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20. Em que hipótese poderá ocorrer a redistribuição do IP de acordo com a lei de investigação
criminal?
R.: Segundo a lei 12.830/13, o inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso
somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado,
por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em
regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação.
33. Quais os requisitos para autoridade policial representar por uma cautela de interceptação
telefônica?
R.: Os requisitos devem ser lidos a contrario sensu de acordo com o art.2 da lei 9296/96, sendo válida a
medida quando houver indícios razoáveis de autoria e participação, restar à medida o único meio de prova
disponível e o fato investigado constituir crime punido com reclusão.
34. Qual a diferença entre interceptação telefônica, escuta telefônica e gravação telefônica?
R.:
a) Interceptação telefônica ou interceptação em sentido estrito: captação da comunicação telefônica alheia
por um terceiro, sem o conhecimento de nenhum dos comunicadores;
b) Escuta telefônica: captação de comunicação telefônica por terceiro, com o conhecimento de um dos
comunicadores, e, desconhecimento do outro. Um dos comunicadores tem ciência da interferência alheia;
c) Gravação telefônica ou gravação clandestina: gravação da comunicação telefônica realizada por um dos
interlocutores. Trata-se de espécie de auto-gravação, que, normalmente é feita por um dos comunicadores,
sem o conhecimento e consentimento do outro;
40. Prisão temporária de 30 dias – Qual o prazo para conclusão do IP com o réu preso?
R.: Quanto a este tema, a doutrina se divide em 3 posições: 1) o prazo para conclusão é de 10 dias da data
da prisão; 2) o prazo para conclusão é o mesmo da prisão temporária (30 dias); e a última e majoritária: 3)
o prazo para conclusão é de 10 dias contados a partir da data do término da prisão temporária, ou seja, o
prazo de conclusão é acrescido ao prazo da prisão temporária.
41. A Lei 9099/95 pode ser aplicada nos crimes do estatuto do idoso?
R.: Nos termos do artigo 94 da Lei 10.741/03, aplica-se a Lei 9.099/95 nos crimes do estatuto do idoso,
contudo, por interpretação dada pelo STF (ADI 3096), a referida Lei aplica-se somente no que se refere
ao rito processual, não cabendo os benefícios despenalizadores.
44. A prova colhida em uma cautelar de interceptação telefônica pode ser utilizada em outro processo?
R.: A doutrina diverge quanto ao tema. Parte entende não ser possível pois seria uma burla as regras da Lei
de Interceptação. Para outra parte, seria possível desde que seja utilizada em processo contra o mesmo
acusado. Já o STJ em se manifestou no sentido de que não haveria ilegalidade na prova emprestada de
laudo de transcrição de interceptação telefônica (STJ, HC 27.145/SP).
45. Tal prova pode ser utilizada em PAD?
R.: Segundo entendimento do STF as provas colhidas em interceptação podem ser utilizadas em PAD
contra a(s) mesma(s) pessoa(s) que foram colhidas a prova.
56. Pessoa que está da direção de veículo automotor, vê um desafeto e acelera, vindo a atingi-lo,
propositadamente, causando-lhe a morte pratica crime do CTB?
R.: Não, no referido caso, o agente será responsabilizado pelo crime de homicídio previsto no art. 121 do
Código Penal. Tendo em vista que o CTB apenas prevê a modalidade culposa para o delito de homicídio,
excluindo a forma dolosa, ainda que esteja na direção de veículo automotor.
Previsão legal: art. 121 do CP e art. 302 do CTB.
57. O que se entende por lavagem de dinheiro?
R.: A lavagem de dinheiro consiste na atividade revestida de objeto lícito, que tem o intuito de transformar
recursos financeiros obtidos de forma ilícita em lícitos, operada por meio das fases da introdução,
dissimulação e integração. Com a finalidade de ocultar aquela origem ilícita.
58. Pessoa encontrada no banco com a quantia de R$ 500.000,00. Caracteriza crime? Qual a adequação
típica?
R.: O colega ficou em dúvida e não respondeu à essa questão
60. Pessoa portando dentro do veículo arma desmontada e dentro de uma caixa. Qual o procedimento
como delegado?
R.: Primeiramente, ressalta-se que há crime se a arma estiver ao alcance do sujeito, podendo ele montá-la
em poucos segundos. Ademais, a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a arma de fogo
desmuniciada ou desmontada configura hipótese de perigo abstrato, bastando apenas a prática do ato de
levar consigo para a consumação do delito (AgRg no REsp 1.390.399. Rel. Min. Laurita Vaz, STJ). Sendo
assim, caso apresentado ao Delegado de Polícia, deve esta Autoridade lavrar o auto de prisão em flagrante.
61. Caracteriza crime a conduta de pessoa surpreendida dentro de residência com seis cartuchos?
R.: Sim, caracteriza crime a referida conduta. Em regra, não se admite a incidência do princípio da
insignificância ao delito de porte ilegal de munição, independentemente do calibre e do número de
cartuchos. Nesse sentido, já se posicionou o STF no HC 131.771/RJ, noticiado no informativo 844.
64. Pichação de imóvel particular com medida administrativa de tombamento caracteriza crime?
R.: Sim, a referida conduta caracteriza crime ambiental previsto no art. 65 da Lei nº 9.605/1998. Ainda,
por se tratar de imóvel com medida administrativa de tombamento o crime será qualificado com previsão
legal no §1º do mesmo artigo mencionado acima.
67. Qual o prazo para conclusão IP estando o suspeito preso com prisão temporária de 30 dias?
R.: Nesse caso, o prazo para encerramento do inquérito policial também será de 30 dias, mesmo prazo da
prisão temporária.
68. Quais as diferenças entre interceptação telefônica, gravação telefônica e escuta ambiental?
R.: Interceptação telefônica ocorre quando um terceiro capta a conversa sem o consentimento dos
interlocutores. Já a gravação telefônica ocorre quando um dos interlocutores registra a conversa sem o
conhecimento da outra parte. Por fim, a escuta ambiental é a interceptação de conversa entre presentes,
realizada por terceiro, com o consentimento de uma das partes.
69. Existe a possibilidade de autoridade policial requerer de interceptação das ligações do advogado
do indiciado?
R.: Em regra, não. As conversas mantidas entre o investigado e seu advogado são protegidas pelo sigilo
profissional e, portanto, em regra, não podem ser objeto de interceptação telefônica. Esta garantia
encontra-se prevista no art. 7º, II, do Estatuto da OAB.
Excepcionalmente será possível que o juiz autorize a interceptação telefônica do advogado se houver
indícios concretos de que este profissional também está participando da prática dos crimes em conjunto
com seu cliente. Neste caso, o próprio advogado se torna um dos investigados. A garantia prevista no art.
7º, II, da Lei nº 8.906/94 não é absoluta e só pode ser invocada se o advogado estiver no exercício legítimo
da advocacia, não servindo como manto para o cometimento de delitos
Fonte: Informativo STF 832 – Dizer o Direito
70. Cautelar de interceptação no I.P – No curso da interceptação descobre-se um caso de sequestro com
a vítima em cativeiro. Que providência tomaria?
R.: Com fundamento no art. 13-B do CPP, representar a autoridade judicial para requisitar às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos do delito em curso.
Fonte: Legislação Criminal para concursos – Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar
– Ed. Juspodivm – 3ª ed – págs. 456/457
Fonte: Interesses Difusos e Coletivos Vol. 1 – Adriano Andrade, Cleber Masson e Landolfo Andrade – Ed.
Método – 8ª ed. – pág. 782
Fonte: Resumo de Direito Ambiental – Frederico Amado – Ed. Método – 4ª ed. – Capítulo 3.3
Fonte: Resumo de Direito Ambiental – Frederico Amado – Ed. Método – 4ª ed. – pág. 4
79. É possível a representação pela prisão temporária face ao autor de diversos furtos de veículo?
R.: Não, pois o Furto não faz parte da lista prevista no art. 1º, III, da Lei 7.960/89. Segundo a doutrina
majoritária, somente é possível a prisão temporária nos casos dos crimes listados no inciso III do art. 1º da
Lei 7.960/89, em conjunto com uma das hipóteses dos incisos I ou II: ou é imprescindível para as
investigações, ou o autor não possui residência fixa ou não fornece elementos para sua identificação.
Fonte:Curso de Direito Processual Penal – Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar – Ed. Juspodivm
– 13ª Ed. – pág. 964
80. Homicídio cometido contra pessoa de 60 anos – Trata-se de agravante ou causa de aumento de pena?
R.: Pelo princípio da especialidade, trata-se de causa de aumento de pena. Além de agravante genérica (art.
61, II, h, do CP) é causa de aumento específica do homicídio (art. 121, §4º, do CP). Deve-se aplicar apenas
essa causa especial de aumento na terceira fase da dosimetria da pena, portanto. Evita-se, ainda, o bis in
idem.
Obs.: há discussão acerca da expressão “maior” de 60 anos. Prevalece o entendimento que mesmo no
dia do aniversário de 60 anos a pessoa é maior de 60 anos, nem que seja por milésimos de segundos.
(Nucci)
82. RDD Preventivo – Em que consiste? Em que circunstâncias pode ser aplicado?
R.: Está previsto no art. 52, §§1º e 2º, da LEP. Regime Disciplinar Diferenciado Preventivo porque
independe da prática de falta grave que ocasione subversão da ordem ou disciplina internas para sua
aplicação. Basta que o preso apresente alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou
da sociedade (§1º) ou que contra ele recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a
qualquer título, em organização ou associação criminosa (§2º).
84. A decretação do RDD pode ser aplicada de ofício pelo diretor da cadeia?
R.: Não. Conforme o art. 54, §§1º e 2º, da LEP, o RDD somente pode ser aplicado por prévio e
fundamentado despacho do juiz competente mediante requerimento circunstanciado do diretor do
estabelecimento e após manifestação do Ministério Público e da defesa. Nem mesmo o juiz pode decretar
o RDD de ofício.
Fonte: Legislação Criminal para Concursos – Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar
– Ed. Juspodivm – 3ª Ed. – pág. 651
88. Crime de violência doméstica – É passível aplicação dos benefícios da lei 9099/95?
R.: Não é passível a aplicação dos benefícios da Lei 9.099/95 nos crimes que envolvam violência
doméstica e familiar contra a mulher por disposição expressa da lei Maria da Penha em seu artigo 41.
Art. 41 da Lei nº 11.340/06
91. Usuário de serviço público vítima de mau atendimento pode se socorrer ao CDC? Ou há regramento
específico?
R.: Não, pois o serviço público não se enquadra nas relações de consumo previstas no CDC. O usuário
poderá se valer do direito de petição previsto no Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São
Paulo, na Lei de Processo Administrativo estadual e na Lei Orgânica da Polícia Civil.
Art. 239 da Lei nº 10.261/68
Art. 23 da Lei n] 10.177/98
Art. 55 da Lei Complementar 207/79
Exceção: Parte da doutrina entende que o CDC pode ser aplicado ao serviço público. O professor Fabrício
Bolzan recorre ao Código de Defesa do Consumidor, para enquadrar o usuário de serviço público no
conceito de consumidor em sentido estrito previsto no art. 2º da legislação consumerista:
“Nesse sentido, sem dúvidas o usuário do serviço público se enquadra no conceito de consumidor em
sentido estrito. Como exemplo, basta pensar no serviço de energia elétrica, ao qual somos destinatário
final”, explica Bolzan.
Fabrício lembra que, além do sentido estrido, o CDC traz três conceitos de consumidor por equiparação,
um deles no Art. 2º, Parágrafo único:
Art. 2º, parágrafo único: Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.
Com base no artigo citado, Fabrício enquadra o usuário de serviço público no contexto de consumidor
coletivo e explica que uma coletividade de usuários pode entrar com uma ação coletiva na busca da
melhoria de um determinado serviço.
O artigo 17 do CDC fala sobre o consumidor como vítima de um evento danoso:
Art. 17 Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
“Basta pensarmos em uma vítima de acidente envolvendo transporte coletivo para trazer a figura do
usuário do serviço público como consumidor por equiparação”, explica Bolzan.
Por fim, um último conceito de consumidor por equiparação está no artigo 29 do CDC, que fala sob um
aspecto coletivo envolvendo as pessoas expostas às práticas comerciais e contratuais abusivas:
Art. 29 Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
Em resumo, caso haja uma prática comercial ou contratual abusiva envolvendo o serviço público, o
professor encontra nesse artigo a figura do usuário enquadrado como consumidor.
95. Há crime no caso de impedimento de embarque de passageiro em razão de ser evangélico? Qual?
R.: Sim, neste caso ocorre o crime previsto no artigo 12 da Lei nº 7.716/89, que trata dos crimes de
preconceito.
96. Qual o conceito de “população negra” de acordo com o Estatuto de Igualdade Racial?
R.: De acordo com o Estatuto da Igualdade Racial, população negra é o conjunto de pessoas que se
autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga.
Art. 1º, IV da Lei nº 12.288/10
98. O ato de servir gratuitamente bebida alcoólica a criança ou adolescente é crime ou contravenção?
R.: É crime previsto no artigo 243 do ECA. A contravenção penal anteriormente prevista no art. 63, I da
LCP foi revogada.
99. Quais os efeitos de uma sentença condenatória a funcionário público em razão de crime de tortura?
R.: Além de ter a pena aumentada de 1/6 até 1/3, a condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Art. 1º, § 4º, I e § 5º da Lei nº 9.455/97
101. O crime de abuso de autoridade pode ser praticado por funcionário público que não esteja no
exercício de suas funções?
R.: Não, pois a lei prevê expressamente que ela será aplicada contra as autoridades que, no exercício de
suas funções, cometerem abusos.
Art. 1º da Lei nº 4.898/65
102. Quais as condutas tipificadas no crime de lavagem de dinheiro, ou seja, as formas de praticá-lo?
R.: A Lei 9.613/98 prevê expressamente as condutas de ocultar ou dissimular a natureza, origem,
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal. A ocultação e a dissimulação podem ocorrer na forma de conversão dos
ativos ilícitos em ativos lícitos, ou nas formas de adquirir, receber, negociar, dar ou receber em garantia,
guardar, ter em depósito, movimentar ou transferir os bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal. Também pode ocorrer na forma de importação ou exportação de bens com valores não
correspondentes aos verdadeiros, e na forma de utilização, na atividade econômica ou financeira, de bens,
direitos ou valores provenientes de infração penal.
Art. 1º e §§ 1º e 2º da Lei nº 9.613/98
103. Qual o objeto material do crime de lavagem de dinheiro?
R.: São os bens, direitos ou valores provenientes de infração penal que passam pelo processo de
“transformação” da lavagem, a fim de que gozem de aparência lícita. Trata-se de objeto material bastante
amplo, de modo a abranger bens móveis e imóveis, títulos de crédito, etc.
104. Nos processos acerca de crimes previstos na lei de lavagem de dinheiro, é possível a aplicação
do Artigo 366 do CPP?
R.: A Lei de Lavagem veda a aplicação do art. 366 do CPP aos crimes nela previstos. Nestes, se o acusado
citado por edital não comparecer nem constituir advogado, o processo seguirá com nomeação de defensor
dativo, em vez de ser suspenso, como pugna o art. 366. Frisa-se que há minoritária doutrina que pugna
pela inconstitucionalidade de tal vedação.
(ver art. 2º, § 2º, da Lei 9.613/98)
105. Por que o crime previsto no Artigo 14 do Estatuto do Desarmamento é tido como variável?
R.: O porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é assim tido porque descreve mais de uma conduta
como caracterizadora do crime, trazendo em si vários verbos como núcleos do tipo. O crime de conteúdo
variável também é chamado de crime de ação múltipla ou plurinuclear.
107. Qual o delito praticado na hipótese de possuir em residência arma de uso restrito com
numeração suprimida?
R.: Delito previsto no art. 16, p. único, IV, da lei 10.826/03. Pontua-se que, para o STF (informativo 558),
para a caracterização de tal delito é irrelevante se a arma de fogo é de uso restrito ou permitido, bastando
que o identificador esteja suprimido.
113. Qual o prazo prescricional das medidas previstas no Artigo 28 da Lei 11.343/2006?
R.: Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas previstas em lei para o porte de
drogas para consumo pessoal, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e ss.
Do Código Penal.
(art. 30 da Lei 11.343/06)
116. Cite duas medidas que uma autoridade policial deve tomar em ocorrência envolvendo violência
contra mulher.
R.: No atendimento à mulher vítima de violência doméstica, a autoridade policial deverá, dentre outras
providências: garantir proteção policial à ofendida, se preciso, comunicando de imediato ao MP e ao
Judiciário; e encaminhá-la ao hospital ou posto de saúde e ao IML.
(art. 11, da Lei 11.340/06)
117. A prisão temporária é privativa no IP ou pode ser decretada no curso da ação penal? O juiz
pode decretar de ofício a prisão temporária?
R.: A temporária é espécie de prisão adstrita à fase de investigação preliminar (para alguns, apenas no IP,
para outros, em outras formas de investigação, como PICs e CPIs), sendo incabível sua decretação no
curso da ação penal. Ao juiz é vedada sua decretação de ofício.
(art 1º, I e art. 2º, caput, ambos da Lei 7.960/89)
121. Qual o conceito de “população negra” de acordo com o Estatuto de Igualdade Racial?
R.: População negra, consoante dispõe o artigo 1º, parágrafo único, inciso IV da Lei nº 12.288, é o conjunto
de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga.
124. Quais os efeitos de uma sentença condenatória a funcionário público em razão de crime de
tortura?
R.: A Lei nº 9455/97, que define que crimes de tortura prevê em seu artigo 1º, §5º que a condenação por
tais delitos acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
dobro do prazo da pena aplicada. Há duas posições na doutrina, uma corrente entende que não é necessária
motivação específica, mas é preciso constar na sentença a perda do cargo e outra corrente que entende ser
efeito automático.
126. O crime de abuso de autoridade pode ser praticado por funcionário público que não esteja no
exercício de suas funções?
R.: O crime de abuso de autoridade pode ser praticado por funcionário público que não esteja no exercício
de suas funções, desde que, ao praticar o abuso, a use ou a invoque.
127. Quais as condutas tipificadas no crime de lavagem de dinheiro, ou seja, as formas de praticá-
lo?
R.: As condutas tipificadas no crime de lavagem de dinheiro são ocultar ou dissimular a natureza, origem,
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores.
129. Nos processos acerca de crimes previstos na lei de lavagem de dinheiro, é possível a aplicação
do Artigo 366 do CPP?
R.: Conforme disposição expressa da Lei de Lavagem de Capitais, não se aplica o disposto no artigo 366
do CPP, devendo o acusado que não comparecer e nem constituir advogado, ser citado por edital,
prosseguindo o feito até o julgamento (art. 2º §2º).
130. Por que o crime previsto no Artigo 14 do Estatuto do Desarmamento é tido como variável?
R.: O crime do artigo 14 do Estatuto do Desarmamento é tido como de conteúdo variável ou de tipo misto
alternativo, também chamado de crime de ação múltipla, uma vez que a realização de mais de uma conduta
típica, em relação ao mesmo objeto material, constitui crime único.
132. Qual o delito praticado na hipótese de possuir em residência arma de uso restrito com
numeração suprimida?
R.: Nesta hipótese, é praticado o delito previsto no 16, parágrafo único, inciso IV.
138. Qual o prazo prescricional das medidas previstas no Artigo 28 da Lei 11.343/2006?
R.: Conforme o art.30 da Lei 11.343/2006 a prescrição ocorrerá em 2 anos.
141.Cite duas medidas que uma autoridade policial deve tomar em ocorrência envolvendo violência
contra mulher.
R.: No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
entre outras providências: garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao
Ministério Público e ao Poder Judiciário; fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para
abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida.
- Art.11 e 12 da Lei 11.340/2006
142.A prisão temporária é privativa no IP ou pode ser decretada no curso da ação penal?
R.: A prisão temporária somente pode ser decretada durante o Inquérito Policial, não podendo ser
decretada depois de iniciada a ação penal.
- Art.1º, da Lei 7960/89
155. Prisão temporária → Qual o limite temporal para o magistrado se manifestar acerca da
representação da prisão temporária?
R.: Nos termos do artigo 2º, §2º, da Lei 7960/1989, que dispõe sobre a prisão temporária, “o despacho que
decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento”.
158. Plantão. Uma senhora humilde não para de chorar. Informa que há 5 dias foi vítima de roubo
qualificado em sua residência e violentada. Informa que o agente está no bar em frente à casa dela.
Que atitude toma?
R.: Primeiramente, cumpre observar que não se trata de flagrante delito. À vista disso, colhido o relato da
vítima, deve ser determinado a instauração de inquérito policial para investigação dos fatos e a realização
de diligências na casa da vítima, com o objetivo de apurar a materialidade do delito. Além disso, deve ser
determinada a oitiva do suspeito, devendo ser notificado para comparecer na Delegacia de Polícia. Cumpre
salientar que, de acordo com decisão recente do STF, não é mais possível a determinação da condução
coercitiva de suspeitos/indiciados/réus para interrogatório, sendo possível, no entanto, a sua condução para
outros atos que não possam ser realizados sem sua presença.
173 – E como ficaria a situação se ele também fosse responsabilizado com pessoa física?
R.: A responsabilização do sócio da pessoa jurídica é independente da responsabilização da própria pessoa
jurídica, já que para esta ser responsabilizada, exige-se como requisitos, que a decisão tenha sido tomada
no âmbito da empresa e que esta decisão tenha se dado no interesse ou benefício da pessoa jurídica, já que
os tribunais superiores não adotam mais a teoria da dupla imputação.
174 – Vários produtos ligados a um suposto crime ambiental. O que deve ser feito?
R.: Verificada a infração, os produtos deverão ser apreendidos. Tratando-se de produtos perecíveis, serão
estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. Os
produtos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou
educacionais.
Art. 25, caput, e parágrafos 3º e 4º, da Lei 9.605/98.
175 – Estatuto do Torcedor. A lei 12.299/07 trouxe várias alterações. Cite uma conduta que passou a
figurar como crime.
R.: Vender ingresso de evento esportivo, por preço superior ao estampado no bilhete: Pena – Reclusão de
1 (um) a 2 (dois) dois anos e multa.
Art. 41-F do Estatuto do Torcedor.
176 – Outra alteração importante?
R.: Regulou a conduta de praticar violência em eventos esportivos, com reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos
e multa. Inclusive, conceituou o que é torcida organizada e previu a penalização para esta, de impedimento
de comparecimento a eventos esportivos pelo prazo de até 3(três) anos.
Arts. 41-B, 2º-A e 39-A do Estatuto do Torcedor.
178 – Indivíduo vendendo um bilhete por preço dez vezes mais caro. O que faria?
R.: Na qualidade de autoridade policial cumpriria o dever estatuído no Art. 301 do CPP, realizando a
captura do agente em flagrante delito, visando impedir a consumação do crime, a fuga do agente e o
recolhimento de provas. Conduziria o autor a um distrito policial, onde deverá ser lavrado o Termo
Circunstanciado de Ocorrência, encaminhando-o diretamente ao Juizado Especial Criminal ou, colheria o
compromisso de a este comparecer, conforme Art. 69, parágrafo único da Lei 9099/95.
190 – Plantão. Policial da rota. Denúncia anônima de que vai ocorrer a explosão a um caixa
eletrônico. Informam que colocaram policiais à paisana, quando surpreenderam um indivíduo na
porta do caixa eletrônico com uma mochila e dez bananas de dinamite. Esse indivíduo é apresentado
no Plantão. Que conduta adota?
R.: Lavraria auto de prisão em flagrante delito do agente. Também apreenderia os objetos que tivessem
relação com o crime, requisitaria perícia para o local do fato e colheria todas as provas que servissem para
o esclarecimento do fato.
197 – Somente quem é autoridade está abrangido pela lei de abuso de autoridade?
R.: A lei prevê que será considerado autoridade quem exercer cargo, emprego ou função pública, de
natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. Artigo 5º, lei 4898/65.
198 – Uma pessoa que não é agente público pode ser abrangida pela lei de abuso de autoridade?
R.: O particular também poderá responder pelo crime se cometê-lo juntamente com as pessoas acima e
saiba dessa qualidade dela.
199 – ECA – Quais as medidas de proteção que podem ser aplicadas à criança?
R.: As medidas são: encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
orientação, apoio e acompanhamento temporários; matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento
oficial de ensino fundamental; inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança
e ao adolescente; inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção
da família, da criança e do adolescente; requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em
regime hospitalar ou ambulatorial; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos; abrigo em entidade; acolhimento institucional; colocação em
família substituta; inclusão em programa de acolhimento familiar; colocação em família substituta.
Artigo 101 do ECA.
201 – Uma pessoa causa intenso sofrimento físico ou mental a alguém, não porque quer torturar,
mas porque quer satisfazer o seu sadismo, causando mal a alguém, comete crime de tortura?
R.: Não comete crime de tortura, uma vez que os tipos penas da lei de tortura exigem especiais fim de agir
dos agentes, e não somente o sadismo.
202 – Como Delegado, pode recusar cota oriundo do MP para fins dessa lei?
R.: O Delegado deverá realizar as diligências, pois o Ministério Público será o titular de eventual ação
penal e a ele se destinarão as provas. Há entendimento de que poderá se negar se forem diligências
manifestamente protelatórias, devolvendo os autos ao Ministério Público para que justifique a necessidade
da diligência.
203 – Supondo que o MP queiro o indiciamento de uma pessoa, o Delegado pode se negar?
R.: Sim, pois se trata de ato privativo do delegado de polícia e não vincula o Ministério Público para
oferecimento da denúncia.
Artigo 2º, § 6º, da lei 12830/2013.
204 – Lei de Crimes Ambientais – A pesca é permitida, segundo a lei ambiental, em qualquer período
e de qualquer forma?
R.: Não, há períodos em que a pesca é proibida. Ela também deve respeitar determinadas formas. A lei
prevê que é vedada a pesca de espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores
aos permitidos; a pesca de quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos,
petrechos, técnicas e métodos não permitidos; e a pesca mediante a utilização de explosivos ou substâncias
que, em contato com a água, produzam efeito semelhante, ou substâncias tóxicas, ou outro meio proibido
pela autoridade competente (lei 9605/98).
205. No delito de pesca com explosivos (art. 35), é possível aplicação da lei 9099/95?
R.: Por não ser uma infração de menor potencial ofensivo (art.35- pena máxima de 5 anos), não é possível
aplicar os institutos despenalizadores da lei 9099. Contudo, admite a suspensão condicional do processo
(art.89). Artigo. 89 da Lei 9099/95; artigos 27, 28, 35 da lei 9605/98.
212. Essa pessoa que exerce atividade autônoma receberia somente a pena de interdição do
estabelecimento?
R.: Não. O legislador estabeleceu a possibilidade da imposição de PRD, de forma cumulativa ou alternativa
em relação à PPL e à multa. Assim, analisando o caso concreto, poderiam ser aplicadas PRD (interdição,
prestação de serviço a comunidade e publicação em órgãos) cumulada cm PPL e multa.
214. Art 2, II, Da lei 12.830 -> O delegado pode determinar a interceptação telefônica sem
autorização judicial?
R.: Não. Para que a interceptação telefônica seja válida é indispensável a autorização judicial
(entendimento pacífico). Lei 9296/96 – art. 3º.
219. E a Fotográfica?
R.: A identificação fotográfica é feita por meio de fotografias. Não é um método seguro porque a imagem
da pessoa modifica-se com o passar dos anos e a fotografia pode ser alterada.
220. Como delegado, pode representar pela prisão temporária contra pessoa que praticou vários
crimes de estelionato?
R.: Não poderá representar pela prisão temporária, pois o estelionato não está previsto no rol dos crimes
que admitem a mencionada prisão (art. 1, III da lei 7960/89). Assim sendo, não está presente um dos
requisitos previstos na lei, qual seja, Fumus Comissi Delicti.
222. Lei de Preconceito Racial → O que seria discriminação para efeitos dessa lei?
R.: Discriminação racial ou étnico-racial é conceituada no Estatuto da Igualdade Racial (Lei n.
12.288/2010) como “toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência
ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político,
econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada”;
Legislação de referência:
Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 12.288/2010): Art.1º, parágrafo único, I.
Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (Decreto n.
65.810/69): Art. I, 1.
Crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor: Lei nº. 7.716/89
232. Indivíduo que faz propaganda de nazismo com panfletos - É crime? Qual o enquadramento
penal?
R.: Caso os panfletos utilizem a cruz suástica ou gamada, haverá o crime de divulgação do nazismo,
previsto no artigo 20, §1º da Lei dos Crimes de Preconceito ou Discriminação (Lei nº 7.716/89).
Entretanto, caso não as utilize, será possível o enquadramento da conduta no tipo genérico do racismo,
previsto no artigo 20, caput, da mesma lei.
233. O delegado atende mãe de aluno que afirma que a diretora da escola recursou a matrícula de
seu filho por eles serem católicos. É crime? Qual?
R.: A recusa da matrícula de aluno em estabelecimento de ensino por motivos de discriminação religiosa
configura o crime de racismo, na forma prevista no artigo 6º da Lei nº 7.716/89. Caso o aluno possua
menos de 18 anos, incidirá a majorante de 1/3 prevista no paragrafo único do mesmo artigo.
235. A prorrogação da prisão temporária pode ser concedida de ofício pelo juiz, automaticamente,
já no mandado que determina a prisão temporária?
R.: O juiz não pode prorrogar de ofício prisão temporária, sob pena de violar o sistema acusatório. De
mesmo modo, também não é possível a prorrogação da prisão temporária já no mandado que a determina,
uma vez que a prorrogação é hipótese excepcional que deve ser baseada em elementos probatórios colhidos
enquanto o acusado estava preso.
237. Art. 33 da lei de drogas – Por que se diz que é uma norma penal em branco?
R.: Porque ao mencionar o vocábulo “droga”, sem estabelecer uma conceituação, remete a outro diploma
(portaria SVS/MS nº 344/1998) para que se encontre a definição das substâncias consideradas drogas,
sendo, portanto, normal penal em branco em sentido estrito.
238. Existe crime na conduta culposa de médico que prescreve medicamento que acarreta
dependência sem que o paciente necessite ou em quantidade superior à necessária?
