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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

08/04/2023

Número: 1056551-31.2022.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 24ª Vara Federal de Juizado Especial Cível da SJDF
Última distribuição : 29/08/2022
Valor da causa: R$ 35.467,31
Assuntos: Atividade concomitante
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ARIADNE APARECIDA DE AZEVEDO MALTA (AUTOR) CARLOS BERKENBROCK (ADVOGADO)
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
14905 13/02/2023 11:54 RÉPLICA - CONCOMITANTE -DESNECESSARIO Réplica
74854 SOBRESTAMENTO TEMA 1070 STJ - Ariadne-DF
AO DOUTO JUÍZO DA 24ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA
SUBSEÇÃO DE BRASÍLIA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo nº: 1056551-31.2022.4.01.3400


DESNECESSIDADE DO SOBRESTAMENTO – TEMA 1070 STJ

ARIADNE APARECIDA AZEVEDO MALTA, já devidamente qualificada


nos autos do presente Processo Eletrônico, por seu (s) procurador (es), in fine
assinado (s), vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
MANIFESTAR-SE acerca da contestação apresentada pelo INSS.

1 BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Nos presentes autos, a Requerente pleiteia a revisão do seu benefício


previdenciário, para que sejam somadas as contribuições das atividades
concomitantes.

A Autarquia Previdenciária em sede de contestação alega que o cálculo


do benefício deve levar em consideração o disposto no antigo artigo 32, da Lei
8.213/91.

2 DAS PROVAS

A matéria objeto da presente demanda, trata-se de matéria


exclusivamente de direito, não havendo fatos a serem provados. A única prova a ser
produzida é a juntada da relação dos salários de contribuição (CNIS e/ou Carta de
Concessão), onde consta o exercício de atividades concomitantes, sendo assim o
recálculo deve ser feito somando as contribuições e não conforme a escala
transitória.

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3 DO MÉRITO

A Autarquia Previdenciária requer seja o cálculo efetuado levando em


consideração a ordem contida no antigo artigo 32, da Lei 8.213/91, que assim
determina:

Art. 32. O salário-de-benefício do segurado que contribuir em razão de


atividades concomitantes será calculado com base na soma dos salários-de-
contribuição das atividades exercidas na data do requerimento ou do óbito,
ou no período básico de cálculo, observado o disposto no art. 29 e as
normas seguintes:
I - quando o segurado satisfizer, em relação a cada atividade, as
condições do benefício requerido, o salário-de-beneficio será calculado com
base na soma dos respectivos salários-de-contribuição;
II - quando não se verificar a hipótese do inciso anterior, o salário-de-
benefício corresponde à soma das seguintes parcelas:
a) o salário-de-benefício calculado com base nos salários-de-
contribuição das atividades em relação às quais são atendidas as condições
do benefício requerido;
b) um percentual da média do salário-de-contribuição de cada uma das
demais atividades, equivalente à relação entre o número de meses completo
de contribuição e os do período de carência do benefício requerido;
III - quando se tratar de benefício por tempo de serviço, o percentual da
alínea "b" do inciso II será o resultante da relação entre os anos completos
de atividade e o número de anos de serviço considerado para a concessão
do benefício.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica ao segurado que, em
obediência ao limite máximo do salário-de-contribuição, contribuiu apenas
por uma das atividades concomitantes.
§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo ao segurado que tenha
sofrido redução do salário-de-contribuição das atividades concomitantes em
respeito ao limite máximo desse salário.

Este dispositivo legal caro Magistrado, restou inserido no texto legal


quando da promulgação da Lei 8.213/91, para evitar que o Segurado quando
estivesse na eminência de se aposentar, ou seja, nos últimos 36 meses, passasse a
contribuir, além da contribuição como empregado, visando aumentar o seu benefício
previdenciário.

Porém com a edição da Lei 9.876/99, que instituiu o fator previdenciário, a


disposição do antigo artigo 32, da Lei 8.213/91, tornou-se letra morta na Lei, uma vez
que seu objetivo já era alcançado pela nova fórmula de cálculo dos benefícios

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previdenciários. A derrogação do antigo artigo 32 ocorreu com a edição da Lei
10.666/03, em seu artigo 9º, que extinguiu a escala transitória do salário base

Art. 9o Fica extinta a escala transitória de salário-base, utilizada para fins de


enquadramento e fixação do salário-de-contribuição dos contribuintes
individual e facultativo filiados ao Regime Geral de Previdência Social,
estabelecida pela Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999.

A Turma Nacional de Uniformização no julgamento do Incidente nº


5007723-54.2011.4.04.7112, sob relatoria do Nobre Magistrado João Batista Lazzari,
assim entendeu acerca da soma das contribuições em casos de atividade
concomitante:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. ARTIGO 32


