EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ª VARA CÍVEL/DA FAZENDA
PÚ BLICA DA COMARCA DE Y, ESTADO DE ________.
JOSÉ RICO, brasileiro, (estado civil), (profissã o), portador do RG XXXXXX, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, cidadã o eleitor (prova de cidadania – doc. 01), por seu advogado infra-assinado (instrumento de procuraçã o – doc. 02), vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., com supedâ neo no art. 5º, inciso LXXIII, da Constituiçã o Federal de 1988 e na Lei nº 4.717/65, propor: AÇÃO POPULAR Em desfavor de: 1) Joã o da Silva, prefeito do Município de Y, brasileiro, (estado civil), (profissã o), podendo ser encontrado na Sede da Prefeitura; 2) Município de Y, com Sede da Prefeitura à Rua XXXX, nº XX, bairro XXXXX, cidade Y, UF xx; e 3) empresa W, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º xxxxxxxxxxxxx (doc. 03 – cartã o CNPJ/MF), sita à Rua xxxxxxxxxxxxx, n.º xxxxx, bairro xxxxx, Município de Y, Estado de XX, CEP xxxxxxx; o que faz pelos fundamentos de fato e razõ es de direito a seguir aduzidos. I – DO CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR Nos termos do art. 5º, inciso LXXIII, da CF e do art. 1º da Lei 4717/65 ( Lei da Açã o Popular), qualquer cidadã o é parte legítima para propor Açã o Popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô nio pú blico e à moralidade administrativa. É a AÇÃ O POPULAR o remédio constitucional que aciona o Poder Judiciá rio, dentro da visã o democrá tica participativa dos jurisdicionados pá trios, fiscalizando e atacando os atos lesivos ao Patrimô nio Pú blico com a condenaçã o dos agentes responsá veis. A condiçã o de cidadã o, conforme fundamentos legais, jurisprudenciais e doutriná rios, se perfazem com a exibiçã o bastante do título de eleitor (art. 1º, § 3º, Lei 4717/65): Considera-se cidadã os os brasileiros natos ou naturalizados e os portugueses equiparados no pleno exercício dos seus direitos políticos. (STJ: EDcl no Resp. nº 538.240/MG. Rel.: Min. Eliana Calmon. DJ: 30/04/2007) Cidadã o visto sob o enfoque adotado amplamente pela doutrina, serve para identificar aqueles que gozam do direito de votar e ser votado, adquirindo a cidadania com simples inscriçã o eleitoral (SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 30. ed. Sã o Paulo: Malheiros, 2007, p. 463), ou, nas palavras de DIÓ GENES GASPARINI (Direito Administrativo. 13. ed. Sã o Paulo: Saraiva, 2008, p. 974), pessoa física brasileira, portadora de título de eleitor, e, para ALEXANDRE DE MORAES (Direito Constitucional. 15. ed. Sã o Paulo: Atlas, 2003, p.193) ao brasileiro nato ou naturalizado no gozo de seus direitos políticos. Ademais, a açã o será proposta contra as pessoas pú blicas ou privadas, contra as autoridades, funcioná rios ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesã o e contra os beneficiá rios diretos do mesmo. a) Da Legitimidade Ativa O autor, brasileiro, regular com a Justiça Eleitoral (doc. 01), com amparo no Art. 5º, LXXIII, da Carta Magna, tem direito ao ajuizamento de AÇÃ O POPULAR, que se substancia num instituto legal de Democracia. É direito pró prio de o cidadã o participar da vida política do Estado fiscalizando a gestã o do Patrimô nio Pú blico, a fim de que esteja conforme com os Princípios da Moralidade e da Legalidade. b) Da Legitimidade Passiva A Lei 4.717/65, em seu Art. 6º, estabelece um espectro abrangente de modo a incluir no pó lo passivo os causadores ou produtores do ato lesivo, como também todos aqueles que para ele contribuíram por açã o ou omissã o. A par disto, respondem passivamente os REQUERIDOS nesta sede processual. II – DA COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JULGADOR Conforme assevera a legislaçã o em vigor (art. 5º, Lei 4717/65), é competente pra processar e julgar a Açã o Popular o juiz do local da origem do ato impugnado. Em obediência a este requisito legal é que se propõ e a presente açã o perante este juízo. III – DOS FATOS O Município Y, representado pelo Prefeito Joã o da Silva, celebrou, em ___/____/____, contrato administrativo com a empresa W, tendo por objeto o fornecimento de material escolar para toda a rede pú blica municipal de ensino, pelo prazo de 60 (sessenta meses). O contrato foi celebrado sem a realizaçã o de prévio procedimento licitató rio e apresentou valor de R$5.000.000,00 (cinco milhõ es de reais) anuais. Ademais da inexistência da licitaçã o para a contrataçã o destas mercadorias, ato por si só atentató rio aos princípios constitucionais que regem a Administraçã o Pú blica (caput do art. 37 da Constituiçã o), é notó rio o fato de que a empresa W tem como só cio majoritá rio a pessoa de Antonio Precioso, filho da atual companheira do Prefeito (doc. 04 – contrato social). IV - DO DIREITO O artigo segundo da LAP Lei da Açã o Popular (Lei n. 4717/65) infere que sã o nulos