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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Unidade III
7 DIREITO ADMINISTRATIVO

7.1 Noções introdutórias de direito administrativo

O direito administrativo, corolário do direito de estado, regula as relações ou os vínculos entre


os particulares e a administração pública ou os poderes públicos, inclusive com sintética abordagem
dos atos administrativos (espécie do gênero ato jurídico) e dos tipos de licitação (procedimentos) que,
obrigatoriamente, antecedem os contratos administrativos.

O direito administrativo é um ramo do direito público que estuda a administração pública.


Segundo Führer e Milaré (2004, p. 110), “direito administrativo é o conjunto de normas que regem a
administração pública”.

Outra definição que merece destaque é a de Di Pietro (1991, p. 46):

O direito administrativo como o ramo do direito público que tem por objeto
os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os
bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.

As disposições gerais da Seção I (art. 37 ao art. 38 da CF), Capítulo VII, Da Administração Pública
(art. 37 ao art. 43 da CF), Título III, Da Organização do Estado (art. 18 ao art. 43 da CF), estatuem
matéria de ordem principiológica regente da administração pública.

Internamente, o Estado brasileiro se submete a esse conjunto de normas, as quais se dão como
verdadeira garantia do administrado contra os desmandos dos administradores. Diferem das normas
constitucionais porque não organizam propriamente o Estado, mas sim o modo de administração de
cada um dos poderes da República.

Assim, há um direito administrativo que vincula o executivo, o legislativo e o judiciário. Cada um


desses poderes possui um representante que o exerce, no caso, respectivamente, no âmbito da União: o
presidente, o Congresso Nacional – Senado e Câmara dos Deputados – e os Juízos Federais, os Tribunais
Regionais Federais, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal.

Cada uma desses poderes, entretanto, possui órgãos que necessitam de administração para que
possam alcançar sua finalidade. Esta pode ser considerada a administração pública, em sua totalidade. O
presidente, por exemplo, organiza a administração do país e do poder executivo distribuindo uma série
de tarefas para seus ministros. Cada ministro, por sua vez, divide seu ministério em uma série de órgãos,
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cada qual com uma competência administrativa. O Congresso Nacional e os Tribunais de Justiça, por
meio de seus regimentos internos, organizam-se administrativamente.

A função da administração é típica do poder executivo, uma vez que é o chefe do executivo que
efetivamente administra o território da Federação, dos Estados e dos Municípios. Isso, no entanto,
não significa, como exposto, que os outros poderes não necessitem desempenhar uma administração
interna, ou seja, seguir regras para a organização dos órgãos que a compõem.

Vejamos um exemplo para ilustrar a questão. O poder executivo, em sua função de administrar, deve
decidir como gastar o orçamento público com estradas; mas também deve decidir como se organizarão
seus órgãos, como se dividirão ao longo do território e como serão abastecidos de materiais para operar
(computadores, veículos etc.). O poder judiciário, ainda que tenha por função julgar, também precisa
administrar seus órgãos (quando será necessário contratar mais servidores, como distribuir os Juízos
pelas comarcas etc.). Tudo isso é competência administrativa interna do poder judiciário. Por último,
o poder legislativo também necessita se organizar internamente, ainda que sua função primária seja
legislar. Assim, para fazer leis, é preciso que cada parlamentar tenha assessores que os ajudem nas
decisões acerca de votar a favor ou contra a sua promulgação. São necessários também instrumentos
para a votação (cadeiras, mesas, matérias para os gabinetes etc.).

Por administração ou administração pública pode-se entender tanto o sujeito de direito, pessoas
jurídicas de direito público – o titular do interesse coletivo, público e indeterminado o sujeito, e inclusive
a figura do sujeito coletivo sempre alcançam a noção de cidadão ou usuário do serviço público, que a
reboque da Emenda Constitucional n. 19 (Brasil, 1998) perpassa o conceito jurídico de consumidor, bem
como de destinatário final da função ou do serviço –, quanto as funções e os serviços, compreendida a
noção da perene oferta de serviço público e de funcionamento estatal, pois o titular da soberania é o
povo. O art. 27 da Emenda traz a seguinte informação: “O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte
dias da promulgação desta Emenda, elaborará lei de defesa do usuário de serviços públicos”.

Existe uma diferenciação entre os órgãos e as entidades da administração pública, que são os
agentes que vão executar os atos em nome do Estado, para a manutenção da sociedade. É o que se
chama de organização da administração pública. Isso porque o exercício da atividade administrativa
pelos órgãos da própria pessoa política (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) é realizado pela
administração pública centralizada. Já os órgãos públicos são centros de competência instituídos
para exercer a função administrativa; são partes integrantes da pessoa jurídica, razão pela qual não
possuem personalidade jurídica.

Para ficar mais claro, seguindo as lições de Costa (2013), a Lei n. 9.784 (Brasil, 1999), em seu art. 1, § 2,
considera o órgão como a unidade de atuação integrante da estrutura da administração direta e da estrutura
da administração indireta; a entidade, como a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; e, por
fim, a autoridade, como o servidor ou agente público dotado de poder de decisão. Desse modo, órgãos que
integram a estrutura de uma pessoa jurídica não possuem personalidade jurídica e patrimônio próprio e são
resultado de desconcentração.

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- Autarquia - serviço antônomo:


Bacen, Anatel
- União - Empresa Pública - pessoa jurídica de direito
privado (capital exclusivamente público) -

Indireta
- Estados
Direta

BNDES e Correios
- Distrito Federal - Fundação Pública - PJ direito privado - IBGE
- Municípios - Sociedade de economia mista - S/A de capital
aberto + 50% das Ordinárias sejam do
Estado.

Figura 27 – Organização da Administração Pública

Na figura anterior, o que nos parece mais importante destacar é a presença das sociedades de
economia mista, que é disciplinada pelo Decreto-lei n. 200 (Brasil, 1967) e pelo Decreto-lei n. 900
(Brasil, 1969). No texto constitucional, o legislador faz referência à sociedade de economia mista
para estabelecer que, quando for utilizada para explorar a atividade econômica, deve operar sob
as mesmas normas aplicáveis às empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e
tributárias (art. 173, § 1), e sujeitar o seu pessoal à proibição de acumulação de cargos, funções ou
empregos (art. 37, XVII). Como instrumento de descentralização de atividades ou serviços públicos
ou de interesse coletivo, a sociedade de economia mista pode ser instituída tanto pela União quanto
pelos Estados-membros e Municípios.

No entanto, como essas pessoas agem em nome do interesse público, ou seja, do interesse de
toda a coletividade? A norma do art. 37 da CF (Brasil, 1988) elenca os princípios regentes da ordem
constitucional administrativa que perpassa pela organização e pelo funcionamento dos poderes
da República:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte.

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que


preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros,
na forma da lei;

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação


prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com
a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração.

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Grande parte dos testes, das provas e dos concursos públicos exige a disciplina principiológica do
art. 37 da Constituição. Mas como você poderia fazer para gravar os cinco princípios? Existe um método
mnemônico de aprendizagem que pode ser utilizado nos princípios, conforme a figura a seguir:

O agente público só pode fazer o que a legislação


Legalidade expressamente determinar

Igualdade de tratamento entre todos os administrados com


Impessoalidade supremacia do interesse público

O ato praticado é considerado ilegal quando não for


Moralidade moralmente aceitável

Todos os atos devem ser publicados para que a população


Publicidade dele saiba e o controle

Agir com presteza, perfeição, buscando sempre o melhor


Eficiência resultado com o menor custo

Figura 28 – Princípios constitucionais da administração pública

A figura anterior é o famoso “LIMPE” da administração pública, com as principais características


de cada princípio. Vamos nos aprofundar um pouco na matéria que rege a administração pública
analisando cada princípio.

Princípio da legalidade

Diferentemente das relações privadas, em que os particulares podem fazer tudo o que a lei não
proíbe, na administração pública só pode ser feito o que a lei prevê. Essa vinculação existe não apenas
em relação à lei em si, mas também em relação ao ordenamento jurídico como um todo.

Lembrete

Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão


em virtude de lei.

A função dos atos administrativos é realizar o que preceitua a lei, sendo-lhes negada a inovação no
ordenamento jurídico. Portanto, devem-se ater a estabelecer os meios para concretizar o determinado
em lei. Eis a diferença entre o agente público e os particulares: enquanto o primeiro somente deve fazer
o que a lei determina, o outro terá a liberdade de fazer tudo o que a lei não proibir.

É relevante o alerta feito por Amorim e Horvath (2011) de que não devemos confundir o princípio
da legalidade com o princípio da reserva legal ou da legalidade específica; este decorre de cláusula
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constitucional que determina e indica quais as matérias que, pela sua natureza, só podem ser tratadas
por lei formal, sendo vedada qualquer ingerência normativa do poder executivo, como a criação de tipo
tributário, tipo penal etc.

Princípio da impessoalidade

Para Mello (2003), a impessoalidade traduz a ideia de que a administração deve tratar todos os
administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismo nem perseguições são
toleráveis. Esse princípio tem o objetivo de impedir atuações geradas por antipatia, simpatia, vingança,
represália, nepotismo e favorecimentos diversos, bastante comuns em licitações, concursos públicos e
no exercício de poder de polícia.

Princípio da moralidade

Este princípio exige uma atuação ética da administração pública. Isso significa que o agente público
deverá distinguir não só o ato legal do ilegal, mas também o honesto do desonesto. Assim, o agente
público deverá atuar segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé (art. 2, IV, da Lei n. 9.784/99).

O princípio da moralidade administrativa corresponde à perquirição da validade da motivação ou


fundamentação do ato e, pois, viabiliza o reexame judicial de mérito de ato administrativo, mormente por
vício de legalidade, compreendido o aviltamento da finalidade do ato; assim, diz respeito ao cotejo entre
atividade fim da administração e do exercício da ascendência disciplinar administrativo sancionatória.

Qualquer que seja o prisma de análise, a pauta da moralidade administrativa recai sobre a matéria de
vício de substância ou de finalidade, bem como de vício de forma, matéria de desvio de objeto, desvio de
poder e desvio de finalidade, alcançando, portanto, toda a pauta de convalidação e de efeitos residuais
do nulo (por exemplo, a conversão de remuneração do particular que já adimpliu sua prestação de
serviços à administração pública, ocorrida por meio de contratação nula, em indenização).

Um exemplo de moralidade é o recebimento de auxílio-moradia por um casal de servidores públicos


do poder judiciário. Suponha que ambos recebam auxílio-moradia. O STF liberou esse auxílio para
qualquer juiz que não tenha à disposição um imóvel funcional, pago pelo poder público. Na sua opinião,
é moral a atuação desses servidores? Podemos dizer que é legal, porque ambos são servidores e teriam
direito à percepção do benefício.

Exemplo de aplicação

Um dos mais corriqueiros exemplos de violação ao princípio da impessoalidade ocorre quando um


agente político utiliza os recursos públicos para se promover.

O juiz Emílio Migliano Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública do Estado de São Paulo, concedeu um
pedido liminar interposto pela codeputada Paula Aparecida, da Bancada Ativista composta por membros
do PSOL, que solicitava a suspensão imediata dos trabalhos de pintura em prédios de escolas públicas
da rede paulista de azul e amarelo, cores associadas ao partido do governador João Dória, do PSDB
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(Justiça..., 2019). Em nota, a codeputada afirmou que o projeto “Escola + Bonita” fazia propaganda
ilegal e uso do direito público para benefício próprio, sendo que a escola pública não pode ser usada
como propaganda eleitoral, pois “é da população de São Paulo, não de um governador ou de um partido
específico”. No despacho, o magistrado disse que o projeto violou os princípios da moralidade e da
impessoalidade ao utilizar cores específicas idênticas ao grupo político de Dória. O Ministério Público
teve o mesmo posicionamento.

Recorde-se que ser um cidadão e universitário representa um desejo de mudança e cuidado com
o uso dos recursos públicos, para transformar nosso meio em um espaço digno e justo para todos.
Agora, reflita: você já percebeu alguma violação ao princípio da impessoalidade ou da moralidade
administrativa?

Princípio da publicidade

O princípio da publicidade refere-se ao dever administrativo de manter plena transparência em


seus comportamentos. O sigilo só é admitido quando for imprescindível à segurança do Estado e da
sociedade, nos casos de segurança nacional e de intimidade e privacidade.

Os atos da administração pública devem ser exibidos em público. Impõe-se a transparência na


atividade administrativa justamente para que os administrados avaliem se ela está sendo bem ou mal
conduzida. É importante destacar que os atos administrativos devem ser motivados e que o administrador
público tem o dever de ser eficiente e de prestar contas.

Princípio da eficiência

O princípio constitucional da eficiência exige que o agente público exerça a atividade administrativa
com presteza, perfeição e com rendimento funcional. Essa eficiência deverá atingir não só os agentes
públicos, mas também a própria administração pública. Os agentes devem atuar da melhor forma
possível, na busca dos melhores resultados. Já a administração deverá estruturar de forma racional sua
organização, de modo a atingir os melhores resultados a um menor custo possível.

