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NOME DO ADVOGADO OU ESCRITÓRIO Rua xxxxxxxxxxxx, nº.

xx/xx,
OAB/UF XX.XXX Bairro xxxxxxx,
Cep xxxxxxxx,
Cidade xxxxxxx. - Estado.

Email: advogado@mail.com.br
Fone: (XX) XXXXX.XXXX

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DR. (A) JUIZ(A) DE DIREITO DO __JUIZADO ESPECIAL CÍVEL/VARA


CÍVEL DA COMARCA DE ____________/ESTADO

PEDIDO LIMINAR

FULANO DA SILVA, CPF nº. xxx.xxx.xxx-xx, nacionalidade, estado civil,


profissão, com endereço na Rua xxxxxxxxxx, nº. xxxx, Bairro xxxxxxxxxx,
cidade de xxxxxxxxxx, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência,
por seu procurador signatário, instrumento de mandato em anexo, propor
a presente,

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Em face de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX S/A, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº XX.XXX.XXX/0001-00,
com sede na Avenida XXXXXXX, XXXX, na cidade de XXXXXXXXXXX/XX, que
deverá ser citada na pessoa de seu representante legai, pelos motivos de
fato e de direito, que passa expor:

I – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Inicialmente, destaca o requerente que não possui condições de arcar


com custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio, conforme
demonstra o documento 2 (em anexo), razão pela qual faz jus ao benefício da gratuidade da
justiça, nos termos da Lei 1.060/50, o que requer desde já.

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II. DOS FATOS

O requerente vem sofrendo cobranças indevidas pela empresa requerida


desde outubro de 20XX, sem sequer saber do que se trata esta cobrança completamente abusiva
e despropositada.

Objetivando ser mais específico, imperioso destacar que em data de


XX/XX/XXXX, o requerente verificou que estava sendo debitado de forma automática em sua
conta o montante de R$ XXX,XX (XXXXXXXXXXXXXXXXX reais e XXXXXXXXX centavos),
mensalmente.

Com o intuito de esclarecer do que se referia este desconto, o autor


procurou o seu gerente de conta e recebeu a notícia de que a data da inclusão deste débito
automático ocorreu em XX.XX.20XX e que a empresa que estava realizando-o era a (NOME DA
OPERADORA).

De imediato realizou contato com a requerida, diretamente na sua sede,


sendo que foi informado que de fato não sabiam qual era a origem desta cobrança, mas que o
problema seria resolvido o mais rápido possível.

Todavia, até o presente momento a cobrança indevida ainda perdura,


sendo que todo o mês o requerente é descontado no montante de R$ XXX,XX (XXXXXXXXXX reais
e XXXXXXXXXXX centavos) há mais de XX anos e XX meses.

Frise-se que o autor NUNCA teve contrato de telefonia fixa/celular com a


requerida, sendo que esta confessou que sequer sabe qual a origem desta cobrança.

Por esta razão que o requerente vem a juízo pleitear a imediata


suspensão e o conseqüente cancelamento do desconto indevido efetuado pela demandada; a
devolução em dobro de todos os valores desembolsado desde XX.XX.20XX até o efetivo
cancelamento; assim como a condenação da mesma a título de Danos Morais, tendo em vista que
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a cobrança indevida e a tentativa de cancelamento geraram grande aborrecimento e estresse


para o requerente.

2. DAS PRELIMINARES
2.1. Do Imediato Cancelamento das Cobranças Indevidas e da Inversão
do Ônus da Prova

Noutro sentir, vem o requerente respeitosamente pleitear de forma


liminar o cancelamento do débito automático realizado de forma indevida, assim como a inversão
do ônus da prova, tendo em vista a verossimilhança de suas alegações e a sua flagrante
hipossuficiência.

A verossimilhança é mais que um indício de prova, tem uma aparência de


verdade. Por outro lado, a hipossuficiência é a diminuição de capacidade da pessoa, diante da
situação de vantagem econômica da empresa fornecedora.

No caso em tela resta evidente que houve um equívoco por parte da


demandada ao efetuar cobranças indevidas. E tal assertiva mostra-se verdadeira na medida em que
o autor NUNCA teve contrato de telefonia (fixa/celular) com a requerida. E tal fato será
comprovado de forma inequívoca, na medida em que a ré não terá nenhum documento neste
sentido assinado pelo demandante.

