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João Alves
Procurador-Adjunto
CEJ
CURSO ESPECIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Jurisdição Cível
Abril de 2010
I- ÍNDICE
I- Índice..........................................................................................................................2
2
11- Acção. Investigação paternidade. Exames ADN .........................................57
12- Perguntas à mãe do menor ...........................................................................59
13- Perguntas ao indigitado pai ..........................................................................61
14- Perguntas às testemunhas.............................................................................62
15- Despacho. Competência territorial...............................................................63
IX- Jurisprudência........................................................................................................88
X- Bibliografia ...........................................................................................................118
3
II- INTRODUÇÃO
4
III- AVERIGUAÇÕES OFICIOSAS
- Características:
- Casos de arquivamento:
5
4- Decurso de 2 anos (caducidade) após o nascimento do menor (art. 1809º, al. b)
e 1866º, al. b) C. Civil). Excepção, o art. 1867º C. Civil (processo crime com
prova de cópula).
6- Dador de sémen não pode ser havido como pai da criança que vier a nascer (art.
21º da Lei 32/06 de 26/7).
- Tribunal competente:
- Instrução:
- Tramitação:
6
Despacho do Juiz:
A) Ordenando e efectuando novas diligências para uma melhor decisão (art. 205º,
nº 2 OTM),
ou
⇓
Recurso limitado a matéria de direito e ao MP (art. 206º OTM).
⇓
Divergência entre o MP e o Juiz:
⇓
Solução:
7
1- Parecer de viabilidade do MP.
8
assinou o cartão de Natal que a sua mãe comprou e enviou à Giselle e à Tiana e que os
seus pais estão convencidos que a menor é sua filha.
Que está disposto a realizar um teste de DNA.
Finda a fase instrutória, cabe ao Ministério Público proferir parecer sobre a
viabilidade da respectiva acção, nos termos do disposto no artigo 204.° da O.T.M.
O direito português prevê três formas de estabelecimento da paternidade: por
presunção a favor do marido de mulher casada, nos termos do disposto no artigo 1826.°,
n° l do Código Civil, por perfilhação, nos termos do disposto nos artigos 1849.° e 1853.°
do Código Civil e por reconhecimento judicial, nos termos do disposto nos artigos 1869.°
e seguintes do Código Civil.
Cabe então o recurso ao artigo 1871.° do CC, que estabelece, nas suas várias
alíneas, algumas situações que fazem funcionar a presunção de paternidade a favor do
investigante.
No caso que ora se aprecia, quer a mãe da menor, quer o pretenso pai por esta
indicado, reconhecem ter mantido relações sexuais entre finais de 2001 e, pelo menos, até
Março de 2002, e a menor nasceu dia l de Dezembro de 2002.
A lei portuguesa, nos termos do disposto no artigo 1797° CC ficcionou nos
primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento, o momento da concepção.
Donde, no caso que se aprecia tal momento situa-se entre Fevereiro e Abril de
2002, abrangendo o período em que a mãe da menor e o pretenso pai mantiveram
relações sexuais.
Cabe desta forma, apelar ao disposto na alínea e) do n.° l do artigo 1871.° do CC,
que presume a paternidade sempre que se prove que o pretenso pai teve relações sexuais
com a mãe durante o período legal de concepção
Ao que acresce que, com a doutrina do acórdão de uniformização de
jurisprudência do STJ de 27 de Junho de 1989, na falta de presunção legal de
paternidade, basta que se prove que o filho nasceu de relações sexuais que a mãe teve
com o pretenso pai, mesmo que não fique demonstrado que unicamente com ele manteve
relações sexuais.
Ao estabelecer tais garantias a lei pretende em primeira linha a tutela do direito da
criança ao conhecimento da sua ascendência e ao seu direito a ver estabelecida a
paternidade, constituindo um dos aspectos mais relevantes dos direitos constitucionais o
direito à identidade e á integridade moral e familiar completa.
Neste sentido veja-se o que se escreveu no acórdão do TC de 28/04/1988, CJ, II,
p. 39: " (...) Sejam quais forem as circunstâncias do nascimento existe um direito
fundamental ao conhecimento e ao reconhecimento da paternidade: esta é uma
«referência» essencial da pessoa (...). " Donde, em face dos factos que ficaram expostos,
das provas recolhidas e das disposições legais citadas, entende-se ter ficado demonstrada
a paternidade que se investiga, desde logo por se ter apurado a identidade do pretenso pai,
pugnando-se pela viabilidade da futura acção de investigação da paternidade.
Conclua os autos ao Mº Juiz, nos termos do artigo 205.° da O.T.M.
O Procurador-Adjunto
(processei e revi)
…./…./….
9
2- Despacho do Juiz.
Conclusão …. / …. / …..
10
3- Arquivamento. Notificação à mãe do menor.
Exmª Sra
……………………………
…………………………….
11
4- Averiguação oficiosa da maternidade.
PA ......
Ex.mo Senhor
Juiz de Direito ……………………………
Da isenção de custas
1º
Em 23 de Abril de 1989, nasceu ....................., tendo o respectivo assento de
nascimento sido lavrado, em 12 de Outubro de 1990, na 11ª Conservatória do Registo
Civil de Lisboa (Assento nº ......) - Doc. nº 1.
2º
Tal assento de nascimento foi lavrado com base em declaração prestada por Maria
...................................,
3º
E dele ficou a constar, inicialmente, que o registado era filho dos aqui Réus.
12
4º
Em 13 de Novembro de 1990, foi lavrado o averbamento nº 1 ao mesmo assento
de nascimento, do seguinte teor:
"A menção da maternidade, e consequentemente a da paternidade, ficam sem efeito, por
não ter sido possível fazer a notificação da mãe".
5º
O menor ...................., todavia, foi dado à luz pela Ré Ana .............., em 23 de
Abril de 1989, pelas 07.25 horas, na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em Lisboa - Doc.
nº 2.
6º
Os Réus contraíram casamento um com o outro em 20 de Dezembro de 1984, o
qual ainda não foi dissolvido - Doc. nº 3.
7º
Foi proferido despacho final de viabilidade no competente processo de
averiguação oficiosa - Doc. nº 4.
Prova testemunhal:
*
Junta: 4 documentos, duplicados e suporte digital.
O Procurador-Adjunto
13
5- Averiguação oficiosa de paternidade.
PA ......./….
Ex.mo Senhor
Juiz de Direito …………………………..
Da isenção de custas
1º
Em 6 de Fevereiro de 2002, nasceu, na freguesia de S. Sebastião, concelho de
Lisboa, a menor Valéria ...................., cujo assento de nascimento foi lavrado, em 25 de
Fevereiro de 2002, na ...ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, nele se omitindo a
paternidade e mencionando que a menor é filha de Magda ............................................ -
Doc. nº 1.
2º
A menor, todavia, é filha do Réu.
14
3º
Na verdade, o Réu e a mãe da menor mantiveram desde Fevereiro de 2001 até
Julho de 2001 um relacionamento íntimo entre si,
4º
No âmbito do relacionamento supra referido, mantiveram um com o outro, com
regularidade, relações sexuais de cópula completa.
5º
Foi em consequência de tais relações sexuais que a menor foi gerada.
6º
Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o
nascimento da menor, a mãe desta apenas com o Réu manteve relações sexuais.
7º
Na verdade, a mãe da menor é pessoa de bom porte, não havendo notícia de que,
no período em causa, a mesma tenha acompanhado com qualquer outro homem.
8º
Entre o Réu e a mãe da menor não existem relações de parentesco ou afinidade na
linha recta, nem de parentesco no segundo grau da linha colateral (Doc. nº 2 e 3).
9º
Foi proferido despacho final de viabilidade no competente processo de
averiguação oficiosa (Doc. nº 4).
15
Testemunhas:
*
Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).
*
Junta: 4 documentos, duplicados e suporte digital. Protesta juntar duas certidões de
nascimento.
O Procurador-Adjunto
16
B) Para impugnação da paternidade presumida (síntese da tramitação).
2- Tramitação:
A) Ordenando e efectuando novas diligências para uma melhor decisão (art. 205º, nº 2
OTM).
Ou
⇓
Recurso limitado a matéria de direito, legitimidade do MP e do impugnante (art. 206º
OTM).
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Divergência entre o MP e o Juiz:
Solução:
18
1- Acção oficiosa de impugnação da paternidade.
PA ......
Ex.mo Senhor
Juiz de Direito …………………….
Da isenção de custas
1º
Em 6 de Abril de 2000, na freguesia de S.Francisco Xavier, Lisboa, nasceu João
................................, cujo assento de nascimento foi lavrado na 4ª Conservatória do
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Registo Civil de Lisboa, nele se mencionando que o Autor é filho de ambos os Réus -
Doc. nº 1.
2º
Os Réus contraíram matrimónio um com o outro em 11 de Janeiro de 1990 -
matrimónio esse que ainda não se encontra dissolvido - Doc. nº 2.
3º
Não foi, todavia, o 1º Réu quem gerou o João.
4º
Na verdade, os Réus separaram-se definitivamente um do outro em Fevereiro de
1998,
5º
Não tendo, a partir de então, mantido qualquer contacto um com o outro,
designadamente de natureza sexual.
6º
A partir de Novembro de 1998, a 2ª Ré passou a viveu em comunhão de cama,
mesa e habitação com Fernando Manuel ............................,
7º
Tendo sido em consequência das relações sexuais entre estes mantidas que João
......................... viria a ser gerado.
8º
No círculo de amigos atribuem a paternidade a Fernando Manuel .................., o
qual igualmente se assume publicamente como pai biológico.
9º
O 1º Réu não esteve presente, nem representado, no acto de registo de nascimento
de João ....... - Doc. nº 1,
20
10º
E nunca o reconheceu como seu filho.
11º
No circulo de vizinhos e amigos só a Fernando Manuel .................., atribuem a
paternidade do menor.
12º
O menor apenas foi registado como filho do 1º Réu devido à presunção legal de
que são filhos do marido da mãe todos os que nascerem ou forem concebidos na
constância do seu casamento, enquanto tal presunção não for elidida (art. 1826 e 1835
C.Civil),
13º
Razão por que, em 29 de Agosto de 2000, foi lavrado o averbamento nº 1 ao
assento de nascimento do Autor, nele se mencionando a paternidade presumida
relativamente ao 1º Réu - Doc.nº1.
14º
Correu termos nesta comarca os autos de averiguação oficiosa nº ......, a
requerimento de Fernando Manuel ..................,, que se declarou pai do menor, em que a
presente acção foi declarada viável – Doc nº 3.
Prova:
Testemunhal:
1º -......................................................;
21
2º -............................................................;
Para curador especial ao menor João ....................., propõe-se o seu avô materno,
António........................, residente ............................., cuja nomeação se requer.
**
Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).
