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NOME DO ADVOGADO OU ESCRITÓRIO Rua xxxxxxxxxxxx, nº.

xx/xx,
OAB/UF XX.XXX Bairro xxxxxxx,
Cep xxxxxxxx,
Cidade xxxxxxx. - Estado.

Email: advogado@mail.com.br
Fone: (XX) XXXXX.XXXX

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DR. (A) JUIZ(A) DE DIREITO DO __JUIZADO ESPECIAL CÍVEL/VARA


CÍVEL DA COMARCA DE ____________/ESTADO

PEDIDO TUTELA DE URGÊNCIA

FULANO DA SILVA, estado civil (ou existência de união estável), profissão,


CPF nº. xxx.xxx.xxx-xx, nacionalidade, endereço eletrônico:
XXXXXXXXXXXXX, domiciliado e residente na Rua xxxxxxxxxx, nº. xxxx,
Bairro xxxxxxxxxx, cidade de xxxxxxxxxx, vem, respeitosamente perante
Vossa Excelência, por seu procurador signatário, instrumento de mandato
em anexo, propor a presente,

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Em face de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX S/A, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº XX.XXX.XXX/0001-00,
endereço eletrônico xxxx@mail.com.br, com sede na Avenida XXXXXXX,
XXXX, na cidade de XXXXXXXXXXX/XX, que deverá ser citada na pessoa de
seu representante legai, pelos motivos de fato e de direito, que passa
expor:

I – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Inicialmente, destaca o requerente que não possui condições de arcar


com custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio, conforme
demonstra o documento 2 (em anexo), razão pela qual faz jus ao benefício da gratuidade da
justiça, nos termos dos artigos 98 a 102 do NCPC, o que requer desde já.

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II. DOS FATOS

Na data de XX de XXXXX de XXXXXXXX, o autor, que é cliente da


XXXXXXXXX, sofreu um acidente, estando, atualmente, internado na UTI do Hospital XXXXXX,
nesta Cidade, em virtude de apresentar uma (DESCREVER O PROBLEMA DE SAÚDE DO AUTOR).

O Sr. (NOME DO AUTOR) se encontra sob os cuidados médicos do


ortopedista Dr. (NOME DO MÉDICO), registrado no Conselho Regional de Medicina sob o nº XXXX,
que manifestou a necessidade da realização de uma cirurgia de (DESCREVER A CIRURGIA) para a
solução do problema de saúde sofrido por seu paciente.

Diante do fato, em XX de XXXXXXXX de 20XX, o Dr. (NOME DO MÉDICO)


solicitou ao Setor de Auditoria Técnica da XXX a liberação do material necessário para a realização
da referida cirurgia. Destacou o médico assistente, que tal material (DESCREVER O MATERIAL)
deveria ser de origem importada, não podendo ser utilizado material de origem nacional, devido
às peculiaridades do caso do autor. Entretanto a solicitação foi indeferida pelo Setor de Auditoria
da empresa ré, que entendeu que poderia ser usado material nacional.

Conforme documentação acostada à presente, é transparente, no caso do


paciente XXXXX, a necessidade de utilização de prótese importada, visto que a prótese nacional
(similar) não possui a mesma qualidade e confiabilidade da importada. Além do mais, devido às
condições pessoais do paciente, a colocação de Prótese nacional poderia ser altamente prejudicial
ao resultado da cirurgia.

Ocorre que o requerimento administrativo realizado pelo médico


responsável pelo paciente objetivando a liberação do material de origem importada para a
realização do procedimento cirúrgico, acabou sendo negado. Inclusive, na ocasião, o Dr.
XXXXXXXXXXXXXXXXXX, médico ortopedista auditor da XXX afirmou que, caso a cirurgia fosse feita
com a colocação de Prótese importada, o plano de saúde somente cobriria os custos da cirurgia
até o limite do valor do procedimento no qual se utiliza o material nacional, argumentando que o
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contrato de plano de saúde firmado pela paciente não prevê a cobertura de cirurgia se usado
material importado.
Objetivando assegurar o direito do autor/consumidor visto que( está
sendo severamente prejudicado com a conduta abusiva da ré, ajuíza o autor a presente demanda.
Como será demonstrado detalhadamente a seguir, a ré/fornecedora de serviços não pode - sob
pena de serem violados princípios e normas inerentes ao nosso sistema protetivo ao consumidor
parte notoriamente mais vulnerável nas relações de consumo – intervir, nem impor restrições aos
procedimentos recomendados pelo médico responsável pelo tratamento do
paciente/consumidor.

