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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Princípios Administrativos Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra-


Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad- tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade, não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Vejamos: – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra- exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo-
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier-
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é EC n. 19/1998.
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo,
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva São decorrentes do princípio da eficiência:
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir. a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça-
— Observação importante: O princípio da legalidade considera mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis-
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei, trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
art. 59 da Constituição Federal. para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
art. 41, § 4º da CFB/88.
– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
óticas:
FUNDAMENTOS DA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO
a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação PÚBLICA
aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que Uma vez que é através das atividades desenvolvidas pela Ad-
o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e ministração Pública que o Estado alcança seus fins, seus agentes
na objetividade. públicos são os responsáveis pelas decisões governamentais e pela
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe- execução dessas decisões.
cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo Para que tais atividades não desvirtuem as finalidades estatais
primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos a Administração Pública se submete às normas constitucionais e às
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos leis especiais. Todo esse aparato de normas objetiva a um compor-
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, tamento ético e moral por parte de todos os agentes públicos que
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac- servem ao Estado.
terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
Princípios constitucionais que balizam a atividade administra-
– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati- tiva:
va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida- Devemos atentar para o fato de que a Administração deve pau-
de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção tar seus atos pelos princípios elencados na Constituição Federal, em
na Administração Pública. seu art. 37 que prevê: “A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
O princípio da moralidade exige que o administrador tenha dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali-
conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe- Quanto aos citados princípios constitucionais, o entendimento
decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen- do doutrinador pátrio Hely Lopes Meirelles é o seguinte:
te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas “- Legalidade - A legalidade, como princípio da administração
nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade. (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às
– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con- exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar,
trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade dis-
está associada à prestação de satisfação e informação da atuação ciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (...)
pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi- - Impessoalidade – O princípio da impessoalidade, (...), nada
nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie- mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao admi-
dade sobre os seus atos. nistrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim
Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso- legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa
luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre- ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Esse
vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam princípio também deve ser entendido para excluir a promoção pes-
ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e soal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações
intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá administrativas (...)
ser afastado. - Moralidade – A moralidade administrativa constitui, hoje em
dia, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública
(...). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador de tal conceito –

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da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como – Impessoalidade – aqui é aplicado como sinônimo de igualda-
“o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da de: todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o
Administração” (...) que a lei prevê.
- Publicidade - Publicidade é a divulgação oficial do ato para – Moralidade – respeito ao padrão moral para não comprome-
conhecimento público e início de seus efeitos externos. (...) O prin- ter os bons costumes da sociedade.
cípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de – Publicidade – refere-se à transparência de todo ato público,
assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento salvo os casos previstos em lei.
e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através – Eficiência – ser o mais eficiente possível na utilização dos
dos meios constitucionais (...) meios que são postos a sua disposição para a execução do seu tra-
- Eficiência – O princípio da eficiência exige que a atividade balho.
administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimen-
to funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa,
que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legali- PROCEDIMENTO EM CASO DE ASSALTO (ANTES E
dade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satis- DEPOIS)
fatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus
membros. (...).” A questão da violência e criminalidade não é um fato recente,
Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o mas atualmente, encontra-se em um estágio preocupante. As ações
exercício de determinada função. Ressalta-se que essa função não de repressão e a existência de leis já não parecem ser suficientes
é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse para controlar a situação. Diariamente, cresce a sensação de que o
público, da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia respeito às instituições e o temor em relação às leis estão em declí-
Z. Di Pietro, função “é o conjunto de atribuições às quais não corres- nio. A sociedade enfrenta desafios cada vez maiores para lidar com
ponde um cargo ou emprego”. esse cenário e buscar soluções efetivas para garantir a segurança e
No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores, o bem-estar de todos.
além das normatizações vigentes nos órgão e entidades públicas
que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes pú- Procedimento antes de um assalto:
blicos, devem respeitar os valores éticos e morais que a sociedade - Prevenção: é a primeira linha de defesa contra assaltos. Certi-
impõe para o convívio em grupo. A não observação desses valores fique-se de tomar medidas preventivas, como evitar áreas conheci-
acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao públi- das por serem perigosas, estar atento ao seu entorno e evitar exibir
co e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa objetos de valor em público.
para uma imagem negativa do órgão e do serviço. - Conhecimento do local: Seja você um cidadão comum ou um
Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que funcionário de um estabelecimento, conhecer o local onde você
o padrão ético dos servidores públicos no exercício de sua função está é importante. Esteja ciente das saídas de emergência, câmeras
pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua de segurança e áreas seguras no caso de um assalto.
relação com o público. - Treinamento: Funcionários de estabelecimentos comerciais
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no exer- devem receber treinamento em procedimentos de segurança,
cício de suas funções, mas 24 horas por dia durante toda a sua vida. como lidar com situações de roubo, como acionar alarmes e con-
O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida priva- tatar a polícia.
da, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados constitu- - Comunicação: Mantenha um meio de comunicação disponí-
cionalmente como princípios básicos e essenciais a uma vida equili- vel, como um celular, para chamar a polícia em caso de emergência.
brada, se insiram e seja uma constante em seu relacionamento com - Colaboração com autoridades: Empresas podem estabelecer
os colegas e com os usuários do serviço. parcerias com a polícia local para melhorar a segurança na região e
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po- receber orientações específicas para reduzir riscos.
der Executivo Federal estabelece no primeiro capítulo valores que - Sistemas de segurança: Implemente sistemas de seguran-
vão muito além da legalidade. ça adequados, como câmeras de vigilância, alarmes e controle de
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento acesso, para dissuadir possíveis criminosos e facilitar a identificação
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o em caso de ocorrência.
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e Esteja sempre atento, especialmente ao comportamento de
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e§ 4°, pessoas próximas a você ou paradas perto dos lugares que frequen-
da Constituição Federal. ta.
Cumprir as leis e ser ético em sua função pública. Se ele cum-
prir a lei e for antiético, será considerada uma conduta ilegal, ou Caso você seja vítima:
seja, para ser irrepreensível tem que ir além da legalidade. - Mantenha a calma e comunique-se de forma calma e com
movimentos lentos.
Os princípios constitucionais devem ser observados para que - Responda somente ao que lhe for perguntado ou para avisar
a função pública se integre de forma indissociável ao direito. Esses sobre qualquer gesto ou movimento que você irá fazer.
princípios são: - Evite discutir. Entregue ao criminoso o que ele exigir, dessa
– Legalidade – todo ato administrativo deve seguir fielmente forma, o tempo do roubo será menor.
os meandros da lei.

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- Evite brincadeiras ou conversas, foque em fazer apenas o que A higiene do trabalho refere-se ao conjunto de normas e
o criminoso mandar. procedimentos que visa à proteção da integridade física e mental
- Evite movimentos bruscos: O assaltante pode interpretá-los do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às
como uma reação, por isso, avise sobre os gestos que pretende fa- tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas.
zer. Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas,
- Não olhe diretamente para os criminosos, pois isso pode ser educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir
interpretado como uma ameaça. acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente,
- Procure memorizar todos os detalhes possíveis, como fisiono- quer instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de
mia, modo de falar, roupas, gírias, trajetos e locais visitados, veícu- práticas preventivas.
los utilizados, entre outros. A atividade de Higiene do Trabalho no contexto da gestão
- Não tente fugir ou reagir, pois é comum que outros crimino- de RH inclui uma série de normas e procedimentos, visando
sos estejam dando cobertura ao assalto. essencialmente, à proteção da saúde física e mental do empregado.
- Não tente negociar: Entregue o que o assaltante pedir sem Procurando também resguardá-lo dos riscos de saúde
tentar negociar. relacionados com o exercício de suas funções e com o ambiente
- Não acione a buzina ou grite: Isso pode deixar o criminoso físico onde o trabalho é executado.
mais nervoso. Hoje a Higiene do Trabalho é vista como uma ciência do
- Ligue para a polícia assim que possível e transmita a descrição reconhecimento, avaliação e controle dos riscos à saúde, na
exata do ocorrido, incluindo detalhes sobre o trajeto seguido pelos empresa, visando à prevenção de doenças ocupacionais.
criminosos. O que é higiene e segurança do trabalho?
- Se você estiver portando arma e/ou identidade funcional (po- A higiene do trabalho compreende normas e procedimentos
liciais, guardas municipais, agentes penitenciários, juízes, promoto- adequados para proteger a integridade física e mental do
res), tenha atenção redobrada. trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerente às tarefas
- Não persiga o assaltante, a pé ou com veículo, após o crime. do cargo e ao ambiente físico onde são executadas.
Priorize sua segurança e acione as autoridades competentes. A higiene do trabalho está ligada ao diagnóstico e à prevenção
- Preservação da cena: Caso seja um estabelecimento comer- das doenças ocupacionais, a partir do estudo e do controle do
cial, evite mexer ou limpar a área onde o assalto ocorreu, pois a homem e seu ambiente de trabalho.
polícia precisará coletar evidências para investigação. Ela tem caráter preventivo por promover a saúde e o conforto
- Registre a ocorrência em uma Delegacia de Polícia para que as do funcionário, evitando que ele adoeça e se ausente do trabalho.
autoridades possam tomar as providências adequadas. Envolve, também, estudo e controle das condições de trabalho.
- Se você presenciar um assalto, mantenha-se afastado do local A iluminação, a temperatura e o ruído fazem parte das
e evite interferir diretamente. Ligue para a polícia e passe todas as condições ambientais de trabalho.
informações possíveis. Após a saída do assaltante, ajude a vítima. Uma má iluminação, por exemplo, causa fadiga à visão, afeta
o sistema nervoso, contribui para a má qualidade do trabalho
Obs.: Não ande armado nem tenha armas em casa. Mesmo que podendo, inclusive, prejudicar o desempenho dos funcionários.
você saiba atirar e tenha porte de arma, suas chances de reagir com A falta de uma boa iluminação também pode ser considerada
sucesso são muito pequenas, e o risco de que a arma seja usada responsável por uma razoável parcela dos acidentes que ocorrem
contra você é muito grande. Priorize sempre sua segurança e de nas organizações.
terceiros. Envolvem riscos os trabalhos noturnos ou turnos, temperaturas
extremas – que geram desde fadiga crônica até incapacidade
laboral.
NOÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO: ACIDENTES Um ambiente de trabalho com temperatura e umidade
DO TRABALHO: CONCEITO, CAUSAS E PREVENÇÃO; inadequadas é considerado doentio.
NORMAS DE SEGURANÇA: CONCEITO DE PROTEÇÃO E Por isso, o funcionário deve usar roupas adequadas para se
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO proteger do que “enfrenta” no dia-a-dia corporativo.
O mesmo ocorre com a umidade. Já o ruído provoca perca da
Higiene e Segurança no trabalho audição e quanto maior o tempo de exposição a ele maior o grau da
De modo genérico, Higiene e Segurança do Trabalho compõem perda da capacidade auditiva.
duas atividades intimamente relacionadas, no sentido de garantir A segurança do trabalho implica no uso de equipamentos
condições pessoais e materiais de trabalho capazes de manter certo adequados para evitar lesões ou possíveis perdas.
nível de saúde dos empregados. É preciso, conscientizar os funcionários da importância do uso
Do ponto de vista da Administração de Recursos Humanos, a dos EPIs, luvas, máscaras e roupas adequadas para o ambiente em
saúde e a segurança dos empregados constituem uma das principais que eles atuam.
bases para a preservação da força de trabalho adequada através da Fazendo essa ação específica, a organização está mostrando
Higiene e Segurança do trabalho. reconhecimento ao trabalho do funcionário e contribuindo para
Segundo o conceito emitido pela Organização Mundial de sua melhoria da qualidade de vida.
Saúde, a saúde é um estado completo de bem-estar físico, mental Ao invés de obrigar os funcionários a usarem, é melhor realizar
e social e que não consiste somente na ausência de doença ou de esse tipo de trabalho de conscientização, pois o retorno será bem
enfermidade. mais positivo.

