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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]
Quem ainda não ouviu falar do famoso LIMPE? Trata-se de processo mnemônico para facilitar o
aprendizado dos princípios explícitos na CRFB/88 que regem a Administração Pública: Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Além destes, alguns outros princípios decorrem da Carta Magna, como a isonomia, o
contraditório e a ampla defesa; além do que outros se encontram implícitos nas normas
constitucionais ou expressos em disposições infraconstitucionais.
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A própria Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo, trata expressamente
sobre outros princípios, tais como a finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica e interesse público:
Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Todos esses princípios devem ser observados por toda a Administração Pública, direta
ou indireta, de qualquer Ente Federativo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Ainda,
particulares que estejam no exercício de função pública também devem respeitar e agir consoantes
tais princípios.
1. Princípio da Legalidade
Esse princípio assegura que o Estado deve obediência ao ordenamento jurídico. Trata-
se de freio à atuação estatal arbitrária e irresponsável.
Significa que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei.
Dessa forma, caso não haja previsão legal, está proibida a atuação do agente público e qualquer
conduta praticada ao arrepio do texto legal será considerada ilegítima.
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A prática de atos discricionários não se confunde com a prática de atos arbitrários, os quais
representam um abuso, haja vista serem praticados fora dos limites da lei. Portanto, só é legítima
a atividade do administrador, se estiver condizente com o dispositivo legal.
Nesses casos, o Poder Executivo pode impor restrições aos direitos individuais a fim de
enfrentar questões excepcionais, urgentes e relevantes.
2. Princípio da Impessoalidade
A impessoalidade serve para garantir que a atuação da administração pública vise tão
somente à satisfação do interesse público. Assim, o administrador não pode atuar buscando atingir
interesses próprios, tampouco pode atuar visando prejudicar alguém, ou seja, para o Estado, é
irrelevante conhecer quem será atingido pelo ato, pois sua atuação é impessoal. O agente fica
proibido de priorizar qualquer inclinação ou interesse seu ou de outrem.
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mas à Administração, sendo o agente mero executor. Corresponde à Teoria do
Órgão ou Teoria da Imputação Volitiva.
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Desse modo, a Súmula Vinculante 13 não se aplica para cargos públicos de natureza
política. Assim, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, geralmente, tem excepcionado a
regra sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos
políticos.
• Nepotismo cruzado;
• Fraude à lei;
• Inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de
qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado.
Ainda, observe que, em que pese o princípio da impessoalidade seja explícito no rol do
art. 37 da CF/88, é implícito no rol da Lei nº 9784/99, razão pela qual você deve sempre estar
atento ao enunciado da questão.
3. Princípio da Moralidade
Este princípio está relacionado com a ideia de honestidade, boa conduta e atuação ética
dos agentes públicos. Assim, não há conceito determinado de moralidade e a Constituição de 1988
inovou ao prever este princípio, que não estava expresso em nenhuma Constituição pretérita.
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A moral administrativa não se confunde com a moral comum, isto é, com a ideia que o
agente público faz sobre o que é certo e o que é errado. O que importa é a noção objetiva do
conceito, compreendida como moral jurídica ou relacionada à boa administração. Ademais, o dever
de agir com moralidade é um comando destinado não só ao agente público, mas também aos
particulares que mantêm relação com o Poder Público.
Além de agir dentro da legalidade, o administrador público tem que agir com
honestidade e com lealdade, de acordo com a ética e a moral. Reitera-se que a moralidade é um
requisito de validade do ato administrativo, razão pela qual, caso o ato esteja eivado de
imoralidade, poderá ser invalidado tanto pela própria Administração, quanto pelo Poder Judiciário.
Para que você faça uma conexão com o Direito Processual Civil e o Direito Constitucional,
recorde-se que o princípio da moralidade deve ser tutelado através dos seguintes instrumentos:
• Ação popular;
• Ação de improbidade administrativa;
• Ação civil pública.
Cabe também mencionar que tal princípio tem dimensão autônoma em relação ao
princípio da legalidade, pois não se refere apenas à violação das leis, como preceitua este princípio,
indo além e abarcando outras condutas imorais que prejudicam o interesse público.