Por conseguinte, respeitosamente requer seja o débito automático cancelado


imediatamente, sob pena de fixação de multa diária.

A questão do ônus da prova, por sua vez, também é de relevante importância,


visto que a sua inobservância pode vir a acarretar prejuízos aos que dela se sujeitam.

Levando-se a efeito o disposto no artigo 333 do Código de Processo Civil,


provas são os elementos através dos quais as partes tentam convencer o Magistrado da veracidade
de suas alegações, seja o autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, seja o réu quanto ao fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Lembrando que estas deverão ser
indicadas na primeira oportunidade de se falar aos autos, ou seja, petição inicial e contestação.
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Tecidas tais considerações, reportemo-nos ao Processo Civil em que só ocorre


a inversão quando, a critério do juiz, se for verossímil a alegação, ou quando for a parte
hipossuficiente, constatando-se a inversão do “onus probandi”.

O art. 6º do CDC, por sua vez, refere que são direitos básicos do consumidor “a
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo regras ordinárias de experiências”.

Da exegese do artigo vislumbra-se que para a inversão do ônus da prova se faz


necessária a verossimilhança da alegação, conforme o entendimento do Juiz, ou a hipossuficiência
do autor.

Portanto, são 02 (duas) as situações, presentes no artigo em tela, para a


concessão da inversão do ônus da prova, quais sejam: a verossimilhança e (ou) a hipossuficiência.

No caso sub judice a verossimilhança das alegações do autor é visível, na


medida em que demonstra que efetivamente está sendo descontado da sua conta uma quantia
mensal referente a suposto contrato de telefonia fixa/celular, o qual nunca contratou e será
comprovado de forma inequívoca após a apresentação da defesa pela empresa requerida..

Ademais, também resta hialina a hipossuficiência do consumidor/autor em


relação a empresa demandada, uma vez que é detentora de todas as provas cabíveis para a
comprovação de que NUNCA existiu contrato de telefonia fixa/celular firmado entre os litigantes.

Isto é, deverá ocorrer a inversão do ônus da prova, uma vez que somente a
requerida poderá trazer documentos que demonstrem a suposta contratação. Como estes
documentos não existem, restará demonstrado que a cobrança é flagrantemente abusiva e
indevida.

Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do Rio


Grande do Sul, conforme veremos:

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RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. COBRANÇA INDEVIDA. INSCRIÇÃO


INDEVIDA. DANO MORAL CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA
OPERADORA LOCAL DE TELEFONIA COM A OPERADORA DE LONGA DISTÂNCIA.
I. Aplica-se ao caso a inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, do
Código de Defesa do Consumidor, visto que há relação de consumo. II. À ré
incumbia a demonstração dos fatos modificativos, extintivos ou impeditivos
do direito do autor, nos termos do art. 333, II, do CPC, ônus do qual não se
desincumbiu. III. A inscrição em cadastros de inadimplentes decorrente de
débito cuja regularidade não foi comprovada é conduta ilícita geradora de
dano moral. (...) (Apelação Cível Nº 70030166128, Sexta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Julgado em 27/08/2009)

Portanto, haja vista a existência da verossimilhança das alegações do


requerente e da existência da hipossuficiência do mesma, este faz jus a inversão do ônus da prova a
seu favor, assim como o imediato cancelamento da cobrança indevida, a qual está sendo realizada
de maneira descabida via débito automático.

3. DO MÉRITO

3.1 Do Valor a ser Reembolsado

Com relação ao mérito, a pretensão da demandante encontra guarida na


Constituição Federal de 1988, no Código Civil de 2002 e, principalmente, no Código de Defesa do
Consumidor.

O art. 931 do Código Civil estabelece que “ressalvados outros casos previstos
em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa
pelos danos causados pelos produtos postos em circulação”.

O art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, em raciocínio


análogo dispõe que “o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,

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pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos á prestação de serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre a fruição e riscos”

Da simples leitura dos supramencionados artigos, conclui-se que a


responsabilidade das empresas prestadoras de serviço quando causadoras de danos é puramente
objetiva, isto é, ocorre independentemente de culpa desta.