Vejamos os elementos de uma política fiscal efetiva de uso dos recursos públicos:

Aumentar receitas: Diminuir despesas:


por meio de uma reforma por meio de uma reforma
tributária que permita ao administrativa que possibilite
Estado arrecadar mais a redução de gastos do
governo, assim como uma
política monetária de juros
mais baixos

Figura 29

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Lembre-se de que o aumento das receitas não envolve necessariamente o aumento de alíquotas,
bases de cálculos ou criação de novos tributos. O que se defende nas ações públicas é a concentração
de esforços para aumentar a arrecadação por meio do aumento da quantidade de fatos geradores. Por
exemplo: quanto mais renda você aferir, mais imposto de renda você deverá pagar. A diminuição das
despesas é matéria corrente e necessária, que envolve aspectos de economia e gestão.

Findos os princípios e suas exemplificações, traz-se ao estudo uma questão importante. Por
ser o povo soberano e também o destinatário final dos serviços públicos, chegamos à seguinte
conclusão: a oferta de serviço essencial, como o serviço médico-hospitalar, deve ser universal,
além de contínuo e ininterrupto. Isso porque, em matéria de saúde, o binômio eficácia-vigência
e toda a concepção do princípio da eficiência sedem lugar ao princípio da resolutividade, dada a
prevalência do bem da vida tutelado, ou seja, a própria vida humana sob tutela da administração.
Assim, no conceito de destinatário da função e do serviço públicos, a ação estatal alcança não
apenas o cidadão brasileiro (titular da soberania), mas o estrangeiro em solo nacional. Eis que a
oferta de serviço essencial médico-hospitalar é universal e de demanda incontenível (prevalência
do princípio da resolutividade).

Há outras situações nas quais mesmo o estrangeiro em solo nacional se considera destinatário final
da administração pública, como é o caso do estrangeiro encarcerado em solo pátrio. Dado o fundamento
ético do direito, o conceito de destinatário final da administração pública, incluídos sua função e seu
serviço, ultrapassa a questão da soberania como critério definidor da situação jurídica do sujeito
destinatário final.

Observação

A LINDB, por versar sobre a teoria geral do direito, alcança a matéria de


direito público. Logo, toda a legislação de direito administrativo também
respeitará as disposições da LINDB.

Como você percebeu, as ações da administração pública servem para atender às necessidades públicas.
Em outras palavras, todos os recursos arrecadados por meio de esforços da coletividade (tributos ou não)
devem atender a uma finalidade pública. Para atender às necessidades da coletividade, são necessárias
pessoas, e essas pessoas são os servidores públicos em sentido amplo, ou seja, estão à serviço do público,
da sociedade.

O art. 38 da CF (Brasil, 1988), integrante da mesma seção de Disposições Gerais, disciplina a situação
de servidor público no exercício do mandato eletivo: norma cuja principiologia, assim como toda
matéria de funcionalismo público, remonta ao art. 37 da CF. Observe a figura a seguir, que mostra as
diferenças existentes entre as espécies no funcionalismo público.

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Servidores públicos: todos aqueles Agentes públicos: todas as pessoas


que mantêm com o Poder Público físicas ou jurídicas que, sob Agentes políticos: presidente
relação de trabalho, de natureza qualquer liame jurídico e, algumas e vice, governadores e vices,
profissional e caráter não eventual, vezes, sem ele, prestam serviços à ministros de Estado
sob o vínculo de dependência administração pública

Figura 30

Os agentes públicos, os servidores no sentido estrito e os agentes políticos devem se preocupar em


praticar atos administrativos que sirvam, de algum modo, ao interesse público.

7.2 Atos administrativos

Os atos administrativos têm presunção de legitimidade, exigibilidade e executoriedade; portanto,


vão afetar toda a coletividade.

Meirelles (1998, p. 131) define ato administrativo como:

[...] toda manifestação unilateral da vontade da administração pública


que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria.

Recorde-se que a legalidade na administração não resume a ausência de proibição da lei, mas sim
a autorização desta, como condição de sua validade. A legalidade deve ser entendida como estar de
acordo com a lei. Para melhor compreender, aos particulares é permitido tudo o que não é vedado pela
lei; já à administração pública somente é permitido agir em absoluta harmonia com a lei.

Assim, a administração e os seus agentes devem agir em conformidade com princípios éticos.
A violação indica também a violação do direito, configurando a ilicitude. É necessário que, no exercício
da atividade administrativa, sejam aplicados os princípios da boa-fé e da lealdade.

A improbidade administrativa é considerada crime de responsabilidade. Para os servidores públicos,


os atos dessa espécie “importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda de função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível”, conforme art. 37, § 4º, da CF (Brasil, 1988).

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É importante você notar que, no tocante ao interesse público, pode-se dizer que a administração
pública não tem poderes, mas sim deveres-poderes, uma vez que deve cumprir a finalidade que lhe
é determinada. Tem função e dever de buscar o interesse da coletividade; não tem autonomia da
vontade nem liberdade, tampouco autodeterminação da finalidade a ser buscada, já que todas seriam
características do direito privado. Essas finalidades devem ser alcançadas de maneira proporcional, sem
que haja abuso de poder, seja ele com meios desproporcionais, seja sem atingir a finalidade determinada.

7.2.1 Atributos e requisitos

Como já sabemos, para praticar qualquer ato, é necessário que haja um sujeito ativo, ou seja, que
realiza a conduta administrativa tendente a obter a satisfação de uma necessidade pública, com vistas a
atender ao interesse público. O sujeito ativo do ato administrativo é o Estado, ou quem lhe faça as vezes.

São três os atributos ou características do ato administrativo: presunção de legitimidade,


imperatividade e autoexecutoriedade.

A presunção de legitimidade é aquela que alcança os atos administrativos e é caracterizada por ser
do tipo relativa, ou seja, presume-se. Isso significa dizer que a legitimidade dos atos administrativos,
embora se presuma legítima, admite prova em contrário. Compete a quem se sentir prejudicado fazer
prova de que o ato administrativo é eivado de vícios, ou seja, questionar a licitude do ato. Até que
seja feita prova em contrário, o ato administrativo projeta efeitos, é eficaz. De acordo com Amorim
e Horvath (2011), é devido a essa presunção que a partir de sua edição o ato administrativo já pode
produzir efeitos, não tendo de aguardar prazo para eventuais questionamentos sobre sua licitude.

Lembrete

O ônus da prova compete a quem o alegar.

Como o ato administrativo praticado é presumidamente lícito, o questionamento judicial acerca


de legalidade acarreta inversão do ônus probatório da ilicitude do ato; ou seja, mesmo que tenha sido
praticado ao arrepio das previsões legais, cabe ao interessado provar que o ato é ilícito.

Imperatividade, para Amorim e Horvath (2011), é o atributo do ato administrativo que impõe
a coercibilidade para seu cumprimento ou execução. A imperatividade é indispensável aos atos
administrativos, como forma de a administração atingir sua finalidade, qual seja, a satisfação do interesse
público. Cabe destacar que nem todos os atos administrativos são imperativos, como os enunciativos
negociais, que dependem da vontade do particular na sua utilização. Alguns exemplos são o ato de
nomeação e a permissão de uso.

Os atos cujo conteúdo seja uma ordem, um provimento, pela sua própria natureza são imperativos
e obrigam seus destinatários ao seu fiel cumprimento, sob pena de sanção, a ser aplicada pelo próprio
poder público.

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Autoexecutoriedade, segundo Amorim e Horvath (2011), é o atributo de alguns atos administrativos


informar que a administração pública pode autoexecutar as sanções por ela impostas aos administrados.
É um princípio que tem sido objeto de muita polêmica, mormente após a CF de 1988, que, no art. 5,
LV, assegura o contraditório e a ampla defesa nos processos administrativos e judiciais. A nosso ver, o
asseguramento da ampla defesa e do contraditório não é incompatível com a autoexecutoriedade dos
atos administrativos. Entre os atos administrativos que gozam da autoexecutoriedade, podemos citar os
praticados no exercício do poder de polícia.

Você sabe o que é o poder de polícia da administração? Trata-se de atividade estatal que limita o
exercício dos direitos individuais em prol do interesse coletivo. Vejamos o seu conceito legal no artigo
78 do Código Tributário Nacional (Brasil, 1996):

Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública


que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula
a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Di Pietro (1991) ensina que o poder da administração pública é limitado no âmbito de dois
aspectos opostos: a autoridade da administração pública e a liberdade individual. Do desfecho desse
antagonismo jurídico decorre que o princípio da predominância do interesse público sobre o particular
é o fundamento do poder de polícia, pois dele se revela a posição de supremacia da administração
sobre os administrados.

Em relação à autoexecutoriedade dos atos administrativos, Meirelles (1998) afirmou que tem
entendimento mais amplo, ao considerar que a administração pública só deve socorrer-se do poder
judiciário em casos excepcionais, cabendo ao administrado que se sentir lesado reclamar e buscar a
reparação da eventual lesão junto ao poder judiciário.

Requisito nada mais é do que uma condição para alcançar determinado fim. Os requisitos do ato
administrativo são diversos: agente capaz; objeto lícito; forma prescrita ou não proibida; legalidade;
moralidade; finalidade de atender ao interesse público e aos objetivos da lei; publicidade; competência
do agente e motivação dada pela lei ou justificada pelo agente.

A capacidade ou requisito do agente capaz é uma condição para que se pratique determinado ato
em nome do poder público. Essa atribuição ou competência é dada por lei para a prática de certos
atos jurídicos em nome da administração pública. Não é competente quem quer, mas quem a lei
determina. A competência administrativa não é dada às pessoas físicas, e sim aos sujeitos integrantes
da administração pública.

Os atos administrativos hão de buscar, conforme os ensinamentos de Amorim e Horvath (2011),


sempre a satisfação do interesse público, ou seja, o interesse coletivo. Essa é a razão jurídica pela qual
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o ato se encontra abstratamente previsto no sistema jurídico. O não cumprimento da finalidade do


ato administrativo acarreta o vício denominado desvio de finalidade, que nada mais é que a distorção
entre o ato previsto abstratamente e o ato efetivamente praticado.

Leciona Mello (2003) acerca da motivação dos atos administrativos:

Parece-nos que a exigência de motivação dos atos administrativos


contemporânea à prática do ato, ou pelo menos anterior a ela, há de ser
tida como uma regra geral, pois os agentes administrativos não são ‘donos’
da coisa pública, mas simples gestores de interesses de toda coletividade,
esta, sim, senhora de tais interesses, visto que, nos termos da Constituição,
‘todo poder emana do povo’ (art. 1, parágrafo único).

São poderes e deveres do administrador público:

• Dever de eficiência.

• Dever de probidade.

• Dever de prestar contas.

• Poder-dever de agir.

7.2.2 Atos administrativos vinculados e discricionários

Os atos administrativos podem ser vinculados ou discricionários. No primeiro, o poder público deve
praticar nos estreitos limites determinados pela lei; no segundo, há uma certa liberdade para sua decisão.
Mello (1995, p. 229):

Atos vinculados seriam aqueles em que, por existir prévia e objetiva tipificação
legal do único possível comportamento da Administração em face de
situação igualmente em termos de objetividade absoluta, a Administração
ao expedi-los não interfere com apreciação subjetiva alguma.

Atos discricionários, pelo contrário, seriam os que a Administração pratica


com certa margem de liberdade de avaliação ou de decisão segundo
critérios de conveniência e oportunidade formulados por ela mesma, ainda
que adstrita à lei reguladora da expedição deles.

Como síntese dos nossos estudos, o quadro a seguir elucida os atos administrativos e os poderes e
deveres do administrador público.

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Quadro 8
Imperatividade
Atributos do ato Presunção de legitimidade
administrativo
Auto executoriedade
Agente capaz
Objeto lícito
Forma prescrita ou não defesa em lei
Legalidade
Requisitos do ato Moralidade
administrativo
Finalidade de atender ao interesse público e aos objetivos da lei
Publicidade
Competência do agente
Motivação dada pela lei ou justificada pelo agente
Dever de eficiência
Poderes e deveres do Dever de probidade
administrador público Dever de prestar contas
Poder-dever de agir

Fonte: Führer e Milaré (2004, p. 111).

7.3 Contratos administrativos

Pode-se considerar como contrato administrativo todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades
da Administração Pública e particulares. Nesse contrato é necessário que haja um acordo de vontade
para que se forme um vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas.

Releva destacar que, ainda que a Administração não chame o contrato administrativo de contrato,
ele ainda assim será, na prática, um contrato.

Quer um exemplo? Quando a Administração envia uma nota de empenho para um fornecedor que já está
previamente cadastrado, licitado e escolhido para efetuar o fornecimento de um bem ou serviço, temos um
contrato administrativo. Desse modo, seja qual for a denominação utilizada, haverá um contrato.

Você já sabe que os contratos são, no mínimo, bilaterais, ou seja, existem partes contratantes, cada
qual com direitos e obrigações. No caso dos contratos administrativos, em uma das partes sempre vai
figurar o Estado, e na outra o particular.

Quando você decide adquirir algo ou construir a sua casa, você deve, em respeito ao seu dinheiro,
fazer diversas cotações e buscar no mercado condições favoráveis de negociação, prazo e qualidade.
O mesmo raciocínio vale para a administração pública; a diferença é que o dinheiro não é só seu, mas
decorre do esforço de toda a coletividade.

Percebe-se aí a responsabilidade do agente público quando vai utilizar o dinheiro que não é seu,
mas de todos. Por isso, o legislador determinou expressamente que todos os contratos devem ser precedidos
de licitação, ainda que existam cláusulas nos contratos que desequilibrem a relação (em favor da

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

coletividade, nunca do particular). A essas cláusulas, chamamos de cláusulas leoninas, em direito civil,
ou cláusulas exorbitantes, em direito administrativo.

