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EXCELENTÍSSIMO JUIZ...

(juízo competente para apreciar a demanda


proposta)

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE


BENEFÍCIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APLICAÇÃO DO
ARTIGO 29, II, DA LEI N.º 8.213/91.

PARTE AUTORA, (nacionalidade), (estado civil –


inclusive indicar se há união estável), (profissão),
portador(a) do documento de identidade sob o n.º...,
e-mail..., CPF sob o n.º..., residente e domiciliado(a)
na rua.., bairro.., cidade.., estado.., CEP..., vem a
presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO JUDICIAL PARA REVISÃO DE BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO


SOCIAL (INSS), pessoa jurídica de direito público,
na pessoa do seu representante legal, domiciliado na
rua..., bairro..., cidade..., estado..., CEP..., pelos
fatos e fundamentos que a seguir aduz.

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1. FATOS

A Parte Autora é titular do benefício de auxílio-doença


vinculado ao Instituto Nacional de Previdência Social – INSS, conforme
comprovam os documentos anexos.

Ocorre que no cálculo da renda mensal inicial não foram


considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-
contribuição, como rege a legislação, ocasionando grande prejuízo no
valor do benefício da Parte Autora.

Destarte, busca a tutela jurisdicional do Estado para ver


garantido o seu direito.

2. FUNDAMENTAÇÃO DE MÉRITO

Assim estabelecia o art. 32 do Decreto n.º 3.048/99, na


redação que lhe foi dada pelo Decreto n.º 3.265/99, editado por força do
advento da Lei n.º 9.876/99 (Lei do Fator Previdenciário):

Art. 32. O salário-de-benefício consiste:


(...)
II - para as aposentadorias por invalidez e especial, auxílio-
doença e auxílio-acidente na média aritmética simples dos
maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por
cento de todo o período contributivo.
(...)
§ 2º Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por
invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta
e quatro contribuições mensais no período contributivo, o
salário-de-benefício corresponderá à soma dos salários-de-
contribuição dividido pelo número de contribuições apurado.
(...)

Já o Decreto n.º 5.545/05 conferiu ao artigo 32 do Decreto n.º


3.048/99 a seguinte redação:

Art. 32. O salário-de-benefício consiste:


(...)
II - para as aposentadorias por invalidez e especial, auxílio-
doença e auxílio-acidente na média aritmética simples dos
maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por
cento de todo o período contributivo;

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(...)
§ 20. Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por
invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta
e quatro contribuições mensais no período contributivo, o
salário-de-benefício corresponderá à soma dos salários-de-
contribuição dividido pelo número de contribuições apurado.

A restrição no cálculo da renda mensal inicial do auxílio-


doença, que foi determinada pelos Decretos n.º 3.265/99 e n.º
5.545/05, não possuía base legal. Mais do que isso, contrariava a
legislação previdenciária, em especial, os arts 29 da Lei n.º 8.213/91, e
3º da Lei n.º 9.876/99.

Assim estabelece o art. 29 da Lei n.º 8.213/91:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste:


(...)
II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do
inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores
salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento
de todo o período contributivo.

O art. 18, inciso I, alíneas “a”, “d”, “e” e “h” da Lei n.


8.213/91, por sua vez, disciplina que:

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as


seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos
decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e
serviços:
I - quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez;
(...)
d) aposentadoria especial
e) auxílio-doença
(...)
h) auxílio-acidente
(...).

Conclui-se, da análise dos dispositivos legais acima


transcritos, que o benefício de auxílio-doença deverá ser calculado
através da média aritmética dos maiores salários-de-contribuição,
correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período
contributivo.

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Ocorre, porém, que o Decreto n.º 3.048/99, em redação dada
pelo Decreto n.º 3.625/99, passou a diferenciar a sistemática de cálculo
do salário-de-benefício do auxílio-doença, criando duas situações
distintas: a primeira, para os segurados com mais de 144
contribuições computadas, que consistia na média aritmética simples
dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta
por cento) de todo o período contributivo, ou seja, de acordo com a
sistemática da Lei de Benefícios; e a segunda, para os segurados com
menos de 144 contribuições computadas, que consistia na soma dos
salários-de-contribuição e divisão pelo número de contribuições
apurado.

Percebe-se, assim, ser destituído de fundamento legal o


critério utilizado pela autarquia-ré.

