Você está na página 1de 38

OAB DESCOMPLICADA

DIREITO ADMINISTRATIVO

Dicas de estudos:

Direito Administrativo é uma das matérias que mais tem questões na OAB,
e por isso é tão importante você dominá-la para a prova.

Se você for fazer concurso, bom… você vai ter de saber mais ainda, porque
assim como Direito Constitucional, caem muitas questões em praticamente todos.

Se você está em um momento de revisão para OAB, resolva muitas


perguntas e leia muita lei seca. Se ainda tiver um tempinho para estudar, segue abaixo
as doutrinas que consideramos importantes:

1 – Carvalho, MATHEUS. Manual de Direito Administrativo. Editora Juspodivm.


2 – Braga Netto, FELIPE BRAGA. Manual de Responsabilidade Civil do Estado. Editora
Juspodivm
3 – Rossi, LICÍNIA. Manual de Direito Administrativo de Licínia Rossi. Editora SaraivaJur

Como leis importantes, dentre todas as outras, destacamos as a seguir:

Lei de Agentes Públicos 8.112/90


Lei de Licitações 8.666/93
Lei de Improbidade Administrativa 8.429/92
OAB DESCOMPLICADA

Sumário
DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................ 1
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO BRASILEIRA .................................................................... 3
ATOS ADMINISTRATIVOS .......................................................................................................... 4
SERVIDORES PÚBLICOS ............................................................................................................. 5
AGENTES PÚBLICOS ................................................................................................................. 11
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................ 15
PROCESSO ADMINISTRATIVO .................................................................................................. 16
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................. 17
LICITAÇÕES .............................................................................................................................. 19
SERVIÇOS PÚBLICOS ................................................................................................................ 24
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ................................................................................... 28
BENS PÚBLICOS E INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE .......................................... 29
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.............................................................................. 33
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ............................................................................................ 34
GABARITO ................................................................................................................................ 38
OAB DESCOMPLICADA

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO BRASILEIRA


1) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018

No ano corrente, a União decidiu criar uma nova empresa pública, para
a realização de atividades de relevante interesse econômico. Para tanto, fez editar
a respectiva lei autorizativa e promoveu a inscrição dos respectivos atos
constitutivos no registro competente. Após a devida estruturação, tal entidade
administrativa está em vias de iniciar suas atividades.

Acerca dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a),


assinale a afirmativa correta.

a) A participação de outras pessoas de direito público interno, na constituição do


capital social da entidade administrativa, é permitida, desde que a maioria do
capital votante permaneça em propriedade da União.
b) A União não poderia ter promovido a inscrição dos atos constitutivos no registro
competente, na medida em que a criação de tal entidade administrativa decorre
diretamente da lei.
c) A entidade administrativa em análise constitui uma pessoa jurídica de direito
público, que não poderá contar com privilégios fiscais e trabalhistas.
d) Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços para a entidade
administrativa, em regra, não precisam ser precedidos de licitação.

COMENTÁRIOS:

A fundamentação da presente questão encontra respaldo no Artigo 3º,


parágrafo único do “Estatuto das Estatais”, que é a Lei 13.303/2016:

Art. 3º - Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica


de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio
próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.

Parágrafo único - Desde que a maioria do capital votante


permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito
Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa
pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito
público interno, bem como de entidades da administração indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Apenas uma observação, em relação à alternativa “D”: ela está errada


porque empresas públicas subordinam-se às licitações, conforme dispõe o Artigo 1º
parágrafo único da Lei 8.666/93:
OAB DESCOMPLICADA

4
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e
contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de
publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos


órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias,
as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

GABARITO: Gabarito A

ATOS ADMINISTRATIVOS
2) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020

Otacílio, novo prefeito do Município Kappa, acredita que o controle


interno é uma das principais ferramentas da função administrativa, razão pela qual
determinou o levantamento de dados nos mais diversos setores da Administração
local, a fim de apurar se os atos administrativos até então praticados continham
vícios, bem como se ainda atendiam ao interesse público.

Diante dos resultados de tal apuração, Otacílio deverá

a) revogar os atos administrativos que contenham vícios insanáveis, ainda que com
base em valores jurídicos abstratos.
b) convalidar os atos administrativos que apresentem vícios sanáveis, mesmo que
acarretem lesão ao interesse público.
c) desconsiderar as circunstâncias jurídicas e administrativas que houvessem
imposto, limitado ou condicionado a conduta do agente nas decisões sobre a
regularidade de ato administrativo.
d) indicar, de modo expresso, as consequências jurídicas e administrativas da
invalidação de ato administrativo.

COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” encontra-se equivocada, visto que se se tratar de vícios


insanáveis, a medida cabível não será a revogação (que pressupõe produção de atos
válidos, mas que não interessam mais à Administração Pública).
A alternativa “B” também está errada, visto que a não lesão ao interesse
público é um requisito legal para sua convalidação. Vejamos o Artigo 55 da Lei 9.784/99:

"Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao


interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria
Administração."
OAB DESCOMPLICADA

Nesse sentido, não há que se falar em convalidação mesmo que houvesse


lesão ao interesse público.
A alternativa “C” também está incorreta. Vejamos o Artigo 22, parágrafo 1º
da LINDB:

"Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão


considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as
exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos
dos administrados.

§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato,


contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão
consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto,
limitado ou condicionado a ação do agente."

A alternativa “D” está correta. Vejamos o que dispõe o Artigo 21, caput, do
Decreto-lei 4.657/42:

"Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou


judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou
norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.

Gabarito: Alternativa “D”.

SERVIDORES PÚBLICOS
3) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018

A sociedade empresária Beta assinou, na década de 1990, contrato de


concessão de serviço de transporte público. Desde então, vem utilizando os
mesmos ônibus no transporte de passageiros, não se preocupando com a
renovação da frota, tampouco com o conforto dos usuários ou com o nível de
emissão de poluentes. Em paralelo, com a natural evolução tecnológica, sabe-se
que os veículos atualmente estão mais bem equipados, são mais seguros e,
naturalmente, emitem menos poluentes.

Com base no caso narrado, assinale a afirmativa correta.

a) A renovação da frota visa a atender ao princípio da atualidade, que exige das


concessionárias o emprego de equipamentos modernos.
b) Constitui interesse público a utilização de ônibus novos, mais econômicos,
eficientes e confortáveis; por isso, independentemente de lei autorizativa, pode
OAB DESCOMPLICADA

6
o poder concedente encampar o contrato de concessão, retomando o serviço
público.
c) Se a concessionária desrespeitar os parâmetros de qualidade do serviço
estabelecidos no contrato, a concessão poderá ser extinta unilateralmente pelo
poder concedente, aplicando-se o instituto da rescisão.
d) Ao fim da concessão, os veículos utilizados retornam ao poder concedente,
independentemente de expressa previsão no edital e no contrato.

COMENTÁRIOS:

De pronto, cumpre trazer o que dispõe o Artigo 6º, parágrafo 2º da Lei


8.987/95:

"Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de


serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme
estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
contrato.

[…]

§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do


equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a
melhoria e expansão do serviço."

Ademais, Rafael Oliveira1 fala sobre o assunto:

O princípio da mutabilidade ou atualidade leva em consideração o fato


de que os serviços públicos devem se adaptar à evolução social e
tecnológica. As necessidades da população variam no tempo e as
tecnologias evoluem rapidamente, havendo a necessidade constante
de adaptação das atividades administrativas

A alternativa “B” esta errada porque a encampação pressupõe lei


autorizativa, conforme determina o Artigo 37 da Lei 8.987/95:

Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder


concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse
público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento
da indenização, na forma do artigo anterior.

Em relação à alternativa “C”, cumpre destacar que a concessão pode ser


extinta unilateralmente pela Administração Pública, conforme Artigo 38 da lei
supracitada:

1
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: Método, 2017.
OAB DESCOMPLICADA

7
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério
do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou
a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste
artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.

Por fim, a retomada de bens depende de previsão do edital e do contrato,


conforme dispõe Artigo 35 parágrafo 1º da Lei 8.987/95, conforme abaixo:

"Art. 35. Extingue-se a concessão por:

(...)

§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens


reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário
conforme previsto no edital e estabelecido no contrato."

Inegável, portanto, que a alternativa “D” também está errada.

