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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA

CICLO I - SEMANA 03

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS 30 SEMANAS
CICLO I – SEMANA 03

COMO UTILIZAR O MATERIAL

Este material de apoio deve ser lido semanalmente aos sábados. A ideia é que, por meio da
leitura recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ. Em caso de dúvida
sobre o teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site Dizer o Direito e estude o
informativo na íntegra, já que nosso objetivo é somente trazer os principais pontos de forma
a facilitar os estudos e revisão.

Observação: foram inseridos também os julgados considerados MAIS IMPORTANTES com data
anterior ao ano de 2018.

Sumário
Sumário ......................................................................................................................................... 2
SEMANA 03 ................................................................................................................................... 3
DIREITO PROCESSUAL PENAL ........................................................................................................ 3
1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ......................................................................................................... 3
2. AÇÃO PENAL .............................................................................................................................. 9
2.1 Denúncia ............................................................................................................................................ 9
2.2 Citação.............................................................................................................................................. 11
2.3 Sentença/Decisão............................................................................................................................. 12
2.4 Assistente de Acusação .................................................................................................................... 12

3. COMPETÊNCIA ......................................................................................................................... 12
3.1 Competência .................................................................................................................................... 13
3.2 Competências Das Justiças Federais X Justiça Estadual ................................................................... 17
3.3 Conflitos de Atribuições ................................................................................................................... 19
3.4 Foro por Prerrogativa de Função ..................................................................................................... 19

4. PRISÃO E LIBERDADE ............................................................................................................... 25


4.1 Prisão em Flagrante ......................................................................................................................... 25
4.2 Prisão Preventiva ............................................................................................................................. 25
4.3 Prisão Domiciliar do CPP .................................................................................................................. 31

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SEMANA 03
DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Empresas que prestam serviços de aplicação na internet em território brasileiro devem
necessariamente se submeter ao ordenamento jurídico pátrio, independentemente da
circunstância de possuírem filiais no Brasil e/ou realizarem armazenamento em nuvem.
Nota: o fato de determinada empresa estar sediada nos Estados Unidos não tem o condão
de eximi-la do cumprimento das leis e decisões judiciais brasileiras, uma vez que disponibiliza
seus serviços para milhões de usuários que se encontram em território brasileiro.

STJ RMS 66.392-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 19/08/2022
(Info 750).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Há excesso de prazo para conclusão de inquérito policial, quando, a despeito do investigado
se encontrar solto e de não sofrer efeitos de qualquer medida restritiva, a investigação
perdura por longo período e não resta demonstrada a complexidade apta a afastar o
constrangimento ilegal.
Nota: Mostra-se inadmissível que, no panorama atual, em que o ordenamento jurídico pátrio
é norteado pela razoável duração do processo (no âmbito judicial e administrativo) - cláusula
pétrea instituída expressamente na Constituição Federal pela Emenda Constitucional n.
45/2004 -, um cidadão seja indefinidamente investigado, transmutando a investigação do
fato para a investigação da pessoa.
O fato de o paciente não ter sido indiciado ou não sofrer os efeitos de qualquer medida
restritiva, por si só, não indica ausência de constrangimento, considerando que a simples
existência da investigação, que no caso está relacionada ao exercício profissional do paciente,
já é, como disse o Ministro Antonio Saldanha Palheiro, por ocasião do julgamento do RHC
135.299/CE, uma estigmatização decorrente da condição de suspeito de prática delitiva. O
constrangimento é patente.
STJ. HC 653.299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por maioria, julgado em 16/08/2022,
DJe 25/08/2022. (Info 747).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É constitucional a norma de Regimento Interno de Tribunal de Justiça que condiciona a
instauração de inquérito à autorização do desembargador-relator nos feitos de
competência originária daquele órgão.

STF. Plenário. ADI 7083/AP, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 13/5/2022 (Info 1054).

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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O art. 69 da Lei dos Juizados Especiais, ao dispor que “a autoridade policial que tomar
conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado” não se refere exclusivamente
à polícia judiciária, englobando também as demais autoridades legalmente reconhecidas.
Nota: É constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos
circunstanciados pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar. O termo
circunstanciado é o instrumento legal que se limita a constatar a ocorrência de crimes de
menor potencial ofensivo, motivo pelo qual não configura atividade investigativa e, por via
de consequência, não se revela como função privativa de polícia judiciária.

STF. Plenário. ADI 5637/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/3/2022 (Info 1046).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É ilegal a utilização, por parte do MP, de peça sigilosa obtida em procedimento em curso no
STF para abertura de procedimento investigatório criminal em 1ª instância com objetivo de
apuração dos mesmos fatos já investigados naquela Corte.
STJ. 5ª Turma. RHC 149.836-RS, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT), Rel.
Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 15/02/2022 (Info 726).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É indispensável a existência de prévia autorização judicial para a instauração de inquérito
ou outro procedimento investigatório em face de autoridade com foro por prerrogativa de
função em Tribunal de Justiça.

STF. 2ª Turma. HC 201965/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/11/2021 (Info 1040).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Eventual nulidade na oitiva do acusado no curso da investigação preliminar não tem o
condão de nulificar o recebimento da denúncia e a ação penal deflagrada, quando existam
elementos autônomos que sustentam a decisão impugnada. Ademais, cabe ressaltar que
eventuais vícios na fase extrajudicial não contaminam o processo penal, dada a natureza
meramente informativa do inquérito policial.
Nota: Eventuais irregularidades ocorridas no inquérito policial não contaminam a ação penal.
STJ. 6ª Turma. RHC n. 112.336/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/11/2019. O inquérito
policial constitui procedimento administrativo, de caráter informativo, cuja finalidade
consiste em subsidiar eventual denúncia a ser apresentada pelo Ministério Público, razão pela
qual irregularidades ocorridas não implicam, de regra, nulidade de processo-crime. STF. 1ª
Turma.HC 169.348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 124.024/SP. Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/09/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


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Não haverá infiltração policial se o agente apenas representa a vítima nas negociações de
extorsão.
Nota: Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob
identidade falsa, apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se
introduzir ou se infiltrar na organização criminosa com o propósito de identificar e angariar a
confiança de seus membros ou obter provas sobre a estrutura e o funcionamento do bando.
STJ. 6ª Turma. HC 512290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É legal o auxílio da agência de inteligência ao Ministério Público Estadual durante
procedimento criminal instaurado para apurar graves crimes em contexto de organização
criminosa.
STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020. (Info 677)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É lícita a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do
outro.
Nota: As inovações do Pacote Anticrime na Lei n. 9.296/1996 não alteraram o entendimento
de que é lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores
sem conhecimento do outro.
STJ. 6ª Turma. HC 512290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Ação controlada do art. 8º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 exige apenas comunicação prévia (e
não autorização judicial).
Nota: A ação controlada prevista no § 1º do art. 8º da Lei nº 12.850/2013 independe de
autorização, bastando sua comunicação prévia à autoridade judicial.
STJ. 6ª Turma. HC 512290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É constitucional o Inquérito instaurado para investigar “fake news” e ameaças contra o STF.
Nota: julgado importante. Recomenda-se a leitura completa.
O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito, para ser constitucional, deve cumprir as
seguintes condicionantes: a) o procedimento deve ser acompanhado pelo Ministério Público;
b) deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante. c) o objeto do
inquérito deve se limitar a investigar manifestações que acarretem risco efetivo à
independência do Poder Judiciário (art. 2º da CF/88). Isso pode ocorrer por meio de ameaças
aos membros do STF e a seus familiares ou por atos que atentem contra os Poderes
instituídos, contra o Estado de Direito e contra a democracia; e, por fim, d) a investigação
deve respeitar a proteção da liberdade de expressão e de imprensa, excluindo do escopo do
inquérito matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras manifestações
(inclusive pessoais) na internet, feitas anonimamente ou não, desde que não integrem
esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais. O art. 43 do RISTF prevê
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o seguinte: “Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o
Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou
delegará esta atribuição a outro Ministro.” Muito embora o dispositivo exija que os fatos
apurados ocorram na “sede ou dependência” do próprio STF, o caráter difuso dos crimes
cometidos por meio da internet permite estender (ampliar) o conceito de “sede”, uma vez
que o STF exerce jurisdição em todo o território nacional. Logo, os crimes objeto do inquérito,
contra a honra e, portanto, formais, cometidos em ambiente virtual, podem ser considerados
como cometidos na sede ou dependência do STF. (dizer o direito)
STF. Plenário. ADPF 572 MC/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17 e 18/6/2020. (Info 982)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios
Públicos estaduais.

STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para ser decretada a medida de busca e apreensão, é necessário que haja indícios mais
robustos que uma simples notícia anônima.

STF. 2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos colhidos
em inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal
considerando que a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei 10.446/2002.

STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019 (Info 964).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se o PGJ decidir arquivar um PIC instaurado no exercício de sua competência originária,
ele não precisará submeter esse arquivamento ao Poder Judiciário, não se aplicando o
art. 28 do CPP.
STF. Rcl 29303 AgR/RJ, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 12.12.2019. (Rcl-29303). (Info 963)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É possível o compartilhamento, sem autorização judicial, dos relatórios de inteligência
financeira da UIF e do procedimento fiscalizatório da Receita Federal com a Polícia e o
Ministério Público.
Nota: Deve ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente
instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional. Além disso, o compartilhamento
pela UIF e pela RFB deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com

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garantia de sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos


de apuração e correção de eventuais desvios.
STF. RHC 170559/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 3.12.2019. (RHC-170559) (Info 962)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística.

STJ. 6ª Turma. RHC 98.056-CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 04/06/2019. (Info 652)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É desnecessária a remessa de cópias dos autos ao Órgão Ministerial prevista no art. 40 do
CPP, que, atuando como custos legis, já tenha acesso aos autos.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.338.699-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 22/05/2019. (Info 649)
Em sentido contrário: STJ, 2ª Turma. Resp. 1.360.534-RS, julgado em 7/3/2013. (Info 519)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do
investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial.
Nota: A Lei n° 13.245/2016 reforçou as prerrogativas dos advogados, mas não conferiu à
defesa técnica o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário de
intimações a ser definido pela autoridade policial.
STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019. (Info 933)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem
duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: a)
Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art.
18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas
as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por
prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial
obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade.
Nota: O ato de indiciamento é privativo da autoridade policial (Lei nº 12.830/2013, art. 2º, §
6º). O Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento.

Nota: há decisão MONOCRÁTICA mais recente em sentido contrário:


De acordo com o Plenário do STF, é nulo o indiciamento de detentor de prerrogativa de foro,
realizado por Delegado de Polícia, sem que a investigação tenha sido previamente autorizada
por Ministro-Relator do STF (Pet 3.825-QO, Red. p/o Acórdão Min. Gilmar Mendes).
Diversa é a hipótese em que o inquérito foi instaurado com autorização e tramitou, desde o
início, sob supervisão de Ministro do STF, tendo o indiciamento ocorrido somente no relatório
final do inquérito.
Nesses casos, o indiciamento é legítimo e independe de autorização judicial prévia.
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STF. Decisão monocrática. Inq 4621, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018.
STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016 (Info 825).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido
feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do
inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º,
“e”, do RISTF). A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita
contundente, ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e
a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88).
Caso concreto: tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito praticado por
Deputado Federal. O Ministro Relator já havia autorizado a realização de diversas diligências
investigatórias, além de ter aceitado a prorrogação do prazo de conclusão das investigações.
Apesar disso, não foram reunidos indícios mínimos de autoria e materialidade. Com o fim do
foro por prerrogativa de função para este Deputado, a PGR requereu a remessa dos autos à
1ª instância. O STF, contudo, negou o pedido e arquivou o inquérito, de ofício, alegando que
já foram tentadas diversas diligências investigatórias e, mesmo assim, sem êxito. Logo, a
declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam continuadas as
investigações seria uma medida fadada ao insucesso e representaria apenas protelar o
inevitável.
STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018. (Info 912)
No mesmo sentido: STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em
provas fraudadas não faz coisa julgada material.
Nota: É possível a reabertura da investigação e o oferecimento de denúncia se o inquérito
policial havia sido arquivado com base em excludente de ilicitude? • STJ: NÃO. Para o STJ, o
arquivamento do inquérito policial com base na existência de causa excludente da ilicitude
faz coisa julgada MATERIAL e impede a rediscussão do caso penal. O mencionado art. 18 do
CPP e a Súmula 524 do STF realmente permitem o desarquivamento do inquérito caso surjam
provas novas. No entanto, essa possibilidade só existe na hipótese em que o arquivamento
ocorreu por falta de provas, ou seja, por falta de suporte probatório mínimo (inexistência de
indícios de autoria e certeza de materialidade). STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ , Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 25/11/2014 (Info 554). • STF: SIM. Para o STF, o arquivamento de
inquérito policial em razão do reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada
material. Logo, surgindo novas provas seria possível reabrir o inquérito policial, com base no
art. 18 do CPP e na Súmula 524 do STF. STF. 1ª Turma. HC 95211, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 10/03/2009. STF. 2ª Turma. HC 125101/SP , rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/
o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 25/8/2015 (Info 796).
STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/3/2017. (Info 858)

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MPF não tem acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria
de Inteligência da Polícia Federal.
Nota: somente aos de natureza persecutório-penal.
STJ. 1ª Turma. REsp 1439193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016. (Info 587)

2. AÇÃO PENAL

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O eventual trancamento de inquérito policial por excesso de prazo não impede, sempre e
de forma automática, o oferecimento da denúncia.
STF. 2ª Turma. HC 194023 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB – não tem legitimidade para atuar como assistente
de defesa de advogado réu em ação penal.
RMS 63.393-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 23/06/2020, DJe
30/06/2020. (Info 675 STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos colhidos
em inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal
considerando que a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei 10.446/2002.
Nota: O Fato de os crimes serem de competência da Justiça Estadual terem sido
investigados pela PF não gera nulidade. O “princípio do juiz natural” (art. 5º, LIII, da
Constituição Federal) não se estende para autoridades policiais, considerando que estas
não possuem competência para julgar.
STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019. (Info 964)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo status de
cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a ação penal privada.
STJ. Corte Especial. APn 912-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019. (Info 654)

2.1 Denúncia

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A justa causa é exigência legal para o recebimento da denúncia, instauração e
processamento da ação penal, nos termos do artigo 395, III, do Código de Processo Penal, e
consubstancia-se pela somatória de três componentes essenciais:
TIPICIDADE, PUNIBILIDADE e VIABILIDADE .
Nota: (a) TIPICIDADE (adequação de uma conduta fática a um tipo penal);

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(b) PUNIBILIDADE (além de típica, a conduta precisa ser punível, ou seja, não existir quaisquer
das causas extintivas da punibilidade);
e (c) VIABILIDADE (existência de fundados indícios de autoria).
STF. 1ª Turma. HC 213.745/PR AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 09/05/2022.
Mesmo sentido: STF. 1ª Turma. HC 129.678/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em
13/06/2017 (Info 869).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A justa causa é analisada sob a ótica retrospectiva e prospectiva.
Nota: a justa causa é analisada apenas sob a ótica retrospectiva, voltada para o passado, com
vista a quais elementos de informação foram obtidos na investigação preliminar já realizada.
Todavia, a justa causa também deve ser apreciada sob uma ótica prospectiva, com o olhar
para o futuro, para a instrução que será realizada, de modo que se afigura possível
incremento probatório que possa levar ao fortalecimento do estado de simples probabilidade
em que o juiz se encontra quando do recebimento da denúncia.
STJ. Corte Especial. APn 989/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/02/2022 (Info 726).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para a caracterização do delito de associação criminosa inserido em contexto societário, é
imprescindível que a denúncia contenha a descrição da predisposição comum de meios para
a prática de uma série indeterminada de delitos e uma contínua vinculação entre os
associados com essa finalidade, não bastando a menção da posição/cargo ocupado pela
pessoa física na empresa.
STJ. RHC 139.465-PA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 23/08/2022, DJe 31/08/2022.
(Info 748).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate.
Nota: A propositura da ação penal exige tão somente a presença de indícios mínimos de
autoria. A certeza, a toda evidência, somente será comprovada ou afastada após a instrução
probatória, prevalecendo, na fase de oferecimento da denúncia o princípio do in dubio pro
societate. STJ. 5ª Turma. RHC 93.363/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/05/2018.
Cuidado: No julgamento do Agravo em Recurso Extraordinário nº 1.067.392, a 2ª Turma
entendeu pela concessão de Habeas Corpus de ofício para reestabelecer a sentença de
impronúncia proferida pelo magistrado de primeiro grau, tendo em vista a interpretação
indevida do in dubio pro societate pelo Tribunal de Justiça no acórdão recorrido.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que houve interpretação "confusa e equivocada
ocasionada pelo suposto princípio in dubio pro societate" consignando que referido
princípio "além de não ter qualquer amparo constitucional ou legal, acarreta o completo
desvirtuamento das premissas racionais de valoração da prova e desvirtua o sistema
bifásico do procedimento do júri brasileiro, a esvaziar a função da decisão de pronúncia" .
ARE 1067392, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/03/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-167 DIVULG 01-07-2020 PUBLIC 02-07-2020.

