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Com intuito de melhor adequar nosso material à divisão do conteúdo feita pelo edital, editamos
o PDF que reúne os pontos “2. Descentralização e desconcentração da atividade administrativa.”
e “3. Classificação dos Órgãos e Funções da Administração Pública.” e detalhamos ainda mais o
conteúdo específico referente à Administração Direta e Indireta no presente material, incluindo
Autarquias, Empresas Públicas, Sociedade de Economia Mista, Fundações Públicas e Agências
Reguladoras. E fomos além, incluindo o terceiro setor!
Bons estudos!
De acordo com Carvalho Filho, Administração Direta “é o conjunto de órgãos que integram as
pessoas federativas, aos quais foi atribuída a competência para o exercício, de forma
centralizada, das atividades administrativas do Estado.”
De uma forma mais simples, é possível dizer que a Administração Direta representa a atuação do
próprio Estado, por intermédio de seus órgãos internos (Exemplo: a União atuando na segurança
do tráfego aquaviário, por intermédio da Marinha do Brasil e da Diretoria Geral de Navegação,
que são órgãos públicos federais). Vê-se que, aqui, não há a constituição de uma nova pessoa
jurídica para o desempenho da atividade, mas tão somente uma organização administrativa
interna.
Por outro lado, a Administração Indireta é formada por pessoas jurídicas, tais como as autarquias
e as empresas estatais, que são criadas para o desempenho de atividades específicas ou, no
segundo caso, até mesmo para a exploração de determinadas atividades econômicas. Aqui,
diferentemente do que vimos na Administração Direta, são criadas novas pessoas jurídicas, que
não se confundem com a estrutura interna do Estado.
Autarquias
Podemos conceituar as autarquias como pessoas jurídicas de direito público interno, criadas
diretamente através de lei específica, para desempenhar atividade típica de Estado. Exemplos
de autarquias: INSS, IBAMA, INCRA.
1) Patrimônio: como as autarquias são pessoas jurídicas de direito público, todos os seus
bens são bens públicos, e, portanto, protegidos pelo regime jurídico específico desses
bens:
7) Foro processual: a competência para o julgamento das autarquias vai variar de acordo
com o seguinte critério: (a) autarquia federal: deve ser processada e julgada na Justiça
Federal, à luz do art. 109, I da CRFB (salvo nos casos de ações relativas a falência,
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e do Trabalho); (b) autarquia
estadual/municipal: ações processadas e julgadas pela Justiça Estadual.
Atenção! STF considerou CONSTITUCIONAL lei estadual que condiciona a nomeação dos dirigentes
de autarquias e fundações à prévia aprovação da Assembleia Legislativa. Em sentido diverso,
entendeu INCONSTITUCIONAL exigir essa aprovação prévia da Assembleia Legislativa quando se
tratar de dirigentes da empresas públicas e sociedades de economia mista.
1
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (...)
VI - instituir impostos sobre:
b) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que
se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
2
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
Vale destacar a existência de autarquias com qualificações especiais, como os conselhos
profissionais, as agências executivas e as agências reguladoras. Vejamos as principais
características de cada uma delas.
● Conselhos profissionais
Os conselhos profissionais tiveram sua natureza autárquica afirmada pelo STF na famosa ADI 1717,
ocasião em que o Supremo considerou que os conselhos profissionais exercem atividades típicas
de Estado. Assim, são também designados como “Autarquias Corporativas”.
Acompanhe a ementa:
OAB
Vale lembrar que, majoritariamente, considera-se a OAB um serviço público independente, com
natureza jurídica “sui generis”, pois suas atividades não se restringem à esfera corporativa. Neste
sentido, já decidiu o STF que a OAB não precisa ter suas contas controladas pelo Tribunal de Contas
da União ou fazer concurso para a contratação de pessoal. Nesse sentido, o STF através do Tema 1054
de Repercussão Geral, definiu em 2023 a seguinte tese: O Conselho Federal e os Conselhos Seccionais
da Ordem dos Advogados do Brasil não estão obrigados a prestar contas ao Tribunal de Contas da
União nem a qualquer outra entidade externa.
Em contrapartida, a OAB afirma que: (i) é um órgão sui generis; (ii) não gerencia recursos públicos; (iii)
tal fiscalização prejudicaria a independência da OAB.
Ponto importante da matéria é a natureza jurídica das anuidades cobradas pelos Conselhos
Profissionais.
No Informativo 861 do Supremo Tribunal Federal, decidiu-se que os pagamentos devidos, no caso
de pronunciamento judicial, pelos conselhos de fiscalização NÃO se submetem ao regime de
precatórios.