III - DO OBJETO DA PRESENTE AÇÃO

Narrados os fatos, diante da urgência, inclusive o procurador do autor,


solicitou à ré XXX, no dia XX de XXXXXXX, via contato telefônico, que fosse revisto o
posicionamento da empresa em relação ao caso do paciente/consumidor XXXXXXXXX, no sentido
de vir a ser deferido o requerimento do médico do autor e liberado o material de procedência
estrangeira (Prótese importada) para a cirurgia do paciente, o que foi novamente negado pela
empresa. Na ocasião, argumentou a ré que o contrato de adesão firmado pelo autor/consumidor
não prevê a cobertura dos procedimentos recomendados pelo médico com a utilização de
material importado e que a Agência Nacional de Saúde - ANS – orienta as operadoras de plano de
saúde a fornecer aos seus beneficiários próteses, órteses e materiais ligados ao ato cirúrgico de
procedência nacional, havendo apenas a obrigação de fornecer os mesmos materiais de
procedência estrangeira caso não haja similar nacional.

Contudo, o contrato de adesão prevê tão somente a utilização de


materiais e medicamentos usados na internação, prescritos pelo médico assistente, de forma
genérica, sem fazer diferenciação se o material recomendado pelo médico assistente é de
procedência nacional ou estrangeira.

Ademais, qualquer cláusula restritiva à utilização de materiais ou


medicamentos de origem importada, seria nula de pleno direito, em razão do disposto no artigo
51, inciso IV combinado com o seu parágrafo 1º, do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe:
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“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos ou serviços que:

...IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que


coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade.
Parágrafo 1º. Presume-se exagerada, entre outros casos, a
vantagem que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que


pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à


natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou
equilíbrio contratual;

III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,


considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das
partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.”

Na análise e avaliação das práticas exercidas pelas operadoras de seguro-


saúde, como é o caso da ré XXX, deve-se ter em mente que estas empresas atuam no mercado
prestando um serviço de relevância pública, delegado pelo Estado, como se constata pela leitura
dos artigos 197 e 199 da Constituição Federal, in verbis:

“Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,


cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa
física ou jurídica de direito privado.”

“Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.”

Ao mesmo tempo em que é dado às operadoras de planos de saúde,


como é o caso da XXX, a autorização pelo Estado para explorarem uma atividade considerada de
relevância pública - a assistência à saúde – o Poder Público impõe às operadoras o dever de terem
que obedecer às diretrizes impostas pelos princípios e normas que regem a atividade.

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Um destes princípios fundamentais está expresso no artigo 1º, inciso III,


da Constituição Federal, que prevê como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil a
dignidade da pessoa humana.

Analisando-se o artigo 1º, inciso III, acima citado, com os artigos 5º, caput
e inciso XXXII e 196, todos da Carta Magna, conclui-se que o nosso sistema jurídico visa instituir,
como alguns dos direitos fundamentais do consumidor, o direito à vida, à saúde e à dignidade
como pessoa humana.

Vejamos o que dizem os dispositivos legais supramencionados:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

...XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do


consumidor.”

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.”

Específico à matéria em questão, o artigo 4º, caput, do Código de Defesa


do Consumidor, confirma que um dos objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo é o
“atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança,
a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo.”

Assim sendo, qualquer cláusula contratual ou prática exercida pelo


fornecedor que afronte tais princípios e normas, diretrizes do sistema de proteção à saúde e
dignidade do consumidor, é nula de pleno direito ou considerada abusiva, pois ofende aos
princípios do sistema jurídico ao qual pertence.

