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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA_VARA CÍVEL DO GUARÁ/DF

Distribuição por dependência


Processo nº:
Açã o de Execuçã o de Título Extrajudicial

FULANA DE TAL, brasileira, solteira, desempregada, portadora do RG nº XXXXXX SSP/DF e


CPF nº XXXXXXX, residente e domiciliada na Rua XXXX, CEP: XXXXX, Santa Maria/DF, e
ndereço eletrô nico, vem à presença de Vossa Excelência, por sua advogada infra firmada,
conforme procuraçã o anexa, com fulcro no art. 914 e seguintes do NCPC, opor
EMBARGOS À EXECUÇÃO C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO
movida por X XXXXXXXXXX, já qualificada nos autos em epígrafe, pelas razõ es de fato e de
direito a seguir expostas:
1- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Declara a Embargante que, tendo em vista o valor da causa, bem como sua condiçã o
financeira, requer a concessã o da gratuidade da justiça, por ser economicamente
hipossuficiente e estar DESEMPREGADA, nã o podendo arcar com as custas processuais sem
prejuízo do seu pró prio sustento e da sua família, conforme os artigos 98 e seguintes do
Có digo de Processo Civil e art. 5º, LXXIV da Constituiçã o da Republica Federativa do Brasil.
2- DOS FATOS
Em apertada síntese, na data de XX/XX/XXXX, o Embargado ajuizou uma açã o de execuçã o
contra devedora solvente fundado em título executivo extrajudicial, tendo em vista que a
Embargante cursou xxxxxx na xxxxxx, porém, no ú ltimo semestre se manteve inadimplente
por problemas financeiros.
Recebida a exordial, o Douto Magistrado determinou a citaçã o da Executada para efetuar o
pagamento no prazo legal, podendo proceder com a pesquisa de endereços da parte ré nos
sistemas disponíveis (Renajud, Infojud e BacenJud), bem como fixou honorá rios
advocatícios em 10% (dez por cento) do débito.
Acontece que, o processo seguiu sem que a requerida fosse citada, então, quedou-se
inerte quanto a pagamento da dívida exequenda. Diante disso, houve a determinação
de constrição de valores em ativos financeiros via Bacen-Jud, restando ocorrido o
bloqueio da conta corrente XXXXXXXXXX, Agência XXXXXXXXX, Banco tal, no valor de
R$ 00,00. Cumpre mencionar que o valor constrito é proveniente da última parcela
do benefício de Auxílio Maternidade, que foi sacado e depositado na conta corrente
supracitada.
A embargante durante todo o período em que foi aluna honrou com seus compromissos
financeiros, o que demonstra a sua boa fé objetiva como credora, contudo em meio a
dificuldade para se colocar no mercado de trabalho já nã o foi capaz de honrar com seus
compromissos e permanecer adimplente.
Sua situaçã o financeira se tornou ainda mais sensível com uma inesperada gestaçã o. Em
março do ano corrente deu à luz, certidã o de nascimento acostada aos autos, e requereu
junto ao INSS o Auxílio Maternidade, em anexo documento, concedido em 4 parcelas no
valor de 1 (um) salá rio mínimo bruto, ú nica verba que dispunha para garantir sua
subsistência até seu retorno ao mercado de trabalho.
Cumpre ressaltar ainda, que o valor constrito nã o supera o valor da execuçã o, mas é
facilmente comprovado que o seu bloqueio causa um enorme prejuízo a subsistência da
embargante, ainda que seja desconsiderado a natureza da verba, qual seja, auxilio
maternidade.
Diante da fragilidade financeira que se encontra a embargante e da supressã o do seu
direito de exercer sua defesa, resta comprovada aqui uma flagrante ilegalidade no ato
vertente, razã o pela qual oferta-se a presente postulaçã o.
3- DA PRELIMINAR- Da nulidade de citação
Necessá rio frisar que o meio utilizado para a citaçã o da Embargante foi ineficaz, visto que,
ao constar que foi citada por via postal nã o restou comprovado mediante juntada de AR,
somente tomou ciência da presente açã o quando o mandado foi expedido através de oficial
de justiça.
