO
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o
readaptando será aposentado. Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
atribuições a ns, respeitada a habilitação exigida, resultante de sua transformação, quando invalidada a
nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor com ressarcimento de todas as vantagens.
exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor § 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
rência de vaga.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cará em disponibilidade, observado o disposto nos


arts. 30 e 31.
Se o funcionário deixa de ter condições físicas § 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
ou psicológicas para ocupar seu cargo, deverá ser ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem
readaptado para cargo semelhante que não exija tais direito à indenização ou aproveitado em outro cargo,
aptidões. Ex.: funcionário trabalhava como atendente ou, ainda, posto em disponibilidade.
numa repartição, se movimentando o tempo todo e
sofre um acidente, cando paraplégico. Sua capacidade Se um servidor for injustamente demitido e a sua
mental não cou prejudicada, embora seja inconveniente demissão for invalidada, será reinvestido no cargo,
ele ter que fazer tantos movimentos no exercício das sendo totalmente ressarcido (por exemplo, recebendo
funções. Por isso, pode ser reconduzido para outro cargo os salários do período em que foi afastado). Caso o
técnico na repartição que seja mais burocrático e exija cargo esteja extinto, será posto em disponibilidade; caso
menos movimentação física, como o de assistente de um o cargo exista e alguém o estiver ocupando, este será
superior. retirado do cargo, devolvendo-o ao seu legítimo titular.

19
SEÇÃO X Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a
DA RECONDUÇÃO pedido do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao I - quando não satisfeitas as condições do estágio
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: probatório;
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
cargo; em exercício no prazo estabelecido.
II - reintegração do anterior ocupante. Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de ofício se não for habilitado no estágio probatório e se
origem, o servidor será aproveitado em outro, obser- não entrar em exercício no prazo legal.
vado o disposto no art. 30. Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a
Como visto, quando um servidor é promovido ele se dispensa de função de con ança dar-se-á:
sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado, I - a juízo da autoridade competente;
voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém II - a pedido do próprio servidor.
estiver ocupando o cargo de um servidor que tenha Como o cargo em comissão refere-se a uma relação
sido injustamente demitido, quando este voltar deverá de con ança para com a autoridade competente, esta
desocupar o cargo. Se a posição antes ocupada não poderá exonerar o servidor.
estiver livre, deverá ser reaproveitado em outro cargo
semelhante.
#FicaDica
Seção XI
Formas de provimento
Da Disponibilidade e do Aproveitamento
- Originário
Nomeação – Em caráter efetivo ou em co-
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em
missão
disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento
- Derivado
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
Promoção – Ascensão do cargo ocupado
compatíveis com o anteriormente ocupado.
para um cargo sucessivo e ascendente, pos-
sível quando o servidor tiver seu cargo es-
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
truturado em carreira.
determinará o imediato aproveitamento de servidor
Aproveitamento – Retorno de um servidor
em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos
posto em disponibilidade.
órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
Readaptação – Realocação de servidor que
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art.
tenha se tornado de ciente para cargo com-
37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser
patível.
mantido sob responsabilidade do órgão central do
Reintegração – Retorno de servidor a cargo
Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal -
anteriormente ocupado ou em cargo resul-
SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro
tante de sua transformação quando invali-
órgão ou entidade.
dada a decisão de sua demissão.
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
Recondução – Retorno de servidor a cargo
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
anteriormente ocupado em decorrência de
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
inabilitação no estágio probatório de outro
junta médica o cial.
cargo ou por ter o ocupante anterior sido
reintegrado.
Servidor posto em disponibilidade não é servidor
Reversão – Retorno do servidor ao cargo
aposentado. É apenas um servidor aguardando que surja
ocupado quando anteriormente aposentado
um posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir,
por invalidez, caso cesse a doença ou condi-
deverá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a
ção incapacitante.
disponibilidade, deixando de ser servidor público.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO II Capítulo III


DA VACÂNCIA Da Remoção e da Redistribuição
Seção I
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: Da Remoção
I - exoneração;
II - demissão; Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a
III - promoção; pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com
IV e V - (Revogados) ou sem mudança de sede.
VI - readaptação; Parágrafo único. Para ns do disposto neste artigo,
VII - aposentadoria; entende-se por modalidades de remoção: (Redação
VIII - posse em outro cargo inacumulável; dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IX - falecimento. I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

20
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído § 4º O servidor que não for redistribuído ou
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) colocado em disponibilidade poderá ser mantido sob
III - a pedido, para outra localidade, independentemente responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter
do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até
9.527, de 10.12.97) seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, 9.527, de 10.12.97)
também servidor público civil ou militar, de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal CAPÍTULO IV
e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da DA SUBSTITUIÇÃO
Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou
companheiro ou dependente que viva às suas expensas função de direção ou che a e os ocupantes de cargo
e conste do seu assentamento funcional, condicionada de Natureza Especial terão substitutos indicados
à comprovação por junta médica o cial; (Incluído pela no regimento interno ou, no caso de omissão,
Lei nº 9.527, de 10.12.97) previamente designados pelo dirigente máximo do
c) em virtude de processo seletivo promovido, na
órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
hipótese em que o número de interessados for
de 10.12.97)
superior ao número de vagas, de acordo com normas
preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que §1º O substituto assumirá automática e
aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de cumulativamente, sem prejuízo do cargo que
10.12.97) ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou
che a e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
Seção II impedimentos legais ou regulamentares do titular e
Da Redistribuição na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar
pela remuneração de um deles durante o respectivo
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do cargo ou função de direção ou che a ou de cargo
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou
central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: impedimentos legais do titular, superiores a trinta
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dias consecutivos, paga na proporção dos dias de
I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº efetiva substituição, que excederem o referido período.
9.527, de 10.12.97) (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; titulares de unidades administrativas organizadas em
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nível de assessoria.
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade
e complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº Dos Direitos e Vantagens
9.527, de 10.12.97)
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou TÍTULO III
habilitação pro ssional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de DOS DIREITOS E VANTAGENS
10.12.97)
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em
as nalidades institucionais do órgão ou entidade.
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex o cio para público, para em seguida trazer seus deveres e proibições.
ajustamento de lotação e da força de trabalho às Resume Carvalho Filho14: “os direitos sociais constitucionais
necessidades dos serviços, inclusive nos casos de são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual determina que
dezesseis dos direitos sociais outorgados aos empregados sejam
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

reorganização, extinção ou criação de órgão ou


entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) estendidos aos servidores públicos. Dentre esses direitos estão o
§ 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará do salário mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°,
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC VIII); o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-família
e os órgãos e entidades da Administração Pública (art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de licença à gestante
Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de (art. 7°, XVIII) e outros mencionados no dispositivo constitucional.
10.12.97) [...] Além disso, há vários direitos de natureza social relacionados
§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de nos diversos estatutos funcionais das pessoas federativas. É nas
órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua leis estatutárias que se encontram tais direitos, como o direito
desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor às licenças, à pensão, aos auxílios pecuniários, como o auxílio-
estável que não for redistribuído será colocado em funeral e o auxílio-reclusão, à assistência, à saúde etc.”
disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97) 14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

21
CAPÍTULO I Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.
Débito com o erário = dívida com o Estado.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
exercício de cargo público, com valor xado em lei. objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
estabelecidas em lei. Capítulo II
Das Vantagens
remuneração diária, proporcional aos atrasos,
ausências justi cadas, ressalvadas as concessões Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao
servidor as seguintes vantagens:
de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo
I - indenizações;
na hipótese de compensação de horário, até o mês
II - grati cações;
subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela
III - adicionais.
che a imediata. § 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento
Parágrafo único. As faltas justi cadas decorrentes ou provento para qualquer efeito.
de caso fortuito ou de força maior poderão ser § 2o As grati cações e os adicionais incorporam-se
compensadas a critério da che a imediata, sendo ao vencimento ou provento, nos casos e condições
assim consideradas como efetivo exercício. indicados em lei.
Somente não geram perda de remuneração as faltas Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão
justi cadas e devidamente compensadas. computadas, nem acumuladas, para efeito de
concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
provento. De acordo com Hely Lopes Meirelles15, “o que
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver caracteriza o adicional e o distingue da grati cação
consignação em folha de pagamento em favor de é ser aquele que recompensa ao tempo de serviço do
terceiros, a critério da administração e com reposição servidor, ou uma retribuição pelo desempenho de
de custos, na forma de nida em regulamento. funções especiais que fogem da rotina burocrática, e
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata esta, uma compensação por serviços comuns executados
o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) em condições anormais para o servidor, ou uma ajuda
da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) pessoal em face de certas situações que agravam o
reservados exclusivamente para: I - a amortização de orçamento do servidor”.
despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
II - a utilização com a nalidade de saque por meio do Seção I
cartão de crédito. Das Indenizações
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
autorização do servidor.
I - ajuda de custo;
II - diárias;
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário,
III - transporte.
atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente IV - auxílio-moradia.
comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao A leitura da legislação seca permite conceituar e
pensionista, para pagamento, no prazo máximo diferenciar cada modalidade de indenização.
de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do
interessado. Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior incisos I a III do art. 51, assim como as condições para
ao correspondente a dez por cento da remuneração, a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento.
provento ou pensão.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no SUBSEÇÃO I


mês anterior ao do processamento da folha, a reposição DA AJUDA DE CUSTO
será feita imediatamente, em uma única parcela.
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada despesas de instalação do servidor que, no interesse
ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
serão eles atualizados até a data da reposição. mudança de domicílio em caráter permanente, vedado
o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo,
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria também a condição de servidor, vier a ter exercício na
ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta mesma sede.
dias para quitar o débito.
15 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1993.

22
§ 1o Correm por conta da administração as Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar
despesas de transporte do servidor e de sua família, à sede em prazo menor do que o previsto para o
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em
excesso, no prazo previsto no caput.
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede
são assegurados ajuda de custo e transporte para a Subseção III
localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, Da Indenização de Transporte
contado do óbito.
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte
de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo ao servidor que realizar despesas com a utilização
único do art. 36. de meio próprio de locomoção para a execução de
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a serviços externos, por força das atribuições próprias
remuneração do servidor, conforme se dispuser em do cargo, conforme se dispuser em regulamento.
regulamento, não podendo exceder a importância
correspondente a 3 (três) meses. SUBSEÇÃO IV
DO AUXÍLIO-MORADIA
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento
mandato eletivo. das despesas comprovadamente realizadas pelo
servidor com aluguel de moradia ou com meio de
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não hospedagem administrado por empresa hoteleira, no
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em prazo de um mês após a comprovação da despesa
comissão, com mudança de domicílio. pelo servidor.
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso
I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor
cessionário, quando cabível. se atendidos os seguintes requisitos:
I - não exista imóvel funcional disponível para uso
Art. 57. O servidor cará obrigado a restituir a ajuda de pelo servidor;
custo quando, injusti cadamente, não se apresentar II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias. imóvel funcional;
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro
SUBSEÇÃO II não seja ou tenha sido proprietário, promitente
DAS DIÁRIAS comprador, cessionário ou promitente cessionário
de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da incluída a hipótese de lote edi cado sem averbação
sede em caráter eventual ou transitório para outro de construção, nos doze meses que antecederem a sua
ponto do território nacional ou para o exterior, fará nomeação;
jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
parcelas de despesas extraordinária com pousada, receba auxílio-moradia;
alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser V - o servidor tenha se mudado do local de residência
em regulamento. para ocupar cargo em comissão ou função de
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, con ança do Grupo-Direção e Assessoramento
sendo devida pela metade quando o deslocamento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial,
não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União de Ministro de Estado ou equivalentes;
custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
cobertas por diárias. ou função de con ança não se enquadre nas hipóteses
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou
constituir exigência permanente do cargo, o servidor domicílio do servidor;
não fará jus a diárias. VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que residido no Município, nos últimos doze meses,
se deslocar dentro da mesma região metropolitana, aonde for exercer o cargo em comissão ou função
aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por de con ança, desconsiderando-se prazo inferior a
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou sessenta dias dentro desse período; e
em áreas de controle integrado mantidas com países VIII - o deslocamento não tenha sido por força de
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em de 2006.
que as diárias pagas serão sempre as xadas para os Parágrafo único. Para ns do inciso VII, não será
afastamentos dentro do território nacional. considerado o prazo no qual o servidor estava
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar ocupando outro cargo em comissão relacionado no
da sede, por qualquer motivo, ca obrigado a restituí- inciso V.
las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 60-C. (Revogado).

23
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é Grati cações e adicionais descritos em detalhes na
limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do própria legislação, conforme se denota abaixo.
cargo em comissão, função comissionada ou cargo de
Ministro de Estado ocupado. Subseção I
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire-
25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de ção, Che a e Assessoramento
Ministro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
ou função comissionada, ca garantido a todos os em função de direção, che a ou assessoramento, cargo
que preencherem os requisitos o ressarcimento até o de provimento em comissão ou de Natureza Especial é
valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). devida retribuição pelo seu exercício.
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, Parágrafo único. Lei especí ca estabelecerá a remuneração
colocação de imóvel funcional à disposição do dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.
servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia
continuará sendo pago por um mês. Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal
Nominalmente Identi cada - VPNI a incorporação da
retribuição pelo exercício de função de direção, che a
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia,
ou assessoramento, cargo de provimento em comissão
benefício que é concedido a alguns servidores. Ele serve
ou de Natureza Especial a que se referem os arts.
para ajudar o servidor a arcar com despesas de moradia,
3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art.
seja locando um imóvel, seja cando em hotéis. O auxílio 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998.
é pago 1 mês depois que o servidor comprovar a despesa Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste
que teve. No entanto, não é qualquer servidor e não é artigo somente estará sujeita às revisões gerais de
em qualquer situação que se tem o auxílio-moradia. remuneração dos servidores públicos federais.
Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas
restrições: não haver disponibilidade de imóvel funcional Subseção II
(algum imóvel do poder público com tal nalidade Da Grati cação Natalina
de moradia, dispensando gastos particulares), não se
ter tentado vender ou vendido um imóvel na cidade Art. 63. A grati cação natalina corresponde a 1/12 (um doze
(evitando que tente utilizar o auxílio-moradia como um avos) da remuneração a que o servidor zer jus no mês de
modo de se obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
pessoa com quem more não receber auxílio da mesma Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15
natureza (cumulando indevidamente), além do exercício (quinze) dias será considerada como mês integral.
de cargos de determinada natureza (perceba-se, cargos
de relevante direção). Art. 64. A grati cação será paga até o dia 20 (vinte) do
O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos mês de dezembro de cada ano.
vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o
artigo 60-C está revogado desde 2013. Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua
grati cação natalina, proporcionalmente aos meses
SEÇÃO II de exercício, calculada sobre a remuneração do mês
DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS da exoneração.

Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas Art. 66. A grati cação natalina não será considerada
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
retribuições, grati cações e adicionais:
Subseção III
I - retribuição pelo exercício de função de direção,
Do Adicional por Tempo de Serviço
che a e assessoramento;
II - grati cação natalina; Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, 45/01.


perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; Subseção IV
VI - adicional noturno; Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
VII - adicional de férias; Atividades Penosas
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do
trabalho. Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
IX - grati cação por encargo de curso ou concurso. em locais insalubres ou em contato permanente com
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida,
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo
efetivo.
§ 1o O servidor que zer jus aos adicionais de insalubridade
e de periculosidade deverá optar por um deles.

24
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
periculosidade cessa com a eliminação das condições de direção, che a ou assessoramento, ou ocupar cargo
ou dos riscos que deram causa a sua concessão. em comissão, a respectiva vantagem será considerada
no cálculo do adicional de que trata este artigo.
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade
de servidores em operações ou locais considerados Subseção VIII
penosos, insalubres ou perigosos. Da Grati cação por Encargo de Curso ou Concurso
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das Art. 76-A. A Grati cação por Encargo de Curso
operações e locais previstos neste artigo, exercendo ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter
suas atividades em local salubre e em serviço não eventual:
I - atuar como instrutor em curso de formação, de
penoso e não perigoso.
desenvolvimento ou de treinamento regularmente
instituído no âmbito da administração pública federal;
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, II - participar de banca examinadora ou de comissão
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as para exames orais, para análise curricular, para
situações estabelecidas em legislação especí ca. correção de provas discursivas, para elaboração de
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos questões de provas ou para julgamento de recursos
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em intentados por candidatos;
localidades cujas condições de vida o justi quem, nos III - participar da logística de preparação e de
termos, condições e limites xados em regulamento. realização de concurso público envolvendo atividades
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que de planejamento, coordenação, supervisão, execução
operam com Raios X ou substâncias radioativas serão e avaliação de resultado, quando tais atividades
mantidos sob controle permanente, de modo que as não estiverem incluídas entre as suas atribuições
doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível permanentes;
máximo previsto na legislação própria. IV - participar da aplicação, scalizar ou avaliar
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este provas de exame vestibular ou de concurso público ou
artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6 supervisionar essas atividades.
(seis) meses. § 1o Os critérios de concessão e os limites da grati cação
de que trata este artigo serão xados em regulamento,
observados os seguintes parâmetros:
SUBSEÇÃO V
I - o valor da grati cação será calculado em horas,
DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO
observadas a natureza e a complexidade da atividade
exercida;
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com II - a retribuição não poderá ser superior ao
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho
hora normal de trabalho. anuais, ressalvada situação de excepcionalidade,
devidamente justi cada e previamente aprovada pela
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá
para atender a situações excepcionais e temporárias, autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas
respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por de trabalho anuais;
jornada. III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior
SUBSEÇÃO VI vencimento básico da administração pública federal:
DO ADICIONAL NOTURNO a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário caput deste artigo;
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do
hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

caput deste artigo.


computando-se cada hora como cinquenta e dois § 2o A Grati cação por Encargo de Curso ou Concurso
minutos e trinta segundos. somente será paga se as atividades referidas nos
Parágrafo único. Em se tratando de serviço incisos do caput deste artigo forem exercidas sem
extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for
incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73. titular, devendo ser objeto de compensação de carga
horária quando desempenhadas durante a jornada de
SUBSEÇÃO VII trabalho, na forma do § 4odo art. 98 desta Lei.
DO ADICIONAL DE FÉRIAS § 3o A Grati cação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como
ao servidor, por ocasião das férias, um adicional base de cálculo para quaisquer outras vantagens,
correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do inclusive para ns de cálculo dos proventos da
período das férias. aposentadoria e das pensões.

25
Capítulo III
Das Férias #FicaDica
Vantagens:
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
- Indenizações (não se incorporam)
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos,
Ajuda de custo
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as
Diárias
hipóteses em que haja legislação especí ca.
Transporte
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
Auxílio-moradia
exigidos 12 (doze) meses de exercício.
- Grati cações (podem se incorporar)
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
Por direção, che a e assessoramento
serviço.
Natalina
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três
Por Encargo, de curso ou concurso (não se
etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
incorpora)
interesse da administração pública.
- Adicionais (podem se incorporar)
É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
Insalubridade
períodos se o seu serviço for altamente necessário.
Periculosidade
Atividades penosas
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
Serviço extraordinário
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
Noturno
período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
De férias
§1° e §2°. Revogados.
Relativo à natureza ou local de trabalho
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
comissão, perceberá indenização relativa ao período
das férias a que tiver direito e ao incompleto, na
proporção de um doze avos por mês de efetivo CAPÍTULO IV
exercício, ou fração superior a quatorze dias. DAS LICENÇAS
§ 4o A indenização será calculada com base na SEÇÃO I
remuneração do mês em que for publicado o ato DISPOSIÇÕES GERAIS
exoneratório.
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição I - por motivo de doença em pessoa da família;
Federal quando da utilização do primeiro período. II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro;
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente III - para o serviço militar;
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 IV - para atividade política;
(vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de V - para capacitação;
atividade pro ssional, proibida em qualquer hipótese VI - para tratar de interesses particulares;
a acumulação. VII - para desempenho de mandato classista.
Manutenção da saúde do servidor. Atenção aos motivos que autorizam licença,
detalhados a seguir na legislação.
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas § 1o A licença prevista no inciso I do caput deste
por motivo de calamidade pública, comoção interna, artigo bem como cada uma de suas prorrogações
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou serão precedidas de exame por perícia médica o cial,
por necessidade do serviço declarada pela autoridade observado o disposto no art. 204 desta Lei.
máxima do órgão ou entidade. § 2.º (Revogado pela Lei n.º 9.527, de 10.12.97)
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada
Parágrafo único. O restante do período interrompido
durante o período da licença prevista no inciso I deste
será gozado de uma só vez, observado o disposto no
artigo.
art. 77.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta)


O direito individual às férias pode ser mitigado pelo
dias do término de outra da mesma espécie será
direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem
considerada como prorrogação.
social.
SEÇÃO II
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA
DA FAMÍLIA

Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por


motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos
pais, dos lhos, do padrasto ou madrasta e enteado,
ou dependente que viva a suas expensas e conste do
seu assentamento funcional, mediante comprovação
por perícia médica o cial.

26
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
direta do servidor for indispensável e não puder ser onde desempenha suas funções e que exerça cargo
prestada simultaneamente com o exercício do cargo de direção, che a, assessoramento, arrecadação
ou mediante compensação de horário, na forma do ou scalização, dele será afastado, a partir do dia
disposto no inciso II do art. 44. imediato ao do registro de sua candidatura perante
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do
pleito.
prorrogações, poderá ser concedida a cada período de § 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo
doze meses nas seguintes condições: dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
mantida a remuneração do servidor; e pelo período de três meses.
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
remuneração. SEÇÃO VI
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO
contado a partir da data do deferimento da primeira
licença concedida. Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício,
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das o servidor poderá, no interesse da Administração,
afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a
licenças não remuneradas, incluídas as respectivas
respectiva remuneração, por até três meses, para
prorrogações, concedidas em um mesmo período de participar de curso de capacitação pro ssional.
12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata
poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos o caput não são acumuláveis.
I e II do § 2o.
Art. 90. (Vetado)
SEÇÃO III
DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO SEÇÃO VII
CÔNJUGE DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES
PARTICULARES
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser
para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo,
deslocado para outro ponto do território nacional, desde que não esteja em estágio probatório, licenças
para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até
dos Poderes Executivo e Legislativo. três anos consecutivos, sem remuneração.
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a
remuneração. qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou do serviço.
companheiro também seja servidor público, civil
ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos SEÇÃO VIII
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO
CLASSISTA
haver exercício provisório em órgão ou entidade
da Administração Federal direta, autárquica ou Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença
fundacional, desde que para o exercício de atividade sem remuneração para o desempenho de mandato
compatível com o seu cargo. em confederação, federação, associação de classe de
âmbito nacional, sindicato representativo da categoria
SEÇÃO IV ou entidade scalizadora da pro ssão ou, ainda, para
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR participar de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores públicos
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar para prestar serviços a seus membros, observado o
será concedida licença, na forma e condições previstas disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

conforme disposto em regulamento e observados os


na legislação especí ca.
seguintes limites:
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados,
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para 2 (dois) servidores;
reassumir o exercício do cargo. II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
SEÇÃO V III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil)
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA associados, 8 (oito) servidores.
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem eleitos para cargos de direção ou de representação nas
remuneração, durante o período que mediar entre a referidas entidades, desde que cadastradas no órgão
sua escolha em convenção partidária, como candidato competente.
a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua § 2º A licença terá duração igual à do mandato,
candidatura perante a Justiça Eleitoral. podendo ser renovada, no caso de reeleição.

27
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa
#FicaDica pública ou sociedade de economia mista, nos termos
das respectivas normas, optar pela remuneração do
- Licença por Motivo de Doença em Pessoa
cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
da Família – justi ca-se por problema de
acrescida de percentual da retribuição do cargo em
saúde com um familiar próximo ou depen-
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembol-
dente legal. Remunerada.
so das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de
- Licença por Motivo de Afastamento do
origem.
Cônjuge – justi ca-se por mudança do côn-
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no
juge de um servidor público de cidade ou
Diário O cial da União.
país. Não remunerada.
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da
- Licença para o Serviço Militar – justi ca-se
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter
para o caso de convocação do servidor para
exercício em outro órgão da Administração Federal
o serviço militar. Não remunerada.
direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para
- Licença para Atividade Política – justi ca-se
m determinado e a prazo certo.
para o caso de servidor candidato a cargo
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado
político eletivo, sendo obrigatório entre o
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§
dia da candidatura e dez dias após as elei-
1º e 2º deste artigo.
ções. Não remunerada.
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública ou
- Licença para Capacitação – justi ca-se para
de sociedade de economia mista, que receba recur-
o aperfeiçoamento pro ssional do servidor.
sos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial
Remunerada.
da sua folha de pagamento de pessoal, independem das
- Licença Para Tratar Interesses Particulares
disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste
– dispensa justi cativa, basta a vontade do
artigo, cando o exercício do empregado cedido condi-
servidor. Não remunerada.
cionado a autorização especí ca do Ministério do Plane-
- Licença para Desempenho de Mandato
jamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocu-
Classista – justi ca-se para o caso de con-
pação de cargo em comissão ou função grati cada.
vocação do servidor como responsável por
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e
gerir ou representar em tempo integral enti-
Gestão, com a nalidade de promover a composição
dade de classe. Não remunerada.
da força de trabalho dos órgãos e entidades da Ad-
- Licença para Tratamento de Saúde – jus-
ministração Pública Federal, poderá determinar a lo-
ti ca-se por doença do servidor, sendo ne-
tação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
cessário o afastamento para tratamento. Re-
pendentemente da observância do constante no inciso
munerada.
I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.
- Licença-Gestante ou Adotante – justi ca-
-se por maternidade, biológica ou adotada.
SEÇÃO II
Remunerada.
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDA-
- Licença-Paternidade – justi ca-se por pater-
TO ELETIVO
nidade, biológica ou adotada. Remunerada.
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
cam-se as seguintes disposições:
CAPÍTULO V I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distri-
DOS AFASTAMENTOS tal, cará afastado do cargo;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
SEÇÃO I cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO III - investido no mandato de vereador:
OU ENTIDADE a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício do cargo eletivo;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, b) não havendo compatibilidade de horário, será
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
em serviço social autônomo instituído pela União que remuneração.
exerça atividades de cooperação com a administração § 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor con-
pública federal, nas seguintes hipóteses: tribuirá para a seguridade social como se em exercício
I - para exercício de cargo em comissão ou função de estivesse.
con ança; § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou clas-
II - em casos previstos em leis especí cas. sista não poderá ser removido ou redistribuído de
§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para ofício para localidade diversa daquela onde exerce o
órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal mandato.
ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do
órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o
cedente nos demais casos.

28
SEÇÃO III afastado por licença para tratar de assuntos particu-
DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO lares ou com fundamento neste artigo, nos quatro
EXTERIOR anos anteriores à data da solicitação de afastamento.
§ 4o Os servidores bene ciados pelos afastamentos
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que per-
para estudo ou missão o cial, sem autorização do manecer no exercício de suas funções após o seu re-
Presidente da República, Presidente dos Órgãos do torno por um período igual ao do afastamento con-
Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal cedido.
Federal. § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e nda cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, de permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá
será permitida nova ausência. ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da
§ 2o Ao servidor bene ciado pelo disposto neste artigo Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos
não será concedida exoneração ou licença para tra- com seu aperfeiçoamento.
tar de interesse particular antes de decorrido período § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de res- justi cou seu afastamento no período previsto, aplica-
sarcimento da despesa havida com seu afastamento.
se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
comprovada de força maior ou de caso fortuito, a cri-
dores da carreira diplomática.
tério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autor-
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-
ização de que trata este artigo, inclusive no que se
refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas graduação no Exterior, autorizado nos termos do art.
em regulamento. 95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.

Art. 96. O afastamento de servidor para servir em or- CAPÍTULO VI


ganismo internacional de que o Brasil participe ou DAS CONCESSÕES
com o qual coopere dar-se-á com perda total da re-
muneração. Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor aus-
entar-se do serviço:
SEÇÃO IV I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM PRO- II - pelo período comprovadamente necessário para
GRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado,
PAÍS em qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela
Medida Provisória nº 632, de 2013)
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Adminis- III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
tração, e desde que a participação não possa ocorrer a) casamento;
simultaneamente com o exercício do cargo ou medi- b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma-
ante compensação de horário, afastar-se do exercício drasta ou padrasto, lhos, enteados, menor sob guar-
do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para da ou tutela e irmãos.
participar em programa de pós-graduação stricto sen-
su em instituição de ensino superior no País. Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade estudante, quando comprovada a incompatibilidade
de nirá, em conformidade com a legislação vigente, entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo
os programas de capacitação e os critérios para par- do exercício do cargo.
ticipação em programas de pós-graduação no País, § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida
com ou sem afastamento do servidor, que serão avali-
a compensação de horário no órgão ou entidade que
ados por um comitê constituído para este m.
tiver exercício, respeitada a duração semanal do tra-
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de
balho.
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2o Também será concedido horário especial ao servi-


servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para dor portador de de ciência, quando comprovada a
mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído necessidade por junta médica o cial, independente-
o período de estágio probatório, que não tenham se mente de compensação de horário.
afastado por licença para tratar de assuntos particu- § 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas
lares para gozo de licença capacitação ou com funda- ao servidor que tenha cônjuge, lho ou dependente
mento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data com de ciência.
da solicitação de afastamento. § 4o Será igualmente concedido horário especial, vin-
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de culado à compensação de horário a ser efetivada no
pós-doutorado somente serão concedidos aos servi- prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe
dores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão atividade prevista nos incisos I e II do caput do art.
ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o 76-A desta Lei.
período de estágio probatório, e que não tenham se

29
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no XI - afastamento para servir em organismo internac-
interesse da administração é assegurada, na locali- ional de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
dade da nova residência ou na mais próxima, matrícu- Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposenta-
la em instituição de ensino congênere, em qualquer doria e disponibilidade:
época, independentemente de vaga. I - o tempo de serviço público prestado aos Estados,
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao Municípios e Distrito Federal;
cônjuge ou companheiro, aos lhos, ou enteados do II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
servidor que vivam na sua companhia, bem como aos família do servidor, com remuneração, que exceder a
menores sob sua guarda, com autorização judicial. 30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses.
III - a licença para atividade política, no caso do art.
CAPÍTULO VII 86, § 2o;
DO TEMPO DE SERVIÇO IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de anterior ao ingresso no serviço público federal;
serviço público federal, inclusive o prestado às Forças V - o tempo de serviço em atividade privada, vincu-
Armadas. lada à Previdência Social;
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita VII - o tempo de licença para tratamento da própria
em dias, que serão convertidos em anos, considerado saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b”
o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias. do inciso VIII do art. 102.
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no será contado apenas para nova aposentadoria.
art. 97, são considerados como de efetivo exercício os § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço pre-
afastamentos em virtude de:
stado às Forças Armadas em operações de guerra.
I - férias;
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
serviço prestado concomitantemente em mais de um
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal; cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes
III - exercício de cargo ou função de governo ou ad- da União, Estado, Distrito Federal e Município, autar-
ministração, em qualquer parte do território nacional, quia, fundação pública, sociedade de economia mista
por nomeação do Presidente da República; e empresa pública.
IV - participação em programa de treinamento regu-
larmente instituído ou em programa de pós-gradu- CAPÍTULO VIII
ação stricto sensu no País, conforme dispuser o regu- DO DIREITO DE PETIÇÃO
lamento;
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de req-
municipal ou do Distrito Federal, exceto para pro- uerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou
moção por merecimento; interesse legítimo.
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade
o afastamento, conforme dispuser o regulamento; competente para decidi-lo e encaminhado por inter-
VIII - licença: médio daquela a que estiver imediatamente subordi-
a) à gestante, à adotante e à paternidade; nado o requerente.

b) para tratamento da própria saúde, até o limite de Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade
vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tem- que houver expedido o ato ou proferido a primeira de-
po de serviço público prestado à União, em cargo de cisão, não podendo ser renovado.
provimento efetivo; Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon-
c) para o desempenho de mandato classista ou par- sideração de que tratam os artigos anteriores deverão
ticipação de gerência ou administração em sociedade ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cooperativa constituída por servidores para prestar dentro de 30 (trinta) dias.


serviços a seus membros, exceto para efeito de pro-
moção por merecimento;
Art. 107. Caberá recurso:
d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro s-
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
sional;
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamen- II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
to; terpostos.
f) por convocação para o serviço militar; § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediata-
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido
art. 18; a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às
X - participação em competição desportiva nacional demais autoridades.
ou convocação para integrar representação desportiva § 2o O recurso será encaminhado por intermédio da
nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em autoridade a que estiver imediatamente subordinado
lei especí ca; o requerente.

