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I - DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA
O Autor, Nomefaz jus ao deferimento da tramitaçã o prioritá ria, vez que é portador de
deficiência física, nos termos do artigo 9º, inciso VII da Lei 13.146/2015. 1
III- DA COMPETÊNCIA
A competência territorial em relaçã o a responsabilidade civil do fornecedor de serviços e
produtos faculta que a açã o seja ajuizada no domicílio dos Autores, como previsto no inciso
VIII, artigo 6º, inciso I do artigo 101 do Có digo de Defesa do Consumidor, Sú mula 77 do
Tribunal de Justiça de Sã o Paulo. 2
Como se trata de relaçã o de consumo, um dos direitos bá sicos é facilitaçã o dos interesses
do consumidor em juízo.
2 Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor:
(...)
VIII - a facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiências;
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos
Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
Sú mula 77: A açã o fundada em relaçã o de consumo pode ser ajuizada no foro do domicílio
do consumidor (art. 101, I, CDC) ou no do domicílio do réu (art. 94 do CPC), de sorte que
Assim, diante do inciso I do artigo 101 do Có digo de Defesa do Consumidor, a competência
é do foro do domicilio dos Autores, portanto, Foro Regional da Penha de França.
V- DOS FATOS
O Autor, Nomeera proprietá rio do veículo/taxi VW/Spacefox Trend, ano 2014, modelo
2014, cor branca, placas ABC0000, Renavam nº 00000000000, veículo esse que estava
segurado pela Ré.
Cumpre-se informar que a Ré é uma associaçã o de seguro mú tuo, cuja filiaçã o é associativa
e atua pelo princípio da livre filiaçã o, como faz prova o incluso Regulamento do Programa
de Benefícios.
O Autor, Nomesempre cumpriu rigorosamente com todas as obrigaçõ es em que o
regulamento lhe impunha e sempre pagou pontualmente as parcelas no valor de R$
00.000,00.
Ocorreu que no dia 14/10/2019, o Autor infelizmente teve seu veículo furtado, sendo que o
veículo estava estacionado na Endereço, Artur Alvin, como faz prova o incluso Boletim de
Ocorrência nº (00)00000-0000/2019 emitido pela 65a Delegacia de Polícia de Artur Alvin.
Segue abaixo:
No citado dia o Autor, Nomeestacionou o veículo no local acima citado, munindo-se de
todos os cuidados indispensá veis, por volta das 19h. (dezenove horas) e foi em uma
reuniã o e quando retornou por voltada das 22h50min. (vinte e duas horas e cinquenta
minutos), o veículo nã o estava mais no local.
Por oportuno, informa-se, ainda, que também foram subtraídos os seguintes documentos:
Carteira Condutax do Departamento de Trâ nsito de Sã o Paulo, Certificado de Registro e
Licenciamento de Veículos e CRV (Documento de Transferência). Os documentos originais
estavam no veículo e foram subtraídos, pois nesse dia o Autor, Nomeestava providenciando
a mudança de titularidade do alvará para o seu nome , perante ao DTP (Departamento de
Transportes Pú blicos) que é ó rgã o que regulamenta e fiscaliza os taxistas.
Diante do furto, o Autor, Nomeentrou em contato com a Ré para que fosse realizado o
pagamento da indenizaçã o. A Ré solicitou os preenchimentos dos documentos
denominados: Termo de Sub-rogaçã o e o Termo de Acionamento Unicoon-Associado , bem
como que fosse outorgada uma procuraçã o pú blica em nome da Ré, com poderes para: "(...)
receber, firmar recibo, dar quitaçã o, representa-lo perante o DETRAN, CONTRAN,
instituiçã o financeira ou em qualquer outro ó rgã o do trâ nsito, que se fizer necessá rio;
assinar termos de transferência, recibo de venda e quaisquer outros documentos que
forem exigidos; podendo, ainda, pagar taxas, exigir quitaçã o; juntar e retirar documentos,
requerer segunda via de documentos, vistorias, baixas do gravame, baixas como sucata
(...)." , conforme abaixo descrito:
Também, os Autores apresentaram toda a documentaçã o e o Termo de Acionamento
Unicoon escrito de pró prio punho, com relatos do ocorrido, o qual foi prontamente enviado
pelos correios e por e-mail (docs. anexos).
Os Autores apresentaram toda a documentaçã o necessá ria para o pagamento da
indenizaçã o, todavia, a Ré até o momento nã o efetuou tal pagamento, apesar das inú meras
solicitaçõ es, como fazem prova os inclusos e-mails enviados a Ré e sempre com respostas
solicitando outras providencias e/ou negativas.