Porém, de acordo com a Ementa 97 das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis tal
citaçã o nã o procede, devendo ser considerada, portanto, nula, senã o vejamos:
EMENTA 97:
Citaçã o Postal. Juizados Especiais. Pessoa Física. A citaçã o por correspondência só é vá lida
quando positivo o aviso de recebimento em mã o pró pria. Nulidade de citaçã o reconhecida
para anular o processo. (Acó rdã o da 1ª Turma Recursal. Recurso nº 1593-4. Rel. Juiz
Antô nio César Figueira).
Ademais, conforme o art. 238 do CPC, a citaçã o é o ato pelo qual o executado é convocado
para integrar a relaçã o processual, indispensá vel, portanto, para validade do processo. No
caso em tela, a Embargante nã o teve oportunidade de se defender ou de negociar o valor do
débito, violando claramente o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditó rio,
nos moldes do art. 5º, LV da CRFB/88.
Assim, deverá ser considerada nula a citação e todos os atos posteriormente
praticados.
4- DOS DIREITOS
DA INCORREÇÃO DA PENHORA
Tendo em vista que, o gravame recaiu sobre verbas provenientes do benefício do Auxílio
Maternidade bloqueados na conta corrente da Embargante, que tem natureza de direito
fundamental trabalhista, disposto no art. 7º, inciso XVIII da CRFB/88, e no caso em tela, em
que a embargante se encontra desempregada e sem previsã o de ser recolocada no mercado
de trabalho, tal verba é a Ú NICA renda para suprir alimentaçã o e todos as necessidades
bá sicas. Configurando notó rio e grave prejuízo à subsistência da devedora e da sua família.
Tais circunstâ ncias conferem o direito ao Embargante em ter a suspensã o da penhora,
conforme precedentes no tema:
AGTR. BLOQUEIO DE SALDO DE CONTA CORRENTE. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR.
IMPENHORABILIDADE. ART. 649, INCISO IV, DO CPC. RECURSO PROVIDO. 1. Alega o
agravante que o bloqueio realizado através do BACENJUD trancou todos os valores
existentes na conta bancá ria do Banco do Brasil nº. 444742-5, agência 4357-5, verbas estas
que possuiriam natureza salarial, indispensá veis à sua subsistência, violentando o art. 649,
IV do CPC. 2. Da leitura do conjunto probató rio, vê-se que o agravante recebe seus
proventos de aposentadoria na conta corrente acima, realizando movimentaçõ es
financeiras relativas à sua subsistência, como pagamento de contas, compra de alimentos,
dentre outras, conforme se depreende do extrato bancá rio colacionado (identificador nº
4050000.3463120), gozando os valores depositados de natureza alimentar, impenhorá veis,
portanto (art. 649, inciso I, do CPC). 3. Precedentes desta Corte Regional: AG140760/RN,
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma,
JULGAMENTO: 26/02/2015, PUBLICAÇÃ O: DJE 05/03/2015 - Pá gina 74; AG140239/SE,
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉ RIO FIALHO MOREIRA, Quarta Turma,
JULGAMENTO: 13/01/2015, PUBLICAÇÃ O: DJE 15/01/2015 - Pá gina 88; AG140497/PE,
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, Segunda
Turma, JULGAMENTO: 13/01/2015, PUBLICAÇÃ O: DJE 19/01/2015 - Pá gina 56. 4. Cumpre
salientar que, nã o obstante a Douta Magistrada haver entendido que o valor bloqueado
seria "sobra" do mês anterior, o seu pequeno valor (R$ 2.275,76 (dois mil, duzentos e
setenta e cinco reais e setenta e seis centavos) nã o possui natureza de investimento, tanto
que permaneceu depositado na conta corrente, sem sofrer a incidência de qualquer
rendimento. 5. Agravo de instrumento provido.