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CICLO I – SEMANA 03

Tal entendimento foi reafirmado pela Corte Suprema no recente julgamento do Habeas
Corpus nº 180.144/GO, no qual destacou a ilegitimidade da invocação do in dubio pro
societate frente à presunção de inocência assegurada pela Constituição Federal, e que
havendo dúvida razoável, mesmo que na primeira fase do procedimento do Tribunal do
Júri, esta deve beneficiar o réu. HC 180.144. Relator(a): CELSO DE MELLO, Segunda Turma,
julgado em 10/10/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-255 DIVULG 21-10-2020 PUBLIC 22-
10-2020.

STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018. (Info 898)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. RHC 93.363/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/05/2018; STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp
1193119/BA, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 05/06/2018; STF. 2ª Turma. ARE 986566 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 21/08/2017.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O Promotor de Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está vinculado às
conclusões do Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando no
processo.
Nota: PGR ofereceu denúncia contra o réu perante o STJ. Este Tribunal declinou a
competência para o TJ. Em virtude disso, o PGJ ratificou a denúncia. Ocorre que o TJ declinou
a competência para o juízo de 1ª instância. O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância
decidiu não ratificar a peça acusatória, oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive, novos
réus. Não há qualquer nulidade neste caso. É possível o aditamento da denúncia a qualquer
tempo antes da sentença final, garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o
contraditório, especialmente quando a inicial ainda não tenha sido sequer recebida
originariamente pelo juízo competente, como ocorreu no caso concreto. O membro do MP
possui total liberdade na formação de seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua
atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas que o outro
membro do MP chegou, mesmo que este atue em uma instância superior. Em outras palavras.
STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2018. (Info 893)

2.2 Citação

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É nula a citação realizada por aplicativo de mensagem (whatsapp) quando verificada a
ausência de cautela apta a atestar, de forma cabal, a identidade do citando.
Nota: Embora a viabilidade desse meio de comunicação, para fins de citação, seja objeto
de polêmica, fato é que a jurisprudência desta Corte só tem declarado a nulidade quando
verificado prejuízo concreto ao denunciado.

STJ. HC 652.068-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 24/08/2021, DJe 30/08/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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CICLO I – SEMANA 03

Citado o réu por edital, nos termos do art. 366 do CPP, o processo deve permanecer
suspenso enquanto o réu não for localizado ou até que seja extinta a punibilidade pela
prescrição

Nota: Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo


máximo da pena cominada.
STJ. 6ª Turma. RHC 135.970/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 20/04/2021 (Info 693).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se for expedida carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo prescricional
ficará suspenso até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional voltará a correr
antes mesmo que a carta seja juntada aos autos.

STJ. 5ª Turma. REsp 1.882.330/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/04/2021. (Info 691)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam adotadas
medidas suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem como a
identidade do indivíduo destinatário do ato processual.

STJ. 5ª Turma. HC 641.877/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021. (Info 688)

2.3 Sentença/Decisão

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP) poderá condenar o réu ao pagamento
de danos morais coletivos.
Nota: arts. 5°, X da CF e 186 do CC.
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020. (Info 981)

2.4 Assistente de Acusação

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se o acórdão absolutório foi combatido tempestivamente pelo assistente de acusação, não
houve formação de coisa julgada em favor do réu e o recurso deve ser apreciado pelo
Tribunal.
STF. 2ª Turma. HC 154076 AgR/PA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/10/2019. (Info 958)

3. COMPETÊNCIA

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CICLO I – SEMANA 03

3.1 Competência

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

Após o advento do art. 23 da Lei n. 13.431/2017, nas comarcas em que não houver vara
especializada em crimes contra a criança e o adolescente, compete à vara especializada em
violência doméstica, onde houver, processar e julgar os casos envolvendo estupro de
vulnerável cometido pelo pai (bem como pelo padrasto, companheiro, namorado ou
similar) contra a filha (ou criança ou adolescente) no ambiente doméstico ou familiar.
Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 26/10/2022. (Info
755).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não tendo havido imputação de crime eleitoral ou a ocorrência de conexão de delito
comum com delito eleitoral, não se justifica o encaminhamento do feito à Justiça Eleitoral.

STJ. HC 746.737-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022, DJe 12/09/2022. (Info
749).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A Terceira Seção deferiu o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal
em razão da incapacidade dos agentes públicos na condução de investigações, de identificar
os autores dos homicídios/execuções cometidos nos casos conhecidos como "Maio
Sangrento" e "Chacina do Parque Bristol".
Nota: Os requisitos do incidente de deslocamento de competência são: a) grave violação de
direitos humanos; b) necessidade de assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações
decorrentes de tratados internacionais; c) incapacidade - oriunda de inércia, omissão,
ineficácia, negligência, falta de vontade política, de condições pessoais e/ou materiais, etc. -
de o Estado-Membro, por suas instituições e autoridades, levar a cabo, em toda a sua
extensão, a persecução penal (IDC n. 1/PA, Terceira Seção do STJ).
STJ. IDC 9-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/08/2022. (Info 744).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A competência para o julgamento do crime de estelionato, ainda que se tenha utilizado de
imagens digitais adulteradas de passaporte válido de terceiro e documentos emitidos por
órgão públicos federais, quando inexistente evidência de prejuízo a interesses, bens ou
serviços da União, é da Justiça Estadual, devendo ser respeitada a regra de foro do domicílio
da vítima no caso de o crime ser praticado mediante depósito, transferência de valores ou
cheque sem provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado.
STJ. CC 178.697-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022, DJe 27/06/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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No crime de estelionato, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP,


a competência deve ser fixada no local onde o agente delituoso obteve, mediante fraude,
em benefício próprio e de terceiros, os serviços custeados pela vítima.

Nota: Lei n. 14.155/2021, que acrescentou o § 4º do art. 70 do Código de Processo Penal -


CPP com o seguinte teor: "nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão
de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento
frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do
domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela
prevenção".
Todavia, a inovação legislativa disciplinou a competência do delito de estelionato em
situações específicas descritas pelo legislador, as quais não ocorrem no caso concreto,
porquanto os autos não noticiam a ocorrência transferências bancárias ou depósitos
efetuados pela empresa vítima e tampouco de cheque emitido sem suficiente provisão de
fundos.

STJ. CC 185.983-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022, DJe 13/05/2022.
(Info 736).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É pacífica a aplicabilidade da teoria do juízo aparente para ratificar medidas cautelares no
curso do inquérito policial quando autorizadas por juízo aparentemente competente.
Nota: As provas colhidas ou autorizadas por juízo aparentemente competente à época da
autorização ou produção podem ser ratificadas a posteriori, mesmo que venha aquele a ser
considerado incompetente, ante a aplicação no processo investigativo da teoria do juízo
aparente.

STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 156413-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/04/2022 (Info 733).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque fraudado compete ao Juízo
do local da agência bancária da vítima.
Nota: a hipótese em análise não foi expressamente prevista na nova legislação, visto que não
se trata de cheque emitido sem provisão de fundos ou com pagamento frustrado, mas de
tentativa de saque de cártula falsa, em prejuízo de correntista. Sobre o tema, destaque-se
que: (...) 3. Há que se diferenciar a situação em que o estelionato ocorre por meio do saque
(ou compensação) de cheque clonado, adulterado ou falsificado, da hipótese em que a
própria vítima, iludida por um ardil, voluntariamente, efetua depósitos e/ou transferências
de valores para a conta corrente de estelionatário. Quando se está diante de estelionato
cometido por meio de cheques adulterados ou falsificados, a obtenção da vantagem ilícita
ocorre no momento em que o cheque é sacado, pois é nesse momento que o dinheiro sai
efetivamente da disponibilidade da entidade financeira sacada para, em seguida, entrar na
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esfera de disposição do estelionatário. Em tais casos, entende-se que o local da obtenção da


vantagem ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque
adulterado, seja dizer, onde a vítima possui conta bancária. (....) (AgRg no CC 171.632/SC, Rel.
Ministro Reynaldo Sores da Fonseca, Terceira Seção, DJe 16/06/2020). Assim, aplica-se o
entendimento pela competência do Juízo do local do eventual prejuízo, que ocorre com a
autorização para o saque do numerário no local da agência bancária da vítima.

STJ. 3ª Seção. CC 182.977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022 (Info 728).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns
que lhe forem conexos.

Nota: O art. 806 do CPP prevê que o pagamento prévio de custas somente é exigível nos casos
de ação penal privada.
Obs. Ainda que haja o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do delito
eleitoral. STF. 2ª Turma. RHC 177243/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/6/2021 (Info 1024).

Cuidado: Jurisprudência em Teses, é necessário riscar a tese 1 da edição nº 173, que está
superada: 1) Os embargos de divergência não são modalidade de recurso previsto na
legislação processual penal, contudo podem ser utilizados no âmbito penal como meio geral
de impugnação interna, de forma que a eles não se aplica a isenção estipulada no art. 7º da
Lei nº 11.636/2007, sendo lícita a exigência de recolhimento antecipado das custas.
STJ. 5ª Turma. HC 612.636-RS, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 05/10/2021 (Info 713).
Mesmo sentido: STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de cheques
sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou
por meio da transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio
da vítima, em razão da superveniência de Lei nº 14.155/2021, ainda que os fatos tenham
sido anteriores à nova lei.
Nota: A Terceira Seção acolheu a proposta de afetação dos REsps 1.923.354/SC e
1.930.192/SP ao rito dos recursos repetitivos, a fim de uniformizar o entendimento a respeito
da seguinte controvérsia: retroatividade ou não da Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime),
relativamente à natureza jurídica da ação penal no delito de estelionato (art. 171 do Código
Penal), a qual outrora era pública incondicionada e, atualmente, passou a exigir a
representação da vítima, como condição de procedibilidade, tornando-se, assim, ação pública
condicionada à representação. Pro AfR no REsp 1.923.354-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 05/04/2022, DJe 08/04/2022. (Tema
1138)

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STJ. 3ª Seção. CC 180.832-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de esbulho possessório de imóvel
vinculado ao Programa Minha Casa Minha Vida.

Nota: A vítima do crime de esbulho possessório, tipificado no art. 161, § 1º, II, do Código
Penal é o possuidor direto, pois é quem exercia o direito de uso e fruição do bem. Na
hipótese de imóvel alienado fiduciariamente, é o devedor fiduciário que ostenta essa
condição, pois o credor fiduciário possui tão-somente a posse indireta. A Caixa Econômica
Federal, enquanto credora fiduciária e, portanto, possuidora indireta, não é a vítima do
referido delito. Contudo, no âmbito cível, a empresa pública federal possui legitimidade
concorrente para propor eventual ação de reintegração de posse, diante do esbulho
ocorrido. A sua legitimação ativa para a ação possessória demonstra a existência de
interesse jurídico na apuração do crime, o que é suficiente para fixar a competência penal
federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88.
STJ. 3ª Seção. CC 179.467-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/06/2021 (Info 700).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A simples constatação de que os medicamentos apreendidos em poder do réu eram de
procedência estrangeira não atrai a competência da Justiça federal para processar e
julgar o feito.

STJ. 6ª Turma. REsp 1.889.515/SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 2/02/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O TJDFT faz parte do Poder Judiciário da União. Mesmo assim, se for praticado falso
testemunho em processo que ali tramita, a competência será da Justiça do Distrito Federal
(e não da Justiça Federal comum). Isso porque a Justiça do Distrito Federal possui
competência para julgar crimes, não havendo interesse direto e específico da União a atrair
o art. 109, IV, da CF/88.
STJ. 3ª Seção. CC 166732-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/10/2020 (Info 681).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se o STF determinar que Justiça Eleitoral de 1ª instância apure crime eleitoral e também
crime federal conexos e, ao receber os autos, a Justiça Eleitoral arquivar a investigação do
crime eleitoral e remeter os autos à Justiça Federal, isso afrontará a decisão do STF.
Nota: o Juízo Eleitoral arquivou o inquérito e remeteu os autos à Justiça Federal, mesmo
diante da expressa decisão dessa Corte que fixou sua competência para supervisão dos fatos.
As instâncias inferiores, portanto, ignoraram os termos da decisão reclamada, que assentou
a competência da Justiça Eleitoral para o processamento e a apuração dos fatos em questão.
STF. 2ª Turma. Rcl 34805 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 1º/9/2020. (Info 989)

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CICLO I – SEMANA 03

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou
adquirir material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou
adolescente, quando praticados por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-
A e 241-B da Lei nº 8.069/1990).
STF. Plenário. RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 393). (Info 990)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar ações penais.

STF. Plenário. ADI 3684, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 11/05/2020. (Info 980)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos.
Cabe à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de conexão de delitos comuns aos
delitos eleitorais e, em não havendo, remeter os casos à Justiça competente.
STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019. (Info 933)

3.2 Competências Das Justiças Federais X Justiça Estadual

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

Nos delitos de tráfico de entorpecentes interestadual ocorrido em aeronave, e uma vez


apreendida a droga em solo, a competência para o julgamento da ação penal será da
Justiça Estadual.
STJ. AgRg no HC 691.423-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 07/06/2022, DJe 14/06/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

Não compete à Justiça Federal processar e julgar o desvio de valores do auxílio


emergencial pagos durante a pandemia da covid-19, por meio de violação do sistema de
segurança de instituição privada, sem que haja fraude direcionada à instituição
financeira federal.
STJ. 3ª Seção. CC 182.940-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 27/10/2021 (Info 716).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição estadual que
proíbe a caça em seu respectivo território.
STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins
medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como
porte em outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade da
conduta.
CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/06/2020, DJe 16/06/2020. (Info 673-
STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Os crimes relacionados com pirâmide financeira envolvendo criptomoedas são, em
princípio, de competência da Justiça Estadual.

STJ. 3ª Seção. CC 170392-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020. (Info 673)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Estadual julgar homicídio praticado por Policial Rodoviário Federal após
desavença no trânsito ocorrida no seu deslocamento de casa para o trabalho.
Nota: o deslocamento do réu não guarda qualquer vinculação com o exercício das funções de
PRF.
STF. HC 157012/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 10.12.2019. (HC-157012). (Info 963)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal julgar crime contra a vida em desfavor de policiais militares,
consumado ou tentado, praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos,
autarquias ou empresas públicas da União.
STJ. CC 165.117-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 23/10/2019, DJe 30/10/2019 (Info
659)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Estadual o julgamento de crimes ocorridos a bordo de balões de ar
quente tripulados.
Nota: os balões de ar quente não se enquadram no conceito de “aeronave” (art. 106 da Lei n.
7.565/86), razão pela qual não se aplica a competência da J. Federal.
STJ. 3ª Seção. CC 143.400-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/04/2019. (Info 648)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A competência da Justiça Federal pressupõe a demonstração concreta das situações
veiculadas no art. 109 da Constituição Federal (CF). A mera condição de servidor público
não basta para atraí-la, na medida em que o interesse da União há de sobressair das funções
institucionais, não da pessoa do paciente.
HC 157012/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 23.4.2019.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a
competência da Justiça Federal. Assim, em regra, compete à Justiça Estadual julgar o crime
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praticado por brasileiro no exterior e que lá não foi julgado em razão de o agente ter fugido
para o Brasil, tendo o nosso país negado a extradição para o Estado estrangeiro. Somente
será de competência da Justiça Federal caso se enquadre em alguma das hipóteses do art.
109 da CF/88.
STF. 1ª Turma. RE 1.175.638 AgR/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/4/2019. (Info 936)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida protetiva de urgência decorrente
de crime de ameaça contra a mulher cometido por meio de rede social de grande alcance,
quando iniciado no estrangeiro e o seu resultado ocorrer no Brasil.
CASO: concessão de medidas protetivas em favor de mulher ameaçada por ex-namorado que
mora nos EUA e fez ameaças por meio de facebook.
STJ. 3ª Seção. CC 150.712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018. (Info 636)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, ainda
que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta.
STJ. 3ª Seção. CC 160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018. (Info 635)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre
crime praticado no exterior, o qual tenha sido transferido para a jurisdição brasileira, por
negativa de extradição, aplicável o art. 109, IV, da CF/88.
STJ. 3ª Seção. CC 154.656-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/04/2018. (Info 625)

