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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

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ÍNDICE
Princípios Básicos 03

Poderes Administrativos 10

Uso e Abuso de Poder 12

Serviços Públicos 19

Ato Administrativo 22

Administração Direta e Indireta 35

Autarquias 37

Empresas públicas e sociedades de economia mista 37

Fundações Públicas 40

Processo Administrativo 47

Direitos e deveres dos administrados 49

Responsabilidade Civil do Estado 55

Teoria do risco administrativo x Teoria do risco integral 56

Pressupostos da responsabilidade civil do Estado 56

Causas excludentes do nexo causal 57

Responsabilidade civil do Estado por omissão 58

Responsabilidade civil por atos legislativos 61

Responsabilidade civil por atos judiciais 62

Responsabilidade do Estado, dos notários e registradores 62

Responsabilidade civil por dano ambiental 63

Responsabilidade do parecerista 64

Improbidade Administrativa 71

Sujeitos da improbidade administrativa 71

Dos atos de improbidade 75

Acordo de não persecução civil 78

Licitação 86

Contratos Administrativos 116

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PRINCÍPIOS BÁSICOS

CF, Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de LEGALIDADE,
IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE E
EFICIÊNCIA e, também, ao seguinte:

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: comporta dois desdobramentos:

Supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência sobre os atos da


Administração. A lei representa uma limitação para a atuação do administrador.
“Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe,
na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” e;

Reserva de lei: o tratamento de certas matérias deve ser formalizado


necessariamente pela legislação, excluindo a utilização de outros atos com caráter
normativo. Em outras palavras, trata-se de uma vinculação positiva, que
condiciona a validade da atuação dos agentes públicos à prévia autorização legal.
O Estado está necessariamente submisso à lei. Por meio de norma geral, abstrata
e impessoal, editada pelo Poder Legislativo, a atuação da Administração objetiva
a concretização da vontade geral.

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE: possui duas acepções possíveis:

Igualdade (ou isonomia): a Administração Pública deve dispensar


tratamento impessoal e isonômico aos particulares, com o objetivo de atender a
finalidade pública, sendo vedada a discriminação odiosa ou desproporcional,
salvo tratamento diferenciado entre pessoas que estão em posição fática de
desigualdade, com o objetivo de efetivar a igualdade material.

Proibição de promoção pessoal: as realizações públicas não são feitos


pessoais dos seus respectivos agentes, mas da entidade administrativa, motivo
pelo qual a publicidade dos atos do Poder Público deve ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social.

Art. 37, § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e


campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos.

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Sobre o tema, assim já decidiu o STF em sede de controle concentrado de


constitucionalidade:

“Está em desconformidade com a Constituição Federal a previsão


contida na Lei Orgânica do Distrito Federal que autoriza que cada
Poder defina, por norma interna, as hipóteses pelas quais a divulgação
de ato, programa, obra ou serviço públicos não constituirá promoção
pessoal. Essa delegação conferida viola o § 1º do art. 37 da CF/88, que
não admite flexibilização por norma infraconstitucional ou
regulamentar.” STF. Plenário. ADI 6522/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 14/5/2021 (Info 1017).

PRINCÍPIO DA MORALIDADE: exige que a atuação administrativa, além de


respeitar a lei, seja ética, leal e séria. A atuação deve se pautar segundo padrões
éticos de probidade, decoro e boa-fé. Exemplo é a Súmula Vinculante 13 que veda
o nepotismo:

SV-13:A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

OBS: o STF afasta a aplicação da referida Súmula para os cargos políticos.

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: impõe a divulgação e exteriorização dos atos


do Poder Público. No Estado Democrático de Direito a regra é a publicidade dos
atos estatais, sigilo é exceção. A transparência guarda estreita relação com o
princípio democrático.

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA: tem como objetivo substituir a Administração


Pública BUROCRÁTICA pela Administração Pública GERENCIAL. A ideia de
eficiência está intimamente ligada com as necessidades de efetivação célere das
finalidades públicas elencadas no ordenamento jurídico. A medida
administrativa será eficiente quando implementar, com maior intensidade e com
os menores custos possíveis, os resultados legitimamente esperados. Exemplos:
duração razoável dos processos administrativos e judiciais, contrato de gestão,
etc.

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Tese fixada na ADPF 620 (julgamento em 24/02/2021): Os recursos


públicos vinculados a convênios não podem ser bloqueados ou sequestrados por
decisão judicial para pagamento de débitos do Estado estranhos ao objeto do
convênio, em virtude do disposto no art. 167, VI e X, da CF, e dos princípios da
legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), da separação dos poderes (arts. 2°,
60, § 4°, III, da CF) e da eficiência da administração pública (art. 37, caput, da
CF).

PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE: são


princípios que indicam diretrizes. A razoabilidade vem sendo utilizada como
forma de valoração da constitucionalidade das leis e dos atos administrativos. A
proporcionalidade indica que o ato estatal será adequado quando contribuir para
a realização do ato pretendido, devendo o Poder Público adotar a medida menos
gravosa aos direitos fundamentais.

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO: trata-se de pilar


do Direito Administrativo. Mas a supremacia aqui se refere apenas ao interesse
público PRIMÁRIO.

Interesse público primário: necessidade de satisfação de necessidades


coletivas (justiça, segurança e bem-estar).

Interesse público secundário: interesse do próprio Estado enquanto sujeito


de direitos e obrigações (interesse do erário).

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE: está ligado à prestação de serviços públicos


não podendo, em regra, sofrer solução de continuidade.

Exceções: possibilidade de interrupção em caso de inadimplemento do


usuário; reconhecimento do direito de greve dos servidores públicos estatutários;
concessionário não pode paralisar a prestação do serviço em caso de
inadimplência do Poder Público, salvo em situações específicas e autorizadas
judicialmente.

PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA: a Administração possui o poder-dever de


rever os seus próprios atos, seja para anulá-los (vício de legalidade), seja para
revogá-los (por conveniência ou oportunidade).

Súmula 473 do STF: ''A administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.''

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Tese fixada no Tema 839 da Repercussão Geral do STF: No exercício do


seu poder de autotutela, poderá a Administração Pública rever os atos de
concessão de anistia a cabos da Aeronáutica com fundamento na Portaria nº
1.104/1964, quando se comprovar a ausência de ato com motivação
exclusivamente política, assegurando-se ao anistiado, em procedimento
administrativo, o devido processo legal e a não devolução das verbas já recebidas
(RE 817338, julgado em 16/10/2019).

Autotutela x autoexecutoriedade: enquanto o primeiro enseja o poder-dever de


corrigir ilegalidades e/ou garantir o interesse público, o segundo compreende a
prerrogativa de imposição da vontade administrativa independente de
manifestação do Poder Judiciário.

Como é cobrado?

1) FGV - Analista (MPE GO)/Jurídico/2022


O Estado Beta, por meio de emenda a sua Constituição, editou norma que
estabelece: “A divulgação feita por autoridade de ato, programa, obra ou serviço
públicos de sua iniciativa, incluídos os decorrentes de emendas à lei orçamentária
anual, não caracteriza promoção pessoal, quando atenda os critérios previstos em
norma interna de cada poder”.

Em matéria de princípio da impessoalidade, de acordo com o entendimento do


Supremo Tribunal Federal, a norma editada é

A) inconstitucional, por violar a norma da Constituição da República que dispõe que


da publicidade de atos programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
não podem constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
de autoridades ou servidores públicos, sendo que tal dispositivo da Carta Magna não
admite flexibilização por norma infraconstitucional ou regulamentar.

B) inconstitucional, por violar a norma da Constituição da República que dispõe que


da publicidade de atos programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
não podem constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
de autoridades ou servidores públicos, sendo que tal dispositivo da Carta Magna
admite flexibilização apenas por lei federal.

C) constitucional, porque a Constituição da República dispõe que da publicidade de


atos programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos podem constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos, exceto se restar comprovado efetivo benefício direto ao agente
público envolvido.

D) constitucional, porque a autonomia federativa de cada ente lhe permite


regulamentar a norma da Constituição da República que dispõe que da publicidade
de atos programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos não podem

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constar quaisquer nomes, símbolos ou imagens de autoridades ou servidores


públicos.

E) constitucional, porque a Constituição da República dispõe que da publicidade de


atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos podem constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos, exceto se restar comprovado benefício eleitoral ou patrimonial ao
agente público envolvido.

2) FGV - Estagiário Forense (MPE RJ)/2020/X


O vereador João nomeou sua filha Maria, pessoa sem qualquer qualificação
profissional ou experiência na área, para exercer o cargo em comissão de assessor
parlamentar em seu gabinete. A Promotoria de Tutela Coletiva da Cidadania local
instaurou inquérito civil e confirmou a ilegalidade na conduta do vereador por
ofensa direta ao princípio constitucional expresso da administração pública da:

A) especialidade, pois Maria não detém conhecimento para exercer a função pública;

B) transcendência, que proíbe a nomeação de parentes até o terceiro grau para exercer
qualquer cargo público;

C) autotutela, eis que o sistema de controle externo deve levar o Executivo municipal
a anular o ato de nomeação de Maria;

D) impessoalidade, diante do nepotismo decorrente da clara intenção de beneficiar


determinada pessoa;

E) isonomia, haja vista que os cargos em comissão devem ser providos


necessariamente por concurso público.

3) FGV - Analista do Ministério Público (MPE RJ)/Administrativa/2016


A organização governamental brasileira, em um processo de integração ao
movimento da Nova Administração Pública, incorporou em seu marco
constitucional um princípio inspirado em trecho do discurso de Margareth
Thatcher, no início da década de 80, no qual ela afirma:
“Nós temos o dever de garantir que cada centavo que arrecadam com a tributação
seja gasto bem e sabiamente.”

Esse trecho exemplifica a influência internacional para a incorporação à


Constituição da República Federativa do Brasil do princípio da:

A) eficiência;

B) impessoalidade;

C) legalidade;

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D) moralidade;

E) publicidade.

4) FGV - Auditor (ALBA)/Auditoria/2014


A administração, ao realizar uma despesa com a compra de equipamentos de
informática para modernizar a administração tributária, que não estava prevista no
orçamento e, consequentemente, não pode ser empenhada, incorre no
descumprimento do princípio da:

A) legitimidade.
B) legalidade.
C) eficiência.
D) prudência.
E) competência.

5) FGV - Procurador do Município de Niterói/2014


Sobre os princípios do processo administrativo, segundo a Constituição Federal,
assinale a afirmativa correta.

A) A moralidade administrativa é sinônimo de exação, lisura e fins de interesse


público.
B) A eficiência significa que a Administração deverá se pautar pela presteza com
resultados positivos e uma atuação rápida para o serviço público, ainda que não
atenda ao interesse público.
C) O direito fundamental de acesso à informação, no tocante aos dados relativos ao
indivíduo em si, constantes de registros ou de bancos de dados de entes
governamentais ou de caráter público, é reflexo do princípio da autotutela.
D) O princípio da proporcionalidade dá azo a que a Administração Pública tome
decisões sem necessidade de adequar os meios aos fins.
E) Nada obsta a que a Administração Pública, na busca de um resultado, tome a
providência mais gravosa, em desatenção à coletividade.

6) FGV - Analista Técnico-Administrativo (SUDENE)/Área 4/2013


A Administração Pública é regida por uma série de princípios. Em relação ao
princípio da publicidade, assinale a afirmativa correta.

A) Em um Estado Democrático como o Brasil, o princípio da publicidade é


completamente irrestrito.
B) Por instrumentos, como o direito de certidão, é concretizado o princípio da
publicidade.
C) O princípio da publicidade é um princípio implícito.

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D) O princípio da publicidade é um princípio absoluto.


E) O princípio da publicidade permite realizar a promoção pessoal de agentes
públicos.

7) FGV - Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro/2008


A assertiva “que os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao
funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do
qual age o funcionário” encontra respaldo, essencialmente:

A) no princípio da eficiência.
B) no princípio da moralidade.
C) no princípio da impessoalidade.
D) no princípio da unidade da Administração Pública.
E) no princípio da razoabilidade.

8) FGV - Analista (TJ SC)/Administrativo/2018


A Administração Pública tem entre seus fundamentos o princípio da supremacia do
interesse público, garantidor de prerrogativas que possibilitam o cumprimento de
objetivos necessários à atuação estatal.

Esse princípio é adequadamente evidenciado quando:

A) governador remove servidor como forma de punição;

B) estado aluga prédio de particular para alocar a secretaria de fazenda;

C) administrador público pode fazer tudo aquilo que não é considerado ilícito;

D) prefeito desapropria imóveis para a construção de viaduto, garantindo indenização

prévia;

E) polícia civil decide discricionariamente sobre interceptação telefônica.

9) FGV - Analista Judiciário (TJ RJ)/Comissário de Justiça da Infância, da Juventude


e do Idoso/2014/LVIII

Maria, diretora de determinada creche municipal, recusou o pedido de matrícula do


menor Caio, de 3 anos, com o argumento de que a criança não tinha idade para ser
matriculada. Na semana seguinte, a direção da creche foi modificada, assumindo
Fernanda. A nova diretora, argumentando que a Constituição da República
estabelece que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia
de educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade,
declarou a invalidade do ato administrativo que indeferiu a matrícula e matriculou
Caio na creche. A Administração Pública é autorizada a rever seus próprios atos,
inclusive declarando a nulidade dos ilegais, pelo princípio administrativo da:

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A) nulidade;

B) autotutela;

C) segurança jurídica;

D) eficiência;

E) moralidade.

PODERES ADMINISTRATIVOS

PODER HIERÁRQUICO: A hierarquia é a ordenação de elementos conforme a


distribuição de poderes. Portanto, o poder hierárquico atinge aqueles que
possuem algum GRAU DE SUBORDINAÇÃO com outro agente público ou
órgão. São atividades do poder hierárquico: emitir ordens, delegar competências,
avocar atribuições, aplicar sanções, etc.

Condições para uso do poder hierárquico: deve se dar dentro da mesma


pessoa jurídica; deve haver subordinação (diferente de vinculação); não se fala
em hierarquia entre os Poderes (Executivos, Legislativos e Judiciários).

PODER DISCIPLINAR: poder-dever de punir as infrações funcionais dos


servidores e demais pessoas sujeitas a disciplina de órgãos públicos.

Poder disciplinar x poder punitivo: O poder punitivo é a capacidade do


Estado em punir os crimes e contravenções penais. O poder disciplinar, por sua
vez, atinge os servidores públicos e os particulares que estejam ligados por algum
vínculo jurídico com a administração.

PODER REGULAMENTAR (OU NORMATIVO): é a prerrogativa conferida à


Administração Pública para editar atos gerais para complementar as leis e
permitir a sua efetiva aplicação. A prerrogativa, registre-se, é apenas para
complementar a lei; não pode, pois, a Administração alterá-la a pretexto de estar
regulamentando.

Decreto autônomo: a EC 31/01 introduziu o instituto do DECRETO


AUTÔNOMO, que se traduz na possibilidade de o Presidente da República
editar decreto que trate de matéria não versada por lei, ou seja, que não
regulamente uma lei existente e apenas pode ser utilizado em duas hipóteses:
organização e funcionamento da Administração Federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; extinção de
funções ou cargos públicos, quando vagos.

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PODER DE POLÍCIA: compreende toda e qualquer atuação estatal restritiva à


liberdade e à propriedade que tem por objetivo a satisfação de necessidades
coletivas. Envolve tanto a atividade legislativa quanto a atividade
administrativa.

CTN, Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração


pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público,
à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

Ciclo de polícia: o exercício do poder de polícia compreende quatro fases (ou


ciclos):

Ordem: é a norma legal que estabelece as restrições e condições para o


exercício das atividades privadas;

Consentimento: é a anuência do Estado para que o particular desenvolva


determinada atividade ou utilize a propriedade particular e pode ser subdividido
em licença e autorização.

Licença: trata-se de ato vinculado por meio do qual é reconhecido


o direito do particular (licença para dirigir veículo);

Autorização: é ato discricionário onde se analisa a conveniência e


oportunidade, facultando o exercício de determinada atividade privada ou a
utilização de bens particulares (autorização para porte de arma).

Fiscalização: verificação do cumprimento, pelo particular, da ordem e do


consentimento de polícia.

Sanção: é a medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a


ordem de polícia ou os limites impostos no consentimento de polícia.

Características do poder de polícia: discricionariedade, coercibilidade e


autoexecutoriedade.

Discricionariedade: em regra, o poder de polícia se caracteriza pela


liberdade conferida ao administrador para escolher o melhor momento de sua
atuação ou a sanção mais adequada no caso concreto, quando há previsão de
duas ou mais sanções para determinada infração.

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Coercibilidade: os atos de polícia são coercitivos na medida em que


impões restrições ou condições que devem ser obrigatoriamente cumpridas pelos
particulares.

Autoexecutoriedade: é a prerrogativa conferida à Administração para


implementar os seus atos, sem necessidade de manifestação prévia do Poder
Judiciário. Todavia, alguns atos de polícia não possuem esse atributo, como é o
caso da multa.

É possível a delegação do poder de polícia? Em regra, doutrina e


jurisprudência entendem pela impossibilidade de delegação do poder de polícia
a particulares.

A jurisprudência, por sua vez, está dividida:

O STJ já se posicionou pela possibilidade de delegação da fiscalização e


do consentimento de polícia para empresas públicas e sociedades de economia
mista, não sendo possível, todavia, a delegação da imposição de sanções. Para o
STJ, por exemplo, o clico de polícia denominado “sanção” não é passível de
delegação, somente podendo ser exercido pelo Estado (Administração Direta).

O STF, por sua vez, no julgamento do RE 633782/MG, sob a sistemática da


repercussão geral, entendeu ser constitucional a delegação do poder de polícia,
POR MEIO DE LEI, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da
Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em
regime não concorrencial.

USO E ABUSO DE PODER

O USO DE PODER é uma prerrogativa do agente público.


Concomitantemente à prerrogativa de "fazer" o agente atrai o "dever" de atuar,
que se chama de “poder-dever”.

O agente público só pode fazer aquilo que a lei determina e o que a lei não
veda, ou seja, não pode atuar contra legem (de forma contrária à Lei), ultra legem
(além da Lei), mas exclusivamente secundum legem (de acordo com a Lei).

O ABUSO DE PODER corresponde a um desvio de conduta, à


inobservância, por parte do agente público, de seu poder-dever de agir secundum
legem.

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Há 3 (três) formas de expressão do chamado abuso de poder:

Excesso: quando a autoridade competente vai além do permitido na


legislação, ou seja, atua ultra legem;

Desvio de finalidade: quando o ato é praticado por motivos ou com fins


diversos dos previstos na legislação, ou seja, contra legem, normalmente com
violação de atuação discricionária. A remoção como forma de punição é exemplo
clássico na doutrina para caracterizar o desvio de poder;

Omissão: quando se constata a inércia da Administração em fazer o que


lhe compete, injustificadamente (com violação de seu poder-dever).

Como é cobrado?

10) FGV - Advogado (Pref Paulínia)/CREAS/2021


A Lei Orgânica do Município Alfa e uma lei municipal específica estabelecem que
o Município assegurará e estimulará, em órgãos colegiados, nos termos de decreto
a ser editado pelo chefe do Executivo, a participação da coletividade na formulação
e execução de políticas públicas e na elaboração de planos, programas e projetos
municipais na área de assistência social. Diante do recente aumento da população
em situação de rua, o Prefeito Municipal editou decreto instituindo a Política
Municipal para a População em Situação de Rua e seu Comitê Gestor Intersetorial
de Acompanhamento e Monitoramento, e dando outras providências.

No caso em tela, em tema de poderes administrativos, o Prefeito agiu com base


direta no poder

A) hierárquico, pois pode disciplinar políticas públicas em nível municipal, eis que é
a autoridade máxima local;
B) coercitivo, pois tem competência para editar normas com caráter de imperatividade
e coercibilidade;
C) normativo, pois se trata de norma complementar à lei, para permitir sua efetiva
aplicação;
D) disciplinar, pois tem competência para editar normas específicas e concretas para
assegurar direitos sociais;
E) legislativo, pois tem competência para editar lei, excepcionalmente, em matéria de
direitos humanos.

11) FGV - Analista Judiciário (TRT 12ª Região)/Judiciária/"Sem Especialidade"/2017

A Resolução Administrativa nº 12/2016 do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª


Região regulamenta, no âmbito daquele Tribunal, a aplicação da resolução conjunta
nº 04/2014, dos presidentes do CNJ e CNMP, que autoriza o porte de arma de fogo
para os servidores que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança,
conforme permissivo legal do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03).

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Em tema de poderes administrativos, é correto afirmar que a citada resolução foi


editada com base no poder:

A) de polícia do Judiciário, que tem competência legal para estabelecer os parâmetros


internos para reger o porte de arma e demais questões afetas à segurança pública dos
cidadãos e de seus servidores e magistrados;
B) discricionário, uma vez que cabe ao Presidente do respectivo Tribunal, no regular
exercício da autonomia organizacional e administrativa de cada Tribunal, estabelecer
regras internas sobre segurança pública;
C) normativo, que é aquele conferido à Administração Pública para expedição de
normas gerais, abstratas e com efeitos erga omnes, para, no caso concreto,
complementar a Lei nº 10.826/03, observados seus limites e visando à sua efetiva
aplicação;
D) hierárquico, que é aquele exercido verticalmente, no topo da pirâmide
administrativa do Tribunal por seu Presidente, que possui a competência legal para
regulamentar atividades de segurança previstas na Lei nº 10.826/03;
E) disciplinar, que é a prerrogativa de direito público, para regulamentar e
condicionar direitos e liberdades individuais, tendo por fundamento a supremacia do
interesse público e, no caso concreto, ampliar as normas da Lei nº 10.826/03.

12) FGV - Analista Técnico-Administrativo (SUDENE)/Área 4/2013


Dentre os poderes inerentes à Administração Pública encontra‐se o poder
regulamentar. Com relação a esse poder, analise as afirmativas a seguir.

I. O poder regulamentar sofre controle por parte do poder legislativo.


II. O poder regulamentar sofre controle judicial.
III. A Constituição Federal veda completamente a figura do Decreto Autônomo.

Assinale:

A) se apenas afirmativa I estiver correta.


B) se apenas a afirmativa II estiver correta.
C) se apenas a afirmativa III estiver correta.
D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
E) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

13) FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2017/XXIV Exame

João foi aprovado em concurso público promovido pelo Estado Alfa para o cargo de
analista de políticas públicas, tendo tomado posse no cargo, na classe inicial da
respectiva carreira. Ocorre que João é uma pessoa proativa e teve, como gestor,

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excelentes experiências na iniciativa privada. Em razão disso, ele decidiu que não
deveria cumprir os comandos determinados por agentes superiores na estrutura
administrativa, porque ele as considerava contrárias ao princípio da eficiência,
apesar de serem ordens legais.

A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.

A) João possui total liberdade de atuação, não se submetendo a comandos superiores,


em decorrência do princípio da eficiência.
B) A liberdade de atuação de João é pautada somente pelo princípio da legalidade,
considerando que não existe escalonamento de competência no âmbito da
Administração Pública.
C) João tem dever de obediência às ordens legais de seus superiores, em razão da
relação de subordinação decorrente do poder hierárquico.
D) As autoridades superiores somente podem realizar o controle finalístico das
atividades de João, em razão da relação de vinculação estabelecida com os superiores
hierárquicos.

14) FGV - Analista (IBGE)/Auditoria/2016

Em tema de poderes administrativos, o vínculo que coordena e subordina


uns aos outros os órgãos da Administração Pública, graduando a autoridade
de cada um, decorre do chamado pela doutrina de poder:

A) vinculado;
B) normativo;
C) hierárquico;
D) disciplinar;
E) regulamentar.

15) FGV - Advogado (SEN)/2022

A sociedade de economia mista municipal Beta possui capital social


majoritariamente público e presta exclusivamente serviço público de atuação
própria do Estado e em regime não concorrencial. No Município Alfa, o serviço
público em matéria de trânsito nas vias públicas municipais é prestado pela
sociedade de economia mista Beta, que, de acordo com lei local, é competente,
inclusive, para aplicação das multas de trânsito.

De acordo com a atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a lei do


Município Alfa que promoveu a delegação do poder de polícia à sociedade de
economia mista Beta, inclusive da fase de sanção de polícia, mediante a
possibilidade de aplicação de multas, é

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A) inconstitucional, pois a sociedade de economia mista Beta é pessoa jurídica de


direito privado, razão pela qual não pode exercer o poder de polícia, em quaisquer
fases de seu ciclo.
B) inconstitucional, pois somente as atividades de apoio ao poder de polícia
(consentimento e fiscalização de polícia) podem ser delegadas à pessoa jurídica de
direito privado.
C) inconstitucional, pois somente lei federal, editada pelo Congresso Nacional, pode
prever a possibilidade de delegação do poder de polícia na modalidade sanção de
polícia.
D) constitucional, pois o fato de a sociedade de economia mista Beta ser pessoa
jurídica de direito privado não a impede de exercer a função pública de polícia
administrativa, na modalidade de sanção de polícia, com base em lei local.
E) constitucional, pois o fato de a sociedade de economia mista Beta ser integrante da
administração indireta já viabiliza o exercício do poder de polícia, em quaisquer de
suas fases, independentemente de lei local promovendo a delegação.

16) FGV - Advogado (Pref Paulínia)/CREAS/2021

Para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, emergência de saúde


pública de importância internacional, determinada autoridade pública adotou
regularmente, com base em lei e no âmbito de suas competências, a medida de
restrição excepcional e temporária, por rodovias, da locomoção intermunicipal. A
medida somente foi determinada com base em evidências científicas e em análises
sobre as informações estratégicas em saúde e foi limitada no tempo e no espaço, ao
mínimo indispensável à promoção e à preservação da saúde pública, observada a
proporcionalidade. No caso em tela, de acordo com a doutrina de Direito
Administrativo, em tema de poderes administrativos, a medida adotada foi calcada
diretamente no chamado poder

A) de polícia.
B) de segurança pública.
C) de saúde pública.
D) disciplinar.
E) hierárquico.