GABARITO: Gabarito A

VÍDEO AULAS INDICADAS

Características do contrato de concessão – Prof. Dalmo Azevedo


https://www.youtube.com/watch?v=ike4vRDtZ_0

Extinção do contrato de concessão – Prof. Dalmo Azevedo


https://www.youtube.com/watch?v=24LCBJ2Wm58

4) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019

Os analistas de infraestrutura de determinado Ministério, ocupantes de


cargo efetivo, pleiteiam há algum tempo uma completa reestruturação da carreira,
com o aumento de cargos e de remunerações. Recentemente, a negociação com
o Governo Federal esfriou dado o cenário de crise fiscal severa. Para forçar a
retomada das negociações, a categoria profissional decidiu entrar em greve,
mantendo em funcionamento apenas os serviços essenciais. Com base na
hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) Compete à Justiça Federal – e não à Justiça do Trabalho – julgar a abusividade


do direito de greve dos analistas de infraestrutura.
b) A Administração Pública não poderá, em nenhuma hipótese, fazer o desconto
dos dias não trabalhados em decorrência do exercício do direito de greve pelos
servidores públicos civis.
c) O direito de greve dos servidores públicos civis não está regulamentado em lei,
o que impede o exercício de tal direito.
OAB DESCOMPLICADA

8
d) O direito de greve é constitucionalmente assegurado a todas as categorias
profissionais, incluindo os militares das Forças Armadas, os policiais militares e
os bombeiros militares.

COMENTÁRIOS:

Sobre essa questão, vamos copiar agora de maneira integral uma matéria
publicada no site Dizer o Direito2, (instagram: @dizerodireito):

“Os servidores públicos possuem direito à greve?


SIM. Isso encontra-se previsto no art. 37, VII, da CF/88:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;

Quais são os requisitos para que os servidores públicos possam fazer greve?
São requisitos para a deflagração de uma greve no serviço público:
a) tentativa de negociação prévia, direta e pacífica;
b) frustração ou impossibilidade de negociação ou de se estabelecer uma agenda
comum;
c) deflagração após decisão assemblear;
d) comunicação aos interessados, no caso, ao ente da Administração Pública a que a
categoria se encontre vinculada e à população, com antecedência mínima de 72 horas
(uma vez que todo serviço público é atividade essencial);
e) adesão ao movimento por meios pacíficos; e
f) a garantia de que continuarão sendo prestados os serviços indispensáveis ao
atendimento das necessidades dos administrados (usuários ou destinatários dos
serviços) e à sociedade.

Caso os servidores públicos realizem greve, a Administração Pública deverá


descontar da remuneração os dias em que eles ficaram sem trabalhar?
• Regra: SIM. Em regra, a Administração Pública deve fazer o desconto dos dias de
paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos.
• Exceção: não poderá ser feito o desconto se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público.

Tese que foi fixada pelo STF:


A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação
decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude
da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação
em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que
a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.

2 Disponível em https://www.dizerodireito.com.br/2017/09/compete-justica-comum-e-nao-
justica-do.html acesso em 05/06/2019
OAB DESCOMPLICADA

9
STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016
(repercussão geral) (Info 845).

Suponhamos que ocorra divergência entre os servidores e a Administração Pública


sobre a abusividade da greve realizada e a questão acabe chegando ao Judiciário.
Neste caso, de quem será a competência para decidir se a greve é legal ou não?
Trata-se de competência da Justiça Comum ou da Justiça do Trabalho?
Justiça Comum. No julgamento do MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
25/10/2007, o STF já havia definido que a competência para julgar questões relativas à
greve dos servidores públicos é da Justiça Comum.

A Justiça Comum será competente mesmo que se trate de empregado público


(vínculo celetista)?
SIM. A Justiça Comum será competente mesmo que o vínculo do servidor com a
Administração Pública seja regido pela CLT, ou seja, ainda que se trate de empregado
público.
Sobre o tema, o STF fixou a seguinte tese:

A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de


greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta,
autarquias e fundações públicas.
STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).

Assim, a Justiça Comum é sempre competente para julgar causa relacionada ao direito
de greve de servidor público da Administração direta, autárquica e fundacional, pouco
importando se se trata de celetista ou estatutário.

Vale fazer, contudo, uma importante ressalva: se a greve for de empregados públicos
de empresa pública ou sociedade de economia mista, a competência será da Justiça do
Trabalho.

Estadual ou Federal
• Se os servidores públicos que estiverem realizando a greve forem municipais ou
estaduais, a competência será da Justiça Estadual.
• Se os servidores públicos grevistas forem da União, suas autarquias ou fundações, a
competência será da Justiça Federal.

E se a greve abranger mais de um Estado?


• Se a greve for de servidores estaduais ou municipais e estiver restrita a uma unidade
da Federação (um único Estado), a competência será do respectivo Tribunal de Justiça
(por aplicação analógica do art. 6º da Lei nº 7.701/88).
• Se a greve for de servidores federais e estiver restrita a uma única região da Justiça
Federal (ex: greve dos servidores federais de PE, do CE, do RN e da PB): a competência
será do respectivo TRF (neste exemplo, o TRF5) (por aplicação analógica do art. 6º da
Lei nº 7.701/88).
• Se a greve for de âmbito nacional, ou abranger mais de uma região da Justiça Federal,
ou ainda, compreender mais de uma unidade da federação, a competência para o
OAB DESCOMPLICADA

10
dissídio de greve será do STJ (por aplicação analógica do art. 2º, I, "a", da Lei nº
7.701/88).”

GABARITO: Gabarito A

5) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019

Sávio, servidor público federal, frustrado com a ineficiência da


repartição em que trabalha, passou a faltar ao serviço. A Administração Pública,
após constatar que Sávio acumulou sessenta dias de ausência nos últimos doze
meses, instaurou processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do
referido servidor.

Tendo como premissa esse caso concreto, assinale a afirmativa


correta

a) O processo administrativo disciplinar será submetido a um procedimento


sumário, mais simples e célere, composto pelas fases da instauração, da
instrução sumária - que compreende a indiciação, a defesa e o relatório - e do
julgamento.
b) A inassiduidade habitual configura hipótese de demissão do serviço público,
ficando Sávio impedido de nova investidura em cargo público federal pelo prazo
de cinco anos, a contar do julgamento.
c) Na hipótese de ser imputada a pena de demissão a Sávio, é lícito à
Administração Pública exigir depósito de dinheiro como requisito de
admissibilidade do recurso administrativo, até mesmo como forma de ressarcir
os custos adicionais que o poder público terá com o processamento do apelo.
d) A falta de advogado constituído por Sávio no processo administrativo é causa de
nulidade, tendo em vista que a ausência de defesa técnica prejudica o exercício
da ampla defesa por parte do servidor arrolado.

COMENTÁRIOS:

O caso trata sobre o que se chama de inassiduidade habitual, que ocorre


quando o servidor público passa a faltar ao labor. Nesse caso, dispõe os Artigos 132, III
e 139 da Lei 8.112/90 que:

Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem


causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o
período de doze meses.

A inassiduidade é passível de demissão:

"Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:


OAB DESCOMPLICADA

11
(...)

III - inassiduidade habitual;"

O procedimento, nesse caso, será o sumário, conforme determina o Artigo


140 da mesma lei:
Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também
será adotado o procedimento sumário a que se refere o art. 133,
observando-se especialmente que:

O Artigo 133, por sua vez:

Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos


ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará
o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar
opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência
e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua
apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:

I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a


ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar
a autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração;

II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;

III – julgamento

GABARITO: Gabarito A

AGENTES PÚBLICOS
6) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019
José, servidor público federal ocupante exclusivamente de cargo em
comissão, foi exonerado, tendo a autoridade competente motivado o ato em
reiterado descumprimento da carga horária de trabalho pelo servidor. José
obteve, junto ao departamento de recursos humanos, documento oficial com
extrato de seu ponto eletrônico, comprovando o regular cumprimento de sua
jornada de trabalho.
Assim, o servidor buscou assistência jurídica junto a um advogado,
que lhe informou corretamente, à luz do ordenamento jurídico, que
a) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de
exoneração, eis que o próprio texto constitucional estabelece que cargo em
comissão é de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente, que
não está vinculada ou limitada aos motivos expostos para a prática do ato
administrativo.
OAB DESCOMPLICADA

12
b) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de
exoneração, eis que tal ato é classificado como vinculado, no que tange à
liberdade de ação do administrador público, razão pela qual o Poder Judiciário
não pode se imiscuir no controle do mérito administrativo, sob pena de violação
à separação dos Poderes.
c) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração,
eis que, apesar de ser dispensável a motivação para o ato administrativo
discricionário de exoneração, uma vez expostos os motivos que conduziram à
prática do ato, estes passam a vincular a Administração Pública, em razão da
teoria dos motivos determinantes.
d) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração,
eis que, por se tratar de um ato administrativo vinculado, pode o Poder Judiciário
proceder ao exame do mérito administrativo, a fim de aferir a conveniência e a
oportunidade de manutenção do ato, em razão do princípio da inafastabilidade
do controle jurisdicional.

