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SOCIETAS UBI
SOCIETAS IBI JUS.
Março de 2023.
Crime
2. O que é um crime?
Crime é o comportamento que viola a lei e que, como tal, é punido com uma pena.
Para efeitos do Código de Processo Penal Timorense, crime é o conjunto de
pressupostos de que depende a aplicação ao seu autor de uma pena ou medida de
segurança criminais.
A maior parte dos crimes só é punível a título de dolo (intenção de praticar o facto). A
punibilidade a título de negligência deve estar expressamente prevista na lei.
Existem penas de diversas espécies, como a admoestação, a prestação de trabalho a favor
da comunidade, a multa (convertível em prisão alternativa em certos casos), a prisão (cuja
execução pode ser suspensa ou ser substituída por multa em certos casos), existindo,
também, penas acessórias (p. ex. proibição de conduzir veículos motorizados), aplicáveis
a certos tipos de crime (p. ex., a condução em estado de embriaguez).
Inquérito
1. O que é o inquérito?
O inquérito compreende o conjunto de diligências que visam investigar a existência de
um crime, determinar os seus agentes e a sua responsabilidade e descobrir e recolher as
provas, em ordem à decisão sobre a acusação.
A apresentação de uma queixa, caso contenha factos que integrem um crime, dá origem
a um inquérito, o mesmo acontecendo com a apresentação pelas autoridades policiais ou
pelo próprio Ministério Público de um auto de notícia.
1. O que é
A violência doméstica inclui comportamentos, reiterados ou não, utilizados num
relacionamento, por uma das partes, sobretudo, mas não só, para controlar a outra.
Pratica o crime de violência doméstica quem infligir maus tratos físicos ou psíquicos,
uma ou várias vezes, sobre cônjuge ou ex-cônjuge, unido/a de facto ou ex-unido/a de
facto, namorado/a ou ex-namorado/a ou progenitor de descendente comum em 1.º grau,
quer haja ou não coabitação. E ainda a menor que seja seu descendente ou de uma das
pessoas referidas anteriormente, ainda que com ele não coabite.
Também pratica o crime de violência doméstica quem infligir maus tratos físicos ou
psíquicos, uma ou várias vezes, sobre pessoa particularmente indefesa, por exemplo, em
razão de fatores de vulnerabilidade relacionados com a idade, deficiência, doença,
gravidez ou dependência económica, desde que com ela coabite.
A violência doméstica não ocorre apenas em relacionamentos entre pessoas de sexos e/ou
géneros diferentes. É um fenómeno criminal que ocorre também nos relacionamentos
entre pessoas do mesmo sexo. Os maus tratos podem ocorrer em ambiente virtual.
Em decorrência do princípio da legalidade e da própria natureza pública do crime de
violência doméstica, todos os factos que sejam noticiados têm de ser investigados.
2. As vítimas
Embora as mulheres em relacionamentos heterossexuais representem a maioria das
vítimas conhecidas, a violência doméstica inclui vítimas de todo o tipo de
relacionamentos.
A violência exercida sobre pessoas em situação de especial vulnerabilidade, como
crianças, idosos ou pessoas com deficiência, que coabitem com a pessoa agressora,
constitui também violência doméstica.
Relativamente às crianças e jovens (até aos 18 anos), tanto são vítimas as crianças ou
jovens contra as quais são praticados os atos de violência como as que que presenciam ou
vivenciam a prática dos mesmos, na medida em que se traduz sempre num impacto
negativo no seu desenvolvimento, saúde e bem-estar.
É necessário, portanto, compreender que a violência doméstica pode manifestar-se por
diversas maneiras, desde a violência física à, por exemplo, violência psicológica ou
sexual, e envolver uma diversidade de vítimas, sendo transversal aos diferentes estatutos
económico-sociais, géneros, grupos étnicos-raciais, crenças religiosas ou orientações
sexuais.
3. Tipos de violência
Violência emocional: qualquer comportamento da pessoa agressora que visa fazer o
outro sentir medo ou sentir-se inútil. Pode manifestar-se por: ameaçar os filhos; magoar
os animais de estimação; humilhar o outro na presença de amigos, familiares ou em
público, entre outros.
Violência social: qualquer comportamento que pretenda exercer controlo sobre vida
social do(a) companheiro(a), por exemplo, impedir que este(a) visite familiares ou
amigos, cortar o telefone ou controlar as chamadas e as contas telefónicas, trancar o outro
em casa.
Violência física: qualquer forma de violência física que um agressor(a) inflige ao
companheiro(a). Pode traduzir-se em comportamentos como: esmurrar, pontapear,
estrangular, queimar, induzir ou impedir que o(a) companheiro(a) obtenha medicação ou
tratamentos.