(TRF-5 - AG: 08072288920154050000 SE, Relator: Desembargador Federal Manoel
Erhardt, Data de Julgamento: 20/02/2016, 1º Turma)
E ainda:
O direito da Embargante vem primordialmente amparado pelo Có digo de Processo Civil, no
art. 833, IV, que trata de bens IMPENHORÁ VEIS, senã o vejamos:
“Art. 833, IV do CPC: Sã o impenhorá veis:
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salá rios, as remuneraçõ es, os proventos de
aposentadoria, as pensõ es, os pecú lios e os montepios, bem como as quantias recebidas
por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os
ganhos de trabalhador autô nomo e os honorá rios de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE
Diante do que dispõ e o artigo acima mencionado sobre os bens impenhorá veis, convém
iluminar o inciso X que estabelece como impenhorá veis: “a quantia depositada em
caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos.”
O valor encontrado e bloqueado na conta corrente da embargante é ínfimo diante da
garantia da impenhorabilidade dos valores em poupança, o total bloqueado em conta
corrente equivale a 1,49% do valor que é impenhorá vel na conta poupança, demonstrando
total falta de razoabilidade e proporcionalidade, fundamentos derivados do princípio do
devido processo legal esculpido na carta maior de 1988 e garantidor de proteçã o aos
Direitos fundamentais.
Atualmente, o princípio da proporcionalidade é utilizado para aferir a legitimidade das
restriçõ es dos direitos que traz, em sua essência, uma pauta axioló gica a qual se traduz na
ideia de justiça, equidade, bom senso, prudência, moderaçã o, justa medida, proibiçã o do
excesso, direito justo e valores afins, servindo de parâ metro para interpretaçã o de todo o
ordenamento jurídico. Ainda nesse sentido, o princípio da proporcionalidade exige a
verificaçã o de atos do poder pú blico quanto à observâ ncia da adequaçã o (ou utilidade),
necessidade (ou exigibilidade) e proporcionalidade em sentido estrito.
Verificamos ainda que o princípio da proporcionalidade deve ser visto como um
instrumento de controle da discricionariedade do poder pú blico, de acordo com BARROSO
[1], a ponderaçã o deve ser vista como um controle hermenêutico capaz de direcionar a
aplicaçã o de uma norma jurídica no caso concreto, sobretudo, quando há incidência de
conflito entre direitos fundamentais para que se verifique a melhor prossecuçã o dos
valores e fins do sistema constitucional.
Ainda nesse sentido, impõ e uma consideraçã o daquilo que normalmente acontece na
aplicaçã o das normas e, de acordo com o entendimento do STF [2], ao interpretar as
normas, deve-se sempre seguir o entendimento do que ocorre no dia a dia e nã o na
extravagâ ncia, sendo assim, a razoabilidade deve atuar na interpretaçã o das regras gerais
como decorrência do princípio da justiça. Destarte, exige considerar os aspectos individuais
nos casos em que costumam ser desconsiderados pela generalidade legal. [3]
E por fim, consoante inteligência do artigo 835 do Có digo de Processo civil:
“Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução
dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. ”
O valor bloqueado equivale a 7,67% do valor da execuçã o.