Isto porque o precatório está associado à programação orçamentária dos entes públicos. Apesar
de os Conselhos de Fiscalização Profissional serem considerados autarquias especiais, eles não
participam do orçamento público e não se confundem com a Fazenda Pública. Assim, os
pagamentos devidos não se submetem ao regime de precatórios (Tema 877 de Repercussão Geral)
● Agências Executivas
São autarquias ou fundações públicas que, por estarem ineficientes, celebram contrato de gestão
com o respectivo Ministério Superior. Dessa forma, a qualificação de “agência executiva” depende
do cumprimento de dois requisitos:
A formalização como “agência executiva” será feita por decreto do Presidente da República e a
entidade que receber tal qualificação deverá cumprir um plano de metas definidas no próprio
contrato de gestão. Em contrapartida, receberá maior autonomia gerencial, orçamentária e
financeira.
Art. 37 (...)
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada
mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,
obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.
De acordo com o art. 2º da referida lei, “contrato de desempenho é o acordo celebrado entre
o órgão ou entidade supervisora e o órgão ou entidade supervisionada, por meio de seus
administradores, para o estabelecimento de metas de desempenho do supervisionado, com
os respectivos prazos de execução e indicadores de qualidade, tendo como contrapartida a
concessão de flexibilidades ou autonomias especiais”.
● Agências Reguladoras
Em suma, são autarquias de regime especial caracterizadas por terem autonomia reforçada em
relação ao poder executivo e ampla concentração de funções públicas (funções administrativas
típicas, normativas e judicantes, ou seja, dirimir conflitos no setor regulado). Ademais, as
agências reguladoras têm por objeto serviços públicos concedidos e atividades econômicas em
sentido estrito de relevante interesse coletivo, ainda que submetidas à livre-iniciativa. Exemplos
de agências reguladoras: ANEEL, ANATEL, ANP, ANCINE.
➔ Características principais:
Atenção ao julgado presente no Informativo 759 do STF: entendeu o STF ser CONSTITUCIONAL
lei estadual prevendo que os dirigentes de determinada agência reguladora somente poderão
ser nomeados após previamente aprovados pela Assembleia Legislativa. NÃO seria
constitucional, porém, a lei estadual que estabelecesse que os dirigentes somente possam ser
destituídos de seus cargos por decisão exclusiva da Assembleia Legislativa, sem participação do
Governador, visto que isso violaria a separação dos poderes.
#APROFUNDANDO:
A lei que trata dos recursos humanos das agências reguladoras é a Lei nº 9.986/2000, que sofreu alterações
com a Lei nº 13.848, de 2019. O regime jurídico dos servidores de uma agência reguladora é o regime
estatutário, tendo em vista a obrigatoriedade do Regime Jurídico Único das pessoas de direito público.
Quanto aos dirigentes das agências reguladoras, há uma estabilidade diferenciada em relação aos dirigentes
das demais autarquias. Os dirigentes de autarquias comuns em regra são nomeados e exonerados livremente
pelo Chefe do Executivo. Essa é uma forma de controle político do Chefe do Executivo sobre as entidades da
Administração Indireta. Contudo, no que toca aos dirigentes das agências reguladoras, a nomeação e a
exoneração não são livres, o que reforça sua autonomia administrativa.
Quanto à nomeação, o Chefe do Executivo não nomeia o dirigente sozinho. O procedimento é parecido com
o da escolha dos ministros do STF e do STJ. Isto é, o Chefe do Executivo escolhe o nome, e esse nome deve ser
aprovado pela Casa Legislativa respectiva. No âmbito federal é o Senado que deve sabatinar a escolha do
Presidente da República. Além disso, a lei impõe o cumprimento de alguns critérios (objetivos e subjetivos),
tais como conhecimento técnico sobre o setor regulado, reputação ilibada e formação universitária (art. 5º da
Lei nº 9.986/2000).
Parágrafo único. A lei de criação da Agência poderá prever outras condições para a perda do mandato.
(Vide Lei nº 13.848, de 2019)
Empresas Públicas
● Empresas estatais
Além disso, o art. 173, §1o da CRFB dispõe que “a lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, (...)”. Com isso,
foi editada a Lei n. 13.303/2016.
3
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (…).
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
4
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só
será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei.
mista, ambas criadas mediante autorização legal, com o posterior arquivamento de seus atos
constitutivos no registro competente.
EXCEÇÕES:
1) Mandados de segurança contra atos de
império praticados por autoridade de
empresa publica/sociedade de
economia mista (art. 109, VIII CRFB);
2) Se União intervier no processo, como
assistente ou opoente (Súmula 517 do
STF: “as sociedades de economia mista
só têm foro na Justiça Federal quando a
União intervém como assistente ou
opoente”).
Regime de pessoal: regime celetista, devendo Regime de pessoal: também celetista, vide
haver, porém, a realização de concurso público observações sobre o regime de pessoal das
para tanto. empresas públicas.
Patrimônio: possuem bens privados, mas há a Patrimônio: vide observações sobre patrimônio
ingerência de normas de direito público (por das empresas públicas.
exemplo, sua alienação depende do
atendimento de requisitos legais – art. 17 da Lei
8666).
