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NOME DO ADVOGADO OU ESCRITÓRIO Rua xxxxxxxxxxxx, nº.

xx/xx,
OAB/UF XX.XXX Bairro xxxxxxx,
Cep xxxxxxxx,
Cidade xxxxxxx. - Estado.

Email: advogado@mail.com.br
Fone: (XX) XXXXX.XXXX

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DR. (A) JUIZ(A) DE DIREITO DO __JUIZADO ESPECIAL CÍVEL/VARA


CÍVEL DA COMARCA DE ____________/ESTADO

FULANO DA SILVA, estado civil (ou existência de união estável), profissão,


CPF nº. xxx.xxx.xxx-xx, nacionalidade, endereço eletrônico:
XXXXXXXXXXXXX, domiciliado e residente na Rua xxxxxxxxxx, nº. xxxx,
Bairro xxxxxxxxxx, cidade de xxxxxxxxxx, vem, respeitosamente perante
Vossa Excelência, por seu procurador signatário, instrumento de mandato
em anexo, propor a presente,

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX S/A, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº XX.XXX.XXX/0001-00,
endereço eletrônico xxxx@mail.com.br, com sede na Avenida XXXXXXX,
XXXX, na cidade de XXXXXXXXXXX/XX, que deverá ser citada na pessoa de
seu representante legal, pelos motivos de fato e de direito, que passa
expor:

I – DAS PRELIMINARES

1.1 - DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Inicialmente, destaca o requerente que não possui condições de arcar


com custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio, conforme

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demonstra o documento 2 (em anexo), razão pela qual faz jus ao benefício da gratuidade da
justiça, nos termos dos artigos 98 a 102 do NCPC, o que requer desde já.

1.2 – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A questão do ônus da prova é de relevante importância, visto que a sua


inobservância pode vir a acarretar prejuízos aos que dela se sujeitam.
Levando-se a efeito o disposto no artigo 373 do Código de Processo Civil,
provas são os elementos através dos quais as partes tentam convencer o Magistrado da
veracidade de suas alegações, seja o autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, seja o réu
quanto ao fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Lembrando que estas
deverão ser indicadas na primeira oportunidade de se falar aos autos, ou seja, petição inicial e
contestação.
Tecidas tais considerações, reportemo-nos ao novo Código de Processo
Civil, artigo 373, §1º que determina:
“Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de
cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de
obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da
prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de
se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.”

