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NOME DO ADVOGADO OU ESCRITÓRIO Rua xxxxxxxxxxxx, nº.

xx/xx,
OAB/UF XX.XXX Bairro xxxxxxx,
Cep xxxxxxxx,
Cidade xxxxxxx. - Estado.

Email: advogado@mail.com.br
Fone: (XX) XXXXX.XXXX

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DR. (A) JUIZ(A) DE DIREITO DO __JUIZADO ESPECIAL CÍVEL/VARA


CÍVEL DA COMARCA DE ____________/ESTADO

FULANO DA SILVA, estado civil (ou existência de união estável),


profissão, CPF nº. xxx.xxx.xxx-xx, nacionalidade, endereço
eletrônico: XXXXXXXXXXXXX, domiciliado e residente na Rua
xxxxxxxxxx, nº. xxxx, Bairro xxxxxxxxxx, cidade de xxxxxxxxxx, vem,
respeitosamente perante Vossa Excelência, por seu procurador
signatário, instrumento de mandato em anexo, propor a presente,

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS

Em face de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, advogado,


inscrito no CPF sob nº XXX.XXX.XXX/XX, endereço eletrônico
XXXXXXX@XXXX, com endereço profissional sede na Avenida
XXXXXXX, XXXX, na cidade de XXXXXXXXXXX/XX, forte no art. 5°, X,
da Constituição Federal, e art. 14, §4º do CDC, ante os fatos e
fundamentos expostos a seguir pelos motivos de fato e de direito,
que passa expor:

I – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Inicialmente, destaca o requerente que não possui condições de arcar com


custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio, conforme
demonstra o documento 2 (em anexo), razão pela qual faz jus ao benefício da gratuidade da justiça,
nos termos dos artigos 98 a 102 do NCPC, o que requer desde já.
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II. DOS FATOS

No ano de 20XX a requerente trafegando na Avenida XXXXXXXXXXX, nessa


comarca, teve a lateral de seu veículo abalroado por um terceiro, que trafegava na rua XXXXXXXX,
perpendicular a referida avenida. Conforme a autora, o veículo do terceiro não respeitou a placa de
pare, avançando a preferencial, sem observar os sinais de trânsito e sem ter o devido cuidado ao
atravessar uma avenida preferencial, causando por sua única e exclusiva culpa a colisão.
Ocorre que mesmo sendo o culpado pelo abalroamento, o terceiro ajuizou
demanda em face da ora autora, cobrando valores relacionados ao conserto de seu veículo. Para
promover a sua defesa nesta demanda totalmente descabida e infundada, a demandante contratou
os serviços do requerido, despendendo a quantia de R$ a título de honorários contratuais (doc. 2).
Acreditando que obteria êxito na demanda, principalmente por se tratar de fato
totalmente inverídico, na medida em que a culpa pela colisão restava evidente como sendo do
terceiro, é algo totalmente inimaginável qualquer possibilidade de existir culpa da ora demandante,
conforme alegado naquela ação.
Pois bem, em XX/XX/XX (doc. XX - fls. XX) restou exarada sentença, a qual foi
homologada em XX/XX/XXXX, julgando parcialmente o pedido, entendendo pela culpa concorrente
pelo acidente, condenando a ora requerente ao pagamento de 50% dos danos materiais no
montante de R$ 2.650,00 (dois mil seiscentos e cinqüenta reais).
Na oportunidade, o ora requerido XXXXXX XXXXXXXX informou o resultado para
a autora, que mesmo indignada com a decisão, questionou acerca da possibilidade de reversão,
assim como se não seria caso de pagar logo ou tentar fazer acordo.
O ora réu informou de forma coerente que não seria o momento para acordo,
tendo em vista que havia grande possibilidade de ocorrer a reversão do julgado, na medida em que
não estava condizente com o caso concreto e a jurisprudência em casos análogos. Correto o
posicionamento do requerido.
Todavia, após ter exarado correto parecer para a requerente, o ora réu iniciou
uma sucessão de erros e prejuízos graves a esta. Isso porque, após ingressar com Embargos de
Declaração, os demandados restaram intimados pessoalmente da decisão.
Em virtude da negativa do recurso, na data de XX/XX/XXXX deveria o ora
requerido ingressar com Recurso Inominado. Entretanto, promoveu erro grave ao esquecer de
protoocolizar o devido recurso, mesmo tendo a demandante efetuado o pagamento das custas
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para tal recurso.