30
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de re- de modo exaustivo, porque o servidor deve obediência a
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a con- todas as normas legais ou infralegais, e o próprio inciso
tar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da III do referido dispositivo é, de certa maneira, uma norma
decisão recorrida. disciplinar em branco16.
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um con-
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus- junto de normas de conduta e de proibições impostas
pensivo, a juízo da autoridade competente. pela lei aos servidores por ela abrangidos, tendo em
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido vista a prevenção, a apuração e a possível punição de
de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão atos e omissões que possam por em risco o funciona-
retroagirão à data do ato impugnado. mento adequado da administração pública, do posto de
vista ético, do ponto de vista da e ciência e do ponto
Art. 110. O direito de requerer prescreve: de vista da legalidade. Decorrem, estes dispositivos, do
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão denominado Poder Disciplinar que é aquele conferido à
e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, Administração com o objetivo de manter sua disciplina
ou que afetem interesse patrimonial e créditos result- interna, na medida em que lhe atribui instrumentos para
antes das relações de trabalho; punir seus servidores (e também àqueles que estejam a
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo ela vinculados por um instrumento jurídico determinado
quando outro prazo for xado em lei. - particulares contratados pela Administração). [...]“O dis-
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado posto no Título IV da lei nº 8.112/90 prevê basicamente
da data da publicação do ato impugnado ou da data um conjunto de obrigações impostas aos servidores por
da ciência pelo interessado, quando o ato não for pub- ela regidos. Tais obrigações, ora positivas (os denomina-
licado. dos Deveres – art. 116), ora negativas (as denominadas
Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas ensejam sua
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, imediata apuração (art. 143) e uma vez comprovadas im-
quando cabíveis, interrompem a prescrição. portam na responsabilização administrativa, a desa ar,
então, a aplicação de uma das sanções administrativas
(art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não poden-
que a responsabilidade administrativa resulta da prática
do ser relevada pela administração.
de ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os
deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola proi-
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é as-
bição) praticado no desempenho do cargo ou função”17.
segurada vista do processo ou documento, na repar-
tição, ao servidor ou ao procurador por ele constituído. CAPÍTULO I
DOS DEVERES
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a Art. 116. São deveres do servidor:
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos esta- são em muito compatíveis com os previstos no Código
belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. de Ética pro ssional do Servidor Público Civil do Poder
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição, Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algu-
assegurado a todos: “são a todos assegurados, inde- mas das condutas esperadas do servidor público quando
pendentemente do pagamento de taxas: a) o direito do desempenho de suas funções. Em resumo, o servi-
de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos dor público deve desempenhar suas funções com cuida-
ou contra ilegalidade ou abuso de poder;”. Os artigos do, rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição que
acima descrevem o direito de petição especí co dos compõe, respeitando as ordens de seus superiores que
servidores públicos. sejam adequadas às funções que desempenhe e bus-
cando conservar o patrimônio do Estado. No tratamen-
Do Regime Disciplinar to do público, deve ser prestativo e não negar o acesso
a informações que não sejam sigilosas. Caso presencie
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

TÍTULO IV alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve denunciar.


DO REGIME DISCIPLINAR Tomam-se como base os ensinamentos de Lima18 a res-
peito destes deveres:
O regime disciplinar do servidor público civil federal
está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres 16 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am- servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar-
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
bos deveres e proibições são normas protetivas da boa em: 11 ago. 2013.
Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito, 17 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que os de- cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
veres constam da lei como ações, como conduta positiva; br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
as proibições, ao contrário, são descritas como condutas 18 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
vedadas ao servidor, de modo que ele deve abster-se de servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar-
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
praticá-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não em: 11 ago. 2013.

31
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do V - atender com presteza:
cargo; a) ao público em geral, prestando as informações req-
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta- ueridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui- b) à expedição de certidões requeridas para defesa
ções funcionais e também ao cuidado com a economia de direito ou esclarecimento de situações de interesse
do material, os bens da repartição e o patrimônio públi- pessoal;
co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir
com dedicação no desempenho das funções do cargo
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car-
go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen-
o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even- to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta
tual menor capacidade de desempenho, para não con- engloba o sco federal, estadual, municipal e distrital. O
gurar desídia ou insu ciência de desempenho, deverá servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio-
ser compensada com um maior esforço e dedicação de so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do
sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, administrado, di cultando a vida de quem necessita de
vem a praticar atos que con gurem desídia ou mesmo atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon-
falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo
se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos
ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri- públicos, o que deve necessariamente passar por crité-
buições especí cas de sua atividade. O servidor deve ter rios de valorização dos servidores bons e de treinamento
zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a e quali cação permanente dos quadros de pessoal”.
imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
interesses patrimoniais do Estado”. razão do cargo ao conhecimento da autoridade su-
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento
II - ser leal às instituições a que servir;
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas desta, ao conhecimento de outra autoridade compe-
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal tente para apuração;
à instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucio- “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen-
nal é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de
o dever de lealdade está inserido no Estatuto como nor- que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
ma programática, orientadora da conduta dos servido- Deve levar ao conhecimento da che a imediata pelo sis-
res”. tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das che as
ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor-
III - observar as normas legais e regulamentares; rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a
“A função desta norma é de não deixar sem resposta devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a ne- um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros.
cessária correlação nesses casos que temos de fazer do art. Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran-
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”. ça nacional e mesmo da sociedade”.
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando VII - zelar pela economia do material e a conservação
manifestamente ilegais;
do patrimônio público;
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco-
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro nomia e pela conservação dos bens públicos presta um
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá
funções que servem ao cumprimento da vontade do ente adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não
cumprir o presente dever, quando por descumprimento
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o


que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierar- dele a gravidade do fato implicar a infração a normas
quia existe para que do alto escalão até a prática dos mais graves”.
administrados as coisas funcionem. Disso decorre que
quando é emitida uma ordem para o servidor subordi- VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
nado, este deve dar cumprimento ao comando. Porém “O agente público deve guardar sigilo sobre o que se
quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, incons- passa na repartição, principalmente quanto aos assun-
titucional ou absurda, o servidor não é obrigado a dar tos o ciais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é 2011, hoje está regulamentado o acesso às informações.
manifestamente ilegal? Há uma margem de interpreta- Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o
ção, principalmente se o servidor subordinado não tiver fornecimento ou divulgação das informações exigem um
nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a
senso que irá margear o que é agrantemente incons- informação possa expor a intimidade da pessoa huma-
titucional”. na. As informações pessoais dos administrados em geral

32
devem ser tratadas forma transparente e com respeito à XI - tratar com urbanidade as pessoas;
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes- “No mundo moderno, e máxime em nossa civilização
soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se- ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur-
gundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e
termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden- que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
do ter autorizada a divulgação ou o acesso por terceiros públicos”.
quando haja previsão legal. Outra exceção é quando há XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
o consentimento expresso da pessoa a que elas se refe- de poder.
rirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, para Parágrafo único. A representação de que trata o inci-
a defesa de direitos humanos, e quando a proteção do so XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada
interesse público e geral preponderante o exigir, tam- pela autoridade superior àquela contra a qual é for-
bém devem ser fornecidas as informações. Portanto, o mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.
servidor há que ter reserva no seu comportamento e fala, Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
esquivando-se de revelar o conteúdo do que se passa no esta representação será encaminhada a alguém que seja
seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregularida- superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi-
de absurda, deve então reduzir a escrito e representar to à ampla defesa.
para que se apure o caso. Deveriam diminuir as conver- “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento
sas de corredor e se efetivar a apuração dos fatos através às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
do processo administrativo disciplinar. Os assuntos ob- ciência em razão do cargo, principalmente no processo
jeto do serviço merecem reserva. Devem car circunscri- em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
tos aos servidores designados para o respectivo trabalho suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
interno, não devendo sair da seção ou setor de trabalho, te com uma irregularidade administrativa e que inerte.
sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se o assunto Deve provocar quem de direito para que a irregularidade
ou o trabalho, en m, merecer divulgação mais ampla, deve seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu
ser contatado o órgão de assessoria de comunicação social, círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
que saberá proceder de forma o cial, obedecendo ao bom presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de
senso e às leis vigentes”. informar acerca de irregularidades anda de braço dado
com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí-
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- cia da irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o de-
ministrativa; ver de representar. O dever de representação não deixa
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o de ser uma prerrogativa legal, investindo o servidor de
ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser um múnus público importante, constituindo o servidor
compatível com a moralidade administrativa. O agente em um curador legal do ente público. O mais humilde
deve se comportar em seus atos de maneira proba, es- servidor passa a ser um agente promotor de legalidade.
correita, séria, não atuando com intenções escusas e des- É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever
virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por do servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou
exemplo, para satisfação de interesses menores, como abuso de poder”. De modo que também a omissão pode
realizar a prática de determinado ato para bene ciar uma ensejar a representação. A omissão do agente que ile-
amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode
com comportamento incompatível com a moralidade até con gurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de
administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar. representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado
Seu ato ímprobo ou imoral con gura o chamado des- com o devido equilíbrio, não podendo servir a nalida-
vio de poder, que é totalmente abominável no Direito des egoísticas, político-partidárias, induzido por inimiza-
Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou des de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o re-
judicialmente através da ação popular, ação de ressarci- presentante de autor a réu por prática de abuso de poder
mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito ou denunciação caluniosa”.
coletivo ou transindividual”.
Capítulo II
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

X - ser assíduo e pontual ao serviço; Das Proibições


“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
duo signi ca ser presente dentro do horário do expedien- Art. 117. Ao servidor é proibido:
te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é Em contraposição aos deveres do servidor público,
aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o existem diversas proibições, que também estão em boa
que comparece no horário para as reuniões de trabalho e parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação
demais atividades relacionadas com o exercício do cargo dos deveres ou a prática de alguma das violações abaixo
que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o descritas caracterizam infração administrativa disciplinar.
dever violado, seja por impontualidade, seja por inassi- “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo,
duidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de sua objetividade e taxatividade, o que veda sua amplia-
60 dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de ção e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas
advertência, com ns educativos e de correção do servi- visto serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, por-
dor”. tanto, ao princípio da reserva legal. O descumprimento

33
dessas proibições podem inclusive, ensejar o enquadra- vestido em cargo de direção, che a ou assessoramento,
mento penal do servidor, pois muitas das condutas ali para o exercício de cargo em comissão ou de con ança,
descritas, con guram prática de delito penal”19. ou, ainda, de função grati cada na Administração Pública
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos
prévia autorização do chefe imediato; Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreen-
Violação do dever de assiduidade. dido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.” Obs.: se o concurso pedir pelo en-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com- tendimento jurisprudencial, vá pela súmula, mas se não
petente, qualquer documento ou objeto da repartição; mencionar nada se atenha ao texto da lei, visto que há
Violação do dever de zelo com o patrimônio público. pequenas variações entre o texto da súmula e o da lei.

III - recusar fé a documentos públicos; IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
É dever do servidor público conferir fé aos documen- de outrem, em detrimento da dignidade da função
tos públicos, revestindo-lhes da autoridade e con ança pública;
que seu cargo possui. Violação do dever de transparên- O cargo público serve apenas aos interesses da admi-
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos inte-
cia.
resses pessoais do servidor.
IV - opor resistência injusti cada ao andamento de X - participar de gerência ou administração de so-
documento e processo ou execução de serviço; ciedade privada, personi cada ou não personi cada,
Não cabe impedir que o trâmite da administração exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista,
seja alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever cotista ou comanditário;
de celeridade e e ciência, bem como de impessoalidade. Não cabe ao servidor público administrar sociedade
privada, o que pode comprometer sua e ciência e impar-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou
recinto da repartição; seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a
Violação do dever de discrição. participação do servidor como sócio gerente ou administra-
dor de empresa privada, exceto na qualidade de mero cotista,
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa pode até
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição não estar personi cada, por exemplo, não estar devidamente
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi- constituída e registrada nos órgãos competentes (Junta Co-
nado; mercial, sco estadual, municipal, distrital e federal, e órgãos
Quem é designado para o desempenho de uma fun- de controle: ambiental, trabalhista etc.). Comprovada detida-
ção pública deve desempenhá-la, não podendo designar mente a gerência ou administração da sociedade particular
outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu subor- em concomitância com a pretensa carga horária da repartição
dinado. pública, deve ser aplicada a penalidade de demissão.

VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
liarem-se a associação pro ssional ou sindical, ou a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
partido político; cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o
O direito de associação é livre, não podendo um fun- segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical Não cabe atuar como procurador perante repartições
públicas de forma pro ssional. Daí a limitação à atua-
ou politicamente.
ção como representante de parente até segundo grau
(irmãos, ascendentes e descendentes, cônjuges e com-
VIII - manter sob sua che a imediata, em cargo ou
panheiros).
função de con ança, cônjuge, companheiro ou parente
até o segundo grau civil; XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos, A percepção de vantagem indevida gerando enrique-
neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade


favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri- administrativa de maior gravidade, bem como crime de
mento de pessoas mais quali cadas, especialmente no que corrupção passiva.
diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto
nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
do nepotismo no âmbito da administração pública federal. estrangeiro;
Trata-se de indício da intenção de praticar atos con-
Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, trários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
a nidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, in- Usura signi ca agiotagem, que é o empréstimo de di-
nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As
19 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi- atividades de empréstimo somente podem ser desempe-
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com. nhadas com m lucrativo por instituições credenciadas.
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

34
XV - proceder de forma desidiosa; CAPÍTULO III
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência. DA ACUMULAÇÃO
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-
tição em serviços ou atividades particulares; Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constitu-
O aparato da administração pública pertence ao Esta- ição, é vedada a acumulação remunerada de cargos
do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par- públicos.
ticulares. Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:

XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên- cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
cia e transitórias; observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não a) a de dois cargos de professor;
cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
salvo em caso de extrema necessidade. cientí co;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro s-
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom- sionais de saúde, com pro ssões regulamentadas;
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho; Segundo Carvalho Filho20, “o fundamento da proibição
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
violação ao princípio da imparcialidade. o servidor não execute qualquer delas com a necessária e -
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
quando solicitado. detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
A atualização de dados cadastrais é necessária para -se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
manter a administração ciente da situação de seu ser-
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
vidor.
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra consti-
tucional proibitiva”.
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
pregos e funções em autarquias, fundações públicas,
I - participação nos conselhos de administração e s-
empresas públicas, sociedades de economia mista da
cal de empresas ou entidades em que a União deten-
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios
ha, direta ou indiretamente, participação no capital
social ou em sociedade cooperativa constituída para e dos Municípios.
prestar serviços a seus membros; e A proibição vale tanto para a administração direta
II - gozo de licença para o trato de interesses particu- quanto para a indireta.
lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legis- § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, ca
lação sobre con ito de interesses. condicionada à comprovação da compatibilidade de
horários.
Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal Se o Estado pretende que o desempenho de ativida-
não será comprometido. de cumulada não gere prejuízo à função pública, correto
que exija a comprovação de compatibilidade de horários;

#FicaDica § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-


cimento de cargo ou emprego público efetivo com proven-
Proibições puníveis com demissão: tos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram
- Utilizar recursos pessoais e materiais para essas remunerações forem acumuláveis na atividade.
atividades particulares; Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o
- Valer-se do cargo para lograr proveito pes- agente se aposente do serviço público e continue o exer-
soal; cendo, recebendo aposentadoria e salário.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Proceder de forma desidiosa;


- Praticar usura; Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um
- Aceitar comissão, emprego, pensão de Es- cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
tado estrangeiro; grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela par-
- Receber propina, comissão, presente ou ticipação em órgão de deliberação coletiva.
qualquer outra vantagem; Cargo em comissão é aquele que não exige aprova-
- Atuar como procurador ou intermediário ção em concurso público, sendo designado para o exer-
(salvo benefício ou assistência previdenciária cício por possuir um vínculo de con ança com o supe-
de cônjuge, companheiro ou paciente até 2o rior. Somente é possível exercer 1, salvo interinamente.
grau); Da mesma forma, não cabe remuneração por participar
- Participar de sociedade privada (gerência/ de órgão de deliberação coletiva.
administração, personi cada/não) ou comér-
cio (salvo acionista, cotista ou comanditário). 20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

35
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes
à remuneração devida pela participação em consel- e contravenções imputadas ao servidor, nessa quali-
hos de administração e scal das empresas públicas dade.
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resul-
dades em que a União, direta ou indiretamente, de- ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
tenha participação no capital social, observado o que, penho do cargo ou função.
a respeito, dispuser legislação especí ca.
O exercício de função em determinados conselhos de Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po-
administração e scais aceita remuneração. Trata-se de derão cumular-se, sendo independentes entre si.
exceção ao caput.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi-
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que dor será afastada no caso de absolvição criminal que
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in-
negue a existência do fato ou sua autoria.
vestido em cargo de provimento em comissão, cará
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó-
tese em que houver compatibilidade de horário e local Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
com o exercício de um deles, declarada pelas autori- zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên-
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita
Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in- de envolvimento desta, a outra autoridade competen-
vestido de um cargo em comissão, cará afastado dos te para apuração de informação concernente à prática
cargos efetivos a não ser que exista compatibilidade de de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen-
horários e local com um deles, caso em que se afastará to, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
de somente um cargo efetivo. emprego ou função pública.
“Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem
da acumulação de cargos e funções públicas, regulamen- Este dispositivo visa garantir que os servidores públi-
tam, no âmbito do serviço público federal a vedação ge- cos denunciem os servidores hierarquicamente superio-
nérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Cons- res. A nal, todos teriam receio de denunciar se pudessem
tituição da República. De fato, a acumulação ilícita de ser responsabilizados civil, penal ou administrativamente
cargos públicos constitui uma das infrações mais comuns por tal denúncia caso no curso da apuração se veri casse
praticadas por servidores públicos, o que se constata ob- que ela não procedia.
servando o elevado número de processos administrati-
vos instaurados com esse objeto. O sistema adotado pela CAPÍTULO V
lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cotejado DAS PENALIDADES
com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi-
cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportuni- Art. 127. São penalidades disciplinares:
dades para regularizar sua situação e escapar da pena de I - advertência;
demissão. Também prevê a lei em comentário, um pro- II - suspensão;
cesso administrativo simpli cado (processo disciplinar de III - demissão;
rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 21. IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
CAPÍTULO IV
VI - destituição de função comissionada.
DAS RESPONSABILIDADES
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra- o funcionário se portou de forma inadequada e de que
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. isso não deve se repetir. A suspensão é uma sanção in-
termediária, fazendo com que o funcionário deixe de
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis- desempenhar o cargo por certo período. Na demissão,
sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em o funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim
prejuízo ao erário ou a terceiros. sanção mais grave. Outras sanções são cassação da apo-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado sentadoria ou disponibilidade, destituição do cargo em


ao erário somente será liquidada na forma prevista comissão, destituição da função comissionada.
no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consid-
execução do débito pela via judicial. eradas a natureza e a gravidade da infração cometida,
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, respon- os danos que dela provierem para o serviço público,
derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante-
regressiva. cedentes funcionais.
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos
sucessores e contra eles será executada, até o limite do Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
valor da herança recebida. mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
sanção disciplinar.
21 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

36
De forma fundamentada, justi cada, se escolherá por uma Atos descritos na Lei n° 8.429/92.
ou outra sanção, conforme a gravidade do ato praticado.
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos repartição;
casos de violação de proibição constante do art. 117, Ausência de discrição no exercício das funções.
incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever fun-
cional previsto em lei, regulamentação ou norma VI - insubordinação grave em serviço;
interna, que não justi que imposição de penalidade Violação grave do dever de obediência hierárquica.
mais grave.
Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. A
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu-
norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra viola-
lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
ção de dever funcional que não exija sanção mais grave.
Ofensa física a servidor ou administrado que não para
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de re- se defender.
incidência das faltas punidas com advertência e de
violação das demais proibições que não tipi quem in- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
fração sujeita a penalidade de demissão, não podendo IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
exceder de 90 (noventa) dias. razão do cargo;
A suspensão é uma sanção administrativa interme- X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do
diária, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se patrimônio nacional;
repetirem ou em caso de infração grave que ainda assim XI - corrupção;
não gere pena de demissão. XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias ções públicas;
o servidor que, injusti cadamente, recusar-se a ser Na verdade, são atos de improbidade administrativa,
submetido a inspeção médica determinada pela au- então nem precisariam ser mencionados.
toridade competente, cessando os efeitos da penali-
dade uma vez cumprida a determinação. XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Trata-se de hipótese especí ca em que será aplicada Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117.
suspensão.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação
penalidade de suspensão poderá ser convertida em
multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au-
de vencimento ou remuneração, cando o servidor toridade a que se refere o art. 143 noti cará o servidor,
obrigado a permanecer em serviço. por intermédio de sua che a imediata, para apresen-
Se for inconveniente para a administração pública abrir tar opção no prazo improrrogável de dez dias, con-
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu vencimen- tados da data da ciência e, na hipótese de omissão,
to/remuneração diário pelo número de dias de suspensão. adotará procedimento sumário para a sua apuração e
O servidor não poderá se recusar a permanecer em serviço. regularização imediata, cujo processo administrativo
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen- I - instauração, com a publicação do ato que consti-
são terão seus registros cancelados, após o decurso de tuir a comissão, a ser composta por dois servidores
3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectiva- estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a ma-
mente, se o servidor não houver, nesse período, prati- terialidade da transgressão objeto da apuração;
cado nova infração disciplinar. II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não fesa e relatório;
surtirá efeitos retroativos. III - julgamento.
O bom comportamento posterior do servidor faz com § 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I
que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspen-
dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a ma-
são (após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

terialidade pela descrição dos cargos, empregos ou


não signi ca que o servidor poderá requerer, por exem-
funções públicas em situação de acumulação ilegal,
plo, o pagamento referente aos dias que cou suspenso.
dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes ca- ingresso, do horário de trabalho e do correspondente
sos: regime jurídico.
I - crime contra a administração pública; § 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação
Artigos 312 a 326 do Código Penal. do ato que a constituiu, termo de indiciação em que
II - abandono de cargo; serão transcritas as informações de que trata o pará-
III - inassiduidade habitual; grafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex- do servidor indiciado, ou por intermédio de sua che a
cesso. imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar de-
fesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na
IV - improbidade administrativa; repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.

37
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará Logo, a destituição do cargo em comissão por quem
relatório conclusivo quanto à inocência ou à respon- não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis-
sabilidade do servidor, em que resumirá as peças prin- sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demis-
cipais dos autos, opinará sobre a licitude da acumu- são, mas também os sujeitos à pena de suspensão.
lação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co-
e remeterá o processo à autoridade instauradora, para
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
julgamento. implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua Nos casos de demissão e destituição do cargo em co-
decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto missão, os bens carão indisponíveis para o ressarcimen-
no § 3o do art. 167. to do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo penal própria.
para defesa con gurará sua boa-fé, hipótese em que Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co-
se converterá automaticamente em pedido de exoner- missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
ação do outro cargo. incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lo-
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição
grar proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em dignidade da função pública ou que tenha atuado como
relação aos cargos, empregos ou funções públicas procurador ou intermediário, junto a repartições públi-
em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os cas, salvo em hipóteses especí cas, não poderá ser in-
órgãos ou entidades de vinculação serão comunica- vestido em cargo público federal pelo prazo de 5 anos.
dos.
§ 7o O prazo para a conclusão do processo adminis- Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não ex- público federal o servidor que for demitido ou destituí-
cederá trinta dias, contados da data de publicação do do do cargo em comissão por infringência do art. 132,
ato que constituir a comissão, admitida a sua pror- incisos I, IV, VIII, X e XI.
Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes ca-
rogação por até quinze dias, quando as circunstâncias
sos, não caberá jamais retorno ao serviço público federal,
o exigirem. diante da gravidade dos atos praticados.
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições
deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, Art. 138. Con gura abandono de cargo a ausência in-
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias
desta Lei. consecutivos.
O artigo descreve o procedimento em caso de vio- Conceito de abandono de cargo: ausência intencional
lação do dever de não acumular cargos ilicitamente. No por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão.
início, o servidor será noti cado para se manifestar op-
tando por um cargo. Se car omisso ou se recusar fazer Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta
a opção, será instaurado processo administrativo disci- ao serviço, sem causa justi cada, por sessenta dias, in-
terpoladamente, durante o período de doze meses.
plinar. Nele, o servidor poderá apresentar defesa no sen- Conceito de inassiduidade habitual, que também
tido de ser lícita a cumulação. Mas até o último dia do gera demissão: ausência por 60 dias num período de 12
prazo para defesa o servidor poderá optar por um caso, meses de forma injusti cada.
caso em que o procedimento se converterá em pedido
de exoneração do cargo não escolhido, presumindo-se a Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas-
boa-fé do servidor. siduidade habitual, também será adotado o procedi-
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi- mento sumário a que se refere o art. 133, observando-
lidade do inativo que houver praticado, na atividade, se especialmente que:
falta punível com a demissão. I - a indicação da materialidade dar-se-á:
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

precisa do período de ausência intencional do servidor


Supondo que o servidor tenha praticado ato punível
ao serviço superior a trinta dias;
com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evi- b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
tará que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele dos dias de falta ao serviço sem causa justi cada, por
seria demitido se no exercício das funções. período igual ou superior a sessenta dias interpolada-
mente, durante o período de doze meses;
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido II - após a apresentação da defesa a comissão elabo-
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à re-
casos de infração sujeita às penalidades de suspensão sponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
e de demissão. principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so-
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior
35 será convertida em destituição de cargo em comis- a trinta dias e remeterá o processo à autoridade in-
stauradora para julgamento.
são.

38
Por indicação de materialidade, entenda-se demons- Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
tração do fato. É preciso indicar especi camente os dias prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
faltados. favoráveis ao servidor.
Adota-se o procedimento do art. 133. Interrupção da prescrição signi ca parar a contagem
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber-
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das até a decisão nal proferida por autoridade competente
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co-
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
de demissão e cassação de aposentadoria ou disponi- propor ação disciplinar.
bilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia #FicaDica
imediatamente inferior àquelas mencionadas no in-
ciso anterior quando se tratar de suspensão superior Penalidades:
a 30 (trinta) dias; - Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na - Suspensão – reincidência em infração pu-
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nível com advertência, incumbência a outro
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 servidor de atribuições estranhas ao cargo,
(trinta) dias; exercício de atividades incompatíveis com
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, cargo ou função;
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. - Demissão – artigo 132, inclusive reincidên-
Presidente da República/Presidentes da Câmara dos cia em infração punível com suspensão.
Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tri-
bunais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Pro-
curador-Geral da República - demissão ou cassação de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
aposentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao
órgão (sanções mais graves). TÍTULO V
Autoridade administrativa de hierarquia imediata- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
mente inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30
dias (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, CAPÍTULO I
por maior período). DISPOSIÇÕES GERAIS
Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari-
(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por dade no serviço público é obrigada a promover a sua
menor período). apuração imediata, mediante sindicância ou processo
Autoridade que houver feito a nomeação, em qual- administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
quer cargo de comissão, independente da pena. ampla defesa.
§§ 1º e 2º (Revogados)
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com da autoridade a que se refere, poderá ser promovida
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele
dade e destituição de cargo em comissão;
em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
competência especí ca para tal nalidade, delegada
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em em caráter permanente ou temporário pelo Presidente
que o fato se tornou conhecido. da República, pelos presidentes das Casas do Poder
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
cam-se às infrações disciplinares capituladas também Geral da República, no âmbito do respectivo Poder,
como crime. órgão ou entidade, preservadas as competências para
o julgamento que se seguir à apuração.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de


processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de- Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão
cisão nal proferida por autoridade competente. objeto de apuração, desde que contenham a identi -
cação e o endereço do denunciante e sejam formula-
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo das por escrito, con rmada a autenticidade.
começará a correr a partir do dia em que cessar a in- Parágrafo único. Quando o fato narrado não con-
terrupção. gurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do denúncia será arquivada, por falta de objeto.
direito de acionar judicialmente.
No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de I - arquivamento do processo;
suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
advertência) - Contados da data em que o fato se tornou são de até 30 (trinta) dias;
conhecido pela administração pública. III - instauração de processo disciplinar.

39
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân- Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com
cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser pror- independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
rogado por igual período, a critério da autoridade su- necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inter-
perior. esse da administração.
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co-
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor missões terão caráter reservado.
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de seguintes fases:
cargo em comissão, será obrigatória a instauração de I - instauração, com a publicação do ato que constituir
processo disciplinar. a comissão;
A sindicância é uma modalidade mais branda de apu- II - inquérito administrativo, que compreende in-
ração da infração administrativa porque ou gerará a apli- strução, defesa e relatório;
cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá III - julgamento.
o processo administrativo disciplinar que aplique a san-
ção mais grave, entendendo-se por sanções mais graves Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis-
qualquer uma pior do que suspensão por menos de 30 ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da
dias (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as data de publicação do ato que constituir a comissão,
outras que geram perda do cargo ou da aposentadoria). admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando
as circunstâncias o exigirem.
CAPÍTULO II
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO § 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem-
po integral aos seus trabalhos, cando seus membros
Art. 147. Como medida cautelar e a m de que o servi- dispensados do ponto, até a entrega do relatório nal.
dor não venha a in uir na apuração da irregularidade, § 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas
que deverão detalhar as deliberações adotadas.
a autoridade instauradora do processo disciplinar
poderá determinar o seu afastamento do exercício do
Este capítulo introduz aspectos sobre o processo ad-
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem pre-
ministrativo que serão aprofundados adiante e na própria
juízo da remuneração.
lei nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo adminis-
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
trativo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por
por igual prazo, ndo o qual cessarão os seus efeitos,
uma comissão de 3 membros funcionários estáveis que
ainda que não concluído o processo. decidirão com independência e imparcialidade, divide-se
O afastamento preventivo é uma medida cautelar que em 3 fases e possui prazo limite de duração (60, even-
impede que o servidor tente in uenciar na decisão da tualmente +60).
apuração de sua infração, podendo ocorrer por no máxi-
mo 60 dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de re- SEÇÃO I
muneração (a nal, ainda não foi condenado). DO INQUÉRITO
CAPÍTULO III Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao
DO PROCESSO DISCIPLINAR princípio do contraditório, assegurada ao acusado
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento des- admitidos em direito.
tinado a apurar responsabilidade de servidor por in-
fração praticada no exercício de suas atribuições, ou Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro-
que tenha relação com as atribuições do cargo em que cesso disciplinar, como peça informativa da instrução.
se encontre investido. Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sin-
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co- dicância concluir que a infração está capitulada como
missão composta de três servidores estáveis designa- ilícito penal, a autoridade competente encaminhará có-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dos pela autoridade competente, observado o disposto pia dos autos ao Ministério Público, independentemente
no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu da imediata instauração do processo disciplinar.
presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolari- Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
dade igual ou superior ao do indiciado. a tomada de depoimentos, acareações, investigações
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor desig- e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
em um de seus membros. modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom-
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
acusado, consanguíneo ou a m, em linha reta ou co- procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
lateral, até o terceiro grau. provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
tratar de prova pericial.

40
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos Art. 162. O indiciado que mudar de residência ca
considerados impertinentes, meramente protelatórios, obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fa- ser encontrado.
tos.
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e
a comprovação do fato independer de conhecimento não sabido, será citado por edital, publicado no Diário
especial de perito. O cial da União e em jornal de grande circulação na
localidade do último domicílio conhecido, para apre-
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me- sentar defesa.
diante mandado expedido pelo presidente da comis- Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo
são, devendo a segunda via, com o ciente do interes- para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última
sado, ser anexado aos autos. publicação do edital.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
a expedição do mandado será imediatamente comu- Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu-
nicada ao chefe da repartição onde serve, com a indi- larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
cação do dia e hora marcados para inquirição. § 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do
processo e devolverá o prazo para a defesa.
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê- § 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade in-
lo por escrito. stauradora do processo designará um servidor como
defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
se in rmem, proceder-se-á à acareação entre os de-
poentes. Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais
dos autos e mencionará as provas em que se baseou
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a
para formar a sua convicção.
comissão promoverá o interrogatório do acusado, ob-
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à in-
servados os procedimentos previstos nos arts. 157 e
ocência ou à responsabilidade do servidor.
158. § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
será ouvido separadamente, e sempre que divergirem transgredido, bem como as circunstâncias agravantes
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, ou atenuantes.
será promovida a acareação entre eles. Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co-
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in- missão, será remetido à autoridade que determinou a
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, sua instauração, para julgamento.
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermé- O inquérito é uma das fases do processo adminis-
dio do presidente da comissão. trativo disciplinar, obedecendo às regras descritas nes-
ta seção, destacando-se as que tratam da produção de
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental provas.
do acusado, a comissão proporá à autoridade competente
que ele seja submetido a exame por junta médica o cial, SEÇÃO II
da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. DO JULGAMENTO
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
processado em auto apartado e apenso ao processo Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re-
principal, após a expedição do laudo pericial. cebimento do processo, a autoridade julgadora profer-
Art. 161. Tipi cada a infração disciplinar, será formu- irá a sua decisão.
lada a indiciação do servidor, com a especi cação dos § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
fatos a ele imputados e das respectivas provas.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da autoridade instauradora do processo, este será en-


§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido caminhado à autoridade competente, que decidirá em
pelo presidente da comissão para apresentar defesa igual prazo.
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
vista do processo na repartição. sanções, o julgamento caberá à autoridade compe-
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será tente para a imposição da pena mais grave.
comum e de 20 (vinte) dias. § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cas-
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo sação de aposentadoria ou disponibilidade, o jul-
dobro, para diligências reputadas indispensáveis. gamento caberá às autoridades de que trata o inciso
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente I do art. 141.
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servi-
da data declarada, em termo próprio, pelo membro dor, a autoridade instauradora do processo determi-
da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2) nará o seu arquivamento, salvo se agrantemente
duas testemunhas. contrária à prova dos autos.

