Você está na página 1de 9

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de

Município/Estado
FULANO DA SILVA, CPF nº. xxx. Xxx. Xxx-xx, nacionalidade, estado civil, com endereço na
Rua xxxxxxxxxx, nº. Xxxx, Bairro xxxxxxxxxx, cidade de xxxxxxxxxx, vem, respeitosamente
perante Vossa Excelência, por seu procurador signatá rio, instrumento de mandato em
anexo, com base art. 39, inciso I do CPC, propor:
AÇÃO DECLARATÓRIA com pedido de tutela antecipada
Em face do BANCO XXXXXXXXXS/A, instituiçã o financeira de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF sob nº XX. XXX. XXX/XXXX-XX, estabelecida na Rua XYZ, nº. XXX, na cidade de
XXXXXXXX - (SIGLA DO ESTADO) – CEP XXXXX-XXX,
e, como litisconsorte passivo necessá rio,
BANCO ZZZZZZZ S/A, instituiçã o financeira de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº
XX. XXX. XXX/XXXX-XX, estabelecida na Rua XYZ, nº. XXX, na cidade de XXXXXXXX - (SIGLA
DO ESTADO) – CEP XXXXX-XXX, em decorrência dos fatos e fundamentos que passa a expor.
1. DOS FATOS
O autor celebrou com a instituiçã o financeira acima referida, contrato de abertura de
crédito em conta corrente, na modalidade de cheque especial (crédito rotativo), restando
designado o nº 11111111-1, na agência nº 1111-1. Atualmente o limite disponibilizado
para empréstimo é de R$ 11.111,11 (XXXXXXXXX). (doc. 01)
Ademais, o contrato firmado entre as partes, conforme se verifica nos demais documentos
que seguem com a presente exordial, realizou a cobrança de uma taxa mensal de XX%
(percentual por extenso).
Em decorrência dos excessivos, elevados e ilegais encargos contratuais cobrados pelo
banco demandado, que ressalta-se correm à margem da legislaçã o, o Autor restou
impossibilitado de continuar adimplindo os valores devidos, nos termos fixados
contratualmente.
Assim nã o restou outra alternativa ao Autor, senã o a de buscar amparo do Poder Judiciá rio
para declarar abusiva e ilegal a cobrança dos valores excessivos, com o afastamento dos
efeitos da inadimplência, tanto nas situaçõ es atingidas diretamente pelos termos
pactuados, quanto em seus reflexos (juros, atrasos de pagamento e encargos).
2 – PRELIMINARMENTE
2.1 - Do Pedido de Justiça Gratuita
Requer preliminarmente o autor, com fulcro no artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV da C. F.,
combinados com os artigos 1º e 2º, pará grafo ú nico da Lei nº 1060/50, que seja apreciado e
acolhido o presente pedido do direito constitucional à Justiça Gratuita, (DOC.03) isentando
a parte autora do pagamento e/ou adiantamento de custas processuais e dos honorá rios
advocatícios e/ou periciais caso existam, tendo em vista os seus baixos rendimentos e o
fato de que ATUALMENTE PASSA POR MUITAS DIFICULDADES FINANCEIRAS, SENDO
QUE O PAGAMENTO DE DESPESAS PROCESSUAIS PREJUDICARÁ O SEU SUSTENTO E O
DE SUA FAMÍLIA.
Corrobora com o entendimento aqui esposado, os textos jurisprudenciais abaixo
transcritos:
INSERIR JURISPRUDÊ NCIA RELACIONADA AO TRIBUNAL CORRESPONDENTE
ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIA - PRESUNÇÃ O JURIS TANTUM - Assistência Judiciá ria - Justiça
gratuita - Concessã o do benefício mediante presunçã o iuris tantum de pobreza decorrente
da afirmaçã o da parte de que nã o está em condiçõ es de pagar as custas do processo e
honorá rios de advogado, sem prejuízo pró prio ou de sua família - Admissibilidade -
Inteligência ao artigo 5º, XXXV e LXXIV, da CF. A CF, em seu artigo 5º, LXXIV, inclui entre os
direitos e garantias fundamentais a assistência judiciá ria integral e gratuita pelo Estado aos
que comprovarem a insuficiência de recursos; (entretanto, entrementes), visando facilitar o
amplo acesso ao Poder Judiciá rio (artigo 5º, XXXV, da CF), pode o ente estatal conceder
assistência judiciá ria gratuita mediante a presunçã o iuris tantum de pobreza decorrente da
afirmaçã o da parte de que nã o está em condiçõ es de pagar as custas do processo e os
honorá rios de advogado, sem prejuízo pró prio ou de sua família.” (STF - 1.ª T.; RE nº
204.305-2-PR; Rel. Min. Moreira Alves; j. 05.05.1998) RT 757/182, in AASP, Pesquisa
Monotemá tica, 2104/93.