O art. 6º do CDC, por sua vez, refere que são direitos básicos do
consumidor “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo regras ordinárias de experiências”.
Da exegese do artigo vislumbra-se que para a inversão do ônus da prova
se faz necessária a verossimilhança da alegação, conforme o entendimento do Juiz, ou a
hipossuficiência do autor.
Portanto, são 02 (duas) as situações presentes no artigo em tela,
necessárias para a concessão da inversão do ônus da prova, quais sejam: a verossimilhança e (ou)
a hipossuficiência.
A relevância da inversão do ônus da prova está em fazer com que a
pessoa de boa-fé torne-se mais consciente de seus direitos e o fornecedor mais responsável e
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garantidor dos bens que põe no comércio, assim como as compras que de fato são efetivadas em
seu estabelecimento comercial.
No caso em tela, tanto a (i) verossimilhança quanto a (ii) hipossuficiência
estão presentes. (i) A primeira se fundamenta no fato de o requerente comprovar de forma
inequívoca que houve o atraso de mais de X (XXXX) horas no retorno de XXXXXXXXXXXXXXXXX, no
dia XX de dezembro de 201X, bem como pela necessidade de adquirir nova passagem áerea em
outra Companhia.
(ii) A segunda é flagrante, na medida em que ao adquirir passagem áerea
e firmar o consequente contrato de transporte, fica totalmente a mercê da demandada, a qual
optou por trocar o sistema durante o dia, em horário de grande fluxo de passageiros embarcando
e desembarcando.
Enfim, todos os requisitos legais estão preenchidos, sendo que a inversão
do ônus da prova deve ser deferida. Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do
Estado de XXXXXXXXXXXXXX, conforme veremos:
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. VETADO EMBARQUE.
NECESSIDADE DE AQUISIÇÃO DE NOVA PASSAGEM AÉREA. ATRASO NA
CHEGADA AO DESTINO. DANOS MATERIAS E MORAIS CONFIGURADOS NO
CASO CONCRETO. QUANTUM MANTIDO. A parte ré pede provimento ao
recurso para que seja reformada a sentença que a condenou ao
pagamento de indenização por danos morais e materiais. Relação de
consumo que opera a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º,
inciso VIII, do CDC. Logo, cabia à parte ré demonstrar que foi informado ao
autor o motivo da negativa de despachar suas malas, bem como
oferecidas alternativas, como o pagamento pelo excesso de bagagem,
consoante o art. 333, inciso II, do CPC, o que não se verifica nos autos.
Sendo assim, deve ser mantida a condenação da recorrente ao pagamento
de R$1.671,04 a titulo de danos materiais, porque o autor se viu obrigado
a adquirir nova passagem aérea, em empresa diversa, ante a inércia da ré
em apresentar soluções para o problema em questão. Com relação à
condenação por danos morais, estes restam configurados em concreto,
pois o autor, que sofre de moléstia grave na coluna (fls.19/37), teve que
permanecer por aproximadamente 6 horas aguardando novo voo no
aeroporto, além de chegar ao seu destino com atraso de cerca de 8 horas.
Quantum arbitrado em R$ 3.000,00 (três mil reais), que não merece
redução, porque adequado aos parâmetros utilizados pela presente Turma
Recursal no julgamento... de casos análogos. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005677570, Primeira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais TJRS, Relator: Fabiana Zilles, Julgado em
26/01/2016). (grifou-se)

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Portanto, haja vista a existência da verossimilhança das alegações do


requerente e da existência da hipossuficiência do mesmo, este faz jus a inversão do ônus da prova
a seu favor, o que desde já requer.

II. DOS FATOS

A autora, visando adquirir de forma tranquila e segura o presente de


Natal escolhido pelo filho de 08 anos de idade, passou a realizar de maneira antecipada pesquisas
em diversas lojas físicas e virtuais. Entendendo ser a melhor opção, acabou por realizar, no dia
XX/XX/XXXX a compra de NOME DO PRODUTO através da loja virtual ”NOME DA LOJA”, cujo
número de pedido registrado foi de XXXXXXXXXXX.
O valor total da compra foi de R$ XXX,XX, sendo esta finalizada mediante
o parcelamento em 12 (doze) vezes de R$ XX,XX, com cobrança a iniciar em XX/201X no cartão de
crédito da autora.
A promessa de entrega do produto foi de 6 dias após a autorização de
pagamento por parte da administradora do cartão de crédito da autora. Considerando-se que o
pagamento foi autorizado de maneira muito ágil e eficiente, ainda em XX/XX/XXXX, a entrega
deveria ter ocorrido em XX/XX/XXXX. No mesmo dia XX, na tela dos “pedidos em aberto” (doc. 01)
disponível no site ”xxxxxxxxxxx.com.br”, o produto passou para outra fase, constando como
”preparado para envio”.
Diante de tais informações, a demandante passou então a aguardar a
entrega da mercadoria no dia XX/XX/XXXX, comunicando sua mãe que o produto chegaria em sua
residência até essa data, devendo ela avisar aos porteiros de seu edifício da chegada de tal
produto. A escolha do endereço da mãe decorreu do fato de que sempre há alguém do prédio e
no apartamento de sua mãe, garantindo assim o recebimento da bicicleta, bem como a guarda da
mesma sem que o filho avistasse o presente antes da hora tão aguardada, que seria quando da
troca de presentes entre os familiares e amigos.
Entretanto, segundo consta na mesma “tela”, no dia XX/XX/XXXX quando
o produto já deveria ter sido entregue, este passou para a fase de “produto em transporte”, com
outra data de entrega prevista (XX/XX/XXXX).