COMENTÁRIOS:
A alternativa correta é a letra “C”.
Vejamos o AgRg no RMS 32437/MG do STJ:
ADMINISTRATIVO. EXONERAÇÃO POR PRÁTICA DE NEPOTISMO.
INEXISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. 1. A Administração, ao justificar ato administrativo,
fica vinculada às razões ali exposta, para todos os efeitos jurídicos, de
acordo com o preceituado na teoria dos motivos determinantes. A
motivação é que legitima e confere validade ao ato administrativo
discricionário. Enunciadas pelo agente as causas em que pautou,
mesmo que a lei não haja imposto tal dever, o ato só será legítimo se
elas realmente tiverem ocorrido. 2. Constata a inexistência da razão
ensejadora da demissão do agravado pela Administração (prática
de Nepotismo) e considerando a vinculação aos motivos que
determinaram o ato impugnado, este deve ser anulado, com a
consequente reintegração do impetrante. Precedentes do STJ. 3.
Agravo regimental não provido. (STJ – AgRg no RMS 32437
2010/0118191-3, Relator: Ministro Herman Benjamin, data do
julgamento: 22/02/2011)

GABARITO: ALTERNATIVA C

7) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019


José, servidor público federal ocupante exclusivamente de cargo em
comissão, foi exonerado, tendo a autoridade competente motivado o ato em
reiterado descumprimento da carga horária de trabalho pelo servidor. José
obteve, junto ao departamento de recursos humanos, documento oficial com
extrato de seu ponto eletrônico, comprovando o regular cumprimento de sua
jornada de trabalho.
OAB DESCOMPLICADA

13
Assim, o servidor buscou assistência jurídica junto a um advogado,
que lhe informou corretamente, à luz do ordenamento jurídico, que
a) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de
exoneração, eis que o próprio texto constitucional estabelece que cargo em
comissão é de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente, que
não está vinculada ou limitada aos motivos expostos para a prática do ato
administrativo.
b) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de
exoneração, eis que tal ato é classificado como vinculado, no que tange à
liberdade de ação do administrador público, razão pela qual o Poder Judiciário
não pode se imiscuir no controle do mérito administrativo, sob pena de violação
à separação dos Poderes.
c) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração,
eis que, apesar de ser dispensável a motivação para o ato administrativo
discricionário de exoneração, uma vez expostos os motivos que conduziram à
prática do ato, estes passam a vincular a Administração Pública, em razão da
teoria dos motivos determinantes.
d) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração,
eis que, por se tratar de um ato administrativo vinculado, pode o Poder Judiciário
proceder ao exame do mérito administrativo, a fim de aferir a conveniência e a
oportunidade de manutenção do ato, em razão do princípio da inafastabilidade
do controle jurisdicional.

COMENTÁRIOS:
Ainda que a exoneração se trate de um ato administrativo discricionário, a
administração fica vinculada às razões expostas. É a motivação que legitima e confere
validade para que eles ocorram. Nesse caso, José pode provocar o poder judiciário para
demonstrar a ilegitimidade do ato, visto que o motivo da exoneração é equivocado, uma
vez que seus cartões de ponto demonstravam que ele não praticava os atos que
motivaram sua exoneração.
Vejamos a ementa do AgRg no RMS 32437/MG do STJ:
ADMINISTRATIVO. EXONERAÇÃO POR PRÁTICA DE NEPOTISMO.
INEXISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. 1. A Administração, ao justificar o ato
administrativo, fica vinculada às razões ali expostas, para todos os
efeitos jurídicos, de acordo com o preceituado na teoria dos motivos
determinantes. A motivação é que legitima e confere validade ao ato
administrativo discricionário. Enunciadas pelo agente as causas em
que se pautou, mesmo que a lei não haja imposto tal dever, o ato só
será legítimo se elas realmente tiverem ocorrido. 2. Constada a
inexistência da razão ensejadora da demissão do agravado pela
Administração (prática de nepotismo) e considerando a vinculação aos
motivos que determinaram o ato impugnado, este deve ser anulado,
com a consequência reintegração do impetrante. Precedentes do STJ.
3. Agravo Regimental não provido. (STJ – AgRg no RMS 32437/MG
2010/0118191-3, Relator: Min. Herman Benajmin).

Gabarito: Alternativa C
OAB DESCOMPLICADA

14

8) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020


Maria foi contratada, temporariamente, sem a realização de concurso
público, para exercer o cargo de professora substituta em entidade autárquica
federal, em decorrência do grande número de professores do quadro permanente
em gozo de licença. A contratação foi objeto de prorrogação, de modo que Maria
permaneceu em exercício por mais três anos, período durante o qual recebeu
muitos elogios. Em razão disso, alunos, pais e colegas de trabalho levaram à
direção da autarquia o pedido de criação de um cargo em comissão de professora,
para que Maria fosse nomeada para ocupá-lo e continuasse a ali lecionar.
Avalie a situação hipotética apresentada e, na qualidade de
advogado(a), assinale a afirmativa correta.
a) Não é possível a criação de um cargo em comissão de professora, visto que tais
cargos destinam-se apenas às funções de direção, chefia e assessoramento.
b) É adequada a criação de um cargo em comissão para que Maria prolongue suas
atividades como professora na entidade administrativa, diante do justificado
interesse público.
c) Maria tem estabilidade porque exerceu a função de professora por mais de três
anos consecutivos, tornando desnecessária a criação de um cargo em comissão
para que ela continue como professora na entidade autárquica.
d) Não é necessária a criação de um cargo em comissão para que Maria
permaneça exercendo a função de professora, porque a contratação temporária
pode ser prorrogada por tempo indeterminado.

COMENTÁRIOS:
Assim determina o Artigo 37, V da CF/88:
Art. 37 (...): V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a
serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento;"

Ademais, o STF já declarou a inconstitucionalidade de leis estaduais que


criam cargos de comissão para funções técnicas e rotineiras da administração na ADI
3.706/MS de relatoria de Gilmas Mendes e o RE 376.440/DF de relatoria do Dias Toffoli.
ADI 3.706/MS ementa: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL QUE CRIA CARGOS
EM COMISSÃO. VIOLAÇÃO AO ART. 37, INCISOS II E V DA
CONSTITUIÇÃO. 2. Os cargos em comissão criados pela Lei
1.939/1998 do Estado do Mato Grosso do Sul, possuem atribuições
meramente técnicas e que, portanto, não possuem o caráter de
assessoramento, chefia ou direção exigido para tais cargos, nos
termos do art. 37, V, da Constituição Federal. 3. Ação julgada
procedente.
OAB DESCOMPLICADA

15
RE 376.440/DF ementa: Embargos de declaração em recurso
extraordinário. Conversão em agravo regimental, conforme pacífica
orientação da Corte. Lei distrital que criou cargos em comissão para
funções rotineiras da Administração Pública. Impossibilidade. 1. A
decisão ora atacada reflete a pacífica jurisprudência da Corte a
respeito do tema, a qual reconhece a inconstitucionalidade da criação
de cargos em comissão para funções que não exigem o requisito da
confiança para seu preenchimento. 2. Esses cargos, ademais,
deveriam ser preenchidos por pessoas determinadas, conforme
descrição constante da aludida lei. 3. Embargos de declaração
recebidos como agravo regimental, ao qual é negado provimento.3

Gabarito: Alternativa A

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


9) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019
Após comprar um terreno, Roberto iniciou a construção de sua casa,
sem prévia licença, avançando para além dos limites de sua propriedade e
ocupando parcialmente a via pública, inclusive com possibilidade de
desabamento de parte da obra e risco à integridade dos pedestres.
No regular exercício da fiscalização da ocupação do solo urbano, o
poder público municipal, observadas as formalidades legais, valendo-se da
prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza-o a restringir o uso e
o gozo da liberdade e da propriedade privada em favor do interesse da
coletividade, determinou que Roberto demolisse a parte irregular da obra.
O poder administrativo que fundamentou a determinação do Município
é o poder
a) de hierarquia, e, pelo seu atributo da coercibilidade, o particular é obrigado a
obedecer às ordens emanadas pelos agentes públicos, que estão em nível de
superioridade hierárquica e podem usar meios indiretos de coerção para fazer
valer a supremacia do interesse público sobre o privado.
b) disciplinar, e o particular está sujeito às sanções impostas pela Administração
Pública, em razão do atributo da imperatividade, desde que haja a prévia e
imprescindível chancela por parte do Poder Judiciário.
c) regulamentar, e os agentes públicos estão autorizados a realizar atos concretos
para aplicar a lei, ainda que tenham que se valer do atributo da
autoexecutoriedade, a fim de concretizar suas determinações,
independentemente de prévia ordem judicial.
d) de polícia, e a fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, por meio do
qual os agentes públicos procuram impedir um dano social, e um repressivo,
que, face à transgressão da norma de polícia, redunda na aplicação de uma
sanção.