assistencial JUDICIÁ RIA - REQUISITOS PARA A OBTENÇÃ O -”ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIA -
Justiça gratuita - Irrevogabilidade da Lei nº 1060/50 em face da garantia constitucional
prevista no artigo 5º, LXXIV, da Carta Magna - Suficiência da declaraçã o do interessado de
que sua situaçã o econô mica nã o permite vir a Juízo sem prejuízo da sua manutençã o ou de
sua família - Inteligência do artigo 5º, XXXV, da CF.” (STJ - 2ª T.; Rec. Extr. N.º 205.746-1-RS;
Rel. Min. Carlos Velloso; j.26.11.1996) AASP, Ementá rio, 2028/79-e
3 – Do MÉRITO
3.1 – DO Litisconsórcio Necessário
Impende necessá rio no caso em aná lise a formaçã o de litisconsó rcio passivo necessá rio, à
luz da regra contida no art. 47, do Có digo Buzaid:
CÓ DIGO DE PROCESSO CIVIL
Art. 47 – Há litisconsó rcio necessá rio, quando, por disposiçã o de lei ou pela natureza da
relaçã o jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso
em que a eficá cia da sentença dependerá da citaçã o de todos os litisconsortes no processo.
Tal litisconsó rcio no pó lo passivo se impõ e pelo fato de que em sendo julgados procedentes
os pedidos aqui formulados, principalmente com relaçã o à declaraçã o de ineficá cia parcial
e reduçã o do empréstimo, com certeza atingirá diretamente aos litisconsortes, visto serem
estes os titulares dos interesses em conflito. Desta forma, é imprescindível a presença de
terceiros na relaçã o jurídico-processual.
Ademais, a jurisprudência entende que no caso da sentença atingir diretamente as partes,
todas deverã o compor a lide, sob pena de nulidade do processo ab inittio.
Nesse sentido:
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. CABIMENTO DE
LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. EMPRÉ STIMO CONSIGNADO SOBRE
PROVENTOS. LIMITAÇÃ O DOS DESCONTOS AO PERCENTUAL DE TRINTA POR CENTO DOS
PROVENTOS LÍQUIDOS (DESCONTADOS O IRRF E A CONTRIBUIÇÃ O PREVIDENCIÁ RIA).
RESTITUIÇÃ O DOS VALORES PAGOS ACIMA DO PERCENTUAL PERMITIDO E DANOS
MORAIS. INCABIMENTO. I - Cuida-se de açã o em que pleiteia a suspensã o dos empréstimos
consignados incidentes sobre os proventos de servidora estadual aposentada, de sorte a
limitar os descontos ao percentual de 30% da renda bruta. Pede a restituiçã o dos valores
que lhe foram indevidamente descontados, no valor total de R$ 44.089,18, além de danos
morais. II - Possível formação do litisconsórcio passivo, sob pena de as demais
instituições financeiras sofrerem os efeitos de uma eventual sentença favorável à
pretensão autoral de restrição do valor total dos descontos. Precedente: REOAC
491929/PE. Rel. Des. Federal MAXIMILIANO CAVALCANTI (conv.). DJe 27/04/2010.
(...)
(TRF-5 - AC: 3676320124058201, Relator: Desembargador Federal Ivan Lira de Carvalho,
Data de Julgamento: 25/03/2014, Quarta Turma, Data de Publicaçã o: 08/04/2014)
(Grifou-se)
AÇÃ O ORDINÁ RIA. CRÉ DITO CONSIGNADO. APOSENTADO. LIMITAÇÃ O DA MARGEM
CONSIGNÁ VEL. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO ENTRE OS BANCOS. 1.