Com efeito, a legislação de regência não estabelece qualquer


restrição quanto ao número mínimo de contribuições para permitir a
seleção das maiores contribuições correspondentes a 80% (oitenta por
cento) dos maiores salários-de-contribuição. Se a Lei assim não
estabelece, obviamente o ato administrativo normativo não pode criar,
restringir ou extinguir direitos, já que se destina apenas a viabilizar o
correto cumprimento da legislação.

A jurisprudência coaduna com o explicado nessa petição:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO POR


INVALIDEZ. PRESCRIÇÃO. MEMORANDO CIRCULAR
CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. ARTIGO
29, II DA LEI 8.213/91. JUROS DE MORA. 1. A existência de
acordo em ACP que reconheceu o direito à revisão pleiteada e
estabeleceu calendário para pagamento das diferenças devidas,
não afeta o interesse processual do segurado, pois
remanescente o interesse no recebimento dos valores em atraso
desde logo. 2. O Memorando-Circular Conjunto nº
21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, constitui marco
interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos
benefícios com base no artigo 29, ii, da Lei 8.213/91.2. Essa
interrupção garante o recebimento das parcelas anteriores a
cinco anos da publicação do normativo para pedidos que
ingressarem administrativa ou judicialmente em até cinco anos
após a mesma data, uma vez que houve reconhecimento
administrativo do direito. 3. Os Decretos 3.265/99 e

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5.545/05, que modificaram o artigo 32 do Decreto
3.048/99 (RBPS), incidiram em ilegalidade ao restringir a
sistemática de cálculo do salário-de-benefício dos
benefícios por incapacidade, pois contrariaram as
diretrizes estabelecidas pelos artigos 29 da Lei 8.213/91 e
3º da Lei 9.876/99. 4. No caso de benefícios por
incapacidade concedidos após a vigência da Lei nº.
9.876/99, o salário-de-benefício consistirá na média
aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição
correspondentes a 80% do período contributivo
considerado, independentemente do número de
contribuições mensais vertidas. 5. Até 29/06/2009 os juros
de mora, apurados a contar da data da citação, devem ser
fixados à taxa de 1% ao mês, com base no art. 3º do Decreto-
Lei n. 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos
com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente
alimentar, consoante firme entendimento consagrado na
jurisprudência do STJ e na Súmula 75 desta Corte. 6. A partir
de 30/06/2009, por força da Lei n.º 11.960, de 29/06/2009
(publicada em 30/06/2009), que alterou o art. 1.º-F da Lei n.º
9.494/97, para fins de apuração dos juros de mora haverá a
incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice
oficial aplicado à caderneta de poupança. Registre-se que a Lei
11.960/09, segundo o entendimento do STJ, tem natureza
instrumental, devendo ser aplicada aos processos em
tramitação (EREsp 1207197/RS. Relator Min. Castro Meira.
Julgado em 18/05/2011). (TRF4, AC 5016733-
55.2015.404.9999, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Ricardo
Teixeira do Valle Pereira, juntado aos autos em 19/06/2015,
sem grifo no original)

Logo, pelos argumentos apresentados, resta claro o direito da


Parte Autora de ter revisado o valor da renda mensal inicial do seu
benefício, devendo ser aplicada a média aritmética simples em relação
aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de- contribuição,
independentemente do número de contribuições mensais vertidas no período contributivo.

3. REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

1. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na


pessoa do seu representante legal, para que responda a presente
demanda, no prazo legal, sob pena de revelia;

2. A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude da


Parte Autora não poder arcar com o pagamento das custas processuais
e honorários advocatícios sem prejuízo do seu sustento ou de sua

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família, condição que expressamente declara, na forma do art. 4º da Lei
n.º 1.060/50;

3. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para revisar o valor da renda mensal inicial do benefício de auxílio-
doença, nos termos da fundamentação de mérito, bem como pagar as
parcelas vencidas, monetariamente corrigidas desde o respectivo
vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes
até a data do efetivo pagamento;

4. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios;

5. Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de


prova admitidos em direito, notadamente a documental.

6. Informa, por fim, não ter interesse na realização de


audiência de conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do
CPC.

Dá-se à causa o valor de R$... (valor da causa)

Pede deferimento.

(Cidade e data)

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

Rol de documentos:

...

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