DA LEI 8.213/91. ATIVIDADES CONCOMITANTES. DERROGAÇÃO DO
ARTIGO 32 DA LEI 8.213/91 A PARTIR DE 01/04/2003. LEI 9.876/99. MP
83/02 (LEI 10.666/03). (...) 7. A análise detida do processo permite concluir
que os salários-de-contribuição concomitantes referem-se ao período de
janeiro de 2005 a setembro de 2008, época em que já vigorava a Lei
10.666, de 08/05/2003, decorrente da conversão da Medida Provisória
83, de 12/12/2002, que determinou a extinção, a partir de abril de 2003,
da escala de salário-base (artigos 9º e 14). Com essa extinção, deixou
de existir restrição quanto ao valor dos recolhimentos efetuados pelos
segurados contribuinte individual e segurado facultativo. Isso significa
dizer que tais segurados puderam, a partir de então, contribuir para a
Previdência Social com base em qualquer valor e foram autorizados a
modificar os salários-de-contribuição sem observar qualquer
interstício, respeitando apenas os limites mínimo e máximo. 8. À vista
desse quadro, entendo que com relação a atividades exercidas
concomitantemente em período posterior a março de 2003 não mais se
justifica a aplicação do artigo 32 da Lei 8.213/91, que deve ser
interpretado como regra de proteção, que objetiva justamente evitar
que o segurado, nos últimos anos de contribuição, passe a recolher
valores elevados com o intuito de obter um benefício mais alto.
Registro que no regime anterior à Lei 9.876/99, o salário-de-benefício
era calculado com base na média aritmética simples de todos os
últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores
ao do afastamento da atividade ou da data da entrada do requerimento,
até o máximo de 36 (trinta e seis), apurados em período não superior a
48 (quarenta e oito) meses. A partir da Lei 9.876/99, que trouxe
modificações quanto ao cálculo para apuração do salário-de-benefício,
conferindo nova redação ao artigo 29 da Lei 8.213/91, o recolhimento
de contribuições em valores superiores apenas nos últimos anos de
contribuição passou a ter pouca importância para a fixação da renda
mensal inicial do benefício. Foi exatamente essa mudança da
sistemática de cálculo do salário-de-benefício que justificou a extinção
da escala de salário-base. 9. Como bem ponderado pelo Desembargador
Ricardo Teixeira do Vale Pereira (TRF4, APELREEX 0004632-

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08.2014.404.9999, Quinta Turma, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira,
D.E. 03/06/2015), que compõe o Tribunal Regional Federal da 4ª Região,
“extinta a escala de salário-base, o segurado empregado que tem seu
vínculo cessado pode passar a contribuir como contribuinte individual, ou
mesmo como facultativo, pelo teto. Por outro lado, o contribuinte individual,
ou mesmo o facultativo, pode majorar sua contribuição até o teto no
momento que desejar. Não pode, diante da situação posta, ser adotada
interpretação que acarrete tratamento detrimentoso para o segurado
empregado que também é contribuinte individual, ou mesmo que tem dois
vínculos como empregado, sob pena de ofensa à isonomia. Não há sentido
em se considerar válido possa o contribuinte individual recolher pelo teto
sem qualquer restrição e, por vias transversas, vedar isso ao segurado
empregado que desempenha concomitantemente atividade como
contribuinte individual, ou mesmo que tem dois vínculos empregatícios. E é
isso, na prática, que ocorreria se se reputasse vigente o disposto no artigo
32 da Lei 8.213/91. A conclusão, portanto, é de que, na linha do que estatui
a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antiga LICC), ocorreu, a
partir de 1º de abril de 2003, a derrogação do artigo 32 das Lei 8.213/91.
Deste modo, assim como o contribuinte individual e o segurado facultativo
podem simplesmente passar a recolher pelo teto a partir da competência
abril/2003, a todo segurado que tenha mais de um vínculo deve ser admitida,
a partir da competência abril/2003, a soma dos salários-de-contribuição,
respeitado o teto.”.10. Dessa forma, o art. 32 da Lei n. 8.213/91 deixou de ter
vigência a partir de 01/04/2003, pois, com a extinção da escala de salário-
base (arts. 9º e 14 da MP 83/2002, convertida na Lei n. 10.666/2003), a
regra deixou de produzir o efeito pretendido, tendo ocorrido sua derrogação,
motivo pelo qual proponho a uniformização do entendimento de que: a)
tendo o segurado que contribuiu em razão de atividades concomitantes
implementado os requisitos ao benefício em data posterior a
01/04/2003, os salários-de-contribuição concomitantes (anteriores e
posteriores a 04/2003) serão somados e limitados ao teto; e b) no caso
de segurado que tenha preenchido os requisitos e requerido o benefício até
01/04/2003, aplica-se o art. 32 da Lei n. 8.213/1991, observando-se que se o
requerente não satisfizer, em relação a cada atividade, as condições do
benefício requerido, a atividade principal será aquela com salários-de-
contribuição economicamente mais vantajosos, na linha do entendimento
uniformizado no âmbito desta TNU (Pedilef 5001611-95.2013.4.04.7113). 11.
Seria o caso de reformar o acórdão para restabelecer a sentença, a qual,
embora por motivos diversos, determinou a soma dos salários-de-
contribuição, observado o teto. Todavia, como não houve pedido de
uniformização da parte autora com relação ao ponto, nego provimento ao
incidente do INSS, pois, determinar a adequação do acórdão para aplicação
do entendimento acima expendido implicaria reformatio in pejus. (TNU,
PEDILEF 50077235420114047112, DOU 09/10/2015, Relator JOÃO
BATISTA LAZZARI)