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Já ouvi muitos colaboradores falarem, por exemplo, que os EPIs Todas as organizações deverão entender que este ramo serve
e as máscaras incomodam e, algumas vezes, chagaram a pedir aos para prevenir acidentes e doenças laborais, mas que também é uma
gestores que usassem os equipamentos para ver se era bom. parte essencial para o sucesso do seu negócio.
Ora, na verdade os equipamentos incomodam, mas o Todas as empresas podem gozar de benefícios significativos ao
trabalhador deve pensar o uso desses que é algo válido, pois o investirem em medidas de Segurança e Higiene do Trabalho.
ajuda a prevenir problemas futuros. Pequenos melhoramentos podem levar ao aumento da
Na segurança do trabalho também é importante que a empresa competitividade e da motivação dos trabalhadores.
forneça máquinas adequadas, em perfeito estado de uso e de A qualidade das condições de trabalho é um dos fatores
preferência com um sistema de travas de segurança. fundamentais para o sucesso do sistema produtivo de qualquer
É fundamental que as empresas treinem os funcionários e os Empresa.
alertem em relação aos riscos que máquinas podem significar no Nesse âmbito, a melhoria da produtividade e da competitividade
dia-a-dia. das Empresas passa, necessariamente, por uma intervenção no
Caso algum funcionário apresente algum problema de saúde sentido da melhoria das condições de trabalho.
mais tarde ou sofra algum acidente, a responsabilidade será Os benefícios da manutenção de um ambiente de trabalho
toda da empresa por não ter obrigado o funcionário a seguir os seguro são muitos, mas em primeiro lugar, a segurança é saber o
procedimentos adequados de segurança. que é que pode fazer para proteger os seus trabalhadores.
Caso o funcionário se recuse a usar os equipamentos que o Na realidade, a prática da segurança nos locais de trabalho traz
protegerão de possíveis acidentes, a organização poderá demiti-lo também inúmeros benefícios financeiros para a Empresa através
por justa causa. da Higiene e Segurança do trabalho.
As prevenções dessas lesões/acidentes podem ser feitas O impacto de um ambiente de trabalho seguro é desde logo
através de: benéfico tanto direta como indiretamente.
- Estudos e modificações ergonômicas dos postos de trabalho. Senão vejamos, diretamente, falamos na prevenção de custos
- Uso de ferramentas e equipamentos ergonomicamente associados aos incidentes e acidentes, incluindo os custos com
adaptados ao trabalhador. as indemnização e salários aos trabalhadores, os custos com a
- Diminuição do ritmo do trabalho. assistência médica, os custos com seguros e as contra ordenações
- Estabelecimento de pausas para descanso. aplicáveis.
- Redução da jornada de trabalho. Estes só serão minimizados quando existe um Sistema de
- Diversificação de tarefas. Gestão da Segurança e Saúde implementado, que vise e contemple
- Eliminação do clima autoritário no ambiente de trabalho. todas as áreas da Segurança.
- Maior participação e autonomia dos trabalhadores nas Indiretamente, a inexistência deste sistema pode levar a perdas
decisões do seu trabalho. acentuadas de produtividade, custos com a reparação de produtos
- Reconhecimento e valorização do trabalho. e equipamentos danificados, custos associados à substituição de
- Valorização das queixas dos trabalhadores. trabalhadores, custos administrativos, perdas de competitividade,
É preciso mudar os hábitos e as condições de trabalho para perdas associadas à imagem e custos sociais diversos.
que a higiene e a segurança no ambiente de trabalho se tornem É sabido que, um ambiente de trabalho seguro aumenta a
satisfatórios. Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor moral do trabalhador, o que, por sua vez, aumenta a produtividade
humano. a eficiência e, consequentemente, as margens de lucro.
Nesse contexto, a necessidade de reconhecimento pode ser Quando os trabalhadores têm um ambiente de trabalho seguro,
frustrada pela organização quando ela não valoriza o desempenho. sentem que podem fazer a diferença, verificam-se maiores índices
Por exemplo, quando a política de promoção é baseada nos anos de assiduidade, menos rotatividade de pessoal e uma melhor
de serviço e não no mérito ou, então, quando a estrutura salarial qualidade de trabalho.
não oferece qualquer possibilidade de recompensa financeira por Outra área não menos importante, e que deve ser parte
realização como os aumentos por mérito. integrante da Empresa, é a formação dos trabalhadores em matéria
Se o ambiente enfatizar as relações distantes e impessoais de segurança e saúde.
entre os funcionários e se o contato social entre os mesmos for A formação contínua nesta matéria assume um papel
desestimulado, existirão menos chances de reconhecimento. fundamental na melhoria do nível de vida dos trabalhadores.
Conforme Arroba e James (1988) uma maneira de reconhecer Uma formação eficaz permite:
os funcionários é admitir que eles têm outras preocupações além Contribuir para que os trabalhadores se tornem competentes
do desempenho imediato de seu serviço. em matéria de saúde e segurança;
Uma outra causa da falta de reconhecimento dos funcionários Desenvolver uma cultura de segurança e saúde positiva, onde
na organização são os estereótipos, pois seus julgamentos não são o trabalho e o ambiente seguro sejam parte integrante e natural do
baseados em evidências ou informações sobre a pessoa. dia-a-dia dos trabalhadores;
A partir do momento que as pessoas fazem parte de uma Informar os trabalhadores dos riscos existentes e inerentes
organização podem obter reconhecimento positivo ou negativo. ao seu local de trabalho, das medidas de prevenção e proteção e
Os grupos de trabalho, por exemplo, podem satisfazer ou respectiva aplicação;
frustrar as necessidades de reconhecimento. Tanto em termos de postos de trabalho, como em termos
Quem a higiene e segurança do trabalho beneficia? gerais da empresa;
A Segurança e Higiene do Trabalho beneficia qualquer tipo Dotar o trabalhador das competências necessárias para atuar
negócio, além de ser uma obrigação legal e social. em caso de perigo grave e iminente;