3
Disponível http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7236152
OAB DESCOMPLICADA

16

COMENTÁRIOS:
O fundamento para a questão encontra-se no Artigo 78 do CTN:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos.

GABARITO: ALTERNATIVA D

PROCESSO ADMINISTRATIVO
10) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019
Luciana, imbuída de má-fé, falsificou documentos com a finalidade de
se passar por filha de Astolfo (recentemente falecido, com quem ela não tinha
qualquer parentesco), movida pela intenção de obter pensão por morte do
pretenso pai, que era servidor público federal. Para tanto, apresentou os aludidos
documentos forjados e logrou a concessão do benefício junto ao órgão de origem,
em março de 2011, com registro no Tribunal de Contas da União, em julho de 2014.
Contudo, em setembro de 2018, a administração verificou a fraude, por meio de
processo administrativo em que ficou comprovada a má-fé de Luciana, após o
devido processo legal.
Sobre essa situação hipotética, no que concerne ao exercício da
autotutela, assinale a afirmativa correta.
a) A administração tem o poder-dever de anular a concessão do benefício diante
da má-fé de Luciana, pois não ocorreu a decadência.
b) O transcurso do prazo de mais de cinco anos da concessão da pensão junto ao
órgão de origem importa na decadência do poder-dever da administração de
anular a concessão do benefício.
c) O controle realizado pelo Tribunal de Contas por meio do registro sana o vício
do ato administrativo, de modo que a administração não mais pode exercer a
autotutela.
d) Ocorreu a prescrição do poder-dever da administração de anular a concessão
do benefício, na medida em que transcorrido o prazo de três anos do registro
perante o Tribunal de Contas.

COMENTÁRIOS:
OAB DESCOMPLICADA

17
Em regra, o prazo decadencial da administração pública é de 5 anos.
Contudo, há exceções, como por exemplo os que são eivados de má-fé, como no caso
da questão. Isso está previsto no Artigo 54 da Lei 9.784/99, que diz:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé.

Vejamos as seguintes decisões do STF:


Nos termos da jurisprudência do STF, o ato de concessão de
aposentadoria [e pensão] é complexo, aperfeiçoando-se somente após a
sua apreciação pelo TCU, sendo, desta forma, inaplicável o art. 54, da Lei
nº 9.784/99, para os casos em que o TCU examina a legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 2. Inexiste afronta
ao princípio do contraditório e da segurança jurídica quando a análise do ato
de concessão de aposentadoria, pensão ou reforma for realizada pelo TCU
dentro do prazo de 5 anos, contados da entrada do processo adm. na
Corte de Contas. 3. Os princípios do ato jurídico perfeito e da proteção ao
direito adquirido não podem ser oponíveis ao ato impugnado, porquanto a
alteração do contexto fático implica alteração dos fundamentos pelos quais o
próprio direito se constitui. O STF adota o entendimento de que a alteração
de regime jurídico garante ao servidor o direito à irredutibilidade dos
proventos, mas não à manutenção do regime anterior. [MS 31.704, rel. min.
Edson Fachin, 1ª T, j. 19-4-2016, DJE 98 de 16-5-2016.]

Direito Administrativo. MS. TCU. Negativa de registro à pensão por


morte. Alegada decadência e violação ao contraditório e à ampla defesa.
Revogação de liminar. Efeitos prospectivos. 1. Afastamento da alegada
decadência o direito de o TCU rever o ato concessivo da pensão e da alegada
violação ao contraditório e à ampla defesa, nos termos da jurisprudência
consolidada deste Tribunal. 2. Não se aplica ao TCU, no exercício do
controle da legalidade de aposentadoria, reforma e pensão, a
decadência prevista na Lei nº 9.784/99, devendo, no entanto, ser
assegurado o contraditório e a ampla defesa somente se decorridos
mais de 5 anos desde a entrada do processo no Tribunal de Contas. [MS
30.843, rel. min. Roberto Barroso, dec. monocrática, j. 11-10-2017, DJE 65
de 6-4-2018.]

GABARITO: Alternativa A

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
11) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018

Após a contratação, sob o regime de empreitada por preço unitário, da


sociedade empresária Faz de Tudo Ltda. para a construção do novo edifício-sede
de uma agência reguladora, a Administração verifica que os quantitativos
constantes da planilha orçamentária da licitação – e replicados pela contratada –
são insuficientes para executar o empreendimento tal como projetado. Por isso,
OAB DESCOMPLICADA

18
será necessário aumentar as quantidades de alguns serviços. Em termos
financeiros, o acréscimo será de 20% – que corresponde a R$ 2.000.000,00 – em
relação ao valor inicial atualizado do contrato.

Com base na situação narrada, assinale a afirmativa correta.

a) O acréscimo de serviços poderá ser combinado apenas verbalmente, não sendo


necessária sua redução a termo.
b) Por se tratar de cláusula exorbitante, mesmo que a sociedade empresária Faz
de Tudo Ltda. não concorde com o acréscimo, a alteração poderá ser
determinada unilateralmente pela Administração.
c) O contratado só está obrigado a aceitar os acréscimos de até 15% (quinze por
cento) em relação ao valor inicial atualizado do contrato; superado esse limite, a
alteração só pode ocorrer com o consentimento da sociedade empresária Faz
de Tudo Ltda.
d) Diante da deficiência do projeto básico, a Administração deve obrigatoriamente
anular o contrato após serem oportunizados o contraditório e a ampla defesa à
sociedade empresária Faz de Tudo Ltda.

COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” está errada, tendo em vista que o aditamento do contrato


deve sim ser reduzido a termo, conforme dispõe o Artigo 60 da Lei 8.666/93:

"Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas


repartições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos
seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos
a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por instrumento
lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo
que lhe deu origem."

A alternativa “B” está correta por força do Artigo 65, parágrafo 1º da Lei de
Licitações (mencionada acima):

"Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com
as devidas justificativas, nos seguintes casos:

(...)

Parágrafo 1º - O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas


condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se
fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco
por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso
particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50%
(cinquenta por cento) para os seus acréscimos."

A alternativa “C” também está equivocada, pois, como vimos, o limite é de


25%, e não 15%.
OAB DESCOMPLICADA

19
Por fim, a alternativa “D” também está errada, tendo em vista que a
insuficiência do projeto não implica necessariamente na anulação do contrato, conforme
prevê o Artigo 57, parágrafo 1º da Lei 8666/93:

"Art. 57 (...)

§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de


entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do
contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-
financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos,
devidamente autuados em processo:

I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;"

GABARITO: Gabarito B

LICITAÇÕES
12) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018

Com a finalidade de contratar obras públicas relacionadas à melhoria


da mobilidade urbana, o Estado X optou pela adoção do Regime Diferenciado de
Contratação. Após a abertura das propostas, constatou-se que houve empate
entre as sociedades Ômega S/A e Gama S/A, duas grandes empresas que atuam
no setor de referência, sendo, a primeira, empresa brasileira e, a segunda,
sociedade estrangeira com sede no Brasil.

Considerando a ordem de critérios de desempate estabelecida na


legislação específica, assinale a afirmativa correta.

a) O Estado X deverá, de plano, proceder a sorteio para promover o desempate.


b) A preferência por serviços realizados por empresa brasileira, em nenhum
momento poderá ser utilizada como critério de desempate.
c) As sociedades deverão ser consideradas vencedoras e ratear, igualmente, o
objeto do contrato, mediante a constituição de consórcio.
d) Os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta fechada, em ato
contínuo à classificação.

