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PRELIMINARMENTE
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previstos no inciso LXXIV, do artigo 5º da CF/88, combinado
com o artigo 12 da Lei Federal nº 1.060/ 1950, e ainda
conforme orientação ofertada pelo caput do artigo 98 do Novo
Código Civil, pois sua atual situação econômica não lhe
permite pagar às custas e os honorários advocatícios do
processo sem prejuízo do seu próprio sustento, o que faz por
declaração (anexa) e sob a égide do artigo 99, § 4º do
CPC/2015.
CONSIDERAÇÕES FÁTICAS
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Art. Art. 300. A tutela de urgência
será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.
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Bancários -
Relator(a): Achile Alesina
Comarca: Piracicaba
Órgão julgador: 38ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 13/07/2016
Data de registro: 14/07/2016
Ementa: RECURSO – Agravo de instrumento – Concessão de tutela
antecipada para impor ao banco que cesse os descontos que suplantem o
limite de 30% dos rendimentos líquidos – Recurso do banco – Alegação
de validade da negativação do nome da autora no rol de inadimplentes
- Pedido deduzido no agravo que não guarda relação com a decisão
recorrida – Descumprimento dos requisitos previstos pelo art. 1.016
do CPC/15 - Recurso não conhecido.
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Reformada. 1 – A modalidade do presente contrato bancário, o cartão
de crédito consignado em folha de pagamento, ao que se observa no
caso concreto, com prestações sem número ou prazo determinado, com
desconto apenas do mínimo do valor da fatura mensal efetuado direto
da folha de pagamento do autor/servidor público, com aplicação de
juros remuneratórios no percentual de 4,65% ao mês, além de outros
encargos, fazendo o banco réu, em seguida um refinanciamento do
restante do valor total devido, é modalidade que externa manifesta
abusividade por parte da instituição financeira, lucro exagerado e
onerosidade excessiva ao consumidor, na medida em que a quitação do
débito nunca acontece. 2 – Outrossim, na hipótese em tela, além da
dívida nunca acabar, de acordo com as planilhas colacionadas aos
autos, ela fez foi aumentar, muito embora o consumidor nunca tenha
deixado de pagar uma prestação sequer, já que a parcela é descontada
direto da sua folha de pagamento. 3 – Insta salientar sobre a
existência de ação civil pública em tramitação na 19ª Vara Cível da
comarca de Goiânia, em que se discute as abusividades praticadas
pela instituição financeira requerida nessa espécie contratual e a
sua onerosidade excessiva ao consumidor, inclusive com o deferimento
de liminar determinando a suspensão dos descontos direto da folha de
pagamento dos servidores públicos, aposentados e pensionistas. 4 –
Não constando do termo de adesão, trazido aos autos pelo banco
requerido, o percentual de juros remuneratórios aplicados e a forma
de capitalização, ele deve ser analisado de forma a favorecer a
parte hipossuficiente, no caso, o autor. 5 – Observada a ocorrência
de substancial discrepância em relação às taxas cobradas, cabível a
limitação dos juros remuneratórios à média praticada no mercado para
as operações de empréstimo pessoal consignado, segundo dados
divulgados pelo Banco Central do Brasil. 6 – Nos contratos
celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP nº
1.963-17, reeditada sob o nº 2.170-36/2001, é lícito o pacto de
juros capitalizados em periodicidade inferior à anual, desde que
previsto no instrumento contratual de maneira expressa, o que não
ocorreu na avença em revisão. 7 – Diante do valor inicial da dívida
e o montante já pago pelo autor, denota-se a evidente quitação do
contrato, no que devem ser imediatamente suspensos os descontos
efetivados em sua folha de pagamento...”. (destaques nossos).
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NO MÉRITO
DO DIREITO
I - diárias;
II - ajuda-de-custo;
III - indenização da despesa do transporte quando o servidor, em
caráter permanente, for mandado servir em nova sede;
IV - salário-família;
V - gratificação natalina;
VI - auxílio-natalidade;
VII - auxílio-funeral;
VIII - adicional de férias;
IX - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
X - adicional noturno;
XI - adicional de insalubridade, de periculosidade ou de
atividades penosas; e
XII - qualquer outro auxílio ou adicional estabelecido
por lei e que tenha caráter indenizatório”.
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prejudiciais a Autora tirando-lhe a qualidade de vida, seu
sustento e de seus familiares.
DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
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O artigo 4º, I, do Código de Defesa do
Consumidor, que trata da Política Nacional de Relações de
Consumo, reconhece, expressamente, a condição de
vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.
A BOA FÉ OBJETIVA
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Agora, “o princípio da boa-fé impõe um padrão
de conduta a ambos os contratantes, no sentido
da recíproca cooperação, com consideração dos
interesses um do outro, em vista de se
alcançar o efeito prático que justifica a
existência jurídica do contrato celebrado.”