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Ainda que preocupada com o descumprimento do prazo de entrega


prometido na referida loja de comércio eletrônico (XX/XX/XXXX), a demandante, certa de ter
contratado com uma empresa confiável e preocupada com os seus clientes, ficou aguardando
passivamente a entrega para o dia XX/XX/XXXX - registre-se – a segunda data prometida para
entrega da bicicleta de seu filho.
Porém, tal esperança caiu por terra quando, mais uma vez, a promessa de
entrega não se efetivou.
A partir de então, inicia para a autora e seus familiares um período de
intenso stress, desilusão, sentimento de impotência e revolta, o que, a partir das 24hs do dia
24/12/201X, se transferiu ao seu filho de 08 anos, diante da imensurável decepção de não
receber a bicicleta tão esperada e prometida pelos seus pais.
Abaixo segue uma breve descrição da tortura a que foi submetida a
autora e seu marido até o presente momento, após diversas ligações telefônicas, realizadas ao
telefone XXXXXXXX, a fim de entrar em contato com os atendentes da empresa e obter
informações acerca da entrega:

Data Nº Atendimento Atendente Promessa Observação


DESCREVER OS CONTATOS E PROMESSAS REALIZADAS

Ressalta-se que em cada ligação, o tempo de duração era de, no mínimo,


15 minutos, o que resultou em custos adicionais na conta de telefone da demandada em valores
aproximados de R$ XX,XX.
Ocorre que somente no dia XX/XX/XXXX (documento em anexo),
exatamente X meses e X dias após a primeira promessa de entrega, e faltando XX dias para o
término das ferias - visto que o início do ano letivo ocorreu em XX/XX - a (bicicleta) foi finalmente
entregue.
Impressiona o fato de que a Nota Fiscal foi emitida somente em
XX/XX/XXXX, ou seja dois meses e dois dias após a compra realizada, demonstrando efetivamente,
não ser tão somente um problema de Entrega”do produto, mais sim em toda cadeia
administrativa da referida empresa, que trata o consumidor com total desrespeito e
desconsideração.

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Conforme se verifica na tabela descritiva do calvário a que foram


submetidos os pais da criança, as promessas de entrega e de contato se sucederam de forma
repetitiva e incessante, sem retorno algum, ou pior agravando a situação, com novas promessas
(falsas) de entrega.
Logo, não resta outra saída à consumidora/demandante senão ingressar
em juízo para postular a condenação da demandada por Danos Morais e Materiais, em virtude
dos dissabores, aborrecimentos e outros transtornos gerados à autora e seu companheiro, que
são adultos, e mais ainda à decepção causada a uma criança, que tinha na bicicleta a expectativa
de seu mais desejado presente no dia de Natal para ebrinquedo a ser utilizado durante um verão
inteiro, que acabou totalmente frustada pela desconsideração, má-fé e desrespeito da
demandada para com sua cliente e o destinatário do presente, uma criança de 8 (oito) anos de
idade.

III. DO DIREITO

Com relação ao mérito, a pretensão da demandante encontra guarida na


Constituição Federal de 1988, no Código Civil de 2002 e, principalmente, no Código de Defesa do
Consumidor.

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

III.1 Dos Danos Morais

Quanto aos Danos Morais, mister salientar que serão indenizáveis as


invectivas que efetivamente atingem e aviltam a intimidade, a vida privada, a honra, a dignidade e
a imagem da pessoa.

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No caso sub judice, como amplamente demonstrado na exposição fática,


