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INTRODUÇÃO

O dia a dia das pessoas é regulamentado por normas e princípios advindos da Constituição
Federal, que define a organização administrativa financeira e política do Estado
concomitantemente com os direitos e deveres do cidadão. Ela tem entre as suas
características a generalidade, ou seja, ela é aplicada genericamente a sociedade e a todos os
cidadãos e a ninguém é dado o direito de desconhecê-la como também de desobedecê-la,
para que não sofra sanções, pelo descumprimento das obrigações das normas.

Neste trabalho, relata-se a pesquisa sobre "O Direito Tributário", seus objeto, fontes e
interpretação, para uma melhor compreensão do que determina a nossa Carta Magna e o
Código Nacional de Tributos.

O tema apesar de específico, exige seriedade no seu cumprimento, para não sofrer sanções
advindas do seu descumprimento, a partir do pressuposto de que a ninguém é dado o direito
de não conhecê-la como um todo, por ser uma diretriz básica para a manutenção do Estado,
tendo o cidadão como gerador da funcionalidade desse Estado, pois a sua principal fonte é a
receita tributária.

O déficit público é um problema crônico e irreversível, pois, não há vontade política dos
governantes para a sua solução, atacando as causas, resolvendo o problema com a criação de
tributos, por ser uma solução mais tangível e de solução imediata, por não aumentar o déficit
do Estado, porque, outra solução poderia ser o endividamento, transferindo o problema para o
futuro.

DIREITO TRIBUTÁRIO

1 - DEFINIÇÃO

CONSTITUIÇÃO – é considerada a Lei máxima e fundamental do Estado. Ocupa o ponto mais


alto da hierarquia das Normas Jurídicas. Por isso recebe nomes enaltecedores que indicam
essa posição de ápice na pirâmide de Normas: Lei Suprema, Lei Maior, Carta Magna, Lei das
Leis ou Lei Fundamental.

DIREITO – é uma palavra ambígua, tendo emprego metafórico. Uma de suas etimologias mais
prováveis a dá como derivada de directus, do verbo dirigente, que quer dizer endireitar,
alinhar, dirigir, ordenar, mas a ideia que se quer com ela exprimir é a de algo que está
conforme a regra, a lei. O poder legal que o agente ou órgão administrativo tem de praticar
determinados atos; norma jurídica reguladora da conduta social do homem, direito objetivo ou
lei no amplo sentido; conjunto de normas jurídicas acerca de um ramo da ciência jurídica ou de
um dos seus institutos, ou ainda sistemas de normas jurídicas vigente num determinado país; a
faculdade ou prerrogativa, reconhecida pela lei às pessoas em suas relações recíprocas, ou
poder que todo indivíduo tem de praticar, ou não, certo ato. É o elemento necessário à vida
em comum. É uma condição sine qua non da coexistência humana. É a ciência normativa da
conduta externa. É o conjunto ou complexo de normas, princípios e instituições oriundas do
Estado com o objetivo de regular, disciplinar a vida em sociedade, e assim, manter o equilíbrio
social. Para Kelsen é um sistema de normas reguladoras do comportamento humano, de
enunciados de variada forma, em que se manifesta através de leis, sentenças judiciais e atos
jurídicos dos indivíduos.

DIREITO NATURAL – é o conjunto de princípios universais, imutáveis, superiores ou normas


jurídicas; inerentes a própria condição humana; anterior ao homem e situa-se acima dele; é
eterno; não é racional; é fundamento do Direito Positivo.

DIREITO POSITIVO – é criação humana; é o conjunto de normas reconhecidas e aplicadas pelo


poder público cujo objetivo é regular a convivência social humana; é racional; é formalizado
através do processo legislativo respectivo; tem como função proteger o Direito Natural; é
dividido em Público e Privado.

O Direito positivo divide-se em vários ramos: Direito Constitucional, Direito Administrativo,


Direito Financeiro e seu sub-ramo, o Direito Tributário; Direito Penal; Direito Processual;
Direito Internacional Público; Direito Internacional Privado; Direito Civil; Direito Comercial;
Direito do Trabalho; Direito Agrário; Direito Aeronáutico; Direito Canônico; Direito
Previdenciário e outros que estão a se formar.