17) FGV - Auditor Fiscal Tributário (Paulínia)/2021

A Vigilância Sanitária do Município Alfa recebeu denúncia de que o Supermercado


Beta estaria expondo à venda produtos alimentícios impróprios para consumo. Por
determinação da autoridade competente, servidores públicos municipais da
vigilância sanitária realizaram fiscalização no mencionado supermercado e
constataram que, de fato, estavam sendo vendidos produtos alimentícios com

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validade vencida e visivelmente estragados. Com base em lei municipal, os


produtos foram imediatamente apreendidos para fins de perícia e, findo o processo
administrativo, foram aplicadas as sanções administrativas previstas em lei ao
supermercado. Na situação narrada, o Município Alfa agiu:

A) no regular uso do poder regulamentar, sendo desnecessária prévia intervenção


judicial para apreensão do produto, em razão do atributo da imperatividade do ato
administrativo.
B) com abuso de poder, eis que a aplicação de sanções administrativas apenas poderia
ocorrer após processo judicial, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
C) no regular uso do poder hierárquico, sendo desnecessária prévia intervenção
judicial para apreensão do produto, em razão do atributo da imperatividade do ato
administrativo.
D) com abuso de poder, eis que a diligência de fiscalização apenas poderia ocorrer
mediante a exibição ao mercado de mandado judicial de busca e apreensão;
E) no regular uso do poder de polícia, sendo desnecessária prévia intervenção judicial
para apreensão do produto, em razão do atributo da autoexecutoriedade do ato
administrativo.

18) FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2019/XXX Exame

Após comprar um terreno, Roberto iniciou a construção de sua casa, sem prévia
licença, avançando para além dos limites de sua propriedade e ocupando
parcialmente a via pública, inclusive com possibilidade de desabamento de parte
da obra e risco à integridade dos pedestres.

No regular exercício da fiscalização da ocupação do solo urbano, o poder público


municipal, observadas as formalidades legais, valendo-se da prerrogativa de direito
público que, calcada na lei, autoriza-o a restringir o uso e o gozo da liberdade e da
propriedade privada em favor do interesse da coletividade, determinou que
Roberto demolisse a parte irregular da obra.

O poder administrativo que fundamentou a determinação do Município é o poder

A) de hierarquia, e, pelo seu atributo da coercibilidade, o particular é obrigado a


obedecer às ordens emanadas pelos agentes públicos, que estão em nível de
superioridade hierárquica e podem usar meios indiretos de coerção para fazer valer a
supremacia do interesse público sobre o privado.
B) disciplinar, e o particular está sujeito às sanções impostas pela Administração
Pública, em razão do atributo da imperatividade, desde que haja a prévia e
imprescindível chancela por parte do Poder Judiciário.

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C) regulamentar, e os agentes públicos estão autorizados a realizar atos concretos para


aplicar a lei, ainda que tenham que se valer do atributo da autoexecutoriedade, a fim
de concretizar suas determinações, independentemente de prévia ordem judicial.
D) de polícia, e a fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, por meio do
qual os agentes públicos procuram impedir um dano social, e um repressivo, que, face
à transgressão da norma de polícia, redunda na aplicação de uma sanção.

19) FGV - Analista Judiciário (TJ AL)/Oficial de Justiça Avaliador/2018

Poder de polícia pode ser conceituado como uma atividade da Administração


Pública que se expressa por meio de seus atos normativos ou concretos, com
fundamento na supremacia geral do interesse público para, na forma da lei,
condicionar a liberdade e a propriedade individual, mediante ações fiscalizadoras
preventivas e repressivas.

De acordo com ensinamentos da doutrina de Direito Administrativo, são


características ou atributos do poder de polícia:

A) a hierarquia, a disciplina e a legalidade;


B) a imperatividade, a delegabilidade e a imprescritibilidade;
C) a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade;
D) a indelegabilidade, a hierarquia e o respeito às forças de segurança pública;
E) a imposição da força policial, a voluntariedade e a disciplina.

20) FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2016/XIX Exame

Fulano, servidor público federal lotado em órgão da administração pública federal


no Estado de São Paulo, contesta ordens do seu chefe imediato, alegando que são
proibidas pela legislação. A chefia, indignada com o que entende ser um ato de
insubordinação, remove Fulano, contra a sua vontade, para órgão da administração
pública federal no Distrito Federal, para exercer as mesmas funções, sendo certo
que havia insuficiência de servidores em São Paulo, mas não no Distrito Federal.

Considerando as normas de Direito Administrativo, assinale a afirmativa correta.

A) A remoção de Fulano para o Distrito Federal é válida, porque configura ato


arbitrário da Administração.
B) Não é cabível a remoção do servidor com finalidades punitivas, por se ter, em tal
hipótese, desvio de finalidade.
C) A remoção pode ser feita, uma vez que Fulano não pautou sua conduta com base
nos princípios e regras aplicáveis aos servidores públicos.
D) O ato de insubordinação deveria ter sido constatado por meio de regular processo
administrativo, ao fim do qual poderia ser aplicada a penalidade de remoção.

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21) FGV - Analista Judiciário (TJ PI)/Judiciária/Oficial de Justiça e Avaliador/2015

Marcela, servidora pública estadual, foi removida da Capital do Estado para outro
órgão estadual da mesma Secretaria no interior do Estado. A autoridade que
determinou a remoção era a competente para o ato, mas não o motivou de forma
específica. Marcela ajuizou ação judicial pleiteando a nulidade do ato de remoção,
alegando e comprovando que a remoção, em verdade, ocorreu por retaliação, já que
a autoridade que praticou o ato é seu antigo desafeto. No caso em tela, a pretensão
de Marcela:

A) merece prosperar, porque a remoção é ato administrativo vinculado e a autoridade


competente não motivou o ato de forma específica, dando causa a vício de legalidade
que leva à nulidade absoluta do ato;
B) merece prosperar, porque, apesar de a remoção ser ato administrativo
discricionário, ocorreu abuso de poder por desvio de poder, afastando-se a autoridade
da finalidade pública do ato;
C) merece prosperar, porque, apesar de a remoção ser ato administrativo vinculado,
ocorreu abuso de poder por excesso de poder, uma vez que a autoridade não motivou
corretamente o ato;
D) não merece prosperar, porque a remoção é ato administrativo vinculado e a
autoridade competente não precisa motivar de forma específica o ato, que já traz
implícita a cláusula geral de cometimento para atender ao interesse público;
E) não merece prosperar, porque a remoção é ato administrativo discricionário e, por
tal razão, a autoridade competente não precisa expor motivação específica para o ato,
tendo liberdade para decidir de acordo com critérios de oportunidade e conveniência.

SERVIÇOS PÚBLICOS

Conceito: serviço público é toda atividade prestacional voltada ao cidadão,


independentemente da titularidade exclusiva do Estado e da forma de
remuneração. Em outras palavras, serviço público é uma atividade desenvolvida
com a participação do Estado (direta ou indiretamente). É a prestação de serviços
que tem a finalidade de atender necessidades da sociedade. No serviço público
sempre existe a participação do Estado no fornecimento dos serviços, ainda que
de forma indireta.

Os serviços públicos podem ser gerais ou individuais. Os gerais são os


destinados ao atendimento da população em geral e são financiados pelos valores

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dos impostos. Exemplos: fornecimento de iluminação pública e segurança


pública.

Os serviços individuais são os que são prestados a cada pessoa individualmente


e devem ser cobrados por taxas. São exemplos os serviços de fornecimento de
energia elétrica e de água.

Princípios dos serviços públicos:

Continuidade: prestação ininterrupta. Regularidade com observância das


normas vigentes. Não impõe que todos os serviços sejam prestados diretamente
e de forma integral, vez que a continuidade depende da necessidade da
população.

Igualdade: dever de prestar o serviço de maneira igualitária a todos os


particulares que satisfaçam as condições técnicas e jurídicas, sem qualquer
distinção de caráter pessoal. Igualdade material.

Mutabilidade (ou atualidade): os serviços devem se adaptar à evolução


social e tecnológica.

Generalidade (ou universalidade): a prestação dos serviços deve


beneficiar o maior número possível de beneficiários. O prestador deve levar as
comodidades materiais para as pessoas que ainda não recebem o serviço público.

Modicidade: salvo as exceções previstas em lei, os serviços públicos são


remunerados pelos usuários. A modicidade significa que o valor cobrado do
usuário deve ser proporcional ao custo do respectivo serviço, com o objetivo de
viabilizar o acesso pelo maior número de pessoas.

Autorização x Permissão x Concessão

AUTORIZAÇÃO é ATO administrativo por meio do qual a Administração


possibilita ao particular a realização de alguma atividade de predominante
interesse deste, ou a utilização de um bem público. É ato unilateral,
discricionário, precário e sem licitação, cujo interesse é predominantemente
privado.

PERMISSÃO é ATO administrativo discricionário e precário mediante o qual é


consentida ao particular alguma conduta em que exista interesse predominante
da coletividade. Se traduz em ato unilateral, discricionário, precário, mas com
licitação (qualquer modalidade), cujo interesse é predominantemente público.

Na permissão não há indicação da modalidade de licitação a ser


observada, dependendo do valor a ser contratado.

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Lei 8.987/95, Art. 2º.

(...)

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário,


mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco.

CONCESSÃO é CONTRATO celebrado entre a Administração Pública e o


particular, pelo qual o Poder Público transfere ao segundo a execução de um
serviço público, para que este o exerça em seu próprio nome e por sua conta e
risco, mediante tarifa paga pelo usuário, em regime de monopólio ou não. Trata-
se de contrato administrativo bilateral, mediante prévia licitação (concorrência
ou diálogo competitivo), por prazo determinado e cujo interesse é
preponderantemente público.

Lei nº 8.987/93, art. 2º:

(...)

II - CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO: a delegação de sua


prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica
ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

III: CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO PRECEDIDA DA


EXECUÇÃO DE OBRA PÚBLICA: a construção, total ou parcial,
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras
de interesse público, delegados pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua
realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado.

Na concessão a delegação ocorre nas modalidades CONCORRÊNCIA ou


DIÁLOGO COMPETITIVO (tomada de preços e convite são modalidades que
não mais existem ante a nova legislação que rege as licitações - Lei 14.133/21).

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

ATO ADMINISTRATIVO

Conceito: trata-se da manifestação unilateral de vontade da Administração


Pública e de seus delegatários, no exercício da função delegada que, sob o regime
de direito público, pretende produzir efeitos jurídicos com o objetivo de
implementar o interesse público.

Requisitos (ou elementos): são as partes componentes do ato administrativo e,


para a doutrina tradicional, são 5 os elementos:

Competência: o ato administrativo deve ser editado por agente público


competente. No Direito Privado a validade do ato jurídico pressupõe a
capacidade do sujeito, no Direito Público exige-se, para além da capacidade, a
competência. A competência decorre sempre de lei, é IMPRORROGÁVEL E
IRRENUNCIÁVEL.

Acerca da competência eis o que dispõe o art. 11 da Lei 9.784/1999 (Lei de


Processo Administrativo Federal):

“Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos


administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
delegação e avocação legalmente admitidos”.

Além de improrrogável e irrenunciável, a competência é inderrogável,


imprescritível e, excepcionalmente, pode ser objeto de delegação ou de
avocação.

Delegação e avocação de competência: a competência pode ser


modificada, desde que não se trate de competência exclusiva. Na delegação a
transferência é precária, total ou parcial, conferidas pelo delegante para outro
agente público. Na avocação ocorre o chamamento, pela autoridade superior, das
atribuições inicialmente outorgadas pela lei ao agente subordinado. A delegação
decorre do poder hierárquico e não do poder regulamentar. Não podem ser
objeto de delegação: a edição de atos de caráter normativo; a decisão de
recursos administrativos; as matérias de competência exclusiva do órgão ou
autoridade (art. 13 da Lei 9.784/99).

Finalidade: é o resultado do ato e deve atender o interesse público. A


finalidade é elemento vinculado do ato, vez que o interesse público sempre será
o fim da atuação administrativa. A discricionariedade se restringe ao objeto do
ato (fim imediato), que é o conteúdo do ato. A finalidade é invariável e o objeto
é variável.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A finalidade pode ser subdividida em MEDIATA e IMEDIATA. A


finalidade mediata será sempre o interesse público a ser alcançado, enquanto a
finalidade imediata é o objeto propriamente dito, que pode ser traduzido na
aquisição, transformação ou extinção de direitos.

Por exemplo, na licença-gestante a finalidade MEDIATA é garantir o


interesse público à proteção da criança e da maternidade, enquanto a finalidade
IMEDIATA é permitir o afastamento da servidora.

Forma: é o revestimento externo do ato administrativo e as formalidades


que devem ser cumpridas. No Direito Administrativo vigora o princípio da
solenidade das formas, exigindo-se a edição de atos escritos e o atendimento de
formalidades legais. Excepcionalmente os atos administrativos podem ser
praticados sob a forma não escrita. Exemplos: sinais, gestos, sons, ordens verbais,
etc. Por sua vez, de acordo com o princípio da simetria das formas, a forma
utilizada na edição do ato deve ser a mesma usada para a sua alteração ou
revogação.

Motivo: é a situação de fato ou de direito que justifica a edição do ato


administrativo. É a causa do ato. Exemplo: infração funcional é o motivo que
justifica a edição do ato administrativo punitivo.

Motivo de fato: a escolha é do administrador, pois a lei elenca


diversos motivos que podem justificar a edição do ato (ex: dispensa de licitação).

Motivo de direito: a escolha é do legislador, pois a lei menciona os


motivos que acarretarão, necessariamente, a edição do ato (ex: aposentadoria
compulsória).

Teoria dos motivos determinantes: a validade do ato


administrativo depende da correspondência entre os motivos nele expostos e a
existência concreta dos fatos que ensejaram a sua edição. Ainda que,
excepcionalmente, a lei não exija motivação, se esta for exteriorizada, a validade
do ato dependerá da correspondência com a realidade. Exemplo: exoneração de
agente ocupante de cargo em comissão.

Objeto: é o efeito jurídico e material que será produzido pelo ato, é a


própria alteração no mundo jurídico que o ato provoca. É o conteúdo do ato. Ex:
conteúdo do ato de demissão é punir quem cometeu infração funcional; o objeto
da licença profissional é habilitar o exercício de determinada profissão pelo
interessado. Objeto é o fim imediato, a finalidade é o fim mediato.

Atributos dos atos administrativos

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Presunção de legitimidade e de veracidade: os atos administrativos


presumem-se editados em conformidade com o ordenamento jurídico, bem como
as informações neles contidas presumem-se verdadeiras. Trata-se de presunção
relativa (iuris tantum). Os principais efeitos desse atributo são a
autoexecutoriedade e a inversão do ônus da prova.

Imperatividade: a Administração tem a prerrogativa de impor condutas


positivas ou negativas aos particulares. Os atos administrativos são, em regra,
imperativos ou coercitivos.

Imperatividade x exigibilidade: enquanto a imperatividade é a


qualidade de se impor a terceiros independentemente da sua vontade, a
exigibilidade se traduz na noção de que o particular é obrigado a cumprir a
obrigação imposta. Exemplo de exigibilidade: pagamento de taxas em razão do
efetivo exercício do poder de polícia; pagamento de multa; ou a impossibilidade
de licenciamento do veículo enquanto não pagas as multas de trânsito.

Autoexecutoriedade: prerrogativa conferida à Administração de executar


diretamente a sua vontade, inclusive com o uso moderado da força,
independentemente de manifestação do Poder Judiciário.

Extinção do ato administrativo

Anulação: é a invalidação do ato administrativo editado em


desconformidade com a ordem jurídica. A ilegalidade é originária e acarreta
efeitos ex tunc, exceto em relação a terceiros de boa-fé. Entre as partes, não gera
direitos ou obrigações, não constitui situações jurídicas definitivas, nem admite
convalidação. A anulação é, em regra, um ato vinculado, porque a Administração
tem o DEVER de anular atos ilegais.

Todavia, a anulação não pode ser feita a qualquer tempo, pois o direito
da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé (Lei 9.784/99).

Revogação: é a extinção do ato por razões de conveniência e


oportunidade (ex: revogação da autorização de uso privativo da calçada por
restaurante). Incide apenas sobre atos discricionários, porque se trata de uma
revisão do mérito administrativo. Pressupõe que o ato seja válido, mas que se
tornou inconveniente ou inoportuno.

Diferentemente da anulação, a revogação não possui limite temporal,


mas possui limite material, pois deve respeitar os direitos adquiridos.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

STF – Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios atos,


quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial”.

Convalidação: é o salvamento do ato administrativo que apresenta vícios


sanáveis. O ato de convalidação produz efeitos ex tunc, preservando o ato
originariamente ilegal editado.

Teoria da aparência: são considerados válidos, perante terceiros de boa-


fé, os atos praticados por agentes de fato (que ingressaram na Administração de
forma irregular).

Discricionariedade x Vinculação: a atuação discricionária do administrador é


admitida quando há certo grau de liberdade na sua atuação, podendo variar de
intensidade a depender da opção adotada pelo legislador (ex: autorização de uso
de bem público). Por outro lado, a norma pode descrever todos os elementos do
ato administrativo que deverão ser observados pelo agente, sem qualquer
margem de liberdade tratando-se, nesse último caso, de atuação vinculada (ex:
licença para dirigir veículo automotor).

Como é cobrado?

22) FGV - Analista Judiciário (TRT 12ª Região)/Judiciária/Oficial de Justiça


Avaliador Federal/2017

João foi nomeado e empossado no cargo de Oficial de Justiça do Tribunal Regional


do Trabalho de Santa Catarina. Após um ano em exercício das funções públicas
inerentes ao cargo e mediante regular processo administrativo, foi declarada a
nulidade de seu ato de nomeação, por vícios insanáveis consistentes em burla pelo
servidor às regras do concurso público.

Os atos praticados por João na Vara do Trabalho onde estava lotado, como certidões
por ele expedidas, serão:

A) igualmente declarados nulos, pois a anulação de seu ato de investidura por burla
às regras do concurso público opera efeitos ex tunc, isto é, retroage à data de origem
do ato, aniquilando todos os efeitos produzidos;
B) igualmente declarados nulos, pois a nulidade absoluta no caso decorre de norma
cogente e opera efeitos ex nunc, ou seja, retroage à data da prática do ato ilícito, a
partir da qual nenhum efeito poderá ser convalidado;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

C) válidos, eis que a anulação de seu ato de investidura opera efeitos ex tunc, isto é,
produz efeitos a partir da data da decisão administrativa que declarou a nulidade, não
retroagindo à data de origem do ato;
D) válidos, pois, pela teoria da aparência, a nomeação de servidor com burla às regras
do concurso público é nula, mas os atos por ele praticados são válidos, em atenção ao
princípio da segurança jurídica e para resguardar os terceiros interessados de boa fé;
E) válidos, desde que haja decisão jurisdicional determinando e especificando quais
atos devem ser convalidados, com escopo de aproveitar os atos por ele praticados para
atender aos princípios da eficiência e celeridade.

23) FGV - Advogado (ALERO)/2018

O Presidente de uma Assembleia Legislativa, por estar sobrecarregado de trabalho,


delegou para o 1º Vice Presidente, com a concordância deste, competência para
decidir de recurso hierárquico interposto contra decisão de Presidente de Comissão,
em questão de ordem por este resolvida.

O mencionado ato administrativo de delegação é

A) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder
regulamentar, na medida em que editou norma geral e abstrata.
B) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder
hierárquico, delegando competência de ato devidamente especificado para inferior
hierárquico.
C) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder
disciplinar, pois possui prerrogativa para regulamentar o exercício de suas próprias
atribuições.
D) nulo, eis que causará vício de competência, por excesso de poder para o 1º Vice
Presidente, pois a decisão de recurso hierárquico é indelegável.
E) nulo, eis que causará vício de hierarquia, pois o ato apenas poderia ser delegado
para autoridade hierarquicamente superior ao agente delegante.

24) FGV - Especialista Legislativo Municipal (CM Salvador)/Advogado


Legislativo/2018

Dentre os elementos do ato administrativo, a doutrina de Direito Administrativo


elenca a competência, que é a atribuição normativa de legitimação para a prática de
determinado ato.
Nesse contexto, é característica da competência administrativa a sua:

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A) prorrogabilidade, pois a competência relativa se prorroga, caso o administrado não


se oponha na primeira oportunidade processual;
B) irrenunciabilidade, apesar de o agente público poder delegá-la ou avocá-la, nos
casos permitidos pela lei;
C) delegabilidade, como regra geral, como nos casos de edição de atos normativos;
D) avocabilidade, quando se chama para si competência originariamente de agente de
hierarquia superior;
E) discricionariedade, eis que ao agente público é facultada a possibilidade de atuar
quando for provocado.

25) FGV - Analista (IBGE)/Auditoria/2016

Em matéria de elementos do ato administrativo, de acordo com a doutrina de Direito


Administrativo, é correto afirmar que a competência:

A) decorre da lei, razão pela qual não pode o próprio órgão estabelecer, por si, as suas
atribuições;
B) é derrogável, seja pela vontade da Administração, seja por acordo com terceiros;
C) não pode ser, em qualquer hipótese, objeto de delegação, sob pena de nulidade
absoluta;
D) não pode ser, em qualquer hipótese, objeto de avocação, sob pena de nulidade
relativa;
E) pode ser objeto de delegação somente no que se refere à edição de atos de caráter
normativo.

26) FGV - Analista Judiciário (TJ AM)/Leiloeiro/2013 (e mais 1 concurso)

Com relação aos elementos do ato administrativo, assinale a afirmativa correta.

A) A finalidade pode ser considerada sob o ponto de vista mediato ou imediato.


B) A incapacidade do sujeito não compromete a validade do ato administrativo.
C) A motivação do ato administrativo integra o elemento finalidade.
D) O ato administrativo não pode ser criado sem definir sua finalidade.
E) O ato administrativo não pode ser criado sem definir sua competência.

27) FGV - Especialista em Saúde (SEMSA Manaus)/Advogado/2022

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

João, proprietário de imóvel situado ao lado de um Hospital Municipal, realizou


construção irregular em sua propriedade, ocupando parte de área pública em frente
ao hospital, com risco iminente de desabamento, sem obter qualquer licença para
tal e ao arrepio dos ditames legais sobre a matéria. O Município, observadas as
cautelas e as formalidades legais, diante da manifesta situação de urgência,
promoveu a imediata demolição da construção.

O atributo do ato administrativo que fez valer a decisão de demolição, sem


necessidade de prévia intervenção do Poder judiciário, é a

A) imperatividade, como meio direto de execução do ato administrativo, não devendo


ser oportunizado a João o contraditório diferido.
B) exigibilidade, como meio direto de execução do ato administrativo, devendo ser
oportunizado a João o prévio contraditório.
C) autoexecutoriedade, como meio direto de execução do ato administrativo, devendo
ser oportunizado a João o contraditório diferido.
D) tipicidade, como meio indireto de execução do ato administrativo, devendo ser
oportunizado a João o prévio contraditório.
E) coercibilidade, como meio indireto de execução do ato administrativo, devendo ser
oportunizado a João o contraditório diferido.

28) FGV - Advogado (FunSaúde CE)/2021

João estacionou seu veículo em local proibido, qual seja, na calçada em frente à
entrada de veículos do Hospital estadual Alfa. Avalie as duas providências distintas
que podem ser adotadas pelo poder público, observadas as cautelas e
procedimentos legais cabíveis:

1ª - Agentes públicos competentes aplicam multa a João, como meio indireto de


coação.

2ª - Agentes públicos competentes guincham o carro de João, como meio direto de


execução do ato administrativo.

De acordo com a doutrina de Direito Administrativo, assinale a opção que apresenta


os atributos ou características do ato administrativo que diretamente ensejaram as
duas providências.

A) Imperatividade e exigibilidade.
B) Tipicidade e executoriedade.
C) Autoexecutoriedade e presunção de legitimidade.
D) Exigibilidade e autoexecutoriedade.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

E) Presunção de veracidade e imperatividade.

29) FGV - Oficial (TJ SC)/Justiça e Avaliador/2018

Em situações pontuais e emergenciais, justificadas pelo interesse público, em que a


aplicação de meios indiretos de coerção não seja suficiente, o poder público pode
pôr em prática imediatamente o ato administrativo.

Tal providência decorre do atributo ou característica desse ato administrativo, qual


seja:

A) imperatividade, mediante prévia decisão judicial, para observância do devido


processo legal;
B) coercibilidade, mediante prévio processo administrativo, assegurados o
contraditório e a ampla defesa;
C) autoexecutoriedade, sem prévia decisão judicial, mas com contraditório diferido;
D) exigibilidade, mediante prévia decisão judicial, para observância da
inafastabilidade do controle jurisdicional;
E) tipicidade, sem prévia decisão judicial, mas com indispensável prévio processo
administrativo.

30) FGV - Procurador do Município de Niterói/2014

Sobre ato administrativo, assinale a afirmativa correta.

A) A edição de atos administrativos cabe somente aos órgãos do Executivo.


B) Avocação é o deslocamento de competências e ocorre quando um órgão ou
autoridade, titular de determinados poderes e atribuições, transfere a outro órgão ou
autoridade uma parcela desses poderes e atribuições.
C) Objeto do ato administrativo significa o efeito prático pretendido com a edição do
ato administrativo ou a modificação por ele trazida ao ordenamento jurídico.
D) Autoexecutoriedade ou autoridade da coisa decidida consiste na força obrigatória
do ato administrativo em relação àqueles a que se destina.
E) Os atos administrativos já nascem com a presunção de legalidade, o que exime a
administração de motivá-los.