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Evitar os custos associados aos acidentes e problemas de saúde Dadas as características específicas de algumas atividades
ocupacional; profissionais, nomeadamente as que acarretam algum índice
Em especial, os associados às perdas materiais, paragens e de perigosidade, é necessário estabelecer procedimentos de
consequente perda de produção, absentismo e a desmotivação dos segurança, para que estas sejam desempenhadas dentro de
trabalhadores; parâmetros de segurança para o trabalhador.
Cumprir a legislação legal e obrigatória em matéria de Nesse sentido, é necessário fazer desde logo um levantamento
Segurança e Saúde. dos fatores que podem contribuir para ocorrências de acidentes,
A importância da higiene e segurança do trabalho como sejam:
Qualquer empresa de hoje em dia conhece bem as implicações - Acidentes devido a ações perigosas;
e requisitos legais quando se fala em HSST- Higiene, Segurança e - Falta de cumprimento de ordens (não usar E.P.I.)
Saúde no trabalho, tendo consciência de que uma falha neste âmbito - Ligado à natureza do trabalho (erros na armazenagem)
dentro da empresa, pode gerar automaticamente o pagamento de - Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal,
uma multa por incumprimento legal. manobrar empilhadores inadequadamente, distrações).
A Higiene, Segurança e Saúde no trabalho é um conjunto de - Acidentes devido a Condições perigosas:
ações que nasceu das preocupações dos trabalhadores da indústria - Máquinas e ferramentas;
em meados do século 20, pois as condições de trabalho nunca eram - Condições de ambiente físico, (iluminação, calor, frio, poeiras,
levadas em conta, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou ruído).
mesmo de morte dos trabalhadores. Condições de organização (Layout mal feito, armazenamento
Numa época em que a indústria era a principal atividade perigoso, falta de Equipamento de Proteção Individual – E.P.I.)
econômica em Portugal, os trabalhadores morriam ou tinham Após o processo de identificação deste tipo de condições é
acidentes onde ficavam impossibilitados para toda a vida por não importante desenvolver uma análise de riscos, sendo para isso
terem os devidos processos de Higiene e Segurança do trabalho. necessária à sua identificação e mapeamento.
Simplesmente porque a mentalidade corrente era a de que o A fim de que posteriormente se possa estudar a possibilidade
valor da vida humana era para apenas útil para trabalhar e porque de aplicação de medidas que visam incrementar um maior nível de
não existia qualquer legislação que protegesse o trabalhador. segurança no local de trabalho, e que concretizam na eliminação do
O cenário demorou tempo a mudar e apenas a partir da risco de acidente, tornando-o inexistente ou neutralizando-o.
década de 50/60, surgiram as primeiras tentativas sérias de integrar Por fim, importa ter ainda em conta que para além da matriz
os trabalhadores em atividades devidamente adequadas às suas de identificação de riscos no trabalho é imprescindível considerar
capacidades, e dar-lhes conhecimento dos riscos a que estariam o risco ergonômico que surge da não adaptação dos postos de
expostos aquando do seu desempenhar de funções. trabalho às características do operador através da Higiene e
Atualmente a dimensão que encontramos neste âmbito é muito Segurança do trabalho.
diferente, sobretudo porque a Lei-Quadro de Segurança, Higiene e Quer quanto à posição da máquina com que trabalha, quer no
Saúde no Trabalho faz impender sobre as entidades empregadoras espaço disponível ou na posição das ferramentas e materiais que
a obrigatoriedade de organizarem os serviços de Segurança e Saúde utiliza nas suas funções.
no Trabalho. Desta feita torna-se mais do que evidente de que o sucesso
Desta forma, para além de análises minuciosas aos postos de um sistema produtivo passa inevitavelmente pela qualidade das
de trabalho a empresa tem que garantir também as condições de condições de trabalho que este proporciona aos seus colaboradores.
saúde dos trabalhadores (como a existência de um posto médico Nesta perspectiva, a melhoria da produtividade e da
dentro de cada empresa). competitividade das empresas portuguesas passa, necessariamente,
E ainda garantir que são objeto de estudo as investigações de por uma intervenção no sentido da melhoria das condições de
quaisquer tipo de incidentes ocorridos, sendo sempre analisada a trabalho.
utilização ou não de equipamentos de proteção individual (vulgo Ainda que este conjunto de atividades seja visto atualmente,
EPI). pela gestão das empresas, mais como um gasto, do que
Em resumo, todas as atividades de HSST se constituem como propriamente um incentivo à produtividade.
as atividades cujo objetivo é o de garantir condições de trabalho em Ao tornar evidentes junto dos colaboradores os riscos a que
qualquer empresa “num estado de bem-estar físico, mental e social estão expostos durante o seu período de trabalho, a Higiene,
e não somente a ausência de doença e enfermidade” (de acordo Segurança e Saúde no Trabalho permite relembrar todos os
com a Organização Mundial de Saúde.) colaboradores de que para um trabalho feito em condições é
Analisando parcelarmente este tipo de atividades temos que: preciso que as condições permitam que o trabalho se faça.
A higiene e saúde no trabalho procura combater de um ponto
de vista não médico, as doenças profissionais, identificando os Legislação aplicada a higiene e segurança do trabalho
fatores que podem afetar o ambiente do trabalho e o trabalhador, A legislação da higiene e segurança do trabalho é bem específica
procurando eliminar ou reduzir os riscos profissionais. e grande, sabendo disso iremos mostrar abaixo apenas os artigos e
A segurança do trabalho por outro lado, propõe-se combater, incisos principais.
também dum ponto de vista não médico, os acidentes de trabalho, Art. 163 – Será obrigatória a constituição de Comissão Interna
eliminando para isso não só as condições inseguras do ambiente, de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções
como sensibilizando também os trabalhadores a utilizarem medidas expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou
preventivas. locais de obra nelas especificadas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As instruções do Ministério do Trabalho e Emprego Os representantes dos empregados, titulares e suplentes,


correspondem à NR5, que trata especificamente das Comissões serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem,
Internas de Prevenção de Acidentes – CIPA. independentemente de filiação sindical, exclusivamente os
O item 5.1, da NR 5, estabelece que o objetivo da CIPA é a empregados interessados.
prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de A CIPA é um “fórum”, um local de discussão e debate, que se
modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a beneficia das opiniões do empregador e dos empregados. Por isso a
preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. necessidade de cada uma dessas categorias indicar seus membros,
O emprego da palavra “permanentemente”, traz a ideia de para que todos sejam representados nas decisões.
“sem interrupção”. A CIPA terá por atribuição:
O item 5.2, da NR 5, dispõe que devem constituir CIPA, - Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa
por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores,
empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, com assessoria do SESMT, onde houver;
órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, - Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva
associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho;
que admitam trabalhadores como empregados. - Participar da implementação e do controle da qualidade das
Como já vimos, a noção correta, para os obrigados a obedecer medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das
toda e qualquer disposição de Norma Regulamentadora, não só prioridades de ação nos locais de trabalho;
relativa à CIPA, é de empregador. - Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e
Na aula 4 conceituamos, de acordo com a CLT, e através de condições de trabalho visando a identificação de situações que
exemplos, o que se entende, juridicamente, por empregador. venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;
Numa palavra: empregador é aquele que contrata força de - Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas
trabalho através do regime celetista. fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco
O item 5.3 dispõe que as normas da NR5 aplicam-se, no que que foram identificadas; divulgar aos trabalhadores informações
couber, aos trabalhadores avulsos e às entidades que lhes tomem relativas à segurança e saúde no trabalho;
serviços, observadas as disposições estabelecidas em Normas - Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões
Regulamentadoras de setores econômicos específicos. promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações
Sabemos que não existe vínculo empregatício, celetista, na no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e
relação de trabalho avulso. Sabemos, também, que as normas saúde dos trabalhadores;
de SST, em regra, só se aplicam aos trabalhadores regidos pela - Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a
Consolidação das Leis do Trabalho. paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e
Entretanto, no caso específico da NR5, suas disposições, iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;
quando não forem incompatíveis com as características do trabalho - O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1
avulso, são plenamente aplicáveis a esta relação de trabalho. (um) ano, permitida uma reeleição.
Parágrafo único – O Ministério do Trabalho regulamentará as - O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro
atribuições, a composição e o funcionamento das CIPA (s). suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos
Art. 164 – Cada CIPA será composta de representantes da da metade do número de reuniões da CIPA.
empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que vierem Como as atividades da CIPA são permanentes, os seus membros
a ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo único devem participar assiduamente, das reuniões.
do artigo anterior. O empregador designará, anualmente, dentre os seus
1º – Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, representantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão,
serão por eles designados. dentre eles, o Vice–Presidente.
2º – Os representantes dos empregados, titulares e Art. 165 – Os titulares da representação dos empregados nas
suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo–
independentemente de filiação sindical, exclusivamente os se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico,
empregados interessados. econômico ou financeiro.
Escrutínio secreto significa votação secreta, sigilosa. Parágrafo único – Ocorrendo a despedida, caberá ao
Vejamos quais são as disposições específicas da NR5, acerca empregador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho,
das atribuições e composição dos processos de higiene e segurança comprovar a existência de qualquer dos motivos mencionados
do trabalho. Não abordaremos o funcionamento da CIPA, pois a neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado.
matéria foge do nosso estudo.
A CIPA será composta de representantes do empregador e Fatores que afetam a higiene e segurança do trabalho
dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Dadas as especificidades de algumas atividades profissionais
Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos através da Higiene e Segurança do trabalho., as quais acarretam
normativos para setores econômicos específicos. algum índice de perigosidade, é necessário que sobre as mesmas
Semelhante ao que ocorre para o dimensionamento do SESMT, incidam procedimentos de segurança para que as mesmas sejam
a NR5 estabelece grupos de atividades, e os relaciona ao número de desempenhadas dentro de parâmetros de segurança para o
empregados do estabelecimento, para fixar o número de membros trabalhador.
da CIPA. Nesse sentido, é necessário fazer desde logo um levantamento
Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, dos fatores que podem contribuir para ocorrências de acidentes,
serão por eles designados. como sejam:

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Máquinas e ferramentas; Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
- Condições de organização; cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
- Condições de ambiente físico, (iluminação, calor, frio, poeiras, anos de idade.
ruído). Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
-Acidentes devido a ações perigosas: fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-
- Falta de comprimento de ordens (não usar E.P.I); ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou
- Ligado à natureza do trabalho (Erros na armazenagem); por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
- Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, manobrar facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,
empilhadores inadequadamente, distrações, brincadeiras). em condições de liberdade e de dignidade.
Parágrafo único.  Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
Fundamentos de higiene e segurança do trabalho todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento,
É preciso mudar os hábitos e as condições de trabalho para situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
que a higiene e a segurança no ambiente de trabalho se tornem deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
satisfatórios. condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor humano outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comuni-
através dos processos de higiene e segurança do trabalho. dade em que vivem. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Nesse contexto, a necessidade de reconhecimento pode ser Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
frustrada pela organização quando ela não valoriza o desempenho. geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
Por exemplo, quando a política de promoção é baseada nos anos efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
de serviço e não no mérito ou, então, quando a estrutura salarial à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
não oferece qualquer possibilidade de recompensa financeira por dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comu-
realização como os aumentos por mérito. nitária.
Se o ambiente enfatizar as relações distantes e impessoais Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
entre os funcionários e se o contato social entre os mesmos for a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir-
desestimulado, existirão menos chances de reconhecimento. cunstâncias;
Conforme Arroba e James (1988) uma maneira de reconhecer b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re-
os funcionários é admitir que eles têm outras preocupações além levância pública;
do desempenho imediato de seu serviço. c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais
Uma outra causa da falta de reconhecimento dos funcionários públicas;
na organização são os estereótipos, pois seus julgamentos não são d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela-
baseados em evidências ou informações sobre a pessoa. cionadas com a proteção à infância e à juventude.
A partir do momento que as pessoas fazem parte de uma Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual-
organização podem obter reconhecimento positivo ou negativo. quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
Os grupos de trabalho, por exemplo, podem satisfazer ou crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
frustrar as necessidades de reconhecimento. por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Pois, a importância do reconhecimento pela higiene e Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
segurança do trabalho é que a partir do momento que a organização sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
está preocupada com a higiene e a segurança do trabalho, ele está e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
sendo valorizado. do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
E quando os colaboradores percebem o fato de serem
valorizados, reconhecidos isso os torna mais motivados para o TÍTULOII
trabalho. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO I
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

LEI FEDERAL Nº 8.069/1990 Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
TÍTULOI em condições dignas de existência.
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos progra-
mas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reproduti-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao vo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gra-
adolescente. videz, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pes- pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação
soa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
doze e dezoito anos de idade. § 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais
da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante garan- moção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação
tirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabele- complementar saudável, de forma contínua.  (Incluído pela Lei nº
cimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção 13.257, de 2016)
da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal de-
§ 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegu- verão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite
rarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à
acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Re- saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
§ 4  o  Incumbe ao poder público proporcionar assistência psi- prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im-
como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem preju-
puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa
§ 5  o  A assistência referida no § 4  o  deste artigo deverá ser competente;
prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de
entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como pres-
se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada tar orientação aos pais;
pela Lei nº 13.257, de 2016) IV - fornecer declaração de nascimento onde constem neces-
§ 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompa- sariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
nhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do traba- neonato;
lho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
de 2016) permanência junto à mãe.
§ 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, pres-
materno, alimentação complementar saudável e crescimento e de- tando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe per-
senvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a cria- manecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já exis-
ção de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral tente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nas-
§ 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável du- cido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no âmbito
rante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo- do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na forma da
-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com imple-
motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) mentação de forma escalonada, de acordo com a seguinte ordem
§ 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante de progressão:   (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vigência
que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem I – etapa 1:   (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vigência
como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (In- a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias;    (Incluída pela
cluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Lei nº 14.154, de 2021)  Vigência
§ 10.  Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher b) hipotireoidismo congênito;     (Incluída pela Lei nº 14.154, de
com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em 2021)  Vigência
unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias;     (Incluída
sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhi- pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vigência
mento do filho, em articulação com o sistema de ensino competen- d) fibrose cística;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vi-
te, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela gência
Lei nº 13.257, de 2016) e) hiperplasia adrenal congênita;    (Incluída pela Lei nº 14.154,
Art. 8º-A.  Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da de 2021)  Vigência
Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana f) deficiência de biotinidase;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de
que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar in- 2021)  Vigência
formações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam g) toxoplasmose congênita;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de
para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído 2021)  Vigência
pela Lei nº 13.798, de 2019) II – etapa 2:   (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vigência
Parágrafo único.   As ações destinadas a efetivar o disposto a) galactosemias;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vi-
no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto gência
com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritaria- b) aminoacidopatias;     (Incluída pela Lei nº 14.154, de
mente ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) 2021)  Vigência
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro- c) distúrbios do ciclo da ureia;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de
piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive 2021)  Vigência
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos;     (Incluída
§ 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde desen- pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vigência
volverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao III – etapa 3: doenças lisossômicas;   (Incluído pela Lei nº 14.154,
planejamento, à implementação e à avaliação de ações de pro- de 2021)  Vigência
IV – etapa 4: imunodeficiências primárias;   (Incluído pela Lei nº
14.154, de 2021)  Vigência

