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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA FEDERAL (OU

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL) DA CIDADE DE XXX – SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO (ESTADO)

Modelo Revisão da Vida Toda - Atualizado com Tema 1102/STF (atualizado com
proclamação do resultado em 01/12/2022)

⚠ Use esse modelo como base para o seu caso concreto. Faça sempre o cálculo com salários de outras
fontes além do CNIS, bem como prescrição, decadência, entre outros pontos envolvem a própria ação.

AUTOR, brasileiro, estado civil, profissão, portador do


documento de identidade RG n° XXXXX, inscrito no CPF/MF sob o nº
XXX.XXX.XXX- XX, e-mail (ou sem endereço eletrônico), residente e
domiciliado à Rua ______, nº __, Bairro ___, CEP: ____, na cidade de XXXX–
Estado, vem, por meio de seu advogado e procurador que ao final
subscrevem, com escritório profissional localizado à Rua _____, nº __, Bairro
___, na cidade de XXXX–Estado, local onde recebe intimações, avisos e
notificações, à presença de Vossa Excelência ajuizar:

REVISÃO DE APOSENTADORIA DA VIDA TODA

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –


INSS, Autarquia Federal, com Procuradora Seccional Federal localizada à
Rua _______, nº __, Bairro ___, CEP: ____, na cidade de XXXX–Estado, e-
mail, conforme fatos e fundamentos jurídicos abaixo descritos:
DOS FATOS

A parte autora percebe Aposentadoria por Invalidez derivada


de Auxílio-Doença pela Autarquia-Ré desde xx/xx/xxxx (DIB) sob o Número de
Benefício (NB) xxx.xxx.xxx-x e RMI no valor de R$ xxx,xx (carta de concessão
anexa).

Ocorre que, no cálculo do benefício que originou a sua


aposentadoria foram consideradas apenas as contribuições a partir de julho de
1994, sendo desconsideradas as contribuições anteriores a essa data,
resultando na RMI de R$ xxx,xx.

No entanto, no presente caso, não se mostra adequada a


realização do cálculo das contribuições apenas a partir de julho de 1994, pois
se considerado todo o período contributivo a RMI da parte autora seria no valor
de R$ xxx,xx, resultando em um aumento significativo, conforme cálculo anexo.

Portanto, tendo em vista que deve ser oportunizado a parte


autora optar pela forma de cálculo mais favorável requer seja sua renda mensal
inicial recalculada considerando todas as contribuições vertidas para a
Autarquia-Ré.

DO DIREITO

O benefício da parte autora foi concedido na vigência da Lei


9.876/99 que, alterando dispositivos da Lei 8.213/91, modificou a forma de
cálculo do salário-de-benefício, estendendo, como regra, o período básico de
cálculo a oitenta por cento de todo o período contributivo do segurado e
introduzindo o fator previdenciário, conforme se infere do art. 29, inciso I da Lei
8.213/91, in verbis:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste: I- para os benefícios de que


tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18, na média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada
pelo fator previdenciário.

No entanto, para os segurados filiados ao RGPS antes da


vigência da Lei 9.876/99, foi estabelecida norma de transição com o fito de
garantir que estes não sejam atingidos de forma abrupta por normas mais
rígidas de cálculo dos benefícios, nesse sentido, prevê o art. 3º da norma:

Art. 3.º Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior
à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições
exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício será
considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-
contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo
o período contributivo decorrido desde a competência julho de
1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da
Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei. [...] § 2.º No
caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I
do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere
o caput e o § 1º não poderá ser inferior a sessenta por cento do
período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início
do benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo.

Destarte, a alteração do período básico de cálculo dos


benefícios do RGPS, por meio da Lei 9.876/99, criou duas regras concorrentes
para limitação do período contributivo: se antes levava-se em conta apenas os
últimos 36 meses num período de no máximo 48 meses, a partir de então ou
leva-se em conta todo o período contributivo da vida do trabalhador (art. 29, I
da Lei de Benefícios) ou todas as contribuições posteriores a 07/1994, por
força da regra transitória instituída no art. 3º, caput da Lei 9.876/99.