31) FGV - Delegado de Polícia (PC MA)/2012

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A respeito da autoexecutoriedade dos atos da Administração Pública, analise as


afirmativas a seguir.

I. É vedada a autoexecutoriedade dos atos administrativos que imponham ao


particular a obrigação de pagar dinheiro, devendo a Administração valer-se da via
judicial para a cobrança.

II. A remoção de construções de áreas de risco iminente de desabamento somente


pode ser feita após autorização judicial.

III. Admite-se, excepcionalmente, que a Administração execute seus atos, assegurando


o exercício do contraditório e da ampla defesa apenas posteriormente.

Assinale:

A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.


B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
C) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
D) se somente a afirmativa II estiver correta.
E) se somente a afirmativa III estiver correta.

32) FGV - Juiz Estadual (TJ MG)/2022

A Administração Pública pode:

A) anular os próprios atos, se estiverem eivados de nulidade, desde que isso não atinja
a segurança jurídica.
B) anular os próprios atos, se estiverem eivados de nulidade, a qualquer tempo.
C) revogar os próprios atos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos.
D) revogar os próprios atos, por motivo de conveniência ou oportunidade, sem que
isso possa gerar quaisquer direitos.

33) FGV - Analista do Ministério Público (MPE RJ)/Processual/2016

Sociedade empresária concessionária do serviço público estadual de transporte


intermunicipal coletivo de passageiros deseja, com base no contrato administrativo,
reajustar o valor da tarifa, alegando que está defasado em razão dos atuais custos
do serviço. O poder concedente, pressionado por manifestações populares, não
autorizou o aumento pretendido, argumentando que os serviços devem ser
remunerados a preços razoáveis, levando em consideração o poder aquisitivo do
usuário para que, por dificuldades financeiras, não seja ele alijado do universo de

30
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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

beneficiários do serviço. Assim, a concessionária ajuizou ação judicial pretendendo


obter autorização para o reajuste das tarifas pagas pelos usuários. Instado a se
manifestar, o Ministério Público deverá emitir parecer analisando as peculiaridades
do caso concreto e levando em conta a harmonização entre os seguintes princípios
acima alegados, respectivamente, pelo concessionário e poder concedente:

A) princípio da continuidade do serviço público e princípio da economicidade;


B) princípio da exceção do contrato não cumprido e princípio da isonomia;
C) princípio do equilíbrio econômico-financeiro do contrato e princípio da
modicidade;
D) princípio da competitividade e princípio da supremacia do interesse público;
E) princípio da universalidade do serviço público e princípio da segurança jurídica.

34) FGV - Analista da Procuradoria (PGE RO)/Processual/2015

Serviço público é toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a
exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer
concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente
público. Dentre os princípios que se aplicam ao serviço público, destaca-se:

A) generalidade, segundo o qual o serviço deve ser prestado a todos os usuários, de


forma impessoal e gratuita;
B) continuidade, segundo o qual o serviço não pode ser paralisado em qualquer
hipótese;
C) modicidade, segundo o qual o serviço público deve ser remunerado a preços
módicos;
D) eficiência, segundo o qual o serviço público deve ser prestado com qualidade
superior a serviço equivalente oferecido pela iniciativa privada;
E) economicidade, segundo o qual o serviço público deve ser subsidiado pelo poder
público, a fim de que a tarifa seja acessível a todos.

35) FGV - Analista Judiciário (TJ PI)/Judiciária/Analista Judicial/2015

Serviço público é toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a
exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer
concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente
de direito público. Nesse contexto, de acordo com a doutrina de Direito
Administrativo, destaca-se o princípio regedor dos serviços públicos da:

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A) especificidade, segundo o qual o serviço público é prestado para determinada


parcela da sociedade que tenha condições específicas para arcar com seus custos e
gozar de seus benefícios;
B) continuidade, segundo o qual o serviço público não deve, em regra, sofrer
interrupção, ou seja, sua prestação deve ser contínua para evitar que a paralisação
provoque prejuízo à população;
C) supremacia do interesse privado, segundo o qual o serviço público deve visar ao
bem estar do cidadão, individualmente considerado, pois é o destinatário final dos
compromissos legais do Estado;
D) modicidade, segundo o qual o serviço público deve ser prestado de forma eficiente,
mas visando ao lucro máximo, a fim de que a atividade seja rentável a seu executor e
atenda ao interesse público;
E) economicidade, segundo o qual o serviço público deve ser remunerado a preços
públicos mínimos, de maneira que a tarifa seja acessível a toda população e gratuita
para os comprovadamente hipossuficientes.

36) FGV - Analista Judiciário (TJ RO)/Oficial de Justiça/2021

O Estado Alfa pretende contratar a reforma de determinada obra de interesse


público, por meio de licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo,
para delegação à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento
da contratada seja remunerado e amortizado mediante a exploração da obra por
prazo determinado.

No caso em tela, a contratação ocorrerá por:

A) concessão de serviço público precedida da execução de obra pública, cujo contrato


deve estipular os cronogramas físico-financeiros de execução das obras vinculadas à
concessão e exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das obrigações
relativas às obras vinculadas à concessão;
B) permissão de serviço público, cujo contrato deve estipular as penalidades
administrativas a que se sujeita a permissionária e exigir garantia do fiel
cumprimento, pela permissionária, das obrigações relativas às obras vinculadas à
concessão;
C) concessão de serviço público, cujo contrato deve estipular os cronogramas físico-
financeiros de execução das obras vinculadas à concessão e os critérios para o cálculo
e a forma de pagamento das indenizações devidas à concessionária;
D) autorização de uso de bem público, cujo contrato deve estipular a exigência da
publicação de demonstrações financeiras periódicas da concessionária e prever o foro
e o modo amigável de solução das divergências contratuais;
E) permissão de uso de bem público, cujo contrato deve prever os critérios para o
cálculo e a forma de pagamento das indenizações devidas à permissionária, e as
condições para prorrogação do contrato.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

37) FGV - Auditor (ALBA)/Auditoria/2014


Sobre a natureza jurídica dos instrumentos de delegação da prestação de serviços
públicos, assinale a afirmativa correta.

A) A concessão é sempre ato administrativo.


B) A autorização é sempre contrato administrativo.
C) A permissão é sempre contrato administrativo.
D) A concessão ocorre de forma unilateral.
E) A concessão é sempre contrato administrativo.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

GABARITO DAS QUESTÕES

QUESTÃO GABARITO
1 A
2 D
3 A
4 B
5 A
6 B
7 C
8 D
9 B
10 C
11 C
12 E
13 C
14 C
15 D
16 A
17 E
18 D
19 C
20 B
21 B
22 D
23 D
24 B
25 A
26 A
27 C
28 D
29 C
30 C
31 B
32 C
33 C
34 C
35 B
36 A
37 E

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA

A Administração Pública Direta compreende os Entes federativos (União,


Estados, DF e Municípios) e seus respectivos órgãos. O Ente atua por meio de
seus órgãos e de maneira CENTRALIZADA. Os órgãos estatais, que decorrem
da DESCONCENTRAÇÃO interna de funções administrativas, serão os
instrumentos dessa atuação centralizada.

Entidades políticas são a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios (Administração Direta), são todas pessoas jurídicas de direito público
dotadas de poder e autonomia políticas e de capacidade legislativa.

Entidades administrativas são as autarquias, fundações, empresas


públicas e sociedades de economia mista (Administração Indireta), apenas
autarquias são pessoas jurídicas de direito público (algumas fundações também),
não possuem autonomia política e nem capacidade legislativa.

CF, Art. 18. A organização político-administrativa da


República Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.

Os órgãos públicos são centros de competência especializada criados por


lei, sem personalidade jurídica, com escopo de garantir maior eficiência no
exercício de suas funções.

Teoria do órgão: por essa teoria, adotada pelo nosso ordenamento


jurídico, a vontade do agente público é imputada ao respectivo órgão e, por sua
vez, se traduz na vontade do próprio Estado que, ao final, deverá ser
responsabilizado por eventuais prejuízos causados a terceiros, o que não impede
o exercício do direito de regresso. Em outras palavras, o agente público atua em
nome do Estado e do órgão.

Portanto, os órgãos são entes despersonalizados (sem personalidade


jurídica própria), surgem pela técnica da desconcentração, podem estar presentes
tanto na Administração Direta quanto na Indireta e, em regra, não possuem
capacidade processual.

Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas: apesar de não


possuíram personalidade jurídica, possuem PERSONALIDADE JUDICIÁRIA,
de modo que podem atuar em juízo apenas para defender os seus interesses
estritamente institucionais, ou seja, aqueles relacionados ao funcionamento,
autonomia e independência do órgão.

STJ:

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

2. A Câmara Municipal não possui personalidade jurídica, mas


apenas personalidade judiciária, a qual lhe autoriza apenas atuar
em juízo para defender os seus interesses estritamente
institucionais, ou seja, aqueles relacionados ao funcionamento,
autonomia e independência do órgão, não se enquadrando, nesse
rol, o interesse patrimonial do ente municipal. (REsp n.
1.429.322/AL, relator Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, julgado em 20/2/2014, DJe de 28/2/2014.)

A Administração Indireta, por sua vez, compreende as entidades


administrativas que exercem funções administrativas a partir da
DESCENTRALIZAÇÃO legal e que estão vinculadas ao respectivo Ente
federativo.

São entidades integrantes da Administração Pública Indireta: autarquias,


fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. As autarquias e
fundações são pessoas jurídicas de direito público, instituídas diretamente pela
lei, enquanto as empresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas
jurídicas de direito privado e criadas por autorização legal, por meio do registro
dos respectivos atos constitutivos, como se exige para as pessoas jurídicas
privadas em geral.

Princípio do controle: as entidades administrativas, apesar de serem


autônomas, estão vinculadas ao Ente federativo respectivo. O controle pode ser
dividido em controle político e controle administrativo/finalístico.

Pelo controle político significa dizer que os dirigentes das entidades


administrativas são escolhidos e nomeados pela autoridade da Administração
Direta.

Pelo controle administrativo e finalístico, as entidades administrativas


devem atender as finalidades que justificaram a sua instituição e que constam da
respectiva legislação.

Pelo controle financeiro entende-se que as contas das entidades devem ser
controladas pelos órgãos competentes (Tribunais de Contas).

Vinculação (controle ou tutela) x Subordinação (hierarquia): a


vinculação não pode se confundir com subordinação. Em outras palavras, os
entes da Administração Indireta não são hierarquicamente inferiores aos entes
da Administração Direta, pois a subordinação (hierarquia) existe apenas entre os
órgãos de uma mesma pessoa jurídica. Hierarquia existe em toda e qualquer
DESCONCENTRAÇÃO, mas não na DESCENTRALIZAÇÃO.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

O controle não se presume, dependendo sempre de lei. A hierarquia se


presume, pois depende da organização interna da entidade.

A tutela pressupõe a existência de duas pessoas jurídicas; a hierarquia


existe no interior de uma mesma pessoa jurídica.

A tutela é condicionada pela lei, apenas admitindo os instrumentos de


controle nela previstos; a hierarquia é incondicionada, pois é inerente a uma série
de poderes administrativos.

AUTARQUIAS

Autarquia significa autogoverno. Se traduz em pessoa jurídica de direito


público, criada por lei e integrante da Administração Pública Indireta,
desempenhando atividade típica de Estado. Sua personalidade jurídica se inicia
com a vigência da lei criadora (a extinção também depende de lei).

O objeto da autarquia é o exercício de atividades típicas de Estado e o


regime de pessoal é estatutário.

Os bens das autarquias seguem o regime jurídico dos bens públicos, sendo
inalienáveis (ou alienabilidade condicionada), podendo serem alienados se
respeitados os seguintes requisitos: desafetação, justificativa, avaliação prévia,
licitação (concorrência para imóveis e leilão para móveis) e autorização
legislativa para os bens públicos imóveis.

Os bens autárquicos são impenhoráveis, ou seja, os bens públicos não são


passíveis de constrição judicial, pois os pagamentos decorrentes de decisões
judiciais devem observar a ordem cronológica dos precatórios.

Ainda quanto aos bens autárquicos, estes são imprescritíveis (não


admitem usucapião) e são caracterizados pela não onerabilidade (não podem ser
onerados com garantia real).

As autarquias sujeitam-se à responsabilidade civil em sua modalidade


OBJETIVA, fundada na teoria do risco administrativo (art. 37, §6º, da CF), sendo
necessário comprovar a conduta, o dano e o nexo causal.

Incidem, ainda, sobre as autarquias as prerrogativas da imunidade


tributária e as prerrogativas processuais.

EMPRESAS PÚBLICAS e SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

Empresa pública é pessoa jurídica de direito privado, integrante da


Administração Pública Indireta, criada por autorização legal, sob qualquer

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

forma societária, cujos bens são oriundos de pessoas administrativas e que presta
serviço público ou executa atividade econômica.

Sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado,


integrante da Administração Pública Indireta, criada por autorização legal sob a
forma societária de sociedade anônima, cujos bens são oriundos de pessoas
administrativas e de particulares, com controle acionário do Estado e que presta
serviço público ou executa atividade econômica.

Diferenças entre empresas públicas e sociedades de economia mista

Composição: formação do capital das empresas públicas decorre


das pessoas administrativas e das sociedades de economia mista decorre tanto
de pessoas administrativas quanto de particulares, mas o controle societário
permanece com o Estado.

Forma societária: empresa pública adota qualquer forma societária;


sociedade de economia mista é S/A, devendo o Poder Público deter a maioria das
ações com direito a voto.

Foro competente para julgamento: empresa pública federal se


submete à Justiça Federal; sociedade de economia mista se submete à Justiça
Estadual.

Tese fixada no Tema 992 da Repercussão Geral do STF: Compete


à Justiça Comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-
contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do certame
em face da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que
adotado o regime celetista de contratação de pessoas. (RE 960429, julgado em
05/03/2020).

Criação: tanto as EP quanto às SEM dependem de lei autorizativa


específica, cuja iniciativa é do chefe do Poder Executivo. Por sua vez, o
nascimento da EP e da SEM apenas ocorrerá com a inscrição dos atos
constitutivos no respectivo Registro (art. 45 do Código Civil). Pelo princípio da
simetria, a extinção também depende de autorização legislativa.

Objeto: as EP e SEM podem desempenhar tanto atividades econômicas


quanto prestar serviços públicos. O art. 173 da CF admite a exploração DIRETA
da atividade econômica pelo Estado, desde que cumpridos dois requisitos: a
intervenção deve ser necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo e a formalização deve ser feita por meio da criação de
empresas públicas ou sociedades de economia mista.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A aplicação do regime próprio das empresas privadas às EP e SEM não


significa que o tratamento entre essas entidades será absolutamente igual, visto
que as estatais integram a Administração Indireta e submetem-se, parcialmente,
às normas de direito público (concurso público, licitação, controle pelo tribunal
de contas, etc). Nesse sentido, o regime jurídico pode ser considerado como
HÍBRIDO.

“Os empregados das empresas públicas e das sociedades de economia


mista têm suas relações empregatícias regidas pela Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). Como o vínculo decorre de uma relação de trabalho, eventuais
litígios entre essas entidades e seus empregados devem ser processados e
julgados na Justiça do Trabalho (art. 114, I, CF).” (ALEXANDRE, Ricardo; DEUS,
João de. Direito Administrativo Esquematizado.1ª ed. São Paulo: Método, 2015.E-
book. P. 103).

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT): Os Correios


possuem natureza jurídica de empresa pública (pessoa jurídica de direito
privado), mas se submetem a um regime híbrido. Em outras palavras, sujeitam-
se a algumas limitações que têm por objetivo garantir o interesse público.

Ou seja, as regras de direito privado que regem os Correios sofrem uma


derrogação parcial (mitigação) em favor de algumas regras de direito público. O
regime aplicado não é inteiramente público nem privado.

Alguns exemplos de normas de direito público aplicáveis aos Correios:


teto remuneratório, proibição de acumulação de cargos, empregos e funções,
exigência de concurso etc.

O regime aplicável aos empregados públicos não está sujeito


integralmente às regras da CLT, havendo uma derrogação (mitigação) em favor
de regras de normas de direito público.

STF:

II - Em atenção, no entanto, aos princípios da impessoalidade e


isonomia, que regem a admissão por concurso público, a dispensa do
empregado de empresas públicas e sociedades de economia mista que
prestam serviços públicos deve ser motivada, assegurando-se, assim,
que tais princípios, observados no momento daquela admissão, sejam
também respeitados por ocasião da dispensa. STF. Plenário. RE 589998,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/03/2013.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tem o dever


jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

STF. Plenário. RE 589998 ED/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado


em 10/10/2018 (Info 919).

Patrimônio: o regime jurídico é privado (parcialmente público). No caso


das estatais prestadoras de serviços públicos há vedação de penhora de bens
necessários (afetados) à continuidade dos serviços. Os demais bens são
penhoráveis.

Quanto à usucapião, este se aplica às EP e SEM independentemente da


natureza da atividade desenvolvida. É dizer, ao contrário da penhora, os bens
das EP e SEM podem ser adquiridos por usucapião, ainda que utilizados para a
prestação de serviços públicos. Isso ocorre por causa do requisito “tempo”, que
acaba por demonstrar que o bem não é imprescindível à continuidade dos
serviços.

Atos e contratos: as EP e SEM praticam atos privados, mas quando


exercem funções administrativas os atos são considerados materialmente
administrativos, passíveis do respectivo controle.

Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato


praticado em licitação promovida por sociedade de economia
mista ou empresa pública.

Responsabilidade civil: a natureza da responsabilidade varia de acordo


com a atividade desenvolvida. Se prestar serviço público, a responsabilidade civil
será objetiva; se exercer atividade econômica, a responsabilidade será subjetiva.

Imunidade tributária: as prerrogativas da Fazenda Pública, dentre elas a


imunidade tributária, apenas podem ser extensíveis às EP e SEM se forem
cumpridos três requisitos:

I) prestação de serviço público,

II) sem fins lucrativos (sem distribuição de lucros)

III) em regime de exclusividade (sem concorrência com outras pessoas


jurídicas de direito privado ou que não causem danos à concorrência).

FUNDAÇÕES PÚBLICAS

Conceito: são pessoas jurídicas sem fins lucrativos cujo elemento essencial
é a utilização do patrimônio para a satisfação de objetivos sociais definidos pelo
instituidor. Em outras palavras, são pessoas jurídicas de direito público interno,
instituídas por lei específica mediante a afetação de patrimônio do Estado a uma
finalidade pública.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Quanto à natureza jurídica, as fundações públicas podem ser de direito


público ou de direito privado, dependendo da opção legislativa e da presença
das prerrogativas públicas. Se forem de direito público, seguem as mesmas
regras das autarquias, podendo também serem chamadas de “autarquias
fundacionais” ou “fundações autárquicas”. Por outro lado, se forem de direito
privado, adotam as mesmas normas das empresas públicas e sociedades de
economia mista.

Criação: as fundações públicas de direito público têm as mesmas


características das autarquias, devendo ser criadas por lei específica de iniciativa
do Chefe do Poder Executivo.

Já as fundações públicas de direito privado, assim como as empresas


públicas e sociedades e economia mista, dependem de autorização legislativa
para serem instituídas, mas o nascimento efetivo da personalidade jurídica
ocorre com a inscrição dos atos constitutivos no respectivo Registro.

Objeto: independentemente da sua natureza jurídica (pública ou privada)


as fundações não têm finalidade lucrativa, desenvolvendo atividades
socialmente relevantes. Portanto, o seu objeto deve se traduzir no desempenho
de atividades sociais (religiosas, morais, culturais e de assistência).

Regime de pessoal: nas fundações de direito público, o regime é o


estatutário; nas de direito privado, celetista.

Patrimônio: também vai depender da sua natureza jurídica, todavia, ainda


que se trate de fundação pública de direito privado, seus bens afetados à
prestação do serviço público se submetem às regras de direito público
(impenhorabilidade).

Responsabilidade civil: a natureza da responsabilidade varia de acordo


com a atividade desenvolvida. Portanto, as fundações públicas de direito privado
respondem objetivamente pelos danos causados quando prestarem serviços
públicos.

COMO É COBRADO?

1) FGV - Analista Judiciário (TJ AL)/Judiciária/2018

Os órgãos públicos são centros de competência especializada criados por lei, sem
personalidade jurídica, com escopo de garantir maior eficiência no exercício de suas
funções.

Nesse sentido, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo e a


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma Câmara Municipal:

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A) apesar de não ter personalidade jurídica própria, goza de capacidade processual


para demandar em juízo, defendendo seus direitos institucionais;
B) apesar de não ter personalidade jurídica autônoma, goza de capacidade processual
para demandar em juízo sobre qualquer assunto que seu Presidente decidir
discricionariamente;
C) ostenta personalidade jurídica de direito público, como integrante da
Administração Direta, e possui capacidade processual para demandar em juízo na
defesa de seus interesses;
D) ostenta personalidade jurídica de direito público, como integrante da
Administração Indireta, e possui capacidade processual para demandar em juízo na
defesa de seus interesses;
E) ostenta personalidade jurídica de direito público, como integrante da
Administração Direta, e possui capacidade processual para demandar em juízo sobre
qualquer assunto que seu Presidente decidir discricionariamente.

2) FGV - Auditor do Estado (CGE MA)/2014

O Estado, ao desconcentrar-se, especializa determinadas funções e atividades


administrativas, por meio da criação de órgãos dedicados a atuar de forma
específica.

Para explicar a delineação jurídica dessa desconcentração, a doutrina criou a teoria


do órgão.

A esse respeito, assinale a afirmativa correta.

A) Esta teoria, também chamada de teoria da imputação, estabelece que a vontade


manifestada pelo agente público não é a vontade do órgão, mas a sua própria.
B) O Estado é a pessoa jurídica de direito público, e, dentro de seu organismo, cria
órgãos despersonalizados, dedicados a determinadas atividades administrativas.
C) A vontade do agente se imputa ao órgão ao qual pertence, mas não se imputa ao
Estado.
D) Tecnicamente, o agente representa o órgão, pois a vontade que ali manifesta é a sua
própria, em seu nome, e não em nome do Estado.
E) Os órgãos estatais são divisões internas com personalidade jurídica própria.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

3) FGV - Analista Judiciário (TJ AM)/Leiloeiro/2013 (e mais 1 concurso)

Por meio de técnicas de organização a Administração Pública realiza a distribuição


das atribuições que devem ser exercidas pelas pessoas jurídicas e pelos órgãos que
a integram.

Dentre essas técnicas encontram‐se a concentração e a centralização. Assinale a


alternativa em que ocorre, respectivamente, cada uma das técnicas mencionadas.

A) Delegação de competência de um órgão superior a um inferior. / Aglutinação de


atribuições entre pessoas jurídicas.
B) Avocação de atribuição entre órgãos. / Aglutinação de atribuições entre pessoas
jurídicas.
C) Delegação de atribuição entre pessoas jurídicas. / Delegação de atribuição entre
órgãos.
D) Avocação de atribuições entre órgãos. / Delegação de atribuição entre órgãos.
E) Aglutinação de atribuições entre pessoas jurídicas. / Aglutinação de atribuições
entre órgãos.

4) FGV - Advogado (SUSAM)/2014 (e mais 1 concurso)

O governo do Estado pretende transferir a atribuição de fiscalizar as condições de


salubridade dos hospitais da Secretaria de Saúde para determinada autarquia.
Ao implementar tal medida, estará realizando:

A) a desconcentração, pois desaglutinou atribuições.


B) a descentralização, pois desaglutinou atribuições.
C) a concentração, pois aglutinou atribuições.
D) a centralização, pois aglutinou atribuições.
E) a centralização e a descentralização ao mesmo tempo.

5) FGV - Assessor Jurídico (CM Recife)/2014

De acordo com a doutrina de direito administrativo, o conjunto de órgãos que


integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída a competência para o
exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas do Estado chama-se
administração:

A) direta;
B) indireta;
C) direta e indireta;
D) direta, autárquica e fundacional;
E) direta e indireta, bem como concessionários de serviços públicos.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

6) FGV - Analista Judiciário (TJ RJ)/Comissário de Justiça da Infância, da Juventude


e do Idoso/2014/LVIII

Município criou, por meio de lei específica, uma autarquia atribuindo a ela a
titularidade e a execução de determinado serviço público. Tal delegação, em Direito
Administrativo, é denominada:

A) desconcentração, e a autarquia é pessoa jurídica de direito público;


B) desconcentração, e a autarquia faz parte da administração direta;
C) descentralização, e a autarquia faz parte da administração indireta;
D) descentralização, e a autarquia é pessoa jurídica de direito privado;
E) outorga, e a autarquia faz parte da administração direta.

7) FGV - Técnico de Nível Superior (ALBA)/Assessoria Legislativa/2014

Em relação à classificação das entidades da administração pública em


entidades políticas e entidades administrativas, analise as afirmativas a
seguir.

I. Entidades políticas e administrativas são sempre pessoas jurídicas de


direito público.

II. Entidades políticas detêm poder político, ao contrário das entidades


administrativas.

III. Entidades políticas, ao contrário das entidades administrativas, possuem


capacidade legislativa.

Assinale:

A) se apenas a afirmativa I estiver correta.


B) se apenas a afirmativa II estiver correta.
C) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
D) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
E) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

8) FGV - Técnico de Nível Superior (SME Cuiabá)/Bacharel em Direito/2015

No Município X, as atividades de turismo e lazer são exercidas pela Secretaria


Municipal de Cultura, Esporte e Turismo.

Procurando melhorar e intensificar essas atividades, observados todos os


procedimentos e normas legais para tanto, o Prefeito e o Secretário decidiram
desmembrar o órgão especializado para melhorar sua organização estrutural e
desenvolver, prioritariamente, atividades esportivas nas comunidades locais.

