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2. PRINCÍPIOS EXPRESSOS
2.1. Princípio da Legalidade
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei. Dessa forma, para os administrados, tudo o que não for proibido será permitido. A
Administração só poderá agir quando houver previsão legal. Por esse motivo, ele costuma ser
chamado de princípio da estrita legalidade.
A função administrativa se subordina às previsões legais e, portanto, o agente público
só poderá atuar quando a lei determinar (vinculação) ou autorizar (discricionariedade). Ou
seja, a atuação administrativa obedece a vontade legal. Por outro lado, os administrados
podem fazer tudo o que não estiver proibido em lei, vivendo, assim, sob a autonomia da
vontade.
Não devemos confundir o princípio da legalidade com o da reserva legal. O primeiro
determina que a atuação administrativa deve pautar-se na lei em sentido amplo, abrangendo
qualquer tipo de norma, desde a Constituição Federal até os atos administrativos normativos
(regulamentos, regimentos, portarias etc.). Por outro lado, a reserva legal significa que
determinadas matérias devem ser regulamentadas necessariamente por lei formal (lei em
sentido estrito – leis ordinárias e complementares).
A doutrina apresenta como exceção ao princípio da legalidade (ou restrições
excepcionais ao princípio da legalidade) a:
4. OUTROS PRINCÍPIOS
4.1. Princípio da hierarquia
Trata de relação de coordenação e de subordinação presente na administração. Assim,
como regra, o subordinado deve cumprir as ordens emanadas de seus superiores
hierárquicos.
Com efeito, esse é um princípio típico do exercício da função administrativa. Logo, não
será um princípio presente no exercício das funções jurisdicional e legislativa. A Prof. Maria
Di Pietro ressalva, no entanto, que com o advento das súmulas vinculantes também passou a
existir uma relação de subordinação hierárquica dos órgãos do Poder Judiciário ao Supremo
Tribunal Federal
4.2. Princípio da precaução
Decorre da ideia de que é preciso evitar a ocorrência de catástrofes antes que elas
ocorram, uma vez que muitos danos são de difícil reparação quando já consumados. Com
isso, a Administração deve adotar conduta preventiva diante da possibilidade de danos ao
ambiente ou ao próprio interesse público. Uma consequência desse princípio é a inversão do
ônus da prova diante de projetos que possam causar riscos à coletividade. Caberá ao
interessado provar que o seu projeto é seguro para a coletividade, devendo a Administração
sempre avaliar a existência ou não de reais condições de segurança.
6. SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
Os sistemas administrativos, ou sistemas de controle, são “o conjunto de instrumentos
contemplados no ordenamento jurídico que têm por fim fiscalizar a legalidade dos atos da
administração.
Se não houvesse um sistema de controle, a Administração poderia praticar atos ilegais
ou ilegítimos e nada poderia ser feito.
Nesse sentido, a doutrina menciona dois sistemas de controle:
a) sistema inglês ou de jurisdição única; e
b) sistema francês – também chamado de contencioso administrativo ou sistema da
dualidade de jurisdição.
O sistema francês – ou de contencioso administrativo ou sistema de dualidade –
caracteriza-se pela existência do Poder Judiciário e da Justiça Administrativa. Dessa forma,
os de jurisdição atos da Administração Pública não são julgados pelo Poder Judiciário, mas
sim pelos tribunais administrativos. Vale mencionar que os tribunais administrativos também
decidem com força de definitividade, fazendo com que suas decisões não possam ser revistas
pelo Poder Judiciário.
No sistema inglês ou de jurisdição única – também chamado de unidade de
jurisdição, jurisdição una ou monopólio de jurisdição – todos os litígios, administrativos
ou de caráter privado, serão solucionados com força de definitividade na justiça comum, ou
seja, pelos juízes e tribunais do Poder Judiciário. Assim, somente o Poder Judiciário possui
jurisdição em sentido próprio.
Vale acrescentar que isso não significa que todos os litígios serão resolvidos no Poder
Judiciário, uma vez que é possível a solução de litígios no âmbito administrativo. No entanto,
essas matérias sempre poderão ser levadas aos órgãos judiciais se uma das partes não
concordar com a decisão administrativa.
No Brasil, é adotado o sistema inglês – de jurisdição única –, por força do art. 5º, XXXV,
da constituição Federal, nos seguintes termos: “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
7. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
7.1. Estado
O Estado é um ente personalizado, que se apresenta exteriormente, nas relações
internacionais com outros Estados soberanos, e, internamente, como pessoa jurídica de
direito público, capaz de adquirir direitos e contrair obrigações na ordem pública.
O Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis:
Povo: é o seu componente humano, demográfico;
Território: a sua base física, geográfica;
Governo soberano: o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder
absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do Povo.
A tripartição dos poderes consiste na dissociação da atuação estatal, gerando a
diferenciação de competências (funções), atribuídas a órgãos diversos. Dessa forma, nenhum
órgão estatal possui poder ilimitado, estando sujeito ao sistema de freios e contrapesos que
gera o equilíbrio aos chamados três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.
8. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Entidades políticas e administrativas
A Lei 9.784/1999 define entidade como “a unidade de atuação dotada de personalidade
jurídica”. Possuir personalidade jurídica significa que o ente pode, em nome próprio, adquirir
direitos e contrair obrigações. Assim, as entidades são unidades de atuação que possuem
personalidade jurídica e, portanto, podem adquirir direitos e contrair obrigações em seu próprio
nome.
As entidades dividem-se em políticas e administrativas. Aquelas, também chamadas
de entidades primárias, são as pessoas jurídicas de direito público que recebem suas
atribuições diretamente da Constituição, integrando, portanto, a estrutura constitucional do
Estado. São entidades políticas a União, os estados, o Distrito Federal e os munícipios.
As entidades administrativas são pessoas jurídicas, de direito público ou de direito
privado, criadas pelas entidades políticas para exercer parte de sua capacidade de
autoadministração. Assim, podemos dizer que as entidades administrativas são criadas pelas
entidades políticas para desempenhar determinado serviço daqueles que lhes foram
outorgadas pela Constituição Federal.
São entidades administrativas as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e
sociedades de economia mista, que juntas formam a chamada Administração indireta ou
descentralizada.
A concentração trata-se de uma situação que apenas é possível na parte teórica, uma
vez que implicaria no desempenho de uma atividade administrativa sem a criação de órgãos
públicos. É uma situação em que a pessoa jurídica integrante da Administração Pública
extingue seus órgãos até então existentes. Claramente se percebe que tal forma de prestação
das atividades administrativas não encontra amparo nos dias atuais, uma vez que, cada vez
mais, estamos diante de uma Administração gerencial e pautada na celeridade da prestação
dos serviços à coletividade.
A desconcentração ocorre exclusivamente dentro de uma mesma pessoa jurídica,
constituindo uma técnica administrativa utilizada para distribuir internamente as competências,
portanto é a técnica administrativa por meio da qual são criados os órgãos públicos. A
desconcentração – e isso é extremamente importante – por operar-se no âmbito de uma
mesma pessoa jurídica, pressupõe hierarquia e subordinação.