A regra de transição visa minimizar os efeitos de novas regras


mais rígidas para aqueles que já eram filiados ao sistema, mas ainda não
haviam adquirido o direito de se aposentar pelas regras antes vigentes, mais
benéficas. 

Assim, a lei de transição necessariamente deve produzir para o


segurado (tratando-se de lei, como a de que se cuida, que agrava a situação
do contribuinte) situação intermediária entre aquela verificada pela legislação
revogada e a baseada na legislação nova. Ao contrário, tem-se completa
desnaturação da lógica da lei de transição.

Com efeito, aos segurados já filiados antes da vigência da Lei


nº 9.876/99 tem-se as regras transitórias, não tão benéficas quanto às
anteriores nem tão rígidas quanto às novas.

Contudo, nessa hipótese, a norma de transição prevista na Lei


nº 9.876/99 só será benéfica para o segurado que computar mais e maiores
contribuições no período posterior a 1994, caso em que descartará as
contribuições menores no cálculo da média.

Todavia, se se tratar de segurado cujo histórico contributivo


revele maior aporte no período anterior a 1994, a consideração da regra de
transição reduz injustificadamente sua RMI, descartando do cálculo
exatamente aquele período em que foram maiores as contribuições.

No caso em comento, a aplicação da regra de transição, que


considerou para o cálculo da renda mensal inicial somente as
contribuições vertidas após julho de 1994, não foi benéfica à parte autora,
sendo mais vantajosa a aplicação da regra definitiva.

Logo, no caso dos autos, a regra definitiva é a que mais


favorece a parte autora, quando confrontada com a regra de transição e,
portanto, não há sentido em se manter a aplicação da regra transitória, porque
a situação para a qual ela foi pensada não se faz presente.

Assim, como no caso em questão a aplicação da regra


transitória não cumpriu o seu principal objetivo, qual seja, atenuar os efeitos
das novas disposições sendo, mais benéfica ao segurado, a parte autora faz
jus ao afastamento desta, com a aplicação da regra definitiva.

Trata-se ainda da hipótese de verificação do melhor cálculo


aplicável à concessão do benefício quando da aquisição do direito à prestação
previdenciária, sendo utilizada a regra de transição apenas nos casos em que
esta restar benéfica ao segurado.

Nesse sentido, as Instruções Normativas do próprio INSS


dispõem:

Art. 621 da IN 45/10. O INSS deve conceder o melhor benefício a que


o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido.

Art. 627 da IN 45/10. Quando o servidor responsável pela análise do


processo verificar que o segurado ou dependente possui direito ao
reconhecimento de benefício diverso ou mais vantajoso do que o
requerido, deve comunicar o requerente para exercer a opção, no
prazo de 30 dias.

Corroborando com o exposto, o STJ no Tema 999 firmou tese


no sentido de que no cálculo das aposentadorias dos segurados já filiados ao
RGPS em época anterior à edição da Lei 9.876/99, quando a regra de
transição assegurada pelo art. 3º desse diploma legal mostrar-se mais gravosa
que a regra definitiva, esta é que deve ser aplicada, conforme segue:

Tema 999 STJ - Aplica-se a regra definitiva prevista no art. 29, I e II


da Lei 8.213/1991, na apuração do salário de benefício, quando mais
favorável do que a regra de transição contida no art. 3o. da Lei
9.876/1999, aos Segurado que ingressaram no Regime Geral da
Previdência Social até o dia anterior à publicação da Lei 9.876/1999 .

O INSS interpôs Recurso Extraordinário, e o STF afetou


como paradigma o RE 1276977, para julgar a tese em repercussão geral,
no Tema 1102/STF, mas este recurso foi improvido, com a fixação da
seguinte tese:

“O segurado que implementou as condições para o benefício previdenciário


após a vigência da Lei 9.876, de 26/11/1999, e antes da vigência das novas
regras constitucionais, introduzidas pela EC em 103 /2019, que tornou a regra
transitória definitiva, tem o direito de optar pela regra definitiva, acaso esta
lhe seja mais favorável”.

