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A AÇÃO POPULAR
(ação popular constitucional)
Origem: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 16 DE JULHO DE 1934).
Art. 113, 38) Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de nulidade ou anulação dos atos
lesivos do patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios.
A regulamentação
Lei n. 4.717, de 29 de junho de 1965. Regula a ação popular.
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, ...
... de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas
de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autôno-
mos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com
mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua,...
... de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quais-
quer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
§ 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico,
artístico, estético, histórico ou turístico. (Redação dada pela Lei nº 6.513, de 1977)
Atenção para o conceito de patrimônio público bastante amplo, permitindo a tutela de bens e direitos de valor
econômico, artístico, estético ou histórico.
Ilegitimidade do MP?
A legitimidade superveniente em face do princípio da indisponibilidade relativa da ação na fase de conhecimento e
da indisponibilidade absoluta na fase de execução
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Art. 9º da LAP: Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos
prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao represen-
tante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prossegui-
mento da ação.
A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, como noticiou o Informativo n. 476, afirmou a possibilidade do
ajuizamento da ação nessas circunstâncias.
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Legitimidade passiva e litisconsórcio necessário
Art. 6º da Lei n. 4.717/65: A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no
art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou
praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos
do mesmo.
Competência
No caso de ação popular, é muito importante verificar a origem do ato impugnado.
Art. 5º da Lei n. 4.717/65: Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-
la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem
à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
Assim, se o ato impugnado é de agente público da União, a competência é da Justiça Federal, nos termos do art.
109, I, da Constituição Federal.
Competência
Hely Lopes Meirelles, Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes lembram que “o Plenário do STF decidiu, em dezem-
bro de 2000, que a competência para processar a ação popular se afere não somente pela origem do ato impugnado,
mas também pela finalidade que busca a demanda...
... Assim, entendeu ser de competência da Justiça Eleitoral de primeira instância, e não da Justiça Federal, ação
popular proposta contra os membros de TER em função de alegadas irregularidades em eleição. Tratando-se de
matéria com cunho eleitoral, afastou-se a competência da Justiça Federal, para se fixar a da Justiça Eleitoral (AOr-
QQ n. 772-SP, Rel. Min. Moreira Alves, Informativo STF 215/1)”.
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A competência da Primeira Instância
Hely Lopes Meirelles, Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes lembram que “a ação popular, ainda que ajuizada
contra o Presidente da República, o Presidente do Senado, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Governador
ou o Prefeito, será processada e julgada perante a Justiça de primeiro grau (Federal ou Comum)”.
Foro competente
Definida a competência da justiça federal (competência de jurisdição), na análise da competência territorial deveria
prevalecer foro do local onde se consumou o ato ilegal e lesivo ao patrimônio público (art. 2º da Lei da Ação Civil
Pública e art. 93 do Código de Defesa do Consumidor).
A jurisprudência, porém, tem relativizado a regra a favor da tutela mais efetiva do patrimônio público, fazendo pre-
valecer o foro do domicílio do autor a fim de que não existam restrições ou maiores dificuldades à propositura da
ação pelos cidadãos.
Juízo competente
Determinada a justiça e o foro competentes, é o caso de se verificar em qual órgão jurisdicional ou, por outras
palavras, em qual vara a ação popular vai tramitar.
Existente na comarca ou na seção judiciária a Vara da Fazenda Pública, a ação popular deve aí tramitar. Caso
contrário, a competência será do juízo cível comum.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POPULAR. PARCIAL PERDA DO OB-
JETO DA AÇÃO POPULAR ORIGINÁRIA. COISA JULGADA MATERIAL FORMADA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA
COM CAUSA DE PEDIR IDÊNTICA. INTERESSE REMANESCENTE DOS RECORRENTES NÃO CONTEMPLA-
DOS NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA... (REsp 1272491/PB, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 07/12/2017, DJe 15/12/2017)
Juízo universal
O art. 5º, § 3º, da Lei n. 4.717/65 estabelece que a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas
as ações, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.