Além disso, foram editadas diversas leis que buscam dar respaldo legal ao princípio da
moralidade, visando coibir a prática de atos imorais, dentre as quais destacam-se a Lei nº 8.429/92
(Lei de Improbidade Administrativa) e a Lei nº 12.846/13 (Lei Anticorrupção), que estudaremos,
com profundidade, respectivamente, nos capítulos 14 e 23.
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º, LXXVIII, da CF). Fere, também, a moralidade administrativa, por colocar em xeque a
legítima confiança que o cidadão comum deposita, e deve depositar, na Administração.
Por isso que semelhante conduta se revela ilegal e abusiva, podendo ser coibida pela via
mandamental, consoante previsto no art. 1.º, caput, da Lei n. 12.016, de 7 de agosto de 2009"
(STJ, MS 19.132/DF, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Seção, DJe 27.3.2017).
4. Princípio da Publicidade
Porém, esse princípio não é absoluto e poderá ser restringido nas hipóteses de
segurança da sociedade e do Estado e quando a intimidade ou o interesse social o exigirem (art.
5º, XXXIII e LX da Constituição Federal). No entanto, importante ressaltar que somente a lei – em
sentido formal – pode instituir regras de sigilo desse princípio.
Ademais, a publicidade não se confunde com a publicação dos atos. Via de regra, a
publicação é apenas uma das formas de dar publicidade aos atos administrativos, existindo outros
meios para esse fim, como notificação direta, divulgação pela internet e afixação de avisos.
Os atos externos devem ser divulgados através de publicação no órgão oficial. Para os
órgãos internos não há essa exigência, sendo suficiente que chegue ao conhecimento dos
destinatários. Ademais, nos municípios em que não exista impressa oficial, admite-se a
publicação dos atos por meio de afixação destes na sede da Prefeitura ou da Câmara de
Vereadores.
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A doutrina também analisa a publicidade como requisito de eficácia – e não de
formação - dos atos administrativos, definindo que, mesmo depois de expedidos regularmente,
estas condutas não produzem efeitos em relação à sociedade antes de garantida sua publicidade.
Por fim, saliente-se que a conduta de negar publicidade a atos oficiais é tipificada pela
Lei nº 8429/92 como ato de improbidade na modalidade violadora de princípios administrativos.
5. Princípio da Eficiência
Esse princípio ficou consagrado no texto constitucional por meio da EC 19, de 1988
(único princípio do rol que foi acrescentado, não fazendo parte do texto originário da CF/88. Isso
já caiu em prova!). A referida emenda constitucional realizou a famosa Reforma Administrativa, que
tentou fazer com que o Estado abandonasse sua atuação calcada na burocracia, objetivando uma
atuação com mais resultados, eficiência e eficácia.
O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com maior
produtividade e redução dos desperdícios de dinheiro público. Também pode ser chamado de
princípio da qualidade dos servidores públicos.
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Esse princípio não alcança apenas o modo de atuação dos agentes públicos, a
Administração também deve observá-lo em relação ao modo de se organizar, se estruturar e
disciplinar os seus agentes.
São princípios expressos no texto constitucional de 1988, em seu artigo 5°, LV, e são
decorrência lógica do princípio do devido processo legal. Estão expressos, também, na Lei de
Processo Administrativo Federal. São implícitos, contudo, no rol do art. 37 da CF/88.
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• Defesa Técnica: no que tange a essa garantia, a súmula 343 do Superior Tribunal
de Justiça define que é indispensável a presença de advogado em todas as fases
do processo administrativo disciplinar. Porém, a súmula vinculante nº 5 do STF
determina que “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.” Assim, afasta-se a aplicabilidade da
súmula 343 do Superior Tribunal de Justiça, restando aos particulares acusados
em processos administrativos disciplinares a faculdade de se fazerem representar
por advogado;
• Defesa Prévia: via de regra, é necessário que o particular possa se manifestar
antes de ser proferida decisão administrativa. Todavia, em situações emergenciais,
nas quais o interesse público esteja em perigo, admite-se que a atuação
administrativa anteceda a manifestação do particular. Tais situações são
denominadas de contraditório diferido e admitidas em decorrência da
supremacia do interesse público sobre o privado.
