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Lei de Abuso de Autoridade – 13.

869/2019

1. Quem pode cometer crimes de abuso de autoridade?

Agentes públicos ou não da administração direta e indireta, militares ou pessoas a eles


equiparadas, membros dos poderes legislativo, executivo, judiciário, tribunais ou conselhos de
contas, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe
tenha sido atribuído.

Equipara-se a agente público todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração serviço público.

2. Existe crime de abuso de autoridade culposo?

A lei exige praticas com finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou
a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. Portanto, exige dolo específico.

3. Constitui crime de abuso de autoridade interpretação errônea de lei ou avaliação


equivocada de fatos e provas por parte do agente público?

Não são puníveis divergências de interpretação de lei ou de avaliação de fatos ou provas.

4. Qual a ação penal cabível para os crimes de abuso de autoridade?

Ação Penal Pública Incondicionada. Entretanto, será admitida ação penal privada se a ação
penal pública não for intentada no prazo legal. Podendo o Ministério Público retomar a ação a
qualquer momento, no caso de negligência do querelante.

5. Qual o prazo para exercer a ação privada subsidiária?

Seis meses contados da data em que se esgotar o prazo de oferecimento da denúncia.

6. Quais efeitos da condenação penal pelo crime de abuso de autoridade?

- tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, sendo o valor mínimo de
reparação do dano causado fixado na sentença;

- inabilitação para o exercício do cargo pelo período de 1 a 5 anos;

- perda do cargo, mandato ou função pública.

7. Os efeitos da condenação são automáticos?

A inabilitação e a perda do cargo são condicionadas à ocorrência de reincidência em crime de


abuso de autoridade e NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo ser declarados motivadamente na
sentença.
8. Quais são as penas restritivas de direito substitutivas das privativas de liberdade
previstas na lei de abuso de autoridade?

- prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas;

- suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses, com


perda dos vencimentos e das vantagens.

9. Como as penas restritivas de direitos serão aplicadas?

Serão aplicadas de forma autônoma ou cumulativamente.

10. As penas previstas na lei de abuso de autoridade serão aplicadas de forma


subsidiária as sanções civis ou administrativas?

As sanções de natureza civil ou administrativas cabíveis serão aplicadas independentemente


das demais sanções previstas na lei de abuso de autoridade.

OBS: As responsabilidades civil e administrativa são independentes da responsabilidade


criminal.

11. Como a lei de abuso de autoridade trata as excludentes de ilicitude?

Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal
que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legitima defesa, em
estrito cumprimento do dever legal ou no exercício irregular de direito.

12. Cite três crimes previstos na lei de abuso de autoridade.

- Decretar de medida de privação da liberdade em desconformidade com as hipóteses legais;

- Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou


sem prévia intimação de comparecimento ao juízo.

- Deixar, injustificadamente, de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo


legal.

13. O que é violência institucional?

Violência institucional é submeter a vítima de infração penal ou a testemunha de crimes


violentos a procedimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem
estrita necessidade a situação de violência ou outras situações potencialmente geradoras de
sofrimento ou estigmatização.

OBS 1: agente público que permite que terceiro intimide a vítima de crime violento, gerando
indevida revitimização, tem a pena aumentada de 2/3 terços.
OBS 2: se o próprio agente público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando
revitimização, a pena aplica-se em dobro.

ATENÇÃO! Este tópico pode ser perguntado junto com criminologia: vitimização
secundária/Sobrevitimização/revitimização.

14. Interrogar o preso no período de repouso noturno é considerado crime de abuso de


autoridade?

Submeter o preso a interrogatório policial durante o período noturno é considerado crime de


abuso de autoridade, SALVO se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente
assistido, consentir em prestar declarações.

15. Invadir ou adentrar domicílio a revelia da vontade do ocupante é crime de abuso de


autoridade?

Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,


imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei.

16. Existe exceção para entrada sem autorização em residência alheia?

Não há crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que
indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou desastre.

OBS: é autorizado em caso de determinação judicial ou nas condições estabelecidas em lei.

17. A lei de abuso de autoridade traz alguma previsão para realização de interceptação
telefônica sem autorização judicial?

Sim. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou


telemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial
ou com objetivos não autorizados em lei.

OBS: a lei traz diversos crimes, por isso é importante não se ater somente as questões. É
necessário fazer uma leitura atenta dos tipos penais.

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