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Thállius Moraes CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


INTRODUÇÃO
Princípios são diretrizes e orientações gerais que têm por objetivo nortear o sistema jurídico. Os
princípios serão aplicados à Administração Direta (incluídos os três Poderes – Executivo, Legislativo e
Judiciário) e à Administração Indireta. Importante ressaltar, que os delegatários (particulares que prestam
serviços públicos) também deverão obedecer a estes princípios constitucionais, porém não de forma
integral.
Os princípios são divididos em expressos (explícitos, escritos ou positivados) e implícitos (não
escritos). Os princípios expressos são aqueles que estão escritos e estão previstos no art. 37, caput, da
Constituição Federal:
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)”
O art. 37, caput, da Carta Magna traz a previsão do famoso “LIMPE”, sendo estes os únicos princípios
expressos, os demais princípios serão os implícitos, pois não possuem seu “nome escrito” na Constituição
Federal, eles são extraídos das disposições e valores constitucionais.
Entre os princípios não há hierarquia ou prevalência, pouco importando se é um princípio expresso
ou implícito. Para alcançar um princípio, não é possível agir em detrimento dos demais.

PRINCÍPIOS EXPRESSOS

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A legalidade trata de um dever de observar a lei. Ao se falar em legalidade, é possível se extrair duas
vertentes:
1) EM RELAÇÃO AOS PARTICULARES (legalidade em lato sensu) → A legalidade aplicável aos
particulares está prevista no artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal:

“Art. 5º, II, CF - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”

Os particulares somente são obrigados a fazer ou a deixar de fazer algo se estiver previsto em lei, ou
seja, o particular pode fazer tudo aquilo que não esteja proibido em lei (possui uma ampla autonomia de
vontade).
É denominada legalidade “lato sensu” (em sentido amplo).

2) EM RELAÇÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (legalidade stricto sensu) → Esta é a legalidade que


realmente interessa para o Direito Administrativo.
É a denominada legalidade “stricto sensu” (em sentido estrito) e está prevista no art. 37 da
Constituição Federal.
Este princípio determina que a Administração Pública somente pode agir mediante expressa
previsão legal. Se o administrador praticar um ato não previsto no ordenamento jurídico, este ato será
considerado ilegal (que deve ser anulado).
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Legalidade X Reserva Legal


Um ponto muito importante é a distinção entre legalidade e reserva legal.
A legalidade é o dever de observância da lei, enquanto a reserva legal significa que determinadas
condutas ou atuações da Administração Pública somente podem se concretizar por meio de lei, como, por
exemplo, para criar um ente da Administração Indireta ou um órgão, casos em que é necessária a edição
de uma lei.

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
É o dever de atuação impessoal da Administração Pública, ou seja, o administrador tem que agir
pautado por critérios de interesse público. Exemplos de decorrências desse princípio: concurso público,
teoria da imputação e vedação ao nepotismo.
Esse princípio também pode ser analisado sob três perspectivas:

1) ISONOMIA → É o dever de isonomia ou igualdade que a Administração Pública deve observar ao


lidar com os administrados, de forma a não atuar com privilégios ou discriminações, isto é, o administrador
público deve tratar os administrados de maneira isonômica, sem criar distinções ou critérios de
preferência entre eles, que devem ser tratados de maneira igualitária.
Não confundir estes privilégios ou discriminações com igualdade material (ou substancial), que é
tratar os desiguais de forma desigual, isto é, alguns tratamentos diferenciados são admitidos, a exemplo
do atendimento preferencial e ações afirmativas.

2) FINALIDADE PÚBLICA → A finalidade de toda atuação pública é o interesse público. O


administrador público quando age, deve ser pautado por uma finalidade pública, isto é, a sua conduta tem
fins público, ele não pode agir buscando alcançar interesses próprios ou de terceiros.
Nessa acepção ele também é chamado de princípio da Finalidade, mas este é considerado um
princípio implícito.

3) VEDAÇÃO À PROMOÇÃO PESSOAL (OU PARTIDÁRIA) → Promoção pessoal é quando o


administrador público utiliza aquela publicidade que é dada às obras públicas, programas públicos e
serviços públicos para se promover. A promoção pessoal é vedada, sendo permitido apenas constar o nome
do órgão ou da entidade na publicidade da atuação administrativa. Além disso, é vedado constar o nome,
imagem ou símbolo da autoridade, de servidores públicos ou do seu partido político.
"CF, Art. 37, § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos."
A exigência de concurso público para o preenchimento de cargos públicos efetivos e de empregos
públicos reflete uma aplicação direta desse princípio, trata-se de uma forma impessoal de escolha.
Encontramos outro exemplo relevante na súmula vinculante 13 do STF, que veda o nepotismo, de
modo a observar tanto o princípio da impessoalidade como também o da moralidade (dentre outros
princípios).
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PRINCÍPIO DA MORALIDADE
Esse princípio serve como importante instrumento para complementação do princípio da legalidade,
uma vez que não basta que o ato seja legal, ele também deve ser moral.
A moralidade administrativa traz um dever de probidade ao administrador público. O ato deve ser
realizado de acordo com as ideias de ética, decoro, honestidade e boa-fé, isto é, de acordo com a atuação
ética e os preceitos morais. A moralidade é alcançada pelo equilíbrio entre a legalidade e a finalidade.
A moralidade administrativa é um pressuposto (requisito) de validade de todos os atos da
Administração Pública. Um ato imoral, mesmo de acordo com a lei, também é um ato ilegal (e, portando,
deve ser invalidado).