ocorreram várias situações que geraram aborrecimentos e transtornos para a requerente e mais
ainda, trouxeram dor e abalo moral para a autora, seu marido e principalmente para seu filho de
8 anos de idade, que teve sua expectativa de receber uma bicicleta no Natal completamente
frustrada.
A bicicleta que se destinava a presentear o filho em uma data especial
transformou-se em transtorno, frustração e vergonha à autora e seus familiares, uma vez que,
enquanto outras crianças recebiam seus presentes de natal, seu filho não recebeu a bicicleta,
resultando em embaraços ao tentar conformá-lo.
Nesse diapasão vem a lição do renomado AGOSTINHO ALVIM, para quem
o dano patrimonial supõe prejuízo e o dano moral supõe dor moral ou física (grifei). No mesmo
sentido, SAVATIER relaciona o dano moral a qualquer sofrimento humano que não é causado por
uma perda pecuniária (Traité de la Responsabilite Civile, vol. II, nº 525, Apud Caio Mário,
Responsabilidade Civil, Rio de Janeiro, Forense, 1994, página 661).
O ensinamento de AGUIAR DIAS, baseado em MINOZZI, ressalta também
que o dano moral deve ser compreendido em relação ao seu conteúdo, que não é o dinheiro
nem coisa comercialmente reduzida a dinheiro, mas a dor, o espanto, a emoção, a vergonha, a
injúria física ou moral, em geral uma dolorosa sensação experimentada pela pessoa, atribuída à
palavra ter o mais largo significado (Responsabilidade Civil, vol. II, nº 226, Apud. Caio Mário, ob.
cit., página 62) (grifei).
Sobre a configuração do Dano Moral nas relações de consumo, existe uma
vasta legislação que regula essa matéria, inclusive de ordem constitucional, justamente para
restringir a atuação das empresas quando se deparam em contratos com consumidores
hipossuficientes.
A Constituição Federal dispõe em seu art. 5º, inciso X que “são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
O Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, expressa que são direitos
básicos do consumidor “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos e o acesso aos órgãos judiciários e administrativos,com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais (...)”.

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O entendimento pacificado através da proposição nº 5 dos Juizados


Especiais Cíveis dispõe que o descumprimento ou a má execução dos contratos só gera danos
morais de forma excepcional, quando violarem direitos da personalidade.
Sabe-se que os direitos da personalidade manifestam-se desde o
nascimento, nos termos do art. 2º do CC⁄02, que conforme palavras de Carlos Alberto Bittar, são
“direitos inatos (originários), absolutos, extrapatrimoniais, intransmissíveis, imprescritíveis,
impenhoráveis, vitalícios, necessários e oponíveis erga omnes” (Os direitos da personalidade.
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, 7ª ed., p. 11).
Caio Mario da Silva Pereira ensina que “a personalidade, como atributo
da pessoa humana, está a ela indissoluvelmente ligada. Sua duração é a da vida. Desde que se
vive e enquanto se vive, o homem é dotado de personalidade” (Instituições de direito civil, vol. I.
Rio de Janeiro: Forense, 2009, 23ª ed., p. 183).
Inclusive crianças de 8 (oito) anos de idade tem direito à proteção
irrestrita dos direitos da personalidade, dentre estes o direito à integridade mental, assegurada a
indenização pelo dano moral decorrente de sua violação, nos termos dos arts. 5º, X, in fine, da CF
e 12, caput, do CC⁄02.
Ao julgar o Recurso Especial de nº 1.037.759-RJ, tratando de matéria
relacionada a indenização por danos morais a um menor de idade a relatora, ministra Nancy
Andrighi manifestou-se com brilhantismo:

A Lei 8.069⁄90, que tutela especificamente crianças e adolescentes, na


primeira parte do seu art. 3º, estabelece que estes “gozam de todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana”. A norma evidencia
que, em relação aos direitos fundamentais, a capacidade jurídica do
cidadão menor de idade é plena. A circunstância de ainda não ter
alcançado maturidade física e psicológica não lhe coloca em situação
jurídica diferente daquela conferida ao adulto, no que tange aos direitos
fundamentais.