5
BRASIL, STF. Ag.Reg. no RE n. 852.302/Alagoas. Relator Ministro Dias Toffoli. Julgamento em 15 de Dezembro de 2015.
Publicação em 29 de Fevereiro de 2016.
ao regime das pessoas jurídicas de direito privado, a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é no sentido de que “entidade que presta serviços públicos
essenciais de saneamento básico, sem que tenha ficado demonstrado nos autos
se tratar de sociedade de economia mista ou empresa pública que competiria
com pessoas jurídicas privadas ou que teria por objetivo primordial acumular
patrimônio e distribuir lucros. Nessa hipótese, aplica-se o regime de precatórios”
(RE 592.004, Rel. Min. Joaquim Barbosa). 2. É aplicável às companhias estaduais
de saneamento básico o regime de pagamento por precatório (art. 100 da
Constituição), nas hipóteses em que o capital social seja majoritariamente
público e o serviço seja prestado em regime de exclusividade e sem intuito de
lucro. 3. Provimento do agravo regimental e do recurso extraordinário.
(RE 627242 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 02/05/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-110 DIVULG 24-05-2017 PUBLIC 25-05-2017)
“Empresas subsidiárias são aquelas cujo controle e gestão das atividades são atribuídos
à empresa pública ou à sociedade de economia mista diretamente criadas pelo Estado.
Em outras palavras, o Estado cria e controla diretamente determinada sociedade de
economia mista (que podemos chamar de primária) e esta, por sua vez, passa a gerir
uma nova sociedade mista, tendo também o domínio do capital votante. É esta segunda
empresa que constitui a sociedade subsidiária. Alguns preferem denominar a empresa
primária de sociedade ou empresa de primeiro grau, e, a subsidiária, de sociedade ou
empresa de segundo grau. Se houver nova cadeia de criação, poderia até mesmo surgir
uma empresa de terceiro grau e assim sucessivamente”
● Em primeiro lugar, não fica a sua criação ao livre alvedrio da Administração. Nos termos
do art. 37, XX, da CF, sua criação também depende de autorização legislativa. A
exigência reclama, portanto, a participação efetiva da respectiva Casa Legislativa. A
autorização, contudo, não precisa ser dada para a criação específica de cada entidade;
De acordo com o STF, é legítimo que a lei disciplinadora da entidade primária autorize
desde logo a posterior instituição de subsidiárias, antecipando o objeto a que se
destinarão.
● Não se pode perder de vista que as subsidiárias também são controladas, embora de
forma indireta, pela pessoa federativa que instituiu a entidade primária. A subsidiária
tem apenas o objetivo de se dedicar a um dos segmentos específicos da entidade
primária, mas como esta é quem controla a subsidiária, ao mesmo tempo em que é
diretamente controlada pelo Estado, é este, afinal, quem exerce o controle, direto ou
indireto, sobre todas. Por tais motivos, não se pode negar sua condição de pessoas
integrantes da Administração Indireta.
O dispositivo faz referência à necessidade de autorização legislativa para tal participação, assim
como para a criação de subsidiárias das empresas estatais. No entanto, a doutrina (Ex: Aragão,
Arnold Wald) entende que essa autorização pode se dar de forma genérica na lei que autorizou
a criação da sociedade de economia mista, não sendo necessária lei específica para cada
subsidiária que seria criada ou para cada participação minoritária do Estado. Nesse sentido
também tem entendido o STF (ADI 1649-DF). A Lei 13303/16 também faz menção às EPPs em
seu art. 1º,§7º:
Por outro lado, não se exige autorização legislativa para a alienação do controle de suas
subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de
licitação, desde que siga procedimentos que observem os princípios da administração pública
inscritos no art. 37 da CF/88, respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade.
STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019
(Info 943)
Argumentos principais:
● Como a criação das empresas estatais necessita de uma lei prévia autorizando (CF, art.
37, XIX), prevalece o entendimento de que, em razão do paralelismo (simetria) das
formas, a extinção das empresas estatais também deve ser precedida de autorização
legislativa.
● Alienação de participação societária é privatização: a empresa deixa de ser uma
sociedade de economia mista e passa a ser uma empresa privada.
● O art. 4º, I e § 3º, da Lei nº 9.491/97, ainda vigente, exige, nos procedimentos de
desestatizações, que a alienação de participação societária, inclusive de controle
acionário, seja feito por meio de licitação.
Sobre o tema, vale mencionar ainda um precedente importante do STF, analisando dispositivo
da CERJ:
Fundações
● Fundações públicas
FUNDAÇÕES
PÚBLICAS: formadas a partir da
destinação de um patrimônio público.
Depende de lei específica para sua
criação, tendo finalidade pública e
integrando a Administração Indireta do
ente instituidor.