Ademais, em recente decisão, datada em de 22.02.2018 a Turma de


Nacional de Uniformização, em julgamento do incidente nº. 5003449-
95.2016.4.04.7201/SC, Relator Juiz Federal Guilherme Bollorini Pereira, ratificou o
entendimento de que, no cálculo de benefícios previdenciários concedidos após abril
de 2003, devem ser somados os salários-de-contribuição das atividades exercidas

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concomitantemente, sem aplicação do art. 32 da Lei 8.213, de 1991, inclusive para
períodos anteriores a abril de 2003, com observância do teto

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. REPRESENTATIVO DA


CONTROVÉRSIA. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. ATIVIDADES
CONCOMITANTES. ARTIGO 32 DA LEI 8.213/91. DERROGAÇÃO A
PARTIR DE 01/04/2003. UNIFORMIZAÇÃO PRECEDENTE DA TNU.
DESPROVIMENTO.
1.Ratificada, em representativo da controvéria, a uniformização
precedente desta Turma Nacional no sentido de que tendo o segurado
que contribuiu em razão de atividades concomitantes implementado os
requisitos ao benefício em data posterior a 01/04/2003, os salários-de-
contribuição concomitantes (anteriores e posteriores a 04/2003) serão
somados e limitados ao teto (PEDILEF 50077235420114047112, JUIZ
FEDERAL JOÃO BATISTA LAZZARI, TNU, DOU 09/10/2015 PÁGINAS
117/255).
2.Derrogação do art. 32 da Lei 8.213/91, diante de legislação superveniente
(notadamente, as Leis 9.876/99 e 10.666/03).
3.Incidente de uniformização conhecido e desprovido
TNU, Predilef 5003449-95.2016.4.04.7201

Sobre a questão, vale transcrever, ainda, trecho de sentença proferida


pelo Juiz Mauro Sbaraini, nos autos do processo n. 5005597-20.2014.404.7114, que
tramitou no Juízo Federal da 2ª Vara de Lageado/RS, na qual o referido magistrado
esclarece que a aplicação do artigo 32 da Lei n. 8.213/91 após a extinção da escala
de salários-base fere, inclusive, o princípio constitucional da isonomia:

(...)
Pois bem, ao avaliarmos o cálculo de concomitância proposto pelo art. 32 da
Lei 8.213/91, veremos que, a partir da extinção da escala de salários-base
(ou seja, da extinção dessa regra de segurança) ele fere o princípio da
isonomia, inserto na Constituição Federal.

Isso porque dois segurados com mesmo valor de contribuição, vão receber
contraprestação estatal diversa, pelo simples fato de um deles ter
contribuído em mais de uma atividade, e o outro, não. A prestação é a
mesma; a contraprestação, não.

Na prática, duas são as consequências.

A primeira, igualando os iguais. Nos benefícios de aposentadoria por tempo


de contribuição, especial e por idade, normalmente o cálculo do art. 32 é
prejudicial aos segurados, e nos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria
por invalidez, pensão por morte e auxílio reclusão, muitas vezes o cálculo do
art. 32 é favorável aos segurados.

A segunda, em termos de simplificação dos cálculos e de facilidade no


entendimento por parte dos humildes segurados. Ora, o cálculo do art. 32,

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pela diversidade de regras, é bastante complexo e sua aplicação gera
frequentes discussões judiciais.

Retomando, temos que até o momento em que o legislador entendeu


presente a escala de salários-base, salutar para a segurança financeira do
sistema, há um fundamento para esse tratamento antiisonômico; a partir de
então não há mais justificativa.
(...)

Embora a Autarquia Ré em suas peças venha alegando overruling, quanto a


dissonância entre o entendimento da TNU e do STJ, em recente decisão monocrática
proferida pela Excelentíssima Ministra Assusete Magalhães, o STJ não conheceu do
Recurso Especial do INSS, alegando que após a derrogação do Art. 32 da Lei
8.213/91, os benefícios concedidos a partir de 01/04/2003 devem ter suas
atividades concomitantes somadas, conforme segue:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.731.976 - RS (2018/0069344-3)


RELATORA: MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES
RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
RECORRIDO : LELIDA MARTINI
ADVOGADO : PRISCILA RODRIGUES BEZZI E OUTRO(S) - RS087091

DECISÃO

Trata-se de Recurso Especial, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO


SEGURO SOCIAL, em 06/12/2017, com base na alínea a do permissivo
constitucional, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim
ementado:

"PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. ATIVIDADES CONCOMITANTES. ART. 32


DA LEI 8213/91. INAPLICABILIDADE. 1. Segundo estabelece o artigo 32 da Lei
de Benefícios (Lei 8.213/91), o salário-de-benefício do segurado que contribuir
em razão de atividades concomitantes deve ser calculado com base na soma
dos salários-de-contribuição das atividades exercidas, ou no período básico de
cálculo, quando satisfizer, em relação a cada atividade, as condições do
benefício requerido. 2. Não satisfeitas as condições em relação a cada atividade,
o salário-de-benefício corresponderá à soma do salário-de-benefício da atividade
principal, esta considerada aquela em relação à qual preenchidos os requisitos
ou, não tendo havido preenchimento dos requisitos em relação a nenhuma delas,
a mais benéfica para o segurado, e de um percentual da média do salário-de-
contribuição da atividade secundária, conforme dispõe o inciso II do artigo 32 da
Lei 8.213/91. 3. No entanto, a Lei 9.876/99 estabeleceu a extinção gradativa da
escala de salário-base (art. 4º), e modificou o artigo 29 da LB (art. 2º),
determinando que o salário-de-benefício seja calculado com base na média
aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator
previdenciário (assegurada para quem já era filiado à Previdência Social antes da
Lei 9.876/96 a consideração da média aritmética de oitenta por cento do período
contributivo decorrido desde a competência julho/94 - art. 3º). 4. Já a Medida

