Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
II - FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Embora a autoridade policial tenha optado pela não concessão da fiança, vê-se, Excelência, que
o acusado é pessoa de boa conduta social, sendo primário e trabalhador (conforme registro
anexos), o que leva a concluir que não é um indivíduo corriqueiro a atividades criminosas.
Destaca-se que esta foi a primeira vez que tal indivíduo se deparou com uma situação como
esta. Não pode ser subjugado dos benefícios da lei apenas pela prática de um suposto delito.
Aliás, o veículo do delito em tela fora encontrado em perfeito estado de conservação, sem
maiores danos ou prejuízos ao proprietário, conforme autos de apreensão (fls...), não tendo a
vítima qualquer prejuízo financeiro.
A prisão cautelar reveste-se de caráter de excepcionalidade, pois somente deve ser decretada
quando ficarem demonstrados o fumus bonis iuris e o periculum in mora, o que não ocorreu no
presente caso.
Para a legítima manutenção em cárcere, na forma de prisão preventiva, há de ser preenchido os
requisitos do art. 312 e 313 do Código de Processo Penal. Passa-se a análise destes:
O Requerente é primário e portador de bons antecedentes, conforme comprova documentos de
folhas..., logo não há risco à ordem pública se posto em liberdade.
Da mesma forma, não há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução
criminal, a ordem pública e, tampouco, traga risco à ordem econômica.
Portanto, não há risco à aplicação da lei penal e, destarte, não há fundamento que sustente a
manutenção do cárcere.
Assim, conforme leciona a melhor doutrina, uma vez verificado que estão ausentes os requisitos
autorizadores da prisão preventiva previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, a
liberdade provisória é medida que se impõe, conforme determina o artigo 321, do Código de
Processo Penal:
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá
conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art.
319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código.
III - DO PEDIDO
Ante o exposto, requer que seja deferida a liberdade provisória sem fiança ao Requerente, com a
expedição do devido alvará de soltura.
Caso assim não se entenda, desde já postula também a concessão da liberdade provisória
cumulada com as medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, uma
vez que a prisão é a ultima ratio a ser seguida pelo julgador.
Por tudo, requer a intimação do Ilustre representante do Ministério Público, nos termos da lei.
Nesses termos, pede deferimento.
Comarca..., data...
Advogado...
OAB.../UF...
MODELO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA
Com fundamento no artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal, e no artigo 316 do Código
de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
1. DA SÍNTESE FÁTICA:
O Requerente foi preso em flagrante no dia 20 de maio de 2018, por ter, em tese, praticado o
crime descrito no artigo 157 “caput”, c/c o seu § 2º, inciso II, do Código Penal.
Após ser realizada Audiência de Custódia, este Juízo decretou a prisão preventiva do
Requerente, embasando a sua decisão para o fim de resguardar a ordem pública, a conveniência
da instrução criminal, e assegurar a aplicação lei penal, nos termos do art. 312 do Código de
Processo Penal.
Todavia, no presente momento processual não é mais cabida a manutenção da prisão cautelar
contra o Requerente, em razão que se passa a expor.
2. DOS FUNDAMENTOS:
A Requerente pugna pela sua liberdade para que possa responder adequadamente ao processo,
pela aplicabilidade do Princípio da Presunção de Inocência, até que se esgotem todos os
recursos da ampla defesa e contraditório, onde a prisão cautelar é uma exceção.
Pela sistema implantado pela Lei nº 12.403/2011, as prisões cautelares são a última ratio, ou
seja, deve ser o ultimato final de todas as medidas cautelares disponíveis em nosso ordenamento
jurídico.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado.
(...)
§ 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra
medida cautelar (art. 319). (Grifo nosso)
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá
conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art.
319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. (Grifo Nosso)
Vale ressaltar que o Requerente possui trabalho e residência fixa (CTPS e comprovante de
endereço anexo), e é réu primário, não ostentando qualquer condenação criminal,
comprometendo-se a comparecer em todos os atos processuais solicitados.
Apesar de o Requerente estar sendo investigado em inquéritos policiais, isto não pode ser
considerado como fato desabonador de sua conduta, tendo em vista que a Constituição Federal
afirma que somente é considerado culpado após condenação penal transitada em julgado:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LVII. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. (Grifo Nosso)
Referido dispositivo consolida o Princípio da Presunção de Inocência, garantia constitucional
que permite ao acusado de uma infração penal não ser considerado culpado, até que esgotadas
todas as fases do processo, e ao final haja sentença penal condenatória com trânsito em julgado.
Diante disso, não se pode considerar, por si só, inquéritos policiais em curso como instrumento
idôneo a justificar a manutenção da prisão preventiva da Requerente. Segue jurisprudência neste
sentido:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA NA
SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU. RÉU QUE PERMANECERA SOLTO DURANTE A
INSTRUÇÃO CRIMINAL. EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS POLICIAIS EM
ANDAMENTO. FUNDAMENTO QUE, POR SI SÓ, NÃO JUSTIFICA A PRISÃO
PREVENTIVA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A existência de inquéritos policiais em andamento
não justifica, por si só, a decretação da prisão preventiva. Precedentes do Superior Tribunal de
Justiça. 2. Ordem concedida. (TRF-3 – HC 2501 SP 2010.03.00.002501-2. Rel.: Nelton dos
Santos. Data Julg.: 08/06/2010. Segunda turma).
Nesta linha de raciocínio, o Código de Processo Penal estabelece medidas que assegurem o
desenvolvimento regular do processo com a presença do acusado sem sacrifício de sua
liberdade, deixando a prisão cautelar apenas para as hipóteses de absoluta necessidade. Passa-se
a analisar a ausência do requisito ensejador da prisão cautelar, previsto no artigo 312 do Código
de Processo Penal.