3.3 Conflitos de Atribuições

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não é da competência do juiz militar determinar o arquivamento do inquérito que investiga
fato que possa ter adequação típica de crime doloso contra a vida praticado por militar
contra civil, ainda que sua conclusão aponte para a presença de excludente de ilicitude de
legítima defesa e/ou do estrito cumprimento do dever legal.
STJ. AgRg nos EDcl no REsp 1.961.504-PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
21/06/2022, DJe 27/06/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios
Públicos estaduais.
STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020.

3.4 Foro por Prerrogativa de Função

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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CICLO I – SEMANA 03

Não sendo o crime praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função, as regras
de competência não são alteradas pela superveniente posse no cargo de Prefeito Municipal.
REsp 1.982.779-AC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade,
julgado em 14/09/2022, DJe 20/09/2022. (Info 755).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É inconstitucional, por violação ao princípio da simetria, norma de Constituição
Estadual que confere foro por prerrogativa de função a autoridades que não guardam
semelhança com as que o detém na esfera federal.
Nota: Julgado se refere a “Reitores de Universidades Públicas” e “Diretores Presidentes
das entidades da Administração Estadual Indireta.”

Mesmo sentido:
É inconstitucional norma de constituição estadual que estende o foro por prerrogativa
de função a autoridades não contempladas pela Constituição Federal de forma
expressa ou por simetria. STF. Plenário. ADI 6501/PA, ADI 6508/RO, ADI 6515/AM e ADI 6516/AL, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgados em 20/8/2021 (Info 1026).

A CF/88 não previu foro por prerrogativa de função aos Vereadores e aos Vice-
prefeitos. STF. Plenário. ADI 558/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/04/2021.

É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que confere foro por


prerrogativa de função para Defensores Públicos e Procuradores do Estado. Info. 1000, STF.

É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por


prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado,
Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. STF, Info 940.

STF. ADI 6511/RR, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 13.9.2022. (Info 1067)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

A competência penal originária do STF para processar e julgar parlamentares alcança os


congressistas federais no exercício de mandato em casa parlamentar diversa daquela em
que consumada a hipotética conduta delitiva, desde que não haja solução de
continuidade.

Nota: Mandato cruzado.


STF. Precedente: AP 937 QO Inq 4342 QO/PR, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 1º.4.2022 (Info 1049).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

20
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS 30 SEMANAS
CICLO I – SEMANA 03

A competência para o julgamento de crime praticado por Promotor de Justiça, em


contexto que não guarda relação com as atribuições do cargo, é do Tribunal de Justiça,
revelando-se inviável a extensão do entendimento exarado pelo STF na QO na AP 937.
STJ. 5ª Turma. HC 684.254-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 23/11/2021, DJe 29/11/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

É indispensável a existência de prévia autorização judicial para a instauração de inquérito


ou outro procedimento investigatório em face de autoridade com foro por prerrogativa
de função em Tribunal de Justiça.
STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021 (Info 720).
No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 201965/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/11/2021 (Info 1040).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete aos tribunais de justiça estaduais processar e julgar os delitos comuns, não
relacionados com o cargo, em tese praticados por Promotores de Justiça.
Nota: considerando que a previsão da prerrogativa de foro da Magistratura e do Ministério
Público encontra-se descrita no mesmo dispositivo constitucional (art. 96, III, da CF/88), seria
desarrazoado conferir-lhes tratamento diferenciado.
STJ. 3ª Seção. CC 177.100-CE, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 08/09/2021 (Info 708).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Depois de anos sendo investigado em inquérito que tramitava no STF, o Ministro Relator
declinou a competência para apurar os crimes porque os fatos ocorreram antes de o
investigado ser Deputado Federal; logo, aplica-se o entendimento firmado na AP 937 QO.

Nota: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. Após o final da instrução
processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações
finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de
o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja
o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018
(Info 900).
Pet 7716 AgR/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 18.2.2020. (Pet-7716) – (Info 967-STF)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Senador que pratica corrupção passiva que não está relacionada com seu cargo e que não
ofende bens, serviços ou interesse da União, deverá ser julgado em 1ª instância pela justiça
comum estadual.
STF. 1ª Turma. Inq 4624 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/10/2019. (Info 955).

21
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS 30 SEMANAS
CICLO I – SEMANA 03

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Eventual nulidade decorrente da inobservância da prerrogativa de foro não se estende aos
agentes que não se enquadrem nessa condição.
A usurpação da competência do STF não contamina os elementos probatórios colhidos no
que se refere aos investigados que não possuem foro por prerrogativa de função.
STF. Plenário. Rcl 25537/DF e AC 4297/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 26/6/2019. (Info 945)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


STJ não é competente para julgar crime praticado por Governador no exercício do mandato
se o agente deixou o cargo e atualmente voltou a ser Governador por força de uma nova
eleição.
Nota: o foro de prerrogativa exige contemporaneidade e pertinência temática entre os fatos
em apuração e exercício da função pública.
STJ. Corte Especial. QO na APn 874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2019. (Info 649)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não se
aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o agente ter ficado sem ocupar
função pública.

1ª Turma. RE 1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019. (Info 940)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O STF entende que o recebimento de doação ilegal destinado à campanha de reeleição ao
cargo de Deputado Federal é um crime relacionado com o mandato parlamentar. Logo, a
competência é do STF. Além disso, mostra-se desimportante a circunstância de este delito
ter sido praticado durante o mandato anterior, bastando que a atual diplomação decorra
de sucessiva e ininterrupta reeleição.
STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019. (Info 933)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal não
se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF.
Nota: Isso porque o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos
durante o exercício do cargo e relacionado às funções desempenhadas (STF AP QO/RJ, Min.
Barroso, julgado em 03/05/2018).
STF. 1ª Turma. Inq 4619 AgR-segundo/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/2/2019. (Info 931)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Com a decisão proferida pelo STF, em 03/05/2018, na AP 937 QO/RJ, todos os inquéritos e
processos criminais que estavam tramitando no Supremo envolvendo crimes não
relacionados com o cargo ou com a função desempenhada pela autoridade, foram
remetidos para serem julgados em 1ª instância.
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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS 30 SEMANAS
CICLO I – SEMANA 03

Nota: Isso porque o STF definiu, como 1ª tese, que “o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas
aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas”. O
entendimento acima não se aplica caso a instrução já tenha se encerrado. Em outras palavras, se a
instrução processual já havia terminado, mantém-se a competência do STF para o julgamento de
detentores de foro por prerrogativa de função, ainda que o processo apure um crime que não está
relacionado com o cargo ou com a função desempenhada. Isso porque o STF definiu, como 2ª tese,
que “após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais
afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer
que seja o motivo.”
STF. 1ª Turma. AP 962/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 16/10/2018. (Info 920)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em
que, não fosse a prerrogativa de foro (art. 105, I, da CF/88), o desembargador acusado
houvesse de responder à ação penal perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo
tribunal. Assim, mesmo que o crime cometido pelo Desembargador não esteja relacionado
com as suas funções, ele será julgado pelo STJ se a remessa para a 1ª instância significar
que o réu seria julgado por um juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que o
Desembargador. A manutenção do julgamento no STJ tem por objetivo preservar a isenção
(imparcialidade e independência) do órgão julgador.
STJ. Corte Especial. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018. (Info 639)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem
duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: a)
Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art.
18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas
as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por
prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial
obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade.
Nota: O ato de indiciamento é privativo da autoridade policial (Lei nº 12.830/2013, art. 2º, §
6º). O Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento.