41
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis- SEÇÃO III
são, salvo quando contrário às provas dos autos. DA REVISÃO DO PROCESSO
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão
contrariar as provas dos autos, a autoridade julga- Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto,
dora poderá, motivadamente, agravar a penalidade a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de respon- aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
sabilidade. justi car a inocência do punido ou a inadequação da
penalidade aplicada.
Art. 169. Veri cada a ocorrência de vício insanável, § 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci-
a autoridade que determinou a instauração do pro- mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá
cesso ou outra de hierarquia superior declarará a sua requerer a revisão do processo.
nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a
a constituição de outra comissão para instauração de revisão será requerida pelo respectivo curador.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe
novo processo.
ao requerente.
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penali-
nulidade do processo. dade não constitui fundamento para a revisão, que
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição requer elementos novos, ainda não apreciados no
de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na processo originário.
forma do Capítulo IV do Título IV.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a au- Art. 177. O requerimento de revisão do processo será
toridade julgadora determinará o registro do fato nos dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva-
assentamentos individuais do servidor. lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedi-
do ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como o processo disciplinar.
crime, o processo disciplinar será remetido ao Minis- Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade compe-
tério Público para instauração da ação penal, cando tente providenciará a constituição de comissão, na forma
trasladado na repartição. do art. 149.

Art. 172. O servidor que responder a processo discipli- Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo
nar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado originário.
voluntariamente, após a conclusão do processo e o Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente
cumprimento da penalidade, acaso aplicada. pedirá dia e hora para a produção de provas e in-
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o quirição das testemunhas que arrolar.
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será conver-
tido em demissão, se for o caso. Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
para a conclusão dos trabalhos.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revi-
fora da sede de sua repartição, na condição de teste- sora, no que couber, as normas e procedimentos próp-
rios da comissão do processo disciplinar.
munha, denunciado ou indiciado;
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que apli-
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para
cou a penalidade, nos termos do art. 141.
a realização de missão essencial ao esclarecimento Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20
dos fatos. (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no
Nesta seção, trata-se do julgamento do processo ad- curso do qual a autoridade julgadora poderá determi-
ministrativo disciplinar, que não será feito pela comissão, nar diligências.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mas pela autoridade competente para aplicar a sanção. Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada
A nal, a comissão apenas indica qual o ato praticado sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se
pelo indiciamento. Se houver mais de um indiciado e as todos os direitos do servidor, exceto em relação à des-
sanções forem diversas, julga a autoridade de maior nível tituição do cargo em comissão, que será convertida
hierárquico. Ex: autoridade que pode aplicar suspensão em exoneração.
não pode aplicar demissão, de forma que se a um dos Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
indiciados couber demissão será a autoridade que pode resultar agravamento de penalidade.
aplicar esta pena que aplicará também a suspensão ao
outro indiciado. A revisão do processo consiste na possibilidade do
servidor condenado requerer que sua condenação seja
revista se surgirem novos fatos ou circunstâncias que
justi quem sua absolvição ou a aplicação de uma pena
mais leve. Poderá ser requerida ao ministro de Estado ou

42
autoridade de mesma hierarquia e será apensada ao processo administrativo originário. O julgamento será feito pela
mesma autoridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena deveria ser maior, não cabe agravar a situa-
ção do servidor.

#FicaDica

Sindicância Inquérito administrativo Procedimento sumário


Prazo 30 + 30 dias 60 + 60 dias 30 + 15 dias
Suspensão por mais de
Inassiduidade
Suspensão de até 30 dias
Penalidade/Motivo Abandono de cargo
30 dias Demissão
Acumulação ilegal de cargos
Cassação
Comissão 1, 2 ou 3 servidores 3 servidores 2 servidores

SEGURIDADE SOCIAL

TÍTULO VI
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o servidor e sua família.
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efe-
tivo na administração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade
Social, com exceção da assistência à saúde.
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir em organismo
o cial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para regime
de previdência social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor
Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do mencionado
regime de previdência.
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime
do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição, no
mesmo percentual devido pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus
no exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.

§ 4o O recolhimento de que trata o § 3 o deve ser efetuado até o segundo dia útil após a data do pagamento das remu-
nerações dos servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais quando
não recolhidas na data de vencimento.

Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e
compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes nalidades:
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, faleci-
mento e reclusão;
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
III - assistência à saúde.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e condições de nidos em regulamento, observadas as
disposições desta Lei.

Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem:


I - quanto ao servidor:
a) aposentadoria;
b) auxílio-natalidade;
c) salário-família;
d) licença para tratamento de saúde;
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
f) licença por acidente em serviço;
g) assistência à saúde;
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias;

43
II - quanto ao dependente: Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez
a) pensão vitalícia e temporária; vigorará a partir da data da publicação do respectivo
b) auxílio-funeral; ato.
c) auxílio-reclusão; § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de
d) assistência à saúde. licença para tratamento de saúde, por período não ex-
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e cedente a 24 (vinte e quatro) meses.
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se en-
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em
contram vinculados os servidores, observado o dispos-
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado,
to nos arts. 189 e 224.
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por o servidor será aposentado.
fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário § 3o O lapso de tempo compreendido entre o término
do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. da licença e a publicação do ato da aposentadoria
será considerado como de prorrogação da licença.
CAPÍTULO II § 4o Para os ns do disposto no § 1o deste artigo, serão
DOS BENEFÍCIOS consideradas apenas as licenças motivadas pela en-
fermidade ensejadora da invalidez ou doenças cor-
SEÇÃO I relacionadas.
DA APOSENTADORIA § 5o A critério da Administração, o servidor em licença
para tratamento de saúde ou aposentado por invali-
Art. 186. O servidor será aposentado: dez poderá ser convocado a qualquer momento, para
I - por invalidez permanente, sendo os proventos in- avaliação das condições que ensejaram o afastamento
tegrais quando decorrente de acidente em serviço,
ou a aposentadoria.
moléstia pro ssional ou doença grave, contagiosa ou
incurável, especi cada em lei, e proporcionais nos de-
mais casos; Art. 189. O provento da aposentadoria será calcula-
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com do com observância do disposto no § 3o do art. 41, e
proventos proporcionais ao tempo de serviço; revisto na mesma data e proporção, sempre que se
III - voluntariamente: modi car a remuneração dos servidores em atividade.
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, Parágrafo único. São estendidos aos inativos quais-
e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; quer benefícios ou vantagens posteriormente conce-
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções didas aos servidores em atividade, inclusive quando
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se pro- decorrentes de transformação ou reclassi cação do
fessora, com proventos integrais; cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais Art. 190. O servidor aposentado com provento propor-
a esse tempo;
cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos propor- das moléstias especi cadas no § 1 o do art. 186 desta
cionais ao tempo de serviço. Lei e, por esse motivo, for considerado inválido por
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou junta médica o cial passará a perceber provento in-
incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tu- tegral, calculado com base no fundamento legal de
berculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, concessão da aposentadoria.
neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no
serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, es- provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remu-
pondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados neração da atividade.
avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Sín-
drome de Imunode ciência Adquirida - AIDS, e outras Art. 192. (Vetado).
que a lei indicar, com base na medicina especializada.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas
Art. 193. (Revogado).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses pre-


vistas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso
III, “a” e “c”, observará o disposto em lei especí ca. Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a grati -
cação natalina, até o dia vinte do mês de dezembro,
em valor equivalente ao respectivo provento, deduzido
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à o adiantamento recebido.
junta médica o cial, que atestará a invalidez quando Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente
caracterizada a incapacidade para o desempenho das participado de operações bélicas, durante a Segunda
atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12
o disposto no art. 24. de setembro de 1967, será concedida aposentadoria
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automáti- com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de
ca, e declarada por ato, com vigência a partir do dia serviço efetivo.
imediato àquele em que o servidor atingir a idade-
limite de permanência no serviço ativo.

44
SEÇÃO II § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no lo-
DO AUXÍLIO-NATALIDADE cal onde se encontra ou tenha exercício em caráter
permanente o servidor, e não se con gurando as hipó-
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por teses previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito
motivo de nascimento de lho, em quantia equiva- atestado passado por médico particular.
lente ao menor vencimento do serviço público, inclu- § 3o No caso do § 2 o deste artigo, o atestado somente
sive no caso de natimorto. produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será de recursos humanos do órgão ou entidade.
acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. § 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do
servidor público, quando a parturiente não for servi- primeiro dia de afastamento será concedida mediante
dora. avaliação por junta médica o cial.
§ 5o A perícia o cial para concessão da licença de que
SEÇÃO III trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos
DO SALÁRIO-FAMÍLIA de perícia o cial previstos nesta Lei, será efetuada por
cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo campo de atuação da odontologia.
ou ao inativo, por dependente econômico.
Parágrafo único. Consideram-se dependentes Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior
econômicos para efeito de percepção do salário-famíl- a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser
ia: dispensada de perícia o cial, na forma de nida em
I - o cônjuge ou companheiro e os lhos, inclusive os regulamento.
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se es-
tudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não
de qualquer idade; se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante au- quando se tratar de lesões produzidas por acidente em
torização judicial, viver na companhia e às expensas serviço, doença pro ssional ou qualquer das doenças
do servidor, ou do inativo; especi cadas no art. 186, § 1o.
III - a mãe e o pai sem economia própria. Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
Art. 198. Não se con gura a dependência econômi- orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção
ca quando o bene ciário do salário-família perceber médica.
rendimento do trabalho ou de qualquer outra fonte,
inclusive pensão ou provento da aposentadoria, em Art. 206-A. O servidor será submetido a exames mé-
valor igual ou superior ao salário-mínimo. dicos periódicos, nos termos e condições de nidos em
regulamento.
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públi- Parágrafo único. Para os ns do disposto no caput, a
cos e viverem em comum, o salário-família será pago União e suas entidades autárquicas e fundacionais
a um deles; quando separados, será pago a um e out- poderão:
ro, de acordo com a distribuição dos dependentes. I - prestar os exames médicos periódicos diretamente
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o pa- pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado
drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes o servidor;
legais dos incapazes. II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação
ou parceria com os órgãos e entidades da adminis-
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tração direta, suas autarquias e fundações;
tributo, nem servirá de base para qualquer con- III - celebrar convênios com operadoras de plano de
tribuição, inclusive para a Previdência Social. assistência à saúde, organizadas na modalidade de
autogestão, que possuam autorização de funciona-
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remu- mento do órgão regulador, na forma do art. 230; ou
neração, não acarreta a suspensão do pagamento do IV - prestar os exames médicos periódicos mediante
contrato administrativo, observado o disposto na Lei
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

salário-família.
no 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas
SEÇÃO IV pertinentes.
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
SEÇÃO V
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para trata- DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LI-
mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em CENÇA-PATERNIDADE
perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que
zer jus. Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo
será concedida com base em perícia o cial. da remuneração.
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será § 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do
realizada na residência do servidor ou no estabeleci- nono mês de gestação, salvo antecipação por pre-
mento hospitalar onde se encontrar internado. scrição médica.

45
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá Art. 216. (Revogado)
início a partir do parto.
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias Art. 217. São bene ciários das pensões:
do evento, a servidora será submetida a exame mé- I - o cônjuge;
dico, e se julgada apta, reassumirá o exercício. II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
§ 4o No caso de aborto atestado por médico o cial, de fato, com percepção de pensão alimentícia estabel-
a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso ecida judicialmente;
remunerado. III - o companheiro ou companheira que comprove
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de lhos, o servi- união estável como entidade familiar;
dor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias IV - o lho de qualquer condição que atenda a um dos
consecutivos. seguintes requisitos:
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;
b) seja inválido;
Art. 209. Para amamentar o próprio lho, até a idade
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante
a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que
d) tenha de ciência intelectual ou mental, nos termos
poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora. do regulamento;
V - a mãe e o pai que comprovem dependência
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda ju- econômica do servidor; e
dicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão conce- VI - o irmão de qualquer condição que comprove de-
didos 90 (noventa) dias de licença remunerada. pendência econômica do servidor e atenda a um dos
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judi- requisitos previstos no inciso IV.
cial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o § 1º A concessão de pensão aos bene ciários de que
prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias. tratam os incisos I a IV do caput exclui os bene ciários
referidos nos incisos V e VI.
SEÇÃO VI § 2º A concessão de pensão aos bene ciários de que
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO trata o inciso V do caput exclui o bene ciário referido
no inciso VI.
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o § 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a
servidor acidentado em serviço. lho mediante declaração do servidor e desde que
comprovada dependência econômica, na forma esta-
Art. 212. Con gura acidente em serviço o dano físico belecida em regulamento.
ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, me-
diata ou imediatamente, com as atribuições do cargo Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
exercido. pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço entre os bene ciários habilitados.
o dano:
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada tempo, prescrevendo tão-somente as prestações ex-
pelo servidor no exercício do cargo; igíveis há mais de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho
posterior ou habilitação tardia que implique exclusão
e vice-versa.
de bene ciário ou redução de pensão só produzirá
efeitos a partir da data em que for oferecida.
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que neces-
site de tratamento especializado poderá ser tratado Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:
em instituição privada, à conta de recursos públicos.
Parágrafo único. O tratamento recomendado por I - após o trânsito em julgado, o bene ciário conde-
junta médica o cial constitui medida de exceção e nado pela prática de crime de que tenha dolosamente
somente será admissível quando inexistirem meios e resultado a morte do servidor;
recursos adequados em instituição pública.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se


Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude
10 (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias no casamento ou na união estável, ou a formalização
o exigirem. desses com o m exclusivo de constituir benefício
previdenciário, apuradas em processo judicial no qual
SEÇÃO VII será assegurado o direito ao contraditório e à ampla
DA PENSÃO defesa.
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas presumida do servidor, nos seguintes casos:
hipóteses legais, fazem jus à pensão a partir da data I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária
de óbito, observado o limite estabelecido no inciso XI competente;
do caput do art. 37 da Constituição Federal e no art. II - desaparecimento em desabamento, inundação,
2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. incêndio ou acidente não caracterizado como em
serviço;

46
III - desaparecimento no desempenho das atribuições § 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos
do cargo ou em missão de segurança. e desde que nesse período se veri que o incremento
Parágrafo único. A pensão provisória será transfor- mínimo de um ano inteiro na média nacional única,
mada em vitalícia ou temporária, conforme o caso, para ambos os sexos, correspondente à expectativa de
decorridos 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão
eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que ser xadas, em números inteiros, novas idades para
o benefício será automaticamente cancelado. os ns previstos na alínea “b” do inciso VII do caput,
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de bene ciário: em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orça-
I - o seu falecimento; mento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação
com as idades anteriores ao referido incremento.
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocor-
§ 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de
rer após a concessão da pensão ao cônjuge;
Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Pre-
III - a cessação da invalidez, em se tratando de ben- vidência Social (RGPS) será considerado na contagem
e ciário inválido, o afastamento da de ciência, em se das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas
tratando de bene ciário com de ciência, ou o levan- alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.
tamento da interdição, em se tratando de bene ciário
com de ciência intelectual ou mental que o torne ab- Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de ben-
soluta ou relativamente incapaz, respeitados os perío- e ciário, a respectiva cota reverterá para os coben-
dos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e ciários.
e “b” do inciso VII;
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza-
pelo lho ou irmão; das na mesma data e na mesma proporção dos rea-
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; justes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o
VI - a renúncia expressa; e disposto no parágrafo único do art. 189.
VII - em relação aos bene ciários de que tratam os
incisos I a III do caput do art. 217: Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer percepção cumulativa de pensão deixada por mais
sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) con- de um cônjuge ou companheiro ou companheira e de
mais de 2 (duas) pensões.
tribuições mensais ou se o casamento ou a união es-
tável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos
SEÇÃO VIII
antes do óbito do servidor; DO AUXÍLIO-FUNERAL
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servi-
servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições dor falecido na atividade ou aposentado, em valor
mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do equivalente a um mês da remuneração ou provento.
casamento ou da união estável:
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio
de idade; será pago somente em razão do cargo de maior re-
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) muneração.
anos de idade; § 2º (VETADO).
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e
nove) anos de idade; oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) pessoa da família que houver custeado o funeral.
anos de idade; Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 será indenizado, observado o disposto no artigo an-
(quarenta e três) anos de idade; terior.
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em
de idade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

serviço fora do local de trabalho, inclusive no exterior,


§ 1º A critério da administração, o bene ciário de pen- as despesas de transporte do corpo correrão à conta
são cuja preservação seja motivada por invalidez, por de recursos da União, autarquia ou fundação pública.
incapacidade ou por de ciência poderá ser convocado
a qualquer momento para avaliação das referidas
condições. SEÇÃO IX
§ 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida DO AUXÍLIO-RECLUSÃO
no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do in-
ciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor decor- Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-
rer de acidente de qualquer natureza ou de doença reclusão, nos seguintes valores:
pro ssional ou do trabalho, independentemente do I - dois terços da remuneração, quando afastado por
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais motivo de prisão, em agrante ou preventiva, deter-
ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou minada pela autoridade competente, enquanto per-
de união estável. durar a prisão;

47
II - metade da remuneração, durante o afastamento, regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da
em virtude de condenação, por sentença de nitiva, a vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis
pena que não determine a perda de cargo. aos convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006;
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
servidor terá direito à integralização da remuneração, no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de pla-
desde que absolvido. nos e seguros privados de assistência à saúde que pos-
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir suam autorização de funcionamento do órgão regu-
do dia imediato àquele em que o servidor for posto em lador;
liberdade, ainda que condicional. III - (VETADO)
§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-re- § 4o (VETADO)
clusão será devido, nas mesmas condições da pensão § 5 o O valor do ressarcimento ca limitado ao total
por morte, aos dependentes do segurado recolhido à despendido pelo servidor ou pensionista civil com
prisão. plano ou seguro privado de assistência à saúde.

CAPÍTULO III CAPÍTULO IV


DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO CUSTEIO

Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou Art. 231. (Revogado).


inativo, e de sua família compreende assistência mé-
dica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêu- DISPOSIÇÕES GERAIS
tica, terá como diretriz básica o implemento de ações
preventivas voltadas para a promoção da saúde e será TÍTULO VIII
prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta- CAPÍTULO ÚNICO
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda
na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado
valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus a vinte e oito de outubro.
dependentes ou pensionistas com planos ou seguros pri-
vados de assistência à saúde, na forma estabelecida em Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Po-
regulamento. deres Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja ex- incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos
igida perícia, avaliação ou inspeção médica, na aus- respectivos planos de carreira:
ência de médico ou junta médica o cial, para a sua I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou
realização o órgão ou entidade celebrará, preferen- trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade
cialmente, convênio com unidades de atendimento do e a redução dos custos operacionais;
sistema público de saúde, entidades sem ns lucra- II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mé-
tivos declaradas de utilidade pública, ou com o Insti- rito, condecoração e elogio.
tuto Nacional do Seguro Social - INSS.
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justi cada, da Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão conta-
aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão dos em dias corridos, excluindo-se o dia do começo
ou entidade promoverá a contratação da prestação e incluindo-se o do vencimento, cando prorrogado,
de serviços por pessoa jurídica, que constituirá junta para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em
médica especi camente para esses ns, indicando os dia em que não haja expediente.
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a
comprovação de suas habilitações e de que não este- Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de con-
jam respondendo a processo disciplinar junto à enti- vicção losó ca ou política, o servidor não poderá ser
dade scalizadora da pro ssão. privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer discrimi-
§ 3o Para os ns do disposto no caput deste artigo, nação em sua vida funcional, nem eximir-se do cum-
cam a União e suas entidades autárquicas e funda- primento de seus deveres.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cionais autorizadas a: Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos


I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação termos da Constituição Federal, o direito à livre as-
de serviços de assistência à saúde para os seus servi- sociação sindical e os seguintes direitos, entre outros,
dores ou empregados ativos, aposentados, pensionis- dela decorrentes:
tas, bem como para seus respectivos grupos familiares a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
de nidos, com entidades de autogestão por elas pa- substituto processual;
trocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetiva- b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um
mente celebrados e publicados até 12 de fevereiro de ano após o nal do mandato, exceto se a pedido;
2006 e que possuam autorização de funcionamento c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
do órgão regulador, sendo certo que os convênios cel- que for liado, o valor das mensalidades e contribuições de -
ebrados depois dessa data somente poderão sê-lo na nidas em assembleia geral da categoria.
forma da regulamentação especí ca sobre patrocínio d) e e) (Revogados).
de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão

48
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além § 8o Para ns de incidência do imposto de renda na
do cônjuge e lhos, quaisquer pessoas que vivam às fonte e na declaração de rendimentos, serão conside-
suas expensas e constem do seu assentamento indi- rados como indenizações isentas os pagamentos efe-
vidual. tuados a título de indenização prevista no parágrafo
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a compan- anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
heira ou companheiro, que comprove união estável § 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do
como entidade familiar. disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Exe-
cutivo quando considerados desnecessários. (Incluído
Art. 242. Para os ns desta Lei, considera-se sede o pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
município onde a repartição estiver instalada e onde o
servidor tiver exercício, em caráter permanente. Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já con-
cedidos aos servidores abrangidos por esta Lei, cam
Título IX transformados em anuênio.

Capítulo Único Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116
da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal,
Das Disposições Transitórias e Finais ca transformada em licença-prêmio por assiduidade,
na forma prevista nos arts. 87 a 90.
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico institu-
ído por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, Art. 246. (VETADO).
os servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios,
das autarquias, inclusive as em regime especial, e das
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta
fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de
Lei, haverá ajuste de contas com a Previdência Social,
outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos
correspondente ao período de contribuição por parte
Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Tra-
dos servidores celetistas abrangidos pelo art. 243. (Re-
balho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
dação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91)
maio de 1943, exceto os contratados por prazo deter-
minado, cujos contratos não poderão ser prorrogados
após o vencimento do prazo de prorrogação. Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a
vigência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão
§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos ou entidade de origem do servidor.
no regime instituído por esta Lei cam transformados
em cargos, na data de sua publicação. Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art.
§ 2o As funções de con ança exercidas por pessoas 231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão
não integrantes de tabela permanente do órgão ou na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos
entidade onde têm exercício cam transformadas em para o servidor civil da União conforme regulamento
cargos em comissão, e mantidas enquanto não for im- próprio.
plantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades
na forma da lei. Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições neces-
exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela sárias para a aposentadoria nos termos do inciso II do
de pessoal, cam extintas na data da vigência desta art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos
Lei. Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952,
§ 4o (VETADO). aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dis-
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos ser- positivo. (Mantido pelo Congresso Nacional)
ventuários da Justiça, remunerados com recursos da
União, no que couber. Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

estabilidade no serviço público, enquanto não adqui- Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
rirem a nacionalidade brasileira, passarão a integrar blicação, com efeitos nanceiros a partir do primeiro
tabela em extinção, do respectivo órgão ou entidade, dia do mês subseqüente.
sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de car-
reira aos quais se encontrem vinculados os empregos. Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou-
§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste tubro de 1952, e respectiva legislação complementar,
artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Dis- bem como as demais disposições em contrário.
posições Constitucionais Transitórias, poderão, no
interesse da Administração e conforme critérios esta- Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Indepen-
belecidos em regulamento, ser exonerados mediante dência e 102o da República.
indenização de um mês de remuneração por ano de
efetivo exercício no serviço público federal. (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

49
CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPON-
SABILIDADE #FicaDica
Curioso é o caso dos danos causados pelas
Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsabili-
enchentes, sobretudo em cidades onde o es-
dade estatal, existem duas vertentes distintas. A primeira,
coamento das águas é precário, como ocorre
denominada risco integral, dispõe que o Estado possui
em algumas regiões da cidade de São Paulo.
o dever de indenizar todo e qualquer dano causado pela
Como regra geral, o Estado não se responsa-
prática de seus atos, não admitindo nenhuma excluden- biliza por prejuízos causados pelas enchentes.
te. Trata-se de uma variação radical, em que a Adminis- A 3ª Câmara de Direito Público do TJ/SP negou
tração se transforma em um indenizador universal. Não provimento à AC nº 0170440220058260602 in-
é adotado em nenhum país, sendo adotado no Brasil terposta por três proprietários de imóveis afe-
somente como exceção em alguns casos especí cos, tados pelas fortes chuvas do início do ano de
como nos acidentes de trabalho, na indenização coberta 2012, que pleiteavam pedido de indenização
pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT), etc. pelos danos causados pelas chuvas, pois as ga-
A segunda vertente, denominada teoria do risco ad- lerias pluviais de seu bairro não eram su cien-
ministrativo, é a adotada como regra geral no direito tes para escoar toda a água, caracterizando-se
brasileiro. Tal teoria reconhece algumas excludentes da em falta no serviço público. Segundo voto do
responsabilidade do Estado. Excludentes são circunstân- relator, porém, não havia qualquer prova que
cias que, como o próprio nome diz, afastam o dever de de na a ocorrência de qualquer falta de serviço
indenizar durante a sua ocorrência. São, ao todo, três que possa ser atribuída ao Município e que te-
modalidades: nha sido causa concorrente para o evento.
a) Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que
o prejuízo é consequência da intenção delibera-
da da própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o Todo aquele que se sentir prejudicado por conduta
referido serviço público, acaba sofrendo danos por comissiva ou omissiva de agente público pode pleitear,
uma ação tomada por ela mesma, não havendo pela via administrativa ou judicial, a devida reparação pe-
qualquer relação com as condutas do Poder Públi- los danos causados. Na via administrativa, basta que o
co. É o caso, por exemplo, de pessoa que se joga prejudicado formule o pedido a autoridade competente,
na frente de viatura policial para ser atropelada. que instaurará processo administrativo para apurar a res-
Não se confunde com a culpa concorrente, que se ponsabilidade e o pagamento de indenização.
traduz no dano causado pela conduta recíproca Porém, é preferível que a vítima utilize a via judicial,
do Estado e da própria vítima. Neste caso, há uma hipótese mais comum haja vista o direito de petição, que
análise pericial para determinar os diferentes graus se caracteriza no dever do Poder Judiciário de atender
de culpa de cada agente, ensejando reparação. todas as demandas feitas pelos cidadãos. O direito à in-
b) Força maior: é o evento imprevisível e involun- denização da vítima se instrumentaliza pela ação indeni-
tário que rompe o nexo de casualidade entre o ato zatória. A ação indenizatória, dessa forma, é aquela pro-
da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima. posta pela vítima contra a pessoa jurídica à qual o agente
Geralmente são causados pela força da natureza. público causador do dano pertence. Conforme dispõe o
É o caso, por exemplo, do desabamento de ter- art. 206, § 3º, V, do Código Civil, o prazo prescricional
ras que arruínam as casas de um bairro, devido às para a propositura de ação indenizatória é de três anos,
fortes chuvas. Não se confunde com o caso fortu- contados da ocorrência do evento danoso.
ito, em que o dano decorre de ato humano, ou da
própria Administração, como o desabamento de
uma estrada. O caso fortuito enseja o dever de re- EXERCÍCIO COMENTADO
sponsabilidade somente se tal evento for causado
pelo agente público.
c) Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuízo 1. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL –
é atribuído a pessoa estranha aos quadros da Ad- AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA – FCC – 2018) Jaime
ministração Pública. Dessa forma, não há como o exerce o cargo remunerado de professor público em de-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado ser imputado responsável por atos pratica- terminada instituição de ensino, no período matutino e,
dos por pessoas que não fazem parte de sua com- após aprovação em concurso público, nos termos da lei,
posição. pretende exercer também o mesmo cargo remunerado
em uma outra instituição pública de ensino, no período
noturno. Sua esposa, Rosa, exerce cargo público cientí-
co remunerado no período vespertino e tem interesse
em prestar concurso para exercer também cargo remu-
nerado de professora em uma instituição pública de en-
sino superior no período noturno. Com base apenas nas
informações fornecidas e de acordo com a Constituição
Federal, obedecidos os limites remuneratórios eventual-
mente aplicáveis, a acumulação de cargos pretendida é:

50
a) vedada ao Jaime e à Rosa. b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
b) permitida apenas ao Jaime. zo, ndo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
c) permitida apenas à Rosa. não concluído o processo.
d) permitida ao Jaime e à Rosa. c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
e) permitida ao Jaime e à Rosa, desde que se trate de zo, ndo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o
cargos integrantes de Administrações de diferentes processo não tiver sido concluído, hipótese em que
esferas da federação. poderá ser prorrogado pelo prazo máximo de 180
dias.
Resposta: Letra D. O caso de Jaime é permitido pelo d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
ordenamento jurídico, uma vez que estamos diante exceto se o processo não tiver sido concluído, hipóte-
da hipótese de acumulação de dois cargos de profes- se em que o afastamento poderá ser prorrogado pelo
sor, com compatibilidade de horários (art. 37, XVI, a, prazo máximo de trinta dias.
CF/1988). O caso de Rosa também é permitido. Assu- e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180
mindo que seja aprovada em concurso, é permitido dias, ndo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
a Rosa acumular um cargo de professor, com outro não concluído o processo.
cargo de natureza técnica ou cientí ca (art. 37, XVI, b,
CF/1988), havendo compatibilidade de horários (pe- Resposta: Letra B. As letras A e D estão incorretas, pois
ríodo vespertino = à tarde). é permitido prorrogação do afastamento por igual pra-
zo, na forma do parágrafo único do art. 147 da Lei nº
2. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA 8.112/1990. A letra C e E estão incorretas, pois não há
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Suponha que deter- previsão legal de prorrogação do prazo para 180 dias.
minado servidor público federal tenha solicitado licença
para tratar de interesses particulares, a qual, contudo, 4. (TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ANÁLISE DE
restou negada pela Administração. Entre os possíveis SISTEMAS – FCC – 2017) Miguel é servidor público fe-
motivos legalmente previstos para negativa, nos termos
deral e pretende licenciar-se do cargo para o desempe-
disciplinados pela Lei n° 8.112/1990, se insere(m):
nho de mandato classista em sindicato representativo da
I. Estar o servidor no curso de estágio probatório.
categoria do qual faz parte e que conta com 5.000 asso-
II. Ser o servidor ocupante exclusivamente de cargo em
ciados. Cumpre salientar que o servidor foi eleito para
comissão.
cargo de representação no mencionado sindicato. Nos
III. Razões de conveniência da Administração.
termos da Lei nº 8.112/1990:
Está correto o que se a rma em:
a) o mencionado sindicato comportará até quatro ser-
a) I, II e III. vidores licenciados para o desempenho de mandato
b) II, apenas. classista.
c) II e III, apenas. b) a licença perdurará pelo mesmo prazo do mandato,
d) I e III, apenas. não podendo ser renovada.
e) I e II, apenas. c) será assegurado ao servidor o direito à licença sem
remuneração para o desempenho do respectivo man-
Resposta: Letra A. A licença para tratar de assun- dato.
tos pessoais consta no caput do art. 91 da Lei nº d) não constitui requisito para a mencionada licença que
8.112/1993. Em I, o fato do servidor estar em está- o sindicato seja cadastrado no órgão competente.
gio probatório faz com que ele não possa ter conce- e) o mencionado sindicato comportará apenas um servi-
dida licença para tratar de assuntos pessoais, Em II, dor licenciado para o desempenho de mandato clas-
somente pode ser concedida a referida licença para sista.
os servidores ocupantes de cargo efetivo, não se es-
tende para os servidores ocupantes de cargo em co- Resposta: Letra C. Em “a” e “e”, são devidos 2 servido-
missão. Em III, se a Administração entender que, por res licenciados (art. 92, I, Lei nº 8.112/1990).
razões de conveniência, a licença poderia lhe trazer Em “b”, cabe renovação da licença em caso de reelei-
grandes prejuízos, ela pode não concedê-la ao ser- ção (art. 92, § 2 o, Lei nº 8.112/1990).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vidor. Em “c”, disciplina o art. 92 da Lei nº 8.112/1990: “É


assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
3. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC muneração para o desempenho de mandato em
– 2018) De acordo com a Lei no 8.112/1990, como me- confederação, federação, associação de classe de âm-
dida cautelar e a m de que o servidor não venha a bito nacional, sindicato representativo da categoria
in uir na apuração da irregularidade, a autoridade ins- ou entidade scalizadora da pro ssão ou, ainda, para
tauradora do processo disciplinar poderá determinar o participar de gerência ou administração em socieda-
seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de de cooperativa constituída por servidores públicos
até 60 dias, sem prejuízo da remuneração. Ocorrendo o para prestar serviços a seus membros, observado o
término desses 60 dias, disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta
Lei, conforme disposto em regulamento e observa-
a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente, dos os seguintes limites: I – para entidades com até
ainda que não concluído o processo. 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) servidores; II –