Visto isso, vale destacar que o entendimento majoritário é o de que as fundações públicas
podem ser de direito público ou de direito privado, a depender da opção legislativa e da
presença ou não de prerrogativas públicas. Este também é o entendimento adotado pelo STF:
Para facilitar, basta entender a fundação pública de direito público como uma autarquia, o que
implicará uma maior proximidade com suas características (por isso, as fundações públicas de
direito público também são chamadas de FUNDAÇÕES AUTÁRQUICAS). Por outro lado, as
fundações públicas de direito privado se aproximam mais das empresas públicas, conforme
veremos.
6
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
(alienação condicionada, impenhorabilidade, direito público (como a impenhorabilidade de
imprescritibilidade e não onerabilidade). bens afetados à prestação de serviços públicos).
Regime de pessoal: estatutário. Regime de pessoal: celetista.
Terceiro Setor
O terceiro setor não é especificamente abrangido pelo Edital do TJRJ, todavia, é importante
compreender seu funcionamento e posição perante o Direito Administrativo no Brasil.
Além dos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública Direta e Indireta, temos outras
pessoas jurídicas que prestam atividades de interesse público, muito embora NÃO integrem a
Administração Pública, nem a Direta e nem a Indireta. Tratam-se dos “entes de cooperação” ou
“entidades estatais”.
Conceito: “são entidades da sociedade civil, sem fins lucrativos, que desempenham atividades de
interesse social mediante vínculo formal de parceria com o Estado”7.
Estas pessoas jurídicas possuem regime jurídico preponderante de direito privado, muito embora haja
a incidência parcial de normas de direito público, bem como a sujeição aos controles realizados pela
Administração Pública e pelo Tribunal de Contas. Assim, possuem caráter híbrido: são “públicas”, visto
que executam atividades sociais e recebem recursos públicos, porém, são “não estatais”, já que não
integram a Administração Pública.
São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que são criadas por lei e prestam
atividades de interesse público em favor de certas categorias sociais ou profissionais. Exemplos: SESI,
SESC, SENAC, SENAI.
Sua criação depende de lei. Essa exigência decorre da necessidade de uma lei que institua as
contribuições sociais, espécie de tributo. Logo, é uma autorização legislativa para a criação de tributos
e para o seu repasse a tais entidades.
Estas pessoas são criadas por Confederações privadas, após autorização legal, para prestarem serviço
de amparo a determinadas categorias profissionais. Recebem contribuições sociais que são cobradas
de forma compulsória da iniciativa privada8, instituídas pela União, que exerce a fiscalização sobre tais
entidades.
7
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. p.
199.
8
Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no at. 195 as atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de
salários, destinadas as entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical.
Vale ressaltar que o STF possui entendimento no sentido de que quando o produto das contribuições
ingressa nos cofres dos serviços sociais autônomos, perde o caráter de recurso público, devido a
natureza jurídica de direito privado de tais entidades.
OBS 1: Os serviços sociais autônomos NÃO se submetem ao regime dos precatórios para o pagamento
de débitos oriundos de decisão judicial, conforme entendeu o STF, pois são pessoas jurídicas de direito
privado.
OBS 2: Por ostentarem natureza jurídica de direito privado e não integram a Administração Indireta.
Vale ressaltar que o STF entende que, muito embora não haja a exigência de concurso público, isso
não as exime de manterem um padrão de objetividade e de eficiência na contratação e gastos com
pessoal.
Por fim, vale lembrar que a competência para julgamento de causas envolvendo tais entidades é da
Justiça Comum Estadual, como regra (Súmula 516 do STF: O Serviço Social da Indústria – SESI – está
sujeito à jurisdição da justiça estadual).
● Entidades de apoio
São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que exercem serviços não exclusivos,
relacionados a pesquisa, saúde, desenvolvimento institucional, ciência e educação. São fundações
instituídas por particulares (e por isso estão sujeitas à fiscalização pelo Ministério Publico), com o fim
de auxiliar a Administração Pública, mas não a integram.
Em âmbito federal, temos a Lei n. 8958 de 1994, que estabelece normas sobre as relações entre as
instituições federais de ensino superior e pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio.
Entretanto, cabe ressaltar que os demais entes federados possuem autonomia para editar suas
próprias legislações acerca do tema.
De acordo com a Lei n. 9637, “o Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à
saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei”.
Assim, as organizações sociais são entidades privadas, qualificadas na forma da Lei 9637, que celebram
o chamado “contrato de gestão” com o Estado para cumprir metas de desempenho e receber
benefícios públicos.
Quanto ao contrato de gestão, este deverá preencher os requisitos do art. 7o da Lei10 e será fiscalizado
pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação correspondente a atividade fomentada e,
também, fiscalizado pelo Tribunal de Contas.
As organizações da sociedade civil de interesse público estão regidas pela Lei n. 9790, que em seu art.
1o dispõe: “Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas
jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e
normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei”.