Em consequência, distanciando-se da
subjetividade do antigo conceito, a boa-fé objetiva exige um
dever de conduta, de ética, lealdade e de colaboração na
execução do contrato.
DA FALTA DO CONTRATO
DO CONTRATO
DA ONEROSIDADE EXCESSIVA
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O Código de Defesa do Consumidor, ao definir
os direitos básicos do consumidor, artigo 6º, V, permite a
modificação de cláusula contratual que estabelece prestação
desproporcional ou sua revisão em razão de fato superveniente
que a torne excessivamente onerosa, o que é o caso dos autos,
conforme exaustivamente demonstrado.
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Na mesma linha, o Enunciado nº 20, aprovado na
Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos
Judiciários do Conselho da Justiça Federal, sob a coordenação
científica do então Ministro Ruy Rosado, do STJ, nos seguintes
termos:
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DEFESA DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA Nº 297 DO STJ. POSSIBILIDADE DE
REVISÃO. JUROS REMUNERATÓRIOS.
LIMITAÇÃO EM 12% AO ANO.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO SE
SUJEITA A LEI DE USURA. SÚMULA Nº 596
DO STF. ART. 192, § 3º DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL REVOGADO. LIMITAÇÃO SUJEITA AO
ÍNDICE DIVULGADO PELA TAXA MÉDIA DE
MERCADO ANUNCIADA PELO BANCO CENTRAL DO
BRASIL. ENUNCIADOS I E IV DO GRUPO DE
CÂMARAS DE DIREITO COMERCIAL DESTA
CORTE. Convém contemplar na presente
decisão a inaplicabilidade dos termos
legais constantes do Decreto nº
22.626/33 frente as instituições
financeiras de acordo com a Súmula n.
596 do Superior Tribunal Federal, in
verbis:”As disposições do Decreto nº
22.626 de 1933 não se aplicam às taxas
de juros e aos outros encargos cobrados
nas operações realizadas por
instituições públicas ou privadas, que
integram o Sistema Financeiro
Nacional”. Embora o índice dos juros
remuneratórios não esteja vinculado a
limitação disposta no revogado artigo
192, § 3º, da Constituição Federal, a
jurisprudência pátria e até mesmo o
Enunciado I e IV do Grupo de Câmaras de
Direito Comercial anota que é possível
estabelecer limitação/redução quando
superior àquele praticado pelo mercado
financeiro, elencada pela tabela
emitida pelo Banco Central do Brasil.
CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. CONTRATO
FIRMADO APÓS A EDIÇÃO DA MEDIDA
PROVISÓRIA N. 1.963/2000. PACTUAÇÃO EM
PERIODICIDADE DIÁRIA. VEDAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR
MENSAL. INVIABILIDADE DA CAPITALIZAÇÃO
DE JUROS. “Por certo que permitir a
capitalização diária dos juros
incidentes na dívida configuraria
onerosidade excessiva para qualquer
devedor. Aliás, essa prática está em
profunda discrepância com a atualidade
econômica brasileira, e deve ser
rechaçada do sistema. [...]” (TJSC,
Apelação Cível n. 2011.006278-1, de
Indaial. Relator: Des. Volnei Celso
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Tomazini. Julgada em 08/03/2012).
Assim, impossibilitado o anatocismo
diário, não pode ser deferido o pleito
de capitalização mensal, porque esta
não foi convencionada, não se podendo
dar interpretação extensiva ao contrato
para tanto. ” (STJ. Agravo Regimental
no Agravo de Instrumento n. 966.398/AL,
Rel. Ministro Aldir Passarinho Júnior,
j. 26.8.2008). ÔNUS SUCUMBENCIAL.
FIXAÇÃO DE FORMA PROPORCIONAL AO
RESULTADO QUE AS PARTES OBTIVERAM NA
DEMANDA. Recurso do autor conhecido e
parcialmente provido. Recurso do réu
conhecido e improvido. (TJSC; AC
2014.022245-8; Trombudo Central; Quinta
Câmara de Direito Comercial; Rel. Des.
Cláudio Barreto Dutra; Julg.
19/03/2015; DJSC 30/03/2015; Pág. 234)
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Com a provavel concessão da liminar para supender os descontos
em folha, não se pode considerar como recusa de pagamento dos
valores exigidos eis que se torna justa a supressão dos
pagamentos até decisão final em face das práticas ilegais que
resultaram no indevido aumento da dívida, os valores exigidos
pelo agente financeiro passam a não serem devidos (ao menos,
na sua integridade) e sua cobrança descaracteriza a mora
debikoris (artigo 394 do Código Civil):
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incidir sobre os encargos inerentes ao período de
inadimplência contratual“.
REQUERIMENTOS E PEDIDOS
POSTO ISSO,
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também conceda a liminar para abster-se de incluir seu
nome nos órgãos de restrições, referente ao pacto ora
debatido;
Requerimentos finais
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Atribui-se à causa o valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta
e cinco reais).
Termos em que,
Pede Deferimento.
advogado
OAB/SP
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