No ú ltimo e-mail a Ré solicitou o envio do CRV, apesar dos Autores terem informado que tal
documento também foi furtado e eles nã o possuem meios de conseguir a 2a via, já que
houve o furto do veículo.
Segue transcriçã o do e-mail enviado pela Ré:
Como consta dos autos, a placa do veículo é de Sã o Paulo, razã o pela qual nã o é possível
realizar nenhum tipo de serviço, como por exemplo, solicitaçã o de segunda via do
Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo, pois consta perante o Detran/SP o
seguinte: "Veículo com Restriçã o de Furto ou Roubo", pois o Detran/SP exige o Decalc.
Segue abaixo:
Além disso, o Documento de Transferência do Veículo estava preenchido em nome do
Autor, Nome, pois estava providenciando a mudança do alvará para seu nome.
O valor de avaliaçã o do veículo é no importe de R$ 00.000,00, conforme Tabela Fipe datada
de outubro de 2019, data do furto do veículo em 14/10/2019 (doc. anexo), valor esse que
deverá ser acrescido de juros e correçã o monetá ria desde a data do fato até a data do
efetivo pagamento.
Com isso os Autores vêm buscar a lidima justiça, uma vez que nã o podem com tamanho
prejuízo, vez que cumpriram à risca tudo o que fora acordado no contrato.
VI- DO DIREITO
6.1 - Da Aplicabilidade do Có digo de Defesa do Consumidor
A relaçã o contratual guerreada é de consumo, já que o serviço foi adquirido junto à Ré,
conforme previsto nos artigos 2º e 3º do Có digo de Defesa do Consumidor. 3
3 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatá rio final.
Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de serviços ".
O Có digo de Defesa do Consumidor prevê os direitos bá sicos e também trata das prá ticas
abusivas contratuais consideradas nulas, especialmente os artigos 39 e 51: 4
No caso em tela, aplica-se o Có digo de Defesa do Consumidor, vez que a Ré é fornecedora
de serviços e os Autores sã o consumidores.
6.2 - Da Inversã o do Ô nus da Prova
Por força de nossa legislaçã o a Ré incumbe apresentar a existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito da Requerente, nos termos do inciso II, do artigo 373
do Có digo de Processo Civil.
4 Artigo 39: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras prá ticas
abusivas:
(...)
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou
condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços (...)
Artigo 51: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos
e serviços que:
(...)
IV- estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; (...) § 1º: Presume-se exagerada, entre outros
casos, a vantagem que: (...)
II- restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu
objeto ou o equilíbrio contratual;
III- se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o
interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
O pará grafo 3º, inciso II do artigo 373 do có digo de processo civil, deixa claro que ao
tornar-se excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito, ocorrerá a inversã o do
ô nus da prova.
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
(...)
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
Isto posto, faz jus os Autores a inversã o do ô nus da prova, nos termos do pará grafo 3º,
inciso II do artigo 373 do Có digo de Processo Civil e inciso VIII do artigo 6º do Có digo de
Defesa do Consumidor.
Nome, ao tratar do dano moral, ressalva que a REPARAÇÃ O tem sua dupla funçã o, a penal "
constituindo uma sançã o imposta ao ofensor, visando à diminuiçã o de seu patrimô nio, pela
indenizaçã o paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa (integridade física, moral
e intelectual) nã o poderá ser violado impunemente ", e a funçã o satisfató ria ou
compensató ria, pois" como o dano moral constitui um menoscabo a interesses jurídicos
extra patrimoniais, provocando sentimentos que nã o têm preço, a reparaçã o pecuniá ria
visa proporcionar ao prejudicado uma satisfaçã o que atenue a ofensa causada. " (Curso de
Direito Civil Brasileiro, 7º vol., 9a ed., Saraiva).
Tendo em vista os motivos expostos e, conforme entendimento jurisprudencial de que" a
indenizaçã o do dano moral tem a dupla finalidade pró pria do instituto, qual seja,
reparató ria, face ao ofendido, e educativa e sancionató ria, em face do ofensor ", entende-se
razoá vel a indenizaçã o arbitrada no importe de R$ 00.000,00.
7.3 - Do Dano Temporal
Cabe fazer mençã o deste novo dispositivo que vem sendo aceito pelas instâ ncias
superiores, pelo descaso para com o consumidor no tocante ao tempo de espera, ou ao
tempo em solucionar e dar a devida atençã o a parte mais frá gil da relaçã o consumerista,
tendo o tempo como um bem jurídico tutelá vel nas relaçõ es de consumo, pela subtraçã o do
tempo produtivo do consumidor.
Com o destarte, os Autores tentaram de inú meras formas obter o valor do prêmio do
veículo.