COMENTÁRIOS:

Para resolvermos a questão, devemos, antes, trazer o que diz o Artigo 25


da Lei 12.462/2001:

Em caso de empate entre 2 (duas) ou mais propostas, serão utilizados


os seguintes critérios de desempate, nesta ordem:
OAB DESCOMPLICADA

20
I - disputa final, em que os licitantes empatados poderão
apresentar nova proposta fechada em ato contínuo à
classificação;"

II - a avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, desde


que exista sistema objetivo de avaliação instituído;

III - os critérios estabelecidos no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de


outubro de 1991, e no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho
de 1993; e

IV – sorteio

Por determinação legal expressa, em caso de empate, os seguintes critérios


utilizados deverão seguir uma ordem, e é exatamente por isso que a alternativa “A” está
equivocada. O sorteio poderia sim acontecer, mas é a última opção.
A alternativa “C” não encontra qualquer respaldo legal, e a alternativa “D”,
correta neste caso, encontra fundamento no Artigo 25, I mencionado acima.
Em relação à alternativa “B”, cumpre mencionar que o Artigo 3º, parágrafo
2º da Lei de Licitações (8.666/93), diz que “em igualdade de condições, como critério de
desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: I –
produzidos no país; II – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
Estamos indicando abaixo uma aula de mais de três horas do Gran Cursos
Online, mas vale a pena ver, pois fala de licitações e contratos administrativos, e essas
matérias despencam na OAB e em Concursos Públicos.

GABARITO: Gabarito D

VÍDEO AULA INDICADA


Licitações e Contratos Administrativos – Gran Cursos Line
https://www.youtube.com/watch?v=ZZpJnS_vlHg

13) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019

O Município Sigma pretende realizar obras de restauração em uma


praça e instalar brinquedos fixos de madeira para o lazer das crianças. A obra foi
orçada em R$ 100.000,00 (cem mil reais), razão pela qual o ente federativo optou
pela modalidade convite, remetendo o respectivo instrumento convocatório para
três sociedades cadastradas junto ao registro pertinente e, para uma quarta, não
cadastrada. Além disso, a carta-convite foi afixada em local apropriado para o
conhecimento dos demais interessados.

Na sessão de julgamento, compareceram apenas duas convidadas,


certo que a sociedade Alfa apresentou a melhor proposta e preencheu os
requisitos para a habilitação.

Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.


OAB DESCOMPLICADA

21
a) O Município Sigma não poderia ter se utilizado da modalidade convite para a
situação descrita.
b) A licitação é inválida, pois o resumo do instrumento convocatório deveria ser
publicado em jornal de circulação no Município Sigma.
c) Se o Município Sigma não justificar a presença de apenas duas licitantes, diante
da existência de limitações de mercado ou pelo desinteresse dos convidados,
deverá repetir o convite.
d) Não é cabível realizar o convite de sociedades que não estejam cadastradas no
registro pertinente.

COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” está errada em virtude do que está disposto no Artigo 1º, I
do Decreto 9.412/2018, que alterou o Artigo 23, I e II da Lei 8.666/93, passando a
constar que para obras e serviços de engenharia a modalidade convite é aceita até R$
330.000,00.
A alternativa “B” está equivocada porque a modalidade convite não
necessita de publicação de avisos contendo os resumos dos editais, conforme Artigo
21, III da Lei de Licitações:

Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das


concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão
ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:

(...)

III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se


houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será
realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o
bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação,
utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de
competição

A alternativa “C” está correta por expressa previsão do Artigo 22, parágrafo
7º da Lei de Licitações:

Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos


convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de
licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão
ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do
convite.

Por fim, a alternativa “D” está equivocada em virtude do parágrafo 3º do


dispositivo mencionado acima, que diz:

3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo


pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
OAB DESCOMPLICADA

22
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa,
a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório
e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de
até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

GABARITO: Gabarito C

14) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019


Determinada empresa pública estadual, com vistas a realizar a
aquisição de bens necessários para o adequado funcionamento de seus serviços
de informática, divulgou, após a devida fase de preparação, o respectivo
instrumento convocatório, no qual indicou certa marca, que é comercializada por
diversos fornecedores, por considerá-la a única capaz de atender ao objeto do
contrato, e adotou a sequência de fases previstas na lei de regência.
No curso da licitação, a proposta apresentada pela sociedade
empresária Beta foi considerada a melhor, mas a sociedade empresária Alfa
considerou que houve um equívoco no julgamento e apresentou recurso
administrativo para impugnar tal fato, antes da habilitação, que não foi aceito. Foi
dado prosseguimento ao certame, com a inabilitação da sociedade Beta, de modo
que a vencedora foi a sociedade empresária Sigma, consoante resultado
homologado.
Considerando o regime licitatório aplicável às empresas estatais e as
circunstâncias do caso concreto, assinale a afirmativa correta.
a) Existe vício insanável no instrumento convocatório, pois é vedada a indicação
de marca, mesmo nas circunstâncias apontadas.
b) A homologação foi equivocada, na medida em que a empresa pública não
observou a sequência das fases previstas em lei ao efetuar o julgamento das
propostas antes da habilitação.
c) O recurso da sociedade Alfa foi apresentado em momento oportuno e a ele
deveria ter sido conferido efeito suspensivo com a postergação da fase da
habilitação.
d) A homologação do resultado implica a constituição de direito relativo à
celebração do contrato em favor da sociedade empresária Sigma.

COMENTÁRIOS:
A alternativa “a” encontra-se equivocada, visto que não há proibição de
indicação de marca em procedimento licitatório, conforme disposto no Artigo 47, I da Lei
13.303/16.
A alternativa “b” também está equivocada, visto que a lei 13.303/16 traz uma
inversão de fases em relação à lei de licitação. O Artigo 51 da referida lei dispõe a
seguinte sequencia:
I - preparação;
OAB DESCOMPLICADA

23
II - divulgação;

III - apresentação de lances ou propostas, conforme o modo de disputa


adotado;

IV - julgamento;

V - verificação de efetividade dos lances ou propostas;

VI - negociação;

VII - habilitação;

VIII - interposição de recursos;

IX - adjudicação do objeto;

X - homologação do resultado ou revogação do procedimento.

A alternativa C também está equivocada, conforme dispõe o Artigo 59 da


Lei 13.303/16.
A alternativa “d” está correta. Vejamos o disposto no artigo 60 da Lei
13.303/16:
Art. 60. A homologação do resultado implica a constituição de direito
relativo à celebração do contrato em favor do licitante vencedor.

GABARITO: ALTERNATIVA D

15) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019


Determinado Estado da Federação passa por grave problema devido à
superlotação de sua população carcerária, tendo os órgãos de inteligência estatal
verificado a possibilidade de rebelião e fuga dos apenados.
Visando ao atendimento do princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana e tendo em vista a configurada situação de grave e iminente risco
à segurança pública, o ente federativo instaurou processo administrativo e, em
seguida, procedeu à contratação, mediante inexigibilidade de licitação, de certa
sociedade empresária para a execução de obras de ampliação e reforma de seu
principal estabelecimento penal. Diante das disposições da Lei nº 8.666/93, no que
tange à obrigatoriedade de licitação, o Estado contratante agiu
a) corretamente, diante da impossibilidade fática de licitação decorrente do
iminente risco de rebelião e grave perturbação da ordem pública.
b) corretamente, haja vista que, apesar de ser possível a licitação, seu demorado
trâmite procedimental acarretaria risco à ordem social.
c) erradamente, eis que as circunstâncias do caso concreto autorizariam a
dispensa de licitação, observados os trâmites legais.
d) erradamente, uma vez que a prévia licitação é obrigatória na espécie, diante das
circunstâncias do caso concreto.
OAB DESCOMPLICADA

24
COMENTÁRIOS:
A hipótese descrita no caso indica licitação dispensável, nos termos do
Artigo 24, XXXV da Lei 8.666/96:
Art. 24. É dispensável a licitação:

XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento


de estabelecimentos penais, desde que configurada situação de grave
e iminente risco à segurança pública.

Além disso, o Artigo 26 prevê:


Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III
e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art.
25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do
parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro
de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a
eficácia dos atos.

