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Teste a Sua Direção

Oi, guerreiro/a!

Nesta aula hoje apresentarei a você algumas assertivas referentes à aula anterior (Lei nº 13.869/2019 - )

Professor, qual o objetivo disso?

Quero que você faça uma autoavaliação do que estudou até aqui. Essa é uma maneira bastante
adequada para você medir a evolução do seu conhecimento em Legislação Penal Especial!

Não se desespere se houver algum “branco” ao resolver as assertivas. A ideia do Teste a sua Direção é
exatamente essa: encontrar lacunas no aprendizado e na captação do conteúdo que foi dado. Nosso objetivo
maior é preencher os vazios do seu conhecimento até que se sinta seguro/a quanto ao que fora estudado.

Lembre-se: caso isso ocorra ou se você ainda errar alguma afirmativa, volte ao conteúdo que foi lecionado e
leia novamente. Se possível, faça mais exercícios até fixar a matéria!

Caso algo não tenha ficado esclarecido, pode me procurar no Fórum de Dúvidas ou em minhas redes sociais:

@profsantillo

profhenriquesantillo@gmail.com

Aperta o cinto e bom Teste de Direção!


Exercícios para revisão

1. O mesário pode figurar como sujeito ativo do crime de abuso de autoridade.


( ) Verdadeiro
( ) Falso

2. Para a configuração dos crimes de abuso de autoridade, não basta a presença do dolo de praticar as
condutas descritas nos tipos penais da Lei nº 13.869/2019: exige-se, ainda, a verificação do dolo específico
de prejudicar outrem, de beneficiar necessariamente a si próprio ou ainda por mero capricho ou satisfação
pessoal.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

3. O agente público condenado pela prática de crime de abuso de autoridade ficará sujeito, dentre outros
efeitos, à inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 2 (dois) a 6
(seis) anos, desde que seja reincidente em crimes da mesma natureza.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

4. O delegado Marcelo foi condenado à pena de 1 ano de detenção pela prática do crime de abuso de
autoridade não violento, e multa.
Nesse caso, agiu corretamente o juiz que substituiu a pena privativa de liberdade pela suspensão do
exercício do cargo, pelo prazo de 8 meses, com perda da remuneração.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

5. A juíza Suzy constrangeu o advogado Ricardo a depor acerca de fatos reputados sigilosos, sob pena de
espalhar pelos postes da cidade trechos de conversas íntimas no Whatsapp entre ambos, sobretudo por
Ricardo ser casado.
Nesse caso, a juíza Suzy responderá pelo crime de constrangimento a depor (art. 15) e ficará sujeita à pena
de um a quatro anos de detenção, e multa.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

6. O juiz Carlos divulgou o trecho de uma gravação relacionado a uma prova que se pretendia obter, o que
gerou graves danos à honra do acusado.
Nesse caso, o juiz cometeu o crime de abuso de autoridade.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

7. Comete o crime de abuso de autoridade o delegado de polícia que, antes do oferecimento da denúncia,
atribui a culpa a um suspeito pela prática do crime de homicídio, por satisfação pessoal.
( ) Verdadeiro
( ) Falso
8. O agente público poderá cumprir mandado de busca e apreensão domiciliar até às 21h; passado tal
horário, ele poderá realizar a diligência somente a partir da 6h da manhã do dia seguinte.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

9. No curso do interrogatório judicial, o juiz não poderá impedir a comunicação entre o acusado e o seu
advogado, sob pena de responder por crime de abuso de autoridade.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

10. Erasmo, réu solto, foi conduzido coercitivamente para participar de uma audiência judicial em que se
pretende ouvir o relato de testemunhas, sem prévia intimação.
Nessa situação, os responsáveis pelo ato ficam sujeitos ao crime de condução coercitiva manifestamente
ilegal, cuja pena de detenção pode variar de 1 (um) a 4 (quatro) anos, além de multa.
( ) Verdadeiro
( ) Falso
Gabarito

1. V
2. F
3. F
4. F
5. F
6. F
7. V
8. F
9. F
10. F
Resolução dos exercícios

1. O mesário pode figurar como sujeito ativo do crime de abuso de autoridade.


(X) Verdadeiro
( ) Falso

COMENTÁRIO:

Item verdadeiro! Não se esqueça de que a Lei de Abuso de Autoridade pode ser aplicada a uma vasta gama de
agentes públicos com os mais diversos tipos de vínculos com o Poder Público, inclusive aos que não sejam
servidores públicos e/ou não percebam remuneração.