Na data de XX/XX/XXXX, transitou em julgado a decisão que condenou a ora
requerente ao pagamento do valor acima destacado.
Mesmo após o ocorrido, em momento algum o requerido notificou a ora autora
acerca do ocorrido no processo. Aliás, desde a sentença, e o pagamento das custas do recurso,
nunca mais prestaram mais nenhuma informação acerca do andamento daquele processo. Apenas
informava que estava aguardando o julgamento de recurso.
Ultrapassados quase 2 (dois) anos da data da sentença a autora procurou
verificar em que situação estava o processo. Neste momento houve um grande susto por parte da
requerente. Isso porque após o processo ser analisado por amigo da família, restou constatado que
inclusive já existia PENHORA sobre o seu automóvel.
De imediato a autora procurou fazer contato com o requerid, o qual informou
que havia a necessidade de efetuar o pagamento ou, caso contrário, seria o carro vendido em leilão
judicial.
Como a autora depende do carro para a subsistência do seu negócio familiar,
questionou com os requeridos qual seria o valor a quitar. Neste momento recebeu mais um susto
ao saber que seria o valor aproximado de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Frise-se a autora é trabalhadora autônoma, não sendo viável despender
quantias desta natureza em única oportunidade.
Logo após este contato, o requerido procurou a ora requerente e informou que
haviam sido contatado pelo procurador da autora naquela ação, o qual teria promovido proposta
de acordo.
Não restando outra saída para a autora, - além de estar muito assustada com a
penhora de seu veículo, imprescindível para o trabalho, e com a possibilidade de ter de
desembolsar o numerário de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em única parcela-, optou por aceitar o
pagamento do acordo.
Em razão disso, restou firmado acordo em R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Como
entrada foi desembolsada a quantia de R$ 1.000,00 (Hum mil reais).
Ademais, restou obrigada a assumir a dívida de 10 (dez) parcelas de R$ 300,00
(trezentos reais), além de ser obrigada a manter a restrição sobre o seu automóvel até a quitação
integral do débito.
Após ultrapassado todo este alvoroço, - e em tendo comprometido parte de seu
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ganho mensal, além de ter o automóvel objeto de trabalho com restrição judicial -, procurou saber
o que de fato teria ocorrido para que tivesse que pagar toda esta quantia.
Mais uma vez restou surpreendida ao saber que grande, para não dizer todo o
valor despendido teria sido originário de falha do requerido, tendo em vista que PERDEU O PRAZO
para recorrer e nunca relatou tal fato à autora.
Nesse sentido, vem a juízo postular a devolução dos valores que poderiam ter
sido evitados caso o procurador tivesse informado de imediato a perda do recurso, tais como juros,
correção monetária, honorários sucumbenciais (15%) e valor das custas recursais.
Ademais, requer o pagamento de valores referentes a perda de uma chance, na
medida em que a jurisprudência compreende que nos casos de veículo que avança
imprudentemente a via preferencial é culpado pela colisão. Por conseguinte, perderam a chance de
reverter a condenação sofrida.
Por derradeiro, requer a condenação do requerido a título de Danos Morais,
considerando os transtornos causados, além da dificuldade em que terá para pagar o acordo e pelo
fato de ter de ficar com o veículo com restrição judicial por cerca de 10 (dez) meses. Isso sem
contar a repercussão negativa que tal fato gerou na sua família e seu círculo de amizades.