A situação hipotética apresentada configura um caso de:

A) descentralização administrativa.
B) avocação administrativa.
C) desconcentração administrativa.
D) centralização administrativa.
E) concentração administrativa.

9) FGV - Analista (MPE MS)/Direito/2013

A União, desejando realizar a exploração de uma atividade econômica, resolve criar


uma sociedade de economia mista.

Com relação às sociedades de economia mista, assinale a afirmativa correta.

A) A sociedade de economia mista deve ser criada por lei.


B) A União deve possuir ao menos metade de seu capital social.
C) A sociedade de economia mista deve seguir todas as regras trabalhistas da
iniciativa privada.
D) O cargo de presidente de sociedade de economia mista é privativo de brasileiro
nato.
E) A sociedade de economia mista não precisa realizar licitação em hipótese alguma.

10) FGV - Analista Técnico-Administrativo (SUDENE)/Área 4/2013

As entidades da administração pública podem ser criadas e subordinadas ao regime


jurídico de direito público ou ao regime jurídico de direito privado. No entanto
mesmo quando sujeitas ao regime jurídico de direito privado se subordinam a
certas regras impostas a toda a administração.

Tendo em vista essas peculiaridades, assinale a afirmativa correta.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A) As entidades da administração pública que se constituem como empresas públicas


são criadas diretamente por meio de lei.
B) Apenas as autarquias sujeitas ao regime jurídico de direito público necessitam de
lei autorizando sua criação.
C) As autarquias entidades de direito público são criadas por lei, enquanto as
empresas públicas e as sociedades de economia mista tem sua criação autorizada em
lei.
D) A lei não cria diretamente nenhuma entidade, apenas autoriza a sua criação.
E) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Pública, podem ser criadas
independentemente de autorização em lei.

GABARITO DAS QUESTÕES

QUESTÃO GABARITO
1 A
2 B
3 B
4 B
5 A
6 C
7 E
8 C
9 C
10 C

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Processo administrativo (Lei n° 9.784/99): das disposições gerais; dos direitos


e deveres dos administrados

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Pode-se conceituar o processo administrativo como a relação jurídica que


envolve uma sucessão dinâmica de atos instrumentais que visam obter uma
decisão administrativa. Em outras palavras, é a sequência de atividades
interligadas entre si que busca alcançar determinado efeito previsto em lei. Trata-
se do meio pelo qual a Administração toma suas decisões, seja por iniciativa do
particular, seja por iniciativa da própria Administração.

A competência para legislar sobre processo administrativo é autônoma, ou


seja, cada ente federado deve elaborar sua própria norma. Assim, a Lei 9.784/99
aplica-se exclusivamente em âmbito federal.

Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo


administrativo no âmbito da Administração Federal direta e
indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da
Administração.

§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos


Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho
de função administrativa.

A norma traz alguns conceitos importantes, previstos no art. 1º, §2º:

§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da


Administração direta e da estrutura da Administração indireta;

II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade


jurídica;

III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de


decisão.

Princípios: o processo administrativo deve observar diversos princípios


(expressos ou implícitos), previstos tanto em norma constitucional quanto na
legislação ordinária, não havendo um rol exaustivo, conforme preconiza o art. 2º
da Lei 9.784/99:

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Princípio da oficialidade: a Administração pode instaurar e impulsionar,


de ofício, o processo administrativo até a decisão final, independentemente de
provocação de qualquer interessado.

Art. 2º, P.Ú., XII - impulsão, de ofício, do processo


administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

Oficialidade x oficiosidade: A autoridade policial e o Ministério Público,


regra geral, tomando conhecimento da possível ocorrência de um delito, deverão
agir ex officio, não aguardando qualquer provocação.

Princípio do formalismo moderado (ou informalismo procedimental):


em que pese o processo administrativo seja formalizado por escrito, não são
exigidas solenidades rígidas, pois o processo possui caráter instrumental
(instrumentalidade das formas) e não pode ser considerado um fim em si mesmo,
admitindo-se a superação de formalidades excessivas.

Princípio da verdade real (ou material): a Administração deve buscar a


verdade real sobre os fatos relativos ao processo administrativo, não podendo se
restringir às versões e às provas apresentadas.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,


entre outros, os critérios de:

(...)

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total


ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a


promoção pessoal de agentes ou autoridades;

(...)

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de


obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

(...)

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar


adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
administrados;

(...)

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo


da atuação dos interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que


melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

Tese fixada no Tema 445 da Repercussão Geral do STF: Em atenção aos


princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas
estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do
processo à respectiva Corte de Contas (RE 636553, julgado em 19/02/2020).

DIREITOS E DEVERES DOS ADMINISTRADOS

Direitos:

Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a


Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:

I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que


deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
suas obrigações;

II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que


tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de
documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;

III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão,


os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;

IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando


obrigatória a representação, por força de lei.

Deveres:

Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração,


sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:

I - expor os fatos conforme a verdade;

II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

III - não agir de modo temerário;

IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar


para o esclarecimento dos fatos.

OBS:

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Como é cobrado?

1) FGV - Analista Legislativo (SEN)/Administração/2022

Sobre a Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da


Administração Pública Federal, assinale a afirmativa correta.

A) No que diz respeito ao desempenho da função administrativa, esta lei é exclusiva


para o Poder Executivo, devendo o Poder Judiciário e o Poder Legislativo seguir
normas específicas.
B) O processo administrativo deve ser sempre iniciado por ato de ofício, não podendo
ser legitimados como interessados aqueles que não deram início ao processo.
C) As competências de um órgão administrativo no processo podem ser delegadas, à
exceção da edição de atos de caráter normativo, da decisão de recursos
administrativos e dos casos nos quais a matéria seja de competência exclusiva do
órgão ou autoridade.
D) Uma vez assistidos por advogado, é direito dos administrados formular alegações
e apresentar documentos somente após decisão, os quais serão objeto de consideração
pelo órgão competente, podendo este prover decisão de recurso.
E) Uma vez que é parte interessada, não é dever dos administrados prestar as
informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos,
cabendo à Administração Pública Federal.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

2) FGV - Analista Especializado (IMBEL)/Analista Administrativo


/2021/"Provas Reaplicadas"

Conforme previsto na Lei nº 9.784/99, que dispõe sobre o processo administrativo no


âmbito federal, o administrado possui uma série de direitos perante a Administração
Pública.

Assinale a opção que apresenta um desses direitos.

A) Ter ciência da tramitação de processos administrativos em que tenha a condição de


interessado.
B) Fazer-se assistir, obrigatoriamente, por advogado, inclusive em caso de
representação.
C) Expor os fatos conforme a verdade material e a boa-fé.
D) Formular alegações e apresentar documentos após as decisões.
E) Agir de modo temerário quando considerado necessário pelo órgão competente.

3) FGV - Analista Legislativo (CM Caruaru)/Administração/2015

Com relação ao processo administrativo, a Lei nº 9.784/1999, detalha, em seu Art. 4º,
que são deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros
previstos em ato normativo:

I. expor os fatos conforme a verdade;


II. proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III. agir de modo temerário.

Assinale:

A) se somente a afirmativa I estiver correta.


B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

4) FGV - Analista Judiciário (TJ RJ)/Assistente Social/2014/LVIII (e mais 1 concurso)

Em matéria de processo administrativo, aplica-se o princípio constitucional:

A) do devido processo legal, segundo o qual ninguém será privado de sua liberdade
sem o devido processo legal, mas pode sê-lo de seus bens;
B) da inércia, segundo o qual a Administração Pública precisa ser provocada pelo
interessado para iniciar o processo administrativo;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

C) do contraditório, segundo o qual o administrado réu é obrigado a se defender com


os meios necessários, sob pena de ser declarado indefeso com a nomeação de defensor
dativo;
D) da ampla defesa, segundo o qual ao administrado é assegurado o exercício de sua
defesa com os meios e recursos a ela inerentes;
E) da verdade real, segundo o qual o administrador possui os mesmos poderes e
prerrogativas das autoridades judiciais.

5) FGV - Analista Ambiental (INEA)/Administrador/2013 -

Em relação aos critérios desejáveis dos processos administrativos, analise as


características a seguir.

I. objetividade no atendimento do interesse público, vedada à promoção pessoal de


agentes ou autoridades;

II. adequação entre meios e fins, vedada à imposição de obrigações, restrições e


sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
interesse público;

III. impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos


interessados.

Assinale:

A) se apenas a característica I estiver correta.


B) se apenas a característica III estiver correta.
C) se apenas as características I e II estiverem corretas.
D) se apenas as características II e III estiverem corretas.
E) se todas as características estiverem corretas.

6) FGV - Analista (MPE MS)/Administração/2013

A Lei n. 9.784/99 regula o processo administrativo no âmbito da Administração


Pública Federal.

A esse respeito, analise as afirmativas a seguir.

I. Órgão – unidade de atuação que integra as estruturas da administração direta e


indireta.

II. Entidade – unidade de atuação dotada de personalidade jurídica.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

III. Autoridade – o agente público qualificado para o exercício da função


administrativa.
Assinale:
A) se somente a afirmativa I estiver correta.
B) se somente a afirmativa II estiver correta.
C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

7) FGV - Técnico (AL MT)/Legislativo/Nível Superior/2013

Tendo em vista os princípios que regem o processo administrativo, assinale a


alternativa que contém apenas princípios aplicáveis ao processo administrativo.

A) Oficialidade, devido processo legal e formalismo procedimental.


B) Verdade material, oficialidade e informalismo procedimental.
C) Verdade material, inércia e devido processo legal.
D) Verdade formal, oficialidade e devido processo legal.
E) Verdade formal, inércia e formalismo procedimental.

8) FGV - Atividades Técnicas de Complexidade Gerencial (MEC)/Analista de Teste


e Qualidade/2009 (e mais 12 concursos)

Considere os direitos dos administrados apresentados a seguir, assegurados pela


Lei Federal n.º 9.784/99.

I. Ter ciência da tramitação de qualquer processo administrativo, ter vista dos autos,
obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;

II. Formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão


objeto de consideração pelo órgão competente;

III. Fazer-se representar por advogado, inclusive sendo-lhe assegurada assistência


jurídica gratuita, no caso de necessidade.

Assinale se:

A) se somente o direito I estiver correto.


B) se somente o direito II estiver correto.
C) se somente os direitos I e II estiverem corretos.
D) se somente os direitos II e III estiverem corretos.
E) se todas os direitos estiverem corretos.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

GABARITO DAS QUESTÕES

QUESTÃO GABARITO
1 C
2 A
3 B
4 D
5 E
6 C
7 B
8 B

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Responsabilidade civil do Estado

CONCEITO

A responsabilidade civil do Estado se traduz no dever de reparação dos


danos causados pela conduta estatal, seja ela comissiva ou omissiva.

O ordenamento jurídico pátrio consagra a teoria da responsabilidade


civil objetiva, segundo a qual a vítima fica dispensada de comprovar a culpa
para receber a reparação pelos prejuízos sofridos em virtude da conduta estatal.
Tal teoria é aplicável tanto às pessoas jurídicas de direito público quanto às
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (inserem-
se nessa categoria tanto as entidades da Administração Indireta quanto as
concessionárias e permissionárias de serviços públicos).

No caso da responsabilidade civil das estatais (empresas públicas e


sociedades de economia mista), existe responsabilidade subsidiária do Estado
(Administração Direta), de modo que caso as estatais não possuem bens
suficientes para arcar com as dívidas, o Ente Federado será responsabilizado,
independentemente se a atividade exercida é econômica ou serviço público.

CF, art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de


direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.

Tese fixada no Tema 777 da Repercussão Geral do STF: O Estado


responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no
exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso
contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade
administrativa.

Tal teoria se aplica no âmbito da responsabilidade civil extracontratual, de


modo que não se aplica aos danos causados às pessoas que possuam vínculo
jurídico contratual ou institucional com a Administração Pública.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO x TEORIA DO RISCO INTEGRAL

A teoria do risco administrativo pressupõe que o Estado assume


prerrogativas especiais e tarefas diversas em relação aos cidadãos. Em outras
palavras, a sociedade deve suportar, por intermédio do Estado, eventuais
prejuízos advindos da atividade estatal, promovendo o ressarcimento desses
prejuízos com recursos públicos.

A teoria do risco administrativo, apesar de adotar a responsabilidade civil


objetiva (independentemente de culpa), permite a alegação de causas
excludentes do nexo causal por parte do Estado.

Por sua vez, a teoria do risco integral não admite as excludentes do nexo
causal, sendo o Estado responsabilizado até mesmo em situações de caso fortuito
ou força maior.

Em regra, o ordenamento jurídico adota a teoria do risco administrativo


e, apenas excepcionalmente, a teoria do risco integral (danos ambientais ou
ecológicos e danos nucleares).

PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Para que reste configurada a responsabilidade civil do Estado é necessária


a existência desses três elementos:

Conduta (comissiva ou omissiva): deve restar configurada uma ação ou


uma omissão do Estado. Ou seja, o dano deve ter uma relação direta com o
exercício da função pública ou a omissão relevante do agente público.

Dano: é a lesão ao bem jurídico da vítima e pode ser patrimonial (dano


emergente ou lucro cessante) ou extrapatrimonial (moral), sendo admitida a
cumulação de indenização por danos morais e estéticos.

Súmula 227-STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Súmula 387-STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano


estético e dano moral.

Nexo causal: é a relação de causa e efeito entre a conduta estatal e o dano


suportado pela vítima.

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das


pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público baseia-se no
risco administrativo, sendo objetiva, exige os seguintes requisitos: ocorrência do
dano; ação ou omissão administrativa; existência de nexo causal entre o dano e a

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

ação ou omissão administrativa e ausência de causa excludente da


responsabilidade estatal.

Tese firmada no Tema 362 da Repercussão Geral do STF: Nos termos do


artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil
objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida
do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o
momento da fuga e a conduta praticada. (RE 608880, julgado em 08/09/2020).

CAUSAS EXCLUDENTES DO NEXO CAUSAL

Conforme já mencionado, a teoria do risco administrativo, adotada pelo


art. 37, §6º, da CF, admite as causas excludentes do nexo causal, sendo elas: fato
exclusivo da vítima; fato de terceiro e caso fortuito ou força maior.

O princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter


absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria
responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de
situações liberatórias como o caso fortuito e a força maior ou evidências de
ocorrência de culpa atribuível à própria vítima.

Fato exclusivo da vítima: é a autolesão, ou seja, quando o dano é causado


por fato exclusivo da própria vítima. É o caso, por exemplo, do suicídio
(CUIDADO, não confundir com o suicídio quando o Estado deveria garantir a
integralidade da pessoa física, como é o caso do suicídio cometido em
estabelecimento prisional).

Tese fixada no Tema 592 da Repercussão Geral do STF: Em caso de


inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX,
da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento.

Fato de terceiro: como o próprio nome indica, decorre de ação de um


terceiro não integrante da relação (exemplo: Estado não pode, em regra, ser
responsabilizado por crimes cometidos em seu território; concessionária de
serviço público de transporte não pode ser responsabilizada por roubo ocorrido
no interior de seus veículos, etc).

Caso fortuito ou força maior: eventos naturais ou humanos imprevisíveis


que, por si sós, causam danos, excluem o nexo causal. Exemplo: inundação
causada por chuva torrencial imprevisível. Caso fortuito é evento da natureza e
força maior é evento humano.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A jurisprudência tem dividido o caso fortuito em externo (risco estranho


à atividade desenvolvida) e interno (risco inerente ao exercício da própria
atividade), entendendo-se que apenas o primeiro rompe o nexo causal. É dizer,
nos casos de fortuito interno, o Estado seria responsabilizado.

Tese fixada no Tema 1055 da Repercussão Geral do STF: É objetiva a


Responsabilidade Civil do Estado em relação a profissional da imprensa ferido
por agentes policiais durante cobertura jornalística, em manifestações em que
haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da
responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas hipóteses em que o
profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso
a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua integridade física.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO

Nos casos em que restar verificada a omissão estatal, a responsabilidade


civil do Estado passa a ser subjetiva, hipótese em que, a par dos demais
pressupostos, é necessária a comprovação de culpa (negligência, imperícia ou
imprudência) do agente estatal, ou seja, deve a parte ofendida demonstrar que o
dano é consequência direta da culpa no mau funcionamento ou inexistência de
um serviço afeto à Administração Pública.

STF:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO


GERAL RECONHECIDA. DIREITO CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO POR OMISSÃO. ART. 37, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FISCALIZAÇÃO DO
COMÉRCIO DE FOGOS DE ARTIFÍCIO. TEORIA DO
RISCO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. NECESSIDADE DE VIOLAÇÃO DO DEVER
JURÍDICO ESPECÍFICO DE AGIR. 1. A Constituição Federal,
no art. 37, § 6º, consagra a responsabilidade civil objetiva das
pessoas jurídicas de direito público e das pessoas de direito
privado prestadoras de serviços públicos. Aplicação da teoria do
risco administrativo. Precedentes da CORTE. 2. Para a
caracterização da responsabilidade civil estatal, há a necessidade
da observância de requisitos mínimos para aplicação da
responsabilidade objetiva, quais sejam: a) existência de um dano;
b) ação ou omissão administrativa; c) ocorrência de nexo causal

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

entre o dano e a ação ou omissão administrativa; e d) ausência de


causa excludente da responsabilidade estatal. 3. Na hipótese, o
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concluiu, pautado na
doutrina da teoria do risco administrativo e com base na legislação
local, que não poderia ser atribuída ao Município de São Paulo a
responsabilidade civil pela explosão ocorrida em loja de fogos de
artifício. Entendeu-se que não houve omissão estatal na
fiscalização da atividade, uma vez que os proprietários do
comércio desenvolviam a atividade de forma clandestina, pois
ausente a autorização estatal para comercialização de fogos de
artifício. 4. Fixada a seguinte tese de Repercussão Geral: “Para
que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por
danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário
que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que
ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem
as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público
eventuais irregularidades praticadas pelo particular”. 5. Recurso
extraordinário desprovido. (RE 136861, Relator(a): EDSON
FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES,
Tribunal Pleno, julgado em 11/03/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-201
DIVULG 12-08-2020 PUBLIC 13-08-2020 REPUBLICAÇÃO:
DJe-011 DIVULG 21-01-2021 PUBLIC 22-01-2021)

O primeiro pressuposto do reconhecimento da responsabilidade por


omissão é a afirmação do dever legal de agir. Ou seja, somente quando o Estado
se omitir diante do dever legal de impedir a ocorrência do dano é que será
responsável civilmente e obrigado a reparar os prejuízos.

Existe uma tendência na doutrina e na jurisprudência de evoluir o


entendimento para uma “objetivação da culpa”. É dizer, aquele que é investido
de competências estatais teria o dever objetivo de adotar as providências
necessárias e adequadas a evitar danos às pessoas e ao patrimônio. Todavia, tal
entendimento ainda não é predominante.

AGENTES PÚBLICOS E RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

O art. 37, §6º, da CF estabelece uma dualidade de regimes de


responsabilidade civil: a objetiva do Estado, e a subjetiva do agente público.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Teoria da dupla garantia: a ação indenizatória apenas pode ser proposta


em face do Estado, não sendo lícito acionar diretamente o agente público
causador do dano. Em outras palavras, a primeira garantia é a de que a vítima
deve ser ressarcida pelos danos causados pelo Estado, aplicando-se a
responsabilidade objetiva; a segunda garantia é a de que os agentes públicos
apenas podem ser responsabilizados pelo próprio Estado (responsabilidade
subjetiva), não sendo possível admitir que a vítima de per saltum acione
diretamente o agente.

Tese fixada no Tema 940 da Repercussão Geral do STF: A teor do


disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por
agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor
do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa (RE 1027633, julgado em 14/08/2019).

Reparação do dano e ação regressiva: o Estado, após indenizar a vítima,


tem o DEVER de cobrar, regressivamente, o valor desembolsado perante o
respectivo agente público causador do dano.

A corrente que defendia a imprescritibilidade dessa cobrança regressiva já


restou superada, prevalecendo na jurisprudência o entendimento segundo o
qual é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente
de ilícito civil (Tema 666 da Repercussão Geral).

A imprescritibilidade se aplica apenas às ações de ressarcimento ao erário


fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa (Tema 897 da Repercussão Geral).

Por sua vez, segundo o STJ, o termo inicial do prazo prescricional da ação
de regresso deve coincidir com a data do trânsito em julgado da decisão que
reconheceu a responsabilidade civil do Estado, e não com a data do efetivo
pagamento da indenização à vítima.

STJ:

(...)

III - No que diz respeito aos arts. 43 e 934 do CC/2002, vinculados


à tese de que o termo inicial do prazo prescricional para
ajuizamento de ação regressiva é o efetivo pagamento da
indenização, o recurso não comporta êxito.

IV - Isso porque a jurisprudência desta Corte Superior é no


sentido de que o direito do Estado de ajuizar ação de regresso

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

contra seu agente com o intuito de ver ressarcido valor que fora
condenado em razão de sua responsabilidade civil objetiva nasce
com a condenação em sentença transitada em julgado. Nesse
sentido: AgInt no AREsp 1.139.513/MS, relatora Ministra
Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 7/11/2017,
DJe 14/11/2017; e AgRg no REsp 1.014.923/GO, relator
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em
20/11/2014, DJe 25/11/2014.

V - No caso dos autos, a Corte de origem manteve a sentença que


reconheceu prescrito o direito de regresso do recorrente ao
fundamento de que entre o ajuizamento da ação e o trânsito em
julgado da sentença condenatória transcorreram mais de 5 (cinco)
anos, prazo previsto no Decreto n. 20.910/1932. (...) (AgInt no
AREsp n. 1.827.571/SP, relator Ministro Francisco Falcão,
Segunda Turma, julgado em 29/8/2022, DJe de 31/8/2022.)

No que diz respeito à prescrição em face da vítima, aplica-se o prazo


quinquenal previsto no art. 1º do Decreto 20.910/32.

Denunciação da lide: o STJ possui entendimento consolidado no sentido


de que, nas ações indenizatórias fundadas na responsabilidade civil objetiva do
Estado, não é obrigatória a denunciação da lide ao agente causador do suposto
dano. (AgInt no AREsp n. 913.670/BA, relator Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em 1/9/2016, DJe de 14/9/2016.)

RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS LEGISLATIVOS

Em regra, o Estado não pode ser responsabilizado pela edição de atos


legislativos, tendo em vista o caráter genérico e abstrato das normas jurídicas o
que afasta, em tese, a configuração de danos individualizados.

Todavia, excepcionalmente é possível a mencionada responsabilidade nos


seguintes casos:

Leis de efeitos concretos e danos desproporcionais: tendo em vista que a


irresponsabilidade pelos atos legislativos decorre da abstração das normas,
quando estas possuírem efeitos concretos e causarem danos desproporcionais,
o Estado deve ser responsabilizado. Portanto, leis de efeitos concretos que
causem prejuízos a pessoas determinadas gera responsabilidade civil do Estado.
Exemplo: proprietário de posto de gasolina localizado em via pública que tem o
acesso de veículos proibido por lei local.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Leis inconstitucionais: nesse caso, o exercício do Poder Legislativo


extrapola os limites formais/materiais constitucionalmente impostos,
configurando o ato como ilícito. O legitimado passivo será o Ente estatal e não a
Casa Legislativa. Não basta a declaração de inconstitucionalidade da norma, mas
a configuração do efetivo prejuízo.

Omissão legislativa: deve restar configurada a mora legislativa


desproporcional. Nos casos em que a própria Constituição define o prazo para
legislar, o descumprimento do prazo é suficiente, por si só, para configurar a
mora e a consequente responsabilização estatal. Por sua vez, nos casos em que
não há a fixação de prazo, é preciso que haja decisão judicial que configure a
mora legislativa, seja em sede de mandado de injunção, seja em sede de ADI por
Omissão.

RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JUDICIAIS

Em regra, a atividade jurisdicional não implica responsabilidade civil do


Estado, salvo nos casos de erro judiciário e de prisão além do tempo fixado, nos
termos do art. 5º, LXXV, da CF:

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,


assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

STF:

2. A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido de que, salvo


nas hipóteses de erro judiciário e de prisão além do tempo fixado
na sentença - previstas no art. 5º, inciso LXXV, da Constituição
Federal -, bem como nos casos previstos em lei, a regra é a de que
o art. 37, § 6º, da Constituição não se aplica aos atos jurisdicionais
quando emanados de forma regular e para o fiel cumprimento do
ordenamento jurídico (ARE-AgR 770.931, rel. min. Dias Toffoli,
DJe 13.10.201).

RESPONSABILDIADE DO ESTADO, DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES

Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por


delegação do Poder Público. Tabeliães e registradores oficiais são particulares
em colaboração com o poder público que exercem suas atividades in nomine do
Estado, com lastro em delegação prescrita expressamente no tecido
constitucional (art. 236, CRFB/88). Os tabeliães e registradores oficiais exercem

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

função munida de fé pública, que se destina a conferir autenticidade,


publicidade, segurança e eficácia às declarações de vontade.

O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público


e os atos de seus agentes estão sujeitos à fiscalização do Poder Judiciário,
consoante expressa determinação constitucional (art. 236, CRFB/88). Por
exercerem um feixe de competências estatais, os titulares de serventias
extrajudiciais qualificam-se como agentes públicos.

Tese fixada no Tema 777 da Repercussão Geral do STF: O Estado


responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no
exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso
contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade
administrativa. (RE 842846, julgado em 27/02/2019).

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL

A responsabilidade civil do Estado por dano ambiental é objetiva e adota


a teoria do risco integral, segundo a qual não são admitidas as excludentes do
nexo causal, sendo o Estado responsabilizado até mesmo em situações de caso
fortuito ou força maior.

Todavia, isso não dispensa a vítima a comprovar, efetivamente, o nexo


causal, conforme entendimento consolidado do STJ:

(...)