A responsabilidade civil objetiva tem como fundamento o risco e consiste na


obrigação de indenizar o dano produzido por atividade exercida no interesse do agente e sob seu
controle, sem que haja qualquer indagação sobre o comportamento do lesante, fixando-se no
elemento objetivo, isto é, na relação de causalidade entre o dano e a conduta de seu causador 1.

Os referidos artigos servem apenas para elucidar a espécie de


responsabilidade da empresa ré, tendo em vista que através dos documentos juntados aos autos,
assim como o fato de que a requerida não conseguirá demonstrar a existência de contratação de
algo referente a telefonia celular.

Todavia, tendo o Código de Defesa do Consumidor adotado o sistema de


responsabilidade objetiva, é salutar a existência de uma teoria unitária, fundada essencialmente no
que o consumidor mais deseja: qualidade e responsabilidade.

Ademais, imperioso destacar que a devolução deverá ocorrer em dobro, na


medida em que lhe foi cobrada uma quantia indevida. O § único do art. 42 do CDC dispõe que “ o
consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao
dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese
de engano justificável”.

Frise-se que os débitos automáticos efetuados de maneira abusiva e


desarrazoada iniciaram no em outubro de 2008, no montante de R$ 113,46 (cento e treze reais e
quarenta e seis centavos). Em 2012 o valor aumentou para R$ 124,67 (cento e vinte e quatro reais e
sessenta e sete centavos).

1
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, pág. 49.
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Destarte, temos de outubro de 2008 até dezembro de 2001 o período de 39


(tinta e nove) meses, o qual multiplicado pelo montante de R$ 113,46 (cento e treze reais e
quarenta e seis centavos) remonta a quantia de R$ 4.424,94 (quatro mil quatrocentos e vinte e
quatro reais e noventa e quatro centavos).

No ano de 2012 já tivemos a cobrança de 3 (três) meses, o qual multiplicado


pelo valor de R$ 124,67 (cento e vinte e quatro reais e sessenta e sete centavos) remonta a quantia
de R$ 374,01 (trezentos e setenta e quatro reais e um centavo).

Somados os valores temos o montante de R$ 4.798,95 (quatro mil setecentos e


noventa e oito reais e noventa e cinco centavos) o qual deverá ser reembolsado em dobro,
remontando o valor final de R$ 9.597,90 (nove mil quinhentos e noventa e sete reais e noventa
centavos).

Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do Distrito Federal:

DIREITO DO CONSUMIDOR. EMPRESA DE TELEFONIA. COBRANÇA REITERADA DE


SERVIÇO DE INTERNET NÃO SOLICITADO. PEDIDO DE CANCELAMENTO DO
SERVIÇO DIFICULTADO PELA OPERADORA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. SEM
PROVA DA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO. COBRANÇA DOS DÉBITOS INDEVIDA. DANO
MORAL. ABALO PSICOLÓGICO DECORRENTE DA MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PRESTADOR DE SERVIÇO. REDUÇÃO DO
QUANTUM INDENIZATÓRIO. DESPROPORCIONALIDADE DO VALOR. SENTENÇA
REFORMADA PARCIALMENTE. 1. A RECORRIDA TENTOU POR
APROXIMADAMENTE UM ANO CANCELAR SERVIÇO DE INTERNET JUNTO A
EMPRESA RECORRENTE E NÃO CONSEGUIU, TENDO SIDO DEBITADO EM SUA
CONTA, POR DIVERSOS MESES, VALOR REFERENTE A SERVIÇO QUE NÃO QUERIA E
NÃO PODIA UTILIZAR, UMA VEZ QUE NÃO TINHA COMPUTADOR EM CASA. 2. A
COBRANÇA SE MOSTROU INDEVIDA, TENDO EM VISTA QUE NÃO FOI
APRESENTADO CONTRATO A JUSTIFICAR A CONTRATAÇÃO DO SERVIÇO E
TAMBÉM A DEMONSTRAÇÃO DA NÃO UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS E OS PEDIDOS
DE CANCELAMENTOS NÃO ATENDIDOS. 3. NÃO HÁ QUE SE FALAR EM
RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS SOBRE O SERVIÇO E COBRANÇAS
INDESEJADAS, POIS A RESPONSABILIDADE É DA EMPRESA TELEFÔNICA COM
QUEM A CONSUMIDORA MANTINHA CONTRATO DE USO DE LINHA TELEFÔNICA E
QUEM AUTORIZA O SERVIÇO EM SUA LINHA TELEFÔNICA E FAZ AS COBRANÇAS
PELOS SERVIÇOS, SENDO A RESPONSABILIDADE PELOS DANOS CAUSADOS EM
FACE A DEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO OBJETIVA, A TEOR DO DISPOSTO
NO ART. 14 DO CDC. 4. O DANO MORAL FICOU CARACTERIZADO PELO
DESRESPEITO REITERADO E PROLONGADO NO TEMPO COM A CONSUMIDORA,
QUANDO A OPERADORA TELEFÔNICA SEGUIDAMENTE NÃO ATENDEU OS
PEDIDOS DE CANCELAMENTO DE UM SERVIÇO INDESEJADO, FICANDO PATENTE A
AFLIÇÃO E SOFRIMENTO PSICOLÓGICO POR UMA SITUAÇÃO DE IMPOTÊNCIA
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PROVOCADA PELA RECORRENTE. 5. É DE SE PROVER, NO ENTANTO, O PEDIDO