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
Esse princípio também pode ser observado sob duas vertentes.
1) Publicação dos atos em meio oficial:
Um dos requisitos de eficácia do ato administrativo (aptidão para que ele possa produzir seus
efeitos) é que ele seja publicado em órgão oficial. Contudo, existem algumas exceções (a exemplo do sigilo
para proteção da segurança nacional e da intimidade dos administrados).

2) Transparência:
A Administração tem que agir de forma transparente, é necessário que as informações estejam
acessíveis aos administrados.
O acesso à informação é uma importante ferramenta para fins de controle social. Como exemplo
temos o direito à obtenção de certidões em repartições públicas e o portal da transparência.
Art. 5º da Constituição Federal:
” XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;"

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Inserido na Constituição Federal pela Emenda 19/98, esse princípio estabelece que todo agente
público deve realizar suas atribuições com presteza, perfeição, rapidez e rendimento funcional, ou seja,
trata da prestação de um serviço adequado, que atenda às demandas da população, mas com o menor gasto
possível (uso racional dos recursos públicos).
Os serviços públicos devem prestados de maneira eficiente, com qualidade e produtividade. Como
exemplo temos a exoneração do estável, o contrato de gestão e a razoável duração do processo.
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4) A respeito dos princípios administrativos,


PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS assinale a alternativa correta.
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A) Foi a Emenda Constitucional nº 20/1998 que
acrescentou ao caput do art. 37 o princípio da
1) São princípios constitucionais que regem a eficiência.
administração pública, EXCETO
B) A aplicação do princípio da impessoalidade não se
A) Legalidade relaciona, direta ou indiretamente, com o princípio da
B) Impessoalidade finalidade.
C) Moralidade C) A doutrina tradicional prega que o conteúdo do
D) Marketing princípio da moralidade é idêntico ao da legalidade.
E) Publicidade D) O princípio da moralidade deve ser observado
exclusivamente nas relações entre a Administração e
os administrados em geral.
E) O princípio da publicidade pode ser concretizado
por meio do direito de petição, das certidões, bem
2) Com quais princípios expressos a Constituição como da ação administrativa ex officio de divulgação
da República Federativa do Brasil foi promulgada, em de informações de interesse público.
1988?
A) Legalidade, impessoalidade, moralidade e
eficiência.
5) Para toda e qualquer ação de um servidor
B) Legalidade, publicidade, eficácia e impessoalidade. público, corresponde uma explicação, que lhe dá
C) Publicidade, impessoalidade, moralidade e fundamento de base e de direito. Esse princípio da
legalidade. Administração Pública denomina-se
D) Publicidade, moralidade, legalidade e eficiência. A) impessoalidade.
E) Moralidade, eficácia, impessoalidade e publicidade. B) motivação.
C) proporcionalidade.
D) eficiência.
E) igualdade.
3) Sempre que visualiza uma oportunidade, seja
por meio de atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos, determinado
6) A objetividade na busca pelo interesse público
servidor público busca veicular seu nome ou imagem
somada à obrigatoriedade de que o poder público não
para fins de promoção pessoal, infringindo, entre
pode agir para prejudicar ou beneficiar pessoas
outros, o princípio da
específicas são fundamentos do princípio
A) especialidade. constitucional da
B) proporcionalidade. A) legalidade.
B) indisponibilidade.
C) motivação.
C) impessoalidade.
D) publicidade. D) moralidade.
E) legitimidade.
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7) Em Direito Administrativo, quando se fala que 10) Em relação aos princípios que regem a atuação
nem tudo que é legal é honesto, estamos nos da Administração Pública, é correto afirmar que
referindo ao princípio constitucional A) em relação ao princípio da legalidade, a
A) implícito da finalidade administrativa. Administração Pública não é obrigada a fazer ou deixar
B) implícito da motivação administrativa. de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

C) explícito da moralidade administrativa. B) o princípio da eficiência impõe ao agente público


um modo de atuar que produza resultados favoráveis
D) explícito do poder-dever do administrador público. à consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado.
E) explícito da publicidade. C) o princípio da eficiência, dada a sua natureza
finalística, é prevalente em face do princípio da
legalidade.

8) Suponha que uma minuta de Decreto relativo D) são aplicáveis à Administração Pública
a posturas municipais tenha sido colocada em exclusivamente aqueles princípios mencionados no
consulta pública em um município brasileiro e sofra caput do art. 37 da Constituição da República
questionamentos por parte da sociedade civil porque: Federativa do Brasil, que são o da legalidade, da
(i) – estabelece obrigações para cidadãos, que impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da
somente poderiam ser impostas por lei, e (ii) – visa ao eficiência.
favorecimento de um único determinado imóvel e E) o princípio da publicidade decorre do direito dos
respectivo uso na cidade. administrados em ter acesso a informações de
Esses dois questionamentos expressarão, de forma interesse particular ou coletivo e, por essa razão, não
direta, correta e respectivamente, os princípios da admite a existência de informações públicas sigilosas.
A) moralidade e eficiência.
B) moralidade e publicidade.
C) publicidade e legalidade.
D) impessoalidade e eficiência.
E) legalidade e impessoalidade.

9) O Município de Salvador elaborou plano


estratégico para melhorar as atividades de fiscalização
pelos agentes de trânsito e transporte e as condições
de segurança, higiene e conforto dos veículos do
sistema de transporte público.
Neste contexto, a busca de melhores resultados GABARITO
práticos, menos desperdícios e maior produtividade 1- D
decorre do seguinte princípio da Administração 2- C
Pública: 3- D
A) Moralidade.
4- E
B) Impessoalidade.
5- B
C) Isonomia.
6- C
D) Segurança Jurídica.
E) Eficiência. 7- C
8- E
9- E
10- B

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