Segundo dispõe o art. 47 do CPC "há litisconsórcio necessário, quando, por
disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de
modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá
da citação de todos os litisconsortes no processo". 2. Tratando-se de demanda na
qual a parte autora visa à limitação dos descontos facultativos em sua aposentadoria,
é imprescindível a formação de litisconsórcio passivo necessário com os bancos
tomadores de empréstimo, na medida em que os agentes financeiros que
concederam empréstimos à parte autora são titulares dos interesses em conflito e
ficarão sujeitos a eventual sentença de procedência. (TRF-4 - AG:
50229337320134040000 5022933-73.2013.404.0000, Relator: MARGA INGE BARTH
TESSLER, Data de Julgamento: 06/11/2013, TERCEIRA TURMA, Data de Publicaçã o: D. E.
06/11/2013) (Grifou-se)
3.2 – DA MARGEM CONSIGNÁVEL ULTRAPASSADA E A IMPOSIÇÃO LEGAL DE SUA
REDUÇÃO
Conforme demonstra-se a partir dos documentos ora colacionados, o autor efetuou
empréstimos bancá rios nas instituiçõ es demandas nos seguintes termos:
1 – BANCO XXXXXX – Contr. Nº. 00000 – R$ XX. XXX, XX (XXXXXXXX), em 60 (sessenta)
parcelas, realizado em XX/XX/XXXX;
2 – BANCO ZZZZZZ – Contr. Nº. 00000 – R$ XX. XXX, XX (XXXXXXX), em 60 (sessenta)
parcelas, realizado em XX/XX/XXXX;
Entretanto, o salá rio bruto do Autor é de R$ X. XXX, XX (XXXXXXX) mensais.
Assim, a base de cá lculo a ser utilizada para incidência do percentual de desconto é de R$
XXX, XX (XXXXXXX), valor este obtido apó s se abaterem as quantias relativas a seguro de
vida, previdência privada e convênios, ou seja, consignaçõ es facultativas. (art. 4º).
Diante desse panorama, constata-se que o valor má ximo consigná vel, por empréstimo em
desconto em folha da pagamento, é de R$ XX. XXX, XX (XXXXXXX).
Considerando que, atualmente, os descontos relativos aos dois primeiros empréstimos –
realizados junto ao Banco XXXXX – somam o valor R$ XX. XXX, XX (XXXXXXX), nã o havendo,
destarte, qualquer margem no contracheque do Requerente para os fins de empréstimo
pela segunda promovida.
E o objetivo da disposiçã o legal, ao estabelecer porcentagem má xima para os descontos
consigná veis na remuneraçã o do servidor é justamente o de evitar que este seja privado
dos recursos necessá rios para sua sobrevivência e a de seus dependentes; buscando atingir
um equilíbrio entre o objetivo do contrato (razoabilidade) e o cará ter alimentar da
remuneraçã o (dignidade da pessoa humana). A questã o ora levada a debate gravita sobre a
possibilidade de desconto em folha de pagamento, quando eleva-se acima do limite fixado
em lei.
No caso em tela, a autorizaçã o do desconto dos empréstimos, visto que o Autor é servidor
pú blico federal, é regrada pela Lei Federal nº 8.112/90, que, neste tocante, assim disciplina:
Art. 45 – Salvo por imposiçã o legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a
remuneraçã o ou provento.
Pará grafo ú nico – Mediante autorizaçã o do servidor, poderá haver consignaçã o em folha de
pagamento a fator de terceiros, a critério da administraçã o e com reposiçã o de custos, na
forma definida em regulamento.
O regulamento desse dispositivo legal foi levado a efeito no ano de 2008, por meio do
Decreto nº 6.386, que dispõ e sobre o processamento das consignaçõ es em folha de
pagamento no â mbito do Sistema Integrado de Administraçã o de Recursos Humanos -
SIAPE.
Em vista de tal Decreto, temos que os descontos de consignaçõ es facultativas estã o
limitadas a 30% (trinta por cento) da soma dos vencimentos do servidor, nos seguintes
termos:
Art. 8o A soma mensal das consignaçõ es facultativas de cada consignado nã o excederá a
trinta por cento da respectiva remuneraçã o, excluído do cá lculo o valor pago a título de
contribuiçã o para serviços de saú de patrocinados por ó rgã os ou entidades pú blicas, na
forma prevista nos incisos I e II do art. 4o. (Redaçã o dada pelo Decreto nº 6.574, de 2008).