RECURSAL PARA REDUZIR O VALOR ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS
PARA R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), PORQUE, A DESPEITO DO GRANDE
INCONVENIENTE CAUSADO À CONSUMIDORA, O NOME DA MESMA NÃO CHEGOU
A FIGURAR EM CADASTROS DE INADIMPLENTES, NÃO TRAZENDO O FATO
GRANDE REPERCUSSÃO NEGATIVA PARA SEU NOME E O ABALO NOS ATRIBUTOS
DA PERSONALIDADE DA RECORRIDA NÃO FORAM TÃO INTENSOS QUE INDIQUEM
O ARBITRAMENTO EM VALOR DIFERENTE, SENDO QUE O VALOR ARBITRADO
PELO JUIZ A QUO NÃO SE MOSTRA RAZOÁVEL E REDUNDARIA NO
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA E SE REVELA DESPROPORCIONAL A CASOS
SIMILARES JULGADOS NESTA TURMA RECURSAL, CONSIDERANDO, AINDA, QUE A
RECORRIDA JÁ ESTÁ SENDO INDENIZADA COM A DEVOLUÇÃO EM DOBRO DE
VALORES PAGOS. REDUZ-SE CONSIDERAVELMENTE O VALOR POR DEFERÊNCIA
AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. 6. SENTENÇA
CONFIRMADA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS (SALVANTE A REDUÇÃO DO
QUANTUM DO DANO MORAL), O QUE LEGITIMA A LAVRATURA DO ACÓRDÃO NA
FORMA DO ART. 46 DA LEI 9.099/95. 7. NOS TERMOS DO ARTIGO 55 DA LEI DOS
JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9.099/95), CONDENO O RECORRENTE AO PAGAMENTO
DAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, QUE FIXO EM 10%
SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO (TJ-DF - ACJ: 93289220088070004 DF
0009328-92.2008.807.0004, Relator: EDMAR RAMIRO CORREIA, Data de
Julgamento: 17/11/2009, SEGUNDA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS
CÍVEIS E CRIMINAIS DO DF, Data de Publicação: 17/12/2009, DJ-e Pág. 108)

Por todo o exposto, é medida que se impõe seja determinada a imediata


devolução em dobro de todas estas quantias descontadas indevidamente, uma vez que o serviço
nunca foi contratado.

O valor total a ser reembolsado, caso seja determinada a suspensão imediata


da cobrança é a quantia de R$ XX.XXX,XX (XXXXXX mil XXXXXXXXXXXXXXXXXXX reais e XXXXXXXXXX
centavos).

3.2. Do Flagrante Dano Moral

Quanto aos Danos Morais, mister salientar que serão indenizáveis as


invectivas que efetivamente atingem e aviltam a intimidade, a vida privada, a honra, a dignidade e
a imagem da pessoa.