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

V – etapa 5: atrofia muscular espinhal.   (Incluído pela Lei nº suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu-
14.154, de 2021)  Vigência lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede
§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº
do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente, com 13.257, de 2016)
base em evidências científicas, considerados os benefícios do ras- Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de
treamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermida-
doenças com maior prevalência no País, com protocolo de trata- des que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas
mento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema Único de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
de Saúde.    (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vigência § 1  o  É obrigatória a vacinação das crianças nos casos reco-
§ 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser mendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo
expandido pelo poder público com base nos critérios estabelecidos único pela Lei nº 13.257, de 2016)
no § 2º deste artigo.    (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)  Vi- § 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde
gência bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e
§ 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério ime- intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mu-
diato, os profissionais de saúde devem informar a gestante e os lher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre as § 3 o A atenção odontológica à criança terá função educativa
eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por
Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde.    (Incluído pela meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e
Lei nº 14.154, de 2021)  Vigência no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bu-
Art. 11.  É assegurado acesso integral às linhas de cuidado vol- cal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
tadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sis- § 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos es-
tema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso peciais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela
a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saú- Lei nº 13.257, de 2016)
de. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 5  º  É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus
§ 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendi- primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumen-
dos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais to construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta
de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu de-
pela Lei nº 13.257, de 2016) senvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) (Vi-
§ 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àque- gência)
les que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras
tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou rea- CAPÍTULO II
bilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação dada
pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao
§ 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de-
de crianças na primeira infância receberão formação específica e senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvi- garantidos na Constituição e nas leis.
mento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec-
necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) tos:
Art. 12.  Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá-
as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados interme- rios, ressalvadas as restrições legais;
diários, deverão proporcionar condições para a permanência em II - opinião e expressão;
tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de inter- III - crença e culto religioso;
nação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
de 2016) V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimina-
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, ção;
de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança VI - participar da vida política, na forma da lei;
ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providên- Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte-
cias legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014) gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran-
§ 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entre- gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
gar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluí- Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
do pela Lei nº 13.257, de 2016) adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
§ 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entra- violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
da, os serviços de assistência social em seu componente especia- Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa-
lizado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
(Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de § 2 o A permanência da criança e do adolescente em progra-
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei ma de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18
nº 13.010, de 2014) (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
Parágrafo único.  Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade ju-
pela Lei nº 13.010, de 2014) diciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva apli- § 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescen-
cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que te à sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro-
resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) vidência, caso em que será esta incluída em serviços e programas
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1 o do art. 23, dos
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art.
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de 129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído § 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente
pela Lei nº 13.010, de 2014) com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas perió-
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) dicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimen-
b) ameace gravemente; ou  (Incluído pela Lei nº 13.010, de to institucional, pela entidade responsável, independentemente de
2014) autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os res- mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluído
ponsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducati- pela Lei nº 13.509, de 2017)
vas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de ado- § 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada
lescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, Art. 19-A.  A gestante ou mãe que manifeste interesse em en-
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, tregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será
sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei
serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (Incluído pela nº 13.509, de 2017)
Lei nº 13.010, de 2014) § 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissio-
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro- nal da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório
teção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátri- do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
co; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) 2017)
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (In- § 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá de-
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014) terminar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua ex-
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali- pressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social
zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) para atendimento especializado.  (Incluído pela Lei nº 13.509, de
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) 2017)
VI - garantia de tratamento de saúde especializado à víti- § 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos
ma.      (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo
Parágrafo único.  As medidas previstas neste artigo serão apli- de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela
cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências Lei nº 13.509, de 2017)
legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 4  o  Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de
não existir outro representante da família extensa apto a receber a
CAPÍTULO III guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a ex-
DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA tinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a
guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de enti-
SEÇÃO I dade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou institu-
DISPOSIÇÕES GERAIS cional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
Art. 19.  É direito da criança e do adolescente ser criado e edu- ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser
cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substi- manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta
tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509,
que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei de 2017)
nº 13.257, de 2016) § 6º  Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o ge-
§ 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro- nitor nem representante da família extensa para confirmar a inten-
grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação re- ção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária
avaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamenta- pela Lei nº 13.509, de 2017)
da pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados
dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509, 13.257, de 2016)
de 2017) Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não cons-
§ 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifesta- titui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio po-
da em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega der  poder familiar  .  (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
da criança após o nascimento, a criança será mantida com os geni- 2009) Vigência
tores, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude § 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize a decre-
o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) tação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua
dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em
§ 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimen- serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. (Re-
to, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
13.509, de 2017) § 2º  A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a
§ 10.  Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crian- destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por
ças acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trin- crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente
ta) dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro des-
nº 13.509, de 2017) cendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)
Art. 19-B.  A criança e o adolescente em programa de acolhi- Art. 24. A perda e a suspensão do  pátrio poder  poder fami-
mento institucional ou familiar poderão participar de programa de liar  serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditó-
apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) rio, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
§ 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcio- descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude
nar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para o art. 22.  (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu gência
desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, edu- SEÇÃO II
cacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) DA FAMÍLIA NATURAL
§ 2º  Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de
18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada
cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único.  Entende-se por família extensa ou ampliada
§ 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescen- aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
te a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a
nº 13.509, de 2017) criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
§ 4  o  O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinha- afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reco-
com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibili- nhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo
dade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (Inclu- de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro docu-
ído pela Lei nº 13.509, de 2017) mento público, qualquer que seja a origem da filiação.
§ 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen-
pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por to do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil.  (Incluído Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito per-
pela Lei nº 13.509, de 2017) sonalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado
§ 6 o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os res- contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado
ponsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão o segredo de Justiça.
imediatamente notificar a autoridade judiciária competente. (Inclu-
ído pela Lei nº 13.509, de 2017) SEÇÃO III
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, DA FAMÍLIA SUBSTITUTA
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. SUBSEÇÃO I
Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em igual- DISPOSIÇÕES GERAIS
dade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser
a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica
solução da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
de 2009) Vigência § 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será pre-
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e edu- viamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio
cação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações
a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. (Redação
Parágrafo único.   A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm di- dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
reitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cui-
dado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será ne- § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de
cessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação dada tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a fal-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito
§ 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de de representação para a prática de atos determinados.
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evi- § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
tar ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previ-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência denciários.
§ 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela § 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrá-
ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada rio, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for
existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plena- aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de
mente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito
qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos frater- de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que
nais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado
§ 5 o A colocação da criança ou adolescente em família subs- ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
tituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanha- gência
mento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço Art. 34.  O poder público estimulará, por meio de assistência
da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio fami-
de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº liar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 1 o A inclusão da criança ou adolescente em programas de
§ 6  o  Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucio-
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda nal, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcio-
obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nal da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e de 2009)
cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, § 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou casal cadas-
desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais trado no programa de acolhimento familiar poderá receber a crian-
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela ça ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts.
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio § 3 o A União apoiará a implementação de serviços de acolhi-
de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído mento em família acolhedora como política pública, os quais de-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência verão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas,
responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles- capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de ado-
centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofis- ção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
sional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela § 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distri-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes- em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a
soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natu- própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
reza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado. Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me-
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá trans- diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
ferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades gover-
namentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. SUBSEÇÃO III
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui DA TUTELA
medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável presta- Art. 36.  A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa
rá compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, me- de até 18 (dezoito) anos incompletos.  (Redação dada pela Lei nº
diante termo nos autos. 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
SUBSEÇÃO II decretação da perda ou suspensão do pátrio poder poder familiar e
DA GUARDA implica necessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, Art. 37.  O tutor nomeado por testamento ou qualquer docu-
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu de- mento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do  art.
tentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil ,
12.010, de 2009) Vigência deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, in-
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo gressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observan-
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tu- do o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação
tela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único.  Na apreciação do pedido, serão observados § 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que demonstrado
os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo de- efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda comparti-
ferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, lhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de
se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que janeiro de 2002 - Código Civil . (Redação dada pela Lei nº 12.010,
não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. (Re- de 2009) Vigência
dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após ine-
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24. quívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do pro-
cedimento, antes de prolatada a sentença.  (Incluído pela Lei nº
SUBSEÇÃO IV 12.010, de 2009) Vigência
DA ADOÇÃO Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vanta-
gens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segun- Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar
do o disposto nesta Lei. o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o
§ 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se curatelado.
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do
da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma representante legal do adotando.
do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, § 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou
de 2009) Vigência adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti-
§ 2 o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº tuídos do pátrio poder poder familiar . (Expressão substituída pela
12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do adotan- § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade,
do e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem pre- será também necessário o seu consentimento.
valecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela Lei nº Art. 46.   A adoção será precedida de estágio de convivência
13.509, de 2017) com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa)
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiarida-
à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos des do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
adotantes. § 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o ado-
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com tando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante duran-
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de te tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência
qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos ma- da constituição do vínculo.  (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
trimoniais. 2009) Vigência
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, § 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispen-
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou sa da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei
concubino do adotante e os respectivos parentes. nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus des- § 2 o -A.  O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
cendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fun-
até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. damentada da autoridade judiciária.  (Incluído pela Lei nº 13.509,
Art. 42.  Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, inde- de 2017)
pendentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domi-
de 2009) Vigência ciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do ado- (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável
tando. por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamen-
§ 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes tada da autoridade judiciária.  (Redação dada pela Lei nº 13.509,
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprova- de 2017)
da a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 3 o -A.  Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá
2009) Vigência ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no §
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais 4 o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção
velho do que o adotando. à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-com- § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela equi-
panheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de con- preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela exe-
vivência tenha sido iniciado na constância do período de convivên- cução da política de garantia do direito à convivência familiar, que
cia e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferi-
afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a mento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, § 5 o O estágio de convivência será cumprido no território na-
de 2009) Vigência cional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada,
em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de resi-
dência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política mu-
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se nicipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela
fornecerá certidão. Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, § 4 o Sempre que possível e recomendável, a preparação referi-
bem como o nome de seus ascendentes. da no § 3 o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescen-
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o regis- tes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem
tro original do adotado. adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação
§ 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio
no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Reda- dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência execução da política municipal de garantia do direito à convivência
§ 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá cons- familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 5 o Serão criados e implementados cadastros estaduais e na-
2009) Vigência cional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados
§ 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº
a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do 12.010, de 2009) Vigência
prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 6  o  Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais resi-
§ 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo ado- dentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência
tante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no
§§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, § 5 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de ado-
§ 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julga- ção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de
do da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6 o do informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (In-
art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbi- cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
to. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 8  o  A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
§ 8  o  O processo relativo à adoção assim como outros a ele (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu arma- condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar
zenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferi-
conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº da sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional refe-
12.010, de 2009) Vigência ridos no § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com § 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manu-
doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014) tenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comuni-
§ 10.  O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será cação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº
de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual 12.010, de 2009) Vigência
período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciá- § 10.  Consultados os cadastros e verificada a ausência de pre-
ria. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) tendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e
Art. 48.  O adotado tem direito de conhecer sua origem biológi- interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscri-
ca, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medi- to nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da
da foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (de- criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela
zoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 13.509, de 2017)
Parágrafo único.  O acesso ao processo de adoção poderá ser § 11.  Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pe- sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e re-
dido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. (In- comendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o  pátrio po- 2009) Vigência
der poder familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei § 12.  A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos
nº 12.010, de 2009) Vigência postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (In-
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em con- § 13.  Somente poderá ser deferida adoção em favor de candi-
dições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na ado- dato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos
ção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº
aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfi- II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles-
zer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previs- cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela
tas no art. 29. Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal
período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equi- de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso
pe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qual- III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório
quer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 14.  Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne-
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os re- cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter-
quisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluído profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente,
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída pela Lei nº
§ 15.  Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas inte- 12.010, de 2009) Vigência
ressadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e
grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradu-
Art. 51.   Considera-se adoção internacional aquela na qual o ção, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº 12.010,
pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção de 2009) Vigência
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e
e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulan-
pelo  Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar te estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída
criança em outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nº 13.509, de 2017) VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central
§ 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente bra- Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio-
sileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida
comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimen-
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao to, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de
caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacio-
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei
da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a nº 12.010, de 2009) Vigência
comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto-
habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a crian- rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e
ça ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente,
Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. (In-
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi con- cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e § 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, ad-
que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elabo- mite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam
rado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1 o e intermediados por organismos credenciados.  (Incluída pela Lei nº
2 o do art. 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- 12.010, de 2009) Vigência
gência § 2  o  Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o cre-
§ 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos denciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados
estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou ado- de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com
lescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publi-
gência cação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da inter-
§ 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Auto- net. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção interna- § 3 o Somente será admissível o credenciamento de organismos
cional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
Art. 52.  A adoção internacional observará o procedimento Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adapta- do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
ções: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar crian- 12.010, de 2009) Vigência
ça ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên-
à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção in- cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí-
ternacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluí-
situada sua residência habitual;  (Incluída pela Lei nº 12.010, de da pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída
os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um re- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
latório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi-
jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pes- co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central
soal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sua aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluída pela § 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e § 11.  A cobrança de valores por parte dos organismos creden-
dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país ciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central
onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é
Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- causa de seu descredenciamento.  (Incluído pela Lei nº 12.010, de
gência 2009) Vigência
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de § 12.  Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser re-
reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex- presentados por mais de uma entidade credenciada para atuar na
periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010,
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade de 2009) Vigência
Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do ór- § 13.  A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado
gão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
gência renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competen- § 14.  É vedado o contato direto de representantes de organis-
tes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive mos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de pro-
quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; (In- gramas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com
cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a de-
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada vida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relató- gência
rio de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no § 15.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que
Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. (In-
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Bra- Art. 52-A.  É vedado, sob pena de responsabilidade e descre-
sileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos
será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter-
estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (In- nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela
cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan- Parágrafo único.  Eventuais repasses somente poderão ser efe-
tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da tuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Crian-
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº ça e do Adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência Art. 52-B.  A adoção por brasileiro residente no exterior em país
§ 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão sido processado em conformidade com a legislação vigente no país
de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
gência referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
§ 6 o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá § 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
gência pelo Superior Tribunal de Justiça.  (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 7  o  A renovação do credenciamento poderá ser concedida 2009) Vigência
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal § 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Su-
§ 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu perior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do gência
território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 52-C.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
§ 9  o  Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciá- país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de
ria determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autori-
bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoria- dade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilita-
mente, as características da criança ou adolescente adotado, como ção dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central
idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como Federal e determinará as providências necessárias à expedição do
foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar di- Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010,
reito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão de 2009) Vigência
e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 1  o  A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Pú-
2009) Vigência blico, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se
§ 10.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qual- restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à or-
quer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças dem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
gência