R.: Sim, haverá o crime previsto no artigo 38 da Lei de Drogas (Prescrever ou ministrar, culposamente,
drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:)
239. Quem são considerados jovens de acordo com o estatuto da juventude?
R.: São consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade,
conforme o art. 1º, §1º, da Lei nº 12.852/2013.
240. No caso de ato infracional cometido por adolescente, entre 15 e 18 anos, aplica-se o estatuto da
juventude ou o ECA?
R.: Aplica-se o ECA, com fulcro nos arts. 1º e 2º do ECA, bem como no art. 1º, §2º do Estatuto da
Juventude.
242. Indivíduo que vende ingresso por preço superior ao estampado no próprio bilhete, é crime?
R.: Sim, crime apenado com reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos de reclusão e multa, conforme o art. 41-F
do Estatuto do Torcedor.
247. O IP pode ser avocado pelo superior hierárquico por interesse público?
R.: Sim, desde que ocorra mediante despacho fundamentado (art. 2º, §4º da Lei nº 12.830/13).
248. Qual o prazo da penalidade de suspensão para obter permissão para dirigir veículo automotor?
R.: Tem a duração de 2 (dois) meses a 5 (cinco) anos (art. 293 do CTB).
249. Cite 3 casos de lesão corporal do CTB em que não se aplicam a transação penal, a composição
civil dos danos e representação para a ação.
R.: Se o agente estiver sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência; participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição
ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;
transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por
hora). (art. 291, §1º do CTB).
253. Qual o prazo que o consumidor tem para reclamar de vícios de fácil constatação, pelo CDC?
R.: Trata-se do prazo decadencial de 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos
não duráveis e de 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis (art.
26, I e II, do CDC).
254. Prisão temporária é ato privativo do IP ou pode ser decretada durante o processo?
R.: É cabível apenas no Inquérito Policial.
259- É apresentada em seu plantão uma pessoa que invadiu um local destinado aos competidores
em um jogo de futebol. Qual a tipificação?
R.: A conduta de invadir local restrito aos competidores em eventos desportivos amolada-se ao tipo
previsto no art. 41-B do Estatuto do Torcedor. A pena para este delito é de reclusão de 1a 2anos, sendo
crime de menor potencial ofensivo, portanto. Caso o agente seja primário e portador de bons antecedentes,
considerada a gravidade da conduta e desde que ainda não tenha sido condenado pela prática de condutas
previstas neste artigo, na sentença condenatória, conforme §2, o juiz deverá converter a pena de reclusão
ao impedimento de comparecimento às proximidades de estádios, bem como dos locais em que se realize
evento desportivo. Supletivamente, o juiz deverá indicar o estabelecimento que ele deverá permanecer
entre as 2 horas antecedentes e as 2 horas posteriores ao evento. Ressalte-se que, em caso de adocao da
medida despenalizadora de transação penal, a sanção descrita acima deve ser aplicada.
260- IP por furto, o acusado se recusa a fornecer sua identificação na delegacia e não possui
residência fixa. É possível decretar a sua prisão preventiva?
R.: Em que pese a pena prevista para o crime de furto, nos termos do art. 313, parágrafo único do CPP, é
possível a decretação da preventiva para fins de esclarecimento da identidade do agente. Trata-se de
medida excepcional e temporária, pois uma vez esclarecida a identidade, o agente, se não subsistirem
outros elementos que fundamentem a necessidade da prisão, deve ser posto em liberdade.
265- Estabelecimento com máquina de caça-níquel, quais as providencias que deve tomar o delegado
de polícia?
R.: Há recomendação do Ministério público de São Paulo que, identificado estabelecimento com máquinas
caça níqueis, o Delegado deve lavrar o TCO, instaurar o inquérito policial e apreender as máquinas para
fins de laudo pericial complementar. A Procuradoria Geral de São Paulo, nesses casos, entende ser possível
a configuração de crime contra a economia popular, previsto no art. 2, IX, da lei 1521/51, pois denota jogo
viciado, estelionato coletivo, já que tais
Máquinas possuem equipamentos eletrônicos que podem ser programados pelos titulares de
estabelecimento para ganho apenas no percentual e valores que desejarem, fraudando, inclusive, o critério
sorte, caracterizador do jogo de azar. A instrução normativa 309/03, em seu art. 1, caput e parágrafo único,
determina, ainda, a apreensão, visando a satisfação de eventual pena de perdimento de bens.
267- Se o laudo vier afirmando que a máquina é inoperante, a senhora já instaurou o termo
circunstanciado, o que fazer?
R.: De acordo com o STJ, Ro em MS 15593- MG, é de natureza ilícita a exploração e o funcionamento
das máquinas de caça níquel, qualquer que seja o tipo colocado à disposição do público. Neste sentido,
entendeu o STJ que para configuração da contravenção penal prevista no art. 50 da lei, que prevê como
núcleo do tipo o verbo “estabelecer”, e não apenas “explorar”, estando a máquina em perfeito
funcionamento ou não, já estaria configurado o delito.
270- Quais os casos em que o delegado, em um flagrante, pode determinar que mesmo identificado
civilmente o agente seja criminalmente identificado?
R.: A identificação criminal, quando já identificado o indivíduo civilmente, é medida excepcional e deve
se ater às hipóteses trazidas na Lei 12037/09, sob pena de incorrer em crime de abuso de autoridade. Assim,
segundo o art. 3º, embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificado criminal,
quando:
1. O documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação.
2. O documento apresentado for insuficiente para identificação cabal.
3. O indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si.
4. For essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que
decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do ministério público ou da defesa.
5. Constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações.
6. O estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado
impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
271- A pessoa que está em programa de proteção à testemunha, o que faz com que ela deixe o
programa?
R.: A exclusão da pessoa protegida de programa de proteção pode ocorrer s qualquer tempo, por solicitação
do próprio interessado, ou por decisão do conselho deliberativo, em consequência de cassação do motivos
que ensejaram a proteção, ou conduta incompatível do protegido ( art. 10, da Lei 9087/99).
272- Existem requisitos para que ela ingresse no programa?
R.: A proteção concedida às vítimas e testemunhas levarão em conta a gravidade da coação ou da ameaça
à integridade física ou psicológica, a dificuldade de preveni-las ou reprimi-las pelos meios convencionais
e a sua importância para a produção da prova. Não serão protegidos aqueles que tiverem condutas
incompatíveis com as restrições de comportamento exigidas, os condenados que estejam cumprindo pena
e os indiciados ou acusados sob prisão cautelar em quaisquer de suas modalidades. O ingresso no programa
carece de anuência da pessoa protegida ou de seu representante legal, bem como de consulta prévia ao MP.
Poderão ser exigidos documentos e informações comprobatórios da identidade do protegido, estado civil
situação profissional, patrimônio e grau de instrução e da pendência de obrigações. Também poderão ser
exigidos exames ou pareceres técnicos sobre sua personalidade, estado físico ou psicológico. No entanto,
em caso de urgência, a vítima a ou a testemunha poderá ser colocada provisoriamente sob a custódia de
órgão policial.
273. Se ela deixar de cumprir tais obrigações, ela pode ser excluída?
R.: Sim. O art. 2º da lei n.º 9807/99, dispõe que “estão excluídos da proteção os indivíduos cuja
personalidade ou conduta seja incompatível com as restrições de comportamento exigidas pelo programa
(...)”. Na mesma linha, o §4º determina que “após ingressar no programa, o protegido ficará obrigado ao
cumprimento das normas por ele prescritas”. Por fim, o art. 10 disciplina que “a exclusão da pessoa
protegida de programa de proteção a vítimas e a testemunhas poderá ocorrer a qualquer tempo: I – por
solicitação do próprio interessado; II – por decisão do conselho deliberativo, em consequência de: a)
cessação dos motivos que ensejaram a proteção; b) conduta incompatível do protegido.”
275. Uma pessoa apontada como autora de crime de organização criminosa, identificada civilmente,
pode ser criminalmente identificada?
R.: Sim. Via de regra, o civilmente identificado não é submetido à identificação criminal (art. 1º, da lei
12.037/2009). Todavia, há exceções arroladas no art. 3º, as quais não fazem qualquer distinção a respeito
da organização criminosa, sendo aplicáveis, portanto, para quaisquer delitos.
277. O delegado pode determinar esse método de investigação? Há a participação do MP? Esse
método tem prazo para acabar?
R.: Se a ação controlada estiver fundada na lei n.º 11.343/07 (Lei de Drogas) e n.º 9613/18 (Lavagem de
Capitais), é necessária prévia autorização judicial e, portanto, o delegado não poderia determinar. Por outro
lado, se os delitos forem praticados por organização criminosa, logo no contexto da lei n.º 12.850, a
autoridade policial poderá determinar a medida, sendo necessária apenas prévia comunicação ao juiz
competente.
Concernente ao Ministério Público, nos dois primeiros casos ele será ouvido e, no terceiro, comunicado.
Em relação ao prazo, a legislação é omissa. Em que pese ser necessária apenas a prévia comunicação ao
juízo competente, este poderá estabelecer limites para a medida, sendo temporal (ex: prazo) ou funcionais.
Portanto, a ação controlada poderá estar sujeita a prazo, desde que determinado pelo juízo competente.
Fonte: Renato Brasileiro, Legislação Criminal Especial Comentada, 5ª Ed., p. 744.
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2015/11/em-que-consiste-acao-controlada.html e legislação
referida.
282. Idoso vítima de crime, é preciso representação para que a autoridade policial instaure IP?
R.: Não. Os crimes previstos no Estatuto do Idoso são de ação penal é pública incondicionada (art. 95) e,
por isso, o IP pode ser instaurado de ofício pela autoridade policial (art. 5º, I, do CPP).
283. O filho que interna o pai em asilo, paga a mensalidade mas não o visita. Ele comete crime? O
senhor instaura IP?
R.: Entende-se que não há cometimento de crime. O abandono de idoso em entidade de longa permanência
(art. 98) configura quando aquele obrigado por lei ou mandado não provê as necessidades básicas do
abrigado. Nesse sentido, se as mensalidades são devidamente pagas, o idoso receberá tais suprimentos da
instituição.
284. O preso que se recusa a trabalhar sofre sanção de acordo com a LEP?
R.: O trabalho é um dever (art. 31 e 39, V, LEP) e direito (art. 41, II) do preso. A sua recusa configura falta
grave, nos termos do art. 50, VI, da lei n.º 7.210/84.
287. A namorada e a ex-namorada estão amparadas pela lei, mesmo sem coabitação?
R.: Sim. A lei determina que a violência doméstica e familiar contra a mulher pode ser decorrente de
qualquer relação íntima de afeto, independentemente de coabitação (art. 5º, inc. III e súmula 600, STJ).
Isso se aplica ainda nas hipóteses de violências cometidas por ex-namorado(a) (ver. AGRRHC 74107, STJ;
AGARESP 59208, STJ).
Obs: encontrei julgado do STF, todavia, por não ter o número, peço licença para juntar o decisum:
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL.
VIOLÊNCI A COMETIDA POR EX-NAMORADO. IMPUTAÇÃO DA PRÁTICA DO DELITO
PREVISTO NO ART. 129 , § 9º, DO CÓDIGO PENAL. APLICABILIDADE DA LEI MARIA DA
PENHA (LEI N. 11.430/20 06). IMPOSSIBILIDADE DE JULGAMENOT PELO JUIZADO ESPECIAL.
1. Violência cometida por ex-namorado; relacionamento afetivo com a vítima, hipossuficiente; aplicação
da Lei n. 11.340/2006. 2. Constitucionalidade da Lei n. 11.340/2006 assentada pelo Plenário deste
Supremo Tribunal Federal: constitucionalidade do art. 41 da Lei n. 11.340/2006, que afasta a aplicação da
Lei n. 9.099/1995 aos processos referentes a crimes de violência contra a mulher. 3. Impossibilidade de
reexame de fatos e provas em recurso ordinário em hab eas corpus. 4. Recurso ao qual se nega
provimento.A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso ordinário, nos termos do voto da
Relatora. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Celso de Mello e Joaquim Barbosa. 2ª Turma,
18.09.2012. (RHC - RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS null, CÁRMEN LÚCIA, STF).
289. O guia que leva turistas a aldeia isolada de índios e cobra por isso, responde por crime?
R.: Sim. A prática poderia ser enquadrada no art. 58, do Estatuto do Índio (Lei 6001/1973), que versa o
seguinte: “constituem crimes contra os índios e a cultura indígena: (...) II - utilizar o índio ou comunidade
indígena como objeto de propaganda turística ou de exibição para fins lucrativos. Pena - detenção de dois
a seis meses”.
296 – O agente sequestrou filha de gerente de um banco, para pressioná-lo a retirar todo o
dinheiro de um cofre do banco. Qual a tipificação?
R:
1º corrente: Tortura + furto. O agente constrange a vítima a praticar um crime. Agente: tortura-
crime, majorada pelo sequestro (art. 1º, I, b, e § 4º, III da lei 9.455/97) c/c. furto qualificado (art. 155, §
4º, II), em autoria mediata (art. 22 do CP) e concurso material (art. 69 do CP); Gerente: Pratica furto
qualificado, impunível – coação moral irresistível (art. 22 do CP)
2ª Corrente: Extorsão mediante sequestro. Eis que fim pretendido é de cunho patrimonial (seria
tortura se o agente constrangesse a vítima a cometer um crime de cunho não patrimonial, ex: homicídio).
Tipificação: art. 159 do CP; Gerente: furto qualificado impunível (inexigibilidade de conduta diversa).
297 – Como delegado o senhor abre a porta de uma sala e vê dois investigadores torturando
um preso. O senhor nada faz. Há crime? O senhor responde pelo resultado tortura?
R: Tortura imprópria ou tortura omissão (art.1º, § 2º da lei 9.455/97). O delegado não responde
pelo resultado e sim por sua omissão, trata-se de Crime próprio; doloso; formal; omissivo próprio;
instantâneo; não admite tentativa por ser unissubsistente (Gabriel Habib)
298 – Lei 12830, art. 1º, o MP tem legitimidade para realizar concorrentemente à polícia, ou
de forma isolada, a investigação?
R: O MP pode investigar com base na Teoria dos poderes implícitos.
INFO 757 STF: (...) A atuação investigativa do Ministério Público deve ser, necessariamente,
subsidiária, ocorrendo apenas quando não for possível ou recomendável efetivar-se pela própria Polícia.
(vg. tortura, abuso de poder, violências arbitrárias, concussão, corrupção) (...). STF. 2ª Turma. RHC
97926/GO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/9/2014 (Info 757). Link:
https://www.dizerodireito.com.br/2014/10/informativo-esquematizado-757-stf_2.html
INFO 785 STF (resumo): A investigação do MP deve respeitar alguns parâmetros: ¹respeitar
os direitos fundamentais; ²atos necessariamente documentados; ³devem ser observadas as hipóteses de
reserva constitucional de jurisdição; 4devem ser respeitadas as prerrogativas dos advogados; 5deve ser
observada a SV 14 (acesso aos autos pelo defensor); 6ª investigação deve ser realizada num prazo razoável;
7os atos investigatórios estão sujeitos ao controle do judiciário. STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig.
Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral).
Link: https://www.dizerodireito.com.br/2015/06/informativo-esquematizado-785-stf_1.html
OBS: Alguns entendem que o Info 757 foi superado pelo 785. Acredito que à data da prova o
examinador queria aquele como resposta.
300 – O senhor optou por não indiciar. O MP, ao oferecer a denúncia, pode requisitar o
indiciamento para que conste nos registros da polícia?
R: INFO 825 STF: O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise
técnico-jurídica do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de
alguém. STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013. OBS: Renato
Brasileiro: o mesmo vale para o membro do MP.
306 – Estatuto Do Idoso → Qual o elemento subjetivo do delito previsto no artigo 105?
R: Dolo. Lei 10.741/03 - Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação,
informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso.
307. Uma pessoa noticia este fato e o senhor instaura inquérito policial. Quando ouve o acusado ele
diz que fez em tom de brincadeira. Mesmo assim é crime?
R: Sim, pois o tipo penal não exige um especial fim de agir ou dolo específico na conduta do agente, e o
bem jurídico tutelado é a honra objetiva do idoso. Logo, a mera exibição ou veiculação, por qualquer meio
de comunicação, de informações ou imagens depreciativas ou injuriosas ao idoso, mesmo “em tom de
brincadeira”, configura o crime.
Dispositivo legal: 105, L. 10.741/03 (Estatuto do Idoso).
308. LEP, todos os presos têm suspensos seus direitos políticos? Preso vota?
R: O art.15, III, da CR enuncia que enquanto durarem os efeitos da condenação criminal com trânsito em
julgado os direitos políticos do cidadão estarão suspensos. Assim, somente é possível conceber que o preso
vote nas hipóteses de prisões cautelares.
310. A doutrina entende que a expressão “fora 2 crianças” inclui ou retira as 2 crianças das visitas
ao preso em RDD?
R: Há divergência doutrinária sobre o tema, que é previsto no art. 52, III, da LEP. Parte da doutrina entende
que as crianças não devem contar, assim, o preso teria direito a 2 visitas semanais, além das crianças que
eventualmente o visitem. Em sentido contrário, há o entendimento de que, por não ser interessante à
criança visitar um ente familiar que cumpre RDD, ela também deveria ser contabilizada no limite de duas
pessoas por semana. Tal entendimento encontra amparo no Tratado de Direitos Humanos da ONU, que
estabelece, no item 79 que, "a visita é um direito, desde que conveniente para ambas as partes".
311. Se o débito tributário for de pequena monta para a administração pública, há crime contra a
ordem tributária? Se aplica a insignificância?
R: A tese fixada pelos tribunais superiores atualmente é a de que incide o princípio da insignificância aos
crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite
de R$ 20 mil, conforme art. 20 da Lei 10.522/2002, com as atualizações pelas Portarias 75 e 130, do
Ministério da Fazenda.
312. Como delegado o senhor fundamenta crime contra a ordem tributária com base no princípio
da insignificância?
R: Sim, a depender do caso concreto, seria perfeitamente possível a aplicação do princípio da
insignificância já em sede de inquérito policial, uma vez que a tipicidade da conduta deve ser analisada
tanto no seu aspecto formal quanto no seu aspecto material pelo Delegado de Polícia.
313. Lei de lavagem → Pode ocorrer quando o delito anterior for contravenção?
R: Sim, uma vez que o delito de lavagem de dinheiro, por ser crime acessório, depende da prática de uma
infração penal antecedente, podendo esta ser uma contravenção penal ou crime, conforme enunciado pelos
arts. 1º e 2º, §1º da lei em análise.
315. Estatuto do desarmamento, disparar arma de fogo em local habitado, culposamente, configura
delito?
R: Não, o disparo culposo de arma de fogo, ainda que se dê em local habitado não configura o delito. Isto
porque o art. 15 do Estatuto do Desarmamento não prevê sua incidência a título de culpa, assim, de acordo
com art. 18, §ú, do CP, a punição pelo crime culposo precisa estar expressa na lei.
321. Quem leva fogos de artifício para estádio em partida de futebol, comete crime? Qual?
R: A Lei das Contravenções Penais (DL 3688/41), em seu artigo 28, §ú, descreve a conduta de queimar
fogos de artifício ou de estampido, em local habitado ou via pública, sem a autorização da autoridade
competente, com pena de pena de prisão simples ou multa. Assim, caso haja autorização, não há conduta
delituosa.
322. A cópia de documento supre a ausência de documento original para identificação do agente?
R: Não, pois a simples cópia não possui validade legal como documento.
330 - Pessoa anuncia na internet a venda de um rim por 10 mil reais, comete crime?
R.: Sim. A venda e compra de órgãos é crime previsto na lei 9.434 de fevereiro de 1997, com punição que vai
de três a oito anos de prisão.
331 - O rim pode ser doado?
R.: Sim. De acordo com a cartilha "Manual do Transplante Renal", da Associação Brasileira de Transplante
de Órgãos (ABTO), qualquer pessoa adulta, acima de 21 anos, que seja saudável, tenha função renal
normal e não apresente, durante extensa e minuciosa avaliação médica, evidências de risco de doença renal
ou de outros órgãos vitais, pode ser doadora de rim.
332 - E o banco de órgãos, é só para parentes que pode ser doado o rim?
R.: Não. Para a doação do rim a pessoa terá que autorizar esta doação, que pode ser feita apenas para um
parente de até quarto grau ou, se for para não parentes, apenas com autorização da justiça. A doação destes
órgãos é feita após avaliação completa de um clínico geral, por exames físico, de sangue e de imagens,
como tomografia computadorizada, que irá checar se existe compatibilidade genética e sanguínea, e se o
doador está saudável, para diminuir as chances de prejudicar o seu organismo e de quem irá receber o
transplante.
335 - Acerca da posse de droga para uso próprio, quais as condutas previstas na lei de drogas?
R.: Nos termos do art. 28 da Lei 11.343/06, quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar será submetido às seguintes penas:I-advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação
de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
336 - Quais os critérios para determinar se a droga se destina a uso próprio ou não?
R.: De acordo com a Lei 11343/06, os critérios estabelecidos seriam a natureza e a quantidade da
substância apreendida; o local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e os antecedentes do agente.
Contudo, vale salientar que a redação da Lei de Drogas recorre a critérios subjetivos, o que, na prática,
deixa nas mãos de cada juiz decidir quem é enquadrado em qual categoria (usuário ou traficante)
341. Fabricar produto objeto de patente ou invenção constitui crime material ou formal?
R.: São crimes materiais, não se exigindo, porém, que resulte vantagem econômica para o agente.
Consuma-se o crime com a fabricação do produto ou utilização de meio ou processo de produção objeto
da patente. Segundo José Henrique Pierangeli, para que o crime se consume é necessário que o produto
seja uma imitação idônea, capaz de levar o homem comum a erro ou confusão sobre a sua originalidade,
já que "(...) uma falsificação grosseira, inidônea para induzir alguém em erro ou confusão, exclui o delito"
(PIERANGELI, 2003, p. 192).
*** encontrei um site que fala que o crime em análise se trata de crime de mera conduta. Segue o link:
https://www.direitocom.com/lei-da-propriedade-industrial-comentada/titulo-v-dos-crimes-contra-a-
propriedade-industrial-art-183-a-210/artigo-183-6
343. Os crimes contra a propriedade imaterial têm a ação penal pública ou privada?
R.: Em regra os crimes contra a propriedade imaterial são de Ação Penal Privada. Excetuam-se os delitos
cometidos em prejuízo de entidades de direito público, autarquias, empresas públicas, sociedades de
economia mista ou fundações instituídas pelo poder público e alguns ilícitos de violação de direito autoral.
344. É possível a interceptação telefônica por crime de estelionato?
R.: Sim, é possível, pois, o crime de estelionato é punível com reclusão. Assim havendo indícios de autoria
e prova, bem como a prova não puser obtida por outros meios, é possível a interceptação telefônica.
347. O delegado de polícia pode destruir a prova de interceptação que não mais interessa à
investigação?
R.: O Art. 9° dispõe que a gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante
o inquérito, a instrução processual. A lei foi omissa em relação ao responsável pela destruição. Acredito
que caso o pedido de destruição seja realizado durante o Inquérito o Delegado pode destruir a gravação
após autorização judicial.
348. No que tange ao JECRIM, em que hipótese pode ser revogada suspensão condicional do
processo?
R.: A suspensão do processo será revogada (causa obrigatória) se o acusado vier a ser processado, no curso
do prazo, por outro crime ou, não efetuar, sem motivo justificável, a reparação do dano art. 89 §3º Lei nº
9.099/95. Já §4º dispõe uma causa de revogação facultativa, no caso de condenação por contravenção
penal ou descumprir qualquer das condições impostas pelo Juiz.
358.Quais as penas restritivas de direito previstas nos crimes contra as relações de o consumo?
R.: Nos termos do art.78 do Código de Defesa do Consumidor, as penas restritivas de direitos são as
seguintes: interdição temporária de direitos; publicação em órgãos de comunicação de grande circulação
ou audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação; a prestação de serviços
à comunidade.
Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e
de multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado o disposto nos arts. 44 a 47,
do Código Penal:
I - a interdição temporária de direitos;
II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às expensas do condenado,
de notícia sobre os fatos e a condenação;
III - a prestação de serviços à comunidade.
359. O delegado de polícia pode destruir a prova de interceptação que não mais interessa à investigação?
R.: Não. A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito,
a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público, ou da parte
interessada (Lei n. 9.296/96, art. 9º).
360. No que tange ao JECRIM, em que hipótese pode ser revogada suspensão condicional do processo?
R.: A suspensão condicional do processo deve ser revogada: se o acusado vier a ser processado por outro
crime; se o acusado não efetuar a reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. E pode ser
revogada: se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção penal; se o acusado
descumprir qualquer outra condição imposta.
Lei n. 9.099/95, Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão
do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia,
poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por
outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus
ulteriores termos.
370. Quais as penas restritivas de direito previstas nos crimes contra as relações de o consumo?
R.: Nos termos do art.78 do Código de Defesa do Consumidor, as penas restritivas de direitos são as
seguintes: interdição temporária de direitos; publicação em órgãos de comunicação de grande circulação
ou audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação; a prestação de serviços
à comunidade.
372. No caso de tentativa de prática de vias de fato, como pode ser registrada tal ocorrência?
R.: Segundo a Lei de Contravenções Penais, não é punível a tentativa de contravenção penal (art. 4º).
Logo, inviável o registro da ocorrência da prática de vias de fato.
Decreto Lei n. 3.688/1941. Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.
374. Sujeito que pratica contravenção penal e não possui meios de identificação pode ser identificado
criminalmente?
R.: Na hipótese de não haver identificação civil por meio dos documentos citados no art. 2º da Lei n.
12.037/09, será possível a realização de identificação criminal, caso o agente se envolver na prática de
contravenção penal.
377. Relacionamento homoafetivo entre duas mulheres. Lesão corporal material – como é registrada
a ocorrência?
R: Para a maioria da doutrina, o reconhecimento da violência doméstica e familiar contra a mulher
independem de orientação sexual. Assim, restará configurada a violência doméstica, nas formas do art.
129, §9º do CP, c/c arts. 5º e 7º da LMP, conforme o caso.
379. Pode ser decretada a prisão preventiva na hipótese de Lei Maria da Penha?
R: A LMP previu duas hipóteses distintas de prisão preventiva do agressor: a primeira, do Art. 20, que
inseriu no rol das possibilidades de decretação de prisão preventiva, as hipóteses de violência doméstica e
familiar contra a mulher, e a segunda, do art. 42, destinada a garantia do cumprimento das medidas
protetivas de urgência.
380. Venda de drogas nas imediações de clube, atua como qualificadora do crime de tráfico ou trata-
se de causa de aumento de pena?
R: Nos termos do artigo 40 da lei 11.343, restará configurada causa de aumento de pena do delito de
tráfico, no quantum de 1/6 a 2/3, se a infração for cometida nas dependências ou imediações de entidade
recreativa, por exemplo, um clube.
381. Para utilização de embrião humano para fins científicos deve haver autorização dos genitores?
R: O STF, em sede de análise da ADI 3510, declarou constitucional o art. 5º da Lei de Biossegurança. Tal
artigo prevê, no seu parágrafo 1º, a necessidade de consentimento dos genitores para utilização de embrião
humanos para fins científicos.
390. Perda da função pública e perda dos direitos políticos de pessoas envolvidas em crime de
improbidade. Ocorrem em que momento?
R: Em consonância com o caput do art. 20 da Lei 8429, entende-se que a perda da função e a suspensão
dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado de sentença condenatória. Detalhe: o
parágrafo único do artigo prevê possibilidade de afastamento cautelar do servidor.
392. A arma localizada dentro de residência com numeração raspada de uso restrito e proibido
caracteriza-se porte ou posse?
R.: Caracteriza-se como posse ilegal de arma de fogo de uso restrito. Afinal, uma pessoa que possuir uma
arma que tenha a numeração raspada incorre na prática do crime tipificado no artigo 16, parágrafo único,
inciso IV, da Lei 10.826/03.
394. Pessoa surpreendida na rua com arma sem registro. Qual providência deve ser tomada?
R.: Para os tribunais superiores, ter uma arma de fogo com registro vencido não é crime, é apenas infração
administrativa. Contudo, tal entendimento é válido para a posse e não o porte, razão pela qual deve haver
a lavratura do flagrante pelo porte ilegal em questão.
397. Lei Ambiental → Defina sob o aspecto jurídico o que se entende por meio ambiente.
R.: É praticamente unânime a doutrina brasileira de direito ambiental ao afirmar que a expressão meio
ambiente, por ser redundante, não é a mais adequada, posto que 'meio' e 'ambiente' são sinônimos. A
despeito disso, o uso consagrou a expressão e a Lei nº. 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, assim define: "Art. 3º. (...) entende-se por: I - Meio ambiente, o conjunto de condições,
leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas". Além disso, cabe destacar que o conceito jurídico de meio ambiente compreende
quatro divisões feitas pelos estudiosos de direito ambiental: meio ambiente natural, meio ambiente
artificial, meio ambiente cultural e meio ambiente do trabalho.
398. Todos os crimes previstos na lei de meio ambiente podem ter a responsabilização da pessoa
jurídica?
R.: Nem todos. A responsabilidade se dá nos termos do que a Lei n. 9.605 (art. 3º) prevê, ou seja, a pessoa
jurídica será responsabilizada penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
400. Plantão. Zona Leste. Chegam à Delegacia inúmeras gaiolas com aves silvestres que estavam em
uma residência. Que providência tomaria como Delegado de Polícia em relação às aves, bem como
em relação à pessoa presa com as gaiolas?
R.: O crime encontra-se previsto no art. 29, § 1º, inc. III, da Lei 9.605/98, que criminaliza a conduta de
quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta
ovos, larvas ou espécime da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença
ou autorização da autoridade competente. No caso em exame, a conduta do réu se subsumiu perfeitamente
no tipo penal, e por se tratar de infração de menor potencial ofensivo, nos termos da Lei n. 9.099/95, a
autoridade policial lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor
do fato, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários e a apreensão das referidas
aves, além de aplicação de multa, nos termos do art. 24, § 3o , do Decreto n. 6.514/2008.