Com o amparo do STJ
"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁ RIO - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM EXECUÇÃ O FISCAL -
PENHORA ON LINE - SISTEMA BACEN JUD - ARTS. 11, 1, DA LEI 6.830/80 E 655, 1, DO CPC
- VALOR IRRISÓ RIO - DESPROPORCIONALIDADE - DESCABIMENTO DA CONSTRIÇÃ O -
INTELIGÊ NCIA DO ART. 659, § 2~, DO CPC - AGRAVO NÃ O PROVIDO. 1. Conquanto
configurada hipó tese permissiva de penhora de numerá rio de conta-corrente do executado
via Bacen Jud, nos termos dos arts. 11, 1, da Lei 6.830/80 e 655, 1, do CPC, nã o se levará a
efeito referida restriçã o, quando evidente que ínfimo o valor a ser bloqueado, e, em
conseqü ência, será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execuçã o, conforme
inteligência do art. 659, § 20, do CPC (AG 2009.01.00.007172-5/MG, ReI. Desembargador
Federal Souza Prudente, 8ª Turma do TRF1, DJF 29.04.2011; AGA
2008.01.00.033553-0/MG, ReI. Desembargadora Federal Maria do Carmo Cardoso, 8~
Turma do TRF1, DJF 05.12.2008). 2. Na hipó tese dos autos, pretende a exequente efetivar
penhora do valor de R$86,80, existente em conta bancá ria do executado, para segurar
execuçã o no montante de R$77.908,08, evidenciando-se, portanto, a desproporcionalidade
da constriçã o. 3. Agravo de instrumento nã o provido. 4. Peças liberadas pelo Relator, em
05/03/2012, para publicaçã o do acó rdã o." Rejeitados os embargos de declaraçã o opostos
(fls. 171/175, e-STJ). No presente recurso especial, a recorrente alega, preliminarmente,
ofensa aos arts. 458 e 535, inciso II, do CPC, porquanto, apesar da oposiçã o dos embargos
de declaraçã o, o Tribunal de origem nã o se pronunciou sobre pontos necessá rios ao
deslinde da controvérsia. Aduz, no mérito, que o acó rdã o regional contrariou as disposiçõ es
contidas nos arts. 11 da Lei n. 6.830/80; 655, 655-A e 656, inciso I, todos do CPC. Sustenta,
outrossim, que "a nova sistemá tica dos arts. 655 e 655-A do CPC, introduzida pela Lei n.
11.382/2006, combinados com o art. 11 da LEF, a penhora on line tornou-se modalidade
prioritá ria, ficando prejudicada toda a jurisprudência pretérita que exigia prévio
esgotamento dos meios constritivos. Isso porque essa medida visa a evitar o risco de a
Fazenda Pú blica nã o ter o seu crédito satisfeito, caso seja penhorado outro bem senã o o
dinheiro. Reforça esse posicionamento o disposto no art. 15, 11, da LEF, que permite à
Fazenda Pú blica postular a substituiçã o dos bens penhorados por outros,
independentemente da ordem enumerada no artigo 11 do mesmo diploma, bem como o
reforço da penhora insuficiente; e no art. 656, 1, do CPC, que permite ao credor pleitear a
substituiçã o da penhora se nã o for obedecida a ordem legal" (fls. 190/191, e-STJ). Alega,
ainda, que "a Primeira Turma do eg. STJ firmou, recentemente, no REsp 1187161,
entendimento de que, ainda que tenha sido encontrada quantia de baixa monta em conta
corrente do devedor, tal quantia deve ser utilizada para satisfaçã o da dívida, sendo
teratoló gico - palavra utilizada pelo pró prio relator - o seu desbloqueio por razõ es de
irrisoriedade" (fl. 195, e-STJ). Sem contrarrazõ es, sobreveio o juízo de admissibilidade
positivo da instâ ncia de origem (fls. 201/202, e-STJ). É , no essencial, o relató rio. Com razã o
à recorrente. Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, nã o é permitido o desbloqueio
de numerá rio penhorado pelo Sistema Bacen Jud, em razã o somente do baixo valor
comparado ao total da dívida. Nesse sentido, as ementas dos seguintes julgados:
"TRIBUTÁ RIO. EXECUÇÃ O FISCAL. PENHORA ON-LINE. VALOR IRRISÓ RIO. DESBLOQUEIO.
PROVIDÊ NCIA INDEVIDA. 1. A jurisprudência desta Corte Superior firmou a compreensã o
de que nã o é vá lido o desbloqueio do valor penhorado pelo Sistema BacenJud, em razã o da
só inexpressividade frente ao total da dívida. 2. Agravo regimental a que se nega
provimento."(AgRg no REsp 1.487.540/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 04/12/2014, DJe 18/12/2014.)"PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃ O.