O Requerente não apresenta nenhum risco para a ordem pública, pelo qual entende-se pela
expressão da necessidade de se manter em ordem a sociedade, que, como regra, é abalada pela
prática de um delito [1]. Verifica-se que o Requerente foi preso em flagrante em 20/05/18, e até
a presente data, passaram-se 10 (dez) meses e 08 (oito) dias de prisão, restabelecendo a ordem
pública, não existindo nenhum fato que demonstre que a sociedade encontra-se abalada pelo
crime, razão pela qual não se pode cometer a injustiça de presumir uma periculosidade
inexistente.
Impor ao Requerente o cumprimento antecipado de uma pena é fechar os olhos aos princípios
que norteiam o ordenamento jurídico, em especial, no que se refere a presunção de inocência e a
dignidade da pessoa humana.
Deve-se levar em consideração que outros acusados de participação no crime estão em
liberdade, não podendo o Requerente, que teve uma menor participação no crime, responder o
processo custodiado.
No que tange a conveniência da instrução criminal, o Requerente não pretende, e de nenhuma
forma perturbará ou dificultará a busca da verdade real, no desenvolvimento da marcha
processual, não podendo, também, presumir tal fato, pois inexiste nos autos quaisquer
elementos que indiquem um entendimento em sentido contrário, como mesmo afirmado por este
Juízo em sua decisão.
Ademais, o Requerente tem consciência de que a instrução criminal é o meio hábil de exercer o
direito constitucional do contraditório e da ampla defesa, e de provar sua inocência, razão pela
qual não se pode presumir que a mesma se voltará contra o único meio que possibilitará o
exercício de sua defesa.
Por fim, quanto a aplicação da lei penal, que visa garantir a finalidade útil do processo, qual
seja, garantir ao Estado o seu exercício do direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é
considerado o autor de uma infração penal, também não se encontra presente.
Dessa forma, é perfeitamente cabível que sejam impostas medidas cautelares diversas da prisão,
previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal:
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para
informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar
o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária
para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou
acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do
Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo,
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
Portanto, a liberdade poderá ser concedida ao Requerente, decretando, subsidiariamente, as
medidas cautelares diversas da prisão, conforme preconiza os artigos 319 e 320 ambos do
Código de Processo Penal, isto porque, as suas circunstâncias e condições pessoais dão ensejo a
aplicação de tais medidas.
3. DOS PEDIDOS:
Diante de todo o exposto, pede-se, encarecidamente a Vossa Excelência, nos termos do artigo
316, ab initio, do Código de Processo Penal, a revogação da prisão preventiva do requerente
FULANO DE TAL, com a expedição do competente alvará de soltura, e a aplicação de medidas
cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal, as quais Vossa Excelência
entender ser justa e cabível ao presente caso.
MODELO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA
Processo nº
João, (qualificação completa) nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do RG nº, e CPF
nº, residente e domiciliado no endereço (endereço fixo), por conduto do seu advogado
infrafirmado, devidamente constituído mediante instrumento procuratório em anexo, assim
como antecedentes criminais do requerente em anexo, requerer a REVOGAÇÃO DA SUA
PRISÃO TEMPORÁRIA, com fundamento no art. 5º, LXV, da CF/88 e o art. 1º da Lei nº
7960/89.
Em _/_/__ o Delegado de Polícia representou à V.Exa. a fim de que fosse decreta a prisão
temporária do requerente, alegando que o mesmo, estava sendo investigado pelo cometimento
de crimes de estelionato e furto, previstos nos arts. 171, e 155, do CP.
O Delegado de Polícia utilizou o argumento, que o requerente se tratava de pessoa sem
residência fixa, sendo a sua prisão imprescindível para a conclusão das investigações. Com isso,
V.Exa. Decretou a prisão temporária de João em _/_/__, pelo prazo de cinco dias, podendo ser
prorrogável por mais cinco se persistissem os motivos que levaram à sua decretação.
II – DO DIREITO
Na lei 7.960/89 que dispõe sobre a prisão temporária em ser Art , 1º, I e II, traz:
Art. 1º Caberá prisão temporária:
I - Quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - Quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;
Ocorre, V.Exa., que somente dois pressupostos para a decretação de prisão temporária do
acusado existem, de acordo com o Delegado de polícia. De modo que, não sendo cabível
nenhuma hipótese prevista no inciso III do mesmo artigo, uma vez que, a prisão temporária só é
possível em relação aos crimes expressamente previstos neste inciso, se torna a prisão ilegal, a
qual deve ocorrer o seu relaxamento.
Outrossim, vejamos que a representação do delegado de polícia não merece prosperar, uma vez
que esteja em inconformidade com a lei.
Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.
(Local), __ de __ de_____.
PROCESSO nº
DOS FATOS
O Requerente fora preso preventivamente na data tal, conforme comunicação realizada pela
autoridade policial, em cumprimento de mandado expedido por este juízo, por, supostamente,
ter praticado o crime descrito no art. 121 do Código Penal Brasileiro contra a sua ex-
companheira no ano tal.
Entretanto, a prisão preventiva adotada não é cabível no presente caso e, portanto, merece ser
revogada, posto que carece dos mais básicos requisitos autorizadores previstos na lei processual
penal, não tendo que se falar em decretação da medida para assegurar a aplicação da lei penal.
Além do mais, não existe qualquer contemporaneidade nos fatos alegados ou ainda fatos novos
que pudessem justificar a autorização da decretação da medida mais extrema.
Pelo exposto, passaremos a expor as situações de fato e de direito que demonstram ser mais que
hábeis e suficientes para autorizar a revogação da prisão preventiva do requerente.