402. Estatuto do Torcedor. Plantão na arena. Indivíduo comercializando bilhetes dez vezes mais
caros. Estaria cometendo delito?
R.: Sim. O cambista comete o delito previsto no art. 41-F da Lei n. 10.671/2003 (Estatuto do Torcedor):
Art. 41-F. Vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao estampado no bilhete.
405. Para autorizar a venda ou promessa de venda do parcelamento, qual o requisito indispensável,
sob pena de prática criminosa?
R.: A autorização do órgão público competente é indispensável, nos termos do art. 50 da Lei n. 6.766/79.
O parcelamento do solo para fins urbanos está disciplinado pela Lei 6.766/79, cujo artigo 4º prescreve os
requisitos de atendimento obrigatório. O artigo 6º desse diploma, por sua vez, define os requisitos que
deverão constar do respectivo projeto de parcelamento do solo, devendo posteriormente ser submetido à
aprovação do poder público competente, na forma do art. 12. Com isso, forçoso concluir que o
empreendedor que, agindo à margem da lei, vier a desatender a essas diretrizes, incidirá,
74onsequentemente, nas cominações legais prescritas no citado artigo 50 e respectivos incisos e parágrafo
único da aludida Lei nº 6.766/79.
406. CTB → Qual o seu posicionamento quanto à seguinte ocorrência: motorista embriagado
ultrapassa o sinal vermelho, sobe na calçada e mata duas crianças que estavam brincando.
R.: Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência de álcool,
além de fazê-lo ultrapassando o sinal vermelho. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a
diferença entre a culpa consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se
preocupou com o risco de, eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem.
409. Qual o recente entendimento do STJ em relação à embriaguez? [no contexto do CTB]
R.: Exª., o entendimento do STJ é no sentido de que o crime do art. 306 do CTB, com a nova redação dada
pela Lei 12.760/12, é de perigo abstrato e dispensa a demonstração da potencialidade lesiva na conduta,
configurando-se pela condução de veículo automotor em estado de embriaguez.
411. E se o agente disser que se arrependeu e prestou socorro às vítimas? [pergunta incompleta
– arrependimento posterior?
R.: Exª., por expressa previsão legal do art. 301 do CTB, não se imporá prisão em flagrante nem se exigirá
fiança ao agente que prestar pronto e integral socorro à vítima. No que tange ao arrependimento posterior,
é inaplicável aos crimes de trânsito, já que o instituto restringe-se a crimes patrimoniais ou que possuam
efeitos patrimoniais.
Art. 301, CTB; Art. 16, CP.
414. Trace um paralelo com o artigo 306, antes da Lei Seca. [pergunta incompleta]
R.: Exª., originalmente o crime do art. 306, do CTB era de perigo concreto, em que exigia a efetiva
exposição a dano potencial da incolumidade de outrem. Com a Lei seca – Lei 11.705/08 -, delimitou a
concentração de álcool por litro de sangue punida. Com a Lei 12.760/12, pune-se a condução com qualquer
quantidade de álcool; trata-se de crime de perigo abstrato.
Art. 306, CTB.
423. Um Delegado de Polícia aposentado que atenta para a incolumidade física de uma pessoa
comete abuso de autoridade?
R.: Exª., a doutrina entende que o agente público aposentado ou demitido não pratica abuso de autoridade,
tendo em vista que não mais existe o vínculo formal com o Estado. Nesse sentido, o agente responderá por
crime comum, a exemplo do art. 129, do CP – lesões corporais.
Art. 5º, L. 4.898/65
424. Caso noticiado na TV, da mãe flagrada pelas câmeras de vigilância agredindo a filha por
ter chamado de ridícula. Qual a tipificação que se dá numa situação como essa?
R.: Exª., a conduta duma mãe que agrediu a filha após ter sido chamada de ridícula configura o crime de
maus-tratos, tipificado no art. 136, do CP, ante o abuso de meios de correção ou disciplina. Possível
aplicar, ainda, a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). Trata-se de IPMPO, de APPI, de competência do
JECRIM.
427. Por que com o advento da Lei nº 9.099/95, a doutrina da obrigatoriedade da ação penal se
tornou mitigada?
R.: Em se tratando de infrações de menor potencial ofensivo, ainda que haja lastro probatório suficiente
para o oferecimento de denúncia, e desde que o autor do fato atenda aos requisitos objetivos e subjetivos
previstos na Lei 9.099/1995, surge ao Ministério Público o poder-dever de propor a aceitação de instituto
despenalizador, como forma de evitar a instauração de ação penal.
429. Pelo instituto da composição civil dos danos a obrigatoriedade da ação penal é mitigada?
R.: Não, na medida em que a celebração do acordo tem apenas a finalidade de reparar os danos sofridos
pela vítima, permanece, pois, a transação penal como único instituto mitigador da obrigatoriedade da ação
penal pública incondicionada.
431. Qual a postura do Delegado de Polícia diante de uma lesão corporal de natureza leve?
R.: Tendo em consideração que o delito lesão corporal de natureza leve constitui infração de menor
potencial ofensivo e, por tal razão, submete-se a processo perante o Juizado Especial Criminal, a
autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência deverá lavrar termo circunstanciado e o
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando as requisições dos
exames periciais necessários.
(Lei nº 9.099/1995)
441. Sob que fundamento, o STF decidiu que o regime inicial fechado para todos os crimes hediondos
é inconstitucional?
R.: Violação ao princípio da individualização da pena, que está previsto expressamente na Constituição
Federal. A fixação do regime prisional deve ser individualizada, de acordo com o caso concreto. Ademais,
a Constituição Federal estabeleceu de forma clara as vedações que quis impor (são inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia), não constando, entretanto, o regime inicial fechado.
(artigo 5º, XLVI e XLIII, da Constituição Federal; artigo 33, §§ 2º e 3º, do Código Penal)
442. O que é crime equiparado ao hediondo?
R.: É aquele que deve receber o mesmo tratamento penal e processual penal mais severo que é reservado
aos delitos hediondos. De acordo com a Constituição Federal, existem três crimes equiparados, a saber:
tortura; tráfico ilícito de entorpecentes; e terrorismo.
(artigo 5º, XLIII, da Constituição Federal)
446. Quem financia o tráfico é equiparado ao traficante para fins de crimes hediondos?
R.: Entende-se, no âmbito doutrinário e jurisprudencial, que, se o delito previsto no artigo 33 é considerado
como hediondo, a conduta de financiar e custear o tráfico, por ser mais grave, deve ser também
compreendida como de natureza hedionda, à luz do princípio da proporcionalidade.
448. Como funciona a ação controlada, pela lei de combate à organização criminosa?
R.: A ação controlada é meio extraordinário de obtenção de prova previsto nos arts. 8º e 9º da Lei
nº12.850/2013, consistente em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada
por organização criminosa ou a ela vinculada, sendo acompanhada a fim de se esperar o momento mais
eficaz para a obtenção de informações. A colaboração depende de autorização judicial e oitiva do MP.
Tramitará em sigilo, exceto para o juiz, MP e o delegado. Se a colaboração envolver transposição de
fronteiras só será possível se tiver cooperação das autoridades de outros países.
449. Por interceptação telefônica, está apurando uma organização criminosa de tráfico de drogas.
Está em diligência, aguardando o carregamento de drogas. À frente do galpão, há uma pessoa com
arma de fogo. Prende esta pessoa?
R.: A situação em concreto pode indicar outra atuação mais indicada, mas de acordo com os dados
informados, entendo que seria mais eficaz não atuar nesse momento, aguardando o carregamento de
drogas, a fim de proceder ao flagrante do tráfico, obter maiores informações e possibilitar a apreensão de
mais envolvidos no delito. Tudo isto nos termos da ação controlada prevista em lei.
450. Lei de Drogas → Qual o tratamento dado pela doutrina ao tráfico de drogas privilegiado?
R.: O tráfico privilegiado é na realidade uma causa de diminuição de pena prevista no art.33, §4º, da Lei
nº11.343/06, aplicável aos crimes previstos no caput e no §1º, ao agente que seja primário, de bons
antecedentes, não dedicado a atividades criminosas e que não faça parte de organização criminosa. A
redução será de 1/6 a 2/3. Vale lembrar que, conforme já decidido pelo STF, o tráfico privilegiado não é
crime hediondo.
453. Encontra várias cartelas de LSD e o indivíduo diz que não estava comercializando. Sem a
materialidade, autua a prisão em flagrante?
R.: Entendo que, a depender da situação, quantidade da droga, forma de acondicionamento, local em que
realizada a apreensão, bem como outras condições do indivíduo, é perfeitamente possível a prisão em
flagrante, pois estão presentes os indícios da materialidade e da autoria.
455. Num primeiro momento, não há como a perícia aferir se é ou não LSD. Como procede?
R.: Não havendo a possibilidade de se verificar se o material apreendido é ou não LSD, entendo que o
flagranteado deva ser liberado, nada impedindo que seja indiciado posteriormente se for o caso, cabendo,
inclusive, a decretação de sua preventiva se preenchidos os requisitos legais.
456. E se maneira diversa não encaminhasse por falta de perito na região? Como se portaria?
R.: Não havendo perito oficial na região, poderia o material ser encaminhado ao ICRIM ou órgão
correspondente ou serem nomeados peritos ad hoc.
458. Lei Maria da Penha → Como Delegado, pode representar em face de medidas protetivas de
urgência?
R.: Não. O presidente de república vetou o dispositivo legal que dava tal atribuição ao delegado de polícia.
Assim, pode a autoridade policial apenas colher o depoimento da vítima e encaminhar o seu pedido à
autoridade judicial que tem a competência para decretá-las (Art. 12, III, da Lei nº 13.340/06).
460. Como Delegada, teria legitimação para representar prisão temporária contra financiador do
tráfico de drogas?
R.: A legitimidade do Delegado de Polícia para representar pela decretação da prisão temporária pode ser
extraída do art. 2º da Lei nº 7.960/89. Todavia, não é possível a prisão temporária para o crime financiar
o tráfico de drogas (art.36, da Lei nº 11.343/06), visto que, conforme entendimento doutrinário apenas o
art.33 da Lei de Drogas estaria sujeito à prisão temporária.
465. E se o juiz ignora este prazo? Qual medida tomaria como Delegada?
R.: Neste caso, tendo em vista que a maioria da doutrina afirma que o Delegado não possui capacidade
postulatória, não poderá recorrer da omissão do juiz em proferir a decisão, entretanto nada impede a
renovação da representação, e comunicação do referido fato à Corregedoria do Tribunal e ao Ministério
Público.
466. Lei de Identificação Criminal, artigo 3º, IV → O que entende por “essencial às investigações” e
como funciona o despacho?
R.: O termo “essencial às investigações” pode ser definido como toda aquela informação que seja
imprescindível para a resolução do caso. O despacho é proferido pelo juiz e deve ser fundamentado (art.3º,
IV da Lei nº 12.037/2009)
471.Um indivíduo embriagado é flagrado dirigindo dentro do condomínio onde reside. Há o crime
previsto no artigo 306?
R.: Sim, apesar de as vias internas dos condomínios serem áreas comuns de propriedade dos condôminos
e, portanto, privadas e não vias públicas, estão sujeitas ao Código de Trânsito Brasileiro, por expressa
previsão de seu artigo 2º, parágrafo único.
473.Lei 12.830/13 → Cite duas alterações no que tange a condução do inquérito policial pelo Delegado
de Polícia?
R.: O indiciamento fundamentado e exclusivo do delegado de polícia (art.2º, §6º, da Lei nº 12.830/13) e o
delegado natural, visto que a avocação e redistribuição de inquérito polícia somente pode se dar por ato
fundamentado (art.2º, §4, da Lei nº 12.830/13)
482. As penas aplicadas a individuo que adquire drogas para consumo pessoal pode ser também
aplicadas ao reincidente?
R.: Sim, as penas do art. 28 de advertência, prestação de serviços à comunidade e medida educativa são as
mesmas ao primário e ao reincidente, apenas alterando o prazo máximo das duas últimas penas de 5 para
10 meses no caso de reincidência.
484. Que medidas podem ser adotadas pelo delegado em caso de violência doméstica?
R.: Proteção policial, transporte, acompanhamento para retirada de pertences, informar direitos e serviços
(rol exemplificativo, art. 11).
489. A interceptação telefônica pode servir de prova emprestada para instruir procedimento
administrativo?
R.: Sim, desde que haja autorização pelo juízo criminal e respeito ao contraditório e ampla defesa (Info
358 STJ).
491. Cite 2 penas restritivas de direitos em caso de condenado por crime contra o consumidor.
R.: Interdição de direitos; publicação em órgãos de comunicação; prestação de serviços à comunidade.
(Art. 78 do CDC)
495. É possível oferecer o programa de proteção a testemunha a pessoa que não esteja em risco?
R: De acordo com o artigo 2º, da lei 9807/99 “a proteção poderá ser dirigida ou estendida ao cônjuge ou
companheiro, ascendentes, descendentes e dependentes que tenham convivência habitual com a vítima
ou testemunha, conforme o especificamente necessário em cada caso.”
501. Quais circunstâncias devem ser consideradas para fixação da pena nos crimes ambientais.
R: Deverão ser analisados as circunstâncias previstas no artigo 59 do CP e ainda as previstas no artigo 6º
da lei 9605/98, quais sejam: gravidade do fato, antecedentes do infrator e , no caso de multa, a situação
econômica do mesmo. Deverá o magistrado proceder com a análise das atenuantes e agravantes previstas
na lei supracitada, elencadas nos artigos 14 e 15, respectivamente.
509. Estudo da gênese do crime – Qual a teoria básica que estuda os fatores sociais?
R: As teorias Sociológicas estudam as influências sociais nos delitos, com por exemplo: teoria da anomia,
teoria da aprendizagem, entre outras.
510 – É possível caracterizar o crime de lavagem de dinheiro na hipótese de o delito antecedente ser
contravenção penal?
R: Sim. Com o advento da Lei 12.683/12, houve alteração significativa da norma vigente, passando a
prever “infração penal” em vez de crime, sendo a única exigência da doutrina, por necessidade lógica, que
a infração penal antecedente seja apta a gerar proveito econômico.
512 - Drogas e Armas apreendidas podem sem objeto material do crime de lavagem de dinheiro?
R: Não, dada a natureza ilícita destes, sendo que não estariam aptos a ‘branquear’ o capital, ainda que
hajam infrações penais antecedentes direcionadas à aquisição de armas e drogas, careceria da elementar
de ocultação ou dissimulação. Poderia se conjecturar sua possibilidade, na hipótese de serem armas e
drogas lícitas.
513 – Qual idade mínima para se adquirir armas segundo o estatuto do desarmamento?
R: Nos termos do art. 28 do Estatuto, é vedado ao menor de 25 anos adquirir arma de fogo, excetuado
aqueles que pertençam às entidades do artigo 6º.
514 – No caso de posse de munição de arma de fogo faz se necessária, também a apreensão da arma?
R: Não, prevalece na doutrina e jurisprudência ser despicienda a apreensão da arma, bastando para
configuração delitiva a posse da munição ainda que desacompanhada da respectiva arma, tendo em vista
se tratar de crime de perigo abstrato.
518 – Torcida organizada pode responder civilmente de forma objetiva e solidária pelos danos
causados por seus membros?
R: Sim, nos termos do artigo 39-B do Estatuto do Torcedor, que assim prevê: “A torcida organizada
responde civilmente, de forma objetiva e solidária, pelos danos causados por qualquer dos seus
associados ou membros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto de ida e volta para
o evento.”
522 – No curso da execução da pena privativa de liberdade descobre-se doença mental do condenado
– Que atitude poderá tomar o juiz?
R: Nos termos do artigo Art. 108 da LEP: O condenado a quem sobrevier doença mental será internado
em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, bem como nos termos do artigo Art. 41 do Código
Penal - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado, a denominada medida de
segurança substitutiva.
523 – Por quanto tempo vigora o registro da marca, segundo a lei de propriedade industrial? Pode
ser prorrogado?
R: Nos termos do artigo 133, da Lei 9279/96. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos,
contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos.
526 – Nos termos da Lei 12.830/13, em que circunstância o IP poderá ser avocado por superior
hierárquico?
R: Nos termos do artigo 1º, §4° da aludida lei, o inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei
em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho
fundamentado, por motivo de interesse Público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos
previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. Segundo Márcio André
Lopes Cavalcante, rigorosamente, este § 4º seria dispensável, considerando que todo ato administrativo
precisa ser motivado. No entanto, é salutar a previsão para que haja uma disciplina mais nítida ao tema,
garantindo maior segurança jurídica. Ademais, existe corrente (minoritária) que sustenta que alguns atos
administrativos não precisam ser motivados. Desse modo, repita-se, foi acertada a previsão.
O que se lamenta é a utilização de expressões tão vagas na definição das hipóteses nas quais é possível a
avocação e a redistribuição do procedimento. Isso enfraquece o controle que poderia ser exercido sobre
tais atos, a fim de evitar avocações ou redistribuições casuísticas. Tal dispositivo fortifica a defesa do
princípio do delegado de policial natural.
534: Crimes apenados com detenção. Proibida a interceptação, nos termos da Lei nº 9.296/96. Como
a jurisprudência tem tratado o assunto?
R.: O STF entende que a decretação de interceptação telefônica somente pode ser utilizada para apurar o
crime objeto da investigação ou crimes que lhes sejam conexos, pouco importando se a pena é de detenção
ou reclusão em relação ao conexo, desde que a autorização tenha se dado inicialmente para apuração de
um crime com pena de reclusão.
535: Lei nº 8.072/90 – No tocante à lei, o juiz criou e definiu o que é crime hediondo?
R.: Quanto aos crimes hediondos, o Brasil adota um sistema legal, sendo assim, há um rol taxativo definido
pelo legislador, não tendo sido adotado entre nós o sistema judicial, pelo qual o juiz decide pela hediondez
ou não do delito.
538: Na Lei nº 8.072/90, há previsão de que todas as penas seriam inicialmente cumpridas no regime
fechado. Essa previsão ainda prevalece?
R.: O STF entende que a hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime
prisional mais gravoso, pois o juízo, em atenção aos princípios constitucionais da individualização da pena
e da obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve motivar o regime imposto observando
o caso concreto.
Destarte, é inconstitucional a fixação de regime inicial fechado com base unicamente na hediondez do
delito.
539: Artigo 2º - Qual a diferença entre graça, anistia e indulto. Conceitue cada um deles:
R.: A Graça é um benefício de caráter individual, concedido mediante despacho do Presidente da República
(ou algum dos seus delegados), após solicitação do condenado, do Ministério Público, do Conselho
Penitenciário, ou da Autoridade Administrativa (artigo 188 da LEP); e que deve ser cumprido pelo juiz
das execuções.
O Indulto é o benefício de caráter coletivo, concedido mediante decreto presidencial que deve ser cumprido
pelo Juiz, de ofício, ou mediante provocação do interessado, do Ministério Público, do Conselho
Penitenciário ou da Autoridade Administrativa. (artigo 193 da LEP).
A Anistia, veiculada por lei ordinária (federal), de iniciativa privada do Congresso Nacional, de caráter
retroativo (à data do fato – ex tunc) e irrevogável, promove a exclusão do crime e faz desaparecer suas
conseqüências penais, com exceção dos efeitos extrapenais (genéricos e específicos), que ainda subsistem
a sentença condenatória transitada em julgado poderá ser executada no cível, pois o direito a indenização
pertence ao particular lesado.
Destarte, percebe-se que a graça é semelhante ao indulto, sendo um perdão oferecido pelo Presidente da
República, diferenciando-se por aquela ser individual, e esse coletivo, já a anistia, é concedida por meio
de Lei, diferenciando-se dos dois institutos anteriores, nesse sentido, pois atinge comportamentos
realizados, e não pessoas específicas.
Neste sentido, Renato Brasileiro de Lima. (Legislação Especial Comentada, 6ª ED. 2018, pág 861).
CPP - Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de
algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da
queixa.
Julgados sobre o tema: STJ, 5ª Turma, RHC 10.630/CE (2001) / STF, 1ª Turma, HC 88.214/PE (2009)
546. Como Delegado, sem a representação pela prisão preventiva, ultrapassado o prazo de 5
dias, coloca o preso em liberdade ou representa ao juiz pelo alvará de soltura?
R: Sem a representação pela prisão preventiva e decorrido o prazo da prisão temporária, o preso deverá
ser colocado imediatamente em liberdade, sem necessidade de representação pelo alvará de soltura.
Legislação correlata:
Lei 7.960/89 – Artigo 2º, §7º - Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto
imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.
547. Prisão temporária decretada por 30 dias. No 10º dia, chega à conclusão de que não foi o
preso quem cometeu o delito. O que faz como Delegado? Pode colocar o preso em liberdade e depois
comunicar o juiz?
R: Neste caso, doutrina majoritária leciona que deve a autoridade policial representar à autoridade
judiciária competente solicitando a revogação da prisão temporária. Segundo este entendimento,
somente o juiz poderá revogar a prisão temporária, jamais a própria autoridade policial.
No Estado de São Paulo, a Corregedoria de Justiça, em parecer normativo, dispõe que “Entendendo a
autoridade policial ser desnecessária a continuidade da prisão temporária antes do término do prazo
fixado, deverá solicitar ao juízo competente a sua revogação, informando detalhadamente as diligências
realizadas e as razões de tal convencimento”. (Artigo 428, parágrafo único – Normas de Serviço –
Corregedoria Geral de Justiça/SP).
Em sentido contrário, Aury Lopes Junior entende que a autoridade policial e o Ministério Público
também podem determinar a liberação do investigado, caso entendam que não subsiste a necessidade de
segregação da liberdade.
Argumentos para defender a possibilidade na prova oral de Delegado: Se a autoridade policial chegou à
conclusão que não foi o preso quem cometeu o delito, mantê-lo no cárcere seria uma clara violação ao
seu direito de liberdade. Conforme preconiza a Lei 12.830/2013, ao delegado de polícia, na qualidade
de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal. Sendo assim, não há dúvidas que o
Delegado de Polícia pode e deve libertar o preso antes do termino do prazo, pois é o agente que possui
maior capacidade de avaliação da necessidade ou não da manutenção do cárcere. Prolongar a prisão é
afrontar o ordenamento jurídico e violar o direito fundamental da liberdade. Por fim, mister ressaltar
que não há previsão legal que reze pela expedição de ordem judicial para a libertação de preso temporário
antes do término pela autoridade policial.
548. Lei nº 12.830/13 → Como Delegado optou por não indiciar uma pessoa. Pode um juiz,
após receber a denúncia determinar o indiciamento dessa pessoa?
R: O indiciamento é o ato privativo do Delegado de Polícia que, para tanto, deverá fundamentar-se em
elementos de informação que ministrem certeza quanto à materialidade e indícios razoáveis de
autoria. Portanto, não é possível que o juiz requisite ao delegado de polícia o indiciamento de
determinada pessoa.
A rigor, requisição dessa natureza é incompatível com o sistema acusatório, que impõe a separação
orgânica das funções concernentes à persecução penal, de modo a impedir que o juiz adote qualquer
postura inerente à função investigatória. (STF – HC 115.015/SP)
Legislação correlata:
Constituição do Estado de São Paulo – Artigo 140, §3º - Aos Delegados de Polícia é assegurada
independência funcional pela livre convicção nos atos de polícia judiciária.
Lei 12.830/2013 – O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado,
mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias.
550. O inquérito policial se divide em duas etapas: dados qualificativos e fato imputado ao
agente. A negativa do indiciado em fornecer seus dados, configura delito ou pode se valer do
princípio de não produzir provas contra si mesmo?
R: Prevalece o entendimento de que o indiciado não pode negar-se a responder perguntas relativas à sua
qualificação, sendo o direito de não produzir provas contra si mesmo garantido apenas no tocante aos
fatos, ou seja, na segunda fase do interrogatório.
Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que
em situação de alegada autodefesa.
552. Pode ser aplicada a extraterritorialidade das normas nas contravenções penais?
R: Não. A Lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional, vigorando, quanto
às contravenções penais, o princípio da territorialidade. (Artigo 2º do Decreto –Lei 3.688/41 – Lei das
Contravenções Penais)
553. Artigo 19, Lei das Contravenções Penais → Prevê o porte de arma. Este dispositivo foi revogado
pelo Estatuto do Desarmamento?
Não. O artigo 19 da Lei de Contravenções Penais encontra-se em vigor, não tendo sido revogado pelo
Estatuto do Desarmamento. Ressalta-se que este artigo incide apenas e tão somente em relação ao porte
de arma branca (faca, facões, canivetes, punhais). No que diz respeito ao porte de arma de fogo, deve ser
aplicado o Estatuto do Desarmamento. Assim, entende o STJ que o artigo 19 foi derrogado pela Lei
10.826/2003, no tocante às armas de fogo, remanescendo tal contravenção penal em relação a armas
brancas.
Lei de Contravenções Penais - Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem
licença da autoridade:
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou
ambas cumulativamente.
554. Plantão. Um PM apresenta uma pessoa portando um facão. Qual a sua atitude como Delegado
diante dessa ocorrência?
R: Muito embora o STF não tenha decidido sobre as implicações do porte de arma branca sem autorização,
entendo que o artigo 19 da Lei de Contravenções Penais encontra-se plenamente em vigor. Importante,
entretanto, a análise do caso concreto. Há de se verificar se o agente está portando um facão pois este é
seu instrumento de trabalho, por exemplo, ou com o objetivo de se defender ou praticar crimes como lesões
corporais e homicídios.
Assim, como delegado de Polícia diante desta ocorrência, analisaria as circunstâncias e, a depender do
contexto fático, consideraria a conduta atípica ou lavraria o respectivo Termo Circunstanciado de
Ocorrência.
555. E se essa pessoa estava portando o facão dentro de casa, no momento em que a polícia entrou?
R: Neste caso, em uma interpretação a contrario sensu do artigo 19 da Lei de Contravenções Penais,
entendo que se trata de conduta atípica, não merecendo intervenção do Direito Penal.
570. Se alguém divulga, sem essa autorização, pratica algum crime nos termos da Lei de
Interceptação?
R.: Sim, pratica o crime previsto no artigo 10 da lei 9296.
574. E o Estado?
R.: O Estado se submete às mesmas condições, respeitado a aposentadoria compulsória prevista na CF,
portanto, atingida a idade de 70 anos ou de 75 para determinados cargos, não haveria crime se o estado
negar o acesso do idoso no serviço público, ou se o aposentar compulsoriamente.
580. O delegado pode representar a prisão temporária de uma pessoa por tráfico de drogas?
Sim. Segundo prevê o artigo 1º, inciso III, alínea “n”, da Lei 7.960/89 é admitida a prisão temporária pela
prática do delito de tráfico de drogas. Importante ressaltar, porém, que a doutrina majoritária exige, além
da suposta prática do delito em questão, a configuração de uma das hipóteses previstas nos incisos I ou II
do referido artigo.
581. Tráfico de drogas previsto no artigo 12 da Lei 6.368?
R.: Não. Atualmente, o delito de tráfico de drogas encontra-se tipificado no artigo 33 da Lei 11.343/06.
585. Quais são o sujeito ativo e sujeito passivo da corrupção ativa desportiva?
R.: Quanto ao sujeito ativo, o delito em questão é classificado como comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa, não se exigindo nenhuma qualidade especial do agente. O sujeito passivo imediato é a
equipe desportiva ou o competidor diretamente lesado pela alteração no resultado da competição,
determinada pelo agente. O sujeito passivo mediato é o Estado. (fonte:
https://claudiosuzuki.jusbrasil.com.br/artigos/121941207/finais-do-brasileirao-a-famosa-mala-preta-ou-
mala-branca-e-crime). *tenho dúvida quanto ao sujeito passivo (inclui torcedores?)
586. Qual entendimento doutrinário sobre a inversão do ônus da prova na responsabilização civil
por crimes ambientais?
R.: A doutrina majoritária entende que o ônus da prova, neste caso, cabe ao poluidor, ou seja, ao sujeito
ativo do crime ambiental gerador do dano a ser reparado civilmente, isso com base no que dispõe o artigo
14, §1º, da Lei 6.938/81, combinado com o artigo 6º, VIII, do CDC, em razão da prevalência do interesse
coletivo por um Meio Ambiente equilibrado sobre o interesse individual pelo lucro (por todos, Paulo
Affonso Leme Machado, Direito Ambiental Brasileiro, 24ª Edição, pag. 409). Há corrente doutrinária
minoritária em sentido contrário, afirmando que tal inversão revelar-se-ia extremamente prejudicial ao
réu, conforme registra Édis Milaré (MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco:
doutrina, jurisprudência, glossário. 6.ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2009).
Examinador: MARCOS BATALHA
587. Cite três medidas aplicáveis à testemunha que está sob proteção.
R.: Entre outras, são aplicáveis as medidas de segurança na residência, incluindo o controle de
telecomunicações; escolta e segurança nos deslocamentos da residência, inclusive para fins de trabalho ou
para a prestação de depoimentos; e transferência de residência ou acomodação provisória em local
compatível com a proteção. (artigo 7º da Lei 9.807/99).
590. De quem é a competência para julgar os crimes de colarinho branco da lei 7492/96?
R.: A jurisprudência pacífica do STF entende que a competência para processo e julgamento dos crimes
contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/96) recai sobre a Justiça Federal, nos termos do artigo
109, inciso VI, da CRFB/88. (STF HC 93733 RJ).
591. O artigo 19 da lei de improbidade tipifica a conduta de quem faz denúncia sabendo que o autor
é inocente. No mesmo sentido, temos o artigo 339 do código penal que trata da denunciação
caluniosa. Face a esse suposto conflito, como pode ser dirimido?
R.: Segundo entendimento doutrinário, não há conflito entre os dispositivos, pois, o momento consumativo
dos delitos em questão é diverso, na medida em que, enquanto o delito do artigo 19 da Lei 8.429/92
consuma-se com a mera representação contra alguém que se sabe inocente, o delito do artigo 339 do
Código Penal exige ação de alguma autoridade, seja no âmbito administrativo, seja no judiciário. O tipo
penal exige a efetiva instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa. Outra diferença relevante consiste
na exigência, pelo delito de denunciação caluniosa, que o fato constitua crime ou contravenção. O delito
da Lei de Improbidade Administrativa exige apenas que o fato constitua ato de improbidade
administrativa, sendo certo que nem todos os citados atos constituem crime. Dessa forma, ambos os
dispositivos vigoram atualmente, convivendo harmonicamente no ordenamento jurídico pátrio. (fonte:
https://jpomartinelli.jusbrasil.com.br/artigos/420305603/dos-crimes-de-denunciacao-caluniosa-
comunicacao-falsa-de-crime-ou-de-contravencao-e-auto-acusacao-falsa).