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não,
da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:

I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;

II - membros do Poder Legislativo;

III - membros do Poder Executivo;

IV - membros do Poder Judiciário;

V - membros do Ministério Público;

VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.

Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.

2. Para a configuração dos crimes de abuso de autoridade, não basta a presença do dolo de praticar as
condutas descritas nos tipos penais da Lei nº 13.869/2019: exige-se, ainda, a verificação do dolo específico
de prejudicar outrem, de beneficiar necessariamente a si próprio ou ainda por mero capricho ou satisfação
pessoal.
( ) Verdadeiro
(X) Falso

COMENTÁRIO:

O item até que começou bem, pois de fato exige-se a presença de pelo menos um dos dolos específicos. O erro
está em restringir o dolo específico de beneficiar apenas o agente público, pois sabemos que a finalidade
especial de beneficiar terceiros também torna o abuso de autoridade configurado!
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor
ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe
tenha sido atribuído.

§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas
pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.

Todos os crimes de abuso de autoridade são DOLOSOS, sendo necessário


ainda a observância de pelo menos uma das seguintes finalidades
específicas:

Beneficiar a si Mero capricho


Prejudicar
mesmo ou a ou satisfação
outrem
terceiro pessoal

3. O agente público condenado pela prática de crime de abuso de autoridade ficará sujeito, dentre outros
efeitos, à inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 2 (dois) a 6
(seis) anos, desde que seja reincidente em crimes da mesma natureza.
( ) Verdadeiro
(X) Falso

COMENTÁRIO:

Item falso! De fato, a reincidência é um requisito que condiciona a ocorrência da inabilitação para o exercício
de cargo, mandato ou função pública.

O item “escorregou” feio no período de inabilitação, que será de 1 a 5 anos.

Art. 4º São efeitos da condenação:

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento
do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;

II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a
5 (cinco) anos;

III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.

Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à
ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo
ser declarados motivadamente na sentença.
Veja quais são os efeitos da condenação para os crimes de abuso de autoridade:

Tornar certa a obrigação de indenizar a vítima.

Inabilitação - por 1 a 5 anos - para o exercício de cargo, mandato ou função

Perda do cargo, do mandato ou da função pública.

Efeitos não automáticos



✦ Inabilitação para o
exercício de cargo, mandato Juiz precisa declarar
ou função por 1 a 5 anos motivadamente
(inc. II)
✦ Perda do cargo, do
mandato ou da função Recai sobre reicindentes em
pública (inc. III) crime de abuso de
autoridade

4. O delegado Marcelo foi condenado à pena de 1 ano de detenção pela prática do crime de abuso de
autoridade não violento, e multa.
Nesse caso, agiu corretamente o juiz que substituiu a pena privativa de liberdade pela suspensão do
exercício do cargo, pelo prazo de 8 meses, com perda da remuneração.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

COMENTÁRIO:

Item falso. O prazo da suspensão do exercício do cargo terá duração mínima de 1 mês e não poderá ser superior
a 6 meses:

Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei
são:

I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;

II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis)


meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou


cumulativamente..

5. A juíza Suzy constrangeu o advogado Ricardo a depor acerca de fatos reputados sigilosos, sob pena de
espalhar pelos postes da cidade trechos de conversas íntimas no Whatsapp entre ambos, sobretudo por
Ricardo ser casado.
Nesse caso, a juíza Suzy responderá pelo crime de constrangimento a depor (art. 15) e ficará sujeita à pena
de um a quatro anos de detenção, e multa.
( ) Verdadeiro
(X) Falso
COMENTÁRIO:

Opa! O crime do art. 15 só restará configurado se o constrangimento tiver sido feito sob ameaça de PRISÃO:

Art. 15. Constranger a depor, SOB AMEAÇA DE PRISÃO, pessoa que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:

I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou

II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a
presença de seu patrono.