No caso sub judice, além de o requerente ter descontado de sua conta


mensalmente desde o ano de 20XX uma quantia indevida, quando da tentativa de

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cancelamento e restituição administrativa, teve a notícia de que a própria requerida tinha


ciência do motivo da cobrança

Imperioso salientar que a requerida ficou de dar retorno para a autora


após verificar a razão da cobrança. Entretanto, até o ajuizamento da presente demanda nada foi
justificado. Melhor dizendo, sequer foi realizado qualquer contato para dizer o motivo deste
desconto.

O que deve ficar claro é que a cobrança indevida, assim como a


dificuldade de saber o motivo desta cobrança e o conseqüente cancelamento gerou uma série de
prejuízos a demandante.

Com relação a configuração do Dano Moral nas relações de consumo,


existe uma vasta legislação que regula essa matéria, inclusive de ordem constitucional,
justamente para restringir a atuação das empresas quando se deparam em contratos com
consumidores hipossuficientes.

A Constituição Federal dispõe em seu art. 5º, inciso X que “são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

O Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, expressa que são direitos
básicos do consumidor “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos e o acesso aos órgãos judiciários e administrativos,com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais (...)”.

O art. 6º, VI do CDC autorizou a reparação efetiva de quaisquer danos,


não discriminando o dever de reparar dano moral ou patrimonial. Tanto o vício por inadequação
ou por quantidade pode causar dano de ordem moral, como ocorre no caso em tela, onde houve
um erro grosseiro de adequação de seus serviços ao cancelar o contrato e continuar durante
quase meio ano enviando os boletos com ameaça de inserção em órgão de proteção ao crédito.

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Ademais, no vertente caso esta configurado o dano chamado “in re ipsa”.


Este tipo de dano deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a
ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural que decorre
das regras de experiência comum.

Neste caso, a obrigação emana do fato da empresa ter promovido


cobranças indevidas durante longo período em nome do demandante. Por conseguinte,
provado o fato básico, isto é, o ponto de apoio, provado está o dano, suporte fático do dever de
reparar o dano.

Por conseguinte, por ter havido um profundo desgaste por parte do


consumidor, além de não ter sido seu problema resolvido até o presente momento, mister que
exista uma condenação com o intuito de inibir a requerida a agir desta maneira com outros
clientes.

Nesse sentido entendem os Tribunais:

APELAÇÃO CÍVEL Ação de indenização por danos morais c.c. repetição de


indébito Prestação de serviço de telefonia Cobrança indevida, valores
pagos a maior - Restituição devida em dobro, nos termos do art. 42 do
CDC Ausência de erro justificável Precedentes do STJ - Indevida
negativação do nome da autora junto aos órgãos de proteção ao crédito
Dano moral configurado - Sentença parcialmente reformada. Recurso
provido. (TJ-SP , Relator: Ana Catarina Strauch, Data de Julgamento:
07/10/2014, 27ª Câmara de Direito Privado)

Em assim sendo, postula a condenação da ré no que se refere aos Danos


Morais causados ao autor.

3.3 .Do Quantum Debeatur

O Dano Moral é aquela ação ou omissão que afeta a paz interior de cada
um. Atinge o sentimento de cada pessoa, a paciência, o bem-estar, a honra, enfim, tudo aquilo
que não tem valor econômico, mas que lhe cause angústia, transtorno, que tira sua tranqüilidade.

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Por isto, lesados os direitos de personalidade do consumidor e sendo


responsabilizados objetivamente os causadores, é corolário lógico a indenização pelo dano moral.

A indenização por dano moral, portanto, tem caráter satisfativo-punitivo.


Satisfativo quando a verba condenatória satisfaz a vítima de forma plena, isto é, o quantum é
adequado e efetivo; punitivo quando a condenação seja suficiente a dissuadir o ofensor de novas
ações ilícitas2.

Fazendo um balanceamento dessas duas características, devemos chegar


a um quantum, que no presente caso deverá seguir a concepção subjetiva, isto é, deve haver uma
aferição in concreto, a qual visa avaliar, concretamente, a satisfação na busca dos prejuízos reais
alegados pela vítima.