Nota: há decisão MONOCRÁTICA mais recente em sentido contrário:


De acordo com o Plenário do STF, é nulo o indiciamento de detentor de prerrogativa de foro,
realizado por Delegado de Polícia, sem que a investigação tenha sido previamente autorizada
por Ministro-Relator do STF (Pet 3.825-QO, Red. p/o Acórdão Min. Gilmar Mendes).
Diversa é a hipótese em que o inquérito foi instaurado com autorização e tramitou, desde o
início, sob supervisão de Ministro do STF, tendo o indiciamento ocorrido somente no relatório
final do inquérito.
Nesses casos, o indiciamento é legítimo e independe de autorização judicial prévia.
STF. Decisão monocrática. Inq 4621, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018.
STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016 (Info 825).
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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS 30 SEMANAS
CICLO I – SEMANA 03

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se uma pessoa sem foro por prerrogativa está sendo interceptada por decisão do juiz de 1ª
instância e ela liga para uma autoridade com foro (ex: Promotor de Justiça), a gravação
desta conversa não é ilícita. Isso porque se trata de encontro fortuito de provas (encontro
fortuito de crimes), também chamado de serendipidade ou crime achado. Se, após essa
ligação, o Delegado ainda demora três dias para comunicar o fato às autoridades
competentes para apurar a conduta do Promotor, este tempo não é considerado excessivo,
tendo em vista a dinâmica que envolve as interceptações telefônicas. Assim, o STF decidiu
que a prerrogativa de foro de membro do Ministério Público é preservada quando a possível
participação deste em conduta criminosa é comunicada com celeridade ao Procurador-
Geral de Justiça. Tais gravações, por serem lícitas, podem servir como fundamento para que
o CNMP aplique sanção de aposentadoria compulsória a este Promotor.
STF. 1ª Turma. MS 34751/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2018. (Info 911)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A iminente prescrição do crime praticado por Desembargador excepciona o entendimento
consolidado na APn 937 - o foro por prerrogativa de função é restrito a crimes cometidos
ao tempo do exercício do cargo e que tenham relação com o cargo - e prorroga a
competência do Superior Tribunal de Justiça.
STJ. Corte Especial. QO na APn 703-GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 01/08/2018. (Info 630)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em
que o crime for praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função.
STJ AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 20/06/2018, DJe 03/08/2018.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa
de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que
tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo,
se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se
justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando
o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após
a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções
exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese:

O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO APLICA-SE APENAS AOS


CRIMES COMETIDOS DURANTE O EXERCÍCIO DO CARGO E
RELACIONADOS ÀS FUNÇÕES DESEMPENHADAS. APÓS O FINAL
DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL, COM A PUBLICAÇÃO DO DESPACHO
DE INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS, A

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS 30 SEMANAS
CICLO I – SEMANA 03

COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES PENAIS NÃO


SERÁ MAIS AFETADA EM RAZÃO DE O AGENTE PÚBLICO VIR A
OCUPAR OUTRO CARGO OU DEIXAR O CARGO QUE OCUPAVA,
QUALQUER QUE SEJA O MOTIVO.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018. (Info 900)

4. PRISÃO E LIBERDADE

4.1 Prisão em Flagrante

Veja “Audiência de Custódia”

4.2 Prisão Preventiva

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Estando o advogado em cela individual, sem registro de eventual inobservância das
condições mínimas de salubridade e dignidade humanas, não se configura constrangimento
ilegal em razão das instalações em que se encontra recolhido.

STJ. AgRg no HC 765.212-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe
04/10/2022. (Info 753).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A necessidade de interrupção do ciclo delitivo de associações e organizações criminosas é
fundamento idôneo para justificar a custódia cautelar e a garantia da ordem pública.
STJ. 6ª Turma. HC 730.721-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 23/08/2022 (Info 746).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A mera imputação da prática dos crimes previstos na Lei n. 12.850/2013, em decorrência
de operação envolvendo compra ou venda de criptomoedas, por si só, não justifica a
imposição automática da custódia prisional.
STJ. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de
Noronha, Quinta Turma, por maioria, julgado em 21/06/2022, DJe 29/06/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A mera circunstância de o agente ter sido denunciado em razão dos delitos descritos na Lei
n. 12.850/2013 não justifica a imposição automática da prisão preventiva, devendo-se
avaliar a presença de elementos concretos, previstos no art. 312 do CPP.

Nota: No que concerne à prisão preventiva, é cediço que a segregação cautelar é medida de
exceção, devendo estar fundamentada em dados concretos, quando presentes indícios
suficientes de autoria e provas de materialidade delitiva e quando demonstrada sua
imprescindibilidade, nos termos do art. 312 do CPP. Dado seu caráter excepcional, deve ainda
estar evidenciada a insuficiência de outras medidas cautelares, arroladas no art. 319 do CPP.
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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS 30 SEMANAS
CICLO I – SEMANA 03

Conquanto os tribunais superiores admitam a prisão preventiva para interrupção da atuação


de integrantes de organização criminosa, a mera circunstância de o agente ter sido
denunciado pelos delitos descritos na Lei n. 12.850/2013 não justifica a imposição automática
da custódia prisional.
STJ. HC 708.148-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por maioria, julgado em
05/04/2022. (Info 732).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Quando o acusado encontrar-se foragido, não há o dever de revisão ex officio da prisão
preventiva, a cada 90 dias, exigida pelo art. 316, parágrafo único, do Código de Processo
Penal.
Nota: Mediante interpretação teleológica de viés objetivo - a qual busca aferir o fim da lei, e
não a suposta vontade do legislador, visto que aquela pode ser mais sábia do que este -, a
finalidade da norma que impõe o dever de reexame ex officio buscar evitar o gravíssimo
constrangimento experimentado por quem, estando preso, sofre efetiva restrição à sua
liberdade, isto é, passa pelo constrangimento da efetiva prisão, que é muito maior do que
aquele que advém da simples ameaça de prisão. Não poderia ser diferente, pois somente
gravíssimo constrangimento, como o sofrido pela efetiva prisão, justifica o elevado custo
despendido pela máquina pública com a promoção desses numerosos reexames impostos
pela lei.
Com efeito, não seria razoável ou proporcional obrigar todos os Juízos criminais do país a
revisar, de ofício, a cada 90 dias, todas as prisões preventivas decretadas e não cumpridas,
tendo em vista que, na prática, há réus que permanecem foragidos por anos.
STJ. RHC 153.528-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 29/03/2022, DJe 01/04/2022.
(Info 731).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não se justifica a prisão preventiva se, considerando o modus operandi dos delitos, a
imposição da cautelar de proibição do exercício da medicina e de suspensão da inscrição
médica, e outras que o Juízo de origem entender necessárias, forem suficientes para
prevenção da reiteração criminosa e preservação da ordem pública.
STJ. 5ª Turma. HC 699.362-PA, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 08/03/2022 (Info 728).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O transcurso do prazo previsto no parágrafo único do art. 316 do Código de Processo Penal
não acarreta, automaticamente, a revogação da prisão preventiva e, consequentemente, a
concessão de liberdade provisória.
A exigência da revisão nonagesimal quanto à necessidade e adequação da prisão preventiva
aplica-se até o final dos processos de conhecimento.
Nota: O parágrafo único do art. 316 do CPP se aplica para: • o juízo em 1ª instância: SIM • o
TJ ou TRF: SIM (tanto nos processos de competência originária do TJ/TRF – foro por
prerrogativa de função – como também durante o tempo em que se aguarda o julgamento

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS 30 SEMANAS
CICLO I – SEMANA 03

de eventual recurso interposto contra decisão de 1ª instância). • o STJ/STF: em regra, não.