2. Segundo a jurisprudência desta Corte, "Em que pese a


responsabilidade por dano ambiental seja objetiva (e lastreada pela
teoria do risco integral), faz-se imprescindível, para a
configuração do dever de indenizar, a demonstração da existência
de nexo de causalidade apto a vincular o resultado lesivo
efetivamente verificado ao comportamento (comissivo ou
omissivo) daquele a quem se repute a condição de agente
causador" (REsp 1.596.081/P R, Rel. Ministro Ricardo Villas
Bôas Cueva, Segunda Seção, julgado em 25/10/2017, DJe
22/11/2017). (AgInt no AREsp n. 2.082.852/PR, relator
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 15/8/2022,
DJe de 18/8/2022.)

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

RESPONSABILIDADE DO PARECERISTA

No julgamento do MS 27867 AgR/DF, em 18/09/2012, o STF reafirmou a


sua jurisprudência no sentido de que é possível a responsabilização de advogado
público pela emissão de parecer de natureza opinativa, seja o parecer facultativo
ou obrigatório, desde que reste configurada a existência de CULPA ou ERRO
GROSSEIRO.

Por sua vez, no caso de parecer vinculante, o parecerista responde


solidariamente com o administrador pela prática do ato, independentemente da
demonstração de culpa ou erro grosseiro.

Todavia, a Lei nº 13.655/18, fez incluir na Lei de Introdução às Normas do


Direito Brasileiro (LINDB) o artigo 28, que assim preconiza:

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas


decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.

A inovação legislativa, ao que parece, acabou por superar o entendimento


do STF, visto que limitou a responsabilização do agente público aos casos de
DOLO ou ERRO GROSSEIRO (CULPA GRAVE).

COMO É COBRADO?

1) FGV - Advogado (ALERO)/2018

A Assembleia Legislativa aprovou lei estadual declarando determinada área de


utilidade pública para fins de desapropriação.

Por não concordar com a desapropriação de seu imóvel, o particular interessado


ingressou com ação judicial e comprovou que tal lei, em verdade, não atendia ao
interesse público e que sofreu danos materiais por sua aprovação, por ter perdido
oportunidade de vender o imóvel a terceira pessoa por preço mais elevado.

No caso em tela, comprovados o ato ilícito, o nexo causal e o dano ao particular,

A) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois o
ato legislativo, por sua natureza, não é suscetível de ensejar pleitos indenizatórios.
B) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois o ato
legislativo está sujeito apenas ao regime jurídico de controle de constitucionalidade.
C) incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, por se tratar de lei de efeitos
concretos que não estabelece normas gerais e abstratas, constituindo verdadeiro ato
administrativo.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

D) incide a responsabilidade civil subjetiva do Estado, por se tratar de ato legislativo


típico, que apenas admite indenização se comprovado o dolo ou culpa do agente
público.
E) incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, por se tratar de ato legislativo
típico, sendo necessária a comprovação do elemento subjetivo dos agentes públicos
envolvidos no ato.

2) FGV - Procurador (ALERJ)/2017

Em matéria de responsabilidade do Procurador da Assembleia Legislativa do


Estado do Rio de Janeiro que emitiu um parecer a pedido do Presidente da Casa, a
doutrina de Direito Administrativo ensina que, em regra:

A) o parecer sempre vincula a autoridade que tem competência decisória, razão pela
qual o Procurador é responsável solidariamente com o agente público que praticou o
ato ilegal;
B) a responsabilidade do Procurador parecerista pelo fato de ter sugerido mal lhe pode
ser atribuída se houver comprovação indiscutível de que agiu dolosamente ou com
imperícia técnico-jurídica escusável;
C) o Procurador que emite o parecer não pode ser considerado solidariamente
responsável com o agente que produziu o ato administrativo final, decidindo pela
aprovação do parecer, exceto no caso de dolo ou erro grosseiro injustificável do agente
parecerista;
D) o agente público que emitiu o parecer não pode ser solidariamente
responsabilizado com a autoridade que emitiu o ato administrativo final decisório,
exceto em caso de comprovada má-fé ou quando proferir opiniões jurídicas
minoritárias ou contramajoritárias;
E) o parecer possui natureza jurídica de ato administrativo discricionário e não
enunciativo, de maneira que a autoridade competente, para praticar o ato decisório
final, tem liberdade de aferir a oportunidade e a conveniência em seguir ou não o que
foi alvitrado.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

3) FGV - Analista Legislativo (CM Caruaru)/Direito/2015

Sobre a Responsabilidade Civil do Estado, assinale a afirmativa correta.

A) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros.
B) A característica fundamental da responsabilidade objetiva é a necessidade de restar
comprovada, pelo lesado, a culpa do agente ou do serviço pelo fato administrativo.
C) O fato de ser o Estado sujeito à teoria da responsabilidade objetiva significa que o
ente estatal será responsável por tudo o que acontece no meio social.
D) O Estado somente poderá causar danos a particulares por atos comissivos.
E) O direito de regresso é assegurado ao lesado no sentido de dirigir sua pretensão
indenizatória contra o agente responsável pelo dano.

4) FGV - Auditor (ALBA)/Auditoria/2014

Dentre as pessoas jurídicas listadas a seguir, assinale aquela que não se enquadra
na disciplina da responsabilidade civil veiculada no artigo 37, § 6º, da CRFB/88.

A) Empresa pública não prestadora de serviço público


B) Autarquia
C) Corporação pública
D) Agência reguladora
E) Concessionária de serviço público

5) FGV - Técnico de Nível Superior (ALBA)/Assessoria Legislativa/2014

Diante de um evento provocado por servidor público de um determinado ente


federativo, em que restou comprovada a ação do servidor, o nexo causal e o dano,
mas não restou provada a culpa ou dolo do servidor, bem como não se constatou
fortuito, força maior, culpa exclusiva ou concorrente da vítima, assinale a alternativa
que dispõe de maneira correta sobre as consequências do evento.

A) O servidor público deverá arcar diretamente pelo dano.


B) Não haverá responsabilidade do servidor, tampouco do ente ao qual se
C) O ente ao qual se vincula o servidor deverá arcar com o dano e poderá ser
ressarcido, em relação a esse dano, por parte do servidor.
D) O ente ao qual se vincula o servidor deverá arcar com o dano e não poderá ser
ressarcido em relação a esse dano, por parte do servidor.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

E) Os prejuízos causados deverão ser ressarcidos em conjunto pelo servidor e pelo


ente ao qual se vincula, na proporção de 50% para cada um.

6) FGV - Procurador Legislativo (ALMT)/2013

Devido à descoberta da pavimentação original em ladrilhos e pedras do século XIX,


e com vistas ao incremento do turismo, o Município ABC decide restaurar o seu
centro histórico. Para isso, inicia obras de restauro de fachadas e de recuperação do
piso original, com a retirada das camadas recentes de asfalto.

Com a interdição de algumas ruas para a realização das obras, um posto de gasolina
localizado em uma das vias fechadas ao trânsito perderá todo o seu faturamento
pelo período de dois meses.

Tendo em vista o caso descrito, e considerando a disciplina do ordenamento


brasileiro acerca do tema da responsabilidade civil do Estado, é correto afirmar que

A) o ato praticado é lícito, mas, ainda assim, o Município responde de forma objetiva
pelos danos causados.
B) o Município não responde de forma objetiva pelos atos lícitos, mas apenas pelos
ilícitos, o que não resta caracterizado no caso em tela.
C) por ter causado dano a terceiros, resta configurada a prática de ilícito
administrativo, e, portanto, a responsabilidade objetiva do Município.
D) no caso em tela, resta configurada a responsabilidade do município por omissão,
que é subjetiva.
E) o Município não responde pela prática de atos lícitos.

7) FGV - Juiz Estadual (TJ MG)/2022

A Constituição Federal adotou a teoria da responsabilidade objetiva do Estado,


através da qual o Estado responde, em razão de sua atividade, se causar danos a
terceiros.

Sobre a responsabilidade objetiva do Estado, analise as afirmativas a seguir.

I. Na responsabilidade objetiva, o particular deve demonstrar o ato da


administração pública, o dano e o nexo de causalidade, preenchendo os requisitos
para a indenização.

II. Na responsabilidade objetiva, se houver a culpa da vítima, afasta-se o dever de


indenizar, pois o Estado não responde sempre.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

III. Não é preciso provar a culpa do Estado, em caso de responsabilidade subjetiva,


ocorrendo omissão estatal que provoque danos ao particular.

Está correto o que se afirma em

A) I, somente.
B) II e III, somente.
C) I, II e III.
D) I e II, apenas.

8) FGV - Especialista em Saúde (SEMSA Manaus)/Advogado/2022

Fernando, servidor público do Município Alfa, conduzia veículo oficial em via


pública, imprimindo velocidade bem superior à permitida. Em razão da conduta
culposa por imprudência, Fernando abalroou o carro de Moacir, que sofreu danos
materiais. Moacir ajuizou ação indenizatória em face do Município Alfa, e obteve
sentença, que acaba de transitar em julgado, com a procedência do pedido.

Observado o texto constitucional e o entendimento do Supremo Tribunal Federal,


com intuito de ser ressarcido pelo prejuízo que sofreu, o Município Alfa deve
ajuizar ação regressiva em face de Fernando, com base em sua responsabilidade
civil

A) subjetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir os cofres públicos


independentemente da comprovação de ter agido com culpa ou dolo, incidindo no
caso narrado a teoria do risco administrativo que dispensa a comprovação do
elemento subjetivo para fins de ressarcimento ao erário.
B) subsidiária, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal,
independentemente de ter agido com culpa ou dolo, incidindo no caso narrado a teoria
da dupla garantia: a primeira para o particular Moacir que teve assegurada a
responsabilidade em face do Município; e a segunda para o servidor Fernando, que
somente responderá perante o ente público.
C) objetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal,
independentemente de ter agido com dolo ou culpa, incidindo no caso narrado a teoria
do risco administrativo que dispensa a comprovação do elemento subjetivo para fins
de ressarcimento ao erário.
D) subjetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal, porque
agiu com culpa, incidindo no caso narrado a teoria da dupla garantia: a primeira para
o particular Moacir que teve assegurada a responsabilidade objetiva, não necessitando

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

comprovar dolo ou culpa de Fernando; e a segunda para o servidor Fernando, que


somente responderá perante o ente municipal.
E) objetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal, porque
agiu com culpa, incidindo no caso narrado a teoria da dupla garantia: a primeira para
o particular Moacir que teve assegurada a responsabilidade subjetiva, não
necessitando comprovar dolo ou culpa de Fernando; e a segunda para o servidor
Fernando, que somente responderá perante o ente municipal.

9) FGV - Delegado de Polícia Civil (RN)/2021

João, que cumpria pena em estabelecimento prisional após ser condenado pela
prática de inúmeros homicídios, logrou êxito em fugir. Após alguns dias escondido
na mata, invadiu uma casa e matou três dos cinco integrantes da família que ali
residia, sendo preso em flagrante delito. Os sobreviventes ajuizaram ação de
reparação de danos em face do Estado, argumentando com a omissão dos seus
agentes na manutenção da prisão de João e na sua não captura, de modo a evitar a
ocorrência dos fatídicos eventos.

À luz da sistemática constitucional, no caso em tela, a responsabilidade


extracontratual do Estado:

A) não deve ser reconhecida, já que ausente o nexo causal entre a omissão e o dano,
embora a responsabilidade, nesses casos, seja objetiva, com base no risco
administrativo;
B) deve ser reconhecida com base na teoria da responsabilidade objetiva, de contornos
absolutos, que não admite as excludentes do caso fortuito e da força maior;
C) deve ser reconhecida com base na teoria da falta administrativa, tendo em vista a
flagrante omissão detectada e o seu nexo causal com o dano perpetrado;
D) não deve ser reconhecida, já que o Estado não pode ser responsabilizado pelo dano
causado por João, já que com ele não mantinha vínculo funcional;
E) deve ser reconhecida com base na teoria do risco integral, cujos elementos
constitutivos estão plenamente caracterizados.

10) FGV - Advogado (FunSaúde CE)/2021

João, médico ortopedista da Fundação de Saúde X do Estado Alfa, dotada de


personalidade jurídica de direito privado, no exercício de suas funções, atuou com
comprovada imperícia no atendimento ao paciente Arthur, de 6 anos, causando-lhe
danos materiais e morais, eis que, ao invés de operar o joelho esquerdo da criança
que estava lesionado, acabou operando o joelho direito.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Inconformados, os pais de Arthur procuraram a Defensoria Pública que ajuizou


ação indenizatória diretamente em face

A) da Fundação de Saúde, com base em sua responsabilidade civil objetiva, e, caso seja
condenada, será cabível ação de regresso em face do médico João.
B) da Fundação de Saúde, com base em sua responsabilidade civil subjetiva, eis que
possui personalidade jurídica de direito privado.
C) do Estado Alfa, com base em sua responsabilidade civil solidária e subjetiva, eis
que a Fundação X integra a Administração Indireta do Estado.
D) do Estado Alfa, com base em sua responsabilidade civil solidária e objetiva, eis que
a Fundação X integra a Administração Direta do Estado.
E) do médico João, com base em sua responsabilidade civil objetiva, não havendo que
se falar em responsabilidade do Estado Alfa ou da Fundação X, eis que esta não tem
personalidade jurídica de direito público.

GABARITO DAS QUESTÕES

QUESTÃO GABARITO
1 C
2 C
3 A
4 A
5 D
6 A
7 A
8 D
9 A
10 A

70
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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Improbidade administrativa. Lei n.º 8.429/92 (com as alterações promovidas


pela Lei 14.230/21): das disposições gerais; dos atos de improbidade
administrativa

CONCEITO

Improbidade administrativa pode ser compreendida como ato ilícito,


praticado por agente público ou por terceiro, de forma DOLOSA, contra as
entidades públicas e privadas, gestoras de recursos públicos, capaz de acarretar
enriquecimento ilícito, lesão ao erário ou violação aos princípios que regem a
Administração Pública.

No Direito positivo, a improbidade administrativa não se confunde com a


imoralidade administrativa, visto que o conceito normativo de improbidade é
mais amplo que o de imoralidade.

Na avaliação do ato de improbidade administrativa, o primordial é


verificar se, entre os bens atingidos pela postura do agente público, existe algum
vinculado ao interesse e ao bem público. Se assim for, como consequência
imediata a Administração Pública estará vulnerada.

Por sua vez, importante destacar que a improbidade administrativa se


traduz em ilícito CIVIL no âmbito administrativo, não se tratando de infração
penal. Em outras palavras, improbidade não é crime, não se aplicando, em regra,
as normas do código penal nem de processo penal.

SUJEITOS DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Inicialmente, é preciso diferenciar o sujeito passivo e o sujeito ativo do


ATO de improbidade dos sujeitos ativo e passivo da AÇÃO de improbidade.

Quanto ao ATO o sujeito passivo é a vítima da improbidade, quem sofreu


eventuais prejuízos (materiais ou não), e o sujeito ativo é quem pratica o ato de
improbidade.

Quanto à AÇÃO o sujeito ativo são os legitimados para propositura da


ação (Ministério Público e os entes que sofreram prejuízos em razão de atos de
improbidade) e o sujeito passivo é quem praticou o ato ímprobo (agente público
e/ou terceiros).

Sujeitos passivos do ato ímprobo: Poderes Executivo, Legislativo e


Judiciário, bem como entes da administração direta e indireta no âmbito da

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal; entidade privada que
receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos
ou governamentais; entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra no seu patrimônio ou receita atual, limitado o
ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à repercussão do ilícito sobre a
contribuição dos cofres públicos.

Sujeito ativo do ato ímprobo: agente público e/ou terceiros.

Conceito de agente público:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o


agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
referidas no art. 1º desta Lei.

Agente de fato: é aquele que, apesar de não ter sido formalmente investido
em cargo público (ou sua investidura foi irregular), a situação tem aparência de
legalidade. Em nome do princípio da aparência, da boa-fé, da segurança jurídica
e da presunção de legalidade dos atos administrativos, reputam-se válidos os
atos por ele praticados, se por outra razão não forem viciados. Existem duas
hipóteses de agente de fato: os putativos e os necessários.

Agente de fato putativo: é o que desempenha atividade pública apesar de


não ter ocorrido investidura pelo procedimento legal exigido, havendo
presunção de que há legitimidade. É o caso, por exemplo, do servidor que pratica
inúmeros atos de Administração, tendo sido investido sem aprovação em
concurso.

Agente de fato necessário: é o que desempenha atividade pública em


razão de estado de necessidade pública, assumindo certas funções agindo como
se servidor público fosse, enquadrando-se no conceito de agente público previsto
no art. 2º, caput, da Lei 8.429/1992.

Tese fixada no Tema 576 da Repercussão Geral: O processo e julgamento


de prefeito municipal por crime de responsabilidade (Decreto-lei 201/67) não
impede sua responsabilização por atos de improbidade administrativa previstos
na Lei 8.429/1992, em virtude da autonomia das instâncias.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceito de terceiro:

Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,


àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
dolosamente para a prática do ato de improbidade.

O STJ possui entendimento consolidado no sentido de ser inviável o


manejo da ação civil de improbidade administrativa UNICAMENTE em face
do terceiro, sendo indispensável a presença de um agente público no polo
passivo da demanda:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO.
AUSÊNCIA DE INCLUSÃO DE AGENTE PÚBLICO NO
PÓLO PASSIVO. IMPOSSIBILIDADE DE APENAS O
PARTICULAR RESPONDER PELO ATO ÍMPROBO.
PRECEDENTES.

1. Os particulares que induzam, concorram, ou se beneficiem de


improbidade administrativa estão sujeitos aos ditames da Lei nº
8.429/1992, não sendo, portanto, o conceito de sujeito ativo do ato
de improbidade restrito aos agentes públicos (inteligência do art.
3º da LIA).

2. Inviável, contudo, o manejo da ação civil de improbidade


exclusivamente e apenas contra o particular, sem a
concomitante presença de agente público no polo passivo
da demanda.

3. Recursos especiais improvidos. (REsp n. 1.171.017/PA, relator


Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 25/2/2014,
DJe de 6/3/2014.)

Por sua vez, o STJ também entende que em ação civil de improbidade
administrativa não se exige a formação de litisconsórcio necessário entre o
agente público e os eventuais terceiros beneficiados ou participantes, por falta
de previsão legal e de relação jurídica entre as partes que se obrigue a decidir de
modo uniforme a demanda (AgInt no REsp n. 1.872.310/PR, relator Ministro
Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 5/10/2021, DJe de 8/10/2021).

Interpretando os dois julgados do STJ é possível chegar à seguinte


conclusão: o ajuizamento da ação de improbidade unicamente em face do agente
público é autorizado, não se exigindo a formação de litisconsórcio necessário

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

entre o agente e eventuais terceiros. Todavia, se o terceiro for incluído no polo


passivo, torna-se necessário o litisconsórcio entre este e o agente público.

Exceção: é possível o ajuizamento de ação de improbidade unicamente em


face do particular, desde que os agentes públicos estejam sendo demandados em
ação conexa. (STJ. 1ª Turma. AREsp 1.402.806-TO, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF da 5ª Região, julgado em 19/10/2021 Info
714).

Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de ato de improbidade


administrativa? Sim. Todavia, os sócios, os cotistas, os diretores e os
colaboradores não respondem pelo ato de improbidade que venha a ser
imputado à pessoa jurídica, salvo se, comprovadamente, houver participação e
benefícios diretos, caso em que responderão nos limites da sua participação.

Por sua vez, as sanções da Lei de Improbidade não se aplicarão à pessoa


jurídica caso o ato de improbidade administrativa seja também sancionado como
ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº 12.846/13.

Sujeitos da AÇÃO de improbidade: antes da Lei nº 14.230/2021, a ação de


improbidade podia ser proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada. A Lei 14.230/2021 acabou por limitar a legitimidade ativa apenas ao
Ministério Público:

Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei
será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento
comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei.

Todavia, no julgamento das ADIs 7042 e 7043, o STF declarou a


inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, do caput do art. 17 da Lei
8.429/92, com redação dada pela Lei 14.230/21, de modo a restabelecer a
existência de legitimidade ativa concorrente e disjuntiva entre o Ministério
Público e as pessoas jurídicas interessadas para a propositura da ação por ato
de improbidade administrativa e para a celebração de acordos de não
persecução civil.

Inconstitucionalidade da obrigatoriedade da Procuradoria realizar a


defesa jurídica do agente público: A Lei nº 14.230/2021 inseriu o § 20 no art. 17
da Lei nº 8.429/92, com a seguinte redação:

Art. 17

(...)

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a


legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo
administrador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente,
caso este venha a responder ação por improbidade administrativa,
até que a decisão transite em julgado.

O STF declarou a inconstitucionalidade parcial, com redução de texto,


do dispositivo acima, concluindo pela inexistência de obrigatoriedade de
defesa judicial do agente público pela assessoria jurídica (ADI 7042/DF e ADI
7043/DF).

De acordo com a Excelsa Corte, a defesa pode ocorrer desde que exista
autorização dos órgãos da Advocacia Pública, por meio de lei específica.

DOS ATOS DE IMPROBIDADE

Os atos de improbidade administrativa se encontram tipificados nos


artigos 9º (enriquecimento ilícito), 10 (dano ao erário) e 11 (violação aos
princípios da Administração Pública) da Lei 8.429/92.

STF: O ato de improbidade administrativa é um ato ilícito civil qualificado


– “ilegalidade qualificada pela prática de corrupção” – e exige, para a sua
consumação, um desvio de conduta do agente público, devidamente tipificado
em lei, e que, no exercício indevido de suas funções, afaste-se dos padrões éticos
e morais da sociedade, pretendendo obter vantagens materiais indevidas (artigo
9º da LIA) ou gerar prejuízos ao patrimônio público (artigo 10 da LIA), mesmo
que não obtenha sucesso em suas intenções, apesar de ferir os princípios e
preceitos básicos da administração pública (artigo 11 da LIA). (ARE 843989,
Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 18/08/2022,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-251
DIVULG 09-12-2022 PUBLIC 12-12-2022).

A Lei de improbidade administrativa (8.429/92) foi sensivelmente


modificada pela Lei 14.230/2021, notadamente quanto ao elemento subjetivo para
a tipificação do ato de improbidade administrativa, exigindo – em todas as
hipóteses – a presença do elemento subjetivo do tipo – DOLO.

Não se admite responsabilidade objetiva no âmbito de aplicação da lei de


improbidade administrativa desde a edição da Lei 8.429/92 e, a partir da Lei
14.230/2021, foi revogada a modalidade culposa prevista no artigo 10 da LIA.

Enriquecimento ilícito (art. 9º): os atos de improbidade que importem em


enriquecimento ilícito referem-se à obtenção de qualquer tipo de vantagem

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patrimonial indevida em razão do exercício do cargo, mandato, função, emprego


ou atividade nas entidades mencionadas.

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando


em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato
doloso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão
do exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de
atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e
notadamente:

(...)

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,


de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, bens
de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput
deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público, assegurada a
demonstração pelo agente da licitude da origem dessa evolução;
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

O inciso VII estabelece uma PRESUNÇÃO RELATIVA de improbidade,


de modo que cabe ao servidor público elidir a presunção pela comprovação da
origem lícita dos bens. Em outras palavras, ao autor da ação de improbidade
cabe provar a desproporção entre a renda e o patrimônio do agente público,
enquanto a este cabe demonstrar que seu enriquecimento não se deveu em razão
da prática de ato ímprobo.

O ponto fulcral para caracterizar o enriquecimento ilícito é o recebimento


de vantagem patrimonial indevida, sendo DISPENSÁVEL a configuração de
dano ao erário.

A configuração do ilícito depende dos seguintes requisitos: recebimento


da vantagem indevida independentemente de prejuízo ao erário; conduta dolosa
e nexo causal.

O recebimento da vantagem deve ser EFETIVO, de modo que a mera


promessa pode configurar improbidade por violação ao artigo 11 da LIA.

Enriquecimento ilícito x enriquecimento sem causa: enquanto o


enriquecimento ilícito decorre de um ato ILÍCITO, o enriquecimento sem causa
pressupõe uma atribuição patrimonial válida; enriquecimento de uma parte;
empobrecimento da outra parte; correlação entre enriquecimento e
empobrecimento e ausência de causa jurídica. Por sua vez, no primeiro a

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

titularidade da pretensão de devolução é da entidade lesada; no segundo, a


titularidade é daquele que empobreceu.

Dano ao erário (art. 10): trata-se de conduta (comissiva ou omissiva),


dolosa, que acarreta perda patrimonial dos bens da Administração Pública. O
pressuposto central é a ocorrência de lesão ao erário, sendo irrelevante o eventual
enriquecimento ilícito do agente ou do terceiro. Portanto, exige a comprovação
do dano, do elemento subjetivo (dolo), e do nexo de causalidade.

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa


lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva
e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:

Violação aos princípios da Administração (art. 11): constitui ato de


improbidade a conduta, comissiva ou omissiva, que contrarie os princípios da
Administração Pública, em desconformidade com os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.

Trata-se do reconhecimento do princípio da JURIDICIDADE, segundo o


qual o administrador deve obedecer não apenas as regras formais (legalidade),
mas a todos os princípios reconhecidos, explícitos ou implícitos.

Além dos princípios do artigo 37, devem ser observados outros princípios
expressos e implícitos reconhecidos pelo ordenamento jurídico (razoabilidade,
proporcionalidade, segurança jurídica, etc).

O ato de improbidade administrativa é um ato ilícito civil qualificado –


“ilegalidade qualificada”.

O legislador, ao prever, no art. 11 da Lei 8.429/1992, que constitui ato de


improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de lealdade às
instituições, findou por tornar de interesse público, e da própria Administração,
a proteção da legitimidade social, da imagem e das atribuições dos
entes/entidades estatais. Daí resulta que atividade que atente gravemente contra
esses bens imateriais tem a potencialidade de ser considerada improbidade
administrativa.