Cumpre destacar que o Requerente não ostenta quaisquer dos requisitos situados no artigo 312
do Código de Processo Penal, tampouco no tocante à necessidade da garantia da aplicação da lei
penal, requisitos os quais, nesse ponto, poderiam inviabilizar o pleito de revogação da prisão
preventiva e a concessão da liberdade provisória.
Ressalta-se, neste primeiro momento, que o acusado, quando do momento da sua captura,
possuía residência fixa e ocupação lícita, sendo ambas as situações facilmente demonstradas, até
de forma vasta, pelos documentos acostados a este petitório, além do que é réu primário e de
bons antecedentes, situações que favorecem a avaliação positiva da personalidade do
Requerente.
Salienta-se que o acusado não estava se omitindo da aplicação da lei penal, visto que
encontrava-se exercendo uma ocupação lítica, inclusive com várias anotações na sua CTPS,
além de contrato formal de trabalho, o que denota a formalidade dos vínculos de emprego, fato
que demonstra que o Sr. FULANO DE TAL não estava tentando se esconder do crivo do Poder
Judiciário.
Imprescindível mencionar que o Requerente fora nomeado curador provisório de beltrana,
pessoa com deficiência, conforme termo em anexo, nos autos da Ação de Interdição, Proc. nº, a
qual tramitou perante o Poder Judiciário do Estado tal, o que demonstra de forma inconteste que
o Requerente estava agindo de forma lícita no seu dia a dia, não havendo qualquer prova ou
indício de que tentava esconder o seu paradeiro, o seu nome ou sua vida, com vistas a se livrar
da aplicação da lei penal.
Perfaz ainda argumento deveras inconcebível a presunção de fuga do acusado, até porque
inconstitucional à luz do Princípio da Presunção de Inocência previsto na Constituição Federal,
devendo haver fundado temor, fato claro e determinado a justificar o receio de evasão do réu.
Não pode o Estado, deste modo, pela sua inabilidade em encontrar o paradeiro do acusado pelo
suposto crime praticado, simplesmente afirmar que este estava buscando fugir da aplicação da
lei penal, tampouco se demonstrado que o Requerente possuía residência fixa, trabalho ou
ocupação lícita, postulava perante o poder judiciário, realizou compra e venda de imóvel e, além
do mais, exercia os seus direitos políticos, pois costumava gozar do direito ao voto, conforme
demonstrado pelos comprovantes anexados a este petitório.
Ademais, sendo a prisão medida extrema, considerada como ultima ratio, não poderia o
magistrado ter deixado de analisar a possibilidade de aplicação de medidas cautelares diversas
da prisão prevista no art. 319 do Código de Processo Penal, as quais poderiam ser eficazes nesse
caso, como a prisão domiciliar com o uso de monitoramento eletrônico, perfeitamente aplicável
para que o Estado pudesse ter o controle sobre o paradeiro do acusado.
“Como é sabido, em razão do princípio constitucional da presunção da inocência (art. 5º, LVII,
da CF) a prisão processual é medida de exceção; a regra é sempre a liberdade do indiciado ou
acusado enquanto não condenado por decisão transitada em julgado. Daí porque o art. 5º, LXVI,
da CF dispõe que: ‘ninguém será levado à prisão ou nela mantida, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.” (BIANCHINI, Alice . . [et al.] Prisão e medidas
cautelares: comentários à Lei 12.403, de 4 de maio de 2011. (Coord. Luiz Flávio Gomes, Ivan
Luiz Marques). 2ª Ed. São Paulo: RT, 2011, p. 136) (grifo nosso)
O suposto periculum libertatis deve ainda lastrear-se em fatos concretos, não sendo suficiente
citar a gravidade do delito, sendo que são próprios do tipo penal e que nada são contemporâneos
à decretação da medida mais extrema.
Destaca-se que, efetivamente, a atividade estatal deve ser voltada para a garantia da aplicação da
lei, o que se pretende ao final do processo que apura a suposta prática do homicídio. No entanto,
não se pode utilizar de medidas excepcionais, como é a prisão preventiva, como forma de
antecipação de pena, tendo em vista que a presunção é de inocência e assim deve ser tratado o
acusado até que sobrevenha condenação em seu desfavor, sob o risco de ficar subentendido que
já existe juízo de culpabilidade antes mesmo de sentença condenatória.
Além disso, a aplicação da lei processual penal exige a valoração da possibilidade de que se
aplicar medidas cautelares diversas da prisão, sendo necessária a demonstração cabal da
impossibilidade e ineficácia dessas medidas, o que não fora feito na decisão que autorizou a
prisão preventiva do Requerente.
Há que se ressaltar a necessidade de que a prisão preventiva atenda ao princípio da
contemporaneidade, pelo qual a decisão judicial deve se apoiar em fatos novos ou
contemporâneos, de modo que se possa extrair o perigo que a liberdade do réu possa representar
para o processo penal.
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na relatoria do Ministro Rogério Schietti Cruz,
decidiu nesse sentido no Habeas Corpus nº 633.110:
Como é cediço, o Código de Processo Penal, já alterado para que tenha compatibilidade com a
ordem constitucional atual, prevê que a liberdade é a regra, sendo possível a privação deste
direito fundamental apenas com fortes indícios de autoria e materialidade delitiva, obedecendo
ainda os requisitos específicos previstos na lei processual.
Assim, além da lei, tanto a doutrina como a jurisprudência já consolidaram a ideia do direito
penal como ultima ratio, entendendo que a medida mais extrema, qual seja, a prisão, deve ser
tida como último recurso para estabilizar a paz social e, portanto, deve haver, sempre que
possível a conversão da prisão preventiva pela prisão domiciliar, de acordo com os requisitos do
art. 318, ou a incidência das medidas cautelares diversas do art. 319.