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Afinal, trata-se de ação a ser proposta em prol de uma pessoa jurídica de direito público com o fim de desconstituir
ato ilegal e lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe. Ou, então, lesivo à moralidade
administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural.
Fala-se, então, que é necessária a presença do binômio “ilegalidade/lesividade” para que seja admitida a ação
popular.
O posicionamento do STF
"Direito Constitucional e Processual Civil. Ação popular. Condições da ação. Ajuizamento para combater ato lesivo
à moralidade administrativa. Possibilidade. Acórdão que manteve sentença que julgou extinto o processo, sem re-
solução do mérito, por entender que é condição da ação popular a demonstração de concomitante lesão ao patri-
mônio público material. Desnecessidade. Conteúdo do art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal. Reafirmação
de jurisprudência. Repercussão geral reconhecida.
1. O entendimento sufragado no acórdão recorrido de que, para o cabimento de ação popular, é exigível a menção
na exordial e a prova de prejuízo material aos cofres públicos, diverge do entendimento sufragado pelo Supremo
Tribunal Federal.
2. A decisão objurgada ofende o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, que tem como objetos a serem
defendidos pelo cidadão, separadamente, qualquer ato lesivo ao patrimônio material público ou de entidade de que
o Estado participe, ao patrimônio moral, ao cultural e ao histórico. 3. Agravo e recurso extraordinário providos. 4.
Repercussão geral reconhecida com reafirmação da jurisprudência.(ARE 824781 RG, Relator(a): Min. DIAS TOF-
FOLI, julgado em 27/08/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 08-
10-2015 PUBLIC 09-10-2015 )
Tema 836 - Exigência de comprovação de prejuízo material aos cofres públicos como condição para a propositura
de ação popular.
Tese: Não é condição para o cabimento da ação popular a demonstração de prejuízo material aos cofres públicos,
dado que o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal estabelece que qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular e impugnar, ainda que separadamente, ato lesivo ao patrimônio material, moral, cultural ou
histórico do Estado ou de entidade de que ele participe.
Obs: Redação da tese aprovada nos termos do item 2 da Ata da 12ª Sessão Administrativa do STF, realizada em
09/12/2015.
Ilegalidade
A própria Lei da Ação Popular, no art. 2º, encarrega-se de enumerar situações de nulidades: São nulos os atos
lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de
forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade.
Lesividade
Além da ilegalidade do ato, é importante verificar sua lesividade, concreta ou potencial, ao patrimônio material ou
imaterial.
Hely, Wald e Gilmar Mendes sobre ato lesivo: “É todo ato ou omissão administrativa que desfalca o erário ou preju-
dica a Administração, assim como o que ofende bens ou valores artísticos, cívicos, culturais, ambientais ou históri-
cos da comunidade...
... E essa lesão tanto pode ser efetiva quanto legalmente presumida, visto que a lei regulamentar estabelece casos
de presunção de lesividade (art. 4º), para os quais basta a prova da prática do ato naquelas circunstâncias pra
considerar-se lesivo e nulo de pleno direito. Nos demais casos impõe-se a dupla demonstração da ilegalidade e da
lesão efetiva ao patrimônio protegível pela ação popular”.
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Ação popular preventiva
Não se pode negar a função preventiva à ação popular.
A partir do momento em que a Constituição Federal garante o Acesso à Jurisdição para as situações de lesão ou
de ameaça de lesão a direito (art. 5º, XXXV), não seria conforme à Lei Maior a interpretação restritiva.
José Afonso da Silva aponta com precisão o caráter duplo da ação popular: “A demanda popular é constitutiva
negativa e condenatória...
... Tem ela como objeto imediato pleitear, do órgão judicial competente: a) a anulação de ato lesivo ao patrimônio
público ou das entidades de que o Estado participe, ou da moralidade administrativa, ou do meio ambiente, ou do
patrimônio histórico e cultural (Constituição, art. 5º, LXXIII, e Lei n. 4.717, art. 1º); e b) a condenação dos responsá-
veis pelo ato invalidado, e dos que dele se beneficiaram, ao pagamento de perdas e danos”.
