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TESE: AÇÃO DE REVISÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE.

O ACIDENTE FOI ANTES DA ENTRADA EM


VIGOR DA EC N° 103/2019 E DA MP N° 905/2019. REQUER QUE O CÁLCULO DO BENEFÍCIO
SEJA REALIZADO COM AS REGRAS DA ÉPOCA DO FATO DO ACIDENTE, QUE É ANTERIOR AS
MUDANÇAS LEGISLATIVAS.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL


PREVIDENCIÁRIO DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE (CIDADE), SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE
(ESPECIFICAR)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA (ESPECIFICAR) DA SUBSEÇÃO


JUDICIÁRIA DE (CIDADE), SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE (ESPECIFICAR)

NOME DA PARTE AUTORA e qualificação, por intermédio de seu procurador, vem,


à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 86 da Lei nº 8.213/91, propor a presente

AÇÃO DE REVISÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE, em face do

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, situado na (endereço) pelos


fatos e fundamentos jurídicos que ora passa a expor:

I – DOS FATOS

O(a) segurado(a) tem... (idade) anos de idade, no dia... (data antes da EC 103/2019
e da MP n° 905/2019), sofreu um acidente comum decorrente de tal situação... (explicar o
ocorrido, citar CID).

Conforme exames anexos, o acidente acarretou sequelas, que implicam redução na


capacidade de trabalho. O próprio perito médico que fez a perícia inicial já demonstra em seu
laudo que o acidente acarretou a diminuição da capacidade laborativa, sendo fato gerador do
auxílio acidente.
Ressalta-se que a data do início da diminuição da capacidade foi antes da entrada
em vigor da EC n° 103/2019.

Diante disso, o(a) autor(a) entrou com o pedido de auxílio-acidente em


procedimento administrativo perante a autarquia-ré no dia ..., sendo essa a DER (DER posterior
a EC n° 103/2019 e a MP n° 905/2019).

No dia ..., em carta de concessão de benefício emitida pela autarquia-ré, foi


concedido o benefício de auxílio-acidente sob o NB n° ..., perfazendo o valor de ... (especificar
valor).

Em carta de concessão, o cálculo do benefício do auxílio-acidente foi feito sob a


regra nova advinda MP n° 905/2019, diminuindo o valor do RMI da parte autora. No entanto,
discorda-se do cálculo efetuado, haja vista que a causa do acidente foi antes da entrada em
vigor tanto da MP n° 905/2019, como da EC n° 103/2019, e portanto, a redução da capacidade
para o trabalho foi anterior a essas novas regras.

Destaca-se que a Medida Provisória n° 905/2019, alterou a forma de cálculo do


benefício auxílio acidente, alterando o art. 86, § 1° da lei n° 8.213/1991, que passou a ter o
seguinte disposto:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando,


após a consolidação das lesões decorrentes de acidente, resultarem sequelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia,
conforme situações discriminadas no regulamento.
§ 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do
benefício de aposentadoria por invalidez a que o segurado teria direito e será devido
somente enquanto persistirem as condições de que trata o caput.

Ademais, com a entrada em vigor da EC n° 103/2019, o valor do salário de benefício


se modificou, devendo ser calculado como 100% do período contributivo, conforme o art. 26,
caput, da EC n° 103/2019:

Art. 26. Até que lei discipline o cálculo dos benefícios do regime próprio de previdência
social da União e do Regime Geral de Previdência Social, será utilizada a média
aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adotados como
base para contribuições a regime próprio de previdência social e ao Regime Geral de
Previdência Social, ou como base para contribuições decorrentes das atividades
militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal, atualizados
monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo
desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior
àquela competência.

Portanto, diante de tais artigos citados, o valor do auxílio-acidente é 50% do


benefício de aposentadoria por invalidez a que o segurado teria direito.

Com a data de entrada da DER foi após a entrada da EC n° 103/2019, o cálculo do


valor da aposentadoria por incapacidade permanente foi calculado conforme o disposto no
artigo 26, §2º, inciso II da EC n° 103/2019, perfazendo uma RMI de... (especificar valor).

Diante disso, requer que o cálculo do auxílio acidente seja feito com a legislação
vigente à época da diminuição da capacidade para o trabalho, e não na data de entrada da DER,
pelos argumentos jurídicos a seguir elencados.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

1 – REQUISITOS PARA O BENEFÍCIO POSTULADO

Desde a entrada em vigor da lei n° 9.876/1999 o auxílio-acidente independe de


carência. Atualmente, com a redação dada pela lei n° 13.846/2019, o art. 26, inciso I da lei n°
8.213/1991 reafirma o entendimento que no caso da concessão de benefício de auxílio-
acidente independe de carência. Portanto, a parte autora encaixa-se em um dos requisitos
necessários, haja vista que não se torna necessário comprovar carência.

Outro requisito necessário para concessão do benefício encontra-se fincado no


artigo 86 da lei n° 8.213/1991:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando,


após a consolidação das lesões decorrentes de acidente, resultarem sequelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia,
conforme situações discriminadas no regulamento.

Conforme comprovantes de documentos anexos, a parte autora sofreu um acidente


no dia... (especificar), tendo a sua capacidade de trabalho reduzida, conforme laudos médicos
anexos.
Assim, a parte autora cumpre os requisitos de carência e de incapacidade para o
trabalho.

2. DO CÁLCULO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-ACIDENTE

Em carta de concessão emitido pela autarquia-ré, o benefício de auxílio acidente foi


deferido para a parte autora, sendo calculado com a legislação vigente à época de entrada da
DER.