§ 1o Para os efeitos do disposto neste Decreto, considera-se a remuneraçã o a que se refere
o caput a soma dos vencimentos com os adicionais de cará ter individual e demais
vantagens, nestas compreendidas as relativas à natureza ou ao local de trabalho e a
prevista no art. 62-A da Lei no 8.112, de 1990, ou outra paga sob o mesmo fundamento,
sendo excluídas:
I - diá rias;
II - ajuda-de-custo;
III - indenizaçã o da despesa do transporte quando o servidor, em cará ter permanente, for
mandado servir em nova sede;
IV - salá rio-família;
V - gratificaçã o natalina;
VI - auxílio-natalidade;
VII - auxílio-funeral;
VIII - adicional de férias;
IX - adicional pela prestaçã o de serviço extraordiná rio;
X - adicional noturno;
XI - adicional de insalubridade, de periculosidade ou de atividades penosas; e
XII - qualquer outro auxílio ou adicional estabelecido por lei e que tenha cará ter
indenizató rio.
Vale ressaltar, mais, que a natureza do desconto em discussã o é de consignaçã o facultativa,
por força do art. 4º, inc. IX, do referido Decreto.
Portanto, todos os descontos relativos aos 3 (três) empréstimos em consignaçã o que
totalizam hoje R$ XX. XXX, XX (XXXXXXX), extrapolamo limite legal de 30%(trinta por
cento).
Além disso, resta evidente que os valores descontados representam elevado percentual do
salá rio do Autor, o que tende a interferir significativamente na sua sobrevivência, bem
como de seus familiares.
Ainda que o Autor nã o devesse ter realizado mais empréstimos do que seu salá rio poderia
suportar, comprometendo grande parte de sua renda mensal, a instituiçã o financeira
(segunda requerida) nã o deveria ter-se prestado a efetuar o empréstimo solicitado, tendo
em vista a existência de empréstimos anteriores que já comprometiam o salá rio do mesmo,
na forma prevista em lei.
Nesse sentido, a reduçã o é impositiva, senã o vejamos as seguintes notas jurisprudenciais:
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁ RIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. SERVIDOR PÚ BLICO. EMPRÉ STIMO CONSIGNADO. DESCONTO LIMITADO A
30% DA REMUNERAÇÃ O. 1. É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que
eventuais descontos em folha de pagamento, relativos a empréstimos consignados tomados
por servidor pú blico, estã o limitados a 30% (trinta por cento) do valor de sua
remuneraçã o. 2. Agravo regimental nã o provido. (STJ, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI
CRUZ, Data de Julgamento: 03/06/2014, T6 - SEXTA TURMA)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EMPRÉ STIMO. DESCONTO EM FOLHA DE
PAGAMENTO⁄CONSIGNADO. SERVIDOR PÚ BLICO ESTADUAL. LIMITE DE 30%.
NORMATIZAÇÃ O FEDERAL NÃ O COLIDENTE COM NORMA ESTADUAL.
1. Os descontos de empréstimos na folha de pagamento sã o limitados ao percentual de 30%
em razã o da natureza alimentar dos vencimentos e do princípio da razoabilidade.
2. "Nã o há antinomia entre a norma estadual e a regra federal, pois os artigos 2º, § 2º, I, da
Lei 10.820⁄2003; 45 da Lei 8.112⁄90 e 8º do Decreto 6.386⁄2008, impõ em limitaçã o ao
percentual de 30% apenas à soma das consignaçõ es facultativas" (REsp n. 1.169.334⁄RS).
3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1247405⁄RS, Rel. Ministro Joã o Otá vio de
Noronha, 3ªT, DJe 17⁄2⁄2014)
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EMPRÉ STIMO
CONSIGNADO. LIMITAÇÃ O DO DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO DO SERVIDOR.
PATAMAR DE 30% DA REMUNERAÇÃ O. SÚ MULA 280⁄STF. NÃ O INCIDÊ NCIA. QUESTÃ O
EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO. REEXAME DE FATOS E PROVAS. DISPENSABILIDADE.
SÚ MULA VINCULANTE 10⁄STF. NÃ O APLICABILIDADE, NA ESPÉ CIE.
1. Os arts. 2º, § 2º, inc. I, da Lei n. 10.820⁄2003 e 45, pará grafo ú nico, da Lei n. 8.112⁄1990,
estabelecem que a soma dos descontos em folha de pagamento referentes à s prestaçõ es de
empréstimos, financiamentos e operaçõ es de arrendamento mercantil nã o poderá exceder
30% da remuneraçã o do servidor.