III - DO MÉRITO
III.1. Do Dever de Indenizar face a Ausência de Zelo na condução da Causa

Com relação ao mérito, a pretensão da demandante encontra guarida na


Constituição Federal de 1988, no Código Civil de 2002 e, principalmente, no Código de Defesa do
Consumidor.
A relação do advogado com o seu cliente concerne à espécie de prestação de
serviço promovida por profissional liberal. Por conseguinte, tem-se que se estabelece uma relação
de consumo, devendo incidir as normas constantes no Código de Defesa do Consumidor.
Neste sentido, mister ressaltar que o referido Diploma dispõe de forma expressa
acerca responsabilidade do prestador de serviços. O art. 14 informa ser objetiva a responsabilidade
do prestador de serviço, respondendo independentemente de culpa.
Porém, o § 4º do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor expressa que "a
responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa".
Por esta razão, passar-se-á a demonstrar que o pagamento a maior, além da
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impossibilidade de reverter o julgado só ocorrera em virtude da falta de zelo do requerido, o qual


deixou de protocolizar o Recurso Inominado (Processo nº. XXXXXXXXXXXXXXXXX), onerando sua
cliente quanto à incidência de juros, correção monetária, além dos honorários de sucumbência.
A demanda que originou este processo tramitou no Juizado Especial de
XXXXXXXXXX e esteve autuada sob o nº. XXXXXXXXXXXXXXXXX. Aquela lide restou interposta em
XX/XX/XXXX, sendo que a sentença sobreveio em XX/XX/XXXX, data em que restou homologada.
É sabido que a responsabilidade do advogado é de meio e não de resultado.
Todavia, é necessário que este profissional se utilize de todas as possibilidades e mecanismos
existentes para evitar o dano ao seu cliente ou reduzir eventual condenação.
O advogado contratado tem o dever de ser zeloso e diligente na atividade que
desenvolve frente ao seu cliente. No caso em tela, faltou o advogado contratado com o dever de
zelo ao deixar de interpor o Recurso Inominado.
Por conseqüência deste ato desidioso, fez com que a requerente não tivesse a
oportunidade de ter as suas razões analisadas pelo colegiado das Turmas Recusais. E a falta de zelo
não diz respeito somente a este fato, qual seja a decretação do trânsito em julgado da demanda.
As conseqüências desta conduta vão muito além disso. É notório que cabe ao
advogado sempre deixar o seu cliente informado acerca do andamento processual, principalmente
quando tiver quantia a ser quitada.
Ocorre que a única notícia que o réu deu á autora naquele processo foi acerca
do resultado da sentença, além de fazer referência que o valor fixado teria sido abusivo e que
certamente haveria uma redução quanto do julgamento do Recurso Inominado, requerendo
imediatamente o pagamento das custas.
Mesmo após o trânsito em julgado daquela demanda, o requerido não informou
nada à demandante.
Após tal fato, sobreveio uma série de atos, tais como penhora on-line e restrição
judicial (RENAJUD), as quais igualmente não foram informadas à parte autora.
Isto é, a autora só veio a ter ciência de toda esta confusão processual quando foi
verificar porque o julgamento do processo estava demorando tanto. Reitera-se que o demandado
não notificou a autora em momento algum acerca do trânsit em julgado e da necessidade de
pagamento sob pena de incidência de juros e correção monetária.

Neste sentido o Estatuto da OAB em seu art. 32 dispõe :


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"O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional,


praticar com dolo ou culpa".