os atos lesivos ao patrimô nio das entidades da Administraçã o Pú blica, direta ou indireta (artigo segundo), nos casos de vício de forma (letra b) e de desvio de finalidade (letra e). Justamente a forma procedimental que a REQUERIDA 2 deixou de utilizar ao contratar sem licitaçã o a REQUERIDA 3, empresa de propriedade do enteado do Prefeito Municipal (REQUERIDO 1), de maneira que foi obstada sua finalidade, caracterizando ofensa ao art. 37, XXI da CRFB/88 e ao art. 2º da Lei n. 8666/93. Maria Sylvia Zanella Di Pietro sintetiza de maneira precisa e suficiente que: “Seja infringida a finalidade legal do ato (em sentido estrito), seja desatendido o seu fim de interesse pú blico (sentido amplo), o ato será ilegal, por desvio de poder”. Outrossim, a Lei da Açã o Popular já consignou o desvio de finalidade como vício nulificador do ato administrativo lesivo do patrimô nio pú blico e o considera caracterizado quando o agente pratica ato visando fim diverso do previsto, explicita ou implicitamente. Ora, a contrataçã o direta, em hipó tese de licitaçã o obrigató ria (Lei 8666/93, art. 2º), a qual se destina a garantir a observâ ncia do princípio constitucional da isonomia, a seleçã o da proposta mais vantajosa para a administraçã o e a promoçã o do desenvolvimento nacional sustentá vel (art. 3º, primeira parte, Lei 8666/93), fere de morte os princípios bá sicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculaçã o ao instrumento convocató rio, do julgamento objetivo e dos que lhes sã o correlatos (art. 3º,in fine, Lei 8666/93). Observa também o Professor Raul Arnaldo Mendes: “O governo honesto é exercido pelo administrador probo”, dizendo respeito ao desempenho do administrador com honestidade, honra e retidã o. Tudo o que nã o vemos no ato ora demandado. Patente, deste modo, a violaçã o ao princípio da impessoalidade, por ter contratado a Prefeitura empresa do enteado do Prefeito, visto que a Administraçã o nã o pode atuar com o objetivo de beneficiar pessoa determinada, uma vez que é sempre o interesse pú blico que tem que nortear o comportamento do administrado pú blico. De outro lado, patente também a violaçã o ao princípio da moralidade ou probidade administrativas, visto que a contrataçã o direta, fora das hipó teses de dispensa (art. 24 da Lei de Licitaçõ es), de empresa do enteado do prefeito implica violaçã o aos padrõ es éticos que devem pautar a atuaçã o do administrador. Assim, estes atos narrados acima constituem improbidade administrativa (por força dos artigos 10 e 11, da Lei 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa), por ter a açã o ou omissã o em tela dado ensejo à lesã o patrimonial, desvio, apropriaçã o e dilapidaçã o de bens pú blicos, e atentado contra os princípios da administraçã o pú blica e violado os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade. Ademais, houve inclusive violaçã o à norma do artigo 57 da Lei n. 8.666/93, que estabelece que a vigência dos contratos administrativos é adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentá rios, pois o prazo de vigência do contrato administrativo ora impugnado está estabelecido no seu instrumento contratual em 60 (sessenta) meses, embora nã o se enquadre na hipó tese de exceçã o do inciso II do art. 57 da Lei acima mencionada. V - DOS PEDIDOS Face o exposto e aqui constituídos todos os pressupostos da Açã o Popular, quais sejam, condiçã o de eleitor, ilegalidade e lesividade do ato, requer-se: a) o recebimento e o processamento desta Açã o Popular, por conter ato ilegal e lesivo ao patrimô nio pú blico, em conformidade com a Lei 4.717/65; b) a citaçã o de todos os réus para apresentaçã o de defesa; c) a intimaçã o do ilustre representante do Ministério Pú blico; d) a procedência do pedido para anular o contrato administrativo impugnado; e) a procedência do pedido para condenar os réus a ressarcir os danos causados ao erá rio; f) para qualquer eventualidade, a produçã o de todos os meios de prova juridicamente permitidos; g) a condenaçã o em honorá rios sucumbenciais, que requer sejam fixados em 20% sobre o total que resultar da condenaçã o, e demais despesas judiciais e extrajudiciais; h) ao final, requer o julgamento da procedência, para condenar os REQUERIDOS a restituírem aos cofres pú blicos, por depó sito judicial, para posterior repasse a Municipalidade, a totalidade dos valores eventualmente pagos à empresa W, tudo consoante já provado e se provar oportunamente no processo; i) a devida apuraçã o dos atos de improbidade administrativa praticados pelos REQUERIDOS assim como a condenaçã o dos mesmos de acordo com o determinado pela Lei8429/92 (impeachment judicial). Dá -se à causa o valor de R$25.000.000,00 (vinte e cinco milhõ es de reais). Termos em que pede deferimento Município Y/UF, _______ de ___________ de ________ Junywerbert Correia dos Santos OAB/CE XXXXX