[...]
5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1182699⁄RS, Rel. Ministro Og
Fernandes, 6ªT, DJe 2⁄9⁄2013)
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535 DO CPC. INEXISTÊ NCIA DE OMISSÃ O.
SERVIDOR PÚ BLICO ESTADUAL. CONSIGNAÇÃ O EM FOLHA DE PAGAMENTO. LIMITE DE
30%.
[...]
2. Ao permitir a consignaçã o em folha de pagamento, em percentual de 70% (setenta por
cento), o acó rdã o recorrido diverge da jurisprudência atual e pacífica desta Corte de Justiça,
que limita os descontos consignados em 30% (trinta por cento) dos rendimentos líquidos
do servidor pú blico.
3. Recurso especial a que se dá provimento, para limitar os descontos consignados em folha
de pagamento no percentual de 30% (trinta) dos rendimentos líquidos da recorrente.
(REsp 1184378⁄RS, Rel. Ministro Campos Marques (Desembargador Convocado), 5ªT, DJe
20⁄11⁄2012)
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚ BLICO. EMPRÉ STIMOS PESSOAIS. DESCONTO EM FOLHA
DE SALÁ RIO. LIMITAÇÃ O. 30% DOS VENCIMENTOS.
1. A jurisprudência sedimentada nesta Corte é no sentido da possibilidade de se proceder
ao desconto em folha de pagamento, de prestaçõ es referente a contrato de empréstimo
pessoal de servidor com instituiçõ es financeiras, desde que o valor a ser descontado nã o
ultrapasse a 30% (trinta por cento) da remuneraçã o mensal do servidor.
2. Aplicaçã o do disposto no art. 2º da Lei nº 10.820⁄2003 c. C. Os arts. 45 da Lei nº 8.112⁄90
e 8º do Decreto nº 6.386⁄2008.
3. O objetivo da disposiçã o legal, ao estabelecer porcentagem má xima para os descontos
consigná veis na remuneraçã o do servidor é evitar que este seja privado dos recursos
necessá rios para sua sobrevivência e a de seus dependentes; buscando atingir um
equilíbrio entre o objetivo do contrato (razoabilidade) e o cará ter alimentar da
remuneraçã o (dignidade da pessoa humana).
4. É dever do Estado, ó rgã o responsá vel pelo pagamento dos vencimentos, dar consecuçã o
à s medidas necessá rias para que os servidores pú blicos fiquem protegidos de situaçõ es que
confiscam o mínimo existencial, noçã o resultante, por implicitude, dos princípios
constitucionais da isonomia e da dignidade da pessoa humana.
5. Recurso provido. (REsp 1284145⁄RS, Rel. Ministra Diva Malerbi (Desembargadora
Convocada), 2ªT, DJe 26⁄11⁄2012)
Ementa: APELAÇÃ O CÍVEL. NEGÓ CIOS JURÍDICOS BANCÁ RIOS. EMPRÉ STIMOS
CONSIGNADOS. LIMITAÇÃ O DOS DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO. SERVIDOR
PÚ BLICO ESTADUAL. Em revisã o ao posicionamento anteriormente adotado, os descontos
totais (obrigató rios e facultativos), em folha de pagamento de servidor pú blico estadual,
podem ser de, no má ximo, 70% sobre seus rendimentos brutos. Entretanto, conforme os
limites estabelecidos na legislaçã o vigente, os descontos facultativos devem ser limitados a
30% sobre a remuneraçã o auferida. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça (REsp nº
1.164.334/RS). No caso concreto, os descontos decorrentes dos empréstimos consignados
extrapolam os parâ metros referidos, razã o pela qual se impõ e sua limitaçã o. Em razã o da
reforma do julgado, os ô nus sucumbenciais serã o arcados, de forma integral e solidá ria,
pelas rés. Apelo provido. Unâ nime. (Apelaçã o Cível Nº 70060827375, Vigésima Câ mara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dilso Domingos Pereira, Julgado em 13/08/2014)
4 – DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
Resta evidenciado que a segunda Ré entabulou contrato com o Autor que supera o
montante fixado em Lei como margem consigná vel, devendo ser reduzido o montante de
desconto, principlamente em respeito ao princípio da dignidade humana.