GABARITO: ALTERNATIVA C

SERVIÇOS PÚBLICOS
16) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019

O Governo do Estado Alfa, para impulsionar o potencial turístico de


uma região cercada de belíssimas cachoeiras, pretende asfaltar uma pequena
estrada que liga a cidade mais próxima ao local turístico. Com vistas à melhoria
do serviço público e sem dinheiro em caixa para arcar com as despesas, o Estado
decide publicar edital para a concessão da estrada, com fundamento na Lei nº
8.987/95, cabendo ao futuro concessionário a execução das obras. Com base na
hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) O edital poderá prever, em favor da concessionária, outras fontes de receita além


daquela oriunda do pedágio; a renda adicional deve favorecer a modicidade
tarifária, reduzindo a tarifa paga pelos usuários.
b) Um grande investidor (pessoa física) pode ser contratado pelo poder
concedente, caso demonstre capacidade de realização das obras.
c) A concessão pode ser feita mediante licitação na modalidade tomada de preços,
caso as obras necessárias estejam orçadas em até R$ 1.500.000,00 (um milhão
e quinhentos mil reais).
d) O poder concedente não poderá exigir no edital garantias do concessionário de
que realizará as obras a contento, dado que a essência do contrato de
concessão é a delegação de serviço público.

COMENTÁRIOS:
OAB DESCOMPLICADA

25
Neste caso, também há dispositivo legal que fala expressamente sobre o
caso narrado, qual seja:

Lei nº 8.987/95: Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada


serviço público, poderá o poder concedente prever, em favor da
concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras
fontes provenientes de receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com
vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no
art. 17 desta Lei.

Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo serão


obrigatoriamente consideradas para a aferição do inicial equilíbrio
econômico-financeiro do contrato.

Notem, pessoal, que a leitura do Artigo 23 da referida lei também é de


fundamental importância, sobretudo:

Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as


relativas:

V - aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da


concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessidades
de futura alteração e expansão do serviço e conseqüente
modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das
instalações;

§ único. Os contratos relativos à concessão de serviço público


precedido da execução de obra pública, deverão, adicionalmente:
[...]

II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das


obrigações relativas às obras vinculadas à concessão.

É por isso que sempre dizemos que, além de muitos exercícios, você
também deve dedicar quantidade razoável de seu tempo à leitura de lei seca. A OAB e
os Concurso Públicos adoram esse tipo de questões em se tratando de primeira fase.

Assista a vídeo aula do Gran Cursos que indicamos a algumas questões


atrás.

GABARITO: Gabarito A

17) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019


O Município Alfa planeja estabelecer uma parceria público-privada para
a construção e operação do metrô, cujo contrato terá vigência de trinta e cinco
anos. Como a receita com a venda das passagens é inferior ao custo de
OAB DESCOMPLICADA

26
implantação/operação do serviço, o ente local aportará recursos como
complementação da remuneração do parceiro privado.
Sobre a questão, assinale a afirmativa correta.
a) Como o parceiro privado será remunerado pela tarifa do serviço de transporte e
por uma contrapartida do poder público, a concessão será celebrada na
modalidade administrativa.
b) A contrapartida do parceiro público somente pode se dar em dinheiro, não sendo
permitido qualquer outro mecanismo, a exemplo da outorga de direitos em face
da Administração Pública.
c) A vigência do futuro contrato é adequada, mas, por se tratar de negócio com
duração de trinta e cinco anos, não poderá haver prorrogação contratual.
d) Independentemente da proporção da contrapartida do parceiro público frente ao
total da receita auferida pelo parceiro privado, não haverá necessidade de
autorização legislativa específica.

COMENTÁRIOS:
A questão fica fácil de ser compreendi com os Artigos abaixo elencados da
Lei 11.079/04:
Lei nº 11.079/04, art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria
público-privada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei nº 8.987/95,
no que couber, devendo também prever:

I - o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos


investimentos realizados, não inferior a 5, nem superior a 35
anos, incluindo eventual prorrogação;

Complementando:

Lei nº 11.079/04, art. 2º Parceria público-privada é o contrato adm. de


concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.

§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou


de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/95, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. (A)

§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de


serviços de que a AP seja a usuária direta ou indireta, ainda que
envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

Art. 6º A contraprestação da AP nos contratos de parceria público-


privada poderá ser feita por: III - outorga de direitos em face da
AP; (B)

Art. 10, § 3º As concessões patrocinadas em que mais de 70% da


remuneração do parceiro privado for paga pela AP dependerão
de autorização legislativa específica.
OAB DESCOMPLICADA

27
GABARITO: Alternativa C

18) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020

O Município Beta concedeu a execução do serviço público de veículos


leves sobre trilhos e, ao verificar que a concessionária não estava cumprindo
adequadamente as obrigações determinadas no respectivo contrato, considerou
tomar as providências cabíveis para a regularização das atividades em favor dos
usuários.

Nesse caso,

a) impõe-se a encampação, mediante a retomada do serviço pelo Município Beta,


sem o pagamento de indenização.
b) a hipótese é de caducidade a ser declarada pelo Município Beta, mediante
decreto, que independe da verificação prévia da inadimplência da
concessionária.
c) cabe a revogação do contrato administrativo pelo Município Beta, diante da
discricionariedade e precariedade da concessão, formalizada por mero ato
administrativo.
d) é possível a intervenção do Município Beta na concessão, com o fim de
assegurar a adequada prestação dos serviços, por decreto do poder
concedente, que conterá designação do interventor, o prazo, os objetivos e os
limites da medida.

COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” encontra-se incorreta. A encampação é uma forma de


extinção de uma concessão, com fundamento no interesse público (conveniência
administrativa). Nesse caso, deveria haver indenização ao delegatário. Vejamos o Artigo
37 da Lei 8.987/95:
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder
concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse
público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento
da indenização, na forma do artigo anterior.

A alternativa “B” também está equivocada, visto que embora a caducidade


fosse aplicável ao caso em virtude da má prestação de serviço, ainda assim seria
necessário apurar previamente a inadimplência do concessionário com processo
administrativo, conforme determina o Artigo 38, parágrafo 2º da Lei 8.987/95:

"Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério


do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a
aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste
artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.
OAB DESCOMPLICADA

28
§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida
da verificação da inadimplência da concessionária em processo
administrativo, assegurado o direito de ampla defesa."

A alternativa “C” também está errada, visto que a concessão de serviço


público tem natureza contratual, não podendo se falar em precariedade, possibilidade
de revogação ou sustentar que seria caso de ato administrativo. Vejamos o Artigo 4º da
Lei 8.987/95:

"Art. 4º - A concessão de serviço público, precedida ou não da


execução de obra pública, será formalizada mediante contrato, que
deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do
edital de licitação."

A alternativa “D” está correta. Vejamos o Artigo 32 e seu parágrafo único da


Lei 8.987/95:

"Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim


de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel
cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais
pertinentes.

Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder


concedente, que conterá a designação do interventor, o prazo da
intervenção e os objetivos e limites da medida."

Gabarito: Alternativa D

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


19) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020

Rafael, funcionário da concessionária prestadora do serviço público de


fornecimento de gás canalizado, realizava reparo na rede subterrânea, quando
deixou a tampa do bueiro aberta, sem qualquer sinalização, causando a queda de
Sônia, transeunte que caminhava pela calçada.

Sônia, que trabalha como faxineira diarista, quebrou o fêmur da perna


direita em razão do ocorrido e ficou internada no hospital por 60 dias, sem poder
trabalhar.

Após receber alta, Sônia procurou você, como advogado(a), para


ajuizar ação indenizatória em face

a) da concessionária, com base em sua responsabilidade civil objetiva, para cuja


configuração é desnecessária a comprovação de dolo ou culpa de Rafael.
OAB DESCOMPLICADA

29
b) do Estado, como poder concedente, com base em sua responsabilidade civil
direta e subjetiva, para cuja configuração é prescindível a comprovação de dolo
ou culpa de Rafael.
c) de Rafael, com base em sua responsabilidade civil direta e objetiva, para cuja
configuração é desnecessária a comprovação de ter agido com dolo ou culpa,
assegurado o direito de regresso contra a concessionária.
d) do Município, como poder concedente, com base em sua responsabilidade civil
objetiva, para cuja configuração é imprescindível a comprovação de dolo ou
culpa de Rafael.

COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” encontra-se correta com fundamento no Artigo 25 da Lei


8.98795, bem como do Artigo 37, parágrafo 6º da CF/88:

"Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido,


cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder
concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização
exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa
responsabilidade."