PENHORA" ON LINE ". VALOR IRRISÓ RIO. ART. 659, § 2º, DO CPC. INAPLICABILIDADE À
FAZENDA PÚ BLICA, BENEFICIÁ RIA DE ISENÇÃ O DE CUSTAS. 1. Afasta-se a alegada
violaçã o do art. 535, II, do Có digo de Processo Civil, pois o acó rdã o recorrido está
suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de
modo contrá rio aos interesses da parte embargante. Isso, contudo, nã o significa omissã o,
mormente por terem sido abordados todos os pontos necessá rios para a integral resoluçã o
da controvérsia. 2. A Primeira Turma, ao julgar o REsp 1.187.161/MG (Rel. Min. Luiz Fux,
DJe 19.8.2010), enfrentou situaçã o semelhante à dos presentes autos, ocasiã o em que
deixou consignado que as regras da penhora sã o informadas pelo princípio da utilidade, no
sentido de que o ato de constriçã o deve considerar a liquidez dos bens visando a satisfaçã o
da entrega de soma ao credor. Outrossim, o princípio da utilidade sobrepõ e-se ao princípio
da economicidade, analisados ambos à luz da razoabilidade, por isso que se o devedor é
titular de vá rios bens suficientes à satisfaçã o do crédito exequendo, deve-se constringir o
de menor valor; reversamente, se o devedor somente possui pequeno numerá rio que nã o
se enquadra nas hipó teses de impenhorabilidade, deve ser penhorado. Consta do voto
proferido pelo Ministro Luiz Fux, no precedente supracitado, que a regra do artigo 659, §
2º, do Có digo de Processo Civil, segundo a qual"nã o se levará a efeito a penhora, quando
evidente que o produto da execuçã o dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo
pagamento das custas da execuçã o", tem como destinatá rio o credor exequente, para que
nã o desprenda fundos líquidos mais expressivos do que o crédito que se tem que receber.
Ao final, o Ministro Luiz Fux concluiu que a Fazenda Pú blica é isenta de custas, por isso que
a penhora de numerá rio preferencial nã o pode ser liberada sem a sua aquiescência, a
pretexto da aplicaçã o do artigo 659, § 2º, do Có digo de Processo Civil. 3. Recurso
parcialmente provido, pelas mesmas razõ es de decidir adotadas pela Primeira Turma, para
determinar o bloqueio dos valores encontrados em nome do executado, permitindo-se a
este, se for o caso, comprovar, na primeira instâ ncia, que as quantias depositadas em conta
corrente referem-se à hipó tese do inciso IV do caput do art. 649 do Có digo de Processo Civil
ou que estã o revestidas de outra forma de impenhorabilidade."(REsp 1.241.768/RS, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/04/2011, DJe
13/04/2011.) Como bem determinou o Min. Luiz Fux, no julgamento do REsp
1.187.161/MG, a"regra do art. 659, § 2º, do CPC, que dispõ e,"verbis", que"nã o se levará a
efeito a penhora, quando evidente que o produto da execuçã o dos bens encontrados será
totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execuçã o"tem como destinatá rio o
credor exequente, para que nã o despenda fundos líquidos mais expressivos do que o
crédito que se tem que receber. 4. Deveras, a Fazenda Pú blica é isenta de custas, por isso
que a penhora de numerá rio preferencial nã o pode ser liberada sem a sua aquiescência, a
pretexto da aplicaçã o do art. 659, § 2º, do CPC". A propó sito, a ementa do referido julgado:
"PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃ O. PENHORA" ON LINE ". VALOR IRRISÓ RIO. ART. 659, § 2º,
DO CPC. INAPLICABILIDADE À FAZENDA PÚ BLICA, BENEFICIÁ RIA DE ISENÇÃ O DE
CUSTAS. 1. As regras da penhora sã o informadas pelo princípio da utilidade no sentido de
que o ato de constriçã o deve considerar a higidez dos bens visando a satisfaçã o da entrega
de soma ao credor. 2. O princípio da utilidade sobrepõ e-se ao princípio da economicidade,
analisados ambos à luz da razoabilidade, por isso que se o devedor é titular de vá rios bens
suficientes à satisfaçã o do crédito exequendo, deve-se constringir o de menor valor;
reversamente, se o devedor somente possui pequeno numerá rio que nã o se enquadra nas
hipó teses de impenhorabilidade previstas no art. 659-A do CPC deve ser penhorado. 3. A
regra do art. 659, § 2º, do CPC, que dispõ e,"verbis", que"nã o se levará a efeito a penhora,
quando evidente que o produto da execuçã o dos bens encontrados será totalmente
absorvido pelo pagamento das custas da execuçã o"tem como destinatá rio o credor
exequente, para que nã o despenda fundos líquidos mais expressivos do que o crédito que
se tem que receber. 4. Deveras, a Fazenda Pú blica é isenta de custas, por isso que a penhora
de numerá rio preferencial nã o pode ser liberada sem a sua aquiescência, a pretexto da
aplicaçã o do art. 659, § 2º, do CPC. 5. Recurso especial provido."(REsp 1.187.161/MG, Rel.
Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/08/2010, DJe 19/08/2010.) No caso
dos autos, o Tribunal de origem, ao analisar a matéria, assim se manifestou (fls. 156/157, e-
STJ):"3. Com efeito, conquanto configurada hipó tese permissiva de penhora de numerá rio
de conta-corrente do executado via Bacen Jud, nos termos dos arts. 11, 1, da Lei 6.830/80 e
655, 1, do CPC, nã o se levará a efeito referida restriçã o, quando evidente que ínfimo o valor
a ser bloqueado, e, em consequência, será totalmente absorvido pelo pagamento das custas
da execuçã o, conforme inteligência do art. 659, § 20, do CPC. (...) 5. Na hipó tese dos autos,
pretende a exeqü ente efetivar penhora do valor de R$86,80, existente em conta bancá ria do
executado, para segurar execuçã o no montante de R$77.908,08, evidenciando-se, portanto,
a desproporcionalidade da constriçã o, cujo numerá rio ficará totalmente absorvido pelo
débito relativo à s custas processuais."Como se vê, merece reforma o acó rdã o recorrido por
contrariar a atual e pacífica jurisprudência do STJ. Ante o exposto, com fundamento no art.
557, § 1º-A, do CPC, dou provimento ao recurso especial. Publique-se. Intimem-se. Brasília
(DF), 27 de fevereiro de 2015. MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relator
(STJ - REsp: 1514687 AC 2015/0019996-8, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data
de Publicaçã o: DJ 16/03/2015)
Portanto, é cabível o pedido.
5- DOS PEDIDOS
Ante o exposto, a Embargante requer:
a) a CONCESSÃ O do benefício da justiça gratuita, uma vez que, a Embargante nã o possui
meios para arcar com as custas do processo. Fundamenta seus pedidos nos artigos 98 e
seguintes do CPC e art. 5º, LXXIV da Constituiçã o da Republica Federativa do Brasil;
(declaraçã o anexa)
b) a intimaçã o do Embargado, na pessoa de seu Advogado, para que, querendo, apresente
impugnaçã o no prazo legal.
c) o ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR com a extinçã o imediata da execuçã o, ou assim nã o
sendo, subsidiariamente o reconhecimento da incorreçã o da penhora.
d) sejam julgados PROCEDENTES, declarando nula a penhora do valor de R$ XXXXX na
conta corrente da Embargante e efetuando o DESBLOQUEIO IMEDIATO.
e) a CONDENAÇÃ O do Embargado no pagamento dos honorá rios sucumbenciais e custas
processuais.
f) requer que todas as publicaçõ es sejam divulgadas em nome das advogadas infra-
assinadas, Dra. XXXXXXX OAB/BA e Dra. OAB/BA, sob pena de nulidade
Provará o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial pela juntada de
documentos, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal do Embargado.
Dá -se à causa o valor de XXXXX
Nestes termos,
Pede deferimento.

Cidade, data.
Advogado
OAB nº

[1] BARROSO, Luís Roberto: Curso de Direito Constitucional contemporâ neo. 1ª ed. Sã o
Paulo. Editora Saraiva. 2009, P. 395 e ss.
[2] BARROSO, Luis Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional
contemporâ neo: A construçã o de um conceito jurídico à luz da jurisprudência mundial. 1ª
ed. Belo Horizonte, Editora Fó rum. 2014, p.76
[3] Á VILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definiçã o à aplicaçã o dos princípios
jurídicos. 13ª ed. Editora Malheiros. 2012, p. 107 e ss.

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