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Provisória 83, de 12/12/2002 extinguiu, a partir de 1º de abril de 2003, a escala
de salário-base (artigos 9º e 14), determinação depois ratificada por ocasião da
sua conversão na Lei 10.666, de 08/05/2003 (artigos 9º e 15). 5. Assim, com a
extinção da escala de salário-base a partir de abril de 2003, deixou de haver
restrições ao recolhimento por parte dos contribuintes individual e facultativo.
Eles passaram a poder iniciar a contribuir para a previdência com base em
qualquer valor. Mais do que isso, foram autorizados a modificar os valores de
seus salários-de-contribuição sem respeitar qualquer int erstício. Os únicos
limites passaram a ser o mínimo (salário mínimo) e o máximo (este reajustado
regularmente). Nesse sentido estabeleceram a IN INSS/DC nº 89, de 11/06/2003
e a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13/11/de 2009. 6. O que inspirou o artigo
32 da Lei 8.213/91, e bem assim as normas que disciplinavam a escala de
salário-base, foi o objetivo de evitar, por exemplo, que nos últimos anos de
contribuição o segurado empregado passasse a contribuir em valores
significativos como autônomo/contribuinte individual, ou mesmo que o
autônomo/contribuinte individual majorasse significativamente suas
contribuições. Com efeito, como o salário-de-benefício era calculado com base
na média aritmética simples de todos os últimos salários-de-contribuição dos
meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data da
entrada do requerimento, até o máximo de 36 (trinta e seis), apurados em
período não superior a 48 (quarenta e oito) meses, o aumento de contribuições
no final da vida laboral poderia acarretar um benefício mais alto, a despeito de ter
o segurado contribuído na maior parte de seu histórico contributivo com valores
modestos. 7. Extinta a escala de salário-base, o segurado empregado que tem
seu vínculo cessado pode passar a contribuir como contribuinte individual, ou
mesmo como facultativo, pelo teto. Por outro lado, o contribuinte individual, ou
mesmo o facultativo, pode majorar sua contribuição até o teto no momento que
desejar. Inviável a adoção, diante da situação posta, de interpretação que
acarrete tratamento detrimentoso para o segurado empregado que também é
contribuinte individual, ou mesmo que tem dois vínculos como empregado, sob
pena de ofensa à isonomia. 8. Não há sentido em se considerar válido possa o
contribuinte individual recolher pelo teto sem qualquer restrição e, por vias
transversas, vedar isso ao segurado empregado que desempenha
concomitantemente atividade como contribuinte individual, ou mesmo que tem
dois vínculos empregatícios. E é isso, na prática, que ocorreria se se reputasse
vigente o disposto no artigo 32 da Lei 8.213/91. 9. A conclusão, portanto, é de
que, na linha do que estatui a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(antiga LICC), ocorreu, a partir de 1º de abril de 2003, a derrogação do artigo 32
das Lei 8.213/91, de modo que a todo segurado que tenha mais de um vínculo
deve ser admitida, independentemente da época da competência, a soma dos
salários-de-contribuição, respeitado o teto. 10. É que concedido o benefício
segundo as novas regras da Lei nº 10.666/2003 não mais cabe aplicar restrição
de legislação anterior, mesmo para períodos anteriores, quanto à forma de
cálculo da renda mensal inicial dos benefícios" (fls. 248/249e).

Opostos Embargos de Declaração (fls. 255/259e), foram parcialmente acolhidos,


exclusivamente para fins de prequestionamento, nos seguintes termos:

"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO.


PREQUESTIONAMENTO. 1. A acolhida dos embargos declaratórios só tem
cabimento nas hipóteses de omissão, contradição, obscuridade ou correção de
erro material. 2. Não se verifica obscuridade quando a decisão é clara em
relação a todos os pontos controvertidos. 3. Embargos de declaração providos
em parte, exclusivamente para fins de prequestionamento" (fl. 271e).

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Alega-se, nas razões do Recurso Especial, ofensa ao art. 32 da Lei 8.213/91,
pelos seguintes fundamentos:

"SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO. ATIVIDADES CONCOMITANTES. VERIFICAÇÃO


DO PREENCHIMENTO DAS CONDIÇÕES EM APENAS UMA DAS
ATIVIDADES. SOMA DOS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 32 DA LEI 8.213/91. A autora
exerceu atividades profissionais concomitantes, submetendo-se, portanto, ao
regramento previsto na Lei de Benefícios acerca da forma do cômputo do tempo
de serviço em ambas as atividades laborativas e para fins de integração e
formação da renda mensal do benefício. O acórdão embargado condenou o
INSS a calcular o benefício de aposentadoria da parte autora, efetuando a
apuração do salário-de-benefício a partir da soma dos salários-de-contribuição
das atividades concomitantes, limitada ao teto vigente em cada período. Como
bem entendeu o juízo de primeira instância, em casos assim, a Lei 8.213/91
disciplina como será feito o cálculo do salário de benefício: Art. 32. O salário-de-
benefício do segurado que contribuir em razão de atividades concomitantes será
calculado com base na soma dos salários-de-contribuição das atividades
exercidas na data do requerimento ou do óbito, ou no período básico de cálculo,
observado o disposto no art. 29 e as normas seguintes: I - quando o segurado
satisfizer, em relação a cada atividade, as condições do benefício requerido, o
salário-de-beneficio será calculado com base na soma dos respectivos salários-
de-contribuição; II - quando não se verificar a hipótese do inciso anterior, o
salário-de- benefício corresponde à soma das seguintes parcelas: a) o salário-de-
benefício calculado com base nos salários-de- contribuição das atividades em
relação às quais são atendidas as condições do benefício requerido; b) um
percentual da média do salário-de-contribuição de cada uma das demais
atividades, equivalente à relação entre o número de meses completo de
contribuição e os do período de carência do benefício requerido; III - quando se
tratar de benefício por tempo de serviço, o percentual da alínea "b" do inciso II
será o resultante da relação entre os anos completos de atividade e o número de
anos de serviço considerado para a concessão do benefício. § 1º O disposto
neste artigo não se aplica ao segurado que, em obediência ao limite máximo do
salário-de-contribuição, contribuiu apenas por uma das atividades concomitantes.
§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo ao segurado que tenha sofrido redução
do salário-de-contribuição das atividades concomitantes em respeito ao limite
máximo desse salário.
No caso concreto, a segurada não satisfez, em relação a cada atividade, as
condições do benefício postulado, motivo pelo qual o salário-de-benefício não
poderá ser calculado com base na soma dos respectivos salários-de-
contribuição. Logo, o salário-de-benefício de sua aposentação deverá ser calculo
na forma do inciso II acima transcrito, sob pena de violação direta ao art. 32 da
LB. Não é possível apenas somar os salários-de-contribuição, pois conforme
dispõe o artigo supratranscrito, se a autora não preencheu o tempo necessário
para se aposentar nas duas atividades em que trabalhou, há que ser
considerada uma atividade principal, em que o salário de benefício será
calculado com base na soma dos salários-de-contribuição, e uma secundária, em
que o salário-de-benefício corresponderá a um percentual da média dos salários-
de-contribuição equivalente à relação entre os anos completos de atividade e o
número de anos exigidos para a percepção do benefício. O que impende analisar
nos casos em que o segurado exerce atividades concomitantes é a efetiva
satisfação dos requisitos imprescindíveis ao gozo da aposentadoria em todas as
atividades. Se este fosse caso, estaria autorizada a simples soma dos salários-
de-contribuição para fins de cálculo do benefício, na forma prevista no artigo 32,
inciso I, da Lei 8.213/91. Portanto, para atividades concomitantes há a previsão

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do artigo 32 da Lei 8.213/91. Contudo, o Tribunal a quo concluiu que o INSS
deve calcular o salário de benefício da parte autora afastando o artigo 32 da
mesma Lei. Ocorre que equivocado tal entendimento. O referido dispositivo legal
continua em plena aplicação, seja administrativamente (a IN 77-2015 do INSS
mantém aplicação do mecanismo do dispositivo), seja judicialmente, vez que a
atual jurisprudência do STJ garante a validade e a eficácia da norma em questão,
consoante demonstram os seguintes arestos: (...)
Ademais, o dispositivo legal é aplicado para todos os casos em que há
recolhimento de contribuições em razão de atividades concomitantes, não
fazendo diferenciação entre os casos em que o segurado exerce,
concomitantemente, uma mesma atividade ou mesmo profissões distintas.
Nesse sentido, decidiu o STJ em situações análogas: (...)
Diante do exposto, deve ser dado provimento ao presente recurso especial, e
reformado o acórdão recorrido, por negar vigência à norma infraconstitucional
vigente" (fls. 280/284e).

Ao final, "uma vez demonstrada a contrariedade à lei - artigo 32 da Lei 8.213/91 -