Salienta-se que estas medidas cautelares diversas devem incidir naqueles casos em que seria
possível a aplicação da prisão preventiva, mas, devido às peculiaridades do caso, tornam-se
perfeitamente viáveis e suficientes para o acautelamento do processo.
Cumpre estabelecer que o Código de Processo Penal é expresso quando determina, no art. 282,
§ 6º, o seguinte:
Art. 282, § 6º - A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da
substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos
elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.
Dessa forma, o direcionamento da lei processual estabelece a necessidade de observância do
caso concreto, sendo necessária a avaliação se seria cabível a substituição da prisão preventiva
pela prisão domiciliar ou outra medida cautelar diversa.
Insta ressaltar que o supracitado artigo ainda determina a necessidade de fundamentação acerca
do não cabimento da substituição, assim, a decisão que fundamentou a manutenção da prisão
preventiva errou ao não se utilizar de fatos novos ou contemporâneos, além daqueles já
demonstrados em tópico anterior.
Vale salientar que o magistrado justificou a prisão com base na gravidade do crime, própria do
tipo penal, assim como no fato de que mesmo havendo pendência de mandado de prisão, o
acusado não se apresentou para responder ao processo.
No entanto, essa motivação não é idônea a ponto de ilidir a aplicação de novas medidas
cautelares diversas, tendo em vista que é possível a decretação de mais de uma medida, a fim de
manter a vigilância do acusado, visto que a prisão é demasiadamente excessiva neste caso
concreto e serve como antecipação de pena por um suposto crime praticado e ainda pendente de
condenação.
Além do mais, caso haja novamente o descumprimento dessas medidas impostas, é possível que
se possa revogar e decretar novamente a prisão do paciente. Assim, não perfaz uma justificativa
suficiente a alegação de que o réu poderá descumprir tais medidas.
Assim, cumpre trazer à baila que o acusado faz jus à substituição da prisão preventiva pela
prisão domiciliar, com fundamento no art. 318, inciso III, do Código de Processo Penal, tendo
em vista que é curador de uma pessoa com deficiência, cujos cuidados especiais que exerce são
imprescindíveis, sobretudo para resolver todos os atos da sua vida, assim como questões
pertinentes ao seu benefício previdenciário e demais necessidades.
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
[...]
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com
deficiência; (grifo nosso).
Assim, é medida que se impõe, caso não seja reconhecida a revogação da prisão preventiva, que
se aplica a conversão pela prisão domiciliar conforme prevista no artigo supracitado,
estabelecendo o que aduz a lei processual penal.
Ainda nessa esteira decidiu recentemente o TJDFT:
Nesse sentido, cumpre ainda indicar as cautelares diversas que mais se adequam a este caso,
como uma forma de contribuir para a situação em que o acusado, mesmo não estando submetido
ao cárcere, continuará contribuindo para a aplicação da legislação penal e processual penal.
Logo, a despeito da gravidade da suposta conduta praticada, a prisão se mostra excessiva, sendo
possível alcançar os resultados de prevenção dos riscos processuais mediante medidas
cautelares alternativas.
Assim, sugere-se a aplicação das seguintes medidas, as quais podem ter os efeitos mencionados
no próprio quadro demonstrativo, fazendo com que possa haver o controle jurisdicional:
SUPOSTO RISCO
CAUTELAR INDICADA
IX – Monitoração Eletrônica;
MOTIVO
b) Possibilitarão que o Judiciário possa evitar qualquer contato dos Pacientes com os corréus e
outras pessoas envolvidas em atividades criminosas.
Dessa forma, caso Vossa Excelência entenda pela não revogação da prisão preventiva, o que
não se espera, requer a conversão daquela em prisão domiciliar, como um direito previsto na lei
processual penal que se aplica ao acusado, cumulando, caso entenda necessário, com as medidas
cautelares sugeridas ou outras que entenda melhor e que sejam suficientes para que o paciente
possa responder em liberdade, estabilizando esta demanda em conformidade com a Constituição
Federal e a lei processual penal.
DOS PEDIDOS
REQUER, com abrigo no art. 316 e 321 do Código de Processo Penal a REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA do Sr. FULANO DE TAL, uma vez que não estão presentes os
requisitos ensejadores da prisão preventiva do mesmo, sendo-lhe imediatamente restituída a
liberdade com a expedição de ALVARÁ DE SOLTURA, com a entrega do Requerente, ora
preso, de forma incontinenti, impondo, de outro modo, caso não entenda pela revogação da
prisão preventiva, o que não se espera, a sua substituição pela PRISÃO DOMICILIAR com
fulcro no art. 318, III, do CPP e, se assim entender este juízo, juntamente com a aplicação de
outras medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319 do CPP, o que de logo requer.
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Local, data
ADVOGADO
OAB/UF nº
MODELO DE HABEAS CORPUS DE MANEIRA MAIS GENÉRICA
(10 linhas)
“O direito dos mais miseráveis dos homens, o direito do mendigo, do escravo, do criminoso,
não é menos sagrado, perante a justiça, que o do mais alto dos poderes. Antes, com os mais
miseráveis é que a justiça deve ser mais atenta.” Rui Barbosa.
AUTOS NºXXXXXXXXXXX
DISTRIBUIÇÃO DE URGÊNCIA
O paciente foi preso em flagrante delito no dia xxxxx, por ter supostamente praticado
juntamente com outro acusado os delitos do Artigo 159, caput, do Código Penal. Tendo sido
decretada a prisão preventiva do acusado em xxxxxx. O qual permanece custodiado até o dia de
hoje. Oferecida a Denúncia em xxxxxxx, em consequência o recebimento da mesma pela Douta
Magistrada ocorreu na data de xxxxxxx. Foi designado Audiência de Instrução, ocorrendo tal
ato na data de xxxxxxxx. O processo por inércia encontra-se parado a mais de xxxxxxxx, sem
oferecimento das Alegações Finais pelo Ministério Público e pela defesa, em todo esse tempo.