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú-
no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente re- blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida-
querer o que for de direito para resguardar os interesses da criança de competente.
ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en-
Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Fe- sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
deral Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído responsável, pela freqüência à escola.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
Art. 52-D.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori- Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda-
gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ain- mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
da, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo-
processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído tados os recursos escolares;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência III - elevados níveis de repetência.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e
CAPÍTULO IV novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, meto-
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO dologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e
LAZER adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul-
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi- turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança
sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, asseguran- acesso às fontes de cultura.
do-se-lhes: Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, esti-
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es- mularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro-
cola; gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
II - direito de ser respeitado por seus educadores; e a juventude.
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
às instâncias escolares superiores; CAPÍTULO V
IV - direito de organização e participação em entidades estu- DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO
dantis; TRABALHO
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên-
cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação bási- anos de idade, salvo na condição de aprendiz.  (Vide Constituição
ca. (Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019) Federal)
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro- por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
postas educacionais. Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro-
Art. 53-A.  É dever da instituição de ensino, clubes e agremia- fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de
ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar medi- educação em vigor.
das de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de- Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin-
pendência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) tes princípios:
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regu-
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os lar;
que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescen-
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao te;
ensino médio; III - horário especial para o exercício das atividades.
III - atendimento educacional especializado aos portadores de Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegura-
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; da bolsa de aprendizagem.
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) assegurados os direitos trabalhistas e      previdenciários.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
criação artística, segundo a capacidade de cada um; trabalho protegido.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa-
adolescente trabalhador; miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra- governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali- I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
mentação e assistência à saúde. cinco horas do dia seguinte;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público II - perigoso, insalubre ou penoso;
subjetivo. III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüên- VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articula-
cia à escola. ção de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho edu- nas famílias em situação de violência, com participação de profis-
cativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-go- sionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de
vernamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescen-
que dele participe condições de capacitação para o exercício de ati- te. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
vidade regular remunerada. VII - a promoção de estudos e pesquisas, de estatísticas e de
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em outras informações relevantes às consequências e à frequência das
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pesso- formas de violência contra a criança e o adolescente para a siste-
al e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. matização de dados nacionalmente unificados e a avaliação perió-
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho dica dos resultados das medidas adotadas;      (Incluído pela Lei nº
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho 14.344, de 2022)     Vigência
não desfigura o caráter educativo. VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa humana,
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro- de forma a coibir a violência, o tratamento cruel ou degradante e
teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: as formas violentas de educação, correção ou disciplina;     (Incluído
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. IX - a promoção e a realização de campanhas educativas di-
recionadas ao público escolar e à sociedade em geral e a difusão
TÍTULOIII desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das
DA PREVENÇÃO crianças e dos adolescentes, incluídos os canais de denúncia existen-
tes;     (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
CAPÍTULO I X - a celebração de convênios, de protocolos, de ajustes, de ter-
DISPOSIÇÕES GERAIS mos e de outros instrumentos de promoção de parceria entre ór-
gãos governamentais ou entre estes e entidades não governamen-
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou tais, com o objetivo de implementar programas de erradicação da
violação dos direitos da criança e do adolescente. violência, de tratamento cruel ou degradante e de formas violentas
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- de educação, correção ou disciplina;     (Incluído pela Lei nº 14.344,
pios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas de 2022)     Vigência
públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos profissionais nas es-
violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como colas, dos Conselhos Tutelares e dos profissionais pertencentes aos
principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) órgãos e às áreas referidos no inciso II deste caput, para que identi-
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a fiquem situações em que crianças e adolescentes vivenciam violên-
divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educa- cia e agressões no âmbito familiar ou institucional;     (Incluído pela
dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos huma- XII - a promoção de programas educacionais que disseminem
nos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana,
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Minis- bem como de programas de fortalecimento da parentalidade po-
tério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com sitiva, da educação sem castigos físicos e de ações de prevenção e
os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as en- enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a criança e
tidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e o adolescente;     (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de
nº 13.010, de 2014) ensino, dos conteúdos relativos à prevenção, à identificação e à res-
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais posta à violência doméstica e familiar.     (Incluído pela Lei nº 14.344,
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que de 2022)     Vigência
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do Parágrafo único.  As famílias com crianças e adolescentes com
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas
à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao en- públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
frentamento de todas as formas de violência contra a criança e o 2014)
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áre-
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de as da saúde e da educação, além daquelas às quais se refere o art.
conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescen- 71 desta Lei, entre outras, devem contar, em seus quadros, com pes-
te; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) soas capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Conselho Tutelar
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a ga- suspeitas ou casos de crimes praticados contra a criança e o ado-
rantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré- lescente.      (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo Parágrafo único.  São igualmente responsáveis pela comunica-
de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação so- ção de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de
bre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado,
degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem
deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmen-
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cul- te, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência
tura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação
que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimen- do público.
to.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre- SEÇÃO II
venção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados. DOS PRODUTOS E SERVIÇOS
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
Lei. I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
CAPÍTULO II III - produtos cujos componentes possam causar dependência
DA PREVENÇÃO ESPECIAL física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo
SEÇÃO I seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano
DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTES, DIVERSÕES E físico em caso de utilização indevida;
ESPETÁCULOS V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regula- Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em
rá as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se auto-
deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários rizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
em que sua apresentação se mostre inadequada.
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos SEÇÃO III
públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do es-
petáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação. Art. 83.  Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezes-
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões seis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacom-
e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa panhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização ju-
etária. dicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente po- § 1º A autorização não será exigida quando:
derão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibi- a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou
ção quando acompanhadas dos pais ou responsável. do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Reda-
no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas ção dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos es-
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou tiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com-
apresentação ou exibição. provado documentalmente o parentesco;
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programa- ou responsável.
ção em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em de- § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou res-
sacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. ponsável, conceder autorização válida por dois anos.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização
no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária é dispensável, se a criança ou adolescente:
a que se destinam. I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa-
ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializa- mente pelo outro através de documento com firma reconhecida.
das em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo. Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair
contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegi- do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no
das com embalagem opaca. exterior.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infan-
to-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas,
crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e muni-
ções, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da
família.

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

PARTE ESPECIAL VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério


Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução
TÍTULOI das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos
em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista
CAPÍTULO I na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução
DISPOSIÇÕES GERAIS se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta
adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do VII - mobilização da opinião pública para a indispensável parti-
Distrito Federal e dos municípios. cipação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: 12.010, de 2009) Vigência
I - políticas sociais básicas; VIII - especialização e formação continuada dos profissionais
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância,
social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desen-
violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências;  (Reda- volvimento infantil; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
ção dada pela Lei nº 13.257, de 2016) IX - formação profissional com abrangência dos diversos direi-
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e tos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade
psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento
abuso, crueldade e opressão; integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento
crianças e adolescentes desaparecidos; infantil e sobre prevenção da violência. (Incluído pela Lei nº 13.257,
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos de 2016)
da criança e do adolescente. Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conse-
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o lhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente
período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo é considerada de interesse público relevante e não será remunera-
exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescen- da.
tes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência CAPÍTULO II
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar
e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de SEÇÃO I
adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com de- DISPOSIÇÕES GERAIS
ficiências e de grupos de irmãos.  (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
Parágrafo único. A linha de ação da política de atendimento a manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento
que se refere o inciso IV do caput deste artigo será executada em e execução de programas de proteção e sócio-educativos destina-
cooperação com o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, dos a crianças e adolescentes, em regime de: (Vide)
criado pela Lei nº 13.812, de 16 de março de 2019, com o Cadastro I - orientação e apoio sócio-familiar;
Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, criado pela Lei II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
nº 12.127, de 17 de dezembro de 2009, e com os demais cadastros, III - colocação familiar;
sejam eles nacionais, estaduais ou municipais.   (Incluído pela Lei nº IV - acolhimento institucional;  (Redação dada pela Lei nº
14.548, de 2023) 12.010, de 2009) Vigência
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei
I - municipalização do atendimento; nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e contro- 2012) (Vide)
ladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação po- VII - semiliberdade; e  (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
pular paritária por meio de organizações representativas, segundo 2012) (Vide)
leis federal, estaduais e municipais; VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - criação e manutenção de programas específicos, observada § 1º As entidades governamentais e não governamentais deve-
a descentralização político-administrativa; rão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regi-
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais mes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
adolescente; registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunica-
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério ção ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei
Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, pre- nº 12.010, de 2009) Vigência
ferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do § 2º Os recursos destinados à implementação e manutenção
atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dota-
infracional; ções orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preco- § 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa de aco-
nizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput lhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efei-
e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, tos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo Con- de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade ju-
selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máxi- diciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado
mo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua
da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta
2009) Vigência Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como § 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado ex- e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
pedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta- crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, Mi-
das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da nistério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- 2009) Vigência
gência § 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciá-
III - em se tratando de programas de acolhimento institucio- ria competente, as entidades que desenvolvem programas de aco-
nal ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reinte- lhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do
gração familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o
caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste arti-
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi- go. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao § 5 o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. familiar ou institucional somente poderão receber recursos públicos
§ 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e finalida-
nº 12.010, de 2009) Vigência des desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de § 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigen-
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; te de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí- ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apura-
pios desta Lei; ção de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluí-
c) esteja irregularmente constituída; do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. § 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe- acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de
rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos,
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas,
os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257,
§ 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, ca- de 2016)
bendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles- Art. 93.  As entidades que mantenham programa de acolhi-
cente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, mento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência,
observado o disposto no § 1  o  deste artigo.  (Incluído pela Lei nº acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto-
12.010, de 2009) Vigência ridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte
Art. 92.  As entidades que desenvolvam programas de acolhi- e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de
mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princí- responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
pios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gência
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte- Parágrafo único.  Recebida a comunicação, a autoridade judi-
gração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- ciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do
cia Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promo-
II - integração em família substituta, quando esgotados os ver a imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente
recursos de manutenção na família natural ou extensa;  (Redação ou, se por qualquer razão não for isso possível ou recomendável,
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência para seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, ins-
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; titucional ou a família substituta, observado o disposto no § 2 o do
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - não desmembramento de grupos de irmãos; Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna-
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras en- ção têm as seguintes obrigações, entre outras:
tidades de crianças e adolescentes abrigados; I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
VII - participação na vida da comunidade local; lescentes;
VIII - preparação gradativa para o desligamento; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu- restrição na decisão de internação;
cativo.