Nesses termos, conforme cálculos anexos, mostra-se mais


benéfico à parte autora o cálculo de sua aposentadoria utilizando-se todo o
período contributivo.

Assim, a parte autora faz jus à revisão de sua aposentadoria,


com a aplicação do disposto no art. 29, inciso II da Lei 8.213/91, considerando
para o cálculo da renda mensal inicial todo o período contributivo, com o
pagamento das diferenças entre a RMI recebida e a nova RMI.

DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO – MEIOS DE PROVAS

Importa destacar que com relação a alguns períodos


contributivos, a parte autora não teve os salários de contribuição anotados
corretamente no CNIS.

De início, cumpre mencionar que apenas consta no CNIS os


salários de contribuição a partir do ano de 1982, no entanto, a parte autora
possuía vínculo empregatício anterior a tal data, o qual recebia salário no valor
de _________, conforme comprova-se pela anotação da CTPS e
carnês/microfichas anexados.
Ainda, ressalta-se que no ano de xxxx quando a parte autora
laborava na empresa _____ foram realizadas algumas alterações salariais, as
quais não foram inseridas no CNIS, conforme comprova-se pela ficha
financeira anexa.

Com relação aos meios de prova acima mencionados, o artigo


10, II da IN 77/15 dispõe que serão considerados válidos para comprovação
das remunerações as anotações na CTPS, carnês/microfichas, bem como
anotações na ficha financeira. Vejamos:

Art. 10. Observado o disposto no art. 58, a comprovação do vínculo e


das remunerações do empregado urbano ou rural, far-se-á por um
dos seguintes documentos:
II - da comprovação das remunerações:
a) contracheque ou recibo de pagamento contemporâneos ao período
que se pretende comprovar, com a identificação do empregador e do
empregado;
b) ficha financeira;
c) anotações contemporâneas acerca das alterações de remuneração
constantes da CP ou da CTPS com anuência do filiado; ou
d) original ou cópia autenticada da folha do Livro de Registro de
Empregados ou da Ficha de Registro de Empregados, onde conste a
anotação do nome do respectivo filiado, bem como das anotações de
remunerações, com a anuência do filiado e acompanhada de
declaração fornecida pela empresa, devidamente assinada e
identificada por seu responsável.

Portanto, resta comprovado por prova documental que os


salários de contribuição dos anos de xxxx e xxxx, respectivamente, não
constam e não encontram-se com valores corretos no CNIS.

Assim, requer sejam considerados, para fins de cálculo da


presente revisão, os salários de contribuição dos anos xxxx e xxxx aqueles
constantes nos documentos ora anexados.

DOS PEDIDOS

Ante o posto, requer:

a) Seja julgada procedente a presente ação para que o


benefício previdenciário seja calculado utilizando todo o período contributivo da
parte autora, se mais benéfico, com a alternação da RMI e a RMA;
a.1) Seja considerado para fins de cálculo da presente revisão,
os salários de contribuição dos anos xxxx e xxxx conforme constam nos
seguintes documentos: CTPS, carnês/microfichas, bem como ficha financeira
(anexados).

b) O pagamento das diferenças entre o valor da RMI paga e da


RMI devida desde a DER, as quais deverão ser corrigidas monetariamente a
partir de quando passaram a ser devidas pelo IPCA-E, acrescidas de juros de
mora a partir da citação.

c) A concessão da justiça gratuita por ser a parte autora


hipossuficiente na acepção legal do termo, conforme dispõe a Lei 1.060/50 e
artigo 98 do CPC, não dispondo de condições financeiras de arcar com as
despesas processuais sem prejuízo do seu próprio sustento;

d) A condenação da Autarquia-Ré ao pagamento de custas e


despesas processuais, bem como dos honorários de sucumbência, a serem
fixados em 20% sobre o valor da condenação;

e)  Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em


direito admitidos;

f) A parte autora manifesta desinteresse na realização de


audiência de conciliação e/ou mediação.

Atribui-se ao valor da causa a importância de R$ _____

Nestes termos,

Pede deferimento.

Cidade, Data.

ADVOGADO
OAB Nº ___

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