DIREITO PRIVADO – é o conjunto de regras jurídicas que regem as relações dos indivíduos
entre si ou pessoas jurídicas de Direito Público, quando agem como particulares; inclui: direito
civil, comercial, internacional privado.

DIREITO PÚBLICO – é o conjunto de regras jurídicas relativas à atividade financeira das


entidades públicas.

TRIBUTO – é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não se constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
IMPOSTO - é classificado como um tributo não vinculado, por possuir uma hipótese de
incidência cuja materialidade independe de qualquer atividade estatal (art. 160 do CTN).

TAXA – é um tributo vinculado diretamente, por possuir a sua hipótese de incidência


consistente numa ação estatal diretamente referida ao contribuinte (art. 77 do CTN). Está
relacionada a prestação de serviço público ou exercício do poder de polícia, que beneficia o
próprio contribuinte e a sua cobrança aparece como uma contraprestação, apesar de serem
juridicamente denominados de taxas, podem receber outras denominações como: tarifas,
contas, preços públicos ou passagens.

CONTRIBUIÇÃO POR MELHORIA – é um tributo vinculado indiretamente, por possuir uma


hipótese de incidência consistente numa atuação estatal indiretamente referida ao
contribuinte (art. 81 do CTN). Está relacionada a realização de obras públicas, que traz
benefício para o público em geral e não apenas o contribuinte dessa contribuição.

DIREITO FINANCEIRO – é um conjunto de regras jurídicas que disciplinam a atividade dos


órgãos do Poder Judiciário e das pessoas que com eles entram em contato ou que lhes
prestam colaboração. É a atividade estatal destinada a conseguir meios para acudir às
necessidades públicas, ou seja, são os meios para o Estado desempenhar as suas atividades fim

DIREITO TRIBUTÁRIO ou FISCAL – é o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos
(taxas, impostos e contribuição de melhoria), bem como de sua fiscalização. Regula as relações
jurídicas estabelecidas entre o Estado e contribuinte no que se refere à arrecadação dos
tributos.

Cuida dos princípios e normas relativas à imposição e a arrecadação dos tributos, analisando a
relação jurídica (tributária), em que são partes os entes públicos e os contribuintes, e o fato
jurídico (gerador) dos tributos. O objeto é a obrigação tributária, que pode consistir numa
obrigação de dar (levar o dinheiro aos cofres públicos) ou uma obrigação de fazer ou não fazer
(emitir notas fiscais, etc.)

O Direito Tributário é uma barreira contra o arbítrio, que poderia ser demandado pelos
governantes, na ânsia de querer usurpar toda e qualquer riqueza proveniente do indivíduo
e/ou da sociedade de forma ditatorial, vingativa, sem critérios, pois, apenas através da lei e de
nenhuma outra fonte formal é que se pode criar ou aumentar impostos de forma racional,
porque o Estado tem a obrigação de prever os seus gastos e a forma de financiá-los.

Devido a sua intensa atividade financeira envolvendo despesas e a sua contrapartida receitas,
a conservação dos bens públicos, o patrimônio, o controle monetário, o orçamento público,
demandam a necessidade de arrecadação de tributos, para garantir o seu meio de
subsistência, para dirigir a economia e direcioná-la para o bem estar social.

O Estado, assim como qualquer indivíduo, necessita de meios econômicos para satisfazer as
suas atividades, sendo que o indivíduo, de modo geral, tem entre as suas fontes de
arrecadação de recursos, a venda da sua mão-de-obra, enquanto que o Estado para o
cumprimento das suas obrigações, a obtém através da tributação do patrimônio dos
particulares, sem contudo efetuar uma contraprestação equivalente ao montante arrecadado.

A Constituição Federal trata da questão tributária de forma genérica e a sua forma mais
abrangente encontra-se na lei complementar, conhecida como Código Tributário Nacional. O
sistema constitucional tributário está contido no Título VI, "da tributação e do orçamento",
abrangido pelos artigos 145 a 169.

O Direito Tributário tem um relacionamento muito forte com o Direito Constitucional,


principalmente no que tange aos direitos individuais.

