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Nome: Izabel Freitas de Sena

Data: 07/11/2022
Disciplina: DIR198 - Direito Bancário
Professora: Raíssa Pimentel
Trabalho: Fichamento comentado

❖ AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Os contratos bancários e a jurisprudência


do Superior Tribunal de Justiça. Revista dos Tribunais, São Paulo, v.92, n.811, p.
99-141.

❖ “Para a classificação do contrato bancário, são conhecidas as posições que levam


em conta o elemento subjetivo (é bancário o contrato realizado por um banco,
ou, mais precisamente, no caso do Brasil, pelas instituições financeiras) ou o
objetivo (é bancário o contrato que realiza a finalidade específica do banco, de
intermediar o crédito indireto).”
➢ Comentário: De forma mais clara, é possível obter duas classificações
para o conceito de contrato bancário, que seria a subjetiva ou a objetiva.
A primeira seria nada mais do que o contrato realizado por uma
instituição financeira, diferente do segundo conceito, que consiste numa
intermediação do crédito. Lendo o texto, é perceptível que os dois
conceitos não se excluem, mas muito pelo contrário: eles se
complementam. Resumidamente, funciona como uma relação de sujeito
(banco) x objeto (revisão e garantia da intermediação de crédito).

❖ “Crédito é um conceito que reúne dois fatores: o tempo e a confiança. Pressupõe


uma décalage entre as duas prestações, uma atual, prestada pelo credor, e outra
futura, a ser cumprida pelo devedor.”
➢ Comentário: Essa relação de tempo x confiança é uma noção bastante
direta e clara, afinal, numa análise de crédito você precisa confiar que no

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futuro vai obter um benefício em troca do que foi prestado. Em caso de
um empréstimo informal de dinheiro, entre amigos, existe ali uma
confiança de que esse valor será devolvido, caso contrário, ninguém
emprestaria. O ponto do tempo é meio óbvio, afinal, se a pessoa tivesse
como pagar no momento do empréstimo nem teria motivo para
solicitá-lo.

❖ “O contrato bancário apresenta algumas características:

- É contrato comutativo. Embora o risco seja imanente ao crédito, "praticamente


inseparável deste, a ponto de afirmar-se que em princípio não existe crédito sem
risco" (Covello, op. loc. cit.), consistindo a atividade bancária fundamentalmente
na intermediação do crédito (portanto, atividade de risco), o contrato bancário
não é um contrato aleatório, ou de risco (para as espécies de contratos aleatórios,
ver arts. 1118/1121 do Código Civil de 1917; arts. 458/461 do Código Civil de
2002), mas comutativo, no sentido de que as partes, no momento da celebração,
têm conhecimento da vantagem e do sacrifício que o negócio comporta (...).”

➢ Comentário: Tendo a noção de que o contrato bancário é sempre


comutativo, ou seja, tem equivalência de obrigações previamente
apresentadas, fica fácil entender o quão seguro ele é, não dando margem
para furos ou prejuízo ao credor, caso a confiança seja quebrada. Na
prática, uma situação que pode se assemelhar é quando uma pessoa
solicita um empréstimo em dinheiro ao banco no valor de 50.000 e
coloca como garantia da transação o seu carro, de mesmo valor. Nessa
situação, caso o devedor não pague sua dívida, o banco pode tomar esse
carro e penhorar para indenizar-se.

❖ “Na atividade das instituições financeiras, existem operações ativas, em que a


entidade fornece crédito e figura como credora, e passivas, nas quais recebe
numerário de terceiros e assume obrigações.”
➢ Comentário: As operações ativas existentes dentro da atividade das
instituições financeiras são aquelas onde existe um empréstimo de
dinheiro fornecido pelo banco à algum indivíduo que faça a solicitação.

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Já nas operações passivas, é quase como se acontecesse o contrário: o
cliente deixa seu dinheiro sob administração de um banco e enquanto não
o solicitar de volta, o banco pode usá-lo como uma espécie de
financiamento, para poder desenvolver suas atividades.