592. Segundo a lei 12.830 que trata da investigação conduzida por delegado de polícia, na hipótese
de avocação do IP por superior hierárquico há necessidade de justificação expressa?
R.: Segundo dispõe o artigo 2º, §4º, da Lei 12.830/14, o inquérito policial ou outro procedimento previsto
em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho
fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos
previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. Dessa forma, conclui-
se que a lei exige justificação expressa, mesmo porque, necessária para eventual controle de
legalidade/legitimidade.
594. Com relação ao porte/posse de arma de fogo desmuniciada ou quebrada, qual a posição da
doutrina e jurisprudência?
A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que, apreendida a arma e submetida a exame pericial,
comprovando-se sua absoluta ineficácia, a conduta será considerada atípica (REsp 1.451.397-MG). Por
outro lado, a Corte entende que o ônus de provar a ineficácia do artefato incumbe à Defesa, e não ao
Ministério Público, de sorte que a apreensão e perícia da arma ou munição são dispensáveis para provar a
materialidade. Quanto à porte/posse de arma de fogo desmuniciada, segundo atual entendimento do STF
e do STJ, configura crime, que se caracteriza como delito de perigo abstrato cujo objeto jurídico tutelado
não é a incolumidade física, mas a segurança pública e a paz social. A doutrina, a seu turno, divide-se
entre o entendimento jurisprudencial acima exposto e aquele segundo o qual inexiste o delito de
posse/porte de arma de fogo desmuniciada – e, por conseguinte, quebrada – em homenagem ao princípio
da lesividade, sustentando que tal delito, assim como os demais de perigo abstrato seriam
inconstitucionais. Entre os autores que sustentam tal entendimento, cita-se Luiz Flávio Gomes.
598. A destruição de drogas apreendidas pode ser autorizada pelo próprio delegado?
R.: Não, é necessária a autorização judicial.
Nos termos do artigo 50 da lei de drogas, ocorrendo prisão em flagrante, Autoridade Judiciária, no prazo
de 10 dias, ao receber o APF e verificar a sua regularidade, determinará a destruição das drogas
apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
A destruição das drogas será executada pelo Delegado de Polícia competente no prazo de 15 dias na
presença do Ministério Público e da autoridade sanitária (§ 4º do art. 50).
Não ocorrendo prisão em flagrante, a substância encontrada também deverá ser submetida à perícia,
elaborando-se laudo de constatação provisório.
A Lei afirma, então, que a droga deverá ser destruída, por incineração, no prazo máximo de 30 dias,
contados da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. É a
redação do art. 50-A da Lei n.° 11.343/2006, acrescentado pela Lei n.° 12.961/2014.
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2014/04/comentarios-lei-129612014-que-dispoe.html
605. O delegado de polícia pode representar pela interceptação telefônica com intuito único de
localizar e prender um acusado?
R.: Não, haja vista que a interceptação telefônica é uma medida cautelar especial que tem por finalidade
localizar fontes de provas e não localizar acusado, nos termos do artigo 2º da lei 9.296/96.
610. Caso hipotético: Advogado comparece a delegacia relatando que foi abordado e submetido à
revista pessoal, bem como teve seu veículo revistado, mesmo após ter se identificado como advogado,
requerendo, portanto, apuração de delito de abuso de autoridade. Como o delegado de polícia deve
se posicionar?
R.: Não é caso de instaurar IP. A revista pessoal, bem como a busca no automóvel (para fins de busca, é
considerado um caso de busca pessoal) não necessitam de expedição de MBA, nos termos do artigo 240,
§2º, CPP. Ademais, a condição de ser advogado não é causa que impeça a abordagem policial.
611. Segundo a lei 9.455/97, quais as modalidades de tortura prevista nesta lei?
R.: Tortura –prova / confissão
Tortura- crime
Tortura -discriminação -Racial ou Religiosa
Tortura- castigo
Tortura -omissão
Tortura- carcereiro
612. Situação hipotética: Delegado corregedor recebe suspeito que foi submetido à
interrogatório intenso, mediante cinquenta perguntas, mesmo após ter arguido e exercido seu
direito ao silêncio. Qual a providência do delegado?
R.: O delegado corregedor devera perquirir acerca de eventual constrangimento ilegal por não respeitar o
direito ao silêncio do investigado.
613. Qual a diferença entre interceptação telefônica, gravação telefônica e captação ambiental?
R.: Na interceptação telefônica um terceiro tem acesso à uma conversação sem que nenhum dos
interlocutores tenha ciência, assim como na captação ambiental, da qual se difere por ter como objeto
comunicação telefônica. Já gravação telefônica ocorre quando um dos interlocutores grava a conversa sem
o conhecimento do outro.
620. Torcida organizada pode responder civilmente de forma objetiva e solidário pelos danos
causados pelos seus membros?
R.: Conforme art. 39-B da Lei 10671, “a torcida organizada responde civilmente, de forma objetiva e
solidária, pelos danos causados por qualquer dos seus associados ou membros no local do evento esportivo,
em suas imediações ou no trajeto de ida e volta para o evento”.
624. No curso de execução da penal privativa de liberdade descobre-se doença mental do condenado
– Que atitude poderá tomar o juiz?
R. No caso de doença mental durante o cumprimento de pena esta deve ser convertida em medida de
segurança, conforme art. 41 do CP.
625. Por quanto prazo vigora o registro da marca, segundo a lei de propriedade industrial? Pode ser
prorrogado?
R.: De acordo com o Art. 133 da Lei de propriedade industrial o registro da marca vigorará pelo prazo de
10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos.
628. Nos termos da Lei 12830/2013, em que circunstância o IP poderá ser avocado por superior
hierárquico?
R.: De acordo com o art. 2º, §4º, da Lei 12830/2013 o IP somente poderá ser avocado por superior
hierárquico mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de
inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da
investigação.
629. Que medida pode ser tomada quando motorista visivelmente alcoolizado se recusa a submeter-
se ao teste do bafômetro?
R.: Quando o motorista apresentar sinais de embriaguez e se recusar a realizar o teste do bafômetro, o
agente de trânsito ou policial deverá atestar a embriaguez por exame clínico, perícia ou outro procedimento
que certifique a influência de álcool ou outra substância psicoativa, nos termos do artigo 277 do Código
de Trânsito Brasileiro. Além disso, feita essa constatação, o motorista fica sujeito a pena de multa,
apreensão da CNH e apreensão do veículo até que outro condutor retire.
artigo 52 da LEP - § 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou
condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do
633. Estatuto do Idoso → Qual a grande mudança que trouxe ao crime de homicídio?
R.: O Estatuto do Idoso acrescentou uma causa de aumento de penal ao homicídio doloso quando a vítima
for maior de 60 (sessenta) anos. A redação ao §4º do artigo 121 do Código Penal passou a ter a seguinte
redação: “...Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos”.
634. E aquele que subtrai coisa alheia móvel de seu pai, maior de 60 anos? Responde por furto?
R.: Sim, aquele que subtrai coisa alheia móvel de seu pai maior de 60 anos irá responder por crime de
furto. Em que pese o artigo 181 do Código Penal trazer que é isento de pena quem comete crime contra
patrimônio em prejuízo de ascendente, o próprio artigo 183 do CP traz a ressalva que essa disposição do
artigo 181 não se aplica quando a vítima tiver idade igual ou superior a 60 anos.
637. Sem essas formalidades legais, para a apreensão de criança ou adolescente, será a sua conduta
enquadrada em abuso de autoridade?
R.: Não, embora o artigo 4º da Lei nº 4898/65 disponha que se considera abuso de autoridade “ordenar ou
executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder”,
no caso da vítima ser criança ou adolescente há previsão específica no ECA de que o não cumprimento
das formalidades legais para sua apreensão configura o crime previsto n artigo 230, do ECA - Art. 230.
Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: Pena - detenção de
seis meses a dois anos. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem
observância das formalidades legais.
649. Posse ilegal de arma. Sem o devido cuidado, não impediu que um menor de 18 anos se apoderasse
da arma. Que crime comete?
R. Agente tem a posse ilegal de arma e a deixa ao alcance de um menor, responde pelos delitos de posse
ilegal da arma de fogo (art. 12) e omissão de cautela (art. 13) em concurso material de crimes (art. 69 CP)
– fonte livro Habib.
651. Crime de lavagem de dinheiro → Qual o sujeito ativo, sujeito passivo e o bem tutelado?
R. Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum). Divergência sobre o sujeito ativo do crime antecedente
ser também da lavagem. 1ª C) possível por se tratar de tipos penais distintos – 2ª C) Lavagem mero
exaurimento do crime antecedente, como forma de ocultação do objeto do crime (post factum impunível).
Sujeito passivo – Estado (detentor da tutela aos bens jurídicos penais atingidos pela conduta) – Bem
jurídico tutelado – ordem econômica, ordem tributária, sistema financeiro nacional, administração da
justiça, paz pública e toda a ordem econômica.
657. Lei 12.830/13 → Deve ser acolhida pelo Delegado uma requisição do MP para indiciamento de
uma pessoa?
R. Não. A lei atribui ao delegado de polícia a privatividade para o indiciamento por meio da Lei 12.830/13.
Ora, se a análise da materialidade e indícios de autoria é privativa do delegado de polícia, somente a este
cabe, ao término da investigação, apontar a ocorrência de infração penal e sua eventual autoria.
658. A quantidade de drogas é o único elemento para determinar se é tráfico ou posse ilegal de
drogas?
R. Não. Os elementos são a natureza e à quantidade de substância apreendida, ao local e às condições em
que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes
do agente.
659. Advertência sobre os efeitos da droga → O que entende por esta pena?
R. Entende-se por uma audiência especificamente marcada para esse fim e tem por finalidade advertir
formalmente o acusado sobre os efeitos nocivos das drogas e suas consequências no âmbito da família, da
consideração social, dos valores comunitários.
661. Uma mulher sofre lesão corporal no âmbito residencial. É possível aplicação do artigo 61, II, f,
do CP?
R. Sim, pois previsto no inciso I, do artigo 5º, da lei 11340. Bastando, para tanto, que a forma com que a
violência foi praticada se subsuma ao disposto no art. 7, do citado diploma legal
665.CDC → Qual o prazo de prescrição para pretensão por fato de produto ou de serviço?
R.: 5 anos, conforme art. 27 do CDC.
667.A quantidade de drogas é o único elemento para determinar se é tráfico ou posse ilegal de
drogas?
R.: A quantidade de drogas não é único elemento para definir ser o crime do art. 28 ou 33 da lei 11.343/06.
Os requisitos constam do art. 28, 2º. São estes: A) Natureza da substância; B) Quantidade; C) Condição;
D) Circunstâncias Pessoais e Sociais; E) Conduta; F) Antecedentes.
674.Quando se aplica o RDD preventivo, tem o prazo de 10 dias. Esse prazo pode ser prorrogado?
R.: A rigor não há RDD preventivo, mas sim isolamento preventivo, pelo prazo de 10 dias, que poderá ser
convertido pelo juiz em RDD.
A autoridade administrativa poderá decretar isolamento preventivo por 10 dias, porém tal prazo é
improrrogável e pressupõe a abertura de procedimento de apuração de falta disciplinar.
675.Estatuto do Idoso → Um filho que subtrai coisa alheia móvel do pai, maior de 60 anos, fica sujeito
às penas do furto? Por quê?
R.: A escusa absolutória admite exceção prevista no art. 183, III. Na hipótese do maior de 60 figurar como
vítima, afasta-se a escusa e processa-se regularmente. Trata-se de exceção trazida pelo estatuto do idoso
(lei 10.741), pois harmônico com o princípio da proteção integral do idoso.
677.Crimes contra a ordem tributária. A sonegação fiscal pode existir em concurso de falsificação de
documento?
R.: O art. 1º, III, da Lei 8.137/90 admite como elementar da sonegação fiscal a falsificação de nota fiscal
ou qualquer outro documento exigido pela lei fiscal. Assim, a priori, o concurso de crimes seria
inadmissível, pois esbarraria no princípio da consunção.
É importante destacar, porém, hipótese de concurso de crimes, desde que a potencialidade lesiva da
falsificação não se limite ao crime de sonegação (crime fim). Ex: Documento é falsificado para iludir a
fiscalização tributária e também terceiro.
684. O policial que prende adolescente sem cumprir as formalidades legais, pratica crime de abuso
de autoridade?
R.: Não pratica o crime de abuso de autoridade, previsto no artigo 4º, “a”, desta lei, em razão do princípio
da especialidade, respondendo pelo crime do artigo 230 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Referências:
Lei de abuso de Autoridade: Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso
de poder.
Estatuto da Criança e do Adolescente: Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da
autoridade judiciária competente
689. Qual a alteração trazida pelo estatuto do idoso no tipo penal do homicídio?
R.: O estatuto do idoso trouxe uma causa de aumento de pena, inserida em seu parágrafo 4º:
Art. 121, § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de
14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
690. Divulgação apenas de uma ilustração sem o nome do autor, pode ser considerado crime contra
a propriedade imaterial?
R.: Não me recordo excelência!
703. É possível a autuação em flagrante de empresário que deixou de pagar tributo e está
respondendo à processo administrativo em razão do não pagamento?
R.: Predomina entendimento de que nos crimes tributários materiais, que exijam ocorrência de resultado
naturalístico, é necessário esgotamento das vias administrativas quando do inadimplemento de tributos,
não obstante a independência das instancias, por este entendimento não caberia atuação em flagrante de
um agente nestas condições. Lado outro, nos crimes formais, há a dispensa do esgotamento da via
administrativa, podendo cogitar autuação em flagrante.
706. Quais as providências adotadas pelo delegado de polícia no caso de violência doméstica?
R.: No artigo 11 da Lei Maria da Penha estão elencadas algumas providencias a serem adotadas pelo
delegado de polícia no caso de violência doméstica, basicamente assegurar a proteção da ofendida,
encaminhando ela até o hospital, se necessário, oferecer transporte a ela e seus dependentes ate um local
seguro, acompanha-la para retirada de objetos pessoais do local da ocorrência. Também, ouvir a ofendida,
colher as provas que servirem de esclarecimentos, encaminhar ao judiciário o pedido da ofendida por
medidas protetivas, determinar exame de corpo de delito na ofendida e também ouvir o agressor e
testemunhas.
711. O TC pode ser considerado uma forma do flagrante em crime de menor potencial ofensivo?
R.: Tecnicamente não. Conforme artigo 69 da lei 9099/95, a autoridade policial, nas infrações de menor
potencial ofensivo, lavrará termo circunstanciado, não havendo auto de prisão em flagrante. Porem do
ponto de visto nominal, em ambos casos estaria ocorrendo situação de flagrante, quando do cometimento
da respectiva infração.
712. Quais os requisitos para que o superior hierárquico possa avocar o processo administrativo que
está sendo conduzido pelo seu subordinado?
R.: Deve ser observado a legalidade com motivação devidamente fundamentada, com a respectiva
publicidade, devidamente delineado o objeto de avocação e seu caráter temporário, além de obediência ao
princípio da moralidade.
716. A representação do delegado de polícia por interceptação também fica nos autos apartados?
R.: Sim, como uma forma de legitimar a decisão judicial, tendo em vista a verificação a posterior pela
defesa foram preenchidos os requisitos para a sua autorização.
721. Crime de furto – Autor sem identidade ou residência fixa, pode representar para prisão
temporária?
R.: Não, pois para que seja possível a representação pela prisão temporária, devem estar presentes os
requisitos dos incisos I e/ou II do artigo 1° da lei 7.960/89 e, necessariamente, que o crime investigado
esteja listado no rol exaustivo do inciso III do mesmo artigo ou seja considerado como crime hediondo.
Como o crime de furto não se encontra em nenhuma das hipóteses supramencionadas, não seria possível
a representação pela prisão temporária.
724. Quais as providências preliminares ao se constatar que realmente existem máquinas de jogo de
azar naquele local?
R.: Com base no Artigo 6° do CPP, deve a autoridade policial providenciar que não se altere o estado das
coisas até a chegada dos peritos e posteriormente providenciar que sejam apreendidos todos os objetos que
tenham relação com os fatos, bem como àqueles destinados a decoração e os demais móveis do local,
tendo em vista que a perda de tais objetos é penalidade prevista no referido artigo.
726. Situação hipotética: Funcionário impede que pessoa negra utilize o elevador social; Pena de
reclusão de 1 a 3 anos. Como deve ser registrada a ocorrência?
R.: Deve ser registrada como crime previsto no artigo 11 da lei 7.716/89.
728. A não apresentação de bens no prazo legal pelo servidor público traz que tipo de consequência?
R.: Conforme disposto no Artigo 13, parágrafo 3° da Lei 8.429/92, será punido com a pena de demissão,
a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a
prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
729 - Situação hipotética: motorista sóbrio atropela e mata transeunte, dirigindo na contramão de
direção. Qual a pena? Cabe fiança?
R.: Homicídio culposo. O homicídio culposo no trânsito está tipificado no Código de Trânsito Brasileiro
em seu artigo 302. CTB - Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas -
detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor. Caberá fiança, inclusive, podendo ser aplicado pelo Delegado de Polícia, uma
vez que a pena máxima não é superior a 4 anos.
730 – Situação hipotética: motorista atropela e mata transeunte que estava embriagado e
atravessava a rua sem o devido cuidado. Qual o procedimento a ser tomado pelo delegado de polícia?
R.: Deve ser instaurado procedimento investigativo a fim de aferir a culpa do autor do fato, porém, não se
aplica à hipótese, prisão em flagrante, podendo, inclusive ser arbitrada fiança. Ao final, se for comprovada
a culpa exclusiva da vítima, em sede processo judicial, o autor será absolvido e o valor pago pela fiança,
ser-lhe-á restituído.
731 – Com pode ser classificada a conduta de motorista embriagado que atropela e mata pessoa que
estava na calçada?
R.: Deve responder, em regra, pelo delito previsto no artigo 302 do CTB (homicídio culposo na direção
de veículo automotor). Entendemos que, na maioria dos casos, o agente age com culpa consciente,
acreditando, sinceramente, que é capaz de evitar um resultado danoso a terceiros. O fato de o motorista
estar embriagado não significa, por si só, que ele assumiu o risco de causar a morte de alguém.
Excepcionalmente, contudo, o motorista embriagado poderá responder por homicídio doloso, na
modalidade dolo eventual. Para tanto, deve restar bem caracterizado no processo o fato de ele haver
assumido o risco de causar o resultado morte, o que não é fácil.
733 – De acordo com o estatuto do torcedor há crime caso ocorra venda de ingresso acima do preço?
R.: Sim, assim vejamos: Art. 41-F. Vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao
estampado no bilhete: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois)
anos e multa.
736 – O delegado de polícia tem que esperar concluir o IP para representar pela prisão temporária?
R.: Não. Pelo contrário, ultrapassada a fase da persecução policial, não é mais possível o decreto de prisão
temporária.
737 – Lei 12850/13 – lei contra as organizações criminosas – no número mínimo de 4 integrantes, o
senhor como delegado pode incluir o agente infiltrado? Por quê
R.: O policial infiltrado não pode ser computado para perfazer o número de quatro integrantes para a
organização criminosa porque não age com o necessário animus associativo. A sua finalidade, aliás, é
diametralmente oposta, qual seja, desmantelar a sociedade criminosa.
738 – Artigo 2º, §3º qual o bem jurídico desse tipo penal?
R.: Paz pública, ou seja, o sentimento coletivo e de confiança na ordem e proteção jurídica, que, pelo
menos em tese, se veem atingidos pela societas criminis.
739 – O que esta lei faculta ao juiz deferir liminarmente, se se houver indícios de participação de
funcionário público?
R.: § 5o - Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa,
poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
740 – A condenação com trânsito em julgado causará algum efeito extrapenal ao funcionário
público?
R.: § 6o - A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo,
função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo
de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
747. Lei 9099/95 → como delegado de polícia pode instaurar inquérito policial nas infrações de
menor potencial ofensivo, ou somente termo circunstanciado?
R.: Em regra, no que concerne as infrações de menor potencial ofensivo, o Delegado de Polícia, ao tomar
conhecimento de sua prática, deverá abrir Termo Circunstanciado de Ocorrência, haja vista tratar-se de
infrações penais de menor potencial ofensivo previstas na Lei de n. 9099/95. Porém, tratando-se de
infração penal de menor potencial ofensivo cometida em conexão com crimes as quais permitam a
investigação por meio de IP, será defeso ao Delta a instauração deste procedimento para apurações dos
fatos. Ademais, parte da doutrina também enxerga possível a instauração de IP para investigar infrações
de menor potencial ofensivo cometidas em concurso de crimes ou quando, pela complexidade do caso,
seja mais viável a investigação e elucidação dos fatos criminosos.
748. Aplica-se a Lei de n. 9099/95 ao crime de porte de drogas previsto no artigo 28 da Lei 11343/06?
R.: Sim, aplica a lei de juizados ao crime de porte de drogas pra consumo pessoal. Segundo jurisprudência
majoritária, não houve descriminalização da conduta de portar droga para consumo pessoal, mas sim
despenalização. Sendo assim, por tratar-se de infração penal de menor potencial ofensivo, perfeitamente
possível a aplicação de lei 9099/95, com exceção da possibilidade de prisão em flagrante do autuado,
mesmo nos casos em que este se nega a assinar termo de compromisso para comparecer aos juizados
especiais.
753 – Determina que um subordinado seu vá com o caminhão público retirar entulho de uma obra
particular sua. Responde por que crime?
R.: No exemplo supracitado, não há que se falar em cometimento de crime, em razão do princípio da
taxatividade do direito penal. Isto porque não há nenhum dispositivo legal que tipifique a conduta narrada
no ordenamento jurídico brasileiro. Entretanto, tal atividade poderá ser considerada ilícita, constituindo
ato de improbidade administrativa que resulta enriquecimento ilícito, já que o ato de permitir que se
utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza,
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades é considerado ato
ímprobo nos termos do art. 10, inc. XIII da lei de n. 8429/92
754 – Funcionário Público que frustrar a licitude de concurso público comete que crime?
R.: Em razão da conduta narrada não estar atualmente tipificada como crime no ordenamento jurídico
brasileiro, o funcionário público que apenas frustra a licitude de concurso público pratica conduta atípica.
Porém, a doutrina enxerga a prática de ato de improbidade administrativa nesta conduta, nos termos do
art. 11, V, da Lei de n. 8429/92
755 – Lei 7210/84. É possível que o preso condenado a regime inicialmente fechado trabalhe fora do
estabelecimento penitenciário?
R.: Sim. Nos termos da Lei de Execuções Penais, é perfeitamente possível o trabalho externo do preso.
Para isso, é necessário que o apenado tenha cumprido mais de 1/6 da reprimenda, tenha aptidão, disciplina
e responsabilidade. Importante ressaltar que somente é admitido o trabalho externo do preso em serviços
ou obras públicas realizadas por órgãos da administração direta ou indireta, ou entidades privadas, desde
que tomadas as cautelas contra a fuga e a favor da disciplina. Por fim, a prestação de trabalho em entidade
privada depende de consentimento expresso do preso.
758 – LEP, artigo 39 → É correto afirmar que a remuneração do trabalho não poderá ser inferior
ao salário mínimo?
R.: Tal assertiva está incorreta. Isto porque, segundo o art. 29 da LEP, o trabalho do preso deverá ser
obrigatoriamente remunerado, entretanto, tal remuneração não poderá ser inferior a ¾ do salário mínimo.
759 – No âmbito das faltas disciplinares e suas sanções, a tentativa será punida da mesma forma da
falta consumada?
R.: Sim, a jurisprudência do STJ já entende que a tentativa de falta grave será punida da mesma forma da
falta grave consumada.
761 – Cite algumas condutas que configure crime contra a ordem econômica.
R.: Podemos citar algumas condutas criminosas tipificadas na lei de n. 8137/90, quais sejam: abusar do
poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante
qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas; bem como qualquer ajuste ou alianças entre os ofertantes,
visando a fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; ao controle regionalizado
de mercados por empresas ou grupos de empresas, ambas ações presentes no art. 4º da supracitada lei.
763. Porte de arma permitida com a numeração raspada. Qual seria o crime?
R.: O crime seria o previsto no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei nº 10.826/03, segundo plenário do STF
é irrelevante se a arma de fogo é de uso permitido ou restrito, bastando que o identificador esteja suprimido.
Pois o dispositivo prioriza a função estatal da circulação das armas de fogo existentes no país, e não apenas
a incolumidade pública.
764. Se uma pessoa porta ilegalmente duas armas de fogo, responde por quais crimes?
R.: Conforme entendimento firmado pelo STJ, a posse ilegal de duas armas de fogo não configura concurso
formal de crimes, devendo, na espécie, ser reconhecida a existência de delito único, ou seja, não responde
por crimes e sim por crime de porte ilegal de armas (art. 14 ou 16, Lei 10.826/03. (HC 104.669 - STJ).
769. É necessário que ocorra ilícito no âmbito da organização para que o crime de organização
criminosa se configure?
R.: Não é necessário, pois como se trata de crime formal, consuma-se com a simples prática dos verbos
do tipo (“Promover, constituir, financiar ou integrar” - art. 2º da Lei nº 12.850/13), não sendo necessário
que se efetivem os crimes.
773. (Estatuto da Juventude) Cite três princípios de políticas públicas para a juventude?
R.: Conforme prevê o art. 2º da Lei nº 12.852/13, “I - promoção da autonomia e emancipação dos jovens;
II - valorização e promoção da participação social e política, de forma direta e por meio de suas
representações; e III - promoção da criatividade e da participação no desenvolvimento do País.
Acima tem-se a resposta. Para melhor conhecimento, continuo: “IV - reconhecimento do jovem como
sujeito de direitos universais, geracionais e singulares; V - promoção do bem-estar, da experimentação e
do desenvolvimento integral do jovem; VI - respeito à identidade e à diversidade individual e coletiva da
juventude; VII - promoção da vida segura, da cultura da paz, da solidariedade e da não discriminação; e
VIII - valorização do diálogo e convívio do jovem com as demais gerações”.
775. Para se descriminalizar o porte, o que é necessário: EC, lei ordinária ou lei complementar?
R.: A Lei nº 11.343/06 é uma lei ordinária, dessa forma, outra lei ordinária poderá descriminalizar a
conduta de portar drogas. É possível, também, lei complementar veicular matéria reserva à lei ordinária,
sem incorrer em vício de inconstitucionalidade formal, mas nesse caso, tal lei só será apenas formalmente
complementar (será materialmente ordinária), ou seja, o conteúdo dessa lei permanecerá com status
ordinário.
778. (Lei nº 12.037) Quando o indivíduo, mesmo apresentando documento, terá a identificação
criminal?
R.: Conforme a Lei nº 12.037/09, seu artigo 3º dispõe que “poderá ocorrer identificação criminal quando:”
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade
judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do
Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento
apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
784. É remunerado?
R: Sim. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a ¾ do
salário mínimo. (art. 29, da LEP).
788. Em relação à liberdade provisória, cabe tal instituto na lei de crimes hediondos?
R: Apesar da Lei 8072/90 vedar a fiança, não há vedação de concessão de liberdade provisória sem fiança
(a redação originária da Lei 8072/90 proibia, mas esta vedação foi revogada pela Lei 11464/07).
794. Que tipo de agente público pode cometer o crime de abuso de autoridade?
R: Nos termos do art. 5º, da lei de Abuso de Autoridade, considera-se autoridade, para efeitos de
cometimento do crime de abuso de autoridade, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza
civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. Para Habib, não importa a forma de
investidura ou vínculo com o Estado. Além disso, basta que a autoridade pública invoque a função, ainda
que não esteja no exercício da função no momento da prática.
809.Violência doméstica – Após realizar todos os trabalhos, qual o prazo para encaminhar os autos
ao juiz?
R.; Depende. A autoridade policial terá o prazo de 48 horas para encaminhar ao juiz expediente apartado,
com o pedido da ofendida, visando à decretação de medida protetiva de urgência. No entanto, tratando-se
de inquérito policial, a autoridade policial deverá encaminhá-lo ao juiz dentro do prazo previsto em lei.
Art. 12, III e VII, da Lei 11.340/06.
811.A aplicação da causa de diminuição de pena do Artigo 33, § 4º da Lei de Tráfico afasta a
hediondez do crime de tráfico?
R.: Segundo entendimento jurisprudencial dominante a incidência da causa de diminuição de pena do § 4º
do art. 33 da Lei 11.343/06 afasta o caráter hediondo do tráfico de drogas.
812.Indivíduo que oferece cigarro de maconha para sua namorada sem o intuito de lucro pratica
algum delito?
R.: O oferecimento de droga, de forma eventual e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento
para o consumo conjunto caracteriza o tipo penal previsto no art. 33, § 3º da Lei 11.343/06.
816.A prisão temporária pode ser decreta apenas no IP ou também na fase processual?
R.: A prisão temporária é uma modalidade bem peculiar de prisão cautelar, pois possui prazo certo e só
pode ser determinada durante a investigação policial. Assim, após o recebimento da denúncia ou queixa,
não poderá ser decretada nem mantida a prisão temporária.
Art.1º, I, da Lei 7.960/89: Caberá prisão temporária:
I – quando imprescindível para as investigações do inquérito policial.
817.Os requisitos previstos por decretação de prisão temporária são cautelares (cumulativos) ou
alternativos?
R.: Diverge a doutrina quanto aos requisitos para a decretação da prisão temporária, porém, a posição
majoritária é a de que somente é possível decretar a prisão temporária quando existir fundadas razões
de autoria ou participação do indiciado nos crimes listados no inciso III do artigo 1º da Lei 7.960/89,
vinculadas à imprescindibilidade da segregação cautelar para a investigação policial ou à situação de
ausência de residência certa ou identidade controversa. Só é cabível, portanto, quando estivermos diante
de um dos crimes do art. 1º, III e que esteja presente uma das duas situações previstas nos incisos I e II
do art. 1º da Lei 7.960/89.