Para Nohara (2017), “exorbitante” (do latim, exorbitare) designa algo que exorbita ou sai da órbita.
Cláusulas exorbitantes são aquelas que seriam anormais se apostas em contratos privados, mas que
fazem parte dos contratos administrativos, haja vista os interesses perseguidos. Não são cláusulas
leoninas propriamente ditas, pois, enquanto estas preveem desequilíbrios na comutatividade da
avença, as cláusulas exorbitantes resguardam ao particular o equilíbrio contratual, uma vez que a parte
econômico-financeira do contrato não é alterada sem a autorização do contratado.

São exemplos de cláusulas exorbitantes: a possibilidade de alteração unilateral do contrato pela


administração, sua rescisão unilateral, a fiscalização do contrato, a possibilidade de aplicação de
penalidades por inexecução e a ocupação (na hipótese de rescisão contratual). Também se costuma
denominar de cláusula exorbitante a limitação à oposição da exceptio non adimpleti contractus nos
contratos administrativos. Assim, os contratos administrativos devem ser sempre cumpridos pelo
particular. Nessa queda de braços, quem vence é sempre o Estado, pois ele representa a coletividade.

Figura 31

Disponível em: https://ury1.com/ggrux. Acesso em: 1º set. 2023.

As cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos também são um claro exemplo de supremacia
do interesse público. Elas provocam o desnivelamento da relação contratual, tornam a bilateralidade
quase uma unilateralidade em favor da administração, em razão da desigualdade jurídica que a cerca.
Obviamente, os particulares sabem disso e estão cientes de que, com a assinatura consensual do
contrato administrativo, acham-se presos à supremacia do interesse público sobre o privado, traduzida
nas cláusulas exorbitantes.

Quando você é um particular, você decide quando se inicia e quando acaba um contrato de
prestação de serviços contínuos. Existem contratos que são vigentes por tempo indeterminado, como

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a contratação por terceirização de uma empresa de limpeza para o seu estabelecimento comercial. No
entanto, não se admite o contrato administrativo com prazo indeterminado com a administração. Logo,
todos os contratos dessa natureza devem ter prazo de duração expressamente previsto, nos termos do
art. 57, § 3º, da Lei n. 8.666 (Brasil, 1993a).

Em regra, os contratos administrativos possuem prazo de duração limitado aos créditos orçamentários,
que, como você já sabe, têm duração de um ano, em razão do período de vigência da LOA. Contudo,
constata-se que esse prazo poderá ser prorrogado em alguns casos específicos, como o de projetos cujos
produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no PPA, os quais poderão ser prorrogados se
houver interesse da administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório.

Lembrete

O PPA prevê as metas da administração pelo período de quatro anos.

Outra hipótese é a da prestação de serviços a serem executados de forma contínua, como os de


limpeza, guarda, segurança e vigilância, que não caracterizam a atividade-fim do Estado e que poderão
ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos, com vistas à obtenção de preços e
condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses, ou seja, cinco anos.

7.4 Licitações

A CF, ao disciplinar a administração pública no art. 37, XXI, determinou que as compras fossem
precedidas de licitação:

Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras


e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
da proposta, nos termos da lei, a qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações (Brasil, 1988).

Em lei complementar (Brasil, 1993b), o legislador determinou o conceito e a finalidade da licitação.


Apresenta-se o art. 3º, que conceitua licitação:

A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional


da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração
e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e
julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.
142
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Como você observou, os contratos administrativos sempre devem ser precedidos de licitação pública,
que pode ser das seguintes espécies, conforme a figura a seguir:

Concorrência pública Contratos grandes Lei 8.666/93

Tomada de preços Contratos médios Lei 8.666/93

Convite Contratos pequenos Lei 8.666/93

Espécies de licitação

Trabalhos técnicos,
Concurso Lei 8.666/93
científicos ou artísticos

Venda de bens móveis


Leilão inservíveis ou produtos Lei 8.666/93
apreendidos

Pregão Bens e serviços comuns Lei 10.520/02

Figura 32 – Espécies de licitação

Fonte: Führer e Milaré (2009, p. 128-129).

Ressalva-se que, na edição de 2009, Führer e Milaré mencionam como modalidade de licitação o
pregão, que para muitos autores é uma forma de licitação autorizada pela Lei n. 8.686 (Brasil, 1993b).
Essa dúvida decorre da interpretação hermenêutica, que tende a acudir aquilo que melhor atenda ao
interesse da sociedade. Tudo isso porque o rol exposto na Lei 8.666 (Brasil, 1993a) – que é a lei geral de
licitações e contratos – não contemplava a modalidade de licitação chamada de pregão, e alguns autores
entendiam que as modalidades de licitação se esgotavam nas cinco espécies dadas pela lei. Porém, em
razão da necessidade de agilizar a aquisição de bens e serviços comuns, a ritualística proposta na lei
geral não satisfazia as necessidades de contratação.

O pregão inverteu as fases da concorrência pública, que primeiro habilitava todos os concorrentes,
para que somente os habilitados participassem da fase de lances. O pregão primeiro efetua os lances
e, somente após selecionado o menor preço, verifica se o contratante possui condições de cumprir a
exigência, ou seja, se está habilitado.

A licitação é dispensável em certos casos, como na ocorrência de guerra ou grave perturbação da


ordem, e é inexigível quando não houver possibilidade de competição, como na contratação de artista
143
Unidade III

consagrado ou de serviço técnico especializado. Em outras palavras, a inexigibilidade de licitação não


deve ocorrer; mesmo que o administrador queira fazer, não conseguirá. Difere da dispensa de licitação,
pois nesta a competição é possível, mas a lei autoriza a contratação direta em determinados casos, isto
é, sem a realização da licitação.

Um exemplo de licitação inexigível é aquela destinada a adquirir materiais, equipamentos ou


gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,
vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de
atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação, a
obra ou o serviço, pelo Sindicato, pela Federação ou Confederação Patronal ou, ainda, pelas entidades
equivalentes. É o que acontece quando a administração necessita adquirir medicamentos exclusivos
para o tratamento do câncer.

Cabe destacar que o procedimento da licitação é sempre público, proibidos quaisquer critérios
sigilosos, secretos e subjetivos, pois, nos termos da Lei n. 8.666, Lei Geral de Licitações (Brasil, 1993a), a
licitação destina-se à observância do princípio constitucional da isonomia, ou seja, busca proporcionar
a todos os interessados oportunidades de contratar.

O objeto da licitação será adjudicado ao apresentador da melhor proposta, dentro dos critérios
fixados. Após o julgamento de eventuais recursos, a adjudicação feita pela Comissão de Licitação será
homologada pela autoridade administrativa superior, tornando-se então definitiva.

Passemos agora a estudar as espécies de licitações:

• Concorrência pública: usada para contratos de vulto de acordo com os valores estabelecidos na
lei, corrigidos periodicamente.

• Tomada de preços: usada para contratos de valor médio, com a participação de interessados
já cadastrados.

• Convite: licitação adequada para valores mais reduzidos, estabelecidos na lei e corrigidos
periodicamente, com a participação de três interessados, no mínimo, escolhidos pela unidade
administrativa. Nos casos em que couber convite, a administração poderá utilizar a tomada de
preços e, em qualquer caso, a concorrência.

• Concurso: licitação adequada para a escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante
a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores.

• Leilão: usado na venda de bens imóveis inservíveis ou de produtos apreendidos, por lance igual
ou superior ao da avaliação.

• Pregão: sistema misto, com o recebimento prévio de propostas, seguido de um leilão restrito aos
que oferecerem as melhores propostas, conforme a Lei n. 10.520 (Brasil, 2002b).

144
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

8 DIREITO DE EMPRESA

8.1 Noções introdutórias de direito de empresa

Situado o direito da empresa em relação ao direito civil e, pois, em vista do direito privado, o que
se pretende neste tópico é uma análise dos tipos de sociedade existentes no direito brasileiro, com
abordagem dos requisitos de cada tipo societário e as responsabilidades deles decorrentes, bem como as
suas formas de extinção, fusão, dissolução e transformação.

Veremos a classificação das sociedades entre empresárias e empresário individual, antes de classificar
as sociedades empresárias, uma vez que essas distinções pertencem à teoria da empresa, ao passo
que a forma de constituição empresarial, os agentes que representam a sociedade e a classificação
(responsabilidade limitada e ilimitada) pertencem ao direito societário. Para encerrar nossos estudos,
conforme já alertado, será apresentada a divisão do direito empresarial, que traz a reorganização e a
extinção da personalidade jurídica. Para melhor compreensão, observe a figura a seguir:

Teoria geral do Reorganização e


Teoria da empresa direito societário extinção

Sociedades
Empresário individual Transformação
(personificação)

Sociedade empresária Agentes societários Dissolução

Classificação das
sociedades

Figura 33 – Organização do direito empresarial

8.2 Origem e evolução histórica do direito comercial

O comércio surgiu das tecnologias desenvolvidas pelo ser humano. A partir do momento que o
homem aprendeu a dominar o meio pelas técnicas de agricultura ou domesticação dos animais, por
exemplo, ele passou a ter mais do que aquilo que efetivamente necessitava para viver.

Como você dever recordar das suas lições preliminares de história, o homem retirava da terra tudo
o que precisava para sobreviver e, ao dominar as técnicas de plantio e criação dos animais, passou a
produzir excedentes. No entanto, esses excedentes nem sempre atendiam a todas suas necessidades, e,
portanto, os povoados trocavam-nos uns com os outros.

Rodrigues (2016) narra que, com o crescimento das comunidades e sua transformação em vilas e,
posteriormente, em cidades, houve a substituição gradual do escambo pela troca monetária. Criaram‑se
145
Unidade III

as primeiras moedas, mas surgiu outra dificuldade: para cada lugar, a moeda tinha um significado
diferente. Para uma nação, o que representava valor era o marfim; para outra, era o sal; para uma, era o
casco da tartaruga; para outra, os búzios, e assim por diante. A autora cita uma interessante passagem
acerca do início das trocas e da necessidade de um denominador comum, a moeda:

O tenente Cameron em sua viagem pela África (1884) narra como se arranjou
para obter uma barca: ‘O homem de Said queria ser pago em marfim e
eu não o tinha. Dei, então, a Ibn Guerib o equivalente em fios de cobre;
este me deu em troca pano, que passei a Ibn Selib; este enfim, entregou a
importância em marfim ao agente de Said; e eu obtive a barca’ (Baccarin;
Silva, 1982, p. 46 apud Rodrigues, 2016, p. 9).

Na Idade Média, começou a se cristalizar o direito comercial, em razão das primeiras normas e
regras que traduziam as práticas existentes no comércio. O professor Rubens Requião (2003) ensinou
que na Idade Média também havia discussão e necessidade de temperança nas relações comerciais,
pois o direito comercial não possuía regras corporativas, sobretudo dos assentos jurisprudenciais das
decisões dos cônsules, juízes designados pela corporação, para em seu âmbito dirimirem as disputas
entre comerciantes. Assim:

Diante da precariedade do direito comum para assegurar e garantir as


relações comerciais, fora do formalismo que o direito romano remanescente
impunha, foi necessário, de fato, que os comerciantes organizados criassem
entre si um direito costumeiro, aplicado internamente na corporação por
juízes eleitos pelas suas assembleias: era o juízo consular, ao qual tanto deve
a sistematização das regras do mercado (Requião, 2003, p. 10-11).

Os últimos duzentos anos foram marcados por uma multiplicação exponencial da riqueza mundial
graças às empresas, organizações humanas que combinam eficientemente os fatores de produção de
forma sinérgica e sistêmica para produzir e fazer circular bens e serviços, exatamente o objeto deste tópico.

Sempre existiram formas de trabalho organizadas e dirigidas. Porém, a acumulação de capital,


a invenção de máquinas de produção em série e a expansão dos mercados pós-revolução industrial
provocaram um desenvolvimento da atividade empresarial em dimensões largas, o que até poderia ser
desejado, mas nunca previsto naquela ocasião.

Saiba mais
A história do filme a seguir, escrita por William Shakespeare, retrata
uma trama que envolve a prática do comércio e apresenta um julgamento
realizado pelo cônsul, além de um romance com um final surpreendente.
Vale a pena assistir:

O MERCADOR de Veneza. Direção: Michael Radford. Itália; Reino Unido;


Luxemburgo: Avenue P, 2004. 138 min.

146
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

No Brasil, o direito comercial é organizado e sistematizado juridicamente desde 1850. Até o ano
de 2002, ele era regido pela teoria dos atos de comércio. Genericamente, o termo “teoria” remente à
explicação. Pois é bem isso que faz a teoria dos atos de comércio.

A teoria dos atos de comércio forneceu elementos para identificar quem eram os sujeitos das
regras de direito comercial. Para quem elas serviam? Como funcionava o sistema que definia quem
eram os comerciantes? O próprio nome dá a dica: para se sujeitar ao direito comercial, a pessoa
deveria praticar algum dos atos de comércio. Temos, aí, a figura do comerciante, que era quem
praticava algum dos atos de comércio.