PROCESSO CIVIL - AÇÃO POPULAR - LEGITIMIDADE - DESISTÊNCIA DA AÇÃO - POLO ATIVO ASSUMIDO
POR ENTE PÚBLICO - POSSIBILIDADE - SÚMULA 7/STJ.
1. Qualquer cidadão está legitimado para propor ação popular, nos termos e para os fins do art. 1º da Lei 4.717/65.
2. A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá poderá
atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal
ou dirigente (art. 6º, § 3º da Lei 4.717/65.
3. Filio-me à corrente que defende a tese da retratabilidade da posição da pessoa jurídica na ação popular, quando
esta, tendo atuado no feito no polo passivo, se convence da ilegalidade e lesividade do ato de seu preposto, lem-
brando, inclusive, que o ente pode promover a execução da sentença condenatória (art. 17).
4. Tendo sido homologado (indevidamente) o pedido de desistência da ação pelo autor popular, cumpridas os pre-
ceitos do art. 9º da Lei 4.717/65, não tendo assumido a demanda o Ministério Público ou outro popular, inexiste
óbice em que o ente público assuma o polo passivo da demanda, em nome do interesse público. Interpretação
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sistemática da Lei 4.717/65... (AgRg no REsp 439.854/MS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 08/04/2003, DJ 18/08/2003, p. 194)
Reconvenção
Hely, Wald e Mendes já afirmam não caber reconvenção em ação popular, baseando-se em precedente do STJ:
“Tendo em vista que o autor popular litiga em prol da sociedade, e não em benefício próprio, é incabível a recon-
venção em sede de ação popular, como já decidiu o STJ: REsp n. 72.065-RS, Rel. Min. Castro Meira, RePro
137/201”.
A pretensão, na reconvenção, deve ser dirigida em face do grupo. Ex: movimentos grevistas (não interrupção de
serviços essenciais).
Fala-se em ações duplamente coletivas.
Procedimento
Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário (leia-se comum), previsto no Código de Processo Civil, obser-
vadas as seguintes normas modificativas:
I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público;
b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos documentos que tiverem sido referidos pelo autor (art.
1º, § 6º), bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos, ficando prazos de 15
(quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento.
II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital com o prazo de 30 (trinta) dias, afixado
na sede do juízo e publicado três vezes no jornal oficial do Distrito Federal, ou da Capital do Estado ou Território em
que seja ajuizada a ação. A publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 (três) dias após a entrega, na
repartição competente, sob protocolo, de uma via autenticada do mandado.
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja existência ou identidade se torne co-
nhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final de primeira instância, deverá ser citada para a
integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção de provas, Salvo, quanto a
beneficiário, se a citação se houver feito na forma do inciso anterior.
IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado,
se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os interessados, correndo da
entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital.
V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a produção de prova testemunhal ou pericial, o juiz ordenará
vista às partes por 10 (dez) dias, para alegações, sendo-lhe os autos conclusos, para sentença, 48 (quarenta e oito)
horas após a expiração desse prazo; havendo requerimento de prova, o processo tomará o rito ordinário.
VI - A sentença, quando não prolatada em audiência de instrução e julgamento, deverá ser proferida dentro de 15
(quinze) dias do recebimento dos autos pelo juiz.
Parágrafo único. O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em lista de
merecimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para efeito de promoção por antiguidade,
de tantos dias quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos e comprovado perante o
órgão disciplinar competente.
Custas
LAP, Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo ao final.
CF, Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
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patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.
Sentença
LAP, Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, conde-
nará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação
regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.
LAP, Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais
despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos hono-
rários de advogado.
LAP, Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide manifestamente temerária,
condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.
Execução da sentença
Cabe ao autor promover a execução da sentença
O MP a promoverá se decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda ins-
tância sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução. Nesse caso, O MP deve promover a execução
nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave.