É evidente que o requerido não agiu com dolo, mas teve flagrante culpa em
não interpor o Recurso Inominado dentro do prazo.
Note-se que desde a prolação da sentença (XX/XX/XXXX) até a ciência por parte
da requerente acerca do que estava ocorrendo no processo, fato este que ocorreu em meados de
XXXX, transcorreram-se quase 2 (dois) anos, período este que incidiram juros e correção monetária.
Destarte, diante da flagrante falta de zelo do requerido, tem-se evidenciada a
sua culpa pela mnão interposição do Recurso Inominado e do conseqüente trânsito em julgado da
demanda, tornando incontroversa a culpa pelo pagamento de juros, correção monetária e
honorários sucumbenciais.
Outrossim, em que pese ser a atividade de advocacia de meio e não de
resultado, tem-se que neste caso ocorreu a perda de uma chance, considerando julgamentos em
casos análogos ao que ora se discute e a efetiva possibilidade de êxito na demanda ou redução da
condenação.
Por derradeiro, também por culpa do requerido houve flagrante dano a esfera
moral da autora, na medida em que teve seu patrimônio reduzido por imperícia deste, além de ter
o carro com restrição judicial por cerca de 10 (dez) meses, - período em que deverá pagar o acordo,
além do tempo que já estava constrito sem ter sequer ciência.
Diante de todo o exposto, tem-se que existe o dever de indenizar do requerido
de acordo com o § 4º do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor.
A seguir, passarão a ser demonstradas todas as verbas que a requerente pagou
por culpa exclusiva do demandado, mesmo considerando a advocacia como atividade de meio.

IV. DAS VERBAS A SEREM REEMBOLSADAS


IV.1. Dos Valores Desembolsados por Culpa Exclusiva dos Requeridos

Após demonstrado que houve culpa por parte do requerido, passar-se-á a


demonstrar de forma concreta quais foram os danos causados.

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Em um primeiro momento, serão explicitados os danos diretos que ocorreram


por culpa exclusiva do réu. Melhor dizendo, serão especificadas as quantias pecuniárias que a
autora veio a pagar a maior por fato estranho a sua vontade que só ocorreu por imperícia do
requerido.
O primeiro dano direto concerne ao pagamento das custas para o Recurso
Inominado no montante de R$ XXX,XX (XXXXXXXXXX reais e XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX centavos).
Isso porque o Recurso sequer foi interposto conforme fartamente comprovado na presente
exordial.
É evidente que não se está postulando a devolução porque não foi dado
provimento ao recurso ou algo do gênero, mas sim porque o recurso sequer foi interposto. E frise-
se que este fato decorreu de atitude única e exclusiva dos demandados.
De outra banda, resta evidente que só houve a condenação e a incidência de
juros e correção monetária sobre o valor da condenação por inércia do requerido, primeiro ao
deixar de ajuizar o recurso e em um segundo momento, em notificarem a ora autora do ocorrido.
Ou seja, deveria ter informado a requerente acerca da não interposição do recurso e da
necessidade do pagamento.
Para tanto, a ciência inequívoca do requerido acerca da necessidade de
interposição do recurso inominado ocorreu em dois momentos. Quando da data de publicação da
sentença, e logo após, a data da publicação da decisão dos embargos de declaração opostos pela
Requerente.
Dias após, houve a intimação do trânsito em julgado da demanda (XX/XX/XXXX)
Ora Excelência, evidente que nesta data o procurador já tinha ciência do erro
que estava sendo cometido, uma vez que bastava o mínimo conhecimento técnico para constatar
este fato.
Logo, na data acima mencionada o valor da condenação estava em R$
XXXXXXXXX (XXXXXXX mil reais). Conforme informado e demonstrado anteriormente, o valor a ser
pago no acordo firmado entre as partes foi de R$ XXXXXXXXX (XXXXXXX mil reais).
A diferença de R$ XXXXXXXXX (XXXXXXX mil reais) para R$ XXXXXXXXX (XXXXXXX
mil reais), a qual remonta o montante de R$ XXXXXXXXX (XXXXXXX mil reais) deverá ser suportada
pelo requerido, tendo em vista que NÃO INTERPÔS O RECURSO E NÃO NOTIFICOU A AUTORA
ACERCA DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO o qual se deu por culpa exclusiva daquele.
Diante de todo o exposto, e pela inércia do requerido em notificar a requerente
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acerca do trânsito em julgado, necessário o pagamento do valor das custas processuais do recurso
(R$ XXX,XX), além dos juros e correção monetária decorrentes de seu erro (R$ XXX,XX).