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida- Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
des e grupos reduzidos; que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:
dignidade ao adolescente; I - às entidades governamentais:
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação a) advertência;
dos vínculos familiares; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os ca- c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
sos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vín- d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
culos familiares; II - às entidades não-governamentais:
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de a) advertência;
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos ne- b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
cessários à higiene pessoal; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados d) cassação do registro.
à faixa etária dos adolescentes atendidos; § 1  o  Em caso de reiteradas infrações cometidas por entida-
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e des de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
farmacêuticos; nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou re-
X - propiciar escolarização e profissionalização; presentado perante autoridade judiciária competente para as pro-
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; vidências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
acordo com suas crenças; § 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; não governamentais responderão pelos danos que seus agentes
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máxi- causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descum-
mo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade com- primento dos princípios norteadores das atividades de proteção es-
petente; pecífica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
sua situação processual; TÍTULOII
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos ado- CAPÍTULO I
lescentes; DISPOSIÇÕES GERAIS
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanha-
mento de egressos; Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ame-
cidadania àqueles que não os tiverem; açados ou violados:
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circuns- I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
tâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou respon- II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
sável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua III - em razão de sua conduta.
formação, relação de seus pertences e demais dados que possibili-
tem sua identificação e a individualização do atendimento. CAPÍTULO II
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento insti-
tucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- Art. 99. As medidas previstas neste CAPÍTULO poderão ser apli-
gência cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual-
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as quer tempo.
entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade. Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as ne-
Art. 94-A.  As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou cessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao forta-
recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter tempo- lecimento dos vínculos familiares e comunitários.
rário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a reco- Parágrafo único.  São também princípios que regem a aplicação
nhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direi-
tos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos
SEÇÃO II nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído
DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação
Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à pro-
referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério teção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adoles-
Público e pelos Conselhos Tutelares. centes são titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a
apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescen-
dotações orçamentárias. tes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta

121
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e soli- V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri-
dária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipaliza- co, em regime hospitalar ou ambulatorial;
ção do atendimento e da possibilidade da execução de programas VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
2009) Vigência VII - acolhimento institucional;  (Redação dada pela Lei nº
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a inter- 12.010, de 2009) Vigência
venção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação
criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos IX - colocação em família substituta.  (Incluído pela Lei nº
interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de tran-
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, di- sição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para
reito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº colocação em família substituta, não implicando privação de liber-
12.010, de 2009) Vigência dade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades compe- § 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para
tentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhe- proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providên-
cida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclu- adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da au-
sivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indispen- toridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Minis-
sável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do tério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento
adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela
necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente se encontram no momento em que a decisão é toma- § 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser encami-
da; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nhados às instituições que executam programas de acolhimento
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de
de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obriga-
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência toriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na prote- 2009) Vigência
ção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às me- I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou
didas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração 2009) Vigência
em família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com- cia
preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los
direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
como esta se processa;  (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio
gência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adoles- § 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do ado-
cente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou lescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento
de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendi-
têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da mento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de
medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciá-
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, ria competente, caso em que também deverá contemplar sua colo-
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído cação em família substituta, observadas as regras e princípios desta
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, § 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilida-
a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as se- de da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e le-
guintes medidas: vará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo oitiva dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
de responsabilidade; 2009) Vigência
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; § 6  o  Constarão do plano individual, dentre outros:  (Incluído
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
oficial de ensino fundamental; I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários nº 12.010, de 2009) Vigência
de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adoles- II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e (In-
cente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a § 3  o  Caso ainda não definida a paternidade, será  deflagra-
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, do procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob dire- § 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispensável
ta supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministé-
de 2009) Vigência rio Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encami-
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte nhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a ne- § 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
cessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (In-
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhi- cluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
do. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 6  o  São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requeri-
§ 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o res- da do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento
ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional e a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista 2016)
ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência TÍTULOIII
§ 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu enca-
minhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, CAPÍTULO I
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao DISPOSIÇÕES GERAIS
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política mu- crime ou contravenção penal.
nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destitui- Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
ção do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada
§ 10.   Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo a idade do adolescente à data do fato.
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponde-
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos rão as medidas previstas no art. 101.
complementares ou de outras providências indispensáveis ao ajui-
zamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) CAPÍTULO II
§ 11.  A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre
as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e ins- Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
titucional sob sua responsabilidade, com informações pormenoriza- senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda-
das sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências mentada da autoridade judiciária competente.
tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência seus direitos.
§ 12.  Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Con- Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
selho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assis- judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele
tência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação indicada.
de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res-
e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
de permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina-
12.010, de 2009) Vigência da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este CAPÍTULO Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº -se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada
12.010, de 2009) Vigência a necessidade imperiosa da medida.
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será sub-
nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elemen- metido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de prote-
tos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária. ção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que fundada.
trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, go-
zando de absoluta prioridade.

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO III SEÇÃO III


DAS GARANTIAS PROCESSUAIS DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patri-
sem o devido processo legal. moniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o ado-
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se- lescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por
guintes garantias: outra forma, compense o prejuízo da vítima.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio- Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida
nal, mediante citação ou meio equivalente; poderá ser substituída por outra adequada.
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias SEÇÃO IV
à sua defesa; DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na re-
na forma da lei; alização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com- excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
petente; escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro-
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável gramas comunitários ou governamentais.
em qualquer fase do procedimento. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti-
dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má-
CAPÍTULO IV xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à
jornada normal de trabalho.
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS SEÇÃO V
DA LIBERDADE ASSISTIDA
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi-
I - advertência; gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar
II - obrigação de reparar o dano; e orientar o adolescente.
III - prestação de serviços à comunidade; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompa-
IV - liberdade assistida; nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou pro-
V - inserção em regime de semi-liberdade; grama de atendimento.
VI - internação em estabelecimento educacional; § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infra- Público e o defensor.
ção. Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre
prestação de trabalho forçado. outros:
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência men- I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne-
tal receberão tratamento individual e especializado, em local ade- cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa
quado às suas condições. oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
Art. 113. Aplica-se a este CAPÍTULO o disposto nos arts. 99 e II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do
100. adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente
do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e de sua inserção no mercado de trabalho;
e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, IV - apresentar relatório do caso.
nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que SEÇÃO VI
houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria. DO REGIME DE SEMI-LIBERDADE

SEÇÃO II Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado


DA ADVERTÊNCIA desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, pos-
sibilitada a realização de atividades externas, independentemente
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que de autorização judicial.
será reduzida a termo e assinada. § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de-
vendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na
comunidade.