O Procurador-Adjunto
22
IV- INVESTIGAÇÃO DA MATERNIDADE
2- Causas:
3- Pressupostos:
- Nascimento do investigante.
- Filiação materna omissa no registo, no momento em que a acção é intentada (art.
1815º C.Civil).
- Inexistência de adopção plena relativamente ao filho (art. 1987º C.Civil).
4- Diligências:
23
- Se o filho houver sido reputado e tratado como filho pela pretensa mãe e também
pelo público (art. 1816º, nº 2, al. a) C.Civil).
- Se existir carta ou outro escrito em que a pretensa mãe declare inequivocamente a
sua maternidade (art. 1816º, nº 2, al. b) C.Civil).
8- Legitimidade:
Ao autor compete provar que o menor nasceu de parto da pretensa mãe, a menos que
alegue factos que integrem uma das presunções e esta não seja elidida.
- O filho.
- O cônjuge do filho (não separado) e seus descendentes, se ele houver falecido
antes de terminar o prazo para a propositura da acção, podendo os mesmos
prosseguir nela se o falecimento ocorreu durante a sua pendência (art. 1818º
C.Civil).
- O marido da pretensa mãe, durante a menoridade do filho nascido ou concebido
na constância do matrimónio (art. 1822º, nº 2 C.Civil).
- O MP em representação do filho menor.
- A pretensa mãe.
- Cônjuge sobrevivo (não separado) e, sucessivamente, descendentes, ascendentes,
irmãos, se a pretensa mãe faleceu, também os herdeiros ou legatários cujos
direitos possam vir a ser atingidos (art. 1819º, nº 1 e 2 C.Civil).
- Marido/perfilhante: se se trata de filho nascido ou concebido na constância do
matrimónio da pretensa mãe e, existindo perfilhação, contra o perfilhante.
9- Tribunal competente: Tribunal do domicílio dos Réus (art. 85º, nº 1 e 87º, nº 1 CPC).
24
10- Existe possibilidade de na acção de investigação de maternidade se impugnar a
presunção de paternidade do marido da mãe – acção complexa (art. 1823º e 1824º
C.Civil).
25
1- Acção de investigação da maternidade (complexa).
PA ........
Ex.mo Senhor
Juiz de Direito ……………………………….
Da isenção de custas
1º
2º
Tal assento de nascimento foi lavrado com base em sentença proferida pelo 4º
Juízo Cível da Comarca de Lisboa em 4 de Fevereiro de 2000.
3º
26
4º
5º
Todavia, o menor Luís ................. foi dado à luz pela Ré Sónia ................. em 1
de Setembro de 1996, pelas 20.50 horas no Hospital de São Marcos em Braga - Doc. 2.
6º
7º
Foi fruto das relações sexuais mantidas entre os RR que a Sónia ......................
viria a engravidar e a dar à luz o Autor.
8º
O Procurador-Adjunto
27
2- Acção de investigação da maternidade com impugnação de paternidade
presumida.
PA .........
Da isenção de custas
1º
A 21 de Dezembro de 1992, nasceu na Freguesia de São Sebastião da Pedreira,
concelho de Lisboa, o Autor José ........................, cujo assento de nascimento foi lavrado,
sob o nº .............., a 24 de Novembro de 1994, na ........ª Conservatória do Registo Civil
de Lisboa , nele se mencionando que o Autor é filho da 1ª Ré, Ana ..................... e do
marido desta, ora 2º Réu, Vitor ....................................( Doc. nº1).
2º
Tal assento foi lavrado com base em declarações do pai do registado, Mário
......................................, ora 3º Réu (Doc. nº1).
28
3º
A 5 de Janeiro de 1995, foi lavrado o averbamento nº1 ao mesmo assento de
nascimento, do seguinte teor (Doc. nº 1):
4º
Por outro lado, em 3 de Julho de 1996, foi lavrado o averbamento nº2 ao referido
assento de nascimento do Autor, com o seguinte teor (Doc. nº2):
“ Como consequência do disposto no averbamento nº1, a menção da paternidade
fica também sem efeito”.
5º
A 6 de Julho de 1995, o ora 3º Réu perfilhou o menor, tendo tal facto sido objecto
de registo (Doc. nº 3 e 4).
6º
Ora, a 1ª Ré, Ana ........................... é, efectivamente a mãe do Autor, José
......................................., pois foi ela que o deu à luz no dia 21 de Dezembro de 1992,
pelas 21h 05m, na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em Lisboa (Doc. nº 5).
7º
Aliás, todas as pessoas que os conhecem sabem que o Autor é filho da 1ª Ré, e
assim o consideram.
8º
Por outro lado, a 1ª Ré, Ana ....................., embora tivesse casado com o ora 2º
Réu, Vitor ........................., em 5 de Maio de 1988 (Doc. nº 6),
9º
Separou-se deste em Abril de 1990, e a partir daí, não mais manteve com o 2º
Réu, qualquer contacto de natureza sexual,
10º
Designadamente, nos primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do
Autor.
29
11º
Com efeito, a 1ª Ré, a partir de Maio de 1990, passou a viver em comunhão de
cama, mesa e habitação com o ora 3º Réu, o perfilhante Mário .................,
12º
Tendo sido em consequência das relações sexuais mantidas entre os 1º e 3º Réus,
que o Autor foi gerado.
13º
Na verdade, todos quantos os conhecem consideram o Autor José
.................................. como filho da 1ª Ré e do 3º Réu.
14º
Aliás, o 2º Réu nem sequer conhece o Autor e nunca o tratou como filho.
O Procurador-Adjunto
30
3- Investigação de maternidade (Habilitação inicial).
PA .......
31
Nos termos e pelos fundamentos seguintes:
Da isenção de custas
I - HABILITAÇÃO INICIAL
1º
Isaura ............................., faleceu no dia 1 de Agosto de 1997, no estado civil de
divorciada (Doc. nº1).
2º
Deixou, como descendentes, no primeiro grau da linha recta, os 1º, 2º, 3º, 4º e 5º
requeridos (Docs. nº 2, 3, 4, 5 e 6).
3º
Os ora requeridos têm, assim, legitimidade passiva para a presente acção, na
qualidade de descendentes da falecida (art. 1819º do Código Civil).
II - A ACÇÃO
4º
O Autor Miguel ....................., nasceu no dia 15 de Abril de 1996, tendo o
respectivo assento de nascimento sido lavrado, em 17 de Novembro de 1997, na ....ª
Conservatória do Registo Civil de Lisboa (Assento nº ......), nele se mencionando que o
Autor é filho de António ................... e da falecida Isaura ............................... (Doc. nº7).
5º
32
6º
Todavia, o Autor foi dado à luz pela falecida Isaura ......................, no dia 15 de
Abril de 1996, pelas 13 horas e 53 minutos, na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em
Lisboa (Doc. nº 8).
7º
Após o nascimento do Autor, a falecida Isaura ................., enquanto viveu,
assumiu-se publicamente como mãe do mesmo, e, nessa qualidade, alimentou-o e velou
pela sua segurança e saúde.
8º
Aliás, todos quantos conhecem o Autor e conheciam Isaura
........................... consideram que esta é mãe daquele.
***
Para curador “ad litem” dos 3º, 4º e 5º requeridos, indica-se o seu pai -
António ........................., residente na Rua ...................., Lote ...., 6º-A, Marvila, Lisboa -
cuja nomeação para tal cargo se requer.
O Procurador-Adjunto
33
V- IMPUGNAÇÃO DA MATERNIDADE
Legitimidade:
A) Activa; pessoa declarada como mãe, registado, qualquer outra pessoa que tiver
interesse moral ou patrimonial na procedência da acção.
B) Passiva; mãe, filho e o presumido pai quando nela não figurem como autores
(litisconsórcio necessário) – aplicação analógica do art. 1846º C.Civil).
Aplicação à declaração de maternidade das regras referentes aos negócios jurídicos (art.
295º C.Civil). Pode ser anulada a requerimento do declarante por coacção moral e erro
que importe o estabelecimento de uma maternidade falsa.
34
1- Acção de impugnação de maternidade.
PA ........
Da isenção de custas
1º
Em 15 de Dezembro de 1968, nasceu a 3ª Ré, a qual foi registada, no Consulado-
geral de Portugal em Paris, como filha da 1ª e do 2º Réus (Assento nº ..........., daquele
Consulado, posteriormente integrado na Conservatória dos Registos Centrais, em 17 de
Setembro de 1973, sob o nº .............) - Documento nº 1.
2º
Tal assento de nascimento foi lavrado com base em declaração do 2º Réu -
Documento nº 1.,
35
3º
A 1ª Ré e o 2º Réu casaram um com o outro em 5 de Setembro de 1970 -
Documento nº 2.
4º
A 1ª Ré, todavia, não foi quem deu à luz a 3ª Ré.
5º
Na verdade, quem deu à luz a 3ª Ré, foi Maria ................., nascida em 12 de
Junho de 1943, em Trinta, Guarda, filha de Joaquim ............ e de Maria ............., e
residente em ....................., Rue Paris, ......................., em França,
6º
Tendo o respectivo parto ocorrido em 15 de Dezembro de 1968, no Centro
Hospitalar de Saint Germain en Laye - Documentos nºs 3 e 4.
7º
Foi o facto de o 2º Réu, pai da 3ª Ré, ter vindo, mais tarde, a contrair matrimónio
com a 1ª Ré, que levou o mesmo a declarar, no Consulado-Geral de Portugal em Paris,
ser esta a mãe daquela.
Nestes termos, e nos mais de direito, deve a presente acção ser julgada
procedente, por provada, declarando-se que a lª Ré não é mãe da 3ª Ré, e ordenando-se,
em consequência, que o assento de nascimento da 3ª Ré seja rectificado, no sentido de
nele se averbar:
O Procurador-Adjunto
36
2- Despacho de arquivamento (maioridade).
PA ........
Notifique.
**
Nota: As petições reportam-se a casos reais, em que apenas foram introduzidas
actualizações decorrentes das alterações aos art. 150º, 152º e 467º do CPC e actual
Regulamento de Custas, de forma a exemplificar este tipo de acções.
37
VI- INVESTIGAÇÃO DA PATERNIDADE
2- Pressupostos:
- Nascimento do investigante.
- Reconhecimento prévio ou simultâneo da maternidade (art. 1869º C.Civil).
- Filiação paterna omissa no registo no momento em que a acção é intentada (art.
1848º, nº 1 C.Civil).
- Inexistência de adopção plena relativamente ao filho (art. 1987º C.Civil).
3- Diligências:
38
- Quando se prove que o pretenso pai teve relações sexuais com a mãe durante o
período legal de concepção (art. 1871º, nº1, al. e) C.Civil).
- Filho resultante de inseminação artificial é havido como filho do marido ou
daquele que vive em união de facto com a mulher inseminada (art. 20º, nº 1, 2 e 3
da Lei 32/06).
