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ADMINISTRATIVO

AÇÃO POPULAR
SUMÁRIO

1. Introdução.................................................................................................................................................3
2. Evolução histórica......................................................................................................................................3
3. Requisitos..................................................................................................................................................4
4. Legitimidade ativa......................................................................................................................................5
5. Legitimidade passiva..................................................................................................................................6
6. Competência..............................................................................................................................................7
7. Nulidade dos atos......................................................................................................................................9
8. Anulabilidade dos atos.............................................................................................................................10
9. Concessão de liminar...............................................................................................................................10
10. Coisa julgada..........................................................................................................................................11
11. Execução................................................................................................................................................11
12. Prescrição..............................................................................................................................................11
13. Jurisprudência correlata.........................................................................................................................11
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO................................................................................................14
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.............................................................................................................................14
ATUALIZADO EM 31/07/20201

AÇÃO POPULAR2

1. Introdução

A ação popular encontra-se prevista no art. 5º, LXXIII, da CF/88, segundo o qual qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

É considerada como uma ação de natureza dúplice, por ser compreendida também como uma forma
de participação política do cidadão. Daí a ideia de que sua legitimidade ativa esteja atrelada à condição de ser
“cidadão” no gozo de seus direitos políticos.

Lei nº. 4.717/65, Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de
nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de
entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas
de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais
autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao
patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou
entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

2. Evolução histórica

1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
2
Tássia N. Neumann Hammes.
3. Requisitos

Para o ajuizamento de ação popular, deve haver lesividade:

a) ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe: tratam-se de entidades da


administração direta, indireta, incluindo portanto as entidades paraestatais, como as empresas públicas,
sociedades de economia mista, bem como toda pessoa jurídica subvencionada com dinheiro público;

Lei nº. 4.717/65, Art. 1º (...)


§ 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de valor
econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.
§ 2º Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja criação ou custeio o tesouro público concorra com
menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, bem como de pessoas jurídicas ou entidades
subvencionadas, as consequências patrimoniais da invalidez dos atos lesivos terão por limite a repercussão
deles sobre a contribuição dos cofres públicos.

b) à moralidade administrativa;

c) ao meio ambiente;

d) ao patrimônio histórico e cultural.


#SELIGA: No contexto da ação popular, lesividade significa, também, ilegalidade, pois embora o texto
constitucional não aluda à ilegalidade, ela está sempre presente nos casos de lesividade ao patrimônio público.

4. Legitimidade ativa

Somente poderá ser autor da ação popular o cidadão.

#SELIGA: Quem é cidadão?


O cidadão é assim considerado o brasileiro nato ou naturalizado, desde que esteja no pleno gozo de seus
direitos políticos, provada tal situação (e como requisito essencial da inicial) pelo título de eleitor, ou
documento que a ele corresponda (art. 1.º, § 3.º, da Lei n. 4.717/65).
Assim, excluem-se do polo ativo os estrangeiros, os apátridas, as pessoas jurídicas e os brasileiros que
estiverem com os seus direitos políticos suspensos ou perdidos.

#ATENÇÃO: Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos
prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao
representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação.

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 365, STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

#CASCADEBANANA #DEOLHONAJURIS: E o(a) adolescente entre 16 e 18 anos, que possui título de eleitor?
Pedro Lenza entende que ele(a) pode ajuizar a ação popular sem a necessidade de assistência, porém, sempre
por advogado (capacidade postulatória). Nesse sentido:
A Constituição da República estabeleceu que o acesso à justiça e o direito de petição são direitos fundamentais
(art. 5.º, XXXIV, ‘a’, e XXXV), porém estes não garantem a quem não tenha capacidade postulatória litigar em
juízo, ou seja, é vedado o exercício do direito de ação sem a presença de um advogado, considerado
‘indispensável à administração da justiça’ (art. 133 da Constituição da República e art. 1.º da Lei n. 8.906/94),
com as ressalvas legais. (...) Incluem-se, ainda, no rol das exceções, as ações protocoladas nos juizados
especiais cíveis, nas causas de valor até vinte salários mínimos (art. 9.º da Lei n. 9.099/95) e as ações
trabalhistas (art. 791 da CLT), não fazendo parte dessa situação privilegiada a ação popular” (AO 1.531-AgR,
voto da Min. Cármen Lúcia, j. 03.06.2009, Plenário, DJE de 1.º.07.2009).
Lei nº. 4.717/65, Art. 1º (...)
§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a
ele corresponda.