51
para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; III – para contígua necessária ao desenvolvimento da obra a
entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, que se destina, e as zonas que se valorizarem extraor-
8 (oito) servidores. §1º Somente poderão ser licencia- dinariamente, em consequência da realização do ser-
dos os servidores eleitos para cargos de direção ou viço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pú-
de representação nas referidas entidades, desde que blica deverá compreendê-las, mencionando-se quais
cadastradas no órgão competente. §2º A licença terá as indispensaveis à continuação da obra e as que se
duração igual à do mandato, podendo ser renovada, destinam à revenda.
no caso de reeleição”. Parágrafo único. Quando a desapropriação destinar-
Em “d”, exige-se o cadastramento da entidade em ór- -se à urbanização ou à reurbanização realizada me-
gão competente (art. 92, § 1o, Lei nº 8.112/1990). diante concessão ou parceria público-privada, o edital
de licitação poderá prever que a receita decorrente da
revenda ou utilização imobiliária integre projeto as-
sociado por conta e risco do concessionário, garantido
DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE ao poder concedente no mínimo o ressarcimento dos
PÚBLICA, POR NECESSIDADE PÚBLICA, E desembolsos com indenizações, quando estas carem
sob sua responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.873,
POR INTERESSE SOCIAL; INDENIZAÇÃO
de 2013)
EM CASO DE DESAPROPRIAÇÕES Art. 5o Consideram-se casos de utilidade pública:
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado;
DECRETO-LEI Nº 3.365, DE 21 DE JUNHO DE 1941. c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública;
Vigência e) a criação e melhoramento de centros de população,
seu abastecimento regular de meios de subsistência;
(Vide ADI nº 2.260-1, de 2000) f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
minerais, das águas e da energia hidráulica;
(Vide ADIN Nº 2332) g) a assistência pública, as obras de higiene e decora-
ção, casas de saude, clínicas, estações de clima e fon-
Dispõe sobre desapropriações por utilidade públi- tes medicinais;
ca. h) a exploração ou a conservação dos serviços públi-
cos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES logradouros públicos; a execução de planos de urba-
nização; o parcelamento do solo, com ou sem edi ca-
Art. 1o A desapropriação por utilidade pública regu- ção, para sua melhor utilização econômica, higiênica
lar-se-á por esta lei, em todo o território nacional. ou estética; a construção ou ampliação de distritos
Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, to- industriais;(Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)
dos os bens poderão ser desapropriados pela União, j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios. k) a preservação e conservação dos monumentos histó-
§ 1o A desapropriação do espaço aéreo ou do subso- ricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos
lo só se tornará necessária, quando de sua utilização urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias
a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos
resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo.
ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e
§ 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Dis-
locais particularmente dotados pela natureza;
trito Federal e Territórios poderão ser desapropriados
l) a preservação e a conservação adequada de arqui-
pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, vos, documentos e outros bens moveis de valor histó-
em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização rico ou artístico;
legislativa. m) a construção de edifícios públicos, monumentos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º É vedada a desapropriação, pelos Estados, Dis- comemorativos e cemitérios;


trito Federal, Territórios e Municípios de ações, cotas n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de
e direitos representativos do capital de instituições e pouso para aeronaves;
empresas cujo funcionamento dependa de autoriza- o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de na-
ção do Governo Federal e se subordine à sua scali- tureza cientí ca, artística ou literária;
zação, salvo mediante prévia autorização, por decreto p) os demais casos previstos por leis especiais.
do Presidente da República. (Incluído pelo Decreto-lei § 1º - A construção ou ampliação de distritos indus-
nº 856, de 1969) triais, de que trata a alínea i do caput deste artigo,
Art. 3o Os concessionários de serviços públicos e os inclui o loteamento das áreas necessárias à instala-
estabelecimentos de carater público ou que exerçam ção de indústrias e atividades correlatas, bem como a
funções delegadas de poder público poderão promo- revenda ou locação dos respectivos lotes a empresas
ver desapropriações mediante autorização expressa, previamente quali cadas. (Incluído pela Lei nº 6.602,
constante de lei ou contrato. de 1978)

52
§ 2º - A efetivação da desapropriação para ns de Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 2.786, de 1956)
criação ou ampliação de distritos industriais depende § 1º A imissão provisória poderá ser feita, independen-
de aprovação, prévia e expressa, pelo Poder Público te da citação do réu, mediante o depósito: (Incluído
competente, do respectivo projeto de implantação. pela Lei nº 2.786, de 1956)
(Incluído pela Lei nº 6.602, de 1978) a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte)
§ 3o Ao imóvel desapropriado para implantação de vêzes o valor locativo, caso o imóvel esteja sujeito ao
parcelamento popular, destinado às classes de menor impôsto predial;(Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)
renda, não se dará outra utilização nem haverá retro- b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vêzes o va-
cessão.(Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) lor locativo, estando o imóvel sujeito ao impôsto pre-
Art. 6o A declaração de utilidade pública far-se-á por dial e sendo menor o preço oferecido; (Incluída pela
decreto do Presidente da República, Governador, In- Lei nº 2.786, de 1956)
terventor ou Prefeito. c) do valor cadastral do imóvel, para ns de lança-
Art. 7o Declarada a utilidade pública, cam as au- mento do impôsto territorial, urbano ou rural, caso
toridades administrativas autorizadas a penetrar nos o referido valor tenha sido atualizado no ano scal
prédios compreendidos na declaração, podendo recor- imediatamente anterior; (Incluída pela Lei nº 2.786,
rer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial. de 1956)
Àquele que for molestado por excesso ou abuso de po- d) não tendo havido a atualização a que se refere o
der, cabe indenização por perdas e danos, sem prejui- inciso c, o juiz xará independente de avaliação, a im-
zo da ação penal. portância do depósito, tendo em vista a época em que
Art. 8o O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa houver sido xado originàlmente o valor cadastral e
da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao Executi- a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.
vo, praticar os atos necessários à sua efetivação. (Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)
Art. 9o Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de § 2º A alegação de urgência, que não poderá ser re-
desapropriação, decidir se se veri cam ou não os casos novada, obrigará o expropriante a requerer a imissão
de utilidade pública. provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cen-
Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante to e vinte) dias. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)
acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco § 3º Excedido o prazo xado no parágrafo anterior
anos, contados da data da expedição do respectivo de- não será concedida a imissão provisória.(Incluído pela
creto e ndos os quais este caducará.(Vide Decreto-lei Lei nº 2.786, de 1956)
nº 9.282, de 1946) § 4o A imissão provisória na posse será registrada no
Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o registro de imóveis competente. (Incluído pela Lei nº
mesmo bem objeto de nova declaração. 11.977, de 2009)
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na de-
de propor ação que vise a indenização por restrições sapropriação por necessidade ou utilidade pública e
decorrentes de atos do Poder Público.(Incluído pela interesse social, inclusive para ns de reforma agrária,
Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e
DO PROCESSO JUDICIAL o valor do bem, xado na sentença, expressos em ter-
Art. 11. A ação, quando a União for autora, será pro- mos reais, incidirão juros compensatórios de até seis
posta no Distrito Federal ou no foro da Capital do por cento ao ano sobre o valor da diferença eventual-
Estado onde for domiciliado o réu, perante o juizo mente apurada, a contar da imissão na posse, vedado
privativo, se houver; sendo outro o autor, no foro da o cálculo de juros compostos.(Incluído pela Medida
situação dos bens. Provisória nº 2.183-56, de 2001)
Art. 12. Somente os juizes que tiverem garantia de § 1o Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de compensar a perda de renda comprovadamente sofri-
vencimentos poderão conhecer dos processos de de- da pelo proprietário. (Incluído pela Medida Provisória
sapropriação. nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
Art. 13. A petição inicial, alem dos requisitos previstos § 2o Não serão devidos juros compensatórios quan-
no Código de Processo Civil, conterá a oferta do pre- do o imóvel possuir graus de utilização da terra e de
ço e será instruida com um exemplar do contrato, ou e ciência na exploração iguais a zero. (Incluído pela
do jornal o cial que houver publicado o decreto de Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e nº 2.332-2)


a planta ou descrição dos bens e suas confrontações. § 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se tam-
Parágrafo único. Sendo o valor da causa igual ou in- bém às ações ordinárias de indenização por apos-
ferior a dois contos de réis (2:000$0), dispensam-se os samento administrativo ou desapropriação indireta,
autos suplementares. bem assim às ações que visem a indenização por res-
Art. 14. Ao despachar a inicial, o juiz designará um trições decorrentes de atos do Poder Público, em espe-
perito de sua livre escolha, sempre que possivel, técni- cial aqueles destinados à proteção ambiental, incidin-
co, para proceder à avaliação dos bens. do os juros sobre o valor xado na sentença. (Incluído
Parágrafo único. O autor e o réu poderão indicar as- pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
sistente técnico do perito. § 4o Nas ações referidas no § 3o, não será o Poder
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar Público onerado por juros compensatórios relativos a
quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do período anterior à aquisição da propriedade ou posse
Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo pro- titulada pelo autor da ação.(Incluído pela Medida Pro-
visoriamente na posse dos bens; visória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)

53
Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os Art. 24. Na audiência de instrução e julgamento pro-
juros moratórios destinam-se a recompor a perda de- ceder-se-á na conformidade do Código de Processo
corrente do atraso no efetivo pagamento da indeniza- Civil. Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença -
ção xada na decisão nal de mérito, e somente serão xando o preço da indenização.
devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir Parágrafo único. Se não se julgar habilitado a decidir,
de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em que o juiz designará desde logo outra audiência que se re-
o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 alizará dentro de 10 dias a m de publicar a sentença.
da Constituição. (Incluído pela Medida Provisória nº Art. 25. O principal e os acessórios serão computados
2.183-56, de 2001) em parcelas autônomas.
Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa Parágrafo único. O juiz poderá arbitrar quantia mó-
do proprietário dos bens; a do marido dispensa a dá dica para desmonte e transporte de maquinismos ins-
mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos de- talados e em funcionamento.
mais, quando o bem pertencer a sociedade; a do ad- Art. 26. No valor da indenização, que será contem-
ministrador da coisa no caso de condomínio, exceto porâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de
o de edi cio de apartamento constituindo cada um terceiros contra o expropriado. (Redação dada pela
propriedade autonôma, a dos demais condôminos e a Lei nº 2.786, de 1956)
do inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, her- § 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias fei-
deiro, ou legatário, detentor da herança, a dos demais tas após a desapropriação; as úteis, quando feitas com
interessados, quando o bem pertencer a espólio. autorização do expropriante. (Renumerado do Pará-
Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, grafo Único pela Lei nº 4.686, de 1965)
mas ciente de que se encontra no território da juris- § 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da
dição do juiz, o o cial portador do mandado marcará avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da decisão nal,
desde logo hora certa para a citação, ao m de 48 determinará a correção monetária do valor apurado,
horas, independentemente de nova diligência ou des- conforme índice que será xado, trimestralmente, pela
pacho. Secretaria de Planejamento da Presidência da Repú-
Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do blica.(Redação dada pela Lei nº 6.306, de 1978)
domicilio ou da residência do réu, a citação far-se-á Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que mo-
por precatória, se ó mesmo estiver em lugar certo, fora tivaram o seu convencimento e deverá atender, espe-
do território da jurisdição do juiz. cialmente, à estimação dos bens para efeitos scais;
Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não ao preço de aquisição e interesse que deles aufere o
for conhecido, ou estiver em lugar ignorado, incerto proprietário; à sua situação, estado de conservação e
ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos
o ciais do juízo certi carão. últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de
Art. 19. Feita a citação, a causa seguirá com o rito or- área remanescente, pertencente ao réu.
dinário. § 1o A sentença que xar o valor da indenização
Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do quando este for superior ao preço oferecido condena-
processo judicial ou impugnação do preço; qualquer rá o desapropriante a pagar honorários do advogado,
outra questão deverá ser decidida por ação direta. que serão xados entre meio e cinco por cento do va-
Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de fa- lor da diferença, observado o disposto no § 4o do art.
lecimento do réu, ou perda de sua capacidade civil, 20 do Código de Processo Civil, não podendo os ho-
o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará norários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta
curador à lide, até que se lhe habilite o interessado. e um mil reais). (Redação dada Medida Provisória nº
Parágrafo único. Os atos praticados da data do faleci- 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
mento ou perda da capacidade à investidura do cura- § 2º A transmissão da propriedade, decorrente de de-
dor à lide poderão ser rati cados ou impugnados por sapropriação amigável ou judicial, não cará sujeita
ele, ou pelo representante do espólio, ou do incapaz. ao imposto de lucro imobiliário.(Incluído pela Lei nº
Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o 2.786, de 1956)
homologará por sentença no despacho saneador. § 3º O disposto no § 1o deste artigo se aplica: (In-
Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não ha- cluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
vendo concordância expressa quanto ao preço, o peri- I - ao procedimento contraditório especial, de rito
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo sumário, para o processo de desapropriação de imó-
menos, antes da audiência de instrução e julgamento. vel rural, por interesse social, para ns de reforma
§ 1o O perito poderá requisitar das autoridades públi- agrária;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56,
cas os esclarecimentos ou documentos que se torna- de 2001)
rem necessários à elaboração do laudo, e deverá indi- II - às ações de indenização por apossamento admi-
car nele, entre outras circunstâncias atendíveis para nistrativo ou desapropriação indireta. (Incluído pela
a xação da indenização, as enumeradas no art. 27. Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
Ser-lhe-ão abonadas, como custas, as despesas com § 4º O valor a que se refere o § 1o será atualizado, a
certidões e, a arbítrio do juiz, as de outros documentos partir de maio de 2000, no dia 1o de janeiro de cada
que juntar ao laudo. ano, com base na variação acumulada do Índice de
§ 2o Antes de proferido o despacho saneador, poderá Preços ao Consumidor Amplo - IPCA do respectivo pe-
o perito solicitar prazo especial para apresentação do ríodo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56,
laudo. de 2001)

54
Art. 28. Da sentença que xar o preço da indenização § 2o Na hipótese deste artigo, o expropriado pode-
caberá apelação com efeito simplesmente devolutivo, rá levantar 100% (cem por cento) do depósito de que
quando interposta pelo expropriado, e com ambos os trata o art. 33 deste Decreto-Lei. (Incluído pela Lei nº
efeitos, quando o for pelo expropriante. 13.465, de 2017)
§ 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em § 3o Do valor a ser levantado pelo expropriado de-
quantia superior ao dobro da oferecida ca sujeita ao vem ser deduzidos os valores dispostos nos §§ 1o e
duplo grau de jurisdição.(Redação dada pela Lei nº 2o do art. 32 deste Decreto-Lei, bem como, a critério
6.071, de 1974) do juiz, aqueles tidos como necessários para o custeio
§ 2o Nas causas de valor igual ou inferior a dois con- das despesas processuais.(Incluído pela Lei nº 13.465,
tos de réis (2:000$0), observar-se-á o disposto no art. de 2017)
839 do Código de Processo Civil. Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados
Art. 29. Efetuado o pagamento ou a consignação, à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindi-
expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado de cação, ainda que fundada em nulidade do processo de
imissão de posse, valendo a sentença como título hábil desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente,
para a transcrição no registro de imóveis. resolver-se-á em perdas e danos.
Art. 30. As custas serão pagas pelo autor se o réu acei- Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será
tar o preço oferecido; em caso contrário, pelo vencido, indenizada, a nal, por ação própria, de terrenos não
ou em proporção, na forma da lei. edi cados, vizinhos às obras e necessários à sua rea-
DISPOSIÇÕES FINAIS lização.
Art. 31. Ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus O expropriante prestará caução, quando exigida.
ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado. Art. 37. Aquele cujo bem for prejudicado extraordi-
Art. 32. O pagamento do preço será prévio e em di- nariamente em sua destinação econômica pela desa-
nheiro. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956) propriação de áreas contíguas terá direito a reclamar
§ 1o As dívidas scais serão deduzidas dos valores perdas e danos do expropriante.
depositados, quando inscritas e ajuizadas. (Incluído Art. 38. O réu responderá perante terceiros, e por ação
pela Lei nº 11.977, de 2009) própria, pela omissão ou sonegação de quaisquer in-
§ 2o Incluem-se na disposição prevista no § 1o as formações que possam interessar à marcha do proces-
multas decorrentes de inadimplemento e de obriga- so ou ao recebimento da indenização.
ções scais. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009) Art. 39. A ação de desapropriação pode ser proposta
§ 3o A discussão acerca dos valores inscritos ou exe- durante as férias forenses, e não se interrompe pela
cutados será realizada em ação própria.(Incluído pela superveniência destas.
Lei nº 11.977, de 2009) Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões,
Art. 33. O depósito do preço xado por sentença, à mediante indenização na forma desta lei. (Vide De-
disposição do juiz da causa, é considerado pagamento
creto nº 35.851, de 1954)
prévio da indenização.
Art. 41. As disposições desta lei aplicam-se aos pro-
§ 1º O depósito far-se-á no Banco do Brasil ou, onde
cessos de desapropriação em curso, não se permitindo
este não tiver agência, em estabelecimento bancário
depois de sua vigência outros termos e atos além dos
acreditado, a critério do juiz. (Renumerado do Pará-
por ela admitidos, nem o seu processamento por for-
grafo Único pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço ma diversa da que por ela é regulada.
oferecido, do arbitrado ou do xado pela sentença, po- Art. 42. No que esta lei for omissa aplica-se o Código
derá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito de Processo Civil.
feito para o m previsto neste e no art. 15, observado Art. 43. Esta lei entrará em vigor 10 dias depois de pu-
o processo estabelecido no art. 34. (Incluído pela Lei nº blicada, no Distrito Federal, e 30 dias no Estados e Ter-
2.786, de 1956) ritório do Acre, revogadas as disposições em contrário.
Art. 34. O levantamento do preço será deferido me- Rio de Janeiro, em 21 junho de 1941, 120o da Inde-
diante prova de propriedade, de quitação de dívidas pendência e 53o da República.
scais que recaiam sobre o bem expropriado, e publi-
cação de editais, com o prazo de 10 dias, para conhe- SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCESSÃO E
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cimento de terceiros. AUTORIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS.


Parágrafo único. Se o juiz veri car que há dúvida
fundada sobre o domínio, o preço cará em depósi- RESPONSABILIDADES DOS AGENTES
to, ressalvada aos interessados a ação própria para PÚBLICOS: CIVIL, ADMINISTRATIVA E
disputá-lo. CRIMINAL
Art. 34-A. Se houver concordância, reduzida a termo,
do expropriado, a decisão concessiva da imissão pro-
visória na posse implicará a aquisição da propriedade Conceito de serviço público
pelo expropriante com o consequente registro da pro-
priedade na matrícula do imóvel. (Incluído pela Lei Serviço público é todo aquele prestado pela adminis-
nº 13.465, de 2017) tração ou por particulares debaixo de regras de direito
§ 1o A concordância escrita do expropriado não impli- público para a preservação dos interesses da coletivi-
ca renúncia ao seu direito de questionar o preço ofer- dade. A titularidade da prestação de um serviço público
tado em juízo. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) sempre será da Administração Pública, somente poden-

55
do ser transferido a um particular a execução do serviço I - o regime das empresas concessionárias e permis-
público. As regras serão sempre xadas unilateralmente sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
pela Administração, independentemente de quem esteja seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con-
executando o serviço público. Qualquer contrato admi- dições de caducidade, scalização e rescisão da con-
nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão. cessão ou permissão;
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser II - os direitos dos usuários;
a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras III - política tarifária;
de direito público e com vistas a preservar o interesse IV - a obrigação de manter serviço adequado.
público.
O referido artigo dispõe que a prestação dos serviços
#FicaDica públicos é de titularidade da Administração Pública, po-
Serviço público dendo ser centralizada ou descentralizada. Sempre que
– Pode ser prestado pelo Estado ou não; a prestação do serviço público for descentralizada, por
– Contudo, a titularidade é da Administração; meio de concessão ou permissão, deverá ser precedida
– Devem ter por foco a preservação do inte- de licitação. As duas guras, concessão ou permissão,
resse público; surgem como instrumentos que viabilizam a descentrali-
– O Estado pode delegar a prestação em ca- zação dos serviços públicos, atribuindo-os para terceiros,
sos determinados. são reguladas pela Lei nº 8.987/95.
Assim, a titularidade de um serviço público é sempre
da Administração Pública, que possui competência para
xar as regras de execução do serviço e para scalizar o
Princípios aplicáveis cumprimento das mesmas, aplicando sanções em caso
de descumprimento.
a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e A Administração Pública pode decidir executar ela
modernização na prestação do serviço público; mesma um serviço público através de órgãos que inte-
b) Princípio da universalidade: signi ca que os servi- gram a sua Administração direta; ou então fazê-lo através
ços devem ser estendidos a todos administrados; de uma pessoa que integre a sua Administração indireta
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
de discriminações entre os usuários; mista e fundações públicas); além de poder resolver que
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in- a execução do serviço público será transferida a particu-
terrupção; lares, cabendo escolher quem deles reúne a melhor con-
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas dição por meio de licitação, isto é, permissão, concessão
módicas aos usuários; e autorização de serviço.
f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem Os particulares, no máximo, assumem a execução do
ser tratados com urbanidade; serviço, mediante delegação do poder público. Logo, a
g) Princípio da e ciência: estabelece que o serviço prestação pode ser centralizada quando a própria Admi-
público deve ser prestado de maneira satisfatória nistração Pública executa os serviços, ou descentralizada
ao usuário; quando a Administração Pública passa a execução para
h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser pres- terceiros. Esses terceiros podem estar dentro ou fora da
tado de forma que coloque em risco a vida dos usu- Administração Direta.
ários.

#FicaDica
Forma direta – próprio Estado;
#FicaDica Forma indireta – delegação por contrato:
Concessão;
Os usuários têm direito, nos termos do arti- Permissão;
go 7o, Lei nº 8.987/1995: Autorização;
– Receber serviço adequado; Forma indireta – delegação legal (empresas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

– Receber informações para defesa dos in- públicas e sociedades de economia mista).
teresses individuais e coletivos;
– Obter e utilizar o serviço, com liberdade
de escolha. 1. Serviços indelegáveis

Existem serviços próprios do Estado, que são aque-


Concessão, permissão, autorização e delegação; les que se relacionam intimamente com as atribuições
do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, públicas etc.) e para a execução dos quais a Administra-
diretamente ou sob regime de concessão ou permis- ção usa da sua supremacia sobre os administrados, os
são, sempre através de licitação, a prestação de ser- quais não podem ser delegados a particulares. Tais servi-
viços públicos. ços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou
Parágrafo único. A lei disporá sobre: de baixa remuneração.

56
Todos os serviços públicos que não são próprios do
Estado são delegáveis. #FicaDica
Serviço público
2. Descentralização: concessão e permissão (art. – Pode ser prestado pelo Estado ou não;
2º, Lei nº 8.987/95) – Contudo, a titularidade é da Administração;
– Devem ter por foco a preservação do
Concessão de Serviço Público: é a delegação da pres- interesse público;
tação do serviço público feita pelo poder concedente, – O Estado pode delegar a prestação em
mediante licitação na modalidade concorrência, à pes- casos determinados.
soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem
capacidade de desempenho por sua conta e risco, com
prazo determinado. Essa capacidade de desempenho é 6. Caracteres jurídicos
averiguada na fase de habilitação da licitação. Qualquer
prejuízo causado a terceiros, no caso de concessão, será
Somente por regras de direito público é possível
de responsabilidade do concessionário – que responde
prestar serviços públicos. Para distinguir quais serviços
de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da CF) tendo em vista a
atividade estatal desenvolvida, respondendo a Adminis- são públicos e quais não, deve-se utilizar as regras de
tração Direta subsidiariamente. Trata-se de uma espécie competência dispostas na Constituição Federal. Sempre
de contrato administrativo. que não houver de nição constitucional a respeito, de-
Permissão de Serviço Público: é a delegação a título vem-se observar as regras que incidem sobre aqueles
precário, mediante licitação feita pelo poder concedente serviços, bem como o regime jurídico ao qual a atividade
à pessoa física ou jurídica que demonstrem capacidade se submete. Sendo regras de direito público, será servi-
de desempenho por sua conta e risco. Trata-se de um ato ço público; sendo regras de direito privado, será serviço
administrativo precário, que pode ser desfeito a qualquer privado.
momento.
7. Classi cação
3. Responsabilidade civil
Meirelles22 apresenta a seguinte classi cação dos ser-
Nos termos do artigo 25, quem responde é o conces- viços públicos:
sionário/permissionário. Responde por danos causados
ao poder concedente, aos usuários e a terceiros. Deve-se a) Quanto à essencialidade:
privilegiar a atividade que causou o dano (serviço públi- - serviços públicos propriamente ditos – são aqueles
co), independente da vítima ser ou não usuária do servi- prestados diretamente pela Administração para a
ço. Em regra, a responsabilidade é objetiva, não cabendo comunidade, por reconhecer a sua essencialidade
provar a culpa ou dolo, bastando a prova do nexo de e necessidade de grupo social. São privativos do
causalidade, do dano e da ação (artigo 37, §6º, CF), à ex- Poder Público.
ceção dos casos de omissão, em que a responsabilidade - serviços de utilidade pública – são os que a Admi-
é subjetiva. nistração, reconhecendo a sua conveniência para
a coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce
4. Subconcessão que sejam prestados por terceiros.
Conforme artigo 26, é a transferência do objeto da
b) Quanto aos destinatários:
concessão para terceiros, sujeitando-se aos seguintes li-
- serviços gerais ou uti universi – são aqueles que a
mites: autorização ou concordância do poder constituin-
te, previsão contratual e licitação. Ocorre a sub-rogação Administração presta sem ter usuários determina-
de direitos e obrigações perante a Administração Públi- dos para atender à coletividade no seu todo. Ex.:
ca. A subconcessão pode ser parcial. iluminação pública. São indivisíveis, isto é, não
mensuráveis. Daí por que devem ser mantidos por
5. Conceito de serviço público tributo, e não por taxa ou tarifa.
- serviços individuais ou uti singuli – são os que pos-
suem usuários determinados e utilização particular
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Serviço público é todo aquele prestado pela adminis-


tração ou por particulares debaixo de regras de direito e mensurável para cada destinatário. São remune-
público para a preservação dos interesses da coletivi- rados por taxa ou tarifa.
dade. A titularidade da prestação de um serviço público
sempre será da Administração Pública, somente poden-
do ser transferido a um particular a execução do serviço
público. As regras serão sempre xadas unilateralmente
pela Administração, independentemente de quem esteja
executando o serviço público. Qualquer contrato admi-
nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser
a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras
de direito público e com vistas a preservar o interesse
público. 22 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasilei-
ro. São Paulo: Malheiros, 1993.

57
#FicaDica #FicaDica
Classi cação: Princípio da continuidade dos serviços públi-
– Quanto à essencialidade: cos:
Públicos propriamente ditos; – Os serviços públicos não poderão ser inter-
Serviços de utilidade pública. rompidos;
– Quanto aos destinatários: – Devem ter a devida regularidade;
Gerais; – Os funcionários não podem praticar greve
Individuais. em serviços essenciais e imprescindíveis.

8. Princípios aplicáveis 10. Prestação de serviço adequado

a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e O serviço deve ser regular, contínuo, e caz, seguro,
modernização na prestação do serviço público; módico, atual e cortês. O princípio básico é o da con-
b) Princípio da universalidade: signi ca que os servi- tinuidade dos serviços públicos; entretanto, a prestação
ços devem ser estendidos a todos administrados; poderá ser interrompida em duas hipóteses (art. 6.º, § 3º):
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação - em situação de emergência, como no caso de atos
de discriminações entre os usuários; de vandalismo de terceiros;
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in- - com aviso prévio, por razões de ordem técnica ou
terrupção; de segurança das instalações e em caso de inadim-
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas plemento do usuário (no caso de inadimplemen-
módicas aos usuários; to, o usuário deve ser noti cado, conferindo-se a
oportunidade de pagamento antes da interrupção,
f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem
bem como de defesa, alegando que não deve, que
ser tratados com urbanidade;
deve menos ou que precisa parcelar).
g) Princípio da e ciência: estabelece que o serviço pú-
blico deve ser prestado de maneira satisfatória ao Tarifa módica é aquela acessível ao usuário comum
usuário; do serviço.
h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor dis-
prestado de forma que coloque em risco a vida põe que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
dos usuários. concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
9. Continuidade da Prestação do Serviço Público serviços adequados, e cientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos”. Tem-se, então, um con ito entre
Entre as regras do regime jurídico público, destaca-se a Lei n. 8.987/95 e o Código de Defesa do Consumidor
o princípio da continuidade de sua prestação. (Lei n. 8.078/90). Se fossem seguidas as regras de inter-
Num contrato administrativo, quando o particular pretação, a Lei n. 8.987/95 prevaleceria sobre o Código
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se é de Defesa do Consumidor por ser posterior e especial. Os
a Administração, entretanto, que descumpre suas obri- Tribunais, entretanto, entendem que se o serviço é essen-
gações, o particular não pode rescindir o contrato, tendo cial, a prestação deve ser contínua, prevalecendo, então,
em vista o princípio da continuidade da prestação. o disposto no art. 22 do Código de Defesa do Consumi-
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar dor. Assim, os serviços essenciais não podem ser inter-
à Administração Pública uma prerrogativa que não existe rompidos por inadimplemento.
para o particular, colocando-a em uma posição superior
em razão da supremacia do interesse público. 11. Política tarifária
Quanto à continuidade da prestação do serviço públi-
co e o direito de greve, destaca-se que apesar da previ- A tarifa surge como a principal fonte de arrecadação
são constitucional de que somente lei especí ca poderia do concessionário/permissionário. É através dela que se
de nir os termos e limites deste direito no setor público garante a margem de lucro. Tarifa não é tributo, se o fos-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e a ns, diante da ausência de previsão, deve-se aplicar a se, sobre ela incidiriam todos os princípios constitucio-
nais tributários, o que não ocorre.
lei geral que regula o direito de greve. Contudo, a greve
total é inconstitucional, devendo-se manter serviços mí-
Ninguém xa o valor inicial, é automático e pré-es-
nimos à população. tabelecido na licitação. O poder público que autoriza o
aumento, mas o aumento não pode permitir que o valor
deixe de ser módico.

12. Usuário do serviço público

O art. 7.º estabelece um rol de seis situações que tratam


dos direitos e obrigações do usuário sem prejuízo dos pre-
vistos no Código de Defesa do Consumidor. É um rol exem-
pli cativo, incluindo-se outros, como: direito do consumidor

58
(artigo 5º, XXXII, CF); direito de obter dos órgãos públicos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
informações de interesse particular, coletivo ou geral (artigo gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
5º, XXXIII, CF); mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo em caráter residual (artigo 5º, LXIX, CF). Capítulo I
Das disposições preliminares
#FicaDica
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras
Os usuários têm direito, nos termos do artigo públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-
7o, Lei nº 8.987/1995: -ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal,
– Receber serviço adequado; por esta Lei, pelas normas legais pertinentes e pelas
– Receber informações para defesa dos inte- cláusulas dos indispensáveis contratos.
resses individuais e coletivos; Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Fede-
– Obter e utilizar o serviço, com liberdade de ral e os Municípios promoverão a revisão e as adapta-
escolha. ções necessárias de sua legislação às prescrições desta
Lei, buscando atender as peculiaridades das diversas
modalidades dos seus serviços.
13. Extinção Art. 2º Para os ns do disposto nesta Lei, considera-se:
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Fe-
As causas de extinção estão descritas no artigo 35: deral ou o Município, em cuja competência se encon-
termo, que é o término do prazo descrito; encampação, tre o serviço público, precedido ou não da execução de
que é a extinção por razões de interesse público; cadu- obra pública, objeto de concessão ou permissão;
cidade, que é a extinção por descumprimento de obri- II - concessão de serviço público: a delegação de sua
gações pelo concessionário; rescisão, que é a extinção prestação, feita pelo poder concedente, mediante lici-
durante a vigência pelo descumprimento das obrigações tação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurí-
pelo poder público; anulação, que é a extinção por força dica ou consórcio de empresas que demonstre capaci-
da con guração de ilegalidade; falência, que é a extinção dade para seu desempenho, por sua conta e risco e por
por conta de falta de condições nanceiras para conti- prazo determinado;
nuar arcando com as obrigações do contrato; e morte, III - concessão de serviço público precedida da exe-
que é o falecimento da parte contratada em contrato cução de obra pública: a construção, total ou parcial,
personalíssimo. conservação, reforma, ampliação ou melhoramen-
to de quaisquer obras de interesse público, delegada
14. Reassunção e reversão pelo poder concedente, mediante licitação, na moda-
lidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio
Reassunção, que é a retomada da execução de um de empresas que demonstre capacidade para a sua
serviço público pelo poder público uma vez extinta a realização, por sua conta e risco, de forma que o inves-
concessão. timento da concessionária seja remunerado e amorti-
Reversão, que é a transferência de bens utilizados du- zado mediante a exploração do serviço ou da obra por
rante a concessão para o patrimônio público a partir da prazo determinado;
extinção da concessão. IV - permissão de serviço público: a delegação, a título
precário, mediante licitação, da prestação de serviços
15. Permissão e autorização públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física
ou jurídica que demonstre capacidade para seu de-
Serviços concedidos são aqueles que o particular exe- sempenho, por sua conta e risco.
cuta em seu nome, por sua conta e risco, remunerados Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à
por tarifa. A concessão dá-se por meio de contrato. scalização pelo poder concedente responsável pela
Os serviços permitidos são aqueles aos quais a Admi- delegação, com a cooperação dos usuários.
nistração estabelece os requisitos para a sua prestação Art. 4º A concessão de serviço público, precedida ou
ao público e, por ato unilateral (termo de permissão), não da execução de obra pública, será formalizada
comete a execução aos particulares que demonstrarem mediante contrato, que deverá observar os termos
capacidade para seu desempenho. A permissão é uni-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

desta Lei, das normas pertinentes e do edital de lici-


lateral, precária e discricionária. Serve para serviços de tação.
utilidade pública. Art. 5º O poder concedente publicará, previamente ao
Por m temos os serviços autorizados que são aque- edital de licitação, ato justi cando a conveniência da
les que o Poder Público, por ato unilateral, precário e outorga de concessão ou permissão, caracterizando
discricionário, consente na sua execução pelo particular seu objeto, área e prazo.
para atender a interesses coletivos instáveis ou a emer-
gência transitória. Capítulo II
Do serviço adequado
Lei nº 8.987, De 13 de fevereiro de 1995
Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a pres-
Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da tação de serviço adequado ao pleno atendimento dos
prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
Constituição Federal, e dá outras providências. pertinentes e no respectivo contrato.