LAP, Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda que hajam contestado a ação,
promover, em qualquer tempo, e no que as beneficiar a execução da sentença contra os demais réus.
Efeitos da sentença
LAP, Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes", exceto no caso de haver sido a ação
julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.
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II - Tese recursal que se restringe à aplicabilidade do art. 19 da Lei da Ação Popular que sujeita ao duplo grau de
jurisdição sentenças que concluírem pela carência da ação ou improcedência dos pedidos nos casos de ações civis
públicas por ato de improbidade administrativa.
III - Jurisprudência do STJ firme no sentido de que o Código de Processo Civil deve ser aplicado subsidiariamente
à Lei de Improbidade Administrativa. Precedentes: REsp 1217554/SP, Rel.Ministra ELIANA CALMON, Segunda
Turma, DJe 22/08/2013; EREsp 1098669/GO, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Primeira Turma, DJe
12/11/2010.
IV - Admite-se, também, a aplicação analógica do art. 19 da Lei n.4.717/65 em relação às ações civil públicas por
ato de improbidade administrativa. Precedentes: REsp 1.108.542/SC, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, DJe
29.5.2009; AgRg no REsp 1219033/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 25/04/2011; Em-
bargos de Divergência em REsp n. 1.220.667-MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, DJe 30/06/2017.
V - As sentenças de improcedência de pedidos formulados em ação civil pública sujeitam-se indistintamente ao
reexame necessário, seja por aplicação subsidiária do Código de Processo Civil (art. 475 do CPC/1973), seja pela
aplicação analógica do Lei da Ação Popular (art. 19 da Lei n. 4.717/65).
VI - Recurso especial conhecido e provido para determinar a devolução dos autos ao Tribunal de origem, a fim de
proceder ao reexame necessário da sentença. (REsp 1605572/MG, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 16/11/2017, DJe 22/11/2017).
Legitimidade recursal
§ 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer
cidadão e também o Ministério Público.
Prescrição
LAP, Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos.
LEGITIMIDADE
As pessoas naturais, como regra, não têm legitimidade para a propositura de ações coletivas. Exceção: ação
popular
O titular do direito material também não tem legitimidade ativa. Exceção: comunidades indígenas.
CF, Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: V - defender judicialmente os direitos e interesses
das populações indígenas;
CF, Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em
defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo
A legitimidade é considerada concorrente e disjuntiva (art. 5º da LACP e art. 82 do CDC)
Haveria uma presunção legal de que os entes legitimados pelo art. 5º da LACP e pelo art. 82 do CDC são
representantes adequados da coletividade
Há possibilidade do controle judicial da representatividade adequada. Não se discute esta possibilidade em
relação às associações
Cabe lembrar que a adequada representação está relacionada à garantia do devido processo legal, ou seja, de
que a coletividade ou o grupo esteja em juízo representado de forma adequada e eficiente
Importante distinguir o sistema de legitimação do instituto da representatividade adequada
Legitimação: sistema ope legis; sistema ope judicis
O instituto da representatividade adequada estaria relacionado aos requisitos de validade (pressuposto proces-
sual de validade)
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Afinal, a representatividade adequada do grupo está relacionada ao devido processo legal.
ASSOCIAÇÕES
O art. 5º, inciso V, da LACP, legitima a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Exemplo: Defensoria Pública. Tem legitimidade para a tutela coletiva em função de sua missão constitucional (a
tutela dos necessitados)
Observação: o reconhecimento do poder de controle da representatividade adequada não pode resultar em obstá-
culo ao acesso à Justiça.
O juiz deve provocar a sucessão processual.
“Na hipótese dos autos não se verifica a relevância social apta a legitimar a extraordinária atuação do Parquet,
porquanto pretende a proteção de direito disponível e que não possui natureza coletiva, já que o titular do direito
que se busca a proteção é plenamente identificável” (REsp 1.273.643/PR).
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