- Filho nascido de inseminação post mortem em violação da proibição do art. 22º
da Lei 32/06 é havido como filho do falecido (art. 23º, nº 1 da Lei 32/06).
Excepção: art. 23º, nº 2 da Lei 32/06.
Activa:
- O filho.
- O cônjuge do filho (não separado) e seus descendentes, se ele houver falecido
antes de terminar o prazo para a propositura da acção, podendo os mesmos
prosseguir nela se o falecimento ocorreu durante a sua pendência (art. 1818º
C.Civil).
- O MP em representação do filho menor.
Passiva:
- O pretenso pai.
- Cônjuge sobrevivo (não separado) e, sucessivamente, descendentes, ascendentes,
irmãos, se o pretenso pai faleceu, também os herdeiros ou legatários cujos direitos
possam vir a ser atingidos (art. 1819º, nº 1 e 2 C.Civil).
8- Tribunal competente: Tribunal do domicílio dos Réus (art. 85º, nº 1 e 87º, nº 1 CPC).
39
1- Formulário para uso na Procuradoria (investigação de paternidade).
(1)…………………………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
1-
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
40
2-
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
2-
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
O(A) REQUERENTE
……………………………………………………..
(assinatura)
(1) Indicar o nome completo, estado civil, profissão e morada do(a) requerente.
(3) Indicar o nome completo e residência actual, estado civil da mãe do(a) menor,
(5) Indicar o nome completo, estado civil, data de nascimento e residência actual das
pessoas a ouvir como testemunhas na acção de investigação de paternidade a intentar.
41
2- Termo de perfilhação.
_____________________________________________________________________
Para constar se lavrou o presente auto que depois de lido e achado conforme, vai ser
assinado. --------------------------------------------------------------------------------------------
____________________________________________________________
_______________________________________________________________
42
3- Inquérito a remeter à mãe do(a) menor.
Inquérito
PA nº ……………..
B) Qual a identidade completa do pai do(a) menor (nome completo, data de nascimento,
estado civil, naturalidade, filiação e residência actual) e qual a conservatória ou
organismo público em que se encontra lavrado o respectivo assento de nascimento?
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
D) Que tipo de ligação teve com o mesmo, quando é que tal ligação se iniciou e, caso já
tenha terminado, em que data aproximada findou (importa que a declarante clarifique
com o maior pormenor possível, se se tratou de uma simples ligação esporádica, sem
qualquer compromisso, ou se existiu relação de namoro publicamente assumida e
durável, ou se chegou a existir vida marital entre ambos e em que período, bem como
quaisquer outras circunstâncias relevantes para caracterizar tal ligação:
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
43
E) Durante o período legal de concepção do(a) menor (nos primeiros 120 dias dos 300
que precederam o nascimento do(a) menor a declarante apenas se relacionou sexualmente
com o indigitado pai da criança?
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
F) O indigitado pai, antes do(a) menor nascer assumiu-se perante as pessoas que o
conheciam como autor da gravidez da declarante ou, pelo contrário, recusou-se a assumir
tal autoria (neste caso, dizer quais as razões que o mesmo invocou para fundamentar tal
recusa) ?
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
G) Após o nascimento do(a) menor o indigitado pai de alguma forma o tratou ou tem
vindo a tratar como seu filho (indicando, na afirmativa, tais formas de tratamento paterno
– chama-lhe filho em público ou privado? Visita-o? Na afirmativa, com que
regularidade? Recebe-o na respectiva residência? Contribui para as despesas com a sua
alimentação? E, na afirmativa, com que quantitativo e periodicidade ou, sendo em
géneros, de que forma?
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
I) Quais as testemunhas que a declarante pode indicar (nomes e moradas) para prova da
matéria indicada nas alíneas B) a G) – deverá indicar pessoas que tivessem tido
conhecimento directo do relacionamento que existiu entre a declarante e o indigitado pai,
sobretudo na altura em que a declarante engravidou: caso não disponha de outras, poderá
indicar familiares de ambos, como sejam, irmãos, primos, sobrinhos, cunhados etc:
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
……........................................................................................................................................
44
J) Tem alguma prova documental da sua ligação ao indigitado pai do(a) menor com
relevância para a investigação desta, como sejam, cartas, fotografias ou quaisquer
escritos:
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
..................................................................
(assinatura)
45
4- Despacho de arquivamento. Falta de prova.
PA ........
***
Notifique a mãe do menor.
46
5- Despacho de arquivamento. Afastamento presunção paternidade.
PA ........
***
Notifique a mãe do menor.
47
6- Despacho de arquivamento. Oposição da mãe da menor.
PA ......
O Procurador-Adjunto
48
7- Despacho de arquivamento. Perfilhação.
PA ..........
***
***
49
8- Despacho de arquivamento. Morte do menor.
PA ……..
O presente PA teve origem em certidão remetida pelo Tribunal de ..... com vista a
ser intentada acção de investigação de paternidade da menor Maria ……….. (falecida a
seguir ao nascimento).
No que respeita à acção oficiosa, o Estado não investiga porque desaparece o
interesse público justificativo da sua preocupação no estabelecimento de uma filiação
verdadeira (cfr., Neves Ribeiro, O Estado nos Tribunais, 1985, pág. 189). Ora, tratando-
se de um caso de representação, em que, em abstracto, apenas estariam em causa o
reconhecimento de direitos patrimoniais de eventuais herdeiros ou legatários atingidos
com a procedência da acção, face ao teor das declarações da mãe da menor a fls ,,,,,
importa considerar que traduzem uma oposição ao exercício de tal representação pelo
Ministério Público.
Pelo exposto, determino o arquivamento do PA.
Notifique.
O Procurador-Adjunto
50
9- Investigação paternidade. Habilitação.
PA ...............
Ex.mo Senhor
Juiz de Direito …………………………..
O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos art. 3º, nº1, al. a) e
5º, nº1, al. c) da Lei nº 47/86 e art. 1869º do Código Civil, propor, em representação do
menor Adelino………….., acção declarativa com processo ordinário de investigação de
paternidade contra:
Da isenção de custas
I – HABILITAÇÃO INICIAL
1º
Adelino ....................................... faleceu no dia 11 de Novembro de 1991, no
estado civil de solteiro (Doc. nº1).
51
2º
Não deixou descendentes mas, deixou ascendentes, os ora requeridos (Doc. 1)
3º
Os requeridos têm, assim, legitimidade passiva para a presente acção (art. 1819º,
aplicável ex vi do art. 1873º, ambos do Código Civil).
II – DA ACÇÃO
4º
Em 21 de Maio de 1992, nasceu, na freguesia do Campo Grande, concelho de
Lisboa, o menor Adelino .........................., cujo assento de nascimento foi lavrado, em 7
de Agosto de 1995, na .........ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, nele se omitindo
a paternidade e mencionando que o menor é filho de Carla .......................... - Doc. 2.
5º
O menor, todavia, é filho do falecido Adelino ......................................
6º
Na verdade, Adelino ........................... e a mãe do menor mantiveram, desde finais
de 1990 até ao 2º mês de gravidez, um relacionamento íntimo entre si,
7º
No âmbito do qual passaram a manter um com o outro, com regularidade,
relações sexuais de cópula completa.
8º
Foi em consequência de tais relações sexuais que o menor foi gerado.
9º
Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o
nascimento do menor, a mãe desta apenas com Adelino .................. manteve relações
sexuais.
52
10º
Na verdade, a mãe da menor é pessoa de bom porte, não havendo notícia de que,
no período em causa, a mesma tenha acompanhado com qualquer outro homem.
**
Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).
O Procurador-Adjunto
53
10- Acção de investigação de paternidade.
PA …….
Ex.mo Senhor
Juiz de Direito ………………………….
O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos art. 3º, nº1, al. a),
5º, nº1, al.c) da Lei 47/86 de 15/10 e art. 1869º do Código Civil propor, em representação
do menor William ……………………, acção declarativa com processo ordinário de
investigação de paternidade contra:
Da isenção de custas
1º
Em 18 de Junho de 2002, nasceu na freguesia de Alvalade, Lisboa, o menor
William …….., cujo assento de nascimento foi lavrado, em 2 de Setembro de 2002, na 9ª
Conservatória do Registo Civil de Lisboa, nele se omitindo a paternidade e mencionando
que o menor é filho de Lassalette ………….. – (Doc. 2).
2º
O menor, todavia, é filho do Réu.
54
3º
Na verdade, o Réu e a mãe do menor mantiveram um relacionamento íntimo entre
si,
4º
No âmbito do relacionamento supra referido, mantiveram um com o outro, com
regularidade, relações sexuais de cópula completa, designadamente, desde final de
Agosto de 2001.
5º
Foi em consequência de tais relações sexuais que o menor foi gerado.
6º
Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o
nascimento do menor, a mãe deste apenas com o Réu manteve relações sexuais.
8º
Na verdade, a mãe da menor é pessoa de bom porte, não havendo notícia de que,
no período em causa, a mesma tenha acompanhado com qualquer outro homem.
9º
Em procuração outorgada no 1º Cartório Notarial da Comarca de Luanda o Réu
reconhece como seu filho o menor nascido em 18/6/02, em Lisboa, da sua relação com
Lassalette ………………….. (Doc. 2)
55
Testemunhas:
O Procurador-Adjunto
56
11- Acção. Investigação paternidade. Exames ADN.
PA ……….
Ex.mo Senhor
Juiz de Direito ………………………………….
O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos art. 3º, nº1, al. a), 5º, nº1,
al. c) da Lei 47/86 de 15/10 e art. 1869º do Código Civil propor, em representação da
menor Jessica ………………………., acção declarativa com processo ordinário de
investigação de paternidade contra:
Da isenção de custas
1º
Em 15 de Dezembro de 1997, nasceu, na freguesia de Castelo Branco, concelho
de Castelo Branco, a Autora Jessica ……….., cujo assento de nascimento foi lavrado, em
7 de Setembro de 1999, na Conservatória do Registo Civil de Castelo Branco, nele se
omitindo a paternidade e mencionando que a menor é filha de Márcia …………. - Doc.
nº 1.
2º
A menor, é, todavia, filha do Réu.
3º
Na verdade, o Réu e a mãe da menor mantiveram, entre Fevereiro e Abril de
1997, um relacionamento íntimo entre si,
57
4º
No âmbito do qual mantiveram um com o outro, com regularidade, relações
sexuais de cópula completa.
5º
Foi em consequência de tais relações sexuais que a menor foi gerada.
6º
Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o
nascimento da menor, a mãe desta apenas com o Réu manteve relações sexuais.
7º
Na verdade, a mãe da menor é pessoa de bom porte, não havendo notícia de que,
no período em causa, a mesma tenha acompanhado com qualquer outro homem.