O Decreto n. 737 (Brasil, 1850), em seu art. 19, trazia um rol de atividades que eram consideradas
atos de mercancia, ou seja, atos de comércio. Entre os atos de comércio, estavam a compra e venda, a
fabricação, a armação de navios, a toca de moedas etc. Então, quem praticava quaisquer desses atos, ou
ainda aqueles que estavam no regulamento, era considerado comerciante.

Repare na lacuna imensa que esse tipo de organização faz: se somente pode ser considerada
comerciante aquela pessoa que pratica atos de mercancia constantes de um determinado rol, como
fazer para atender às necessidades de alteração decorrentes da própria sociedade, por exemplo, incluir
as atividades relativas à tecnologia? Esse foi um importante motivo pelo qual a teoria dos atos de
comércio foi substituída pela teoria de empresa, e essa mudança consta hoje do nosso Código Civil
(Brasil, 2002a).

Lembrete

O direito de empresa faz parte do Código Civil, Lei Federal n. 10.406


(Brasil, 2002a), a partir do art. 966.

O Código Civil italiano, sob influência da teoria da empresa, tal como o Código Civil brasileiro, não
conceitua a empresa, mas sim o empresário, que é quem desenvolve atividade econômica, organizada,
exercida profissionalmente para a produção ou a circulação de bens e serviços. Por dedução, a empresa
é a atividade do empresário.

Por exemplo: a falência, a recuperação judicial, o dever de registrar-se na junta comercial, entre
outras questões, só podem ou precisam ser feitos por empresários ou sociedades empresárias. Portanto,
é importante saber quem é o empresário e quem é a sociedade empresária.

8.3 Fontes do direito comercial

É essencial conhecer as fontes do direito comercial porque fonte é, para o direito, o que origina
determinado regramento jurídico, e, caso faltem as fontes primárias (lei), são adotadas as fontes
secundárias, as subsidiárias ou as fontes indiretas.

147
Unidade III

São consideradas fontes primárias do direito comercial o Código Comercial (Brasil, 1850) e as
matérias de direito empresarial vigentes no Código Civil (Brasil, 2002a). Com o advento do novo Código
Civil, reduziu-se o número de dispositivos vigentes do Código Comercial, pois aquele chamou para si a
competência para tratar dos assuntos que cogitavam os arts. 1 ao 456 do Código Comercial.

Embora tenham passado a ser tratadas nos Livro II (Parte Especial) do Código Civil (Brasil, 2002a), o
fato de estar inseridas no Código Civil não retira a natureza comercial dessas normas, como os títulos
de crédito – documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado, por
exemplo, o cheque, a duplicata, a letra de câmbio e a nota promissória.

Ainda acerca das fontes formais, cabe ressaltar que o caráter fragmentário do direito comercial,
bem como sua natureza dinâmica (liberdade empresarial), propiciam o surgimento de microssistemas
legislativos, nos quais trabalham determinadas matérias de forma individualizada, como o CDC, já
apresentado neste livro, e a Lei de Falências e Recuperação Judicial, que será tratada adiante.

Quanto às fontes indiretas, são considerados fontes secundárias os usos e costumes mercantis, as
leis civis, a analogia e os princípios gerais de direito.

Você sabe como funciona o processo de normatização em sede de direito do comércio internacional?
O processo de normatização do comércio internacional experimenta, nos dias de hoje, um movimento
espiral contínuo, que varia da autorregulação do comércio pelo próprio mercado à regulação do comércio
pelo Estado. Naturalmente, o movimento de regulação do comércio pelo Estado, com a finalidade de
se adequar às exigências do mercado, termina por criar um ambiente mais favorável ao crescimento
do comércio e à atuação do mercado. Este, por sua vez, em virtude de sua liberdade de autorregulação,
permanece na busca pelo aperfeiçoamento de suas práticas, recebendo do Estado regulamentação
adaptativa, e assim sucessivamente.

São exemplos de regulamentações internacionais sobre o comércio:

• Leis uniformes sobre letras de câmbio e notas promissórias – Genebra, 1930.

• Lei uniforme sobre cheques – Genebra, 1931.

• Regras e usos uniformes de créditos documentários, regras uniformes para garantia de


contratos (CIC).

• Lei modelo de arbitragem (Uncitral).

• Convenção internacional sobre compra e venda internacional – Viena, 1980 –, princípios dos
contratos internacionais (Unidroit).

• Convenção interamericana sobre o direito aplicável aos contratos internacionais (Cidip V) –


Cidade do México.

148
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Como você pode perceber, não há um direito supranacional, em especial quando se trata de direito
de empresa, que regula as relações de comércio. Principalmente em razão da globalização, as relações
que já eram frequentes se estreitaram ainda mais; basta perceber a expansão dos aplicativos de compras
diretamente de outros países, como a China. Repare que as relações de comércio são pautadas muito
mais pela necessidade e pelo utilitarismo do que pela formalidade legal.

8.4 Empresa, empresário e estabelecimento empresarial

Como você deve lembrar, o Código Civil de 2002 trata, no seu Livro II, Título I, do direito de empresa,
e, em razão da organização diferente daquela preconizada no antigo Código Comercial, a figura do
comerciante despareceu e surgiu a figura do empresário. Assim, aos poucos a nossa sociedade começou
a chamar de empresário, e não mais de comerciante, a pessoa que exerce a atividade empresarial ou,
como se dizia antes, comercial. Credita-se até que o termo “comerciante” venha a se tornar obsoleto
quando utilizado para caracterizar a ocupação da pessoa que exerce atividade empresária.

O art. 966 do Código Civil traz o conceito de empresário como aquele que pratica a atividade
empresarial e, ao mesmo tempo, no parágrafo único, determina quem não é empresário. Vejamos:

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão


intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa (Brasil, 2002a).

Portanto, com a edição do Código Civil de 2002, tornam-se obsoletas as noções de comerciante e
de ato de comércio, que são substituídas pelos conceitos de empresário e de empresa, respectivamente.

O Código Civil de 2002, orientado pela teoria da empresa, separa os conceitos de empresário e
sociedade empresária, de um lado, e de empresa, do outro lado. O empresário e a sociedade empresária
são sujeitos personalizados de direitos e deveres; são pessoas. A empresa não é um sujeito, mas um
conjunto de atividades. Ambos (empresário e empresa) distinguem-se, ainda, da figura do estabelecimento
empresarial, que consiste no conjunto de bens utilizados para o exercício da atividade (empresa).

Conforme dispõe o art. 966 do Código Civil (Brasil, 2002a), o conceito legal de empresário diz respeito
àquele que “exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação
de bens ou de serviços”. Tal dispositivo nos indica os principais elementos indispensáveis à caracterização
do empresário: profissionalismo; atividade econômica; organizada; para a produção de bens ou serviços.
Guardou essas informações? Passemos adiante para esclarecer cada um dos elementos que constituem
a atividade econômica organizada, conforme a figura a seguir:

149
Unidade III

Trabalho Mão de obra: empregados, prestadores de serviços, proprietários e sócios

Capital Recursos financeiros: estrutura da empresa prédio, instalações, equipamentos

Terra Insumos: matéria-prima, água, energia elétrica, entre outros

Tecnologia Recursos intelectuais: forma de utilização dos recursos. Know-how

Figura 34 – Atividade econômica organizada

Entre as atividades econômicas, como pudemos observar na transcrição do parágrafo único do art. 966
do Código Civil, não é empresário quem exerce a profissão intelectual, de natureza científica, literária
ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa. Você consegue compreender o que significa elemento de empresa?

Esclarece o professor Marcelo Tadeu Cometti (2014) que, diferentemente do que muitos doutrinadores
e professores afirmam, o elemento de empresa não tem qualquer relação com a organização ou não da
atividade intelectual, com o seu exercício ou não de forma profissional, com o número de empregados
contratados ou mesmo o seu faturamento. Ser a profissão intelectual “elemento de atividade organizada
em empresa”, ou simplesmente “elemento de empresa”, significa ser parcela dessa atividade, e não a
atividade em si, isoladamente considerada. É o caso, por exemplo, do médico que agrega à prática da
medicina um SPA, onde ao paciente se oferece repouso e alimentação; do veterinário, que, além do
seu ofício, possui um pet shop que vende ração para os animais, medicamentos, bem como hospeda os
animais na viagem de seus donos. A atividade inicial, a medicina humana e a veterinária são atividades
tipicamente intelectuais; porém, ao aumentar a oferta de serviços, há a caracterização do que o legislador
chamou de “elemento de empresa”.

Outra exceção é a que consta do art. 971 do Código Civil (Brasil, 2002a), que trata do empresário
que exerce atividade rural como principal profissão. O artigo autoriza, observadas as formalidades de que
tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no registro público de empresas mercantis da
respectiva sede, caso que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário
sujeito a registro.

Desse modo, podemos afirmar que “empresa” é um conceito abstrato, incorpóreo, pois representa
o conjunto de atividades do empresário. O prédio, as máquinas, o nome e os recursos são fatores,
elementos desse ente abstrato que, utilizados de forma correta, alcançam a razão da sua existência.

O professor Fábio Ulhoa Coelho (2015) ensina que a empresa pode ser explorada por uma pessoa
física ou jurídica. Para o mestre, no primeiro caso, o exercente da atividade econômica se chama
150
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

empresário individual; no segundo, sociedade empresária. Como é a pessoa jurídica que explora a
atividade empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio da sociedade empresária.

Antes de encerrar as considerações sobre esse ponto, convém trazer à baila a atividade dos prepostos e
a sua responsabilidade quando essas pessoas respondem pela sociedade, uma vez que tanto o empresário
quanto a sociedade empresária precisam ser auxiliados no exercício das atividades empresariais, como
pessoas de alta confiança dos donos do negócio para ajudar a gerir as atividades. A empresa é chamada
de preponente e a pessoa de preposta.

Os preponentes (empresas) respondem por todos os atos praticados pelos prepostos no interior da
empresa, desde que relativos à sua atividade, mesmo que não convencionados por escrito. Quando
estiver fora da empresa, é necessário que haja uma autorização por escrito para que o preponente
seja representado pelo preposto, nos exatos termos da autorização. O mais comum é que os prepostos
participem, pela empresa, de audiências trabalhistas em nome dos preponentes.

A função mais comum exercida pelos prepostos é a de gerente ou administrador não sócio, e isso
pode gerar uma série de questões jurídicas relevantes acerca da extensão dos poderes do preposto
na representação da empresa. Por isso, o Código Civil disciplinou, no art. 1.174 (Brasil, 2002a), que
eventuais limitações contidas na outorga de poderes devem ser arquivadas e averbadas no registro
público de empresas mercantis para poder ser oponível a terceiros.

Conforme já alertado, antes das classificações das sociedades empresárias, conheceremos o


microempreendedor individual, popularmente conhecido por MEI, o empresário individual e a empresa
individual de responsabilidade limitada (Eireli).

8.5 Empresário individual

O empresário individual é uma pessoa física que, em nome próprio, exerce atividade de empresa.
Nesse caso, a empresa tem como proprietário uma única pessoa física, que integraliza seus próprios bens
na exploração do negócio. Não há separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e o da pessoa física.

Coelho (2015) pondera que empresários individuais cuidam de pequenos negócios. Segundo o
professor, o empresário individual, em regra, não explora atividade economicamente importante:

Em primeiro lugar, porque negócios de vulto exigem naturalmente grandes


investimentos. Além disso, o risco de insucesso, inerente a empreendimento
de qualquer natureza e tamanho, é proporcional às dimensões do
negócio: quanto maior e mais complexa a atividade, maiores os riscos.
Em consequência, as atividades de maior envergadura econômica são
exploradas por sociedades empresárias anônimas ou limitadas, que são os
tipos societários que melhor viabilizam a conjugação de capitais e limitação
de perdas. Aos empresários individuais sobram os negócios rudimentares e
marginais, muitas vezes ambulantes. Dedicam-se a atividades como varejo
de produtos estrangeiros adquiridos em zonas francas (sacoleiros), confecção
151
Unidade III

de bijuterias, de doces para restaurantes ou bufês, quiosques de miudezas


em locais públicos, bancas de frutas ou pastelarias em feiras semanais etc.
(Coelho, 2015, p. 41).

Esse empresário responde de forma ilimitada pelas dívidas contraídas pela empresa. Caso haja
uma insolvência, seu patrimônio pessoal irá responder perante os credores. Contudo, quando houver a
inscrição da empresa na junta comercial, o nome da empresa deverá ser o nome do proprietário, pois é
ele quem responderá, exceto no caso de Eireli, pelas obrigações sociais.

Em síntese, os negócios são divididos entre grandes e pequenos. Os grandes sujeitam-se a uma
fiscalização maior em razão da quantidade de stakeholders – pessoas que têm interesse na gestão de
empresas ou na gestão de projetos, tendo ou não feito investimentos neles.

Já o empresário individual é o profissional que exerce atividade econômica organizada para a


produção ou a circulação de bens ou serviços, não se confundindo com os sócios de uma sociedade
empresária, que podem ser chamados de empreendedores ou investidores.