818.Policial militar em serviço público pratica crime de tortura, nesse caso é considerado crime da
justiça comum ou da justiça militar?
R.: É considerado crime da justiça militar, pois com a alteração da Lei 13.491/17, que ampliou a
competência da Justiça Militar, os crimes perpetrados em serviço, no exercício da função por militar, salvo
dolosos contra a vida, serão julgados pela Justiça Militar estadual.
O inciso II, do artigo 9º, ganhou nova redação, ampliando sobremaneira a competência da Justiça
Militar Estadual. Agora todos os crimes, previstos no CPM ou mesmo sem previsão neste e somente na
Legislação Penal Comum (Código Penal e Leis Esparsas), serão julgados pela Justiça Militar, desde
que, em resumo, sejam praticados por Policial Militar em serviço, no exercício da função.
827. É possível infiltração de policiais como forma de investigação? Quem pode requerer?
R.: Sim, é possível infiltração de policiais como forma de investigação das organizações criminosas. A
infiltração será admitida se houver indícios da infração penal de organização criminosa e se a prova não
puder ser produzida por outros meios disponíveis.
Caberá ao delegado de polícia representar pleiteando ao juiz a medida, sendo necessária a oitiva do
Ministério Público, que também pode requerer a medida, após manifestação técnica do delegado de
polícia.
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de
polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando
solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização
judicial, que estabelecerá seus limites.
833.Lei Maria da Penha, artigo 16 → Existe imperfeição jurídica aos institutos elencados neste
artigo?
R: Analisando o dispositivo, denota-se que há uma impropriedade do artigo quanto ao uso do termo
“renúncia”. Isso porque, se houver renúncia à representação, não haverá inquérito, nem ação penal. Assim,
a doutrina entende que deve ser compreendido este termo como retratação da representação que já foi
ofertada.
834.O artigo 17 veda a aplicação da pena de cesta básica. Existe previsão da pena de cesta básica em
nosso ordenamento jurídico?
R: Não existe previsão de tal pena no ordenamento jurídico pátrio. No entanto, criou-se uma praxe forense
na aplicação da transação penal (art. 76, 9099/95) que instituiu o pagamento de cestas básicas como pena
alternativa.
836.Cite três medidas protetivas que o juiz pode aplicar de imediato ao agressor.
R: Previstas no art. 22 da Lei 11.340/06, pode-se citar como exemplo de medidas protetivas que obrigam
o agressor: suspensão da posse ou restrição do porte de armas de fogo, afastamento do lar, domicílio ou
local de convivência com a ofendida, proibição de contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas.
838.Artigo 110 → Por que este dispositivo não se refere às crianças que praticam ato infracional?
R: Pois as crianças (até 12 anos incompletos) recebem tratamento próprio, com encaminhamento ao
Conselho Tutelar e estarão sujeitas apenas às medidas de proteção previstas no art. 101 do ECA. Apenas
o adolescente estará sujeito às medidas socioeducativas previstas no art. 112.
842.O Delegado de Polícia pode indiciar o autor de infração de menor potencial ofensivo, tendo sido
inquérito policial e não termo circunstanciado?
R: Como se sabe, em sede de termo circunstanciado não é possível o indiciamento. No entanto, em se
tratando de IMPO investigada por inquérito policial, nada o impede.
849.Lei 1.521/51 → Crimes contra a economia popular. Qual é a Súmula que dirimiu o conflito que
existia quanto à competência para julgamento dos crimes contra a economia popular?
R.: Será competente a Justiça Estadual, nos termos do enunciado da Súmula 498 do STF (Compete à
Justiça dos Estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a economia
popular).
850.O sistema de “pirâmide” se enquadra nos crimes contra a economia popular? Justifique.
R.: Sim, aquele que pratica tal conduta incorre no delito previsto pelo artigo 2º, inciso IX, que consiste no
ato de tentar ou obter ganhos ilícitos, através de especulações ou meios fraudulentos, causando prejuízo a
diversas pessoas. A pena prevista é de 6 meses a 2 anos de detenção e multa. (Art. 2º. São crimes desta
natureza: IX - obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado
de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos ("bola de neve", "cadeias", "pichardismo" e
quaisquer outros equivalentes).
851.A que providência está o juiz vinculado após o encerramento do inquérito policial?
R.: O magistrado poderá decretar uma pena de interdição temporária de direitos, nos termos do artigo 47,
do CP, bem como a suspensão provisória do exercício da profissão pelo infrator por até 15 dias. Importante
ainda destacar que no caso do arquivamento do IP, mister o reexame necessário. (Art. 6º. Verificado
qualquer crime contra a economia popular ou contra a saúde pública (Capítulo III do Título VIII do
Código Penal) e atendendo à gravidade do fato, sua repercussão e efeitos, o juiz, na sentença, declarará
a interdição de direito, determinada no art. 69, IV, do Código Penal, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, assim
como, mediante representação da autoridade policial, poderá decretar, dentro de 48 (quarenta e oito)
horas, a suspensão provisória, pelo prazo de 15 (quinze) dias, do exercício da profissão ou atividade do
infrator.
Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime contra
a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos autos do
respectivo inquérito policial.)
854.Crimes contra o trabalho → Quem faz promoção de controle de natalidade está sujeito às penas
da lei?
R.: Sim, nos termos do artigo 2º, inciso II, alínea b, da Lei 9029/95 (Art. 2º Constituem crime as seguintes
práticas discriminatórias: II - a adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do empregador, que
configurem; b) promoção do controle de natalidade, assim não considerado o oferecimento de serviços e
de aconselhamento ou planejamento familiar, realizados através de instituições públicas ou privadas,
submetidas às normas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Pena: detenção de um a dois anos e multa.
Parágrafo único. São sujeitos ativos dos crimes a que se refere este artigo: I - a pessoa física
empregadora; II - o representante legal do empregador, como definido na legislação trabalhista; III - o
dirigente, direto ou por delegação, de órgãos públicos e entidades das administrações públicas direta,
indireta e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.).
855.Quais as quatro medidas despenalizadoras que podem impedir a Ação Penal pela Lei nº
9.099/95?
R.: Composição civil dos danos (artigo 72 à 74);
Transação penal (artigo 76);
Suspensão condicional do processo (artigo 89);
Necessidade de oferecimento de representação nos crimes de lesão corporal culposa e leve (artigo 88).
863.Como Delegado, pode representar pela prisão temporária do agente de vários crimes de
estelionato?
R.: Não, haja vista o cabimento desta modalidade prisional somente nos delitos previstos de modo taxativo
pela lei 7960, bem como nos crimes hediondos.
864.O Magistrado pode decretar de ofício?
R.: O juiz nunca poderá decretá-la de ofício, mas tão somente mediante representação da autoridade
policial ou requerimento do MP (Lei 7960, Art. 2°: A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face
da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5
dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade).
870.Quando uma pessoa quer representar um abuso de autoridade, a qual autoridade deve se dirigir?
R.: Primeiro, importa dizer que a representação prevista na lei de abuso de autoridade não é condição de
procedibilidade, uma vez que se trata se ACP Incondicionada, sendo apenas uma notitia criminis.
Para fins de responsabilização penal, poderá se dirigir à autoridade policial para proceder à IP ou ao
Ministério Público, a fim de que proceda ao PIC ou ofereça a respectiva denúncia. Para fins de
responsabilidade administrativa deve se dirigir à autoridade hierárquica responsável pela aplicação da
sanção. E para fins de reparação civil deverá ajuizar a respectiva ação perante o juízo comum. (art. 2º e 6º,
da Lei nº 4.898/65.)
871.Essa representação pode ser anônima?
R.: Segundo entendimento firmado do STJ, a mera denúncia apócrifa não pode servir de base para
instauração de IP ou oferecimento de denúncia, contudo, pode dar início a investigações preliminares em
busca de indícios que confirmem as informações prestadas pela fonte anônima.
880.Crime contra a ordem tributária. Qual a diferença entre elisão e evasão fiscal?
R.: Elisão fiscal é prática legal de planeamento tributário, em que o empresário ou comerciante – em regra
– adota regimes e técnicas legais para pagar menos tributos. Ocorre antes di fato gerador. Evasão fiscal é
a conduta de praticar os crimes contra a ordem tributária, enganando o fisco para não pagar tributos
devidos, ou seja, após o fato gerador.
884.No crime de lavagem de dinheiro, quando o crime antecedente for tráfico de drogas, como
responderá o agente?
R.: O crime de lavagem de dinheiro é delito autônomo, que é atribuído ao acusado em concurso material
com o crime antecedente, seja ele tráfico de drogas ou qualquer outro, até mesmo uma contravenção penal.
886.Posse ilegal de arma. O agente não impediu que um menor tivesse acesso à arma, por falta do
dever de cuidado. Responde por quais crimes?
R.: No caso apresentado, o agente responderá pelos crimes dos arts. 12 e 13 da Lei nº 10.826/2003, em
concurso material.
888.Lei Maria da Penha, artigo 16 → Existe imperfeição jurídica aos institutos elencados neste
artigo?
R.: Sim, existe imperfeição com relação à renúncia. O que o legislador chamou de renúncia, na realidade
é uma retratação do direito de representação que já havia sido exercido pela vítima, nos crimes de ação
penal pública condicionada à representação.
889.O artigo 17 veda a aplicação da pena de cesta básica. Existe previsão da pena de cesta básica em
nosso ordenamento jurídico?
Na realidade, a pena de cesta básica é uma criação baseada no art. 45, § 2º, do Código Penal, como espécie
de prestação pecuniária, pena restritiva de direitos prevista no art. 43, I, do Código Penal. Portanto,
percebe-se que a pena de cesta básica funciona como alternativa à pena restritiva de direitos de prestação
pecuniária, e desse dispositivo decorre a sua previsão legal.
891.Cite três medidas protetivas que o juiz pode aplicar de imediato ao agressor.
R.: O juiz poderá de imediato determinar (i) a suspensão ou restrição do porte de armas do agressor, com
comunicação ao órgão competente (art. 22, I); (ii) afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
com a ofendida (art. 22, II); (iii) prestação de alimentos provisionais ou provisórios (art. 22, V). Essas e
as demais medidas protetivas estão previstas no art. 22 da Lei Maria da Penha, sendo esse um rol
meramente exemplificativo.
892.ECA → Há previsão de se manter o adolescente apreendido antes da sentença?
R.: Sim, há previsão. Conforme o art. 108 do ECA, “a internação, antes da sentença, pode ser
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.”
893.Artigo 110 → Por que este dispositivo não se refere às crianças que praticam ato infracional?
R.: Porque às crianças que praticam ato infracional não se aplicam medidas socioeducativas, mas apenas
e tão somente medidas de proteção (art. 112 do ECA).
897.O Delegado de Polícia pode indiciar o autor de infração de menor potencial ofensivo, tendo sido
inquérito policial e não termo circunstanciado?
R.: Sim, o delegado poderá indiciar o autor de infração penal de menor potencial ofensivo caso a mesma
tenha sido investigada por meio de inquérito. Tal situação ocorre, por exemplo, em casos de lesão corporal
culposa praticada na direção de veículo automotor, quando (i) o agente estiver sob influência de álcool ou
qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; (ii) participando, em via pública, de
corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; (iii) transitando em velocidade superior a
50 km/h (cinquenta quilômetros por hora) – art. 291, § 1º, I, II e III, e § 2º, do CTB.
898.Pode prender em flagrante o autor de infração de menor potencial ofensivo?
R.: É perfeitamente possível a prisão em flagrante nas infrações penais de menor potencial ofensivo. O
que o legislador quis ao prever a não possibilidade de prisão em flagrante nas infrações de menor potencial
ofensivo, previsto no parágrafo único do art. 69 da Lei nº 9.099/1995, foi a aplicação dos critérios
norteadores contidos na mencionada lei. Assim, em se tratando de Juizados Especiais Criminais, os
princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando,
sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de
liberdade, deverão ser observados logo que a Autoridade Policial, no caso, o Delegado de Polícia, tome
conhecimento dos fatos e, em uma análise preliminar, se convença da ocorrência de uma infração penal
de menor potencial ofensivo. Observados os requisitos para a não lavratura da prisão em flagrante,
quais sejam, o encaminhamento imediato do autor do fato ao Juizado logo após a lavratura do termo
circunstanciado ou se o autor assumir o compromisso de a ele comparecer, não será elaborado o
auto de prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
904.Lei 1.521/51 → Crimes contra a economia popular. Qual é a Súmula que dirimiu o conflito que
existia quanto à competência para julgamento dos crimes contra a economia popular?
R.: Excelência, de acordo com a súmula 498 STF Compete à Justiça dos Estados, em ambas as instâncias,
o processo e o julgamento dos crimes contra a economia popular.
906.A que providência está o juiz vinculado após o encerramento do inquérito policial?
R.: Excelência, o Juiz exerce papel do controle do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública,
controlando as promoções de arquivamento promovidas pelo Ministério Público.
Observação: NÃO TENHO CERTEZA DA RESPOSTA
911.Prisão temporária pode ser representada por delegado em que fase do IP?
R.: Excelência, a prisão temporária é uma prisão cautelar decretada pelo juiz, apenas no curso das
investigações, nunca no bojo de uma ação penal. Tem por objetivo auxiliar na obtenção de elementos de
autoria e materialidade da infração. Logo, sua cautelaridade está na guarda da eficácia das investigações,
pois se o investigado estiver solto prejudicará o bom andamento da investigação. Assim, encerrada as
investigações, ela não subsistirá. Caso haja a existência de outros motivos, pode o delegado representar
pela decretação da prisão preventiva.
914.Não havendo necessidade de prorrogação da prisão temporária, qual a providência a ser tomada
pelo delegado de polícia?
R.: Excelência, a prisão temporária é decretada de forma a acautelar a investigação, uma vez não havendo
mais o requisito da necessidade, o Delegado deve liberar imediatamente o agente.
1
Conceito extraído do livro Improbidade Administrativa, leis especiais para concurso (vol. 23), Ed. Juspodivm, 3ª ed., 2017, p.
19.
2
Concessões especiais adotam modalidade licitatória de concorrência especial.
nenhum dever de cuidado (na configuração da culpa), ou não quis ou assumiu o risco do atropelamento
(na análise do dolo), o fato será atípico.
A atipicidade ocorre por falta do elemento subjetivo: dolo; ou do elemento normativo culpa,
ambas integrantes da conduta – inserida na tipicidade, conforme teoria finalista do conceito analítico de
crime.
Assim, a ocorrência deveria ser arquivada, diante da falta de conduta típica do condutor, caso
restasse indubitavelmente comprovada a culpa exclusiva da vítima, uma vez que houve um acidente, um
infortúnio, por violação de dever de cuidado, tão-somente, do próprio transeunte.
Contudo, conforme mencionado, tal regra comporta exceções, ou seja, haverá situações em
que os procedimentos da Autoridade Policial mesmo que versem sobre, em tese, possíveis infrações penais
de menor potencial ofensivo, deverão ser levadas à alçada de órgãos do Poder Judiciário diversos dos
órgãos de Juizados Especiais, a saber:
i- Nos casos de acusados com foro por prerrogativa de função (embora se aplique os institutos
despenalizadores da 9.099/95): aqui prevalecerá o foro por prerrogativa de função em detrimento do
JECRIM.
ii- Crimes eleitorais: segundo entendimento dos Tribunais Superiores, permanece a vis
atractiva da Justiça Especializada, isto é, a Eleitoral em detrimento da Justiça Comum (aplicam-se as
regras dos arts. 355 e ss. do Código Eleitoral).
iii- Violência doméstica e familiar contra a mulher: conforme dispõe o art. 41 da lei 11.340/06
(dispositivo declarado constitucional pelo STF na ADC nº 19/DF), não se aplicam os institutos da lei
9.099/95 (despenalizadores ou procedurais) nos crimes praticados contra a mulher, independentemente da
pena previstas para o crime.
Vale lembrar, que o STJ na súmula 536 também veda outros institutos despenalizadores
previstos na lei 9.099/95, nos casos que estão sob o manto da Lei Maria da Penha.
3
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8837
Outrossim, em sua jurisprudência, o STJ veda a aplicação da citada lei nos casos que envolvam
contravenções penais de violência doméstica e familiar contra a mulher.
iv- Nos crimes de trânsito de lesão corporal culposa, nos casos do art. 291, §1º, do CTB.
Vale também ressaltar, que mesmo sendo a infração de menor potencial ofensivo, é possível
que o procedimento não seja remetido ao JECRIM, ante as hipóteses de modificação de competência
(remete-se à Vara Criminal Comum – adotando-se o procedimento comum sumário): nos casos de
impossibilidade de citação pessoal do acusado, conforme art. 66 da lei 9099/95 (ocorre na fase processual);
pela complexidade da causa (art. 98, I, da CF); e em caso de conexão e continência da infração de menor
potencial ofensivo com outra infração penal comum.
Por fim, cabe mencionar, que existem hipóteses de crimes comuns, ou seja, aquelas que não
se enquadram no conceito de menor potencial que serão remetidas ao JECRIM, conforme previsto no art.
94 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03).
Contudo, o STF, na ADI 3096/DF (proposta pelo PGR), conferiu interpretação conforme ao
art. 94 do Estatuto do Idoso, estabelecendo que os delitos previstos no Estatuto cuja pena privativa de
liberdade não ultrapassar de 4 anos, será aplicada a lei 9.099/95 apenas em seu aspecto procedural, não
incidindo, destarte, os institutos despenalizadores do digesto de pequenas causas. Pensar de outa maneira,
seria subverter a principiologia do Estatuto do Idoso que visa conferir atendimento prioritário e proteção
ao idoso enquanto vítima, e não proporcionar maior benesse àquele que viola direitos do idoso.
929.Em quais hipóteses podem ocorrer avocação do IP de interceptação telefônica por superior
hierárquico?
R.: Excelência, a possibilidade de avocação do IP encontra-se no art. 2º, §4º, da lei 12.830/13.
Tal norma estabelece que que o IP somente poderá ser avocado por superior hierárquico
(Delegado-Geral, no âmbito da Polícia Civil), com o devido despacho de avocação fundamentado nos
seguintes casos: por razões de interesse público ou em virtude da inobservância dos procedimentos
previstos em regulamento da corporação que possa prejudicar a investigação.
Desta forma, poderia entender, no caso específico de IP de interceptação telefônica, a avocação
atendente do interesse público nos casos de gravações que demandem conhecimentos técnicos
especializados para sua execução e elaboração; ou nos casos de avocação com espeque no descumprimento
dos procedimentos – podemos pensar desrespeitos aos prazos de interceptação, ou de descumprimento dos
limites objetivos e subjetivos estabelecidos no despacho judicial autorizador da interceptação, pelo
Delegado de Polícia (sendo que ambas situações poderiam acarretar em nulidade absoluta dos elementos
de prova colhidos na interceptação).
932.Em uma busca domiciliar, é localizada uma arma de uso permitido, todavia, sem o devido
registro. Caracteriza crime? Quais as providências a ser tomadas pelo delegado de polícia?
R.: Excelência, primeiramente cabe anotar que possuir intra muros (no interior da sua
residência ou local de trabalho) arma de fogo de uso permitido sem o devido registro no órgão competente,
configura o crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (previsto no artigo 12 da lei
10.826/03 – Lei do Sistema Nacional de Armas).
Vale lembrar que como se trata de crime permanente. Assim, a situação flagrancial é de hialina
clareza, no caso em análise, ante a figura do flagrante próprio ou real (cf. art. 302, I, do CPP).
Em segundo aspecto, diante do crime mencionado e do estado flagrancial, caberia ao delegado
de polícia as seguintes providências:
- Realização da prisão-captura do agente em situação de flagrante real;
- Apreensão da arma de fogo e, após, a remessa para o instituto de perícia para a realização do laudo para
a realização de elementos relativos ao exame de corpo de delito (conforme art. 25 da lei 10.826/03 e art.
158 do CPP);
- Lavratura do auto de prisão em flagrante e entrega da nota de culpa ao autuado;
- Concessão da liberdade provisória com fiança, se excluídas as hipóteses de inafiançabilidade relativa,
vez que o crime possui pena privativa de liberdade máxima em abstrato de 3 (três) anos de detenção.
4
HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Coleção leis especiais para concursos, vol. 12. 10ª ed - 2018. Ed. Juspodivm ; p. 579.
Destarte, será possível ao delegado de polícia arbitrar a fiança do autuado, conforme disposto no art. 322
do CPP.
934.Venda de bebida alcoólica dentro de uma tribo indígena caracteriza crime? Que medida deve
ser tomada pelo delegado?
R.: Sim, de acordo com o art. 58, III, da Lei nº 6001/73 (Estatuto do Índio), desde que a venda seja feita
nos grupos tribais ou para índios não integrados. Como a competência é da Justiça Estadual, por não
envolver disputa indígena (súmula 140, STJ), o delegado deverá instaurar inquérito policial.
935.No caso de IP de furto continuado praticado por indivíduo que não tem documento de
identificação, pode haver representação para prisão temporária?
R.: Não. O furto não consta no rol taxativo dos crimes que admitem a prisão temporária (Lei nº 7960).
Embora seu art. 1º, II, admita a prisão para “esclarecimento de sua identidade”, prevalece que os inciso III
(rol de crimes) deve estar sempre presente para a decretação, o que restou ausente no caso.
937.O advogado de defesa pode representar pela interceptação telefônica sob o argumento do
exercício da ampla defesa?
R.: 1ª corrente: Sim, para interceptar conversas da vítima ou de outro suspeito, com base na
proporcionalidade. 2ª corrente: Não, pois o silêncio do legislador foi eloquente. Mas nada obsta que a
defesa inste a autoridade policial ou o MP para que eles requeiram. Ver art. 3º da Lei nº 9296.
938.Em que momento ocorre a juntada dos autos da interceptação aos autos do IP?
R.: Imediatamente antes do relatório da autoridade policial, nos termos do art. 8º, § único, da Lei nº 9296.
939.A quebra de sigilo telefônico pode ser decretada por delegado em alguma hipótese?
R.: Não. Apenas o juiz pode decretar, uma vez que recai sobre a interceptação a cláusula de reserva de
jurisdição, o que “importa em submeter, à esfera única de decisão dos magistrados, a prática de
determinados atos” (STF, MS 23452).
943.Havendo no mesmo contexto fático, um furto e um crime de menor potencial ofensivo, Como se
apura, TC ou IP?
R.: Deve-se instaurar IP para a apuração de ambos os crimes, aplicando-se por analogia o art. 60 da Lei nº
9.099/95.
945.Acerca das medidas protetivas da Lei Maria da Penha, há prazo para o juiz se manifestar?
R.: Sim, em 24 horas (art. 18 da Lei nº 11340).
946.Há previsão de prazo para o delegado de polícia encaminhar ao juiz o pedido de tais medidas?
Sim, em 48 horas (art. 12, III da Lei nº 11340).
948.O delegado de polícia pode representar ao juiz para prisão temporária por crime de furto?
R.: Não cabe prisão temporária por crime de furto. “Não pode subsistir o decisum que decretou a prisão
temporária do paciente, investigado em sede de inquérito policial pela suposta pratica do delito de furto,
o qual não está inserido no rol do art. 1º, III, da Lei n.º 7.690/89”. STJ, HC 35557.
952.Decretação de prisão temporária por vulgo ou primeiro nome, sem a qualificação. Qual
fundamento o Delegado de Polícia pode utilizar para representar a prisão temporária?
R: Quanto ao periculum libertatis, o Delegado deve representar com base no art.1º, II, da Lei 7.960/89 -
quando o indicado (...) não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade.
961.– Lei de Contravenções Penais – Diferencie o tipo do artigo 128 da falsidade ideológica.
R: acho que essa pergunta está incompleta.
963.É possível a autoridade judicial conceder liberdade sem fiança no crime de racismo?
R: A Constituição Federal afirma que o crime de racismo é inafiançável, mas não veda a liberdade
provisória (CF, art.5º, XLII). Assim, a análise do cabimento deve ser feita pelo magistrado, no caso
concreto, sob pena de violação ao princípio da presunção de inocência, apontando a presença ou ausência
dos pressupostos do arts.312 e 313 do CPP (prisão preventiva) ou da Lei 7.160/89 (prisão temporária).
Interpretação diversa estabeleceria uma prisão cautelar obrigatória para aquele que fora preso em flagrante
pelo cometimento de crime de racismo.
972.O que é crime organizado por extensão e crime organizado por natureza?
R.: Crime organizado por extensão: diz respeito à punição pelos crimes praticados pela organização
criminosa; crime organizado por natureza: diz respeito à punição pelo delito de organização criminosa.
981.Qual a autoridade cometente para aplicar a multa reparatória nos crimes de trânsito?
R.: A autoridade competente é o juiz de direito, uma vez que a multa reparatória é um efeito secundário da
sentença penal condenatória. Aplica-se somente aos crimes que causem prejuízos para a vítima do
acidente.
- art. 297, CTB
983.Prisão temporária → Pode representar pela prisão temporária do agente que fabrica o
maquinário para a fabricação de drogas?
R.: A lei de prisão temporária faz menção expressa ao crime de tráfico de drogas, ou seja, somente as
condutas do artigo 33 ensejariam tal modalidade de prisão.
- art. 34, lei 11.343/06 e art. 1º, III, “n”, lei 7.960/89
OBS: parte da doutrina entende ser inconstitucional a prisão temporária aos crimes de tráfico de drogas
sob 2 argumento: i) sua criação se deu por meio de medida provisória, logo há inconstitucionalidade formal
por vício de iniciativa; ii) a medida cautelar de natureza excepcional não poderá ocorrer em face do tráfico
de drogas, pois a Lei 7.960/89 é taxativa ao elencar entre os delitos autorizadores de tal medida o artigo
12, da Lei 6.368/76 e não o artigo 33, da Lei 11.343/06. Desta forma, como em Direito Penal não é admitida
a analogia in malam partem, resta a impossibilidade da aplicação desta modalidade de prisão cautelar.
986.O direito de reclamar pelos defeitos aparentes ou de fácil constatação prescreve em que prazo?
R.: O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em trinta dias, tratando-se
de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; noventa dias, tratando-se de fornecimento de
serviço e de produtos duráveis. Art. 26 do CDC.
992.De acordo com a lei 12.830/2013, qual a validade jurídica do TC lavrado por PM?
R.: Recentemente, em 2017, houve um julgamento monocrático do Ministro Gilmar Mendes ampliando o
conceito de autoridade policial a qualquer servidor integrante das carreiras do art.144 da CF para fins de
definição da atribuição legal acerca da lavratura do TC (STF, RE 1.050.631-SE, Min. Rel. Gilmar Mendes,
decisão monocrática em 22/09/2017). No entanto o STF, fruto de diversos julgamentos em Plenário, possui
posição no sentido de que nenhum outro agente público está autorizado a exercer função de autoridade
policial, senão o Delegado de Polícia que - segundo art. 2° da Lei 12.830 - pertence a uma carreira jurídica.
As atribuições de polícia judiciária e investigação de crimes comuns incumbem à Polícia Civil e Polícia
Federal, dirigida por Delegado de Polícia (art. 144, &4° da CF, art. 4° do CPP e art. 2°, &1° da Lei
12.830/2013). TC é um dos procedimentos policiais que materializam a investigação criminal (art. 2°, &1°
da Lei 12.830).
Todos os elementos informativos e probatórios produzidos por instituição diversa da polícia judiciária são
inválidos, porquanto o ordenamento jurídico veda a utilização de provas ilícitas. Além do mais, o policial
que atuar à margem da CF poderá sofrer responsabilidade pessoal, seja por improbidade administrativa
(art. 11 da Lei), seja disciplinar por seu órgão, seja criminal por usurpação de função pública (art. 328,
CP). Livro: Temas avançados de Polícia Judiciária, Autores: Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann.
999.O prazo para conclusão do IP nos crimes contra a economia popular é o mesmo dos demais
crimes?
R.: Não. Para réu preso ou solto o prazo para conclusão do IP é de 10 dias. Lei 1521/51, art. 10, &1°.
1003. O delegado de polícia que deixa de comunicar uma prisão em flagrante ao juiz cometeu
que tipo de crime?
R.: A comunicação imediata da prisão em flagrante ao juiz, ao Ministério Público e à família do preso ou
à pessoa por este indicada é uma providência prevista no art. 306, caput, do CPP e no art. 5º, LXII, da
CF/1988. Se o delegado de polícia não o fizer, responderá por crime de abuso de autoridade (art. 4º, alínea
"c", da Lei 4.898/65). Também poderá responder por prevaricação (art. 319, CP), caso se verifique o
elemento subjetivo especial em sua conduta, qual seja, o intuito de satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
1004. A perda do cargo em razão de condenação por crime de tortura é efeito automático da
sentença?
R.: No crime de tortura, a perda do cargo é efeito automático da sentença condenatória (art. 1º, §5º, da Lei
9.455/97), ao contrário da regra geral do art. 92, I, do CP. Assim, não depende de motivação expressa na
sentença. Ver Informativo 549, STJ.
1005. Em relação à criança que pratica infração penal, há alguma medida socioeducativa?
R.: Às crianças que praticam infração penal (a que se dá o nome de "ato infracional") são aplicadas medidas
protetivas, previstas no artigo 101 da Lei 8.069/90. As medidas socioeducativas são aplicáveis apenas aos
adolescentes (pessoas entre 12 e 18 anos, conforme o art. 2º, caput, do ECA).
1007. O juiz pode decretar de ofício as medidas protetivas da lei Maria da Penha?
R.: O art. 19, caput, da Lei 11.340/06 não prevê expressamente a possibilidade de o juiz decretar de ofício
as medidas protetivas de urgência. Há quem defenda a impossibilidade, tendo em vista o sistema
acusatório. Entretanto, para parcela abalizada da doutrina, é possível a concessão de ofício pelo
magistrado, com fundamento no poder geral de cautela e na ideia de que, ao fazê-lo, o juiz não atua como
acusador, mas apenas age visando à proteção da mulher vítima de violência doméstica, o que se coaduna
com as finalidades da Lei Maria da Penha (ver posição de Gabriel Habib).
