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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

VARGINHA/MG

RENATA ANDRE DA SILVA, parte já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, na AÇÃO
ORDINÁRIA, que move em desfavor da requerida, FINANCEIRA ITAU CBD S.A - CREDITO,
FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, vem por seu procurador, infra-assinado, perante a Vossa
Excelência, em face da respeitável sentença vergastada, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, nos
termos dos artigos 1.009 e seguintes do Novo Código de Processo Civil.

A parte postulante requer sejam analisados os requisitos objetivos e subjetivos, e logo em seguida, com a
intimação da parte contrária para contrarrazoar.

Nestes termos,

Pede deferimento.

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RAZÕES DE APELAÇÃO

PROCESSO Nº 5002430-88.2015.8.13.0707

AUTOR: RENATA ANDRE DA SILVA

RÉU: FINANCEIRA ITAU CBD S.A. - CREDITO, FINANCIAMENTO E


INVESTIMENTO

Origem: 1ª Vara Cível da Comarca de Varginha/MG

Num. 47525436 - Pág. 1


Vale ressaltar que, nas disposições transitórias no Novo Código de
Processo Civil, nos termos do artigo 1.046, reza
aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11
de janeiro de 1973
Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz,
computar-se- .
Como entre a intimação da r. sentença e a presente data, na qual o Apelante interpõe o
seu recurso encontra-se dentro do prazo legal de 15 dias, é certo que o apelo revela-se,
tempestivo, na forma do §1º, do artigo 1.009 do Novo Código de Processo Civil.

É o relatório.

Decido.

Da inversão do ônus da prova

O artigo 6º, VIII, do CDC dispõe que é direito do consumidor,


dentre outros, a inversão do ônus da prova em seu favor, no
processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência.

O pedido deve ser indeferido.

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A parte Requerente não esclareceu se o seu pedido de inversão
do ônus da prova era porque era verossímil a alegação ou por ele
ser hipossuficiente.

A verossimilhança da alegação da parte Requerente não é


incontestável, não se justificando o deferimento da inversão por
esse motivo.

Do mérito

Segundo ensina a melhor doutrina, a necessidade de provar é


algo que se encarta, dentre os imperativos jurídico-processuais,
na categoria de ônus, sendo por isso que a ausência de prova
acarreta um prejuízo para aquele que deveria provar e não o fez.
A própria lei assim categoriza essa posição processual ao
repartir o ônus da prova no art. 373 do CPC/15.

Nesse sentido, cito os seguintes julgados:

?Ementa: Ação de indenização - negação de existência do débito


- prova a cargo do réu - dano moral - presunção decorrente do
ato potencialmente danoso - instituição mantenedora do cadastro
- omissão na notificação do devedor - legitimidade passiva -
parâmetros para fixação - majoração da verba. - Se o autor
afirma expressamente que não mantinha qualquer débito
para com o réu, e este, por sua vez, afirma que agiu em
exercício regular de um direito ao registrar seu nome em
órgão de proteção ao crédito, incumbe-lhe comprovar ao
menos a existência da relação obrigacional que ensejou tal
restrição (?).? ( TJMG, Apelação Cível nº2.0000.00.519.078-
7/000 Rel. Des. Elias Camilo, j. 01/12/2005, p. 01/02/2006 ). (
negritei )

?Ementa: Ação de indenização - inscrição de nome em cadastros


de devedores inadimplentes - ausência de prova de relação
jurídica entre as partes - ônus do réu - danos morais - quantum -
diminuição. Diante da afirmação da autora de que jamais
possuiu qualquer relação jurídica com o réu, caberia a este a

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demonstração do contrário. Afinal, seria impossível à autora
comprovar que o contrato de empréstimo que deu origem à
negativação de seu nome não existe, eis que se trata de prova
de fato negativo, cuja impossibilidade de realização faz com
que seja comumente chamada de ""prova diabólica."" De
acordo com o entendimento jurisprudencial predominante, o
dano moral se configura simplesmente pela inscrição ou
manutenção indevida do nome do consumidor em cadastro de
devedores inadimplentes, independentemente de lhe ter sido
negada a concessão de crédito ou a conclusão de negócios. Em
caso de dano moral, decorrente de inscrição equivocada de
nome em cadastro de proteção ao crédito, é necessário ter-se
sempre em mente que a indenização deve alcançar valor tal que
sirva de exemplo e punição para o réu, mas, por outro lado,
nunca deve ser fonte de enriquecimento sem causa ao autor,
servindo-lhe apenas como compensação pela dor sofrida.? (
TJMG, Apelação Cível nº1.0686.06.171581-5/001, Rel. Des.
Eduardo Mariné da Cunha, j. 15/02/2007, p. 08/03/2007 ). (
negritei )