Atentado à vida e à liberdade individual de particulares, praticado por agentes


públicos armados - incluindo tortura, prisão ilegal e "justiciamento" -, afora repercussões
nas esferas penal, civil e disciplinar, pode configurar improbidade administrativa, porque,
além de atingir a pessoa-vítima, alcança simultaneamente interesses caros à

77
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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração em geral, às instituições de segurança pública em especial, e ao próprio


Estado Democrático de Direito (REsp n. 1.177.910/SE, relator Ministro Herman
Benjamin, Primeira Seção, julgado em 26/8/2015, DJe de 17/2/2016).

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CIVIL

A Lei n. 14.230/2021, que alterou significativamente o regramento da


improbidade administrativa, incluiu o art. 17-B à Lei nº 8.429/92, trazendo
previsão normativa explícita quanto à possibilidade do acordo de não persecução
civil até mesmo no momento da execução da sentença.

Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as


circunstâncias do caso concreto, celebrar acordo de não
persecução civil, desde que dele advenham, ao menos, os seguintes
resultados: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI
7042) (Vide ADI 7043)

I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº 14.230,


de 2021)

II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida


obtida, ainda que oriunda de agentes privados.

OBS: acordo de não persecução não é sinônimo de termo de ajustamento


de conduta.

TESES FIRMADAS PELO STF (ARE 843989, julgado em 18/08/2022) ACERCA


DA ALTERAÇÃO LEGISLATIVA PROMOVIDA PELA LEI 14.230/2021:

1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação


dos atos de improbidade administrativa, exigindo-se - nos artigos 9º, 10 e 11 da
LIA - a presença do elemento subjetivo - DOLO;

2) A norma benéfica da Lei 14.230/2021 - revogação da modalidade culposa do


ato de improbidade administrativa -, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo 5º,
inciso XXXVI, da Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia
da coisa julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas e seus
incidentes;

3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa


culposos praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

transitada em julgado, em virtude da revogação expressa do texto anterior;


devendo o juízo competente analisar eventual dolo por parte do agente;

4) O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO,


aplicando-se os novos marcos temporais a partir da publicação da lei.

COMO É COBRADO?

1) FGV - Promotor de Justiça (MPE GO)/2022/61º Concurso

Em razão de intensas chuvas ocorridas em Cavalcante, no nordeste de Goiás, a cheia


do rio Prata causou enorme destruição e deixou desabrigadas centenas de famílias
carentes que vivem na região. Com a aquiescência do poder público municipal, vários
particulares se voluntariaram para auxiliar as vítimas daquele desastre natural,
sobretudo mediante a organização e distribuição dos alimentos, roupas e outros itens
doados a partir de diversas regiões do Estado e do país. Instado por notícia de desvio
desses mantimentos, o Ministério Público instaurou inquérito civil e angariou
elementos informativos robustos no sentido de que José, um dos voluntários,
efetivamente se apropriou de parte dos bens doados às vítimas.

Na situação hipotética descrita, consoante o magistério da doutrina especializada e a


legislação vigente, é correto afirmar que José:

A) não pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa, tampouco


sofrer as sanções cominadas na Lei nº 8.429/1992, porquanto não figura como agente
público nem como terceiro partícipe de uma conduta ímproba imputável a agente
público;
B) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e responder por
ato ímprobo que importa em enriquecimento ilícito, pois figura como agente de fato
putativo, que desempenha uma atividade pública com a presunção de legitimidade;
C) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e sofrer as
sanções cominadas na Lei nº 8.429/1992, diploma legal que admite a responsabilização
de particulares de forma desvinculada da existência de um ato ímprobo imputável a
agente público;
D) não pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa, porquanto
não mantém vínculo formal com o poder público, tampouco sofrer as sanções
cominadas na Lei nº 8.429/1992, diploma legal que não se destina à tutela do
patrimônio privado;
E) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e responder por
ato ímprobo que importa em enriquecimento ilícito, pois figura como agente de fato
necessário, que exerce a função pública em situação de calamidade ou de emergência.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

2) FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/2022/XXXV Exame

Em janeiro de 2022, João, na qualidade de Secretário de Educação do município Alfa,


de forma culposa, praticou ato que causou lesão ao erário municipal, na medida em
que permitiu, por negligência, a aquisição de bem consistente em material escolar por
preço superior ao de mercado. O Ministério Público ajuizou ação civil pública por ato
de improbidade administrativa em face de João, imputando-lhe a prática de ato
omisso e culposo que ensejou superfaturamento em prejuízo ao Município, bem como
requereu a condenação do Secretário Municipal a todas as sanções previstas na Lei de
Improbidade Administrativa.

Após ser citado, João procurou você, como advogado(a), para defendê-lo. Com base
na Lei nº 8.429/92 (com as alterações introduzidas pela Lei nº 14.230/21), você redigiu
a contestação, alegando que, atualmente, não mais existe ato de improbidade
administrativa

A) omissivo, pois a nova legislação exige conduta comissiva, livre e consciente do


agente, caracterizada por um atuar positivo por parte do sujeito ativo do ato de
improbidade, para fins de caracterização de ato ímprobo.
B) culposo, pois a nova legislação exige conduta dolosa para todos os tipos previstos
na Lei de Improbidade e considera dolo a vontade livre e consciente de alcançar o
resultado ilícito tipificado na lei, não bastando a voluntariedade do agente.
C) que cause simplesmente prejuízo ao erário, pois é imprescindível que o sujeito ativo
do ato de improbidade tenha se enriquecido ilicitamente com o ato praticado, direta
ou indiretamente.
D) que enseje mero dano ao erário, pois é imprescindível que o sujeito ativo do ato de
improbidade tenha também atentado contra os princípios da administração pública,
direta ou indiretamente.

3) FGV - Analista do Ministério Público (MPE RJ)/Administrativa/2019

Pedro, servidor público do Município Beta, foi acusado, pelo referido Município, de
ter violado o seu dever legal de sigilo. O polo passivo da relação processual foi
igualmente ocupado por José, particular que o teria auxiliado e se beneficiado da
quebra de sigilo. O Juiz de Direito, ao proferir a sua sentença, decidiu inexistir
qualquer prova de que Pedro praticara o ato ilícito. Por outro lado, as provas em
relação a José eram irrefutáveis, pois ele efetivamente teve acesso à informação
sigilosa.

Considerando que a sentença foi proferida no âmbito de uma ação civil por ato de
improbidade administrativa, o Juiz de Direito deve:

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A) absolver Pedro e condenar José;


B) condenar Pedro e absolver José;
C) absolver Pedro e José;
D) condenar Pedro e José;
E) encaminhar os autos ao Ministério Público.

4) FGV - Auditor de Controle Externo (TCE TO)/Direito/2022

José, prefeito do Município Delta, de forma dolosa, praticou ação que ensejou, efetiva
e comprovadamente, perda patrimonial do Município, na medida em que, consciente
e voluntariamente, realizou operação financeira sem observância das normas legais,
causando dano ao erário.

Consoante dispõe a Lei de Improbidade Administrativa, com redação atual dada pela
Lei nº 14.230/2021, em tese, José:

A) não praticou ato de improbidade administrativa, por falta de adequação típica, mas
é passível de responsabilização pelo Tribunal de Contas estadual;
B) não praticou ato de improbidade administrativa, por revogação do tipo anterior
que considerava a conduta praticada como ato ímprobo, mas pode lhe ser imputado
crime de responsabilidade;
C) praticou ato de improbidade administrativa e é inviável qualquer tipo de transação,
diante da indisponibilidade do direito sancionador, de maneira que José está sujeito,
entre outras sanções, à perda da função pública e suspensão dos direitos políticos;
D) praticou ato de improbidade administrativa e, caso preenchidos os requisitos
legais, é possível a celebração de termo de ajustamento de conduta com o Tribunal de
Contas, ouvido o Ministério Público que se manifestará acerca do valor do dano ao
erário, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo de trinta dias;
E) praticou ato de improbidade administrativa e, caso preenchidos os requisitos legais,
é possível a celebração de acordo de não persecução cível com o Ministério Público,
circunstância em que, para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deve
ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas, que se manifestará, com indicação dos
parâmetros utilizados, no prazo de noventa dias.

5) FGV - Advogado (Pref Paulínia)/CREAS/2021

João, Diretor do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), no


exercício da fundação, recebeu para si dinheiro, consistente na quantia de vinte mil
reais, a título de presente de Pedro, pessoa que tinha interesse direto que podia ser

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

atingido por ação ou omissão decorrente das suas atribuições como agente público.
De acordo com a Lei nº 8.429/92, João praticou espécie de ato de improbidade
administrativa que

A) causa prejuízo ao erário e está sujeito, entre outras, à cassação dos direitos políticos
e à proibição de contratar com o poder público e de receber benefícios ou incentivos
fiscais.
B) importou enriquecimento ilícito e está sujeito, entre outras, à perda dos valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio e à perda da função pública.
C) causa prejuízo ao erário e está sujeito, entre outras, à multa civil de até cem vezes o
valor da remuneração percebida pelo agente e à perda da função pública.
D) importou enriquecimento ilícito e está sujeito, entre outras, à cassação dos direitos
políticos e à proibição de contratar com o poder público e de receber benefícios ou
incentivos fiscais.
E) atenta contra os princípios da administração pública e está sujeito, entre outras, à
multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e à perda
da função pública.

6) FGV - Advogado (IMBEL)/2021/"Provas Reaplicadas"

Carlos, empregado da empresa pública federal Alfa, no exercício da função, percebeu


vantagem econômica direta, consistente no pagamento de sessenta mil reais, para
facilitar a locação de bem móvel, pela empresa pública Alfa, por preço superior ao
valor de mercado.

Agindo em conluio com o particular André, proprietário do imóvel alugado, Carlos


usou de seu emprego público para viabilizar a contratação superfaturada e, em troca,
recebeu a mencionada propina.

Os fatos foram noticiados ao Ministério Público Federal que instaurou inquérito civil
e, finda a investigação, conseguiu obter provas de todo o esquema ilícito.

No caso em tela, de acordo com a Lei nº 8.429/92 e a jurisprudência, assinale a


afirmativa correta.

A) Carlos deve ser responsabilizado pela prática de ato de improbidade


administrativa, diante do dano ao erário, mas André não se sujeita às sanções previstas
na lei de improbidade, eis que não é agente público.
B) Carlos deve ser responsabilizado pela prática de ato de improbidade
administrativa, independentemente do dano ao erário, e está sujeito a sanções como
perda da função pública e cassação dos direitos políticos.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

C) André apenas deve ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa,


caso seja comprovado o dano efetivo ao erário, e, Carlos, deve ser responsabilizado
por improbidade, independentemente do dano ao erário.
D) Carlos e André devem ser responsabilizados pela prática de ato de improbidade
administrativa, o primeiro na qualidade de agente público e, o segundo, como
particular que concorreu e se beneficiou do ato ilícito.
E) Carlos e André não podem ser responsabilizados pela prática de ato de
improbidade administrativa porque não são considerados servidores públicos, pois o
primeiro é empregado da administração indireta e, o segundo, é particular.

7) FGV - Analista do Ministério Público (MPE RJ)/Processual/2019

João, servidor público municipal ocupante de cargo de provimento efetivo, no


exercício da função de vigia de uma repartição pública, permitiu que Pedro, seu amigo
de infância, ali ingressasse e subtraísse diversos bens de elevado valor. Os bens foram
vendidos e Pedro ficou com a integralidade do montante arrecadado.

Considerando a tipologia da Lei nº 8.429/1992, é correto afirmar que:

A) Pedro responderá por dano ao patrimônio público, e João, por violação aos
princípios regentes da atividade estatal;
B) Pedro responderá por dano ao patrimônio público, e João, por enriquecimento
ilícito;
C) João responderá por dano ao patrimônio público, e Pedro, por enriquecimento
ilícito;
D) João e Pedro responderão por dano ao patrimônio público;
E) João e Pedro responderão por enriquecimento ilícito.

8) FGV - Auditor Municipal de Controle Interno (CGM


Niterói)/Controladoria/2018

Paulo da Silva, servidor público, casado com 3 filhos menores, tem vencimentos da
ordem de R$ 10.000,00. Após 4 anos de sua posse, ele tem um invejável patrimônio:
um apartamento com vista para o mar e carro importado, bem como casa de praia e
lancha.

Nesse caso:

A) há presunção absoluta da prática de ato de improbidade administrativa, não sendo


necessário provar a prática de fato ilícito antecedente.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

B) é necessário comprovar o fato antecedente, tal como corrupção passiva, para se


concluir pela improbidade administrativa.
C) há presunção relativa de ato de improbidade administrativa, que pode ser elidida
pela comprovação da origem legítima dos bens.
D) é indispensável provar o fato ilícito antecedente, sob pena de se permitir a prática
de arbitrariedades no serviço público.
E) o aumento significativo do patrimônio de um funcionário público, que excede sua
renda declarada, é fato ilícito penal e administrativo.

9) FGV - Procurador (ALERJ)/2017

A Assembleia Legislativa instaurou comissão parlamentar de inquérito para apurar as


condições estruturais, materiais e de pessoal do sistema penitenciário estadual, diante
da reiteração de denúncias de tortura e maus tratos aos detentos. A conclusão da CPI
foi no sentido da procedência das representações, inclusive com a identificação de
agentes penitenciários responsáveis pelas torturas.

De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

A) o agente penitenciário responderá pelo crime de tortura e por infração disciplinar,


mas não poderá ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa, eis que
a vítima imediata do ato ilícito não foi a Administração Pública e não houve dano ao
erário;
B) o detento vítima do ato de tortura deverá pleitear diretamente do agente
penitenciário que praticou o ato ilícito indenização pelos danos sofridos, com base na
responsabilidade civil subjetiva, não se aplicando o art. 37, § 6º, da Constituição
Federal por ausência de omissão do poder público;
C) o agente penitenciário responsável direto pelo ato ilícito e o Secretário de Estado de
Administração Penitenciária responderão, em tese, solidariamente pelo crime de
tortura, por infração disciplinar e por ato de improbidade administrativa, o primeiro
por ato comissivo e o segundo por omissão;
D) a violência policial arbitrária não é ato apenas contra o particular-vítima, mas sim
contra a própria Administração Pública, ferindo suas bases de legitimidade e
respeitabilidade, razão pela qual o agente penitenciário responderá apenas na esfera
penal, não havendo que se falar em improbidade administrativa;
E) a tortura de preso custodiado no sistema prisional praticada por agente
penitenciário constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da Administração Pública, fora as demais repercussões nas esferas penal e
disciplinar.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

10) FGV - Analista do Ministério Público (MPE RJ)/Processual/2016

Leandro, Prefeito Municipal, confeccionou e distribuiu pela cidade, utilizando verba


pública, vinte mil panfletos intitulados “boletim informativo”, contendo sua imagem
em diversas fotografias de inauguração de obras públicas com os seguintes dizeres:

“O Prefeito Leandro continua cuidando de seu povo e construindo postos de saúde e


escolas municipais para sua família! Com o seu apoio, darei continuidade às minhas
ações beneficentes no próximo mandato!!!”.

No caso em tela, Leandro:

A) não cometeu ato de improbidade administrativa, porque, na qualidade de agente


político, não se sujeita ao regime da lei de improbidade, respondendo apenas por
crime de responsabilidade;
B) não cometeu ato de improbidade administrativa, porque a legislação permite que
seja feita publicidade de caráter institucional, para dar ciência à população das ações
sociais do Município;
C) não cometeu ato de improbidade administrativa, porque não houve dano ao erário,
já que a publicação veiculou obras públicas que efetivamente existiram, mas cometeu
ilícito de natureza eleitoral por propaganda antecipada;
D) cometeu ato de improbidade administrativa, porque a publicidade não teve caráter
educativo, informativo ou de orientação social, e sim de promoção pessoal, com ofensa
aos princípios da moralidade e impessoalidade;
E) cometeu ato de improbidade administrativa, porque implicitamente solicitou votos
para a próxima eleição e, por isso, está sujeito à cassação de seus direitos políticos e
outras sanções previstas na lei de improbidade.

GABARITO DAS QUESTÕES

QUESTÃO GABARITO
1 E
2 B
3 C
4 E
5 B
6 D
7 D
8 C
9 E
10 D

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Licitação: conceito, objeto, finalidades e princípios,


obrigatoriedade, dispensa, inexigibilidade, modalidades e tipos,
inclusive Pregão na forma da Lei nº 10.520/2002

CONCEITO

Licitação é o processo administrativo utilizado pela Administração


Pública e pelas demais pessoas indicadas pela lei com o objetivo de selecionar a
melhor proposta, por meio de critérios objetivos e impessoais, para celebração de
contratos. Em outras palavras, é o processo por meio do qual a Administração
Pública contrata obras, serviços, compras e alienações. É dizer, licitação é a forma
como a Administração Pública pode comprar e vender.

Importante destacar que a Lei 8.666/93, conhecida como Lei das Licitações,
será totalmente revogada pela Lei 14.133/21 a partir de 01/04/2023. Todavia, a
Lei 14.133/21, de 01º de abril de 2021, teve sua vigência imediata. Portanto,
atualmente, a Lei 14.133/21 vem sendo cobrada em concursos públicos.

A Lei 14.133/21 se aplica às Administrações Públicas diretas, autárquicas


e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
abrange os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e
do Distrito Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa; bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública.

Todavia, não são abrangidas pela Lei 14.133/21 as EMPRESAS


PÚBLICAS, as SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA e as suas subsidiárias,
regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016.

A Lei 14.133/21 traz alguns conceitos importantes em seu artigo 6º, dentre
os quais se destacam os seguintes:

Órgão: unidade de atuação integrante da estrutura da Administração


Pública;

Entidade: unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;

Administração Pública: administração direta e indireta da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive as entidades com
personalidade jurídica de direito privado sob controle do poder público e as
fundações por ele instituídas ou mantidas;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração: órgão ou entidade por meio do qual a Administração


Pública atua;

Agente público: indivíduo que, em virtude de eleição, nomeação,


designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
exerce mandato, cargo, emprego ou função em pessoa jurídica integrante da
Administração Pública;

Autoridade: agente público dotado de poder de decisão;

Contratante: pessoa jurídica integrante da Administração Pública


responsável pela contratação;

Contratado: pessoa física ou jurídica, ou consórcio de pessoas jurídicas,


signatária de contrato com a Administração;

Termo de referência: documento necessário para a contratação de bens e


serviços, que deve conter os seguintes parâmetros e elementos descritivos:

Anteprojeto: peça técnica com todos os subsídios necessários à elaboração


do projeto básico, que deve conter, no mínimo, os seguintes elementos:

Projeto básico: conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível


de precisão adequado para definir e dimensionar a obra ou o serviço, ou o
complexo de obras ou de serviços objeto da licitação, elaborado com base nas
indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a viabilidade técnica
e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de
execução, devendo conter os seguintes elementos:

Projeto executivo: conjunto de elementos necessários e suficientes à


execução completa da obra, com o detalhamento das soluções previstas no
projeto básico, a identificação de serviços, de materiais e de equipamentos a
serem incorporados à obra, bem como suas especificações técnicas, de acordo
com as normas técnicas pertinentes;

Matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e de


responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio econômico-
financeiro inicial do contrato, em termos de ônus financeiro decorrente de
eventos supervenientes à contratação, contendo, no mínimo, as seguintes
informações:

Credenciamento: processo administrativo de chamamento público em


que a Administração Pública convoca interessados em prestar serviços ou

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

fornecer bens para que, preenchidos os requisitos necessários, se credenciem no


órgão ou na entidade para executar o objeto quando convocados;

OBJETIVOS

Os objetivos do processo licitatório estão descritos no art. 11:

Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos:

I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de


contratação mais vantajoso para a Administração Pública,
inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto;

II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como


a justa competição;

III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços


manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos
contratos;

IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional


sustentável.

Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é


responsável pela governança das contratações e deve implementar
processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles
internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos
licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os
objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um
ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das
contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e
promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações.

OBJETO

A Lei de licitações se aplica a: alienação e concessão de direito real de uso


de bens; compra, inclusive por encomenda; locação; concessão e permissão de
uso de bens públicos; prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais
especializados; obras e serviços de arquitetura e engenharia e contratações de
tecnologia da informação e de comunicação.

Não se aplicam as normas da lei de licitações a: contratos que tenham por


objeto operação de crédito, interno ou externo, e gestão de dívida pública,
incluídas as contratações de agente financeiro e a concessão de garantia

88
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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

relacionadas a esses contratos; contratações sujeitas a normas previstas em


legislação própria.

São delegáveis as atribuições necessárias ao desempenho das funções


essenciais à execução da Lei 14.133/21, nos termos do seu art. 7º:

Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou


a quem as normas de organização administrativa indicarem,
promover gestão por competências e designar agentes públicos
para o desempenho das funções essenciais à execução desta Lei que
preencham os seguintes requisitos:

A advocacia pública poderá, A CRITÉRIO DO AGENTE PÚBLICO,


promover sua representação judicial ou extrajudicial nas esferas administrativa,
controladora ou judicial em razão de ato praticado com estrita observância de
orientação constante em parecer jurídico, nos termos do art. 10:

Art. 10. Se as autoridades competentes e os servidores públicos


que tiverem participado dos procedimentos relacionados às
licitações e aos contratos de que trata esta Lei precisarem
defender-se nas esferas administrativa, controladora ou judicial
em razão de ato praticado com estrita observância de orientação
constante em parecer jurídico elaborado na forma do § 1º do art.
53 desta Lei, a advocacia pública promoverá, a critério do agente
público, sua representação judicial ou extrajudicial.

A matéria conta com previsão semelhante na nova lei de improbidade


administrativa (14.230/21):

Art. 17

(...)

§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a


legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo
administrador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente,
caso este venha a responder ação por improbidade administrativa,
até que a decisão transite em julgado.

O STF declarou a inconstitucionalidade parcial, com redução de texto,


do dispositivo acima, concluindo pela inexistência de obrigatoriedade de
defesa judicial do agente público pela assessoria jurídica (ADI 7042/DF e ADI
7043/DF).

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

De acordo com a Excelsa Corte, a defesa pode ocorrer desde que exista
autorização dos órgãos da Advocacia Pública, por meio de lei específica.

Devemos observar como o STF se posicionará a respeito da hipótese


prevista na nova lei de licitações.

PRINCÍPIOS

Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da


legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da
eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da
igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da
economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim
como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de
1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).

Princípio da competitividade: a licitação é a busca pela proposta mais


vantajosa, portanto é vedado admitir, prever, incluir ou tolerar cláusulas ou
condições que comprometam o seu caráter competitivo.

Princípio da isonomia: é ligado aos princípios da competitividade e da


impessoalidade, de modo que a Administração deve dispensar tratamento
igualitário (não discriminatório) aos licitantes. A isonomia MATERIAL, todavia,
pressupõe tratamento desigual entre as pessoas que não se encontram na mesma
situação fático-jurídica, desde que respeitada a proporcionalidade. Exemplo:
produtos manufaturados e serviços nacionais, etc.

Princípio da vinculação ao edital: o instrumento convocatório é a lei


interna do processo licitatório e deve ser observada pelo Poder Público e pelos
licitantes, pois sua não observância acarretará a ilegalidade do certame.

Princípio do julgamento objetivo: as propostas devem ser julgadas por


critérios objetivos, pois eventuais critérios subjetivos contrariaria o princípio da
isonomia. Exemplos: menor preço, melhor técnica, maior lance, etc.

INEXIGIBILIDADE

A inexigibilidade de licitação, hipótese de contratação direta, pressupõe a


inviabilidade de competição, na forma do art. 74 da Lei 14.133/21. Não se trata

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

de exceção à regra da licitação, mas de hipótese em que a regra sequer pode ser
aplicada em razão da ausência de competição.

A inviabilidade de competição decorre tanto da impossibilidade fática


(quantitativa), por conta do produto ou serviço ser fornecido por apenas um
fornecedor, quanto da impossibilidade jurídica (qualitativa), por ausência de
critérios objetivos para definir a melhor proposta (contratação de artista).

O rol da inexigibilidade é exemplificativo (“em especial nos casos de”),


ou seja, podem existir outras hipóteses além daquelas descritas na norma.

O afastamento da licitação por inexigibilidade deve ser justificado, ou seja,


o ato deve ser devidamente motivado, sob pena de nulidade.

Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em


especial nos casos de:

I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou


contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivos;

II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou


por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
crítica especializada ou pela opinião pública;

III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de


natureza predominantemente intelectual com profissionais ou
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação:

a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos


executivos;

b) pareceres, perícias e avaliações em geral;

c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou


tributárias;

d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;

e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;

f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;

g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;

h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios


de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais


serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;

IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de


credenciamento;

V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de


instalações e de localização tornem necessária sua escolha.

§ 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a


Administração deverá demonstrar a inviabilidade de competição
mediante atestado de exclusividade, contrato de exclusividade,
declaração do fabricante ou outro documento idôneo capaz de
comprovar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivos, vedada a
preferência por marca específica.

§ 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo,


considera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que
possua contrato, declaração, carta ou outro documento que ateste
a exclusividade permanente e contínua de representação, no País
ou em Estado específico, do profissional do setor artístico, afastada
a possibilidade de contratação direta por inexigibilidade por meio
de empresário com representação restrita a evento ou local
específico.

§ 3º Para fins do disposto no inciso III do caput deste artigo,


considera-se de notória especialização o profissional ou a empresa
cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de
desempenho anterior, estudos, experiência, publicações,
organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu
trabalho é essencial e reconhecidamente adequado à plena
satisfação do objeto do contrato.

§ 4º Nas contratações com fundamento no inciso III do caput deste


artigo, é vedada a subcontratação de empresas ou a atuação de
profissionais distintos daqueles que tenham justificado a
inexigibilidade.