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Na obra “Questões Controvertidas no Código de Defesa do Consumidor –


2ª Edição, Editora Livraria do Advogado”, os autores Cláudio Bonatto e Paulo Valério Dal Pai
Moraes, dissertam sobre o conceito de práticas comerciais abusivas:

“Práticas abusivas, para nós, são condutas, comissivas ou omissivas,


praticadas por fornecedores, nas quais estes abusam de seu direito,
violam os direitos dos consumidores ou infringem de alguma forma
a lei.”

Na trilha deste entendimento é o comentário de Ricardo Hasson Sayeg, ao


definir práticas comerciais abusivas como sendo:

“os atos de fornecimento ou aqueles ocorridos em razão deles


realizados irregularmente por empresas com abuso de direito do
fornecedor, violação ao direito do consumidor ou infração à Lei,
desde que dentro dos limites da relação de consumo.”

Assim, as práticas comerciais abusivas podem surgir a partir do


desrespeito de quaisquer dos dispositivos do Sistema Protetivo ao Consumidor, dependendo, isto
sim, da conduta do fornecedor e desde que ela ofenda a algum dos três aspectos supra-
apontados.”

Destaca-se Excelência que a conduta praticada pela ré, de intervir ou


impor restrições ao procedimento recomendado pelo médico responsável pelo tratamento do
paciente/consumidor, negando-se a fornecer próteses, órteses e/ou materiais ligados ao ato
cirúrgico de procedência estrangeira (importado), quando o profissional médico responsável pelo
tratamento de saúde do paciente entende que no caso concreto é necessária a utilização destes
materiais, não podendo serem substituídos por materiais de origem nacional, é uma afronta aos
princípios constitucionais e infraconstitucionais já referidos, além de ameaçar o próprio objeto do
contrato firmado entre fornecedor e consumidor, que é a prestação de assistência à saúde,
conforme as diretrizes e fundamentos do nosso sistema jurídico.

Por certo, a ré em sua defesa irá alegar que a própria Agência Nacional de
Saúde - ANS - orienta as operadoras de seguro saúde a fornecerem aos seus beneficiários
próteses, órteses e materiais ligados ao procedimento cirúrgico de procedência nacional, havendo

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a obrigação ao fornecimento destes materiais de procedência estrangeira (importados) quando


não houver similar nacional.

Porém, deve-se, atentar para o fato de que material similar, apesar de


possuir características semelhantes, no mais das vezes é diferente em qualidade, deixando de
atingir o mesmo ou satisfatório resultado.

No caso concreto, quem deve definir se a prótese, órtese ou material


ligado ao procedimento cirúrgico pode ou não ser similar, ou seja, se apesar das diferenças, atinge
ou não o mesmo ou adequado ou satisfatório resultado para determinado paciente/consumidor,
é ninguém mais, ninguém menos que o médico responsável pelo tratamento de saúde do seu
paciente, pois aquele é o profissional técnico que avaliou o paciente, o examinou, diagnosticou e
analisou as suas condições pessoais. Se este profissional médico, portanto, após a avaliação do
seu paciente, entende que é necessária a utilização de prótese, órtese ou material ligado ao ato
cirúrgico de procedência estrangeira, não pode a operadora do plano de saúde intervir ou impor
restrições à recomendação médica e simplesmente, por acarretar menor custo, negar-se a
fornecer o material solicitado pelo médico argumentando que pode ser utilizado um similar
nacional. Para resumir, quem deve dizer se pode ser, no caso concreto, utilizado material
nacional, por ser similar, é o médico responsável pelo tratamento de saúde do paciente, e não a
operadora do seguro-saúde.