5. Legitimidade passiva

Nos termos do art. 6º da Lei nº. 4.717/65, figurarão o agente que praticou o ato, a entidade lesada e
os beneficiários do ato ou contrato lesivo ao patrimônio público.

#ATENÇÃO: A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação,
poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao
interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.

#SELIGA: O Ministério Público atuará como fiscal da lei, mas se o autor popular desistir da ação poderá (desde
que presentes os requisitos) promover o seu prosseguimento.

Lei nº. 4.717/65, Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas
no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado,
ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os
beneficiários diretos do mesmo.
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será
proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da
avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º,
apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.
§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá
abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse
público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.
§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a
responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a
defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
6. Competência

a) Regra geral: Juízo de 1º grau. As regras de competência dependerão da origem do ato ou omissão
a serem impugnados. Pode ocorrer de, fugindo dessa regra geral, caracterize-se a competência originária do
STF para o julgamento da ação popular, como nas hipóteses das alíneas “f” e “n” do art. 102, I, da CF/88:
(i) As causas e os conflitos entre a Uni ão e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e
outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
(ii) A ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou
indiretamente interessados.

b) SEBRAE: Justiça comum (Informativo 477, STF). “Compete à Justiça Comum o julgamento de
causas que envolvam o SEBRAE”, e não à Justiça Federal. Isso porque “... entendeu-se que o referido ente não
corresponde à noção constitucional de autarquia, a qual deve ser criada por lei específica (CF, art. 37, XIX) e
não na forma de sociedade civil, com personalidade de direito privado, como no caso. Ademais, asseverou-se
que o disposto no art. 20, ‘c’, da mencionada Lei 4.717/65 não transformou em autarquia as entidades de
direito privado que recebem e aplicam contribuições parafiscais, mas apenas as incluiu no rol de proteção da
ação popular. Precedente citado: RE 336.168/SC (DJU de 14.05.2004)” (RE 414.375/SC, Rel. Min. Gilmar
Mendes, 31.10.2006).

c) Ação popular contra o CNMP: incompetência do STF (Informativo 443, STF). O STF “... não
conheceu de ação popular ajuizada por advogado contra o Conselho Nacional do Ministério Público — CNMP,
na qual se pretendia a nulidade de decisão, por este proferida pela maioria de seus membros, que prorrogara
o prazo concedido, pela Resolução 5/2006, aos membros do Ministério Público ocupantes de outro cargo
público, para que estes retornassem aos órgãos de origem. Entendeu-se que a alínea ‘r’, do inciso I, do art. 102
da CF (‘Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal... I — processar e julgar, originariamente:... r) as ações
contra o... Conselho Nacional do Ministério Público;’), introduzida pela EC 45/2004, refere-se a ações contra os
respectivos colegiados e não aquelas em que se questiona a responsabilidade pessoal de um ou mais
conselheiros, caso da ação popular. Salientou-se, tendo em conta o que disposto no art. 6.º, § 3.º, da Lei
4.717/65 (Lei da Ação Popular), que o CNMP, por não ser pessoa jurídica, mas órgão colegiado da União, nem
estaria legitimado a integrar o polo passivo da relação processual da ação popular. Asseverou-se, no ponto,
que, ainda que se considerasse a menção ao CNMP como válida à propositura da demanda contra a União,
seria imprescindível o litisconsórcio passivo de todas as pessoas físicas que, no exercício de suas funções no
colegiado, tivessem concorrido para a prática do ato, ou seja, os membros que compuseram a maioria dos
votos da decisão impugnada. Por fim, ressaltando a jurisprudência da Corte no sentido de, tratando-se de ação
popular, admitir sua competência originária somente no caso de incidência da alínea ‘n’ do inciso I do art. 102,
da CF ou de a lide substantivar conflito entre a União e Estado-membro, concluiu-se que, mesmo que
emendada a petição inicial no tocante aos sujeitos passivos da lide e do pedido, não seria o caso de
competência originária” (Pet 3.674 QO/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 04.10.2006, Inf. 443/STF).