2 – TRIBUTAÇÃO, DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS

Todo o direito tributário brasileiro está embasado no poder imperial do Estado, distribuído
entre as pessoas jurídicas do direito público como a União, os Estados membros, os Municípios
e o Distrito Federal, todos autônomos, submetidos às regras constitucionais, onde compete o
poder para cobrar e exigir tributos, tendo como contrapartida as pessoas físicas e jurídicas,
com o dever de pagar os tributos, de forma que não contrarie os direitos e garantias
individuais, que tem aplicação imediata e se sobrepõem sobre os demais direitos.

Em matéria de tributação o Estado exige como obrigação principal dos indivíduos o pagamento
de forma inconteste do que lhe é devido, apesar de não ter o retorno em forma de melhoria
da qualidade de vida equivalente ao tributo pago.

3 - PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio fundamental do sistema tributário é a legalidade, pois, não há tributo que não seja
preconizado pela lei formal e material, que descreva a hipótese da incidência, a base de cálculo
etc., com a identificação do sujeito ativo e passivo. A legalidade desse princípio encontra-se
descrito no artigo 150, parágrafo I, que diz o seguinte: "sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:

I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça".

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE E DA ANTERIORIDADE DA LEI

O princípio da irretroatividade não permite que a criação de tributos seja retroativa a data da
promulgação ou então, no mesmo exercício financeiro da publicação da lei, por ferir um
princípio do direito adquirido, entretanto, se for para beneficiar os indivíduos, sua aplicação
pode retroagir, desde que não fira os direitos de terceiro.

PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU DA ISONOMIA

É o princípio basilar, pois, os tributos criados são pagos por todos de forma uniforme e
proporcional a riqueza gerada decorrente de rendimentos, patrimônio e atividades
econômicas do contribuinte, isentando-se apenas os contribuintes que não possuem
rendimento suficiente para o seu sustento, capacidade econômica ou impossibilidade de
pagamento, evitando o tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em
situação equivalente.

PRINCÍPIO DO DIREITO À PROTEÇÃO JURISDICIONAL

É o direito dado aos indivíduos de buscar o Poder Judiciário, quando houver a criação de algum
tributo que contrarie algum fundamento constitucional, ou então, ache o tributo indevido,
ilegal ou arbitrário. Também é consagrado o direito de ampla defesa, para comprovar as
licitudes dos atos tributários.

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL TRIBUTÁRIO

São os enquadramentos e a tipificação dos crimes relativos ao Direito Tributário, como a


sonegação fiscal, apropriação indébita de tributos etc., a pessoalidade da pena e seus
desdobramentos como: a perda dos bens, multa, privação ou restrição da liberdade,
suspensão ou interdição de direitos etc.

PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE
Proibição da cobrança de tributos com distinção ou preferência em favor de qualquer pessoa
jurídica de direito público, como também em razão da sua procedência ou destino.

4 - COMPETÊNCIA DOS IMPOSTOS

UNIÃO

Encontra-se delegada para a União a competência de criação e alteração destacada do


seguinte: Imposto sobre Produtos Industrializados e o Imposto de Renda e Proventos de
Qualquer Natureza. Há também os impostos sobre exportação e importação; sobre operações
de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; propriedade
territorial rural; grandes fortunas, sobre ouro, empréstimos compulsórios e contribuições
sociais, imposto extraordinário de guerra e de calamidade pública.

ESTADOS E DISTRITO FEDERAL

Foram delegados os seguintes impostos: transmissão "causa mortis" e doação de bens e


direitos; relativas a circulação de mercadorias (incidindo sobre minerais, lubrificantes,
combustíveis líquidos e gasosos e energia elétrica) e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (transmissão e recepção de
mensagens escritas, faladas, visuais, através de rádio, telex, televisão etc.); propriedade de
veículos automotores; adicional de até 5% sobre imposto de renda.