59
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições § 4º Em havendo alteração unilateral do contrato que
de regularidade, continuidade, e ciência, segurança, afete o seu inicial equilíbrio econômico- nanceiro, o
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitan-
modicidade das tarifas. temente à alteração.
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das téc- Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do
nicas, do equipamento e das instalações e a sua con- contrato, considera-se mantido seu equilíbrio econô-
servação, bem como a melhoria e expansão do serviço. mico- nanceiro.
§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do ser- Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada
viço a sua interrupção em situação de emergência ou serviço público, poderá o poder concedente prever, em
após prévio aviso, quando: favor da concessionária, no edital de licitação, a pos-
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segu- sibilidade de outras fontes provenientes de receitas al-
rança das instalações; e, ternativas, complementares, acessórias ou de projetos
II - por inadimplemento do usuário, considerado o in- associados, com ou sem exclusividade, com vistas a
teresse da coletividade.
favorecer a modicidade das tarifas, observado o dis-
posto no art. 17 desta Lei.
Capítulo III
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste
Dos direitos e obrigações dos usuários
artigo serão obrigatoriamente consideradas para a
Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de aferição do inicial equilíbrio econômico- nanceiro do
11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos contrato.
usuários: Art. 12. (VETADO)
I - receber serviço adequado; Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função
II - receber do poder concedente e da concessionária das características técnicas e dos custos especí cos
informações para a defesa de interesses individuais ou provenientes do atendimento aos distintos segmentos
coletivos; de usuários.
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de esco-
lha entre vários prestadores de serviços, quando for o Capítulo V
caso, observadas as normas do poder concedente. Da licitação
IV - levar ao conhecimento do poder público e da con-
cessionária as irregularidades de que tenham conhe- Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedi-
cimento, referentes ao serviço prestado; da ou não da execução de obra pública, será objeto
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos de prévia licitação, nos termos da legislação própria
praticados pela concessionária na prestação do serviço; e com observância dos princípios da legalidade, mo-
VI - contribuir para a permanência das boas condições dos ralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por
bens públicos através dos quais lhes são prestados os serviços. critérios objetivos e da vinculação ao instrumento
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de convocatório.
direito público e privado, nos Estados e no Distrito Fe- Art. 15. No julgamento da licitação será considerado
deral, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao um dos seguintes critérios:
usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser
seis datas opcionais para escolherem os dias de venci- prestado;
mento de seus débitos. II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder
concedente pela outorga da concessão;
Capítulo IV III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos
Da política tarifária nos incisos I, II e VII;
IV - melhor proposta técnica, com preço xado no edi-
Art. 8º (VETADO)
tal;
Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será -
V - melhor proposta em razão da combinação dos cri-
xada pelo preço da proposta vencedora da licitação e
preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, térios de menor valor da tarifa do serviço público a ser
prestado com o de melhor técnica;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no edital e no contrato.
§ 1º A tarifa não será subordinada à legislação especí-
ca anterior e somente nos casos expressamente pre- VI - melhor proposta em razão da combinação dos
vistos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada critérios de maior oferta pela outorga da concessão
à existência de serviço público alternativo e gratuito com o de melhor técnica; ou
para o usuário. VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após
§ 2º Os contratos poderão prever mecanismos de revi- quali cação de propostas técnicas.
são das tarifas, a m de manter-se o equilíbrio econô- § 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só será
mico- nanceiro. admitida quando previamente estabelecida no edital
§ 3º Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas
alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encar- para avaliação econômico- nanceira.
gos legais, após a apresentação da proposta, quando § 2º Para ns de aplicação do disposto nos incisos IV,
comprovado seu impacto, implicará a revisão da tari- V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros e
fa, para mais ou para menos, conforme o caso. exigências para formulação de propostas técnicas.

60
§ 3º O poder concedente recusará propostas manifes- XV - nos casos de concessão de serviços públicos pre-
tamente inexequíveis ou nanceiramente incompatí- cedida da execução de obra pública, os dados relativos
veis com os objetivos da licitação. à obra, dentre os quais os elementos do projeto básico
§ 4º Em igualdade de condições, será dada preferência que permitam sua plena caracterização, bem assim as
à proposta apresentada por empresa brasileira. garantias exigidas para essa parte especí ca do con-
Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá trato, adequadas a cada caso e limitadas ao valor da
caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilida- obra;
de técnica ou econômica justi cada no ato a que se XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de
refere o art. 5º desta Lei. adesão a ser rmado.
Art. 17. Considerar-se-á desclassi cada a proposta Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da or-
que, para sua viabilização, necessite de vantagens ou dem das fases de habilitação e julgamento, hipótese
subsídios que não estejam previamente autorizados em que:
em lei e à disposição de todos os concorrentes. I - encerrada a fase de classi cação das propostas ou
§ 1º Considerar-se-á, também, desclassi cada a pro- o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com
posta de entidade estatal alheia à esfera político-ad- os documentos de habilitação do licitante mais bem
ministrativa do poder concedente que, para sua viabi- classi cado, para veri cação do atendimento das con-
lização, necessite de vantagens ou subsídios do poder dições xadas no edital;
público controlador da referida entidade. II - veri cado o atendimento das exigências do edital,
§ 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que tra- o licitante será declarado vencedor;
ta este artigo, qualquer tipo de tratamento tributário III - inabilitado o licitante melhor classi cado, serão
diferenciado, ainda que em consequência da natureza analisados os documentos habilitatórios do licitante
jurídica do licitante, que comprometa a isonomia s- com a proposta classi cada em segundo lugar, e as-
cal que deve prevalecer entre todos os concorrentes. sim sucessivamente, até que um licitante classi cado
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder atenda às condições xadas no edital;
concedente, observados, no que couber, os critérios e
IV - proclamado o resultado nal do certame, o objeto
as normas gerais da legislação própria sobre licitações
será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e
e contratos e conterá, especialmente:
econômicas por ele ofertadas.
I - o objeto, metas e prazo da concessão;
Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação
II - a descrição das condições necessárias à prestação
de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguin-
adequada do serviço;
tes normas:
III - os prazos para recebimento das propostas, julga-
mento da licitação e assinatura do contrato; I - comprovação de compromisso, público ou particu-
IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, lar, de constituição de consórcio, subscrito pelas con-
aos interessados, os dados, estudos e projetos neces- sorciadas;
sários à elaboração dos orçamentos e apresentação II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;
das propostas; III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos
V - os critérios e a relação dos documentos exigidos V e XIII do artigo anterior, por parte de cada consor-
para a aferição da capacidade técnica, da idoneidade ciada;
nanceira e da regularidade jurídica e scal; IV - impedimento de participação de empresas con-
VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, com- sorciadas na mesma licitação, por intermédio de mais
plementares ou acessórias, bem como as provenientes de um consórcio ou isoladamente.
de projetos associados; § 1º O licitante vencedor ca obrigado a promover,
VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da antes da celebração do contrato, a constituição e re-
concessionária em relação a alterações e expansões a gistro do consórcio, nos termos do compromisso refe-
serem realizadas no futuro, para garantir a continui- rido no inciso I deste artigo.
dade da prestação do serviço; § 2º A empresa líder do consórcio é a responsável pe-
VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa; rante o poder concedente pelo cumprimento do con-
IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a trato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade
serem utilizados no julgamento técnico e econômico- solidária das demais consorciadas.
- nanceiro da proposta; Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

X - a indicação dos bens reversíveis; previsto no edital, no interesse do serviço a ser conce-
XI - as características dos bens reversíveis e as condi- dido, determinar que o licitante vencedor, no caso de
ções em que estes serão postos à disposição, nos casos consórcio, se constitua em empresa antes da celebra-
em que houver sido extinta a concessão anterior; ção do contrato.
XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, pro-
das desapropriações necessárias à execução do serviço jetos, obras e despesas ou investimentos já efetuados,
ou da obra pública, ou para a instituição de servidão vinculados à concessão, de utilidade para a licitação,
administrativa; realizados pelo poder concedente ou com a sua au-
XIII - as condições de liderança da empresa responsá- torização, estarão à disposição dos interessados, de-
vel, na hipótese em que for permitida a participação vendo o vencedor da licitação ressarcir os dispêndios
de empresas em consórcio; correspondentes, especi cados no edital.
XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de
contrato, que conterá as cláusulas essenciais referidas certidão sobre atos, contratos, decisões ou pareceres
no art. 23 desta Lei, quando aplicáveis; relativos à licitação ou às próprias concessões.

61
Capítulo VI § 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refe-
Do contrato de concessão re este artigo, a concessionária poderá contratar com
terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes,
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de con- acessórias ou complementares ao serviço concedido,
cessão as relativas: bem como a implementação de projetos associados.
I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão; § 2º Os contratos celebrados entre a concessionária e
II - ao modo, forma e condições de prestação do ser- os terceiros a que se refere o parágrafo anterior re-
viço; ger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo
III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder
de nidores da qualidade do serviço; concedente.
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos § 3º A execução das atividades contratadas com ter-
para o reajuste e a revisão das tarifas; ceiros pressupõe o cumprimento das normas regula-
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder con- mentares da modalidade do serviço concedido.
cedente e da concessionária, inclusive os relaciona- Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previs-
dos às previsíveis necessidades de futura alteração tos no contrato de concessão, desde que expressamen-
e expansão do serviço e consequente modernização, te autorizada pelo poder concedente.
aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das § 1º A outorga de subconcessão será sempre precedi-
instalações; da de concorrência.
VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção § 2º O subconcessionário se sub-rogará todos os direi-
e utilização do serviço; tos e obrigações da subconcedente dentro dos limites
VII - à forma de scalização das instalações, dos equi- da subconcessão.
pamentos, dos métodos e práticas de execução do ser- Art. 27. A transferência de concessão ou do contro-
viço, bem como a indicação dos órgãos competentes le societário da concessionária sem prévia anuência do
para exercê-la; poder concedente implicará a caducidade da concessão.
VIII - às penalidades contratuais e administrativas a § 1º Para ns de obtenção da anuência de que trata o
que se sujeita a concessionária e sua forma de apli- caput deste artigo, o pretendente deverá:
cação; I - atender às exigências de capacidade técnica, ido-
IX - aos casos de extinção da concessão; neidade nanceira e regularidade jurídica e scal ne-
X - aos bens reversíveis; cessárias à assunção do serviço; e
XI - aos critérios para o cálculo e a forma de paga- II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do
mento das indenizações devidas à concessionária, contrato em vigor.
quando for o caso;
§ 2º (Revogado).
XII - às condições para prorrogação do contrato;
§ 3º (Revogado).
XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da
§ 4º (Revogado).
prestação de contas da concessionária ao poder con-
Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de
cedente;
concessão, o poder concedente autorizará a assunção
XIV - à exigência da publicação de demonstrações -
do controle ou da administração temporária da con-
nanceiras periódicas da concessionária; e
cessionária por seus nanciadores e garantidores com
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das diver-
quem não mantenha vínculo societário direto, para
gências contratuais.
Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de promover sua reestruturação nanceira e assegurar a
serviço público precedido da execução de obra pública continuidade da prestação dos serviços.
deverão, adicionalmente: § 1º Na hipótese prevista no caput, o poder conceden-
I - estipular os cronogramas físico- nanceiros de exe- te exigirá dos nanciadores e dos garantidores que
cução das obras vinculadas à concessão; e atendam às exigências de regularidade jurídica e s-
II - exigir garantia do el cumprimento, pela conces- cal, podendo alterar ou dispensar os demais requisitos
sionária, das obrigações relativas às obras vinculadas previstos no inciso I do parágrafo único do art. 27.
à concessão. § 2º A assunção do controle ou da administração tem-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o porária autorizadas na forma do caput deste artigo
emprego de mecanismos privados para resolução de não alterará as obrigações da concessionária e de seus
disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, in- controladores para com terceiros, poder concedente e
clusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em usuários dos serviços públicos.
língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 § 3º Con gura-se o controle da concessionária, para
de setembro de 1996. os ns dispostos no caput deste artigo, a propriedade
Art. 24. (VETADO) resolúvel de ações ou quotas por seus nanciadores e
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do ser- garantidores que atendam os requisitos do art. 116 da
viço concedido, cabendo-lhe responder por todos os Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários § 4º Con gura-se a administração temporária da
ou a terceiros, sem que a scalização exercida pelo concessionária por seus nanciadores e garantidores
órgão competente exclua ou atenue essa responsabi- quando, sem a transferência da propriedade de ações
lidade. ou quotas, forem outorgados os seguintes poderes:

62
I - indicar os membros do Conselho de Administração, Parágrafo único. Para os ns deste artigo, serão consi-
a serem eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas, derados contratos de longo prazo aqueles cujas obri-
nas sociedades regidas pela Lei nº 6.404, de 15 de de- gações tenham prazo médio de vencimento superior a
zembro de 1976; ou administradores, a serem eleitos 5 (cinco) anos.
pelos quotistas, nas demais sociedades;
II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem Capítulo VII
eleitos pelos acionistas ou quotistas controladores em Dos encargos do poder concedente
Assembleia Geral;
III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta Art. 29. Incumbe ao poder concedente:
submetida à votação dos acionistas ou quotistas da I - regulamentar o serviço concedido e scalizar per-
concessionária, que representem, ou possam represen- manentemente a sua prestação;
tar, prejuízos aos ns previstos no caput deste artigo; II - aplicar as penalidades regulamentares e contra-
IV - outros poderes necessários ao alcance dos ns tuais;
previstos no caput deste artigo. III - intervir na prestação do serviço, nos casos e con-
§ 5º A administração temporária autorizada na forma dições previstos em lei;
deste artigo não acarretará responsabilidade aos - IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta
nanciadores e garantidores em relação à tributação, Lei e na forma prevista no contrato;
encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos V - homologar reajustes e proceder à revisão das ta-
com terceiros, inclusive com o poder concedente ou rifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do
empregados. contrato;
§ 6º O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regula-
administração temporária. mentares do serviço e as cláusulas contratuais da con-
Art. 28. Nos contratos de nanciamento, as concessio- cessão;
nárias poderão oferecer em garantia os direitos emer- VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apu-
gentes da concessão, até o limite que não comprome- rar e solucionar queixas e reclamações dos usuários,
ta a operacionalização e a continuidade da prestação que serão cienti cados, em até trinta dias, das provi-
do serviço. dências tomadas;
Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de lon- VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários
go prazo, destinados a investimentos relacionados a à execução do serviço ou obra pública, promovendo
contratos de concessão, em qualquer de suas modali- as desapropriações, diretamente ou mediante outorga
dades, as concessionárias poderão ceder ao mutuante,
de poderes à concessionária, caso em que será desta a
em caráter duciário, parcela de seus créditos opera-
responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
cionais futuros, observadas as seguintes condições:
IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para
I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser regis-
ns de instituição de servidão administrativa, os bens
trado em Cartório de Títulos e Documentos para ter
necessários à execução de serviço ou obra pública,
e cácia perante terceiros;
II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste promovendo-a diretamente ou mediante outorga de
artigo, a cessão do crédito não terá e cácia em re- poderes à concessionária, caso em que será desta a
lação ao Poder Público concedente senão quando for responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
este formalmente noti cado; X - estimular o aumento da qualidade, produtividade,
III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo preservação do meio-ambiente e conservação;
serão constituídos sob a titularidade do mutuante, in- XI - incentivar a competitividade; e
dependentemente de qualquer formalidade adicional; XII - estimular a formação de associações de usuários
IV - o mutuante poderá indicar instituição nancei- para defesa de interesses relativos ao serviço.
ra para efetuar a cobrança e receber os pagamentos Art. 30. No exercício da scalização, o poder conce-
dos créditos cedidos ou permitir que a concessionária dente terá acesso aos dados relativos à administração,
o faça, na qualidade de representante e depositária; contabilidade, recursos técnicos, econômicos e nan-
V - na hipótese de ter sido indicada instituição nan- ceiros da concessionária.
ceira, conforme previsto no inciso IV do caput deste Parágrafo único. A scalização do serviço será feita
por intermédio de órgão técnico do poder concedente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

artigo, ca a concessionária obrigada a apresentar a


essa os créditos para cobrança; ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamen-
VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser te, conforme previsto em norma regulamentar, por
depositados pela concessionária ou pela instituição comissão composta de representantes do poder con-
encarregada da cobrança em conta corrente bancária cedente, da concessionária e dos usuários.
vinculada ao contrato de mútuo;
VII - a instituição nanceira depositária deverá trans- Capítulo VIII
ferir os valores recebidos ao mutuante à medida que Dos encargos da concessionária
as obrigações do contrato de mútuo tornarem-se exi-
gíveis; e Art. 31. Incumbe à concessionária:
VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta
concessionária dos recursos excedentes, sendo vedada Lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato;
a retenção do saldo após o adimplemento integral do II - manter em dia o inventário e o registro dos bens
contrato. vinculados à concessão;

63
III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conce- VI - falência ou extinção da empresa concessionária
dente e aos usuários, nos termos de nidos no contrato; e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de
IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as empresa individual.
cláusulas contratuais da concessão; § 1º Extinta a concessão, retornam ao poder conce-
V - permitir aos encarregados da scalização livre dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios
acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamen- transferidos ao concessionário conforme previsto no
tos e às instalações integrantes do serviço, bem como edital e estabelecido no contrato.
a seus registros contábeis; § 2º Extinta a concessão, haverá a imediata assunção
VI - promover as desapropriações e constituir servi- do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos
dões autorizadas pelo poder concedente, conforme levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
previsto no edital e no contrato; § 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das
VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à instalações e a utilização, pelo poder concedente, de
prestação do serviço, bem como segurá-los adequa- todos os bens reversíveis.
damente; e § 4º Nos casos previstos nos incisos I e II deste arti-
VIII - captar, aplicar e gerir os recursos nanceiros ne- go, o poder concedente, antecipando-se à extinção da
cessários à prestação do serviço. concessão, procederá aos levantamentos e avaliações
necessários à determinação dos montantes da indeni-
Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-
zação que será devida à concessionária, na forma dos
-de-obra, feitas pela concessionária serão regidas pe-
arts. 36 e 37 desta Lei.
las disposições de direito privado e pela legislação tra- Art. 36. A reversão no advento do termo contratual
balhista, não se estabelecendo qualquer relação entre far-se-á com a indenização das parcelas dos inves-
os terceiros contratados pela concessionária e o poder timentos vinculados a bens reversíveis, ainda não
concedente. amortizados ou depreciados, que tenham sido rea-
lizados com o objetivo de garantir a continuidade e
Capítulo IX atualidade do serviço concedido.
Da intervenção Art. 37. Considera-se encampação a retomada do ser-
viço pelo poder concedente durante o prazo da con-
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na conces- cessão, por motivo de interesse público, mediante lei
são, com o m de assegurar a adequação na prestação autorizativa especí ca e após prévio pagamento da
do serviço, bem como o el cumprimento das normas indenização, na forma do artigo anterior.
contratuais, regulamentares e legais pertinentes. Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acar-
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do po- retará, a critério do poder concedente, a declaração de
der concedente, que conterá a designação do interventor, caducidade da concessão ou a aplicação das sanções
o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.
deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedimen- § 1º A caducidade da concessão poderá ser declarada
to administrativo para comprovar as causas determi- pelo poder concedente quando:
nantes da medida e apurar responsabilidades, assegu- I - o serviço estiver sendo prestado de forma inade-
rado o direito de ampla defesa. quada ou de ciente, tendo por base as normas, crité-
§ 1º Se car comprovado que a intervenção não ob- rios, indicadores e parâmetros de nidores da qualida-
servou os pressupostos legais e regulamentares será de do serviço;
declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imedia- II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais
tamente devolvido à concessionária, sem prejuízo de ou disposições legais ou regulamentares concernentes
à concessão;
seu direito à indenização.
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer
§ 2º O procedimento administrativo a que se refere o
para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de
caput deste artigo deverá ser concluído no prazo de
caso fortuito ou força maior;
até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se in- IV - a concessionária perder as condições econômi-
válida a intervenção. cas, técnicas ou operacionais para manter a adequada
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a prestação do serviço concedido;
concessão, a administração do serviço será devolvida
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

V - a concessionária não cumprir as penalidades im-


à concessionária, precedida de prestação de contas postas por infrações, nos devidos prazos;
pelo interventor, que responderá pelos atos praticados VI - a concessionária não atender a intimação do po-
durante a sua gestão. der concedente no sentido de regularizar a prestação
do serviço; e
Capítulo X VII - a concessionária não atender a intimação do po-
Da extinção da concessão der concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias,
apresentar a documentação relativa a regularidade
Art. 35. Extingue-se a concessão por: scal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da
I - advento do termo contratual; Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
II - encampação; § 2º A declaração da caducidade da concessão deverá
III - caducidade; ser precedida da veri cação da inadimplência da con-
IV - rescisão; cessionária em processo administrativo, assegurado o
V - anulação; e direito de ampla defesa.

64
§ 3º Não será instaurado processo administrativo de indispensáveis à organização das licitações que pre-
inadimplência antes de comunicados à concessioná- cederão a outorga das concessões que as substituirão,
ria, detalhadamente, os descumprimentos contratuais prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e quatro)
referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo meses.
para corrigir as falhas e transgressões apontadas e § 3º As concessões a que se refere o § 2º deste arti-
para o enquadramento, nos termos contratuais. go, inclusive as que não possuam instrumento que as
§ 4º Instaurado o processo administrativo e compro- formalize ou que possuam cláusula que preveja pror-
vada a inadimplência, a caducidade será declarada rogação, terão validade máxima até o dia 31 de de-
por decreto do poder concedente, independentemente zembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de
de indenização prévia, calculada no decurso do pro- 2009, tenham sido cumpridas, cumulativamente, as
cesso. seguintes condições:
§ 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior, I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos
será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contra- elementos físicos constituintes da infra-estrutura de
to, descontado o valor das multas contratuais e dos bens reversíveis e dos dados nanceiros, contábeis e
danos causados pela concessionária. comerciais relativos à prestação dos serviços, em di-
§ 6º Declarada a caducidade, não resultará para o mensão necessária e su ciente para a realização do
poder concedente qualquer espécie de responsabili- cálculo de eventual indenização relativa aos investi-
dade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou mentos ainda não amortizados pelas receitas emer-
compromissos com terceiros ou com empregados da gentes da concessão, observadas as disposições legais
concessionária. e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da
por iniciativa da concessionária, no caso de descum- publicação desta Lei;
primento das normas contratuais pelo poder conce- II - celebração de acordo entre o poder concedente e
dente, mediante ação judicial especialmente intenta- o concessionário sobre os critérios e a forma de in-
da para esse m. denização de eventuais créditos remanescentes de in-
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste vestimentos ainda não amortizados ou depreciados,
artigo, os serviços prestados pela concessionária não apurados a partir dos levantamentos referidos no inci-
poderão ser interrompidos ou paralisados, até a deci- so I deste parágrafo e auditados por instituição espe-
são judicial transitada em julgado. cializada escolhida de comum acordo pelas partes; e

Capítulo XI III - publicação na imprensa o cial de ato formal de


Das permissões autoridade do poder concedente, autorizando a pres-
tação precária dos serviços por prazo de até 6 (seis)
Art. 40. A permissão de serviço público será formali- meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, me-
zada mediante contrato de adesão, que observará os diante comprovação do cumprimento do disposto nos
termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do incisos I e II deste parágrafo.
edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à § 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do
revogabilidade unilateral do contrato pelo poder con- § 3º deste artigo, o cálculo da indenização de inves-
cedente. timentos será feito com base nos critérios previstos
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto no instrumento de concessão antes celebrado ou, na
nesta Lei. omissão deste, por avaliação de seu valor econômico
ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortiza-
Capítulo XII ção de ativos imobilizados de nidos pelas legislações
Disposições nais e transitórias scal e das sociedades por ações, efetuada por em-
presa de auditoria independente escolhida de comum
Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, acordo pelas partes.
permissão e autorização para o serviço de radiodifu- § 5º No caso do § 4º deste artigo, o pagamento de
são sonora e de sons e imagens. eventual indenização será realizado, mediante garan-
Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas tia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anuais, iguais
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

anteriormente à entrada em vigor desta Lei conside- e sucessivas, da parte ainda não amortizada de in-
ram-se válidas pelo prazo xado no contrato ou no vestimentos e de outras indenizações relacionadas à
ato de outorga, observado o disposto no art. 43 desta prestação dos serviços, realizados com capital próprio
Lei. do concessionário ou de seu controlador, ou originá-
§ 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato rios de operações de nanciamento, ou obtidos me-
de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou diante emissão de ações, debêntures e outros títulos
entidade do poder concedente, ou delegado a tercei- mobiliários, com a primeira parcela paga até o último
ros, mediante novo contrato. dia útil do exercício nanceiro em que ocorrer a rever-
§ 2º As concessões em caráter precário, as que estive- são.
rem com prazo vencido e as que estiverem em vigor § 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que
por prazo indeterminado, inclusive por força de legis- trata o § 5º deste artigo ser paga mediante receitas de
lação anterior, permanecerão válidas pelo prazo ne- novo contrato que venha a disciplinar a prestação do
cessário à realização dos levantamentos e avaliações serviço.

65
Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de servi- II - propriedade privada;
ços públicos outorgadas sem licitação na vigência da III - função social da propriedade;
Constituição de 1988. IV - livre concorrência;
Parágrafo único. Ficam também extintas todas as V - defesa do consumidor;
concessões outorgadas sem licitação anteriormente à VI - defesa do meio ambiente;
Constituição de 1988, cujas obras ou serviços não te- VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
nham sido iniciados ou que se encontrem paralisados VIII - busca do pleno emprego;
quando da entrada em vigor desta Lei. IX - tratamento favorecido para as empresas brasilei-
Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se ras de capital nacional de pequeno porte.
encontrem atrasadas, na data da publicação desta Lei, Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício
apresentarão ao poder concedente, dentro de cento e de qualquer atividade econômica, independentemen-
oitenta dias, plano efetivo de conclusão das obras. te de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente previstos em lei.
o plano a que se refere este artigo ou se este plano não
oferecer condições efetivas para o término da obra, o Pela leitura do dispositivo constitucional, percebe-se
poder concedente poderá declarar extinta a conces- que a ordem econômica rege-se pelas normas de direi-
são, relativa a essa obra. to privado, mais especi camente pelas regras de Direito
Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44 Civil e Direito Empresarial, em respeito às liberdades in-
desta Lei, o poder concedente indenizará as obras e dividuais garantida a todos os cidadãos. Todavia, essas
serviços realizados somente no caso e com os recursos liberdades também podem sofrer restrições, principal-
da nova licitação. mente se acabarem partindo de encontro contra aspec-
Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste tos sociais, ou contra interesses difusos, como a proteção
artigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para ao meio ambiente, aos direitos do consumidor, a fun-
ns de avaliação, o estágio das obras paralisadas ou ção social da propriedade, etc. O Estado brasileiro não é
atrasadas, de modo a permitir a utilização do crité- uma gura ausente e passiva, devendo agir e intervir na
rio de julgamento estabelecido no inciso III do art. 15 medida em que o exercício descontrolado da atividade
desta Lei. econômica possa causar danos irreparáveis contra a so-
Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ciedade.
cação.
Art. 47. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174º da Indepen-
dência e 107º da República.
CONTRATOS PERTINENTES A OBRAS,
6. Intervenção do Estado no domínio econômico: SERVIÇOS, COMPRAS, ALIENAÇÕES E
LOCAÇÕES COM A ADMINISTRAÇÃO
A Constituição Federal de 1988 trouxe uma grande PÚBLICA
inovação, ao estabelecer claramente quais atividades es-
tariam dentro do campo de atuação do Estado, caracteri-
zando-se como “serviços públicos”, e qual seria o domí-
nio das atividades econômicas, de competência da livre CONCEITO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO
iniciativa. Na medida em que o ordenamento de ne uma
tarefa como serviço público, retirando-a do domínio eco- O Poder Público, no exercício de suas funções admi-
nômico, seu exercício passa a ser vedado à livre iniciativa nistrativas, muitas vezes tende a estabelecer diversas re-
dos particulares, salvo se o Estado delegar a prestação do lações jurídicas com particulares, criando vínculos espe-
serviço por meio de delegações, concessões, permissões ciais de colaboração com a esfera privada. Tais conexões
ou autorizações. podem ser instrumentalizadas mediante um contrato. Se
Entende-se por domínio econômico o conjunto de tal contrato estiver subordinado às regras de Direito Ad-
atividades constitucionalmente reservadas à iniciativa ministrativo, então estamos diante de um contrato ad-
privada. Não se confunde com ordem econômica, que é ministrativo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

o complexo de princípios e normas jurídicas que discipli- O contrato administrativo não corresponde aos con-
nam as atividades econômicas. tratos elaborados pelas pessoas na esfera privada. Isso
Para melhor compreender como o Estado pode in- signi ca que seu regime apresenta características espe-
uenciar a iniciativa privada no domínio econômico, im- ciais, que a distinguem do resto dos contratos de Direito
prescindível é conhecer os princípios e normas gerais da Privado.
ordem econômica, que se encontram dispostas no art.
170 da CF/1988: Contrato administrativo, assim, é um pacto bilateral
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização estabelecido entre a Administração Pública, agindo nessa
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por m qualidade, e terceiros, ou entre ela e suas entidades, sub-
assegurar a todos existência digna, conforme os dita- metido ao regime jurídico administrativo, cuja nalidade
mes da justiça social, observados os seguintes princí- é a consecução de objetivos de interesse público. Deste
pios: conceito, podemos destacar alguns aspectos especí cos
I - soberania nacional; dos contratos administrativos.

66
Ao dizermos que contrato administrativo é o pacto
bilateral ajustado pela Administração Pública, agindo
nessa qualidade, signi ca que, em pelo menos um dos
EXERCÍCIO COMENTADO
polos da relação jurídica deve haver a gura do Estado
(contratante), como pessoa jurídica de Direito Público, 1. (UNIFAP – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
que se apresenta em relação de superioridade em face DEPSEC – 2018)
dos particulares. Os terceiros, dessa forma, são as pessoas Marque a alternativa que corresponde ao conceito de
físicas (contratados) que não integram a Administração contrato administrativo:
Pública. Todavia, há alguns casos em que tal avença pode
ser estabelecida com outras entidades administrativas, a) Contrato administrativo é uma modalidade inexisten-
visando a cooperação mútua e a persecução de objeti- te tendo em vista que renomados doutrinadores lhes
negam a existência.
vos comuns entre os órgãos e entidades da Administra-
b) É o ajuste celebrado entre Administração Pública
ção, como é o caso dos consórcios estabelecidos entre a
e pessoas jurídicas de direito privado objetivando a
União e um Estado, ou Município, por exemplo. prestação de serviços não essenciais à população.
A submissão ao regime jurídico administrativo sig- c) É o ajuste que a Administração celebra com pessoas
ni ca dizer que, para os contratos administrativos vigo- físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a con-
ram os princípios e regras de Direito Administrativo. Não secução de ns públicos, segundo regime jurídico de
basta apenas a Administração Pública estar em um dos direito público.
polos contratuais, pois a mesma pode realizar ajustes de d) É o ajuste celebrado em Administração Pública e em-
natureza não-administrativa, podendo celebrar contra- presas privadas com o objetivo de prestar serviços que
to de locação sobre determinado imóvel, por exemplo. não podem ser supridos diretamente pela administra-
Tal hipótese é de contrato da Administração, que não se ção.
confunde com o contrato administrativo. Contratos da e) Contrato administrativo é uma modalidade dos con-
Administração é gênero, do qual o contrato administra- tratos em geral destinado a prover emprego e renda
tivo é espécie. a pessoas desempregadas e que tem vinculação com
Outra característica que o diferencia dos demais determinados grupos políticos.
contratos de Direito Privado é a sua nalidade, que é a
consecução de objetivos de interesse público. Os con- Resposta: Letra C. Lembre-se dos aspectos essenciais
tratos da esfera privada, geralmente, tendem a apenas do conceito de contrato administrativo apresentado: A)
pacto bilateral; B) presença da Administração Pública; C)
buscar os melhores resultados e trazer lucros para as
regime jurídico de Direito Público; D) nalidade de aten-
partes. Essa nalidade econômica é incompatível com os
der o interesse público; e E) exigência de prévia licitação.
contratos administrativos, que rege-se pelas normas de
Direito Público, que apresenta como um de seus princí- ESPÉCIES DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
pios sistêmicos a primazia do interesse público sobre o
privado. A legislação brasileira contempla várias espécies de
Em relação a competência para legislar sobre a maté- contratos administrativos. Importante destacar aqueles
ria, o art. 22, XXVII da CF/1988 prescreve ser competência que aparecem com maior frequência nas questões de
exclusiva da União legislar sobre normas gerais de licita- concursos.
ções e contratos administrativos. Isso, no entanto, não
impede que outras entidades federativas possam legislar 1. Contrato de prestação de serviço
sobre contratos administrativos, ainda que em caráter
suplementar, editando regras mais especí cas. Assim, o É o contrato que tem por objeto a prestação de uma
correto seria dizer que a competência para legislar sobre atividade, a m de promover uma determinada utilidade,
contratos administrativos é concorrente entre a União, os de interesse para a Administração Pública, ou para a co-
Estados, Munícipios e Distrito Federal. A lei que dispõe letividade. Trata-se de uma avença com uma obrigação
sobre normas gerais dos contratos administrativos é a Lei de fazer, podendo ser dividida em:
Federal nº 8.666/1993.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Serviços comuns: são os serviços que podem ser


Por m, importante salientar a exigência de prévia
realizados por qualquer pessoa, não se exige co-
licitação para a celebração do contrato administrativo.
nhecimentos especí cos.
Trata-se de um pressuposto que, estando ausente, pode b) Serviços técnicos pro ssionais generalizados:
macular a existência, validade e a e cácia do contrato. A são aqueles que, para a execução do serviço, é ne-
exigência de prévia licitação é somente para os contratos cessária alguma habilitação especí ca, como ser-
administrativos. viço de construção imposto a algum engenheiro.
c) Serviços técnicos pro ssionais especializados:
são os que exigem conhecimentos mais apurados
e especí cos para a execução do serviço, como na
elaboração de um parecer técnico.
d) Trabalhos artísticos: que tem relação com ati-
vidades artísticas, como escultura, pintura, música,
etc.