IV.2. Da Perda de Uma Chance

A perda de uma chance é um princípio francês denominado perte d'une chance e


se configura quando em virtude de perda da oportunidade de obter uma suposta vantagem.
Acerca do tema, Sérgio Cavalieri Filho muito bem colocou que "a chance perdida
reparável deverá caracterizar um prejuízo material ou imaterial resultante de fato consumado, não
hipotético. Em outras palavras, é preciso verificar em cada caso se o resultado favorável seria
razoável ou se não passaria de mera possibilidade aleatória".
Nesse sentido, tem-se que a demandante tinha grandes chances de ser
reconhecido o provimento ao seu recurso para afastar a condenação imposta, até mesmo porque o
conteúdo probatório nos autos era fraco e inverídico. Todavia não se cogitará esta hipótese por se
tratar de mera presunção.
O que não pode ser ignorado é a jurisprudência fixada em casos análogos, com o
intuito de verificar se a condenação imposta pela juíza leiga estava de acordo com o parâmetro
fixado pelas Turmas Recursais ou se existiria grande chance de êxito.
Nesse sentido, segue o entendimento adotado pelos Tribunais em casos
idênticos ao que ora se discute:
DECISÃO: ACORDAM os Senhores integrantes da Oitava Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em
acolher a preliminar de ilegitimidade arguida no primeiro recurso, negar
provimento as preliminares arguidas no segundo recurso e, no mérito,
negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. EMENTA:
APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO - ACIDENTE - COLISÃO DE VEÍCULOS -
DANOS MATERIAIS - PRELIMINAR DO PRIMEIRO APELO - ILEGITIMIDADE
PASSIVA - PROPRIEDADE - CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE
AUTOMÓVEL - PROVA TESTEMUNHAL DA REALIZAÇÃO DO NEGÓCIO
ANTERIOR AO ACIDENTE - APLICAÇÃO DA SÚMULA 132 DO STJ -
ILEGITIMIDADE RECONHECIDA - MÉRITO PREJUDICADO.PRELIMINARES,
SEGUNDO APELO - CERCEAMENTO DE DEFESA - INTIMAÇÃO PARA
AUDIÊNCIA DE OITIVA DE TESTEMUNHA - INVERSÃO NA COLHEITA DA
PROVA TESTEMUNHAL - NULIDADE -INOCORRÊNCIA - ARTIGO 183 DO CPC
- REJEIÇÃO - MÉRITO - CULPA - CRUZAMENTO DE VIA PREFERENCIAL -
VEÍCULO SEGURADO EM TRÂNSITO REGULAR - CULPA EVIDENCIADA
DAQUELE QUE INVADE VIA PREFERENCIAL E INTERCEPTA FLUXO
REGULAR DE VEÍCULOS - DANOS MATERIAIS - COBRANÇA EM EXCESSO -
AUSÊNCIA DE PROVA EM SENTIDO CONTRARIO - VALOR

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DEVIDO.SUCUMBÊNCIA - PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE -


APLICAÇÃO.PRELIMINAR DO PRIMEIRO APELO ACOLHIDA, MÉRITO
PREJUDICADO. PRELIMINARES DO SEGUNDO APELO REJEITADAS E, NO
MÉRITO, DESPROVIDO POR UNANIMIDADE. (TJPR - 8ª C.Cível - AC -
1184588-2 - Pitanga - Rel.: José Laurindo de Souza Netto - Unânime - - J.
04.09.2014) (TJ-PR , Relator: José Laurindo de Souza Netto, Data de
Julgamento: 04/09/2014, 8ª Câmara Cível)

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO.


