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MM JUIZO FEDERAL DA VARA CIVEL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA

JOAO, brasileiro, estado civil XXX, profissão XXX, residente e domiciliado na rua XXX, n. XXX, bairro XXX, na
cidade de (cidade)/(uf), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu advogado, constituído pelo
instrumento de procuração anexo e que recebe intimações de foro em geral em seu endereço profissional sito na
rua XXX, n. XXX, bairro XXX, na cidade de XXX, vem respeitosamente, a presença de V. Excelência, propor AÇÃO
POPULAR em face do SENADOR X , com domicílio profissional no Prédio do Senado Federal, na Esplanada dos
Ministérios, em Brasília – DF, pelos motivos que passará a expor., pelas razões de fato e de direito que passa a
expor:

DOS FATOS

João, nascido e domiciliado em Florianópolis SC, indignou-se ao saber, em abril de 2009, por meio da
imprensa, que o senador que merecera seu voto nas ultimas eleições havia determinado a reforma total de seu
gabinete, orçada em mais de R$ 1.000.000,00, a qual seria custeada pelo Senado Federal.

A referida reforma incluía aquecimento e resfriamento com controle individualizado para o ambiente e
instalação de ambiente físico para projeção de filmes em DVD, melhorias que João considera suntuosas,
incompatíveis com a realidade brasileira.

O senador declarara, em entrevistas, que os gastos com a reforma seriam necessários para a manutenção
da representação adequada ao cargo que exerce. Tendo tomado conhecimento de que o processo de licitação já se
encerrara e que a obra no havia sido iniciada, João, temendo que nenhum ente público tomasse qualquer atitude
para impedir o início da referida reforma, dirigiu-se a uma delegacia de polícia civil, onde foi orientado a que
procurasse a Polícia Federal.

DO DIREITO

Resta inescusável a desproporcional lesividade ao patrimônio público potencializado pela reforma do


gabinete do Senhor Senador XXX. Assim, como disposto na Constituição da Republica Federativa do Brasil,
precisamente em seu artigo 5º, LXXIII, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Ademais, os requisitos legais estão presentes nos artigos da Lei n.º
4.717, de 1.965 abaixo transcritos:

“Art. 1.º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista
(Constituição Federal, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União
represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos,
de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
anual, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados
e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos
cofres públicos”

Art. 2.º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no
artigo anterior, nos casos de:

a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.

Cumpre destacar que houve lesão ao patrimônio público, pois foi utilizado dinheiro do Senado Federal para
beneficiar um agente político em suas pretensões pessoais, em termos de melhorias do seu próprio gabinete, o que
de forma expressa é vedado pela Constituição, nos termos do art. 37, caput, já que a administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Havendo, portanto, expressa violação ao princípio da moralidade, uma vez que o dinheiro público e a
máquina pública foram gastos para atender fins pessoais.

DO PEDIDO DE LIMINAR

Conforme estabelece o art. 5º,$ 4, da Lei n. 4.717/65, na defesa do patrimônio público caber a suspensão
liminar do ato lesivo impugnado. Observa-se que, no caso em tela, a situação atenta contra a moralidade
administrativa, princípio expresso no caput do art. 37 da Constituição Federal, o que demonstra inequivocamente o
fumus boni iuris.

Já o periculum in mora faz-se presente, visto que o processo licitatório já se encerrou. Embora as obras
ainda não tenham se iniciado, necessário se faz evitar que os gastos sejam efetuados, tendo em vista a enorme
dificuldade de reembolso ou ressarcimento futuro do Erário por parte do Politico.

Assim, presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, cabível e necessária a concessão da
liminar.

DOS REQUISITOS DA AÇÃO POPULAR

Instrumento da cidadania, a Ação Popular imprescinde da demonstração do prejuízo material, posto visar,
também, os princípios da administração pública, mormente o da moralidade pública, como já sedimentada pelo
Supremo Tribunal Federal. Para o cabimento da ação popular, basta a ilegalidade do ato administrativo a invalidar,
por contrariar normas específicas que regem a sua prática ou por se desviar dos princípios que norteiam a
Administração Pública, dispensável a demonstração de prejuízo material aos cofres públicos, não é ofensivo ao inc.
LXXIII do art. 5.º da Constituição Federal, norma esta que abarca não só o patrimônio material do Poder Público,
como também o patrimônio moral, o cultural e o histórico.

No presente caso, então, aliada à real possibilidade iminente de prejuízo ao Erário, temos que o princípio da
moralidade está sendo severamente afetado, mormente em época de cortes orçamentários no nosso País, com a
previsão de milhões de desempregados, e, ademais, os Presidentes do Senado anteriores já vinham recebendo de há
muito tempo autoridades em seu Gabinete, que, certamente, a ninguém envergonhou no tocante às instalações.

DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO

Isso posto, envolvendo interesse da União que, inclusive, pode vir a atuar ao lado do autor na presente
ação, é competente o Foro Federal sem privilégio de foro, contudo. Bem assim posto na Lei n.º 4.717, de 1965:

“Art. 5.º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la
o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao
Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
§ 1.º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os
atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público, bem como os atos das
sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relação às
quais tenham interesse patrimonial.
§ 2.º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a quaisquer outras pessoas ou entidade, será
competente o juiz das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao Estado e ao Município,
será competente o juiz das causas do Estado, se houver.
§ 3.º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem posteriormente
intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.”

Por fim, exigir do autor, pessoa de poucos recursos financeiros, que se desloque até Brasília seria um
absurdo jurídico e social, dado o desenho especial da ação popular. art. 1o, paragrafo 3o lei 4717/65

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer o impetrante que Vossa Excelência:

a) Deferimento da tutela provisória para o propósito da assinatura do contrato (Art. 5º, 4º LAP + Art. 300 CPC);
b) A citação por precatória do réu, nos prazos e termos do inciso IV do art. 7.º da Lei n.º 4.717, de 1965, com
cópia desta inicial e documentos juntados;
c) A oitiva do representante do Ministério Público Federal (Art. 6º, § 4º, LAP);
d) A intimação da União para se manifestar, conforme disposto no § 3.º do art. 6.º da Lei n.º 4.717, de 1965;
e) A confirmação da sentença com a anulação de quaisquer atos administrativos tomados pelo demandado na
presente ação visando despesas objeto da presente ação popular e, caso já tenha havido alguma despesa, o
ressarcimento por parte do réu ao erário por despesas que venham a ser efetuados e já tenham sido
efetuadas ao longo do processo, com comunicação ao Ministério Público para as devidas ações penais e de
improbidade que entender pertinentes;

DAS PROVAS

Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, prova documental,
documental suplementar.
DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000.000,00.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado/OAB

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