Para ter uma base do valor que deve ser imputado a ré, necessário tomar
como parâmetro a jurisprudência adotada pela Justiça em todo o país, em casos idênticos ao que
ora se discute:

CONSUMIDOR. QUITAÇÃO DA PARCELA DO FINANCIAMENTO NO PRAZO.


COMPROVAÇÃO NOS AUTOS. INDEVIDA INSCRIÇÃO EM ÓRGÃO
RESTRITIVO DE CRÉDITO. DANO MORAL CONFIGURADO. PEDIDO DE
REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO, FIXADO EM R$ 5.000,00,
NEGADO, POSTO QUE DENTRO DOS PARÂMETROS DAS TURMAS
RECURSAIS. SENTENÇA MANTIDA. 1. Incontroversa a inscrição indevida do
autor nos órgãos de proteção ao crédito (fls. 03/04 e 100). 2. Comprovado
que foi realizado o pagamento em 17/09/2012 da parcela do
financiamento mantido com a ré, cujo vencimento era em 18/10/2012 (fl.
05). O autor juntou respectivo documento, comprovando que quitou o
débito. Em contrapartida a ré não junta qualquer documento que possa
assegurar que realizou estrito e regular exercício de direito, não passando
de argumento de defesa (fls. 95/106). 2. A inscrição indevida nos órgãos
de proteção ao crédito gera o dano moral puro - "in re ipsa".
Inquestionável o dano moral decorrente da situação enfrentada pelo
autor, que ultrapassa o mero transtorno. 3. O valor fixado na sentença de
R$5.000,00 a título de indenização por dano moral está adequado aos
parâmetros das decisões proferidas nestas Turmas Recursais, em situações
análogas. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71004911731, Quarta
Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Glaucia Dipp Dreher,
Julgado em 19/09/2014) (TJ-RS , Relator: Glaucia Dipp Dreher, Data de
Julgamento: 19/09/2014, Quarta Turma Recursal Cível)

2
CARNEIRO, Odete. Da responsabilidade civil por vício do produto e serviço, pág. 37.
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Destaca-se que no caso em tela a cobrança indevida perdurou por quase X


(XXXXXX) anos, sendo que o requerida sequer sabia o motivo do desconto, na medida em que
efetivamente não havia nenhum contrato com a requerente.

Em assim sendo, por todos os prejuízos que foram demonstrados e


provados pelo demandante, postula a fixação dos Danos Morais no montante de R$ 5.000,00
(cinco mil reais) reais, evitando assim que a empresa pratique novamente fatos análogos e
satisfaça os dissabores experimentados pelo demandante.

4. Dos Pedidos

Diante do exposto, respeitosamente requer a Vossa Excelência o que


segue:
Liminarmente:

1. a retirada do seu nome do cadastro de inadimplentes, no que


concerne a NOME DA EMPRESA, sob pena de multa diária a ser
estabelecida pelo juízo.

No Mérito:

a) Seja determinada a citação da requerida, na pessoa de seu


representante legal, para que conteste, se for caso, a presente ação,
sob pena de revelia;

b) Seja determinada a inversão do ônus da prova e o imediato


cancelamento da cobrança indevida e o consequento débito
automático na conta bancária do requerente;

c) Seja determinada a produção de todos os meios de provas em direito


admitidos, em especial a prova documental que deverá
obrigatoriamente ser apresentada pela requerida;

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d) Ao final, seja julgada totalmente procedente a presente ação, para


condenar a ré a devolução da quantia de R$ XX.XXX,XX (XXXXXXX mil
XXXXXXXXXXXXXXXXX reais e XXXXXXX centavos), além de R$ 5.000,00
(cinco mil reais) a título de Danos Morais, assim como seja confirmada
a liminar acima postulada;

e) Seja ainda, a ré condenada ao pagamento das custas e honorários


sucumbenciais.

f) Em tempo, requer sejam cadastrados no registro deste processo no


sistema o procurador XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, OAB/ESTADO
XXX.XXX, expedindo-se todas intimações em nome deste, sob pena de
nulidade.

Dá a causa o valor de R$ XX.000,00 (XXXXXX mil reais).

Termos em que pede deferimento.

CIDADE, DATA

ADVOGADO
OAB

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