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DIREITO CONSTITUCIONAL

Administração Pública I
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I

TÍTULO III – ARTS. 37 A 43

DISPOSIÇÕES GERAIS

(Arts. 37 e 38)

Princípios Gerais da Administração Pública: Art. 37, caput

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]

Obs.: a diferença entre Administração Pública direta e indireta é tratada no Direito Adminis-
trativo. O viés abordado nesta aula é o Constitucional.

Da leitura do caput do Art. 37 é possível extrair quais são os princípios gerais aplicados
a toda Administração Pública, em qualquer um dos poderes (Legislativo, Executivo ou Judi-
ciário) e em qualquer das entidades federativas (União, Estados-membros, Distrito Federal e
municípios). Se é Administração Pública deve obedecer aos princípios estampados no caput
do Art. 37: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Não basta saber quais são esses princípios, é necessário entender seu conteúdo.
Em relação à legalidade, não se trata da mesma legalidade trabalhada no Art. 5º, II, que
estabelece que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei. Isso é legalidade. Porém, essa legalidade rege as relações jurídico-privadas, por isso
é chamada de legalidade privada.
A legalidade tratada no Art. 37 é chamada de legalidade administrativa. Significa que o
administrador público deve se pautar em uma lei prévia. Nas relações privadas não é neces-
sário que exista lei para que os particulares realizem negócios jurídicos privados. Porém, na
legalidade administrativa, o administrador é obrigado a se pautar em uma lei.
A lei autoriza ou exige uma conduta. Quando a lei autoriza, trazendo alguns elementos do
ato administrativo, mas deixando a motivação a cargo do administrador, é realizado um ato
discricionário. Quando a lei apresenta todos os elementos do ato administrativo, é realizado
um ato vinculado.
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Essa nomenclatura é do Direito Administrativo, em que se aprende a diferença entre ato


discricionário e ato vinculado.
Independentemente de ser um ato discricionário ou vinculado, o administrador deve se
pautar em uma lei. Essa é a legalidade administrativa.
O mapa mental a seguir apresenta um resumo dos princípios e pode servir como uma
revisão futuramente:

É possível verificar no organograma que o princípio da legalidade diz respeito à legali-


dade administrativa. Essa legalidade exige uma lei anterior que imponha ou autorize uma
atuação administrativa. Sempre é necessário haver uma lei anterior para que o administrador
público realize alguma coisa. A legalidade para os particulares rege as relações jurídico-pri-
vadas. Nas relações jurídico-privadas não é exigível lei anterior, prevalece a chamada auto-
nomia da vontade. As partes pactuam o que quiserem.
O princípio da impessoalidade pode ser observado sob duas óticas: uma impessoalidade
que é direcionada para os administrados e outra que é direcionada para o administrador
público. A impessoalidade para os administrados, os destinatários das políticas públicas,
exige que a Administração Pública trate a todos igualmente. Assim, a impessoalidade para
os administrados nada mais é do que uma decorrência do princípio da igualdade. A Adminis-
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tração Pública não pode tratar pessoas com privilégios ou com discriminações. É seu dever
tratar os administrados de maneira impessoal, pautada no princípio da igualdade.
A decorrência disso é, por exemplo, a exigência de prévia aprovação em concurso público
para a investidura em cargos e empregos públicos. Isso existe como regra, mas os cargos
em comissão são de livre nomeação e exoneração. Para que a administração pública con-
trate pessoas, deve promover um concurso público e entrará aquele que se sobressair. É a
máxima da igualdade.
Outra decorrência do princípio da impessoalidade sob a ótica dos administrados é a
Súmula Vinculante n. 13, do Supremo, chamada de Súmula do Nepotismo. A autoridade
nomeante não pode nomear para cargos em comissão e funções de confiança cônjuges,
companheiros e parentes até o 3º grau. Inclusive, proíbe designações recíprocas. Por exem-
plo, considere um desembargador A e um desembargador B. O desembargador A nomeia a
esposa do desembargador B que, por sua vez, nomeia a esposa do desembargador A. Isso
não é permitido, de acordo com a Súmula n. 13, sobre o nepotismo.
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Súmula n. 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indire-
ta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compre-
endido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

A impessoalidade também pode ser observada sob a ótica do administrador público.