Nessa situação, poderíamos considerar a prática do crime do art. 33, cujas penas são detenção, de seis meses
a 2 anos e multa:

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não
fazer, sem expresso amparo legal:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

6. O juiz Carlos divulgou o trecho de uma gravação relacionado a uma prova que se pretendia obter, o que
gerou graves danos à honra do acusado.
Nesse caso, o juiz cometeu o crime de abuso de autoridade.
( ) Verdadeiro
(X) Falso

COMENTÁRIO:

Item falso! O crime só estaria configurado se houvesse a divulgação de trecho de gravação sem qualquer
relação com a prova que se pretendia produzir, o que não é o caso do enunciado.

Assim, ainda que possa expor a intimidade ou a vida privada ou ferir a honra ou a imagem do investigado
ou acusado, a divulgação de gravação que tenha relação com as provas de um processo não constituirá crime.

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado
ou acusado:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

7. Comete o crime de abuso de autoridade o delegado de polícia que, antes do oferecimento da denúncia,
atribui a culpa a um suspeito pela prática do crime de homicídio, por satisfação pessoal.
(X) Verdadeiro
( ) Falso
COMENTÁRIO:

Item verdadeiro! A atribuição de culpa pode configurar o crime de abuso de autoridade se feita de forma
antecipada pelo responsável pelas investigações, ou seja, antes da conclusão das apurações e principalmente
da formalização de acusação, que se dá com o oferecimento da denúncia.

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede
social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

8. O agente público poderá cumprir mandado de busca e apreensão domiciliar até às 21h; passado tal
horário, ele poderá realizar a diligência somente a partir da 6h da manhã do dia seguinte.
( ) Verdadeiro
(X) Falso

COMENTÁRIO:

Item falso! O cumprimento de mandado de busca e apreensão só é lícito se feito durante o dia! Para a Lei nº
13.869/19, considera-se dia o período entre 5h e 21h.

Isso quer dizer que, no período compreendido entre 21h e 5h, o agente público que cumprir mandado de
busca e apreensão ficará sujeito às penas do crime do art. 22, §1º, III:

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do


ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:

I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;

II - (VETADO);

III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).

§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre..

O erro da questão está em afirmar a proibição se dá no período compreendido entre as 21h e 6h.

9. No curso do interrogatório judicial, o juiz não poderá impedir a comunicação entre o acusado e o seu
advogado, sob pena de responder por crime de abuso de autoridade.
( ) Verdadeiro
(X) Falso
COMENTÁRIO:

Item falso! De fato, fica configurado o abuso de autoridade se o juiz, no curso de audiência judicial, impedir o
réu solto de sentar-se ao lado do seu advogado e com ele comunicar-se, exceto durante o interrogatório OU
no caso de audiência realizada por videoconferência.

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável,
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a
audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por
videoconferência.

Veja as hipóteses em que a conduta impeditiva do juiz poderá configurar o crime do art. 20:

ANTES da audiência judicial


Entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu defensor por prazo
razoável

DURANTE a audiência judicial


EXCETO
Sentar-se ao lado Comunicar-se com
(a) no interrogatório e (b) audiência
do seu defensor o seu defensor por videoconferência

10. Erasmo, réu solto, foi conduzido coercitivamente para participar de uma audiência judicial em que se
pretende ouvir o relato de testemunhas, sem prévia intimação.
Nessa situação, os responsáveis pelo ato ficam sujeitos ao crime de condução coercitiva manifestamente
ilegal, cuja pena de detenção pode variar de 1 (um) a 4 (quatro) anos, além de multa.
( ) Verdadeiro
(X) Falso

COMENTÁRIO:

Item falso!

Muita atenção, pois o crime do art. 10 apenas se configurará cometido contra TESTEMUNHA e
INVESTIGADO:
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado (1) manifestamente
descabida ou (2) sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Assim, a condução coercitiva ilegal de acusado, ou seja, aquele que já é réu em um processo judicial,
descaracteriza o crime do art. 10!

Por hoje é só, amigo/a!


Nos vemos em breve,
Prof. Henrique Santillo

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