1011. Lei 9.099/95 → Qual o recurso cabível e qual o prazo para interposição contra decisão
que rejeita a denúncia?
R.: O recurso cabível contra decisão que rejeita a denúncia no procedimento sumariíssimo no âmbito do
Juizado Especial Criminal é a apelação, a ser interposta no prazo de dez dias, conforme o art. 82, caput e
§1º, da Lei 9.099/95.
1012. Que órgão julgará o recurso?
R.: O órgão que julgará o recurso supracitado é a Turma Recursal do Juizado Especial, composta por três
juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado (art. 82, caput, da Lei
9.099/95).
1015. Lei do Meio Ambiente, artigo 3º → Fale sobre as teorias da responsabilidade civil da
pessoa jurídica.
R.: As teorias quanto à responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais (art. 3º da Lei
9.605/98) são: irresponsabilidade penal da pessoa jurídica (o fundamento seria a ausência de conduta do
ente moral); dupla imputação ou "imputação paralela" (pessoa jurídica só responde se também houver
pessoa física no polo passivo da ação penal; já foi adotada no STJ); responsabilidade da pessoa jurídica
isolada ou cumulada com a das pessoas naturais envolvidas (sócios, diretores, administradores etc.) - esta
última é a tese atualmente adotada pelo STF e pelo STJ.
*Obs questão 1018.: a pergunta fala em responsabilidade civil (não saiu escrito errado?). De qualquer
modo, responderia dizendo que a responsabilidade civil da pessoa jurídica (e também da pessoa natural)
em questões ambientais é objetiva e não se admitem excludentes de responsabilidade, uma vez que a teoria
adotada no Brasil nesta matéria é a do risco integral (posição majoritária da doutrina e também do STJ -
Informativo 490). A teoria do risco integral é uma das espécies de teorias do risco; as outras seriam a do
risco administrativo, a do risco criado, a do risco da atividade e a do risco-proveito.
1016. Como se classifica a ação penal nos crimes ambientais?
R.: A ação penal nos crimes ambientais é pública incondicionada (art. 26, caput, da Lei 9.605/98).
1017. Quais os requisitos para que o Ministério Público proponha a suspensão do processo?
R.: Os requisitos para que o Ministério Público proponha a suspensão do processo estão previstos no art.
89, caput, da Lei 9.099/95 (ver questão 1017). Ademais, tal suspensão subordina-se à observância das
condições especificadas no art. 89, §1º, I a IV, da Lei 9.099/95, além de outras que poderão ser
determinadas pelo juiz.
1022. Recentemente se posicionou sobre o indivíduo que mantém arma de fogo, mas esqueceu
de renovar o registro. Qual o entendimento?
R.: Para o STJ, com base no princípio da subsidiariedade do direito penal, não há tipicidade material na
conduta de possuir arma de fogo de uso permitido com registro vencido, uma vez que existem sanções
administrativas suficientes para a tutela do bem jurídico violado.
1023. Um indivíduo mantem uma arma de fogo no cofre. O filho menor sabe da senha e se
apodera da arma de fogo. Como enquadraria?
R.: É crime não guardar devidamente uma arma de fogo, e com isso possibilitar que uma criança ou
adolescente se apodere dela. No caso de arma no cofre ao qual o filho sabe a senha, caracterizada está a
falha em guardar devidamente a arma. Situação diversa inclusive com amparo jurisprudencial seria em
manter a arma num esconderijo e a munição noutro. (art. 13 lei 10.826/03)
1024. Lei de Combate às Organizações Criminosas → Que benefícios poderão ser concedidos
ao agente que aderir ao acordo da colaboração premiada?
R.: Por determinação do art. 4º lei 12.850/13, “O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial, reduzir em até 2/3 a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele
que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que
dessa colaboração advenha resultados”
1027. No caso de crimes virtuais, pode se contar os institutos da Lei Maria da Penha?
R.: Sim, em se tratando de crimes virtuais com o especial fim de humilhar, degradar, coisificar a mulher,
alçando-a a um suposto patamar de criatura indigna de respeito, os fins sociais da Lei n. 11.340/06
autorizam ao Poder Judiciário, seja por meio de suas próprias disposições, seja por meio de outros
diplomas legais em vigor, a rechaçar todo ato de violência contra a mulher.
1028. No caso de agressão do patrão contra a empregada doméstica, ela pode contar com a Lei
Maria da Penha?
R.: Sim, O TJDFT reconheceu num caso de estupro praticado pelo patrão contra a empregada doméstica
que deve ser aplicado a Lei Maria da Penha. De acordo com o julgador, “a Lei Maria da Penha tem como
objetivo oferecer proteção integral à mulher, independentemente da existência de laços familiares ou de
relação íntima de afeto entre agressor e vítima, pois a vulnerabilidade é reconhecida em razão do gênero
e do local onde a conduta foi praticada”.
1029. Como Delegado foi procurado por uma mulher que foi constrangida a manter relações
sexuais com o marido, depois de um mês negando isso a ele. Ele exerceu o exercício regular de
um direito ou cometeu crime?
R.: Cometeu crime de estupro. Ademais, conforme o art. 226, II, do CP, que prevê causas de aumento para
o crime de estupro e demais crimes contra a dignidade sexual praticadas pelo cônjuge, não resta mais
dúvida quanto à possibilidade de o marido responder por este delito.
1030. Comarca onde não houver juizado de violência doméstica contra a mulher → Que órgão
do Poder Judiciário e competente?
R.: Conforme art. 33 da lei 11.340/06, enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e
julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
1033. Maior rouba na frente de menor, que tem antecedentes criminais. Como trata o menor?
R.: Em caso de roubo qualificado por concurso de agentes responderá por esse em ato infracional análogo.
Conforme jurisprudência do TJSP, menor que é reincidente específico e descumpriu injustificadamente a
medida anteriormente imposta em meio livre submete-se à medida socioeducativa de internação por prazo
indeterminado.
1038. Lei Maria da Penha. Delegado. Cite providências que tomaria assim que recebesse uma
vítima de violência doméstica.
R.: Faria o registro da ocorrência com a respectiva oitiva da ofendida, tomando a termo sua representação.
Determinaria a produção do exame de corpo de delito e a oitiva do agressor e outras testemunhas, sendo
possível. Passaria a informar a ofendida dos direitos previstos na lei, dentre os quais a possibilidade de sua
representação por medidas protetivas de urgência. Além disso, avaliaria a necessidade de proteção policial,
seja para o encaminhamento da vítima ao hospital, seja para acompanhar o seu transporte e retirada de
pertences até um local seguro.
1041. Qual a diferença entre crime contra a ordem tributária (artigo 1º, III) e o crime de
duplicata simulada?
R.: O tipo da duplicata simulada é crime formal que atenta contra o patrimônio privado. A consumação se
dá no momento da emissão/circulação da cártula (formal). Na falsidade tributária, protege-se a ordem
difuso-coletiva, o dolo requer a intenção especial de reduzir ou suprimir o tributo e a consumação ocorre
com efetiva produção desse resultado, constatável a partir da constituição do débito. (c. material).
1043. Desarmamento → Indivíduo surpreendido tentando adquirir arma de fogo. Alega que é
para deixar em sua residência pratica crime?
R.: Sim, pois um dos verbos nucleares do tipo contempla a modalidade “adquirir”, sendo, de fato,
perfeitamente possível haver fracionamento da conduta e a configuração do crime em sua forma tentada.
1046. Artigo 20 → Um indivíduo caminha sem camisa com uma tatuagem de suástica nas costas.
Pratica crime?
R.: Não. Para caracterização do delito de divulgação do nazismo exige-se, além da veiculação do símbolo,
um elemento subjetivo especial do tipo, qual seja, a intenção de divulgá-lo ou promovê-lo.
1052. Quem pode ser sujeito ativo do crime do artigo 2º da Lei dos Crimes contra o Trabalho?
R.: O sujeito ativo será a pessoa física empregadora, o representante legal do empregador e dirigentes de
órgãos ou entidades da Administração Pública.
Art. 2º, parágrafo único, da Lei 9029/95.
1055. Delegacia. Senhora relata que o PM, ao efetuar a prisão do seu filho, tirou toda a roupa
dele para expô-lo. Cometeu algum crime?
R.: Sim, o ato de tirar toda a roupa com a finalidade de expô-lo configura crime de abuso de autoridade,
na modalidade de submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não
autorizado em lei.
Art. 4º, b, da Lei 4.898/65.
1056. Pode o delegado de polícia investigar ação de PM que comete abuso de autoridade?
R.: Sim, na hipótese de ser um militar o sujeito ativo do abuso de autoridade, a competência para
investigação, processo e julgamento é da Justiça Comum (Federal ou Estadual). Não será deslocada para
a Justiça Militar, uma vez que se trata de delito comum, e não militar.
Súmula 172 STJ.
1059. Um policial de arma em punho impede alguém de entrar em estabelecimento por ser
negro.
R.: Trata-se de conduta que configura crime de preconceito de raça e cor bem como o crime de abuso de
autoridade.
Art. 11 da Lei 7.716/89 e art. 3º, a, da Lei 4.898/65.
1062. Durante esse encaminhamento, o adolescente pode ser conduzido na parte fechada da
viatura?
R.: Não. O adolescente não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo
policial.
Art. 178 do Estatuto da Criança e Adolescente.
1063. Como delegado, pode autorizar a saída do preso da prisão temporária no primeiro dia,
quando recebe a notícia de falecimento de sua mãe?
R.: Não. A liberação do preso temporário ocorre apenas no final do prazo estipulado ou mediante
autorização judicial.
1065. Segundo a lei de execução penal, o preso por prisão temporária é preso provisório?
R.: Sim. A lei de execução penal aplica-se aos preses definitivos e provisórios.
Art. 4º da Lei de Execução Penal.
1068. Plantão. Idoso relata que seu filho pegou o dinheiro de sua poupança e viajou. Há três
meses tenta receber o dinheiro de volta, mas o filho afirmou que não pagará. Há crime específico
no estatuto do idoso?
R.: Sim. Há crime específico no Estatuto do Idoso, que consiste na conduta de apropriar-se dos
rendimentos do idoso, dando-lhe aplicação diversa da sua finalidade.
Art. 102 do Estatuto do Idoso.
1072. Empresa de equipamentos hospitalar. Licitação dispensada sob a alegação de existir uma
única empresa. Um interessado alega que sua empresa também gostaria de participar, mas não
houve o processo licitatório. Há crime?
R.: Estará caracterizado o crime do art. 89 de dispensa ou inexigibilidade de licitação fora das hipóteses
previstas em lei. (Lei 8666/93).
1075. Quem utiliza índio ou comunidade indígena para fazer propaganda turística comete crime?
1076. Qual a competência do estatuto do índio?
1077. Como delegado, em alguma hipótese atuaria?
1078. Temos uma tribo em Parelheiros. Pode atuar se houver algum crime na aldeia?
Questões não resolvidas pois tratam do Estatuto do Índio, que não está no nosso edital
1079. Uma pessoa que esteja vendendo extintor de incêndio com água, comete crime?
R.: Sim. Constitui crime contra as relações de consumo “vender ou expor à venda mercadoria cuja
embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou
que não corresponda à respectiva classificação oficial”.
Lei 8137/90 art. 7º, II. (Não tenho certeza quanto a essa resposta)
1082. Durante interceptação telefônica para investigar extorsão mediante sequestro, descobre
um crime de pedofilia. Pode utilizar essas gravações?
R.: Sim, desde que a interceptação tenha sido realizada de acordo com a lei.
1088. Qual o prazo para encerrar a instrução criminal nos processos em que organizações
criminosas estão envolvidas?
R.: Não há prazo certo para o encerramento de instrução criminal nos processos relacionados à
organizações criminosas quando não há prisão, entretanto, deve-se observar o Princípio da duração
razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF), sob pena de constrangimento ilegal, conforme entende a
jurisprudência.
1092. É possível uma nova identidade a uma pessoa que foi vítima de crime? Em que situação?
R.: A lei de proteção a testemunhas (Lei 9.807/99) protege também as vítimas coagidas ou expostas a grave
ameaça em razão de colaborarem com a persecução penal. Seu art. 9º e § 1º, estabelecem que em casos
excepcionais e considerando as características e gravidade da coação ou ameaça, poderá ocorrer a alteração
do nome da vítima.
1093. LEP → Quando será permitido o recolhimento do regime aberto para a residência
particular?
R.: Conforme art. 117, LEP, o recolhimento domiciliar do sentenciado em regime aberto será permitido ao
maior de 70 anos, acometido de doença grave, condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental
e a condenada gestante.
1098. E reprodução?
R.: Conforme art. 5º, VI, da lei 9.610/98, reprodução é a cópia de um ou vários exemplares de uma obra
literária, artística ou científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer
armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de fixação que
venha a ser desenvolvido.
1099. Software → É possível aplicar os benefícios da Lei 9.099/95 aos crimes de software?
R.: É perfeitamente possível, tendo em vista que os crimes de software, previstos no art. 12 da Lei 9.609/98
são de menor potencial ofensivo, em razão da sua pena máxima não superar 2 anos, aplicando-se o art. 61
da lei 9.099/95
1102. O indivíduo entrega a direção ao amigo que está embriagado, que acaba causando um
acidente. Quais os crimes?
Neste caso, o motorista deverá responder pelo crime de embriaguez ao volante (art. 306, CTB) enquanto
o indivíduo que entregou a direção deve responder pelo crime de entrega temerária da direção de veículo
automotor (art. 310, CTB)
1103. Lei de improbidade administrativa → Quais as sanções aplicadas aos atos de improbidade
administrativa?
As sanções aplicadas aos atos de improbidade administrativa são: o ressarcimento integral do dano
causado, a perda da função pública, a suspensão dos direitos políticos, a multa civil, a perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio e a proibição de contratar com o Poder Público (art. 12, Lei
8.429/92).
1104. Lei 9.099/95 → Julga os crimes conexos às infrações de menor potencial ofensivo?
Na hipótese de conexão entre crimes de menor potencial ofensivo e crime comum, ambos serão julgados
na Justiça Comum, sem prejuízo da aplicação dos institutos despenalizadores em relação às infrações de
menor potencial ofensivo (art. 60, Lei 9.099/95).
Obs: há doutrina que entende que, mesmo nesses casos, deveria haver a separação dos processos, diante
do status constitucional dos Juizados Especiais (art. 98, I, CF).
1105. Pessoas com prerrogativas de foro podem receber os benefícios da Lei 9.099/95?
Pessoas com foro por prerrogativa, apesar de serem julgados pelo respectivo Tribunal, podem ser
beneficiados pela aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei 9.099/95, já que estes estão
diretamente relacionados ao direito de punir.
1111. É correto afirmar que há concurso entre o crime de lavagem de dinheiro e o crime
antecedente?
O processo e o julgamento do crime de lavagem de capitais independem do processo e julgamento do
crime antecedente, logo, não é correto afirmar que, necessariamente, haverá concurso entre o crime de
lavagem e o antecedente (art. 2º, II, Lei 9.613/98).
1114. Crime contra a ordem tributária. A apuração do débito fiscal na fase administrativa é
condição de procedibilidade da ação penal?
Na forma da Súmula Vinculante 24, no crime contra a ordem tributária a constituição prévia do crédito
tributário configura condição de procedibilidade da ação penal.
1115. Como delegado de polícia qual lei aplicaria para aquele que pratica agiotagem?
A prática de “agiotagem” é considerada um crime contra a Economia Popular, tipificado no art. 4º, “a”,
da Lei 1.521/51.
1118. E administrativamente?
R. A teor do art. 165-A do CTB, o infrator está sujeito à pena de multa (que pode ser aplicada em dobro
em caso de reincidência); suspensão do direito de dirigir por até 12 meses; recolhimento da CNH e;
retenção do veículo.
1123. Lei de Execução Penal → Quais as faltas graves cometidas pelo condenado à pena
privativa de liberdade?
R. Conforme art. 50 da LEP: incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
fugir; provocar acidente de trabalho; dentre ouras.
1125. Lei de Patentes → Quem pode requerer a patente de invenção ou modelo de atividade?
R. Conforme art. 6º da Lei nº. 9.279/96 o próprio autor, que poderá ser requerida em nome próprio, pelos
herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou
de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade.
1128. Lei Maria da Penha → Como se dividem as medidas protetivas de urgência que a mulher
vítima de violência doméstica pode pleitear? Poderia citar?
R. Se dividem em “Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor” e “Medidas Protetivas de
Urgência à Ofendida”.
1134. Qual a consequência da composição dos danos civis na esfera penal privada?
R.: Acarreta a renúncia ao direito de queixa e extinção da punibilidade, mesmo que não haja o efetivo
pagamento, basta que seja homologado pelo Juiz. Cuidado! Em caso de não pagamento (depois da
composição ser homologado pelo juiz), a vítima não terá restaurado seu direito de queixa. O máximo que
conseguirá fazer é a buscar a execução do título.
1138. Qual a implicação legal de se realizar uma interceptação telefônica sem autorização?
R.: Sujeita o autor nas penas do art. 10 da lei 9296/96, PPL no regime de reclusão de 02 a 04 anos e multa.
1144. Pessoa para ser flagranteada. Não tem documento. Como procede?
R.: Ordenar a identificação do flagranteado pelo processo datisloscópico, fotográfico ou do perfil genético
e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais. A própria Constituição dispõe que nenhuma
pena poderá passar da pessoa do condenado (princípio da pessoalidade da pena). Neste sentido, é evidente
que a identificação criminal do verdadeiro autor do delito é de suma importância para o Processo Penal
Brasileiro, mesmo para que não haja o risco de processar e condenar a pessoa errada.
1149. Interceptação telefônica → É necessário inquérito policial ou ação penal para que seja
autorizada?
R: Tanto o art. 5º, XII, da CF/88 quanto o art. 1º, caput, da Lei nº 9.296,96 fazem menção à investigação
criminal e não ao inquérito policial. Para o professor Renato Brasileiro, ainda que não haja IP instaurado
ou Ação Penal em curso, será possível a interceptação telefônica, desde que haja outra forma de
investigação criminal em curso. Ex: Investigação do fato pelo MP.
1150. O prazo da interceptação telefônica pode ser renovado mais de uma vez?
R: O art. 5º da Lei nº 9.296/96 dispõe que a interceptação telefônica não poderá exceder 15 dias, renovável
por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. A doutrina majoritária e a
jurisprudência admitem que o prazo pode ser renovado indefinidamente desde que comprovada a
indisponibilidade do meio de prova. STF. (RHC 132115/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli - Info 890).
1159. A violência praticada por torcedores a 2 quilômetros de onde estava sendo realizada uma
partida oficial de futebol configura crime?
R: O Estatuto do torcedor dispõe em seu art. 41-B, §1º, I que é crime promover tumulto, praticar ou incitar
a violência num raio de 5.000 (cinco mil) metros ao redor do local de realização do evento esportivo, ou
durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento, com pena de reclusão de 1 a 2 anos e
multa.
1160. Uma torcida organizada, tendo como natureza jurídica de direito privado, pode ser
responsabilizada objetiva e solidariamente pelos danos causados por qualquer de seus membros?
R: A torcida organizada responde civilmente, de forma objetiva e solidária, pelos danos causados por
qualquer dos seus associados ou membros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto
de ida e volta para o evento, conforme art. 39 do Estatuto do torcedor.
1161. Em caso de urgência, é possível impetrar mandado de segurança por fax?
R: Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por
telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada, conforme o art. 4º da
Lei 12.016/2009 que trata sobre o Mandado de Segurança.
1163. Pode-se conceder mandado de segurança em se tratando de decisão judicial com trânsito
em julgado?
R: Conforme o art. 5º, III, da Lei 12.016/2009, não se concederá mandado de segurança quando se tratar
de decisão judicial transitada em julgado.
1165. Cite 3 medidas que deverão ser tomadas pela autoridade policial na hipótese de violência
doméstica.
R.: Garantir proteção policial, se necessário, comunicando MP e Judiciário; encaminhar a ofendida ao
hospital e ao IML; transportar a ofendida e dependentes a local seguro, se houver risco de vida;
acompanhar a ofendida na retirada de pertences do domicílio; informar a ofendida dos direitos da Lei n.
11.340/06 e serviços disponíveis.
Art. 11 da Lei Maria da Penha.
1166. Em caso de violência doméstica, após o devido registro da ocorrência, qual o prazo para
envio ao juiz com as medidas protetivas?
R.: O prazo para o envio ao juiz de expediente apartado com pedido da ofendida para a concessão de
medidas protetivas de urgência é de 48 (quarenta e oito) horas.
Art. 12, III, da Lei Maria da Penha.
1167. Quais os prazos das medidas previstas no artigo 28 da lei de drogas?
R.: O art. 28 prevê as medidas de advertência, de prestação de serviços à comunidade e de comparecimento
a programa ou curso educativo. Nas duas últimas hipóteses, o prazo máximo é de 5 (cinco) meses. Em
caso de reincidência, o máximo será de 10 (dez) meses.
1172. A prisão temporária é privativa do IP ou pode ser decretada no curso da ação penal?
R.: Não cabe prisão temporária no curso da ação penal. É, pois, espécie de prisão cautelar restrita a fase
pré-processual da persecução penal. Além do IP, a prisão temporária pode ser decretada em outros
procedimentos investigativos, como o PIC do Ministério Público.
Art. 1º, I, da Lei n. 7.960/89.
1175. Cite 2 meios para se comprovar a identidade civil, excluindo-se a carteira de identidade
(RG).
R.: Carteira de trabalho; carteira profissional; passaporte; carteira de identidade funcional; outro
documento público que permita a identificação do indiciado; e documentos de identificação militares.
Art. 1º, incisos e parágrafo único, da Lei n. 12.037/09.
1177. Cite os casos de lesão corporal culposa previstos no CTB que admitem a aplicação de
transação penal, composição civil e não necessitam de representação.
R.: A lesão corporal culposa prevista no CTB admite a transação penal ou a composição civil do JECrim,
mas desde que o agente não esteja sob efeito de álcool/drogas, participando de racha ou transitando acima
de 50 km/h da velocidade máxima permitida. A representação da vítima, todavia, é exigida pela Lei do
JECrim.
Art. 291, § 1º, incisos I a III, do CTB.
Art. 88 da Lei do JECrim.
(PESSOAL, NESTA QUESTÃO O COLEGA QUE RESPONDEU FEZ A SEGUINTE OBSERVAÇÃO:
“Registro que não tenho certeza quanto à resposta da questão 1.180. Busquei a ajuda de amigos também
concurseiros, mas ninguém conseguiu entender com exatidão o questionamento, nem soube afirmar qual
seria a resposta esperada pelo examinador.”)
1179. No âmbito da Lei n. 8.666/93, quais as penalidades quando o sujeito ativo for funcionário
público?
R.: Os autores de crimes previstos na Lei n. 8.666/93, quando servidores públicos, sujeitam-se às sanções
penais àqueles correspondentes e, ainda, à perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
Art. 83, “caput”, da Lei n. 8.666/93.
1180. Remeter dinheiro ao exterior sem as formalidades legais e sem informação à receita
federal configura crime?
R.: Em tese, sim. A hipótese pode configurar o crime de evasão de divisas.
Art. 22, parágrafo único, da Lei n. 7.492/86.
1181. Quais os requisitos para caracterizar uma organização criminosa, nos termos da lei
12.850/2013?
R.: Excelência, são requisitos para caracterizar a organização criminosa: a associação de 4 ou mais
pessoas; estrutura ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente; objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações
penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional.
(art. 1º, § 1º, L. 12850/2013).
1182. Quais delitos cuja prática podem caracterizar uma organização criminosa?
R.: Excelência, podem caracterizar uma organização criminosa infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional, independentemente da quantidade da
pena aplicada (art. 1º, § 1º, L. 12850/2013).
1183. Que tipos de vantagens podem ser buscadas pelos indivíduos para caracterizar uma
organização criminosa?
R.: Excelência, para a caracterização de uma organização criminosa, podem ser buscadas quaisquer tipos
de vantagens, pelos indivíduos. (art. 1º, § 1º, L. 12850/2013).
1185. Qual o único crime considerado hediondo que não está no Código Penal?
R.: Excelência, atualmente temos dois crimes que não estão no código penal que são considerados
hediondos, quais sejam, o crime de genocídio e a posse ou porte de arma de fogo de uso restrito.
1186. Para caracterizar crime hediondo, o homicídio praticado por grupo de extermínio deve
ser praticado por quantas pessoas?
R.: Excelência, ainda que cometido por apenas um agente, o homicídio praticado em atividade típica de
grupo de extermínio, será considerado hediondo.
1189. A chamada Lei do software tipifica a violação do direito autoral. Quem é o sujeito
passivo? E o ativo?
R.: Excelência, o sujeito passivo é o autor do programa de computador. Já o sujeito ativo, é qualquer
pessoa, uma vez que o tipo penal não reclama qualquer condição especial do sujeito ativo.
1199 - A gravação de conversa telefônica pela vítima de ameaça é válida como prova? Pode ela ser
utilizada no processo criminal?
R.: Sim. O STJ entende que, no que tange à legalidade da prova, a gravação efetuada por um dos
interlocutores dispensa autorização judicial, pois não se está diante de violação da intimidade, mas da
adoção de providências pelo interessado para o resguardo de direito próprio.
1201 - Nos crimes contra a relação de consumo do CDC pode-se falar em culpa?
R.: Sim. O CDC traz previsão expressa de dois crimes punidos a título de culpa. O do artigo 63 e o do
artigo 66.
1203 Lei do preconceito racial dispõe que quando o autor destes crimes for agente público ele perderá o
cargo. A previsão na lei é de que tal perda é automática ou o juiz, caso assim entenda, deve
fundamentar tal decisão?
R.: A previsão da lei, no artigo 18, é de que os efeitos não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
1204 - Lei 12.037, o civilmente identificado não será identificado criminalmente. Os documentos que
permitem a identificação civil estão na referida lei?
R.: Sim. Constam do artigo 2º da Lei e são: carteira de identidade, carteira de trabalho, carteira profissional,
passaporte, carteira de identificação funcional ou outro documento público que permita a identificação do
indiciado.
1205 - A lei estabelece situações em que mesmo civilmente identificado o indivíduo poderá ser
criminalmente identificado. Cite três situações.
R.: Constam do artigo 3º da Lei. Quando o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação,
quando o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado e quando o
indiciado portar documentos de identidade distintos com informações conflitantes entre si.
1206 - Qual a diferença entre crime e contravenção penal? Onde está previsto expressamente a
diferenciação?
R.: A diferença expressa está prevista na Lei de Introdução ao Código Penal, Decreto-Lei nº. 3.914 /41,
em seu artigo 1º: “Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou
cumulativamente.” Ademais, pode-se citar que na contravenção não se pune a tentativa, a competência é
sempre da justiça estadual e não se pune aquela quando praticada fora do Brasil.
1207 - Tratando se de lei de crimes hediondos a progressão de regime pode correr após quanto tempo de
cumprimento da pena?
R.: A progressão de regime poderá ocorrer após o cumprimento de 2⁄5 da pena se o apenado for primário
e 3⁄5 se reincidente.
1208 - Com relação ao programa de proteção à testemunha, conforme a lei 9.807/99, quais os requisitos
para que o acusado obtenha os benefícios do perdão judicial em caso de delação premiada?
R.: Artigo 13 da Lei. O acusado deve ser primário, ter colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e o processo criminal, e que dessa colaboração advenha a identificação dos demais co-autores
ou partícipes da ação criminosa, a localização da vítima com sua integridade física preservada, a
recuperação total ou parcial do produto do crime. Ainda, a decisão levará em conta a personalidade do
beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.
1209 - Lei de crimes hediondos: Qual o prazo para decretação da prisão temporária.
R.: 30 dias prorrogáveis por mais 30 em caso de extrema e comprovada necessidade. Art. 2º, §4º.
1211 - Prisão temporária, delegado pode libertar o preso antes do prazo previsto em lei, e sem alvará?
Há previsão legal neste sentido?
R.: A previsão legal, constante do §7º do art. 2º da Lei, dita que apenas após decorrido o prazo de 5 dias
de detenção o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, pelo próprio delegado, salvo se já tiver
sido decretada sua prisão preventiva. Porém, em que pese não estar expresso na lei, não há duvidas de que
essa foi criada para que o delegado de polícia possa dar prosseguimento às investigações sem a ingerência
do averiguado. Por isso, caso entenda no decorrer das investigações que a detenção não é mais necessária,
deverá libertar o preso expedindo alvará de soltura determinando sua liberação mesmo antes do término
do prazo estabelecido no mandado de prisão. Há doutrina em sentido contrário, principalmente dos
magistrados.
1212 - A lei ambiental dispõe que em alguns casos não é crime o abate de animais. Quais casos?
R.: O art. 37 da Lei dos Crimes Ambientais dita que não é crime o abate de animal, quando realizado em
estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; para proteger lavouras, pomares e
rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente; por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
1213 Pessoa procura delegado para informar que sua terra foi invadida por animais do vizinho,
causando danos em sua propriedade. Há crime? Ele pode abater o animal alheio, segundo a lei
ambiental?
R.: Não há crime neste caso, pois o crime do art.164 do Código penal tem como verbos “introduzir” ou
“abandonar” animais em propriedade alheia sem o consentimento do proprietário e causando danos. Só
poderá abater o animal se este for nocivo (necessário autorização do órgão competente) ou para proteger
lavouras, pomares e rebanhos da ação predatório sendo necessário autorização da autoridade competente.
1215 De acordo com a lei de drogas, quais os elementos a autoridade policial usará para classificar o delito
como tráfico?
R.: Os elementos são: natureza e quantidade da droga, local e as condições em que se desenvolveu a ação,
circunstâncias pessoais e sociais, bem como conduta e os antecedentes do agente.
1216 A lei estabelece o momento em que o delegado vai analisar tais elementos, para classificar ou não
como tráfico?
R.: Na lavratura do auto de prisão em flagrante.