PRELIMINARMENTE
Nesta seara, é importantíssimo destacar, que este signatário não está exigindo neste Writ a
análise de provas sobre o juízo de comprovação de culpa do paciente, ao revés, o que se quer
através deste remédio heroico é salvaguardar a liberdade de locomoção da pessoa do acusado
que encontra-se preso há mais de xxxxxxx sem a prolação de sentença condenatória.
Sendo que tal o atraso é completamente desmedido, por culpa exclusiva do aparelho repressor
estatal, violando, assim, os princípios da razoabilidade dos prazos processuais e da
proporcionalidade.
Tempo de sua segregação cautelar (RTJ 137/287 - RTJ 157/633 -RTJ 180/262-264 - RTJ
187/933934), considerada a excepcionalidade de que se reveste, em nosso sistema jurídico, a
prisão meramente processual do indiciado ou do réu, mesmo que se trate de crime hediondo ou
de delito a este equiparado. - O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho
judiciário - não derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório causalmente atribuível ao
réu - traduz situação anômala que compromete a efetividade do processo, pois, além de tornar
evidente o desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra um direito básico que assiste a
qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio, sem dilações indevidas ( CF, art. 5º, LXXVIII)
e com todas as garantias reconhecidas pelo ordenamento constitucional, inclusive a de não
sofrer o arbítrio da coerção estatal representado pela privação cautelar da liberdade por tempo
irrazoável ou superior àquele estabelecido em lei.
Desrespeitar o princípio da Garantia da Razoável Duração Do Processo, é desrespeitar a
dignidade humana, este um dos princípios assegurados na carta Política de 1998.
A prisão do paciente se acha eivada de irregularidade, sob o repúdio da Constituição Federal,
art. 5º - inciso LXV que defende “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária.”
“LITBERTAS QUAE SERA TAMEM!” Liberdade ainda que tardia! – Palavras de Virgílio,
tomadas como lema pelos chefes da inconfidência Mineira.
É por isso que Vossas Excelências hão de observar que no nadar do processo ocorreu fato novo
que faz cessar a medida da exceção, ou seja, o prazo de permanência sob a custodia excedeu o
concedido para a instrução processual, com suporte no art. 5º, inciso LXV da Carta Maior e por
tudo quanto apregoa nossas jurisprudências atinentes à espécie, e por ser do mais puro direito.
Pois bem, no compulsar do processo vê-se que a demora injustificada na formação da culpa do
paciente acaba por ferir de morte o princípio da Razoável Duração do Processo.
Sinceramente não seria razoável o paciente depender da mora do órgão julgador para ser posto
em liberdade, uma vez que essa demora é injustificável.
Em que pese existir a Súmula 52 do STJ, não é aceitável a demora injustificada da manutenção
do paciente no cárcere, sob pena de macular o princípio da razoável duração do processo e,
principalmente, e o direito fundamental à liberdade do paciente.
A despeito do assunto, é necessário frisar que o próprio STJ vem mitigando a aplicação da
Súmula 52, quando, como no caso, o atraso é completamente desmedido, por culpa exclusiva do
aparelho repressor estatal, violando, assim, os princípios da razoabilidade dos prazos
processuais e da proporcionalidade. Atento que a demora injustificada da formação da culpa,
sem colaboração da defesa, impõe o imediato relaxamento da prisão pela autoridade judiciária.
O informativo de jurisprudência n. 323 daquele egrégio Tribunal noticiou o julgamento do
Recurso em Habeas Corpus n. 20.566-BA, de relatoria da Min. Maria Thereza de Assis Moura,
em cuja ementa restou consignada o seguinte: "Ainda que encerrada a instrução, é possível
reconhecer o excesso de prazo, diante da garantia da razoável duração do processo, prevista no
artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição. Reinterpretação da Súmula 52 à luz do novo
dispositivo."
Ora, o paciente encontra-se preso desde o dia xxxxxxx, sendo que não mais subsistem razões
para a privação do seu direito de ir e vir consagrado na nossa Carta maior.
De início cabe aduzir que não se fazem presentes os requisitos indispensáveis para a
manutenção da segregação do paciente, posto que o Nobre Magistrado de primeiro grau não
pode limitar-se a narrar como ocorreu a prisão em Flagrante, no presente caso decisão merece
por razão de justiça ser revogada.
Em prefacial salienta-se que o Nobre Magistrado se ateve a narrar em sua r. Decisão que a
gravidade em abstrato do delito supostamente praticado pelo paciente juntamente outro réu se
enquadrava em motivo justificador para a decretação da prisão preventiva do mesmo.
In casu, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva, com base em considerações
genéricas acerca da gravidade abstrata do delito e em conjecturas a respeito do risco à aplicação
da lei penal, sem indicação de elementos concretos, que justificassem a necessidade da custódia
cautelar do paciente, o que não se admite, na forma da jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça.
Ademais, a decisão não individualizou a conduta do paciente e do outro corréu, sendo idênticos
os fundamentos para todos os acusados em relação aos quais foi decretada a prisão cautelar,
para garantia da ordem Pública e à aplicação da lei penal.
A autoridade coatora fundamentou sua decisão no sentido da “probabilidade da reiteração da
prática criminosa.”