Tais objetivos sociais estão elencados no art. 3o da Lei, dentre eles: promoção da assistência social,
promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, promoção gratuita da
educação e da saúde, promoção da segurança alimentar e nutricional, etc.
9
Art. 24. É dispensável a licitação: XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente
da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde
que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos.
10
Art. 7o Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, economicidade e, também, os seguintes preceitos:
I - especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, a estipulação das metas a serem atingidas e os
respectivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem
utilizados, mediante indicadores de qualidade e produtividade;
II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas
pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercício de suas funções.
Parágrafo único. Os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área de atuação da entidade devem definir as demais
cláusulas dos contratos de gestão de que sejam signatários.
OBS: atenção com as entidades que NÃO podem ser qualificadas como OSCIP, à luz do art. 2o da Lei
979011.
Além disso, a qualificação da OSCIP é uma atividade vinculada, de acordo com o art. 1o, §2o da Lei: “A
outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos
por esta Lei”. Nesse sentido, cumprindo os requisitos previstos na Lei, a entidade deverá ser
qualificada como OSCIP.
Uma vez qualificadas, as entidades que cumprirem os requisitos previstos no art. 1o poderão firmar
um “termo de parceria” com o Poder Público, que estabelecerá metas de desempenho e, dessa forma,
as entidades poderão receber recursos orçamentários do Estado. Vale lembrar que a celebração do
termo de parceria será precedida de consulta aos Conselhos de Políticas Públicas das áreas
correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de governo.
Quais seriam, então, as diferenças entre organizações sociais (“OS”) e organizações da sociedade
civil de interesse publico (“OSCIP”)?
OS OSCIP
Sua qualificação é discricionária Sua qualificação é vinculada
A competência para qualificação é do A competência para qualificação é do
ministério ou órgão regulador responsável Ministério da Justiça12.
pela área de atuação da entidade.
Há a necessidade de presença de Não há a necessidade de representantes do
representantes do poder público no órgão de poder público, sendo a presença facultativa do
deliberação superior da OS.
11
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem
de qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere
o art. 192 da Constituição Federal.
12
Art. 5o Cumpridos os requisitos dos arts. 3o e 4o desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, interessada
em obter a qualificação instituída por esta Lei, deverá formular requerimento escrito ao Ministério da Justiça, instruído com
cópias autenticadas dos seguintes documentos:
I - estatuto registrado em cartório;
II - ata de eleição de sua atual diretoria;
III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;
IV - declaração de isenção do imposto de renda;
V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes.
Art. 6o Recebido o requerimento previsto no artigo anterior, o Ministério da Justiça decidirá, no prazo de trinta dias, deferindo
ou não o pedido. (…).
servidor público na composição do conselho
ou diretoria da entidade.
O vinculo jurídico celebrado é o contrato de O vinculo jurídico celebrado é o termo de
gestão. parceria. OBS: para recordar: OSCIP celebra
termo de Parceria.
O fomento é feito por meio do repasse de O fomento é feito por meio do repasse de
recursos orçamentários, permissão de uso de recursos orçamentários e permissão de uso de
bens públicos e cessão especial de servidor. bens públicos.
OBS: as particularidades de cada parceria com o terceiro setor dependerão da regulação do tema a
partir de legislação federal, estadual e municipal. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a Lei n.
5498/2009, legislação aplicável ao tema, estabelece algumas peculiaridades, como ocorre ao prever
o caráter vinculado da qualificação como “organização social”13.
Questões Objetivas
GABARITO: C
Para responder essa questão, torna-se necessário compreender as disposições constitucionais acerca
das áreas de atuação de empresas públicas na economia. Diz a CF:
13
Art. 4º Preenchidos os requisitos exigidos nesta lei, bem como preenchidos eventuais requisitos específicos, será deferida,
pelo Governador do Estado ou por delegação ao Secretário de Estado ou a Servidor Público, a qualificação da entidade como
organização social.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica
de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços,
dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,
observados os princípios da administração pública; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e
fiscal, com a participação de acionistas minoritários; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos
administradores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Logo, a atividade econômica em sentido estrito, bem como a atividade econômica em sentido amplo,
podem ser desempenhadas por empresa pública, sendo que, no exercício da última, terá direitos e
obrigações diferenciados em relação às empresas privadas
Nesse cenário, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
A) como a lei que criou a sociedade de economia mista XYZ não trata da sua
desestatização, esta independe da edição de lei específica, bastando a inclusão da
estatal na legislação que trata, genericamente, sobre o programa municipal de
privatização e a realização de licitação, que poderá ser afastada, caso o Município
apresente proposta compatível com os valores do mercado. Para fins de
desestatização da subsidiária ABC, é dispensável autorização legislativa e licitação,
mostrando-se necessária a observância dos princípios reitores da Administração
Pública;
B) como a lei que criou a sociedade de economia mista XYZ não trata da sua
desestatização, esta independe da edição de lei específica, bastando a inclusão da
estatal na legislação que trata, genericamente, sobre o programa municipal de
privatização e a realização de licitação. Para fins de desestatização da subsidiária ABC,
é dispensável autorização legislativa e licitação, mostrando-se necessária a
observância dos princípios reitores da Administração Pública;
C) para fins de privatização da sociedade de economia mista XYZ, é imprescindível a
edição de lei específica, por intermédio da atuação da Câmara dos Vereadores, bem
como a observância de processo licitatório, para se obter, dentre outros fins, a
proposta mais vantajosa para o erário. Em relação à subsidiária ABC, o Município
prescinde de autorização legislativa e de licitação, não estando adstrito a limites ou
condicionantes constitucionais ou legais;
D) para fins de privatização da sociedade de economia mista XYZ e da subsidiária ABC, é
imprescindível a edição de lei específica, por intermédio da atuação da Câmara dos
Vereadores, bem como a observância de processo licitatório, para se obter, dentre
outros fins, a proposta mais vantajosa para o erário;
E) para fins de privatização da sociedade de economia mista XYZ e da subsidiária ABC, é
imprescindível a autorização, por meio da edição de ato normativo infralegal por
parte do prefeito, bem como a observância de processo licitatório, para se obter,
dentre outros fins, a proposta mais vantajosa para o erário.
