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AÇÃO POPULAR

José Gerardo Frota Parente Neto


Democracia Participativa

“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição”.

Voto

Plebiscito (povo → lei)

Referendo (lei → povo)

Iniciativa Popular

Ação Popular
Legitimidade Ativa

▪ Qualquer cidadão
✓ Pessoa física
✓ Desde que esteja em pleno gozo de seus direitos políticos
✓ Título de Eleitor

Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

➢ MP – Não pode propor a AP, porém atua como fiscal da lei (custos legis) dando
opinião sobre a procedência ou improcedência do pedido, apressar a produção de provas,
promover a responsabilização civil e criminal dos responsáveis, e, quando o cidadão que
propôs a Ação Popular resolve desistir dela, pode assumir o lugar dele como autor.
Ação Popular – Art. 5º, LXXIII da CF/88

▪ Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular...

▪ ....que vise a anular ato lesivo ao:


“Tem-se, dessa forma, como imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-lesividade, como pressuposto elementar para a
procedência da Ação Popular e consequente condenação dos requeridos no ressarcimento ao erário em face dos prejuízos
comprovadamente atestados ou nas perdas e danos correspondentes.”
(REsp n. 1.447.237/MG, 1ª Turma do STJ, DJE de 9 de março de 2015).

1) Patrimônio Público ou de entidade de que o Estado participe;


2) Moralidade Administrativa;
3) Meio Ambiente;
4) Patrimônio Histórico e Cultural;
... ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas e do ônus da sucumbência.
Histórico da Ação Popular

▪ Constituição de 1934 – nº 38) “Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de
nulidade ou anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios”.

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Constituição de 1824 - Art. 157) “Por suborno, peita, peculato, e concussão haverá contra eles (os juízes) acção popular,
que poderá ser intentada dentro de anno, e dia pelo proprio queixoso, ou por qualquer do Povo, guardada a ordem
do Processo estabelecida na Lei”.

Constituição de 1891 – Habeas Corpus

Constituição de 1934 – Mandado de Segurança e Ação Popular

Constituição de 1988 – Habeas Data, Mandado de Injunção, MS Coletivo e Ação Civil Pública
Legitimidade Passiva – Art. 1º e art. 6º da Lei 4717 de 1965

▪ Pessoas públicas ou privadas:

▪ União, Estados, Municípios, Distrito Federal

▪ Autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista;

▪ Fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio

▪ Sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes

▪ Empresas incorporadas ao patrimônio dos entes federados

▪ Serviços sociais autônomos

▪ Quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos

▪ Contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnado (omissão deles também)

▪ Beneficiários diretos do ato lesivo ao patrimônio público


Competência

“A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, em regra, do juízo competente de primeiro
grau.” (AO 859-QO, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 1º.08.2003)

▪ Art. 5º - Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da


ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de
cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao
Estado ou ao Município.
Ação Popular contra atos e contratos administrativos

▪ Art 2º - São nulos os atos* lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

a) incompetência;

b) vício de forma;

c) ilegalidade do objeto;

d) inexistência dos motivos;

e) desvio de finalidade;

*Elementos do Ato Administrativo: CoFiFoMoB

▪ Art 4º - São também nulos os seguintes atos ou contratos [....]:

Ex: Admissão ao serviço público, operação bancária ou de crédito rural, empreitada/tarefa/concessão do serviço público, compra e venda bens
móveis e imóveis, concessão de licença de exportação e importação, empréstimo concedido pelo BC etc.

Para o cabimento da Ação Popular, basta a ilegalidade do ato administrativo por ofensa a normas específicas ou desvios dos princípios da Administração
Pública, dispensando-se a demonstração de prejuízo material. (AgInt no AREsp 949.377/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/03/2017, DJe 20/04/2017)
Aspectos da lei 4.717 de 1965

▪ Rito Ordinário previsto no CPC – Art. 7º

▪ Possibilidade de liminar – Art. 5º, §4º

▪ Qualquer cidadão pode entrar como litisconsorte ou assistente do autor – Art. 6º, §5º

▪ MP como custos legis/fiscal da lei – Art. 6º, §4º

▪ Prazo para contestação = 20 + 20 (Art. 7º, IV)

▪ Sentença = 15 dias do recebimento dos autos pelo juiz (após a audiência de instrução e julgamento) Artº 7º, VI

▪ Sentença fora dos 15 dias = Não inclusão do juiz na lista de merecimento para promoção por 2 anos – Art. 7º, §ú

▪ Autor desiste da ação = Outro cidadão ou MP no seu lugar – Art. 9º

▪ A Ação Popular prescreve em 5 anos – prazo quinquenal - Art. 21

▪ Aplicação subsidiária do CPC – Art. 22


Duplo Grau de Jurisdição Obrigatório = Reexame Necessário
- Inversão na Ação Popular -

▪ CPC Art. 496 – Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal, a sentença: (mesmo que não haja recurso)

I – Proferida contra a União, os Estados, o DF, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público.

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Art. 19 – A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da Ação Popular está sujeita ao duplo
grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação
procedente caberá apelação com efeito suspensivo.

➢ Sentença com pedido procedente do autor da AP = Cabe apelação da parte que perdeu (com efeito suspensivo)

➢ Sentença com pedido improcedente do autor da AP = Reexame Necessário pelo TJ = Duplo Grau de Jurisdição Obrigatório em
favor do cidadão para ele ter uma 2ª chance mesmo que ele não deseje recorrer (notem que não é a favor das entidades
públicas do art. 496, I, do CPC – INVERSÃO aqui daquilo do que diz o art. 496, I, do CPC). Poder do povo!
Jurisprudência do STJ

▪ Ação de Improbidade Administrativa é o nome do processo que objetiva investigar e punir o agente público que DOLOSAMENTE:
1) obteve enriquecimento ilícito em suas funções; 2) causou prejuízo ao Erário ou 3) atentou contra os princípios da Adm. Púb.

▪ O STJ, visando a tornar as Ações de Improbidade Administrativa mais rigorosas, passou a entender que:

“A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade administrativa está sujeita ao
reexame necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da
Lei nº 4.717 de 1965”.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.220.667-MG, Rel. Min Herman Benjamin, julgado em 24/5/2017 (Info 607)

Assim, é possível aplicar o art. 19 da Lei nº 4.717 de 1965 nas Ações de Improbidade Administrativa.

Lógica: Se a sentença da Ação de Improbidade Administrativa concluir pela improcedência do pedido do autor (que é o Ministério
Público), o agente público corrupto “sai ganhando”. Para dificultar a situação desse agente público, o STJ entende que cabe o
Duplo Grau de Jurisdição Obrigatório (mesmo que o MP não recorra) para que essa sentença seja reexaminada pela 2ª
jurisdição/2ª instância/Tribunal. Isso é algo a favor da coletividade e em desfavor da corrupção! A inspiração do STJ veio
exatamente do artigo 19 da lei da Ação Popular. Em benefício da coletividade!
AÇÃO POPULAR, UM DIREITO QUE É DO POVO!!

Obrigado!

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