MUNICÍPIOS

Na distribuição dos impostos, coube aos municípios os seguintes: sobre a propriedade predial
e territorial urbana; sobre transmissão "interactivos", a qualquer título, por ato oneroso, de
bens imóveis (como a venda, permuta, compra, transferência de financiamentos, exceto
hipoteca, incorporação de patrimônio, fusão, cisão, extinção de pessoa jurídica); sobre vendas
a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel; sobre serviços de qualquer
natureza

CONCLUSÃO

A sociedade possui atualmente como instrumento uma lei voltada para o financiamento da
pessoa jurídica de direito público, com suas sanções e legalidades, matéria esta de interesse
dos indivíduos, quer seja de ordem física ou de ordem jurídica, tendo um capítulo genérico na
nossa Constituição Federal, nos artigos 145 a 169, em conjunto com a sua lei mais abrangente
denominada de Código Tributário Nacional, Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966.

O Direito Tributário é voltado exclusivamente para o estudo jurídico e as implicações


decorrentes da aplicação do Código Tributário Nacional, dando uma interpretação correta da
sua aplicabilidade para a sociedade, com a resolução dos problemas resultantes da sua
interpretação na esfera governamental e para os indivíduos físicos e jurídicos, tendo como
princípio fundamental os direitos e garantias individuais.

Nesse trabalho buscou-se mostrar a aplicação do Direito Tributário tendo como base a
Constituição Federal e o Código Tributário Nacional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Celso Ribeiro & MARTINS, Ives Gandra. Comentário à Constituição do Brasil.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL, obra coletiva de autoria da Editora Saraiva e colaboradores,


30.ª ed. – São Paulo, Saraiva, 2001.

COTRIM, Gilberto Vieira. Direito e Legislação: Introdução ao Direito, 1. ed. São Paulo: Saraiva,
1982

GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL: São Paulo: Nova Cultural, 1998, v.8, p.1925.

HORA, Gilvanice Silva da. Ordenamento Jurídico. Camaçari: Departamento de Ciências


Humanas e Tecnológicas da UNEB, 2001. 1p. (Notas de aula).

ICHIHARA, Yoshiaki. Direito Tributário na nova Constituição, 1. ed. São Paulo: Atlas, 1989

NOGUEIRA, Rubem Rodrigues. Curso de Introdução ao Estudo do Direito, 1. ed. São Paulo:
Bushatsky, 1979.

POLETTI, Ronaldo. Introdução ao Direito, 2. ed. revista e ampliada, São Paulo: Saraiva, 1994

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 15. ed. revista, São Paulo:
Malheiros, 1998
Marcus Vinícius Saavedra Guimarães de Souza

Advogado inscrito na OAB/PA sob o nº 7.655, pós-graduado em Direito Civil e Processo Civil
com extensão em Magistério, graduado em Direito Tirbutário e Legislação de Impostos pela
Universidade Estácio de Sá-RJ, membro da Associação dos Advogados Criminalistas do Estado
do Amapá, exerceu atividades junto a Secretaria Executiva da Fazenda do Estado do Pará, onde
atuou por 16 anos, obtendo assim larga experiência em Direito Civil, Comercial, Financeiro e
Tributário. Asssociado do escritório de ADVOCACIA CRIMINAL & EMPRESARIAL
(http://www.advempresarial.com).

Parte2:

Noção geral de tributos

Introdução

Este artigo tem como objetivo apresentar, de forma bastante pontual, algumas noções gerais
de Direito tributário.

Noções Gerais de Direito Tributário

Conceito de Direito Tributário

Segundo o professor Alexandre Mazza:

"Direito Tributário é o ramo do direito público que estuda princípios e normas disciplinadoras
do exercício das atividades de instituição, cobrança e fiscalização de tributos".

Deste conceito é possível perceber que o Direito Tributário estuda atividades estatais, é regido
tanto por princípios (regras gerais que ordenam valores essenciais) quanto por normas (regras
específicas que ordenam comportamentos determinados), sendo instituição, cobrança e
fiscalização de tributos as atividades específicas de interesse deste ramo do Direito.

 Natureza Jurídica do Direito Tributário


Quanto a taxonomia do Direito Tributário, é possível se falar em quádrupla natureza jurídica,
uma vez que pode ser classificado como direito público (regula atividades estatais), material
(tem natureza substancial), obrigacional (entre Fisco e Contribuinte) e comum (aplicável à
generalidade das pessoas).