67
São exemplos de contratos administrativos: coleta de Constituição Federal de 1988
lixo, instalação, operação, reparação, manutenção, trans- Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da
porte de bens, trabalhos técnico-pro ssionais, etc. lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
missão, sempre através de licitação, a prestação de
2. Contrato de fornecimento serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
É o contrato pelo qual a Administração adquire bem I - o regime das empresas concessionárias e permis-
móvel para sua utilização nas repartições públicas ou em sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
estabelecimentos públicos. Exemplos: contrato de forne- seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con-
cimento de alimentos para escolas de rede pública. Apre- dições de caducidade, scalização e rescisão da con-
sentam-se em três vertentes: cessão ou permissão;

Lei nº 8.987/1995
a) Fornecimento integral: a entrega do bem é reali-
Art. 2º Para os ns do disposto nesta Lei, considera-se:
zada tudo de uma vez só.
(...)
b) Fornecimento parcelado: a entrega é feita em fra-
II - concessão de serviço público: a delegação de sua
ções, obedecendo uma programação previamente prestação, feita pelo poder concedente, mediante lici-
estabelecida. O fornecimento é considerado encer- tação, na modalidade de concorrência, à pessoa ju-
rado somente com a entrega da última “parcela”. rídica ou consórcio de empresas que demonstre ca-
c) Fornecimento contínuo: não há um prazo xo pacidade para seu desempenho, por sua conta e risco
para se encerrar, o fornecimento se estende ao e por prazo determinado;
longo do tempo.
Dessa forma, podemos concluir que a prestação do
3. Contrato de obra pública serviço público pode ocorrer diretamente pela Adminis-
tração Pública, ou indiretamente, mediante delegação
Consiste no ajuste em que a Administração escolhe do serviço a concessionários e permissionários que, por
uma empresa privada com o objetivo de realizar a cons- expressa determinação legal, necessita de prévio proce-
trução, ampliação, ou reforma de bem imóvel destinado dimento de licitação.
ao público, ou em prol do interesse público. As obras pú- A concessão de serviço público é contrato adminis-
blicas poderão ser: de equipamento urbano; equipamen- trativo bilateral, o que signi ca que depende, para a sua
to administrativo; empreendimento de utilidade pública; formação, além dos requisitos essenciais a todo negócio
ou ainda um edifício público. Obra não se confunde com jurídico dispostos no art. 104 do Código Civil (agente ca-
prestação de serviço, pois as obras podem ser remune- paz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei), a
radas mediante contribuição de melhoria junto aos con- convergência de vontades distintas. Temos de um lado o
tribuintes, enquanto que o serviço só pode ser cobrado poder concedente, que tem por objetivo a execução do
mediante arrecadação de taxas. serviço público em prol da coletividade; e do outro, a en-
Uma característica importante é o regime pelo qual o tidade concessionária que deve executar o serviço, com o
contrato de obra pública pode adotar: objetivo de lucrar mediante a arrecadação de tarifas dos
usuários bene ciados com aquele serviço. O contrato
a) Regime de empreitada: a Administração põe a deve ser obrigatoriamente por escrito, e rege-se pelas
regras de Direito Administrativo.
execução da obra por conta e risco do contratado,
Ao mencionar a transferência para pessoa jurídica
mediante uma remuneração previamente ajustada.
privada, quis o legislador que a delegação do serviço
As obras são de grande porte.
não pudesse, em regra, ser feita a pessoas físicas, mas
b) Regime de tarefa: nessa modalidade, as obras são somente à empresa ou a um consórcio de empresas. É o
de pequeno porte, o pagamento pelo serviço é pe- caso, por exemplo, da Sabesp, que é sociedade de eco-
riódico, e realizado após um processo de avaliação nomia mista, na prestação do serviço de abastecimento
por um scal do órgão contratante. de água no Estado de São Paulo.
Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
4. Contrato de concessão de serviço público tação de serviço público. A delegação ocorre apenas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titularida-


O termo “concessão” é empregado para designar a de, que continua sendo do poder concedente.
atividade da Administração Pública de delegar ao parti-
cular a prestação de um serviço, ou a execução de obra Além dessas características gerais, convém analisar
pública, ou ainda o uso de bem público. Contrato de outros aspectos típicos dos contratos de concessão de
concessão de serviço público é aquele pelo qual a serviço:
Administração promove a prestação indireta de um
serviço, delegando-o a particulares. Exemplos: a cons- a) Procedimento de licitação: antes da concessão
trução de linha ferroviária ou metrô para transporte de do serviço público, é obrigatório o procedimento
passageiros, transmissão áudio sonora (rádio) ou por licitatório na modalidade de concorrência (art. 2º,
imagens e sons (televisão), etc. Possui previsão legal na II, da Lei nº 8.987/1995). É possível, também, que
Lei nº 8.987/1995 (Lei de Concessões dos Serviços Pú- haja a inversão das fases de habilitação e julga-
blicos), bem como previsão constitucional no art. 175 da mento das propostas, assimilando-se mais com a
CF/1988: modalidade de pregão (art. 18-A, idem).

68
b) Exigência de lei especí ca: o legislador é quem V) Atender as reclamações e outras queixas advindas
decide a forma especí ca para a prestação do ser- dos usuários, zelando pela boa qualidade do serviço.
viço público. Deve haver a promulgação de lei cuja VI) Declarar os bens necessários à execução do serviço
matéria seja unicamente o regramento da conces- de necessidade ou utilidade pública.
são do referido serviço.
c) Concessionário assume à prestação do serviço 4.2 Obrigações da concessionária
por sua conta: signi ca dizer que, quaisquer danos
decorrentes da execução do serviço público são de Incumbe à concessionária do serviço público (art. 31
responsabilidade da empresa concessionária.
da Lei nº 8.987/1995):
I) Prestar o serviço de maneira adequada, utilizando-
FIQUE ATENTO! -se de técnicas especí cas de seu conhecimento,
nos casos previstos na lei ou no contrato.
O STF, no julgamento do RE nº 591.874/ II) Prestar contas da gestão do serviço ao poder con-
MS, em agosto de 2009, adotou o entendi-
cedente e aos usuários.
mento de que a concessionária prestadora
III) Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e
do serviço público tem responsabilidade
as cláusulas contratuais, havendo possibilidade de
objetiva e direta de indenizar os danos
causados tanto pelos usuários, quanto pedir indenização pela inexecução do contrato.
por terceiros não-usuários do referido IV) Promover desapropriações e construir servidões
serviço. Responsabilidade objetiva é aquela administrativas, mediante autorização do poder
em que não incumbe à vítima a necessidade concedente.
de comprovar a existência de dolo ou culpa V) Captar, aplicar e gerir os recursos nanceiros ne-
do agente infrator. Responsabilidade dire- cessários à prestação do serviço.
ta signi ca admitir, no caso, que o Estado,
como poder concedente, está indiretamen- 4.3 Formas de extinção da concessão
te obrigado a reparar os danos causados
na execução de serviço público, possuindo Por m, o art. 35 da Lei nº 8.987/1995 dispõe sobre as
responsabilidade subsidiária. Isso signi ca modalidades de extinção da concessão do serviço públi-
que a Administração só será obrigada a in- co. São seis ao todo:
denizar caso a entidade concessionária não
possua condições e patrimônio su cientes a) Advento do termo contratual: trata-se da extin-
para arcar com as despesas da indenização ção do contrato pelo encerramento de seu prazo
por conta própria. de vigência. É a extinção natural do contrato, haja
vista que nosso direito não admite contrato de
a) Prazo determinado: o contrato de concessão deve concessão por prazo indeterminado.
possuir um termo nal, sendo inadmissível sua ce- b) Encampação ou resgate: nos termos do art. 37 da
lebração por prazo indeterminado. Há a possibili- Lei nº 8.987/1995, é “a retomada do serviço pelo
dade de prorrogação do contrato. poder concedente durante o prazo da concessão,
b) Cobrança de tarifas aos usuários: essa é a forma por motivo de interesse público, mediante lei auto-
pela qual a concessionária deve ser remunerada na rizativa especí ca e após prévio pagamento da in-
concessão do serviço público. As tarifas não pos- denização (...)”. Como o encerramento do contrato
suem natureza tributária: são uma contraprestação não se deu por infração, é incabível a aplicação de
contratual, devida a todas as pessoas que utiliza- sanções ao contratado.
rem o serviço prestado. A legislação impõe que as c) Caducidade: é a modalidade em que a execução
tarifas a serem cobradas devem ser módicas, sen- do serviço não é realizada, no todo ou em parte,
do um dos critérios de julgamento da fase de lici-
ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à
tação (art. 15, I, da Lei nº 8.987/1995).
concessionária. A caducidade deve ser declarada,
4.1 Obrigações do poder concedente havendo a ocorrência de um dos eventos descritos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no § 1º do art. 38 da Lei nº 8.987/1995, tais como:


Apesar da execução do serviço público não ser fei- a concessionária paralisar o serviço, descumprir
ta pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei nº cláusula contratual, não cumprir as penalidades
8.987/1995) prevê outras obrigações para o Estado. São impostas, etc.
deveres do poder concedente: d) Rescisão por culpa do poder concedente: Caso
I) Regulamentar e scalizar a execução do serviço con- o poder concedente descumpra com alguma regra
cedido. estabelecida no instrumento contratual, a conces-
II) Intervir na execução do serviço, nos casos previstos em sionária tem direito a ingressar em juízo, objetivan-
lei. do à indenização dos danos decorrentes da extin-
II) Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou no con- ção contratual. A indenização, neste caso, abrange
trato. somente os danos emergentes (o que efetivamen-
IV) Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas cobra- te perdeu), e não os lucros cessantes (o que ele
das. poderia ter ganhado).

69
e) Anulação: é a modalidade de extinção em que c) Quanto ao aporte de capital: a concessão exige
consta-se vício de legalidade no contrato. O con- maior aporte de capital, a permissão admite inves-
trato perde sua e cácia desde a sua concepção (ex timentos de pequeno ou médio porte.
tunc), o que signi ca que a concessionária não faz d) Quanto à licitação: a concessão deve ser prece-
jus à indenização, exceto quanto a parte já execu- dida de licitação na modalidade de concorrência.
tada do contrato. Não há essa exigência para a permissão.
f) Decretação de falência: como a concessão é con- e) Quanto à forma da outorga: a concessão se dá
trato personalíssimo, ou seja, as partes contra- mediante promulgação de lei especí ca. A permis-
tantes têm grande relevância para a execução do são necessita apenas de autorização legislativa.
serviço, havendo o desaparecimento da empresa 6. Contrato de gerenciamento
concessionária mediante falência, ou o falecimento
de empresário individual, o vínculo contratual tam- Contrato de gerenciamento é aquele em que a Ad-
bém desaparece. ministração transfere a um particular (gerenciador) a
condução de um empreendimento, havendo reserva de
5. Permissão de serviço público competência decisória nal. O que difere essa modalida-
de de contrato de construção de obra, ou da prestação
A permissão é outra forma da Administração Pública de serviço, é o fato do gerenciador possuir maior auto-
de delegar a execução de serviço público para os particu- nomia executória para o desenvolvimento de suas tare-
lares, também possui previsão no art. 175 da CF/1988. A fas. O Estado apenas atuará no controle dos resultados
permissão é unilateral, discricionária, precária, e intuitu almejados pelo gerenciador. O gerenciador deve exercer
personae (personalíssima), promove a delegação do ser- uma atividade especializada, atuando em nome próprio
viço público mediante prévia licitação para um particular e por sua conta na execução das obrigações contratuais.
denominado permissionário.
Questão controvertida é a natureza jurídica da per- 7. Contrato de gestão
missão. Após a Constituição de 1988, o direito brasileiro
passou a tratar a permissão como se fosse um contrato Contrato de gestão é termo utilizado para desig-
de adesão, como se depreende da leitura do inciso I do nar, de modo amplo e genérico, qualquer acordo entre
parágrafo único do artigo 175 da Carta Magna: “I - o re- o Poder Público e as organizações sociais ou agências
gime das empresas concessionárias e permissionárias de executivas, a m de xar metas de desempenho, com-
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de prometendo-se a assegurar maior autonomia e liberda-
sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, de gerencial para tais associações, promovendo maior
scalização e rescisão da concessão ou permissão”. Toda- controle na produção dos resultados (art. 5º da Lei nº
via, contrato de adesão é remetente aos contratos de Di- 9.637/1998). Tal modalidade contratual foi introduzida
reito Privado, principalmente nas relações de consumo. Tal no ordenamento jurídico brasileiro, primeiro, pela EC nº
modalidade de contrato é elaborada unilateralmente pelo 19/1998, possuindo características típicas do modelo de
fornecedor, obrigando a parte aderente apenas manifes- administração gerencial.
tar o seu aceite. Trata-se de uma característica presente A nalidade do contrato de gestão é, nos termos do
também nos contratos administrativos: as regras enclau- art. 5º da Lei nº 9.637/1998, promover fomento e a exe-
suradas no contrato administrativo são unilateralmen- cução de atividades relativas ao ensino, à pesquisa cientí-
te elaboradas pelo poder concedente, antes mesmo do ca, à preservação do meio ambiente; à saúde, à cultura,
processo de licitação. A possibilidade de alteração dessas etc. No contrato de gestão deve constar, além das obri-
regras é inexistente. gações e encargos do Poder Público e das organizações
Apesar das semelhanças, não parece correto admitir sociais, a especi cação do programa de trabalho, bem
que a permissão seja uma espécie de contrato regulado como os limites e critérios a título de remuneração dos
por normas de Direito Privado, com princípios completa- dirigentes e membros das organizações (art. 7º, I e II, da
mente distintos dos princípios administrativos. Todavia, Lei nº 9.637/1998).
há diversos autores que admitem tal possibilidade, inclu-
sive o próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento 8. Termo de parceria
da ADI nº 1.491/1990. Por isso, para todos os efeitos, é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

melhor a rmar que trata-se de uma modalidade contra- Trata-se de acordo rmado entre a Administração e
tual sui generis. Assim, permissão de serviço público é as organizações da sociedade civil de interesse público
contrato administrativo por adesão. (OSCIPs), estabelecendo um vínculo de cooperação, fo-
mento e execução de atividades consideradas de interes-
Importante destacar as diferenças entre permissão e se público (art. 9º da Lei nº 9.790/1999). Seus objetivos e
a concessão de serviço público, que podem determina- modo de operação são bastante similares aos contratos
das com base nos seguintes requisitos: de gestão celebrado com as organizações sociais, pois
no termo de parceria também há a busca por um con-
a) Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni- trole de resultados, característica essencial do modelo de
lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral. administração gerencial.
b) Quanto aos bene ciários: qualquer pessoa pode
ser permissionária, mas somente as pessoas jurídi-
cas (empresas) podem ser concessionárias.

70
que pode ser de direito público (associação pública), ou
#FicaDica de direito privado, atendendo os requisitos da legislação
civil, nos termos do art. 6º da Lei nº 11.107/2005.
O termo “OSCIP” não se refere a uma pes-
Possui fundamento legal no art. 241 da CF/1988:
soa jurídica própria. Trata-se, na verdade, de
uma quali cação jurídica especial atribuída
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
a diferentes tipos de entidades privadas
disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e
atuando em áreas típicas do setor público
com interesse social. Essas entidades po- os convênios de cooperação entre os entes federados,
dem ser nanciadas pelo próprio Estado ou autorizando a gestão associada de serviços públicos,
pela iniciativa privada, porém jamais apre- bem como a transferência total ou parcial de encar-
sentam nalidade lucrativa. É o caso das gos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade
ONGs e outras entidades do Terceiro Setor. dos serviços transferidos.
Com a nalidade de regulamentar o referido disposi-
tivo constitucional, a Lei nº 11.107/2005 dispõe sobre a
9. Parceria Público-Privada celebração dos consórcios públicos.
A Lei dos Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2004) es-
As parcerias público-privadas (PPPs) são contratos tabelece alguns requisitos essenciais que devem constar
administrativos de concessão, podendo apresentar-se como cláusulas obrigatórias do consórcio público. En-
na modalidade de concessão patrocinada ou concessão
contram-se dispostas no art. 4º da referida Lei. Devem
administrativa, na forma do caput do art. 2º da Lei nº
constar em todo contrato de consórcio público dados
11079/2004.
relevantes como a identi cação dos entes da Federação,
Há, também, uma faixa de valores mínima para a sua
realização. A Lei nº 13.529/2017 altera o texto do art. 2º, § a área de atuação do consórcio, as normas de funciona-
4º, I, da Lei nº 11.079/2004, que passa a impor a vedação mento da assembleia geral, o número e as formas de re-
da celebração de PPP “cujo valor do contrato seja inferior muneração dos empregados públicos, as condições em
a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais)”. que o consórcio deve celebrar convênios, contratos de
As Parcerias Público-Privadas comportam duas espé- gestão e termos de parceria, entre outros.
cies:
11. Contrato de convênio
a) Parcerias administrativas: na maioria dos casos,
a concessão patrocinada é utilizada quando a Ad- Convênio é o acordo celebrado entre entidades pú-
ministração é usuária direta ou indireta do serviço blicas de qualquer tipo, ou ainda entre eles e alguma
prestado pelo investidor privado. Por ser autossu- entidade particular, a m de promover uma cooperação
ciente na geração de recursos, ou uti universi, é entre os conveniados para almejarem um objetivo de in-
incabível a cobrança de contraprestação pelo par- teresse comum a todos.
ceiro público (art. 2º, § 2º, da Lei nº 11.079/2004). Embora similar ao consórcio, não são o mesmo con-
b) Parcerias patrocinadas: é aquela em que o servi- trato. Os consórcios devem obrigatoriamente serem ce-
ço prestado pelo investidor privado não é autos- lebrados por entidades da Federação, ou seja, não cabe
su ciente, não sendo nanceiramente sustentável a iniciativa privada nos consórcios públicos, o que não
por si próprio, ou uti singuli. Para tanto, o parcei- ocorre com os convênios. Além disso, dos consórcios re-
ro público deverá remunerar o parceiro privado sultam a criação de uma pessoa jurídica nova e autôno-
em pecúnia (art. 2º, § 1º, da Lei nº 11.079/2004). ma, nos termos da Lei nº 11.107/2004, o que não ocorre
Isso signi ca que há duas fontes de receita para com os convênios.
o investidor privado: uma é a tarifa cobrada pelo
usuário, e a outra advém de contraprestação pelo
parceiro público.
EXERCÍCIO COMENTADO
Em relação a vedações, o art. 2º, § 4º, da Lei nº
2. (CEMIG-MG – TÉCNICO DE GESTÃO ADMINIS-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

11.079/2004 determina três hipóteses em que não é pos-


TRATIVA – FUMARC – 2018)
sível a celebração de parceria público-privada: quando
Para efeitos da Lei 8.666/93, considera-se contrato:
o valor contratual for inferior a vinte milhões de reais;
quando o período da prestação do serviço for inferior a
cinco anos; ou nas hipóteses de fornecimento de mão de a) todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
obra, instalação de equipamentos, e construção de obra Administração Pública e particulares, em que haja um
pública. acordo de vontades para a formação de vínculo e a es-
tipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a de-
10. Consórcio Público nominação utilizada.
b) todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
Consórcio público é o contrato administrativo mul- Administração Pública e particulares, em que haja uma
tilateral, rmado entre as entidades federativas, com a adesão de vontades para a formação de ação e a esti-
nalidade de perseguir objetivos comuns. Do consórcio, pulação de obrigações recíprocas, seja qual for a de-
há um processo de criação de uma nova pessoa jurídica nominação utilizada no propósito de serviços.

71
c) todo e qualquer reajuste entre órgãos ou entidades Administração poder: rescindir o negócio unilate-
da Administração Pública, em que haja um acordo de ralmente, alterar o objeto unilateralmente, aplicar
vontades para a formação de vínculo e a estipulação sanções administrativas, entre outras hipóteses.
de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação f) Formalismo: Em regra, os contratos de Direito Ad-
utilizada no ato comercial. ministrativo são solenes, o que signi ca que não
d) todo e qualquer reajuste entre órgãos ou entidades podem ter forma livre como alguns contratos par-
particulares, em que haja um acordo de ações para ticulares. Em regra, os contratos administrativos
a formação de vínculo e a estipulação de obrigações devem ser feitos por escrito.
individuais, seja qual for a denominação utilizada. g) Con ança recíproca entre as partes: os contratos
administrativos também são personalíssimos (ou
Resposta: Letra A. A alternativa transcreve o texto intuitu personae), pois a escolha do contratado se
disposto no art. 2º, par. único, da Lei nº 8.666/1993: dá pela análise de requisitos subjetivos e objetivos,
mediante procedimento de licitação. Dessa forma,
“Para os ns desta Lei, considera-se contrato todo e
a subcontratação, isso é, a transferência total ou
qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Ad-
parcial da responsabilidade pela execução do ser-
ministração Pública e particulares, em que haja um
viço para outra pessoa, somente será possível se
acordo de vontade para a formação de vínculo e a estiver prevista no edital de licitação.
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a
denominação utilizada”.

CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINIS-


EXERCÍCIO COMENTADO
TRATIVOS 3. (TRT6-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018)
Constatada pela Administração a inexecução do contrato
Sobre os contratos administrativos em geral, impor- pela empresa contratada, a Lei nº 8.666/1993 autoriza:
tante estabelecer suas principais características, que os
distinguem dos demais contratos privados. São elas: a) rescisão do ajuste na hipótese de descumprimento to-
tal e a aplicação de sanções, previstas na lei e no ins-
a) Submissão ao Direito Administrativo: enquanto trumento convocatório, no descumprimento parcial,
os contratos privados regem-se pelas regras de este que, no entanto, não autoriza a sua rescisão.
Direito Civil e Empresarial, os contratos adminis- b) rescisão do contrato tanto na hipótese de descumpri-
trativos são regidos por normas de Direito Público, mento total como na de descumprimento parcial do
cujo sistema é elaborado para que o conjunto de ajuste.
normas e princípios possam viabilizar a defesa do c) aplicação de sanções, previstas na lei e no instrumento
interesse público. Somente as cláusulas referentes convocatório, não sendo possível a rescisão do ajuste,
à remuneração do contratado são regidas pelas em razão do princípio da continuidade da prestação do
normas privadas. serviço público.
b) Presença da Administração Pública: ao menos d) anulação do contrato e o pagamento de indenização
em um dos polos contratuais a Administração deve ao contratado pela parte executada do ajuste.
estar presente. É considerado elemento necessário, e) anulação do contrato e o levantamento da garantia
mas não su ciente para caracterizar o contrato ad- prestada, esta como forma de indenização pela parte
não executada do ajuste.
ministrativo.
Resposta: Letra B. Pela leitura do art. 77 da referida
c) Relação de desigualdade entre as partes: ao
Lei nº 8.666/1993, a rescisão do contrato administra-
contrário do que ocorre nos contratos de nature- tivo se dá pelo seu descumprimento total ou parcial.
za privada, as partes não se encontram em pé de Não confundir rescisão com anulação, que veri ca um
igualdade nos contratos administrativos. vício de ordem legal no presente ato. Lembre-se que
d) Mutabilidade das cláusulas: no ramo de Direito todos os atos administrativos presumem-se legais e
Privado, vigora o princípio do pacta sunt servanda, legítimos até a apresentação de prova em sentido
que se traduz no el cumprimento das cláusulas contrário (presunção juris tantum).
do contrato. O contrato tem “força de lei” entre
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

particulares. Todavia, no Direito Administrativo, EXECUÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS


esse princípio não é aplicável com a mesma abran-
gência, uma vez que a Administração Pública pode Importante também fazer uma breve análise sobre o
alterar unilateralmente as referidas cláusulas, cau- processo de formalização dos contratos administrativos.
sando instabilidades na relação contratual. Essa Quanto ao modo de celebração, os contratos adminis-
mutabilidade, porém, não pode ocorrer nas cláu- trativos só podem ser celebrados por escrito, pois são
sulas que dizem respeito à remuneração do con- contratos solenes, com forma prevista em lei (art. 60, par.
tratado sem a sua anuência. único, da Lei nº 8.666/1993). O contrato administrativo
e) Cláusulas exorbitantes: são as disposições contra- só será verbal, excepcionalmente, nas pequenas compras
tuais que conferem privilégios e poderes especiais de pronto pagamento, feitas em regime de adiantamen-
à Administração Pública, que se apresenta em po- to. Outro requisito importante para que o contrato admi-
sição de superioridade em relação ao contratado. nistrativo possa produzir seus efeitos é a sua publicação
As cláusulas exorbitantes conferem poderes para a com os aditivos na imprensa o cial.

72
1. Cláusulas Exorbitantes d) para restabelecer a relação que as partes pactu-
aram inicialmente entre os encargos do contratado e
Uma das características fundamentais dos contratos a retribuição da administração para a justa remuner-
administrativos é a presença de cláusulas atípicas e espe- ação da obra, serviço ou fornecimento, objetivando
ciais. As cláusulas exorbitantes conferem à Administra- a manutenção do equilíbrio econômico- nanceiro
ção Pública poderes para agir dentro do contrato, poden- inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
do desequilibrar a relação jurídica pactuada. Isso porque a imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências
própria Administração encontra-se em posição de superio- incalculáveis, retardadores ou impeditivos da ex-
ridade, na relação contratual estabelecida com o particular. ecução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior,
As cláusulas exorbitantes possuem respaldo legal na
caso fortuito ou fato do príncipe, con gurando álea
Lei nº 8.666/1993 e, portanto, não podem ser conside-
econômica extraordinária e extracontratual”.
radas abusivas. Exempli cando, a Administração Públi-
ca poderá: exigir garantias, alterar o objeto do contrato A manutenção do equilíbrio econômico- nanceiro
unilateralmente, exigir a manutenção do equilíbrio eco- poderá ser obtida mediante reajuste ou revisão. Reajus-
nômico- nanceiro, aplicar penalidades, rescindir unilate- te é a terminologia que designa a atualização dos valores
ralmente o negócio. remuneratórios ante as perdas econômicas ou majoração
de insumos. As regras de reajuste devem estar previstas
2. Equilíbrio econômico- nanceiro contratual no próprio instrumento contratual.
A revisão, por sua vez, corresponde a alterações no
Também denominada equação econômico- nancei- valor efetivo da tarifa, geralmente sem previsão contra-
ra, consiste em uma garantia estabelecida, no momento tual, utilizado em circunstâncias em que a recomposição
da celebração do contrato, para a manutenção do equilí- por reajuste se torna impossível. Há, nesse caso, um au-
brio dos encargos assumidos e da remuneração percebi- mento real do valor pago ao contratado, ao contrário do
da pelo particular, garantindo a este uma certa margem reajuste, que apenas atualiza o aspecto pecuniário da
de lucro pela execução do negócio. remuneração.
As hipóteses mais comuns para a autorização da re-
#FicaDica composição econômico- nanceira do contrato são:
a) Alteração unilateral do contrato: qualquer modi-
Para compreender a manutenção do equi- cação, pela Administração Pública, seja quantita-
líbrio econômico- nanceiro nos contratos tiva ou qualitativa, do objeto principal do contrato,
administrativos, importante salientar a Teo- enseja a recomposição do equilíbrio econômico-
ria da Imprevisão. Trata-se de uma corrente, - nanceiro. Trata-se de uma circunstância interna
com aplicação também nos ramos de Di-
do contrato. Exemplo: aumento do número de es-
reito Privado, que admite que as condições
tações de linha ferroviária a serem construídas.
das partes podem sofrer alterações desde o
início da sua celebração. Pela ocorrência de b) Fato do príncipe: é evento externo ao contrato,
algum evento imprevisto pelas partes, pode de natureza geral, provocado pelo Poder Público.
ocorrer um grande desequilíbrio na rela- Ocorre quando o próprio Estado, mediante ato le-
ção contratual, fazendo com que uma das gal, modi ca as condições do contrato, provocan-
partes tenha lucros excessivos, e a outra se do prejuízo ao contratado. Tal interferência gera
prejudique ainda mais com a execução do indenização para o particular prejudicado com a
contrato. Por isso, admite-se a possibilidade alteração unilateral do Estado. Exemplo: aumento da
de revisão de algumas cláusulas. Diz-se que carga tributária elaborado pelo próprio contratante.
os contratos que admitem revisão regem- c) Fato da Administração: traduz-se em uma con-
-se pelo vernáculo do rebus sic stantibus duta irregular praticada pelo Poder Público, que
(“enquanto as coisas se mantiverem nesse não necessariamente impede, mas pode retardar
estado”), em oposição ao pacta sunt servan- a execução do contrato. Trata-se de ato com cará-
da (“os pactos devem ser cumpridos”). Nos ter especí co, relacionado com o próprio contra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

contratos administrativos aplica-se com to, o que distingue do fato do príncipe. Exemplo:
maior frequência a rebus sic stantibus. a construção de estrada em local residencial em
que a Administração não providencia mecanismos
essenciais a desapropriação daqueles imóveis.
Possui previsão constitucional (art. 37, XXI, da d) Álea econômica extraordinária: é o evento ex-
CF/1988), que estabelece, no procedimento licitatório, a terno ao contrato e estranho à vontade das partes.
manutenção das condições efetivas da proposta. O art. Por ser fato imprevisível e inevitável capaz de cau-
65, II, d, da Lei nº 8.666/1990, seguindo esse raciocínio, sar desequilíbrio contratual, enseja a revisão tari-
dispõe que: fária, desde que comprovada a imprevisibilidade
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser al- e estranheza do fato, bem como o desequilíbrio
terados, com as devidas justi cativas, nos seguintes casos: anormal na equação econômico- nanceira. Exem-
II - por acordo das partes: plo: aumento da carga tributária por entidade dis-
(...) tinta do contratante.