Nesse sentido a jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE


COBERTURA. USUÁRIO DO PLANO DE SAÚDE QUE PRECISA
SER SUBMETIDO A PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ORTOPÉDICO
PARA IMPLANTE DE PRÓTESE. NEGATIVA DE COBERTURA.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DA
UNIMED. ALEGAÇÃO DE SE TRATAR DE MATERIAL EXCLUÍDO
DO ROL DE COBERTURAS. ABUSIVIDADE, PORQUANTO HÁ
PREVISÃO DE COBERTURA PARA ASSISTÊNCIA À SAÚDE NA
ÁREA DA ORTOPEDIA. DEVER DA OPERADORA DE AUTORIZAR
O FORNECIMENTO DE TODOS OS PROCEDIMENTOS E
MATERIAIS NECESSÁRIOS AO RESTABELECIMENTO DO
USUÁRIO. RELAÇÃO DE CONSUMO. CLÁUSULAS
CONTRATUAIS INTERPRETADAS DE FORMA MAIS FAVORÁVEL
AO CONSUMIDOR. EXEGESE DO ART. 47, DO CDC.
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MITIGAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA AUTONOMIA DA VONTADE E


DA PACTA SUNT SERVANDA. NEGATIVA SECURITÁRIA ILÍCITA.
RECLAMO DESPROVIDO. Tratando-se de ajuste sobre Direito
do Consumidor, as cláusulas devem ser mitigadas e
interpretadas da forma mais favorável ao consumidor. Assim,
acertada a sentença que condenou a ré a arcar com as
despesas da cirurgia, incluindo os materiais necessários ao
tratamento do paciente, porquanto a cláusula que dispõe
sobre a exclusão do fornecimento de prótese ou órtese não
pode prevalecer se esses materiais estão relacionados ao
procedimento cirúrgico indicado. RECURSO DO AUTOR.
RECUSA QUE ACARRETOU AFLIÇÃO E SOFRIMENTO EM
MOMENTO DE EVIDENTE FRAGILIDADE FÍSICA E PSICOLÓGICA
DO USUÁRIO. DANO MORAL CAUSADO AO USUÁRIO E A SEUS
FAMILIARES QUE, INDIRETAMENTE, FORAM ATINGIDOS PELA
CONDUTA DA DEMANDADA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. VERBA
FIXADA COM MODERAÇÃO. RECURSO PROVIDO. A recusa
indevida da operadora de plano de saúde em autorizar o
tratamento do segurado é passível de condenação por dano
moral, uma vez que agrava a situação de aflição e angústia do
segurado, cuja higidez físico-psicológica já estaria
comprometida pela enfermidade. Precedentes (AgRg no
AREsp n. 733825/SP, rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, Quarta
Turma, DJe de 16-11-2015).

CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.


PLANO DE SAÚDE. PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. PRÓTESE
IMPORTADA. 1. Abusiva a cláusula restritiva de direito que
exclui do plano de saúde o custeio de prótese em
procedimento cirúrgico coberto pelo plano e necessária ao
pleno restabelecimento da saúde do segurado, sendo
indiferente, para tanto, se referido material é ou não
importado. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido.
(STJ - AgRg no Ag: 1139871 SC 2008/0284137-6, Relator:
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento:
27/04/2010, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
10/05/2010)

Assim, a atividade da ré está abrangida pelo Código de Defesa do


Consumidor, encontrando-se consubstanciada no texto da Súmula 469 do STJ, devendo suas
cláusulas estarem de acordo com tal diploma legal, devendo ser respeitadas as formas de
interpretação e elaboração contratuais, especialmente a respeito do conhecimento ao
consumidor do conteúdo do contrato, a fim coibir desequilíbrios entre as partes, principalmente
em razão da hipossuficiência do consumidor em relação ao fornecedor.
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Ainda, com base na jurisprudência dominante dos tribunais pátrios e do


colendo Superior Tribunal de Justiça, perfeitamente aplicável ao caso em exame a Lei nº
9.656/98, que dispõe sobre os planos de saúde, em especial o artigo 10, inciso VII, que veda a
exclusão de cobertura securitária o fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios, quando
essenciais ao ato cirúrgico.