GABARITO: B
A questão abarca conhecimentos jurisprudenciais acerca da desestatização o privatização de
empresas estatais. É desnecessária, via de regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia
mista ou de empresa pública em programa de desestatização. Vejamos o julgado do STF:
STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 5 e 6/6/2019 (Info 943).
GABARITO: B
Conforme estudamos, as agências reguladoras são autarquias de regime especial caracterizadas por
terem autonomia reforçada em relação ao poder executivo e ampla concentração de funções públicas
(funções administrativas típicas, normativas e judicantes, ou seja, dirimir conflitos no setor regulado).
Portanto, diante disso, a alternativa A está incorreta, porque é conferido às agências reguladoras a
competência para solucionar conflitos no setor regulado, aplicando o direito ao caso concreto. Essa
decisão, em regra, não está sujeita a recurso para a Administração direta (recurso hierárquico
impróprio), tendo em vista que se trata de decisão técnica, salvo disposição legal em sentido contrário.
A assertiva B reflete o entendimento fixado pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF)
transcrito supra. Que, por sua vez, invalida a assertiva E, visto que o STF validou regras que autorizam
a ANTT a definir, por meio de resolução, infrações e penalidades administrativas sobre o serviço de
transporte rodoviário.
A alternativa C e D, por sua vez, estão incorretas, já que a gestão dos contratos de outorga de serviços
públicos não configura o principal papel das agências reguladoras. A principal atuação é aquela
relacionada ao exercício do poder normativo de regulação. E, além disso, as agências executivas não
são espécies de agências reguladoras. A agência executiva é uma autarquia ou fundação pública que
recebe uma qualificação jurídica que confere a ela maior autonomia gerencial, orçamentária e
financeira.
O Estado do Maranhão visa a constituir uma empresa pública para fins de realizar atividade
de relevante interesse coletivo na área de tecnologia da informação, a qual atuará em regime
de concorrência com outras sociedades empresárias do respectivo setor.
Diante dessa situação hipotética, é correto afirmar que a mencionada entidade administrativa
A) tem personalidade jurídica de direito público, que é criada por lei e integra o conceito
de Fazenda Pública, cujos bens são públicos e o regime de pessoal é dotado de
estabilidade.
B) deve ser constituída, mediante autorização legislativa, como sociedade anônima, cujo
capital social pode ser integralizado por sociedades empresárias que não compõem a
Administração Pública, cujos bens são públicos e o regime de pessoal é o celetista.
C) não tem personalidade jurídica própria, sendo criada por lei como órgão integrante
da Administração Direta do respectivo Estado, que tem bens públicos e regime de
pessoal dotado de estabilidade.
D) deve ser criada, mediante autorização legislativa, como pessoa jurídica de direito
privado, cujo capital será integralizado por entes políticos ou entidades
administrativas, cujos bens são privados e o regime de pessoal é o celetista.
E) não pode ser criada, na medida em que o Estado não pode atuar em setor submetido
à livre concorrência, ainda que caracterizado o relevante interesse coletivo, diante do
princípio da livre iniciativa.
GABARITO: D
A questão versa sobre conhecimentos básicos de sociedades e empresa pública. Conforme
estudamos, são criadas mediante autorização legislativa, como pessoa jurídica de direito privado, cujo
capital será integralizado por entes políticos ou entidades administrativas, cujos bens são privados e
o regime de pessoal é o celetista. Vejamos os conceitos da Lei 13.303:
Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de
direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio,
cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em
propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será
admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas
jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da
administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a
entidade da administração indireta.