Ora! Não há de se presumir que o paciente vá atentar contra a ordem pública ou dificultar a
aplicação da lei penal, tendo em vista que o mesmo tem bons antecedentes, o exercício de uma
profissão licita, e residência fixa, sendo que estes argumentos são suficientes para afastar
qualquer tipo de presunção prejudicial ao mesmo.
Excelências insta salientar que em matéria ligada intimamente à dignidade da pessoa humana, a
fundamentação da decisão judicial se denota corolário do estado Democrático de Direito. Desse
modo, mostra-se ilegal a prisão mantida por força de decisão que se funda apenas na gravidade
abstrata do crime, sem indicar elementos concretos a justificar a medida.
Cumpre ressaltar eminentes julgadores, antes de qualquer coisa, e acima de tudo que o paciente
é pessoa integra.Portanto, inexistem motivos para que o paciente continue a ser mantido
enclausurado, até mesmo porque o mesmo preenche todos os requisitos constantes da lei para a
concessão da liberdade provisória até que seja prolatada a sentença absolutória pelo juiz de piso.
Por estas razões, o paciente confia que Vossa Excelência, fiel à sua gloriosa tradição e aos
ditames da lei e da justiça, haverá de conceder, liminarmente ordem deste Habeas Corpus, para
possibilitar que aquele possa aguardar a prolação da sentença em liberdade até a decisão final
transitada em julgado, devendo ser expedido o competente alvará para a imediata soltura do
paciente, como medida de mais lidima justiça.
IV-DOS PEDIDOS:
Ante o exposto, requer:
Advogado/oab
BELTRANO DE TAL, brasileiro, advogado (a), inscrito (a) na OAB-XXX sob o nº ____, com
escritório na Rua____ nº ____, Setor ________, nesta Capital, onde recebe intimações, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da
Constituição Federal, impetrar ordem de
HABEAS CORPUS
em favor de FULANO DE TAL, brasileiro, (estado civil), (profissão), residente nesta capital,
contra ato do Ilustríssimo Delegado de Polícia do Distrito de ____ (QUANDO ESTIVER EM
FASE DE INQUÉRITO) ou Meritíssimo Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de
XXXXXXXX (QUANDO ESTIVER NO CURSO DA AÇÃO PENAL), pelos motivos e fatos a
seguir aduzidos:
I - Fatos
O paciente encontra-se preso desde ___/___/____, no _____ Distrito desta Capital, em razão de
prisão em flagrante (AUTORIDADE COATORA É O DELEGADO) ou por ordem do
Excelentíssimo Juiz de Direito da _____ Vara Criminal (AUTORIDADE COATORA É O
JUIZ), sob o argumento de que ............... (TRANSCREVER O PROBLEMA).
II - Argumentação
- TESE DE NULIDADE
ou
ou
(lembre-se das causas de extinção: prescrição, legítima defesa, estado de necessidade etc.)
ou
(lembre-se: neste caso deve ter ocorrido abuso de poder por parte da autoridade).
Desta forma,...
- TESE DE NULIDADE
...não foi cumprido o que determina o artigo XXXXXXX do Diploma Penal (ou) Processual
Penal, ocorrendo assim, a nulidade prevista no artigo 564, inciso ____ do Código de Processo
Penal.
ou
...não razão para a imputação do crime do artigo ____ do Código Penal ao paciente....
ou
...extinta se acha a punibilidade do paciente, conforme disposto no art. 107, inciso ____ do
Código Penal.
ou
...evidencia-se verdadeiro abuso de autoridade a ser sanado pelo remédio do habeas corpus.
III -Jurisprudência
IV –Pedido
Diante do exposto, em face da verdadeira coação ilegal, de que é vítima o paciente, vem
requerer que, após solicitadas as informações à autoridade coatora, seja concedida a ordem
impetrada, conforme artigos 647 e 648, inciso ____ do Código de Processo Penal, decretando-
se...
...a anulação (ab initio até denúncia da ação penal ou a partir de _____), por medida de Justiça!
...se a prova foi incinerada, pedir a NULIDADE da sentença, pois o ato não poderá ser refeito.
NULIDADE
ou
...o trancamento da ação penal (se não tiver sentença) ou a cassação da sentença (se tiver
sentença), por medida de Justiça! FALTA DE JUSTA CAUSA:
ou
...a extinção da punibilidade do fato imputado ao paciente na ação penal, por medida de Justiça!
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:
ou
...a extinção do feito face a ocorrência de ABUSO DE AUTORIDADE
Termos em que,
pede deferimento.
Cidade, ______/_______/_______
IMPETRANTE:
PACIENTE:
Autoridade apontada como Coatora: M.M Juíza de Direito da Vara Criminal da Comarca de
XXXXXXXXXX.
Dr. Impetrante e sua qualificação completa, brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB sob o
nº. XXXX/X, com endereço profissional à Av. XXXXXXx, nº XX0, sala xx, bairro xxxxxxs,
xxxxxx/SE, cep xxxx, conforme instrumento de representação anexo, vem mui respeitosamente,
à digna e respeitosa presença de Vossa Excelência, impetrar:
O paciente arrima-se nos dispositivos previstos nos incisos LVII, LXV, LXVIII LXXVIII, do
art. 5º da Constituição Federal, e nos artigos 647 e 648, II do Código de Processo Penal, e ainda
nos relevantes motivos de fato e de direito adiante aduzidos.
Dr. Impetrante
ADVOGADO OAB/
PACIENTE: XXXXXXXXX
COLENDA TURMA,
EMINENTE DESEMBARGADOR RELATOR,
ÍNCLITOS JULGADORES
Ø SÍNTESE DOS FATOS E OBJETO DO PEDIDO
2. O paciente permanece preso por força de decretação de prisão preventiva que fora decretada
na data de XXXXX0 pelo douto juízo da Vara Criminal da Comarca de XXXXXX, e cumprida
no dia 1XXXXXX0, estando recluso da sua liberdade há mais de 90 dias, por uma decisão não
fundamentada adequadamente.