8º
Tendo-se procedido, no Instituto de Medicina Legal de Coimbra, a exame aos
sangues da Autora, da mãe desta e do Réu, mediante o estudo dos Polimorfismos do
ADN, os senhores peritos concluíram que o Réu não pode ser excluído da paternidade da
Autora, sendo de 99,9999% tal probabilidade de paternidade, o que corresponde a
“paternidade praticamente provada” – Doc. nº2.
O Procurador-Adjunto
58
12- Perguntas à mãe do menor.
1- Declarações à mãe do(a) menor em 30 dias (que serão deprecadas, caso a mesma
resida fora da comarca, remetendo-se cópia da certidão de nascimento do(a) menor e do
presente despacho), a fim de que esclareça:
d) Que tipo de ligação teve com o mesmo, quando é que tal ligação se iniciou e,
caso já tenha terminado, em que data aproximada findou (importa que a
declarante clarifique, com o maior pormenor possível, se se tratou de uma simples
ligação esporádica, sem qualquer compromisso, ou se existiu relação de namoro
publicamente assumida e durável, ou se chegou a existir vida marital entre ambos
e em que período, bem como quaisquer outras circunstâncias relevantes para
caracterização de tal ligação);
e) Se, durante o período legal de concepção do(a) menor (nos primeiros 120 dias
dos 300 que precederam o nascimento do(a) menor) a declarante apenas se
relacionou sexualmente com o indigitado pai da criança;
59
h) O indigitado pai pretende perfilhar voluntariamente o(a) menor, ou recusa tal
perfilhação? Se a recusa, que razões alega para tanto?
j) Tem alguma prova documental da sua ligação ao indigitado pai do(a) menor,
com relevância para a investigação da paternidade deste(a), como sejam cartas,
fotografias, quaisquer escritos? Na afirmativa, deverá facultar cópia para junção
ao processo;
60
13- Perguntas ao indigitado pai.
61
14- Perguntas às testemunhas.
62
15- Despacho. Competência territorial.
PA ……..
O Procurador-Adjunto
…………………………………………
63
VII- IMPUGNAÇÃO DA PATERNIDADE
- Espécies:
- Causa de pedir: o autor tem de alegar e provar factos dos quais se possa concluir uma
manifesta improbabilidade de o marido da mãe ser o pai (art. 1839 nº 2 C. Civil).
Ex: ausência no estrangeiro durante o período legal de concepção, impotência, gravidez
já existente à data das relações.
- Prazos: para a acção intentada pelo presumido pai, mãe ou filho (art. 1842º C.Civil),
para a acção oficiosa (art. 1841º, nº 1 e 2 C.Civil) e no caso de morte ou ausência do
presumido pai, mãe ou filho (art. 1844º, nº 2 e art. 1845º C.Civil).
- Legitimidade passiva: mãe, filho e presumido pai quando não figurem como autores da
acção de impugnação (litisconsórcio necessário, art. 1846º, nº 1 C.Civil). No caso de
morte da mãe, do filho ou do presumido pai (cfr., art. 1844º C.Civil).
- Causa de pedir: autor tem que alegar e provar que o nascimento do filho correu dentro
dos 180 dias posteriores à celebração do casamento (através da junção de certidão de
nascimento do menor e certidão de casamento).
- Causa de pedir: o autor tem de alegar e provar que não houve consentimento ou que o
filho não nasceu da inseminação para que o consentimento foi prestado.
- Legitimidade activa: marido ou aquele com quem a mãe vivesse em união de facto.
- Legitimidade passiva: mãe e filho.
64
1- Formulário para uso na Procuradoria (impugnação de paternidade).
(1)
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
65
Para prova do acima alegado indica as seguintes testemunhas:
1-
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
2-
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
3-
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
O (A) REQUERENTE
...............................................................................
(assinatura)
(1) Indicar o nome completo, estado civil, profissão e morada do(a) requerente,
(2) Indicar o nome completo, data de nascimento, naturalidade (Freguesia/Concelho),
conservatória onde se encontra registado o nascimento e residência actual do(a) menor
relativamente ao qual se pretende impugnar a paternidade.
(3) Indicar o nome completo e residência actual da pessoa que figura no registo como pai
do(a) menor.
(4) Indicar o nome completo, estado civil, data de nascimento, naturalidade
(Freguesia/Concelho) e residência actual do verdadeiro pai do(a) menor.
(5) Indicar o nome completo, estado civil, data de nascimento e residência actual das
pessoas a ouvir como testemunhas na acção de impugnação de paternidade a intentar.
66
2- Inquérito a remeter à mãe do(a) menor.
INQUÉRITO
Reg. nº ………..
B) Quando se casou com o pai registal do(a) menor e em que conservatória se encontra
registado o casamento ? ……………………………………………....................................
D) Após o casamento com o pai registal houve separação definitiva entre os cônjuges e,
na afirmativa, em que data (aproximadamente)? ………………………………………….
F) Identifique o verdadeiro pai do(a) menor e refira que tipo de relacionamento existiu
entre ambos: se passaram a viver juntos um com o outro, em comunhão de cama, mesa e
habitação, como se casados fossem e, na afirmativa, desde quando e até quando, caso tal
união já tenha cessado, caso apenas tenha havido um relacionamento íntimo entre ambos,
sem viverem juntos, deverá esclarecer quando se iniciou e terminou tal relacionamento.
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
67
G) O pai verdadeiro do(a) menor tem tratado este(a) publicamente como seu filho(a) –
chamando-lhe filho(a), acarinhando-o(a), providenciando pelo seu sustento, saúde e
educação?
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
I) Identifique testemunhas que possam ser inquiridas e que tenham conhecimento directo
de que o(a) menor não é filho(a) do seu marido:
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
Assinatura
……………………………………………….
68
3- Impugnação de paternidade - perguntas à mãe do menor, pai registal, pai
biológico e testemunhas.
PA ………….
69
2- Declarações a.............(pai registal), se necessário por deprecada, a fim de o
mesmo esclarecer:
d) Se reconhece o referido menor como seus filho ou, pelo contrário, se repudia
tal paternidade;
***
3- Inquirição das testemunhas......................................................................(se
necessário por deprecada), em 30 dias, a fim de esclarecerem:
70
4- Inquirição de.................(pai biológico), se necessário por deprecada, a fim do
mesmo esclarecer:
****
O Procurador-Adjunto
71
4- Acção de impugnação de paternidade em representação do menor.
PA …..
Ex.mo Senhor
Juiz de Direito ……………………………………
Da isenção de custas
1º
72
2º
Posteriormente, em 19/7/01 foi lavrado averbamento no assento de nascimento da
menor, no qual se mencionou que o menor registado era também filho do ora 1º Réu –
Doc 1.
3º
Os Réus contraíram matrimónio um com o outro em 10 de Agosto de 1987,
matrimónio esse que apenas foi dissolvido por sentença de divórcio proferida em 24 de
Agosto de 2001 que transitou em julgado em 7 de Setembro de 2001 - Doc. nº 2.
4º
Não foi, todavia, o 1º Réu quem gerou o Autor.
5º
Na verdade, os Réus separaram-se definitivamente um do outro em 1989,
6º
Não tendo, a partir de então, mantido qualquer contacto um com o outro,
designadamente de natureza sexual.
7º
Em 1995 2ª Ré passou a viveu em comunhão de cama, mesa e habitação com
António José ………………………….,
8º
Tendo sido em consequência das relações sexuais entre estes mantidas que o
Autor viria a ser gerado.
9º
Todos os que os conhecem atribuem a paternidade a António José ……………..,
o qual igualmente se assume publicamente como pai biológico do Autor, e nessa
qualidade o vem alimentando, educando e providenciando pela sua segurança e saúde.
73
10º
O 1º Réu não esteve presente, nem representado, no acto de registo de nascimento
do Autor - Doc. nº 1,
TESTEMUNHAS:
*
Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).
O Procurador-Adjunto
74
5- Impugnação de paternidade. Arquivamento. Falta de prova.
PA ……..
***
Comunique à mãe do menor com cópia do presente despacho.
O Procurador-Adjunto
75
6- Impugnação de paternidade. Arquivamento. Falta de prova.
PA ………..
***
Notifique.
O Procurador-Adjunto
76
7- Despacho. Competência territorial.
PA ……
Informe o requerente.
O Procurador-Adjunto
77
VIII- IMPUGNAÇÃO DE PERFILHAÇÃO
- Prazo: a acção pode ser intentada a todo o tempo (art. 1859º C.Civil).
- Legitimidade passiva: pessoas com legitimidade activa e que não figurem como autores
(aplicação analógica do art. 1846º C.Civil).
- Causa de pedir:
- Cumulação de pedidos:
- Anulabilidade:
78
1- Impugnação de perfilhação. Perguntas à mãe do menor, perfilhante, pai biológico
e testemunhas.
PA …….
***
79
- A razão pela qual perfilhou a menor;
- Se considera a menor como sua filha biológica;
- Se está disposto a submeter-se a exames de sangue e a custeá-los.
***
***
80
Indicar o tipo de relacionamento que existiu, ou existe, entre a mãe da
menor e Walter …….., esclarecendo a data em que tal relacionamento se
iniciou e, se for caso disso, terminou, se viveram juntos como se de marido
e mulher se tratasse e, na afirmativa, desde quando e até que data;
- Se Walter ……… se assume publicamente como pai da menor e a trata
como tal;
- Se Moisés ……….. trata a menor como sua verdadeira filha ou se, pelo
contrário, repudia tal paternidade.
O Procurador-Adjunto
81
2- Impugnação perfilhação. Competência territorial.
PA ………….
O Procurador-Adjunto
82
3- Impugnação de perfilhação. Arquivamento. Falta de provas.
PA …….
***
Comunique à mãe do menor com cópia do presente despacho.
O Procurador-Adjunto
83
4- Acção de impugnação de perfilhação.
PA ………
Exmº Senhor
Juiz de Direito ………………………………..
Da isenção de custas
1º
A 3ª Ré nasceu no dia 2/6/2002, na freguesia de Campo Grande, concelho de
Lisboa, tendo sido registada, a 28/6/2002, na 10ª Conservatória do Registo Civil de
Lisboa, como filha dos ora 1º e 2º Réus - Doc. 1.
2º
A paternidade aí consignada resultou de declaração voluntária prestada pelo 1º
Réu (art. 1853º, al. a), Código Civil).
84
3º
No entanto, tal perfilhação não corresponde à verdade biológica.
4º
Com efeito, a 2ª Ré, não manteve com o 1º Réu um relacionamento sexual nos
primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do menor, ora 3º Réu,
5º
Assim, a gestação da menor não resultou do relacionamento sexual entre os ora 1º
e 2ª Réus.
6º
O 1º Réu reconheceu a 3ª Ré como sua filha por ter mantido uma relação de
namoro com a 2ª Ré.
7º
Acresce que, tendo-se procedido, no Instituto de Medicina Legal de Lisboa a
exames sanguíneos à menor, mãe e Marco Paulo ……………………, os senhores
peritos concluíram, através do estudo de ADN, que Marco Paulo ……………… tem uma
probabilidade de paternidade de 99,99998% – Doc. 2.
Prova testemunhal:
O Procurador- Adjunto
85
5- Acção de impugnação de perfilhação.
PA …….
Exmº Senhor
Juiz de Direito ……………………………………
Da isenção de custas
1º
O 3ª Réu nasceu no dia 17 de Outubro de 1999, na freguesia de S. Sebastião da
Pedreira, concelho de Lisboa, tendo sido registado, a 29 de Outubro de 1999, na 11ª
Conservatória do Registo Civil de Lisboa, como filho dos ora 1º e 2º Réus - Doc. 1.
2º
A paternidade aí consignada resultou de declaração voluntária prestada pelo 1º
Réu (art. 1853º, al. a), Código Civil).
3º
No entanto, tal perfilhação não corresponde à verdade biológica.
86
4º
Com efeito, a 2ª Ré, manteve com o 1º Réu um relacionamento sexual nos
primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do menor, ora 3º Réu, não
sendo porém, em consequência de tal relacionamento que o menor foi gerado,
5º
Assim, a gestação do menor Hugo ……… não resultou do relacionamento sexual
entre os ora 1º e 2ª Réus.
6º
O 1º Réu reconheceu o 3º Réu como seu filho por ter mantido uma relação de
namoro com a 2ª Ré.
7º
Acresce que, tendo-se procedido, no Instituto de Medicina Legal de Lisboa a
exames sanguíneos aos três Réus, os senhores peritos concluíram, através do estudo de
Polimorfismos de ADN, que o 1º Réu é excluído da paternidade do 3º Réu – Doc. 2.
***
O Procurador-Adjunto
87
IX- Jurisprudência
EXAMES:
88
I-- Em acção de investigação de paternidade não pode alguém ser obrigado a submeter-se
a exame que importe ofensa à integridade física, nomeadamente a exame hematológico,
que pressupõe a aplicação de uma picada para colheita de sangue.
II-- Porém, se no despacho o Sr. Juiz ordenou a notificação do Réu para “...comparecer
no IML...sob custódia, se necessário, a fim de se submeter a colheita de amostras
biológicas”, no qual, por conseguinte, em parte alguma, se impõe que as amostras
biológicas a colher sejam constituídas por sangue, cuja colheita haja de implicar a
aplicação de uma picada e, assim, uma ofensa à integridade física do Réu, ainda que não
acentuadamente gravosa, o Réu tem de acatá-lo.
III- Na verdade, esses exames podem ser realizados através da análise, por exemplo, da
saliva ou de um simples cabelo, que não importa qualquer ofensa à integridade física,
pelo que o despacho em crise não viola os artigos 519.º, n.º 3 do CPC e 25.º, n.º 1, da
Constituição.
(Ac. da Relação de Guimarães de 27/11/02, proc. 864/02-2, www.dgsi.pt/jtrg)
89
pessoa humana, do direito à identidade pessoal e à integridade moral, devendo estes
direitos prevalecer sobre eventuais sentimentos que possam ser afectados com a
exumação do cadáver e subsequentes exames.
(Ac. da Relação de Coimbra de 26/6/01, proc. 1085-2001, www.dgsi.pt/jtrc)
I - Hoje em dia, face ao avanço da técnica, o exame hematológico deve ser considerado
como "rainha das provas" não sendo correcto colocá-lo no mesmo plano da prova
testemunhal.
II - Tendo havido um exame realizado no I.M.L. no qual se concluiu que a menor era
filha do Autor na probabilidade de 99,99% o Tribunal terá de concluir, forçosamente, que
o Réu não é o pai da criança.
(Ac. da Relação de Lisboa de 18/1/01, proc. 00103756,www.dgsi.pt/jtrl)
90
3. O exercício do contraditório em relação às provas pré-constituídas, como é o caso do
documento que consubstancia um exame hematológico, concretiza-se por via da
facultação à parte a quem devam ser opostas da impugnação da sua admissão e da
respectiva força probatória.
4. É legalmente admissível a utilização nas acções de investigação de paternidade de
exames hematológicos realizados nos processos de averiguação oficiosa da sua
viabilidade, a valorar livremente pelo tribunal em conjunto com os outros elementos
probatórios.
5. Não obsta à referida utilização, não relevando o caso julgado formal envolvente da
decisão da Relação no sentido da sua proibição em anterior acção de investigação
oficiosa de paternidade intentada pelo Ministério Público no confronto do mesmo réu.
(Ac. do STJ de 27/4/05, proc. 05B1238, www.dgsi.pt/jstj)
91
vez que a realização deste pressupõe a existência de um outro realizado no mesmo
processo a que não acontece no caso das acções de averiguação e de investigação, as
quais constituem procedimentos diferentes.
(Ac. da Relação de Lisboa de 14/5/02, proc. 0013521, www.dgsi.pt/jtrl)
1. Extrai-se do artigo 1801º do Código Civil o princípio da liberdade de prova, pelo que,
no âmbito do processo de investigação da filiação é, não só admissível, como até, sempre
que possível, exigível, a realização de testes de ADN, podendo o juiz, ao abrigo do
disposto no nº 3 do artigo 265º do CPC, ordenar, oficiosamente, a realização de testes de
ADN, por virtude dos amplos poderes instrutórios do julgador, o que pode ser
determinado até ao encerramento da produção de prova.
2. No caso específico dos processos de investigação de filiação, a colaboração exigível
impõe que a parte – o pretenso pai – ou terceiros que apresentem com aquele uma
afinidade genética, nomeadamente os pretensos avós do investigante, realizem os testes
de ADN.
3. A restrição dos direitos dos visados, quer à liberdade, quer à integridade física,
decorrente da realização de um teste de ADN, sempre se terá de considerar proporcionada
e adequada ao fim que com a restrição desses direitos se visa obter, ou seja, um resultado
judicial na acção de investigação de paternidade mais compatível com a realidade,
sabendo, como se sabe, que no actual estado do conhecimento científico, o teste de ADN
é a melhor prova e a mais segura para o estabelecimento da filiação fundada numa
derivação genética, logo, mais conforme ao interesse superior da criança, por estar em
causa o direito à sua identidade pessoal.
(Ac. da Relação de Lisboa de 17/9/09, proc. 486/2002.L1-2, www.dgsi.pt/jtrl)
92
A recusa da realização do exame por parte do investigando é livremente apreciada pelo
tribunal e só opera a inversão do ónus probatório se for injustificada e tornar impossível a
prova ao investigante.
Assim, não tendo tal recusa efeito cominatório quanto aos factos submetidos a
demonstração, não tem o tribunal de advertir o réu sobre as consequências da falta de
colaboração, por tal ser rigorosamente redundante.
(Ac. da Relação de Guimarães de 17/4/08, proc. 679/08-2, www.dgsi.pt/jtrg)
PRESUNÇÕES DE PATERNIDADE:
93
I – A paternidade real, nas acções de investigação, ou se determina por meios científicos,
ou só pode ter-se por demonstrada pela exclusividade das relações sexuais havidas entre
o investigado e a mãe do menor, durante o período legal da concepção.
II – A demonstração indirecta da procriação biológica, através do recurso ao sistema das
presunções judiciais, é a situação que se verifica nas acções em que não há lugar à
realização de exames hematológicos ou outros, nem ocorre qualquer uma das situações
de facto que servem de substracto às presunções legais de paternidade, incumbindo,
então, ao autor a prova de que houve relações sexuais entre a mãe e o presumível
progenitor, no período legal da concepção do filho, e de que tais relações foram
exclusivas.
III – Não sendo os factos integradores da causa de pedir, nas acções de reconhecimento
judiciall da paternidade, por si sós, o verdadeiro facto constitutivo de que emerge a
relação jurídica da filiação paterna, mas antes meros factos instrumentais ou indiciários
do verdadeiro e próprio facto constitutivo de tal relação, em que se traduz a procriação
biológica, é possível formular um quesito, directamente referente, à questão da procriação
biológica.
IV – Não pode ficar dependente da voluntária submissão do indigitado progenitor à
realização de exame sanguíneo ou afim, a qualificação como conclusivo de um quesito
respeitante à procriação biológica.
V – Nos poderes cognitivos do Tribunal da Relação cabe o novo julgamento dos factos
fixados em 1ª instância, ou a sua alteração, quer no sentido da ampliação, quer no da
redução, pela via da modificação das respostas dadas aos quesitos, quer pela reapreciação
de factos confessados, admitidos por acordo ou passíveis de serem retirados de
documento novo superveniente.
VI – A garantia do duplo grau de jurisdição, em caso algum pode subverter o princípio da
livre apreciação da prova, de acordo com a prudente convicção do juiz, acerca de cada
facto.
(Ac. da Relação de Coimbra de 11/6/02, proc. 1616/02, www.dgsi.pt/jtrc)
II - As presunções do art. 1871º nº 1 são dotadas de uma força probatória especial (face
ao disposto no nº 2 do mesmo preceito), que não coincide com a força probatória normal
das meras presunções judicias ou de facto nem se identifica com a força probatória típica
das presunções legais.
III - A nova presunção, prevista no art. 1871º e), se aplica às situações preexistentes.
(Ac. da Relação do Porto de 12/5/05, proc. 0531201, www.dgsi.pt/jtrp)
94
III - Na investigação de paternidade, com base na posse de estado, incumbe ao réu, alegar
e provar a caducidade da acção e ilidir as presunções do artigo 1871 n.1 do Código Civil.
(Ac. da Relação do Porto de 19/2/04, proc. 0350455, www.dgsi.pt/jtrp)
I- Demonstrando-se que a mãe do menor manteve relações sexuais com o Réu, durante o
período legal de concepção, está provado o facto que serve de base à presunção prevista
na alínea e) do n.1 do artigo 1871 do Código Civil.
II - Para que a presunção legal seja afastada basta ao Réu provar factos concretos que
suscitem ao tribunal "dúvidas sérias" sobre a paternidade do investigado.
III - Não sendo feita essa prova a acção procede.
(Ac. da Relação do Porto de 20/5/02, proc. 0250557, www.dgsi.pt/jtrp)
I - Na hipótese de ser o investigante tratado como filho pelo pretenso pai a acção pode ser
intentada no prazo de um ano a contar da data em que cessou esse tratamento - n.4 do
artigo 1817 do Código Civil.
II - Aquela norma abrange a cessação voluntária de tratamento e a motivada por morte do
investigado.
III - Os prazos para propositura da acção de investigação são prazos de caducidade, pois
o direito ao reconhecimento da paternidade deve ser exercido dentro de certo prazo,
sendo aquela de conhecimento oficioso.
IV - Recaí sobre o réu o ónus da prova do decurso do prazo de caducidade previsto no n.1
do artigo 1817 do Código Civil, e incumbe ao autor a prova das situações aludidas nos ns.
3 e 4, como excepções àquela regra.
95
V - Embora o artigo 1817 não preveja directamente a hipótese de o pretenso pai
sobreviver ao investigante, nada impede que o tratamento como filho pelo pretenso pai
possa perdurar para além da morte daquele. Assiste, por isso, aos descendentes do
investigante o direito de propor a acção invocando esse tratamento.
(Ac. da Relação do Porto de 15/1/01, proc. 0051241, www.dgsi.pt/jtrp)
96
conheciam a mãe do autor, o autor e o investigado falecido sempre consideraram o autor
como filho de ambos e também que a acção foi proposta em prazo, porquanto deu entrada
em juízo antes que tivesse decorrido um ano sobre a morte do investigado,
improcedendo, portanto, a invocada caducidade do direito do autor.
(Ac. do STJ de 15/11/05, proc. 05A2498, www.dgsi.pt/jstj)
I - A norma constante da al. e) do n. 1 do art. 1781 CC, introduzida pela lei 21/98, aplica-
se às situações pré-existentes - foi intenção facilitar a prova da paternidade biológica,
limitada pela existência de sérias dúvidas (n. 2 do art. 1), considerada a exclusividade das
relações sexuais imposta pelo assento de 1983, hoje como Acórdão uniformizado.
II - Recusando o réu os exames hematológicos, inverteu-se o ónus da prova sobre essa
exclusividade.
(Ac. do STJ de 28/5/02, proc. 02A1633, www.dgsi.pt/jstj)
I - O tratamento como filho, para os efeitos dos artºs 1873º e 1817º nº 4 do C.Civil, não
pode ser visto em termos abstractos, de acordo com padrões de normalidade ou de
frequência, dado que a complexidade das relações sociais e, ainda mais, das relações
familiares, implica uma diversidade de comportamentos, que só em cada caso, atentas as
circunstância concretas poderão ser apreciados, no sentido de se poder dizer que estamos,
ou não, perante atitudes próprias da paternidade.
II - Sendo o caso de filha fora da relação matrimonial, que residia no estrangeiro desde
tenra idade, ou seja, em que os factores de afastamento afectivo e económico eram
bastante relevantes, o envio, ainda que esparso de dinheiro, só pode ser interpretado como
uma manifestação de interesse paternal.
(Ac. do STJ de 18/12/03, proc. 03B3112, www.dgsi.pt/jstj)
OBRIGAÇÃO DE ALIMENTOS:
97
III—A obrigação de ambos os pais de prestarem alimentos aos filhos, por regra em
prestações pecuniárias, não é perfeitamente igualitária, dessintonizada das realidades da
vida; pelo contrário, tais deveres devem espelhar as possibilidades económicas relativas
do pai e da mãe, contabilizados já os acréscimos de trabalho e cuidados que sobre esta
recaem, e pelas necessidades concretas dos alimentandos.
(Ac. da Relação de Guimarães de 10/7/02, proc. 372/02-2, www.dgsi.pt/jtrg)
I- Deve ser julgada extinta a execução de alimentos devidos ao menor que foi proposta
contra o progenitor uma vez transitada em julgado a acção de impugnação de paternidade
presumida que declarou não ser o demandado o pai biológico do menor
II- A referida acção de impugnação é uma acção de simples apreciação sob a forma
negativa pois, proposta para se obter a declaração da inexistência de um facto, reconhece
ou aprecia uma situação pré-existente, produzindo-se os efeitos da sentença ex tunc e não
ex nunc, como sucede tratando-se de sentença proferida em acção constitutiva (artigo
4º/2, alínea a) do Código de Processo Civil).
III- Não são, pois, exigíveis os alimentos fixados a favor do menor, ainda não pagos,
vencidos em data anterior ao trânsito em julgado da sentença que julgou procedente a
referida acção de impugnação de paternidade.
(Ac. da Relação de Lisboa de 10/10/06, proc. 3484/2006-7,www.dgsi.pt/jtrl)
I – O art. 22° do Código Civil afasta a aplicação da lei estrangeira sempre que dessa
aplicação resulte uma intolerável ofensa da harmonia jurídico-material interna, ou uma
contradição flagrante com os princípios fundamentais que informam a nossa ordem
jurídica.
II – Por força do disposto no art. 22º do C. Civil, deverão ser aplicadas, em derrogação ao
princípio estabelecido no art. 56°, n° 2 do mesmo diploma, as normas do direito
português e não as normas do direito estrangeiro, no que se refere à legitimidade para
instaurar acção de impugnação ou de investigação de paternidade (menor, mãe, pai
presumido, pai biológico).
(Ac. da Relação de Évora de 24/5/07, proc. 2473/06-2, www.dgsi.pt/jtre)
98
sua paternidade, por via da sentença revidenda, paternidade esta atribuída ao Requerido,
de nacionalidade portuguesa e residente em Portugal.
II – Só com a revisão dessa sentença, através do processo especial previsto nos artºs
1095º e sgs. do CPC, será viável produzir essa sentença efeitos em Portugal,
designadamente a transcrição por assento dos correspondentes actos de registo praticados
em Angola.
III – O interesse legítimo da dita transcrição traduz-se no estabelecimento da respectiva
filiação, envolvendo um cidadão português, estabelecimento que decorre de uma decisão
judicial de um tribunal angolano, o que obriga o Requerente a solicitar a sua revisão para
efeitos da sua inclusão no registo nacional – na Conservatória dos Registos Centrais.
IV – Tem o Requerente legitimidade para a propositura da acção especial em causa, em
ordem a ver reconhecida em Portugal a sua filiação, já averbada nos respectivos assentos
em Angola.
(Ac. da Relação de Coimbra de 19/12/06, proc. 3834/05.6YRCBR, www.dgsi.pt/jtrc)
PRAZOS:
99
legal de um poder discricionário e, portanto, insusceptível de recurso – 679º do CPC.
II – O C. Civ. De 1966, no seu artº 1854º, estabeleceu um sistema de prazos de
caducidade para a propositura das acções de investigação da filiação, sistema esse que,
com pequenas alterações e o aditamento de normas interpretativas, se mantém na
redacção actual do artº 1817º C. Civ.
III – O prazo-regra para instaurar estas acções de investigação da filiação passou, então, a
ser de dois anos após o investigante ter atingido a maioridade e a emancipação, com
excepção das situações em que existe um registo contrário, caso em que o prazo é de um
ano após a remoção desse obstáculo; quando a acção se funda em escrito do progenitor
reconhecendo a filiação, pode ser intentada nos seis meses posteriores à data em que o
autor conheceu ou devia ter conhecido o conteúdo do escrito; se o investigante for tratado
como filho pelo investigado, a acção pode ser proposta até um ano posterior à data da
morte deste.
IV – O Ac. Trib. Constitucional com o nº 23/2006, de 10/01 (publicado no D.R. nº
28.série I-A, de 8/02/2006), declarou a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral,
da norma constante do nº 1 do artº 1817º do C. Civ., na medida em que prevê, para a
caducidade do direito de investigar a paternidade, um prazo de dois anos a partir da
maioridade do investigante, por violação das disposições conjugadas dos artºs 16º, nº 1;
36º, nº 1; e 18º, nº 2, da C.R.P.
V – Até nova intervenção do legislador nesta matéria, o filho poderá exercitar a todo o
tempo, durante toda a sua vida, o seu direito a ver judicialmente reconhecida a sua
filiação (dado que, com aquela declaração de inconstitucionalidade, deixou de existir
qualquer prazo de caducidade para a propositura destas acções).
(Ac. da Relação de Coimbra de 23/5/06, proc. 776/06, www.dgsi.pt/jtrc)
100
na posse de estado ou sua cessação, devem também eles considerar-se como
inconstitucionais.
V. Os Tribunais estão obrigados a recusar a aplicação de normas inconstitucionais.- art.
220.º da Constituição.
VI. O investigado não pode ser obrigado a submeter-se a perícia científica (exames
hematológicos ou a outros exames, mesmo não evasivos - como o do ADN (em cabelos,
unhas, saliva ou suor) para determinação dos níveis de correspondência biológica com o
investigante, mas a sua recusa em submeter-se aos exames que forem determinados será
apreciada livremente pelo Tribunal.
(Ac. do STJ de 25/10/07, proc. 07A2736, www.dgsi.pt/jstj)
101
AVERIGUAÇÃO OFICIOSA:
É de dois anos a contar da data do nascimento do menor o prazo para o M.º P.º instaurar
acção de investigação de paternidade subsequente à respectiva averiguação oficiosa.
(Ac. do STJ de 25/3/04, proc. 04A511 , www.dgsi.pt/jstj)
Decorrido o prazo de dois (2) anos previsto no art. 1866º alínea b) do C.Civil a acção de
averiguação oficiosa de paternidade deve ser arquivada entregando-se ao Mº Pº certidão
para em "processo administrativo" recolher elementos para eventual propositura de acção
de investigação de paternidade em representação do menor.
(Ac. da Relação de Lisboa de 9/11/00, proc. 00100522, www.dgsi.pt/jtrl)
102
I – A propositura de uma acção de investigação oficiosa de paternidade, tem de observar
o prazo a que alude a alínea b), do art. 1866º, nº1, do CC, prazo este que não se pode
confundir com o prazo referido no art. 1817º, nº1, do CC, o qual diz respeito à acção de
investigação de paternidade comum;
II – Se, no decurso da instrução dos autos de averiguação oficiosa, que precedem a
propositura da acção de investigação oficiosa de paternidade, aquele prazo da citada
alínea b), do art.1866º, for ultrapassado, esses autos de averiguação oficiosa devem ser
arquivados, por força da extinção da respectiva instância, por impossibilidade
superveniente de lide, nos termos do disposto no art.287º, alínea e), do CPC.
(Ac. da Relação de Évora de 3/4/03, proc. 2924/02-3, www.dgsi.pt/jtre)
103
Estando pendente um processo de averiguação oficiosa de paternidade, nos termos do art.
1865º do Cód. Civil, quando o menor em causa atinge os dois anos, deve a mesma acção
ser arquivada, por ser inviabilizado a finalidade daquela que consiste na consequente e
eventual propositura da acção de investigação de paternidade referida no nº 5 do citado
art. 1865º.
(Ac. da Relação de Lisboa de 30/11/00, proc. 0088272,www.dgsi.pt/jtrl)
RECURSO:
I – O prazo de 5 anos indicado no trecho inicial do nº 2 do artº 772º CPC inicia-se com o
trânsito em julgado da sentença cuja revisão se pretende, independentemente da natureza
do fundamento do recurso de revisão, por referência às seis alíneas do artº 771º do CPC.
II – O entendimento do Tribunal Constitucional expresso no Acórdão nº 209/2004,
segundo o qual “o entendimento de que o prazo absolutamente peremptório de
caducidade do recurso de revisão se traduz numa violação do princípio do contraditório,
em que se integra a proibição de indefesa, ínsito nos artºs 2º e 20º da Constituição”,
carece de recondução ao contexto situacional no qual foi concretamente formulado, isto
é, apenas o da aplicação do prazo de caducidade de 5 anos previsto no artº 772º, nº 2, do
CPC a um recurso de revisão emergente de uma acção oficiosa de investigação de
paternidade que correra à revelia da pessoa que fora declarada pai do investigando, ou
seja, do réu investigado, pretendendo este último, alegando a falta ou nulidade da
respectiva citação para aquela acção, pedir a revisão da sentença (transitada) que o
reconhecera como pai.
III – Conforme o Tribunal Constitucional reconheceu posteriormente, no Acórdão nº
310/2005 (D.R. – Iª série, de 8/08/2005), o pronunciamento decisório constante do
anterior Acórdão nº 209/2004, não tem sentido no quadro de uma acção que se refere
exclusivamente a interesses de natureza patrimonial, casos estes em que a aplicação do
prazo de 5 anos, enquanto limite absolutamente peremptório da possibilidade de
interposição de recurso de revisão, não traduz ofensa a qualquer norma ou princípio
dotado de estalão constitucional.
(Ac. da Relação de Coimbra de 6/3/07, proc. 609-A/1998.C1, www.dgsi.pt/jtrc)
104
I - Apenas tem legitimidade para recorrer a parte principal que tenha ficado vencida; se a
parte dispositiva da sentença contiver decisões distintas é lícito ao recorrente restringir o
recurso a qualquer delas; no caso de pluralidade de fundamentos da acção ou da defesa, o
tribunal conhecerá do fundamento em que a parte vencedora decaiu, desde que esta o
requeira, mesmo a título subsidiário, na respectiva alegação, prevenindo a necessidade da
sua apreciação.
II - Se em acção de investigação de paternidade, com base em posse de estado e na
filiação biológica, foi julgada improcedente pelo primeiro fundamento e procedente pelo
segundo, por sentença de que apelou o réu, sem a autora ter requerido a ampliação do
âmbito do recurso, transitou aquele segmento decisório e, por isso, não poderia ser
provido o recurso com fundamento em posse de estado.
(Ac. do STJ de 7/6/05, proc. 05A983, www.dgsi.pt/jstj)
LITIGÂNCIA MÁ FÉ:
105
I – Em acção de investigação de paternidade são admitidos exames de sangue e outros
cientificamente comprovados.
II – Um exame pericial de ADN em que o resultado seja de 99,99998% de probabilidade
de o investigado ser pai do menor, corresponde a paternidade “praticamente provada”.
III – Se o réu, investigado, negar no processo ter tido relações sexuais com a mãe do
menor, o que face àqueles resultados periciais se veio a revelar não corresponder à
verdade, deduziu oposição cuja falta de fundamento não podia ignorar visto tratar-se de
facto pessoal.
III – Nestas circunstâncias, sujeitar-se à sanção cominada para a litigância de má fé, uma
vez que violou o dever de probidade e lealdade processuais.
(Ac. da Relação de Lisboa de 29/1/04, proc. 8522/2003-8, www.dgsi.pt/jtrl)
DEPOIMENTO DA MÃE:
DEPOIMENTO DO PAI:
106
IMPUGNAÇÃO DE PATERNIDADE:
O vínculo da filiação, constituído por sentença já transitada em julgado, não pode ser
destruído através de uma acção de impugnação.
(Ac. da Relação do Porto de 20/5/04, proc. 0431957, www.dgsi.pt/jtrp)
107
Demonstrado, cientificamente, que quem - arrogando-se pai - perfilhou um menor está
excluído da paternidade e que quem impugnou a perfilhação, tem 99,99% de
probabilidade de ser ele o pai do menor, demonstrado está que a perfilhação "não
corresponde à verdade" - artigo 1859 n.1 do Código Civil, sem necessidade de qualquer
outra prova.
(Ac. da Relação do Porto de 21/2/00, proc. 0050051, www.dgsi.pt/jtrp)
I - Quando o legislador no art.º 82.º, n.º 1, al. j) da LOFTJ, atribui a competência aos
Tribunais de Família para procederem à averiguação oficiosa de maternidade, de
paternidade ou para impugnação de paternidade presumida, está a reportar-se (no que ao
caso ora importa) apenas à acção de viabilidade prévia prevista no art.º 1841.º do CC, em
que será A. necessariamente o Ministério Público.
II – A acção (como a presente) em que é pedida, por parte da alegada filha de presumido
pai (presunção resultante daquela ter nascido na constância do matrimónio de sua mãe
com o presumível pai) a declaração de que a mesma não é filha dele, é da competência
dos Juízos de Competência Especializada Cível.
III – Tal conclusão retira-se da interpretação que se terá de fazer da leitura do art.º 82.º,
n.º 1, al. j) da LOFTJ, conjugada com a unidade do sistema jurídico, de que resulta que
nas acções visando a impugnação da paternidade presumida, não cabendo na previsão de
tal alínea j), nem noutra qualquer, serão necessariamente da competência dos juízos de
competência especializada cível, por via da norma residual ínsita no art.º 94.º da LOFTJ.
(Ac. da Relação de Lisboa de 22/3/07, proc. 9505/06-2, www.dgsi.pt/jtrl)
108
I – No nosso ordenamento jurídico, no estabelecimento da paternidade, vigora a
presunção pater is est quem nuptiae demonstrant, exigindo o casamento dos progenitores,
o nascimento ou a concepção na constância do matrimónio, a maternidade da mulher e a
paternidade do marido (artº 1826º, nº 1, C.Civ.).
II – Paternidade presumida que constará obrigatoriamente do registo de nascimento do
filho, salvo se a mãe ou o marido declararem que o pai não é o marido da mãe (artº 1835º,
nº 1, C.Civ.).
III – A paternidade pode, no entanto, ser afastada pelo marido da mãe, por esta, pelo filho
ou pelo Ministério Público, provando-se que, em função das circunstâncias, a paternidade
do marido da mãe é altamente improvável (artº 1839º C. Civ.).
IV – Até à entrada em vigor da Lei nº 14/2009, de 1/04 (que alterou o prazo para três
anos), o presumido pai estava legitimado a instaurar a acção de impugnação da
paternidade dentro do prazo de dois anos contados desde a data em que teve
conhecimento de circunstâncias de que possa concluir-se a sua não paternidade (artº
1842º, nº 1, al. a), C. Civ.).
V – O Tribunal Constitucional já afastou a inconstitucionalidade da al. a) do artº 1842º do
C. Civ. – Acórdãos nºs 473/07 e 589/07, de 28/11/2007.
VI – Ao autor cabe alegar todas as circunstâncias reveladoras de que a paternidade do
marido da mãe é improvável e aos demandados os factos que impeçam, modifiquem ou
extingam essa pretensão, como seja a caducidade do direito do autor.
(Ac. da Relação de Coimbra de 13/10/09, proc. 144/07.8TBFVN.C1, www.dgsi.pt/jtrp)
IMPUGNAÇÃO DE PERFILHAÇÃO:
109
III - Tendo a autora sido declarada parte legítima no despacho saneador e não tendo o réu
incluído o assim decidido no âmbito do recurso que interpôs para a Relação aquele
despacho transitou no que respeita a tal matéria, não podendo esta ser reapreciada no
Supremo Tribunal de Justiça.
IV - Ainda que não tenha sido junta aos autos a certidão de óbito do perfilhante, este
óbito tem de considerar-se provado na medida em que aos autos foi junta certidão do
assento do seu casamento, constando de averbamento que ele faleceu em 22 de Outubro
de 1988.
V - A acção de impugnação de perfilhação pode ser intentada a qualquer tempo, não se
lhe aplicando o dispositivo do n. 3 do artigo 1860 do Código Civil, que só à acção de
anulação respeita.
VI - O acórdão da Relação não padece da nulidade de excesso de pronúncia ao concluir
pelo interesse moral da autora na procedência da acção, se, no seu recurso de apelação, o
réu alegou tal falta de interesse.
(Ac. do STJ de 9/5/95, proc. 086731, www.dgsi.pt/jstj)
110
O vínculo da filiação, constituído por sentença já transitada em julgado, não pode ser
destruído através de uma acção de impugnação.
(Ac. da Relação do Porto de 20/5/04, proc. 0431957, www.dgsi.pt/jtrp)
INVESTIGAÇÃO PATERNIDADE:
111
I - A jurisprudência fixada no assento do Supremo Tribunal de Justiça de 21 de Junho de
1983, não é aplicável quando ocorra prova directa do vínculo biológico da paternidade.
II - A ausência de prova de exclusividade de relações sexuais entre a mãe do menor e o
investigado, no período de concepção, não obsta à procedência da acção de investigação
de paternidade sempre que haja prova directa do vínculo biológico de paternidade.
III - Os exames hematológicos constituem meio de prova privilegiado, na investigação de
paternidade, apesar de a sua força probatória ser fixada pelo tribunal.
(Ac. da Relação do Porto de 1/7/02, proc. 0250516, www.dgsi.pt/jtrp)
Inexiste identidade de sujeitos (art. 498º - 2 C.P.C.) quando em duas acção declarativas
constitutivas de investigação de paternidade o Mº Pº intervêm sucessivamente com
diversa qualidade jurídica - numa, por força do art. 10º - 2 e 205º da O.T.M. e 1865º e
1868º do C.Civil e no quadro do art. 5º - 1 - f) da Lei 47/86, de 15/10, prosseguindo
oficiosamente, como parte, o interesse público constitucionalmente garantido (art. 26º
CRP) segundo o qual a todos é assegurado o direito à sua identidade pessoal; noutra, em
representação de menor que é parte legítima na acção nos termos do art. 1869º do C.
Civil, representação essa cujos poderes decorrem dos arts. 3º - 1 - a) e 5º - 1 - c) da Lei
47/86, de 15/10.
(Ac. da Relação de Lisboa de 5/7/00, proc. 0036312,www.dgsi.pt/jtrl)
112
3. As normas do Regulamento nº 1347/2000, do Conselho, de 29 de Maio de 2000,
apenas relativas à competência em matéria matrimonial e de regulação do poder paternal
em relação aos filhos comuns do casal, não são aplicáveis à competência para a
tramitação e julgamento de acções de investigação de paternidade.
(Ac. do STJ de 25/11/04, proc. 04B3758, www.dgsi.pt/jstj)
113
IV) – O Acórdão do Tribunal Constitucional de 10.1.2006, publicado no D.R. de
8.2.2006, I série, págs. 1026 a 1034, decidiu sobre a inconstitucionalidade com força
obrigatória geral do prazo de caducidade do nº1 do art. 1817º do Código Civil, aplicável
por força do art. 1873º e, porque tal declaração implica a remoção da norma do
ordenamento jurídico, não pode ela ser aplicada pelos Tribunais – art. 204º da
Constituição da República.
V) Tal declaração de inconstitucionalidade não impõe que o julgador aja com recurso ao
art.10º, nº3, do Código Civil, tendo que criar norma consonante com o espírito do
sistema, porquanto não estamos perante lacuna da lei.
VI) – A referida declaração de inconstitucionalidade implica que não existe, actualmente,
prazo de caducidade para a investigação de paternidade, não sendo aplicável o prazo de
prescrição ordinária.
(Ac. do STJ de 17/4/08, proc. 08A474, www.dgsi.pt/jstj)
I - Para além do Estado, através do Ministério Público, nas situações previstas nos arts.
1865.° e 1867.° do Código Civil, e no âmbito do interesse público ao estabelecimento da
filiação das pessoas, só ao filho é reconhecido o direito de investigar a sua maternidade
(art. 1814.° do Código Civil) e a sua paternidade (art. 1869.° do Código Civil).
II - A acção de investigação da paternidade a que aludem os arts. 1847.° e 1869.° do
Código Civil só pode ser proposta pelo filho, único titular do direito a investigar.
III - O pretenso pai não tem legitimidade activa para propor essa acção, nem tem
interesse em agir na qualidade de demandante, porquanto, se está convencido da sua
paternidade, pode reconhecê-la voluntariamente através da perfilhação.
IV - Por falta de legitimidade activa e de interesse em agir, deve levar à absolvição dos
réus da instância a acção em que o demandante, alegando ser o pai de um menor, que não
é parte na acção, pede que o dito menor seja declarado seu filho.
(Ac. da Relação do Porto de 8/9/09, proc. 701/07.2TBCHV.P1, www.dgsi.pt/jstj)
V - A posse de estado, como resulta das previsões dos artigos 1816º, nº 2, alínea a) e
1871º, nº 1, alínea a), ambos do Código Civil, decompõe-se em três elementos distintos -
o nome, o tratamento e a fama.
Existe nome quando o filho chama o pretenso pai como pai e este, por sua vez, chama ao
investigante filho.
O tratamento consiste no comportamento do pretenso pai que, visto exteriormente, cria
uma aparência reveladora de laços de filiação biológica.
A fama é a reputação de que goza o investigante, junto da generalidade das pessoas que o
conhecem ou que sabem da sua existência, de que o seu pai é o investigado.
114
VI - Não é suficiente para integrar a posse de estado, a prova de que o pretenso pai era
conhecido pela alcunha de “cigano” e a autora era alcunhada de “ciganucha” pelas
pessoas da localidade, a circunstância do pai do investigado oferecer à autora dinheiro
para o casamento e o facto de, perto da sua morte, o investigado dizer a uma testemunha
que era o pai da autora.
V- O Ac do TC nº 23/2006 de 10/1 (DR 1ª Série-A de 8/2) declarou “ a
inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, da norma constante do nº1 do artigo
1817 do Código Civil, aplicável por força do artigo 1873 do mesmo Código, na medida
em que prevê para a caducidade do direito de investigar a paternidade, um prazo de dois
anos a partir da maioridade do investigante”.
A declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral do nº 1, do artigo
1817º, do Código Civil, retroage os seus efeitos até ao início da vigência da norma
constitucional que determina a invalidade da norma legal, devendo ser havida como uma
alteração da legislação vigente em termos de permitir a investigação de paternidade a
todo o tempo.
VI – A Lei nº 14/2009 de 1 Abril alterou o nº1 do art.1817 do Código Civil, prevendo o
prazo de dez anos posteriores à maioridade ou emancipação para a acção de investigação
de maternidade, aplicável à investigação de paternidade ( art.1873 CC ).
A lei, que entrou em vigor em 2 de Abril de 2009, aplica-se aos processo pendentes, por
força do seu art.3º ( “ A presente lei aplica-se aos processos pendentes à data da sua
entrada em vigor”).
VII – O art.3º da Lei nº 14/2009 de 1 de Abril que determina a aplicação aos processos
pendentes do prazo de caducidade de dez anos ( nº1 do art.1817 CC), não é
materialmente inconstitucional por violação dos princípios constitucionais da confiança e
da igualdade, quando a acção de investigação é proposta em 14/5/2004, antes da
declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral pelo ac. do TC nº
23/2006 de 10/1.
VIII – É que, nessa data, a autora não tinha qualquer razão plausível para confiar na
insusceptibilidade da caducidade da acção de investigação de paternidade e a diversidade
de regimes jurídicos que resulta para os cidadãos que instauraram acção antes e depois da
declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral pelo ac. do TC nº
23/2006, deriva dos regimes jurídicos distintos que esses mesmos cidadãos tiveram em
vista no momento da propositura da acção.
(Ac. da Relação de Coimbra de 19/1/2010, proc. 495/04.3TBOBR.C1, www.dgsi.pt/jtrc)
115
III – A posterior aplicação retroactiva às acções intentadas neste pressuposto do prazo de
caducidade constante da redacção introduzida no artigo 1817º do CC, operada pela Lei nº
14/2009 e decorrente do artigo 3º desta (determinando a aplicação da nova redacção aos
processos pendentes à data da entrada em vigor do Diploma) ofende ostensivamente as
expectativas fundadamente criadas ao abrigo do entendimento referido em I;
IV – Essa aplicação retroactiva viola, em tais situações, o princípio da confiança ínsito no
princípio do Estado de direito democrático decorrente do artigo 2º da CRP, acarretando a
inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei nº 14/2009, quando aplicado a acções intentadas
posteriormente à publicitação do Acórdão nº 23/2006 e anteriormente à entrada em vigor
(02/04/2009) desta Lei;
V – O chamado “direito à historicidade pessoal”, enquanto direito à investigação e
estabelecimento do respectivo vínculo biológico (paternidade ou maternidade), constitui
uma dimensão do direito à identidade pessoal previsto no artigo 26º, nº 1 da CRP;
VI – O legislador ao referir-se expressamente, no artigo 1801º do CC, a métodos
científicos comprovados de prova do vínculo de derivação biológica, acentua o valor e
sublinha a preferência por um estabelecimento da filiação alicerçado na verdade
biológica alcançada através destes métodos;
VII – A intromissão no direito à incolumidade física de alguém (como compressão sobre
um valor constitucionalmente relevante), representada pela sujeição aos testes em que se
consubstanciam os métodos científicos de investigação da filiação (concretamente os
testes de ADN), no confronto com o direito à investigação dessa filiação (na dimensão
constitucional referida em V) apresentam-se como intromissões pouco significativas, que,
numa lógica de ponderação dos direitos em confronto, deve ceder, com a consequente
obrigação, para os sujeitos relevantes, de se submeterem a esses testes;
VIII – Tal obrigação de sujeição pode, nos termos do artigo 519º do CPC, incidir sobre
terceiros relativamente ao vínculo de filiação, designadamente sobre os filhos do
investigado, no caso de decesso deste.
(Ac. da Relação de Coimbra de 23/6/09, proc. 1000/06.2TBCNT.C1, www.dgsi.pt/jtrc)
CASO JULGADO:
116
Supremo Tribunal de Justiça de 3 de Maio de 2000, Colectânea de Jurisprudência 2000,
Tomo II, página 44).
II - A força do caso julgado constituído pelo despacho saneador (caso julgado formal)
está limitado "às questões concretamente apreciadas" (artigo 510 n.3 do Código de
Processo Civil).
III - Tendo as Autoras cumulado uma acção de investigação de paternidade no que
respeita ao invocado pai biológico e uma acção de impugnação de paternidade no que
concerne ao então marido de sua mãe (por elas apelidado de pai registral), não estamos
propriamente perante uma cumulação de pedidos substancialmente incompatíveis (artigo
193 n.2 alínea c), mas a verificação de uma excepção dilatória inominada, por falta do
pressuposto de prévia acção de impugnação da paternidade constante do registo de
nascimento das Autoras, ora recorrentes (artigos 510 n.1 alínea a), 493 n.2, 494 e 288 n.1
alínea e), todos do Código de Processo Civil).
(Ac. da Relação do Porto de 9/5/02, proc. 0230452, www.dgsi.pt/jtrp)
I – Não existe identidade de sujeitos para efeito de caso julgado, entre a posição do
Ministério Público quando intenta uma acção oficiosa de investigação de paternidade e
posteriormente outra em representação do menor.
II – Actuando o Ministério Público em nome do representado e não em seu próprio nome,
impossibilita que posteriormente o Autor intente nova acção, uma vez que é um sujeito
idêntico juridicamente àquele.
III – Daí a violação de caso julgado ao intentar nova acção.
(Ac. do STJ de 19/6/07, proc. 07A1164, www.dgsi.pt/jstj)
117
X- BIBLIOGRAFIA
- Direito da Família e das Sucessões, Pinheiro, Jorge Duarte, Vol. II, 2005, AAFDL.
- Lições de Direito da Família e das Sucessões, Campos, Diogo Leite de, Almedina,
1999.
118
- Temas de direito da filiação: relatórios de curso de mestrado de 1992/93 (direito civil II)
sob a coordenação de Miguel Teixeira de Sousa.- Lisboa : AAFDL, 1994.
119
XI – CIRCULARES DA PGR
DESPACHO
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a) Nas acções em que intervenham como representantes ou no exercício
do patrocínio oficioso, de Autor ou Réu, providenciem pela comunicação
atempada ao seu representado ou patrocinado de decisão judicial de que
tenham sido notificados e a eles interesse;
O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
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2- Circular 26/81 de 14/7/1981.
TEXTO:
"Tendo chegado ao conhecimento desta Procuradoria-Geral da República que nem em
todos os tribunais se faz uma atempada instrução dos processos de averiguações
oficiosas, deixando decorrer o prazo de caducidade para a propositura da acção quase até
final - só à última hora dando andamento à instrução - entende o Excelentíssimo Senhor
Conselheiro Procurador-Geral da República ser de chamar para o facto a atenção dos
Snrs. Magistrados do Ministério Público.
Além da protecção que merecem os interesses em jogo, uma instrução feita à última hora
resulta, pela precipitação, fatalmente defeituosa, agudizando-se o problema, quando os
referidos processos têm que ser remetidos a magistrados de outras comarcas, a quem
compete a propositura da subsequente acção, e aos quais, muitas vezes, não são até
enviados os documentos necessários ao acompanhamento da petição inicial.
Impõe-se que este assunto seja tido como especialmente recomendado.
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