§ 5º Nas contratações com fundamento no inciso V do


caput deste artigo, devem ser observados os seguintes
requisitos:

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação,


dos custos de adaptações, quando imprescindíveis às
necessidades de utilização, e do prazo de amortização dos
investimentos;

II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos


e disponíveis que atendam ao objeto;

III - justificativas que demonstrem a singularidade do


imóvel a ser comprado ou locado pela Administração e que
evidenciem vantagem para ela.

LICITAÇÃO DISPENSÁVEL

Apesar de a licitação ser a regra no âmbito da Administração Pública,


existem hipóteses legalmente previstas em que o administrador poderá realizar
a denominada “contratação direta”, ou seja, sem a necessidade de realização do
procedimento licitatório. Em algumas hipóteses a licitação será considerada
inviável por ausência de competição ou será inconveniente para o atendimento
do interesse público.

Diferentemente da inexigibilidade, em que a competição é inviável, a


dispensa de licitação ocorre em situações nas quais seria possível a sua realização,
mas é dispensável em razão do interesse público.

Outra diferença que pode ser observada entre a licitação


dispensável e a inexigível é quanto ao rol das hipóteses legalmente
previstas. Aqui, o rol é TAXATIVO (exaustivo), ou seja, todas
as hipóteses estão devidamente previstas nos 29 incisos do art. 75
da Lei 14.133/21:

Art. 75. É dispensável a licitação:

I - para contratação que envolva valores inferiores a R$


100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de
engenharia ou de serviços de manutenção de veículos
automotores; (Vide Decreto nº 10.922, de 2021) (Vigência)

II - para contratação que envolva valores inferiores a R$


50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e
compras; (Vide Decreto nº 10.922, de 2021) (Vigência)

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

III - para contratação que mantenha todas as condições definidas


em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando
se verificar que naquela licitação:

a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas


propostas válidas;

b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente


superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os
fixados pelos órgãos oficiais competentes;

IV - para contratação que tenha por objeto:

a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira


necessários à manutenção de equipamentos, a serem adquiridos
do fornecedor original desses equipamentos durante o período de
garantia técnica, quando essa condição de exclusividade for
indispensável para a vigência da garantia;

b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo


internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional,
quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas
para a Administração;

c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a


contratação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); (Vide Decreto nº 10.922,
de 2021) (Vigência)

d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso


ou de exploração de criação protegida, nas contratações realizadas
por instituição científica, tecnológica e de inovação (ICT) pública
ou por agência de fomento, desde que demonstrada vantagem para
a Administração;

e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no


período necessário para a realização dos processos licitatórios
correspondentes, hipótese em que a contratação será realizada
diretamente com base no preço do dia;

f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam,


cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa
nacional;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais


de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de
manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por ato
do comandante da força militar;

h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares


das forças singulares brasileiras empregadas em operações de paz
no exterior, hipótese em que a contratação deverá ser justificada
quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e
ratificada pelo comandante da força militar;

i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada


eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades
diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional
ou de adestramento;

j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos


urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de
coleta seletiva de lixo, realizados por associações ou cooperativas
formadas exclusivamente de pessoas físicas de baixa renda
reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais
recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as
normas técnicas, ambientais e de saúde pública;

k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos,


de autenticidade certificada, desde que inerente às finalidades do
órgão ou com elas compatível;

l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipamentos


destinados ao rastreamento e à obtenção de provas previstas nos
incisos II e V do caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto
de 2013, quando houver necessidade justificada de manutenção de
sigilo sobre a investigação;

m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao


tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde;

V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos


arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de
2004, observados os princípios gerais de contratação constantes
da referida Lei;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da


segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de
Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças
Armadas ou dos demais ministérios;

VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio,


intervenção federal ou de grave perturbação da ordem;

VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública,


quando caracterizada urgência de atendimento de situação
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
continuidade dos serviços públicos ou a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens,
públicos ou particulares, e somente para aquisição dos
bens necessários ao atendimento da situação emergencial
ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano,
contado da data de ocorrência da emergência ou da
calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos
contratos e a recontratação de empresa já contratada com
base no disposto neste inciso;

IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público


interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou
entidade que integrem a Administração Pública e que tenham sido
criados para esse fim específico, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado;

X - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para


regular preços ou normalizar o abastecimento;

XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo


ou com entidade de sua Administração Pública indireta que
envolva prestação de serviços públicos de forma associada nos
termos autorizados em contrato de consórcio público ou em
convênio de cooperação;

XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia


de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS),
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive
por ocasião da aquisição desses produtos durante as etapas de
absorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

definidos no instrumento firmado para a transferência de


tecnologia;

XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão


de avaliação de critérios de técnica, quando se tratar de
profissional técnico de notória especialização;

XIV - para contratação de associação de pessoas com deficiência,


sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgão ou
entidade da Administração Pública, para a prestação de serviços,
desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado e os serviços contratados sejam prestados
exclusivamente por pessoas com deficiência;

XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por


finalidade estatutária apoiar, captar e executar atividades de
ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional,
científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive para gerir
administrativa e financeiramente essas atividades, ou para
contratação de instituição dedicada à recuperação social da pessoa
presa, desde que o contratado tenha inquestionável reputação
ética e profissional e não tenha fins lucrativos;

XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público


interno, de insumos estratégicos para a saúde produzidos por
fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por
finalidade apoiar órgão da Administração Pública direta, sua
autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de
estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e
financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias
que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos
para o SUS, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, e que
tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à
entrada em vigor desta Lei, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado.

§ 1º Para fins de aferição dos valores que atendam aos limites


referidos nos incisos I e II do caput deste artigo, deverão ser
observados:

I - o somatório do que for despendido no exercício financeiro pela


respectiva unidade gestora;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

II - o somatório da despesa realizada com objetos de mesma


natureza, entendidos como tais aqueles relativos a contratações no
mesmo ramo de atividade.

§ 2º Os valores referidos nos incisos I e II do caput deste artigo


serão duplicados para compras, obras e serviços contratados por
consórcio público ou por autarquia ou fundação qualificadas como
agências executivas na forma da lei.

§ 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste


artigo serão preferencialmente precedidas de divulgação de aviso
em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 3 (três) dias úteis,
com a especificação do objeto pretendido e com a manifestação de
interesse da Administração em obter propostas adicionais de
eventuais interessados, devendo ser selecionada a proposta mais
vantajosa.

§ 4º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste


artigo serão preferencialmente pagas por meio de cartão de
pagamento, cujo extrato deverá ser divulgado e mantido à
disposição do público no Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNCP).

§ 5º A dispensa prevista na alínea “c” do inciso IV do caput deste


artigo, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá
procedimentos especiais instituídos em regulamentação
específica.

§ 6º Para os fins do inciso VIII do caput deste artigo,


considera-se emergencial a contratação por dispensa com
objetivo de manter a continuidade do serviço público, e
deverão ser observados os valores praticados pelo mercado
na forma do art. 23 desta Lei e adotadas as providências
necessárias para a conclusão do processo licitatório, sem
prejuízo de apuração de responsabilidade dos agentes
públicos que deram causa à situação emergencial.

§ 7º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo às contratações


de até R$ 8.000,00 (oito mil reais) de serviços de manutenção de
veículos automotores de propriedade do órgão ou entidade
contratante, incluído o fornecimento de peças. (Vide Decreto
nº 10.922, de 2021) (Vigência)

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

LICITAÇÃO DISPENSADA

A Lei 14.133/21 estabeleceu algumas situações em que a exigência de


licitação é DISPENSADA. Assim como ocorre com a licitação dispensável, na
hipótese de licitação dispensada seria possível a realização de procedimento
licitatório, todavia, em razão do interesse público, o legislador dispensou o
administrador de realizar tal processo. Não se trata de uma faculdade, mas de
ato vinculado, ou seja, não há a opção por fazer, ou não fazer, a licitação.
Diferentemente da licitação dispensável, aqui não há discricionariedade.

São essas as hipóteses previstas no art. 76:

Art. 76. A alienação de bens da Administração Pública,


subordinada à existência de interesse público devidamente
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes
normas:

I - tratando-se de bens imóveis, inclusive os pertencentes


às autarquias e às fundações, exigirá autorização
legislativa e dependerá de licitação na modalidade leilão,
dispensada a realização de licitação nos casos de:

a) dação em pagamento;

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade


da Administração Pública, de qualquer esfera de governo,
ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “g” e “h” deste inciso;

c) permuta por outros imóveis que atendam aos requisitos


relacionados às finalidades precípuas da Administração, desde
que a diferença apurada não ultrapasse a metade do valor do
imóvel que será ofertado pela União, segundo avaliação prévia, e
ocorra a torna de valores, sempre que for o caso;

d) investidura;

e) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública de


qualquer esfera de governo;

f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito


real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis
residenciais construídos, destinados ou efetivamente usados em
programas de habitação ou de regularização fundiária de interesse

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

social desenvolvidos por órgão ou entidade da Administração


Pública;

g) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito


real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis comerciais
de âmbito local, com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta
metros quadrados) e destinados a programas de regularização
fundiária de interesse social desenvolvidos por órgão ou entidade
da Administração Pública;

h) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa,


de terras públicas rurais da União e do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) onde incidam ocupações
até o limite de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25
de junho de 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos
os requisitos legais;

i) legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei nº 6.383, de 7


de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos
da Administração Pública competentes;

j) legitimação fundiária e legitimação de posse de que trata a Lei


nº 13.465, de 11 de julho de 2017;

II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na


modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos
de:

a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse


social, após avaliação de oportunidade e conveniência
socioeconômica em relação à escolha de outra forma de alienação;

b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades


da Administração Pública;

c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada


a legislação específica;

d) venda de títulos, observada a legislação pertinente;

e) venda de bens produzidos ou comercializados por entidades da


Administração Pública, em virtude de suas finalidades;

f) venda de materiais e equipamentos sem utilização previsível por


quem deles dispõe para outros órgãos ou entidades da
Administração Pública.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º A alienação de bens imóveis da Administração Pública cuja


aquisição tenha sido derivada de procedimentos judiciais ou de
dação em pagamento dispensará autorização legislativa e exigirá
apenas avaliação prévia e licitação na modalidade leilão.

§ 2º Os imóveis doados com base na alínea “b” do inciso I do caput


deste artigo, cessadas as razões que justificaram sua doação, serão
revertidos ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada sua
alienação pelo beneficiário.

§ 3º A Administração poderá conceder título de propriedade ou de


direito real de uso de imóvel, admitida a dispensa de licitação,
quando o uso destinar-se a:

I - outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer


que seja a localização do imóvel;

II - pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento ou ato


normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos
mínimos de cultura, de ocupação mansa e pacífica e de exploração
direta sobre área rural, observado o limite de que trata o § 1º do
art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009.

§ 4º A aplicação do disposto no inciso II do § 3º deste artigo será


dispensada de autorização legislativa e submeter-se-á aos
seguintes condicionamentos:

I - aplicação exclusiva às áreas em que a detenção por particular


seja comprovadamente anterior a 1º de dezembro de 2004;

II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime


legal e administrativo de destinação e de regularização fundiária
de terras públicas;

III - vedação de concessão para exploração não contemplada na lei


agrária, nas leis de destinação de terras públicas ou nas normas
legais ou administrativas de zoneamento ecológico-econômico;

IV - previsão de extinção automática da concessão, dispensada


notificação, em caso de declaração de utilidade pública, de
necessidade pública ou de interesse social;

V - aplicação exclusiva a imóvel situado em zona rural e não


sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente à exploração
mediante atividade agropecuária;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

VI - limitação a áreas de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952,


de 25 de junho de 2009, vedada a dispensa de licitação para áreas
superiores;

VII - acúmulo com o quantitativo de área decorrente do caso


previsto na alínea “i” do inciso I do caput deste artigo até o limite
previsto no inciso VI deste parágrafo.

§ 5º Entende-se por investidura, para os fins desta Lei, a:

I - alienação, ao proprietário de imóvel lindeiro, de área


remanescente ou resultante de obra pública que se tornar
inaproveitável isoladamente, por preço que não seja inferior ao da
avaliação nem superior a 50% (cinquenta por cento) do valor
máximo permitido para dispensa de licitação de bens e serviços
previsto nesta Lei;

II - alienação, ao legítimo possuidor direto ou, na falta dele, ao


poder público, de imóvel para fins residenciais construído em
núcleo urbano anexo a usina hidrelétrica, desde que considerado
dispensável na fase de operação da usina e que não integre a
categoria de bens reversíveis ao final da concessão.

§ 6º A doação com encargo será licitada e de seu instrumento


constarão, obrigatoriamente, os encargos, o prazo de seu
cumprimento e a cláusula de reversão, sob pena de nulidade do
ato, dispensada a licitação em caso de interesse público
devidamente justificado.

§ 7º Na hipótese do § 6º deste artigo, caso o donatário necessite


oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de
reversão e as demais obrigações serão garantidas por hipoteca em
segundo grau em favor do doador.

MODALIDADES DE LICITAÇÃO

As cinco modalidades de licitação foram listadas de forma exaustiva no


artigo 28 da Lei 14.133/21:

Art. 28. São modalidades de licitação:

I - pregão;

II - concorrência;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

III - concurso;

IV - leilão;

V - diálogo competitivo.

No regime anterior (Lei 8.666/93) também eram 5 modalidades:


concorrência, convite, tomada de preço, concurso e leilão.

No novo regime, inaugurado pela Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de


Licitações), as modalidades da tomada de preços e o convite deixam de existir,
ao mesmo tempo em que foi prevista uma nova modalidade licitatória: o
DIÁLOGO COMPETITIVO. Além disso, a modalidade pregão, prevista na Lei
nº 10.520/2002, passa a ser disciplinada pela nova legislação em conjunto com as
demais modalidades.

Na vigência da lei anterior, a modalidade a ser empregada deveria


observar dois critérios: valor e característica do objeto. Todavia, sob a vigência
da novel legislação, a modalidade a ser definida deverá observar apenas as
características do objeto, não havendo mais restrições de valores.

PREGÃO

Como já mencionado, o Pregão era regulado pela Lei nº 10.520/2002 e,


agora, passa a ser pela Lei 14.133/2021 que, em seu art. 6º, XLI, assim preconiza:

XLI - pregão: modalidade de licitação obrigatória para aquisição


de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser
o de menor preço ou o de maior desconto;

Portanto, a modalidade PREGÃO é OBRIGATÓRIA quando se tratar da


aquisição de todo e qualquer bem ou serviço comum a partir de dois critérios de
julgamento: menor preço ou maior desconto.

Mas o que são bens ou serviços comuns? A definição está no inciso XIII do
mesmo artigo:

XIII - bens e serviços comuns: aqueles cujos padrões de


desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo
edital, por meio de especificações usuais de mercado;

Por sua vez, a modalidade não pode ser utilizada em contratações de


serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual e de
obras e serviços de engenharia, salvo os serviços de engenharia considerados
comuns, conforme prevê o artigo 29, Parágrafo Único, da Lei 14.133/21:

103
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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 29

(...)

Parágrafo único. O pregão não se aplica às contratações de


serviços técnicos especializados de natureza predominantemente
intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto os serviços
de engenharia de que trata a alínea “a” do inciso XXI do caput do
art. 6º desta Lei.

Art. 6º

(...)

XXI - serviço de engenharia: toda atividade ou conjunto de


atividades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual
ou material, de interesse para a Administração e que, não
enquadradas no conceito de obra a que se refere o inciso XII do
caput deste artigo, são estabelecidas, por força de lei, como
privativas das profissões de arquiteto e engenheiro ou de técnicos
especializados, que compreendem:

a) serviço comum de engenharia: todo serviço de engenharia que


tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em termos de
desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de
adaptação de bens móveis e imóveis, com preservação das
características originais dos bens;

O procedimento do pregão (e das demais modalidades) está previsto no


art. 17:

Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em


sequência:

I - preparatória;

II - de divulgação do edital de licitação;

III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;

IV - de julgamento;

V - de habilitação;

VI - recursal;

VII - de homologação.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

CONCORRÊNCIA

Art. 6º

(...)

XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para


contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços
comuns e especiais de engenharia, cujo critério de julgamento
poderá ser:

a) menor preço;

b) melhor técnica ou conteúdo artístico;

c) técnica e preço;

d) maior retorno econômico;

e) maior desconto;

Art. 6º

(...)

XIV - bens e serviços especiais: aqueles que, por sua alta


heterogeneidade ou complexidade, não podem ser descritos na
forma do inciso XIII do caput deste artigo, exigida justificativa
prévia do contratante.

A escolha do gestor entre pregão e concorrência para a contratação de


serviços deve ocorrer por critérios técnicos, devidamente justificados, ante a
inexistência de critérios gerais para diferenciar hipóteses em que os serviços
comuns de engenharia serão contratados ou por pregão ou por concorrência.

As duas grandes novidades na concorrência promovidas pela Lei


14.133/21 são: a inversão de fases (primeiro é realizado o julgamento das
propostas e depois é feita a habilitação com análise de documentação) e a fase
recursal una, sendo possível a interposição de apenas um recurso ao final da
concorrência (na vigência da Lei 8.666/93 era cabível a interposição de um recurso
após a fase de habilitação e outro após a fase de julgamento das propostas).

CONCURSO

XXXIX - concurso: modalidade de licitação para escolha de


trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de

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julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo artístico, e para


concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor;

Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas em


edital, que indicará:

I - a qualificação exigida dos participantes;

II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;

III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser


concedida ao vencedor.

Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração


de projeto, o vencedor deverá ceder à Administração
Pública, nos termos do art. 93 desta Lei, todos os direitos
patrimoniais relativos ao projeto e autorizar sua execução
conforme juízo de conveniência e oportunidade das
autoridades competentes.

LEILÃO

Art. 6º

(...)

XL - leilão: modalidade de licitação para alienação de bens imóveis


ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a quem
oferecer o maior lance;

Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou a


servidor designado pela autoridade competente da Administração,
e regulamento deverá dispor sobre seus procedimentos
operacionais.

(...)

§ 2º O leilão será precedido da divulgação do edital em sítio


eletrônico oficial, que conterá:

I - a descrição do bem, com suas características, e, no caso de


imóvel, sua situação e suas divisas, com remissão à matrícula e
aos registros;

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II - o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo qual
poderá ser alienado, as condições de pagamento e, se for o caso, a
comissão do leiloeiro designado;

III - a indicação do lugar onde estiverem os móveis, os veículos e


os semoventes;

IV - o sítio da internet e o período em que ocorrerá o leilão, salvo


se excepcionalmente for realizado sob a forma presencial por
comprovada inviabilidade técnica ou desvantagem para a
Administração, hipótese em que serão indicados o local, o dia e a
hora de sua realização;

V - a especificação de eventuais ônus, gravames ou pendências


existentes sobre os bens a serem leiloados.

(...)

§ 4º O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de


habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase de
lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo
licitante vencedor, na forma definida no edital.

O leilão seguirá o seguinte rito: fase de lances; fase recursal; pagamento


pelo vencedor; e homologação.

DIÁLOGO COMPETITIVO

Art. 6º:

(...)

XLII - diálogo competitivo: modalidade de licitação para


contratação de obras, serviços e compras em que a
Administração Pública realiza diálogos com licitantes
previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o
intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de
atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar
proposta final após o encerramento dos diálogos;

Trata-se de novidade implementada pela Lei 14.133/21, pois tal


modalidade inexistia no bojo da Lei 8.666/93. Em síntese, trata-se de modalidade
que pode ser utilizada para a celebração de contratos de natureza complexa, ou

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seja, em situações em que a Administração não consiga, sozinha, definir a


melhor solução para atender uma necessidade pública.

Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a


contratações em que a Administração:

I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:

a) inovação tecnológica ou técnica;

b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade


satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e

c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas


com precisão suficiente pela Administração;

II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as


alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com
destaque para os seguintes aspectos:

a) a solução técnica mais adequada;

b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;

c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;

§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as


seguintes disposições:

I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do


edital em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as exigências
já definidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias
úteis para manifestação de interesse na participação da licitação;

II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão


ser previstos em edital, e serão admitidos todos os interessados que
preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;

III - a divulgação de informações de modo discriminatório que


possa implicar vantagem para algum licitante será vedada;

IV - a Administração não poderá revelar a outros licitantes as


soluções propostas ou as informações sigilosas comunicadas por
um licitante sem o seu consentimento;

V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração,


em decisão fundamentada, identifique a solução ou as soluções que
atendam às suas necessidades;

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VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão


registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo;

VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso


em que cada fase poderá restringir as soluções ou as propostas a
serem discutidas;

VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi


concluído, juntar aos autos do processo licitatório os registros e
as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a
divulgação de edital contendo a especificação da solução que
atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem
utilizados para seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo,
não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-
selecionados na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem
suas propostas, que deverão conter os elementos necessários para
a realização do projeto;

IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes


às propostas apresentadas, desde que não impliquem
discriminação nem distorçam a concorrência entre as propostas;

X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo com


critérios divulgados no início da fase competitiva, assegurada a
contratação mais vantajosa como resultado;

XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de


contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores efetivos ou
empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da
Administração, admitida a contratação de profissionais para
assessoramento técnico da comissão;

§ 2º Os profissionais contratados para os fins do inciso XI do § 1º


deste artigo assinarão termo de confidencialidade e abster-se-ão de
atividades que possam configurar conflito de interesses.

O Diálogo Competitivo, como se pode observar, acaba formalizando algo


que sempre existiu nas contratações públicas: o diálogo público-privado que,
muitas vezes, é indispensável para o desempenho regular das atividades
administrativas.

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COMO É COBRADO?

1) FGV - Investigador de Polícia (PC AM)/4ª Classe/2022

A Polícia Civil do Estado Alfa instaurou processos administrativos que adotarão a


modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns, cujo
critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de maior desconto.

Levando em conta que será adotado o regime jurídico previsto na nova Lei de
Licitações (Lei nº 14.133/21), as contratações em pauta ocorrerão na modalidade:

A) concorrência.
B) pregão.
C) leilão.
D) concurso.
E) diálogo competitivo.

2) FGV - Analista Judiciário (TJDFT)/Apoio Especializado/Administração/2022

Débora, prefeita do Município Beta e grande entusiasta das inovações introduzidas


pela Lei nº 14.133/2021 no sistema de licitações, questionou sua assessoria a respeito
da possibilidade de ser realizado um diálogo entre licitantes previamente
selecionados, com o objetivo de desenvolver uma ou mais alternativas que possam
atender às necessidades da Administração.

Após alentada análise, a assessoria concluiu, corretamente, que, preenchidos os


demais requisitos exigidos:

A) nenhuma modalidade de licitação se ajusta a esse padrão, já que o pretendido


diálogo daria azo a subjetivismos e a tratamentos diferenciados, comprometendo a
isonomia;
B) é possível a adoção dessa modalidade, para a contratação de obras, serviços e
compras, sendo os licitantes selecionados conforme critérios objetivos, os quais
apresentarão proposta final após o encerramento dos diálogos;
C) é possível a adoção dessa modalidade apenas para a realização de contratações
integradas, sendo os licitantes selecionados conforme critérios objetivos, os quais
apresentarão proposta final após o encerramento dos diálogos;
D) é possível a adoção dessa modalidade apenas para a contratação de obras, serviços
e compras de caráter não comum, sendo o diálogo aberto a qualquer interessado,
cabendo à Administração apresentar o projeto final após o encerramento dos diálogos;
E) é possível a adoção dessa modalidade apenas para contratações que exijam
inovação de procedimentos, sendo os licitantes selecionados conforme critérios

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objetivos, cabendo à Administração apresentar o projeto final após o encerramento


dos diálogos.

3) FGV - Analista Judiciário (TRT 16ª Região)/Apoio especializado/


Biblioteconomia/2022 (e mais 7 concursos)

João, Diretor de Licitações no âmbito da Administração Pública direta do Município


Alfa, foi consultado por Maria sobre o documento necessário, previsto na Lei nº
14.133/2021, para a contratação de bens e serviços, isto com o objetivo de estabelecer
os contornos básicos do objeto a ser contratado.

João respondeu que:

A) o projeto básico é o documento necessário à contratação de bens.


B) o anteprojeto é o documento necessário à contratação de bens e serviços.
C) o termo de referência é o documento necessário à referida contratação.
D) o projeto executivo é o documento necessário à contratação de bens e serviços.
E) a matriz de objeto e riscos é o documento necessário à contratação de serviços.

4) FGV - Analista Técnico (TCE TO)/Ciências Contábeis/2022 (e mais 9


concursos)

Adalto, diretor de licitações no âmbito do Poder Executivo do Estado Alfa, recebeu


comunicação de que esse ente federativo almejava realizar operação de crédito
interno, havendo dúvida em relação à modalidade de procedimento licitatório a ser
observado, considerando os balizamentos estabelecidos pela Lei nº 14.133/2021, que
vinha sendo observada pela generalidade dos órgãos dessa estrutura de poder.

À luz dessa narrativa, Adalto concluiu, corretamente, em razão do disposto na Lei nº


14.133/2021, que o contrato que verse sobre o referido objeto:

A) não está sujeito ao regime do referido diploma normativo;


B) deve ser antecedido de licitação na modalidade de diálogo competitivo;
C) deve ser antecedido de licitação na modalidade de concorrência;
D) não precisa ser antecedido de licitação, que é dispensável, estando adstrito, apenas,
aos balizamentos incidentes sobre o contrato administrativo;
E) não precisa ser antecedido de licitação, que é inexigível, estando adstrito, apenas,
aos balizamentos incidentes sobre o contrato administrativo.

