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AULA 06

AÇÃO POPULAR

A ação popular simboliza, em suma, o instrumento efetivo do cidadão na fiscalização da coisa


pública, inclusive da possível violação dos princípios sensíveis da administração pública.

CONCEITO DE AÇÃO POPULAR

Nas Lições de Paulo Hamilton Siqueira Júnior: A ação popular é o instrumento de direito
processual constitucional colocado à disposição do cidadão como meio para sua efetiva
participação política e tem por finalidade a defesa da cidadania.? (SIQUEIRA JR., Paulo
Hamilton. Direito processual constitucional. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 539.)

FINALIDADE

A Ação Popular é considerada como remédio constitucional na proteção do patrimônio


público, conforme previsto no artigo 5º, LXXIII, da CRFB anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural. A Ação Popular é regulamentada pela Lei nº. 4.717, de 29 de
junho de 1965, que em seu artigo 1º, caput e § 1º, traz a finalidade da Ação Popular, bem
como o que se considera patrimônio Público. É reconhecida pela doutrina pátria que a Ação
Popular tem por finalidade proteção dos diretos transindividuais, considerando-se que a res
(coisa) publica é patrimônio da coletividade.

REQUISITOS PARA ELABORAÇÃO DA PEÇA PROCESSUAL

O artigo 5º da Lei nº 4.717/65 disciplina a questão, deixando a cargo da organização judiciária


de cada Estado-membro ou Distrito Federal a fixação da competência, levando-se em conta,
por óbvio, a origem do ato impugnado, os participantes da Ação Popular como autor, réu ou
interessado, e o interesse do ente que sofreu a lesão. Cabe destacar o artigo 5º, § 2º, da Lei nº
4.717/65 que estabelece a competência da Justiça Federal (artigo 109, da CRFB/88) para as
causas em que houver interesse simultâneo da União e de qualquer outra pessoa ou entidade
no âmbito federal.

O legitimado para a propositura da ação popular é o cidadão, conforme se depreende da


leitura do artigo 5º, LXXIII, da CRFB/88 e do artigo 1º, § 3º, da Lei nº 4.717/65, comprovando-
se a cidadania pelo alistamento eleitoral. Os legitimados passivos, por seu turno, serão os
envolvidos com o ato lesivo, conforme preceituam os artigos 6º, caput, e 1º, caput, da Lei de
Ação Popular.

Obrigatoriedade de oitiva do Ministério Público, aplicação do artigo 7º, da Lei nº 4.717/65.


Fundamento: artigo 5º, inciso LXXIII, da CRFB e do artigo 1º, da Lei n. 4.717/65; art. 37, caput,
da Constituição Federal (principio da moralidade e legalidade); Aplicação do artigo Art. 2.º,
alienas d, e, e p.ú. da Lei nº. 4717/65; artigo 11 da Lei nº 4.717/65.

CASO CONCRETO: CESP/Unb - Exame da OAB 2009.2 - PROVA PRÁTICO - PROFISSIONAL - ÁREA:
DIREITO CONSITUTCIONAL.

João, nascido e domiciliado em Florianópolis - SC, indignou-se ao saber, em abril de 2009, por
meio da imprensa, que o senador que merecera seu voto nas últimas eleições havia
determinado a reforma total de seu gabinete, orçada em mais de R$ 1.000.000,00, a qual seria
custeada pelo Senado Federal. A referida reforma incluía aquecimento e resfriamento com
controle individualizado para o ambiente e instalação de ambiente físico para projeção de
filmes em DVD, melhorias que João considera suntuosas, incompatíveis com a realidade
brasileira. O senador declarara, em entrevistas, que os gastos com a reforma seriam
necessários para a manutenção da representação adequada ao cargo que exerce. Tendo
tomado conhecimento de que o processo de licitação já se encerrara e que a obra não havia
sido iniciada, João, temendo que nenhum ente público tomasse qualquer atitude para impedir
o início da referida reforma, dirigiu-se a uma delegacia de polícia civil, onde foi orientado a que
procurasse a Polícia Federal. Supondo tratar-se de um "jogo de empurra-empurra", João
preferiu procurar ajuda de profissional da advocacia para aconselhar-se a respeito da
providência legal que poderia ser tomada no caso. Em face dessa situação hipotética, na
qualidade de advogado(a) constituído(a) por João, redija a medida judicial mais apropriada
para impedir que a reforma do gabinete do referido senador da República onere os cofres
públicos.
Competência: VARA FEDERAL DE FLORIANÓPOLIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA
(O artigo 5º da Lei nº 4.717/65)

Legitimidade ativa: João, comprovando sua condição de cidadão através do título de eleitor.