d) Incompetência originária do STF e indicação do órgão competente: sabe-se que o STF


reconheceu o princípio da reserva constitucional de competência originária, e, assim, toda a atribuição do
STF está explicitada, taxativamente, no art. 102, I, da CF/88, pedindo-se vênia para transcrever o importante
precedente. Nesse sentido, o STF entendeu que é atribuição dele indicar o órgão que repute competente para
o julgamento do feito ajuizado originariamente, atribuição essa autorizada, inclusive, ao Relator
monocraticamente (cf. Pet 3.986 AgR/TO, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 25.6.2008, Inf. 512/STF).

#DEOLHONAJURIS: O regime de direito estrito, a que se submete a definição dessa competência institucional,
tem levado o STF, por efeito da taxatividade do rol constante da Carta Política, a afastar, do âmbito de suas
atribuições jurisdicionais originárias, o processo e o julgamento de causas de natureza civil que não se acham
inscritas no texto constitucional (ações populares, ações civis públicas, ações cautelares, ações ordinárias,
ações declaratórias e medidas cautelares), mesmo que instauradas contra o Presidente da República ou contra
qualquer das autoridades, que, em matéria penal (CF, art. 102, I, b e c), dispõem de prerrogativa de foro
perante a Corte Suprema ou que, em sede de mandado de segurança, estão sujeitas à jurisdição imediata do
Tribunal (CF, art. 102, I, d). Precedentes (Pet 1.738-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 1.º.09.1999, DJ de
1.º.10.1999).

Lei nº. 4.717/65, Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação,
processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas
que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios
os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público, bem como os atos das
sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relação
às quais tenham interesse patrimonial.
§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoas ou entidade, será
competente o juiz das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao Estado e ao
Município, será competente o juiz das causas do Estado, se houver.
§ 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem posteriormente
intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.
§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado.

7. Nulidade dos atos

Lei nº. 4.717/65, Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior,
nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o
praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro
ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato,
é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, na regra de competência.

Lei nº. 4.717/65, Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por
quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º.
I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação, das
normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.
II - A operação bancária ou de crédito real, quando:
a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias, regimentais ou internas;
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura, contrato ou
avaliação.
III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando:
a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou administrativa, sem que
essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral;
b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o seu caráter
competitivo;
c) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação das possibilidades
normais de competição.
IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações que forem admitidas, em favor do adjudicatário,
durante a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de serviço público, sem que estejam
previstas em lei ou nos respectivos instrumentos.,
V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível concorrência pública ou
administrativa, quando:
a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de instruções gerais;
b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação;
c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação.
VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua modalidade, quando:
a) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de instruções e ordens de
serviço;
b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador.
VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor, desobedecer a
normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.
VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando:
a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares,, regimentais ou constantes de
instruções gerias:
b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação.
IX - A emissão, quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e regulamentadoras que
regem a espécie.

8. Anulabilidade dos atos

Lei nº. 4.717/65, Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das
entidades mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior,
serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles.
9. Concessão de liminar

Presentes os requisitos legais, quais sejam, o periculum in mora e o fumus boni iuris, é possível a
concessão de liminar, podendo a ação popular ser tanto preventiva, visando evitar atos lesivos, como
repressiva, buscando o ressarcimento do dano, a anulação do ato, a recomposição do patrimônio público
lesado, indenização etc.