Você também não pode esquecer desses importantes enunciados que tratam sobre o contraditório
e ampla defesa e despencam em prova:
Súmula nº 373 do STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso
administrativo.
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administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
OBS: O STF possui nova orientação, no sentido de conceder direito ao contraditório e a ampla
defesa também quando a anulação do ato de aposentadoria ocorre depois de tempo razoável de
sua concessão (em média 5 anos), vide Tema 445 da Repercussão Geral, cuja tese fixada
transcrevemos a seguir:
TEMA 455 – TESE: Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os
Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à
respectiva Corte de Contas.
7. Princípio da Intranscedência
Nesses casos, quando a nova gestão toma todas as medidas para ressarcir o erário e
corrigir as falhas, o ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos cadastros de
inadimplentes da União.
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8. Princípio da Autotutela
Não se trata de uma mera faculdade, constituindo, em verdade, um dever. Isso porque
não se pode admitir que, diante de situações irregulares, a Administração permaneça inerte. Esse
poder da Administração está consagrado em entendimentos sumulados do Supremo Tribunal
Federal:
Porém, tal princípio não é absoluto, eis que em alguns casos deve-se prestigiar a
segurança jurídica e a boa-fé. Por isso mesmo, a Lei nº 9.784/99, que regula o processo
administrativo federal, em seu artigo 54, indicou que o direito da Administração de anular atos
administrativos que resultam em efeitos favoráveis ao destinatário tem prazo decadencial de cinco
anos, salvo comprovada má-fé.
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O princípio da autotutela não se confunde com a tutela administrativa. Autotutela é o controle
que a Administração, seja direta, seja indireta, exerce sobre seus próprios atos. Tutela Administrativa
é o controle finalístico que a administração direta exerce sobre a administração indireta, eis que
não há hierarquia entre elas.
Tal princípio está expresso no art. 6°, § 1°, da Lei 8.987/95, como necessário para que o
serviço público seja considerado adequado. Vale ressaltar que o princípio da Continuidade está
intimamente ligado ao princípio da Eficiência, haja vista tratar-se de garantia de busca por
resultados positivos.
Deste princípio decorrem questionamentos relevantes para provas de concurso. São eles:
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• É possível interromper a prestação de um serviço por inadimplemento do
usuário? A Lei 8.987/95, em seu art. 6, §3°, estabelece que não se caracteriza
como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência
ou após prévio aviso, quando for motivada por razões de ordem técnica ou de
segurança das instalações ou por inadimplemento do usuário, considerado o
interesse da coletividade. Apesar de a interrupção por inadimplemento do usuário
ser matéria divergente na doutrina nacional, é majoritário o posicionamento de
que será ilegal a paralisação de determinado serviço público por
inadimplemento do usuário, caso enseje a interrupção de um serviço essencial
à coletividade.
• O instituto da exceção de contrato não cumprido pode ser aplicado em
contratos administrativos? Exceptio rum adimpleti contractus é o direito de
suspender a execução do contrato em face do inadimplemento da outra parte.
Conforme disposição do art. 78, XV, da Lei 8.666/93, o particular tem direito de
invocar a exceção do contrato não cumprido, desde que a administração seja
inadimplente por mais de 90 (noventa) dias em relação aos seus pagamentos.
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O prazo decadencial supramencionado não se aplica quando o ato a ser anulado afronta
diretamente a CF/88. Observe-se importante julgado do Supremo Tribunal Federal acerca do tema:
“Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a vacância do cargo
ocorre na vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso público (art. 236, § 3º). O prazo
decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta
diretamente a Constituição Federal. O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional
autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei 8.935/1994 ela já tinha plena eficácia e o
concurso público era obrigatório como condição para o ingresso na atividade notarial e de registro.
STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).”
Em linhas gerais, defende-se, por meio desse princípio, que atos considerados ilegais
possam ser mantidos em nome da uma legítima expectativa criada por parte do administrado.
O referido princípio leva em conta a boa-fé do cidadão, que acredita e espera que os atos
praticados pelo Poder Público sejam lícitos e respeitados pela própria administração.
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12. Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade
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