DANOS MATERIAIS. COLISÃO. CRUZAMENTO. SINALIZAÇÃO. PREFERÊNCIA.
DANOS MATERIAIS. PERDA TOTAL DO BEM. COTAÇÃO DE MERCADO.
TABELA FIPE. JUROS DE MORA. 1. Dinâmica do acidente: o sinistro ocorreu
por culpa do réu, o qual avançou, no cruzamento, colidindo contra o
veículo do autor, que transitava pela via preferencial. Sinalização (placa de
"PARE") facilmente visualizada, que impunha ao réu cautela ao adentrar
na via. Prova testemunhal que confirma o relatado no boletim de
ocorrência policial, no sentido da argumentação autoral. Ausência de
prova relativa à mácula do autor na condução do seu automóvel. A
alegada velocidade excessiva não restou comprovada, assim como a
impossibilidade de o autor dirigir, em face de lesão no braço.
Responsabilidade do réu configurada. 2. Danos materiais: considerando a
grande monta das avarias no veículo do demandante e que o valor de
mercado do veículo sinistrado, à época do acidente, era inferior ao menor
orçamento, deve o réu indenizar o demandante pela perda total do
automóvel, com a entrega do salvado ou abatimento do valor desse, em
caso de impossibilidade de entrega. Descabimento da indenização pelo
menor orçamento, pois supera o valor do bem. 3. Juros de mora: em se
tratando de relação extracontratual, incidem juros moratórios desde a
data do evento danoso (Súmula n.º 54 do STJ). Apelo provido, em parte.
(Apelação Cível Nº 70052298353, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em
11/09/2014) (TJ-RS , Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Data de
Julgamento: 11/09/2014, Décima Segunda Câmara Cível)

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO.


COLISÃO. PREFERENCIAL. CULPA. PRESUNÇÃO. ÔNUS DA PROVA. É
presumida a culpa do condutor que, trafegando por via secundária,
ingressa em via preferencial, interceptando indevidamente a trajetória de
quem por ali transita com preferência de passagem. Presunção de culpa
não elidida, inexistindo culpa acerca de mácula do autor na condução da
motocicleta. Apelo desprovido. (Apelação Cível Nº 70053984134, Décima
Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto
Guaspari Sudbrack, Julgado em 12/12/2013) (TJ-RS - AC: 70053984134 RS ,
Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Data de Julgamento: 12/12/2013,
Décima Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
13/12/2013)

Naquele feito sequer restou demonstrada a culpa da ora autora. Ou seja, o


conteúdo probatório era muito mais frágil do que os constantes dos processos destacados nos
acórdãos acima citados.

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Portanto, e considerando a jurisprudência em casos análogos, tem-se que a


chance de reversão era muito grande, sendo que a ausência de interposição do Recurso Inominado
fez com que a requerente "perdesse a chance" de ter a condenação imposta revertida.
Por corolário lógico, tem-se que a condenação a título de Danos Materiais teria
grande chance de ser excluído, conforme entendimento da jurisprudência dominante.
Por conseguinte, tem-se que a requerente teria grande chance de ter a sua
condenação revertida, até mesmo pelo fraco conteúdo probatório que detinha aquela demanda.
Neste sentido, tem-se que a condenação da perda de uma chance deverá ser de acordo com o valor
que poderia deixar de pagar.
Nesse sentido é o entendimento da Jurisprudência:

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Mandato judicial. Interposição de recurso


intempestivo pelo advogado. Indenização. Perda de uma chance. Prazo
prescricional decenal (10 anos). Responsabilidade civil contratual.
Inteligência do art. 205 do Código Civil. Precedentes do STJ. Sentença
anulada. Recurso manifestamente procedente, julgado na forma do art.
557, § 1º-A, do CPC.

(TJ-SP - APL: 00088866920078260510 SP 0008886-69.2007.8.26.0510,


Relator: Gilson Delgado Miranda, Data de Julgamento: 29/02/2016, 28ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 29/02/2016)

Considerando os casos análogos já demonstrados, chegamos a conclusão de que


os Tribunais reverteriam a condenação de acordo com seus julgados anteriores, deixando de fixar
assim a condenação em quaisquer valores à autora. A perda de uma chance normalmente deve
condizer com a diferença entre o valor da condenação e o valor que seria reduzido face ao
julgamento do recurso, o que no presente caso, excepcionalmente seria a integralidade da
condenação.
Destarte, deverão os requeridos serem interpelados para pagar a quantia de R$
X.XXX,XX (XXXXXXXXXX mil reais) a título de perda de uma chance da integral modificação da
condenação.