73
e) Interferências imprevistas: são eventos ocorridos c) não fará jus ao reequilíbrio econômico- nanceiro do
durante a execução do contrato, de ordem mate- contrato, eis que a avença, pela sua natureza, pressu-
rial, que causem di culdades no cumprimento das põe a assunção de todos os riscos pelo contratado,
tarefas pactuadas, tornando insuportavelmente salvo os decorrentes de caso fortuito ou força maior.
onerosos para uma das partes. Exemplo: desaba- d) poderá fazer jus ao reequilíbrio econômico nanceiro
mento de terras em área destinada a construção do contrato, desde que o risco de criação ou majora-
de imóvel público, devido a fortes chuvas. ção de impostos tenha sido alocado ao poder público,
havendo, em tal tipo de contrato, ampla margem para
3. Da execução dos contratos administrativos tal alocação em face da omissão legislativa.
e) terá direito à adequação do preço ofertado às con-
Segundo o art. 57 da Lei nº 8.666/1993, o prazo dos dições econômicas existentes no momento da entre-
contratos administrativos ca adstrito à vigência dos ga do objeto, incluindo alterações supervenientes de
respectivos créditos orçamentários, sendo impossível a preços de seus insumos, que sempre representa álea
celebração de contrato administrativo por tempo inde- econômica extraordinária.
terminado. Mas o mesmo dispositivo comporta três ex-
ceções:
Resposta: Letra B. Pela leitura do enunciado percebe-
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei
-se que estamos diante da hipótese de recomposição
cará adstrita à vigência dos respectivos créditos orça-
mentários, exceto quanto aos relativos: do equilíbrio econômico- nanceiro por álea econô-
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados mica (a majoração de impostos sobre faturamento da
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais empresa). A “pegadinha” da questão encontra-se na
poderão ser prorrogados se houver interesse da Ad- alternativa E. As alterações supervenientes do preço
ministração e desde que isso tenha sido previsto no de insumos representam álea ordinária, é um even-
ato convocatório; to previsível no mundo empresarial, pois decorre da
II - à prestação de serviços a serem executados de própria utuação de preços no mercado. Por isso, não
forma contínua, que poderão ter a sua duração pror- con gura hipótese de reajuste.
rogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à
obtenção de preços e condições mais vantajosas para DA INEXECUÇÃO E RESCISÃO DOS CONTRATOS
a administração, limitada a sessenta meses; ADMINISTRATIVOS
III - VETADO
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro- Se os contratos administrativos são celebrados por
gramas de informática, podendo a duração estender- prazo determinado, isso signi ca que, eventualmente, eles
se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o devem se extinguir. Assim, o contrato administrativo ad-
início da vigência do contrato. mite as seguintes hipóteses de extinção: pela execução e
conclusão do seu objeto, pelo término de seu prazo, por
Dessa forma, pode-se a rmar que é possível a pror- anulação motivada por defeito que o macule, ou ainda por
rogação do contrato administrativo, ocorrendo um au- rescisão.
mento no seu prazo de vigência, com a manutenção das Sobre a rescisão, o art. 79 da Lei nº 8.666/1993 admi-
condições anteriores e em relação a mesma pessoa do te três tipos de rescisão contratual: a rescisão unilateral,
contratado, desde que justi cada por escrito e autoriza- decretada pela Administração Pública sem a necessidade
da pela esfera competente. de autorização judicial, ensejando indenização do contra-
tado, exceto se deu causa à rescisão; a rescisão amigável,
feita de comum acordo entre ambas as partes, geralmente
EXERCÍCIO COMENTADO não enseja indenização; e a rescisão judicial, hipótese em
que há a interferência do Poder Judiciário em razão do
4. (SABESP-SP – ANALISTA DE GESTÃO – FCC – 2018)
Suponha que a SABESP tenha contratado, mediante pré- inadimplemento pelo Poder Público ou pelo contratado.
vio procedimento licitatório, um consórcio de empresas Para que o contratado tenha o direito de ser indeni-
para a construção de uma adutora. Ocorre que, no curso zado, provocado pela extinção do contrato administrati-
da execução do contrato, houve majoração de alíquota vo, precisa preencher alguns requisitos. Primeiramente, a
de imposto incidente sobre o faturamento da empresa, extinção contratual deve ser antecipada, pois seria ilógico
pedir reparação de danos em hipóteses em que o contra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ensejando alegação da mesma de alteração das con-


dições econômicas em que se pautou no momento da to se extinguiu naturalmente pelo regular adimplemento
celebração do contrato. De acordo com as disposições do negócio. Além disso, sua relação jurídica com o Poder
da Constituição Federal e da Lei nº 8.666/1993, referida Público não pode ser precária, pois atos precários são re-
empresa: vogáveis pelo Poder Público, a qualquer tempo. Por m, o
contratado deve ter agido de boa-fé durante a execução
a) somente fará jus ao reequilíbrio econômico- nanceiro contratual, pois se o particular tivesse agido com intenção
do contrato se a majoração envolver imposto estadu- de extinguir o negócio (agir de má-fé), não lhe seria ca-
al, caracterizando, assim, fato da administração. bível o dever de indenizar, haja vista que ninguém pode
b) terá direito ao reequilíbrio da equação econômico- bene ciar-se da própria torpeza.
- nanceira do contrato, se comprovada a repercussão Nos casos de anulação, o dever de indenizar persiste
da majoração em relação ao preço ofertado, operan- ainda que o contrato apresente vício legal, devendo a Ad-
do-se a correspondente recomposição mediante adi- ministração indenizar o contratado pelo que este houver
tivo contratual. executado até a data em que ela for declarada e por ou-

74
tros prejuízos regularmente comprovados, contanto que
não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilida-
de de quem lhe deu causa (art. 59, par. único, da Lei nº RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA;
8.666/1993). RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
O art. 87 da Lei nº 8.666/1993 apresenta o rol de san- DO ESTADO
ções aplicáveis ao contratado pela inexecução, total ou
parcial, do contrato administrativo, in verbis:
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato
a Administração poderá, garantida a prévia defesa, Prezado candidato, não deixe de conferir os tópicos
aplicar ao contratado as seguintes sanções: anteriores sobre Responsabilidade no serviço público para
I - advertência; completar seus estudos.
II - multa, na forma prevista no instrumento convo-
catório ou no contrato;
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ES-
III - suspensão temporária de participação em licitação
TADO
e impedimento de contratar com a Administração, por
prazo não superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou con- Nos dias atuais, temos a total compreensão da ideia
tratar com a Administração Pública enquanto perdu- de responsabilidade civil e extracontratual do Estado.
rarem os motivos determinantes da punição ou até Signi ca dizer que ao Estado é imputado o dever de
que seja promovida a reabilitação perante a própria ressarcir particulares pelos prejuízos praticados na con-
autoridade que aplicou a penalidade, que será con- duta de seus agentes, independentemente de qualquer
cedida sempre que o contratado ressarcir a Adminis- acordo ou pacto estabelecido. Todavia, essa concepção
tração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o que temos atualmente não “brotou da terra”: ela foi o
prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior. resultado de uma longa evolução histórica sobre a for-
ma de atuação do Poder Público na esfera privada. Por
isso, importante analisar a evolução histórica da respon-
sabilidade estatal, tendo como foco os países ocidentais,
EXERCÍCIO COMENTADO sobretudo o Brasil.

5. (DPE-AM – ASSISTENTE TÉCNICO DE DEFENSO- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE DO


RIA – FCC – 2018) Suponha que uma empreiteira que ESTADO
celebrou contrato de obras com entidade integrante da
Administração pública tenha atrasado, por diversas ve- De modo geral, pode-se a rmar que a responsabilida-
zes, a entrega de etapas do empreendimento, descum- de civil da Administração passou por três grandes fases.
prindo o cronograma contratual e gerando prejuízos A primeira fase, denominada Teoria da Irresponsabili-
à contratante. De acordo com as disposições da Lei nº dade, adveio na época dos Estados Absolutistas, onde
8.666/1993, a empreiteira: havia uma concentração do poder político nas mãos de
uma única pessoa. O Monarca, assim, praticava atos que
a) somente estará sujeita à aplicação de multa ou sus- jamais poderiam ensejar a reparação pelos danos, uma
pensão do direito de contratar com a Administração vez que o Monarca fazia a sua vontade ter força de lei.
se constatada fraude ou má-fé.
A fundamentação dessa soberania dos reis absolutistas
b) poderá ser instada ao pagamento decorrente de ree-
era baseada na teoria político-teológica de que eles eram
quilíbrio econômico- nanceiro até o limite do valor do
representantes de Deus na terra, investidos desse Poder
contrato, descabendo outras sanções administrativas.
c) deverá, obrigatoriamente, ser declarada inidônea para por obra divina. Tal teoria seria superada com o advento
contratar com a Administração. do Estado de Direito francês, sobretudo do julgamento
d) não poderá sofrer sanções administrativas, porém res- pelo Tribunal de Con itos da França, denominado Aresto
ponde pelas perdas e danos devidamente comprovadas. Blanco, no ano de 1873. O julgamento consistia na im-
e) está sujeita à aplicação de multa de mora, na forma putação ao Estado do dever de reparar danos causados
prevista no contrato, que poderá ser descontada dire- por um vagão da Companhia Nacional de Manufatura
do Fumo, que havia atropelado uma menina enquanto
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tamente da garantia contratual.


brincava na rua.
Resposta: Letra E. Alternativa A está incorreta pois a A Teoria da Responsabilidade Subjetiva foi a pri-
empreiteira também pode sofrer sanções como adver- meira tentativa de explicar a imputação ao Estado do de-
tência e a declaração de inidoneidade (art. 87). Alter- ver de reparar os danos patrimoniais e demais prejuízos
nativa B está errada pois há a possibilidade de aplicar causados pela conduta de seus agentes. Por essa corrente
multa concomitantemente com outras sanções admi- teórica, o Estado passaria a adquirir uma segunda perso-
nistrativas. Alternativa C está errada pois não existe nalidade denominada “ sco”, sendo esta uma personali-
obrigatoriedade de declarar a idoneidade da emprei- dade patrimonial, capaz de ressarcir os particulares pela
teira para celebrar contrato com a Administração. Al- prática de atos de gestão. Tem seu fundamento ligado às
ternativa D está incorreta pois estamos diante de um noções mais de responsabilidade mais amplas do que o
contrato administrativo e, por isso, as regras quanto as âmbito de Direito Civil, o que signi ca que, para o Estado
sanções administrativas devem ser aplicadas no caso ser considerado responsável, deve haver a comprovação
mencionado. de que este agiu com culpa lato sensu, abrangendo as

75
hipóteses de dolo (intenção de lesar), bem como as de Em relação ao segundo elemento, a doutrina costu-
negligência, imprudência e imperícia (culpa stricto sensu). ma apontar quais são os danos que ensejam o dever de
Essa era a grande di culdade dessa teoria: pelo fato da indenizar, isso é, quais são os denominados danos inde-
relação entre a Administração Pública e o particular ser nizáveis.
desigual, a vítima muitas vezes não possuía meios su - Assim, considera-se dano indenizável:
cientes para comprovar a conduta dolosa ou culposa do A) Dano anormal: é o dano que ultrapassa os incon-
Estado. No Brasil, adotamos a teoria subjetiva no Direi- venientes naturais e esperados da vida em socie-
to Público, excepcionalmente, nos casos de omissão da dade. A vida em sociedade é caracterizada pelo
advento de certos incômodos normais e toleráveis
Administração, ou na possibilidade de ação regressi-
a todos os cidadãos. Tais desconfortos só enseja-
va desta perante seus agentes.
ram o dever de indenizar se forem considerados
A terceira teoria, denominada Teoria da Responsa- intoleráveis. Assim, por exemplo, a feira colocada
bilidade Objetiva, surge nos meados de 1946. Consiste em rua residencial não enseja dever de indenizar.
no afastamento da necessidade de comprovação de dolo B) Dano especí co: é aquele que atinge uma certa
ou culpa do agente público, tendo por fundamento do pessoa, ou uma certa categoria de pessoas. Dessa
dever de indenizar a concepção de risco administrati- forma, se o ato da Administração é capaz de cau-
vo. Quem presta um serviço público, assume o risco dos sar danos de modo geral, para toda a coletividade,
prejuízos que eventualmente causar a outrem. Não cabe, não se caracteriza dano indenizável. Por exemplo:
dessa forma, a discussão sobre aspectos subjetivos da não é considerado dano indenizável o aumento da
responsabilidade estatal, exceto nas hipóteses de ação tarifa do transporte público, haja vista que todos as
regressiva. pessoas daquela cidade sofrerão com tal medida.
A Constituição Federal de 1988 adotou a teoria da
responsabilidade objetiva, na variação de risco admi- 1. Danos por ação e danos por omissão
nistrativo, que admite algumas excludentes ao dever de
indenizar, conforme se depreende da leitura do art. 37, § O Estado pode causar danos aos particulares por ação
6º, da CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito público ou por omissão. Quando o fato administrativo é comis-
e as de direito privado prestadoras de serviços públicos sivo, não há questionamento acerca da culpa do Estado
em sua conduta. Nesse caso a responsabilidade objetiva
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qua-
do Estado se dará pela presença dos seus pressupostos:
lidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- o fato administrativo, o dano, e o nexo causal existente
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. entre os dois.
Observe que o texto constitucional imputa as pessoas ju- Todavia, quando a conduta estatal for omissiva, será
rídicas de direito privado, como sociedades de economia preciso distinguir se a omissão constitui ou não fato ge-
mista e empresas públicas, o dever de reparar na mesma rador da responsabilidade civil do Estado. Isso signi ca
modalidade que as pessoas da Administração Direta. A que nem toda conduta omissiva caracteriza-se em um
Lei nº 8.112/1990, que dispõe sobre o regime dos servi- dever de indenizar. Somente quando o Estado se omi-
dores públicos, apresenta uma seção sobre responsabi- tir diante do dever legal de impedir a ocorrência do
lidades dos agentes públicos, colocando em destaque a dano é que será civilmente responsável. Observe que
responsabilidade objetiva. Prescreve o art. 112 da referi- em tais casos, há uma análise subjetiva da conduta do
da Lei: “A responsabilidade civil decorre de ato omissivo Poder Público. Assim, o entendimento mais correto é de
ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo que a responsabilidade civil do Estado, no caso de con-
ao erário ou a terceiros”. duta omissiva, só ocorrerá quando presentes os elemen-
O dever estatal de indenizar os particulares possui tos que caracterizam a culpa.
dois fundamentos distintos: a legalidade, e a igualdade.
Na hipótese do Poder Público praticar um ato ilícito, cau- 2. Causas excludentes e atenuantes da responsa-
bilidade
sador de danos patrimoniais para a coletividade, o dever
de indenizar advém do princípio da legalidade, uma vez
Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsabili-
que a atuação do agente público deve ser feita sempre dade estatal, existem duas vertentes distintas. A primeira,
de acordo com a lei (secundum legem). Há, também, ca- denominada risco integral, dispõe que o Estado possui
sos em que a Administração pratique atos lícitos, mas o dever de indenizar todo e qualquer dano causado pela
que também podem causar prejuízos especiais ao parti-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prática de seus atos, não admitindo nenhuma excluden-


cular. Nessas hipóteses, o dever de indenizar advém do te. Trata-se de uma variação radical, em que a Adminis-
princípio da isonomia, que pressupõe a igual repartição tração se transforma em um indenizador universal. Não
dos encargos sociais. é adotado em nenhum país, sendo adotado no Brasil
somente como exceção em alguns casos especí cos,
CARACTERÍSTICAS DO DANO INDENIZÁVEL como nos acidentes de trabalho, na indenização coberta
pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT), etc.
Para que haja a con guração da responsabilidade ci- A segunda vertente, denominada teoria do risco ad-
vil do Estado, importante a presença de três elementos: ministrativo, é a adotada como regra geral no direito
a) um ato do agente público, brasileiro. Tal teoria reconhece algumas excludentes da
b) dano ao particular, responsabilidade do Estado. Excludentes são circunstân-
c) nexo de casualidade entre o dano e o ato prati- cias que, como o próprio nome diz, afastam o dever de
cado. indenizar durante a sua ocorrência. São, ao todo, três
modalidades:

76
A) Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL
o prejuízo é consequência da intenção deliberada
da própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o re- Todo aquele que se sentir prejudicado por conduta
ferido serviço público, acaba sofrendo danos por comissiva ou omissiva de agente público pode pleitear,
uma ação tomada por ela mesma, não havendo pela via administrativa ou judicial, a devida reparação pe-
qualquer relação com as condutas do Poder Públi- los danos causados. Na via administrativa, basta que o
co. É o caso, por exemplo, de pessoa que se joga prejudicado formule o pedido a autoridade competente,
na frente de viatura policial para ser atropelada. que instaurará processo administrativo para apurar a res-
Não se confunde com a culpa concorrente, que se ponsabilidade e o pagamento de indenização.
traduz no dano causado pela conduta recíproca Porém, é preferível que a vítima utilize a via judicial,
do Estado e da própria vítima. Neste caso, há uma hipótese mais comum haja vista o direito de petição, que
análise pericial para determinar os diferentes graus caracteriza-se no dever do Poder Judiciário de atender
de culpa de cada agente, ensejando reparação. todas as demandas feitas pelos cidadãos. O direito à in-
B) Força maior: é o evento imprevisível e involuntá- denização da vítima se instrumentaliza pela ação indeni-
rio que rompe o nexo de casualidade entre o ato zatória. A ação indenizatória, dessa forma, é aquela pro-
da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima. posta pela vítima contra a pessoa jurídica à qual o agente
Geralmente são causados pela força da natureza. público causador do dano pertence. Conforme dispõe o
É o caso, por exemplo, do desabamento de terras art. 206, § 3º, V, do Código Civil, o prazo prescricional
que arruínam as casas de um bairro, devido às for- para a propositura de ação indenizatória é de três anos,
tes chuvas. Não se confunde com o caso fortuito, contados da ocorrência do evento danoso.
em que o dano decorre de ato humano, ou da pró-
pria Administração, como o desabamento de uma
estrada. O caso fortuito enseja o dever de respon-
sabilidade somente se tal evento for causado pelo EXERCÍCIOS COMENTADOS
agente público.
C) Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuí- 1. (DPE-AM – Assistente Técnico de Defensoria – FCC
zo é atribuído a pessoa estranha aos quadros da – 2018) A responsabilidade patrimonial do Estado é
Administração Pública. Dessa forma, não há como constitucionalmente consagrada. Para seu nascimento, é
o Estado ser imputado responsável por atos pra- pressuposto obrigatório a existência de:
ticados por pessoas que não fazem parte de sua
composição. a) conduta ilícita do Estado ou de agente seu e demons-
tração ao menos de culpa.
b) dano causado a terceiro decorrente de conduta do Es-
tado ou de quem lhe faça as vezes.
#FicaDica c) dano economicamente mensurável e ação regressiva
em face do causador.
Curioso é o caso dos danos causados pe- d) conduta produtora de resultado ilícito, dolo e dano
las enchentes, sobretudo em cidades onde economicamente mensurável.
o escoamento das águas é precário, como e) conduta lícita ou ilícita de agente de pessoa jurídica de
ocorre em algumas regiões da cidade de direito público prestadora de serviço público.
São Paulo. Como regra geral, o Estado não
se responsabiliza por prejuízos causados Resposta: Letra B. A questão pedia as características
pelas enchentes. A 3º Câmara de Direito principais do dano indenizável. Lembre-se que, no
Público do TJ/SP negou provimento à AC
Brasil, adotamos a responsabilidade objetiva, baseada
nº 0170440220058260602 interposta por
na teoria do risco administrativo, admitindo algumas
três proprietários de imóveis afetados pelas
fortes chuvas do início do ano de 2012, que hipóteses de exclusão ou de atenuação da responsa-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pleiteavam pedido de indenização pelos da- bilidade. Esse dano pode advir tanto de atividades ilí-
nos causados pelas chuvas, pois as galerias citas como lícitas, desde que con gurem em conduta
pluviais de seu bairro não eram su cientes típica do Estado, ou de outro órgão responsável pela
para escoar toda a água, caracterizando-se execução de atividades de relevante interesse público
em falta no serviço público. Segundo voto (art. 37, § 6º, CF/1988).
do relator, porém, não havia qualquer pro-
va que de na a ocorrência de qualquer falta
de serviço que possa ser atribuída ao Mu-
nicípio e que tenha sido causa concorrente
para o evento.

77
2. (DETRAN-SP – AGENTE ESTADUAL DE TRÂNSITO d) é sempre objetiva, tanto para a Administração direta,
– FCC – 2019) Uma rodovia estadual, cuja exploração é quanto para a Administração indireta, salvo hipóteses
feita mediante contrato de concessão de serviço público, em que não se comprovar a ocorrência de culpa de
foi cenário de um grave acidente: um veículo particular agente público para os danos causados.
transitava por uma faixa de rolamento quando o moto- e) se estende às pessoas jurídicas prestadoras de serviços
rista perdeu o controle da direção ao passar por um bu- públicos, mesmo que não integrantes da Administra-
ção indireta, comprovada a ocorrência de danos con-
raco existente na pista em função de obras de reparo em
cretos e o nexo causal destes com a conduta de seus
curso. As vítimas, que a rmaram a inexistência de qual-
empregados.
quer sinalização na rodovia para advertir os motoristas
sobre os reparos em curso e sobre os buracos existentes, Resposta: Letra E. A letra A está errada, a responsa-
sofreram danos físicos e materiais de grande monta. Es- bilidade extracontratual abrange, além da Adminis-
sas vítimas: tração Pública, as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público. A letra B está errada,
a) devem buscar indenização direta, integral e exclusi- pois a responsabilidade extracontratual do Estado é
vamente da concessionária, sujeita à responsabilidade objetiva, isso é, ela se con gura independentemente
objetiva pura, não sendo relevante perquirir sobre ex- da presença do elemento culpa lato sensu. A letra C
cludentes de responsabilidade. está errada, pois a responsabilidade extracontratual
b) devem buscar reparo para os danos morais e mate- abrange tanto as pessoas da Administração Pública
riais junto ao poder concedente, tendo em vista que Direta como também da Indireta. A letra D está erra-
se trata de rodovia de propriedade pública, cabendo da, pois a demonstração de dolo ou culpa somente é
apenas direito de regresso em face da concessionária. necessário para hipóteses de ação regressiva do ente
c) podem ser ressarcidas pela concessionária de serviço público contra seu agente.
público que explorava a rodovia, desde que compro-
vada sua negligência, imprudência ou imperícia na
condução das obras de manutenção. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
d) podem deduzir pleito indenizatório em face da con-
cessionária de serviço público e do poder concedente,
DEFINIÇÃO, MODALIDADES,
ambos respondendo sob a modalidade objetiva de RESPONSABILIZAÇÃO
responsabilidade, ainda que aquelas sejam dotadas
de personalidade jurídica de direito privado.
e) podem apresentar ação de indenização sob a moda- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
lidade de responsabilidade objetiva em face da con-
cessionária de serviço público, tendo em vista que o 1. Conceito de improbidade
vínculo jurídico formado com o contrato de concessão
de serviço público confere à empresa natureza jurídica O agente público, quando age no exercício das suas
de direito público. funções, pode praticar atos violadores do Direito, capa-
zes de ensejar um dever de responsabilização da Ad-
Resposta: Letra D. A questão pode ser facilmente res- ministração, que é a pessoa jurídica a qual representa.
pondida se lembrarmos do preceito da responsabili- É bastante comum a doutrina estabelecer a respon-
dade extracontratual, previsto no artigo 37, § 6º, da sabilidade tríplice dos agentes públicos, uma vez que
Constituição Federal: “As pessoas jurídicas de direito seus atos podem violar direitos relativos às esferas civil,
público e as de direito privado prestadoras de serviços penal, e administrativas. Todavia, além das três esferas
públicos responderão pelos danos que seus agentes, mencionadas, é possível veri car uma quarta esfera de
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o responsabilização dos agentes públicos, que diz respei-
direito de regresso contra o responsável nos casos de to à improbidade administrativa.
dolo ou culpa”.
Improbidade possui previsão constitucional, mais
3. (SEMEF MANAUS-AM – ASSISTENTE TÉCNICO FA- especi camente no art. 37, caput, ao expor que é dever
ZENDÁRIO – FCC – 2019) A responsabilidade extracon- da Administração Pública Direta e Indireta, o respeito
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tratual prevista constitucionalmente para a Administra- ao princípio da moralidade administrativa. Além disso,
consta no § 4º do mesmo dispositivo constitucional que
ção pública
“os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú-
a) destina-se a regular os serviços públicos prestados ex-
blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
clusivamente pela Administração direta ou pelas pes-
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem pre-
soas jurídicas de direito público que integram a Admi-
juízo da ação penal cabível”. Pela leitura do dispositivo,
nistração indireta. veri ca-se uma característica importante dos atos de
b) sujeita-se à modalidade subjetiva no caso de atos improbidade: a sua independência em relação às ou-
omissivos ou comissivos lícitos praticados por agentes tras esferas de responsabilização. Assim, a instauração
públicos. de processo com o escopo de apurar o ato de impro-
c) abrange as pessoas jurídicas de direito público inte- bidade independe de prévia condenação (ou absolvi-
grantes da Administração indireta, não se estendendo ção) do agente infrator nos processos civil, criminal, e
aos demais entes, porque sujeitos ao regime jurídico administrativo.
de direito privado.

78
Dessa forma, podemos conceituar os atos de impro- Ainda sobre a hipótese de particulares, o STJ tem se
bidade administrativa como aqueles aptos a causarem posicionado de forma a restringir o âmbito de aplicação
danos ao erário, enriquecimento ilícito, ou ainda viola- da LIA para as pessoas não agentes, como no julgado
ção aos princípios administrativos. de Recurso Especial REsp nº 1.405.748, que extinguiu
A preocupação do legislador em estabelecer os atos ação de improbidade proposta em face do ator Guilher-
de improbidade, bem como as sanções aplicáveis aos me Fontes pela demora na conclusão do lme “Chatô
agentes públicos, traduz-se na nalidade de garantir
– Rei do Brasil”.
o respeito à moralidade administrativa. Nossa Consti-
tuição estabelece dois mecanismos processuais para a
defesa da moralidade, haja visto ser uma questão de
interesse público. De um lado, temos a ação popular #FicaDica
(art. 5º, LXXIII, da CF/1988), podendo ser proposta por
A presença do elemento dolo/culpa nos atos
qualquer cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade que o Estado participe, à mora- de improbidade administrativa é um tema bas-
lidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô- tante discutido na doutrina. O art. 10 da Lei nº
nio histórico-cultural. De outro, a ação de improbidade 8.429/1982 prevê, expressamente, que “cons-
administrativa, fundada no art. 37, § 4º, da CF/1988, e titui ato de improbidade administrativa que
de legitimidade exclusiva do Ministério Público, ou de causa lesão ao erário qualquer ação ou omis-
entidade interessada. são, dolosa ou culposa, que enseje...”. Este é o
único dispositivo que prevê expressamente a
2. A Lei nº 8.429/1982 modalidade culposa para con guração de im-
probidade. Uma corrente majoritária na dou-
Como forma de regulamentar o processo de im- trina sustenta que, devido a sua ausência nos
probidade, garantido pela Constituição, incumbiu-se a demais casos de improbidade, a culpa stricto
União a tarefa de promulgar a Lei Federal nº 8.429/1982, sensu somente seria admitida para atos que
também conhecida como Lei da Improbidade Adminis- causem prejuízos ao erário. A responsabilida-
trativa (LIA). de é sempre subjetiva, devendo sempre de-
Dispõe o art. 1º da LIA que “Os atos de improbi- monstrar a culpa em sentido amplo do agente
dade praticados por qualquer agente público, servidor público.
ou não, contra a administração direta, indireta ou fun-
dacional de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território,
de empresa incorporada ao patrimônio público ou de 3. Espécies de atos de improbidade
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja con- A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
corrido ou concorra com mais de cinquenta por cento 8.429/1982) de ne, nos seus artigos 9º a 11, um rol
do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na exempli cativo das condutas que caracterizam a
forma desta lei”. Podemos identi car os sujeitos ativo e improbidade administrativa, que constituem no objeto
passivo do ato de improbidade. da improbidade. Podemos dividir tais condutas em
Sujeito passivo do ato de improbidade é aquele quatro grandes grupos:
que venha a sofrer as consequências do ato de impro- A) Atos que importam em enriquecimento ilícito:
bidade administrativa. São eles: membros da Adminis-
são as condutas de maior gravidade, apenadas
tração Pública Direta (União, Estados, Municípios e seus
órgãos), da Administração Indireta (autarquias, fun- com as sanções mais rigorosas, pelo fato de
dações, empresas públicas, sociedades de economia envolver atos como auferir qualquer tipo de
mista); as entidades privadas que recebem subvenção, vantagem patrimonial indevida em razão do
incentivo ou benefício scal ou creditício provenientes exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
de órgãos públicos; e também as empresas com partici- atividade nas entidades públicas (art. 9º da LIA).
pação estatal, cuja criação ou custeio o erário concorra As sanções aplicáveis podem ser de ressarcimento
com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual. integral do dano, perda da função pública, perda
Por outro lado, sujeito ativo é aquele que pratica dos direitos políticos de 8 a 10 anos, e a proibição
o ato danoso, e eventualmente sofrerá a sanção apli- de contratar com o Poder Público pelo prazo de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cável após a propositura da ação de improbidade (art.


10 anos.
17 da LIA). Todo e qualquer agente público pode sofrer
processo de improbidade. Compreende-se como agen- B) Atos que causam prejuízo ao erário: qualquer
te público, todo aquele que exerce, ainda que transi- tipo de conduta dolosa ou culposa, comissiva
toriamente ou sem remuneração, por eleição, nomea- ou omissiva, que enseja perda patrimonial,
ção, designação, contratação ou qualquer outra forma desvio, apropriação ou dilapidação dos bens
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou ou haveres das entidades públicas é passível
função nas entidades mencionadas anteriormente (art. de sanção, sem a necessidade de haver um
2º da LIA). Entretanto, o art. 3º da referida Lei estende enriquecimento patrimonial do agente infrator
as penas pela improbidade a particulares (não agentes), (art. 10 da LIA). Comporta sanções intermediárias,
desde que tenham induzido, concorrido, ou se bene - como ressarcimento dos danos, perda da função
ciou da prática do ato. Assim, os particulares podem até pública, perda dos direitos políticos de 5 a 8 anos,
serem responsabilizados, mas nunca sozinhos, hipótese e a proibição de contratar com o Poder Público
designada como improbidade imprópria. por 5 anos.

79
C) Atos que atentam contra os princípios da
Administração Pública: apesar de não causar
enriquecimento do agente, nem lesão nanceira
EXERCÍCIOS COMENTADOS
ao erário, a prática desses atos pode violar
os deveres de honestidade, imparcialidade, 1. (PREFEITURA DE RECIFE-PE – ANALISTA DE PLA-
legalidade, e lealdade às instituições (art. 11). As NEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO – FCC – 2019)
Quando um agente público comete ato de improbidade,
sanções aplicáveis são mais brandas, incluindo
sabe-se que:
ressarcimento dos danos, perda da função
pública, perda dos direitos políticos de 3 a 5 anos, a) se trata de servidor público estatutário ou celetista,
e a proibição de contratar com o Poder Público admitidos mediante concurso público, não sendo in-
por 3 anos. dispensável a comprovação de conduta dolosa para
D) Atos decorrentes de concessão ou aplicação aquela con guração.
indevida de benefício nanceiro ou b) o terceiro que tiver participado, induzido ou concor-
tributário: trata-se de novidade trazida pela rido para a prática do ato poderá sofrer as sanções
Lei Complementar nº 157/2016, que adicionou previstas na mesma lei.
o artigo 10-A, tipi cando como improbidade c) para sua condenação é indispensável a comprova-
administrativa qualquer ação ou omissão para ção de dolo, independentemente da modalidade em
conceder, aplicar ou manter benefício nanceiro questão.
ou tributário contrário ao que dispõem o caput d) agiu com a reprovável quebra de con ança, con gu-
e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº rando dolo presumido, o que enseja condenação por
116/2003. Apresenta sanções como a perda da ato de improbidade.
função pública, e perda dos direitos políticos de e) sua conduta culposa é su ciente para aplicação de al-
5 a 8 anos. gumas penalidades acessórias, mas não admite a tipi-
cação como uma modalidade individualizada de ato
de improbidade.
4. Probidade e Moralidade
Convém fazer maior explanação sobre as diferenças
Resposta: Letra B. As letras A e D estão incorreta, pois
entre moralidade e improbidade. A moralidade, para a con guração de ato de improbidade adminis-
sobretudo a moralidade administrativa, é um princípio trativa, é imprescindível a presença da conduta dolosa
constitucional da Administração Pública, presente no para sua con guração (responsabilidade subjetiva). O
caput do art. 37 da CF/1988. Quando a Constituição dolo não se presume nessas hipóteses. As letras C e
expõe sobre “moralidade”, geralmente remete-se a um E estão incorretas, pois os atos de improbidade que
princípio ou norma geral atribuída aos agentes públicos. causem prejuízos ao erário poderão ocorrer na moda-
Não há, todavia, regras com previsão de sanções pelo lidade culposa.
não cumprimento do princípio da moralidade no Texto
Constitucional. 2. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU-
A improbidade, todavia, apresenta uma faceta AL – FCC – 2018) A não ocorrência de prejuízo aos co-
muito mais concreta: quando a Constituição fala em fres de uma empresa pública, constatada irregularidade
“improbidade administrativa”, sempre pressupõe no procedimento de aquisição de equipamentos por um
alguma lesão a valores morais ou a algum comando empregado público:
legal, exigindo a aplicação de uma sanção. Parece-nos
mais correto a rmar que, como infração, a improbidade a) afasta a possibilidade de caracterização de ato de im-
é uma noção mais abrangente e real do que a noção de probidade.
b) impede a instauração de procedimento para respon-
moralidade administrativa. Essa é a posição majoritária
sabilização do empregado em qualquer esfera, à exce-
da doutrina.
ção da penal, caso sua conduta tipi que crime.
Independentemente disso, o importante é que o c) não afasta a possibilidade de prática de ato de impro-
agente público tem o dever de obedecer não somente bidade se a conduta tiver sido dolosa e se subsumir a
as leis ou as normas jurídicas positivadas. Ele deve uma das demais hipóteses caracterizadoras de outra
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

obedecer, também, ao princípio da moralidade, para modalidade, que não exigem prejuízo ao erário para
agir com ética, decoro, honestidade e boa-fé, e poder tipi cação.
exercer uma “boa administração”. Caso contrário,
poderá ser punido pela prática de atos de improbidade d) não interfere na conclusão de processo em curso por
administrativa. ato de improbidade, tendo em vista que a tipi cação
de qualquer das modalidades possíveis é legalmente
prevista mediante conduta culposa e não exige efetivo
prejuízo ao erário público.
e) restringe a responsabilização do empregado à esfera
disciplinar, pois as empresas públicas se submetem ao
regime jurídico de direito privado, não sendo possível
con guração de ato de improbidade, salvo se em con-
curso com detentor de cargo efetivo.