o INSS requer seja o presente recurso conhecido e provido, para reformar o
acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região nestes autos" (fl.
284e).
Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 293e).
O Recurso Especial foi admitido pelo Tribunal de origem (fls. 295/296e).
Sem razão a parte recorrente.
Na origem, trata-se de Ação ordinária ajuizada pela parte ora recorrida,
"objetivando, em suma, a revisão da renda mensal inicial do benefício de
aposentadoria de que é titular, mediante soma dos salários-de-contribuição de
atividades concomitantes, ou estabelecimento como atividade principal daquela
que for mais vantajosa" (fl. 173e).
Julgada parcialmente procedente a demanda, para "determinar ao réu que
proceda à revisão da renda mensal da aposentadoria por tempo de contribuição
concedida à autora (NB 156.123.816-0), a contar da data de início do benefício
(07.02.2011), a fim de que seja considerada como atividade principal, para efeito
de cálculo do salário-de-benefício, no período de setembro de 2004 a janeiro de
2011, aquela que lhe confere maior proveito econômico, representada pelas
contribuições vertidas como contribuinte individual" (fl. 177e), recorreram a parte
autora e o réu, tendo sido parcialmente reformada a sentença, pelo Tribunal
local, para que o benefício seja "revisado, recalculando-o com base no artigo 29,
I, da Lei n. 8.213/91, utilizando como salário-de-contribuição o total dos valores
vertidos por competência (sem aplicação do revogado artigo 32 da Lei 8.213/91)"
(fl. 245e).
Daí a interposição do presente Recurso Especial.
De início, em confronto com os termos do acórdão recorrido, verifica-se que a
parte recorrente manifestou seu inconformismo com o resultado que lhe foi
desfavorável, apresentando fundamentos outros, não relacionados ao decidido.
Assim, furtando-se a parte ora recorrente de impugnar especificamente os
fundamentos do acórdão guerreado, incide, na espécie, o óbice da Súmula
283/STF, segundo a qual "é inadmissível o recurso extraordinário, quando a
decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não
abrange todos eles", eis que as razões recursais estão dissociadas do
fundamento em que se pautou o acórdão recorrido, incidindo, também, a Súmula
284/STF, segundo a qual "é inadmissível o recurso extraordinário, quando a
deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da
controvérsia".
Nesse sentido:

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"PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL.
DEMISSÃO. DIVÓRCIO ENTRE AS RAZÕES RECURSAIS E O TEOR DO
ACÓRDÃO RECORRIDO E DA CONTROVÉRSIA DE FUNDO. SÚMULAS 283
E 284/STF. APLICABILIDADE. PRECEDENTES. NÃO CONHECIMENTO. 1.
Recurso ordinário interposto contra o acórdão que denegou a segurança no
pleito mandamental impetrado contra ato judicial que visava combater acórdão
que decidiu controvérsia de suspensão de segurança; o impetrante alegava que
seria a única via possível. 2. Da leitura atenta dos autos se infere que o debate
de fundo está relacionado com a pretensão autoral de reapreciar questão ligada
a processo disciplinar, e essa dissonância de razões em recorrer atrai a
aplicabilidade das Súmulas 283 e 284/STF, por analogia: 'Se as razões recursais
não infirmam os fundamentos do acórdão guerreado, incide, por analogia, o
disposto nos enunciados nº 283 e 284 do Supremo Tribunal Federal' (AgRg no
RMS 48.307/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe
17.8.2015.). 3. A Súmula 283/STF é aplicável aos recursos ordinários, como bem
se identifica na jurisprudência do STJ. Precedentes: AgRg no RMS 33.036/SC,
Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe 30.6.2016; AgRg no
RMS 44.108/AP, Rel. Ministra Diva Malerbi (Desembargadora convocada TRF 3ª
Região), Segunda Turma, DJe 18.12.2015; AgRg no RMS 41.529/DF, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 24.11.2015; e AgRg no
RMS 20.451/RS, Rel. Ministro Ericson Maranho (Desembargador convocado do
TJ/SP), Sexta Turma, DJe 4.9.2015. Recurso ordinário não conhecido" (STJ,
RMS 46.487/CE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe
de 18/08/2016).

"AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. RAZÕES RECURSAIS GENÉRICAS. NÃO
IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RECORRIDO.
COMPREENSÃO DA CONTROVÉRSIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A mera e
genérica reiteração dos argumentos desenvolvidos na petição inicial ou a simples
transcrição de trechos da decisão recorrida, sem que o recorrente indique ou
especifique as razões de sua discordância com o julgado, não são suficientes
para o conhecimento do recurso. 2. Agravo regimental desprovido" (STJ, AgRg
no RMS 36.275/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA
TURMA, DJe de 28/06/2013).

Com efeito, à luz do princípio da dialeticidade, constitui ônus da parte recorrente


expor, de forma clara e precisa, a motivação ou as razões de fato e de direito de
seu inconformismo, impugnando os fundamentos da decisão recorrida, de forma
a amparar a pretensão recursal deduzida, requisito essencial à delimitação da
matéria impugnada e consequente predeterminação da extensão e profundidade
do efeito devolutivo do recurso interposto, bem como à possibilidade do exercício
efetivo do contraditório. Não basta repetir as razões já expendidas, seja na
petição inicial, seja no recurso anterior, ou limitar-se a infirmar, genericamente, o
decisum. É preciso que o Recurso Especial impugne, dialogue, combata, enfim,
demonstre o desacerto do que restou decidido.
A propósito, a lição de NÉLSON NERY JR (in Princípios Fundamentais - Teoria
Geral dos Recursos, 2ª ed., Revista dos Tribunais, p. 154), in verbis:

"Entendemos que a exposição dos motivos de fato e de direito que ensejaram a


interposição do recurso e o pedido de nova decisão em sentido contrário à
recorrida, são requisitos essenciais e, portanto, obrigatórios. A inexistência das
razões ou de pedido de nova decisão acarreta juízo de admissibilidade negativo:
o recurso não é conhecido. (...) Vige, no tocante aos recursos, o princípio da
dialeticidade (...). Segundo esse princípio, o recurso deverá ser dialético,