3. Ocorre que o juízo processante deixou de revisar de ofício o decreto de prisão preventiva, nos
termos do art. 316, parágrafo único do Código de Processo Penal, restando evidente o
constrangimento ilegal no encarceramento do paciente, diante da ausência de manifestação
acerca da necessidade da sua manutenção, conforme dispõe o referido dispositivo.
4. Cumpre salientar também que para além do excesso de prazo o qual deveria ser revisado os
fundamentos a cada 90 dias, se exauriu no dia xxxxxxx, sendo inquestionável a ilegalidade da
prisão conforme interlocução do art. 316, parágrafo único do CPP.
A princípio, relata que o paciente se encontra preso por decreto de prisão preventiva tombado
sob o nº XXXXXXXX, que foi requisitado pela autoridade policial no bojo do Inquérito Policial
nº XXXX/XX, haja vista a notícia do fato criminoso confrontar as medidas protetivas de
urgência outrora deferidas em favor da vítima.
convir que o critério utilizado para fundamentar “concretamente” o suposto fato crimimoso se
vale da claramente acerca a reprovabilidade do fato, fazendo referêcia genérica de como a
conduta praticada no momento haveria de se amoldar em alguma das situações previstas no art.
312 do CPP.
Destarte, para a doutrina, a prisão preventiva para garantir a ordem pública contraria o princípio
da estrita legalidade por ser requisito de caráter puramente subjetivo, como resta configurado na
decisão da juíza.
À ordem pública relacionam-se todas aquelas finalidades do encarceramento provisório que não
se enquadram nas exigências de caráter cautelares propriamente ditas, mas constituem formas
de privação da liberdade adotadas como medidas de defesa social; fala-se, então, em
‘exemplaridade’, no sentido de imediata reação ao delito, que teria como efeito satisfazer o
sentimento de justiça da sociedade; ou, ainda, a prevenção especial, assim entendida a
necessidade de se evitar novos crimes
É sabido que todas as decisões devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade, no sentir do art.
93, IX da Constituição Federal, tendo isso em vista a Lei nº 13.964 de 2019, o Código de
Processo Penal passa a contemplar em seu art. 315 o princípio da fundamentação das decisões
judiciais, espelhando um compromisso firmado com a democracia e representando um avanço
na Constitucionalização do Processo Penal, estabelecendo para tanto umas série de regras, senão
vejamos:
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre
motivada e fundamentada.
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença
ou acórdão, que:
Ora, o magistrado, ao decretar medida cautelar em determinado caso penal, ainda em sede de
cognição sumária, está obrigado a enfrentar os requisitos de ordem concreta, avistável aos autos
que demonstrem efetivo dano ao periculum libertatis amparados nos princípios da necessidade,
adequação e proporcionalidade.
Nesse sentir, já entendeu o Min. Rogério Schietti Cruz do Colendo STJ, senão vejamos:
1. A prisão preventiva possui natureza excepcional, sempre sujeita a reavaliação, de modo que a
decisão judicial que a impõe ou a mantém deve, para compatibilizar-se com a presunção de não
culpabilidade e com o Estado Democrático de Direito – o qual se ocupa de proteger tanto a
liberdade individual quanto a segurança e a paz públicas –, ser suficientemente motivada, com
indicação concreta das razões fáticas e jurídicas que justificam a cautela, nos termos dos arts.
312, 313 e 282, I e II, do Código de Processo Penal. 2. O decreto de prisão ressaltou o
periculum libertatis, com base no sentimento de intranquilidade e de desassossego no meio
social, no esfacelamento das famílias e no arrebatamento dos jovens pelo mundo do crime. 3. A
fundamentação é genérica, pois deixou de apontar elementos concretos suficientes que,
efetivamente, evidenciassem que o réu, solto, pudesse colocar em risco a ordem pública, a
ordem econômica, a instrução processual ou mesmo se furtar à aplicação da lei penal. 4. Ordem
concedida para, confirmada a liminar anteriormente deferida, cassar a decisão que decretou a
prisão do paciente, ressalvada a possibilidade de nova decretação da custódia cautelar se
efetivamente demonstrada a sua necessidade, sem prejuízo de fixação de medida alternativa, nos
termos do art. 319 do CPP.
1. A prisão preventiva possui natureza excepcional, sempre sujeita a reavaliação, de modo que a
decisão judicial que a impõe ou a mantém, para compatibilizar-se com a presunção de não
culpabilidade e com o Estado Democrático de Direito – o qual se ocupa de proteger tanto a
liberdade individual quanto a segurança e a paz públicas –, deve ser suficientemente motivada,
com indicação concreta das razões fáticas e jurídicas que justificam a cautela, nos termos dos
arts. 312, 313 e 282, I e II, do Código de Processo Penal. 2. Ante a crise mundial da Covid-19 e,
especialmente, a iminente gravidade do quadro nacional, intervenções e atitudes mais ousadas
são demandadas das autoridades, inclusive do Poder Judiciário. Assim, na atual situação, salvo
necessidade inarredável da prisão preventiva – mormente casos de crimes cometidos com
particular violência –, a envolver acusado/investigado de especial e evidente periculosidade, o
exame da necessidade da manutenção da medida mais gravosa deve ser feito com outro olhar. 3.