80
Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ape- COMPRAS NO SETOR PÚBLICO
sar não haver prejuízos ao erário, o agente pode se
responsabilizar pela prática de outros atos de impro- O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Ca-
bidade, como por exemplo se do ato resultar em enri- deia de Suprimentos das organizações.
quecimento ilícito. As letras B e E estão incorretas, pois Segundo Martins et al. (2006, p. 81):
os servidores públicos, de modo geral, possuem tripla
esfera de responsabilização, abrangendo a responsa- A função de compras assume papel verdadeiramente
bilidade civil, administrativa e penal. A letra D está in- estratégico nos negócios de hoje em face do volume de
correta, pois não é toda modalidade de ato de impro- recursos, principalmente nanceiros envolvidos, deixando
bidade administrativa que se admite conduta culposa, cada vez mais a visão preconceituosa de que era uma
apenas os atos que causem prejuízo ao erário. atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e
não um centro de lucros.
Nas empresas estatais e autárquicas, como também
no serviço público em geral, o processo de compras
NOÇÕES GERAIS SOBRE AS NORMAS obedece uma série de requisitos, conforme estabelece a
PARA LICITAÇÕES E CONTRATOS Lei nº 8.666, de 21/6/1993, alterada pela Lei nº 8.883, de
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LEI 8/6/1994, motivo pelo qual se tornam totalmente trans-
8.666/1993) parentes.
Sabemos que há várias diferenças entre o processo
de compra no sistema privado e no sistema público, mas
destacamos como principal:
Nota-se nos dias atuais a necessidade extrema e • Compras na Administração Pública – FORMALIDA-
constante da aquisição de bens e serviços para a ma- DE
nutenção tanto das necessidades essenciais, quanto das • Compras na Administração Privada – INFORMALI-
supér uas. Dentro dessa realidade de consumo, abor-
DADE
dar-se-á neste trabalho as formas disponíveis para que
a gestão pública aplique de maneira consciente o orça-
De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois prin-
mento disponível para manutenção de bens e serviços.
cípios preliminares devem ser seguidos:
Nesse contexto, os gastos de verbas públicas devem
• A de nição precisa do seu objeto;
seguir uma série de trâmites e regras para que sejam
• A existência de recursos orçamentários que garan-
aplicados da forma mais vantajosa, com o menor gasto
tam o pagamento resultante.
e a melhor qualidade. Trata-se de uma tarefa complexa,
devido às in uências que podem provocar do ponto de A seguir, as condições necessárias para validar o pro-
vista econômico, social e político no município ou região cesso de compras públicas:
de atuação, devendo, portanto, ser realizada com aten- • Avaliar a necessidade (planejamento);
ção e cuidado, de forma a satisfazer os direitos e garan- • De nir o quanto adquirir;
tias do cidadão e cuidar para que não haja desperdício. • Veri car as condições de guarda e armazenamen-
O legislador brasileiro elaborou uma série de nor- to;
mas a serem seguidas com o intuito de padronizar as • Buscar atender o princípio da padronização;
aquisições e alienações. Dentre elas, destacam-se a • Obter as informações técnicas quando necessárias;
Lei nº 8.666/1993, que regulamenta o art. 37, XXI, da • Proceder a pesquisas de mercado;
Constituição Federal, instituindo normas para licitações • De nir a modalidade e tipo de licitação ou a sua
e contratos da Administração Pública e, ainda, a Lei nº dispensa / inexigibilidade;
10.520/2002 (Lei do Pregão). • Indicar (empenho) os recursos orçamentários.

A licitação é obrigatória para toda Administração Pú- O principal elemento que justi ca o processo licita-
blica e deve seguir vários princípios, conforme preconi- tório para realização de compras no setor público é a
zado no art. 37, caput, XXI, da Constituição Federal: TRANSPARÊNCIA que este representa.
Portanto, conceituando temos que:
Art. 37 – A administração pública direta e indireta de Licitação é o procedimento administrativo pelo qual
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adqui-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios rir ou locar bens, realizar obras ou serviços, segundo con-
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publici- dições por ela estipuladas previamente, convoca interes-
dade e e ciência e, também, ao seguinte: [...] sados na apresentação de propostas, a m de selecionar
XX – Ressalvados os casos especí cos na legislação, as a que se revele mais conveniente em função de parâme-
obras, serviços, compras e alienações serão contrata- tros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este
dos mediante processo de licitação pública que asse- procedimento visa a garantir duplo objetivo: de um lado,
gure igualdade de condições a todos os concorrentes, proporcionar às entidades governamentais possibilidade
com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga- de realizarem o negócio mais vantajoso; de outro, asse-
mento, mantidas as condições efetivas da proposta, gurar aos administrados ensejo de disputarem entre si a
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigên- participação nos negócios que as pessoas administrati-
cias de quali cação técnica e econômica indispen- vas entendam de realizar com os particulares.
sáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

81
DISPENSA E INEXIBILIDADE PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO

Quem está obrigado a licitar: União, Estados, Mu- O processo de licitatório também se baseia em prin-
nicípios, Distrito Federal, Territórios e autarquias estão cípios, como vemos a seguir:
obrigados a licitar, em obediência às pertinentes leis de O art. 3º, da Lei nº 8.666/1993, prevê a observância
licitação, o que é ponto incontroverso. dos princípios da isonomia, legalidade, impessoalidade,
Inexigibilidade de Licitação: A obrigatoriedade so- moralidade, igualdade, publicidade, probidade adminis-
mente não se aplica em determinados casos descritos a trativa, vinculação ao instrumento convocatório, julga-
seguir, conforme art. 25, da Lei 8.666/1993: mento objetivo e demais correlatos.

I – nos casos de haver um fornecedor exclusivo de de- O Princípio da Legalidade


terminado material, equipamento ou gênero, vedada
a preferência de marca, devendo haver a compro- Vincula o administrador a fazer apenas o que a lei
vação de exclusividade por meio de atestado fornecido autoriza, sendo que, na licitação, o procedimento deverá
por órgão competente; desenvolver-se não apenas com observância estrita às le-
II – para a contratação de serviços técnicos, dentro do gislações a ele aplicáveis, mas também ao regulamento,
conceito de serviços técnicos previsto pela própria Lei caderno de obrigações e ao próprio edital ou convite,
8666/93 em seu artigo 13 e segundo Hely Lopes Meirelles.
III – para a contratação de pro ssional de qualquer A não observação desse princípio impregnará o pro-
setor artístico, desde que consagrad cesso licitatório de vício, trazendo nulidade como con-
o pela crítica especializada ou pela opinião pública. sequência.
O Princípio da Isonomia ou Igualdade
Dispensa da licitação só ocorrerá nos casos previs-
tos no artigo 24 da Lei 8.666/1993, que seguem descritos Consiste na ideia de que todos devem receber trata-
a seguir: mento paritário, em situações uniformes, não sendo ad-
mitidos privilégios ou discriminações arbitrárias.
É dispensável a licitação: Nos casos de guerra, grave
perturbação da ordem ou calamidade pública; Quando Princípio da igualdade
sua realização comprometer a segurança nacional, a
juízo do Presidente da República; Quando não acudirem Além de consistir na obrigação de tratar isonomi-
interessados à licitação anterior, mantidas, neste caso, as camente todos os licitantes, também signi ca ensejar a
condições preestabelecidas; Na aquisição de materiais, eq- qualquer interessado que atender às condições indispen-
uipamentos ou gêneros que só podem ser fornecidos por sáveis de garantia, a oportunidade de disputar o certame.
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, Princípio da Impessoalidade
bem como na contratação de serviços com pro ssionais
ou rmas de notória especialização; Na aquisição de obras Para evitar a preferência por alguma empresa especi-
de arte e objetos históricos; Quando a operação envolver camente, cuja não observação implicaria prejuízo para
concessionário de serviço público ou, exclusivamente, pes- a lisura do processo licitatório, e como consequência a
soas de direito público interno ou entidades sujeitas ao seu decretação da nulidade do processo, ou seja, estabele-
controle majoritário; Na aquisição ou arrendamento de im- ce que “a atividade administrativa deve ser destinada a
óveis destinados ao Serviço Público; Nos casos de emergên- todos os administrados, dirigida aos cidadãos em geral,
cia, caracterizada a urgência de atendimento de situação sem determinação de pessoa ou discriminação de qual-
que possa ocasionar prejuízos ou comprometer a segurança quer natureza”.
de pessoas, obras, bens ou equipamentos; Nas compras ou
execução de obras e serviços de pequeno vulto, entendidos Princípio da Moralidade
como tal os que envolverem importância inferior a cinco
vezes, no caso de compras e serviços, e a cinquenta vezes, O Princípio da Moralidade signi ca que a Adminis-
no caso de obras, o valor do maior salário mínimo mensal. tração Pública, além de obedecer à Lei, deve respeitar a
moral, adotar condutas honestas.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Diferença entre inexigibilidade e dispensa, segundo Destaca-se como diz Marcio Cammarosano, o prin-
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “a diferença básica entre cípio da moralidade não é a moral comum, mas sim a
as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há moralidade juridicizada.
possibilidade de competição que justi que a licitação; de
modo que a lei faculta a dispensa, que ca inserida na Princípio da Publicidade
competência discricionária da Administração. Nos casos
de inexigibilidade, não há possibilidade de competição, Visa a tornar a futura licitação conhecida dos inte-
porque só existe um objeto ou uma pessoa que atenda ressados e dar conhecimento aos licitantes bem como à
às necessidades da Administração; a licitação é, portanto, sociedade em geral, sobre seus atos. Outra função desse
inviável”. princípio é garantir aos cidadãos o acesso à documenta-
ção referente à licitação, bem como sua participação em
audiências públicas

82
Princípio da Probidade Administrativa Tomada de preços – é a licitação realizada entre inte-
ressados previamente registrados, observada a necessá-
Atos de improbidade (são aqueles que apresentam ria habilitação, convocados com a antecedência mínima
imoralidade administrativa especialmente quali cada, prevista na lei, por aviso publicado na imprensa o cial e
por atuar de forma desonesta, corrupta, dolosa). Além de em jornal particular, contendo as informações essenciais
serem inválidos, ensejam a aplicação de sanções severas da licitação e o local onde pode ser obtido o edital. A
a seus autores. nova lei aproximou a tomada de preços da concorrência,
exigindo a publicação do aviso e permitindo o cadastra-
Princípio da E ciência mento até o terceiro dia anterior à data do recebimento
das propostas.
Consiste no dever da Administração realizar a função Convite – é a modalidade de licitação mais simples,
administrativa com rapidez, perfeição e rendimento. destinada às contratações de pequeno valor, consistin-
Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade do na solicitação escrita a pelo menos três interessados
Pela Razoabilidade, as decisões administrativas de- do ramo, registrados ou não, para que apresentem suas
propostas no prazo mínimo de cinco dias úteis. O convite
vem ser amparadas e pautadas em justi cativas racionais,
não exige publicação, porque é feito diretamente aos es-
com fulcro no bom senso
colhidos pela Administração por meio de carta-convite.
A lei nova, porém, determina que cópia do instrumento
Princípio da Competitividade convocatório seja a xada em local apropriado, esten-
dendo-se automaticamente aos demais cadastrados da
Competitividade garante a livre participação a todos, mesma categoria, desde que manifestem seu interesse
porém, essa liberdade de participação é relativa, não sig- até vinte e quatro horas antes da apresentação das pro-
ni cando que qualquer empresa será admitida no pro- postas;
cesso licitatório. Por exemplo, não faz sentido uma em- Concurso – é a modalidade de licitação destinada à
presa fabricante de automóveis tencionar participar de escolha de trabalho técnico ou artístico predominante-
um processo de licitação, quando o objeto do certame mente de criação intelectual. Normalmente, há atribuição
seja compra de alimentos. de prêmio aos classi cados, mas a lei admite também a
É pelo Princípio da Competitividade que o edital não oferta de remuneração;
pode conter exigências descabidas, cláusulas ou condi- Leilão – é espécie de licitação utilizável na venda de
ções que restrinjam indevidamente o possível universo bens móveis e semoventes e, em casos especiais, tam-
de licitantes para aquele certame. bém de imóveis.
Pregão – é a modalidade de licitação destinada à con-
Princípio da Vinculação tratação de bens e serviços comuns, independentemente
de seu valor, estando disciplinada na Lei nº 10.520/2002.
Administração e licitantes vinculam-se ao estabeleci- Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos
do no edital ou carta-convite. padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
tivamente de nidos pelo edital, sem grande necessidade
Princípio do Julgamento Objetivo de avaliações detalhadas, visto que a relação dos bens
ou serviços comuns encontra-se disposta em anexo do
A Administração está obrigada a efetuar o julgamen- Decreto Federal nº 3.555/2000, posteriormente alterado
to das propostas com base nos critérios já de nidos no pelo Decreto Federal nº 7.174/2010.
instrumento convocatório.
FIQUE ATENTO!
Princípio da Motivação
Não confundir modalidades de licitação
com tipos de licitação.
Todas as decisões administrativas devem ser sempre Por modalidade, compreendemos o proce-
justi cadas por escrito no processo da licitação, motiva- dimento por meio do qual o agente público
das, ou seja, o agente responsável pela tomada da deci- selecionará a melhor proposta para a Admi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

são deve enunciar expressamente os motivos de fato e nistração Pública.


de direito que justi cam determinada decisão. Já tipo de licitação, é o que determina os
critérios para a escolha da melhor proposta.
MODALIDADES DE LICITAÇÃO

A licitação, como espécie de processo administrativo, Existem três tipos básicos de licitação:
é dividida em seis modalidades distintas: Menor preço – neste caso, o que vale é o menor pre-
Concorrência – é a modalidade de licitação própria ço. Teoricamente, esse menor preço pode chegar a zero
para contratos de grande valor, em que se admite a par- (ou até mesmo preço negativo). Muitas empresas aca-
ticipação de quaisquer interessados, cadastrados ou não, bam aceitando preços menores que o viável economi-
que satisfaçam as condições do edital, convocados com a camente porque interessa a elas outros fatores como a
antecedência mínima prevista na lei, com ampla publici- vinculação da imagem a determinado projeto ou a con-
dade pelo órgão o cial e pela imprensa particular. quista de um novo cliente;

83
Melhor técnica – em alguns casos, principalmente As propostas que estiverem de acordo com o edital
quando o trabalho é complexo, o órgão público pode serão classi cadas na ordem de preferência, na escolha
basear-se nos parâmetros técnicos para determinar o conforme o tipo de licitação. Aquelas que não se apre-
vencedor; sentarem em conformidade com o instrumento convoca-
Menor preço e melhor técnica – neste caso, os dois tório serão desclassi cadas. Não se pode aceitar propos-
parâmetros são importantes. Assim, no próprio edital de ta que apresente preços unitários simbólicos, irrisórios
ou de valor zero, ainda que o instrumento convocatório
licitação deve estar claro o peso que cada um dos parâ-
não tenha estabelecido limites mínimos (Art. 44, § 3º, da
metros (preço e qualidade técnica) deve ter para que se
Lei 8.666/1993).
possa fazer uma média ponderada.
FASES DO PROCESSO DE LICITAÇÃO
En m, ao passo que os tipos de licitação estão rela-
cionados à recepção de propostas, as modalidades estão O processo de licitação é dividido em duas fases: fase
relacionadas aos demais procedimentos administrativos interna e fase externa, as quais, por sua vez, subdividem-
adotados na gestão do processo licitatório. -se em fases especí cas.

EDITAL DE LICITAÇÃO 1. Fase interna

É o instrumento pelo qual a Administração leva ao Fase preliminar da licitação que compreende os se-
conhecimento público a abertura de concorrência, de to- guintes atos: de nição do objeto a ser contratado, esti-
mada de preços, de concurso e de leilão, xa as condições mativa do custo do contrato, reserva da receita orçamen-
tária, elaboração do instrumento convocatório, exame do
de sua realização e convoca os interessados para a apre-
edital ou carta-convite pela assessoria jurídica, autoriza-
sentação de suas propostas. ção para licitar e publicação do edital.
Como lei interna, vincula a Administração e os parti- 1.1 Fase de Abertura
cipantes.
Funções do edital: Assim sendo, o procedimento de licitação é iniciado
• Dá publicidade à licitação; com a abertura de processo administrativo, devidamen-
• Identi ca o objeto licitado e delimita o universo te autuado, protocolado e numerado, contendo a au-
das propostas; torização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto
• Circunscreve o universo dos proponentes; e do recurso para a despesa, e ao qual serão juntados
• Estabelece os critérios para análise e avaliação dos oportunamente: o edital ou convite e respectivos anexos;
proponentes e das propostas; comprovante das publicações do edital ou da entrega
• Regula atos e termos processuais do procedimen- do convite; ato de designação da comissão de licitação,
to; do leiloeiro, administrativo ou o cial, ou do responsável
pelo convite; original das propostas e dos documentos
• Fixa cláusulas do futuro contrato.
que as instruem; atas, relatórios e deliberações da Comis-
são de Licitação; pareceres técnicos ou jurídicos emitidos
Quanto à sua habilitação, por vezes denominada sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; atos de ad-
“quali cação”, é a fase do procedimento em que se ana- judicação do objeto da licitação e da sua homologação;
lisa a aptidão dos licitantes. recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e
Detalhe Importante: respectivas manifestações e decisões; despacho de anu-
• Aptidão – quali cação indispensável para que a lação ou de revogação da licitação, quando for o caso,
proposta possa ser objeto de consideração. fundamentado circunstancialmente; termo de contrato
• Sem aptidão – o órgão competente não habilita. ou instrumento equivalente; outros comprovantes de
• publicações e demais documentos relativos à licitação.
Observa-se: modalidade de licitação, chamada “con-
vite”, inexiste a fase de habilitação – aqui a aptidão é 2. Fase externa
presumida; é feita a priori pelo próprio órgão licitante
2.1 Fase de Habilitação
que escolhe e convoca aqueles que julgam capacitados a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

participar do certame, admitindo, também, eventual inte- Após a publicação do edital, tem início a fase externa
ressado, não convidado, mas cadastrado. da licitação, que é caracterizada pela habilitação e pela
Classi cação – momento em que as propostas admi- seleção do melhor licitante, dentre os habilitados. Para a
tidas são ordenadas em função das vantagens que ofe- habilitação nas licitações, será exigido dos interessados:
recem, na conformidade dos critérios de avaliação esta- documentação relativa à habilitação jurídica, quali cação
belecidos no edital. técnica, quali cação econômico- nanceira, regularidade
A classi cação é dividida em duas fases: scal e prova de que o interessado não empregue em
• Abertura de envelopes “proposta” – a abertura é trabalho noturno, perigoso ou insalubre menores de de-
feita em ato público, previamente designado, la- zoito anos, bem como não empregue em qualquer tra-
vrando-se ata circunstanciada ao nal. balho menores de dezesseis anos, salvo na condição de
• Julgamento das propostas – objetivo e conforme aprendiz, a partir de quatorze anos. A inabilitação do lici-
os tipos de licitação. tante importa preclusão do seu direito de participar das
fases subsequentes do processo licitatório.

84
2.2 Fase de Classi cação e Julgamento 2.4 Inversão de fases no procedimento licitatório

O julgamento das propostas será objetivo, devendo Convém ressaltar uma exceção trazida pela Lei nº
a Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite 11.196/2005 e pela Lei nº 10.520/2002, prevendo que
realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação e o edital de licitação estabelecerá a inversão da ordem
os critérios previamente estabelecidos no ato convoca- das fases de habilitação e julgamento nas modalidades
tório. No caso de empate entre duas ou mais propostas, de pregão e concorrência para outorga de concessões
deverá ser observado o disposto no artigo 3º, § 2º, da Lei e permissões de serviços públicos. Nesses casos, uma
de Licitações. vez encerrada a fase de classi cação das propostas, será
Nota-se nesta fase que, com o advento da Lei Comple- aberto o envelope com os documentos de habilitação
mentar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que estabe- do licitante mais bem classi cado. Uma vez constatado
leceu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empre- o atendimento às exigências editalícias, o licitante será
sa de Pequeno Porte, ocorreu a adoção de novas regras declarado vencedor. Por outro lado, caso o licitante me-
de licitações públicas, dando tratamento diferenciado e lhor classi cado seja inabilitado, serão analisados os do-
favorecido às microempresas e empresas de pequeno cumentos do licitante classi cado em segundo lugar, e
porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do assim sucessivamente.
Distrito Federal e dos Municípios, com relação à prefe-
rência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes
Públicos. Na prática, os direitos são: deverão apresentar
toda a documentação exigida para efeito de comprova-
ção de regularidade scal, mesmo que com restrições.
Porém, havendo alguma restrição, será assegurado o EXERCÍCIOS COMENTADOS
prazo de dois dias úteis, prorrogáveis por igual período,
cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o 1. (TER-PE – 2017 – CESPE) O edital de licitação terá de
proponente for declarado o vencedor do certame, para conter, obrigatoriamente,
a regularização da documentação. Outro privilégio é o
direito de preferência nas situações de empate, ou seja, a) indicação das sanções para o caso de inadimplemento.
quando as propostas apresentadas pelas microempresas b) a descrição técnica detalhada, minuciosa e exauriente
e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% do objeto da licitação.
superiores à proposta mais bem classi cada. No caso do c) a indicação de que os critérios para julgamento serão
pregão, aplica-se às propostas que não sejam superiores informados após a fase de habilitação.
a 5% da proposta com o menor valor. Dessa forma, a d) condições de pagamento que estabeleçam preferên-
microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem cia para empresas brasileiras.
classi cada poderá apresentar proposta de preço inferior e) a previsão de irrecorribilidade das decisões da comis-
àquela considerada vencedora do certame, situação em são de licitação.
que será adjudicado em seu favor o objeto licitado. Por
m, o legislador ainda permitiu a promoção de licitação Resposta: Letra A.
pública, desde que os valores envolvidos não superem Alternativa A – Certo – Conforme art. 40, III.
R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), restrita às microempresas Alternativa B – Errado – A descrição deve ser sucinta
e empresas de pequeno porte. e clara.
Alternativa C – Errado – Os critérios para julgamento
2.3 Fase de Homologação e Adjudicação deverão constar no edital.
Alternativa D – Errado – O edital estabelecerá condi-
Uma vez concluída a fase de classi cação e julgamen- ções de pagamento para empresas brasileiras e es-
to, a autoridade superior à Comissão de Licitação, com trangeiras.
fundamento no poder-dever que lhe é atribuído, pode- Alternativa E – Errado – O edital não preverá esse tipo
rá, alternativamente: homologar os atos administrativos de previsão.
praticados, con rmando o resultado da licitação; revogar
os atos administrativos praticados ou mesmo a licitação Instrução: Na(s) questão(ões) a seguir, preencha o campo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

toda, motivada por razões de interesse público, que de- designado com o código C, caso julgue o item CERTO; ou
corram de fato superveniente devidamente comprovado, o campo designado com o código E, caso julgue o item
pertinente e hábil para justi car tal conduta ou anular ERRADO.
os atos administrativos praticados ou mesmo a licitação
toda, motivada por ilegalidade relacionada ao processo 2. (STJ – 2018 – CESPE) Em relação aos princípios apli-
licitatório, mediante parecer escrito e devidamente fun- cáveis à administração pública, julgue o próximo item.
damentado. A indicação dos fundamentos jurídicos que determina-
Com o resultado homologado, o licitante cuja pro- ram a decisão administrativa de realizar contratação por
posta tiver sido selecionada terá o direito à adjudicação dispensa de licitação é su ciente para satisfazer o princí-
do objeto da licitação. A adjudicação consiste na atribui- pio da motivação.
ção do objeto da licitação àquele cuja proposta tenha
sido selecionada, para imediata execução do contrato. ( ) CERTO ( ) ERRADO

85
Resposta Errado. Os atos administrativos que dispen-
sem ou declarem a inexigibilidade de processo licita-
tório deverão ser motivados com indicação dos fatos HORA DE PRATICAR!
e dos fundamentos jurídicos.
1. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com
3. (EBSERH – 2018 – CESPE) Julgue o próximo item, re- relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir.
Apenas a lei em sentido lato, pode ser tida como fonte
lativo às modalidades de licitação.
de direito administrativo.
Convite é a modalidade de licitação entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia ( ) CERTO ( ) ERRADO
anterior à data do recebimento das propostas, observada
a necessária quali cação. 2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE
– 2016) Julgue o item que se segue, acerca da adminis-
( ) CERTO ( ) ERRADO tração pública.
Na análise da moralidade administrativa, pressuposto de
Resposta Errado. O item se refere à tomada de preço validade de todo ato da administração pública, é impres-
– conforme § 2º do artigo 22 da Lei nº 8.666 – Tomada cindível avaliar a intenção do agente.
de preços é a modalidade de licitação entre interes-
sados devidamente cadastrados ou que atenderem a ( ) CERTO ( ) ERRADO
todas as condições exigidas para cadastramento até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das pro-
postas, observada a necessária quali cação.
3. (INSS – TÉCNICO DE SEGURO SOCIAL – CESPE –
2016) Julgue o item que se segue, acerca da administra-
ção pública.
Em decorrência do princípio da impessoalidade, as reali-
zações administrativo-governamentais são imputadas ao
ente público e não ao agente político.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE


– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad-
ministrativos.
A auto executoriedade é atributo restrito aos atos admi-
nistrativos praticados no exercício do poder de polícia.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE


– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad-
ministrativos.
Em decorrência do princípio da autotutela, não há limites
para o poder da administração de revogar seus próprios
atos segundo critérios de conveniência e oportunidade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE


– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad-
ministrativos.
O ato praticado por agente não competente para fazê-lo
poderá ser convalidado discricionariamente pela autori-
dade competente para sua prática, caso em que cará
sanado o vício de incompetência.

( ) CERTO ( ) ERRADO

86
7. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014) 11. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010)
João Pedro, servidor público federal ocupa o cargo de Acerca dos poderes administrativos, julgue os seguintes
con ança de Chefe de Divisão no Departamento da Vias itens.
Urbanas, autarquia vinculada à Secretaria Municipal de O poder de polícia é a atividade do Estado que consiste
Transportes. Seu superior hierárquico determina a sua em limitar o exercício dos direitos individuais em benefí-
exoneração, fundamentando-a na falta de diplomação cio do interesse público, e cujo exercício se condiciona a
de nível superior, conforme consta em publicação no Di- prévia autorização judicial.
ário O cial de Município, nomeando Maria Alice Couves
para o cargo, sob a argumentação de que a mesma é for-
mada em Economia. João Pedro busca anular a decisão ( ) CERTO ( ) ERRADO
que o exonerou, comprovando ser formado em Direito e
alegando estar Maria Alice Couves matriculada no cur-
so de Economia. Em face destes fatos, o Poder Judiciá-
rio vem a determinar a anulação da referida exoneração. 12. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO –
Com base nos fatos acima, é correto a rmar que a deci- CESPE – 2010) Acerca da organização administrativa da
são proferida: União, julgue os itens que se seguem.
Os atos dos dirigentes das entidades paraestatais não
a) está correta em face da atribuição do Poder Judiciário se sujeitam ao mandado de segurança e à ação popu-
em poder rever qualquer decisão, mesmo que discri- lar, porque essas entidades têm personalidade de direito
cionária. privado.
b) está equivocada, por se tratar de decisão discricioná-
ria.
c) estaria correta, se não tivesse havido a nomeação de ( ) CERTO ( ) ERRADO
Maria Alice Couves.
d) está correta em função da teoria dos motivos deter-
minantes.
e) está equivocada, uma vez que a fundamentação equi- 13. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com
vocada não macula os atos em comento. relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir.
As empresas públicas são dotadas de personalidade de
direito privado, com capital exclusivamente privado, para
8. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Julgue realizar atividade de interesse da administração institui-
os itens subsequentes, relativos ao ato administrativo. dora, nos moldes da iniciativa particular, podendo assu-
Considerando que certos elementos do ato administra- mir qualquer forma e organização empresarial.
tivo são sempre vinculados, não há ato administrativo
inteiramente discricionário.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
14. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com
relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir:
9. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Julgue
os itens subsequentes, relativos ao ato administrativo. As sociedades de economia mista da União devem ser
A administração pública pode anular os próprios atos, estruturadas sob a forma de sociedade por ações.
quando eivados de vícios que os tornem ilegais, hipótese
em que a anulação produz efeitos retroativos à data em
que tais atos foram praticados. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

15. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) A res-


peito da organização administrativa da União, julgue os
10. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – FCC itens seguintes:
– 2012) Quando a Administração Pública limita direitos A empresa pública exploradora de atividade econômica
ou atividades de particulares sem qualquer vínculo com sujeita-se ao regime jurídico próprio das empresas pri-
a Administração, com base na lei, está atuando como ex- vadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tri-
pressão de seu poder: butárias.

a) Hierárquico. ( ) CERTO ( ) ERRADO


b) De polícia.
c) Normativo.
d) Regulamentar.
e) Disciplinar.

87
16. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014) 19. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE
No tocante à contratação direta com base na “celebra- – 2016) Julgue o seguinte item, acerca da concessão de
ção de contratos de prestação de serviços com as orga- serviço público.
nizações sociais, quali cadas no âmbito das respectivas A encampação, que consiste em rescisão unilateral da
esferas de governo, para atividades contempladas no concessão pela administração antes do prazo acordado,
contrato de gestão”, na forma da Lei nº 8.666/93, dá-se a dá ao concessionário o direito a ressarcimento de even-
seguinte modalidade de contratação: tual prejuízo por ele comprovado.

a) Dispensa de licitação. ( ) CERTO ( ) ERRADO


b) Inexigibilidade de licitação.
c) Contrato de Direito Civil Administrativo.
20. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – FCC –
d) Nula de pleno direito
2012) Em relação à extinção do contrato de concessão é
e) Notoriedade de contratação, em face do objeto.
correto a rmar que:

17. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014)


a) caducidade é a resilição unilateral antes de ndo o
Com relação ao prazo excepcional, isto é, além do prazo prazo de concessão, que se consubstancia na retoma-
máximo de vigência dos contratos administrativos, nos da do serviço pelo poder concedente por razões de
termos da Lei nº. 8.666/93, está correta a seguinte a r- interesse público.
mação: b) reversão é a resilição unilateral da concessão que se
consubstancia na retomada do serviço pelo poder
concedente por razões de interesse público.
a) Em função de decisão discricionária, devidamente jus- c) encampação é a extinção unilateral da concessão por
ti cada e mediante autorização da autoridade supe- motivo de inadimplemento contratual, não cabendo,
rior, o prazo poderá ser prorrogado por até seis meses. portanto, indenização ao concessionário pelos preju-
b) Em caráter excepcional, devidamente justi cado e me- ízos que sofrer.
diante autorização da autoridade superior, o prazo d) reversão é a rescisão unilateral da concessão por mo-
poderá ser prorrogado por até doze meses. tivo de inadimplemento contratual do concessionário,
c) É vedada a prorrogação além do prazo de sessenta cabendo indenização pela interrupção do contrato an-
meses. tes de ndo seu prazo.
d) Em caráter excepcional, devidamente justi cado e me- e) encampação é a retomada do serviço pelo poder con-
diante autorização da autoridade superior, o prazo cedente por razões de interesse público, durante o pra-
poderá ser prorrogado por até seis meses. zo de concessão, mediante lei autorizativa especí ca.
e) Em função de decisão discricionária, devidamente justi-
cada e mediante autorização da autoridade superior, o 21. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO –
prazo poderá ser prorrogado por até doze meses. CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue
os itens a seguir.
18. (INSS – ANALISTA – TECNOLOGIA DA INFOR- Os serviços públicos propriamente ditos são aqueles em
MAÇÃO – FUNRIO – 2014) Quantos dos requisitos da que a administração pública, reconhecendo sua conveni-
licitação deserta, na forma da Lei nº. 8.666/93, são ne- ência para os membros da coletividade, presta-os direta-
cessários? mente ou permite que sejam prestados por terceiros, nas
condições regulamentadas e sob seu controle.
I. Licitação anteriormente realizada;
II. Ausência de interessados;
( ) CERTO ( ) ERRADO
III. Risco de prejuízos para Administração, se o processo
licitatório vier a ser repetido;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV. Manutenção das condições ofertadas no ato convo-


catório anterior. 22. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO –
CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue
os itens a seguir.
a) Os quatro. A delegação do serviço público pode ser feita sob as mo-
b) Apenas os dois primeiros. dalidades de concessão, permissão e autorização.
c) Apenas o segundo e o quarto.
d) Nenhum dos quatro.
e) Apenas os dois últimos. ( ) CERTO ( ) ERRADO

23. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO –

88
CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue
os itens a seguir.
O serviço público, ao ser concedido ao particular, que o GABARITO
executa por sua conta e risco, remunerando-se por tari-
fas, passa a caracterizar-se como sendo privado. 1 Errado
2 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO 3 Certo
4 Errado
24. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014) 5 Errado
Considerando o término de um convênio, a ausência de 6 Certo
prestação de contas, por parte de quem tem a obrigação
para tanto, pode caracterizar: 7 D
8 Certo
9 Certo
a) improbidade administrativa que causa lesão ao erário
por qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que 10 B
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malba- 11 Errado
ratamento ou dilapidação dos bens.
12 Errado
b) improbidade administrativa, importando enriqueci-
mento ilícito por auferir qualquer tipo de vantagem 13 Errado
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, 14 Certo
mandato, função, emprego.
c) um ato que não tem relevância no Direito Adminis- 15 Certo
trativo. 16 A
d) improbidade administrativa que atenta contra os prin- 17 B
cípios da administração pública por qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, impar- 18 A
cialidade, legalidade, e lealdade às instituições. 19 Certo
e) um ato que não tem enquadramento Legal e que, 20 E
portanto, constitui uma falta de caráter meramente
discricionário, incapaz de gerar efeitos ou obrigações, 21 Errado
devendo, entretanto, ser anotado nos registros da Ad- 22 Certo
ministração, para futuros convênios a serem rmados.
23 Errado
24 D
25. (INSS – ANALISTA – TECNOLOGIA DA INFOR- 25 C
MAÇÃO – FUNRIO – 2014) É ato de improbidade ad-
ministrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimo-
nial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação
dos bens ou haveres das entidades mencionadas pela Lei
nº. 8.429/92.
Assinale a alternativa que se relaciona coerentemente
com o texto acima.

a) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ofício;
b) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
razão das atribuições e que deva permanecer em se-
gredo;
c) agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
renda, bem como no que diz respeito à conservação
do patrimônio público;
d) revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
terceiro, antes da respectiva divulgação o cial, teor de
medida política ou econômica capaz de afetar o preço
de mercadoria, bem ou serviço;
e) frustrar a licitude de concurso público.

89

Você também pode gostar