10. Coisa julgada

a) Regra geral: a coisa julgada se opera secundum eventum litis, ou seja, se a ação for julgada
procedente ou improcedente por ser infundada, produzirá efeito de coisa julgada oponível erga omnes.

b) Se a improcedência se der por deficiência de provas: haverá apenas a coisa julgada formal,
podendo qualquer cidadão intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova (art. 18
da lei), já que não terá sido analisado o mérito. Julgada improcedente a ação (arts. 485 e 487 do CPC/2015), só
produzirá efeitos depois de passar pelo duplo grau obrigatório de jurisdição. Julgada procedente, a apelação
será recebida no seu duplo efeito: devolutivo e suspensivo (art. 19 da lei).

#ATENÇÃO: O autor da ação popular é isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência, salvo comprovada
má-fé.

#SELIGA: A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de
jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente
caberá apelação, com efeito suspensivo.

11. Execução

Caso decorridos 60 dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância, sem que o
autor ou terceiro promova a respectiva execução, o representante do Ministério Público a promoverá nos 30
dias seguintes, sob pena de falta grave.

12. Prescrição
A ação popular prescreve em 5 anos.

13. Jurisprudência correlata

Em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo que o dano tenha
ocorrido em outro local; contudo, diante das peculiaridades, as ações envolvendo o rompimento da
barragem de Brumadinho devem ser julgadas pelo juízo do local do fato
Em 2019, houve o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério, localizada em Brumadinho
(MG). O rompimento resultou em um terrível desastre ambiental e humanitário. Felipe, na condição de
cidadão, ajuizou ação popular contra a União, o Estado de Minas Gerais e a Vale S.A., pedindo para que os réus
fossem condenados a recuperar o meio ambiente degradado, pagar indenização pelos danos causados e pagar
multa por dano ambiental. Como Felipe mora em Campinas (SP), ele ajuizou a ação no foro de seu domicílio e
a demanda foi distribuída para a 2ª Vara Federal de Campinas (SP). Ocorre que na 17ª Vara Federal de Minas
Gerais existem ações individuais, ações populares e ações civis públicas tramitando contra os mesmos réus e
envolvendo pedidos semelhantes a essa ação popular ajuizada em Campinas. Quem é competente para julgar
esta ação popular: o juízo do domicílio do autor ou o juízo do local em que se consumou o ato danoso? O juízo
do local onde se consumou o dano (17ª Vara Federal de Minas Gerais). Regra geral: em regra, o autor pode
ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo que o dano tenha ocorrido em outro local. Isso porque
como a ação popular representa um direito político fundamental, deve-se facilitar o seu exercício. Exceção: o
STJ entendeu que o caso concreto envolvendo Brumadinho era excepcional com inegáveis peculiaridades que
impõem a adoção de uma solução diferente para evitar tumulto processual em uma situação de enorme
magnitude social, econômica e ambiental. Assim, para o STJ é necessário superar, excepcionalmente, a regra
geral. Entendeu-se que seria necessário adotar uma saída pragmática para permitir uma resposta do Poder
Judiciário aos que sofrem os efeitos desta grande tragédia. A regra geral do STJ deve ser usada quando
a ação popular for isolada. Contudo, no caso de Brumadinho havia uma ação popular em Campinas (SP)
competindo e concorrendo com várias outras ações populares e ações civis públicas, bem como com centenas,
talvez milhares, de ações individuais tramitando em MG, razão pela qual, em se tratando de competência
concorrente, deve ser eleito o foro do local do fato. Em face da magnitude econômica, social e ambiental do
caso concreto, é possível a fixação do juízo do local do fato para o julgamento de ação popular que concorre
com diversas outras ações individuais, populares e civis públicas decorrentes do mesmo dano ambiental. STJ.
1ª Seção. CC 164362-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/06/2019 (Info 662).