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discursivo. O recorrente deverá declinar o porque do pedido de reexame da
decisão. (...) O procedimento recursal é semelhante ao inaugural de uma ação
civil. A petição de recurso é assemelhável à peça inaugural, devendo, pois,
conter os fundamentos de fato e de direito e o pedido. Tanto é assim, que já se
afirmou ser causa de inépcia a interposição de recurso sem motivação. (...) O
recurso se compõe de duas partes distintas sob o aspecto de conteúdo: a)
declaração expressa sobre a insatisfação com a decisão (elemento volitivo); b)
os motivos dessa insatisfação (elemento de razão ou descritivo). Sem a vontade
de recorrer não há recurso. Essa vontade deve manifestar-se de forma
inequívoca, sob pena de não conhecimento. Não basta somente a vontade de
recorrer, sendo imprescindível a dedução das razões (descrição) pelas quais se
pede novo pronunciamento jurisdicional sobre a questão objeto do recurso. As
razões do recurso são elemento indispensável para que o tribunal, ao qual se o
dirige, possa julgá-lo, ponderando-as em confronto com os motivos da decisão
recorrida que lhe embasaram a parte dispositiva".

Ante o exposto, com fundamento no art. 255, § 4º, I, do RISTJ, não conheço
do Recurso Especial.

Em atenção ao disposto no art. 85, § 11, do CPC/2015 e no Enunciado


Administrativo 7/STJ ("Somente nos recursos interpostos contra decisão
publicada a partir de 18 de março de 2016 será possível o arbitramento de
honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do NCPC),
majoro os honorários advocatícios, anteriormente fixados em 15% (quinze
por cento) sobre o valor da condenação, para 16% (dezesseis por cento)
sobre o valor da condenação, levando-se em consideração o trabalho
adicional imposto ao advogado da parte recorrida, em virtude da
interposição deste recurso, respeitados os limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º
do art. 85 do CPC/2015.
Brasília (DF), 1º de agosto de 2018.
MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES
Relatora

A conclusão a que se chega, portanto, é que a sistemática do antigo art.


32, incisos II e III, da Lei 8.213/1991 tornou-se inconstitucional a partir de 01/04/2003
por violação à isonomia. A solução que melhor se apresenta é a de, na apuração do
valor dos benefícios concedidos desde então, somar os salários-de-contribuição de
eventuais atividades desempenhadas concomitantemente pelo segurado,
respeitando-se apenas o limite máximo do salário-de-contribuição, de modo que os
segurados que verteram contribuições de igual valor terão benefícios também de
igual valor, independentemente do número de filiações em razão das quais
contribuíram. A soma dos salários-de-contribuição deve ser aplicada para qualquer
benefício concedido a partir de 01/04/2003, independentemente da época em que as
atividades concomitante foram prestadas, sob pena criação de regime jurídico
híbrido. Por raciocínio semelhante à similar ilação chegaram, por exemplo, o TRF da

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4ª Região (AC 5006447-58.2010.404.7100, j. em 28/08/2012 e AC 0009653-
62.2014.404.9999, j. em 28/10/2014), Segunda Turma Recursal de Santa Catarina
(5005638-67.2012.404.7207, j. em 17/12/2014) e Quarta Turma Recursal do Rio
Grande do Sul (5007500-90.2014.404.7114, j. em 08/04/2015).

Portanto, tendo a Lei 10.666/03 em seus artigos 9º e 14, derrogado o


antigo artigo 32 da Lei 8.213/91, uma vez que se tornou dispositivo legal sem efeito
nenhum e a TNU uniformizado o entendimento de que aos benefícios concedidos
após 01.04.2003 com atividades concomitantes, deve-se somar as contribuições das
atividades para fins de cálculo da RMI.

3 1 DESNECESSIDADE DO SOBRESTAMENTO – TEMA 1070 STJ

3 1 2 AÇÃO REGIDA PELA LEI N. 10.259/01 DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

A desnecessidade de sobrestamento, vem embasada na lei adjetiva e


pretende dar regular seguimento ao feito, vejamos.

O judiciário nacional acatou a decisão de suspensão do processamento de


todos os processos pendentes de julgamento, individuais ou coletivos, que versem
acerca da questão afetada.

No entanto, no referido representativo de controvérsia, inexiste


determinação para suspensão dos processos que tramitam no âmbito dos
Juizados Especiais Federais, como o caso desta Ação.

Contudo, a ordem de suspensão emanada em sede de representativo de


controvérsia, embasada no art. 1.036, § 1º, do CPC, não alcança os feitos dos
Juizados Especiais Federais, os quais são regidos, de modo específico quanto a este
tema, pela Lei n. 10.259/01, com a previsão de suspensão no âmbito dos Pedidos de

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Uniformização e Interpretação da Lei - PUIL, apenas nos termos do art. 14, § 5º, da
Lei dos Juizados Especiais Federais.

A Lei n. 10.259/01, em seu art. 14, assim dispõe:

Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal


quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito material
proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei.
(...)

§ 5o No caso do § 4o, presente a plausibilidade do direito invocado e


havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator
conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, medida liminar
determinando a suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja
estabelecida.

Verifica-se que a presente demanda não contraria súmula e entendimento


dominante do STJ que viabilize a manutenção da suspensão do presente processo,
além do que, as suspensões determinadas em recursos especiais repetitivos (art.
1.036 e 1.037 do CPC) não alcançam, de imediato, as ações que tramitam perante
os JEF's, já que o recurso especial não é uma das espécies recursais inerentes à Lei
n. 10.259/01.