"Art. 37 (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa."

Gabarito: Alternativa A

BENS PÚBLICOS E INTERVENÇÃO DO ESTADO NA


PROPRIEDADE
20) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019

Determinado Município fez publicar decreto de desapropriação por


utilidade pública de determinada área, com o objetivo de construir um hospital, o
que incluiu o imóvel de Ana. A proprietária aceitou o valor oferecido pelo ente
federativo, de modo que a desapropriação se consumou na via administrativa.

Após o início das obras, foi constatada a necessidade, de maior


urgência, da instalação de uma creche na mesma localidade, de modo que o
Município alterou a destinação a ser conferida à edificação que estava sendo
erigida. Ana se arrependeu do acordo firmado com o poder público.

Diante dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) de Ana,


assinale a afirmativa correta.
OAB DESCOMPLICADA

30
a) Ana deverá ajuizar ação de retrocessão do imóvel, considerando que o Município
não possui competência para atuar na educação infantil, de modo que não
poderia alterar a destinação do bem expropriado para esta finalidade.
b) Cabe a Ana buscar a anulação do acordo firmado com o Município, que deveria
ter ajuizado a indispensável ação de desapropriação para consumar tal
modalidade de intervenção do estado na propriedade.
c) O ordenamento jurídico não autoriza que Ana impugne a desapropriação
amigável acordada com o Município, porque a nova destinação conferida ao
imóvel atende ao interesse público, a caracterizar a chamada tredestinação
lícita.
d) Ana deverá ajuizar ação indenizatória em face do ente federativo, com base na
desapropriação indireta, considerando que o Município não pode conferir
finalidade diversa da constante no decreto expropriatório.

COMENTÁRIOS:

A tredestinação lícita ocorre justamente quando o Poder Público desapropria


um bem privado com certa destinação, como por exemplo a construção de uma escola,
mas, por motivos diversos, acaba destinando aquele imóvel para outra finalidade
pública, como a construção de um hospital.
Nesse caso, não há que se falar em anulação ou nulidade da
desapropriação, visto que, por motivos relevantes (urgentes), a destinação ainda assim
é de interesse público.
Para elucidar, vejamos o seguinte julgado do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO POR


UTILIDADE PÚBLICA. AÇÃO DE RETROCESSÃO. DESTINAÇÃO
DIVERSA DO IMÓVEL. PRESERVAÇÃO DA FINALIDADE PÚBLICA.
TREDESTINAÇÃO LÍCITA.

1. Não há falar em retrocessão se ao bem expropriado for dada


destinação que atende ao interesse público, ainda que diversa da
inicialmente prevista no decreto expropriatório.
2. A Primeira Turma desta Corte, no julgamento do REsp 710.065/SP
(Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.6.2005), firmou a orientação de que
a afetação da área poligonal da extinta "Vila Parisi" e áreas contíguas
(localizadas no Município de Cubatão/SP) - cuja destinação inicial era
a implantação de um parque ecológico -, para a instalação de um pólo
industrial metal-mecânico, um terminal intermodal de cargas
rodoviário, um centro de pesquisas ambientais, um posto de
abastecimento de combustíveis, um centro comercial com 32 módulos
de 32 metros cada, um estacionamento, e um restaurante/lanchonete,
atingiu, de qualquer modo, a finalidade pública inerente às
desapropriações.
3. Recurso especial desprovido.
(RESP - RECURSO ESPECIAL - 847092 2006.01.24261-5, rel.
Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, DJ
DATA:18/09/2006)
OAB DESCOMPLICADA

31

Vale destacar que se a nova destinação não for de interesse público,


poderíamos aplicar o Artigo 519 do Código Civil:

Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade


pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se
desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos,
caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.

GABARITO: Alternativa C

NOTÍCIA INDICADA
https://liciniarossi.com.br/informativos-stf-stj/desapropriacao-tredestinacao-e-
retrocessao/

21) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019


Virgílio é proprietário de um imóvel cuja fachada foi tombada pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, autarquia federal,
após o devido processo administrativo, diante de seu relevante valor histórico e
cultural.
O logradouro em que o imóvel está localizado foi assolado por fortes
chuvas, que comprometeram a estrutura da edificação, a qual passou a apresentar
riscos de desabamento. Em razão disso, Virgílio notificou o Poder Público e
comprovou não ter condições financeiras para arcar com os custos da respectiva
obra de recuperação.
Certo de que a comunicação foi recebida pela autoridade competente,
que atestou a efetiva necessidade da realização de obras emergenciais, Virgílio
procurou você, como advogado(a), para, mediante orientação jurídica adequada,
evitar a imposição de sanção pelo Poder Público.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a
orientação correta.
a) Virgílio poderá demolir o imóvel.
b) A autoridade competente deve mandar executar a recuperação da fachada
tombada, às expensas da União.
c) Somente Virgílio é obrigado a arcar com os custos de recuperação do imóvel.
d) As obras necessárias deverão ser realizadas por Virgílio, independentemente de
autorização especial da autoridade competente.

COMENTÁRIOS:
O gabarito da referida questão encontra-se no Artigo 19 do Decreto Lei 25
de 1937:
Decreto-lei nº 25/37, art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não
dispuser de recursos para proceder às obras de conservação e
OAB DESCOMPLICADA

32
reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das
mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da
importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.

§ 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o


diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo as
mesmas ser iniciadas dentro do prazo de 6 meses, ou
providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa.

GABARITO: Alternativa B

22) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019


O poder público, com fundamento na Lei nº 8.987/1995, pretende
conceder à iniciativa privada uma rodovia que liga dois grandes centros urbanos.
O edital, publicado em maio de 2018, previu a duplicação das pistas e a obrigação
de o futuro concessionário desapropriar os terrenos necessários à ampliação. Por
se tratar de projeto antigo, o poder concedente já havia declarado, em janeiro de
2011, a utilidade pública das áreas a serem desapropriadas no âmbito do futuro
contrato de concessão.
Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) O ônus das desapropriações necessárias à duplicação da rodovia não pode ser
do futuro concessionário, mas sim do poder concedente.
b) O poder concedente e o concessionário só poderão adentrar os terrenos
necessários à ampliação da rodovia após a conclusão do processo de
desapropriação.
c) O decreto que reconheceu a utilidade pública dos terrenos caducou, sendo
necessária a expedição de nova declaração.
d) A declaração de utilidade pública pode ser emitida tanto pelo poder concedente
quanto pelo concessionário.

COMENTÁRIOS:
É importante saber que caduca em 5 anos a expedição de declaração de
utilidade pública. No caso, como se vê, a expedição foi em 2011 e o edital em 2018, ou
seja, 7 anos depois!
Vejamos os seguintes dispositivos legais:
Decreto-lei nº 3.365/41, art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se
mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de 5 anos,
contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os
quais este caducará. (Vide Decreto-lei nº 9.282/46). Neste caso,
somente decorrido 1 ano, poderá ser o mesmo bem objeto
de nova declaração.

§ único. Extingue-se em 5 anos o direito de propor ação que vise


a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público.
OAB DESCOMPLICADA

33
Complementando:

Lei nº 8.987/95, art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo


poder concedente, observados, no que couber, os critérios e as
normas gerais da legislação própria sobre licitações e contratos
e conterá, especialmente: XII - a expressa
indicação do responsável pelo ônus das
desapropriações necessárias à execução do serviço ou da obra
pública, ou para a instituição de servidão adm.;

Decreto-lei nº 3.365/41, art. 15. Se o expropriante alegar urgência e


depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do CPC, o
juiz mandará imiti-lo provisoriamente na posse dos bens;

Decreto-lei nº 3.365/41, art. 6º A declaração de utilidade pública far-


se-á por decreto do PR, Governador, Interventor ou Prefeito.

Lei nº 8.987/95, art. 29. Incumbe ao poder concedente: VIII


- declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do
serviço ou obra pública, promovendo as desapropriações, diretamente
ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que será
desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis;

GABARITO: Alternativa C

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


23) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020

A autoridade competente, em âmbito federal, no regular exercício do


poder de polícia, aplicou à sociedade empresária Soneca S/A multa em razão do
descumprimento das normas administrativas pertinentes. Inconformada, a
sociedade Soneca S/A apresentou recurso administrativo, ao qual foi conferido
efeito suspensivo, sendo certo que não sobreveio qualquer manifestação do
superior hierárquico responsável pelo julgamento, após o transcurso do prazo de
oitenta dias.