Qual é o prazo prescricional para o ajuizamento de ação coletiva de consumo?


O prazo de 5 (cinco) anos para o ajuizamento da ação popular não se aplica às ações coletivas de
consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019 (Info 648). Obs:
há inúmeros julgados em sentido contrário: Inexistindo a previsão de prazo prescricional específico na Lei nº
7.347/85, aplica-se à Ação Civil Pública, por analogia, a prescrição quinquenal instituída pelo art. 21 da Lei nº
4.717/65. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 814391/RN, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
27/05/2019. STJ. 2ª Turma. REsp 1660385/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/10/2017. STJ. 3ª
Turma. REsp 1473846/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/02/2017.

Declaração incidental de inconstitucionalidade em ação populara


É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade em Ação Popular, desde que a
controvérsia constitucional não figure como pedido, mas sim como causa de pedir, fundamento ou simples
questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal, em torno da tutela do interesse público. STJ.
1ª Turma. AgInt no REsp 1352498/DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 05/06/2018.

Aplica-se às ações de improbidade administrativa o reexame necessário previsto no art. 19 da lei


da ação popular
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade administrativa
está sujeita ao reexame necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e por aplicação analógica da
primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65. STJ. 1ª Seção. EREsp 1220667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 24/5/2017 (Info 607).

É possível ação popular mesmo sem demonstração de prejuízo material


O STJ possui firme orientação de que um dos pressupostos da Ação Popular é a lesão ao patrimônio
público. Ocorre que a Lei nº 4.717/65 deve ser interpretada de forma a possibilitar, por meio de Ação Popular,
a mais ampla proteção aos bens e direitos associados ao patrimônio público, em suas várias dimensões (cofres
públicos, meio ambiente, moralidade administrativa, patrimônio artístico, estético, histórico e turístico). Para o
cabimento da Ação Popular, basta a ilegalidade do ato administrativo por ofensa a normas específicas ou
desvios dos princípios da Administração Pública, dispensando-se a demonstração de prejuízo material. STJ. 2ª
Turma. AgInt no AREsp 949.377/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/03/2017.

STF não possui competência originária para julgar ação popular


Determinado cidadão propôs “ação popular” contra a Presidente da República pedindo que ela fosse
condenada à perda da função pública e à privação dos direitos políticos. A competência para julgar essa ação é
do STF? NÃO. O STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular, ainda que
ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A competência para
julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra,
do juízo de 1º grau. STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 25/11/2015 (Info 811).

Ação popular e impossibilidade de ressarcimento ao erário fundada em lesão presumida


Determinado contrato administrativo foi celebrado, tendo havido, no entanto, irregularidades
formais no procedimento de licitação. A empresa contratada cumpriu exatamente os serviços previstos no
contrato e recebeu por isso. Neste caso, o STJ entendeu que até seria possível a declaração de nulidade de
contrato administrativo, mas não se poderia condenar a empresa a ressarcir o erário se não houve
comprovação real de lesão aos cofres públicos. Para o STJ, eventual violação à boa-fé e aos valores éticos
esperados nas práticas administrativas não configura, por si só, elemento suficiente para ensejar a presunção
de lesão ao patrimônio público, uma vez que a responsabilidade dos agentes em face de conduta praticada em
detrimento do patrimônio público exige a comprovação e a quantificação do dano. Adotar entendimento em
sentido contrário acarretaria evidente enriquecimento sem causa do ente público, que usufruiu dos serviços
prestados em razão do contrato firmado durante o período de sua vigência. STJ. 1ª Turma. REsp 1447237-MG,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/12/2014 (Info 557).

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
Lei 4.717/65 Integral
Constituição Federal Art. 5º, LXXIII

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Direito Constitucional Esquematizado – Pedro Lenza – 2020.

Curso de Direito Constitucional – André Ramos Tavares – 2020.

Buscador Dizer o Direito.

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