No caso dos autos, o Juiz de primeira instância mencionou fato que evidencia o periculum
libertatis, ao salientar que o réu ostenta "duas outras condenações pretéritas por incursão no
delito previsto no art. 28 da Lei de Drogas e também pela prática do crime de roubo". Todavia,
não foi demonstrada, satisfatoriamente, a insuficiência de outras medidas menos gravosas que a
preventiva. Isso porque, embora haja referência da reiteração delitiva do acusado (roubo
praticado em 8/7/2013 e uso de entorpecente, que nem sequer é punido com pena privativa de
liberdade), a quantidade de droga apreendida em seu poder não é expressiva nem altamente
deletéria (22,35 g de maconha). Os elementos apresentados não servem para denotar a
periculosidade exacerbada do paciente na traficância, a ponto de justificar o emprego da cautela
máxima. 4. Ordem concedida para, confirmada a liminar deferida, substituir a prisão preventiva
do ora paciente por medidas cautelares diversas.
O advento da Lei 13.964 de 2019 trouxe uma nova redação ao art. 316 do CPP, inaugurando a
necessidade constante da demonstração em motivação idônea, da atualidade e necessidade da
prisão, bem como da revisão obrigatória a cada 90 dias, sob pena de ilegalidade imediata.
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no
correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem
como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a
necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de
ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.
O paciente está segregado desde o dia xxxxxx0, por ordem de prisão conforme decisão às
fls.xx-xx do autos nº xxxxxxxxxxx ora colacionados, dando conta que se exauriu o prazo de 90
dias para a revisão da prisão preventiva desde o dia xxxxxxxx, todavia sem a manifestação do
douto juízo pela nova decretação ou pela revogação, que haveria de ser de ofício.
Ora, tal regra visa combater abusos de prisões cautelares sem contemporaneidade e atualidade
do risco, inclusive criminaliza a conduta de manter decreto de prisão sob pena de conduta
incartada na Lei de Abuso de Autoridade (LAA, art. 9º) [3]
Com efeito, decorrido o prazo supracitado e não se justificando a demora, resta configurado o
constrangimento ilegal na medida em que a prisão taxativamente passa a ser ilegal, devendo a
ordem de Habeas Corpus relaxar a prisão ilegal e cessar o constrangimento ilegal que está
submetido o imputado.
No sentir do art. 5º, LXV da CF, na hipótese de evidente prisão ilegal a ser verificada pela
autoridade judiciária, esta deve ser imediatamente relaxada, não prejudicando o manejo da ação
mandamental do Habeas Corpus com vistas a cessar ilegalidade ou abuso de poder, vejamos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Sobremaneira, Excelências, na interlocução da Carta Magna, o tratamento conferido à prisão
cautelar ilegal, sendo imperativo o seu relaxamento imediato pela autoridade judiciária, é que
esta defesa pugna pela cencessão da ordem de Habeas Corpus com vistas a relaxar
imediatamente a medida cautelar odiosa, posto que manifestamente ilegal, configurando
constrangimento ilegal.
Passando aos requisitos da decretação da prisão preventiva previsto no art. 312 do CPP,
verifica-se a existência de “prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria”, que
seria o próprio o fumus commissi delicti, que não pressupõe juízo de certeza, mas de
probabilidade razoável da imputação feita ao denunciado.
Contudo, para além deste primeiro requisito, é imprescindível que haja efetivo dano ou ameaça
concreta ao periculum libertatis, ou seja, efetiva ameaça ao processo que justifique a medida
excepcional e na linha de instrumentalização com as finalidades do processo penal
constitucional. Logo, em se verificando alguma das situações previstas no art. 312 do CPP, faz-
se necessário a correlação de elementos concretos visto nos autos levando a efeito a infringência
destas situações no caso concreto.
Ora, é inquestionável que tal motivação não poderá ser presumida mesmo quando ao periculum
libertatis, é óbvio que está diretamente relacionado aos elementos contemporâneos ao decreto
que levem a efeito a atualidade do risco que o imputado representa em liberdade.
Ainda nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça reconhece tais argumentos, vejamos:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para
informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar
o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária
para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou
acusado tenha residência e trabalho fixos;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo,
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
Portato, dado o caráter excepcionalíssimo da prisão preventiva é que surge a necessidade
imposta pelo art. 315 do CPP, dado novo regramento sobre como deverá ser fundamentada a
decisão que decretará eventual preventiva, devendo motivar e apontar a inadequação ao caso
concreto das demais cautelares dispostas no art. 319 do CPP.
Convergindo nessa senda argumentativa, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça já decidiu:
Ø DO PEDIDO
Ante o exposto, pugna que seja CONCEDIDO A LIMINAR DA ORDEM DE HABEAS
CORPUS, reconhecer o constrangimento ilegal decorrente da prisão ilegal e ilegítima que sofre
o imputado em vista de um decreto de prisão exarado pelo MM. JUÍZO DA VARA CRIMINAL
DE ROSÀRIO DO CATETE, não fundamentado nos termos do art. 315 do CPP, deixando de
motivar e fundamentar a medida excepcional com base na atualidade dos riscos em elementos
concretos, bem como manteve-se inerte em relaxar a prisção ilegal tendo em vista o
exaurimento do prazo de revisão da prisão preventiva de 90 dias, nos termos do art. 316,
parágrafo único do CPP, há de ser colocando o paciente xxxxxxxxxx, imediatamente em
LIBERDADE.
No MÉRITO, pugna pela aplicação das medidas cautelares diversas da prisão supracitadas, em
especial o USO DE MONITORAMENTO ELETRÔNICO e por via de consequência, espera-se
a expedição do imediato alvará de soltura em favor do paciente, com essa medida o Egrégio
Tribunal de Justiça estará restabelecendo a Justiça e a Ordem Jurídica.
DR. IMPETRANTE
(ADVOGADO )
OAB/