GABARITO: D
Conforme estudado, cada agência reguladora é disciplinada por uma lei específica. Assim, não é
possível, a princípio, falar em um regime jurídico único aplicado a toda e qualquer agência reguladora.
A doutrina majoritária, por sua vez, tem entendido que há certas características comuns à maioria das
agências reguladoras: poder normativo; autonomia decisória; autonomia econômico-financeira; e
independência administrativa (regime jurídico especial das agências reguladoras).
O poder normativo é balizado pelos limites legais e representa a manifestação do exercício das suas
competências, de natureza exclusivamente administrativa.
A primeira assertiva está incorreta em decorrência da parte final “a edição de normas técnicas que
ostentam status legal;” A legislação confere autonomia às agências reguladoras para editar atos
administrativos normativos - não ostentam status legal, razão pela qual está incorreta a alternativa.
A alternativa B indica erroneamente “empresa pública sob regime especial”, quando na verdade é de
autarquias de regime especial.
A assertiva C, por sua vez, está incorreta, pois não são titulares de cargo efetivo, mas sim agente com
estabilidade diferenciada, caracterizada pelo exercício de mandato a termo. Nesse contexto, tem-se
que a gestão das agências reguladoras é realizada por meio de exercentes de mandato e não por
titulares de cargos efetivos.
Por fim, a letra E, utiliza a nomenclatura incorreta de “órgão público sob regime especial”, quando
seriam autarquias de regime especial. Restando, portanto, a letra D correta.
(6) (FGV - RFB - Analista Tributário da Receita Federal – 2023)
Hospital Dod é uma sociedade de economia mista estadual que realiza atividade típica de
Estado na área da saúde e que não tem intuito de obtenção de lucro, de modo que atua em
regime não concorrencial.
Em decorrência de uma série de demandas ajuizadas em seu desfavor, seus dirigentes estão
com fundadas dúvidas acerca do reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal de
peculiaridades relativas ao respectivo regime jurídico enquanto entidade da Administração
Indireta, sendo correto afirmar que
A) a entidade administrativa em questão integra o conceito de Fazenda Pública.
B) deve a ela ser reconhecida imunidade tributária recíproca.
C) a responsabilização civil da entidade por erro médico de seus agentes apenas pode
decorrer de dolo ou culpa.
D) os bens de sua titularidade podem ser penhorados, ainda que utilizados na realização
de suas atividades.
E) não é possível atribuir a tal entidade nenhuma prerrogativa reconhecida para os entes
federativos.
GABARITO: B
A questão abarca conhecimentos sobre o tema de Administração Indireta atrelado à conhecimentos
da jurisprudência do STF. Nesse contexto, como estamos diante de uma sociedade de economia mista
estadual que realiza atividade típica de Estado na área da saúde e que não tem intuito de obtenção
de lucro, de modo que atua em regime não concorrencial, deve-se reconhecer-lhe imunidade
tributária recíproca, conforme entendimento consolidado do STF:
DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
DELEGATÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. EXTENSÃO. POSSIBILIDADE.
1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se consolidou no sentido
de que as empresas públicas e sociedades de economia mista delegatárias
de serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado são
beneficiárias da imunidade tributária recíproca prevista no art. 150, VI, a,
da Constituição Federal. Precedentes.
2. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, uma vez que não houve fixação
de honorários advocatícios contra o recorrente.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(STF - RE: 905900 MG 3198487-38.2007.8.13.0079, Relator: ROBERTO
BARROSO, Data de Julgamento: 07/12/2020, Primeira Turma, Data de
Publicação: 14/12/2020)
GABARITO: E
Analisemos a questão com base na Constituição Federal. Diz o Art. 37:
Art. 37 (...)
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que
tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,
obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.
Portanto, aplicou-se o conhecimento literal da letra de lei.
O Estado Beta editou legislação que (i) define a saúde pública como área de atuação passível
de exercício por fundação pública de direito privado; (ii) autoriza a instituição de fundações
públicas de direito privado destinadas à prestação de serviços de saúde (hospitais e institutos
de saúde); e (iii) atribui a essas entidades autonomia gerencial, orçamentária e financeira,
além de estabelecer o regime celetista para contratação de seus funcionários.
No caso em tela, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a mencionada
legislação estadual é:
A) inconstitucional, haja vista que essas fundações públicas de direito privado não
podem prestar serviços de saúde, sendo certo que tais fundações são veladas pelo
Ministério Público Estadual;
B) constitucional, e essas fundações públicas de direito privado fazem jus à isenção das
custas processuais e integram a Administração Pública indireta, mas não estão
sujeitas ao controle finalístico pela Secretaria Estadual de Saúde;
C) inconstitucional, haja vista que deve ser adotado o regime jurídico estatutário para
seus servidores por se tratar de fundações públicas, gozando essas entidades das
prerrogativas processuais, como isenção de custas;
D) constitucional, e essas fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção
das custas processuais, mas integram a Administração Pública indireta e estão sujeitas
ao controle financeiro e orçamentário realizado pelo Tribunal de Contas;
E) inconstitucional, haja vista que deve ser adotado o regime jurídico estatutário para
seus servidores por se tratar de fundações públicas, mas suas contratações
prescindem de prévia licitação.