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5) FGV - Consultor Legislativo (SEN)/Assessoramento Legislativo/Direito


Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo/2022

Observe os seguintes institutos previstos na Nova Lei de Licitações e Contratos


Administrativos:

I. Modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a


Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados
mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas
capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta
final após o encerramento dos diálogos.

II. Processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública


convoca interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os
requisitos necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para executar o objeto
quando convocados.

De acordo com a Lei nº 14.133/21, os itens acima constituem, respectivamente,

A) diálogo competitivo e pré-qualificação.


B) diálogo competitivo e credenciamento.
C) concorrência e cadastramento.
D) pregão e pré-qualificação.
E) concorrência e credenciamento.

6) FGV - Contador Legislativo (CM Taubaté)/2022/Ed. 01.2022

De acordo com o texto da Lei 14.133/21, o processo licitatório tem os seguintes


objetivos diretos, à exceção de um. Assinale-o.

A) Incentivar as práticas de governança corporativa.


B) Incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável.
C) Assegurar o tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição.
D) Assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais
vantajoso para a Administração Pública.
E) Evitar as contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis
e superfaturamento na execução dos contratos.

7) FGV - Inspetor de Polícia (PC RJ)/2022

A Secretaria de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sepol) deseja realizar a


contratação de sociedade empresária para a aquisição de computadores para
propósitos específicos com sistema de segurança de dados, a fim de serem utilizados

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

em atividades de planejamento e inteligência policial. O objeto contratual envolve


inovação tecnológica ou técnica; impossibilidade de a Sepol ter sua necessidade
satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e impossibilidade de
as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Sepol.
Ademais, a Polícia Civil verificou a necessidade de definir e identificar os meios e as
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque para a solução
técnica mais adequada, os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida
e a estrutura jurídica ou financeira do contrato.

Diante das especificidades narradas, consoante dispõe a Lei nº 14.133/2021, a


contratação pretendida ocorrerá mediante:

A) inexigibilidade de licitação, por expressa previsão legal, e o contratado deverá


comprovar previamente que os preços estão em conformidade com os praticados em
contratações semelhantes de objetos de mesma natureza;
B) dispensa de licitação, por expressa previsão legal, e o contratado deverá comprovar
previamente que os preços estão em conformidade com os praticados em contratações
semelhantes de objetos de mesma natureza;
C) prévia licitação, na modalidade diálogo competitivo, com o intuito de desenvolver
uma ou mais alternativas capazes de atender às necessidades da Sepol, devendo os
licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos;
D) prévia licitação, na modalidade pregão, pois o objeto do contrato possui padrões
de desempenho e qualidade que podem e devem ser objetivamente definidos pelo
edital, por meio de especificações usuais de mercado;
E) prévia licitação, na modalidade leilão, que exigirá registro cadastral prévio, não terá
fase de habilitação e deverá ser homologada assim que concluída a fase de lances,
superada a fase recursal.

8) FGV - Analista Judiciário (TJ MS)/Fim/Bacharel em Direito/2022

O Estado Alfa, por meio de determinada secretaria, realizará contratação para escolha
de melhor monografia em determinada área do conhecimento de interesse do órgão
público, para subsidiar futuras escolhas de políticas públicas a serem desenvolvidas
pela pasta.

Sabe-se que a contratação observará as regras e condições previstas em edital, que


indicará a qualificação exigida dos participantes, as diretrizes e formas de
apresentação do trabalho e as condições de realização e o prêmio ou remuneração a
ser concedida ao vencedor.

Diante das informações fornecidas e do teor da nova Lei de Licitações (Lei nº


14.133/2021), a contratação em tela deverá ser feita mediante:

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

A) dispensa de licitação, por expressa previsão legal;


B) inexigibilidade de licitação, por expressa previsão legal;
C) prévia licitação, na modalidade concurso;
D) prévia licitação, na modalidade concorrência;
E) prévia licitação, na modalidade diálogo competitivo.

9) FGV - Agente de Segurança Penitenciário (DEPEN MG)/2022


Em 01/04/2021, foi publicada a nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos
brasileira (Lei nº 14.133/2021). O novo diploma legal traz diferenças significativas em
relação à Lei nº 8.666/1993. Acerca dessas diferenças, analise as afirmativas a seguir.

I. A regra geral da Lei nº 14.133/2021 é a de que a fase de habilitação precede à fase de


julgamento.

II. As modalidades de licitação “tomada de preços” e “convite” não estão mais


presentes na Lei nº 14.133/2021.

III. Foi incluído o “diálogo competitivo” como nova modalidade de licitação.

Está correto o que se afirma em:

A) I, apenas.
B) I e II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.

10) FGV - Analista Legislativo (SEN)/Administração/2022


A Lei nº 14.133/2021 é a nova lei das licitações. Em relação a sua antecessora, a Lei nº
8.666/1993, ela consagra, em seu Art. 28, duas novas modalidades de licitação.

Assinale a opção que apresenta estas novas modalidades.

A) Concorrência e diálogo competitivo.


B) Pregão e diálogo competitivo.
C) Leilão e concurso.
D) Pregão e concurso.
E) Diálogo competitivo e leilão.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO GABARITO
1 B
2 B
3 C
4 A
5 B
6 A
7 C
8 C
9 D
10 B

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Contratos Administrativos: conceito; características. Inexecução do


contrato: rescisões e sanções

CONCEITO

Os CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO se traduzem em gênero que


comporta todo e qualquer ajuste bilateral em que a Administração seja parte,
independentemente do regime jurídico adotado, do qual são espécies os
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS e os CONTRATOS PRIVADOS DA
ADMINISTRAÇÃO.

O contrato administrativo nada mais é do que a exteriorização de vontade


da Administração Pública quando realizada de forma bilateral, em ajuste com
um terceiro, com o objetivo de desempenhar as atividades administrativas e
atender o interesse público. Em outras palavras, se trata de um ajuste de vontades
entabulado entre particulares e a Administração Pública, observando-se as
normas previstas na Lei de Licitações (14.133/21).

Os contratos administrativos são regidos predominantemente pelo


direito público, sendo natural a presença de prerrogativas da Administração,
que são as chamadas “CLÁUSULAS EXORBITANTES”, previstas no art. 104 da
Lei 14.133/21, que conferem superioridade à Administração em detrimento do
particular, independentemente de previsão contratual.

Duas são as características básicas dos contratos administrativos:


verticalidade, pois há um desequilíbrio contratual em favor da Administração
justamente em razão das cláusulas exorbitantes; regime predominantemente de
direito público.

Por sua vez, a outra espécie de contrato da Administração é o contrato


privado, que se traduz no ajuste entre esta e o particular em situação de
igualdade e possui duas características: horizontalidade e regime
predominantemente de direito privado.

Em ambas as hipóteses há identidade de elemento subjetivo (presença da


Administração) e de elemento objetivo (satisfação do interesse público), sendo a
principal diferença a igualdade/desigualdade entre os contratantes e o regime
jurídico.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

CARACTERÍSTICAS

Para além das características já mencionadas (cláusulas exorbitantes e


regime jurídico predominantemente público), os contratos administrativos
possuem as seguintes características específicas:

Formalismo moderado: a atuação administrativa deve se pautar pela


formalidade para a celebração de contratos administrativos. O próprio art. 12, I,
da Lei 14.133/21 estabelece o seguinte:

Art. 12. No processo licitatório, observar-se-á o seguinte:

I - os documentos serão produzidos por escrito, com data e local


de sua realização e assinatura dos responsáveis;

Todavia, como qualquer norma, esta também deve ser interpretada em


conformidade com os princípios do Direito, de modo que a interpretação literal
da norma levaria à errônea conclusão de que os contratos verbais não seriam
válidos. Quanto a este tema, o art. 95, §2º assim estabelece:

§ 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a


Administração, salvo o de pequenas compras ou o de
prestação de serviços de pronto pagamento, assim
entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00
(dez mil reais).

Bilateralidade: trata-se de condição natural de qualquer contrato, visto


que se traduz em um ajuste de vontades entre duas partes, estabelecendo
obrigações recíprocas para ambas. É o traço distintivo entre o contrato e o ato
administrativo.

Comutatividade: é a tradução do princípio do equilíbrio econômico-


financeiro do contrato, ou seja, as obrigações fixadas inicialmente devem ser
preservadas durante a vigência contratual e precisam ser equivalentes. Em outras
palavras, a equação financeira deve ser preservada, inclusive quando ocorrerem
fatos extraordinários não imputáveis aos contratantes. As ferramentas previstas
para preservar esse equilíbrio são o reajuste e a revisão contratual.

Personalíssimo (intuitu personae): em regra, os contratos administrativos


são personalíssimos, ou seja, apenas podem ser executados por quem foi
devidamente contratado, sob pena de violação aos princípios da impessoalidade
e da moralidade, visto que a escolha, que foi impessoal, impõe que a execução se
dê pelo contratado.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Tal exigência não é absoluta ante a possibilidade de subcontratação


prevista na Lei 14.133/21:

Art. 67, § 9º O edital poderá prever, para aspectos técnicos


específicos, que a qualificação técnica seja demonstrada por meio
de atestados relativos a potencial subcontratado, limitado a 25%
(vinte e cinco por cento) do objeto a ser licitado, hipótese em que
mais de um licitante poderá apresentar atestado relativo ao mesmo
potencial subcontratado.

Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo das


responsabilidades contratuais e legais, o contratado poderá
subcontratar partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o
limite autorizado, em cada caso, pela Administração.

(...)

§ 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica, se


aquela ou os dirigentes desta mantiverem vínculo de natureza
técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil com
dirigente do órgão ou entidade contratante ou com agente público
que desempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na
gestão do contrato, ou se deles forem cônjuge, companheiro ou
parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o terceiro
grau, devendo essa proibição constar expressamente do edital de
licitação.

Desequilíbrio: trata-se de consequência das chamadas “cláusulas


exorbitantes”, de modo que a Administração possui certas prerrogativas que não
se estendem aos particulares. As cláusulas exorbitantes estão no art. 104 da Lei
14.133/21:

Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:

I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às


finalidades de interesse público, respeitados os direitos do
contratado;

II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta


Lei;

III - fiscalizar sua execução;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do


ajuste;

V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar


pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses
de:

a) risco à prestação de serviços essenciais;

b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas


contratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.

§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos


contratos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do
contratado.

§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as


cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas
para que se mantenha o equilíbrio contratual.

(...)

Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

I - unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações,


para melhor adequação técnica a seus objetivos;

b) quando for necessária a modificação do valor contratual em


decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu
objeto, nos limites permitidos por esta Lei;

(...)

Art. 125. Nas alterações unilaterais a que se refere o inciso I do


caput do art. 124 desta Lei, o contratado será obrigado a aceitar,
nas mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões de
até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do
contrato que se fizerem nas obras, nos serviços ou nas compras, e,
no caso de reforma de edifício ou de equipamento, o limite para os
acréscimos será de 50% (cinquenta por cento).

Instabilidade: mais uma característica que decorre das cláusulas


exorbitantes, visto que eventual imutabilidade do contrato poderia ensejar

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

severos prejuízos à Administração, não havendo que se falar da aplicabilidade


do instituto do pacta sunt servanda, típico dos contratos no âmbito do Direito Civil.

INEXECUÇÃO CONTRATUAL

A regra é que os contratantes atendam às obrigações contratuais


assumidas. Todavia, é possível que ocorra a inexecução do contrato por culpa de
uma das partes ou por fatos imprevisíveis ou extraordinários.

Inexecução culposa: é aquela em que a inexecução ocorre em razão de


culpa ou dolo de uma das partes. Caso seja imputada ao particular, a
Administração poderá aplicar as penas previstas na Lei 14.133/21:

Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações


administrativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa;

III - impedimento de licitar e contratar;

IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

Por sua vez, caso a inexecução ocorra por culpa da Administração (fato da
Administração), deverá ocorrer a revisão das cláusulas contratuais com o
objetivo de preservar o princípio constitucional do equilíbrio econômico-
financeiro do contrato, ou a rescisão do ajuste com a indenização do contratado.

Exceptio non adimpleti contractus (exceção do contrato não cumprido):


como já mencionado, nos contratos bilaterais há uma reciprocidade entre as
prestações, de modo que cada uma das partes é credora e devedora
simultaneamente, havendo uma interdependência entre as partes.

Em razão disso, nenhum dos contratantes pode exigir o implemento da


obrigação do outro sem antes cumprir a sua obrigação. Em outras palavras,
qualquer das partes poderá se valer da exceptio, que nada mais é do que a exceção
do contrato não cumprido.

Todavia, a aplicação da exceptio deve se compatibilizar com a supremacia


do interesse público (o que não autoriza arbitrariedades) e o princípio da
continuidade do serviço público, de modo que tal exceção não pode ser invocada
nos contratos que digam respeito a serviços públicos ou a atividades essenciais à
coletividade.

Inexecução sem culpa: as hipóteses mais comuns de inexecução sem culpa


são a teoria da imprevisão, o fato do príncipe, o caso fortuito e a força maior.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Nessa situação existem duas soluções: revisão do contrato para reequilibrar a


equação econômico-financeira ou a extinção do contrato, caso não seja possível o
seu prosseguimento, conforme prevê o art. 124, II, d, da Lei 14.133/21:

Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

(...)

II - por acordo entre as partes:

(...)

d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do


contrato em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe
ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de
consequências incalculáveis, que inviabilizem a execução do
contrato tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a
repartição objetiva de risco estabelecida no contrato.

Teoria da imprevisão: no âmbito do Direito Administrativo a teoria tem


relação com a cláusula rebus sic stantibus, a qual estabelece que o contrato deve
ser cumprido enquanto estiverem presentes as mesmas condições iniciais. Em
outras palavras, uma vez alteradas as condições, as partes podem desfazer
avença. A teoria se aplica aos eventos imprevisíveis, supervenientes e de
natureza econômica (álea extraordinária econômica).

Fato do príncipe: é um evento EXTERNO ao contrato que se traduz em


ato do Poder Público que repercute no contrato administrativo. É fato genérico e
EXTRACONTRATUAL imputável à Administração que ocasiona o aumento
lícito de encargos a serem suportados pelo particular.

Diferentemente do fato do príncipe, o fato da Administração é


CONTRATUAL, ou seja, inexecução de cláusulas contratuais por culpa
imputável ao Poder Público.

Caso fortuito e força maior: caso fortuito é o evento da natureza


imprevisível, enquanto força maior também é imprevisível mas decorre de
evento produzido pelo homem.

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

A regra é que a extinção contratual ocorra pelo decurso do seu prazo ou


pela execução do seu objeto.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Por sua vez, a extinção pode ser abreviada nos casos em que for impossível
a sua continuidade (rescisão culposa ou não), bem como quando ocorrer eventual
ilegalidade, o que deve ocasionar a anulação do contrato.

Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual


deverá ser formalmente motivada nos autos do processo,
assegurados o contraditório e a ampla defesa, as seguintes
situações:

I - não cumprimento ou cumprimento irregular de normas


editalícias ou de cláusulas contratuais, de especificações, de
projetos ou de prazos;

II - desatendimento das determinações regulares emitidas pela


autoridade designada para acompanhar e fiscalizar sua execução
ou por autoridade superior;

III - alteração social ou modificação da finalidade ou da


estrutura da empresa que restrinja sua capacidade de
concluir o contrato;

IV - decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da


sociedade ou falecimento do contratado;

V - caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados,


impeditivos da execução do contrato;

VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou


impossibilidade de obtê-la, ou alteração substancial do anteprojeto
que dela resultar, ainda que obtida no prazo previsto;

VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a


desapropriação, a desocupação ou a servidão administrativa, ou
impossibilidade de liberação dessas áreas;

VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade


máxima do órgão ou da entidade contratante;

IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos


prevista em lei, bem c omo em outras normas específicas,
para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência
Social ou para aprendiz.

§ 1º Regulamento poderá especificar procedimentos e critérios


para verificação da ocorrência dos motivos previstos no caput
deste artigo.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º O contratado terá direito à extinção do contrato nas


seguintes hipóteses:

I - supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou


compras que acarrete modificação do valor inicial do contrato
além do limite permitido no art. 125 desta Lei;

II - suspensão de execução do contrato, por ordem escrita


da Administração, por prazo superior a 3 (três) meses;

III - repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) dias


úteis, independentemente do pagamento obrigatório de
indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas
desmobilizações e mobilizações e outras previstas;

IV - atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão


da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de
pagamentos devidos pela Administração por despesas de
obras, serviços ou fornecimentos;

V - não liberação pela Administração, nos prazos contratuais, de


área, local ou objeto, para execução de obra, serviço ou
fornecimento, e de fontes de materiais naturais especificadas no
projeto, inclusive devido a atraso ou descumprimento das
obrigações atribuídas pelo contrato à Administração relacionadas
a desapropriação, a desocupação de áreas públicas ou a
licenciamento ambiental.

SANÇÕES

São infrações praticadas pelo licitante ou contratado passiveis de punição


aquelas descritas no art. 155:

Art. 155. O licitante ou o contratado será responsabilizado


administrativamente pelas seguintes infrações:

I - dar causa à inexecução parcial do contrato;

II - dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave


dano à Administração, ao funcionamento dos serviços públicos ou
ao interesse coletivo;

III - dar causa à inexecução total do contrato;

IV - deixar de entregar a documentação exigida para o certame;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

V - não manter a proposta, salvo em decorrência de fato


superveniente devidamente justificado;

VI - não celebrar o contrato ou não entregar a documentação


exigida para a contratação, quando convocado dentro do prazo de
validade de sua proposta;

VII - ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto


da licitação sem motivo justificado;

VIII - apresentar declaração ou documentação falsa exigida para


o certame ou prestar declaração falsa durante a licitação ou a
execução do contrato;

IX - fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução


do contrato;

X - comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer


natureza;

XI - praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da


licitação;

XII - praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º


de agosto de 2013.

Nos casos em que ocorrer inexecução total ou parcial do contrato, a


Administração deve aplicar as sanções administrativas previstas na Lei 14.133/21,
observando-se o contraditório e a ampla defesa.

As sanções estão previstas no art. 156:

Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações


administrativas previstas nesta Lei as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa;

III - impedimento de licitar e contratar;

IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

§ 1º Na aplicação das sanções serão considerados:

I - a natureza e a gravidade da infração cometida;

II - as peculiaridades do caso concreto;

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes;

IV - os danos que dela provierem para a Administração Pública;

V - a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de


integridade, conforme normas e orientações dos órgãos de
controle.

§ 2º A sanção prevista no inciso I do caput deste artigo será


aplicada exclusivamente pela infração administrativa
prevista no inciso I do caput do art. 155 desta Lei, quando
não se justificar a imposição de penalidade mais grave.

§ 3º A sanção prevista no inciso II do caput deste artigo, calculada


na forma do edital ou do contrato, não poderá ser inferior a 0,5%
(cinco décimos por cento) nem superior a 30% (trinta por cento)
do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta
e será aplicada ao responsável por qualquer das infrações
administrativas previstas no art. 155 desta Lei.

§ 4º A sanção prevista no inciso III do caput deste artigo será


aplicada ao responsável pelas infrações administrativas previstas
nos incisos II, III, IV, V, VI e VII do caput do art. 155 desta Lei,
quando não se justificar a imposição de penalidade mais grave, e
impedirá o responsável de licitar ou contratar no âmbito da
Administração Pública direta e indireta do ente federativo que
tiver aplicado a sanção, pelo prazo máximo de 3 (três) anos.

§ 5º A sanção prevista no inciso IV do caput deste artigo será


aplicada ao responsável pelas infrações administrativas previstas
nos incisos VIII, IX, X, XI e XII do caput do art. 155 desta Lei,
bem como pelas infrações administrativas previstas nos incisos II,
III, IV, V, VI e VII do caput do referido artigo que justifiquem a
imposição de penalidade mais grave que a sanção referida no § 4º
deste artigo, e impedirá o responsável de licitar ou contratar no
âmbito da Administração Pública direta e indireta de todos os
entes federativos, pelo prazo mínimo de 3 (três) anos e máximo de
6 (seis) anos.

(...)

Art. 160. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada


sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir
ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

provocar confusão patrimonial, e, nesse caso, todos os efeitos das


sanções aplicadas à pessoa jurídica serão estendidos aos seus
administradores e sócios com poderes de administração, a pessoa
jurídica sucessora ou a empresa do mesmo ramo com relação de
coligação ou controle, de fato ou de direito, com o sancionado,
observados, em todos os casos, o contraditório, a ampla defesa e a
obrigatoriedade de análise jurídica prévia.

COMO É COBRADO?

1) FGV - Analista Judiciário (TJDFT)/Apoio Especializado/Administração/2022

Pouco tempo após celebrar contrato administrativo com o Município Beta, a sociedade
empresária ZZ foi surpreendida com uma ordem escrita da Administração
suspendendo o referido contrato.

Após consultarem um advogado, foi corretamente informado aos dirigentes da


sociedade empresária ZZ que, consoante a Lei nº 14.133/2021, a Administração:

A) agira de modo ilícito ao suspender unilateralmente o contrato administrativo;


B) tem a faculdade de suspender unilateralmente o contrato administrativo, pelo
prazo que entender conveniente, não podendo ser oposto qualquer óbice por ZZ;
C) tem a faculdade de suspender unilateralmente o contrato administrativo, mas ZZ
tem direito à sua extinção se a suspensão se estender por prazo superior a três meses;
D) tem a faculdade de suspender unilateralmente o contrato administrativo, mas ZZ
tem direito à sua revisão se a suspensão se estender por prazo superior a quatro meses;
E) tem a faculdade de suspender unilateralmente o contrato administrativo, com
suspensão de pagamentos, por até trinta dias, reiniciando-se os pagamentos após esse
período.

2) FGV - Advogado (SEN)/2022

A União, após regular licitação, celebrou contrato administrativo com a sociedade


empresária Ômega para prestação de determinados serviços.

No curso do contrato, ocorreu o seguinte:

I. atraso na obtenção da licença ambiental.

II. atraso na liberação das áreas sujeitas à desapropriação.

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III. alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da empresa,


independentemente de restringir sua capacidade de concluir o contrato.

Conforme dispõe a Lei nº 14.133/2021, em regra, a situação que constitui motivo para
extinção do contrato, que deverá ser formalmente motivada em processo
administrativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa, está descrita no(s)
item(ns)

A) II, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.

3) FGV - Consultor Legislativo (SEN)/Assessoramento Legislativo/Direito


Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo/2022

O ente federativo Gama, após regular processo licitatório, celebrou contrato


administrativo com a sociedade empresária Delta, para prestação de determinados
serviços. Ocorre que, no contrato que ainda está em curso, o ente Gama está com atraso
superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da nota fiscal, de parcelas de
pagamentos devidos pela Administração por despesas de serviços. Sabe-se que não
ocorreu caso de calamidade pública, de grave perturbação da ordem interna ou de
guerra, bem como de ato ou fato que o contratado tenha praticado, do qual tenha
participado ou para o qual tenha contribuído.

De acordo com a Lei nº 14.133/21, a sociedade empresária Delta

A) pode suspender a execução do contrato, pela exceção do contrato não cumprido.


B) pode rescindir o contrato, sem prévio provimento judicial, por expressa autorização
legal.
C) não pode rescindir nem suspender o contrato, pelo princípio da continuidade do
serviço público.
D) pode rescindir o contrato, mediante prévia autorização do Tribunal de Contas.
E) não pode rescindir nem suspender o contrato, pelo princípio da eficiência.

4) FGV - Técnico Federal de Finanças e Controle (CGU)/2022

Em janeiro de 2022, a sociedade empresária Gama, após processo licitatório, celebrou


contrato administrativo com a União, por meio do Ministério Beta, para prestação de
determinados serviços. No curso da execução do contrato, a sociedade empresária
Gama prestou declaração falsa e praticou ato fraudulento, causando danos à União,
em razão da prestação dos serviços contratados de forma diversa do que foi acordado,
dos pontos de vista qualitativo e quantitativo.

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RESUMO DIREITO ADMINISTRATIVO

Após regular processo administrativo, observando todas as cautelas legais, com base
na Lei nº 14.133/2021, a União deve aplicar à sociedade empresária Gama a sanção
administrativa de:

A) impedimento de licitar ou contratar no âmbito da Administração Pública direta e


indireta federal, pelo prazo máximo de três anos;
B) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar no âmbito da Administração
Pública federal, pelo prazo mínimo de cinco anos e máximo de oito anos;
C) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar no âmbito da Administração
Pública direta e indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de três anos
e máximo de seis anos;
D) impedimento de licitar ou contratar no âmbito da Administração Pública direta e
indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de cinco anos e máximo de
oito anos;
E) ressarcimento integral do dano ao erário, implantação ou aperfeiçoamento de
programa de integridade, e impedimento de licitar ou contratar no âmbito da
Administração Pública direta e indireta federal, pelo prazo máximo de oito anos.

5) FGV - Analista (MPE SC)/Administração/2022

Em janeiro de 2022, o Ministério Público do Estado Delta, após processo licitatório,


contratou a sociedade empresária Alfa para prestação de serviços de dedetização do
edifício sede da instituição. Ocorre que a sociedade empresária Alfa deu causa à
inexecução parcial do contrato.

De acordo com o regime jurídico da Lei nº 14.133/2021, após regular processo


administrativo, não se justificando a imposição de penalidade mais grave, será
aplicada à sociedade empresária Alfa a sanção administrativa de:

A) advertência;
B) censura e multa;
C) impedimento de licitar e contratar no âmbito do Ministério Público do Estado Delta,
pelo prazo máximo de um ano;
D) impedimento de licitar e contratar no âmbito do Estado Delta, pelo prazo máximo
de cinco anos;
E) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com qualquer órgão público,
pelo prazo máximo de cinco anos.

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GABARITO DAS QUESTÕES

QUESTÃO GABARITO
1 C
2 C
3 A
4 C
5 A

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