Violência sexual: qualquer comportamento em que o(a) companheiro(a) força o outro a
protagonizar atos sexuais que não deseja. Alguns exemplos: pressionar ou forçar o(a)
companheiro(a) para ter relações sexuais quando este não quer; pressionar, forçar ou
tentar que o(a) companheiro(a) mantenha relações sexuais desprotegidas; forçar o outro
a ter relações com outras pessoas.
Violência financeira e patrimonial: qualquer comportamento que intente controlar o
dinheiro do(a) companheiro(a) sem que este o deseje. Alguns destes comportamentos
podem ser: controlar o ordenado do outro; recusar dar dinheiro ao outro ou forçá-lo a
justificar qualquer gasto; ameaçar retirar o apoio financeiro como forma de controlo.
Perseguição: qualquer comportamento que visa intimidar ou atemorizar o outro. Por
exemplo: seguir o(a) companheiro(a) para o seu local de trabalho ou quando este(a) sai
sozinho(a); controlar constantemente os movimentos do outro, quer esteja ou não em
casa.
Há comportamentos que ofendem de forma tão grave os direitos das pessoas ou valores
fundamentais de um Estado de Direito, assente na dignidade da pessoa humana, que quem
os pratica pode sofrer uma pena.
A lei determina quais são esses comportamentos e qual a pena que lhes cabe: são os
crimes.
A lei determina ainda quais as regras a que deve obedecer a investigação dos crimes e o
julgamento dos seus autores (processo penal).
No processo penal, o Ministério Público, para além do mais:
Dirige a fase processual de inquérito, que se destina a recolher prova indiciária da
existência de crime e de quem foram os seus autores (é a primeira fase do processo). O
Ministério Público procura todas as provas, quer sejam desfavoráveis aos suspeitos, quer
lhes sejam favoráveis. Nessa actividade é coadjuvado pelos órgãos de polícia criminal, os
quais actuam sob a sua orientação e na sua dependência funcional.
Recebe as denúncias, as queixas e as participações apresentadas pelos cidadãos em geral
e, em particular, pelas vítimas de crimes, directamente ou através dos órgãos de polícia
criminal.
Requer ao juiz de instrução a aplicação de medidas de coacção aos arguidos, caso se
verifiquem em concreto um ou vários perigos, tais como o perigo de fuga, o perigo de
perturbação do inquérito, o perigo de continuação da actividade criminal ou o perigo de
perturbação grave da ordem e tranquilidade públicas. As medidas de coacção visam
impedir que esses perigos se concretizem.
Caso seja recolhida prova indiciária suficiente da existência de crime e do seu autor, o
Ministério Público apresenta contra ele uma acusação e sustenta-a no julgamento. Mas se
a prova que se produzir em julgamento não permitir concluir para além de qualquer
dúvida razoável que foi o acusado o autor do crime, o Ministério Público pede ao tribunal
a sua absolvição.
Interpõe recursos das decisões judiciais proferidas no processo, ainda que no exclusivo
interesse dos arguidos, sempre que da aplicação das mesmas possa resultar a violação da
lei.
Promove a execução das penas e das medidas de segurança aplicadas aos arguidos
condenados.
Os magistrados do Ministério Público actuam sempre vinculados a critérios de legalidade
(sempre em obediência ao que determina a lei) e de objectividade (procuram sempre e
apenas a descoberta da verdade, seja esta favorável ou desfavorável aos ofendidos pelos
crimes ou aos suspeitos da sua prática).
O Ministério Público:
Dirige o inquérito criminal;
Fiscaliza a actividade policial;
Promove a concretização dos direitos das vítimas de crimes;
Fiscaliza as decisões judiciais;
Promove objectivamente o cumprimento da lei, agindo em favor de todos os
cidadãos intervenientes no processo criminal, particularmente das vítimas de
crime, mas também dos próprios arguidos, sempre que os seus direitos sejam
postos em causa;
Não é acusador público;
Não é polícia nem juiz;
Não é o advogado do Estado.
Como agir:
O Ministério Público, para poder desencadear um processo criminal, necessita saber que
foi praticado um crime. Pode saber disso pelos seus próprios meios, mas também por
intermédio dos órgãos de polícia criminal ou mediante denúncia.
Qualquer cidadão que tiver notícia de um crime pode denunciá-lo ao Ministério Público
ou aos órgãos de polícia criminal.
Qualquer cidadão que for vítima de um crime pode apresentar uma queixa ao Ministério
Público ou aos órgãos de polícia criminal.
– A qualquer órgão de polícia criminal, como PNSIC, PCIC, CAC,
FIM.