Outrossim, entre os direitos fundamentais consagrados pela CF⁄88 está a


dignidade da pessoa humana, que compreende a garantia dos direitos da
personalidade, isto é, o direito da pessoa de defender o que lhe é próprio
ou, no escólio de Rubens Limongi França, a “faculdade jurídica cujo objeto
são os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem assim as suas
emanações e prolongamentos” (Manual de direito civil, vol. 3. Rio de
Janeiro: RT, 1975, p. 403).
(...)
Acrescente-se que, nas hipóteses em que o prejuízo impingido ao menor
decorre de uma relação de consumo – como ocorre neste particular – o

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CDC, em seu art. 6º, VI, também assegura a efetiva reparação do dano,
sem fazer qualquer distinção quanto à condição do consumidor,
notadamente sua idade. Ao contrário, o art. 7º da Lei nº 8.078⁄90 fixa o
chamado diálogo de fontes, segundo o qual sempre que uma lei garantir
algum direito para o consumidor, ela poderá se somar ao microssistema
do CDC, incorporando-se na tutela especial e tendo a mesma preferência
no trato da relação de consumo.

No mesmo voto, destaca ainda a Ministra Nancy Andrighi:

Aliás, dada a sua maior vulnerabilidade e sensibilidade, não me parece


errôneo concluir que estados de espírito como os citados acima lhe sejam,
eventualmente, até mais prejudiciais e danosos do que aos adultos. Afinal,
estão em fase de formação intelectual e psíquica, de sorte que abalos
dessa natureza podem resultar em traumas incuráveis, que a
acompanharão por toda a vida. (grifo meu)

Assim, configurados os direitos de personalidade do filho de XX anos da


autora, que não ganhou a prometida e tão esperada bicicleta no Natal, efetivada está a
necessidade de reparação do dano, sem que exista distinção quanto à condição do consumidor,
notadamente sua idade.
Restando configurado o desrespeito ao direito de personalidade,
evidenciado pela desconsideração absoluta para com a pessoa do consumidor, além da lesão
(turbatio animi), evidencia-se a aplicação do dano moral com função dissuasória, para que a
empresa reveja sua atuação.
Tanto a autora, quanto seu filho foram afrontados em sua dignidade
enquanto cidadãos, porque na confiança estabeleceram relações contratuais, criando expectativa
de uso do bem escolhido, pactuaram o preço e não lhes foi entregue o produto da forma
prometida por diversas vezes.
Imperioso, dessa forma, ressaltar que é solidificado o entendimento do
judiciário no sentido de imputar indenização por danos morais nos casos em que o fornecedor de
mercadorias permite o atraso na entrega dos produtos adquiridos, senão vejamos:

RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO COM PEDIDO


DE VALORES PAGOS E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - COMPRA PELA
INTERNET - AUSÊNCIA DE ENTREGA DO PRODUTO - PRAZO NÃO
CUMPRIDO - SERVIÇO DEFEITUOSO - APLICAÇÃO DO ENUNCIADO Nº 8.1
TRU/PR - DANO MORAL CONFIGURADO - DEVER DE INDENIZAR ?-
QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO EM R$ 4.000,00 DE ACORDO COM OS

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PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE - SENTENÇA


PARCIALMENTE REFORMADA. Recurso conhecido e provido. , esta Turma
Recursal resolve, por unanimidade de votos, conhecer e dar provimento
ao recurso interposto, nos exatos termos deste vot (TJPR - 1ª Turma
Recursal - 0000922-49.2015.8.16.0178/0 - Curitiba - Rel.: Aldemar Sternadt
- J. 02.02.2016)

RECURSO INOMINADO ? AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE LIMINAR - COMPRA
PELA INTERNET ? ATRASO NA ENTREGA DO PRODUTO ? ENTREGA PARCIAL
DO PRODUTO - PRAZO NÃO CUMPRIDO ? FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO ? APLICAÇÃO DO ENUNCIADO Nº 8.1 TRU/PR ? DANO MORAL
CONFIGURADO ? DEVER DE INDENIZAR ? QUANTUM INDENIZATÓRIO DE
R$ 8.000,00 ATENTA PARA OS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE ? SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. Recurso da parte ré conhecido e desprovido. , esta Turma
Recursal resolve, por unanimidade de votos, conhecer e negar provimento
a ambos os recursos interpostos, nos exatos termos deste vot (TJPR - 1ª
Turma Recursal - 0002092-08.2015.8.16.0097/0 - Ivaiporã - Rel.: Aldemar
Sternadt - - J. 02.02.2016)

O sentimento de frustração, impotência e revolta desses consumidores é


ainda maior, porque além de terem sido repetida e constantemente ludibriados com informações
falsas sobre a data de entrega e feitos de idiotas aguardando retornos prometidos que jamais
ocorreram, nada podem fazer para evitar que outras pessoas também sejam enganadas.