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IV.3. Do Flagrante Dano Moral

Quanto aos Danos Morais, mister salientar que serão indenizáveis as invectivas
que efetivamente atingem e aviltam a intimidade, a vida privada, a honra, a dignidade e a imagem
da pessoa ou da pessoa jurídica, principalmente quando esta tiver contato direto com clientes.
No caso sub judice, como amplamente demonstrado na exposição dos fatos,
ocorreram vários fatos que geraram aborrecimentos e transtornos para a requerente.
Com relação a configuração do Dano Moral nas relações de consumo, existe
uma vasta legislação que regula essa matéria, inclusive de ordem constitucional, justamente para
restringir a atuação das empresas quando se deparam em contratos com consumidores
hipossuficientes.
A Constituição Federal dispõe em seu art. 5º, inciso X que "são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
O Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, expressa que são direitos
básicos do consumidor "a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos e o acesso aos órgãos judiciários e administrativos,com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais (...)".
O art. 6º, VI do CDC autorizou a reparação efetiva de quaisquer danos, não
discriminando o dever de reparar dano moral ou patrimonial. Tanto o vício por inadequação ou por
quantidade pode causar dano de ordem moral, como ocorre no caso em tela, onde houve um erro
grosseiro de adequação de seus serviços ao cancelar o contrato e continuar durante quase meio
ano enviando os boletos com ameaça de inserção em órgão de proteção ao crédito.
Por conseguinte, por ter havido um profundo desgaste por parte do consumidor,
além de não ter sido seu problema resolvido até o presente momento, mister que exista uma
condenação com o intuito de inibir a requerida a agir desta maneira com outros clientes.
Em assim sendo, postula a condenação do réu no que se refere aos Danos
Morais causados a autora.

III.3 Do Quantum Debeatur


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O Dano Moral é aquela ação ou omissão que afeta a paz interior de cada um.
Atinge o sentimento de cada pessoa, a paciência, o bem-estar, a honra, enfim, tudo aquilo que não
tem valor econômico, mas que lhe cause angústia, transtorno, que tira sua tranqüilidade.
Por isto, lesados os direitos de personalidade do consumidor e sendo
responsabilizados os causadores por imperícia, negligência ou imprudência, é corolário lógico a
indenização pelo dano moral.
No caso em tela ocorreram diversas situações que geraram o dano moral à ora
autora.

1. O primeiro fato foi a impossibilidade de promover a defesa de forma


competente, principalmente para desmentir as alegações falaciosas que ocorreram naquela
demanda. Ou seja, pelo julgamento daquele feito e pelo pagamento da condenação, a ora autora
ficou como parcialmente culpada pela colisão ocorrida. E tal fato se espalhou perante a cidade de
XXXXXXXX.
A ausência de análise por parte do Tribunal usurpou o direito da autora de se
defender e de provar que aquele fato não era verídico.
2. O segundo fato se perfectibilizou em decorrência da penhora promovida em
seu veículo e da penhora on-line, sem que houvesse nenhuma notificação por parte dos requeridos.
3. O terceiro fato foi a necessidade de procurar a ajuda de terceiros para saber o
que estava acontecendo no processo, sendo que havia contratado os requeridos, além de ter pago
um numerário para que fosse prestado um serviço efetivo.
4. O quarto fato foi a necessidade de despender altas quantia para o pagamento
da condenação, além de ter que ficar com o carro com restrição judicial por mais 10 (dez) meses,
até o final do pagamento do acordo.
Isso sem contar inúmeros outros fatores, tais como a falta de informações à
autora; a ausência de interposição do Recurso Inominado; a falta de lealdade e boa-fé em
reconhecer o seu erro e tentar reduzir a condenação de seu cliente.
Enfim, a indenização por dano moral, portanto, tem caráter satisfativo-punitivo.
Satisfativo quando a verba condenatória satisfaz a vítima de forma plena, isto é, o quantum é
adequado e efetivo; punitivo quando a condenação seja suficiente a dissuadir o ofensor de novas
ações ilícitas .
12 | P á g i n a
NOME DO ADVOGADO OU ESCRITÓRIO Rua xxxxxxxxxxxx, nº. xx/xx,
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Bairro xxxxxxx,
Cep xxxxxxxx,
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Email: advogado@mail.com.br
Fone: (XX) XXXXX.XXXX