Encerrado o julgamento de segunda instância, não se aplica o art. 316, parágrafo único, do
CPP. Exceção: caso se trate de uma ação penal de competência originária do STJ/STF. Em
conclusão, o art. 316, parágrafo único, do CPP aplica-se: a) até o final dos processos de
conhecimento, onde há o encerramento da cognição plena pelo Tribunal de segundo grau; b)
nos processos onde houver previsão de prerrogativa de foro. Por outro lado, o art. 316,
parágrafo único, do CPP não se aplica para as prisões cautelares decorrentes de sentença
condenatória de segunda instância ainda não transitada em julgado.
O art. 316, parágrafo único, do CPP aplica-se até o final do processo de conhecimento, o
que se encerra com a cognição plena pelo Tribunal de segundo grau.
Assim, nos casos em que se aguarda o julgamento da apelação, o TJ ou TRF têm a obrigação
de revisar periodicamente a prisão, nos termos do art. 316, parágrafo único, do CPP.
STF. Plenário. ADI 6581/DF e ADI 6582/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgados em 8/3/2022 (Info 1046).
Memorize o que vale atualmente: o parágrafo único do art. 316 do CPP também se aplica
para os Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais.
STF. Plenário. ADI 6581/DF e ADI 6582/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgados em
8/3/2022 (Info 1046).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A determinação do magistrado pela cautelar máxima, em sentido diverso do requerido
pelo Ministério Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser
considerada como atuação ex officio.
Nota: Essa situação envolve três interessantes temas:
1) É possível atualmente que o juiz decrete, de ofício, a prisão preventiva? Não. Após o
advento da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível a conversão da
prisão em flagrante em preventiva sem provocação por parte ou da autoridade policial, do
querelante, do assistente, ou do Ministério Público.
2) É possível que o juiz decrete, de ofício, a prisão preventiva do indivíduo nos casos de
violência doméstica com base art. 20 da Lei Maria da Penha? Não. O art. 20 da Lei Maria
da Penha não é uma exceção à regra acima exposta. A proibição de decretação da prisão
preventiva de ofício também se estende para o art. 20 da Lei Maria da Penha. Se você
reparar o art. 20 da Lei nº 11.340/2006 ele continua dizendo, textualmente, que o juiz pode
decretar a prisão preventiva de ofício nos casos envolvendo violência doméstica. Ocorre
que esse art. 20 da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) destoa do atual regime jurídico.
A atuação do juiz de ofício é vedada independentemente do delito praticado ou de sua
gravidade, ainda que seja de natureza hedionda, e deve repercutir no âmbito da violência
doméstica e familiar.
3) Se o MP pediu a aplicação de medida cautelar diversa da prisão, o juiz está autorizado
a decretar a prisão? Sim. A decisão que decreta a prisão preventiva, desde que precedida
da necessária e prévia provocação do Ministério Público, formalmente dirigida ao Poder
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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
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CICLO I – SEMANA 03

Judiciário, mesmo que o magistrado decida pela cautelar pessoal máxima, por entender
que apenas medidas alternativas seriam insuficientes para garantia da ordem pública, não
deve ser considerada como de ofício. Isso porque uma vez provocado pelo órgão
ministerial a determinar uma medida que restrinja a liberdade do acusado em alguma
medida, deve o juiz poder agir de acordo com o seu convencimento motivado e analisar
qual medida cautelar pessoal melhor se adequa ao caso. Impor ou não cautelas pessoais,
de fato, depende de prévia e indispensável provocação. Entretanto, a escolha de qual delas
melhor se ajusta ao caso concreto há de ser feita pelo juiz da causa. Entender de forma
diversa seria vincular a decisão do Poder Judiciário ao pedido formulado pelo Ministério
Público, de modo a transformar o julgador em mero chancelador de suas manifestações,
ou de lhe transferir a escolha do teor de uma decisão judicial.

ATENÇÃO: EM SENTIDO CONTRÁRIO -Se o requerimento do Ministério Público limita-se


à aplicação de medidas cautelares ao preso em flagrante, é vedado ao juiz decretar a
medida mais gravosa - prisão preventiva -, por configurar uma atuação de ofício. STJ. 5ª
Turma. AgRg no HC 754.506-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 22/08/2022.
STJ. 6ª Turma. RHC 145.225-RO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/02/2022 (Info 725).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É idônea a fundamentação do decreto prisional assentada na periculosidade do agente,
evidenciada pelo modus operandi, e na necessidade de interromper atuação de líder de
organização criminosa voltada para a prática de crimes informáticos.
STJ. HC 574.573-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 22/06/2021, DJe 28/06/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A complexidade da causa penal e o caráter multitudinário do feito (dezoito réus, no caso),
justificam uma maior duração do processo, salvo quando eventual retardamento se dê
em virtude da inércia do Poder Judiciário, fato já afastado no presente caso.
STF. 2ª Turma. AgRg no HC 199.238, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 14/06/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não é possível que o juiz, de ofício, decrete a prisão preventiva; vale ressaltar, no
entanto, que, se logo depois de decretar, a autoridade policial ou o MP requererem a
prisão, o vício de ilegalidade que maculava a custódia é suprido.

Nota: O que acontece se o juiz decretar a prisão preventiva de ofício (sem requerimento)?
• Regra: a prisão deverá ser relaxada por se tratar de prisão ilegal. • Exceção: se, após a
decretação, a autoridade policial ou o Ministério Público requererem a prisão, o vício de
ilegalidade que maculava a custódia é suprido (convalidado) e a prisão não será relaxada.
O posterior requerimento da autoridade policial pela segregação cautelar ou manifestação

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do Ministério Público favorável à prisão preventiva suprem o vício da inobservância da


formalidade de prévio requerimento.
STJ. 5ª Turma. AgRg RHC 136.708/MS, Rel. Min. Felix Fisher, julgado em 11/03/2021. (Info 691)

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Não é possível a decretação “ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em
juízo ou no curso de investigação penal), inclusive no contexto de audiência de custódia,
sem que haja, mesmo na hipótese da conversão a que se refere o art. 310, II, do CPP, prévia,
necessária e indispensável provocação do Ministério Público ou da autoridade policial.
Nota: Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º,
e do art. 311, ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva
sem o prévio ‘requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público’, não
mais sendo lícito, portanto, com base no ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex officio’
do Juízo processante em tema de privação cautelar da liberdade. A interpretação do art. 310,
II, do CPP deve ser realizada à luz dos arts. 282, § 2º, e 311, significando que se tornou inviável,
mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante
de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito,
anterior e formal provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o
caso, do querelante ou do assistente do MP.
STJ. 5ª Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020.
Mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 06/10/2020. STJ. 3ª Seção. RHC 131263, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/02/2021 (Info 686). STF. 2ª Turma. HC 192532 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em
24/02/2021.

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É cabível prisão preventiva no crime de embriaguez ao volante quando se tratar de réu
reincidente com risco de reiteração delitiva.

STJ. 6ª Turma. RHC 132.611/GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 02/02/2021.

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A inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do Código de Processo Penal não implica
automática revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a
reavaliar a legalidade e a atualidade de seus fundamentos.
STF. Plenário. SL 1395 MC Ref/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14 e 15/10/2020 (Info 995)

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O STJ não concede liberdade para o acusado preso preventivamente sob o argumento de
que, ao final, se condenado, ele receberá regime diverso do fechado.
Nota: Assim, não há que se falar em ofensa ao princípio da homogeneidade das medidas
cautelares porque não cabe ao STJ, em um exercício de futurologia, antecipar a provável

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colocação da paciente em regime aberto/semiaberto ou a substituição da sua pena de prisão


por restritiva de direitos.

STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 559.434/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 19/05/2020.
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.502/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/05/2020.

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A manutenção da prisão preventiva exige a demonstração de fatos concretos e atuais que
a justifiquem.
HC 179859 AgR/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.3.2020. (HC-179859) (Info 968-STF)

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Em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam
gestantes, puérperas, mães de crianças ou mães de pessoas com deficiência. No entanto,
nem toda mãe de criança deverá ter direito à prisão domiciliar ou a receber medida
alternativa à prisão, porque pode haver situações em que o crime é grave e o convívio com
a mãe pode prejudicar o desenvolvimento do menor.

STF. 1ª Turma. HC 168900/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/9/2019. (Info 953).