1217 Qual o prazo para que o juiz decida sobre as medidas protetivas requeridas pela vítima?
R.: Prazo de 48 horas- art. 18, I, da Lei Maria da Penha
1218 Autoridade policial tem prazo para encaminhar o pedido de medida protetiva ao juiz?
R.: Sim, prazo de 48 horas - art.12 Lei Maria da Penha
1219 Adolescente apreendido em flagrante por ato infracional, cometeu crime com violência ou grave
ameaça não será liberado, delegado encaminhará ao MP. Como o tráfico não tem violência nem
grave ameaça o delegado deve liberar o adolescente. Qual o fundamento que justifica a sua não
liberação por tráfico?
R.: Se pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deve o adolescente permanecer internado
para garantir sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.
1220 Delegado que não comunica APF ao juiz pratica qual crime?
R.: Abuso de autoridade (art. 4, “c”), pois a comunicação imediata ao juiz sobre prisão é feita junta com
ADPF a luz da interpretação do art. 306 do CPP.
1223 Quem apreende uma criança ou adolescente sem as formalidades legais, se enquadra no crime de
abuso de autoridade?
R.: Não. Tem crime específico na Estatuto da Criança e Adolescente. Prevalecendo o princípio da
especialidade.
1224 ECA → Cite duas medidas sócio educativas aplicadas ao adolescente.
R.: Liberdade Assistida e inserção em regime de semiliberdade
1225 Artigo 239, ECA → Nos termos desse artigo, a remessa da criança é necessária para a consumação
do delito?
R.: Não. É Crime de natureza formal na conduta “auxiliar”. Basta para configuração a prática de qualquer
conduta antecedente que contribua para o envio ao exterior, por exemplo, compra de passagem.
1230 Lei de Interceptação Telefônica – Interceptação telefônica e escuta telefônica são a mesma coisa?
R.: Não. A intercepção consiste na captação da comunicação alheia por um terceiro, sem o conhecimento
dos interlocutores. Já a escuta consiste na captação da comunicação por um terceiro, com o conhecimento
de um dos interlocutores e desconhecimento do outro.
1231 Interceptação telefônica autorizada judicialmente para fins de investigação. É possível utilizá-la
para fins extrapenais?
R.: Sim. Caso o juízo criminal autorize, a prova produzida por meio da interceptação telefônica pode ser
utilizada para fins extrapenais na qualidade de prova emprestada. Assim decidiu STJ (MS 16.146/DF),
esta decisão referia a procedimento administrativo.
1233 Esse pronome de tratamento foi introduzido por esta lei ou já era utilizado?
R.: Foi introduzido pela lei e reforçado pela PC/SP pela Recomendação DGP 01/2013 e súmula 12 do I
Seminário Integrado da Polícia Federal e de SP. Antes o tratamento era “V. Senhoria” conforme a
gramática da língua portuguesa e manuais oficiais de redação.
(Procurei na legislação especifica de SP e não achei, logo, acredito que V.Exa foi introduzido mesmo pela
lei 12.830/13).
1234 Lei Maria da Penha – Quais formas de violência perpetradas contra a mulher previstas nesta lei?
R.: Nos termos do art. 7º da Lei são formas de violência a física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
Ademais, segundo corrente majoritária, trata-se de rol exemplificativo, tendo em vista que o caput do
artigo traz a expressão “entre outras”.
1237 Lei 11.343 – O consumo não está elencado. Desta forma, podemos dizer que o consumo nunca será
crime?
R.: Não. Em que pese o uso/consumo não ter previsão legal, sendo conduta atípica, atos praticados antes
do uso de entorpecentes, como adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo, ensejam
a aplicação do art. 28 da Lei 11.343/06.
OBS: O STF discute (repercussão geral) a constitucionalidade da criminalização do porte de pequenas
quantidades de entorpecente para uso pessoal. (RE) 635659.
1244 Lei das Organizações criminosas – Em que momento se dá a consumação das organizações
criminosas?
R.: Trata-se de crime formal, que se consuma com a simples prática dos verbos contidos no art. 2º da lei
(promover, constituir, financiar ou integrar). Ademais, para sua configuração exige-se que o organismo
seja estruturalmente ordenado com divisão de tarefas.
1248 Meio Ambiente → Pessoa jurídica. Crime cometido por decisão colegiada, em benefício ou interesse
da empresa. Haverá responsabilização em que esfera?
R.: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, nos casos em que a
infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no
interesse ou benefício da sua entidade (3º da Lei nº. 9.605/98).
1249 O agente condenado por crime ambiental culposo a pena privativa de liberdade de quatro anos.
Pode haver pena substitutiva?
R.: Sim, tendo em vista que em relação aos crimes culposos não há limitação da pena para que seja aplicada
a substituição, nos termos do artigo 44, inciso I, do Código Penal, e artigo 7º, inciso I, da Lei 9.605/98,
desde que cumpridos os demais requisitos.
1250 Estatuto do Torcedor → Um indivíduo invade o vestiário do time de vôlei. Como Delegado, qual a
providência que toma?
R.: Lavrar flagrante, caso presentes os requisitos, pelo crime do artigo 41-B do Estatuto do Torcedor (Lei
nº. 10.671/2003), que fala em “invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos”.
1255 Um policial submete um adolescente sob sua custódia a vexame. Está tipificado o abuso de
autoridade?
R.: Não, resta configurado o crime previsto no artigo 232 do ECA (Lei nº. 8.069/90), que fala em “submeter
criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento”.
1258 O pai que submete o filho a castigos severos responde pela Lei de Tortura?
R.: Se a conduta tem caráter educativo e o dolo do agente é a repreensão a uma indisciplina, não responde
o pai por crime de tortura, e sim pelo crime de maus tratos, previsto no artigo 136 do CP.
1262 No caso do marido (que matou a esposa que estava grávida), que medidas protetivas de urgência
poderiam ter sido aplicadas?
R.: Suspensão porte arma, afastamento do local de convivência com a vítima, proibição de condutas
(aproximação, contato, frequentar determinados locais).
Art. 22, I, II e III, lei 11.340/06
1263 Lei de Drogas → Qual a diferença dos procedimentos adotados pelo Delegado no caso de porte e no
caso de tráfico de drogas?
R.: Tráfico (art. 33, caput, LD): inquérito policial, sem arbitramento de fiança (equiparado à hediondo e,
portanto, inafiançável).
Porte (art. 28, LD): Termo Circunstanciado de Ocorrência, procedimento da lei 9.099/95.
1274 Lei de Organizações criminosas → Diferencie crime organizado por natureza e crime organizado
por extensão.
R.: Por natureza: é a punição pelo crime de organização criminosa em si, pela associação das pessoas nos
termos do art. 2, lei 12.850/13. Por extensão: são as infrações praticadas pela associação. Há a punição de
ambos em concurso material (pela associação e pelos crimes por ela perpetrados).
1276 Uma pessoa comparece na delegacia e relata um crime de extorsão mediante sequestro,
mencionando o local do cativeiro. Como delegado de polícia, comparece ao local. A vítima está
morta. Concederia o benefício da colaboração premiada?
R.: Não concederia o benefício, face a literalidade da lei, que exige a localização da vítima com a sua
integridade física preservada.
Art. 4º, V, lei 12.850/13.
1280 Lei de crimes contra a ordem tributária ou contra a ordem de consumo → Pela lei, é possível que o
agente autuado em flagrante seja beneficiário de liberdade provisória?
R.: Sim, o §2º do art. 325 do CPP (que condicionava a concessão de liberdade provisória ao pagamento de
fiança, que deveria ser arbitrada pelo juiz após a prisão em flagrante, afastando a incidência do art. 310,
CPP) foi revogado em 2011.
1286 Lei das Contravenções Penais → Um indivíduo entra numa agência bancária para sacar um valor
em dinheiro. Leva com ele o seu cachorro “pitbull” que deixa com o vigia do banco para poder
efetuar o saque. O cachorro ataca o vigia, que morre. Qual a natureza jurídica do crime?
R.: Não se trata de infração penal. Embora a redação original da LCP, no que diz respeito ao elemento
subjetivo no tipo contravencional, exija tão somente a voluntariedade da ação ou omissão (prescindindo-
se, assim, da perquirição acerca de dolo ou culpa) é de se ressaltar que, com a adoção de um direito penal
da culpabilidade, em que se veda a responsabilidade penal objetiva, e adotada a teoria finalista da ação,
tanto os crimes quanto contravenções só se aperfeiçoam com a presença de elemento subjetivo (seja o
dolo, presumivelmente, ou a culpa, quando a lei assim o exigir).
1289 Prisão temporária → Somente aquele que foi formalmente indiciado pode cumprir prisão
temporária? Por quê?
R.: Não. Embora a Lei 7.960/89 fale expressamente (art. 1º, I) no cabimento desta modalidade de prisão
em casos de imprescindibilidade para as investigações “do inquérito policial” é preciso fazer uma
interpretação extensiva para abarcar as outras hipóteses de investigação criminal (CPI, procedimento
conduzido pelo MP, etc.), nas quais não é possível cogitar de indiciamento, que é ato privativo do delegado
de polícia (Lei 12.830/13).
1290 Pode oferecer representação contra o indivíduo que fabrica maquinário para produção de drogas
sem autorização legal?
R.: Sim, assumindo-se a posição de que o crime de petrechos para o tráfico seja equiparado a hediondo e
com base na previsão de prisão temporária contida na Lei 8.072/90, é possível a representação.
1291 Prisão Temporária → É possível o juiz de direito decretar prisão temporária de ofício?
R.: Não, pois, destinando-se à fase investigativa da persecução, não é dada ao magistrado a prerrogativa
de decretá-la senão por representação ou requisição dos legitimados pela lei – diversamente da prisão
preventiva, que pode ser decretada de ofício no curso da ação penal.
1292 Código de Defesa do Consumidor → O direito de reclamar por vícios aparentes ou de fácil detectação
prescreve em que prazo?
R.: O direito em comento (art. 26, CDC) não prescreve, mas sim DECAI em 30 ou 90 dias, a depender de
se tratar de serviço ou produto durável ou não durável. Em se tratando, porém, da pretensão para se
demandar em juízo a reparação de dano por fato do produto ou serviço (aí sim, prescrição), o prazo é de 5
anos (art. 27, CDC).
1294 O empresário credor que utiliza ameaça para receber o seu crédito, responde pelo artigo 71, do CP
ou também pelo crime de ameaça?
R.: Uma vez que a ameaça já é um dos verbos do tipo penal do art. 71 do CDC, não há que se falar em
concurso material. Nesse caso, trata-se de aplicação do princípio da especialidade.
1295 Interceptação telefônica → Quais as hipóteses em que a interceptação telefônica não é admitida?
R.: Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes
hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder
ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo,
com pena de detenção (art. 2º da lei 9296/96).
1299 Lei de Execução Penal → Para se conceder o livramento condicional, o exame criminológico é
obrigatório, facultativo ou não existe mais?
R.: A doutrina se divide quanto a necessidade ou não do exame criminológico para o livramento
condicional. Uma parte entende obrigatória (NUCCI), vez que o art. 83 da LEP não foi alterado. Outra
parte, acompanhada dos tribunais superiores, entende facultativa (STF - RCL 20089). Entendem, ainda,
os tribunais superiores, que a submissão ao exame criminológico, quando da sua ocorrência, deverá
necessariamente ser motivada (STJ – Súmula 439).
1301 Estatuto do Idoso → Qual o procedimento aplicado para a pena máxima de liberdade que não
ultrapasse quatro anos?
R.: Conforme dispõe o art. 94 do EI, para esses crimes deverá ser aplicado o procedimento previsto na lei
9099/95, qual o seja o rito sumaríssimo, e, subsidiariamente, o CPP. Destaque-se que isso não torna as
infrações que possuem PPL máxima maior que 2 anos e menor que 4 anos infrações de menor potencial
ofensivo.
1302 Lei de Propriedade Intelectual → Artigo 12. A Ação Penal Pública é condicionada ou
incondicionada?
R.: Nos termos do art. 199 da lei 9279/96 os crimes previstos na lei somente se procedem mediante queixa,
salvo quanto ao crime do art. 191, em que a ação penal será pública incondicionada.
1303 Lei de Improbidade Administrativa → Aquele que imputa falsamente um ato de improbidade
administrativa comete crime?
R.: Sim, nos termos do art. 19 da LIA: constitui crime a representação por ato de improbidade contra
agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
1304 O rol dos artigos 11, 12 e 13 é taxativo?
R.: Acredito que a pergunta se trata dos art. 9º, 10 e 11. Neste caso, o rol das condutas previstas como atos
de improbidade é exemplificativo, conforme se denota no fim do caput de cada artigo.
1306 O agente dirige sob a influência de álcool, atropela e causa lesões na vítima. Como Delegado, como
tipifica?
R.: Caso resulte em lesão corporal grave ou gravíssima, o crime cometido é o de Lesão corporal culposa
em direção de veículo automotor qualificado, nos termos do art. 303, parágrafo 2º. Entretanto, caso a
resulte em lesão leve, haverá concurso material entre os art. 303 e 306 do CTB.
1307 Lei de Lavagem de Dinheiro → cabe concurso do crime de lavagem com o crime antecedente?
R.: No atual sistema da lei de lavagem de capitais, é perfeitamente possível o concurso de crimes com a
infração antecedente. Nesse caso, o crime de lavagem não absorverá a infração antecedente, assim como
não o seu exaurimento.
1309 Lei do Desarmamento → Se o agente portar ilegalmente arma de fogo e disparar em via pública,
comete que crimes?
R.: Depende. Para determinar os crimes que o agente irá responder, é necessário analisar o contexto fático,
a fim de determinar se há ou não ligação entre as condutas. Pode o disparo de arma de fogo absorver o
porte ilegal, se no mesmo contexto fático. Entretanto, caso haja dois contextos distintos, o sujeito ativo
responderá pelos dois delitos (porte e disparo de arma de fogo), em concurso material de crimes
1.315. Representaria pela prisão temporária de uma pessoa que praticou vários crimes de estelionato?
R.: Não excelência. Isso porque o crime de estelionato não se encontra previsto no rol do art. 1º, inciso III
da Lei 7.960 /89.
1319. Qual a diferença entre interceptação ambiental, escuta ambiental e gravação ambiental?
R.: Interceptação ambiental é realizada em conversa não telefônica, por terceiro, sem o conhecimento dos
comunicadores.
Escuta ambiental acontece quando a captação da conversa não telefônica é feita por terceiro, com o
conhecimento de um dos comunicadores. A Gravação ambiental ocorre quando a captação da conversa
telefônica é efetuada por um dos comunicadores.
1.327) Lei nº 12.830. Caso o Ministério Público requisite o indiciamento de uma pessoa, o Delegado deve
232tende-lo?
R.: O indiciamento é ato privativo da Autoridade Policial, a quem compete, após análise técnico-jurídica,
fundamentadamente, indicar a autoria, materialidade e circunstância do fato. Pode ser que exista
coincidência pelo indiciamento entre o pedido ministerial e a discricionariedade da Autoridade Policial,
mas a requisição do parquet não vincula o Delegado de Polícia, conforme art. 2º, §6º da Lei 12.830/13.
1.328) Lei de Contravenção Penal. Todas as contravenções são consideradas infração de menor potencial
ofensivo?
R.: Não! Há contravenções penais que estão fora da LCP, como às dos artigos 45 e 60 da lei 6.259/44, que
regulamenta o serviço de loterias. Tais dispositivos incriminam a conduta de extrair loteria sem concessão
regular e jogo sobre corridas de cavalo feitas fora de hipódromo. São contravenções penais, pois a lei
estipula a pena de prisão simples, mas não são infrações de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima
é de 4 anos de prisão simples (crime anão acrescido).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del6259.htm#art60
1.339) Como vai ser executada a multa reparatória arbitrada em crime de trânsito?
R.: De acordo com previsão expressa deste Código a multa reparatória (...) consiste no pagamento,
mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no
disposto no 1º do artigo 49, do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime
(artigo 297, caput, da Lei). Vale dizer que na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será
descontado (art. 297, 2º, do CTB. Ressalta-se que alguns crimes, como os delitos dos artigos 306, 307,
309 e 312, os quais não acarretam prejuízo material à vítima, não permitem a fixação da multa reparatória.
Outros delitos, a exemplo dos artigos 302, 303 e 304, possuem vítima certa e determinada e, por
conseguinte, autorizam a aplicação da multa reparatória.
1341. A quem cabe a representação para escuta telefônica? Pode ser verbal? Em que hipóteses?
Deve haver preenchimento de quais requisitos?
R: Ao Ministério Público na investigação criminal e na instrução processual penal; À autoridade policial
apenas na investigação criminal (Art. 3°, Lei n. 9296/96). A representação pode ser feita de forma verbal,
excepcionalmente (art. 4°, §1°). Os requisitos são os mesmos da representação de forma escrita (art.
4°,§1°): existência de indícios pré-existentes de autoria ou participação no crime objeto da investigação
(art. 2°, I); indispensabilidade (ou subsidiariedade) da medida, pois não se pode decretar a interceptação
se a prova puder ser obtida por outros meios (art. 2°, II); e ser o crime apenado com reclusão (art. 2°, III).
1342. Qual a natureza das investigações policiais conduzidas pelo delegado de polícia?
R: Procedimento administrativo pré-processual. A investigação policial conduzida pelo delegado se
materializa através do inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei (art. 2°, §1°, Lei n.
12.830/2013).
1344. O que são autos apartados? Pode haver também no inquérito policial?
R: É a resolução de algum incidente com tramitação autônoma para não tumultuar o processo. Pode haver
no inquérito policial, a exemplo da interceptação telefônica (art. 8°, Lei n. 9296/96), do incidente de
insanidade mental do acusado (arts. 149, §1° e 153, CPP), a restituição de coisas apreendidas quando
duvidoso o direito (art. 120, §§ 2° e 3°, CPP) e sequestro (arts. 127 e 129, CPP).
1349. Exemplo prático: Uso do cartão de banco pelo filho para comprar carro para o pai idoso, sem
autorização deste. Ocorreu crime?
R: Sim. Em respeito ao princípio da especialidade, ocorreu crime previsto no art. 102, Lei n. 10.741/2003
na modalidade desvio. (“Apropriar-se de ou desviar bens, proventos pensão ou qualquer outro rendimento
do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade”).
1350. Qual a tipificação penal daquele que editou uma obra sem autorização do titular? Qual a
fundamentação legal?
R: Violação de direito autoral (art. 184, CP). Atenção: não confundir com a sanção prevista no art. 103,
Lei n. 9.610/98, pois se trata de sanção civil e não penal.
Súmulas: 502 e 574, STJ.
1351. Há alguma consequência/punição para o preso que se nega a trabalhar?
R: O trabalho interno do preso é obrigatório (art. 31 e 39, V, LEP) e sua recusa injustificada constitui falta
grave (art. 50, VI). O preso poderá ser punido (art. 57, parágrafo único) com suspensão ou restrição de
direitos descritos no art. 41 (art. 53, III), isolamento (art. 53, IV) ou inclusão no regime disciplinar
diferenciado (art. 53, V).
(HC 264989 – SP / STJ) - Súmulas: 533, 534 e 535, STJ.
1354. Poderá haver identificação criminal daquele já identificado civilmente nos casos de organização
criminosa?
R: Sim, se atendidos os requisitos da Lei de Identificação Criminal (Lei n. 12.037/2009) e não
necessariamente por se tratar de organização criminosa. Atenção: A antiga lei de organização criminosa
(Lei n. 9.034/95) previa a possibilidade de identificação criminal independentemente da identificação civil
(art.5°), porém, foi revogada pela Lei n. 12.850/2013 que nada dispõe a respeito.
1358. Ex-marido pode ser autor do crime de violência doméstica em razão de agressão à ex-
esposa?
R.: Sim, uma vez que a lei prevê sua aplicabilidade às relações íntima de afeto, na qual o agressor conviva
ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
1360. Em quais hipóteses cabem a prisão preventiva no caso de crime submetido à Lei Maria
da Penha?
R.: A prisão preventiva será cabível nas hipóteses de crimes dolosos praticados no âmbito doméstico e
familiar para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. O artigo 313 do CPP não prevê uma
pena mínima para o cabimento da prisão preventiva, bastando que fique evidenciado a intenção deliberada
de violar as medidas protetivas de urgência, afinal se se trata de violência de gênero referido crime só pode
ser praticado dolosamente.
1364. Cidadão que possui em sua casa arma desmuniciada está incorrendo em crime?
R.: A arma desmuniciada não afasta o crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido, uma vez
que se trata de crime de perigo abstrato. Assim, o cidadão em incorrerá nas penas do artigo 12 do Estatuto
do Desarmamento se Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência.
1373. Torcedor que profere palavras ofensivas ao jogador em razão de seu tom de pele,
característica o crime de racismo?
R.: Crimes de racismos são os que estão previstos na lei 7716/89, sendo que o comportamento do torcedor
em ofender a honra subjetiva do jogador se amolda ao crime de injúria racial (artigo 140§3º do Código
Penal). Agora, caso a conduta fosse ofender a comunidade negra (negra: como exemplo) ai o tipo penal
seria do artigo 20 da lei 7716/89.
1374. Na hipótese de prisão temporária, qual o prazo para a conclusão do Inquérito Público?
R.: Prisão Temporária: lei 7960/1989
Crime hediondo: 30 dias + 30 dias (60 dias)
crimes não sendo Hediondo: 05 + 05 dias (10 dias)
lembrando que a prisão temporária só tem cabimento na fase investigação (IP)
1383. Discorra, acerca da pessoa jurídica, como sujeito ativo de crimes ambientais?
R.: STJ e o STF: É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome.
É plenamente possível a responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de crimes ambientais porque
assim determinou o § 3º do art. 225 da CF/88. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla
imputação".
1387. Plantão. Operação segura. O PM apresenta a seguinte situação: carro trafegando com
motorista bebendo uma lata de cerveja. Apresenta o veículo, o motorista e a lata de cerveja. Como
procede?
R.: Encaminhamento para exame de alcoolemia para constatação da embriaguez caso seja uma medida
prática e eficaz, contudo não é o único meio de prova previsto na lei 9503/97.
1388. O motorista fala na sua frente: “Eu não vou assoprar e não vou tirar sangue”. Qual
postura adota?
R.: Não se trata do único meio de prova, podendo outros meios serem utilizados para constatação da
embriaguez, onde poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia,
vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à
contraprova.
Assim, como se trata de rol alargado pela lei 12.971/14, a embriaguez não se resume a bafômetro ou exame
de sangue.
1391. O depoimento do policial é suficiente para constatar que o indivíduo está embriagado?
R.: É um dos meios de prova admitidos pela legislação desde que com esse depoimento consiga comprovar
a alteração da capacidade psicomotora do agente.
1398. Verificando a precariedade na unidade onde passa a ser o diretor, está com o preso na
porta. Recebe ou não?
R.: O preso deverá ser recebido, evitando que a diligência que acarretou a condução do segregado venha
a se tornar frustrada.
1414. Delegado de Polícia em licença e sem vencimento pode cometer crime de abuso de
autoridade?
R.: Cometerá abuso de autoridade o Delegado que estiver de licença sem vencimentos, caso pratique o
crime se valendo das condições do cargo, uma vez que ainda existe vínculo com o Estado, não responderia
se fosse aposentado ou demitido, em razão da ausência do vínculo.
1415. Trace um paralelo entre a lei de abuso de autoridade e prisão para averiguação.
R.: A prisão para averiguação consiste na privação da liberdade de pessoas pelos órgãos de investigação
para auferir a vinculação destas com alguma infração ou para investigar sua vida pregressa, independente
de ordem judicial ou situação de flagrante delito. Após a entrada em vigor da CF/88, a prisão para
averiguação, como qualquer prisão administrativa, é considerada inconstitucional, bem como configura
abuso de autoridade, nos termos do art. 3º, A ou I; art. 4º, A ou E da Lei 4.898/65.
1416. Indivíduo sem nenhum documento. Conduz para a delegacia. Caracteriza prisão para
averiguação?
R.: Não portar documento de identificação não caracteriza crime ou contravenção, porém, o indivíduo
abordado pelos Policiais deve fornecer as informações necessárias a sua identificação. Portanto, caso haja
suspeita dos policiais quanto à veracidade dos dados fornecidos, caberá condução do Indivíduo a Polícia
Judiciária para verificação correta dos dados, o que não caracteriza prisão para averiguação, pois o objetivo
é verificar se os dados fornecidos estão corretos ou se o Indivíduo cometeu o crime de atribuição falsa de
identidade.
1417. Local ermo, três horas da manhã, ponto de tráfico de drogas. Dispensa por não haver
indícios ou averigua?
R.: Apesar de ser um lugar ermo, de madrugada e ponto de tráfico, não havendo qualquer prova material
quanto à prática de tráfico de drogas ou qualquer outro crime, a pessoa não poderá ser presa, deve ser
dispensada.
1420. Adolescente. Drogas na residência onde somente ele reside. Ao final, encontra armas e
munição. Como procede?
R.: O adolescente deve ser encaminhado à autoridade policial competente, a qual lavrará boletim de
ocorrência circunstanciado, por se tratar de ato infracional não cometido com violência ou grave ameaça.
Deve-se também apreender os produtos e instrumentos da infração e requisitar as perícias necessárias.
Comparecendo qualquer dos pais ou responsável e sendo caso de liberação, o adolescente será prontamente
liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao
representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato.
Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante
do Ministério Público, juntamente com cópia do boletim de ocorrência. (artigo 171 a 179 do ECA)
1426. Na qualidade de Delegado, pede a prisão para a efetividade das medidas que pretende.
Tem legitimidade para colocar o sujeito de ofício?
R.: A prisão temporária somente poderá ser decretada por juiz, no entanto, este não poderá fazê-la de
ofício, visto que há a necessidade de representação de autoridade policial ou requerimento do Ministério
Público.
Artigo 2º da lei 7.960/89.
1428. Manutenção da prisão: legal ou ilegal, considerando que já foram tomadas todas as
medidas?
R.: Se já foram tomadas todas as medidas e não há mais necessidade da manutenção da prisão, esta se
torna ilegal e, assim, faz-se necessário o relaxamento da prisão.
Artigo 5º, LXV, CF.
1431. Invasão a um local pela possível existência de refinaria de cocaína. Encontra oito pessoas
manipulando a droga. Não ingressa no local e percebe que há uma pessoa aguardando que avisou os
companheiros pelo celular que a polícia chegou. Qual a atitude em relação a esses nove indivíduos?
R.: Os nove indivíduos podem ser enquadrados no crime de tráfico de drogas em concurso material com
o delito de associação para o tráfico. No entanto, se ficar demonstrado que o indivíduo que somente avisou
aos companheiros que a polícia havia chegado agiu de modo eventual e, em verdade, não participa da
associação, responderá apenas pelo crime de colaboração.
Artigos 33, 35 e 37 da lei 11.343/06.
O art. 5º menciona que em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um plantão permanente de 24
horas do Poder Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária. Cuida-
se de matéria de análise de urgência por parte do MP e do juízo.
Em termos práticos, nos casos em que o juiz desrespeite o prazo de 24 horas, seria possível: a-) oficiar o
juízo informando o pedido feito anteriormente; b-) reiterar o pedido feito na representação; c-) despachar
diretamente com o magistrado; d-) representar o juiz no órgão de fiscalização do próprio tribunal
(corregedoria) com pedido de urgência para que a questão seja analisada pelo substituto daquele
magistrado.
1443. Lei Maria da Penha – Como conceitua a violência moral contra a mulher?
R.: Art. 7, V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou
injúria
1444. Está na Delegacia. Recebe notícia de que alguém difamou, injuriou, caluniou uma mulher.
É crime da Lei Maria da Penha ou do CP?
R.: Depende. Deve-se aferir a presença ou ausência da violência de gênero prevista no art. 5 da Lei 11.340.
Violência de gênero: é a violência preconceito, violência discriminação, que se aproveita da
vulnerabilidade da vítima. Se houver violência de gênero, os crimes contra honra (art. 7, V, Lei 11.340)
caracterizam violência doméstica e familiar. Ausente a violência de gênero, resta configurado o crime
contra honra previsto no CP.
1447. Há exceção?
R.: Sim. A lesão corporal, ocorrida no cenário da violência doméstica, é de ação pública incondicionada.
O Plenário do STF, na ADIN 4.424, em 9 de fevereiro de 2012, decidiu nesse sentido. Assim, qualquer
crime de lesão corporal em cenário de violência doméstica é de ação pública incondicionada.
1451. O delegado pode determinar que um policial inicie uma ação controlada?
R.: Não, é necessária a autorização judicial (art. 53, caput).
1454. Crimes contra a ordem tributária. Pessoa jurídica pode ser responsabilizada por crimes
contra a ordem tributária?
R.: A Constituição apenas permite a responsabilização da pessoa jurídica por crimes contra o meio-
ambiente e contra a ordem econômico-financeira.
1456. Estatuto do Desarmamento → Posse ilegal de arma. Sem a devida atenção, não impediu
que um menor de 18 anos tivesse acesso à arma. Comete crime?
R.: Comete crime do Estatuto, omissão de cautela, nos termos do art. 13.
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua
propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
1459. Lei de Lavagem de Dinheiro → Quem é o sujeito ativo, o sujeito passivo e o objeto
jurídico?
R.: Sujeito ativo é qualquer pessoa, inclusive o autor ou coautor da infração antecedente.
O sujeito passivo é o Estado.
O objeto jurídico é a administração da justiça, e a tutela da Ordem econômica.
1470. Como tipificaria a conduta de uma pessoa que utiliza um veículo para atropelar alguém?
Aplica o Código de Trânsito ou CP?
R.: Depende do elemento subjetivo do agente. Agindo mediante dolo, a conduta não encontra equivalência
na norma especial do CTB, possibilitando-se a incursão do agente nos crimes de Lesão Corporal ou
Homicídio, previstos no Código Penal. No caso de conduta culposa, incide a norma especial que prevê os
respectivos delitos. (art. 121 e 129, CP; art. 302 e 303, CTB).
1471. Lei de Crimes Ambientais → A pessoa jurídica pode ser responsabilizada por crime
ambiental e receber os benefícios da Lei nº 9.099/95?
R.: Sim. Em que pese posições divergentes, há forte corrente no sentido de que não há incompatibilidade
de aplicação dos institutos despenalizadores da Lei 9.099/95 às pessoas jurídicas, sendo isso uma
consequência lógica da própria responsabilização penal desta. Vale ressaltar o entendimento atual dos
Tribunais Superiores de que não mais se aplica a “Teoria da Dupla Imputação.”