 Fontes do Direito Tributário

Quanto as fontes do Direito Tributário, existem dois tipos: fontes reais (ou materiais) e fontes
formais. As fontes reais consistem nos suportes fáticos do direito tributário. Em regra, são
fatos de natureza econômica, que revelam capacidade econômica, como por exemplo: auferir
renda. As fontes formais dividem-se em dois grupos: primárias e secundárias. As fontes
formais são os veículos introdutores de normas tributárias, divididas em primárias (podem
criar efetivamente regras jurídicas) e secundárias (apenas detalham regras já introduzidas).

São fontes formais primárias do Direito Tributário a Lei Constitucional, a Lei Complementar, a
Lei Ordinária, a Lei Delegada, a Medida Provisória, os Decretos Legislativos e as Resoluções.
Por sua vez, são as fontes formais secundárias o Decreto Regulamentar, a Instrução ministerial,
a Circular, a Portaria, a Ordem de Serviço, o Ato Normativo e a Decisão Administrativa.

Objeto do Direito Tributário

Quanto ao objeto do Direito Tributário, é possível falar em objeto imediato e objeto mediato.
O objeto imediato é o conjunto de princípios e normas que disciplinam a atuação do Fisco,
enquanto o objeto mediato são as atividades referidas anteriormente: instituição, cobrança e
fiscalização de tributos.

Vale colocar que a instituição de tributos, atividade exclusiva do Poder Legislativo, trata-se da
criação de tributos de acordo com os aspectos da hipótese de incidência tributária (aspectos
material, pessoal, temporal, espacial e quantitativo). A cobrança de tributo, atividade exercida
pelo Poder Executivo (Administração Tributária), se resume na realização do devido processo
legal para a arrecadação de tributos. Por fim, a fiscalização do tributo, atividade também
exercida pela Administração Tributária, consiste em atos de polícia com finalidade de estimular
o Contribuinte a pagar o tributo.

 Competência no Direito Tributário


Quanto à competência para legislar sobre Direito Tributário, se depreende do art. 24, I, da
Constituição Federal:

"Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;"

Desta forma, a competência para legislar é concorrente entre União, os Estados e o Distrito
Federal. Mas os Municípios também podem legislar sobre Direito Tributário, com base no
fundamento constitucional de interesse legal, disposto no art. 30, I, da Constituição Federal:

"Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local"

É importante diferenciar competência para legislar sobre Direito Tributário e competência


tributária. O primeiro conceito é mais amplo, envolve a aptidão para disciplinar variados temas
relacionados com a tributação, enquanto o segundo conceito se restringe à possibilidade de
instituição do tributo propriamente dita.

 Referências Bibliográficas

MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Tributário, 2ª edição.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF,


Senado, 1998.

Parte3:

Principais espécies de tributos

INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como finalidade obter-se um conceito de tributo através da análise da
redação do artigo 3º, do  Código Tributário Nacional, afim de identificar uma determinada
obrigação perante o Poder Público, ou suas respectivas autarquias, como de natureza
tributária. Posteriormente, analisaremos quais são as espécies de tributos previstos na
Constituição Federal e no Código Tributário Nacional e não havendo conexão entre estes dois
diplomas, qual destes deve prevalecer segundo a premissa a ser defendida no presente artigo,
com respaldo em diversos entendimentos doutrinários.

Espécies Tributárias previstas na Constituição Federal – Teoria Pentapartida

De acordo com a teoriapentapartida, a qual possui como fiéis defensores ilustríssimos


doutrinadores como Ives Gandra Martins[28] e Hugo de Brito Machado[29], com base nos
preceitos normativos insculpidos na Constituição Federal, os tributos subdividem-se em 1)
impostos, 2) taxas, 3) contribuições de melhoria), 4) Empréstimos Compulsórios e 5)
contribuições, conforme já suscitado no tópico anterior.

Ainda, a teoria em análise classifica como autônomas as espécies tributárias previstas na Carta
Magna de 1988 em razão de seu regime jurídico específico, o qual não podem, de acordo com
suas peculiaridades, serem enquadradas como subespécies de tributos. Nestes termos, de
acordo com o professor Hugo de Brito Machado, a subdivisão das 5 (cinco) espécies tributárias
previstas na Constituição Federal se fundamenta:

O imposto pela não vinculação do fato gerador a uma atividade estatal referida pelo
contribuinte.

