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AUTORIDADE (lei nº
4.898/1965)
ATO DE ABUSO DE AUTORIDADE E RESPONSABILIDADE
Não é a lei de abuso de autoridade uma lei eminentemente criminal somente.
O ato de abuso de autoridade enseja tripla responsabilização para o agente que o
comete:
Responsabilidade
Administrativa
Art. 6º, lei 4898/1965 - O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção
administrativa civil e penal.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no
pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
SUJEITO ATIVO
O sujeito ativo do crime de abuso de autoridade é a autoridade pública para
fins penais. Trata-se de um crime funcional, que deve ser praticado por funcionário
público que exerça autoridade. É preciso que se observe a delimitação do artigo 5º,
lei 4898/1965:
Art. 5º, lei 4898/1965 - Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce
cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que
transitoriamente e sem remuneração.
Professor Silvio Maciel diz que este art. 5º traz o mesmo conceito do artigo
327, CP que traz o conceito de funcionário público para fins penais.
Para Heleno Fragoso, qualquer pessoa que exerça função pública, gratuita
ou remunerada, permanente ou ocasional, pertença ou não a Administração.
Desta feita, o jurado e o mesário eleitoral poderão cometer o crime de abuso
de autoridade, para estes fins penais.
Não são consideradas como autoridades as pessoas que exercem munus
público. Munus é o encargo imposto pela lei ou pelo Juiz para a defesa de interesses
privados. Exerce o munus público o tutor, o curador, o administrador da falência
(massa falida), advogados particulares, inventariante, etc.
O particular, que não possui função pública, sozinho jamais poderá
responder pelo crime de abuso de autoridade. Mas, poderá responder o particular
pelo crime de abuso de autoridade desde que pratique a conduta juntamente com
o funcionário público e saiba que este possui esta qualidade.
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo principal ou imediato é a pessoa física ou jurídica que sofre
a conduta abusiva. Mas, existe também a figura do sujeito passivo mediato ou
secundário que é o Estado. O abuso de autoridade significa sempre uma irregular
prestação de serviços públicos. Sempre acarreta prejuízo na prestação deste
serviço público, não representando o Estado corretamente.
Desta feita, no crime de abuso de autoridade há dupla subjetividade passiva.
Incapazes e estrangeiros podem ser vítimas de abuso de autoridade.
Qualquer pessoa física poderá ser sujeito passivo imediato deste crime de abuso
de autoridade.
Mas, se a vítima for criança ou adolescente poderá ocorrer uma forma
específica de crime do Estatuto da Criança ou do Adolescente.
A própria autoridade pública também poderá ser vítima de abuso de
autoridade.
Pessoa jurídica de direito público como a de direito privado poderá ser vítima
do crime de abuso de autoridade.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
A consumação se dá com a prática de qualquer das condutas previstas nos
tipos penais.
Os crimes do artigo 3º não admitem tentativa. A lei já pune o simples atentado
como um crime consumado. São denominados estes crimes do art. 3º como “crimes
de atentado”.
Já os crimes do artigo 4º não admitem tentativa nas alíneas “c”, “d”, “g” e “i”,
conforme marcadas no artigo abaixo. Isso porque são considerados como crimes
omissivos puros ou próprios.
AÇÃO PENAL
Art. 12, lei 4898/1965 - A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito
policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a
representação da vítima do abuso.
Os crimes de abuso de autoridade são de ação penal pública incondicionada.
A representação mencionada no artigo 12 (abaixo grifada a expressão) não é a
condição de procedibilidade que é prevista no Código de Processo Penal. Esta
representação é apenas o direito de petição contra abuso de poder, que é previsto
no art. 5º, XXXIV, “a”, CF.
Art. 5º, CF
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder; (...)
COMPETÊNCIA
A competência para julgamento dos crimes de abuso de autoridade é em
regra da Justiça Estadual; somente irá para a competência da Justiça Federal
quando cometido o abuso de autoridade contra bem, interesse ou patrimônio da
União.
Se o crime de abuso de autoridade foi praticado por funcionário federal ou
contra o funcionário federal, neste caso sempre serão julgados os crimes na Justiça
Federal (CC 89397/AC).
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
STF entende que domicílio é qualquer local não aberto ao público, onde a
pessoa trabalhe ou ocupe como moradia permanente ou provisória.
Se o policial entrar na casa de alguém sem mandado, diz o STF e o STJ diz
que há concurso de crimes entre o crime de abuso de autoridade desta alínea com
o crime do código penal de violação de domicílio (vide os julgados no HC 92912/RS
e REsp 781957/RS)
c) ao sigilo da correspondência;
f) à liberdade de associação;
h) ao direito de reunião;
ARTIGO 4º
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja
comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida
em lei;
ARTIGO 6º
b) detenção por dez dias a seis meses (considero o crime de abuso de autoridade um
crime de menor potencial ofensivo);
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar
(policiais ou militares), de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma
ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar
no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
A doutrina majoritária entende que este §5º não mais se aplica por tratar de
uma pena acessória que não se aplica mais em razão da reforma da parte geral do
Código Penal.