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PEÇAS INCIDENTAIS DE LIBERDADE (RELAXAMENTO DE PRISÃO E

PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA).

1. Como identificar? A identificação do relaxamento de


prisão vai ser notada quando se perceber da leitura do
enunciado, um ato prisional marcado com flagrante
violação à lei (p. ex. crime não previsto nas hipóteses
de cabimento da Lei de Prisão Temporária ou Flagrante
ilícito).
Já a identificação do pedido de liberdade provisória e da
peça de revogação de prisão no enunciado, é demonstrada
no instante que se constata a aparente legalidade da
prisão (ou seja, a mesma não viola frontalmente nenhum
dispositivo legal), contudo, não se reveste dos
pressupostos que deveria ter para ser efetivada (p. ex.
uma prisão preventiva motivada pela garantia da ordem
pública fundamentada unicamente na gravidade in abstrato
do crime, sendo o investigado primário e com residência
fixa ou a possibilidade de se aplicar alguma das medidas
cautelares diversas da prisão do artigo 319).

2. Estas duas últimas peças (pedido de liberdade provisória


e da peça de revogação de prisão) divergem entre si, de
acordo com o momento processual, visto que a primeira
peça (pedido de liberdade provisória) somente é cabível
quando não existe decretação judicial de prisão, (p. ex,
antes da decisão na audiência de custódia). Já a segunda
peça (revogação de prisão) é cabível quando existe
decretação judicial de prisão (p. ex, após decisão que
decreta prisão preventiva). Não existe pedido de
revogação de prisão em flagrante.

3. Ocorrendo prisão LEGAL, porém, infundada, estamos diante


do cenário de cabimento de revogação de prisão e/ou
pedido de liberdade provisória. A consequência da
concessão deste pedido é imposição de possíveis
obrigações cautelares.

4. Por outro lado, ocorrendo prisão ILEGAL (NÌTIDA VIOLAÇÂO


LEGAL), o relaxamento de prisão é a medida pertinente.
Sendo deferido o pedido, o ato prisional será declarado
nulo. Em regra, é aplicável a prisões em flagrante ou
temporária.

5. Elaboração.

a) Endereçamento: Fixação da autoridade judiciária da localidade


onde se fixa a competência em razão do local (local da
consumação) ou o enunciado já determina um juízo que decreta a
prisão, que será o mesmo que analisará o pedido de relaxamento.

b) Preâmbulo: Qualificação das partes, capacidade postulatória


(mandato), fundamentação legal (artigo 5º, inciso LXV e artigo
310 do CPP), verbo (apresentar) e nomem iuris (relaxamento de
prisão).

c) Narração fática: pleito de liberdade, envolvendo a presença


de um constrangimento ilegal que deve ser imediatamente
nulificada pela autoridade judiciária, tendo em vista a nítida
desobediência legal.

d) Fundamentos jurídicos: O fundamento vai ser demonstrar a


imperfeição do ato prisional, por ser contrário ao regramento
legal, implicando na necessidade de nulidade do cerceamento da
liberdade, por se tratar de medida constrangedora e ilegal.

e) Pedidos: Correspondência lógica das teses elucidadas. O


pedido vai ser pelo “relaxamento da prisão com a consequente
expedição do alvará de soltura”.

f) Fecho: Padronização do pedido de deferimento, local e data


(observar enunciado – último dia do prazo) e a referência à
identificação profissional do advogado.

MODELO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL


DA COMARCA DE... DO ESTADO DE...

Autos nº ...

“A”, já qualificado nos autos de prisão em flagrante, por meio


de seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente à
preclara presença de Vossa Excelência, requerer o RELAXAMENTO DA
PRISAO EM FLAGRANTE, com base no artigo 5º LXV da Constituição
Federal, c/c artigos 310, inciso 1 do Código de Processo Penal,
consoante os fatos e fundamentos de direito a seguir expostos:

1-DOS FATOS

O requerente na data dos fatos após não ser mais correspondido


pela paixão que tinha por “b”, e pela dor sofrida pelo desprezo,
aguardou-a defronte a sua residência e desferiu 6 disparos de
arma de fogo que, lhe" causaram a morte.
Em seguida, dirigiu-se até a casa de um amigo, onde permaneceu
por uma semana.
Contudo, através de denúncia anônima, policiais foram até a casa
onde se encontrava e efetuaram a prisão em flagrante delito,
pelo crime de homicídio.