III.1 Do Quantum Debeatur

O Dano Moral é aquela ação ou omissão que afeta a paz interior de cada
um. Atinge o sentimento de cada pessoa, o decoro, o ego, a honra, enfim, tudo aquilo que não
tem valor econômico, mas que lhe cause angústia, aborrecimento e sofrimento.
Por isto, lesados os direitos de personalidade do consumidor e sendo
responsabilizados objetivamente os causadores, é corolário lógico a indenização pelo dano moral.
A indenização por dano moral, portanto, tem caráter satisfativo-punitivo.
Satisfativo quando a verba condenatória satisfaz a vítima de forma plena, isto é, o quantum é
adequado e efetivo; punitivo quando a condenação seja suficiente a dissuadir o ofensor de novas
ações ilícitas.
De seu turno, CAIO MÁRIO, com muita propriedade, preleciona que
quando se cuida de dano moral, o fulcro do conceito ressarcitório acha-se deslocado para a
convergência de duas forças: caráter punitivo para que o causador do dano, pelo fato da
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condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou, e o caráter compensatório para a
vítima, que receberá uma soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal
sofrido (ob. cit., página 62) (grifamos). E arremata afirmando que é com tal inspiração que as
nossas cortes de Justiça têm proclamado que a condenação nas ações de indenização por dano
moral têm função meramente satisfatória (Ob. cit., página 62) (grifamos).
Fazendo um balanceamento dessas duas características, devemos chegar
a um quantum, que no presente caso deverá seguir a concepção subjetiva, isto é, deve haver uma
aferição in concreto , a qual visa avaliar, concretamente, a satisfação na busca dos prejuízos reais
alegados pela vítima.
Em assim sendo, por todos os prejuízos que foram demonstrados e
provados pelo demandante, postula a fixação dos Danos Morais em valor não inferior ao
montante de R$ X.XXX,XX reais, evitando assim que a empresa pratique novamente fatos
análogos e satisfaça os dissabores experimentados pelo autor.

IV. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer-se a Vossa Excelência o que segue:

a) Seja designada/dispensada audiência de conciliação ou mediação na forma


do previsto no artigo 33 do NCPC; (em caso de requerer a dispensa, abrir tópico específico
justificando o motivo);
b) A citação do Réu, nos termos do art. 246, inciso I do CPC/2015, para
oferecer resposta no prazo legal sob pena de preclusão, revelia e confissão;
c) Ao final julgar totalmente PROCEDENTE a presente demanda indenizatória
para condenar a requerida ao pagamento da indenização à título de danos morais ao autor, no
valor de R$ XX.XXX,XX (XXXXXX mil reais), ou devendo esta quantia ser arbitrada por V.Exa.,
corrigida monetariamente desde a data do ilícito.
d) A condenação da requerida ao pagamento das custas e honorários
advocatícios no patamar de 20% sobre o valor da condenação;
e) O depoimento do representante legal da requerida, sob pena de confissão;
f) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 e
seguintes do CPC/2015;
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g) A tramitação preferencial do feito, tendo em vista se tratar o autor de


pessoa idosa.
h) Protesta pela produção de todo o gênero de provas em Direito admitidas
nos termos do artigo 369 e seguintes do NCPC, em especial, a prova documental e testemunhal,
postulando, desde já a inversão do ônus da prova.
i) Em tempo, requer sejam cadastrados no registro deste processo no
sistema o procurador XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, OAB/ESTADO XXX.XXX, expedindo-se todas
intimações em nome deste, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ X.XXX,XX.


Termos em que pede deferimento.

CIDADE, DATA

ADVOGADO
OAB

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