A taxa é determinada pelo tributo com fato gerador uma atividade estatal de prestação de
serviço público específico e divisível, de utilização efetiva ou potencial, ou do exercício do
poder de polícia.

A contribuição de melhoria tem como fato gerador a realização de uma obra que implique
valorização no imóvel do contribuinte. Distingue-se do imposto pela atividade estatal
específica (obra pública), e da taxa pela prestação da atividade que não é o exercício do poder
de polícia e nem a prestação de um serviço público.

As contribuições sociais são as que tem destinação específica do produto arrecadado e


finalidade determinada, compreendendo: a) a contribuição de intervenção do domínio
econômico, em que caracterizam pela finalidade da atividade de intervenção do Estado no
domínio econômico e do produto arrecadado destinar-se ao financiamento dessa atividade de
intervenção; b) contribuição de interesse de categorias profissionais ou econômicas, em que
são instituídas com finalidade de atenderem as entidades profissionais dos seguimentos; e c)
contribuição de seguridade social, em que a vinculação da arrecadação é para atender as
atividades de seguridade social.

O empréstimo compulsório é o tributo que tem como finalidade atender a um investimento de


caráter urgente, com instituição por meio de lei complementar e a aplicação dos produtos
arrecadados para a finalidade de sua instituição.

Frise-se que a teoria tripartida é aquela atualmente adotada pelo Supremo Tribunal Federal, o
qual exara diversas jurisprudências no sentido de reconhecer que os empréstimos
compulsórios (Recurso Extraordinário nº 111.954/PR, DJU24/06/1988) e as contribuições
especiais (AI-Agr nº 6585763/RS, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Julgado em
27/11/2007, AI-AgR nº 679355/RS, Relator Ministro Ricardo Lewandoski, 1ª Turma, Julgado em
27/11/2007) são espécies tributárias autônomas, uma vez que ostentam natureza jurídica
própria que as distinguem dos impostos, taxas e contribuições de melhoria.

BIBLIOGRAFIA/REFERÊNCIAS

AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro, 14ª Ed., São Paulo, Saraiva, 2008.

ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária, 6ª Ed., São Paulo, Malheiros, 2002.

BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro – Atualização de Misabel Abreu Machado


Derzi”, 11ª Ed., Rio de Janeiro, Forense, 2007.

BEKCER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário, 3ªEd., São Paulo, Lejus, 1998.

CARRAZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário, 25ª Ed., São Paulo,
Malheiros, 2009.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário, 24ª Ed., São Paulo, Saraiva, São Paulo,
2012.

MARTINS, Ives Gandra da Silva. Curso de Direito Tributário, 13ª Ed., São Paulo, Saraiva, 2011.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário, 31ª Ed., São Paulo, Malheiros, 2010.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários à Constituição de 1967, 3ª Ed, Rio de


Janeiro, Forense, 1987.

SABBAG, Eduardo; Manual de Direito Tributário, 7ª Ed., São Paulo, Saraiva, 2014.

TORRES, Ricardo Lobo;Curso de Direito Financeiro e Tributário, 12ª Ed., Rio de Janeiro, 2005.

Parte 4 

Elementos da Obrigação tributária

INTRODUÇÃO
A obrigação tributária trata-se de uma relação jurídica estabelecida entre as pessoas jurídicas de
direito público, competentes para instituir sobre tributos, e as pessoas, físicas ou jurídicas, que
praticam o fato previsto e lei. Ou seja, é um dever de fazer um contribuinte prestar determinada
prestação. E, segundo o artigo 113 do CTN( Código Tributário Nacional),  dividide-se em obrigação
acessória e principal.

 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
A obrigação pode ser entendida de duas formas, a primeira pela relação jurídica entre credor(sujeito
ativo) e devedor(sujeito passivo, tendo o primeiro o direito ao recebimento de determinada prestação
e o segundo a obrigação de prestá-la.

Ainda pode ser conceituada a obrigação como a relação entre pessoas que pode ser gerada em
razão da vontade (ex volutatis) ou em razão da lei (ex legis).