II - DO DIREITO
A prisão é manifestamente ilegal, e deve ser imediatamente
relaxada pela autoridade judicial, colocando o acusado
imediatamente em liberdade.
A respeito dos requisitos para se efetuar legalmente a prisão em
flagrante destaca-se o artigo 302 do Código de Processo Penal,
vejamos:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo ª·infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado,. logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração.

A lei citada é taxativa, não deixando dúvidas acerca de


interpretações, não podendo assim, ser interpretada de forma
extensiva, abarcando situações que ali não estão expressamente
descritas.

O acusado não foi preso quando cometia a infração penal, nem


quando acabava de cometê-la, e muito menos foi perseguido pela
autoridade policial.

A prisão em flagrante do acusado é ilegal, pois não é flagrante,


haja vista que não está adequada a nenhuma das modalidades
definidas pela lei como tal, e por esta razão deve ser
imediatamente relaxada.

Fica então evidente que o acusado deve ser imediatamente post0


em liberdade, pois a sua prisão viola frontalmente a lei que
trata da prisão em flagrante, não se justificando assim o ato
constritivo de sua liberdade.

III – DOPEDIDO

Ante o exposto requer, após a manifestação do Ministério


Público, o relaxamento da prisão em flagrante, nos termos do
mencionado artigo 5º LXV da Constituição Federal, bem como no
artigo 310, inciso Ido Estatuto Processual, com a imediata
expedição do alvará de soltura a fim de que seja garantida a
liberdade ao requerente.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF
MODELO DE REGOVAÇÃO DE PRISÃO (APLICÁVEL AO PEDIDO DE LIBERDADE
PROVISÓRIA)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL


DA COMARCA... DO ESTADO...

Autos nº...

“A”, já qualificado nos autos de prisão em flagrante, por meio


de seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente à
preclara presença de Vossa Excelência, requerer a REVOGAÇÃO DA
PRISAO PREVENTIVA (LIBERDADE PROVISÓRIA), com fundamento no art.
316 do Código de Processo Penal (art.5º, inciso LXVI, da CF e o
art. 310, inciso III, do CPP), pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos.

I-DOSFATOS
Consta dos autos que foi instaurado inquérito policial para
apurar a prática do crime de furto qualificado por rompimento de
obstáculo pelo requerente.

Depois de colhidos todos os elementos de informação, o delegado


representou pela prisão preventiva do acusado, o que foi
deferido pelo juiz con1 base na garantia da ordem pública.
(somente na hipótese de revogação).

Importante destacar que o acusado é primário tem residência fixa


e trabalha como atendente de loja.

II - DO DIREITO

A prisão cautelar é medida excepcional no sistema, devendo ser


decretada tão somente em casos de extrema necessidade.

Nesse sentido, o art. 312 do Código de Processo Penal demanda,


para a decretação da prisão preventiva, um dos seguintes
requisitos: garantia da ordem pública ou da ordem econômica,
conveniência da instrução criminal ou garantia de aplicação da
lei penal.

Sendo o requerente primário, com ocupação lícita e residência


fixa, não há qualquer fundamento para a sua prisão, uma vez que
sua liberdade não atenta contra a ordem pública ou econômica,
nem mesmo implica em qualquer prejuízo à instrução ou risco à
aplicação da lei.

Logo, ausentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva,


merecedor o requerente da revogação de sua prisão.

III - DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência a revogação da prisão


preventiva decretada, por não haver fundado motivo para a
segregação provisória, expedindo-se o necessário alvará de
soltura, com fundamento no art. 316 do Código de Processo Penal
(art.5º, inciso LXVI, da CF e o art. 310, inciso III, do CPP).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF

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