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A liberdade de um indivíduo suspeito da prática de infração penal somente pode sofrer
restrições se houver decisão judicial devidamente fundamentada, amparada em fatos
concretos, e não apenas em hipóteses ou conjecturas. A prisão cautelar, portanto, constitui
medida de natureza excepcional e não pode ser utilizada como instrumento de punição
antecipada do réu.
HC 152676/PR, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 9.4.2019 - (Info 937-STF)

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Deve ser concedida a liberdade provisória a réu primário preso preventivamente sob a
imputação de tráfico de drogas por ter sido encontrado com 887,89 gramas de maconha e
R$ 1.730,00. O STF considerou genéricas as razões da segregação cautelar do réu. Além
disso, reconheceu como de pouca nocividade a substância entorpecente apreendida
(maconha). Reputou que a prisão de jovens pelo tráfico de pequena quantidade de
maconha é mais gravosa do que a eventual permanência em liberdade, pois serão
fatalmente cooptados ou contaminados por uma criminalidade mais grave ao ingressarem
no ambiente carcerário.
STF. 1ª Turma. HC 140379/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018. (Info 921)

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É ilegal a decisão judicial que, ao decretar a prisão preventiva, descreve a conduta do
paciente de forma genérica e imprecisa.
STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018. (Info 914)

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A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é motivo idôneo
para justificar a prisão preventiva do réu.
STJ. 6ª Turma. HC 437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
26/06/2018. (Info 632)

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Não é cabível a substituição da prisão preventiva pela domiciliar quando o crime é praticado
na própria residência da agente, onde convive com filhos menores de 12 anos.
STJ. 6ª Turma. HC 441.781-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/06/2018. (Info 629)

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O STF reconheceu a existência de inúmeras mulheres grávidas e mães de crianças que
estavam cumprindo prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados
médicos pré-natais e pós-parto. Além disso, não havia berçários e creches para seus filhos.
Também se reconheceu a existência, no Poder Judiciário, de uma “cultura do
encarceramento”, que significa a imposição exagerada e irrazoável de prisões provisórias a
mulheres pobres e vulneráveis, em decorrência de excessos na interpretação e aplicação da
lei penal e processual penal, mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter
humanitário, abrigadas no ordenamento jurídico vigente. A Corte admitiu que o Estado
brasileiro não tem condições de garantir cuidados mínimos relativos à maternidade, até
mesmo às mulheres que não estão em situação prisional. Diversos documentos
internacionais preveem que devem ser adotadas alternativas penais ao encarceramento,
principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada
em julgado. É o caso, por exemplo, das Regras de Bangkok. Os cuidados com a mulher presa
não se direcionam apenas a ela, mas igualmente aos seus filhos, os quais sofrem
injustamente as consequências da prisão, em flagrante contrariedade ao art. 227 da
Constituição, cujo teor determina que se dê prioridade absoluta à concretização dos direitos
das crianças e adolescentes.
STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018. (Info 891)

4.3 Prisão Domiciliar do CPP

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A concessão de prisão domiciliar às genitoras de menores de até 12 anos incompletos não
está condicionada à comprovação da imprescindibilidade dos cuidados maternos, que é
legalmente presumida.
STJ. 5a Turma. AgRg no HC 731.648-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por
maioria, julgado em 07/06/2022, DJe 23/06/2022. (Info 742).

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A apreensão de grande quantidade e variedade de drogas não impede a concessão da prisão
domiciliar à mãe de filho menor de 12 anos se não demonstrada situação excepcional de

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prática de delito com violência ou grave ameaça ou contra seus filhos, nos termos do art.
318-A, I e II, do CPP.
Nota: Isso porque, o fundamento relacionado à apreensão de grande quantidade e variedade
de entorpecentes não impede a concessão da prisão domiciliar se não demonstrados outros
motivos que evidenciam que a conduta praticada representa risco à ordem pública, como
indícios de comércio ilícito no local em que a agente cria os menores, nos termos da
jurisprudência desta Corte.

STJ. AgRg no HC 712.258-SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 29/03/2022, DJe 01/04/2022 (Info 733).

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Excepcionalmente, admite-se a concessão da prisão domiciliar às presas dos regimes
fechado ou semiaberto quando verificado pelo juízo da execução penal, no caso concreto,
a proporcionalidade, adequação e necessidade da medida, e que a presença da mãe seja
imprescindível para os cuidados da criança ou pessoa com deficiência, não sendo caso de
crimes praticados por ela mediante violência ou grave ameaça contra seus
descendenteshttps://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/52fc2a
ee802efbad698503d28ebd3a1f?categoria=12&subcategoria=128&assunto=299.
Nota: Mas CUIDADO: É possível aplicar a decisão do STF no HC 143641/SP ou o art. 318-A do
CPP para os casos de cumprimento definitivo da pena em que a acusada foi condenada aos
regimes fechado ou semiaberto? A jurisprudência está dividida: • STF: não. Não é possível a
concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença condenatória transitada em
julgado e ela não preencher os requisitos do art. 117 da LEP. Em caso de execução definitiva
da pena, a prisão domiciliar deve observar o que dispõe o art. 117 da LEP. Não se aplica o que
o STF decidiu no HC 143.641/SP nem tampouco o art. 318-A do CPP, que se referem
exclusivamente a prisão cautelar. STF. 1ª Turma. HC 177164/PA, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 18/2/2020 (Info 967). STF. 1ª Turma. HC 185404 AgR, Rel. Rosa Weber, julgado
em 23/11/2020.

STJ. 3ª Seção. RHC 145.931-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 09/03/2022 (Info 728).

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Período em que o indivíduo esteve em prisão domiciliar deve ser considerado para fins de
detração da pena.

STJ. 6ª Turma. AgRg no AgRg nos EDcl no HC 442.538/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020.

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Tem direito à substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar os pais, caso sejam os
únicos responsáveis pelos cuidados de menor de 12 anos ou de pessoa com deficiência, bem
como outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem imprescindíveis aos
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cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência desde que observados os
requisitos do art. 318 do Código de Processo Penal e não praticados crimes mediante
violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes.
Nota: Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se: 1) a mulher tiver praticado crime
mediante violência ou grave ameaça; 2) a mulher tiver praticado crime contra seus
descendentes (filhos e/ou netos); 3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais
deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício. STF. 2ª
Turma. HC 143641/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
Lei nº 13.769/2018: Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão
domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
STF. 2ª Turma. HC 165704/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/10/2020. (Info 996)

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Qualquer prisão processual deve ser detraída da pena final imposta, não importa o local de
seu cumprimento - cadeia, domicílio ou hospital -, devendo, portanto, a decisão ser mantida
por seus próprios fundamentos. Assim, mesmo o tempo em que o indivíduo ficou em prisão
domiciliar também deve ser detraído do tempo total de pena.
Nota: O cumprimento de prisão domiciliar, por comprometer o status libertatis da pessoa
humana, deve ser reconhecido como pena efetivamente cumprida para fins de detração da
pena, em homenagem ao princípio da proporcionalidade e em apreço ao princípio do non bis
in idem. STJ. 5ª Turma. HC 459.377/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
04/09/2018.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AgRg nos EDcl no HC 442.538/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020.

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A prisão domiciliar do art. 318 do CPP só se aplica para os casos de prisão preventiva, não
podendo ser utilizado quando se tratar de execução definitiva de título condenatório
(sentença condenatória transitada em julgado).
Nota: Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença
condenatória transitada em julgado e ela não preencher os requisitos do art. 117 da LEP.
HC 177164/PA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18.2.2020. (HC-177164) – (Info 967-STF)

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Em um caso concreto, o STF entendeu que deveria conceder prisão humanitária (art. 318,
II, do CPP) ao réu tendo em vista o alto risco de saúde, a grande possibilidade de
desenvolver infecções no cárcere e a impossibilidade de tratamento médico adequado na
unidade prisional ou em estabelecimento hospitalar — tudo demonstrado
satisfatoriamente no laudo pericial. Considerou-se que a concessão da medida era

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necessária para preservar a integridade física e moral do paciente, em respeito à dignidade


da pessoa humana (art. 1º, III, da CF).
STF. 2ª Turma. HC 153961/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/3/2018. (Info 895)

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