Nesse caso, a Constituição proíbe que se vincule o ato administrativo à pessoa do adminis-
trador. Quem realiza o ato não é a pessoa física, é o cargo que ele ocupa e ele não pode
vincular a realização à sua pessoa, pois, se assim o fizer, ofende a Constituição sob a pers-
pectiva da impessoalidade para o administrador.
A Constituição admite a publicidade de atos oficiais, mas essa publicidade não pode ter
como consequência a promoção pessoal do agente público. É necessário ter caráter educa-
tivo e de orientação social. Por esse motivo, a Constituição proíbe que a realização adminis-
trativa utilize nome, símbolos e imagens que a vincule à pessoa do administrador.
O princípio da moralidade é uma exigência de conduta ética do administrador público. O
administrador público não pode agir com má-fé ou com segundas intenções, assim como não
pode quebrar o princípio da confiança. Ele deve se pautar na boa-fé e realizar o ato segundo
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a melhor ética. Se o administrador público, mesmo que cometa um ato legal, ou seja, con-
forme o direito, cometer um ato imoral, esse ato será nulo de pleno direito.
É possível haver um ato que é, ao mesmo tempo, legal, conforme o direito, e imoral.
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Por exemplo, o Presidente da República nomeou uma pessoa para ser Ministro do Tra-
balho e a pessoa reunia os requisitos da Constituição para isso. Porém, essa pessoa tinha,
na Justiça do Trabalho, diversos processos contra ela. Então, o ato é legal, porque o Presi-
dente seguiu as regras para escolher essa pessoa como Ministro do Trabalho. Porém, não
há razoabilidade em colocar como Ministro do Trabalho uma pessoa que é ré em diversos
processos trabalhistas.
O juiz que julgou o caso decidiu que a nomeação é imoral e anulou o ato, pois o ato admi-
nistrativo, além de seguir a legalidade administrativa, ou seja, estar conforme a lei prévia,
deve ser moral, deve seguir uma boa ética e se pautar em uma boa-fé objetiva, não deve
quebrar o princípio da confiança.
O princípio da publicidade também pode ser observado sob duas óticas. Ele exige da
Administração Pública que dê publicidade a todos os seus atos. Isso é uma decorrência do
direito à informação. O direito à informação é o direito que todos possuem de obter informa-
ções dos órgãos públicos, seja de interesse pessoal ou de interesse coletivo ou geral, que
deverão ser prestadas no prazo da lei. Se o servidor não prestar a informação no prazo pre-
visto, poderá ser responsabilizado pessoalmente.
Portanto, se existe o direito à informação daquilo que a Administração Pública produz, por
outro lado, a Administração Pública tem o dever de trazer ao público essas informações. É o
princípio da publicidade como dever de publicizar os atos administrativos.
Do princípio da publicidade também decorre o dever de publicar certos atos administra-
tivos para que eles produzam efeito na órbita jurídica. Trata-se, especificamente, dos atos
administrativos normativos. Entre as espécies de atos administrativos estudados no Direito
Administrativo estão os normativos, como as portarias, as instruções normativas e os decre-
tos regulamentares do Presidente da República. Esses atos administrativos de cunho nor-
mativo devem ser publicados para produzir efeito na órbita jurídica. O direito à informação e
a publicidade administrativa são duas faces de uma mesma moeda.
O princípio da eficiência é o único que não é norma constitucional originária. Ele começou
a constar no Art. 37 em 1998, por intermédio da Emenda Constitucional n. 19/1998, a cha-
mada Reforma Administrativa. Os outros princípios são normas constitucionais originárias.
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Isso significa que estão na Constituição desde sua origem, desde a publicação do ato
de promulgação da Constituição que se deu em 05 de outubro de 1988. A eficiência, por sua
vez, é uma norma constitucional derivada, porque foi inserida na Constituição pela Emenda
Constitucional n. 19/1998.
Com a Reforma Administrativa, a Administração Pública passou a cumprir metas e atingir
objetivos. Antes da Emenda n. 19/1998, a Administração Pública era pautada na burocracia,
bastava seguir o que constava nos regulamentos. Com a Reforma Administrativa, além de se
pautar na legalidade administrativa, a Administração Pública passou a ter metas, objetivos e
passou a melhorar seu desempenho. Para tanto, foi inserido na Constituição o Art. 37, § 8º,
que é o contrato de gestão, pelo qual a Administração Pública assina com si mesma um con-
trato de gestão em que quem tem mais dinheiro passa mais recursos e o que recebe deve
melhorar seu desempenho. As escolas de governo também foram inseridas, para aperfeiço-
amento do pessoal.
Assim, contrato de gestão e escolas de governo foram incluídas na Reforma Administra-
tiva, para dar à Administração Pública o foco no cumprimento de metas, que nada mais é do
que o princípio da eficiência.
Após verificar os princípios dispostos no caput do Art. 37, serão analisados todos os inci-
sos e parágrafos desse artigo.
O inciso I trata de duas informações muito importantes. Primeiramente, os requisitos para
se ocupar cargos públicos no Brasil devem constar em uma lei ordinária, obrigatoriamente. É
a lei ordinária regulamentadora do cargo.
O edital não pode inovar na ordem jurídica, trazendo requisitos não previstos na lei regu-
lamentadora do cargo. O edital é importante, é o primeiro documento a ser lido quando se
resolve fazer um concurso público. Porém, o edital não pode trazer requisitos não previstos
em lei, para cargos públicos.
Por exemplo, o exame psicotécnico. Se a lei regulamentadora de determinado cargo
não prevê a etapa do exame psicotécnico, o edital não pode solicitar, porque a Constituição
dispõe que os requisitos para se ocupar cargos, empregos e funções públicas no Brasil, obri-
gatoriamente, devem estar na lei ordinária regulamentadora do cargo.
A segunda informação que o Art. 31, I apresenta é que o estrangeiro pode ocupar cargo,
emprego e função pública no Brasil, desde que haja lei regulamentadora para tanto.
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Havendo uma lei ordinária que estabelece isso, é possível. Por exemplo, no caso das
universidades e unidades federais de ensino existe uma lei regulamentadora que dispõe que
os estrangeiros podem ocupar os cargos de professores ou cientistas.

Requisitos previstos em lei e possibilidade de estrangeiro ocupar cargo público

Art. 37, I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham
os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na FORMA DA LEI.

O edital não pode prever requisitos não estabelecidos em lei (idade mínima, exame
psicotécnico).
Se não há previsão legal de idade mínima para determinado cargo, não deve haver a
solicitação. Isso também vale para a idade máxima.

Súmula Vinculante n. 44: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de can-
didato a cargo público.

A súmula vinculante ratifica as informações já apresentadas. Se a lei regulamentadora do


cargo não prevê o exame psicotécnico, o edital não pode exigir.
Em relação aos estrangeiros ocuparem cargos públicos no Brasil, a Constituição estabe-
lece algo similar ao Art. 37, I:

Art. 207. [...] § 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estran-
geiros, na forma da lei*.

*Lei n. 9.515/1997: dispõe sobre a admissão de professores, técnicos e cientistas estran-


geiros pelas universidades e pelas instituições de pesquisa científica e tecnológica federais.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Luciano Dutra.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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