Ademais, havendo prescrição médica indicando a necessidade da prótese


importada para cirurgia realizada, não se pode falar em opção por parte da paciente.

Caso assim não se entenda, mais uma vez o autor/consumidor, parte mais
vulnerável na relação de consumo, estará sendo extremamente prejudicado, pois quem está
decidindo sobre sua vida e saúde não é o profissional médico a quem confiou e avaliou as suas
condições pessoais, mas sim a operadora de seu plano de saúde, com quem possui uma relação
de consumo na qual, por mais que haja boa-fé entre as partes, sempre privilegiará os seus
próprios interesses em detrimento aos interesses de seus clientes.

IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Noutro sentir, vem o requerente respeitosamente pleitear em tutela de


urgência de natureza antecipatória, a determinação de fornecimento, por parte da ré, de prótese
e materiais ligados ao ato cirúrgico, de procedência estrangeira (importados) que foram
recomendados pelo seu médico.

No caso em tela resta evidente que houve prática abusiva da ré ao intervir ou


impor restrições ao procedimento recomendado pelo médico assistente – determinando ao autor
arcar com as diferenças de valores dos materiais importados para os nacionais, o que se afigura
impossível, pois encontra-se em condição financeira precária - ou ainda deverá contentar-se com a
utilização de material nacional, mesmo que isto possa acarretar sérios riscos para a sua saúde.

E tais prejuízos à saúde do autor, caso utilize produtos nacionais de qualidade


inferior à necessária, restam comprovados de forma inequívoca pela documentação juntada.
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Por conseguinte, respeitosamente requer seja o débito automático cancelado


imediatamente, sob pena de fixação de multa diária.

De outro norte, o Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de


urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

Resta nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela Ré, o que se
demonstra pelos documentos ora apresentados, principalmente aqueles relacionados ao médico
assistente que assevera a necessidade de utilização de materiais importados para melhor
manutenção da qualidade de vida e saúde do autor.
Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos de
ilegalidades contidos nas provas ora imersas e até mesmo da análise das provas a serem juntadas
pela ré, traz à tona circunstâncias de que o direito muito provavelmente existe.

Acerca do tema do tema em espécie, é do magistério de José Miguel Garcia


Medina as seguintes linhas:

“. . . sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é


vista como requisito, no sentido de que a parte deve
demonstrar, no mínimo, que o direito afirmado é provável (e
mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal direito
muito provavelmente existe, quanto menor for o grau
depericulum. “ (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de
processo civil comentado … – São Paulo: RT, 2015, p. 472)

Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior, delimitando


comparações acerca da “probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”, esse professa, in verbis:

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“4. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus


boni iuris: Também é preciso que a parte comprove a
existência da plausibilidade do direito por ela afirmado
(fumus boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar
a eficácia do processo de conhecimento ou do processo de
execução…” (NERY JÚNIOR, Nélson. Comentários ao código de
processo civil.– São Paulo: RT, 2015, p. 857-858)

Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a concessão da tutela


de urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos ensinamentos de Tereza Arruda
Alvim Wambier:
“O juízo de plausibilidade ou de probabilidade – que
envolvem dose significativa de subjetividade – ficam, ao
nosso ver, num segundo plano, dependendo do periculum
evidenciado. Mesmo em situações que o magistrado não
vislumbre uma maior probabilidade do direito invocado,
dependendo do bem em jogo e da urgência demonstrada
(princípio da proporcionalidade), deverá ser deferida a tutela
de urgência, mesmo que satisfativa. “ (Wambier, Teresa
Arruda Alvim … [et tal]. – São Paulo: RT, 2015, p. 499)

No tocante ao periculum na demora da providência judicial, urge demonstrar


que a utilização de materiais de procedência nacional resultam não apenas em prejuízos
financeiros, mas sim prejuízos à saúde e ao direito à vida do autor.