A obrigação tributária, como já fora relatado, decorre da lei, sendo, portanto ex legis, não
necessitando da vontade do agente. Sobre esse assunto assegura AMARO (2003, P. 241):

[...]o nascimento da obrigação não depende de nenhuma manifestação de vontade das partes que
passam a ocupar os pólos ativo e passivo do vínculo jurídico. Basta a ocorrência do fato
previamente descrito na lei para que surja a obrigação.

Sendo assim, corrido o fato gerador, nasce a relação tributária, compreendida entre o dever de
alguém (sujeito passivo) e o direito do estado (sujeito ativo), tendo por objeto uma prestação em
dinheiro, conforme preceitua o artigo 3º do Código Tributário Brasileiro.

ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA


São elementos da obrigação tributária o sujeito ativo, o sujeito passivo, o objeto e a causa e são
deles que vamos tratar a seguir|:

 SUJEITO ATIVO
É a pessoa jurídica de direito publico, o qual é titular da competência para exigir o seu
cumprimento.  Segundo SABBAG (2012, p. 682),  estas pessoas de Direito público: “podem ser 
titulares, por delegação, das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos(parafiscalidade), ou executar
leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária”. É o que assevera o CTN em
seu art. 7º.

Existem dois tipos de sujeitos ativos: o direto e o indireto. Estes são os entes tributantes, aqueles
são os entes parafiscais.

SUJEITO PASSIVO
É a pessoa que está obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária, denominada
contribuinte ou responsável.

De acordo com o parágrafo único do art. 121 do CTN, existem dois tipos de sujeitos passivos na
obrigação principal: o contribuinte e o responsável. Neste sua obrigação decorre da lei, já naquele
tem relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador.

Em se tratando da obrigação acessória o sujeito passivo é a pessoa obrigada às prestações que


constituam o seu objeto.

Desta forma, vislumbra-se, que há na sujeição passiva dois tipos de sujeitos: o direto ( contribuinte)
e o indireto ( responsável).

OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA


Conforme o seu objeto, a obrigação tributária divide-se em principal e acessória.

A obrigação tributária principal é a obrigação de pagar tributo, acrescidos, se for o caso, de juros e
multas. Desta forma, esta obrigação independe da existência de outra obrigação, ou seja, é a
obrigação de dar(pagar) ao sujeito ativo, sendo esta obrigação decorrente da lei. Segundo o art.
113, § 1º do CTN, “a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente.” Vale ressaltar que a obrigação principal tem natureza patrimonial.

A obrigação tributária acessória são ações ou omissões que auxiliam o fisco na administração do
tributo. O objeto da obrigação acessória, diferente da principal, é não patrimonial. O Código
Tributário Nacional também trata deste tipo de obrigação em seu art. 113, §2º e reza que “a
obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou
negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.”

 CAUSA DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA


Segundo Sabbag (2012): “a causa da obrigação tributária é o vínculo jurídico motivador do liame
jurídico obrigacional entre o sujeito ativo e o sujeito passivo.” Pode ser decorrente da “lei tributária”
ou da “legislação tributária”.

O nascimento da obrigação tributária está vinculado ao fato gerador. Em consonância, o CTN faz
menção ao fato gerador nos artigos 114 e 115. O artigo 114 preceitua que o “fato gerador da
obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.” Por
sua vez, artigo 115 diz que fato gerador da obrigação acessória é a hipótese que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

Assim, percebe-se que, o fato gerador da obrigação principal foi associada a “lei”, enquanto o fato
gerador da obrigação foi atrelada à “legislação tributária”.

CONCLUSÃO
Conforme observado no presente estudo, a obrigação tributária diz respeito a uma relação jurídica
estabelecida entre as pessoas jurídicas de direito público, competentes para instituir sobre tributos,
e as pessoas, físicas ou jurídicas, que praticam o fato previsto em lei.