Fazendo um balanceamento dessas duas características, devemos chegar a um


quantum, que no presente caso deverá seguir a concepção subjetiva, isto é, deve haver uma
aferição in concreto, a qual visa avaliar, concretamente, a satisfação na busca dos prejuízos reais
alegados pela vítima.
Este é o entendimento adotado pelo Tribunal do Estado de XXXXX XXXXXXXX
XXXXX, em casos idênticos ao que ora se discute:

PERDA DE PRAZO PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO – PRESCRIÇÃO –


IMPERÍCIA E NEGLIGÊNCIA DO ADVOGADO – DANO INDENIZÁVEL – PERDA
DE UMA CHANCE – ALTA PROBABILIDADE DE ÊXITO. 1) É cabível a
reparação de danos material e moral quando constatado que, por
imperícia e negligência do advogado, prescreveu para o cliente a
pretensão de reclamar verbas trabalhistas. 2) Sucessivas extinções do
processo sem resolução do mérito, acarretando na prescrição do prazo
para o ajuizamento da ação trabalhista, quando se mostrava possível e
viável o seu prosseguimento, dão ensejo à aplicação da teoria da perda de
uma chance, sobretudo quando demonstrada a alta probabilidade de
êxito. 3) O sentimento em relação à perda de um prazo processual não
pode ser equiparado a um mero aborrecimento, tratando-se de dano
moral indenizável. (TJ-DF - APC: 20070111234606 DF 0054892-
40.2007.8.07.0001, Relator: FÁTIMA RAFAEL, Data de Julgamento:
06/08/2014, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE :
21/10/2014 . Pág.: 70)

Em assim sendo, por todos os prejuízos que foram demonstrados e provados


pela demandante, postula a fixação dos Danos Morais por Vossa Excelência, evitando assim que o
requerido pratique novamente fatos análogos e satisfaça os dissabores experimentados pela
demandante.

IV. Dos Pedidos

Diante do exposto, respeitosamente requer a Vossa Excelência o que segue:


a) Seja designada/dispensada audiência de conciliação ou mediação na forma
do previsto no artigo 33 do NCPC;

b) A citação do Réu, nos termos do art. 246, inciso I do CPC/2015, para


oferecer resposta no prazo legal sob pena de preclusão, revelia e confissão;
c) Ao final, seja julgada totalmente procedente a presente ação, para

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condenar a ré:
c.1) à devolução dos valores pagos por culpa exclusivamente sua,
devidamente corrigidos e com juros desde o desembolso.
c.2) ao pagamento da quantia de R$ X.XXX,XX em razão da perda de uma
chance, devidamente corrigido.
c.3) o pagamento de Danos Morais com juros a contar da origem do dano e
correção monetária da fixação.
d) Seja condenado o réu ao pagamento de custas judiciais, honorários
advocatícios de sucumbência ao patrono da parte autora, a serem calculados sobre valor da
condenação e demais atualizações;
e) Em tempo, requer sejam cadastrados no registro deste processo no sistema o
procurador XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, OAB/ESTADO XXX.XXX, expedindo-se todas intimações em
nome deste, sob pena de nulidade.
Por fim REQUER seja oportunizada a produção de provas por todos os meios
direito admitidos, em especial prova documental.

Dá-se a causa o valor de R$ XX.XXX,XX.


Termos em que pede deferimento.

CIDADE, DATA

ADVOGADO
OAB

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