Quadro 9 – Tipos de empresários individuais

Microempreendedor Individual (MEI)


Enquadramento/faturamento anual N. de titulares Regime tributário Observações

A pessoa física que se coloca


como titular responde de forma
R$ 81 mil Um titular Simples Nacional ilimitada pelos débitos do negócio.
Os patrimônios da empresa e do
empresário se misturam

Empresário Individual (EI)


Enquadramento/faturamento anual
N. de titulares Regime tributário Observações
ME EPP Empresa normal
A pessoa física que se coloca
Por opção ou por Simples Nacional, como titular responde de forma
Até Até faturamento superior Um titular Lucro Presumido, ilimitada pelos débitos do negócio.
R$ 360 mil R$ 4,8 milhões a R$ 4,8 milhões Lucro Real Os patrimônios da empresa e do
empresário se misturam

Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli)


Enquadramento/faturamento anual
N. de titulares Regime tributário Observações
ME EPP Empresa normal
O empresário responde sobre o
Por opção ou por Simples Nacional,
Até Até valor do capital social da empresa.
faturamento superior Um titular Lucro Presumido,
R$ 360 mil R$ 4,8 milhões Capital social mínimo de 100x o
a R$ 4,8 milhões Lucro Real salário mínimo vigente

152
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

8.5.1 Microempreendedor individual (MEI)

A figura do MEI foi criada através da Lei Complementar n. 128 (Brasil, 2008b). Essa lei alterou a Lei
Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006 (Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa
de Pequeno Porte), a Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, a Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991 (as duas
últimas regulamentam a previdência e a assistência social no Brasil), e a Lei n. 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil).

A Lei Complementar n. 128 (Brasil, 2008b) determinou que, com o registro, o MEI passasse a ter
a obrigação de contribuir para o INSS, num montante de 5% do salário mínimo, correspondendo
atualmente a R$ 49,90 para comércio e indústria (sujeitos ao ICMS, tributo de competência estadual)
e R$ 50,99 para serviços (sujeitos ao ISS, tributo de competência municipal). A contribuição ocorre
através do documento único de arrecadação do simples nacional do MEI, o DAS‑MEI, uma taxa mensal
obrigatória que o microempreendedor individual precisa pagar para obter direitos e benefícios.

Saiba mais

Você sabia que existe um portal de serviços do Governo Federal para o


MEI, que integra e promove o acesso a soluções que simplificam o dia
a dia do empreendedor? Simplificar a vida do empreendedor e impulsionar
o empreendedorismo no Brasil foram os principais objetivos que levaram o
Governo Federal a criar o Portal do Empreendedor, em 2009. O site é um
espaço no qual é possível se formalizar como MEI, tirar dúvidas, cumprir
as obrigações fiscais e procurar por capacitação para incrementar os
pequenos negócios e a verve empreendedora dos cidadãos. Para saber
mais, acesse:

Disponível em: https://l1nk.dev/4IfWW. Acesso em: 1º set. 2023.

Como você pode supor, em razão da alteração de leis previdenciárias, a contribuição confere ao
MEI e aos seus dependentes a cobertura previdenciária para os benefícios de aposentadoria por idade,
auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-reclusão.
Assim, considerando que a contribuição do MEI ocorre sobre um salário mínimo, ele terá direito a
benefícios nesse valor.

Caso o empresário MEI queira se planejar e ter uma aposentadoria superior ao valor do salário
mínimo, é possível pagar um pouco mais (à parte) por meio da Guia da Previdência Social (GPS)
como contribuinte individual, em uma porcentagem de 20% sobre o valor que desejar ter como
salário de contribuição.

153
Unidade III

8.5.2 Empresas individuais de responsabilidade limitada (Eireli)

A Eireli foi uma inovação introduzida no Código Civil brasileiro pela Lei n. 12.441 (Brasil, 2011a). Assim,
antes de 2011, a única possibilidade para abertura de uma empresa com limitação de responsabilidade era
a constituição de uma sociedade empresária limitada. Ocorre que a lei determina a necessidade de duas
ou mais pessoas para a constituição de uma sociedade empresária. Quando uma pessoa física desejava
abrir uma empresa, era obrigatório ter no mínimo um sócio. Essa situação fez surgir a figura do “sócio de
palha”, termo que denomina a pessoa com participação societária ínfima numa sociedade empresária,
somente para preencher o requisito legal da pluralidade social, vale dizer, um sócio fictício. A Eireli veio
resolver essa questão, instituindo a empresa individual; ou seja, nessa modalidade empresarial, não há
necessidade de sócio para a constituição da empresa individual de responsabilidade limitada, como o
próprio nome sugere.

Lembrete

Empresa é diferente de empresário, que é diferente de estabelecimento


empresarial.

Nos termos da Lei n. 12.441 (Brasil, 2011a), Eireli é aquela empresa constituída por uma única pessoa
titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não poderá ser inferior a cem
vezes o maior salário mínimo vigente no país. O titular não responderá com seus bens pessoais pelas
dívidas da empresa. A pessoa natural que constituir Eireli somente poderá figurar em uma empresa
dessa modalidade.

Como podemos perceber, a Eireli foi criada com o objetivo de proteger os bens da pessoa física. Antes
dessa lei, o empresário individual, em caso de não pagar as dívidas contraídas em nome da empresa,
responderia com o seu patrimônio pessoal. Ao constituir a Eireli com o capital social mínimo de cem
vezes o valor do salário mínimo totalmente integralizado, esse modelo de empresa protege o patrimônio
pessoal do titular da empresa.

Para abertura, registro e legalização da Eireli, é necessário registro na junta comercial e, em função da
natureza das atividades constantes do objeto social, inscrições em outros órgãos, como Receita Federal
(CNPJ), Secretaria de Fazenda do Estado (inscrição estadual e ICMS) e Prefeitura Municipal (concessão
do alvará de funcionamento e autorização de órgãos responsáveis por saúde, segurança pública, meio
ambiente e outros, conforme a natureza da atividade).

A pessoa jurídica não pode ser titular de Eireli, assim como a pessoa natural impedida por norma
constitucional ou por lei especial.

Não pode ser administrador de Eireli a pessoa:

• Condenada a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime
falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular,
154
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra relações
de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

• Impedida por norma constitucional ou por lei especial, como uma pessoa jurídica; um juiz; um
promotor de justiça; um adolescente menor de 16 anos; o ébrio habitual; o toxicômano etc.

Duas particularidades das Eirelis merecem destaque: o seu capital social não deve ser inferior a cem
vezes o maior salário mínimo vigente no país; e uma pessoa física só pode ser titular de uma única Eireli,
ou seja, a pessoa física não pode abrir duas ou mais empresas desse tipo.

Como você aprendeu, as Eirelis vieram socorrer as necessidades da sociedade, que dificultava o
exercício das empresas no país. Com esse tipo societário, o patrimônio pessoal fica protegido, e não há
mais a necessidade da figura do sócio de palha para que as sociedades possam funcionar livremente.

8.6 Classificação das sociedades empresárias

Como podemos diferenciar as sociedades empresárias e as não empresárias, também chamadas de


sociedades simples? Bem, o Código Civil determina que se considera empresária a sociedade que tem
por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro, conforme os termos do art. 967,
e simples as demais.

A sociedade simples também é uma pessoa jurídica, mas que realiza atividade intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa, conforme parágrafo único do art. 966 do Código
Civil (Brasil, 2002a).

Apresenta-se, a seguir, uma figura com o quadro geral das sociedades, conforme o Código Civil:

Sociedades Sociedades não


personificadas personificadas

Em conta de
Simples Empresária Comum participação

Profissionais Comandita Nome Comandita


Limitada Anônima
liberais por ações coletivo simples

Capital
Cooperativa aberto

Capital
Limitada fechado

Nome
coletivo

Comandita
simples

Figura 35 – Sociedades no Código Civil

155
Unidade III

Um conceito simples de sociedade, para efeito de direito empresarial, é a pessoa jurídica de direito
privado que tem por objetivo social a exploração de atividade econômica.

A sociedade constitui-se por meio de um contrato entre duas ou mais pessoas que se obrigam a
combinar esforços e recursos para atingir os fins comuns. Por isso, é obrigação de qualquer um dos
sócios da empresa contribuir para a formação do capital social ou patrimônio social.

Observação

Para a contabilidade, há uma diferença entre capital financeiro e capital


físico, ambos mensurados economicamente. De acordo com o conceito de
capital financeiro, tal como o dinheiro investido ou o seu poder de compra
investido, o capital é sinônimo de ativos líquidos ou patrimônio líquido
da entidade. Segundo o conceito de capital físico, tal como capacidade
operacional, o capital é considerado a capacidade produtiva da entidade
baseada, por exemplo, nas unidades de produção diária.

A constituição da sociedade empresária se dá por meio de um contrato, que exprime a vontade dos
sócios para contemplar a finalidade da empresa, podendo ser lavrado por tabelião ou por instrumento
particular, ou seja, sem a presença necessária do Estado.

Como característica geral dos contratos sociais, é necessário que haja primeiramente uma origem,
que via de regra se dá pelo contrato ou estatuto social entre duas ou mais pessoas (é possível que haja
a constituição de uma sociedade considerando outra pessoa jurídica), com as ressalvas legais. Podemos
ilustrar a hipótese de uma ressalva legal como a hipótese de uma sociedade anônima permanecer por
prazo superior a um ano com apenas um acionista.

8.6.1 Sociedades personificadas

Existem dois tipos de sociedades personificadas: sociedades simples e sociedades empresárias.


A personificação significa que os patrimônios não se confundem com o patrimônio das pessoas físicas
ou jurídicas que as compõe. As sociedades personificadas estão regulamentadas nos artigos 997 a 1.101
do Código Civil (Brasil, 2002a) e, portanto, possuem personalidade jurídica. Você sabe o que é isso?
A personalidade jurídica é aquela adquirida com o registro, nos termos do art. 985 e do art. 1.150
do Código Civil. É necessário que haja esse registro, que é instrumentalizado por meio de um
contrato social.

Lembrete

Contrato é um pacto entre duas ou mais pessoas que se obrigam a


cumprir o que foi entre elas combinado sob determinadas condições.

156
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

O contrato deve ser escrito, podendo ser particular ou público, sendo que o público é redigido por um
tabelião, e o particular pelas partes que estipulam cláusulas que representam as condições contratuais,
as quais devem, no mínimo, mencionar o seguinte:

• O nome, a nacionalidade, o estado civil, a profissão e a residência dos sócios, se pessoas naturais;
a firma ou a denominação, a nacionalidade e a sede dos sócios, se jurídicas.

• A denominação, o objeto, a sede e o prazo da sociedade.

• O capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de


bens, suscetíveis de avaliação pecuniária.

• A quota de cada sócio no capital social e o modo de realizá-la.

• As prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços.

• As pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade e seus poderes e atribuições.

• A participação de cada sócio nos lucros e nas perdas.

• Se os sócios respondem ou não subsidiariamente pelas obrigações sociais.

Convém esclarecer que a avaliação pecuniária é a avaliação em dinheiro, e a hipótese se aplica


quando ocorre a integralização via bens, como um carro para entregas, algum bem imóvel que sirva de
sede ou equipamentos.

8.6.2 Sociedades simples

Na sociedade simples, a atividade desenvolvida pelos sócios deve estar diretamente ligada à atividade
desenvolvida pela sociedade. É o que ocorre com os serviços de medicina, advocacia, psicologia,
fisioterapia etc., cujos profissionais chamamos de liberais.

Dentro das sociedades simples, estão classificadas, ainda, a sociedade simples limitada, a sociedade
em nome coletivo e as sociedades em comandita simples, além das cooperativas.

As cooperativas consistem em um tipo de sociedade constituída para prestar serviços aos seus
associados, e, por determinação do art. 982, parágrafo único, deve se revestir da forma simples, e não
empresária. Isso significa dizer que as cooperativas não estão sujeitas à falência e não podem requerer
a recuperação judicial. Sua disciplina legal específica encontra-se na Lei n. 5.764 (Brasil, 1971) e nos
arts. 1.093 a 1.096 do Código Civil (Brasil, 2002a).

Os tipos mais comuns de cooperativas são: as de crédito, que objetivam fomentar as atividades
do cooperado via assistência creditícia, capitalizando recursos para emprestar aos cooperados; as
sociais, regidas pela Lei n. 9.867 (Brasil, 1999b), constituídas com a finalidade de inserir as pessoas
157
Unidade III

em desvantagem no mercado econômico, por meio do trabalho, e atender ao interesse geral da


comunidade em promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos; e as de trabalho,
reguladas pela Lei n. 12.690 (Brasil, 2012), pela Lei n. 5.764 (Brasil, 1971), no que com ela não colidir,
e, como já sabemos, pelo Código Civil.

Lembrete

A sociedade simples limitada não se confunde com a sociedade


empresária limitada, que é a mais comum no Brasil. A sociedade simples
limitada é constituída por duas ou mais pessoas que exercem profissão
intelectual de natureza científica, literária ou artística, mesmo que com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, que contratam entre si os termos
de funcionamento da sociedade.

A sociedade em nome coletivo é uma forma de organização na qual os sócios são solidários e todos
respondem ilimitadamente pelas dívidas da sociedade, ou seja, a dívida da sociedade pode atingir os
bens dos sócios. A sua regulamentação está no art. 1.039 ao 1.044 do Código Civil (Brasil, 2002a), e essa
sociedade é constituída necessariamente por pessoas físicas, não sendo admitidas pessoas jurídicas nem
um administrador para responder pela sociedade. Apenas os sócios podem administrar a sociedade e
devem adotar a firma social.

As sociedades em comandita têm duas categorias de sócios, com deveres e responsabilidades


distintas: os comanditários e os comanditados.