O art. 273 do Có digo de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a antecipaçã o de tutela
“existindo prova inequívoca” e “dano irrepará vel ou de difícil reparaçã o”:
Art. 273 - O juiz poderá , a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegaçã o e:
I - haja fundado receio de dano irrepará vel ou de difícil reparaçã o; ou
II -...
§ 1º - Na decisã o que antecipar a tutela, o juiz indicará , de modo claro e preciso, as razõ es
do seu convencimento.
§ 2º - Nã o se concederá a antecipaçã o da tutela quando houver perigo de irreversibilidade
do provimento antecipado.
§ 3º A efetivaçã o da tutela antecipada observará , no que couber e conforme sua natureza,
as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A.
A “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela segunda Ré, está fartamente comprovada
por documentos imersos nesta exordial, principalmente quanto à contrataçã o nã o
permitida em lei da qual tinha plenas ferramentas para evitar, quando ultrapassou o limite
da margem consigná vel.
De outro norte, há fundado receio de dano irrepará vel, porquanto o Autor encontra-se com
desconto que compromete sua sobrevivência digna, assim como de seus familiares,
trazendo privaçõ es das mais diversas ordens.
A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que a segunda Ré, se vencedora
na lide, poderá cobrar do Autor o empréstimo em discussã o, inclusive tornando a fixá -lo na
margem consigná vel de seu contracheque.
Diante dos fatos apresentados e das provas que corroboram com o alegado, o Autor vem
pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrá ria, tutela antecipada no sentido de:
a) Determinar que sejam suspensos os descontos do mú tuo contraído com a segunda Ré
(´Banco ZZZZZZZZZ S/A´), identificado nesta exordial (contrato nº. 0000), pelo tempo em
que seu desconto comprometer mais que 30% (trinta por cento) do salá rio líquido do
Autor;
b) Que as requeridas se abstenham, sob pena da multa diá ria de R$ 1.000,00 (mil reais), de
proceder informaçõ es acerca deste débito, ora em discussã o judicial, à Central de Riscos do
Banco Central do Brasil – BACEN, bem como a quaisquer ó rgã os de restriçõ es.
4 – PEDIDOS
Ao final, requer o Autor que Vossa Excelência se digne de adotar as seguintes providências:
1) Julgar procedentes os pedidos formulados na presente Açã o Declarató ria, com o fito de
determinar, inclusive confirmando em antecipaçã o de tutela, a suspensã o definitiva do
mú tuo contraído com a segunda Ré(contrato nº 0000), identificado nesta inicial, pelo
tempo que comprometer mais que 30%(trinta por cento) do salá rio líquido do Requerente;
2) Que a segunda Ré seja condenada, por definitivo, a nã o inserir o nome do Autor junto aos
ó rgã os de restriçõ es, bem como a nã o promover informaçõ es à Central de Risco do BACEN,
sob pena de pagamento da multa evidenciada em sede de pedido de tutela antecipada;
3) Determinar a CITAÇÃ O das Rés, por carta, com AR, para, querendo, apresentar defesa,
sob pena de revelia e confissã o;
4) Protesta provar o alegado por toda espécie de prova admitida ( CF, art. 5º, inciso LV),
nomeadamente pelo depoimento do representante legal das Requeridas ( CPC, art. 12,
inciso VI), oitiva de testemunhas a serem arroladas opportuno tempooportunamente,
juntada posterior de documentos como contraprova, perícia contá bil (com ô nus invertido),
exibiçã o de documentos, tudo desde logo requerido;
5) A Condenaçã o dos réus ao pagamento das custas judiciais e honorá rios sucumbenciais;
Requer ainda, com fulcro no artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV da C. F., combinados com os
artigos 1º e 2º, pará grafo ú nico da Lei nº 1060/50, que seja apreciado e acolhido o presente
pedido do direito constitucional à Justiça Gratuita
Em tempo, requer sejam cadastrados no registro deste processo os procuradores
xxxxxxxxxxxxxxx, OAB/XX XX. XXX, expedindo-se todas intimaçõ es em nome destes, sob
pena de nulidade.
Dá -se a causa o valor de R$ XX. XXX, XX, montante este correspondente à soma dos
contratos ora em debate.
Nestes termos, pede deferimento.
Cidade, Data.
p. P. Advogado
OAB/UF XX. XXX

Você também pode gostar