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EXCELENTÍSSIMO (A). SR(A). DR(A).

JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP

FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, profissão, inscrito no


CPF sob. Nº. XXX.XXX e portador do RG nº XXXXX,
endereço eletrônico, residente e domiciliado à Rua XXXX, nº
XX, Bairro XXXX, na Cidade de São Paulo/SP;

Vêm, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio


de seu procurador que esta subscreve, propor o presente:

RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Com fundamento no art. 310, inc. I, do CPP, e art. 5, inc. LXV, da CF,
consoante os fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor.

I – DOS FATOS

O requerente foi preso em flagrante delito no dia XX, sendo lavrado o


auto de prisão em flagrante onde é descrito no incurso do art. 306 da Lei nº 9.503/1997,
sob a suspeita de ter cometido o crime de homicídio doloso contra a vida.
Com sua prisão em flagrante, Fulano de tal fora encaminhado a
audiência de custódia que somente ocorreu duas semanas depois da ocorrência dos
fatos.

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Instado a se manifestar, o Ministério Público pugnou pela
homologação do flagrante e pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva,
visando a garantia da ordem pública.
Diante disto, os autos foram encaminhados a defesa do indiciado para
se manifestar, assim, ante a evidente ilegalidade da prisão em flagrante, esta deve ser
relaxada, por tais razões, passa a fundamentar e ao final irá requerer.

II – DOS FUNDAMENTOS

 DA ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE:

O artigo 310, caput, do Código de Processo Penal regula o prazo para


realização da audiência de custódia in verbis:

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo


máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o
juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do
acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública
e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá,
fundamentadamente:

I - relaxar a prisão ilegal;

II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes


os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Compulsando os autos e necessário o relaxamento da prisão em


flagrante, uma vez que fora descumprido o disposto no art. 310, caput, do Código de
Processo Penal, onde estabelece que após ser recebido o auto de prisão em flagrante o
prazo máximo para promover a audiência de custódia é de até 24 horas após a
realização da prisão.

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Diante disto, a audiência de custódia deveria ser realizada 24 horas
depois do fato, o que não aconteceu, tendo em vista que, o acusado ficou duas semanas
preso até ser realizado o referido ato, gerando desta forma a ilegalidade da prisão, uma
vez que, todo acusado preso em flagrante deve ser submetido à audiência de custódia,
conforme mandamento processual penal disposto no art. 310, caput, do CPP.
Com isto, o art. 310, § 4º do Código de Processo Penal, traz que
transcorrido às 24 horas após o decurso do prazo estabelecido no caput do art. 310 do
CPP, e não realizada a audiência de custódia sem motivação idônea, irá torna esta prisão
ilegal, assim devendo ser relaxada pela autoridade competente.
Nesse sentido, temos o remansoso entendimento do Ministro Rogerio
Schietti:
“Em liminar, o ministro Rogerio Schietti determinou o relaxamento
da prisão em flagrante. Segundo ele, a ilegalidade presente no caso
justifica a não aplicação da Súmula 691 do Supremo Tribunal
Federal, a qual, em princípio, impediria o exame do pedido da defesa
antes da conclusão do julgamento do HC anterior no tribunal
estadual. Segundo o relator, o artigo 1º da Resolução 213 do CNJ —
em conformidade com decisão do STF na Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental 347 — determina que
toda pessoa presa em flagrante seja obrigatoriamente apresentada,
em até 24 horas, à autoridade judicial competente. Considerando
que a prisão em flagrante se caracteriza pela precariedade, de modo
a não se permitir a sua subsistência por tantos dias sem a
homologação judicial e a convolação em prisão preventiva. (...)”

Portanto, é evidente a ilegalidade da prisão em flagrante, e esta deve


ser relaxada, com a consequente expedição de alvará de soltura.
Além do mais, o Ministério Público pugnou pela homologação do
flagrante e pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, visando a
garantia da ordem pública. Ocorre que o peticionante não se enquadra em nenhum dos
requisitos para a convenção da prisão preventiva, pelas razões a seguir expostas.
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 DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS QUE AUTORIZAM A
PRISÃO PREVENTIVA.

No caso em tela, a conversão da prisão em flagrante em prisão


preventiva não é a medida cabível, vejamos o artigo 312 do Código de Processo Penal,
in verbis:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado.

Neste ínterim, não caberá a conversão do flagrante em prisão


preventiva pelo fato de não ser passível de enquadramento na garantia da ordem pública
a simples existência de tratar-se de acusado com posses financeiras, além de inexistir
qualquer outro requisito autorizador da referida reprimenda processual. Afinal, a
gravidade do crime é uma condição necessária, mas não suficiente para a decretação e
manutenção de medidas cautelar, especialmente a prisão preventiva, a mais grave
medida cautelar.
Além de que, nada há nos autos que possa indicar que o mesmo, em
liberdade, irá colocar em risco a ordem pública ou economia processual, nem prejudicar
a instrução criminal, muito menos se furtar à aplicação da Lei Penal. Em vista disto,
caso o entendimento de Vossa Excelência não seja pelo relaxamento da prisão do
indiciado, requer a concessão da liberdade provisória, pelos motivos acima expostos.
Neste sentido decidiu o Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo.
Vejamos:

LIBERDADE PROVISÓRIA DO PRESO EM FLAGRANTE - TJSP -


“Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode o réu ser
libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (RT523/376), no mesmo sentido TJSP RT 521/352;

4
TACRESP 63/113, 68/113, 69/155. (Citada por Júlio Fabbrini
Mirabete, in, Código de Processo Penal Interpretado, Atlas, 2ª edição,
p. 369).

Como se vê, são amplas as possibilidades de concessão da liberdade


provisória, pois o réu, possui bons antecedentes, é primário, bem como nunca foi preso
ou processado em outro caso, e não está presente qualquer elemento que reclame a
prisão preventiva, desta forma, restou-se demonstrado que o acusado faz jus ao
benefício da liberdade provisória.

V- PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:


1. Que seja a prisão ilegal relaxada, com a imediata expedição de alvará de soltura
e liberação do acusado, consoante art. 310, inc. I, do CPP, e art. 5º, LXV, da
CF/88;
2. Se não efetuar a liberdade provisória, REQUER a concessão das medidas
cautelares diversas da prisão.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Parauapebas- PA, 17 de março de 2022.

Advogado
OAB/PA XXXXX

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