Os sócios comanditários são aqueles que respondem de forma limitada (apenas até o valor de suas
quotas) pelas obrigações da sociedade e podem ser pessoas físicas ou jurídicas que contribuem apenas
com capital subscrito, ou seja, apenas com o valor que consta do contrato social (art. 1.045 ao 1.051 do
Código Civil).

Em outra mão estão os sócios comanditados, que são pessoas físicas que respondem solidariamente
e de forma ilimitada pelas obrigações sociais, podendo contribuir com capital e trabalho, mas seu
patrimônio pessoal responde pelas obrigações sociais. A administração dessa sociedade pode ser exercida
somente pelos sócios comanditados.

Portanto, os sócios comanditários entregam recursos, e os comanditados, trabalho e administração,


tudo conforme o previsto no art. 1.047 do Código Civil, segundo o qual não pode o comanditário praticar
qualquer ato de gestão nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades
de sócio comanditado.

8.7 Sociedades empresárias

Nas sociedades empresárias, existem as sociedades anônimas, as comanditas por ações, as sociedades
em nome coletivo, as comanditas simples, as sociedades limitadas, as sociedades não personificadas, as
158
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

sociedade em comum e as sociedades em conta de participação, que se subdividem em sociedades


anônimas de capital aberto e sociedades anônimas de capital fechado.

8.7.1 Sociedade anônima

Vamos começar pelas sociedades anônimas, o tipo mais complexo, pois emite títulos para a
captação de recursos, que podem ser ações (o tipo mais comum), partes beneficiárias, debêntures e
bônus de subscrição.

Entre os direitos do acionista, está o direito de receber dividendos, que nada mais é do que parte
do resultado das atividades empresariais. Isso justifica muito a persecução pelo lucro das empresas que
adotam esse tipo societário.

Sabe-se que administrar uma sociedade não é algo simples, e, portanto, as regras devem estar
explicitadas de maneira objetiva e clara nos estatutos sociais. Registre-se desde já que, dentro das
sociedades anônimas, o órgão máximo de deliberação é a Assembleia Geral.

Existem diferentes órgãos sociais dentro da sociedade anônima, cada qual com uma função
específica. Analise a figura a seguir:

Conselho de administração Assembleia geral

Diretoria Assembleia geral Assembleia geral Assembleias especiais


ordinária extraordinária

Conselho fiscal

Outros órgãos consultivos

Figura 36

A sociedade anônima capta, por meio de investimentos, os recursos das pessoas. É o que se chama
de ação. Coelho (2015, p. 232) define “ação” da seguinte forma:

As ações são valores mobiliários representativos de unidade do capital social


de uma sociedade anônima, que conferem aos seus titulares um complexo
de direitos e deveres. Classificam-se as ações segundo três critérios distintos:
espécie, classe e forma.

A classificação mais comum divide as ações em ordinárias, preferenciais e de fruição.

• Ordinárias: dão direitos que a lei reserva ao acionista comum. São ações de emissão obrigatória.
Todas as sociedades anônimas têm.
159
Unidade III

• Preferenciais: complexo de direitos diferenciado, como a prioridade na distribuição de dividendos


ou no reembolso do capital, com ou sem prêmio etc. Em regra, não dão direito a voto.

• De fruição: atribuídas aos acionistas cujas ações foram totalmente amortizadas.

A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do


capital social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da companhia.

A sociedade anônima é uma sociedade de capital, ou seja, os títulos representativos da participação


societária não são quotas, mas sim ações, que são livremente negociadas entre os interessados.
As sociedades anônimas são sempre empresárias, mesmo que seu objeto seja a atividade econômica
civil, conforme a determinação do art. 982, parágrafo único, do Código Civil e também conforme a
regulamentação da Lei de Sociedades Anônimas, a LSA, n. 6.404 (Brasil, 1976).

A sociedade anônima é criada por meio de um estatuto, e não de um contrato social. A diferença é
que o estatuto determina quem vai administrar a sociedade, de que forma isso será feito.

É importante ressaltar que existem diversos deveres na administração das sociedades por ações,
justamente por captar recursos de toda a sociedade de forma direta. Assim, o administrador tem o dever
de diligência, de lealdade, de informar as situações da empresa de maneira real aos acionistas, bem
como de manter sigilo em razão de suas funções e atividades.

A diferenciação entre a sociedade anônima de capital aberto e a de capital fechado é simples: ter
ou não seus papéis (ações, debêntures ou partes beneficiárias) negociados naquilo que se chama de
mercado de balcão. Aqui no Brasil, o mercado de balcão (bolsa de valores) é operado pela B3.

Saiba mais

O mercado no Brasil é exercido pela B3, ou Brasil, Bolsa, Balcão. Trata-se


de uma empresa de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, com
atuação em ambiente de bolsa e de balcão. A B3 é também uma sociedade
de capital aberto, cujas ações (B3SA3) são negociadas no Novo Mercado.
A Companhia integra os índices Ibovespa, IBrX-50, IBrX e Itag, entre outros.
Reúne ainda tradição de inovação em produtos e tecnologia e é uma das
maiores em valor de mercado, com posição global de destaque no setor de
bolsas. Quer saber mais sobre a B3? Acesse o site:

Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/. Acesso em: 1º set. 2023.

De acordo com os ensinamentos de Coelho (2015), as sociedades anônimas se classificam em abertas


ou fechadas, conforme tenham ou não admitidos seus papéis à negociação, na Bolsa ou no mercado
de balcão, os valores mobiliários de sua emissão. Para o autor, o critério de identificação de uma ou

160
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

outra categoria de sociedade anônima é meramente formal. Basta que a companhia tenha seus valores
mobiliários admitidos à negociação na Bolsa ou no mercado de balcão (que compõe o mercado de
valores mobiliários) para ser considerada aberta. É irrelevante se os valores mobiliários de sua emissão
são efetivamente negociados nessas instituições.

Em síntese, a diferença é que nas sociedades anônimas abertas você pode buscar diretamente no
balcão as suas ações, enquanto nas fechadas essas ações são negociadas de forma privada.

8.7.2 Sociedade em comandita por ações

Nas sociedades em comandita por ações, aplicam-se todas as normas relativas à sociedade anônima.
Lembre-se de que existem duas categorias de pessoas que compõem as sociedades em comandita:
comanditados e comanditários. Assim, a responsabilidade dos diretores é diferente, pois o acionista
diretor da sociedade em comandita por ações tem responsabilidade ilimitada pelas obrigações da
sociedade. Por isso, somente o acionista poderá fazer parte da diretoria.

Outra particularidade é que a sociedade em comandita por ações pode adotar firma ou denominação,
além do que, diferentemente do que ocorre com as sociedades anônimas, as assembleias gerais não
podem alterar o objeto da sociedade, prorrogar o prazo de duração (caso este seja determinado),
aumentar ou reduzir o capital sem anuência dos diretores.

8.7.3 Sociedade em nome coletivo

Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os
sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, ou seja, com quem contraiu obrigações, os sócios
podem, no ato constitutivo ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade
de cada um.

A sociedade em nome coletivo está regulamentada no art. 1.039 até o art. 1.044 do Código Civil
(Brasil, 2002a).

8.7.4 Sociedade em comandita simples

É um tipo societário híbrido, pois possui características mistas de responsabilização sobre o


resultado empresarial. Os sócios comanditários não respondem pelas obrigações sociais, ao passo que os
comanditados sim. Ainda, caso o sócio comanditário pratique algum ato de gestão, ele ficará sujeito às
responsabilidades próprias do sócio comanditado.

O regramento legal da sociedade em comandita simples está entre os art. 1.045 e 1051 do Código
Civil (Brasil, 2002a).

161
Unidade III

8.7.5 Sociedade limitada

A maioria das empresas no Brasil é Ltda. Nesse tipo de sociedade, a responsabilidade de cada sócio é
restrita ao valor de suas cotas, mas o sócio responde solidariamente pela integralização do capital social,
referente à parte não integralizada pelos demais sócios. Ao nome, deve ser acrescida a expressão “Ltda”.

A regra sobre a administração da sociedade limitada é que todos os sócios, quando forem pessoas
naturais, serão os administradores, ou seja, poderão contrair direitos e obrigações em nome da sociedade.
É possível que a administração seja exercida por apenas um dos sócios ou mesmo por nenhum deles,
sendo nomeado um terceiro para representar a entidade, nos termos do contrato social. É por isto que
o contrato social faz parte do rol de documentos usuais dos contratos, termos e ajustes: para verificar
quem pode contrair obrigações em nome da sociedade.

A sociedade limitada pode ter um conselho fiscal, questão que foi adaptada da Lei de Sociedades
Anônimas (Brasil, 1976), que irá examinar os livros e papéis da empresa, o caixa, a carteira de clientes,
além de denunciar erros ou fraudes ocorridas, apresentar um parecer sobre os negócios e as operações
sociais do exercício etc.

As deliberações, ou seja, as decisões das sociedades do tipo limitada estão regulamentadas no


art. 1.071 combinado com o art. 1.076 do Código Civil (Brasil, 2002a) e dependem das quotas que
representam cada sócio. Existe um quórum mínimo para cada tipo de decisão, conforme a lei.

Observe o quadro a seguir:

Quadro 10

Unanimidade (100%) Três quartos (75%) Dois terços (67%) Maioria absoluta Maioria simples
Designação de Modificação do contrato Designação de administrador
administrador não sócio Designação dos
social (exceto com não sócio quando o capital Aprovação das contas
quando o capital social administradores, quando
relação às matérias com social estiver totalmente da administração
não estiver totalmente feita em ato separado
quórum diverso) integralizado
integralizado
Destituição de
Incorporação, fusão e Destituição dos Nomeação e destituição
Dissolução da sociedade administrador‑sócio nomeado
dissolução da sociedade, administradores-sócios, dos liquidantes e
limitada com prazo no contrato social na hipótese
ou cessação do estado quando feita em ato julgamento das suas
determinado de o contrato não prever
de liquidação separado contas
quórum diverso
Definição da remuneração Nos demais casos
dos administradores, previstos da lei ou no
quando não prevista no contrato, se não exigir
contrato social quórum mais elevado
Pedido de recuperação
Exclusão de sócio
minoritário
Dissolução da sociedade
limitada com prazo
indeterminado
Destituição dos
administradores não sócios

162
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Lembrete

Maioria absoluta é o total do capital social. Maioria simples é o


total dos presentes.

Você pode conferir toda a regulamentação legal da sociedade limitada consultando as disposições
contidas no art. 1.052 até o art. 1087 do Código Civil (Brasil, 2002a).

8.7.6 Sociedades não personificadas

As sociedades não personificadas têm como característica a ausência de registro. Assim, há uma
responsabilização maior por parte dos sócios em comparação com as sociedades personificadas.

Diante disso, conclui-se que as sociedades não personificadas são aquelas que não possuem
personalidade jurídica. Nas lições de Silva (2003, p. 1036):

Personalidade jurídica é a denominação propriamente dada à personalidade


que se atribuir ou se assegura às pessoas jurídicas, em virtude do que se
investem de uma qualidade de pessoa, que as tornam suscetíveis de direitos
e obrigações e com direito a uma existência própria, protegida pela lei.
É, assim, uma especialização terminológica da personalidade civil para
designar as pessoas constituídas por força da lei, em distinção à personalidade
física, própria das pessoas naturais.

São espécies de sociedades não personificadas a sociedade em comum e a sociedade em conta


de participação.

8.7.7 Sociedade em comum

A sociedade em comum não está registrada. Assim, enquanto não forem inscritos os atos constitutivos,
as sociedades em comum irão ser regidas pelas normas da sociedade simples.

Você pode estar se perguntando: como conseguir comprovar a existência da sociedade em comum,
já que os atos constitutivos não estão registrados? Bem, existem duas formas: se a relação discutida for
entre os sócios, a prova de que a sociedade existe será feita somente por escrito; se a relação discutida
ou posta em questão for perante terceiros, eles podem provar a existência da sociedade de qualquer modo.

8.7.8 Em conta de participação

A sociedade em conta de participação é uma sociedade especial, pois conta com duas categorias de
sócios: o ostensivo, que administra e produz a atividade econômica da empresa; e o sócio (ou sócios)
participante, que compõe a mão de obra e/ou o capital, caso esse sócio participante seja um investidor.

163
Unidade III

O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento
em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Em outras palavras, os terceiros
não saberão da existência de sócio participante quando houver uma relação empresarial. É uma espécie
de sociedade secreta com relação ao sócio participante.

A disciplina da sociedade em conta de participação está regulamentada nos arts. 991 ao 996 do
Código Civil (Brasil, 2002a).

8.8 Transformação societária

A nossa vida muda o tempo todo. Já dizia o filósofo Heráclito que nenhum homem pode banhar-se
duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez o rio já não é o mesmo; tampouco o homem é o mesmo.
Esta é a essência dialética da vida: mudanças e transformações.

A transformação societária é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de


dissolução e liquidação, de um tipo para outro. A transformação obedecerá aos preceitos que regulam a
constituição e o registro do tipo de transformação a ser adotado pela sociedade.

Pense na seguinte hipótese: você tem um negócio com mais dois sócios, sendo que um deles veio a
falecer e o outro não tem mais o desejo de manter a sociedade. Pode até parecer um tanto mórbido, mas
esta é a única certeza que se tem na vida, a de que um dia ela acaba. E assim também pode acontecer
dentro das sociedades: em razão de algum evento, a sociedade pode deixar de existir, se incorporar,
fundir ou cindir com outras sociedades. É este o tema do nosso estudo: como se operacionalizam as
incorporações, as fusões e as cisões em sede de direito societário.