124
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
no que couber, as disposições relativas à internação. salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
SEÇÃO VII XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
DA INTERNAÇÃO XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des-
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, de que assim o deseje;
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven-
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a cri- tura depositados em poder da entidade;
tério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
judicial em contrário. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamen-
máximo a cada seis meses. te a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adoles-
excederá a três anos. cente.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o ado- Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men-
lescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con-
ou de liberdade assistida. tenção e segurança.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de CAPÍTULO V
autorização judicial, ouvido o Ministério Público. DA REMISSÃO
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apura-
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ção de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan- conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, aten-
do: dendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social,
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave amea- bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor
ça ou violência a pessoa; participação no ato infracional.
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re-
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin-
anteriormente imposta. ção do processo.
§ 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe-
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
nº 12.594, de 2012) (Vide) de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, haven- regime de semi-liberdade e a internação.
do outra medida adequada. Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclu- revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres-
siva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abri- so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
go, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição Público.
física e gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive TÍTULOIV
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en-
tre outros, os seguintes: Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis- I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comu-
tério Público; nitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so- orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
licitada; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
V - ser tratado com respeito e dignidade; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; freqüência e aproveitamento escolar;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata-
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; mento especializado;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes- VII - advertência;
soal; VIII - perda da guarda;

125
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IX - destituição da tutela; CAPÍTULO II


X - suspensão ou destituição do  pátrio poder  poder fami- DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
liar . (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos inci- Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
sos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judi- VII;
ciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
agressor da moradia comum. medidas previstas no art. 129, I a VII;
Parágrafo único.  Da medida cautelar constará, ainda, a fixa- III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
ção provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o ado- a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
lescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de serviço social, previdência, trabalho e segurança;
2011) b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de des-
cumprimento injustificado de suas deliberações.
TÍTULOV IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons-
DO CONSELHO TUTELAR titua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança
ou adolescente;
CAPÍTULO I V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe-
DISPOSIÇÕES GERAIS tência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi-
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri- autor de ato infracional;
mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. VII - expedir notificações;
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati- VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou
va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar adolescente quando necessário;
como órgão integrante da administração pública local, composto de IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-
5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de direitos da criança e do adolescente;
escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019) X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a viola-
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, ção dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição
serão exigidos os seguintes requisitos: Federal ;
I - reconhecida idoneidade moral; XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de
II - idade superior a vinte e um anos; perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibili-
III - residir no município. dades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família
Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profis-
remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o sionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento
direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído
I - cobertura previdenciária;  (Incluído pela Lei nº 12.696, de pela Lei nº 13.046, de 2014)
2012) XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à agilidade no
terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº 12.696, atendimento da criança e do adolescente vítima de violência do-
de 2012) méstica e familiar e à responsabilização do agressor;      (Incluído
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou testemu-
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) nha de violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamen-
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária municipal e da to cruel ou degradante ou a formas violentas de educação, corre-
do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona- ção ou disciplina, a seus familiares e a testemunhas, de forma a
mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada prover orientação e aconselhamento acerca de seus direitos e dos
dos conselheiros tutelares.  (Redação dada pela Lei nº 12.696, de encaminhamentos necessários;     (Incluído pela Lei nº 14.344, de
2012) 2022)     Vigência
Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselheiro constitui- XV - representar à autoridade judicial ou policial para requerer
rá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de con-
moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) vivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar
contra a criança e o adolescente;   (Incluído pela Lei nº 14.344, de
2022)     Vigência

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XVI - representar à autoridade judicial para requerer a conces- § 3 o No processo de escolha dos membros do Conselho Tute-
são de medida protetiva de urgência à criança ou ao adolescente lar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao
vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, bem como eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
a revisão daquelas já concedidas;  (Incluído pela Lei nº 14.344, de brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
2022)     Vigência
XVII - representar ao Ministério Público para requerer a pro- CAPÍTULO V
positura de ação cautelar de antecipação de produção de prova DOS IMPEDIMENTOS
nas causas que envolvam violência contra a criança e o adolescen-
te;   (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido
XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua compe- e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, ir-
tência, ao receber comunicação da ocorrência de ação ou omissão, mãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou
praticada em local público ou privado, que constitua violência do- madrasta e enteado.
méstica e familiar contra a criança e o adolescente;     (Incluído pela Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na
Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao repre-
XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as informações sentante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância
reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.
violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas
violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o TÍTULOVI
adolescente;     (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência DO ACESSO À JUSTIÇA
XX - representar à autoridade judicial ou ao Ministério Público
para requerer a concessão de medidas cautelares direta ou indire- CAPÍTULO I
tamente relacionada à eficácia da proteção de noticiante ou denun- DISPOSIÇÕES GERAIS
ciante de informações de crimes que envolvam violência doméstica
e familiar contra a criança e o adolescente.     (Incluído pela Lei nº Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
14.344, de 2022)     Vigência Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por
Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições, o Conse- qualquer de seus órgãos.
lho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela
comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância
tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da famí- e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a
lia. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência hipótese de litigância de má-fé.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados
revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos
interesse. por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou
processual.
CAPÍTULO III Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial
DA COMPETÊNCIA à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem
com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de represen-
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência tação ou assistência legal ainda que eventual.
constante do art. 147. Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e ad-
ministrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se
CAPÍTULO IV atribua autoria de ato infracional.
DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não pode-
rá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, refe-
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho rência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive,
Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a respon- iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764,
sabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado- de 12.11.2003)
lescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refe-
Lei nº 8.242, de 12.10.1991) re o artigo anterior somente será deferida pela autoridade judiciária
§ 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar competente, se demonstrado o interesse e justificada a finalidade.
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4
(quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano sub-
sequente ao da eleição presidencial.  (Incluído pela Lei nº 12.696,
de 2012)
§ 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de
janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela
Lei nº 12.696, de 2012)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO II d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna


DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder poder fami-
liar ; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
SEÇÃO I e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando fal-
DISPOSIÇÕES GERAIS tarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de quei-
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas xa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extra-
especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao judiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de g) conhecer de ações de alimentos;
habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimen- h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos
to, inclusive em plantões. registros de nascimento e óbito.
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através
SEÇÃO II de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
DO JUIZ I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desa-
companhado dos pais ou responsável, em:
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infân- a) estádio, ginásio e campo desportivo;
cia e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei b) bailes ou promoções dançantes;
de organização judiciária local. c) boate ou congêneres;
Art. 147. A competência será determinada: d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta II - a participação de criança e adolescente em:
dos pais ou responsável. a) espetáculos públicos e seus ensaios;
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autorida- b) certames de beleza.
de do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciá-
continência e prevenção. ria levará em conta, dentre outros fatores:
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade a) os princípios desta Lei;
competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde b) as peculiaridades locais;
sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente. c) a existência de instalações adequadas;
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão si- d) o tipo de freqüência habitual ao local;
multânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, e) a adequação do ambiente a eventual participação ou fre-
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judi- qüência de crianças e adolescentes;
ciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sen- f) a natureza do espetáculo.
tença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deve-
respectivo estado. rão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente caráter geral.
para:
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério SEÇÃO III
Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, DOS SERVIÇOS AUXILIARES
aplicando as medidas cabíveis;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua pro-
do processo; posta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, Juventude.
difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras
disposto no art. 209; atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em enti- subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiên-
dades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; cia, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orien-
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações tação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata
contra norma de proteção à criança ou adolescente; subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifesta-
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, ção do ponto de vista técnico.
aplicando as medidas cabíveis. Parágrafo único.  Na ausência ou insuficiência de servidores pú-
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente blicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela realização
nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies de ava-
e da Juventude para o fim de: liações técnicas exigidas por esta Lei ou por determinação judicial,
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos
b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder poder fa- termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Códi-
miliar , perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão subs- go de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
tituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO III § 2  o  Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas,


DOS PROCEDIMENTOS é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional
ou multidisciplinar referida no § 1 o deste artigo, de representantes
SEÇÃO I do órgão federal responsável pela política indigenista, observado o
DISPOSIÇÕES GERAIS disposto no § 6 o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509,
de 2017)
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se § 3º A concessão da liminar será, preferencialmente, precedida
subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação proces- de entrevista da criança ou do adolescente perante equipe multidis-
sual pertinente. ciplinar e de oitiva da outra parte, nos termos da Lei nº 13.431, de 4
§ 1º  É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade de abril de 2017.     (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022)
absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos § 4º Se houver indícios de ato de violação de direitos de criança
nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao Ministério Público
a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e encaminhará os documentos pertinentes.      (Incluído pela Lei nº
§ 2º   Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus 14.340, de 2022)
procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias,
começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e
para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.
13.509, de 2017) § 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judici- § 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser citado pesso-
ária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências almente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
necessárias, ouvido o Ministério Público. § 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver pro-
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica para curado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar,
o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa
de origem e em outros procedimentos necessariamente contencio- da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que vol-
sos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. do art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
SEÇÃO II § 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local in-
DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER PODER certo ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez)
FAMILIAR dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a lo-
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência calização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir ad-
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do pá- vogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, poderá
trio poder poder familiar terá início por provocação do Ministério requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual incum-
Público ou de quem tenha legítimo interesse. (Expressão substituída birá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir da
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência intimação do despacho de nomeação.
Art. 156. A petição inicial indicará: Parágrafo único.  Na hipótese de requerido privado de liberda-
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; de, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da citação
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do reque- pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela Lei
rente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de nº 12.962, de 2014)
pedido formulado por representante do Ministério Público; Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
III - a exposição sumária do fato e o pedido; de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de docu-
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o mento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das partes
rol de testemunhas e documentos. ou do Ministério Público.
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judici- Art. 161.  Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído
ária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do  pátrio o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional
poder poder familiar , liminar ou incidentalmente, até o julgamen- ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao
to definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o reque-
a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. (Expressão rente, e decidirá em igual prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de 2017)
§ 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária deter- § 1º  A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das
minará, concomitantemente ao despacho de citação e independen- partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de testemu-
temente de requerimento do interessado, a realização de estudo nhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão
social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da
para comprovar a presença de uma das causas de suspensão ou Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) , ou no art.
destituição do poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
101 desta Lei, e observada a Lei    n o 13.431, de 4 de abril de § 2 o (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
2017 . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

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