Toda obrigação tributária, seja ela principal ou acessória, deve ter um fato gerador, decorrentes da
lei ou da legislação tributária, respectivamente. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato
gerador, já a obrigação acessória decorre da legislação tributária.
Desta forma, com o presente trabalho acadêmico, conclui-se que, para a regularização da obrigação
tributária são indispensáveis quatro elementos, quais sejam, sujeito ativo, sujeito passivo, objeto e
causa. Em que o sujeito ativo é o ente credor do tributo e/ou multa, o sujeito passivo é o ente
devedor do tributo/multa, o objeto é a prestação e a causa é o vínculo jurídico.

REFERÊNCIAS
AMARO, Luciano, Direito Tributário Brasileiro. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

BRASIL, Código Tributário Nacional, 3ª ed., São Paulo, 2001, Ed. RT.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 17ª ed.rev., atual. e ampl. São Paulo:
Malheiros, 2000. 

SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário, 4ª ed., São Paulo, 2012, ed. Saraiva.

Parte 5

Discriminação da competência tributária 

Discriminação de Competências Tributárias


A competência tributária, entendida como a aptidão para legislar sobre direito tributário, representa
uma prerrogativa inerente às pessoas constitucionais, eqüipole dizer. União, Estados, Distrito
Federal e Municípios. Ao lazer a respectiva partilha, o constituinte fê-lo de modo rígido, na dimensão
em que atribuiu competências privativas e indelegáveis em prol das pessoas jurídicas dc direito
público interno retrocitadas. Com isso, erigiu um sistema infenso a vicissitudes concernentes à
tributação concorrente, salvo o Adicional do Imposto sobre a Renda Estadual e o Imposto Municipal
incidente sobre a venda de combustíveis, os quais exprimem hipóteses únicas de bitributação
constitucionalizada, cumprindo observar, contudo, que os referidos impostos deixaram de viger a
partir de Io de janeiro de 1996. Vejamos, pois, a divisão de competência impositiva insculpida no
Texto Supremo:
União:
- imposto sobre a importação dc produtos estrangeiros;
- imposto sobre a exportação para o exterior, de produto nacional ou nacionalizado;
- imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza;
- imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativos a títulos ou valores mobiliários;
- imposto sobre a propriedade territorial rural;
- imposto sobre grandes fortunas;
- imposto extraordinário de guerra;
- impostos estaduais em Território Federal;
- impostos municipais em Território não dividido em Municípios;
- outros impostos - competência residual;
- empréstimo compulsório preordenado a atender despesas extraordinárias, calamidade pública e
guerra;
- empréstimo compulsório destinado a investimento público urgente e de relevante interesse social;
- contribuições parafiscais;
- taxas e contribuições de melhoria.
Obs.: a) os impostos sobre a importação, exportação, produtos industrializados e operações de
crédito, câmbio e seguro, ou relativos a títulos ou valores mobiliários encontram-se excepcionados
do princípio da anterioridade, pelo que podem ser aumentados e cobrados no mesmo ano-
calendário, assujeitando-se, outrossim, à atenuação da estrita legalidade, na medida em que o
Executivo pode alterar-lhes as alíquotas nos limites estatuídos em lei; b) as contribuições sociais
previstas no art. 195 da Constituição refogem também ao postulado da anterioridade, subordinando-
se tão-somente ao intertempo de noventa dias que medeia a sua instituição ou aumento da
respectiva eficácia.
Estados e Distrito Federal:
- transmissão causa mortis ou doação de quaisquer bens ou direitos;
- imposto sobre operações relativas ã circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicações, ainda que iniciadas no exterior;
- imposto sobre a propriedade de veículo automotor;
- adicional do imposto sobre a renda;
- taxas e contribuições de melhoria;
- contribuição de seus servidores para custeio do sistema de previdência social.
Obs.: em 6 de outubro de 1993 o adicional do imposto sobre a renda foi declarado inconstitucional
pelo Supremo Tribunal Federal. Extinto em 31 de dezembro de 1995 (EC 3/93).
Municípios:
- imposto predial e territorial urbano;
- transmissão inter vivos a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de
direitos à sua aquisição;
- venda a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel (extinto em 31 de dezembro
de 1995, ex vi da EC 3/93);
- imposto sobre serviços de qualquer natureza;
- taxas e contribuições de melhoria;
- contribuição de seus servidores para custeio do sistema de previdência social.

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