O próprio Informativo do STJ número 559 traz em seu bojo que nos
Juizados Especiais Federais, instituídos pela Lei n. 10.259/2001, é o pedido de
uniformização de jurisprudência o meio cabível quando a orientação da Turma
Nacional de Uniformização contrariar (art. 14, § 4º): a) jurisprudência dominante do
STJ; ou b) súmula do STJ.

Inclusive o STF, na súmula 640, firmou o entendimento que: "É cabível


recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas
de alçada, ou por Turma Recursal de juizado especial cível e criminal."

Quanto ao Recurso Extraordinário, tem sido admitida sua interposição


contra decisões preferidas pelas Turmas Recursais, pois não se poderia deixar de

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submeter ao Supremo Tribunal Federal, questões em que ocorrem uma possível
violação da norma constitucional, diferentemente quanto ao Recurso Especial,
que é incabível contra decisões proferidas pelas Turmas Recursais.

A interpretação da lei federal para os JEF's não se opera por meio de


interposição de recurso especial, mas por meio de interposição de incidente de
uniformização nacional dirigido ao C. Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art.
14, § 4º, da Lei n. 10.259/2001.

Insta mencionar que quando o recurso especial tiver sido interposto contra
decisão proferida em IRDR, o efeito suspensivo estabelecido no art. 987, § 1º do
CPC, alcançará os feitos que tramitam nos JEF's, pois, por expressa disposição do
art. 985 do CPC, as decisões proferidas em IRDR são aplicáveis e vinculantes para
tal microssistema processual.

No entanto, de forma louvável, a 3ª Turma Recursal do Estado do Paraná,


por entendimento majoritário, tem revogado a suspensão instaurada nos autos que
são dirimidos pelo microssistema dos JEF´s e que se transcreve para elucidar a
lógica proposta:

“Quanto à necessidade de suspensão do processo até julgamento do


Tema 1070 pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça (Possibilidade,
ou não, de sempre se somar as contribuições previdenciárias para
integrar o salário-de-contribuição, nos casos de atividades
concomitantes (artigo 32 da Lei n. 8.213/91), após o advento da Lei
9.876/99, que extinguiu as escalas de salário-base.), esclareço que, de
acordo com a compreensão majoritária desta Turma Recursal, a ordem
de suspensão emanada em sede de representativo de controvérsia,
fundada no art. 1.036, § 1º, do CPC, não alcança os feitos dos Juizados
Especiais Federais, os quais são regidos, de modo específico quanto a
este tema, pela Lei 10.259/01, com a previsão de suspensão no âmbito
dos Pedidos de Uniformização e Interpretação da Lei - PUIL, apenas
nos termos do art. 14, § 5º, da Lei dos Juizados Especiais Federais.
Salvo melhor juízo, as suspensões determinadas em recursos
especiais repetitivos (art. 1.036 e 1.037 do CPC) não alcançam, de
imediato, os feitos que tramitam perante os JEF's, já que o recurso
especial não é uma das espécies recursais inerentes a esse
microssistema processual.

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A interpretação da lei federal para os JEF's não se opera por meio de
interposição de recurso especial, mas por meio de interposição de
incidente de uniformização nacional dirigido ao C. Superior Tribunal de
Justiça, nos termos do art. 14, § 4º, da Lei 10.259/2001.
Ainda segundo a linha de compreensão deste Colegiado, quando o
recurso especial tiver sido interposto contra decisão proferida em
IRDR, o efeito suspensivo estabelecido no art. 987, § 1º do CPC, aí sím,
alcançará os feitos que tramitam nos JEF's, pois, por expressa
disposição do art. 985 do CPC, as decisões proferidas em IRDR são
aplicáveis e vinculantes para tal microssistema processual. Por tais
razões, às quais se soma a argumentação deduzida na decisão
recorrida (Lei 9.099/95, art. 46), penso que o recurso não merece
provimento. (...) (5042272-23.2020.4.04.7000, Des. GILSON LUIZ INACIO,
Data e Hora: 7/1/2022, às 21:38:29) (GRIFO NOSSO)

Com efeito, a suspensão deste feito fere o ordenamento processual e


prorroga a efetiva aplicação do direito requerida pelo beneficiário(a), justamente, por
inexistir determinação para suspensão dos processos que tramitam no âmbito dos
Juizados Especiais Federais.

Ante todo o exposto, requer-se o seguimento da presente demanda,


haja vista estar sendo regimentada pela Lei n. 10.259/01.

4 DO REQUERIMENTO

Diante de todo o exposto, requer:

a) A total improcedência das alegações autárquicas em sede de


contestação;
b) O prosseguimento do feito, sendo desconsiderado o pedido de
sobrestamento pelo tema 1070 do STJ;
c) A total procedência conforme requerido na exordial.

Termos, em que pede deferimento.

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Brasília - DF, 13 de fevereiro de 2023.

BERKENBROCK, MORATELLI & SCHÜTZ ADVOGADOS ASSOCIADOS


OAB/SC 1358/2008

CARLOS BERKENBROCK SAYLES RODRIGO SCHUTZ


OAB/DF 043.122 OAB/DF 043.133

LEANDRO MORATELLI
OAB/DF 66.017

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