❖ “O contrato bancário apresenta algumas características:


[...]
- As obrigações assumidas de parte a parte são obrigações de dar, de restituir ou
de fazer.
➢ Comentário: Dentro do contrato bancário, as obrigações entre ambas as
partes são recíprocas e consistem em dar, restituir ou fazer. No primeiro
caso. Quando um banco concede um empréstimo, ele está firmando o
compromisso de dar, tendo a garantia de que o cliente assumirá uma
posição de devedor e terá que restituir (devolver) o que foi dado em
determinado momento. Já a obrigação de fazer é firmada quando o banco
se compromete em praticar atos em prol do benefício do cliente.

❖ “O contrato bancário apresenta algumas características:


[...]
- Contrato de adesão. Muito raramente, os contratos bancários são negociados.
➢ Comentário: O art. 54 do Código de Defesa do Consumidor diz que
“Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor
de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu conteúdo.” Tendo em vista esse conceito
e sabendo que essa é uma característica dos contratos bancários,
entende-se que a instituição financeira em questão, que vai fornecer o
serviço, tem total liberdade para decidir quais serão os termos, enquanto
o cliente tem total liberdade de aceitar ou não esses termos após
analisá-los. Entretanto, caso aceite e o contrato seja firmado, o cliente
não pode tentar questioná-lo depois.

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❖ “Contrato bancário é aquele concluído por um banco na sua atividade
profissional e para a consecução dos seus fins econômicos, que são crédito e
serviços. A mais importante de suas funções é a creditícia.”
➢ Comentário: Por mais que seja gigante a quantidade de serviços que
podem ser oferecidos pelos contratos bancários, é inegável o quanto a
função creditícia tem o seu destaque, afinal, é ela que movimenta o
mercado num todo e muda diversas vidas, com suas várias modalidades.
Um exemplo é o empréstimo estudantil, que possibilita que estudantes de
baixa renda mudem suas vidas, pagando no futuro, quando concluir o
curso. Outra modalidade muito importante a ser citada é a do empréstimo
comercial, que permite que surjam novos empreendedores.

❖ “No mútuo, a propriedade passa ao mutuário; no comodato, não. (No depósito


civil, a propriedade fica com o depositante, apenas a posse é do depositário, e o
depositante fica com o direito de devolução).”
➢ Comentário: Os empréstimos podem ser divididos entre de comodato e
mútuo. No primeiro caso, é necessário que o bem emprestado seja
devolvido no futuro, sem qualquer tipo de substituição (não fungível).
Vale ressaltar também que esse empréstimo é feito de forma gratuita e
sem transferência de domínio (ex: empréstimo de imóvel para alguém
que está desabrigado). Já no empréstimo mútuo, o bem emprestado é
fungível, consumível, normalmente contendo juros e com transferência
de domínio, tendo que ser restituído depois em mesma quantidade (ex:
dinheiro).

❖ “Em primeiro lugar, ficou definido que as operações bancárias estão submetidas
ao Código de Defesa do Consumidor. De acordo com a nomenclatura usada no
CDC, o banco, por expressa disposição, é um fornecedor de serviços, e estes
consistem exatamente na intermediação do crédito.”
➢ Comentário: Quando entendemos que o mutuário (aquele que recebe o
empréstimo em contrato de mútuo) é um consumidor, justamente por
fazer uso de um serviço, é preciso também ter em mente a necessidade de

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uma regulação que garanta uma boa relação de consumo, garantindo
transparência e respeito à dignidade do cliente.

❖ “Em alguns casos, tal o exagero dos juros cobrados, a prisão atenta contra o princípio
da dignidade da pessoa humana [...]”
➢ Em alguns casos de alienação fiduciária, onde a posse do bem só é passada
para o devedor após o pagamento total, houveram algumas práticas bancárias
abusivas, como juros altíssimos, que levariam todo o dinheiro do devedor, por
toda a vida, para quitar sua dívida, ferindo completamente o princípio
fundamental da boa fé, previsto no CDC. É por essas e outras situações que
aponto a necessidade do tópico anterior, de submeter os contratos bancários ao
Código de Defesa do Consumidor.

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