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Ocorre que essa metodologia de cálculo não é adequada no presente caso, pois a regra
prevista no art. 3º, caput e § 2º, da Lei 9.876/99 trata-se de regra de transição, motivo
pelo qual deve ser oportunizado ao segurado optar pela forma de cálculo permanente se
esta for mais favorável.
E no caso em tela, constata-se que a aplicação da regra permanente do art. 29, II da Lei
8.213/91 é mais favorável ao segurado.
Por esse motivo a parte Autora, vem postular a revisão de seu benefício.
II – DO DIREITO
MÉRITO
A Lei 8.213/91 previa, em sua redação original, que o salário-de-benefício deveria ser
calculado através da média aritmética dos salários-de-contribuição imediatamente
anteriores a concessão do benefício até o máximo de 36 salários-de-contribuição
encontrados nos 48 meses anteriores. Veja-se o texto original do art. 29 da Lei 8.213/91:
Assim, segurado poderia verter contribuições sobre valor inferior durante toda a vida
laboral, e elevar o valor destas nos últimos 36 meses anteriores à aposentadoria,
garantindo um benefício de valor elevado.
Buscando maior equilíbrio financeiro e atuarial, foi editada a Lei 9.876/99, que alterou
drasticamente a forma de cálculo do benefício determinando que o salário-de-benefício
fosse calculado através da média aritmética simples dos oitenta por cento maiores
salários-de-contribuição existentes durante toda a vida laboral do segurado, nos
seguintes termos:
Dessa forma, considerando a necessidade de evitar prejuízos aos segurados que já eram
filiados a previdência social pelo alargamento do período básico de cálculo para todo o
período contributivo, tornou-se necessário introduzir uma regra transitória para ser
aplicada aqueles trabalhadores que já estavam próximos da aposentadoria e poderiam
ter seu benefício reduzido pela drástica alteração na forma de cálculo do benefício.
Tal regra de transição foi introduzida pela Lei 9.876/99, em seu art. 3º, in verbis:
Art. 3º - Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data
de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a
concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo
do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos
maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por
cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de
1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.
8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.
Frisa-se que esta norma possui caráter transitório como forma de resguardar o direito
dos segurados que já estavam inscritos na previdência social até 29/11/1999. Giza-se
que o caráter de norma transitória fica evidente quando se considerar que a limitação
temporal prevista no art. 3º da Lei 9.876/99 deixará de ser aplicada a partir do momento
em que deixarem de existir segurados filiados ao RGPS antes da edição da referida Lei.
E como norma de transição que é, não pode o art. 3º da Lei 9.876/999 prejudicar o
segurado que já possuía um trajetória contributiva regular antes da edição da Lei
9.876/99.
Ressalta-se que até então o período básico de cálculo era restrito aos últimos 36 meses
de contribuição, nos termos da redação original do art. 29 da Lei 8.213/91, e a regra de
transição, ao estipular o termo inicial do Período Básico de Cálculo em julho de 1994
permite que o número de salários-de-contribuição utilizados no cálculo fosse elevado
progressivamente, com o passar dos anos, até que regra de transição deixe de ser
aplicável.
Ocorre que existem vários casos em que o segurado possui regularidade nas
contribuições antes de 1994 e muitas vezes com valores superiores aos dos salários-de-
contribuição vertidos após julho de 1994. Nesses casos, a aplicação da regra permanente
é mais vantajosa ao segurado.
Destaca-se que a regra de transição não pode impor ao segurado que possui muito mais
contribuições, por vezes em valor mais elevado que as vertidas após julho de 1994, uma
situação pior do que a regra nova.
“As regras de transição existem para atenuar os efeitos das novas regras aos
segurados já filiados ao regime, que detinham expectativa de direito com base
nas regras anteriores. Quando nova regra surge, dividem-se os segurados em
três grandes grupos:
É justamente para o segurado que não tinha direito adquirido, mas que tinha
expectativa de direito, é que as regras de transição são criadas. Trata-se de
maneira diferente o segurado que se encontra em uma situação intermediária,
para que o mesmo não seja tratado da mesma forma que os segurados com
direito adquirido nem da mesma foram que os segurados que se filiaram ao
regime após o advento da regra alteradora.
Portanto, deve ser facultada ao segurado a escolha pela aplicação da norma que lhe mais
vantajosa, no caso, a regra permanente.
O tratamento justo da questão depende da forma de interpretação que o magistrado dará
a norma, sendo que a interpretação teleológica da norma em apreço concederá um
benefício de acordo com as contribuições do segurado.
Veja-se que a ampliação do período básico de cálculo estipulada pela Lei 9.876/99 é
socialmente mais justa que regra anterior, pois assegura uma aposentadoria concernente
com as contribuições recolhidas durante a vida laboral, sendo que para resguardar a
expectativa de direito daqueles que já se encontravam próximos da aposentadoria a Lei
9.876/99 estipulou regra indicando que o termo inicial do período de cálculo em julho
de 1994.
Por todo o exposto, tratando-se as regras do art. 3º, caput, e §2º da Lei 9.876/99 de
regras de transição deve ser facultado ao segurado optar pela aplicação das regras
permanentes do art. 29, I, da Lei 8.213/91, com a utilização de todo o período
contributivo, incluindo as contribuições anteriores a julho de 1994.
III – DA TUTELA PROVISÓRIA
De acordo com a previsão do art. 43 da Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis
e Criminais), salvo situações excepcionais, deverá ser atribuído apenas o efeito
devolutivo aos recursos interpostos. Tal disposição possui aplicação aos Juizados
Especiais Federais, conforme disposto no art. 1º da Lei 10.259/01.
V – DO PEDIDO
5. A citação da Autarquia, por meio de seu representante legal, para que, querendo,
apresente defesa;
Dá-se o valor da causa, R$ 37.062,48 (trinta e sete mil, sessenta e dois reais e quarenta e
oito centavos), para fins de distribuição.
Nestes termos,
Pede deferimento.
OAB/RJ 146.939