Ressalta-se que o ajuizamento desta demanda toma por base os artigos 1º,
inciso III, 5º, caput e inciso XXXII, 196, 197 e 199 da Constituição Federal; nos artigos 4º, 6º, 83, 84
do Código de Defesa do Consumidor e no artigo 300 do Código de Processo Civil, além de
fundamentar-se nos Princípios da Dignidade da Pessoa Humana e da Vulnerabilidade do
Consumidor e nos Direitos Fundamentais à vida e saúde do consumidor.

Assim entendem os Tribunais:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. OBRIGAÇÃO DE FAZER.


FORNECIMENTO DE PRÓTESE IMPORTADA. ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA. Artroplastia total de quadril. Comprovação da
necessidade da prótese de importada. Urgência
demonstrada. Pessoa hipossuficiente. Dever de assistência à
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saúde constitucionalmente protegido. Tutela antecipada


que aqui se defere. Requisitos do art. 273 do CPC
preenchidos. Recurso provido. (TJ-SP - AI:
20413678220148260000 SP 2041367-82.2014.8.26.0000,
Relator: Peiretti de Godoy, Data de Julgamento: 13/08/2014,
13ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
14/08/2014)

Ratifica-se que o não deferimento da tutela de urgência nesses moldes pode


acarretar danos irreparáveis à vida e saúde do paciente/consumidor lesado, sendo ineficaz o
provimento somente ao final da ação.

No caso específico do paciente/consumidor XXXXXXXXXXXXX, a premente


necessidade de realização do procedimento desencadeou a presente demanda, a fim de tutelar
imediatamente os seus direitos, visto que está sendo seriamente prejudicado com a prática abusiva
da ré.

Diante dos dispositivos legais e princípios citados, indiscutível a extrema


relevância do fundamento da demanda, a justificar a concessão da tutela de urgência. Assim
sendo, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária (CPC/2015, art. 300, § 2º),
independente de caução (CPC/2015, art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória no sentido
de:

a) determinar que a Ré se abstenha de intervir ou impor restrições ao


procedimento recomendado pelo médico, fornecendo imediatamente e às suas expensas, as
próteses, órteses e/ou materiais ligados ao ato cirúrgico de procedência estrangeira (importado),
recomendadas pelo médico responsável pelo tratamento de saúde do paciente/consumidor, sob
pena de multa diária, em valor a ser estabelecido por Vossa Excelência;

V- DOS PEDIDOS

Isso posto, requer a parte autora:

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a) a concessão de tutela de urgência de natureza antecipada,


determinando à ré a abster-se de intervir ou impor restrições ao procedimento recomendado
pelo médico, fornecendo imediatamente e às suas expensas, as próteses, órteses e/ou materiais
ligados ao ato cirúrgico de procedência estrangeira (importados), recomendadas pelo médico
responsável pelo tratamento de saúde do paciente/consumidor, sob pena de multa diária, em
valor a ser estabelecido por Vossa Excelência;

b) Seja designada/dispensada audiência de conciliação ou mediação na


forma do previsto no artigo 33 do NCPC; (em caso de requerer a dispensa, abrir tópico específico
justificando o motivo)

c) A citação do Réu, nos termos do art. 246, inciso I do CPC/2015, para


oferecer resposta no prazo legal sob pena de preclusão, revelia e confissão;

d) A produção de provas pelos meios admitidos no Direito, invertendo-se


o ônus da prova, de acordo com o artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor;

e) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98


e seguintes do CPC/2015;

f) A condenação da ré ao pagamento das custas e honorários advocatícios.

Protesta pela produção de todo o gênero de provas em Direito admitidas


nos termos do artigo 369 e seguintes do NCPC, em especial, a prova documental e testemunhal,
postulando, desde já a inversão do ônus da prova.

Em tempo, requer seja cadastrado no registro deste processo no sistema,


o procurador XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, OAB/ESTADO XXX.XXX, expedindo-se todas intimações
em nome deste, sob pena de nulidade.

Por fim, postula a procedência da demanda, com a confirmação do


pedido liminar.
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Dá a causa o valor de alçada.


Termos em que pede deferimento.
CIDADE, DATA

ADVOGADO
OAB

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