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JULGADOS RELEVANTES
TURMA 3 - SEMANA 01
CADERNO DE
JURISPRUDÊNCIAS
SEMANA 04
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O presente material de apoio deve ser lido semanalmente aos sábados. A ideia é que, por
meio da leitura recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ. Em caso de
dúvida sobre o teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site Dizer o Direito e
estude o informativo na íntegra.
Sumário
Sumário ......................................................................................................................................... 3
SEMANA 04 ................................................................................................................................... 5
2. AÇÃO PENAL .............................................................................................................................. 5
2.1 Denúncia ............................................................................................................................... 5
2.2 Citação .................................................................................................................................. 7
2.3 Sentença/Decisão ................................................................................................................... 8
2.4 Assistente de Acusação ........................................................................................................... 8
3. COMPETÊNCIA ...........................................................................................................................
8
3.1 Competência .......................................................................................................................... 8
3.2 Competências Das Justiças Federais X Justiça Estadual ............................................................ 12
3.3 Conflitos de Atribuições ........................................................................................................ 15
3.4 Foro por Prerrogativa de Função............................................................................................ 15
4. PRISÃO E LIBERDADE ................................................................
............................................... 20
4.1 Prisão em Flagrante .............................................................................................................. 20
4.2 Prisão Preventiva .................................................................................................................. 20
4.3 Prisão Domiciliar do CPP ....................................................................................................... 25
4.4 Outros Temas ....................................................................................................................... 27
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SEMANA 04
2. AÇÃO PENAL
2.1 Denúncia
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sendo necessário que existam outros elementos probatórios robustos para embasar uma acusação
consistente. Portanto, na análise, deve-se considerar a fragilidade dos depoimentos baseados em ouvir dizer
na formação de um juízo acusatório. Assim, caso a acusação tenha como intenção apenas repetir o
testemunho indireto, a ação penal se mostra sem perspectivas de sucesso desde o início. Nesse contexto,
prosseguir com o processo torna-se apenas um ato de assédio processual contra o acusado.
STJ. REsp 2.290.314-SE, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 23/5/2023, DJe 26/5/2023. (Info 776).
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magistrado de primeiro grau, tendo em vista a interpretação indevida do in dubio pro societate pelo Tribunal
de Justiça no acórdão recorrido.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que houve interpretação "confusa e equivocada ocasionada pelo
suposto princípio in dubio pro societate" consignando que referido princípio "além de não ter qualquer
amparo constitucional ou legal, acarreta o completo desvirtuamento das premissas racionais de valoração
da prova e desvirtua o sistema bifásico do procedimento do júri brasileiro, a esvaziar a função da decisão de
pronúncia". ARE 1067392, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/03/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-167 DIVULG 01-
07-2020 PUBLIC 02-07-2020.
Tal entendimento foi reafirmado pela Corte Suprema no recente julgamento do Habeas Corpus
nº 180.144/GO, no qual destacou a ilegitimidade da invocação do in dubio pro societate frente à presunção
de inocência assegurada pela Constituição Federal, e que havendo dúvida razoável, mesmo que na primeira
fase do procedimento do Tribunal do Júri, esta deve beneficiar o réu. HC 180.144. Relator(a): CELSO DE MELLO, Segunda
Turma, julgado em 10/10/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-255 DIVULG 21-10-2020 PUBLIC 22-10-2020.
STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018. (Info 898)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. RHC 93.363/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/05/2018; STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1193119/BA, Rel.
Min. Jorge Mussi, julgado em 05/06/2018; STF. 2ª Turma. ARE 986566 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/08/2017.
2.2 Citação
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2.3 Sentença/Decisão
O exercício do direito ao silêncio não pode servir de fundamento para descredibilizar o acusado nem para
presumir a veracidade das versões sustentadas por policiais, sendo imprescindível a superação do
standard probatório próprio do processo penal a respaldá-las.
Nota: O direito ao silêncio, enumerado na Constituição Federal como direito de permanecer calado, é
sucedâneo lógico do princípio nemo tenetur se detegere. Nesse sentido, é equivocado qualquer
entendimento de que se conclua que seu exercício possa acarretar alguma punição ao acusado. A pessoa
não pode ser punida por realizar um comportamento a que tem direito. O art. 5º, inc. LXIII, da CF, não deixa
dúvidas quanto à não recepção do art. 198 do CPP, quando diz que o silêncio do acusado, ainda que não
importe em confissão, poderá se constituir elemento paraa formação do convencimento do juiz.
STJ. REsp 2.037.491-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 6/6/2023. (Info 780)
A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração (art. 387, IV, do CPP) poderá condenar o réu ao pagamento de danos morais coletivos.
Nota: arts. 5°, X da CF e 186 do CC.
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020. (Info 981)
3. COMPETÊNCIA
3.1 Competência
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O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque fraudado compete ao Juízo do local da
agência bancária da vítima.
Nota: a hipótese em análise não foi expressamente prevista na nova legislação, visto que não se trata de
cheque emitido sem provisão de fundos ou com pagamento frustrado, mas de tentativa de saque de cártula
falsa, em prejuízo de correntista.
Sobre o tema, destaque-se que: (...) 3. Há que se diferenciar a situação em que o estelionato ocorre por meio
do saque (ou compensação) de cheque clonado, adulterado ou falsificado, da hipótese em que a própria
vítima, iludida por um ardil, voluntariamente, efetua depósitos e/ou transferências de valores para a conta
corrente de estelionatário. Quando se está diante de estelionato cometido por meio de cheques adulterados
ou falsificados, a obtenção da vantagem ilícita ocorre no momento em que o cheque é sacado, pois é nesse
momento que o dinheiro sai efetivamente da disponibilidade da entidade financeira sacada para, em
seguida, entrar na esfera de disposição do estelionatário. Em tais casos, entende-se que o local da obtenção
da vantagem ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque adulterado, seja
dizer, onde a vítima possui conta bancária. (....) (AgRg no CC 171.632/SC, Rel. Ministro Reynaldo Sores da Fonseca,
Terceira Seção, DJe 16/06/2020).
Assim, aplica-se o entendimento pela competência do Juízo do local do eventual prejuízo, que ocorre com a
autorização para o saque do numerário no local da agência bancária da vítima.
STJ. 3ª Seção. CC 182.977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022 (Info 728).
legitimidade concorrente para propor eventual ação de reintegração de posse, diante do esbulho ocorrido.
A sua legitimação ativa para a ação possessória demonstra a existência de interesse jurídico na apuração do
crime, o que é suficiente para fixar a competência penal federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88.
STJ. 3ª Seção. CC 179.467-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/06/2021 (Info 700).
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Havendo solução de continuidade entre os mandatos, não exercidos de maneira ininterrupta, cessa o foro
por prerrogativa de função referente a atos praticados durante o primeiro mandato.
STJ. AgRg no RHC 182.049-DF, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 8/8/2023, DJe 16/8/2023. (Info 785)
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As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados
durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o
indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser
julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o
crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com
as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese:
O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO APLICA-SE APENAS AOS CRIMES
COMETIDOS DURANTE O EXERCÍCIO DO CARGO E RELACIONADOS ÀS FUNÇÕES
DESEMPENHADAS. APÓS O FINAL DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL, COM A
PUBLICAÇÃO DO DESPACHO DE INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE
ALEGAÇÕES FINAIS, A COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES PENAIS
NÃO SERÁ MAIS AFETADA EM RAZÃO DE O AGENTE PÚBLICO VIR A OCUPAR
OUTRO CARGO OU DEIXAR O CARGO QUE OCUPAVA, QUALQUER QUE SEJA O
MOTIVO.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018. (Info 900)
4. PRISÃO E LIBERDADE
STJ. AgRg no HC 765.212-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 04/10/2022.
(Info 753).
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pessoal máxima, por entender que apenas medidas alternativas seriam insuficientes para garantia da ordem
pública, não deve ser considerada como de ofício. Isso porque uma vez provocado pelo órgão ministerial a
determinar uma medida que restrinja a liberdade do acusado em alguma medida, deve o juiz poder agir de
acordo com o seu convencimento motivado e analisar qual medida cautelar pessoal melhor se adequa ao
caso. Impor ou não cautelas pessoais, de fato, depende de prévia e indispensável provocação. Entretanto, a
escolha de qual delas melhor se ajusta ao caso concreto há de ser feita pelo juiz da causa. Entender de forma
diversa seria vincular a decisão do Poder Judiciário ao pedido formulado pelo Ministério Público, de modo a
transformar o julgador em mero chancelador de suas manifestações, ou de lhe transferir a escolha do teor
de uma decisão judicial.
⚠ ATENÇÃO! EM SENTIDO CONTRÁRIO -Se o requerimento do Ministério Público limita-se à aplicação de
medidas cautelares ao preso em flagrante, é vedado ao juiz decretar a medida mais gravosa - prisão
preventiva -, por configurar uma atuação de ofício. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 754.506-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 22/08/2022.
STJ. 6ª Turma. RHC 145.225-RO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
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interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz dos arts. 282, § 2º, e 311, significando que se
tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante
de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal
provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou do
assistente do MP.
STJ. 5ª Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020.
Mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 06/10/2020. STJ. 3ª Seção. RHC 131263, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 24/02/2021 (Info 686). STF. 2ª Turma. HC 192532 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 24/02/2021.
tráfico de pequena quantidade de maconha é mais gravosa do que a eventual permanência em liberdade,
pois serão fatalmente cooptados ou contaminados por uma criminalidade mais grave ao ingressarem no
ambiente carcerário.
STF. 1ª Turma. HC 140379/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018. (Info 921)
STJ. AgRg no HC 798.551-PR, Rel. Ministro Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
28/2/2023. (Info 765).
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A escolha pelo Magistrado de medidas cautelares pessoais, em sentido diverso das requeridas pelo
Ministério Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser considerada como atuação ex
officio.
Nota: In casu, na audiência de custódia, o Ministério Público manifestou-se pela concessão de liberdade
provisória mediante o pagamento de fiança. O Juízo singular acolheu o pleito e fixou, também, a medida de
recolhimento domiciliar em período noturno e nos dias de folga.
A determinação do magistrado, em sentido diverso do requerido pelo Ministério Público, pela autoridade
policial ou pelo ofendido, não pode ser considerada como atuação ex officio, uma vez que lhe é permitido
operar conforme os ditames legais, desde que previamente provocado, no exercício de sua jurisdição.
Não há que se falar em ofensa ao princípio acusatório ou ao da correlação, porquanto, depois de
devidamente provocado é o juízo que tem a responsabilidade de analisar a suficiência das medidas cautelares
à luz do caso concreto, sempre com vistas à garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, como prescreve o art.
312, caput, do CPP.
STJ. AgRg no HC 626.529-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 26/04/2022, DJe 03/05/2022. (Info
735)
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