A perca do tempo que é estimá vel e passivo de indenizaçã o conforme o caso em tela, nesse
sentido temos o entendimento do doutrinador
Nomecitado por Guglinski:
"Outra forma interessante de indenização por dano moral que tem sido admitida pela jurisprudência é a
indenização pela perda do tempo livre do consumidor. Muitas situações do cotidiano nos trazem a sensação de
perda de tempo: o tempo em que ficamos "presos" no trânsito; o tempo para cancelar a contratação que não mais
nos interessa; o tempo para cancelar a cobrança indevida do cartão de crédito; a espera de atendimento em
consultórios médicos etc. A maioria dessas situações, desde que não cause outros danos, deve ser tolerada, uma
vez que faz parte da vida em sociedade. Ao contrário, a indenização pela perda do tempo livre trata de situações
intoleráveis, em que há desídia e desrespeito aos consumidores, que muitas vezes se veem compelidos a sair de
sua rotina e perder o tempo livre para soluciona problemas causados por atos ilícitos ou condutas abusivas dos
fornecedores. Tais situações fogem do que usualmente se aceita como "normal", em se tratando de espera por
parte do consumidor. São aqueles famosos casos de call center e em que se espera durante 30 minutos ou mais,
sendo transferido de um atendente para o outro. Nesses casos, percebe-se claramente o desrespeito ao
consumidor, que é prontamente atendido quando da contratação, mas, quando busca o atendimento para
resolver qualquer impasse, é obrigado, injustificadamente, a perder seu tempo livre."
Assim, requer a indenizaçã o equivalente a 02 (dois) salá rios mínimos pela demora no
pagamento do prêmio do veículo furtado, totalizando o valor de R$ 00.000,00.
7.4 - Dos Lucros Cessantes e Danos Emergentes
Deverá , também, a Ré além de indenizar pelos danos materiais e morais, assumir todas as
responsabilidades financeiras em relaçã o a outros prejuízos que atingiram o patrimô nio
corpó reo do Autor, Nomequais sejam, os lucros cessantes pela impossibilidade de exercer
sua profissã o de taxista.
Como consta do BO (Boletim de Ocorrência) o documento Condutax também foi furtado,
razã o pela qual o Autor nã o anexou aos autos, mas podemos observar no documento abaixo
que se trata de tá xi:
Ora excelência, compreende-se por lucros cessantes os danos materiais efetivos sofridos
por alguém, em funçã o de culpa, omissã o, negligência, dolo, imperícia de outrem.
Por fim, a Ré deverá arcar com os lucros cessantes do Autor, compreende-se por lucros
cessantes e os danos materiais efetivos sofridos.
O Có digo Civil Brasileiro em seu artigo 402, assim dispõ e sobre a reparaçã o desses
danos:"Salvo as exceçõ es expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de
lucrar"
Conforme já dito, o referido veículo era ferramenta de trabalho do Autor, Nome fazendo
com que ficasse prejudicada a sua renda mensal, em razã o de nã o poder utilizar o veículo ,
já que a reparaçã o dos danos é de responsabilidade da Ré e a mesma se nega a reparar tais
danos.
O Autor recebe uma média mensal de R$ 00.000,00.
Com isso, requer seja condenada a Ré ao pagamento dos lucros cessantes no valor de R$
00.000,00, tendo em vista que em decorrência da negativa de pagar o prêmio do veículo,
deixou o Autor de auferir renda no tempo em que ficou sem exercer sua atividade
profissional, conforme já dito, seu veículo era essencial para realizaçã o de suas atividades.
Insta salientar, que o Autor buscou, de boa-fé, composiçã o amigá vel, mas em nenhuma
delas a Ré se mostrou disposta a cooperar, nã o lhe restando escolhas, senã o o socorro do
Poder Judiciá rio.
VIII - DA TUTELA DE URGÊ NCIA
Indiscutivelmente, no caso em tela, existem todos os requisitos necessá rios para a
concessã o da liminar, quais sejam o" periculum in mora "e o" fumus boni iuris ", vez que o
Autor utilizava o veículo para seu sustento, pois era taxista, sendo que o" periculum in
mora "consiste nos prejuízos que o Autor vem sofrendo caso nã o seja atendido o
requerimento liminar, eis que o veículo é essencial para o sustento do Autor e de sua
família.
Da mesma forma, a"fumaça do bom direito"é deveras consistente, uma vez que se trata de
direito bá sico e constitucional das pessoas amparadas pelo pagamento pontual das
parcelas do seguro, além da legislaçã o protetiva, ampla difusã o doutriná ria e
jurisprudencial favorá veis, devendo o provimento jurisdicional ora requerido, sob pena de
multa diá ria de R$ 00.000,00.