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Questão Prática 1.

Enunciado:

Para incentivar a prática de diversos esportes olímpicos, a Secretaria de Esportes de determinado


estado da Federação publicou edital de licitação (parceria público-privada na modalidade concessão
patrocinada), que tinha por objeto a construção, gestão e operação de uma arena poliesportiva. No estudo
técnico, anexo ao edital, consta que as receitas da concessionária advirão dos valores pagos pelas equipes
esportivas para a utilização do espaço, complementadas pela contrapartida do parceiro público. O aporte de
dinheiro público corresponde a 80% do total da remuneração do parceiro privado. Na época da publicação
do instrumento convocatório, dois deputados estaduais criticaram o excessivo aporte de recursos públicos,
bem como a ausência de participação da Assembleia Legislativa nesse importante projeto. Diversas
empresas participaram do certame, sagrando-se vencedor o consórcio Todos Juntos, que apresentou
proposta de exatos R$ 30 milhões. O prazo de duração do futuro contrato, conforme estabelecido em edital,
é de cinquenta anos. Dias antes da celebração do contrato, após o certame ter sido homologado e adjudicado,
foi constituída uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que seria responsável por implantar e gerir o
objeto da parceria. O representante da SPE, não satisfeito com a minuta contratual que lhe fora apresentada,
resolveu procurar o Secretário de Esportes para propor que toda a contraprestação do parceiro público fosse
antecipada para o dia da celebração do contrato, o que foi aceito pela autoridade estadual, após demorada
reunião. Diversos veículos de comunicação divulgaram que o acolhimento do pleito da SPE ocorreu em
troca de apoio financeiro para a campanha do Secretário de Esportes ao cargo de Governador. A autoridade
policial obteve, por meio lícito, áudio da conversa travada entre o Secretário e o representante da SPE, que
confirma a versão divulgada na imprensa. Dias depois, a mulher do Secretário de Esportes procura a polícia
e apresenta material (vários documentos) que demonstram que a licitação foi “dirigida” e que o preço está
bem acima do custo. Ricardo, cidadão brasileiro residente na capital do referido estado, com os direitos
políticos em dia, procura você para, na qualidade de advogado(a), redigir a peça adequada para anular a
licitação. Há certa urgência na obtenção do provimento jurisdicional, tendo em vista a iminente celebração
do contrato. Considere que, de acordo com a lei de organização judiciária local, o foro competente é a Vara
da Fazenda Pública. A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para
dar respaldo à pretensão, inclusive quanto à legitimidade do demandante.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZO DA _____VARA DA FAZENDA
PÚBLICA DA COMARCA DE MUNICÍPIO..../UF...

RICARDO, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., inscrito no cadastro de


pessoas físicas CPF n° ..., portador do RG nº ..., residente e domiciliado na ..., nº ...,
bairro..., CEP ..., Município..., UF..., endereço eletrônico..., vem à presença de vossa
excelência por meio de seu advogado, (procuração em anexo), com endereço profissional
rua ..., nº ..., bairro ..., CEP ..., onde recebera as intimações , vem respeitosamente com
fundamento no Art. 5°, inciso LXXXIII, da constituição Federal de1988, impetrar a
presente:

AÇÃO POPULAR C/C PEDIDO LIMINAR

Em face do ESTADO, pessoa jurídica de direito público, inscrita sob o CNPJ


nº..., com sede na Rua ..., nº ..., bairro ..., CEP: ..., endereço eletrônico..., e o
SECRETÁRIO DE ESPORTES , pessoa jurídica de direito público, inscrita sob o CNPJ
nº..., com sede na Rua ..., nº ..., bairro ..., CEP: ..., no Município.../UF..., telefone...,
endereço eletrônico..., e SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO (SPE) ,
pessoa jurídica de direito privado , CNPJ nº..., com sede no endereço Rua., nº,
bairro, CEP: ..., no Município/UF, telefone, endereço eletrônico, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos

DOS FATOS.

Para incentivar a prática de diversos esportes Olímpicos, a secretaria de esportes


do Estado publicou edital de licitação (parceria público privado na modalidade concessão
patrocinada), que tinha o objetivo a construção, gestão e operação de uma arena esportiva.

No estudo técnico, anexo ao edital, conta que receitas da concessionaria advirão


dos valores pagos pelas equipes esportivas para a utilização do espaço, complementados
pela contra partida do parceiro público. O aporte de dinheiro público corresponde a 80%
do total da remuneração do parceiro privado. Na época da publicação do instrumento
convocatório dois deputados estaduais criticaram o excessivo aporte de recursos públicos,
bem como ausência de participação da Assembleia Legislativa.