Como já sabemos, a transformação exige o consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo
se prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se
da sociedade.

8.8.1 Incorporação

A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes
sucede em todos os direitos e obrigações. Um exemplo de incorporação de empresas é a Brasil Foods S/A,
a maior exportadora de carne de frango do mundo e uma das maiores empresas de alimentos do país,
surgida com a incorporação da Sadia pela Perdigão. Com a incorporação, a Sadia S/A foi extinta e suas
ações devidamente canceladas no mercado.

No entanto, para realizar esse tipo de operação, a assembleia geral da companhia incorporadora,
se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado
pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido e nomear os peritos que o avaliarão. Essa
avaliação de empresas é uma atividade altamente especializada, que pressupõe sólidos conhecimentos
para não prejudicar credores, acionistas ou mesmo o projeto da sociedade.

164
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

A sociedade a ser incorporada, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus


administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do
aumento de capital da incorporadora.

Por fim, aprovados pela assembleia geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação,
extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos
da incorporação.

8.8.2 Fusão

Nos termos da legislação, a fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para
formar uma sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Assim, diferentemente
da incorporação, que “engole” e assume uma empresa, na fusão, duas empresas são extintas e
formam uma nova.

Para ocorrer a fusão, é necessário que a assembleia geral de cada companhia, se aprovar o protocolo
de fusão, nomeie os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades. Então, uma
vez apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para
uma assembleia geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da
nova sociedade. Em razão da disposição legal do art. 1.120, § 3°, do Código Civil (Brasil, 2002a), é
proibido aos sócios ou aos acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de
que fazem parte.

Assim que a nova companhia for devidamente constituída, os primeiros administradores nomeados
deverão solicitar o arquivamento e a publicação dos atos da fusão, para que todos fiquem sabendo
da operação.

8.8.3 Cisão

A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais
sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver
versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. Em outras palavras,
a cisão é a divisão de uma sociedade que pode tanto constituir uma nova quanto transferir parcela de
seu capital para uma empresa que já existe.

O que é importante na cisão é que, no caso de transferir parcela do capital, a sociedade que
absorver a parcela do patrimônio da companhia cindida deverá suceder a esta nos direitos e
obrigações relacionados no ato da cisão. Significa dizer que é necessário relacionar todos os direitos
e obrigações da entidade, sob pena de a companhia cindida continuar respondendo pelas obrigações,
já que ela ainda existe.

Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada
pela assembleia geral da companhia. Depois, caso seja aprovada na assembleia geral a criação da nova
sociedade, ela também nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida.
165
Unidade III

Para aproveitar os atos e simplificar o processo, a lei determina que essa mesma assembleia funcionará
como assembleia de constituição da nova companhia.

A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições


sobre incorporação, e, caso seja efetivada a cisão com extinção da companhia cindida, caberá aos
administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o
arquivamento e a publicação dos atos da operação. No entanto, caso ocorra a cisão com versão parcial
do patrimônio, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do
seu patrimônio.

8.9 Dissolução societária

A dissolução representa o fim da sociedade, o seu término. É quando os sócios decidem que não
farão mais esforços ou então que não têm mais interesse em se reunir para perseguir o objeto social,
definido e contratado no início da sociedade.

Existem diversas formas de se extinguir uma sociedade, dependendo de vários fatores, como
o término do prazo de duração, a deliberação dos sócios, a determinação judicial, por decisão de
autoridade administrativa etc. Veremos a seguir as principais formas, que são a dissolução, a liquidação
e a extinção.

8.9.1 Dissolução

Tal qual a constituição da pessoa jurídica, a dissolução também passa por algumas etapas, a depender
da forma como ela irá ocorrer. Existem algumas hipóteses que a própria legislação determina que a
dissolução ocorra, como o vencimento do prazo de duração.

Uma vez vencido o prazo estabelecido para a empresa durar, ela vai se dissolver. No entanto, pode
acontecer de os sócios decidirem continuar as atividades sem que nenhum deles se oponha e sem
que a sociedade entre em liquidação. Nesse caso, a duração da empresa atenderá à regra geral, que é a
atividade por tempo indeterminado.

Outra hipótese de dissolução ocorre quando todos os sócios decidirem de forma unânime pela
dissolução da sociedade ou quando houver uma deliberação dos sócios por maioria absoluta na
sociedade de prazo indeterminado.

A falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de 180 dias, também enseja a dissolução
da sociedade. Convém lembrar que esse foi um dos motivos pelos quais a Eireli teve lugar no ordenamento
jurídico brasileiro. Pode haver ainda a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
Um exemplo é o fechamento de bares e restaurantes pela vigilância sanitária.

A dissolução da sociedade pode ser requerida por qualquer um dos sócios ao poder judiciário. Temos
aí a figura da dissolução judicial, que tem cabimento quando for anulada a constituição da empresa,
sendo que as hipóteses de anulação são aquelas mesmas dos contratos, ou com alguma situação atrelada
166
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

ao fim social da entidade, quando ele for esgotado, ou então quando o objeto não tiver possibilidade de
execução. É o que a lei chama de fim social inexequível.

Além das hipóteses de dissolução judicial apresentadas, é possível que um dos sócios conteste a
forma de dissolução prevista no contrato social judicialmente.

8.9.2 Liquidação

É importante que você saiba que, quando ocorre a dissolução da empesa, os administradores devem
providenciar a indicação de um liquidante e restringir a gestão do negócio apenas às situações que não
puderem ser adiadas, não sendo possível que haja novas operações. Caso os administradores realizem
novas operações, eles responderão solidária e ilimitadamente pelas obrigações.

A liquidação é o conjunto de atos destinados a realizar o ativo, pagar o passivo e dividir o saldo
remanescente entre os acionistas, em um fim, fase ou período em que são concluídos os negócios
pendentes da sociedade. A Lei n. 6.404 (Brasil, 1976), aplicável às demais sociedades, prevê duas
modalidades de liquidação: a primeira é a realizada pelos órgãos da companhia, também chamada
de liquidação privada ou extrajudicial; a segunda é a liquidação judicial, quando há conflito entre os
acionistas ou sócios.

É bastante comum que os contratos sociais prevejam a figura do liquidante, em caso de dissolução
societária, em comum acordo, já no início das atividades. Contudo, caso não haja designação, os sócios
decidem quem será o liquidante, podendo este ser ou não participante da sociedade, que pode ser
destituído das suas funções a qualquer tempo.

Você pode estar se perguntando: quais são as funções que um liquidante realiza em uma dissolução
societária? São as seguintes, conforme a Lei n. 6.404 (Brasil, 1976):

• Arquivar e publicar a ata da assembleia geral, ou certidão de sentença, que tiver deliberado ou
decidido a liquidação.

• Arrecadar os bens, livros e documentos da companhia, onde quer que estejam.

• Fazer levantar de imediato, em prazo não superior ao fixado pela assembleia geral ou pelo juiz, o
balanço patrimonial (BP) da companhia.

• Ultimar os negócios da companhia, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente


entre os acionistas.

• Exigir dos acionistas, quando o ativo não bastar para a solução do passivo, a integralização
de suas ações.

• Convocar a assembleia geral, nos casos previstos em lei ou quando julgar necessário.

167
Unidade III

• Confessar a falência da companhia e pedir concordata, nos casos previstos na legislação de regência.

• Finda a liquidação, submeter à assembleia geral o relatório dos atos e das operações da liquidação
e suas contas finais.

• Arquivar e publicar a ata da assembleia geral que houver encerrado a liquidação.

8.9.3 Extinção

De todos os momentos relativos à dissolução empresarial, a extinção é o mais simples, pois são duas
hipóteses de extinção: ou pelo encerramento da liquidação ou pela incorporação, fusão ou cisão com
versão total do patrimônio em outras sociedades.

A legislação relativa às sociedades anônimas determina que se extingue a companhia:

• pelo encerramento da liquidação, ou seja, quando forem encerradas as fases de dissolução e


liquidação da companhia;

• pela incorporação ou fusão e pela cisão com versão de todo o patrimônio em outras sociedades.

8.10 Falência e recuperação judicial

A falência é a execução concursal do empresário devedor, que pode ser requerida quando o
empresário é devedor de valores superiores ao seu patrimônio. É uma execução concursal porque há um
concurso, ou seja, mais de uma pessoa concorre na execução dos bens da empresa ou do empresário
que está devendo. É necessário, para que seja caracterizada a falência, que os valores da dívida superem
o patrimônio empresarial, que é o mesmo que insolvência.

A falência é a grande vantagem do empresário. A legislação falimentar tem como princípio


fundamental a recuperação econômica da empresa, pois a Lei de Falências e Recuperação Judicial,
Lei n. 11.101 (Brasil, 2005), permite a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores
e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o
estímulo à atividade econômica.

Para bem entender a Lei de Falências, é essencial que se registrem quais são os seus princípios e a
forma de aplicar essa legislação tão importante na atividade empresária.

Como assinalado na legislação, a preservação da empresa é um dos objetivos da legislação, em razão


de sua função social de geração de riquezas e criação de empregos. Além disso, quando uma empresa
fecha as suas portas por falência, ela provoca, nos dizeres do autor do Projeto da Lei de Falências, Ramez
Tebet (TJ-MG, 2014): “A perda do agregado econômico representado pelos chamados intangíveis, como
nome, ponto comercial, reputação, marcas, clientela, rede de fornecedores, know-how, treinamento,
perspectiva de lucro futuro, entre outros”.

168
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

É importante ressaltar que a recuperação das sociedades e dos empresários está restrita apenas
aos empresários recuperáveis, retirando do mercado as sociedades e os empresários não recuperáveis.
A interpretação do senador Ramez Tebet é de que, caso haja problemas crônicos na atividade ou
na administração da empresa, de modo a inviabilizar sua recuperação, o Estado deve promover de
forma rápida e eficiente sua retirada do mercado, a fim de evitar a potencialização dos problemas e o
agravamento da situação dos que negociam com pessoas ou sociedades com dificuldades insanáveis na
condução do negócio.

Os trabalhadores devem ser protegidos, não só com precedência no recebimento de seus créditos na
falência e na recuperação judicial, mas com instrumentos que, por preservarem a empresa, preservem
também seus empregos e criem oportunidades para a grande massa de desempregados.

O senador considerou também que é preciso punir com severidade os crimes falimentares, com o
objetivo de coibir as falências fraudulentas, em função do prejuízo social e econômico que causam.
Ao citar o Senador Ramez Tabet, Amador Paes de Almeida (2013, p. 35) diz:

No que tange à recuperação judicial, a maior liberdade conferida ao devedor


para apresentar proposta a seus credores precisa necessariamente ser
contrabalançada com punição rigorosa aos atos fraudulentos para induzir
credores ou o juízo a erro.

Em síntese, o objetivo é a recuperação da empresa devedora, e o empresário poderá ter suas


obrigações extintas, com rateio de mais de 50% após a realização de rodo o ativo da empresa
devedora; já o devedor civil só tem extintas as suas obrigações após o pagamento integral
do seu valor.

É necessário para a concessão da falência ao devedor empresário que ele seja insolvente, que
significa que ele não possui ativos suficientes para cobrir o seu passivo. No entanto, como descobrir se a
entidade possui ou não ativos suficientes? Existem algumas hipóteses que sugerem que a entidade não
seja solvente e autorizam a falência.

A impontualidade injustificada refere-se a uma obrigação representada por um título executivo,


seja ele judicial, seja extrajudicial, protestado. O protesto é a declaração feita por alguém perante
uma autoridade administrativa ou uma autoridade judiciária de fato, para preservar os seus direitos.
Então, o ato de levar um título a protesto serve para que o declarante tenha seus direitos assegurados
e conservados.

Você sabe requerer um protesto de um título? Basta requerer junto ao tabelionato de protestos do
seu município. A seguir, é apresentado um modelo de requerimento:

169
Unidade III

Destaque

Ao Tabelionato de Protestos de Títulos

Solicito, na qualidade de apresentante, que efetue o apontamento a protesto do


título abaixo descrito, nos termos da Lei 9.492/97, autorizando a intimação do devedor
por edital, caso não encontrado no endereço fornecido, bem como a cobrança de juros
legais, responsabilizando-me civil e penalmente pelos dados a seguir declarados:

Nome e qualificação do apresentante

Nome e qualificação do credor

Qual é o título, o valor original do título e o valor a ser protestado.

Devedor e sua qualificação.

Em caso de duplicata mercantil ou de serviços; declaro que a nota fiscal e o


comprovante de entrega e recebimento da mercadoria e/ou serviços referente a esta
duplicata encontram-se em meu poder e serão apresentados no lugar e momento exigidos.
Declaro ainda que fui cientificado das implicações que podem advir do apontamento de
título prescrito.

Local e data.

Nome e assinatura.

Agora que você já sabe como demonstrar a impontualidade do devedor, cabe informar que a
frustração da execução também enseja o pedido de falência, que é a ausência de pagamento para
a penhora por parte do empresário quando houver execução por parte de algum credor.

Outra hipótese é a liquidação precipitada, que ocorre quando o devedor vende os seus bens de forma
fraudulenta e rapidamente, para frustrar eventual execução que recaia sobre os bens. Aí, cabem ainda os
exemplos de negócios simulados. É o famoso “laranja”.