Legitimidade passiva: como réu Senador da República, com domicílio profissional no Prédio do
Senado Federal, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília - DF, nos termos do art. 6.º da Lei
n.º 4.717/1965.

DOS FATOS

DO DIREITO

1) Cabimento da ação Popular: É notório o cabimento da presente ação haja vista a previsão
legal do artigo 5º, inciso LXXIII, da CRFB e do artigo 1º, da Lei n. 4.717/65, sendo a ação
popular o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a invalidação
de atos ou contratos administrativos ilegais e lesivos ao patrimônio público.

2) O ato atenta à moralidade administrativa, princípio expresso a ser seguido na Administração


Pública, no caput do art. 37 da Constituição Federal vigente, com itens suntuosos para seu
Gabinete, em meio à crise mundial com perda de milhões de postos de trabalho e
desaquecimento da Economia brasileira, inclusive.

3) Ilegalidade do ato administrativo a invalidar, por contrariar normas específicas que regem a
sua prática ou por se desviar dos princípios que norteiam a Administração Pública, dispensável
a demonstração de prejuízo material aos cofres públicos.

4) Aplicação do artigo Art. 2.º, alienas d, e, e p.ú. da Lei nº. 4717/65:

São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos
casos de: d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a
conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: d. a inexistência dos
motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é
materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;

5) a pretensão principal do autor é expressamente amparada pelo artigo 11 da Lei nº 4.717/65,


postulando a invalidade do contrato administrativo e condenação dos réus a reparação em
perdas e danos.

DA OBRIGATORIEDADE DE OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Na forma do artigo 6º, § 4º, da Lei 4.717/65 é necessária a oitiva do Ministério Publico, sob
pena de nulidade de todos os atos processuais.

DA MEDIDA LIMINAR

Concessão da Medida Liminar: fundamentação do pedido de Liminar (art. 5º, § 4º da Lei nº


4717/65) para sustar quaisquer atos das licitações cujo objeto atenderão às despesas objeto
desta ação popular, bem como a sustação de qualquer ato que se digne a pagar tais despesas
com recursos públicos; trabalhar o fumus boni iuris e o periculum in mora.
DO PEDIDO

Diante do exposto requer a V.Exa

a) a concessão inaudita altera pars da medida liminar para sustar quaisquer atos das licitações
cujo objeto atenderão às despesas objeto desta ação popular, bem como a sustação de
qualquer ato que se digne a pagar tais despesas com recursos públicos;

b) a citação do réu, nos prazos e termos do inciso IV do art. 7.º da Lei n.º 4.717, de 1965, com
cópia da presente, bem como documentos acostados;

c) a oitiva do Ministério Público Federal;

d) a intimação da União, para, querendo, assim se manifestar, forte no § 3.º do art. 6.º da Lei
n.º 4.717, de 1965;

e) seja julgado procedente o pedido para anular quaisquer atos administrativos tomados pelo
demandado na presente ação visando às despesas objeto da presente ação popular, bem
como, caso já tenha havido alguma despesa, o ressarcimento por parte do réu, com
comunicação ao Ministério Público para as devidas ações penais e de improbidade que
entender pertinentes;

f) A condenação do Réu na sucumbência, a ser fixada por Vossa Excelência, nos termos do art.
12 da Lei n.º 4.717, de 1965, bem como nas custas.

DAS PROVAS

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude do artigo 369 do


Código de Processo Civil em especial a prova documental, testemunhal e depoimento pessoal.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

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