1479. Como Delegado, pode aplicar a prisão temporária a uma pessoa que vem praticando
reiterados furtos?
R.: Não. A doutrina e a jurisprudência são uníssonas no sentido de que o rol previsto no inciso III, do art.
1º da Lei 7.960/89 e no artigo 2º, § 4º da Lei 8.072/90 é taxativo. Inaplicável, portanto, esta modalidade
constritiva da liberdade do sujeito ao delito de furto.
1483. Lei de meio ambiente → Cite três espécies de pena restritiva de direitos.
R.: Prestação de serviços à comunidade, suspensão total ou parcial das atividades e interdição temporária
de direitos.
1484. Quais as circunstâncias em que as penas privativas de liberdade podem ser convertidas
em restritivas de direitos.
R.: A teor do que dispõe o artigo 7º, podem ser substituídas quando tratar-se de crime culposo, ou doloso
com pena de até 4 anos e a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem ser suficiente a substituição para
a reprovação do crime.
1485. Lei de prisão temporária → O agente ser autor de uma extorsão mediante sequestro é
requisito suficiente para que se represente pela temporária?
R: Em que pese tal crime integre o rol taxativo de delitos que admitem prisão temporária (art. 1º, III, “e”
da Lei 7.960/89), conforme a doutrina majoritária, o preenchimento desse requisito, por si só, não seria
suficiente para a sua decretação, devendo ser cumulado a uma das outras duas situações previstas nos
demais incisos do mesmo artigo, a saber: ser imprescindível para as investigações ou não ter o indiciado
residência fixa.
Correntes divergentes:
1 – Necessidade de preenchimento cumulativo dos três incisos;
2 – Os incisos I e III são obrigatórios e o II facultativo.
Prevalente:
3 – Inciso III obrigatório c/c I ou II.
1489. Lei Transplante de Órgãos, artigo 15. Qual a objetividade jurídica deste artigo?
R: Proteger a dignidade da pessoa humana e a sua integridade física, evitar a coisificação do homem e
combater o mercado ilegal de órgãos e tecidos.
1493. Indivíduo com arma de fogo sem autorização para portá-la, responde pelo crime mesmo
se usá-la em legítima defesa?
R: Não, o agente não responde caso tenha sido no mesmo contexto fático, não havendo comprovação de
condutas autônomas de porte ou posse irregular fora da situação de legítima defesa, havendo consunção.
No HC 111.488/MG STF, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux concedeu, de ofício, ordem
de Habeas Corpus para anular a condenação por porte ilegal de arma de fogo, aplicando ao caso o princípio
da consunção, quando utilizada a arma de fogo em legítima defesa, no mesmo contexto fático.
1496. Quais os requisitos específicos para o livramento condicional nos crimes hediondos?
R: Cumprimento de mais de dois terços da pena e não ser o apenado reincidente específico em crimes
dessa natureza (art. 83, IV do Código Penal).
1502. CTB → Pode a autoridade policial representar pela suspensão cautelar do direito de
dirigir? Em que hipótese?
R.: Sim. Em qualquer fase da investigação ou ação penal o juiz poderá determinar, de forma cautelar, a
suspensão do direito de dirigir, a fim de garantir a ordem pública, seja de ofício, seja por requerimento do
MP ou representação da autoridade policial. (Art. 294 CTB)
1503. Aquele que causa homicídio culposo no trânsito e não presta socorro à vítima, pratica
qual crime?
R.: Pratica o crime do Art. 302 do CTB, incidindo a causa de aumento de pena prevista no parágrafo único
(1/3 até a metade), por deixar de prestar socorro à vítima.
1507. Qual a fundamentação para que o Delegado possa expedir esse alvará?
R.: A lei de prisão temporária tem incidência exclusiva na fase investigativa. Sendo o Delegado de Polícia
a autoridade que preside o IP, cabe a este a representação da medida cautelar e o juízo de (des) necessidade
da medida, quando atingido o fim para o qual foi decretada, mesmo que antes do prazo estipulado para sua
duração.
A lei da prisão temporária determina que após seu prazo máximo, o investigado deverá ser colocado em
liberdade, independentemente de alvará judicial, sob pena de abuso de autoridade. Logo, se não há sequer
necessidade de alvará judicial no caso de término do prazo estipulado para a restrição de liberdade, impor
a manutenção da prisão temporária, mesmo quando a autoridade policial atinja o fim para o qual esta foi
decretada antes do prazo previsto, seria um contrassenso.
Não obstante, vale mencionar que parcela da doutrina entende não ser possível a expedição do alvará de
soltura pelo Delegado de Polícia, pois sendo imprescindível a decisão judicial para a decretação da prisão
cautelar, necessário também será a expedição de alvará judicial pelo juiz quando se tratar de liberdade
antes do prazo estipulado.
1509. Qual o prazo para que o juiz decrete ou não a temporária, caso o delegado represente por
ela?
R.: O juiz decidirá pela decretação ou não da prisão temporária no prazo de 24h, contadas a partir do
recebimento da representação do Delegado de Polícia. (Art. 2º, §2º, da Lei 7.960/89)
1511. Membro de CPI tem legitimidade para representar por interceptação telefônica?
R.: As CPI´s são comissões temporárias que se destinam a investigar fato certo e determinado, possuindo
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. (Art. 58, §3º, CF) No entanto, devem respeito
ao princípio da reserva de jurisdição, sendo a interceptação telefônica um exemplo da referida clausula
jurisdicional, consoante se extrai do texto constitucional. (Art. 5º, XII, CF) Portanto, a CPI possui
legitimidade para representar perante a autoridade judicial a interceptação telefônica referente a fato por
ela investigado, mas não para requerer de forma direta, como ocorre com os dados bancários, fiscais e
telefônicos pretéritos.
1512. Durante uma interceptação telefônica para apurar um crime de tráfico, há descoberta de
outro crime. Pode-se usar a interceptação para a prova deste outro crime?
R.: Sim. Trata-se do encontro fortuito de provas ou serendipidade. Vale mencionar que os requisitos da
interceptação telefônica devem ser observados para o fato que deu ensejo ao pedido da medida cautelar,
ou seja, indícios razoáveis de autoria ou participação em crime apenado com reclusão e impossibilidade
de obtenção da prova por outros meios disponíveis, conforme disposto no Art. 2º, da Lei 9296/96.
O encontro fortuito de provas pode se dar em relação a novo autor do fato investigado (serendipidade
subjetiva) ou novo fato típico imputado ao mesmo autor (serendipidade objetiva). Se o novo fato possui
conexão com o fato investigado, denomina-se serendipidade de 1º grau. Caso a conexão não esteja
presente, a serendipidade será de 2º grau.
Importante frisar ainda, a divergência entre doutrina e jurisprudência no que diz respeito a utilização de
provas ocasionalmente encontradas em sede de interceptação telefônica. A doutrina entende que referida
descoberta poderá ser considerada prova capaz de embasar eventual condenação, caso esteja presente a
conexão entre esta e o fato delituoso para o qual se deferiu a interceptação telefônica. Na hipótese de não
haver referida conexão, será tida como notitia criminis que dará ensejo à abertura de Inquérito Policial
para a averiguação dos fatos respectivos. Por sua vez, a Jurisprudência vai além, entendendo que havendo
ou não a conexão entre o fato encontrado e o fato investigado, aquele poderá perfeitamente ser utilizado
como prova.
1513. O PM apresenta indivíduo que conduzia veículo com lata de cerveja parcialmente
consumida dentro do carro. Apresenta, ainda, um vídeo comprovando toda a situação. O indivíduo se
recusa a fazer o bafômetro e o exame clínico. O que o senhor faz? Autua em flagrante? Por quê?
R.: O §2º do Art. 306 do CTB dispõe que a alteração psicomotora do condutor, em razão da influência de
álcool ou substância psicoativa que determine dependência, poderá ser aferida, além do teste do bafômetro,
mediante sinais que indiquem a referida alteração, teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico,
perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos. Logo, mesmo o indivíduo
recusando-se a realizar o bafômetro e o exame clínico, poderá haver a autuação em flagrante delito, tendo
em vista o relato do próprio PM, a presença de bebida alcoólica consumida no interior do veículo, bem
como o vídeo que comprova a alteração da aludida capacidade psicomotora do condutor. Ademais,
conduzir veículo automotor embriagado trata-se de crime permanente, cabendo prisão em flagrante
enquanto durar a permanência.
1519. Lei 12.830 → Aponte duas grandes alterações que repercutiram muito, trazidas por esta
lei.
R.: Reconhecimento legal de que as funções exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica,
essenciais e exclusivas de Estado, devendo, portanto, a classe ser equiparada, para todos os efeitos, com
as demais carreiras de Estado (Magistratura, MP, DP e etc.), o que, de fato, infelizmente, ainda não ocorreu
materialmente. Fundamento legal no art. 2º, “caput” e § 6º da lei 12.830/13.
Outra alteração trata de uma espécie, ainda que bem acanhada, de inamovibilidade relativa a fim de evitar
influências políticas e razões espúrias, devendo a remoção da Autoridade Policial dar-se somente por ato
devidamente fundamentado, até mesmo não havendo remoção entre municípios, conforme entendimento
doutrinário e a previsão no § 5º, art. 2º da lei em apreço.
1520. Lei de Drogas → O Delegado deve fundamentar a tipificação do delito no relatório. Essa
legislação está em consonância com a lei 12.830, que prevê que a fundamentação tem que ser no
indiciamento?
R.: Sim, apesar de aparenta incongruência, não há conflito real, uma vez que o relatório será confeccionado
ao final do inquérito policial, momento em que, ordinariamente, se realiza o ato de indiciamento, conforme
arts. 52, I, da LD e art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/13.
1521. Como Delegado, junto com sua equipe, vai cumprir um mandado de busca em uma
residência. No local, sua equipe encontra 4 indivíduos embalando grande quantidade de drogas.
Entretanto, como ficou do lado de fora, aborda um indivíduo na entrada da casa, portando um celular.
Verificando as mensagens, constata uma mensagem no “whatsapp”: “os hómi chegou”. Qual a
tipificação para os 5 indivíduos?
R.: Sendo possível demonstrar que o indivíduo abordado do lado de fora era imprescindível para a
empreitada criminosa, por aplicação da teoria do domínio do fato, e havia entre eles vínculo de estabilidade
ou animus de permanência na atividade criminosa, todos devem ser incursos nas penas de tráfico de drogas
e associação para o tráfico, constantes dos arts. 33, “caput” e 35, “caput”, da Lei 11.343/06.
1523. Mesmo sem drogas, o indivíduo que foi preso na porta de casa será autuado por tráfico?
R.: Sim, havendo indícios de que sua participação era essencial para a ocorrência da empreitada criminosa,
ainda que não praticando diretamente nenhuma das ações nucleares do tipo penal, deve ser autuado pelo
crime de tráfico de drogas (art. 33, “caput”, LD), tendo em vista a norma de extensão pessoal do art. 29
do Código Penal Brasileiro, em concurso material com a associação para o tráfico (art. 35, “caput”, LD).
1526. O senhor trabalha em local longínquo, sem peritos. O que fazer se lhe for apresentada
grande quantidade de drogas?
R.: Nomear perito ad hoc (art. 50, § 1º, LD), utilizar reagente químico se houver e se for compatível com
a droga apresentada e providenciar prontamente o transporte da droga, sob escolta, para local seguro a fim
de evitar ataques criminosos.
1527. Integrantes da força tática apresentam um indivíduo em sua delegacia, afirmando que
obtiveram uma informação de que um caixa eletrônico seria explodido na região. Colocaram então
agentes à paisana, que abordaram o indivíduo ora conduzido, encontrando em sua bolsa grande
quantidade de explosivos. Qual a tipificação?
R.: Figura equiparada a posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, prevista no inciso III, § Ú,
art. 16, da Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento).
1529. Qual a doutrina sobre tentativa que vai de encontro à prevista no CP?
R.: O Código Penal Brasileiro adota a teoria objetivo-material, onde se faz necessário a prática de algum
ato executório, iniciando-se com a conduta tendente a realizar verbo nuclear do tipo penal, conforme se
depreende do art. 14, II, do CP.
1530. O senhor cumpre mandado de busca e apreensão em um domicílio para apreender armas
de fogo. Encontra uma arma de fogo de uso permitido com número íntegro e o proprietário diz que a
arma é dele. Este registro está vencido. É crime?
R.: Não, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, há mera infração administrativa, cabendo
apenas a apreensão do artefato para fins de regularização.
1531. Qual o fundamento da decisão recente do STJ para que seja apenas infração
administrativa?
R.: Ausência de lesividade da conduta, uma vez que não representa qualquer ofensa ao bem jurídico
protegido pelos tipos penais do Estatuo do Desarmamento, que são direcionados à tutela da segurança
pública por meio do controle de armas de fogo em todo o território nacional.
1537. O senhor é Delegado e Diretor de uma cadeia pública e verifica uma lotação excessiva no
local. Na porta da cadeia está uma barca com dois ou três presos. Recebe ou não?
R.: Conforme reconhecido pelo STF, o sistema penitenciário brasileiro se encontra em situação de estado
de coisas inconstitucional, razão pela qual a superlotação infelizmente é corriqueira. Assim, salvo se o
recebimento dos presos comprometesse concretamente a segurança da cadeira pública, receberia os presos
e entraria em contato imediato com a Secretaria de Segurança Pública para analisar a possibilidade de
posterior remanejamento dos detentos.
1538. De qual princípio se valeria?
R.: Do princípio da proporcionalidade, posto que o não recebimento dos presos causaria mais danos à
coletividade (paz e ordem pública) do que eventuais e incertos danos decorrentes da superlotação
carcerária. Destaco ainda que, conforme entendimento do STF, o Estado tem o dever de indenizar,
inclusive por danos morais, o preso submetido a condição degradante (INF 854 STF).
1543. Os institutos despenalizadores da lei 9.099/95 se aplicam ao Estatuto do Idoso? Por quê?
Existe previsão legal?
R.: O STF fez uma interpretação conforme a Constituição do artigo 94 do Estatuto do Idoso, razão pela
qual não se aplicam as medidas despenalizadoras da Lei nº 9.099/95, mas apenas o procedimento
sumaríssimo, a fim de garantir um processo mais célere.
Entender que os benefícios despenalizadores se aplicariam irrestritamente aos delitos cuja pena que não
ultrapasse quatro anos conferiria proteção deficiente ao idoso, garantindo tratamento mais benéfico ao
agente de que praticasse crime contra idoso do que contra adulto não idoso, o que viola a
proporcionalidade.
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro)
anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente,
no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF).
1548. Com relação à saída temporária para o preso comparecer ao velório de cônjuge, esposa,
irmão, por exemplo, quem é competente para autorizar tal saída?
R.: No caso em tela o preso poderá ser beneficiado pela permissão de saída (art. 120, I, da LEP), a qual
deverá ser autorizada pelo diretor do estabelecimento em que ele se encontra custodiado (art. 120,
parágrafo único), não pelo juiz.
1549. Quais os princípios que norteiam o juizado especial?
R.: Os princípios que norteiam o juizado especial são: oralidade, simplicidade, informalidade,
economia processual e celeridade. Ademais, o princípio da simplicidade foi acrescentado com a Lei
13.603/2018.
ARTIGOS 2º e 62, LEI 9.099/95
1550. Qual a distinção entre interceptação telefônica e quebra de sigilo das ligações telefônicas?
R.: A quebra do sigilo telefônico consiste no acesso às ligações realizadas e recebidas, sendo
protegida pelo artigo 5º, inciso XII da CF e seu procedimento não é regido pela Lei 9.296/96. Já a
Interceptação telefônica é a captação de uma conversa telefônica entre duas pessoas por um terceiro sem
autorização ou conhecimento dessas, cujo procedimento é regulado pela referida lei e está amparada pelo
artigo 5º, X da CF.
1552. Tanto a interceptação quanto a quebra do sigilo ocorrem apenas por ordem judicial ou o
próprio delegado pode requisitá-las?
R.: Ambas dependem de autorização judicial. Todavia, o delegado de polícia pode requisitar
diretamente dados cadastrais e excepcionalmente dados de ERB quanto aos crimes relacionados ao tráfico
de pessoas, conforme arts. 13A e 13B do CPP; e requisitar diretamente dados cadastrais quando da
investigação de Organização Criminosa, segundo o art. 15, Lei 12.850.
1560. Delegado representa pela interceptação ao juiz acerca de sujeito já condenado apenas
para prendê-lo, é possível?
R.: Não. A interceptação das comunicações telefônicas deve ser realizada para fim de investigação
criminal ou instrução criminal penal (CF, art. 5º, XII). Em nenhum dispositivo legal temos a previsão de
que a medida cautelar em tela é instrumento para manutenção da ordem publica ou seu restabelecimento,
ou ainda instrumento para se evitar que crimes aconteçam ou ainda para a localização de foragidos.
1563. Que documento o preso recebe para tomar conhecimento das razões que o levaram a
prisão no caso de prisão temporária?
R.: Uma das vias do mandado de prisão, que servirá como nota de culpa
ARTIGO 2, §4 LEI 7960
1567. Lei Maria da Penha – Agressor e ofendida na delegacia - como é conduzida a ocorrência?
Quais medidas tomadas pelo delegado?
R.: Em obediência ao artigo 12 da referida lei, o delegado deverá tomar as seguintes medidas:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários;
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
1577. É possível o pedido de prisão temporária ao investigado por crime de furto continuado?
R.: Não é possível, pois a prisão temporária aplica-se somente aos crimes elencados no artigo 1, inciso
III da lei 7.969/89, e dentre eles, não se encontra o crime de furto, assim, não é possível a decretação da
prisão temporária ao crime de furto continuado.
1584. Em qual momento ocorre a perda da função pública/perda dos direitos políticos em razão
da condenação por improbidade?
R.: A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado
da sentença condenatória.
Artigo 20 da Lei 8429/92.
1585. Estatuto do Idoso → A Lei nº 9.099/95 prevê pena máxima que não ultrapasse 4 anos. De
que forma essa questão foi dirimida pelo STF?
R.: Deu o sentido de que se aplica somente o procedimento sumaríssimo previsto na lei 9.099/95, aos
crimes que não ultrapassem 4 anos. Não se aplica qualquer medida despenalizadora, nem interpretação
benéfica ao autor do delito contra o idoso.
ADI 3069/DF do STF.
1588. Que instrumento legal a polícia judiciária para averiguação de crime com pena até dois
anos?
R.: O termo circunstanciado de ocorrência, desde que o infrator seja imediatamente encaminhado aos
juizados especiais criminais ou assuma o compromisso de comparecer quando notificado. Do contrário, o
Auto de Prisão em Flagrante é lavrado.
Artigo 69, parágrafo único da Lei 9.099/95.
1597. Como procederia como Delegado, na seguinte situação: uma mãe, com a filhinha de 4
anos, relata que a menina estava na escola, pediu para ir ao banheiro, a professora não deixou, fez as
suas necessidades na calça, passando por constrangimento. Enquadraria a conduta da professora no
ECA?
R.: Os atos da professora podem ser enquadrados no art. 232 do ECA, que dispõe ser criminosa a conduta
de submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento.
1600. O tráfico internacional de pessoas para exploração sexual está abrangido por esta lei?
R.: É possível a existência de uma organização criminosa que vise à prática do tráfico internacional de
pessoas para exploração sexual, visto que se trata de uma infração penal com pena máxima de 08 anos e
com caráter transnacional. Nesta hipótese, haverá concurso material de crimes (art. 149-A do CP c/c art.
1º, § 1º da Lei 12.850/13).
1601. Lei nº 12.850/13, artigo 2º: qual o objeto jurídico deste crime?
R.: Entende-se, majoritariamente, que o objeto jurídico do art. 2º da Lei 12.850/13 é a paz pública, de
modo que visa à proteção do sentimento coletivo de segurança e de confiança na ordem e proteção jurídica.
Destaca-se: Luiz Flávio Gomes considera que o objeto jurídico não se limita à paz, configurando a própria
intangibilidade e preservação material das instituições.
1604. Transação Penal. A aplicação imediata da multa viola o princípio do devido processo
legal?
R.: Não. Argumenta-se que a própria CRFB prevê o instituto da transação penal em seu art. 98, inciso I.
No mais, a Lei 9.099/95 preserva as garantias constitucionais de assistência de advogado e exige a
aceitação do apontado como autor do fato. Por fim, a medida aplicada não possui caráter punitivo e não
configura admissão de culpa.
1605. Como Delegado, pode instaurar inquérito policial nas infrações de menor potencial
ofensivo ou somente Termo Circunstanciado?
R.: Em regra, é dispensável a instauração de IP para apuração de infrações de menor potencial ofensivo
(art. 77, § 1º). As exceções são as hipóteses taxativas previstas no art. 66, parágrafo único (réu não
encontrado) e no art. 77, § 2º (complexidade e circunstâncias do caso) da Lei 9.099/95.
1608. Lei de Drogas. Há conduta típica no porte de drogas para uso próprio?
R.: Há divergência sobre o tema, uma vez que não é cominada pena privativa de liberdade ou de multa
para o porte de drogas para uso próprio. A 1ª corrente considera ter havido a descriminalização, com base
no conceito de infração penal previsto no art. 1º da Lei de Introdução ao CP. A 2ª corrente, adotada pelo
STF e pelo STJ, considera ter havido o fenômeno da despenalização, de modo que a referida conduta
permanece sendo crime, porém sem cominação de pena. Por fim, a 3ª corrente (mais técnica) considera ter
havido tão somente o descarceramento, considerando que as medidas aplicadas são espécies de pena e a
conduta continua configurando infração penal.
1614. CDC → O direito de reclamar por vícios de fácil constatação ou aparentes caduca em que
prazo?
R.: O artigo 26 da lei 8.078/90 estabelece que o direito de reclamar por vícios de fácil constatação em
varia de 30 (trinta) dias para fornecimento de serviço ou produtos não duráveis e 90 (noventa) dias para
fornecimento de serviços ou produtos duráveis.
1620. Lei nº 12.830 → O Delegado deve atender à requisição de indiciamento pelo Promotor?
R.: A lei 12.830 e seu artigo 2, parágrafo sexto, determina que o ato de indiciamento é privativo do
delegado de polícia mediante análise técnica-jurídica do fato, de modo a permitir o delegado recusar o
atendimento da requisição ministerial.
1625. Qual o procedimento do Estatuto do Idoso para os crimes cuja pena não ultrapassa 4
anos?
R.: A lei 10.741 determina no artigo 94 que os crimes cuja pena máxima privativa de liberdade não
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099/95, e, subsidiariamente, no
que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
1634. Uma conversa entre dois interlocutores, um está gravando sem conhecimento do outro. É
interceptação telefônica?
R.: Não. É o caso de gravação clandestina, que consiste em uma gravação ambiental, pessoal ou telefônica
feita por um dos interlocutores sem o conhecimento dos demais.
1635. Essa gravação pode ser usada como prova legal, independente de autorização judicial?
R.: Sim, hoje o STF considera que a regra é que a gravação clandestina seja lícita.
Jurisprudência STF: “Ação penal. Prova. Gravação ambiental. Realização por um dos interlocutores sem
conhecimento do outro. Validade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral reconhecida. Aplicação
do art. 543-B, § 3º, do CPC. É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos
interlocutores sem o conhecimento do outro.” (RE 583.937-QO-RG, Rel. Min. Cezar Peluso, com
repercussão geral.)
“EMENTA: PROVA. Criminal. Conversa telefônica. Gravação clandestina, feita por um dos
interlocutores, sem conhecimento do outro. (...) Fonte lícita de prova. Inexistência de interceptação, objeto
de vedação constitucional. Ausência de causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. (...) Inexistência
de ofensa ao art. 5º, XXIILVI, CF”.
1636. IP para apurar crime de tráfico, há interceptação. O senhor toma conhecimento de uma
extorsão mediante sequestro em comarca vizinha, através desta interceptação, em que, inclusive, a
vítima está encarcerada. Qual o procedimento a ser adotado?
R.: Neste caso, está presente o fenômeno da serendipidade de segundo grau, que consiste na descoberta
fortuita de delitos que não são objeto da investigação. Neste caso, se trata de fonte de prova suficiente para
deflagrar nova investigação criminal. Como há o encarceramento da vítima, o Delegado de Polícia, com
base no art. 13-A do CPP pode requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados -
como sinais, informações e outros - que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em
curso.
1638. Pessoa de forma consciente e dolosa vê seu desafeto e o atropela, na direção de veículo
automotor, matando-o. tipifique.
R.: Se trata do crime de homicídio doloso. Não há aplicação do CTB, uma vez em que a figura do
homicídio na direção de veículo automotor neste Codex previsto abrange apenas condutas culposas. Neste
caso, o autor tinha o dolo de matar a vítima, utilizado o automóvel apenas como um instrumento para seu
intuito criminoso.
1639. Uma pessoa conduz um veículo automotor, atropela e foge. Adequação típica.
R.: Lesão corporal culposa na direção de veículo automotor qualificada pela omissão de socorro. Não há
incidência do crime de fuga de local de acidente por ter aplicação subsidiaria.
Art. 303, § 1º, CTB.
1644. Lei 12.850, diferença entre organização criminosa, associação criminosa e quadrilha ou
bando.
R.: Organização criminosa é a denominação do tipo penal que prevê a associação de 4 ou mais pessoas
com o objetivo de obter vantagem de qualquer natureza mediante a pratica de infrações penais cujas penas
máximas sejam superiores a quatro anos, ou de caráter transnacionais, pressupondo uma estrutura
ordenada e divisão de tarefas, apenado com reclusão de três a oito anos.
Já a associação criminosa é a denominação do tipo penal que prevê a associação de três ou mais pessoas
com o fim específico de cometer crimes, apenado com reclusão de um a três anos.
O tipo penal de quadrilha ou bando era previsto no art. 288 do CP, atualmente alterado para a denominação
associação criminosa, e previa a associação de mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de
cometer crimes.
1649. O senhor recebe denúncia de que membros de uma organização criminosa estão reunidos em um
local. O senhor comparece com sua equipe e encontra documentos que comprovam a organização
criminosa. Qual a tipificação?
R.: Excelência, a conduta se amolda ao art. 2º da Lei 12.850/13. Em que pese divergência doutrinária,
adotamos a corrente que entende que o verbo integrar constitui crime permanente, financiar e promover
podem ser eventualmente permanente e constituir é crime instantâneo.
1653. Delegado em caso que caiba conciliação, esta ocorre ainda dentro da delegacia. O que fazer?
R.: Excelência, caso seja infração cuja ação penal seja privada ou pública condicionada a representação e
as partes envolvidas entrem em um acordo em sede policial, o Delegado deverá informa-las do prazo
decadêncial para, querendo, possam oferecer queixa ou representação. (art. 38 do CPP).
1654. Transação penal seria possível diante desta conciliação?
R.: Excelência, conforme o art. 74, par. Único da Lei 9.099/95 o acordo homologado judicialmente acarreta
a renúncia do direito de queixa ou representação. Ocorrendo a conciliação, inviável seria falarmos em
transação penal, a qual, aliás, é medida despenalizadora a ser proposta pelo Ministério Público.
1655. É possível a utilização de uma prova colhida em interceptação telefônica, em outro processo?
R.: Excelência, a prova tida como emprestada, tem plena validade, independentemente ser ela uma
interceptação telefônica precedida de autorização judicial em outro juízo, desde que respeitados o
contraditório e a ampla defesa, em homenagem aos princípios constitucional da economia processual e
unidade da jurisdição. (STJ REsp 1340069/SC em 15/08/2017 – STJ REsp 1417563/MG em 19/09/2017
– STF RMS nº 28774/DF em 22/09/2015)
1657. Pedido de interceptação telefônica por delegado de polícia pode ser efetuado verbalmente ou é
preciso que se reduza a termo?
R.: Excelência, conforme previsto no art. 4º, § 1º da lei 9.296/96, excepcionalmente, o juiz admitirá o
pedido verbalmente, presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, porém, a concessão será
condicionada à sua redução a termo.
1659. É correto que a transação penal só pode ser concedida uma vez ao agente?
R.: Excelência, o agente já beneficiado pela transação penal fica impedido por cinco anos, contados da
aplicação do benefício, de transacionar novamente caso venha a praticar outra infração penal dentro
desse prazo. (Art. 76, § 2º, inciso II da Lei 9.099/95).
1660. Quais os bens jurídicos tutelados pela lei que regula práticas discriminatórias na relação
trabalhista?
R.: Excelência, o ar. 4º, “caput” e seu § 1º, da Lei 7.716/89, visa tutelar o direito ao tratamento igualitário
e a dignidade da pessoa humana, direitos esses que constituem fundamento da República Federativa do
Brasil. (Art. 1º, III e art. 5º, “caput” da CF).
1663. A lei de tortura prevê casos de conduta omissiva? Quais? É crime próprio?
R.: Sim, a Lei de Tortura prevê casos de conduta omissiva. É a chamada tortura omissão, prevista no art.
1º, §2º da referida lei.
Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evita-las ou apura-las, incorre na
pena de detenção de 1 a 4 anos.
Trata-se de crime próprio quanto ao sujeito ativo (somente praticado por quem tiver o dever de evitar ou
apurar a ocorrência da prática de qualquer modalidade de tortura descrita na lei), e crime comum quanto
ao sujeito passivo (qualquer pessoa pode ser vítima).
1671. O delegado pode representar pela temporária de alguém que cometeu crime de estelionato?
R. O rol de crimes passíveis de decretação de prisão temporária é taxativo, nos termos do art. 1º, III da Lei
7.960/89, não estando o crime de estelionato dentre eles. Logo, Delegado de Polícia não poderá representar
pela temporária de alguém que cometeu crime de estelionato, por ausência de previsão legal.
Porém, caso uma associação criminosa (art. 288 do CP) pratique estelionato, poderá o Delegado
representar pela prisão temporária, pois a associação criminosa está prevista como uma infração penal
passível de decretação de prisão temporária.
1672. Conceito de população negra previsto no estatuto de igualdade racial, o senhor conhece?
R. Segundo o Estatuto de Igualdade Racial, população negra é o conjunto de pessoas que se autodeclaram
pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga.