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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA

JULGADOS RELEVANTES

RETA FINAL – DELEGADO PARANÁ

TURMA 3 - SEMANA 01

CADERNO DE
JURISPRUDÊNCIAS

SEMANA 04

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RETA FINAL
DELEGADO SÃO PAULO
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
JULGADOS RELEVANTES - SEMANA 04/12

COMO UTILIZAR O MATERIAL

O presente material de apoio deve ser lido semanalmente aos sábados. A ideia é que, por
meio da leitura recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ. Em caso de
dúvida sobre o teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site Dizer o Direito e
estude o informativo na íntegra.

Sumário
Sumário ......................................................................................................................................... 3
SEMANA 04 ................................................................................................................................... 5
2. AÇÃO PENAL .............................................................................................................................. 5
2.1 Denúncia ............................................................................................................................... 5
2.2 Citação .................................................................................................................................. 7
2.3 Sentença/Decisão ................................................................................................................... 8
2.4 Assistente de Acusação ........................................................................................................... 8
3. COMPETÊNCIA ...........................................................................................................................
8
3.1 Competência .......................................................................................................................... 8
3.2 Competências Das Justiças Federais X Justiça Estadual ............................................................ 12
3.3 Conflitos de Atribuições ........................................................................................................ 15
3.4 Foro por Prerrogativa de Função............................................................................................ 15
4. PRISÃO E LIBERDADE ................................................................
............................................... 20
4.1 Prisão em Flagrante .............................................................................................................. 20
4.2 Prisão Preventiva .................................................................................................................. 20
4.3 Prisão Domiciliar do CPP ....................................................................................................... 25
4.4 Outros Temas ....................................................................................................................... 27

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SEMANA 04
2. AÇÃO PENAL

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Antes das alterações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009, o Ministério Público já era parte legítima para
propor a ação penal pública incondicionada destinada a verificar a prática de crimes sexuais contra
crianças.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 28/11/2022, DJe
1º/12/2022. (Info 764)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O eventual trancamento de inquérito policial por excesso de prazo não impede, sempre e de forma
automática, o oferecimento da denúncia.
STF. 2ª Turma. HC 194023 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB – não tem legitimidade
para atuar como assistente de defesa de
advogado réu em ação penal.
RMS 63.393-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 23/06/2020, DJe 30/06/2020. (Info 675 STJ)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementosinformativos colhidos em inquérito policial
que não deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal
considerando que a situação não se enquadrava
no art. 1º da Lei 10.446/2002.
Nota: O Fato de os crimes serem de competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela PF não
gera nulidade. O “princípio do juiz natural” (art. 5º, LIII, da Constituição Federal) não se estende para
autoridades policiais, considerando que estas não possuem competência para julgar.
STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019. (Info 964)
Obs.Declinada a competência do feito para a Justiça estadual, não cabe à Polícia Federal prosseguir nas
investigações. STJ. HC 772.142-PE, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 23/3/2023, DJe 3/4/2023.
(Info 773).
No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:
A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo status de cônjuge para o
processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a ação penal privada.
STJ. Corte Especial. APn 912-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019. (Info 654)

2.1 Denúncia

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O depoimento testemunhal indireto não possui a capacidade necessária para sustentar uma acusação e
justificar a instauração do processo penal, sendo imprescindível a presença de outros elementos
probatórios substanciais.
Nota: O testemunho indireto é conhecido também como testemunha auricular ou de auditus, e seu
depoimento não está excluído do sistema probatório brasileiro, podendo ser valorado a critério do julgador.
No ordenamento jurídico pátrio, não há previsão legal específica para a testemunha "de ouvir dizer", uma
vez que não há distinção entre testemunhas diretas e indiretas. Ao contrário, a legislação penal brasileira
determina que o depoimento testemunhal será admitido sempre que for relevante para a decisão. os relatos
indiretos e baseados em ouvir dizer não são elementos suficientes para garantir a viabilidade acusatória,

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sendo necessário que existam outros elementos probatórios robustos para embasar uma acusação
consistente. Portanto, na análise, deve-se considerar a fragilidade dos depoimentos baseados em ouvir dizer
na formação de um juízo acusatório. Assim, caso a acusação tenha como intenção apenas repetir o
testemunho indireto, a ação penal se mostra sem perspectivas de sucesso desde o início. Nesse contexto,
prosseguir com o processo torna-se apenas um ato de assédio processual contra o acusado.
STJ. REsp 2.290.314-SE, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 23/5/2023, DJe 26/5/2023. (Info 776).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O reconhecimento da justa causa para a persecução criminal do delito do art. 324 do CPM exige que o
Ministério Público indique, na denúncia, a lei, regulamento ou instrução alegadamente violada, além de
descrever o ato prejudicial à administração militar.
STJ. CC 191.358-MS, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 14/12/2022, DJe 19/12/2022. (Info 763).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A JUSTA CAUSA é exigência legal para o recebimento da denúncia, instauração e processamento da ação
penal, nos termos do artigo 395, III, do Código de Processo Penal, e consubstancia-se pela somatória de
três componentes essenciais:
TIPICIDADE, PUNIBILIDADE e VIABILIDADE.
Nota: (a) TIPICIDADE (adequação de uma conduta fática a um tipo penal);
(b) PUNIBILIDADE (além de típica, a conduta precisa ser punível, ou seja, não existir quaisquer das causas
extintivas da punibilidade);
e (c) VIABILIDADE (existência de fundados indícios de autoria).
STF. 1ª Turma. HC 213.745/PR AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 09/05/2022.
Mesmo sentido: STF. 1ª Turma. HC 129.678/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
Rel. p/ acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/06/2017 (Info
869).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A justa causa é analisada sob a ótica retrospectiva e prospectiva.
Nota: a justa causa é analisada apenas sob a ótica retrospectiva, voltada para o passado, com vista a quais
elementos de informação foram obtidos na investigação preliminar já realizada. Todavia, a justa causa
também deve ser apreciada sob uma ótica prospectiva, com o olhar para o futuro, para a instrução que será
realizada, de modo que se afigura possível incremento probatório que possa levar ao fortalecimento do
estado de simples probabilidade em que o juiz se encontra quando do recebimento da denúncia.
STJ. Corte Especial. APn 989/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/02/2022 (Info 726).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Para a caracterização do delito de associação criminosa inserido em contexto societário, é imprescindível
que a denúncia contenha a descrição da predisposição comum de meios para a prática de uma série
indeterminada de delitos e uma contínua vinculação entre os associados com essa finalidade, não
bastando a menção da posição/cargo ocupado pela pessoa física na empresa.
STJ. RHC 139.465-PA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 23/08/2022, DJe 31/08/2022. (Info 748).

No Concurso Será Cobrado Da SeguinteForma:


No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate.
Nota: A propositura da ação penal exige tão somente a presença de indícios mínimos de autoria. A certeza,
a toda evidência, somente será comprovada ou afastada após a instrução probatória, prevalecendo, na fase
de oferecimento da denúncia o princípio do in dubio pro societate. STJ. 5ª Turma. RHC 93.363/SP, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 24/05/2018.
⚠ CUIDADO! No julgamento do Agravo em Recurso Extraordinário nº 1.067.392, a 2ª Turma entendeu pela
concessão de Habeas Corpus de ofício para reestabelecer a sentença de impronúncia proferida pelo

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magistrado de primeiro grau, tendo em vista a interpretação indevida do in dubio pro societate pelo Tribunal
de Justiça no acórdão recorrido.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que houve interpretação "confusa e equivocada ocasionada pelo
suposto princípio in dubio pro societate" consignando que referido princípio "além de não ter qualquer
amparo constitucional ou legal, acarreta o completo desvirtuamento das premissas racionais de valoração
da prova e desvirtua o sistema bifásico do procedimento do júri brasileiro, a esvaziar a função da decisão de
pronúncia". ARE 1067392, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/03/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-167 DIVULG 01-
07-2020 PUBLIC 02-07-2020.
Tal entendimento foi reafirmado pela Corte Suprema no recente julgamento do Habeas Corpus
nº 180.144/GO, no qual destacou a ilegitimidade da invocação do in dubio pro societate frente à presunção
de inocência assegurada pela Constituição Federal, e que havendo dúvida razoável, mesmo que na primeira
fase do procedimento do Tribunal do Júri, esta deve beneficiar o réu. HC 180.144. Relator(a): CELSO DE MELLO, Segunda
Turma, julgado em 10/10/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-255 DIVULG 21-10-2020 PUBLIC 22-10-2020.
STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018. (Info 898)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. RHC 93.363/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/05/2018; STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1193119/BA, Rel.
Min. Jorge Mussi, julgado em 05/06/2018; STF. 2ª Turma. ARE 986566 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/08/2017.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O Promotor de Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está vinculado às conclusões do
Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando no processo.
Nota: PGR ofereceu denúncia contra o réu perante o STJ. Este Tribunal declinou a competência para o TJ. Em
virtude disso, o PGJ ratificou a denúncia. Ocorre que o TJ declinou a competência para o juízo de 1ª instância.
O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância decidiu não ratificar a peça acusatória, oferecendo nova
denúncia incluindo, inclusive, novos réus. Não há qualquernulidade neste caso. É possível o aditamento da
denúncia a qualquer tempo antes da sentença final, garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o
contraditório, especialmente quando a inicial ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo
juízo competente, como ocorreu no caso concreto. O membro do MP possui total liberdade na formação de
seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada às
conclusões jurídicas que o outro membro do MP chegou, mesmo que este atue em uma instância superior.
Em outras palavras.
STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2018. (Info 893)

2.2 Citação

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É NULA a citação realizada por aplicativo de mensagem (whatsapp) quando verificada a ausência de
cautela apta a atestar, de forma cabal, a identidade do citando.
Nota: Embora a viabilidade desse meio de comunicação, para fins de citação, seja objeto de polêmica, fato é
que a jurisprudência desta Corte só tem declarado a nulidade quando verificado prejuízo concreto ao
denunciado.
STJ. HC 652.068-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 24/08/2021, DJe 30/08/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Citado o réu por edital, nos termos do art. 366 do CPP, o processo deve permanecer suspenso enquanto o
réu não for localizado ou até que seja extinta a punibilidade pela prescrição.
Nota:
• Súmula nº 415, STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.
STJ. 6ª Turma. RHC 135.970/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 20/04/2021 (Info 693).

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se for expedida carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo prescricional ficará SUSPENSO
até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional voltará a correr antes mesmo que a carta seja
juntada aos autos.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.882.330/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/04/2021. (Info 691)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam adotadas medidas
suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem como a identidade do indivíduo
destinatário do ato processual.
STJ. 5ª Turma. HC 641.877/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021. (Info 688)

2.3 Sentença/Decisão

O exercício do direito ao silêncio não pode servir de fundamento para descredibilizar o acusado nem para
presumir a veracidade das versões sustentadas por policiais, sendo imprescindível a superação do
standard probatório próprio do processo penal a respaldá-las.
Nota: O direito ao silêncio, enumerado na Constituição Federal como direito de permanecer calado, é
sucedâneo lógico do princípio nemo tenetur se detegere. Nesse sentido, é equivocado qualquer
entendimento de que se conclua que seu exercício possa acarretar alguma punição ao acusado. A pessoa
não pode ser punida por realizar um comportamento a que tem direito. O art. 5º, inc. LXIII, da CF, não deixa
dúvidas quanto à não recepção do art. 198 do CPP, quando diz que o silêncio do acusado, ainda que não
importe em confissão, poderá se constituir elemento paraa formação do convencimento do juiz.
STJ. REsp 2.037.491-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 6/6/2023. (Info 780)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O art. 385 do Código de Processo Penal é compatível com o sistema acusatório e não foi tacitamente
derrogado pelo advento da Lei n. 13.964/2019, responsável por introduzir o art. 3º-A no Código de
Processo Penal.
STJ.REsp 2.022.413-PA, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por maioria, julgado em
14/2/2023.

A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração (art. 387, IV, do CPP) poderá condenar o réu ao pagamento de danos morais coletivos.
Nota: arts. 5°, X da CF e 186 do CC.
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020. (Info 981)

2.4 Assistente de Acusação

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se o acórdão absolutório foi combatido tempestivamente pelo assistente de acusação, não houve
formação de coisa julgada em favor do réu e o recurso deve ser apreciado pelo Tribunal.
STF. 2ª Turma. HC 154076 AgR/PA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/10/2019. (Info 958)

3. COMPETÊNCIA

3.1 Competência

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete ao juízo estadual processar e julgar crime de estelionato contra fundo estrangeiro no qual os atos
desenvolvidos foram praticados em território nacional, ainda que diverso o domicílio de sócio lesado.
STJ. AgRg no CC 192.274-RJ, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 8/3/2023, DJe 10/3/2023. (Info 775).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Tratando-se de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) e não havendo na localidade Vara especializada
em delitos contra a criança e o adolescente, as ações penais distribuídas até 30/11/2022 tramitarão nas
Varas às quais foram distribuídas originalmente ou após determinação definitiva do Tribunal local ou
superior.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
18/4/2023, DJe 24/4/2023. (Info 773).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Havendo juízo especializado para apurar e julgar crimes praticados contra criança e adolescente, é este o
competente independentemente do tipo de crime.
STJ. HC 807.617-BA, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 11/4/2023, DJe 18/4/2023 (Info 773).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.431/2017, nas comarcas em que não houver vara especializada
em crimes contra a criança e o adolescente, compete à vara especializada em violência doméstica julgar
as ações penais que apurem crimes envolvendo violência contra crianças e adolescentes,
independentemente de considerações acerca do sexo da vítima ou da motivação da violência, ressalvada
a modulação de efeitos realizada no julgamento do EAREspn. 2.099.532/RJ.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 14/2/2023.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Havendo sentença prolatada quanto ao delito conexo, a competência para julgamento do delito
remanescente deve ser aferida isoladamente.
Nota: Sobre o tema, a Súmula n. 235 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que "[a] conexão não determina
a reunião dos processos, se um deles já foi julgado." Embora o enunciado tenha origem em feitos de natureza
cível, é pacífico o entendimento de que a sua orientação também é aplicável aos processos penais.
STJ. CC 193.005-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 8/2/2023, DJe 15/2/2023. (Info 764).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de falsificação de documento público, consistente na
falsificação de identidades funcionais do Poder Judiciário da União.
STJ. CC 192.033-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 14/12/2022, DJe 19/12/2022. (Info 763).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Após o advento do art. 23 da Lei n. 13.431/2017, nas comarcas em que não houver vara especializada em
crimes contra a criança e o adolescente, compete à vara especializada em violência doméstica, onde
houver, processar e julgar os casos envolvendo estupro de vulnerável cometido pelo pai (bem como pelo
padrasto, companheiro, namorado ou similar) contra a filha (ou criança ou adolescente) no ambiente
doméstico ou familiar.
STJ. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 26/10/2022. (Info 755).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não tendo havido imputação de crime eleitoral ou a ocorrência de conexão de delito comum com delito
eleitoral, não se justifica o encaminhamento do feito à Justiça Eleitoral.
STJ. HC 746.737-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022, DJe 12/09/2022. (Info 749).

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A Terceira Seção deferiu o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal em razão da
incapacidade dos agentes públicos na condução de investigações, de identificar os autores dos
homicídios/execuções cometidos nos casos conhecidos como "Maio Sangrento" e "Chacina do Parque
Bristol".
Nota: Os requisitos do incidente de deslocamento de competência são:
a) grave violação de direitos humanos;
b) necessidade de assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorrentes de tratados
internacionais;
c) incapacidade - oriunda de inércia, omissão, ineficácia, negligência, falta de vontade política, de condições
pessoais e/ou materiais, etc. - de o Estado-Membro, por suas instituições e autoridades, levar a cabo, em
toda a sua extensão, a persecução penal (IDC n. 1/PA, Terceira Seção do STJ).
STJ. IDC 9-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/08/2022. (Info 744).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A competência para o julgamento do crime de estelionato, ainda que se tenha utilizado de imagens digitais
adulteradas de passaporte válido de terceiro e documentos emitidos por órgão públicos federais, quando
inexistente evidência de prejuízo a interesses, bens ou serviços da União, é da Justiça Estadual, devendo
ser respeitada a regra de foro do domicílio da vítima no caso de o crime ser praticado mediante depósito,
transferência de valores ou cheque sem provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento
frustrado.
STJ. CC 178.697-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade,
julgado em 22/06/2022, DJe 27/06/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


No crime de estelionato, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP, a competência
deve ser fixada no local onde o agente delituoso obteve, mediante fraude, em benefício próprio e de
terceiros, os serviços custeados pela vítima.
Nota: Lei n. 14.155/2021, que acrescentou o § 4º do art. 70 do Código de Processo Penal - CPP com o seguinte
teor: "nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em
poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será
definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á
pela prevenção".
Todavia, a inovação legislativa disciplinou a competência do delito de estelionato em situações específicas
descritas pelo legislador, as quais não ocorrem no caso concreto, porquanto os autos não noticiam a
ocorrência transferências bancárias ou depósitos efetuados pela empresa vítima e tampouco de cheque
emitido sem suficiente provisão de fundos.
STJ. CC 185.983-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022, DJe 13/05/2022 (Info 736).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É pacífica a aplicabilidade da teoria do juízo aparente para ratificar medidas cautelares no curso do
inquérito policial quando autorizadas por juízo aparentemente competente.
Nota: As provas colhidas ou autorizadas por juízo aparentemente competente à época da autorização ou
produção podem ser ratificadas a posteriori, mesmo que venha aquele a ser considerado incompetente, ante
a aplicação no processo investigativo da teoria do juízo aparente.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 156413-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/04/2022 (Info 733).

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O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque fraudado compete ao Juízo do local da
agência bancária da vítima.
Nota: a hipótese em análise não foi expressamente prevista na nova legislação, visto que não se trata de
cheque emitido sem provisão de fundos ou com pagamento frustrado, mas de tentativa de saque de cártula
falsa, em prejuízo de correntista.
Sobre o tema, destaque-se que: (...) 3. Há que se diferenciar a situação em que o estelionato ocorre por meio
do saque (ou compensação) de cheque clonado, adulterado ou falsificado, da hipótese em que a própria
vítima, iludida por um ardil, voluntariamente, efetua depósitos e/ou transferências de valores para a conta
corrente de estelionatário. Quando se está diante de estelionato cometido por meio de cheques adulterados
ou falsificados, a obtenção da vantagem ilícita ocorre no momento em que o cheque é sacado, pois é nesse
momento que o dinheiro sai efetivamente da disponibilidade da entidade financeira sacada para, em
seguida, entrar na esfera de disposição do estelionatário. Em tais casos, entende-se que o local da obtenção
da vantagem ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque adulterado, seja
dizer, onde a vítima possui conta bancária. (....) (AgRg no CC 171.632/SC, Rel. Ministro Reynaldo Sores da Fonseca,
Terceira Seção, DJe 16/06/2020).
Assim, aplica-se o entendimento pela competência do Juízo do local do eventual prejuízo, que ocorre com a
autorização para o saque do numerário no local da agência bancária da vítima.
STJ. 3ª Seção. CC 182.977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022 (Info 728).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem
conexos.
Nota: O art. 806 do CPP prevê que o pagamento prévio
de custas somente é exigível nos casos de ação penal
privada.
Obs. Ainda que haja o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do delito eleitoral. STF. 2ª Turma.
RHC 177243/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/6/2021 (Info 1024).
⚠ Cuidado! Jurisprudência em Teses, é necessário riscar a tese 1 da edição nº 173, que está SUPERADA: 1)
Os embargos de divergência não são modalidade de recurso previsto na legislação processual
penal, contudo
podem ser utilizados no âmbito penal como meio geral de impugnação interna, de forma que a eles não se
aplica a isenção estipulada no art. 7º da Lei nº 11.636/2007, sendo lícita a exigência de recolhimento
antecipado das custas.
STJ. 5ª Turma. HC 612.636-RS, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
05/10/2021 (Info 713).
Mesmo sentido: STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de cheques sem suficiente
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou por meio da transferência de
valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, em razão da superveniência de Lei
nº 14.155/2021, ainda que os fatos tenham sido anteriores à nova lei.
STJ. 3ª Seção. CC 180.832-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de esbulho possessório de imóvel vinculado ao
Programa Minha Casa Minha Vida.
Nota: A vítima do crime de esbulho possessório, tipificado no art. 161, § 1º, II, do Código Penal é o possuidor
direto, pois é quem exercia o direito de uso e fruição do bem. Na hipótese de imóvel alienado
fiduciariamente, é o devedor fiduciário que ostenta essa condição, pois o credor fiduciário possui tão-
somente a posse indireta. A Caixa Econômica Federal, enquanto credora fiduciária e, portanto, possuidora
indireta, não é a vítima do referido delito. Contudo, no âmbito cível, a empresa pública federal possui
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DELEGADO SÃO PAULO
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JULGADOS RELEVANTES - SEMANA 04/12

legitimidade concorrente para propor eventual ação de reintegração de posse, diante do esbulho ocorrido.
A sua legitimação ativa para a ação possessória demonstra a existência de interesse jurídico na apuração do
crime, o que é suficiente para fixar a competência penal federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88.
STJ. 3ª Seção. CC 179.467-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/06/2021 (Info 700).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A simples constatação de que os medicamentos apreendidos em poder do réu eram de procedência
estrangeira não atrai a competência da Justiça federal para processar e julgar o feito.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.889.515/SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 2/02/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O TJDFT faz parte do Poder Judiciário da União. Mesmo assim, se for praticado falso testemunho em
processo que ali tramita, a competência será da Justiça do Distrito Federal (e não da Justiça Federal
comum). Isso porque a Justiça do Distrito Federal possui competência para julgar crimes, não havendo
interesse direto e específico da União a atrair o art. 109, IV, da CF/88.
STJ. 3ª Seção. CC 166732-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/10/2020 (Info 681).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se o STF determinar que Justiça Eleitoral de 1ª instância apure crime eleitoral e também crime federal
conexos e, ao receber os autos, a Justiça Eleitoral arquivar a investigação do crime eleitoral e remeter os
autos à Justiça Federal, isso afrontará a decisão do STF.
Nota: o Juízo Eleitoral arquivou o inquérito e remeteu os autos à Justiça Federal, mesmo diante da expressa
decisão dessa Corte que fixou sua competência para supervisão dos fatos. As instâncias inferiores, portanto,
ignoraram os termos da decisão reclamada, que assentou a competência da Justiça Eleitoral para o
processamento e a apuração dos fatos em questão.
CUIDADO: Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos. Cabe
à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de conexão de delitos comuns aos delitos eleitorais e,
em não havendo, remeter os casos à Justiça competente. STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 13 e 14/3/2019. (Info 933)
STF. 2ª Turma. Rcl 34805 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 1º/9/2020. (Info 989)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material
pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou adolescente, quando praticados por
meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990).
STF. Plenário. RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 393). (Info 990)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A Justiça do Trabalho NÃO tem competência para processar e julgar ações penais.
STF. Plenário. ADI 3684, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 11/05/2020. (Info 980)

3.2 Competências Das Justiças Federais X Justiça Estadual

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A inserção de dados falsos em sistema de dados federais não fixa, por si só, a competência da Justiça
Federal, a qual somente é atraída quando houver ofensa direta a bens, serviços ou interesses da União ou
órgão federal.
STJ. AgRg no CC 193.250-GO, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 24/5/2023, DJe 29/5/2023.
(Info 780).

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de produção de medicamentos sem registro no
órgão competente, mesmo na ausência de prova incontestável sobre a transnacionalidade das condutas,
contanto que haja indícios concretos de que as matérias-primas foram adquiridas do exterior.
STJ. CC 188.135-GO, Rel. Ministra Laurita Vaz, Rel. para acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por maioria, julgado em 8/2/2023,
DJe 23/2/2023 (Info 779).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete ao Tribunal do Júri Federal julgar causa na qual há demonstração de interesse federal específico
em relação ao crime doloso contra a vida, ou quando há conexão deste com crime federal.
STJ. CC 194.981-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 24/5/2023 (Info 778).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça estadual processar e julgar causa quando não se verifica, da atuação de indiciado que
se autodeclara quilombola, disputa alguma por terra quilombola ou interesse da comunidade na ação
delituosa.
STJ. CC 192.658-RO, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/5/2023, DJe 16/5/2023. (Info. 777)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Federal o julgamento de crime de falsidade ideológica, consistente no fornecimento de
informação inverídica a servidor da FUNAI, para fins de emissão de Registro Administrativo de Nascimento
de Indígena - RANI.
STJ. CC 193.369-PR, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 2/3/2023, DJe 7/3/2023. (Info. 766)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Federal processar e julgar o conteúdo de falas de suposto cunho homofóbico divulgadas
na internet, em perfis abertos da rede social Facebook e na plataforma de compartilhamento de vídeos
Youtube, ambos de abrangência internacional.
Nota: O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão n.
26, de relatoria do Ministro Celso de Mello, deu interpretação conforme a Constituição para enquadrar a
homofobia e a transfobia, qualquer que seja a forma de sua manifestação, nos diversos tipos penais definidos
na Lei n. 7.716/1989, até que sobrevenha legislação autônoma, editada pelo Congresso Nacional.
STJ. CC 191.970-RS, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 14/12/2022, (Info. 761)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Nos delitos de tráfico de entorpecentes interestadual ocorrido em aeronave, e uma vez apreendida a droga
em solo, a competência para o julgamento da ação penal será da Justiça Estadual.
STJ. AgRg no HC 691.423-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 07/06/2022, DJe 14/06/2022. (Edição
Extraordinária n. 7)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não compete à Justiça Federal processar e julgar o desvio de valores do auxílio emergencial pagos durante
a pandemia da covid-19, por meio de violação do sistema de segurança de instituição privada, SEM que
haja fraude direcionada à instituição financeira federal.
STJ. 3ª Seção. CC 182.940-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 27/10/2021 (Info 716).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição estadual que proíbe a caça
em seu respectivo território.
STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins medicinais, o
cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte em outra unidade da
federação, quando não demonstrada a internacionalidade da conduta.
STJ. CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/06/2020, DJe 16/06/2020. (Info 673)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Os crimes relacionados com pirâmide financeira envolvendo criptomoedas são, em princípio, de
competência da Justiça Estadual.
STJ. 3ª Seção. CC 170392-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020. (Info 673)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Estadual julgar homicídio praticado por Policial Rodoviário Federal após desavença no
trânsito ocorrida no seu deslocamento de casa para o trabalho.
Nota: o deslocamento do réu não guarda qualquer vinculação com o exercício das funções de PRF.
STF. HC 157012/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 10.12.2019. (HC-157012). (Info 963)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à JUSTIÇA FEDERAL julgar crime contra a vida em desfavor de policiais militares, consumado ou
tentado, praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos, autarquias ou empresas públicas
da União.
STJ. CC 165.117-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 23/10/2019, DJe 30/10/2019 (Info 659)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à Justiça Estadual o julgamento de crimes ocorridos a bordo de balões de ar quente tripulados.
Nota: os balões de ar quente não se enquadram no conceito de “aeronave” (art. 106 da Lei n. 7.565/86),
razão pela qual não se aplica a competência da J. Federal.
STJ. 3ª Seção. CC 143.400-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/04/2019. (Info 648)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A competência da Justiça Federal pressupõe a demonstração concreta das situações veiculadas no art. 109
da Constituição Federal (CF). A mera condição de servidor público não basta para atraí-la, na medida em
que o interesse da União há de sobressair das funções institucionais, não da pessoa do paciente.
STF. HC 157012/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 23.4.2019.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a competência da Justiça
Federal.
Nota: Assim, em regra, compete à Justiça Estadual julgar o crime praticado por brasileiro no exterior e que
lá não foi julgado em razão de o agente ter fugido para o Brasil, tendo o nosso país negado a extradição para
o Estado estrangeiro. Somente será de competência da Justiça Federal caso se enquadre em alguma das
hipóteses do art. 109 da CF/88.
STF. 1ª Turma. RE 1.175.638 AgR/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/4/2019. (Info 936)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à JUSTIÇA FEDERAL apreciar o pedido de medida protetiva de urgência decorrente de crime de
ameaça contra a mulher cometido por meio de rede social de grande alcance, quando iniciado no
estrangeiro e o seu resultado ocorrer no Brasil.
CASO: concessão de medidas protetivas em favor de mulher ameaçada por ex-namorado que mora nos EUA
e fez ameaças por meio de facebook.
STJ. 3ª Seção. CC 150.712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018. (Info 636)

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à JUSTIÇA FEDERAL o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, ainda que
inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta.
STJ. 3ª Seção. CC 160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018. (Info 635)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete à JUSTIÇA FEDERAL o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre crime
praticado no exterior, o qual tenha sido transferido para a jurisdição brasileira, por negativa de extradição,
aplicável o art. 109, IV, da CF/88.
STJ. 3ª Seção. CC 154.656-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/04/2018. (Info 625)

3.3 Conflitos de Atribuições

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A Justiça Militar é incompetente para processar e julgar crime cometido por policial militar que, ainda que
esteja na ativa, pratica a conduta ilícita fora do horário de serviço, em contexto dissociado do exercício
regular de sua função e em lugar não vinculado à Administração Militar.
STJ. HC 764.059-SP, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023. (Info 763)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não é da competência do juiz militar determinar o arquivamento do inquérito que investiga fato que possa
ter adequação típica de crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, ainda que sua
conclusão aponte para a presença de excludente de
ilicitude de legítima defesa e/ou do estrito
cumprimento do dever legal.
STJ. AgRg nos EDcl no REsp 1.961.504-PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 21/06/2022, DJe
27/06/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos
estaduais.
STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020.

3.4 Foro por Prerrogativa de Função

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:

Havendo solução de continuidade entre os mandatos, não exercidos de maneira ininterrupta, cessa o foro
por prerrogativa de função referente a atos praticados durante o primeiro mandato.

STJ. AgRg no RHC 182.049-DF, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 8/8/2023, DJe 16/8/2023. (Info 785)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


As mesmas garantias e prerrogativas outorgadas aos Desembargadores dos Tribunais de Justiça devem ser
estendidas aos Conselheiros estaduais e distritais, no que se inclui o reconhecimento do foro por
prerrogativa de função durante o exercício do cargo, haja, ou não, relação de causalidade entre a infração
penal e o cargo.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Raul Araújo, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 16/8/2023, (Info. 783)

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete ao Superior Tribunal de Justiça, para os fins preconizados pela regra do foro por prerrogativa de
função, processar e julgar governador em exercício que deixou o cargo de vice-governador durante o
mesmo mandato, quando os fatos imputados digam respeito ao exercício das funções no âmbito do Poder
Executivo estadual.
STJ. QO no AgRg na APn 973-RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Rel. para acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, por maioria,
julgado em 3/5/2023. (Info 775).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A superveniente aposentadoria da autoridade detentora do foro por prerrogativa de função cessa a
competência do Superior Tribunal de Justiça para o processamento e julgamento do feito.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Francisco Falcão, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 7/12/2022, DJe 16/12/2022. (Info
762).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A prerrogativa de foro não se estende a terceiro que compartilhe imóvel com autoridade não investigada.
Nota: No caso, considerando que o detentor de foro por prerrogativa de função não é objeto investigação,
da
não há razão para se estender a terceiro a prerrogativa de foro, ainda que compartilhem o mesmo
domicílio.
A respeito do tema, o STF também já decidiu que a prerrogativa de foro se relaciona à autoridade, e não à
titularidade de um imóvel. No julgamento da Reclamação 36.956/SP, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes,
ficou definido que a questão central para validar a admissibilidade da diligência é a incomunicabilidade do
seu resultado com o titular da prerrogativa de foro.
STJ. Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe
7/11/2022. (Info 759).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não sendo o crime praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função, as regras
de competência não são alteradas pela superveniente posse no cargo de Prefeito Municipal.
STJ. REsp 1.982.779-AC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
14/09/2022, DJe 20/09/2022. (Info 755).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É inconstitucional, por violação ao princípio da simetria, norma de Constituição Estadual que confere foro
por prerrogativa de função a autoridades que não guardam semelhança com as que o detém na esfera
federal.
Nota: Julgado se refere a “Reitores de Universidades Públicas” e “Diretores Presidentes das entidades da
Administração Estadual Indireta.”
⇾ Mesmo sentido:
• É inconstitucional norma de constituição estadual que estende o foro por prerrogativa de função a
autoridades não contempladas pela Constituição Federal de forma expressa ou por simetria. STF. Plenário.
ADI 6501/PA, ADI 6508/RO, ADI 6515/AM e ADI 6516/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/8/2021 (Info 1026).
A CF/88 não previu foro por prerrogativa de função aos Vereadores e aos Vice-prefeitos. STF. Plenário. ADI 558/RJ,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/04/2021.
• É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função para
Defensores Públicos e Procuradores do Estado. Info. 1000, STF.
• É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no
Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de
Polícia. STF, Info 940.
STF. ADI 6511/RR, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 13.9.2022. (Info 1067)

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A competência penal originária do STF para processar e julgar parlamentares alcança os congressistas
federais no exercício de mandato em casa parlamentar diversa daquela em que consumada a hipotética
conduta delitiva, desde que não haja solução de continuidade.
Nota: Mandato cruzado.
STF. Precedente: AP 937 QO Inq 4342 QO/PR, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 1º.4.2022 (Info 1049).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A competência para o julgamento de crime praticado por Promotor de Justiça, em contexto que não guarda
relação com as atribuições do cargo, é do Tribunal de Justiça, revelando-se inviável a extensão do
entendimento exarado pelo STF na QO na AP 937.
STJ. 5ª Turma. HC 684.254-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 23/11/2021, DJe 29/11/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É indispensável a existência de prévia autorização judicial para a instauração de inquérito ou outro
procedimento investigatório em face de autoridade com foro por prerrogativa de função em Tribunal de
Justiça.
Nota: Em sentido diverso, em 23 de agosto de 2021, no julgamento do Habeas Corpus nº 177.992 AgR/GO,
a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que “o ato de instauração de inquérito ou procedimento
investigatório contra prefeitos municipais independe de autorização do Tribunal competente para processar
e julgar o detentor da prerrogativa de foro”:
"A jurisprudência tanto do Pretório Excelso quanto deste Sodalício é assente no sentido da desnecessidade
de prévia autorização do Judiciário para a instauração de inquérito ou procedimento investigatório criminal
contra agente com foro por prerrogativa de função, dada a inexistência de norma constitucional ou
infraconstitucional nesse sentido, conclusão que revela a observância ao sistema acusatório adotado pelo
Brasil, que prima pela distribuição das funções de acusar, defender e julgar a órgãos distintos. 3. O Superior
Tribunal de Justiça assentou o entendimento de que o mero indiciamento em inquérito policial, desde que
não seja abusivo e ocorra antes do recebimento da exordial acusatória, não constitui manifesto
constrangimento ilegal a ser sanável na via estreita do writ. (STJ, AgRg no HC 404228 / RJ, 5ª T, 01/03/2018)".
"Não há razão jurídica para condicionar a investigação de autoridade com foro por prerrogativa de função a
prévia autorização judicial. Note-se que a remessa dos autos ao órgão competente para o julgamento do
processo não tem relação com a necessidade de prévia autorização para investigar, mas antes diz respeito
ao controle judicial exercido nos termos do art. 10, § 3º, do Código de Processo Penal. De fato, o Código de
Ritos prevê prazos para que a investigação se encerre, sendo possível sua prorrogação pelo Magistrado.
Contudo, não se pode confundir referida formalidade com a autorização para se investigar, ainda que se
cuide de pessoa com foro por prerrogativa de função. Com efeito, na hipótese, a única particularidade se
deve ao fato de que o controle dos prazos do inquérito será exercido pelo foro por prerrogativa de função e
não pelo Magistrado a quo. 5. Habeas corpus não conhecido. (STJ, HC 421.315/PE, 5ª T, J. 21/08/2018). No
mesmo sentido: STJ, HC 400.532/PR, 5ª T, J. 19/02/2019."
ESQUEMATIZANDO: Se a Autoridade tiver foro no STF, sem dúvidas precisa da autorização. Fora do STF já há
uma discussão inclusive no STF se precisa ou não da autorização.
Para a instauração de inquérito policial
contra autoridades com foro especial perante outros Tribunais, não
há necessidade de prévia autorizaçãojudicial, este entendimento da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal
e das 5ª e 6ª Turmas do Superior Tribunal de Justiça.
CONTUDO MAIS RECENTE: em sentido diametralmente oposto, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal
tem precedentes recentes no sentido de que, para a instauração de inquérito policial contra autoridades com
foro especial por prerrogativa de função, é imprescindível prévia autorização do Tribunal competente para
processar e julgar a respectiva autoridade.
STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021 (Info 720).
No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 201965/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/11/2021 (Info 1040).
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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Compete aos tribunais de justiça estaduais processar e julgar os delitos comuns, não relacionados com o
cargo, em tese praticados por Promotores de Justiça.
Nota: considerando que a previsão da prerrogativa de foro da Magistratura e do Ministério Público encontra-
se descrita no mesmo dispositivo constitucional (art. 96, III, da CF/88), seria desarrazoado conferir-lhes
tratamento diferenciado.
STJ. 3ª Seção. CC 177.100-CE, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 08/09/2021 (Info 708).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Depois de anos sendo investigado em inquérito que tramitava no STF, o Ministro Relator declinou a
competência para apurar os crimes porque os fatos ocorreram antes de o investigado ser Deputado
Federal; logo, aplica-se o entendimento firmado na AP 937 QO.
Nota: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo
e relacionados às funções desempenhadas. Após o final da instrução processual, com a publicação do
despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações
penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que
ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018 (Info 900).
STF. Pet 7716 AgR/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 18.2.2020. (Pet-7716) – (Info 967)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Senador que pratica corrupção passiva que não está relacionada com seu cargo e que não ofende bens,
serviços ou interesse da União, deverá ser julgado em 1ª instância pela justiça comum estadual.
STF. 1ª Turma. Inq 4624 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/10/2019. (Info 955).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Eventual nulidade decorrente da inobservância da prerrogativa de foro não se estende aos agentes que
não se enquadrem nessa condição.
A usurpação da competência do STF não contamina os elementosprobatórios colhidos no que se refere aos
investigados que não possuem foro por prerrogativa de função.
STF. Plenário. Rcl 25537/DF e AC 4297/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 26/6/2019. (Info 945)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


STJ não é competente para julgar crime praticado por Governador no exercício do mandato se o agente
deixou o cargo e atualmente voltou a ser Governador por força de uma nova eleição.
Nota: o foro de prerrogativa exige contemporaneidade e pertinência temática entre os fatos em apuração e
exercício da função pública.
STJ. Corte Especial. QO na APn 874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2019. (Info 649)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não se aplicando em caso
de eleição para um novo mandato após o agente ter ficado sem ocupar função pública.
STF. 1ª Turma. RE 1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019. (Info 940)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STF entende que o recebimento de doação ilegal destinado à campanha de reeleição ao cargo de
Deputado Federal é um crime relacionado com o mandato parlamentar. Logo, a competência é do STF.
Além disso, mostra-se desimportante a circunstância de este delito ter sido praticado durante o mandato
anterior, bastando que a atual diplomação decorra de sucessiva e ininterrupta reeleição.
STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019. (Info 933)

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RETA FINAL
DELEGADO SÃO PAULO
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
JULGADOS RELEVANTES - SEMANA 04/12

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal não se relacionam
ao exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF.
Nota: Isso porque o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionado às funções desempenhadas (STF AP QO/RJ, Min. Barroso, julgado em 03/05/2018).
STF. 1ª Turma. Inq 4619 AgR-segundo/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/2/2019. (Info 931)
No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:
Com a decisão proferida pelo STF, em 03/05/2018, na AP 937 QO/RJ, todos os inquéritos e processos
criminais que estavam tramitando no Supremo envolvendo crimes não relacionados com o cargo ou com
a função desempenhada pela autoridade, foram remetidos para serem julgados em 1ª instância.
Nota: Isso porque o STF definiu, como 1ª tese, que “o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas”. O entendimento acima não se
aplica caso a instrução já tenha se encerrado. Em outras palavras, se a instrução processual já havia terminado, mantém-
se a competência do STF para o julgamento de detentores de foro por prerrogativa de função, ainda que o processo
apure um crime que não está relacionado com o cargo ou com a função desempenhada. Isso porque o STF definiu, como
2ª tese, que “após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público
vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.”
STF. 1ª Turma. AP 962/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 16/10/2018. (Info 920)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em que, não fosse
a prerrogativa de foro (art. 105, I, da CF/88), o desembargador acusado houvesse de responder à ação
penal perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal. Assim, mesmo que o crime cometido
pelo Desembargador não esteja relacionado com as suas funções, ele será julgado pelo STJ se a remessa
significar que o réu seria julgado por um juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo
para a 1ª instância
tribunal que o Desembargador. A manutenção do julgamento no STJ tem por objetivo preservar a isenção
(imparcialidade e independência) do órgão julgador.
STJ. Corte Especial. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018. (Info 639)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se uma pessoa sem foro por prerrogativa está sendo interceptada por decisão do juiz de 1ª instância e ela
liga para uma autoridade com foro (ex: Promotor de Justiça), a gravação desta conversa não é ilícita.
Nota: Isso porque se trata de encontro fortuito de provas (encontro fortuito de crimes), também chamado
de serendipidade ou crime achado. Se, após essa ligação, o Delegado ainda demora três dias para comunicar
o fato às autoridades competentes para apurar a conduta do Promotor, este tempo não é considerado
excessivo, tendo em vista a dinâmica que envolve as interceptações telefônicas. Assim, o STF decidiu que a
prerrogativa de foro de membro do Ministério Público é preservada quando a possível participação deste em
conduta criminosa é comunicada com celeridade ao Procurador-Geral de Justiça. Tais gravações, por serem
lícitas, podem servir como fundamento para que o CNMP aplique sanção de aposentadoria compulsória a
este Promotor.
STF. 1ª Turma. MS 34751/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2018. (Info 911)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime for
praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função.
STJ AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 20/06/2018, DJe 03/08/2018.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:

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DELEGADO SÃO PAULO
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
JULGADOS RELEVANTES - SEMANA 04/12

As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados
durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o
indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser
julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o
crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com
as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese:
O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO APLICA-SE APENAS AOS CRIMES
COMETIDOS DURANTE O EXERCÍCIO DO CARGO E RELACIONADOS ÀS FUNÇÕES
DESEMPENHADAS. APÓS O FINAL DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL, COM A
PUBLICAÇÃO DO DESPACHO DE INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE
ALEGAÇÕES FINAIS, A COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES PENAIS
NÃO SERÁ MAIS AFETADA EM RAZÃO DE O AGENTE PÚBLICO VIR A OCUPAR
OUTRO CARGO OU DEIXAR O CARGO QUE OCUPAVA, QUALQUER QUE SEJA O
MOTIVO.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018. (Info 900)

4. PRISÃO E LIBERDADE

4.1 Prisão em Flagrante

Veja “Audiência de Custódia”

4.2 Prisão Preventiva

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Viola o princípio da proporcionalidade a tentativa de compatibilizar a prisão preventiva com a imposição
do regime inicial de cumprimento de pena semiaberto ou aberto.
STF. HC 214.070 AgR/MG, relator Ministro Nunes Marques, redator do acórdão Ministro Dias Toffoli, julgamento finalizado em 20.6.2023 (INFO
1100)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Na análise do cabimento da prisão preventiva de pessoas em situação de rua, além dos requisitos legais
previstos no Código de Processo Penal, o magistrado deve observar as recomendações constantes da
Resolução n. 425 do CNJ, e, caso sejam fixadas medidas cautelares alternativas, aquela que melhor se
adequa a realidade da pessoa em situação de rua.
Nota: A questão referente a pessoas em situação de rua é complexa, demanda atuação conjunta e
intersetorial, e o cárcere, em situações como a que se apresenta nos autos, não se mostra como solução
adequada. Cabe aos membros do Poder Judiciário, ainda que atuantes somente no âmbito criminal, um olhar
atento a questões sociais atinentes aos réus em situação de rua, com vistas à adoção de medidas pautadas
sempre no princípio da legalidade, mas sem reforçar a invisibilidade desse grupo populacional.
STJ. HC 772.380-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 08/11/2022, DJe 16/11/2022. (Info 757).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Estando o advogado em cela individual, sem registro de eventual inobservância das condições mínimas de
salubridade e dignidade humanas, não se configura constrangimento ilegal em razão das instalações em
que se encontra recolhido.
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DELEGADO SÃO PAULO
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
JULGADOS RELEVANTES - SEMANA 04/12

STJ. AgRg no HC 765.212-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 04/10/2022.
(Info 753).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A necessidade de interrupção do ciclo delitivo de associações e organizações criminosas é fundamento
idôneo para justificar a custódia cautelar e a garantia da ordem pública.
STJ. 6ª Turma. HC 730.721-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 23/08/2022 (Info 746).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A mera imputação da prática dos crimes previstos na Lei n. 12.850/2013, em decorrência de operação
envolvendo compra ou venda de criptomoedas, por si só, não justifica a imposição automática da custódia
prisional.
STJ. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Quinta
Turma, por maioria, julgado em 21/06/2022, DJe 29/06/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A mera circunstância de o agente ter sido denunciado em razão dos delitos descritos na Lei n. 12.850/2013
não justifica a imposição automática da prisão preventiva, devendo-se avaliar a presença de elementos
concretos, previstos no art. 312 do CPP.
Nota: No que concerne à prisão preventiva, é cediço que a segregação cautelar é medida de exceção,
devendo estar fundamentada em dados concretos, quando presentes indícios suficientes de autoria e provas
de materialidade delitiva e quando demonstrada sua imprescindibilidade, nos termos do art. 312 do CPP.
Dado seu caráter excepcional, deve ainda estar evidenciada a insuficiência de outras medidas cautelares,
arroladas no art. 319 do CPP.
Conquanto os tribunais superiores admitam a prisão preventiva para interrupção da atuação de integrantes
de organização criminosa, a mera circunstância de o agente ter sido denunciado pelos delitos descritos na
Lei n. 12.850/2013 não justifica a imposição automática da custódia prisional.
STJ. HC 708.148-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por maioria, julgado em 05/04/2022. (Info
732).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Quando o acusado encontrar-se foragido, não há o dever de revisão ex officio da prisão preventiva, a cada
90 dias, exigida pelo art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal.
Nota: Mediante interpretação teleológica de viés objetivo - a qual busca aferir o fim da lei, e não a suposta
vontade do legislador, visto que aquela pode ser mais sábia do que este -, a finalidade da norma que impõe
o dever de reexame ex officio buscar evitar o gravíssimo constrangimento experimentado por quem, estando
preso, sofre efetiva restrição à sua liberdade, isto é, passa pelo constrangimento da efetiva prisão, que é
muito maior do que aquele que advém da simples ameaça de prisão. Não poderia ser diferente, pois somente
gravíssimo constrangimento, como o sofrido pela efetiva prisão, justifica o elevado custo despendido pela
máquina pública com a promoção desses numerosos reexames impostos pela lei.
Com efeito, não seria razoável ou proporcional obrigar todos os Juízos criminais do país a revisar, de ofício,
a cada 90 dias, todas as prisões preventivas decretadas e não cumpridas, tendo em vista que, na prática, há
réus que permanecem foragidos por anos.
STJ. RHC 153.528-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 29/03/2022, DJe 01/04/2022. (Info 731).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se justifica a prisão preventiva se, considerando o modus operandi dos delitos, a imposição da cautelar
de proibição do exercício da medicina e de suspensão da inscrição médica, e outras que o Juízo de origem
entender necessárias, forem suficientes para prevenção da reiteração criminosa e preservação da ordem
pública.
STJ. 5ª Turma. HC 699.362-PA, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado
em 08/03/2022 (Info 728).

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DELEGADO SÃO PAULO
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JULGADOS RELEVANTES - SEMANA 04/12

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O transcurso do prazo previsto no parágrafo único do art. 316 do Código de Processo Penal não acarreta,
automaticamente, a revogação da prisão preventiva e, consequentemente, a concessão de liberdade
provisória.
A exigência da revisão nonagesimal quanto à necessidade e adequação da prisão preventiva aplica-se até o
final dos processos de conhecimento.
Nota: O parágrafo único do art. 316 do CPP se aplica para:
• o juízo em 1ª instância: SIM
• o TJ ou TRF: SIM (tanto nos processos de competência originária do TJ/TRF – foro por prerrogativa de função
– como também durante o tempo em que se aguarda o julgamento de eventual recurso interposto contra
decisão de 1ª instância).
• o STJ/STF: em regra, não. Encerrado o julgamento de segunda instância, não se aplica o art. 316, parágrafo
único, do CPP.
Exceção: caso se trate de uma ação penal de competência originária do STJ/STF.
Em conclusão, o art. 316, parágrafo único, do CPP aplica-se:
a) até o final dos processos de conhecimento, onde há o encerramento da cognição plena pelo Tribunal de
segundo grau;
b) nos processos onde houver previsão de prerrogativa de foro. Por outro lado, o art. 316, parágrafo único,
do CPP não se aplica para as prisões cautelares decorrentes de sentença condenatória de segunda instância
ainda não transitada em julgado.
O art. 316, parágrafo único, do CPP aplica-se até o final do processo de conhecimento, o que se encerra com
a cognição plena pelo Tribunal de segundo grau.
Assim, nos casos em que se aguarda o julgamento da apelação, o TJ ou TRF têm a obrigação de revisar
periodicamente a prisão, nos termos do art. 316, parágrafo único, do CPP.
STF. Plenário. ADI 6581/DF e ADI 6582/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgados em 8/3/2022 (Info 1046).
⚠ Memorize o que vale atualmente: o parágrafo único do art. 316 do CPP também se aplica para os Tribunais
de Justiça e Tribunais Regionais Federais.
STF. Plenário. ADI 6581/DF e ADI 6582/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgados em 8/3/2022 (Info
1046).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A determinação do magistrado pela cautelar máxima, em sentido diverso do requerido pelo Ministério
Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser considerada como atuação ex officio.
Nota: Essa situação envolve três interessantes temas:
1) É possível atualmente que o juiz decrete, de ofício, a prisão preventiva? Não. Após o advento da Lei nº
13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível a conversão da prisão em flagrante em preventiva sem
provocação por parte ou da autoridade policial, do querelante, do assistente, ou do Ministério Público.
2) É possível que o juiz decrete, de ofício, a prisão preventiva do indivíduo nos casos de violência doméstica
com base art. 20 da Lei Maria da Penha? Não. O art. 20 da Lei Maria da Penha não é uma exceção à regra
acima exposta. A proibição de decretação da prisão preventiva de ofício também se estende para o art. 20
da Lei Maria da Penha. Se você reparar o art. 20 da Lei nº 11.340/2006 ele continua dizendo, textualmente,
que o juiz pode decretar a prisão preventiva de ofício nos casos envolvendo violência doméstica. Ocorre que
esse art. 20 da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) destoa do atual regime jurídico. A atuação do juiz de
ofício é vedada independentemente do delito praticado ou de sua gravidade, ainda que seja de natureza
hedionda, e deve repercutir no âmbito da violência doméstica e familiar.
3) Se o MP pediu a aplicação de medida cautelar diversa da prisão, o juiz está autorizado a decretar a prisão?
Sim. A decisão que decreta a prisão preventiva, desde que precedida da necessária e prévia provocação do
Ministério Público, formalmente dirigida ao Poder Judiciário, mesmo que o magistrado decida pela cautelar
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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
JULGADOS RELEVANTES - SEMANA 04/12

pessoal máxima, por entender que apenas medidas alternativas seriam insuficientes para garantia da ordem
pública, não deve ser considerada como de ofício. Isso porque uma vez provocado pelo órgão ministerial a
determinar uma medida que restrinja a liberdade do acusado em alguma medida, deve o juiz poder agir de
acordo com o seu convencimento motivado e analisar qual medida cautelar pessoal melhor se adequa ao
caso. Impor ou não cautelas pessoais, de fato, depende de prévia e indispensável provocação. Entretanto, a
escolha de qual delas melhor se ajusta ao caso concreto há de ser feita pelo juiz da causa. Entender de forma
diversa seria vincular a decisão do Poder Judiciário ao pedido formulado pelo Ministério Público, de modo a
transformar o julgador em mero chancelador de suas manifestações, ou de lhe transferir a escolha do teor
de uma decisão judicial.
⚠ ATENÇÃO! EM SENTIDO CONTRÁRIO -Se o requerimento do Ministério Público limita-se à aplicação de
medidas cautelares ao preso em flagrante, é vedado ao juiz decretar a medida mais gravosa - prisão
preventiva -, por configurar uma atuação de ofício. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 754.506-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 22/08/2022.
STJ. 6ª Turma. RHC 145.225-RO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/02/2022 (Info 725).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É idônea a fundamentação do decreto prisional assentada na periculosidade do agente, evidenciada
pelo modus operandi, e na necessidade de interromper atuação de líder de organização criminosa voltada
para a prática de crimes informáticos.
STJ. HC 574.573-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 22/06/2021, DJe 28/06/2021 (Edição
Extraordinário n. 4).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A complexidade da causa penal e o caráter multitudinário
do feito (dezoito réus, no caso), justificam uma
maior duração do processo, salvo quando eventual retardamento se dê em virtude da inércia do Poder
Judiciário, fato já afastado no presente caso.
STF. 2ª Turma. AgRg no HC 199.238, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 14/06/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não é possível que o juiz, de ofício, decrete a prisão preventiva; vale ressaltar, no entanto, que, se logo
depois de decretar, a autoridade policial ou o MP requererem a prisão, o vício de ilegalidade que maculava
a custódia é suprido.
Nota: O que acontece se o juiz decretar a prisão preventiva de ofício (sem requerimento)?
• Regra: a prisão deverá ser relaxada por se tratar de prisão ilegal.
• Exceção: se, após a decretação, a autoridade policial ou o Ministério Público requererem a prisão, o vício
de ilegalidade que maculava a custódia é suprido (convalidado) e a prisão não será relaxada. O posterior
requerimento da autoridade policial pela segregação cautelar ou manifestação do Ministério Público
favorável à prisão preventiva suprem o vício da inobservância da formalidade de prévio requerimento.
STJ. 5ª Turma. AgRg RHC 136.708/MS, Rel. Min. Felix Fisher, julgado em 11/03/2021. (Info 691)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não é possível a decretação “ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em juízo ou no curso
de investigação penal), inclusive no contexto de audiência de custódia, sem que haja, mesmo na hipótese
da conversão a que se refere o art. 310, II, do CPP, prévia, necessária e indispensável provocação do
Ministério Público ou da autoridade policial.
Nota: Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º, e do art. 311,
ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio ‘requerimento das
partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante
requerimento do Ministério Público’, não mais sendo lícito, portanto, com base no ordenamento jurídico
vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo processante em tema de privação cautelar da liberdade. A

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interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz dos arts. 282, § 2º, e 311, significando que se
tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante
de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal
provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou do
assistente do MP.
STJ. 5ª Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020.
Mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 06/10/2020. STJ. 3ª Seção. RHC 131263, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 24/02/2021 (Info 686). STF. 2ª Turma. HC 192532 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 24/02/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É cabível prisão preventiva no crime de embriaguez ao volante quando se tratar de réu reincidente com
risco de reiteração delitiva.
STJ. 6ª Turma. RHC 132.611/GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 02/02/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do Código de Processo Penal não implica automática
revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a reavaliar a legalidade e a
atualidade de seus fundamentos.
STF. Plenário. SL 1395 MC Ref/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14 e 15/10/2020 (Info 995)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STJ não concede liberdade para o acusado preso preventivamente sob o argumento de que, ao final, se
condenado, ele receberá regime diverso do fechado.
Nota: Assim, não há que se falar em ofensa ao princípio
da homogeneidade das medidas cautelares porque
não cabe ao STJ, em um exercício de futurologia, antecipar
a provável colocação da paciente em regime
aberto/semiaberto ou a substituição da sua pena de prisão por restritiva de direitos.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 559.434/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 19/05/2020.
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.502/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/05/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A manutenção da prisão preventiva exige a demonstração de fatos concretos e atuais que a justifiquem.
STF. HC 179859 AgR/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.3.2020. (HC-179859) (Info 968)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam gestantes,
puérperas, mães de crianças ou mães de pessoas com deficiência. No entanto, nem toda mãe de criança
deverá ter direito à prisão domiciliar ou
a receber medida alternativa à prisão, porque pode haver
situações em que o crime é grave e o convívio
com a mãe pode prejudicar o desenvolvimento do menor.
STF. 1ª Turma. HC 168900/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/9/2019. (Info 953).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A liberdade de um indivíduo suspeito da prática de infração penal somente pode sofrer restrições se
houver decisão judicial devidamente fundamentada, amparada em fatos concretos, e não apenas em
hipóteses ou conjecturas. A prisão cautelar, portanto, constitui medida de natureza excepcional e não
pode ser utilizada como instrumento de punição antecipada do réu.
HC 152676/PR, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 9.4.2019 - (Info 937-STF)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Deve ser concedida a liberdade provisória a réu primário preso preventivamente sob a imputação de
tráfico de drogas por ter sido encontrado com 887,89 gramas de maconha e R$ 1.730,00.
Nota: O STF considerou genéricas as razões da segregação cautelar do réu. Além disso, reconheceu como de
pouca nocividade a substância entorpecente apreendida (maconha). Reputou que a prisão de jovens pelo
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tráfico de pequena quantidade de maconha é mais gravosa do que a eventual permanência em liberdade,
pois serão fatalmente cooptados ou contaminados por uma criminalidade mais grave ao ingressarem no
ambiente carcerário.
STF. 1ª Turma. HC 140379/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018. (Info 921)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É ilegal a decisão judicial que, ao decretar a prisão preventiva, descreve a conduta do paciente de forma
genérica e imprecisa.
STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018.
(Info 914)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é motivo idôneo para justificar a
prisão preventiva do réu.
STJ. 6ª Turma. HC 437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/06/2018. (Info 632)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não é cabível a substituição da prisão preventiva pela domiciliar quando o crime é praticado na própria
residência da agente, onde convive com filhos menores de 12 anos.
STJ. 6ª Turma. HC 441.781-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/06/2018. (Info 629)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STF reconheceu a existência de inúmeras mulheres grávidas e mães de crianças que estavam cumprindo
prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados médicos pré-natais e pós-parto.
Nota: Além disso, não havia berçários e creches para seus filhos. Também se reconheceu a existência, no
Poder Judiciário, de uma “cultura do encarceramento”, que significa a imposição exagerada e irrazoável de
prisões provisórias a mulheres pobres e vulneráveis, em decorrência de excessos na interpretação e aplicação
da lei penal e processual penal, mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter humanitário,
abrigadas no ordenamento jurídico vigente.
A Corte admitiu que o Estado brasileiro não tem condições de garantir cuidados mínimos relativos à
maternidade, até mesmo às mulheres que não estão em situação prisional. Diversos documentos
internacionais preveem que devem ser adotadas alternativas penais ao encarceramento, principalmente
para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado. É o caso, por exemplo,
das Regras de Bangkok.
Os cuidados com a mulher presa não se direcionam apenas a ela, mas igualmente aos seus filhos, os quais
sofrem injustamente as consequências da prisão, em flagrante contrariedade ao art. 227 da Constituição,
cujo teor determina que se dê prioridade absoluta à concretização dos direitos das crianças e adolescentes.
STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018. (Info 891)

4.3 Prisão Domiciliar do CPP

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O afastamento da prisão domiciliar para mulher gestante ou mãe de filho menor de 12 anos exige
fundamentação idônea e casuística, independentemente de comprovação de indispensabilidade da sua
presença para prestar cuidados ao filho, sob pena de infringência ao art. 318, inciso V, do CPP, inserido
pelo Marco Legal da Primeira Infância (Lei n. 13.257/2016).
STJ. AgRg no HC 805.493-SC, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por maioria, julgado em 20/6/2023, DJe 23/6/2023. (Info 780)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A utilização do próprio filho para a prática de crimes, por se tratar de situação de risco ao menor, obsta a
concessão de prisão domiciliar.
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STJ. AgRg no HC 798.551-PR, Rel. Ministro Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
28/2/2023. (Info 765).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A concessão de prisão domiciliar às genitoras de menores de até 12 anos incompletos não está
condicionada à comprovação da imprescindibilidade dos cuidados maternos, que é legalmente presumida.
STJ. 5a Turma. AgRg no HC 731.648-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por maioria, julgado
em 07/06/2022, DJe 23/06/2022. (Info 742).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A apreensão de grande quantidade e variedade de drogas não impede a concessão da prisão domiciliar à
mãe de filho menor de 12 anos se não demonstrada situação excepcional de prática de delito com violência
ou grave ameaça ou contra seus filhos, nos termos do art. 318-A, I e II, do CPP.
Nota: Isso porque, o fundamento relacionado à apreensão de grande quantidade e variedade de
entorpecentes não impede a concessão da prisão domiciliar se não demonstrados outros motivos que
evidenciam que a conduta praticada representa risco à ordem pública, como indícios de comércio ilícito no
local em que a agente cria os menores, nos termos da jurisprudência desta Corte.
STJ. AgRg no HC 712.258-SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
29/03/2022, DJe 01/04/2022 (Info 733).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Excepcionalmente, admite-se a concessão da prisão domiciliar às presas dos regimes fechado ou
semiaberto quando verificado pelo juízo da execução penal, no caso concreto, a proporcionalidade,
adequação e necessidade da medida, e que a presença da mãe seja imprescindível para os cuidados da
criança ou pessoa com deficiência, não sendo caso de crimes praticados por ela mediante violência ou
grave ameaça contra seus descendentes.
Nota:
⚠ Mas CUIDADO! É possível aplicar a decisão do STF no HC 143641/SP ou o art. 318-A do CPP para os casos
de cumprimento definitivo da pena em que a acusada foi condenada aos regimes fechado ou semiaberto? A
jurisprudência está dividida:
• STF: não. Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença condenatória transitada em
julgado e ela não preencher os requisitos do art. 117 da LEP.
• Em caso de execução definitiva da pena, a prisão domiciliar deve observar o que dispõe o art. 117 da LEP.
Não se aplica o que o STF decidiu no HC 143.641/SP nem tampouco o art. 318-A do CPP, que se referem
exclusivamente a prisão cautelar. STF. 1ª Turma. HC 177164/PA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967). STF. 1ª Turma.
HC 185404 AgR, Rel. Rosa Weber, julgado em 23/11/2020.
STJ. 3ª Seção. RHC 145.931-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 09/03/2022 (Info 728).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Período em que o indivíduo esteve em prisão domiciliar deve ser considerado para fins de detração da
pena.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AgRg nos EDcl no HC 442.538/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Tem direito à substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar os pais, caso sejam os únicos
responsáveis pelos cuidados de menor de 12 anos ou de pessoa com deficiência, bem como outras pessoas
presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem imprescindíveis aos cuidados especiais de pessoa menor
de 6 anos ou com deficiência desde que observados os requisitos do art. 318 do Código de Processo Penal
e não praticados crimes mediante violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes.
Nota: Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se:
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1) a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça;


2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos);
3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes
que denegarem o benefício.
STF. 2ª Turma. HC 143641/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
Lei nº 13.769/2018, Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável
por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I - não tenha
cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou
dependente.
STF. 2ª Turma. HC 165704/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/10/2020. (Info 996)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Qualquer prisão processual deve ser detraída da pena final imposta, não importa o local de seu
cumprimento - cadeia, domicílio ou hospital -, devendo, portanto, a decisão ser mantida por seus próprios
fundamentos. Assim, mesmo o tempo em que o indivíduo ficou em prisão domiciliar também deve ser
detraído do tempo total de pena.
Nota: O cumprimento de prisão domiciliar, por comprometer o status libertatis da pessoa humana, deve ser
reconhecido como pena efetivamente cumprida para fins de detração da pena, em homenagem ao princípio
da proporcionalidade e em apreço ao princípio do non bis in idem. STJ. 5ª Turma. HC 459.377/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 04/09/2018.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AgRg nos EDcl no HC 442.538/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A prisão domiciliar do art. 318 do CPP só se aplica paraos casos de prisão preventiva, não podendo ser
utilizado quando se tratar de execução definitiva de título condenatório (sentença condenatória transitada
em julgado).
Nota: Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença condenatória transitada em
julgado e ela não preencher os requisitos do art. 117 da LEP.
STF. HC 177164/PA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18.2.2020. (HC-177164) – (Info 967)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em um caso concreto, o STF entendeu que deveria conceder prisão humanitária (art. 318, II, do CPP) ao
réu tendo em vista o alto risco de saúde, a grande possibilidade de desenvolver infecções no cárcere e a
impossibilidade de tratamento médico adequado na unidade prisional ou em estabelecimento hospitalar
— tudo demonstrado satisfatoriamente no laudo pericial. Considerou-se que a concessão da medida era
necessária para preservar a integridade física e moral do paciente, em respeito à dignidade da pessoa
humana (art. 1º, III, da CF).
STF. 2ª Turma. HC 153961/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/3/2018. (Info 895)

4.4 Outros Temas

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É incompatível com a Constituição Federal de 1988 — por ofensa ao princípio da isonomia (CF/1988, arts.
3º, IV; e 5º, “caput”) — a previsão contida no inciso VII do art. 295 do Código de Processo Penal (CPP) que
concede o direito a prisão especial, até decisão penal definitiva, a pessoas com diploma de ensino superior.
STF. ADPF 334/DF, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 31.3.2023. (Info 1089)

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A escolha pelo Magistrado de medidas cautelares pessoais, em sentido diverso das requeridas pelo
Ministério Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser considerada como atuação ex
officio.
Nota: In casu, na audiência de custódia, o Ministério Público manifestou-se pela concessão de liberdade
provisória mediante o pagamento de fiança. O Juízo singular acolheu o pleito e fixou, também, a medida de
recolhimento domiciliar em período noturno e nos dias de folga.
A determinação do magistrado, em sentido diverso do requerido pelo Ministério Público, pela autoridade
policial ou pelo ofendido, não pode ser considerada como atuação ex officio, uma vez que lhe é permitido
operar conforme os ditames legais, desde que previamente provocado, no exercício de sua jurisdição.
Não há que se falar em ofensa ao princípio acusatório ou ao da correlação, porquanto, depois de
devidamente provocado é o juízo que tem a responsabilidade de analisar a suficiência das medidas cautelares
à luz do caso concreto, sempre com vistas à garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, como prescreve o art.
312, caput, do CPP.
STJ. AgRg no HC 626.529-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 26/04/2022, DJe 03/05/2022. (Info
735)

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A decretação de prisão temporária somente é cabível quando:
(i) for imprescindível para as investigações do inquérito policial;
(ii) houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado;
(iii) for justificada em fatos novos ou contemporâneos;
(iv) for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do
indiciado; e
(v) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas.
STF. Plenário. ADI 3360/DF e ADI 4109/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, redator para o acórdão Min. Edson Fachin, julgados em 11/2/2022 (Info 1043).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em razão da pandemia de covid-19, concede-se a ordem para a soltura de todos os presos a quem foi
deferida liberdade provisória condicionada ao pagamento de fiança e que ainda se encontram submetidos
à privação cautelar em razão do não pagamento do valor. Não se mostra proporcional, neste período de
pandemia, a manutenção dos réus na prisão, tão somente em razão do não pagamento da fiança, visto
que os casos - notoriamente de menor gravidade – não revelam a excepcionalidade imprescindível para o
decreto preventivo.
STJ. 3ª Seção. HC 568693-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 14/10/2020 (Info 681).

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se conhece de habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ que nega
liminar mantendo decisão do TJ que determinou a execução provisória da pena em caso de condenação
pelo Tribunal do Júri.
Nota: aplica-se o raciocínio da Súmula 691- STF.
O caso concreto envolve uma condenação pelo Tribunal do Júri. Alguns Ministros do STF que entendem que
seria possível a execução provisória da pena nas condenações do Tribunal do Júri. Isso porque, em razão da
soberania dos vereditos, o Tribunal não pode reexaminar os fatos decididos pelos jurados.
MAS VEJA: Pendente de julgamento no STF o Tema n. 1.068, em que se discute a constitucionalidade do art.
492, I, do CPP, deve ser reafirmado o entendimento do STJ de impossibilidade de execução provisória da
pena mesmo em caso de condenação pelo tribunal do júri com reprimenda igual ou superior a 15 anos de
reclusão. STJ AgRg no HC 714.884-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha,
Quinta Turma, por maioria, julgado em 15/03/2022, DJe 24/03/2022.
STF. 1ª Turma. HC 175808/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/12/2019. (Info 964)
Mesmo sentido: STF. Plenário. HC 170263, Rel. Edson Fachin, julgado em 22/06/2020 (Info 985).
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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se o Tribunal de 2ª instância determinou a execução provisória da pena, mas o juiz já havia negado o direito
do condenado de recorrer em liberdade, não cabe a soltura do réu com base no novo entendimento do
STF de que é proibida a execução provisória da pena.
Nota: a manutenção da prisão não foi apenas por conta da execução provisória da pena.
STF. 1ª Turma. HC 176723/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/12/2019. (Info 964)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não é possível a execução provisória da pena mesmo em caso de condenações pelo Tribunal do Júri.
Nota: Em dezembro de 2019, foi inserido no ordenamento jurídico o “Pacote Anticrime” com a seguinte
redação: “Art. 492. ..................................................................................................
I - ...............................................................................................................................................
...................................................................................................................................................
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos
da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão,
DETERMINARÁ A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DAS PENAS, com expedição do mandado de prisão, se for o caso,
sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
...................................................................................................................................................
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, DEIXAR DE AUTORIZAR A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DAS PENAS
de que trata a alíneado e inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo
tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação.”
Assim, deve-se ficar atento aos próximos entendimentos dos Tribunais acerca do tema.
STF. 2ª Turma. HC 163814 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 19/11/2019
em (Info 960).
Mesmo sentido: STF. 1ª Turma. ARE 1066359 AgR/AL, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/11/2019 (Info 961).
STF. 2ª Turma. HC 136223, Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, julgado em 25/04/2017 STJ. 5ª Turma. HC 438.088, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 24/05/2018. STJ. Presidente Min. Laurita Vaz, em decisão monocrática no HC 458.249, julgado em 12/07/2018.
E MAIS RECENTE: Pendente de julgamento no STF o Tema n. 1.068, em que se discute a constitucionalidade do art. 492, I, do CPP, deve ser
reafirmado o entendimento do STJ de impossibilidade de execução provisória da pena mesmo em caso de condenação pelo tribunal do júri com
reprimenda igual ou superior a 15 anos de reclusão.
AgRg no HC 714.884-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma,
por maioria, julgado em 15/03/2022, DJe 24/03/2022.
Obs.: existe decisão da 1ª Turma em sentido contrário, ou seja, afirmando que “a prisão de réu condenado por decisão do Tribunal do Júri, ainda que
sujeita a recurso, não viola o princípio constitucional da presunção de inocência ou não-culpabilidade.” (STF. 1ª Turma. HC 118770, Relator p/ Acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 07/03/2017).
Há ainda, STF. 1ª Turma. HC 140449/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/11/2018 (Info 922), também
no sentido: É possível a execução da condenação pelo Juiz Presidente do Tribunal do Júri, independentemente do julgamento da apelação ou de
qualquer outro recurso, em face do princípio da soberania dos veredictos. Assim, nas condenações pelo Tribunal do Júri não é necessário aguardar
julgamento de recurso em segundo grau de jurisdição para a execução da pena.
Vale ressaltar, contudo, que as decisões foram tomada antes do resultado das ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, julgadas em 7/11/2019. Além
disso, verifique a nota abaixo.
Súmula 643-STJ: A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julgado da condenação. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/02/2021.

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O art. 283 do CPP, que exige o trânsito em julgado da condenação para que se inicie o cumprimento da
pena, é constitucional, sendo compatível com o princípio da presunção de inocência, previsto no art. 5º,
LVII, da CF/88. Assim, é proibida a chamada “execução provisória da pena”.
Nota:
• Súmula nº 643, STJ. A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julgado da
condenação. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/02/2021.
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019. (Info 958)

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A SV 56 destina-se com exclusividade aos casos de cumprimento de pena, ou seja, aplica


-se tão somente
ao preso definitivo ou àquele em execução provisória da condenação. Não se pode estender a citada
súmula vinculante ao preso provisório (prisão preventiva).
Nota: Súmula vinculante 56-STF- A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os parâmetros fixados
no Recurso Extraordinário (RE) 641320.
STJ. 5ª Turma. RHC 99.006/PA, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 07/02/2019. (Info 642)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da defesa, determine
transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário federal.
STJ. Terceira Seção, julgado em 27/11/2018, DJe 5/12/2018. (Info 660)
Súmula 639, STJ

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