Considerando o contexto descrito, assinale a afirmativa correta.

a) Não se concederá Mandado de Segurança para invalidar a penalidade de multa


aplicada a Soneca S/A, submetida a recurso administrativo provido de efeito
suspensivo.
b) O ajuizamento de qualquer medida judicial por Soneca S/A depende do
esgotamento da via administrativa.
c) Não há mora da autoridade superior hierárquica, que, por determinação legal,
dispõe do prazo de noventa dias para decidir.
d) A omissão da autoridade competente em relação ao seu dever de decidir, ainda
que se prolongue por período mais extenso, não enseja a concessão de
Mandado de Segurança.
OAB DESCOMPLICADA

34

COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” encontra-se correta. Vejamos o que determina o Artigo 5º,


I da Lei 12.016/2009:
Art. 5º - Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,


independentemente de caução;

Por que as demais alternativas estão equivocadas?


Em relação à alternativa “B”, pelo fato de que a exigência do esgotamento
da via administrativa (para somente depois ter acesso à judicial) viola o princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional (Artigo 5º, XXXV da CF/88).
A alternativa “C” está incorreta porque assim determina o Artigo 59,
parágrafo 1º da Lei 9.784/99:
"Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para
interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou
divulgação oficial da decisão recorrida.

§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo


deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do
recebimento dos autos pelo órgão competente."

Veja, portanto, que o prazo é de 30 dias para decisão de recurso


administrativo, salvo se houver disposição legal diversa.
A alternativa “D” está incorreta em virtude do entendimento firmado pela
Súmula 429 do STF:
"Súmula 429. A existência de recurso administrativo com efeito
suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra
omissão da autoridade."

Gabarito: Alternativa A

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
24) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019

A União celebrou convênio com o Município Alfa para a implantação de


um sistema de esgotamento sanitário. O Governo Federal repassou recursos ao
ente local, ficando o município encarregado da licitação e da contratação da
sociedade empresária responsável pelas obras. Após um certame conturbado,
cercado de denúncias de favorecimento e conduzido sob a estreita supervisão do
OAB DESCOMPLICADA

35
prefeito, sagrou-se vencedora a sociedade empresária Vale Tudo Ltda. Em
escutas telefônicas, devidamente autorizadas pelo Poder Judiciário, comprovou-
se o direcionamento da licitação para favorecer a sociedade empresária Vale Tudo
Ltda., que tem, como sócios, os filhos do prefeito do Município Alfa. Tendo sido
feita perícia no orçamento, identificou-se superfaturamento no preço contratado.

Com base na situação narrada, assinale a afirmativa correta.

a) Não compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar o emprego dos recursos


em questão, pois, a partir do momento em que ocorre a transferência de
titularidade dos valores, encerra-se a jurisdição da Corte de Contas Federal.
b) O direcionamento da licitação constitui hipótese de frustração da licitude do
certame, configurando ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da Administração Pública e, por isso, sujeita os agentes públicos
somente à perda da função pública e ao pagamento de multa civil.
c) Apenas os agentes públicos estão sujeitos às ações de improbidade, de forma
que terceiros, como é o caso da sociedade empresária Vale Tudo Ltda., não
podem ser réus da ação judicial e, por consequência, imunes à eventual
condenação ao ressarcimento do erário causado pelo superfaturamento.
d) Por se tratar de ato de improbidade administrativa que causou prejuízo ao erário,
os agentes públicos envolvidos e a sociedade empresária Vale Tudo Ltda. estão
sujeitos ao integral ressarcimento do dano, sem prejuízo de outras medidas,
como a proibição de contratar com o Poder Público ou receber incentivos fiscais
por um prazo determinado.

COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” está errada tendo em vista que, em se tratando de convênio


com repasse de recursos federais, o TCU tem competência para fiscalização, conforme
prevê o Artigo 71, VI:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será


exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
compete:

(...)

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela


União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município.

Para reforçar, segue precedente do STF:

Administrativo. ADI. Fundo Nacional de Assistência Social. Lei n.º


9.604/98. Procedência parcial. 1. É inconstitucional o art. 1º da Lei n.º
9.604/98, que fixou a competência dos Tribunais de Contas Estaduais
e de Câmaras Municipais para análise da prestação de contas da
aplicação de recursos financeiros oriundos do Fundo Nacional de
Assistência Social, repassados aos Estados e Municípios. A
competência para o controle da prestação de contas da aplicação
OAB DESCOMPLICADA

36
de recursos federais é do Tribunal de Contas da União, conforme
o art. 70 e incisos da Constituição. 2. O art. 2º da mesma lei, por sua
vez, é compatível com a Constituição. A previsão de repasse
automático de recursos do Fundo para Estados e Municípios, ainda
que desvinculado da celebração prévia de convênio, ajuste, acordo ou
contrato, não afasta a competência do TCU prevista no art. 71, VI, da
Carta. 3. Procedência parcial do pedido."
(ADI - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 1934, Pleno,
rel. Ministro ROBERTO BARROSO, 7.2.2019)

A alternativa “B” também está errada. Na situação narrada, é claro e


evidente que se trata de ato de improbidade administrativa que lesou o erário. Nesse
sentido, vejamos o que dispõe o Artigo 10, VIII da Lei 8.429/92:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao


erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e
notadamente:

(...)

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo


para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou
dispensá-los indevidamente;

As sanções, por sua vez, estão previstas no Artigo 12, II que determina:

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e


administrativas previstas na legislação específica, está o responsável
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade
do fato:

(...)

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos


bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer
esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas
vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos

A alternativa “C” também está incorreta, haja vista que a Vale Tudo, ainda
que não sendo agente público, responde pelas sanções aplicáveis à referida Lei de
Improbidade Administrativa, conforme prevê o Artigo 3º:
OAB DESCOMPLICADA

37
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele
que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a
prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta

A alternativa “D” está correta com base nos Artigos 10, VIII e 12, II,
transcritos acima.

GABARITO: Alternativa D

VÍDEO AULA INDICADA


Lei de Improbidade Administrativa – AlfaConcursos
https://www.youtube.com/watch?v=dScjZHxXtMw

25) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019


O Ministério Público ajuizou ação civil pública por improbidade em
desfavor de Felipe dos Santos, servidor público federal estável, com fulcro no Art.
10, inciso IV, da Lei nº 8429/92. O servidor teria facilitado a alienação de bens
públicos a certa sociedade empresária, alienação essa que, efetivamente, causou
lesão ao erário, sendo certo que, nos autos do processo, restou demonstrado que
o agente público não agiu com dolo, mas com culpa.
Com base na hipótese apresentada, assinale a opção que está em
consonância com a legislação de regência.
a) Felipe não pode sofrer as sanções da lei de improbidade, pois todas as hipóteses
capituladas na lei exigem o dolo específico para a sua caracterização.
b) É passível a caracterização da prática de ato de improbidade administrativa por
Felipe, pois a modalidade culposa é admitida para a conduta a ele imputada.
c) Não é cabível a caracterização de ato de improbidade por Felipe, na medida em
que apenas os atos que atentam contra os princípios da Administração Pública
admitem a modalidade culposa.
d) Felipe não praticou ato de improbidade, pois apenas os atos que importam em
enriquecimento ilícito admitem a modalidade culposa.

COMENTÁRIOS:
É perfeitamente possível a modalidade culposa nos casos de lesão ao
erário. Vejamos o que dispõe o Artigo 10, IV da Lei de Improbidade Administrativa:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação
dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e
notadamente:

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem


integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º
desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço
inferior ao de mercado;
OAB DESCOMPLICADA

38

É importante você saber que o Artigo 9º trata de Enriquecimento Ilícito


(benefício para o agente) e exige apenas dolo. O Artigo 10º trata de Lesão ao Erário e
pode ser doloso ou culposo, e o Artigo 11 trata sobre os princípios da administração
pública, exigindo apenas dolo.

GABARITO: Alternativa B
VIDEOAULA INDICADA:
AlfaConcursos – Improbidade Administrativa
https://www.youtube.com/watch?v=dScjZHxXtMw&t=2s

GABARITO
1-A 6 -C 11 - B 16 - A 21 - B
2-D 7 -C 12 - D 17 - C 22 - C
3-A 8-A 13 - C 18 - D 23 - A
4-A 9-D 14 - D 19 - A 24 - D
5-A 10 - A 15 - C 20 - C 25 - B

Você também pode gostar