GABARITO: D
A presente questão versa sobre fundações públicas. As fundações públicas (instituídas pelo Poder
Público, como é o caso) podem ser de direito público ou de direito privado, as de direito público
equiparam-se às autarquias, possuindo regime de direito público. As fundações públicas de direito
privado – mesmo detentoras de um regime híbrido (ou seja, predominantemente regido pelo direito
privado, mas sofrendo intervenções de normas de direito público) – devem ter como finalidade o
exercício “de uma atividade de interesse social (...) sendo comum que as fundações públicas se
destinem às atividades culturais, de assistência social, de defesa e promoção dos direitos de minorias,
de assistência médica e hospitalar, de educação, de pesquisa etc.” Nesse sentido, os pontos i) e ii) da
legislação estão em conformidade com o ordenamento.
Todavia, o entendimento do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça no sentido de
que as fundações públicas de direito privado não possuem direito à isenção das custas processuais.
Vejamos a a ADI 4247/RJ e o Informativo 676 do STJ:
ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO - CONTROLE ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE. Cabe à Advocacia-Geral da União a defesa do ato
normativo impugnado - art. 103, § 3º, da Constituição Federal. FUNDAÇÃO -
NATUREZA. A fundação, pouco importando a espécie de serviços a serem
prestados, é pessoa jurídica de direito privado, sendo possível a criação
mediante lei ordinária e a regência, pela consolidação das Leis do Trabalho,
da relação jurídica mantida com os prestadores de serviços (STF - ADI: 4247
RJ, Relator MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 04/11/2020, Tribunal
Pleno, Data Publicação: 08/03/2021
STJ, INFO 676: As fundações públicas de direito privado não fazem jus à
isenção das custas processuais. A isenção das custas processuais somente
se aplica para as entidades com personalidade de direito público. Dessa
forma, para as Fundações Públicas receberem tratamento semelhante ao
conferido aos entes da Administração Direta é necessário que tenham
natureza jurídica de direito público, que se adquire no momento de sua
criação, decorrente da própria lei.
Os Conselhos Profissionais são criados por lei, possuem personalidade jurídica de direito
público, exercem uma atividade tipicamente pública, qual seja, a fiscalização do exercício
profissional, bem como são dotados de poder de polícia e poder arrecadador.
GABARITO: D
Como é de costume da banca FGV, mais uma vez a questão cobra explicitamente conhecimentos
acerca da jurisprudência do STF. Conforme o Informativo 861 do STF, "Os pagamentos devidos, em
razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização não se submetem ao regime de
precatórios".
No segundo mês à frente do hospital público Beta, a OS verificou que, para melhor exercer
suas obrigações e de maneira a viabilizar a prestação com mais eficiência do serviço de saúde,
seria importante a cessão de servidores públicos do ente Alfa para a OS.
O órgão da advocacia pública do ente Alfa, levando em consideração as normas de regência,
emitiu parecer no sentido de que a cessão de servidores pretendida é
A) vedada pela lei, pois, em razão de sua natureza, o termo de fomento em vigor veda
ao ente Alfa a cessão de servidores para a OS, haja vista que a organização já é
remunerada para a prestação dos serviços.
B) possível, eis que, ao Poder Executivo do ente Alfa, é facultada a cessão especial de
servidor para a OS, com ônus para o ente de origem, em razão do contrato de gestão
em vigor.
C) vedada pela lei, pois, em razão de sua natureza, o contrato de gestão em vigor veda
ao ente Alfa a cessão de servidores para a OS, haja vista que a organização já é
remunerada para a prestação dos serviços.
D) vedada pela lei, pois, em razão da natureza do serviço prestado, o termo de
colaboração em vigor veda ao ente Alfa a cessão de servidores para a OS, haja vista
que a organização já é remunerada para a prestação dos serviços.
E) possível, eis que, ao Poder Executivo do ente Alfa, é facultada a cessão especial de
servidor para a OS, com ônus para a OS cessionária, em razão do termo de parceria
em vigor.
GABARITO: B
Apresentamos aqui uma questão que testa conhecimentos acerca do Terceiro Setor para fins de
fixação de conhecimento. Consoante a Lei nº 9.637/1998, em seu Art. 14: “Art. 14. É facultado ao
Poder Executivo a cessão especial de servidor para as organizações sociais, com ônus para a origem”.
Portanto, resta correta a assertiva B, já que o órgão da advocacia pública do ente Alfa emitiu parecer
no sentido de que a cessão especial de servidores pretendida é possível.