A criatividade no ramo empresarial é ampla, especialmente no tocante à extinção dos negócios, e


pode envolver situação em que o patrimônio empresarial é abandonado ou o plano de recuperação
judicial proposto não é cumprido.

O processo falimentar compreende três etapas. A primeira é o pedido de falência ou etapa


pré‑falencial, na qual se faz um pedido ao poder judiciário (petição inicial) da falência, que termina

170
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

com a sentença declaratória de falência. A segunda etapa é a falencial, que começa com a sentença
declaratória de falência e termina com o encerramento da falência, que nada mais é do que a realização
do ativo e a extinção do passivo devedor. A terceira e última etapa é a reabilitação do falido, que declara
que estão extintas todas as responsabilidades de ordem civil do falido, ou seja, ele poderá voltar a
exercer a atividade empresarial.

A recuperação judicial ou recuperação de empresas, para Gomes (2015, p. 397):

É o acordo realizado entre o devedor (empresário, empresa individual de


responsabilidade limitada ou sociedade empresária) e seus credores, em juízo
ou fora dele, com vistas à recuperação da atividade empresarial em crise e
ao pagamento do passivo submetidos aos efeitos da recuperação.

Como se aprendeu do conceito, existe uma anuência do credor com o devedor, para facilitar a
continuidade da atividade empresarial. Grandes críticas foram apresentadas no Projeto da Lei de
Falências no tocante a esse instituto, que foi chamado de “uma concordata piorada”, na medida em que
caberia ao poder judiciário socorrer empresários ou administradores de negócios mal sucedidos.

A legislação aprovada diz que a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da
situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora,
do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Como você pode perceber, a recuperação judicial é um benefício que somente deve ser concedido
para as empresas que forem consideradas viáveis, e essa análise é de responsabilidade do poder judiciário.
Esclarece-se, por oportuno, que é possível que haja uma recuperação extrajudicial. No entanto, essa
modalidade privada é usada diretamente pelo devedor, que procura seus credores para uma renegociação
e, juntos, assinam documentos de novação das dívidas. O plano de recuperação extrajudicial é levado
para a homologação do poder judiciário.

Não estão obrigados ao plano de recuperação extrajudicial os credores trabalhistas, os credores


tributários, o proprietário fiduciário (como o banco, que é dono do carro até o pagamento total da
dívida contraída), o arrendador mercantil, o vendedor ou promitente vendedor de imóvel e os credores
decorrentes de adiantamento de contrato de câmbio para exportação.

A recuperação judicial operacionaliza-se em três etapas. A primeira é a fase postulatória, segundo a


qual o devedor justifica as causas concretas pelas quais vai requerer a recuperação, contendo informações
acerca do patrimônio empresarial, necessariamente juntando-se os demonstrativos contábeis relativos
aos três últimos exercícios sociais, além de uma série de outros documentos.

A segunda é a recuperação judicial, fase deliberativa na qual o juiz acata o pedido de processamento
da recuperação judicial e nomeia o administrador judicial. Suspenderá as ações e execuções contra o
devedor que deve, em até 60 dias, apresentar o seu plano de recuperação.

171
Unidade III

A etapa final é a execução, que perdura até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano,
no prazo de até dois anos. Caso sejam descumpridos os planos, a recuperação judicial se converterá
automaticamente em falência.

Como podemos saber que uma empresa está em recuperação judicial? A legislação determinou que,
em todos os atos, contratos e documentos firmados em nome da empresa, deverá constar, depois do
nome empresarial, a expressão: “Em recuperação judicial”.

Saiba mais
Existe um estudo acerca das recuperações judiciais no estado de São
Paulo e o seu índice de sucesso que apontou questões interessantes sobre
a utilização desse instituto. Entre os dados colhidos, o tempo médio para a
finalização da recuperação judicial é de três anos. Além disso, quase 60%
das recuperações judiciais requeridas se tornaram falências. Para saber mais
sobre os dados, leia o texto a seguir:
WAISBERG, I. et al. Recuperação judicial no estado de São Paulo: 2ª fase
do observatório de insolvência. [s.d.]. Disponível em: https://urx1.com/BtDi2.
Acesso em: 22 mar. 2020.

Os requisitos da recuperação judicial estão no art. 48 da Lei 11.101 (Brasil, 2005), que determina que
apenas poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente
suas atividades há mais de 2 anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:

• Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes.
• Não ter, há menos de 5 anos, obtido concessão de recuperação judicial.
• Não ter, há menos de 8 anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial
destinado às microempresas e empresas de pequeno porte.
• Não ter, há menos de 5 anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial
destinado às microempresas e empresas de pequeno porte.
• Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada
por qualquer dos crimes previstos na Lei de Falências e Recuperação Judicial.

É importante destacar que, além do devedor, a recuperação judicial também poderá ser requerida
pelo cônjuge sobrevivente, pelos herdeiros do devedor, pelo inventariante ou pelo sócio remanescente.
Caso a recuperação judicial se trate do exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a
comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da Declaração de Informações
Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) que tenha sido entregue dentro do prazo legal.

172
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Resumo

O direito civil é o ramo mais antigo do direito e regula as relações da


sociedade que tratam dos direitos da personalidade, da existência de pessoas
naturais e jurídicas, dos contratos, do direito de família e, atualmente
incorporado, do direito de empresa.

A liberdade é o bem jurídico tutelado no direito civil e traz a possibilidade


de o particular realizar tudo aquilo que a legislação não expressamente
vedar, tendo como princípio a boa-fé negocial.

A legislação civil evoluiu do Padroado Régio para as Ordenações


Manuelinas, Afonsinas e Filipinas, e, como marco legislativo, houve o
Código Civil de 1916, cuja autoria atribui-se ao jurista Clóvis Beviláqua.
A escala ponteana em direito civil pressupõe que os negócios jurídicos
devem ter presentes a existência, a validade e a eficácia, sendo que o
Código Civil brasileiro reconhece três fontes de obrigações: o contrato,
o ato ilícito e as declarações de vontade.

A responsabilidade civil decorre de uma agressão, dolosa ou culposa, a


um bem juridicamente tutelado e sujeita o infrator ao pagamento de uma
contraprestação, caso o agente não consiga retornar ao status quo ante
(estado anterior das coisas). Assim, haverá a obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.

O dano material se mensura pela extensão patrimonial, ao passo que o


dano moral está na comprovação ou demonstração de dor, sofrimento ou
abalo psicológico.

As garantias servem para obrigar as pessoas a cumprir os contratos, e a


confissão de dívida é o instrumento no qual o devedor declara essa condição
ao devedor. Por fim, a teoria da imprevisão é a que regula a existência de um
fato imprevisível que impõe consequências indesejáveis e onerosas para um dos
contratantes, que não consegue cumprir o contrato. Essa situação excepcional
não poderia ser prevista, evitada ou resistida, respeitados o dever geral de
cuidado, o princípio geral da confiança e a boa-fé contratual.

O CDC, Lei n. 8.078 (Brasil, 1990b), regula as relações de consumo a fim


de equilibrar a situação em que se encontram o fornecedor e o consumidor,
uma vez que aquele é conhecedor e detentor de informações que podem
desequilibrar a relação de consumo.
173
Unidade III

Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que tenham intervindo
nas relações de consumo.

Fornecedor é toda pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, nacional


ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial; e


serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito
e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

São direitos do consumidor: o direito de informar, o direito de se informar


e o direito de ser informado. Entre os direitos básicos do consumidor, estão
a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, contra os métodos
comerciais coercitivos ou desleais, bem como as práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.

É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. Por enganosa


entende-se qualquer modalidade de informação ou comunicação de
caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir o consumidor ao erro a
respeito de natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades,
origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Por publicidade abusiva compreende-se, entre outras, a publicidade
discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore
o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeite valores ambientais ou que seja capaz
de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa
à sua saúde ou segurança.

O direito administrativo é composto por uma série de normas esparsas


em nosso ordenamento, que visam organizar a administração pública.

A administração pública, nesse sentido amplo, se dá por meio de atos,


os quais não se configuram como lei, mas sim como atos infralegais:
são os atos administrativos. São princípios da administração pública: a
legalidade, a publicidade, a moralidade, a impessoalidade e a eficiência
dos atos administrativos.

174
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Entre os aspectos mais caros ao direito administrativo, estão as licitações,


que são uma forma de escolher para a administração o que há de mais
adequado para atender ao interesse público. São modalidades de licitação:
o pregão como forma preferencial quando se tratar de bens e serviços
comuns, a concorrência pública, o concurso, o leilão e o diálogo competitivo.

175
Unidade III

Exercícios
Questão 1. Em uma pequena cidade do interior do Brasil, o prefeito e os vereadores são amigos
de longa data. Durante uma reunião, prefeito e vereadores resolvem aumentar os tributos sobre a
propriedade imóvel – IPTU, para que o município tenha mais recursos, inclusive para construir escolas e
equipar melhor o hospital da cidade. Depois de algum tempo, são surpreendidos com uma ação judicial
do Tribunal de Contas do Estado, que suspende a cobrança do tributo e ainda obriga a devolução dos
valores. Essa decisão está:

I – Correta, porque o município não realizou o aumento de tributo por lei, como exige a
Constituição Federal.
II – Incorreta, porque saúde e educação devem ser financiadas exclusivamente pelo poder público federal.
III – Correta, porque aumentos não podem ser autorizados pelo município, apenas pela União e
pelos Estados.

Assinale a alternativa correta:

A) I, somente.

B) II, somente.

C) III, somente.

D) I e II, somente.

E) I e III, somente.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: todos os atos da administração pública precisam estar previstos em lei e, por isso, se
nesse caso a deliberação de majoração do tributo foi feita sem a aprovação de uma lei específica para
essa finalidade, não pode ser implantada a medida, que é totalmente ilegal.

II – Afirmativa incorreta.

Justificativa: em conformidade com a Constituição Brasileira, a saúde e a educação são direitos


sociais que deverão ser implementados pelos três entes públicos, ou seja, poderes federais, estaduais
e municipais.

176
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

III – Afirmativa incorreta.

Justificativa: os municípios podem cuidar de sua tributação nos termos do que dispõe a Constituição
Federal, porém, nesse caso, o problema é outro porque não foi majorado tributo por lei, por isso, não foi
cumprido o princípio da legalidade que emana do artigo 37 da Constituição Federal.

Questão 2. Marcos Wurst é descendente de alemães e acaba de montar um food truck para vender
cachorro-quente, com muitas receitas diferentes que aprendeu com seus pais e avós. Ele quer que a
empresa comece pequena para crescer com o tempo e de forma natural, como consequência da boa
qualidade e do bom preço. O ideal para ele é constituir uma:

A) Sociedade anônima.

B) Sociedade limitada.

C) Sociedade de economia mista.

D) Cooperativa.

E) Empresa individual de responsabilidade limitada.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o modelo de sociedade anônima necessita de acionistas que invistam dinheiro na


empresa comprando ações. Não é o modelo empresarial adequado para um pequeno negócio de venda
de cachorro-quente.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a sociedade limitada se organiza com no mínimo dois sócios, o que também não é
indicado para um negócio comercial pequeno de venda de cachorro-quente.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: a sociedade de economia mista é aquela que tem particulares e governo como
sócio, ou seja, modelo totalmente inadequado para um negócio como aquele que trata o enunciado
da questão.

177
Unidade III

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: cooperativas não são empresas com fins lucrativos.

E) Alternativa correta.

Justificativa: o modelo de empresa individual de responsabilidade limitada é o que melhor se


adapta aos objetivos explicitados no enunciado da questão, ou seja, um negócio pequeno que vai
ser administrado e operacionalizado por uma só pessoa.

178
REFERÊNCIAS

Audiovisuais

O MERCADOR de Veneza. Direção: Michael Radford. Itália; Reino Unido; Luxemburgo: Avenue
P, 2004. 138 min.

Textuais

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AMORIM, J. R. N.; HORVATH, M. V. F. Direito administrativo. 1. ed. São Paulo: Manole, 2011.

BARBOSA, R. Oração aos moços. 5. ed. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1999. Disponível em:
https://l1nk.dev/TaTg3. Acesso em: 28 jan. 2020.

BARROSO, L. R. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a


construção do novo modelo. 8. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2019.

BEVILÁQUA, C. Teoria geral do direito civil. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1976.

BOBBIO, N. Teoria geral do direito. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 1997.

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Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Brasília, 1942. Disponível em: https://l1nk.dev/3JeCH.
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disposições do Decreto-lei número 200, de 25 de fevereiro de 1967, e dá outras providências. Brasília, 1969.
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Modifica o regime e dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes
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Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
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Altera a Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, altera as Leis n. 8.212, de 24 de julho
de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, 8.029, de
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Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
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Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra); dispõe sobre
a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) à indústria automotiva; altera a incidência
das contribuições previdenciárias devidas pelas empresas que menciona; altera as Leis n. 11.774, de 17 de
setembro de 2008, n. 11.033, de 21 de dezembro de 2004, n. 11.196, de 21 de novembro de 2005, n. 10.865,
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Provisória n. 2.199-14, de 24 de agosto de 2001; revoga o art. 1º da Lei n. 11.529, de 22 de outubro de 2007,
e o art. 6º do Decreto-Lei n. 1.593, de 21 de dezembro de 1977, nos termos que especifica; e dá outras
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