Como a data de entrada da DER foi após a entrada da EC n° 103/2019, o cálculo do


valor do auxílio-acidente foi calculado conforme o disposto no artigo 26, §2º, inciso II da EC n°
103/2019 e do art. 86, § 1° da lei n° 8.213/1991, nos termos da mudança trazida pela MP n°
905/2019.

No entanto, o acidente, o fato gerador para o benefício e o início da diminuição da


capacidade de trabalho foram antes da EC n° 103/2019 e da MP n° 905/2019.

Desse modo, tendo como base o princípio do direito adquirido, o cálculo deve
respeitar preceito constitucional, devendo o auxílio-acidente nos termos do antigo artigo 86, §
1º da Lei n° 8.213/1991, que possuía o seguinte disposto: “O auxílio-acidente mensal
corresponderá a cinqüenta por cento do salário-de-benefício [...]”.

Portanto, de acordo com a regra à época da diminuição da capacidade laborativa, o


salário de benefício consiste na média dos 80% maiores salários de contribuição. Assim, o
auxílio-acidente consiste em 50% dos 80% maiores salário de contribuição.

Desse modo, o RMI perfaz um valor de .... (especificar valor).

Uma das justificativas para se fazer o cálculo do auxílio-acidente com base no fato
gerador da causa do acidente e na data do início da diminuição da incapacidade, e não na DER,
reside em existir julgados que admitem que a aposentadoria por invalidez seja calculada na
data do início da incapacidade:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS. CARÊNCIA.
CEGUEIRA. FIXAÇÃO DA DIB NA DATA DE INÍCIO DA INCAPACIDADE. 1. São três os
requisitos para a concessão dos benefícios previdenciários por incapacidade: 1) a
qualidade de segurado; 2) o cumprimento do período de carência, salvo nos casos
excepcionados por lei; 3) a incapacidade para o trabalho, de caráter permanente
(aposentadoria por invalidez) ou temporário (auxílio-doença). 2. O segurado
portador de enfermidade que o incapacita definitivamente para todo e qualquer
trabalho, sem possibilidade de recuperação, tem direito à concessão do benefício de
aposentadoria por invalidez. 3. A patologia que incapacita o autor - cegueira - está
enquadrada no art. 151 da Lei 8.213/91 e o isenta de carência. 4. Comprovada a data
de início da incapacidade do demandante, de acordo com a perícia e os documentos
médicos datados trazidos aos autos, a fixação da DIB deve se dar na DII, uma vez que
na referida data é que restou constatada a incapacidade permanente e o
preenchimento dos demais requisitos para a obtenção do benefício.
(TRF-4 - AC: 50128153820184049999 5012815-38.2018.4.04.9999, Relator: MÁRCIO
ANTÔNIO ROCHA, Data de Julgamento: 03/09/2019, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DO PR)

Com base na analogia e no princípio constitucional do direito adquirido, requer que


o cálculo do auxílio-acidente seja feito de acordo com à época do fato gerador, e
consequentemente, à época que gerou a diminuição da capacidade laborativa.

III – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

1. Conhecer do presente feito determinando as diligências necessárias;

2. A citação do INSS, na pessoa de seu representante legal (Procurador Autárquico),


o qual pode ser encontrado (endereço), para, querendo, contestar a presente ação, sob pena
de revelia e confissão;

3. Julgar procedente a presente ação revisional de auxílio-acidente, requerendo que


seja concedido o benefício no valor de 50% do salário de benefício, nos termos da legislação
vigente à época do fato gerador do acidente e da diminuição da capacidade laborativa,
perfazendo uma RMI em... (especificar valor).

4. Determinar ao INSS para que implante administrativamente o benefício devido a


parte autora e proceda os necessários registros de concessão e manutenção do benefício que a
decisão lhe assegurar;
5. Condenar o INSS a pagar a parte autora a diferença de .... (colocar o valor) em
relações as prestações vencidas desde (data) e as vincendas, relativas ao benefício que lhe for
deferido, corrigidos monetariamente, desde o vencimento de cada parcela até a data de sua
efetiva liquidação;

6. Pagar à parte autora os valores atrasados via RPV, respeitada a prescrição


quinquenal, com a correção monetária pelo IPCA desde o vencimento de cada parcela,
acrescida do índice integral da poupança (TR e juros), a contar da citação, conforme decidido
pela Primeira Seção do STJ, em julgamento submetido ao rito dos recursos repetitivos (Resp n.
1.270.439 - DJE 01-08-2013);

7. A condenação do INSS no pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios no valor de 30% (trinta por cento) da causa, em face das peculiaridades do
presente caso, sua complexidade e trabalho despendido pelos advogados que subscrevem a
presente;

8.A concessão do benefício JUSTIÇA GRATUITA, por não ter a autora como arcar
com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento, conforme
documentos em anexo;

9. Requer-se, com base no art. 22, § 4º da Lei n.º 8.906/94, que, ao final da
presente demanda, caso sejam encontradas diferenças em favor da parte autora, quando da
expedição da RPV ou do precatório, os valores referentes aos honorários contratuais (contrato
de honorário em anexo) sejam expedidos em nome do presente procurador, assim como os
eventuais honorários de sucumbência;

Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de (especificar valor), nos termos do art. 292, § 1º e 2º do


novo CPC.
Pede deferimento.

Local/Data....

Advogado...

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