Diversas empresas participaram do certame, sagrando-se vencedor o consorcio


Todos Juntos, que apresentou proposta de exatos R$30 milhões. O prazo estabelecido no
edital e de cinquenta anos.

Dias antes da celebração do contrato após o certame ter sido homologado e


adjudicado, foi constituída uma sociedade de Propósito específico (SPE), que seria
responsável por implantar e gerir o objeto da parceria. O representante da SPE, não
satisfeito com a minuta contratual que fora apresentado, resolveu procurar o secretário de
esporte para propor que toda a contraprestação do parceiro público fosse antecipada para
o dia da celebração do contrato, o que foi aceito pela autoridade estadual, após demorada
reunião.

Diversos veículos de comunicação divulgaram que o acolhimento do pleito da


SPE ocorreu em troca de apoio financeiro para a campanha do Secretário de Esportes ao
cargo de governador. A autoridade policial obteve, por meio licito, áudio da conversa
travada entre o secretario e o representante da SPE que confirma a versão divulgada na
imprensa.

Dias depois, a mulher do Secretário de Esportes procura a polícia e apresenta


material (vários documentos) que demonstra que a licitação foi “dirigida” e que o preço
está bem acima do custo.

Desta forma, não resta outra alternativa a não ser o ajuizamento da presente ação
popular para a defesa dos interesses de toda coletividade, uma vez que o fato narrado
acima viola os valores do Estado Democrático de Direito.

DO DIREITO

1) DO CABIMENTO
Inicialmente, se faz necessário considerar que ação popular é um instrumento
constitucional apto a promover a anulação ou declaração de nulidade de ato, contrato
lesivo ao patrimônio público, ao meio ambiente, à moralidade administrativa, ao
patrimônio histórico e cultural, conforme consta no artigo 5º, inciso LXXII, da CFRB/88,
bem como artigo 1º da Lei 4.717/65.

2) DA LEGITIMIDADE ATIVA

Nos termos do artigo 1°, caput, da Lei 4.717/65, qualquer cidadão é parte
legitima para propor Ação popular, o que é o caso da parte autora, uma vez que resta
comprovado: pelo título de eleitor n° ...., Seção ..., Zona ..., para comprovação do
documento será juntado em anexo conforme artigo 1° §3º da Lei 4.717/65 ou seja, a parte
autora goza integralmente de seus direitos políticos conforme demonstrado.

3) DA LEGETIMIDADE PASSIVA

Conforme preceitua na Lei 4.717/65, mais especificamente em seu artigo 6º, São
legitimados Passivos todos aqueles que contribuíram por ação ou omissão com o ato
lesivo, conforme resta demonstrado nos fatos desta ação, todos estão aptos a figurar no
polo passivo.

4) DO MERITO

1. O Prazo de vigência do contrato de parceria público privado não


pode ser superior a 35 anos nos termos do artigo 5° inciso I da Lei 11.079/04;

1. A contraprestação da administração pública deve obrigatoriamente


ser precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria
público privada não podendo ser antecipada para a data da celebração do contrato
nos termos do artigo 7º da Lei 11.079/04;

1. Como o aporte de dinheiro público correspondente a 80% do total


da remuneração do parceiro Privado, seria necessário a autorização legislativa
específica, o que não ocorreu no caso concreto, violando assim o artigo 10, §3º,
da Lei n° 11.079/04;
1. O favorecimento da SPE em troca de apoio financeiro para
campanha eleitoral fere o princípio da moralidade ou da impessoalidade, nos
termos do artigo 37º da CRFB/88.

DA LIMINAR

Nos termos do artigo 5º, §4º da Lei 4,717/65 é possível o pedido de liminar para
a suspensão de ato ou contrato lesivo ao patrimônio público, a partir do previsto no artigo
22º do mesmo diploma legal. Desta forma se faz necessária a demonstração do fumus
boni iuris (probabilidade de deferimento futuro) bem como o periculum in mora (perigo
de demora de uma decisão) conforme artigo 300º do CPC.

DOS PEDIDOS

Por exposto, requer a vossa Excelência:

1. Seja deferida a medida liminar ora requerida para a suspensão do


certame, com a consequente não celebração do contrato;

2. Seja ordenada a citação dos réus da presente ação para, querendo


apresentar defesa no prazo legal;

3. Intimação do ministério conforme previsto no artigo 7º, inciso I


alínea a, da Lei nº 4.7717/65;

4. Procedência do pedido para confirmação da liminar e para a


anulação da licitação;

5. A condenação dos réus aos pagamentos das verbas de


sucumbências;

6. Requerer juiz a produção de provas em direito admitidas


especialmente documental;

7. Dar-se à causa o valor de R$ ....

Termos em que pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...

OAB/...

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