Ora, diante da afirmação da parte Requerente de que desconhece


a dívida que deu azo à inscrição do seu nome junto aos cadastros
restritivos de crédito feita pelo Requerido, caberia ao Requerido
a demonstração do contrário, trazendo aos autos prova quanto à
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito.

In casu, o Requerido trouxe aos autos os documentos eletrônicos


de ID 22652745, 22652757, 22652791, 55982734, 22652819 e
22652734, que comprovam a existência da relação jurídica entre
as partes, bem como a origem da dívida que deu azo à inscrição
do nome da Requerente junto aos órgãos de proteção ao crédito.

Os documentos acostados aos autos pelo Requerido,


demonstram que a dívida do Requerente teve origem na
contratação de cartão de crédito, consoante se observa dos
extratos bancários apresentados pelo réu (ID 22652745,
22652757, 22652791, 55982734, 22652819 e 22652734).

Por sua vez, o(a) Requerente não comprova fato modificativo ou


extintivo do direito de crédito, deixando de demonstrar o
pagamento do valor.

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Por fim, entendo, que não há que se falar em pedido
contraposto, pois, a parte requerida sequer comprovou de forma
cabal o valor total realmente devido.

Diante do exposto, REJEITO o pedido de declaração de


inexistência de débito, formulado por ANDRÉ LUIZ DE
MATOS LOPES , em desfavor de FINANCEIRA ITAU
CBD S.A. - CREDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO , JULGANDO EXTINTO O FEITO nos
termos do artigo 487, inciso I, do CPC/15.

Rejeito o pedido contraposto pelas razões descritas supra.

Condeno o Requerente no pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios do patrono da Requerida, que arbitro em
R$500,00, suspendendo a exigibilidade por estar sob o pálio da
gratuidade da justiça.

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - INSCRIÇÃO NOS
CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO - RELAÇÃO
JURÍDICA NÃO COMPROVADA - PEDIDO JULGADO
PROCEDENTE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS -
QUANTUM - MANUTENÇÃO. I- O documento unilateralmente
produzido pela requerida no corpo de sua peça de defesa, sem
qualquer revelação ou indício de anuência ou ciência da parte
contratante, não possui força probante suficiente à demonstração
da suposta contratação havida entre as partes, conforme exigido
pelo art.302 do Código Civil, não comprovando a origem ao débito
cobrado do autor e inscrito perante os cadastros de proteção ao
crédito. II- Não comprovada a origem da dívida inscrita nos cadastros
de proteção ao crédito, deve a mesma ser declarada inexistente. III- O
arbitramento da verba honorária em causas em que não há condenação
deve observar os ditames do art. 20, § 4º, do CPC, revelando-se
adequada a fixação em importe compatível com o porte da demanda e
o trabalho profissional realizado. APELAÇÃO CÍVEL Nº
1.0707.12.010694-3/001 - COMARCA DE VARGINHA -
APELANTE(S): BANCO ITAU S/A - APELADO(A)(S):
ROBERVAL REIS PEREIRA

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA


INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - CONTRATO DE ABERTURA
DE CONTA CORRENTE - EXTRATOS CONTA CORRENTE -
DEMONSTRAÇÃO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA --
COMPROVAÇÃO DO DÉBITO - IDONEIDADE DA PROVA -
SENTENÇA ILIQUIDA PARA PEDIDO LIQUIDO-
POSSIBILIDADE. O contrato de abertura de conta corrente,
acompanhada dos extratos que permita aferir a movimentação
financeira e evolução da dívida constitui prova satisfatória da
dívida e é suficiente para instruir ação de cobrança. O magistrado
poderá proferir sentença ilíquida, mesmo sendo pedido líquido, a fim
de efetivamente fazer justiça e conceder à parte autora aquilo que
realmente tem direito. (Apelação Cível 1.0382.11.001687-2/001,
Relator(a): Des.(a) Estevão Lucchesi, 14ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 29/11/2012, pub. 07/12/2012.

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